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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE INFORMÁTICA
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Estudo Comparativo: DSL × Cable Modem

Por

Eduardo Almeida Fernandes

Projeto de Diplomação

Prof. Jürgen Rochol


Orientador

Porto Alegre, dezembro de 1999.


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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL


Reitora: Prof.ª Wrana Maria Panizzi
Pró-Reitor de Graduação: Prof. José Carlos Ferraz Hennemann
Diretor do Instituto de Informática: Prof. Philippe Olivier Alexandre Navaux
Coordenador de Graduação: Prof. Raul Fernando Weber
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Bibliotecária-Chefe do Instituto de Informática: Beatriz Regina Bastos Haro


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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos colegas, professores e funcionários do Instituto de


Informática, que nestes anos de convivência, tiveram papel fundamental para a
realização deste sonho.
Ao Prof. Jürgen Rochol, pelo conhecimento transmitido, pelo incentivo,
pela paciência e pelo companheirismo.
Aos meus pais, pela força, pelo incentivo, pelo carinho e pela compreensão.
Aos meus amigos André Luís Michel Pinto, Henrique Nazareth Vedana,
Leonardo Vieira Cervo, Maria Valesca Jungblut, Nicole Silva de Freitas e Ricardo Luís
Lichtler pelas inúmeras noites, madrugadas e fins-de-semana de estudos alegres e bem-
sucedidos.
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SUMÁRIO

1. A TECNOLOGIA DSL..........................................................................................................................10

2. A TECNOLOGIA CABLE MODEM...................................................................................................32

3. O PROTOCOLO MAC DO PADRÃO IEEE 802.14.........................................................................49

4. COMPARAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DSL E CABLE MODEM................................................63


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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 — ARQUITETURA DSL....................................................................................................12

FIGURA 2.2 — CABLE MODEM...........................................................................................................32

FIGURA 3.3 — DIAGRAMA DE ESTADOS DO PROTOCOLO DE UPSTREAM DO HFC.........54

FIGURA 4.4 — SERVIÇO CABLE MODEM NO BRASIL.................................................................68

FIGURA 4.5 — SERVIÇO ADSL NO BRASIL......................................................................................69


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LISTA DE TABELAS

TABELA 1.1 — DISTÂNCIA E TAXAS DE TRANSMISSÃO.............................................................16

TABELA 2.2 — TAXA DE TRANSFERÊNCIA BRUTA......................................................................44

TABELA 3.3 — PROPOSTAS OFICIAIS PARA O PROTOCOLO MAC.........................................51


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INTRODUÇÃO

Com o crescente avanço da tecnologia de redes de computadores e a


popularização da Internet, cada dia mais as pessoas estão descobrindo as maravilhas de
se estar no escritório ou no conforto do lar e ter à mão uma quantidade enorme de
informações sobre qualquer assunto de seu interesse. Graças ao avanço dos browsers, os
usuários têm acesso a documentos em formato texto e/ou gráficos, áudio e vídeo, além
de uma grande quantidade de programas disponíveis para download. O tamanho dos
arquivos transmitidos está cada vez maior e o canal de comunicação está saturado. Os
usuários desejam um maior fluxo de dados e o gargalo está justamente na tecnologia de
transmissão.
A tecnologia hoje empregada para a comunicação de dados são os modens
analógicos de canal de voz, que utilizam a estrutura de cabos telefônicos e a rede
pública comutada (POTS). Esta estrutura, que foi projetada inicialmente para
transmissão de voz, hoje incorpora avanços e oferece um maior número de serviços a
um custo mais acessível. No entanto, ainda oferece limitação da largura de banda de 4
kHz, insuficiente para as necessidades atuais e futuras.
Neste cenário surgem duas propostas para oferecer aos usuários uma
conexão mais rápida e com custos relativamente baixos de implementação. A tecnologia
DSL atinge altas velocidades de transmissão e emprega a estrutura telefônica já
existente de par de fios de cobre. A tecnologia de cable modem emprega, por sua vez, a
estrutura existente de TV a cabo (CATV), composta por fibra óptica e cabos coaxiais de
banda larga (HFC).
Tanto a solução cable modem como a DSL propõem-se a oferecer aos
usuários domésticos e corporativos um avanço em direção a taxas de transmissão da
ordem de Mbit/s a um custo relativamente pequeno, pois aproveitam grande parte de
estruturas já em uso nas regiões metropolitanas das grandes cidades. Ao usuário
compete a escolha de qual tecnologia adquirir.
Cada uma das tecnologias apresentadas oferece diferentes funcionalidades e
perfis de acesso para conexões à Internet. À primeira vista, parece simples descobrir
qual opção oferece o nível de serviço desejado pelo menor custo e decidir por um
serviço ou outro. Entretanto, é difícil definir exatamente o nível de serviço necessário,
pois os as necessidades dependem das aplicações, que sofrem mudanças contínuas.
As operadoras de TV a cabo fizeram um bom trabalho de marketing,
anunciando suas infra-estruturas como fornecedoras de acesso de banda larga a dados e
televisão ao mesmo tempo. Nas áreas onde o serviço de TV a cabo está disponível, o
cable modem consegue uma melhor penetração no mercado residencial que a tecnologia
DSL. Entretanto, as companhias de TV a cabo estão trabalhando para resolver algumas
9

questões que dificultam que o cable modem se torne uma ferramenta voltada também
para o mercado corporativo. Para as companhias telefônicas existem fatores
mercadológicos que devem ser levados em conta. DSL não exige grandes investimentos
no aprimoramento das linhas de assinante.
Cable modem é uma tecnologia com acesso compartilhado – não é dedicado
como ISDN ou DSL. Isto significa que a largura de banda disponível é compartilhada
entre os usuários da mesma vizinhança, como se fosse uma rede LAN. Nas horas de
pico é impossível atingir velocidades altas, devido ao congestionamento. DSL, em
contrapartida, garante a velocidade em linhas dedicadas. Questões relativas à segurança
também preocupam os usuários – principalmente os corporativos – já que o meio físico
é compartilhado.
O fato de tantos serviços de acesso continuarem a coexistir confunde os
usuários. Quais tecnologias de acesso remoto irão vingar e quais irão fracassar?
Tecnologias como acesso analógico discado, linhas privativas dedicadas e ISDN
encontram seu nicho no mercado baseado nos serviços que são suportados. Os fatores
que regulam a divisão do mercado e o crescimento dos serviços são: disponibilidade;
preços; facilidade de instalação e uso; habilidade de suportar as aplicações dos usuários.
O que o usuário procura é uma tecnologia que ofereça altas velocidades de
transmissão com equipamentos de baixo custo. O usuário corporativo deseja, além
disso, que os usuários consigam ter acesso remoto às informações do servidor. Com o
desenvolvimento e incremento na velocidade dos processadores e os avanços
conseguidos nos backbones – SONET e DWDM –, o laço local tornou-se um gargalo
mais estreito do que já era antes.
Este trabalho tem como objetivo fazer um estudo comparativo entre estas
duas tecnologias, do ponto de vista do usuário, a fim de que este possa decidir qual
serviço atende melhor às suas necessidades, levando em consideração aspectos como
facilidade de uso, velocidades de transmissão oferecidas e custos. Será apresentada uma
descrição das tecnologias empregadas e enfocadas as vantagens e desvantagens de cada
uma.
No capítulo 1 serão apresentados os principais sistemas DSL atualmente
propostos. No capítulo seguinte será descreve brevemente o sistema de TV a cabo e
apresentado o sistema de comunicação de dados proposto na IEEE 802.14 – cable
modem. No capítulo 3 será apresentado brevemente o protocolo MAC sugerido na IEEE
802.14. No capítulo 4 serão apresentados critérios de comparação entre as tecnologias.
10

1. A tecnologia DSL
A DSL (digital subscriber line) ou linha digital de assinante é uma
tecnologia de transmissão que pode ser usada para suportar uma ampla variedade de
serviços. Tenta eliminar o gargalo existente na última milha, que conecta o usuário ao
provedor de serviços. Permite o uso de recursos existentes, como a rede de fios de cobre
e os protocolos dos níveis 2 e 3 – Frame Relay, ATM ou IP. DSL já foi bastante testada
e é oferecida em uma grande quantidade países.
Em uma linha telefônica comum, chamada algumas vezes de POTS, é usado
um sinal analógico para transferir informação de áudio (voz) do usuário até a central
telefônica CO1. A partir daí, o sinal entra na PSTN. Um modem comum modula e
converte o sinal digital proveniente do computador em um sinal analógico, e o transmite
através desta linha telefônica. Na outra ponta, outro modem recebe o sinal analógico e
faz a conversão deste para um sinal digital. Estes dados são tratados pela rede telefônica
exatamente da mesma maneira que os sinais de voz.
O “modem” DSL envia os dados digitais diretamente do computador para a
central telefônica. A partir daí, o sinal entra na rede telefônica digital que interconecta as
centrais – ATM ou Frame Relay. O termo modem é impróprio, já que ele não faz
modulação/demodulação do sinal. A denominação linha digital de assinante também é
errônea, pois o que constitui DSL não é a linha em si, mas sim um par de modens
existentes nas pontas desta.
Usando o sistema telefônico atual – o loop local da rede telefônica –, a
tecnologia DSL oferece acesso a altas velocidades de transmissão e reduz a carga sobre
a rede telefônica pública. Os provedores do serviço acreditam que DSL irá oferecer um
sistema conveniente para satisfazer a exigência de largura de banda e irá propiciar a
criação de novos serviços de rede sem grandes investimentos de capital. As companhias
de telecomunicação viram em DSL uma oportunidade para alavancar a demanda por
parte do consumidor de um acesso mais rápido.
Esta tecnologia foi projetada inicialmente para suportar aplicações de vídeo
sob demanda (VoD2) e TV interativa sobre o par trançado telefônico. A tecnologia DSL
foi concebida como uma reação das companhias telefônicas aos serviços de transmissão
de dados por cabos de alta capacidade (fibras ópticas e cabos coaxiais). Quando estes
mostraram-se muito caros para uma expansão em larga escala, o interesse sobre DSL
aumentou muito. Outro fator que impulsionou o seu crescimento foi a reforma das
telecomunicações ocorrida nos Estados Unidos em 1996. Companhias telefônicas locais

1
CO — central office: Central telefônica. Localização central de uma rede pública de telecomunicações
tradicional aonde as linhas telefônicas são terminadas e que contém o equipamento de comutação.
2
VoD — video-on-demand: Expressão que abrange um amplo conjunto de tecnologias e companhias
cujo objetivo comum é permitir que os usuários selecionem um programa de TV ou filme em um
servidor de vídeo e assistam-no através de um televisor ou monitor de computador.
11

e de longa distância (ILEC, IXC3, ISP, CLEC), companhias de TV a cabo e satélite


DTH4 e emissoras de rádio e TV passaram a competir entre si.
As redes telefônicas atualmente instaladas representam um imenso capital
investido. Esta estrutura, projetada inicialmente para serviços de voz, sofreu
modificações e atualizações em sua infra-estrutura ao longo dos anos, a fim de
aproveitar os avanços tecnológicos nas técnicas de transmissão e comutação. Em
particular, instalações baseadas em fibra óptica existem na maioria das redes telefônicas
ao redor do mundo. O uso de fibra óptica aprimorou a qualidade dos serviços, aumentou
a capacidade de tráfego suportado pelo backbone e reduziu os custos operacionais.
Como resultado, uma grande quantidade de serviços está disponível atualmente para uso
das centrais telefônicas. Entretanto, a situação é bem diferente quando se observa o loop
local. O usuário final está conectado a um armário de distribuição MDF5 pelo par
trançado de fios de cobre. Este armário concentra todos os loops locais e os conecta com
uma central telefônica. Estas centrais, por sua vez estão ligadas entre si através de uma
rede composta de DACS e T/E6 ou anéis ópticos como SONET ou SDH7.
A infra-estrutura existente de fios de cobre, – a rede ILEC/PTO 8 – foi
projetada para o transporte de voz. Entretanto, a rede telefônica existente não é
especializada no tráfego de dados a altas velocidades. O equipamento usado pelo
usuário é um modem analógico – velocidades de conexão da ordem de 28,8 kbit/s.
Utiliza-se uma DSU9 ou NTU10 para conexões a velocidades mais elevadas – 56 ou 64
kbit/s – ou serviços T1 ou E1. Mesmo esta solução é muito limitada em termos de
velocidade e largura de banda e já atingiu o limite da capacidade de transmissão.
À medida que são deixadas para trás as tecnologias de transmissão
analógica de baixas velocidades e são estudadas as tecnologias de conexões digitais de
alta velocidade, notam-se grandes mudanças na topologia das centrais telefônicas.
Enquanto que o tráfego de dados analógicos passa pelo comutador da rede telefônica
(capacidade de discagem de âmbito mundial) o tráfego de dados digitais de alta
velocidade é desviado do comutador (switch), pois este não suporta este tipo de dados.
Os dados percorrem o loop local através do DACS e do sistema de
transmissão, contornando o comutador telefônico. Serviços de tráfego de dados de
3
IXC — inter-exchange carrier: Provedor de serviços que transporta voz, vídeo e dados entre os RBOC
(longa distância).
4
DTH — direct to home: Transmissão de sinais de televisão via satélite que podem ser captados por
antenas de pequeno porte – geralmente com diâmetro de 60 cm. Também chamada de DBS (direct
broadcasting satellite).
5
MDF — main distribution frame: Quadro de distribuição localizado dentro da central telefônica aonde
os laços são terminados.
6
T/E — carrier transmission equipment.
7
SDH — synchronous digital hierarchy: Padrão internacional para transmissões de dados síncronas
sobre cabos de fibra óptica. O equivalente norte-americano é o SONET. Define uma taxa de transmissão
padrão de 51,84 Mbit/s, chamada STS-1 – equivalente à OC-1 – e seus múltiplos.
8
PTO — public telephone operator.
9
DSU — digital service unit.
10
NTU — network termination unit: Equipamento instalado nas dependências do usuário que faz a
terminação de um ponto de acesso à rede.
12

baixas velocidades baseados nos modens convencionais integram-se bem na rede POTS,
já que o comutador telefônico está integrado na solução. Os serviços de tráfego de
dados de altas velocidades, no entanto, são configurados como uma rede dedicada,
contornando o comutador. A partir daí, estes dados são concentrados no DSLAM e
enviados através da rede que interconecta as centrais telefônicas.

1.1. Componentes do sistema DSL


A arquitetura básica (fig. 1.1) que permite transmitir dados digitais em alta
velocidade através da rede telefônica é composta pelo par trançado telefônico e alguns
equipamentos adicionais. Do lado do usuário está situado o POTS splitter, que separa os
sinais de dados digitais dos sinais de voz. Neste dispositivo são conectados o telefone e
o modem DSL. Uma boa alternativa é ligar um hub para compartilhar a conexão entre
várias estações de trabalho.
A linha de assinante sai da residência do usuário, conecta-se a um armário
de distribuição e daí vai para a central telefônica. Já dentro da central telefônica, entra
no multiplexador DSLAM, que separa o tráfego de voz e dados. Os dados são enviados
para uma rede ATM, por exemplo, enquanto o tráfego de voz é passado ao comutador
telefônico do POTS. Esta estrutura pode variar, em função dos diferentes tipos de xDSL
existentes.

Figura 1.1 — Arquitetura DSL

1.1.1. Sistema de transporte

Fornece uma interface entre o backbone e o sistema DSLAM. Este


dispositivo pode fornecer vários tipos de serviço: T1/E1, T3/E3, OC-1, OC-3, STS-1, e
STS-3.
13

1.1.2. Rede do provedor de serviços (rede de acesso local)

Utiliza como base a rede que interconecta as centrais telefônicas e promove


conectividade entre os múltiplos provedores de serviços e os usuários. Para isso, devem
ser instalados equipamentos adicionais, como switches Frame Relay ou ATM. Existe o
conceito de nó de acesso (AN), que é o local aonde os equipamentos de comutação e
roteamento estão fisicamente localizados. Dependendo do tamanho da rede de acesso e
dos custos associados com o transporte, podem existir mais de um AN por rede local
(LAN), criando uma estrutura sobreposta à rede de interconexão das centrais
telefônicas. Em alguns casos, este nó está integrado no próprio DSLAM.
A rede de acesso consiste dos loops locais e do equipamento associado que
conecta o usuário à central telefônica. Alguns usuários estão localizados a uma distância
muito grande da central telefônica e necessitam de um loop local muito longo. Um
problema que surge daí é a atenuação do sinal ao atravessar o meio, piorando a relação
sinal/ruído. Para contornar este problema são usadas bobinas (loading coils) a cada 1,8
km, para modificar as características elétricas da linha – indutores, atuam como filtros
passa-baixa –, limitando a faixa dinâmica em 3,3 kHz e permitindo uma melhor
qualidade do sinal de voz. Essas bobinas, que compõem até 20 % dos laços locais, são
incompatíveis com as altas freqüências de transmissão de DSL e devem ser removidas.
Sem elas, é possível transmitir sinais com freqüências da ordem de MHz, embora com
substancial atenuação. Atenuação essa que aumenta proporcionalmente com a distância
e a freqüência.
As configurações de laço de assinante variam tremendamente. Em alguns
países, a distância de 5,5 km cobre virtualmente todos os assinantes; em outros países,
como os Estados Unidos, esta distância cobre menos de 80 % dos assinantes. O restante
corresponde exatamente aos 20 % das linhas que utilizam bobinas para melhorar o sinal
de voz.
O outro procedimento utilizado para melhorar o sinal de voz é o uso de
terminais remotos ou nós de acesso remotos e a criação de áreas de distribuição com
loops de, no máximo, 1,8 km, aonde os sinais são terminados, agregados e enviados de
volta à central telefônica, que hospeda o equipamento de comutação e transmissão. Este
retorno, feito através de circuitos T1/E1, pode ser feito através de fios de cobre – usando
HDSL – ou fibra óptica. Em áreas suburbanas, estas áreas de distribuição conectam uma
média de 1.500 pontos telefônicos, enquanto que nas áreas mais centrais essa densidade
chega a 3.000 pontos por área. Esses números diminuem à medida que crescem as taxas
de dados. Um sistema FTTC11 oferecendo taxas STS-1 – 51.840 Mbit/s, com alcance de
300 m – conecta cerca de 20 pontos.
Emendas nos cabos também podem atrapalhar a transmissão de dados. DSL
só pode ser suportado através de laços contínuos de cobre. A Bellcore estima que uma
linha telefônica típica (Estados Unidos) passe por 22 trechos de fios durante o seu

11
FTTC — fiber to the curb: Rede onde a fibra óptica vai do comutador telefônico até um armário de
distribuição próximo dos usuários, localizado geralmente na calçada – daí o nome curb (do inglês,
meio-fio). A partir deste armário, partem pares de fios de cobre até as dependências dos usuários.
14

percurso. O tráfego DSL deve, então, terminar no terminal remoto 12, onde será
convertido para um formato compatível com o DLC. A arquitetura do sistema telefônico
baseado em terminais remotos resolve muitos problemas relativos ao POTS, mas cria
problemas para o fornecimento de serviços DSL.

1.1.3. DSLAM

O DSLAM (digital subscriber line access multiplexer) está localizado na


central telefônica e é a pedra fundamental da solução DSL. Funcionalmente, o DSLAM
agrega o tráfego de dados dos múltiplos loops DSL no backbone. Fornece serviços a
aplicações baseadas em pacotes, células ou circuitos, concentrando também os canais
DSL em saídas 10Base-T, 100Base-T, T1/E1, T3/E3 ou ATM. Caso seja necessário, o
DSLAM é capaz de abrir os pacotes de dados, podendo suportar endereçamento IP
dinâmico usando-se DHCP. Suporta uma grande quantidade de serviços, protegendo os
investimentos à medida que a tecnologia e o mercado DSL avançam, bastando para isso
a troca de placas e componentes modulares. É flexível, pois suporta codificação CAP,
DMT e QAM. É compatível com NEBS13, permitindo fácil ampliação e manutenção.
Oferece também compatibilidade com NMS14 e SNMP.
Um ISP que queira competir com a companhia telefônica local deve,
inicialmente, tornar-se um CLEC. A partir daí, basta alugar a fiação de cobre entre cada
usuário e a central, onde deve estar localizado o DSLAM. Este concentra um certo
número de linhas de assinante em um único canal ATM. A partir daí, é necessário pegar
o tráfego de saída do DSLAM (células ATM ou quadros) e transportá-lo até onde estiver
localizado o roteador primário de acesso à Internet. Existem dois tipos de DSLAM: um
localizado na central telefônica, capaz de suportar e concentrar uma grande quantidade
de canais e o DSLAM remoto, localizado no sistema DLC, nas vizinhanças dos usuários
e locais públicos.

1.1.4. ATU-R

O DSL transceiver unit é o equipamento que fica na ponta do usuário –


tipicamente 10Base-T, V.35, ATM-2515, ou T1/E1. Está disponível em várias
configurações, dependendo do serviço a ser disponibilizado, e oferece funcionalidades
adicionais para bridging16, roteamento, multiplexação TDM ou ATM. O ATU-R de
bridging é de fácil instalação e manutenção e oferece filtragem de dados, para evitar que
tráfego indesejado penetre na rede do usuário. O ATU-R com roteamento oferece a
12
RT — remote terminal: Terminação do laço local ou ponto intermediário mais próximo dos usuários,
utilizado para melhorar a confiabilidade do serviço.
13
NEBS — network equipment building system: Conjunto de requerimentos sobre confiabilidade e
usabilidade dos equipamentos, estabelecido pela Bellcore.
14
NMS — network management system: Sistema de gerenciamento de rede que implementa funções do
nível de rede e usa um protocolo como SNMP.
15
ATM-25 — Fórum ATM que define uma taxa de 25,6 Mbit/s baseada na rede Token Ring da IBM.
16
Bridging — Interconexão de duas redes que ocorre na camada de rede (hardware) e não possui
capacidade de roteamento.
15

flexibilidade do IP, podendo ser criadas sub-redes, a fim de segmentar de maneira


eficiente a LAN remota e a identificação de tráfego unicast17 ou multicast. Transparente
aos protocolos, comporta-se como CSU/DSU18 e serve como interface para roteadores já
existentes, multiplexadores, PBX19 ou FRAD20. Muitas vezes, o ATU-R tem
características PnP. Deve oferecer estatísticas para o gerenciamento das camadas 1, 2 e
3, como relação sinal/ruído e estatísticas da MIB21 e possibilidade de upgrade e
manutenção remotas.
Atualmente o próprio modem faz as funções do ATU-R. Alguns modelos de
modem exigem o uso de uma placa Ethernet para servir de interface com o computador,
enquanto outros modelos conectam-se diretamente ao barramento PCI.

