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INVENTÁRIO DE EMISSÕES

DE GASES DE EFEITO ESTUFA


DO ESTADO DE PERNAMBUCO
2015 - 2018

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Resumo Técnico

Governo do Estado de Pernambuco

Paulo Henrique Saraiva Câmara


Governador do Estado de Pernambuco

Luciana Barbosa de Oliveira Santos


Vice-Governadora do Estado de Pernambuco

José Antônio Bertotti Júnior


Secretário Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

Inamara dos Santos Melo


Secretária-Executiva de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Samanta Della Bella


Superintendente de Sustentabilidade e Clima

João Ricardo Cumarú Silva Alves


Assessor especial

Hugo Alves Mariz de Moraes


Gerente de Baixo Carbono

Coordenação técnica

Hugo Alves Mariz de Moraes (coordenador)


Gerente de Baixo Carbono

Apoio técnico

Alessandra Mara Sá Firmino


Analista de projetos ambientais

Lenilda Maria de Abreu


Analista de projetos ambientais

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Câmara técnica de apoio ao inventário do Fórum Estadual
de Mudança do Clima

Hugo Alves Mariz de Moraes


Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

Lenilda Maria de Abreu


Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

Adriana Dornelas de Luna


Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco

Carmem Lucia Ferreira Carneiro Nogueira Lima


Companhia Energética de Pernambuco

Ana Maria Cardoso de Freitas


Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco

Eliza Rosário Gomes Marinho de Albuquerque


Associação Plantas do Nordeste

Frans Germain Corneel Pareyn


Associação Plantas do Nordeste

Sérgio Peres Ramos da Silva


Universidade de Pernambuco

Lidiane Silva do Espírito Santo Nunes


Agência Estadual de Meio Ambiente

Fabiane Carolyne Santos


Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste

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Agradecimentos

O desenvolvimento do presente inventário contou com o apoio de diversas institui-


ções nacionais e internacionais, as quais a Secretaria de Meio Ambiente e Sustenta-
bilidade de Pernambuco, em nome do Governo do Estado, agradece:

Ao Projeto Pegada Climática, formados pela Ricardo Energy & Environment, Way
Carbon, ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, CDP, Greenhouse Gas Ma-
nagement Institute, liderados pelo Climate Group, pela assistência técnica provida.

À Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), à Agência Nacional do Petróleo, Gás


Natural e Biocombustíveis (ANP), à Companhia Energética de Pernambuco (Celpe),
à Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), à Companhia Pernambucana de
Saneamento (Compesa), ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), à Secretaria de Administração de Pernambuco, pelos
dados viabilizados.

À Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), à Associação de Plantas do


Nordeste (APNE), ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), ao Centro de Pes-
quisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e
Habitação de Pernambuco (SEDUH), à Universidade de Pernambuco (UPE), à Celpe
e à Compesa pela presença nas reuniões e workshops técnicos promovidos pela SE-
MAS e instituições parceiras.

À sociedade civil que contribuiu com informações por meio dos debates promovidos
através do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas.

À toda a equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco.

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Lista de quadros

Quadro 1. Setores, categorias, descrições, gases reportados e referência das fontes de


emissão consideradas para o cálculo das emissões de GEE de Pernambuco

Lista de tabelas

Tabela 1. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de
energia estacionária
Tabela 2. Fatores de emissão pelo uso de energia elétrica no Brasil entre 2015 e 2018
(fonte: MCTIC)
Tabela 3. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de
transportes
Tabela 4. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor
de resíduos sólidos
Tabela 5. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor
de tratamento de efluentes
Tabela 6. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE referentes
à produção de cimento, cal e vidro
Tabela 7. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subse-
tor da pecuária

Lista de gráficos

Gráfico 1. Participação dos subsetores nas emissões de energia estacionária (2015-2018)


Gráfico 2. Emissões de GEE por fonte estacionária (2015-2018)
Gráfico 3-A: Comparativo das emissões pelo uso de energia elétrica com o consumo
referente a cada ano analisado (2015-2018)
Gráfico 3-B: Comparativo das emissões pelo uso de energia elétrica com o fator de
emissão referente a cada ano analisado (2015-2018)
Gráfico 4. Participação das fontes de emissão no setor de transportes (2015-2018)
Gráfico 5. Emissões de GEE pela utilização de combustíveis de aviação (2015-2018)
Gráfico 6. Emissões de GEE do setor de resíduos (2015-2018)
Gráfico 7. Participação de aterros sanitários e lixões no total das emissões do subsetor
de resíduos sólidos (2015-2018)
Gráfico 8. Participação do volume de produção da indústria mineral nas emissões dos
processos industriais (2015-2018)
Gráfico 9. Emissões de GEE do subsetor da pecuária (2015-2018)
Gráfico 10. Emissões de GEE oriundas da mudança de uso do solo na mata atlântica e
caatinga em Pernambuco (2015-2018)
Gráfico 11. Emissões brutas totais do setor AFOLU em Pernambuco (2015-2018)
Gráfico 12. Comportamento das emissões e remoções do setor AFOLU em Pernambuco
(2015-2018)
Gráfico 13. Relação entre as emissões totais anuais e emissões per capita em Pernam-
buco (2015-2018)
Gráfico 14. Emissões de GEE brutas totais por setor em Pernambuco (2015-2018)
Gráfico 15. Representação da participação das principais fontes de emissão em Per-
nambuco por ano (2015-2018)

Lista de figuras

Figura 1. Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco


Figura 2. Participação dos subsetores nas emissões de energia estacionária em porcen-
tagem (2015-2018)

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Siglas

AFOLU - Agricultura, pecuária e outros usos do solo


ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
BEN – Balanço Energético Nacional
Bo – Capacidade máxima de produção de metano
Celpe – Companhia Energética de Pernambuco
Compesa – Companhia Pernambucana de Saneamento
Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CONDEPE/FIDEN – Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco
COPERGÁS - Companhia Pernambucana de Gás
CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
EFDB – Emission factor data base (Base de dados de fatores de emissão)
FE - Fator de emissão
GWP – Global Warming Potential
Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IPCC – Painel Intergovernamental de Mudança do Clima
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IPPU - Processos industriais
ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco
MCF – Fator de correção de metano
MCTIC - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
PIRS - Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos
SEEG – Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observa-
tório do Clima
SEMAS - Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco
SIN - Sistema Interligado Nacional
TCA – Termo de Compromisso Ambiental

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SUMÁRIO

Apresentação 9
Características de Pernambuco 10
Período de análise 11
Metodologia 11
Exclusão das emissões 17
Reporte de emissões por setor: energia estacionária 18
Reporte de emissões por setor: transportes 23
Reporte de emissões por setor: resíduos 26
Reporte de emissões por setor: processos industriais 30
Reporte de emissões por setor: agricultura, pecuária e outros usos do solo 31
Consolidação dos resultados: visão geral 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
ANEXOS 40

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APRESENTAÇÃo
A mudança do clima, um desafio global, causa impactos na vida de todos, com efei-
tos que demandam uma mudança de atitude imediata - além de atenção e ação
permanentes. Isso diz respeito à sociedade como um todo, aí incluídas todas as
esferas governamentais. Em Pernambuco, o cenário torna-se particularmente pre-
ocupante, e ainda mais exigente, porque estamos localizados em uma das áreas
mais vulneráveis à repercussão destas mudanças, tanto nas regiões litorâneas de
baixa declividade como na grande parte do Estado sujeita à desertificação. Para
lidar com esta realidade, o Estado tem trilhado o caminho necessário, construindo
sua Política de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Em 2008, criamos o Comitê
Estadual de Enfrentamento das Mudanças Climáticas (Decreto N° 31.507/2008), se-
guido do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas (Decreto N° 33.015/2009).

