Você está na página 1de 6

Fundamentos de Sistemas Elétricos de

Potência

Professor João Passos


Trabalho 02
Ana Beatriz Schelb Reis
FUSEP

Introdução
O presente trabalho busca realizar o primeiro estudo dentro dos sistemas elétricos de
potência, compreendendo e analisando o comportamento das linhas de transmissão de
acordo com seus parâmetros definidos.

Questão 01

Inicialmente, declaramos no matlab as variáveis das barras e do circuito


apresentadas, que irão ser utilizadas para encontrar os resultados. Nos dados das
barras, apresentamos o tipo (PQ, PV ou de referência), tensão, angulação inicial,
potências ativa e reativa do sistema, e elemento Shunt. Já nos dados do circuito CA,
definimos a resistência e reatância das linhas, tap e potência reativa dos elementos
shunt.

Pelo conhecimento teórico, sabemos que ao serem dadas as barras PQ (barras de


carga), temos por objetivo calcular Vk e 𝛩k. Da mesma forma, ao serem dadas
barras PV (barras de geração), temos por objetivo calcular 𝛩k e Qk e ao serem
dadas as barras de referência temos por objetivo calcular Pk e Qk. Nesse caso,
temos 9 barras PQ, 4 barras PV e 1 barra de referência.

Em seguida, consideramos a potência base do sistema como 100MVA, e assim


transformamos os valores dos elementos apresentados para pu.

O primeiro passo para a resolução do Fluxo de Potência é a definição da matriz


Ybarra (Ybus) do sistema. Para isso, relacionamos os elementos presentes de
acordo com a posição das barras e das linhas, como mostrado na figura do sistema
a seguir:

Figura 01 – Sistema IEEE 14 barras

2
FUSEP

Dessa forma, podemos perceber que a matriz Ybarra do sistema deve ter a seguinte
estrutura:

𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 = [(𝑦12 + 𝑦15) − 𝑦12 0 0 − 𝑦15 0 0 0 0 0 0 0 0 0;

−𝑦21 (𝑦21 + 𝑦25 + 𝑦24 + 𝑦23) − 𝑦23 − 𝑦24 − 𝑦25 0 0 0 0 0 0 0 0 0;

0 − 𝑦32 (𝑦32 + 𝑦34) − 𝑦34 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;

0 − 𝑦42 − 𝑦43 (𝑦45 + 𝑦42 + 𝑦43 + 𝑦47 + 𝑦49) − 𝑦45 0 − 𝑦47 − 𝑦49 0 0 0 0 0;

−𝑦51 − 𝑦52 0 − 𝑦54 (𝑦51 + 𝑦52 + 𝑦54 + 𝑦56) − 𝑦56 0 0 0 0 0 0 0 0;

0 0 0 0 − 𝑦65 (𝑦65 + 𝑦611 + 𝑦612 + 𝑦613) 0 0 0 0 − 𝑦611 − 𝑦612 − 𝑦613 0;

0 0 0 − 𝑦74 0 0 (𝑦74 + 𝑦79 + 𝑦78) − 𝑦78 − 𝑦79 0 0 0 0 0;

0 0 0 0 0 0 − 𝑦87 𝑦78 0 0 0 0 0 0;

0 0 0 − 𝑦94 0 0 − 𝑦97 0 (𝑦94 + 𝑦97 + 𝑦910 + 𝑦914) − 𝑦910 0 0 0 − 𝑦914;

0 0 0 0 0 0 0 0 − 𝑦109 (𝑦109 + 𝑦1011) − 𝑦1011 0 0 0;

0 0 0 0 0 − 𝑦116 0 0 0 − 𝑦1110 (𝑦116 + 𝑦1110) 0 0 0;

0 0 0 0 0 − 𝑦126 0 0 0 0 0 (𝑦126 + 𝑦1213) − 𝑦1213 0;

0 0 0 0 0 − 𝑦136 0 0 0 0 0 − 𝑦1312 ( 𝑦136 + 𝑦1312 + 𝑦1314) − 𝑦1314;

0 0 0 0 0 0 0 0 − 𝑦149 0 0 0 − 𝑦1413 (𝑦149 + 𝑦1413)];

Considerando nessa representação os valores de R,X, TAP e dos elementos shunt.