1.1.5. POTS switch ou POTS splitter

É um dispositivo opcional, que existe tanto no lado do usuário quanto na


central telefônica, permitindo a transmissão simultânea de dados e voz. Pode ser ativo –
exige fonte de alimentação externa – ou passivo. Este último, além de não necessitar
alimentação e ter um MTBF22 maior, suporta chamadas de emergência – polícia,
bombeiros – mesmo quando cortado o fornecimento de energia elétrica.

1.1.6. Equipamentos terminais

Equipamento terminal ou TE (terminal equipment) é qualquer aparelho


conectado ao ATU-R, como um computador, telefone digital ou hub.

1.2. Como funciona a tecnologia DSL


DSL usa freqüências diferentes do espectro para transmitir voz e dados (fig.
1.2). A faixa de 0 a 4 kHz é usada para o POTS e transmissões de fac-símile. O canal de
30 a 138 kHz é reservado para o envio de dados, enquanto a faixa de 138 kHz a 1,1
MHz é usada para o recebimento. Esta implementação permite conversação (voz

17
Unicast — Transmissão de uma mensagem para um único receptor (endereço), em contrapartida com
os conceitos de broadcast e multicast.
18
CSU/DSU — channel service unit/data service unit: O DSU é um dispositivo que executa funções de
diagnóstico e proteção em uma linha de telecomunicações, enquanto o CSU é um dispositivo que
conecta um terminal a uma linha digital. Usado nas terminações de conexões T1 e T3.
19
PBX — private branch exchange: Rede telefônica privada interna a uma empresa. Os usuários
compartilham um certo número de linhas externas para atender os ramais internos da empresa. Uma
variação da central PBX – que fica localizada fisicamente no prédio do usuário – é a chamada
“centrex”, que fica localizada na própria companhia telefônica e oferece discagem direta a ramal.
20
FRAD — frame relay assembler/disassembler: Dispositivo de comunicação que particiona um fluxo
de dados em quadros para a transmissão sobre uma rede Frame Relay e recria o fluxo de dados a partir
de quadros que chegam da rede.
21
MIB — management information base: Base de dados de objetos monitorados por um sistema de
gerenciamento de rede (SNMP ou RMON).
22
MTBF — mean time between failures: Indica o número médio de horas de funcionamento de um dado
dispositivo até a ocorrência de uma falha.
16

analógica) e transmissão de dados digitais sobre a mesma linha telefônica, sem que um
serviço interfira com o outro.
Uma conexão DSL sobre linha telefônica que permite fluxo de chegada de 6
Mbit/s, por exemplo, é cerca de 200 vezes mais rápida que uma conexão de 28,8 kbit/s.
DSL não é uma tecnologia de acesso discado; é uma conexão ponto-a-ponto com linha e
largura de banda dedicadas entre o “modem” e a Internet ou a LAN corporativa. O
throughput não é afetado por outros usuários nas vizinhanças, como acontece com o
cable modem, onde vários usuários compartilham a capacidade da rede de cabo coaxial
ou fibra óptica.

Figura 1.2 — Espectro de freqüências


Fonte: [DSS 99]

Diferente do que acontece com os modens convencionais (33,6 kbit/s), não é


possível conectar-se diretamente com um usuário que esteja em outra localidade. É
necessário a presença do DSLAM para concentrar o tráfego, pois este dispositivo
suporta maior potência elétrica, maiores freqüências que um modem ou roteador DSL
standalone pode suportar. Pode ser feita uma analogia com o protocolo V.90, que não
permite a conexão direta entre dois modens a 56 kbit/s.
O problema da atenuação do sinal aumenta proporcionalmente com a
velocidade de transmissão (tab. 1.1), diminuindo a distância máxima alcançada.
Tabela 1.1 — Distância e taxas de transmissão
Fluxo (Mbit/s) Distância (km) Espessura do fio (mm)
1,5 a 2 6 0,5
1,5 a 2 5 0,4
6 4 0,5
6 3 0,5
Fonte: http://www.ewh.ieee.org/r10/bombay/news2/story5.htm

Para que se possa aumentar o alcance da transmissão são usadas as seguintes


técnicas de sinalização:
17

1.2.1. DMT

Descreve uma versão de modulação multiportadora na qual os dados de


chegada são coletados e distribuídos sobre um grande número de portadoras individuais,
chamadas bins. A DMT cria estes canais usando uma técnica digital chamada Discrete
Fast-Fourier Transform. A DMT aloca estes 256 subcanais com largura de banda de 4
kHz e modula um sinal separado em cada um deles, a fim de diminuir estatisticamente
as perdas com ruído. Os sinais também são codificados usando-se QAM.
DMT testa a qualidade da linha na inicialização para determinar a
capacidade de transmissão de cada subcanal. Os dados que chegam são desmembrados e
distribuídos por estes subcanais. Para contornar o problema do ruído, a maior parte da
informação está contida nas freqüências mais baixas. Existe uma variante da DMT, a
DWMT, que vai um passo além em complexidade e desempenho, criando uma maior
separação entre os subcanais. Quando estiver totalmente desenvolvida, este tipo de
modulação poderá vir a ser o padrão para ADSL em ambientes com muita interferência.
DMT é a base do novo padrão ANSI T1.413 edição 2. Em fevereiro de 1998 foi também
adotado pelo ITU.
DMT consegue melhores resultados que a tecnologia antecessora CAP,
transmitindo na mesma velocidade através de distâncias maiores – tipicamente 6 km.

1.2.2. CAP

O padrão DMT substitui uma implementação usada anteriormente, chamada


CAP. O seu principal problema foi a falta de padronização, que gerou implementações
CAP proprietárias que não se comunicam umas com as outras. A CAP não é
padronizada, pois nunca foi sancionada pelo ITU, pelo ANSI ou pelo ETSI. No entanto,
é a solução com maior base instalada atualmente – 97 % até 1996 – e opera a
velocidades de até 7,1 Mbit/s. A principal vantagem da DMT é a alta tolerância a ruídos
na linha e a capacidade de adaptar-se às condições desta. Apesar dos produtos
fabricados seguirem uma padronização, a sinalização varia de fabricante para fabricante,
gerando novamente problemas de comunicação entre equipamentos de marcas
diferentes. Acredita-se que a interoperabilidade deva surgir com o tempo.
Com QAM, dois sinais independentes são usados para modular duas
portadoras com freqüências iguais, mas com amplitudes e fases diferentes. Os
receptores QAM conseguem discernir quando se deve usar mais ou menos estados
(constelações de pontos) para superar ruído e interferências. CAP armazena partes do
sinal modulado em memória e reconstrói estas partes na onda modulada. O sinal da
portadora é suprimido antes da transmissão, pois não contém informação, e é remontada
no modem receptor – daí o nome carrierless. Na inicialização, CAP testa a qualidade da
linha de acesso e implementa a versão de QAM mais eficiente.
CAP é mais simples, de custo de implementação menor, necessita de menos
potência e dissipa menos calor – relevante quando os equipamentos são colocados todos
juntos no mesmo local físico, mas atinge distâncias menores – o sinal sofre grande
degradação a partir de 3,5 km.
18

1.3. Os vários tipos de DSL


Existem vários tipos de tecnologias DSL para serem escolhidas. A seleção
de uma delas depende de múltiplos fatores: tipo de serviços oferecidos; topologia
dominante da rede já existente; planos para o surgimento de novos serviços no futuro.
Justamente por esta variedade de tipos, costuma-se empregar o acrônimo xDSL, onde o
“x” substitui uma ou mais letras.
Basicamente, existem dois tipos de DSL: simétrico e assimétrico. Os tipos
simétricos transmitem os dados na mesma velocidade nos dois sentidos (usuário →
provedor e provedor → usuário). Os tipos assimétricos transmitem os dados do usuário
a uma velocidade maior do que os dados recebidos por este.
Tabela 1.2 — Tipos básicos de xDSL
DMT ADSL CAP RADSL CAP 2B1Q 2B1Q IDSL CAP MSDSL
SDSL/HDSL SDSL/HDSL
Número de 1 par 1 par SDSL: 1 par SDSL: 1 par 1 par 1 par
fios HDSL: 2 pares HDSL: 2 pares
Aplicações Assimétricas Assimétricas e Simétricas Simétricas Simétricas Simétricas
simétricas
Upstream de X X X X X X
128 kbit/s
Upstream de X X X X X
384 kbit/s
Upstream de X X X X X
512 kbit/s
Upstream de X X X X
768 kbit/s
Upstream de 1 X X X X
Mbit/s
Upstream de X X X
1,544 Mbit/s
(T1)
Upstream de X X X
2,048 Mbit/s
(E1)
Downstream X X
de 1,5 a 7
Mbit/s
POTS Com splitter Com splitter
analógico
(opcional)
Seleção de X X Futuramente Futuramente X
velocidade
Auto- X X X
adaptação da
velocidade
Cancelament (*) X X X X
o de eco
FDM (*) X
Alcance (fio 5,5 km @ 1,5 5,5 km @ 1,5 HDSL: 5,5 km 3,6 km 8 km 8,9 km @ 128
24 AWG) Mbit/s Mbit/s SDSL: 3,6 km kbit/s
1,8 km @ 7 1,8 km @ 7 6,4 km @ 768
Mbit/s Mbit/s kbit/s
(*) depende do fabricante
Fonte: [DSS 99]
19

Cada uma destas divisões apresenta diferentes tecnologias, conhecidas pelos


seus acrônimos ADSL, RADSL, SDSL, HDSL, IDSL, MSDSL, UDSL, VDSL e
MVLDSL. Cada uma destas tecnologias oferece taxas diferentes de transmissão e
recepção, bem como características próprias, que incluem número de pares de fios
empregados e distâncias máximas de transmissão.
A (tab. 1.2) apresenta um resumo das primeiras tecnologias xDSL que
surgiram. Os usuários domésticos, que desejam usufruir da alta largura de banda para o
acesso à Internet, são melhores servidos pelos serviços assimétricos, pois a própria
natureza desse tráfego é assimétrica. Usuários corporativos, como filiais de empresas e
provedores de conteúdo devem usar os serviços simétricos, a fim de substituir as linhas
privativas utilizadas atualmente.

1.3.1. ADSL

ADSL (asymmetric digital subscriber line) é uma tecnologia que permite a


transmissão de dados e voz sobre o par de fios de cobre do sistema telefônico. O ADSL
full rate (padrão ITU G.992.1) permite taxas de recebimento de dados (tab. 1.3) de até 8
Mbit/s e taxas de envio de até 1 Mbit/s através de distâncias de até 5,5 km entre o
usuário final e a companhia telefônica – com taxas de erro da ordem de 10-7, segundo o
ADSL Forum.
Tabela 1.3 — ADSL – distância × velocidade
Distância (km) Velocidade de downstream (Mbit/s)
2,7 8
3,7 6
4.9 2
5,5 1,5
Fonte: [ANG 99]

É um protocolo assimétrico que foi originalmente projetado para entregar


mais dados do que o usuário pode enviar – uma proporção aproximada de 10:1. A idéia
inicial era transmitir vídeo pela linha telefônica. Com o desenvolvimento da Internet
pode-se observar também que o tráfego gerado pelos usuários tem uma natureza
assimétrica – recebem mais dados do que enviam.
Os modens ADSL fazem uso de técnicas de processamento de sinal que
permitem o tráfego de dados acima das freqüências do serviço de transmissão de voz.
Modificando-se a freqüência da portadora é possível trafegar grandes quantidades de
dados através de grandes distâncias. Diferentemente dos modens convencionais e ISDN,
é permitido ao usuário conectar-se à Internet e realizar uma ligação telefônica
simultaneamente, sem diminuir sua velocidade de acesso. Mesmo quando ele estiver
desligado, em falha ou desconectado o serviço telefônico convencional estará sempre
disponível, não importando o estado da conexão ADSL. Para tanto, é necessária a
instalação de um separador (splitter) para separar a transmissão de dados da
conversação telefônica (fig. 1.3).
A questão da interoperabilidade deve ser entendida no contexto atual de
padronização do ADSL. Esta padronização é importante, pois os fornecedores de
20

equipamentos desenvolvem seus produtos baseados em um conjunto de especificações


ou padrões. Isto aumenta a interoperabilidade entre os produtos de diferentes
fabricantes. Atualmente, existem dois padrões relevantes: ADSL full rate (G.dmt ou
ITU G.992.1) e ADSL lite (splitterless, G.lite ou G.992.2).
Para aplicações assimétricas, o UAWG anunciou – em janeiro de 1998 – a
colaboração de organizações que lideram o segmento de telecomunicações, redes de
comunicação e computadores pessoais para a proposta de uma versão simplificada da
ADSL. O público-alvo do UAWG é o mercado de varejo para o consumidor de massa,
baseado em um padrão aberto e interoperável – o G.lite. As discussões incluem planos
para velocidades de downstream de 64 kbit/s a 1,5 Mbit/s e upstream variando de 32 a
512 kbit/s.

Figura 1.3 — ADSL full


O ADSL lite (fig. 1.4), também conhecido como ADSL universal ou
splitterless, foi também proposto no ITU através do padrão G.lite ou G.992.2. O nome
splitterless significa que não é necessária a instalação do separador na ponta do usuário
para separar os tráfegos de voz e dados. A diferença está na largura de banda, reduzida
para um máximo de 1,536 Mbit/s para recebimento e entre 384 e 512 kbit/s para
recebimento, divido ao uso de menos freqüências para a transmissão. As operadoras – e
o próprio UAWG – preferem esse serviço pois não há a necessidade de agendar e enviar
um técnico para instalar o separador. Como os custos são menores, o preço final ao
consumidor também será menor. Está sendo considerada a possibilidade de instalação
de um filtro passa-baixa nos telefones conectados a uma linha G.lite. Este filtro, no
entanto, pode ser instalado facilmente pelo próprio usuário. O G.lite recebeu aprovação
no ITU em outubro de 1998.
21

Figura 1.4 — ADSL lite


O ANSI, também estabeleceu padrões, através da resolução T1.413-95,
chamada Interface Between Networks and Customer Installation – Asymmetric Digital
Subscriber Line Metallic Interface. O ETSI anexou uma proposta para adaptação de
ADSL para o sistema PDH23 europeu. O ADSL Forum é uma associação de fabricantes
e provedores de serviço com o interesse comum de agilizar o processo de distribuição
ao público.
Um fator que deve ser levado em conta é a capacitação do loop local. A
distância entre o usuário e a central da companhia telefônica e a qualidade da linha são
os maiores determinantes para o desempenho do ADSL. Acima da distância máxima
(5,5 km) a possibilidade de se transmitir com velocidades da ordem de Mbit/s diminui
significativamente devido à atenuação do sinal – ADSL suporta resistência elétrica
máxima de 1,5 kΩ – e ao cross-talk. Outros inibidores são os dispositivos chamados
load coils e bridge taps, instalados pelas companhias telefônicas para melhorar a
transmissão de voz, mas que afetam de maneira negativa o desempenho do ADSL. O
tamanho (calibre) do fio de cobre pode variar ao longo da linha e também tem impacto
direto na velocidade de transmissão e na distância máxima. Diminuindo-se o loop local,
diminui-se a atenuação e aumenta-se o throughput: 2,048 Mbit/s em 4,8 km; 6,312
Mbit/s em 3,6 km; 8,448 Mbit/s em 2,7 km.
A nova geração de processadores de sinais usados em ADSL são poderosos
circuitos integrados, projetados para manipular complexas conversões A/D24, bem como
analisar e manipular sinais analógicos. Isto permite que um modem ADSL converta
diretamente um fluxo de dados digitais em um número grande de canais analógicos
distintos operando em diferentes freqüências e taxas de transmissão para melhor
aproveitar toda a largura de banda disponível na linha telefônica. Esta tecnologia é
projetada para adaptar-se a mudanças na linha telefônica, devido a diferenças de
temperatura e interferência de outras linhas.
Para criar múltiplos canais, os modens ADSL dividem a banda disponível de
uma linha telefônica (fig. 1.5) de duas maneiras: FDM ou cancelamento de eco. A FDM
separa uma banda para envio e outra para recebimento de dados – freqüências
diferentes. A banda de recebimento é dividida por TDM em um ou mais canais de alta
velocidade.
O cancelamento de eco sobrepõe a banda de envio à de recebimento –
freqüências iguais – e as separa posteriormente. A vantagem é que ambos os sinais são
mantidos nas freqüências mais baixas possíveis, atingindo maiores distâncias. É um
procedimento mais complexo e opcional – Categoria 2 no padrão ADSL. Somente
alguns fabricantes implementaram este método. O receptor enxerga a chegada de um
sinal que é ao mesmo tempo o sinal enviado pela extremidade remota – sinal a ser
recuperado – e o sinal do transmissor local – eco local. Este eco local deve ser
precisamente modelado pelo circuito DSP25 e subtraído eletronicamente do sinal

23
PDH — plesiochronous digital hierarchy.
24
A/D — Conversão analógica/digital.
25
DSP — digital signal processing.
22

composto recebido. Esta modelagem é muito complicada, pois o eco varia com o tipo de
cabo usado e isto deve ser compensado pelo circuito DSP.
Um modem ADSL organiza o fluxo de dados criado pela multiplexação dos
canais e os agrupa em blocos, além de anexar um código de correção de erros em cada
um destes blocos. O recipiente corrige os erros ocorridos durante a transmissão.
Uma ligação de voz tem uma duração média que varia entre 3 e 7 minutos.
Um usuário permanece, em média, 30 minutos conectado à Internet. Para as companhias
telefônicas, ADSL representa uma alternativa muito boa. Com a explosão do tráfego na
Internet, os circuitos de comutação estão congestionados com tráfego analógico discado
e ISDN. Até então, a única solução seria adicionar circuitos mais rápidos e ampliar as
instalações, o que torna-se muito caro para a companhia telefônica. Usando-se splitters
no POTS e um DSLAM na central telefônica, pode-se agregar linhas ADSL
provenientes dos usuários. O tráfego de dados pode ser separado, enviando-se apenas o
tráfego de voz para os circuitos de comutação e para a PSTN, reduzindo
dramaticamente o congestionamento. A partir daí, os dados são canalizados para uma
linha digital de alta capacidade em direção ao backbone WAN.

Figura 1.5 — FDM e cancelamento de eco


Estudos revelaram que o alcance máximo do sinal varia de acordo com o
sentido da transmissão. Os efeitos do cross-talk são muito mais significativos na
transmissão do usuário para a central, conforme os fios vão sendo acumulados para
entrar na central. No sentido contrário (central telefônica → usuário), os fios ramificam-
se, dissipando-se a contribuição do cross-talk. Outra vantagem do uso de FDM poder
usar freqüências menores para o sinal que vai do usuário para a central. Como as
23

freqüências menores sofrem menos atenuação que as freqüências mais altas, assegura-se
que o sinal ainda esteja com amplitude suficiente para enfrentar o ambiente de maior
ruído nas vizinhanças da central telefônica – onde o cross-talk é pior.
Apesar das declarações de que todos os esquemas de codificação teriam
uma eficiência teórica idêntica, DMT foi o primeiro a implementar suporte para o
serviço de vídeo a 6 Mbit/s e foi selecionado como o padrão oficial para serviços de
vídeo ADSL em linha discada.
A latência entre o modem ADSL do usuário e o da central telefônica
depende da técnica de codificação da linha empregada e a complexidade do esquema de
correção de erros. Este pode ser programado para latências da ordem de 60 ms.
Normalmente, porém, é fixado em torno de 20 ms, oferecendo melhor proteção contra
ruído impulsivo e melhorando a taxa de erro de bit26. Conseqüentemente, existe a busca
de um equilíbrio entre a latência e a interatividade versus o desempenho na correção e
detecção de erros. Desativando-se a correção de erros, a latência residual fica em torno
de 2 ms.
Ao mesmo tempo que a indústria estudava as características dos laços
locais, as companhias telefônicas desenvolveram um grande interesse no fornecimento
de entretenimento (leia-se serviços de transmissão de vídeo). Por volta de 1992, os
esquemas de codificação emergentes que poderiam suportar transmissão de vídeo
através de linhas discadas eram QAM, CAP e DMT. Diferente de 2B1Q, que é uma
tecnologia de banda base e transmite em freqüências que incluem 0 Hz (sinal DC), estes
operam a freqüências mais altas – pré-requisito para a separação das freqüências de
envio e recebimento.
Entre 1992 e o início de 1993, o grupo T1E1.4 do ANSI direcionou seus
esforços para uma codificação padrão para serviço de vídeo sobre ADSL. Estes esforços
foram concentrados em uma variedade de opções, que variavam desde MPEG-1 pré-
gravado e pré-comprimido até um sistema – 6 Mbit/s – que suportaria até quatro fluxos
MPEG-1 concorrentes ou um fluxo MPEG-2 através de distâncias de até 2 km. O foco
voltou-se, então, para a maximização do alcance do laço. A natureza síncrona da
transmissão de vídeo exigia uma taxa de transferência estável, para evitar a degradação
da qualidade da imagem.

