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Número 2 - Fevereiro 2002

Primeiro
aniversário
A quele a quem a Ter-
ra, o mar e o firma-
mento veneram, adoram e
proclamam; Aquele que rege es-
tes três elementos, Maria o le-
va em seu claustro.
A Virgem, cheia de graças
do Céu, em seu seio conduz
Aquele a quem a lua, o sol e
todas as coisas obedecem
constantemente.
Ditosa Mãe pelo dom que re-
cebeu: o supremo Artífice, que
contém o mundo na sua mão,
encerrou-se em seu claustro
virginal.
Bem-Aventurada! À palavra
de um Anjo, recebeu do Espírito
Santo a fecundidade, e o deseja-
do das nações, de suas entra-
nhas nasceu.
Glória a Vós, Senhor, que
“A Virgem
e o Menino”, nascestes da Virgem, glória
cópia de
imagem do a Vós, ao Pai e ao Espírito
séc. XIII
Santo, por todos os séculos
dos séculos. Amém.
(Hino, do Ofício da Bem-Aventu-
rada Virgem Maria, p. 8 - “Quem
terra”)
Revista mensal dos

ARAUTOS DO
EVANGELHO
Associação privada internacional de
fiéis de direito pontifício

Ano I, nº 2, Fevereiro 2002

SumáriO
Diretor Responsável:
André Ribeiro Dantas

Conselho de Redação:
Carlos Werner Benjumea, Guy
Gabriel de Ridder, Humberto Luís
Goedert, Juliane Vasconcelos
Almeida Campos, Louis Goyard,
Luis Alberto Blanco Cortés, Mariana
Morazzani Arraiz

Redação e Administração:
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do Evangelho do Brasil
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Arautos do Evangelho

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Os artigos desta revista poderão ser reproduzidos, O Coro dos Reis Magos canta durante a cerimônia de recepção dos
desde que se indique a fonte e se envie cópia à
Redação. O conteúdo das matérias assinadas novos Arautos e Cooperadores (páginas 18/19)
é da responsabilidade dos respectivos autores.

Assinatura Anual: Novidades velhas — Antiguidades novas (Editorial) ............................................ 4


Comum .............. R$ 49,00
Colaborador ...... R$ 72,00 Inculturação e evangelização das culturas ................................................................ 5
Benfeitor ............ R$ 99,00 Mais perto do Céu ............................................................................................................ 8
Patrocinador ...... R$ 150,00
Há um ano ........................................................................................................................ 10
Exemplar avulso R$ 4,90
A apresentação do Menino Jesus e a purificação de Maria Virgem .................. 12
Recepções de novos Arautos e Cooperadores ........................................................... 18
Na capa, Arautos no Mundo ......................................................................................................... 20
o Imaculado São Brás: brasa de amor de Deus ............................................................................... 22
Coração
Um refrigério para a Igreja .......................................................................................... 24
de Maria e os
Arautos do Presépios dos Arautos do Evangelho ........................................................................ 26
Evangelho na Os Santos de cada dia ................................................................................................... 28
Praça de São “Essa obra crescerá...” ................................................................................................... 30
Pedro (foto-
montagem) Delícia de abacaxi .......................................................................................................... 33
Jóia da Cristandade ....................................................................................................... 34

3
Editorial

D “Sabe a última que aconteceu?...”


esde que o mundo é mundo, as novidades têm
um atrativo irresistível. Mas no tempo em que
não havia televisão, nem rádio, nem jornal, as
novidades palpitantes eram mais saborosas, e im-
pressionavam incomparavelmente mais do que ho-
je em dia. Eram tão procuradas que alimentavam até uma profis-
são: a dos contadores de novidades (em francês: nouvellistes). Era
uma profissão e também uma arte, pois o “nouvelliste” tinha de
contar a notícia de forma atraente, com belas descrições, pondo
nisto seu talento pessoal. Talvez por isso se diz que quem conta
um conto aumenta um ponto...
Em nossa época, as novidades não têm tantas exigências. Bas-
ta que criem sensação. E, é claro, as más notícias impressionam
mais do que as boas. Elas escachoam com a intensidade de um
dilúvio, cada vez que ligamos a televisão, ou abrimos um jornal...
E tanta é a sua abundância que já estamos saturados de novi-
dades, sobretudo das do início deste milênio: guerras, crises po-
líticas e econômicas, atentados espetaculares, apreensões de to-
da ordem.
As novidades de hoje têm um defeito que as de antigamente
não tinham. Ficam velhas e sem graça muito rapidamente. Bas-
tam algumas horas. Para saciar o apetite de novidades que se sa-
tisfaz tão depressa é preciso contar, ou inventar, outras novida-
des mais sensacionais que as anteriores, até o ponto em que a ví-
tima deste esgotante processo diga para si própria: “Chega!!” E
enfastiada de tanta notícia, feche mal-humorada o jornal, ou des-
ligue a televisão.

NOVIDADES Não haverá boas novidades para contar?


Leitor, leitora, se você se sente vítima desse desgastante pro-
cesso psicológico, realize uma experiência nova. Desligue a tele-
visão e faça um passeio por algumas novidades da Igreja Cató-
VELHAS lica.
Mas a Igreja tem novidades para contar? Ela é tão antiga!...

ANTIGUIDADES Você encontrará a resposta na revista “Arautos do Evangelho”.


Ao lado de suas inúmeras e veneráveis tradições, a Igreja tem
sempre riquezas novas para oferecer a seus filhos. Manifestam-
se de forma viva no exemplo dos santos, em suas realizações, em
NOVAS seus novos carismas, na arte e na cultura que Ela continuamente
inspira, e em tantas coisas mais.
É uma imagem do que será a vida no Céu. Deus, que é eterno,
tem sempre belas novidades para nos contar. Será esse um dos
aspectos da felicidade que gozaremos no Paraíso, quando, pela
misericórdia infinita de Nosso Senhor Jesus Cristo, lá chegarmos.

4
Inculturação
e evangelização
das culturas

Um dos melhores exemplos de inculturação bem-


sucedida: a cultura latina, “cristianizada”, gerou
maravilhas inclusive no cerimonial liturgico
(Missa Solene promovida pelos Arautos do
Evangelho na Basílica de Santa Maria Maior) Dom João Evangelista Martins Terra, S. J.
Bispo Auxiliar na Arquidiocese de Brasília

1. Que é inculturação? mente no Sínodo Romano de 1977, para significar a


Esta palavra é desconhecida pelos nossos dicio- missão da Igreja em relação às culturas da humani-
nários. Evidentemente, ela nada tem que ver com dade (“Mensagem do Povo de Deus”, n. 5).
“inculto” nem com “incultura”, que significam au- 2. Por que foi criado esse neologismo?
sência de cultura ou carência de cultivo. Não se trata Esse neologismo se situa nos confins da antro-
de um termo antropológico como “aculturação” ou pologia cultural e da teologia. Sua novidade é ape-
“enculturação” (com “e”). É um neologismo “teoló- nas terminológica. E equacionamento moderno de
gico”, criado na década de 70 e “canonizado” oficial- um antigo problema. A questão da relação entre a

5
a cultura purifica e enriquece a fé, pois o diálogo
continuo com as diversas culturas liberta a fé, per-
mitindo-lhe mais plena expressão de si mesma e a
superação dos limites, dentro dos quais uma cultura
determinada poderia encerrá-la. A fé difunde sua
luz sobre a vida cotidiana, sobre nosso mundo real.
A inculturação é, pois, um processo ligado direta-
mente à missão de evangelizar da Igreja. O Vaticano
II ensina que a Igreja, “em virtude de sua missão e
natureza, não está vinculada a nenhuma forma par-
ticular de cultura” (Gs 42).
5. Havia incultura ção na Igreja primitiva?
Na Igreja primitiva, a evangelização foi feita por
meio da inculturação da fé no universo greco-roma-
no e no Próximo Oriente. Foi assim que surgiram as

O Papa João Paulo II em conversa com


D. João Evangelista Martins Terra

mensagem cristã e as culturas é tão antiga quanto a


Igreja. Mas a problemática da “inculturação” é re-
cente, pois é o resultado da nova conscientização do
pluralismo cultural da humanidade. Para expressar
essa realidade foi proposta, antes da palavra “incul-
turação”, uma constelação de termos. Os tratados de
missiologia falam de “adaptação”, “acomodação”,
“contextualização”, “indigenização”, “aculturação”
e “enculturação” (com “e”).
3. Quando surgiu esta palavra?
Em 1974, no Documento da 32ª Congregação ge-
ral da Companhia de Jesus, foi introduzida a pala-
vra inculturatio. A introdução desse conceito foi de-
vida à insistência dos jesuítas da Índia que, depois
da descolonização, percebiam agudamente como os
cristãos na sua pátria se distanciavam da cultura in-
diana e tinham se europeizado nos nomes, na lín-
guas, nos trajes, no estilo de vida. A autonomia po-
litica reivindicava uma autonomia cultural, e os ca-
tólicos sentiam a necessidade de que sua fé pudesse
se desenvolver e se expressar segundo a índole da
cultura da Índia.
Como o Documento da 32ª Congregação geral es-
tava escrito em latim, e em latim só existe o prefixo
in (e não o prefixo “em”), então a forma que se im- As culturas pagãs têm sublimes
punha era inculturatio (com in). As traduções em lín-
guas modernas preferem conservar esta grafia por expressões do belo que,
causa da nova conotação eclesiológica do termo.
4. Qual a relação entre fé e cultura? assimiladas pela Igreja,
A fé deve continuamente sustentar o diálogo com
todas as culturas, inclusive com aquelas que estão adquiririam maiores requintes
nascendo agora; fé e cultura devem estimular-se
Imagebank/Gettyimages

mutuamente; a fé purifica e enriquece a cultura, mas (O Taj Mahal, na Índia)

