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Resumo:
A educação é a base de todo e qualquer crescimento econômico seja de que país for e o Brasil
ou os brasileiros precisam repensar a mesma se pretenderem desenvolver um espírito científico
nos estudantes e profissionais da educação, o que assegurará ao mesmo um desenvolvimento
econômico e social voltado para as gerações futuras.
A questão ambiental tem sido foco de debate em congressos, conferências, simpósios e
noticiários em todo o mundo. Problemas ambientais que ocorrem nos diferentes locais do
planeta são do conhecimento de todos, intelectuais ou não. Legislação a cerca do tema vem
sendo aperfeiçoada e/ou introduzida no intuito de orientar a sociedade a fiscalizar melhor
empreendimentos que causam danos ambientais, mas o sistema educacional, que deveria
preparar melhor a sociedade para enfrentar esses problemas, é , na maioria das vezes, falho e
nem sempre trata o tema com a importância que deveria.
A origem deste trabalho está na inquietude de um profissional em educação que, após
observações diversas em várias instituições de ensino, pode analisar a forma como o tema é
tratado, e/ou, na maioria das vezes, nem considerado, nos currículos escolares. Tais
observações foram pautadas nas leituras preliminares, a cerca do tema, de autores como
NOAL, BARCELOS, FREIRE, MENDONÇA, SANTOS, MOREIRA,etc., referencial teórico no
qual baseia-se a abordagem das questões ambientais tratadas neste artigo, mostrando a
necessidade de se tratar o tema repensando a relação desenvolvimento/meio ambiente e
adotando ações compatíveis com a preservação ambiental.
O objetivo desse artigo é chamar a atenção da sociedade em relação aos vários problemas,
que surgem cada vez mais, relacionados ao meio ambiente e à atuação do homem, que de
forma negativa, vem contribuindo para que esses problemas aumentem. Objetiva também
discutir soluções políticas e atitudes sociais a serem adotadas para reversão do quadro atual de
complicações sócio-ambientais, bem como e sobretudo, despertar nos educadores atitudes
concretas e mais conscientes em relação ao tema.
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Introdução
O homem está sempre preocupado com seu bem estar e conforto, buscando isso
a qualquer preço, esquecendo-se muitas vezes que alguns recursos naturais, em
abundância outrora, vão ficando cada vez mais escassos podendo até comprometer a
existência humana num futuro não muito distante. Questões como infra-estrutura , ou
seja, estradas; ruas; avenidas; parques públicos; fornecimento de água potável;
recolhimento e destinação de água e esgoto; recolhimento e disposição de resíduos
sólidos e demais componentes físicos de uma vida moderna vão determinar a
qualidade de vida das comunidades, bem como o impacto ambiental das mesmas.
Como uma infra-estrutura custa muito caro, ela geralmente é mal oferecida causando
vários problemas ambientais como: poluição de águas, enchentes, acúmulo de lixo em
locais inadequados, desmatamentos, desmoronamentos de construções/habitações,
congestionamento de trânsito, etc.
A sociedade “moderna” tem sido surpreendida com problemas sócio-ambientais
de dimensões cada vez maiores e de difíceis soluções. A legislação brasileira, embora
positiva , ainda deixa brechas para impunidade quando se trata de atitudes pejorativas
ao meio ambiente, talvez até pela falta de uma fiscalização efetiva de órgãos oficiais e
da sociedade civil, pois esta embora sofra com tais atitudes, não sabe exatamente
como agir. O sistema educacional ainda não tem sido eficiente no sentido de formar
profissionais verdadeiramente comprometidos com a questão ambiental.
Embora a tecnologia e o progresso tenham provocado muitos males ao meio
ambiente, é com base nestes dois fatores, na sabedoria acumulada pela técnica e na
sabedoria popular que o homem encontrará soluções para os seus dilemas.
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maior chamado terra. O problema é que os homens têm se colocado como seres
superiores e as regras, normas e valores entre eles estão dissociadas da natureza.
