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2
Resumo Técnico
Coordenação técnica
Apoio técnico
3
Câmara técnica de apoio ao inventário do Fórum Estadual
de Mudança do Clima
4
Agradecimentos
Ao Projeto Pegada Climática, formados pela Ricardo Energy & Environment, Way
Carbon, ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, CDP, Greenhouse Gas Ma-
nagement Institute, liderados pelo Climate Group, pela assistência técnica provida.
À sociedade civil que contribuiu com informações por meio dos debates promovidos
através do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas.
5
Lista de quadros
Lista de tabelas
Tabela 1. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de
energia estacionária
Tabela 2. Fatores de emissão pelo uso de energia elétrica no Brasil entre 2015 e 2018
(fonte: MCTIC)
Tabela 3. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do setor de
transportes
Tabela 4. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor
de resíduos sólidos
Tabela 5. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor
de tratamento de efluentes
Tabela 6. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE referentes
à produção de cimento, cal e vidro
Tabela 7. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subse-
tor da pecuária
Lista de gráficos
Lista de figuras
6
Siglas
7
SUMÁRIO
Apresentação 9
Características de Pernambuco 10
Período de análise 11
Metodologia 11
Exclusão das emissões 17
Reporte de emissões por setor: energia estacionária 18
Reporte de emissões por setor: transportes 23
Reporte de emissões por setor: resíduos 26
Reporte de emissões por setor: processos industriais 30
Reporte de emissões por setor: agricultura, pecuária e outros usos do solo 31
Consolidação dos resultados: visão geral 36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39
ANEXOS 40
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APRESENTAÇÃo
A mudança do clima, um desafio global, causa impactos na vida de todos, com efei-
tos que demandam uma mudança de atitude imediata - além de atenção e ação
permanentes. Isso diz respeito à sociedade como um todo, aí incluídas todas as
esferas governamentais. Em Pernambuco, o cenário torna-se particularmente pre-
ocupante, e ainda mais exigente, porque estamos localizados em uma das áreas
mais vulneráveis à repercussão destas mudanças, tanto nas regiões litorâneas de
baixa declividade como na grande parte do Estado sujeita à desertificação. Para
lidar com esta realidade, o Estado tem trilhado o caminho necessário, construindo
sua Política de Enfrentamento às Mudanças Climáticas. Em 2008, criamos o Comitê
Estadual de Enfrentamento das Mudanças Climáticas (Decreto N° 31.507/2008), se-
guido do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas (Decreto N° 33.015/2009).
A partir das reuniões promovidas por estes dois coletivos, as principais metas de Per-
nambuco - para o enfrentamento desses fenômenos - foram definidas, resultando
na Política (Lei N° 14.090/10) e no Plano de Enfrentamento às Mudanças Climáticas.
Aí estão consideradas três temáticas urgentes: Desertificação, Gestão Costeira e
Urbanismo. Em 2019, a política climática ganhou um novo impulso em Pernambuco.
Um dos novos passos foi a construção do Inventário de Gases de Efeito Estufa (GEE),
visto como determinante para o estabelecimento de metas concretas na diminuição
de emissões, além de instrumento norteador da revisão do Plano de Enfrentamento
às Mudanças do Clima. O Inventário implica no mapeamento, de forma sistemática,
das contribuições dos setores e produtos que geram emissões de GEE, de forma di-
reta ou indireta, dentro dos limites do Estado.
Pernambuco também foi selecionado para o projeto Pegada Climática, conduzido pela
Under 2 Coalition e secretariado pelo The Climate Group, que trouxe apoio fundamental
ao processo, por meio de capacitações e acompanhamento técnico. O foco prioritário
é a garantia de alinhamento dos sistemas de Monitoramento, Reporte e Verificação re-
gionais, com esforços nacionais e locais, para a promoção da ação climática integrada.
Nesta construção do Inventário de Gases de Efeito Estufa, aqui em Pernambuco, o
Fórum Estadual de Mudanças Climáticas também teve papel decisivo. Um exemplo
foi a ampliação da capilaridade na busca dos dados necessários para subsidiar o
Inventário. Ele também disponibilizou especialistas, nas diversas temáticas que en-
volvem os setores de emissão de gases, para participação na análise das informa-
ções. Citou, inclusive, uma Câmara Temática, cuja finalidade exclusiva foi o acom-
panhamento de todas as etapas deste trabalho.
