Você está na página 1de 153

Pró-Reitoria

Sumário de Pós-Graduação e Pesquisa


Stricto Sensu em Educação Física
Tese de Doutorado

Variabilidade Genética na População Brasileira: ancestralidade


genômica e fenótipos de capacidade cardiovascular.

Autor: Tailce Kaley Moura Leite


Orientador: Dr. Rinaldo Wellerson Pereira

Brasília - DF
2012
TAILCE KALEY MOURA LEITE

VARIABILIDADE GENÉTICA NA POPULAÇÃO BRASILEIRA:


ANCESTRALIDADE GENÔMICA E FENÓTIPOS DE CAPACIDADE
CARDIOVASCULAR.

Tese de Doutorado apresentada ao programa


de Doutorado Strictu Sensu em Educação
Física da Universidade Católica de Brasília,
como requisito para obtenção de título de
doutor.

Orientador: Dr. Rinaldo Wellerson Pereira

Brasília
2012
L533v Leite, Tailce Moura.
Variabilidade genética na população brasileira: ancestralidade
genômica e fenótipos de capacidade cardiovascular – 2012.
152f. : il.; 30 cm

Tese (doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2012.


Orientação: Rinaldo Wellerson Pereira

1. Genética humana. 2. Miscigenação. 3. Pigmentação. 4.


Polimorfismo. I. Pereira, Rinaldo Wellerson, orient. II. Título.

CDU 796:575.1
RESUMO

O processo de miscigenação recente entre diferentes populações ancestrais pode levar a


obtenção de resultados espúrios em estudos de associação genética. A estratificação pela
classificação de cor de pele é uma ferramenta útil para controle de estrutura populacional,
mas, para a população brasileira, alguns estudos demonstraram que este método de
estratificação por classificação de cor de pele não é uma estratégia funcional, pois há uma
dissociação entre a cor de pele autorrelatada e a ancestralidade genômica. No primeiro
capítulo desta pesquisa, foram reportados resultados de um estudo em um grupo de irmãs
germanas brasileiras, no qual a pigmentação de pele constitutiva foi mensurada utilizando-se
um refratômetro, a ancestralidade genômica foi estimada pela genotipagem de 21 marcadores
informativos de ancestralidade (AIMs) e a cor de pele autorrelatada foi avaliada de acordo
com classificação adotada pelo censo demográfico brasileiro em cada participante. Foi
explorada a associação entre cor de pele e pigmentação constitutiva, cor de pele e
ancestralidade genômica, e pigmentação constitutiva e ancestralidade genômica, sendo
observado que, apesar de haver diferenças significativas da ancestralidade genômica e da
pigmentação entre as três classificações de cor de pele, há uma considerável dispersão dentro
de cada grupo e uma grande sobreposição destas variáveis entre os grupos. Foi também
observado que não houve uma boa concordância para as três categorias de cor de pele nos
pares de irmãs e que o nível socioeconômico associou-se significativamente com a cor de pele
autorrelatada e com a ancestralidade genômica. Adicionalmente, foi observada forte
associação entre o rs1426654 (localizado no gene SLC24A5 e presente no painel de AIMs
utilizado) e a pigmentação de pele constitutiva na presente amostra. Sendo assim, o primeiro
capítulo mostrou que classificações subjetivas baseadas na cor de pele autorrelatada são
inadequadas para descrever a estrutura populacional presente em populações recentemente
miscigenadas. O segundo capítulo reporta a investigação do pico de potência aeróbia
(VO2pico), mensurado por ergoespirometria em um teste incremental, com 12 SNPs do sistema
renina angiotensina aldosterona (SRAA) em mulheres idosas posmenopausadas, ajustando-se
a análise para idade, percentual de gordura e massa livre de gordura, mensuradas por
absortometria de raios X de dupla energia. Apesar da não observação de associações
estatisticamente significativas após correção para comparações múltiplas pelo índice de falsas
descobertas (FDR, do inglês false discovery rate), foram detectadas tendências de associações
para os fenótipos cardiovasculares na análise de cada marcador genético individualmente.
Também foram observadas tendências de associação na análise de efeitos epistáticos entre
combinações genotípicas de 3 SNPs com o VO2pico e com o componente principal calculado a
partir do teste cardiorrespiratório. Em síntese, apesar das dificuldades em explicar a
herdabilidade para fenótipos complexos atualmente demostrada pelos estudos de genoma
total, o segundo capítulo desta pesquisa assinalou algumas possíveis contribuições genéticas
do SRAA para a capacidade cardiovascular.

Palavras-chave: miscigenação, ancestralidade genômica, potência aeróbia, sistema renina


angiotensina aldosterona.
ABSTRACT

The process of recent admixture between ancestral populations can lead to spurious results in
genetic association studies. Stratifying by “skin color” is a useful method to control for
population structure, but, in the Brazilian population, several studies have demonstrated that
stratifying according to “color” is not a suitable strategy, due to the dissociation between self-
reported “skin color” and genomic ancestry. In the first chapter of this research we report the
results of a study in a group of Brazilian siblings in which we measured skin pigmentation
using a reflectometer, and estimated genomic ancestry using 21 Ancestry Informative
Markers (AIMs). Self-reported “color”, according to the Brazilian census, was also available
for each participant to explore the relationship between self-reported “color” and skin
pigmentation, self-reported “color” and genomic ancestry, and skin pigmentation and
genomic ancestry. We observed that, although there were significant differences between the
three “color” groups in genomic ancestry and skin pigmentation, there was considerable
dispersion within each group and substantial overlap between groups. We also saw that there
was no good agreement between the “color” categories reported by each member of the
sibling pair and that socioeconomic status was significantly associated with self-reported
“color” and genomic ancestry. Also, we observed that rs1426654 (gene SLC24A5 from the
AIM panel) was strongly associated with constitutive skin pigmentation in this sample.
Hence, this chapter shows that subjective classifications based on self-reported “color” are
inadequate to describe the population structure present in recently admixed populations. The
second chapter report the investigation of peak oxygen uptake (VO2peak) measured by
ergoespirometric graded test with 12 SNPs markers of the renin angiotensin aldosterone
system (RAAS) in postmenopausal elderly, adjusting for age, fat percentage and fat free mass
measured by dual-energy X-ray absorptiometry. In despite of no observation of significant
associations after correction for multiple comparisons by the false discovery rate (FDR)
method, there was detected some borderline associations with the cardiovascular phenotypes
in the analysis of each marker individually and some borderline associations of epistatic
analysis of three SNPs genotype combinations with a principal component calculated from the
cardiorespiratory test and with the VO2peak. In summary, even with the difficulties to explain
heritability for complex phenotypes, demonstrated by genome wide studies, the second
chapter highlighted some possible genetic contributors to the cardiovascular fitness in the
RAAS.

Key-words: admixture, ancestry, oxygen uptake, renin angiotensin system.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Modelos da evolução humana. (a) Origem Africana Recente. (b) Evolução Multirregional.
.........................................................................................................................................................13

Figura 02: Rotas de migração do homem moderno. ..........................................................................14

Figura 03: Diagrama das forças evolutivas moldando a estrutura genética de variabilidade do
cromossomo Y na América do Sul. ...................................................................................................15

Figura 04: Modelo evolucionário da arquitetura genética da pigmentação humana em 3 populações:


Africana (West Africa), Asiática (East Asian) e Europeia (Europe). ...................................................17

Figura 05: Exemplo de fotografia da quantificação do DNA de alto peso molecular extraído das
amostras sanguíneas realizada em gel de agarose. ..............................................................................28

Figura 06: Análise gráfica de Bland-Altman: concordância das proporções de ancestralidade e do


índice de melanina entre os pares de irmãs. .......................................................................................41

Figura 07: Diagrama de dispersão: ancestralidade genômica e índice de melanina entre os pares de
irmãs.................................................................................................................................................41

Figura 08: Proporções de Ancestralidade Genômica x Cor de Pele. ..................................................44

Figura 09: Pigmentação (índice de melanina) x Cor de Pele. ............................................................45

Figura 10: Esquema representativo do SRAA, incluindo os SNPs genotipados em cada componente.
.........................................................................................................................................................73

Figura 11: Gráfico representativo da variância explicada por cada componente principal (autovalores)
- Scree Plot. ......................................................................................................................................89

Figura 12: Desequilíbrio de Ligação (R2x100 dentro dos blocos). .....................................................95


LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Descrição dos 21 AIMs: posições citogenéticas e físicas; alelos e frequências do alelo 1
em cada população parental; descrição do conteúdo informativo de ancestralidade pelos métodos de
diferença de frequência alélica (δ), valor f e escore In entre as três populações parentais arranjadas par
a par..................................................................................................................................................29

Tabela 02: Descrição das sequências e dos tamanhos dos iniciadores de PCR (F e R) e dos iniciadores
de extensão de única base (S). ...........................................................................................................31

Tabela 03: Concentração dos iniciadores de extensão de única base (S). ...........................................34

Tabela 04: Caracterização amostral. .................................................................................................38

Tabela 05: Descrição dos AIMs – Frequência Alélica e Teste de Hardy-Weinberg. ..........................39

Tabela 06: Ancestralidade Genômica ...............................................................................................40

Tabela 07: Tabela de contingência: cor de pele autodenominada. .....................................................42

Tabela 08: Ancestralidade genômica (ANOVA com correção de Bonferroni). ..................................43

Tabela 09: Índice de Melanina x Cor de pele (ANOVA com correção de Bonferroni). ......................45

Tabela 10: Nível socioeconômico x Cor de Pele (Teste de Qui-quadrado). .......................................46

Tabela 11: Ancestralidade genômica e Índice de Melanina X Nível Socioeconômico (ANOVA com
correção de Bonferroni). ...................................................................................................................47

Tabela 12: Teste de Associação Alélica (Ancestralidade x Pigmentação). .........................................48

Tabela 13: Estudos prévios que avaliaram a ancestralidade genômica na população brasileira. .........51

Tabela 14: Estudos prévios que avaliaram a ancestralidade genômica x cor de pele na população
brasileira. ..........................................................................................................................................56

Tabela 15: Herdabilidade de fenótipos antropométricos. Fonte: Adaptado de Clark (1956). ..............68

Tabela 16: Estudos de herdabilidade para potência aeróbia e composição corporal na população
brasileira. ..........................................................................................................................................69
Tabela 17: Estudos de herdabilidade para potência aeróbia e composição corporal em populações não
brasileiras. ........................................................................................................................................70

Tabela 18: Descrição dos 12 locos de acordo com o gene. ................................................................82

Tabela 19: Descrição das sequências e tamanhos dos iniciadores da PCR (F e R) e da extensão de
única base (S). ..................................................................................................................................84

Tabela 20: Concentração dos iniciadores de extensão de única base (S). ...........................................86

Tabela 21: Especificações do teste de associação com os polimorfismos do SRAA...........................91

Tabela 22: Características amostrais. ................................................................................................92

Tabela 23: Nível de atividade física e cor de pele autorrelatada (n=148). ..........................................93

Tabela 24: Teste Ergoespirométrico (n=148). ...................................................................................94

Tabela 25: Frequência alélica e Teste de Hardy-Weinberg. ...............................................................95

Tabela 26: Teste ergoespirométrico máximo x SRAA. .....................................................................96

Tabela 27: Pré-teste (repouso) e pós-teste (recuperação) x SRAA. ....................................................97

Tabela 28: Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA (3 SNPs).........................98

Tabela 29: Estado e região de nascimento. ..................................................................................... 101


SUMÁRIO

Introdução Geral.............................................................................................................................................11

Capítulo 1 – POPULAÇÃO BRASILEIRA: ANCESTRALIDADE GENÔMICA E SUAS IMPLICAÇÕES FENOTÍPICAS ....12

1 Introdução .........................................................................................................................................12

2 Revisão de literatura ..........................................................................................................................13


2.1 Origem, Evolução e Variabilidade Fenotípica em Humanos ............................................................13
2.2 Ancestralidade Genética na População Brasileira ...........................................................................19

3 Objetivo .............................................................................................................................................24
3.1 Geral: ............................................................................................................................................24
3.2 Específicos: ...................................................................................................................................24

4 Materiais e métodos ..........................................................................................................................25


4.1 Amostra ........................................................................................................................................25
4.2 Avaliação da cor de pele ................................................................................................................25
4.3 Pigmentação (Índice de Melanina).................................................................................................26
4.4 Classificação Socioeconômica ........................................................................................................26
4.5 Genotipagem ................................................................................................................................26
4.5.1 Extração de DNA ..................................................................................................................26
4.5.2 Quantificação do DNA ..........................................................................................................28
4.5.3 Genotipagem dos Marcadores Informativos de Ancestralidade.............................................29
4.5.3.1 Desenho de iniciadores para PCR e Genotipagem ........................................................30
4.5.3.2 Protocolos das reações de PCR e Genotipagem ...........................................................33
4.6 Determinação da ancestralidade genética .....................................................................................35
4.7 Análise Estatística..........................................................................................................................35

5 Resultados .........................................................................................................................................38
5.1 Caracterização amostral ................................................................................................................38
5.2 Ancestralidade Genômica ..............................................................................................................39
5.3 Análise de concordância entre os pares de irmãs ...........................................................................40
5.4 Ancestralidade Genômica, Cor de Pele e Índice de Melanina..........................................................42
5.5 Nível Socioeconômico ...................................................................................................................46
5.6 Associação de AIMs com Índice de Melanina (Pigmentação) ..........................................................47

6 Discussão ...........................................................................................................................................49
6.1 Ancestralidade Genômica ..............................................................................................................49
6.2 Análise de concordância entre os pares de irmãs ...........................................................................52
6.3 Ancestralidade Genômica, Cor de Pele e Índice de Melanina..........................................................54
6.4 Nível Socioeconômico ...................................................................................................................58
6.5 Associação de AIMs com Índice de Melanina (Pigmentação) ..........................................................60

7 Conclusão ..........................................................................................................................................61

Capítulo 2 – POLIMORFISMOS DO SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA ALDOSTERONA E APTIDÃO


CARDIOVASCULAR ..........................................................................................................................................62

1 Introdução .........................................................................................................................................62

2 Revisão de literatura ..........................................................................................................................64


2.1 Aptidão cardiorrespiratória e envelhecimento ...............................................................................64
2.2 Herdabilidade e Fenótipos Relacionados à Potência Aeróbia..........................................................67
2.3 Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SNPs x Potência aeróbia) .............................................71

3 Objetivos ...........................................................................................................................................75
3.1 Geral .............................................................................................................................................75
3.2 Específicos ....................................................................................................................................75

4 Materiais e métodos ..........................................................................................................................76


4.1 Amostra ........................................................................................................................................76
4.2 Caracterização amostral ................................................................................................................76
4.2.1 Nível de atividade física das participantes.............................................................................76
4.2.2 Composição Corporal ...........................................................................................................77
4.2.3 Genotipagem dos Marcadores Informativos de Ancestralidade.............................................78
4.3 Teste de Potência Aeróbia (VO2pico) ................................................................................................79
4.4 Genotipagem ................................................................................................................................81
4.4.1 Extração de DNA ..................................................................................................................81
4.4.2 Quantificação do DNA ..........................................................................................................81
4.4.3 Genotipagem dos Polimorfismos em Genes do SRAA ............................................................81
4.4.3.1 Desenho de iniciadores para PCR e Genotipagem ........................................................82
4.4.3.2 Protocolos das reações de PCR e Genotipagem ...........................................................85
4.5 Análise Estatística..........................................................................................................................86

5 Resultados .........................................................................................................................................92
5.1 Caracterização amostral ................................................................................................................92
5.2 Teste ergoespirométrico ...............................................................................................................93
5.3 Potência aeróbia e ancestralidade genômica (19 AIMs)..................................................................94
5.4 Marcadores genéticos do SRAA .....................................................................................................94
5.5 Aptidão cardiovascular e marcadores genéticos do SRAA...............................................................96
5.5.1 Efeitos principais ..................................................................................................................96
5.5.2 Efeitos epistáticos ................................................................................................................98
6 Discussão ......................................................................................................................................... 100
6.1 Caracterização amostral .............................................................................................................. 100
6.2 Teste ergoespirométrico ............................................................................................................. 102
6.3 Potência aeróbia e ancestralidade genômica (19 AIMs)................................................................ 103
6.4 Aptidão cardiovascular e marcadores genéticos do SRAA............................................................. 105
6.4.1 Efeitos principais ................................................................................................................ 105
6.4.2 Efeitos epistáticos .............................................................................................................. 111

7 Conclusão ........................................................................................................................................ 118

Referências Bibliográficas .............................................................................................................................119

ANEXOS ........................................................................................................................................................130

ANEXO A. QUESTIONÁRIO DE C ARACTERIZAÇÃO DA A MOSTRA (A DOLESCENTES) ............................................. 130

ANEXO B. QUESTIONÁRIO DE C ARACTERIZAÇÃO DA A MOSTRA (I DOSAS) ........................................................ 131

ANEXO C. P ARECER DO COMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA ............................................................................. 132

ANEXO D. P ARECER DO COMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA ............................................................................. 133

ANEXO E. TERMO DE CONSENTIMENTO L IVRE E E SCLARECIDO (ADOLESCENTES) .............................................. 134

ANEXO F. TERMO DE CONSENTIMENTO L IVRE E E SCLARECIDO (I DOSAS) ........................................................ 137

ANEXO G. IPAQ (VERSÃO LONGA) .......................................................................................................... 140

ANEXO H. CLASSIFICAÇÃO DO IPAQ ........................................................................................................ 144

ANEXO I. QUESTIONÁRIO DE CLASSIFICAÇÃO SOCIOECONÔMICA ................................................................... 145

ANEXO J. RESULTADOS ANÁLISE DE DADOS MB-MDR (VO2 PICO E PC1) ........................................................... 148
11

INTRODUÇÃO GERAL

O cenário ideal para os estudos em genética humana seria conhecer em nível


molecular cada indivíduo, bem como quais os determinantes genéticos de cada fenótipo,
incluindo no rol dos fenótipos variadas doenças e possíveis respostas a tratamentos
medicinais. Entretanto esta abordagem individual é um quadro utópico e inviável para
fenótipos complexos, os quais dependem de vários genes em conjunto, sendo escassa a
associação genética acurada a cada trato fenotípico. Sendo assim, busca-se caracterizar e
agrupar indivíduos semelhantes, e então desenvolver abordagens específicas para cada um
destes grupos, sendo que a classificação de acordo com a etnia é uma das metodologias
utilizadas.
Entretanto, existem populações, como é o caso da população brasileira, que sofreram
recentemente um processo de miscigenação, sendo atualmente compostas por uma nova
formação genética, decorrente da mistura dos genes herdados das populações ancestrais.
Neste contexto, o presente estudo buscou, abordar a miscigenação genética da população
brasileira e os efeitos da miscigenação em fenótipos complexos relacionados à aptidão física,
mais especificamente na potência aeróbia (VO2max), tanto utilizando-a como covariante de
ajuste para controle de efeitos de estratificação populacional quanto como fator direto de
associação com o fenótipo.
Sendo assim, o presente documento apresenta-se dividido em 2 capítulos, cada um
abordando uma destas fases do estudo. O primeiro capítulo trata da ancestralidade genômica
na população brasileira, associada às variáveis cor de pele autorrelatada, índice de melanina e
nível socioeconômico. Já o segundo capítulo traz um estudo que utilizou os conhecimentos da
ancestralidade genética empregando esta variável como covariante para o teste de associação
entre 12 polimorfismos do sistema renina angiotensina com o fenótipo de aptidão
cardiovascular. Além disso, o segundo capítulo aborda uma possível associação direta entre o
fenótipo de aptidão cardiorrespiratória e a ancestralidade genômica determinada pelos
marcadores informativos de ancestralidade, com exploração das proporções ancestrais de cada
população parental no grupo amostral de brasileiras idosas, explorando possíveis relações
entre estas duas variáveis.
É importante ressaltar que estes dois capítulos representam estudos independentes,
mas complementares, tendo a ancestralidade genômica como elo entre eles.
12

CAPÍTULO 1 – POPULAÇÃO BRASILEIRA: ANCESTRALIDADE

GENÔMICA E SUAS IMPLICAÇÕES FENOTÍPICAS

1 INTRODUÇÃO

A população brasileira descende de ancestrais africanos, europeus e ameríndios, e,


com respaldo da genética molecular e da genética de populações, sabe-se que a miscigenação
existente é maior do que inicialmente se supunha com base apenas em critérios de natureza
morfológica (ALVES-SILVA et al., 2000; PENA, 2000; CARVALHO-SILVA et al., 2001;
CALLEGARI-JACQUES et al., 2003; PENA e BORTOLINI, 2004; LINS et al., 2010).
Estudos de associação genética são estratégias em potencial para identificação de
genes de efeito modesto em fenótipos complexos, tais como ocorrem em algumas doenças
(MORTON e COLLINS, 1998). Entretanto, o desenvolvimento deste tipo de estudo em
populações recentemente miscigenadas, como a brasileira, merece atenção especial, pois a
miscigenação pode levar à obtenção de resultados espúrios quando há um fenótipo com
incidência diferenciada entre os subgrupos populacionais amostrados, correlacionado com
diferença na frequência alélica entre estes grupos (KNOWLER et al., 1988; ROSENBERG e
NORDBORG, 2006).
Portanto, identificar se os fenótipos estudados realmente apresentam risco relativo
desigual em indivíduos com diferentes ancestralidades genéticas é um aspecto importante,
seja para prevenção de resultados espúrios em estudos de associação genética (PRITCHARD
e ROSENBERG, 1999; PRITCHARD et al., 2000) ou para utilização de mapeamento por
desequilíbrio de ligação gerado por miscigenação (STEPHENS et al., 1994; MCKEIGUE,
1998). Sendo assim, a presente investigação se justifica ao buscar estas informações, ao
determinar, descrever e comparar a ancestralidade genética em um grupo de irmãs brasileiras,
bem como pela apresentação de fenótipos possivelmente relacionados à composição genética
parental. Além disso, o delineamento se justifica pela busca de implicações metodológicas a
serem seguidas no desenvolvimento e na aplicação de estudos de associação genética na
população brasileira, as quais poderão ser desenvolvidas com diversos fenótipos complexos,
seja por estudos de associação utilizando genes candidatos, seja por pesquisas de associação
por desequilíbrio de ligação gerado pela miscigenação.
13

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Origem, Evolução e Variabilidade Fenotípica em Humanos

Existem duas teorias predominantes que explicam a origem do homem moderno


(Homo sapiens sapiens): a teoria de uma única saída da África (Out of Africa), também
chamada de Origem Africana Recente, e a teoria de origem multirregional. De acordo com a
teoria Out of Africa, o homem moderno surgiu a partir de uma pequena população africana e
então povoou o mundo (STRINGER e ANDREWS, 1988; HORAI et al., 1995). Já a teoria
multirregional postula que o homem moderno surgiu gradual e simultaneamente em diferentes
continentes: Europa, África e Ásia (THORNE e WOLPOFF, 1992). Estes dois modelos
evolutivos estão representados abaixo na Figura 01.

Europa África Ásia Europa África Ásia

Origem Africana Recente Evolução Multirregional

Figura 01: Modelos da evolução humana. (a) Origem Africana Recente. (b) Evolução
Multirregional.
FONTE: Adaptado de Excoffier (2002).

Estas teorias foram formuladas baseando-se em estudos em diferentes áreas do


conhecimento, com grandes contribuições provenientes dos estudos antropológicos. No
entanto, a biologia molecular atualmente possui grande destaque no estudo da evolução do
homem moderno, buscando reconstituir a história da evolução a partir do estudo do DNA.
Dados moleculares baseados nas análises de DNA mitocondrial, Y-não recombinante e genes
autossômicos, suportam, em sua maioria, a teoria Out of Africa, tendo como argumento
principal a maior diversidade genética encontrada em africanos quando estes são comparados
com não africanos (HORAI et al., 1995; ARMOUR et al., 1996; SANTOS-LOPES et al.,
2007; LI et al., 2008). Portanto, acredita-se que o homem seja descendente de um grupo de
africanos, que gradualmente se disseminou, há cerca de 100.000 anos, para o continente
Europeu e o continente Asiático e que a povoação da Oceania e da América ocorreu
14

posteriormente, há aproximadamente 60.000 e 15.000 anos, respectivamente (CAVALLI-


SFORZA e FELDMAN, 2003). A Figura 02 traz um esquema das rotas de migração do
homem moderno, saindo da África em direção à Ásia e posteriormente para Europa, Oceania
e América, incluindo o tempo aproximado em anos para cada movimentação.

Figura 02: Rotas de migração do homem moderno.


FONTE: Cavalli-Sforza e Feldman (2003).

Alguns estudos trazem ainda evidências de um processo arcaico de miscigenação entre


o homem moderno (Homo sapiens sapiens) em migração da África e outros hominídeos já
existentes fora da África, os Neandertais (STONEKING e KRAUSE, 2011; YOTOVA et al.,
2011), sendo a contribuição do homem Neandertal para o homem moderno não africano
estimada em 2 a 4% da composição do genoma (STONEKING e KRAUSE, 2011) e 9% no
cromossomo X (YOTOVA et al., 2011). Estes autores sugerem que o processo teria ocorrido
entre 50.000 a 80.000 anos atrás, momento da saída do homem moderno da África
coincidindo com a presença dos homens de Neandertal no Oriente Médio, antes de se
dispersarem para outras regiões. Também foi observada miscigenação subsequente do homem
moderno com os Denisovans na população habitante de Nova Guiné – Oceania
(STONEKING e KRAUSE, 2011).
O povoamento das Américas continua em discussão. Uma das teorias mais aceitas é de
que o continente americano foi primeiramente habitado por migração de três populações
distintas há cerca de 15.000 anos, provenientes da Sibéria (Nordeste Asiático), teoria chamada
de “three-wave” (GREENBERG et al., 1986). Entretanto, Bonatto e Salzano (1997)
contestam parte desta teoria, que considera o Estreito de Bering apenas como um corredor de
passagem migratório, e apresentam dados moleculares de análises de DNA mitocondrial
(mtDNA) em nativos americanos e asiáticos que suportam a ideia de que a região da Beringia
15

teve um papel importante na origem dos povos nativo americanos. Segundo estes autores, os
habitantes da Beringia entraram nas Américas ao sul da América do Norte passando pelo
corredor livre de gelo de Alberta, o qual foi posteriormente bloqueado isolando a Beringia do
resto do continente americano, fato que desencadeou o desenvolvimento da identidade
genética dos ameríndios, os quais comparados às populações que permaneceram em Beringia
(Na-Dene e Eskimo) apresentam maior diversidade de mtDNA (BONATTO e SALZANO,
1997).
Em relação à população da América do Sul, Tarazona-Santos et al. (2001) propuseram
um modelo evolutivo baseado em estudos de linhagens masculinas (cromossomo Y), no qual
as populações do oeste sul-americano (área dos Andes) apresentam tamanhos efetivos e taxas
de fluxo gênico maiores quando comparadas às populações do leste (região amazônica e
Brasil), resultando em uma maior diferenciação genética entre estas últimas. A Figura 03
representa as forças evolutivas na América do Sul. Nesta figura, o tamanho dos círculos
representa proporcionalmente de forma aproximada o tamanho das populações e o tamanho
das flechas, a quantidade de troca genética.

Figura 03: Diagrama das forças evolutivas moldando


a estrutura genética de variabilidade do cromossomo Y
na América do Sul.
FONTE: Tarazona-Santos et al. (2001).

Estudar a evolução do homem e suas migrações ao longo do tempo não apenas


possibilita conhecer sua história, mas permite compreender melhor a base genética dos
fenótipos observados atualmente, tais como os relacionados às doenças complexas. Este fato
torna-se especialmente importante quando doenças comuns são causadas por alelos comuns
16

antigos, que antecedem a divergência das populações humanas (TISHKOFF e VERRELLI,


2003). Por exemplo, populações africanas apresentam maior prevalência de certas doenças
complexas tais como hipertensão, diabetes e câncer de próstata (TISHKOFF e WILLIAMS,
2002). Sendo a população africana o berço genético do homem moderno, estas variações
genéticas em africanos podem trazer implicações e tornarem-se fatores de risco para variados
grupos étnicos da atualidade.
Outro fator importante é que uma mesma variante genética pode trazer uma diferente
resposta fenotípica em dois ambientes diversos. Laland e colaboradores (2010) apresentaram
uma revisão recente na qual abordam como aos hábitos culturais podem, juntamente com a
genética, influenciar a evolução humana. Um grande exemplo de ação dos mecanismos de
seleção natural é o descrito para o loco da lactase (LCT) em populações europeias, cujas
variantes influenciam na produção de lactase na idade adulta, determinando a capacidade de
digestão do leite (BURGER et al., 2007). Segundo Itan et al. (2009), a persistência da lactase
sofreu processo de seleção natural positiva há cerca de 7.500 anos em decorrência da
mudança de hábitos culturais. Em virtude do desenvolvimento do pastoreio e da
disponibilidade de leite para alimentação, o alelo responsável pela persistência da lactase na
vida adulta passou de baixa para alta frequência dentro da população da Europa central e do
norte da África.
Outro exemplo de como o meio ambiente pode influenciar na seleção genética é a
pigmentação de pele diferenciada em populações africanas, europeias e asiáticas em
decorrência do processo de adaptação evolutiva, com peles menos pigmentadas em regiões
geográficas de menor incidência solar (IZAGIRRE et al., 2006; LAO et al., 2007; NORTON
et al., 2007). Um estudo desenvolvido por McEvoy et al. (2006) no projeto internacional
HapMap, após analisar dados de 77 genes candidatos para pigmentação, apresentou um
modelo evolucionário da arquitetura genética da pigmentação humana para as populações
africana, asiática e europeia, conforme ilustra a Figura 04.
17

Oeste Leste Norte


Africano Asiático Europeu
Figura 04: Modelo evolucionário da arquitetura
genética da pigmentação humana em 3 populações:
Africana (West Africa), Asiática (East Asian) e Europeia
(Europe).
FONTE: Adaptado de McEvoy et al. (2006).

