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1. Introdução
De acordo com SHINNAR et al. (2004), no Brasil um dos problemas de saúde com maior
incidência em digitadores no setor de supermercados são os Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho (DORT), trata-se de um conjunto de afecções das estruturas do
sistema osteomuscular de origem ocupacional e decorrente de: uso repetitivo de grupos
musculares, uso forçado de grupos musculares e manutenção de posturas inadequadas que
atingem principalmente os membros superiores, a região escapular e o pescoço (BRASIL,
2006).
2. Revisão de literatura
2.1. Ergonomia
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Segundo Dul e Weerdmeester (2012), o termo ergonomia é de origem grega, das palavras
ergon (trabalho) e nomos (regras). De fato, na Grécia antiga esta palavra tinha um duplo
sentido: ponos que representava trabalho escravo de sofrimento e nenhuma criatividade e,
ergon que representava o trabalho de arte de criação, satisfação e motivação. Assim o objetivo
da ergonomia é transformar o trabalho ponos em trabalho ergon.
A Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que tem como referência a NR17, é a ergonomia
de uma forma mais abrangente, que inclui um estudo detalhado do ambiente de trabalho para
detectar fatores de possam encadearem subsídios para a solução ergonômica (BRASIL, 1990).
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O objetivo da AET é adaptar a atividade de trabalho ao trabalhador e não o inverso, para que
dessa forma o trabalhador possa efetuar o seu serviço de uma maneira mais agradável.
Através da análise dos riscos ocupacionais por meio de questionamentos e observações com
os funcionários do setor em análise, e após estes primeiros momentos, identificar os pontos
críticos para saber quais ferramentas ergonômicas devem ser usadas, visando ajudar no
melhoramento do posto de trabalho, dessa forma permite a interpretação real da situação
encontrada (VIDAL,2002).
O método foi desenvolvido em 1977, na Finlândia, por três pesquisadores de uma siderúrgica,
Karhu, Kansi e Kuorinka, através de análises fotográficas das posturas mais frequentes na
indústria pesada (IIDA, 2005), elaboraram um sistema prático de registro de posturas,
chamado de OWAS, sendo uma parceria entre os pesquisadores e o Instituto Finlandês de
Saúde Ocupacional.
Foi elaborado com o objetivo de analisar, identificar e avaliar as posturas prejudiciais aos
trabalhadores, durante a execução de suas tarefas, A análise das posturas é realizada através
da observação de uma situação de trabalho, utilizando em sua maioria, ferramentas como
fotografias e vídeo. Posturas incorretas acrescidas de outros fatores, podem contribuir para o
surgimento de problemas musculoesqueléticos, capazes de gerar custos adicionais a empresa,
através de incapacidade para o trabalho e absenteísmo (KASPER; LOCH; PEREIRA, 2012).
Após análise e organização das posturas encontradas foi criado um sistema padronizado de
classificação das posturas, com combinações de posturas de tronco, braços e pernas (IIDA,
2005).
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Quadro 1 - Níveis de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força.
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Essas categorias irão variar conforme o tempo de duração das posturas, da jornada de trabalho
ou da combinação das quatro variáveis (dorso, braços, pernas e carga).
Dentre as vantagens do método, ressalta-se a fácil aplicação e localização das regiões mais
afetadas, sendo possível aplicá-lo com ou sem auxílio de softwares específicos, o que torna
um método econômico. Porém apresenta como desvantagem seu caráter subjetivo, visto que
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3. Metodologia
O levantamento de dados foi feito através da aplicação do questionário nórdico padrão com
uma amostra de 5 (cinco) funcionários do setor. Nessa parte, os funcionários responderam
“sim” ou “não a respeito de perguntas sobre à ocorrência de sintomas como dor,
formigamento/dormência nos últimos 12 (doze) meses e nos últimos 7 (sete) dias, e se foram
incapazes de realizarem atividades nos últimos 12 (doze) meses, devido a estes sintomas.
Para maior detalhamento dos locais que apresentaram dores, foi aplicado o Diagrama de
Áreas Dolorosas, onde os funcionários puderam indicar locais que não foram apresentados no
questionário, como a região das panturrilhas.
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Após a identificação da região dolorida pelos funcionários, foi solicitado que indicassem o
nível de desconforto na área específica, esse índice é classificado em 8 (oito) níveis, com
intervalo de 0 (extremamente confortável) a 7 (extremamente desconfortável).
Na segunda etapa do trabalho, foram feitas observações in-loco para análise do posto de
trabalho e do ambiente, com o objetivo de encontrar possíveis fatores responsáveis pela
geração de desconforto.
4. Estudo de caso
4.1. A empresa
A empresa onde foi realizado o estudo é classificada como comércio varejista de mercadorias
em geral, com predominância de produtos alimentícios, com área de venda superior a 2000m²,
com 3 (três) checkouts. O estabelecimento está localizado na cidade de Quissamã, Rio de
Janeiro, situado na estrada do correio imperial número 1286, bairro Piteiras.
O supermercado é composto por 20 funcionários, sendo que 5 são operadores de caixa. Com
uma carga horária total de 44 horas semanais, funcionando de segunda a sábado. O termo
“caixa” ou checkout é utilizado para denominar o posto de registro e cobrança de mercadorias
para o consumidor.
