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Maria,
Esposa do
Divino
Espírito Santo
Timothy Ring
ARAUTOS DO
EVANGELHO
Associação privada internacional de
fiéis de direito pontifício
SumáriO
Diretor Responsável:
André Ribeiro Dantas
Conselho de Redação:
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Humberto Luís Goedert,
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Pg. 26 - Em diversas paróquias de todo o mundo, os Arautos do
Os artigos desta revista poderão ser reproduzidos, Evangelho participaram ativamente nas celebrações da Semana Santa
desde que se indique a fonte e se envie cópia à
Redação. O conteúdo das matérias assinadas (Acima: em Sorocaba, São Paulo)
é da responsabilidade dos respectivos autores.
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Christus Rex, Inc
PENTECOSTES
E RENOVAREIS
A FACE
DA TERRA
(Acima, Pentecostes, por Giotto)
+ heios do Espírito Santo,
os apóstolos incendiaram o João Scognamiglio Clá Dias
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nada valem se não são acompa- Imediatamente antes da Ascen- seja, estavam concordes, e além
nhadas pela caridade. são, Jesus havia ordenado aos disso estavam juntos, porque a
Nem após a Ressurreição de apóstolos que não se afastassem oração de vários unidos pelo amor
Nosso Senhor desapareceram es- de Jerusalém, pois dentro de pou- de Jesus Cristo e em função dEle
sas fragilidades. A incredulidade cos dias seriam batizados no Espí- tem esta promessa: Onde dois ou
de São Tomé é exemplo caracterís- rito Santo. Voltaram, então, para a três estiverem reunidos em meu no-
tico. Passou o Senhor entre eles Cidade Santa, e subiram ao andar me, aí estou eu no meio deles (Mt
mais quarenta dias, e fez lhes re- superior do cenáculo: Todos eles 18, 19).
velações e deu ensinamentos. Não perseveravam unanimemente na ora-
adiantou. Com o que continua- ção, juntamente com as mulheres, en-
vam preocupados? Com a restau- tre elas Maria, mãe de Jesus, e os ir- A maravilhosa cena
ração do reino de Israel... mãos dele.
Ainda no momento da Ascen- Conta a Sagrada Escritura que da descida do Espírito
são, quando o Divino Mestre lhes em certo momento São Pedro pro-
fala da vinda próxima do Espírito pôs que se escolhesse alguém pa- Santo sobre os
Santo, eis como reagem: Então os ra substituir Judas, e deitaram sor-
que se tinham congregado, interroga- tes e caiu a sorte em Matias (At 1,
apóstolos reunidos
vam-No dizendo: Senhor, porventura 26). Nesta passagem temos um dos
chegou o tempo em que restabelece- no Cenáculo, é das mais
pontos que é oportuno reter: a
reis o reino de Israel? (At 1, 6). posição de São Pedro, que já cla- importantes da
ramente age como Papa.
A preparação para Vemos também como os após-
Pentecostes tolos conheciam o valor da ora- história da Igreja
Apesar de se encontrarem nes- ção. Por meio dela se preparavam
se estado de espírito, a graça divi- para receber o Espírito Santo. E (Detalhe do afresco de Giotto)
na ia trabalhando suas almas. perseveraram unanimemente, ou
Christus Rex, Inc
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Estavam recolhidos, modo ex-
celente de preparação para gran-
des acontecimentos. O próprio Je-
sus passara 40 dias no deserto,
antes de iniciar sua vida pública.
Embora não se possa dizer que os
apóstolos estivessem melhores do
que antes, haviam tomado, assim,
uma atitude sapiencial. A graça
de Pentecostes será, de algum
modo, o desabrochar de uma flor,
cuja semente vinha germinando
em suas almas. Quer dizer, apesar
de essa graça ter sido gratuita,
uma iniciativa de Deus, eles, em
certa medida, prepararam o cami-
nho para ela.
Por fim chegamos a um ponto
fundamental: oravam com Maria.
Eis a condição indispensável para
receber as graças do Espírito San-
to. Como esposa dEle, Nossa Se-
nhora deve Lhe ter pedido que
descesse sobre os apóstolos. Reu-
nindo-se com a Santíssima Vir-
gem, os apóstolos obtiveram gra-
ças que liberaram suas almas dos
últimos obstáculos para se benefi-
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go. Nelas podemos ver simboliza- expressão no versículo anterior, tizado em nome de Jesus Cristo para
das as labaredas que a pregação conforme o Espírito Santo lhes con- a remissão dos vossos pecados, e rece-
daqueles varões suscitaria. cedia que falassem, favorece a se- bereis o dom do Espírito Santo. Pois a
... ficaram todos cheios do Espíri- gunda hipótese. promessa é para vós, para vossos fi-
to Santo. De Maria a Igreja excla- São Pedro levantou a voz e dis- lhos e para todos os que ouvirem de
ma: cheia de graça, e de fato Ela o se ao povo: Homens judeus e vós longe o apelo do Senhor, nosso
foi desde o primeiro instante de todos os que habitais em Jerusalém: Deus (At 2, 37-39).
sua Imaculada Conceição. No ce- seja-vos isto conhecido e com ouvidos Terá se convertido a maior par-
náculo recebe uma plenitude ain- atentos ouvi as minhas palavras. Es- te dos que ouviram São Pedro? Os
da maior. Nessa passagem dos tes homens não estão embriagados, Atos dos Apóstolos não nos dão
Atos vemos também os apóstolos, como vós cuidais, sendo a hora tercei- elementos para saber. Mencionam,
de acordo com suas respectivas ra do dia (At 2, 14-15). todavia, os que escarnecendo, di-
missões, serem inundados dos Ninguém se embriaga às nove ziam: Estão todos embriagados de vi-
mais especiais dons. Lembraram- da manhã (a hora terceira). Esta- nho doce (At 2, 13). Assim, a mes-
se, então, com amor e compreen- vam ébrios, mas de uma embria- ma graça que convertia a muitos,
são, de tudo o que o Mestre lhes guez divina, e proclamavam a acabava sendo rejeitada por ou-
ensinara, estando prontos para doutrina do Divino Mestre, pro- tros. Também não devem ter sido
percorrer o mundo pregando a nunciando palavras de sabedoria, boas as reações dos fariseus, ao
Boa Nova. acerto, glória e repreensão. saberem desses prodígios e do iní-
Mas cumpre-se o que foi dito pelo cio da glorificação pública dAque-
A graça do Espírito Santo profeta Joel: Acontecerá nos últimos le que haviam feito crucificar.
muda todos dias... (At 2, 14). Foram batizadas três mil pes-
São Pedro recordou as profe- soas. Em poucas horas, a Igreja
Conta São Lucas que naqueles
cias sobre Cristo. O povo as co- passava a contar com pelo menos
dias Jerusalém estava repleta de
nhecia e se impressionou, abrin- 3.120 membros. Era o início do
judeus e gentios vindos de todas
do os corações à conversão. O apostolado em sistema de ava-
as partes da terra. Como o ruído
príncipe dos apóstolos finalizou lanche, que se multiplicaria quan-
da ventania fora ouvido por toda
suas palavras, dizendo: do os apóstolos começassem a fa-
a cidade, reuniu-se diante do ce-
A este Jesus, Deus o ressuscitou: zer milagres. Em breve iam esten-
náculo muita gente e maravilhava-
do que todos nós somos testemunhas. der a evangelização por todo o
se de que cada um os ouvia falar na
Exaltado pela direita de Deus, haven- mundo antigo, e chegaria um mo-
sua própria língua. Profundamente
do recebido do Pai o Espírito Santo mento em que o Império Romano
impressionados, manifestavam a sua
prometido, derramou-o como vós ve- inteiro estaria cristianizado.
admiração: Não são, porventura, ga-
lileus todos estes que falam? Como des e ouvis. Pois Davi pessoalmente
então todos nós os ouvimos falar, ca- não subiu ao céu, todavia diz: O Se- Pedir uma nova efusão de
da um em nossa própria língua ma- nhor disse a meu Senhor: Senta-te à graças
terna? (
) Estavam, pois, todos atô- minha direita até que eu ponha os Para iniciar o terceiro milênio
nitos e, sem saber o que pensar, per- teus inimigos por escabelo dos teus da Era Cristã, o Santo Padre quis
guntavam uns aos outros: Que sig- pés (Sl 109, 1). Que toda a casa de Is- publicar uma Carta Apostólica,
nificam estas coisas? Outros, porém, rael saiba, portanto, com a maior cer- assinada na Praça de São Pedro
escarnecendo, diziam: Estão todos teza de que este Jesus, que vós cruci- em 6 de janeiro de 2001. Nesse
embriagados de vinho doce. (At 2, ficastes, Deus o constituiu Senhor e belíssimo documento, assinala-
5-13) Cristo. mos o seguinte trecho: Ao longo
Neste trecho se diz que os após- São Pedro faz aqui, como Papa, destes anos, muitas vezes repeti o
tolos (como os discípulos e as san- a primeira proclamação de um apelo à nova evangelização; e faço-o
tas mulheres) começaram a falar dogma na história: o da divinda- agora uma vez mais para inculcar so-
várias línguas (At 2, 4) e, mais de de Nosso Senhor. bretudo que é preciso reacender em
adiante, que cada um os ouvia fa- Ao ouvirem essas coisas, ficaram nós o zelo das origens, deixando-nos
lar na sua própria língua (At 2, 6). compungidos no íntimo do coração e invadir pelo ardor da pregação apos-
Não fica claro se falavam uma lín- indagaram de Pedro e dos demais tólica que se seguiu a Pentecostes.
