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Número 5 - Maio 2002

Maria,
Esposa do
Divino
Espírito Santo
Timothy Ring

M inha alma glorifica ao Senhor, meu espírito


exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou
para sua pobre serva. Por isso, desde agora, me proclamarão
bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em
mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo.
(Extrato do Magnificat - Lc 1, 46-49)
Revista mensal dos

ARAUTOS DO
EVANGELHO
Associação privada internacional de
fiéis de direito pontifício

Ano I, nº 5, Maio 2002

SumáriO
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André Ribeiro Dantas

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Pg. 26 - Em diversas paróquias de todo o mundo, os Arautos do
Os artigos desta revista poderão ser reproduzidos, Evangelho participaram ativamente nas celebrações da Semana Santa
desde que se indique a fonte e se envie cópia à
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é da responsabilidade dos respectivos autores.

“A Igreja é indefectivelmente santa” (Editorial) ............................................... 4


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Comum .............. R$ 49,00 Pentecostes - E renovareis a face da terra... ............................................................... 5
Colaborador ...... R$ 72,00
Deus renova os prodígios de seu amor ...................................................................... 11
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Patrocinador ...... R$ 150,00 Sinos do Primeiro para o Terceiro Milênio ............................................................. 14
Exemplar avulso R$ 4,90 Escrevem os leitores ....................................................................................................... 17
À luz do Cruzeiro do Sul .............................................................................................. 18
Aconteceu na Igreja e no mundo ................................................................................. 20
Na capa, imagem Na Índia, um perfume de Lisieux ............................................................................... 23
peregrina do Arautos no Mundo ......................................................................................................... 26
Imaculado
Orações de uma mãe ...................................................................................................... 33
Coração de
Maria de Fátima, Entrevista com Frei Antonio Royo Marín, O. P. .................................................... 34
abençoada Beleza e cultura: meios para falar de Deus aos jovens ......................................... 38
pelo Quando um mais um é igual a... mil! ....................................................................... 40
Santo Padre
A Salve Rainha ............................................................................................................... 44
(foto: Timothy Ring)
Os Santos de cada dia ................................................................................................... 46
O Pão do Arautos do Evangelho ................................................................................ 48
Mont Saint-Michel ....................................................................................................... 49
Editorial

A lém de infalível, a Igreja Católica é imortal. Ao dizer


que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela
(Mt 16,18), o divino Mestre quis dar a entender que ela
nem sequer poderia chegar à beira de uma “agonia”.
Santidade é outra de suas características. Confiada
a Pedro, nasceu ela do preciosíssimo sangue de Deus
feito Homem, e por isso nunca poderá decair. Foi o que ensina-
ram os Padres do Vaticano II, ao afirmarem que “a Igreja, cujo mis-
tério é exposto por este sagrado Concílio, é indefectivelmente santa. Na
verdade, Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito é proclamado
‘o único Santo’, amou a Igreja como sua esposa, entregando-se a si mes-
mo por ela, a fim de a santificar (cfr. Ef., 5,25-26); uniu-a a si como seu
corpo e enriqueceu-a com o dom do Espírito Santo, para a glória de
Deus” (Lumen Gentium, 39).
Assim, a despeito de falhas que possam se verificar no compo-
nente humano do corpo eclesial, a Igreja é essencialmente santa,
razão pela qual engendra almas santas em todas as partes do
mundo, em todas as épocas da história, e isto até mesmo nas na-
ções ou nos séculos imersos nas maiores tempestades. Às vezes
ela suscita pessoas da mais alta virtude precisamente em épocas
de extrema necessidade.
São considerações que importa muito ter em vista, no momen-
to em que, em meio a inúmeros obstáculos, a Igreja se lança nos
esforços da Nova Evangelização. A expansão do Reino de Cristo
não encontra sua força motriz na pura atividade apostólica. A al-
ma propulsora do “ide, pois, e ensinais a todas as nações” (Mt 28,19)
se fundamenta na virtude.
A santidade é que atrai os corações para o bem e a verdade. É
“A IGREJA É ela, diz o Papa, “a dimensão que melhor exprime o mistério da Igreja.
Mensagem eloqüente que não precisa de palavras, ela representa ao vivo
o rosto de Cristo” (Novo Millennio Ineunte, nº 7).
*
INDEFECTIVELMENTE Como os descobridores que partiam em busca de novas terras
e se mantinham no cesto da gávea perscrutando o oceano, assim
também nos importa agora observar os horizontes da Igreja, in-
SANTA” dagando-nos onde se encontram essas almas santas que devem
suscitar um revigoramento da fé em todo o mundo.
Elevemos nosso olhar ao Sapiencial e Imaculado coração da
esposa do Espírito Santo, e façamos até Ele chegar o ardor de
nossas preces, de modo a acelerar a desejada aurora de santida-
de, para iluminar a face da terra e implantar a mais bela de todas
as eras históricas.

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Christus Rex, Inc

PENTECOSTES

“E RENOVAREIS
A FACE
DA TERRA…”
(Acima, “Pentecostes”, por Giotto)
+ heios do Espírito Santo,
os apóstolos incendiaram o João Scognamiglio Clá Dias

mundo. Presidente Geral


dos Arautos do Evangelho

“C hegando o dia de Pen-


tecostes, estavam to-
dos reunidos no mes-
mo lugar. De repente,
veio do céu um ruído,
como se soprasse um vento impetu-
oso, e encheu toda a casa onde esta-
dos gestos do Mestre, mas sim a
discutir a respeito de quem seria
o primeiro-ministro num suposto
reino temporal que, acreditavam,
Cristo iria fundar...
Quando Jesus lhes dizia que
estavam para se cumprir as pro-
O compreendiam. Por quê? Entre
as várias explicações possíveis,
três parecem de maior peso.
Em primeiro lugar, o ser huma-
no, debilitado após o pecado ori-
ginal, não tem apetência de elevar
as vistas para as verdades supe-
vam sentados. Apareceu-lhes então fecias a respeito de sua Paixão, riores. Seu gosto está em voltar-se
uma espécie de línguas de fogo, que Morte e Ressurreição, eles nada para cogitações meramente práti-
se repartiram e repousaram sobre ca- entendiam (Lc 18, 31-43), voltan- cas, concretas, atraído pelos aspec-
da um deles. Ficaram todos cheios do do a disputar sobre quem seria o tos medíocres da vida. Por isso
Espírito Santo e começaram a falar maior (Mc 9, 31-35). A mãe de não se dá conta daquilo de gran-
em outras línguas, conforme o Espí- João e Tiago aproximou-se um dia dioso para o qual é chamado. Este
rito Santo lhes concedia que falas- de Jesus, acompanhada pelos dois problema se coloca de forma mais
sem.” (At 2, 1-4) filhos, para Lhe pedir que reser- aguda para quem tem vocação in-
A maravilhosa cena narrada vasse para eles os dois primeiros comum, como ocorreu com os
por São Lucas, nos Atos dos Após- cargos do futuro reino (Mt 20, 20- apóstolos: não percebiam que lhes
tolos, é dos mais importantes na 28). cabia a maior missão da história.
história da Igreja. Para compreen- No fim da Santa Ceia, logo após Outra explicação é de natureza
dermos a fundo seu significado, a saída de Judas, houve um diálo- psicológica. A sociedade de Israel
examinemos em que circunstân- go revelador. Depois de Pedro di- era bem hierarquizada, tendo no
cias ela se passou. zer que estava disposto a dar a vi- topo a raça dos sacerdotes, e de-
da pelo Mestre — declaração que pois toda uma coorte de pessoas
Estavam os apóstolos Jesus não aceitou, profetizando- vinculadas com o sacerdócio ou a
preparados para sua sublime lhe a tríplice negação —, Tomé realeza, como os escribas, os fari-
vocação? manifestou sua cegueira sobre os seus e a classe mais abastada. De
acontecimentos iminentes, e Fili- outro lado, a Galiléia era uma re-
Qual a situação espiritual dos
pe demonstrou não estar plena- gião desprezada, considerada “bár-
apóstolos? Era de supor que, após
mente consciente da divindade de bara” e ignorante. Ora, os apósto-
três anos de convívio diário com
Jesus, pedindo-lhe: “Senhor, mos- los eram quase todos galileus e
Nosso Senhor Jesus Cristo, esti-
tra-nos o Pai e isso nos basta”. Ao pescadores. Sentiam-se, portanto,
vessem preparados para a missão
que Nosso Senhor replicou: “Há em certa inferioridade. Agora lhes
que lhes cabia, de firmar e expan-
tanto tempo estou convosco e não me aparecia a oportunidade de subi-
dir a Santa Igreja. Contudo, não o
conheceste, Filipe! Aquele que me viu, rem aos primeiros cargos do novo
estavam. Em várias passagens do
viu também o Pai. Como, pois, dizes: reino...
Evangelho, vemo-los repletos de
Mostra-nos o Pai... Não credes que es- Por fim, faltava-lhes um amor
fragilidades.
Logo após episódios, sermões e tou no Pai, e que o Pai está em mim?” ardoroso por Nosso Senhor. Se o
milagres impressionantes, não se (Jo 14, 2-10). tivessem, todo o resto se resolve-
punham a fazer comentários so- Esta era a situação daqueles que ria. Não adiantava assimilarem a
bre a grandeza das palavras ou Jesus Cristo convocara para se- doutrina, nem mesmo ter fé e es-
rem as colunas de sua Igreja. Não perança, pois essas virtudes de

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nada valem se não são acompa- Imediatamente antes da Ascen- seja, estavam concordes, e além
nhadas pela caridade. são, Jesus havia ordenado aos disso estavam juntos, porque a
Nem após a Ressurreição de apóstolos que não se afastassem oração de vários unidos pelo amor
Nosso Senhor desapareceram es- de Jerusalém, pois dentro de pou- de Jesus Cristo e em função d’Ele
sas fragilidades. A incredulidade cos dias seriam batizados no Espí- tem esta promessa: “Onde dois ou
de São Tomé é exemplo caracterís- rito Santo. Voltaram, então, para a três estiverem reunidos em meu no-
tico. Passou o Senhor entre eles Cidade Santa, e subiram ao andar me, aí estou eu no meio deles” (Mt
mais quarenta dias, e fez lhes re- superior do cenáculo: “Todos eles 18, 19).
velações e deu ensinamentos. Não perseveravam unanimemente na ora-
adiantou. Com o que continua- ção, juntamente com as mulheres, en-
vam preocupados? Com a restau- tre elas Maria, mãe de Jesus, e os ir- A maravilhosa cena
ração do reino de Israel... mãos dele”.
Ainda no momento da Ascen- Conta a Sagrada Escritura que da descida do Espírito
são, quando o Divino Mestre lhes em certo momento São Pedro pro-
fala da vinda próxima do Espírito pôs que se escolhesse alguém pa- Santo sobre os
Santo, eis como reagem: “Então os ra substituir Judas, e “deitaram sor-
que se tinham congregado, interroga- tes e caiu a sorte em Matias” (At 1,
apóstolos reunidos
vam-No dizendo: Senhor, porventura 26). Nesta passagem temos um dos
chegou o tempo em que restabelece- no Cenáculo, é das mais
pontos que é oportuno reter: a
reis o reino de Israel?” (At 1, 6). posição de São Pedro, que já cla- importantes da
ramente age como Papa.
A preparação para Vemos também como os após-
Pentecostes tolos conheciam o valor da ora- história da Igreja
Apesar de se encontrarem nes- ção. Por meio dela se preparavam
se estado de espírito, a graça divi- para receber o Espírito Santo. E (Detalhe do afresco de Giotto)
na ia trabalhando suas almas. “perseveraram unanimemente”, ou
Christus Rex, Inc

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Estavam recolhidos, modo ex-
celente de preparação para gran-
des acontecimentos. O próprio Je-
sus passara 40 dias no deserto,
antes de iniciar sua vida pública.
Embora não se possa dizer que os
apóstolos estivessem melhores do
que antes, haviam tomado, assim,
uma atitude sapiencial. A graça
de Pentecostes será, de algum
modo, o desabrochar de uma flor,
cuja semente vinha germinando
em suas almas. Quer dizer, apesar
de essa graça ter sido gratuita,
uma iniciativa de Deus, eles, em
certa medida, prepararam o cami-
nho para ela.
Por fim chegamos a um ponto
fundamental: oravam com Maria.
Eis a condição indispensável para
receber as graças do Espírito San-
to. Como esposa d’Ele, Nossa Se-
nhora deve Lhe ter pedido que
descesse sobre os apóstolos. Reu-
nindo-se com a Santíssima Vir-
gem, os apóstolos obtiveram gra-
ças que liberaram suas almas dos
últimos obstáculos para se benefi-

Christus Rex, Inc


ciarem com Pentecostes.