6
modalidades bem diversas da teologia latina e da toda a comunidade humana. E por essa razão que a
greco-oriental; foi assim também que surgiram di- Igreja, atenta às angústias de nossa época, indica o
versas liturgias orientais de língua grega, siríaca, caminho de uma cultura na qual o trabalho seja re-
copta, árabe, páleo-eslava e as liturgias ocidentais conhecido segundo a sua plena dimensão humana e
na língua-latina. O mesmo se passou na Índia anti- onde cada ser humano encontra a possibilidade de
ga, onde os missionários abandonaram a liturgia se realizar como pessoa. Ela o faz em virtude da sua
bizantina ou a romana e promoveram as liturgias abertura missionária pela salvação integral do mun-
nativas, como os ritos malabares e malancares. do, respeitando a identidade de cada povo e nação.
6. Esse termo foi aceito pela Igreja? A Igreja comunhão que une diversidade e unidade
O termo inculturação entrou nos documentos ofi- por sua presença no mundo inteiro, assume em ca-
ciais do Magistério da Igreja. A instrução da Con- da cultura o que aí encontra de positivo. Todavia a
gregação da Doutrina da Fé intitulada: Liberdade inculturação não é simples adaptação externa; é uma
cristã e Libertação diz: “A fé é inspiradora de critérios íntima transformação dos autênticos valores cul-
de julgamento, de valores determinantes, de linhas turais pela integração do cristianismo nas diversas
de pensamento e de modelos de vida, válidos para culturas humanas. ²

7
Mais
perto do
Céu...
Roberto Kazuo

P
diferente. Após a chegada do fi-
lho, Da. Fia não mais ouviu seus
costumeiros passos inquietos pela
equeno, contém todo ria ver. Assim fez Da. Fia, aguar- casa. Fizera-se silêncio. Intrigada,
um universo. Singelo, sur- dando interrogativa a chegada do ela se levantou para ver o que se
preende pela beleza. Harmo- filho da faculdade. Este sofria de passava. Para seu espanto, encon-
nioso, toca a fundo as almas. Si- insônia, e passava horas perambu- trou o filho ajoelhado diante do
lencioso, sua eloqüência supera a lando pela casa madrugada aden- Oratório, absorto em oração! Mal
de grandes oradores. Os corações tro. Naquela noite, tudo parecia pôde crer no que via.
mais endurecidos se enternecem
apenas em contemplá-lo. Conver-
sões inesperadas se operam.
Mas, do que estamos falando?
Do Oratório do Imaculado Co-
ração de Maria. Lançado há pou-
co, já peregrina mensalmente por
D. Emílio
cerca de 40 mil lares brasileiros, Pignoli,
atraindo e arrebatando a todos. bispo de
Da. Fia, de Contagem (MG), por Campo
exemplo, estava preocupada. Na- Limpo, e o
quele dia iria receber o Oratório Pe. Élcio
Barros,
em sua casa. Seu filho porém, pou-
com um
co afeito às coisas religiosas, como grupo de
tantos jovens hoje em dia, lhe ad- Coordena-
vertira que deixasse o Oratório em doras do
local bem discreto, pois não o que- Oratório

8
Na manhã seguinte,
ouve do filho esta sur-
preendente declaração:
“Mãe, como esse Orató-
rio trouxe paz para nossa
casa! Há anos não con-
seguia dormir. Hoje dor-
mi como nunca!” E a par-
tir de então, o rapaz não
perde uma recitação se-
quer do terço em casa.
Nesse dia ainda, Da. Fia
pediu muito a Nossa Se-
nhora pelo outro filho, ca-
sado, desempregado. Um
mês depois, exatamente
Entrega dos Oratórios na Catedral de Belém, presidida pelo
no dia em que o Oratório Arcebispo D. Vicente Zico
deveria voltar a seu lar, o
filho recebeu não uma, mas três Um belo episódio se deu com Da. há dezoito anos, tenho mais con-
propostas de emprego ao mesmo Leda, de Belo Horizonte. Sofre ela dições de suportar bem o sofrimen-
tempo! de câncer há anos, sendo obriga- to e já estou preparada para um
Por tudo isso, agora é a família da a tomar vários analgésicos dia- desenlace fatal. Mas minha nora...
toda de Da. Fia que se reúne para riamente. Sem perder a confiança, coitada! Sendo tão jovem ainda,
rezar o terço diante do Oratório. ela pede a Nossa Senhora sua cu- ela tem a vida toda pela frente! En-
Mas não pensemos que esse é ra. Mas carrega com cristã resig- treguei tudo nas mãos da Santís-
um caso fora do comum. nação a cruz que a Divina Provi- sima Virgem, para Ela decidir o que
Da. Aparecida, em reunião dos dência lhe colocou aos ombros. julgasse melhor. Qual não foi mi-
36 coordenadores do Oratório em Quando recebeu pela segunda nha alegria ao receber, mais tarde,
Ibaté (SP), comentava com o Pe. vez, em seu lar, o Oratório do Ima- a notícia de que a cirurgia havia si-
José Carlos Betone: “Hoje é o dia culado Coração de Maria, Da. Le- do muito bem sucedida e que mi-
mais feliz de minha vida. Após a da estava duplamente aflita. Por nha nora já não tem mais nada!”
ida do Oratório à minha casa, meu seus próprios padecimentos e por- Assim vai Nossa Senhora ope-
marido resolveu se confessar, de- que sua nora, muito jovem ainda, rando maravilhas.
pois de 21 anos!” Outra senhora ia ser submetida no dia seguinte a E aqui fica um convite, caro lei-
se regozijava porque seu marido, uma cirurgia muito delicada, para tor: receba você também Maria em
tocado pelo Oratório, deixara o extrair um tumor maligno do cere- sua casa, para que Ela o receba de-
vício da bebida. E várias pessoas belo. Narra ela: pois no Céu.
agradeciam a cura de alguma “Passei a noite rezando diante Como uma linda rosa que per-
doença, ou uma amizade reatada. do Oratório, conversando com fuma o ambiente em que se en-
De toda parte nos chegam re- Nossa Senhora. Com muita fé e contra, assim Maria, a Rainha do
latos de graças recebidas através confiança, eu pedia que Ela fizes- terceiro milênio, impregnará o am-
do Apostolado do Oratório “Ma- se acontecer comigo qualquer coi- biente de seu lar para nele fazer
ria, Rainha do Terceiro Milênio”. sa de pior que pudesse se dar com nascer seu Filho Jesus, o Deus en-
minha nora. Pois eu, com câncer carnado, o Príncipe da Paz. ²

ABRA A PORTA DE SEU LAR AMARIA. PARTICIPE DO APOSTOLADO


DO ORATÓRIO. PROCURE-NOS O QUANTO ANTES.
SECRETARIADO DO APOSTOLADO DO
ORATÓRIO “MARIA, RAINHA DO TERCEIRO MILÊNIO”
RUA FRANCISCA JÚLIA, 290 – CEP: 02403 – 010 -- S. PAULO, SP
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9
HÁ UM ANO

Q uem são esses jovens, revestidos desse


traje desconhecido, mas inegavelmente
muito belo, e dos quais nunca ouvimos
falar?! — Essa é uma pergunta que,
nas últimas semanas de fevereiro de 2001,
os romanos faziam entre surpresos, maravilhados e
José Messias Lins Brandão

curiosos. versas línguas e culturas, frades de fisionomia an-


Não é pouca coisa. Afinal de contas, Roma já viu gélica vestidos com o burel franciscano, monges e
de tudo. Em quase três milênios de história, por suas freiras trajando hábitos solenes ou humildes, nas
ruas já passaram cortejos de monarcas do Oriente e mais variadas formas e cores.
do Ocidente, cruzados escandinavos e ibéricos, ma- Apesar disso, os inteligentes e perspicazes cida-
rajás e príncipes da Etiópia, peregrinos das mais di- dãos de Roma não esconderam seu encanto quando

10
O
ao entusiasmo que, já nutriam pelo
representante de Jesus Cristo neste
reconhecimento mundo.
Segundo vários especialistas na
canônico dos matéria, a espera pela aprovação
não fora longa. Para os padrões nor-
Arautos do malmente seguidos pelo Vaticano, o
processo havia corrido de modo um
Evangelho tanto rápido (cerca de um ano!),
uma razão a mais de júbilo para os
vinha realizar Arautos do Evangelho. Resolveram
eles que tal alegria devia ser come-
um muito morada segundo seu carisma, com
solenidade e pulchrum. Daí uma sé-
acalentado sonho rie de celebrações na Cidade Eterna,
antes e após a ansiada audiência
Aspecto da com o Papa João Paulo II.
Celebração viram sua cidade “repleta” de Arau- Assim, tiveram o privilégio de
Eucarística na promover uma Missa na própria Ba-
tos do Evangelho (eram mais de
Basílica de
mil), caminhando pelas ruas, visi- sílica de São Pedro. Presidiu-a o Car-
São Pedro
tando igrejas, indo a restaurantes, deal Jorge María Mejía, Arquivista e
subindo em ônibus e entrando nas Bibliotecário da Santa Igreja Roma-
estações de metrô, revestidos com na. Em sua substanciosa homilia,
um hábito totalmente novo. Aqueles quis ele chamar a atenção daqueles
jovens estavam ali para comemorar jovens ali presentes para a união es-
um passo decisivo na história de sua pecial que ficava estabelecida entre
entidade: a aprovação de seus esta- os Arautos do Evangelho e o Pontí-
tutos pelo Pontifício Conselho para fice Romano:
os Leigos, com o que se estabelecia “Esta associação adquire com a Cáte-
um vínculo formal e legal com o dra de Pedro, com o centro da Igreja Ca-
Santo Padre, vin- tólica, uma relação especial”. E referin-
do-se somar do-se ao Ordo de Costumes que re-
gula a vida diária dos Arautos do
Evangelho, dizia: “Isto recebe agora, a
partir daqui, uma bênção especial, é in-
cluído no grande número de instituições
de religiosos, de religiosas, mas também
de associações leigas que o Papa, por
seus órgãos especiais — neste caso o
Conselho para os Leigos — aprova e en-
via...”
E após sublinhar que a nova obra
fora considerada “oportuna, impor-
tante e atual”, o purpurado concluia
que os Arautos do Evangelho se
tornavam “o braço do Papa”.
*
O sonho estava realizado. Seu ápi-
Em sua ce ocorreria no dia seguinte, 28 de fe-
homilia, o
Cardeal Mejía
vereiro, quando os Arautos do Evan-
(centro) dirigiu gelho receberam uma calorosa aco-
rutilantes lhida do Pai de todos os cristãos, mo-
palavras aos mentos que ficaram gravados para
Arautos do Evangelho sempre em nossos corações. ²

