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VISITAÇÃO
A arte de se fazer presente
Dicas para aperfeiçoar a transmissão de cultos on-line + Lições de Neemias sobre resolução de conflitos
O jardim do Éden e o tabernáculo israelita + A importância do diaconato + Campo e cidade nos escritos de Ellen White
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Capa
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Cuide de sua comunidade
Bruno Lopes
A visitação em tempos de pandemia
14
5 Editorial
14 Luz, câmera, sermão
Fábio Bergamo
Dicas para aperfeiçoar a transmissão
de cultos on-line
7 Entrelinhas
8 Entrevista
27 Lições de vida 17 Ministério do serviço
Nerivan Silva
A influência espiritual do diaconato
32 Dicas de leitura
20
34 Reflexão Entre o campo e a cidade
Walter Alaña
Uma análise dessa aparente contradição
10 35 Palavra final nos escritos de Ellen White
24
Fé e ação
Ricardo Norton
Lições da experiência de Neemias
sobre resolução de conflitos
28
Santuários
Ángel Manuel Rodríguez
A relação entre o jardim do Éden
24 e o tabernáculo israelita
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 3
Contribua para a
A revista Ministério é um periódico internacional editado e publicado bimestralmente pela
D
Casa Publicadora Brasileira, sob supervisão da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana
da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A publicação é dirigida a pastores e líderes cristãos.
Áreas de interesse
• Crescimento espiritual do ministro. educação contínua, administração da
• Necessidades pessoais do ministro. igreja, cuidado dos membros e assuntos
• Ministério em equipe (pastor-esposa) e relacionados.
relacionamentos. • Estudos teológicos que exploram temas sob
• Necessidades da família pastoral. uma perspectiva bíblica, histórica ou sistemática.
• Habilidades e necessidades pastorais, como • Liturgia e temas relacionados, como música,
administração do tempo, pregação, evangelismo, liderança do culto e planejamento.
crescimento de igreja, treinamento de voluntários, • Assuntos atuais relevantes para a igreja.
aconselhamento, resolução de conflitos,
Tamanho
• Seções de uma página: até 4 mil caracteres • Artigos de três páginas: até 11,5 mil caracteres
com espaço. com espaço.
• Artigos de duas páginas: até 7,5 mil caracteres • Artigos solicitados pela revista poderão ter mais
com espaço. páginas, de acordo com a orientação
dos editores.
Estilo e apresentação
• Certifique-se de que seu artigo se concentra no Use algarismos arábicos (1, 2, 3).
assunto. Escreva de maneira que o texto possa ser • Utilize a fonte Arial, tamanho 12,
facilmente lido e entendido, à medida que avança espaço 1,5, justificado.
para a conclusão. • Informe no cabeçalho: Área do conhecimento
• Identifique a versão da Bíblia que você usa e teológico (Teologia, Ética, Exegese, etc.), título
inclua essa informação no texto. De forma geral, do artigo, nome completo, graduação e atividade
recomendamos a versão Almeida Revista e atual.
Foto: Wliilam de Morais
Min
EDITORIAL
L
embro-me com carinho da primeira visita é a disposição do pastor em
pastoral que recebi. Era uma quarta-feira. Minha
esposa havia acabado de chegar do trabalho,
visitar baseado em sua agenda
e eu me preparava para o culto quando recebi pessoal, sem considerar
a ligação de um departamental da Associação, detalhadamente o contexto
perguntando-nos se poderia nos fazer uma rápida
visita antes de se dirigir à igreja em que ia pregar. das pessoas a quem ele serve.
Poucos minutos depois, o interfone tocou,
anunciando a chegada de nosso visitante. Curioso, compor um belo quadro de como a visita pastoral faz
fui encontrá-lo no portão, enquanto minha esposa a diferença na vida dos membros da igreja.
preparava um lanche para recebê-lo. O que houve Mas a visita pastoral não é marcante somente
a seguir marcou nossa experiência como membros quando as pessoas estão necessitadas. Compartilhar
da igreja. Com simpatia, aquele pastor expressou momentos de alegria com elas também é uma forma
sua atenção para conosco, dizendo palavras muito de influenciá-las espiritualmente. Assim, visitar os
apropriadas para a ocasião e orando em favor do membros da igreja por ocasião de seu aniversário,
nosso recém-iniciado ministério. A visita não durou suas bodas, nascimento de um filho ou neto,
mais do que meia hora, mas ficou registrada em aprovação no vestibular, formatura ou outro motivo
nossa lembrança como uma demonstração do de contentamento é uma oportunidade de direcionar
cuidado de um pastor pelas ovelhas do seu rebanho. seu olhar para as bênçãos de Deus e a presença da
Ao longo do tempo, tenho me deparado com igreja no cotidiano da vida.
pessoas que dizem nunca ter recebido a visita do E por falar em cotidiano, as pessoas também tendem
pastor, quando, de fato, foram visitadas, porém não a guardar na memória a visita do pastor que partilha
se lembram mais. Esse fenômeno deve ser observado com elas uma refeição, ainda que seja simples. Não
mais de perto, especialmente no contexto em que quero incentivar a intemperança, mas destacar que
estamos vivendo. Por isso, é oportuno perguntar: O os membros da igreja se alegram quando seu pastor
que torna marcante a visita pastoral? Refletindo sobre se alimenta com eles. Lembro-me de um casal que me
o tema, cheguei a algumas respostas. Provavelmente relatou a história de um amigo pastor que havia comido
você tenha outras explicações também que, somadas com eles um pedaço de melancia, num contexto em que
a estas, ajudem a compor melhor o diagnóstico e a a família estava de mudança. A simplicidade daquele
solução de um problema que é comum a todos nós. servo de Deus abriu caminhos para que aquele casal
Para muitas pessoas, a visita do pastor se torna tivesse em alta consideração o trabalho ministerial e
inesquecível quando ele é sensível às necessidades fosse engajado nas atividades da igreja.
que elas têm. Diante de uma crise familiar, doença, Seja nos momentos tristes ou alegres ou
luto, fragilidade emocional, dificuldade financeira ou partilhando uma singela refeição, os membros da
luta espiritual, a intervenção pastoral serve como igreja são inclinados a lembrar-se com carinho da visita
bálsamo que traz alívio e cura para corações feridos. do pastor. Em realidade, às vezes, o que torna a visita
Quantas pessoas testificam da presença de pastores pastoral inexpressiva é a disposição do pastor em
que passaram por sua vida e foram fundamentais em visitar baseado em sua agenda pessoal, sem considerar
momentos difíceis! “O pastor me visitou quando me detalhadamente o contexto das pessoas a quem ele
Foto: Wliilam de Morais
senti sozinho.” “Eu não via mais sentido em ir à igreja, serve. Portanto, lembre-se de que visitação pastoral
WELLINGTON BARBOSA mas a iniciativa do pastor em me visitar salvou-me da não se trata de estar na casa das pessoas, mas em se
editor da revista
queda espiritual.” Esses e outros exemplos ajudam a fazer efetivamente presente na vida delas.
Foto:
Ministério
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 5
Livros importantes
para entender um
dilema histórico
O
MKT CPB | Adobe Stock
O
livro do Apocalipse é tanto uma revelação de
Jesus quanto uma revelação sobre Ele. Foi Cristo esperança para os que estão
que tomou a iniciativa de revelar o futuro por
meio de símbolos que representam o grande desesperados, perdão para os que
conflito entre o bem e o mal, alertam para os desafios sofrem com a culpa e segurança
que Seus seguidores iriam enfrentar ao longo dos
séculos e revelam o plano da salvação, a última batalha
para os que temem o futuro.
e a certeza de um final feliz ao lado Dele para sempre.
Cristo é o verdadeiro Herói do livro. Ele Se no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me
apresenta com força para os que se sentem fracos, na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de
esperança para os que estão desesperados, perdão Deus e do testemunho de Jesus” (v. 9). A palavra
para os que sofrem com a culpa e segurança para os “tribulação” significa angústia, aflição. É quando
que temem o futuro. Ele Se apresenta, Ele fala, Ele Se ficamos preocupados o tempo todo, não conseguimos
revela. Toda ação provém Dele. Como disse C. S. Lewis: descansar, dormir ou parar porque estamos
“Quando se trata de conhecer a Deus, toda iniciativa mergulhados na dor. É vivenciar o sofrimento dos
depende Dele. Se Ele não quiser Se revelar, nada do que sofrem. Mas sofrer junto diminui nossa dor. João
que fizermos nos permitirá encontrá-Lo.” Como é estava sendo sensível às provações de outros irmãos
confortador vê-Lo caminhando em nossa direção! quando expressou que ele também estava sofrendo.
Nos três primeiros capítulos do Apocalipse, Jesus
é mencionado cerca de 130 vezes, e em todo o livro é Em segundo lugar, estamos juntos no conforto.
identificado por 38 nomes e títulos. Por exemplo: a “Quando O vi, caí a Seus pés como morto. Porém Ele
Fiel Testemunha (1:5); o Primogênito dos mortos (1:5); pôs sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas;
o Soberano dos reis da Terra (1:5); o Alfa e o Ômega Eu sou o primeiro e o último” (1:17). João contemplou
(1:8); o Senhor (1:8); a Raiz de Davi (3:7); o Leão da Jesus, não mais ferido pelos soldados, torturado e
tribo de Judá (5:5); o Cordeiro (5:5); a Estrela da Manhã pregado na cruz, mas glorificado, vencedor e com
(22:16); e o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (19:16). total autoridade e domínio sobre tudo e sobre todos.
Entre esses nomes e títulos há um que chama O Salvador Se aproximou do idoso discípulo, colocou
nossa atenção: Cordeiro. No Apocalipse, ele aparece Sua mão sobre ele e disse: “Não temas”. Os dias que
aproximadamente 27 vezes. Isso significa que nossos João estava enfrentado não eram fáceis. No entanto,
olhos precisam se voltar especialmente para Cristo Ele teve a certeza da presença confortadora e do
como Salvador do mundo. Ellen White declarou: cuidado de Seu Redentor ao lado dele.
“As profecias de Daniel e Apocalipse devem ser
cuidadosamente estudadas e, em ligação com elas, as E finalmente, Cristo está entre Seu povo e Sua
palavras: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do igreja. João viu Jesus entre os castiçais (1:13, 20). Cristo
mundo (Jo 1:29)’” (Obreiros Evangélicos, p. 148). está presente em meio a Seu povo e sustenta Seus
Quais lições podemos extrair do que escreveu o ministros. Ellen White escreveu: “Precisamos confiar
pastor João no primeiro capítulo do Apocalipse? em Jesus cada dia, a cada hora. Ele prometeu que
como são os nossos dias, assim será a nossa força. Por
Foto: Divulgação DSA
LUCAS ALVES Em primeiro lugar, reconhecer que todos Sua graça, podemos levar todos os fardos do presente
secretário ministerial para a estamos juntos no sofrimento. João escreveu: “Eu, e cumprir todos os deveres” (Testemunhos para a
Igreja Adventista na América
do Sul João, irmão vosso e companheiro na tribulação, Igreja, v. 5, p. 200).