A descida do Espírito Santo


Pentecostes era uma das festas
tradicionais judaicas. Nela se ofe-
Os apóstolos oravam com Maria: condição indispensável
reciam a Deus as primícias das co-
lheitas do campo. Tratava-se de para receber as graças do Espírito Santo
uma das três grandes festas cha- (Iluminura do livro “Ricas horas do Duque de Berry”)
madas da “peregrinação”, pois ne-
las os israelitas deviam peregrinar ruído estrondoso e um vento im- ramadas sobre todos os presen-
até Jerusalém para adorar a Deus petuoso. Em seguida, aparecem tes. Eram graças místicas eficazes
no Templo. Os judeus da diáspo- pequenas chamas. Segundo uma e superabundantes que “invadi-
ra (residentes no estrangeiro) de- piedosa e antiga tradição, a pri- ram” o cenáculo.
signavam-na pela palavra grega meira língua de fogo — a mais ri- Além do fenômeno auditivo, e
pentecosté (qüinquagésimo), por ca — pousou sobre a cabeça de talvez sensitivo, terá havido um
ser celebrada 50 dias depois da Nossa Senhora, e a partir dela se certo perfume? A idéia nos parece
Páscoa. multiplicou para os outros. plausível.
“Estavam todos” presentes no ce- Por que essas manifestações ex- O fogo, feito de luz e calor, era
náculo, diz São Lucas nos Atos. teriores? Deus quis tornar visível o melhor elemento para simboli-
Era toda a Igreja nascente: cerca a plenitude que entregava, o ím- zar o ardor próprio à ação restau-
de 120 pessoas, entre as quais os peto de amor, a grandeza do dom radora e entusiasmante do Espíri-
12 apóstolos, os 72 discípulos e as que descia. to Santo. Ao pairarem sobre as ca-
santas mulheres. O “vento impetuoso” pode ser beças de Maria e dos demais pre-
Encontravam-se absortos na visto como a chegada da torrente sentes, as chamas se apresenta-
oração quando se fez ouvir um de graças que estavam sendo der- vam sob a forma de línguas de fo-

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go. Nelas podemos ver simboliza- expressão no versículo anterior, tizado em nome de Jesus Cristo para
das as labaredas que a pregação “conforme o Espírito Santo lhes con- a remissão dos vossos pecados, e rece-
daqueles varões suscitaria. cedia que falassem”, favorece a se- bereis o dom do Espírito Santo. Pois a
“... ficaram todos cheios do Espíri- gunda hipótese. promessa é para vós, para vossos fi-
to Santo”. De Maria a Igreja excla- São Pedro levantou a voz e dis- lhos e para todos os que ouvirem de
ma: “cheia de graça”, e de fato Ela o se ao povo: “Homens judeus e vós longe o apelo do Senhor, nosso
foi desde o primeiro instante de todos os que habitais em Jerusalém: Deus’” (At 2, 37-39).
sua Imaculada Conceição. No ce- seja-vos isto conhecido e com ouvidos Terá se convertido a maior par-
náculo recebe uma plenitude ain- atentos ouvi as minhas palavras. Es- te dos que ouviram São Pedro? Os
da maior. Nessa passagem dos tes homens não estão embriagados, Atos dos Apóstolos não nos dão
Atos vemos também os apóstolos, como vós cuidais, sendo a hora tercei- elementos para saber. Mencionam,
de acordo com suas respectivas ra do dia” (At 2, 14-15). todavia, os que “escarnecendo, di-
missões, serem inundados dos Ninguém se embriaga às nove ziam: Estão todos embriagados de vi-
mais especiais dons. Lembraram- da manhã (a hora terceira). Esta- nho doce” (At 2, 13). Assim, a mes-
se, então, com amor e compreen- vam “ébrios”, mas de uma embria- ma graça que convertia a muitos,
são, de tudo o que o Mestre lhes guez divina, e proclamavam a acabava sendo rejeitada por ou-
ensinara, estando prontos para doutrina do Divino Mestre, pro- tros. Também não devem ter sido
percorrer o mundo pregando a nunciando palavras de sabedoria, boas as reações dos fariseus, ao
Boa Nova. acerto, glória e repreensão. saberem desses prodígios e do iní-
“Mas cumpre-se o que foi dito pelo cio da glorificação pública d’Aque-
A graça do Espírito Santo profeta Joel: Acontecerá nos últimos le que haviam feito crucificar.
muda todos dias...” (At 2, 14). Foram batizadas três mil pes-
São Pedro recordou as profe- soas. Em poucas horas, a Igreja
Conta São Lucas que naqueles
cias sobre Cristo. O povo as co- passava a contar com pelo menos
dias Jerusalém estava repleta de
nhecia e se impressionou, abrin- 3.120 membros. Era o início do
judeus e gentios vindos de todas
do os corações à conversão. O apostolado em sistema de “ava-
as partes da terra. Como o ruído
príncipe dos apóstolos finalizou lanche”, que se multiplicaria quan-
da ventania fora ouvido por toda
suas palavras, dizendo: do os apóstolos começassem a fa-
a cidade, reuniu-se diante do ce-
“A este Jesus, Deus o ressuscitou: zer milagres. Em breve iam esten-
náculo “muita gente e maravilhava-
do que todos nós somos testemunhas. der a evangelização por todo o
se de que cada um os ouvia falar na
Exaltado pela direita de Deus, haven- mundo antigo, e chegaria um mo-
sua própria língua. Profundamente
do recebido do Pai o Espírito Santo mento em que o Império Romano
impressionados, manifestavam a sua
prometido, derramou-o como vós ve- inteiro estaria cristianizado.
admiração: ‘Não são, porventura, ga-
lileus todos estes que falam? Como des e ouvis. Pois Davi pessoalmente
então todos nós os ouvimos falar, ca- não subiu ao céu, todavia diz: O Se- Pedir uma nova efusão de
da um em nossa própria língua ma- nhor disse a meu Senhor: Senta-te à graças
terna?’ (…) Estavam, pois, todos atô- minha direita até que eu ponha os Para iniciar o terceiro milênio
nitos e, sem saber o que pensar, per- teus inimigos por escabelo dos teus da Era Cristã, o Santo Padre quis
guntavam uns aos outros: ‘Que sig- pés (Sl 109, 1). Que toda a casa de Is- publicar uma Carta Apostólica,
nificam estas coisas?’ Outros, porém, rael saiba, portanto, com a maior cer- assinada na Praça de São Pedro
escarnecendo, diziam: ‘Estão todos teza de que este Jesus, que vós cruci- em 6 de janeiro de 2001. Nesse
embriagados de vinho doce’.” (At 2, ficastes, Deus o constituiu Senhor e belíssimo documento, assinala-
5-13) Cristo.” mos o seguinte trecho: “Ao longo
Neste trecho se diz que os após- São Pedro faz aqui, como Papa, destes anos, muitas vezes repeti o
tolos (como os discípulos e as san- a primeira proclamação de um apelo à nova evangelização; e faço-o
tas mulheres) começaram a falar dogma na história: o da divinda- agora uma vez mais para inculcar so-
várias línguas (At 2, 4) e, mais de de Nosso Senhor. bretudo que é preciso reacender em
adiante, que cada um os ouvia fa- “Ao ouvirem essas coisas, ficaram nós o zelo das origens, deixando-nos
lar na sua própria língua (At 2, 6). compungidos no íntimo do coração e invadir pelo ardor da pregação apos-
Não fica claro se falavam uma lín- indagaram de Pedro e dos demais tólica que se seguiu a Pentecostes.
gua e todos os entendiam, ou se apóstolos: ‘Que devemos fazer, ir- Devemos reviver em nós o sentimen-
falavam várias. Os exegetas não mãos?’ Pedro lhes respondeu: ‘Arre- to ardente de Paulo que o levava a ex-
são concordes a tal respeito. Uma pendei-vos, e cada um de vós seja ba- clamar: ‘Ai de mim se não evangeli-

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Rezemos com Maria
Santíssima, a fim de que
o Espírito de Caridade
nos infunda o mesmo
amor que abrasou o
coração dos apóstolos

Mark Weusten

zar!’ (1 Cor 9,16)” (Novo Millennio Festa do amor de Deus, Pente- Assim como os apóstolos, per-
Ineunte, nº 40). costes nos traz esta mensagem: severemos com Maria Santíssima
Eis aí indicado o caminho para devemos ter pela Santa Igreja Ca- em oração, pedindo que o Espí-
que neste terceiro milênio a Igreja tólica um amor sem limites, que rito de Caridsade nos infunda
rebrilhe com uma luz ainda mais se traduza em interesse candente aquele amor que lhes abrasou:
fulgurante que nos séculos ante- por ela, em orações, em obras de “Emitte Spíritum tuum et creabun-
riores: “reacender em nós o zelo das apostolado. Se nós, católicos, for- tur. Et renovabis fáciem terrae” —
origens, deixando-nos invadir pelo mos assim, todos os males que “Enviai, Senhor, o vosso espírito
ardor da pregação apostólica que se afligem o mundo de hoje serão criador e será renovada toda a face
seguiu a Pentecostes”. vencidos. da terra”. ²

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3 ueridos irmãos e irmãs,
1. A Liturgia, ao in-
serir nas Laudes de uma
manhã o Salmo 76, que
acabamos de proclamar, deseja
recordar-nos que o início do dia
nem sempre é luminoso. Assim
como alvorecem dias tenebrosos,
nos quais o céu está coberto de
nuvens e ameaçado pela tempes-
tade, assim também a nossa vida
conhece dias repletos de lágrimas
e de receio. Por isso, já no alvore-
cer a oração se torna lamento, sú-
plica e invocação de ajuda.
O nosso Salmo é, precisamente,
uma oração que se eleva para
Deus com insistência, profunda-
mente animada pela confiança,
aliás, pela certeza da intervenção
divina. De fato, para o Salmista o
L’Osservatore Roamo

Senhor não é um imperador im-


passível, confinado no seu lumi-
noso céu, indiferente às nossas vi-
cissitudes. Desta impressão, que
por vezes nos oprime o coração,
surgem perguntas tão amargura-
A VOZ DO PAPA das que fazem vacilar a fé: “Deus
está a desmentir o seu amor e a

Deus renova
sua eleição? Esqueceu-se dos tem-
pos em que nos amparava e nos
fazia felizes?” Como veremos, es-
tas perguntas desaparecerão de-
vido a uma renovada confiança

os prodígios do em Deus, redentor e salvador.


2. Sigamos, então, o desenvol-
vimento desta oração que começa
com uma tonalidade dramática,

seu amor
na angústia, para depois, pouco a
pouco, se abrir à serenidade e à
esperança. Eis diante de nós, em
primeiro lugar, a lamentação so-
bre o presente triste e sobre o si-
lêncio de Deus (cf. vv. 2-11). É di-
rigido ao céu, aparentemente mu-
Palavras do Santo Padre na audiência de 13 de do, um brado que pede ajuda, as
mãos elevam-se em súplica, o co-
março de 2002.

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ração desfalece devido às aflições. messa de salvação e a ternura mi- parte da súplica (cf. vv. 12-21), se-
Nas noites em que não se dorme, sericordiosa. “A direita do Altíssi- melhante a um hino destinado a
feitas de lágrimas e de orações, mo”, que realizara os prodígios repropor a confirmação corajosa
“volta ao coração” um cântico, co- salvíficos do Êxodo, parece estar da própria fé também nos dias
mo diz o versículo 7, uma estrofe paralisada (cf. v. 11). E este é um tenebrosos do sofrimento. Canta-
desconfortada ressoa continua- verdadeiro e próprio “tormento”, se o passado de salvação, que te-
mente no fundo da alma. que faz vacilar a fé de quem reza. ve a sua epifania de luz na criação
Quando o sofrimento chega ao Se fosse assim, Deus seria ir- e na libertação da escravidão do
ápice e se deseja afastar o cálice reconhecível, tornar-se-ia um ser Egito. O presente amargo é ilumi-
do sofrimento (cf. Mt 26, 39), as cruel ou uma presença como a nado pela experiência salvífica do
palavras explodem e tornam-se dos ídolos, que não sabem salvar, passado, que é uma semente lan-
perguntas dilacerantes, como já porque são incapazes, indiferen- çada na história: ela não morreu,
se disse (cf. Sl 76, 8-11). Este brado tes e impotentes. Nos versículos mas simplesmente foi sepultada,
interpela o mistério de Deus e do da primeira parte do Salmo 76 en- para depois germinar (cf. Jo 12,
seu silêncio. contra-se todo o drama da fé no 24).
3. O Salmista pergunta por que tempo das provações e do silên- Por conseguinte, o Salmista re-
o Senhor o recusa, por que mu- cio de Deus. corre a um importante conceito
dou o seu rosto e o seu modo de 4. Mas há motivos de esperan- bíblico, o do “memorial”, que não
agir, esquecendo o amor, a pro- ça. É o que sobressai na segunda é apenas uma vaga recordação

Cláudio Imperatrice

“Sobre o mar foi o vosso caminho,


e a vossa senda, no meio
de águas caudalosas... (Sl 76, 20)”
confortadora, mas é a certeza de
uma ação divina que nunca virá a
faltar: “Tenho na memória as gestas
do Senhor, lembro-me das suas mara-
vilhas” (Sl 76, 12).
Professar a fé nas obras de sal-
vação do passado faz ter fé em tu-
do o que o Senhor é constante-
mente e, portanto, também no
tempo presente. “Ó Deus, santos
são os vossos caminhos... Vós sois o
Deus que opera prodígios” (vv. 14-
15). Assim o presente, que parecia
não ter futuro nem luz, é ilumina-
do pela fé em Deus e aberto à es-
perança.
5. A fim de apoiar esta fé o
Salmista provavelmente cita um
hino mais antigo, talvez cantado
na liturgia do templo de Sião (cf.
vv. 17-20). É uma clamorosa teofa-
nia na qual o Senhor entra na his-
tória, agitando a natureza e sobre-
tudo as águas, símbolo da confu-
são, do mal e do sofrimento. É
muito bonita a imagem do cami-
nho de Deus sobre as águas, sinal
do seu triunfo sobre as forças ne-

Angel Nuñez
gativas: “Sobre o mar foi o vosso ca-
minho, e a vossa senda, no meio de
águas caudalosas, sem que se conhe-
cesse o vosso caminho” (v. 20). E o
pensamento dirige-se para Cristo
que caminha sobre as águas, sím-
bolo eloqüente da sua vitória so-
São José, o homem “justo”
bre o mal (cf. Jo 6, 16-20).
O extremo discernimento com que José desempenhou o papel que lhe
Por fim, recordando que Deus
foi confiado por Deus faz aumentar ainda mais a sua fé, que consiste em
guiou o seu povo “como um reba-
pôr-se sempre à escuta do Senhor procurando compreender a sua vontade,
nho”, “pela mão de Moisés e de Aarão”
para lhe obedecer com todo o coração e com todas as forças. Por isso, o
(Sl 76, 21), o Salmo leva-nos im-
Evangelho o define como o homem “justo” (Mt 1, 19). De fato, o justo é a
plicitamente a uma certeza: Deus
pessoa que reza, vive de fé, e procura praticar o bem em qualquer circuns-
conduzir-nos-á de novo à salva-
tância da vida.
ção. A sua mão poderosa e invisí-
A fé, alimentada pela oração: eis o tesouro mais precioso que São José
vel estará conosco através da mão
nos transmite. Seguiram os seus passos gerações de pais que, com o exem-
visível dos pastores e dos guias
plo de uma vida simples e laboriosa, imprimiram no coração dos filhos o
por Ele estabelecidos. O Salmo,
valor inestimável da fé, sem a qual qualquer outro bem corre o risco de
que começou com um brado de
ser vão. Garanto desde já com prazer uma oração especial por todos os
sofrimento, no final suscita senti-
pais, no dia que lhes é dedicado: peço a Deus que sejam homens com uma
mentos de fé e de esperança no
sólida vida interior, a fim de cumprirem de modo exemplar a sua missão
grande pastor das nossas almas
na família e na sociedade. (S. S. João Paulo II, Angelus, 17 de Março de
(cf. Hb 13, 21; 1 Pd 2, 25). ²
2002, § 1) ²

