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Aula 15

Direito Administrativo p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas)


Professores: Érica Porfírio, Erick Alves

34863293402 - Agatha Nicole Heloisa Alves


Direito Administrativo para AFRFB 2016
Teoria e exercícios comentados
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Direito Administrativo para AFRFB 2016
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Olá pessoal! O tema da aula de hoje é Bens Públicos. Estudaremos os
seguintes assuntos:

SUMÁRIO
Bens públicos............................................................................................................................................................................................3
Classificação dos bens públicos .....................................................................................................................................................7
Quanto à titularidade .........................................................................................................................................................................7
Quanto à destinação ........................................................................................................................................................................ 10
Quanto à disponibilidade .............................................................................................................................................................. 16
Características dos bens públicos ............................................................................................................................................. 17
Inalienabilidade relativa ............................................................................................................................................................... 18
Impenhorabilidade .......................................................................................................................................................................... 20
Imprescritibilidade .......................................................................................................................................................................... 22
Não onerabilidade ............................................................................................................................................................................ 23
Aquisição de bens públicos ........................................................................................................................................................... 24
Formas de aquisição........................................................................................................................................................................ 25
Afetação e desafetação ..................................................................................................................................................................... 29
Uso dos bens públicos por particulares ................................................................................................................................. 32
Autorização de uso........................................................................................................................................................................... 35
Permissão de uso .............................................................................................................................................................................. 36
Concessão de uso .............................................................................................................................................................................. 38
Concessão de direito real de uso ............................................................................................................................................... 41
Cessão de uso ..................................................................................................................................................................................... 44
Principais espécies de bens públicos ...................................................................................................................................... 45
Terras devolutas ............................................................................................................................................................................... 45
Terrenos de marinha e seus acrescidos ................................................................................................................................. 47
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Terrenos reservados ou marginais........................................................................................................................................... 49


Terras ocupadas pelos índios ..................................................................................................................................................... 50
Plataforma continental e mar territorial ............................................................................................................................... 51
Ilhas ........................................................................................................................................................................................................ 52
Faixa de fronteiras ........................................................................................................................................................................... 53
Águas públicas ................................................................................................................................................................................... 55
Questões de prova .............................................................................................................................................................................. 57
Jurisprudência ...................................................................................................................................................................................... 74
RESUMÃO DA AULA ............................................................................................................................................................................ 78
Questões comentadas na aula ..................................................................................................................................................... 80
Gabarito .................................................................................................................................................................................................... 88

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BENS PÚBLICOS

A doutrina não é unânime ao apresentar o conceito de bem público.


Para alguns autores, o parâmetro que deve ser levado em conta é a
titularidade dos bens. Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles define bens
públicos como “todas as coisas, corpóreas ou incorpóreas, imóveis,
móveis ou semoventes 1 , créditos, direitos e ações, que pertençam, a
qualquer título, às entidades estatais, autárquicas, fundacionais e
empresas governamentais”. Note que, para o autor, são bens públicos os
bens pertencentes às entidades administrativas, de direito público ou
privado.
Outra corrente doutrinária toma como parâmetro a finalidade a que
se destinam os bens. Por esse critério, também chamado de critério da
afetação ou da destinação, se o bem é pertencente a uma pessoa, de
direito público ou privado, e estiver voltado à prestação de serviço
público, será considerado bem público.
Há ainda quem adota um conceito que mescla os critérios da
titularidade e da finalidade. É o caso, por exemplo, de Celso Antônio
Bandeira de Mello, para quem bens públicos são os que “pertencem às
pessoas jurídicas de direito público, isto é, União, Estados, Distrito
Federal, Municípios, respectivas autarquias e fundações de direito público,
bem como os que, embora não pertencentes a tais pessoas, estejam
afetados à prestação de um serviço público”.
Em nosso ordenamento jurídico, o conceito de bem público é dado
pelo Código Civil de 2002:

Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


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jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja


qual for a pessoa a que pertencerem.

Portanto, segundo o art. 98 do Código Civil, só são considerados bens


públicos aqueles pertencentes a pessoas jurídicas de direito público,
isto é, os bens de propriedade da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas de
direito público.
Perceba que o Código Civil não faz nenhuma exigência quanto à
destinação dos bens. Ele adota apenas o critério da titularidade, ou seja,

1Semovente = dotado de movimento próprio; o termo é utilizado para designar os animais que constituem
patrimônio (bovinos, ovinos, suínos, caprinos, equinos, etc.).

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o fator determinante para um bem ser considerado bem público é que sua
propriedade esteja sob a titularidade de pessoas de direito público2.
Todos os demais bens – ou seja, os bens de todas as pessoas que
não sejam pessoas de direito público – são bens privados (particulares).
Aí se incluem tanto os bens das pessoas da iniciativa privada como os
bens das empresas públicas, das sociedades de economia mista e
das fundações públicas que tenham personalidade jurídica de direito
privado.
Ressalte-se que, embora os bens das entidades administrativas de
direito privado sejam bens privados, a doutrina e a jurisprudência
reconhecem que, caso sejam diretamente empregados na prestação de
serviço público, ficam submetidos a regras características do regime
jurídico dos bens públicos, especialmente a impenhorabilidade e a não
onerabilidade3.
É o caso, por exemplo, dos bens da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, uma empresa pública – pessoa jurídica de direito privado –
prestadora de serviço postal; os bens da empresa que estiverem sendo
diretamente empregados na prestação do serviço, embora sejam bens
privados, se sujeitam ao regramento aplicável aos bens públicos, não
podendo ser penhorados ou onerados. Idêntico raciocínio é estendido para
os bens de concessionárias e permissionárias de serviços
públicos4.
Essa sujeição dos bens das entidades de direito privado a regras do
regime público decorre do princípio da continuidade dos serviços
públicos, vale dizer, serve para proteger aqueles bens considerados
essenciais à prestação do serviço, visando à sua não interrupção. Tal
sujeição, contudo, não transforma o bem da pessoa jurídica de
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direito privado em bem público. Ainda que se tornem impenhoráveis


ou que não possam ser onerados enquanto estiverem afetados à
prestação de um serviço público, tais bens continuam sendo privados.
Mas qual a diferença entre bens públicos e bens privados? Bom,
basicamente, os bens públicos – corpóreos e incorpóreos, móveis e
imóveis, qualquer que seja a sua utilização – estão integralmente sujeitos a
regime jurídico próprio, o denominado “regime jurídico dos bens

2 Diferentemente do conceito de Hely Lopes Meirelles, a definição do Código Civil exclui os bens das

entidades administrativas de direito privado.


3 Estudaremos o que vem a ser essas características no decorrer da aula.
4 STJ Resp 1070735

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públicos”, traduzido nas características de imprescritibilidade,


impenhorabilidade, não onerabilidade e na existência de restrições e
condicionamentos a sua alienação5. São essas características protetivas
(verdadeiras prerrogativas) que os diferenciam dos bens privados.

A doutrina, ao introduzir o tema bens públicos, costuma


discorrer sobre os conceitos de domínio público e
domínio eminente.
A expressão domínio público admite vários significados. De um lado, pode ser
empregada para fazer referência aos bens que pertencem ao domínio do Estado ou
que estejam sob sua administração e regulamentação. De outro lado, numa visão
mais ampla, pode o domínio público ser visto como o conjunto de bens destinados à
coletividade, incluindo não só os bens do patrimônio do Estado, como aqueles que
servem para a utilização do público em geral (a exemplo das praças públicas). Enfim,
a expressão domínio público diz respeito à prerrogativa que detém o Estado de
controlar, proteger e regulamentar todos os tipos de bens públicos, incluindo
aqueles que não são de sua propriedade direta (como os bens de uso comum).
O domínio eminente, por sua vez, como expressão da soberania nacional, é o
poder político pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as coisas situadas em
seu território, alcançando todos os tipos de bens, públicos e privados. O domínio
eminente confere ao Estado o poder de disciplinar todos os temas, áreas, atividades,
bens, direitos, obrigações, etc. Enfim, tudo o que possa ser objeto de regulação pelo
Direito está sujeito ao domínio eminente do Estado. É a partir do domínio eminente
que o Estado pode, por exemplo, regulamentar situações relativas ao ar atmosférico
ou às águas do mar.
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Note que o domínio eminente não tem relação com a ideia de propriedade. O
fato de o Estado regular matérias relativas ao ar atmosférico (como o controle dos
níveis de poluição) não converte esse bem em propriedade do Estado. Assim, não se
pode afirmar, por exemplo, que o território nacional é propriedade da União ou da
República Federativa do Brasil. É possível afirmar, tão somente, que o território
nacional constitui o âmbito para o exercício do domínio eminente do Estado, o que,
como dito, não importa em converter o território em bem submetido ao direito de
propriedade6.

5 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 1000).


6 Lucas Furtado (2014, p. 663)

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Enfim, fizemos um rápido passeio pelos vários conceitos de bem


público apresentados pela doutrina. Não obstante, a definição mais aceita
– e que você deve levar para a prova – é a presente do Código Civil, que
restringe os bens públicos aos de propriedade das entidades de
direito público. Quanto aos demais conceitos, é importante conhecê-los
para não ser surpreendido(a) na prova.

São bens Bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito


públicos público, qualquer que seja a sua utilização.

Bens das pessoas jurídicas de direito privado.


Não são bens Esses bens podem estar sujeitos às regras do regime
públicos jurídico dos bens públicos quando estiverem afetados
à prestação de um serviço público.

1. (Cespe – DP/DF 2013) Segundo o ordenamento jurídico vigente, são


considerados públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; sendo os demais considerados bens particulares,
seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Comentário: A assertiva reproduz o art. 98 do Código Civil. Vejamos:
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas
de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a
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que pertencerem.
A despeito da falta de uniformidade na doutrina quanto à definição de
bens públicos, ora utilizando a destinação dos bens, ora a sua titularidade, o
certo é que nosso ordenamento jurídico considera que são bens públicos
apenas aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público.
Todos os demais são bens privados, inclusive os pertencentes às
entidades de direito privado que prestam serviços públicos. Embora os bens
destas entidades que estejam diretamente empregados na prestação do
serviço se submetam ao regramento próprio dos bens públicos, incluindo as
proteções características – em especial a impenhorabilidade e a não
onerabilidade –, nem por isso tais bens passam a ser bens públicos. E isso

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pelo simples fato de pertencerem a uma pessoa jurídica de direito privado.


Tais bens continuam sendo bens privados, mas com características de bens
públicos.
Gabarito: Certo

2. (Cespe – TJ/PI 2012) Consideram-se bens públicos apenas os que constituem o


patrimônio da União, dos estados, do DF ou dos municípios, sendo eles objeto de
direito pessoal ou real de cada uma das entidades federativas.
Comentário: São bens públicos não apenas os que constituem o
patrimônio da União, dos estados, do DF ou dos municípios, mas também os
das respectivas autarquias e fundações públicas, ou seja, são bens públicos
os que pertencem a todas as pessoas jurídicas de direito público.
Gabarito: Errado

Após essa parte introdutória, passemos ao estudo dos demais tópicos


relacionados ao tema bens públicos.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

Os bens públicos são tradicionalmente classificados levando-se em


conta três aspectos: quanto à titularidade; quanto à destinação e quanto
à disponibilidade. Vejamos.

QUANTO À TITULARIDADE

Os bens públicos, quanto à pessoa titular, classificam-se em


federais, estaduais, distritais e municipais, conforme pertençam,
respectivamente, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
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Municípios.
Registre-se que os bens das entidades da administração indireta
de direito público – autarquias e fundações de direito público –
devem ser classificados de acordo com a vinculação destas com as
entidades políticas. Por exemplo, os bens de uma autarquia estadual são
bens estaduais.

Bens Federais
O art. 20 Constituição Federal enumera de forma exemplificativa os
bens da União. São eles:

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 os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

 as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das


fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação
e à preservação ambiental, definidas em lei;

 os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio,


ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham,
bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

 as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;


as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas,
destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as de domínio
dos Estados;
 os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva;
 o mar territorial;

 os terrenos de marinha e seus acrescidos;


 os potenciais de energia hidráulica;

 os recursos minerais, inclusive os do subsolo;


 as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos;

 as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Note que a lista presente na CF é formada a partir de alguns critérios


ligados à esfera federal, como a segurança nacional (ex: terras
devolutas necessárias à defesa das fronteiras, ilhas fluviais nas zonas
limítrofes com outros países), a proteção à economia do país (ex:
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recursos naturais da plataforma continental, potenciais de energia


hidráulica, recursos minerais), o interesse público nacional (ex: terras
devolutas indispensáveis à preservação ambiental, sítios arqueológicos) e
a extensão do bem (ex: lagos e rios que banhem mais de um Estado).
Quanto aos recursos minerais e aos potenciais de energia hidráulica,
apesar de serem de propriedade da União, o §1º do art. 20 da CF atribui
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
da administração direta da União, participação no resultado da
exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de
energia elétrica e de outros minerais no respectivo território, ou
compensação financeira por essa exploração. São os chamados royalties.

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Ressalte-se que a lista acima é meramente exemplificativa. A União


possui outros bens além dos previstos na CF, afinal pode adquirir
patrimônio de outras formas, como por meio de atos negociais (por
exemplo, contrato de compra e venda, doação, permuta), desapropriação,
dívida ativa, valores depositados judicialmente, dentre outros.
Vale a pena ainda acrescentar que litígios que envolvam bens
públicos federais devem ser dirimidos na Justiça Federal.

3. (Cespe – AGU 2013) Os terrenos de marinha, assim como os seus terrenos


acrescidos, pertencem à União por expressa disposição constitucional.
Comentário: O quesito está correto, nos termos do art. 20, VII da CF:
Art. 20. São bens da União:
(...)
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Gabarito: Certo

Bens Estaduais e Distritais


No art. 26, a Constituição enumera os bens dos Estados, também de
forma exemplificativa:

 as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em


depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
obras da União;

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as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu


domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios ou terceiros;
 as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

 as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Perceba que os bens estaduais listados na CF são, de regra,


residuais em relação aos da União, ou seja, se determinado bem não
possuir as características que o enquadrem na propriedade da União, ele
pertencerá aos Estados. Tomemos como exemplo as terras devolutas. As
terras devolutas que pertencem à União são apenas aquelas
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções
militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental.

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Assim, se determinada terra devoluta não for indispensável a nenhuma


dessas finalidades, será um bem estadual.

Bens Municipais
Os Municípios não foram contemplados na partilha
constitucional de bens públicos. Porém, isso não significa que eles não
possuem bens. Como regra, as ruas, praças e os jardins públicos
pertencem aos Municípios. Também integram seus bens os edifícios
públicos onde funciona a administração municipal.
Ademais, com a EC 46/2005, o art. 20, IV da Constituição passou a
ter a seguinte redação:

Art. 20. São bens da União:

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as


praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;

Em síntese, o dispositivo informa que as ilhas marítimas (costeiras


e oceânicas) podem pertencer aos Municípios. Isso ocorre se, na ilha,
estiver localizada a sede do Município, como ocorre, por exemplo, em São
Luís, Florianópolis, Vitória, Ilha de Marajó e Ilha Bela.

QUANTO À DESTINAÇÃO

Considerando o objetivo a que se destinam, os bens públicos


classificam-se em:
 Bens de uso comum do povo; 34863293402

 Bens de uso especial;

 Bens dominicais.

Ressalte-se que essas três categorias de bens estão previstas no


art. 99 do Código Civil, da seguinte forma:

Art. 99. São bens públicos:


I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal,
inclusive os de suas autarquias;

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III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de


direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas
entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as
exigências da lei.

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.

Vejamos os dados mais significativos dessa classificação.

Bens de uso comum do povo


Os bens de uso comum do povo, como o próprio nome sugere, são
aqueles que se destinam à utilização geral pelos indivíduos, podendo
ser usufruídos por todos em igualdade de condições, sendo
desnecessário consentimento individualizado por parte da Administração
para que isso ocorra. Ressalte-se que os bens de uso comum do povo
podem ser federais, estaduais, distritais ou municipais.
São exemplos as ruas, as praças, os logradouros públicos, as
estradas, os mares, as praias, os rios navegáveis, etc.
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Nessa categoria de bens não está presente o sentido técnico de


propriedade. Afinal, o ente público não pode comprar ou vender um mar
ou um rio, por exemplo. Aqui, o que prevalece é a destinação pública,
no sentido de sua utilização efetiva pelos membros da coletividade.
De regra, o uso dos bens de uso comum do povo é gratuito, mas
pode ser oneroso, tal como na cobrança de pedágio em estradas
rodoviárias ou na cobrança de estacionamento rotativo em áreas públicas
(ruas e praças) pelos Municípios.
Quando existe alguma restrição sobre os bens de uso comum, não
apenas a cobrança de tarifas para utilização, mas também limitações
decorrentes do poder de polícia (como a proibição de tráfego de veículos

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com peso ou altura superiores a determinados limites), diz-se que se trata


de um bem de uso comum extraordinário ou de uso especial7. Por
outro lado, quando o bem se encontra aberto a todos de forma indistinta,
sem retribuição ou maiores exigências de uso, trata-se de um bem de
uso comum ordinário.

Bens de uso especial


Os bens de uso especial são todos aqueles que visam à execução dos
serviços administrativos e dos serviços públicos em geral. Tais bens
constituem o aparelhamento material das pessoas jurídicas de direito
público utilizados para atingir os seus fins. Da mesma forma que os de
uso comum do povo, podem ser federais, estaduais, distritais e
municipais.
São exemplos os edifícios públicos onde se situam as repartições
públicas, as escolas públicas, os hospitais públicos, as universidades, os
quartéis, os cemitérios públicos, as terras reservadas aos indígenas, os
veículos oficiais, o material de consumo da Administração, dentre muitos
outros.
Vale a pena ressaltar que os bens de uso especial podem ser tanto
móveis como imóveis.

Bens dominicais
Segundo o Código Civil, os bens dominicais são os que constituem o
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal ou real de cada uma dessas entidades.
Note que essa definição do Código não é nada esclarecedora, não é
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mesmo? Então guarde o seguinte: bens dominicais são todos aqueles que
não têm uma destinação pública definida e que, por isso, constituem
o patrimônio disponível do Estado (podem ser alienados para fazer
renda). Sendo assim, o beneficiário direto dos bens dominicais é o
próprio Estado, pois inexiste utilização imediata pelo cidadão.
São exemplos as terras devolutas e todas as terras que não possuam
uma destinação pública específica; os terrenos de marinha; os prédios
públicos desativados; os móveis inservíveis; a dívida ativa etc.

7Os bens de uso comum podem ser submetidos a um tipo de uso especial quando existe alguma restrição
a sua utilização. Cuidado, porém, para não confundir com os bens de uso especial tratados no item
seguinte, que são uma espécie de bem diferente dos bens de uso comum.

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Os bens dominicais constituem uma categoria residual, na qual se


situam todos os bens que não se caracterizem como de uso comum do
povo ou de uso especial. Se o bem, portanto, serve ao uso do público em
geral, ou se presta à consecução das atividades administrativas, não será
enquadrado como dominical.

Bens de uso Bens de uso Bens


comum especial dominicais

Utilizados pela Utilizados para a Não têm


coletividade em prestação de destinação pública
geral serviços definida

Ex: terras devolutas,


Ex: edifícios públicos,
Ex: ruas, praças, prédios públicos
cemitérios públicos,
mares. desativados, móveis
veículos oficiais.
inservíveis.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os bens de uso comum do


povo e os bens de uso especial possuem como
característica comum o fato de possuírem uma destinação
pública, o que os diferencia dos bens dominicais, que não têm destinação pública
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definida. Por essa razão, segundo a autora, pode-se dizer que existem duas
modalidades de bens públicos:
 os do DOMÍNIO PÚBLICO DO ESTADO, abrangendo os de uso comum do povo
e os de uso especial;
 os do DOMÍNIO PRIVADO DO ESTADO, abrangendo os bens dominicais.