A partir das reuniões promovidas por estes dois coletivos, as principais metas de Per-
nambuco - para o enfrentamento desses fenômenos - foram definidas, resultando
na Política (Lei N° 14.090/10) e no Plano de Enfrentamento às Mudanças Climáticas.
Aí estão consideradas três temáticas urgentes: Desertificação, Gestão Costeira e
Urbanismo. Em 2019, a política climática ganhou um novo impulso em Pernambuco.
Um dos novos passos foi a construção do Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE),
visto como determinante para o estabelecimento de metas concretas na diminuição
de emissões, além de instrumento norteador da revisão do Plano de Enfrentamento
às Mudanças do Clima. O Inventário implica no mapeamento, de forma sistemática,
das contribuições dos setores e produtos que geram emissões de GEE, de forma di-
reta ou indireta, dentro dos limites do Estado.

Pernambuco também foi selecionado para o projeto Pegada Climática, conduzido pela
Under 2 Coalition e secretariado pelo The Climate Group, que trouxe apoio fundamental
ao processo, por meio de capacitações e acompanhamento técnico. O foco prioritário
é a garantia de alinhamento dos sistemas de Monitoramento, Reporte e Verificação re-
gionais, com esforços nacionais e locais, para a promoção da ação climática integrada.
Nesta construção do Inventário de Gases de Efeito Estufa, aqui em Pernambuco, o
Fórum Estadual de Mudanças Climáticas também teve papel decisivo. Um exemplo
foi a ampliação da capilaridade na busca dos dados necessários para subsidiar o
Inventário. Ele também disponibilizou especialistas, nas diversas temáticas que en-
volvem os setores de emissão de gases, para participação na análise das informa-
ções. Citou, inclusive, uma Câmara Temática, cuja finalidade exclusiva foi o acom-
panhamento de todas as etapas deste trabalho.

O primeiro Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado de Pernambuco reflete


esta reunião de esforços, conjuntamente empreendidos no fortalecimento das polí-
ticas públicas estaduais. Queremos, todos, a capacidade de enfrentamento, adap-
tação, reversões inadiáveis e mitigação de danos, frente às novas realidades, decor-
rentes das mudanças no clima. O que buscamos, efetivamente, é o desenvolvimento
de uma sociedade resiliente, próspera e sustentável, em um mundo preparado para
sonhar e realizar um futuro aberto a todos.

José Bertotti
Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade

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CARACTERÍSTICAS DE PERNAMBUCO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado de
Pernambuco, localizado na região nordeste do Brasil, possui uma área de 98.068,021
km², com uma população estimada de 9.557.071 de habitantes em 2019, distribuídos
em 185 municípios. O índice de Desenvolvimento Humano no Estado em 2010 era de
0,673, correspondendo a 19ª posição no Brasil.

Pernambuco é a segunda maior economia do Nordeste, com o Produto Interno Bruto


(PIB) de R$ 182 bilhões em 2018. Espacialmente, o PIB do Estado é concentrado na
Região Metropolitana do Recife (RMR), com cerca de 60% de participação no total,
onde localiza-se o complexo industrial portuário de Suape. Em seguida vem o Agres-
te (região do Polo de Confecções e Bacia Leiteira), com 15,8% e a Mata Pernambu-
cana (da agroindústria canavieira), representando 11,8% do PIB.

Quanto à dinâmica da atividade econômica, o período 2009-2017 pode ser segmen-


tado em três fases: (i) 2009-2014 quando a economia do estado cresceu acima da
média do país e da região; (ii) 2015-2016: retração intensa, com o PIB de R$ 167,29
bilhões (IBGE, 2016), com queda de 2,9% em relação a 2015; (iii) a partir de 2017:
recuperação moderada, com um crescimento de 1,9% do PIB em 2018 (R$ 182,8 bi-
lhões), em relação ao ano anterior, superando o crescimento de 1,1% do PIB nacional
(Banco Central, 2018). A agropecuária, a indústria e os serviços são os setores econô-
micos que, segundo a Condepe/Fidem (2018), motivaram essa recuperação.
De acordo com a Lei Estadual Nº 12.427/2003, o Estado é dividido em 12 Regiões de
desenvolvimento (RDs), três regiões na Zona da Mata, três no Agreste e seis regiões
no Sertão (Figura 1).

Figura 1. Regiões de Desenvolvimento de Pernambuco. Fonte: Condepe/Fidem 2012 - Anuário Estatístico.

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Caracterizado pelo setor sucroalcooleiro, a partir dos anos 70 novos segmentos da
economia pernambucana emergem: o complexo hortifruti vinícola na região do
submédio São Francisco, um importante polo de confecções em diversas cidades do
Agreste, o polo gesseiro, na região do Araripe, e expressivas atividades na área de
serviços, como as centrais de distribuição e de redistribuição de mercadorias para
grande parte da região Nordeste, o complexo médico-hospitalar, na Região Metro-
politana do Recife, o polo de informática, e diversas atividades no campo turístico,
especialmente nas praias do litoral sul do Estado (Galvão, 2015).

PERÍODO DE ANÁLISE
O presente inventário cobre as emissões de GEE em Pernambuco entre os anos de
2015 e 2018, sendo estes analisados e contabilizados separadamente. Sendo assim,
considera-se as emissões provenientes das atividades ocorrentes entre os dias 1 de
janeiro e 31 de dezembro dos respectivos anos.

METODOLOGIA
Os critérios para a seleção dos setores na avaliação deste inventário de emissão de
gases de efeito estufa são descritos na metodologia estabelecida pelas Diretrizes
para Inventários Nacionais de Gases do Efeito Estufa (2006) do Painel Intergover-
namental sobre Mudança do Clima (IPCC), uma organização criada no âmbito das
Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo sintetizar e disseminar conhecimentos
científicos acerca dos efeitos da mudança do clima no mundo. Além disso, utilizou-
se a Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, publicada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), como referência de aplicação mais regionali-
zada da metodologia do IPCC.

De acordo com as categorias existentes e com a disponibilidade de dados, as emis-


sões de GEE do Estado de Pernambuco para este inventário foram divididas nos se-
guintes setores: energia estacionária, transportes dentro do Estado, gerenciamento
de resíduos sólidos e efluentes, processos industriais (IPPU), e agricultura, pecuária e
outros usos do solo (AFOLU). O quadro 1 abaixo detalha todos os setores e catego-
rias utilizadas, tendo como base as referências do IPCC.
Quadro 1. Setores, categorias, descrições, gases reportados e referência das fontes de emissão
consideradas para o cálculo das emissões de GEE de Pernambuco.

Gases Referência
Setor Categoria Descrição
reportados do IPCC
Emissões provenientes da
Uso de queima de combustíveis para CO2, CH4,
1.A
combustíveis geração de calor e energia em N2O
fontes estacionárias.
Compreende as emissões de
Indústria de
Energia combustíveis queimados pelas CO2 1.A.1
energia
estacionária indústrias produção de energia.
Geração de Compreende as emissões de
eletricidade e todo o uso de combustível
perdas na distri- para geração de eletricidade CO2 1.A.1.a
buição de energia dos principais produtores de
elétrica atividade.

