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J.J.

Gremmelmaier

Irmãs Encantadas

Curitiba / Paraná
Primeira Edição
Edição do Autor
2016
1
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Ano 2016
Nome da Obra: Irmãs Encantadas
ISBN
CIP – Brasil – Catalogado na Fonte
Gremmelmaier, João Jose
Irmãs Encantadas, 105 pg./ J. J. Gremmelmaier / Conto
de Fadas / Curitiba, Pr. / Edição do Autor / 2016
1. Literatura Brasileira – Conto de Fadas – I – Título
2. Literatura Fantástica – Conto de Fadas – I - Título
85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro, são dos personagens, em nada assemelham as opiniões


do autor, esta é uma obra de ficção, sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor:
João Jose Gremmelmaier nasceu em Curitiba, estado do Paraná, no Brasil, formação
em Economia, empresário por mais de 15 anos, bancário em paralelo, escreve em suas horas
de folga, alguns jogam, outros viajam, ele faz tudo isto, a frente de seu computador, viajando
em historias, e nos levando a viajar juntos.
Autor de Obras como a série Fanes, Guerra e Paz, Mundo de Peter, Cronicas de
Gerson Travesso, os livros Magog, João Ninguém, Anacrônicos, Família Lemurie, entre outros,
cria em historias que começam aparentemente normais que tendem aos mundos imaginários
do autor, interliga historias aparentemente sem ligação nenhuma, gerando curiosidade sobre
outros textos escritos, ou ligações estreitas, entre livros muito distantes.
Em 2016, ainda um escritor desconhecido, mas com mais de 30 historias contadas,
mais de 100 textos escritos, começa projetos novos, enquanto termina projetos que estavam
a mais de 12 anos em evolução.
Em 2016 ele começa a desenvolver novas ideias, que vão se apresentando aos
poucos, histórias independentes, como este “conto de fadas”.

©Todos os direitos reservados a J.J.Gremmelmaier


Ao terminar de ler este livro, empreste a um amigo se gostou,
a um inimigo se não gostou, mas não o deixe parado, pois
livros foram feitos para correrem de mão em mão.
J.J.Gremmelmaier
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J.J.Gremmelmaier

Irmãs Encantadas

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Vamos contar a historia de Fran, uma
lenda voltando para suas origens. Vamos
contar o primeiro conto de fadas do autor,
obvio, as fadas tem seus poderes, mas não
são como você imagina.
Boa leitura.

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Era uma vez, no
reino de Bras, as
muralhas estavam
apinhadas de
soldados, nos vales a
volta, os camponeses
que cuidavam das
terras do rei, eram
tacados por uma
espécie de humano, com cabeça de cão, estes seres, uma vez
e meia maiores que os homens aos campos, corriam atrás de
crianças, mulheres e velhos, pois os homens a 3 dias, tinham
sido forçados a aderir ao exercito do rei.
Muitos mortos pelo caminho, os cães cada vez mais
próximos da muralha da cidade, onde milhares de soldados os
esperavam.
O rei Demetrius sentado em seu trono olha o chefe dos
exércitos e pergunta.
— Qual a situação Romulo?
O senhor se baixa diante do rei, encostando um dos
joelhos no chão, colocando a espada a frente do corpo.
— São muitos senhor, eles avançaram rápido, perdemos
mais de dois terços dos serviçais de campo.
— Quem vem liderando eles?
— Os soldados na torre afirmam que Yets, o bruxo, vem
ao fundo, com uma leva de magia.
— Porque nos atacam?
— Não sabemos senhor, alguns dizem que ele procura
algo, mas ninguém sabe, ele saiu do deserto a 6 meses, e
cada dia vinha mais para perto, mas no ultimo mês reuniu
todos os seus aliados a volta, temo pela comida senhor.
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— Controla as porções de agua, mas como estão as
muralhas?
— Apinhadas de camponeses vendo suas famílias
morrerem senhor.
— Mantenha a ordem, sabe bem como penalizar
desordens comandante, precisamos de ordem nesta hora.
Nas muralhas do castelo, uma população sem
experiência com armas, diante de animais imensos avançando
em todos os sentidos.
Os cães empurram pelo campo, grandes armações de
lançadores de pedras.
Yets olha para os Trons, nome que era dado a aqueles
corpo humano e cabeça de cão, as articulações deles, sendo
mais flexíveis que dos humanos.
Os cães avançavam e param diante da chegada de Yets
na área dos campos.
Ele desce de seu cavalo branco, com uma capa longa,
que lhe cobria o corpo, e chega aos corpos ao campo, ele olha
os lobos que afastam os olhos, ele toca uma criança e olha em
volta, quem observava da muralha, viu os corpos começarem
a levantar-se, pegarem o pouco que tinham, e começar a
caminhar no sentido do deserto ao fundo, ele chega ao riacho
e o toca, e uma nevoa foi tomando formato, os cães começam
a uivar, e as pessoas na muralha, veem ao norte a grande
parede de areia que vinha em forma de uma imensa nuvem, a
agua pareceu abrir caminho, como se evaporasse a toda volta,
esquentando a temperatura.
Os olhos assustados dos demais veem aquela parede de
arreia que era bem conhecida dos moradores ficar negra de
tão densa e avançar rápido sobre eles, o dia se torna noite, as
muralhas seguravam parte da areia, mas parte entrava, no
castelo as filhas do rei e a rainha se abrigam no quarto da
meninas, abraçadas.
— Porque nos atacam mãe? – Uma das três gêmeas do
rei, de nome Bela, ao lado da senhora, Ilda segurava o vestido

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da mãe assustada e Dalma parecia curiosa, olhava pela janela,
olhando os exércitos do lado de fora.
— Eles querem a grande abundancia que tem no nosso
vale filha, eles vem dos desertos.
— Porque o pai não chamou as mulheres e crianças dos
servos para a cidade? – Linda.
Começa a grande batalha, a areia se acumulando ao
norte, serviu de caminho para os cães, a quantidade era
imensa dos dois lados, corpos caindo, cães e humanos
morrendo em campo.
A batalha se arrastava a 5 dias, as perdas internas eram
imensas, os seres externos a muralha, pareciam prontos para
uma ultima investida.
O avançar rápido de alguns, o recuar de outros Trons
confundiu os que sobravam.
Ilda olhava pela janela quando recua, vendo aquela
nevoa branca vir no sentido da janela à senhora se põem
entre as filhas e aquela nevoa, ela nem sentiu a espada de
Yets lhe atravessar, as crianças são cercadas por aquela
nevoa, e somem ao ar.
Um soldado olha para os Trons começarem a se afastar
e corre para o trono, para avisar ao rei.
— Estão se retirando Rei.
— Onde está o Rômulo?
— Morto ontem a noite senhor, na penúltima investida.
— Me levanta quem ainda vive, temos de organizar as
coisas.
O rei parecia cansado, ele ficara no trono enquanto os
servos defendiam o seu patrimônio.
O rei levanta-se de seu trono e vai aos quartos, a 5 dias
não dormia, entra no quarto dele, não acha ninguém, vai ao
das filhas, olha a mancha de sague vinda do quarto e corre
para dentro onde vê a imagem da esposa morta, não soubera
que chegaram tão longe, olha para o quarto das filhas e dá o
alerta, Yets levara suas três gêmeas.
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O vale que antes
era fértil, começa ser
invadido pelo deserto a
toda volta, o povo
começa a ter de ser
controlado mais
severamente.
O que sobra do
exercito estava a
enforcar um senhor
que se recusou a trabalhar as 16 horas do dia, que o rei
ordenara, para refazer tudo que fora destruído, o povo
assustado vê o senhor sendo morto.
Um rapaz chegava a vila, atravessara o deserto que
parecia interminável, entrou nele atraído para a região a mais
de 5 anos, para ele parecia que o tempo estava estranho, pois
aquele deserto não era tão longo, olha para o senhor sendo
executado, olha para as muralhas sendo remendadas, o povo
parecia sofrido.
Alguns olham para ele, tinha uma capa de linho fino, o
que lhe dava diante do povo um destaque, um soldado chega
a ele e pergunta.
— Novo na cidade, não gostamos de encrenqueiros.
— Vim apenas verificar o que falam nas divisas, que o
grande Yets tomou o deserto para ele.
— Isto foi a 5 anos. - O rapaz parece se tocar somente
nesta hora que realmente passara 5 anos vindo pelo deserto,
passando por reinos decadentes, e quanto mais perto, mais
demorado o deserto para se atravessar, olha para o soldado e
pergunta como se para provocar.
— E não faz parte de seu reino?
— O rei não tem homens para um investimento sobre o
bruxo, mas se vai para lá, tenho de relatar para o rei.

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— Por quê?
— A 5 anos, o bruxo levou as 3 filhas gêmeas do rei, ele
sempre quer saber como as pessoas estão lá, mas todos que
foram, não voltaram.
— Então o rei perdeu suas filhas para Yets?
— Sim, como é seu nome forasteiro?
— Todos me conhecem por Fran.
— O grande caçador de sobrenaturais?
— Nem tão grande, como alguns espalham.
O soldado saiu e alguns começam a olhar para Fran, ele
olha o senhor morto a forca, o rei reclamando de falta de
homens para o trabalho, e os matando ou de trabalhar ou na
forca, as vezes as coisas não eram como a fama da região lhe
falara, veio pensando em achar um vale fértil, famílias felizes,
e chega depois de 15 anos afastado, ninguém o reconhecia na
região mesmo, e parecia outro lugar. Ele começara a voltar a
5 anos, mas parecia que Bras estava a cada dia mais longe.
Ele demorara para fazer uma distancia que fizera saindo da
região 3 meses, mais de 5 anos para voltar, ele olhava o sol
para tentar entender esta diferença temporal, para a olhar as
estrelas e olha que elas ainda davam as estrelas da primavera,
então ele não saíra a 5 anos, mas como poderia ter se
passado apenas 3 meses?
O soldado chega ao rei e fala;
— Permissão para falar. – A mesma postura, tocando
um joelho no chão, colocando a espada a frente do corpo e
abaixando a cabeça.
— O que quer falar Soldado.
— Acaba de chegar a vila, o famoso Fran, caçador de
abominações.
— Tem certeza ser ele.
— Sim senhor.
— O traga a minha presença.
O rapaz sai e volta ao centro da vila onde Fran pagava
para trocar as ferraduras de seu cavalo.
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Fran olha o
soldado e ele lhe
explica que o rei o
quer falar, o rapaz
sabia que ao rei não
se deixava esperar e
apenas pede para o
ferreiro tentar ser
rápido no serviço.
Os dois
caminham até o castelo.
Fran olha para o soldado se postar diante do rei e
apenas abaixa a cabeça e ouve.
— Dizem ser o famoso Fran, caçador de aberrações? –
Rei Demetrius.
— Sim, em que posso servir ao rei?
— Não sei se está há muito tempo na cidade?
— Pouco tempo senhor, meio dia.
— A 5 anos, tive minhas filhas raptadas por um bruxo
próximo, e ofereço uma guarda de 5 soldados e mil moedas
de ouro para quem for a este Yeds e trouxer minhas filhas.
— Sabe que podem estar mortas senhor? – Fran usando
a sua sinceridade nem sempre apreciada por reis.
— Sei, todos que mandei ao encontro do local onde este
senhor deve estar, nunca voltaram, preciso saber, nem que
ter a informação sobre o paradeiro de minhas filhas.
— Quantos anos elas tinham Rei?
— Eram gêmeas de 10 anos, mataram a rainha no dia
do sequestro, preciso saber se elas ainda vivem, preciso saber
se elas foram ao grande Deus.

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Fran olha o chão, como se não tivesse gostado da
informação, tentava se manter na posição de um
desconhecido, mas a noticia da morte da Rainha, lhe fez parar
um segundo a pensar.
— Compreendo senhor, nem sempre as informações na
volta são boas, mas me proponho a ir e verificar para o senhor
se elas lá estão, e se tiver como, as trazer de volta.
— Geralmente dou um pequeno adiantamento pela
intenção, mas gostaria de telas de volta, e pagaria o total das
moedas na volta.
— Minha parte pode deixar para a volta Rei, não
pretendo o fazer pelo dinheiro, mas pela aventura, mas em
mais alguma coisa poderia ajudar.
— Quando pretende sair?
— Amanha cedo devo estar indo ao deserto senhor, não
sei a distancia, mas dizem ser pelo menos 3 dias pelo deserto,
para chegar ao acampamento destes Trons, não sei qual a
distancia após isto para Yeds.
— Pedirei para os rapazes se apresentarem a você bem
cedo, as vezes esquecemos que tem gente que vai as
aventuras pela própria aventura.
— Algo mais senhor, a viagem até aqui foi cansativa e
ainda pretendia descansar.
— Pode se retirar.
Fran olha o luxo interno ao castelo, a pobreza a rua era
uma contradição muito grande.
Então teria um desafio recheado de muito ouro se
conseguisse trazer as filhas do rei de volta, mas Fran tinha
outros planos, outras coisas que o levavam aquelas terras.
Seus pensamentos se perderam na afirmação que a
rainha morreu a 5 anos, ele pareceu olhar para fora pela
janela, como se não pudesse ter acontecido.

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Fran era um
guerreiro solitário na
visão da maioria, ele
não se via como
guerreiro, e sim como
uma aberração, ele
sabia que se
soubessem sua
origem, eles o
queimariam como
bruxo, como inimigo, ele vivia de povoado em povoado
enfrentando desafios, para conquistar conhecimentos,
esperando que ninguém enxerga-se nele a dúvida de sua
origem, mas estava tentando a retomar;
Ele senta-se ao quarto da pensão, olha seus apetrechos,
sorri do ter algumas moedas e sabia que isto lhe geraria
problemas, não duvidava que nenhum dos soldados que o rei
contratou tenha ao menos ido no sentido, mas sabia para
onde ia, a maioria não.
O que lhe atraia a região, foi um aperto ao peito, agora
sabia parte do problema, mas teria uma afirmação que ele
teria de confirmar, a morte da rainha Nata, aproveitava e
verificava se a região que nasceu voltou a ter vida, ele não
gostara da afirmação de que a rainha fora morta, e as filhas
presas por Yets, mas estava pronto a mais uma aventura.
Olha a tina de agua a porta, se lava com um pano,
tentando tirar toda a poeira da estrada, veio pelo deserto e
em horas estaria nele novamente.
As vezes queria não voltar, mas por mais de 10 anos
estava segurando sua volta, fez fama por não achar-se pronto
para voltar, se o tivesse feito, seria um desconhecido.
Olha as anotações e pensa sorrindo que deveria ser o
único ser naquela região que sabia ler, ele aprendera a muito
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tempo, a muito tempo deixou esta estrada, estava na hora de
a retomar.
Ajeita a espada a afiando, e olha seu reflexo na espada,
e sorri, olhando seus olhos se modificarem, ele sabia que
agora estava próximo de sua origem, e coisas assim
aconteceriam.
Depois de secar-se bem, deita na estalagem e dorme,
bem leve, parecia sempre alerta, qualquer barulho a mais o
despertava, e parecia que alguém na estalagem estava
comemorando na parte de baixo aquela noite.

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Fran vai a
região que serviam
um suco forte, um
pedaço pequeno de
carne e viu dois
militares chegarem a
ele.
— Deve ser o
senhor Fran?
Fran assentiu com a cabeça e o rapaz pergunta.
— Fran do que, de que família vem.
— As historias de minha família são tristes, as deixei no
passado com seus pesos, não gosto de falar disto.
— Sabe que estranhamos gente que não tem origem.
— Preferem que minta uma como a maioria em volta,
minto, mas não gosto de falar de minha família, e uma vez
falado dela, vira assunto.
Os dois soldados olham para o senhor e um falou.
— Meu nome é Yago de Bras, pode contar com minha
espada nesta aventura.
— O meu é Yuri de Bras, somos irmãos, a muito
queríamos uma aventura, esta vila está um caos, o rei disse
que nos dará a segunda parte das moedas de ouro quando
voltarmos, quanto lhe ofereceu?
— A minha parte está condicionada a informação sobre
as filhas dele, e achei melhor deixar para quando voltar. –
Fran.
— Sabe que ele pode não lhe pagar e mandar para a
forca?
— Se for para morrer, que seja numa forca e não boca
de um Trons. – Fala Fran vendo a senhora trazer um pão e
falar olhando-o aos olhos.
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— Nossa estalagem lhe oferece o pão para sua viagem,
que traga as bênçãos desta terra, pois elas nos foram tiradas.
Fran olha a senhora e agradece e quando a senhora se
afasta Yago fala.
— Eles creem que as gêmeas eram um milagre de Deus,
por isto Yeds as levou, para nos deixar penando, crendice.
Fran olha a senhora e olha outros 3 se apresentarem,
um parecia branco, não dormira direito, ou não estava bem, e
se vê ele correr para fora para vomitar.
— O que ouve? – Fran.
— O rei tinha os condenados a morte, agora eles tem a
chance de vida, se lhe derem proteção.
Fran fez cara de desagrado, o rei falou em 5 homens e
está lhe mandando 3 condenados, mas o que esperar daquele
rei.

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Eles montam no
cavalo, e Fran sai a
frente, os dois
rapazes ao fundo,
olham para ele se
afastando e Yago fala.
— Pelo menos
este sabe para onde
é.
— Ele parece querer chegar lá, ao contrario dos demais
que tinham medo do que iriam enfrentar.
— Ele pelo jeito temia ser roubado e deixou para receber
na volta.
— O menino da estalagem disse que ele tem mais em
ouro em uma sacolinha do que o rei ofereceu, não esquece,
ele tem feito trabalho para reis.
— Melhor não falar alto isto mano, os 3 parecem querer
cair fora rápido.
— Mas ele ir a frente é uma novidade, geralmente os
outros mandavam batedores a frente.
Os dois olham os 3 outros chegarem a eles e um
pergunta.
— Porque da pressa dele?
— Parece que ele quer abraçar mais uma recompensa
rápido, as historias deste rapaz são de assustar. – Yuri.
— De assustar?
— Devem ter aumentado tudo, mas ele vai pelo vale, ele
não quer inventar caminhos, ele vai direto, não posso negar
que ele tem coragem.
— Mas acha que corremos perigo? – O condenado de
nome Caliu.