José Bertotti
Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade
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CARACTERÍSTICAS DE PERNAMBUCO
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado de
Pernambuco, localizado na região nordeste do Brasil, possui uma área de 98.068,021
km², com uma população estimada de 9.557.071 de habitantes em 2019, distribuídos
em 185 municípios. O índice de Desenvolvimento Humano no Estado em 2010 era de
0,673, correspondendo a 19ª posição no Brasil.
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Caracterizado pelo setor sucroalcooleiro, a partir dos anos 70 novos segmentos da
economia pernambucana emergem: o complexo hortifruti vinícola na região do
submédio São Francisco, um importante polo de confecções em diversas cidades do
Agreste, o polo gesseiro, na região do Araripe, e expressivas atividades na área de
serviços, como as centrais de distribuição e de redistribuição de mercadorias para
grande parte da região Nordeste, o complexo médico-hospitalar, na Região Metro-
politana do Recife, o polo de informática, e diversas atividades no campo turístico,
especialmente nas praias do litoral sul do Estado (Galvão, 2015).
PERÍODO DE ANÁLISE
O presente inventário cobre as emissões de GEE em Pernambuco entre os anos de
2015 e 2018, sendo estes analisados e contabilizados separadamente. Sendo assim,
considera-se as emissões provenientes das atividades ocorrentes entre os dias 1 de
janeiro e 31 de dezembro dos respectivos anos.
METODOLOGIA
Os critérios para a seleção dos setores na avaliação deste inventário de emissão de
gases de efeito estufa são descritos na metodologia estabelecida pelas Diretrizes
para Inventários Nacionais de Gases do Efeito Estufa (2006) do Painel Intergover-
namental sobre Mudança do Clima (IPCC), uma organização criada no âmbito das
Nações Unidas (ONU), que tem como objetivo sintetizar e disseminar conhecimentos
científicos acerca dos efeitos da mudança do clima no mundo. Além disso, utilizou-
se a Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, publicada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC), como referência de aplicação mais regionali-
zada da metodologia do IPCC.
Gases Referência
Setor Categoria Descrição
reportados do IPCC
Emissões provenientes da
Uso de queima de combustíveis para CO2, CH4,
1.A
combustíveis geração de calor e energia em N2O
fontes estacionárias.
Compreende as emissões de
Indústria de
Energia combustíveis queimados pelas CO2 1.A.1
energia
estacionária indústrias produção de energia.
Geração de Compreende as emissões de
eletricidade e todo o uso de combustível
perdas na distri- para geração de eletricidade CO2 1.A.1.a
buição de energia dos principais produtores de
elétrica atividade.
11
Indústria de
Emissões da combustão de
manufatura e CO2 1.A.2
combustíveis na indústria.
construção
Emissões de atividades de
combustão e uso de energia CO2, CH4,
Outros setores 1.A.4
elétrica em fontes estacioná- N2O
rias, divididas em subsetores.
Emissões relacionadas à
combustão de combustível e
Comercial/ CO2, CH4,
utilização de energia elétrica 1.A.4.a
Público N2O
em edifícios comerciais e insti-
Energia estacio- tucionais.
nária (continua-
ção) Emissões relacionadas à
combustão de combustível e CO2, CH4,
Residencial 1.A.4.b
utilização de energia elétrica N2O
em unidades residenciais.
Emissões relacionadas à
combustão de combustível e
CO2, CH4,
Agropecuário utilização de energia elétrica 1.A.4.c.i
N2O
em estruturas de uso agrope-
cuário.
Todas as emissões de combus-
Outras fontes não CO2, CH4,
tíveis e uso de energia elétrica 1.A.5.a
especificadas N2O
em fontes não identificadas.
Emissões provenientes da
Uso de
queima de combustíveis para CO2, CH4,
combustíveis em 1.A.3
geração de calor e energia em N2O
transportes
fontes móveis.