11
Indústria de
Emissões da combustão de
manufatura e CO2 1.A.2
combustíveis na indústria.
construção
Emissões de atividades de
combustão e uso de energia CO2, CH4,
Outros setores 1.A.4
elétrica em fontes estacioná- N2O
rias, divididas em subsetores.
Emissões relacionadas à
combustão de combustível e
Comercial/ CO2, CH4,
utilização de energia elétrica 1.A.4.a
Público N2O
em edifícios comerciais e insti-
Energia estacio- tucionais.
nária (continua-
ção) Emissões relacionadas à
combustão de combustível e CO2, CH4,
Residencial 1.A.4.b
utilização de energia elétrica N2O
em unidades residenciais.
Emissões relacionadas à
combustão de combustível e
CO2, CH4,
Agropecuário utilização de energia elétrica 1.A.4.c.i
N2O
em estruturas de uso agrope-
cuário.
Todas as emissões de combus-
Outras fontes não CO2, CH4,
tíveis e uso de energia elétrica 1.A.5.a
especificadas N2O
em fontes não identificadas.
Emissões provenientes da
Uso de
queima de combustíveis para CO2, CH4,
combustíveis em 1.A.3
geração de calor e energia em N2O
transportes
fontes móveis.
Emissões da aviação civil inter-
CO2, CH4,
Transportes Aviação civil nacional e doméstica, incluindo 1.A.3.a
N2O
decolagens e pousos.
Todas as emissões de combus-
Transporte tão e evaporação decorrentes CO2, CH4,
1.A.3.b
rodoviário do uso de combustível em N2O
veículos rodoviários.
Emissões oriundas da transfor-
Indústria mineral mação da matéria na indústria CO2, CH4 2.A
mineral
Emissões relacionadas ao pro-
Produção de
cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.1
cimento
Processos tipos de cimento
industriais Emissões relacionadas ao pro-
Produção de cal cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.2
tipos de cal
Emissões relacionadas ao pro-
Produção de
cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.3
vidro
tipos de vidro

12
Emissões relacionadas ao pro-
cesso de fermentação entérica
Pecuária CH4 3.A
de animais e do manejo de
seus estercos.
Emissões de metano dos herbí-
voros como subproduto da fer-
mentação entérica, sendo mais
Fermentação representativa em ruminantes,
CH4 3.A.1
entérica como bovinos e caprinos, mas
com participação de outros
tipos de animais, como porcos
e cavalos, por exemplo.
Emissões oriundas da decom-
Manejo de
posição do esterco de animais CH4 3.A.2
dejetos
confinados.
Emissões e remoções relacio-
nadas à dinâmica de transição
dos usos de solo, sendo estima- CO2, CH4,
Uso do solo 3.B
das pela diferença de estoque N2O
de carbono existente nas áreas
antes e depois da conversão.

Agricultura, pe- Emissões e remoções oriundas


cuária e outros da transição de usos do solo
CO2, CH4,
usos do solo Floresta definidos pela presença de ve- 3.B.1
N2O
getação lenhosa devidamente
classificada.
Emissões e remoções carac-
Floresta perma- terizadas pelo aumento e/ou CO2, CH4,
3.B.1.a
necendo floresta diminuição da área de floresta N2O
analisada
Emissões e remoções de dife-
Conversão de so- CO2, CH4,
rentes usos do solos converti- 3.B.1.b
los para floresta N2O
dos em áreas florestais.
Emissões e remoções de solos
Lavouras con-
cultivados convertidos em CO2, CH4,
vertidas para 3.B.1.b.i
floresta. N2O
floresta

Pastagens con- Emissões e remoções de áreas


CO2, CH4,
vertidas para de pastagens convertidas em 3.B.1.b.ii
N2O
floresta floresta.

Infraestruturas Emissões e remoções de áreas


CO2, CH4,
convertidas para com algum tipo de infraestru- 3.B.1.b.iv
N2O
floresta tura urbana convertidas em
floresta.

13
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.1.b.v
N2O
para floresta floresta.
Emissões e remoções de terras
aráveis e sistemas agro-flo-
restais, onde a vegetação é CO2, CH4,
Lavouras 3.B.2
reduzida abaixo dos limiares N2O
usados para a categoria de
terras florestais.
Emissões e remoções de terras
Lavoura perma- cultiváveis que não sofreram CO2, CH4,
3.B.2.a
necendo lavoura alterações no uso da terra du- N2O
rante o período do inventário.
Emissões e remoções de dife-
Conversão de so- CO2, CH4,
rentes usos do solo convertidos 3.B.2.b
los para lavoura N2O
em terras agrícolas.
Emissões e remoções de flo-
Florestas conver- CO2, CH4,
restas convertidas em terras 3.B.2.b.i
tidas em lavoura N2O
agrícolas.
Pastagens Emissões e remoções de áreas
Agricultura, pe- CO2, CH4,
convertidas em de pastagem convertidas em 3.B.2.b.ii
cuária e outros N2O
lavoura terras agrícolas.
usos do solo
(continuação) Emissões e remoções de áreas
Infraestruturas
com algum tipo de infraestru- CO2, CH4,
convertidas em 3.B.2.b.iv
tura urbana convertidas em N2O
lavoura
terras agrícolas.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.2.b.v
N2O
em lavoura terras agrícolas.
Emissões e remoções de pasta-
gens naturais e pastagens que CO2, CH4,
Pastagem 3.B.3
não são consideradas áreas de N2O
cultivo.
Emissões e remoções de áreas
Pastagem
de pastagem que não sofreram CO2, CH4,
permanecendo 3.B.3.a
alterações no uso da terra du- N2O
pastagem
rante o período do inventário.
Conversão de Emissões e remoções de dife-
CO2, CH4,
solos para rentes usos do solo convertidos 3.B.3.b
N2O
pastagem em pastagem.
Florestas Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de florestais convertidas em 3.B.3.b.i
N2O
pastagem pastagem.

14
Lavouras Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de cultiváveis convertidas em 3.B.3.b.ii
N2O
pastagem pastagem.
Emissões e remoções de áreas
Infraestruturas
com algum tipo de infraestru- CO2, CH4,
convertidas em 3.B.3.b.iv
tura urbana convertidas em N2O
lavouras
terras agrícolas.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.3.b.v
N2O
em lavoura pastagem.
Emissões e remoções de áreas
caracterizadas pela presença
CO2, CH4,
Infraestrutura de qualquer tipo de infraestru- 3.B.5
N2O
tura urbana, seja transporte ou
assentamentos.
Emissões e remoções de áreas
Agricultura, pe- Infraestrutura de infraestrutura que não
cuária e outros CO2, CH4,
permanecendo sofreram alterações no uso 3.B.5.a
usos do solo N2O
infraestrutura da terra durante o período do
(continuação) inventário.
Conversão de Emissões e remoções de dife-
CO2, CH4,
solos para rentes usos do solo convertidos 3.B.5.b
N2O
infraestrutura em infraestrutura.
Florestas Emissões e remoções de áreas CO2, CH4,
convertidas em de florestais convertidas em N2O 3.B.5.b.i
infraestrutura infraestrutura.
Lavouras Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de cultiváveis convertidas em 3.B.5.b.ii
N2O
infraestrutura infraestrutura.
Pastagens Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de pastagem convertidas em 3.B.5.b.iv
N2O
infraestrutura infraestrutura.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.5.b.v
N2O
em infraestrutura infraestrutura.
Contabilização do metano pro-
duzido a partir da decomposi-
Resíduos sólidos ção microbiana anaeróbica de CH4 4.A
matéria orgânica em locais de
disposição de resíduos sólidos.
Resíduos Disposição de resíduos em
locais de gerenciamento ade-
Disposição de
quado e controlado, caracte-
resíduos em CH4 4.A.1
rizados por conter cobertura,
aterros sanitários
compactação mecânica e
nivelamento dos resíduos.
Disposição de resíduos sólidos
Disposição de
em locais de gerenciamento CH4 4.A.2
resíduos em lixões
a céu aberto

15
Contabilização do metano e
óxido nitroso produzidos a
partir da decomposição
anaeróbica de matéria orgâ-
Tratamento de
nica por bactérias em instala- CH4, N2O 4.D
águas residuais
Resíduos ções de esgoto e de processa-
(continuação) mento de alimentos e outras
instalações industriais durante
tratamento de água poluída.
Tratamento Tratamento e descarga de
de efluentes esgoto de fontes residenciais CH4, N2O 4.D.1
domésticos e comerciais.