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4. (Cespe – AE/ES 2013) Os hospitais públicos e as universidades públicas, que


visam à execução de serviços administrativos e de serviços públicos, classificam-se,
quanto à sua destinação, como
a) enfiteuse.
b) bens de uso comum do povo.
c) bens dominicais.
d) bens de uso especial.
e) bens de concessão de direito real de uso.
Comentário: Os hospitais públicos e as universidades públicas
classificam-se como bens de uso especial, porque se destinam ao uso pelas
entidades e órgãos da Administração Pública para a execução de atividades
administrativas ou para a prestação de serviços públicos, e não ao uso pela
população em geral. Evidente que toda estrutura do Estado está voltada para o
atendimento dos interesses da população. No entanto, se o bem é utilizado
diretamente por uma unidade administrativa qualquer, e apenas indiretamente
pela população em geral, trata-se de bem de uso especial. A estrutura do
hospital público, por exemplo, não pode ser pura e simplesmente utilizada pelo
cidadão comum como se fosse uma praça ou uma praia. Ao contrário, essa
estrutura é utilizada pelos servidores do hospital público para a prestação de
um serviço à população, daí a sua caracterização com bem de uso especial.
Gabarito: alternativa “d”

5. (Cespe – TJDFT 2013) Consideram-se bens públicos dominicais os que


constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de
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direito pessoal ou real de cada uma delas, os quais se submetem a um regime de


direito privado, pois a administração pública age, em relação a eles, como um
proprietário privado.
Comentário: A questão está de acordo com a definição de bens
dominicais presente no Código Civil. Vejamos:
Art. 99. São bens públicos:
(...)
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado.

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Vamos aprofundar um pouco mais na análise desse artigo. A redação do


inciso III não permite identificar exatamente quais bens seriam considerados
bens dominicais. Tampouco o parágrafo único é esclarecedor. A doutrina,
inclusive, critica bastante a redação do parágrafo único do art. 99. Lucas
Furtado, contudo, ensina que a expressão “estrutura de direito privado” se
refere aos bens das pessoas de direito público, ou seja, aos bens públicos.
Assim, se em razão da finalidade dada aos bens pertencentes às pessoas de
direito público verificar-se a aplicação do direito privado, ou seja, se a relação
que os afeta for estruturada com base no direito privado – de que seriam
exemplos os títulos da dívida pública ou os bens públicos objeto de contrato
de locação ou de cessão (contratos regidos pelo direito privado) -, referidos
bens são reputados dominicais. Ainda que pertencentes às pessoas de direito
público, ou seja, ainda que sejam bens públicos sujeitos ao regime jurídico
dos bens públicos, os bens dominicais, por não estarem afetados a uma
finalidade pública, também se submetem a um regime de direito privado.
Assim, por exemplo, é que a Administração pode utilizar, além das formas de
direito público, também formas de direito privado para outorgar o uso privativo
de bens dominicais, como a locação e o comodato.
Ressalte-se que o uso de estruturas de direito privado somente é legítimo
para a utilização dos bens públicos dominicais, não sendo admissível para os
bens de uso comum ou de uso especial.
Gabarito: Certo

6. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Sob o aspecto jurídico, há duas


modalidades de bens públicos: os do domínio público do Estado e os do domínio
privado do Estado.
Comentário: A classificação dos bens públicos definida no Código Civil
toma como critério a utilização conferida ao bem. São apresentadas, conforme
examinado, três categorias: bens de uso comum, bens de uso especial e bens
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dominicais. Maria Sylvia Di Pietro afirma que, não obstante “a classificação do


Código Civil abranja três modalidades de bens, quanto ao regime jurídico
existem apenas duas”. A autora apresenta, em seguida, a divisão dos bens
públicos em razão do regime jurídico adotado, dividindo-os em bens de
domínio público – que compreenderia os bens com alguma destinação pública
específica, quais sejam, os bens de uso comum e os de uso especial – e os
bens do domínio privado, categoria que abarcaria somente os bens
dominicais, ou seja, aqueles sem destinação pública específica.
Gabarito: Certo

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QUANTO À DISPONIBILIDADE

Quanto à disponibilidade, os bens públicos classificam-se em:


 Bens indisponíveis por natureza;

 Bens patrimoniais indisponíveis;


 Bens patrimoniais disponíveis.

Essa classificação tem por fim distinguir os bens públicos no que diz
respeito à sua disponibilidade em relação às pessoas de direito público a
que pertencem. Vejamos.

Bens Indisponíveis por Natureza


Os bens indisponíveis por natureza são aqueles que não
ostentam natureza tipicamente patrimonial (vale dizer, não podem
ser avaliados em termos monetários) e que, por isso mesmo, as pessoas
que os detêm não podem deles dispor, ou seja, não podem aliená-los
ou onerá-los.
São bens indisponíveis por natureza os bens de uso comum do
povo, como os mares, os rios, as estradas, o espaço aéreo etc.

Bens Patrimoniais Indisponíveis


Os bens patrimoniais indisponíveis são aqueles que, embora
tenham natureza patrimonial, o Poder Público não pode deles
dispor, em razão de estarem afetados a uma destinação pública
específica.
Tais bens possuem caráter patrimonial porque são suscetíveis de
avaliação pecuniária, ou seja, são bens que possuem valor patrimonial.
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Entretanto, são indisponíveis porque são efetivamente utilizados pelo


Estado para alcançar os seus fins.
Enquadram-se nessa categoria os bens de uso especial, sejam
móveis ou imóveis, de que são exemplo os prédios das repartições
públicas, os veículos oficiais, as universidades públicas etc. Enquanto
esses bens forem utilizados pela Administração para uma finalidade
pública específica, serão bens patrimoniais indisponíveis.
Vale ainda destacar o art. 225, §5º da CF, que confere caráter de
indisponibilidade às “terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais”.
Como tais terras são utilizadas na defesa do patrimônio ambiental, vale

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dizer, possuem uma destinação pública específica, se enquadram na


categoria dos bens de uso especial e, nessa condição, são indisponíveis.

Bens Patrimoniais Disponíveis


Os bens patrimoniais disponíveis são todos aqueles que possuem
natureza patrimonial e, por não estarem afetados a certa finalidade
pública, podem ser alienados, obviamente nas condições que a lei
estabelecer (por exemplo, necessidade de avaliação prévia, autorização
legislativa para imóveis, presença de interesse público e, em regra,
licitação). Não se trata, portanto, de livre alienação, e sim de
disponibilidade dentro das condições legalmente fixadas.
Os bens patrimoniais disponíveis são os bens dominicais em geral,
exatamente porque esses bens não se destinam ao público em geral, nem
são utilizados para o desempenho das atividades administrativas.

CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS

Como já assinalado, os bens públicos se distinguem dos bens


privados em razão do regime jurídico aplicável: os bens públicos estão
sujeitos a regime jurídico de direito público e os bens privados a regime
jurídico de direito privado. A diferença fundamental entre esses dois
regimes são algumas regras de proteção presentes no regime de direito
público, a saber: a inalienabilidade relativa, a impenhorabilidade, a não-
onerabilidade e a imprescritibilidade. Essas, portanto, são as principais
características dos bens públicos, conforme veremos a seguir.

Inalienabilidade relativa
Bens afetados NÃO podem ser alienados.
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Bens desafetados podem ser alienados, observando as normas legais.


Impenhorabilidade
Bens públicos NÃO podem ser objeto de penhora;
As dívidas da Fazenda Pública são quitadas mediante o regime de
precatório.
Imprescritibilidade
Bens públicos NÃO podem ser objeto de usucapião, inclusive os
dominicais.
Não onerabilidade
Bens públicos NÃO podem constituir garantia real, como hipoteca e
anticrese.

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INALIENABILIDADE RELATIVA

Costuma-se dizer que os bens públicos são inalienáveis, no sentido


de que as pessoas jurídicas de direito público não podem transferir a
terceiros os bens móveis e imóveis de sua propriedade. Porém essa regra
não é tão rígida como parece.
Segundo o art. 100 do Código Civil, “os bens públicos de uso
comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”.
O art. 101, por seu turno, dispõe que “os bens públicos dominicais
podem ser alienados, observadas as exigências da lei”.
Portanto, como se nota, a inalienabilidade dos bens públicos não é
absoluta. Afinal, possuem essa característica apenas os bens de uso
comum do povo e os de uso especial e, mesmo assim, apenas enquanto
conservarem essa qualificação. Já os bens dominicais, que são exatamente
os bens públicos que não se encontram vinculados a uma destinação
específica, podem ser objeto de alienação, observados os requisitos legais.
Daí porque a doutrina considera ser impróprio falar-se tão somente em
inalienabilidade, sendo melhor dizer que os bens públicos possuem como
característica a inalienabilidade relativa ou a alienabilidade
condicionada.
Os bens públicos de uso comum do povo e de
uso especial são inalienáveis, porém, só
enquanto estiverem afetados à destinação
pública. Logo, a partir da desafetação, os
bens poderão ser alienados, observadas as
condições previstas na Lei de Licitações.
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Dessa forma, caso o Estado pretenda, por exemplo, alienar parte de


uma Avenida (bem de uso comum do povo), deverá primeiro retirar essa
destinação específica, transformando-a num bem público dominical, para
aí sim consumar a venda8.
A rigor, somente são absolutamente inalienáveis os bens
indisponíveis por sua própria natureza, ou seja, aqueles bens que não
têm valor patrimonial mensurável, como os rios, os mares e as praias.

8Veremos que, para ocorrer a desafetação, de regra, não é necessário um rito ou ato específico. Basta, por
exemplo, a ocorrência de um fato administrativo, como, por exemplo, o início do processo de venda pelo
Poder Público.

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Cabe lembrar que os requisitos para a alienação de bens públicos


constam da Lei 8.666/1993, que exige demonstração do interesse público,
prévia avaliação, licitação (em regra) e, caso se trate de bem imóvel,
autorização legislativa (art. 17).
Por fim, esclareça-se que os bens públicos, mesmo afetados,
podem ser alienados entre as entidades do Estado. Ou seja, a União,
por exemplo, poderia vender ou doar um edifício a um Estado. Assim, esta
característica de alienabilidade condicionada diz respeito a transações de
bens públicos com particulares, não atingindo transações entre
integrantes do Estado. Alguns autores, então, dizem que os bens públicos
estão fora do comércio privado, mas não fora do comércio público.

7. (Cespe – DP/DF 2013) Sendo uma das características do regime jurídico dos
bens públicos a inalienabilidade, é correto afirmar que, segundo o ordenamento
jurídico brasileiro vigente, todos os bens públicos são absolutamente inalienáveis.
Comentário: A inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta. Os
bens de uso comum e dos de uso especial podem ser alienados desde que
percam essa qualificação, ou seja, desde que sejam desafetados. Já os bens
dominicais podem ser regularmente alienados, afinal, por definição, já são
bens desafetados.
Além da desafetação, as demais condições para a alienação dos bens
públicos encontram-se previstas no art. 17 da Lei 8.666/93:
 Alienação de bens imóveis:
 Interesse público devidamente justificado;
 Avaliação prévia;
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 Licitação na modalidade concorrência, ressalvadas as hipóteses previstas


na Lei de Licitações, em que é admitido o leilão (art. 19, III), ou em que a
licitação é dispensada.
 Alienação de bens móveis:
 Interesse público;
 Avaliação prévia;
 Licitação na modalidade leilão, ressalvadas as hipóteses em que a Lei de
Licitações obriga a concorrência (art. 17, §6º), ou aquelas em que a licitação
é dispensada (art. 17, §2º).
Gabarito: Errado

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8. (Cespe – PRF 2012) Em decorrência do princípio da indisponibilidade do


interesse público, não é permitido à administração alienar qualquer bem público
enquanto este bem estiver sendo utilizado para uma destinação pública específica.
Comentário: Nos termos do Código Civil, são inalienáveis os bens de uso
comum e os de uso especial, enquanto conservarem essa qualificação, ou
seja, enquanto estiverem sendo destinados para alguma função pública
específica. Daí decorre que, se perderem essa qualificação, tais bens poderão
ser alienados. A perda da qualificação recebe o nome de desafetação. Uma vez
desafetados, os bens de uso comum e de uso especial passam à categoria de
dominicais, e, assim, passam a integrar o patrimônio disponível do Estado.
Gabarito: Certo

IMPENHORABILIDADE

A penhora é ato de natureza constritiva que recai sobre os bens do


devedor para propiciar a satisfação do credor no caso do não cumprimento
da obrigação. Ou seja, quando uma pessoa deve a outra, pode ter parte
de seus bens penhorados para fazer frente à dívida. Os bens penhorados
podem ser alienados a terceiros para que o produto da alienação satisfaça
o interesse do credor9.
Os bens públicos, porém, não se sujeitam ao regime de penhora
e, por esse motivo, são caracterizados como impenhoráveis. Ressalte-se
que a impenhorabilidade recai, inclusive, sobre os bens dominicais.
Sendo assim, a pessoa que tiver algum crédito perante o Estado
jamais poderá ter como garantia a penhora de algum bem público que ela
possa vender para satisfazer a dívida.
E como então o Estado paga as suas dívidas?
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De acordo com o art. 100 da Constituição Federal, as dívidas da


Fazenda Pública serão, de regra, quitadas mediante a expedição de
precatórios. O regime de precatórios possui como objetivo proteger o
patrimônio público do regime de execução a que se submetem os bens
dos particulares em geral. Assim, quando o Poder Público é condenado
judicialmente a saldar uma dívida perante terceiros, ao invés de ocorrer a
penhora do patrimônio público para garantir o pagamento, são
consignadas dotações no orçamento com esse objetivo. Vejamos:

9 Carvalho Filho (2014, p. 1170).

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Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal,


Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas
nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim.

Ressalte-se que há uma única exceção: estão excluídos do regime


de precatórios os pagamentos de obrigações definidas em lei como de
pequeno valor (art. 100, §3º).
Embora o caput do art. 100 determine que o pagamento ocorrerá
exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios, o
§1º do mesmo artigo dispõe que os débitos de natureza alimentícia
têm preferência. Além disso, consoante o art. 100, §2º, também terão
prioridade os débitos de natureza alimentícia que não ultrapassem o
triplo da importância fixada em lei como “obrigação de pequeno valor” e
devam ser pagos a titulares que tenham sessenta anos de idade ou
mais, ou, nos termos da lei, sejam portadores de doença grave10.
Para o fim de preferência no pagamento dos precatórios, consideram-
se débitos de natureza alimentícia aqueles decorrentes de salários,
vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios
previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transitada em
julgado (art. 100, §1º).
As entidades de direito público estão obrigadas a incluir, nos
respectivos orçamentos, a verba necessária ao pagamento de seus
precatórios apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o
final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados
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monetariamente (art. 100, §5º).


As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados
diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal
que proferir a decisão condenatória determinar o pagamento integral e
autorizar o sequestro da quantia respectiva, a requerimento do credor,
nos casos de preterimento de seu direito de precedência ou de não
alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito
(art. 100, §6º).

10 No julgamento da ADI 4.425/DF e da ADI 4.357/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou

inconstitucional a expressão na data de expedição do precatório constante do art da CF Dessa


forma, a regra de prioridade vale inclusive para os titulares que tenham completado sessenta anos de
idade após a expedição do precatório.

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Portanto, embora os bens públicos sejam realmente impenhoráveis,


é possível ocorrer o sequestro de valores (dinheiro público) necessários à
satisfação de dívidas constantes de precatórios judiciais, no caso de
ofensa à ordem de pagamento ou de não alocação orçamentária dos
valores correspondentes.

IMPRESCRITIBILIDADE

A imprescritibilidade significa que os bens públicos, seja qual for a


sua natureza, são insuscetíveis de aquisição por decurso de prazo, vale
dizer, não podem ser objeto de usucapião11.
Dessa forma, diferentemente do que ocorre com os bens privados,
mesmo que o interessado tenha a posse do bem público por determinado
período, não nascerá para ele o direito de propriedade sobre esse bem. A
ocupação ilegítima em área de domínio público, ainda que por longo
período, permite que o Estado formule a respectiva ação reintegratória,
sendo incabível a alegação de omissão administrativa12.
A Constituição Federal estabelece regra específica a respeito,
vedando qualquer tipo de usucapião de imóveis públicos, quer localizados
na zona urbana (CF, art. 183, §3º), quer na área rural (CF, art. 191,
parágrafo único). Embora a CF se refira apenas aos bens imóveis,
ressalte-se que a imprescritibilidade é característica tanto dos bens
públicos imóveis como dos bens públicos móveis. Ademais, conforme o
entendimento do STF, aplica-se também aos bens públicos dominicais13.

9. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Consoante o disposto na CF, os bens


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públicos são passíveis de aquisição por meio de usucapião.


Comentário: Ao contrário do que afirma o quesito, os bens públicos,
qualquer que seja a sua qualificação – uso comum, especial ou dominical –
são imprescritíveis, ou seja, não são passíveis de aquisição por meio de
usucapião. Assim, mesmo que um particular tenha a posse pacífica de um bem

11De fato, os bens públicos não estão sujeitos à usucapião; no entanto, os bens particulares de posse do
Estado poderão, cumpridos os requisitos da Legislação Civil, ser objeto de prescrição aquisitiva. Em outras
palavras, o Estado poderá adquirir bens de particulares por usucapião.
12Inclusive, para o STJ, a ocupação irregular, sem qualquer autorização da Administração, implica para o
particular o dever de indenizar o Poder Público pelo uso, além de indenizar eventuais prejuízos que tenha
causado ao patrimônio público do Estado ou coletividade (STJ REsp 425.416)
13 Súmula 340.

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público por qualquer período de tempo, não adquirirá direito de propriedade


sobre esse bem.
Gabarito: Errado

10. (Cespe – CNJ 2013) A ocupação de bem público, ainda que dominical, não
passa de mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção
possessória contra o órgão público.
Comentário: Trata-se de verbete da jurisprudência do STJ. Vejamos:
REsp 146.367
Ementa: INTERDITO PROIBITÓRIO. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA,
PERTENCENTE À COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA TERRACAP.
INADMISSIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA NO CASO. A ocupação de
bem público, ainda que dominical, não passa de mera detenção, caso em que se
afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público.
Não induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do CC/1916 ). Recurso
especial não conhecido.
Esse entendimento decorre da imprescritibilidade dos bens públicos, que
os protege de ser objeto de usucapião. Assim, em caso de ocupação irregular,
não se admite a ação de proteção possessória contra o órgão público, ou seja,
ação judicial com vistas a discutir a posse do bem.
Gabarito: Certo

NÃO ONERABILIDADE

Onerar um bem significa deixá-lo como garantia para o credor no


caso de inadimplemento da obrigação 14 . Exemplos de direitos reais de
garantia sobre a coisa alheia são o penhor, a hipoteca e a anticrese
(Código Civil, art. 1.419). 34863293402

Os bens públicos não podem ser gravados com esse tipo de


garantia em favor de terceiros. Afinal, como dito, a própria
Constituição contemplou o regime de precatórios para o pagamento dos
créditos contra a Fazenda Pública. Dessa forma, o credor do Poder Público
não pode ajustar garantia real sobre bens públicos, sob pena de nulidade
da garantia.

14 Carvalho Filho (2014, p. 1172)

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É importante ressaltar que os bens públicos podem ser


objeto de oneração, desde que não se tenha por fim a
constituição de direito real de garantia. Ou seja, a não
onerabilidade não é absoluta.
É admitida, por exemplo, a oneração com direitos reais de fruição. Outro
exemplo está na Lei 11.079/2004 (parceria público-privada), cujo art. 6º, IV autoriza
a Administração outorgar direitos sobre bens públicos dominicais a título de
contraprestação do parceiro público para o privado (art. 6º).
Já o art. 16 autoriza a União a constituir o Fundo Garantidor de Parceiras
Público-Privadas FGP, podendo, para tanto, integralizar bens imóveis dominicais,
entre outros meios.

AQUISIÇÃO DE BENS PÚBLICOS

O Poder Público pode adquirir bens para o seu patrimônio de diversas


formas. Esses bens geralmente são privados, mas quando adquiridos
pelas pessoas públicas convertem-se em bens públicos.
A doutrina ensina que existem dois tipos de aquisição de bens
públicos:
 Aquisição originária
 Aquisição derivada

Na aquisição originária não há a transmissão de propriedade


por qualquer manifestação de vontade. A aquisição é direta, ou seja, não
existe um proprietário anterior do bem. Exemplo de aquisição originária é
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o da acessão por aluvião, em que a margem ribeirinha se amplia em razão


da ação das águas. A pesca e a caça também propiciam a aquisição
originária dos animais.
Já na aquisição derivada alguém transmite um bem ao
adquirente mediante certas condições por eles estabelecidas. Exemplo
de aquisição derivada é a que resulta de contrato de compra e venda15.
Dito isso, vamos aprender, de forma sucinta, as principais formas de
aquisição de bens públicos, nos valendo, para tanto, dos ensinamentos de
Carvalho Filho.