13
N ada mais pito-
resco do que as
pequenas estra-
das que recor-
rem a velha e
vivaz Itália. Su-
bindo e descendo entre bosques,
vinhedos e olivais, atravessando
casarios, com suas características
igrejinhas, nosso carro chegou a
uma pequena cidade de pedra
construída sobre uma colina, cha-
mada Agnone, na região de Mo-
lise, no Abruzzo, perto do mar
Adriático.
O Arcebispo dom Ettore di Fi-
lippo nos convidara a presenciar
uma singular cerimônia, que não
imaginávamos pudesse existir no
século XXI, de um conteúdo reli-
gioso, cultural e sociológico que
denota os melhores lados de um
povo, de si tão prodigioso, como
é o italiano.
Fotos: Marinelli

José Fernando Larrain Bustamante

SINOS DO PRIMEIRO PARA


O TERCEIRO MILÊNIO
14
Tratava-se de uma colata, a fun- donos, da família Marinelli, per- viva da Fundição. Trata-se da
dição de dois grandes sinos desti- tencem a uma “dinastia” que rege maior e melhor coleção de sinos
nados à torre medieval da Abadia o empreendimento desde o sécu- do mundo.
de Santa Maria in Monte Santo, lo XIV. No museu da Fundição se Os donos nos acompanharam
recentemente restaurada. Tínha- pode ver um quadro genealógico na visita ao museu e às oficinas.
mos chegado à mais famosa fun- dos membros da família que a ela São eles mesmos que trabalham
dição de sinos da Itália e, quiçá, dedicaram sua existência. em família com mais uma dúzia
do mundo: a Pontificia Fondaria Ma- Fomos recebidos pelos atuais de artesãos da região, também
rinelli. proprietários, o Dr. Pasquale Ma- descendentes de outros artesãos.
* * * rinelli e seus dois sobrinhos, Ar- Todos labutam e vivem compene-
O local é simples e espaçoso, mando e Pasquale Jr. Marinelli, trados; falam com paixão e gran-
nada parecido com uma indústria dois jovens com um porte e vitali- de espírito religioso de seu nobre
moderna. Ali se fabricam, desde o dade que dão a impressão de po- ofício.
século X, sinos para o mundo in- der continuar a estirpe por mais Seus sinos são dedicados pri-
teiro. Tudo é feito à mão, de acor- outros 700 anos... mordialmente a catedrais, santuá-
do com técnicas medievais, e seus O museu, recentemente orga- rios, igrejas e mosteiros, mas tam-
nizado, é um dos poucos do mun- bém há os encomendados para
do que recolhe sinos e a his- edifícios públicos e para grandes
tória de sua fabricação, comemorações históricas de índo-
desde o ano 1.000 até le civil.
os nossos dias. Não * * *
pense o leitor num Cada sino constitui uma obra
frio museu forma- de arte, com sua própria forma e
do por alguma sua própria decoração. O último
repartição pú- capo lavoro foi o Grande Sino do
blica ou por um Jubileu do ano 2000, colocado na
milionário afi- Praça de São Pedro, em Roma,
cionado. O vi- com cinco toneladas de peso e
sitante pode seis metros de circunferência. Sua
observar tam- nota é o sol grave.
bém instrumen- A Fundição leva o título de
tos, ilustrações e Pontifícia, por privilégio outorga-
documentos que do pelo Papa Pio XI, em 1924.
reúnem a história Dela saíram grandes sinos para a

Acima: o Papa João


Paulo II preside ao
cerimonial de uma
“colata”, na Pontificia
Fondaria Marinelli;
ao lado: um pitoresco
aspecto da secular empresa
fabricante de sinos

15
Basílica de San Paolo, em Roma,
para a Catedral de Saint Patrick de
Nova York, para os Santuários de
Pompéia (Itália) e de Jasna Gora
(Polônia), para a famosa Abadia
de Monte-Cassino... Quando da
celebração dos 500 anos do desco-
brimento da América, um grande
sino foi encomendado. Enfim, Rio
de Janeiro, Buenos Aires, Mani-
lha, Sidney, Tóquio, entre muitas
outras, são as grandes cidades
onde estes maravilhosos sinos de
Agnone tocam diariamente.
A confecção de um sino demo-
ra vários meses. O molde é feito à
mão. Estando pronto, se enterra
no chão, a poucos metros do for-
no onde se funde o bronze espe-
cial para sinos (segredo de fabri-
cação da casa), uma liga de cobre
e estanho. A temperatura é de
1.200 graus. Os artesãos vão tiran-
do a escória do bronze líquido de
dentro do forno e limpando de tância nesse momento, pois há cando a Deus nos lugares mais
terra e impurezas os canais que mil pormenores a cuidar. A ma- distantes e inesperados do mun-
conduzirão o metal incandescen- neira de abrir a saída do forno e a do.
te até a boca do molde (presencia- boca dos moldes, a temperatura Terminada a ladainha e o es-
mos a fundição de dois sinos). do ambiente, o escorrer do líqui- correr do bronze, os sinos são co-
* * * do limpo pelos canais, influirão bertos com terra e vem o momen-
Aí é que começa propriamente para que a colata saia perfeita. to jubiloso dos abraços e felici-
o “cerimonial”. O Arcebispo, que Qualquer pormenor: uma bolha tações. É a sã e contagiante ale-
o presidia, revestido com roquete, de ar, uma impureza, diferenças gria geral que os italianos sabem
asperge o forno com água benta, de temperatura, condicionarão o como poucos manifestar. Os pa-
enquanto se recita uma oração do som, a resistência e a beleza do trões felicitam e desejam auguri a
ritual especial para a ocasião. futuro sino. cada um de seus empregados-ar-
Em seguida vem a parte culmi- A oração é recitada com ver- tesãos, assim como a todos os pre-
nante do ato. O Arcebispo come- dadeira compenetração — eu di- sentes, a começar pelo Arcebispo,
ça a recitar a ladainha de Nossa ria, com paixão — por parte de to- a quem tratam com verdadeira
Senhora e, no momento em que dos, e muito especialmente pelos veneração.
reza o “Santa Maria”, proclamado artesãos, que rogam à Santíssima Como comentou o Dr. Pasquale
com grande ênfase e repetido por Virgem pelo êxito da empresa. na ocasião, trata-se de um mo-
três vezes, é aberta a comporta do São meses de trabalho e um mi- mento de grande simbolismo e
forno do qual desce o bronze feito lênio de tradição que nesse mo- emoção.
fogo líquido e que, pelos canais mento se jogam. É também toda Os sinos são deixados enterra-
descritos, chega até os moldes e uma história futura de cada um dos para esfriarem lentamente,
neles penetra. O bronze continua desses sinos que ali começa, que durante quatro dias. Depois co-
vertendo durante toda a recitação atravessará os séculos chamando meça a etapa do polimento e aca-
da ladainha até encher completa- os homens à oração, comemoran- bamento dos alto-relevos e as
mente as fôrmas. Todos os arte- do seus grandes feitos ou seus provas do som até a despedida
sãos, incluídos os proprietários, grandes pesares, tornando a vida das obras, que irão repicar mun-
têm funções de máxima impor- mais nobre e bela, enfim, glorifi- do a fora. ²

16
ESCREVEM OS LEITORES

Recebi a revista com alegria de querer viver o céu já aqui na Sua página de receita ficou vazia...
terra. Nós católicos fomos privile- Espero que no mês de abril, a re-
Recebi com alegria a revista en- giados com a Canção Nova e agora ceita apareça.
viada por você. Realmente é mara- com vocês, para abrilhantar e res- P. João Batista Ferreira (Pinhal-
vilhosa, bem elaborada, ilustrada e gatar o que andava perdido: a ju- zinho - SP)
bem montada. Gostei das informa- ventude.
ções fornecidas. Chegou 2 dias após
No Fantástico do dia 10-3-2002, Dois filhos nos Arautos
ter sido colocada no correio. Achei
o Sr. João Clá Dias deixou bem
que ia atrasar, mas veio bem depres- Só quem tem um filho Arauto
claro que é impossível chegar à per-
sa. Agradeço muito a sua atenção. do Evangelho pode avaliar o tama-
feição sem disciplina. Obrigada pe-
Vocês podem contar comigo, prin- nho do contentamento, entusias-
lo bem que nos tem proporcionado.
cipalmente com minhas orações. mo e realização interior. Imaginem
Maria das Graças (Montes Cla-
Um abraço, eu, que tenho dois, Cristian, 15
ros - MG)
Maria Helena (Franca - SP) anos e o Fernando, 12 anos. Am-
bos integram o coral da Associação
Faltou a receita
Cultural Nossa Senhora de Fáti-
Uma injeção de ânimo
Foi-me apresentada a revista ma, de Montes Claros.
em toda a família
Arautos do Evangelho, com a qual Agora, com a edição dessa ótima
Através do carisma dos Arautos simpatizei muito. revista, será cada dia maior a cons-
do Evangelho, essa revista tem o No mês de fevereiro notei na pá- cientização de que todo caminho
efeito de revigorar a nossa fé. To- gina 33 a receita dada pelo Arauto que traz, leva. Que por intermédio
dos os meses, quando a recebemos do Evangelho Pedro Henrique da da SS. Virgem, nos veio a salva-
em casa, é como se fosse uma in- Cruz Ribeiro: “Delícia de Abacaxi”. ção; Jesus Cristo, e será por meio
jeção de ânimo em toda a família. Infelizmente, o Sr. Pedro Hen- d’Ela que chegaremos até Ele.
A veracidade desse trabalho causa rique deixou de colocar as suas de- Amo vocês!
um efeito fenomenal nas pessoas; o liciosas receitas no mês de março. M. G. B. M. (via Internet)
À luz do Cruzeiro do Sul
U ma natureza dadivosa, panoramas
grandiosos e as dimensões continen-
tais do território fascinaram nossos
avoengos portugueses que, aos quatro
dias de haverem chegado a esta terra desconhecida,
promoveram nela a celebração de uma Santa Eu-
caristia e a batizaram com o nome de Ilha de Vera
Juliane Campos

Cruz, pouco depois mudado para Terra de Santa O feitio de alma do brasileiro tem uma especial
Cruz. Que desígnios terá a Providência para esta suavidade que impregna todos os atos de sua vida
nação, em cujo firmamento faz brilhar este signo com um perfume de hospitalidade e afeto, e deixa a
máximo de nossa fé, o Cruzeiro do Sul? todos inteiramente à vontade até nos atos mais so-
Opção Brasil Imagens

&
lenes. Não é raro ouvirmos de es- mundialmente famoso Padre Pier- Compreendendo o caráter pro-
trangeiros (e isto nos enche de re Charles, SJ, que, no Teatro Mu- fundamente cristão do feitio de
ufania) que “não há país como o nicipal de São Paulo, fez uma sé- alma brasileiro, esse eminente sa-
Brasil”. rie de conferências sobre temas cerdote afirmou para o “Diário de
Povo inteligente e intuitivo, sociais. Figura de acentuado rele- São Paulo” (16/2/1941), ao lhe per-
fruto da pluralidade de raças que vo intelectual, esse jesuíta belga guntarem seu pensamento a res-
aqui vivem em fraternal harmo- era professor na Universidade de peito do Brasil:
nia, escolheu para cartão postal Louvain, Bélgica, catedrático na “Considero este país o mais natu-
deste país a imagem do próprio Universidade Gregoriana, de Ro- ralmente cristão do mundo. Talvez
Cristo Redentor, que do Corcova- ma, e na Fordham, nos EUA, e de- fosse difícil mostrar as razões concre-
do abraça a nação inteira como se sempenhou destacadas missões tas dessa verdade que faço questão de
dissesse: este país não será gran- na África e na Índia. pôr em relevo. Sentimos na bondade
de somente pela amplitude de do brasileiro qualquer coisa de impon-
suas fronteiras, mas sobretudo derável que nos fala diretamente à
pela sua Fé! nossa alma angustiada de europeus.
Entre os inúmeros comentários Essa bondade, ou melhor, esse sentido
clarividentes de pessoas célebres cristão específico do temperamento
a respeito de nosso país (são ci- brasileiro, é um fato básico para a
tados entre outros os de Stefan compreensão das esplêndidas ener-
Zweig e Georges Clemenceau) es- gias espirituais deste povo privilegia-
colhemos o de um sacerdote. Em do que tem o seu luminoso destino
1941 o Brasil recebeu a visita do traçado no próprio céu pela imagem
do Cruzeiro, marcando o itinerário
de uma grande nação cristã.
“Aproxima-se o tempo, que talvez
já tenha chegado, em que será impos-
sível compreender a Igreja e o Catoli-
cismo sem o papel que o Brasil repre-
sentará no cenário do mundo.” ²

Do alto de seu magnífico pedestal, o Cristo


Redentor abraça o Brasil inteiro, como se dissesse:
“Este País não será grande somente pela amplitude
de suas fronteiras, mas sobretudo pela sua fé!”