1.3.2. RADSL

Quando a aplicação depende de sincronização – tráfego de vídeo, por


exemplo – a transmissão deve ter uma vazão contínua. Dados, entretanto, podem
trafegar em uma ampla gama de velocidades – a diferença reside apenas no tempo de
transferência. Tanto os transceivers CAP como os DMT suportam redução e incremento
da velocidade de transmissão, a fim de garantir o alcance em função da qualidade da
linha. Esta capacidade de adaptação implementou o que veio a ser RADSL (rate-
adaptive digital subscriber line). Além de simplificar a implementação do serviço,

26
BER — bit error ratio: Medida da qualidade da transmissão que indica o número de bits transmitidos
incorretamente em uma dada seqüência em comparação com o número de bits transmitidos em um dado
período de tempo.
24

permite uma degradação mais “elegante” e dependente das condições do loop local.
Alguns fabricantes introduziram também suporte a um canal de envio de dados (usuário
→ central telefônica) de maior capacidade – cerca de 1 Mbit/s. Isto permite que RADSL
suporte aplicações com taxas de transferência simétricas e assimétricas. Existe também
a opção de configuração manual, permitindo que os provedores do serviço configurem
individualmente – e cobrem proporcionalmente – as taxas de transferência de acordo
com o desejo do usuário. Significa, novamente, uma economia de equipamentos e
manutenção, já que um único produto dá suporte a uma grande variedade de serviços.
A indústria e as tecnologias evoluíram de maneira dramática desde a
padronização dos serviços de vídeo ADSL sobre linha discada, em 1993. Em
reconhecimento a isso, o grupo ANSI T1E1 estabeleceu um grupo específico para
desenvolver a padronização de RADSL. Até a época desta publicação, estavam sendo
consideradas propostas de combinação de CAP e QAM para a codificação. Além disso,
o grupo T1E1.4 está atualizando o padrão original do DMT para refletir as necessidades
adicionais para os serviços de transmissão de dados.
Os sistemas RADSL são implementados usando-se FDM. Como resultado, o
canal de envio de dados –1,088 Mbit/s – ocupa a banda mediana acima do POTS e o
canal de recebimento – 1,5 Mbit/s a 7 Mbit/s – ocupa a porção superior da banda.
Preocupações surgiram quanto à compatibilidade espectral dos sistemas RADSL
baseados em CAP ou QAM com os sistemas ADSL baseados em DMT ou CAP, já que
estes últimos possuem um canal de envio de dados que opera a velocidades muito
menores – 64 a 640 kbit/s. Levado-se isto em conta, estão sendo tomadas as medidas
necessárias para que seja assegurado um cross-talk minimizado do RADSL sobre o
ADSL.
Alguns equipamentos que dispensam o uso de separadores detectam
dinamicamente os estados “fora do gancho” e “no gancho”. Quando o telefone está fora
do gancho, o equipamento desloca para cima as freqüências de portadoras e atenua as
freqüências mais baixas do sinal digital para eliminar interferências com o sinal de
áudio. Quando o telefone é retornado ao gancho, o sinal digital é deslocado de volta,
para sustentar altas taxas de dados.

1.3.3. SDSL

SDSL (symmetrical digital subscriber line) é uma tecnologia DSL na qual


as velocidades de transmissão (tab. 1.4) upstream e downstream são as mesmas, ideais
para tráfego entre LAN e aplicações que requeiram altas larguras de banda – atinge até
2,3 Mbit/s –, como videoconferência “full motion”, computação colaborativa,
hospedagem de serviços HTTP, WWW27 e FTP. Não suporta tráfego de voz,
dispensando o uso de separadores POTS – para o tráfego de voz é necessária uma
segunda linha telefônica. Este serviço ainda não está padronizado e os clientes devem
saber quais os modelos de modem que funcionam com os equipamentos instalados no
seu provedor de serviços.

27
WWW — world wide web: Sistema de servidores internet que suportam documentos formatados em
linguagem HTML e que podem ser visualizados através de browsers.
25

SDSL suporta velocidades da ordem de T1 (1,544 Mbit/s) e E1 (2,048


Mbit/s) a uma distância máxima de 6,7 km a partir da central telefônica, usando-se
linhas telefônicas convencionais (um par). Os fornecedores de serviços oferecem o
acesso de banda larga SDSL a preços mais baratos que canais T1, sendo uma alternativa
mais em conta para pequenos escritórios e filiais.
SDSL usa uma técnica de modulação chamada 2B1Q, a mesma codificação
de linha usada com HDSL (high bit rate digital subscriber line), IDSL e ISDN. A
vantagem desta codificação é que não causa interferência (cross-talk) com os canais T1,
permitindo a coexistência entre vários canais de dados e voz na mesma rede.
Inicialmente, pode ser contratado o serviço de 128 kbit/s e, à medida que as
necessidades de banda crescem, o provedor de serviços aumenta remotamente a
velocidade de transmissão – até 1,544 Mbit/s – sem custo adicional de hardware. Deve-
se ter em mente que estas velocidades oferecidas são oferecidas de acordo com as
condições físicas das linhas telefônicas disponíveis na região.
Tabela 1.4 — SDSL – distância × velocidade
Distância (km) Velocidade de transmissão
2,9 1,5 Mbit/s
3,8 1,04 Mbit/s
4,5 784 kbit/s
5,5 416 kbit/s
5,8 320 kbit/s
6,1 208 kbit/s
6,9 160 kbit/s
Fonte: [ANG 99]

Em 1996, surgiram os primeiros dispositivos SDSL, favorecendo a redução


de custos de canais T1 ou E1, pois oferece a maioria dos benefícios do HDSL e opera
sobre dois fios, ao invés de quatro. É o precursor do HDSL II, que usa apenas um par e
atinge até 5,5 km.

1.3.4. HDSL

No início da década de 80, os fabricantes de equipamentos lutaram para


desenvolver a ISDN basic rate – 2 canais B de 64 kbit/s e 1 canal D de 16 kbit/s. Uma
premissa básica era atingir os usuários através dos circuitos de fios de cobre existentes e
atingir distâncias de até 5,5 km. O uso de freqüências de até 160 kHz resultou em uma
excessiva atenuação do sinal, que não atingiria a distância desejada através de fios 26
AWG28. Nesta época, os avanços no processamento e codificação de sinais (2B1Q)
duplicaram a eficiência de transmissão e permitiram o uso de freqüências que variavam
entre 0 e 80 kHz, resultando em menor atenuação e no alcance dos esperados 5,5 km.
Já no início da década de 90, os fabricantes encorajaram o uso de 2B1Q a
velocidades mais altas, como uma alternativa para o fornecimento de serviços T1 e E1
sem o uso de repetidores. A técnica consistia em separar um canal T1 de 1,544 Mbit/s
28
O fio com especificação 24 AWG (diâmetro de 1/24”) corresponde ao fio com 0,5 mm de diâmetro e
0,2 mm² de área. O fio com especificação 26 AWG (diâmetro de 1/26”) corresponde ao fio com 0,4 mm
de diâmetro e 0,13 mm² de área. Fonte: http://www.geocities.com/Paris/Opera/6955/tabelas/awg.htm
26

em dois canais de 784 kbit/s – 2 pares, quatro fios. Separando-se os canais em duas
linhas e aumentando ligeiramente a taxa de transmissão, foi possível reduzir o espectro
de freqüência e aumentar a distância atingível. Esta técnica ficou conhecida como
HDSL (high-bit-rate digital subscriber line). Como resultado, foi possível implementar
o serviço sobre laços CSA29 específicos de até 3,7 km (fios 24 AWG) ou 2,7 km (fios 26
AWG) sem repetidores. Existia também uma técnica para separar um canal E1 de 2,048
Mbit/s em três – 3 pares, 6 fios. Com o amadurecimento da tecnologia e o
aprimoramento do desempenho, houve uma migração para uma implementação que
separa o canal E1 em dois de 1,168 Mbit/s – 2 pares, 4 fios –, de maneira análoga às
implementações com T1. Os equipamentos podem ser conectados em portas V.35 ou
portas nativas – G.70330/G.704 para E1 ou DSX-1 para T1.
Nesse meio tempo, a Paradyne (subsidiária da AT&T 31) começou a
desenvolver um transceiver similar usando CAP, que permitia representar múltiplos bits
de informação (2 a 9 por baud). Isto permitiu a transmissão da mesma quantidade de
informação usando-se uma faixa mais estreita do espectro de freqüências do que a usada
pela codificação 2B1Q, com menor atenuação e maior alcance.
Em (fig. 1.6) pode-se observar o espectro de freqüências usado por uma
transmissão convencional T1 AMI e por uma usada por uma transmissão T1 HDSL. T1
AMI usa, aproximadamente, um espectro quatro vezes maior que o usado por 2B1Q e
cerca de nove vezes o usado por CAP. Os sinais de mais alta freqüência associados à
implementação AMI enfraquecem mais rápido que os sinais de transmissão de HDSL.
Como resultado, sistemas CAP e 2B1Q HDSL têm um alcance substancialmente maior
que sistemas T1 AMI ou HDB332 E1.

29
CSA — carrier serving area.
30
G.703 — PDH (plesiochronous digital hierarchy).
31
AT&T — Companhia telefônica norte-americana que foi dividida em sete companhias telefônicas
locais: Ameritech, Bell Atlantic, Bell South, NYNEX, Pacific Bell, Southwestern Bell e US WEST.
32
HDB3 — high density bipolar three zeros substitution ou high density bipolar of order 3: Técnica de
codificação de linha usada para acomodar a densidade de uns requerida para a transmissão em linhas
E1.
27

Figura 1.6 — Espectro de freqüências


Fonte: [DSS 99]

A (fig. 1.7) mostra uma comparação teórica da velocidade suportada pala


linha versus o alcance do loop para codificações AMI e CAP – condições de testes
definidos pelos fabricantes – e o limite teórico de Shannon.
A energia elétrica transmitida através de um fio de cobre como um sinal
modulado irradia energia, que interfere com os fios adjacentes, localizados no mesmo
feixe. Este acoplamento eletromagnético é chamado de cross-talk. Este pode ser
classificado em dois tipos: NEXT – o mais importante, pois o sinal com grande energia
associada induz um cross-talk significativo na linha adjacente – e FEXT 33 – menos
significativo, pois é atenuado ao longo da linha de transmissão. O cross-talk é um fator
dominante no desempenho de muitos sistemas. O desempenho de um sistema DSL é
muitas vezes citado “na presença de outros sistemas”. Aí reside uma das vantagens do
uso de FDM, que elimina o NEXT.

Figura 1.7 — Velocidade × alcance


Fonte: [DSS 99]

A transmissão e recepção de informações usando-se o mesmo espectro de


freqüências cria uma outra interferência interna ao próprio laço, que é diferente do
cross-talk. Esta interferência é conhecida pelo receptor e pode ser subtraída do sinal.
Esta técnica é conhecida como cancelamento de eco (echo cancellation).
Se os efeitos de atenuação e cross-talk não forem muito substanciais, o
sistema DSL pode reconstruir o sinal. Um fenômeno que deve ser levado em conta pelos

33
FEXT — far end cross-talk: Interferência entre dois sinais que ocorre na ponta da linha mais distante
em relação ao comutador telefônico.
28

provedores de serviço DSL é a interferência conhecida como Self NEXT, presente entre
sistemas que usam cancelamento de eco.
Os serviços simétricos HDSL aplicam-se também no caso de uma infra-
estrutura de rede celular, que oferece canais T1 ou E1 a partir da MTSO 34. É
particularmente importante, pois evita-se o arrendamento de linhas T1 ou E1 de
terceiros. Uma empresa que disponibiliza serviços de transporte de dados por enlace de
rádio tem uma grande redução de custos em tarifas de aluguel de serviços T1 ou E1.

1.3.5. IDSL

Uma premissa básica da tecnologia DSL é permitir o avanço e


compatibilidade com novas tecnologias emergentes e futuras. O assédio dos fabricantes
garante o surgimento de variações na tecnologia DSL. Em alguns casos, os conceitos de
DSL são aplicados em tecnologias já existentes. IDSL (ISDN over digital subscriber
line) são simplesmente adaptadores na central que se comunicam com os adaptadores
existentes no outro lado da linha e que fazem a terminação do sinal ISDN, independente
do comutador telefônico. Utiliza a mesma modulação 2B1Q do ISDN. IDSL é,
funcionalmente, um subconjunto da ISDN que antecede a habilidade de suportar
serviços de voz (telefone) e conectividade (circuitos comutados) em geral. Existe aqui
um interesse dos provedores de serviço de substituir conexões ISDN através da rede
comutada por conexões de longa duração.
Uma das vantagens da IDSL sobre ISDN é a eliminação da necessidade de
discagem. IDSL transmite os dados sobre uma rede dedicada, contornando a rede PSTN,
usada para ISDN e POTS. Trabalha com o parque já instalado de DLC, não exigindo
grandes modificações na infra-estrutura. O serviço geralmente é cobrado em uma base
mensal, diferente de ISDN, que é cobrado por pacote ou minuto de conexão. Isto
permite que se tenha um custo mensal com telecomunicações mais previsível, apesar de
exigir uma linha telefônica separada para que se tenha comunicação de voz.
IDSL é semelhante a SDSL, mas opera sobre circuitos ISDN já instalados.
Opera tipicamente a velocidades de até 144 kbit/s usando uma técnica de sinalização
interna à banda. IDSL usa os repetidores do loop U da ISDN para duplicar a distância a
partir da central telefônica (5,5 para 11 km). É uma boa escolha quando são usados DLC
para prolongar o loop local até locais mais remotos. O serviço básico ISDN possui dois
canais para dados B (bearer) de 64 kbit/s e um canal de sinalização D de 16 kbit/s. O
modem IDSL comunica-se com o DSLAM e não necessita dos canais de sinalização –
usados em ISDN para a comunicação com o comutador telefônico –, que são utilizados
como canais de dados (B1+B2+D=144 kbit/s).
SDSL e IDSL são soluções muito semelhantes e conectam escritórios
remotos a redes corporativas e à Internet, promovendo desempenhos semelhantes a uma
LAN. Os usuários devem escolher entre a solução SDSL (maior velocidade) ou IDSL
(maior alcance) dependendo da sua distância em relação à central telefônica e às
aplicações suportadas.
34
MTSO — mobile telephone switching office: Nome genérico para o centro de comutação de telefonia
móvel (celular) que suporta múltiplas estações radiobase.
29

Além da banda de 128 kbit/s fornecida pela IDSL, existem tecnologias


emergentes que podem ser melhor classificadas como residenciais ou serviços SoHo 35.
Estas tecnologias oferecem taxas que variam de 128 kbit/s a 2,048 Mbit/s.
Em adição, as novas tecnologias similares à ISDN – capazes de prolongar a
cobertura do mercado às pequenas empresas e SoHo – oferecem funcionalidades,
desempenho e custos sem precedentes. Uma vantagem em potencial das novas
tecnologias – como MVL36 – é a habilidade de se usar dispositivos DSP mais facilmente
encontráveis no mercado, reduzindo-se substancialmente os custos. Além disso,
transformando-se um único par de cobre em múltiplas linhas virtuais, ao mesmo tempo
em que se otimiza o uso para transmissão de voz e dados a baixas velocidades, obtém-se
outros benefícios: menor custo por produto; menor consumo de energia e dissipação de
potência, permitindo maior densidade de portas por dispositivo; compatibilidade
espectral com outros serviços que transitam nos cabos vizinhos; maior alcance – 7,9 km
em fios de bitola 24 AWG; eliminação do splitter POTS e suporte a transmissão de voz
e dados simultaneamente; habilidade de suportar múltiplos modens de assinante na
mesma linha física; alocação dinâmica de largura de banda para múltiplas aplicações
independentes; capacidade de compartilhamento de arquivos e dispositivos de
impressão dentro da própria residência.
Uma das vantagens de IDSL sobre ISDN é a eliminação do atraso na
configuração da chamada (call setup), pois não é um serviço discado, mas de conexão
permanente. Pelo serviço IDSL é cobrada mensalmente uma taxa fixa, diferente de
ISDN, que é tarifado pelo número de pacotes transmitidos ou pela duração da conexão.
Roda tanto sobre a infra-estrutura instalada para ISDN quanto sobre os DLC já
existentes. A única desvantagem é a necessidade de se manter o serviço existente de
POTS para transmissão de voz, já que IDSL é incompatível com este.

1.3.6. MSDSL

Para aplicações simétricas surgiu a MSDSL (multi-rate symmetrical digital


subscriber line). Esta tecnologia veio de encontro à necessidade de portadoras para
prover serviços disponíveis em praticamente qualquer lugar. Usando o mesmo par da
tecnologia SDSL, MSDSL suporta mudanças nas taxas de transmissão do transceiver e,
portanto, variações na distância alcançada. A versão CAP suporta oito diferentes
velocidades, permitindo 64 ou 128 kbit/s a distâncias de 8,9 km em cabos com
especificação 24 AWG e 2 Mbit/s a distâncias de 4,5 km. Com habilidade de alterar
automaticamente a taxa de transmissão (similar a RADSL), aplicações simétricas
podem ser amplamente oferecidas.

35
SoHo — small office/home office: Mercado de produtos projetados especialmente para satisfazer as
necessidades de profissionais que trabalham em casa ou pequenos escritórios.
36
MVL — multiple virtual lines: Tecnologia de acesso ao laço local desenvolvida pela Paradyne.
Projetada e otimizada para os mercados residencial, SoHo e corporativo (pequenas empresas).
Transforma uma única linha telefônica em múltiplas linhas virtuais, suportando múltiplos serviços
simultaneamente.
30

1.3.7. UDSL

UDSL (unidirectional digital subscriber line) é uma proposta de uma


empresa européia e consiste basicamente em uma versão unidirecional do HDSL.
UDSL também pode significar universal digital subscriber line, que é
apenas mais uma designação para o ADSL lite [FAN 99].

1.3.8. VDSL

VDSL (very-high-bit-rate digital subscriber line) é a tecnologia DSL mais


rápida sobre um par de fios – de 12,96 a 51,84 Mbit/s para envio e de 1,5 a 2,3 Mbit/s
para recebimento (tab. 1.5). É uma alternativa econômica para a solução FTTH 37. O
problema desta tecnologia de transmissão assimétrica é o baixo alcance – de 300 m a
1,5 km. Além de suportar as mesmas aplicações que ADSL, permite que um NSP 38
ofereça transmissão de HDTV39, vídeo sob demanda e vídeo digital comutado.
Tabela 1.5 — VDSL – distância × velocidade
Distância (km) Velocidade de downstream (Mbit/s)
0,3 52
0,9 26
1,5 13
Fonte: [ANG 99]

Como ADSL, deve transmitir vídeo comprimido e incorporar FEC40 com


interleaving suficiente para corrigir os erros gerados por ruído impulsivo.
Ainda está no estágio de definição de padrões e os candidatos a código de
linha são CAP, DMT, DWMT e SLC41 simple line code. As primeiras versões usam
multiplexação em freqüência para separar os canais de envio e recebimento de dados
dos canais POTS e ISDN. Versões futuras com taxas de transferência simétricas poderão
usar cancelamento de eco.

1.3.9. MVLDSL

O MVLDSL (multiple virtual lines digital subscriber line) é uma versão


proprietária de DSL desenvolvida pela Paradyne. Permite que seja conectados até oito
37
FTTH — fibre to the home: Rede onde a fibra óptica vai do comutador telefônico até as dependências
dos usuários.
38
NSP — network service provider: Companhia que oferece acesso ao backbone Internet e aos NAP
(network access points) para os ISP.
39
HDTV — high-definition television: Tipo de transmissão de televisão com resolução maior que os
padrões atuais de 525 ou 625 linhas. Atinge resolução horizontal de 1.125 linhas e utiliza relação de
aspecto entre as dimensões horizontal e vertical de 1,778:1 – mais próxima dos padrões da indústria
cinematográfica, como o esférico de 1,850:1 e o Panavision de 2,350:1 –, em oposição à relação de
1,333:1 dos televisores convencionais. O padrão de transmissão de áudio é o Dolby Digital e os sinais
digitalizados são transmitidos com compressão.
40
FEC — forward error correction.
41
SLC — simple line code.
31

modens em um único par POTS, permitindo que cada um tenha uma banda de até 768
kbit/s para envio e recebimento e alcance de até 9,1 km. Não usa splitter e pode ser
usada para conectar vários computadores dentro de um mesmo prédio, como se estes
fizessem parte de uma LAN.
32

2. A tecnologia cable modem


O Cable modem é um serviço de acesso à Internet em alta velocidade,
baseado na infra-estrutura de transmissão de TV por assinatura. Essa estrutura é
viabilizada pela utilização do cable modem, um equipamento de comunicação que
permite a transmissão de dados em altíssima velocidade através da infra-estrutura de
CATV, por cabos coaxiais, HFC e MMDS42.

Figura 2.2 — Cable modem


Ao assinante é oferecido um sofisticado conjunto de informações e serviços
diferenciados. A conexão de alta velocidade não deve ser entendida como o produto
final a ser comercializado, mas como o meio para disponibilizar novas soluções, no
conceito one stop shopping, pois a redução drástica do tempo exigido para transferência
de dados viabiliza serviços que não poderiam ser oferecidos em conexões discadas
convencionais. Particularmente, o acesso em alta velocidade maximiza a consulta à
bases de conteúdo de informações que comporão o site do provedor, assim como
viabiliza a utilização dos modernos jogos eletrônicos desenvolvidos especialmente para
a Internet, download de software, trailers de filmes e chats de alta performance. São
esses componentes de valor agregado que justificarão a migração de assinantes dos
provedores de acesso convencionais para os que oferecem cable modem. Num segundo
estágio, o serviço deverá evoluir para oferecer novas funções, que demandarão parcerias
42
MMDS — multichannel/multipoint distribution system: Modalidade de transmissão que se utiliza de
faixa de microondas para transmitir sinais a serem recebidos em pontos determinados dentro da área de
prestação do serviço. É usada para a transmissão de canais de TV por assinatura – até 31 canais de 6
MHz cada – nos locais aonde não existe cabeamento.
33

específicas e outros investimentos em infra-estrutura. Particularmente, destacam-se as


operações de comércio eletrônico, comunicação de dados corporativos e telefonia de
voz sobre o protocolo IP.
Existem atualmente duas situações de comercialização do serviço e em
ambas a operadora de TV a cabo vende o acesso e assume o papel de provedor ISP. Na
primeira situação, o vendedor normalmente fornece o cable modem e o CMTS para o
integrador do sistema – quem comercializa a TV a cabo, que pode ser a própria
operadora. Este integrador fornece um sistema completo de cable modem à operadora,
podendo incluir os amplificadores dos canais de retorno. O assinante aluga ou compra o
modem da operadora de TV a cabo.
A segunda situação é a ideal sob vários pontos de vista, mas não pôde ser
implementada antes da padronização definitiva do cable modem, porque necessita que
todos os equipamentos de fabricantes diferentes sejam compatíveis entre si. A diferença
desta para a situação apresentada acima é que o assinante compra o modem em uma loja
comum e a operadora de TV a cabo fornece apenas o serviço. Em algumas áreas dos
Estados Unidos esta situação já é uma realidade.
Para que a operadora de TV a cabo garanta altas velocidades de
transferência de arquivos, existem duas possibilidades que dever ser consideradas:
dados locais em servidores de conteúdo próprios e grandes quantidades de dados
provenientes de outros servidores em cache, armazenados em servidores proxy43.
A velocidade de conexão varia muito, dependendo do sistema de cable
modem adotado, da arquitetura da rede de TV a cabo e do tráfego em si. O fluxo de
dados downstream pode atingir velocidades de até 27 Mbit/s, o que resulta em
velocidades de recebimento de dados de cerca de 1 a 3 Mbit/s, se for considerado o fato
da largura de banda ser compartilhada por vários usuários. Na direção de envio dados,
as velocidades podem atingir até 10 Mbit/s. O modelo mais comum é o assimétrico,
devido à própria natureza assimétrica das aplicações.
O termo cable modem se refere a um “modem” que opera sobre a rede de
TV a cabo. Na verdade, a denominação modem é equivocada, pois este atua mais como
uma interface de rede do que como modulador/demodulador. Ele acumula funções
associadas a um modem, sintonizador, encriptador/decriptador, bridge, roteador,
interface de rede, agente SNMP e hub Ethernet.
Um dos inconvenientes do sistema surge se o usuário desejar utilizar o
cable modem para criar um servidor de HTTP ou FTP. Para que isso seja possível, deve
contornar o fato de que o ISP fornece sempre um endereço IP dinâmico. Existem alguns
programas que contornam isso, implementando um DNS dinâmico e associando um
nome de domínio permanente a um endereço IP dinâmico. O provedor pode também
bloquear portas, impedindo o uso de certos serviços.