15 Carvalho Filho (2014, p. 1174)

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FORMAS DE AQUISIÇÃO

Contratos
Como qualquer particular, o Estado pode celebrar contratos para
adquirir bens. Além dos contratos de compra e venda, o Poder Público
também pode celebrar contratos de doação, de permuta e de dação em
pagamento.
Assim, por exemplo, é possível que uma entidade privada faça
doação de bens ao Município ou que um contribuinte em débito com
tributos estaduais celebre com o Estado um ajuste de dação em
pagamento. Ingressando no acervo das pessoas de direito público, tais
bens passarão a ter a qualificação de bens públicos.
Ressalte-se que os contratos de aquisição de bens podem ser tanto
de direito privado como de direito público. Os contratos de doação e dação
em pagamento, por exemplo, são contratos de direito privado. Já a
compra de bens móveis necessários aos fins administrativos se caracteriza
como contrato administrativo, ou seja, trata-se de um contrato de direito
público.
Por fim, cabe anotar que a aquisição de bem imóvel objeto do
contrato, mesmo se efetivada pelo Poder Público, se sujeita a registro no
cartório do Registro de Imóveis, sem o que a transferência da
propriedade não se consuma. Em outras palavras, os contratos não
transferem por si mesmos a propriedade, sendo necessário, ainda, o
registro no cartório.

Usucapião
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Embora os bens públicos não possam ser objeto de usucapião, é


perfeitamente possível que as pessoas de direito público (União,
Estados, DF, Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas)
adquiram bens por usucapião. Basta que sejam observados os
requisitos legais exigidos para os particulares em geral, como a posse do
bem por determinado período, a boa-fé e a sentença declaratória da
propriedade. Esses bens, uma vez consumado o processo aquisitivo,
tornar-se-ão bens públicos.

Desapropriação
Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder Público, fundado
na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social,

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compulsoriamente, transfere para si a propriedade de terceiro,


mediante justa e prévia indenização.
Os bens desapropriados transformam-se em bens públicos tão logo
ingressem no patrimônio do ente expropriante.
Registre-se que a doutrina classifica a desapropriação como forma
originária de aquisição de propriedade, porque não provém de nenhum
título anterior.

A desapropriação é forma originária de


aquisição de bens públicos.

Acessão
A acessão é forma de aquisição de bens prevista no Código Civil, pela
qual passa a pertencer ao proprietário tudo o que aderir à propriedade,
revelando um acréscimo a esse direito.
A acessão pode efetivar-se, por exemplo, pela formação de ilhas,
por aluvião16 ou pela construção de obras ou plantações.
Assim, por exemplo, caso se forme uma ilha num rio de propriedade
da União, tal ilha será um bem federal. Igualmente haverá aquisição de
bem federal se a União tiver propriedade ribeirinha e nela ocorra o aluvião
ou, ainda, se o ente construir ou plantar em um terreno seu, hipótese em
que adquirirá a propriedade das construções e plantações por acessão.
Repare que, em todos esses casos, temos exemplos de aquisições
originárias, pois os bens não são adquiridos de um terceiro.
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Aquisição causa mortis


Dispõe o art. 1.822 do Código Civil que “a declaração de vacância da
herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem;
mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados
passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados
nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União
quando situados em território federal”.
Ademais, o art. 1.844 do Código consigna que “não sobrevivendo
cônjuge, ou companheiro, nem parente algum sucessível, ou tendo eles

16 Aluvião é o fenômeno pelo qual as águas vão vagarosamente aumentando as margens dos rios,

ampliando a extensão da propriedade ribeirinha.

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renunciado a herança, esta se devolve ao Município ou ao Distrito


Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou à União, quando
situada em território federal”. Assim, os bens oriundos desse tipo de
herança “sem dono” passam a qualificar-se como bens públicos.
Note que não é correto apontar o Poder Público como herdeiro, ou
que ele adquire a propriedade por força de herança. Porém, se os
herdeiros não forem identificados, os bens que compõem a herança
poderão ser incorporados ao patrimônio público.

Arrematação
Arrematação é o meio de aquisição de bens através da alienação de
bem penhorado, em processo de execução, em praça ou leilão judicial.
Nada impede que as pessoas de direito público participem dos processos
públicos de alienação de bens penhorados e sejam vitoriosas no
oferecimento do lance. Os bens adquiridos por esse sistema também se
classificam como bens públicos.

Adjudicação
A adjudicação assemelha-se à arrematação, pois se constitui na
aquisição de bens penhorados e praceados. A diferença é que o
adquirente, na adjudicação, é credor da pessoa proprietária dos bens.
Desse modo, situando-se as pessoas de direito público na posição de
credoras, podem requerer que lhes sejam adjudicados os bens praceados
e, assim, adquirir-lhes a propriedade.

Resgate na enfiteuse
Enfiteuse era o direito real sobre a coisa alheia, pelo qual o uso e o
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gozo do bem (domínio útil) pertenciam ao enfiteuta; ao proprietário (ou


senhorio direto) cabia apenas a nua propriedade (propriedade abstrata). O
antigo Código Civil disciplinava o instituto, mas o Código vigente não mais
incluiu a enfiteuse entre os direitos reais. Não obstante, manteve as já
existentes, que continuam reguladas pelo Código anterior (art. 2.03817).

17 Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até
sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre o valor das construções ou
plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial.

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Dentre as regras que disciplinavam a enfiteuse, uma referia-se ao


resgate, situação jurídica que permitia ao enfiteuta, após o prazo de
10 anos, consolidar a propriedade, pagando ao senhorio direto
determinado valor previsto em lei. Assim, se o enfiteuta for pessoa de
direito público – considerando os direitos reais constituídos antes do
novo Código Civil –, poderá ela efetuar o resgate por meio do devido
pagamento ao senhorio direito; dessa forma, passará a ter a propriedade
do bem que até então era privado.

Aquisição ex vi legis
Trata-se de formas de aquisição previstas em normas de direito
público, não enquadradas nos regimes usuais de aquisição de bens.
Uma dessas modalidades é a que ressai dos loteamentos. A lei que
regula o parcelamento do solo urbano18 estabelece que algumas áreas dos
loteamentos serão reservadas ao Poder Público, as quais constituirão as
ruas, as praças, os espaços livres e, se for o caso, as áreas para a
construção de prédios públicos. A aquisição desses bens dispensa
qualquer instrumento especial, ingressando automaticamente na categoria
dos bens públicos.
Outra forma é o perdimento de bens. Nessa categoria se enquadra,
por exemplo, a perda, em favor do Poder Público, dos bens obtidos
ilicitamente por condenados pela prática de crimes ou de atos de
impropriedade administrativa.
A reversão nas concessões de serviços públicos também importa a
aquisição de bens pelas pessoas públicas. No caso, a reversão consiste na
transferência ao poder concedente dos bens do concessionário
empregados na execução do serviço, após o término do contrato de
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concessão.
Por fim há a figura do abandono, em que o proprietário exclui o bem
de sua propriedade sem manifestação expressa de vontade; simplesmente
se desinteressa dele. Diz a lei civil que o imóvel abandonado, não se
encontrando na posse de outrem, “poderá ser arrecadado, como bem
vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do
Distrito Federal”, caso se trate de imóvel urbano (art. 1.276) ou à da
União, se imóvel rural (art. 1.276, §1º).

18 Lei 6.766/1979

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AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO

A destinação dos bens públicos pode ser modificada ao longo do


tempo. Um bem que hoje possui uma destinação pública específica
amanhã pode não ter mais, e vice-versa. É aí que entram os institutos da
afetação e da desafetação.
Se um bem está sendo utilizado para determinado fim público, seja
diretamente pelo Estado, seja pelos particulares em geral, diz-se que o
bem está afetado a determinado fim público. Por exemplo: uma praça,
como bem de uso comum do povo, se estiver sendo utilizada pela
população, será considerada um bem afetado ao fim público; da mesma
forma, um prédio em que funcione um hospital público também estará
afetado a um fim público, na qualidade de bem de uso especial.
Ao contrário, caso o bem não esteja sendo utilizado para qualquer
destinação pública, diz-se que está desafetado. Por exemplo: um imóvel
do Município que não esteja sendo utilizado para qualquer fim é um bem
desafetado de fim público; uma viatura policial recolhida ao depósito como
inservível igualmente se caracteriza como bem desafetado. Os bens
desafetados, a bem da verdade, são bens dominicais.
Ocorre que os bens públicos não necessariamente permanecem para
sempre na mesma categoria em que foram classificados em decorrência
da sua destinação. Se o bem está afetado e passa a desafetado, ocorre a
desafetação; se, ao revés, o bem está desativado, sem utilização, e
passa a ter uma finalidade pública, tem-se a afetação.
Um exemplo para ilustrar o assunto 19 : um prédio onde haja uma
Secretaria de Estado em funcionamento pode ser desativado para que o
órgão seja instalado em local diverso. Esse prédio, como é lógico, sairá de
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sua categoria de bem de uso especial e ingressará na de bem dominical. A


desativação do prédio implica sua desafetação. Se, posteriormente, no
mesmo prédio, for instalada uma creche organizada pelo Estado, haverá
afetação, e o bem, que estava na categoria dos dominicais, retornará a
sua condição de bem de uso especial. Outro exemplo é o da
desestatização (privatização), que também pode render ensejo à
desafetação.
Ressalte-se que até mesmo os bens de uso comum do povo podem
sofrer alteração em sua finalidade. Uma praça pública, por exemplo, pode
desaparecer em razão de alteração no projeto urbanístico.

19 Carvalho Filho (2014, p. 1167).

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A afetação e a desafetação possuem especial repercussão na


alienabilidade dos bens públicos, pois, como visto, os bens de uso
comum do povo ou de uso especial que possuem alguma destinação
pública, ou seja, os bens afetados, não podem ser alienados. Por
outro lado, caso os bens de uso comum e os de uso especial venham a ser
desafetados, isto é, venham a perder sua finalidade pública específica,
serão convertidos em bens dominicais, e, como tais, poderão ser
alienados.
Importante destacar que a afetação e a desafetação podem ocorrer
de diferentes formas, especialmente em decorrência da:
 Edição de uma lei: por exemplo, lei que converta terra devoluta (bem
dominical) em terreno de preservação ambiental (bem de uso especial);

 Prática de um ato administrativo: por exemplo, decreto do Prefeito que


determina a instalação, em prédio desativado (bem dominical), de creche
municipal (bem de uso especial);

 Ocorrência de um fato administrativo: por exemplo, incêndio que destrua


uma escola pública (bem de uso especial), inutilizando completamente o
imóvel (bem dominical); ou a realização de obras públicas, como a
construção de um prédio público (bem de uso especial) em um terreno
público desocupado (bem dominical).

Cumpre salientar, todavia, que a mera ação dos administrados não


tem a capacidade de vincular ou desvincular um bem de sua destinação
pública. Assim, por exemplo, a invasão do MST em repartição pública,
com a instalação de barracas, não reverte o bem de uso especial em
comum do povo. De igual forma, o não uso frequente de uma praça
pública ou de uma praia pela população não é suficiente para desafetar
esses bens. 34863293402

Afetação
Finalidade
Pública

Desafetação

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Vimos que, se um bem público de uso comum ou um


bem de uso especial passa a ser um bem dominical,
tem-se a desafetação. E, por outro lado, se um bem
dominical passa a ser um bem de uso comum ou especial, tem-se a afetação.
Agora vem a pergunta: e se o bem de uso comum (ex: uma praça) transformar-se
em um bem de uso especial (por exemplo, um museu)? Primeiro, isso pode
Arnaldo? E se pode, será o quê, afetação ou desafetação?
Vamos lá. Primeiramente, é possível sim a transformação de bens de uso comum
em bens de uso especial, e vice-versa. Basta que haja a alteração da finalidade do
uso do bem.
Quanto ao rótulo que se dá a essa mudança de finalidade, antes de tudo vale
saber que o Código Civil de 2002 enumerou os bens públicos em ordem decrescente
de afetação, da seguinte forma: uso comum (mais afetação), uso especial (média
afetação) e dominicais (sem afetação).
Dessa forma, o bem de uso comum, que vai ser usufruído por toda a coletividade,
possui uma destinação pública mais ampla que um bem de uso especial, que vai ser
utilizado apenas pela Administração ou por um grupo restrito de pessoas. Assim, se a
praça (bem de uso comum) for transformada em museu (bem de uso especial) o

desafetação. Os movimentos possíveis, portanto, são:


>> Bens de uso comum e uso especial para dominicais DESAFETAÇÃO.
>> Bens dominicais para bens de uso comum ou especial AFETAÇÃO.
>> Bens de uso especial e dominicais para bens de uso comum AFETAÇÃO.
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>> Bens de uso comum para dominicais ou de uso especial DESAFETAÇÃO.

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11. (Cespe – TJDFT 2014) A afetação e a desafetação dizem respeito ao regime de


finalidade dos bens públicos, no sentido da destinação que se lhes possa dar.
Comentário: De fato, o tema da afetação e da desafetação diz respeito aos
fins para os quais está sendo utilizado o bem público. Mais precisamente,
indicam a alteração das finalidades do bem público. São afetados os bens de
uso comum e os de uso especial; são desafetados os dominicais. Assim, ao se
transformar bem dominical em bem de uso especial ou em bem de uso comum
(ex: se terra devoluta é utilizada para a construção de uma repartição pública
ou de uma praça pública) diz-se que houve afetação. Ao contrário, quando um
bem de determinada entidade pública que estava afetado à prestação de
serviços públicos ou quando se destinava ao uso direto da população perde
essa finalidade e fica sem utilização específica (ex: edifício em que funcionava
uma repartição pública deixa de ser utilizado ou quando um bem móvel se
torna inservível) terá ocorrido a desafetação.
Gabarito: Certo

USO DOS BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

Os bens públicos de qualquer modalidade – de uso comum, de uso


especial ou dominical – podem ser utilizados pela pessoa jurídica de
direito público que o detém ou por outros entes públicos aos quais sejam
cedidos, ou, ainda, por particulares. Estes últimos podem, por sua vez,
utilizar os bens públicos de diferentes formas, o que enseja a seguinte
classificação:
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Quanto à destinação do bem Quanto à exclusividade do uso


Uso normal: é o que se exerce em Uso comum: é o que se exerce, em
conformidade com a destinação igualdade de condições, por todos
principal do bem. os membros da coletividade.
Ex: uma rua aberta à circulação. Uso privativo: é o que a
Uso anormal: quando atende a fins Administração Pública confere,
diferentes dos que normalmente se mediante título jurídico individual, a
destinam os bens. pessoa ou grupo de pessoas
determinadas, para que o exerçam
Ex: uma rua fechada para a com exclusividade.
realização de festejos e desfiles.

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Interessa-nos, neste tópico, aprofundar alguns aspectos a respeito da


classificação quanto à exclusividade do uso20.
Primeiramente, vale saber que o uso comum divide-se, ainda, em
duas modalidades: o uso comum ordinário e o uso comum
extraordinário.
O uso comum ordinário é aberto a todos indistintamente,
independentemente de qualquer manifestação ou autorização da
Administração. O uso comum ordinário, ademais, não sujeita o usuário ao
pagamento de qualquer taxa ou tarifa. Por exemplo, as praças podem ser
utilizadas, de modo geral, por qualquer cidadão, sem maiores exigências
ou condicionamentos pelo Poder Público.
Já o uso comum extraordinário está sujeito a maiores restrições
impostas pelo poder de polícia do Estado, ou porque limitado a
determinada categoria de usuários, ou porque sujeito a remuneração, ou,
ainda, porque dependente de outorga administrativa. É o caso, por
exemplo, das rodovias. Se for instituída a cobrança de pedágios ou
imposta a limitação de peso ou altura de tráfego, não obstante se
mantenha o seu uso comum, este uso passa a sofrer restrições,
caracterizando o uso extraordinário do bem. Outro exemplo de uso
extraordinário de bem público, desta feita porque dependente de
consentimento da Administração Pública como requisito ao uso, seria o
funcionamento de restaurantes ou agências bancárias em repartições
públicas ou de bancas de jornal ou quiosques em vias públicas. Carvalho
Filho chama o uso comum extraordinário de uso especial.
Passemos agora a tratar do uso privativo dos bens públicos.
É possível à Administração Pública outorgar o uso privativo de bens
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públicos a determinados particulares. Suponha-se, para exemplificar, o


uso de calçada por comerciante para a colocação de mesas e cadeiras de
bar ou o uso de boxe do mercado público por determinado comerciante
para a venda dos seus produtos. Essa outorga está sujeita ao juízo de
conveniência e de oportunidade da Administração, podendo ou não ser
feita mediante remuneração pelo particular.
Carvalho Filho ensina que são quatro as características do uso
especial privativo dos bens públicos:

20 A classificação é de Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 685).

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 Privatividade: significa que aquele que recebeu o consentimento estatal


tem direito a usar sozinho o bem, afastando possíveis interessados.

 Instrumentalidade formal: o uso privativo não existe senão através de


título jurídico formal, através do qual a Administração exprima seu
consentimento. É nesse título que estarão fixadas as condições de uso.

 Precariedade: significa que o instrumento jurídico que legitimou o uso


privativo pode ser revogado pela Administração, em vista do interesse
público. Em regra, a revogação não enseja indenização, exceto se o título
jurídico tenha fixado prazo certo e foi revogado antes do termo.
 Regime de direito público: a Administração possui em seu favor alguns
princípios administrativos que levam em consideração o interesse público,
como é o caso da revogação.

USO PRIVATIVO DE BENS PÚBLICOS

Privatividade Instrumentalidade formal

Precariedade Regime de direito público

Dentre os fatores acima, vale destacar que a outorga do uso privativo


de bens públicos exige sempre um instrumento formal ou, em outras
palavras, um título jurídico individual, pelo qual a Administração
outorga o uso e estabelece as condições em que será exercido.
Esses títulos jurídicos individuais podem ser públicos ou privados. A
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doutrina ensina que os bens de uso comum e os bens de uso especial


somente podem ter seu uso delegado a particulares por meio dos
instrumentos do direito público, dentre os quais se destacam a
autorização de uso, a permissão de uso e a concessão de uso.
Já os bens dominicais podem ter seu uso outorgado a particulares
pelos instrumentos do direito público ou por meios das formas admitidas
no direito privado, tais como locação, comodato e arrendamento.

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O imóvel cujo uso privativo for conferido a


um particular não deixa de ser um bem
público. Por isso, permanece com as
prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe atribui, dentre elas, a imunidade
recíproca. Por isso, o STF já decidiu que o Município não pode cobrar IPTU sobre
imóvel federal, ainda que este tenha sido objeto de concessão de uso para
exploração comercial, até porque o concessionário do uso não pode figurar no polo
passivo da obrigação tributária21. Não obstante, em outra decisão, embora não
estivesse em questão o uso privativo de bem público (no caso, tratava-se das
atividades de uma sociedade de economia mista), foram opostas algumas restrições
para a imunidade, sendo esta considerada inaplicável, por exemplo, quando há
exploração econômica22.

Vejamos, a seguir, os aspectos mais relevantes dos instrumentos de


direito público de outorga de uso privativo.
Quanto aos institutos de direito privado (ex: locação, comodato,
arrendamento) restritos aos bens dominicais, o importante é saber que
eles existem (as bancas não costumam cobrar as respectivas definições) e
que nem sempre o uso dos bens públicos é regido predominantemente por
normas de direito público.

AUTORIZAÇÃO DE USO

A autorização de uso é um ato administrativo unilateral e


discricionário, pelo qual a Administração consente, a título precário,
que o particular se utilize de bem público com exclusividade23.
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Não há licitação prévia à autorização de uso


de bem público.

A autorização de uso, como regra, é instituída sem prazo –


autorização simples -, mas nada impede que seja dada com prazo,
hipótese em que se denomina autorização qualificada ou
condicionada.