11
Christus Rex, Inc.

“A A p r e s e n t a ç ã o ” ,
afresco de Giotto na
Capela degli Scrovegni,
Pádua (Itália)

B elo como todas as passagens


do rosário, o 4º Mistério Go-
zoso focaliza o resgate do Me-
nino Jesus e a purificação de Nos-
sa Senhora. Esses dois atos se pas-
sam dentro da casa do Senhor, o
Templo de Jerusalém.
A APRESENTAÇÃO
DO MENINO JESUS
E A PURIFICAÇÃO
DE MARIA VIRGEM
João Scognamiglio Clá Dias
Presidente Geral
dos Arautos do Evangelho

sável fora aproveitar a primeira firmíssimo para sempre” (1 Rs 8,


ocasião para reconstruí-lo. Essa no- 10-13).
bre tarefa coube a Zorobabel, che- Mas agora, “não parece ele, aos
fe da Casa de Davi e antepassado vossos olhos, como uma coisa de
de Cristo (515 a.C.). Entretanto, nada?” — perguntava Ageu ao
quão mais grandioso havia sido o povo (Ag. 2, 3).
esplendor daquele Templo “em sua A consternação se abateu sobre
primeira glória”! — afirmara o todos os que ouviam a recrimi-
profeta Ageu, ao vê-lo reerguido. nação de Deus pelos lábios de seu
Na época de Salomão, a inau- profeta. Mas logo suas faces se
guração do Templo havia se dado tornaram mais luzidias do que
com pompa e majestade. Logo de- nunca: “Porque isto diz o Senhor
pois “uma névoa enchera a casa dos exércitos: Ainda falta um pou-
do Senhor, e os sacerdotes não po- co, e eu comoverei o céu e a terra,
diam ter-se de pé nem fazer as o mar e todo o universo. Abalarei
funções do seu ministério por cau- todas as nações, e virá o desejado
sa da névoa, porque a glória do de todos os povos; e encherei de
À espera do Messias,
Senhor tinha enchido a casa do glória esta casa. .... Minha é a pra-
glórias e vicissitudes do
Senhor. Então disse Salomão: O ta, meu é o ouro .... A glória desta
Templo de Jerusalém Senhor declarou que habitaria nu- casa será maior que a da primei-
Quas seis séculos antes tinha si- ma névoa. Eu edifiquei esta casa ra .... e darei a paz neste lugar ”
do arrasado esse edifício. Indispen- para tua morada, para teu trono (Ag. 2, 7-10).

13
O cumprimento da vontade de Deus que temos sido
profecia santificados uma vez para sem-
pre, pela oblação do corpo de Je-
Quem poderia imaginar a ce- sus Cristo.” (Hb. 10, 5, 9-10)
na na qual a profecia de Ageu se Mas foi quando Simeão, repre-
cumpriria? O Templo na glória sentante do povo judeu, tomou o
de sua inauguração, ou na espe- Cristo nos braços para entregá-
rança da hora de sua reconstru- Lo ao Pai, que a oferenda ganhou
ção, jamais acolheu alguém mais um caráter oficial. O sacerdote se
importante: o próprio Criador Me- uniu a Cristo nesse momento, ou
nino, nos braços de sua Mãe, pa- vice-versa? É um belo problema
ra ser oferecido ao Pai! teológico.
Tem Ele já o pleno uso da ra- Com inteira propriedade ex-
zão, apesar de ainda tão criança. clama Frei Luís de Granada:
Quais teriam sido, então, seus “Cristo não só se oferece ao
pensamentos ao cruzar o portal Pai, mas por meio de Maria é en-
daquele sagrado edifício? Gran- tregue à Igreja, representada por
de emoção humana num Cora- Simeão. Maria .... nos entrega o
ção Infante e Sagrado, que ardia melhor que possui. A Santíssima
em desejo de se oferecer como Trindade ratifica essa doação, pois
vítima expiatória. Já ao ser con- o Pai assim havia disposto, o Fi-
cebido por obra do Espírito lho se oferecera para nosso remé-
Santo no claustro de sua Mãe, dio e o Espírito Santo trouxe Si-
esse ofertório se efetivara. Du- meão.
rante os trinta anos em Na- “Hoje é-nos entregue oficial-
zaré, a vida do Cordeiro de mente em lugar público o Tem-
Deus foi uma plo; por pessoa pública, Maria ....
constan- Correi, pois .... e aprendei na es-
te re- cola desse Menino como, sendo
nova- Deus tão elevado, agradam-Lhe
ção os corações humildes no céu e na
desse terra” (Obra selecta de Fray Luis de
ato su- Granada, 1.3, c.15, p. 763 e 764).
premo da entre-
ga de Si próprio
em holocausto,
O ensinamento de Maria
que atingiu Virgem para nós
seu ápice no Quanto à Purificação da Vir-
Calvário. É o gem Maria, está ela adstrita à Lei
que afirma São Mosaica (Lv. 12). Nenhum dos
Paulo: “... en- requisitos da Lei precisava cum-
trando no mun- prir Maria. Entretanto assim pro-
do, Cristo diz: cedeu a Mater Ecclesiae, para, en-
Não quiseste tre outras razões, ensinar-nos com
sacrifício, nem que amor e carinho devemos se-
oblação, mas guir as leis da Igreja.
me formaste um Ela fará o oferecimento dos
corpo .... Em se- pobres: “um par de rolas, ou dois
guida ajuntou: pombinhos”.
Eis que venho “A rola”, dirá São Tomás (Sum-
para fazer, a tua ma Theologica, III - q. 37, a. 3),
vontade .... Foi “com seu contínuo canto signifi-
em virtude desta ca a pregação e confissão da fé;
ave casta e solitária, recorda essas ser a libertação do pecado o con-
duas virtudes. A pomba, mansa e solo do povo, e não o mero tér-
feita de simplicidade, amiga de mino das opressões estrangeiras.
viver em coletividade, represen- “... e o Espírito Santo estava nele”
ta a vida ativa; a perfeição, por- (idem).
tanto, da comunidade formada É o que se passa com toda al-
por Cristo e seus membros. ma em estado de graça. Mas, aqui,
Rolas e pombos com seus ge- São Lucas parece querer indicar
midos nos falam do suspirar con- algo de mais profundo, ou seja,
tínuo dos santos pela vida futu- destacar que se trata de um ver-
ra. Enquanto a rola solitária sig- dadeiro profeta, conforme melhor
nifica o gemido da oração secre- transparecerá mais adiante, na
ta, a pomba, animal gregário, ge- promessa recebida e no fato de
me em público, como a oração da ter sido guiado ao encontro com
Igreja. Oferecem-se dois animais Jesus e Maria.
que simbolizam a Igreja. Ofere- “Tinha-lhe sido revelado pelo Es-
cem-se dois animais que simboli- pírito Santo que não morreria sem
zam a dupla santidade: a do cor- primeiro ver o Cristo do Senhor”
po e a da alma” (ad 2 e 3). (Lc. 2, 26).
O famoso Beda, anteriormente Não paira a menor dúvida
a São Tomás, já afirmara repre- de que se tratava de
sentar a pomba a candidez, por uma revelação mís-
amar a simplicidade, e a rola, a tica e clara.
castidade, porque, se perde sua A promessa
companheira, não procura outra de ver a Cristo
(in homil. Purificat.) Jesus também
nos foi feita.
Simeão, varão de fé e de Para tal acon-
tecer, é ne-
discernimento
cessário imi-
“Havia em Jerusalém um homem tar Simeão, ser
chamado Simeão. Este homem era jus- justo, temer a Deus
to e temente a Deus...” (Lc. 2, 25). e esperar contra to-
É bem o elogio e a essência da a esperança.
correspondentes a um varão san- “Impelido pelo Espí-
to. São as características de uma rito Santo, foi ao Tem-
ancianidade perfeita. plo” (Lc. 2, 27).
“... esperava a consolação de Is- Tratava-se de uma
rael ...” (idem). alma que havia alcan-
É muito adequado o comentá- çado os píncaros da
rio de Santo Ambrósio a esse res- união transformante.
peito. O velho Simeão não pro- Deixava-se conduzir pelo
curava a graça tão-só para si; ele Espírito.
a queria para todo o povo. Com- “E levando os pais o meni-
preendia, portanto, dessa forma no Jesus, para cumprirem a
quão mais importante é a graça respeito dele os preceitos da
para a coletividade do que para lei...” (idem)
uma só pessoa. Era um varão co- Não nos esqueçamos de
nhecedor do papel relevante da que o esposo era senhor e
opinião pública. dono de todo fruto de sua
Era um homem de grande fé. mulher. Jesus pertencia a
Cria nas promessas de Deus. De José, e, assim, este era
grande discernimento, pois sabia mais que um pai adotivo.
Graça maior do que ter o Cristo é muito mais íntima. Que Sim, as outras nações não ha-
Menino Jesus nos braços Simeão nos obtenha a graça de viam recebido a Revelação. A gló-
comungar diariamente como ele ria cabia ao povo judeu; aos de-
“... tomou-O nos braços...” (Lc. 2, mesmo teria gostado de fazê-lo. mais devia ser concedido o conhe-
28) “... e louvou a Deus nestes termos: cimento da chegada do Salvador.
Que graça extraordinária! Tal- Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir Nesse momento estavam a cami-
vez depois de São José, Simeão te- em paz” (Lc. 2, 29). nho os três Reis Magos, que dariam
nha sido o primeiro varão a gozar Mais uma vez transparece por ocasião à manifestação da missão
dessa indizível felicidade. Deus suas próprias palavras, a fidelida- universal do Menino Deus, a Epi-
lhe deu mais do que prometera. de desse varão. Certamente suas fania.
São Beda assim se expressa so- forças estiveram para abandoná- “Seu pai e sua mãe estavam admi-
bre esta passagem: “Aquele homem lo várias vezes. Quais não devem rados das coisas que se diziam” (Lc.
recebeu o Menino Jesus em seus ter sido suas súplicas a Deus para 2, 33).
braços, segundo a lei, para demons- que não falhasse em sua divina Assim haviam estado ao cons-
trar que a justiça das obras, que, promessa? Quantas vezes não terá tatarem as manifestações angéli-
segundo a Lei, estavam figuradas sido provado: “Será que agora mor- cas e a presença dos pastores na
pelas mãos e os braços, devia ser rerei sem ter visto o Messias?” gruta em Belém. A mesma admi-
substituída pela graça, humilde Não O vimos, nem O vemos, ração se repetirá na chegada dos
certamente, mas revigorante, de fé mas, na Eucaristia, podemos unir- Reis do Oriente. Discerniam am-
evangélica. Tomou o ancião o Me- nos a Ele mais intimamente do que bos a glória futura da Civilização
nino Jesus, para demonstrar que Simeão. Que felicidade a nossa! Cristã, promovida pelo ofereci-
este mundo, já decrépito, ia vol- mento de Jesus.
tar à infância e à inocência da vi- “Simeão os abençoou e disse a Ma-
Um Salvador para todos
da crist㔠(Beda, in homil. Purificat.). ria, sua mãe” (Lc. 2, 34)
Porém, nós ainda recebemos
os povos Cabia-lhe abençoar, pois era da
mais do que Simeão, pois, na hora “... luz para iluminar as nações, e raça de Levi, sacerdote, portanto.
da comunhão, nossa união com para glória de teu povo” (Lc. 2, 32) É à co-redentora que ele se dirige.

