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CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO DE PEDAGOGIA

ELIANE
HÉLEN
LISELVIRA
MARIANA

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA


NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Agudos
2019
ELIANE DE LIMA VACULIK- RA: 270919916
HÉLEN NAARA DE SOUSA DUTRA- RA: 2709208220
LISELVIRA VIEIRA -RA: 2158792454
MARIANA BELLAI- RA: 2726253523

TEMA
A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo apresentado à Anhanguera-UNIDERP,


como requisito parcial para o aproveitamento
da disciplina Projeto Integrador, da 7ª série do
Curso de Pedagogia.

Tutor a Distância:

Agudos
2019
RESUMO

O presente artigo tem como objetivo, mostrar a importância da contação de histórias


no desenvolvimento da criança na Educação Infantil. As histórias devem
proporcionar a formação do caráter e dar à criança perspectivas, mostrando um
caminho onde elas possam se posicionar criticamente, avaliando sua realidade.
Nossa inquietação está relacionada em analisar como a contação de historia
influência na aprendizagem e no desenvolvimento físico, motor, emocional cognitivo
e social. Pois a mesma promove a imaginação e, principalmente, as transformações
de sujeito em relação ao seu objeto de aprendizagem. Partindo desse ponto é que
analisaremos como se dá o desenvolvimento através da contação de historia. Em
seguida o artigo analisara o contexto histórico da contação, e que o ato de contar
histórias requer cuidados específicos. Por fim discorre de forma sucinta sobre a
contribuição da contação de história no desenvolvimento integral da criança.
Concluímos que as narrativas de histórias na educação infantil constituem-se em
uma prática indispensável por potencializar o processo de ensino aprendizagem de
forma prazerosa e ampliar a visão de mundo do educando.

Palavras-chave: Contação de histórias. Desenvolvimento da criança. Leitura.


SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................................05

Desenvolvimento........................................................................................................07

Material e Metódos.....................................................................................................15

Resultados e Discussões...........................................................................................17

Considerações finais..................................................................................................18

Referencias................................................................................................................19
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INTRODUÇÃO