43
Proxy server — Servidor que localiza-se entre uma aplicação cliente – como um web browser – e um
servidor de arquivos. Intercepta as requisições feitas ao servidor real e tenta fornecer os dados
solicitados. Se isto não é possível, repassa a requisição ao servidor. A utilização principal é a melhora no
desempenho de acesso a dados, comportando-se como uma memória ou servidor cache, mas também
pode ser usado para filtrar o acesso a certas páginas ou bases de dados.
34

Como os assinantes compartilham a largura de banda disponível durante


suas sessões, existe a preocupação de que o desempenho da rede caia à medida que mais
usuários se conectam. Em um primeiro momento, pode-se pensar que quando 200
usuários compartilharem uma largura de banda de 27 Mbit/s sobrará cerca de 135 kbit/s
para cada um – ligeiramente maior que os 128 kbit/s de uma conexão ISDN. Isto não é,
necessariamente, verdade. Diferentemente da rede telefônica comutada, onde é alocada
uma conexão dedicada para cada usuário, os usuários do cable modem não ocupam uma
parcela fixa da largura de banda durante o tempo em que permanecem conectados. Os
recursos da rede são alocados somente na transmissão e recepção de dados em rajadas.
Ao invés de cada usuário ter disponível uma taxa fixa de 135 kbit/s, a este é permitido
usar toda a largura de banda disponível durante o tempo de transmissão de seus pacotes
de dados – tempos da ordem de milissegundos.
Se ocorre congestionamento durante períodos de uso intenso – geralmente
no período da noite, quando as pessoas chegam em casa e ligam a TV –, a operadora
tem a flexibilidade de alocar mais um canal adicional – largura de banda de 6 MHz –,
duplicando a largura de banda disponível para os usuários. Pode-se também substituir os
cabos coaxiais e colocar fibra óptica cada vez mais perto do domicílio dos usuários,
reduzindo-se número de residências servidas por cada segmento da rede e aumentando a
largura de banda disponível para cada usuário.
O público-alvo foi classificado em três diferentes perfis de usuário:
assinante residencial, condomínios e corporativo. Cada modalidade utilizará uma
solução tecnológica distinta, implicando em diferentes níveis de serviços e de preços de
assinatura. Por tratar-se de um novo negócio, esse serviço será oferecido tanto para
clientes quanto para não clientes das distribuidoras de TV por assinatura, sendo
facultativa a contratação de um pacote de TV paga pelo assinante.
a) Assinatura residencial — O assinante contrata o serviço diretamente do provedor e
compra o seu cable modem no mercado de varejo de informática. A única restrição é
que o equipamento seja compatível com o padrão MCNS DOCSIS (versão 1.0),
ficando a critério do assinante a marca ou fabricante. Quanto à instalação do cable
modem no computador, poderá ser executada pelo próprio assinante ou contratada, a
um custo adicional, junto à empresa de instalação do serviço Internet credenciada. Já
a conexão com o cabo coaxial de RF44, será efetuada através de uma AT (assistência
técnica), semelhante à instalação de um ponto adicional de TV paga. Conforme
mencionado, o assinante residencial continuará necessitando de uma linha telefônica
convencional para acesso ao serviço, utilizando a tecnologia telco return. Essa linha
será conectada ao cable modem integrado, que dispõe de uma interface RJ-11 45 em
adição à interface coaxial de RF, ou ao modem convencional também instalado no
microcomputador do assinante.
b) Assinatura coletiva — É oferecida para os condomínios residenciais e comerciais,
onde o serviço é contratado e pago pela administradora do condomínio e a
instalação é executada na modalidade turn-key (pronta para funcionar). A principal
44
RF — radio frequency: Radiofreqüência.
45
RJ-11 — registered jack-11: Conector de 4 ou 6 fios usado para a conexão de equipamentos telefônicos
nos Estados Unidos e alguns periféricos de rede.
35

diferença da assinatura individual para a coletiva é que foi implantada uma infra-
estrutura tecnológica que permite a adoção de um único cable modem e uma linha
de retorno compartilhada. Essa infra-estrutura é composta por um computador, um
cable modem e equipamentos de comunicação, que serão instalados numa área
comum do prédio, potencialmente na guarita de segurança. O único equipamento a
ser adquirido diretamente pelo condômino é a placa de rede padrão Ethernet, cuja
instalação no micro segue os mesmos critérios do cable modem. Para o assinante, o
maiores benefícios dessa solução são: liberar a linha telefônica, que representa um
transtorno típico aos usuários; acesso permanente, denominado always-on, onde o
usuário estará conectado à Internet assim que acionar o seu software de browser,
sem necessidade de discagem para o provedor do serviço de Internet.
c) Assinatura corporativa — Destinada à empresas com um número pequeno de
usuários. Tecnicamente, essa modalidade é semelhante aos condomínios podendo
ser customizada de acordo com o interesse e a forma de utilização do serviço pela
empresa.

2.1. Rede de TV a cabo


Os sinais provenientes de várias fontes – radiodifusão, transmissões de TV
via satélite, produções de estúdios locais – são recebidos e processados no head-end. A
operadora de cabo recebe diferentes programas de fontes diferentes e os retransmite
através de redes de cabos coaxiais ou redes híbridas de cabos coaxiais e fibras ópticas.
Os sinais de televisão são impulsos ou ondas eletromagnéticas que
propagam-se na atmosfera dentro de um espectro de freqüências. Esses sinais
necessitam de um meio através do qual se propagar. Transmissões de TV por
radiodifusão viajam através do ar ou de cabos especiais – cabo coaxial ou paralelo.
Cada sinal de TV propaga-se em uma freqüência diferente dentro do cabo e o cabo
coaxial atua como um subconjunto do espectro de freqüências. A largura de banda
teórica máxima do cabo coaxial é da ordem de 1 GHz.
Geralmente, um cabo tronco de alta capacidade conduz os sinais a partir da
operadora de TV a cabo. A este são conectados cabos menores que distribuem os sinais
nos diversos bairros de uma cidade. Quando um cliente adquire os serviços de TV a
cabo, a operadora coloca um cabo coaxial que sai do distribuidor – alimentado pelos
cabos distribuidores – e entra na residência do cliente. Normalmente, é colocado um
tipo de fusível entre o cabo que chega até a residência e o cabo que efetivamente entra
nesta, a fim de evitar acidentes com descargas elétricas (raios). A partir daí, o cabo é
conectado a um aparelho de TV, um videocassete ou um decodificador/conversor de TV
a cabo. Esta estrutura em árvore é o método mais econômico e eficiente para se
transmitir um pacote de múltiplos canais a partir do head-end até os clientes.
Os sinais de TV transmitidos nos Estados Unidos são transmitidos em canais
de 6 MHz, enquanto na Europa os canais são de 8 MHz. Sistemas tradicionais de cabos
coaxiais operam tipicamente com larguras de banda de 300 a 450 MHz, enquanto os
sistemas HFC operam com larguras de banda de 750 MHz ou mais. Tomando o modelo
norte-americano como exemplo (6 MHz), é possível transmitir em torno de 50 a 75
36

canais de TV analógicos em um sistema de cabos coaxiais e cerca de 125 canais em um


sistema HFC.
A idéia da televisão a cabo é melhorar a transmissão dos sinais analógicos
de TV, substituindo a transmissão por radiodifusão. A estrutura inicial da rede é
composta por cabos coaxiais blindados e amplificadores – para compensar a atenuação.

2.1.1. A estrutura da rede de TV a cabo

As redes de TV a cabo tradicionais, surgidas nas décadas de 60 e 70, foram


instaladas de maneira independente umas das outras, servindo comunidades locais. A
arquitetura que surgiu foi em árvore, já que a instalação ponto-a-ponto seria
economicamente inviável e não ofereceria nenhuma vantagem em relação ao
compartilhamento do meio, como ocorre na estrutura em árvore. Os principais
componentes desta arquitetura são:
a) Head-end — responsável pela concentração dos sinais recebidos de fontes
diferentes. Os sinais analógicos de 6 MHz são modulados com a técnica de
multiplexação por divisão de freqüências (FDM) e mapeados para o espectro
eletromagnético do cabo.
b) Tronco — São usados cabos coaxiais de alta capacidade, que podem carregar o
sinal por até 24 km sem grandes perdas.
c) Amplificadores — À medida que o sinal percorre a rede, este vai sofrendo perdas
por atenuação ou pela divisão através das ramificações da rede. Surge, então, a
necessidade do uso de amplificadores ao longo da rede de distribuição. Com o uso
destes amplificadores surgem também alguns problemas, pois o cascateamento
excessivo de amplificadores cria distorções no sinal original. Além disso, os
amplificadores são alimentados pela rede elétrica AC, tornando-os vulneráveis a
falhas no fornecimento de energia elétrica.
d) Alimentadores e pontos de descida — Localizados normalmente nos postes de luz
e telefone, estes cabos são a ponta da rede do lado do usuário. Conectam-se às
residências através de cabos coaxiais de baixa capacidade.

2.1.2. A rede HFC

A rede de acesso híbrida HFC é similar à rede tradicional de TV a cabo.


Alguns segmentos da rede de cabos coaxiais – troncos e alimentadores – são
substituídos por cabos de fibra óptica. Este é o primeiro passo que permite a
comunicação bidirecional de dados. Neste caso, é necessário um protocolo de acesso
(MAC) para controlar o tráfego upstream (usuário → head-end).
As vantagens em relação à estrutura original são muitas. Não se faz mais
necessário o uso de amplificadores, pois a fibra óptica é mais imune a ruídos e a
atenuação do sinal é irrelevante. Com isso, diminui-se os problemas com falta de
fornecimento de sinal devido a falhas no fornecimento de energia elétrica. Só a
economia feita com a eliminação do custo de manutenção dos amplificadores já basta
para pagar – a longo prazo – a substituição dos cabos coaxiais [AZZ 97].
37

Esta estrutura, segundo um estudo feito pela Bell Atlantic, é capaz de


suportar serviços como: telefonia (voz), até 37 canais analógicos de TV, até 188 canais
digitais de TV, até 464 canais sob demanda (pay-per-view), links digitais bidirecionais
de alta capacidade.
A fim de selecionar qual o esquema de modulação mais eficiente para os
canais de upstream e downstream, devem ser determinados alguns parâmetros. Os
fatores mais importantes que devem ser levados em conta na modelagem dos canais são
os seguintes:
a) a fibra óptica afeta o sinal digital através do atraso de grupo devido às altas
freqüências de modulação e o ruído branco gaussiano adicionado (ruído térmico);
b) resposta falsa e resposta impulsiva, criada por tilt – alterações lineares na amplitude
– e ripple – soma das alterações senoidais variantes da amplitude;
c) zumbido de modulação de amplitude (AM) e de freqüência (FM) causado pelo
acoplamento eletromagnético da rede de energia elétrica;
d) ruído impulsivo, causado por clipping do laser46 – quando a soma de todos os canais
excede a capacidade deste – e interferências eletromagnéticas – rede elétrica de alta
tensão, raios e descargas elétricas causadas por aparelhos eletroeletrônicos;
e) ruído de fase, criado no head-end e nos modens dos assinantes e depende das
características dos componentes de radiofreqüência;
f) variações cíclicas no ganho dos canais – mudanças lentas na amplitude do sinal;
g) microrreflexões devido a descontinuidades no meio de transmissão;
h) ruídos causados por conectores defeituosos;
i) distorção de caminho comum ou rejeição de modo comum, causada por não-
linearidades dos dispositivos passivos e corrosão dos conectores – é criado um
diodo de ponto de contato, permitindo a entrada de ruído no sistema;
j) ruído causado pela ionização do ar que cerca uma linha de transmissão de alta
voltagem (mais de 300 kV) que esteja nas proximidades do cabo coaxial da rede;

2.2. Componentes do sistema cable modem


De maneira similar aos modens convencionais, os cable modens são
oferecidos nos modelos interno e externo. Embora seja uma opção do assinante, a
preferência deve recair sobre o modelo interno, que é uma placa a ser inserida num slot
disponível no microcomputador, pois é mais barato que o modelo externo. Este último
deverá atender aos usuários de computadores portáteis, microcomputadores da linha
Apple e de microcomputadores sem slots disponíveis.
Existem basicamente três modelos de cable modem (fig. 2.2):

46
Laser — light amplification stimulated emission of radiation: Feixe de luz acromático de grande
intensidade luminosa.
38

2.2.1. Externo

Conecta-se ao computador através da interface de rede Ethernet – esta


interface pode ser usada para conectar mais de um computador. É compatível com a
maioria dos sistemas operacionais e plataformas de hardware. Na maioria dos modens
externos existe uma porta de 10 Mbit/s, o que é suficiente. Poderia se especular se não
seria necessária uma porta de 100 Mbit/s para aproveitar a capacidade do sistema, que
pode chegar a 56 Mbit/s. Entretanto, esta taxa jamais é atingida individualmente, já que
a banda de recebimento de dados é compartilhada por vários usuários. A primeira versão
do padrão MCNS – dominante no mercado norte-americano – especifica somente esta
interface de 10 Mbit/s. O padrão DVB/DAVIC é totalmente aberto, permitindo qualquer
tipo de interface. A versão mais atualizada do MCNS está incorporando outros tipos de
interface, a fim de permitir uma maior quantidade de configurações.

Figura 2.2 — Tipos de cable modem


Pode também ser conectado através de uma interface USB, mas restrito a
apenas um computador. Este tipo de interface é mais agradável aos olhos dos usuários
sem muitos conhecimentos de informática, que não estão acostumados a abrir o
gabinete do computador para instalar placas de expansão.

2.2.2. Interno

É uma placa conectada ao barramento PCI. É a implementação mais barata


possível, mas tem alguns inconvenientes. Pode ser usado somente em computadores do
tipo PC desktop. O conector do cabo não é isolado galvanicamente do fio de
alimentação elétrica, podendo criar problemas com algumas redes de TV a cabo,
exigindo uma atualização mais dispendiosa das instalações da rede.
39

2.2.3. Terminal interativo

É na verdade, um cable modem disfarçado. A função primordial deste


terminal é oferecer um maior número de canais de TV no mesmo número limitado de
freqüências. Isto é possível com o uso de codificação digital DVB. Fornece um canal de
retorno – muitas vezes uma conexão através do sistema telefônico POTS – que permite
ao usuário fazer acesso à Internet diretamente na tela da TV. Conectado a este, está um
terminal interativo que suporta um throughput de 27 Mbit/s por canal de 6 MHz, além
de ter capacidade de processamento suficiente para rodar um browser.
Normalmente, na instalação do cable modem é necessária a substituição do
cabo e a colocação de um separador (splitter). O sinal transmitido pode ser tão forte a
ponto de interferir com qualquer televisor que esteja instalado no mesmo cabo. Neste
caso, deve ser instalado também um filtro passa-alta no cabo que está conectado aos
televisores, permitindo a passagem das freqüências mais altas e bloqueando as
freqüências da banda de envio de dados (fig. 2.3). O filtro evita também que a rede
elétrica interfira nos dados digitais enviados. Os ruídos provenientes de cada residência
– conectores frouxos, cabeamento de má qualidade – vão se acumulando à medida que o
sinal trafega na direção do head-end – a estrutura da rede de TV a cabo é em formato de
árvore –, tornando-se crucial a atenuação desses ruídos individuais.

Figura 2.3 — Splitter


Os cable modens são diferentes, mas a arquitetura básica é constituída de
alguns componentes básicos (fig. 2.4):

Figura 2.4 — Arquitetura de um cable modem


40

a) Sintonizador — Converte os canais de TV para uma freqüência pré-fixada (6 a 40


MHz). Conecta-se diretamente ao terminal de antena da TV a cabo e normalmente
contém um demultiplexador embutido, para ser capaz de trabalhar com os sinais de
upstream e downstream. Deve ser capaz de receber sinais digitais modulados em
QAM. Está em desenvolvimento uma versão do sintonizador “em silício”, que deve
baratear os custos de produção.
b) Demodulador — Na recepção realiza conversão analógica/digital, demodulação
QAM 64/256, correção de erros (Reed-Solomon) e sincronização de quadros
MPEG. É necessário tanto nas instalações com cable modem quanto nas instalações
que usam o terminal interativo.
c) Modulador de rajada — Na transmissão realiza codificação Reed-Solomon dos
dados transmitidos, modulação QPSK/QAM-16 na freqüência selecionada e
conversão digital/analógica. O sinal de saída é alimentado através de um circuito
com nível de sinal variável, para que este possa ser ajustado para compensar as
perdas elétricas na transmissão através dos cabos coaxiais. Existem disponíveis
atualmente circuitos que concentram em um único circuito integrado as funções do
demodulador e do modulador.
d) Controlador de acesso ao meio — O mecanismo MAC (media access control) está
presente na transmissão e na recepção. A finalidade primordial do MAC é
compartilhar o meio de uma maneira inteligente. Ele extrai os dados dos quadros
MPEG, filtra os dados, roda o protocolo de acesso e determina a temporização da
transmissão dos sinais. Pode ser implementado em hardware ou em combinação de
hardware/software. O MAC do cable modem é bem mais complexo que o MAC
Ethernet e necessita do auxílio de um microprocessador para implementar todas as
funções inerentes à camada de controle. Os fabricantes estão disponibilizando
controladores para os modens do padrão DOCSIS e DVB/DAVIC. Alguns,
inclusive, estão desenvolvendo controladores proprietários.
e) Interface — Conecta o cable modem ao computador, podendo ser apresentada em
várias versões, como Ethernet (RJ-4547), USB, PCI e outras.
f) CPU — A unidade central de processamento – microprocessador – não aparece
explicitamente no diagrama, mas é necessário em cable modens externos. Alguns
modens internos usam o processador do próprio computador para realizar o
processamento, de maneira semelhante a alguns modens convencionais (WinModem
48
). São usados microprocessadores PowerPC49 ou outras arquiteturas RISC50.

47
RJ-45 — registered jack-45: Conector de 8 fios usado para a conexão de periféricos de rede.
48
WinModem — Nome popular pelos quais são conhecidos os modens do tipo host-based, que utilizam
o processador do computador para realizar algumas operações (software). Como não utilizam
processador próprio (hardware), tendem a custar menos que os modens convencionais.
49
PowerPC — Arquitetura de computadores baseados em RISC desenvolvida conjuntamente pela IBM,
Apple Computer e Motorola Corp.
50
RISC — reduced instruction set computer: Arquitetura de microprocessador que usa um número
relativamente limitado de instruções, em oposição à arquitetura CISC (complex instruction set
computers).
41

O cable modem troca informações periódicas com o head-end para manter a


conexão aberta e troca periodicamente o endereço IP, através do protocolo DHCP.

2.2.4. A estrutura da rede de cable modem

A estrutura básica (fig. 2.5) de um sistema de cable modem baseado na


estrutura HFC é composta de cinco partes principais:
a) Head-end — É o centro de operações da rede (fig. 2.6) e atende tipicamente de
200.000 a 400.000 domicílios. Um switch ou roteador IP faz a interface com o
backbone da rede de dados, oferecendo conectividade aos servidores de conteúdo e
à Internet. Este switch ou roteador também conecta-se com os CMTS, localizados
nos hubs de distribuição. Alguns operadores de TV a cabo implementam soluções de
alta capacidade, como POS51 e velocidades OC-12 – 622,08 Mbit/s. Os servidores de
conteúdo e aplicações estão localizados no head-end, bem como o gerenciamento da
rede e sistemas de suporte. Se o operador de cabo oferece também o serviço de
telefonia IP, as chamadas de voz podem ser direcionadas pelo roteador para uma
porta de comunicação (gateway52) específica, que conecta-se com o PSTN.

Figura 2.5 — Estrutura de um sistema de cable modem

51
POS — packet over SONET.
52
Gateway — Combinação de hardware e software que interliga duas redes de tipos diferentes.
42

Figura 2.6 — Head-end


b) Hubs de distribuição — O hub é o ponto de interconexão entre a rede regional de
fibra óptica e a rede HFC (fig. 2.7). Atende de 20.000 a 40.000 domicílios em um
anel de fibra. No hub, o CMTS concentra os dados provenientes de uma WAN e
modula os sinais digitais para transmissão através dos enlaces de fibra óptica da rede
HFC. O CMTS oferece um canal dedicado de downstream de 27 Mbit/s e a largura
de banda de upstream varia entre 2 e 10 Mbit/s por nó de distribuição.