Emissões da aviação civil inter-
CO2, CH4,
Transportes Aviação civil nacional e doméstica, incluindo 1.A.3.a
N2O
decolagens e pousos.
Todas as emissões de combus-
Transporte tão e evaporação decorrentes CO2, CH4,
1.A.3.b
rodoviário do uso de combustível em N2O
veículos rodoviários.
Emissões oriundas da transfor-
Indústria mineral mação da matéria na indústria CO2, CH4 2.A
mineral
Emissões relacionadas ao pro-
Produção de
cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.1
cimento
Processos tipos de cimento
industriais Emissões relacionadas ao pro-
Produção de cal cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.2
tipos de cal
Emissões relacionadas ao pro-
Produção de
cesso da produção de vários CO2, CH4 2.A.3
vidro
tipos de vidro
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Emissões relacionadas ao pro-
cesso de fermentação entérica
Pecuária CH4 3.A
de animais e do manejo de
seus estercos.
Emissões de metano dos herbí-
voros como subproduto da fer-
mentação entérica, sendo mais
Fermentação representativa em ruminantes,
CH4 3.A.1
entérica como bovinos e caprinos, mas
com participação de outros
tipos de animais, como porcos
e cavalos, por exemplo.
Emissões oriundas da decom-
Manejo de
posição do esterco de animais CH4 3.A.2
dejetos
confinados.
Emissões e remoções relacio-
nadas à dinâmica de transição
dos usos de solo, sendo estima- CO2, CH4,
Uso do solo 3.B
das pela diferença de estoque N2O
de carbono existente nas áreas
antes e depois da conversão.
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Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.1.b.v
N2O
para floresta floresta.
Emissões e remoções de terras
aráveis e sistemas agro-flo-
restais, onde a vegetação é CO2, CH4,
Lavouras 3.B.2
reduzida abaixo dos limiares N2O
usados para a categoria de
terras florestais.
Emissões e remoções de terras
Lavoura perma- cultiváveis que não sofreram CO2, CH4,
3.B.2.a
necendo lavoura alterações no uso da terra du- N2O
rante o período do inventário.
Emissões e remoções de dife-
Conversão de so- CO2, CH4,
rentes usos do solo convertidos 3.B.2.b
los para lavoura N2O
em terras agrícolas.
Emissões e remoções de flo-
Florestas conver- CO2, CH4,
restas convertidas em terras 3.B.2.b.i
tidas em lavoura N2O
agrícolas.
Pastagens Emissões e remoções de áreas
Agricultura, pe- CO2, CH4,
convertidas em de pastagem convertidas em 3.B.2.b.ii
cuária e outros N2O
lavoura terras agrícolas.
usos do solo
(continuação) Emissões e remoções de áreas
Infraestruturas
com algum tipo de infraestru- CO2, CH4,
convertidas em 3.B.2.b.iv
tura urbana convertidas em N2O
lavoura
terras agrícolas.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.2.b.v
N2O
em lavoura terras agrícolas.
Emissões e remoções de pasta-
gens naturais e pastagens que CO2, CH4,
Pastagem 3.B.3
não são consideradas áreas de N2O
cultivo.
Emissões e remoções de áreas
Pastagem
de pastagem que não sofreram CO2, CH4,
permanecendo 3.B.3.a
alterações no uso da terra du- N2O
pastagem
rante o período do inventário.
Conversão de Emissões e remoções de dife-
CO2, CH4,
solos para rentes usos do solo convertidos 3.B.3.b
N2O
pastagem em pastagem.
Florestas Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de florestais convertidas em 3.B.3.b.i
N2O
pastagem pastagem.
14
Lavouras Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de cultiváveis convertidas em 3.B.3.b.ii
N2O
pastagem pastagem.
Emissões e remoções de áreas
Infraestruturas
com algum tipo de infraestru- CO2, CH4,
convertidas em 3.B.3.b.iv
tura urbana convertidas em N2O
lavouras
terras agrícolas.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.3.b.v
N2O
em lavoura pastagem.
Emissões e remoções de áreas
caracterizadas pela presença
CO2, CH4,
Infraestrutura de qualquer tipo de infraestru- 3.B.5
N2O
tura urbana, seja transporte ou
assentamentos.