Esta por sua vez é solidária e os problemas que os homens vêm enfrentando não
podem ser atribuídos a ela ou ao acaso, mas sim à atuação errônea de uma sociedade
que se faz cada vez mais complexa, cheia de contradições e cujo pensamento “lógico-
racional “ não tem dado conta de que a VIDA que ela possui é gerada pela natureza e
que esta e a sociedade fundem-se num conjunto único gerador de VIDAS.
A terra é uma totalidade complexa física/biológica/antropológica, na qual
a vida é uma emergência da história da terra e o homem uma
emergência da história da vida – terrestre. A relação do homem com a
natureza não pode ser concebida de forma redutora nem de forma
separada. A humanidade é uma entidade planetária e biosférica. O ser
humano, ao mesmo tempo natural e sobre-natural, tem sua origem na
natureza viva e física, mas emerge dela e se distingue pela cultura, o
pensamento e a consciência. (MORIN & KERN 2002, P. 158)
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grandes questões de sustentabilidade ou não do planeta . A internacionalização da
Amazônia como diria o Cristóvão Buarque pode até ser uma questão planetária, mas
para isso teria que se internacionalizar muitos e muitos outros recursos não só naturais,
mas aqueles criados pelo homem, para que ele e não só alguns poucos tenham
acesso.
Acerca dos problemas que a modernização trouxe vale citar o que diz Andrade
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interesseiros, preocupados apenas com a questão econômica de ter recursos
reservados para uma futura exploração. Mas não é por isso que não se deve refletir
com preocupação sobre problemas como as variações climáticas que repercutem sobre
toda a terra; o processo de escoamento de águas pluviais e a sua conseqüência na
aceleração da erosão nas encostas e no assoreamento dos rios; a lixiviação dos solos;
a desapropriação cultural que certos grupos vêm sofrendo como é o caso dos indígenas
aqui no Brasil, etc. Não se trata aqui de supervalorizar a atuação do homem que
transforma seu espaço, mas de entender que, como diz o Andrade:
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Tenta-se mostrar aqui as tendências que vem surgindo na tentativa de solucionar
a questão ambiental, perpassando entre a idéia de governabilidade global, até chegar à
cooperação dos Estados (via secretarias estaduais, instituições científicas e de
pesquisa). Essas tendências reafirmam a necessidade de se repensar a relação
desenvolvimento/meio ambiente, buscando alternativas de desenvolvimento mais
racionais e compatíveis com a conservação do meio ambiente e conseqüente
manutenção da existência da matéria prima de economia.
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Além de tudo, a Lei Federal N.º 6902 concede aos Estados a autoridade de criar
áreas de proteção ambiental (APAs) e zonas de proteção ambiental (ZPAs). Dentro de
uma APA, o Estado pode exigir de qualquer município o respeito à proteção ambiental.
As políticas de uso do solo devem preservar certas áreas e regiões sensíveis em
termos ambientais. Áreas de sensibilidade ambiental devem receber um tratamento
diferenciado daquele que se aplica às áreas não sensíveis em termos de concessão de
licenças e permissões. Da mesma forma que, áreas de interesse turístico, precisam
respeitar as leis de proteção ambiental e cultural, levando-se em conta também os
interesses das populações que algumas vezes nelas residem.
Além disto, a Constituição brasileira concede aos Estados competência
concorrente para proteger as florestas, promover a agricultura, e promover programas
de constituição de moradias e de desenvolvimento.
Os estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
(CONSTITUIÇÃO REP. FED. BRAS. ART. 25)
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funções, o instituto se utiliza da assessoria do Conselho Nacional de Unidades de
Conservação e de um Comitê Técnico-Científico, todos organismos de natureza
consultiva cujo trabalho contribui para uma melhor atuação do IBAMA. Uma das
características dessa atuação é a descentralização administrativa, que atribui aos
Estados e Municípios maior autonomia na condução e solução de seus problemas
ambientais.
Visando a instituição de um sistema de cooperação administrativa para o
desempenho das competências constitucionais de proteção ao meio ambiente e aos
recursos naturais renováveis, a União, juntamente com o IBAMA e os Estados, criou o
Pacto Federativo de Gestão Descentralizada, que tem como objetivo dividir as
atribuições específicas de cada esfera do governo, vinculando os Estados à Nação na
execução da política Nacional do Meio Ambiente.