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Por Wellington Barbosa em tempos difíceis. Graduado em Ciências Contábeis, que é
pós-graduado em Administração Financeira e Gestão lidad
de Negócios e mestre em Administração Estratégica, Po
A crise econômica resultante da pandemia da o pastor Edson já trabalhou como tesoureiro respon- tores
Covid-19 inevitavelmente tem refletido na dinâmi- sável pela área de educação da Associação Sul- ser a
ca financeira da igreja. Isso exige do pastor distri- Paranaense, tesoureiro da mesma Associação, diretor mulh
tal sabedoria para administrar os recursos locais a financeiro da Casa Publicadora Brasileira e tesourei- obra
fim de assegurar que não faltem meios para a ma- ro da União Sul-Brasileira. Atualmente, é o tesoureiro sas in
nutenção das atividades regulares da igreja e o da União Central Brasileira. Casado com Zuleica Reis Lhe q
cumprimento da missão. Medeiros, tem dois filhos, Edson e Marcos. man
Nesta entrevista, o pastor Edson Erthal de zem
Medeiros apresenta dicas práticas para ajudar os Qual é a importância de se definir um planejamento finan- (Con
pastores distritais a reestruturar o planejamento fi- ceiro anual?
nanceiro local e salvaguardar os recursos da igreja Apesar da ansiedade em virtude das incertezas que Como
vivemos nos dias atuais, Deus não faz o que é de nossa quaçõ
responsabilidade fazer. Com orientação divina, oração A
O orçamento da igreja sempre deve e fé, planejar o futuro é a melhor maneira de criá-lo. to se
priorizar a missão e adequar a distribuição Sempre que trabalhamos com um planejamento finan-
ceiro pensamos em curto, médio e longo prazo. Pla-
das)
pand
dos valores de acordo com os objetivos
Foto: Gentileza do entrevistado
8 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
Nesse sentido, Suas palavras tratam especificamente
do planejamento financeiro: “Qual de vocês, se quiser
construir uma torre, primeiro não se assenta e calcu-
la o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para
completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz Orçamento não existe para ficar
de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo:
‘Este homem começou a construir e não foi capaz de na gaveta, ou apenas numa ata de
terminar.’” Muito antes de os autores e acadêmicos mo- comissão. Cada mês os líderes e
dernos escreverem livros sobre planejamento financei-
ro, o Senhor já nos deu esta orientação clara: antes de responsáveis pelas finanças da igreja
fazer, planeje o que será feito e avalie o custo. devem considerar as informações
Quais são as principais dificuldades para se estabelecer o sobre o que foi orçado e realizado e
orçamento local? corrigir qualquer descompasso o mais
Uma das principais dificuldades ao se fazer um or-
çamento/planejamento financeiro é não ter objetivos
rapidamente possível.
claros do que se deseja alcançar. Outra questão impor-
tante é que o orçamento, depois de feito, deve ser se-
guido, e isso exige controle. Não ter disciplina financeira
é um dos grandes inimigos da execução orçamentária. O orçamento da igreja sempre deve priorizar a mis-
Além disso, a maioria das igrejas, organizações e pes- são e adequar a distribuição dos valores de acordo com
soas tem dificuldade de identificar com clareza o que é os objetivos a serem alcançados. Cada comissão finan-
imprescindível, o que é urgente, o que é necessário e o ceira e a comissão da igreja local devem avaliar se o or-
beis, que é desejo. Sobre nós, líderes, repousa a responsabi- çamento reflete sua prioridade missionária. Em alguns
stão lidade de ajudar nossas igrejas a planejar e orçar. momentos, uma parte dos recursos precisa ser dire-
gica, Por orientação divina, Ellen White escreveu: “Os dire- cionada para ampliações e reformas. Isso é importante,
pon- tores que são negligentes, que não sabem gerir, devem mas devemos nos lembrar de que a expansão da es-
Sul- ser afastados da obra. Contratem o serviço de homens e trutura não pode se sobrepor à ampliação do reino de
retor mulheres que saibam ater-se ao orçamento, para que a Deus. Em minha experiência no ministério das finanças,
urei- obra não se desfaça. Todos os que estão ligados às nos- pude observar que, quando uma igreja tem foco missio-
reiro sas instituições humilhem-se diante de Deus. Peçam- nário, nunca faltam recursos para a expansão estrutural.
Reis Lhe que os ajude a planejar com tanta sabedoria, de
maneira tão econômica, que as instituições se enraí- Quais são as melhores práticas para manter o equilíbrio
zem firmemente e deem fruto para a glória de Deus” entre o controle de gastos e os investimentos necessários
finan- (Conselhos Sobre Mordomia, p. 274). para a manutenção da igreja e cumprimento da missão?
Orçamento não existe para ficar na gaveta, ou ape-
s que Como avaliar o orçamento da igreja a fim de propor reade- nas numa ata de comissão. Cada mês os líderes e res-
ossa quações percentuais? ponsáveis pelas finanças da igreja devem considerar as
ação As práticas mais comuns sugerem que o orçamen- informações sobre o que foi orçado e realizado e corri-
á-lo. to seja feito com base no histórico das receitas (entra- gir qualquer descompasso o mais rapidamente possível.
nan- das) e despesas (saídas). Considerando o contexto da Segundo o Manual da Igreja, “o método mais satisfa-
Pla- pandemia, o passado pode não refletir a nova realida- tório de prover para os gastos é o plano de orçamento”
Foto: Gentileza do entrevistado
onde de. Assim, o ideal é que os orçamentos sejam feitos a (p. 143). Conhecer as informações e saber com precisão
partir do zero. É necessário, portanto, avaliar as recei- a realidade financeira da igreja é fundamental para que
ane- tas e despesas atuais e planejar o futuro com os dados a gestão dos recursos seja feita com eficiência e produ-
ento. presentes, não os históricos. za resultados eficazes para a missão.
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Foto: Jackfrog | Adobe Stock
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Foto:
10 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
CUIDE DE SUA
COMUNIDADE
A visitação
em tempos
de pandemia
Ainda que essa orientação seja novida- que o Espírito Santo também escolhe
de para a maior parte da população, as Es- para visitar e pastorear o rebanho a ele
Bruno Lopes crituras deixam claro que esse cuidado é confiado (Atos 20:28). Portanto, visitação
responsabilidade de todo ministro. Isso fica é mais do que apenas um elemento im-
evidente na maneira com que os líderes da portante do ministério; ela praticamen-
Controle e Prevenção de Doenças dos Es- Dessa forma, vemos uma forte ligação verdadeiro discípulo segue o exemplo de
tados Unidos faz uma recomendação con- entre episkopos e a prática da visitação. Cristo e sempre está pronto para cuidar
tundente: cuide de sua comunidade.2 Ou seja, o líder da congregação é aquele do próximo. Com isso em mente, surge a
Foto:
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 11
ceifado muitas vidas. Ele se valeu de sua taminado pelo novo coronavírus. Sua tiram abandonados e esquecidos quando Dani
experiência pastoral para atender o reba- recuperação foi tranquila, mas logo ele não puderam retornar aos cultos, por se- ram
nho por chamadas de vídeo. percebeu que suas congregações estavam rem do grupo de risco. opor
Foto:
12 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
mãos Observando essa situação, o pastor Quando as reuniões públicas foram liderança para ajudar no processo de visi-
casa reuniu a liderança e formulou uma estra- proibidas no interior do Paraná, o pas- tação e cuidado dos membros; (4) tomar
nham tégia de visitação, usando a estrutura da tor Daniel ficou preocupado. Em seu pri- precauções sanitárias para não se tornar
s es- Escola Sabatina. Cada ancião é responsá- meiro ano nesse distrito, ele precisava de vetor de transmissão do vírus; e (5) man-
guns vel por supervisionar algumas classes. Eles uma forma eficaz para guiar o rebanho. Por ter um plano sistemático para visitar to-
ma- auxiliam o pastor no cuidado e na visita- isso, decidiu que a visitação seria priorida- dos os membros.
a ar- ção aos membros, tendo como foco prin- de. Como os cultos estavam sendo trans- Contudo, o mais importante é o que não
para cipal atender os mais idosos. Para evitar mitidos pela Associação, Daniel concentrou mudou: o chamado do pastor para cuidar
s re- qualquer risco, eles oram e leem a Bíblia seus esforços na visitação aos membros de sua comunidade por meio da visitação.
a distância com esses membros, nos por- do seu distrito de maneira segura. Ele se Cristo nos chamou para ser pastores.
pas- tões das casas. dirigia às casas sempre usando máscara e Hoje estamos passando por tempos de
Peru. Iniciativa semelhante foi realizada conversava com os membros em um am- pandemia. Milhares viveram seu ministé-
d-19, pelo pastor Albert ao visitar a orienta- biente externo por cerca de 20 minutos. rio sem passar por algo parecido, mas Deus
s ne- dora educacional da escola em que ele Todos os membros foram visitados três nos escolheu para cuidar de Sua igreja nes-
le se atua como capelão. Na época dessa visita, meses antes do planejado, e o pastor notou ses dias de doença e aflição. Ele nos cha-
tos e o clima da equipe escolar era de medo e grande crescimento espiritual. Além disso, mou para visitar os membros durante essa
ibuí- tensão. Pessoas próximas haviam faleci- essas visitas ajudaram na retomada das re- crise. Fomos escolhidos para atuar como
tava do e outras estavam contaminadas. Além uniões públicas. Logo no primeiro culto os episkopos em tempos de isolamento so-
ulos. disso, os professores estavam estressa- templos do distrito alcançaram a capaci- cial. Ainda que seja um grande desafio, o
para- dos com a mudança drástica de rotina dade máxima permitida pelas leis munici- Espírito Santo nos capacitará. Portanto,
uma causada pelo home office. Algo precisa- pais, algo incomum na região. cabe aqui relembrar: Cuidem de sua co-
e le- va ser feito para lembrar a todos que a Já em Tucumán, Argentina, o pastor munidade!
vida prosseguia. Frederico percebeu como Deus tem to-
Referências
ncia- Albert aproveitou o fim do lockdown cado os corações durante essa crise que
1
astro de Araújo, Luís Fernando Silva e Daiane
C
rans- para retomar o hábito de celebrar os ani- assola o mundo. Enquanto atendia alguns
Borges Machado, “Impact of COVID-19 on mental
. Por versariantes do mês. Respeitando as re- membros, ele se sentiu impressionado ao health in a low and middle-income country”, Ciência
men- gras de distanciamento exigidas, munidos passar pela casa de um irmão que não es- & Saúde Coletiva (on-line), v. 25, supl. 1, junho de
2020, p. 2457-2460.
eiras de máscaras, álcool em gel, balões e car- tava frequentando a igreja havia algum
2
enter for Disease Control and Prevention, “Coping
C
estas tazes, ele e alguns funcionários da escola tempo. Ao chegar, foi recebido com muita with Stress”, disponível em <bit.ly/2CISLdf>, acesso
cantaram parabéns e oraram no portão alegria. Aquele irmão havia assistido a um em 21/7/2020.
da residência da orientadora. Vendo a rea- sermão gravado e decidido não somente 3
Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-
English Lexicon of the New Testament: Based on
ção positiva, o pastor continuou fazendo retornar à igreja, mas também devolver
Semantic Domains, 2ª ed. eletrônica (Nova York, NY:
feta- visitas nos portões, transmitindo paz aos a Deus seus dízimos atrasados. Segundo United Bible Societies, 1996), p. 541.