Figura 2.7 — Hub de distribuição


c) Nó de distribuição — Localizado na vizinhança do usuário, atende de 500 a 1.000
domicílios.
d) Cabo — Conecta-se ao transceiver e vai até a residência do usuário.
e) Equipamento terminal — Interface entre a rede, o aparelho de TV e o computador.
43

2.3. Como funciona a tecnologia cable modem


Em alguns casos, o provedor não tem o cabeamento necessário para permitir
a transferência de dados nos dois sentidos. Nesse caso, os provedores oferecem o cable
modem com a tecnologia telco return, onde a rede de CATV é utilizada para a
transmissão downstream (provedor → assinante) e uma linha telefônica comum
estabelece o acesso upstream (assinante → provedor). Na transmissão em duas vias
(two-way), tanto o downstream quanto o upstream são transmitidos pelo cabo, fazendo
com que a linha telefônica seja liberada. Como a demanda por serviços de transmissão
de dados em alta velocidade é induzida, antes de mais nada, por necessidade de
velocidades de downstream maiores, esta é uma opção viável, que permite que as
operadoras de TV a cabo conquistem rapidamente o mercado de assinantes residenciais.
Uma rede de TV a cabo é projetada para distribuição de canais de televisão
analógicos e, com pequenas modificações nos amplificadores de sinal, permite a
transmissão de sinais nas duas direções: usuário → head-end (baixas freqüências) e
head-end → usuário (altas freqüências). A maioria das redes existentes hoje em dia são
do tipo HFC, nas quais o sinal percorre a distância entre a central de distribuição e
pontos próximos aos usuários através de fibra óptica – comprimento máximo de 5 km –
e, a partir daí, vai até as dependências do usuário através de cabo coaxial. Um CMTS
normalmente suporta até 2.000 usuários simultâneos sobre um único canal de TV. Se for
necessário conectar mais usuários deve-se aumentar o número de canais. Dependendo
da distância entre o head-end e o usuário, pode haver um grande atraso (delay) na
propagação do sinal – máximo de 400 µS de ida e volta.
O fluxo de sinal recebido pelo cable modem é chamado de downstream. As
freqüências utilizadas variam de 42 a 850 MHz no padrão americano – largura de banda
de 6 MHz por canal (fig. 2.8) – e entre 65 e 850 MHz no padrão europeu – largura de
banda de 8 MHz por canal. Para a modulação são utilizados o padrão QAM-64 com 6
bits por símbolo – o mais comum – e o QAM-256 com 8 bits por símbolo – mais rápido,
porém mais sensível ao ruído. A taxa bruta 53 de transferência de dados depende da
modulação e da largura de banda (tab. 2.1).

53
A taxa de transferência bruta é ligeiramente maior que a taxa de transferência efetiva devido à correção
de erros, framing e outros tipos de overhead.
44

Figura 2.8 — Upstream e downstream


Como o fluxo de recebimento de dados é recebido por todos os cable
modens (broadcasting), a largura de banda é compartilhada entre todos os cable modens
ativos no sistema. Isto é similar ao que acontece com uma rede Ethernet, só que o
desperdício da largura de banda é muito menor. Outro problema que pode surgir dom
compartilhamento da banda é a falta de segurança dos dados transmitidos. Alguns
sistemas não utilizam encriptação dos dados – MCNS/DOCSIS usa encriptação DES 54
–, permitindo que os usuários que estejam no mesmo laço observem o tráfego enviado
pelos outros.
Tabela 2.2 — Taxa de transferência bruta
QAM-64 QAM-256
6 MHz 31,2 Mbit/s 41,6 Mbit/s
8 MHz 41,4 Mbit/s 55,2 Mbit/s
Para efeito de cálculos, na tabela acima foram usadas uma taxa de 6,9×10 6 símbolos por segundo para a largura de
banda de 8 MHz e uma taxa de 5,2×106 símbolos por segundo para a largura de banda de 6 MHz.
fonte: http://www.cable-modems.org/tutorial/08.htm

O fluxo de sinal enviado pelo cable modem é chamado de upstream. As


freqüências utilizadas variam de 5 a 42 MHz no padrão americano e entre 5 e 65 MHz
no padrão europeu. A largura de banda é da ordem de 2 MHz por canal. Para a
modulação são utilizados o padrão QPSK55 com 2 bits por símbolo e o QAM-16 com 4
bits por símbolo – mais rápido, porém mais sensível ao ruído. Normalmente, um canal
de recebimento é associado a vários canais de envio. Este fluxo tem a característica de
tráfego em rajada e muitos modens podem transmitir nas mesmas freqüências, mas em
slots temporais diferentes, marcados como reservado, de disputa ou de revestimento.
a) Slot reservado — O reserved slot é designado para um cable modem em particular
e nenhum outro pode transmitir neste espaço de tempo. O CMTS (head-end) aloca
os slots para vários cable modens baseado em um algoritmo de alocação de banda –
diferente para cada fabricante. Este tipo é usado normalmente para transmissões de
dados de longa duração.
b) Slot de disputa — O contention slot é livre para que todos os cable modens possam
transmitir no mesmo espaço de tempo. Se dois modens decidem transmitir neste
mesmo espaço de tempo, os pacotes de dados colidem e os dados são perdidos. O
CMTS sinaliza que nenhum dado foi recebido e os modens enviam novamente os
seus pacotes. Este tipo de slot é usado normalmente para transmissões de dados de
curtíssima duração – uma requisição por mais slots reservados, por exemplo.
c) Slot de emparelhamento — Devido à distância física entre o CMTS e o cable
modem, o atraso de tempo na propagação do sinal (delay) varia bastante e chega a
intervalos da ordem de milissegundos. Para compensar este fenômeno, todos os
cable modens empregam um protocolo de ordenação, que efetivamente modifica o
relógio (clock) do modem, adiantando ou atrasando este, para compensar o atraso de
tempo. Para fazer isto, um número de slots consecutivos – normalmente 3 – é posto
54
DES — data encryption standard: Método popular de encriptação de chave simétrica (56 bits)
desenvolvido em 1975 e padronizado pelo ANSI em 1981 – padrão ANSI X.3.92.
55
QPSK — quaternary phase shift keying.
45

de lado de vez em quando. O cable modem tenta enviar o segundo slot. O CMTS
mede o tempo e envia ao modem um valor positivo ou negativo para a correção do
relógio. Os slots anterior e posterior – ranging slots – definem um intervalo de
segurança para evitar que o slot enviado colida com o tráfego normal. Um outro uso
deste tipo de slot é assegurar que todos os cable modens transmitam a um nível de
potência que faça com que todas as rajadas de dados enviados cheguem no CMTS
com níveis iguais. Isto é essencial para a detecção de colisões, mas é necessário
também para otimizar o desempenho do demodulador no CMTS. A atenuação do
sinal pode variar até mais de 15 dB. Se dois modens transmitirem simultaneamente,
mas o sinal de um for mais fraco que o outro, o CMTS ouvirá apenas o sinal mais
forte e ignorará o sinal mais fraco. Se os dois sinais tiverem potências iguais, haverá
interferência mútua entre eles e o CMTS saberá que ocorreu uma colisão.
O fluxo de dados enviados é composto de breves rajadas. O padrão
DVB/DAVIC exige que esta rajada tenha um comprimento fixo, ao passo que o padrão
MCNS especifica rajadas de comprimento variável. E este fluxo de dados é composto
de uma única rajada, e o demodulador precisa de um sinal que avise que esta está para
ocorrer. Para o padrão DVB/DAVIC, este aviso é a existência de uma palavra de 32 bits
de dados. Sem este mecanismo, o demodulador poderia estar ocupado, demodulando
ruído, e não poderia atender os dados reais, quando estes chegassem. Este mecanismo
determina também uma ressincronização a cada rajada. Aqui também é usado o
algoritmo Reed-Solomon. É transmitida uma célula ATM por rajada e 18 slots em 3 ms
(DVB/DAVIC).
O fluxo de dados recebidos (downstream) é estruturado em quadros, de
acordo com a especificação MPEG TS56. Cada quadro é um bloco de 188 ou 204 bytes
com um byte de sincronismo na frente de cada bloco. O algoritmo de correção de erros
Reed-Solomon – 6 erros em 204 bytes – reduz o tamanho do bloco de 204 para 188
bytes, deixando 187 bytes para o cabeçalho MPEG e carga útil. No padrão
DVB/DAVIC, o quadro interno à carga útil é simplesmente um fluxo de células ATM.
Como uma estação não pode ouvir as transmissões das outras estações, ela é
incapaz de detectar colisões e de coordenar suas próprias transmissões. Com um
protocolo de acesso ao meio (MAC), estações com ramificações podem compartilhar a
largura de banda de upstream. Para o downstream, o problema de acessos múltiplos não
existe, pois somente o head-end pode transmitir dados nesta direção. Uma parte deste
canal é usada para o controle de difusão e para a informação de realimentação,
requeridos pelo protocolo MAC. Os três problemas principais abordados pelo protocolo
são: sincronização, modos de acesso ao canal upstream e resolução de colisões.
A rede HFC necessita de dois níveis de sincronização: a sincronização ao
nível físico, que alinha os sinais em nível de bit e a sincronização ao nível MAC, que
alinha os fluxos de bits em nível de pacote. Como o atraso na propagação sobre HFC é
significante, a sincronização ao nível MAC não pode ser ignorada, como ocorre no
protocolo CSMA/CD57 das redes Ethernet. Cada estação tem um atraso de propagação
diferente. Isto significa que, quando o head-end reserva um slot de tempo para uma
56
TS — transport stream.
57
CSMA/CD — carrier sense multiple access with collision detection.
46

determinada estação, esta deve adaptar-se para transmitir de acordo com o seu atraso de
propagação, para que o quadro transmitido encaixe-se perfeitamente no slot temporal
reservado para ele ao chegar no seu destino (head-end).
As estações também não têm condições de detectar colisões, pois não
podem escutar o canal de upstream. É impossível abortar transmissões que geram
colisões, como acontece no CSMA/CD. Uma prática usual para reduzir as perdas de
largura de banda com colisões consiste no envio – por parte da estação que deseja
enviar um quadro de dados – de um quadro pequeno de requisição para informar ao
head-end que se deseja transmitir. Este é conhecido como modo de acesso reservado.
Existe também um modo de acesso isócrono, que libera a estação da tarefa de enviar
periodicamente as requisições no caso de um fluxo de dados contínuo.
Ainda assim, podem ocorrer colisões entre as próprias requisições. Para isso
é necessário um mecanismo de resolução de colisões. Os mecanismos adotados são o de
árvore n-ária e p-persistência.
Os conceitos de mini-slot, intervalo de resolução de colisões e modo de
acesso do protocolo IEEE 802.14 serão apresentados no cap. 3, juntamente com uma
descrição dos mecanismos de resolução de colisões e dos problemas de sincronização.

2.4. Os vários padrões de cable modem


Como resultado da crescente utilização de cable modens em outros países,
estão sendo conduzidos esforços de certificação dos diversos fornecedores em relação
aos padrões de mercado.
Os modens da primeira geração são os que não seguem um padrão, usam
tecnologias proprietárias e não funcionam no mesmo CMTS e head-end. Os sistemas
baseados nos padrões MCNS/DOCSIS (multimedia cable network system/data-over-
cable service interface specification) 1.0/1.1 – Estados Unidos – e DVB/DAVIC (digital
video broadcasting/digital audiovisual council) 1.3/1.4/1.5 – Europa – compõem os
considerados de segunda geração, são os sistemas que estão no mercado atualmente –
surgiram em 1997 – e são compatíveis entre si. Por último, veio o padrão IEEE 802.14,
que perdeu espaço para os outros padrões, mas pretende ser o padrão para os modens de
terceira geração.
Desde o início pensou-se em cable modens que fossem interoperáveis, de
baixo custo e que fossem facilmente encontrados no varejo – como acontece com
modens convencionais e adaptadores de rede. Desse modo, as operadoras podem evitar
o investimento de capital na compra de modens para serem alugados aos clientes e os
usuários têm uma maior liberdade de escolha de fabricantes e modelos.

2.4.1. IEEE

Em maio de 1994 foi criado um grupo de trabalho no IEEE, a fim de criar


padrões internacionais para comunicação de dados sobre a rede de televisão a cabo. O
objetivo original era submeter uma proposta em dezembro de 1995, mas esta foi adiada
para o final de 1997.
47

Após perder terreno para os outros padrões, o IEEE associou-se com as


empresas Broadcom e Terayon para definir a próxima geração da camada física, que
suportaria taxas de bits de 30 Mbit/s para upstream. Notícias não oficiais dizem que isto
também seria atingido na versão 1.2 do padrão DOCSIS.
Este grupo é formado, em sua maioria, por fabricantes, e o objetivo maior é
garantir que o padrão atual seja facilmente adaptável às tecnologias futuras.

2.4.2. DVB/DAVIC

Este padrão é também conhecido como DVB/RCC (return channel for


cable) e ETSI 300 800. Inicialmente era administrado pelo DAVIC e hoje é
administrado pelo DVB. Poucos fabricantes desenvolvem produtos neste padrão, mas
em número suficiente para ser um importante concorrente do padrão DOCSIS europeu.
Este padrão é baseado em um tamanho fixo de célula ATM e inclui todos os
padrões de QoS conhecidos do ATM. O padrão satisfaz os requisitos de transferência de
dados de TCP/IP58 – usando AAL559 – e telefonia – ATM puro. A transmissão de voz
sobre IP não é a melhor solução, mas também é possível de ser implementada. O padrão
era inicialmente desprovido de segurança (encriptação), o que foi adicionado na versão
1.4. É um padrão aberto para implementações internas e externas e cobre também
implementações de terminais interativos com um canal de recebimento fora da banda.

2.4.3. MCNS/DOCSIS

É o padrão dominante nos Estados Unidos, apesar de ainda não ter uma
padronização formalizada. Este padrão surgiu para atender os desejos das operadoras
MSO60, que querem que os modens sejam facilmente encontrados no varejo. A
Broadcom desempenhou um importante papel promovendo o padrão e a
integração/miniaturização dos componentes.
Este grupo é formado, em sua maioria, por operadoras de TV a cabo, e o
objetivo destes é minimizar o custo dos produtos e diminuir a janela de mercado. Para
tanto, procuraram desenvolver uma tecnologia que se adequasse às necessidades dos
membros e que tivesse pouca complexidade técnica – o que não se observou na prática.
A complexidade do padrão é grande; maior até que o necessário na prática. A primeira
versão do padrão – março de 1997 – não suportava QoS, requerido para aplicações de
telefonia – voz sobre IP –, o que foi adicionado na versão 1.1. Inicialmente era aberto
apenas para versões de modens externos com interface Ethernet, mas agora contempla
também os modens internos e os modelos externos com interface USB – futuramente,
também irá oferecer interface IEEE 139461. Originalmente desenvolvido para o mercado

58
TCP/IP — transmission control protocol/internet protocol: Conjunto de protocolos de comunicação
usado para conectar computadores na Internet, constituindo o padrão de facto para a transmissão de
dados sobre redes.
59
AAL5 — ATM adaptation layer 5: Uma das camadas de adaptação de ATM da recomendação do ITU-
T.
60
MSO — multiple system operator.
48

norte-americano, o DOCSIS gerou uma versão voltada ao mercado europeu 62 que difere
apenas na camada física, sendo compatível com o padrão DVB.
As especificações da camada física – que define as técnicas de modulação –
são semelhantes nos padrões do IEEE e MCNS. A especificação IEEE 802.14 suporta os
Anexos A, B e C do padrão ITU J.83 – modulação QAM-64/256 para downstream com
um throughput de 36 Mbit/s por canal de 6 MHz. O Anexo A é o padrão europeu
DVB/DAVIC, o Anexo B é o padrão norte-americano MCNS e o Anexo C é a
especificação do padrão japonês. O padrão proposto pelo IEEE 802.14 para o upstream
é baseado nas modulações QPSK e QAM-16 – virtualmente o mesmo que o MCNS.
QPSK atinge um throughput de 320 kbit/s por canal de 160 kHz.
Para o controle de acesso ao meio (MAC), o IEEE especificou ATM como a
solução padrão, por causa da garantia de QoS e flexibilidade para a entrega de tráfego
de vídeo, voz e dados. MCNS definiu uma estratégia diferente, usando um esquema
baseado em pacotes de tamanho variável que favorece o tráfego IP – menor custo e
complexidade. Ambas estabelecem como padrão uma conexão Ethernet 10Base-T para
conectar o cable modem ao computador.
A batalha pelo mercado norte-americano já está ganha pelo padrão DOCSIS,
mas os padrões DVB/RCC e EuroDOCSIS ainda estão disputando o mercado europeu.
Alguns artigos relativos a essa disputa podem ser obtidos através de white papers
disponíveis em formato PDF63 nos seguintes endereços:

http://www.cable-modems.org/standards/DVB/dvb_rcc_wpaper.pdf
http://www.cable-modems.org/standards/DOCSIS/DOCSIS_DVB-RC_comparison.pdf
http://www.cable-modems.org/standards/DOCSIS/DOCSIS-in-Europe+White+Paper+v1.pdf

61
IEEE 1394 — Padrão de barramento e interface que suporta transferência de dados isócrona com taxas
de até 400 Mbit/s com entrega garantida e pode conectar até 63 dispositivos simultaneamente. Surgiu na
indústria com alguns nomes proprietários, tais como: FireWire, I-link e Lynx.
62
EuroDOCSIS — Especificação equivalente ao DOCSIS voltada para o mercado europeu.
63
PDF — portable document format: Formato de arquivo desenvolvido pela Adobe Systems que captura
a formatação de uma grande variedade de aplicações de editoração eletrônica, tornando possível o envio
e a visualização de documentos formatados.
49

3. O protocolo MAC do padrão IEEE 802.14


O protocolo de acesso ao meio proposto para o padrão IEEE 802.14 (cable
modem) deve operar em ambientes muito mais hostis que os protocolos MAC existentes
anteriormente. Este deve operar em um ambiente público, aonde a qualidade de serviço
e as expectativas por parte dos usuários são de extrema importância. Deve lidar com
serviços interativos e de multimídia e aplicações com uma grande carência de largura de
banda. O comitê IEEE 802.14 aceitou o desafio de desenvolver um padrão que
funcionasse com os serviços e aplicações atuais e futuras.
Os aspectos mais importantes no projeto do padrão IEEE 802.14 são:
sincronização, modos de acesso ao canal upstream e resolução de colisões. As principais
resoluções tomadas pelo comitê contemplam a compensação de RTC 64, intercalação de
minislots de dados e requisições concorrentes, além da resolução de colisões por
múltiplos mecanismos de resolução de colisões, usando uma árvore n-ária e um
algoritmo p-persistente com regras de transmissão.
Ainda ficaram em aberto os algoritmos de alocação de minislots e
sincronização de requisições. Estes algoritmos do head-end não afetam a
interoperabilidade, mas têm um importância crucial no desempenho.

3.1. Protocolos MAC legados


Dos vários protocolos de controle de acesso existentes, dois merecem
destaque: multiplexação por divisão de tempo e resolução de colisões. A solução ideal
foi desenvolver um mecanismo híbrido, que reunisse as vantagens de ambos.

3.1.1. Multiplexação por divisão de tempo65

Esta técnica especifica um slot temporal para cada estação em um período


de tempo pré-determinado. A janela temporal contém um número fixo de slots, cada um
dedicado a uma estação da rede. Quando uma estação possui um dado a ser enviado,
deve esperar o seu slot de tempo dedicado e, então, transmiti-lo.
A vantagem principal deste mecanismo é a inexistência de colisões no meio
compartilhado. É a solução ideal para tráfegos de taxa de bit constante. As estações têm
sempre o seu slot disponível no tempo certo, de maneira síncrona e o acesso é garantido
a todas elas de maneira justa.
Na maioria das aplicações multimídia, o tráfego ocorre em rajadas e é
imprevisível. A principal desvantagem é o desperdício de recursos da rede. Se uma
estação está ociosa no momento em que chega a sua vez de transmitir, o slot é
desperdiçado.

64
RTC — round trip correction.
65
TDMA — time division multiple access: Tecnologia para serviço de comunicação sem fio, que usa
TDM. Funciona dividindo uma radiofreqüência em slots temporais e alocando-os para múltiplos canais
simultâneos. É usado no sistema de comunicação celular GSM.
50

3.1.2. Mecanismo de disputa e resolução de colisões

Este mecanismo assume que as estações, quando estão prontas para enviar
dados, devem competir para obter acesso ao barramento. A responsabilidade do
protocolo de controle de acesso é arbitrar o acesso, resolver as disputas e controlar o
fluxo de dados, a fim de otimizar o uso dos recursos disponíveis (largura de banda). A
ocorrência de colisões é controlada pelo head-end, que age como um nó de controle
central, que recebe as requisições e envia mensagens às estações através do canal de
downstream.
Uma estação que deseje transmitir dados deve enviar uma requisição – em
um determinado slot temporal – através do canal de upstream. O head-end ecoa a
requisição no canal de downstream (broadcast). A estação que enviou a requisição
entende isto como uma permissão e envia os seus dados. Se ocorre uma colisão –
quando duas estações enviam requisições em um mesmo slot – o head-end ecoa estas
duas requisições no canal de downstream. As estações que provocaram a colisão
esperam um tempo aleatório e tentam novamente enviar requisições. Dependendo da
distância entre as estações e o head-end, este mecanismo gera problemas de alocação do
canal, devido ao atraso na propagação ao longo da rede. Uma estação que esteja mais
perto do head-end detecta as informações mais cedo que outra mais distantes.
Outra desvantagem que ocorre neste mecanismo é que a QoS deve ser
negociada previamente pela estação. Esta deve conformar o tráfego de acordo com o
que foi negociado, tornando-se um problema quando ocorre tráfego ABR, CBR, VBR e
UBR66 na mesma estação.

3.2. Objetivos
As estações não podem ouvir diretamente as transmissões umas das outras
no canal upstream e, portanto, são incapazes de detectar colisões e coordenar as suas
transmissões sozinhas. Com o uso de um controle de acesso, as estações dentro de uma
mesma ramificação podem compartilhar a largura de banda disponível. Para o canal de
downstream, o problema de multiacesso não existe, pois somente o head-end pode
transmitir dados nesta direção. Parte deste canal é usado também para transmitir
informações de controle e resposta a requisições.
O ATM Forum e o comitê IEEE 802.14 criaram critérios e objetivos que
guiaram a avaliação das diferentes propostas de padronização do protocolo MAC que
foram sugeridas por diferentes fabricantes.
a) Suporte a serviços orientados e não-orientados à conexão.
b) Suporte ao conceito de qualidade de serviço baseado em cada conexão. Cada
conexão deve poder especificar seus requerimentos de largura de banda, atraso
(delay) e jitter.
c) Conformação do acesso à largura de banda de acordo com a aplicação (ABR, CBR,
VBR e UBR).