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— Que alternativas tínhamos, morrer na vila em uma
semana, ou tentar não morrer neste caminho. – Hilton.
— Vamos apertar o passo, não o quero perder de vista.
Fran foi a frente, quando começa a escurecer, ele se
aproxima das paredes do vale, e para numa pequena entrada
de pedra, de onde escorria agua, que se perdia no seco do
vale, ele faz uma pequena fogueira com um graveto, e olha os
demais chegando.
Os rapazes veem que o rapaz escolhera um lugar que
não seria emboscado e Yuri pergunta.
— Conhece a região?
— Não sei como alguém não sente o cheiro da agua ao
ar, para mim isto é vida, pois sem agua, morremos todos.
Caliu chega a frente de Fran e pergunta.
— O que do que falam de você é verdade?
— Inventam muito, nós matamos um escorpião em uma
caverna, inventam que haviam milhares de escorpiões, você
se protege de uma pequena serpente, eles inventam que ela
tinha 20 metros, mais de um metro de boca.
— Certo, eles inventam, mas porque aceitou o desafio?
— Eu iria atravessar o deserto da mesma forma, se tiver
algo onde eles dizem estar Yeds, procuramos as meninas, se
não tiver, eu vou passar direto, não teria o que relatar ao rei,
e como Yago falou, é capaz de me matar na forca.
— Sabe que pensei que voltaria? – Yago.
— Se tiver o que falar, de que adianta voltar para dizer
que elas morreram, ou pior, que não achamos nada que
pudesse dizer se elas estão vivas ou mortas, não esqueçam,
elas são moças a esta hora, os Reis vizinhos comprariam elas
como escravas sexuais, se o bruxo as oferecer a eles, escravas
sexuais de olhos azuis.
— Verdade, elas já tem 15, a rainha que morreu, casou
com o rei aos 15, teve as meninas aos 16. – Yago – Eu era
uma criança e lembro da correria da vila para o nascimento
que alguns chamam de milagre.
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Yuri olha para Fran e pergunta.
— Como fez o fogo, dizem que isto é coisa de bruxo.
Fran sorriu e falou.
— O problema é que é técnica. – Ele pega um pedaço de
madeira, a afia, ela era bem seca, coloca uns gravetos bem
secos cercados de gramíneas secas, e apenas esfrega
rapidamente, por uns minutos, e depois de um tempo os 5
rapazes veem o fogo – As vezes temos de entender que
alguns chamam certas coisas de magia, mas é apenas
método, este eu aprendi ao norte, com uma tribo de
nômades.
Yuri olha para Fran e fala.
— Sabe que mesmo isto eles chamariam de magia.
— Se esfregar algo muito, todos sabem que isto
esquenta, é o que fazemos, fazemos a madeira esquentar e
ela por si pega fogo, não é magia, é esforço físico.
— Pelo jeito viu muita coisa estranha.
— Sim, estou viajando procurando onde parar a mais de
15 anos, e não achei.
— Então viu muita coisa estranha.
— Ao sul, nas vilas mais quentes, na beira do mar, onde
este deserto entra nele, os habitantes comem escorpiões, para
viver, as crianças aprendem a pegar eles bem pequenas, eles
usam o veneno deles para curar alguns machucados, usam
escondido, pois os reis não gostam disto.
— Quer dizer que eles usam veneno para curar coisas?
— Veneno de certos escorpiões, alguns são mortais
mesmo se passar na pele, mas alguns são usados como
repelentes, alguns como cicatrizantes, mas o principal uso de
eles fazem, é torrado no fogo como comida.
Fran depois de um tempo se ajeitou num canto, os
demais não viram ele enterrar seus pertences, junto a madeira
que segurava seu cavalo.

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Yuri quando
abre os olhos, viu que
havia algo assando,
um coelho, olha em
volta e viu Fran ao
longe olhando e
chega lá, iria falar
algo e Fran lhe olha
aos olhos e fala.
— Volta
calmamente e apaga o fogo.
Yuri olha ao longe uma leva de Trons, eles passavam
junto a parede do outro lado, eles ainda estavam na sombra,
Yuri chega e apaga o fogo e olha para o irmão fazendo sinal
para levantar em silencio.
Os demais vendo os dois silenciosos se levantar,
parecem perceber que algo estava errado, Yuri chega ao lado
de Fran e pergunta baixo.
— Eles nos viram?
— Não, mas estão em mais de 3 mil, não seriamos nem
páreo para algo assim, quando me falaram em exércitos de
Trons, não imaginei eles andando ordenadamente, e sim
apenas atacando.
Yuri olha ao longe eles quase marchando e fala.
— E vão onde?
— Pela direção, eles vão no sentido que vamos, onde
eles estavam não sei, mas vão no mesmo sentido que nós,
vamos deixar eles se afastar, e pensar em como avançar.
— Eles tem batedores, podem nos pegar desprevenidos
ao sono? – Yuri.
— Devo ter dormido umas duas horas, estava vendo os
raios do outro lado do vale, quando percebi o batedor,
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teremos de nos defender mais, mas será inevitável uma hora,
eles nos verem.
— Acha que pode com eles? – Yuri.
— Saber como os enfrentar não quer dizer, ter os
enfrentado.
Os demais chegam ali e veem o movimento no outro
extremo do mesmo vale, e ficam em silencio observando.
Os rapazes começam a falar sobre o rei, a nova rainha,
o filho de 3 anos do rei, que parece ser a atenção do rei, mas
algo fazia o rei a cada ano, pagar para alguém ir buscar suas
filhas, em parte Yuri atribuía a crença de que as crianças eram
uma benção da terra a aquela região.
Fran não opina, embora conhecesse a crença.

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Estavam
terminando o segundo
dia, quando eles veem
o vale acabar em uma
planície, onde se via
dunas e mais dunas
de areia, começam a
caminhar, tinham de
se manter a oeste do
sol, e continuaram por
ali, estavam com areia a toda volta, quando ouvem o
aglomerado de cães a frente, e param, Fran sobe em uma
duna, e desce rápido.
— Põem os cavalos em um circulo, põem uma proteção
nas bocas e nariz dos cavalos e façam o mesmo.
— O que está acontecendo? – Caliu.
— Tempestade de Areia.
Os rapazes começam a ouvir os uivos e se preparam,
viram os cães passarem correndo por eles, mesmo os vendo,
fugindo da tempestade, agora eles saberiam que eles estavam
ali, mas pareciam mais preocupados em fugir.
Quando viram a grande muralha de areia, Fran fecha os
olhos, tenta se manter calmo, mas por 3 horas, sentiu o corpo
ser arranhado por aquela areia fina, quando parou, seu rosto
fora do pano, se via o vermelho vivo da pele.
Ele ajuda os demais a saírem e a puxarem os cavalos,
olham em volta, havia aproximadamente um quarto da parte
ensolarada do dia, ele olha para Yuri e para os rapazes e fala.
— Gostaria de saber se concordam, mas em meia hora
os Trons vão estar a toda nossa volta, pois eles agora sabem
onde estamos, minha proposta é subirmos em nossos cavalos

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e aproveitarmos o quarto de sol que ainda temos, tentar nos
afastar o máximo deles.
— Concordo, se ficarmos seremos mortos. – Yago.
Os demais entenderam que iriam acelerar e subiram em
seus cavalos ainda meio doidos, todos sabiam que estavam
esfolados, mas não tinham como parar agora e aceleram nos
cavalos até a luz do dia não permitir mais, e se reúnem em
uma parte mais baixa e param para descansar.
Todos estavam cansados, doidos e Hilton falou.
— Pelo jeito nem tudo que falam de você é lenda, tem
coragem e mesmo cansado sabe avançar, muitos estariam lá
se escondendo ainda, já estamos a uma boa distancia deles.
— Acho que é o não confiar no que falam de mim, que
me faz ir a frente, as vezes temos de enfrentar, talvez não
saibam, mas vamos descansar e andar um pouco mais.
— Mas está escuro.
— Como disse Yago, não sei como vocês não sentem o
cheiro de agua no ar, estamos a poucos metros de um oásis
ou algo assim, mas temos de descansar, pois agora é lento,
temos de ir pelo rumo, a lua nasce dentro de pouco, e quando
ela nos iluminar vamos caminhar um pouco.
— Quer chegar onde?
— No que dizem ter aqui Yago, um oásis e uma região
de cultivo, gerada por aquela lenda que Yuri diz não acreditar,
mas que parece que Yeds acreditava, e fez os Trons lhe
cultivar as terras, é lenda, pelo menos para as pessoas de
longe, mas o cheiro de mato, e de umidade está a frente, o
problema é não saber a distancia, pode ser a metros, ou o
vento trazer o cheiro de muitos dias a cavalo.
— Acha que estamos perto de um oásis, mas os Trons
não saberiam?
— Nas dunas somos mais fáceis de achar, já em um
local úmido, não, e preciso de um pouco de umidade para
passar na pele, não sei a de vocês, mas meus braços, pernas
e rosto estão ardendo muito.

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Eles depois de um tempo, começam a caminhar, as
dunas não davam muita visualização frontal, mas quando
sobem em uma, a lua brilhou naquele vale alto, e se viu mais
a frente arvores, que barravam a areia, e pouco a frente um
lago.
Os demais sorriram e Caliu chega ao lado de Fran e fala.
— Juro que achei que estava inventando para nos fazer
andar a noite, mas tenho de confessar, tem um oásis no meio
do deserto do rei.
Fran sorriu e chegam perto e fazem uma pequena
fogueira, ele fez Yago o fazer, para ele ver que não era magia,
chega ao lado do lago, afasta uma área de mato e pega lama
e passa em seus braços, pernas e rosto, ele sentiu o alivio, e
depois lavou-os e deitou para descansar, todos estavam
cansados e dormiram.

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Os rapazes
foram acordando e
viram o lago a frente,
as aves, o som do
riacho, estavam a
observar quando Yago
fixa os olhos em algo
e chama a atenção
dos demais que
olham.
Pouco a frente veem uma senhora, sentada a beira do
riacho e os senhores olham para ela com ódio e um chega
com sua espada a altura da cabeça da senhora e fala.
— Um motivo para viver bruxa?
A senhora olha para o senhor, seu rosto tinha imensos
cortes, parecia que ela sofrera muito, pois os cortes pareciam
vivos, o soldado afasta a espada e a senhora olha Fran e fala.
— Sabe que sempre o esperamos.
Os senhores olham para Fran, a senhora dá um passo
para trás, suas asas se abrem as costas mostrando que não
era uma roupa de penas, mas as próprias penas que cobriam
aquela senhora agachada e com suas asas negras se ergue ao
ar e os soldados se assustam.
— Quem era ela?
— Nunca vi alguém com tantos cortes a face, isto parece
magia de vida, mas que saiba, somente o criar de um paraíso
justificaria tamanhos cortes.
Os rapazes olham para o rapaz chegar a beira do lago,
olha a imagem do rapaz ao lado, ele via a agressividade do
senhor, este olha seu reflexo e fala.
— O lago não nos reflete, parece uma pegadinha.

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Fran se afasta, pois sua imagem mostrava seu
verdadeiro ser, mas serviu para entender que tinha ali dois
carniceiros, dois vermes e uma ave de rapina, estranho ver
aquilo nas pessoas mesmo antes de confirmar no lago.

25
Caminharam
mais dois dias,
atravessando lagos,
florestas, campos
floridos, vida e mais
vida, quando chegam
a um grande campo
de flores de varias
cores, e bem ao
fundo, mais de meio
dia de caminhada, uma casa de pedras.
Caminham até lá, os rapazes entraram na casa, quando
Fran entra vê uma senhora morta ao canto, os rapazes apenas
lhe olham e falam.
— Só pode ser uma bruxa.
— Espero que não matem as crianças, elas que valem o
ouro do rei. – Fran olhando os rapazes que começam a revirar
a casa e só acharam roupas velhas, ervas de chá, um coelho
temperado ao fogo e um fala.
— Apenas uma velha, o que vai fazer? – O rapaz
olhando Fran que toca na senhora, e vê a historia dela, e
sente o corte ao peito da senhora se desfazer, a senhora abre
os olhos, os demais se assustam e ela olha nos olhos de Fran
e fala se tornando uma nevoa.
— Tem de entender, não queremos voltar.
A nevoa atravessa os rapazes, e o coelho ao fogo some
e um deles pergunta.
— O que fez?
— Estava tentando entender a historia dela, mas parece
que ela está neste campo, muito mais do que 5 anos, o que
aconteceu aqui e o que se passou aqui nos últimos 5.
— Do que está falando? – Um dos ladrões do grupo.
26
— Vocês descrevem isto como um deserto, mas
passamos por florestas com arvores que tinham mais de 50
anos, os crocodilos no lago, pareciam com mais de 40 anos,
esta casa de pedras, não parece algo de 5 anos, parece
envelhecida, algo não entendi, estamos no mesmo tempo de
lá fora?
— Porque quer saber? – Yago.
— Temos de ver que entramos a poucos dias, mas se
sairmos lá, e tiver passado anos, qual a chance de alguém
devolver ao Rei crianças, que podem ser moças aqui dentro.
— Isto não acontece. – Um rapaz lembrando do filho
pequeno que deixou na cidade.
— Analisando possibilidades, a bruxa tinha 70 anos, na
memoria dela, todos os anos vividos nestes campos.
— Elas parecem lhe conhecer.
— No máximo minha fama, pois duvido que alguém aqui
tenha me visto antes de entrar em sua vila.
— Sabe que o informar destas terras ricas, o Rei vai
querer mandar colonos, pois segundo ele tudo isto fica dentro
de seu reino.
Fran olha o rapaz, não entendera, sairiam rápido ou
nunca sairiam dali, e levanta-se.
— Na memoria dela, havia uma casa no sentido da
montanha, para onde ela correu.
— E o que tem lá?
— A mais bela das bruxas. – Fran.
— Como sabe, você é parte disto. – Fala um dos rapazes
colocando a espada na altura da barriga de Fran.
Fran sente o senhor o atravessar, ele olhava o rapaz, os
demais assustados, ele joga o corpo para traz, ouve eles
falarem.
— O que fez Yuri?
— Ele nos escondia algo, mas sabemos o sentido a ir,
um a menos para dividir o ouro do rei.

27
Os demais sorriram, reviram as coisas de Fran, pegam a
sacola de moedas de ouro e saíram, eles pegam uma brasa e
jogam nas cortinas e as mesmas bem secas começam a pegar
fogo.
Fran levanta a cabeça, olha uma tinha de agua, se
transformando em um sapo, sentindo a ferida fechar, pula
para dentro, vendo tudo a volta queimar.
Os rapazes começam a sair do campo, viram as flores
secarem a toda volta, pegam suas espadas e caminham no
sentido da floresta a frente. Antes de entrarem nela, olham o
campo antes florido, que agora estava seco e queimando com
as brasas vindas da casa, que desaba e um dos rapazes
pergunta.
— O que aconteceu?
— Não sei, vamos nos apressar.

28
Fran olha para
uma mão o tirar da
tina e lhe olhar aos
olhos
— O filho a casa
volta. – Yets.
Fran olha que
estavam fora da casa,
cresce, passa a mão
ao ar, o gesto parece lhe por uma roupa e fala.
— Uma criação, não um filho.
— O que veio fazer aqui Fran, porque voltou?
— O mundo lá fora é cruel demais, eles matam por
matar, aqui é meu lugar, sabe disto Yets.
— E veio atrás da recompensa do Rei.
— O que eu compro aqui com ouro Yets?
O bruxo olha em volta e fala.
— Nada, mas porque da destruição?
Fran olha em volta, olha o céu e começa a chover,
apagando o fogo e fala vendo o campo florir a volta.
— Que destruição Yets?
Yets sorri e fala.
— Sabe que os soldados são sua responsabilidade.
— Eles atravessaram Dalma com uma adaga e nem a
reconheceram, como podem achar o que procuram.
— Sabe que Bela se mantem, ela não interage com o
tempo.
— Ela quer sair?
— A única que quer sair, a única que não entendeu a
magia, mas obvio, a magia cobra sacrifícios, cobra tempo.
— Mas me deve algumas respostas Yets.
29
Fran olha para Yets, que se afasta sem lhe dar as costas
sumindo depois de uns metros em uma nevoa branca.
Fran se abaixa e a casa ao fundo se refaz, e olha para
uma senhora caminhar em meio as flores que iam se
afastando dela, como se caminhassem com suas raízes para o
lado, saindo do caminho da senhora.
Fran olha aquelas marcas no rosto da senhora e fala.
— O que fez para merecer isto pequena Ilda?
— Ninguém me chama assim aqui rapaz, não sei quem
é, mas obvio que Yets lhe tem em consideração.
— Não respondeu. – Fran a olhando.
— Obrigado pela casa, mas porque não está fugindo de
mim.
— Assim como você, eles tentaram me matar.
— Quem é você rapaz?
— Lá fora, seria mais velho que você, sai destas terras a
mais de 10 anos, mas não sei quantos anos, se passaram aqui
dentro desde que sai.
— Não sei, estou aqui a 5 anos.
Fran sorri, olha a senhora se transformar, seu corpo
diminuir de tamanho, os cortes ficarem bem menos visíveis e
lhe olhar, uma moça jovem, atraente, mas que parecia
mutilada ao rosto e mãos.
— Porque sua irmã disse que não quer voltar?
— Os ventos sopram, dizem que existe um herdeiro do
sexo masculino do rei, seriamos oferecidas em casamento a
um rei como nosso pai, ela não quer este fim.
— E você?
— Sou feliz na minha casa, no meu campo, na minha
parte vida, para que voltar e ser mais uma princesa ou rainha
de um rei que as vezes, nem lembra o nome da rainha.
— E acha que alguém voltaria?