As tecnologias têm contribuído muito para a mudança de comportamento das


crianças. Hoje o que se vê são crianças desde muito pequenas conectadas a
aplicativos tecnológicos e desinteressadas pelo mundo real sem interação social.
Uma criança que não desenvolve a relação social pode se tornar um indivíduo
inseguro e despreparado para enfrentar situações adversas. Muitas dessas crianças
só terão acesso à interação social e a literatura na escola.
Por que contar histórias na educação infantil?
Foi com essa pergunta que se iniciou o desenvolvimento do projeto de
pesquisa, partindo-se da premissa de que mesmo antes das crianças conhecerem
os signos do alfabeto é importante que adquiram o prazer e a curiosidade pelos
livros e pelas histórias.
Vimos que uma das estratégias que despertam o interesse das crianças pelo
livro é a contação de histórias. O primeiro contato das crianças com o texto é feito
oralmente, através da voz dos pais, amigos, professores, portanto a audição dos
livros é o primeiro passo para a leitura. A contação de histórias é uma atividade
lúdica que desperta a curiosidade e o interesse da criança pelo livro. Por meio dos
contos a criança viaja pela imaginação para mundos encantados, para culturas
diversas e vive muitas experiências.
Este trabalho foi realizado a partir de uma pesquisa bibliográfica de diversos
autores que analisam a contação de histórias como um dos recursos imprescindíveis
para o desenvolvimento integral da criança.
As histórias e os contos de fadas participam da infância, juntamente com o
brincar, e trazem expressões da fantasia e dos anseios da criança ajudando-a a lidar
com aspectos inconscientes. Ao ouvir histórias, a criança tem a oportunidade de
enriquecer e alimentar sua imaginação, ampliar seu vocabulário, permitir sua
autoidentificação e autorreconhecimento, aprender a refletir para aceitar situações
relativas às dimensões diversas da vida, além de desenvolver o pensamento lógico
que favorece a memória e o espírito crítico através da manifestação de humor e de
satisfação de sua curiosidade natural.
Segundo Cademartori (2010), é através da história que a dimensão simbólica
da linguagem é experimentada em conjunção com o imaginário e o real. Ao se
identificar com as histórias ou com os contos de fadas a criança passa a querer ouvi-
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la várias vezes por se identificar com a personagem ou com algo semelhante ao que
vive naquele momento, sendo este um motivo para se trabalhar histórias que
abordam temas do cotidiano como morte, laços familiares desfeitos e outros conflitos
que falam de desenvolvimento. As histórias contribuem para que a criança entre em
contato com diversos modos de ver e sentir o mundo desenvolve seu cognitivo de
uma forma lúdica e natural.
Para Piaget (2002) o desenvolvimento concebe uma passagem contínua de
um estado de menor equilíbrio para outro de maior equilíbrio. O autor acredita que o
desenvolvimento ocorre através da interação contínua com o meio físico e social que
possibilita uma constante adaptação da realidade externa à realidade interna, o que
leva em consideração o desenvolvimento afetivo.
A criança necessita ouvir histórias para desenvolver sua imaginação, a
observação, e a linguagem oral e escrita, assim como, o prazer pela arte, à
habilidade de dar lógica aos acontecimentos e estimular o interesse pela leitura.
Partindo desses pressupostos, percebe-se o quão necessário se faz o ato de
escutar histórias, e o quanto que isso contribui para que a criança seja um bom leitor
e ouvinte, e é por meio dessa prática que a leitura vai se apresentando para a
criança, proporcionando um caminho amplo de descobertas e de compreensão do
mundo, abrindo espaço para que as crianças deixem fluir o imaginário e a
curiosidade.
É interessante salientar a ideia de Freire (1988, p.8) de que “a leitura do
mundo precede a leitura da palavra [...]”, nessa perspectiva, o objetivo da contação
de histórias é contribuir para que a criança seja corresponsável pela aprendizagem
partindo do que ele já viu, sentiu, observou no seu dia a dia, aproximando esses
fatos da cultura letrada.
Cavalcanti concorda com esse pensamento ao dizer que: “[...] as narrativas
das histórias de mundo fazem sentido apenas no momento em que se entrelaçam
na história de vida do próprio sujeito” (CAVALCANTI, 2002, p.67).
Neste trabalho destacarei a importância da contação de historia na
aprendizagem e desenvolvimento integral da criança como ser social, na concepção
de alguns teóricos sobre o tema escolhido: A importância da contação de historia na
Educação Infantil.
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DESENVOLVIMENTO

Contexto histórico

O conto oral é uma das mais antigas formas de expressão. Desde os tempos
mais antigos, o homem conta histórias, como uma forma de compartilhar
experiências e de entender o mundo, Tolkien (2006, p.12) resume que não é
possível definir quando de fato essa prática se originou “[...] perguntar qual é a
origem das histórias é perguntar qual é a origem da linguagem e da mente”. A voz
constitui o mais antigo meio de transmissão. Graças à voz, o conto é difundido no
mundo inteiro, preenche diferentes funções, dando conselhos, estabelecendo
normas e valores, atentando os desejos sonhados e imaginados, levando às regiões
mais longínquas a sabedoria dos homens experimentados (PATRINE, 2005, p.118).
A “contação de histórias” é uma das práticas mais remotas que se tem
registro da humanidade. O ser humano conta histórias desde o início do
desenvolvimento das habilidades de comunicação e da fala. Elas promoviam, e
promovem, momentos de união, confraternização, trocas de experiências, além de
ajudar a passar o tempo e vencer o tédio. As histórias despertam a imaginação, as
emoções, o interesse, as expectativa, ouvir uma história e/ou contá-la e recontá-la é
uma maneira de preservar as culturas, os valores e compartilhar o conhecimento.
Sabem-se as pessoas já contavam histórias muito antes da escrita ter sido
inventada, mas como surgiram as histórias para o público infantil no mundo e no
Brasil?
Para responder a essa questão recorremos à obra de Marly Vida l quando
relata sobre o início das histórias destinadas as crianças, retirado do livro Reflexões
Sobre a Formação de Contadores de Histórias (2013, p. 29).
Segundo a autora, é no baú dos antigos contos guardados pela memória do
povo que, no fim do século XVII, Charles Perrault vai buscar o material que resultaria
em sua grande empreitada: Histórias ou contos do tempo passado: Contos da mãe
gansa foi o primeiro núcleo da literatura infantil ocidental.
No século XIX, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm são os grandes
recolhedores das antigas narrativas maravilhosas, lendas e sagas germânicas,
mescla de relatos de diversas fontes, as quais acrescentaram as germânicas
propriamente ditas. Duas mulheres são colaboradoras diretas do Grimm: a
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camponesa Katherina Wieckmann, dona de prodigiosa memória, e Jeannette