gua e todos os entendiam, ou se apóstolos: Que devemos fazer, ir- Devemos reviver em nós o sentimen-
falavam várias. Os exegetas não mãos? Pedro lhes respondeu: Arre- to ardente de Paulo que o levava a ex-
são concordes a tal respeito. Uma pendei-vos, e cada um de vós seja ba- clamar: Ai de mim se não evangeli-
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Rezemos com Maria
Santíssima, a fim de que
o Espírito de Caridade
nos infunda o mesmo
amor que abrasou o
coração dos apóstolos
Mark Weusten
zar! (1 Cor 9,16) (Novo Millennio Festa do amor de Deus, Pente- Assim como os apóstolos, per-
Ineunte, nº 40). costes nos traz esta mensagem: severemos com Maria Santíssima
Eis aí indicado o caminho para devemos ter pela Santa Igreja Ca- em oração, pedindo que o Espí-
que neste terceiro milênio a Igreja tólica um amor sem limites, que rito de Caridsade nos infunda
rebrilhe com uma luz ainda mais se traduza em interesse candente aquele amor que lhes abrasou:
fulgurante que nos séculos ante- por ela, em orações, em obras de Emitte Spíritum tuum et creabun-
riores: reacender em nós o zelo das apostolado. Se nós, católicos, for- tur. Et renovabis fáciem terrae
origens, deixando-nos invadir pelo mos assim, todos os males que Enviai, Senhor, o vosso espírito
ardor da pregação apostólica que se afligem o mundo de hoje serão criador e será renovada toda a face
seguiu a Pentecostes. vencidos. da terra. ²
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3 ueridos irmãos e irmãs,
1. A Liturgia, ao in-
serir nas Laudes de uma
manhã o Salmo 76, que
acabamos de proclamar, deseja
recordar-nos que o início do dia
nem sempre é luminoso. Assim
como alvorecem dias tenebrosos,
nos quais o céu está coberto de
nuvens e ameaçado pela tempes-
tade, assim também a nossa vida
conhece dias repletos de lágrimas
e de receio. Por isso, já no alvore-
cer a oração se torna lamento, sú-
plica e invocação de ajuda.
O nosso Salmo é, precisamente,
uma oração que se eleva para
Deus com insistência, profunda-
mente animada pela confiança,
aliás, pela certeza da intervenção
divina. De fato, para o Salmista o
LOsservatore Roamo
Deus renova
sua eleição? Esqueceu-se dos tem-
pos em que nos amparava e nos
fazia felizes? Como veremos, es-
tas perguntas desaparecerão de-
vido a uma renovada confiança
seu amor
na angústia, para depois, pouco a
pouco, se abrir à serenidade e à
esperança. Eis diante de nós, em
primeiro lugar, a lamentação so-
bre o presente triste e sobre o si-
lêncio de Deus (cf. vv. 2-11). É di-
rigido ao céu, aparentemente mu-
Palavras do Santo Padre na audiência de 13 de do, um brado que pede ajuda, as
mãos elevam-se em súplica, o co-
março de 2002.
11
ração desfalece devido às aflições. messa de salvação e a ternura mi- parte da súplica (cf. vv. 12-21), se-
Nas noites em que não se dorme, sericordiosa. A direita do Altíssi- melhante a um hino destinado a
feitas de lágrimas e de orações, mo, que realizara os prodígios repropor a confirmação corajosa
volta ao coração um cântico, co- salvíficos do Êxodo, parece estar da própria fé também nos dias
mo diz o versículo 7, uma estrofe paralisada (cf. v. 11). E este é um tenebrosos do sofrimento. Canta-
desconfortada ressoa continua- verdadeiro e próprio tormento, se o passado de salvação, que te-
mente no fundo da alma. que faz vacilar a fé de quem reza. ve a sua epifania de luz na criação
Quando o sofrimento chega ao Se fosse assim, Deus seria ir- e na libertação da escravidão do
ápice e se deseja afastar o cálice reconhecível, tornar-se-ia um ser Egito. O presente amargo é ilumi-
do sofrimento (cf. Mt 26, 39), as cruel ou uma presença como a nado pela experiência salvífica do
palavras explodem e tornam-se dos ídolos, que não sabem salvar, passado, que é uma semente lan-
perguntas dilacerantes, como já porque são incapazes, indiferen- çada na história: ela não morreu,
se disse (cf. Sl 76, 8-11). Este brado tes e impotentes. Nos versículos mas simplesmente foi sepultada,
interpela o mistério de Deus e do da primeira parte do Salmo 76 en- para depois germinar (cf. Jo 12,
seu silêncio. contra-se todo o drama da fé no 24).
3. O Salmista pergunta por que tempo das provações e do silên- Por conseguinte, o Salmista re-
o Senhor o recusa, por que mu- cio de Deus. corre a um importante conceito
dou o seu rosto e o seu modo de 4. Mas há motivos de esperan- bíblico, o do memorial, que não
agir, esquecendo o amor, a pro- ça. É o que sobressai na segunda é apenas uma vaga recordação
Cláudio Imperatrice
Angel Nuñez
gativas: Sobre o mar foi o vosso ca-
minho, e a vossa senda, no meio de
águas caudalosas, sem que se conhe-
cesse o vosso caminho (v. 20). E o
pensamento dirige-se para Cristo
que caminha sobre as águas, sím-
bolo eloqüente da sua vitória so-
São José, o homem justo
bre o mal (cf. Jo 6, 16-20).
O extremo discernimento com que José desempenhou o papel que lhe
Por fim, recordando que Deus
foi confiado por Deus faz aumentar ainda mais a sua fé, que consiste em
guiou o seu povo como um reba-
pôr-se sempre à escuta do Senhor procurando compreender a sua vontade,
nho, pela mão de Moisés e de Aarão
para lhe obedecer com todo o coração e com todas as forças. Por isso, o
(Sl 76, 21), o Salmo leva-nos im-
Evangelho o define como o homem justo (Mt 1, 19). De fato, o justo é a
plicitamente a uma certeza: Deus
pessoa que reza, vive de fé, e procura praticar o bem em qualquer circuns-
conduzir-nos-á de novo à salva-
tância da vida.
ção. A sua mão poderosa e invisí-
A fé, alimentada pela oração: eis o tesouro mais precioso que São José
vel estará conosco através da mão
nos transmite. Seguiram os seus passos gerações de pais que, com o exem-
visível dos pastores e dos guias
plo de uma vida simples e laboriosa, imprimiram no coração dos filhos o
por Ele estabelecidos. O Salmo,
valor inestimável da fé, sem a qual qualquer outro bem corre o risco de
que começou com um brado de
ser vão. Garanto desde já com prazer uma oração especial por todos os
sofrimento, no final suscita senti-
pais, no dia que lhes é dedicado: peço a Deus que sejam homens com uma
mentos de fé e de esperança no
sólida vida interior, a fim de cumprirem de modo exemplar a sua missão
grande pastor das nossas almas
na família e na sociedade. (S. S. João Paulo II, Angelus, 17 de Março de
(cf. Hb 13, 21; 1 Pd 2, 25). ²
2002, § 1) ²
13
N ada mais pito-
resco do que as
pequenas estra-
das que recor-
rem a velha e
vivaz Itália. Su-
bindo e descendo entre bosques,
vinhedos e olivais, atravessando
casarios, com suas características
igrejinhas, nosso carro chegou a
uma pequena cidade de pedra
construída sobre uma colina, cha-
mada Agnone, na região de Mo-
lise, no Abruzzo, perto do mar
Adriático.
O Arcebispo dom Ettore di Fi-
lippo nos convidara a presenciar
uma singular cerimônia, que não
imaginávamos pudesse existir no
século XXI, de um conteúdo reli-
gioso, cultural e sociológico que
denota os melhores lados de um
povo, de si tão prodigioso, como
é o italiano.
Fotos: Marinelli
15
Basílica de San Paolo, em Roma,
para a Catedral de Saint Patrick de
Nova York, para os Santuários de
Pompéia (Itália) e de Jasna Gora
(Polônia), para a famosa Abadia
de Monte-Cassino... Quando da
celebração dos 500 anos do desco-
brimento da América, um grande
sino foi encomendado. Enfim, Rio
de Janeiro, Buenos Aires, Mani-
lha, Sidney, Tóquio, entre muitas
outras, são as grandes cidades
onde estes maravilhosos sinos de
Agnone tocam diariamente.