21 RE 599.417.
22 RE 253.472
23 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 690)

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A autorização de uso é precária porque pode ser revogada a


qualquer tempo, sem ensejar para o particular qualquer direito a
indenização. Contudo, caso seja outorgada por prazo certo, a revogação
antes do prazo poderá gerar para a Administração o dever de indenizar o
particular pelos eventuais prejuízos que ele tenha incorrido. Dessa forma,
a fixação do prazo retira da autorização o caráter da precariedade.
Outros atributos da autorização são a unilateralidade (para ela se
aperfeiçoar depende apenas da manifestação da Administração) e a
discricionariedade (mesmo se preenchidas as condições, fica a critério
do administrador a conveniência e a oportunidade do consentimento).
Ademais, a autorização pode ser gratuita ou onerosa.
Todavia, a principal característica da autorização de uso de bem
público é o predomínio do interesse do particular. Normalmente incide
apenas sobre atividades transitórias, de curta duração. Evidentemente, o
interesse público também deve estar presente, mas prepondera o
interesse do particular.
Exemplo de autorização de uso é a autorização de fechamento de
uma rua para a realização de uma festa popular organizada pelos
moradores do bairro ou a autorização para utilização de um terreno do
Município para a instalação de um circo.

PERMISSÃO DE USO

A permissão de uso é um ato administrativo unilateral,


discricionário e precário, gratuito ou oneroso, pelo qual a
Administração Pública faculta a utilização privativa de bem público, para
fins de interesse público24.
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A permissão, assim como a autorização, pode ser instituída em


caráter gratuito ou oneroso. Ademais, pode ser concedida por prazo
indeterminado ou com prazo certo; nesta última hipótese (permissão
com prazo certo) será denominada permissão qualificada ou
condicionada.
Como se nota, autorização e permissão de uso de bem público são
institutos bastante parecidos. Não obstante, apresentam algumas
diferenças. Embora ambas tenham a natureza de atos administrativos
unilaterais, discricionários e precários, possam ser instituídas em caráter

24 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 691)

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gratuito ou oneroso, com prazo certo ou indeterminado, a doutrina aponta


os seguintes elementos distintivos25:
 Na permissão é mais relevante o interesse público, enquanto na
autorização ele é apenas indireto e secundário (predomina o do
particular);

 Em razão desse fato, na permissão o uso do bem, com a destinação para a


qual foi permitido, é obrigatório; na autorização o uso é facultativo, a
critério do particular;

 A permissão deve, regra geral, ser precedida de licitação; a autorização


nunca é precedida de licitação.

O prazo de utilização do bem público também é apontado como um


fator que distingue a autorização da permissão. Enquanto na autorização
o bem seria utilizado por breves períodos (ex: comícios, eventos
esportivos, culturais, etc.), a permissão envolveria utilização por períodos
mais longos (ex: bancas de jornal, quiosques, lanchonetes).

Questão interessante diz respeito à necessidade de


licitação prévia na permissão de uso de bem público.
É que a permissão é formalizada por meio de
ato administrativo e a licitação consiste em exigência prévia à celebração de
contratos administrativos. Não faz muito sentido se falar em licitação prévia à
prática de um ato administrativo. Ocorre que a Lei 8.666/199326 e a Lei 9.074/199527
aludem, expressamente, sobre a necessidade de licitação prévia à permissão de uso.
Portanto, em face dos diplomas legais citados, a doutrina ensina que as
permissões de uso de bens públicos, embora sejam atos administrativos, devem ser
precedidas de licitação. Trata-se de uma hipótese excepcional em que a prática de
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um ato administrativo exige licitação prévia.


Para Maria Sylvia Di Pietro, a licitação deve ocorrer apenas nas permissões
qualificadas, aquelas com prazo certo, pois teriam características semelhantes à
concessão de uso (que veremos adiante), com precariedade menor.
Já para Carvalho Filho e Lucas Furtado, deve ser realizada licitação sempre que

25 Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 1014)


26 Art. 2o As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações
da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de
licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
27Art. 31. Nas licitações para concessão e permissão de serviços públicos ou uso de bem público, os
autores ou responsáveis economicamente pelos projetos básico ou executivo podem participar, direta ou
indiretamente, da licitação ou da execução de obras ou serviços.

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houver mais de um interessado em utilizar o bem objeto da permissão.


Em qualquer caso, aplicam-se as hipóteses de dispensa e inexigibilidade previstas
em lei. Por exemplo, as permissões de uso de bens imóveis residenciais e de bens
imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² estão entre os
casos de dispensa de licitação previstos na Lei 8.666/93 I quando
estiverem inseridos em programas de regularização fundiária de interesse social
desenvolvidos pela Administração Pública.

Ressalte-se que a permissão de uso de bem público não se


confunde com a permissão de serviços públicos. Esta última é uma
espécie de delegação de serviços públicos a particulares, prevista no
art. 175 da CF e regulamentada pela Lei 8.987/1995, sempre precedida
de licitação e formalizada mediante contrato administrativo (contrato
de adesão).

CONCESSÃO DE USO
A concessão de uso é um contrato administrativo pelo qual a
Administração Pública faculta ao particular a utilização privativa de bem
público, para que a exerça conforme a sua destinação28.
Daí já se vê a principal diferença entre as concessões de uso, de um
lado, e as autorizações e permissões de uso de bens públicos, de outro:
enquanto a primeira é formalizada por contrato, as demais o são por ato
administrativo.
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, o contrato de concessão de
uso é “de direito público, sinalagmático 29 , oneroso ou gratuito,
comutativo e realizado intuitu personae”. 34863293402

Sendo contrato, a concessão, sem dúvida alguma, deve ser


precedida de licitação (exceto nos casos de dispensa e inexigibilidade),
não é precária, é sempre outorgada por prazo determinado e só
admite rescisão (e não revogação) nas hipóteses previstas em lei.
Ainda segundo a autora, a concessão deve ser empregada
preferencialmente à permissão nos casos em que a utilização do bem
público objetiva o exercício de atividades de maior vulto, em que o
particular assume obrigações e encargos financeiros mais elevados.

28 Maria Sylvia Di Pietro (2009, p. 694)


29 Bilaterais, em que existe uma reciprocidade entre as obrigações das partes.

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A forma contratual seria mais adequada nesses casos, pois permite


estabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do ajuste e também fixar as
condições em que o uso se exercerá, entre as quais a finalidade, o prazo,
a remuneração, a fiscalização, as sanções etc. Em outras palavras, as
hipóteses que recomendam a concessão de uso são aquelas em que o
particular necessita de segurança jurídica, que não lhe é conferida pelo
ato administrativo de autorização e permissão.
Como exemplo de concessão de uso de bem público pode-se citar a
concessão para exploração de mina de água, para lavra de jazida mineral,
para exploração de estacionamento em aeroportos ou para instalação de
restaurantes destinados aos servidores em prédios públicos.
A seguir um quadro comparativo das três formas de outorga de uso
privativo de bens públicos vistas até aqui, que são as mais cobradas em
prova30:

Autorização Permissão Concessão

Ato administrativo Ato administrativo Contrato administrativo

Não há licitação Licitação prévia Licitação prévia

Uso facultativo do bem pelo Utilização obrigatória do Utilização obrigatória do


particular. bem pelo particular, bem pelo particular,
conforme a finalidade conforme a finalidade
permitida. concedida.

Interesse predominante do Interesse público e particular Interesse público e particular


particular. são equivalentes. são equivalentes.
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Ato precário Ato precário Não há precariedade

Sem prazo (regra) Sem prazo (regra) Prazo determinado

Onerosa ou gratuita Onerosa ou gratuita Onerosa ou gratuita

Revogação a qualquer Revogação a qualquer Rescisão nas hipóteses


tempo sem indenização, tempo sem indenização, previstas em lei. Cabe
salvo se outorgada com salvo se outorgada com indenização, se a causa não
prazo ou condicionada. prazo ou condicionada. for imputável ao
concessionário.

30 Adaptado de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2014, p. 1015-1016).

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12. (Cespe – Bacen 2013) A concessão de uso de bem público constitui ato
administrativo de caráter unilateral, por meio do qual a administração pública outorga
o uso privativo de bem público a determinado particular.
Comentários: A concessão de uso de bem público é formalizada mediante
contrato administrativo, de caráter bilateral, e não por ato unilateral, daí o erro.
A autorização e a permissão de uso, por sua vez, são instituídas por ato
administrativo.
Gabarito: Errado

13. (Cespe – AE/ES 2013) Caso determinada comunidade, desejando comemorar o


aniversário de seu bairro, decida solicitar o fechamento de uma rua para realizar
uma festa comunitária, ela deve obter do poder público
a) autorização.
b) permissão.
c) delegação.
d) convênio.
e) concessão.
Comentário: Como se trata de um evento temporário, de curta duração, o
instrumento jurídico adequado para permitir a utilização privativa do bem
público é a autorização.
Gabarito: alternativa “a”

14. (Cespe – AGU 2013) Permissão de uso de bem público é o contrato


administrativo pelo qual o poder público confere a pessoa determinada o uso
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privativo do bem, de forma remunerada ou a título gratuito.


Comentário: O único erro do item é dizer que a permissão de uso de bem
público é um contrato administrativo quando, na verdade, é um ato
administrativo.
Gabarito: Errado

15. (Cespe – PGE/BA 2014) Para a utilização de espaço de prédio de autarquia


para o funcionamento de restaurante que atenda aos servidores públicos, é
obrigatória a realização de licitação e a autorização de uso de bem público.
Comentário: A instalação de um restaurante exige grandes investimentos
por parte do particular, tanto para a instalação em si como para a manutenção

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do negócio. Afinal, é necessário adquirir equipamentos, mobiliários, contratar


funcionários, firmar contratos com fornecedores etc. Dessa forma, o particular
precisa de segurança jurídica para tocar o negócio; ele não pode ficar sujeito a
ser “despejado” do prédio público a qualquer momento, sob pena de não fazer
valer o investimento feito. Em outras palavras, o instrumento jurídico que
outorga o uso privativo do bem público não pode ser precário, revogável a
qualquer tempo pela Administração. Daí, portanto, a aplicabilidade ao caso da
concessão de uso, e não da autorização. A concessão, ao contrário da
autorização e também da permissão de uso, é firmada por meio de contrato e
por prazo certo, conferindo a necessária segurança jurídica ao usuário do
bem. Ademais, por ser formalizada mediante contrato, a concessão de uso
deve ser precedida de licitação e só pode ser rescindida nas hipóteses legais,
sendo assegurado ao particular o direito a indenização pelos eventuais
prejuízos, desde que ele não tenha dado causa ao fim do ajuste.
Gabarito: Errado

16. (Cespe – TJ/PI 2012) A autorização de uso é ato administrativo unilateral e


discricionário pelo qual a administração consente, a título precário, que o particular
utilize bem público, mas que não pode ser concedida de modo privativo.
Comentário: De fato, a autorização de uso é ato administrativo unilateral e
discricionário pelo qual a administração consente, a título precário, que o
particular utilize bem público. O erro é que a autorização pode sim ser
concedida de modo privativo. Aliás, a autorização, assim como a permissão e
a concessão de uso, é justamente um instrumento jurídico, de direito público,
utilizado para outorgar a uma pessoa ou grupo de pessoas determinadas o uso
privativo de bem público. Assim, por exemplo, quando a Administração
autoriza o fechamento de uma rua para a realização de um festejo, está
permitindo que o bem público de uso comum seja utilizado privativamente por
aquele grupo restrito de pessoas que participarão da festa.
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Gabarito: Errado

CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO

A concessão de direito real de uso é o contrato por meio do qual a


Administração transfere ao particular o uso remunerado ou gratuito de
terrenos públicos, ou do respectivo espaço aéreo, como direito real
resolúvel, por prazo certo ou indeterminado, para que dele se utilize em
fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo da
terra, aproveitamento sustentável das várzeas, preservação das

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comunidades tradicionais ou qualquer outra exploração de interesse


social31.
O instituto se assemelha, em certos pontos, à concessão de uso
simples, mas com ela não se confunde.
A concessão de direito real de uso representa um direito
relacionado diretamente ao bem (e não a uma pessoa determinada).
Ou seja, o direito adere ao bem e o acompanha seja quem for que o
possua, independentemente das características pessoais do possuidor.
Dessa forma, como se trata de direito real (e não de direito pessoal), a
concessão de direito real de uso é transferível por ato inter vivos ou por
sucessão legítima ou testamentária, a título gratuito ou remunerado,
como os demais direitos reais sobre coisas alheias. Assim, por exemplo, a
pessoa pode vender o seu direito de uso do bem a outrem, ou arrolar esse
direito em seu testamento, para ficar de herança a seus sucessores.
Diversamente, a concessão de uso simples confere ao particular
apenas um direito pessoal e, por isso, não pode ser transferida a
terceiro sem previsão contratual e anuência expressa da Administração,
sob pena de rescisão do contrato (Lei 8.666/93, art. 78, VI).
Além da natureza de direito real, diferencia-se a concessão de direito
real de uso da simples concessão de uso também em razão da
possibilidade de ser fixada por prazo indeterminado, o que não é
admitido para esta última, que deve necessariamente ser firmada por
prazo certo.
Ademais, os fins da concessão de direito real de uso são previamente
fixados no Decreto-Lei 271/1967. Destina-se o uso à urbanização, à
edificação, à industrialização, ao cultivo ou a qualquer outro que
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traduza interesse social. Na concessão de uso comum nem sempre


estarão presentes esses fins.
A concessão de direito real de uso confere ao particular um direito
real resolúvel, isto é, um direito que se extingue na hipótese de
ocorrerem determinadas situações previstas na lei ou no contrato. Por
exemplo, o art. 7º, §3º do Decreto-Lei 271/1967 estabelece que a
concessão extingue-se caso “o concessionário dê ao imóvel destinação
diversa da estabelecida no contrato ou termo, ou descumpra cláusula
resolutória do ajuste, perdendo, neste caso, as benfeitorias de qualquer
natureza”. Desse modo, o Poder Público se garante quanto à fiel execução

31 Este conceito está no art. 7º do Decreto-Lei 271/1967.

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do contrato, assegurando o uso a que o terreno é destinado e evitando


prejudiciais especulações imobiliárias.
Nos termos da Lei 8.666/1993, a concessão de direito real de uso
deve ser precedida de licitação, em regra na modalidade
concorrência (art. 23, §3º 32 ). O tipo de licitação, isto é, o critério de
julgamento deve ser o de maior lance ou oferta (art. 45, §1º, IV33).
Atente que nos demais tipos de outorga que exigem licitação (permissão e
concessão de uso) não há previsão de modalidade ou tipo de julgamento
específicos.
A licitação é dispensada quando o uso destinar-se a outro órgão ou
entidade da Administração Pública ou para a concessão de direito real de
uso de imóveis inseridos em programas de regularização fundiária
(Lei 8.666/93, art. 17).
Exemplo dessa figura é a concessão de direito real de uso de terrenos
públicos quando o Município deseja incentivar a edificação em
determinada área. Ou a concessão do uso de área estadual quando o
Estado pretende implantar região industrial para desenvolver a economia
em seu território.

Formalizada por contrato

Tem por objeto terrenos públicos e respectivo espaço aéreo

Destina-se à urbanização, à edificação, à industrialização, ao


cultivo ou a qualquer outro que traduza interesse social.
CONCESSÃO DE
DIREITO REAL DE USO 34863293402

Direito real, e não pessoal (pode ser transferido a terceiros)

Pode ser por prazo certo ou por prazo indeterminado

Em regra, exige licitação na modalidade concorrência

32§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na
compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real
de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo, a
tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o
convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.
33 IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.

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CESSÃO DE USO

Cessão de uso é aquela em que o Poder Público consente o uso


gratuito de bem público por outros órgãos ou entidades públicas ou
mesmo por particulares.
O fundamento básico da cessão de uso é a colaboração entre
entidades públicas, ou entre estas e entidades privadas, com o objetivo de
atender a interesses coletivos.
A cessão deve ser autorizada por decreto do Presidente da
República, competência que poderá ser delegada ao Ministro da Fazenda,
sendo permitida, ainda, a subdelegação. A formalização da cessão de uso
se efetiva por meio de termo ou contrato, no qual se especificam as
condições em que o uso se exercerá. Ressalte-se que o uso é sempre
gratuito.
Podem ser cessionários os Estados, os Municípios, entidades
educacionais, culturais ou de finalidades sociais bem como os particulares
(pessoas físicas ou jurídicas), nesta última hipótese, quando se tratar de
aproveitamento econômico de interesse nacional.
A cessão de uso não exige licitação e se faz sempre por prazo
determinado, conforme estabelece o art. 18, §3º da Lei 9.636/199834.
Ademais, conforme afirma Maria Sylvia Di Pietro, só pode ter por objeto
bens dominicais.
Carvalho Filho ensina que o usual na Administração é a cessão de uso
entre órgãos da mesma esfera. Por exemplo: o Tribunal de Justiça cede o
uso de determinada sala do prédio do foro para uso de órgão de inspetoria
do Tribunal de Contas do mesmo Estado. Ou o Secretário de Justiça cede
o uso de uma de suas dependências para órgão da Secretaria de Saúde.
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A cessão de uso, entretanto, pode efetivar-se também entre órgãos


de diferentes esferas. Exemplo: o Estado cede grupo de salas situado
em prédio de uma de suas Secretarias para a União instalar um órgão do
Ministério da Fazenda.
Quanto à cessão de uso a particulares, a doutrina assevera que deve
ser restrita a entidades privadas sem fins lucrativos, com finalidades
sociais (afinal, a cessão de uso é sempre gratuita). É o caso, por exemplo,
34§ 3o A cessão será autorizada em ato do Presidente da República e se formalizará mediante termo ou
contrato, do qual constarão expressamente as condições estabelecidas, entre as quais a finalidade da sua
realização e o prazo para seu cumprimento, e tornar-se-á nula, independentemente de ato especial, se ao
imóvel, no todo ou em parte, vier a ser dada aplicação diversa da prevista no ato autorizativo e conseqüente
termo ou contrato.

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da cessão de uso de sala desocupada em prédio público para a instalação


de uma associação de servidores.

Colaboração entre órgãos públicos ou entre estes e


entidades privadas sem fins lucrativos

Sempre gratuita

CESSÃO DE USO Sempre por prazo determinado

Não exige licitação

Só pode ter por objeto bens dominicais

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS

A seguir vamos fazer uma síntese dos principais bens públicos. A


ideia não é esgotar o assunto, até porque não é muito exigido em prova.

TERRAS DEVOLUTAS

Terras devolutas são as áreas que, integrando o patrimônio das


pessoas federativas, não são utilizadas para quaisquer finalidades
públicas específicas. Em outras palavras, são áreas sem utilização, nas
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quais não se desempenha qualquer serviço administrativo, ou seja, não


apresentam serventia imediata para o Poder Público.
Em regra, as terras devolutas pertencem aos Estados-membros.
Apenas em situações específicas, em que está presente o interesse
nacional, as terras devolutas pertencem à União.
Com efeito, a CF atribuiu à União “as terras devolutas indispensáveis
à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei” (CF,
art. 20, II). Para os Estados, foram reservadas “as terras devolutas não
compreendidas entre as da União” (CF, art. 26, IV). A conjugação dessas

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normas demonstra que apenas algumas terras devolutas estão sob o


domínio da União, pertencendo aos Estados todas as demais.
Os Estados, por sua vez, transferiram a muitos Municípios parte de
suas terras devolutas. Sendo assim, pode-se afirmar que tanto a União
como os Estados e os Municípios possuem terras devolutas.
A demarcação de tais terras pode ocorrer pela via judicial ou pela
administrativa, sendo que a demarcação judicial só é utilizada se a
administrativa for insuficiente, seguindo, nesse caso, a ação
discriminatória prevista na Lei 6.383/1976.
A doutrina entende que terras devolutas são bens dominicais, ou
seja, podem ser alienadas, por não estarem, a princípio, afetadas ao
interesse público.

A definição de terras devolutas remonta à época da


Coroa Brasileira e ao sistema de sesmarias. O termo
devoluta significa devolvida, vazia, desocupada. Com a
proclamação da República e a instituição de uma federação, as terras da Coroa que
ainda não tinham destinação passaram a pertencer aos Estados, como regra geral
(Constituição Federal de 1891). Muitas vezes os Estados repassaram algumas de suas
terras aos Municípios. No entanto, a Constituição Federal de 1988 considera ainda
algumas terras devolutas como domínio público da União, tais como as terras
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das
vias federais de comunicação e à preservação ambiental, conforme definido em lei.
Essas definições, no entanto, ainda não foram regulamentadas por lei.