as ti- que estão passando por tanto estresse. Frederico, o Senhor tem usado toda essa 4
Ibid., p. 462; Gerhard Kittel, Geoffrey William
ada e Os resultados dessas visitas têm sido situação para chamar de volta Seus filhos. Bromiley e Gerhard Friedrich, Theological Dictionary
of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
oi ao notáveis. Paulo disse que os idosos se sen- 1964), seção episkopos.
tores tem abraçados e os anciãos ficam mais Adaptações a uma nova realidade 5
Ibid., p. 724; Dicionário Internacional de Teologia do
o Sul, motivados. Já Albert percebe que esses pe- Aqui apresentamos pastores de dife- Novo Testamento, 2ª ed. (São Paulo, SP: Vida Nova,
2000), p. 295-297.
dica- quenos atos de afeto e cuidado têm ajuda- rentes regiões, funções e perfis que adap-
6
llen G. White, Evangelismo (Tatuí, SP: Casa
E
do a equipe escolar a enfrentar os desafios taram a visitação à sua realidade. Fizeram e
Publicadora Brasileira, 1997), p. 440.
eco- com mais ânimo e tranquilidade. continuam a fazer o melhor dentro do que 7
llen G. White, “Appeal and Suggestions to
E
ebeu é seguro e permitido. Esses exemplos nos Conference Officers” (Silver Spring, MD: Ellen G.
o pe- Novas oportunidades ajudam a perceber elementos que devem White Estate, 1893), p. 17-19.
dade Grande parte dos pastores têm estado ser considerados no contexto atual. Entre
aces- apreensiva com as restrições provocadas eles, podemos destacar que é importante
sen- pela pandemia. No entanto, os pastores (1) ter uma linha de comunicação eficien-
BRUNO LOPES
Foto: Gentileza do autor
ando Daniel Budal e Frederico Silva percebe- te para atender casos que exijam atenção pastor em Planaltina, DF
r se- ram que, além das restrições, também há imediata; (2) visitar mais os grupos com
oportunidades. necessidades recorrentes; (3) mobilizar a
Foto:
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Foto:
14 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
Fábio Bergamo
O
a tecnologia que usávamos, e também os resultados
que obtínhamos. Na época, tínhamos mais de 30 mil ins-
U
m dos comportamentos mais impactados na pan- critos em nosso canal, e uma audiência média de 1500
demia da Covid-19 foi a forma de nos relacionarmos pessoas por culto. Atualmente, temos quase 70 mil ins-
com a internet e o ciberespaço. O distanciamento critos,5 e uma audiência que chega a 10 mil pessoas por
social, a necessidade de ficar em casa, o medo do transmissão.
contágio e as consequências psicológicas resultantes des-
Ponto de partida
ar a sa condição fizeram com que a internet se transformasse
em um tipo de válvula de escape para tudo. De educação Diante desse exemplo, talvez um dos maiores da Igreja
line a entretenimento, passando por alimentação e relações Adventista em todo o mundo, várias perguntas surgem
humanas. Segundo reportagem do The New York Times,1 a fim de entender o que nossa igreja tem feito para con-
o acesso a plataformas virtuais de entretenimento, comu- quistar tamanha audiência. Começo com algo que consi-
nicação, jogos e notícias teve um aumento exponencial dero um axioma: a transmissão on-line não visa criar uma
de acessos, motivado pelas pessoas que buscaram solu- igreja digital, mas levar o digital para a igreja. Ou seja, a
ções para atenuar os efeitos do seu estado de isolamento. transmissão de um culto deve ser um complemento do
Essa relação de dependência da rede que, de fato, já que já existe na igreja, e não a criação de uma nova igre-
existia, foi alçada a um status superior. Parece que esta- ja, em uma modalidade não presencial.
mos vendo acontecer o que Manuel Castells destacou no Por que considero importante esse pensamento? Por
início da década passada, quando disse que a internet era dois motivos. Primeiro, uma transmissão de culto, Es-
“o tecido de nossas vidas”.2 A pandemia fez com que esse cola Sabatina ou estudo bíblico deve refletir a realida-
tecido se enrijecesse e chegasse com muita força aos “ór- de do que a igreja local já fazia antes da pandemia. Se
gãos” da sociedade que ainda engatinhavam no uso das antes já havia engajamento dos membros nos cultos,
ferramentas do ciberespaço. Entre eles, a igreja. ministérios e eventos da igreja, o engajamento também
A incerteza causada pela doença e, posteriormen- acontecerá nessa nova realidade. Segundo, há o perigo
te, pelos decretos governamentais que impediram as de se planejar um culto distinto para o formato digital.
reuniões públicas, forçou as comunidades locais a uma No entanto, não devemos tratar como algo separado.
adaptação para a qual, na maioria dos casos, não esta- A igreja é uma só, seja na internet ou no templo.
vam preparadas. Nesse sentido, muitas se tornaram Partindo desses pressupostos, entendo que os lí-
retransmissoras da programação produzida pela sede deres estão prontos para o desafio de levar o digital
sul-americana da Igreja Adventista, por sedes regio- para sua igreja. Nesse processo, muitas vezes a tare-
nais, ou ainda pela TV Novo Tempo, resolvendo, assim, fa se torna ainda mais complexa devido à diferença de
o desafio do culto sabático. Contudo, isso não minimi- gerações. David Kinnaman alerta para a necessidade
zou os obstáculos que surgiram relacionados ao víncu- de se responder à seguinte pergunta: “Como podemos
lo dos membros com a igreja local. seguir Jesus – e ajudar os jovens a segui-Lo fielmente –,
A primeira ideia que muitas igrejas tiveram foi a de em uma cultura em drástica e constante transforma-
transmitir seus cultos. A Life.Church, plataforma interna- ção?”6 Quando a igreja decide digitalizar algumas de suas
cional gratuita de transmissão de cultos, teve um aumen- atividades, usar as mídias sociais para dar suporte ao
to de mais de 400% nas suas transmissões no período da seu trabalho e praticar certo tipo de media training, po-
pandemia. No Brasil, a busca por cultos on-line também dem acontecer conflitos geracionais entre jovens e líderes
teve um aumento significativo.3 mais idosos. É preciso, no entanto, encontrar o equilíbrio
Acompanhando a tendência, diversas igrejas adven- para que as programações alcancem o público de manei-
tistas investiram tempo e recursos nessas transmissões. ra correta e cumpram seus objetivos.
Algumas utilizando-se de equipamentos simples; outras Em relação ao media training, uma transmissão on-
com equipamentos sofisticados que eram usados an- line demanda preparação especial daqueles que estarão
tes da pandemia. No final de 2019, fui entrevistado pela em evidência. Por isso, os participantes devem não so-
revista Comunhão em uma matéria que considerava a
Foto: Microgen | Adobe Stock
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 15
Dicas práticas postagens em apoio às programações que resultado das transmissões. A grande
M
Após as primeiras considerações, a igre- acontecerão on-line. Esse planejamento quantidade de interessados em aprender
ja deve partir para a ação. Alguns passos deve incluir o agendamento prévio dos mais sobre a Bíblia e se firmar na igre-
devem ser dados. São eles: eventos, tanto no Youtube quanto no Fa- ja motivou, por exemplo, a realização de
Tecnologia. Câmera de boa qualidade, cebook, pois estes ficarão em evidência classes bíblicas por videoconferência e
conexão banda larga e iluminação apro- para os seguidores. Não se esqueça de que também uma série de sermões nos cultos
priada são fundamentais, por mais simples tudo deve seguir os padrões de identida- de quarta-feira com ênfase nas doutrinas
que seja a transmissão. Sem esses elemen- de visual. Uma sugestão é que as mídias adventistas.
tos, minha dica é não realizá-la. tenham postagens diárias que culminem Finalmente, por mais que haja a neces-
Cenário. O ambiente deve ser preparado nos cultos transmitidos. Portanto, escolha sidade de uma preparação diferente do
para a transmissão. O visual da igreja para temas para cada dia e crie um calendário culto presencial, não se deve considerar
uma transmissão on-line tem as suas pe- dessas postagens. Por exemplo, men- o culto transmitido como algo diferente.
culiaridades. Pense, portanto, no plano de sagem pastoral na segunda-feira, verso Não temos que criar uma igreja versão di-
fundo, nas cores e, mais uma vez, na me- bíblico na terça, mensagem de algum mi- gital. Um culto on-line deve ser uma apre-
lhor posição para iluminação. nistério na quarta, lembranças de eventos sentação adaptada para a internet do que
Plataformas. É imprescindível que seja antigos na quinta e mensagem de pre- a igreja já fazia, porém com engajamen-
escolhida uma plataforma de transmissão paração na sexta. Faça seu próprio ca- to e alcance muito maior. Uma boa trans-
aberta ao público. Nesse caso, o YouTube lendário de postagens de acordo com a missão reflete uma igreja viva, atuante e
é a primeira opção. Além disso, o Facebook realidade de sua igreja. fiel ao chamado de pregar o evangelho, al-
também é uma ótima opção pelo nível de Os itens mencionados são muito impor- cançando, de fato, os confins da Terra!
presença das pessoas. Embora o número tantes. Mas nada é tão importante quanto
Referências
de usuários do Instagram tenha crescido o conteúdo. Na internet existe um jargão:
1
Ella Koeze e Nathaniel Popper, “The Virus Changed
durante a pandemia, esse aplicativo não é a “o conteúdo é rei”. Mas, o que seria um
the Way We Internet”, The New York Times,
melhor opção para a transmissão de even- bom conteúdo para um culto? Já não te- disponível em <nyti.ms/32f0s59>, acesso em
tos. Existem soft wares que gerenciam a mos uma mensagem importante? 14/7/2020.
N
ed. 266, p. 28-31.
missões quanto na divulgação dos even- Na Igreja do Unasp-SP, Gilson Grüdt-
5
O objetivo do departamento de marketing e
tos. Escolha uma paleta de cores adequada ner, pastor titular, Robson Góes e Renato comunicação da igreja do Unasp-SP é chegar a
e um design padrão para as postagens que Prandi, pastores auxiliares, têm apresenta- 100 mil inscritos no canal do YouTube até o fim de
outubro de 2020.
deve ser replicada na transmissão tam- do conteúdos relevantes tanto nos cultos
6
David Kinnaman, Geração Perdida: Por que os
bém. Isso dará um senso de profissiona- quanto nas classes bíblicas que a igreja tem verso
jovens estão abandonando a igreja e repensando a
lismo ao trabalho. mantido durante este período. A escolha fé (Pompeia, SP: Universidade da Família, 2014). um o
Apoio nas mídias sociais. A busca por uma de temas escatológicos foi estratégica e 7
O sermão “O Abalo das Potestades do Céu no no M
transmissão de sucesso de audiência e com chamou atenção do público para assun- Final do Sexto Selo”, pregado pelo pastor Gilson diaco
Grüdtner, foi visto por mais de 548 mil pessoas,
engajamento deve ser apoiada pelas mídias tos de interesse relacionados ao momento sendo o vídeo mais acessado do canal da Igreja dos d
sociais da igreja. Faça uma campanha prévia pelo qual o mundo está passando. Para se do Unasp-SP. Está disponível em <youtu.be/ tritas
vRs6YkqowHs>.
para que os membros da congregação se ter uma ideia, algumas programações rea- tas e
tornem seguidores das mídias da igreja, bem lizadas pela igreja já tiveram mais de meio FÁBIO BERGAMO Ceia.
