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A HOMEOPATIA - BENEFÍCIOS NO TRATAMENTO DE EQUINOS

Paula Bianca Dias Barbosa1


Dra. Jane Manfron Budel2

RESUMO: A homeopatia e no Brasil caminha a passos largos no tratamento de


pessoas com as mais variadas enfermidades. Essa terapia é reconhecida também
nos tratamentos veterinários, tema proposto nesta pesquisa. Apesar dessa prática
não ser muito difundida no Brasil, esse tipo de tratamento vem ganhando espaço
entre os criadores de equinos por questões econômicas e pelos resultados
obtidos. Hahnemann, o fundador da homeopatia acreditava que os animais podem
ser curados pelo método homeopático. O resultado dessa pesquisa demonstra
que o interesse dos profissionais por esse tratamento alternativo vem aumentando
devido a sua eficácia e simplicidade.

Palavras-chave: Homeopatia veterinária, Equinos e Hahnemann.

ABSTRACT: In Brazil, homeopathy strides in treating people with various


illnesses. Therapie that is also recognized in veterinary treatment, a topic proposed
in this research. Even though these practice is not widespread in Brazil, these
treatment is gaining ground among the breeders of horses for economic reasons
and the results obtained. Hahnemann, the founder of homeopathy believes that
animals can be cured by homeopathic. The result of this research shows that the
interest of professionals by these alternative treatment is increasing due to its
effectiveness and simplicity.

Keywords: Homeopathy veterinary, Horses and Hanhemann.

INTRODUÇÃO

Atualmente existe uma grande procura, tanto de médicos quanto de


pacientes, por tratamentos naturais e menos nocivos ao organismo. Uma medicina
individualizada, eficaz, com a proposta de tratar, além do corpo, a mente.
Reconhecendo a eficácia desse tratamento e concordando com Hanhemman,
quando diz: “Se as leis da medicina que eu conheço e proclamo são certas e
naturais, elas devem poder ser aplicadas aos animais tão bem quanto nos

1
Graduanda do curso de Farmácia.
Av. Brasília, 5926 Capão Raso. 80020-010 Curitiba – PR
Telefone: (041) 99012622
E-mail: paula.biancadb@gmail.com
2
Professora e coordenadora do curso de Farmácia da Unibrasil, Doutora em Ciências
Farmacêuticas - UFPR
2

homens”, os médicos veterinários encontram na homeopatia um método sutil,


econômico, compatível com outros medicamentos e inofensivo aos animais.
Segundo Sampaio (1995), a homeopatia abre as portas de um mundo
aparentemente impenetrável que é o psiquismo animal e nos permite entender a
sua importância na compreensão do processo de enfermidade e de cura.
Para Lisboa et al. (2005) apud 7º Seminário Brasileiro sobre homeopatia na
agropecuária orgânica, 2006:
Os preparados homeopáticos acessam a essência da vida na sua tarefa de auto-regulação
dos sistema vivos, por meio da informação (energia) obtida das substâncias. A informação
(energia) chega até o princípio vital (auto-regulação) via preparados homeopáticos e tudo o
que é conceitual (estrutura informacional na visão quântica) do ser humano pode ser
revisto e equilibrado.

Os medicamentos usados em homeopatia têm origem nos três reinos da


natureza, nos produtos químicos farmacêuticos, substâncias e/ou materiais
biológicos, patológicos ou não, assim como em outros agentes de diferentes
naturezas (Farmacopéia Homeopática Brasileira, 1997).
Cairo (1990), relatou em sua obra que esses medicamentos homeopáticos
podem ser incorporados de diversas maneiras, sendo elas: em tinturas (líquido),
em glóbulos, em tabletes ou pastilhas, em pó ou triturações e, atualmente, em
injetáveis.
A homeopatia ampliou o interesse de pesquisadores pela procura de novas
medicinas cada vez mais puras e naturais.
O objetivo desta pesquisa foi buscar na bibliografia existente a
administração da homeopatia nos tratamentos veterinários, especificamente em
equinos.