A nossa
íntima união
com Cristo
através da
Sagrada
Eucaristia é
uma graça
ainda maior
do que a de
receber nos
braços o
Menino Jesus

16
Sinal de contradição, para
se revelarem os segredos
dos corações
“Eis que este Menino está destina-
do a ser uma causa de queda e de so-
erguimento para muitos homens em
Israel, e a ser um sinal de contradi-
ção” (Lc. 2, 34)
No primeiro livro de suas ho-
milias (hom. 15, De purificatione
Beatae Mariae: PL 94, 79-83), São
Beda, o Venerável, assim se ex-
pressa:
“Com júbilo ouvem-se essas pa-
lavras, que exprimem haver sido
destinado o Senhor a conseguir a
ressurreição universal, conforme
o que Ele mesmo disse: ‘Eu sou a
ressurreição e a vida; o que crê em
mim, ainda que esteja morto, vi-
verᒠ(Jo 11, 25).
“Mas quão terríveis soam aque-
las outras palavras: Eis que este Me-
nino está destinado a ser uma causa
de queda!
“Verdadeiramente infeliz aque-
le que, depois de haver visto sua
luz, fica, sem embargo, cego pela
névoa dos vícios... porque, segun- Rainha dos Mártires, Nossa Senhora sofreu com Cristo,
do o Apóstolo (2 Pd. 2, 21), ‘me- por Cristo, em Cristo (Maria Santíssima do Bonsucesso, Sevilha)
lhor fora não terem conhecido o
caminho da justiça, do que, de- seus milagres, enchiam-se as tur- Maria, co-redentora, e o
pois de tê-lo conhecido, tornarem bas de temor e glorificavam o Deus amor às nossas cruzes
atrás, abandonando a lei que lhes de Israel; mas os fariseus e escri-
foi ensinada’. bas acolhiam com raivosas pala- “E uma espada transpassará tua al-
“Contradizem-No os judeus e vras quantos ditos procediam dos ma” (Lc 2, 35) .
gentios, e, o que é mais grave, os lábios do Senhor e quantas obras Maria é co-redentora do gêne-
cristãos que, professando interior- realizava. ro humano. Essa profecia de Si-
mente o Salvador, desmentem-No Quando Deus padecia na cruz, meão, Ela já a conhecia. Mais ain-
com suas ações.” riam com alegria nécia os ímpios, da, estaria gravada em seu espíri-
“... a fim de serem revelados os e choravam com amargura os pie- to até a ressurreição de Jesus. Ela
pensamentos de muitos corações” (Lc dosos; mas, quando ressuscitou é a Rainha dos Mártires e, desde a
2, 35). dentre os mortos e subiu aos céus, Anunciação, sofreria com Cristo,
mudou-se em tristeza a alegria por Cristo e em Cristo.
Continua São Beda: dos maus, e se converteu em gozo Nós somos convidados neste
“Antes da Encarnação, estavam a pena dos amigos...” (S. Beda: ut trecho do Evangelho a dar um ca-
ocultos muitos pensamentos, mas supra). ráter de holocausto às dores que
uma vez nascido na terra o Rei Ainda hoje e até o Juízo Final, nos forem permitidas pela Provi-
dos céus, o mundo se alegrou, en- os cristãos, outros Cristos, são “si- dência. Tenhamos amor às cruzes
quanto Herodes ‘se perturbava e nais de contradição” e, em função que nos cabem, unindo-nos a Je-
com ele toda Jerusalém’. Quan- deles, revelar-se-ão os pensamentos sus e a Maria nessa grandiosa ce-
do Jesus pregava e prodigalizava escondidos nos corações de muitos. na da apresentação. ²

17
Ao lado, o Coro dos
Reis Magos durante
a cerimônia de 11 de
janeiro; abaixo, os
novos Cooperadores
recebidos no último dia

Recepções de novos A
29 de dezembro,
juntos ao Pe. Albeiro
(ao centro) e
João Clá Dias

O
s meses de dezembro e ja-
neiro foram marcados pelas
cerimônias de recepção de
novos Arautos e Cooperado-
res, todas realizadas na pró-ca-
tedral de São Paulo, Igreja de Nos-
sa Senhora da Consolação.
A primeira ocorreu no dia 13 de
dezembro. Após vibrantes palavras
de nosso Presidente Geral, João
Scognamiglio Clá Dias, e a recita-
ção da fórmula de consagração a
Nossa Senhora segundo São Luís
Maria Grignion de Montfort, os
novos Arautos foram revestidos de
seus belos hábitos, de diversas co-
res e tipos, como túnica e escapu-
lário marrom para os mais vetera-

18
No centro da página,
Cooperadores enchem os
abençoados espaços da
Igreja da Consolação, no
dia 29 de dezembro; à
esquerda, o solene
momento da prosternação
dos Arautos, na cerimônia

Arautos e Cooperadores
de 11 de janeiro

nos, e cor marfim envelhecido para os aspirantes. E


os Cooperadores, que portavam as túnicas marcadas
Lamartine de Hollanda Cavalcanti Neto
pela rubra cruz de Santiago, assinaram seu termo de
compromisso. Seguiu-se uma apresentação musical
de Os Cavaleiros do Novo Milênio.
A cerimônia de recepção, no dia 29 seguinte, ocor-
reu durante uma Missa solene, oficiada pelo Revmo. cepção estava sendo especialmente promovida para
Padre Albeiro Vanegas Bedoya, colombiano, da con- os participantes do congresso de jovens de língua
gregação dos Clérigos de São Viator e presidente da espanhola das Américas Central e do Sul. Eram eles
Confederação dos Colégios Católicos de Bogotá. várias centenas, e damos graças a Maria Santíssima,
Arautos e Cooperadores não conseguiam conter a que tanto nos tem favorecido com muitas e valo-
emoção ao se verem revestidos pelos trajes que tão rosas vocações.
eloqüentemente retratam nosso carisma. Nessa última celebração, apresentou-se pela pri-
Na Santa Missa do dia 11 de janeiro, também cele- meira vez o Coro dos Reis Magos, composto por 130
brada pelo Padre Albeiro, cada novo Arauto, ao ser vozes masculinas, que executou a Missa Davídica, de
chamado para receber o hábito, respondia “Praesto Lorenzo Perosi, além de vários motetos gregorianos
sum!” (estou pronto) com entusiasmo e forte acento e outros da polifonia clássica. Mais uma conquista
castelhano. É que nessa data, a cerimônia de re- dos Arautos do Evangelho. ²