Este modelo simula uma árvore populacional, com a pigmentação de pele representada
pela cor em cada segmento, que parte de um ancestral hominídeo comum, provavelmente de
pele clara em decorrência da camada de pelo que cobria todo o corpo, substituído pelos
indivíduos de pele escura devido à forte seleção natural da pigmentação de pele escura em
decorrência da perda da pelagem, paralelamente ao surgimento do Homo sapiens sapiens,
representado na Figura 04 pelo segmento 1. O modelo apresentado por estes autores
(segmentos 3 e 4, Figura 04) propõe ainda que a diferenciação da cor de pele entre asiáticos e
europeus provavelmente resultou de mecanismos genéticos diferentes e, portanto, não evoluiu
antes da separação destas duas populações, identificando inclusive alguns genes como fortes
indicativos da evolução da pigmentação de pele na população asiática (segmento 3) e na
população europeia (segmento 4): genes ADAM17 e ADAMTS20 e genes SLC24A5 e
MAPT, respectivamente (MCEVOY et al., 2006).
O grande ponto a ser ressaltado é que adaptações evolutivas que no passado foram
benéficas ao homem, hoje podem representar fatores de risco em um ambiente modificado.
Por exemplo, com as mudanças recentes nos hábitos de ingestão alimentar, grupos
populacionais que passavam por períodos de restrição alimentar e sofreram seleção natural
para maximização da eficiência metabólica, atualmente apresentam alelos comuns
relacionados a doenças metabólicas, tal como diabetes (NEEL, 1999; BALARESQUE et al.,
2007). Sendo assim, variantes genéticas presentes em populações ancestrais podem, ainda
hoje, expressar fenótipos positivos ou negativos para o homem. Foi demonstrado em africanos
18

que mutações no gene da glicose-6-fostato-desidrogenase (G6PD), que resultam em


deficiência enzimática e protegem indivíduos contra infecção pelo parasita da malária,
causam também hematopatologias e, ainda assim, permanecem em frequências relativamente
altas na população africana sub-Saara (TISHKOFF et al., 2001). Sendo assim, aos portadores
desta mutação que vivem em locais onde a malária foi erradicada, resta apenas o ônus da
maior probabilidade de apresentar doenças sanguíneas.
Colilla et al. (2000) desenvolveram uma comparação entre o índice de massa corporal
(IMC) de africanos e afro-americanos, basicamente provenientes de ancestrais africanos, e
verificaram que os primeiros possuem valores significativamente menores que os últimos. A
explicação proposta é de que africanos passaram por longos períodos de escassez de alimento
e carregam então “genes conservadores de energia”, compartilhados pelos afro-americanos, e
que a obesidade predominante nos afro-americanos é uma consequência natural da união
deste aparato genético com o estilo alimentar ocidental. Esta predisposição genética também
explica porque americanos ou descendentes de europeus têm menor prevalência de obesidade
que africanos e afro-americanos (COLILLA et al., 2000).
As principais forças evolutivas que determinam o destino de uma mutação inserida na
bagagem genética de uma população são a deriva, que é um processo aleatório atuando no
destino de alelos em uma população, e a seleção natural, que representa a seleção das
mutações adaptativas e eliminação dos alelos desfavoráveis (WRIGHT, 1931). Estas forças
atuam em conjunto no decorrer dos anos, modificando o conjunto de alelos em uma
população e alterando as características das espécies ao longo do tempo. Entretanto,
determinar como a variabilidade fenotípica em humanos é determinada a partir das estruturas
genéticas não é tarefa fácil, pois este é um cenário extremamente complexo influenciado por
vários fatores, por vezes entendidos como várias dimensões. Neste sentido, Hindorff et al.
(2011) propuseram 3 dimensões para tentar explicar a variabilidade fenotípica: a própria
heterogeneidade fenotípica entre indivíduos e entre populações, a heterogeneidade alélica
(associação de uma característica fenotípica com múltiplas variantes dentro do mesmo gene
ou loco) e a pleitropia (variantes genéticas associadas com múltiplos fenótipos diferentes,
incluindo fenótipos aparentemente nada relacionados). Além disso, juntamente com a
heterogeneidade alélica dentro do mesmo gene supracitada, figura neste cenário o efeito das
interações gene-gene, conceituado por Moore et al. (2009) como epistasia.
Portanto, atualmente ainda não existe um delineamento perfeito para estudar a
variabilidade fenotípica em humanos, mas apesar disso, duas hipóteses figuraram nos
delineamentos em busca da compreensão do papel da genética para os fenótipos complexos: a
19

hipótese doença comum variante comum (CD/CV, do inglês common disease/ common
variant) a qual postula que algumas poucas variantes comuns de alelos (frequência que >5%
na população) determinam a variabilidade genética de risco para o fenótipo ou doença; e a
hipótese doença comum variante raro (CD/RV, do inglês common disease / rare variant)
assevera que variações raras na sequência de DNA são as principais causadoras de doenças
comuns encontradas na população (SCHORK et al., 2009).
Mas, além de focar em variantes raros ou comuns, os estudos têm incluído, juntamente
com a sequência herdada de DNA, variações genéticas estruturais, variações epigenéticas e
interações entre genes e meio ambiente na tentativa de entender a presente estrutura fenotípica
moldada ao longo do processo de evolução, tal como nos estudos de câncer revisados por
Hindorff et al (2011).

2.2 Ancestralidade Genética na População Brasileira

Há aproximadamente 500 anos, em 1492, a América começou a ser colonizada pelos


europeus, o que trouxe um novo cenário à composição genética do continente e, mais
especificamente, do Brasil. Historicamente, sabe-se que a atual população brasileira é uma
mistura de três populações parentais: europeus, ameríndios e africanos; e sabe-se também que
este perfil é decorrente do processo de colonização do país. Estudos que investigaram a
linhagem dos indivíduos brasileiros por meio de polimorfismos em mtDNA e cromossomo Y
corroboram a história de união predominante entre homens europeus, principalmente
portugueses, com mulheres ameríndias ou africanas (ALVES-SILVA et al., 2000;
CARVALHO-SILVA et al., 2001). Callegari-Jacques e colaboradores (2003) genotiparam 12
microssatélites em uma amostra de 1.037 brasileiros provenientes de diferentes regiões do
Brasil e mais uma vez ficou evidente a contribuição das populações parentais europeia,
africana e ameríndia na formação da população brasileira, com predominância de europeus.
Portanto, a identidade genética das três populações ancestrais brasileiras, modelada ao
longo de milhares de anos de evolução, vem sendo modificada há cerca de 500 anos em
decorrência do novo fluxo gênico gerado pela mistura de ameríndios, europeus e africanos no
Brasil.
Uma implicação desta miscigenação recente sobre os estudos que buscam associação
de marcadores genéticos com fenótipos complexos é que a miscigenação populacional pode
levar à obtenção de resultados espúrios, quando há um fenótipo com incidência diferenciada
20

entre grupos populacionais (LI, 1969; KNOWLER et al., 1988; DEVLIN e ROEDER, 1999;
DEVLIN et al., 2004; ROSENBERG e NORDBORG, 2006; ZHENG et al., 2006). Portanto,
se o fenótipo está correlacionado à ancestralidade e nos grupos de estudo existe uma maior
representação de indivíduos com determinada ancestralidade, os alelos mais frequentes neste
grupo populacional podem apresentar-se equivocadamente associados ao fenótipo sob
investigação.
Para pesquisas desta natureza junto à população brasileira, mesmo agrupando-se os
indivíduos por cor de pele ou características físicas que possam inferir a origem africana ou
europeia, o risco dos grupos apresentarem heterogeneidade genética é alto (PARRA et al.,
2003; SUAREZ-KURTZ et al., 2007; SANTOS et al., 2009), fazendo-se necessária a
utilização de variáveis contínuas tal como a ancestralidade estimada a partir de dados
genéticos (SORTICA et al., 2011). Pimenta et al. (2006) analisaram 12 microssatélites de uso
comum na genética forense em 752 indivíduos da cidade de São Paulo e também verificaram
dissociação entre a cor de pele dos 3 principais grupos raciais brasileiros (brancos, pretos e
intermediários) e a ancestralidade genética.
Apesar deste aspecto negativo, populações geradas pela miscigenação recente
representam uma possibilidade para a identificação de genes responsáveis pela expressão de
determinados fenótipos, quando estes genes se manifestam de maneira diferenciada nos
grupos populacionais ancestrais contribuintes para a formação destas populações
(STEPHENS et al., 1994; MCKEIGUE, 1998). Esta metodologia é conhecida como
mapeamento por MALD (do inglês, Mapping by Admixture Linkage Disequilibrium), ou seja,
desequilíbrio de ligação gerado por miscigenação. As bases do MALD estão no desequilíbrio
de ligação gerado pela miscigenação entre indivíduos de diferentes grupos populacionais e na
possibilidade de identificar regiões genômicas que tenham sua origem em um determinado
grupo populacional. Sendo assim, em um grupo de indivíduos miscigenados com determinado
fenótipo, tem-se um maior compartilhamento de regiões genômicas com a mesma origem
ancestral. Este desequilíbrio de ligação é particularmente alto entre marcadores polimórficos
que apresentam alelos com grandes diferenças de frequência entre as populações parentais
(HALDER e SHRIVER, 2003).
Para avaliar a composição ancestral de uma população são utilizados marcadores
genéticos informativos de ancestralidade. Um marcador informativo de ancestralidade (AIM,
do inglês Ancestry Informative Marker) pode ser compreendido como qualquer marcador
genético que apresente diferenças de frequências alélicas em duas ou mais populações
distintas (CHAKRABORTY e WEISS, 1988; SHRIVER et al., 1997). Qualquer tipo de
21

marcador molecular pode ser considerado um AIM, contanto que satisfaça a condição de
diferenças de frequência alélica entre populações.
Campbell et al. (2005) avaliaram a estratificação dentro de uma população de norte-
americanos descendentes de europeus, e, após a genotipagem de 67 AIMs específicos para
diferenciação de regiões genéticas de ancestralidade descendente de africanos e europeus, não
encontraram evidências de estratificação. No entanto, quando foi avaliado o polimorfismo
LCT (rs4988235), cuja frequência alélica varia entre o norte e o sul europeu, foi possível
identificar a estratificação, inclusive com este marcador fugindo ao equilíbrio de Hardy-
Weinberg. Portanto, a qualidade dos AIMs, em termos de diferença de frequência alélica entre
as populações a serem discriminadas, é fator indispensável na análise da ancestralidade
genética, sendo inclusive preponderante sobre quantidade de marcadores.
Basicamente, a diferença de frequência alélica (δ) entre as populações ancestrais
indicada para um AIM de grande conteúdo de informação e correta atribuição é tal que δ ≥
0,60 (HOGGART et al., 2003; ROSENBERG et al., 2003). As diferenças na acurácia de
predição da ancestralidade em função do tipo de marcador (SNPs em íntrons, éxons, regiões
regulatórias ou codificantes de RNA mensageiro) são extremamente pequenas e SNPs que
apresentam diferença de frequência entre os grupos são os mais eficazes (ALLOCCO et al.,
2007).
Mas, além da diferença de frequência alélica, há na literatura formas mais complexas e
acuradas de inferir o poder de discriminação ancestral de um painel de AIMs. McKeigue
(1998) estabeleceu que o poder de um painel de AIMs depende de quão distante o processo de
miscigenação está do presente (número de gerações) e do conteúdo informativo ancestral de
cada marcador (f), o qual é derivado em função das frequências alélicas do marcador nas duas
populações ancestrais. O cálculo do f para marcadores bialélicos está descrito na Equação 01.

( −  ) 1
= , na qual  = ( +  )
4 (1 −  ) 2

ux = frequência do alelo 1 na população X


uy = frequência do alelo 1 na população Y
(Equação 01)

Ainda segundo McKeigue (1998), marcadores com valor f iguais ou superiores a 0,30
são eficientes para determinar a ancestralidade em populações cuja miscigenação ocorreu há
22

10 ou menos gerações atrás. É importante ressaltar que quanto mais distante no tempo está o
processo de miscigenação, maior o número de marcadores necessários para capturar a
estrutura dentro da população (TIAN et al., 2007) e, consequentemente, quanto mais
informativos os marcadores, melhor a estimativa.
Há ainda o método proposto por Rosenberg et al. (2003) para estimar o conteúdo
informativo de cada AIM, denominado de informativeness (In). Este cálculo, assim como
descrito de forma simplificada pela Equação 02, abaixo, é resultado de funções logarítmicas
das probabilidades de cada alelo estar presente em cada uma das populações. O cálculo do
somatório da equação abaixo para cada alelo resulta na In total para cada marcador.


 = − log  +  log 


In = conteúdo informativo;
pj = média da frequência do alelo entre as populações;
p i j = frequência do alelo na população i;
K = número de populações;
N= número de alelos;
i = populações (1, 2, ...., K);
j = alelos (1, 2, ...N).
(Equação 02)

Estes métodos de avaliação dos painéis de AIMs são importantes, pois, de acordo com
Rosenberg et al. (2003) marcadores altamente informativos reduzem a demanda de
genotipagem, em relação ao número de marcadores, necessária para inferência da
ancestralidade.
Uma das formas de utilização de marcadores informativos de ancestralidade é pela
genotipagem de polimorfismos de base única (SNPs, do inglês single nucleotide
polymorphism). Os SNPs geralmente ocorrem devido a substituições de nucleotídeos não
reparadas durante a replicação de DNA, sendo a maior parte proveniente de mutações
herdadas que de mutações de novo (SERRE e HUDSON, 2006). Lins et al. (2010)
genotiparam SNPs com diferentes frequências nas populações europeia, africana e ameríndia
e corroboraram que a população brasileira é uma mistura destas três populações ancestrais,
com maior contribuição da ancestralidade europeia (77,1%), seguida pela contribuição
africana (14,3%) e ameríndia (8,5%).
23

Cavalcante et al. (2011) apresentaram um estudo com 222 indivíduos da população


brasileira no qual houve uma contribuição média especialmente alta de ancestralidade africana
(45%), seguida da ancestralidade europeia (33%) e da ameríndia (27%), esta última também
maior que o usual. As possíveis causas desta disparidade não podem ser afirmadas, mas
especula-se que a amostra composta por indivíduos portadores da doença Hepatite C pode não
ser representativa da população brasileira. Outra suposição é de que a ancestralidade estimada
a partir de um painel com apenas 7 AIMs pode não ser suficiente para determinar as
proporções de ancestralidade genética, ainda que em nível de média amostral.
Recentemente foi publicada uma pesquisa com genotipagem em larga escala de
365.116 SNPs, dos quais pela análise de componentes principais (PCA) foram determinados
os 5 principais fatores explicativos da ancestralidade e escolhidos os top SNPs de cada um
destes componentes para formar painéis de AIMs (50, 100 e 150 SNPs para cada componente,
resultando em painéis com 250, 500 e 750), utilizando ainda dois modelos com populações
ancestrais de referência diferentes, sendo o modelo 1 composto por europeus da região norte e
oeste (CEU), africanos Youruba da Nigéria (YRI) e Mexicanos (MEX) e o modelo 2
composto por europeus da Itália (TSI), afro-americanos do Sul dos Estados Unidos (ASW) e
mexicanos (MEX), além da população brasileira a ser testada (GIOLO et al., 2012). Este
estudo mostrou que a ancestralidade da população brasileira (Região Sudeste) é formada por
um contínuo entre Europeus e Africanos, com pequeno componente Mexicano. Não foram
observadas diferenças significativas entre os modelos 1 e 2, sendo as proporções de
ancestralidade 15% ameríndia, 24% africana e 61% europeia (modelo 1) e 17% ameríndia,
27% africana e 56% europeia (modelo 2).
Além disso, Giolo et al. (2012) mostraram que o painel com 250 SNPs capturou toda
variação de ancestralidade genética mostrada pelos 365116 SNPs, e que o resultado
apresentado por este painel foi indistinguível daqueles dos painéis com 500 e 750 SNPs,
sendo os 3 painéis altamente correlacionados (r=0,96). Ressalta-se ainda que o estudo de Lins
et al. (2011) apresentou a ancestralidade a partir de apenas 13 AIMs (12 SNPs e 1
polimorfismo de inserção/deleção) com resultados bem similares aos modelos supracitados
com mais de 200 AIMs (ancestralidade de 12% ameríndia, 25% africana e 63% europeia).
24

3 OBJETIVO

3.1 Geral:

O presente estudo objetivou investigar a ancestralidade genética em uma amostra de


pares de irmãs da população brasileira.

3.2 Específicos:

• Determinar a ancestralidade genética em uma amostra de pares de irmãs


brasileiras utilizando marcadores informativos de ancestralidade (AIMs).
• Verificar a associação entre a pigmentação de pele mensurada quantitativamente e
a ancestralidade genética.
• Verificar a associação entre a cor de pele autorrelatada e a ancestralidade genética.
• Verificar a associação entre a cor de pele autorrelatada e a pigmentação de pele
mensurada quantitativamente.
• Verificar a associação entre a classificação socioeconômica e a ancestralidade
genética.
• Verificar a associação entre a classificação socioeconômica e a cor de pele
autorrelatada.
• Verificar a associação entre a classificação socioeconômica e a pigmentação de
pele mensurada quantitativamente.
• Comparar a concordância da ancestralidade genética entre os pares de irmãs.
• Comparar a concordância da cor de pele autorrelatada entre os pares de irmãs.
• Comparar a concordância da pigmentação de pele mensurada quantitativamente
entre os pares de irmãs.
• Testar a associação entre os marcadores genéticos de ancestralidade (AIMs) e a
pigmentação de pele mensurada quantitativamente.
25

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Amostra

O estudo foi constituído por 86 pares (n=172) de irmãs germanas adolescentes pós-
menarca com idade entre 10 e 20 anos. As amostras foram selecionadas em escolas do ensino
fundamental e médio da rede pública de Brasília.
Foram adotados os critérios de inclusão seguintes:
a) Irmãs germanas (ou seja, filhas de mesmo pai e mesma mãe) com faixa etária entre
10 e 20 anos, em estágio pós-menarca;
b) Não possuir doença crônico-degenerativa.
O grau de parentesco de irmãs germanas foi previamente confirmado na amostra pela
genotipagem de 17 marcadores microssatélites (FONSECA, 2011), utilizando o pacote
estatístico Merlin (ABECASIS et al., 2002). Foi aplicado um questionário de caracterização
amostral (Anexo A) em todas as voluntárias para discriminação daquelas que seriam mantidas
nas análises, partindo de um número inicial de 161 pares de irmãs e finalizando com 86 pares.
O grupo amostral de mulheres adolescentes foi obtido mediante parceria com os
pesquisadores Dr. Rômulo Maia Carlos Fonseca e Dra. Nancí Maria de França, e sob
aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília (CEP/UCB
Nº 078/2006), de acordo com a Resolução 196/96 (Anexo C). Os dados obtidos no presente
estudo, ao serem publicados e divulgados em revistas científicas, têm resguardada a
identidade de cada participante.
Adicionalmente, todas as participantes da amostra (ou os responsáveis legais em caso
de menores de 18 anos) receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo
E), pelo qual foram explicadas dos objetivos, dos procedimentos a serem realizados, dos
possíveis desconfortos, riscos e benefícios decorrentes da participação na pesquisa. A
assinatura do termo firmou a concordância em participar do estudo, com a garantia da
manutenção do anonimato dos dados coletados e a possibilidade de desistência em participar
da pesquisa a qualquer momento.

4.2 Avaliação da cor de pele

A cor de pele foi determinada pela autoclassificação em uma das categorias propostas
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para classificação de cor ou raça:
26

branca, preta, parda, amarela ou indígena (IBGE, 2000). A autodenominação da cor de pele de
cada voluntária foi avaliada sem interferência de terceiros e sem conhecimento do resultado
assinalado pela respectiva irmã.

4.3 Pigmentação (Índice de Melanina)

O índice de melanina é uma medida quantitativa da pigmentação da pele mensurada


por um refratômetro. Este aparelho estima a quantidade de melanina a partir da quantidade de
luz refletida de volta à máquina nos comprimentos de onda verde e vermelho, sendo que
indivíduos com pele mais clara têm valores mais baixos de índice de melanina e indivíduos
mais escuros têm valores mais altos, variando geralmente entre 20 até 100 (SHRIVER e
PARRA, 2000). A pigmentação em áreas da pele que não ficam expostas à luz é denominada
de pigmentação de pele constitutiva, fenótipo complexo e relativamente pouco afetado por
fatores ambientais (PARRA et al., 2004b).
No presente estudo, a pigmentação de pele constitutiva foi avaliada utilizando o
aparelho DermaSpectrometer (Cortex Technology, Hadsund, Denmark) na parte interna do
braço, logo abaixo da axila. O aparelho foi calibrado de acordo com instruções do fabricante e
foram realizadas 3 medidas em cada braço, sendo a média destes valores tomada como escore
final da pigmentação de pele.

4.4 Classificação Socioeconômica

A classificação socioeconômica das participantes foi avaliada por meio de


questionário Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), elaborado pela Associação
Brasileira de Empresas de Estatística (ABEP, 2008), disponível em www.abep.org, o qual é
baseado na avaliação da posse de itens domésticos e cômodos da casa, bem como no grau de
instrução educacional do chefe da família (Anexo I). A quantidade de itens corresponde a uma
pontuação e o somatório dos pontos possibilita a classificação simplificada nas categorias: A,
B, C, D e E (em ordem decrescente de renda e nível socioeconômico).

4.5 Genotipagem

4.5.1 Extração de DNA


Uma amostra de sangue venoso (5 mL) de cada voluntária foi coletada na veia
antecubital por um técnico devidamente treinado. O material biológico foi colhido e
27

armazenado em tubos estéreis com vácuo contendo anticoagulante EDTA. O DNA genômico
de alto peso molecular foi extraído dos leucócitos periféricos utilizando-se o método salting
out (MILLER et al., 1988).
Os procedimentos de extração envolveram basicamente três passos:
a) Remoção de hemácias por meio da adição de água deionizada ultrapura. Após a
homogeneização do sangue, um volume inicial de 300 µ l foi depositado em um microtubo de
1,5 mL. Adicionou-se 1000 µl de água deionizada ultrapura, sendo o material centrifugado
durante 5 minutos a 5000 rotações por minuto (rpm) para separação dos núcleos e
sobrenadante. O sobrenadante foi descartado. Então, foi adicionado em cada microtubo mais
300 µl de sangue e 1000 µ l de água deionizada ultrapura e repetido o processo.
b) Lise das células da linhagem branca por meio da adição de um tampão com
detergente. A solução usada no procedimento foi denominada Tampão A, composto por
sacarose (0,32 M), Tris-HCl (10 mM, pH 7,6), MgCl2 (5 mM) e o detergente não iônico
Triton X 100 (1 %). Suspendeu-se o pellet em 700 µ l do Tampão A, sendo o material
centrifugado a 5000 rpm por 15 minutos para condensação do pellet, com posterior descarte
do sobrenadante.
c) Remoção das proteínas celulares e histonas ligadas ao DNA por meio da adição de
uma protease e precipitação com sódio. O pellet foi suspenso em 500µ l de um composto
denominado Tampão B (25mM de EDTA com pH 8.0 e 75mM de NaCl), sendo adicionados
5µ l de SDS (do inglês, sodium dodecyl sulfate) a 10% e 5µ l proteinase K (na concentração de
10 mg/mL). Em seguida, os microtubos foram incubados a 55ºC durante uma hora para ação
da enzima. Após a incubação foram adicionados 200µ l NaCl (em concentração de 6 M) para
precipitar restos celulares e proteicos, seguido de uma nova centrifugação da mistura a 3000
rpm durante 15 minutos, com a finalidade de precipitar as impurezas no fundo dos tubos. O
pellet, juntamente com o microtubo usado, foi descartado após a transferência do
sobrenadante para um novo microtubo devidamente identificado.
d) Precipitação do DNA em álcool. Foi adicionado etanol absoluto ao sobrenadante
obtido no item anterior, na proporção de duas vezes o volume contido no tubo. Por meio de
inversões cuidadosas dos tubos foi realizada a mistura, sendo nesse momento possível a
visualização da precipitação do DNA. Houve então uma última centrifugação a 5000 rpm
durante 5 minutos, com a finalidade de aderir o DNA no fundo dos tubos. Descartou-se em
seguida o sobrenadante com cuidado para não perder o pellet e os tubos foram deixados
descansando com a finalidade de evaporar o restante do etanol adicionado. Após a evaporação
28

completa do etanol, foram adicionados 100 µ l de tampão TE (Tris-HCl 10mM e EDTA


0,1mM, pH 8,0) para conservação do DNA, e o material foi encubado durante 1 hora a 37ºC.

4.5.2 Quantificação do DNA


A concentração do DNA extraído previamente foi estimada por meio de eletroforese
em gel de agarose a 1%, corado com 3 µ l de brometo de etídio. Em cada poço do gel foi
aplicado um volume de 7 µ l, dos quais eram 4 µ l de tampão de carregamento (2,5 mg/mL de
azul de bromofenol; 400 mg/mL de sacarose; 0,02 mg/mL de brometo de etídio; 12,1mg/mL
de Tris-HCl pH 8,0; 1 mM de EDTA pH 8,0) e 3 µl do DNA extraído e conservado em
tampão Tris-EDTA (TE).
Foram utilizados como padrões para quantificação amostras de DNA do fago lambda
em concentrações de 20, 50, 100 e 200ng/µ l. Após aproximadamente 15 minutos de
eletroforese a 80 V, o gel foi fotografado em luz ultravioleta, sendo as “bandas” formadas
pelo DNA comparadas com aquelas dos padrões, e, através da inspeção visual, foi realizada a
quantificação do DNA (Figura 05).

Figura 05: Exemplo de fotografia da


quantificação do DNA de alto peso
molecular extraído das amostras
sanguíneas realizada em gel de agarose.

Após a quantificação, todas as amostras de DNA foram diluídas em água deionizada


ultrapura para uma concentração final de 5 ng/µ l e prontas para seguir para o processo de
amplificação.
29

4.5.3 Genotipagem dos Marcadores Informativos de Ancestralidade


Foram selecionados na literatura marcadores informativos de ancestralidade a partir
das diferenças em frequências alélicas (δ) das populações parentais europeia, africana e
ameríndia (SHRIVER et al., 2003; SMITH, 2004), já utilizados em publicações prévias (LINS
et al., 2010). O conjunto de marcadores foi composto por 21 SNPs informativos de
ancestralidade, os quais foram divididos em 3 sistemas, para a genotipagem utilizando o
método de minissequenciamento. A Tabela 01 descreve as frequências alélicas para cada um
destes 21 locos nas três populações parentais, bem como estimativas do poder informativo de
ancestralidade para cada marcador, obtidos pelo valor f e pela In, além da δ. Alguns destes
marcadores são conhecidos por nomes específicos, referindo-se ao loco ou ao polimorfismo
em questão.

Tabela 01: Descrição dos 21 AIMs: posições citogenéticas e físicas; alelos e frequências do alelo 1 em cada população
parental; descrição do conteúdo informativo de ancestralidade pelos métodos de diferença de frequência alélica (δ), valor f e
escore In entre as três populações parentais arranjadas par a par.
AFR / EUR AFR / AMR AMR / EUR
Posição Posição física Alelo Alelo
rs # EUR AFR AMR δ f In δ f In δ f In
gênica (pb)* 1 2
rs1240709 1p36.3 1337837 A G 0,766 0,050 0,103 -0,716 0,530 0,304 -0,053 0,010 0,005 -0,663 0,447 0,246

rs2814778 1q23 159174683 G A 0,006 0,983 0,019 0,976 0,953 0,630 0,964 0,930 0,604 0,012 0,003 0,002

rs2065160 1q32 204790977 C T 0,088 0,487 0,875 0,399 0,195 0,105 -0,388 0,173 0,091 0,787 0,620 0,355

rs3796384 3p14 64526717 C G 0,154 0,783 0,875 0,629 0,398 0,215 -0,092 0,015 0,007 0,721 0,520 0,290

rs2278354 5p15.2 10448978 G T 0,120 0,703 0,839 0,583 0,351 0,190 -0,136 0,026 0,013 0,719 0,518 0,288

rs267071 5q22 116948503 C T 0,654 0,088 1,000 -0,566 0,343 0,188 -0,912 0,838 0,540 0,346 0,209 0,138

rs222541 6q16 95231163 G C 0,257 0,971 0,018 0,714 0,538 0,316 0,953 0,908 0,582 -0,239 0,120 0,070

rs1480642 6q23 136499528 C T 0,994 0,121 0,621 -0,873 0,772 0,483 -0,500 0,268 0,143 -0,373 0,223 0,139

rs4305737 6q24 145051594 A G 0,250 0,921 1,000 0,671 0,464 0,259 -0,079 0,041 0,028 0,750 0,600 0,380

rs285 8p21 19815189 T C 0,578 0,954 0,448 0,376 0,197 0,111 0,506 0,305 0,173 -0,130 0,017 0,008

rs3176921 8q13 67091379 T C 0,929 0,238 0,983 -0,692 0,493 0,278 -0,745 0,584 0,351 0,053 0,017 0,009

rs803733 9q33 125832879 C T 0,880 0,013 0,411 -0,867 0,761 0,470 -0,398 0,237 0,144 -0,469 0,241 0,128

rs7349 10p11.2 31817905 T C 0,062 0,969 0,000 0,907 0,824 0,507 0,969 0,939 0,623 -0,062 0,032 0,022

rs730570 14q32 101142890 A G 0,896 0,197 0,054 -0,699 0,492 0,274 0,144 0,047 0,025 -0,843 0,712 0,421

rs1129038 15q13 28356859 C T 0,224 0,996 0,983 0,771 0,625 0,389 0,013 0,004 0,002 0,758 0,601 0,362

rs1426654 15q21 48426484 G A 0,013 0,967 0,931 0,954 0,910 0,586 0,036 0,007 0,003 0,918 0,846 0,532

rs734780 15q26 89564958 C T 0,062 0,710 0,854 0,649 0,444 0,250 -0,144 0,030 0,015 0,793 0,633 0,366

rs730086 17q21 40271757 C T 0,667 0,063 1,000 -0,604 0,393 0,220 -0,937 0,881 0,574 0,333 0,200 0,132

rs6034866 20p12 17603728 A G 0,083 0,954 0,143 0,871 0,759 0,456 0,811 0,664 0,390 0,060 0,009 0,004

rs310612 20q13.3 62181508 A G 0,763 0,013 0,966 -0,750 0,593 0,360 -0,953 0,909 0,584 0,203 0,088 0,048

rs727563 22q13 41867377 C T 0,253 0,811 0,948 0,558 0,312 0,166 -0,137 0,045 0,024 0,695 0,504 0,288

rs# = número de referência do marcador no dbSNP; pb= pares de bases; EUR = Europeia; AFR = Africana; AMR = Ameríndia; δ = diferença
de frequência alélica; f = valor f; In = índice de informação de ancestralidade; * Dados da versão GRCh37.p5 dbSNP build 135.
30

Os SNPs rs2065160 (TSC1102055), rs2814778 (FYNULL), rs285 (LPL) e rs3176921


(CRH) são eventualmente conhecidos por este nome funcional (PARRA et al., 2004a; LINS
et al., 2010), mas no presente estudo serão tratados pelo número de referência da sequência
(rs#) no banco de dados dbSNP (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/snp/) com o intuito de facilitar
sua identificação e compartilhamento do resultados.
A genotipagem por minissequenciamento envolve a amplificação do fragmento de
DNA no qual se localiza a mutação de única base a ser investigada, também chamada de SNP
(do inglês, single nucleotide polymorphism) em reação de PCR (do inglês, polimerase chain
reaction). Para genotipagem, um iniciador, também chamado de primer, exatamente adjacente
ao SNP é utilizado, ocorrendo então a adição de um ddNTP (do inglês, dideoxy-nucleotide-tri
phosphate), permitindo a incorporação de um único nucleotídeo. Sendo assim, a genotipagem
por minissequenciamento é denominada também SBE (do inglês, single base extension), que
significa extensão de um único nucleotídeo (SYVANEN et al., 1990; SOBRINO et al., 2005).
A genotipagem por minissequenciamento foi realizada utilizando o sistema comercial
SNaPshot Multiplex (ABI Prism® SNaPshot® Multiplex Kit, Applied Biosystems, Foster City,
CA, USA), o qual possibilita a genotipagem em multiplex com ddNTPs marcados com
moléculas fluorescentes (ddATP, ddGTP, ddTTP, ddCTP). Diferentes cores ao final da
eletroforese correspondem a alelos específicos, sendo: vermelho (alelo T), amarelo (alelo C),
verde (alelo A) e azul (alelo G).