A confecção de um sino demo-
ra vários meses. O molde é feito à
mão. Estando pronto, se enterra
no chão, a poucos metros do for-
no onde se funde o bronze espe-
cial para sinos (segredo de fabri-
cação da casa), uma liga de cobre
e estanho. A temperatura é de
1.200 graus. Os artesãos vão tiran-
do a escória do bronze líquido de
dentro do forno e limpando de tância nesse momento, pois há cando a Deus nos lugares mais
terra e impurezas os canais que mil pormenores a cuidar. A ma- distantes e inesperados do mun-
conduzirão o metal incandescen- neira de abrir a saída do forno e a do.
te até a boca do molde (presencia- boca dos moldes, a temperatura Terminada a ladainha e o es-
mos a fundição de dois sinos). do ambiente, o escorrer do líqui- correr do bronze, os sinos são co-
* * * do limpo pelos canais, influirão bertos com terra e vem o momen-
Aí é que começa propriamente para que a colata saia perfeita. to jubiloso dos abraços e felici-
o cerimonial. O Arcebispo, que Qualquer pormenor: uma bolha tações. É a sã e contagiante ale-
o presidia, revestido com roquete, de ar, uma impureza, diferenças gria geral que os italianos sabem
asperge o forno com água benta, de temperatura, condicionarão o como poucos manifestar. Os pa-
enquanto se recita uma oração do som, a resistência e a beleza do trões felicitam e desejam auguri a
ritual especial para a ocasião. futuro sino. cada um de seus empregados-ar-
Em seguida vem a parte culmi- A oração é recitada com ver- tesãos, assim como a todos os pre-
nante do ato. O Arcebispo come- dadeira compenetração eu di- sentes, a começar pelo Arcebispo,
ça a recitar a ladainha de Nossa ria, com paixão por parte de to- a quem tratam com verdadeira
Senhora e, no momento em que dos, e muito especialmente pelos veneração.
reza o Santa Maria, proclamado artesãos, que rogam à Santíssima Como comentou o Dr. Pasquale
com grande ênfase e repetido por Virgem pelo êxito da empresa. na ocasião, trata-se de um mo-
três vezes, é aberta a comporta do São meses de trabalho e um mi- mento de grande simbolismo e
forno do qual desce o bronze feito lênio de tradição que nesse mo- emoção.
fogo líquido e que, pelos canais mento se jogam. É também toda Os sinos são deixados enterra-
descritos, chega até os moldes e uma história futura de cada um dos para esfriarem lentamente,
neles penetra. O bronze continua desses sinos que ali começa, que durante quatro dias. Depois co-
vertendo durante toda a recitação atravessará os séculos chamando meça a etapa do polimento e aca-
da ladainha até encher completa- os homens à oração, comemoran- bamento dos alto-relevos e as
mente as fôrmas. Todos os arte- do seus grandes feitos ou seus provas do som até a despedida
sãos, incluídos os proprietários, grandes pesares, tornando a vida das obras, que irão repicar mun-
têm funções de máxima impor- mais nobre e bela, enfim, glorifi- do a fora. ²
16
ESCREVEM OS LEITORES
Recebi a revista com alegria de querer viver o céu já aqui na Sua página de receita ficou vazia...
terra. Nós católicos fomos privile- Espero que no mês de abril, a re-
Recebi com alegria a revista en- giados com a Canção Nova e agora ceita apareça.
viada por você. Realmente é mara- com vocês, para abrilhantar e res- P. João Batista Ferreira (Pinhal-
vilhosa, bem elaborada, ilustrada e gatar o que andava perdido: a ju- zinho - SP)
bem montada. Gostei das informa- ventude.
ções fornecidas. Chegou 2 dias após
No Fantástico do dia 10-3-2002, Dois filhos nos Arautos
ter sido colocada no correio. Achei
o Sr. João Clá Dias deixou bem
que ia atrasar, mas veio bem depres- Só quem tem um filho Arauto
claro que é impossível chegar à per-
sa. Agradeço muito a sua atenção. do Evangelho pode avaliar o tama-
feição sem disciplina. Obrigada pe-
Vocês podem contar comigo, prin- nho do contentamento, entusias-
lo bem que nos tem proporcionado.
cipalmente com minhas orações. mo e realização interior. Imaginem
Maria das Graças (Montes Cla-
Um abraço, eu, que tenho dois, Cristian, 15
ros - MG)
Maria Helena (Franca - SP) anos e o Fernando, 12 anos. Am-
bos integram o coral da Associação
Faltou a receita
Cultural Nossa Senhora de Fáti-
Uma injeção de ânimo
Foi-me apresentada a revista ma, de Montes Claros.
em toda a família
Arautos do Evangelho, com a qual Agora, com a edição dessa ótima
Através do carisma dos Arautos simpatizei muito. revista, será cada dia maior a cons-
do Evangelho, essa revista tem o No mês de fevereiro notei na pá- cientização de que todo caminho
efeito de revigorar a nossa fé. To- gina 33 a receita dada pelo Arauto que traz, leva. Que por intermédio
dos os meses, quando a recebemos do Evangelho Pedro Henrique da da SS. Virgem, nos veio a salva-
em casa, é como se fosse uma in- Cruz Ribeiro: Delícia de Abacaxi. ção; Jesus Cristo, e será por meio
jeção de ânimo em toda a família. Infelizmente, o Sr. Pedro Hen- dEla que chegaremos até Ele.
A veracidade desse trabalho causa rique deixou de colocar as suas de- Amo vocês!
um efeito fenomenal nas pessoas; o liciosas receitas no mês de março. M. G. B. M. (via Internet)
À luz do Cruzeiro do Sul
U ma natureza dadivosa, panoramas
grandiosos e as dimensões continen-
tais do território fascinaram nossos
avoengos portugueses que, aos quatro
dias de haverem chegado a esta terra desconhecida,
promoveram nela a celebração de uma Santa Eu-
caristia e a batizaram com o nome de Ilha de Vera
Juliane Campos
Cruz, pouco depois mudado para Terra de Santa O feitio de alma do brasileiro tem uma especial
Cruz. Que desígnios terá a Providência para esta suavidade que impregna todos os atos de sua vida
nação, em cujo firmamento faz brilhar este signo com um perfume de hospitalidade e afeto, e deixa a
máximo de nossa fé, o Cruzeiro do Sul? todos inteiramente à vontade até nos atos mais so-
Opção Brasil Imagens
&
lenes. Não é raro ouvirmos de es- mundialmente famoso Padre Pier- Compreendendo o caráter pro-
trangeiros (e isto nos enche de re Charles, SJ, que, no Teatro Mu- fundamente cristão do feitio de
ufania) que não há país como o nicipal de São Paulo, fez uma sé- alma brasileiro, esse eminente sa-
Brasil. rie de conferências sobre temas cerdote afirmou para o Diário de
Povo inteligente e intuitivo, sociais. Figura de acentuado rele- São Paulo (16/2/1941), ao lhe per-
fruto da pluralidade de raças que vo intelectual, esse jesuíta belga guntarem seu pensamento a res-
aqui vivem em fraternal harmo- era professor na Universidade de peito do Brasil:
nia, escolheu para cartão postal Louvain, Bélgica, catedrático na Considero este país o mais natu-
deste país a imagem do próprio Universidade Gregoriana, de Ro- ralmente cristão do mundo. Talvez
Cristo Redentor, que do Corcova- ma, e na Fordham, nos EUA, e de- fosse difícil mostrar as razões concre-
do abraça a nação inteira como se sempenhou destacadas missões tas dessa verdade que faço questão de
dissesse: este país não será gran- na África e na Índia. pôr em relevo. Sentimos na bondade
de somente pela amplitude de do brasileiro qualquer coisa de impon-
suas fronteiras, mas sobretudo derável que nos fala diretamente à
pela sua Fé! nossa alma angustiada de europeus.
Entre os inúmeros comentários Essa bondade, ou melhor, esse sentido
clarividentes de pessoas célebres cristão específico do temperamento
a respeito de nosso país (são ci- brasileiro, é um fato básico para a
tados entre outros os de Stefan compreensão das esplêndidas ener-
Zweig e Georges Clemenceau) es- gias espirituais deste povo privilegia-
colhemos o de um sacerdote. Em do que tem o seu luminoso destino
1941 o Brasil recebeu a visita do traçado no próprio céu pela imagem
do Cruzeiro, marcando o itinerário
de uma grande nação cristã.
Aproxima-se o tempo, que talvez
já tenha chegado, em que será impos-
sível compreender a Igreja e o Catoli-
cismo sem o papel que o Brasil repre-
sentará no cenário do mundo. ²
'
LOsservatore Romano ACONTECEU NA IGREJA E NO MUNDO
Dom Scheid exalta tram sua habilidade em traba- China cada vez mais mosteiros de
identidade católica da lhar as cores. Tanto mais que os clausura que, organizados subter-
143 afrescos foram executados raneamente, rezam por aquele país e
Universidade
no tempo recorde de pouco mais pelo mundo.
