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Faculdade Santa Rita

Materiais de Construção Civil I

Tópico 03: Aglomerantes

Prof. MSc. Rodrigo Toffolo


Aglomerantes em geral
Aglomerantes
elementos ativos que entram na composição das
pastas, argamassas e concretos
empregados na construção civil para fixar ou aglomerar
materiais entre si.
materiais pulverulentos
na presença de água ou do ar atmosférico, formam uma
pasta capaz de endurecer em virtude de reações químicas.
Aglomerantes minerais
Relação CUSTOxBENEFÍCIO
matrizes produzidas apenas com aglomerantes têm alto
como medida de economia e durabilidade dessas matrizes,
adiciona-se à pasta um elemento inerte chamado agregado.
Agregado miúdo fmínimo <4,75mm (areia natural e areia artificial).
Agregado graúdo fmínimo > 4,75mm (pedra britada, seixo, etc).
agregados miúdos e graúdos produzem diferentes matrizes
pasta, argamassa e concreto
mistura íntima de um aglomerante e água
mistura íntima de um ou mais aglomerantes, um agregado miúdo e água.
mistura íntima de um aglomerante, um agregado miúdo, um agregado
graúdo, aditivos/adições e água.
Classificação dos aglomerantes

Inertes

Aglomerantes

Aéreos
Ativos
Hidráulicos
Aglomerantes minerais
Podem ser inertes ou ativos...
inertes
enrijecem por simples secagem (argila)
ativos
enrijecem por reações químicas diversas
aglomerantes quimicamente ativos cal, gesso, cimentos*, quais
desenvolvem reações de endurecimento nas condições
normais de temperatura e despertam maior interesse e
têm grande campo de aplicação, pois são capazes de
atingir altas resistências físico-mecânicas e de se
manterem estáveis, mesmo na presença de água*.
Aglomerantes minerais
aglomerantes aéreos
endurecimento depende da secagem para ganho e
manutenção da resistência
não são duráveis na presença de água
cales aéreas, gesso (alta solubilidade), magnésia sorel

aglomerantes hidráulicos
endurecimento processa-se sob influência exclusiva da água
são duráveis na presença de água
cimentos naturais ou artificiais e cal hidráulica
Fase de PEGA dos aglomerantes
PEGA
período de solidificação da pasta
início de pega
momento em que a pasta começa a enrijecer-se
perda de a sua plasticidade.
fim de pega
momento em que a pasta se solidifica completamente,
perdendo portanto toda a sua plasticidade.
a agulha de Vicat não penetra mais na pasta já enrijecida
Fase de PEGA e ENDURECIMENTO
O fim da pega não significa que a pasta tenha
adquirido toda a sua resistência!
após a fase de pega inicia-se a fase de endurecimento que pode
durar anos, se as condições de conservação forem favoráveis

Cimento portland
fim de pega ocorre de 4 a 6 horas após o contato com a água
(pasta de consistência normal).
O endurecimento prossegue conforme gráfico seguinte...
Fase de pega e fase de endurecimento

Fonte: REV. Química Nova


Pileggi, Studart1, Pagliosa Neto, Pandolfelli (2000)
Fase de pega e fase de endurecimento
Fase de pega e fase de endurecimento

Formação da matriz cimentícia.


Formação do gel
e liberação de calor

Partículas
de Cimento

Formação de cristais

Hidratação
do cimento

Os cristais se aglomeram mais,


Estado endurecido por meio da hidratação
Gesso
Gesso de construção ...
todo gesso cozido que convém para trabalhos de construção
obtido por eliminação parcial ou total da água de cristalização contida
no minério natural chamado gipso (sulfato de cálcio dihidratado)
gipsita
variedade de gipso de maior interesse de engenharia
forma mineral do sulfato de cálcio dihidratado, CaSO4.2H2O
massa específica de 2,32 g/cm³, dureza 1,5 a 2 na escala de Mohs.
Quando puro apresenta 46,5% de SO3 , 32,6% de CaO e 20,3% de H2O.
material compacto, de granulação fina a média
outras variedades do gipso são o alabastro, a selenita e o espato cetim.
Existe também a anidrita que é um sulfato de cálcio natural sem água de
cristalização .
Obtenção do gesso para construção

A gipsita calcinada é bastante utilizada pela


indústria da construção civil.
calcinada em temperatura adequada, perde parte da
água de cristalização, obtendo-se o produto
geralmente conhecido como gesso.