Hassenpflug, de ascendência francesa e amiga da família Grimm. É a redescoberta
da fantasia, dos mitos que seduzem desde sempre o homem e sua imaginação. O
surgimento de uma literatura infantil com a cara do Brasil foi levado a cabo por
Monteiro Lobato que foi rapidamente espalhada por todas as regiões do país.
Atualmente temos inúmeros livros com diferentes estilos e títulos para o público
infantil, “desde os tempos mais antigos, as histórias assumem diferentes formas”
(CAPES 2014). Entre eles estão: A Literatura de cordel, Mitos, Contos populares ou
folclóricos; Quadrinhas, Cantigas infantis; Fábulas; Contos de fadas.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(1998, v.3, p. 143), “a leitura de histórias é um instrumento para que a criança possa
conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e
comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o
seu”.
Segundo o Ministério da Educação (BRASIL, 2013), o ato de ouvir histórias é
valioso para o desenvolvimento pessoal, auxilia na compreensão do mundo e a de si
mesmo, expande referências e a capacidade de comunicação, estimula a
criatividade e faz a imaginação fluir, emociona e causa impacto.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil “a
criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma
organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada
cultura, em um determinado momento histórico” (BRASIL, 1998, p. 21-22).
As escolas de Educação infantil são um local onde as crianças interagem
socialmente, recebendo influências socioculturais, para o desenvolvimento da
aprendizagem. As histórias infantis nos levam para um mundo imaginário, no qual as
crianças sentem medo, se consolam, relacionam o real com o imaginário, despertam
curiosidade, acreditam nas histórias porque a visão de mundo aí apresentada está
de acordo com a sua. É de grande importância que o trabalho do hábito pela leitura
seja incentivado também em casa. Desde o berço, a criança escuta a mãe cantando
e balançando, ou contando histórias antigas.
Com isso a criança aprende a gostar do livro pelo afeto, sendo por meio deste
que a criança aprende e desenvolve. A literatura infantil é um caminho que leva a
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criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e


significativa. É importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas e muitas
histórias, pois é através dos livros e contos infantis que a criança enfoca a
importância de ouvir, contar e recontar.
De acordo com Abramovich (2009, p.14), “escutá-las é o início da
aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito
de descoberta e de compreensão do mundo”. Incentivar a formação do hábito de
leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é muito
importante.
A criança incorpora na história e traz para a sua vida. Bettelheim (1980, p. 15)
ressalta que: É característico dos contos de fadas colocarem um dilema existencial
de forma breve e categórica. Isto permite a criança aprender o problema em sua
forma mais essência, onde uma trama mais complexa confundiria o assunto para
ela. O conto de fadas simplifica todas as situações. Suas figuras são esboçadas
claramente, e detalhes, a menos que muito importantes, são eliminados. Todos os
personagens são mais típicos do que únicos.
O contar história é uma arte e Vygotsky (1998) compreende que é um
elemento significativo na constituição do sujeito, no momento em que ela atua sobre
o plano emocional. Para o autor, a arte vive da interação, agregando os princípios da
percepção sensorial, sentimento e imaginação, onde “[...] todas as nossas vivências
fantásticas e irreais transcorrem, no fundo, numa base emocional absolutamente
real” (VYGOTSKY, 1998, p. 246).
Partindo desses pressupostos, percebe-se o quão necessário se faz o ato de
escutar histórias, e o quanto que isso contribui para que a criança seja um bom leitor
e ouvinte, e é por meio dessa prática que a leitura vai se apresentando para a
criança, proporcionando um caminho amplo de descobertas e de compreensão do
mundo, abrindo espaço para que as crianças deixem fluir o imaginário e a
curiosidade. É interessante salientar a ideia de Freire (1988, p.8) de que “a leitura do
mundo precede a leitura da palavra [...]”, nessa perspectiva, o objetivo da contação
de histórias é contribuir para a formação integral da criança.
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CONTRIBUIÇÕES DA CONTAÇÃO DE HISTORIA NA INFÂNCIA