66
UBR — unspecified bit rate: Taxa de bit que não garante nenhum nível de throughput. Usada para
aplicações que toleram atrasos, como transferência de arquivos.
51

d) Interoperabilidade com ATM.


e) Arbitragem justa para o acesso ao meio compartilhado em qualquer nível de serviço.
f) Simplicidade e ordenação eficiente.
g) Implementação com pouca complexidade, para baratear os custos – hardware e
software.
h) Fácil instalação e ativação.
i) Fácil manutenção, facilitando o abastecimento, manutenção, operação e
administração.
j) Monitoramento preciso sobre a utilização dos canais.
k) Oferecimento de um nível de proteção contra um terminal em falha, que realize
transmissões de maneira descontrolada.
l) Projetado para arquitetura em árvore.
m) Acesso justo a todas as estações, independente da distância e da posição desta na
rede. Deve haver justiça na alocação da largura de banda entre múltiplas requisições
simultâneas. Aplicações sensíveis a atrasos deve receber prioridade, a fim de não
haver degradação na qualidade de serviço estipulada.
n) Reações ágeis para o controle de tráfego e de seu comportamento (controle de fluxo
e congestionamento), para garantir um número de pacotes transmitidos que não
ultrapasse os limites de degradação do desempenho.
o) Robustez para enfrentar situações de falha e congestionamento, sem perda de dados
ou necessidade de restabelecimento da conexão.
p) Prevenção de colapsos causados por congestionamento.
q) Deve minimizar a variação no o atraso de células de tráfego CBR e promover a
sincronização do relógio da rede.
Baseando-se nestas características, alguns dos maiores fabricantes de
equipamentos para TV a cabo submeteram suas propostas ao comitê (tab. 3.1). O
protocolo escolhido como padrão reúne características de todos estes.
Tabela 3.3 — Propostas oficiais para o protocolo MAC
Cabletron Systems Inc. A Simple and Efficient Multiple Access Protocol (SEMAP)
NEC Corporation Frame Pipeline Polling (FPP)
Zenith Electronics MAC Layer Protocol Proposal: Adaptive Random Access
Protocol for CATV Networks
General Instrument Corporation MAC for HFC
Scientific Atlanta (Georgia Institute of Technology) Extended distributed queuing random access protocol
(XDQRAP)
National Tsing Hua University General Multilayer Collision Resolution with Reservation: a
MAC protocol for broadband communication network
Philips Research Laboratories General MAC
Lucent Technologies Adaptive Digital Access Protocol (ADAPt): a MAC protocol
for multiservice broadband access networks
LANcity Corporation A MAC Protocol
Hybrid Network Inc. MultiMedia MAC (M3)
Com21, Inc. The UPSTREAMS Protocol for HFC Networks
Amati MAC Protocol to Support Both QPSK and SDMT
Panasonic Technologies, Inc. Collisionless MAC
52

IBM Corporation MAC-Level Access Protocol (MLAP)

3.3. Sincronização
Como o atraso de propagação sobre a rede HFC é significante – pode ser
maior que o tempo de transmissão –, o MAC deve ter um controle de sincronização,
similar ao CSMA/CD67 da rede Ethernet. Cada estação tem um tempo de propagação
diferente até o head-end. Quando o head-end reserva um slot de tempo para uma
determinada estação, esta deve adaptar seu tempo de transmissão de acordo com seu
tempo de propagação, para que o quadro transmitido seja encaixado no slot de tempo
que lhe foi designado. Como cada estação sabe o seu tempo de propagação e como
utilizá-lo para calcular o tempo de propagação? Isto também é função do protocolo, que
define os slots de emparelhamento.
Cada estação deve também saber a referência de tempo global e sua RTC.
De posse destas informações, cada estação pode transmitir com precisão os dados no
minislots a ela designado pelo head-end. Evitam-se, assim, colisões e períodos ociosos
devido às diferentes posições relativas das estações.

3.4. Modos de acesso


Quando é conectada à rede, uma estação precisa passar por um processo de
inicialização, a fim de obter alguns parâmetros de rede. O aspecto mais importante da
inicialização é o posicionamento desta, que define o parâmetro de correção RTC. O
valor do RTC corresponde à diferença entre o tempo máximo de propagação de ida e
volta da rede e o tempo de propagação de ida e volta da estação.
Existem três modos de acesso possíveis (fig. 3.1): modo de acesso
reservado, em disputa e isócrono. Entretanto, devido ao fato do acesso imediato
desperdiçar muita largura de banda na ocasião de uma colisão, o modo de acesso em
disputa não é usado.

3.4.1. Modo de acesso reservado

Oferece a habilidade de designar dinamicamente a largura de banda para


cada requisição feita. A estação deve enviar uma requisição, informando quanta largura
de banda necessita. O head-end reserva a banda para esta estação, de acordo com seu
algoritmo de sincronização. Os conceitos de minislot, piggybacking e intervalo de
resolução de disputas68 são introduzidos no padrão, para reduzir o desperdício de largura
de banda devido a colisões, para reduzir a freqüência de disputas e para intercalar dados
e requisições, respectivamente.

67
CSMA/CD — carrier sense multiple access/collision detection: Tipo de protocolo de resolução de
colisões que define uma série de regras, que determinam como os dispositivos de rede devem reagir
quando dois deles tentam usar o mesmo canal de dados simultaneamente – colisão. Depois de detectar
uma colisão, o dispositivo deve esperar um tempo aleatório e tentar transmitir novamente. Se o
dispositivo detectar uma nova colisão, deve esperar um tempo duas vezes maior que o anterior, tentar
transmitir mais uma vez e assim por diante. Este método é conhecido como back off exponencial.
68
CRI — contention resolution interval ou collision resolution interval.
53

a) Minislot — Cada canal upstream é dividido no tempo em um fluxo de minislots


numerados. A duração de um minislot é igual ao tempo necessário para a
transmissão de oito octetos de dados. O PDU do protocolo MAC que ocupa um
único minislot é chamado de miniPDU e é usado durante as disputas com o
propósito de requisição de largura de banda. Um certo número de minislots pode ser
alocado pelo head-end e usado pela estação para transmitir células ATM e células de
tamanho variável. Assume que o tamanho de um PDU normal é k vezes o tamanho
do minislot. Se uma colisão ocorre durante a transmissão direta de um PDU, k
vezes mais largura de banda é desperdiçada.
b) Requisição piggyback para transmissões subseqüentes — Se uma estação alocou
minislots para a transmissão de dados e uma nova requisição chega à estação, ela
pode adicionar a requisição ao seu próximo PDU a ser transmitido, ao invés de
enviar a requisição em um miniPDU. Do mesmo modo que este último, a requisição
adicionada é confirmada imediatamente. Este mecanismo garante que somente a
primeira parte de uma transmissão em rajada deve competir por minislots de
requisição.
c) Intervalo de resolução de disputas — Tempo máximo requerido para que todas as
estações na rede detectem se a requisição enviada em um minislot foi bem-sucedida
ou colidiu com outras – deve ser maior ou igual ao atraso de propagação do canal.
Isto significa que um nó irá receber o resultado da disputa no canal de downstream
antes do início do próximo CRI.
Os passos para a requisição e a concessão da primeira transmissão são os
seguintes:
a) a estação recebe uma mensagem do head-end no canal de downstream, informando
quais minislots estão disponíveis para o envio de requisições;
b) a estação escolhe um minislot de acordo com o algoritmo de disputa e coloca o seu
identificador e os dados que deseja transmitir no minislot a ela determinado;
c) a estação espera um intervalo fixo de tempo até que o head-end envie a resposta
para a transmissão;
d) se a resposta recebida é negativa, significa que ocorreu uma colisão. A partir daí, a
estação entra no algoritmo de resolução de disputas com as outras estações
envolvidas na colisão;
e) se a resposta recebida é positiva, significa que não ocorreu uma colisão. A partir daí,
o head-end envia uma mensagem de concessão, para informar a estação quando
transmitir e a quantidade de dados permitidos, ou uma mensagem de recusa,
informando que o acesso não foi permitido.

3.4.2. Modo de acesso isócrono

Este modo de acesso tem como objetivo suportar aplicações CBR. As


estações devem sinalizar ao head-end, para estabelecer conexões antes da transmissão
de dados, enviando uma requisição. Após o recebimento por parte do head-end, a
requisição é prontamente confirmada. Se o acesso é concedido, o head-end aloca
54

constantemente minislots para satisfazer as taxas requisitadas e informar periodicamente


a estação sobre em qual minislot deve iniciar a transmissão e quantos são concedidos a
ela. Uma estação que estabeleceu uma conexão CBR não necessita fazer nova
requisição para continuar transmitindo dados, mas deve enviar uma requisição para
avisar o fim da transmissão.

3.4.3. Modo de acesso imediato

Neste modo de acesso, o head-end pode fornecer uma largura de banda não
alocada – toda a largura de banda, quando a rede estiver completamente ociosa.
Normalmente, a largura de banda é dividida em unidades menores para a transmissão de
pacotes pequenos e eventos de curta duração – um botão pressionado, por exemplo.
Transmissões de pacotes grandes e eventos de maior duração devem usar os modos de
acesso reservado e isócrono.

colisão
minislot de resolução
inicialização confirmação de colisão
sucesso
completa
chegada de
tráfego esperando
permissão
chegada de espera
tráfego
ociosa
pronta transmissão
de dados
ACESSO e requisição
chegada de
RESERVADO piggyback
tráfego

transmissão
chegada de
de dados
tráfego
ACESSO conexão colisão
IMEDIATO fechada minislot de resolução
confirmação de colisão
sucesso completa
conexão
estabelecida

transmissão ACESSO
de dados ISÓCRONO

Figura 3.3 — Diagrama de estados do protocolo de upstream do HFC


Fonte: [LIN 98]
55

3.5. Resolução de disputas


Existem alguns obstáculos impostos pelas características das redes HFC.
Como as estações não podem monitorar colisões, esta informação deve ser provida pelo
head-end. O algoritmo deve levar em conta os atrasos na propagação das mensagens. Se
o número de slots de disputa é pequeno e se eles estão localizados no início do quadro
(frame), pode acontecer de uma estação receber a resposta antes do fim do quadro e
tentar retransmitir já no próximo quadro, se sua solicitação sofreu uma colisão.
Entretanto, se o número de slots de disputa é grande ou variável, as estações devem
pular um quadro antes de retransmitir. Existem, basicamente, dois tipos de algoritmos
de resolução de disputa: árvore n-ária e p-persistente adaptativo [AZZ 97].
O algoritmo baseado em árvore n-ária funciona com um princípio básico de
subdivisão em subconjuntos e subníveis. Quando uma colisão ocorre, todas as estações
envolvidas separam-se em n subconjuntos e cada uma seleciona aleatoriamente um
número entre 1 e n . Basicamente, permite-se que um subconjunto retransmita
primeiro, enquanto os subconjuntos de 2 a n esperam. Pode-se pensar como uma
pilha, na qual a posição representa o número de slots que a estação deve esperar antes
de retransmitir sua requisição. Se ocorrer uma segunda colisão, o primeiro subconjunto
divide-se novamente. Os subconjuntos que estão em espera na pilha deve ser deslocados
n −1 posições para deixar lugar para as estações que acabaram de colidir. Se não
ocorrer nova colisão, as estações que estão no topo da pilha podem transmitir
novamente a requisição.
A definição original assumia que as estações recebiam a resposta
imediatamente. No entanto, as estações devem esperar, no mínimo, o início do próximo
quadro antes de receber a resposta e tentar retransmitir. O algoritmo foi modificado,
levando-se em conta os atrasos na propagação. Seja o quadro j −1 , contendo c( j −1)
minislots que colidiram. Todas as estações envolvidas nos primeiros slots são
despachadas nos primeiros n slots; as estações envolvidas no segundo grupo usam os
próximos n slots. Generalizando-se, as estações envolvidas nos i-ésimos slots que
sofreram colisão ficam em um subconjunto entre os slots i ⋅ n + 1 e ( i +1) ⋅ n . Se o
quadro j contém p slots em disputa, os primeiros p subconjuntos podem
retransmitir, com o i-ésimo subconjunto transmitindo no i-ésimo slot. Os outros
subconjuntos aguardam na pilha. Se c ⋅ j novas colisões ocorrerem no quadro j , os
subconjuntos em espera devem ser deslocados de n ⋅ c( j) − p posições. n é arbitrado
em 3 .
Os novos pacotes que chegam podem ser manipulados de duas maneiras. Se
o algoritmo é do tipo não-bloqueante, as novas estações transmitem sem esperar em
qualquer slot escolhido aleatoriamente. Se o algoritmo é bloqueante, as novas estações
não podem usar slots reservados para resolução de colisões; elas são colocadas
diretamente no topo da pilha. Quando as estações estão aptas a transmitir, elas
selecionam aleatoriamente um slot entre os restantes.
O algoritmo de p-persistência adaptativo é uma variação do protocolo
69
ALOHA para quadros com múltiplos slots de disputa. As estações mais recentemente
69
ALOHA — Protocolo para transmissões de rádio terrestres e de satélite. No ALOHA puro, um usuário
pode transmitir a qualquer tempo, mas corre o risco de colisões com mensagens de outros usuários. O
56

ativadas e as estações em estado de colisão têm igual probabilidade de acesso 0 < p ≤1


aos slots de disputa dentro de um mesmo quadro. Antes de uma estação tentar
transmitir, um número é aleatoriamente gerado entre 0 e 1 . Se este valor for menor
que p , a estação transmite; em caso contrário, a estação espera. Uma característica
deste algoritmo é que a transmissão (ou não-transmissão) independe de tentativas
anteriores. Não existe um estado ou “memória”.
A probabilidade é calculada como p =1 N , onde N é o número de
estações envolvidas. No algoritmo p-persistente, a probabilidade p é ajustada cada vez
que ocorre uma transmissão bem-sucedida. É determinada por uma estimativa no
número de estações acumuladas na pilha, calculada pelo head-end e enviada às estações
pelo canal de downstream. A estimativa N( j +1) do número de estações acumuladas no
j+1-ésimo quadro é determinada por:
   

 
N( j +1) = max min 
n , N ( j −1) − no ( j −1) − nb ( j − 1) + nc ( j −1)  

, MS( j +1)  ,
MS ( j − 1) 


 ( e − 2) +  

  e  
onde n é o número de estações, MS( j) é o número de minislots no j-ésimo quadro e
no( j) , nb( j) e nc( j) são o número de minislots no j-ésimo quadro ociosos, bem-
sucedidos e em colisão, respectivamente.
Aqui, a estimativa para o j+1-ésimo quadro é determinado pelos parâmetros
do j–1-ésimo quadro. Isto se deve ao fato da resposta do j–1-ésimo quadro não ser
recebida por todas as estações antes do início do j-ésimo quadro. O número de minislots
permitidos em um quadro pode ser restringido, de modo que a resposta de um quadro é
recebida por todas as estações antes do início do próximo quadro. Neste caso, a
estimativa para o j-ésimo quadro é determinada pelos parâmetros do j–1-ésimo quadro.
Quando uma estação precisa fazer uma requisição no quadro j , é gerado um número
aleatório ij , uniformemente distribuído no intervalo [1, N( j) ] . Se ij for menor ou
igual ao número de minislots no quadro, ela fará sua requisição no ij-ésimo minislot. Do
contrário, tentará fazer sua requisição no próximo quadro, usando a estimativa para este
quadro em particular.

3.6. Desempenho do protocolo MAC


O processo de avaliação das propostas submetidas ao comitê IEEE 802.14
seguiu três etapas, que levaram à escolha de um protocolo padrão. Em um primeiro
passo, foi construído um modelo e a especificação de ambientes de teste. A seguir, os
modelos foram implementados, a fim de obter-se resultados através de simulação. O
último passo foi a análise dos resultados obtidos.

slotted ALOHA reduz a chance de colisões fazendo divisão dos canais em slots temporais e exigindo
que os usuários transmitam apenas no início de um slot.ALOHA foi a base para o padrão Ethernet.
57

3.6.1. Algoritmo árvore n-ária versus algoritmo p-persistente adaptativo na


resolução de disputas

Foram realizadas muitas simulações a fim de comparar os algoritmos de


árvore ternária – n-ária com n = 3 – e de p-persistência. A comparação é realizada em
ambientes realísticos, com diferentes tipos de tráfego – rajada e pacotes de pequeno e
grande comprimento – e cargas, além de condições transientes e estáveis.
p-persistente adaptativo árvore ternária não-bloqueante árvore ternária bloqueante
50

45

40
atrasoo médio da requisição (ms)

35

30

25

20

15

10

0
0 1 2 3 4 5 6
carga (em milhares de pacotes por segundo)

Figura 3.2 — Atraso médio da requisição versus carga


Fonte: [AZZ 97]

A fim de separar o componente de resolução de disputas do componente de


alocação de largura de banda, foi medido o tempo que um pacote de requisição leva
para atingir o head-end. Este tempo é a soma do atraso da requisição, do atraso na fila
dentro do head-end e dos tempos de propagação e transmissão.
58

p-persistente adaptativo árvore ternária bloqueante


1
probabilidade do atraso médio ser menor que x

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 50 100 150 200 250 300
carga de 50 % tempo x (ms)

Figura 3.3 — Probabilidade do atraso médio ser menor que um tempo x


Fonte: [AZZ 97]

A (fig. 3.2) ilustra o atraso médio da requisição versus a carga gerada pelas
estações para os algoritmos p-persistente adaptativo, árvore ternária bloqueante e árvore
ternária não-bloqueante quando o ciclo de requisição e resposta dura aproximadamente
3 ms em um canal de upstream de 3 Mbit/s, com 32 minislots de disputa e requisições
que ocupam dois minislots. Os testes foram feitos com pacotes de 64 bytes – 48 bytes de
carga e 16 bytes de controle do MAC –, gerados de acordo com uma distribuição de
Poisson, com média variável para cada carga.
O desempenho do algoritmo de árvore ternária bloqueante é melhor em
todos os casos, vindo o p-persistente adaptativo em segundo lugar. Em regiões de baixa
carga – onde o número de colisões é relativamente pequeno –, o desempenho dos três é
praticamente igual.
Outro teste foi a aplicação de uma estratégia de alocação de largura de
banda no head-end e foi observada a função densidade de probabilidade do atraso de
acesso para uma estação – o tempo decorrido desde a geração do pacote até o seu
recebimento pelo head-end. A (fig. 3.3) mostra a função de densidade cumulativa para
os algoritmos de árvore ternária bloqueante e p-persistente adaptativo com 50 % da
capacidade de carga. Novamente, o desempenho do algoritmo de árvore ternária
bloqueante mostrou-se melhor.

3.6.2. Alocação de largura de banda

Tabela 3.2 — Probabilidades versus tamanho das mensagens


Tamanho da mensagem (bytes) Probabilidade
64 0,6
128 0,06
356 0,04
59

512 0,02
1024 0,25
1518 0,03
Fonte: [AZZ 97]

Uma das características principais do algoritmo de alocação de largura de


banda do protocolo MAC é a atualização da proporção entre o slot de disputa e o slot de
dados no canal de upstream, que é controlada pelo head-end. Existem dois métodos:
fixo e variável.
No método fixo, o número de slots de disputa e slots de dados reservados no
ciclo requisição/resposta é fixo. A (fig. 3.4) mostra o atraso no acesso quando a carga é
variada, para proporções entre slots de disputa e slots de dados de 1:1, 2:1 e 3:1. O
tráfego utilizado foi uma fonte em rajada, com um modelo de chegada em lote de
Poisson. A (tab. 3.2) mostra as probabilidades e os tamanhos das mensagens geradas. O
tempo entre a chegada de mensagens é distribuído exponencialmente e varia de acordo
com a carga. O tempo do ciclo é de 3 ms em um canal de 3 Mbit/s. O número máximo
de estações foi de 200 e o tamanho da requisição foi de 32 bytes. Para a resolução de
colisões, foi usado o algoritmo de árvore ternária bloqueante.
Observa-se que a proporção que apresenta melhores resultados para este
tráfego em particular é a de 1:1. Resultados adicionais de simulação, entretanto,
mostraram que a proporção ótima depende do padrão de tráfego. Quando a proporção
aumenta, os atrasos têm tendência a aumentar, pois existem menos slots de dados
disponíveis para transmissão de dados.
1 slot de disputa × 1 slot de dados 2 slots de disputa × 1 slot de dados 3 slots de disputa × 1 slot de dados
80

70
atraso médio de acesso (ms)

60

50

40

30

20

10
0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75

carga (milhares de pacotes por segundo)

Figura 3.4 — Atraso médio de acesso versus carga, para proporções fixas de slots de
disputa e slots de dados
Fonte: [AZZ 97]
60

alocação prioritária de minislot alocação prioritária de slot de dados


40

35
atraso médio de acesso (ms)

30

25

20

15

10
0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5 1,75 2
razão CS/DS variável carga (milhares de pacotes por segundo)

Figura 3.5 — Atraso médio de acesso versus carga, para proporções variáveis de slots de
disputa e slots de dados
Fonte: [AZZ 97]

No método variável, o head-end varia a proporção, baseado no tráfego. Aqui


existem dois métodos para calcular a melhor proporção. O que dá prioridade para os
slots de dados calcula o número de slots de dados necessários e transforma os restantes
em slots de disputa. O outro método calcula o número de slots de disputa necessários e
deixa os que sobraram como slots de dados. A (fig. 3.5) mostra o atraso médio de acesso
para os dois métodos, usando um algoritmo de árvore ternária bloqueante para a
resolução de disputas. Os padrões de tráfego e condições da rede foram os mesmos
usados na simulação anterior (fig. 3.4 e tab. 3.2). Nota-se claramente que os dois
métodos saem-se melhor que o método de proporção fixa.

