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DPC SEMESTRAL

Direito Civil
Maurício Bunazar
Data: 11/04/2013
Aula 4

RESUMO

SUMÁRIO

1) Fatos Jurídicos (Parte Geral).

DIREITO CIVIL - PARTE GERAL

 DOS FATOS JURÍDICOS:

Émile Durkheim - estudioso dos fatos sociais.

Todo fato jurídico é fato social, porém nem todo fato social é fato jurídico. A união estável é fato social e
jurídico, porém, o namoro é fato social, mas não é jurídico.

Fato jurídico é o fato social que ingressou no mundo jurídico, ou seja, que agora existe para o direito.

O que transforma um fato social em jurídico é a sua previsão normativa.

Negócio Jurídico:

É o fato jurídico oriundo do exercício da autonomia privada.

Autonomia privada é a liberdade reconhecida ao agente de escolher seus objetivos e estabelecer os meios
para alcançá-los (Emilio Betti).

O negócio jurídico pode ser classificado em:

1) Unilateral:

É aquele cuja existência exige apenas uma única manifestação de vontade.

Exemplo: Testamento, promessa de recompensa, a proposta e a aceitação.

Atenção: É incorreto falar que doação é negócio jurídico unilateral.

2) Bilateral:

É aquele cuja existência exige no mínimo duas manifestações de vontade.

Exemplo: Todos os contratos (sem exceção).

O contrato, que é negócio jurídico bilateral (existência), pode ser unilateral e bilateral (efeitos obrigacionais).

Pontes de Miranda demonstrou que o estudo do negócio jurídico deve ser realizado em três planos ou
momentos: Existência, Validade e Eficácia.

DPC SEMESTRAL – 2013


Anotador(a): Tiago Ferreira
Complexo Educacional Damásio de Jesus
Plano da Existência:

Neste plano estão os pressupostos para que o negócio exista, isto é, ingresse no mundo jurídico.

São os substantivos (em preto abaixo) do Art. 104, ou seja, agente, vontade, objeto e forma.

Art. 104 - A validade do negócio jurídico requer:


-Agente capaz.
-Vontade livre.
-Objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
-Forma prescrita ou não defesa em lei.

Plano da Validade:

Neste plano estão os requisitos para que o negócio que ingressou no mundo jurídico (já existe) tenha
ingressado validamente.

São os adjetivos do Art. 104 (em vermelho supra), ou seja, o agente tem de ser capaz, a vontade tem de ser
livre, o objeto tem de ser lícito, possível, determinado ou (no mínimo) determinável e a forma tem de ser
prescrita (ordenada, comando imperativo legal - “faça assim” / não quer dizer “previsão legal”) ou não defesa
em lei.

O sistema brasileiro é o da liberdade das formas, por isso que descumprir forma prescrita ou utilizar forma
proibida acarreta nulidade absoluta do negócio jurídico.

Plano da Eficácia:

Neste plano estão presentes fatores de eficácia, ou seja, elementos que influenciam a produção de efeitos.

Exemplos de fatores eficaciais são condição, termo, encargo, multa, juros etc (tais fatores influenciam a
produção de efeitos).

Invalidade do Negócio Jurídico:

A invalidade é a qualidade do negócio jurídico que ingressou no mundo jurídico (ou seja, que existe) sem que
pudesse ter ingressado.

*A invalidade é gênero de que são espécies:

1) A nulidade (absoluta).
2) A anulabilidade (relativa).

Diferenças entre os institutos - Ato nulo X Ato anulável:

-A nulidade é consequência da violação de norma de ordem pública, por isso qualquer das partes e o
Ministério Público, quando lhe couber intervir, poderão alegá-la, bem como o juiz poderá conhecê-la de ofício;
já a anulabilidade decorre da violação de norma que visava proteger uma das partes, por isso somente esta

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(parte que se visava proteger) poderá alegá-la (por exemplo, somente a vítima do erro pode ajuizar a ação de
anulação).

-Por violar norma de ordem pública a nulidade absoluta não convalesce, e o negócio nulo não pode ser
confirmado pelas partes; já a nulidade relativa convalesce pelo decurso do prazo (02 anos da conclusão do ato,
salvo disposição legal em sentido diverso), e o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes.

Atenção: O negócio nulo não convalesce /sana (Art. 169), mas o negócio nulo pode ser convertido em outro
negócio que seja válido (Art. 170). Para tanto, o negócio nulo deve conter os requisitos do negócio em que
será convertido e, pelas circunstâncias do caso, deve ser possível perceber que as partes teriam optado pelo
negócio válido se conhecessem a invalidade.

Converter significa que o juiz pode receber o nulo como se fosse válido.

Defeitos do Negócio Jurídico (Arts. 138 a 167):

O único defeito que é causa de nulidade absoluta é a simulação. Todos os outros defeitos (erro, dolo, coação,
lesão, estado de perigo e fraude contra credores) são meras causas de nulidade relativa, cujo prazo para
propositura da ação é decadencial de 04 anos, a contar da celebração.

Exceção: No caso de coação, o prazo começa de quando cessar a ameaça, salvo se se tratar de casamento, que
segue a regra geral.

Prescrição X Decadência:

Critério científico de distinção de Agnelo Amorim Filho.

Agnelo Amorim parte de uma alegação irrefutável: Prescrição e decadência têm um mesmo fundamento, que
é garantir a segurança jurídica, apesar de serem institutos diferentes.

Ele utiliza a classificação das ações de Chiovenda:

-Ação meramente declaratória - visa a declaração (declarar é tornar claro).

-Ação condenatória - veicula uma pretensão (juridicamente, pretensão significa poder de exigir prestação de
dar, fazer ou não fazer).

-Ação constitutiva - busca criar, modificar ou extinguir uma dada relação jurídica.

As ações condenatórias e constitutivas também contêm declaração, porém com algo a mais (uma condenação
ou a constituição de uma situação) - diferentemente das ações meramente declaratórias.

A ação meramente declaratória não altera o mundo jurídico, não gera insegurança. Prescrição e decadência
servem para garantir segurança jurídica, assim, como a ação declaratória não coloca em risco a segurança
jurídica, não prescreve ou decai.

O que a prescrição extingue, na verdade, é o poder de exigir a prestação, o poder de exigir o bem da vida (dar,
fazer e não fazer).
*A única ação que extingue o poder de exigir é a condenatória.

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A prescrição é o instituto que tem por função extinguir a pretensão.
Somente as ações condenatórias veiculam pretensão.
Logo, somente ações condenatórias sujeitam-se à prescrição.

A ação constitutiva não veicula pretensão, assim, não há que se falar em prescrição. As ações constitutivas
veiculam direitos potestativos, que são direitos sem pretensão, logo, não se sujeitam à prescrição.

Nem toda ação constitutiva está sujeita a prazo, mas, se estiver, o prazo será de decadência.

DICA:

-Se o prazo for para cobrar dívida ou indenização ou o cumprimento de prestação, será de prescrição (dar,
fazer).

-Se o prazo for para anular negócio ou desfazer relação, será de decadência (criar, modificar).

No direito Penal:

Promotor visa, pela denúncia, exercer a pretensão punitiva, logo, trata-se de prazo prescricional.

Representação e queixa visam constituir um processo válido, logo, trata-se de prazo decadencial.

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