Uma história bem contada é um importante estímulo para o desenvolvimento


pleno das crianças, pois atua no campo cognitivo, social e emocional. A leitura de
histórias infantis ajuda no desenvolvimento do pensamento cultural e na
personalidade das crianças.
A literatura infantil é um processo desafiador e motivador, que transforma
uma  pessoa completamente, ajudando-a ser mais responsável e crítica. É aí que
entra a função da escola, que é de desenvolver na criança o hábito pela leitura. O
gosto pela leitura é através de dois fatores: a curiosidade e o exemplo (este que
deve ser dado tanto pelos professores quanto pelos pais).  A contação de histórias
provoca na criança prazer, amor à beleza, imaginação, poder de observação,
amplia as experiências, gosto pelo artístico, a estabelecer ligação entre fantasia e
realidade.
As histórias enriquecem a experiência, a capacidade de dar sequencia lógica
aos fatos, sentido da ordem, esclarecimento do pensamento, a atenção, gosto
literário, ampliação do vocabulário, o estimulo e interesse pela leitura, a linguagem
oral e escrita, etc. Por este contexto, é que cada vez mais as escolas e os pais
devem adotar a literatura infantil para a educação das crianças, pois somente assim
formarão adultos competentes e responsáveis na formação de um mundo melhor.
Ouvir histórias desenvolve o pensamento crítico e oferece para as crianças a
possibilidade de conhecer um mundo encantador, mas, também, cheio de conflitos e
dificuldades que precisam ser enfrentados.
Ouvir histórias desenvolve imaginação, observação, linguagem oral e escrita,
prazer pela arte, habilidade de dar lógica aos acontecimentos, além de estimular o
interesse pela leitura. Através da arte de contar história podemos tornar possível a
construção da aprendizagem relacionada à competência cognitiva da criança,
propiciando elaboração de conceitos, compreendendo sua atitude no mundo e se
identificando com papéis sociais que exercerá ao longo de sua existência
(BUSATTO, 2005).
As crianças têm uma maneira própria de ver o mundo, misturando fantasia e
realidade. Para a criança pequena, a narrativa oferece inúmeras oportunidades de
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interação com o seu mundo imaginário, explica Britto (2002, p. 18) “ao ouvir a
história, o leitor é transportado para um mundo onde tudo é possível: tapetes voam e
galinhas põem ovos de ouro. Essa é a magia da fantasia”. Assim, utilizar a
linguagem literária de contos constitui-se em uma essencial prática pedagógica.
Sendo assim, as histórias têm um papel respeitável no desenvolvimento das
crianças, pois podem ser um enredo novo ou a sua própria história, valorizando a
sua identidade.

DESENVOLVENDO O GOSTO PELA LEITURA

A contação de história é uma atividade lúdica, artística e pedagógica


podendo estar ao alcance do professor na sala de aula como um instrumento de
trabalho, um recurso importante para o aprendizado do aluno, e consequentemente,
para a formação do aluno leitor.
Segundo Abramovich (1989), é através de uma história que se podem
descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética,
outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem
precisar saber o nome disso tudo.
Um instrumento importante para o desenvolvimento do gosto pela leitura é a
leitura de contos. Eles vêm sendo transmitidos no decurso de gerações, mas além
de promover uma rica herança cultural se tornaram um importante instrumento
educativo. Na Educação Infantil, as narrativas têm fundamental relevância pelo seu
caráter lúdico e sua capacidade de provocar momentos de interesse e concentração
nos pequenos ouvintes.
Na educação infantil os professores devem ser incentivadores do hábito da
leitura. Contar ou ler histórias para as crianças desde pequenas será de grande
importância para despertar nelas o gosto pela leitura e assim contribuir para o seu
desenvolvimento e aprendizagem.
O professor tem a missão de formar cidadãos leitores, e é na educação
infantil que o incentivo tem que começar e a contação de historias é um grande
recurso, por despertar na criança a curiosidade pelo livro.
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COMO CONTAR HISTÓRIAS?

Abramovich (2003) aponta que: “O primeiro contato da criança com um texto


é feito oralmente, através da voz da mãe, dos pais ou dos avós, contando contos de
fadas, trechos da bíblia, histórias inventadas [...]”.
Para Abramovich:
É ouvindo histórias que se podem sentir emoções importantes, como
tristeza, raiva, irritação, bem estar, medo, alegria, pavor,
insegurança, tranquilidade e tantas outras mais, é viver
profundamente tudo que as narrativas provocam em quem as ouve –
com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez
(ou não) brotar [...], pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do
imaginário (ABRAMOVICH, 2003, p. 17).