19
Na Espanha,
após uma
cerimônia
natalina com
o Bispo de
O r e n s e , D.

S
“ Carlos Osoro

Ao lado,
concerto ede mensageiros do Evan-
natalino em gelho!”
Toronto, Não faz muito tempo, tais palavras
Canadá soariam arcaicas para muitas pessoas,
que nem sequer conseguiriam com-
preender a riqueza de seu conteúdo.
Na verdade resumem um vasto pro-
grama de apostolado, que visa nada
mais nada menos que levar a boa-no-
va a todos os homens, atraindo-os pa-
ra Cristo.
Devido às graças notáveis que a
Divina Providência vem derraman-
do com abundância por todo o mun-
do, bem como aos contínuos apelos
do Papa João Paulo II, um número
crescente de nossos contemporâneos
vem se dando conta de que a solução
dos problemas de nossos dias está pre-
cisamente nesse anúncio corajoso,
que resulte num reflorescimento da
ãos fé católica.
lé g io dos Irm a)
do C o spanh
a o s alunos P a lê ncia (E
Junto s, em
marista
20
S empre prontos a
atender os apelos do
Papa, cheios de alegria e
de coração aberto, As concorridas
visitas à Casa-Mãe
empenhados na dos Arautos, em
São Paulo,
constituem
grande obra da sempre ocasião
para transmitir
uma palavra de
nova evangelização! fé a pessoas
das mais
variadas idades
“Sede mensageiros do Evange-
lho!” É a missão que, em 28 de fe-
vereiro de 2001, o Papa confiou à
obra mais jovem da Igreja, e que
foi aceita com entusiasmo por seus
integrantes.
Assim, somando seus esforços Dentre as
aos de outros setores eclesiais que muitas e
inovadoras
se lançaram na grande obra da no-
atividades, as
va evangelização — para colocar excursões
nas mãos de Cristo Senhor, por recreativas,
meio da Santíssima Virgem, o ter- como
ceiro milênio (Novo Millennio Ineun- esta às
te, 15, 29, 40, 58) —, os Arautos do cataratas de
Foz do
Evangelho já estão presentes em
Iguaçu...
várias partes do globo. Procuram
desenvolver atividades variadas e
inovadoras, entre todas as classes
sociais, nos ambientes profissio-
nais e culturais, para todas as fai-
xas de idade. Quase sempre seu
trabalho é árduo, num ritmo fati-
gante, com poucos recursos — mas
sempre feito num transbordamen-
to daquela alegria que é apanágio
das almas zelosas pela glória de
Deus, desenvolvimento da Santa
Igreja, e prontas a serviço dos ir-
mãos. ²

... e o cântico do Ofício da Bem-Aventurada Virgem Maria,


Santiago Canals Coma
em igrejas paroquiais do Brasil e de outros países

21
S ÃO BRÁS brasa de
amor de Deus
Busto-relicário de São Brás que se conserva em Zaragoza

Está com dor de garganta? Tome Mentolipthus!


Hoje em dia a receita pode ser esta, mas houve tem-
po em que a primeira providência era rezar a São Carlota Crippa
Brás. O que não excluía, é claro, tomar os remédios
adequados. De onde vem esse costume singular, de
pedir a São Brás a cura das doenças de garganta?
Convidamos o leitor a reviver os fatos maravilhosos e logo após, Brás aproximou-se dele para extrair-lhe
da vida deste mártir dos primeiros tempos do cristia- uma farpa que lá se cravara. O animal, tranqüilo, foi-
nismo, nos quais encontrará a origem da poderosa in- se embora.
tercessão de São Brás. Sabendo do fato, o governador Agrícola mandou
prender o homem da caverna. Brás foi preso sem a

A
menor resistência.
Não conseguindo vergar o santo ancião, que se re-
os pés de uma montanha, numa gru- cusou a adorar os ídolos pagãos, Agrícola mandou
ta, nos campos de Sebaste, na Armê- que o açoitassem e depois o prendessem na mais ne-
nia, morava um homem puro e ino- gra e úmida das masmorras.
cente, doce e modesto. O povo da ci- Muitos iam procurar o Santo Bispo, que os aben-
dade, movido pelas virtudes do Santo Varão, inspi- çoava e curava. Uma pobre mulher o buscou, aflita,
rado pelo Espírito Santo, o escolheu como Bispo. Os com seu filho nos braços, quase estrangulado por
habitantes da cidade, e até os animais, iam procurá- uma espinha de peixe que lhe atravessava a gargan-
lo, para obter alívio de seus males. ta. Comovido com a fé daquela pobre mãe, São Brás
Um dia, os soldados de Agrícola, governador da passou a mão na cabeça da criança, ergueu os olhos,
Capadócia, procuravam feras nos campos de Se- rezou por um instante, fez o sinal da cruz na gargan-
baste, para martirizar os cristãos na arena, quando ta do menino e pediu a Deus que o acudisse. Pouco
depararam com muitos animais ferozes de todas as depois a criança ficou livre da espinha que a maltra-
espécies, leões, ursos, tigres, hienas, lobos e gorilas tava.
convivendo na maior harmonia. Olhando-se estu- Por várias vezes o santo foi levado à presença de
pefatos e boquiabertos, perguntavam-se o que acon- Agrícola, mas sempre perseverava na fé de Jesus
tecia, quando da negra gruta surge, da escuridão Cristo. Em revide era supliciado. Movido por sua fi-
para a luz, um homem caminhando entre as feras, delidade e amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, São Brás
levantando a mão, como que abençoando-as. Tran- curava e abençoava. Sete mulheres que cuidaram de
qüilas e em ordem voltaram para suas covas e deser- suas feridas, provocadas pelos suplícios de Agrícola,
tos de onde vieram. foram também castigadas. Depois o governador foi
Um enorme leão de juba ruiva permaneceu. Os informado que elas haviam atirado seus ídolos no
soldados, mortos de medo, viram-no levantar a pata fundo de um lago próximo, e mandou matá-las.

22
São Brás chorou por elas e Agrícola, enfurecido,
condenou-o à morte, decretando que o lançassem
no lago. Brás fez o sinal da cruz sobre as águas e
avançou sem afundar. As águas pareciam uma estra-
da sob seus pés. No meio do lago parou e desafiou
os soldados:
— Venham! Venham e ponham à prova o poder
de seus deuses!
Vários aceitaram o desafio. Entraram no lago e
afundaram no mesmo instante.
Um anjo do Senhor apareceu ao bom Bispo e or-
denou que voltasse à terra firme para ser martiriza-
do. O governador o condenou à decapitação. Antes
de apresentar a cabeça ao carrasco, São Brás supli-
cou a Deus por todos aqueles que o haviam assistido
no sofrimento, e também por aqueles que lhe pedis-
sem socorro, após ter ele entrado na glória dos céus.
Naquele instante, Jesus lhe apareceu e prometeu
conceder-lhe o que pedia. viam em harmonia com o homem, e o serviam. Co-
Morreu São Brás em plena época de ascensão do mo castigo do primeiro pecado, que foi uma revolta
Cristianismo, em Sebaste, a 3 de fevereiro. Era natu- contra Deus, a natureza se insurgiu contra o vio-
ral da Armênia. lador da ordem, e os animais passaram a hostilizar o
Brás, brasa, chama do amor de Deus, da fé, do homem.
amor ao próximo. A vida heróica de São Brás é um Pelo apaziguamento que São Brás operava sobre
estímulo para que mantenhamos também acesa em os animais selvagens, quis Deus mostrar aos peca-
nossas almas a brasa da fé, que em meio às trevas dores o poder da virtude, que ordena até a natureza
sempre arda de zelo, fidelidade e intrepidez a favor indomável das feras.
do bem. Hoje em dia, a humanidade geme sob o peso do
Dentre os milagres que cercaram a vida deste caos, provocado pelo pecado. E os homens praticam
grande santo, há um que chama particularmente a atos de ferocidade nunca vistos. Procuremos a so-
atenção: seu domínio sobre os animais ferozes, que, lução para a desordem do mundo na Lei de Deus.
na companhia do santo, se tornavam mansos como Pela força da virtude, não só os homens, mas tam-
cordeiros. Qual o sentido de tal fato? bém a própria natureza entrará em ordem. E então
No Paraíso Terrestre, antes do pecado original, que belezas não surgirão de uma sociedade, onde
Adão e Eva tinham poder sobre os animais, que vi- todos pratiquem o bem e amem a verdade? ²

Oratório de Natal
Heinrich Schütz (1585-1672)

Os Cavaleiros do Novo Milênio


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de Jesus, segundo os Evangelhos, Também poderá pedir pelo telefone
cantada em português (11) 6959-3868

23
Um
refrigério
para
a Igreja
Um fiel amigo dos Arautos do Evangelho, o Revmo. Pe. agora? Qual é a diferença? Porque
Albeiro Vanegas Bendoya (no destaque), fez-lhes, em 7 de nós podemos escolher sempre en-
tre a luz e a obscuridade. É a liber-
janeiro passado, uma palestra densa de reflexões sobre a
dade que o Senhor nos deu. Ele
importância da missão que lhes cabe no mundo atual. nos disse: “São livres para construir
o mundo”, e isso muitas vezes nos

E
assusta.
Entretanto, para nos fortalecer
ncontrar-me com os sua presença, em meio do mun- nos momentos difíceis, possuímos
Arautos do Evangelho do. Maria, que sempre nos diz: “Te-
foi uma bênção para Hoje, lendo o jornal, encontrei nham confiança, tenham confian-
mim. Porque os senho- uma notícia que me surpreendeu ça!” Se rezarmos, se trabalharmos,
res estão me ensinando um cami- muitísimo. Um jovem nos Estados se nos esforçarmos, se pedirmos a
nho. Aliás, não somente para mim, Unidos, na cidade de Tampa, pegou Ele e a Ela que nos iluminem, é
mas também para as pessoas que um avião, um Cesna, uma avione- certo que vamos saber como atuar
conheço e que posso convidar a fa- ta pequena e jogou-se contra um dentro da luz.
zer parte dos Arautos do Evange- edifício. Ele, sendo americano, ha- Aquele jovem suicida não foi o
lho. Seu exemplo, sua qualidade, via se declarado seguidor do líder único que morreu daquele modo.
seu desembaraço, é verdadeira- dos terroristas, de Bin Laden. Um Muitos outros estão morrendo le-
mente um carisma especial para a menino de quinze anos, um jovem vados pela loucura. Mas muitos
Igreja, e algo que faltava na Igre- solitário, uma pessoa que imagino morrem espiritualmente e conti-
ja, algo de que necessitamos para sem Deus, sem a oportunidade de nuam caminhando nas vias das
refrescar a Igreja. presenciar um rosto tão belo como trevas. São os que eu chamo de
Temos de aprender a descobrir este da imagem de Nossa Senhora “zumbis”.
o que chamamos o sinal dos tem- de Fátima, que preside a nossa reu- São jovens, sobretudo, que não
pos. nião, e decide ele tomar aulas de sabem de onde vêm nem para
Os Arautos do Evangelho estão aviação para, de repente, escapar onde vão.
nos ajudando a redescobrir a be- de seu professor, pegar uma avio- Ora, é nossa tarefa, é nossa mis-
leza que nunca se perdeu. Estava neta, e se suicidar. No que sobrou são — mas em primeiro lugar dos
ali escondida e os senhores a es- da avioneta, encontraram uma car- senhores —, ajudar exatamente a
tão resgatando para nós. Devo di- ta em que se declarava seguidor despertar de novo nos jovens o
zer: para nós, para o resto dos lei- daquele terrorista. fervor, a devoção, o interesse pela
gos e para nós, ministros da Igre- Eu dizia: por que temos jovens vida. Eles são como que mortos
ja. De maneira que trato de des- como esse e temos jovens como es- que caminham, de maneira que é
cobrir uma bênção de Deus em tes que estão diante de meus olhos muito grande a responsabilidade