Emissões e remoções de áreas
Agricultura, pe- Infraestrutura de infraestrutura que não
cuária e outros CO2, CH4,
permanecendo sofreram alterações no uso 3.B.5.a
usos do solo N2O
infraestrutura da terra durante o período do
(continuação) inventário.
Conversão de Emissões e remoções de dife-
CO2, CH4,
solos para rentes usos do solo convertidos 3.B.5.b
N2O
infraestrutura em infraestrutura.
Florestas Emissões e remoções de áreas CO2, CH4,
convertidas em de florestais convertidas em N2O 3.B.5.b.i
infraestrutura infraestrutura.
Lavouras Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de cultiváveis convertidas em 3.B.5.b.ii
N2O
infraestrutura infraestrutura.
Pastagens Emissões e remoções de áreas
CO2, CH4,
convertidas em de pastagem convertidas em 3.B.5.b.iv
N2O
infraestrutura infraestrutura.
Outros usos de Emissões e remoções de outros
CO2, CH4,
solo convertidos usos de solo convertidos em 3.B.5.b.v
N2O
em infraestrutura infraestrutura.
Contabilização do metano pro-
duzido a partir da decomposi-
Resíduos sólidos ção microbiana anaeróbica de CH4 4.A
matéria orgânica em locais de
disposição de resíduos sólidos.
Resíduos Disposição de resíduos em
locais de gerenciamento ade-
Disposição de
quado e controlado, caracte-
resíduos em CH4 4.A.1
rizados por conter cobertura,
aterros sanitários
compactação mecânica e
nivelamento dos resíduos.
Disposição de resíduos sólidos
Disposição de
em locais de gerenciamento CH4 4.A.2
resíduos em lixões
a céu aberto
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Contabilização do metano e
óxido nitroso produzidos a
partir da decomposição
anaeróbica de matéria orgâ-
Tratamento de
nica por bactérias em instala- CH4, N2O 4.D
águas residuais
Resíduos ções de esgoto e de processa-
(continuação) mento de alimentos e outras
instalações industriais durante
tratamento de água poluída.
Tratamento Tratamento e descarga de
de efluentes esgoto de fontes residenciais CH4, N2O 4.D.1
domésticos e comerciais.
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EXCLUSÃO DE EMISSÕES
Determinadas fontes de emissões não foram estimadas para este inventário devido
à indisponibilidade de informações e/ou baixa representatividade perante as emis-
sões totais no ano inventariado.
Atividades industriais
De acordo com o Portal da Indústria, os principais segmentos do setor industrial no
Estado são os de construção, alimentos, serviços industriais de utilidade pública,
produtos químicos e derivados de petróleo e biocombustíveis. Contudo, durante o
processo de construção desse inventário, identificou-se a indisponibilidade de al-
guns dados necessários para se calcular as emissões do setor de processos indus-
triais (IPPU), que basicamente exige saber o volume de fabricação de determinados
produtos. Desta forma, o único segmento reportado deste setor foi o de produção
da indústria mineral no Estado, mais especificamente de cimento, cal e vidro.
Uso de produtos
O uso de gases refrigerantes, lubrificantes e parafinas em processos de produção
não foram considerados neste inventário devido à ausência de dados disponíveis
em fontes públicas.
Incineração e compostagem
Dado a insignificância da contribuição das emissões provenientes da compostagem
e da incineração de resíduos (aqui inclui-se os resíduos especiais de saúde) no total
inventariado, aliada à indisponibilidade de dados, estas também não foram conta-
bilizadas neste estudo.
