Metodologias e Investigação
coord, Maria Manuel Baptista
Coleção Estudos Culturais
Grácio Editor
Cultura:
Metodologias e Investigação
Coordenação: Maria Manuel baptista
Grácio Editor
Título
Cultura: Metodologias e Investigação
Coordenação
Maria Manuel Baptista
Coordenação Editorial
Rui Alexandre Grácio
Capa
Frederico da Silva
Impressão e acabamento
1ª edição Agosto de 2012
ISBN: 978-989-8377-34-0
© Grácio Editor
Avenida Emídio Navarro, 93, 2.o, Sala E
3000-151 COIMBRA
Telef.: 239 091 658
e-mail: editor@ruigracio.com
sítio: www.ruigracio.com
7
Em primeiro lugar, gostaríamos de deixar claro ao leitor despre-
venido o quanto esta área dos Estudos Culturais é menos uma disci-
plina, academicamente ‘policiada’, com os seus ‘especialistas’ e
paradigmas consensualmente estabelecidos (a este propósito valerá
a pena reler o já clássico livro de Thomas Kuhn, A Estrutura das Re-
voluções Científicas), com metodologias previamente determinadas e
configurações interdisciplinares rígidas ou sequer estabilizadas, mas,
mais do que isso, trata-se de uma área ‘pós-disciplinar’, quer dizer,
um lugar de encontros e partilha de saberes, métodos e experiências
de investigadores de diversas áreas, que têm em comum um interesse
particular pelas questões culturais.
Do nosso ponto de vista, é pelo facto de os Estudos Culturais
constituírem um lugar de prática intensa de interdisciplinaridade, es-
timulando a constituição de equipas muito heterogéneas que se for-
mam a propósito de projectos específicos de investigação, cuja acção
se encontra sobredeterminada por uma questão ou problemática
científica concreta, frequentemente esgotando-se no terminus desse
processo investigativo, que, em nosso entender, esta área se apresenta
fluida e instável, mas simultaneamente tão desafiante e intelectual-
mente estimulante.
Mais do que uma disciplina científica clássica (modo de organi-
zação científica tipicamente Moderna), os Estudos Culturais, tal como
os compreendemos e são apresentados neste volume, representam-
se como um centro gravitacional (constituído em primeiro lugar pelo
problema sob investigação), que atrai investigadores de muitas áreas,
interessados em participar na desafiante aventura de co-construção
do conhecimento científico.
Procurando uma inserção na tradição nacional, mas também in-
ternacional, o conjunto de estudos que aqui se apresenta teve, como
núcleo original, as conferências apresentadas no Seminário Ibero-
Americano em Metodologias de Investigação em Cultura, organizado
pela linha de investigação ‘Cultura portuguesa: declinações latino-
8
americanas’ do Centro de Línguas e Culturas da Universidade de
Aveiro, em Novembro de 2008.
O que é a Cultura, que temáticas analisa, quem a investiga e
como é possível produzir resultados científicos, rigorosos, fiáveis e
relevantes neste domínio constitui o núcleo de questões cujas respos-
tas este livro se propõe, pelo menos em parte, tratar.
As principais linhas que atravessam todos os textos que integram
a primeira parte deste volume, e abordam algumas das principais
preocupações metodológicas dos Estudos Culturais, podem sinteti-
zar-se do seguinte modo:
a) procura sistemática da inter, pluri e transdisciplinaridade;
b) articulação das temáticas, teorias e metodologias das ciências
sociais com as das ciências humanas;
c) construção de metodologias abertas e críticas, em diálogo in-
tenso com a própria empiria;
d) utilização reflectida de metodologias quer explicativas e com-
preensivas, quer quantitativas e qualitativas, quer intensivas e
extensivas;
e) valorização da vida, do quotidiano, dos públicos, do concreto
e do senso comum, em articulação com a teoria e as metodo-
logias de investigação.
Assim, num primeiro estudo de abertura deste volume procurá-
mos apresentar o domínio de investigação dos Estudos Culturais, num
texto que sintetiza e discute as características comuns da investigação
nesta área: abordámos a história da transformação deste campo em do-
mínio científico, reflectimos sobre o seu actual estatuto académico e
disciplinar, apontando, por fim, as principais linhas de desenvolvimento
e metodologias de investigação usadas internacionalmente nesta área.
Num segundo texto, Moisés de Lemos Martins procura partir de
um reflexão crítica sobre a imensa latitude do ofício do sociólogo, so-
bretudo daqueles que se debruçam essencialmente sobre os fenóme-
nos da Comunicação (como é o seu caso), para discorrer sobre a sua
9
própria prática ao nível dos Estudos Culturais, trabalho que o tem
aproximado do labor de hermeneuta, por força da ‘cinética do
mundo’, hoje mergulhado numa ‘modernidade trágica’.
Nesta senda de reflexão sobre a Cultura, e partindo ainda do ter-
reno próprio da Sociologia, o terceiro texto, da autoria de João Tei-
xeira Lopes sublinha algumas das principais tensões e exigências no
concreto fazer da Sociologia da Cultura, referindo a importância de
nos determos e meditarmos cuidadosamente na ambiguidade dos fe-
nómenos de recepção cultural, articulando a diversidade e o grau de
autonomia e crítica dos públicos com as formas de legitimação e im-
posição do poder (dos poderes).
Um quarto texto parte do paradigma próprio da Psicologia Social
e discute o quanto o domínio das representações sociais, as suas meto-
dologias e a diversidade dos seus níveis de análise nos colocam de ime-
diato no centro da investigação cultural, tratando—se também aqui,
como refere Rosa Cabecinhas, de compreender as práticas individuais
à luz de representações que são sociais e historicamente construídas.
É ainda tomando como central a temática da Cultura que Joa-
quim Barbosa nos introduz nos principais núcleos da investigação
linguística, no âmbito dos quais destaca o conjunto de estudos e preo-
cupações da sociolinguística, sublinhando não apenas a sua actual re-
levância na contribuição para a resolução de problemas educacionais,
mas também políticos e ideológicos do mundo contemporâneo.
São, igualmente, os elementos educacionais e de investigação que
estão no centro da reflexão que Anthony Barker nos apresenta no do-
mínio dos Estudos Fílmicos, no contexto de um Departamento de
Estudos Literários português. Apresentando um balanço detalhado e
crítico da sua riquíssima experiência neste domínio, sublinha algumas
das barreiras institucionais, teóricas e técnicas em fazer avançar este
género de investigação, apesar da apetência que os investigadores ju-
niores revelam por este domínio dos Estudos Culturais.
10
De dilemas e perspectivas nos fala também Maria Manuela Cru-
zeiro numa reflexão sobre a sua já extensa prática de investigação no
contexto da História Oral, centrando-se muito particularmente na
discussão epistemológica e metodológica deste modo de construção,
análise, explicação e compreensão cultural, concluindo mesmo pela
necessidade de articular os modos de produção da ciência e da arte.
Em jeito de balanço e reflexão mais global acerca das principais ca-
racterísticas metodológicas que perpassam as diversas investigações da
‘galáxia’ ou ‘centro gravitacional’ que temos estado a designar por Estu-
dos Culturais, Alba Carvalho encerra a primeira parte deste livro com
uma profunda e instigante reflexão sobre o exercício do ofício da pes-
quisa e o desafio da construção metodológica, sublinhando a articulação
dos diversos modos de construção do conhecimento com a tradição do
fazer científico e técnico, defendendo uma rigorosa ‘ecologia dos saberes’,
numa espécie de ‘tear reflexivo’ ou ‘tessitura intelectual’.
Sem pretender de modo nenhum encerrar as questões aqui le-
vantadas (pelo contrário, pretendemos abrir o debate sobre esta área,
em Portugal), julgamos que, no seu conjunto, o livro que agora se
apresenta inaugura uma discussão que se quer clara e assumidamente
comprometida com a realidade cultural envolvente, tanto na Acade-
mia como na Polis. Partindo da Cultura (qualquer que seja o nível de
análise ou o grau de implicação vivencial que com ela tenhamos) e
procurando a ela voltar no final das nossas investigações, quisemos
neste livro dinamizar uma área de discussão epistemológica em torno
dos Estudos Culturais, abandonando o pressuposto (culturalmente)
muito disseminado de que se trata de um domínio sobre o qual tudo
se pode dizer ou fazer, e o seu contrário também.
E foi por sabermos o quanto os terrenos do ensino e da investiga-
ção em Cultura têm de potencialmente equívoco e pantanoso, que pro-
curámos recolher múltiplos olhares e reflexões, buscando activamente
uma diversidade considerável de pontos de focagem académica e dis-
ciplinar. No ponto de cruzamento e intersecção destes múltiplos olhares
11
quisemos situar a discussão em torno das metodologias que cada área
utiliza para abordar as questões culturais, mas também apresentar
exemplos muito concretos de abordagem multi e transdisciplinar na
investigação de um conjunto de questões muito diferentes, mas que
podem inspirar outros investigadores que desejem praticar o desafiante
‘politeísmo metodológico’ (como lhe chama Moisés Martins) para que
os Estudos Culturais, pela sua própria natureza, nos convocam.
Assim, se na primeira parte deste volume (que intitulámos Meto-
dologias em Estudos Culturais) apresentamos as diversas perspectivas
epistemológicas e metodológicas de investigadores que, embora oriun-
dos de áreas científicas diversas (Filosofia, Sociologia, Psicologia Social,
Linguística, Estudos Fílmicos, Literatura e História Oral), praticam de
há longo tempo a investigação no domínio cultural, na segunda parte
(que apresentamos sob o título Investigação em Estudos Culturais)
podem ser encontrados um conjunto de estudos que ilustram, no con-
creto, a prática científica geneticamente interdisciplinar desta área.
O primeiro, intitulado «Ritmo e dissidência: uma experiência de
escrita» procura colocar em diálogo os Estudos Literários e os Estudos
Artísticos (especificamente a Música e a Pintura), enquanto o se-
gundo, «(Inter)-Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre
o colonialismo», estabelece inusitadas pontes de diálogo entre os pen-
samentos de Boaventura Sousa Santos e Eduardo Lourenço por um
lado, e Eça de Queirós por outro, nas questões respeitantes ao colo-
nialismo português, usando como conceito-chave uma das questões
centrais dos Estudos Culturais: a Identidade; por seu turno, o terceiro
texto apresenta-nos um estudo que mostra até à saciedade o modo
como Literatura (e a Poesia em particular) e Filosofia concorrem para
o estudo de um dos mais prevalecentes e importantes problemas éti-
cos, morais e religiosos da humanidade: a questão do livre-arbítrio;
já o quarto texto cruza a análise sociológica com a filosofia da história
e a fenomenologia da vida, procurando o significado colectivo (his-
tórico, em primeiro lugar) das práticas individuais, recorrendo tam-
12
bém à Literatura no intuito de aprofundar criticamente os sentidos
menos evidentes dos comportamentos de risco nas sociedades pós-
modernas; finalmente, o quinto e último estudo articula paradigmas
teóricos e instrumentos metodológicos oriundos quer da investigação
em Cultura Popular, quer da Linguística e ainda do Marketing, de
modo a compreender o campo hoje delimitado por um neologismo
que sinaliza o nascimento de uma nova área no âmbito dos Estudos
Culturais: o folkmarketing.