Foto: Andrey Popov | Adobe Stock
Planejamento de postagens. As mí- Conteúdo relevante, bem preparado diretor do departamento de go, é
Comunicação da Igreja do
dias sociais devem ser geridas seguin- e apresentado move as pessoas a tomar Unasp-SP
lugar
do um rígido padrão de planejamento de decisões. Pessoas foram batizadas como ção à
16 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
IGREJA
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MINISTÉRIO DO
nder
gre-
SERVIÇO
o de
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ultos A influência
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espiritual do
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a
mais
meses
o em
nhão,
Nerivan Silva
N
o início do último trimestre do ano, questões: O que é o diaconato? Quem é a função tiveram a aprovação da igreja de
nas igrejas adventistas, forma-se a o diácono? que eram pessoas de profunda experiên-
de comissão de nomeações. Sua atri- O livro de Atos registra a nomeação cia espiritual.
buição é indicar pessoas para os di- dos primeiros diáconos na igreja apostó-
do a
versos departamentos por um período de lica. “Então, os doze convocaram a comu- Estêvão
). um ou dois anos, conforme estabelecido nidade dos discípulos e disseram: Não é Entre os sete nomeados para o diacona-
no Manual da Igreja. Entre estes, está o razoável que nós abandonemos a palavra to encontrava-se Estêvão. Seu nome signi-
n diaconato. Em muitos lugares, as funções de Deus para servirmos às mesas. Mas, ir- fica “coroa”, “grinalda” e “louros da vitória”.1
,
a dos diáconos e das diaconisas ficaram res- mãos, escolhei dentre vós sete homens de Ele é descrito como um “homem cheio de fé
tritas ao recolhimento dos dízimos e ofer- boa reputação, cheios do Espírito e de sa- e do Espírito Santo” (At 6:5). Além disso, era
tas e aos preparativos e serviço da Santa bedoria, aos quais encarregaremos deste “judeu de nascimento, falava a língua grega
Ceia. Além disso, algumas vezes, quando serviço” (At 6:2, 3). e estava familiarizado com os usos e costu-
Foto: Andrey Popov | Adobe Stock
alguém, por alguma razão, fica sem car- Na igreja apostólica, três aspectos fo- mes dos gregos.”2 Para o desempenho de
Foto: Gentileza do autor
go, é sugerido que essa pessoa ocupe um ram fundamentais na nomeação dos diá- suas tarefas, os diáconos receberam a im-
lugar no diaconato. Essa postura em rela- conos: boa reputação, dotação do Espírito posição das mãos (At 6:6). Isso indica que
ção à importância do cargo levanta duas Santo e sabedoria (v. 3). Os indicados para o diaconato abrange aspectos espirituais.
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 17
são oficiais que exercem que Eu lhe der nunca mais terá sede;
pelo contrário, a água que Eu lhe der
alime
e atr
influência na comunidade, será nele uma fonte a jorrar para a vida Os d
eterna” (Jo 4:13, 14). Para que um cristão po tê
ajudando-a a ter uma exerça influência espiritual sobre outras mem
pessoas, ele deve estar ligado à fonte. o em
experiência genuína de Nesse caso, Jesus Cristo. Ninguém dá o sofre
De fato, o homem que servia às me- ções no serviço de adoração (ofertório, vinculado à vida espiritual desses oficiais sos d
Foto: William de Moraes
sas se demonstrou um líder na igreja cuja organização), nas cerimônias (batismo, da igreja. Assim, eles ocupam um espaço ser e
marca principal foi sua profunda comu- Santa Ceia) e em outras ocasiões são re- que vai além das atividades que conven- creve
nhão com Deus. levantes para o bom funcionamento da cionalmente têm feito. edific
18 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
papel O pastor e o diaconato trabalho de obreiros sábios para discer- distribuídas ao longo de uma área geo-
Isso Como líder principal, o pastor tem pa- nir e desenvolver talentos na igreja – ta- gráfica mais ampla. Cada igreja tem suas
a Pa- pel importantíssimo a desempenhar no lentos que possam ser preparados para o peculiaridades que envolvem pessoas, ne-
eles apoio e acompanhamento aos ministérios uso do Mestre. [...] São necessárias instru- cessidades específicas e questões admi-
a de da igreja. As atividades e atribuições do ção e educação. [...] nistrativas. Por isso, é fundamental que
diaconato estão muito próximas do mi- “Muitos teriam boa vontade de tra- haja uma equipe de líderes que dê apoio
onos nistério pastoral. Por exemplo, a visita- balhar, se lhes ensinassem a começar. Es- ao ministério do seu pastor. Tais líderes de-
s ati- ção, o serviço de adoração e as cerimônias ses necessitam ser instruídos e animados. vem ter essa consciência, pois “a ideia de
itua- da igreja. Toda igreja deve ser uma escola missioná- que o pastor deve levar toda a carga e fa-
s que O pastor deve fortalecer o diaconato em ria para obreiros cristãos. Seus membros zer todo o trabalho é um grande engano”.8
s de- sua igreja por meio de um ministério ati- devem ser instruídos em dar estudos bíbli- A liderança da igreja, em Jerusalém, teve
crité- vo em favor desses líderes. Isso pressupõe cos, em dirigir e ensinar classes da Escola essa visão.
so e que esse grupo precisa ser visitado e orien- Sabatina, na melhor maneira de auxiliar os Portanto, a função do diaconato não
drão tado pelo líder maior. No apoio aos minis- pobres e cuidar dos doentes e de trabalhar está restrita somente ao recolhimento dos
térios da igreja, o papel do pastor tem uma pelos não convertidos.”5 dízimos e das ofertas. Tampouco se res-
dimensão dupla: espiritual e pedagógica. Nessa declaração de Ellen White, algu- tringe aos cuidados com a ordem e os as-
Na primeira, ele apascenta. Os ho- mas atividades diretamente relacionadas pectos físicos da igreja. Trata-se de uma
ana: mens e as mulheres que compõem o dia- ao diaconato estão inclusas. “Os diáconos e função altamente espiritual. Tanto é as-
a ter conato exercem influência espiritual e diaconisas são encarregados de auxiliar os sim que o exercício dela requer o ato da
água também são ovelhas que carecem de doentes, pobres e infelizes e devem man- ordenação (At 6:6). O apóstolo Paulo, ao
ede; alimento espiritual. Eles têm necessidades ter a igreja informada de suas necessida- descrever as qualificações dos líderes da
e der e atravessam crises pessoais e familiares. des e obter o apoio dos membros.”6 O Guia igreja, uniu o ancionato e o diaconato no
vida Os dias difíceis que marcam nosso tem- para Diáconos & Diaconisas, no capítulo 8, mesmo bloco (1Tm 3:1-13). Diáconos e dia-
stão po têm atingido de forma contundente os contém uma exposição metódica, inclusi- conisas são oficiais que exercem influên-
utras membros da igreja. Muitos deles perderam ve com sugestões, de como essas ativida- cia na comunidade, ajudando-a a ter uma
onte. o emprego, vivenciam conflitos conjugais, des podem ser realizadas. experiência genuína de reavivamento
dá o sofrem o drama de relacionamentos fragi- Na dimensão pedagógica, o pastor espiritual.
lizados ou lidam com questões econômicas cumpre um papel fundamental. Por meio
Referências
árias e financeiras. Portanto, necessitam de con- de seminários de capacitação e da visita-
1
rancis D. Nichol (ed.), Comentário Bíblico Adventista
F
ndá- dução espiritual. É nesse cenário que entra ção aos membros em companhia de diá-
do Sétimo Dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
ação, a figura do pastor para orientar e acompa- conos e diaconisas, o pastor pode formar 2016), v. 6, p. 184.
, en- nhar o rebanho (Sl 23:4). Apascentar toda um diaconato eficiente que será de gran- 2
llen G. White, Atos dos Apóstolos (Tatuí, SP: Casa
E
dem essa gente deve ser a função prioritária de apoio ao seu ministério. Publicadora Brasileira, 2014), p. 97.
as di- do pastor. 3
Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 101.
udos cisam ser ensinadas quanto aos princípios quando Moisés estava procurando levar
7
Divisão Sul-Americana da IASD, Guia para Diáconos
& Diaconisas, p. 20.
diá- espirituais, mas também devem ser capa- sozinho fardos tão pesados que logo su- 8
Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 68.
m se citadas para desempenhar suas funções cumbiria sob o peso deles, foi aconselha-
mis- na obra de Deus. do por Jetro a fazer planos para uma sábia
está Os membros da igreja, com seus diver- distribuição de responsabilidades.”7 NERIVAN SILVA
Foto: Andrey Popov | Adobe Stock
ficiais sos dons (1Co 12:4-11; Ef 4:11, 12), necessitam A atuação do diaconato na igreja é um editor da Revista do Ancião,
Foto: William de Moraes
paço ser ensinados a trabalhar. Ellen White es- suporte indispensável para o ministério na Casa Publicadora
Brasileira
ven- creveu: “O que agora se necessita para a pastoral. O ministro precisa supervisio-
edificação de nossas igrejas é do aprazível nar um conjunto de igrejas, muitas vezes,
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 19
CAMPO
aparente contradição nos
escritos de Ellen White
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CIDADE
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À
Walter Alaña cont
Whit
um c
A
o estudar os escritos de Ellen White, prom
é possível dizer que existe contra- outro
dição entre a instrução para deixar quais
as cidades e a exortação para em- com
preender uma evangelização urbana mais intensiva? É necessá- A
rio ter cautela para lidar com esse tema e considerar as orientações o ide
dentro de seu contexto original. Ela relaciona o término da proclama- viva
ção da terceira mensagem angélica com o fechamento da porta da graça, Por i
indicando que, quando o povo de Deus concluir a pregação do evangelho sob tros u
o poder da chuva serôdia, será capaz de resistir ao teste final. Em O Grande Conflito, eaa
Ellen White declarou: “Quando se encerrar a mensagem do terceiro anjo, a misericór- pest
dia não mais pleiteará em favor dos culpados habitantes da Terra. O povo de Deus terá Para
cumprido sua obra. Recebeu a ‘chuva serôdia’, o ‘refrigério pela presença do Senhor’, e ideal
está preparado para a hora probante que está diante dele.”1 o am
À luz dessa declaração, pode-se dizer que a melhor preparação para enfrentar a última de au
crise é estar capacitado para participar da proclamação final. A pregação do evangelho é vime
Jacob Lund | Adobe Stock
o único sinal do tempo do fim no qual o povo de Deus tem participação direta (Mt 24:14). pode
Continuamente, Ellen White incentivou os diferentes níveis eclesiásticos e as várias serve
Foto: Lassedesignen | Adobe Stock
instituições da igreja a manter esse foco missionário, a fim de cumprir fielmente seu pa- juízo
pel no cenário do tempo do fim. Suas diversas declarações sobre o estilo de vida dos Co
adventistas do sétimo dia devem ser lidas e compreendidas dentro desse contexto. sécu
zar a
Foto:
20 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
a
s
e
u pa- juízos divinos que cairão sobre as cidades.7 dessas cidades que há muito são apon- Ellen White ressaltou: “Repetidamente
dos Contudo, a partir da última década do tadas como locais que devem ser traba- nos vem o Senhor instruindo que deve-
o. século 19, Ellen White começou a enfati- lhados sem demora? Quem assumirá a mos fazer o trabalho nas cidades partin-
zar a importância de proclamar a tríplice responsabilidade dessa obra?”9 do de centros avançados. Nessas cidades,
Foto:
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 21
22 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
uma todo o cuidado e devoção, tendo o espíri- remotas e pouco povoadas. Os adven- 3
Ellen G. White, Vida no Campo (Tatuí, SP: Casa
Publicadora Brasileira, 2015), p. 20, 21.
r en- to e o coração despertos para ouvir a voz tistas reconhecerão que esse momento
4
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas (Tatuí, SP:
ados de Deus.”22 chegou quando um decreto de morte for
Casa Publicadora Brasileira, 2015), v. 2, p. 356.
van- emitido contra eles. “Quando o decreto 5
llen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP:
E
essa Hora de partir promulgado pelos vários governantes da Casa Publicadora Brasileira, 2014), v. 4, p. 136.
as ci- Ellen White exorta o povo de Deus a cristandade contra os observadores dos 6
llen G. White, A Ciência do Bom Viver (Tatuí, SP:
E
ôme- deixar as cidades, mas essa partida deve mandamentos lhes retirar a proteção do Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 190.
povo ser progressiva. A princípio, a mudança governo, abandonando-os aos que lhes 7
Ellen G. White, Vida no Campo , p. 45, 46.