3.7. O protocolo MAC selecionado


Após a avaliação do desempenho conduzida por simulações, foi criado um
consenso em torno da forma final do protocolo MAC, que combina várias
características das quatorze propostas originais submetidas ao comitê. O acordo foi
firmado com o documento IEEE 802.14-96-112R2.
As características principais do protocolo MAC especificado são a
habilidade de suportar transferência de células ATM e de pacotes de tamanho variável e
manter, ao mesmo tempo, alta QoS. O canal de upstream é dividido no tempo em
unidades básicas, chamadas minislots – a menor unidade de transmissão. Existem vários
tipos de minislots. Suas funções são definidas pelo head-end e são conduzidos para cada
estação através das mensagens de controle do downstream. Vários deles podem ser
combinados para formar um único PDU70, célula ATM ou célula de tamanho variável.
Não existem estruturas de quadro fixos. O canal de upstream é visto como um fluxo de

70
PDU — protocol data units.
61

minislots. O algoritmo de resolução de disputas é baseado no algoritmo de árvore


ternária com persistência variável de entrada de novos pacotes.
A implementação da maioria dos algoritmos do head-end para a alocação de
largura de banda e permissão de requisições ficará a cargo dos fabricantes. O
endereçamento das estações deve prover mecanismo para a distinção entre elas. Cada
estação – além do endereço de 48 bits do MAC IEEE 802 – deve ter um identificador
local de 14 bits.
O controle da largura de banda do canal upstream define o tipo e a estrutura
dos minislots. O PDU do canal upstream também especifica o formato de dados de
células ATM ou células de tamanho variável em fragmentos de tamanho variável, para
um transporte mais eficiente dos tipos de tráfego LLC71.
Os formatos de dados do downstream especificam o fluxo de dados como
unidades de alocação de 6 bytes de comprimento. Fragmentos de tamanho variável e
células ATM podem ser enviados pela concatenação de várias células básicas. Definem
também o formato das células de gerenciamento da largura de banda do canal
downstream transmitidas em células ATM. Cada uma delas pode carregar um certo
número de elementos de informação: permissão, alocação – alocação de minislots de
requisição – e resposta – resposta de requisição de minislots de disputa.
Descreve também o mecanismo de entrada e manutenção das estações em
operação. Isto inclui ordenação, balanceamento, resolução de disputas, sincronização
temporal, transmissão em fila e segmentação de mensagens. A encriptação e decriptação
é feita com o algoritmo DES. As primitivas das interfaces das camadas PHY 72 e TC73
são definidas no head-end e nas estações.

3.7.1. Formatos de dados

Os dados no upstream (fig. 3.6) são organizados em pequenas rajadas. O


padrão DAVIC/DVB exige que estas rajadas tenham tamanho fixo, enquanto o padrão
MCNS especifica rajadas de tamanho variável. Utiliza correção de erros Reed-Solomon.
O padrão DAVIC/DVB utiliza uma célula ATM por rajada e 18 slots a cada 3 ms.

carga útil ATM gap preâmbulo cabeçalho ATM carga útil ATM gap preâmbulo

Figura 3.6 — Estrutura do quadro de upstream


Devido às breves rajadas, o demodulador precisa de um sinal para delimitar
as seqüências de dados – preâmbulo. Para isto, utiliza uma palavra de 16 ou 32 bits
(unique word). Sem este mecanismo, o demodulador interpretaria ruídos como dados e
estaria ocupado quando estes chegassem. Além disso, provê a ressincronização a cada
rajada.

71
LLC — logical link control.
72
PHY — :Camada física do IEEE 802.14
73
TC — transmission convergence sublayer: Subcamada da camada física (PHY) do IEEE 802.14
62

Os dados no downstream (fig. 3.7) são organizados de acordo com a


especificação MPEG TS (transport stream), que consiste de um bloco de dados de 188
ou 204 bytes de comprimento com um byte fixo de sincronização no início. O algoritmo
de correção de erros Reed-Solomon – corrige até 6 erros dentro dos 204 bytes – utiliza
16 bytes, deixando 187 bytes para o cabeçalho e a carga útil.

carga útil MPEG byte de cabeçalho carga útil MPEG byte de


sincronização MPEG sincronização

Figura 3.7 — Estrutura do quadro de downstream


Aqui existe uma diferença nos vários padrões. Alguns permitem várias
formatações de dados dentro do MPEG TS. Para o padrão DVB/DAVIC, o quadro
dentro do MPEG TS é simplesmente um fluxo de células ATM. Os dados podem ser
endereçados a um único cable modem, a um grupo ou todos.
63

4. Comparação das tecnologias DSL e cable modem


A partir das resoluções do governo norte-americano ocorridas em 1996, as
companhias telefônicas e as operadoras de TV a cabo passaram a competir pelos
mesmos segmentos de mercado de serviços interativos e fornecimento de largura de
banda para transmissão de dados. Quem deve lucrar com esta competição é o usuário,
devido à acirrada guerra de preços que deve surgir e aos serviços agregados que serão
oferecidos em uma opção ou outra.
O tempo previsto para a implementação dos serviços não deverá ser o fator
mais importante na decisão do usuário sobre qual serviço contratar. Em diversos países,
tanto a tecnologia DSL como cable modem já estão disponíveis em algumas cidades.
No Brasil, grande parte das companhias telefônicas e das operadoras de TV a cabo já
estão com a infra-estrutura pronta.
Cada uma das tecnologias exibem algumas características boas e alguns
pontos fracos. Sem o estabelecimento de alguns parâmetros e critérios, qualquer
comparação torna-se subjetiva e pouco produtiva. Para o consumidor final – o teste
crucial –, tanto faz o que está por trás da tecnologia. O que interessa a ele são os
serviços oferecidos e o custo associado.
Os critérios mais importantes a serem levados em conta são:
largura de banda e banda efetiva disponibilizada;
escalabilidade;
serviços disponíveis;
segurança;
custos;
compatibilidade com o serviço telefônico ou serviços de transmissão de voz;
disponibilidade dos serviços;
confiabilidade;
mercado.

4.1. Largura de banda e banda efetiva disponibilizada


Um usuário de cable modem tem, no geral, uma largura de banda de 30
Mbit/s de downstream, compartilhada com cerca de 500 a 2.000 outros usuários. Para o
upstream, a largura de banda disponível é de 2 Mbit/s, novamente compartilhada. Com
um controle de tráfego adequado, é possível oferecer aplicações com pouca degradação,
mas mesmo assim, a largura de banda não é dedicada. Estas velocidades representam
taxas de pico, nas quais o usuário pode receber e transmitir dados, durante as fatias de
tempo que o meio é alocado para ele. Não é possível que todos os assinantes possam
fazer transferências de dados a estas taxas, simultaneamente. A largura de banda média
efetiva disponibilizada para cada usuário depende da ocupação da rede – a largura de
banda percebida é variável. Se um grande número de usuários tenta realizar uma
64

transmissão simultaneamente, o serviço sofre deterioração – semelhante ao que ocorre


em uma rede local.
Isto é dependente dos hábitos dos usuários, do período do dia e das
aplicações que existem ou que surgirão no futuro. O sistema de TV a cabo sofre um pico
de utilização a partir do final da tarde, quando as pessoas chegam em casa do trabalho e
fica um pouco mais ocioso a partir do início da madrugada. A previsão é que isto ocorra
também com o acesso à Internet, quando as pessoas estiverem mais acostumadas com
conexões permanentes. Hoje em dia, os hábitos dos usuários que têm acesso discado
dependem dos horários de tarifação diferenciados praticados pelas companhias
telefônicas. Nos horários de pico, o sistema pode alocar canais menos congestionados
para aumentar o throughput, mas isto tem um limite. A adição de mais canais no
espectro, além das especificações atuais, é tecnicamente possível, mas o custo é alto. Os
amplificadores da rede HFC precisariam ser trocados ou modificados. Os modens
também precisariam ser substituídos por outros com maior agilidade para realizar as
mudanças de freqüências necessárias para mudar de um canal para outro.
A tecnologia DSL oferece uma conexão ponto-a-ponto, não compartilhada.
A largura de banda, entretanto, varia de acordo com a qualidade do cabeamento – par de
fios de cobre – e da distância a partir da central telefônica. As taxas de transferência de
downstream para o ADSL variam entre 1,5 e 8 Mbit/s, enquanto as taxas de upstream
variam entre 16 e 640 kbit/s. O ADSL lite oferece velocidades de downstream de 64
kbit/s a 1,5 Mbit/s de upstream variando entre 32 e 512 kbit/s.
A conexão ADSL é dedicada a um único usuário, mas pode ocorrer
congestionamento do DSLAM na central telefônica e nos troncos de acesso da rede
telefônica. O upgrade destes é um procedimento de rotina para as companhias
telefônicas – devido ao aumento na demanda de serviços de voz – e resolve também o
problema para a transmissão de dados.
Um estudo da revista americana Boardwatch, voltada para provedores de
acesso, mostra que a variação de protocolos entre pontos de rede, roteadores e gateways
faz com que a taxa disponibilizada por um backbone de 1.5 Mbit/s caia para 400 kbit/s
quando chega ao provedor e chegue a míseros 90 kbit/s quando as informações são
buscadas em outros servidores. “A promessa de velocidades superiores a 1 Mbit/s não
faz sentido algum atualmente. Testes práticos de DSL mostram que mesmo backbones
de 8 Mbit/s apresentam resultados similares às demais tecnologias de acesso”, avalia
Peter Geier, gerente de marketing da Eicon Technology. Geier admite que as linhas DSL
deverão substituir as ISDN, porém a longo prazo. “DSL é coisa para daqui a, no
mínimo, cinco anos. Até lá, os cable modens terão bastante tempo para se popularizar e,
então, irão precisar de uma solução capaz de garantir alta velocidade de upload e, ao
mesmo tempo, dar segurança à troca de dados via cabo. Aí está o futuro da tecnologia
DSL”, afirma ele [PAV 99a].
Nos momentos em que a rede estiver pouco ocupada, com poucos usuários
querendo transmitir, o cable modem oferece ao usuário a largura de banda máxima
disponível para a transmissão, que chega a ser maior que a largura de banda
disponibilizada para o serviço ADSL. A partir do momento em que o cable modem
começar a ser usado por uma parcela maior de assinantes, podem começar os
65

problemas. A largura de banda compartilhada será um problema nos horários de pico de


utilização da rede, pois vários usuário estarão competindo para a transmissão pelo canal
upstream. Aqui, fica evidente a vantagem da conexão dedicada do ADSL.
Quanto ao canal de downstream, o problema não será mais o canal em si,
mas a capacidade do head-end ou da central telefônica de transmitir os dados. A central
telefônica (DSLAM) precisa, ainda, fazer o roteamento dos dados, ao contrário do
head-end, que transmite os dados em broadcasting. Em ambos os casos, é aconselhável
que os provedores de serviço mantenham um provedor de conteúdo próprio, além de
servidores de cache (ou proxy) com os dados provenientes de fora da sua rede. Sem isto,
correm o risco de que a conexão entre o head-end – ou a central telefônica – e o usuário
não seja mais o gargalo da rede, mas sim o backbone.
Devido à própria natureza das aplicações, é plenamente satisfatória a
contratação de um serviço assimétrico. No entanto, DSL leva vantagem por oferecer
também serviços simétricos. Uma empresa que queira disponibilizar o seu servidor para
os funcionários pode contratar um serviço DSL simétrico – RADSL ou SDSL, por
exemplo – para garantir uma grande vazão de dados também no canal de upstream.

4.2. Escalabilidade
Para o suporte ao serviço de cable modem, as operadoras de TV a cabo
devem ter toda a rede transformada para HFC. Para o provedor de serviços, isto
representa um alto custo inicial. Além disso, uma pequena parcela da rede existente hoje
em dia suporta transmissão bidirecional. É necessária uma linha telefônica para a
transmissão de dados (upstream), um custo a mais para o usuário.
Antes de oferecer o serviço DSL, a companhia telefônica faz alguns testes
de qualificação do laço do assinante e determina se alguma modificação é necessária
para condicionar a linha. Após esta etapa, basta mudar fisicamente o par telefônico do
usuário do comutador telefônico para o DSLAM, dentro da própria central telefônica.
No momento em que o número de usuários em uma zona geográfica atingir um
determinado patamar, serão criados nós de acesso locais, para desafogar o cabeamento
que entra na central telefônica. O cable modem, por sua vez, exige que o provedor de
serviços já tenha toda a rede instalada e atualizada antes de comercializar o serviço.
A única exigência para a qualificação de um laço local é que não existam
bobinas (loading coils) nem ramificações – “gatos” ou extensões – na linha. As bobinas
agem como filtros passa-baixa, bloqueando as altas freqüências. As ramificações agem
como derivações e capacitâncias parasitas, criando um filtro passa-banda.

4.3. Serviços
O protocolo IEEE 802.14 para o cable modem com conformação de tráfego
pode suportar serviços CBR, VBR e ABR. Se os serviços ABR forem gerenciados pelo
cable modem, as células RM provenientes de todos os cable modens ativos poderão
congestionar o canal de upstream, que é compartilhado por todos os usuários.
Um problema crucial do cable modem para alguns usuários é não poder
contar com um endereço IP estático ou serviços de resolução de nomes (DNS). Com
66

isto, fica muito difícil administrar qualquer tipo de servidor – web ou correio eletrônico,
por exemplo – que use um endereço de domínio. Algumas operadoras bloqueiam
também a porta 25, usada pelo protocolo SMTP, impedindo o recebimento de
mensagens pelo correio eletrônico. Podem surgir, ainda, problemas com o envio de
mensagens, pois o servidor recipiente pode recusar o recebimento de mensagens que
tenham como rota reversa um endereço IP dinâmico ou um nome que não possa ser
resolvido.
ADSL pode suportar serviços CBR, VBR e ABR. Para oferecer serviços de
transmissão de sinais de televisão, está previsto um serviço no qual o usuário seleciona
um canal de TV e este é transmitido – com compressão, basta uma largura de banda de 2
a 4 Mbit/s – através da conexão DSL. O número de canais oferecidos fica limitado
somente pela capacidade do servidor instalado na central telefônica. Esta possibilidade
diminui o apelo das operadoras de TV a cabo, pois passam a ter concorrência também
nos serviços de transmissão de programas de TV.

4.4. Segurança
Devido à natureza do cable modem, com meio compartilhado, este é mais
vulnerável a usos impróprios, escutas e roubo de serviços. Os sinais de todos os modens
trafegam sobre o mesmo canal de downstream, criando chances para a instalação de
escutas ou “grampos”, exceto nos pontos onde o tráfego é feito em cabos de fibra
óptica. O uso de encriptação e autenticação é vital. Recursos compartilhados, como
acionadores de discos e impressoras sofrem também com este problema.
Como a conexão é ponto-a-ponto, escutas feitas a partir da conexão do
usuário não são possíveis. Para isso, seria necessário o conhecimento dos parâmetros
estabelecidos durante a inicialização da conexão, a fim de tentar burlar a segurança a
partir do DSLAM, localizado na central telefônica.

4.5. Custos
Apesar da complexidade dos módulos de segurança e do hardware extra
exigido para o protocolo MAC e para o modulador e sintonizador de radiofreqüência, o
custo de um cable modem gira ao redor de R$ 500.
Em São Paulo, o preço de instalação do @Jato – empresa da TV Abril – é de
R$ 59, mais o custo com a mensalidade do serviço – cerca de R$ 69. O preço dos cable
modens variam entre R$ 499 e R$ 591 [EMP 99]. O primeiro mês de assinatura é grátis.
Esses preços, no entanto, são válidos apenas para os assinantes do serviço de TV a cabo
da TVA [ACE 99]. Em São Paulo e Sorocaba, o Virtua – empresa da
Globocabo/NET/RBS – custa ao usuário R$ 69 mensais (plano básico), só para o acesso
à Internet, sem a TV a cabo.
A ImageTV – empresa do grupo Algar – oferece o serviço bidirecional. A lei
que regulamenta os serviços de cabos diz que uma empresa de telefonia, pode alugar
capacidade via rede de tevê a cabo. A ImageTV aluga o meio para a CTBC Telecom,
que, por sua vez, aluga para os provedores de Internet. A área de atuação compreende o
Triângulo Mineiro e parte de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. A taxa de
67

instalação é de R$ 100 e a mensalidade é de R$ 85. No caso de assinatura comercial, a


mensalidade sobe para R$ 195. Não é preciso comprar o cable modem, já que a empresa
o fornece em regime de comodato. A TV Filme – empresa de Brasília – está oferecendo
(com exclusividade para os assinantes de TV a cabo) o acesso através de MMDS e cabo.
No momento, os preços praticados são R$ 299 (correspondente a instalação da placa
cable modem) e a mensalidade de: R$ 79.
A arquitetura do sistema de TV a cabo não contém elementos de comutação
na planta de distribuição e necessita apenas de conversores (ópticos → elétricos e
elétricos → ópticos), amplificadores e distribuidores de potência. Do ponto de vista do
provedor de serviços, isto representa um custo baixo para a implantação da rede. Os
custos também mais baixos da manutenção da rede serão neutralizados pelos custos de
alteração da infra-estrutura para HFC. Existe também o risco de que a demanda por
serviços de banda larga não seja, em um primeiro momento, suficiente para dar um
retorno econômico que compense o investimento de capital necessário para esta
atualização.
O custo dos aparelhos individuais deve cair com a produção em larga escala
e a competição. Os custos de atualização da rede telefônica devem ser absorvidos pela
própria companhia telefônica, pois são necessários também para os serviços tradicionais
baseados em tráfego de voz.
A mensalidade do Speedy – Telefônica/SP – custa R$ 50 (R$ 35, em
promoção) por 256 kbit/s, ou R$ 120 por 516 kbit/s e R$ 410 por 2 Mbit/s [EMP 99] e
[MAI 99]. A Telefônica cobra, ainda, taxa de instalação de R$ 200 e aluguel mensal de
um modem ADSL, de R$ 14,80. Além disso, o usuário tem de pagar a mensalidade de
um provedor de acesso. Os únicos provedores de serviços ADSL disponíveis no
momento em São Paulo são do ZAZ e do Universo Online, ambos por R$ 68 mensais
(ou R$ 35, com uma promoção de lançamento). No final, o custo mensal com o Speedy
acaba sendo de R$ 132,80.

4.6. Compatibilidade com o serviço telefônico ou serviços de transmissão de voz


A mesma rede de cabos que transportam sinais de vídeo e dados também
pode suportar ligações telefônicas. As operadoras de TV a cabo vêm se preparando para
oferecer serviços de telefonia assim que houver a abertura do mercado de
telecomunicações, em 2002 [MAI 99]. Está previsto o oferecimento de serviços de
telefonia no protocolo MAC, mas sua funcionalidade está sujeita a falhas no
fornecimento de energia elétrica, que normalmente não atingem a rede telefônica. Uma
opção também é a modulação de voz na camada física.
O tráfego de voz é algo inerente à rede telefônica, não necessitando grandes
adaptações. Além disso, mesmo que o serviço DSL esteja fora do ar e o modem esteja
desligado, é possível realizar uma ligação telefônica normal, sem estar sujeito a
problemas decorrentes de falhas no fornecimento de energia elétrica (POTS splitter).
Prevendo serviços de transmissão de voz, existe também o serviço VoDSL74.

74
VoDSL — voice over DSL.
68

4.7. Disponibilidade dos serviços


A Anatel divulgou recentemente as regras definitivas para o acesso a cabo.
“O acesso será bidirecional, e as operadoras de TV a cabo terão de democratizar o uso
de sua infra-estrutura com outros provedores de serviço”, afirma Luiz Queiroz, assessor
de imprensa da Anatel. Uma operadora de TV a cabo só pode prover acesso à Internet
criando uma subsidiária – como o @Jato, da TVA e o Virtua, da Globocabo –, e será
obrigada a deixar outras empresas prover acesso via cabo. “E o preço cobrado por elas
terá de ser o mesmo cobrado por outros provedores”, completa [VIR 99].
A decisão recente da Anatel tira de cena a exigência do uso da linha
telefônica, já que o envio de dados (upstream) será feito também pelo cabo. Com esta
resolução, qualquer provedor pode entrar na rede de TV a cabo para oferecer serviços de
conteúdo. Segundo a Anatel, a operadora não pode obrigar o usuário de Internet a ser
assinante de seus serviços de TV.

Figura 4.4 — Serviço cable modem no Brasil


O Virtua já é oferecido em São Paulo e Sorocaba. Em seguida, a Globocabo
pretende oferecer o serviço nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte,
Goiânia, Santos e Campinas. O @Jato, que já funciona oferecendo acesso unidirecional
69

(downstream) à Internet pelos cabos da TVA em São Paulo, promete mudar o sistema
para bidirecional aos poucos, de bairro em bairro. As próximas cidades a ter o @Jato
serão Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.
A Blumenau TV Cabo, de Santa Catarina, está implantando cable modem na
região da cidade de Blumenau a partir de 2000. Ainda não existem definições com
relação a preços e modalidade do serviço (unidirecional ou bidirecional). A TV Filme –
que abrange as cidades de Brasília, Goiânia, Belém e Campina Grande – já está
oferecendo o serviço de cable modem unidirecional.

Figura 4.5 — Serviço ADSL no Brasil


A Telemar – que abrange os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí,
Ceará, Maranhão, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima – está implementando ISDN em
alguns estados – Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro – com previsão inicial de
comercialização a partir de fevereiro de 2000. Por enquanto, não existem projetos de
implantação de DSL nestes estados. Em Minas Gerais está prevista a implantação de
ADSL para o 1.º semestre de 2000 e no Maranhão está prevista para o 2.º trimestre de
2000.
70

A Tele Centro Sul – que abrange os estados do Acre, Rondônia, Mato


Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Paraná e Santa Catarina, além do
Distrito Federal e da região de Pelotas, no Rio Grande do Sul – está em fase de
implantação de sua rede ATM nos estados de Goiás e Tocantins. Após a conclusão desta
fase – prevista para o 1.º semestre de 2000 –, estudará a implantação de ADSL. Está
prevista também a comercialização de serviços ADSL no Paraná no 1.º semestre de
2000.
A Telefônica de São Paulo está implantando o serviço ADSL e A CRT
pretende oferecer serviços ADSL a partir do 1.º trimestre de 2000, no Rio Grande do
Sul. Este prazo está ligado à conclusão da rede ATM da CRT.

4.8. Confiabilidade
Um problema em um cabo da rede óptica, decorrente de um acidente
automobilístico ou um fenômeno natural, atingem centenas de usuários. Um dispositivo
que introduza ruído ou um cable modem defeituoso em um barramento compartilhado
afeta também os outros usuários conectados à mesma linha. Cada usuário adicional
conectado cria ruído no canal upstream.
Como a conexão ADSL é ponto-a-ponto, uma possível falha afeta apenas
um usuário. Além disso, a largura de banda não sofre degradação com o aumento do
número de usuários conectados. Novamente, DSL leva vantagem sobre o cable modem.