24
dos senhores: revitalizá-los! Não muito inteligentes e muito amá-
me cansarei nunca de afirmar veis. Fizeram-me sentir-me
isso. melhor do que na minha
Os senhores me per- própria casa e aprendi
guntarão por que falo muitíssimas coisas. Ti-
tanto dos jovens. ve a oportunidade de
Porque somente tratar com pessoas
com os jovens pode- mais antigas, nos es-
remos mudar o mun- critórios onde está
do! toda a administração
Como se muda? do movimento. Esti-
Com todos os méto- ve com os mais jovens,
dos que os senhores já e até com alguns que
conhecem, existentes no Vista do auditório durante parecem que estavam
seu ordo de costumes. Há a conferência do Pe. Albeiro saindo há pouco do kinden-
outros na Escritura, outros na garten...
vida diária e outros ainda, sobre- Estive também com outros que
tudo nos exemplos. já estão na metade da vida; estive
Lembrem-se de que os senho- bia vivamente impressionado pe- com todos. Sinto, depois de tudo
res são exemplos vivos! As pes- la experiência que tive nestes quin- o que conheci e amei, que estou
soas olham e olham muito para os ze dias aqui no Brasil. A experiên- agora comprometido com essa
senhores, porque os senhores têm cia que eu tive foi extraordinária, obra. Sinto-me interiormente mo-
o carisma de evangelizar. inteiramente à altura dos Arautos vido por graças muito especiais
Que Jesus e Maria Santíssima do Evangelho. rumo a integrar-me nesse movi-
os ajudem a cumprir sua tarefa, São tão numerosas as casas dos mento. Por ora, repito como Ma-
sua missão no mundo. Arautos que, infelizmente, ainda ria: “Faça-se em mim segundo a
Finalmente quero expressar meu não tive tempo de conhecê-las to- vossa palavra”.
testemunho de gratidão a cada um das. Mas as que conheci me per- Muito obrigado, e que Deus os
dos senhores. Volto para a Colôm- mitiram ter contato com pessoas abençoe. ²

Aspecto da Missa do
dia 23 de dezembro
Jubileu sacerdotal de
Dom Gil Moreira
ra, Bispo auxiliar da diocese de São Paulo, partici-
pando, com Os Cavaleiros do Novo Milênio, da Missa
que ele celebrou na Igreja de Santa Teresinha, dos
padres carmelitas descalços, dia 23 de dezembro úl-
timo. O comentário feito por Dom Gil em recen-
te entrevista (“O São Paulo”, 12/12/2001),
aplica-se bem ao acontecimento: “Uma
liturgia piedosa, revestida do sobrena-

O s Arautos do Evangelho tiveram


a alegria de se associar às come-
morações dos 25 anos de ordenação
sacerdotal de Dom Gil Antônio Morei-
tural, verdadeiramente celebrativa dos
mistérios de Jesus Cristo, atrai, dá
gosto para participar e educa na fé.”

Vasco de Sá Guimarães

25
Presépios O acontecimento ápice da histó-
ria da humanidade é a Paixão e
Morte de Cristo. Porém, sem dúvi-
da é a data de seu Nascimento a mais

dos marcante para todos os povos. E a tal


ponto que se fala dos períodos antes de
Cristo e depois de Cristo.
Jesus divide a história em duas partes.
Não é sem razão. Afinal, era a própria

Arautos do Segunda Pessoa da Santíssima Trindade


que vinha até nós, unindo a natureza
humana à divina. Deus fez-se homem
para que o homem se “divinizasse”.
Essa infinita bondade de um Deus-

Evangelho
menino que se dignou descer tanto para
nos levar a tão alto, envolve o Natal nu-
ma atmosfera de alegria diáfana, serena,
mas quão profunda.
O desejo de perpetuar na terra essa
atmosfera sobrenatural levou almas de-
votas a elaborar, ao longo dos séculos,

Luiz Alexandre de Souza

N uma atmosfera de
alegria serena e profunda, os
presépios nos recordam a
infinita bondade de um Deus
Menino que se dignou descer
tanto para nos levar a tão alto

26
representações requintadas ou singelas
do presépio de Belém.
Sobre esse fruto da cultura católica, os
“Arautos do Evangelho” fazem incidir a
luz de seu carisma, aproximando as al-
mas de Deus por meio de belos arranjos
animados, expostos à veneração pública
em várias de suas unidades espalhadas
pelo mundo.
“A síntese entre cultura e fé”, afirma
o Papa, “não é apenas exigência da cul-
tura, mas também da fé .... Uma fé que
não se transforma em cultura não é
uma fé plenamente acolhida, nem total-
mente pensada, nem fielmente vivida”.
(Carta de 20/5/1982 - “Osservatore Roma-
no, 6/6/1982).
A promoção desses artísticos presé-
pios segue essa diretriz do Santo Padre,
procurando realizar a tão necessária in-
culturação do Evangelho. ²

Alguns exemplos dos belos presépios montados


pelos Arautos do Evangelho. À direita, no alto, o de
Bogotá (Colômbia) despertou tanto interesse que
recebeu boa cobertura da mídia; No centro, o de
Salvador da Bahia, recebeu a visita das irmãs da
Congregação de S. Raimundo de Pena Forte. As
demais fotos, retratam presépios da Espanha.

27
Os Santos de cada
1 - Santa Veridiana, Virgem - rio jesuíta e seus companheiros ceição.” disse a Mãe de Deus a
Originária da Toscana, Itália, pe- da mesma Ordem, junto com Santa Bernadete na Gruta de
regrinou a Santiago de Compos- franciscanos e leigos, foram cru- Massabielle, lugar onde, até ho-
tela e Roma e se fez contempla- cificados no Japão. Século XVI. je, Deus concede grandes gra-
tiva em meio a rigorosas peni- ças aos peregrinos.
tências. Século XIII. 7 - São Ricardo, Rei e Con-
fessor - Monarca inglês cujo rei- 12 - Santa Eulália de Barce-
2 - Festa da Apresentação do nado foi curto, mas cheio de lona, Virgem e Mártir.
Menino Jesus no Templo - De- bons exemplos de governo sá-
corrido o tempo prescrito na Lei bio e prudente. Abdicou da co- 13 - Quarta-feira de Cinzas -
de Moisés, Nossa Senhora e São roa e partiu para a Terra Santa a marca o início da Quaresma,
José levaram o Menino Jesus ao fim de tornar-se monge, falecen- período penitencial preparató-
Templo para O apresentar a Deus, do no caminho. Foi pai de três rio para a Paixão e Ressurreição
conforme o estabelecido. A Sa- príncipes que também recebe- de Nosso Senhor. Dia de jejum
grada Família, para dar exem- ram a honra dos altares: São e abstinência.
plo de obediência à lei vigente, Vinebaldo, São Vilibaldo e San-
Santa Catarina de Ricci - Do-
ofereceu ao Senhor o sacrifício ta Valberga. Século VIII.
minicana com apenas 12 anos,
ritual de dois pombinhos. foi grande mística do século XVI.
8 - São Jerônimo Emiliano,
Correspondeu-se com São Feli-
3 - 4o. Domingo do Tempo Confessor - Fundador da Or-
pe Neri, São Carlos Borromeu e
Comum. São Brás, Bispo e Már- dem dos Clérigos Regulares, de-
São Pio V. Foi conselheira espi-
tir - É invocado especialmente pois de ser aprisionado pelos
ritual de bispos e cardeais.
contra as doenças da garganta. franceses calvinistas e ser salvo
Século IV. prodigiosamente por Nossa Se-
nhora. Século XVI. 14 - São Cirilo e São Metó-
dio, Bispos e Confessores - Fo-
4 - São João de Brito, Mártir - ram proclamados co-patronos
9 - São Miguel Febres Cor-
Jesuíta, filho de Salvador de da Europa junto com São Ben-
dero, Confessor - Equatoriano
Brito, governador-geral do Bra- to. Século IX.
de Cuenca, enfrentou a oposi-
sil, no reinado de D. João IV. Foi
ção de seus pais para tornar-se
missionário nas Índias, onde 15 - São Cláudio de la Colom-
Irmão das Escolas Cristãs (Las-
sofreu o martírio. Século XVII. bière, Confessor - Grande após-
salista). Foi escritor, e membro
da Academia Equatoriana de Le- tolo da devoção ao Sagrado Co-
5 - Santa Águeda (ou Ágata), tras. Século XX. ração de Jesus, foi confessor e
Virgem e Mártir - Uma das mais diretor espiritual de Santa Mar-
conhecidas mártires do início 10 - 5º Domingo do Tempo garida Maria Alacoque. Lutou
do cristianismo. De origem no- Comum. Santa Escolástica - Ir- valentemente contra os erros do
bre, morreu sem esmorecer, pa- mã gêmea e filha espiritual do jansenismo. Século XVII.
ra preservar a virtude da pure- grande São Bento, fundou o ra-
za e a integridade de sua fé. Sé- mo feminino da Ordem Bene- 16 - Santo Onésimo, Bispo e
culo III. ditina. Século VI. Mártir - convertido por São Pau-
lo, dedicou-se à pregação do
6 - Santos Paulo Miki e com- 11 - Nossa Senhora de Lour- Evangelho e foi bispo de Éfeso.
panheiros, Mártires - Missioná- des - “Eu sou a Imaculada Con- Século I.
dia  Fevereiro
Teresita Morazzani Arráiz