ós se, deve ser de grandes centros para cida- desejam a destruição, o povo de Deus fu- 8
Ellen G. White, Ministério Para as Cidades (Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 23.
des menores. Em relação a essa primei- girá das cidades e vilas e se reunirá em gru-
9
Manuscrito 9, 27 de janeiro de 1910.
ma- ra saída, ela adverte: “Repetidas vezes o pos, habitando nos lugares mais desertos
10
Ellen G. White, Vida no Campo , p. 46.
que Senhor tem dado instruções de que nosso e solitários.”25
11
Ibid., p. 44.
ocais povo deve tirar suas famílias das cidades
Ibid., p. 45.
Conclusão
12
stas. [cities ] para o campo, onde poderão
13
llen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 183, 184,
E
e sua cultivar seu próprio mantimento; pois no Ao considerar essas orientações, pode-
193, 194.
ífica. futuro o problema de comprar e vender mos afirmar que há conselhos suficientes 14
Ellen G. White, Vida no Campo, p. 44, 45.
é ne- será bem sério. Devemos começar, agora, a para tomar decisões sábias. Ellen White 15
onte Sahlin, Mission in Metropolis: The Adventist
M
omo atender às instruções que frequentemen- diz: “É a própria essência de toda fé correta Movement in an Urban World (Lincoln, NE: Center
ades te nos têm sido dadas: ‘Saiam das cidades fazer a coisa certa na hora certa.”26 Che- for Creative Ministry, 2007), p. 16.
dade [cities ] para as zonas rurais, onde as casas gou, portanto, a hora de deixar as cidades? 16
lgumas ideias dessa seção foram extraídas de
A
Arthur L. White e E. A. Sutherland, Da Cidade Para
mprir não são aglomeradas, e onde vocês esta- Chegou a hora de dar passos de fé em di- o Campo (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira,
rão livres da interferência dos inimigos.’”23 reção ao ideal de Deus. 2019), p. 5-63.
con- Ela também indica que chegará o mo- A Bíblia ensina que toda vez que um fi- 17
llen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí,
E
SP: Casa Publicadora Brasileira, 2015), v. 2, p. 115.
con- mento de fugir. Primeiro, dos grandes lho de Deus decide dar passos de fé em
18
er Shundalyn Allen, “City, Town, and Village –
V
m só centros às cidades menores. A última obediência à direção divina, experimenta
What’s the Difference?”, <bit.ly/2NXorh7>, acesso
cada oportunidade de fazer essa mudança será o cumprimento das promessas do Senhor em 24/5/2020.
eção quando a lei dominical for promulgada nos (Js 21:43-45). Isso contribui para o pleno 19
Ellen G. White, Ministério Para as Cidades, p. 92, 93.
uma Estados Unidos. Em suas palavras, “Como o desenvolvimento de seu caráter (santi- 20
llen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí,
E
pas- cerco de Jerusalém pelos exércitos romanos dade); enquanto cresce progressivamen- SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010), v. 7, p. 79.
ado- era o sinal de fuga para os cristãos judeus, te na capacidade de proclamar a tríplice 21
Ellen G. White, Conselhos Para a Igreja (Tatuí, SP:
Casa Publicadora Brasileira, 2010), p. 61.
o. [...] assim o apropriar-se nossa nação [Estados mensagem angélica (missão), aspectos que
22
Ellen G. White, Vida no Campo, p. 38, 39.
ndo a Unidos] o poder no decreto que torna obri- constituem a preparação essencial para o
23
Ibid., p. 15.
ão se gatório o dia de repouso papal será uma ad- breve encontro com Jesus.
24
Ibid., p. 47.
meza, vertência para nós. Será então tempo de
Referências 25
Ellen G. White, O Grande Conflito , p. 626.
Pode deixar as grandes cidades, passo preparató-
1
llen G. White, O Grande Conflito (Tatuí, SP: Casa
E 26
llen G. White, Notas Biográficas de Elena G. de
E
ecipi- rio ao sair das menores para lares retirados
Publicadora Brasileira, 2014), p. 613. White (Buenos Aires: Aces, 2014), p. 366.
gócio em lugares solitários entre as montanhas.”24 2
er Allan Novaes e Wendel Lima, “Country Versus
V
isso. Posteriormente, os fiéis terão que dei- City Tension: Historical and Socio-religious Context
Foto: Travelview | Adobe Stock
a pie- xar os centros menores e fugir para áreas of the Development of Adventist Understanding of WALTER ALAÑA
Foto: Gentileza do autor
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 23
FÉ E
AÇÃO
Lições da experiência de Neemias sobre resolução de conflitos
Ricardo Norton
O
conflito é um intruso que passou a ameaças de seus inimigos. Sua história O líder autocrático lidera por si mesmo e respo
fazer parte do planeta algum tem- nos apresenta lições úteis para encarar toma decisões sem consultar. O líder auto- ciona
po depois da semana da criação. O com sucesso os conflitos atuais. ritativo lidera com base na autoridade rece- de de
mundo era perfeito e harmonio- bida pelo povo, depois que este verifica sua músi
so, até que Satanás, enganando nossos Enfrentando conflitos eficiência e seu desejo de buscar o bem- most
primeiros pais, semeou decepções, inimi- Dependência de Deus. Em alguns as- estar de todos. nal d
zades e contendas. Hoje, tanto a história pectos, a reação de Neemias ao conflito Na maioria dos desafios relatados em
quanto as ciências biológicas, políticas e foi semelhante à de Esdras, seu contem- seu livro, Neemias é conhecido por ter O res
sociais testemunham a natureza confli- porâneo. Como sacerdote, Neemias, vendo exercido liderança autoritativa; pois o Re
tuosa do mundo em que vivemos. A pre- a difícil situação do povo, também chorou, povo o ouvia e lhe obedecia voluntaria- cord
valência de conflitos em nosso cotidiano jejuou e orou (Ne 1:4; 2:2, 4; 4:4). No entan- mente. Contudo, no caso dos casamen- ros d
fez com que fossem considerados algo to, em outros aspectos, ele era muito di- tos mistos, fica claro que ele foi autoritário, de su
“natural, inevitável, necessário e normal”.1 ferente de Esdras. Diante da destruição de devido à persistência dos judeus em come- te, co
As consequências negativas do conflito Jerusalém e do afastamento do povo em ter esse pecado. ra e e
são inegáveis. Nosso desafio é enfrentá- relação aos princípios divinos, o sacerdote Organização detalhada. A desorganiza- os m
las. Este artigo analisa como Neemias arrancou os cabelos e a barba. Por sua vez, ção tem o potencial de agravar os conflitos. realiz
superou as dificuldades que envolviam Neemias começou a arrancar os cabelos e a A capacidade organizacional de Neemias tante
os judeus em Jerusalém durante os dias barba dos desobedientes! Nos tempos bí- pode ser vista desde o início do livro. Con- se op
do império persa. Ele enfrentou simul- blicos, esse ato expressava raiva, insulto e siderando as circunstâncias que enfrentaria Essa
taneamente vários problemas: a gran- desprezo (2Sm 10:4; Is 50:6). durante sua missão, ele pediu ao rei cartas mias
de quantidade de judeus casados com Liderança autoritativa. Uma análise da que o autorizassem a atravessar territó- mais
mulheres pagãs; a restauração dos mu- linguagem de Neemias o apresenta como rios de outros governadores do império e tame
ros de Jerusalém, com suas respectivas um líder que dava ordens diretas (por lhe dessem madeira para a restauração da Ab
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portas; a transgressão do sábado por exemplo, Ne 7:3; 13:25). Deve-se notar que, cidade de Jerusalém. povo
parte dos comerciantes; a injustiça so- apesar de vir da mesma raiz etimológica, Depois de concluir o trabalho de re- nanc
cial, opressão dos pobres e ganância; a as palavras autoritativa e autoritária ex- edificação dos muros e portões, o gover- pobr
paralisação do serviço do templo e as pressam diferentes posturas de liderança.2 nador passou a nomear líderes e delegar mias
Foto:
24 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
mo e responsabilidades específicas para o fun- decisões drásticas para aliviar a fome e as intimamente relacionados com a observân-
auto- cionamento eficaz da cidade. A maneira necessidades das pessoas. Ele instou os cia do sábado, que era semanalmente trans-
rece- de dedicar o muro, organizada, com coros, credores a renunciar aos juros de emprés- gredida pelo comércio entre habitantes
a sua música e sacrifícios de animais, também timos que haviam concedido, o que eles fi- locais e estrangeiros, que traziam seus pro-
bem- mostra a grande capacidade organizacio- zeram imediatamente. dutos em animais para vendê-los na cidade.
nal de Neemias. Reformas religiosas. Concluída a recons- A solução prescrita por Neemias foi fechar
s em trução do muro, Neemias concentrou-se no as portas antes do pôr do sol na sexta-
r ter O resultado desenvolvimento de reformas religiosas, a feira até depois do pôr do sol no sábado.
ois o Restauração dos muros em tempo re- fim de levar os israelitas à comunhão com Para garantir que não houvesse co-
aria- corde. Concluir a reconstrução dos mu- Deus e aos princípios que o Criador esta- mércio no sétimo dia, ele colocou alguns
men- ros de Jerusalém em 52 dias, após 70 anos beleceu nas Escrituras Sagradas. Um dos de seus homens de confiança para vigiar
tário, de sua destruição, foi algo surpreenden- primeiros passos foi organizar um serviço as portas. Como os comerciantes acampa-
ome- te, considerando seu comprimento, altu- religioso para a dedicação do muro.5 ram do lado de fora dos portões fechados,
ra e espessura.3 Além da rapidez com que Esse serviço exigia a participação de le- tentando os habitantes a fazer negócios,
niza- os muros foram refeitos, o trabalho foi vitas e cantores que haviam sido obriga- Neemias os advertiu, possivelmente do
flitos. realizado com voluntários e sob a cons- dos a deixar o templo e voltar para suas alto do muro, e os ameaçou dizendo que
mias tante ameaça de inimigos armados que casas. Neemias os trouxe de volta a Jeru- se fizessem isso de novo, eles seriam pre-
Con- se opunham à sua restauração (Ne 6:15). salém para organizar coros e fazer par- sos (Ne 13:19-21).6
ntaria Essa conquista administrativa deu a Nee- te da cerimônia de dedicação, que incluía Dissolução dos casamentos com mu-
artas mias a reputação de ser um dos líderes o sacrifício de animais (Ed 12). Além disso, o lheres estrangeiras. Diante do problema
ritó- mais destacados e hábeis do Antigo Tes- governador expulsou Tobias do santuário, crônico que era o jugo desigual, Neemias
ério e tamento na administração de conflitos.4 jogando fora todos os seus bens e restau- repreendeu, amaldiçoou e feriu alguns ju-
ão da Abolição da usura. Ouvindo o clamor do rando a fidelidade nos dízimos, para que deus, provavelmente os mais relutantes
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povo (Ne 5:1) e conhecendo os abusos fi- os levitas fossem restabelecidos em suas em obedecer (Ne 13:25). Suas ações drás-
e re- nanceiros cometidos contra os membros funções religiosas (Ne 13:1-13). ticas foram planejadas para impedir que
over- pobres da mesma família espiritual, Nee- Observância do sábado. O serviço do o problema se repetisse, como aconteceu
egar mias ficou furioso e foi obrigado a tomar santuário e a adoração a Deus estavam com Esdras. Deve-se notar que separar o
Foto:
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 25
P
esposo da esposa, os pais dos filhos, é algo
realmente traumático; por isso, muitos vol-
tavam para sua família.