Para o setor de energia estacionária e transportes, o cálculo das emissões de GEE


presentes nesse inventário foi baseado no método de compra e venda de combus-
tíveis. Para o setor de resíduos, utilizou-se o modelo metodológico de comprometi-
mento de metano, disponível no Global Protocol for Community-Scale Greenhouse
Gas Emissions Inventories, esse modelo quantifica as emissões a partir da disposição
final de resíduos sólidos em determinado ano, independentemente de a emissão
efetivamente ocorrer ou não. A metodologia parte do pressuposto que todo compo-
nente orgânico degradável disposto em aterros produz metano de forma imediata.
As emissões provenientes dos processos industriais basearam-se no volume de pro-
dução de produtos da indústria mineral. Para pecuária foram abordadas a fermen-
tação entérica e o manejo de dejetos, onde considerou-se o número de cabeças de
animais cuja criação reflete na emissão de GEE no Estado. Por fim, para o cálculo
das emissões de uso do solo construiu-se uma matriz de transição entre os diferen-
tes tipos de uso, onde foi observado a diferença de estoque de carbono ao longo do
período analisado.

Potencial de Aquecimento Global

Global Warming Potential Values (GWP), ou Potencial de Aquecimento Global, é


uma medida que estima o quanto determinado gás de efeito estufa contribui para
a mudança do clima. Para esse inventário, foram utilizados os valores determinados
pelo 5º Relatório de Avaliação (AR5) do IPCC. O AR5 foi divulgado em 2014, sendo
o mais recente até então. Tendo como base o dióxido de carbono (CO2), o GWP dos
principais gases de efeito estufa utilizados para calcular as emissões do Estado de
Pernambuco foram:

Dióxido de carbono (CO2): 1


Metano (CH4): 28
Óxido Nitroso (N2O): 265
Desta forma, seguindo a metodologia do IPCC, as emissões de GEE são dadas em
CO2 equivalente (CO2e).

16
EXCLUSÃO DE EMISSÕES

Determinadas fontes de emissões não foram estimadas para este inventário devido
à indisponibilidade de informações e/ou baixa representatividade perante as emis-
sões totais no ano inventariado.

Atividades industriais
De acordo com o Portal da Indústria, os principais segmentos do setor industrial no
Estado são os de construção, alimentos, serviços industriais de utilidade pública,
produtos químicos e derivados de petróleo e biocombustíveis. Contudo, durante o
processo de construção desse inventário, identificou-se a indisponibilidade de al-
guns dados necessários para se calcular as emissões do setor de processos indus-
triais (IPPU), que basicamente exige saber o volume de fabricação de determinados
produtos. Desta forma, o único segmento reportado deste setor foi o de produção
da indústria mineral no Estado, mais especificamente de cimento, cal e vidro.

Disposição de resíduos sólidos industriais


Prevê-se através da resolução CONAMA nº 313/2002 que determinadas tipologias
de indústrias devem produzir seu inventário de resíduos sólidos, reportando infor-
mações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação.
Contudo, as últimas informações disponíveis sobre esse setor para o Estado de Per-
nambuco são de 2003, de acordo com o Diagnóstico de Resíduos Sólidos Industriais,
publicado pelo IPEA em 2012. Sendo assim, considerou-se que essa tipologia de
resíduo foi reaproveitada pelas próprias indústrias, ou encaminhada para os aterros
sanitários que atendem o Estado, tendo suas emissões contabilizadas dentro do
subsetor de resíduos sólidos urbanos.

Tratamento de efluentes industriais


Assim como no caso da disposição de resíduos sólidos industriais, o tratamento de
efluentes provenientes da indústria carece de informações. Desta forma, buscan-
do corrigir a ausência de dados para o cálculo, aplicou-se o fator de correção de
1,25 recomendado pelo IPCC para a estimativa de emissões de CH4 no subsetor de
efluentes deste inventário.

Uso de produtos
O uso de gases refrigerantes, lubrificantes e parafinas em processos de produção
não foram considerados neste inventário devido à ausência de dados disponíveis
em fontes públicas.

Incineração e compostagem
Dado a insignificância da contribuição das emissões provenientes da compostagem
e da incineração de resíduos (aqui inclui-se os resíduos especiais de saúde) no total
inventariado, aliada à indisponibilidade de dados, estas também não foram conta-
bilizadas neste estudo.

Transporte aquático e emissões fugitivas de combustíveis


Excluiu-se deste inventário as emissões oriundas do transporte aquático e de emis-
sões fugitivas de combustíveis pela ausência de informações. Espera-se que esses
dados sejam obtidos e incluídos no inventário em momento posterior.

17
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
ENERGIA ESTACIONÁRIA
As emissões de GEE desse setor são resultado do uso de energia elétrica e da quei-
ma de combustíveis em fontes estacionárias. Os dados para o cálculo das emissões
desse setor são baseados no consumo dos seguintes produtos:

• Energia elétrica
• Gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha
• Gás natural
• Diesel
• Óleo Combustível
• Querosene iluminante

Subdivide-se o setor de energia estacionária nos seguintes subsetores:

• Residencial
• Comercial
• Industrial
• Institucional1
• Agricultura e pecuária
• Outras fontes não especificadas

Calculou-se também as emissões oriundas das perdas na transmissão e distribuição


de energia. Os dados de consumo de energia elétrica foram fornecidos pela Compa-
nhia Energética de Pernambuco (CELPE). O consumo de GLP, diesel, óleo combus-
tível e querosene iluminante foram cedidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o consumo de gás natural foi informado pela
Companhia Pernambucana de Gás (COPERGÁS). A tabela 1 a seguir aborda os pa-
râmetros, valores e fontes utilizadas para o cálculo das emissões de GEE deste setor.
Tabela 1. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de energia estacionária

Fontes de Poder calorífi- Densidade Fator de emis- Fator de emis- Fator de emis-
emissão co inferior (kg/m³) são CO2 (kg/Tj) são CH4 (kg/Tj) são N2O (kg/Tj)
GLP 11.100 552 63.100 5 0,1
Gás natural 8.800 740 56.100 92 0,1
Diesel 10.100 840 74.100 3,9 3,9
Biodiesel 9.000 880 74.100 10 0,6
Querosene
10.400 799 71.900 10 0,6
iluminante
Óleo
9.590 1.000 77.400 10 0,6
combustível
Fonte BEN 2018 BEN 2018 EFDB-IPCC EFDB-IPCC EFDB-IPCC

1 O subsetor “institucional” abrange apenas as emissões oriundas das atividades de órgãos e repartições públicas
de competência estadual.

18
O total de emissões para esse setor foi de 4.417.715,06 tCO2e em 2015, 3.769.216,71
tCO2e em 2016, 3.813.783,04 tCO2e em 2017, e 3.500,942,78 tCO2e em 2018. Nas emis-
sões totais de cada ano, o setor de energia estacionária representou 20,3% das
emissões em 2015, 18% em 2016, 18,3% em 2017, e 16,6% em 2018.

A seguir, o Gráfico 1 mostra a participação de cada subsetor nas emissões do setor


de energia estacionária por ano. O gráfico aponta que o uso de energia elétrica e
combustíveis em fontes estacionárias em atividades industriais é o que mais contri-
bui para as emissões do setor ao longo dos anos, seguido pelo subsetor residencial.
Aqui se faz importante distinguir entre as emissões do setor industrial de energia
estacionária e de processos de produção (IPPU). Assim como para os outros subse-
tores, emissões industriais do setor de energia estacionária referem-se à utilização
de energia elétrica ou à queima de combustíveis para obtenção de energia. Já as
emissões referentes ao setor de processos industriais (IPPU) são aquelas que são
liberadas durante o processo de produção de determinados produtos, oriundas da
transformação da matéria, não devendo ser confundidas com as anteriores.

