TÓPICO 04
Cisalhamento
Para um cálculo mais refinado, tornam-se necessários modelos que considerem melhor a
realidade do problema.
Por esta razão, como modelo teórico padrão, adota-se a analogia de treliça, mas a este
modelo são introduzidas correções, para levar em conta as imprecisões verificadas.
Modelo das treliças
MODOS DE RUÍNA
Numa viga de concreto armado submetida a flexão simples, vários tipos de ruína são
possíveis, entre as quais: ruínas por flexão; ruptura por falha de ancoragem no apoio, ruptura
por esmagamento da biela, ruptura da armadura transversal, ruptura do banzo comprimido
devida ao cisalhamento e ruína por flexão localizada da armadura longitudinal.
VSd ≤ VRd2
VSd é a força cortante solicitante de cálculo (γf . VSk); na região de apoio, é o valor na
respectiva face (VSd = VSd, face);
VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína da biela; no modelo I (item
17.4.2.2):
Cálculo da armadura transversal
Além da verificação da compressão na biela, deve ser satisfeita a condição:
VSd ≤ VRd3 = Vc + Vsw
VRd3 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal;
Vc é parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de treliça
(resistência ao cisalhamento da seção sem armadura transversal);
Vsw é a parcela de força absorvida pela armadura transversal.
Nesses casos, considerar VSd = VSd,face (ou VSd = VSd,eixo) está a favor da segurança.
Cálculo da armadura transversal
b) Cálculo de Vc
Para modelo I, na flexão simples (item 17.4.2.2.b da NBR 6118):
ou
A tensão fywd, no caso de estribos, é dada pelo menor dos valores: fyd é 435MPa.
Portanto, para aços CA-50 ou CA-60, pode-se adotar:
Portanto, a taxa mínima ρsw,min da armadura transversal depende das resistências do concreto
e do aço. Os valores de ρsw,min são dados na Tabela a seguir.
Cálculo da armadura transversal
ARMADURA TRANSVERSAL MÍNIMA
No caso de estribos formados por telas soldadas, φt,min = 4,2 mm, desde que sejam tomadas
precauções contra a corrosão da armadura.
d) Ancoragem
Os estribos para cisalhamento devem ser fechados através de um ramo horizontal,
envolvendo as barras da armadura longitudinal de tração, e ancorados na face oposta.
Portanto, nas vigas biapoiadas, os estribos podem ser abertos na face superior, com ganchos
nas extremidades.
Quando esta face puder também estar tracionada, o estribo deve ter o ramo horizontal nesta
região, ou complementado por meio de barra adicional.
Portanto, nas vigas com balanços e nas vigas contínuas, devem ser adotados estribos
fechados tanto na face inferior quanto na superior.
e) Emendas
As emendas por transpasse são permitidas quando os estribos forem constituídos por telas.
Embora não sejam usuais, as emendas por traspasse também são permitidas se os estribos
forem constituídos por barras de alta aderência, ou seja, de aço CA-50 ou CA-60.
Exercício
Apresenta-se o projeto da viga V1, apoiada nas vigas V2 e V3.
DADOS INICIAIS:
Nome da viga: V1
Dimensões da seção: 22 x 40
Classe do concreto C25 e do aço CA-50
Cobrimento c = 2,5cm (Classe I)
Esquema estático
Dimensões dos apoios na direção do eixo da viga (22cm)
Vão teórico (410)
Nome dos apoios (V2 e V3).
AÇÕES
As cargas, admitidas uniformes, são: peso próprio, reações das lajes e carga de parede.
As partes das reações de apoio das lajes, relativas à carga variável.
• pp = 0,22 x 0,40 x 25 = 2,2 kN/m;
• laje sup = 20,0 kN/m (5,7 kN/m), laje inf = 15,0 kN/m (4,3 kN/m) (valores obtidos no
cálculo de lajes);
• par = 4,00 x 3,2 = 12,8 kN/m (4m de parede, 3,2 kN/m²);
• carga total p = 50,0 kN/m; carga variável q = 10,0 kN/m.
ESFORÇOS E DIAGRAMAS
Numa viga biapoiada, o cálculo dos esforços é muito simples. Seus valores característicos são:
Mk = pl² / 8 = 50,0 x 4,102 / 8 = 105,1 kN.m
Vk = pl / 2 = 50,0 x 4,10 / 2 = 102,5 kN
Neste caso, as reações nos apoios V2 e V3 são iguais às forças cortantes nos eixos dos apoios.
Portanto, seus valores são: V2 = 102,5 kN e V3 = 102,5 kN.
Em seguida, são traçados os diagramas dos esforços de cálculo, cujos valores máximos são:
Md,max = γf . Mk = 1,4 . 105,1 = 147,1 kN.m
Vd,eixo = γf . Vk = 1,4 . 102,5 = 143,5 kN
VERIFICAÇÕES
Os esforços máximos Md,max e Vd,face serão comparados com os valores de referência Md,lim ,
VRd2 e VSd,min, no alto, à direita.
a) Altura útil
Para a seção indicada na Figura, tem-se: d’ = h – d = c + φt + φl / 2
Resulta: VSd,mín = 31,7 + 60,8 = 92,5 kN VSd,face = 135,8 kN > VSd,mín = 92,5 kN
Asw > Asw,mín
e) Trecho com armadura transversal maior que a mínima
As barras longitudinais de flexão estão indicadas na Figura. O cálculo dos comprimentos das
barras interrompidas antes dos apoios é denominado decalagem.
ANCORAGEM NO APOIO
A notação é indicada na figura.
a) Dimensão mínima do apoio
b) Deslocamento al
c) Comprimento da 4ª barra
DESENHO DE ARMAÇÃO
Com base no memorial sintetizado, pode ser construído o desenho de armação.
CRÉDITOS:
• Concreto Armado – Prof. Márcio Dario da Silva - Univ. Fed. De Minas Gerais;
• Concreto Armado I – Prof. Dra. Maria Cecília Amorim Teixeira da Silva – Univ. Estadual
de Campinas;
• Concreto Armado I – Prof. Ney Amorim Silva – Univ. Fed. De Minas Gerais;
• Elementos Estruturais – Prof. MSc. Luiz carlos de Almeida - Univ. Estadual de Campinas;
• www.google.com.br.