'
L’Osservatore Romano ACONTECEU NA IGREJA E NO MUNDO

(dominicanos), o Santo Padre dagogia da santidade alegre e


lhes dirigiu palavras de extrema serena que caracteriza os salesia-
importância e atualidade: nos.
“Na Carta apostólica ‘Novo mil- Não duvidais, diz ainda o San-
lennio ineunte’, escrevi: ‘os homens to Padre, em propor-lhes a “me-
do nosso tempo, talvez sem se darem dida alta” da vida cristã, acom-
conta, pedem aos crentes de hoje não panhando-os no caminho de
só que lhes ‘falem’ de Cristo, mas uma adesão radical a Cristo, o
também que de certa forma lh’O fa- qual no Sermão da Montanha
çam ver’ (n. 16). proclama: “Sede perfeitos como vos-
“Não coincide porventura esta so Pai celeste é perfeito.” (L’Osser-
exigência com o programa de vida, vatore Romano, Vidimus Domi-
Moedas com efígie do Papa expresso de maneira tão eficaz por ni).
valorizam-se até 80 vezes São Tomás: ‘contemplata aliis trade-
mais re’? Só quem fez a experiência de Causa de canonização de
As moedas com a imagem do Deus pode falar d’Ele aos outros de Isabel, a católica
Papa João Paulo II estão sendo maneira convicta. Na escola de São
Ao concluir sua recente assem-
cotadas em até 80 vezes seu va- Domingos e de tantos santos domi-
bléia geral, a Conferência Epis-
lor real. Trata-se de unidades de nicanos, vós sois chamados a ser
copal Espanhola decidiu autori-
1 e 2 Euros, além de 1, 2, 5, 10, 20 mestres de verdade e de santidade.”
zar o processo de canonização
e 50 centavos. Elas trazem, em (L’Osservatore Romano)
da Rainha Isabel I de Castela e
um lado, a indicação do valor cor- Leão, conhecida como “Isabel a
respondente e, no outro, o perfil Os educadores devem Católica”.
do Papa João Paulo II. induzir os jovens à “Há quinhentos anos — assinala
As razão desse surpreendente santidade a comissão oficial — tentamos nos
êxito, muito mais do que a afei- adentrar na fisionomia pessoal de
Por ocasião do 25º Capítulo
ção numismática, é o desejo de uma mulher imersa no mundo da
Geral dos Salesianos, o Papa lem-
muitos católicos de terem um política, da cultura, da religião, do
brou que é oportuno voltar a
objeto relacionado com o Papa. descobrimento de um novo conti-
propor com audácia “o rumo da
(El País/Madri, CatolicaNet) nente; que influiu de maneira deci-
santidade” como resposta princi-
pal aos desafios do mundo con- siva nessa fronteira que divide o me-
Sede mestres de verdade e temporâneo. dieval da modernidade”.
santidade Os educadores de jovens de- Assinala também que ficaram
Em audiência ao Conselho vem induzi-los à santidade, exer- muitas questões a se esclarecer
Geral da Ordem dos Pregadores cendo aquela forma típica de pe- em torno da figura da Rainha: “o
medo de uma época historicamente
complexa e uma posterior legenda
negra, aliada à falta de veracidade
científica, embargaram o estudo rigo-
roso desse momento histórico de enor-
me ressonância mundial”. (ACI -
Regina Perina)

O desejo de ter um objeto


relacionado com João Paulo II
tem elevado a cotação das
Central Audiov. Library

moedas em que aparece a


efígie dele em até 80 vezes o
seu valor real


Dom Scheid exalta tram sua habilidade em traba- China “cada vez mais mosteiros de
identidade católica da lhar as cores. Tanto mais que os clausura que, organizados subter-
143 afrescos foram executados raneamente, rezam por aquele país e
Universidade
no tempo recorde de pouco mais pelo mundo”.
Em concorrida aula magna de dois anos (1303-1305). A agência informou que nes-
dada na P.U.C. do Rio de Janei- Após séculos de representa- sas semanas recebeu mais de 200
ro, o Arcebispo Dom Eusébio ção frontal dos personagens, uma cartas de resposta provenientes
Scheid cativou a platéia ao exal- das inovações introduzidas por dos mosteiros italianos, aderin-
tar a identidade católica da Uni- Giotto foi organizar um desfile do à campanha de oração. Se-
versidade. “Há no mundo uma de figuras e rostos articulados de gundo a agência, a clausura não
grande sede de cultura, de coisas todas as maneiras possíveis, in- distancia as religiosas do mun-
mais verídicas, sérias e honestas. cluindo de perfil, uma de suas do, pois “todos os mosteiros conhe-
Nossa inteligência nasceu para sa- mais importantes conquistas. (El cem muito bem a situação de per-
ber tudo e não o que três ou quatro País, Madri) seguição vivida pela Igreja na Chi-
diretores de mídia quiserem”, de- na”. “Às vezes parece que aqueles
clarou o Arcebispo. (Jornal do Orações quaresmais pela que vivem em clausura conhecem e
Brasil) China sofrem os problemas vividos pela
Igreja muito melhor que muitas as-
ROMA - “Dizei aos queridos ir-
Renovar a consciência da mãos da China que estamos próxi-
sociações católicas. Muitos sublin-
nossa identidade mos a eles”. Esta frase é que tal-
ham sua profunda comunhão com o
Papa na oração cotidiana pela Chi-
Em sua alocução do domingo, vez melhor resuma a experiên-
na”, afirmou o sacerdote. “Em al-
3 de março, o Papa João Paulo II cia de 600 mosteiros de clausura
guns mosteiros colocou-se sobre um
lançou um expressivo apelo: “Em italianos onde religiosas trapis-
altar lateral um círio sempre aceso,
muitos ambientes de antiga tradição tas, capuchinhas, redentoristas,
no qual está colocada a lista dos pri-
cristã, infelizmente vai-se perdendo sacramentinas, cartuxas, da Visi-
sioneiros. Isto permite às religiosas,
cada vez mais o autêntico sentido tação, clarissas, passionistas, do-
como também a quem visita o mos-
religioso. Tornou-se, portanto, uma minicanas, entre outras, dedi-
teiro, participar da oração pelos
urgência para os cristãos renovar a cam suas orações quaresmais à
mártires e perseguidos”, acrescen-
consciência da própria identidade. perseguida Igreja Católica da
tou o diretor. (ACI-Regina Pe-
Por outras palavras, é necessário China.
rina)
que eles redescubram o seu Batismo, A agência vaticana Fides lan-
valorizando o inexaurível vigor es- çou durante a Quarta-feira de
Cinzas uma campanha de ora-
Santidade e arte
piritual da graça santificante nele
recebida, para depois a transmitir ção pelos bispos e sacerdotes A pintura de Giovanni da Fie-
em todos os âmbitos da vida pessoal presos na China por cumprir seu sole, mais conhecido como Fra
e social.” (L’Osservatore Roma- ministério pastoral na fidelidade Angelico, representa “a excelên-
no) ao Vaticano, iniciativa que já foi cia da beleza, combinada de maneira
acolhida pelas cinco mil religio- eficaz com a excelência humana da
Reaberta a famosa Capela sas em toda a Itália. Segundo o mensagem cristã”. Quem assim se
diretor da Fides, Pe. Bernardo exprime é o professor Francesco
Scrovegni
Cervellera, as notícias indicam Buranelli, Diretor geral dos Mo-
Após minuciosa restauração, que durante o último mês tem- numentos, Museus e Galerias
os magníficos afrescos de Giotto se endurecido a política chinesa Pontifícias.
existentes na Capela Scrovegni, contra a Igreja e as religiões. Po- Referindo-se aos afrescos que
em Pádua, foram reabertos para rém, várias fontes assinalam que podem ser contemplados na fa-
a apreciação do público. O pró- “a Igreja da China, nestes últimos mosa Capela Niccolina, recente-
prio Presidente Italiano, Carlo 50 anos de perseguição, quadrupli- mente restaurada, diz que eles
Ciampi participou da cerimônia cou-se: os católicos passaram de três apresentam uma síntese da teo-
de reinauguração. milhões em 1949 aos doze milhões logia que guiou e animou a san-
Giuseppe Basile, diretor dos atuais; a cada ano há milhares de tidade do Beato Angélico, trans-
trabalhos de restauração, fez no- batismos de adultos entre campone- mitida não com palavras, mas
tar a qualidade cromática das ses, porém também entre profissio- sim com imagens, a fim de torná-
pinturas de Giotto, que demons- nais e empresários”. Nascem na la de imediato mais compreen-


ACONTECEU NA IGREJA E NO MUNDO

do próprio Papa — é interes- cação da Constituição Sacrosanctum


sante ressaltar a do Santíssimo Concilium, nº 116, na qual se afir-
Nome de Jesus (3 de janeiro), a ma: “Ocupa o primeiro lugar, entre
de Nossa Senhora de Fátima (13 seus similares, o canto gregoriano,
de maio); a do Santíssimo Nome que é o canto próprio da Liturgia ro-
de Maria (12 de setembro); a de mana”, sem excluir outras formas
Santa Josefina Bakhita (8 de fe- musicais, desde que sejam harmô-
vereiro); São Charbel Makhluf nicas com o espírito da ação litúrgi-
(24 de julho); Santa Teresa Bene- ca e favoreçam a participação de to-
dita da Cruz (9 de agosto); São dos os fiéis. Sem dúvida, o Missal
Maxilimiano Maria Kolbe (14 de atual favorece e encoraja a participa-
agosto). ção com o canto, mas também assina-
sível aos admiradores de sua
A terceira Edição Típica traz la, em dois lugares da Institutio ge-
obra.
novidades também no campo da neralis Missalis Romani, nos nºs 45
O Beato Angélico foi realmen-
música sacra. Sobre elas declarou e 56, a oportunidade de momentos
te uma figura singular na histó-
Mons. Tamburrino: de silêncio, que deverão ajudar a dar
ria da Igreja e da arte. Seu prin-
“Uma riqueza extraordinária des- à celebração um clima intensamente
cipal biógrafo, Giorgio Vasari in-
ta editio typica é a inserção de uma orante e contemplativo.”
forma “que frei Giovanni não pega-
enorme quantidade de textos musi- É interessante ainda salientar
va os pincéis sem antes fazer uma
cais em gregoriano, que figuram não que a Sacrosanctum Concilium ad-
oração”. O pintor dominicano é o
em ‘Apêndice’, mas em seu lugar no mite, num plano secundário, a
único artista na história da Igre-
desenvolvimento da celebração do utilização de outros estilos musi-
ja elevado às honras dos altares.
Ordinário e do Próprio. Para o texto cais nas celebrações litúrgicas, ci-
(Vidimus Domini, 30 Dias)
latino do Missal, aparece pela pri- tando expressamente como o
meira vez na Institutio generalis mais recomendável o canto poli-
Nova edição do Missal
Missalis Romani, no nº 41, a indi- fônico. ²
Romano
No dia 22 de março, foi apre-
sentada numa conferência de
imprensa no Vaticano a nova
Edição Típica (a terceira) do Mis-
sal Romano. As explicações esti-
veram a cargo do Cardeal Jorge
Arturo Medina Estévez, Prefeito
da Congregação para o Culto Di-
vino, e do Monsenhor Francesco
Pio Tamburrino, Secretário da
mesma Congregação.
Entre as novidades da recente
Edição, foram acrescentados ao
calendário litúrgico alguns no-
mes de Santos, assim como no-
vos formulários para as Missas
votivas em honra de Nossa Se-
nhora. Prevê-se igualmente um
Timothy Ring

alargamento da possibilidade da
comunhão sob as duas espécies,
segundo o juízo pastoral de cada
Bispo diocesano. A última edição do Missal Romano sai a lume, trazendo interessantes
Entre as novas onze Missas — novidades, inclusive no tocante à música sacra
introduzidas por determinação
Fotos: Cause of Blessed Alphonsa; Divulgação

NA ÍNDIA, UM
PERFUME DE LISIEUX

K
erala, na miste- das por extensos canais de águas
riosa e fabulosa calmas, pelas quais navegam em-
Índia, é um Es- barcações típicas, semelhantes a
tado com 30 mi- enormes gôndolas. Segundo a tra-
lhões de habi- dição corrente, as primeiras se-
tantes, dos quais mentes do Evangelho entre os in-
25% são católi- dianos foram lançadas pelo Após-
cos. Situado na região sul, a sua tolo São Tomé.
paisagem é marcada por verde- Lá chegando, no século XVI, os Colombo
jantes plantações de arroz, serin- missionários portugueses encon- Nunes Pires
gueiras e coqueiros, entrecorta- traram comunidades de cristãos,

!
Irmãs de hábito e familiares em torno do caixão da Beata Alfonsa

remanescentes daquelas prega- tual foi a intensa devoção a Santa acorreriam”. Seu comentário foi
ções. Seus laços com a Sé de Ro- Teresinha do Menino Jesus, cuja uma profecia que se realizou in-
ma, lamentavelmente desfeitos ao biografia — a famosa “História de teiramente algumas décadas mais
longo dos séculos anteriores, fo- uma Alma” — ela leu várias vezes tarde. Em 1986, por ocasião de
ram então reatados, daí resultan- na juventude e conhecia quase de sua viagem à Índia, o Papa João
do o revigoramento dessa grande cor. Paulo II procedeu à beatificação
comunidade católica, que ficou co- As celas que ela ocupou nos da Irmã Alfonsa, em cerimônia
nhecida como Igreja Siro-Mala- conventos de Changanacherry e presenciada exatamente por cen-
bar. Sinal de sua vitalidade hoje Barananganam são conservadas e tenas de bispos e sacerdotes, além
em dia (o que ocorre também no abertas à visitação dos fiéis. Neste de uma multidão de fiéis, na cida-
rito latino) é o alto índice de voca- último local, além de sua cama, de de Kottayam, próxima a Bara-
ções sacerdotais e religiosas, que colchas e vários objetos de seu nanganam. Foi também beatifica-
tem possibilitado o envio de mis- uso, encontra-se um quadro de do nessa ocasião o carmelita india-
sionários para socorrer a Igreja Santa Teresinha. no Frei Kuriakose Chavara, após-
em países da Europa e das Améri- Tendo vivido no estrito ambien- tolo do afervoramento do clero,
cas. O florescimento de almas de te conventual, a Irmã Alfonsa foi que viveu no século XIX. Hoje,
grande virtude é também um si- naturalmente pouco conhecida nas proximidades do convento no
nal inequívoco dessa vitalidade. do público. Assim, de seu funeral qual habitou a Irmã Alfonsa, uma
Uma dessas almas de escol foi a participaram apenas suas irmãs capela abriga seu túmulo, que é
Irmã Alfonsa da Imaculada Con- de hábito, seu pai com alguns fa- continuamente visitado por fiéis.
ceição, da Congregação das Cla- miliares, e alunas da escola do Situada no alto de uma colina, a
rissas. De família influente que convento. pequena construção tem na fren-
deu à Igreja vários sacerdotes, Entretanto, como tantas vezes te um enorme pátio, medindo cer-
nasceu em 1910, vindo a falecer ocorre na vida de santos que vi- ca de um hectare e capaz de aco-
em 28 de julho de 1946, num con- veram no recolhimento, sua pas- lher uma considerável multidão
vento da pequena cidade de Ba- sagem para a eternidade marcou de fiéis.
rananganam. o início de uma atuação notável e Na biografia da Irmã Alfonsa,
Às almas mais diletas, o Divino profunda sobre os fiéis, pelos alguns episódios podem dar uma
Salvador convida não ao monte quais tanto rezou e ofereceu sua idéia de seu perfil espiritual.
Tabor, mas ao Calvário; oferece- vida. Sua mãe faleceu logo após ter
lhes não um caminho de rosas, Já nas palavras proferidas du- lhe dado à luz. Ana Muttathupa-
mas o amargo cálice que Ele ex- rante o sepultamento, o carmelita dathu — este o nome de batismo
perimentou em sua Paixão. A Frei Romulus, que fora seu Dire- de Irmã Alfonsa — foi criada por
união com a Paixão de Cristo foi a tor Espiritual e Confessor, ressal- uma tia. Esta dispensou-lhe esme-
nota tônica da espiritualidade da tou : “Se pudessem conhecer a gran- rada formação.
Irmã Alfonsa ao longo de vinte deza intrínseca dessa religiosa, mul- Em certa ocasião, a jovem Ana
anos de vida conventual. Outro tidões de fiéis, incluindo centenas de foi abordada por uma religiosa
traço marcante de sua via espiri- padres e bispos de toda a Índia, aqui carmelita que, demonstrando-lhe