Gráfico 1. Participação dos subsetores nas emissões de energia estacionária (2015-2018)

A Figura 2 a seguir representa a participação de cada subsetor, em porcentagem, no


total de emissões do setor de energia estacionária. Percebe-se que há uma pequena
variação de percentual nas representações dos subsetores de um ano para o outro.
Sendo assim, pode-se afirmar que a relação consumo/emissão permanece pratica-
mente a mesma para as fontes de emissão.

19
Figura 2. Participação dos subsetores nas emissões de energia estacionária em porcentagem (2015-2018)

O Gráfico 2 abaixo detalha a participação de cada fonte analisada para o cálculo


das emissões do setor de energia estacionária para cada ano deste inventário. As
emissões provenientes da utilização de querosene iluminante não foram significa-
tivas o suficiente para representação gráfica, apresentando apenas 0,01% do total
das emissões do setor em todos os anos.

20
Gráfico 2. Emissões de GEE por fonte estacionária (2015-2018)

Ressalta-se que a energia elétrica representa uma parcela significativa das emis-
sões desse setor e reflete o cenário de produção nacional de energia ao longo
dos anos. Devido ao fato de que o consumo energético no Estado é vinculado ao
Sistema Interligado Nacional (SIN), foram utilizados os fatores de emissão forne-
cidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - MCTIC
(tabela 2).
Tabela 2. Fatores de emissão pelo uso de energia elétrica no Brasil entre 2015 e 2018 (Fonte: MCTIC)

2015 2016 2017 2018


Fator de emissão
0,1244 0,0817 0,0927 0,0740
(tCO2e)

Calculado em função da participação de cada uma das fontes geradoras de ener-


gia elétrica no Brasil, o fator médio de emissão de 2016, 2017 e 2018 (0,0817, 0,0927
e 0,0740 tCO2e/MWh, respectivamente) foi consideravelmente menor do que os de
2015 (0,1244 tCO2e/MWh). Tal redução foi ocasionada não só pela diminuição da
participação de derivados de petróleo e carvão na geração de energia do país,
mas também pelo aumento da geração de energia por usinas hidrelétricas e fontes
renováveis nos anos de 2016, 2017 e 2018, em comparação a 2015. Sendo assim, a
análise dos gráficos 3-A e 3-B a seguir mostra que o consumo de energia elétrica no
Estado possui pouca influência direta nas emissões desse setor, já que se manteve
estável ao longo dos anos de análise, enquanto que tais emissões estiveram direta-
mente relacionadas aos fatores de emissão que refletem a composição da matriz
energética nacional.

21
Gráfico 3-A. Comparativo das emissões pelo uso de energia elétrica
com o consumo referente a cada ano analisado (2015-2018)

Gráfico 3-B. Comparativo das emissões pelo uso de energia elétrica


com o fator de emissão referente a cada ano analisado (2015-2018)

Apesar do consumo de energia elétrica total no Estado em 2015 ter sido apenas
0,25% menor em comparação com 2016, 1,01% menor em relação a 2017, e 1% maior
do que 2018, as emissões provenientes dessa fonte naquele ano foram 28,1%, 24,7%
e 41,1% maiores do que 2016, 2017 e 2018, respectivamente.

22
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
TRANSPORTES

As emissões do setor de transportes foram calculadas a partir dos valores obtidos


pelo método de venda de combustíveis comercializados em Pernambuco entre 2015
e 2018. Desta forma, assume-se que todo combustível comercializado é queimado
para locomoção dos veículos que circulam no Estado. Foram analisados os dados
dos seguintes combustíveis:

• Gasolina comum
• Diesel
• Etanol hidratado
• Gás natural veicular (GNV)

Salienta-se que, por recomendação do IPCC, devido à questões metodológicas e


ausência de dados mais exatos, as emissões oriundas do transporte aéreo serão
reportadas separadamente como bunker. Sendo assim, não serão contabilizadas
nas emissões totais do setor. Ademais, o cálculo deste setor também desconsiderou
as emissões de CO2 vindas da queima de biocombustíveis, como etanol e biodiesel.
Essa abordagem é utilizada, pois, como os biocombustíveis possuem matéria orgâ-
nica vegetal como matéria prima, sua queima estaria re-emitindo o CO2 que o ve-
getal capta da atmosfera durante o seu ciclo de vida através de processos naturais,
como a fotossíntese. Por essa razão, tais emissões são consideradas “neutras”. Por
conseguinte, para etanol hidratado, etanol anidro2 e biodiesel3, foram observadas
apenas as emissões de CH4 e N2O.

Os dados das quantidades de combustíveis utilizados para o cálculo das emissões


deste setor foram informados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), com exceção dos dados de consumo de GNV. Estes foram
cedidos pela COPERGÁS. Os parâmetros específicos de cada combustível utilizados
para o cálculo de suas emissões, tais como poder calorífico inferior, densidade e
fatores de emissão, estão dispostos na tabela 3 abaixo.
Tabela 3. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de transportes

Fontes de Poder calorífi- Densidade Fator de emis- Fator de emis- Fator de emis-
emissão co inferior (kg/m³) são CO2 (kg/Tj) são CH4 (kg/Tj) são N2O (kg/Tj)
Gasolina
10.400 742 69.300 25 8
comum
Etanol anidro 6.750 791 70.800 10 0,6
Etanol
6.300 809 70.800 18 0,6
hidratado
Diesel 10.100 840 74.100 3,9 3,9
Biodiesel 9.000 880 74.100 10 0,6
GNV 8.800 740 56.100 92 3

2. Etanol anidro é aquele que é componente da gasolina comum do Brasil. De acordo com a ANP, o percentual
desse biocombustível misturado à gasolina foi de 27% entre 2015 e 2018.
3. Misturado ao diesel. Segundo a ANP, o diesel comum comercializado possuía 7% de biodiesel em 2015 e 2016, 8%
em 2017 e 10% em 2018.

23
Querosene
10.400 799 71.500 0,5 2
de aviação
Gasolina
10.600 726 70.000 0,5 2
de aviação
Fonte BEN 2018 BEN 2018 EFDB-IPCC EFDB-IPCC EFDB-IPCC

O total das emissões do setor foi de 5.354.071,48 tCO2 e em 2015, 5.333.726,92 tCO2
e em 2016, 5.464.675,38 tCO2 e em 2017, e 5.157.864,26 tCO2 e em 2018. A participa-
ção de cada fonte pode ser vista no Gráfico 4 a seguir.

Gráfico 4. Participação das fontes de emissão no setor de transportes (2015-2018)

A análise do Gráfico 4 mostra uma relativa estabilidade das emissões de cada tipo
de combustível. Tal comportamento está diretamente ligado à manutenção de seu
padrão de consumo no Estado, que permanece tendo o diesel e a gasolina como as
principais fontes energéticas veiculares. Contudo, alguns fatores merecem destaque.
Apesar do total das emissões de 2018 para este setor ter sido o menor (5.157.864,26
tCO2e), em comparação aos outros períodos analisados, o volume total de combus-
tível consumido foi o maior. Entretanto, observa-se que, acompanhando o cenário
nacional, o Estado consumiu 79% mais etanol, e 25,6% mais GNV4 em 2018 do que
em 2017. Ainda, o ano de 2017 foi o que apresentou maior consumo de combustí-
veis fósseis, consequentemente também foi o ano de maior emissão total do setor
(5.464.675,38 tCO2e).