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17. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Em regra, as terras devolutas pertencem à
União e são consideradas bens dominicais ou dominiais.
Comentário: Em regra, as terras devolutas pertencem aos Estados. Só
são da União aquelas “indispensáveis à defesa das fronteiras, das
fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental”. Todas as demais pertencem aos Estados.
Gabarito: Errado

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TERRENOS DE MARINHA E SEUS ACRESCIDOS

Terrenos de marinha têm sua definição legal no art. 2º do Decreto-


lei n° 9.760/46:

Art. 2º – São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e


três) metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da
linha da preamar médio de 1831:

a) Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e


lagos, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) Os que contornam as ilhas situadas em zonas onde se faça sentir a


influência das marés.

Os terrenos de marinha, portanto, podem estar próximos tanto da


costa marítima do continente e das ilhas como nas margens de rios e
lagos e são definidos apenas nas áreas sujeitas à influências das marés.
Portanto, um terreno situado à margem de um rio que não sofra influência
das marés não é um terreno de marinha.
Além disso, é importante salientar que a definição dos terrenos de
marinha leva em consideração a configuração do litoral no ano de 183135.
De fato, terreno de marinha é a faixa de 33 metros contados a partir da
Linha da Preamar Médio de 1831 (LPM).

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Fonte: Manual de Regularização Fundiária em Terras da União

35 A linha do preamar médio é definida pela média das marés máximas, do ano de 1831. Carvalho Filho
ensina que a definição inicial dos terrenos de marinha foi dada pelo Aviso Imperial de 12/7/1833, e por
isso a referência ao preamar médio de 1831. O Decreto-lei 9.760/1946 também define essas áreas e faz
menção ao preamar da mesma época. O ano de 1831 é usado para dar garantia jurídica; caso a legislação
não tivesse um marco de data, a demarcação deveria mudar frequentemente por conta do movimento do
mar.

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Os terrenos acrescidos de marinha, por sua vez, são os que


tiverem se formado, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos
rios ou dos lagos, em seguimento aos terrenos de marinha (Decreto-lei
9.760/46, art. 2º e 3º).

Fonte: Manual de Regularização Fundiária em Terras da União

Os terrenos de marinha e seus acrescidos pertencem à União (CF,


art. 20, VII), justificando-se o domínio federal em virtude da necessidade
de defesa e de segurança nacional.
Os terrenos de marinha são bens dominicais. Nessa qualidade, tais
terrenos podem ser utilizados pelo Poder Público para obtenção de renda,
como é o caso das enfiteuses ou aforamentos, em que a União (senhorio)
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recebe, anualmente, o foro (pensão ou cânon) do foreiro ou enfiteuta.


Ressalte-se que os terrenos de marinha não se confundem com as
praias. As praias são bens de uso comum do povo e os terrenos de
marinha, como dito, são bens dominicais.

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18. (Cespe – Juiz Federal TRF2 – 2013) Os registros de propriedade particular de


imóveis situados em terrenos de marinha são oponíveis à União.
Comentário: Nos termos da Súmula 496 do Superior Tribunal de Justiça,
“os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de
marinha não são oponíveis à União”. Ou seja, mesmo que o particular tenha
um imóvel com propriedade estabelecida em Registro de Imóveis, não poderá
ser considerado proprietário em oposição à União, quando se tratar de terreno
de marinha. Esse entendimento do STJ decorre da imprescritibilidade dos
bens públicos.
Gabarito: Errado

TERRENOS RESERVADOS OU MARGINAIS

Terreno marginal é a porção de terra banhada pelas correntes


navegáveis, fora do alcance da influência das marés, que se estende
até a distância de 15 metros, medidos horizontalmente para a parte da
terra, contados a partir da linha média das enchentes ordinárias, que é
uma linha fictícia definida a partir da média das enchentes do rio.

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Fonte: Manual de Regularização Fundiária em Terras da União

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Uma vez que os terrenos marginais são aqueles situados fora da


influência das marés, somente terrenos localizados ao lado de águas
doces podem ser considerados terrenos marginais.
A titularidade dos terrenos marginais segue a titularidade do rio
onde estão situados. Assim, por exemplo, os terrenos marginais só
serão propriedade da União quando seguirem lagos, rios ou quaisquer
correntes de águas federais (ex: rios que cortem mais de um Estado).
Por fim, cabe destacar a Súmula 479 do STF, segundo a qual “as
margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de
expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização”.
Carvalho Filho ensina que, não obstante a Súmula asseverar que as
terras marginais são de domínio público, essa é a regra geral, pois elas
também podem ser transferidas pelo Poder Público ao domínio privado, ou
seja, particulares podem ser proprietários de terras marginais, desde que
detenham título comprovando a transferência legítima da área pelo
Poder Público.

TERRAS OCUPADAS PELOS ÍNDIOS

A Constituição Federal define que “são terras tradicionalmente


ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as
necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições” (CF, art. 231, §1º).
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens de
propriedade da União (CF, art. 20, XI). Por possuírem destinação pública
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específica, qual seja, a proteção à cultura indígena, são classificadas como


bens de uso especial.
Determina a Constituição Federal que essas terras se destinam à
posse permanente dos índios, “cabendo-lhes o usufruto exclusivo das
riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes” (CF, art. 231,
§2º).
Em tais áreas, é possível o aproveitamento de recursos hídricos, bem
como a pesquisa e a lavra das riquezas minerais. No entanto, deverá
haver prévia autorização do Congresso Nacional para que tais
atividades sejam desempenhadas, ouvida a comunidade afetada, sendo-
lhe assegurada participação nos resultados (CF, art. 231, §3º).

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Finalmente, o §4º do art. 231 da CF determina que as terras


ocupadas pelos índios são “inalienáveis e indisponíveis, e os direitos
sobre elas, imprescritíveis”.

19. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) De acordo com a jurisprudência do STF,
não são bens da União as terras onde se localizavam os aldeamentos indígenas
extintos antes da Constituição de 1891, de domínio dos estados-membros.
Comentário: De fato, o STF entende que as terras onde se localizavam os
aldeamentos indígenas que se extinguiram antes da Constituição de 1891
pertencem aos Estado-membros; já as demais, pertencem à União. Esse
entendimento foi manifestado, por exemplo, na ADI 255/RS, cuja ementa pode
ser consultada no tópico “jurisprudência” ao final desta aula.
Gabarito: Certo

PLATAFORMA CONTINENTAL E MAR TERRITORIAL

Plataforma continental é a extensão das áreas continentais sob o


mar até a profundidade de cerca de 200 metros.
A Constituição Federal de 1988 não previu expressamente a
plataforma continental como bem da União. Todavia, a Constituição
anterior (a de 1967) a considerava expressamente um bem federal. E
como o art. 20, I, da atual CF inclui entre os bens da União os que já lhe
pertencessem, tem-se entendido que a plataforma continental é um bem
da União.
Ademais, verifica-se o inciso V do art. 20 da CF, de forma expressa,
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atribui à União os recursos naturais da plataforma continental e da zona


econômica exclusiva.
O Brasil exerce direitos de soberania sobre a plataforma
continental, para fins de: exploração dos recursos naturais;
regulamentação da investigação científica marinha por parte dos Estados
estrangeiros; proteção e preservação do meio marinho; construção,
operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e
estruturas; autorização e regulamentação das perfurações; colocação dos
cabos e dutos que penetrem seu território ou seu mar territorial.
A exploração e produção de petróleo e gás na plataforma
continental são exemplos claros das potencialidades deste território.

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Já o mar territorial é medido a partir de cartas náuticas de grande


escala, em uma largura de 12 milhas marítimas (1.850 metros, mais ou
menos). O ponto de referência é a linha de baixa-mar do litoral
continental e insular brasileiro.
O aspecto marcante a respeito do mar territorial é que sobre ele o
Brasil exerce sua plena soberania. Nos termos do art. 2º da
Lei 8.617/1993, “a soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao
espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo”.
Ressalte-se que, após o mar territorial, tem-se a zona econômica
exclusiva, que começa a partir de 12 milhas marítimas, estendendo-se
até 200 milhas, sobre a qual o Brasil tem direitos exclusivos de soberania
para fins de exploração e aproveitamento econômico.
Existe ainda o denominado alto-mar, que fica situado fora das águas
territoriais dos países e constituem objeto do uso comum de todos
(res nullius). Sobre ele as nações não exercem soberania e seu uso está
condicionado pelas normas de convenções e tratados internacionais.

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Fonte: Manual de Regularização Fundiária em Terras da União

ILHAS

Ilhas são as elevações de terra acima das águas e por estas


cercadas em toda a sua extensão.
Classificam-se em ilhas marítimas, fluviais e lacustres, conforme
se situem, respectivamente, no mar, nos rios e nos lagos. As ilhas
marítimas, por sua vez, podem ser oceânicas, quando ficam distantes da
costa e não têm relação com o relevo continental, ou costeiras, quando
surgem do próprio relevo da plataforma continental.

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A titularidade das ilhas é dividida entre a União e os Estados.


Em regra, as ilhas marítimas pertencem à União (CF, art. 20, IV).
No entanto, a Constituição exclui da titularidade da União as áreas que
contenham a sede de Municípios e as que estejam sob domínio dos
Estados ou de terceiros, nos termos do art. 26, II da CF.
As ilhas fluviais e lacustres pertencem aos Estados, exceto se
estiverem em zonas limítrofes com outros países, ou nos rios que banham
mais de um Estado, casos em que pertencerão à União (CF, art. 20, III).
Em regra, as ilhas são classificadas como bens dominicais, mas
poderão enquadrar-se como bens de uso comum do povo se tiverem
essa destinação específica.

20. (Cespe – AGU 2013) À União pertence o domínio das águas públicas e das ilhas
fluviais, lacustres e oceânicas.
Comentário: Em regra, as ilhas fluviais e lacustres pertencem aos
Estados, daí o erro. Pertencem à União apenas aquelas que estiverem em
zonas limítrofes com outros países, ou nos rios que banham mais de um
Estado. Por outro lado, as ilhas marítimas (oceânicas e costeiras), de regra,
pertencem à União, exceto as que contenham a sede de Municípios e as que
estejam sob domínio dos Estados ou de terceiros.
Gabarito: Errado

FAIXA DE FRONTEIRAS

Faixa de fronteiras é a área de até 150 Km de largura que corre


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paralelamente à linha terrestre demarcatória da divisa entre o território


nacional e países estrangeiros, considerada fundamental para defesa do
território nacional (CF, art. 20, §2º).
Ressalte-se que nem toda a faixa de fronteiras é de domínio público,
como se costuma pensar. De acordo com o art. 20, II, da CF, apenas as
terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras é que são
bens da União, o que significa que nem todas as áreas situadas na
referida faixa se caracterizem como bens públicos. Com efeito, há terras
particulares na faixa de fronteiras, as quais, contudo, sofrem restrições
em nome da segurança nacional (Lei 6.634/1979).

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Caso se trate de terras devolutas indispensáveis à defesa das


fronteiras, o STF já assentou que a sua transferência a terceiros se limita
ao uso, permanecendo o domínio com a União36.

21. (Cespe – TJ/PI 2012) São de domínio público e pertencentes à União as áreas
localizadas na faixa de fronteira situada ao longo da linha terrestre demarcatória
entre o território nacional e países estrangeiros, considerada fundamental para a
defesa do território nacional.
Comentário: Vejamos o que diz o art. 20, II e §2º da CF:
Art. 20. São bens da União:
(...)
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental,
definidas em lei;
(...)
§ 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras
terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa
do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
Perceba que são do domínio da União apenas as terras devolutas
indispensáveis à defesa das fronteiras, e não toda a faixa, daí o erro. Com
efeito, a CF não diz que a faixa de fronteira pertence à União, e sim que ela é
considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e
utilização serão reguladas por lei. Assim, a ocupação e utilização da faixa de
fronteira poderão ser feitas inclusive por particulares, desde que observados
os requisitos legais.
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Gabarito: Errado

22. (Cespe – CNJ 2013) A concessão ou alienação de terras públicas situadas em


faixa de fronteira depende de autorização prévia do Conselho de Defesa Nacional.
Comentário: É necessário que o uso das terras na faixa de fronteira seja
controlado, afinal, são áreas vitais para a segurança nacional. A utilização e a
ocupação das áreas de fronteira são reguladas pela Lei 6.634/1979:
Art. 2º. - Salvo com o assentimento prévio do Conselho de Segurança Nacional,
será vedada, na Faixa de Fronteira, a prática dos atos referentes a:
I - alienação e concessão de terras públicas, abertura de vias de transporte e

36 Súmula 477, STF

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instalação de meios de comunicação destinados à exploração de serviços de
radiodifusão de sons ou radiodifusão de sons e imagens;
Perceba que a Lei fala em Conselho de Segurança Nacional que,
atualmente, é o Conselho de Defesa Nacional, órgão de consulta do Presidente
da República nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa
do Estado democrático (CF, art. 91). Para a concessão ou alienação de terras
públicas na faixa de fronteira, portanto, é necessária a autorização prévia do
Conselho de Defesa Nacional.
Gabarito: Certo

ÁGUAS PÚBLICAS

Águas públicas são aquelas que compõem os mares, os rios e os


lagos do domínio público.
A Constituição prevê águas de domínio da União e dos Estados.
Pertencem à União os lagos, rios e quaisquer correntes de água que (CF,
art. 20, III):
 Estiverem em terrenos de seu domínio;

 Banhem mais de um Estado;

 Sirvam de limites com outros países;


 Se estendam a território estrangeiro ou dele provenham.

São rios federais, por exemplo, o rio São Francisco, que banha os
Estados da Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Sergipe e Alagoas. Outro
exemplo é o rio Paraguai, já que em um trecho faz fronteira entre o Brasil
e a Bolívia e em outro se estende a território estrangeiro.
Todas as demais águas públicas que não estejam sob o domínio da
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União pertencem aos Estados. Segundo o texto constitucional,


pertencem-lhes “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as
decorrentes de obras da União” (CF, art. 26, I).
Vale ressaltar que a Constituição não faz nenhuma referência quanto
ao domínio do Município sobre águas públicas.
As águas públicas podem ser de uso comum e dominicais.
São consideradas águas públicas de uso comum: mar territorial;
as correntes, canais e lagos navegáveis ou flutuáveis; as correntes de que
se façam essas águas; as fontes e reservatórios públicos; as nascentes

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que, por si sós, constituem a nascente do rio; os braços das correntes


públicas quando influam na navegabilidade ou flutuabilidade.
Todas as demais águas públicas, ou seja, aquelas que não se
configurarem como de uso comum, são consideradas águas dominicais.
*****
Pessoal, com isso terminamos a parte teórica da aula de hoje. Vamos
agora resolver algumas questões de prova. 
Ressalto que os comentários das questões fazem parte do
aprendizado. Portanto, podem conter explicações novas sobre o assunto,
ok?
Vamos lá!

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QUESTÕES DE PROVA

23. (ESAF – SUSEP 2006) O chamado domínio eminente, como expressão da


soberania nacional, é o poder político, pelo qual o Estado submete à sua vontade
a) os bens públicos de uso comum.
b) os denominados bens dominiais.
c) todos os bens próprios do Estado.
d) todas as coisas de seu território.
e) todas as coisas de interesse público.
Comentários: O chamado domínio eminente, como expressão da
soberania nacional, é o poder político pelo qual o Estado submete à sua
vontade “todas as coisas de seu território”. Esse domínio, como ressaltado, é
de natureza política, e não alcança apenas bens, mas também as pessoas.
Refere-se ao poder que o Estado possui para regulamentar todos os temas,
áreas, atividades e demais coisas que estão sobre o seu território. Não se
confunde, todavia, com o direito de propriedade. O fato de o Poder Público
regulamentar, por exemplo, o funcionamento de restaurantes, não faz com que
todos os restaurantes localizados em seu território sejam bens públicos. Em
outras palavras, o domínio eminente não se confunde com o domínio
patrimonial do Estado, também chamado de domínio público, que diz respeito
à prerrogativa que o Poder Público detém de controlar, proteger e
regulamentar todos os tipos de bens públicos, incluindo aqueles que não são
de sua propriedade direta (como os bens de uso comum).
Em suma:
 Domínio eminente: incide sobre todas as coisas de seu território.
 Domínio público: incide sobre bens públicos.

Gabarito: alternativa “d”


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24. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) A Secretaria do Patrimônio da União


(SPU) conduz a Política Nacional de Gestão do Patrimônio da União (PNGPU)
desde a constituição do Grupo de Trabalho Interministerial sobre Gestão do
Patrimônio da União – GTI (Decreto Presidencial de 11/9/2003) no qual foram
estabelecidos os princípios e diretrizes da política de gestão do patrimônio imobiliário
e fundiário da União. A Lei n. 9.636, de 15/05/1998 dispõe sobre a regularização,
administração, aforamento e alienação de bens imóveis de domínio da União, altera
dispositivos dos Decretos-Leis nos 9.760, de 5 de setembro de 1946, e 2.398, de 21
de dezembro de 1987, regulamenta o § 2o do art. 49 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. Assinale a opção incorreta.

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a) Caberá ao Poder Executivo organizar e manter sistema unificado de informações


sobre os bens de que trata a Lei n. 9.636, que conterá as informações relevantes
relativas a cada imóvel.
b) A alienação de bens imóveis da União não depende de autorização, mediante ato
do Presidente da República, desde que haja parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência.
c) A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão
público.
d) No caso de venda por leilão público, o arrematante pagará, no ato do pregão,
sinal correspondente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação,
complementando o preço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de
perder, em favor da União, o valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro,
se for o caso, a respectiva comissão.
e) O preço mínimo de venda de imóveis da União será fixado com base no valor de
mercado do imóvel, estabelecido em avaliação de precisão feita pela SPU, cuja
validade será de seis meses.
Comentários: Vamos analisar cada alternativa com base na
Lei 9.636/1998. Essa lei, como informa o enunciado, regula a administração
dos bens imóveis da União.
a) CERTA, nos termos do art. 3º da Lei:
Art. 3o-A Caberá ao Poder Executivo organizar e manter sistema unificado de
informações sobre os bens de que trata esta Lei, que conterá, além de outras
informações relativas a cada imóvel:
I - a localização e a área;
II - a respectiva matrícula no registro de imóveis competente;
III - o tipo de uso;
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IV - a indicação da pessoa física ou jurídica à qual, por qualquer instrumento, o imóvel


tenha sido destinado; e
V - o valor atualizado, se disponível.
Parágrafo único. As informações do sistema de que trata o caput deste artigo deverão
ser disponibilizadas na internet, sem prejuízo de outras formas de divulgação.
b) ERRADA. Nos termos do art. 23 da Lei 9.636/1998, a alienação de bens
imóveis dependerá de autorização do Presidente da República (que poderá ser
delegada ao Ministro da Fazenda, permitida, ainda, a subdelegação) e será
sempre precedida de parecer da SPU quanto à oportunidade e conveniência do
ato. Vejamos:

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Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante
ato do Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto
à sua oportunidade e conveniência.
§ 1o A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à preservação
ambiental e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de propriedade.
§ 2o A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de
Estado da Fazenda, permitida a subdelegação.
c) CERTA, nos termos do art. 24, caput da Lei 9.636/1998:
Art. 24. A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou
leilão público, observadas as seguintes condições:
I - na venda por leilão público, a publicação do edital observará as mesmas
disposições legais aplicáveis à concorrência pública;
II - os licitantes apresentarão propostas ou lances distintos para cada imóvel;
III - a caução de participação, quando realizada licitação na modalidade de
concorrência, corresponderá a 10% (dez por cento) do valor de avaliação;
IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará, no ato do pregão, sinal
correspondente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação,
complementando o preço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de
perder, em favor da União, o valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, se
for o caso, a respectiva comissão;
V - o leilão público será realizado por leiloeiro oficial ou por servidor especialmente
designado;
VI - quando o leilão público for realizado por leiloeiro oficial, a respectiva comissão
será, na forma do regulamento, de até 5% (cinco por cento) do valor da arrematação e
será paga pelo arrematante, juntamente com o sinal;
VII - o preço mínimo de venda será fixado com base no valor de mercado do imóvel,
estabelecido em avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade será de seis
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meses;
VIII - demais condições previstas no regulamento e no edital de licitação.
d) CERTA. Trata-se da literalidade do art. 24, IV acima transcrito.
e) CERTA, nos termos do art. 24, VII acima transcrito.
Gabarito: alternativa “b”

25. (ESAF – SUSEP 2010) Sobre o tema "bens públicos", é correto afirmar:
a) bens dominicais precisam ser desafetados antes de serem alienados.
b) o uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, caso assim determine lei da
pessoa jurídica à qual o bem pertença.