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REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
ENERGIA ESTACIONÁRIA
As emissões de GEE desse setor são resultado do uso de energia elétrica e da quei-
ma de combustíveis em fontes estacionárias. Os dados para o cálculo das emissões
desse setor são baseados no consumo dos seguintes produtos:
• Energia elétrica
• Gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás de cozinha
• Gás natural
• Diesel
• Óleo Combustível
• Querosene iluminante
• Residencial
• Comercial
• Industrial
• Institucional1
• Agricultura e pecuária
• Outras fontes não especificadas
Fontes de Poder calorífi- Densidade Fator de emis- Fator de emis- Fator de emis-
emissão co inferior (kg/m³) são CO2 (kg/Tj) são CH4 (kg/Tj) são N2O (kg/Tj)
GLP 11.100 552 63.100 5 0,1
Gás natural 8.800 740 56.100 92 0,1
Diesel 10.100 840 74.100 3,9 3,9
Biodiesel 9.000 880 74.100 10 0,6
Querosene
10.400 799 71.900 10 0,6
iluminante
Óleo
9.590 1.000 77.400 10 0,6
combustível
Fonte BEN 2018 BEN 2018 EFDB-IPCC EFDB-IPCC EFDB-IPCC
1 O subsetor “institucional” abrange apenas as emissões oriundas das atividades de órgãos e repartições públicas
de competência estadual.
18
O total de emissões para esse setor foi de 4.417.715,06 tCO2e em 2015, 3.769.216,71
tCO2e em 2016, 3.813.783,04 tCO2e em 2017, e 3.500,942,78 tCO2e em 2018. Nas emis-
sões totais de cada ano, o setor de energia estacionária representou 20,3% das
emissões em 2015, 18% em 2016, 18,3% em 2017, e 16,6% em 2018.
19
Figura 2. Participação dos subsetores nas emissões de energia estacionária em porcentagem (2015-2018)
20
Gráfico 2. Emissões de GEE por fonte estacionária (2015-2018)
Ressalta-se que a energia elétrica representa uma parcela significativa das emis-
sões desse setor e reflete o cenário de produção nacional de energia ao longo
dos anos. Devido ao fato de que o consumo energético no Estado é vinculado ao
Sistema Interligado Nacional (SIN), foram utilizados os fatores de emissão forne-
cidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - MCTIC
(tabela 2).
Tabela 2. Fatores de emissão pelo uso de energia elétrica no Brasil entre 2015 e 2018 (Fonte: MCTIC)
21
Gráfico 3-A. Comparativo das emissões pelo uso de energia elétrica
com o consumo referente a cada ano analisado (2015-2018)
Apesar do consumo de energia elétrica total no Estado em 2015 ter sido apenas
0,25% menor em comparação com 2016, 1,01% menor em relação a 2017, e 1% maior
do que 2018, as emissões provenientes dessa fonte naquele ano foram 28,1%, 24,7%
e 41,1% maiores do que 2016, 2017 e 2018, respectivamente.
22
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
TRANSPORTES
• Gasolina comum
• Diesel
• Etanol hidratado
• Gás natural veicular (GNV)
Fontes de Poder calorífi- Densidade Fator de emis- Fator de emis- Fator de emis-
emissão co inferior (kg/m³) são CO2 (kg/Tj) são CH4 (kg/Tj) são N2O (kg/Tj)
Gasolina
10.400 742 69.300 25 8
comum
Etanol anidro 6.750 791 70.800 10 0,6
Etanol
6.300 809 70.800 18 0,6
hidratado
Diesel 10.100 840 74.100 3,9 3,9
Biodiesel 9.000 880 74.100 10 0,6
GNV 8.800 740 56.100 92 3
2. Etanol anidro é aquele que é componente da gasolina comum do Brasil. De acordo com a ANP, o percentual
desse biocombustível misturado à gasolina foi de 27% entre 2015 e 2018.
3. Misturado ao diesel. Segundo a ANP, o diesel comum comercializado possuía 7% de biodiesel em 2015 e 2016, 8%
em 2017 e 10% em 2018.
23
Querosene
10.400 799 71.500 0,5 2
de aviação
Gasolina
10.600 726 70.000 0,5 2
de aviação
Fonte BEN 2018 BEN 2018 EFDB-IPCC EFDB-IPCC EFDB-IPCC
O total das emissões do setor foi de 5.354.071,48 tCO2 e em 2015, 5.333.726,92 tCO2
e em 2016, 5.464.675,38 tCO2 e em 2017, e 5.157.864,26 tCO2 e em 2018. A participa-
ção de cada fonte pode ser vista no Gráfico 4 a seguir.