4.9. Mercado
No mundo todo, existem cerca de 180 milhões de pontos de TV a cabo. A
tab. 4.1 mostra dados estatísticos dos Estados Unidos. A maior parte do cabeamento está
velho, transmite em apenas uma direção e é constituído apenas de cabos coaxiais.
Apenas 15 % das redes suportam altas velocidades e comunicação bidirecional [ANG
99]. Estima-se que 6 milhões de assinantes estejam sendo passados para redes HFC.
Com exceção do Reino Unido e da Bélgica, este cenário é bem similar no resto do
mundo [AZZ 97]. As redes de TV a cabo cobrem cerca de 92 % das regiões urbanas dos
Estados Unidos, nas quais 63 % das residências usam o serviço de TV a cabo. Dessas,
50 % têm pelo menos um computador.
A NET da cidade de São Paulo, por exemplo, é a maior operadora de TV a
cabo do país e uma das maiores do mundo. A sua rede de cabos tem, aproximadamente,
8.000 km de extensão, abrangendo 84 bairros e cerca de 2.200.000 residências [VIR
99a].
Tabela 4.1 — Rede de TV a cabo nos Estados Unidos
Casas atingidas pela rede 91 milhões de casas (98 % dos aparelhos de TV)
Casas servidas pela rede 56 milhões de casas (61 % dos aparelhos de TV)
Crescimento/penetração 5 % ao ano
Assinantes conectados com 30 a 54 canais 60 % dos assinantes
Taxa de instalação de fibra óptica 160 km/h
Mensalidade média US$ 30
Rendimento da indústria de TV a cabo US$ 23 bilhões por ano
Rendimento com propaganda US$ 3,5 bilhões por ano
71

Fonte: [AZZ 97]

Estes números representam apenas assinantes residenciais, pois grande parte


das áreas comerciais das cidades não possuem cabeamento. Ao final de 1998, existiam
cerca de 500.000 a 700.000 assinantes de cable modem nos Estados Unidos [ANG 99].
No momento, cable modem tem uma maior penetração no mercado residencial e as
companhias de TV a cabo estão lidando com questões que ainda impedem que esta
tecnologia seja vista como uma ferramenta de valor pelo mercado corporativo. As
companhias telefônicas, por sua vez, possuem um melhor serviço de atendimento ao
usuário, maior disponibilidade em zonas comerciais e uma melhor reputação junto aos
usuários.
Carol Mann – diretora da área de cabo e satélite no The Strategis Group –
prevê que o número aproximado de assinantes residenciais de serviços telefônicos via
cabo seja de 50 mil ainda em 1999 e de aproximadamente 11 milhões até 2005. Já os
usuários de cable modem passarão dos atuais um milhão para mais de 8 milhões em
2003, de acordo com a pesquisa. Especificamente sobre tráfego de dados, o The
Strategis Group diz que as operadoras terão maior demanda por cabo do que por outras
tecnologias de acesso rápido à Internet, como o DSL. Assim, a participação de mercado
dos serviços de conexão via cabo será de 68 % contra 30 % de DSL por volta de 2003
[PAV 99].
O ITU estima que existem cerca de 700 milhões de linhas telefônicas ao
redor do mundo, 70 % das quais conectadas à residências. O restante são linhas
comerciais e linhas privativas. Até o ano 2001, projeta-se que este número atinja 900
milhões de linhas. Nos Estados Unidos, aproximadamente 80 % destas linhas são
capazes de operar com ADSL à taxas de transferência de 1,5 Mbit/s e 50 % podem
suportar 6 Mbit/s ou mais [AZZ 97]. Com o uso de modens RADSL, pode-se
virtualmente atingir todo este mercado, com velocidades a partir de 1,5 Mbit/s. Quanto a
quantidade de usuários atingir um certo número, justificando a criação de um nó de
acesso, o acesso será realocado, reduzindo as distâncias e aumentando o desempenho.
Segundo números do instituto de pesquisas Dataquest, a demanda dos
usuários de Internet por conexões de alta velocidade deverá elevar a venda mundial de
equipamentos com tecnologia DSL de 350 mil unidades em 1998 para 9,8 milhões de
unidades em 2003, sendo a maior parte dos equipamentos vendida no mercado norte-
americano. Segundo Kathie Hackler, analista da Dataquest, “no início, as tecnologias
DSL estavam sendo prioritariamente vendidas como ferramenta de trabalho para
funcionários remotos e para pequenas e médias empresas. O cable modem vem sendo
mais direcionado para aplicações residenciais. Acreditamos que nos próximos cinco
anos as duas tecnologias farão muito sucesso”. Outro fator que irá incrementar a
utilização do DSL no mercado global é a necessidade das operadoras de
telecomunicações de competir com as operadoras de TV a cabo para acesso à Internet
banda larga. Segundo dados da própria Dataquest, em 1998 foram vendidos 2,4 cable
modems para cada dispositivo DSL [AMA 99].
72

CONCLUSÃO

Vídeo sob demanda, transmissões de grandes quantidades de dados em


pouco tempo, videoconferência, serão, em breve uma realidade agradável. Hoje em dia,
a demora para o download de dados é muito grande, inviabilizando a maioria destes
serviços. A partir da instalação destas tecnologias, as possibilidades oferecidas aos
usuários em termos de aplicações e serviços será muito grande.
Ambas as tecnologias de acesso representam um grande salto, quando
comparadas com as tecnologias de acesso disponíveis nos dias de hoje. ISDN é uma
tecnologia que não decolou como o previsto e já está sendo abandonada em alguns
países. A transmissão de dados pelo canal de voz já está completamente saturada e não
tem mais como evoluir.
Sem dúvida, cable modem e DSL deverão abocanhar grandes fatias de
mercado. Ainda que o sistema telefônico tenha uma área de cobertura maior que a rede
de TV a cabo, as duas redes têm uma abrangência muito grande, principalmente nas
capitais e nos centros urbanos.
O cable modem perde, entretanto, nas áreas comerciais das cidades, pois o
cabeamento está mais concentrado nas zonas residenciais. Além dos problemas de IP
dinâmico, resolução de nomes (DNS) e oferecimento apenas de conexão assimétrica,
este fato representa um grande obstáculo para que o cable modem seja visto como uma
alternativa pelo mercado corporativo. Devem-se buscar alternativas para resolver estes
detalhes, se as operadoras de TV a cabo quiserem competir com as companhias
telefônicas e seus serviços DSL.
Em um primeiro momento, com um número ainda restrito de usuários, o
cable modem levará vantagem em relação ao serviço ADSL, devido às suas taxas de
transferência de pico maiores. À medida que o número de usuários crescer, poderão
haver sérios problemas de congestionamento e uma migração dos usuários para os
serviços DSL.
73

BIBLIOGRAFIA

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76

GLOSSÁRIO

1. 100Base-T — Padrão de rede (IEEE 802.3u) também conhecido como Fast Ethernet
que suporta taxas de transferência de até 100 Mbit/s. Suporta diferentes tipos de
cabeamento: par trançado de 4 e 8 fios e cabos de fibra óptica.
2. 10Base-T — Padrão de rede semelhante ao 100Base-T e que suporta taxas de
transferência de até 10 Mbit/s e utiliza métodos de transmissão em banda base.
Baseado na especificação IEEE 802.3.
3. 2B1Q — two-binary, one-quaternary: Técnica de codificação de linha que
comprime dois bits binários de dados em um único estado de quatro níveis.
4. ABR — available bit rate: Taxa de bit disponível, que oferece uma capacidade
mínima garantida e permite que os dados sejam transmitidos em rajadas quando a
rede estiver livre.
5. AMI — alternate mark inversion: Codificação de linha usada em circuitos T1 e E1.
Os zeros são representados por “01” e os uns são representados alienadamente por
“11” e “00”. Algumas vezes, é chamado de binary coded alternate mark inversion.
6. AN — access node: Uma conexão ou ponto de comutação na rede. Executa também
vários tipos de conversão de protocolos.
7. Anatel — Agência Nacional de Telecomunicações: Criada pela Lei n.º 9.472, de
16/07/97, tem por finalidade promover o desenvolvimento das telecomunicações do
país, de modo a dotá-lo de uma moderna e eficiente infra-estrutura de
telecomunicações, capaz de oferecer serviços adequados, diversificados e a preços
justos, em todo o território nacional.
8. ANSI — American National Standards Institute: Fundado em 1918, é uma
organização voluntária composta por mais de 1.300 membros que criam padrões
para uma vasta gama de áreas técnicas, desde especificações elétricas até protocolos
de comunicação.
9. ATM — asynchronous transfer mode: Tecnologia de rede baseada na transferência
assíncrona de dados através de células ou pacotes de tamanho fixo. Suporta taxas de
transferência de 25 a 622 Mbit/s.
10. ATU-R — ATU-remote: Equipamento colocado nas
dependências do usuário que suporta serviços DSL. Esta denominação está sendo
substituída por CPE (customer premises equipment).
11. AWG — American wire gauge: Especificação do diâmetro do
fio. Quanto menor o número AWG, maior o diâmetro e, conseqüentemente, menor a
impedância.
12. Backbone — Barramento ou tronco principal que conecta os nós.
77

13. Bellcore — Organização de pesquisa formada após a cisão da


AT&T.
14. Broadcast — Transmissão simultânea da mesma mensagem para
múltiplos (todos) receptores conectados em uma rede.
15. Browser — Programa cliente de visualização ou de apresentação,
utilizado para localizar e exibir páginas web. Geralmente opera em modo gráfico e
pode oferecer recursos multimídia (áudio e vídeo).
16. CAP — carrierless amplitude & phase modulation: Tecnologia
de transmissão que recebe e transmite sinais modulados em duas bandas largas e
que usa técnicas de modulação passa-banda.
17. CATV — community access television ou cable television:
Sistema de comunicação que simultaneamente distribui vários canais de televisão
diferentes para diferentes usuários através de uma rede de cabos coaxiais ou uma
rede HFC.
18. CBR — constant bit rate: Taxa de bit constante, na qual os dados
são transmitidos com uma cadência fixa.
19. CLEC — competitive local exchange carrier ou competitive
local exchange company: Companhia telefônica que compete com uma ILEC,
oferecendo serviços de telecomunicação. Expandiram-se muito após as mudanças
no sistema de telecomunicações norte-americano acontecidas em 1996.
20. DACS — digital access & cross-connect system: Dispositivo que
permite que canais DS0 sejam individualmente roteados e reconfigurados.
21. DHCP — dynamic host configuration protocol: Protocolo que
designa endereços IP dinâmicos a dispositivos da rede. Este endereço pode mudar a
cada vez que o dispositivo é conectado à rede ou mesmo durante a conexão. Usado
muito em acesso discado.
22. DLC — data link control: O nível 2 do modelo de referência
OSI. O endereço DLC identifica univocamente um dispositivo conectado à rede.
Em redes Ethernet também é conhecido como endereço MAC.
23. DLC — digital loop carrier: Estrutura de telecomunicações que
conecta usuários finais distantes até 3,5 km da central telefônica.
24. DMT — discrete multi-tone modulation: Esquema de modulação
que divide discretamente as freqüências disponíveis em 256 subcanais para evitar
as perdas dos sinais de alta freqüência causadas por ruído nos fios de cobre.
Padronizado pelo ANSI T1E1.4.
25. DNS — domain name system ou domain name service: Serviço
que traduz nomes de domínio em endereços IP.
26. Downstream — Direção de transmissão da central telefônica para
o usuário.
27. DS0 — digital signal 0: Representação digital da voz a 64 kbit/s.
28. DSS — digital satellite system: Rede de satélites que transmite
dados digitais, inclusive canais de televisão.
78

29. DWDM — dense wavelength division multiplexing: Tecnologia


óptica usada para aumentar a largura de banda sobre backbones de fibra óptica.
Combina e transmite múltiplos sinais simultaneamente em diferentes comprimentos
de onda, sobre uma mesma fibra óptica. Com o uso desta tecnologia, é possível
atingir taxas de transmissão de até 400 Gbit/s.
30. DWMT — discrete wavelet multi-tone: Uma variante da
modulação DMT e que está situada um nível acima em complexidade e
desempenho, pois oferece maior isolamento entre os subcanais.
31. E1 — Similar ao T1 norte-americano, é o formato europeu para
transmissão digital. Transmite sinais a 2,048 Mbit/s (32 canais de 64 kbit/s).
32. E3 — Similar ao T3 norte-americano, é o formato europeu para
transmissão digital. Transmite sinais a 34,368 Mbit/s.
33. Ethernet — Protocolo de rede local desenvolvido pela Xerox
Corp. em cooperação com a DEC e Intel em 1976. Utiliza uma topologia em
barramento ou estrela e suporta taxas de transferência de 10 e 100 Mbit/s. Serviu de
base para o padrão IEEE 802.3.
34. ETSI — European Telecom Standards Institute. Consórcio de
fabricantes, provedores de serviços de transporte e outros responsáveis por
estabelecer padrões técnicos para a indústria de telecomunicações européia.
35. FDM — frequency division multiplexing: Técnica de
multiplexação que usa diferentes freqüências para combinar múltiplos fluxos de
dados para a transmissão em um meio.
36. Frame Relay — Protocolo de comutação de pacotes com
tamanho variável para a conexão de dispositivos em uma WAN. Suporta taxas de
transferência T1 e T3.
37. Framing — Separação do fluxo de dados em quadros (frames).
38. FTP — file transfer protocol: Protocolo usado para a
transferência de arquivos.
39. GSM — global system for mobile communications: Sistema de
telefonia celular digital. Usa uma TDMA de banda estreita, que permite até oito
conexões simultâneas na mesma radiofreqüência. Introduzido em 1991, ao final de
1997 já estava disponível em mais de cem países e tornou-se o padrão de facto na
Europa e Ásia.
40. HFC — hybrid fiber coax: Rede de transmissão de dados híbrida,
que utiliza fibra óptica e cabos coaxiais.
41. HTML — hypertext markup language: Linguagem de
formatação de documentos que suporta ligações entre documentos, gráficos e
arquivos multimídia.
42. HTTP — hypertext transfer protocol: Protocolo de suporte da
world wide web, define como as mensagens são formatadas e transmitidas, bem
como as ações executadas pelos servidores e browsers. Está atualmente na versão
1.1.
79

43. Hub — Ponto de conexão comum para dispositivos da rede,


usado para interconectar segmentos de uma rede local. Os pacotes que chegam em
uma porta são replicados nas outras portas (broadcast). Alguns modelos, chamados
gerenciáveis ou inteligentes, permitem a monitoração do tráfego e a configuração
das portas. Um terceiro tipo, chamado switching hub também realiza funções de
roteamento.
44. IEEE — Institute of Electrical and Electronics Engineers:
Fundado em 1884, é uma organização composta por engenheiros, cientistas e
estudantes. Desenvolve padrões para a indústria eletrônica e de computadores.
45. ILEC — incumbent local exchange carrier: Antigas operadoras e
centrais telefônicas. Antes das mudanças nas telecomunicações norte-americanas,
eram chamadas LEC (local exchange carrier).
46. IP — internet protocol: Estabelece o formato dos pacotes
(datagramas) e o esquema de endereçamento. Normalmente é combinado com o
protocolo TCP. A versão IPv4 é a mais usada atualmente e, num futuro próximo,
deverá estar mais difundida a versão IPv6.
47. ISDN — integrated services digital network: Padrão de
comunicação para a transmissão de voz, vídeo e dados sobre as linhas telefônicas
com velocidades de até 128 kbit/s.
48. ISO — International Standards Organization: Organização
fundada em 1946, cujos membros são as organizações de padrões nacionais de 89
países.
49. ISP — Internet service provider: Companhia que oferece acesso
à Internet, através de um nome de usuário (username), uma senha e um número de
telefone para acesso discado. Também chamadas de IAP (Internet access
providers).
50. ITU — International Telecommunication Union: Fundada em
1865, tornou-se uma agência das Nações Unidas em 1947. Responsável pela
adoção de tratados, regulamentações e padrões internacionais a respeito de
telecomunicações. A partir de 1992 assumiu também as funções do CCITT (Comité
Consultatif International Télégraphique et Téléphonique).
51. Jitter — Distorção de um sinal ou imagem causada por
problemas de sincronização.
52. LAN — local area network: Rede de computadores que cobre
uma área relativamente pequena.
53. Loop local — Laço local. Termo genérico para a conexão entre o
usuário e a central telefônica, composta por um par de fios de cobre.
54. MAC — media-specific access control: Protocolo para o controle
de acesso à camada de enlace.
55. MCNS — multimedia cable network system: Padrão para
transmissão de dados sobre rede de TV a cabo.
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56. MPEG — Moving Picture Experts Group: Grupo de trabalho da


ISO que estabelece padrões de compressão de áudio e vídeo digital. Consegue altas
taxas de compressão (com perdas) por armazenar informações referentes às
mudanças entre os quadros, ao invés de armazenar um por um todos os quadros de
imagem. Atualmente, existem os padrões MPEG-1 – utilizado em Vídeo CD e
transmissão de TV via satélite – e MPEG-2 – utilizado em certos formatos de áudio
e em DVD (digital versatile disc). Está em desenvolvimento atualmente o padrão
MPEG-4.
57. Multicast — Transmissão simultânea da mesma mensagem para
múltiplos receptores. Diferente de broadcast, onde a mensagem é recebida por
todos conectados à rede, em multicast somente um grupo selecionado recebe a
mensagem.
58. NEXT — near end cross-talk: Tipo de cross-talk no qual a
interferência viaja na direção contrária do sinal transmitido.
59. OC — optical carrier: Usada para especificar a velocidade de
redes de fibra óptica conforme a padronização SONET. OC-1: 51,84 Mbit/s; OC-3:
155,52 Mbit/s.
60. OSI — Open Systems Interconnection: Modelo de protocolos de
comunicação de dados aceito internacionalmente e desenvolvido pelo ITU.
61. PCI — peripheral component interconnect: Padrão de
barramento desenvolvido pela Intel Corp. Consiste de um barramento de 64 ou 32
bits com freqüências de relógio de 33 ou 66 MHz e que pode conectar até 10 placas
de expansão. Substituiu o barramento ISA (industry standard architecture).
62. PnP — plug-and-play: Habilidade de um sistema computacional
de configurar automaticamente placas de expansão e outros periféricos conectados
a ele. Desenvolvido originalmente pela Microsoft.
63. POTS — plain old telephone service: Serviço telefônico
convencional usado na maioria dos usuários, em contraste com linhas de
comunicação digitais. Geralmente restrito a velocidades da ordem de 52 kbit/s,
também é chamada de PSTN.
64. PSTN — public switched telephone network: Rede internacional
de telefonia baseada em fios de cobre que transportam sinais de voz analógicos.
Também chamada de POTS.
65. QAM — quadrature amplitude modulation: Processo usado em
modens, no qual mais de uma portadora digital ocupa a mesma largura de banda.
66. QoS — quality of service: Especifica um nível de serviço com
throughput, perdas de células e atrasos determinados. Uma das maiores vantagens
de ATM sobre outras tecnologias como Frame Relay e Fast Ethernet.
67. RBOC — Regional Bell Operating Company: Uma das sete
companhias telefônicas resultantes da cisão da AT&T em 1984: Ameritech, Bell
Atlantic, Bell South, NYNEX, Pacific Bell, Southwestern Bell e US WEST.
68. RM — resource management: Célula de controle, que é enviada
pelo mesmo caminho no qual viajam as células que contêm dados, mas que é
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diferenciada pelos comutadores ao longo do caminho. Ao chegar em seu destino, é


examinada, atualizada e enviada de volta ao remetente.
69. SMTP — simple mail transfer protocol: Protocolo para envio de
mensagens de correio eletrônico entre servidores ou entre um servidor e um cliente.
70. SNMP — simple network management protocol: Protocolo para
gerenciamento remoto de redes e dispositivos, desenvolvido na década de 80.
71. SONET — synchronous optical network: Padrão para conexão
de sistemas através de fibra óptica. Proposta pela Bellcore em meados da década de
80 e atualmente padronizado pelo ANSI. Define uma hierarquia de taxas de
transferência que variam de 51,84 Mbit/s até 2,488 Gbit/s. O equivalente europeu
da SONET, padronizada pelo ITU, é a SDH.
72. STS-1 — synchronous transport signal 1: Taxa de transmissão
padrão da SONET/SDH de 51,84 Mbit/s.
73. STS-3 — synchronous transport signal 3: Taxa de transmissão da
SONET/SDH de 155,52 Mbit/s.
74. T1 — Conexão telefônica dedicada para transmissão digital a
1,544 Mbit/s. Consiste de 24 canais individuais de 64 kbit/s. Também chamada de
DS1, é equivalente à E1 da hierarquia digital européia.
75. T3 — Conexão telefônica dedicada para transmissão digital a
44,736 Mbit/s. Consiste de 672 canais individuais de 64 kbit/s. Também chamada
de DS3, é equivalente à E3 da hierarquia digital européia.
76. TDM — time division multiplexing: Tipo de multiplexação que
combina fluxos de dados pela designação de diferentes janelas temporais (time
slots) para cada um.
77. Transceiver — transmitter-receiver: Dispositivo que recebe e
transmite dados digitais ou analógicos.
78. UAWG — Universal ADSL Working Group: Grupo de
fabricantes que apóia o desenvolvimento de um padrão mundial para o G.lite dentro
do grupo 15 do ITU.
79. Upstream — Direção de transmissão do usuário para a central
telefônica
80. USB — universal serial bus: Padrão de barramento e interface
desenvolvido conjuntamente pela Compaq, DEC, IBM, Intel, Microsoft, NEC and
Northern Telecom. Trabalha com taxas de transferência de 12 Mbit/s e uma única
porta USB pode conectar até 127 periféricos. Suporta plug-and-play e trocas de
componentes com o sistema em funcionamento (hot plugging).
81. V.35 — Padrão ITU para troca de dados síncronos em altas
velocidades. Nos Estados Unidos, é a interface padrão usada pela maioria dos
roteadores.
82. VBR — variable bit rate: Taxa de bit variável, que oferece uma
certo throughput e na qual os dados não são transmitidos com um fluxo regular.
Usada em transmissão de voz e videoconferência.
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83. WAN — wide area network: Rede de computadores que cobre


uma área geográfica relativamente grande. Consiste, normalmente, de duas ou mais
redes locais (LAN) conectadas através de uma rede pública – sistema telefônico –,
linhas privativas ou enlaces por satélite. A Internet em si pode ser considerada uma
WAN.

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