O “contador” precisa ser habilidoso, é necessário “entrar” na história e levar


junto todos os ouvintes. Diversos recursos, como, imagens, sons, instrumentos
musicais, materiais alternativos, devem ser utilizados para que o momento seja
ainda mais aprazível.
Algumas dicas e técnicas também podem ajudar. A linguagem corporal do
“contador” tem grande relevância para o processo. Trocas de olhares diretas com os
ouvintes são importantes. Caso identifique um ouvinte mais desatento, separe algum
tempo para contar a história diretamente para ele, mas cuidado para que ele não se
torne o centro das atenções, esse não é o objetivo. As perguntas devem ser
respondidas, mas no limite exato. E lembrem-se, as intervenções não podem
comprometer o seu trabalho.
Aspectos importantes são destacados pela autora no uso da voz, como a
dicção. Ao contar uma história temos que tomar o cuidado de pronunciar de forma
clara cada uma das sílabas que compõem a palavra, sentindo cada um dos seus
sons. Outra atenção que se deve ter é dar espaço, entre uma palavra e outra,
procurando não emendar as palavras de uma mesma frase.
O correto é usar palavras simples e ir acrescentando novas palavras ao
vocabulário das crianças de forma sutil e que sejam facilmente entendidas dentro do
contexto da história, nesse caso, o que auxilia no entendimento é explicar com
outras palavras o que já foi dito, por exemplo: “a pele da princesa era alva como a
neve. Todas as pessoas admiravam sua pele branquinha.”.
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Em seu livro Contar Histórias: Uma arte sem idade, COELHO (1999, p.47)
nos ensina que “antes de narrar à história deve-se abrir espaço para uma boa
conversa”. A autora reforça que o espaço para as crianças falarem antes da
narração é indispensável. Neste momento o “contador” conhece melhor as crianças
e concede a oportunidade aos pequenos de falarem. Isto acalma e os prepara para
a aventura. Ao preparar a seleção de narrativas para o público da educação infantil é
importante conhecer os interesses e o estágio emocional que predominam nesta
faixa etária, como destaca Coelho (1999, p.15), “a história é um alimento à
imaginação e precisa ser dosada conforme sua estrutura cerebral”,
O ambiente, mesmo que simples, deve ser favorável à “contação de história”.
Pode ser ao ar livre ou em locais fechados, porém é necessário estar livre de
qualquer distração ou desconforto. Ruídos, pessoas transitando, excesso de sol,
muito frio, muito calor, muito iluminado, pouco iluminado… tudo isso poderá dificultar
o trabalho do “contador”. Procure o ambiente e o momento ideais para contar suas
histórias.
Essas são dicas para o professor que deseja inserir em sua prática o hábito
de contar histórias. Com isso alcançarão resultados satisfatórios com as crianças.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desenvolvimento e aprendizagem da criança na concepção de Vygotsky

Embasados nos estudos de Vygotsky, Rego (1995, p. 120-121) afirma que o


homem possui habilidades como pensar, raciocinar, deduzir e abstrair, mas por
outro lado, é um ser que têm sentimentos, emoção, desejos, imaginação e se
sensibiliza. Partindo dessa premissa, Vygotsky (2010, p. 144) afirma que o trabalho
do pedagogo deve consistir não só em fazer com que os alunos pensem e assimilem
o conhecimento, mas também o sintam.
Compreendemos a contação de histórias enquanto um instrumento essencial
para se trabalhar a estimulação do pensamento, da memória e da imaginação das
crianças. Nesse patamar, Vygotsky (2009, p.14) apreende a imaginação enquanto
uma atividade criadora baseada na capacidade de nosso cérebro combinar e
reelaborar, de forma criadora, “elementos da experiência anterior, levando a novas
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situações e novo comportamento”. Para o autor, existem quatro formas principais