Lições de liderança
Neemias teve que lidar com os mesmos
problemas anos depois não é necessaria-
mente verdadeira. Quando um servo de
Deus prega fielmente a mensagem bíblica
e as pessoas a rejeitam, o fracasso é delas,
É importante destacar que a Bíblia regis-
tra as ações positivas e negativas dos he-
róis da fé, e isso se aplica a Neemias. No
entanto, certamente sua história provê re-
flexões úteis que nos ajudarão a lidar com
F
diplo
na]; m
Cada líder enfrenta os conflitos de não do pregador. Algo semelhante acon- os conflitos atuais. da id
maneira diferente, influenciado por sua teceu com o próprio Neemias. Após ficar ciona
Referências
personalidade e visão. Sendo contem- distante por um tempo, ele teve que en- nort
1
Bernard Mayer, The Dynamics of Conflict Resolution:
porâneos,7 Esdras e Neemias administra- frentar novamente várias questões que les q
A practitioners guide (San Francisco, CA: Jossey-
ram os mesmos problemas dependendo já havia corrigido em seu primeiro perío- Bass, 2000), p. 3. tário
de Deus, mas enfrentando-os de manei- do em Jerusalém (Ne 13:4-31).8 2
A raiz etimológica dessas palavras vem do eles
ra distinta. Mais do que diversidade es- Coragem para pedir. Neemias não ti- termo grego autokrateía, que significa “poder acon
independente”, “poder autossustentável”.
tratégica, a diferença entre esses dois nha autoridade civil nem recursos huma- mese
3
Dimensões da muralha em metros: comprimento,
líderes foi marcada por suas personali- nos e financeiros para reconstruir o muro. 4.018; altura, 12; largura, 2,5.
de cin
dades singulares. Os parágrafos a seguir Ele precisava de ajuda! Por isso, pediu auxílio 4
A fama de Neemias como líder pode ser vista na
fazer
apresentam algumas lições objetivas que às personalidades mais poderosas que co- quantidade de livros, artigos, teses de doutorado e O
sermões sobre sua liderança.
podemos aprender com Neemias para re- nhecia: Deus, que prometeu ajudar Seu povo ção,
5
Esse serviço religioso para a dedicação de um muro é
solver conflitos. em todos os momentos (Ne 1:8-11); e o rei Ar- a cha
o único registrado nas Escrituras.
Decisões impopulares. O pecado sem- taxerxes, que apreciava sua dedicação. Sem bei d
6
Essa expressão implica o uso da força física, que
pre resulta em consequências negativas e dúvida, Deus respondeu à oração de Nee- Neemias estava disposto a usar, quando colocou norte
muitas vezes nos coloca em situações im- mias e deu-lhe graça aos olhos do rei, que o pessoas armadas com espadas, lanças e arcos para mãos
proteger a construção das muralhas e confrontou
possíveis de ser resolvidas sem sofrimen- nomeou, imediatamente, como governador os judeus casados com mulheres estrangeiras
de e
to. A estratégia de Esdras de permitir que da Judeia, dando-lhe autoridade e os meios (Ne 4:13-18; 13:25). Isso f
os homens livremente deixassem espo- para reparar os muros de Jerusalém. 7
É evidente que o trabalho de Neemias como na pr
governador e o de Esdras como sacerdote
sas e filhos não funcionou porque exigia Estilo de liderança. A maneira violenta lias d
convergiram, pois ambos aparecem juntos exercendo
a renúncia da condição familiar. Sabendo com que Neemias tratou os homens casa- suas responsabilidades civis e religiosas em favor do uma
disso, Neemias foi além, proibindo poste- dos com mulheres estrangeiras tem sido povo de Deus (Ne 8:9; 12:26-36). cham
riores matrimônios mistos. O casamento alvo de muitas críticas. Alguns o conside-
8
Em seu diálogo com o rei e a rainha, Neemias te bo
estabeleceu um tempo para retornar ao serviço
com pessoas de outras crenças religiosas ram um líder cruel e antiético, um homem do palácio. Depois de 12 anos como governador ja ma
é muito comum atualmente; mas essas “raivoso, despótico e sem tato”.9 Apesar de da Judeia, ele voltou a Susã para servir ao rei Es
(Ne 5:14). Ao ouvir que o povo havia retornado aos
uniões frequentemente enfraquecem a seu caráter impetuoso, não se pode negar uma
seus maus caminhos, ele pediu permissão para
fé e, às vezes, levam à apostasia. É im- que Neemias teve sucesso em enfrentar o voltar a Jerusalém (Ne 13: 6-7). aque
portante alertar o povo de Deus sobre as conflito e era temente a Deus, benevolen- 9
Esses defeitos de Neemias foram considerados simp
consequências negativas do jugo desigual te e altruísta. Um líder apegado aos man- por Pfeiffer como “suas melhores qualidades”, muit
ver George Buttrick (org.), The Interpreter’s Bible
(2Co 6:14). Frequentemente, o líder é obri- damentos estabelecidos nas Sagradas Commentary (Nashville, TN: Abingdon, 1978), v. 3, come
Fotos: Foto: Pixelheadphoto | Adobe Stock e Arquivo DSA
gado a se posicionar em questões difíceis, Escrituras (Ne 1:7), que orava frequente- p. 808, 809. pude
e seu parecer poderá ser muito criticado. mente (Ne 1:4, 6, 11; 2:4; 4:9) e tinha com- Mais
No entanto, críticas que não têm funda- paixão de seu povo (Ne 1:4). RICARDO NORTON lugar
mento bíblico nem moral não devem ser Em suma, a paciência, mesmo do lí- diretor do programa Ame
Foto: Gentileza do autor
levadas em consideração. der mais devoto, tem limites. Certamen- hispano de doutorado em do. T
Ministério na Universidade
Pregação e fracasso. A ideia de que te, isso não deveria nos tornar violentos. Andrews
dias
Esdras falhou em sua reforma porque Nesse caso, aprendemos por contraste. visita
26 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
LIÇÕES DE VIDA
PROMESSA CUMPRIDA
F
az algum tempo desde que escrevi à
egis- Review. O silêncio, no entanto, não
s he- é sinônimo de inatividade. Passei al-
s. No gum tempo tentando revalidar meu
ê re- diploma de medicina neste país [Argenti-
com na]; mas, por enquanto, tive que desistir
da ideia de receber reconhecimento na-
cional por causa do preconceito contra os
norte-americanos, especialmente aque-
ution:
les que são profissionais. Um dos secre-
y-
tários me disse que era inútil tentar, pois
eles não me aprovariam. Isso, porém, só
aconteceu depois que se passaram três
meses e de eu visitar os escritórios mais
to,
de cinquenta vezes para obter o direito de
a
fazer o exame. primeira parte do mês passado, esses mes- em breve. Foi organizada uma Escola Sa-
do e O resultado final foi uma grande decep- mos dois irmãos voltaram e passaram vá- batina de cerca de trinta membros, e os
ção, mas não me desanimou. Isso me deu rios dias na cidade, dando estudos bíblicos batizados se uniram a uma igreja do outro
muro é
a chance de sair a campo novamente. Aca- e fazendo visitas de casa em casa. Assim, lado do rio, na qual os dois irmãos mencio-
bei de voltar de uma viagem pela região o interesse foi aprofundado e alguns co- nados anteriormente são ancião e diácono.
e
ou norte da Argentina, onde visitei alguns ir- meçaram formalmente a deixar de traba- É inspirador ver a prontidão com que
para mãos que tive o privilégio de levar à verda- lhar no sábado. muitas dessas pessoas católicas recebem
ou
de e batizar cerca de dezoito meses atrás. Os dois irmãos haviam lhes prometido a verdade para este tempo. Certamente o
Isso foi próximo da cidade de Empedrado, que um ministro os visitaria, e eles estavam Senhor tem muitas joias entre os milhões
na província de Corrientes. Uma das famí- esperando ansiosamente que a promessa de católicos de fala hispana; mas onde es-
lias desceu o rio Paraná e se mudou para fosse cumprida. Então, quando cheguei, tão os obreiros que devem alcançá-las? Es-
cendo
or do uma cidade próxima na mesma província, estavam tão prontos para ouvir quanto a tamos orando para que o Senhor da seara
chamada Bella Vista. O lugar é realmen- casa de Cornélio quando Pedro chegou. Fiz envie trabalhadores para Sua seara. Alguns
te bonito, pois grandes pomares de laran- visitas de casa em casa, tratando os doen- jovens fortes que podem ler este relato
o
r ja margeiam o rio por alguns quilômetros. tes e ministrando estudos bíblicos. Todas não se oferecerão para nos ajudar? Exis-
Essa família, apesar de incapaz de ler as noites realizávamos uma reunião públi- tem nesses campos milhões de pessoas a
aos
uma palavra, começou a trabalhar por ca, apresentando as profecias e as verda- mais do que missionários para levar-lhes a
aqueles a quem conheceu e, de maneira des especiais para este tempo. O Senhor Palavra. Que o Senhor ponha sobre nós o
simples, dizer a verdade. Alguns ficaram abençoou grandemente o trabalho, e o in- fardo da mensagem!
muito interessados e, ao adquirir Bíblias, teresse era muito maior quando eu parti do
le Referência
v. 3, começaram a ler, embora o professor não que quando cheguei.
Fotos: Foto: Pixelheadphoto | Adobe Stock e Arquivo DSA
pudesse citar-lhes um único texto bíblico. O padre fez advertências contra nós na Extraído de “Argentina, South America”, Review and
Herald, 6 de dezembro de 1906, p. 15.