Em concorrida aula magna de dois anos (1303-1305). A agência informou que nes-
dada na P.U.C. do Rio de Janei- Após séculos de representa- sas semanas recebeu mais de 200
ro, o Arcebispo Dom Eusébio ção frontal dos personagens, uma cartas de resposta provenientes
Scheid cativou a platéia ao exal- das inovações introduzidas por dos mosteiros italianos, aderin-
tar a identidade católica da Uni- Giotto foi organizar um desfile do à campanha de oração. Se-
versidade. Há no mundo uma de figuras e rostos articulados de gundo a agência, a clausura não
grande sede de cultura, de coisas todas as maneiras possíveis, in- distancia as religiosas do mun-
mais verídicas, sérias e honestas. cluindo de perfil, uma de suas do, pois todos os mosteiros conhe-
Nossa inteligência nasceu para sa- mais importantes conquistas. (El cem muito bem a situação de per-
ber tudo e não o que três ou quatro País, Madri) seguição vivida pela Igreja na Chi-
diretores de mídia quiserem, de- na. Às vezes parece que aqueles
clarou o Arcebispo. (Jornal do Orações quaresmais pela que vivem em clausura conhecem e
Brasil) China sofrem os problemas vividos pela
Igreja muito melhor que muitas as-
ROMA - Dizei aos queridos ir-
Renovar a consciência da mãos da China que estamos próxi-
sociações católicas. Muitos sublin-
nossa identidade mos a eles. Esta frase é que tal-
ham sua profunda comunhão com o
Papa na oração cotidiana pela Chi-
Em sua alocução do domingo, vez melhor resuma a experiên-
na, afirmou o sacerdote. Em al-
3 de março, o Papa João Paulo II cia de 600 mosteiros de clausura
guns mosteiros colocou-se sobre um
lançou um expressivo apelo: Em italianos onde religiosas trapis-
altar lateral um círio sempre aceso,
muitos ambientes de antiga tradição tas, capuchinhas, redentoristas,
no qual está colocada a lista dos pri-
cristã, infelizmente vai-se perdendo sacramentinas, cartuxas, da Visi-
sioneiros. Isto permite às religiosas,
cada vez mais o autêntico sentido tação, clarissas, passionistas, do-
como também a quem visita o mos-
religioso. Tornou-se, portanto, uma minicanas, entre outras, dedi-
teiro, participar da oração pelos
urgência para os cristãos renovar a cam suas orações quaresmais à
mártires e perseguidos, acrescen-
consciência da própria identidade. perseguida Igreja Católica da
tou o diretor. (ACI-Regina Pe-
Por outras palavras, é necessário China.
rina)
que eles redescubram o seu Batismo, A agência vaticana Fides lan-
valorizando o inexaurível vigor es- çou durante a Quarta-feira de
Cinzas uma campanha de ora-
Santidade e arte
piritual da graça santificante nele
recebida, para depois a transmitir ção pelos bispos e sacerdotes A pintura de Giovanni da Fie-
em todos os âmbitos da vida pessoal presos na China por cumprir seu sole, mais conhecido como Fra
e social. (LOsservatore Roma- ministério pastoral na fidelidade Angelico, representa a excelên-
no) ao Vaticano, iniciativa que já foi cia da beleza, combinada de maneira
acolhida pelas cinco mil religio- eficaz com a excelência humana da
Reaberta a famosa Capela sas em toda a Itália. Segundo o mensagem cristã. Quem assim se
diretor da Fides, Pe. Bernardo exprime é o professor Francesco
Scrovegni
Cervellera, as notícias indicam Buranelli, Diretor geral dos Mo-
Após minuciosa restauração, que durante o último mês tem- numentos, Museus e Galerias
os magníficos afrescos de Giotto se endurecido a política chinesa Pontifícias.
existentes na Capela Scrovegni, contra a Igreja e as religiões. Po- Referindo-se aos afrescos que
em Pádua, foram reabertos para rém, várias fontes assinalam que podem ser contemplados na fa-
a apreciação do público. O pró- a Igreja da China, nestes últimos mosa Capela Niccolina, recente-
prio Presidente Italiano, Carlo 50 anos de perseguição, quadrupli- mente restaurada, diz que eles
Ciampi participou da cerimônia cou-se: os católicos passaram de três apresentam uma síntese da teo-
de reinauguração. milhões em 1949 aos doze milhões logia que guiou e animou a san-
Giuseppe Basile, diretor dos atuais; a cada ano há milhares de tidade do Beato Angélico, trans-
trabalhos de restauração, fez no- batismos de adultos entre campone- mitida não com palavras, mas
tar a qualidade cromática das ses, porém também entre profissio- sim com imagens, a fim de torná-
pinturas de Giotto, que demons- nais e empresários. Nascem na la de imediato mais compreen-
ACONTECEU NA IGREJA E NO MUNDO
alargamento da possibilidade da
comunhão sob as duas espécies,
segundo o juízo pastoral de cada
Bispo diocesano. A última edição do Missal Romano sai a lume, trazendo interessantes
Entre as novas onze Missas novidades, inclusive no tocante à música sacra
introduzidas por determinação
Fotos: Cause of Blessed Alphonsa; Divulgação
NA ÍNDIA, UM
PERFUME DE LISIEUX
K
erala, na miste- das por extensos canais de águas
riosa e fabulosa calmas, pelas quais navegam em-
Índia, é um Es- barcações típicas, semelhantes a
tado com 30 mi- enormes gôndolas. Segundo a tra-
lhões de habi- dição corrente, as primeiras se-
tantes, dos quais mentes do Evangelho entre os in-
25% são católi- dianos foram lançadas pelo Após-
cos. Situado na região sul, a sua tolo São Tomé.
paisagem é marcada por verde- Lá chegando, no século XVI, os Colombo
jantes plantações de arroz, serin- missionários portugueses encon- Nunes Pires
gueiras e coqueiros, entrecorta- traram comunidades de cristãos,
!
Irmãs de hábito e familiares em torno do caixão da Beata Alfonsa
remanescentes daquelas prega- tual foi a intensa devoção a Santa acorreriam. Seu comentário foi
ções. Seus laços com a Sé de Ro- Teresinha do Menino Jesus, cuja uma profecia que se realizou in-
ma, lamentavelmente desfeitos ao biografia a famosa História de teiramente algumas décadas mais
longo dos séculos anteriores, fo- uma Alma ela leu várias vezes tarde. Em 1986, por ocasião de
ram então reatados, daí resultan- na juventude e conhecia quase de sua viagem à Índia, o Papa João
do o revigoramento dessa grande cor. Paulo II procedeu à beatificação
comunidade católica, que ficou co- As celas que ela ocupou nos da Irmã Alfonsa, em cerimônia
nhecida como Igreja Siro-Mala- conventos de Changanacherry e presenciada exatamente por cen-
bar. Sinal de sua vitalidade hoje Barananganam são conservadas e tenas de bispos e sacerdotes, além
em dia (o que ocorre também no abertas à visitação dos fiéis. Neste de uma multidão de fiéis, na cida-
rito latino) é o alto índice de voca- último local, além de sua cama, de de Kottayam, próxima a Bara-
ções sacerdotais e religiosas, que colchas e vários objetos de seu nanganam. Foi também beatifica-
tem possibilitado o envio de mis- uso, encontra-se um quadro de do nessa ocasião o carmelita india-
sionários para socorrer a Igreja Santa Teresinha. no Frei Kuriakose Chavara, após-
em países da Europa e das Améri- Tendo vivido no estrito ambien- tolo do afervoramento do clero,
cas. O florescimento de almas de te conventual, a Irmã Alfonsa foi que viveu no século XIX. Hoje,
grande virtude é também um si- naturalmente pouco conhecida nas proximidades do convento no
nal inequívoco dessa vitalidade. do público. Assim, de seu funeral qual habitou a Irmã Alfonsa, uma
Uma dessas almas de escol foi a participaram apenas suas irmãs capela abriga seu túmulo, que é
Irmã Alfonsa da Imaculada Con- de hábito, seu pai com alguns fa- continuamente visitado por fiéis.
ceição, da Congregação das Cla- miliares, e alunas da escola do Situada no alto de uma colina, a
rissas. De família influente que convento. pequena construção tem na fren-
deu à Igreja vários sacerdotes, Entretanto, como tantas vezes te um enorme pátio, medindo cer-
nasceu em 1910, vindo a falecer ocorre na vida de santos que vi- ca de um hectare e capaz de aco-
em 28 de julho de 1946, num con- veram no recolhimento, sua pas- lher uma considerável multidão
vento da pequena cidade de Ba- sagem para a eternidade marcou de fiéis.
rananganam. o início de uma atuação notável e Na biografia da Irmã Alfonsa,
Às almas mais diletas, o Divino profunda sobre os fiéis, pelos alguns episódios podem dar uma
Salvador convida não ao monte quais tanto rezou e ofereceu sua idéia de seu perfil espiritual.
Tabor, mas ao Calvário; oferece- vida. Sua mãe faleceu logo após ter
lhes não um caminho de rosas, Já nas palavras proferidas du- lhe dado à luz. Ana Muttathupa-
mas o amargo cálice que Ele ex- rante o sepultamento, o carmelita dathu este o nome de batismo
perimentou em sua Paixão. A Frei Romulus, que fora seu Dire- de Irmã Alfonsa foi criada por
união com a Paixão de Cristo foi a tor Espiritual e Confessor, ressal- uma tia. Esta dispensou-lhe esme-
nota tônica da espiritualidade da tou : Se pudessem conhecer a gran- rada formação.