30
— Eu temo por minha irmã, Linda, ela não entendeu o
quanto os homens são animais reprodutivos, ela acha que
voltará ao reino e voltará a ser quem era.
— As ações do rei são dele, não repondo por ela, mas
está segura neste lugar?
— Achei que eles conversariam, o rapaz nem me
perguntou nada e me atravessou a espada.
— Eles devem estar a floresta, contando minhas
moedas, não sei onde estou ainda, este lugar era diferente
quando sai daqui.
— Yets parece o respeitar, mas as vezes falava com
medo de você.
— Eu nunca fui bom menina, e saiba, não pretendo o
ser, mas uma hora, terei de enfrentar meu passado.
— Fala como se tivesse receio do passado.
— Eu tenho receio, tenho recordações, e nada do que
eu lembro, é bom, se Yets tem medo agora, sinal que ele não
fez como disse que faria, ele as vezes acha que vou culpa-lo
pelo que não fez.
— E o que ele não fez?
Fran não respondeu, deu as costas a moça que muda de
aparência, enquanto ele começa a caminhar pelo campo.
Fran olha que os cavalos estavam mais a frente, para ao
fundo e olha a grande arvore, mais de 50 metros, olha em
volta, muitas arvores imensas.
Se esgueira e ouve os rapazes falando.
— Agora entendo o porque o rapaz não fez questão do
ouro do Rei, ele tem mais aqui do que o rei ofereceu.
— Deveríamos ter desconfiado, aquela seda que ele
levava era das caras.
— Pena ter queimado na casa, mas conta direito a
divisão disto.
Yuri dividia o dinheiro em 5 pequenas pilhas e cada qual
pegou sua parte e colocou no bolso.
Fran sorriu da confusão que isto geraria.
31
Olha os rapazes começarem a avançar, seguiu ao fundo
e viu a nova casa, eles entram nela e veem o comandante
Claus, que saíra a mais de 5 anos, sentado a sala, ele se
assusta com achegada e pergunta.
— Quem são vocês?
— Comandante, pensamos que estava morto.
— Me conhecem?
— Sou Yuri, filho de Ymona.
O senhor olha para ele e saca a espada e fala.
— Não pode ser Yuri, Yuri era um adolescente, lembro
de ter o visto a 15 dias na saída do Castelo.
— Comandante, algo está errado, pois isto foi a 5 anos,
lá na vila.
O senhor olha os rapazes e olha para Yago e fala:
— O pequeno Yago, mas como pode ter se passado 5
anos, entramos na floresta a 15 dias, chegamos hoje aqui,
tivemos problemas com uma leva de Trons.
Yago olha para Yuri e fala;
— Aquele Fran tentou dizer isto.
— Sim, e estamos a mais de 4 dias para dentro, o que
quer dizer, meses lá fora.
— Quem é este Fran?
— Um caçador de recompensas que o Rei mandou
acompanhar, mas ele teve problemas num incêndio a menos
de um dia.
— O que ele reparou que os fazem falar isto?
— Cruzamos com uma casa antiga, onde matamos uma
bruxa, ele a tocou, e disse que na memoria dela, ela estava ali
a mais de 70 anos, mas isto não deveria existir a 70 anos, era
um deserto.
— Mas o que espera aqui Comandante?
Ele aponta a cama, e eles olham a menina de 10 anos
dormindo, como se estivesse quando todos lembravam dela,
mas o comandante olha para a menina, e pareceu que

32
enquanto ela dormia, tranquilamente, cresce se
transformando em uma moça, 5 anos em segundos e fala.
— A casa não tinha a informação do tempo, mas o que
está acontecendo aqui rapazes?
— O rei mandou todo ano, um grupo, achamos apenas o
senhor, mas se o tempo anda de acordo com onde entraram,
podem estar velhos senhor.
O olhar de malicia dos bandidos para a moça dormindo,
foi reparado pelo comandante que fala.
— Segura seus homens Yuri, a menina é nossa
recompensa.
Os rapazes se olham e o comandante olha para a moça
abrir os olhos, olhar as mãos e falar olhando Yuri.
— Yuri, você cresceu.
Yuri sorriu, inclinou a cabeça e falou;
— Viemos a conduzir para casa, princesa, onde estão
suas irmãs?
— Elas veem as vezes, mas elas dizem que não querem
voltar, não entendo o porque?
— Elas andam desprotegidas nestas terras? – Yago.
— Acho que o tutor delas, aquele bruxo não deixaria
alguém fazer mal a elas.
Yago olha para Yuri e fala.
— Temos de ser rápidos, pelo jeito entramos em um
problema, pois não sabemos quanto tempo passou lá fora
desde que entramos.
— Como não sabem? – Linda, a moça.
— Sabe quanto tempo?
— Não sei como isto acontece, mas ouvi Ilda falar que
para cada dia aqui dentro, outros 120 passam lá fora.
— E onde ela está?
— Ela fica brincando com os cães, fica disfarçada de
uma bruxa velha em uma casa no campo ao lado.
O grupo se olha e fala.
33
— Ela se disfarça, ela virou uma bruxa?
— Ela se diz uma fada grande, mas acho que sim. –
Linda sabendo que isto não era bom para as irmãs.
O comandante olha para Yuri e fala levantando-se e
chegando a porta;
— Podemos conversar?
Ele sacode a cabeça e sai junto e olha para o irmão.
— Descansem, algo está errado.
Yuri olha para o comandante na parte de fora e ele fala;
— Sabe a gravidade disto?
— Se me provarem que matei assumo senhor, eu vi algo
se tornar uma nevoa negra e sair pela porta, o rapaz que veio
para ajudar ficou lá ao chão, enquanto nós nos afastávamos e
a casa queimava, mas pode ter certeza senhor, o que estava
naquela cabana, segundo este rapaz, Fran, tinha memorias de
mais de 70 anos, e aquele ser foi atravessado na altura do
coração e não morreu.
— Acha que as meninas são senhoras velhas agora?
— Não confio muito nestes ladroes que rei nos deu
como guarda costas senhor, vamos entrar. – Yuri.
Yuri entra e vê o rapaz a encostar a moça a parede e
outro a impor a espada na altura da cabeça de Yago.
— Acho que temos um problema Caliu. – Yuri olhando
para ele, sacando da espada, o comandante viu que estavam
em guerra novamente. – Yuri olha o comandante e somente
nesta hora se tocou, ele estava sozinho, o que acontecera com
os demais, onde estavam.
O senhor olha a moça que toca Caliu e este olha para
seus olhos doerem e os demais veem o rapaz emagrecer,
secar, se ouve o grito e Yuri olha aquele senhor se tornar pó,
e quando vê seu irmão estava com a espada atravessada em
Hilton que cai para trás e fala.
— Este não me aponta a espada na cabeça mais.
Yuri olha o comandante e fala.
— Pelo jeito todas viraram isto que falamos?
34
— Pelo jeito não sairemos vivos mesmo Yuri, qual a
chance de caminharmos e sairmos daqui sem ser atacados
pelos Trons.
Yuri olha para Bela e fala.
— O que fez?
— Ele iria me atacar, queria oque Yuri, que não me
defendesse?
— Se tornou uma bruxa?
— Yets disse que um rapaz vinha a este campo, ele
chegou com vocês, ele poderia nos tirar daqui.
— Como assim? – Yago.
— Ele segundo Yets, deu origem a isto, ele gerou a
lenda das Irmãs Encantadas, ele segundo Yets, é anterior a
isto, anterior a nós, mas ele viria com vocês. – Bela.
— E se ele tiver morrido? – Yuri.
— Acham mesmo que conseguem matar Fran, o caçador
de anomalias? – Fala serio Bela.
— Eu o atravessei a espada.
— Caliu atravessou a espada em minha irmã, e não é
por isto que ela morreu. – Bela olhando Yago que a olha
intrigada.
— Como sabe?
— Se voltar por aquele caminho, verá a casa inteira
Yago, mas agora quem está brincando lá, é minha irmã Ilda,
vocês a viram no lago, na entrada da floresta, ela tenta
assustar com aqueles cortes, ela se mutila, mas ela parece
gostar disto, não entendo por que.
O comandante viu que a menina sabia mais do que
falara, vira seus rapazes se matarem por ela, viu ela em ação
duas vezes, e somente o medo de a tocar o deixou ali intacto.

35
Fran senta-se a
beira de um lago, olha
seu reflexo, olha seus
olhos de sapo, seu
corpo mudado e olha
em volta, olha para os
sapos chegarem perto
e fala.
— Voltei irmãos.
Os coaxos aumentaram e ele ouve uma voz as costas.
— O que faz aqui humano?
Fran olha para trás e olha os olhos de Tito, um Trons,
olha os demais e fala.
— Posso estar longe há muito tempo Tito, mas ainda é
esta a minha casa.
Os demais estranharam, Tito cheira o ar e pergunta
desconfiado, o cheiro estava diferente.
— Sim, 10 anos andando pelo mundo, muito cheiro
diferente Tito, embora juro que os últimos 3 meses lá fora
pareceram mais de 5 anos.
— Veio com aqueles humanos?
— Dos que vieram comigo, apenas 3 estão vivos, mas o
que o trás a meu pântano Tito?
— Você era esperado, mas ninguém entende por quê?
— Os seus defendem Yets, você viram ele vender a filha
por ciúmes, você o viram mudar, dizem que ele a matou com
a mesma espada que eu lhe dei, para a proteger, o que fazem
em meu pântano Tito?
Fran ergueu a voz, e os cães ao fundo viram o líder
olhar com respeito que não era característico.
— Lhe devemos desculpa, ele disse que iria lá para
trazer sua filha de novo ao pântano, mas ele matou Nata.
36
— Sai daqui Tito, não quero brigar com você. – Fran
olhando aquela cabeça de cão.
Os Trons começam a sair, e as costas de Fran se
erguem alguns sapos, olhando para Fran, eles tinham cabeças
desproporcionais e estranhas ao olho.
— Seja bem vindo irmão.
Fran abraça um ser com corpo aparentemente humano,
mas uma cabeça com imensos olhos, orelhas atrofiadas e toda
a pele muito lisa e numa cor caramelo brilhosa.
— Descobri que minha ausência foi de perdas e ganhos,
mas sabia que tinha de me manter longe.
— Sabe o que aconteceu?
— Sim, mas calma, só diz para os irmãos que talvez
tenhamos de conquistar nosso mundo.
— Eles sempre esperaram sua volta, só me confirma,
Nata morreu mesmo?
— Sim, Nata morreu.
Fran da as costas e começa a atravessar a floresta.

37
Yago olha para
Bela e pergunta.
— Sabe o que
precisamos fazer?
— Me levar é
me fazer feliz, mas
não sei por quanto
tempo, todos sabemos
o que vai acontecer,
serei a sobrevivente, mas sem minhas irmãs não tenho como
ajudar, seria apenas a lembrança a todos que não tem mais as
irmãs encantadas, e todas as bonanças destas crianças.
— Acredita nesta baboseira.
— Yago, você é muito jovem, mais jovem que eu, que
sou apenas uma moça de 15 anos, mas qual a lembrança que
tem dos seus 9 anos?
— Fartura.
— Teve a guerra, o que lembra dos seus 11 anos.
— Miséria.
— Mas duvida mesmo assim, as pessoas plantam nas
mesmas terras, mas elas não geram as arvores de proteção,
elas não geram metade da necessidade do rei, que tenta
negar que éramos o encanto daquelas terras.
— E porque seria a proteção daquela terra? – O
comandante ouvindo um barulho da porta e puxando a
espada, Yuri olha para a porta, e vê Fran olhar ele e falar.
— Aquilo foi covardia.
— Não pode estar vivo.
Fran olha a moça a frente, Linda, e fala.
— Desculpa não ter voltado antes da guerra, não era
para sua mãe sofrer.

38
— O que quer dizer com isto? – Linda olhando o rapaz,
olhando os demais apontando as espadas para ele.
— Calma, Yets deve estar chegando ai, ele gosta de se
impor.
— Yets disse que você viria, mas ele disse que viria a 5
anos, e não entendi.
— Tem de ver que o distorcer do tempo em toda a
região é uma sacanagem, as plantas não crescem, pois
sentem as estações confusa na vila, desde a morte de sua
mãe, do lado de fora do vale, do deserto, se passou 3 meses
apenas Bela, e não 5 anos, aqui dentro, depende da
proximidade de Yets.
— Quem é você? – O comandante.
— Alguns me chamam de Fran de Soma, esta região é
Soma, o deserto de Soma, de onde saiu a rainha Nata, dada
em casamento ao Rei Domenicus de Bras, quando vocês veem
o deserto, é que toda vez que você tira a riqueza da terra de
um lugar, a terra morre.
— Esta dizendo que a encantada era a rainha, não
adianta levar as filhas do Rei? – Yago.
— Não, estou dizendo que estou esperando Yets para
ele me explicar, porque ele matou Nata de Soma.
A moça olhou Fran e falou.
— Ele nem falou com ela, ele a atravessou a espada,
antes dela falar uma palavra.
— Se ela tivesse falado, ele teria perdido, ele não deu a
chance da derrota, mas se querem ficar para a guerra, sintam-
se a vontade, mas não me atrapalhem. – Fala Fran olhando
para Yago. — E uma coisa, dinheiro roubado gera mortes, tem
de ver que dois em 5 é um bom numero.
Linda chega a frente de Fran e pergunta.
— Conheceu a minha mãe?
— Todos nesta mata conheceram, se um dia quiser
saber a verdade, encosta Tito a parede, ele sabe, encosta
Drats, ele sabe, encosta Yets, ele sabe.
39
Fran ouve o uivo e sai a porta, olha para os cães a
cercar a casa e olha para Tito.
— Minha briga não é com você Tito, avisa estes que lhe
acompanham, eu, Fran de Soma, vim falar com Yets, não
destruir os Trons.
— Somos os guerreiros de Yets. – Um rapaz a ponta.
Fran olha as arvores ao fundo e fala;
— Drats, os segura para mim, não os quero judiar.
A grande arvore ao fundo, olha para o rapaz, e lança
seus cipós a toda volta, segurando os Trons, Yuri via aquilo e
olha para o comandante.
— O que está acontecendo?
— Dizem que as terras de Soma estavam sem rei, o rei
mandou sequestrar a rainha do local, para se casar com ela e
anexar suas terras.
— Mas a regra não é esta?
— Sim, mas me afirmaram que Fran de Soma estava
morto a mais de 3 meses quando viemos com os exércitos a
retirar de um pequeno oásis na região.
— Quem seria Fran de Soma?
— O marido de Nata de Soma, o rei. – Fala o
comandante, olhando Yuri que fala.
— Então ele é um inimigo?
— Ele veio vingar a morte da esposa, não a nossa ação,
e pelo jeito este lugar era algo especial, viu a arvore?
— Bruxos. – Falou Yago.
Linda sorriu e saiu a porta e viu Yets chegando ao
fundo, ao lado dele, duas moças, Ilda e Dalma, os rapazes
entenderam onde estavam as duas outras filhas do rei, e
olham par Linda.
— Suas irmãs?
— Sim.
Yets olha para Fran e fala.

40
— Acha que pode comigo agora Fran, você pode ter sido
um rei, mas abandonou nossa terra, para descobrir o mundo,
para somar em coisas para estas terras, você deixou estes dai
a tomarem de nós, deixou eles terem filhas dos pântanos na
cidade deles, sua Nata lhe trai e me condena por mata-la.
— Eu amava muito Nata, covardia sua usar contra ela a
única espada que a mataria, a minha.
— Sabe que não podíamos deixar continuar isto, aqui
todos passavam fome, para um rei ter fartura e fazer
crueldade com o seu povo.
— Não entendeu Yets, o poder não está nela, mas na
crença, o poder não era de Nata, das meninas, mas das
crenças, estamos em uma terra especial, mas como as
convenceu a lhe seguir.
Fran sente o movimento as costas e pensa em uma
nevoa, e sente aquela espada lhe atravessar, o movimento de
Linda a fez atravessar a nevoa.
Fran em nevoa olha aqueles olhos se afastando e fala.
— Bem me disseram, nunca confie nas filhas dos
pântanos, mesmo quando elas não sabem o que é ser uma
filha dos pântanos.
— Sabe que não saem daqui Fran, chegou tarde.
— Se queria me matar, que me matasse na tina.
— Sabe que lá colheria a escolha, num enfrentamento
declarado, não.
Os rapazes as costas sentem Fran voltar a ser carne e
olhar para o chão, ele se abaixa e sente as energias sendo lhe
sugada, Yago olha o rapaz encolher e olhar para cima, como
um pequeno sapo e os demais não entenderam.
O pequeno sapo faz os demais se aproximarem e Yets
não entendeu, o rei escolheu uma aparência fraca, o que ele
queria, os Trons ainda estavam presos, mas Yago olha para o
irmão e fala.
— O que está acontecendo?

41
— Algo haver com ser atravessado pela espada que
matou Nata, não entendi, tem haver com magia, não com
coisas de Deus.
Yets olha as meninas e fala.
— Vão matar estes de uma vez?
— Porque os matar Yets. – Linda.
— Com pena destes seres que abusariam de você e lhe
devolveriam ao seu pai.
Ilda olha para o sapo e olha em volta e ouve milhares de
coaxos, junto veio um guizo, e o som de milhares de insetos,
e Yets olha em volta e olha para Ilda avançar, os rapazes
vendo o rosto todo cortado da menina, recuam, e ela toca no
sapo, o pega a mão e olha para Yets.
— O que não nos falou Yets.
— Que temos de o matar.
— E porque não consegue o matar nesta forma.
O senhor olha o sapo a mão da menina, não responde,
olha em volta e olha para os rapazes chegarem de surpresa as
costas de Ilda e lhe colocarem a espada ao pescoço.
— Vamos sair irmãos, esta vai nos servir de escudo.
Os demais viram que tentariam sair e veem a menina
jogar ao ar o sapo, que se transforma invertendo o corpo e
olha para Ilda e fala.
— Me perguntou quem eu era Ilda, lembra?
— Sim.
— Quando eles tiraram sua mãe destas terras, ela
estava gravida de 3 crianças.
Ilda olha para Fran, olha para Yets, nitidamente ele não
sabia disto, e sorri.
— E não falaria isto?
— Quieta, eu lhe corto se...
Ilda não temia cortes, ela segura a espada e o rapaz
sente ela segurar a mesma com seus ossos, pois a mão
sangrava, os demais assustados se olham cercados pelos

42
Soma, uma espécie humanoide de sapos, a espécie do rei
daquelas terras.
Fran estava nu em meio ao campo quando Ilda lhe joga
a espada, e ele avança no sentido dela, ela se abaixa e a
cabeça de Yago cai ao lado.
— Não nos mate. – Yuri.
— Um motivo para viver.
— Devolvemos seu ouro. – O rapaz ao lado.
— O que é ouro, nestas terras? – Fran atravessando o ar
com a espada, Yuri se arma e sente o comandante se colocar
a frente de Fran e falar.
— Minhas desculpas rei, não sabíamos a ordem que
cumpríamos. – O comandante abaixando a cabeça como fazia
diante do rei.
Yuri olha o ladrão ao fundo baixar sua cabeça, mas o ver
do irmão morto, lhe dava raiva, olha a mão da moça fechar os
cortes e olha para o chão, parecia que as plantas cresciam
apressadas, o tempo estava acelerando.
Fran olhava Yuri quando ouve o gemer e olha para Ilda
atravessada pela espada de Yets, viu ela fechar os olhos com
muita dor, segurar a faca que lhe atravessara e todos ouvem
o senhor falar.
— Não teremos reis nesta terra, ela é nossa, não de
alguém que nos abandonou há tanto tempo.
Fran olha para a moça e sente a dor em seu corpo,
encolhe-se e olha para a moça lhe olhar com duvida.
Dalma as costas abaixa-se e toca o chão e Yets olha
para os campos começarem a secar, a voltar a ser deserto,
murchando, o calor aumentar e a olha.
— Porque me desafia Dalma?
— Disse que o enfrentaria, não disse o principal, quem
somos, não falou em nos matar para se dar bem.
Linda olha para Yets, isto que ele não falara, ele se
impunha, mas a magia local as obedecia, não a ele, pois elas
eram a herança genética daquele lugar.
43
— Esqueceu de nos dizer Yets que não precisamos de
um rei para sermos rainhas. – Linda.
— Acham que entenderam, as 3 são fortes juntas, não
separadas.
Ilda olha para a mão e não estava mais cortada, olha
para as mãos com os cortes se fechando e olha para Fran ter
as mãos cortadas, abrindo nelas as feridas que ela tinha,
parecia perdida, olhando as mãos segurando a espada que lhe
atravessara, e sente ela com raiva e vê a mesma enferrujar e
cair ao chão.
Yets olha a espada se transformar em pós e olha para
Fran encolhido, não entendia, mas ele tinha absorvido toda a
dor e cortes de Ilda.
Yets olha os Trons ainda presos nas arvores e começa a
andar de costas, Bela chega a Fran e lhe toca e uma pequena
ruga se faz em seu rosto e Fran olha a dor sumir, todos a
volta sentem as arvores os soltarem.
Linda olha para o comandante e fala.
— Se sair agora, terá um tempo para sair.
— Não irá conosco? – O senhor na duvida.
— Diz para o rei, que estenderemos o reino de Soma até
perto das suas terras, o rio voltará a correr naquele sentido,
mas queremos respeito as nossas terras.
— Sabe o que ele fará. – Yuri.
— Se ele mandar exércitos, lembra Yuri, de não estar
neles, pois será guerra.
Os 3 começam a sair, pegam a trilha, os cavalos mais ao
fundo e começam a acelerar pela trilha.
Fran olha para os Trons e fala.
— Nas terras dos Soma, todo ser da terra é bem vindo,
vocês que escolherão se querem ser bem quistos ou odiados.
Os mesmos começa a sair.