que estabelecem a relação entre a imaginação e a realidade: A primeira diz respeito
a toda obra da imaginação construir-se a partir de elementos tomados da realidade e
de experiências vivenciadas anteriormente pelo sujeito; Já a segunda forma, aponta
que a relação do produto final da imaginação com algum fenômeno real torna-se
possível através das experiências que a criança adquire com os outros
enriquecendo o seu imaginário; Enquanto a terceira forma de relação entre a
realidade e a atividade de imaginação é de cunho emocional.
Manifestando-se de dois modos: de um lado, o sentimento seleciona
“elementos isolados da realidade, combinando-os numa relação que se determina
internamente pelo nosso ânimo” (VYGOTSKY, 2009, p.26), e acaba influenciando na
imaginação. Entretanto, existe ainda uma relação inversa, onde a imaginação influi
no sentimento, isto é, a construção do sentimento não corresponde à realidade, pois
esse sentimento é verdadeiro e foi vivenciado pelo sujeito; Por fim, mas não menos
importante temos a quarta forma de relação entre fantasia e realidade. Essa se
refere à construção da imaginação ter a possibilidade de ser algo totalmente novo,
isto é, que não têm relação com as experiências vividas pelo sujeito e nem com
experiências que lhes são transmitidas por outras pessoas.
Entretanto, Vygotsky (2009, p. 29) enfatiza que ao adquirir uma concretude
material, essa imaginação é “cristalizada”, passando a existir no mundo e a influir
sobre outras coisas. Dessa forma, a imaginação passa a ser realidade. Assim
sendo, evidenciamos que a contação de histórias influência nos fatores intelectuais e
emocionais que são indispensáveis para o ato de criação da imaginação, tendo em
vista que, para a teoria histórico-cultural, ambos os fatores acima descritos movem a
criação humana. Deste modo, compreendemos a contação de histórias enquanto um
momento que favorece a relação entre realidade e fantasia, e consequentemente a
ação do sujeito no mundo. Na medida em que, a imaginação ganha concretude e
passa a existir e influir na realidade.
Já no que tange o aprendizado e desenvolvimento do sujeito, Vygotsky (2007)
enfatiza que esses se encontram inter-relacionados. Utilizando dos seguintes
conceitos para explicar essa relação: Nível de Desenvolvimento Real (NDR) onde a
criança resolve seus problemas independentemente, e o Nível de Desenvolvimento
15

Potencial (NDP) onde a criança necessita da ajuda de um adulto ou companheiro


com mais experiência para realizar funções, sendo na Zona de Desenvolvimento
Proximal (ZDP) que se encontram as funções que estão em processo de maturação,
isto é, as funções que estão em estado embrionário. Nesse sentido, fundamentando-
nos teoricamente na perspectiva histórico-cultural, temos a clareza de que a
internalização do conhecimento decorre de uma organização interna de informações
e aprendizagens que a criança adquire estando em contato com outras pessoas e
objetos. No entanto, para atingir tais patamares, são necessários instrumentos
mediadores e, conforme Davis e Oliveira (2010, p. 63), “os instrumentos mediadores
[...] são instrumentos sociais e que foram construídos pelo homem no decorrer da
história humana [...]” como é o caso dos sistemas de signos, fala escrita, bem como
a ajuda de livros, professores e colegas. Nesse sentido, apreendemos “o
desenvolvimento humano como um empreendimento conjunto e não individual
construído na e pela interação das crianças com outras pessoas, [...] e é fruto de
experiências anteriores, que servem de base para novas construções” (RIVERO,
2011, p. 7).

MATERIAL E MÉTODOS

O presente artigo científico procura demonstrar a importância da contação de


historia, no desenvolvimento infantil. Na educação, a contação de historia é uma
ferramenta que pode dar mais vida e prazer ao processo de ensino-aprendizagem.
Trata-se de um estudo desenvolvido com base em uma pesquisa
bibliográfica, com o intuito de conhecer as contribuições teóricas existentes sobre a
prática educativa. Segundo Malheiros (2013), a pesquisa bibliográfica levanta o
conhecimento disponível na área, possibilitando que o pesquisador conheça as
teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou
explicar o seu problema objeto de investigar.
A pesquisa é um conjunto de procedimentos voltados para investigação e
solução de problemas teóricos ou práticos por meio da utilização de métodos
científicos, segundo Andrade (2009, p. 111). A pesquisa parte de uma dúvida, de um
problema, de uma curiosidade ou do interesse do homem a buscar uma solução ou
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resposta para o fenômeno estudado e para isso utiliza-se de métodos científicos, e