Dessa forma, após calcularmos a Matriz Admitância por meio da programação no


Matlab, podemos considerar Gkm como a parte real da matriz e Bkm como a parte
imaginária da matriz. Assim, demos início aos cálculos do Fluxo de Potência através
do método linear.

Fluxo de Potência Linearizado

O Fluxo de Potência Linearizado (CC), como o próprio nome já diz, permite estimar a
distribuição dos fluxos de potência ativa linear em uma rede, utilizando baixo custo
computacional. Esse fluxo não leva em consideração então as potências reativas do
sistema e as tensões nodais.

Por serem menos precisos, não substituem as análises não-lineares, mas são
bastante utilizados quando se necessita da análise de um grande número de
alternativas.
3
FUSEP

O processo de linearização se inicia a partir do cálculo do fluxo da potência ativa da


barra k para m. Após algumas simplificações na fórmula (adotando Vk = Vm = 1pu e
sen𝛩 = 𝛩), temos que:

𝑃𝑘 + 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑎 ∗ (Θk − Θm) ∗ Bkm

Sendo a o valor correspondente ao tap do sistema.

Dessa forma, a partir da programação no Matlab, podemos inicialmente determinar


os ângulos do sistema, e em seguida calcular os novos valores da potência ativa, de
forma a assim verificar o fluxo de potência linear.

Como apresentado anteriormente, podemos perceber que o resultado dessa análise


é bastante aproximado e pouco preciso, uma vez que não incorpora na análise o
comportamento reativo do sistema. Porém, é uma solução que oferece uma
aproximação do excesso de capacidade de transmissão do sistema.

Fluxo de Potência Não Linear

Uma outra alternativa proposta foi calcular o Fluxo de Potência do sistema através
do método não linar.

Nesse caso, os aspectos básicos para a solução do sistema de potência nos


mostram que podemos dividir o sistema em dois subsistemas, de forma a determinar
as equações de potência e assim utilizá-las no Matlab para calcular as respostas.

Para o subsistema 1, associado às variáveis independente, temos por dimensão


(2NPQ + NPV) = (2*9 + 4) = 22 equações a 22 variáveis. O objetivo desse
subsistema é calcular o Vk e o 𝛩k, então nas barras PQ estamos buscando
encontrar Vk e o 𝛩k, e nas barras PV estamos buscando encontrar 𝛩k.
Determinamos então que Vk e 𝛩k são variáveis independentes e Pk e Qk são
variáveis dependentes das equações.

Dessa forma, como o sistema possui 9 linhas PQ, representadas pelos números 4 5
7 9 10 11 12 13 14, buscamos encontrar os valores O4 O5 O7 O9 O10 O11 O12 O13
O14 e V4 V5 V7 V9 V10 V11 V12 V13 V14. Além disso, como o sistema possui 4
linhas PV, representadas pelos números 2 3 6 8, buscamos encontrar O2 O3 O6 O8.
Portanto, estamos buscando como resposta a esse sistema um X dado pelas
icógnitas agrupadas da seguinte forma: [O2 O3 O4 O5 O6 O7 O8 O9 O10 O11 O12
O13 O14 V4 V5 V7 V9 V10 V11 V12 V13 V14].

Para o subsistema 2, temos por dimensão (2 + NPV) = (2 + 4) = 6 equações a 6


variáveis. No subsistema 2, podemos perceber que Qk significa o Q gerado menos o
Q demandado, o que mostra que caso a barra tenha geração pura, o valor de Qk
representa o valor Q gerado. Isso representa que estamos calculando o quanto cada
gerador contribui em termos de potência reativa.

Assim, para os cálculos no Matlab, utilizamos o método de Newton-Raphson, que


possui bastante confiabilidade de convergência e velocidade de resposta, e também
é bastante sensível às condições iniciais propostas.