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Para avaliação postural (OWAS) foi realizada a observação de cada tarefa durante um turno
de trabalho diário, sendo estas mesmas tarefas realizadas repetidamente durante os demais
dias da semana. A tarefa selecionada foi a passagem das compras pela esteira estática.
Ressalta-se que todas as cargas movimentadas durante a avalição, foram inferiores ao peso de
10 Kg.
Durante a operação dessa tarefa o operador assumiu duas posições diferentes, expressas na
tabela a seguir:
Após análise, foi diagnosticado que ambas as posturas necessitam de atenção para possíveis
correções.
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A partir dos dados obtidos através da indicação de sintomas no diagrama de áreas dolorosas,
foi elaborada uma tabela com as áreas apontadas pelos funcionários e o número queixas
relativas à respectiva área.
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Através da análise desta tabela foi observado, que as partes com maiores queixas de dores, são
os ombros, dorso superior, mãos e pés, sendo a maior parte do lado direito. Um fator
preocupante foi apontado pela intensidade das dores relacionadas pelos funcionários, como
podemos perceber na tabela a seguir:
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Na posse desses dados, foi possível perceber que a o nível 7 de intensidade da dor (máximo
desconforto) representa 35,29% das queixas encontradas no questionário, mesmo número de
queixas da intensidade de nível 3. Ressalta-se que as intensidades de níveis 1, 2 e 6 não foram
relatadas.
Consiste na análise do tipo de trabalho, ritmos, carga horária cumprida pelo funcionário
durante sua jornada de trabalho. Dessa forma, foram analisadas as duas posições adotadas
pelos funcionários durante o expediente de trabalho, como exemplificado nas figuras abaixo.
Podemos observar na figura 5 que a altura da cadeira não está adequada para a funcionária em
questão, com seus pés suspensos, entretanto se ela diminuir a altura da cadeira para que fique
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na posição correta, a bancada por onde passará os produtos irá ficar muito alta, fazendo com
que ela não tenha como realizar o seu serviço. Pode-se observar também que a cadeira em uso
não apresenta descanso para os braços, fazendo com que o esforço exercido seja maior. A
figura 6 demostra a mesma funcionária, que após algum tempo de trabalho não se sente mais
confortável sentada, apresentando fadiga, que está relacionada a uma diminuição da produção
e possível perda de motivação (GRANDJEAN, 1998), devido a postura incorreta apresentada
anteriormente na figura 5, sendo assim, a funcionária se levanta em busca de um maior
conforto, entretanto ao realizar o trabalho em pé, a mesma sensação de desconforto ocorre,
permanecendo a funcionária parada enquanto realiza movimentos repetitivos ao passar as
compras dos clientes pela esteira. O movimento repetitivo constante dessa funcionaria
agregado a falta de amparo ergonômico em seu posto de trabalho irá proporcionar facilmente
o aparecimento de doenças como Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e DORT.
5. Recomendações
6. Conclusão
Sendo assim, um correto planejamento deste posto de trabalho, se torna de grande importância
para a empresa, pois irá melhorar a qualidade de vida dos seus funcionários, o que contribuirá
para uma melhoria na produção e rendimento dos mesmos, além de evitar possíveis gastos da
organização com serviços de saúde e contratação de novos colaboradores para suprir a falta
do funcionário durante o período que estiver impedido de realizar suas tarefas.
7. Referências
BRASIL. Norma Regulamentadora 17. Ministério do Trabalho e Emprego, 1990. Disponível em:
<http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD7064803/nr_17.pdf> Acesso em: 18 abr.
2015.
CORLETT, E.N. MADELEY, S.J. MANENICA, Posture Targetting: A Technique for Recording Working
Postures Ergonomics, 1980.
DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos quantitativos e
qualitativos: um resgate teórico. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v. 2, n. 4, p.01-13,
2008.
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia Prática. 3. ed. Revista e ampliada São Paulo: Edgard
Blücher, 2012.
GRANDJEAN, Etíenne. Manual de ergonomia: Adaptando o trabalho ao homem. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgar Blucher, 2005.
KARHU, Osmo; KANSI, Pekka.; KUORINKA, Likka, Correcting working postures in industry: a practical
method for analysis. Applied Ergonomics, v. 8, n. 4, p. 199-201, 1977.
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RIFKIN, Jeremy. O Fim dos Empregos: O contínuo crescimento do desemprego em todo o mundo. São Paulo:
M.books, 2004.
SHINNAR, A.; ALTINAR, M; INDELICATO, J. Survey of ergonomic features of supermarket cash registers. J.
Industrial Ergonomics; v. 34, p. 535–541, 2004.
VIDAL, M.C.R. Ergonomia na empresa: útil, prática e aplicada. Rio de Janeiro: EVC, 2002
Nos últimos 12 meses você foi impedido(a) de realizar Nos últimos 7 dias, você
Nos últimos 12 meses, você
suas tarefas habituais (trabalho, lazer, domésticas) sentiu dores ou
sentiu dores ou desconforto no:
devido a este problema no: desconforto no:
Pescoço SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Ombros SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Parte Superior das Costas SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Cotovelos SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Punhos/Mãos SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Parte Inferior das Costas SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Quadril/Coxas SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Joelhos SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Tornozelos/Pés SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
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