"
muita estima, aconselhou-a a tor- queimadura nos pés. Para isso uma religiosa desejava obter al-
nar-se religiosa. Posteriormente, já saltou sobre algumas brasas que guma lembrança da Irmã Alfonsa,
no convento, constatou ter sido a ardiam numa cavidade existente mas não a pediu. Alguns dias de-
própria Santa Teresinha do Meni- no quintal de sua casa, na qual se pois, a Irmã Alfonsa chamou-a e
no Jesus que lhe aparecera mira- queimava palha. Esse lance, que a deu-lhe uma oração escrita de
culosamente. Suas palavras tive- família supôs ter sido acidental, próprio punho.
ram o efeito de inflamar o desejo ocasionou-lhe queimaduras que Não é de estranhar, portanto,
que Ana já nutria em seu coração. superaram a sua expectativa e que mesmo vivendo no isolamen-
Enfim, chegou o momento de exigiram tratamento especial. Po- to, conhecesse e se sacrificasse
pedir permissão à tia para deixar rém, o objetivo foi inteiramente pelas necessidades da Igreja na
o lar e tornar-se religiosa clarissa. alcançado. O casamento veio a Índia e em todo o mundo.
A resposta, entretanto, foi negati- ser cancelado e, algum tempo de- Num de seus escritos, referin-
va e peremptória. Sua tia deseja- pois, Ana podia transpor os por- do-se à enfermidade que a aco-
va vê-la como uma boa mãe de fa- tões do Convento das Clarissas. metia, assim se expressou: “Estou
mília, e jamais no isolamento de Tanto durante o noviciado co- pronta a sofrer não apenas esta, mas
um convento. Para isso havia já mo depois de sua profissão, pe- quaisquer outras doenças. O mundo
agenciado a escolha do noivo, e ríodos de graves enfermidades al- moderno desceu ao mais baixo nível
providenciava a confecção do ves- ternaram-se com épocas de saú- na busca dos prazeres. Que o Senhor
tido para a cerimônia de noivado, de. faça de mim o que quiser, pisando-
que, segundo o costume da Índia, Muitas de suas irmãs de hábito me, ferindo-me como pequena vítima,
se realiza também na igreja. asseguram que freqüentemente a por amor do mundo que trilha o ca-
Ana, porém, já decidira fazer- Irmã Alfonsa conhecia os pensa- minho da ruína, como também pelos
se religiosa. Para tornar inviável o mentos delas e problemas mais sacerdotes, religiosos e religiosas cujo
noivado, decidiu provocar uma íntimos, e consolava-as. Certa vez, fervor esteja decaindo.” ²

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#
ARAUTOS NO MUNDO
Do Domingo de Ramos à Páscoa da Ressurreição

Apresentação
das “Sete
Palavras” e
Ofício de Trevas
na Matriz de
Atibaia

Celebração Eucarística no Domingo de Ramos, presidida


por Dom Joseph Mahfuz OLM, Bispo maronita – Igreja
Nossa Senhora do Líbano, São Paulo

À esquerda:
Representação da
Paixão de Jesus –
Catedral da Sagrada
Família, Campo
Limpo, São Paulo
o
D urante a Semana Santa, os “Arautos do
Evangelho” colocaram a serviço da Igreja
seus dotes e carisma, conferindo maior es-
plendor a várias cerimônias litúrgicas. Dessa ma-
Luiz
neira contribuíram para o afervoramento do povo Alexandre
de Deus, procurando levar os fiéis a um maior de Souza

amor e à compreensão dos mistérios da Paixão,


Morte e Ressurreição do Divino Redentor.

Ofício de Trevas
na Igreja de
São Norberto,
em Toronto
(Canadá)

À direita:
Procissão em
Acima: Solene Eucaristia celebrada
honra da
na igreja matriz de Sorocaba,
Santa Cruz,
após missão mariana realizada
em Lima,
na 2ª Feira Santa
Peru

Ao lado: Procissão de 6ª feira Santa em


San José, Costa Rica; abaixo: encenação
da Via Sacra no Colégio Saint-Joseph, para
cerca de 500 meninos e pais de família, na
capital costarriquense
Fotos:Arautos do Evangelho

%
Acima: Vigília Pascal em Ibros (Espanha); à
esquerda: solene Eucaristia no Domingo de
Páscoa – Igreja de São Pedro e São Paulo, na
capital paulista

À direita: aos pés da Cruz,


os jovens encontram a verdadeira Luz
que iluminará seus passos rumo ao
triunfo do Imaculado Coração de Maria.
(Acampamento em Ponta Grossa, Paraná,
durante a Semana Santa)

Celebração Pascal na Catedral de Campo Limpo, em São Paulo, presidida por Dom Emilio Pignoli, Bispo Diocesano

&
Estímulos à Evangelização
Por ocasião das comemorações do primeiro aniversário da Aprovação Pontifícia dos “Arautos do
Evangelho”, foram celebradas Eucaristias de ação de graças em diversas partes do mundo, durante
as quais ilustres Prelados dirigiram valiosas palavras de estímulo à Associação.
A seguir, trechos das homilias pronunciadas por S. Emcia. Dom Francisco Álvarez, Cardeal-Arce-
bispo de Toledo, Primaz da Espanha, e S. Excia. Dom Rino Passigato, Núncio Apostólico no Peru.

“Arautos do Magistério de Pedro”

Queridos irmãos, a coincidência com a festa de fé e de nosso testemunho. “Eu orei por ti, para
litúrgica da Cátedra de São Pedro é providencial que tu não desfaleças” (Lc 22, 32), disse Jesus na úl-
e vos compromete a uma fidelidade total e sem tima Ceia. Estas palavras de Jesus, fundamentais
reservas ao Bispo de Roma e a seu Magistério. para Pedro e seus Sucessores, difundem luz e
Ser Arautos do Evangelho é também ser Arau- consolo também sobre os que colaboram em seu
tos do Magistério de Pedro, porque ele é a garan- ministério, sejam bispos, sacerdotes, pessoas
tia da autenticidade do Evangelho que vós vos consagradas, fiéis leigos comprometidos na obra
propondes a seguir e difundir. Vosso carisma e da evangelização. (...)
vossa vocação vos chamam e vos comprometem Esta oração, que brota incessantemente do Co-
a serdes colaboradores do Magistério de Pedro, ração do Bom Pastor, seja sempre vossa força,
princípio visível de integridade e de unidade. queridos irmãos.
(...) Nossa união e fidelidade a Pedro é garantia Dom Rino Passigato
da pureza e da autenticidade de nossa profissão Núncio Apostólico no Peru

“Sede Evangelho vivo!”

Abandonando tudo pelo Reino de Deus e a carei minha Igreja...”; e nós que somos Igreja de
pregação do Evangelho, servindo ao Bom Pastor Pedro, do sucessor de Pedro, estamos felizes de,
e certos de que Ele vos conduziu a estas fontes com Simão Pedro, levar adiante aquilo que sig-
tranqüilas e sossegadas, a este caminho seguro nifica seguir a Jesus (...) num mundo que tanto
de vossa instituição, em nome do Senhor vós necessita ser evangelizado. (...)
lançais as redes, proclamais o Evangelho, dais Que vos sintais incorporados a essa Cátedra
testemunho e realmente vos compenetrais de de Pedro, que hoje celebramos, e (...) compene-
que dentro da Igreja sois esse grão de mostarda trados do que significa apoiar essa Cátedra, a fi-
que, sendo pequeno, no entanto cresce constan- gura do Santo Padre, sua missão e suas mensa-
temente na Igreja, alimentado com as raízes do gens continuamente proclamadas e vividas por
Evangelho. (...) ele, para que todos compreendamos que deve-
Certamente esse vosso testemunho é uma das mos viver em constante alerta para sermos cada
pedras angulares que edificam a Igreja para le- vez mais Evangelho vivo, e que estamos em um
var adiante precisamente a misericórdia de Deus mundo que precisa de nós como fiéis evangeli-
acompanhada da proclamação do Evangelho. zadores.
Hoje tem de ressoar em nossos corações as pa- Cardeal Francisco Álvarez
lavras de Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edifi- Arcebispo de Toledo, Espanha

'
CARTAS DO VATICANO
T anto por constituírem uma associação de Direito Pontifício, como por sua
entusiasmada adesão ao Papado, os Arautos do Evangelho mantêm-se em
permanente contato com o Vaticano, o que resulta numa significativa
correspondência. Nestas páginas encontram-se estampadas algumas das cartas
recebidas de Roma nos últimos meses.

De Mons. Quintana, Assessor da Secretaria de


Estado, em nome de S.S. João Paulo II

Vaticano, 18 de março de 2002

Muito Prezado Senhor,


Por ocasião do primeiro aniversário da aprovação desta Associação
privada de fiéis de direito pontifício, V. Sa. enviou ao Santo Padre ex-
pressões de devoto reconhecimento e fidelidade, manifestando-lhe sua
disponibilidade para novas missões de evangelização e ofertando-lhe uma publicação.
Sua Santidade agradece o protesto de filial adesão ao Seu ministério, fortalecido pela oração.
E, ao mesmo tempo que invoca a tão desejada graça sobre as atividades da Associação, de cora-
ção envia a ela e a todos os seus aderentes a implorada Bênção Apostólica.
Aproveito a ocasião para apresentar-lhe distintas saudações.

Mons. Pedro López Quintana


Assessor

Do Cardeal Sodano, Secretário de Estado do Vaticano

Vaticano, 23 de Março de 2002

Muito Prezado Senhor,


Em carta do 13 de março do corrente, os “Arautos do Evangelho”, por
ocasião do primeiro aniversário do reconhecimento desse sodalício como
associação privada de fiéis de direito pontifício, enviou-me em homena-
gem uma publicação que ilustra suas atividades.
Agradeço vivamente a gentileza e, formulando os melhores votos em seu empenho
evangelizador, desejo a esta Associação e a todos os seus aderentes uma santa Páscoa, rica de
luz e de alegria espiritual.
Aproveito a ocasião para apresentar-lhe distintas saudações.
Cordialmente no Senhor
(a) Angelo Cardeal Sodano
Secretário de Estado
De Mons. Stanislaw Rylko, Secretário do
Pontifício Conselho dos Leigos
Vaticano, 14 de março de 2002

Distinto Doutor,
Recebi sua gentil carta de 19 de fevereiro de 2002. Agradeço sensibilizado as in-
formações que fornece ao Pontifício Conselho para os Leigos no tocante aos próxi-
mos projetos da sociedade Arautos do Evangelho, reconhecida há um ano pela Santa
Sé como associação privada internacional de fiéis.
Alegra-nos muito constatar seu ardor missionário, como também receber a notícia do início
do trabalho de evangelização de sua associação em alguns países da Europa do
Leste, como dom ao Santo Padre pelo aniversário do reconhecimento pontifício
dos Arautos do Evangelho.
No que se refere às cartas de apresentação aos Bispos diocesanos, desejo in-
formar-lhe que as associações internacionais de fiéis erigidas ou reconhecidas
pela Santa Sé não têm necessidade de outro documento que o decreto do
Pontifício Conselho para os Leigos, a fim de poder apresentar-se aos Ordi-
nários locais. Além disso, as associações de fiéis não necessitam de um
mandato especial da autoridade eclesiástica para cumprir sua missão
evangelizadora.
Terei o prazer de receber-lhe proximamente no Dicastério, em data a
ser acertada com minha secretária. Desejando-lhe abundantes frutos de
santidade e de apostolado, cumprimento-o cordialmente no Senhor.

+ (a.) Stanislaw Rylko


Secretário

Decreto de concessão de indulgências


A PENITENCIARIA APOSTÓLICA, por mandato do Sumo Pontífice, benignamente concede
a Indulgência Plenária que será lucrada pelos [Arautos do Evangelho], contanto que se ob-
servem as condições de costume (Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e Oração pe-
las intenções do Sumo Pontífice), excluído o afeto a qualquer pecado, ao emitir ou renovar, pe-
lo menos privadamente, a promessa de observar com fidelidade os Estatutos que lhe são pró-
prios:
1) no dia da recepção;
3) na solenidade da Cátedra de São Pedro Apóstolo (22 de fevereiro); na cele-
bração litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria sob o título de “Bom Conselho”
(26 de abril) e Santa Teresa do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja (1 de ou-
tubro).
Válido por 7 anos.
Revogam-se quaisquer objeções em contrário.

Aloisius de Magistrij
Pro Penitenciário Maior
e. Joannes Maria Gervais
Secretário
GUATEMALA: CERIMÔNIA DE ADMISSÃO
DE NOVOS COOPERADORES

Os Arautos do Evangelho da Guatemala celebraram o primeiro


aniversário da Aprovação Pontifícia com uma solene cerimônia de
admissão de novos cooperadores. Nessa oportunidade, Dom Leo-
nardo Sandri, Substituto para Assuntos Gerais da Secretaria de
Estado, escreveu ao nosso assistente espiritual, Mons. Guillermo
Flores y Flores, a seguinte carta:

Revmo. Monsenhor,
Por ocasião da cerimônia de admissão de novos Cooperadores dos Arautos do Evan-
gelho, que terá lugar no 22 de fevereiro corrente, no primeiro aniversário da aprova-
ção pontifícia deste Sodalício internacional, fizeste chegar ao Santo Padre, em nome
dos membros da Associação na Guatemala, expressões de filial devotamento e o pedido
de uma Bênção especial.
O Sumo Pontífice, externando grato apreço pela delicada lembrança e pelos senti-
Acima: os novos mentos de fidelidade e afeto manifestados, confia os Arautos do Evangelho à celeste pro-
cooperadores
dos Arautos do
teção da Virgem Santíssima, para que seu apostolado seja fecundo em frutos espiri-
Evangelho na tuais, ao mesmo tempo que envia a todos, de Coração, a implorada Bênção apostólica.
Guatemala, após
a cerimônia de Aproveito o ensejo para cumprimentá-los com particular estima.
sua admissão De vossa Reverência, devmo.,
Leonardo Sandri

“OS CAVALEIROS DO NOVO MILÊNIO” NA TV


“Fantástico”
Durante 4 dias consecutivos, uma equipe do Programa
Fantástico, da Rede Globo de Televisão, acompanhou de perto o
dia-a-dia dos Arautos do Evangelho (foto acima), filmando suas diversas atividades: desde cerimo-
niosos cortejos até um ousado percurso marítimo de natação. Duas semanas após as gravações, a
reportagem foi ao ar, conquistando a preferência da maioria dos telespectadores: 71%, segundo
enquete realizada pelo próprio “Fantástico”.