Gráfico 4. Participação das fontes de emissão no setor de transportes (2015-2018)
A análise do Gráfico 4 mostra uma relativa estabilidade das emissões de cada tipo
de combustível. Tal comportamento está diretamente ligado à manutenção de seu
padrão de consumo no Estado, que permanece tendo o diesel e a gasolina como as
principais fontes energéticas veiculares. Contudo, alguns fatores merecem destaque.
Apesar do total das emissões de 2018 para este setor ter sido o menor (5.157.864,26
tCO2e), em comparação aos outros períodos analisados, o volume total de combus-
tível consumido foi o maior. Entretanto, observa-se que, acompanhando o cenário
nacional, o Estado consumiu 79% mais etanol, e 25,6% mais GNV4 em 2018 do que
em 2017. Ainda, o ano de 2017 foi o que apresentou maior consumo de combustí-
veis fósseis, consequentemente também foi o ano de maior emissão total do setor
(5.464.675,38 tCO2e).
4 GNV possui fatores de emissão de CO2 e N2O menores do que os da gasolina e do diesel (ver
tabela 3).
24
Apesar dos cálculos exibirem uma redução acumulada das emissões do setor du-
rante os anos analisados, ela ainda se mostra discreta para constatar uma mudan-
ça de comportamento de consumo de combustíveis no Estado.
O crescimento das emissões desse segmento de 17,3% entre 2016 e 2017, e 13,6%
entre 2017 e 2018 reflete os dados da Empresa Brasileira de Estrutura Aeroportuária
(Infraero), os quais mostram o aumento no número de passageiros nacionais e es-
trangeiros no Estado. Parte disso deve-se ao estabelecimento de novas rotas e co-
nexões no principal aeroporto de Pernambuco, o Aeroporto Internacional dos Gua-
rarapes – Gilberto Freyre, além da instalação de um hub de uma companhia aérea.
25
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
RESÍDUOS
O cálculo das emissões do setor de resíduos para os anos de 2015 a 2018 contou
com as seguintes variáveis, organizadas em dois sub-setores:
Esgotamento sanitário:
• Efluentes tratados;
• Efluentes não tratados.
Ainda, de acordo com levantamento feito pela SEMAS em consulta com a CPRH, no
Estado apenas cinco municípios realizam a modalidade de disposição final em uni-
dade de compostagem (Recife, Olinda, Petrolina, Petrolândia e Sairé). E os volumes
da compostagem apenas são conhecidos no município de Recife, sendo inexpressi-
vos para contabilização desse inventário.
26
Os parâmetros específicos utilizados para o cálculo das emissões desse subsetor são
do IPCC, conforme a tabela 4 abaixo.
O cálculo das emissões de CH4 e N2O ocasionadas pelo tratamento de efluentes foi
feito com base na população atendida pelo serviço de coleta e tratamento de esgo-
to, nos fatores de correção de metano respectivos a cada tratamento, e nos valores
da demanda bioquímica de oxigênio (DBO). A DBO corresponde à quantidade de
oxigênio disponível e que é consumida por microrganismos presentes em efluentes
como o esgoto doméstico. Esses microorganismos decompõem a matéria orgânica
presente nos corpos d’água e para isso, consomem oxigênio. O tratamento biológi-
co de esgotos é um processo muito semelhante ao que acontece naturalmente nos
cursos de água e mostra a capacidade de recuperação do meio que ao receber po-
luição de origem orgânica tenta neutralizar essa carga poluidora. Esse processo nas
Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) gera a emissão de Gases de Efeito Estufa,
principalmente metano (CH4).
27
Tabela 5. Parâmetros fixos utilizados para o cálculo das emissões
de GEE do subsetor de tratamento de efluentes
Destaca-se que até o final de 2015 o volume de esgoto coletado e tratado pela
COMPESA era estimado através do projeto das estações de tratamento de esgoto,
de medições pontuais e/ou outros métodos de estimativa. Medidores de vazão fo-
ram instalados a partir de 2016. Sendo assim, as emissões para o referido ano foram
baseadas em estimativas.
