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Leia o texto e responda à questão 01.

 
 
O relógio ( Carlos Drummond de Andrade )
 
Nenhum igual àquele 
A hora do bolso do colete é furtiva 1, a hora da parede da sala é calma, a hora da incidência da luz é
silenciosa. 
Mas a hora do relógio da Matriz é grave como a consciência. 
E repete. Repete. 
Impossível dormir, se não a escuto. 
Ficar acordado, sem sua batida. 
Existir, se ela emudece. 
Cada hora é fixada no ar, na alma, continua soando na surdez. 
Onde não há mais ninguém, ela chega e avisa varando o pedregal 2 da noite. 
Som para ser ouvido no longi longe do tempo da vida. Imenso no pulso este relógio vai comigo. 

ANDRADE, Carlos Drummond de.  Antologia poética.  org. pelo autor,  23 ed., Rio de Janeiro: Record,
1989.  p. 252-253

1-  fur·ti·vo  adj.(latim furtivus, -a, -um, roubado, furtado, secreto, escondido, discreto) . In Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa 2008-2013. Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/furtivo>.
Acesso em: 13 dez.  2018.  
2- pe·dre·gal (pedra + -g- + -al) substantivo masculino Lugar cheio de pedras. In Dicionário Priberam da
Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/pedregal>.
Acesso em 13. dez. 2018.

Questão 01   - Leia os versos da poesia “O relógio”: 


 
“Mas a hora do relógio da Matriz é grave como a consciência.” 
 e 
 “Onde não há mais ninguém, ela chega e avisa varando o pedregal da noite.” 

Nesses versos, pode-se observar o emprego das seguintes figuras de linguagem: 


  
A. Comparação e metáfora. 
B. Metonímia e comparação. 
C. Antítese e metonímia. 
D. Onomatopeia e antítese. 
E. Metáfora e onomatopeia.
Leia o texto e responda à questão 02

Questão 02- O quadrinista Quino, autor dessa tira, revela-se irônico porque nela ele faz criticas às
pessoas que
(A) assistem à televisão e gostam de ver os comerciais.
(B) diante dos comerciais da TV, ficam felizes ou ficam apáticos.
(C)mudam de canal na hora em que passam programas cômicos.
(D)criticam os consumistas pois eles passam o tempo todo vendo TV.
(E) não têm vontade própria e por isso tornam-se consumistas .

Leia o texto e responda às questões 03 e 04.


O Dinamarquês das Cavernas

Um fim de tarde no interior Estávamos em 1878, 56º ano da independência do Brasil. Fazia já 38 anos
do Reinado de sua alteza Imperial, D Pedro II.
Era um fim de tarde quente na pequena vila de Lagoa Santa, no interior de Minas Gerais. As nuvens se
acumulavam atrás da Serra da Piedade. Era um prenúncio de chuva para amenizar o calor abafado. Uma
banda de música se fazia ouvir, lá para os lados da praça central. [...]
O velhinho que cuidava da banda de Lagoa Santa era ninguém menos que Peter Wilhelm Lund. O
famoso paleontólogo dinamarquês, que havia chegado ali na pequena vila havia uns trinta e cinco anos.
Agora, já com quase oitenta anos, era uma figura pública do lugar. [...]

Peter Lund, o cientista

Peter Lund foi muito importante para a Paleontologia. Seus achados de animais consolidaram a questão
das faunas de mamíferos pleistocênicos. Suas descobertas foram importantes para os debates sobre a
teoria da evolução das espécies, embora Lund tenha permanecido sem criticar o catastrofismo de seu
mestre Cuvier.
Os esqueletos humanos encontrados em lagoa Santa são os mais antigos até hoje descobertos no
continente americano. Lund, ao comparar os esqueletos humanos e a fauna pleistocênica concluiu
afirmativamente pela sua grande antiguidade. Era o famoso “homem de Lagoa Santa”. No entanto, hoje
mais famosa é uma mulher. Foi nestas cavernas que foi encontrado, no inicio deste século, o esqueleto
de Luzia. Trata-se do mais antigo esqueleto humano das Américas, descrito pela equipe do arqueólogo
Walter Neves.

A reconstrução do crânio chamado de Luzia: a mais antiga americana até hoje conhecida. 
[...]. 
O “Pai” da Paleontologia Brasileira? 
 Quando se pensou numa história das ciências geológicas no Brasil, o nome de Lund não pôde deixar de
ser citado. Entretanto, os historiadores mais envolvidos com teorias positivistas resolveram simplificar:
Lund foi proclamado o “pai” da paleontologia brasileira. [...] 

Holten, Birgitte, and Michael Sterll. Peter Lund e as grutas com ossos em Lagoa Santa. Editora UFMG,
2011. Disponível em: http://www.blogs.ea2.unicamp.br/paleoblog/2017/11/14/peter_lund-o-homem-
de-lagoa-santa/. Acesso em: 13 dez. 2018.    (adaptado) 

Vocabulário: 
 Pleistocênica/pleistoceno – adj. de pleistoceno (subst,)  Época geológica na história da Terra que começou há
cerca de 1.750.000 anos e terminou aproximadamente há dez mil anos. A época pleistocena abrangeu um período
chamado Idade do Gelo. Antropólogos creem que o ser humano primitivo começou gradualmente a evoluir para a
forma atual durante o Pleistoceno. 