Irmã Alfonsa ao longo de vinte deza intrínseca dessa religiosa, mul- Em certa ocasião, a jovem Ana
anos de vida conventual. Outro tidões de fiéis, incluindo centenas de foi abordada por uma religiosa
traço marcante de sua via espiri- padres e bispos de toda a Índia, aqui carmelita que, demonstrando-lhe
"
muita estima, aconselhou-a a tor- queimadura nos pés. Para isso uma religiosa desejava obter al-
nar-se religiosa. Posteriormente, já saltou sobre algumas brasas que guma lembrança da Irmã Alfonsa,
no convento, constatou ter sido a ardiam numa cavidade existente mas não a pediu. Alguns dias de-
própria Santa Teresinha do Meni- no quintal de sua casa, na qual se pois, a Irmã Alfonsa chamou-a e
no Jesus que lhe aparecera mira- queimava palha. Esse lance, que a deu-lhe uma oração escrita de
culosamente. Suas palavras tive- família supôs ter sido acidental, próprio punho.
ram o efeito de inflamar o desejo ocasionou-lhe queimaduras que Não é de estranhar, portanto,
que Ana já nutria em seu coração. superaram a sua expectativa e que mesmo vivendo no isolamen-
Enfim, chegou o momento de exigiram tratamento especial. Po- to, conhecesse e se sacrificasse
pedir permissão à tia para deixar rém, o objetivo foi inteiramente pelas necessidades da Igreja na
o lar e tornar-se religiosa clarissa. alcançado. O casamento veio a Índia e em todo o mundo.
A resposta, entretanto, foi negati- ser cancelado e, algum tempo de- Num de seus escritos, referin-
va e peremptória. Sua tia deseja- pois, Ana podia transpor os por- do-se à enfermidade que a aco-
va vê-la como uma boa mãe de fa- tões do Convento das Clarissas. metia, assim se expressou: Estou
mília, e jamais no isolamento de Tanto durante o noviciado co- pronta a sofrer não apenas esta, mas
um convento. Para isso havia já mo depois de sua profissão, pe- quaisquer outras doenças. O mundo
agenciado a escolha do noivo, e ríodos de graves enfermidades al- moderno desceu ao mais baixo nível
providenciava a confecção do ves- ternaram-se com épocas de saú- na busca dos prazeres. Que o Senhor
tido para a cerimônia de noivado, de. faça de mim o que quiser, pisando-
que, segundo o costume da Índia, Muitas de suas irmãs de hábito me, ferindo-me como pequena vítima,
se realiza também na igreja. asseguram que freqüentemente a por amor do mundo que trilha o ca-
Ana, porém, já decidira fazer- Irmã Alfonsa conhecia os pensa- minho da ruína, como também pelos
se religiosa. Para tornar inviável o mentos delas e problemas mais sacerdotes, religiosos e religiosas cujo
noivado, decidiu provocar uma íntimos, e consolava-as. Certa vez, fervor esteja decaindo. ²
#
ARAUTOS NO MUNDO
Do Domingo de Ramos à Páscoa da Ressurreição
Apresentação
das Sete
Palavras e
Ofício de Trevas
na Matriz de
Atibaia
À esquerda:
Representação da
Paixão de Jesus
Catedral da Sagrada
Família, Campo
Limpo, São Paulo
o
D urante a Semana Santa, os Arautos do
Evangelho colocaram a serviço da Igreja
seus dotes e carisma, conferindo maior es-
plendor a várias cerimônias litúrgicas. Dessa ma-
Luiz
neira contribuíram para o afervoramento do povo Alexandre
de Deus, procurando levar os fiéis a um maior de Souza
Ofício de Trevas
na Igreja de
São Norberto,
em Toronto
(Canadá)
À direita:
Procissão em
Acima: Solene Eucaristia celebrada
honra da
na igreja matriz de Sorocaba,
Santa Cruz,
após missão mariana realizada
em Lima,
na 2ª Feira Santa
Peru
%
Acima: Vigília Pascal em Ibros (Espanha); à
esquerda: solene Eucaristia no Domingo de
Páscoa Igreja de São Pedro e São Paulo, na
capital paulista
Celebração Pascal na Catedral de Campo Limpo, em São Paulo, presidida por Dom Emilio Pignoli, Bispo Diocesano
&
Estímulos à Evangelização
Por ocasião das comemorações do primeiro aniversário da Aprovação Pontifícia dos Arautos do
Evangelho, foram celebradas Eucaristias de ação de graças em diversas partes do mundo, durante
as quais ilustres Prelados dirigiram valiosas palavras de estímulo à Associação.
A seguir, trechos das homilias pronunciadas por S. Emcia. Dom Francisco Álvarez, Cardeal-Arce-
bispo de Toledo, Primaz da Espanha, e S. Excia. Dom Rino Passigato, Núncio Apostólico no Peru.
Queridos irmãos, a coincidência com a festa de fé e de nosso testemunho. Eu orei por ti, para
litúrgica da Cátedra de São Pedro é providencial que tu não desfaleças (Lc 22, 32), disse Jesus na úl-
e vos compromete a uma fidelidade total e sem tima Ceia. Estas palavras de Jesus, fundamentais
reservas ao Bispo de Roma e a seu Magistério. para Pedro e seus Sucessores, difundem luz e
Ser Arautos do Evangelho é também ser Arau- consolo também sobre os que colaboram em seu
tos do Magistério de Pedro, porque ele é a garan- ministério, sejam bispos, sacerdotes, pessoas
tia da autenticidade do Evangelho que vós vos consagradas, fiéis leigos comprometidos na obra
propondes a seguir e difundir. Vosso carisma e da evangelização. (...)
vossa vocação vos chamam e vos comprometem Esta oração, que brota incessantemente do Co-
a serdes colaboradores do Magistério de Pedro, ração do Bom Pastor, seja sempre vossa força,
princípio visível de integridade e de unidade. queridos irmãos.
(...) Nossa união e fidelidade a Pedro é garantia Dom Rino Passigato
da pureza e da autenticidade de nossa profissão Núncio Apostólico no Peru
Abandonando tudo pelo Reino de Deus e a carei minha Igreja...; e nós que somos Igreja de
pregação do Evangelho, servindo ao Bom Pastor Pedro, do sucessor de Pedro, estamos felizes de,
e certos de que Ele vos conduziu a estas fontes com Simão Pedro, levar adiante aquilo que sig-
tranqüilas e sossegadas, a este caminho seguro nifica seguir a Jesus (...) num mundo que tanto
de vossa instituição, em nome do Senhor vós necessita ser evangelizado. (...)
lançais as redes, proclamais o Evangelho, dais Que vos sintais incorporados a essa Cátedra
testemunho e realmente vos compenetrais de de Pedro, que hoje celebramos, e (...) compene-
que dentro da Igreja sois esse grão de mostarda trados do que significa apoiar essa Cátedra, a fi-
que, sendo pequeno, no entanto cresce constan- gura do Santo Padre, sua missão e suas mensa-
temente na Igreja, alimentado com as raízes do gens continuamente proclamadas e vividas por
Evangelho. (...) ele, para que todos compreendamos que deve-
Certamente esse vosso testemunho é uma das mos viver em constante alerta para sermos cada
pedras angulares que edificam a Igreja para le- vez mais Evangelho vivo, e que estamos em um
var adiante precisamente a misericórdia de Deus mundo que precisa de nós como fiéis evangeli-
acompanhada da proclamação do Evangelho. zadores.
Hoje tem de ressoar em nossos corações as pa- Cardeal Francisco Álvarez
lavras de Jesus: Tu és Pedro e sobre esta pedra edifi- Arcebispo de Toledo, Espanha
'
CARTAS DO VATICANO
T anto por constituírem uma associação de Direito Pontifício, como por sua
entusiasmada adesão ao Papado, os Arautos do Evangelho mantêm-se em
permanente contato com o Vaticano, o que resulta numa significativa
correspondência. Nestas páginas encontram-se estampadas algumas das cartas
recebidas de Roma nos últimos meses.
Distinto Doutor,
Recebi sua gentil carta de 19 de fevereiro de 2002. Agradeço sensibilizado as in-
formações que fornece ao Pontifício Conselho para os Leigos no tocante aos próxi-
mos projetos da sociedade Arautos do Evangelho, reconhecida há um ano pela Santa
Sé como associação privada internacional de fiéis.
Alegra-nos muito constatar seu ardor missionário, como também receber a notícia do início
do trabalho de evangelização de sua associação em alguns países da Europa do
Leste, como dom ao Santo Padre pelo aniversário do reconhecimento pontifício
dos Arautos do Evangelho.
No que se refere às cartas de apresentação aos Bispos diocesanos, desejo in-
formar-lhe que as associações internacionais de fiéis erigidas ou reconhecidas
pela Santa Sé não têm necessidade de outro documento que o decreto do
Pontifício Conselho para os Leigos, a fim de poder apresentar-se aos Ordi-
nários locais. Além disso, as associações de fiéis não necessitam de um
mandato especial da autoridade eclesiástica para cumprir sua missão
evangelizadora.
Terei o prazer de receber-lhe proximamente no Dicastério, em data a
ser acertada com minha secretária. Desejando-lhe abundantes frutos de
santidade e de apostolado, cumprimento-o cordialmente no Senhor.
