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FARMACOLOGIA
Interacções farmacológicas
O problema das interacções farmacológicas é, hoje, e será cada vez mais, uma
importante questão para quem, tratando doentes, tem de prescrever medicamentos.
Calcula-se que, nos Estados Unidos, a incidência das interacções fármaco – fármaco
se situam à roda dos 4% quando o número de medicamentos tomados é reduzido (2-
3), mas essas percentagens pode atingir os 20% quando o número de medicamentos
tomados é grande (10-20).
Tomando, como exemplo o que se passa com a via oral, podemos ter interacções
farmacológicas nos diferentes passos da farmacocinética desses fármacos.
Durante a absorção:
Mas, mais relevantes do que estas interferências são aquelas que se verificam ao
nível dos sistemas de transporte. A glicoproteína P é o sistema deste tipo mais bem
estudado, mas estão a ser descobertos muitos outros como, por exemplo, os que
constituem a família dos transportadores de aniões orgânicos, sediados no intestino,
nas células tubulares renais, nas células dos canalículos biliares e nas células que
constituem a barreira hemato-encefálica.
Na distribuição
No sítio da acção
Na metabolização
É importante saber que algumas isoenzimas do sistema do citocromo P450 podem ser
induzidas por substâncias alimentares, por ervas medicinais, por solventes orgânicos,
pelo fumo do tabaco ou por fármacos enquanto que outras não. Muitos são os
fármacos com esta capacidade de induzir de forma selectiva apenas uma ou algumas,
mas não todas as enzimas do sistema. Exemplos:
O fenobarbital induz as famílias CYP3A e CYP2B.
O fumo do tabaco induz a CYP1A2 e a família CYP2C, mas não a CYP3A4, enquanto
que a rifampicina induz a CYP3A4, mas não as enzimas da família CYP2C.
Por outro lado há muitos fármacos que são metabolizados por várias enzimas do
sistema, enquanto que outros o são só por uma.
Claritromicina Barbitúricos
Ciclosporina Dexametasona
Danazol Defenilhidantoína
Diltiazem Rifampicina
Itraconazol
Cetoconazol
Indinavir
Ritonavir
Saquinavir
Mibefradil *
Verapamil
Legenda: Polimorfismo genético do gene da CYP2D6 e suas consequências no metabolismo de um fármaco. A mesma
dose de um medicamento que seja predominantemente metabolizado pela CYP2D6 origina, em doentes com genótipo
diferente, enormes variações dos níveis plasmáticos desse medicamento. Em cerca de 7% dos doentes, que são
homozigóticos para dois alelos não funcionais (gráfico de cima), não há praticamente enzima funcionante daí
resultando uma metabolização extremamente lenta, com as consequências indicadas. Cerca de 5-10% dos doentes
são metabolizadores limitados porque são homozigóticos para a mutação que determina uma redução da função
enzimática ou heterozigóticos para essa mutação em combinação com um alelo não funcionante para a CYP2D6
(segunda curva a partir de cima). 80% dos doentes são metabolizadores normais (terceira curva a partir de cima).
Cerca de 2-3% dos doentes possuem uma capacidade de inactivação extremamente rápida em consequência de uma
amplificação genética. Nestas condições não há efeito terapêutico porque os níveis plasmáticos nunca atingem os
mínimos eficazes (curva de baixo).
A nível da excreção
Ninguém pode ter dúvidas de que esta questão das interacções farmacológicas vai
agravar-se com o progresso terapêutico e isso vai exigir uma atenção crescente por
parte dos médicos prescritores.