Questão 03   
 Nos trechos “homem de Lagoa Santa” e “pai” (da paleontologia brasileira) as aspas foram utilizadas
porque 
A. houve erro na digitação, uma vez que esses sinais  não deveriam ser escritos.  
B. são apelidos engraçados e populares e, por isso, eles devem ser realçados. 
C. o emprego desses sinais servem para indicar o uso de estrangeirismos. 
D. os autores do texto citam codinomes que foram criados por outras pessoas. 
E. devem ser sempre escritos com aspas: “homem de Lagoa Santa” e “pai”. 

Questão 04 
 No trecho “Lund, ao comparar os esqueletos humanos e a fauna pleistocênica concluiu
afirmativamente pela sua grande antiguidade. ”, verifica-se que há, entre as frases, uma relação de 
 
A. finalidade. 
B. adversidade. 
C. Reciprocidade. 
D. causa e consequência. 
E. comparação e concessão.
Leia o texto e responda às questões 05, 06 e 07.
iGen: Jovens em agonia 
Luiz Felipe Pondé‘ 13/11/2017  02h00 

O conceito de geração, criação bem-sucedida do marketing americano desde os chamados baby


boomers, ganhou "credencial" científica. 
A pesquisadora americana Jean Twenge, em seu último livro "iGen, Why Today's SuperConnected Kids
Are Growing Up Less Rebellious, More Tolerant, Less Happy -and Completely Unprepared for
Adulthood" (Geração i, por que os jovens de hoje, superconectados, estão crescendo menos rebeldes,
mais tolerantes, menos felizes e completamente despreparados para idade adulta), lançado pela Atria
Books, constrói, a partir de um arsenal de pesquisas, um perfil dos jovens nascidos entre 1995 e 2012. 
O universo é o americano, mas, podemos aplicá-la com razoável segurança aos jovens brasileiros das
classes A e B. 
Vale esclarecer que "i" (internet) aqui se refere ao "i" do iPhone, logo, a autora está dizendo que esses
jovens vivem com um iPhone nas mãos. E também "i" para "individualismo", traço marcante da iGen. 
Trabalho com jovens entre 18 e 20 há 22 anos. E posso perceber enormes semelhanças entre o que ela
descreve e o que vejo no dia a dia, não só em sala de aula, mas também, graças ao contato alargado
com jovens via mídias sociais. [...] 
Escolas e famílias, muitas vezes, são parte do problema, e não da solução. Ambas se atolam em modas
de comportamento e iludem a si mesmas e aos jovens por conta, seja do marketing das escolas, seja das
projeções vaidosas dos pais sobre seus filhos. O marketing das escolas é desenhado a partir dessas
mesmas projeções vaidosas dos pais em relação aos seus filhos, ou seja, clientes das escolas. 
Algumas dessas projeções são: os jovens de hoje são mais evoluídos afetivamente, são mais
preocupados com temas sociais, mais tolerantes com o diferente, mais seguros com relação ao que
querem, menos submetidos à moral "imposta" pela sociedade, mais sensíveis a desigualdade social,
mais conscientes de uma alimentação equilibrada e, no caso das meninas, mais autônomas,
independentes e donas do seu corpo. 
Algumas dessas projeções não são, necessariamente, falsas. 
O discurso da tolerância entre os jovens aumentou de fato, principalmente no tema
gay/lésbica/transgênero (associado à questão "cada um é cada um"). 
A preocupação com a desigualdade social também aparece, mas, principalmente, limitado ao campo das
mídias sociais ou intercâmbios caros pra cuidar de crianças sírias na Alemanha, claro, aprendendo
alemão junto e conhecendo jovens do mundo inteiro. 
A realidade e o clichê não se recobrem totalmente. 
Segundo a pesquisa de Twenge, nunca houve jovens tão infelizes na face da Terra. Consumidores de
ansiolíticos em larga escala, a iGen busca "safe spaces" nas instituições de ensino a fim de não sofrerem
com "frases" que causem desconforto emocional. Se são cuidadosos com os riscos físicos, esse mesmo
cuidado no âmbito emocional indica a quase total incapacidade de lidar com a realidade. 
Percebe-se facilmente que os jovens, "cozidos" no discurso psi da "vulnerabilidade", vão se tornando
mais medrosos. Inseguros, morrem de medo de qualquer ideia que coloque em xeque seus "direitos à
felicidade".[...] 
Fazem menos sexo, ao contrário do que o blá-blá-blá da liberação sexual diz até hoje. Têm medo de
contato físico e veem em tudo a ameaça de assédio sexual. A simples demonstração de desejo é
assédio.  
Pensar em ter filhos, jamais! Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca querem virar adultos.
Melhor cachorros e gatos.  
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2017/11/1934981-igen-jovens-
em-agonia.shtml>. Acesso em: 13 dez. 2018  (adaptado) 
Vocabulário  -  safe spaces - do inglês. local seguro psi - da psicologia, psicológico. 