Aloisius de Magistrij
Pro Penitenciário Maior
e. Joannes Maria Gervais
Secretário
GUATEMALA: CERIMÔNIA DE ADMISSÃO
DE NOVOS COOPERADORES
Revmo. Monsenhor,
Por ocasião da cerimônia de admissão de novos Cooperadores dos Arautos do Evan-
gelho, que terá lugar no 22 de fevereiro corrente, no primeiro aniversário da aprova-
ção pontifícia deste Sodalício internacional, fizeste chegar ao Santo Padre, em nome
dos membros da Associação na Guatemala, expressões de filial devotamento e o pedido
de uma Bênção especial.
O Sumo Pontífice, externando grato apreço pela delicada lembrança e pelos senti-
Acima: os novos mentos de fidelidade e afeto manifestados, confia os Arautos do Evangelho à celeste pro-
cooperadores
dos Arautos do
teção da Virgem Santíssima, para que seu apostolado seja fecundo em frutos espiri-
Evangelho na tuais, ao mesmo tempo que envia a todos, de Coração, a implorada Bênção apostólica.
Guatemala, após
a cerimônia de Aproveito o ensejo para cumprimentá-los com particular estima.
sua admissão De vossa Reverência, devmo.,
Leonardo Sandri
Ione
Os Cavaleiros do Novo Milênio estiveram nos estúdios da
TV Gazeta, que quis brindar desta maneira os telespectadores
do Programa Ione com uma mensagem de feliz Páscoa, reple-
ta de paz, harmonia e esperança (à direita).
!
Orações de uma mãe
É dificil haver maior amor humano que o de uma mãe por seu filho. Antes mesmo de ele
nascer, ela já o quer. Por isso mesmo, é indizível o seu sofrimento quando o vê trasviar-se por
tortuosos e sinistros caminhos.
Esse tema, de todas as épocas, levou Catherine Moitessier, condessa de Flavigny, a incluir estas
confortadoras preces na sua Coletânea de orações, meditações e leituras. O livro foi publicado em
Tours (França), no fim do século XIX, e teve tanto êxito que chegou a alcançar as dezoito edições.
Oração pelo filho ao qual dará à luz infelizmente arrastado para longe de Vós, longe de
mim, longe do dever.
Ó meu Deus, que me designastes para dar a vida
Meu pobre filho!
a criaturas que devem tornar-se vossos filhos, filhos
Ó meu Deus, eu Vos suplico, pelas lágrimas de Ma-
da Santa Igreja, irmãos de Jesus Cristo, herdeiros do
ria Santíssima, abri os olhos dele, tocai seu coração,
Céu, dou-Vos graças por me ter concedido tal bene-
quebrai as correntes que o escravizam, dai-lhe cora-
fício e uma glória tão bela.
gem. Que ele volte para Vós como um outro Agosti-
Imploro-Vos tornar-me digna desta elevada vo-
nho, abrace Vossos pés sagrados como Madalena ar-
cação que me concedestes.
rependida.
Ofereço-Vos desde já, Senhor, o filho que me des-
Mas, se diante de vossos olhos, aos quais nada é
tes. Dignai-Vos preservar-me de todo acidente que
escondido, ó meu Deus, eu tive a terrível responsa-
possa ser-lhe funesto, e conceder-me a força neces-
bilidade pelos desvarios que deploro;
sária para trazê-lo ao mundo.
Se, por uma negligência ou por uma culposa fra-
Tomai, meu Deus, a mãe e o filho sob a proteção
queza, eu permiti que se inoculasse e desenvolvesse
de vossa bondade paterna.
na alma de meu filho germens perigosos;
Que Nosso Senhor, O qual, vivendo nesta ter-
Se, mais tarde, de algum modo autorizei suas de-
ra, tanto amou os pequeninos, abençoe desde já
sordens, pela leviandade de minhas palavras ou de
também este e o marque com o selo de seus eleitos.
minha conduta, ó Senhor, vede meu arrependimen-
Que o santo Anjo designado para a sua guarda
to, a dor que expia as minhas faltas.
o mantenha vivo até o momento do batismo, o tome
Perdoai a nós dois,
pela mão desde seu nascimento e o conduza até a
e dai-nos a graça de
hora da morte, sem permitir que manche a alva
nos unirmos a Vós
túnica de sua inocência!
para sempre.
Que Maria, Mãe Imaculada de Jesus e recurso
Assim seja. ²
de todas as pobres mães, se digne vir em meu auxí-
lio!
Ó meu Deus, possa meu filho deixar meus bra-
ços e esta terra tão somente para encontrar-se con-
vosco, junto aos coros celestiais dos anjos, ou na co-
munidade de vossos santos.
Assim seja.
!"
que teria sido de mim se tivesse tava da medicina. Matriculei-me AE: E por que dominicano e não
nascido num ambiente diferente. na Faculdade de Medicina de Va- sacerdote secular?
lência. Porém, quando um dia es-
Frei Royo Marín: Poucos dias
AE: Que recordação o senhor tem tava estudando uma das matérias
depois desse acontecimento-re-
de sua Primeira Comunhão e de do primeiro ano, sem saber por
lâmpago, que acabo de descrever,
seus primeiros passos na fé? que, surgiu de repente em meu
minha família mudou-se para Ma-
espírito a seguinte pergunta: por
Frei Royo Marín: Eu tinha oito dri, para uma casa perto da Basí-
que, em vez de ser médico de cor-
anos de idade quando se deu lica de Atocha, administrada pe-
pos, não posso ser médico de al-
meu primeiro encontro com Cris- los Frades de São Domingos. O
mas? Esse pensamento me cau-
to Nosso Senhor. Foi algo normal. Prior naquela época era Frei To-
sou uma tal impressão que, ime-
Continuei comungando diaria- más Sánchez Perancho, que todos
diatamente fechei o livro e decidi:
mente durante toda a minha ju- consideramos como santo cano-
Sacerdote, acima de tudo!
ventude; fazia-me falta, tinha ne- nizável. Quando vi como ele pre-
cessidade de encontrar-me com Que mistério de Deus! Minha gava, como as palavras saíam de
Nosso Senhor no fundo de meu vocação foi um relâmpago. Em sua alma, com aquele dom de
coração. E o encontrava na Euca- geral as vocações surgem lenta- Deus de convencer os outros, sem
ristia. mente. Fazem-se retiros, consul- impor, sem forçar nada, eu pen-
ta-se um diretor espiritual. No sei: Tenho de ser dominicano.
meu caso foi um relâmpago inspi- Depois ocorreu uma série de
AE: Como surgiu sua vocação
rado pelo Espírito Santo. Não te- coisas, que seria longo contar.
sacerdotal?
nho a menor dúvida: minha vo- Adoeci, começou a guerra civil,
Frei Royo Marín: Eu pensava cação brotou diretamente do Es- na qual os vermelhos estiveram
numa profissão no mundo, e gos- pírito Santo! a ponto de fuzilar-me duas vezes.
!#
Ao lado: o Pe. Royo
na entrada do Convento de
Atocha; abaixo: em seus
primeiros anos como pregador
dominicano, atraiu ele
grandes multidões para
junto do púlpito
!$
AE: Como foram suas
experiências como pregador Ao lado e abaixo:
por toda a Espanha, antes o Pe. Royo Marín em
de ser nomeado professor visita à Casa dos
em Salamanca? Arautos do Evangelho
Frei Royo Marín: Os em Madri. Para
primeiros cinco anos de eles, o seu conselho:
sacerdócio, dediquei-os à Aspirem à santidade.
pregação e percorri a Espa-
nha inteira. Pensava em en- Queiram ser santos!
tregar toda a minha vida à pre-
gação, mas um dia Frei Aniceto,
outro santo varão que depois che-
gou a ser Provincial da Espanha,
me disse: O senhor está fazendo nhol e mais de cem mil exem-
uma trabalho enorme como pre- para pregar, pois tinha de dar au- plares. Seria impossível pregar
gador e estamos encantados com las. Então comecei também a es- cem mil sermões...
isto, mas acontece que Frei Teófilo crever. Foi providencial! Se eu ti-
Urdanoz, professor de Teologia vesse continuado a pregar, teria AE: Que conselho o senhor daria
em Salamanca, adoeceu. Pergun- percorrido toda a Espanha, mas aos Arautos do Evangelho?
tei a Fei Santiago Ramírez quem não teria escrito um só livro.
poderia substituí-lo e ele me res- Frei Royo Marín: Outra das
Aí estão as minhas obras. Ale-
pondeu: Frei Roy. Não há outra grandes manifestações da Provi-
gra-me muito ver a Providência
opção para o senhor senão ir para dência de Deus na minha vida é
Divina ter-me retirado da prega-
Salamanca! Sei que estou inter- eu ter tido a honra de conhecer
ção e me colocado para escrever,
rompendo sua brilhante vida de de perto os Arautos do Evange-
pois a pregação passa e não volta,
pregador, mas não tem escolha. lho. Especialmente sou íntimo
mas o que está escrito permanece
Fui para Salamanca. O melhor amigo do Presidente Geral, João
para sempre.