4.5.3.1 Desenho de iniciadores para PCR e Genotipagem

Os iniciadores dos AIMs utilizados neste estudo foram previamente desenhados e


utilizados no laboratório da Universidade Católica de Brasília (LINS et al., 2010). A
sequência dos iniciadores utilizados nesta pesquisa está apresentada na Tabela 02. Estes
iniciadores, previamente desenhados, foram testados individualmente e realocados em 3
sistemas (sets) para genotipagem em multiplex.
31

Tabela 02: Descrição das sequências e dos tamanhos dos iniciadores de PCR (F e R) e dos iniciadores de
extensão de única base (S).
Direção do Tamanho do
Iniciadores Sequência iniciador iniciador Set

rs1240709 – F ATCCTATCTGGGTGGCACAG Direto 20


rs1240709 – R CAGCAGTCAGCTCAGTCAGG Reverso 20 3
rs1240709 – S (gact)5ATGTGGACACGGGTGAGGGA Direto 40

2814778 – F TCACCCTGTGCAGACAGTTC Direto 20


2814778 – R GTGGGGTAAGGCTTCCTGAT Reverso 20 3
2814778 – S (gact)2gacCTCATTAGTCCTTGGCTCTTA Reverso 32

rs2065160 – F CTGCTGTGCTAGCTGCTGAT Direto 20


rs2065160 – R GCTGTGAGGACGTCAAACCT Reverso 20 1
rs2065160 – S gactCCTCTCGATGAGTAAATATGGG Reverso 26

rs3796384 – F GCCAATGTCGGAAGGATTAC Direto 20


rs3796384 – R GCTAGCCAATGTGCAAGACA Reverso 20 2
rs3796384 – S (gact)6CGTTCTTCTCTCCATTCAGA Direto 44

rs2278354 – F GCTCCGTGACCCACTTTCTA Direto 20


rs2278354 – R GCCTCTGCCTTCTCTGTCTG Reverso 20 3
rs2278354 – S (gact)7AGAAGCGCAAGGCAGGAAGG Reverso 48

rs267071 – F TGGGACTTGAGCATTATAGGG Direto 21


rs267071 – R TGCTAATGCAGCCTTCTCAA Reverso 20 3
rs267071 – S gactCTTTAATGCTCTGAAAACCTTA Direto 26

rs222541 – F TGCTAAAGCACTTCAGTTTTGA Direto 20


rs222541 – R AATCCCCTAAGGCAGCTTTC Reverso 20 2
rs222541 – S (gact)4CATTCATAACTGACTGATAGCATA Direto 40

rs1480642-F TTCTTGACCTGAGTGGTGGTT Direto 21


rs1480642-R CAAACCAGTGGGCAAGAGAT Reverso 20 1
rs1480642-S (gact)3gacTTTATATGTGAGGGAAAGCTC Direto 36

rs4305737-F TGGTGAACACGTGAGGTTACA Direto 21


rs4305737-R TGGAGAAACCAGTCTCACCTG Reverso 21 3
rs4305737-S (gact)3AATTGAGGCCCCTGAAGA Direto 30

rs285 – F CAGTGGGTTCAAGGCTCTGT Direto 20


rs285 – R AACAACAACAAAACCCCACA Reverso 20 3
rs285 – S (gact)4gACAACAAAACCCCACAGCT Reverso 36

Set = Grupo no qual o marcador foi genotipado em multiplex.


32

Continuação – Tabela 02.


Direção do Tamanho do
Iniciadores Sequência iniciador iniciador Set
rs3176921 – F TTTGTGCCCCTTCACTATGG Direto 20
rs3176921 – R CCATCTTTCTGCCTGGAAAA Reverso 20 2
rs3176921 – S (gact)3TGCAGAAGCAAGGCCAATAA Reverso 32

rs803733 – F TCCCCAAGAGTTCAACCAAC Direto 20


rs803733 – R AACCTTAGGCTTGAGCATGG Reverso 20 1
rs803733 – S (gact)7ATGTCATTGTGGAGGAGATA Reverso 48

rs7349 – F GCAATTGGTTCTCCTGCATT Direto 20


rs7349 – R GAAATGAGAGTTGTATGGTTAGGC Reverso 24 3
rs7349 – S (gact)5AAATGAGAGTTGTATGGTTAGGCT Reverso 44

rs730570 – F GCCTTCCATGGTTTCTCTGA Direto 20


rs730570 – R AGATTGTGGGGACTGTGAGC Reverso 20 2
rs730570 – S (gact)4TCACCTGCATCTCACACTGC Direto 36

rs1129038 – F CAGCAGCGACGATTCAGATA Direto 20


rs1129038 – R ATCACGGCCAGTCAGTCTCT Reverso 20 3
rs1129038 – S (gact)5ACAGTCTACACAGCAGCGAG Reverso 40

rs1426654 – F TTCAGCCCTTGGATTGTCTC Direto 20


rs1426654 – R AATTGCAGATCCAAGGATGG Reverso 20 2
rs1426654 – S gactgaCCGCTGCCATGAAAGTTG Reverso 24

rs734780 – F GATGGCACTGACCTTCCTTC Direto 20


rs734780 – R AGGTTGCAGTGAGCCAAGAT Reverso 20 1
rs734780 – S (gact)4CCCAGCAGTGGGTATCAC Direto 34

rs730086 – F GAGAACACTGGGGAGGTTCA Direto 20


rs730086 – R CAAAGTTCAGCACACCCTGA Reverso 20 2
rs730086 – S (gact)3CACCTCATTCCTGGTTTTAT Direto 32

rs6034866 – F TTGTGAGTCAAGGCAAGCTG Direto 20


rs6034866 – R TAGCTAGGGCAGGAGGTGAA Reverso 20 2
rs6034866 – S (gact)7TGTGAGTCAAGGCAAGCTGG Direto 48

rs310612 – F CACCCCTTCCTCACCTCAC Direto 19


rs310612 – R TTTCCTCACTCCCCTCTGTG Reverso 20 1
rs310612 – S (gact)4CAGGCGCAACACAGCCCAGC Direto 36

rs727563 – F CACGGTATCCAGAACAAGCA Direto 20


rs727563 – R ACACTGCCTCCCAATAACCA Reverso 20 1
rs727563 – S (gact)3ACCAGGCTGTCTCAAATAAC Reverso 32
Set = Grupo no qual o marcador foi genotipado em multiplex.
33

4.5.3.2 Protocolos das reações de PCR e Genotipagem

Previamente ao início da genotipagem em multiplex, todos os marcadores foram


amplificados individualmente para conferência dos alelos e ajuste da concentração dos
iniciadores. Quando amplificados em multiplex, ajustes adicionais de concentração foram
realizados para otimizar a reação.
A reação de amplificação dos fragmentos de DNA através de PCR em multiplex foi
realizada em volume final de 5µ l utilizando o Qiagen Multiplex PCR Kit (QIAGEN®), o qual
contém HotStarTaq® DNA polimerase, mistura de dNTPs, MgCl2 e tampão. Foi adotado o
seguinte protocolo: 2,5 µ l do PCR Master Mix 2x, 0,5 µ l de Solução Q 5x, 1,0 µ l de uma
mistura de iniciadores direto e reverso 10µM e 1,0 µl de DNA (5ng/ µ l). Para cada amostra,
foram realizadas 3 reações de PCR, uma para cada set de marcadores e esta separação foi
mantida nas fases seguintes, até a obtenção dos genótipos. Após o preparo, a reação foi
colocada em um termociclador (Veriti® 96-Well Thermal Cycler, Applied Biosystems, Foster
City, CA, USA), alternando as temperaturas de 95, 57 e 72 ºC com o intuito de promover,
respectivamente, a desnaturação do DNA (separação das fitas devido ao rompimento das
pontes de hidrogênio), o anelamento dos iniciadores às fitas simples de DNA, e a
incorporação dos dNTPs às novas fitas de DNA. Especificamente, o programa utilizado
adotou a seguinte variação de temperatura: 15 minutos a 95ºC; 39 ciclos consistidos de 30
segundos a 94ºC, 1 minuto e 30 segundos a 57ºC e 1 minuto a 72ºC; 10 minutos a 72º; e
manutenção da temperatura em 4ºC até a reação ser retirada do termociclador.
Após a amplificação, foi realizada uma purificação para a degradação enzimática do
excesso de dNTPs e iniciadores, utilizando as enzimas exonuclease I (ExoI) e fosfatase
alcalina de camarão (SAP, do inglês shrimp alkaline phosphatase), ambas produzidas pela
USB (Cleveland, OH, USA). O protocolo de purificação foi: 0,5µL de SAP 1U/µL, 0,1µL de
ExoI 10U/µL, e 0,9µL de tampão 10x da enzima SAP adicionados a 3µL de produto de PCR,
com subsequente incubação em termociclador a 37oC durante 60 minutos, acrescidos 75ºC
durante 15 minutos para inativação das enzimas. Os produtos da PCR purificados eram
mantidos a -20oC, caso a reação de minissequenciamento não fosse realizada imediatamente.
Já purificadas, as amostras foram submetidas à reação de genotipagem dos SNPs por
minissequenciamento, utilizando o sistema SNaPshot (ABI Prism® SNaPshot® Multiplex Kit,
Applied Biosystems, Foster City, CA, USA). Para esta reação, foram utilizados 2µL do
produto de PCR purificados, nos quais foram adicionados: 1,66µL de SNaPshot Ready
Reaction Mix, 1,0µL de uma mistura de iniciadores S em concentrações variadas (Tabela 03)
34

e 0,34µL de água destilada ultrapura para completar o volume final da reação de 5µL. O
programa de termociclagem utilizou as seguintes variações de temperatura: 2 minutos a 96ºC;
30 ciclos compostos de 10 segundos a 96ºC, 10 segundos a 58ºC e 20 segundos a 60ºC, com
manutenção da temperatura em 4ºC até a reação ser retirada do termociclador.

Tabela 03: Concentração dos iniciadores de extensão de única base (S).


Tamanho do Concentração
Iniciador (rs #) Set
iniciador (µM na reação)
rs1240709-S 40 0,60 3
rs2814778-S 32 1,00 3
rs2065160-S 26 0,55 1
rs3796384-S 44 0,55 2
rs2278354-S 48 0,60 3
rs267071-S 26 0,60 3
rs222541-S 40 0,55 2
rs1480642-S 36 0,80 1
rs4305737-S 30 0,60 3
rs285-S 36 0,60 3
rs3176921-S 32 1,00 2
rs803733-S 48 0,80 1
rs7349-S 44 0,60 3
rs730570-S 36 0,70 2
rs1129038-S 40 1,00 3
rs1426654-S 24 0,55 2
rs734780-S 34 0,80 1
rs730086-S 32 0,80 2
rs6034866-S 48 2,00 2
rs310612-S 36 0,55 1
rs727563-S 32 0,55 1
Set = Grupo no qual o marcador foi genotipado em multiplex.

Como último passo antes da eletroforese dos produtos de minissequenciamento, foi


realizada uma segunda purificação das amostras, para a remoção dos ddNTPs fluorescentes
não incorporados. Estes, caso não fossem removidos, comigrariam com os produtos de
minissequenciamento durante a eletroforese causando dificuldades de interpretação dos
resultados. Para purificação dos 5µL de produto da reação de minissequenciamento foram
utilizados 0,5µL de SAP 1U/µL e 0,5µL de tampão 10x da enzima SAP, com posterior
incubação a 37°C por 60 minutos e 85°C por 15 minutos para desnaturar a enzima.
A detecção dos produtos de minissequenciamento pode ser realizada através da
eletroforese capilar com detecção induzida por laser (MATYAS et al., 2002), e, para o
presente estudo, foi realizada eletroforese automatizada no equipamento ABI3130xl (Applied
Biosystems, Foster City, CA, USA). Os produtos de amplificação, já purificados pela segunda
vez, foram adicionados à formamida deionizada (Hi-DiTM Formamide, Applied Biosystems) e
35

ao padrão de tamanho GS120-LIZ (GeneScanTM – 120 LIZ®, Applied Biosystems, Foster


City, CA, USA). O protocolo envolveu a adição de 1µ l de produto de minissequenciamento,
0,17µl de padrão de tamanho GS120-LIZ em 8,83µ l de Hi-Di. Os parâmetros de corrida
foram: polímero POP6 com tensão de 15 volts por 20 segundos de injeção e 15 volts de
corrida por 800 segundos. A análise dos eletroferogramas foi realizada com o programa
GeneMapperTM 4.0.

4.6 Determinação da ancestralidade genética

A ancestralidade genética foi calculada com o programa ADMIXMAP versão 3.8


(http://homepages.ed.ac.uk/pmckeigu/admixmap/) utilizando 2.500 interações no período de
burn-in e 10.000 interações para medir os parâmetros dos dados. Também foi obtido por este
programa um parâmetro chamado soma de intensidades, o qual equivale ao número médio de
gerações desde o processo de miscigenação. Amostras das populações de Botsuana,
Camarões, Gana e Senegal (n=120), euroamericanos de Baltimore e de Chicago (n=78) e
zapotecos do México (n=29) foram utilizados como representativos das populações africana,
europeia e nativo americana, respectivamente.
As estimativas de ancestralidade também foram calculadas pelo programa
STRUCTURE 2.3.3 (PRITCHARD et al., 2000), com índices altamente correlacionados à
estimativa obtida com o ADMIXMAP: AMR Rho= 0,970, p<0,001; AFR Rho=0,987,
p<0,001; EUR Rho=0,980, p<0,001. Estes dois programas são os mais utilizados para estimar
a ancestralidade genômica e ambos trabalham com sistema bayesiano coletando
primeiramente informação dos dados genéticos das populações parentais e posteriormente
estimando as distribuições de ancestralidade utilizando cadeias Markov de Monte Carlo
(MCMC – do inglês, Monte Carlo Markov Chain), sendo que diferem ligeiramente na forma
como tratam a informação nessa primeira etapa, sendo que o programa STRUCTURE requer
uma razão mínima entre o número de ancestrais e de miscigenados inseridos na análise para
gerar resultados acurados (TSAI et al., 2005).

4.7 Análise Estatística

A caracterização amostral foi realizada por meio de cálculo da média e desvio padrão
das variáveis: idade, pigmentação (índice de melanina) e contribuições ancestrais europeia,
36

africana e ameríndia. Estas variáveis foram ainda testadas quanto à distribuição normal
utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov, e, quando necessário, dados pontuais discrepantes
(escores com mais de 2 desvios padrão acima ou abaixo da média) foram substituídos por
valores iguais à média mais ou menos 2 desvios padrão, respectivamente. Já as variáveis
discretas (cor de pele e classificação socioeconômica) foram apresentadas em frequências
absoluta e relativa.
A análise gráfica de Bland-Altman (BLAND e ALTMAN, 1986) foi utilizada para
avaliar a concordância da ancestralidade genômica e do índice de melanina entre as irmãs.
Para análise de concordância da variável categórica cor de pele autodenominada foi utilizado
o teste de Kappa (COHEN, 1960).
A associação entre cor de pele e índice de melanina, entre cor de pele e ancestralidade
genômica, entre nível socioeconômico e índice de melanina e entre nível socioeconômico e
ancestralidade genômica foi testada utilizando o teste ANOVA, já que não foram encontrados
grandes desvios dos pressupostos para realização deste teste. Foi também investigado o teste
não paramétrico de Kruskal-Wallis para análise das associações supracitadas, no qual foram
obtidos resultados praticamente idênticos ao do teste paramétrico.
Para testar a relação entre o índice de melanina e a ancestralidade genômica foi
utilizada a correlação não paramétrica de Spearman e para testar a relação entre cor de pele e
nível socioeconômico foi utilizado o teste de qui-quadrado.
O equilíbrio de Hardy-Weinberg e o desequilíbrio de ligação entre os marcadores
genotipados no grupo amostral foi realizado utilizando o programa PLINK versão 1.07
(PURCELL et al., 2007), disponível em http://pngu.mgh.harvard.edu/purcell/plink/. Foi
utilizado ainda o programa estatístico ADMIXMAP para avaliar a associação dos marcadores
genéticos (SNPs) com o índice de melanina. Os valores de significância obtidos neste teste
foram ajustados utilizando a correção de Bonferroni para múltiplas comparações (p = 0,05 ÷
21 AIMs = 0,002).
Como o estudo teve como amostra pares de irmãs, as análises foram repetidas com
amostras não relacionadas (ao dividir a amostra separando aleatoriamente as irmãs em dois
novos grupos), e os resultados seguiram mesmo padrão daqueles obtidos com o grupo total, o
que viabiliza as análises originais do estudo em termos da possibilidade de correlação de
escores entre as irmãs.
A significância estatística adotada para as análises foi de 95%. Ocorrendo diferença
significativa em alguma das variáveis, testes de comparações múltiplas Bonferroni foram
37

adotados para identificação de contrastes relevantes entre as médias. O software SPSS versão
17.0 foi utilizado para realização de todas as análises.
38

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização amostral

Foram recrutadas, no total, 172 adolescentes brasileiras residentes no Distrito Federal


e estudantes na rede pública de ensino, sendo este grupo composto por 86 pares de irmãs
germanas, ou seja, filhas de mesmo pai e mesma mãe. Os dados de caracterização amostral
estão retratados na Tabela 04, abaixo.

Tabela 04: Caracterização amostral.


Grupo Total (n=172)
Idade (anos) 15,60±2,19
Pigmentação (Índice de Melanina) 36,50±3,46

Branca 54 (31,4%)
Cor de pele Parda 104 (60,5%)
Preta 14 (8,1%)

A 4 (2,3%)
Nível Socioeconômico B 76 (44,2%)
C 76 (44,2%)
D 16 (9,3%)
Dados apresentados em média±desvio padrão ou frequências.

A amostra apresentou média de idade de 15,6 anos, com todas as voluntárias em


estágio pós-menarca. A pigmentação constitutiva da pele (índice de melanina), avaliada de
forma direta utilizando um refratômetro de mão na região subaxilar, foi em média de 36,5.
Quanto à autodenominação de cor de pele, a maioria das adolescentes se classificou
como sendo Pardas (60,5%), que é uma categoria criada pelo IBGE (2000) para abranger as
classes intermediárias de cor de pele entre Branco e Preto, popularmente referidas como
“mestiço”, “mulato”, “moreno”, etc. A cor de pele Branca foi escolhida por 31,4% da
amostra, seguida pela cor Preta com 8,1% (Tabela 04). As categorias Amarela e Indígena,
também disponíveis nas classificações do IBGE (2000), não foram assinaladas por nenhuma
adolescente e foram excluídas no delineamento do estudo.
Foi avaliado ainda o nível socioeconômico das adolescentes, através do questionário
Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), sendo que a maioria amostral se
enquadrou nas categorias B e C (44,2% e 44,2%), com 9,3% pertencentes à categoria D e
2,3% à categoria A (Tabela 04). A categoria E não esteve presente em nenhum dos casos
analisados, não sendo incluída em análises subsequentes.
39

5.2 Ancestralidade Genômica

O processo de genotipagem foi realizado com sucesso para os 21 SNPs marcadores de


ancestralidade nas 172 adolescentes. A Tabela 05 apresenta a frequência alélica de cada AIM
na amostra do presente estudo, bem como o resultado do teste de Equilíbrio de Hardy-
Weinberg, realizado pelo programa PLINK versão 1.07. Dentre os 21 AIMs genotipados, dois
marcadores, rs1480642 e rs310612, não se adequaram ao Equilíbrio de Hardy-Weinberg, com
níveis de significância p=0,015 e p=0,047, respectivamente.

Tabela 05: Descrição dos AIMs – Frequência Alélica e Teste de Hardy-Weinberg.


Alelo de Frequência
Heterozigose Heterozigose Hardy-Weinberg
Cromossomo SNP menor alélica
Observada Esperada (valor p)
frequência mínima
1 rs1240709 G 0,497 0,4360 0,5000 0,095
1 rs2814778 G 0,195 0,3081 0,3137 0,809
1 rs2065160 C 0,247 0,3663 0,3721 0,838
3 rs3796384 C 0,407 0,5233 0,4827 0,343
5 rs2278354 G 0,305 0,4593 0,4241 0,368
5 rs267071 T 0,407 0,4767 0,4827 0,875
6 rs222541 G 0,419 0,4535 0,4867 0,433
6 rs1480642 T 0,224 0,4128 0,3475 0,015*
6 rs4305737 A 0,468 0,5174 0,4980 0,649
8 rs285 C 0,427 0,4826 0,4894 0,877
8 rs3176921 C 0,256 0,3488 0,3807 0,315
9 rs803733 T 0,422 0,4826 0,4877 0,877
10 rs7349 T 0,227 0,3837 0,3507 0,279
14 rs730570 G 0,378 0,4070 0,4702 0,077
15 rs1129038 T 0,253 0,3547 0,3779 0,422
15 rs1426654 G 0,253 0,3314 0,3779 0,108
15 rs734780 C 0,314 0,4419 0,4308 0,860
17 rs730086 T 0,468 0,4360 0,4980 0,125
20 rs6034866 A 0,269 0,3626 0,3933 0,331
20 rs310612 G 0,358 0,3895 0,4594 0,047*
22 rs727563 C 0,483 0,5465 0,4994 0,285
* Estatisticamente significativo.

O desequilíbrio de ligação (LD, do inglês Linkage Disequilibrium) entre os pares de


SNPs, foi avaliado utilizando o R2 (coeficiente de correlação elevado ao quadrado) como
medida da extensão do LD, também no programa PLINK. O R2 é uma das medidas utilizadas
para estimar o LD em marcadores bialélicos (VANLIERE e ROSENBERG, 2008), com
escores podendo variar de 0 (ausência de associação) a 1 (máxima associação). Este teste
revelou que os marcadores genéticos escolhidos como AIMs para o presente estudo não estão
40

associados entre si, ou seja, estes locos segregam de forma independente, em equilíbrio de
ligação, sendo que nenhum dos pares apresentou associação maior que 0,1 (R2=0,068 foi a
maior escore encontrado).
A partir dos 21 AIMs genotipados, a ancestralidade genômica foi estimada pelo
programa ADMIXMAP, assim como descrito na seção de métodos. Em média, a amostra
estudada tem maior contribuição de ancestralidade europeia, com 69%, seguida da
ancestralidade africana, com 21%, e da ancestralidade ameríndia, com 10% (Tabela 06).
Além de estimar a contribuição ancestral de cada população parental, o programa
ADMIXMAP estima aproximadamente há quantas gerações ocorreu o processo de
miscigenação, chamado de soma de intensidades. No presente estudo, isto ocorreu há cerca de
9 gerações (Tabela 06), o que corresponde a aproximadamente 270 anos, considerando 30
anos por geração de acordo com Helgason et al. (2003).

Tabela 06: Ancestralidade Genômica


Grupo Total (n=172)
Ancestralidade Europeia 0,69±0,08
Ancestralidade Africana 0,21±0,07
Ancestralidade Ameríndia 0,10±0,03
Soma de intensidades 8,8
Dados apresentados em média±desvio padrão.

5.3 Análise de concordância entre os pares de irmãs

A análise de concordância da ancestralidade genômica e do índice de melanina entre


os pares de irmãs foi testada pela análise gráfica de Bland-Altman. De forma geral, houve
uma boa concordância entre as irmãs, com poucos casos fora do intervalo de confiança de
95% (Figura 06).
41

0,20 Ancestralidade EUR Ancestralidade AFR


0,20
0,15
0,10 0,10
0,05
0,00 0,00
-0,050,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
-0,10 -0,10
-0,15
-0,20 -0,20

Ancestralidade AMR Índice de Melanina


10,00
0,08
5,00
0,03
0,00
-0,020,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 23,00 33,00 43,00 53,00
-0,07 -5,00

-0,12 -10,00

-15,00

Figura 06: Análise gráfica de Bland-Altman: concordância das proporções de ancestralidade e do índice de
melanina entre os pares de irmãs.

Outra forma de apresentar a concordância da ancestralidade genômica e do índice de


melanina entre os pares de irmãs é utilizando gráficos de dispersão, que estão plotados na
Figura 07. Assim como esperado, e em acordo com a análise anterior, existe uma correlação
estatisticamente significativa entre as proporções de ancestralidade e o índice de melanina
entre as irmãs, com coeficientes de determinação variando entre 0,26 e 0,38 (Figura 07).

Ancestralidade EUR Ancestralidade AFR


0,9 0,4
0,8
0,3
0,7
0,2
0,6
R² = 0,2674
0,5 R² = 0,3821 0,1 p=3,45x10-7
p=2,28x10-10
0,4 0
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

Ancestralidade AMR 60,00 Índice de Melanina


55,00
0,28
50,00
0,23
45,00
0,18 40,00
0,13 35,00
R² = 0,2801 R² = 0,2697
0,08 30,00
p=2,99x10-7
p=1,62x10-7
0,03 25,00
0,03 0,08 0,13 0,18 0,23 25,00 35,00 45,00 55,00

Figura 07: Diagrama de dispersão: ancestralidade genômica e índice de melanina entre os pares de irmãs.
42

A análise de concordância para a variável cor de pele autodenominada, que é uma


variável nominal, foi realizada com análise específica para este tipo de dado utilizando o
coeficiente Cohen de Kappa, para o qual uma perfeita concordância resulta em um coeficiente
igual a 1. No presente estudo, dos 86 pares de irmãs, 30 pares se mostraram discordantes
quanto à cor de pele autodenominada, e o coeficiente de Kappa para a amostra total foi de
0,34. Tanto as categorias analisadas de forma independente (Branca, Parda e Preta) quanto a
amostra total apresentaram coeficientes de concordância significativos estatisticamente,
embora distantes do perfeito acordo com escore igual a 1 (Tabela 07). A categoria com maior
índice de concordância foi a Branca, com coeficiente de Kappa igual 0,407 e a categoria de
menor concordância foi a Parda, com coeficiente de Kappa igual a 0,272.

Tabela 07: Tabela de contingência: cor de pele autodenominada.


Irmã 1
Kappa p
Branca Parda Preta Total
Branca 16 10 0 26 0,407 < 0,001
Parda 12 37 5 54 0,272 0,011
Irmã 2
Preta 0 3 3 6 0,379 < 0,001
Total 28 50 8 86 0,342 < 0,001

5.4 Ancestralidade Genômica, Cor de Pele e Índice de Melanina

A associação entre a cor de pele reportada pelas participantes e as proporções de


ancestralidade genômica, herdadas de cada uma das populações parentais (europeia, africana e
ameríndia) e estimadas com o painel de 21 AIMs, foi analisada por um teste ANOVA, para
comparar as médias de ancestralidade em cada categoria classificatória de cor pele (Tabela
08).
A ancestralidade europeia nos grupos Branca, Parda e Preta foi estimada em 72%,
68% e 63%, respectivamente. A comparação entre estes grupos revelou uma diferença
estatisticamente significativa, com p<0,001. O teste de comparações múltiplas de Bonferroni
identificou diferença na ancestralidade europeia do grupo Branca comparado ao grupo Parda
(p=0,001) e ao grupo Preta (p<0,001). Entre os grupos Parda e Preta não houve diferença
estatisticamente significativa (p=0,052), embora o nível de significância possa ser
considerado marginal para a existência de diferença de ancestralidade europeia.
A ancestralidade africana foi estimada em 19%, 21% e 27% para os grupos Branca,
Parda e Preta, respectivamente, com diferenças estatisticamente significativas entre estes
grupos (p<0,001). Quando estes três grupos de cor de pele foram investigados pelo teste de
43

Bonferroni, a ancestralidade africana se mostrou diferente entre os grupos com cor de pele
Branca e Preta (p<0,001) e Parda e Preta (p=0,010), não sendo comprovadas diferenças entre
os grupos Branca e Parda (p=0,056), apesar de mais uma vez o resultado ser bem próximo da
significância estatística.
A ancestralidade ameríndia, com valores estimados de 9% no grupo Branca, 11% no
grupo Parda e 10% no grupo Preta, também se mostrou diferente entre os grupos de cor de
pele autodenominada (p=0,006). O teste de Bonferroni identificou que a diferença de
ancestralidade ameríndia está entre o grupo Branca e o grupo Parda (p=0,004), e os demais
grupos não apresentaram diferenças entre si (p=0,716 entre os grupos Branca e Preta e
p=1,000 entre os grupos Parda e Preta).

Tabela 08: Ancestralidade genômica (ANOVA com correção de Bonferroni).


Branca (n=54) Parda (n=104) Preta (n=14) p
Ancestralidade Europeia 0,72±0,07+ 0,68±0,07 0,63±0,06++ <0,001
Ancestralidade Africana 0,19±0,07* 0,21±0,07 0,27±0,06** <0,001
Ancestralidade Ameríndia 0,09±0,02# 0,11±0,04 0,10±0,03 0,006
Dados apresentados em média ± desvio padrão. + Diferente de Pardo e Preto;; ++ Diferente de
Branco; *Diferente de Preto; **Diferente de Branco e Pardo; # Diferente de Pardo.

Portanto, o resultado da comparação da ancestralidade estimada (europeia, africana e


ameríndia) de acordo com a cor de pele autodenominada (Branca, Parda ou Preta) revelou
associação entre a contribuição parental ancestral e a cor de pele na amostra estudada,
composta de mulheres adolescentes da população brasileira. Entretanto, ao analisar estes
dados plotando um gráfico boxplot para mostrar a ancestralidade genômica em cada grupo de
cor de pele (Figura 08), fica evidente uma substancial dispersão dentro de cada grupo, bem
como uma sobreposição entre as categorias de cor de pele.
44

Figura 08: Proporções de Ancestralidade Genômica x Cor de Pele.