4
FUSEP

Inicialmente, após calculada a matriz Ybarra (Ybus) da forma apresentada


anteriormente, foi calculado o valor já especificado de P e Q, que pode ser dado pela
diferença entre Pg e Pl do sistema.

Em seguida, calculamos o valor das potências ativa Pk e reativa Qk, sendo Pk a parte
real da potência calculada e Qk a parte imaginária, dadas por:

𝑃𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ (𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚) + 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑖𝑛(𝑂𝑘𝑚))

𝑄𝑘 = 𝑉𝑘 ∗ ∑ 𝑉𝑚 ∗ (𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝑂𝑘𝑚) − 𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚))

Assim, em seguida é possível encontrar os deltas das potências ativas e reativas,


como também definir o limite para o qual os valores desses deltas podem alcançar, a
fim de gerar as interações do método do Newton para o sistema.

A partir dessas interações, o objetivo é calcular a matriz jacobiana, a fim de definir o


resultado da matriz de resultado X, que foi apresentada anteriormente. Para isso, para
realizar esse cálculo:

A matriz jacobiana do sistema é dada pela derivada do delta potência ativa em relação
ao ângulo e à tensão na primeira linha, e pela derivada do delta potência reativa da
mesma forma, em relação ao ângulo e à tensão na segunda linha. Dessa forma, é
dada da seguinte forma:

𝑀𝑎𝑡𝑟𝑖𝑧 𝐽𝑎𝑐𝑜𝑏𝑖𝑎𝑛𝑎 = [𝐽2 𝐽3 ; 𝐽1 𝐽4]

Caso seja na diagonal principal:

𝐽2 = − (𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎2 ) ∗ 𝐵𝑘𝑚 − 𝑄𝑘

𝑃𝑘 + ((𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎2 ) ∗ 𝐺𝑘𝑚)
𝐽3 =
𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎

𝐽1 = 𝑃𝑘 − ((𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎2 ) ∗ 𝐺𝑘𝑚)

𝑄𝑘 − ((𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎2 ) ∗ 𝐵𝑘𝑚)
𝐽4(𝑘, 𝑘 ) =
𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎

Caso seja nas diagonais secundárias:

𝐽2 = 𝑉(𝑘) ∗ 𝑉(𝑚) ∗ ((𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑖𝑛(𝑂𝑘𝑚)) − (𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚)))

𝐽3 = 𝑉(𝑘) ∗ ((𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚)) + (𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑖𝑛(𝑂𝑘𝑚)));

𝐽1 = −𝑉(𝑘) ∗ 𝑉(𝑚) ∗ ((𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚)) + (𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑖𝑛(𝑂𝑘𝑚)));

𝐽4 = 𝑉(𝑘) ∗ ((𝐺𝑘𝑚 ∗ 𝑠𝑖𝑛(𝑂𝑘𝑚)) − (𝐵𝑘𝑚 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝑂𝑘𝑚)));

5
FUSEP

Assim, ao programar o sistema no Matlab para atualizar os valores referentes à barra


(2), uma vez que não são contados no cálculo por serem da barra de referência, são
obtidas interações no sistema para que sejam encontrados novos valores de Pk, Qk e
de delta, até delta ser menor que o valor escolhido para o limite da interação.

Após os resultados gerados, podemos perceber que ao contrário do método linar, o


método de Newton é bastante preciso, uma vez que possui uma convergência eficiente
dos resultados, apesar de serem sensíveis a escolha do ponto de interação inicial. O
método apresenta um tempo computacional por iteração maior, já que são feitas várias
análises, principalmente em relação a matriz Jacobiana, porém as técnicas de
armazenamento e de fatoração reduziram de maneira significativa o espaço da
memória e o esforço computacional.

Portanto, após as análises desenvolvidas, podemos perceber que mesmo com as


diferenças das formas de cálculo nos dois métodos e dos resultados, cada um deles
possui vantagens e desvantagens, sendo por isso indicados para serem utilizados de
acordo com o foco escolhido durante a análise de um sistema de potência, como
explicado anteriormente.

Você também pode gostar