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Manual da espécie Monticola saxatilis - O Melro-das-rochas

Book · January 2012

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Paulo Alexandre Rodrigues Barros Rita Bastos


Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
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03
Manual da espécie Monticola saxatilis
O MELRO-DAS-ROCHAS

1
1
Classificação

1. Estatuto de conservação:
Categoria (LVVP, 2006):
“Em Perigo” (EN).

Tipo de ocorrência:
Migradora Reprodutora;
Visita-nos a cada primavera e verão,
para se reproduzir, vindo da África
tropical, sendo por isso classificada
como espécie migradora estival.

Instrumentos legais de proteção:


Anexo II da Convenção de Berna
(Convenção sobre a Vida Selvagem e 2
os Habitats Naturais) e Anexo II da
Convenção de Bona (Convenção sobre a
Conservação de Espécies Migradoras da
Fauna Selvagem). 3

> É uma espécie que tem vindo a sofrer um


decréscimo generalizado em toda a Europa;

> Em Portugal é uma espécie considerada


“Em Perigo”, por apresentar uma população
reduzida que provavelmente se encontra
em declínio continuado e com todos
os indivíduos concentrados numa única
subpopulação.

-2- -3-
2 3
Biologia
Taxonomia e Ecologia da Espécie

Classificação científica
Nomenclatura binomial: O melro-das-rochas (Monticola saxatilis) é ervas, raízes, musgos e caules, forrando o

Reino: Animalia Monticola saxatilis, uma das dezanove espécies da família dos interior com ervas finas e raízes.
Turdídeos (grupo dos tordos) que ocorrem A incubação de 4 a 5 ovos, por vezes
Filo: Chordata Linnaeus, 1766
em Portugal e uma das mais atraentes. 6 ovos, lisos e brilhantes marcados por
Classe: Aves É uma ave de pequenas dimensões que pontos vermelhos-acastanhados durante
Nome Comum:
Ordem: Passeriformes apresenta dimorfismo sexual. O macho 15 dias têm início no mês de junho.
Família: Turdidae
Melro-das-rochas adulto (a) tem cabeça e dorso azuis, As crias eclodem ainda sem se
ventre e cauda alaranjados e uma mancha encontrarem completamente
Género: Monticola
branca característica no dorso. A fêmea desenvolvidas, até ao final do mês
Espécie: M. saxatilis
(b) é menos contrastada e apresenta de junho. O casal produz apenas uma
malhas na plumagem, tendo também a ninhada, que se mantêm cerca de
cauda alaranjada. 15 dias no ninho. Todos os exemplares
Chega ao nosso país no mês de abril, desta espécie iniciam a sua viagem até
para iniciar o seu período de reprodução ao continente Africano em finais de
4 em maio. A fêmea constrói o ninho com agosto. 6

Invernada Chegada Invernada


Época de reprodução (Portugal) Migração
(África) (abril) (África)

jan/fev/mar Abril mai jun jul ago set out/nov/dez

5 Parada
Incubação
Crias no Saída dos
nupcial ninho juvenis
a - macho | b- fêmea

-4- -5-
A distribuição desta espécie estende- Reproduz-se em solo rochoso acidentado
-se por grande parte das regiões mais ou falésias. Nidifica em cavidades rasas
meridionais do Paleárctico. ou em buracos sob rochas.
Na Europa, esta espécie encontra-se O melro-das-rochas é uma ave insectívora
sobretudo nas regiões mediterrânicas, com uma dieta muito variada.
embora o limite norte da sua distribuição Têm preferência por libelinhas,
chegue à Europa Central (montes gafanhotos, larvas, moscas, vespas,
Cárpatos e região das Balcãs). abelhas, formigas, carochas, aranhas,
Em Portugal, nos finais do século XIX lagartas e até caracóis. Por vezes também
e início do século XX, a ocorrência da consome lagartixas e pequenas rãs.
espécie abarcava também a região sul a Geralmente pousa de forma bem visível
baixas altitudes. Atualmente apresenta em sítios altos, como no topo de grandes
uma distribuição muito localizada, rochas ou terminações de ramos.
nidificando apenas nas zonas altas do
7 norte e do centro de Portugal, como
nas serras da Peneda-Gerês, da Estrela,
de Montesinho, da Nogueira, do Marão e
do Alvão.
Distribuição do melro-das-rochas no município de Vila Real
No Concelho de Vila Real, o melro-das-
-rochas ocorre nas zonas mais altas das
serras do Marão e Alvão (acima dos 800m
de altitude), onde encontra um mosaico
de habitats favoráveis constituído por
vegetação rupícola (giestais e urzais em
associação com afloramentos rochosos) e
pastagens dispersas.

-6- -7-
4 5
Fatores de Ameaça Boas Práticas Gerais,
e Medidas Curiosidades e outras
de Conservação observações sobre a espécie.