Por fim, refira-se o prazer que constituiu poder editar um livro
com uma tal riqueza reflexiva e capacidade prospectiva, que recolhe
contribuições nacionais e internacionais de grande relevo, acolhendo
no seu seio um diálogo que em Portugal só agora verdadeiramente
começa. Se outras virtualidades não tiver, que este livro pelo menos
sirva para deixar claro o quanto a área dos Estudos Culturais revela
uma importante fecundidade teórico-prática e uma evidente vitali-
dade académica, plena de potencialidades de trabalho em redes inter
e transdisciplinares, quer no contexto nacional, quer internacional.
13
1. Metodologias em Estudos Culturais
O quê e o como da investigação
em Estudos Culturais
Maria Manuel Baptista1
1
Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro – Portugal. Comunicação
apresentada ao Seminário Ibero-Americano em Metodologias de Investigação em
Estudos Culturais, Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro,
6 de Novembro de 2008.
Toda a correspondência relativa a esta comunicação deve ser enviada para Maria
Manuel Baptista, Departamento de Línguas e Culturas – Universidade de Aveiro,
3810 Aveiro – Portugal ou via e-mail: mbaptista@.ua.pt
17
Maria Manuel Baptista
18
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
19
Maria Manuel Baptista
20
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
21
Maria Manuel Baptista
22
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
23
Maria Manuel Baptista
24
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
25
Maria Manuel Baptista
6. Conclusões
26
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
27
Maria Manuel Baptista
Bibliografia
28
O quê e o como da investigação em Estudos Culturais
29
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos
Estudos Culturais
Moisés de Lemos Martins1
1. Ofício de sociólogo
1
Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do
Minho. moisesm@ics.uminho.pt
31
Moisés de Lemos Martins
2
O meu mais recente estudo: Martins, M. (2009), «Ce que peuvent les images. Trajet
de l´un au multiple», Les Cahiers Internationaux de l´Imaginaire, 1: CNRS, pp. 158-
162.
32
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
33
Moisés de Lemos Martins
34
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
35
Moisés de Lemos Martins
estudo, uma vez que parte de uma interrogação sobre o quadro actual
de constrangimentos que nos são impostos, ou seja, parte das regras
da prática.
Este quadro de constrangimentos, por sua vez, não é dissociável
daquilo a que chamo «tempo global», que é o tempo da «sociedade
em rede», o tempo da «economia-mundo» (Wallerstein), o tempo da
globalização. Uma pergunta, todavia: que quadro de constrangimen-
tos globais são esses que enquadram a prática? Que regras são essas?
Assinalo, por um lado, a importância crescente daquilo a que Mário
Perniola chama «ordem sensológica»; assinalo também a implantação
de uma sociedade de «meios sem fins» (Agamben); e assinalo ainda
a actual cinética do mundo, um movimento de «mobilização infinita»
para ao mercado global, como se lhe refere Peter Sloterdijk.
Passo a explicitar.
2.1. Considero que a nossa prática social não é dissociável daquilo
a que Mário Perniola chama a “ordem sensológica” (1993), que se
impõe à antiga «ordem ideológica», com a sensibilidade e as emo-
ções a levarem a melhor sobre as ideias e com a bios a misturar-
se com a techné, podendo falar-se hoje, por exemplo, no
sex-appeal do inorgânico (Perniola, 2004)), num processo acele-
rado de estetização geral da existência humana, com toda a expe-
riência a constituir-se em «experiência sensível». A nossa
atmosfera é cada vez mais sensitiva e libidinal, com a emoção, o
desejo, a sedução e a pele a constituírem-se como valores preva-
lecentes na nossa cultura. Derrick de Kherckhove (1997) fala
mesmo, neste contexto, de uma pele tecnológica.
36
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
37
Moisés de Lemos Martins
2.3. Existe ainda uma outra regra que se impõe à prática e que
eu gostaria de convocar aqui. Refiro-me ao facto de o humano
estar a ser investido, acelerado e mobilizado, pela tecnologia, para
um mercado global. Já nos anos trinta do século passado, Ernest
Yünger assinalara que a época estava a ser mobilizada pela tec-
nologia. Usava então uma metáfora bélica. Entretanto, Peter Slo-
terdijk (2000) fala hoje de uma «mobilização infinita». Esta
mobilização infinita para o mercado global, através da tecnolo-
gia, vai colocar o humano numa crise permanente.
A conjugação destas regras da prática, ou por outra, destes cons-
trangimentos (relembro-os, ordem sensológica, sociedade de
meios sem fins, mobilização infinita do humano para o mercado)
produz nos actores sociais o cérebro de indivíduos empregáveis,
competitivos e performantes.
38
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
3. A modernidade trágica
39
Moisés de Lemos Martins
3
A ideia de “crise da experiência” começa por ser referida em Benjamin no seu texto
sobre “O narrador” e parece hoje em fase imparável pela aceleração tecnológica do
nosso tempo. Agamben fala da impossibilidade em que nos encontramos, hoje, de
nos apropriarmos da nossa condição propriamente histórica, o que torna “insupor-
tável o nosso quotidiano” (Agamben, 2000: 20). Perniola, por sua vez, ao caracteri-
zar a experiência contemporânea, introduz o conceito de “já sentido” e interroga-se
sobre o sex appeal do inorgânico, que tem tanto de fascinante como de inquietante
(Perniola, 1993, 2004). Quanto a Baudrillard, conhecemos o seu conceito de reali-
zação do real como simulacro (Baudrillard, 1981).
40
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
4
Em 2002, desenvolvi este ponto de vista em A linguagem, a verdade e o poder, espe-
cificamente nas pp. 145-163.
41
Moisés de Lemos Martins
Referências Bibliográficas
Agamben, G. (1995) Moyens sans fin. Notes sur la politique, Paris : Payot &
Rivages.
Barthes, R. (1987) O Rumor da língua, Lisboa: Edições 70, pp. 281-288.
Baudrillard, J. (1981) Simulacres et simulation, Paris: Galilée.
Benjamin, Walter (1982) «Annuncio della rivista ‘Angelus Novus’», in Il con-
cetto di critica nel romanticismo tedesco (Scritti 1919-1922), Turim, Einaudi.
Benjamin, W. (1992) [1936-1939] «O narrador. Reflexões sobre a obra de
Nicolaï Lesskov», in Sobre arte, técnica, linguagem e política, Lisboa: Re-
lógio d’Água, pp. 27-57.
Bourdieu, P. (1996) As regras da arte. Génese e estrutura do campo literário,
Lisboa: Presença.
Bourdieu, P. (1972) Esquisse d’une théorie de la pratique, Genève: Droz.
Bouveresse, J. (1995) «Règles, dispositions et habitus»: Critique 579/580
(«Bourdieu»), pp. 573-594.
Braudel, F. (1985) La dynamique du capitalisme, Paris: Ed. Artaud.
Castells, M. (2002) A era da informação: economia, sociedade e cultura I. A
sociedade em rede, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Celan, P. (1996) [1971] «O meridiano», in Arte Poética. O Meridiano e outros
textos, Lisboa: Colibri, pp. 41-64.
Debord, G. (1991) [1967] A Sociedade do Espectáculo, Lisboa: Mobilis in
Mobile.
Donnat, O. (1994) Les Français face à la culture. De l’exclusion à l’écletisme,
Paris: La Découverte.
Eribon, D. (1991) Michel Foucault, Lisboa: Livros do Brasil.
Giddens, A. (1990) «El estructuralismo, el post-estructuralismo y la produc-
ción de la cultura», in La teoría social hoy, Madrid: Alianza Universidad,
pp. 254-289.
Gurvitch, G. (1955) Déterminismes sociaux et liberté humaine, Paris: PUF.
Joly, A. (1982) «Pour une théorie générale de la signifiance», in Mouloud,
N. & Vienne, J. M. (Org.), Langages, connaissance et pratique, Lille: Uni-
versité de Lille, III, pp. 103-125.
Kerckhove, Derrick de (1997) A pele da cultura - Uma investigação sobre a
nova realidade electrónica, Lisboa: Relógio d’Água.
42
Para um ‘politeísmo metodológico’ nos Estudos Culturais
Lash, S. & Urry, J. (1994) Economies of signs and space, Londres: Sage.
Lyotard, J.-F. (1979) La condition post-moderne, Paris: Minuit.
Maffesoli, M. (2000) L’instant éternel. Le retour du tragique dans les sociétés
postmodernes, Paris : Denoël.
Mattelart, A. & Neveu, É. (2003) Introduction aux Cultural Studies, Paris: La
Découverte.
Martins, M. (2002 a) «O trágico como imaginário da era mediática», Comu-
nicação e Sociedade, 4: 73-79.
Martins, M. (2002 b) A linguagem, a verdade e o poder, Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Martins, M. (2009) «Ce que peuvent les images. Trajet de l´un au multiple»,
Les Cahiers Internationaux de l´Imaginaire, CNRS, 1: 158-162.
Musil, R. (2008) [1952] O homem sem qualidades, Lisboa: Dom Quixote.
Nietzsche, F. (1987) [1874] Seconde considération intempestive, Paris: Flam-
marion.
Perniola, M. (1993) [1991] Do Sentir, Lisboa: Presença.
Perniola, M. 2004 [1994] O Sex Appeal do Inorgânico, Lisboa.
Rebelo, J. (Coord.) (2008) Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação So-
cial, Lisboa: Entidade Reguladora para a Comunicação Social.
Sloterdijk, P. (2000) La mobilisation infinie, Christian Bourgois.
Vattimo, G. (1991) A sociedade transparente, Lisboa: Edições 70.
Wittegenstein, L. (1995) [1921 e 1953] Tratado lógico-filosófico e Investigações
filosóficas, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
43
Para uma etnografia dos públicos em acção
João Teixeira Lopes1
1
Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto
45
João Teixeira Lopes
46
Para uma etnografia dos públicos em acção
47
João Teixeira Lopes
48
Para uma etnografia dos públicos em acção
49
João Teixeira Lopes
50
Para uma etnografia dos públicos em acção
51
João Teixeira Lopes
Bibliografia
52
Para uma etnografia dos públicos em acção
Eco, Umberto “Entre autor e texto” (1993) in Stefan Collini (dir.) Interpre-
tação e Sobreinterpretação. Lisboa: Editorial Presença.
Eco, Umberto Eco (1989) Obra Aberta. Lisboa: Difel.
Francis, Robert (1992), La Perception. Paris : Presses Universitaires de
France.