“Ione”
“Os Cavaleiros do Novo Milênio” estiveram nos estúdios da
TV Gazeta, que quis brindar desta maneira os telespectadores
do Programa Ione com uma mensagem de feliz Páscoa, reple-
ta de paz, harmonia e esperança (à direita).

!
Orações de uma mãe
É dificil haver maior amor humano que o de uma mãe por seu filho. Antes mesmo de ele
nascer, ela já o quer. Por isso mesmo, é indizível o seu sofrimento quando o vê trasviar-se por
tortuosos e sinistros caminhos.
Esse tema, de todas as épocas, levou Catherine Moitessier, condessa de Flavigny, a incluir estas
confortadoras preces na sua “Coletânea de orações, meditações e leituras”. O livro foi publicado em
Tours (França), no fim do século XIX, e teve tanto êxito que chegou a alcançar as dezoito edições.

Oração pelo filho ao qual dará à luz infelizmente arrastado para longe de Vós, longe de
mim, longe do dever.
Ó meu Deus, que me designastes para dar a vida
Meu pobre filho!
a criaturas que devem tornar-se vossos filhos, filhos
Ó meu Deus, eu Vos suplico, pelas lágrimas de Ma-
da Santa Igreja, irmãos de Jesus Cristo, herdeiros do
ria Santíssima, abri os olhos dele, tocai seu coração,
Céu, dou-Vos graças por me ter concedido tal bene-
quebrai as correntes que o escravizam, dai-lhe cora-
fício e uma glória tão bela.
gem. Que ele volte para Vós como um outro Agosti-
Imploro-Vos tornar-me digna desta elevada vo-
nho, abrace Vossos pés sagrados como Madalena ar-
cação que me concedestes.
rependida.
Ofereço-Vos desde já, Senhor, o filho que me des-
Mas, se diante de vossos olhos, aos quais nada é
tes. Dignai-Vos preservar-me de todo acidente que
escondido, ó meu Deus, eu tive a terrível responsa-
possa ser-lhe funesto, e conceder-me a força neces-
bilidade pelos desvarios que deploro;
sária para trazê-lo ao mundo.
Se, por uma negligência ou por uma culposa fra-
Tomai, meu Deus, a mãe e o filho sob a proteção
queza, eu permiti que se inoculasse e desenvolvesse
de vossa bondade paterna.
na alma de meu filho germens perigosos;
— Que Nosso Senhor, O qual, vivendo nesta ter-
Se, mais tarde, de algum modo autorizei suas de-
ra, tanto amou os pequeninos, abençoe desde já
sordens, pela leviandade de minhas palavras ou de
também este e o marque com o selo de seus eleitos.
minha conduta, ó Senhor, vede meu arrependimen-
— Que o santo Anjo designado para a sua guarda
to, a dor que expia as minhas faltas.
o mantenha vivo até o momento do batismo, o tome
Perdoai a nós dois,
pela mão desde seu nascimento e o conduza até a
e dai-nos a graça de
hora da morte, sem permitir que manche a alva
nos unirmos a Vós
túnica de sua inocência!
para sempre.
— Que Maria, Mãe Imaculada de Jesus e recurso
Assim seja. ²
de todas as pobres mães, se digne vir em meu auxí-
lio!
— Ó meu Deus, possa meu filho deixar meus bra-
ços e esta terra tão somente para encontrar-se con-
vosco, junto aos coros celestiais dos anjos, ou na co-
munidade de vossos santos.
Assim seja.

Oração pelo filho desencaminhado


Ó Jesus, Salvador e Redentor dos homens, Vós,
que na tocante parábola do filho pródigo testemu-
nhastes uma tão doce misericórdia pelos filhos que
se desencaminham, dignai-Vos reconduzir o meu,
0 á alguns anos,
quem conseguisse
ultrapassar os limi-
tes da clausura do
Convento dominicano de la Vir-
gen de Atocha, em Madri, depara-
ria com uma cena de iluminura:
um teólogo de renome internacio-
nal desempenhando a função de
sineiro. Era o Frei Antonio Royo
Marín que, de tempos em tempos,
interrompia seus estudos para
lembrar a seus irmãos de hábito o
cumprimento do horário da comu-

Fotos: Jesús García Cubero e Arquivo familiar Frei Royo Marín


nidade.
Homem de um passado pene-
trado de luzes e de carismas de
seu fundador, soube com geniali-
dade sintetizar e divulgar verda-
des explicitadas pela Igreja ao lon-
go dos séculos, fato que lhe fez re-
ceber de S. S. João Paulo II a presti-
giosa condecoração papal Pro Ec-
clesia et Pontifice.
Ouçamos o próprio Frei Anto-
nio Royo Marín narrar alguns im-
portantes aspectos de sua vida.

Entrevista com Frei


Antonio Royo Marín, O.P.
AE: Frei Royo, que lembranças o
poderiam vir à existência — é a
senhor tem de sua infância em sua
de ter-me feito nascer num am-
cidade natal, Morella? biente autêntica e calorosamente
Fernando
Frei Royo Marín: Uma das cristão. Meu pai, minha mãe, Gonzalo Elizondo
maiores graças que o Senhor me meus irmãos, todos, graças a
Correspondente
concedeu — depois daquela de Deus, sempre foram cristãos fer- na Espanha
ter-me escolhido para existir, den- vorosos. Tenho de agradecer isto a
tre o infinito número de seres que Deus Nosso Senhor, pois não sei o

!"
que teria sido de mim se tivesse tava da medicina. Matriculei-me AE: E por que dominicano e não
nascido num ambiente diferente. na Faculdade de Medicina de Va- sacerdote secular?
lência. Porém, quando um dia es-
Frei Royo Marín: Poucos dias
AE: Que recordação o senhor tem tava estudando uma das matérias
depois desse acontecimento-re-
de sua Primeira Comunhão e de do primeiro ano, sem saber por
lâmpago, que acabo de descrever,
seus primeiros passos na fé? que, surgiu de repente em meu
minha família mudou-se para Ma-
espírito a seguinte pergunta: por
Frei Royo Marín: Eu tinha oito dri, para uma casa perto da Basí-
que, em vez de ser médico de cor-
anos de idade quando se deu lica de Atocha, administrada pe-
pos, não posso ser médico de al-
meu primeiro encontro com Cris- los Frades de São Domingos. O
mas? Esse pensamento me cau-
to Nosso Senhor. Foi algo normal. Prior naquela época era Frei To-
sou uma tal impressão que, ime-
Continuei comungando diaria- más Sánchez Perancho, que todos
diatamente fechei o livro e decidi:
mente durante toda a minha ju- consideramos como santo cano-
“Sacerdote, acima de tudo!”
ventude; fazia-me falta, tinha ne- nizável. Quando vi como ele pre-
cessidade de encontrar-me com Que mistério de Deus! Minha gava, como as palavras saíam de
Nosso Senhor no fundo de meu vocação foi um relâmpago. Em sua alma, com aquele dom de
coração. E o encontrava na Euca- geral as vocações surgem lenta- Deus de convencer os outros, sem
ristia. mente. Fazem-se retiros, consul- impor, sem forçar nada, eu pen-
ta-se um diretor espiritual. No sei: “Tenho de ser dominicano”.
meu caso foi um relâmpago inspi- Depois ocorreu uma série de
AE: Como surgiu sua vocação
rado pelo Espírito Santo. Não te- coisas, que seria longo contar.
sacerdotal?
nho a menor dúvida: minha vo- Adoeci, começou a guerra civil,
Frei Royo Marín: Eu pensava cação brotou diretamente do Es- na qual os “vermelhos” estiveram
numa profissão no mundo, e gos- pírito Santo! a ponto de fuzilar-me duas vezes.

“Deus me concedeu a graça de nascer num ambiente


autêntica e calorosamente cristão. Minha mãe, meu pai,
meus irmãos, sempre foram cristãos fervorosos”.
“Tinha necessidade de encontrar-me com Nosso Senhor
no fundo do meu coração. E o encontrava na Eucaristia”

Ao lado: o jovem Antonio Royo Marín


no dia da Primeira Comunhão.
Abaixo: Dª Isabel
e Sr. Antonio, pais do
insígne teólogo; à direita:
vista da cidade de Morella,
onde ele nasceu

!#
Ao lado: o Pe. Royo
na entrada do Convento de
Atocha; abaixo: em seus
primeiros anos como pregador
dominicano, atraiu ele
grandes multidões para
junto do púlpito

mandaram-me obter o doutorado


em Filosofia. Eu tinha que obede-
cer, mas a Filosofia não me atraía
tanto. A Teologia trata de Deus, e
o que é de Deus é que me atrai.
Enfim, fui a Roma para estudar
Filosofia. Mas oito dias depois de
me ter matriculado em Filosofia,
foi mudado o Provincial na Espa-
nha, sendo eleito prior o Pe. Sán-
chez Perancho, que me conhecia
perfeitamente. Ele pediu a Frei

Deus não o quis. Por fim, chegou


o momento em que pude ingres-
sar no Convento Dominicano de
Santo Estêvão, em Salamanca.

AE: Que lembrança o senhor tem


dos professores que conheceu em
Salamanca e depois no Angelicum,
de Roma?
Frei Royo Marín: Tive profes-
sores dominicanos magníficos,
AE: Como lhe enviaram a Roma
tanto de Teologia Dogmática co- Santiago Ramírez — que estava
mo de Teologia Moral. Sobretudo para terminar seus estudos? de partida para Roma — dar-me o
Frei Santiago Ramírez. Em nossa Frei Royo Marín: Em Salaman- seguinte recado: “Diga a Frei Royo
Ordem ele é considerado um se- ca fiz o curso normal de Filosofia, que, se ele preferir o doutorado
gundo São Tomás. Tive a graça de de Teologia e demais matérias ne- em Teologia, passe para Teologia;
tê-lo como professor e regente de cessárias para ser sacerdote. Já or- e, se não gostar de Teologia, volte
estudos; de acompanhar seus en- denado, o Padre Provincial me para a Espanha. Frei Santiago Ra-
sinamentos magistrais. Nunca enviou por três ou quatro anos a mírez me disse: “Eu lhe aconselho
ouvi alguém falar sobre Teologia Roma para completar os estudos Teologia. Voltar à Espanha sem
Dogmática e Moral como ele. Co- no Angelicum. Como havia falta doutorado, não. O doutorado lhe
nhecia São Tomás inteiramente. de professores em Salamanca, servirá muito, mas em Teologia”.

!$
AE: Como foram suas
experiências como pregador Ao lado e abaixo:
por toda a Espanha, antes o Pe. Royo Marín em
de ser nomeado professor visita à Casa dos
em Salamanca? Arautos do Evangelho
Frei Royo Marín: Os em Madri. Para
primeiros cinco anos de eles, o seu conselho:
sacerdócio, dediquei-os à “Aspirem à santidade.
pregação e percorri a Espa-
nha inteira. Pensava em en- Queiram ser santos!”
tregar toda a minha vida à pre-
gação, mas um dia Frei Aniceto,
outro santo varão que depois che-
gou a ser Provincial da Espanha,
me disse: “O senhor está fazendo nhol e mais de cem mil exem-
uma trabalho enorme como pre- para pregar, pois tinha de dar au- plares. Seria impossível pregar
gador e estamos encantados com las. Então comecei também a es- cem mil sermões...
isto, mas acontece que Frei Teófilo crever. Foi providencial! Se eu ti-
Urdanoz, professor de Teologia vesse continuado a pregar, teria AE: Que conselho o senhor daria
em Salamanca, adoeceu. Pergun- percorrido toda a Espanha, mas aos Arautos do Evangelho?
tei a Fei Santiago Ramírez quem não teria escrito um só livro.
poderia substituí-lo e ele me res- Frei Royo Marín: Outra das
Aí estão as minhas obras. Ale-
pondeu: Frei Roy”. Não há outra grandes manifestações da Provi-
gra-me muito ver a Providência
opção para o senhor senão ir para dência de Deus na minha vida é
Divina ter-me retirado da prega-
Salamanca! Sei que estou inter- eu ter tido a honra de conhecer
ção e me colocado para escrever,
rompendo sua brilhante vida de de perto os Arautos do Evange-
pois a pregação passa e não volta,
pregador, mas não tem escolha”. lho. Especialmente sou íntimo
mas o que está escrito permanece
Fui para Salamanca. O melhor amigo do Presidente Geral, João
para sempre.
é nos deixarmos levar pela obe- Clá. Pode ser que eu tenha feito
A obra Teologia da Perfeição Cris-
diência, pois assim sempre acerta- algum bem aos Arautos, mas eles
tã já tem nove edições em espa-
mos. também me têm feito muito bem,
razão pela qual os estimo profun-
AE: Foi a partir de então que o damente e os admiro com toda a
força e com todo o carinho. De
senhor começou seu paciente
modo que sou também Arauto do
trabalho de sistematização da Evangelho de coração e com to-
Teologia, a escrever livros e a da a minha alma.
formar pregadores. Que pode Meu conselho: aspirem à
nos contar a esse respeito? santidade, queiram ser san-
Frei Royo Marín: Como tos. No dia em que renun-
professor na Faculdade de ciarem a ser santos, façam
Santo Estêvão, em Sala- o favor de sair da Associ-
manca, eu ensinava parte ação e devolvam suas in-
da Teologia Dogmática, sígnias, pois já não serão
parte da Teologia Moral e mais Arautos. Para ser ver-
Oratória Sacra. Formei mais dadeiramente Arauto do
de 500 jovens e ensinei-lhes Evangelho, é preciso ter fo-
a pregar. São os que agora es- me e sede de santidade, e as-
tão pregando por toda parte e sim contribuir com todas as
utilizando meus esquemas. Mas suas forças para a santificação
eu mesmo não podia mais sair dos outros. ²

!%
H
á alguns meses, o Arce-
bispo de Bruxelas e Pri-
maz da Bélgica, Cardeal
Godfried Danneels, es-
teve em Roma, a con-
vite do senador Giulio
Andreotti, Diretor-Presidente da
conhecida revista 30 Dias, para
participar do lançamento de um
livro de memórias sobre o escritor
francês Charles Péguy.
Na Sala do Cenáculo da Câmara
dos Deputados, Sua Eminência
proferiu um discurso de extrema
importância, tanto pelo tema em
si, como por sua palpitante atuali-
dade.
De tal maneira os argumentos
expostos vêm ao encontro do nos-
so carisma, que pareceu-nos ser
do agrado de nossos leitores re-
produzir aqui os principais tre-
chos da alocução do Cardeal. Fa-
lou ele sobre o papel da beleza en-
quanto valor a ser descoberto em
Jan Breyne, Oostkamp (Belgium)

Deus, e como instrumento de evan-


gelização, particularmente no tra-
balho com os jovens.
Os subtítulos são de nossa reda-
ção.