4 GNV possui fatores de emissão de CO2 e N2O menores do que os da gasolina e do diesel (ver
tabela 3).

24
Apesar dos cálculos exibirem uma redução acumulada das emissões do setor du-
rante os anos analisados, ela ainda se mostra discreta para constatar uma mudan-
ça de comportamento de consumo de combustíveis no Estado.

Como explicado anteriormente, as emissões do transporte aéreo, aqui denominadas


como bunker, não são contabilizadas no total do setor e do ano. Contudo, seu com-
portamento pode ser observado através gráfico abaixo.

Gráfico 5. Emissões de GEE pela utilização de combustíveis de aviação (2015-2018)

O crescimento das emissões desse segmento de 17,3% entre 2016 e 2017, e 13,6%
entre 2017 e 2018 reflete os dados da Empresa Brasileira de Estrutura Aeroportuária
(Infraero), os quais mostram o aumento no número de passageiros nacionais e es-
trangeiros no Estado. Parte disso deve-se ao estabelecimento de novas rotas e co-
nexões no principal aeroporto de Pernambuco, o Aeroporto Internacional dos Gua-
rarapes – Gilberto Freyre, além da instalação de um hub de uma companhia aérea.

25
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
RESÍDUOS

O cálculo das emissões do setor de resíduos para os anos de 2015 a 2018 contou
com as seguintes variáveis, organizadas em dois sub-setores:

Resíduos sólidos urbanos:


• Resíduos coletados e destinados aos aterros sanitários;
• Resíduos coletados e destinados aos lixões.

Esgotamento sanitário:
• Efluentes tratados;
• Efluentes não tratados.

O volume de resíduos e composição gravimétrica foram calculados a partir das


taxas de geração per capita retiradas dos Planos Intermunicipais de Resíduos Só-
lidos (PIRS, 2018), elaborados pela SEMAS e de estudos realizados pelo Instituto de
Tecnologia de Pernambuco (ITEP) no Sertão do Pajeú (2016). Para os municípios
onde não foi encontrada a taxa de geração per capita nos documentos disponíveis,
foi adotada a média da respectiva região de desenvolvimento. As estimativas das
populações municipais foram obtidas no site do IBGE (2019) com base no Censo De-
mográfico 2010. As disposições finais em aterros sanitários foram obtidas dos levan-
tamentos anuais, referentes ao licenciamento ambiental de tais empreendimentos,
realizado pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).

Considerou-se a mesma composição gravimétrica em todos os anos analisados.


Sendo assim, do volume de resíduos gerados, 12,72% são de papel/papelão e 48,76%
de resíduos orgânicos (alimentos). O estudo ainda classifica que 19,82% são de re-
jeitos. Contudo, devido à falta de informações mais detalhadas, os rejeitos foram
classificados neste inventário como sendo resíduos de poda, aplicando-se seu res-
pectivo índice de carbono degradável. O restante da composição gravimétrica é
formada por metal, vidro e plástico, materiais de decomposição extremamente len-
ta e que não são contabilizados nas emissões de GEE.

Como explicado na seção sobre a metodologia, o cálculo das emissões de resíduos


sólidos adotou o modelo de comprometimento de metano. É importante salientar
que o presente inventário considerou a totalidade das emissões de metano oriundas
dos aterros sanitários, uma vez que foram encontradas dificuldades de obter infor-
mações precisas sobre sua queima e/ou recuperação. A queima foi considerada em
apenas um aterro, e devidamente excluída da contagem.

Ainda, de acordo com levantamento feito pela SEMAS em consulta com a CPRH, no
Estado apenas cinco municípios realizam a modalidade de disposição final em uni-
dade de compostagem (Recife, Olinda, Petrolina, Petrolândia e Sairé). E os volumes
da compostagem apenas são conhecidos no município de Recife, sendo inexpressi-
vos para contabilização desse inventário.

26
Os parâmetros específicos utilizados para o cálculo das emissões desse subsetor são
do IPCC, conforme a tabela 4 abaixo.

Tabela 4. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões


de GEE do subsetor de resíduos sólidos

Parâmetros de cálculo Valores


Fator de correção de metano (MCF) 1
em aterros sanitários
Fator de correção de metano (MCF) 0,6
em lixões
Fração de carbono orgânico degradável 0,5
Fração de metano no biogás 0,5
Fator de oxidação 0,1
Fonte IPCC

O cálculo das emissões de CH4 e N2O ocasionadas pelo tratamento de efluentes foi
feito com base na população atendida pelo serviço de coleta e tratamento de esgo-
to, nos fatores de correção de metano respectivos a cada tratamento, e nos valores
da demanda bioquímica de oxigênio (DBO). A DBO corresponde à quantidade de
oxigênio disponível e que é consumida por microrganismos presentes em efluentes
como o esgoto doméstico. Esses microorganismos decompõem a matéria orgânica
presente nos corpos d’água e para isso, consomem oxigênio. O tratamento biológi-
co de esgotos é um processo muito semelhante ao que acontece naturalmente nos
cursos de água e mostra a capacidade de recuperação do meio que ao receber po-
luição de origem orgânica tenta neutralizar essa carga poluidora. Esse processo nas
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) gera a emissão de Gases de Efeito Estufa,
principalmente metano (CH4).

Os quantitativos e classificações de tratamento foram fornecidos pela Companhia


Pernambucana de Saneamento (COMPESA). Ainda, adotando uma linha conser-
vadora para estimar as emissões desse setor, considerou-se que a população não
atendida pelo serviço de coleta e tratamento de esgoto utiliza fossas sépticas como
tratamento. Na mesma linha, adotou-se que em nenhuma estação de tratamento de
efluentes ocorreu a recuperação do metano gerado. Ademais, aos efluentes trata-
dos, foi adicionado o fator de correção de 1,25 referente à estimativa de tratamento
de efluentes industriais, segundo recomendação do IPCC. O valor de consumo diário
de proteína per capita para o cálculo de emissões de N2O foi extraído da Terceira
Comunicação Nacional, 84,5g/hab/dia. Os demais parâmetros estão dispostos na
tabela 5 abaixo.

27
Tabela 5. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões
de GEE do subsetor de tratamento de efluentes

Parâmetros de cálculo Valores


Fator de correção de metano (MCF) para
0,8
tratamentos de efluentes anaeróbicos
Fator de correção de metano (MCF) para trata-
0,2
mento de efluentes em lagoas facultativas
Fator de correção de metano (MCF) para
0,5
fossas sépticas
Capacidade máxima de produção de metano 0,6 kgCH4/kgDBO
Fator de correção para efluentes industriais 1,25
Fração de nitrogênio na proteína 0,16 kg N/kg proteína
Fator de emissão de óxido nitroso 0,005 kg N2O-N/kg N
Fonte IPCC

Destaca-se que até o final de 2015 o volume de esgoto coletado e tratado pela
COMPESA era estimado através do projeto das estações de tratamento de esgoto,
de medições pontuais e/ou outros métodos de estimativa. Medidores de vazão fo-
ram instalados a partir de 2016. Sendo assim, as emissões para o referido ano foram
baseadas em estimativas.

O total das emissões desse setor foi 5.531.408,23 tCO2e em 2015, 5.541.788,45 tCO2e
em 2016, 5.856.951,64 tCO2e em 2017 e 6.131.767,42 tCO2e em 2018 (gráfico 6).