DESENVOLVIMENTO

Homeopatia e seus princípios básicos


Cristian Frederic Samuel Hahnemann, o fundador da homeopatia, nasceu
na cidade de Meissen, Alemanha, em 1755. Formou-se em medicina, mas
abandonou a profissão por não acreditar nos métodos utilizados na terapêutica
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naquela época. Procurou, então, uma lei racional de cura tendo como base
estudos de mestres antigos como Hipócrates, Paracelso, Van Helmont entre
outros. Interessado pela indicação clínica feita por Willian Cullen, da quina para o
tratamento da malária e discordando da explicação dada por ele, decide
experimentar em si mesmo doses do medicamento. Surpreende-se ao constatar
que a ingestão de quina provocou-lhe os sintomas semelhantes aos da malária.
Com esse resultado compreendeu o conceito de Hipócrates quando dizia: “Similia
similibus curantur”, os semelhantes se curam pelos semelhantes. A partir dessa
descoberta, Hahnemann iniciou o estudo de substâncias em organismos sadios, e
em 1796 publica seu primeiro trabalho denominado: “Ensaio sobre um novo
princípio para descobrir as propriedades curativas de substâncias
medicamentosas, com algumas considerações sobre os métodos precedentes”.
Nesse ano ficou marcado, portanto, o nascimento da homeopatia (Silva, 1990;
Marinho, 2008).
Para a compreensão dos princípios básicos da homeopatia é necessário
primeiramente entender o que é Energia Vital, uma vez que é nessa energia que a
terapia atua.
Energia vital é uma proposta atual do que Hanhemann designava como
Força vital. Essa energia tem sido descrita em toda a história e definida como a
força que ordena todos os aspectos da vida do organismo, é ela que o adapta a
todas as influências ambientais (Casali et al. 2006). É também responsável pela
manutenção da vida nos seres vivos. Uma energia que se desprende do corpo
físico quando a pessoa morre. Esta energia é o equilíbrio entre o corpo físico, a
mente e o espírito. Quando existe esta harmonia o corpo está em perfeito estado
de saúde. O desequilíbrio acontece em virtude de conflitos externos, ações
incorretas, isto é, o emprego inadequado da vontade, das escolhas como Ser
Humano, quando isso ocorre, começa aparecer um conjunto de reações, muitas
vezes imperceptíveis, e que acarretam em sintomas físicos (Brunini et al. 1993;
Lacerda e Valla, 2006). Já nos animais e nas plantas, Moreno (2002), afirma que o
desequilíbrio da energia vital é causado principalmente devido às alterações no
meio ambiente provocadas, em geral, pelo próprio homem.
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Menescal (1995) sustenta que a aplicação de substâncias homeopatizadas