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c) prédios públicos abandonados que venham a ser ocupados por membros de


movimentos sociais estão sujeitos a usucapião.
d) em casos de reparação de dano causado por dolo de agente público, apenas os
bens de uso especial e dominicais podem ser penhorados.
e) bibliotecas são exemplos claros de bens de uso comum do povo.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Os bens dominicais não precisam ser desafetados porque
são justamente aqueles bens que não possuem uma destinação pública
específica, ou seja, já são, por definição, bens desafetados e, por isso, podem
ser alienados, desde que observados os demais requisitos legais (interesse
público, avaliação prévia, licitação etc.).
b) CERTA. O uso de bens públicos, em regra, é gratuito, mas nada impede
que sejam impostas certas limitações com vistas ao atendimento do interesse
público, a exemplo da cobrança de tarifas (uso oneroso). É o que ocorre, por
exemplo, nas rodovias objeto de concessão ao setor privado em que há a
cobrança de pedágio dos usuários.
c) ERRADA. Os bens públicos, inclusive os dominicais (ex: prédio público
abandonado) são imprescritíveis, o que os torna insuscetíveis de usucapião.
d) ERRADA. Os bens públicos, de qualquer natureza (uso comum,
especial ou dominicais) são impenhoráveis. O processo de execução contra a
Fazenda Pública, em regra, segue o rito dos precatórios.
e) ERRADA. As bibliotecas são exemplos claros de bens de uso especial,
afinal constituem estruturas das quais se vale o Estado para prestar serviços
ou desenvolver uma atividade pública. Outros exemplos de bens de uso
especial são: museus, teatros públicos, mercados públicos, cemitérios
públicos etc.
Gabarito: alternativa “b”
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26. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Quanto aos Bens Públicos, é correto
afirmar:
a) sob o aspecto jurídico, há duas modalidades de bens públicos: os do domínio
público do Estado e os do domínio privado do Estado.
b) da imprescritibilidade exsurge a impossibilidade de oneração dos bens públicos.
c) no caso de uso privativo estável, como é o caso da permissão, a precariedade do
uso encontra-se já na origem do ato de outorga.
d) na permissão de uso, a utilização do bem não é conferida com vistas à utilidade
pública, mas no interesse privado do utente.

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e) no uso compartilhado, há a utilização de um bem público pelos membros da


coletividade sem que haja discriminação entre os usuários, nem consentimento
estatal específico para esse fim.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa.
a) CERTA. A classificação dos bens públicos definida no Código Civil
toma como critério a utilização conferida ao bem. São apresentadas, conforme
examinado, três categorias: bens de uso comum, bens de uso especial e bens
dominicais. Maria Sylvia Di Pietro afirma que, não obstante “a classificação do
Código Civil abranja três modalidades de bens, quanto ao regime jurídico
existem apenas duas”. A autora apresenta, em seguida, a divisão dos bens
públicos em razão do regime jurídico adotado, dividindo-os em bens de
domínio público – que compreenderia os bens com alguma destinação pública
específica, quais sejam, os bens de uso comum e os de uso especial – e os
bens do domínio privado, categoria que abarcaria somente os bens
dominicais, ou seja, aqueles sem destinação pública específica.
b) ERRADA. Da imprescritibilidade resulta a impossibilidade dos bens
públicos serem objeto de usucapião. Por sua vez, a impossibilidade de
oneração decorre da não onerabilidade, e significa que os bens públicos não
podem se sujeitar à incidência de direitos reais de garantia, como a hipoteca e
o penhor.
c) ERRADA. A permissão de uso de bem público é um ato administrativo
precário, ou seja, revogável a qualquer tempo. Portanto, não é correto afirmar
que se trata de um uso privativo estável.
d) ERRADA. Todo ato administrativo deve sempre ser praticado com
vistas ao atendimento do interesse público. Com a permissão de uso não é
diferente. Ainda que o ato venha a atender algum interesse privativo do
particular, não poderia ser praticado em prejuízo do interesse público. Até
mesmo na autorização de uso, que se diferencia da permissão justamente pela
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maior presença do interesse do particular, o interesse público deve existir, sob


pena de nulidade do ato.
e) ERRADA. Quanto à forma de uso, levando em conta a generalidade do
uso ou a sua privatividade, Carvalho Filho classifica os bens públicos em: uso
comum e uso especial.
O uso comum é a destinação de um bem público pelos membros da
coletividade sem que haja discriminação entre os usuários, nem
consentimento estatal ou cobrança de tarifas para esse fim. Além dos bens de
uso comum do povo (ex: praias, ruas, mares etc.), os bens de uso especial
também possibilitam o uso comum quando a utilização é processada em
conformidade com os fins normais a que se destinam. Por exemplo, as
repartições públicas, o edifício dos Tribunais do Judiciário, os prédios de

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autarquias sujeitam-se, como regra, ao uso comum, porque as pessoas podem


ingressar livremente nesses locais, sem necessidade de qualquer autorização
especial ou cobrança de tarifas.
Já o uso especial é a forma de utilização de bens públicos em que o
indivíduo se sujeita a regras específicas e consentimento estatal, ou, ainda, se
submete à incidência da obrigação de pagar pelo uso. Tanto os bens de uso
comum como os bens de uso especial podem estar sujeitos a uso especial. O
pagamento de pedágios em rodovias é um exemplo de uso especial de bem de
uso comum do povo. Já o pagamento de ingresso para visitar um museu
público é um exemplo de bem de uso especial sujeito a uso especial. Ressalte-
se que o uso especial também se caracteriza quando o bem público é objeto
de uso privativo por algum administrado.
Dentro do uso especial, o autor inclui ainda o uso compartilhado, assim
considerado aquele em que pessoas públicas ou privadas, prestadoras de
serviços públicos, precisam utilizar-se de espaços integrantes de áreas
públicas ou privadas, de propriedade de pessoas diversas. É o caso, por
exemplo, do uso de certas áreas para instalação de torres de energia ou de
comunicações ou para a instalação de gás canalizado por meio de dutos
instalados no subsolo.
Voltando ao item, vê-se que a banca troca os conceitos, chamando de uso
compartilhado o que seria uso comum, daí o erro.
Gabarito: alternativa “a”

27. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Considerando o uso de espaços


integrantes de áreas da propriedade de pessoas diversas com a finalidade de
instalação de serviços de gás canalizado por meio de dutos implantados no subsolo,
assinale a opção correta.
a) Uso envolvendo pessoas particulares: resolve-se por meio de convênios, motivo
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pelo qual o proprietário da área ajusta a cobrança de preços para referida utilização.
b) Uso de área integrante do domínio público: o uso não depende de autorização do
ente público sob cujo domínio se encontra o bem, embora enseje remuneração pelo
uso em virtude da prevalência do interesse público.
c) Uso de área non aedificandi pertencente a particular: o prestador não pode usá-la
livremente e o proprietário tem direito à remuneração ou indenização em caso de
prejuízo advindo de dano à propriedade.
d) Uso de área privada, além da faixa non aedificandi, o uso é regulado pelo direito
público e por isso não depende de autorização do proprietário, embora a empresa
prestadora do serviço deva pagar remuneração pelo uso sendo vedada a cessão
gratuita.

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e) Uso de área pública sujeita à operação por pessoa privada: o uso deve resultar de
contrato entre as partes sendo cabível a remuneração pelo uso do solo ou do
subsolo.
Comentário: Essa questão foi retirada do livro do Carvalho Filho. Versa
sobre o uso compartilhado de bens, que consiste na prestação de serviços
públicos mediante o uso, por pessoas de direito público ou privado, de áreas
pertencentes a pessoas diversas, também públicas ou privadas, de que é
exemplo o uso de terreno para a instalação de torres de transmissão de
energia. Vamos analisar cada alternativa com base nos ensinamentos do
autor:
a) ERRADA. O convênio é instrumento de direito público. No caso de uso
envolvendo pessoas particulares (ex: concessionária de telefonia deseja
instalar uma antena transmissora em terreno de propriedade particular), o caso
é regulado pelo direito privado e depende de autorização do proprietário da
área, devendo a empresa prestadora do serviço negociar eventual
remuneração ou firmar com ele pacto de cessão gratuita de uso.
b) ERRADA. No caso de uso de área integrante do domínio público (ex:
concessionária de telefonia deseja instalar uma antena transmissora em
terreno pertencente ao Município), o uso depende de autorização do ente
público sob cujo domínio se encontra o bem e, como regra, não há ensejo para
remuneração pelo uso, em virtude da prevalência do interesse público.
c) ERRADA. No caso de uso de área non aedificandi (área em que não é
permitido construir, edificar) pertencente a particular, o prestador pode usá-la
livremente, uma vez que a limitação é meramente administrativa; como o uso
não afeta o proprietário, não tem esse direito à remuneração ou indenização,
salvo em caso de prejuízo advindo de dano à propriedade. É o que ocorre, por
exemplo, em faixas reservadas nas beiras de estradas e vias públicas.
d) ERRADA. No caso de uso de área privada além da faixa
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non aedificandi, o uso é regulado pelo direito privado e depende de


autorização do proprietário, devendo a empresa prestadora do serviço
negociar eventual remuneração pelo uso ou firmar com ele pacto de cessão
gratuita de uso.
e) CERTA. Segundo Carvalho Filho, no caso de “uso de área pública
sujeita à operação por pessoa privada em virtude de contrato de concessão ou
permissão [de serviço público], o uso deve resultar de ajuste pluripessoal
[contrato], envolvendo o concedente, o concessionário e o prestador de
serviço, e, conquanto não haja regulação expressa para tais situações, é
possível fixar-se remuneração pelo uso do solo ou do subsolo”.
Gabarito: alternativa “e”

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28. (ESAF – AFRFB 2014) Quanto às formas de aquisição dos Bens Públicos, é
correto afirmar:
a) aluvião é uma das formas de efetivação da acessão.
b) a legislação atual manteve as enfiteuses já existentes no antigo Código Civil, por
meio das quais o credor obtém o direito de adquirir os bens praceados.
c) a arrematação exige a posse do bem por determinado período e a boa-fé.
d) o contrato é uma forma de aquisição originária da propriedade.
e) os bens desapropriados repassados a terceiros, no caso da reforma agrária, não
mais possuem natureza de bens públicos, mesmo que não se dê a transferência.
Comentários:
a) CERTA. A acessão é forma de aquisição de bens prevista no Código
Civil, pela qual passa a pertencer ao proprietário tudo o que aderir à
propriedade, revelando um acréscimo a esse direito. A acessão pode efetivar-
se, por exemplo, pela formação de ilhas, por aluvião (aumento da área das
margens por ação das águas) ou pela construção de obras ou plantações.
b) ERRADA. De fato, a legislação atual manteve as enfiteuses já
existentes no antigo Código Civil. Assim, se alguma pessoa de direito público
for enfiteuta de bem privado, poderá efetuar o resgate junto ao senhorio direto
e passar a ser proprietária do bem. O erro do item é que o direito do credor
adquirir os bens praceados se dá por meio da adjudicação, e não da enfiteuse.
c) ERRADA. Arrematação é o meio de aquisição de bens através da
alienação de bem penhorado, em processo de execução, em praça ou leilão
judicial. A aquisição de bens públicos por usucapião é que exige a posse do
bem por determinado período e a boa-fé.
d) ERRADA. O contrato é forma de aquisição derivada, pois existe um
proprietário anterior que transmite o bem ao poder público, mediante o ajuste
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de certas condições por eles estabelecidas no contrato (como o preço da


venda, por exemplo).
e) ERRADA. Os bens desapropriados transformam-se em bens públicos
tão logo ingressem no patrimônio do Estado. Caso esses bens venham a ser
posteriormente repassados a terceiros, como no caso da reforma agrária, eles
permanecem como bens públicos enquanto não se dá a transferência. Em
outras palavras, se não ocorrer a transferência, os bens continuam a ser bens
públicos, daí o erro do item.
Gabarito: alternativa “a”

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29. (ESAF – CGU 2006) As terras devolutas da União incluem-se entre os seus bens
a) afetados.
b) aforados.
c) de uso comum.
d) de uso especial.
e) dominicais.
Comentários: Terras devolutas são as áreas que, integrando o patrimônio
das pessoas federativas, não são utilizadas para quaisquer finalidades
públicas específicas. Em outras palavras, trata-se de áreas sem utilização, nas
quais não se desempenha qualquer serviço administrativo, ou seja, não
apresentam serventia imediata para o Poder Público. Portanto, incluem-se
entre os bens dominicais.
Gabarito: alternativa “e”

30. (ESAF – DNIT 2013) Correlacione os bens constantes da Coluna I às


nomenclaturas da Coluna II.
Ao final, assinale a sequência correta para a Coluna I.

Coluna I Coluna II
( ) Ruas e Praças. 1. Bens dominicais.
( ) Escolas e Hospitais Públicos. 2. Bens públicos de uso comum do povo.
( ) Terrenos de marinha. 3. Bens de uso especial.
( ) Terras devolutas.
( ) Veículos oficiais.
a) 2 / 3 / 2 / 2 / 1
b) 2 / 3 / 2 / 2 / 3
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c) 2 / 2 / 1 / 1 / 3
d) 3 / 2 / 1 / 1 / 2
e) 2 / 3 / 1 / 1 / 3
Comentários: Questão de simples correlação. Vejamos:
 Ruas e praças: bens de uso comum (2)
 Escolas e hospitais públicos: bens de uso especial (3)
 Terrenos de marinha: bens dominicais (1)
 Terras devolutas: bens dominicais (1)
 Veículos oficiais: bens de uso especial (3)
Gabarito: alternativa “e”

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31. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Em razão da destinação que lhes pode
ser dada, os imóveis públicos federais são classificados em três tipos de bens.
Assinale as assertivas com V para as Verdadeiras e com F para as Falsas e, a
seguir, indique a opção correta.
( ) Bens de uso comum do povo são aqueles tidos como necessários à coletividade,
tais como rios, praças, ruas, praias etc.
( ) Bens de uso especial são afetos ao interesse do serviço público, como os prédios
das repartições públicas, os fortes etc.
( ) Bens dominiais são aqueles que não têm destinação definida, e cuja propriedade
vem sendo objeto de disputa judicial.
a) V, F, V
b) F, V, F
c) V, V, F
d) F, F, V
e) F, V, V
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
I) VERDADEIRA. Bens de uso comum do povo são aqueles que se
destinam à utilização geral pelos indivíduos, podendo ser usufruídos por todos
em igualdade de condições, sendo desnecessário consentimento
individualizado por parte da Administração para que isso ocorra, tais como
rios, praças, ruas, praias.
II) VERDADEIRA. Bens de uso especial são todos aqueles que visam à
execução dos serviços administrativos e dos serviços públicos em geral. Tais
bens constituem o aparelhamento material das pessoas jurídicas de direito
público utilizados para atingir os seus fins, como os prédios das repartições
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públicas.
III) FALSA. De fato, bens dominiais ou dominicais são aqueles que não
têm destinação pública definida. No entanto, não há exigência de que sua
propriedade venha sendo objeto de disputa judicial. A propriedade dos bens
dominiais é do Poder Público.
Gabarito: alternativa “c”

32. (ESAF – AFT 2006) O regime jurídico-administrativo ampara-se, entre outros, no


princípio da supremacia do interesse público. Esse princípio protege o patrimônio
público. Desse modo, assinale, no rol abaixo, o único instituto que se aplica,
conforme o regime jurídico-administrativo, ao patrimônio público.
a) desafetação

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b) usucapião
c) hipoteca
d) penhora
e) arresto
Comentário: Os bens públicos possuem algumas características
protetivas decorrentes do regime jurídico-administrativo, verdadeiras
prerrogativas que visam a evitar a dilapidação do patrimônio público utilizado
em benefício da coletividade. Entre tais características se destacam a
inalienabilidade relativa ou alienabilidade condicionada, a imprescritibilidade, a
impenhorabilidade e a não onerabilidade. Por conta da imprescritibilidade, os
bens públicos não podem ser objeto de usucapião (item “b”); já a
impenhorabilidade impede que os bens públicos sejam penhorados (item “d”);
por sua vez, a não onerabilidade proíbe que os bens públicos sejam onerados
como direitos reais de garantia, como hipoteca (item “c”) ou arresto (item “e”).
Restou-nos, portanto, a alternativa “a”. De fato, os bens públicos podem ser
desafetados, o que significa simplesmente que eles podem deixar de ter uma
destinação pública específica, passando à categoria de bens dominicais. É o
caso, por exemplo, de um prédio público em que funcionava uma Secretaria de
Governo que se mudou para outro imóvel, deixando o antigo sem utilidade.
Ressalte-se que a desafetação é condição necessária para a alienação de bens
públicos.
Gabarito: alternativa “a”

33. (ESAF – STN 2008) Quanto às características dos bens públicos, analise os
itens abaixo e assinale a opção correta.
I. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
II. Os créditos de terceiros contra a Fazenda Pública, em virtude de sentença
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judicial, são pagos por meio de precatórios, conforme disposto no art. 100 da CF/88,
uma vez que os bens públicos não se sujeitam ao regime de penhora.
III. Apenas os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
imprescritíveis, ou seja, insuscetíveis de aquisição por usucapião.
IV. A alienação dos bens públicos imóveis, em qualquer dos Poderes, depende de
autorização do chefe máximo do Poder a que está submetido o órgão alienante.
a) Nenhum item está correto.
b) Apenas estão corretos os itens I e II.
c) Apenas estão corretos os itens I e III.
d) Apenas estão corretos os itens II e IV.

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e) Todos os itens estão corretos.


Comentários: vamos analisar cada alternativa.
I) VERDADEIRA. Nos termos do art. 100 do Código Civil, “os bens
públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis,
enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar”.
II) VERDADEIRA. Os bens públicos são impenhoráveis, ou seja, não
podem ser utilizados para satisfazer os débitos do Poder Público perante
terceiros. Para tanto, a CF instituiu o regime de precatórios, que consiste na
consignação de dotações orçamentárias para a quitação dessas dívidas,
observada a ordem de apresentação (em suma, quem obteve a decisão judicial
reconhecendo o crédito perante o Poder Público primeiro tem direito a ser
contemplado primeiro no orçamento). Ressalte-se que as dívidas de pequeno
valor, conforme definidas em lei, dispensam a inscrição em precatórios.
III) FALSA. Segundo o art. 23 da Lei 9.636/98, “a alienação de bens
imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato do Presidente da
República, e será sempre precedida de parecer da SPU quanto à sua
oportunidade e conveniência”. A União, no caso, é a pessoa jurídica à qual
pertencem os órgãos de todos os Poderes. Portanto, a lei exige autorização do
Presidente da República, e não do chefe máximo de cada Poder. Ressalte-se
que a competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro
de Estado da Fazenda, permitida a subdelegação. Ademais, a Lei 8.666/1993
determina que a alienação de bens imóveis dependerá de prévia autorização
legislativa, exceto no caso de bens oriundos de procedimentos judiciais ou
dação em pagamento (art. 17, I). Mas em nenhum momento a Lei 8.666 exige
autorização do chefe máximo de cada Poder. Assim, por falta de previsão
legal, o item está errado.
Gabarito: alternativa “b”
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34. (ESAF – MIN 2012) Uma das características dos bens públicos é a sua
imprescritibilidade, o que significa dizer que tais bens não podem
a) ser alienados.
b) ser usucapidos.
c) ser penhorados.
d) ter destinação para uso particular.
e) ser objeto de ações por cobranças de dívidas.
Comentário: A imprescritibilidade impede que os bens públicos sejam
objeto de usucapião (opção “b”). Ou seja, não é possível a um particular
adquirir a posse legítima de um bem público apenas por tê-lo ocupado por um

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determinado período de tempo. Vale salientar que, diversamente, o Poder


Público pode adquirir bens privados por usucapião, hipótese na qual esses
bens passarão a ser bens públicos.
Gabarito: alternativa “b”

35. (ESAF – CGU 2008) A respeito do instituto da cessão, a Lei n. 9.636, de 15 de


maio de 1998, em seu art. 18 dispõe que: imóveis da União poderão ser cedidos a
critério do Poder Executivo, gratuitamente ou em condições essenciais, sob qualquer
dos regimes previstos no Decreto-lei n. 9.760, de 1946. Quanto à cessão de bens
públicos, é correto afirmar que a competência para autorizar a cessão de que trata o
dispositivo supra
a) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo vedada a
subdelegação.
b) poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo permitida a
subdelegação.
c) poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo vedada a
subdelegação.
d) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, porém é permitida a
subdelegação.
e) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, mas somente ao
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, sendo vedada a subdelegação.
Comentário: Tratando-se de bens imóveis de domínio da União Federal, a
Lei 9.636/98 dispõe sobre o respectivo mecanismo de cessão de uso. O art. 18
da referida lei dispõe:
Art. 18. A critério do Poder Executivo poderão ser cedidos, gratuitamente ou em
condições especiais, sob qualquer dos regimes previstos no Decreto-Lei no 9.760, de
1946, imóveis da União a: 34863293402

I - Estados, Distrito Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos das áreas de
educação, cultura, assistência social ou saúde;
II - pessoas físicas ou jurídicas, em se tratando de interesse público ou social ou de
aproveitamento econômico de interesse nacional.
(...)
§ 3o A cessão será autorizada em ato do Presidente da República e se formalizará
mediante termo ou contrato, do qual constarão expressamente as condições
estabelecidas, entre as quais a finalidade da sua realização e o prazo para seu
cumprimento, e tornar-se-á nula, independentemente de ato especial, se ao imóvel, no
todo ou em parte, vier a ser dada aplicação diversa da prevista no ato autorizativo e
conseqüente termo ou contrato.