As causas do decréscimo generalizado espécie em Portugal, sendo Solitário, esquivo, misterioso – assim se
desta espécie na Europa são essencial implementar programas pode definir o melro-das-rochas, uma
mal compreendidas. de recenseamento e monitorização, ave que, mercê dos seus hábitos e do
Em Portugal a alteração dos habitats assim como desenvolver estudos sobre seu habitat, tende a escapar aos olhares
de nidificação, decorrente da a seleção do habitat e identificação indiscretos de quem “invade” os seus
mudança dos usos tradicionais dos principais fatores de ameaça. domínios.
do solo de montanha, é Por exemplo, futuros programas de
provavelmente um dos fatores florestação ou de construção de Ocorre sobretudo em zonas rochosas,
de ameaça mais importantes, infraestruturas devem ter em onde a presença humana é baixa e os
nomeadamente ao nível da consideração as áreas de nidificação acessos são reduzidos ou inexistentes.
redução do pastoreio e do desta espécie no âmbito dos A observação de um melro-das-rochas
avanço dos povoamentos respetivos estudos de impacte cantando no alto de um rochedo,
monoespecíficos de pinheiros e ambiental. Embora uma parte mesmo que por mero acaso, resulta
eucaliptos que foram surgindo nas importante da população nacional numa experiência gratificante e rara.
nossas serras. Os fatores de ameaça que nidifique no interior de áreas protegidas,
8 11
atuam fora do nosso território são a maior parte destas áreas carece ainda Contrariamente a muitas outras espécies
também relevantes e têm consequências de planos de gestão e de ordenamento, de aves, o melro-das rochas não é uma os limites dos rochedos e cristas, em
diretas no estado das populações cientificamente sustentados, que espécie que um observador de aves busca de um dos passeriformes mais
que ocorrem em Portugal, dado tenham em linha de conta possa ter a expectativa de encontrar característicos das serras do norte e
o cariz migratório desta ave. as necessidades desta em qualquer ocasião. Quem pretende centro de Portugal.
É urgente conhecer melhor esta e de outras espécies ameaçadas. observar esta espécie deverá percorrer e Valerá certamente a pena!
desfrutar dos sinuosos caminhos da
serra, perscrutando com perseverança

9 10
Incêndios florestais, florestação de pinheiro e instalação
de parques eólicos nas zonas de cumeada.
-8- -9-
Bibliografia
e sites GLOSSÀRIO anteriores, é provável que num futuro próximo lhe seja
1. Área Protegida (AP): Áreas bem delimitadas e com um atribuída uma categoria de ameaça.
pesquisados estatuto legal de proteção que permite gerir a manutenção Pouco Preocupante (LC) - espécie que após ter sido
dos valores naturais e culturais e promover a valorização da avaliada pelos diferentes critérios não se inclui em
paisagem. O Parque Natural do Alvão é uma AP! nenhuma das categorias anteriores.
Informações Insuficiente (DD) - nesta categoria incluem-
> Cabral MJ (coord), Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, > http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/ 2. Convenção: Acordo internacional que rege princípios a -se as espécies sobre as quais não existe informação
Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz Gloss%C3%A1rio/ - Cento e Picos Termos sobre serem seguidos pelos países signatários. adequada para efetuar uma correta avaliação do seu
AL, Rogado L & Santos-Reis M (eds). (2006). Livro Conservação da Natureza. (consultado em estatuto de ameaça.

Vermelho dos Vertebrados de Portugal.2ª ed. Instituto da Novembro de 2011)


3. Estatuto de Conservação – estatutos baseados nas Não Aplicável (NA) – os critérios considerados não se
categorias da União Internacional para a Conservação da aplicam à espécie.
conservação da Natureza/Assírio & Alvim. Lisboa. 660pp.
Natureza (IUCN), que procuram refletir os diferentes graus
> Equipa Atlas (2008). Atlas das aves Nidificantes de Fontes das Fotografias:
de preocupação relativamente à conservação das espécies 4. Fatores de ameaça: Quando existe algo que ameaça
Portugal (1999-2005). Instituto da Conservação da 1 Bruno Maia
em território nacional: os seres vivos e os ecossistemas. Alguns dos fatores de
Natureza e Biodiversidade, Sociedade Portuguesa para o 2, 7, 9 e 12 Diogo Carvalho
Extinta – espécie da qual não se conhecem nenhum ameaça à biodiversidade são o excesso de caça e pesca,
Estudo das Aves, Parque Natural da Madeira e Secretaria 3 e 11 Wikipedia exemplar vivo em toda a sua área de distribuição histórica. a introdução de espécies exóticas invasoras, a caça ilegal
Regional do Ambiente e do Mar. Assírio & Alvim. Lisboa. 4, 5, 6 e 8 Paulo Barros Regionalmente extinta – quando o último indivíduo de ou furtiva, a alteração do uso da terra (ex. substituição de
590pp. 10 LEA uma espécie, que se poderia reproduzir num determinado vegetação natural por agricultura intensiva), a destruição
> Fuente, F. Cadernos de Campo. Pássaros de Montanha. território da sua área de distribuição morreu ou dos habitats através da desflorestação, dos fogos, da
Ditorial Marín, S. A. Lisboa. 47 pp. desapareceu. construção e da poluição.
> Harrison, C., 1991. Guía de Campo de los Nidos, Huevos Extinta na Natureza – espécie que apenas existe em