provoca reação na energia vital do organismo vivo. Todavia, são desconhecidos
os mecanismos pelos quais a força vital mantém em vida os constituintes
orgânicos e promove a integridade do organismo vivo.
Homeopatia vem do grego “homoios” – semelhança e “ephatos” – dor,
sofrimento e significa “Moléstia semelhante” (Larousse, 1992). Baseia-se em
quatro princípios, sendo eles: Lei da semelhança, experimentação no organismo
sadio, medicamento único e doses mínimas e dinamizadas.
A homeopatia se fundamenta na Lei da semelhança – semelhante cura
semelhante, frase enunciada por Hahnemann em 1796 (Brunini et al. 1993). De
acordo com esta lei, qualquer substância que possua a propriedade de despertar
sintomas no organismo sadio, será capaz de curar em doses adequadas,
organismos adoecidos com esses mesmos sintomas. Segundo Moreno (2002), a
Lei dos Semelhantes é natural e resulta da Lei de causa e efeito ou de ação e
reação.
O princípio da experimentação no organismo sadio tem como objetivo
verificar os sintomas causados ao organismo saudável pelas substâncias
homeopáticas. Moreno (2002) relata que as experimentações são realizadas no
procedimento duplo cego, ou seja, o experimentador e o aplicador não sabem qual
é a preparação homeopática em teste. O procedimento duplo cego é fundamental
na experimentação por causa da natureza dos fenômenos envolvidos e a
possibilidade de interferências sutis. Este princípio credencia a homeopatia como
ciência experimental.
Outro princípio básico se refere ao medicamento único, Hahnemann
recomendava o uso de apenas um medicamento de cada vez. Souza (2002),
referencia a escola Hanhemanniana que indica que todos os sintomas
apresentados pelo doente devem ser analisados e apenas o medicamento de
maior semelhança com a doença deve ser prescrito.
O último princípio é a base da farmacotécnica homeopática, que preconiza
doses mínimas e dinamizadas – Com as doses mínimas Hahnemann percebeu
que obtinha melhores resultados. Foi assim que chegou a doses infinitesimais
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(extremamente diluídas). Não era a quantidade de substância que importava, ao


contrário, quanto menor a quantidade presente e quanto mais dinamizada era a
diluição, maior o seu potencial (Souza, 2002).

A homeopatia veterinária e sua história


A medicina veterinária homeopática nasceu com o próprio Hahnemann
(1796), quando curou o seu cavalo. O seu animal sofria de uma infecção ocular
chamada oftalmia periódica e o medicamento administrado foi Natrum muriaticum.
Em uma conferência em Leipzig, em 1815, Hahnemann aconselhou a realização
de experiências com animais demonstrando sempre grande interesse pelo mundo
animal. Após alguns anos, mais pesquisas sobre homeopatia direcionada aos
cavalos foram publicadas, como o tratado sobre o sistema homeopático para a
cura dos equinos, escrito por Bruchner (1829) e o periódico “Zooiasis” editado por
Guillaume Lux em 1833. Nessa obra Lux usa quatro medicamentos: Nux vomica,
Camphora, Opium e Aconitum, para tratar cólicas em equinos. Guillaume cita
ainda que do mesmo modo que existe uma anatomia e fisiologia, existe uma
patologia, uma matéria médica e uma só medicina para todos os seres vivos.
Outro ponto importante na história da homeopatia veterinária foi a obra escrita por
Gunther em 1836, onde foram editadas as doenças dos cavalos e descritos 188
medicamentos para a terapia (Medio, 1993; Cabrera, s/a; Gunther, 1850).
A homeopatia veterinária foi reconhecida no Brasil como especialidade em
16 de Março de 1996 por meio da Resolução n° 625 pelo Conselho Federal de
Medicina Veterinária. Desde esta época, e ano a ano, tem surgido novas
contribuições para a homeopatia veterinária e Ferdinand, citado em Cabrera
(2004), ratifica que o cavalo foi e ainda é, o modelo animal mais beneficiado pelo
tratamento homeopático. Através dessa medicina, podem ser tratadas condições
agudas e crônicas comuns em equinos como mastites e cólicas (Vockeroth, 1999).
Para Souza (2002), quando um proprietário procura o atendimento por
homeopatia para o seu animal, o faz por ter esgotado todos os recursos em
alopatia. São geralmente casos crônicos como dermatites, otites resistentes a
antibióticos e convulsões. Recentemente, os casos de distúrbios comportamentais
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são preferencialmente encaminhados para tratamentos homeopáticos obtendo-se


