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HISTOPATOLOGIA BÁSICA DA CAVIDADE BUCAL

2h/a
Prof. Dr. Allan Giovanini
Ana Paul R. Braosi
Nota: Contém link ilustrastrativo

I - Introdução
A boca é uma mucosa especializada de coloração rósea a rósea pálida em seus
aspectos usuais.
Essa coloração se deve ao mascaramento de uma possível coloração violácea
(avermelhada) devido ao número variável de vasos sanguíneos, para tanto há
revestimento de um epitélio estratificado do tipo pavimentoso, com áreas queratinizadas
ou não. É fato que a sobreposição deste epitélio peculiar à superfície da submucosa é o
maior responsável pela coloração sadia rósea da boca.
Contudo mudanças são frutos de modificações na superfície tecidual, e são
mecanismos que o mesmo sofre para uma readaptação de sua morfostase e homeostase,
assim são ditas histopatologias básicas.

Portanto “Toda vez que um tecido sofre agressão (seja química, física ou
biológica), este se rebela adquirindo nova homeostase e morfostase”.

NOTA: Lembre-se caro aluno, que toda função é relacionada à forma, portanto - toda
vez que se muda a forma, muda-se a função e vice versa.

É através dessa, dita, nova Morfostase, que se advém diagnósticos diversos das
entidades patológicas da boca. E serão estas modificações que são denominadas
Histopatologias Básicas da Cavidade Bucal. Essas modificações também serão
responsáveis pela alteração e modificação macroscópica, que em clínica
denominaremos lesões fundamentais.
Para tanto devemos lembrar que o epitélio da mucosa bucal é dividido em:
Mucosa especializada (epitélio pavimentoso estratificado queratinizado), mucosa
mastigatória ( epitélio pavimento estratificado) e neuro epitélio ( botões gustativos).
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Essas alterações do padrão de estruturação relacionada à nova forma é que veremos a


seguir.

II - Alterações da mucosa da boca – restabelecimento da morfostase

A) Hiperqueratose

Toda agressão superficial, principalmente traumática ou mesmo iatrogênica, um


manifestação á agressão a é hiperprodução do componente protéica superficial
denominada hiperqueratose. É a manifestação como se fora um calo em pele, ou mesmo
nas plantas dos pés ou palmas das mãos frente ação de fricção crônica.
Como a mucosa nunca caleja, o fruto deste processo é o aumento da produção de
queratina.
Daí vem o nome Hiperqueratose.

Vale ressaltar que há dois tipos de hiperqueratose:


• Paraqueratose – quando há núcleos no interior da formação de queratina

• Ortoqueratose – quando há queratina denominada de “pura”, para tanto deve


haver camada granulosa evidente sob a formação de queratina.
O aumento destas camadas soa responsáveis pela mudança de cor macroscopicamente

B) Acantose

Algumas agressões especialmente sobre o epitélio fazem com que haja a tendência
de aumentar seu número de células. Esse aumento do número de células é denominado
acantose.
Denomina-se acantos, a interação célula-célula, desmossômica, visível entre células
do estrato espinhoso do epitélio em cortes corados em HE - num aumento de 400X.
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A acantose também é relacionada à mudança de cor ou mesmo ligeira aumento de


volume no tecido bucal.

C) Acantólise

Se por um lado acantose é o aumento da celularidade das células com interação


desmossômica, por outro lado a acantólise é a quebra da interação intercelular, e
consequentemente perda da coesão entre elas.
Essas células são denominadas acantolíticas, cuja morfologia lembra a olhos de
perdiz e podem ser responsáveis pela formação macroscópica de bolhas ou vesículas.

D) Espongiose
A espongiose é o nome que se dá pelo acúmulo de água no interior de células
epiteliais.
Neste caso ocorre um aumento de líquido no citoplasma das células epiteliais as
tornando com maior volume, e por vezes com núcleo rechaçado para a periferia.
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E) Metaplasia
Por vezes, a agressão crônica sobre um tecido faz com que haja mudança em toda
sua extensão, ou seja, há troca de um tecido dito especializado por um outro tecido
especializado, onde este novo tecido especializado é característico de um local
anatômico diferente de onde se apresente.

NOTA IMPORTANTE: É comum em pacientes fumantes ocorrer, através da


combustão do cigarro e condições químicas, agressão da mucosa nasal durante o ato
de tragar. O epitélio desta mucosa é diferente do epitélio bucal, que é especializado por
agüentar temperaturas elevadas como, por exemplo, bolo alimentar. Muitas vezes
ocorre alteração do epitélio nasal (pseudo estratificado cilíndrico ciliado) por um
epitélio estratificado pavimentoso queratinizado – Para esta modificação dá se o nome
de METAPLASIA

F) Coilocitose
Coilocitose entende-se por uma mudança ediscreta na morfologia celular, onde
apresenta um halo esbranquiçado perinuclear, fruto de possível infecção viral,
especialmente pelo HPV ou mesmo EBV.
É exatamente essa alteração que se procura durante um exame preventivo em
mucosa vaginal denominada papanicolaou, e pode e deve ser usado também como
exame de rotina em mucosa de boca, uma vez que há diversas patologias associadas
ação viral.

Célula normal coilocitose

G) Displasia ou Atipias celulares

São alterações na forma da célula. As atipias ou displasias celulares são


combinações de alterações morfológicas presentes nas células epiteliais diversas, e
revelam estado denominado “campo de cancerização” sem ultrapassar a barreira da
lâmina basal que divide histologicamente epitélio e conjuntivo. Essas modificações são
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frutos de proteínas diversas num molde defectivo, fruto da tradução de genes que
exibem mutação.
As avaliações na mudança do fenótipo celular, bem como alteração na relação na
estruturação da estratificação epitelial foi considerada segundo os seguintes critérios:

Alteração das condições teciduais


• Alteração da estratificação epitelial
• Projeções em gotas em direção ao conjuntivo adjacente

Alteração das condições celulares

• Aparência nuclear primitiva – componente nuclear similar à camada


germinativa do epitélio, apresentando núcleos volumosos e circulares, ocupando intensa
área do volume do citoplasma. Hipercromasia nuclear – coloração enegrecida do
núcleo, fruto da eosinofilia.
• Nucléolo proeminente – acima de 3 nucléolos no interior do núcleo,
revelando hiperatividade de constrição nuclear.
• Alteração da relação volumétrica entre núcleo e citoplasma
o núcleo picnótico
• Aumento da atividade mitótica
• Disqueratoses e pérolas córneas – queratinizações individuais
• Perda da coesividade celular – acantólise
• Hiperplasia de basal

Referências Bibiográficas

SHAFER WG, HIN MK, LEVY BM. Tratado de Patologia Bucal. Guanabara Koogan

Referência interativa

http://www.maxillofacialcenter.com/precancerDysplasia.html
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http://www.patologiaoral.com.br/texto25.asp

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