44
O comandante
olha para o fim da
floresta, e olha para o
rio transbordando no
sentido do vale, se via
a terra seca absorver
muito da agua que ali
entrava, mas parecia
uma magia, pois as
beiras iam florescendo
e ficando coloridas. Primeiro o tapete verde, depois as flores
brancas, depois muitas outras corres.
— Que poder é este comandante?
— Temos de narrar ao rei, pois ele não vai gostar disto,
mas temos de narrar.
— Ele vai se armar para enfrentar.
— Sei disto, mas presos a muralha não fomos pareo
para os Trons, acha que em um campo, mesmo florido como
este seria diferente?
Yuri olha para o senhor e para o vale e fala.
— Não, mas não quer dizer que o rei, sabendo da
riqueza natural não queira tomar posse.
— Vamos.
Eles aceleram pelo campo, quando chegam a muralha,
os soldados abrem como se não os esperassem mais.
O comandante olha para Yuri que olha o vigia e
pergunta;
— Quanto tempo ficamos ausente rapaz?
— Mais de 6 meses, o rei os considera mortos.
Os dois com o ladrão pedem a audiência com o rei.
Muitos da corte, próximos do rei ficaram vendo o
comandante, todos achavam que eles estavam mortos.
45
— Todo nosso respeito rei. – Os dois se postando a
frente do rei, o ladrão ficou mais ao fundo.
— O que aconteceu Yuri, não trouxe minhas filhas, mas
achou o comandante, parece que perdemos mais soldados.
— Suas filhas disseram que não querem voltar senhor, e
temos uma noticia não muito boa. – Yuri.
— Como não querem voltar?
— Elas cresceram rei, mas o problema é quem era o
rapaz que se ofereceu para resolver o problema.
— Quem ele era?
— Fran de Soma, o rei que diziam ter morrido senhor,
ele apenas havia se ausentado das terras.
— Aquele rapaz não pode ser o rei, eu sou o rei.
— Sabemos senhor, estamos narrando, ele disse que
poderíamos sair, mas que avisássemos que eles estenderia as
divisas de Soma até onde elas eram antigamente.
— Ele se atreveu a dizer isto?
— A parte final quem falou foi sua filha Linda senhor.
— Eles acham que estão falando com quem, eles tem de
nos obedecer.
— A única boa noticia senhor, é que o rapaz tem como
inimigo também Yets, então não terá o apoio dos Trons.
— E como estão os vales?
— O rio Vida está aos poucos tomando o vale, ele aos
poucos ganha volume e corre pelo vale, que está a cada
momento mais verde senhor. – Comandante.
— Verde quanto?
— Senhor, eles tem florestas, lagos, muita vida na
região que era deserto.
— Comandante, me organize os capazes de batalha,
estas terras me pertencem, e ainda terá de me explicar
porque não trouxe minhas filhas.
— Senhor, somente as vendo para entender, mas se
vamos tomar aquelas terras, com certeza as verá. – O

46
comandante evitando dizer que as filhas do rei se tornaram
bruxas, pois o reio os mataria se o fizesse.
Saem e na sala ao lado o rapaz que fora ladrão e
mandado a morte olha para o comandante e pergunta;
— Porque não falou que elas são bruxas?
— Quem falar isto das filhas do rei, está morto rapaz, se
quer uma dica, pega o dinheiro que conseguiu e sai da cidade.
– Fala Yuri olhando para o rapaz.
— Verdade, por afirmações menores que estas, vi gente
morrer rapaz, isto fica entre nós, ele que constate com a vista
a verdade. – Comandante.

47
Yets chega a
parte afastada e olha
para a imagem na
prateleira e fala.
— Seu amado
voltou, nem lhe
matando lhe esqueci.
A imagem no
retrato pareceu olhar
ele.
— Não me olhe assim, tem de entender o que sentia
filha.
Os Trons começam a chegar a região, e Yets começa a
planejar uma guerra.
Ele olhava os campos, sabia pela força delas, pelo
transbordar do rio, no sentido do vale, que a terra sentia a
presença de Fran, nunca o desejou mal, mas nunca quis a
relação dele com sua filha, uma guerra que começou a muito
tempo.
Ele se revoltou ao ver a filha se transformar em um
sapo, ele não formou família para sua filha recuar, sabe que o
poder das terras sempre foram dos descendentes das fadas
locais, os Soma, mas não queria sua única filha nesta relação,
não imaginava quando a afastou que ela estivesse gravida,
era uma desconfiança até agora, pois as forças da terra se
foram, pensou que manter a alma da filha ao quadro, um dia
ela o entendesse, mas parecia que mesmo ele, não conseguia
atacar Fran, ele entrou na casa vendo ela destruída, pensou
em ver ali ele já morto, mas viu ele na tina e não conseguiu o
fazer mal, talvez sentisse o poder dele, naquela forma que lhe
parecia fraca, mas que lhes dava a fartura a toda volta.
Os grupos se reuniam, ele sabia que alguns prestavam
ao rei mais admiração que a ele, embora ele tenha cuidado
deles durante o tempo ruim, sabe que mesmo sem declarar,
ele usou de má fé.
48
Os exércitos
começam a se
organizar, o rei estava
disposto a gastar um
pouco, estava usando
mais o poder do que
as moedas ainda.
Ele olha para a
nova esposa, para o
filho, seu reino estava
diminuindo, se tinham um local melhor, um exercito e a região
não era protegida pelos Trons.
A organização e declaração do Rei que teriam terras
melhores para trabalhar, fez até camponeses se animarem,
embora muitos tenham perdido tudo, nos últimos anos,
família, esposa, filhos, parecia que tendo novas terras, teriam
como obter novas famílias.
As terras a volta do castelo a mais de 5 anos pareciam
se recusar a fornecer comida suficiente.
Um exercito de pessoas magras e se praticas de guerra,
sendo preparadas para a batalha.
O rei nunca deixaria que o sobrenome da antiga esposa
sobressaísse sobre o dele em uma região de seu reino.

49
Fran senta-se a
montanha ao fundo,
vendo o deserto florir
a toda volta, uma
nevoa o cobria e
teriam uma linha de
grãos a toda volta,
sente as divergências
ao longe e vê Ilda
chegar a ele.
— O que está fazendo Fran? – A moça não conseguia o
chamar de pai, nunca tivera ele como pai, um desconhecido
em si.
— Quando sai daqui, a 10 anos, foi porque sua mãe
disse que sentia as guerras, que precisava achar aliados, que
as guerras viriam, o povo sofreria, lá fora parece fácil voltar,
mas os caminhos são longos, não como estes vales.
— E ela diria que as guerras ainda estão vindo.
— As vezes queria a entender, as vezes queria ela para
trocar uma ideia, as vezes jurava estar falando com ela, mas
fiquei sabendo que ela já havia morrido, então falava comigo
mesmo.
— E como vencemos?
Fran sorriu doido.

50
Os exércitos do
Rei estavam se
armando quando uma
soma de soldados e
reforços chega do
sudeste.
Eles pedem para
falar com o rei.
— Quem vem
nos apoiar?
— Soubemos que temos um inimigo em comum Rei
Demetrius, este reino de Soma, está sobre as suas, sobre as
de nosso rei, e de mais dois, acredito que assim como o Rei
Pedro nos mandou, devem estar chegando apoio vindo do rei
Martinus e do Conde Maximos, dizem que até o Rei Brumadus
esta organizando um grupo para batalhar.
— Agradecemos todo apoio, mas sinal que o reino está
crescendo para todos os lados.
— Nosso rei disse que as montanhas de Yamos
receberam neve depois de 12 anos, e o rio de mesmo nome,
que corre na direção de nosso reino, parece estar florescendo
as paragens do deserto, e quando nos mandaram verificar, 3
grupos de soldados sumiram, o rei mandou apoio, para que
entendamos o problema e façamos um plano em conjunto.
— Segundo os últimos que mandei lá e voltaram
recentemente, Fran de Soma voltou e está desafiado o Bruxo
Yets firmando que as terras são deles.
— Quem é este, nunca ouvimos falar?
— O antigo Rei que tinha na região, mas parece que não
havia morrido, tinha saído de lá por algum motivo.
— Acredita que ele seja um inimigo a altura senhor rei?
– Pergunta o soldado do rei Pedro.
51
— Pelo que dizem, este rapaz, fez fama em muitas
terras, muitos o conhecem como Fran, o Caçador de
Anomalias.
Os soldados do rei Pedro se olham e o rapaz fala.
— Vamos pedir reforços, devem estar ai em três dias
senhor, para partirmos todos juntos.
O rei viu que o rapaz despertava respeito, sinal que a
fama dele não foi feita apenas longe dali.
Os dias seguintes, 3 grupos estranhos surgem na
cidade, todos pareciam prontos a entrar em guerra, prontos a
ir de encontro com o desconhecido.

52
Yets olha para a
porta e vê alguns lideres
dos Trons, pareciam
temerosos e pergunta.
— Que cheiro de
medo é este, nem
parecem Trons.
Tito olha Yets e
fala saindo.
— Se não sentes
de quem é o cheiro, pensamos que estava precisando de
ajuda.
Tito sai pela porta e olha outros dois comandantes e
fala.
— Me relatem?
— As terras parecem desconectas, como se fosse um
campo de trégua, e não de guerra.
— Arma os nossos, não sei como enfrentar Fran ainda,
mas ele vai estar nos esperando.
Yets sai pela porta e olha os grupos organizados,
começavam a marchar no sentido do centro do Oasis, para a
casa de Linda, como todo chamavam, a maioria ignorava que
aquela era a casa do lago, alguns ainda lembravam, daquela
casa em meio ao deserto.
Muito menos lembrava do antigo lago, diferente do
atual, onde nascia o grande rio, correndo no sentido do vale.
Yets olha o porta retrato, olha para o campo e começa a
caminhar, os cães iam a frente.
Os Trons caminhavam vendo a terra onde pisavam
secar, como se não aceitasse a guerra, quando chegam a
beira do lago, este parece evaporar, a nevoa toma a região, e
quando o vento vindo de leste tirou a nevoa, quente, viram o
lago seco, as arvores vivas, que tinham de Drats o ser
53
respeitado, ele era o mais velho e experiente, não estavam lá,
como se tivessem se afastado do local, então os Trons olham
aquele lugar com a casa a frente, destino, mas sentiam o
problema.
Yets chega ao lago, contorna, o lago profundo e seco,
era algo quase instransponível, forçando o contornar, mesmo
sendo logo ali.
A casa estava lá simples quando Fran chega a porta,
olha para os Trons e fala.
— O que querem Trons?
— Viemos o tirar destas terras. – Tito.
— Não perguntei o que Yets quer Tito, perguntei o que
os Trons querem, vejo que o lago sente a morte em suas
almas, pois ele se retirou da batalha, vejo os insetos, se
retiraram das mortes, mas a pergunta, o que querem, pois
quem invade minhas terras, são vocês.
— Não defendeu nossa terra e volta depois de tudo para
trazer mais desgraça sobre as terras.
Fran olha para Yets mais ao fundo e fala voltando os
olhos a Tito.
— Posso sair Tito, mas comigo, levo minha fé, minhas
crenças, minha família, se querem voltar ao deserto, os
abandono.
— Não o deixaremos levar as meninas. – Yets.
— Se deixou levarem sua filha, porque era contra nossa
relação, porque não deixará as crias desta relação sair Yets?
A pergunta direta, faz Yets olhar, todos sabiam que ele
deixara, ele dissera para não atacar os invasores, viram eles 3
dias antes, tirou os Trons da defesa, 6 grandes e antigas
Arvores vivas morreram naquele dia, e Yets não se meteu,
uma leva de mais de 50 Somas morreram naquele dia, quando
a rainha viu que a única forma era se deixar levar, ela facilitou
para os seus não morrerem.
A saída dela, levou a fé junto, pois sentiram-se traídos, e
Yets ainda a colocou como cumplice e covarde, em meio aos
54
mortos, uma historia reescrita, pois os que a batalharam
morreram.
— Acha que eles acreditarão em suas mentiras Fran?
— Não vim mentir, vim cobrar de ti, o deixei responsável
pela segurança, você disse vai, eu cuido do povo, dos meus,
mais de 50 morreram, das arvores 6 dos mais velhos – Fran
olha para Tito – Mas nenhum Trons morreu, e ainda me
direcionam a palavra, covardes, se é esta a proteção que
darão a estas terras, lhes deixo nelas, mas todos vão para um
novo reino, não me interessa qual, pois Demetrius é um fraco,
o rei Pedro, uma pedra como dizem, estático e frio, mas a
pergunta Yets, quando deixar de os usar, fará com eles como
fez com os meus, induz eles a nos invadir e os deixa morrer?
— Sua amada se entregou a eles, ela escolheu o
caminho. – Tito.
— Agradeço a ela, pois os meus batalhariam até o
ultimo pela vida dela, mas nunca fomos de matar, então
acabamos sempre morrendo, somos como alguns dizem, a
magia destas terras, mas é que somos o adubo desta terra, os
que morrem enquanto vocês se escondem.
Tito olha para Yets, não pensara assim, ele fora induzido
por Yets, mas lembra dele dizendo para não avançar, para
aguardar, que os Soma dariam conta.
— Mas não deixaremos sair com elas desta Terra. – Yets
fazendo sinal para os Trons irem cercando o lugar.
Fran sorriu, eles nem imaginavam que as meninas não
estavam naquela casa mais, mas Fran toca o chão, e se ouviu
um estrondo no céu e todos viram a umidade tomar o ar, Fran
não era de matar, mas precisava de uma posição, e ninguém
ali parecia disposto a conversar.
Fran olha para as mãos, para o chão, olha os Trons o
cercando, Yets estava ao longe, o olhar do senhor induzia que
esperava que ele não enfrentasse, mas Fran não estava para
conversas, ele olha para a casa, junta as mãos, entrelaçando
os dedos, estica os braços a frente do corpo e meche eles
como se desse um golpe na casa, e os demais viram que Fran
55
iria enfrentar, a casa com o golpe se estraçalha, Fran solta as
mãos ao ar, e faz movimentos e os restos da casa começam a
voar em todo sentido, os Trons se desviaram, mas Yets é
jogado ao chão pelo cavalo que ele montava, que assustado o
joga ao chão.
A nevoa fica mais forte, raios ao ar, trovões correndo
entre as nuvens cada vez mais densas, e Fran faz uma
corredor de vento, jogando os Trons ao chão, os seres
tentavam se levantar e o ar os arrastava para trás, rentes ao
chão, os que se levantaram foram jogados longe.
Yets levanta-se e faz um sinal com as mãos, tentando
abrir o caminho, Fran sentiu a tempestade de areia, sorriu,
pois isto iria doer.
Os Trons viram a areia vir de todos os lados, e olham o
rapaz ao centro, afastando todo ar, o vento dele interagia com
os vindo pelo campo, e o que era uma tempestade de
umidade e uma seca, uma gira em torno da outra, formando
tornados a toda volta e os Trons eram arrastados por aquilo.
Yets olhava para Fran pensando que aqueles tornados
indo ao centro o pegariam, mas esqueceu que seus exércitos
estavam entre Fran e ele, os mesmos foram sendo tragados.
Fran faz um gesto com as mãos e os tronados começam
a inverter o sentido e começam a andar no sentido que estava
Yets, ele começa a fugir, pensando conseguir fugir do vento,
Fran foi caminhando lentamente e acompanhando ao longe
aquele vento.
Fran vê Yets corre a uma casa ao fundo, estranhou, pois
o vento não chegava a casa, lembra da forma da casa, sorri,
movimenta os braços e se vê os Trons caírem machucados e
tontos, a toda volta, caminha até a casa, onde Yets olha
assustado ele entrar.
A presença que Fran sentiu, foi algo que o perturbou,
ele sente a energia de Yets e olha-o.
— Pensei que apenas discordava de nossa relação Yets,
não que seria cruel com uma filha.

56
— Ela escolheu o seu lado, eu sempre sonhei ela ser
oferecida a um rei e me garantir uma boa vida, e você a
encantou.
— E porque não foi lá reclamar sua parte?
— Aquele rei não me ouvia, e Nata não me ouvia, ela
disse que preferia esperar uma vida sua volta a voltar e ver os
seus mortos por covardia minha.
— E resolveu a prender em uma magia de interação?
— Como sabe?
— Não sei, mas a senti, achava que ela estava bem por
a sentir bem, você quando a tirou de lá, não percebeu, eu
pensei que foi você que distorceu o tempo aqui, mas foi ela,
para que você não percebesse.
— Acha que pode comigo?
Fran sentia a presença, não precisava olhar para ela,
mas vinha de um objeto a estante e apenas fala.
— Não vim lhe enfrentar, você que foi me enfrentar
Yets, eu vim entender, não será comigo que se entenderá,
não será comigo e a mim que terá de se posicionar e explicar.
Fran passa a mão no porta retrato, sem olha-lo, o faria
se distrair, este era o perigo, não deu as costas, saiu da casa,
e caminha vendo os Trons ainda tontos ao campo.
Caminha pela terra voltando a vida, ao fundo Yets
olhava o rapaz e olha para o armário, agora sem a imagem da
filha.
Ele parecia não entender a força do rapaz.
Fran senta-se a beira de um riacho e olha para o porta
retrato, põem sua mão nele passando no rosto de sua amada,
e pergunta alto.
— Como desfaço isto amor, como? – Ele sentido tudo a
volta, entendera que ela não morrera e ouve em sua mente.
―Calma, foi apenas uma magia da Vara de Guets.‖
Uma lagrima corre ao rosto de Fran e ele começa a
voltar, tentando lembrar o que deveria fazer.