2CaSO4.2H2O 140°- 160°C 2[CaSO4.1/2H2O] + 3H2O


gipsita calcinação gesso vapor d’água
Função como aglomerante
Após tratamento térmico e mecânico (cominuição) obtém-se o
gesso para construção civil...
no preparo da pasta ou argamassa, verifica-se a reação oposta que provoca o
endurecimento do gesso de construção ...
2 [CaSO4 .1/2H2O] + 3H2O → 2CaSO4.2H2O + calor
O gesso, CaSO4 .1/2H2O, ao ser misturado com água torna-se
plástico, podendo então ser moldado na forma desejada, e
enrijece rapidamente, recompondo o dehidrato original

A hidratação e o consequente endurecimento se baseiam na


diferença de solubilidade na água dos dois sulfatos (ver valores
adiante)
Endurecimento do Gesso
Dissolução e precipitação...
água dissolve o gesso (CaSO4 .1/2H2O), na base de 10g/l;
reações formam gipsita (CaSO4.2H2O).
a gipsita, menos solúvel (2g/l), provoca supersaturação da solução
ocorre a precipitação do excedente em forma de cristais
malha imbricada que aglutina
com a precipitação dos cristais...
água torna-se novamente capaz para dissolver mais gesso;
forma-se mais gipsita, há nova precipitação, e esse ciclo se repete, continuamente, até
processar todo o gesso presente.
Apresentação mercado
pó branco de elevada finura, cuja massa unitária é de 0,70; reduzindo
com o grau de finura, embalado em sacos de papel.
massa específica fica em torno de 2,7 kg/dm³.
Detalhamento mecanismo de hidratação
Etapa 1: primeiro pico ocorre durante 30
segundos e corresponde à molhagem do pó;
iniciando-se imediatamente a dissolução dos
sulfatos

Microcalorimetria de um hemidrato, dQ/dt (Cal/h/g) MAGNAN, 1973


Detalhamento mecanismo de hidratação
Etapa 2: período de indução afetado pelo
tempo de mistura, temperatura da água de
amassamento ou presença de impurezas ou
aditivos..

Microcalorimetria de um hemidrato, dQ/dt (Cal/h/g) MAGNAN, 1973


Detalhamento mecanismo de hidratação
Etapa 3: início da pega.
Forte aumento da temperatura;
aumento da velocidade de reação.
Com a saturação da solução a gipsita a precipita
em cristais, formando núcleos de cristalização.
Os cristais começam a ficar próximos, a
porosidade diminui, e a rigidez aumenta.

Microcalorimetria de um hemidrato, dQ/dt (Cal/h/g) MAGNAN, 1973


Detalhamento mecanismo de hidratação
Etapa 4: diminuição da
velocidade de reação; depois de
um máximo, a velocidade
decresce progressivamente, fim
da hidratação.
O crescimento dos cristais nessa
etapa vai influenciar diretamente
as propriedades mecânicas.

Microcalorimetria de um hemidrato, dQ/dt (Cal/h/g) MAGNAN, 1973


Aplicações
Construção civil
revestimentos e decorações interiores.
isolantes acústicos obtidos pela adição de material poroso
material não se presta, para aplicações exteriores por se deteriorar em
conseqüência da sua solubilidade na água.
produção de pré-fabricados,
chapas divisórias e de revestimento, incluindo a forma de gesso acartonado e
o fibro-gesso.
Outros...
moldes para as indústrias metalúrgicas, de plásticos e cerâmica; em
moldes artísticos, ortopédicos e dentários;
aglomerante do giz; vedação de lâmpadas e áreas onde há perigo de
explosão de gases.
Aplicações Gesso acartonado
Dry wall
chapas finas de gesso, de grandes dimensões
revestidas externamente por duas lâminas de papel kraft
O papel kraft
reforço para os esforços de manuseio e serviço
chapas representam alta produtividade na montagem
Execução com baixo consumo de material e baixa geraçao
de resíduos (construção racionalizada)
Combinação papel e gesso...
sensibilidade a ambientes úmidos
biodeterioração da superfície.
aplicação em ambientes úmidos...
hidrofugante.
Aplicações Gesso acartonado
Chapas de gesso...
ABNT: NBR 14715:2001, NBR
14716:2001 e NBR 14717:2001.
Tipos de Chapas
Standard (ST) – Chapa branca/cinza
Para aplicação em áreas secas
Resistente à Umidade (RU) – Chapa
Verde
Para aplicação em áreas sujeitas à
umidade por tempo limitado de forma
intermitente
Resistente ao Fogo (RF) – Chapa rosa
Aplicação em áreas secas necessitando
de um maior desempenho em relação ao
fogo
Propriedades
Pó de gesso Argamassa
1. Granulometria 1. Consistência normal
2. Massa unitária 2. Determinada com o aparelho
Vicat modificado
Influência da temperatura no início e fim de
pega de pastas de gesso
Tempo de pega (NBR 12128)
pasta na consistência normal, sem retardador
aparelho de Vicat provido de haste de (300 ± 0,5) g e de agulha com
diâmetro de (1,13 ± 0,02) mm.
O início de pega, e o final, seguem o estabelecido para o cimento Portland.