Mais tarde, alguns irmãos passaram pelo escola pública, mas a influência da Palavra
lugar a caminho do encontro da União Sul- continuou aumentando. De modo espe-
Americana, no Paraná, em março passa- cial, meu trabalho com os doentes abriu as ROBERT HABENICHT
Foto: Gentileza do autor
do. Tendo que esperar o barco por dois portas em muitos lugares. Antes de partir, pioneiro adventista
na Argentina
dias nesse local, aproveitaram o tempo tive o privilégio de batizar quinze pessoas,
visitando aqueles interessados. Durante a e há outras dez que esperam ser batizadas
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 27
SANTUÁRIOS
A relação entre o jardim do
Éden e o tabernáculo israelita
O
texto de Gênesis 2:4 a 3:24 contém terminologia e
conceitos associados no Antigo Testamento à teo-
logia do santuário. Isso levou alguns a sugerir que
o Éden fosse “um tipo de arquétipo do santuário”.1
Embora o jardim não fosse um santuário no sentido em que
o tabernáculo israelita era, encontramos nessa perícope os
primórdios da teologia do santuário. A seguir, resumiremos
importantes estudos exegéticos e teológicos sobre o assun-
to por teólogos não adventistas e exploraremos como suas
ideias podem contribuir para uma compreensão melhor da
doutrina do santuário.
Paralelos
Localização oriental. O jardim estava localizado na se-
ção oriental do Éden (Gn 2:8) e, aparentemente, sua entrada
também ficava para o leste (Gn 3:24).2 A entrada do santuá-
rio israelita também era voltada para o oriente (Êx 27:13-16).3
Em certo sentido, o portão do jardim funcionava mais como
uma saída do que uma entrada, enquanto o portão do san- ident
tuário era uma entrada, um retorno do leste. lo da
Fonte de água. O Éden era uma fonte de água abundante asso
(Gn 2:10). A água era usada no santuário para mantê-lo lim- Á
po e para a purificação dos sacerdotes. Havia uma pia perto re da
Ilustração: Atelier Sommerland | Adobe Stock
28 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
Ouro e pedras preciosas. A narrativa do Éden menciona
ouro e pedras preciosas (Gn 2:12). Os móveis do tabernáculo
eram cobertos de ouro e uma das vestes do sacerdote era
decorada com pedras preciosas (Êx 25:7, 13, 18, 24). Alguns
encontram aqui elementos comuns compartilhados pelo jar-
dim e pelo santuário.9 O termo “ônix” é usado em Gênesis e
no contexto do santuário (Êx 28:9-12). A associação termino-
lógica é válida e apoia a visão de que o jardim e o santuário
compartilham algumas concepções fundamentais.
Querubins. Os querubins são mencionados pela primeira
vez em Gênesis 3:24. Figuras de querubins foram usadas para
decorar as cortinas internas do tabernáculo (Êx 26:1, 31), e duas
delas faziam parte da arca da aliança (Êx 25:17-22).10 Eles esta-
vam ali, como no Éden, como servos de Deus. Os querubins
que ficavam na entrada do jardim eram um lembrete de que
o Senhor ainda estava acessível às pessoas.
Guardando a entrada. A função dos querubins era “guar-
dar [shamar ] o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24); isto é,
proteger a santidade do jardim e o acesso ao símbolo da vida.
Os levitas foram colocados ao redor do santuário para ter
“o cuidado da guarda [shamar ] do tabernáculo do testemu-
nho (Nm 1:53, ACF). Eles eram responsáveis por proteger o
tabernáculo contra qualquer pessoa que quisesse invadi-lo.11
Trabalho de Adão. Os seres humanos deveriam “cultivar
[cabad ] e guardar [shamar ]” o jardim (Gn 2:15). Esses verbos
também são usados juntos em Números 3:7 e 8; 8:26; 18:5 e
6 para descrever os deveres dos levitas em trabalhar, minis-
trar e guardar o santuário.12 Adão estava fazendo no jardim
uma tarefa que mais tarde foi designada aos levitas.
Vestes de Adão e Eva. Após a queda, Deus providenciou
vestes para Adão e Eva com a pele de animais (Gn 3:21). Nos
serviços do santuário, a pele dos animais sacrificados, o cou-
ro, era dada aos sacerdotes oficiantes (Lv 7:8).
Dois outros termos usados no relato do jardim também
são encontrados no contexto do tabernáculo. O verbo ha-
bitar [shakan ] é usado em Gênesis 3:24 e Êxodo 25:8 (Deus
identificada com a ‘fonte da vida’”.4 Assim, a água se torna um símbo- queria habitar [shakan ] entre os israelitas).13 Gênesis 3:8 diz
lo da vida e das bênçãos de Deus.5 Ezequiel tomou essa imagem e a que o Senhor “andava no jardim” (hithallek , “andar de um
associou ao templo escatológico do Senhor (Ez 47:1-12).6 lado para o outro”; do verbo halak , “andar”). O mesmo ver-
Árvore da vida (Gn 2:9; 3:24). É geralmente reconhecido que a árvo- bo é usado em Levítico 26:12 e Deuteronômio 23:14 para des-
re da vida foi representada dentro do santuário pelo castiçal de ouro. crever a presença divina no santuário. “O Senhor andava no
Ilustração: Atelier Sommerland | Adobe Stock
Tinha sete ramos, e os cálices de cada ramo tinham a forma de flor de Éden, assim como posteriormente andou no tabernáculo.”14
amêndoa, decoradas com pétalas e botões (Êx 25:31-36). “A presença
de termos botânicos, e a forma básica de um eixo mais seis ramos dão Ligações teológicas
a impressão de um objeto em forma de árvore.”7 Se essa compreen- Local de encontro entre Deus e a humanidade. De uma
Ilustração: Jo Card
são estiver correta, então o jardim e o santuário eram lugares em que perspectiva teológica, o jardim do Éden era onde Deus e
estava localizada a fonte da vida.8 os seres humanos se encontravam em um relacionamento
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 29
fato, era um ato de redenção, uma recriação. ela não foi julgada da mesma forma que criação sem ter que mediar sua presen- Fi
Ilustração: Jo Card
Atividade judiciária de Deus. No Éden, o casal. O inimigo foi apenas condenado; ça através da roupa. Após a queda, a nu- roup
Deus atuou como Juiz. Os estudiosos uma sentença foi pronunciada contra ele.28 dez se tornou antinatural, permanecendo por e
30 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
omo como símbolo de sua alienação de Deus. por si mesmos. Ele estava graciosamente 8
Wenham, Genesis 1-15, p. 62; Frank B. Holbrook,
“The Israelite Sanctuary” em Frank B. Holbrook (ed.),
ordo Eles não podiam se aproximar do Senhor habilitando-os a se aproximarem Dele.
The Sanctuary and the Atonement (Silver Spring,
rema porque sua natureza havia sido alterada Esses conceitos pertencem à teologia do MD: Biblical Research Institute, 1989), p. 31.
áculo em virtude da rebelião. Uma metamorfo- santuário e de seus serviços no Antigo Tes- 9
assuto, Genesis, p. 119, 120; Chilton, Paradise, p. 32-
C
Deus se foi necessária, simbolizada pelo ato de tamento. De fato, o que é embrionário ou 34; Wenham, Gênesis 1-5, p. 65.
Deus rejeitou as vestes com folhas con- teológico consistente no sistema sacrifi- 11
Victor P. Hamilton, The Book of Genesis Chapters
1-17 (Grand Rapids: Eerdmans, 1990), p. 210.
feccionadas por Adão e Eva e os cobriu com cal israelita.
12
Wenham, “Sanctuary Symbolism”, p. 21.
enas peles de animais. O Senhor provê meios para
13
Wenham, Genesis, p. 86.
ntor. que o casal se aproxime Dele (cf. Êx 28:42, Conclusão
14
Wenham, “Sanctuary Symbolism”, p. 20.
ocor- 43). Na Bíblia, vestir alguém sinaliza a con- O relato do Éden fornece alguns dos
15
Howard N. Wallace, Eden Narrative, p. 70-85; Idem.,
na de cessão de um novo status (cf. Gn 41:42; elementos mais importantes para o de-
“Garden of God”, em Anchor Bible Dictionary, v. 2,
s dis- Êx 28:40, 41; Lv 8: 7, 13; Nm 20:26).33 senvolvimento de uma teologia do santuá- p. 907.
arás” Assim, a atitude divina elevou Adão e rio e seus serviços no sistema de adoração 16
Gerhard von Rad, Genesis (Filadélfia: Westminster,
ence Eva de um estado de alienação para uma israelita. As ligações linguísticas, bem como 1972), p. 78.
s 2:17 condição em que eles podiam interagir com o uso de imagens similares, apontam para a
17
L eland Ryken, James C. Wihoit e Tremper Longman
III (eds.), “East”, em Dictionary of Biblical Imagery
ência Deus. O Senhor lhes estava restaurando estreita conexão entre os dois. Esse vínculo (Downers Grove, IL: lnterVarsity, 1998), p. 225, 226.
orna- um pouco da dignidade que haviam per- é ainda mais forte em nível teológico. 18
Von Rad, Genesis, p. 91; Walter Brueggemann,
m isso dido.34 Obviamente, a interação não seria O jardim e o santuário são um centro Genesis (Atlanta: Knox, 1982), p. 49.
va foi a mesma, mas apontava para um tempo da vida porque o Senhor está presente em 19
Claus Westermann, Genesis 1-11: A Commentary
(Mineápolis, MN: Augsburgh, 1984), p. 253.
que a futuro em que o relacionamento será to- ambos. São lugares em que Deus e os seres
20
Sailhamer, “Genesis”, p. 52.
talmente restaurado. humanos podem se unir para estabelecer
21
Hamilton, Genesis, p. 194.
psu- Ao afirmar que Adão e Eva estavam comunhão. Nos dois lugares, Deus julga o
22
Westermann, Genesis, p. 252.
antia vestidos com peles de animais, o texto pecado de Seu povo e lhe promete reden-
23
Cassuto, Genesis (parte 1), p. 155.
e ser afirma implicitamente que pelo menos ção. De fato, o Senhor prefigura a natureza
a ca- um animal foi morto. O fato de isso não dessa salvação, concedendo-a simbolica-
24
Ibid.
cen- ser claramente indicado não deve preju- mente através da morte de uma vítima sa-
25
Westermann, Genesis 1-11, p. 254, 255.
uma dicar sua importância. A narrativa bíblica crifical. O santuário israelita parecia apontar
26
Hamilton, Genesis 1-17, p. 194.
Para parece estar “antecipando a noção de sa- para a harmonia original que existia entre
27
Wenham, Genesis 1-5, p. 77.
te da para eles. 6
oward N. Wallace, The Eden Narrative (Atlanta:
H ÁNGEL MANUEL
RODRÍGUEZ
Foto: Gentileza do autor
7
arol Meyers, “Lampstand”, em David Noel
C
a nu- roupas e os vestiu sugere que o Senhor fez Freedman (ed.), Anchor Bible Dictionary (Nova York:
Pesquisa Bíblica
endo por eles o que foram incapazes de fazer Doubleday, 1992), v. 4, p. 142.