Geertz, Clifford (2003), O Saber Local. Petrópolis: Editora Vozes.
Goffman, Erving (1993), A Apresentação do Eu na Vida de Todos os Dias.
Lisboa: Relógio d’Água.
Jauss, Hans Robert (1978), Pour une Esthétique de la Réception. Paris : Gal-
limard.
Leenhardt, Jacques (1982), “Recepção da obra de arte” in Mikel Dufrenne
(org), A Estética e as Ciências da Arte. Amadora: Bertrand.
Lopes, João Teixeira (2004), « Experiência estética e formação de públicos”
in AA.VV., Públicos da Cultura. Lisboa: Observatório das Actividades
Culturais.
Menger, Pierre-Michel (1986), “L’oreille spéculative. Consommation et per-
ception de la musique contemporaine » in Revue Française de Sociologie,
XXVII.
Pinto, José Madureira (2004), “Para uma análise sócio-etnográfica da relação
com as obras culturais” in AA.VV., Públicos da Cultura. Lisboa: Obser-
vatório das Actividades Culturais.
Press, Andrea L. (1994), “The sociology of cultural reception: notes toward
un emerging paradigm” in Diana Crane, The Sociology of Culture. Cam-
bridge: Basil Blackwell.
Radway, Janice A. (1991), Reading the Romance. The University of North
Carolina Press.
Roussel, Francoise e Kahane, Martine (2002) “Le progrès de la connaissance
des publics” in AA.VV, Les Institutions au Plus Près des Publics. Paris :
Musée du Louvre/La documentation Française.1
53
Investigar representações sociais:
metodologias e níveis de análise
Rosa Cabecinhas1
55
Rosa Cabecinhas
56
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
57
Rosa Cabecinhas
58
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
2. A sociedade pensante
59
Rosa Cabecinhas
60
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
61
Rosa Cabecinhas
uma nova ideia num dado grupo depende da sua figuração em ima-
gens e metáforas que transmitam o essencial do seu conteúdo de uma
forma compatível com o quadro de valores desse grupo.
O processo de ancoragem, por um lado, precede a objectivação
e, por outro, situa-se na sua sequência. Enquanto processo que pre-
cede a objectivação, a ancoragem refere-se ao facto de qualquer tra-
tamento da informação exigir pontos de referência: é a partir das
experiências e dos esquemas já estabelecidos que o objecto da repre-
sentação é pensado. Neste contexto, a ancoragem refere-se aos pro-
cessos pelos quais o não-familiar se torna familiar.
Enquanto processo que segue a objectivação, a ancoragem refere-
se à função social das representações, ou seja, refere-se aos processos
pelos quais uma representação, uma vez constituída, se torna um or-
ganizador das relações sociais. Isto é, a ancoragem permite compreen-
der a forma como os elementos representados contribuem para
exprimir e constituir as relações sociais (Moscovici, 1961). A ancora-
gem serve à instrumentalização do saber conferindo-lhe um valor fun-
cional para a interpretação e a gestão do ambiente (Jodelet, 1989).
Vala refere que o conceito de ancoragem tem algumas afinidades
com o conceito de categorização: ambos funcionam como estabiliza-
dores do meio e como redutores de novas aprendizagens. No entanto,
na opinião do autor, o processo de ancoragem é mais complexo visto
que a ancoragem leva à produção de transformações nas representa-
ções já constituídas, isto é, «o processo de ancoragem é, a um tempo,
um processo de redução do novo ao velho e reelaboração do velho
tornando-o novo» (2000: 475).
Os processos de objectivação e ancoragem servem para nos fa-
miliarizar com o “novo”, primeiro colocando-o num quadro de refe-
rência, onde pode ser comparado e interpretado, e depois
reproduzindo-o e colocando-o sob controlo (Moscovici, 1981: 192).
As dinâmicas de objectivação e de ancoragem são aparentemente
opostas: «uma visa criar verdades evidentes para todos e indepen-
62
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
63
Rosa Cabecinhas
64
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
65
Rosa Cabecinhas
66
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
67
Rosa Cabecinhas
68
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
69
Rosa Cabecinhas
Bibliografia
70
Investigar representações sociais: metodologias e níveis de análise
71
Rosa Cabecinhas
72
Linguagem e culturas:
o papel da Sociolinguística
Joaquim Barbosa1
1. Introdução
1
Centro de Linguística da Universidade do Porto jbarbosa@letras.up.pt
A investigação para este trabalho teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecno-
logia através do Projecto POCTI/CED/60786/2004 (Memórias do Trabalho: Proces-
sos de construção de uma identidade operária).
73
Joaquim Barbosa
74
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
3
Embora corresponda, no essencial, à comunicação apresentada no Seminário, o texto
deste artigo vai enriquecido pela reflexão suscitada pelo debate que então teve lugar.
A todos os intervenientes, e à organização do Encontro, o meu reconhecimento.
75
Joaquim Barbosa
2. O Homem e a Linguagem
76
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
2.2 Os Mitos
As referências à linguagem aparecem também em livros sagra-
dos, independentemente da especulação filosófica sobre a sua origem
ou da sua utilização prática. Nas religiões do Livro, a linguagem apa-
rece como figura principal do princípio dos tempos. No Génesis, a
Criação é descrita quase como um acto de fala: “E disse Deus: Haja
luz. E houve luz. E Deus chamou a luz dia, e as trevas chamou noite:
e foi a tarde e a manhã, o dia primeiro” (Gén. I, 3-5)4. Nesta passagem
4
Na tradução de João Ferreira Annes d’Almeida, de 1681, a primeira tradução da
Bíblia em português.
77
Joaquim Barbosa
E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. […]
E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre, cujo cume
toque nos céus, e façamo-nos um nome para que não sejamos espa-
lhados sobre a face de toda a terra. Então desceu o Senhor para ver a
cidade e a torre que os filhos dos homens edificaram; E disse: Eis que
o povo é um, e todos têm a mesma língua; e isto é o que começam a
fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que intentarem fazer.
Eia, desçamos, e confundamos ali a sua língua, para que não entenda
um a língua de outro. […] Por isso se chamou seu nome Babel, por-
quanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra, e dali os es-
pargiu o Senhor sobre a face de toda a terra. (Gen. XI, 1-9)
78
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
79
Joaquim Barbosa
80
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
81
Joaquim Barbosa
82
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
83
Joaquim Barbosa
4. A Sociolinguística
84
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
except that drawn from their ‘dialect’: that is, their own judgments
about sentences. (Labov, 1975:13-14)
85
Joaquim Barbosa
[...] E porém todas elas [as falas] ou são gerais a todos, como Deus,
pão, vinho, céu e terra, ou são particulares e esta particularidade
6
Tradução mais ou menos livre de “C’mon horsie, move yer arse!
86
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
ou se faz entre ofícios e tratos, como os cavaleiros que têm uns vo-
cábulos e os lavradores que têm outros [...], Ou também se faz em
terras esta particularidade, porque os da Beira têm umas falas e
os do Alentejo outras, e os homens da Estremadura são diferentes
dos de Entre Douro e Minho, porque, assim como os tempos, assim
também as terras criam diversas condições e conceitos. (Oliveira,
1536: cap. XXXVIII
7
Por simplicidade, não localizo com rigor cada uma das citações que se seguem. O
texto integral, que se recomenda, está disponível em http://www.clul.ul.pt/
equipa/ana_martins.php , Jan./2009).
87
Joaquim Barbosa
88
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
89
Joaquim Barbosa
90
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
91
Joaquim Barbosa
92
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
5. Linguística e sociolinguística
93
Joaquim Barbosa
8
8! (8 factorial) = 8x7x6x5x4x3x2x1=40320
9
Porque não consigo anular o significado de alguns dos morfemas que constituem
as ‘palavras’ e participam na formação do seu significado, como, por exemplo, o {S}
final, que significa plural ; ou o {VA} e o {M}, da forma verbal, que referem, respec-
tivamente, passado imperfeito e terceira pessoa do plural.
94
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
6. Conclusão
95
Joaquim Barbosa
Bibliografia
96
Linguagem e culturas: o papel da Sociolinguística
97
Research topics and methodologies
in film studies
Anthony Barker1
Although film art has been with us for over 110 years, film stu-
dies have only been in the academy for a relatively short time. Here
I’m referring to the analytic study of film as a cultural product in uni-
versities rather than the distinguished work carried out in film
schools, which offer both a theoretical and a practical training for
people hoping to work in the various national film industries. Film
studies would have started up in the wealthier countries, those with
more established film industries, around 50 years ago, have consoli-
dated themselves as independent departments 30-40 years ago and
begun to attract large numbers of students during the enthusiasm for
Media Studies which began around 25-30 years ago. In less well-fun-
ded and more academically conservative educational systems, film
studies will have only begun to break through 20 years ago, and often
in the face of considerable resistance. The traditionalist’s argument
against film studies taking its place in the academy, held in the teeth
of evidence that there is great popular demand for study programmes
and courses in this domain, is the same one which impeded the esta-
blishment of mother tongue/vernacular literature courses at the end
of the nineteenth century. This is what we might call the Philology
Fallacy: that only things which are difficult, linguistic in character,
often foreign and decently dead are deserving of serious study. When
my own University, Oxford, finally adopted courses in English over a
hundred years ago, it made sure that the degree was called “English
Language and Literature”, that it was made up mainly of the obligatory
1
Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro – Portugal.
99
Anthony Barker
2
Harriet Shelley, née Westbrook, was the first wife of the poet Percy Shelley. Shortly
after the poet deserted her to elope with Mary Godwin, the future author of
Frankenstein, she threw herself in the Serpentine in London and drowned herself.
Citation of the incident is intended to encapsulate all that is sensational and unsci-
entific about literary studies.
100
Research topics and methodologies in film studies
101
Anthony Barker
The film theory born in the world of humanities has been one based
on the efficacy and import of “metaphors” about the film pheno-
menon. Since metaphors are more readily generated than are com-
puterized analyses of audience questionnaires or minute
102
Research topics and methodologies in film studies
103
Anthony Barker
plain the how and the what of film art, had been notably less succes-
sful in explaining the why. They had not succeeded in dispensing with
the need for a historical and commercial context. So in the 1990s, and
naturally enough in relation to cinema of the earlier part of the cen-
tury, historicism made something of a comeback. Film analysts, in
their virtual lab coats, were simply found to not know enough about
the different contexts in which films came to signify, and how that
signification had modified over time.