Gráfico 6. Emissões de GEE do setor de resíduos (2015-2018)

28
O aumento anual das emissões dos resíduos sólidos se deu pelo crescimento grada-
tivo de municípios que passaram a encaminhar seus resíduos aos aterros, cujas emis-
sões são mais intensas do que os lixões devido ao fator de correção do metano (MCF
igual a 1 para aterros, e 0,6 para lixões). Tal mudança no cenário pode ser atribuída
a quatro importantes fatores: ao monitoramento mais rigoroso feito pelo Tribunal de
Contas nos municípios do Estado; ao Ministério Público de Pernambuco através do
Termo de Compromisso Ambiental (TCA), em atendimento à lei nº 12.305/2010, que
diz respeito à Política Nacional de Resíduos Sólidos; ao incentivo econômico através
do ICMS socioambiental (Lei nº 11.899/2000 e suas alterações) que destina parte do
ICMS àqueles municípios que descartam adequadamente seus resíduos sólidos; e à
elaboração dos Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos para 154 municípios do
Estado (gráfico 7). Apesar de contraditório, o aumento das emissões deste setor ao
longo dos anos representa uma melhora na Política Estadual de Resíduos Sólidos.
Nessa situação, a solução para a redução dessas emissões encontra-se na implan-
tação de sistemas de queima e/ou aproveitamento do biogás gerado.

Gráfico 7. Participação de aterros sanitários e lixões no total das emissões


do subsetor de resíduos sólidos (2015-2018)

29
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
PROCESSOS INDUSTRIAIS (IPPU)
As emissões do setor IPPU são oriundas do processo de transformação e manufatura
de produtos e, como explicado anteriormente, são dissociadas das emissões causa-
das pela queima de combustíveis para obtenção de energia (energia estacionária).
Para o cálculo de emissões deste setor utilizou-se os volumes de produção de cimen-
to, cal e vidro, três importantes representantes da indústria mineral do Estado. Os
dados foram obtidos através de consulta ao IBAMA e ao Cadastro Técnico Federal.
Devido à indisponibilidade de informações, os demais processos industriais emisso-
res de GEE, como o setor de produtos químicos e derivados de petróleo, não foram
contabilizados.

Para a proporção de clínquer no cimento foram utilizados os valores médios de 80%


para o cimento CPII, 45% para o cimento CP III e 65% para o cimento CP IV. Ade-
mais, os fatores de emissão utilizados estão dispostos na tabela 6 abaixo.
Tabela 6. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões
de GEE referentes à produção de cimento, cal e vidro
Produto Fator de emissão (tCO2)
Cimento 0,536
Cal 0,785
Vidro 0,2
Fonte IPCC

O total das emissões para esse setor foi de 463.449,88 tCO2 e em 2015, 339.768,56
tCO2 e em 2016, 179.785,85 tCO2 e em 2017 e 118.898,43 tCO2 e em 2018. O princi-
pal responsável pela redução anual das emissões foi a diminuição na produção de
cimento no Estado. É possível observar, também, a redução da participação da
produção do cal ao longo dos anos. O gráfico 8 abaixo mostra a participação de
cada produto no total das emissões.

Gráfico 8. Participação do volume de produção da indústria mineral


nas emissões dos processos industriais (2015-2018)

30
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
AGRICULTURA, PECUÁRIA E OUTROS USOS DO SOLO (AFOLU)

O cálculo das emissões de GEE correspondentes ao setor de AFOLU para Pernam-


buco contou com os dados do efetivo de rebanhos de animais cujos processos bio-
lógicos emitem metano, seja através da fermentação entérica dos ruminantes, seja
pelo manejo de seus dejetos, acrescentando-se a avicultura. Além disso, estimou-se,
também, as emissões oriundas da transição de usos do solo em todo o Estado. Por
fim, foram contabilizadas as remoções de carbono estimadas a partir do estoque de
biomassa das áreas vegetadas. Desta forma, as emissões deste setor (e do inventário
como um todo) serão dadas em emissões brutas e emissões líquidas, quando serão
consideradas as remoções, devidamente subtraídas ao final.

Para a criação de animais foram utilizados dados do IBGE referente à Pesquisa da


Pecuária Municipal (PPM), onde foram levantadas informações sobre a quantidade
de cabeças de bovinos, bubalinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos e galináceos
para cada ano inventariado. Ainda, para os bovinos foram observados dados da
Terceira Comunicação Nacional sobre sua composição e seu fator de emissão para
CH4. Sendo assim, considerou-se que do total do rebanho, 16% são machos, 19% são
fêmeas e 65% são jovens. Para os fatores de emissão desse grupo de animais, utili-
zou-se funções estatísticas com base na média dos valores conhecidos dos fatores
de emissão entre 1990 e 2010 específicos para Pernambuco abordados pelo MCTIC
para prever os fatores mais atuais. Para machos e jovens, foram considerados os
valores para gado de corte. Já para as fêmeas, o do gado leiteiro. Para os demais
animais, aplicou-se o fator de emissão padrão do IPCC (tabela 7).

Tabela 7. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor da pecuária

Fator de emissão de CH4 para Fator de emissão de CH4 para


Classificação fermentação entérica (kg CH4/ manejo de dejetos (kg CH4/ca-
cabeça/ano) beça/ano)
Bovinos machos 53 1,7
Bovinos fêmeas 70 2,1
Bovinos jovens 41 1
Bubalinos 55 2
Equinos 18 2,2
Suínos 1 0,7
Caprinos 5 0,22
Ovinos 5 0,21
Galináceos - 0,023
Fonte MCTIC, 2015 MCTIC, 2015

31
O gráfico 9 abaixo mostra as emissões do subsetor da pecuária para os anos ana-
lisados. Os anexos 2, 3, 4 e 5 desse documento detalham a participação de cada
grupo de animais nesse total.
Gráfico 9. Emissões de GEE do subsetor da pecuária (2015-2018)

Para o subsetor de uso do solo foi utilizado o método de variação de estoque de


biomassa por transição de uso, previsto pelo IPCC. As informações de mudança de
cobertura e uso do solo foram obtidas em consulta à matriz de dados da versão 4.0
do MapBiomas, uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de
Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG). Sendo assim, considerou-se o bioma
da mata atlântica, correspondente a 1.526.171 ha, e caatinga, 8.279.724 ha.

De acordo com as nomenclaturas do MapBiomas, foram observadas as seguintes


classes para as áreas de mata atlântica: floresta natural, floresta plantada, agri-
cultura, pastagem, infraestrutura urbana, outras áreas não vegetadas e mosaico
de agricultura ou pastagem. As “outras áreas não vegetadas” foram consideradas
como infraestrutura urbana, pois, segundo a ferramenta, são áreas de superfície
não permeáveis provavelmente oriundas de infraestrutura, expansão urbana ou mi-
neração. Já para “mosaico de agricultura ou pastagem”, áreas de uso agropecuário
onde não foi possível distinguir entre pastagem e agricultura, foi considerada ape-
nas como pastagem de forma conservadora, pois, sua transição representa maior
perda no estoque de biomassa.

Já para caatinga, foram observadas as seguintes classes: floresta natural, formação


campestre, agricultura, pastagem, infraestrutura urbana, outras áreas não vegeta-
das e mosaico de agricultura ou pastagem. Da mesma forma que na mata atlântica,
“outras áreas não vegetadas” foram consideradas infraestrutura urbana, e o “mosai-
co”, apenas pastagem.