êxito na maioria das vezes. Souza (2002) salientou ainda, que tendo em vista a
experiência de vários profissionais médicos veterinários homeopatas é que se
sabe que a homeopatia pode ser utilizada em animais das mais diversas espécies
e que, especialmente os equinos, respondem muito bem e rapidamente à
homeopatia e que se utiliza o recurso da observação do comportamento desses
animais, colhendo assim os sintomas necessários para a prescrição.
Várias pesquisas revelam que os equinos têm uma grande sensibilidade à
medicamentos alopáticos. Em se tratando de medicamento injetável é complicada
a contenção do animal, comparativamente, o medicamento homeopático tem
administração mais fácil.
Cabrera (2004), afirmou que com a utilização da homeopatia é possível
melhorar a imunidade dos animais contra doenças próprias de sua espécie e
reduzir o número de mortes por suas complicações. Segundo Mathie et al. (2010),
as principais condições crônicas em equinos tratadas com homeopatia são:
artrites, lamites, doenças crônicas obstrutivas pulmonar e dermatites.
Shaw (2005) relatou que, se algum dia teve dúvidas sobre o tratamento
homeopático, elas desapareceram em uma tarde de inverno quando testemunhou
um cavalo prostrado com cólica se recuperar, em menos de cinquenta minutos,
após a administração de uma alta potência de Nux vomica, ele estava de volta em
pé. Shaw afirmou ainda que, desde criança tinha uma paixão natural por cavalos,
e parecia lógico aplicar os conhecimentos de homeopatia no tratamento de seus
próprios animais e foi isso que fez, e com tanto sucesso que outras pessoas
pediam detalhes sobre seus métodos terapêuticos.
Um estudo feito por Nascimento e Goloubeff (s/a) sobre o comportamento
dos equinos perante a morte, mostra que os cavalos desenvolvem laços
agregários, quando um integrante de seu grupo morre, o cavalo passa por uma
experiência desprazerosa. Os cavalos desenvolvem sintomas que por meio de
pesquisas e comparações relacionam esse comportamento com resposta ao
medo da morte e concluem: “do ponto de vista homeopático, este comportamento
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está fortemente relacionado com a patogenia Phosphorus e dos medicamentos


com os quais ele se relaciona”.

Relato de casos

 Tétano em Equinos
Boubet et al. apud De Medio (1993), relatou o caso de um equino com
claros sinais de enfermidade tetânica. Tratava-se de um animal macho de dois
anos e meio. O animal apresentava uma ferida adquirida a duas semanas. Seu
dono, por conta própria, começou um tratamento com penicilina sem resultado
aparente. O animal apresentava comprometimento locomotor do membro posterior
esquerdo. Em 72 horas, o cavalo se encontrava com impossibilidade absoluta de
se levantar e com dificuldade em ingerir líquidos. O diagnóstico foi de tétano.
O tratamento começou com Tetanozunum 200CH, com claro critério
isoterápico. A terapia continuou com Ledum palustre 60CH, três vezes ao dia
durante 48 horas, muitos autores consideram o Ledum como o melhor preventivo
na profilaxia de tétano. Administrou-se também Strichninum 200CH. Manteve-se
uma higiene local com água oxigenada e a ferida coberta com violeta genciana.
Ao segundo dia de tratamento foi observado que o paciente já realizava
alguns movimentos. A melhora foi progressiva e em pouco tempo normalizou-se
totalmente sua condição geral.

 Laminite em Equinos
Laminite é uma enfermidade limitante muito conhecida também como
aguamento e pododermatite asséptica, uma doença vascular comum. Segundo
Almeida e Pinto (2001), a doença manifesta-se por uma perfusão capilar no
interior da pata provocando alterações nos sistemas renal e endócrino, no
equilíbrio hidroeletrolítico e na coagulação sanguínea. As consequências são
quantidades significativas de desvios arteriovenosos, necrose isquêmica da lâmina
e dor. O tratamento preconiza o emprego de hipotenssores, anti-histamínicos,
antiinflamatórios, além de procedimentos médicos, físicos, cirúrgicos, dietéticos e
auxiliares dependendo do grau de lesão e do tempo de instalação da patologia.
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A seguir apresenta-se um relato de estudo de caso:

Um animal de espécie equina foi atendido no Setor de Grandes Animais do Hospital


Veterinário da Universidade Rural do Rio de Janeiro no mês de junho de 2001, tratado com
a homeopatia por quatro meses. Após realizado o diagnóstico de laminite equina em
decorrência de trauma, tendo como base os sintomas de intensa dor nas quatro patas,
mais particularmente nos membros anteriores com dificuldade motora, buscando o
decúbito, com expressão de inquietação, aumento de frequência cardíaca e respiratória, e
uma elevação moderada de temperatura e traçado o perfil biopatográfico do animal os
pesquisadores relatam em sua pesquisa a conduta e a evolução clínica do animal. Foram
empregados medicamentos homeopáticos Arnica montana 6CH, Apis mellifera 6CH,
Magnesia sulphurica 6CH e Latic acidum 6CH, duas vezes ao dia, por 30 dias. No segundo
mês de tratamento, em função da melhora progressiva do paciente, substituiu-se a
Magnesia sulphurica 6CH e o Latic acidum 6CH por Histaminum 30CH. Na segunda
quinzena do segundo mês, introduziu-se Sulphur 30CH, que foi suspenso após 15 dias de
uso quando se observou regressão do caso clínico, manifestada por aumento do tempo de
decúbito e posição altiálgicas. No terceiro mês, com a estabilização do quadro clínico,
empregou-se Rhus toxicodendrum 6CH, Ruta graveolens 6CH e ligamento 6CH, uma vez
ao dia, substituídos depois por Hepar sulphur 6CH e, em seguida, por Silicea 30CH, devido
à presença de processo abscedativo local. Todos os medicamentos foram administrados
via oral e na dose de cinco glóbulos. O paciente teve alta hospitalar na segunda quinzena
de setembro de 2001, utilizando uma ferradura com calço na ranilha, apresentando
andadura normal e peso corporal diminuído. A conclusão deste tratamento foi a de que o
emprego de medicamentos homeopáticos demonstrou eficácia terapêutica no tratamento
da laminite equina de grau avançado e origem traumática (PINTO;ALMEIDA, 2001).

 Avaliação da Avena sativa L. e Echinacea angustifólia DC. ultradiluídas


como imunoestimulante em equinos
Na homeopatia, Echinacea angustifolia é utilizada com o objetivo de cobrir
sintomas relacionados à infecção bacteriana, sendo descrita como um grande
depurativo sanguíneo homeopático.
O estudo referente à avaliação da Avena sativa e Echinacea angustifolia
ultradiluídas como imunoestimulante em equinos, teve como objetivo a melhoria
da imunidade de equinos da cavalaria e o aumento de performance desses
animais.
Segundo Gomiz et al. (2008) a escolha dos animais deste experimento foi
baseada no esforço físico frequente. Foram avaliados diariamente frequência
cardíaca respiratória, o movimento intestinal, o turgor cutâneo, as mucosas, etc.
Frente aos resultados obtidos por meio de exames foi possível observar redução
da carga parasitária dos animais tratados com esses medicamentos
homeopáticos.
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 Terapêutica homeopática em equinos inoculados com veneno


crotálico
No estudo realizado por Carvalho et al. (2000) foram utilizados os
medicamentos homeopáticos Crotalus durissus terrificus 6CH e o Auto nosodio de
Soro equino 30CH de animais destinados à produção de plasma hiperimune e do
soro anticrotálico para verificar a resposta imunológica. Para isso 15 equinos
adultos foram inoculados com soluções estéreis de veneno crotálico previamente
dosado, em dose letal de 50% (DL 50) e crotamina positivo, contendo 75% de
veneno Crotalus durissus terrificus e o restante 25% dividido entre as demais
espécies do gênero Crotalus, de acordo com os procedimentos protocolados da
Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção do Instituto Butantan-SP.
Através do princípio da semelhança, os sintomas clínicos produzidos pela
peçonha crotálica podem ser eliminados por ela própria, porém diluída e
dinamizada. A metodologia utilizada foi a de “antes – depois” com um único grupo,
em que todos os animais foram avaliados clinicamente antes e após o tratamento
homeopático (Carvalho et al, 2000).
Os medicamentos foram administrados em cada animal, na dose de 10
gotas via oral, pela manhã, durante 30 dias. Ao final do tratamento 60% dos
animais apresentaram um aumento significativo em sua capacidade de
neutralização da peçonha. O tratamento foi eficaz em melhorar o desempenho da
produção de anticorpos, além de resultar em uma melhora no estado geral dos
equinos (Carvalho et al, 2000).