17 - 1º Domingo da Quares- exercício de sua função de ensi-


ma. Sete Santos Fundadores nar. 27 - São Gabriel da Virgem
dos Servitas - Convocados pela Dolorosa, Confessor. Século XIX.
própria Mãe de Deus fundaram 23 - São Policarpo, Bispo e
a Ordem dos Servos de Maria, Mártir - Foi discípulo de São 28 - São Romão e São Lupici-
destinada a promover a devo- João Evangelista. Século II. no, Confessores - Monges fran-
ção às Dores de Nossa Senhora.
ceses do século V, eram dois ir-
Século XIII.
24 - 2o. Domingo da Quares- mãos que se completavam, pois
ma. São Sérgio, Mártir. Século IV. um era doce e o outro mais se-
18 - Santa Bernadete Soubi- vero.
rous, Virgem - Menina inocen-
25 - São Cesário, Confessor.
te, foi escolhida por Nossa Se- A festa do dia 22
Século IV.
nhora para ser a vidente de recorda-nos
Lourdes. Seu corpo encontra-se a missão
perfeitamente incorrupto em 26 - São Porfírio de magisterial do
Nevers, França. Século XIX. Gaza, Bispo e Con- Sumo Pontífice
fessor - Como (imagem de
Bispo de Gaza, bronze venerada
19 - São Conrado de Placên- na Basílica
conseguiu do
cia, Confessor. Século XIV. do Vaticano)
Imperador que
se fechassem
20 - Santo Euquério, Bispo. todos os tem-
Século VIII. plos pagãos da
cidade, e os
21 - S. Pedro Damião, Con- ídolos fossem
fessor e Doutor da Igreja - In- destruídos.
gressou na Ordem dos Camal- Século V.
dulenses, mas foi forçado a
aceitar sua nomeação como car-
deal, e bispo de Óstia. Alguns
anos depois pôde demitir-se e
voltar à vida monástica. Como
sofria de insônia e enxaqueca é
invocado pelos que padecem
destes males. Século XI.

22 - Festa da Cátedra de São


Pedro - Neste dia se comemo-
ra o Apóstolo São Pedro
enquanto Mestre da
Igreja Universal. A
cátedra (ou cadeira)
do Vigário de Jesus
Cristo, simboliza o
“Essa obra
crescerá...”
Durante várias semanas, nos meses de outubro e
novembro passados, D. Giovanni D’Ercole, assistente
espiritual internacional dos Arautos do Evangelho,
esteve visitando e conhecendo por todo o continente
americano, desde os Estados Unidos até a Argentina,
as obras desenvolvidas por esta Associação. Paternal-
mente, soube D. Giovanni orientar, estimular e tonifi-
car com muita maestria as atividades apostólicas pro-
movidas pelos Arautos.
Após tão agradável e fraternal convívio, chegando
de volta a Roma, D. Giovanni recebeu uma missiva
do Presidente Geral da Associação, João Scognamiglio
Clá Dias, agradecendo-lhe por tantos benefícios espi-
rituais dispensados naqueles dias.
D. Giovanni assim respondeu:

Igualmente agradeço-lhe como- do Evangelho, a fim de que, se


vido a renovação das provas de necessário fosse, dar-lhes conse-
amizade, e os elogios que o se- lhos e orientações.
nhor teceu a meu respeito. Os Por isso, apliquei minha aten-
dons que o senhor quis ver em ção em tudo com particular em-
minha pessoa, devo em justiça penho, apesar da enfermidade
atribuí-los às graças que Jesus e que me acompanhou durante to-
Acima, Maria, por meio do meu Funda- do o trajeto, inclusive em São
D. Giovanni
D’Ercole
dor, Dom Orione, têm a miseri- Paulo, onde o senhor teve a cari-
(centro), córdia de me conceder. E peço a dade de levar-me a um médico
tendo à sua eles que lhe retribuam ao cêntu- ortomolecular tão hábil que ele
direita plo por sua fraternal — e filial — acertou em cheio o meu proble-
João Clá Dias bondade. ma. Aproveito a referência para
Agora, com um pouco mais de lhe agradecer, pois desde então
calma, após o regresso a Roma, tenho me sentido muito melhor.
escrevo-lhe estas linhas para lhe Já tive oportunidade de lhe di-
Roma, 27 de novembro de 2001 confiar mais alguns comentários zer em São Paulo que fiz diversas
sobre minha visita às casas dos observações e procurei aconselhar
Caríssimo Sr. João: Arautos do Evangelho nas três a respeito de alguns assuntos,
Fico-lhe muito grato pela carta Américas. deixando uns poucos pontos para
de 15 de novembro passado, que A perspectiva trazida pelo trans- estudar melhor no futuro. Con-
teve o dom de trazer- me até aqui correr dos dias vem me dando a versamos sobre tudo isto, espe-
a já saudosa atmosfera, densa de chance de melhor avaliar alguns cialmente durante o jantar do
espiritualidade, na qual tive a ale- pontos, que tenho procurado apro- meu último dia no Brasil. Quero
gria de viver durante os dias que fundar. deixar também registrado que en-
passei em São Paulo, junto aos Era um dos objetivos de minha contrei no senhor — e em geral
meus queridos Arautos do Evan- viagem analisar bem de perto as em todos os encarregados com os
gelho. diversas realidades dos Arautos quais conversei, aí e nos outros

30
países — uma ótima disposição de por todo o povo, sem nenhu- no e belo. Ao lado disso, fiquei
para aceitar minhas ponderações. ma acepção de classe social, nem admirado ao verificar o desapego
Além disso, pude comprovar a de cor ou nacionalidade, seu ca- deles aos bens materiais. Pensam
vitalidade e força de expansão rinho todo especial pelos desam- em utilizá-los apenas na expan-
dessa obra a qual, em tão pouco parados, doentes e sofredores, são do Reino de Cristo. É impor-
tempo, vai se estendendo célere enfim, seu espírito apostólico in- tante salientar o quanto, neste ca-
pelo mundo inteiro. Queira Deus cansável, benevolente e caridoso. so, as aparências enganam: as so-
que ela continue a trilhar esse Não posso deixar de mencionar lenidades animadas com tanta
caminho, e se multiplique a ponto meu agrado pelo trabalho realiza- pompa pelos Arautos do Evange-
de atingir todos os rincões do do pelos Êremos Itinerantes, essa lho poderiam causar uma idéia
globo, a fim de levar por toda a instituição tão singular que con- errônea sobre a autêntica vida de
parte seu admirável testemunho segue transportar consigo uma pobreza — e às vezes de grande
de fé, de fidelidade ao Papa, de atmosfera rica de aspectos mona- necessidade — que eles levam. E
piedade eucarística e mariana, de cais em meio a uma vida de via- eles confessam com toda simplici-
amor pelas infinitas perfeições di- gens ininterruptas e de intensa dade que preferem empregar os
vinas refletidas no pulchrum do atividade no meio do povo. donativos que recebem no embe-
universo, numa palavra, de seu Há um outro aspecto de valor lezamento de suas cerimônias pú-
carisma. que desejo deixar assinalado nes- blicas, de modo a poderem levar
Verifiquei também o quanto, ta carta. Não é preciso muito con- a todos os homens aquele “pul-
nesta obra, a parte humana cola- vívio com os Arautos do Evange- chrum que salva”, do qual falava o
bora docilmente com a graça divi- lho para perceber o quanto seu Papa João Paulo II na sua “Carta
na. Em todas as comunidades dos carisma norteia seu dia-a-dia. De- aos Artistas”, de 1999.
Arautos do Evangelho que visitei, le advém um esforço contínuo Cumpre, por fim, consignar
pude testemunhar o grau virtuo- para se manter em todas as ações uma constatação de certa impor-
so de abnegação e dedicação que e atitudes um tônus elevado, dig- tância que não lhe pude transmi-
move seus membros nas tarefas
da nova evangelização. Quero res-
saltar sua presteza em atender ao
chamado dos Bispos, párocos e
sacerdotes em geral, sua solicitu-

Abaixo, numa alegre visita à chácara


dos Arautos do Evangelho, em Bogotá.
Ao lado, na Casa dos Arautos do
Evangelho em Quito (Equador)

tir no Brasil. Aproveito, portanto,


este ensejo para fazê-lo. Notei, não
sem impressionar-me, que nos ca-
torze países visitados durante esse
longo mês, todos me diziam que
sobre tal assunto haviam consul-
tado o senhor, e que sobre tal ou-
tro, também, ou que “o Sr. João”
nos disse que fizéssemos isto, ou
nos aconselhou a fazer aquilo, etc.