A ancestralidade genômica estimada pelos AIMs foi também analisada em relação à


pigmentação da pele constitutiva (índice de melanina). A associação entre estas duas
variáveis, pelo coeficiente de correlação não paramétrico de Spearman, indicou que a
ancestralidade europeia se correlacionou negativamente com o índice de melanina
(rho = -0,291, p<0,001), e que a ancestralidade africana se correlacionou positivamente com
este índice de pigmentação constitutiva (rho = 0,258, p=0,001). Não foi observada correlação
estatisticamente significativa entre a ancestralidade ameríndia e o índice de melanina (rho =
0,130, p=0,088).
Portanto, a ancestralidade genômica se mostrou associada tanto à cor de pele
autorrelatada quanto à pigmentação de pele mensurada de forma direta através de um
refratômetro.
Sendo assim, é importante ainda expor a relação entre a cor de pele autodenominada e
o índice de melanina, a qual foi investigada comparando-se a pigmentação constitutiva entre
as diferentes classificações de cor de pele (Tabela 09). A pigmentação média dos grupos
Branca, Parda e Preta foi de, respectivamente, 34,25, 37,17 e 40,26, sendo estes valores
considerados estatisticamente diferentes (p<0,001). O teste de comparações múltiplas de
Bonferroni mostrou que há diferenças estatisticamente significativas entre todos os três
45

grupos: Branca versus Parda (p<0,001), Branca versus Preta (p<0,001) e Parda versus Preta
(p=0,001).

Tabela 09: Índice de Melanina x Cor de pele (ANOVA com correção de Bonferroni).
Branca (n=54) Parda (n=104) Preta (n=14) p
‡ ‡ ‡
Índice de Melanina 34,25±2,56 37,17±3,11 40,26±3,80 <0,001
Dados apresentados em média ± desvio padrão. ‡Diferença estatisticamente significativa em todos
os grupos.

Similarmente ao que foi observado no comportamento da variável ancestralidade


genômica entre os grupos de cor de pele, a pigmentação também apresentou uma quantidade
considerável de variação dentro de cada grupo de cor de pele, e uma sobreposição entre estes
grupos na pigmentação constitutiva mensurada quantitativamente, explicitados pela análise
gráfica do boxplot do índice de melanina versus cor de pele (Figura 09).

Figura 09: Pigmentação (índice de melanina) x Cor de Pele.

Sendo assim, fica também constatada a associação entre índice de melanina e cor de
pele autorrelatada, com níveis crescentes de pigmentação constitutiva nas classes Branca,
Parda e Preta, respectivamente. Apesar desta associação, a cor de pele não pode ser utilizada
como indicativo do índice de melanina, devido à grande variação da pigmentação existente
46

dentro de cada classificação, inclusive com participantes com mesmo índice de melanina se
classificando em categorias diferentes de cor de pele. É importante ainda ressaltar que esta
classificação, sendo um critério subjetivo, pode estar ligada a fatores socioculturais e
econômicos.

5.5 Nível Socioeconômico

As variáveis ancestralidade genômica, cor de pele autorrelatada e pigmentação


constitutiva também foram investigadas sob o aspecto socioeconômico das participantes. Este
é um aspecto nem sempre considerado, mas que pode estar associado às variáveis principais
do estudo, assim como demostrado previamente em outras populações (GRAVLEE et al.,
2005).
Utilizando o teste de qui-quadrado, foi observado que o nível socioeconômico e a cor
de pele autorrelatada não são variáveis independentes (Tabela 10). Estas variáveis estão
associadas de tal forma que indivíduos que se classificaram como Brancos tendem a
apresentar nível socioeconômico mais elevado que indivíduos que se classificam como Pretos
(X2=19,38, p=0,004).

Tabela 10: Nível socioeconômico x Cor de Pele (Teste de Qui-quadrado).


Nível Socioeconômico
A B C D X2 p
“Brancas” Ob 3 32 18 1
Esp 1,3 23,9 23,9 5,0
“Pardas” Ob 1 39 53 11
Esp 2,4 46,0 46,0 9,7
“Pretas” Ob 0 5 5 4
Esp 0,3 6,2 6,2 1,3
Total 4 76 76 16 19,38 0,004
Ob = Valores observados; Exp = Valores esperados; X2 = qui-quadrado.

De forma similar, o teste de comparação ANOVA, retratado na Tabela 11, mostrou


que indivíduos de maior nível socioeconômico tendem a apresentar maior estimativa do
componente ancestral europeu (p=0,002) e que aqueles de menor nível socioeconômico
tendem a apresentar maior estimativa do componente ancestral africano (p=0,021).
47

Tabela 11: Ancestralidade genômica e Índice de Melanina X Nível Socioeconômico (ANOVA com
correção de Bonferroni).
A (n=4) B (n=76) C (n=76) D (=16) p
+
Ancestralidade Europeia 0,70±0,02 0,71±0,08 0,67±0,07 0,65±0,07 0,002*
Ancestralidade Africana 0,21±0,03 0,19±0,07++ 0,22±0,07 0,24±0,07 0,021*
Ancestralidade Ameríndia 0,09±0,03 0,10±0,03 0,11±0,03 0,11±0,03 0,068
Índice de Melanina 35,64±4,98 36,13±3,38 36,74±3,44 37,33±3,63 0,498
Dados apresentados em média ± desvio padrão. * Estatisticamente significativo. +Diferente de C e D; ++ Diferente
de D.

O grupo de maior nível socioeconômico, A, não se mostrou diferente dos demais


quanto à ancestralidade europeia, africana ou ameríndia (p=1,000 no teste de Bonferroni para
as comparações múltiplas). Em decorrência de um pequeno número de adolescentes com este
nível socioeconômico é provável que não houve tamanho amostral suficiente para identificar
diferenças.
Entre os demais grupos formados a partir do nível socioeconômico, o grupo B
apresentou quantidade estimada de ancestralidade africana e europeia diferente do grupo D
(p=0,042 e p=0,018, respectivamente), sendo que o grupo B apresentou tanto maior
ancestralidade europeia quanto menor ancestralidade africana quando comparado ao grupo D
(71% versus 65% e 19% versus 24%, respectivamente). O grupo B também apresentou
diferença na ancestralidade estimada europeia, comparando-o ao grupo C (p=0,009), com
71% e 67%, respectivamente. O teste de comparações múltiplas de Bonferroni não identificou
diferenças entre os demais grupos de nível socioeconômico para a ancestralidade europeia e
africana estimada com AIMs.
Não foi observada associação estatisticamente significativa entre nível
socioeconômico e ancestralidade ameríndia. Também não foi observada associação entre
nível socioeconômico e índice de melanina.

5.6 Associação de AIMs com Índice de Melanina (Pigmentação)

A associação entre os marcadores genéticos utilizados para estimar a ancestralidade e


o índice de pigmentação, que é uma mensuração direta da pigmentação constitutiva da pele,
foi testada pelo programa ADMIXMAP (Tabela 12). Foi aplicada uma correção de Bonferroni
para testes múltiplos, dividindo-se o nível de significância de 5% pelo número de marcadores
testados (21 AIMs). Sendo assim, o nível de significância corrigido ficou estipulado em
p≤0,002.
48

O único marcador com resultado estatisticamente significativo após correção de


Bonferroni para testes múltiplos foi o SNP rs1426654 (p=4.28E-12). O rs1426654 está
localizado no gene SLC24A5.

Tabela 12: Teste de Associação Alélica (Ancestralidade x Pigmentação).


Locus Cromossomo cM Nível de significância (p)
rs1240709 1 2,24 0,482
rs2065160 1 164,82 0,088
rs2814778 1 222,38 0,675
rs3796384 2 90,59 0,101
rs2278354 3 26,90 0,895
rs267071 3 134,26 0,227
rs222541 4 117,26 0,637
rs1480642 4 154,06 0,586
rs4305737 4 164,39 0,012
rs285 5 48,70 0,310
rs3176921 5 93,94 0,257
rs803733 6 163,13 0,571
rs7349 7 60,37 0,973
rs730570 8 118,49 0,142
rs1129038 9 14,76 0,081
rs1426654* 9 43,57 4,28E-12
rs734780 9 97,05 0,270
rs730086 10 84,51 0,348
rs6034866 11 43,27 0,972
rs310612 11 108,50 0,919
rs727563 12 54,03 0,313
* Estatisticamente significativo após correção de Bonferroni: p ≤ 0,002.

Os genótipos para o marcador rs1426654 (GG, GA ou AA) foram investigados em


uma análise de regressão não restritiva, sendo o genótipo colocado como fator fixo (variável
independente), e a ancestralidade individual colocada como covariante no modelo para
explorar a resposta do índice de melanina. Esta análise mostrou que os heterozigotos GA
apresentam incremento de 2,17 unidades no índice de melanina (p<0,001) e que os
homozigotos GG apresentam incremento de 4,96 unidades no índice de melanina (p<0,001)
quando comparados aos homozigotos portadores do alelo A.
49

6 DISCUSSÃO

O presente capítulo investigou a relação entre cor de pele autodenominada,


pigmentação constitutiva mensurada de forma quantitativa e ancestralidade genômica em uma
amostra de pares de irmãs germanas da cidade de Brasília. Este estudo, comparado às
pesquisas previamente desenvolvidas no país, é inovador, pois é o primeiro a apresentar
medidas objetivas de pigmentação de pele mensuradas com uso de um refratômetro. Além
disso, o estudo investigou irmãs germanas, ou seja, filhas de mesmo pai e mesma mãe,
permitindo avaliar a concordância entre a cor de pele autorrelatada e entre o índice de
melanina entre cada par de irmãs.
Também foi investigada a interação do nível socioeconômico com as variáveis
supracitadas, já que este é um fator que pode ser fonte de viés, se relacionado às variáveis em
estudo e simultaneamente não controlado.
A presente pesquisa apresentou algumas limitações metodológicas. Primeiramente, a
amostra foi composta por irmãs adolescentes residentes na cidade de Brasília, e, portanto,
pode não ser generalizável para outros grupos ou regiões demográficas do país. Em segundo,
a amostra testada foi relativamente pequena, e, consequentemente, o poder estatístico para
identificar efeitos genéticos pequenos é limitado. Finalizando, a ancestralidade foi estimada a
partir da genotipagem de 21 AIMs. Apesar deste painel de marcadores ser altamente
informativo, e das estimativas das proporções de ancestralidade serem precisas, a estimativa
da ancestralidade individual está associada a intervalos de confiança relativamente grandes.
No entanto, estudos de simulação (TSAI et al., 2005) bem como estudos de comparação de
estimativas de miscigenação baseados em mais de 1000 AIMs (RUIZ-NARVAEZ et al.,
2010) foram comparados com dados obtidos a partir de um número reduzido de marcadores e
indicaram que a estimativa de ancestralidade individual baseada em cerca de 25 AIMs
apresenta correlações relativamente altas com as proporções reais de ancestralidade (r>0,75)
(TSAI et al., 2005) ou com as estimativas de ancestralidade baseadas em grande número de
AIMs (r=0,89) (RUIZ-NARVAEZ et al., 2010).

6.1 Ancestralidade Genômica

Para estimar as proporções de ancestralidade europeia, africana e ameríndia foram


utilizados 21 SNPs marcadores de ancestralidade. Dois marcadores dentre os 21 AIMs
genotipados não se adequaram ao Equilíbrio de Hardy-Weinberg, rs1480642 e rs310612
50

(p=0,015 e p=0,047, respectivamente). Este fato é comum em populações miscigenadas e de


acordo com Cavalcante (2011) pode ser devido à miscigenação recente ou padrão de
casamento ordenado, ou seja, entre pessoas similares (ex.: Pretas casando com pretas). Este
modelo de casamento entre semelhantes já foi demonstrado na população brasileira, que
apesar da aparente distribuição de casais mistos mantém padrão de endogamia racial entre
Pretos, Brancos e, em menor taxa, Pardos (PETRUCCELLI, 2001).
As contribuições das populações parentais foram estimadas em 69% de europeus, 21%
de africanos e 10% de nativo americanos (Tabela 06). Após comparação com os dados
existentes na literatura, verificou-se que o presente estudo corrobora com os resultados das
demais pesquisas já desenvolvidas na população brasileira no que diz respeito às proporções
de contribuição ancestral europeia, africana e ameríndia.
Lins et al. (2010) estimaram as contribuições parentais em uma amostra com
indivíduos provenientes de diferentes regiões do Brasil e reportaram ancestralidade europeia
variando entre 69,5% e 87,7%, ancestralidade africana entre 7% e 18,7% e ancestralidade
ameríndia entre 5,2% e 11,8%. De forma similar, Pena et al. (2011) avaliaram a
ancestralidade genômica nas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil e apresentaram
contribuição europeia variando entre 60,6% e 77,7%, africana entre 10,9% e 30,3% e
contribuição ameríndia entre 7,4% e 19,4%. Outros estudos que retrataram a ancestralidade
genômica estimada estão disponíveis para consulta na Tabela 13.
51

Tabela 13: Estudos prévios que avaliaram a ancestralidade genômica na população brasileira.
Autor / Data Amostra (n) EUR AFR AMR No AIMs Programa

Presente Estudo 172 brasileiras


69% 21% 10% 21 SNPs Admixmap 3.8
(LEITE et al., 2011) (Brasília)

138 brasileiros
(GIOLO et al., 2012)1 61-56% 24-27% 15-17% 250-750 SNPs Structure 2.1
(São Paulo)

189 brasileiras 12 SNPs + 1


(LINS et al., 2011) 62,9% 25,4% 11,7% IAE3CI
(Brasília) Indel

(PENA et al., 2011) 2 934 brasileiros 60,6-77,7% 10,9-30,3% 7,4-19,4% 40 Indels Structure 2.1

283 brasileiros
(CAVALCANTE et al., 2011) portadores de 33% 45% 21,7% 7 SNPs Structure 2.2
hepatite crônica

200 brasileiros
(LINS et al., 2010) 77,1% 14,3% 8,5% 28 SNPs Structure 2.1
(103 H e 97 M)

87 estudantes
(SANTOS et al., 2009)3 51,7-88,7 % 7,2-40,9% 4,1-8% 40 Indels Structure 2.1
(Rio de Janeiro)

(SUAREZ-KURTZ et al., 335 brasileiros


3
41,8-86,4% 6,9-50,9% 6,7-8,3% 40 Indels Structure 2.1
2007) (Rio de Janeiro)

(CALLEGARI-JACQUES et 12
1037 brasileiros 68-81% 11-18% 7-18% Admix 2.0
al., 2003) Microssatélites
EUR = ancestralidade europeia; AFR = ancestralidade africana; AMR = ancestralidade ameríndia; IM = índice de melanina; S = sim; N =
não; H = homens; M = mulheres; SNPs = polimorfismos de base única; Indels = polimorfismos de inserção/deleção; 1variação de proporções
ancestrais em decorrência de diferentes métodos de cálculo da estimativa; 2= variação de proporções ancestrais para diferentes regiões
geográficas do Brasil; 3= variação de proporções ancestrais para autoclassificação de cor de pele (Branca, Parda e Preta).

A análise dos resultados dos estudos já desenvolvidos com AIMs para estimar a
ancestralidade genômica em brasileiros (Tabela 13) revela que, independentemente do
número e tipo de marcadores utilizados e dos métodos de análise de dados para estimar as
proporções de ancestralidade (IAE3CI, ADMIX, STRUCTURE ou ADMIXMAP), a
população brasileira apresenta como padrão maior contribuição ancestral europeia, seguida da
contribuição africana e com menor porção de ancestralidade ameríndia. Um único estudo
investigado fugiu a este padrão, apresentando maior contribuição ancestral africana
(CAVALCANTE et al., 2011), entretanto o mesmo apresenta delineamento amostral
composto apenas por casos, o que pode ter enviesado os resultados devido a alguma
associação inerente ao grupo amostral, não sendo representativo da população brasileira no
geral.
52

Utilizando o programa ADIXMAP, o presente estudo estimou que o processo de


miscigenação ocorreu há aproximadamente 9 gerações. Assumindo 30 anos por geração,
assim como proposto por Helgason et al. (2003), isto corresponde a aproximadamente 270
anos atrás, o que está de acordo com dados históricos do Brasil. Entretanto, ressalta-se que o
processo de miscigenação não ocorre de forma pontual da maneira como é estimada pela
análise do programa, mas de forma gradual e contínua ao longo de um período. Um estudo
desenvolvido com 13 populações miscigenadas da América Latina observou resultado
semelhante, com processo de miscigenação estimado em média há 9,4 gerações, com
diferentes populações variando entre 6 a 14 (WANG et al., 2008b). Inclusive, os dados
suplementares do estudo destes autores mostram que a população da Cidade do México
também teve processo de miscigenação estimado há 9 gerações. Tian et al. (2007), a partir de
de genotipagem de SNPs em larga escala (6612 AIMs) em 24 indivíduos Mexico-americanos,
estimaram utilizando o ADMIXMAP que o processo de miscigenação teria ocorrido há 13,3
gerações, o que seria o equivalente a 399 anos, valor um pouco mais distante, mas que
também não foge da estimativa geral encontrada na literatura e no presente estudo.

6.2 Análise de concordância entre os pares de irmãs

Comparando-se os pares de irmãs, as proporções de cada ancestralidade entre elas


apresentaram-se significativamente correlacionadas (Figura 07). Para a maioria dos pares de
irmãs, a diferença entre as proporções estimadas de ancestralidade foram menores que 10%,
com poucos casos de diferença superior a 15% (Figura 06). A estimativa da ancestralidade
genômica a partir de 21 AIMs pode ser determinada com boa acurácia em escala amostral
(ALLOCCO et al., 2007), mas, em se tratando da estimativa individual, o número de
marcadores é considerado pequeno. Portanto, não foi surpresa observar alguma dispersão nas
proporções de estimadas de ancestralidade individuais para os pares de irmãs. Também foi
constatada uma correlação significativa estatisticamente entre os índices de melanina nos
pares de irmãs (R2=0,27, p=2,99x10-7).
Em relação à análise da cor de pele autorrelatada entre os pares de irmãs, ficou
demonstrada uma concordância fraca. Para análise foi utilizado o coeficiente de Kappa, para o
qual uma perfeita concordância seria expressa por um escore igual a 1, obtido se ambas as
participantes de cada par reportassem a mesma cor de pele (Branca, Parda ou Preta). No
entanto, o coeficiente de Kappa encontrado foi de 0,34. Dos 86 pares de irmãs, 30
53

discordaram na escolha da cor de pele, o que representa discordância em 35% da amostra. Os


pares que apresentaram cor de pele diferente incluíram pares nos quais uma adolescente
reportou-se como Branca e a outra como Parda (22 casos) e pares nos quais uma adolescente
reportou-se como Parda e a outra como Preta (8 casos). A interpretação do coeficiente de
Kappa não é consensual com pontos de corte para cada faixa de escore, mas a maioria dos
estatísticos corrobora que para considera-lo indicativo de uma boa concordância o resultado
deve ser maior que 0,61 (VIERA e GARRETT, 2005).
Apesar do coeficiente de Kappa claramente mostrar que a concordância de cor de pele
autorrelatada entre os pares de irmãs não é boa, é difícil apontar razões de tal disparidade.
Mas como o presente estudo dispõe de mensurações objetivas da pigmentação constitutiva da
pele obtida com um refratômetro, foi explorado se a discrepância entre as repostas para cor de
pele autorrelatada poderia ser explicada pelo índice de melanina. A forma escolhida para
testar esta hipótese foi calcular as diferenças absolutas de pigmentação para cada par de irmãs,
valor também chamado de delta absoluto e, posteriormente, comparar este valor entre o grupo
formado pelos pares concordantes e o grupo formado pelos pares discordantes na cor de pele.
Desta forma foi possível testar se o grupo discordante (irmãs que reportaram cor de pele
diferente) apresentava valores delta significativamente mais elevados que o grupo
concordante, ou seja, se apresentava maiores diferenças de pigmentação constitutiva entre si.
Os pares de irmãs que reportaram diferentes cores de pele apresentaram delta de
pigmentação igual 3,48 (±2,94) unidades de melanina em média. Já os pares de irmãs
concordantes quanto à cor de pele apresentaram um delta de pigmentação relativamente
menor, com média igual a 2,71 (±2,36) unidades de melanina. Estatisticamente, a diferença
entre estas duas médias não é significativa (t=1,33, p=0,19), o que permite inferir que a
diferença de pigmentação entre os grupos (concordantes e discordantes) não pode ser
considerada a causa da falta, ou presença, de acordo na cor de pele autorrelatada entre os
pares de irmãs. Além disso, pôde-se observar que em 7 dos 30 casos de diferente cor de pele
autorrelatada nos pares de irmãs, a participante que reportou categoria de cor de pele mais
escura era portadora de menor índice de melanina (pele com menor pigmentação, ou seja,
mais clara) que a outra irmã. Estes casos correspondem a 23% dos casos discordantes, e
sugere, mais uma vez, que a cor de pele autorrelatada é um indicativo pobre dos níveis de
melanina, assim como indicado previamente, tanto na população brasileira (PARRA et al.,
2003; LINS et al., 2011) quanto em outras populações (BARNHOLTZ-SLOAN et al., 2005;
GRAVLEE et al., 2009).
54

Aparentemente, a autodenominação da cor de pele é influenciada por outros fatores


além do componente biológico, tais como fatores socioculturais e econômicos, os quais
podem estar envolvidos na proporção substancial de discordância da cor de pele entre os pares
de irmãs no presente estudo. Por esta razão, o estudo incluiu uma análise do nível
socioeconômico, determinado por um questionário de ampla aplicação no país, conhecido
como Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2008). No entanto, esta análise não
revelou diferenças no nível socioeconômico entre os pares de irmãs que reportaram mesma
categoria de cor de pele e os pares de irmãs que reportaram categoria diferente (X2=1,17,
p=0,761).
Não foram encontrados na literatura dados de ancestralidade genômica ou de
pigmentação de pele constitutiva para indivíduos relacionados, incluindo algum grau de
parentesco tal como no presente estudo, desabilitando comparações diretas com outras
pesquisas. Santos et al. (2009), ao avaliar um grupo de estudantes, pediu que os mesmos
reportassem sua categoria de cor de pele em duas ocasiões diferentes, com quatro meses de
intervalo entre as avaliações, e verificou que aproximadamente 20% da amostra assinalou
cores diferentes nas duas visitas. Esta informação é interessante já que mostrou que inclusive
uma mesma pessoa pode se classificar de forma diferente quanto à cor de pele, em dois
momentos distintos. Este fato pode ser considerado similar ao presente estudo, com 35% de
discordância entre os 86 pares de irmãs, a qual não pode ser explicada pela diferença do
índice de melanina ou pelo nível socioeconômico.

6.3 Ancestralidade Genômica, Cor de Pele e Índice de Melanina

Em relação à análise amostral como um todo, o presente estudo mostrou que a


autoclassificação da cor de pele não pode ser considerada uma ferramenta útil para controle
de estratificação. Os resultados apresentados na Figura 08 e na Tabela 08, mostrando a
relação entre cor de pele autorrelatada e ancestralidade genômica, e na Figura 09 e Tabela 09,
mostrando a relação entre cor de pele autorrelatada e índice de melanina, explicitam esse fato.
Ao comparar as proporções de ancestralidade genômica estimadas entre as categorias
de cor de pele, foi observado que há diferenças significativas de acordo com o esperado:
participantes que se reportaram como Brancas apresentaram em média maior contribuição
ancestral europeia que participantes que se classificaram como Pardas, e a menor contribuição
europeia foi apresentada pelas participantes que se classificaram como Pretas (Tabela 08). O
55

oposto foi observado para a proporção de ancestralidade africana estimada pelos AIMs.
Entretanto, a análise do gráfico exposto na Figura 08, mostra claramente que existe uma
quantidade considerável de dispersão dentro de cada grupo de cor de pele, e, também, que
existe uma substancial sobreposição de cada proporção de ancestralidade genômica entre estes
grupos.
Suarez-Kurtz et al. (2007) estimaram a ancestralidade com 40 polimorfismos de
inserção/deleção e apresentaram o mesmo padrão das proporções ancestrais do presente
estudo: em uma amostra recrutada no Rio de Janeiro que se auto classificou como Brancos
(n=107), Pardos (n=119) e Pretos (n=109), a ancestralidade africana foi significativamente
diferente entre as categorias, mas apresentou grande variação dentro de cada categoria e
sobreposição entre as categorias. O teste de comparação da ancestralidade europeia entre os
grupos não foi realizado, apesar dos valores apresentados serem claramente indicativos de
diferenças. Por sua vez, a ancestralidade ameríndia não diferiu entre os grupos de cor de pele.
Lins et al. (2011) genotiparam 13 AIMs em uma amostra de 189 idosas residentes em
Brasília e verificaram diferenças na ancestralidade europeia e africana entre os grupos de auto
classificação de cor de pele Brancos, Pardos e Pretos, não sendo verificada diferença entre
estes grupos para a ancestralidade ameríndia. Estes autores também pontuaram que nas três
categorias de cor de pele houve sobreposição das proporções de cada ancestralidade, assim
como nos dados desta pesquisa, também mostrado em Santos et al. (2009) para o índice de
ancestralidade africano.
Schlesinger et al. (2011) genotiparam 90 AIMs em 202 indivíduos da cidade de São
Paulo e observaram que aqueles que não se autodeclararam como brancos apresentaram
maiores índices de ancestralidade africana (p<0,01). Entretanto, a presença de pessoas com
mesmas proporções de ancestralidade em diferentes classes de cor de pele também ocorreu,
inclusive, dentre aqueles que se auto classificaram como brancos, houve casos de sujeitos
apresentando ancestralidade estimada africana maior que 70%, e dentre os que não se
declararam brancos alguns apresentaram mais de 99% de ancestralidade europeia.
A partir de dados da composição ancestral genômica apresentados por Pena et al.
(2011) em diferentes regiões do país para cada categoria de cor de pele autorrelatada, foram
calculadas as médias de ancestralidade total de cada categoria (Brancos, Pardos e Pretos), as
quais estão apresentadas na Tabela 14 e são bastante similares às desta pesquisa. No entanto,
estes autores não realizaram testes estatísticos para comprovar associação entre cor de pele
autorrelatada e ancestralidade estimada AIMs.
56

A Tabela 14 sumariza os resultados disponíveis na literatura paralelizando-os aos da


presente pesquisa. Estes resultados corroboram o presente estudo, que verifica associação
entre cor de pele autorrelatada e ancestralidade genômica estimada, mas também identifica
grande variação da ancestralidade dentro de cada categoria, inclusive com indivíduos de
mesmas proporções ancestrais se classificando de forma distinta, assinalando que a cor de
pele um indicativo pobre da ancestralidade genômica.

Tabela 14: Estudos prévios que avaliaram a ancestralidade genômica x cor de pele na população brasileira.
Autor/Data Amostra Cor de Pele EUR AFR AMR

Presente Estudo Branco 72% 19% 9%


(LEITE et al., 2011) 172 brasileiras (Brasília) Pardo 68% 21% 11%
Preto 63% 27% 10%

Branco 79,2% 11,2% 9,7%


(PENA et al., 2011)* 934 brasileiros Pardo 60,2% 27,4% 12,5%
Preto 48,0% 39,7% 12,3%

Branco 73,8% 17,2% 9%


(LINS et al., 2011) 189 brasileiras (Brasília) Pardo 61,5% 25,6% 12,9%
Preto 38,7% 47,2% 14,1%

Branco 88,7% 7,2% 4,1%


(SANTOS et al., 2009) 87 estudantes (Rio de Janeiro) Pardo 80,3% 11,7% 8%
Preto 51,7% 40,9% 7,4%

Branco 86,4% 6,9% 6,7%


(SUAREZ-KURTZ et al., 2007) 335 brasileiros (Rio de Janeiro) Pardo 68,1% 23,6% 8,3%
Preto 41,8% 50,9% 7,3%
* Dados referentes à média calcula a partir de dados originais apresentados no artigo para 4 regiões do Brasil (Norte, Nordeste,
Sudeste e Sul).

Estudos desenvolvidos em outras populações têm resultados similares. Barnholtz-


Sloan et al. (2005) genotiparam 13 microssatélites em 191 afro-americanos e 555 caucasianos
não-hispânicos e mais uma vez foi constatada sobreposição da ancestralidade genômica entre
estas duas amostras recrutadas na população dos Estados Unidos. Gravlee et al. (2009)
também observaram este fenômeno em população distinta da brasileira, mais especificamente
na população de Porto Rico. Estes autores estimaram a ancestralidade com 78 AIMs em 87
indivíduos que foram classificados por outros porto-riquenhos como sendo Blancos
(Brancos), Trigueños (Intermediários, corresponderia aos Pardos no Brasil) e Negros (Pretos)
e verificaram que todas estas categorias diferiram quanto à ancestralidade africana, entretanto,
com participantes de mesma proporção ancestral africana sendo classificados em diferentes
57

categorias. Portanto, ancestralidade genômica e classificação de cor de pele não são bons
preditores um do outro, e devem ser avaliados especificamente (GRAVLEE et al., 2009).
A análise do índice de melanina entre as categorias de cor de pele autorrelatada
apresentou resultado similar ao que foi observado para a ancestralidade genômica estimada
por AIMs. Participantes que se reportaram como Brancas apresentaram em média os menores
valores no índice de melanina, ou seja, pele com pigmentação mais clara, comparadas às
participantes que se classificaram como Pardas. O maior índice de melanina foi observado no
grupo de participantes que se classificaram como Pretas. A diferença do índice de melanina
entre os grupos de cor de pele foi estatisticamente significativa, mas com larga distribuição da
pigmentação dentro de cada grupo, e grande sobreposição entre os grupos.
Os resultados apresentados para o índice de melanina em relação à cor de pele obtidos
no presente estudo são semelhantes aos apresentados por Gravlee et al. (2005), que estudaram
a relação entre as classificações de cor de pele (“Blanco”, “Trigueño” ou “Negro”) e o índice
de melanina uma amostra da população Porto Rico (respectivamente 32,8, 40,8 e 45,9), sendo
estes valores estatisticamente diferentes entre cada categoria. Até a presente data, não foram
encontrados estudos com mensuração direta da pigmentação constitutiva, impossibilitando
comparação do índice de melanina verificado no presente estudo, bem como do
comportamento desta variável em cada classificação de cor de pele. Comparando ao estudo
supracitado de Gravlee et al. (2005) com porto-riquenhos mostra uma maior variação de
pigmentação constitutiva calculando-se um delta médio de 13,2 unidades de melanina ( 32,8
em Blancos a 45,9 em Negros) quando confrontado aos dados desta pesquisa com variação
média de 6,03 (34,23 em Brancos a 40,26 em Pretos).
A relação entre a ancestralidade genômica estimada por marcadores genéticos e o
índice de melanina mensurado pelo refratômetro também foi explorado no presente estudo.
Na amostra de 172 mulheres adolescentes brasileiras estudadas, a proporção de ancestralidade
africana se correlacionou positivamente ao índice de melanina, ou seja, à pele com
pigmentação mais escura (rho=0,258, p=0,001) e a proporção de ancestralidade europeia se
correlacionou negativamente ao índice de melanina (rho=-0,291, p<0,001). Estas correlações
significativas são indicativas de que existe estratificação populacional na amostra.
Em um estudo prévio, Parra et al. (2004b) avaliaram a relação entre a ancestralidade
genômica, estimada com 21 a 34 AIMs, e o índice de melanina, avaliado utilizando o mesmo
instrumento empregado no presente estudo (refratômetro DermaSpectrometer), em quatro
populações miscigenadas: afro- americanos, afro-caribenhos, porto-riquenhos e mexicanos.
Os resultados destes autores também mostraram correlações significativas entre a
58

ancestralidade genômica e o índice de melanina em cada uma das quatro populações


investigadas. Entretanto, a força da correlação se mostrou diferente entre as populações,
variando de rho=0,212 no México a rho=0,633 em Porto Rico, o que reflete níveis variáveis
de estratificação populacional. Bonilla et al. (2004) verificaram associação entre a
ancestralidade estimada a partir de 35 AIMs em uma amostra de 64 mulheres de Porto Rico,
apresentando forte associação entre a ancestralidade africana e o índice de melanina também
mensurado com refratômetro DermaSpectrometer (R2=0,597, p=1,21×10−13), associação
negativa entre a ancestralidade europeia e a pigmentação constitutiva (R2=0,417, p=1,12×10-
8
) e ausência de associação para a ancestralidade nativo americana (R2=0,051, p=0,074).
A correlação observada no presente estudo (rho=0,258) é substancialmente menor que
as observadas em porto-riquenhas (R2= 0,597, logo r ≈ 0,77), Porto-Riquenhos (rho=0,633),
afro-americanos (rho=0,440) e afro-caribenhos (rho=0375) apresentadas nos estudos
supracitados, indicando que a amostra da população brasileira apresenta menor quantidade de
estratificação populacional do que as outras populações mencionadas acima. Entretanto, assim
como no presente estudo, uma pesquisa incluindo 147 hispânicos e 15 nativos americanos do
Novo México também verificou associação entre pigmentação constitutiva e ancestralidade
genética (r=0,29, p=0,003), de força moderada (KLIMENTIDIS et al., 2009).
Tanto a relação da ancestralidade genômica quanto do índice de melanina entre os
grupos de cor de pele autorrelatada foram também testadas dividindo-se a amostra total em
dois grupos com sujeitos não relacionados, ou seja, separando-se as irmãs aleatoriamente em
dois grupos, mantendo-se o mesmo padrão de comportamento das variáveis, com resultados
similares.