é nos deixarmos levar pela obe- Clá. Pode ser que eu tenha feito
A obra Teologia da Perfeição Cris-
diência, pois assim sempre acerta- algum bem aos Arautos, mas eles
tã já tem nove edições em espa-
mos. também me têm feito muito bem,
razão pela qual os estimo profun-
AE: Foi a partir de então que o damente e os admiro com toda a
força e com todo o carinho. De
senhor começou seu paciente
modo que sou também Arauto do
trabalho de sistematização da Evangelho de coração e com to-
Teologia, a escrever livros e a da a minha alma.
formar pregadores. Que pode Meu conselho: aspirem à
nos contar a esse respeito? santidade, queiram ser san-
Frei Royo Marín: Como tos. No dia em que renun-
professor na Faculdade de ciarem a ser santos, façam
Santo Estêvão, em Sala- o favor de sair da Associ-
manca, eu ensinava parte ação e devolvam suas in-
da Teologia Dogmática, sígnias, pois já não serão
parte da Teologia Moral e mais Arautos. Para ser ver-
Oratória Sacra. Formei mais dadeiramente Arauto do
de 500 jovens e ensinei-lhes Evangelho, é preciso ter fo-
a pregar. São os que agora es- me e sede de santidade, e as-
tão pregando por toda parte e sim contribuir com todas as
utilizando meus esquemas. Mas suas forças para a santificação
eu mesmo não podia mais sair dos outros. ²
!%
H
á alguns meses, o Arce-
bispo de Bruxelas e Pri-
maz da Bélgica, Cardeal
Godfried Danneels, es-
teve em Roma, a con-
vite do senador Giulio
Andreotti, Diretor-Presidente da
conhecida revista 30 Dias, para
participar do lançamento de um
livro de memórias sobre o escritor
francês Charles Péguy.
Na Sala do Cenáculo da Câmara
dos Deputados, Sua Eminência
proferiu um discurso de extrema
importância, tanto pelo tema em
si, como por sua palpitante atuali-
dade.
De tal maneira os argumentos
expostos vêm ao encontro do nos-
so carisma, que pareceu-nos ser
do agrado de nossos leitores re-
produzir aqui os principais tre-
chos da alocução do Cardeal. Fa-
lou ele sobre o papel da beleza en-
quanto valor a ser descoberto em
Jan Breyne, Oostkamp (Belgium)
Beleza e cultura:
meios para falar de
Deus aos jovens
!&
Três portas para chegar a Deus A beleza de que estou falando não é um estetismo, não
é uma beleza da forma. Platão já dizia: Pulchrum est
Há três portas para chegar a Deus. Deus tem três no-
splendor veri. Portanto, se a verdade é o sol, o pul-
mes: Verum, Bonum, Pulchrum, as três universalia da
chrum é o halo em volta do sol, onde o sol é mais quente
filosofia medieval.
e mais luminoso. A beleza é o esplendor, a brillance da
Portanto, há uma porta de entrada para chegar a Deus
verdade, como dizem os franceses. Já os gregos haviam fei-
pelo caminho da verdade (por exemplo, sublinhando que
to das palavras belo (kalós) e bom (agathós) um único
Deus é a Verdade primeira); há outra porta que passa pelo
substantivo. Pois tudo o que é bom é belo e tudo o que é
bonum (que sublinha que Deus é o bem último, a supre-
belo é bom. (...)
ma santidade) e também uma porta que passa pela beleza,
Penso que neste momento, para falar de Deus aos jo-
porque Ele é supremamente belo.
vens, pode-se também apresentar todo este imenso tesouro
cultural, no sentido total da palavra. Ainda que aproxi-
O verum e o bonum, inacessíveis hoje mar-se do cristianismo por meio da cultura comporte um
Na Igreja, e sobretudo na Igreja Católica, tomam-se perigo: reduzir Deus e a fé católica ao dado cultural. Mes-
sempre as duas primeiras portas. Mas quando digo a jo- mo que a cultura possa servir como porta de acesso e possa
vens estudantes que Deus é a suma Verdade, todos se sen- oferecer a oportunidade para aproximar-se de Deus, conti-
tem como pequenos Pilatos. Perguntam: Que é a verdade? nua a ser apenas uma oportunidade (30 Dias, Novembro
E como se pode provar que o senhor conhece a verdade? de 2001). ²
Talvez não exista uma verdade suprema.
Portanto, essa porta que a princípio seria
acessível, pois Deus é verdadeiro, tornou-se, em
nosso tempo (e isso é culpa nossa, da nossa cul-
tura) praticamente inacessível. Todos os jovens
não apenas são contrários ao dogmatismo, mas
simplesmente contrários aos dogmas. E, assim,
não podem, no momento, entrar por essa porta. OS MAIS BELOS CDs DE
Quando alguém os exorta a aproximarem-se
de Deus por meio da porta do Bonum, da virtude Os Cavaleiros
moral, ou dos ideais de santidade, respondem:
Eu posso admirar tudo isso, mas não é para
do Novo Milênio
mim. Sou muito frágil. Admiro a santidade de
Deus, mas é um ideal alto demais para mim. Seu variado repertório
Portanto, não têm acesso por essa porta.
abrange desde o canto gre-
A porta da beleza permanece aberta goriano e composições po-
Mas se, durante a Quaresma, esses mesmos pulares medievais, passan-
jovens forem convidados a ouvir a Paixão segun- do pela polifonia clássica e
do São Mateus, de Johann Sebastian Bach, quan- os autores românticos, até
do saírem não se ouvirá nenhuma objeção. A por-
obras de nossos dias. Par-
ta da beleza está completamente aberta. No en-
tanto, ainda que o texto da Paixão segundo São te dessas interpretações co-
Mateus de Bach seja um texto evangélico, suas rais e instrumentais encon-
árias cantadas pertencem ao puro pietismo do sé- tra-se gravada em 15 CDs,
culo XVII, um pouco indigesto para nós. Mesmo
13 dos quais já lançados.
assim, eles dizem: Isto me impressionou.
Penso que na Igreja, hoje, o caminho da cul-
tura, da arte, da música, da arquitetura é um ca- Você também quer participar dessa obra de
minho que se pode percorrer muito bem, pois di- evangelização? Faça logo sua encomenda, ou peça o
ante dele caem as objeções. Não digo que sempre catálogo completo dos CDs editados, e promova
assim essa obra juvenil, cultural e social.
será assim. Não sei como será nos séculos XXI ou
XXII. Mas, no momento, é assim. OS CAVALEIROS DO NOVO MILÊNIO
Tel/Fax: (11) 6236-4859 - Televendas: (11) 9339-5334
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!'
Fotos: Roberto Kasuo
Bênção e entrega de Oratórios em Conceição do Jacuípe, na Bahia
Quando um mais um
é igual a... mil!
“E ra uma vez uma ci-
dade...
Como toda histó-
ria maravilhosa, dig-
na de conto de fa-
das, assim também começa esta
zenas de famílias se reuniam para
a recitação do santo rosário, levan-
do em seguida uma imagem de
Nossa Senhora em procissão de
uma casa a outra.
Ah, que belos tempos esses! Is-
nossa narração. so deve ter sido na Europa, e pro-
Sim, era uma vez uma pequena vavelmente há muito tempo, pen-
cidade habitada por um valoroso sará alguém.
povo. Ao se conhecer as pessoas Quem me consolará da triste-
que o compunham, não se sabia o za de ter nascido no século XX, e
que mais admirar: se sua bravura, estar vivendo neste conturbado
se sua piedade. A devoção à Mãe início de terceiro milênio? Hoje, Roberto Kasuo
de Deus lhes pervadia os cora- parece que o mundo enlouque-
ções. Todos os dias, dezenas e de- ceu!
"
Pois console-se, caro leitor. A Foi o que se passou em Penápo- No instante seguinte, eis o nos-
história não se passou outrora, na lis, SP, com o Sr. Antônio. so Sr. Antônio na rua, a bater na
Idade Média, mas em nossos dias. Era uma tarde de domingo, porta dos vizinhos para lhes pro-
Nem foi na Europa, mas em Jaíba, bem quente... Como incontáveis por que recebam o Oratório uma
no norte de Minas Gerais... brasileiros, lá estava o Sr. Antônio vez por mês. Para sua surpresa,
Nessa cidade como também estirado numa poltrona, assistin- somente naquela tarde, conseguiu
em muitas outras localidades , do a uma competição esportiva vinte famílias. Eufórico, ligou pa-
sem nenhum respeito humano, as particularmente cacete; dessas ra a casa dos Arautos do Evange-
coordenadoras dos oratórios do que não atam nem desatam... lho encomendando um oratório,
Imaculado Coração de Maria fa- Mas será que não tenho nada pois dizia logo teria as famí-
zem questão de os levar em corte- de mais útil e elevado a fazer na lias restantes. Sua vida tomara ou-
jo diariamente, de um lar a outro. vida? Transcorrerá ela nessa mo- tro sentido! Doravante, seria um
Cantam e rezam em louvor a Ma- dorra sem fim?, pensava ele. Des- propagador da devoção a Nossa
ria. E outro dia ocorreu esta cena ligou a televisão e pulou da pol- Senhora.
digna de uma pintura: três gru- trona. Nesse momento, seus olhos
pos se encontraram numa mesma caíram sobre um folheto deixado
esquina! Surpresa, alegria geral! em uma mesinha:Receba Maria
Todos viram nisso um sorriso de em sua casa, para que Ela o re-
Nossa Senhora a lhes abençoar do ceba depois no Céu!