57
No lago do Ftuz
Fran, estava sentado a
cabana, sobre a mesa,
o retrato de Nata, ele
olha em volta, sentia a
magia, o sorriso no
retrato, mas sabia que
não seria fácil, ele
teria de passar a
frente a experiência, e
oferecer aos ancestrais algo que eles quisessem, algo que lhes
motivassem a devolver a vida sua amada.
O problema da Vara de Guets, é que é uma oferenda
aos ancestrais, foi a força de Nata, teria de oferecer algo de
igual ou superior poder, mas não disporia de suas filhas, que
nem o viam como Pai, teria de ser as suas forças, mas quais
eles considerariam de igual poder aos de Nata, que sempre foi
a força daquelas terras.
Fran olha para o retrato e este lhe fala a mente.
―Tem de achar algo que não destrua nosso amor, sei
que pode me julgar pelo desvio, mas não pode me condenar
por ter protegido nossas filhas.‖
―Não lhe culpo, sai para logo voltar e quase não consigo
voltar.‖
―Sabe as guerras que se armam?‖
―Descobri que fugindo das guerras, se entra em guerras,
que fugindo das obrigações, se conquista outras obrigações, e
na maioria das vezes, nada agradáveis.‖
―Sabe o que fazer?‖ – Nata.
―Sei oque, não como.‖
―Tens de reunir seu povo, ver o que eles sabem, pois
sabe que esta crença é dos Soma, não de meu pai.‖
58
―Tenho de pensar amor, tenho de pensar.‖
Fran olha para a porta e vê Dalma entrar, ela olha para
o porta retratos e pergunta.
— Oque tanto você quanto aquele Yets tanto olham
neste porta retrato vazio.
— O vê apenas vazio?
— Um lago, o de Mact, na divisa do reino do rei Pedro.
— Quer conversar?
— Você nos abandonou e chega agora para mudar tudo,
não gosto de mudanças, gosto da estabilidade.
— Alguém capaz de gerar transmutações em todos e
que quer estabilidade, realmente Yets não as instruiu, apenas
as acalmou.
— Yets sempre prometia que um dia nossa mãe voltaria,
que não a matara, mas que antes, teria de enfrentar o antigo
dono destas terras para que ela pudesse voltar a vida.
— Nisto ele está certo, provavelmente para sua mãe
voltar a vida, eu viro um vegetal, mas Yets nunca soube fazer
a linha de adoração aos Guets, como ele a traria de volta?
— Ele disse que sua morte a traria de volta.
— Minha morte, ele nem entendeu, tem de ser uma
doação por bem, por desejo de algo, acredito que eles devem
ter devolvido a vida ao deserto, com a oferenda de Nata para
eles, mas meu sangue não é equiparado ao poder de Nata,
então ele precisava de mais alguma coisa.
— Da localização, do instrumento e da rebeldia.
— Nunca falou para ele o que via no porta retratos?
— Ele não nos deixava olhar, ele parecia ter medo que
olhássemos para este porta retrato.
―Elas estão lindas!‖ – Nata.
— E me ajudaria a trazer ela de volta Dalma?
— O que ganho com isto?
— Uma mãe, um avô próximo e provavelmente o meu
afastar definitivo.

59
— Se iria fazer isto porque não o deixou lhe matar.
— Matar-me lhes tiraria as forças, isto inviabilizaria o
culto aos Guets, não quero perder por um detalhe bobo,
precisar estar vivo até o momento certo.
Fran sente alguém entrar pela porta, não olhou, pelo
cheiro sabia ser Linda, mas não virou-se.
— O que ele quer tentar?
— Uma oferenda aos Guets pelo que entendi, com as
três filhas presentes para tentar trazer Nata a vida novamente.
— Ele acha que consegue trazer a mãe novamente,
porque não falou antes, quase o matei.
— Pelo que entendi, ele veio para isto, não sei o que
nossa mãe vai achar dele aqui, mas sabemos que Yets não fez
o que prometeu, todo ano era algo diferente, um novo
desafio, uma nova missão.
Fran olha para Linda e pergunta;
— Poderia me responder apenas uma coisa?
— Se souber e quiser responder.
— O que vê no porta retrato?
Somente nesta hora Linda repara no porta retratos,
sempre que fora a casa de Yets ele escondia ou o virava para
a parede.
— Um espelho, o que mais, mas porque Yets me
esconderia uma imagem de espelho?
Nesta hora entra Ilda, que olha para o porta retrato e
fala.
— Mas ali não tem um espelho, ali tem a imagem deste
dai, porque Yets nos esconderia que já conhecia ele.
Fran olha para o porta retrato e fala, estava olhando nos
olhos de sua amada, não sabia se sorria ou ficava triste, mas
o rosto de preocupada de Nata lhe fez falar.
— Então está decidido, quem quiser tentar, amanha
cedo no lago de Mact, para tentar trazer a mãe de vocês de
volta a vida.

60
Fran se levanta e sai pela porta, vendo as três olharem
para ele, caminha até o lago que enchia calmamente e olha o
mais velho dos Soma, um senhor que as marcas do tempo em
seu rosto e corpo, diziam ter sobrevivido a muitas guerras.
— O que pretende filho dos Soma, herdeiro dos Soma,
guerreiro dos Soma, nosso Rei por Direito.
— Tudo que tens a volta grande Sábio, pode vir a se
perder se apenas uma delas deixar o deserto, e pode ser até
por bem, então quero entender o que preciso entender, sobre
as oferendas aos Guets.
— A rainha está presa como oferenda?
— Sim, sei que terei de oferecer algo de tamanho poder
para a tirar de lá, mas ainda não sei oque poderia a libertar.
O senhor faz sinal para andarem e parece que uma
nevoa toma a região, as moças olharam os dois seres
parecerem mergulhar na nevoa, e Linda perguntou.
— O que ele pretende, parece triste?
— Ele deu a entender que Yets é nosso avô; - Dalma.
— Ele parece querer o fim da dor, sinto isto nas
cicatrizes que não vejo ao espelho, mas sei estarem ocultas
em minha pele. – Ilda.
Elas veem ele sumir e ficam a conversar, veem Yets
surgir no terreno e olhar ao longe.
— O que quer Yets?
— Onde ele se escondeu.
— Ele está em Soma, sabe que nunca fomos a Soma,
que se entra por aqui, nossa mãe sempre dizia que não existe
cidade mais linda no planeta, ela tentava nos mostrar algo que
ela chamava de magia dos Deuses, um planeta na forma de
uma bola, que a magia dos Deuses fazia flutuar e girar,
gerando o dia e a noite, o rei odiava quando ouvia ela falando
isto, pois como ele dizia, a terra é plana.
— Ele me tomou algo, poderiam me devolver?
— Se ele tomou, peça a ele, não a nós.

61
— Se ele acha que desisti, não entende o quanto sou
teimoso, ele pode ter derrubado um exercito de Trons sem
batalhar, mas não quer dizer que vou desistir.
— Yets, sinta os ventos, os 4 reinos a volta vem contra
nós, unidos através do vale que dá em Bras.
— Ele mal aparece e já estamos em guerra.
— Não seja assim Yets, desde que nos trouxe para cá, é
dia sim e dia também de guerras, os Trons devem estar
cansados e gordos de tanto comer soldados. – Linda.
Yets nem imaginava que o porta retrato estava sobre a
mesa, então volta a sua residência.
Fran estava cansado, mas decidido quando ao
amanhecer surge naquela nevoa, e olha as moças.
— Podem desistir ainda.
— Sabe que Yets olha ao longe.
— Este seu avô talvez termine o dia pedindo desculpas a
uma filha, mas tudo indica que não estarei aqui para ver.
Fran, entra na casa e pega algumas coisas, entre elas o
porta retrato, o espelho de Linda, as facas de Ilda, e um
arbusto na forma de vara de Dalma, colocando em uma
mochila e saem no sentido do lago, onde os arvores andantes
estavam a toda volta.
— O que pretende Fran, não queremos o fim deste
paraíso, vem a divisa do reino das Pedras, do rei Pedro, isto
nos fez caminhar e vir lhe indagar onde vai.
— Vim ao lago, não sei se dará certo grande Drats, mas
pretendo resgatar o amor de minha vida, para que ela instrua
as filhas, e estas possam se afastar umas das outras sem
trazer desgraça para elas e nem para os locais que estão.
— Acha que ela foi presa ao lago, não sentimos ela no
lago.
— Ela foi oferecida aos Guets. Ela não esta no lago
grande Drats, ela está presa em forma, mas entendo sua
preocupação, ninguém quer guerra, embora eles se preparam
para a guerra.
62
— Ouvi rumores.
Fran chega a beira do lago, as três moças estavam ali,
ao longe ele sente o aproximar dos Trons, as costas deles,
Somas, as costas destes, quase toda a magia daquela terra,
que veio curiosa ver o que aconteceria.
— Se puderem ficar a volta do lago, pois não sei onde
ela surgirá e não sei se terá forças para sair sozinha da agua.
As moças viram que era serio, até mesmo Yets que via
ao longe, entendera o que ele tentaria, mas somente um
iniciado para tentar, e os Somas se recusavam a iniciar a ele,
ele os deixou morrer, sabiam não poder confiar.
Fran chega a beira do lago e pega a mão uma sacola de
tecidos, põem nela as 4 peças, prende ao braço, como um
adorno, pega na mochila resina das arvores, faz um circulo a
sua volta, o cheiro ficou agradável, pega uma leva de gravetos
e coloca lentamente sobre a margem do lado, estes
começaram a crescer.
— Guets, pelas honra dos Soma, pela magia dos Soma,
e respeito por seus ancestrais, ofereço o inicio de um ritual.
Os gravetos começaram a se ampliar como se fossem
criando um caminho sobre o lago, até o centro dele.
Fran olha aquele caminho e começa a percorre-lo.
Ao chegar ao centro, olha em volta, olha os seres todos
chegando a volta, e senta-se sobre suas pernas.
Fran tira o porta retrato e coloca sobre o chão de
gravetos, que flutuavam sobre o lago.
Pega a vara, o espelho e as facas, dispõem a sua volta e
fala.
— Pelos ancestrais, me dê a imagem.
Todos a volta veem a pequena camada de gravetos
começar a afundar, pouco mais de 10 centímetros, o piso
escuro e a agua, formam um espelho natural, e se vê a
imagem de Nata, e uma nevoa se ergue a frente de Fran.

63
Todos ficaram olhando a imagem da senhora,
encantados, enquanto Fran olhava aquele espectro lhe olhar e
perguntar.
— O que tens a oferecer que nos valesse a troca?
— Posso lhe dar toda minha força e vigor, toda minha
magia disposta neste corpo, magia em troca de magia.
Fran sente o frio, a nevoa pareceu o atravessar, algo
que pareceu lhe tirar parte das energias e o ser parrou a sua
frente e continuou.
— A rainha vale em forças, muito mais que você
pequeno Fran, algo que nos satisfaça, como suas filhas.
— Talvez não tenha olhado direito, mas minhas filhas eu
não darei a ancestrais, elas são a linha da historia, um
ancestral nunca deveria pedir para se cortar sua linha
histórica, pois morrerão.
— Nisto tem razão pequeno Fran, mas se não tens nada
que possa a substituir não teremos um acordo.
— Não aceitaria minhas vivencias e experiências?
Fran sente a nevoa o atravessar e fala.
— Boas experiências, boas vivencias, mas temos
vivencias mais espetaculares que as suas pequeno Fran.
Fran pareceu desconsertado, ele foi ao mundo atrás
daquelas vivencias, daquelas aventuras, e os ancestrais não
consideravam elas importantes, como podia confiar em
ancestrais, ele tateia a agua, levanta a faca, e atira no sentido
de Ilda que a segura, tateia o espelho e atira para Bela e
depois tateia a vara, ele estava desfazendo o acordo quando
atira a vara para Dalma e segura o porta retrato.
— Se querem algo de poder, chegam a pedir a raiz da
família, aprendem a mãe de uma família, não querem
experiências, que deveriam ser a força dos ancestrais, eu
caminho a guerra ancestrais, mas nunca me verão chamar os
Guets de meus ancestrais novamente, pois vocês deixaram de
ter importância, vocês querem força, como se nossas vidas

64
nada valessem, então, desfaço minha aliança com os Guets,
que não estejam sobre minhas terras.
O ser a frente olha para Fran com raiva, e fala.
— Quem pensa ser para nos desfazer.
— Um nada, como disse, nada que somasse a vocês,
então como nada, desfaço a aliança dos Soma com os Guets,
e que na historia seja traçada a escrita a partir de agora para
contar nossa historia, pois vocês não são mais de confiança
para o fazer.
Os Soma começam a se retirar, os Trons entendem que
nem a vida de Fran eles aceitariam para tal troca, e nunca
daria as três filhas como pagamento, então a historia mudaria
daquele dia em diante.
Fran olha para o porta retrato e uma lagrima lhe corre o
rosto, Nata sorri discreta e fala.
―Sei que é o certo amor, não se culpe, eles não tem
mais força, eles precisam de almas fortes.‖
―Peço desculpas Nata, por isto.‖
A imagem no porta retrato pareceu não entender, mas
Fran torceu o porta retrato e jogou ao ar, com toda a força e
falou alto.
―Que a vida dos Soma nunca mais passem pela criva dos
ancestrais, que os Guets deixem de existir em nossas
crenças.‖
O ser em nevoa olha perdido, o senhor foi tentar um
acordo, se ofereceu a ficar no lugar, eles não aceitaram, mas
esqueceram de ver que ele era o herdeiro dos Soma, o único
que poderia desfazer a aliança com os espíritos ancestrais,
Fran sente o corpo ser atravessado por aquela nevoa, que
tenta lhe tirar a consciência, as palavras, a vida, Fran
atravessado pela terceira vez olha para cima e vê a luz do
desfazer do encanto, sente o corpo mergulhar na agua,
enquanto fechava os olhos, como se suas experiências
estivessem sendo arrancadas dele, roubadas dele, ele sente
aquilo, e de uma hora para outra, toda a memoria volta e sai

65
novamente, na forma de luz para todos os lados, atravessando
as pessoas, e as coisas, enquanto Fran afundava ao lago.
Nata sente o corpo soltando-se sente a luz lhe tomar o
corpo e olha para Fran abaixo, ele desprendera a sua
existência da dos ancestrais, algo radical ao extremo, todos
olhavam para ela, sente seu corpo depois de dias, e olha ao
fundo seu pai, olha para a agua e sente o corpo descer
lentamente até a agua, mergulha a mão na mesma, e puxa
para cima o corpo de Fran, que parecia desacordado.
Anda sobre a agua até a beira onde as três moças a
esperavam, ela olha para as três e fala.
— Me ajudem a leva-lo a cabana, ele não está nem
morto nem vivo, mas não tem memorias, e sem memorias não
somos nada.
Enquanto a maioria das pessoas no deserto, sentiam
aquilo lhes atravessar, os conhecimentos de Fran, sobre
escrita, sobre magia, sobre as terras que os cercavam, Fran
era colocado a cama, olhando o infinito, como se não
estivesse mais ali, mas em seus lábios um sorriso.

66
As vielas de
Bras estavam
agitadas, mais de 4
exércitos somavam a
parte externa da
muralha, e seus
capitães estavam na
parte interna.
O rei ao chegar
ao tumulo da antiga
rainha, o cemitério dos reis era um luxo de adornos de
mármore, quando o povo era enterrado em pequenos buracos
comuns, onde se colocava não a família, mas toda uma região
do reino, o rei com sua comitiva chega a beira do tumulo, ele
sempre considerara que o poder ainda estava ali, em parte
pois o corpo de sua primeira rainha, ainda estava enterrado
em terras do reino de Bras, os serviçais tinha aberto a porta
do mausoléu da família real, e o rei vê a parte ao fundo como
se afundada, chega perto vendo a ausência dos ossos ou
restos da sua primeira rainha o vendo afundado, como se
tivessem roubado os ossos.
Chama o chefe da segurança e pede para determinar
quem esteve ali por ultimo, não admitiria roubo de túmulos na
sua cidade, que o responsável teria de ser achado e punido.
O rei volta ao castelo e olha para a atual esposa, seu
filho, sabia que mesmo ela sendo jovem, o menino sendo sinal
de prosperidade e da existência de um futuro rei, aquilo iria
bater no imaginário do povo, ele teria de reagir, teria de ir a
algo que nunca foi, ele decide ir a frente dos exércitos, os
soldados estranham, o rei não era mais um guerreiro, era um
gordo flácido.