Questão 05  
 Assinale a alternativa em cujas frases haja uma relação de causa e consequência. 
A. “[...] morrem de medo de qualquer ideia que coloque em xeque seus ‘direitos à felicidade’ ". 
B. “[...] os jovens, ‘cozidos" no discurso psi da "vulnerabilidade’, vão se tornando mais medrosos.” 
C. “Segundo a pesquisa de Twenge, nunca houve jovens tão infelizes na face da Terra.” 
D. “Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca querem virar adultos.” 
E. “Têm medo de contato físico e veem em tudo a ameaça de assédio sexual.” 
 
Questão 06 
Ao enfocar os problemas dos jovens da geração iGen, o autor da obra, Jean Twenge ,  aborda um tema
importante, com questões próprias  
A. da juventude dos anos sessenta. 
B. dos pais mais tolerantes e felizes. 
C. da sociedade atual superconectada.  
D. da época dos cavaleiros medievais. 
E. dos anciãos de um mundo informatizado.

Questão 07 
Em “Pensar em ter filhos, jamais! Filhos, como eles, custam caro, duram muito e nunca querem virar
adultos. Melhor cachorros e gatos.”, expressam a ideia de  
A. felicidade 
B. tolerância. 
C. amor. 
D. apatia. 
E. ironia. 

Leia os textos e responda às questões 08, 09. 10


Texto 1  Texto 2
Poema de Sete Faces ( Carlos Drummond de Até o fim ( Chico Buarque )
Andrade) Quando nasci veio um anjo safado
Quando nasci, um anjo torto O chato do querubim
desses que vivem na sombra E decretou que eu estava predestinado
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
As casas espiam os homens Mas vou até o fim
que correm atrás de mulheres. "inda" garoto deixei de ir à escola
A tarde talvez fosse azul, Cassaram meu boletim
não houvesse tantos desejos. Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
O bonde passa cheio de pernas: Um bom futuro é o que jamais me esperou
pernas brancas pretas amarelas. Mas vou até o fim
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu Eu bem que tenho ensaiado um progresso
coração. Virei cantor de festim
Porém meus olhos Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
não perguntam nada. Em quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
O homem atrás do bigode Mas vou até o fim
é sério, simples e forte. Por conta de umas questões paralelas
Quase não conversa. Quebraram meu bandolim
Tem poucos, raros amigos Não querem mais ouvir as minhas mazelas
o homem atrás dos óculos e do -bigode, E a minha voz chinfrim
Criei barriga, a minha mula empacou
Meu Deus, por que me abandonaste Mas vou até o fim
se sabias que eu não era Deus Não tem cigarro acabou minha renda
se sabias que eu era fraco. Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
Mundo mundo vasto mundo, O que será de mim ?
se eu me chamasse Raimundo Eu já nem lembro "pronde" mesmo que eu vou
seria uma rima, não seria uma solução. Mas vou até o fim
Mundo mundo vasto mundo, Como já disse era um anjo safado
mais vasto é meu coração. O chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado
Eu não devia te dizer A ser todo ruim
mas essa lua Já de saída a minha estrada entortou
mas esse conhaque Mas vou até o fim
botam a gente comovido como o diabo.
Gauche -  (palavra francesa)  Desajeitado, tímido,
inseguro 
querubim - Anjo do segundo coro da primeira
hierarquia;. Qualquer anjo.
 pronde  - para onde 

Questão 08 
A figura de linguagem “comparação” é exemplificada pelo verso 
 
A. “botam a gente comovido como o diabo”. 
B. “Quando nasci, um anjo torto”. 
C. “se sabias que eu não era Deus”. 
D. “Não sou ladrão, eu não sou bom de bola ”. 
E. “Como já disse é um anjo safado”. 
 
Questão 09 
 Observa-se que na letra de “Até o fim”, seu autor, Chico Buarque, inspira-se no texto de Carlos
Drummond para escrever 
A. um romance com detalhes realistas de sua vida. 
B. uma paródia com a figura do”chato” dum querubim. 
C. uma poesia romântica para um cantor de festim. 
D. uma canção de amor e de ódio porque a estrada entortou; 
E. um discurso sobre a firme determinação de querer ir até o fim. 

Questão 10 
Leia os versos do “Poema de Sete Faces”:  
“O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. 
Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.” 

 Apesar da mudança do enfoque da poesia, que passa do uso dos verbos em primeira pessoa, para o
uso dos verbos em 3ª pessoa, nos versos acima, está implícita a ideia de que 

A. o homem descrito é o próprio poeta. 


B. o poeta decidiu ser gauche na vida. 
C. o homem descrito tem amigos leais. 
D. o poeta louva a solidão do indivíduo. 
E. o poeta fala de uma pessoa simpática.

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