tempo de pega para o gesso é de 15-20min


varia com a quantidade de água
se totalmente puro...
inicio de pega entre 2 e 5 minutos
característica inútil para material de construção
adição de retardadores
impurezas e aditivos específicos
Influência da relação água/gesso(g/g) no
tempo de pega pela agulha Vicat
MEV
pasta de gesso(a/g 0,7) elevada porosidade e os
aglomerados de cristais.
Propriedades mecânicas
Resistência à compressão

Influência relacao água/gesso na resistência mecânica da pasta de gesso


Propriedades mecânicas
Densidade e porosidade

Influência relacao água/gesso na densidade e porosidade da pasta de gesso


Retardadores de pega
agrupados em três categorias
menor velocidade de dissolução do hemidrato
retardam a saturação da solução
ácidos orgânicos fracos (ácidos cítrico, fórmico, acético, láctico, e seus sais
alcalinos, como os citratos, acetatos e lactatos) e ácido bórico, ácido
fosfórico, glicerina, álcool, éter, acetona e açúcar.
geram reações complexas e produtos pouco solúveis ou insolúveis
ao redor dos cristais de dihidrato,
atrasam seu crescimento e, como conseqüência, sua precipitação: boratos,
fosfatos, carbonatos e silicatos alcalinos.
produtos orgânicos que misturados com água, formam um gel ao
redor dos grãos de hemidrato,
atrasam o contato com a água e a solubilização e cristalização do dihidrato
 queratina, caseína, goma arábica, gelatina, pepsina, peptona,
albumina, alginatos, proteínas hidrolisadas, aminoácidos e formaldeído
condensados
Efeito do ácido cítrico no início de pega
Absorção de água
Superfície protegida gesso acartonado convencional e resistente à umidade
Cal aérea
Ciclo da Cal Aérea aglomerante
Reações químicas Obtenção

• O calcário perde 44% de seu peso quando calcinado;


– sofre redução de volume de 12 a 20%.
• Ao ser calcinado, o calcário mantém sua forma
(fragmentos), tornando-se, porém, mais poroso.
• Ensaio de perda ao fogo para cal virgem (MB-342):
– perda de mais CO2 (má calcinação)
– presença de vapor d`água [formação prévia de Ca(OH)2]
Reações químicas Extinção

• aumento de volume de  100%


• grande desprendimento de calor  280 cal/g
• As partículas de hidróxido de cálcio e magnésio
resultantes dessa desagregação são extremamente
pequenas com dimensões de  2 m (0,002mm).
• Somente as impurezas não se transformam em pó,
existindo inclusive um ensaio chamado resíduo de
extinção para verificar o teor de impurezas no calcário.
Qualidade do aglomerante Extinção

Comportamento do
aglomerante
dissociação ou plasticidade
decomposição do calcário >finura, > tempo sendo “curtida”
MgCO3 a  402C retenção de água
CaCO3 somente com cerca de
>aderência
898C
finura blaine capacidade de sustentação
área específica de 10.000 a de areia
15.000 m²/kg
> trabalhabilidade, mesmo em
f= 0,5 a 10,0 micra
traços pobres em cal
Cal virgemNBR 6453/03
Cal hidratada construção NBR 6453/03
Reações químicas III Recarbonatação

água
dissolvendo ao mesmo tempo a cal e o CO2, funciona como
catalisador e propicia a carbonatação;
endurecimento é lento e do exterior para o interior da massa,
exigindo certa porosidade para evaporação da água em excesso
e penetração do CO2;
Camadas de pequena espessura;
Traços não muito ricos (1:3, 1:4 , 1:5, ou mais)
Hidraulicidade da Cal aérea:
% SiO 2  % Al 2 O3  % Fe2 O3 Óxidos ácidos nas argilas
Ih   0,1
%CaO Óxidos ácidos nos calcários
Aglomerantes e índice de
Hidraulicidade (Ih) das cales

cimentos; produtos hidráulicos, moídos após o cozimento


pega rápida: elevado percentual aluminatos, argila.
* maior quantidade de silicato básico reagindo com mais CaO, não
existindo, entretanto, cal livre
Principais diferenças entre
Aglomerantes
Cal aérea

Fabricação
matéria prima
calcário (carbonato de cálcio) com teor desprezível de argila
cozimento é feito a uma temperatura inferior à fusão,
cerca de 900C
dissociação do calcário, produzindo-se cal virgem e
desprendendo-se gás carbônico
Cal aérea
Aplicações na Construção civil
Argamassa
Assentamento de alvenarias, revestimentos,
etc.
Tinta
Pinturas à base de cal.
Tijolos
sílico-calcário, cal-escória, concreto celular,
solo-cal.
Estabilizador de Solos
base e sub-base de pavimentos rodoviários.
Aditivo
melhorando misturas asfálticas para
pavimentação.
Consumo Médio
22 kg/m² de área construída (ABPC)
Cal aérea
Aplicações na Construção civil

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