Beleza e cultura:
meios para falar de
Deus aos jovens
!&
Três “portas” para chegar a Deus “A beleza de que estou falando não é um estetismo, não
é uma beleza da forma. Platão já dizia: ‘Pulchrum est
“Há três portas para chegar a Deus. Deus tem três no-
splendor veri’. Portanto, se a verdade é o sol, o pul-
mes: Verum, Bonum, Pulchrum, as três universalia da
chrum é o halo em volta do sol, onde o sol é mais quente
filosofia medieval.
e mais luminoso. A beleza é o esplendor, a brillance da
“Portanto, há uma porta de entrada para chegar a Deus
verdade, como dizem os franceses. Já os gregos haviam fei-
pelo caminho da verdade (por exemplo, sublinhando que
to das palavras belo (kalós) e bom (agathós) um único
Deus é a Verdade primeira); há outra porta que passa pelo
substantivo. Pois tudo o que é bom é belo e tudo o que é
bonum (que sublinha que Deus é o bem último, a supre-
belo é bom. (...)
ma santidade) e também uma porta que passa pela beleza,
“Penso que neste momento, para falar de Deus aos jo-
porque Ele é supremamente belo.”
vens, pode-se também apresentar todo este imenso tesouro
cultural, no sentido total da palavra. Ainda que aproxi-
O verum e o bonum, inacessíveis hoje mar-se do cristianismo por meio da cultura comporte um
“Na Igreja, e sobretudo na Igreja Católica, tomam-se perigo: reduzir Deus e a fé católica ao dado cultural. Mes-
sempre as duas primeiras portas. Mas quando digo a jo- mo que a cultura possa servir como porta de acesso e possa
vens estudantes que Deus é a suma Verdade, todos se sen- oferecer a oportunidade para aproximar-se de Deus, conti-
tem como pequenos Pilatos. Perguntam: ‘Que é a verdade? nua a ser apenas uma oportunidade” (30 Dias, Novembro
E como se pode provar que o senhor conhece a verdade? de 2001). ²
Talvez não exista uma verdade suprema’.
“Portanto, essa porta que a princípio seria
acessível, pois Deus é verdadeiro, tornou-se, em
nosso tempo (e isso é culpa nossa, da nossa cul-
tura) praticamente inacessível. Todos os jovens
não apenas são contrários ao dogmatismo, mas
simplesmente contrários aos dogmas. E, assim,
não podem, no momento, entrar por essa porta. OS MAIS BELOS CDs DE
“Quando alguém os exorta a aproximarem-se
de Deus por meio da porta do Bonum, da virtude “Os Cavaleiros
moral, ou dos ideais de santidade, respondem:
‘Eu posso admirar tudo isso, mas não é para
do Novo Milênio”
mim. Sou muito frágil. Admiro a santidade de
Deus, mas é um ideal alto demais para mim’. Seu variado repertório
Portanto, não têm acesso por essa porta.
abrange desde o canto gre-
A porta da beleza permanece aberta goriano e composições po-
“Mas se, durante a Quaresma, esses mesmos pulares medievais, passan-
jovens forem convidados a ouvir a Paixão segun- do pela polifonia clássica e
do São Mateus, de Johann Sebastian Bach, quan- os autores românticos, até
do saírem não se ouvirá nenhuma objeção. A por-
obras de nossos dias. Par-
ta da beleza está completamente aberta. No en-
tanto, ainda que o texto da Paixão segundo São te dessas interpretações co-
Mateus de Bach seja um texto evangélico, suas rais e instrumentais encon-
árias cantadas pertencem ao puro pietismo do sé- tra-se gravada em 15 CDs,
culo XVII, um pouco indigesto para nós. Mesmo
13 dos quais já lançados.
assim, eles dizem: ‘Isto me impressionou’.
“Penso que na Igreja, hoje, o caminho da cul-
tura, da arte, da música, da arquitetura é um ca- Você também quer participar dessa obra de
minho que se pode percorrer muito bem, pois di- evangelização? Faça logo sua encomenda, ou peça o
ante dele caem as objeções. Não digo que sempre catálogo completo dos CDs editados, e promova
assim essa obra juvenil, cultural e social.
será assim. Não sei como será nos séculos XXI ou
XXII. Mas, no momento, é assim. OS CAVALEIROS DO NOVO MILÊNIO
Tel/Fax: (11) 6236-4859 - Televendas: (11) 9339-5334
E-mail: cnm@harmonia.org.br - Home Page: www.harmonia.org.br

!'
Fotos: Roberto Kasuo
Bênção e entrega de Oratórios em Conceição do Jacuípe, na Bahia

Quando um mais um
é igual a... mil!
“E ra uma vez uma ci-
dade...”
Como toda histó-
ria maravilhosa, dig-
na de conto de fa-
das, assim também começa esta
zenas de famílias se reuniam para
a recitação do santo rosário, levan-
do em seguida uma imagem de
Nossa Senhora em procissão de
uma casa a outra.
“Ah, que belos tempos esses! Is-
nossa narração. so deve ter sido na Europa, e pro-
Sim, era uma vez uma pequena vavelmente há muito tempo”, pen-
cidade habitada por um valoroso sará alguém.
povo. Ao se conhecer as pessoas “Quem me consolará da triste-
que o compunham, não se sabia o za de ter nascido no século XX, e
que mais admirar: se sua bravura, estar vivendo neste conturbado
se sua piedade. A devoção à Mãe início de terceiro milênio? Hoje, Roberto Kasuo
de Deus lhes pervadia os cora- parece que o mundo enlouque-
ções. Todos os dias, dezenas e de- ceu!”

"
Pois console-se, caro leitor. A Foi o que se passou em Penápo- No instante seguinte, eis o nos-
história não se passou outrora, na lis, SP, com o Sr. Antônio. so Sr. Antônio na rua, a bater na
Idade Média, mas em nossos dias. Era uma tarde de domingo, porta dos vizinhos para lhes pro-
Nem foi na Europa, mas em Jaíba, bem quente... Como incontáveis por que recebam o Oratório uma
no norte de Minas Gerais... brasileiros, lá estava o Sr. Antônio vez por mês. Para sua surpresa,
Nessa cidade — como também estirado numa poltrona, assistin- somente naquela tarde, conseguiu
em muitas outras localidades —, do a uma competição esportiva vinte famílias. Eufórico, ligou pa-
sem nenhum respeito humano, as particularmente cacete; dessas ra a casa dos Arautos do Evange-
coordenadoras dos oratórios do que não atam nem desatam... lho encomendando um oratório,
Imaculado Coração de Maria fa- “Mas será que não tenho nada pois — dizia — logo teria as famí-
zem questão de os levar em corte- de mais útil e elevado a fazer na lias restantes. Sua vida tomara ou-
jo diariamente, de um lar a outro. vida? Transcorrerá ela nessa mo- tro sentido! Doravante, seria um
Cantam e rezam em louvor a Ma- dorra sem fim?”, pensava ele. Des- propagador da devoção a Nossa
ria. E outro dia ocorreu esta cena ligou a televisão e pulou da pol- Senhora.
digna de uma pintura: três gru- trona. Nesse momento, seus olhos
pos se encontraram numa mesma caíram sobre um folheto deixado
esquina! Surpresa, alegria geral! em uma mesinha:”Receba Maria
Todos viram nisso um sorriso de em sua casa, para que Ela o re-
Nossa Senhora a lhes abençoar do ceba depois no Céu!”
Céu. Que maravilha! Esse é o Bra- A frase o impressionou.
sil religioso, católico e ordeiro que “Como é isso?”, pensou.
vai aderindo ao Apostolado do Terminada a leitura da
Oratório. explicação do Apostola-
Inestimável o trabalho desses do do Oratório “Maria,
voluntários apóstolos de família, Rainha do Terceiro Mi-
os coordenadores de Oratório. lênio”, algo dentro de
Cabe a eles o grande mérito de si lhe diz: “Vamos, por
bater de porta em porta, desper- que não tentar formar
tando muitas vezes um fervor um grupo de trinta fa-
adormecido dentro das almas. mílias?”

Acima e ao lado: o
fervoroso povo de
Jaíba (MG) faz
questão de levar o
Oratório de uma
casa à outra,
rezando pela rua.
É freqüente alguns
grupos se
encontrarem, para
alegria geral

"
Ao lado: o Sr. Ailton e
Da. Rosana, fiéis
à graça recebida,
hoje levam o Oratório
a outros lares,
portando a bela túnica
de Cooperadores dos
Arautos do Evangelho;
abaixo: na cidade
industrial de
Contagem (MG),
Da. Miriam
comunica seu
entusiasmo
pelo Oratório

São Paulo Apóstolo teve de cair


do cavalo. Outros, simplesmente
da poltrona...
Foi o que se deu também com o
Sr. Ailton, da capital paulista. Da.
Rosana, sua esposa, uma noite o
convidou a rezar o terço na casa
da vizinha, que ia receber a visita
da imagem peregrina de Nossa
Senhora de Fátima. O Sr. Ailton
preferiu a poltrona... Mas não por
muito tempo.
De surpresa, Da. Rosana trouxe
a belíssima e régia imagem de A graça recebida transformou o para receber o Oratório do Ima-
Nossa Senhora para abençoar o casal em zelosos apóstolos. Am- culado Coração de Maria.
seu lar. Quando o Sr. Ailton deu- bos, revestidos da bela túnica de Uma pesca milagrosa também
se conta de si, estava de joelhos, Cooperadores dos Arautos do ocorreu em Bom Jesus dos Per-
chorando como criança, emocio- Evangelho, incansavelmente visi- dões (SP). Da. Eguinal receava não
nado aos pés da Mãe de Miseri- tam os lares levando a imagem de conseguir reunir trinta famílias.
córdia. Nossa Senhora, formando grupos Nunca fizera esse trabalho antes.

"
Mas foi só se lançar que, com o
auxílio de outras dedicadas sen-
horas e o apoio enfático do Padre
José Antônio, foram formados 25
grupos de trinta famílias nessa pe-
O MAIS JOVEM
quena cidade paulista.
Todos os coordenadores são APÓSTOLO
unânimes em afirmar que têm re-
cebido inestimáveis graças nesse
apostolado.
Realmente, não há
Da. Luciana, de Campos, RJ, limite de idade
por exemplo, relata: “Estou mui- para se fazer o bem.
tíssimo feliz em ser coordenadora
do Oratório. Minha vida mudou,
Dª Silvana, coordenadora
quando já estava desanimada. Es- de vários oratórios em
tou vivendo um sonho, e não Mauá (SP), forma
quero acordar mais! O meu amor
a Nossa Senhora multiplicou, não
grupos com facilidade.
tenho palavras para expressar o Para tal, conta com o
meu imenso amor por Ela!” precioso auxílio do
Pensando no insubstituível tra-
balho dos cerca de dois mil coor-
sobrinho, de apenas
denadores de Oratório, vem-nos 4 anos. Nas visitas,
à mente o dito da grande Santa é o pequeno Igor que
Teresa de Ávila: “Jesus, mais Tere-
sa, mais duas moedas de ouro, é
leva o Oratório, e
igual a mais um convento carme- pergunta à moradora:
lita.” “A senhora deixa Nossa
Pois hoje podemos dizer, com a
alma transbordante de gratidão: Senhora dormir em sua
“Nossa Senhora, mais um coorde- casa, um dia por mês?”
nador ou coordenadora, mais o Como recusar um pedido
Oratório é igual a milagre da gra-
ça!” feito com tanta candura?
Eis a maravilhosa e insuperável
aritmética do Céu! ²

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"!
I números foram os Papas que manifes-
taram o desejo de que o canto gregori-
ano acompanhasse as celebrações li-
túrgicas do povo de Deus. Na Consti-
tuição Sacrosanctum Concilium, nº 116,
se afirma: “A Igreja reconhece como canto próprio da li-
turgia romana o canto gregoriano; por tanto, na ação li-
túrgica ocupa o primeiro lugar entre seus similares.”
Maria Lucilia Morazzani Arráiz

Também na recente Edição Típica do Missal Ro-


mano, apresentada no dia 22 de março passado, é anos a Santa Igreja reza cantando esse hino de lou-
reconhecido o papel fundamental do Gregoriano na vor à Imaculada Mãe de Deus.
liturgia. (Veja mais informações na seção Aconteceu Nas residências de vida comunitária dos Arautos
na Igreja e no Mundo.) do Evangelho, tal hino é entoado como o último ato
A belíssima antífona gregoriana em louvor à Vir- da jornada. Com ele se encerra o dia sob a proteção
gem Maria que apresentamos na página ao lado, da Rainha do Céu e da terra. É cantado normal-
tem sua origem no primeiro milênio da era Cristã. mente em latim, mas transcrevemos a versão em por-
Sua composição é de autoria incerta. Há mais de mil tuguês para deixá-lo mais ao alcance do público. ²