Another important way in which the field changed was in the
principles of selection governing which films were to get onto the syl-
labus and become the objects of study. As I suggested above, interest
in the classic auteurs of film art (and their modern analogues) was
carried on up to the end of the 1970s and beyond in tandem with an
emerging interest in genre cinema. Genres were of particular interest
to cultural studies theorists because they seem to come into being in
response to a zeitgeist (certain genres are more popular -hence more
ubiquitous- at certain times) and out of an unwritten contract bet-
ween mass producers and mass consumers. Their forms and mea-
nings are in a constant state of negotiation. They also neatly mirror
industrial norms of production. A film is not a product like a model
of car or a burger: it cannot be wholly standardised (no film can be
exactly like the one it follows in the cinema), yet standardisation is a
desired end of industrial economics. The familiarity which genre
identity brings to product is useful at the marketing stage, especially
after the early 1980s when publicity and release costs came to match
or even exceed production costs. It also benefits audiences, who are
no longer the multigenerational mass market of the 1930s and 1940s
which went to the cinema once or twice a week irrespective of what
was on. In a world of ever greater competition for the “entertainment
dollar,” precise discrimination of cultural products is an advantage. It
is not just that “sci-fi” is a brand; so too are “Martin Scorsese” and
“Leonardo di Caprio.” This is why a film industry, which once tried
104
Research topics and methodologies in film studies
105
Anthony Barker
106
Research topics and methodologies in film studies
107
Anthony Barker
108
Research topics and methodologies in film studies
109
Anthony Barker
110
Research topics and methodologies in film studies
and perhaps those historical shifts in taste and cultural value, as well
as the practical constraints under which film adaptations are made,
became the real subjects of the theses. Another thesis analysed the
Beckett on Film project, which looked to adapt the entire works of
Samuel Beckett for the medium of film. In this case, we have a project
based upon a policy of subsidy and of Irish national and cultural self-
promotion; in many ways the why of the project superseding its how
and what elements. In one case, the same work was not only adapted
at different times but also for different expressive media. Jonathan
Swift’s Gulliver’s Travels, for example, was originally made in a feature
cartoon form in 1939, then in stop-motion animatronics in the 1950s
then made for television by Hallmark using CGI in the 1990s. This is
as much as to say that although the choice of literary originals might
seem conservative, the comparison of different types of films made
at different times is fraught with complexity. Needless to say, no one
in these circumstances is allowed to fall back on simplistic criteria of
fidelity in dealing with these processes.
Where cultural studies methodologies come into their own is in
respect of thematic treatments of film topics. In all those areas where
theory tells us questions of identity largely have to do with processes
of ideological construction over time, the diverse methodologies of
cultural studies can be usefully deployed. Two research students have
successfully completed theses on Irish cinema, one on the represen-
tation of “the Troubles” in the north, the other on selected aspect of
history and social change in the Irish Republic since 1922. Both theses
have had to wrestle with a highly politicised, complex and contested
national cinema, often invoking historical events rendered in ways
which have been the object of much controversy and polarisation.
Another student concentrated on the representation of the Japanese
in western film culture, beginning with some very crude stereotypical
images from the early twentieth century and carrying the argument
forward with more sensitive recent (but some would say still patro-
111
Anthony Barker
112
Research topics and methodologies in film studies
rical thesis that was written concerned itself with the establishment
of film censorship in studio-era Hollywood, how the Hays or Pro-
duction Code came into being, how it policed the American film in-
dustry and how it was progressively challenged until its abolition (or
rather substitution by a rating system) in 1967. Perhaps the most com-
plex formalist study undertaken was that of the theory and history of
film illusion, and its dependence on new technologies, a survey of
evolving fantastical effects from Georges Méliès to Peter Jackson’s The
Lord of the Rings trilogy. A PhD study, this was perhaps only feasible
because the student in question was a computer science specialist with
experience in video-gaming design. What informed the study were
potential real-world applications in video-gaming of film aesthetics.
Film studies has been a very dynamic field in the last 20 years
and a vast bibliography has grown up in support of it. We have at-
tempted to accompany most of the more significant movements in
film analysis at the University of Aveiro by acquiring a decent library
of books on English-language (and not only) cinema. We have not
been able to afford the full range of film journals on the market and
so cannot consider ourselves to be very well-set for research purposes,
although our library resources certainly match or surpass those of
any other university in Portugal. Film is fortunate in being such a po-
pular form that there are extensive and well-informed databases avai-
lable on the internet for people studying in this domain. However,
popularity has also bred an uncritical spirit and we counsel people to
use these sources with intelligence and caution, for many of them
contain the basic weaknesses of ‘fandom’ – inaccuracy and over-ent-
husiasm. However the balance is definitely positive, since popularity
has ensured a world-wide supply of film material which 35 years ago
was simply not available for domestic consumption or academic ana-
lysis. In the 1960s, you would have to have been a metropolitan-dwel-
ling active member of a film club or society to have access to a fraction
of the sort of material that anyone can now purchase and view do-
113
Anthony Barker
Bibliographical References
114
História oral? Dilemas e perspectivas
Maria Manuela Cruzeiro1
115
Maria Manuela Cruzeiro
116
História oral? Dilemas e perspectivas
117
Maria Manuela Cruzeiro
118
História oral? Dilemas e perspectivas
119
Maria Manuela Cruzeiro
120
História oral? Dilemas e perspectivas
121
Maria Manuela Cruzeiro
122
História oral? Dilemas e perspectivas
123
Maria Manuela Cruzeiro
124
História oral? Dilemas e perspectivas
Bibliografia
125
O exercício do ofício da pesquisa e o
desafio da construção metodológica
Alba Maria Pinho de Carvalho1
127
Alba Maria Pinho de Carvalho
2
Crítica contundente ao esgotamento deste padrão de racionalidade que preside a
ciência moderna - constituído a partir do século XVI e legitimado como «o padrão
de Ciência», nos séculos seguintes – emerge no cenário dos anos 80. Como refe-
rências emblemáticas desta crítica, a incidir em uma perspectiva de constituição de
novos padrões de racionalidade científica, destaco duas obras que bem encarnam
uma ruptura epistemológica, com ampla repercussão no âmbito das comunidades
científicas de diversos campos e áreas: O Ponto de Mutação de Fritjof Capra, cujo
original The Turning Point foi publicado, em inglês, em 1982 e, no Brasil, em 1988,
pela Editora Cutrix; Um discurso sobre as ciências de Boaventura de Sousa Santos,
publicado, em 1ª edição, em Portugal, em Julho de 1987, estando esta obra, em 2001,
na 12ª edição. No contexto brasileiro dos anos 70, uma produção que se tornou
«clássica» nas discussões de epistemologia e de metodologia é a da socióloga Miriam
Limoeiro Cardoso, intitulada O Mito do Método, produzida em 1971 para apresen-
tação em Seminário de Metodologia, na Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro – PUC-RJ e publicada no Boletim Carioca de Geografia, em 1976.
128
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
3
Em meados de 1980, Boaventura de Sousa Santos, em sua obra referência Um dis-
curso sobre as ciências (1987), afirma que o modelo de racionalidade então domi-
nante mostrava sinais evidentes de exaustão, configurando uma crise paradigmática.
No contexto deste debate epistemológico, delineia um paradigma emergente, de-
signando-o de «ciência pós-moderna». Trata-se de um paradigma a encarnar uma
outra racionalidade, uma racionalidade mais ampla, assente na superação da dico-
tomia natureza/sociedade, na complexidade da relação sujeito/objeto, na concepção
construtivista de verdade, na aproximação das ciências naturais às ciências sociais
e destas aos estudos humanísticos, em uma nova relação entre ciência e ética, em
uma nova articulação entre conhecimento científico e outras formas de conheci-
mento. Nesta perspectiva, sustenta ser este «o paradigma de um conhecimento pru-
dente para uma vida decente», constituindo, assim, um paradigma científico – o
paradigma de um conhecimento prudente – e um paradigma social – o paradigma
de uma vida decente. No início dos anos 90, para contrapor a sua concepção de
pós-modernidade ao pós-modernismo dominante que circulava tanto na Europa
como nos EUA, Boaventura Santos passa a denominá-la de «pós-modernismo de
oposição», concebendo a superação da modernidade ocidental a partir de uma pers-
pectiva pós-colonial e pós-imperial, pautada na exigência de reinventar a emanci-
pação social. Em meados da década de 90, Boaventura Santos tinha clareza que essa
construção de uma outra racionalidade só podia ser completada a partir das expe-
riências das vítimas, dos grupos sociais que tinham sofrido com o exclusivismo
epistemológico da ciência moderna e com a redução das possibilidades emancipa-
tórias da modernidade ocidental. O seu apelo é «aprender com o Sul», entendendo
o Sul como uma metáfora do sofrimento humano, causado pelo capitalismo e pela
colonialidade do poder. Assim, insatisfeito com a designação pós-moderno e cons-
ciente da impossibilidade de afirmar a denominação de «pós-moderno de oposi-
ção», Boaventura Santos, nos anos 2000, passa a propugnar uma «Epistemologia
do Sul», a consubstanciar um padrão de racionalidade ampla e ampliada, capaz de
apreender a riqueza infinita da experiência social em todo o mundo. Na formulação
de Boaventura Santos «uma epistemologia do Sul assente-se em três orientações:
aprender que existe o Sul; aprender a ir para o Sul; aprender a partir do Sul e com
Sul». (Santos, Boaventura de Sousa (1995), Toward a New Common Sense: Law,
Science and Politics in the Paradigmatic Transition. Nova Iorque Routledge).
129
Alba Maria Pinho de Carvalho
4
Em produções na década de 90 e, de modo particular, nos anos 2000, delineio esta
alternativa do «Racionalismo Aberto e Crítico» como via do fazer científico. Ver es-
pecificamente: produção de Novembro de 2000, denominada «Texto Síntese de Es-
tudos – problematizando: resgatando pistas e apontando vias para deflagar a aventura
da produção do conhecimento»; produção de Fevereiro de 2004 intitulada «Tú me
ensinas a fazer renda que eu te ensino a namorar…: tecendo descobertas do mundo
nosso de cada dia – reflexões sobre o ofício da pesquisa»; produção de junho de 2005,
denominada «Referências teóricas e metodológicas em questão: linhas Epistemoló-
gicas do Conhecimento».
5
Estou convicta de que, em nosso tempo presente, se faz necessário e imperativo, o
diálogo crítico, a interlocução entre diferentes vias do fazer científico como caminho
de produção do conhecimento, com potencial investigativo para responder às pro-
vocações do mundo, em sua complexidade. Enfim, o pensar complexo e relacional
exige, como «dever de ofício», a construção de diálogos e interlocuções entre pers-
pectivas e vertentes que tem fundamentos comuns e/ou lógicas que se comunicam
e complementam-se reciprocamente. No meu caso específico, construo um diálogo
crítico, no âmbito do racionalismo, comprometido radicalmente com a crítica, em
sintonia vigilante às provocações do mundo. O pressuposto fundante é a tese de que
o vetor epistemológico na construção científica vai «do racional ao real», ou seja, a
ciência é a realização do racional, aberto às interpelações da realidade, em sua ri-
queza inesgotável, na diversidade de contextos, no curso da História.