não é tarefa fácil e simples, encontrar informações do que se procura e
principalmente sendo esta de fonte confiável e segura.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 60) a pesquisa Bibliográfica;
faz parte das fontes bibliográficas os documentos manuscritos, impressos como
livros, jornais, boletins, documentos mimeografados, xerocopiados, microfilmes,
gravações de áudio e vídeo e ainda a vasta biblioteca virtual, podendo ser de fontes
primárias ou secundárias.
Neste trabalho foi realizada uma pesquisa de forma bibliográfica, embasada
em livros, revistas e biblioteca virtual e se restringiu a pesquisa descritiva que busca
descrever as características da aprendizagem através da contação de historia. Este
trabalho é embasado por autores que nos ajudam a entender a contação de historia
como ferramenta no desenvolvimento da criança na educação infantil.
Sabemos que é impossível construir uma argumentação eficiente sem o
respaldo de teorias especializadas. Autores como: Vygotsky, Piaget, Freire,
Abramovich, Ferreiro, Teberoscky, Bettelheim.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os autores pesquisados pôde-se constatar que a contação de


histórias contribui muito para o desenvolvimento cognitivo, afetivo, e social,
despertando a criatividade, imaginação e curiosidade de forma mais prazerosa.
Portanto, o contar e o ouvir histórias são, fundamentais na vida da criança para que,
a mesma se desenvolva de forma física, intelectual, emocional, social, afetiva e
cognitivamente. Ouvindo histórias, elas aprendem a lidar com as emoções e
desenvolvem o imaginário, equilibrando as tensões provenientes do seu mundo
cultural e social, construindo sua individualidade e marca pessoal, enfim, sua
personalidade.
Desta forma acredita-se que a leitura é um dos meios mais importantes para
novas aprendizagens; possibilita a construção e o fortalecimento de ideias e ações,
afinal, não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever.
Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma
atividade, um trabalho simbólico, que só é conseguido através da utilização dos
contos de fadas concomitante ao processo de alfabetização. A importância de contar
histórias foi ressaltada quando se percebeu que era uma forma de transmitir a
emoção da literatura.
Segundo Abramovich (1993) “Escutá-las é o início da aprendizagem para ser
um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e
compreensão do mundo”.
Histórias bem trabalhadas na pratica educativa, fazem com que, se
transforme em conhecimento desenvolvendo na criança o pensamento critico e a
empatia.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em meio a tantas tecnologias o conto ainda encanta, é um veiculo de interação


entre as pessoas que impressiona pela fantasia. O imaginário embarca em um
mundo que somente o ouvinte vê e sente. Os contos enriquecem nosso espírito,
iluminam nosso interior, e, ao mesmo tempo, nos tornam mais confiantes e
protagonistas na resolução dos problemas e mais flexíveis para aceitar diferenças. A
contação histórias possibilita debater importantes aspectos do dia-a-dia das
crianças. Contar histórias é também uma forma de ensinar temas éticos e cidadania
e de propiciar um mundo imaginário que encanta a criança.
A importância do conto é exatamente instigar a criança a fantasiar a sua
realidade, proporcionando outras formas de aprendizado, exercitando o ato da
leitura, que por sua vez reflete na escrita.
No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam as mais
diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias sobre
aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as crianças constroem o
conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras e com o meio
em que vivem. As possibilidades da prática de contação de história são inúmeras,
podendo ser a partir delas, inserir vários saberes sobre diferentes áreas. Desse
modo o professor na educação infantil deve-se colocar como um ser atuante
inovador e criativo.
Com esse trabalho, mostrou-se a grande importância que a contação de
histórias tem no desenvolvimento das crianças desde os primeiros momentos de sua
vida educacional e as grandes contribuições formação de leitores.
Acredito que esse trabalho não se finda por aqui, pois na medida em que as
reflexões vão surgindo, vão abrindo novas indagações sobre a contação de
histórias.
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REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 3. Ed. São Paulo:


Scipione,2003.Disponível em:
https://www.skoob.com.br/livro/resenhas/40304/edicao:44062; Acesso em:
20/04/2019.

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9.


Ed.SãoPaulo:EdiçõesLoyola,1974.Disponívelem:
https://www.estantevirtual.com.br/.../paulo-nunes...almeida/educacao-ludica-
tecnicas-e. Acesso em: 03/04/2019.

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