6.4 Nível Socioeconômico

A presente pesquisa também avaliou o nível socioeconômico das participantes em


relação à ancestralidade genômica, ao índice de melanina e à cor de pele autorrelatada. Não
foi observada associação significativa entre o nível socioeconômico e a pigmentação
constitutiva, expressa como índice de melanina, similarmente ao estudo de Bonilla et al.
(2004) que também não observaram influência do nível socioeconômico no índice de
melanina em mulheres porto-riquenhas residentes em Nova Iorque. Entretanto, foram
constatadas associações estatisticamente significativas entre o nível socioeconômico tanto
59

com a ancestralidade genômica estimada pelos AIMs quanto com a cor de pele autorrelatada
(Tabela 11 e Tabela 10, respectivamente).
As participantes que se classificaram como Brancas tenderam a apresentar nível
socioeconômico mais elevado que aquelas que se classificaram nas outras categorias de cor.
Gravlee et al. (2005) e Gravlee et al. (2009) também apresentaram esta relação, com
indivíduos Blancos, Trigueños e Negros portando diferentes níveis educacionais, indicando
maior nível socioeconômico naqueles de classificação Branca. Foi também observado que em
média a proporção de ancestralidade europeia foi maior nos indivíduos com nível
socioeconômico mais elevado. Estudos previamente desenvolvidos em outros países da
América Latina apresentaram resultados que corroboram essa associação entre o nível
socioeconômico e a ancestralidade genômica (PARRA et al., 2007; FLOREZ et al., 2009;
GRAVLEE et al., 2009).
Na população brasileira, Schlesinger et al. (2011) desenvolveram um estudo com 202
indivíduos residentes na cidade de São Paulo, região Sudeste do Brasil, e determinaram a
ancestralidade a partir de um painel com 90 SNPs. Estes autores dicotomizaram a
ancestralidade genômica estimada em duas categorias: exclusivamente descendentes de
europeus e descendentes africanos (miscigenados que além da ancestralidade europeia
apresentaram contribuição africana, maior que 2%) e, comparando estes grupos, verificaram
que a ancestralidade africana está inversamente associada tanto ao nível educacional (p=0,03)
quanto ao nível socioeconômico (p<0,001).
Estes resultados trazem implicações importantes para o desenvolvimento de estudos de
associação com doenças para as quais fatores socioeconômicos desempenham um importante
papel. Para estes fenótipos, haverá diferenças de nível socioeconômico entre os casos e os
controles. E como o nível socioeconômico também está associado à ancestralidade genômica,
espera-se que as proporções de ancestralidade sejam diferentes nos casos e nos controles.
Nestas situações, ocorrerá um aumento nos casos de falso positivo nos testes de associação, a
não ser que as proporções de ancestralidade genômica sejam incluídas no modelo estatístico
para corrigir os efeitos da estratificação populacional. Um exemplo claro desta associação
espúria pode ser visto em um estudo recente de genoma total para diabetes tipo 2 em uma
amostra da Cidade do México (PARRA et al., 2011), no qual foi descrita uma forte associação
entre ancestralidade ameríndia e diabetes tipo 2, a qual foi possivelmente mediada por fatores
socioeconômicos, já que a ancestralidade ameríndia se mostrou correlacionada inversamente
com o nível educacional (que foi usado como indicativo do nível socioeconômico). Este
60

estudo também demostrou que a inclusão da ancestralidade genômica possibilita a correção


dos efeitos da estratificação populacional.
A correlação significativa entre o nível socioeconômico e a ancestralidade genômica
também enfatiza a necessidade de cautela ao explorar a relação entre ancestralidade genômica
e risco para doenças. Associações significativas entre a ancestralidade genômica e o risco de
doenças são por vezes explicadas por diferenças na população quanto ao risco das doenças
devido a fatores genéticos. Entretanto, em algumas situações, a associação da ancestralidade
genômica com o risco das doenças pode ser mediado primariamente pelo efeito de fatores
socioeconômicos.

6.5 Associação de AIMs com Índice de Melanina (Pigmentação)

A avaliação dos marcadores genéticos utilizados para estimar a ancestralidade, os


AIMs, foi testada em associação ao índice de melanina. Foi observado que o SNP rs1426654
está fortemente associado à pigmentação de pele constitutiva (p=4,2x10-12). Este SNP é um
polimorfismo não sinônimo localizado no gene SLC24A5, no qual o alelo G codifica o
aminoácido Alanina e o alelo A codifica o aminoácido Treonina na posição 111 da proteína
(LAMASON et al., 2005).
O rs1426654 apresenta uma distribuição de frequência alélica não usual na população
humana, com o alelo ancestral Alanina fixado nas populações africana, do Leste Asiático e
nativo Americana, e o alelo derivado Treonina praticamente fixado na população europeia
(SOEJIMA e KODA, 2007). Por esta razão, este SNP foi incluído no painel de AIMs do
presente estudo. Este polimorfismo tem um dos mais poderosos efeitos já reportados para a
pigmentação de pele e tem sido associado com fenótipos de pigmentação em vários estudos
(LAMASON et al., 2005; IZAGIRRE et al., 2006; NORTON et al., 2007; STOKOWSKI et
al., 2007; GINGER et al., 2008; DIMISIANOS et al., 2009; VALENZUELA et al., 2010).
Sendo assim, a associação do rs1426654 com o índice de melanina observada na amostra do
presente estudo está de acordo com o esperado. Em concordância com os estudos citados
previamente, foi estimado que homozigotos para o alelo ancestral Alanina (genótipo GG)
estão associados com um aumento de 4,96 unidades de melanina e heterozigotos (genótipo
GA) estão associados a um acréscimo de 2,17 unidades de melanina em relação aos
homozigotos para o alelo mutante Treonina (genótipo AA).
61

7 CONCLUSÃO

Apesar das limitações encontradas, o presente estudo inova ao apresentar a relação


entre cor de pele autorrelatada, pigmentação de pele constitutiva (mensurada
quantitativamente pelo índice de melanina), ancestralidade genômica e nível socioeconômico
em uma amostra de mulheres adolescentes irmãs germanas da cidade de Brasília.
Especificamente, ao comparar concordância da ancestralidade genômica, da cor de
pele autorrelatada, e da pigmentação constitutiva de entre os pares de irmãs, esta pesquisa
conclui que os pares de irmãs podem ser considerados concordantes, embora esta
concordância não seja forte. O presente estudo também verificou que a ancestralidade
genômica mensurada com 21 AIMs está associada com a cor de pele autorrelatada, à
pigmentação constitutiva da pele e à classificação socioeconômica para a amostra de
adolescentes brasileiras residentes do Distrito Federal. Além disso, há associação entre a cor
de pele autorrelatada tanto com a pigmentação de pele mensurada quantitativamente quanto
com a classificação socioeconômica. Concluiu-se ainda que não houve associação
estatisticamente significativa entre o nível socioeconômico e a pigmentação constitutiva de
pele. Quanto à associação entre os marcadores genéticos de ancestralidade (AIMs) e a
pigmentação de pele mensurada quantitativamente, o marcador rs1426654 está fortemente
associado à pigmentação de pele constitutiva (p=4,2x10-12), determinando uma variação
média de 4,96 unidades de melanina entre os dois genótipos homozigotos deste polimorfismo
bialélico.
Sendo assim, de forma geral, o presente estudo concluiu que classificações subjetivas
de cor de pele autorrelatada, tal como utilizado pelo órgão brasileiro responsável pelo censo
populacional (IBGE), são inadequadas para descrever a estrutura populacional presente em
populações miscigenadas. Em estudos de associação em populações recentemente
miscigenadas, a abordagem metodológica indicada para controlar efeitos de estratificação
populacional é incluir as proporções de ancestralidade genômica individual determinada por
AIMs como covariante na análise estatística.
62

CAPÍTULO 2 – POLIMORFISMOS DO SISTEMA RENINA ANGIOTENSINA

ALDOSTERONA E APTIDÃO CARDIOVASCULAR

1 INTRODUÇÃO

A aptidão cardiorrespiratória é influenciada pela idade, sexo e composição corporal,


mas também sofre importante influência de aspectos genéticos. Ajustando-se a potência
aeróbia máxima (VO2max) para idade, sexo e massa corporal, a herdabilidade chega a
contribuir para aproximadamente 50% da variância deste fenótipo (BOUCHARD et al.,
1998). Sabe-se também que a via metabólica do Sistema Renina Angiotensina Aldosterona
(SRAA) desenvolve um papel chave na homeostase cardiovascular (CRISAN e CARR,
2000), principalmente através da ação da Angiotensina II, que é um potente vasoconstritor.
Em decorrência do processo de envelhecimento, sabe-se que há uma redução da
aptidão cardiorrespiratória, refletida por um processo de diminuição do VO2max (ROGERS et
al., 1990; STATHOKOSTAS et al., 2004; HOLLENBERG et al., 2006). Este fato é
importante, pois uma baixa aptidão aeróbia está associada à progressiva perda da
independência e diminuição qualidade de vida do idoso (MALATESTA et al., 2004;
PATERSON et al., 2004). Neste ínterim, as mulheres idosas merecem atenção especial, já que
estas passam pelo processo de menopausa, no qual ocorrem grandes mudanças hormonais que
desencadeiam modificações adicionais na composição corporal, principalmente em termos de
perda de massa muscular e acúmulo de massa gorda, as quais estão ligadas à potencialização
da perda de aptidão cardiorrespiratória (LYNCH et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2009;
ARAGAO et al., 2011).
Estudos prévios avaliaram a associação entre consumo de oxigênio, também chamado
de potência aeróbia ou aptidão cardiorrespiratória, com marcadores genéticos do SRAA,
entretanto, focando basicamente na análise individual dos genes e sem abranger toda a via
metabólica (HAGBERG et al., 1998; ZHAO et al., 2003; BAE et al., 2007). Sendo assim, este
estudo investigou a associação de 12 polimorfismos localizados em 6 genes do SRAA com a
aptidão cardiorrespiratória em mulheres brasileiras idosas, utilizando uma metodologia mais
abrangente, tanto em relação à genotipagem de polimorfismos distribuídos ao longo da via
metabólica quanto através da investigação de interações gene-gene na determinação do
fenótipo.
63

Em decorrência do processo de miscigenação recente observado na população


brasileira(PARRA et al., 2003; LINS et al., 2010; LEITE et al., 2011; LINS et al., 2011;
GIOLO et al., 2012), o qual pode ser fonte de viés em consequência de diferenças na
incidência fenotípica e nas frequências alélicas entre populações, este estudo estimou a
ancestralidade genômica com marcadores genéticos informativos de ancestralidade (AIMs),
utilizando-a como covariante nas associações investigadas, para controle de possíveis
resultados espúrios devido à estrutura populacional. Sabendo-se também que algumas
características físicas se diferenciam entre populações, associadas à etnia (BRUTSAERT et
al., 2003; BONILLA et al., 2004; BRUTSAERT et al., 2005; OBISESAN et al., 2005;
REINER et al., 2007; SHAFFER et al., 2007) e que não há dados referentes à diferenciação
da aptidão cardiorrespiratória entre as subpopulações ancestrais no Brasil, foi investigada uma
possível relação entre a potência aeróbia e a ancestralidade genômica.
64

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aptidão cardiorrespiratória e envelhecimento

O processo de envelhecimento pode ser entendido como um conjunto de mudanças


que ocorrem de forma dinâmica e progressiva, que tem início no momento da concepção e
finda com a morte. Este processo desencadeia modificações morfológicas, bioquímicas,
psicológicas e funcionais que acarretam perda gradativa da funcionalidade e capacidade de
adaptação ao meio ambiente e maior incidência e suscetibilidade de variadas doenças
(HARMAN, 1981; LOPES, 2000).
Dentre as mudanças observadas em decorrência do envelhecimento, há um declínio na
massa, estrutura e força muscular, assim como revisado e descrito por Seene et al. (2011),
processo este que ocorre mesmo em indivíduos saudáveis (JANSSEN et al., 2002). Portanto, a
força muscular isométrica e a potência muscular declinam com o envelhecimento, sendo que
esta deficiência de força e potência muscular associa-se com a perda de mobilidade, como
exemplificado em testes de velocidade da caminhada e de capacidade em caminhar um
quilômetro sem dificuldades (LAURETANI et al., 2003). Esta mudança na musculatura
esquelética, com perda de massa muscular, que progressivamente ocasiona fraqueza, restrição
da mobilidade, maior risco de quedas e consequente redução da qualidade de vida é conhecida
como sarcopenia (BAUMGARTNER et al., 1998; JANSSEN et al., 2002; CRUZ-JENTOFT
et al., 2010; NARICI e MAFFULLI, 2010).
O envelhecimento também causa mudanças na antropometria e na composição
corporal, assim como apresentado por Douchi et al. (2002), que ao compararem 365 mulheres
pré-menopausa (39,1±9,1 anos de idade) com 201 mulheres pós-menopausa (61,5±7,2 anos de
idade) verificaram nas mulheres idosas um decréscimo da estatura, massa corporal magra e
densidade mineral óssea, simultaneamente ao um aumento da massa gorda. Um grande estudo
transversal desenvolvido na Coréia com 4.476 homens e 5.980 mulheres com idades entre 20
e 85 anos apresentou correlações significativas entre a idade e índices de composição
corporal, avaliados pela absortometria de raios-x de dupla energia, concluindo que, de forma
geral, tanto para homens quanto para mulheres, há elevação da massa gorda e redução da
massa magra à medida que ocorre o processo de envelhecimento (HONG et al., 2011).
Hughes et al. (2004) realizaram o acompanhamento durante aproximadamente 10 anos de um
grupo de 75 mulheres idosas (com idade média de 60,1±7,8 anos no início da pesquisa), e
verificaram que, a massa corporal aumentou significativamente, com concomitante elevação
65

da massa gorda e redução na estatura. Ocorre ainda uma fragilização dos ossos, com crescente
risco de fraturas, causado pela diminuição progressiva da densidade mineral óssea o qual
ocorre porque com a idade avançada há um crescente desequilíbrio entre os processos de
absorção e formação óssea (CHANDLER et al., 2000). A redução na densidade mineral óssea
associa-se à sarcopenia, estando correlacionada aos índices de composição corporal: massa
muscular, massa gorda e força muscular (LIMA et al., 2009). Os idosos também apresentam
uma dilatação aórtica acompanhada de hipertrofia e dilatação do ventrículo esquerdo do
coração, associadas a um ligeiro aumento da pressão arterial (MARCHI NETTO, 2004).
Assim como explicitado para as variáveis de composição corporal, antropometria e
força muscular supracitadas, a aptidão cardiorrespiratória também sofre mudanças anatômicas
e funcionais com o envelhecimento, começando a declinar durante a terceira década de vida
(BOOTH e ZWETSLOOT, 2010). Balmer et al. (2005) corroboram que a aptidão
cardiorrespiratória aumenta até aproximadamente 30 anos de idade e então começa a
decrescer. Para mensurar a capacidade funcional dos sistemas cardiovascular e respiratório é
utilizado um índice de potência aeróbia (VO2max), também referido como aptidão aeróbia e
consumo máximo de oxigênio (ROGERS et al., 1990; UENO et al., 2002). A potência aeróbia
é determinada pela capacidade do sistema cardiorrespiratório em absorver o oxigênio e ofertá-
lo aos tecidos, pela capacidade de extração de oxigênio da circulação sanguínea e também
pela capacidade de utilizar este oxigênio ofertado às mitocôndrias durante a realização de
exercício em alta intensidade (BASSETT e HOWLEY, 2000).
A redução do VO2max em decorrência do envelhecimento é consensual na literatura
(ASTRAND et al., 1973; ROGERS et al., 1990; HOLLENBERG et al., 2006; WEISS et al.,
2006; CHODZKO-ZAJKO et al., 2009). Aproximadamente metade da diminuição da aptidão
cardiorrespiratória (VO2máx), comparando-se jovens e idosos, pode ser explicada pela redução
do volume de ejeção, e a restante pode ser atribuída à menor frequência cardíaca e à menor
diferença arteriovenosa de oxigênio (OGAWA et al., 1992). As reduções no débito cardíaco
(DC, o qual é calculado pelo produto da frequência cardíaca e do volume sistólico) e na
diferença arteriovenosa de oxigênio (a-vDO2) também foram relatadas por outros autores
como sendo os fatores desencadeadores da diminuição da potência aeróbica (HEATH et al.,
1981; JACKSON et al., 1995; WEISS et al., 2006). Alterações na composição corporal
(presença de sarcopenia, aumento de massa gorda e redução de massa muscular, dentre outras
modificações) também está relacionada à redução da aptidão cardiorrespiratória em idosos
(OLIVEIRA et al., 2009). Este decréscimo na aptidão aeróbia foi estimado entre 5 e 15% a
cada década, contando a partir da idade de 25 anos em indivíduos sedentários (HEATH et al.,
66

1981). Entretanto, indivíduos que mantém níveis mínimos de condicionamento físico no


decorrer do processo de envelhecimento podem reduzir esta perda para aproximadamente 5 a
6% por década (POLLOCK et al., 1997).
Por outro lado, sabe-se que a inatividade física antecipa a idade de início da
fragilidade física, decorrente, dentre outros fatores, do declínio da aptidão aeróbia (OLSEN et
al., 2008; BOOTH e ZWETSLOOT, 2010). O estudo de Ogawa et al. (1992) avaliou a
captação máxima de oxigênio, juntamente com o débito cardíaco, a frequência cardíaca e
outras variáveis cardiovasculares em um teste ergoespirométrico progressivo na esteira em
indivíduos de ambos os sexos, jovens (aproximadamente entre 20 e 30 anos de idade) e idosos
(aproximadamente entre 60 e 70 anos de idade), sedentários e treinados. A comparação entre
indivíduos sedentários e treinados revelou que o declínio do VO2máx entre as idades de 25 e 65
anos foi mais lenta em indivíduos fisicamente ativos, chegando a uma diferença de 40% para
os homens (OGAWA et al., 1992).
Infelizmente, a atividade física, por mais que ajude a postergar as perdas de potência
aeróbia decorrentes do envelhecimento, não tem a capacidade de anular estes efeitos, sendo
que um decréscimo no volume de ejeção, na frequência cardíaca e na diferença arteriovenosa
de oxigênio foram relatados como contribuintes para a redução do VO2max em atletas de
endurance com mais de 30 anos de idade, independentemente da continuidade dos
treinamentos aeróbios (TANAKA e SEALS, 2008).
De acordo com Paterson (2004), baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória
aumentam a probabilidade de dependência do idoso em aproximadamente de 14% para cada
unidade de diminuição do VO2max (mL/kg/min), verificado em uma amostra composta por
homens e mulheres idosos com VO2max de aproximadamente 20 mL/kg/min, tendo como
covariantes a idade, sexo e presença de doenças. Ao comparar indivíduos com baixa e com
moderada aptidão cardiorrespiratória, Netz et al. (2011) mostraram que a manutenção de
níveis elevados de aptidão cardiorrespiratória em idosos está associada inclusive a um melhor
desempenho cognitivo (sendo classificados na classe moderada indivíduos com VO2pico
predito em teste ergométrico maior que 18,5mL/kg/min). Paterson et al. (2004) apresentaram
a aptidão cardiorrespiratória como fator determinante para perda de independência dos idosos
em um estudo longitudinal de 8 anos, ressaltando a importância de criação de políticas
públicas de saúde com o objetivo de preservar esta capacidade como estratégia para
manutenção da qualidade de vida destes indivíduos. Uma aptidão física direcionada à saúde
envolve características orgânicas e funcionais associadas com a de produção de energia para o
trabalho e para o lazer, bem como menor risco em desenvolver doenças crônicas
67

degenerativas, sendo dependente de características herdadas e da atividade física habitual


(NAHAS, 1989).
Portanto, em relação ao fenótipo de potência aeróbia, foco do presente estudo, sabe-se
que há um declínio inevitável com o envelhecimento, mas que pode ser amenizado com a
prática de atividade física e manutenção de uma vida ativa. Entretanto, não são conhecidos
ainda os determinantes genéticos e mecanismos responsáveis por esta variável e por suas
modificações ao longo dos anos.
Brutsaert et al (2003) estudaram fenótipos relacionados a potência aeróbia em homens
adultos jovens com ascendência espanhola e nativo americana (Quechua – região dos Andes
Peruanos) e verificaram que o decréscimo no VO2max em decorrência da exposição a
ambientes de hipóxia hipobárica estava associado positivamente à ancestralidade espanhola,
suportando a ideia de que os nativos americanos que viveram nas altas montanhas há cerca de
10 mil anos evoluíram para um melhor transporte de oxigênio. Brutsaert et al (2005),
seguindo a mesma linha de estudo, verificaram que a ancestralidade Quechua explica
parcialmente melhores respostas ventilatórias em grandes altitudes. Entretanto, para a
população brasileira não existem dados referentes à diferenciação de fenótipos entre as
subpopulações ancestrais, ou seja, não se sabe, por exemplo, se fenótipos relacionados à
aptidão física, tal como a potência aeróbia, estão associados às proporções de ancestralidade
genômica.

2.2 Herdabilidade e Fenótipos Relacionados à Potência Aeróbia

A herdabilidade, representada pelo símbolo h2 , representa a proporção total de


variância em determinado fenótipo devida a fatores genéticos, ou seja, é uma medida que
mostra através de um único valor a fração de variação entre indivíduos de uma população que
é explicada geneticamente, assim como revisado por Visscher (2008). Já faz muitos anos que
começaram os estudos buscando qual fração da variação fenotípica é determinada por fatores
genéticos em variadas características físicas e antropométricas. Por exemplo, a herdabilidade
da estatura, peso e IMC foi estimada em 79,5%, 78%, 77,2%, respectivamente, sendo estes
valores provenientes de 1.974 pares de gêmeos monozigóticos e 2097 pares dizigóticos, do
sexo masculino alistados nas forças armadas dos Estados Unidos (STUNKARD et al., 1986).
A comparação da variância fenotípica entre gêmeos mono e dizigóticos é uma das
metodologias utilizadas para estimar a herdabilidade. Este delineamento pode ser observado
68

no estudo de Clark (1956), que pesquisou fenótipos antropométricos em pares de gêmeos


norte-americanos adolescentes, dizigóticos e monozigóticos, e verificou que grande parte da
variabilidade nos fenótipos estudados por ele era devida a fatores genéticos. A herdabilidade
estimada para alguns dos sítios antropométricos avaliados por este autor pode ser verificada
na Tabela 15, abaixo, dentre os quais a estatura figura com grande contribuição genética e a
circunferência de cintura com grande influência de fatores ambientais, por exemplo, dieta
alimentar e prática de exercício físico.

Tabela 15: Herdabilidade de fenótipos antropométricos. Fonte: Adaptado de Clark (1956).


Variância entre Variância entre Nível de
Sítios Herdabilidade
gêmeos dizigóticos gêmeos monozigóticos significância
Peso de nascimento 2,24 1,45 35% p > 0,05
Peso corrente 60,8 18,8 69% p < 0,01
Estatura 162 19,5 88% p < 0,01
Circunferência da cintura 130 97,9 25% p > 0,05

No entanto, também é possível estimar a herdabilidade estudando-se a semelhança


observada e esperada entre famílias (pais e filhos biológicos), assim como realizado no estudo
de Krall e Dawson-Hughes (1993), que estimaram a herdabilidade para o fenótipo de
densidade mineral óssea em norte-americanos com ancestralidade auto declarada europeia,
apontando h2 para este fenótipo em cerca de 46 a 62%, sendo a proporção restante atribuída a
fatores ambientais e erros inerentes ao método de mensuração.
Recentemente, com o desenvolvimento tecnológico na área da biologia molecular,
surgiu uma nova forma de avaliar a herdabilidade, na qual estudos de associação em todo
genoma (GWAS – do inglês, Genome Wide Association Studies) permitem utilizar
marcadores genéticos para determinar a bagagem genética real compartilhada entre os
indivíduos das famílias estudadas. Visscher et al. (2006) utilizaram esta nova ferramenta para
estimar a herdabilidade da estatura em 3375 pares de irmãos, empregando o estudo do
genoma para ter real informação sobre a quantidade de genes compartilhada pelos indivíduos,
e obtiveram um resultado de herdabilidade igual a 80%, o que de certa forma valida estudos
anteriores com abordagem metodológica clássica, tal como o estudo supracitado de Stunkard
et al. (1986).
Buscando estudos de herdabilidade na população brasileira para o fenótipo de aptidão
aeróbia, foco neste estudo, e fenótipos de composição corporal (possíveis covariáveis para a
aptidão aeróbia) foram encontrados apenas os estudos retratados na Tabela 16.
69

Tabela 16: Estudos de herdabilidade para potência aeróbia e composição corporal na população brasileira.
Autor (Data) Amostra Variáveis avaliadas (herdabilidade) Comentários
Machado et al. 8 pares de gêmeos do sexo masculino (5 Potência aeróbia – VO2max (87%). Estudo com número amostral
(2008)* pares monozigóticos), com idade entre muito pequeno. Potência
11 e 27 anos. aeróbia não foi avaliada por
ergoespirometria, método
padrão ouro.

de Oliveira et al. 1666 indivíduos de 81 famílias, com o Circunferência da cintura (40,1%), Apesar do grande número
(2008)* tamanho da família variando de 3 a 156 Índice de massa corporal (51%). amostral do estudo, a amostra se
indivíduos, e de 2 a 4 gerações, com 18 Obs.: Herdabilidade estimada em mostra heterogênea, inclusive
anos de idade ou mais velhos. modelo ajustado para sexo e idade. no que tange a presença de
doenças crônicas.
* Estes estudos apresentam também herdabilidade para outras variáveis, entretanto foram apresentadas nesta tabela apenas as varáveis e
interesse para o presente estudo.

Uma propriedade importante da herdabilidade é a sua determinação de acordo com as


características da população, pois tanto a variação genética (por exemplo, das frequências
alélicas) quanto ambiental se diferenciam de população para população (VISSCHER et al.,
2008). A herdabilidade relaciona-se a fatores genéticos em uma população específica
(PORTAS et al., 2010). Portando, a herdabilidade para um fenótipo em uma população não
deve ser tomada como índice preciso da herdabilidade para este mesmo fenótipo em outra
população. Entretanto, existe certa constância de padrão na herdabilidade dos fenótipos entre
as populações de uma mesma espécie, e os fenótipos morfológicos apresentam valores
elevados de herdabilidade (VISSCHER et al., 2008).
Sendo assim, como não há suporte suficiente para dados de herdabilidade relacionada
aos fenótipos de potência aeróbia e composição corporal na população brasileira, estão
apresentados na Tabela 17 alguns estudos realizados em outras populações.
70

Tabela 17: Estudos de herdabilidade para potência aeróbia e composição corporal em populações não brasileiras.
Autor (Data) Amostra Variáveis avaliadas (herdabilidade) Comentários
Hopkins et al, 22 pares de gêmeos (11 monozigóticos VO2pico (80%), mensurado em teste Autores apresentam sugestão
(2010) e 11 dizigóticos), com média de idade incremental na esteira. interessante de que o nível de
de 13,3 e 13,6 anos. Sete pares foram atividade física, o qual
compostos por indivíduos do sexo influencia no VO2, pode ser
masculino, sendo que dois destes entre 30% e 80% geneticamente
estavam no grupo monozigótico. determinado. Número amostral
pequeno.

Portas et al. (2010) 8877 indivíduos (provenientes de 511 Estatura (73%), peso (48%), IMC Além de mostrar a
famílias com 37 membros em média) da (41%). ancestralidade do grupo total,
região isolada de Ogliastra – Sardínia – traz dados de herdabilidade em
Itália. discriminados em 9 regiões, que
suportam diferença de
herdabilidade de acordo com a
estrutura da população.

Bogl et al. (2010) 149 pares de gêmeos de ambos os sexos Massa magra (81%), massa gorda Massa magra correlacionada
(57 monozigóticos), provenientes de (61%), DMO (87%). com DMO, sugerindo que estas
Helsinki – Finlândia. características podem ter mais
genes em comum, comparando-
se a massa gorda.

Silventoinen et al. 154.570 pares de irmãos, 1582 pares de Estatura (81%), Massa corporal Número amostral satisfatório.
(2008) gêmeos monozigóticos e 1864 pares de (64%), IMC (59%).
gêmeos dizigóticos, do sexo masculino,
adultos jovens, da Suécia.

Souren et al. 378 pares de gêmeos de ambos os sexos Massa corporal (84% homens e 74% Mensurações fora do padrão
(2007) (240 monozigóticos), provenientes da mulheres, IMC (85% homens e 75% outro: Massa magra mensurada
Bélgica. mulheres), massa gorda (81% homens através de bioimpedância e
e 70% mulheres), massa magra (81%, massa gorda estimada pela
sem diferenciação entre os sexos). subtração da massa magra da
massa corporal total.

Macgregor et al. 1673 pares de gêmeos de ambos os Estatura (≈ 90%) h2 da estatura auto relatada
(2006) sexos, adultos e provenientes da apresentou-se menor (≈ 85%),
Austrália (857 pares monozigóticos). fato justificado em decorrência
do erro de mensuração mais
elevado nesta medida.