67
O chefe dos exércitos do rei, tenta o desencorajar, mas
por fim consegue uma carruagem para que o rei acompanhe o
avançar do exercito.
O exercito começa a sair no sentido do vale, a avançar
no sentido do antigo deserto de Soma.
Ao fundo, depois de 4 legiões de soldados, de 4 reinos a
volta, vinha uma leva de pessoas ligadas ao rei, em carroças,
em cavalos, toda uma pompa não característica de uma
guerra, e sim de uma viagem imperial.
Nata sai a frente da casa, sente os exércitos e olha para
as arvores centenárias e toca o chão, a 6 dias de caminhada
de onde estava Nata, em meio ao vale do rio Vida, que gerava
a cada avançar a diferença, pois em partes planas gerava
áreas alagadas, verdadeiros pântanos, onde as sementes
começavam a surgir, mas em um desfiladeiro, ela imagina as
pequenas arvores se dispondo, uma distancia de quase 6
metros umas das outras, a magia as foi fazendo crescer, os
topos começam a se afastar umas das outras, e a distancia
que ao surgirem era de seis metros, agora não passava de um
metro entre as imensas arvores, de mais de 5 metros de raio,
as suas costas, depois de mais um metro, outra e outra
arvore, por mais de 100 metros do vale, de ponta a ponta,
encostando nas encostas íngremes, retendo em parte a agua
do rio, que corre entre as arvores, as vezes deixando suas
raízes um pouco visíveis, as vezes gerando uma pequena
queda de agua entre duas grandes arvores.
Nata pensa nas demais fronteiras e arvores começam a
crescer em todas as divisas, melhor não deixar uma
retaguarda desprovida, podendo receber um exercito menor
mas não menos violento por outra extremidade, ela olhava
para as filhas que pareciam perdidas.
— Temos de conversar filhas, cresceram e não me
parecem felizes.
As três se olham, elas achavam que nunca mais veriam
a mãe delas, elas foram induzidas a praticar a proteção do
local, medo de serem obrigadas a se casar como sua mãe o
68
fora, com um rei qualquer, mas estavam novamente diante de
sua mãe, e elas pareciam meio perdidas, como se não fosse
real.
Ilda a olha de igual altura e fala.
— Minhas lembranças eram de criança, tem de entender
a estranheza mãe.
Nata fez sinal para a pequena Ilda chegar perto e a
abraçou, ela não tivera ainda a chance, e vendo as duas se
abraçarem Linda chega perto, as abraçando, Dalma se
manteve longe a olhar para os campos.
— As três tem de entender o que controlam, e o que
podem vir a controlar, o caminho que se tudo isto desandar,
pode as transformar em rainhas, ou se entenderem suas
forças, lideres de seus povos.
— Mas porque uma rainha iria querer liderar quem já lhe
obedece por regra. – Linda.
Nata fez sinal para Dalma chegar perto e falou.
— Rainhas que seu povo respeita e fazem por que ela é
símbolo de prosperidade e poder, são rainhas mais fortes que
seus reis, são a essência que os reinos a volta perderam com
a vinda desta religião que transforma a rainha em peça de
mostruário, e não em rainha.
— Sabe que eles enforcam e queimam mulheres que se
destacam mãe, as acusando de bruxaria.
— Sei que estes cristãos não dão a outra face filha, mas
não disse para fazer bruxaria, não falei para ser um símbolo
por coisas de poder, pela magia, mas por entenderem o poder
dentro de vocês, isto é maior que magia em si, acham mesmo
que o vento obedece magias? Que os rios se evaporam por
magia, que as arvores aceleram no tempo por magia?
— Se não é por magia, porque seria? – Ilda.
— Pelo poder dado as herdeiras das fadas, pelo poder
de pedir pela terra, pelo pedir pelo ar, pedir pelos mares, não
é magia que faz isto filhas, é controle, o de vocês se
aprenderem a fazer.

69
— Se podia tanto, porque Yets a deteve?
— Filhas, os caminhos não são fáceis, mesmo
enxergando o que vai acontecer, erramos por não
conseguirmos olhar o todo, depois de acontecido é fácil falar,
porque não fez isto ou aquilo, mas vivendo, as coisas são
diferentes, Yets é meu pai, avô de vocês, e ele nunca quis
minha união com Fran, ele achava que teria um mundo de
abundancias se oferecesse a filha a um rei e ele aceitando,
passaria a ser de um corte, com seus empregados.
— Mas se ele queria isto, porque ele não exigiu do rei a
parte que lhe cabia?
— Primeiro, eu me entendi com o pai de vocês antes,
através de minha gravides, mesmo nos primeiros dias, todo o
poder das fadas Soma, que não são bonitinhas como as dos
contos, são sapos bem avessas a algumas coisas. Quando
Fran saiu, ele não sabia da gravides, eu comecei a ter visões
de guerras, e meu medo pediu para ele sair e entender o
problema, achar um caminho que evitasse as mortes, com a
saída dele, seu avô espalhou nas redondezas que o rei havia
morrido e que a rainha estava só, o rei Demetrius manda me
capturar para anexar as terras de Soma ao seu reinado, mas o
que deveria ser o chegar e me levar, foi uma guerra, que me
entreguei para não ver mais Somas e Arvores Andantes
mortas. Então o rei não conquistou minha mão dada por um
pai, e sim a força, ele não ouviu Yets que com raiva começa a
treinar os Trons.
— E porque os Soma não nos ajudaram quando
voltamos?
— Seu avô queria acesso a cidade de Soma, eles não os
ajudaram, pois as levariam ate a cidade deles para as instruir,
e vocês poderiam vir a convidar ele, que levaria todos os
Trons para terminar algo que ele não conseguira antes.
— Mas porque ele odeia os Soma?
— Ele viu neles e os culpa, por terem atrapalhado seus
planos, ele criou expectativas que com meu relacionamento
com Fran, virou apenas planos.
70
— Mas se a cidade de Soma é tão incrível, porque Yets
iria querer ir ao reino vizinho.
— Beleza depende de ponto de vista, para Fran, a vida é
bela, a arma feia, as flores são bonitas, o dinheiro, metal sem
utilidade, a beleza não está no objeto, e sim na forma que as
pessoas olham o objeto.
— Quer dizer que a senhora acha Soma linda, mas
podemos ter horror a cidade?
— Enquanto não sentirem o poder vão sempre a achar
feia.
A conversa entre mãe e filhas se arrastou um bom
tempo, as iniciando no sentir, algo que aprendera com Fran,
ele o fizera muito mais naturalmente;

71
Anoitecia
quando Nata ouve um
uivo a porta e vai a
ela e ouve Tito falar.
— Nosso
respeito rainha, mas
como podemos
ajudar?
— Ele não está
bem para guerras, mas elas vem a nós da mesma forma, mas
tenta se manter longe.
— E como vamos vencer?
— Não sei ainda, mas o que queria falar?
— Perguntar como ele dividiu seus conhecimentos, todos
pensando que ele estava deteriorando e ele antes de cair a
agua distribui seus conhecimentos.
— Ele distribuiu o que os Guets disseram não ter
importância, ele distribuiu a todos uma forma de passarmos a
historia a frente, sem depender de magia, de adoração, nos
dando liberdade de viver e termos nossos registros.
— Isto que ele foi aprender?
— Acho que demoraremos os 10 anos que ele esteve
fora para entender tudo, mas ainda não sei como recuperar a
memoria dele, teremos de defender os locais, mas se puder
perguntar a todos como ajudar, eu aceito a ajuda Tito, pois
não sei como posso enfrentar isto sem o rei, sem a magia dos
Soma, sem um caminho fácil para andar.
Ela o convida a entrar e o rosto de perdido, de não
saber nem quem era de Fran, lhe dava um rosto caído, sem
expressão.
Tito olha para a rainha e fala.

72
— Vou ver se alguém ainda lembra de um encanto de
memoria, pois bem quando precisamos do rei, ele se vai,
embora acredite que os Trons deem conta dos invasores, sei
que ele voltou para algo diferente.
Tito sai pela porta e os seus irmãos chegam ao lado e
ele pergunta.
— Onde esta Yets?
— Porque Tito?
— Ele disse a todos nós que Fran havia morrido, ele
afirmou que ele se afastou para viver a vida, ele nos passou
pouco antes de ter sua memoria tirada pelas aguas, as
experiências, ele procurava uma forma de virarmos um reino
respeitado.
— Acha que ele vai tentar algo?
— Sei que ele conhece todos os feitiços desta terra, ele
as estudou, precisamos das bruxas das copas, para trocar
ideias, e falar com os Drats, ver se eles lembram de algo.
Os Trons saem em vários sentidos e Tito corre pelo
campo até a casa de Yets e o vê a varanda.
— O que quer Tito, não vê que estou pensando.
— Todos estamos Yets, quando iria jogar com a verdade
com os Trons?
— Eu não menti.
— Estou tentando ainda lhe ouvir Yets, você nos tornou
em exércitos, você nos instruiu em ataques organizados, mas
se é para nos trair no fim, preciso saber.
— Eu não os trai.
— O que é verdade para você Yets, você mentiu sobre o
rei, sobre a morte de Nata, sobre o poder das meninas, tudo
para ter acesso a Soma, teríamos o acompanhado e destruído
eles se pedisse, sei que faria e não teria perdão, mas
deixamos milhares de Somas morrerem, pois nos mandou ficar
olhando, nos fez matar milhares de seres em Bras, para uma
captura, você não queria as meninas e sim a filha.
— Veio me desafiar Tito?
73
— Eu vim conversar, pois se não recuperarmos o rei a
tempo, mesmo em quantidade, perdemos, não porque não
podemos ganhar, mas porque as forças do rei não deixarão os
Trons defender as terras.
— Do que está falando?
— Ele não tem memorias, ele as distribuiu, você sabe,
está ai a ouvir seus próprios pensamentos, mas se prestou
atenção, existe uma contra ordem para toda ação de defesa
que não for pelos Soma, pois todos que nãos se consideram
parte do reino de Soma, não terão apoio da terra para
batalha, e não quero entrar em campo como antes, com a
terra nos segurando as patas.
— Estas guerras foram a anos, a terra não nos detêm
mais.
— Não tentou correr pelo jeito Yets, estamos todos
presos, precisamos ajudar quem estabeleceu isto a mudar
isto, senão não seremos um exercito, seremos alvo.
— Nunca entendo as formas de batalha destes sapos,
eles me irritam.
— Eles morrem para a sobrevivência dos demais, qual a
novidade Yets, sempre foi assim.
— Mas parece algo distorcido agora.
— O rei deles está estático por ausência de memorias,
como podemos fazer ele voltar, já que ele deu sua ciência
para que todo ser deste oásis, soube-se oque os Guets tinham
recusado. Mostrando para todos que eles não se preocupavam
com a historia e sim com a força dos seres.
— Acho que talvez as bruxas das copas saberiam
devolver parte disto, mas não sei se vão querer.
— Todos pensando neles próprios, como vamos vencer?
– Tito, voltando a andar pelos campos para as florestas,
deixando Yets a olhar os Trons ao longe, eles pareciam querer
ficar e ao mesmo tempo, não conseguir ficar, a contradição do
cão.

74
O exercito
avança pelo deserto,
olhavam ao longe a
região que deveriam
estar protegidos da
areia, o vale do rio da
Vida, que diziam estar
a um dia sem correr,
eles não imaginavam
que uma barreira de
agua estava se
formando do outro lado.
Se via que em certas partes o rio correra, pois nas
laterais sementes tentavam brotar, mas gerava junto ao rio as
vezes locais bem arenosos e úmidos, os cavalos passavam
com dificuldade.
A carroça do rei atola em uma passagem neste areal que
agora formava um meio pântano sem nada além das areias
fofas que atolavam as rodas da carroça, atrasando a ida.
Alguns soldados descem de seus cavalos e prendem
cordas na carroça e nos cavalos e ajudam a desatolar o
mesmo, perderam meio dia fazendo isto.
Alguns exércitos iam mais a frente e olham aquela
parede ao longe, algo que iriam chegar perto, mas que
pareciam tomar todo o vale, imensas arvores.
Alguns soldados do reino de Pedro olham aquilo, era
sinal que as terras voltaram a ter o poder de interferência,
diziam que o bruxo local instruíra 3 bruxas de proteção, eles
não comentavam as fofocas, mas estas arvores, que agora
deixavam passar muito pouco do rio, pela diferença entre elas,
arvores que tinham mais de 80 metros, todo vale parado
naquela proteção natural.
— Como enfrentamos isto? – Pedro VII, um jovem que
herdaria o reino de Pedro, quando seu pai se fosse.
75
— Os rapazes tem machados, vamos derrubar, pode
demorar, mas cada arvore destas vai nos atrasar alguns dias.
— Então vamos revezar e um grupo parou outro assume
ate estas arvores nos darem passagem.
O rei chega divisa que a muito não era respeitada, o rei
dizia ser dele as terras, mas nunca foi a elas, e se vê aquelas
arvores com distanciamento de não mais de meio metro entre
elas, e um metro depois, outra linha de arvores, isto por mais
de 100 metros, um muro de arvores, os soldados estavam a
cortar a mais de um dia, então ele viu aquele surgir de um
caminho, não como os primeiros, apenas uma muralha de
madeira. Dia e noite os soldados foram derrubando aquelas
arvores centenárias de poucos dias.
Pedro VII olha o soldado em um acampamento dos seus
e pergunta.
— Meu pai não falou quem era o Rei dos Soma.
— Acha que ele nos enfrentaria? – Um soldado.
— Estava no caminho das Dracteas, sei que os religiosos
espalham que foi a cruz que eles levavam a frente que venceu
aquela imensa família de aranhas gigantes, mas vi o rapaz
entrar nela e tentar conversar com as mesmas, dava para
sentir a vibração da fala dos seres no ar, ele batia uma espada
contra uma pedra em sintonia, como resposta, lembro dos
religiosos recuarem quando uma imensa Dractea surgiu no
caminho, ele a encarou com respeito, mas firme, todos nós
estávamos tensos, não sei o que ela falou, mas ele empunhou
a espada, vi as Dracteas ao fundo recuarem, a que estava na
frente dele, mais de 4 metros, fazer aquele barulho para saber
exatamente onde ele estava, ele ficou ali estático, todos nós
recuamos, a Dractea lançou aquela gosma que ela usa como
corda, ele esticou a espada a frente, a mesma pareceu ficar
presa na teia e todos viram ela o puxar ele pareceu correr no
sentido, quando a Dractea percebeu o movimento, já estava
com as patas presas pela sua própria arma, os demais depois
que ela estava amarrada chegam lá para fazer toda aquela
mesmice, mas eu o vi em ação.
76
— E pretende fazer oque príncipe?
— Vamos avançar, todos sabemos que usamos terras
dos Soma, não havia rei, então não havia quem reclamaria, o
rei de Bras está preocupado porque se dizia dono destas
terras porque tinha casado com a rainha, mas se o rei está
vivo, o casar com a rainha não lhe daria as terras.
— E mesmo assim vamos enfrentar, dizem que depois
das arvores vão estar os Trons.
— Sei que não será fácil, mas teremos de ver o que está
acontecendo, antes de começarmos a batalha, mas se Fran é
o rei de Soma, mesmo meu pai lhe deve respeito.
— Certo, temos de saber se é ele, mas não falou o que
pretende príncipe.
— Amanha cedo um mensageiro vai levar ao meu pai
uma mensagem, dependendo do que ele falar, vamos a
guerra.
— Não quer entrar em desacordo com seu pai, entendi,
mas pelo jeito respeita este rapaz.
— Quem o vê pode não dar valor, mas é alguém que
conhece este mundo como poucos, pois dos nossos, poucos
sei que enfrentariam um Dractea, o que é um Trons
comparado a uma Dractea?
O soldado sorriu.

77
Nata olha os
demais seres do reino
e em uma reunião
resolvem proteger os
pequenos, o
continuação e se
preparar para uma
batalha que poderia
ser rápida, ou muito
demorada.
Todos são
levados a cidade Soma.
As fadas da copas, vendo que Nata estava pensando em
proteger o futuro, olham-na com o respeito que uma rainha
deveria ter, e uma chega a frente dela, prendendo as patas na
arvore, aquela pequena perereca de poucos centímetros,
verde com branco olha Nata.
— Não sei se nossa ajuda resultaria em memoria Rainha,
mas podemos tentar.
— Nem sei o que teríamos de fazer? – Nata.
— Nos encontre no vale do rio da Vida.
— Os exércitos estão chegando.
— Sabemos, mas ainda estão cortando as arvores, é
dolorido ver copas imensas caírem, mas entendo a ideia, teria
de ganhar tempo, e não poderíamos dar a mesma proteção,
sem desgastar-nos.
Linda olha para a pequena perereca balançar um dos
dedos no ar e ela sumiu, deixando um rastro de energia,
parecia que ela havia se tornado em uma luz, mas é que ela
apenas não estava mais lá.
— O que esta pequena perereca fez mãe? – Linda.

78
— Estas são as fadas das copas, sei que todos esperam
seres bonitinhos, mas a proteção das florestas estão em
grande parte nos seres que os demais ignoram.
— Fala serio mãe?
— Sim, eu vou a região do vale do rio da Vida, ajuda a
proteger os pequenos indicando o caminho do lago.
— Vamos nos esconder?
— Eu pretendo enfrentar filha, se vão estar junto a mim
é escolha de vocês, através de sei pai entrei para os Soma, e
os Soma são os que defendem a floresta.
Nata sai a andar, sente o ar, e flutua indo ao sul, vendo
o rio correr, as margens já com gramíneas, a areia se
tornando vida.
Ela estava passando quando ouve um chamado e olha
um grupo de pequenas pererecas sobre um imenso carvalho.
— Como podem nos ajudar? – Nata.
— A memoria é parte da vida, ele não abriu mão dela,
ele a distribuiu, só temos de fazer um ritual de volta, nem que
parte, a informação está gravada nas paredes do vale, se
olhar onde existia um vale hoje existe vida, você a sentiu, pois
ele deixou toda a informação ai.
— E como fazemos para devolver a ele isto?
— Consegue sentir a informação? – A pequena perereca
olhando a moça, tomando o tamanho de um ser de Soma.
— Fazem parte da família de Soma?
— Isto que ele não terminou de lhe contar, ou ainda não
teve como, mesmo seu pai, é parte da família de Soma, mas
ele só verá isto, a cidade, quando ele parar para admitir que
faz parte do reino de Soma.
— Não entendi.
— Tudo que nos cerca, faz parte do reino de Soma,
lembra quando ele lhe falava da magia dos Deuses que
deixavam um mundo sem cantos, arredondado, flutuando no
ar, girando, o que gerava dia e noite?

79
— Sim, ele dizia que este era o mundo de Soma, que um
dia o veria e entenderia, que todo poder está na terra, que
tudo que sabemos tem como destino a terra, que todo
conhecimento dos mundos são parte de Soma, ele falava dos
ancestrais mantendo a historia, mas ele brigou com os
ancestrais.
A moça muda de forma novamente e começa a subir na
arvore, muito alta, sobre o penhasco, Nata viu que iriam subir,
começa a flutuar, chega a um galho bem alto e vê a pequena
perereca que lhe olha e fala.
— Agora olha o contorno de toda nosso reino minha
Rainha.
Nata olha em volta, primeiro vê as arvores sendo
cortadas, depois olha o fim do vale, estava olhando para a
cidade bem ao longe e ouviu.
— O contorno de tudo Rainha.
Nata olha as montanhas ao fundo, olha em volta, olha
para todos os lados, olha que vendo de cima, se via que era
arredondado para todos os lados, não era um mundo no lago
que Fran estava falando, ele estava falando do mundo todo,
ela olha o sol se pondo e olha no sentido oposto, entendeu,
ele se poria, pois eles giravam, e quando chegasse no outro
extremo viria mais um dia.
— Esta me dizendo que o mundo de Soma, é o todo?
— Sim, este é o reino de Soma, dos descendentes das
Fadas, logico que eles nunca gostariam desta nossa forma,
mas entendemos os deuses Nata, se fossemos como os
religiosos pregam, seriamos caçados, teríamos de nos
esconder, assim vivemos próximos e mesmo assim, longe da
ciência deles.
— Mas como trazemos ele de volta?
— Vamos a casa, agora sabe porque sentiu aquele
aperto no peito, a guerra acontece em todos os cantos deste
mundo, achou que era a guerra chegando a nós, mas era
apenas a natureza destes que vem a nós, violência.