Céu. Que maravilha! Esse é o Bra- A frase o impressionou.
sil religioso, católico e ordeiro que Como é isso?, pensou.
vai aderindo ao Apostolado do Terminada a leitura da
Oratório. explicação do Apostola-
Inestimável o trabalho desses do do Oratório Maria,
voluntários apóstolos de família, Rainha do Terceiro Mi-
os coordenadores de Oratório. lênio, algo dentro de
Cabe a eles o grande mérito de si lhe diz: Vamos, por
bater de porta em porta, desper- que não tentar formar
tando muitas vezes um fervor um grupo de trinta fa-
adormecido dentro das almas. mílias?
Acima e ao lado: o
fervoroso povo de
Jaíba (MG) faz
questão de levar o
Oratório de uma
casa à outra,
rezando pela rua.
É freqüente alguns
grupos se
encontrarem, para
alegria geral
"
Ao lado: o Sr. Ailton e
Da. Rosana, fiéis
à graça recebida,
hoje levam o Oratório
a outros lares,
portando a bela túnica
de Cooperadores dos
Arautos do Evangelho;
abaixo: na cidade
industrial de
Contagem (MG),
Da. Miriam
comunica seu
entusiasmo
pelo Oratório
"
Mas foi só se lançar que, com o
auxílio de outras dedicadas sen-
horas e o apoio enfático do Padre
José Antônio, foram formados 25
grupos de trinta famílias nessa pe-
O MAIS JOVEM
quena cidade paulista.
Todos os coordenadores são APÓSTOLO
unânimes em afirmar que têm re-
cebido inestimáveis graças nesse
apostolado.
Realmente, não há
Da. Luciana, de Campos, RJ, limite de idade
por exemplo, relata: Estou mui- para se fazer o bem.
tíssimo feliz em ser coordenadora
do Oratório. Minha vida mudou,
Dª Silvana, coordenadora
quando já estava desanimada. Es- de vários oratórios em
tou vivendo um sonho, e não Mauá (SP), forma
quero acordar mais! O meu amor
a Nossa Senhora multiplicou, não
grupos com facilidade.
tenho palavras para expressar o Para tal, conta com o
meu imenso amor por Ela! precioso auxílio do
Pensando no insubstituível tra-
balho dos cerca de dois mil coor-
sobrinho, de apenas
denadores de Oratório, vem-nos 4 anos. Nas visitas,
à mente o dito da grande Santa é o pequeno Igor que
Teresa de Ávila: Jesus, mais Tere-
sa, mais duas moedas de ouro, é
leva o Oratório, e
igual a mais um convento carme- pergunta à moradora:
lita. A senhora deixa Nossa
Pois hoje podemos dizer, com a
alma transbordante de gratidão: Senhora dormir em sua
Nossa Senhora, mais um coorde- casa, um dia por mês?
nador ou coordenadora, mais o Como recusar um pedido
Oratório é igual a milagre da gra-
ça! feito com tanta candura?
Eis a maravilhosa e insuperável
aritmética do Céu! ²
"!
I números foram os Papas que manifes-
taram o desejo de que o canto gregori-
ano acompanhasse as celebrações li-
túrgicas do povo de Deus. Na Consti-
tuição Sacrosanctum Concilium, nº 116,
se afirma: A Igreja reconhece como canto próprio da li-
turgia romana o canto gregoriano; por tanto, na ação li-
túrgica ocupa o primeiro lugar entre seus similares.
Maria Lucilia Morazzani Arráiz
A Salve Rainha
"#
Os Santos de cada
1. São José, Operário. Come- a heresia ariana, sendo por isso lo digno de ser canonizado em vi-
morar este grande Santo enquan- perseguido e caluniado. Séc. IV. da. Faleceu em 1459.
to Operário não é apenas colocar
seu trabalho como modelo, mas 3. Exaltação da Santa Cruz. 11. Santa Joana de Portugal.
também a sua dignidade ao exe- São Filipe e São Tiago, Após- Filha primogênita do rei D. Afon-
cutá-lo. tolos e Mártires. São Filipe foi so V. Vencendo a oposição do pai
martirizado na Ásia Menor. São e de um irmão, entrou para a Or-
2. Santo Atanásio, Bispo, Con- Tiago, o Menor, era primo de dem Dominicana. Por sua má
fessor e Doutor da Igreja. Bispo Nosso Senhor e foi o primeiro saúde foi impedida de fazer os
de Alexandria, Egito, lutou contra Bispo de Jerusalém, onde rece- votos. Mesmo assim passava a
beu a palma do martírio. maior parte do tempo no conven-
to, praticava a regra e conservava
4. São Floriano, Mártir. o hábito. Morreu em 1490.
Séc. IV. Santos Abades de Cluny, Con-
Santa Joana DArc
5. 6º Domingo de Pás- fessores. Sécs. X a XII.
coa
12. Domingo - Ascensão do
Santo Hilário de Arles,
Senhor.
Bispo e Confessor. Séc. V.
Santos Nereu e Aquiles, már-
6. São Lúcio de Cirene. Ci- tires. Séc. I. Militares.
tado nos Atos dos Apóstolos, São Pancrácio, Mártir. Séc. III.
foi um dos doutores da Igreja
13. Nossa Senhora de Fátima.
de Antioquia.
Em 13 de maio de 1917 ocorreu a
7. Santa Flávia Domitila, primeira das aparições de Nossa
Virgem e Mártir. Da nobre Senhora em Fátima, Portugal, que
família dos Flavianos, foi pa- duraram até outubro do mesmo
rente de três Imperadores. ano.
Séc. I.
14. São Matias, Apóstolo e
8. São Vítor, Mártir. Séc. IV. Mártir. Foi escolhido para substi-
tuir a Judas, o Traidor. Segundo a
9. São Pacômio. Foi o tradição, levou o Evangelho à
primeiro a propor uma regra Etiópia, onde recebeu a palma do
para os eremitas, pela qual martírio.
pudessem viver de forma mais
apropriada, sem deixar o isola- 15. Santo Isidoro, o Lavrador.
mento. Seus ensinamentos influ- Trabalhando em terras alheias,
enciaram S. Bento e S. Basílio cumpria fielmente seus deveres e
Magno. Séc. IV. conseguia conciliá-los com a ora-
ção e sublimes atos de caridade. É
10. Santo Antonino de Floren- padroeiro de Madri. Séc. XII.
ça, Bispo e Confessor. Defendeu
Mario Shinoda
)4-+-16)
Rendimento: 2 pães 5. Coloque a massa em forma de bolo inglês, untada com man-
Tempo de preparo: 2 horas teiga.
6. Deixe a massa crescer durante uma hora.
INGREDIENTES 7. Asse em forno moderado (150° C) durante 40 minutos.
500 gr de farinha de trigo/ 500 gr de fari-
nha de centeio/ 300 gr de gergelim sem pele
e cru./ 300 gr de semente de girassol sem
casca/ 300 gr de aveia em lâminas/ 100 gr de
semente de linhaça/ 100 gr de manteiga
amolecida/ 8 gemas/ 60 gr de glutem/ 3 co-
pos de iogurte/ 60 gr de fermento para pão/
1 ½ colher de sobremesa de sal/ 2 colheres
de sobremesa de açúcar mascavo/ 400 ml de
cerveja escura
MODO DE PREPARO
1. Misture todos os ingredientes, exceto o
fermento e o iogurte.
2. Dissolva o fermento no iogurte e acres-
cente à massa.
3. Se for necessário, pode-se acrescentar
Fotos: Timothy Ring
"&
Mont Saint-Michel
Eliana Vassellucci
igreja românica original só resta uma parte da nave.
O coro, de estilo gótico-flamboyant, começou a ser
construído na metade do século XV e foi termina-
do no início do século seguinte. No nível inter-
mediário, situa-se a Sala dos Cavaleiros, cujos
arcos e colunas são tipicamente góticos; duas
construções do século XI, a Cripta de Saint-
Martin uma capela que preserva o estilo
românico original e a Cripta das Trinta
Velas; os aposentos do abade e a sala de hós-
pedes, destinada a receber os nobres visi-
tantes. Os soldados e peregrinos ocupavam
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M
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Fr
an
c e
Maison de la France
Ao lado: uma vista do claustro do Mosteiro, com
suas colunas de mármore inglês e telhado artesanal
#
Sobre um enorme
rochedo ergue-se a
grandiosa e venerável
abadia, uma das
glórias do mundo
ocidental...
Camille/Maison de la France
#
Nivaldo Bueno
P
“ recisamos de Arautos corajosos do Evangelho, de ser-
vos generosos da humanidade sofredora. (
) [Pai Santo,]
mandai à vossa vinha operários Santos, que ajam com o ardor
da caridade e, impelidos por Vosso Santo Espírito, levem a sal-
vação de Cristo até os últimos confins da Terra. Amém.