Li et al. (2006) 478 indivíduos de 105 famílias mexico- IMC (62%) Além da herdabilidade o estudo
americanas. apresenta avaliação de
microssatélites indicativa de
ligação entre o IMC com o
cromossomo 5q36.

Obs.: Estes estudos apresentam também herdabilidade para outras variáveis, entretanto foram apresentadas nesta tabela apenas as varáveis e
interesse para o presente estudo. DMO = densidade mineral óssea, IMC = índice de massa corporal.
71

Continuação – Tabela 17.


Gaskill et al, 100 famílias de indivíduos brancos e 99 Limiar ventilatório (58% em brancos Modelo ajustado para idade,
(2001) família de indivíduos negros e 54% em negros) sexo, massa corporal e massa
magra e massa gorda

Bouchard et al. 170 pais e 259 filhos de 86 famílias VO2max (≈ 50%) VO2max mensurado em
(1998) brancas. cicloergômetro em duplicata.
Modelo ajustado para: a) idade
e sexo; b) idade, sexo e massa
corporal; c) idade, sexo, massa
corporal e massa magra e massa
gorda (obtidas em pesagem
hidrostática).
Obs.: Estes estudos apresentam também herdabilidade para outras variáveis, entretanto foram apresentadas nesta tabela apenas as varáveis e
interesse para o presente estudo.

Em muitos experimentos de mapeamento genético, a probabilidade de detectar um


gene com largo efeito aumenta com a herdabilidade. Entretanto, alta herdabilidade por si só
não está diretamente relacionada ao tamanho de efeito ou número de genes determinantes para
um fenótipo específico (VISSCHER et al., 2008). A variação fenotípica depende da variação
genética e da variação ambiental. E, a variação genética em fenótipos quantitativos, também
chamados de fenótipos complexos, deve-se a ações de codominância, adição, dominância e
interação entre vários genes, sendo que grande proporção desta variância genética, excedendo
50%, é devida a efeitos aditivos (HILL et al., 2008). Sendo assim, em decorrência de uma
herdabilidade relativamente grande para os fenótipos complexos relacionados à aptidão
aeróbia (apresentados nesta seção, mesmo que mensurados em outras populações), estimada
em aproximadamente 80%, espera-se que seja possível uma associação entre estas
características quantitativas com marcadores genéticos do sistema renina angiotensina e com
marcadores informativos de ancestralidade.

2.3 Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SNPs x Potência aeróbia)

O sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA) tem papel chave no controle da


resistência vascular periférica e do volume sanguíneo circulante no corpo humano, regulando
assim a pressão arterial (COLLINS et al., 2004), com funcionamento tal como um sistema
endócrino (CRISAN e CARR, 2000). A via metabólica do SRAA é composta por uma rede de
genes e produtos destes (proteínas e enzimas), sendo que seus componentes principais são:
angiotensinogênio (AGT), renina (REN), angiotensina I, enzima conversora de angiotensina
72

(ACE, do inglês angiotensin converting enzyme), angiotensina II, receptor de angiotensina II


tipo 1 (AGTR1), receptor de angiotensina II tipo 2 (AGTR2) e aldosterona.
O AGT é uma glicoproteína, codificada pelo gene AGT localizado na região
cromossômica 1q42-43, que tem o plasma sanguíneo como principal reservatório em cuja
variação de sua concentração influencia a atividade do SRAA (PADMANABHAN et al.,
2000). Predominantemente via ativação nervosa simpática, a enzima REN é liberada pelos
rins e catalisa a clivagem do AGT, liberando o decapeptídeo angiotensina I (um
vasoconstritor inativo). A REN é uma protease codificada por um loco localizado no
cromossomo 1q32, cujo único substrato conhecido é o AGT, e é regulada principalmente pela
concentração de Angiotensina II (em mecanismo de retroalimentação negativa), sendo
também considerada como fator limitante da via metabólica do SRAA, já que são relatadas
altas concentrações de AGT disponível para clivagem (PADMANABHAN et al., 2000).
Sendo assim, este é um candidato em potencial para associações com PA e hipertensão
arterial (HA), assim como para possíveis efeitos na aptidão cardiorrespiratória mediante
interferência no fluxo sanguíneo e oferta de oxigênio aos tecidos.
A angiotensina I formada a partir do AGT é então convertida em angiotensina II pela
enzima ACE (codificada pelo gene ACE localizado no cromossomo 17q23) que também atua
na inativação da bradicinina (proteína vasodilatadora) em cininas inativas (DIKMEN et al.,
2006). A conversão de angiotensina I, que é um peptídeo com 10 aminoácidos, em
angiotensina II, que é um peptídeo com 8 aminoácidos, é a principal reação do SRAA,
gerando a substância efetiva do sistema, ou seja, a angiotensina II, uma potente
vasoconstritora (CRISAN e CARR, 2000).
Os efeitos da angiotensina II são mediados via receptores de angiotensina II tipo 1 e
tipo 2 (AGT1R e AGT2R, respectivamente), os quais são codificados por genes diferentes
(gene AGTR1 no cromossomo 3q24 e gene AGTR2 no cromossomo Xq22-q23). A maior
atividade da angiotensina II ocorre em ligação com o AGTR1 (PADMANABHAN et al.,
2000), sendo este gene considerado um candidato óbvio para associação com fenótipos
cardiovasculares. A angiotensina II também estimula, no córtex adrenal, a liberação de
aldosterona (produzida pelo gene CYP11B2, 8q21-22), a qual atua nos rins estimulando o
aumento da reabsorção de sódio e de fluidos, e também pode atuar promovendo hipertrofia
cardíaca e vascular.
Portanto, os efeitos vasoconstritores do SRAA, juntamente com a reabsorção de sal
(Na2+) e de água nos rins em decorrência de estímulo da aldosterona, mantém o volume
sanguíneo em homeostase e é responsável pelas respostas do fluxo sanguíneo durante o
73

exercício. Um dos polimorfismos mais estudados para o fenótipo de potência aeróbia nesta
via metabólica é o polimorfismo de inserção/deleção da ACE, embora haja publicações que
apresentaram associação com o genótipo II – homozigoto para inserção (HAGBERG et al.,
1998; HAGBERG et al., 2002), com o genótipo DD – homozigoto para ausência da inserção
(ZHAO et al., 2003) e ausência de associação (DAY et al., 2007). Atualmente, múltiplas
investigações têm sido desenvolvidas nos demais polimorfismos nos genes desta via
metabólica, assim como revisado em Konoshita (2011). Para o presente estudo, foram
selecionados polimorfismos candidatos ao longo da via metabólica do SRAA, representados
na Figura 10, abaixo. Estes SNPs foram selecionados baseando-se estudos prévios com
evidência de associação com fenótipos cardiovasculares diversos, a partir dos quais surge o
potencial de associação com a potência aeróbia (BRAND et al., 2002; FUCHS et al., 2002;
ORTLEPP et al., 2003; BORIGHT et al., 2005; DELMONICO et al., 2005; MIYAKI et al.,
2006; ISRANI et al., 2007; MOORE et al., 2007; PEREIRA et al., 2008; ZAKRZEWSKI-
JAKUBIAK et al., 2008; COOPER WOROBEY et al., 2009; JIANG et al., 2009; TSAI et al.,
2009; CARSTENS et al., 2010; CHANG et al., 2010; HUBER et al., 2010; SARZANI et al.,
2010; VANGJELI et al., 2010; BRUGTS et al., 2011; SAAB et al., 2011; XIANG et al.,
2011; YUGAR-TOLEDO et al., 2011).

Figura 10: Esquema representativo do SRAA, incluindo os SNPs genotipados em cada componente.

Há na literatura indícios de que o SRAA apresente diferenças adaptativas entre


populações. Cooper et al. (2000) avaliaram este sistema em duas populações de ancestralidade
comum (1449 africanos da Nigéria e 1147 afro-americanos dos Estados Unidos) em
74

ambientes sociais diferentes e verificaram a herdabilidade dos componentes do SRAA foi


estimada em 77% para o AGT, 67% para a ACE em nigerianos e em 18% para o AGT e 18%
para o ACE em afro-americanos. Sendo assim, reafirma-se a necessidade do controle para
estratificação populacional ao investigar polimorfismos desta via metabólica.
75

3 OBJETIVOS

3.1 Geral

O presente estudo objetivou verificar a associação entre polimorfismos base única em


genes da via metabólica do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) com a
potência aeróbia em mulheres brasileiras idosas.

3.2 Específicos

• Genotipar os polimorfismos rs699, rs4762, rs5049, rs5051 e rs5050 no gene


Angiotensinogênio; rs12750834 e rs7539596 no gene Renina; rs5182 no gene
Receptor Tipo 1 de Angiotensina; rs1800764 no gene da Enzima Conversora de
Angiotensina; rs11091046 e rs1403543 no gene Receptor Tipo 2 de Angiotensina;
e rs1799998 no gene da Aldosterona Sintase;
• Determinar a ancestralidade genômica a partir da genotipagem de 19 marcadores
informativos de ancestralidade (AIMs);
• Associar os polimorfismos genotipados no SRAA com a potência aeróbia em
mulheres brasileiras idosas, controlando para efeitos de estratificação amostral
gerada por miscigenação.
• Testar a associação entre a ancestralidade genômica e a potência aeróbia (VO2max)
em mulheres brasileiras pós-menopausa.
76

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Amostra

Foram selecionadas 225 voluntárias, do sexo feminino, com idade igual ou superior a
60 e inferior a 80 anos, brasileiras, residentes no Distrito Federal. Após a realização do
eletrocardiograma de repouso e avaliação médica inicial, 17 destas idosas foram
contraindicadas pelo médico para realização do teste ergoespirométrico devido à presença de
um ou mais fatores de risco tais como: histórico de dor ou aperto no peito; uso de marcapasso;
bloqueio completo de ramo esquerdo; bloqueio completo de ramo direito; arritmias; infarto
prévio; bigeminismo de extrassístoles em repouso; onda R que não progride de V1 a V3.
No total, 205 idosas realizaram o teste de potência aeróbia, entretanto, 19 delas
interromperam precocemente o teste por outros motivos que não a exaustão voluntária. Dentre
as causas de testes incompletos, observou-se: falta de ar; extra-sístoles bigeminando de forma
sustentada durante o esforço físico, ou seja, chegando a 30 segundos; tonturas; queimação
torácica; e infradesnivelamento retificado do segmento ST, sugerindo isquemia do miocárdio.
Sendo assim, 186 idosas completaram o teste. Entretanto, foi adotado como critério de
exclusão o uso de medicação relacionada ao SRAA (inibidores de ECA e antagonistas do
receptor de angiotensina), invalidando 38 dos testes completos os quais foram excluídos da
análise final. Logo, a amostra final do estudo foi composta por 148 voluntárias.
A coleta de dados foi realizada após a aprovação pelo Comitê de Ética da
Universidade Católica de Brasília, registrado sob o número CEP/UCB 014/2007 (Anexo D),
bem como da apresentação de um termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo F), que
foi explicado e assinado por cada participante.

4.2 Caracterização amostral

4.2.1 Nível de atividade física das participantes


O nível habitual de atividade física de cada voluntária foi avaliado utilizado o
questionário IPAQ (do inglês, International Physical Activity Questionnaire), o qual é um
instrumento desenvolvido para monitorar de forma padronizada a atividade e inatividade
física em diversos países (CRAIG et al., 2003).
Para o grupo amostral do presente estudo, composto por mulheres idosas, foi utilizada
a forma longa do IPAQ, versão 8 (Anexo G), semana usual, administrado através de entrevista
77

individual, validado por Benedetti et al.(2004) para a população de idosos brasileiros. Nas
questões do IPAQ validado por estes autores foram incluídos exemplos de atividades que são
comuns às pessoas idosas e foi especificada a informação do tempo médio habitual para cada
dia da semana (segunda a domingo) ao invés de indicar apenas a frequência semanal e o
tempo médio semanal de realização das atividades físicas. Segundo o estudo de Rabacow et
al. (2006), o questionário IPAQ versão 8 apresenta as melhores condições para ser aplicado
em idosos brasileiros, apesar de se tratar de um instrumento longo e demorado para ser
aplicado em grandes populações.
A mensuração dos níveis correntes de atividade física utilizando este questionário leva
em consideração a duração e a frequência das atividades físicas realizadas em uma semana,
computando-se apenas sessões superiores a 10 minutos contínuos e diferencia atividades
moderadas como sendo as ações que produzem um aumento moderado na frequência cardíaca
e na taxa respiratória, e vigorosas, que são as ações que produzem maiores aumentos nestes
parâmetros (CRAIG et al., 2003). Os resultados do questionário possibilitam a divisão em
cinco categorias: sedentários, insuficientemente ativos "B", insuficientemente ativos "A",
ativos e muito ativos (Anexo H).

4.2.2 Composição Corporal


Para fins de caracterização da amostra, foram mensurados os valores de massa
corporal e estatura de cada uma das voluntárias, efetuando também o cálculo do Índice de
Massa Corporal (IMC) através da seguinte fórmula: IMC = Massa Corporal (em kg) /
Estatura2 (em metros). A Massa Corporal foi mensurada através de uma balança digital marca
Filizola, com capacidade máxima de 150 quilogramas (kg) e resolução de 50 gramas (g). Um
estadiômetro de parede foi utilizado para mensurar a estatura das participantes, sendo o
resultado expresso em centímetros (cm), e com resolução de 0,1 centímetros (cm).
A composição corporal foi mensurada através da absortometria de raios-x de dupla
energia (DXA) modelo DPX-IQ (Lunar Corporation, Madison, WI, USA). Para o
procedimento, as voluntárias deitaram em decúbito dorsal sobre a mesa do equipamento,
sendo em seguida cuidadosamente posicionadas de forma que ficassem totalmente
centralizadas em relação às laterais da mesa. As voluntárias se mantiveram com os membros
inferiores estendidos, sendo utilizada uma fita de velcro para mantê-los próximos e dar
suporte aos pés, de forma que ficassem numa angulação de 45º com relação ao plano vertical.
78

Os membros superiores foram posicionados estendidos e ao longo do corpo, sem que


houvesse contato com o tronco. Dessa forma, as seguintes variáveis foram obtidas para
análises posteriores:
- Percentual de gordura;
- Massa Livre de Gordura Total (MLG total): Tecido não ósseo livre de gordura de
corpo inteiro expresso em Kg;
- Massa Livre de Gordura Total relativa (MLG total relativa): Tecido não ósseo livre
de gordura de corpo inteiro dividido pela estatura ao quadrado, expresso em Kg/m2. Trata-se
de uma fórmula análoga ao IMC, a qual elimina diferenças na MLG total decorrentes de
diferenças de estatura (BAUMGARTNER et al., 1998).

4.2.3 Genotipagem dos Marcadores Informativos de Ancestralidade


Para controlar possíveis efeitos de estratificação populacional gerada por
miscigenação, minimizando o risco de resultados falso positivos, a ancestralidade genômica
foi estimada a partir de marcadores genéticos informativos de ancestralidade (AIMs), mais
especificamente por SNPs com diferenças de frequências alélicas entre as populações
parentais europeia, africana e ameríndia. Os AIMs foram genotipados seguindo protocolo
especificado no Capitulo 1 deste documento, Seção 4.5.3, página 28.
O conjunto de marcadores foi composto por 19 SNPs informativos de ancestralidade,
os quais foram divididos em três sistemas, para a genotipagem utilizando o método de
minissequenciamento, diferindo do capítulo 1 pela ausência de 2 AIMs que não amplificaram
na amostra de mulheres idosas: rs3176921 e rs4305737.
A ancestralidade genética foi calculada com o programa ADMIXMAP versão 3.8
(http://homepages.ed.ac.uk/pmckeigu/admixmap/) utilizando 2.500 interações no período de
burn-in e 10.000 interações para medir os parâmetros dos dados. Amostras das populações de
Botsuana, Camarões, Gana e Senegal (n=120), Euroamericanos de Baltimore e de Chicago
(n=78) e Zapotecos do México (n=29) foram utilizados como representativos das populações
africanas, europeia e nativo americana, respectivamente.
Durante a caracterização amostral das participantes, mais especificamente no
momento do preenchimento do cadastro inicial de cada voluntária, a cor de pele foi avaliada
pela autoclassificação em uma das categorias propostas pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) para classificação de cor ou raça: branca, preta, parda, amarela ou
indígena (IBGE, 2000).
79

4.3 Teste de Potência Aeróbia (VO2pico)

Previamente a aplicação do teste ergoespirométrico, um eletrocardiograma de repouso


foi realizado com todas as 225 voluntárias, acompanhado e avaliado por um médico
cardiologista. Após a realização do eletrocardiograma de repouso e avaliação médica inicial,
algumas voluntárias (n=17) foram contraindicadas pelo médico para realização do teste
ergoespirométrico devido à presença de um ou mais fatores de risco. Os critérios médicos
para a não realização do teste foram: histórico de dor ou aperto no peito durante os últimos
dias precedentes ao exame; uso de marcapasso; bloqueio completo de ramo esquerdo;
bloqueio completo de ramo direito; arritmias; infarto prévio; bigeminismo de extra-sístoles
em repouso; onda R que não progride de V1 a V3.
A pressão arterial (PA) de repouso foi aferida, com as voluntárias sentadas, através de
um esfigmomanômetro de coluna de mercúrio aos 15 minutos de repouso. Nestes mesmos
momentos, foi verificada também a frequência cardíaca (FC) de repouso, utilizando-se um
monitor de frequência cardíaca (Polar – modelo F1).
Para verificação do consumo máximo de oxigênio (VO2Pico), as voluntárias foram
submetidas a um teste de esforço máximo em protocolo de rampa em esteira com duração
prevista entre 8 e 12 minutos, tendo como base de cálculo da carga o VO2max estimado. A
partir da realização de alguns testes pilotos, foi criado um protocolo de rampa padronizado e
aplicável a todas as voluntárias, com velocidade e inclinação iniciais de 2,0 km/h e 0%, e com
velocidade e inclinação aos 10 minutos de teste de 6,0 km/h e 6%, respectivamente. Todos os
testes foram realizados com acompanhamento médico e monitoramento do eletrocardiograma
de esforço, consistindo de incrementos pequenos e constantes na velocidade e inclinação até
que a participante pesquisada atingisse a exaustão voluntária, definida como a incapacidade
de continuar o exercício devido à exaustão. Permitiu-se que as participantes utilizassem as
barras frontais de apoio da esteira ergométrica como apoio e encorajamento verbal foi dado a
todas elas.
Além da exaustão voluntária, foram pré-estabelecidos como critérios de interrupção do
teste: elevação da pressão arterial diastólica (PAD) acima de 140 mm/Hg, elevação da pressão
arterial sistólica (PAS) acima de 260 mm/Hg, queda sustentada da PAS, manifestação clínica
de dor ou queimação torácica, infradesnivelamento do segmento ST ≥ 3mm,
supradesnivelamento do segmento ST ≥ 2mm em derivação sem presença de onda q, arritmia
ventricular complexa, aparecimento de taquicardia supraventricular sustentada, taquicardia
atrial, fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular de 2º e 3º graus, sinais de insuficiência
80

ventricular esquerda ou falências dos sistemas de monitorização e registro. O teste de potência


aeróbia foi realizado por 208 idosas, sendo que 19 delas interromperam precocemente outros
motivos que não a exaustão voluntária, seguindo os critérios médicos pré-estabelecidos. Os
testes incompletos foram excluídos.
Para o teste, foi utilizada uma esteira modelo RT 300, Moviment, Brasil. As trocas
gasosas foram coletadas e medidas a cada respiração com um sistema de calorimetria indireta
multiparamétrica e computadorizada, através de um analisador metabólico de gases Cortex
modelo Metalyzer 3B (Cortex Biophysik – Leipzig, Germany), devidamente calibrado. Foi
utilizado o eletrocardiógrafo digital ELITE-PC (Micromed), com 12 derivações para a
avaliação em repouso, e 3 derivações clássicas (CM5, D2M e V2M) para o exercício e pós-
exercício.
Foram pré-estabelecidos como critérios para determinação do VO2max: R ≥ 1,10; FC ao
final do teste dentro de um desvio de ± 10 da FCmax prevista e a observação de um platô de
estabilização no consumo de oxigênio, apesar do constante incremento de carga. Entretanto,
como estes critérios para determinação não foram satisfeitos pela maioria das idosas testadas,
utilizou-se o termo VO2pico, para o valor mais alto de consumo de oxigênio obtido durante este
teste de esforço. Este valor foi calculado a partir do teste exportado para 20 segundos, sendo
feita uma média dos escores obtidos respiração-a-respiração neste intervalo de tempo, ao final
do teste ergoespirométrico. Foram também registrados: o tempo total de teste, a razão de troca
respiratória entre VCO2/VO2 (R), a ventilação (VE) e a frequência cardíaca (FC), mensurada
pelo eletrocardiógrafo mencionado acima, com registros constantes. A PA foi verificada
durante o teste para fins de acompanhamento médico, a cada 3 minutos de exercício, bem
como durante a recuperação ativa na esteira, com 1 e com 3 minutos após a interrupção do
teste. Durante o teste, de 2 em 2 minutos, as voluntárias apontaram como se sentiam em
relação ao cansaço na escala de percepção subjetiva de esforço, conhecida comumente como
escala de Borg 6-20, a qual é considerada ferramenta útil para controle da intensidade do
exercício, inclusive em idosos (GROSLAMBERT e MAHON, 2006), sendo os escores
maiores que 17 associados à execução de um teste máximo (BORG, 1982). Este método foi
utilizado como meio de comunicação da voluntária para relatar sua percepção de cansaço.
As variáveis de temperatura ambiente e umidade relativa do ar foram mantidas em
média a 23ºC e 47 %, respectivamente.
81

4.4 Genotipagem

4.4.1 Extração de DNA


Uma amostra de sangue venoso (5 mL) foi coletada na veia antecubital por uma
enfermeira em cada voluntária participante do estudo, utilizando tubos estéreis com vácuo
contendo anticoagulante EDTA. Este material foi armazenado em geladeira (-4º Celsius) até
que o processo de extração de DNA fosse iniciado. O DNA genômico de alto peso molecular
foi extraído dos leucócitos periféricos utilizando-se o método salting out (MILLER et al.,
1988), utilizando o mesmo procedimento já descrito no Capítulo 1 seção 4.5.1 página 26 deste
documento.

4.4.2 Quantificação do DNA


A concentração do DNA extraído foi estimada por meio de eletroforese em gel de
agarose a 1%, comparadas com padrões de peso genômico conhecido. O protocolo completo
está descrito no Capítulo 1 seção 4.5.2 página 28 deste documento. Após a quantificação,
todas as amostras de DNA foram diluídas em água deionizada ultrapura para uma
concentração final padrão de 5 ng/µ l.

4.4.3 Genotipagem dos Polimorfismos em Genes do SRAA


Foram selecionados na literatura 12 SNPs em genes componentes da via metabólica do
SRAA. Estes marcadores foram genotipados utilizando o método de minissequenciamento em
um sistema de multiplex. A Tabela 18 descreve os polimorfismos selecionados, bem como o
gene no qual se localizam.
82

Tabela 18: Descrição dos 12 locos de acordo com o gene.


Loco RefSNP (rs) Gene Cromossomo Posição física (pb)*

M235T rs699 AGT 1 230845794


T174M rs4762 AGT 1 230845977
G217A rs5049 AGT 1 230850083
A-6G rs5051 AGT 1 230849872
A-20C rs5050 AGT 1 230849886
-5312C/T rs12750834 REN 1 204140784
-5434C/T rs7539596 REN 1 204140906
T573C rs5182 AGTR1 3 148459395
T3892C rs1800764 ACE 17 61550529
C3123A rs11091046 AGTR2 X 115305126
+1675G/A rs1403543 AGTR2 X 115302192
-344C/T rs1799998 CYP11B2 8 143999600
rs# = número de referência do marcador no dbSNP; pb = pares de bases; AGT = angiotensinogênio; REN
= renina; AGTR1 = receptor tipo 1 de angiotensina II; ACE = enzima conversora de angiotensina;
AGTR2 = receptor tipo 2 de angiotensina II; CYP11B2 = gene sintetizador de aldosterona; * Dados da
versão GRCh37.p5 dbSNP build 135.

4.4.3.1 Desenho de iniciadores para PCR e Genotipagem

Os iniciadores para amplificação dos locos pré-selecionados em PCR (F – direto e R –


reverso) foram desenhados utilizando o programa Primer3Plus, disponível gratuitamente no
sítio eletrônico http://www.bioinformatics.nl/cgi-bin/primer3plus/primer3plus.cgi
(UNTERGASSER et al., 2007), após inserir a sequência de cada marcador obtida diretamente
no dbSNP (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/SNP/). Para o desenho dos iniciadores,
foram utilizados os parâmetros: número de nucleotídeos entre 18 e 25, tamanho do produto
entre 150 e 250 pb, Tm (do inglês, melting temperature) entre 57 e 62ºC, percentual de CG
entre 40 e 60% e verificação de sequências repetidas (Mispriming/Repeat Library) definida
para humanos.
Para testar a formação de grampos ou dímeros entre no conjunto de iniciadores foi
utilizado o programa AutoDimer (VALLONE e BUTLER, 2004), baseado em algoritmos, o
qual pode ser obtido gratuitamente na internet (http://www.cstl.nist.gov/strbase/
AutoDimerHomepage/AutoDimerProgramHomepage.htm). Além disso, todos os iniciadores
foram novamente checados através do programa UCSC In-Silico PCR
(http://genome.ucsc.edu/cgi-bin/hgPcr?command=start), que realiza uma PCR virtual.
Os iniciadores para extensão de base única (S) foram desenhados utilizando o
programa Primo SNP 3.4, também disponível gratuitamente na internet
(http://www.changbioscience.com/primo/primosnp.html), na função SBE e com demais
83

parâmetros em configuração padrão. Foram escolhidos iniciadores S diretos ou reversos, de


acordo com o melhor arranjo para genotipagem em multiplex, de forma a manter a
compatibilidade entre os mesmos, já que os iniciadores para o minissequenciamento podem
ser desenhados tanto na fita 5’ para 3’ ou na fita complementar. Além disso, para separar os
locos ao longo da eletroforese, os iniciadores adjacentes ao polimorfismo a ser genotipado
tiveram seu tamanho aumentado pela adição de nucleotídeos não relacionados ao DNA molde
(cauda poliGACT) de forma a permitir a genotipagem simultânea de vários SNPs.
Assim como os iniciadores para amplificação em PCR, os iniciadores S foram testados
para formação de grampos ou dímeros utilizando o programa AutoDimer.
A Tabela 19 traz a sequência dos 12 iniciadores utilizados na genotipagem dos
polimorfismos na via metabólica do SRAA.
84

Tabela 19: Descrição das sequências e tamanhos dos iniciadores da PCR (F e R) e da extensão de única base (S).
Direção do Tamanho do
Iniciadores Sequência Alelos
iniciador iniciador
rs699-F AGGCTGTGACAGGATGGAAG Direto 20
rs699-R GGTGGTCACCAGGTATGTCC Reverso 20
rs699-S gactgactgacAAGACTGGCTGCTCCCTGA Direto 30 C/T

rs4762-F GCTGTACAGGGCCTGCTAGT Direto 20


rs4762-R TCAGCAGCAACATCCAGTTC Reverso 20
rs4762-S gactgactgactGTGAACACGCCCACCACC Reverso 30 G/A

rs5049-F TGTGTAACTCGACCCTGCAC Direto 20


rs5049-R GGGTCACGATGCCCTATTTA Reverso 20
rs5049-S (gact)4TGTAACTCGACCCTGCACC Direto 35 G/A

rs5051-F TCCTAGCCCACAGCTCAGTT Direto 20


rs5051-R GCTTCTGGCATCTGTCCTTC Reverso 20
rs5051-S (gact)4gAACGGCAGCTTCTTCCCC Direto 35 C/T

rs5050-F TCCTAGCCCACAGCTCAGTT Direto 20


rs5050-R GCTTCTGGCATCTGTCCTTC Reverso 20
rs5050-S (gact)5CCCTCAGCTATAAATAGGGC Reverso 40 C/A

rs11091046-F TTTCCTCTTGAACCAGAACCA Direto 20


rs11091046-R CTCCACTCAAGTGAAATGCAA Reverso 20
rs11091046-S (gact)4gGCAAGAGGAATATAATTTATAGC Reverso 40 T/G

rs12750834-F TACCAAATGGCGTCCCTAAG Direto 20


rs12750834-R AATGCCTCCCAAGATTGATG Reverso 20
rs12750834-S (gact)6gaGCAGTCTCTGTAAGTGCCC Reverso 45 C/T

rs7539596-F AATCTGGGGGCACTTACAGA Direto 20


rs7539596-R AGCGAGACTTGCACAACCTT Reverso 20
rs7539596-S (gact)6gTTTTAGTCATGGTGGCCTAC Direto 45 G/A

rs5182-F GGCCAGTTTGCCAGCTATAA Direto 20


rs5182-R CCTTCTTTAGGGCCTTCCAA Reverso 20
rs5182-S (gact)7gaGAGTCCCAAAATTCAACCCT Direto 50 C/T

rs1800764-F TGGAATGTACCCACTGAGGA Direto 20


rs1800764-R GATTGTGGTGAGCCGAGATT Reverso 20
rs1800764-S (gact)7TATTTGCAAAGTATGTACAGCA Reverso 50 G/A

rs1403543-F GTCCCAGCGTCTGAGAGAAC Direto 20


rs1403543-R TGCTTAGTGCCTAAACACACTCC Reverso 20
rs1403543-S (gact)9gaGAGAAACAGCAGCTAAATAATT Reverso 60 C/T

rs1799998-F CTGTGGTGGAGGGTGTACCT Direto 20


rs1799998-R TCCAGGGCTGAGAGGAGTAA Reverso 20
rs1799998-S (gact)10CTTATCGTGAGATGAGAGGG Reverso 60 G/A
85

4.4.3.2 Protocolos das reações de PCR e Genotipagem

Previamente ao início da genotipagem em multiplex, todos os marcadores foram


amplificados individualmente para conferência dos alelos e ajuste da concentração dos
iniciadores. Quando amplificados em multiplex, ajustes adicionais de concentração foram
realizados para otimizar a reação.
A reação de amplificação dos fragmentos de DNA através de PCR em multiplex foi
realizada em volume final de 5µ l utilizando o Qiagen Multiplex PCR Kit (QIAGEN®), o qual
contém HotStarTaq® DNA polimerase, mistura de dNTPs, MgCl2 e tampão. Foi adotado o
seguinte protocolo: 2,5 µ l do PCR Master Mix 2x, 0,5 µ l de Solução Q 5x, 1,0 µ l de uma
mistura de iniciadores direto e reverso 10µM e 1,0 µl de DNA (5ng/ µ l). Após o preparo, a
reação foi colocada em um termociclador (Veriti® 96-Well Thermal Cycler, Applied
Biosystems, Foster City, CA, USA), seguindo o seguinte programa: 15 minutos a 95ºC; 39
ciclos de 3 temperaturas (contendo 30 segundos a 94ºC, 1 minuto e 30 segundos a 57ºC e 1
minuto a 72ºC) e 10 minutos a 72º; com manutenção da temperatura em 4ºC até a reação ser
retirada do termociclador.
Após a amplificação, foi realizada uma purificação para a degradação enzimática do
excesso de dNTPs e iniciadores, utilizando as enzimas exonuclease I (ExoI) e fosfatase
alcalina de camarão (SAP, do inglês shrimp alkaline phosphatase), ambas produzidas pela
USB (Cleveland, OH, USA). O protocolo de purificação foi: 0,5µL de SAP 1U/µL, 0,1µL de
ExoI 10U/µL, e 0,9µL de tampão 10x da enzima SAP adicionados a 3µL de produto de PCR,
com subsequente incubação em termociclador a 37oC durante 60 minutos, acrescidos de 15
minutos a 75ºC para inativação das enzimas. Os produtos da PCR purificados foram
estocados a -20oC, caso a reação de minissequenciamento não fosse realizada imediatamente.
Já purificadas, as amostras foram submetidas à reação de genotipagem dos SNPs por
minissequenciamento, utilizando o sistema SNaPshot (ABI Prism® SNaPshot® Multiplex Kit,
Applied Biosystems, Foster City, CA, USA). Para esta reação, foram utilizados 2µL do
produto de PCR purificado, no qual foram adicionados: 1,66µL de SNaPshot Ready Reaction
Mix, 1,0µL de uma mistura de iniciadores S em concentrações variadas (Tabela 20) e 0,34µL
de água destilada ultrapura para completar o volume final da reação, de 5µL. O programa de
termociclagem utilizou as seguintes variações de temperatura: 2 minutos a 96ºC; 30 ciclos
compostos de 3 temperaturas (10 segundos a 96ºC, 10 segundos a 58ºC e 20 segundos a
60ºC), com manutenção da temperatura em 4ºC ao término da reação, até a mesma ser
retirada do termociclador.
86

Tabela 20: Concentração dos iniciadores de extensão de única


base (S).
Concentração
Iniciadores Tamanho do iniciador (pb)
(µM na reação)
rs699-S 30 0,8
rs4762-S 30 0,3
rs5049-S 35 0,5
rs5051-S 35 0,5
rs5050-S 40 0,8
rs11091046-S 40 0,5
rs12750834-S 45 0,5
rs7539596-S 45 0,5
rs5182-S 50 0,5
rs1800764-S 50 0,5
rs1403543-S 60 0,5
rs1799998-S 60 0,5

Como último passo antes da eletroforese dos produtos de minissequenciamento, foi


realizada uma segunda purificação das amostras, para a remoção dos ddNTPs fluorescentes
não utilizados. Para purificação dos 5µL de produto da reação de minissequenciamento foram
utilizados 0,5µL de SAP 1U/µL e 0,5µL de tampão 10x da enzima SAP, com posterior
incubação a 37°C por 60 minutos, seguidos de 85°C por 15 minutos para desnaturar a enzima.
Os produtos de amplificação, já purificados pela segunda vez, foram adicionados a
formamida deionizada (Hi-DiTM Formamide, Applied Biosystems) e ao padrão de tamanho
GS120-LIZ (GeneScanTM – 120 LIZ®, Applied Biosystems). Este procedimento envolveu a
adição de 1µ l de produto de minissequenciamento, 0,17µl de padrão de tamanho GS120-LIZ
em 8,83µ l de formamida Hi-Di. A detecção dos produtos de minissequenciamento foi
realizada por eletroforese automatizada no equipamento ABI3130xl (Applied Biosystems). Os
parâmetros de corrida foram: polímero POP6 com tensão de 15 volts por 20 segundos de
injeção e 15 volts de corrida por 800 segundos. A análise dos eletroferogramas foi realizada
com o programa GeneMapperTM 4.0.