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Foram utilizados os valores padrão do IPCC de floresta úmida para o crescimento
anual da biomassa, proporção entre biomassa subterrânea e aérea, fração de ma-
téria seca, e estoque de biomassa na mata atlântica. Para estimar o crescimento
de biomassa da caatinga utilizou-se os valores médios entre a caatinga primária e
a caatinga secundária com dados da APNE. Para o estoque de biomassa, foi feita
a média ponderada entre os valores estimados para savana estépica arborizada
(Ta) e savana estépica florestada (Td), fitofisionomias dominantes do bioma. Juntas,
representam 84,28% da vegetação da caatinga (MCTIC, 2015), esses valores foram
fornecidos pela APNE. Os resultados são mostrados no gráfico 10 abaixo.
Gráfico 10. Emissões de GEE oriundas da mudança de uso do solo
na mata atlântica e caatinga em Pernambuco (2015-2018)

A emissão pela dinâmica do uso do solo na caatinga que vinha diminuindo de 2015
para 2017, apresentou um crescimento acentuado em 2018. O fato foi ocasionado,
principalmente, pela supressão da caatinga e aumento da área para pastagem e
agricultura de subsistência, somado ao corte para produção de lenha e carvão. O
uso insustentável da caatinga, associado às suas características abióticas rigorosas,
podem agravar o processo de desertificação, o que caracteriza esse bioma como um
dos mais vulneráveis às alterações climáticas do país.

O gráfico 11 abaixo representa os resultados agrupados com suas respectivas par-


ticipações nas emissões brutas do setor. Ao todo, o setor emitiu 5.959.897,43 tCO2e
em 2015, 5.923.739,18 tCO2e em 2016, 5.427.628,9 tCO2e em 2017 e 6.110.099,8 tCO2e
em 2018.

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Gráfico 11. Emissões brutas totais do setor AFOLU em Pernambuco (2015-2018)

A diminuição no estoque de carbono, que representa perda de áreas de caatin-


ga para outros usos do solo, gerou o aumento das emissões em 2018. O contrário
foi observado na mata atlântica. Assim como dito anteriormente, as causas dessas
ocorrências merecem estudos futuros mais aprofundados.

As remoções foram calculadas com base nas áreas de mata atlântica e caatinga
que permaneceram inalteradas, sem interferência antrópica. Para isso, também fo-
ram utilizados dados do crescimento anual da biomassa e proporção entre biomas-
sa subterrânea e aérea específicas para cada bioma. O gráfico 12 abaixo mostra o
comportamento das emissões junto às remoções observadas para cada ano anali-
sado dentro do setor.

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Gráfico 12. Comportamento das emissões e remoções do setor AFOLU em Pernambuco (2015-2018)

As remoções tanto na caatinga quanto na mata atlântica se mantiveram pratica-


mente estáveis ao longo dos anos. Considerando as remoções, as emissões líquidas
do setor AFOLU ficaram em 4.432.641,13 tCO2e em 2015, 4.381.619,88 tCO2e em 2016,
3.865.955,88 tCO2e em 2017 e 4.554.917,48 tCO2e em 2018. Dentro do universo de
transição de usos do solo, esses resultados mostram que o crescimento anual da
biomassa dessas vegetações não foi suficiente para neutralizar as perdas de área.
Portanto, as remoções não compensaram as emissões.

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CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
VISÃO GERAL

Os resultados do cálculo das emissões de GEE de Pernambuco indicaram uma


tendência de estabilidade entre 2015 e 2018, mostrando pouca variação nos anos
analisados. As emissões brutas totais do Estado representaram 21.726.542,09 tCO2e
em 2015, 20.908.239,82 tCO2e em 2016, 20.742.824,81 tCO2e em 2017 e 21.019.572,68
tCO2e em 2018, totalizando uma redução de 3,2% entre o ano inicial e o ano final. O
Gráfico 13 abaixo mostra o histórico das emissões calculadas para o Estado, e sua
relação com a população.

Gráfico 13. Relação entre as emissões totais anuais e emissões per capita em Pernambuco (2015-2018)

A análise geral do reporte de Pernambuco revela uma certa estabilidade nas emis-
sões de GEE entre os anos estudados, possivelmente devido à manutenção do pa-
drão de consumo da população no Estado, tais como de energia elétrica e combus-
tíveis. Contudo, alguns indicadores chamam atenção e destoam do comportamento
observado. Primeiro, constatou-se uma redução das emissões referente à dinâmica
de transição do uso do solo na caatinga entre 2015 e 2017, o que pode estar relacio-
nada à diminuição do desmatamento do bioma. Tal fato pode ser verificado pela
consulta à ferramenta do MapBiomas. Entretanto, observou-se um aumento dessas
emissões devido à acentuada diminuição no estoque de carbono em 2018. Outros
estudos precisam ser feitos para investigar melhor os fatores que levaram à essa
perturbação.

Outro elemento que também influenciou no resultado foi a diminuição das emissões
ligadas à pecuária, oriundas da fermentação entérica de animais, mais especifica-
mente de bovinos, condição diretamente relacionada à quantidade de cabeça de

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animais. Tal fato pode estar associado aos elevados índices da seca no Agreste do
Estado no período analisado, sendo considerado o pior dos últimos 10 anos, e con-
sequente diminuição do rebanho do Estado. Destaca-se também a redução na uti-
lização de combustíveis em fontes estacionárias industriais, como diesel, GLP e óleo
combustível, apesar deste segmento ainda ser o principal emissor dentro do setor de
energia estacionária ao longo dos anos. Observa-se, também, a queda das emissões
oriundas da fabricação de cimento devido à diminuição de sua produção no Estado.
Por fim, as condições ambientais (pluviométricas) favoreceram a matriz energética
nacional a ser mais limpa, aumentando a participação de fontes renováveis, e di-
minuindo a participação de termoelétricas na produção de energia. Sendo assim,
nota-se a redução do fator de emissão sobre o consumo de energia elétrica, contri-
buindo, também, com a redução das emissões no Estado.

Considerando as remoções reportadas no setor AFOLU, as emissões líquidas para


cada ano ficam 20.199.285,78 tCO2e em 2015, 19.366.120,51 tCO2e em 2016, 19.181.151,79
tCO2e em 2017 e 19.464.390,37 tCO2e em 2018.

O Gráfico 14 abaixo mostra o panorama das emissões no período analisado dividido


por setor.

Gráfico 14. Emissões de GEE brutas totais por setor em Pernambuco (2015-2018)

Através da análise do gráfico, pode-se observar que há uma dinâmica de equilíbrio


entre os setores, sendo AFOLU, resíduos e transportes os mais representativos. A
partir de 2017, o setor de resíduos passa a ter uma maior participação nas emissões
devido ao aumento do número de municípios que passaram a encaminhar seus re-
síduos sólidos urbanos aos aterros sanitários.

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Abaixo, o Gráfico 15 mostra as emissões de GEE totais, detalhadas pelas principais
fontes de emissão para os anos analisados.
Gráfico 15. Representação da participação das principais fontes
de emissão em Pernambuco por ano (2015-2018)

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

CONDEPE/FIDEM-Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco.


Anuário Estatístico de Pernambuco. 2012. Disponível em: http://www.anuario.pe.gov.
br/. Acesso em: 02/10/2019.

CONDEPE/FIDEM-Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco.


Anuário Estatístico de Pernambuco. 2016. Disponível em: http://www.anuario.pe.gov.
br/. Acesso em: 02/10/2019.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Boletim Regional. Abril, 2018. Disponível em: \https://
www.bcb.gov.br/pec/boletimregional/port/2018/04/br201804b1p.pdf. Acesso em:
02/10/2019.

GALVÃO, O. J. A. A Economia de Pernambuco: da longa estagnação a um novo ciclo


de crescimento sustentado. Rev. Econ. NE, Fortaleza, v. 46, n. 3, p. 131-154, jul. - set.,
2015.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. 2010. Dis-


ponível em: https://censo2010.ibge.gov.br/. Acesso em:11/09/2019.

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ANEXOs

ANEXO 1: EMISSÕES POR FONTES BIOGÊNICAS


Reporte das emissões biogênicas provenientes da utilização de combustíveis em
fontes estacionárias e transportes.

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ANEXO 2: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2015

41
AANEXO 3: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2016

42
ANEXO 4: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2017

43
ANEXO 5: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2018

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41
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