31
discretamente as posições mais
simples.
Possuindo este espírito de des-
pretensão (fruto, sem dúvida al-
guma, da vida de piedade, euca-
rística e mariana), essa obra cres-
cerá, será abençoada pelo Senhor,
será abençoada por sua Santíssi-
ma Mãe. Continuará sendo esta a
causa de seu crescimento no mun-
do inteiro, de sua “exemplarida-
de” para todos.
Gostei sobretudo da explicação
dada pelo senhor aos jovens, du-
rante a preleção que fez para eles
no Êremo do Praesto Sum, naque-
la noite em que, por razão de
Em São Paulo, aspecto de uma das estimulantes conferências saúde, não pude proferir minha
de D. Giovanni para os Arautos conferência. Dizia-lhes que, em
virtude da visita de seu “Conse-
Estes dizeres me deixavam com chamar a atenção sobre si mesmo. lheiro Espiritual”, havia recebido
um ponto de interrogação. Eu via E isto me fez concluir ser esta a graça de compreender melhor
que esta obra é um sopro do Es- uma das fontes das quais nascem como a Igreja de fato é Mãe. Ela,
pírito Santo. Mas teria em sua raiz as orientações prudentes e sapi- percebendo como o Senhor susci-
a mão de alguém? E... com que enciais para os Arautos do Evan- ta uma vocação em algum lugar
disposição esse “alguém” tomaria gelho no mundo inteiro. Tal cir- da Terra, vai até ali, e, por meio de
essa realidade, essa dependência cunstância me faz reportar a Ma- um ministro, de um enviado, vai
moral e institucional de tantos su- ria: o modelo que por excelência conhecer esse carisma, procura
bordinados? nos leva a Jesus Cristo. Ela não entendê-lo, ajuda-o a explicar-se,
Obtive a resposta em São Paulo. quis aparecer. Somente séculos a apresentar-se ante a Igreja Uni-
Agradou-me observar, durante depois de sua vida nesta terra fi- versal, etc. Isto mostra, com efei-
os dias em que estivemos juntos, cou-se conhecendo seu papel in- to, como na Religião católica exis-
a modéstia com a qual o senhor comparável. Sendo Ela quem era, te uma fecundidade realmente
age em tudo, nunca procurando permaneceu oculta, procurando divina, porque é guiada pelo pró-
prio Deus. Neste seu comentário
No momento de deixar São Paulo, nosso transparece a sensibilidade e ca-
Conselheiro Espiritual se vê cercado, no pacidade de compreender nossa
Aeroporto de Cumbica, pelo carinho e a Santa Mãe, a Igreja.
jubilosa gratidão dos Arautos do Evangelho
E ver também essa multidão
de jovens alegres, piedosos, de
espírito apostólico, foi que me
levou àquela exclamação no ae-
roporto, pouco após nos haver-
mos despedido e eu estar pres-
tes a passar pela alfândega:
“Vê-se que é gente bem forma-
da!” Eu expressava uma con-
vicção que me ficou vincada no
espírito.

D elícia de abacaxi
Dou graças a Deus, por in-
termédio de Maria Santíssima,
por nosso providencial encon-
tro há dois anos, que me permi-
tiu conhecer — e agora apoiar
tão diretamente — este novo
carisma suscitado pelo Espírito e de muitas coisas...
A
Santo na Igreja Católica, con-
forme tive ocasião de referir em os apreciadores da boa mesa, com freqüência acusamos, talvez
minha homilia de 1º de novem- injustamente, de gulosos... Mas, se do cozinheiro se exige per-
bro último. Rogo ao Senhor que feição na culinária, por que motivo se apontará como imper-
o faça desenvolver do modo feição o saber degustar, com temperança, um bom prato ou uma boa bebi-
da?
mais profundo e extenso pos- Os Arautos do Evangelho não excluem, pois, a boa cozinha, nem de
sível. E que, por sua fidelidade, seu campo de ação cultural, nem de sua meta de perfeição. Fica apenas
apoiando o Papa em sua pasto- aos gulosos o cuidado de não abusarem das maravilhas da boa mesa, e
ral preocupação por “todas as saberem agradecer a Deus os benefícios que Ele nos concede, entre os
quais se conta a comida requintada.
igrejas”, como leigos, possam
E, a favor dos “gulosos”, é bom lembrar que as melhores receitas de do-
ajudar com grande eficácia na ces saíram dos conventos...
implantação do Reino de Deus, Aqui fica, então, uma boa receita, a qual, esperamos, não seja tentação
que não é outra coisa senão o para ninguém, mas sim convite à perfeição.
“triunfo” do Imaculado Cora-
ção de Maria, anunciado por Ingredientes: Um abacaxi grande (ou dois pequenos)./ Um litro de leite./
Ela mesma em Fátima. Uma lata de leite condensado./ Uma lata de creme de leite sem soro (não usar
Queira receber minhas felici- de caixinha)./ Uma colher e meia (de sopa) de maisena./ Quatro ovos./ Qua-
tro colheres (de sopa) de açúcar refinado./ Essência de baunilha.
tações por seu trabalho à frente
dos Arautos do Evangelho no Preparo: Descasque o abacaxi e corte em cubinhos. Acrescente uma xí-
mundo inteiro, e, mais uma vez, cara de açúcar e meio copo de água. Cozinhe até ficar bem amarelado.
meu agradecimento por sua Coloque num pirex e deixe esfriar. Bata no liquidificador o leite, a maise-
cristã acolhida, e pela que me na, o leite condensado e as gemas, cozinhando em seguida, mexendo
sempre, até ferver. Coloque este creme sobre o abacaxi e deixe esfriar. Ba-
dispensaram as outras comu-
ta as claras em neve, bem firmes e acrescente o açúcar, batendo em sus-
nidades visitadas, de jovens piro. Misture (com uma colher e não na batedeira) o creme de leite sem o
dos setores masculino e femini- soro e a baunilha, coloque este creme em cima do outro. Leve ao conge-
no. lador por duas horas, sem deixar congelar.
Com minha bênção sacerdo- Você pode substituir o abacaxi por outra fruta em compota (maçã,
pera, cerejas, pêssego, etc), mas tenho uma boa sugestão: bananas cara-
tal pelas intenções e desejos ex- meladas! Neste caso, derreta uma xícara e meia de açúcar, em ponto de
pressos nesta ocasião e nas an- caramelo, jogue as bananas (umas 20), mexendo um pouco, acrescente um
teriores, subscrevo-me seu sin- litro de leite coalhado (basta pingar um pouco de vinagre ou limão),
cero amigo e irmão deixe cozinhar até as bananas ficarem moles e averme-
lhadas.

em Jesus e Maria
Giovanni D’Ercole
Conselheiro Espiritual Pedro Henrique da Cruz Ribeiro

33
Feería de cores,
beleza de formas,
esplendoroso
tesouro da
Civilização Cristã...

(Catedral de
Orvieto, Itália)
JÓIA DA CRISTANDADE
F ortaleza, seriedade, temperança e
grandeza; marcas inconfundíveis
que estão impressas nos monumentos
góticos que a Cristandade européia edifi-
cou. Muitos séculos se passaram, mas a huma-
nidade continua a olhar extasiada para o maior
tesouro arquitetônico de todos os tempos.
Victor Hugo Toniolo

Ao contemplarmos tais maravilhas — uma Nos mosaicos, predomina a mais esplendorosa


Catedral, por exemplo — não nos comprazemos das cores, o dourado. Rutilante e magnífico, o
apenas com as suas linhas originais e a leveza das ouro faz com que a Catedral pareça sempre nova.
formas. As próprias pedras agradam muitíssimo Dir-se-ia que a Catedral foi contruída no ano pas-
à vista. Possuem um caráter rústico e áspero, que sado, ou que vive num clima de perpétua pri-
contrasta com a delicadeza das figuras. Pedras mavera. Mais ainda: poder-se-ia dizer que os in-
cinzentas, de tonalidades variadas, que chegam vernos e as tragédias da História passaram por
algumas vezes a parecer incolores. ela sem atingi-la em nada.
Porém, não é verdade que ao contemplá-las Nesse sentido Orvieto não apresenta a poesia do
começamos a imaginar, sucessiva e vagamente, velho granito, que desafia todos os tempos e in-
cores para essas pedras? tempéries, e que fica mais belo à medida que en-
O mesmo se dava com as antigas fotografias velhece. O granito fala da eternidade, resistindo
em preto e branco. Debaixo de certo ponto de aos séculos, pois passam as eras e ele fica!
vista, essas fotografias eram mais poéticas que as Já o mosaico de Orvieto se reporta à eternida-
coloridas, pois nós mesmos criávamos as cores de, no sentido de que ele ignora o tempo. Ele não
para a cena, em nossa imaginação. precisa resistir, porque o tempo não o atinge. O
Assim sendo, poderíamos nos perguntar: não mosaico está lá, impassível.
seriam as Catedrais mais bonitas se suas pedras Há ainda um outro aspecto a considerar: a sín-
fossem coloridas? tese entre a forma e a cor. Há uma velha disputa
Hoje, as análises técnicas e os estudos de docu- entre os artistas italianos: o que apresenta mais
mentos medievais levam os especialistas a con- esplendor, a forma ou a cor? Essa divergência
cluir quase com unanimidade: as Catedrais da chegou a tal ponto que surgiram duas grandes
Idade Média eram fartamente coloridas. Refor- escolas artísticas: a florentina e a veneziana.
mas posteriores, descuido e a ação do tempo pri- Magnífica em coloridos, tendo apenas os de-
varam-nas de sua riqueza cromática. senhos necessários para as cores se mostrarem,
Mas pelo menos um belo exemplo nos restou: temos a escola veneziana. Por outro lado, há a es-
a Catedral de Orvieto, na Itália. Uma feeria de co- cola florentina, toda ela feita de desenhos, inten-
res surpreende quem a contempla. É um dos mais cionalmente pobres em colorido, para que as for-
belos edifícios góticos, o que equivale a dizer que mas ressaltem. Orvieto realizou de modo magní-
é um dos mais belos do mundo. É difícil imaginar fico a junção entre cores e formas.
como poderia ser mais bonita. Sua fachada, povoa- A Catedral de Orvieto é um exemplo do que
da de mosaicos, cria uma impressão cromática podem fazer os homens quando amam a Deus. E
vivíssima. Cada grupo, cada cena, é — para usar que realmente fizeram, no tempo em que a sa-
uma expressão musical — uma “sinfonia” especial bedoria do Evangelho governava as nações. Pre-
de cores. Não são cores pálidas, discretas ou frias; cioso fruto da Civilização Cristã, Orvieto é uma
aqui vemos a beleza e o encanto das cores defi- verdadeira maravilha, uma autêntica jóia da Cris-
nidas, que têm personalidade e vida próprias. tandade. ²
Stone/Gettyimages

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