4.5 Análise Estatística

A caracterização amostral foi realizada por meio de cálculo da média e desvio padrão
das variáveis: idade, massa corporal, estatura, índice de massa corporal (IMC), percentual de
gordura, massa magra, pressão arterial sistólica e diastólica (PAS e PAD, respectivamente)
em repouso, frequência cardíaca (FC) em repouso e contribuições ancestrais europeia,
87

africana e ameríndia. Estas variáveis foram ainda testadas quanto à distribuição normal
utilizando o teste de Kolmogorov-Smirnov, e, quando necessário, dados pontuais discrepantes
(escores com mais de 2 desvios padrão acima ou abaixo da média) fora substituídos por
valores iguais à média mais ou menos 2 desvios padrão, respectivamente.
A ancestralidade genética foi calculada com o programa ADMIXMAP versão 3.8
(http://homepages.ed.ac.uk/pmckeigu/admixmap/) utilizando 2.500 interações no período de
burn-in e 10.000 interações para medir os parâmetros dos dados. Amostras das populações de
Botsuana, Camarões, Gana e Senegal (n=120), euroamericanos de Baltimore e de Chicago
(n=78) e zapotecos do México (n=29) foram utilizados como representativos das populações
africana, europeia e nativo americana, respectivamente. Para testar a associação entre a
ancestralidade genômica e a aptidão cardiorrespiratória foi utilizado o coeficiente de
correlação não paramétrico de Spearman.
O equilíbrio de Hardy-Weinberg e o desequilíbrio de ligação entre os marcadores
genotipados para o SRAA no grupo amostral foi realizado utilizando o programa PLINK
versão 1.07 (PURCELL et al., 2007), disponível em
http://pngu.mgh.harvard.edu/purcell/plink/.
A associação de cada marcador com as variáveis cardiovasculares mensuradas ao final
do teste máximo foram testadas utilizando análise general linear models, incluindo
covariantes relevantes (descritas abaixo). As variáveis mensuradas pré e pós exercício (PAS,
PAD e FC) foram analisadas pela análise de variância para medidas repetidas (ANOVA
mista) para acessar diferenças entre os grupos (genótipos) nos diferentes momentos. Idade e
composição corporal são variáveis que influenciam na potência aeróbia (VO2pico). Utilizando
uma regressão multivariada step-wise, foi verificado que a idade (β =-0,25; p=0,001),
percentual de gordura corporal (β =-0,30; p<0,001) e massa corporal magra (β =0,24;
p=0,002), em conjunto, explicam aproximadamente 22% da variação no VO2pico (R2 = 0,22; p
< 0,001), e, portanto, foram incluídas como covariáveis no modelo de associação genética
para o VO2pico. O mesmo processo foi utilizado para as outras variáveis dependentes
relacionadas ao VO2pico, identificando possíveis covariáveis e ajustando a análise
correspondente: tempo máximo de teste (idade e percentual de gordura); ventilação (massa
magra, massa corporal e estatura); escala de Borg (nenhuma); razão de troca respiratória
(nenhuma) e frequência cardíaca máxima (idade e frequência cardíaca de repouso). Para os
testes dos efeitos principais de cada marcador com as variáveis cardiovasculares mensuradas
ao final do teste máximo, seguida à análise general linear models, foi aplicada correção de
Bonferroni para comparações múltiplas ao nível de significância.
88

Para testar a associação entre os fenótipos de aptidão cardiovascular (variáveis obtidas


no teste ergoespirométrico, incluindo o VO2pico) e efeitos epistáticos dos polimorfismos do
SRAA foi utilizada uma combinação de dois métodos: análise de componentes principais
(PCA – do inglês, principal componente analysis) e redução de dimensões MB-MDR (do
inglês, model based multifactor dimensionality reduction) (CALLE et al., 2008a; CALLE et
al., 2010). Estes métodos foram escolhidos porque se adequaram aos dados do presente
estudo, com a vantagem da diminuição das dimensões analisadas, reduzindo o número de
testes e, consequentemente, reduzindo também a necessidade de correções para múltiplas
testagens e o risco de erro tipo 1, que são resultados falsos positivos. A PCA baseia-se em
explicar a estrutura de um grupo de variáveis correlacionadas através de poucas combinações
lineares e não correlacionadas destas, os chamados componentes principais, os quais
apresentam uma descrição da estrutura dos dados com mais parcimônia, sendo que esta
análise frequentemente serve como passo intermediário para análises mais globais
subsequentes (JOHNSON e WICHERN, 2002).
A análise de componentes principais (PCA) foi aplicada às variáveis tempo de teste,
VO2pico, VE, FCmax e R obtidas ao fim do teste ergoespirométrico, ou seja, momento de
máximo esforço, utilizando-se os seguintes parâmetros: análise da matriz de correlação,
método de rotação varimax, autovalor (que representa quanto da variância é explicada pelo
componente principal) mínimo maior que 1 e método de regressão para cálculo dos escores do
componente principal. A matriz de correlação foi utilizada, em preferência à matriz de
covariância, pela sua maior adequação no trato de variáveis com ordem de magnitude muito
diferente, já que há uma padronização dos escores (média zero e desvio padrão unitário). A
padronização evita problemas de se ter uma variável com variância grande comparada à
magnitude das demais variâncias, influenciando fortemente a determinação das cargas dos
fatores. Um dos princípios para aplicação da PCA é que as variáveis estejam correlacionadas
entre si (EVERITT e DUNN, 2001), o que foi observado no presente estudo (r entre 0,32 e
0,64). A variável R (razão de troca respiratória) não se adequou ao parâmetro de Kaiser-
Meyer-Olkin (KMO-MAS, do inglês Kaiser-Meyer-Olkin measure of sampling adequacy)
que testa a adequação dos dados e foi retirada da análise, recomeçando-se o processo com as
variáveis (tempo de teste, VO2pico, VE, FCmax), para as quais KMO-MAS foi adequadamente
checada, apresentado os valores necessários (0,5 ou mais) tanto para cada variável
individualmente (MAS entre 0,68 e 0,81) quanto para o grupo de variáveis (0,74). O teste de
esfericidade de Bartlett (em inglês, Bartlett's Test of Sphericity) também foi adequadamente
significativo (X2=179,21; p<0,001). Atingidos todos os pressupostos, foi analisado o gráfico
89

scree plot (Figura 11) e o escore de cada autovalor para verificar quantos componentes seriam
extraídos.

Figura 11: Gráfico representativo da variância explicada por


cada componente principal (autovalores) - Scree Plot.

A análise da Figura 11 mostra que apenas um componente foi capaz de explicar a


maior parte da variância, sem aumento significativo na quantidade de informação com
componentes adicionais (observado pelo ponto de inflexão no gráfico a partir do qual os
autovalores são menores e relativamente de mesma magnitude). Além disso, apenas o
primeiro componente apresentou autovalor maior que 1, critério pré-estabelecido para esta
análise. Sendo assim, utilizando o método de regressão, foram gerados os escores para 1
componente principal, chamado aqui de PC1. Este componente principal apresentou autovalor
igual a 2,45, e a proporção da variância de cada variável original explicada por ele foi maior
que 50%, sendo o maior valor observado para o VO2pico (77%). A variância total explicada
pelo PC1, gerado a partir dos dados do teste ergoespirométrico, foi de 61,3%.
Os escores do PC1 obtidos na análise de componentes principais para cada indivíduo
da amostra foram então utilizados como variável dependente no pacote estatístico MB-MDR
versão 2.4 (disponível em http://cran.r-project.org/web/packages/mbmdr/index.html), que é
um pacote de análise de dados criado para o programa R (disponível em http://www.r-
project.org/, tanto em versão Windows quanto Linux). A análise MB-MDR, desenvolvida por
Calle et al. (2008b), é um método de redução de dimensões para explorar relações gene-gene
que pode ser utilizado em delineamentos de caso-controle ou com fenótipos contínuos, com
90

ou sem inserir covariantes no modelo. O teste consiste basicamente de 3 fases (CALLE et al.,
2008a; CALLE et al., 2008b; CALLE et al., 2010):
Fase 1: Cada combinação genotípica é testada para associação com a resposta e é
então classificado como alto risco, baixo risco ou não significativo, sendo que os genótipos de
mesma classe são agrupados. O nível de significância padrão estabelecido para esta fase é de
p=0,1. Fase 2: Para cada categoria supracitada, um novo teste de associação é realizado,
resultando em um escore estatístico Wald para a categoria de alto e de baixo risco. Fase 3: A
significância do teste é explorada através de teste de permutação do máximo Wald (diferença
no escore entre as categorias).
O PC1 foi testado em associação com os polimorfismos do SRAA utilizando o método
MB-MDR no programa R, testando-se as interações gene-gene de 2ª e de 3ª ordem (ou seja, 2
e 3 SNPs combinados). As interações de ordem superior não foram analisadas devido ao
grande número de combinações gerado em relação ao tamanho amostral do presente estudo
(por exemplo, as interações de 4ª ordem geram 81 combinações em marcadores bialélicos).
As variáveis de caracterização amostral foram previamente investigadas quanto à
associação com as variáveis dependentes (obtidas no teste ergoespirométrico máximo)
utilizando regressão linear step-wise para identificar potenciais covariantes (adotado nível de
significância ≤ 0,10). Desta forma, idade, massa magra total e percentual de gordura foram
identificadas em associação com os fenótipos de aptidão cardiovascular estudados, e foram
inseridas no modelo MB-MDR como covariáveis, juntamente com a ancestralidade genômica
estimada no ADMIXMAP. Especificamente, foi utilizada a proporção de ancestralidade
europeia, pois as proporções de ancestralidade africana e europeia se mostraram inversamente
proporcionais, não sendo necessário utilizar ambas. Por sua vez, a ancestralidade ameríndia
não foi utilizada por ser a de menor proporção e menor variação entre os indivíduos, com
pouco conteúdo informativo para o presente estudo.
O ajuste para comparações múltiplas não é fornecido no pacote MB-MDR, cabendo ao
usuário aplicar o ajuste para testagem múltipla adequado (CALLE et al., 2010). Para este fim,
foi aplicada correção FDR (do inglês, False Discovery Rate), que pode ser interpretada como
taxa de descobertas falsas, ou ainda, taxa de falsos positivos (BENJAMINI e HOCHBERG,
1995; BENJAMINI e YEKUTIELI, 2001), previamente recomendadas em sequência à
análises de redução de dimensionalidade multifatorial, tais como MB-MDR, MDR, FAM-
MDR (MENG et al., 2005; MEI et al., 2007; CATTAERT et al., 2010; HUA et al., 2010). A
correção FDR-BH (BENJAMINI e HOCHBERG, 1995) compara o p não ajustado ao valor
crítico de p (gerado de acordo com o número de hipóteses testadas e o nível de significância
91

escolhido) e rejeita-se a hipótese nula se o p bruto for menor que o nível de significância
crítico, sendo que para análise os valores de p não ajustados são ordenados de forma
crescente. A comparação deve ser realizada a partir do maior valor p, decrescendo
progressivamente, sendo que a identificação de um p bruto menor que o p crítico rejeita tanto
a hipótese pontual quanto as demais, seguindo a direção de análise do maior para o menor p.
A Tabela 21 resume os procedimentos utilizados nesta análise de associação trabalhada no
programa R. O mesmo procedimento aplicado ao PC1 foi repetido utilizando o VO2pico como
variável dependente.

Tabela 21: Especificações do teste de associação com os polimorfismos do SRAA.


Teste MB-MDR

Variável dependente PC1


Idade, massa magra total, percentual de gordura e ancestralidade
Covariáveis
europeia.
Genes 12 SNPs do SRAA

Nº de interações gene-gene 2e3


Nº de permutações utilizadas 10.000
Programa R
Sistema operacional Ubuntu 11.04 (GNU/Linux 2.6.38-11-generic i686)
Intel(R) Core(TM) i5-2400 CPU @ 3.10GHz, 4 processadores
Máquina
Memoria é de 4 Gb.
* O mesmo procedimento foi realizado para variável dependente VO2pico.

A significância estatística adotada para as análises foi de 95%. A menos que


especificado de forma contraria nas descrições das análises acima, o programa SPSS versão
17.0 foi utilizado para realização dos testes estatísticos.
92

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização amostral

As características amostrais do grupo estudado estão apresentadas na Tabela 22. O


grupo avaliado, composto por 148 idosas, apresentou média de idade de 66,4 anos, com 17,5
anos decorridos desde a menopausa, em média. A ancestralidade genômica foi estimada a
partir de marcadores informativos de ancestralidade e as proporções médias de ancestralidade
europeia, africana e ameríndia foram 70%, 22% e 8%, respectivamente.

Tabela 22: Características amostrais.


Média ± desvio
Variáveis (n=148)
padrão
Idade (anos) 66,39±5,52
Anos de menopausa 17,47±7,21
Massa corporal (kg) 63,83±8,87
Estatura (cm) 153,09±6,14
2
IMC (kg/m ) 27,24±3,59
PAS (mmHg) 122,41±11,52
PAD (mmHg) 76,55±8,67
FC (bpm) 73,56±9,75
Gordura corporal (%) 39,70±5,87
Massa magra (kg) 37,12±4,19
Ancestralidade EUR 0,70±0,18
Ancestralidade AFR 0,22±0,17
Ancestralidade AMR 0,08±0,09
IMC = índice de massa corporal; PAS = pressão arterial sistólica;
PAD = pressão arterial diastólica; FC= frequência cardíaca;
EUR= Europeia; AFR= Africana; AMR= Ameríndia.

Foram pesquisadas idosas que não participavam de nenhum programa estruturado de


exercício físico, período a contar dos últimos seis meses antes do início da pesquisa. Além
desta padronização, o nível de atividade física habitual foi avaliado pelo questionário IPAQ
(versão 8), computando o envolvimento das voluntárias em atividades da vida usual, tal como
caminhar de um lugar para outro ou varrer o quintal durante determinado tempo. Desta forma,
a amostra foi classificada de acordo com o nível de atividade física (Tabela 23).
93

Tabela 23: Nível de atividade física e cor de pele autorrelatada (n=148).


Classificação Frequência (%)
Muito ativa 4 (2,7%)
IPAQ Ativa 110 (74,3%)
Irregularmente ativa (A e B) 30 (20,3%)
Sedentária 4 (2,7%)

Branca 74 (50%)
Cor de pele Parda 36 (24,3%)
Preta 30 (20,3%)
Amarela 6 (4,1%)
Vermelha 2 (1,4%)

A maioria das idosas avaliadas foi classificada quanto ao nível de atividade física
como ativas (74,3%), com apenas 4 mulheres muito ativas (2,7%). Nas categorias de menor
nível de atividade física, 30 idosas foram classificadas como irregularmente ativas (20,3%) e
4 como totalmente sedentárias (2,7%).
A cor de pele autorrelatada, avaliada de acordo com a classificação do IBGE (2000),
também está apresentada na Tabela 23. Em sua maior parte, a amostra se classificou como
Branca (50%), com quantidades equivalentes de idosas que se classificaram como Pardas
(24,3%) ou Pretas (20,3%). Seis (4,1%) e 2 (1,4%) mulheres se classificaram como Amarelas
e Vermelhas, respectivamente, que para o IBGE engloba pessoas de etnia asiática e indígena.

5.2 Teste ergoespirométrico

O teste ergoespirométrico realizado durou em entre 8 e 12 minutos até a exaustão, com


máxima razão de troca respiratória (R) de 1,02±0,09 e percepção subjetiva de esforço
mensurada pela escala de Borg de 16,95±1,68. O VO2pico , relativo ao peso corporal, para o
grupo amostral estudado foi em média 17,17±2,95 mL/kg/min. As variáveis mensuradas
durante o teste ergoespirométrico, tanto relativas ao esforço máximo quanto à recuperação
pós-exercício, estão apresentados na Tabela 24.
94

Tabela 24: Teste Ergoespirométrico (n=148).


Média ± Desvio padrão

Esforço máximo
Tempo para exaustão (sec) 592,63±127,22
VO2pico (mL/kg/min) 17,17±2,95
R 1,02±0,09
FC (bpm) 134,38±16,50
VE (L/min) 37,54±9,17
Borg 16,95±1,68

Recuperação pós-exercício
PAS (1º min) 162,06±17,34
PAD (1º min) 93,91±7,85
PAS (3º min) 145,24±10,44
PAD (3º min) 85,74±6,86
FC (1º min) 117,34±16,66
FC (3º min) 107,36±15,28
VO2pico = potência aeróbia de pico; R = razão de troca respiratória; FC =
frequência cardíaca; VE = ventilação; Borg = escala de percepção
subjetiva de esforço de Borg; PAS = pressão arterial sistólica; PAD =
pressão arterial diastólica; FC = frequência cardíaca.

5.3 Potência aeróbia e ancestralidade genômica (19 AIMs)

Foi testada a associação entre a ancestralidade genômica estimada pelo ADMIXMAP


a partir de 19 AIMs com a potência aeróbia (VO2pico) utilizando o coeficiente de correlação
não-paramétrico de Spearman. Este teste indicou ausência de correlação entre a ancestralidade
e a potência aeróbia. O resultado dos testes para cada proporção de ancestralidade foram:
europeia (rho=0,090, p=0,275), africana (rho= -0,092, p=0,268) e ameríndia (rho= -0,014,
p=0,864).

5.4 Marcadores genéticos do SRAA

Um total de 12 SNPs, localizados em 6 genes ao longo da via metabólica do SRAA,


foram genotipados com sucesso em todas as participantes. As frequências alélicas e níveis de
significância para o teste de Hardy-Weinberg estão apresentados na Tabela 25. O marcador
rs5051 (A-6G) mostrou um desvio significativo das frequências esperadas de acordo com os
princípios do teste de Hardy-Weinberg e foi então eliminado de análises posteriores.
95

Tabela 25: Frequência alélica e Teste de Hardy-Weinberg.


rs # Alelo 1 Alelo 2 Frequência Alelo 1 Nível de significância (p)
rs12750834 A G 0,1419 0,0453
rs7539596 G A 0,4797 0,5139
rs699 T C 0,4527 0,3211
rs4762 T C 0,125 1,0000
rs5051 C T 0,4493 2,8E-09*
rs5050 G T 0,0777 0,0418
rs5049 A G 0,4595 0,0997
rs5182 T C 0,4088 1,0000
rs1799998 C T 0,3716 0,5989
rs1800764 T C 0,4358 0,8671
rs1403543 A G 0,4932 0,7439
rs11091046 C A 0,4291 0,0025

* Teste de Hardy-Weinberg estatisticamente significativo, com p < 0,001.

A presença de desequilíbrio de ligação entre os marcadores do SRAA genotipados foi


avaliada utilizando a estatística R2, que é gerada a partir da correlação entre os pares de SNPs.
Nenhum dos SNPs analisados apresentou valores de R2 maiores que 0,5 (Figura 12). Portanto,
todos os marcadores genéticos foram tratados como polimorfismos independentes.

Figura 12: Desequilíbrio de Ligação (R2x100 dentro dos blocos).


96

5.5 Aptidão cardiovascular e marcadores genéticos do SRAA

5.5.1 Efeitos principais


A associação de cada marcador do SRAA com os fenótipos relacionados ao VO2pico
(teste máximo) estão apresentadas na Tabela 26. A análise das respostas máximas ao
exercício durante o teste incremental na esteira não mostrou associação entre os
polimorfismos do SRAA e a potência aeróbia (VO2pico), ventilação (VE) ou duração do teste.
O marcador rs5049 (G127A), localizado no gene AGT, mostrou associação com a
razão de troca respiratória (R), com p=0,043. O polimorfismo rs7539596 (-5434C/T),
localizado no gene REN, associou-se com a frequência cardíaca máxima (p=0,030). Este
fenótipo associou-se também com o marcador rs5182 (T573C), localizado no gene AGTR1,
com p=0,044. Por sua vez, o polimorfismo rs1403543 (+1675G/A), no gene AGTR2,
associou-se com a percepção subjetiva de esforço avaliada pela escala de Borg (p=0,023). Os
outros polimorfismos não se mostraram associados com a potência aeróbia e com as demais
variáveis mensuradas durante o exercício máximo.

Tabela 26: Teste ergoespirométrico máximo x SRAA.


VO2pico FCmax VE
rs # Tempo (sec) R Borg
(mL/kg/min)* (bpm) (L/min)
rs12750834 0,158 0,648 0,384 0,434 0,117 0,655
rs7539596 0,328 0,692 0,474 0,030 0,239 0,981
rs699 0,365 0,382 0,159 0,117 0,777 0,134
rs4762 0,785 0,954 0,665 0,798 0,697 0,580
rs5050 0,851 0,616 0,692 0,213 0,904 0,597
rs5049 0,775 0,462 0,043 0,781 0,636 0,864
rs5182 0,639 0,991 0,619 0,044 0,279 0,581
rs1799998 0,226 0,861 0,582 0,613 0,754 0,414
rs1800764 0,270 0,095 0,431 0,830 0,101 0,587
rs1403543 0,199 0,196 0,884 0,815 0,060 0,023
rs11091046 0,590 0,287 0,617 0,672 0,308 0,115

Ancestralidade européia utilizadas como covariáveis para todos os fenótipos. *Demais covariáveis: tempo (idade e
% de gordura), VO2pico (idade, massa magra e % de gordura), VE (massa corporal, massa magra e estatura),
FCmax (idade e frequência cardíaca de repouso).

No entanto, corrigindo o nível de significância para os testes acima de acordo com o


número de marcadores testados (11 SNPs), nenhuma das associações atinge o p≤0,004. Sendo
assim, é prudente postular que, quando avaliados os efeitos principais, não houve associação
97

entre os 11 polimorfismos do SRAA aqui estudados e os fenótipos obtidos no teste


ergoespirométrico máximo, incluindo a potência aeróbia (VO2pico).
A pressão arterial e a frequência cardíaca, também foram avaliadas pelo presente
estudo, durante o repouso antes do início do teste cardiorrespiratório e durante a recuperação
após o teste. Estes dados foram analisados como medidas repetidas e apresentaram diferenças
estatisticamente significativas para as variáveis PAS, PAD e FC de acordo com o tempo
(repouso, 1º minuto de recuperação e 3º minuto de recuperação), com p < 0,001 para estas três
variáveis (Tabela 27). A análise de efeitos principais dos genótipos dos 11 polimorfismos do
SRAA com estas variáveis dependentes não mostrou associação estatisticamente significativa.
A análise de interação tempo-genótipo também não mostrou associação estatisticamente
significativa.

Tabela 27: Pré-teste (repouso) e pós-teste (recuperação) x SRAA.


rs # rs12750834 rs7539596 rs699 rs4762 rs5050 rs5049 rs5182 rs1799998 rs1800764 rs1403543 rs11091046
PAS
p genótipo 0,964 0,325 0,342 0,695 0,795 0,827 0,795 0,463 0,519 0,819 0,663
p interação 0,986 0,187 0,620 0,257 0,655 0,864 0,901 0,067 0,825 0,825 0,741
PAD
p genótipo 0,748 0,731 0,797 0,520 0,359 0,521 0,580 0,708 0,591 0,787 0,906
p interação 0,849 0,253 0,833 0,237 0,952 0,396 0,235 0,996 0,276 0,154 0,068
FC
p genótipo 0,350 0,075 0,362 0,770 0,180 0,847 0,204 0,278 0,741 0,858 0,764
p interação 0,279 0,275 0,552 0,245 0,171 0,926 0,506 0,499 0,744 0,851 0,873

p tempo < 0,001 para todas as variáveis; p interação = genótipo*tempo; PAS = pressão arterial sistólica; PAD = pressão arterial diastólica; FC =
frequência cardíaca.

Enfatizando, a despeito das associações verificadas com os fenótipos


cardiorrespiratórios, ou mesmo de tendências de associação que podem ser observadas nas
Tabelas 26 e 27, a correção adicional de Bonferroni sobre o nível usual de 5% de significância
de acordo com número de marcadores testados (p = 0,05/11 = 0,004) revela que as
associações observadas e mencionadas anteriormente não podem ser consideradas
estatisticamente significativas.
98

5.5.2 Efeitos epistáticos


Foi realizada análise de efeitos epistáticos, utilizando técnicas de redução de
dimensões tanto para os fenótipos (analisados por componentes principais) quanto para os
polimorfismos do SRAA (analisados em associação com as variáveis dependentes pelo pacote
estatístico MD-MDR). Sendo assim, a potência aeróbia (VO2pico) e o componente principal
gerado a partir das respostas agudas dos fenótipos cardiovasculares ao teste máximo (PC1)
foram analisados em associação com os polimorfismos do SRAA, buscando possíveis efeitos
epistáticos que possam influenciar na aptidão cardiovascular.
Para a análise MB-MDR testando a interação dos 11 SNPs do SRAA dois a dois, não
foi observada associação com o PC1 ou com o VO2pico. Para a análise de 3ª ordem, o PC1
apresentou associação com 3 interações gene-gene (dentre 108 selecionadas no 1º passo do
MD-MDR) e o VO2pico apresentou associação com 2 interações gene-gene (dentre 92
selecionadas no 1º passo do MD-MDR), considerando o nível de significância calculado pelo
pacote MB-MDR após 10.000 permutações (Tabela 28). Entretanto, estes resultados
apresentados para o teste de associação do SRAA com o PC1 e com o VO2pico não
permanecem significativas após a correção FDR (BENJAMINI e HOCHBERG, 1995) do
nível de significância para as comparações múltiplas. Mais uma vez, a ausência de associação
foi assumida como uma tendência de associação, que pode não ter sido confirmada pelo
tamanho amostral reduzido e/ou a uma baixa magnitude do efeito epistático.

Tabela 28: Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA (3 SNPs).
SNP1 SNP2 SNP3 Wmax Perm.P CI.lower CI.upper p crítico (FDR-BH)

PC1 rs7539596 rs5182 rs11091046 19,56 0,017 0,015 0,020 0,00046

rs7539596 rs12750834 rs699 14,17 0,031 0,027 0,034 0,00093

rs7539596 rs5182 rs12750834 12,92 0,044 0,040 0,048 0,00139

rs5182 rs12750834 rs11091046 11,89 0,061 0,057 0,066 0,00185

rs5049 rs11091046 rs699 13,68 0,094 0,088 0,099 0,00231

VO2pico rs1800764 rs5049 rs11091046 17,85 0,028 0,024 0,031 0,00054

rs5049 rs11091046 rs699 16,70 0,045 0,041 0,049 0,00109

rs5182 rs1800764 rs699 17,04 0,054 0,050 0,059 0,00163

rs1800764 rs5049 rs699 15,12 0,075 0,069 0,079 0,00217

rs1800764 rs5050 rs5049 11,96 0,094 0,088 0,099 0,00272


* Esta tabela apresenta em negrito as associações com p≤0,05. FDR-BH = correção para falso positivos de Benjamini-
Hochberg (q=0,05).