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 31
DICAS DE LEITURA
“El A
Martinho Lutero inter
Lyndal Roper, Objetiva, 2020, 568 p. A
(h
Historiadora renomada, Lyndal Roper apresenta o novo mundo que a Reforma criou e dese-
nha um retrato multifacetado de Martinho Lutero. Quando ele pregou suas 95 teses na porta da N
igreja de uma pequena cidade universitária, em 31 de outubro de 1517, iniciou-se um processo que ao lo
mudaria para sempre o mundo ocidental. Seu ataque à Igreja Romana logo convulsionou a Ale- gia, e
manha, dividiu a Europa e polarizou as crenças, desencadeando perseguições religiosas, agitação princ
social e rompimento com o domínio da religião em todos os âmbitos da vida. Este livro não trata mais
das questões doutrinárias nem de suas interpretações. A autora apresenta a figura de um Lutero lógic
de carne e osso, com todas as suas nuances, e revela como um pequeno ato de protesto se con- todo
verteu em uma luta que transformaria a igreja e o mundo. histó
lógic
Foto:
32 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
“El Armagedón en el Adventismo: Principios de interpretación escatológica y predominio de la
interpretación cristocéntrica”
Alberto Peña Salvatierra – Revista Hermenêutica, v. 14, nº 1, 2014, p. 9-31
(http://www.seer-adventista.com.br/ojs/index.php/hermeneutica/issue/view/41/8)
ese-
ta da Na escatologia adventista, o tema do Armagedom é uma questão que tem chamado atenção
que ao longo de toda a sua história. Apesar das variações de certos critérios específicos da escatolo-
Ale- gia, existe um consenso sobre a interpretação cristocêntrica do tema. No entanto, se seguirmos
ação princípios corretos de interpretação das profecias apocalípticas, podemos chegar a conclusões
trata mais sólidas. Neste artigo, o autor analisa quatro aspectos relacionados à hermenêutica escato-
utero lógica. Primeiramente, ele relembra a experiência do grande desapontamento de 1844 e o mé-
con- todo historicista de interpretação. No segundo, ele considera a interpretação do Armagedon na
história adventista. O terceiro aspecto apresenta princípios básicos para a interpretação escato-
lógica. No último, o autor faz uma breve interpretação do Armagedom.
“Country Versus City Tension: Historical and socio-religious context of the development of
Adventist understanding of urban mission”
Allan Novaes e Wendel Lima – Journal of Adventist Mission Studies 15, nº 1, 2019, p. 52-71
polo- (https://digitalcommons.andrews.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1423&context=jams)
ades
tor- Na maior parte do século 20, predominou no adventismo uma mentalidade de crítica e resis-
ples; tência às cidades, apesar de, nesse mesmo período, a IASD ter se desenvolvido de modo signi-
ficativo no contexto urbano. Essa visão antiurbana foi alimentada por uma leitura incompleta
wis e dos escritos de Ellen White sobre o assunto. Este artigo procura descrever a tensão campo-
lida- cidade no adventismo, o contexto histórico e social desse dilema nos Estados Unidos, a vi-
utor. são ambivalente de Ellen White a respeito do tema e como essa tensão tem sido ameniza-
ewis da na última década por meio de uma mudança do discurso institucional e do investimento
nfor- numa visão mais abrangente para a evangelização urbana.
Foto:
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 33
UNIDADE E MISSÃO
O
s gadarenos desejaram que Cristo
Se afastasse deles. Os de Cafar-
naum O receberam, e entre eles
Jesus realizou maravilhosos mila-
gres. Cristo tem todo o poder no Céu e na
Terra. É o Grande Médico, a quem temos
que invocar quando estivermos a padecer
enfermidade física ou espiritual. Sobre os para auxílio aos pobres e necessitados que
ventos e as ondas e sobre homens possuí- encontram em seu trabalho. A beneficên-
dos de demônios, Ele demonstrou absolu- cia que manifestam para com os pobres co- As orações e ofertas dos crentes são
to domínio. Foram-Lhe dadas as chaves da munica influência a seus esforços quanto à aliadas a esforços abnegados e fervoro-
morte e do inferno. Foram-Lhe sujeitas as proclamação da verdade. Sua boa vontade sos, e eles são na verdade um espetáculo
potestades e potências, mesmo durante o para ajudar os necessitados granjeia-lhes ao mundo, aos anjos e aos homens. As pes-
tempo de Sua humilhação. [...] o reconhecimento daqueles a quem auxi- soas são novamente convertidas. A mão
Por que não exercemos maior fé no Mé- liam e a aprovação do Céu. que anteriormente buscava apegar-se à re-
dico divino? Como Ele atuou pelo homem Esses fiéis obreiros devem ter a solidarie- compensa em maiores ganhos, tornou-se a
atacado de paralisia, assim fará hoje pe- dade da igreja. O Senhor ouvirá as súplicas mão ajudadora de Deus. Os crentes são uni-
los que a Ele vão em busca de cura. Somos em favor deles. E a igreja não deve deixar de dos por um só interesse: o desejo de fazer
grandemente necessitados de mais fé. Fico mostrar interesse prático em seu trabalho. centros da verdade onde Deus seja exalta-
alarmada ao ver a falta de fé entre nosso Ninguém vive para si. Na obra de Deus do. Cristo Se une a eles em santos laços de
povo. Precisamos chegar diretamente à é designado a cada um seu posto de dever. união e amor, laços de irresistível poder. [...]
presença de Cristo, crendo que Ele curará A união de todos robustece a obra de Deus apela aos que se encontram meio
nossas enfermidades de corpo e de espírito. cada um. À medida que a fé e o amor e acordados para despertarem e se empe-
Somos demasiadamente sem fé. Oh! a unidade da igreja se fortalecem mais, nharem no labor diligente, orando a Ele por
Como desejaria poder levar nosso povo a o círculo de influência é ampliado, e eles forças para o serviço. Necessitam-se obrei-
ter fé em Deus! As pessoas não necessi- devem alcançar o mais abrangente limite ros. Não é preciso seguirem-se regras de ri-
tam achar que, para exercer fé, precisam dessa influência, estendendo constante- gorosa precisão. Recebam o Espírito Santo,
agitar-se a elevado estado de êxtase. Tudo mente os triunfos da cruz. e seus esforços serão bem-sucedidos.
que precisam fazer é crer na Palavra de Deus nos chama a romper os laços de A presença de Cristo, eis o que dá poder.
Deus, da mesma forma que acreditam nosso serviço formal dentro de casa. A Cesse toda dissensão e contenda. Preva-
na palavra uns dos outros. Se Ele o disse, mensagem do evangelho deve ser leva- leça o amor e a unidade. Movam-se todos
cumprirá Sua Palavra. Confiem tranquila- da às cidades e fora das cidades. Devemos sob a direção do Espírito Santo. Caso o povo
mente em Sua promessa [...]. Digam: Ele convidar todos a se reunirem em torno da de Deus se entregue inteiramente a Ele, o
me disse isto em Sua Palavra e cumprirá bandeira da cruz. Quando essa obra for fei- Senhor lhes restaurará o poder que per-
toda promessa que fez. Não fiquem inquie- ta como deve ser, quando trabalharmos deram pela divisão. Que Deus ajude todos
tos. Sejam confiantes. A Palavra de Deus é com zelo divino para acrescentar conver- nós a compreender que desunião é fraque-
fiel. Procedam como sendo seu Pai celes- sos à verdade, o mundo verá que a mensa- za e que união é força!
tial digno de confiança. [...] gem da verdade é acompanhada de poder.
Foto: Digitalskillet1 | Adobe Stock
mar a verdade em novos lugares. Esses poder da verdade que pode levar à per-
homens precisam ter recursos para seu feita harmonia homens de disposições di-
Escolhidas, v. 1, p. 83-85. editor a
Ministéri
sustento. Precisam também ter recursos versas, fazendo de seus interesses um só. esp
34 MINISTÉRIO l S E T- O U T • 2 0 2 0
PALAVRA FINAL
PRÁTICA INDISPENSÁVEL
A visitação proverá força neste
momento em que o mundo
está prestes a desmoronar
A
visitação nunca foi tão importante como
agora. Seja virtual ou pessoalmente, onde as
e segurança nesta época em
circunstâncias e os protocolos permitirem, que não sabemos o que o dia
a pandemia da Covid-19 demonstrou a
necessidade de visitação e acompanhamento pastoral
seguinte poderá trazer.
às famílias da igreja.
s são Em geral, a preparação recebida em seminários
oro- ou faculdades teológicas se concentra mais em como do pastoreio é essencial. Isso inclui apoio e orientação
áculo fazer exegese, pregar e administrar a igreja; sem espiritual e emocional, a fim de fortalecer a fé e a
pes- dúvida, áreas cruciais no ministério. No entanto, confiança em Deus, resultando em maior disposição
mão não devemos subestimar a visitação pastoral. Os para realizar Sua vontade.
à re- seguintes benefícios destacam sua importância: Mordomia. Não há melhor motivação para a
-se a Crescimento espiritual. A preparação espiritual é fidelidade a Deus do que o fato de o pastor dispensar
o uni- fundamental. Todo pastor rapidamente perceberá cuidado e atenção a seus membros. Nesse sentido, as
fazer que, sem uma profunda experiência espiritual com visitas pastorais são fundamentais para comunicar a
alta- Deus, a visitação se tornará simplesmente em reunião relevância da mordomia. O membro que percebe essa
os de social. As interações entre pastor e membros devem dedicação em seu pastor estará mais disposto a ser
er. [...] motivar maior espiritualidade por parte de todos os fiel a Deus no uso de seu tempo, dons e talentos, bem
meio envolvidos. como em relação a seu dinheiro e recursos.
mpe- Relacionamento. Visitas pastorais fortalecem Crescimento pessoal. Visitar permite que o
e por o relacionamento entre o pastor e os membros pastor descubra suas próprias falhas e necessidades.
brei- da igreja. Elas não somente permitem que ele Muitos não entendem completamente as fraquezas
de ri- conheça melhor as ovelhas do seu rebanho e suas e necessidades de seu próprio ser. Assim, optam
anto, necessidades, mas também ajudam a irmandade por escondê-las ou ignorá-las. Outros se sentem
idos. a conhecer melhor seu pastor. Além disso, líderes inseguros sobre sua identidade, vocação e habilidades.
oder. e membros estarão mais motivados a visitar e É preciso se redescobrir perguntando: “Quem sou
eva- fortalecer uns aos outros se virem o exemplo de seu eu e o que significa ser pastor?” A visitação pode ser
odos pastor. A visitação promove a unidade e é essencial de grande auxílio para responder a essa pergunta.
povo para fazer com que uma congregação se torne Além disso, ao tentar ajudar os irmãos a superar suas
Ele, o calorosa e receptiva. inseguranças, deficiências e necessidades, o pastor
per- Pregação. A visitação possibilita que o pastor poderá identificar suas próprias e, com a ajuda divina,
odos tenha uma imagem mais ampla a respeito da vida dos superá-las também.
que- membros. Isso o ajudará a pregar temas de acordo Portanto, a visitação pastoral não é um fenômeno
com as necessidades da igreja, e sobre interesses e periférico nem incidental. É uma parte essencial
perguntas que os membros manifestam na visitação. do ministério, seguindo nos passos do Senhor
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Nutrição e fortalecimento. As palavras de que nos visitou primeiro. A visitação proverá força
ens WALTER STEGER
Foto: Gentileza do autor
editor associado da
despedida de Jesus a Pedro o exortaram a apascentar neste momento em que o mundo está prestes a
Ministério, edição em e cuidar de Suas ovelhas (Jo 21:15-19). Alcançar desmoronar e segurança nesta época em que não
espanhol crescimento e amadurecimento espirituais por meio sabemos o que o dia seguinte poderá trazer.
S E T- O U T • 2 0 2 0 l MINISTÉRIO 35
DE 1O DE SETEMBRO
A 18 DE OUTUBRO
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