Para facilitar a execução do Pacto, o CRA (Centro de Recursos Ambientais)
justapõe os principais instrumentos legais, federais e estaduais, que norteiam o trabalho
de proteção ambiental, auxiliado pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
– que estabelece normas de licenciamento ambiental, audiências públicas e avaliação
dos impactos ambientais; pelo CEPRAM (Conselho Estadual do Meio Ambiente) – que
formula a política ambiental para o Estado, estabelecendo as diretrizes e medidas
necessárias à conservação, defesa e melhoria do ambiente.
Visando também a preservação do meio ambiente é que no estado da Bahia, a
lei estadual n.º 3.858, de 3 de novembro de 1980, instituiu a obrigatoriedade de
licenciamento prévio da execução de obras, instalação de equipamentos ou do
desenvolvimento de quaisquer atividades consideradas possíveis de degradação
ambiental.Recentemente, o CONAMA editou normas gerais de licenciamento ambiental
para todo o território nacional mediante a Resolução n.º 237, de dezembro de 1997.
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É também de responsabilidade do CONAMA orientar as organizações com
atividades sujeitas ao sistema de licenciamento ambiental, para a formulação da sua
política ambiental e prática de autogestão. Tais organizações deverão ter o seu
licenciamento ambiental assinado pelo representante legal e pelo coordenador da
CTGA (Comissão Técnica de Garantia Ambiental) com respectiva anotação de
responsabilidade técnica no conselho competente e seus estudos serão analisados
pelo CRA e apreciados elo CEPRAM.
A aprovação de leis por si só não resolvem o problema, uma vez que necessitam
de estímulo para o seu cumprimento. As leis devem prover incentivos e alento para que
os cidadãos ajam com consciência ecológica. Cidadãos e grupos de cidadãos (ONGs)
podem receber reconhecimento legal ou a capacidade processual para iniciar ações
jurídicas no sentido de garantir a efetivação de políticas ambientais.
A ação civil pública foi introduzida no Direito brasileiro, com a aprovação da lei
N.º 7347, de 24 de junho de 1985, através dela faz-se a proteção e defesa dos
interesses difusos, mais precisamente a proteção do meio ambiente, do consumidor,
dos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Esta
ação terá por objetivo a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de
fazer ou não fazer (Art.3), e poderá ser proposta pelo Ministério Público, pela União,
Estados e Municípios, por autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de
economia mista, ou por associação que esteja constituída há pelo menos um ano, nos
termos da lei civil, e inclua, entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio
ambiente. Com esta proteção ao meio ambiente, o Ministério Público passou a figurar
como instituição em posição de independência entre os três poderes da República,
tendo sido estabelecido no artigo 127 da Constituição Federal que se trata de
“instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado”, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis ficando expresso que dentre as funções do Ministério Público está a de
“promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente, e de outros interesses difusos e coletivos” (Art. 129, Cap. 3.)
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As associações ambientalistas porém não têm atuado devidamente nessa área,
ora por não se servirem de advogados especializados, ora por desconhecerem o
mecanismo jurídico à sua disposição. Também não é eficiente a atuação do Ministério
Público junto à proteção ambiental, visto que o órgão, embora com presença razoável
nos estados do Sul e Sudeste, não possui organização material eficiente nas demais
cidades do país. Para melhorar sua atuação o Ministério Público deverá prover-se de
meios as promotorias de justiça das capitais dos estados, bem como as Comarcas do
interior, fazendo cursos de aperfeiçoamento e seminários para os promotores da
justiça.
O sucesso das políticas destinadas a realizar uma gestão ambiental mais
harmoniosa e respeitadora das leis da natureza, não depende apenas da vontade de
aplicar políticas e normas, mas, principalmente, depende da complexa tarefa de
reorientar as forças sociais e políticas, na operação de critérios diferentes dos que
existem atualmente. Tal reorientação trata da modificação dos critérios de racionalidade
empresarial e pública, dos sistemas valorativos, das estruturas econômicas e sociais,
das normatividades jurídicas e da organização institucional.