80
— Então vamos, pois eles devem terminar de abrir um
caminho esta noite.
A pequena perereca muda de forma, e outras surgem
em vários galhos, e começam a voar no sentido da casa que
Fran estava deitado.
As irmãs olham o aglomerado de luzes vindo de todos os
lados, todos viram as fadas, varias formas, farias
determinações vindo de todos os locais, as fadas dos rios, a
fada dos lagos, a fada dos pântanos, a fada dos vales, as
fadas das copas, todos pareceram se direcionar para aquele
lugar, os rapazes que cortavam as arvores, olharam aquela
gama de luzes pequenas, mas bem brilhosas passarem sobre
eles, atravessando as frestas das arvores indo no sentido que
eles iriam no dia seguinte.
Nata para a beira do lago e olha para a soma de luzes
que vinha de todas as partes e ouve.
— Traz ele para fora, e senta ele a beira do lago.
Nata olha para aquelas fadas, esta era a imagem que
muitos faziam das fadas, seres de luz, ajudou Fran a sentar-
se, ele parecia lhe sorrir, mesmo sem saber quem era, ela
senta-se ao lado dele e a pequena fada para a frente deles e
olha para Fran.
— Poderia me dizer seu nome?
— Não consigo lembrar. – Fala ele olhando para baixo.
— Vou lhe falar algumas coisas, tenta manter estas
coisas na mente.
— Vou tentar, vejo que hoje vamos ter uma noite de luz.
— Sim, mas lembre, seu nome é Fran de Soma, repete
comigo, Fran de Soma.
— Fran de Soma.
— Lembra que tudo a sua volta, lhe respeita, mesmo os
que lhe odeiam, lhe respeitam.
— Porque me respeitam, nem sei quem sou.
— Repete comigo, eles me respeitam.
— Eles me respeitam.
81
— Fran de Soma.
— Fran de Soma.
— As palavras agora são difíceis, mas tenta as repetir.
— Estou tentando.
— Eu Fran de Soma, pelo respeito que todas as energias
deste paraíso tem a mim, peço o pouco que me deixaria viver
com consciência, que as aguas me forneçam a base, o ar as
historias, as folhas o conteúdo, os cheiros o amor, e as raízes
minhas forças para levantar os meus.
Fran repetiu a frase e as luzes das fadas pareceram
iluminar os dois, com muita força, a nevoa do lago o cercou,
as folhas das arvores os atolaram em folhas, o vento varreu
isto para longe, e as raízes os cercaram, a luz pareceu ficar
forte, Fran fecha os olhos, e seu corpo cai para trás, as
lembranças começam a voltar, como um sonho.
Nata olha a pequena fada que fala.
— O coloquem na cama, pela manha saberá pelo menos
a parte da historia que nunca deveria ter esquecido.
— Obrigada.
— Rainha, nosso respeito, por anos pensamos que havia
morrido, não imagina a alegria que seu companheiro nos
trouxe quando lhe trouxe para nosso convívio novamente, nós
é que agradecemos sempre.
Nata leva com ajuda de Ilda Fran para dentro, ela viu
que ele dormia agitado, não sabia se ele lembraria de algo,
mas as fadas vieram ajudar, e aproveitou para explicar para
as filhas, quais eram os formatos das fadas, quais seus
poderes, quais suas interações, o caminho para a conquista
dos dons de Soma, que agora ela entendia ser o planeta que
habitava, embora não tinha a palavra planeta em seu
vocabulário, ela apenas chamava de Soma.

82
Fran acorda e
olha para Nata, sorri,
ele não sabia quanto
tempo estivera fora
do ar e pergunta.
— Como estão
as guerras?
— Voltou amor.
– Nata
Ele a abraçou e
sentaram a olhar o agito, e ela o falou sobre os desígnios da
floresta, da ajuda das fadas.
— Tem de instruir as crianças sobre as Fadas.
— Já falei disto ontem, mas tenho de falar dos poderes
delas, não parecem prontas.
— Nunca se está pronto para o poder das Fadas, pena
não ter a calma da volta, para poder curtir este momento
Nata.
— Sei que tem de correr os limites, que tem de reunir as
forças, nem sei se está pronto para isto?
— Desde quando os Soma esperam estar protos para
enfrentar, embora espero poder evitar a guerra.
— Se pretende a evitar, deixo sair de meus braços, mas
tem de prometer que vai voltar.
Fran sai no sentido das tribos de Trons.
Fran para a frente de Tito e fala.
— Tem um tempo para conversar Tito?
O Tron olha para Fran, o ver de pé foi algo que o fez
sorrir, pois ouviu sobre as fadas virem de todas as partes para
ver Nata, mas ainda ninguém falara o que elas foram fazer.
— Bom lhe ver olhando aos olhos Fran, lhe devo
desculpas.

83
— Na verdade eu lhes devo desculpa, nunca os olhei
como espécie a treinar, deixei sempre para depois, e quando
alguém o fez, os iludiu, pois não me conheciam.
— Nos proibiu de ir a guerra, porque?
— Disse que não nos conhecemos, o que lhe barra é sua
mente Tito.
— Mas impôs que os que não são parte do reino de
Soma, não a podem defender.
— Todos estamos no reino de Soma e dele fazemos
parte, mas sempre esqueço que apenas a informação, sem a
detalhar, pode ser mal interpretada.
— Mas nunca fomos de suas terras.
— Já viu uma fada Tito?
— Ontem vi uma fada, algo incrível em luz e esplendor,
vi que ela estava falando com você e Nata, não conseguia
ouvir, pois era um canto fechado, mas sim, vi.
— Você sabe a resposta Tito, pois está nas leis desta
terra, somente os das Terras de Soma, que a conhecem e
reconhecem como suas terras veem as fadas de Soma.
— Está dizendo que somos parte?
— As fadas ao se mostrarem aos Trons, lhes colocam
como parte de seu reino, não eu, sou apenas um candidato a
rei dos Soma, mas o reino Soma, este é imenso.
O grande lobo sorri e olha para os demais, o sorriso fez
outros chegarem perto e ouvem.
— Saiba que o temos como nosso rei, pois dividiu com
nós parte de suas aventuras, de suas vivencias e seus medos,
somente um rei para dividir com nós seus medos.
— Saibam que a guerra pode ser muito difícil.
— Estará lá?
— Tenho um reino a conquistar, a manter a mostrar
meu valor um reino que insiste em não fazer parte de nada,
com um rei que parece ignorar a própria historia, o próprio
povo, as vezes até eu tenho de me impor sobre eles.
— Estaremos lá em formação.
84
Fran sai dali e vai a casa de Yets, bate a porta.
— Yets olha Fran e pergunta.
— Lembrou de algo? Ou ainda é uma ameba bem
quando seu povo precisa de você.
— Continua afiado Yets, mas sim, voltei, nem sei quanto
tempo fiquei sem memoria, mas a pergunta, vai a guerra com
os seus ou vai se acovardar como na primeira vez que vieram.
— Sabe que não me acovardei.
— Prefiro o ver como um covarde do que como um
traidor dos seus, pois para mim, para os Soma, morte é
renascer, para os Drats, é a morte de muita vida, de muitas
sementes que deixam na próxima primavera de ir ao ar, de
muitas folhas que deixam de adubar o solo, então por mim
não existe motivo da guerra, que travou em sua mente, mas
terá de escolher, pois poderíamos ter um reino, poderíamos
ter paz, e estamos em eterna guerra, então se estiver lá,
saberei que ainda é parte desta família Yets.
— Vai erguer todos para a batalha?
— Nata protegeu os pequenos, os Drats estão subindo
as encostas, eles são lentos, mas longe dos machados ficam
mais eficientes.
— Sabe que suas memorias nos tiram a concentração,
pelo jeito fez historia por todo lugar que passou.
Fran não respondeu e foi falar com os Drats, depois
passou em cada um dos grupos daquelas terras para os reunir
para guerra, agora por suas terras.

85
Nata olha as
filhas e começa as
reunindo na frente do
lago.
— O que precisa
mãe? – Ilda.
— Queria
mostrar para as três
Soma, a cidade.
As três olham a
mãe estranha e Dalma pergunta.
— Não era um segredo seu e daquele senhor.
— Acho que ainda tenho algumas coisas a mostrar, a
escolha é de vocês, mesmo sabendo que já falei muito das
fadas.
As meninas olham a mãe que começa a caminhar, as
três a acompanham, veem ela levantar as mãos suavemente e
uma nevoa tomou o caminho, elas atravessam e sentem a
falta de agua, estavam no fundo do lago.
―É apenas respirar, calmamente‖ – Ouvem em suas
mentes.
As três se olham sem saber onde estavam, estavam em
um lago, agua para todo lado, olham o quanto era claro, e
voltam a ouvir em suas mentes.
―Aqui não se fala, se pensa forte, e todos ouvem.‖
Linda com dificuldade olha em volta, abrindo os olhos,
olha as mãos, viu as membranas entre os dedos surgirem,
olha em volta, não tinha nada de bonito ali, era um fundo de
lago, sem nada de mais a observar.
―Esta é Soma?‖ – Linda.
As demais olham em volta e Dalma olha para a mãe e
pergunta.

86
―Como podemos respirar dentro da agua, como
podemos nos falar mentalmente.‖
―Se sou rainha de Soma, vocês são as princesas, podem
querer não ser, mas são, muitos ainda temem vocês aqui, pois
sabem o quanto são apegadas ao avô de vocês, mas os que
temem são os que não deveriam se dizer Somas‖
―Mas estamos onde?‖
―Isto é parte de Soma, mas somente quando sentirem o
poder das fadas das aguas, poderão ver a cidade‖
―Mas porque, se os demais foram protegidos na cidade
eles a podem ver‖. – Linda.
―As partes secas, onde seres sem magia podem viver,
sim, mas querem apenas um detalhe da cidade?‖ – Nata.
Nata explica para as filhas, o poder das Fadas, o poder
dos Soma, que todos chamavam de as Fadas das Aguas, e
toda a espécie de poderes contidos na agua, o tempo, a vida,
a morte, a distorção de tempestades, o que um pouco de sal
fazia a agua, preparando as filhas para um enfrentamento.
As 3 olham aos poucos a cidade surgir a volta, primeiro
os prédios de conhecimento, depois os de moradias, era
energia pura, sem a ver, achariam um fundo de lago, mas a
toda volta começa a surgir uma cidade de energia, energia em
varias cores, energia das aguas, energia dos de Soma.
Quando Nata começa a voltar, as três queriam ficar, mas
era hora de descansar, e Nata ainda estava querendo os
braços de seu amado, para poder se dedicar a batalha.

87
Pedro VII
recebe a carta do pai,
olha os demais e fala
vendo a ultima
madeira cair.
— Vamos nos
preparar pessoal.
O rei Demetriu
vê os exércitos de
Pedra se preparando,
olha os demais se
armando, viu quando a ultima arvore caiu do outro lado,
formando uma ponte estreita demais para passar além de
cavalos, os rapazes começam a montar e se viu Pedro VII ir a
frente.
Carlos de Yago olha para Pedro e pergunta.
— Olha que toda esta pressa para enfrentar Fran, não
imaginava de vocês.
— Os rapazes vão montar acampamento e pretendo ir a
frente, se quiser acompanhar príncipe, quero ver se
precisamos de uma guerra ou de um acordo.
— O que seu pai acha disto?
— Quando ele soube que o rei havia voltado e soube
que era Fran de Soma, o mesmo que enfrentou as Dracteas
lhe permitindo o retomar de duas vilas a beira do pântano das
Pedras, ele mandou conversar.
— Pensando em desposar uma das meninas?
— Se elas ainda estiverem vivas, melhor que uma
desconhecida de longe, dizem que a mãe delas era linda.
— O rei a mandou roubar destas terras, dizem que
perderam dois destacamento inteiros e o rei nem estava nas
terras.

88
— Disto que falo, as terras a protegiam, o rei mandou
calar os que falavam do poder da terra, pois agora ele se
converteu, mas todos seguem uma segunda crença na região.
— Acha que ele conversa conosco?
— Espero que sim, não sei exatamente se é ele, vim
verificar, mas sei que se for Fran, o caçador de anomalias, ele
sabe bem como enfrentar um exercito.
O cavalo dos príncipes passa lentamente sobre a lateral
da arvore que lhe servia de ponte sobre o alagado após as
arvores, os dois chegam a parte interna, bem diferente da
externa, pura areia, ali tinha verde para todo lado, arvores, e
a estrada que na parte externa era tomada pela areia, ali era
calçada, lhes indicando o caminho.
Avançaram quase que duas horas sem ver nada, apenas
a beleza do local, os dois príncipes olham que os Trons os
olhavam ao longe, reparando que eles apenas observavam,
olham acima das grandes paredes do desfiladeiro, grupos
inteiros de Trons de um lado, do outro as famosas nos contos
da região, mas pouco vistas Drats, as arvores vivas.
Viram depois de um tempo um grupo estranho que lhes
abre o caminho, as peles lisas e olhos grandes, armados para
a guerra, estavam todos prontos para a batalha e Pedro falou.
— O rei acha que vem a uma conquista.
— Ele esqueceu do que mandou matar para não
falarem, estamos vendo as lendas se levantarem. – Carlos.
Os dois olham a casa simples e um rapaz que os dois
conheciam, não por rei, ao lado dele uma moça, linda, sabiam
a descrição da rainha, não sabiam o que havia acontecido,
mas lhes pareceu que o Rei mentiu que ela morrera, para não
dizer que ela veio as terras, pois ele teria de justificar um
reino com rainha ao lado.
— O famoso Fran agora é rei? – Pedro.
— A verdade não cabe em palavras príncipe, o que veio
falar.

89
— Meu pai mandou os seus guerreiros a batalha, mas
por não saber quem era o rei que tomava as terras de Soma,
ele parece ter perdido interesse de enfrentar o rei, ele sabe
que as Dracteas vieram no sentido de Soma, você não estava
as derrotando, estava as mandando para casa, mas para nós
passou desapercebido.
— Veio acompanhado de quem?
— Príncipe Carlos, ele volta a região depois de anos de
estudos longe, para começar a se inteirar dos problemas do
reino do pai dele, mas nem sempre temos um adversário que
nos recebe, eles apenas enfrentam.
— Mortes sempre tem de ser evitadas, sei que as vezes,
me viram matar um ser da terra, mas todo ser da Terra de
Soma, que não respeita a própria Soma, não merece viver.
— Vejo que espera a guerra.
— Pedro, eu não os estou atacando, eu levantei minhas
divisas, pois sei que caminhos fáceis são apenas facilidade
para desentendimentos.
— Meu pai recomendou conversar, e dar boas vindas as
terras vizinhas, meu pai lhe deve parte do reino que não era
mais dele.
Carlos olhava para o príncipe recuando das ideias, não
sabia o que falar, mas olha ao fundo as imensas Dracteas se
preparando para enfrentamento, sobre elas, aqueles seres de
pele lisa, que suas cabeças lembravam sapos.
Carlos olha para Fran, não o conhecia, seu pai, o rei
Brumadus o mandou com seus exércitos, deixando mais na
divisa, para qualquer eventualidade.
— Meus respeito Rei, viemos em apoio ao rei de Bras,
mas ele nos mandou mensageiros dizendo que era um
invasor, um bruxo, não o antigo rei destas terras, desculpa
nosso atrevimento, viemos apenas saber a posição referente
as nossas divisas.
— A vida está voltando ao reino de Soma, o deserto é
nosso reino, não nos culpem por dar vida ao deserto que

90
vocês até evitam, mas os rios voltando as montanhas de
Soma, vão correr aos 4 reinos, e com isto, normalizar as
estações, mas como falei para Pedro, não ataquei nenhum dos
reinos, estou em uma batalha interna como Yets, que está
distorcendo o tempo, gerando esta quebra de produção a toda
volta, mas tem de entender, o rei de Bras, mandou sequestrar
a filha dele, a rainha Nata, inventou que ela morreu, usurpou
minhas terras com esta afirmativa, e ainda manda soldados
sobre as terras de Soma, nós defendemos o deserto, mas
todos sabem, podemos ter vida, ou morte nestes vales, mas
nunca covardia.
— Então não nos atacará pelas terras? – Carlos.
— Se minhas terras me bastam, e aqui posso manter o
que vocês por uma religião de fracos recusaram, que é a força
da terra, das aguas, e dos ares, em prol de um filho que
duvida a cruz, de sua origem, desculpa, mas os de Soma não
seguem a lei destes de fora, querem pregar em suas terras,
vocês alimentarão uma crença que para se manter tem matar
as demais, eu sou por manter as demais crenças, e aprender
com elas, mas ninguém me viu atacando ainda, passei em
cada reino vizinho como um desconhecido, vocês viam eu
como o cara que matava anomalias, eu as estava dizendo, em
Soma é bem vinda, mas elas assim como eu, tiveram
problemas para voltar a terra natal, pois o tempo está todo
distorcido, deve ter sentido isto Carlos.
— Sim, meu pai fala que demorei muito para voltar, ele
fala em 5 anos, fui o ano anterior para lá.
— Vamos mudar isto também, e as terras voltarão a ser
mais saudáveis. – Fran.
Nata o abraça e Fran fala.
— Todos que vierem em paz, serão recebidos em paz,
todos que vierem em guerra, terão guerra.
Os rapazes saem da região, não viram as filhas, mas
viram os exércitos e Carlos fala.
— Uma linda Rainha.

91
— Que o rei disse que morreu, ele quer a rainha de
volta, mas não sei se o rei entra nas terras dele, acho que
mesmo querendo a rainha de volta, acho que o que atrai é a
riqueza da terra.
— Vi, abundancia da agua, campos de trigo ao fundo,
mas aqueles seres estranhos estavam montados nas famosas
Dracteas, como enfrentar algo como aquilo.
— Pode duvidar Carlos, mas tenho certeza, aquele rapaz
enfrentaria.
— Eu vou recuar os rapazes, e vou a meu pai falar o que
está acontecendo.
— Eu vim apenas confirmar, meu pai deixou claro, se
fosse realmente Fran, o caçador de anomalias, este Fran de
Soma, não seriamos inimigos e sim vizinhos.
Os rapazes chegam ao acampamento e veem uma leva
de soldados da igreja juntos, o bispo de Maltus havia
mandado para lá seu exercito, para apoiar ao rei.
O príncipe organiza o acampamento do lado de fora da
muralha de arvores, enquanto que o exercito do rei de Bras,
passava por aquela ponte de madeira, e parecia animados em
tomar aquelas terras, terras cultiváveis.