Cortejo da Salve Rainha na Casa-mãe


dos Arautos do Evangelho, em São Paulo
Timothy Ring

A Salve Rainha
"#
Os Santos de cada
1. São José, Operário. Come- a heresia ariana, sendo por isso lo digno de ser canonizado em vi-
morar este grande Santo enquan- perseguido e caluniado. Séc. IV. da. Faleceu em 1459.
to Operário não é apenas colocar
seu trabalho como modelo, mas 3. Exaltação da Santa Cruz. 11. Santa Joana de Portugal.
também a sua dignidade ao exe- São Filipe e São Tiago, Após- Filha primogênita do rei D. Afon-
cutá-lo. tolos e Mártires. São Filipe foi so V. Vencendo a oposição do pai
martirizado na Ásia Menor. São e de um irmão, entrou para a Or-
2. Santo Atanásio, Bispo, Con- Tiago, o Menor, era primo de dem Dominicana. Por sua má
fessor e Doutor da Igreja. Bispo Nosso Senhor e foi o primeiro saúde foi impedida de fazer os
de Alexandria, Egito, lutou contra Bispo de Jerusalém, onde rece- votos. Mesmo assim passava a
beu a palma do martírio. maior parte do tempo no conven-
to, praticava a regra e conservava
4. São Floriano, Mártir. o hábito. Morreu em 1490.
Séc. IV. Santos Abades de Cluny, Con-
Santa Joana D’Arc
5. 6º Domingo de Pás- fessores. Sécs. X a XII.
coa
12. Domingo - Ascensão do
Santo Hilário de Arles,
Senhor.
Bispo e Confessor. Séc. V.
Santos Nereu e Aquiles, már-
6. São Lúcio de Cirene. Ci- tires. Séc. I. Militares.
tado nos Atos dos Apóstolos, São Pancrácio, Mártir. Séc. III.
foi um dos doutores da Igreja
13. Nossa Senhora de Fátima.
de Antioquia.
Em 13 de maio de 1917 ocorreu a
7. Santa Flávia Domitila, primeira das aparições de Nossa
Virgem e Mártir. Da nobre Senhora em Fátima, Portugal, que
família dos Flavianos, foi pa- duraram até outubro do mesmo
rente de três Imperadores. ano.
Séc. I.
14. São Matias, Apóstolo e
8. São Vítor, Mártir. Séc. IV. Mártir. Foi escolhido para substi-
tuir a Judas, o Traidor. Segundo a
9. São Pacômio. Foi o tradição, levou o Evangelho à
primeiro a propor uma regra Etiópia, onde recebeu a palma do
para os eremitas, pela qual martírio.
pudessem viver de forma mais
apropriada, sem deixar o isola- 15. Santo Isidoro, o Lavrador.
mento. Seus ensinamentos influ- Trabalhando em terras alheias,
enciaram S. Bento e S. Basílio cumpria fielmente seus deveres e
Magno. Séc. IV. conseguia conciliá-los com a ora-
ção e sublimes atos de caridade. É
10. Santo Antonino de Floren- padroeiro de Madri. Séc. XII.
ça, Bispo e Confessor. Defendeu
Mario Shinoda

o Papado no Concílio de Basiléia. 16. São João Nepomuceno,


O Papa Nicolau V declarou julgá- Mártir. Pregador na corte de Ven-
ceslau IV da Boêmia, foi martiri-
dia  MAio
zado em 1383 por recusar-se a re-
Teresita Morazzani Arráiz
velar ao Rei o que ouvira em con-
fissão da Rainha.
São Simão Stock, Confessor.
Séc. XII. Inglês, Geral da Ordem
dos e das causas impossíveis. Fa- gelizar a Inglaterra. Converteu o
carmelita, recebeu das mãos de
leceu em 1457. Rei Etelberto de Kent e foi o pri-
Nossa Senhora o famoso Escapu-
meiro arcebispo de Cantuária.
lário do Carmo.
23. São João Batista de Rossi, Morreu em 604.
17. São Pascoal Bailão. Irmão Sacerdote. Séc. XVIII.
leigo franciscano. Morreu em Va- 28. São Germano de Paris, Bis-
24. Maria Auxiliadora dos Cris- po e Confessor. Séc. VI
lência, Espanha, em 1592.
tãos. Invocação acrescentada pe-
18. São João I, Papa e mártir. lo Papa São Pio V à Ladainha 29. São Maximino de Trèves,
Séc. VI. Lauretana, em ação de graças pe- Bispo e Confessor. Séc. IV.
la miraculosa vitória da armada
Santo Ivo, bretão, foi juiz ecle-
católica em Lepanto, em 1571. 30. Corpus Christi. Nesta sole-
siástico e defendia sempre os mais
necessitados, sendo chamado de nidade a Igreja celebra de modo
25. São Gregório VII, Papa.
“Advogado dos pobres”. Séc. XIV. especial o Santíssimo Corpo e
Um dos mais famosos Papas da
Sangue de Nosso Senhor Jesus
História. Defendeu a Igreja con-
19. Domingo de Pentecostes. Cristo.
tra abusos do poder temporal.
Celebra-se neste dia a descida do Santa Joana D’Arc, padroeira
Fez grandes reformas para revi-
Espírito Santo sobre Maria Santís- da França. A virgem de Lorena
gorar o fervor e a disciplina da
sima e os Apóstolos, que se en- recebeu o chamado de Deus para
Igreja. Morreu no exílio em 1085.
contravam juntos em oração no libertar a França dos ingleses. Lu-
Cenáculo. Santa Maria Madalena de Paz-
tou à frente das tropas francesas
zi, Virgem. Aos 10 anos obteve a
e, por sua atuação, Carlos VII foi
20. São Bernardino de Sena. graça de consagrar a Deus sua
coroado rei da França. Vítima de
Franciscano e pregador ardoroso, virgindade, com voto perpétuo.
uma traição, foi presa e condena-
três vezes recusou a dignidade de Após muitas lutas entrou para o
da à fogueira. Morreu aos 19
bispo. Obteve para a Ordem Fran- Carmelo, onde foi privilegiada
anos, em 1431.
ciscana mais de duas mil voca- com dons místicos. Entregou sua
ções. Faleceu em Áquila, Itália, alma a Deus em 1607. São Fernando III, Confessor,
em 1444. Rei de Castela. Séc. XII. Herói da
26. Domingo - Santíssima Trin- Reconquista espanhola.
21. Santo André Bóbola, Már- dade
tir. Séc. XVII. Jesuíta polonês, de São Filipe Néri, Confessor. 31. Visitação de Nossa Senho-
família nobre. Fundador dos Oratorianos. Foi ra. Após a Encarnação do Verbo,
amigo de vários Papas e nunca Maria foi visitar sua prima Santa
22. Santa Rita de Cássia, Viú- aceitou a dignidade cardinalícia. Isabel. Quando esta ouviu a sau-
va. Após 18 anos de maus tratos e Morreu em Roma, em 1595. dação que a Virgem lhe dirigia
infidelidades do marido, conse- exclamou: “Bendita és tu entre as
guiu convertê-lo. Depois de viú- 27. Santo Agostinho de Can- mulheres e bendito é o fruto do teu
va entrou para um convento de tuária, Bispo e Confessor. Mon- ventre.” Ao que Maria respondeu
agostinianas. É padroeira das mu- ge beneditino enviado pelo Papa com uma das mais belas orações
lheres que sofrem com os mari- São Gregório Magno para evan- jamais compostas: o Magnificat.
O PÃO DOS
ARAUTOS DO
EVANGELHO
D e todos os alimentos existentes no
mundo, um é especialmente antigo,
bem conhecido e agradável a todos
os paladares. Nosso leitor já ouviu al-
guém dizer que não gosta de pão? É improvável. O
pão é o alimento diário e símbolo de todos os outros,
a tal ponto que o próprio Divino Mestre a ele se
Pedro Henrique da Cruz Ribeiro

— Vocês não vendem esse pão?!


Na verdade, nunca poderíamos imaginar que um
referiu quando nos ensinou a orar : “... o pão nosso de alimento tão simples — já consagrado carinhosa-
cada dia nos dai hoje...”. mente como o “Pão dos Arautos” — fosse alvo de
Na casa mãe dos Arautos do Evangelho, o pão tanta admiração. Como não o comercializamos, trans-
tornou-se um manjar bastante apreciado pelos visi- crevemos abaixo a sua “receita secreta”. Desejando a
tantes, que, tão logo o provam, exclamam: todos sucesso... “mãos na massa”!

)4-+-16)
Rendimento: 2 pães 5. Coloque a massa em forma de bolo inglês, untada com man-
Tempo de preparo: 2 horas teiga.
6. Deixe a massa crescer durante uma hora.
INGREDIENTES 7. Asse em forno moderado (150° C) durante 40 minutos.
500 gr de farinha de trigo/ 500 gr de fari-
nha de centeio/ 300 gr de gergelim sem pele
e cru./ 300 gr de semente de girassol sem
casca/ 300 gr de aveia em lâminas/ 100 gr de
semente de linhaça/ 100 gr de manteiga
amolecida/ 8 gemas/ 60 gr de glutem/ 3 co-
pos de iogurte/ 60 gr de fermento para pão/
1 ½ colher de sobremesa de sal/ 2 colheres
de sobremesa de açúcar mascavo/ 400 ml de
cerveja escura
MODO DE PREPARO
1. Misture todos os ingredientes, exceto o
fermento e o iogurte.
2. Dissolva o fermento no iogurte e acres-
cente à massa.
3. Se for necessário, pode-se acrescentar
Fotos: Timothy Ring

leite para dar o ponto.


4. Deixe a massa descansar por meia ho-
ra.

"&
Mont Saint-Michel

U ma das glórias do mundo ocidental, o


Mont Saint-Michel (Monte São Miguel),
está situado bem no limite entre duas
lindas regiões da França, a Normandia
e a Bretanha. Sua localização, numa ilha
rochosa à qual se chega por uma estrada construída
sobre um dique, é privilegiada. Partindo da pequena
Eliana de M. L.Vassellucci

vila de Pontorson, são apenas nove quilômetros, que


podem ser percorridos facilmente de carro, ou até
mesmo de bicicleta. No caminho, plácidos carneiros riqueza de seu passado, o Mont Saint-Michel é um
de cara preta, pastando felizes dos dois lados da dos lugares mais visitados da França, atraindo mul-
estrada, parecem fazer as honras do lugar, e são be- tidões de peregrinos e turistas.
los motivos para fotos. O momento em que avista- As marés na baía são um espetáculo à parte. Em
mos pela primeira vez aquela que é considerada certos dias, durante a maré alta, as águas do mar so-
uma das mais imponentes construções religio- bem para envolver o monte numa velocidade
sas de toda a França, é de tirar o fôlego. O espantosa (cerca de 30km/h na primavera) e is-
enorme rochedo serve como pedestal para a so costuma ocorrer de 36 a 48 horas depois da
grandiosa e venerável abadia, cujas origens re- lua cheia e da lua nova, respectivamente. Nes-
montam ao século VIII, quando não passava sa ocasião é bom estar no monte duas horas
de um humilde oratório erigido em louvor a antes, ou a passagem torna-se impraticável.
São Miguel Arcanjo. Com sua posição majes- À noite, todo iluminado, o Monte Saint-Mi-
tosa, sua baía, a beleza de sua arquitetura e a chel nos oferece uma visão magnífica.

Eliana Vassellucci
igreja românica original só resta uma parte da nave.
O coro, de estilo gótico-flamboyant, começou a ser
construído na metade do século XV e foi termina-
do no início do século seguinte. No nível inter-
mediário, situa-se a Sala dos Cavaleiros, cujos
arcos e colunas são tipicamente góticos; duas
construções do século XI, a Cripta de Saint-
Martin — uma capela que preserva o estilo
românico original — e a Cripta das Trinta
Velas; os aposentos do abade e a sala de hós-
pedes, destinada a receber os nobres visi-
tantes. Os soldados e peregrinos ocupavam
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an
c e

Maison de la France
Ao lado: uma vista do claustro do Mosteiro, com
suas colunas de mármore inglês e telhado artesanal

Um pouco de história o nível inferior, onde também eram atendidos os po-


A construção da abadia teve início no século XI bres, no aposento denominado Esmolaria.
quando os monges beneditinos resolveram edificar Após a Revolução Francesa, durante algumas de-
uma igreja românica dedicada a São Miguel Arcanjo, zenas de anos a abadia foi transformada em prisão
no ponto mais alto da ilha, onde havia apenas um para os inimigos políticos. Hoje em dia é um monu-
oratório. Os soberbos edifícios góticos que consti- mento nacional.
tuem o mosteiro, conhecido como La Merveille, A O antigo caminho dos peregrinos, dentro da cida-
Maravilha, só foram acrescentados bem mais tarde, de murada, passa por diversos pontos interessantes
no início do século XIII, na face norte da igreja. Des- como a Torre da Abadia (onde ficava a sala de guar-
de os tempos medievais, o local era visitado por pe- da) e pela Grande Rue (uma ruela estreita, de casas
regrinos que para lá viajavam a fim de prestar lou- medievais, hoje totalmente ocupadas por lojas de
vor ao santo arcanjo. Durante a Guerra dos Cem souvenirs, confeitarias e restaurantes). Passando-se
Anos, torres de vigia e muralhas foram erguidas pa- pela Igreja de Saint-Pierre, chegamos até os portões
ra proteger a abadia dos ataques dos ingleses. Na da Abadia.
base do rochedo estabeleceu-se ao longo dos tempos Também é possível um passeio pelas muralhas,
uma cidade murada para abrigar os peregrinos. As- que nos oferece belas vistas da baía.
sim protegida pela natureza e pelas fortificações mi- A admissão à abadia propriamente dita só pode
litares, a abadia encontra-se numa posição inexpug- ser feita através de visitas guiadas (Guided Tours)
nável. Sua construção em três níveis obedecia às re- que saem a cada vinte minutos. No alto da flecha
gras hierárquicas daquela época. O nível mais alto que encima a torre da igreja está uma imagem de
era ocupado pelos monges e dele faziam parte a São Miguel, cuja réplica pode ser vista dentro da
igreja, o claustro, que parece suspenso entre o céu e abadia.
o mar, com suas elegantes colunas e arcadas de már- Eis um bom e atraente programa para qualquer
more inglês, e o enorme refeitório, um salão mais peregrino ou turista de nossos dias, que esteja des-
comprido do que largo, onde a luz se infiltra pelas cobrindo as maravilhas da Civilização Cristã na
altas janelas, uma característica do estilo gótico. Da França. ²

#
Sobre um enorme
rochedo ergue-se a
grandiosa e venerável
abadia, uma das
glórias do mundo
ocidental...

Camille/Maison de la France

#
Nivaldo Bueno

P
“ recisamos de Arautos corajosos do Evangelho, de ser-
vos generosos da humanidade sofredora. (…) [Pai Santo,]
mandai à vossa vinha operários Santos, que ajam com o ardor
da caridade e, impelidos por Vosso Santo Espírito, levem a sal-
vação de Cristo até os últimos confins da Terra. Amém.”

(Trechos da Oração composta por S. S. João Paulo II


para o XXXIX Dia Mundial das Vocações)
Na foto, Arautos do Evangelho de Espanha e Portugal, à frente da Sé de Braga

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