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§ 4o A competência para autorizar a cessão de que trata este artigo poderá ser
delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, permitida a subdelegação.
Gabarito: alternativa “b”

36. (ESAF – TRT7 2005) Tratando-se de bens públicos da União Federal, a Lei nº
9.636/98 dispõe sobre o respectivo mecanismo de alienação. Sobre esse tema,
assinale a afirmativa falsa.
a) A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato
do Presidente da República.
b) A Secretaria de Patrimônio da União − SPU deverá sempre se pronunciar
previamente quanto à conveniência e oportunidade da alienação.
c) A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de
Estado do Planejamento e Gestão, permitida a subdelegação.
d) A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social
em manter o imóvel no domínio da União.
e) A decisão quanto à alienação observará a inconveniência no desaparecimento do
vínculo de propriedade com a União em face da preservação ambiental e da defesa
nacional.
Comentário: Para resolver a questão, suficiente conhecer o art. 23 da
Lei 9.636/98:
Art. 23. A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante
ato do Presidente da República, e será sempre precedida de parecer da SPU
quanto à sua oportunidade e conveniência.
§ 1o A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou
social em manter o imóvel no domínio da União, nem inconveniência quanto à
preservação ambiental e à defesa nacional, no desaparecimento do vínculo de
propriedade.
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§ 2o A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de


Estado da Fazenda, permitida a subdelegação.
Vamos então analisar cada alternativa, em busca da incorreta:
a) CERTA, conforme consta no caput do art. 23.
b) CERTA, conforme também consta no caput do art. 23.
c) ERRADA. Nos termos do §2º do art. 23, a competência poderá ser
delegada ao Ministro da Fazenda, e não ao Ministro do Planejamento.
d) CERTA, conforme consta no §1º do art. 23.
e) CERTA, conforme também consta no §1º do art. 23.
Gabarito: alternativa “c”

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37. (Cespe – TCE/ES 2013) A doação de bens patrimoniais irrecuperáveis pode ser
efetuada por órgãos integrantes da administração pública federal direta em favor de
a) estados e municípios carentes.
b) instituições filantrópicas, reconhecidas como de utilidade pública pelo governo
federal.
c) qualquer outro órgão integrante da União.
d) consórcios intermunicipais.
e) órgão ou entidade da administração pública federal direta, autárquica ou
fundacional.
Comentários: É uma questão bastante específica, que se refere ao
Decreto 99.658/1990. Esse decreto regulamenta, no âmbito da Administração
Pública Federal, o reaproveitamento, a movimentação, a alienação e outras
formas de desfazimento de material. O art. 15 desse decreto consigna:
Art. 15. A doação, presentes razões de interesse social, poderá ser efetuada pelos
órgãos integrantes da Administração Pública Federal direta, pelas autarquias e
fundações, após a avaliação de sua oportunidade e conveniência, relativamente à
escolha de outra forma de alienação, podendo ocorrer, em favor dos órgãos e
entidades a seguir indicados, quando se tratar de material:
I - ocioso ou recuperável, para outro órgão ou entidade da Administração Pública
Federal direta, autárquica ou fundacional ou para outro órgão integrante de qualquer
dos demais Poderes da União;
II - antieconômico, para Estados e Municípios mais carentes, Distrito Federal,
empresas públicas, sociedade de economia mista, instituições filantrópicas,
reconhecidas de utilidade pública pelo Governo Federal, e Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público;
III - irrecuperável, para instituições filantrópicas, reconhecidas de utilidade
pública pelo Governo Federal, e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
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Público;
IV - adquirido com recursos de convênio celebrado com Estado, Território, Distrito
Federal ou Município e que, a critério do Ministro de Estado, do dirigente da autarquia
ou fundação, seja necessário à continuação de programa governamental, após a
extinção do convênio, para a respectiva entidade convenente;
V - destinado à execução descentralizada de programa federal, aos órgãos e
entidades da Administração direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios e aos consórcios intermunicipais, para exclusiva utilização pelo órgão
ou entidade executora do programa, hipótese em que se poderá fazer o tombamento
do bem diretamente no patrimônio do donatário, quando se tratar de material
permanente, lavrando-se, em todos os casos, registro no processo administrativo
competente.

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Parágrafo único. Os microcomputadores de mesa, monitores de vídeo, impressoras e
demais equipamentos de informática, respectivo mobiliário, peças-parte ou
componentes, classificados como ociosos ou recuperáveis, poderão ser doados a
instituições filantrópicas, reconhecidas de utilidade pública pelo Governo Federal, e
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público que participem de projeto
integrante do Programa de Inclusão Digital do Governo Federal.
Como se nota, a resposta está no inciso III acima transcrito.
Gabarito: alternativa “b”

38. (Cespe – MPE/AC 2014) No que se refere aos bens públicos, assinale a opção
correta.
a) Nas hipóteses em que a alienação de bens públicos imóveis depender da
realização de procedimento licitatório, em regra, a modalidade será o leilão.
b) Admite-se a aquisição, por usucapião, de bem público imóvel submetido a regime
de aforamento, desde que a ação seja ajuizada em face de pessoa jurídica de direito
público e do foreiro.
c) A concessão de direito real de uso de bem público pode ser outorgada por prazo
indeterminado, não sendo transmissível por ato inter vivos ou causa mortis.
d) São bens públicos as florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos entes
públicos e nas entidades da administração indireta, excetuadas as que estejam sob
o domínio das sociedades de economia mista.
e) Como forma de compatibilizar o direito de reunião, previsto na CF, e o direito da
coletividade de utilizar livremente dos bens públicos de uso comum, a administração,
previamente comunicada a respeito do fato, pode negar autorização para a
utilização de determinado bem público de uso comum, ainda que a finalidade da
reunião seja pacífica, desde que o faça por meio de decisão fundamentada e
disponibilize aos interessados outros locais públicos.
Comentário: Vamos analisar cada alternativa:
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a) ERRADA. Tratando-se de alienação de bens imóveis, a regra é a


licitação na modalidade concorrência. O leilão, por conseguinte, é exceção,
admitido apenas nas hipóteses de alienação de imóveis oriundos de
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento.
b) ERRADA. Face à imprescritibilidade dos bens públicos, eles não se
sujeitam a usucapião, qualquer que seja a sua natureza (bens de uso comum,
especial ou dominicais).
c) ERRADA. De fato, a concessão de direito real de uso de bem público
pode ser outorgada por prazo indeterminado. O erro é que, na qualidade de
direito real, e não pessoal, ela pode ser transmitida por ato inter vivos ou
causa mortis.

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d) ERRADA. O art. 3º, I da Lei 11.284/2006 (Lei de concessão de florestas


públicas) define florestas públicas como “florestas, naturais ou plantadas,
localizadas nos diversos biomas brasileiros, em bens sob o domínio da União,
dos Estados, dos Municípios, do Distrito Federal ou das entidades da
administração indireta”. Como a Lei se refere às entidades da administração
indireta sem fazer distinção entre as pessoas de direito público ou privado, a
doutrina entende que são bens públicos as florestas localizadas nos terrenos
de quaisquer entidades, inclusive as de direito privado (empresas públicas e
sociedades de economia mista).
e) CERTA. O Poder Público deve respeitar o direito de reunião, mas pode
impedi-lo em nome da segurança da coletividade ou da preservação do bem de
uso comum. Ex: para assegurar o direito de ir e vir das pessoas, o Poder
Público pode impedir uma manifestação em local e hora de grande movimento,
definindo outro local ou outro horário para que ela aconteça.
Gabarito: alternativa “e”
*****
É isso pessoal. Ficamos por aqui. Espero que tenham aproveitado a
aula. Até a próxima!

Bons estudos!

Erick Alves

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JURISPRUDÊNCIA

STJ – REsp 1070735/RS (10/11/2008)


TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL. PÓLO PASSIVO
OCUPADO POR CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. PENHORA DE
IMÓVEIS. SUBSTITUIÇÃO DE IMÓVEIS POR VEÍCULOS. IMPOSSIBILIDADE.
RAZOABILIDADE. ART. 678 DO CPC.

1. A aplicação dos arts. 10, 11 e 15 da Lei n. 6.830/80 e 656 do CPC deve ser
feita com razoabilidade, especialmente quando está em jogo a consecução do
interesse público primário (transporte), incidindo na espécie o art. 678 do CPC.
2. Por isso, esta Corte Superior vem admitindo a penhora de bens de
empresas públicas (em sentido lato) prestadoras de serviço público
apenas se estes não estiverem afetados à consecução da atividade-fim
(serviço público) ou se, ainda que afetados, a penhora não comprometer
o desempenho da atividade. Essa lógica se aplica às empresas privadas
que sejam concessionárias ou permissionárias de serviços públicos
(como ocorre no caso). Precedentes.

3. O Tribunal de origem, soberano para avaliar o conjunto fático-probatório,


considerou que eventual restrição sobre os bens indicados pela agravante
comprometeria a prestação do serviço público, o que é suficiente para
desautorizar sua penhora.

4. Agravo regimental não-provido.

STF – Súmula 340


340 - Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais
bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.

STJ – REsp 425.416/DF (25/8/2009)


PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OMISSÃO. NÃO- OCORRÊNCIA.
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TERRACAP. IMÓVEL PÚBLICO. OCUPAÇÃO IRREGULAR. CONSTRUÇÃO DE


GARAGEM A SER DEMOLIDA. INTERESSE DE AGIR SUBSISTENTE. BENFEITORIA
INDENIZÁVEL. INEXISTÊNCIA.

1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza


ofensa ao art. 535 do CPC.

2. A alteração da destinação da área, que permitiria, em tese, a alienação do


imóvel público ao ocupante irregular (recorrente), não afasta o interesse de agir
da recorrida na Ação Reivindicatória.

3. A alegada boa-fé da ocupante, que ensejaria indenização pelas benfeitorias


úteis e necessárias, não pode ser aferida em Recurso Especial, pois foi afastada
peremptoriamente pelo Tribunal de origem com base na prova dos autos
(Súmula 7/STJ).

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4. A Corte Distrital inadmitiu a indenização das alegadas benfeitorias (garagem


construída) porque deverão ser demolidas, o que demonstra a inexistência de
benefício em favor do proprietário reivindicante.
5. No caso de ocupação irregular de imóvel público, não há posse, mas mera
detenção, o que impede a aplicação da legislação civilista relativa à indenização
por benfeitorias. Precedentes do STJ.
6. Como regra, a natureza do imóvel (público ou privado) não pode ser
examinada pelo STJ com base em dissídio jurisprudencial, como pretende a
recorrente. A divergência que dá ensejo a Recurso Especial refere-se à
interpretação da legislação federal, e não à qualificação jurídica pura e simples
de determinados bens.

7. A mais recente jurisprudência do STJ, sedimentada pela Corte Especial,


reconhece a natureza pública dos imóveis da Terracap.

8. O Tribunal de origem consignou que o bem foi ocupado, por mais de oito anos,
irregularmente e sem qualquer autorização expressa, válida e inequívoca da
Administração, o que implica dever de o particular indenizar o Poder Público pelo
uso. Incabível, portanto, o argumento recursal de ter havido condenação sem
comprovação de dano.

9. Quem ocupa ou utiliza ilicitamente bem público, qualquer que seja a


sua natureza, tem o dever de, além de cessar de forma imediata a
apropriação irregular, remunerar a sociedade, em valor de mercado, pela
ocupação ou uso e indenizar eventuais prejuízos que tenha causado ao
patrimônio do Estado ou da coletividade.

10. Recurso Especial não provido.

STF – Súmula 477


As concessões de terras devolutas situadas na faixa de fronteira, feitas pelos
Estados, autorizam, apenas, o uso, permanecendo o domínio com a
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União, ainda que se mantenha inerte ou tolerante, em relação aos possuidores.

STF – ADI 255/RS (16/3/2011)


EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCISO X DO ART. 7º DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. BENS DO ESTADO.
TERRAS DOS EXTINTOS ALDEAMENTOS INDÍGENAS. VIOLAÇÃO DOS ARTS. 20, I
E XI, 22, CAPUT E INCISO I, E 231 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
INTERPRETAÇÃO CONFORME. EXTINÇÃO OCORRIDA ANTES DO ADVENTO DA
CONSTITUIÇÃO DE 1891. ADI JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. I - A
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, por diversas vezes, reconheceu que
as terras dos aldeamentos indígenas que se extinguiram antes da
Constituição de 1891, por haverem perdido o caráter de bens destinados
a uso especial, passaram à categoria de terras devolutas. II - Uma vez

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reconhecidos como terras devolutas, por força do artigo 64 da


Constituição de 1891, os aldeamentos extintos transferiram-se ao
domínio dos Estados. III – ADI julgada procedente em parte, para conferir
interpretação conforme à Constituição ao dispositivo impugnado, a fim de que a
sua aplicação fique adstrita aos aldeamentos indígenas extintos antes da edição
da primeira Constituição Republicana.

STF – RE 599.4517/RJ (29/9/2009)


EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPTU. IMÓVEL
DE PROPRIEDADE DA UNIÃO. CONTRATO DE CONCESSÃO DE USO. POSSE
PRECÁRIA. PÓLO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. IMUNIDADE
RECÍPROCA. ART. 150, VI, "A", DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
IMPOSSIBILIDADE DA TRIBUTAÇÃO. 1. O Supremo Tribunal Federal, em caso
análogo ao presente, o RE n. 451.152, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de
27.4.07, fixou entendimento no sentido da impossibilidade do detentor da
posse precária e desdobrada, decorrente de contrato de concessão de
uso, figurar no pólo passivo da obrigação tributária. Precedentes. 2.
Impossibilidade de tributação, pela Municipalidade, dos terrenos de
propriedade da União, em face da imunidade prevista no art. 150, VI, "a", da
Constituição. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.

STF – RE 253.472/SP (25/8/2010)


EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA CONTROLADA POR ENTE FEDERADO. CONDIÇÕES PARA APLICABILIDADE
DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL. ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. COMPANHIA
DOCAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (CODESP). INSTRUMENTALIDADE ESTATAL.
ARTS. 21, XII, f, 22, X, e 150, VI, a DA CONSTITUIÇÃO. DECRETO FEDERAL
85.309/1980. 1. IMUNIDADE RECÍPROCA. CARACTERIZAÇÃO. Segundo teste
proposto pelo ministro-relator, a aplicabilidade da imunidade tributária recíproca
(art. 150, VI, a da Constituição) deve passar por três estágios, sem prejuízo do
atendimento de outras normas constitucionais e legais: 1.1. A imunidade
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tributária recíproca se aplica à propriedade, bens e serviços utilizados na


satisfação dos objetivos institucionais imanentes do ente federado, cuja
tributação poderia colocar em risco a respectiva autonomia política. Em
conseqüência, é incorreto ler a cláusula de imunização de modo a reduzi-la a
mero instrumento destinado a dar ao ente federado condições de contratar em
circunstâncias mais vantajosas, independentemente do contexto. 1.2.
Atividades de exploração econômica, destinadas primordialmente a
aumentar o patrimônio do Estado ou de particulares, devem ser
submetidas à tributação, por apresentarem-se como manifestações de
riqueza e deixarem a salvo a autonomia política. 1.3. A desoneração não
deve ter como efeito colateral relevante a quebra dos princípios da livre-
concorrência e do exercício de atividade profissional ou econômica lícita.

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Em princípio, o sucesso ou a desventura empresarial devem pautar-se por


virtudes e vícios próprios do mercado e da administração, sem que a intervenção
do Estado seja favor preponderante. 2. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
EXPLORAÇÃO DE SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO PORTUÁRIA. CONTROLE
ACIONÁRIO MAJORITÁRIO DA UNIÃO. AUSÊNCIA DE INTUITO LUCRATIVO.
FALTA DE RISCO AO EQUILÍBRIO CONCORRENCIAL E À LIVRE-INICIATIVA.
Segundo se depreende dos autos, a Codesp é instrumentalidade estatal, pois:
2.1. Em uma série de precedentes, esta Corte reconheceu que a exploração dos
portos marítimos, fluviais e lacustres caracteriza-se como serviço público. 2.2. O
controle acionário da Codesp pertence em sua quase totalidade à União
(99,97%). Falta da indicação de que a atividade da pessoa jurídica satisfaça
primordialmente interesse de acúmulo patrimonial público ou privado. 2.3. Não
há indicação de risco de quebra do equilíbrio concorrencial ou de livre-iniciativa,
eis que ausente comprovação de que a Codesp concorra com outras entidades no
campo de sua atuação. 3. Ressalva do ministro-relator, no sentido de que “cabe
à autoridade fiscal indicar com precisão se a destinação concreta dada ao imóvel
atende ao interesse público primário ou à geração de receita de interesse
particular ou privado”. Recurso conhecido parcialmente e ao qual se dá parcial
provimento.

*****

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RESUMÃO DA AULA
BENS PÚBLICOS
Bens públicos: são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO (União, Estados, DF e
Municípios, e respectivas autarquias e fundações públicas).
 Os bens das entidades administrativas de direito privado NÃO são bens públicos, mas podem possuir as
prerrogativas dos bens públicos (em especial, a impenhorabilidade e a não onerabilidade) caso sejam
empregados diretamente na prestação de serviços públicos.

 Domínio eminente do Estado: poder para disciplinar todas as coisas que se situam em seu território.
Expressão da soberania nacional.
 Domínio público: poder de propriedade que o Estado exerce sobre o seu patrimônio (domínio
patrimonial). O termo também designa o conjunto de bens públicos.

 CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

 Federais: por exemplo, terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras; lagos e
rios que banhem mais de um Estado; ilhas fluviais e lacustres nas fronteiras; ilhas
oceânicas e marítimas (exceto as que sejam sede de Municípios); plataforma
Quanto à continental; terrenos de marinha; mar territorial; terras indígenas.
titularidade  Estaduais: por exemplo, ilhas marítimas; ilhas fluviais e lacustres; terras devolutas;
todos, desde que não pertençam à União.
 Municipais: não há previsão na CF. Mas são municipais, como regra, as ruas e praças, e
também as ilhas marítimas que sejam sede de Município (ex: Floripa e Ilha Bela).

 Bens de uso comum do povo: destinam-se à utilização geral pela coletividade. O uso
pode ser gratuito ou oneroso. Ex: ruas, praças, mares, praias, rios navegáveis etc.
 Bens de uso especial: destinam-se à execução dos serviços administrativos e dos
Quanto à serviços públicos em geral. Ex: edifícios públicos, escolas, hospitais, cemitérios públicos,
destinação terras indígenas, veículos oficiais, material de consumo etc.
 Bens dominicais: não têm uma destinação pública específica; constituem o patrimônio
disponível do Estado (podem ser alienados para fazer renda). Ex: terras devolutas;
prédios públicos desativados; móveis inservíveis etc.