130
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
131
Alba Maria Pinho de Carvalho
132
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
9
A configuração dessa investida de Pierre Bourdieu contra o empirismo, nos marcos
de uma ruptura radical e constituição de um racionalismo aplicado, perpassa a sua
construção epistemológica/metodológica no âmbito da sua obra. Especificamente,
ver análises de Bourdieu na obra A Profissão de Sociólogo – Preliminares epistemo-
lógicas, de autoria de Pierre Bourdieu, Jean Claude Chamboredon, Jean Claude Pas-
seron, publicada em português, em 1999, pela Editora Vozes.
10
Uma tentativa de circunscrever um momento desta minha recolha está em um en-
saio – ainda em processo de construção – que comecei a elaborar, em 2008, com o
título «Um olhar sobre o Pensamento de Boaventura de Sousa Santos – em busca
de vias investigativas».
133
Alba Maria Pinho de Carvalho
11
A busca de uma outra racionalidade perpassa as obras de Boaventura de Sousa
Santos, ao longo de mais de duas décadas. Tal perspectiva ganha corpo nos marcos
de uma «razão cosmopolita», na sua produção contemporânea Sociologia das Au-
sências e Sociologia das Emergências que delineia procedimentos sociológicos de
exercício deste novo padrão de racionalidade. (Santos, 2004, 2006, 2007b).
12
«Vetor Espistemológico» é uma categoria da Epistemologia Histórica de Gaston
Bachelard que significa a direção de onde parte a construção científica, ou seja, o
«sentido do percurso». No caso dos racionalismos, o sentido do vetor epistemoló-
gico é nítido: do racional ao real (Bachelard, 1976).
13
Karl Marx, nas Teses contra Feubarch, fornece-me uma indicação preciosa no sen-
tido de circunscrever sensibildiade como dimensão humana decisiva na busca do
conhecer. Diz ele na Tese 5: «Feubarch, descontente com o pensamento abstrato
recorre à intuição; mas não capta a sensibilidade como atividade prática, humana
e sensível». De fato, é nesta perspectiva que sustento que a Ciência pressupõe exer-
cício da Sensibilidade, em articulação com a Razão e a Imaginação (Marx, 1978).
134
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
14
Karl Marx delineia uma tese a constituir um pressuposto epistemológico: «A rea-
lidade é sempre mais rica que qualquer teoria» (Marx, 1978 ).
15
Nesta perspectiva do reconhecimento da diversidade de experiências e epistemo-
logias, cabe destacar a obra Epistemologias do Sul, organizada por Boaventura de
Sousa Santos e Maria Paula Menezes, publicada em Janeiro de 2009. O Prefácio
que abre esta produção, eminentemente contemporânea, bem explicita os dois
pressupostos fundantes da obra: «primeiro, que não há epistemologias neutras e
as que reclamam sê-lo são as menos neutras; segundo que a reflexão epistemológica
deve incidir não nos conhecimentos em abstracto, mas nas práticas de conheci-
mento e nos seus impactos noutras práticas sociais» (Santos e Meneses, 2009:7).
135
Alba Maria Pinho de Carvalho
16
Configurações conceituais como «pensar complexo»/ «pensamento complexo» re-
metem, necessariamente, ao sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, um dos prin-
cipais pensadores da complexidade. Dentre a multiplicidade de suas obras,
destacam-se no âmbito da formulação do pensamento complexo: Introdução ao
Pensamento Complexo (1995); Ciência com Consciência (1998); Os sete saberes
necessários à educação do futuro (2001); A cabeça bem-feita: repensar a reforma,
reformar o pensamento (2003).
136
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
137
Alba Maria Pinho de Carvalho
138
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
139
Alba Maria Pinho de Carvalho
19
Aqui, resgato a configuração de Guy Debord, na sua obra A Sociedade do Espetá-
culo, lançada na França, em 1967 e que se tornou livro de referência da ala mais
extremista de Maio de 1968, em Paris. Hoje, a obra é um «clássico» da «crítica do
sistema do capital».
140
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
20
Nas explicitações metodológicas de Bourdieu, «habitus científico é uma regra feita
homem ou, melhor, um ´modus operandi` científico que funciona em estado prá-
tico, segundo as normas da ciência sem ter essas normas na sua origem: é esta es-
pécie de sentido do jogo científico que faz com que se faça o que é preciso fazer no
momento próprio, sem ter havido necessidade de tematizar o que havia que fazer,
e menos ainda, a regra que permite gerar a conduta adequada” (Bourdieu, 1989:23).
141
Alba Maria Pinho de Carvalho
21
Em uma de suas reflexões epistemológicas mais instigantes, ao discutir o que de-
nomina de «dimensão empirista», Pierre Bourdieu estabelece uma distinção fun-
damental na dinâmica do fazer científico: a distinção entre objeto real e objeto
científico. E configura o «objeto real» como objeto pré-construído pela percepção
e o «objeto científico» como uma construção do sujeito pesquisador a efetivar re-
cortes, configurando um sistema de relações a investigar (Bourdieu, 1999).
142
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
143
Alba Maria Pinho de Carvalho
22
Nas minhas reflexões epistemológicas no âmbito da metodologia, sublinho a im-
portância crucial desta tessitura teoria/empiria, no sentido de uma postura ativa
do pesquisador/pesquisadora a tecer «fios da teoria» e «fios da realidade». Para
melhor visualizar essa trama reflexiva, recorro a uma metáfora, eminentemente
brasileira e nordestina: o trabalho da rendeira, artesã que tece rendas, de forma ar-
tesanal, na sua almofada, a jogar os seus bilros, de um lado para o outro, com a pe-
rícia do saber e a arte do ofício. É o movimento contínuo das mãos no jogo dos
bilros. À semelhança da rendeira, o(a) pesquisador/pesquisadora joga «bilros»,
portando, em uma mão, os da teoria e, na outra, os da empiria. E na perícia do
saber e na arte do ofício, entrecruza teoria e empiria, em um movimento incessante
da razão, da imaginação e da sensibilidade.
144
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
23
Edgar Morin, nas suas teorizações do pensar complexo, já enuncia a exigência de
estudos de caráter «inter-poli-transdisciplinar» diante da complexidade das socie-
dades contemporâneas, a enfrentar dilemas e problemas, exigindo uma radicali-
dade no repensar a reforma do pensamento. Ver Morin (2003), em sua instigante
obra «A cabeça bem-feita. Repensar a reforma, reformar o pensamento».
145
Alba Maria Pinho de Carvalho
24
Boaventura de Sousa Santos (2004, 2006, 2007a), em sua análise da indolência da
razão, nos marcos da modernidade ocidental, demarca, como uma das encarnações
desta razão indolente, o que chama de «razão metonímica» que se reivindica como
uma única forma de racionalidade e, por conseguinte, não se aplica a descobrir
outras formas de racionalidade. Nesta perspectiva é que a racionalidade da ciência
moderna efetivou a supressão de saberes, construindo a sua não-existência. Assim,
propõe a «Sociologia das Ausências», a efetivar a «Ecologia de Saberes».
146
O exercício do ofício da pesquisa e o desafio da construção metodológica
Bibliografia
147
Alba Maria Pinho de Carvalho
148
2. Investigação em Estudos Culturais
Ritmo e dissidência:
uma experiência de escrita
Ruben A. - La respectueuse allumeuse1
Dália Dias2
151
Dália Dias
152
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
153
Dália Dias
3
Veja-se sobre este assunto Wittgenstein The blue and brown books, Oxford, Basil
Blackuell & Mott, Ltd. A edição utilizada é a versão castelhana, a partir da segunda
edição inglesa, Los cuadernos azul y marron, Madrid, Editorial Tecnos, 1984, p.45.
154
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
155
Dália Dias
156
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
157
Dália Dias
158
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
Ela sabia sábia que sabia a rosas rosas com melancia água péde
um só gesto e golo engolo também diz ela, veja como eu estou-
mesmo boa não faz mal, é-me igual, sente-se ali em frente ao pé
de toda a gente, traga-me o pente, mais não está tudo encaraco-
lado, de que lado?
4
Sobre a questão musical e as definições de “blue note” confronte-se Stephan, Ru-
dolph (coordenação), Musik, Fischer Bücherei KG, Frankfurt am Main und Ham-
burg,. Ed. utilizada: Música, Lisboa, editora Meridiano, 1978 (2ª ed.). Veja-se, em
especial, pp.202-211.
159
Dália Dias
da estrutura rítmica se deixa pensar neste texto: como uma presença, efeito
de um ponto de vista não unificado, múltiplo e instável para a voz narra-
tiva. Esta, por sua vez, desenvolve-se numa tensão dissonante que dá lugar
a simultâneas falas, cuja origem é indeterminada e contraditória, reite-
rando o mais permanente traço da assinatura de Ruben A. (“de que lado?”).
Um segundo critério, o de periodicidade, deve ser tido em conta
na abordagem do problema rítmico, seguindo o mesmo conceito de
analogia, já referido para o critério de estrutura. De facto, falar de pe-
ríodos remete com facilidade para uma associação de noções a que per-
tencem palavras como ciclos, partes, cadências, alternâncias, repetições.
Inseparável da anterior noção, de estrutura, o período valoriza priori-
tariamente um movimento duplo, de vai-vem, que decorre da esperada
repetição, de acordo com o intervalo regular que pelo movimento se
estabelece. Uma vez que em LRA se está perante uma organização tex-
tual que apresenta uma espacialização de inegável importância, justi-
fica-se que se observe a mancha gráfica e o que nela se salienta como
cíclico, as repetições ou as partes que compõem o texto e equacionem
as consequências que daí podem advir para uma leitura mais complexa.
Começando precisamente por observar o título, haverá que in-
terrogar os efeitos da rima bem como o valor do emprego da língua
francesa. A repetição fonética que aproxima e faz rimar respectueuse
e allumeuse funciona de modo contraditório, a partir do antagonismo
trazido pelo recorte semântico das duas palavras. O reforço que a re-
petição das sílabas finais de ambas provoca, e a subsequente aproxi-
mação que entre elas se gera pelo facto de serem, em parte,
semelhantes, tudo isso é contradito porque as duas palavras consti-
tuem uma antinomia. O emprego de allumeuse classifica uma figura
feminina que não é caracterizada pela respeitabilidade social5, não se
apresentando, por isso,como respectueuse. Deste modo se inscreve no
5
Allumeuse: n. f. Fam. Femme coquette, aguichante, segundo a definição do dicionário
enciclopédico Petit Larousse.
160
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
161
Dália Dias
162
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
163
Dália Dias
164
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
165
Dália Dias
166
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
9
Sublinhados nossos.