Análises para prescrição da homeopatia em equinos


Gunther (1850) informa que existem dificuldades para escolha de
medicamentos homeopáticos para cavalos, por não ser possível a realização de
uma anamnese. Entretanto, por outro lado, o animal segue seu instinto
expressando seu sofrimento em movimentos, atitudes e emitindo sons. Os
sintomas nos cavalos se manifestam com mais precisão por não existir
interferências como acontece com o homem, como a imaginação que pode
ofuscar-lhe.
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Para analisar os sintomas de um cavalo, é importante a observação de


sinais externos, analisar os movimentos e atitudes de seu corpo e suas partes, a
exemplo das orelhas e da cauda. O animal com dor desvia ou tenta fugir das
influências danosas. Primeiramente, deve-se observar as mucosas do animal e
então deve-se medir a frequência cardíaca e fenômenos de grande valor e sinais
característicos de enfermidades de animais domésticos e principalmente de
equinos. Depois da pulsação, verifica-se a frequência respiratória. Em estado
saudável o cavalo respira de 9 a 10 vezes por minuto. Em seguida, analisa-se
sinais referentes à digestão do animal, verifica-se o aparelho genito urinário,
secreções, entre outros. Nesse estudo, relacionou-se doenças em cavalos com as
indicações homeopáticas para o tratamento em cada caso, como exemplo a
utilização de nux vomica em caso de cólica por constipação.
Para Shaw (2005) as prescrições seguem três categorias, sendo elas as
prescrições de primeiros socorros, prescrições para condições agudas e
prescrições para condições crônicas. Após a observação do animal em diferentes
situações, se escolhe os remédios. Podem ocorrer as seguintes situações depois
da administração do medicamento: o cavalo pode melhorar, o que significa que a
escolha do medicamento foi correta; o cavalo pode agravar sua situação e depois
melhorar, esse acontecimento é comum e significa que a prescrição também foi
correta; e pode não ocorrer mudanças, nesse caso repete-se a medicação, se
ainda não apresentar mudanças, a escolha do medicamento não foi correta e
outro medicamento deve ser escolhido.

Considerações finais
A presente pesquisa buscou por meio de uma investigação bibliográfica
sintetizar o conhecimento e os benefícios dos tratamentos homeopáticos focados
em equinos. Constatou-se a escassez de estudos científicos. Sugere-se que as
reflexões continuem no sentido de ampliar os estudos científicos desse tratamento
em equinos, proporcionando a realização da cura, a prevenção de doenças e a
melhora da performance desses animais, de uma maneira mais sutil e inofensiva,
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oferecendo uma melhor qualidade de vida ao animal com um custo bastante


reduzido nos tratamentos.
Desta forma faz-se necessário que o profissional que atuará nessa área,
realize estudos tanto comportamentais quanto fisiológicos, considerando a forma
que cada animal é tratado e o ambiente em que se encontram para oferecer-lhe o
tratamento adequado.
O resultado dessa pesquisa demonstra que o interesse dos profissionais
por esse tratamento vem aumentando devido a sua eficácia e simplicidade como
mostram os relatos apresentados.
A humanidade necessita de profissionais pesquisadores que olhem para os
seres vivos com uma visão holística, buscando tratar o organismo como um todo.
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