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 Bens indisponíveis por natureza: não têm valor patrimonial e, por isso, não podem ser
alienados. Ex: bens de uso comum.
Quanto à  Bens indisponíveis: possuem valor patrimonial mas não podem ser alienados por estarem
disponibilidade afetados a uma destinação pública específica. Ex: bens de uso especial.
 Bens disponíves: possuem valor patrimonial e podem ser alienados, por não estarem
afetados a uma destinação pública específica. Ex: bens dominicais.

 CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS


 Inalienabilidade relativa: bens públicos de uso comum e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem essa qualificação (afetados); já os dominicais (desafetados) podem ser alienados.
 Impenhorabilidade: os bens públicos NÃO podem ser objeto de penhora; as dívidas da Fazenda Pública
são quitadas mediante o regime de precatório.
 Imprescritibilidade: os bens públicos NÃO podem ser objeto de usucapião, inclusive os dominicais.
 Não onerabilidade: os bens públicos NÃO podem constituir garantia real, como hipoteca e anticrese.

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 AQUISIÇÃO DE BENS PÚBLICOS
 Aquisição originária: não há a transmissão de propriedade; a aquisição é direta. Ex: acessão por aluvião,
caça e pesca, desapropriação.
 Aquisição derivada: alguém transmite um bem ao adquirente. Ex: contrato de compra e venda.

 Formas de aquisição: contratos de compra e venda; usucapião; desapropriação; acessão (ex: formação de
ilhas, aluvião ou construção de obras ou plantações); causa mortis (herança sem dono); arrematação (leilão
de bens penhorados); adjudicação (aquisição de bem penhorado pelo credor); resgate na enfiteuse
(apenas as constituídas na vigência do antigo Código Civil).

 USO DE BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

Autorização Permissão Concessão


Ato administrativo Ato administrativo Contrato administrativo
Não há licitação Licitação prévia Licitação prévia
Uso facultativo do bem pelo Utilização obrigatória do bem pelo Utilização obrigatória do bem pelo
particular. particular, conforme a finalidade particular, conforme a finalidade
permitida. concedida.
Interesse predominante do Interesse público e particular são Interesse público e particular são
particular. equivalentes. equivalentes.
Ato precário Ato precário Não há precariedade
Sem prazo (regra) Sem prazo (regra) Prazo determinado
Onerosa ou gratuita Onerosa ou gratuita Onerosa ou gratuita
Revogação a qualquer tempo sem Revogação a qualquer tempo sem Rescisão nas hipóteses previstas em
indenização, salvo se outorgada indenização, salvo se outorgada lei. Cabe indenização, se a causa não
com prazo ou condicionada. com prazo ou condicionada. for imputável ao concessionário.

 Tem por objeto terrenos públicos e respectivo espaço aéreo;


 Destina-se à urbanização, à edificação, à industrialização, ao cultivo ou a qualquer
Cessão de direito outro que traduza interesse social;
real de uso  Direito real, e não pessoal (pode ser transferido a terceiros);
 Pode ser por prazo certo ou por prazo indeterminado;
 Em regra, exige licitação na modalidade concorrência.

 Colaboração entre órgãos públicos ou entre estes e entidades privadas sem fins
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lucrativos;
Cessão de uso  Sempre gratuita e por prazo determinado;
 Não exige licitação;
 Só pode ter objeto bens dominicais.

 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS


 Terras devolutas: áreas que não são utilizadas para quaisquer finalidades. Bens dominicais.
 Terrenos de marinha: faixa de 33 metros a partir do preamar médio de 1831, sujeita à influência das
marés. Bens dominicais.
 Terrenos reservados ou marginais: faixa de 15 metros a partir das margens das enchentes do rio, fora
do alcance da influência das marés.
 Terras dos índios: deve haver prévia autorização do Congresso para exploração. Bens de uso especial.
 Plataforma continental: extensão das áreas continentais até a profundidade de 200 metros.
 Faixa de fronteira: até 150 Km da divisa com outros países. Apenas as terras devolutas são propriedades
do Poder Público. As terras particulares sofrem restrições em nome da segurança nacional.

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA


1. (Cespe – DP/DF 2013) Segundo o ordenamento jurídico vigente, são considerados
públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; sendo os demais considerados bens particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.

2. (Cespe – TJ/PI 2012) Consideram-se bens públicos apenas os que constituem o


patrimônio da União, dos estados, do DF ou dos municípios, sendo eles objeto de direito
pessoal ou real de cada uma das entidades federativas.
3. (Cespe – AGU 2013) Os terrenos de marinha, assim como os seus terrenos acrescidos,
pertencem à União por expressa disposição constitucional.
4. (Cespe – AE/ES 2013) Os hospitais públicos e as universidades públicas, que visam à
execução de serviços administrativos e de serviços públicos, classificam-se, quanto à sua
destinação, como
a) enfiteuse.
b) bens de uso comum do povo.
c) bens dominicais.
d) bens de uso especial.
e) bens de concessão de direito real de uso.

5. (Cespe – TJDFT 2013) Consideram-se bens públicos dominicais os que constituem o


patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real
de cada uma delas, os quais se submetem a um regime de direito privado, pois a
administração pública age, em relação a eles, como um proprietário privado.

6. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Sob o aspecto jurídico, há duas modalidades de


bens públicos: os do domínio público do Estado e os do domínio privado do Estado.
7. (Cespe – DP/DF 2013) Sendo uma das características do regime jurídico dos bens
públicos a inalienabilidade, é correto afirmar que, segundo o ordenamento jurídico brasileiro
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vigente, todos os bens públicos são absolutamente inalienáveis.

8. (Cespe – PRF 2012) Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse


público, não é permitido à administração alienar qualquer bem público enquanto este bem
estiver sendo utilizado para uma destinação pública específica.
9. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Consoante o disposto na CF, os bens públicos são
passíveis de aquisição por meio de usucapião.

10. (Cespe – CNJ 2013) A ocupação de bem público, ainda que dominical, não passa de
mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra
o órgão público.
11. (Cespe – TJDFT 2014) A afetação e a desafetação dizem respeito ao regime de
finalidade dos bens públicos, no sentido da destinação que se lhes possa dar.

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12. (Cespe – Bacen 2013) A concessão de uso de bem público constitui ato administrativo
de caráter unilateral, por meio do qual a administração pública outorga o uso privativo de
bem público a determinado particular.

13. (Cespe – AE/ES 2013) Caso determinada comunidade, desejando comemorar o


aniversário de seu bairro, decida solicitar o fechamento de uma rua para realizar uma festa
comunitária, ela deve obter do poder público
a) autorização.
b) permissão.
c) delegação.
d) convênio.
e) concessão.

14. (Cespe – AGU 2013) Permissão de uso de bem público é o contrato administrativo pelo
qual o poder público confere a pessoa determinada o uso privativo do bem, de forma
remunerada ou a título gratuito.

15. (Cespe – PGE/BA 2014) Para a utilização de espaço de prédio de autarquia para o
funcionamento de restaurante que atenda aos servidores públicos, é obrigatória a realização
de licitação e a autorização de uso de bem público.

16. (Cespe – TJ/PI 2012) A autorização de uso é ato administrativo unilateral e


discricionário pelo qual a administração consente, a título precário, que o particular utilize
bem público, mas que não pode ser concedida de modo privativo.
17. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Em regra, as terras devolutas pertencem à União
e são consideradas bens dominicais ou dominiais.
18. (Cespe – Juiz Federal TRF2 – 2013) Os registros de propriedade particular de imóveis
situados em terrenos de marinha são oponíveis à União.
19. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) De acordo com a jurisprudência do STF, não são
bens da União as terras onde se localizavam os aldeamentos indígenas extintos antes da
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Constituição de 1891, de domínio dos estados-membros.


20. (Cespe – AGU 2013) À União pertence o domínio das águas públicas e das ilhas
fluviais, lacustres e oceânicas.
21. (Cespe – TJ/PI 2012) São de domínio público e pertencentes à União as áreas
localizadas na faixa de fronteira situada ao longo da linha terrestre demarcatória entre o
território nacional e países estrangeiros, considerada fundamental para a defesa do território
nacional.

22. (Cespe – CNJ 2013) A concessão ou alienação de terras públicas situadas em faixa de
fronteira depende de autorização prévia do Conselho de Defesa Nacional.
23. (ESAF – SUSEP 2006) O chamado domínio eminente, como expressão da soberania
nacional, é o poder político, pelo qual o Estado submete à sua vontade

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a) os bens públicos de uso comum.
b) os denominados bens dominiais.
c) todos os bens próprios do Estado.
d) todas as coisas de seu território.
e) todas as coisas de interesse público.

24. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) A Secretaria do Patrimônio da União (SPU)


conduz a Política Nacional de Gestão do Patrimônio da União (PNGPU) desde a
constituição do Grupo de Trabalho Interministerial sobre Gestão do Patrimônio da União –
GTI (Decreto Presidencial de 11/9/2003) no qual foram estabelecidos os princípios e
diretrizes da política de gestão do patrimônio imobiliário e fundiário da União. A Lei n. 9.636,
de 15/05/1998 dispõe sobre a regularização, administração, aforamento e alienação de bens
imóveis de domínio da União, altera dispositivos dos Decretos-Leis nos 9.760, de 5 de
setembro de 1946, e 2.398, de 21 de dezembro de 1987, regulamenta o § 2o do art. 49 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, e dá outras providências. Assinale a
opção incorreta.
a) Caberá ao Poder Executivo organizar e manter sistema unificado de informações sobre
os bens de que trata a Lei n. 9.636, que conterá as informações relevantes relativas a cada
imóvel.
b) A alienação de bens imóveis da União não depende de autorização, mediante ato do
Presidente da República, desde que haja parecer da SPU quanto à sua oportunidade e
conveniência.
c) A venda de bens imóveis da União será feita mediante concorrência ou leilão público.
d) No caso de venda por leilão público, o arrematante pagará, no ato do pregão, sinal
correspondente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação,
complementando o preço no prazo e nas condições previstas no edital, sob pena de perder,
em favor da União, o valor correspondente ao sinal e, em favor do leiloeiro, se for o caso, a
respectiva comissão.
e) O preço mínimo de venda de imóveis da União será fixado com base no valor de mercado
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do imóvel, estabelecido em avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade será de seis
meses.

25. (ESAF – SUSEP 2010) Sobre o tema "bens públicos", é correto afirmar:
a) bens dominicais precisam ser desafetados antes de serem alienados.
b) o uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, caso assim determine lei da pessoa
jurídica à qual o bem pertença.
c) prédios públicos abandonados que venham a ser ocupados por membros de movimentos
sociais estão sujeitos a usucapião.
d) em casos de reparação de dano causado por dolo de agente público, apenas os bens de
uso especial e dominicais podem ser penhorados.
e) bibliotecas são exemplos claros de bens de uso comum do povo.

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26. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Quanto aos Bens Públicos, é correto afirmar:
a) sob o aspecto jurídico, há duas modalidades de bens públicos: os do domínio público do
Estado e os do domínio privado do Estado.
b) da imprescritibilidade exsurge a impossibilidade de oneração dos bens públicos.
c) no caso de uso privativo estável, como é o caso da permissão, a precariedade do uso
encontra-se já na origem do ato de outorga.
d) na permissão de uso, a utilização do bem não é conferida com vistas à utilidade pública,
mas no interesse privado do utente.
e) no uso compartilhado, há a utilização de um bem público pelos membros da coletividade
sem que haja discriminação entre os usuários, nem consentimento estatal específico para
esse fim.

27. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Considerando o uso de espaços integrantes de


áreas da propriedade de pessoas diversas com a finalidade de instalação de serviços de
gás canalizado por meio de dutos implantados no subsolo, assinale a opção correta.
a) Uso envolvendo pessoas particulares: resolve-se por meio de convênios, motivo pelo qual
o proprietário da área ajusta a cobrança de preços para referida utilização.
b) Uso de área integrante do domínio público: o uso não depende de autorização do ente
público sob cujo domínio se encontra o bem, embora enseje remuneração pelo uso em
virtude da prevalência do interesse público.
c) Uso de área non aedificandi pertencente a particular: o prestador não pode usá-la
livremente e o proprietário tem direito à remuneração ou indenização em caso de prejuízo
advindo de dano à propriedade.
d) Uso de área privada, além da faixa non aedificandi, o uso é regulado pelo direito público e
por isso não depende de autorização do proprietário, embora a empresa prestadora do
serviço deva pagar remuneração pelo uso sendo vedada a cessão gratuita.
e) Uso de área pública sujeita à operação por pessoa privada: o uso deve resultar de
contrato entre as partes sendo cabível a remuneração pelo uso do solo ou do subsolo.
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28. (ESAF – AFRFB 2014) Quanto às formas de aquisição dos Bens Públicos, é correto
afirmar:
a) aluvião é uma das formas de efetivação da acessão.
b) a legislação atual manteve as enfiteuses já existentes no antigo Código Civil, por meio
das quais o credor obtém o direito de adquirir os bens praceados.
c) a arrematação exige a posse do bem por determinado período e a boa-fé.
d) o contrato é uma forma de aquisição originária da propriedade.
e) os bens desapropriados repassados a terceiros, no caso da reforma agrária, não mais
possuem natureza de bens públicos, mesmo que não se dê a transferência.
29. (ESAF – CGU 2006) As terras devolutas da União incluem-se entre os seus bens
a) afetados.

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b) aforados.
c) de uso comum.
d) de uso especial.
e) dominicais.

30. (ESAF – DNIT 2013) Correlacione os bens constantes da Coluna I às nomenclaturas da


Coluna II.
Ao final, assinale a sequência correta para a Coluna I.

Coluna I Coluna II
( ) Ruas e Praças. 1. Bens dominicais.
( ) Escolas e Hospitais Públicos. 2. Bens públicos de uso comum do povo.
( ) Terrenos de marinha. 3. Bens de uso especial.
( ) Terras devolutas.
( ) Veículos oficiais.
a) 2 / 3 / 2 / 2 / 1
b) 2 / 3 / 2 / 2 / 3
c) 2 / 2 / 1 / 1 / 3
d) 3 / 2 / 1 / 1 / 2
e) 2 / 3 / 1 / 1 / 3

31. (ESAF – Ministério da Fazenda 2013) Em razão da destinação que lhes pode ser dada,
os imóveis públicos federais são classificados em três tipos de bens.
Assinale as assertivas com V para as Verdadeiras e com F para as Falsas e, a seguir,
indique a opção correta.
( ) Bens de uso comum do povo são aqueles tidos como necessários à coletividade, tais
como rios, praças, ruas, praias etc.
( ) Bens de uso especial são afetos ao interesse do serviço público, como os prédios das
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repartições públicas, os fortes etc.


( ) Bens dominiais são aqueles que não têm destinação definida, e cuja propriedade vem
sendo objeto de disputa judicial.
a) V, F, V
b) F, V, F
c) V, V, F
d) F, F, V
e) F, V, V

32. (ESAF – AFT 2006) O regime jurídico-administrativo ampara-se, entre outros, no


princípio da supremacia do interesse público. Esse princípio protege o patrimônio público.

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Desse modo, assinale, no rol abaixo, o único instituto que se aplica, conforme o regime
jurídico-administrativo, ao patrimônio público.
a) desafetação
b) usucapião
c) hipoteca
d) penhora
e) arresto

33. (ESAF – STN 2008) Quanto às características dos bens públicos, analise os itens abaixo
e assinale a opção correta.
I. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
II. Os créditos de terceiros contra a Fazenda Pública, em virtude de sentença judicial, são
pagos por meio de precatórios, conforme disposto no art. 100 da CF/88, uma vez que os
bens públicos não se sujeitam ao regime de penhora.
III. Apenas os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
imprescritíveis, ou seja, insuscetíveis de aquisição por usucapião.
IV. A alienação dos bens públicos imóveis, em qualquer dos Poderes, depende de
autorização do chefe máximo do Poder a que está submetido o órgão alienante.
a) Nenhum item está correto.
b) Apenas estão corretos os itens I e II.
c) Apenas estão corretos os itens I e III.
d) Apenas estão corretos os itens II e IV.
e) Todos os itens estão corretos.

34. (ESAF – MIN 2012) Uma das características dos bens públicos é a sua
imprescritibilidade, o que significa dizer que tais bens não podem
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a) ser alienados.
b) ser usucapidos.
c) ser penhorados.
d) ter destinação para uso particular.
e) ser objeto de ações por cobranças de dívidas.

35. (ESAF – CGU 2008) A respeito do instituto da cessão, a Lei n. 9.636, de 15 de maio de
1998, em seu art. 18 dispõe que: imóveis da União poderão ser cedidos a critério do Poder
Executivo, gratuitamente ou em condições essenciais, sob qualquer dos regimes previstos
no Decreto-lei n. 9.760, de 1946. Quanto à cessão de bens públicos, é correto afirmar que a
competência para autorizar a cessão de que trata o dispositivo supra

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a) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo vedada a
subdelegação.
b) poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo permitida a subdelegação.
c) poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, sendo vedada a subdelegação.
d) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, porém é permitida a
subdelegação.
e) não poderá ser delegada ao Ministro de Estado da Fazenda, mas somente ao Ministro do
Planejamento, Orçamento e Gestão, sendo vedada a subdelegação.

36. (ESAF – TRT7 2005) Tratando-se de bens públicos da União Federal, a Lei nº 9.636/98
dispõe sobre o respectivo mecanismo de alienação. Sobre esse tema, assinale a afirmativa
falsa.
a) A alienação de bens imóveis da União dependerá de autorização, mediante ato do
Presidente da República.
b) A Secretaria de Patrimônio da União − SPU deverá sempre se pronunciar previamente
quanto à conveniência e oportunidade da alienação.
c) A competência para autorizar a alienação poderá ser delegada ao Ministro de Estado do
Planejamento e Gestão, permitida a subdelegação.
d) A alienação ocorrerá quando não houver interesse público, econômico ou social em
manter o imóvel no domínio da União.
e) A decisão quanto à alienação observará a inconveniência no desaparecimento do vínculo
de propriedade com a União em face da preservação ambiental e da defesa nacional.

37. (Cespe – TCE/ES 2013) A doação de bens patrimoniais irrecuperáveis pode ser
efetuada por órgãos integrantes da administração pública federal direta em favor de
a) estados e municípios carentes.
b) instituições filantrópicas, reconhecidas como de utilidade pública pelo governo federal.
c) qualquer outro órgão integrante da União.
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d) consórcios intermunicipais.
e) órgão ou entidade da administração pública federal direta, autárquica ou fundacional.

38. (Cespe – MPE/AC 2014) No que se refere aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Nas hipóteses em que a alienação de bens públicos imóveis depender da realização de
procedimento licitatório, em regra, a modalidade será o leilão.
b) Admite-se a aquisição, por usucapião, de bem público imóvel submetido a regime de
aforamento, desde que a ação seja ajuizada em face de pessoa jurídica de direito público e
do foreiro.
c) A concessão de direito real de uso de bem público pode ser outorgada por prazo
indeterminado, não sendo transmissível por ato inter vivos ou causa mortis.

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d) São bens públicos as florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos entes públicos e
nas entidades da administração indireta, excetuadas as que estejam sob o domínio das
sociedades de economia mista.
e) Como forma de compatibilizar o direito de reunião, previsto na CF, e o direito da
coletividade de utilizar livremente dos bens públicos de uso comum, a administração,
previamente comunicada a respeito do fato, pode negar autorização para a utilização de
determinado bem público de uso comum, ainda que a finalidade da reunião seja pacífica,
desde que o faça por meio de decisão fundamentada e disponibilize aos interessados outros
locais públicos.

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GABARITO

2) E 3) C 4) d 5) C
1) C
7) E 8) C 9) E 10) C
6) C
12) E 13) a 14) E 15) E
11) C
17) E 18) E 19) C 20) E
16) E
22) C 23) d 24) b 25) b
21) E
27) e 28) a 29) e 30) e
26) a
32) a 33) b 34) b 35) b
31) c

37) b 38) e
36) c

Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
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Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Marrara, Thiago. As fontes do direito administrativo e o princípio da legalidade. Revista
Digital de Direito Administrativo. Ribeirão Preto. V. 1, n. 1, p. 23-51, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.

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