y Polluelos de las Aves de España y de Europa. Ediciones


cultivo, cativeiro ou como uma população naturalizada fora 5. Rede Natura 2000: É uma rede ecológica europeia
da sua área de distribuição natural. de espaços, criada com base em dois instrumentos da
Omega. Barcelona. 482 pp.
Criticamente em Perigo (CR) - espécie que enfrenta um legislação comunitária (Diretiva Habitats para a criação das
> IUCN Red List, 2009. www.iucnredlist.org acedido em
risco de extinção na natureza extremamente elevado; Zonas Especiais de Conservação (ZEC’s) e a Diretiva Aves
14-06-2010
Em Perigo (EN) - espécie que enfrenta um risco de para a criação das Zonas de Proteção Especial (ZPE’s) com
extinção natureza muito elevado; o objetivo de manter a biodiversidade na União Europeia
Vulnerável (VU) - espécie que enfrenta um risco de protegendo os ecossistemas, os habitats e as espécies
Ficha técnica extinção na natureza elevado; selvagens que estão ameaçados ou que são característicos
Título: Manual da espécie Monticola saxatilis – O Melro-das-rochas
Quase Ameaçado (NT) - espécie que apesar de não de determinadas regiões.
se incluir em nenhuma das três categorias de ameaça
Autoria
Julieta Rodrigues Martins | APCV - Associação Parques Com Vida
Vitório Martins | ICNB - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade O Programa de Preservação da Biodiversidade em Vila Real (PPBVR) pretende
Rita Bastos, Paulo Travassos, Paulo Barros e João Alexandre Cabral | Laboratório de Ecologia Aplicada. contribuir para travar a perda da biodiversidade no território de Vila Real,
12
- Centro de Investigação e Tecnologias Agro-ambientais e Biológicas - promovendo ao mesmo tempo o seu valor intrínseco, sobretudo a sua mais-valia
- Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro patrimonial.
Colaboração O Projeto “Proteger é Conhecer”, dedicado ao tema biodiversidade, cuja área de
Associação Parques Com Vida | Ílidio Mesquita, Sónia Almeida, Margarida Gomes,  intervenção é o Parque Natural do Alvão foi candidatado ao Eixo III (Valorização e
Luísa Pires e Celeste Gonçalves Qualificação Ambiental) do Programa ON.2 – O Novo Norte (Programa Operacional
 Município de Vila Real, Departamento de Planeamento e Desenvolvimento Sustentável - Divisão de Regional do Norte 2007/2013), conforme a definição do Aviso de Abertura de
Planeamento e Ambiente | Carlos Lima, Cláudia Guedes e Sofia Neto Concurso GAEPC/01/2008, de 5 de dezembro de 2008.

Manuais de acordo com o Acordo Ortográfico.


Paginação e design: www.hldesign.pt Reservados todos os direitos.

Nos termos do Código dos Direitos de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo

a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.
-10-
Os manuais das espécies surgem no âmbito do Plano de Preservação de
Biodiversidade de Vila Real - Projeto “Proteger é Conhecer” com o objetivo
de desenvolver uma estratégia de sensibilização da sociedade civil para
a questão da preservação da biodiversidade, para além de promover o
conhecimento sobre a elevada riqueza biológica de Vila Real, integrado na
Rede Natura 2000 (Sítio Alvão/Marão) procurando desta forma contribuir
para uma consciencialização dos valores da fauna e flora do município,
chamando a atenção sobretudo para as espécies em risco de extinção.

Foi instituída a figura de “Patrono”, que consiste no apoio, por parte dos
agentes económicos, na preservação das espécies em risco. Cada agente
económico pertencente à Associação Parques Com Vida e já cumpridor de
requisitos territoriais, de qualidade, sociais e ambientais, é “patrono” de
uma espécie listada como ameaçada, potencialmente ameaçada ou em
risco.

Melro-das-rochas
Em Perigo (EN)
Habitat:
Zonas rochosas, acima dos 800m, com matos relativamente esparsos e por
vezes pastagens.

Patrono da espécie Monticola saxatilis (Melro-das-rochas)

Hotel Miraneve

Hotel mais antigo de Vila Real, fundado em 1970, continuando a ser uma
referência na cidade e constituindo-se mesmo como uma “sala de visitas”
da mesma.

Rua D. Pedro de Castro


5000-166 Vila Real
Telefone: 259323153
Fax: 259323028
E- Mail: hotel.miraneve@clix.pt
www.hldesign.pt

Site: www.miraneve.pt

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