O total das emissões desse setor foi 5.531.408,23 tCO2e em 2015, 5.541.788,45 tCO2e
em 2016, 5.856.951,64 tCO2e em 2017 e 6.131.767,42 tCO2e em 2018 (gráfico 6).
28
O aumento anual das emissões dos resíduos sólidos se deu pelo crescimento grada-
tivo de municípios que passaram a encaminhar seus resíduos aos aterros, cujas emis-
sões são mais intensas do que os lixões devido ao fator de correção do metano (MCF
igual a 1 para aterros, e 0,6 para lixões). Tal mudança no cenário pode ser atribuída
a quatro importantes fatores: ao monitoramento mais rigoroso feito pelo Tribunal de
Contas nos municípios do Estado; ao Ministério Público de Pernambuco através do
Termo de Compromisso Ambiental (TCA), em atendimento à lei nº 12.305/2010, que
diz respeito à Política Nacional de Resíduos Sólidos; ao incentivo econômico através
do ICMS socioambiental (Lei nº 11.899/2000 e suas alterações) que destina parte do
ICMS àqueles municípios que descartam adequadamente seus resíduos sólidos; e à
elaboração dos Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos para 154 municípios do
Estado (gráfico 7). Apesar de contraditório, o aumento das emissões deste setor ao
longo dos anos representa uma melhora na Política Estadual de Resíduos Sólidos.
Nessa situação, a solução para a redução dessas emissões encontra-se na implan-
tação de sistemas de queima e/ou aproveitamento do biogás gerado.
29
REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
PROCESSOS INDUSTRIAIS (IPPU)
As emissões do setor IPPU são oriundas do processo de transformação e manufatura
de produtos e, como explicado anteriormente, são dissociadas das emissões causa-
das pela queima de combustíveis para obtenção de energia (energia estacionária).
Para o cálculo de emissões deste setor utilizou-se os volumes de produção de cimen-
to, cal e vidro, três importantes representantes da indústria mineral do Estado. Os
dados foram obtidos através de consulta ao IBAMA e ao Cadastro Técnico Federal.
Devido à indisponibilidade de informações, os demais processos industriais emisso-
res de GEE, como o setor de produtos químicos e derivados de petróleo, não foram
contabilizados.
O total das emissões para esse setor foi de 463.449,88 tCO2 e em 2015, 339.768,56
tCO2 e em 2016, 179.785,85 tCO2 e em 2017 e 118.898,43 tCO2 e em 2018. O princi-
pal responsável pela redução anual das emissões foi a diminuição na produção de
cimento no Estado. É possível observar, também, a redução da participação da
produção do cal ao longo dos anos. O gráfico 8 abaixo mostra a participação de
cada produto no total das emissões.
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REPORTE DE EMISSÕES POR SETOR
AGRICULTURA, PECUÁRIA E OUTROS USOS DO SOLO (AFOLU)
Tabela 7. Fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões de GEE do subsetor da pecuária
31
O gráfico 9 abaixo mostra as emissões do subsetor da pecuária para os anos ana-
lisados. Os anexos 2, 3, 4 e 5 desse documento detalham a participação de cada
grupo de animais nesse total.
Gráfico 9. Emissões de GEE do subsetor da pecuária (2015-2018)
32
Foram utilizados os valores padrão do IPCC de floresta úmida para o crescimento
anual da biomassa, proporção entre biomassa subterrânea e aérea, fração de ma-
téria seca, e estoque de biomassa na mata atlântica. Para estimar o crescimento
de biomassa da caatinga utilizou-se os valores médios entre a caatinga primária e
a caatinga secundária com dados da APNE. Para o estoque de biomassa, foi feita
a média ponderada entre os valores estimados para savana estépica arborizada
(Ta) e savana estépica florestada (Td), fitofisionomias dominantes do bioma. Juntas,
representam 84,28% da vegetação da caatinga (MCTIC, 2015), esses valores foram
fornecidos pela APNE. Os resultados são mostrados no gráfico 10 abaixo.