92
Os agricultores
olham para as terras e
se armam, a agua
com gosto de pura,
vinda do rio, os
campos floridos, lhes
davam uma
recordação do
passado, quando Bras
era um reino
prospero, menos
violento, mais estável.
O rei olha o bispo chegar a sua tenda e falar.
— Bom dia Rei, viemos de Maltus, apoiar a tomada das
terras do rei, não vamos admitir o surgir de uma crença
diferente da do Deus real, em terras do rei.
Em meio ao chegar de um grupo armado, não se
reparou tão rapidamente a saída de 3 dos grupos armados
que estavam acompanhando, o rei achava que eles
acamparam na parte externa, ainda deserto.
— Agradeço bispo, vim verificar esta parte de meu reino,
por anos diziam que era um deserto, mas parece que a
riqueza de lá está disposta aqui agora.
— Vai trazer parte de seu reino para cá, não esqueça de
ser generoso com quem lhe protege a alma senhor.
O bispo olha para a entrada, o seu exercito estava para
dentro e vê a arvore que cortaram começar a jogar ramos
novos da raiz e crescer, ele fez o sinal da cruz enquanto via o
caminho que passara a noite se fechar, isolando o vale ao
fundo deles.
— Que bruxaria é isto?
— O que viemos tirar de nossas terras bispo, pois não
podemos servir a dois deuses.

93
O rei olha para onde o bispo olhava, vê o fechar do
caminho, olha em volta e vê as arvores andantes sobre os
despenhadeiros, o crescer das arvores acelerado, retêm mais
do que o normal o rio, que começa a transbordar e os
soldados começam a sair de suas cabanas, olhando para os
despenhadeiros e vendo aquelas arvores andantes os olhando,
são forçados a começar a se afastar da barreira feita por
aquelas arvores, e um agrupamento que ia a frente para,
olhando aquelas imensas aranhas ao fundo, sobre elas seres
com escudos e lanças.
Junto aos Drats a toda volta, surgem os Trons, o
exercito se via cercado, sem saída rápida, mas estavam em
grande quantidade, então mesmo com aqueles seres
estranhos, se posicionam para a guerra em um vale que se
abria, se via bem ao fundo o grande vale esverdeado, o oásis
era maior do que o rei imaginava, os olhos de cobiça sobre o
que via ao fundo, mesmo dos agricultores, os faziam ignorar
os perigos daquela guerra.
Os dois exércitos estavam enfileirados, mais de 2 mil
metros os separando, quando um batedor chega ao rei e fala.
— Eles ergueram uma bandeira de conversa.
— Vão se render? – O rei.
— De conversa, não de entrega.
O bispo viu o rei, mesmo flácido olhar firme e falar.
— Me tragam um cavalo, quero ver quem acha que pode
me tomar terras. Terão o peso das nossas laminas.
O bispo olha para o senhor e faz sinal para um dos
soldados trazer outro cavalo.
Os dois com dois soldados os acompanhando vão a
frente, do outro lado, Fran, Nata, um Soma, e um Trons,
sobem em seus cavalos, as meninas olhavam para a região e
Linda fala.
— Põem uma linha de Drats, eles estão armando os
arqueiros, telas de proteção.

94
O grupo olha um conjunto de Drats ficar a frente das
grandes aranhas e seus cipós fizeram grandes guarda chuvas,
que cobriam toda a linha de ataque.
O bispo estava tenso, um dos rapazes levava uma cruz,
os demais ao fundo olhavam descrentes aqueles seres.
Fran para a frente e vê o rei que parece perder os olhos
na moça ao lado, ele viu enterrarem seu corpo, como ela
poderia estar viva.
O bispo fizera o enterro, então aquela moça viva, para
ele era uma aberração, coisa de demônios.
— Quem se atreve a invadir minhas terras. – O rei em
sua empáfia.
— Rei, sabes que estas terras nunca foram suas, tem a
chance de sair ainda, estamos aqui para evitar mortes, por
isto queria perguntar para o senhor, vai guerrear por terras
que nunca pôs os pés, nunca foi o dono, embora arrotasse
que o era, ou vai voltar a seu reino e cresceremos em
conjunto, em paralelo.
— Não nos aliamos a demônios. – O bispo.
— Se existissem demônios nesta terra, poderia os ter
como aliados, mas somos apenas adeptos de uma cultura
diferente, onde não existe Deus, apenas nós, a terra, o ar, o
fogo, e os ventos, todo resto obedecendo a ciclos regulares,
mas o que um carrasco da cruz faz sobre minhas terras?
— Viemos ajudar o rei a expurgar o demônio desta
terra.
— E onde teria um demônio?
— Eu enterrei esta moça, eu a casei, eu a vi morta, se
ela está viva, é obra do demônio.
— Não, é obra de algo superior a seu Deus, não a um
demônio, não me culpe por seguir uma historia de velhinhas.
— Vamos os derrotar, e tomarei esta parte do reino,
unificando minhas terras.

95
Fran apenas olha para Tito no cavalo ao lado e o mesmo
começa a recuar, o rapaz ao lado, um Soma, começa a recuar,
e Fran fala.
— Espero que seu Deus exista Bispo, pois se ele não
existir, não terá a quem oferecer sua alma, e vai a terra
apenas como adubo.
Fran viu os demais começarem a andar com seus
cavalos de costas, havia acabado a conversa.

96
Nata começa a
recuar, estava ali Fran
e os quatro quando os
mesmos começam a
recuar e o bispo faz
sinal e se vê a soma
de flechas tomarem o
céu.
Dalma passa
pela primeira Drats e
meche com as mãos e
as flechas invertem com o vento e começam a voltar, o rei
apura o passo, mas é atingido por uma ao braço, o bispo cai
do cavalo e dois soldados com cruzes ao peito o colocam ao
chão, 12 flechas faziam uma cruz as costas do senhor.
O rei vê o soldado quebrar uma das pontas, segura
firme e puxa a flecha, a cara de dor do rei, o fez xingar, ele
olha o bispo morto e olha para os soldados olharem para ele.
— O que estão esperando para tirar estes demônios que
matam um bispo de minhas terras.
Tito olha para Ilda e olha para os soldados, eles estavam
em campo, quando as espadas deles começam a se erguer, os
camponeses usavam escudos de madeira, veem seus
martelos, facas, machados começarem a flutuar, os soldados
começam a se armar com outras facas, mas viram as laminas
das espadas começarem a fazer movimentos de avanço e
corte, em meio ao campo, andando para eles calmamente, o
rio subia em seus pés, a agua tomava os ao fundo, isto os
fazia ter de avançar, deixando o que não conseguiam carregar
a flutuar ou afundar na agua do rio.
O rei se levanta, estava com dor, mas viu que o lugar
estava encharcando, eles teriam de avançar, a colina subia, se
via onde o rio entrava naquele desnível que gerou em anos de
erosão o vale com as encostas corroídas, encostas de areia
97
dura, mas areia, que aos poucos eram somadas ao vale,
sendo levadas pelas aguas para as regiões laterais.
Os soldados estavam tentando se manter, os escudos
esticados, muitas flechas em seus escudos.
A frente iam os soldados do bispo, que começam a ser
acertados pelas próprias espadas, que dançavam ao ar
tentando os acertar, ferindo eles, foram caindo, a agua ao
chão começa a mudar de cor, o sangue corria por ela.
Ilda olha os soldados ao chão, olha para Linda que
parece fazer um gesto ao ar, as pessoas olham aquela
montanha de humidade surgir as suas costas, ela olha os
soldados, gente que a olhara pequena, agora sabiam o que
havia acontecido com as filhas do rei, elas eram a força
daquelas terras, ignorando que eram filhas do rei de Soma.
Um senhor olha a moça e abaixa a faca e olha a moça,
os demais estavam recuando, pois o rio parecia formar uma
parede de agua as costas da moça, um espelho de agua, nada
mais propicio para Linda.
— Porque nos ataca filha, porque defende os bruxos?
— Porque defender um rei que os mata, pois ele pode, e
todos os demais morrem por ele, porque o defende?
— Não sei, mas vocês são símbolo de paz e
prosperidade das terras do Rei.
— Este é o problema senhor, somos uma lenda, mas
enquanto a lenda for pregada a um rei sanguinário, a uma
religião que os vê morrer e não faz nada, não será nós, serão
vocês que barram o avançar da natureza que lhes levaria para
a fartura.
— Mas foram raptadas de lá?
— Minha mãe antes disto foi raptada daqui, e ninguém
se preocupou com estas terras, seu rei diz que estas terras
eram dele, mas se eram dele, porque mandou um exercito
para tirar minha mãe daqui?
— Pois é terra das bruxas?
— Vi fadas, não bruxas.
98
— São bruxas disfarçadas.
— Quem acredita no que falou senhor, vocês estão
esquecendo as suas crenças, para uma crença que os enforca,
os mata, por algo que deveria ser conservado, nossa cultura.
— Mas e esta agua?
— Apenas não os quero morrendo em campo, os
soldados eu entendo que vivem para morrer, mas agricultores,
não deveriam pegar em armas.
— Mas...
O senhor olha a agua passar pela moça, a contornando
e avançando para ele, fecha os olhos, mas não sente a agua,
a vê passar por ele, todos que estavam com as armas
levantadas são arrastados para longe, com rei, servos, tudo,
quando chegam a barreira de arvores, elas se abrem e os
jogam sobre o deserto, deixando ali as pessoas, já as armas,
as coisas de madeira, as demais coisas, continuam a boiar
sobre o rio indo ao fundo.
Os Trons pegam em cipós e descem as encostas e foram
amarrando os que estavam ao chão.
O rei viu o poder das filhas, o que ninguém o alertara,
poderia tentar culpar alguém, mas qualquer um que falasse
isto estaria morto.
Olha Dalma chegar a ele e olhar o senhor.
— Filha, me ajuda? Pensei que estava morta.
— Um grupo apenas por ano, e quer dizer que se
preocupou, o primeiro mandou 8 meses depois de nossa
saída, já estava casado novamente.
— Tem de me ajudar filha.
— Rei Demetrius, pode subir em seu cavalo e ir a sua
cidade, vamos estar lá no fim do dia, para somar Bras ao reino
que sempre fez parte, o de Soma, se fosse o senhor, chegava
lá, selava os cavalos, pegava os nobres e sumia, pois todos
que estiverem lá, serão servos, quer nos servir ao campo rei,
esteja lá, pois gostaria de o ver trabalhar com as mãos.
— Não pode fazer isto.
99
O senhor começa a recuar, na colina ao lado, olhando ao
lado de Carlos, estava Pedro, olhando as moças e fala.
— Eles nem batalharam e venceram.
— Uma senhora rainha seria esta moça.
— Elas poriam medo em qualquer inimigo, não posso
negar isto, mas deve ser um coração de pedra.
— Para seu reino, o de Pedra, não teria melhor rainha. –
Tira sarro Carlos.
Os dois começam a se afastar, os demais nem os viram
se juntar aos seus e começarem a voltar para seus devidos
reinos.

100
O senhor olha
para traz, olha que
estava seco e olha
para a moça a sua
frente.
— Porque disto?
— Hoje o povo
de Bras deixa de ser
servo, e passa a ser
cidadão, hoje deixa de
existir um servo do
rei, para existir membros de uma sociedade imperial, onde o
senhor terá suas terras, concordo com muitos, estas terras
são ricas, temos de as cultivar, mas como donos, não como
servos.
O senhor não entendeu, mas viu Ilda passar por ela e
falar.
— Adora um espelho mesmo.
— Odeio o vermelho, se fosse branco, mas o rio estava
feio.
O senhor viu que as duas caminham até uma terceira, e
olha que teria de caminhar, mas os a volta não o atacaram,
apenas o conduziram.
O rei chega a cidade, não tinha nem quem mandar,
estavam todos no campo, os corpos dos mortos boiava no rio,
os que ficaram pensavam nos seus, mas o rei nem olhou para
eles, entra no palácio e grita com um servo.
— Me vê roupas limpas, e me chama quem está na
segurança, temos de reorganizar.
O senhor não falou nada, apenas foi para dentro pegar
as roupas secas do rei, o pequeno menino entra e olha para o
rei e fala.
— Voltou pai.
101
— Vai para dentro, não estou para conversa.
A nova rainha olha aquele senhor, parecia transtornado,
e olha para ela.
— Perdemos, não sei se eles caminharão para cá, mas
tenho de pensar, onde estão os soldados?
— Levou todos senhor. – O respeito até da rainha era
normal.
— Mas quem está mantendo a ordem?
— As moças da vila, mantem a limpeza, as senhoras os
alojamentos, mas parece que os senhores estão voltando ao
fundo.
O rei olha pela parte alta o campo, os servos
sobreviveram, mas via que a frente deles, vinha 3 moças, ao
lado das moças, Trons.
— Eles vão nos atacar, temos de nos defender.
Ele olha o menino pegar uma faca e falar, parecia serio,
mas era uma criança.
— Derrotamos estes demônios pai, pois Deus está ao
nosso lado.
As mulheres foram entrando em suas residências e as
fechando, os Trons escalaram e entraram pelas vielas, abrindo
o portão para as meninas e Linda olha o pequeno menino com
aquela arma a mão.
— A valentia de um verdadeiro rei.
Ilda sentia os movimentos, o rei escondido por trás de
uma cortina, as queria atraiçoar, ela fica para traz, ela sabia o
que ele tentaria, o olhar de Linda para o menino, lhe deu a
posição do rei, que surge com uma espada as costas de Ilda e
ela inverte o corpo e segura a espada, olhando o senhor.
— Assim que quer nossa ajuda rei?
— Voces são bruxas?
— Acho que não entendeu rei, somos Fadas.
Ele força a espada, que a atravessa ela virando uma
nevoa brilhante, ela olhou aquele senhor por 10 anos como

102
pai, mas assim como o viu como pai, viu ele tentar a matar,
foi onde Yets perdeu seu apoio, tentar a matar.
O menino olha para Linda e fala.
— O que ela é?
— Você acredita em fadas?
— Boas ou más?
— Fadas nunca foram boas ou ruins, elas tem suas
funções, obvio, os que não são agraciados com o que elas tem
de fazer, as chamam de ruim, os demais, de boas.
O menino tenta a acertar com a faca, ela a toca e a
mesma se desfaz em pó.
— Não pode contrariar o futuro rei.
— Acho que teremos de verificar se chega a ter um
reino pequeno, pois seu pai perdeu seu reino.
— Ele não faria isto?
Linda olha a moça e fala.
— Leva ele ao quarto, pois não quero brigar com alguém
que poderia ser meu irmão.
A moça olha as moças, entendeu finalmente quem eram,
o menino olha como se duvidando.
— Não quero ir ao quarto.
Dalma olha para o senhor rei e fala.
— Não saiu ainda? Sinal que será um servo?
— Não vou servir a uma mulher.
— Talvez nem isto, mas os Trons estão tirando as coisas
dos seus parentes, a corte, e colocando do lado de fora, quem
estiver aqui pela manha, será nossos servos, mas senhor Rei,
não estamos falando de servos normais, estamos falando se
servos de fadas, vocês chamam de bruxas aqui, mas quem
ficar será parte do reino de Soma.
— Não pode me obrigar a isto?
— Em uma hora as carroças saem com suas coisas, com
seus apadrinhados, se não for na carroça, os Trons o farão
caminhar até as divisas, tem de escolher o que quer.
103
O senhor olha os acomodados e velhos membros da
corte, sendo tirados de seus quartos, as coisas foram sendo
colocadas em bolsas de couro e embarcadas em carroças, era
perto das 5 da tarde, Dalma barra a moça que fora casada
com o rei e fala.
— Terá seu lugar aqui, se quiser.
— Meu lugar é ao lado do Rei.
— Todos temos escolhas, que assim seja.
As carroças saem no sentido da estrada, e os locais
veem assim que elas entram na região do deserto, as arvores
de proteção do reino, junto ao deserto, barreira natural que
protegia eles antes, começar a se erguer, tomando um grande
trecho antes com arvores caídas e mortas.
Os de Bras olham aquilo, sinal de prosperidade, assim
que o rei saiu, a proteção se refez, um sinal de boas novas.
Os homens foram chegando a cidade, agora quem fazia
a segurança eram os Trons, olham para a parte mais elevada
e olham as três meninas, a senhora da estalagem sorri e
cutuca o marido que chegava.
— Trouxeram elas de volta, te amo.
Ele não tenta explicar, pois estavam ali para ouvir.
— Povo da cidade de Bras, estamos anexando as terras
de Bras ao reino de Soma, cada um dos agricultores terá
direito a terras para cultivar, vamos dar certificado de posse, e
vamos estabelecer leis, somos um reino com liberdade
religiosa, os de fora podem vir, mas terão de respeitar as
crenças locais, e hoje todos vocês deixam de ser servos, para
virarem cidadão de Soma.
Todos olham como se não entendendo, seria um tempo
de mudanças, pois uma coisa mudou, algo que não voltaria a
ser como era, pois a vila de Bras agora é parte do reino de
Soma.

104
O domínio de
Soma, o reino das
Irmãs, se propaga,
enquanto sentam-se a
cabana a entrada do
reino, Nata e Fran, e
o mesmo conta a sua
amada suas
aventuras, suas
duvidas, onde
acabariam aquilo.
— Resolvemos
os problemas com o tempo. Pensei que não conseguiria voltar,
acho que no fundo, as terras testaram nossa devoção a ela,
não sei ainda como falar com meu pai Fran.
— Ele olha ao fundo, ele não a queria como uma
membro de Soma, ele gosta mesmo daquela decadência das
cidades, que vi por ai.
— A decadência que todos dizem que nos levará a
extinção.
— Sei que um dia Nata, estaremos nas arvores ao longe,
nos lagos ao longe, olharemos eles conquistarem tudo, mas
um dia os humanos deixarão o planeta, e estaremos ainda nas
matas que sobrarem, nos lodos que sobrarem, nas lagoas
cada vez menos puras, mas eles escolheram o caminho deles,
temos apenas de não perder o nosso, para um dia, no futuro,
podermos ter um descendente herdando estas terras.
— Herdando Soma?
— Sim, herdando Soma.
Os dois se abraçam e vão a cabana, os dois estavam a
voltar a se conhecer, pois os dois mudaram, os dois
apenderam, mas por muito tempo, estiveram longe um do
outro, e era hora de matar a saudade.
Fim
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