10
Estes jogos de sentidos ocultos a partir da relação entre a fonética e a grafia são reco-
nhecidos como uma prática associada aos chamados poetas visionários, de que Rim-
baud será um exemplo maior. A esse propósito, Mário Cesariny escreveu, nas notas à
sua tradução de Illuminations e Une saison en enfer (Arthur Rimbaud, Iluminações e
Uma cerveja no inferno, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999, p.189, 190), que em tais jogos
se revela uma Cabala fonética, de raiz medieval e instalada com grande voga na litera-
tura profana a partir do sec.XIX. Escreveu o poeta surrealista: “Verbo mercurial que
rouba à linguagem o que devolve à língua, assenta no princípio cabalístico da magia,
negra ou branca ,a que fazem não pequena chamada o primeiro romantismo alemão
(Hölderlin, Novalis, Kleist, Arnim) e o romantismo francês com Baudelaire, Nerval, depois
Alfred Jarry, Rimbaud, Lautréamont, depois Marcel Duchamp Breton, Péret, Fourré.(…
) A palavra, depois de destruída duas vezes – na extrapolação e na primeira tradução –
é reconduzida à constelação mítica a que pertence mesmo quando afirme o oposto da ex-
pressão inicial:
Elle est retrouvée Elle erre. Trouvez
Au soleil Eau sol oeil”
167
Dália Dias
168
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
169
Dália Dias
discreta quieta inquieta provoca voca por ali acima sem chegar a
tocar com a luz que deita para o sinal vermelho se ver no olhar que
desperta e aperta.
170
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
171
Dália Dias
11
Sobre este tema, confronte-se Apollinaire, Les peintres cubistes: Méditations Esthé-
tiques, Paris Figuières, 1913; ed. ut, Paris, Hermann, 1965. Sobre o assunto, veja-
se também Chipp, H.B, Theories of Modern Art, University of California, 1968, ed.
ut. Teorias da Arte Moderna, Editora Martins Fontes, 1988, pp.218-222.
12
Sobre o assunto veja-se Stangos, Nikos (org.), Concepts of Modern Art – from Fau-
vism to Postmodernism, Thames and Hudson, Ltd, Londres, 1994, pp.85-95.
172
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
173
Dália Dias
174
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
175
Dália Dias
15
Confronte-se Les Cahiers libres, 1933, p.46, sublinhados nossos.
16
Sobre esta questão, tratada mais profundamente, pode ler-se Scarpetta, Guy, Elogio
do Cosmopolitismo, João Azevedo, editor, 1988.
176
Ritmo e dissidência: uma experiência de escrita
177
Dália Dias
Bibliografia
A., Ruben Páginas I, Coimbra, Edição do autor, 1949; ed. ut: 2ª edição, Lis-
boa, Assírio e Alvim, 1996.
A., Ruben Páginas VI, Lisboa, Parceria A. M. Pereira, 1970; edição ut: 2ª edi-
ção, Lisboa, Assírio e Alvim, 2000.
A., Ruben “La Respectueuse Allumeuse»” in Colóquio/Letras nº10, Fundação
Calouste Gulbenkian, Novembro, 1972.
Apollinaire, Guillaume, Les peintres cubistes – Méditations esthétiques, Paris,
Hermann, 1965; 1ª ed, Paris, Figuière, 1913.
- Oeuvres poétiques, Paris, Gallimard, 1956.
Benveniste, Émile, Problèmes de linguistique générale , Paris, Gallimard, 1966.
Blanchot, Maurice, L’Espace Littéraire, Paris, Gallimard, 1955. Ed. ut., Folio
Gallimard, 2000.
Blanchot, Maurice, L’entretien infini, Gallimard, 1969.
Blanchot, Maurice, Le pas au-delà, Gallimard, 1973
Blanchot, Maurice, L’écriture du désastre, Gallimard, 1980.
Fauchereau, Serge, Expressionisme, Dada, Surréalisme et Autres Ismes, Paris,
Denoël, 2001 (1ªed. 1976, 2ª ed. revista e prefaciada pelo autor).
Meschonnic, Henri, La critique du rythme – antropologie historique du lan-
gage, Paris, Verdier, 1982.
Meschonnic, Henri, Modernité, modernité, Gallimard, 1988.
Meschonnic, Henri, Les états de la poétique, Paris, Presses Universitaires de
France, 1985.
Sauvanet, Pierre, Le rythme et la raison, I- Rythmologiques, tome I, Paris, Édi-
tions Kimé, 2000.
Sauvanet, Pierre, Le rythme grec d’Héraclite à Aristote, Paris, PUF, 1999.
178
(Inter-)Identidade portuguesa na narra-
tiva queirosiana sobre o colonialismo
Maria do Rosário Girardier1
1
Universidade de Aveiro – Departamento de Línguas e Culturas
179
Maria do Rosário Girardier
que Eça de Queirós deu uso e que afirmaram os seus direitos em di-
ferentes narrativas, tais como: os folhetins publicados entre 1866 e
1867 na Gazeta de Portugal2, As Farpas – as primeiras referências di-
rectas às colónias surgem nesse «livrinho» (Queirós, 2004: 16) em
1871 -, o relatório A Emigração como Força Civilizadora (elaborado a
pedido do ministro Andrade Corvo em 1874), as cartas que enviou
de Bristol à Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro (entre Setembro de
1880 e Outubro de 1882)3, os artigos na Revista de Portugal (entre
1889 e 1890)4 e vários dos seus contos (Civilização, Singularidades de
uma Rapariga Loira) e romances (O Primo Bazilio, O Mandarim, A
Relíquia, Os Maias, A Correspondência de Fradique Mendes, A Ilustre
Casa de Ramires, A Cidade e as Serras) de forma mais ou menos ex-
plícita. África é também o espaço onde se desenvolve o enredo de
King Solomon’s Mines, de Rider Haggard, único livro que Eça tradu-
ziu5 e onde introduziu algumas alterações «subversivas» (Quatermain,
2008: 24) no sentido de realçar a descoberta e a ocupação de territó-
rios africanos por portugueses6.
2
Na crónica «Lisboa», o narrador transcreve alguns versos cantados por uma per-
sonagem: «O preto que vem d’Angola/ Traz a bordo fava rica», o que indicia a pre-
sença de africanos em Lisboa e remete para uma imagem de África como lugar de
abundância. Cf.: QUEIRÓS, Eça de (1999) in Prosas Bárbaras: 183.
3
QUEIRÓS, Eça de (2008) in Cartas de Inglaterra.
4
Estes artigos foram assinados com o pseudónimo de João Gomes. Cf.: QUEIRÓS,
Eça de (1995), Textos de Imprensa VI (da Revista de Portugal).
5
Relativamente à polémica sobre o grau de participação de Eça de Queirós na tra-
dução ou revisão, ler: QUATERMAIN, Allan (2008), «Introdução» in As Minas de
Salomão - Edição Crítica: 15-20.
6
A tradução da primeira parte do romance As Minas de Salomão apareceu no quarto
número da Revista de Portugal, em 1889, ou seja, já depois da Conferência da África
Ocidental, acolhida por Bismarck em Berlim (realizada entre 15-11-1884 e 26-02-1885),
mas antes do Ultimato Britânico (1890). A questão da partilha de África e a ameaça aos
direitos históricos sobre as colónias é matéria da actualidade. Na mesma Revista, nas
várias «Notas do Mês», Eça evoca frequentemente a tensão nas relações anglo-lusas: «…
colocaram a actividade colonizadora da Inglaterra face a face com a nossa propriedade
histórica.» (Queirós, 1995: 70). Apesar de céptico relativamente ao poder colonizador
de Portugal, Eça de Queirós não resistiu a corrigir o que via como uma representação
literária adversa aos interesses de Portugal: Cf. Op. Cit. Quatermain: 15-91.
180
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
7
Dada a leitura atenta das várias obras de Eça de Queirós, e com o apoio de várias
fontes documentais, julgamos poder afirmar que este levantamento é exaustivo.
Contudo, não afastamos a possibilidade de sermos surpreendidos por especialistas
queirosianos com a revelação de outros textos/narrativas que evoquem, de forma
objectiva ou simbólica, a temática do colonialismo.
8
FRANCO, Francisco de Melo, «Canto I» in O Reino da Estupidez: 3.
181
Maria do Rosário Girardier
9
«A acção é a posse daquele que a pratica, que é sua, que lhe pertence propriamente. Sobre
este acto ainda neutro do ponto de vista moral enraíza se o acto de imputação que reveste
uma significação explicitamente moral, no sentido em que ela implica acusação, desculpa
ou absolvição, censura ou louvor, em suma, estimação segundo o “bom” ou o “justo”.» in
RICOEUR, Paul (1988), «L’identité narrative», Esprit, Julho-Agosto: 298.
182
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
dos Povos Peninsulares nos Últimos Três Séculos. Para Eduardo Lou-
renço, «essa visão do passado nacional, evocado e condenado sem
apelo, (…) era uma espécie de sacrilégio cultural sem precedentes e,
de um certo modo, um parricídio» (ibid.: 39). Uma nova mitologia é
proposta, desprovida de justificações de ordem transcendente: «Pela
primeira vez entre nós, a ideologia – sob a roupagem do socialismo
proudhoniano – ocupava e reclamava para si o estatuto de legitimação
cultural, até então desempenhado pela religião» (ibid.: 40).
Eça de Queirós é o autor da 4ª Conferência, intitulada «A Lite-
ratura Nova ou o Realismo como Nova Expressão de Arte», proferida
a 12 de Junho de 1871. Depois do ministério do Duque de Ávila o
exonerar das suas funções de Administrador do concelho de Leiria10,
durante uma conversa com Ramalho Ortigão, lança a ideia de escre-
verem uns opúsculos semelhantes aos de Alphonse Karr («Les Guê-
pes»). As Farpas são escritas e, logo no primeiro fascículo, Eça revela
o seu imaginário sobre a posição de Portugal na Europa:
10
Maria Filomena Mónica estabelece uma relação de causa-efeito entre a participação
de Eça nas Conferências do Casino e a sua exoneração da Administração do concelho
de Leiria. A investigadora justifica ainda a proposta de Eça a Ramalho Ortigão - de
escrita de As Farpas – pelo facto do escritor se encontrar sem emprego (Queirós, 2004,
«Introdução»: 4). Existe contudo uma falta de coerência nas datas. Na verdade, as
Conferências têm início em Maio de 1871 e o primeiro número de As Farpas é datado
do mesmo mês/ano – apesar de o fascículo só ter sido posto à venda a 17 de Junho. O
que o próprio Eça escreve no fascículo 7 (Novembro de 1871) é que, apesar de ter fi-
cado classificado em primeiro lugar nas provas para cônsul que prestou a 1 de Outubro
de 1870, mais tarde teria sido preterido para um lugar vago na Baía porque «o sr. Mi-
nistro dos estrangeiros declarara que eu não poderia nunca entrar na carreira consular,
porque eu era… O Chefe do Partido Republicano em Portugal!» (Op. Cit.: 250).