É necessário repensar o planejamento do desenvolvimento, visando aliviar a
pobreza, enfatizando para tanto a satisfação das necessidades básicas da população, e
reorientar os setores produtivos da economia a utilizarem de formal racional os
recursos naturais, adotando tecnologias mais condizentes com uma postura ambiental
positiva.
Tudo isso mostra a necessidade de se dar atenção prioritária à questão dos
recursos naturais e da tecnologia, a fim de que, sob uma perspectiva ambiental, se
possa incorporar o tema da sustentação material do desenvolvimento em todos os
níveis, quer nacional, estadual ou local.
O bom senso e a sensibilidade devem estar presentes nas relações humanas
entre si e com os outros seres da natureza para que haja um humanismo autêntico que
possa re-estabelecer o equilíbrio do homem na natureza e no seu convívio social,
construindo assim um mundo mais justo, com menos desigualdade social e mais
respeito com os outros elementos da terra, pois segundo Freire:
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Perdemos a capacidade dialética da vivência da nossa pertinência e
“admiração da natureza. Perdemos a capacidade de nos indignarmos
frente às injustiças e às destruições de todas as ordens e níveis.
Perdemos, assim, o endereço vital. Precisamos ir à procura dele
humanizando-nos. Este mundo utópico não o encontraremos, devemos
estar conscientes disso, no mundo do mercado, do neoliberalismo e da
globalização, mas no mundo do cuidado e do amor para com todos os
seres. (FREIRE in NOAL E BARCELOS ( 2003, p. 15 ):
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(SP.1998), é considerando a “geopolítica do caos’ de uma globalização
homogeneizadora que promove cada vez mais desigualdades sociais que se afirma:
O mundo precisa de pessoas, seres pensantes e atuantes, que vejam os
problemas mundiais no seu conjunto e que estudem, pesquisem soluções concretas
para os problemas do dia-a-dia, não se esquecendo que é resolvendo os pequenos
problemas de casa, dos bairros, das cidades, etc. que se estará, conseqüentemente
resolvendo ou evitando problemas de escalas maiores do planeta. Os pesquisadores
precisam sair dos seus “mundinhos” de laboratórios e partirem para as realidades
concretas, assim como os educadores precisam sair da postura de professor – “ donos
dos conhecimentos”- e se abrirem para uma educação verdadeiramente democrática,
trabalhando mais voltado para a realidade e procurando formas mais autênticas e
solidárias de inserirem nas comunidades.
As incertezas e interdependências do nosso mundo são fatores que aparecem
como desafios para a humanidade e mostram um novo paradigma: pensar
conjuntamente os problemas locais e os problemas globais, pois somos vítimas de um
pensamento parcelado e de uma ciência burocratizada.
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fatores como lazer, religiosidade, cultura, turismo, etc., atividades prazerosas que nem
sempre a maior parte da população tem acesso quando a economia do país vai “bem”.
A educação formal tem papel fundamental nesse contexto, pois é preciso que nela haja
mudanças de comportamentos como uma prática mais prazerosa e criativa,
trabalhando com o que há de verdadeiro no ser humano com suas contradições.
O que se vê hoje em termos educacionais é uma formalidade e excesso de
burocracia que faz com que haja uma distância muito grande entre pesquisa e ensino e,
sobretudo, o ensino fundamental e médio não têm a menor noção do que é a prática de
pesquisa, os “conhecimentos” as teorias são trabalhadas sem nenhuma conexão com a
realidade fazendo com as escolas sejam espaços enfadonhos, reacionário e
ultrapassados, pois contrastam com uma realidade cheia de inovações e tecnologias
que atraem muitos mais os jovens e os afastam cada vez mais do mundo do
conhecimento e das teorias.
E por falar em educação, a educação ambiental que virou “moda” e é preciso
que os educadores que estão verdadeiramente preocupados com ela não se deixem
levar por princípios teóricos isolados e façam da educação uma prática associada à
teorias mais centradas em realidades concretas e, portanto complexas, mais racionais
no verdadeiro sentido do termo. Essa racionalidade inclui, é claro, realidades cheias de
contradições que é o que é verdadeiro na natureza.
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Considerações finais
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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