Gráfico 10. Emissões de GEE oriundas da mudança de uso do solo
na mata atlântica e caatinga em Pernambuco (2015-2018)
A emissão pela dinâmica do uso do solo na caatinga que vinha diminuindo de 2015
para 2017, apresentou um crescimento acentuado em 2018. O fato foi ocasionado,
principalmente, pela supressão da caatinga e aumento da área para pastagem e
agricultura de subsistência, somado ao corte para produção de lenha e carvão. O
uso insustentável da caatinga, associado às suas características abióticas rigorosas,
podem agravar o processo de desertificação, o que caracteriza esse bioma como um
dos mais vulneráveis às alterações climáticas do país.
33
Gráfico 11. Emissões brutas totais do setor AFOLU em Pernambuco (2015-2018)
As remoções foram calculadas com base nas áreas de mata atlântica e caatinga
que permaneceram inalteradas, sem interferência antrópica. Para isso, também fo-
ram utilizados dados do crescimento anual da biomassa e proporção entre biomas-
sa subterrânea e aérea específicas para cada bioma. O gráfico 12 abaixo mostra o
comportamento das emissões junto às remoções observadas para cada ano anali-
sado dentro do setor.
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Gráfico 12. Comportamento das emissões e remoções do setor AFOLU em Pernambuco (2015-2018)
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CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
VISÃO GERAL
Gráfico 13. Relação entre as emissões totais anuais e emissões per capita em Pernambuco (2015-2018)
A análise geral do reporte de Pernambuco revela uma certa estabilidade nas emis-
sões de GEE entre os anos estudados, possivelmente devido à manutenção do pa-
drão de consumo da população no Estado, tais como de energia elétrica e combus-
tíveis. Contudo, alguns indicadores chamam atenção e destoam do comportamento
observado. Primeiro, constatou-se uma redução das emissões referente à dinâmica
de transição do uso do solo na caatinga entre 2015 e 2017, o que pode estar relacio-
nada à diminuição do desmatamento do bioma. Tal fato pode ser verificado pela
consulta à ferramenta do MapBiomas. Entretanto, observou-se um aumento dessas
emissões devido à acentuada diminuição no estoque de carbono em 2018. Outros
estudos precisam ser feitos para investigar melhor os fatores que levaram à essa
perturbação.
Outro elemento que também influenciou no resultado foi a diminuição das emissões
ligadas à pecuária, oriundas da fermentação entérica de animais, mais especifica-
mente de bovinos, condição diretamente relacionada à quantidade de cabeça de
36
animais. Tal fato pode estar associado aos elevados índices da seca no Agreste do
Estado no período analisado, sendo considerado o pior dos últimos 10 anos, e con-
sequente diminuição do rebanho do Estado. Destaca-se também a redução na uti-
lização de combustíveis em fontes estacionárias industriais, como diesel, GLP e óleo
combustível, apesar deste segmento ainda ser o principal emissor dentro do setor de
energia estacionária ao longo dos anos. Observa-se, também, a queda das emissões
oriundas da fabricação de cimento devido à diminuição de sua produção no Estado.
Por fim, as condições ambientais (pluviométricas) favoreceram a matriz energética
nacional a ser mais limpa, aumentando a participação de fontes renováveis, e di-
minuindo a participação de termoelétricas na produção de energia. Sendo assim,
nota-se a redução do fator de emissão sobre o consumo de energia elétrica, contri-
buindo, também, com a redução das emissões no Estado.
Gráfico 14. Emissões de GEE brutas totais por setor em Pernambuco (2015-2018)
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Abaixo, o Gráfico 15 mostra as emissões de GEE totais, detalhadas pelas principais
fontes de emissão para os anos analisados.
Gráfico 15. Representação da participação das principais fontes
de emissão em Pernambuco por ano (2015-2018)
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Boletim Regional. Abril, 2018. Disponível em: \https://
www.bcb.gov.br/pec/boletimregional/port/2018/04/br201804b1p.pdf. Acesso em:
02/10/2019.
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ANEXOs
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ANEXO 2: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2015
41
AANEXO 3: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2016
42
ANEXO 4: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2017
43
ANEXO 5: DETALHAMENTO DAS EMISSÕES TOTAIS DE PERNAMBUCO EM 2018
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41
42