183
Maria do Rosário Girardier
11
O par conceptual Prospero e Caliban é inspirado na peça Une Tempête de Aimé Cé-
saire em que, apropriando-se o escritor e ideólogo da negritude, por sua vez, das
personagens de Shakespeare na peça homónima The Tempest, faz Prospero encarnar
o colonizador europeu e simboliza em Caliban o povo colonizado e oprimido.
184
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
4. Identidade «dupla»
185
Maria do Rosário Girardier
12
Boaventura de Sousa Santos distingue apenas dois momentos de Prospero: o pe-
ríodo referido é o primeiro; o segundo corresponde ao período do 25 de Abril e a
adesão à EU: Op. Cit: 65.
186
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
5. 1. Hibridismo
187
Maria do Rosário Girardier
188
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
189
Maria do Rosário Girardier
5. 2. Subalternidade
190
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
191
Maria do Rosário Girardier
192
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
13
Em 1872 o dembo Caculo Cahenda, revoltou-se. A resposta militar portuguesa foi
materializada através do envio de uma coluna comandada pelo Tenente-Coronel
Gomes de Almeida. O aparente sucesso militar traz consigo uma paz negociada
com a manutenção do Status Quo. No período de 1890 a 1907, os dembos, entraram
em conflito com os portugueses três vezes. Para mais informações, ler: MARRA-
CHO, António Machado (2008), Revoltas e Campanhas nos Dembos (1872-1919) -
47 Anos de Independência às Portas de Luanda.
193
Maria do Rosário Girardier
nizador não compreende que não é Senhor mas vassalo, como qual-
quer outro nativo, de um rei local. Temos pois que a subalternidade
não se afirma apenas face à Europa central.
194
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
195
Maria do Rosário Girardier
196
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
14
Eça refere-se a D. Pedro II do Brasil que reinou de 1841 até à instauração da Re-
pública (15-11-1889).
197
Maria do Rosário Girardier
198
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
[conotação negativa]
- Local de degredo/punição, servindo esta imagem, simultanea-
mente, para afirmar o poder de quem ameaça (em diferentes
contextos, foram sujeitos a esta ameaça: Juliana, de Primo Ba-
zilio; Palma Cavalão, em Os Maias; Noronha e Casco em A Ilus-
tre Casa de Ramires);
- Refúgio face a humilhação/insucesso na Metrópole (Macário,
de Singularidades de uma rapariga loira; Jorge, de Primo Bazilio;
Carlos da Maia, em Os Maias; Gonçalo Ramires e Titó em A
Ilustre Casa de Ramires);
- Terra de escravos/indígenas sem cultura (Primo Bazilio; Gra-
cinha Ramires e José Barrolo, em A Ilustre Casa de Ramires);
[conotação positiva]
- Local de abundância (Macário, no conto citado; Gouvarinho,
de Os Maias; Gonçalo Ramires);
199
Maria do Rosário Girardier
Conclusão
15
Eça de Queirós, contudo, já «maldizia» a colonização inglesa em Cartas de Ingla-
terra. Colocava o seu enfoque no modo «como eles trabalham sobre as antigas ci-
vilizações como a Índia, onde existem artes, costumes, litteraturas, instituições, em
que uma grande raça pôs todo o seu génio» (in Cartas de Inglaterra: 63).
200
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
Bibliografia
16
Foi publicado originalmente na Gazeta de Notícias. Integra a obra QUEIROZ, Eça
(s/d), Notas Contemporânea: 162-167.
201
Maria do Rosário Girardier
202
(Inter-)Identidade portuguesa na narrativa queirosiana sobre o colonialismo
203
La defensa del libre albedrío en el Es-
fuerço Harmonico de Miguel de Barrios
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs1
Observación liminar
205
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
206
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
5
Lo completan, además, Quadriga de Amor Celestial, Creacion del Universo y algunos
poemas breves, e incluso un único texto en prosa, una descripción de la visión mís-
tica de Ezequiel intitulada Carroça de Ezequiel.
6
Antes aún hallamos un soneto titulado Sol y Escudo es el Señor Dios.
207
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
un ‘cavallo
o un ‘camino
de vida, y muerte
para el fiel, y el transgressor
que vá à la Corte gloriosa,
y à la carcel de Pluton’.9
7
En nota marginal se remite el símil a Isaías 54:11.
8
El símil se remite en la nota al margen a Daniel 8:25.
9
En nota al margen se remite el símil a Jeremías 21:8 y Eclesiastés 15:17.
208
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
10
La enumeración exhaustiva de pasajes de la Escritura que parecen defender ambas
nociones sería una tarea ingente. Entre los que podría sospecharse que se vindica
el albedrío libre se hallan, por ejemplo, Deut 30:15; 30;:19, Mal. 1:9, Job 34:11, y
Prov. 19:3. Entre los que inducen a creer en la preordenación de las cosas citaremos
Salm. 135:6, 1 Sam 2:6, Is. 45:7, Salm. 127, Job 34:29, Salm. 104:29.
11
Conciliador tomo iv, p. 8.
12
Conciliador tomo iv, p. 10.
209
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
Proverbios 21, Salomón sostiene, según los versos en los que Barrios
la compendia, que
13
En cursiva en el original. En Proverbios 21:1 leemos: “Arroyo de agua es el corazón
del rey en mano de Yavé, que Él dirige a donde le place”.
14
En cursiva en el original. Proverbios 21:4 reza: “Ojos altivos, corazón soberbio, luz
de los impíos, son pecado’, de modo que en efecto parece lícito concluir con Barrios
que el hombre peca cuando yerra. También en Proverbios 16:5: “Aborrece Yavé al
de altivo corazón, pronto o tarde no quedará sin castigo”.
15
En cursiva en el original.
210
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
‘porque à forçar
diera justa ocupación.
No injusta, que esto no cabe
en la bondad superior,
supuesto que solo quiere
lo bueno, y lo malo no’
El hombre hace lo que quiere del poder que Dios les da, y puede,
siguiendo la Ley, hacer lo correcto, aunque Dios ‘como primer mo-
viente’ concurre en el acto, en el sentido de que, si no lo hiciera, nadie
podría poner en acto su propia voluntad. Barrios da el siguiente ejem-
plo: Un bajel ‘llevado del soplo aereo’ puede sin embargo ir a la parte
opuesta, sin que tenga privación ‘que le impida andar al Austro, ò
echar al Septentrion’. Así, movido por su propia deliberación, que de-
pende de él mismo, el hombre puede
211
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
16
En cursiva en el original. Aunque la nota al margen remite, como decimos en el
texto, a Salmos 36:23, tal versículo no existe. Con probabilidad Barrios pensaba en
Salmos 37:23, donde se lee: “Por Yavé se afirman los pasos del varón cuyo camino
le place”.
17
La cita se halla en CM 1/3 (Cogitata Metaphysica, Parte Primera, Capítulo 3). En
la edición canónica de Gebhardt se halla en el tomo I, p. 243, líneas 25-37, p. 244,
línea 1. La traducción al castellano es de Atilano Domínguez (Alianza Editorial, n.
1325, p. 242).
212
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
De modo que
‘el hombre
está por la privacion
de la original justicia,
pronto à siguir lo peor
18
En cursiva en el original. La nota al margen remite a Gen. 8:21.
19
En cursiva en el original. La nota al margen, en efecto, remite a Romanos 8:7.
20
En cursiva en el original. La nota al margen remite a Deut. 5:22.
213
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
21
En cursiva en el original.
214
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
22
Durante siglos los sabios del Talmud intentaron interpretar el pasaje según el cual la ac-
titud del faraón se halla en apariencia determinada. Dios dice: “y yo endureceré el cora-
zón del Faraón y multiplicaré en la tierra de Egipto mis señales y mis maravillas. Y Faraón
no os escuchará. Más yo pondré mi mano sobre Egipto, y sacaré a mis ejércitos, mi pue-
blo, los hijos de Israel, de la tierra de Egipto, con grandes juicios. Y sabrán los egipcios
que yo soy Yavé, cuando extienda mi mano sobre Egipto y saque a los hijos de Israel de
en medio de ellos” (Ex. 7:3-5). El significado de ‘endurecer el corazón del faraón’ ha des-
concertado a los exégetas hasta nuestros días. Parece indudable que Dios tiene el poder
de cancelar, en circunstancias insólitas, el albedrío libre, inclinando la voluntad hacia el
mal. Pero ello, como Barrios señala, comporta que el faraón no carecía del mismo antes
del endurecimiento de su corazón. Por otro lado, el episodio de Balaam se resume en
que éste no pudo decir ante Balac, quien le había mandado llamar para maldecir al pue-
blo de Israel, sino lo que Dios ‘ponía en su boca’, de modo que estaba determinado lo
que dijera. Por último, con respecto a Sihón, Barrios no cita correctamente. Se trata de
Deut 2:30,en que se lee: “Pero Seón, rey de Hesebón, no quiso dejarnos pasar por su ter-
ritorio, porque Yavé, tu Dios, hizo inflexible su corazón, para entregarle en tus manos,
como hoy lo está”, y no de Deut. 33, como anota el poeta al margen.
23
En cursiva en el original. Barrios remite estos episodios a Ex. 4:21, Num. 22:37 y
Deum. 33.
215
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
Pero el haber sido libre hasta entonces no obsta para que la im-
posibilidad efectiva del faraón de dejar partir el pueblo se dé, en ese
preciso momento, desde una férrea determinación causada por Dios.
Lo mismo ocurriría con los episodios de Balaam en Números 22:37,
y Sihón en Deum 2:3024 Sin embargo, si Dios se lo quitó, antes lo te-
nían, y este albedrío los inclinaba de modo persistente hacia el mal.
Por lo demás, en el momento en que lo fuerza Dios probaría su poder,
tan sólo arrebatándoles el auxilio necesario para realizar el bien, cuya
concesión depende de Él mismo en inmediata instancia.
En la parte quinta del Esfuerço se plantea otra interesante obje-
ción: El hombre no puede conocer, por naturaleza, las cosas divinas,
de modo que no tendría tampoco poder para poner su afición en ellas,
‘porque ninguno
lo que no supo no amò’25.
216
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
217
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
27
En cursiva en el original.
218
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
28
En cursiva en el original.
29
En cursiva en el original.
219
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
220
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
221
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
33
Cf. Bañez 2002.
34
Cf. Luis de Molina 2007.
222
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
35
Cf. La Certeza del Camino, p. 109. En Méchoulan 1987.
36
Cf. La Certeza del Camino, p. 109. En Méchoulan 1987.
223
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
Y compara
37
En cursiva en el original
224
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
Para concluir:
225
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
38
En cursiva en el original. Proverbios 16:4 reza, en efecto: “Todo lo ha hecho Yavé
para sus fines, aun al impio para el día malo”.
39
En cursiva en el original.
226
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
Ni al justo lo amenaçara,
diziendo que si traydor
le ofendia, que su muerte
seria su obstinacion.
227
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
‘no es violencia
antes si una aspectacion
que vè en sus contrarios fines
la enemistad de los dòs’
40
En cursiva en el original.
228
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
Y más adelante:
229
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
De modo que,
230
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
41
Cf. Rosenbloom 1992.
231
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
42
En Ezequiel 18:31 leemos: ‘Arrojad de sobre vosotros todas las iniquidades que co-
metéis y haceos un corazón nuevo y un espíritu nuevo”. Y en Ezequiel 36:26: “Os
daré un corazón nuevo y pondré en vosotros un espíritu nuevo”.
43
Conciliador vol. I, p. 148.
44
Ex. 7:3, que en el Conciliador reza: “Y yo endureceré á coraçon de Parhó” y Ex 10:1:
“Ven á Parhó que yo he endurecido á su coraçon” (Conciliador v. i, p. 148).
232
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
45
Deum 11:26.
46
De la fragilidad humana 1642, pp. 69-70.
47
Ibid., p. 70.
233
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
¿por qué no son todos justos? Si a particulares, ¿por qué cauza haze
esta distinción de personas? Que parece es querer que hunos se salven
y otros no, siendo que no puede aver en Dios excepción de personas.
Luego diremos que este auxilio presupone haver antecedido la obra,
como quando un hombre quiere levantar una carga y no puede solo,
vieno otro a ayudarle y assi la pone al ombro. Del mismo modo
Dios….prencipiando el hombre la buena obra y aviendo dificultades
por parte de la materia, le ayuda para que la ponga por acto””48. Y Pe-
reyra concluye: “Assi que es nesseçario que el hombre empiesse para
que Dios acabe, como prefieren nuestros antiguos”49.
Bibliografia
48
La certeza del camino, pp. 109-110. En Méchoulan 1987.
49
Ibid., p. 110.
234
La defensa del libre albedrío en el Esfuerço Harmonico de Miguel de Barrios
235
Miquel Beltrán y Joan Lluís Llinàs
236
Os comportamentos de risco
nas sociedades pós-modernas
Jean-Martin Rabot 1
1
Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho
237
Jean-Martin Rabot
238
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
239
Jean-Martin Rabot
240
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
241
Jean-Martin Rabot
242
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
243
Jean-Martin Rabot
244
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
245
Jean-Martin Rabot
246
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
247
Jean-Martin Rabot
248
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
249
Jean-Martin Rabot
250
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
integrado à sociedade dos deuses gregos» (cf., 2005: 15). Hoje em dia,
assistimos ao retorno em força da fúria dionisíaca.
Esta fúria podia ter sido momentaneamente asfixiada, mas nunca
desapareceu do mapa da condição humana, assumindo várias formas,
inclusive a da morte e a da aniquilação. Somos possuídos por demó-
nios que lançam sobre nós «o sangrento aparelho da destruição»
(Baudelaire, 1973, poema La destruction: 116). Em plena era produ-
tivista, no século XIX, um mal apodera-se dos homens, um mal que
tem por nome a melancolia, a exacerbação da sensibilidade, o spleen,
ou seja, o gosto pelo desgosto. Ora, é nesse desgosto que Baudelaire
encontra as sensações agudas que lhe conferem a convivência com as
coisas; é nele que o poeta encontra os pontos nodais do emaranhado
da sua vida, a união mística com o universo que nos rodeia, o acesso
voluptuoso à árvore do conhecimento através do mal. «Como me se-
rias agradável, ó noite! sem essas estrelas / Cuja luz fala uma lingua-
gem conhecida! / Pois, eu busco o vazio, e o escuro, e o despido! /
Mas as próprias trevas são teias / Onde vivem, jorrando do meu olho
aos milhares / Seres desaparecidos com olhares familiares» (ibid.,
poema Obsession: 203). Esta procura do vazio caracteriza inúmeras
obras literárias deste século, conjugando os estados doentios com a
graça divina e a delicadeza humana. Jean—Jacques Rousseau, Benja-
min Constant, Alfred de Musset, Alfred de Vigny, George Sand, e,
naturalmente, Wilhelm Goethe, são os autores mais representativos
desta corrente. «Para todos eles, a morte está presente no meio da
vida. O suicídio, já admitido por Voltaire no L’Ingénu, por Montes-
quieu, por Diderot, por D’Alembert, torna-se mais frequente e traz
aos contemporâneos um arrepio mórbido, fonte de volúpia. Mas o
desesperado, na maior parte das vezes, não se desfaz brutalmente da
vida; priva-se antes de tudo, abandona-se e evolui para a tísica, dela
acabando por morrer. E os poetas gostaram particularmente destes
seres, descobrindo na sua fraqueza fisiológica o sinal de uma quali-
dade espiritual excepcional» (Hillemand e Gilbrin, 1980: 375).
251
Jean-Martin Rabot
252
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
253
Jean-Martin Rabot
254
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
255
Jean-Martin Rabot
256
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
257
Jean-Martin Rabot
258
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
259
Jean-Martin Rabot
260
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
261
Jean-Martin Rabot
262
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
263
Jean-Martin Rabot
264
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
265
Jean-Martin Rabot
Bibliografia
266
Os comportamentos de risco nas sociedades pós-modernas
Gadamer, H.-G. (1998) Philosophie de la santé, Paris: Éditions Grasset & Fas-
quelle et Éditions Mollat.
Hegel, G. W. F. (1987) La phénoménologie de l’esprit, Tome 1, Paris: Aubier.
Hesse, H. (1976) Le loup des steppes, Paris: Le Livre de Poche.
Hillemand, P. & Gilbrin, É. (1980) ‘Les fièvres romantiques’ in Sendrail, M. (eds.)
(1980) Histoire culturelle de la maladie, Toulouse: Éditions Privat, pp. 373-396.
Horkheimer, M. (1974) Éclipse de la raison, suivi de Raison et conservation
de soi, Paris: Payot.
Jaspers, K. (1987) Raison et existence, Grenoble: Presses Universitaires de
Grenoble.
Jeffrey, D. (2005) Éloge des rituels, Laval: Les Presses de l’Université Laval.
Le Breton, D. (2003) La peau et la trace. Sur les blessures de soi, Paris: Éditions
Métailié.
Le Breton, D. (2004) Conduites à risque. Des jeux de mort au jeu de vivre,
Paris: PUF.
Leandro, M. E. (2001) Sociologia da família nas sociedades contemporâneas,
Lisboa: Universidade Aberta.
Leandro, M. E., Rodrigues, V. & Leandro, A. (2006) ‘A família, um actor in-
formal de saúde’ in Costa M. & Leandro M. E. (eds.) (2006) Participação,
Saúde e Solidariedade: Riscos e Desafios, Braga: Edições da Associação
Ibero-Americana de Sociologia das Organizações (AISO), do Instituto
de Ciências Sociais (ICS) e do Núcleo de Estudos em Sociologia (NES)
da Universidade do Minho, pp. 183-198.
Lipovetsky, G. (2006) Le bonheur paradoxal. Essai sur la société d’hypercon-
sommation, Paris: Gallimard.
Löwith, K. (1991) O sentido da história, Lisboa: Edições 70.
Maffesoli, M. (1976) Logique de la domination, Paris: PUF.
Maffesoli, M. (1984) Essais sur la violence banale et fondatrice, Paris: Librairie
des Méridiens.
Maffesoli, M. (2002) La part du diable. Précis de subversion postmoderne,
Paris: Flammarion.
Maffesoli, M. (2006) ‘La société de consumation’ in Draï, R. & Mattéi, J.-F.
(eds) (2006) La République brûle-t-elle? Essai sur les violences urbaines
françaises, Paris: Éditions Michalon, pp. 87-97.
Maffesoli, M. (2007) Le réenchantement du monde. Une éthique pour notre
temps, Paris: La Table Ronde.
267
Jean-Martin Rabot
268
O maior São João do Mundo em
Campina Grande - João Pessoa - Brasil:
um evento comunicacional de interfaces culturais
Historicidade
1
Departamento de Comunicação e Turismo do Centro de Ciência, Letras e Huma-
nidades da Universidade Federal da Paraíba - Brasil
2
As pessoas, no Nordeste, também guardam o costume de acender fogueiras em ho-
menagem não apenas a São João, como também nas festividades populares em ho-
menagem a Santo Antônio e São Pedro.
269
Severino Alves Filho
3
As comidas estão relacionadas com a abundância do milho-verde e da massa-da-
mandioca, preparadas – quase sempre – com leite-de-coco, tais como a canjica, a
pamonha e o munguzá e os bolos como o pé-de-moleque, o manuê e uma enorme
variedade preparada com a massa-da-mandioca.
270
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
Percurso metodológico
271
Severino Alves Filho
272
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
4
A análise do discurso, com essa especificidade, nasce em 1969 através da Análise
Automática do Discurso (AAD), passando por uma revisão crítica em 1975. A preo-
cupação em A Propósito da Análise Automática do Discurso: atualização e perspec-
tivas (1975), bem como em Semântica e Discurso, também em 1975, é com a Teoria
do Discurso.
273
Severino Alves Filho
274
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
275
Severino Alves Filho
276
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
277
Severino Alves Filho
278
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
279
Severino Alves Filho
280
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
6
Há informações de que a festa, com a duração de 30 dias, teria ocorrido pela primeira
vez em Campina Grande no ano de 1966, porém restrita ao âmbito do Gresse, clube
social de militares que serviam na cidade. A festa, desde então, não foi desconti-
nuada, convertendo-se num mega-evento ao redor dos anos 80 do século passado.
281
Severino Alves Filho
282
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
283
Severino Alves Filho
284
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
285
Severino Alves Filho
286
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
287
Severino Alves Filho
288
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
289
Severino Alves Filho
290
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
291
Severino Alves Filho
292
O maior São João do Mundo em Campina Grande - João Pessoa - Brasil
Bibliografia
293
Severino Alves Filho
294
A investigação e o ensino da Cultura tornaram-se, na última
década, realidades cada vez mais presentes nos contextos uni-
versitários, o que se fica a dever, em primeiro lugar, à valoriza-
ção social crescente que tem sido concedida a esta área, quer
nos mais latos e clássicos domínios da formação humanística
e artística, quer enquanto fator de conhecimento e compreen-
são das novas dinâmicas sociais e culturais da contemporanei-
dade. Acresce ainda, a esta valorização académica e social, a
tomada de consciência generalizada do potencial económico
que detém, tendo mesmo nascido recentemente uma área
científica autodesignada por Economia da Cultura. Partindo
deste reconhecimento, o presente trabalho procura fazer o le-
vantamento dos principais desafios teóricos, práticos, meto-
dológicos e académicos desta área do saber, assumindo como
ponto de partida para a reflexão a tradição anglo-saxónica dos
Estudos Culturais, questionando as suas limitações e dificul-
dades epistémicas, mas também assumindo as virtualidades
que lhe são próprias e que se encontram ainda longe de esta-
rem exauridas.
www.ruigracio.com