As associações epistáticas de maior ordem (envolvendo 4 ou mais SNPs) também


foram testadas, estando os resultados disponíveis em anexo neste documento (Anexo J).
99

Entretanto, estes resultados não foram considerados para análise deste estudo, devido ao
tamanho reduzido da amostra (n=148) em relação ao número possível de combinações (cada 4
SNPs geram 81 combinações de genótipos, cada 5 SNPs geram 243 combinações genotípicas,
e assim por diante).
O programa MB-MDR trata cada combinação genotípica multilocus classificando-a
com relação ao fenótipo em alto risco, baixo risco ou ausência de risco, estando também
englobados nesta última categoria os casos em que não há amostra suficiente. Esta
classificação inicial é realizada adotando-se um nível de significância liberal (p<0,10) através
de regressão logística para variáveis dependentes caso-controle e de regressão linear para
variáveis contínuas. No caso de estudos caso-controle, esta primeira fase da análise MB-MDR
fornece o número amostral em cada combinação genotípica, o que não se repete para variáveis
dependentes contínuas, para as quais o primeiro passo da análise apenas registra qual a
classificação em cada combinação (alto, baixo ou nenhum risco). Diante desta faceta da
análise, se deveu a atitude mais conservadora do presente estudo, adotando somente as
interações de ordem menor (2 e 3 SNPs), apesar da análise para combinações de maior
número de SNPs (Anexo J).
100

6 DISCUSSÃO

Dentre os 12 SNPs selecionados e genotipados para o presente estudo, o marcador


rs5051, também chamado de polimorfismo A-6G, apresentou significativo desvio do
equilíbrio de Hardy-Weinberg (p = 2,8 x10-9). Um processo de miscigenação recente, tal
como o vivenciado pela população brasileira, é uma das possíveis causas deste tipo de desvio
do equilíbrio de Hardy-Weinberg, o qual também pode surgir em populações com padrão de
casamento não aleatório, seleção evolutiva, mutações e deriva genética, ou mesmo por
problemas no processo de genotipagem (WIGGINTON et al., 2005). Sendo assim, decidiu-se
por uma abordagem conservadora, eliminando o rs5051 das análises posteriores. Portanto,
este capítulo analisou 11 polimorfismos em genes da via metabólica do sistema renina
angiotensina aldosterona (SRAA) em associação com a potência aeróbia (VO2pico).

Sabendo-se da característica miscigenada da população brasileira, esta pesquisa exibiu


um delineamento original, pois além de investigar mutações potencialmente associadas a
fenótipos cardiorrespiratórios na população brasileira, utilizou a ancestralidade genômica
como controle para possíveis efeitos de estratificação populacional. Além disso, buscou-se
empregar metodologias de análise de dados em acordo com a complexidade observada nos
estudos com fenótipos complexos.

6.1 Caracterização amostral

A amostra de 148 mulheres idosas, recrutada para o presente estudo apresentou


ancestralidade genômica de acordo com o apresentado previamente para outras amostras da
população brasileira (SANTOS et al., 2009; LINS et al., 2010; GIOLO et al., 2012), com
predominância de contribuição da população parental europeia (70%), seguida da
ancestralidade africana (22%) e ameríndia (8%).
Em termos de bagagem genética, a qual é analisada para estimar a ancestralidade, esta
amostragem pode ser considerada representativa do Brasil, apesar de ser composta por
mulheres que vivem inseridas no contexto ambiental da cidade de Brasília. Este fato decorreu
da idade relativamente pequena da cidade (inaugurada em 1960, portanto com 52 anos de
idade) em conjunto com a idade avançada das voluntárias (média de 66 anos), resultando em
uma amostra composta por voluntárias provenientes de diversas outras cidades ao longo do
país. O cadastro destas participantes possui informação do estado natal de 121 das 148
participantes e permite exemplificar esta dispersão pelo território nacional (Tabela 29).
101

Tabela 29: Estado e região de nascimento.


Estado Região Frequência (%)
Alagoas Nordeste 1 (0,7%)
Amapá Norte 1 (0,7%)
Bahia Nordeste 10 (6,8%)
Ceará Nordeste 19 (12,8%)
Goiânia Centro-Oeste 18 (12,2%)
Maranhão Nordeste 10 (6,8%)
Minas Gerais Sudeste 24 (16,2%)
Pará Norte 3 (2%)
Paraíba Nordeste 7 (4,7%)
Pernambuco Nordeste 7 (4,7%)
Piauí Nordeste 6 (4,1%)
Paraná Sul 1 (0,7%)
Rio de Janeiro Sudeste 6 (4,1%)
Rondônia Norte 1 (0,7%)
Rio Grande do Sul Sul 1 (0,7%)
Santa Catarina Sul 1 (0,7%)
São Paulo Sudeste 3 (2%)
Tocantins Norte 2 (1,4%)
Não informaram - 27 (18,2)

Em sua totalidade, o grupo amostral foi composto por mulheres idosas pós-
menopausa. O IMC médio verificado nesta pesquisa, de 27,24 kg/m2, é classificado na
categoria de sobrepeso de acordo com a WHO (2000). Discriminando os valores de IMC
individuais, 40 (27%) idosas foram classificadas como normais (IMC entre 18,5 e 24,9), 71
(48%) idosas foram classificadas como sobrepeso (IMC entre 25,0 e 29,9) e 37 (25%) idosas
foram classificadas como obesas (IMC maior ou igual a 30,0). Entretanto, alguns autores
postulam que IMC não é um bom indicador da massa gorda e da distribuição de gordura em
idosos, não podendo assumir que altos valores de IMC são diretamente relacionados ao
aumento da massa gorda e do acúmulo de gordura no tronco observado em idosos (JANSSEN
e MARK, 2007).
De acordo com Baumgartner (2000), a composição corporal de idosos deve ser
avaliada por métodos acurados e preferencialmente não invasivos, como o método DXA, pois
esta variável é mais dificilmente mensurada em indivíduos idosos que em jovens. Este método
foi utilizando no presente estudo, e foram registrados valores médios de massa corporal,
massa magra e de percentual de gordura corporal de 63,83kg, 37,12kg e 39,7%,
respectivamente (Tabela 22). Estes valores são semelhantes aos apresentados para uma
amostra de 97 mulheres idosas (64,4±4,8 anos de idade), também recrutadas na cidade de
Brasília, a qual apresentou 64,8±11,2kg de massa corporal total e 38,7±4,77kg de massa
magra (CHAVES et al., 2005).
102

Douchi et al. (2002) e Morita et al. (2006), respectivamente, verificaram percentuais


de gordura de 35,7±7,1% (em 53 idosas entre 62 e 65 anos de idade) e 34,4±7,0% (em 201
idosas pós-menopausa com idade média de 61,5±7,2 anos) os quais são inferiores à
porcentagem de gordura corporal do presente estudo. Entretanto, a idade e o tempo decorrido
desde a menopausa (de 11,5±6,5 e 13,7±6,4, respectivamente) são menores que o registrado
na presente pesquisa (17,47±7,21 anos desde a menopausa). Este fato pode estar relacionado
ao maior percentual de gordura aqui apresentado, já que tanto o aumento da idade, quanto as
alterações hormonais decorrentes da menopausa (marcadas principalmente pela redução do
hormônio estradiol) estão relacionadas com o aumento da gordura corporal (LYNCH et al.,
2002). Portanto, quando mais a idade aumenta, e quanto maior o tempo decorrido com o novo
padrão hormonal pós-menopausa, maior o acúmulo de massa gorda.
Avaliar e analisar estas variáveis de composição corporal (massa magra, massa
corporal, percentual de gordura, etc.) é importante para o presente estudo, pois estas se
relacionam aos fenótipos de interesse (ARAGAO et al., 2011), sendo importante mensurá-las
e, por vezes, inseri-las como ajuste nos modelos de investigação da aptidão
cardiorrespiratória.
A avaliação da FC, PAS e PAD durante o repouso (Tabela 22) permite classificar a
amostra na categoria de pré-hipertensos, devido ao fato da PAS maior que os valores
recomendados de PAS menor que 120mmHg e PAD menor que 80mmHg (PICKERING et
al., 2005). De acordo com a publicação JNC-7 do comitê especializado em hipertensão a
classe pré-hipertensos engloba indivíduos com PAS entre 120 e 139mmHg ou PAD entre 80 e
89mmHg (CHOBANIAN et al., 2003), o quais estão com pressão arterial acima do nível
normal, mas ainda abaixo da faixa de hipertensão arterial . Os valores de FC em repouso
foram considerados normais (PALATINI, 1999).

6.2 Teste ergoespirométrico

A amostra estudada, composta por mulheres idosas (66,39±5,52 anos de idade),


apresentou VO2pico médio de 17,17mL/kg/min, resultado similar ao apresentado por Sergi et
al. (2010), que apresentaram consumo relativo máximo de oxigênio igual a 17,5 mL/kg/min
em um grupo de 81 mulheres idosas (70,4±3,9 anos de idade). Em relação às características
antropométricas da presente pesquisa (Tabela 22), a amostra de Sergi et al. (2010) é similar
(massa corporal de 64,7±7,9; estatura de 156,0±5,9; massa magra de 40,1±3,9; IMC de
103

26,6±3,1 e percentual de gordura corporal de 36,5±4,2), viabilizando a comparação da aptidão


cardiorrespiratória entre estes estudos. Entretanto, alguns outros estudos reportaram maior
aptidão aeróbia para mulheres pós-menopausa nesta faixa etária. Boussuge et al. (2006)
avaliaram 23 idosas (64±4,4 anos de idade) e apresentaram VO2pico de 20,9mL/kg/min,
ligeiramente maior o desta pesquisa, sendo a idade, massa corporal e percentual de gordura
equiparáveis entre as amostras. Stathokostas et al. (2004) e Weiss et al. (2006) também
reportaram capacidade funcional cardiorrespiratória mais elevada que na presente pesquisa,
com potência aeróbia igual a 22,1±4,6 e 19,1±3,6 ml/kg/min, respectivamente.
Os menores índices de aptidão aeróbia apresentados pela amostra desta pesquisa
podem estar associados a um nível insuficiente de atividade física, já que as mulheres
amostradas não estavam engajadas em nenhum programa estruturado de exercício físico (pelo
menos há seis meses), apesar de grande parte da amostra ser considerada ativa de acordo com
o IPAQ (Tabela 23), o qual calcula o nível de atividade física incluindo as atividades da vida
diária. Independentemente da causa, níveis baixos de VO2pico são preocupantes porque podem
ser sugestivos de danos cardiovasculares, com consequente incapacidade de suportar a
demanda energética e metabólica (NEDER et al., 2006). Está claramente demostrado que esta
função decresce com o envelhecimento (FLEG et al., 2005; HOLLENBERG et al., 2006).
Esta redução na aptidão cardiorrespiratória durante o envelhecimento é atribuída
principalmente ao decréscimo da FC que a diminuição do volume de ejeção ou da utilização
periférica de oxigênio (HIGGINBOTHAM et al., 1986).
O nível de potência aeróbia verificado no presente estudo (VO2pico médio de
17,17mL/kg/min) está próximo do mínimo compatível com a realização das atividades da
vida diária de forma independente, que foi estimado em 18mL/kg/min para homens e
15mL/kg/min para mulheres (PATERSON et al., 1999).

6.3 Potência aeróbia e ancestralidade genômica (19 AIMs)

O coeficiente de correlação não paramétrico de Spearman mostrou a ausência de


correlação entre a ancestralidade e a potência aeróbia, avaliado pelo índice de VO2pico relativo
(mL/kg/min). Os coeficientes de correlação observados entre o VO2pico e as proporções de
ancestralidade europeia (rho=0,090, p=0,275), africana (rho= -0,092, p=0,268) e ameríndia
(rho= -0,014, p=0,864) observados não suportam a associação entre estas duas variáveis.
Aprofundando esta exploração e baseando-se no fato demonstrado por Leite et al. (2011) de
104

que que há associação entre ancestralidade genômica e cor de pele autorrelatada na população
brasileira (apesar da presença de sobreposição da ancestralidade entre estas categorias de
classificação étnica), foi comparado o VO2pico entre as mulheres do presente estudo que se
autodeclararam como pretas (n=30) e como brancas (n=74), verificando-se escores de
16,20mL/kg/min e 17,36mL/kg/min, respectivamente. A comparação entre estes grupos,
utilizando uma ANOVA ajustando para massa magra total e percentual de gordura, não
mostrou diferenças estatisticamente significativas (p=0,087), apesar da tendência de maior
aptidão cardiorrespiratória em mulheres brancas ao observar os dados descritivos.
Não foram encontrados estudos para a população brasileira com abordagem da
ancestralidade genética em associação à potência aeróbia, com dados referentes à
diferenciação de fenótipos entre as subpopulações ancestrais.
Em outras populações, Brutsaert et al (2003) e Brutsaert et al (2005) verificaram que a
potência aeróbia de nativos americanos (Quechua – região dos Andes Peruanos) comparada a
de jovens com ascendência espanhola apresenta melhores repostas à altitude. Roy et al. (2006)
compararam mulheres afro-americanas (n=20) e euro-americanas (n=30) e, após teste
incremental em esteira, verificaram diferenças na aptidão cardiorrespiratória entre estes
grupos. Observaram ainda uma correlação negativa entre a ancestralidade africana (estimada
por um painel de 20 AIMs), mesmo ajustando esta variável para o peso corporal e massa
muscular magra (r= -0,48, p<0,01).
Hunter et al. (2010) estudaram 187 mulheres pré-menopausa (média de ≈35 anos de
idade) saudáveis e verificaram VO2max(mL/kg/min) de 29,0±3,7 para o grupo formado por
euro-americanas (n=93) e de 27,5±3,3 para o grupo formado por afro-americanas (n=94),
valores estatisticamente diferentes (p<0.01). Estes autores mensuraram também a
ancestralidade genômica (estimada pelo programa ADMIXMAP a partir de 85 AIMs), sendo
que o grupo de afro-americanas e o grupo de euro-americanas apresentaram ancestralidade
africana estimada em 65,8% e 17,9%, respectivamente (HUNTER et al., 2010).
Entretanto, essa relação entre a ancestralidade/etnia e a potência aeróbia nem sem
sempre é observada, como mostraram Temfemo et al. (2007), que ao compararem o VO2max
em jogadores de futebol americano africanos (negros) com caucasianos não verificaram
diferença entre os grupos, com potência aeróbia de 54,3 e 56 mL/kg/min, respectivamente. O
resultado destes autores corrobora o observado no presente estudo, para o qual era esperada
associação entre ancestralidade e aptidão cardiorrespiratória, mas os resultados do presente
estudo não apontaram associação da potência aeróbia com ancestralidade europeia, africana
ou ameríndia.
105

6.4 Aptidão cardiovascular e marcadores genéticos do SRAA

6.4.1 Efeitos principais


Em relação à associação entre os fenótipos e os polimorfismos do SRAA, o presente
estudo analisou 11 marcadores em associação com fenótipos cardiovasculares e respiratórios,
reportando que o fenótipo de principal interesse (VO2pico) não se mostrou associado com os
marcadores genéticos. No entanto, foram observadas tendências de associações com a FCmax,
R, escala de Borg (Tabela 26), variáveis indiretamente relacionadas à aptidão aeróbia.
A despeito de alguns estudos apresentando associação entre o polimorfismo de
inserção/deleção no gene da enzima conversora de angiotensina e a potência aeróbia
(HAGBERG et al., 1998; HAGBERG et al., 2002; ZHAO et al., 2003), não há estudos
prévios que tenham desenvolvido uma abordagem global do sistema renina-angiotensina-
aldosterona para este fenótipo. Bae et al. (2007) analisaram 4 polimorfismos do SRAA em 17
mulheres coreanas idosas (53±6,52 anos) investigando respostas crônicas a 12 semanas de
treinamento de endurance, mas dois dos marcadores investigados não puderam ser analisados
pois se mostraram monomórficos na amostra (rs699 – M235T e rs5186 – A1166C),
apresentando apenas os alelos T e A, respectivamente. O rs1800764 (T3892C) apresentou
associação com as respostas do VO2max (TT apresentou maior incremento de VO2max
comparado ao grupo TC + CC) e o rs11091046 (C3123A) não se associou com as adaptações
ao exercício (BAE et al., 2007).
No presente estudo, 11 SNPs localizados em 6 genes do SRAA foram genotipados e
analisados, após remoção do polimorfismo rs5051 (A-6G) que não atingiu ao equilíbrio de
Hardy-Weinberg (Tabela 25). Estes polimorfismos foram selecionados com o objetivo de
explorar o SRAA, através da genotipagem de genes ao longo da via metabólica, baseando-se
em pressupostos prévios de que o SRAA relaciona-se à performance humana
(PUTHUCHEARY et al., 2011) e de que estes marcadores foram previamente associados com
alguma variável cardiovascular (BRAND et al., 2002; FUCHS et al., 2002; ORTLEPP et al.,
2003; BORIGHT et al., 2005; DELMONICO et al., 2005; MIYAKI et al., 2006; ISRANI et
al., 2007; MOORE et al., 2007; PEREIRA et al., 2008; ZAKRZEWSKI-JAKUBIAK et al.,
2008; COOPER WOROBEY et al., 2009; JIANG et al., 2009; TSAI et al., 2009; CARSTENS
et al., 2010; CHANG et al., 2010; HUBER et al., 2010; SARZANI et al., 2010; VANGJELI et
al., 2010; BRUGTS et al., 2011; SAAB et al., 2011; XIANG et al., 2011; YUGAR-TOLEDO
et al., 2011).
106

Foi realizada uma investigação adicional em busca de estudos de associação em


genoma total (GWAS) com os marcadores selecionados, mas nenhuma publicação referente a
estes SNPs foi reportada nas bases de dados (http://geneticassociationdb.nih.gov/cgi-
bin/index.cgi; http://www.genome.gov/gwastudies/ e http://hugenavigator.net/Hu
GENavigator/home.do) até a presente data, seja com a presença ou ausência de associação
com a performance humana, aptidão cardiovascular ou VO2. Além disso, os SNPs do SRAA
aqui descritos foram testados para desequilíbrio de ligação com outros polimorfismos,
utilizando a ferramenta de bioinformática http://www2.hu-
berlin.de/wikizbnutztier/software/CandiSNPer/, com busca na população europeia (maior
contribuição ancestral da presente amostra), e cada marcador identificado acima do limiar de
LD (estabelecido em R2 ≥ 0,5) também foi investigado em GWAS para associação com os
fenótipos de interesse, assim como descrito acima. O marcador rs4343, em LD com o
rs1800764 (T3892C), foi previamente investigado em um GWAS e apresentou associação
positiva com a atividade da ACE (CHUNG et al., 2010), mas em outro estudo mostrou
ausência de associação com fenótipos cardiovasculares e metabólicos em 3253 mulheres
idosas britânicas, mesmo estando em alto LD (R2 = 0,88) com o polimorfismo I/D da ACE
(ABDOLLAHI et al., 2008).
Dentre os marcadores genéticos analisados no gene AGT, o polimorfismo rs5049
(G217A) mostrou uma tendência de associação com a razão de troca respiratória (R) durante
o teste incremental (p=0,043). Este marcador, localizado na região promotora do gene,
associa-se com as concentrações de AGT (JEUNEMAITRE et al., 1992) e foi reportado em
associação com hipertensão, sendo o alelo A relacionado ao risco aumentado para esta doença
(BRUGTS et al., 2011). A frequência alélica do rs5049 nesta amostra da população brasileira
foi de 0,55 para o alelo G, a qual difere daquela apresentada no dbSNP para europeus (maior
contribuição ancestral na população brasileira), que é de aproximadamente 0,85 para este
alelo.
O polimorfismo rs699 (M235T), também localizado no gene AGT e associado com a
concentração plasmática de AGT (JEUNEMAITRE et al., 1992), mostrou frequências de 0,55
para o alelo C e 0,45 para o alelo T, sendo estes valores similares a estudos prévios (DING et
al., 2011). Pereira et al. (2003) analisaram este marcador em 1425 brasileiros e observaram
frequência do alelo T de 0,42, similar aos dados desta pesquisa, relatando ainda que
observaram diferenças alélicas e genotípicas para este polimorfismo em relação a grupos
étnicos (brancos, racialmente miscigenados ou pretos), mas infelizmente não foi apresentada a
frequência em cada grupo. Estes autores apresentaram associação entre o M235T e a pressão
107

arterial, tanto utilizando modelo genético de codominância ou dominância, sendo o alelo C


responsável por elevação nos valores de pressão arterial. Em relação à presente pesquisa, não
foi observada associação entre o polimorfismo M235T e os fenótipos cardiorrespiratórios.
Ainda localizados no gene AGT, foram investigados os polimorfismos rs4762
(T174M) e rs5050 (A-20C), com frequências observadas (Tabela 25) similares ao publicado
na literatura para indivíduos normais ou grupos de controle (CHANG et al., 2010; SARZANI
et al., 2010; MTIRAOUI et al., 2011; TSAI et al., 2011). Para estes dois marcadores não foi
observada associação com os fenótipos estudados.
No gene da REN foram analisados dois SNPs, localizados na região promotora. O
rs12750834 (-5312C/T) apresentou frequência de 0,14 para o alelo A, comparável ao
publicado previamente em franceses saudáveis (0,17) por Fuchs et al. (2002). Estes autores
reportaram que o alelo T (por vezes referido como A) deste polimorfismo apresentou
associação prévia com a taxa de transcrição da REN, com incremento de 45% quando
comparado ao alelo C (por vezes referido como G) (FUCHS et al., 2002). Entretanto, no
presente estudo, o rs12750834 não apresentou associação com os fenótipos testados. O
rs7539596 (-5434C/T), também localizado no gene da REN, apresentou tendência para
associação com a FCmáx (p=0,030), com os heterogizotos mostrando os valores mais altos de
FCmáx. No estudo de Fuchs et al. (2002), este polimorfismo não apresentou efeitos na
transcrição da REN. Em relação à frequência alélica apresentada por estes autores (0,44 para
o alelo C), a presente pesquisa é semelhante, com frequência de 0,48 para o alelo C
(genotipado como G).
No gene ACE, o polimorfismo rs1800764 (T3892C) foi analisado e não apresentou
associação com os fenótipos. A frequência do alelo C foi de 0,56, ligeiramente maior que em
publicações anteriores com indivíduos saudáveis, para os quais esta variou entre 0,40 e 0,45
(Ezzidi, 2009; Boright, 2005).
Já no gene AGTR1, foi investigado o SNP rs5182 (T573C), o qual apresentou
tendência de associação com a FCmáx (p=0,044), sendo que os portadores do alelo T
tenderam a apresentar maior elevação da frequência cardíaca durante o teste incremental
máximo. Este resultado, indiretamente, coaduna com pesquisas prévias, nas quais foi
apresentado o alelo T em maior frequência em indivíduos normais comparados a sujeitos com
alguma neuropatia (EZZIDI et al., 2009), que geralmente tem algum desarranjo da pressão
arterial, e com risco reduzido de problemas renais (BORIGHT et al., 2005). Portanto, o alelo
T foi previamente associado com menor risco de hipertensão e de doenças renais, pode estar
associado a maiores elevações da frequência cardíaca durante o exercício, possibilitando um
108

maior duplo produto (duplo produto = pressão arterial sistólica x frequência cardíaca) sem a
necessidade de maiores incrementos na pressão arterial sistólica. O duplo produto é um bom
indicativo da aptidão cardiovascular durante o exercício e está altamente correlacionado com
o consumo de oxigênio (TANAKA et al., 1997).
Os SNPs rs11091046 (C3123A) e rs1403543 (+1675G/A) foram analisados no gene
AGTR2. O primeiro não apresentou associação com os fenótipos, e foi observada frequência
do alelo C de 0,43, ligeiramente menor que a frequência de 0,59 (MIYAKI et al., 2006) e de
0,68 (BAE et al., 2007) reportadas na literatura, respectivamente em homens japoneses e em
mulheres coreanas. Taylor et al. (2010), ao investigarem lesões cerebrovasculares em
pacientes hipertensos, apresentaram associação destas ocorrências com o polimorfismo
C3123A apenas em homens, fato que merece consideração já que este marcador localiza-se
no cromossomo X, e efeitos relacionados ao sexo podem estar presentes. Como a presente
pesquisa foi composta apenas por mulheres, não foi viável explorar os possíveis efeitos (ou
mesmo diferença em frequência alélica) relacionados ao sexo. Já o segundo SNP, rs1403543,
com frequência do alelo A de 0,49, apresentou uma tendência de associação com a percepção
subjetiva de esforço de Borg (p=0,023), sendo observado no grupo GA os menores escores. A
frequência do alelo A para o polimorfismo +1675G/A foi similar àquela apresentada por
Carstens et al. (2010), de 0,37, em um estudo que exibiu associação com hipertrofia do
coração, sendo o alelo G responsável pela maior espessura das parede deste órgão. Estes
autores não verificaram interação deste marcador com o sexo.
O último SNP analisado na via metabólica do SRAA, localizado no gene citocromo
P450, família 11, subfamília B, polipeptídio 2 (CYP11B2), o qual é responsável pela síntese
da aldosterona, foi o marcador rs1799998 (-344C/T). Este polimorfismo não apresentou
associação com nenhum dos fenótipos estudados. A frequência do alelo C do rs1799998, de
0,37, é um pouco menor que a observada em brasileiros da região norte do país por Freitas et
al. (2007), os quais verificaram frequência de 0,41 para normotensos e 0,44 para hipertensos,
sem diferença na frequência alélica entre estes dois grupos. Contrário a este estudo que não
apresentou diferença de frequência alélica em casos de hipertensão e controles, Brand et al.
(1998) observaram na população brasileira que o alelo T do polimorfismo -344C/T se
apresentou em maior frequência em hipertensos (0,56) que em controles normotensos (0,48),
sugerindo então uma associação deste marcador com a hipertensão. Inversamente, Cheng e
Xu (2009) sugeriram associação do alelo -344C com a susceptibilidade de hipertensão na
população chinesa. A frequência alélica apresentada por Brand et al. (1998) foi ligeiramente
maior que a apresentada na presente pesquisa, mas menor em comparação a estudos em
109

populações chinesas, cuja frequência do alelo C reportada em diferentes regiões do país


variou de 0,24 a 0,29 (CHENG e XU, 2009; TU et al., 2011).
Em síntese, após análise dos efeitos principais de cada polimorfismo supracitado, o
presente estudo não observou associação com a potência aeróbia e demais fenótipos
cardiorrespiratórios investigados. Este fato pode ter ocorrido pela ausência real de associação,
ou ainda pela incapacidade de identificar possíveis efeitos de pequena magnitude existentes.
A falta de poder em identificar efeitos de genótipos comuns em fenótipos comuns (aludindo à
teoria explicada no capítulo 1, paginas 14 e 15, deste documento para CD/CV) é um problema
enfrentado pelos estudos atuais que envolvem a biologia molecular, pois a estrutura complexa
de expressão gênica requer delineamentos também complexos, envolvendo diversas variáveis
em conjunto, o que se reflete na análise estatística dos dados. Sabe-se que a múltipla testagem
infla a possibilidade de erro tipo 1 (negação de hipótese nula a qual deveria ser aceita, ou seja,
resultados falsos positivos), podendo apresentar associações genéticas que na realidade não
existem. Por outro lado, as correções conservadoras necessárias para múltipla testagem, com
redução significativa no nível de significância a ser atingido, fazem com que apenas efeitos
extremamente fortes possam ser detectados (MEI et al., 2007; CALLE et al., 2008a),
aumentando a possibilidade de erro tipo 2 (aceitação de hipótese nula a qual deveria ser
negada, ou seja, resultados falsos negativos), dificultando a identificação de efeitos genéticos
que, em exceção daqueles envolvidos nos fenótipos mendelianos, têm magnitude pequena.
A estatura humana é um dos modelos que atualmente auxilia na compreensão da
arquitetura genética dos fenótipos complexos, já que é normalmente distribuída na população,
relativamente estável na idade adulta, de mensuração simples e, principalmente, de alta
herdabilidade estimada, com estimativas de contribuição genética herdada em cerca de 80% a
90% do fenótipo (Tabelas 15 e 17). Com tal herdabilidade, esperava-se que os estudos de
genoma total (GWAS) fossem capazes de identificar as diversas variantes genéticas que, em
conjunto, determinam a estatura, o que, em parte, foi realizado com a identificação de
variantes comuns em diferentes locos associadas com este fenótipo (GUDBJARTSSON et al.,
2008; WEEDON et al., 2008; KIM et al., 2010; LANGO ALLEN et al., 2010; LIU et al.,
2010), mas, no entanto, os efeitos observados nestes estudos (reportando capacidade de
explicar entre de 1% a 10% da variação da estatura em diferentes populações) ficaram muito
aquém da herdabilidade estimada.
Lanktree et al. (2011) realizaram meta-análise em 47 estudos abordando a estatura em
diferentes grupos étnicos (europeus, afro-americanos, asiáticos, hispânicos e nativo-
americanos) segundo a qual propuseram que o fato de todas as variantes genéticas
110

determinantes da estatura não terem sido identificadas se deveria à existência de variantes


comuns de efeito extremamente pequenos e portanto difíceis de serem identificadas ou à
presença de variantes incomuns na populações (chamadas de variantes raras, com frequência
alélica menor que 5%). Estes autores identificaram 64 SNPs em associação com a estatura,
dentre os quais 22 com frequência alélica menor que 5%, assinalando ainda que para
identificação deste tipo de alelo incomum na população é imprescindível a genotipagem direta
dos SNPs, já que a qualidade da imputação dos genótipos para variantes de baixa frequência
não é acurada (LANKTREE et al., 2011). De acordo com Dickson et al. (2010),
polimorfismos comuns na população podem estar associados (em desequilíbrio de ligação) a
estas variações genotípicas raras, as quais seriam as verdadeiras determinantes fenotípicas,
sendo que este sítio causal pode estar localizado a uma distância considerável da variante
comum, desde que não haja taxas extremamente altas de recombinação.
Portanto, a estrutura genética que vem sendo revelada para a estatura pode ser tomada
como referência para outros fenótipos complexos e como exemplo de quão complexa é a
determinação dos efeitos genótipo-fenótipo. Outros estudos de GWAS, desenvolvidos para
fenótipos relacionados à pressão arterial, também servem como exemplo da dificuldade em
pontuar qual variação genética, ou conjunto de variações, explica a variação fenotípica
observada, tal como o estudo de Ehret et al. (2011), realizado no projeto do Consórcio
Internacional para Estudos de Associação de Genoma Total com Pressão Arterial, o qual
identificou 29 variantes comuns associadas com a PAD e a PAS, explicando 0,9% da variação
nestes fenótipos. Frente aos resultados observados por estes autores, é importante ressaltar
ainda que nem sempre vias fisiologicamente relacionadas a um determinado fenótipo se
confirmam como importantes para a variação fenotípica. Wain et al. (2011), por exemplo,
investigaram a associação da pressão de pulso e da pressão arterial média com marcadores
genéticos, e verificaram associação destes fenótipos com polimorfismos previamente não
detectados por Ehret et al. (2011) ao investigar a pressão arterial sistólica e diastólica (apesar
de alguns SNPs se repetirem em associação com ambos fenótipos). Este exemplo demostra
como fenótipos que teoricamente compartilham vias metabólicas, e teoricamente seriam
determinados pelos mesmos marcadores genéticos, podem ter origem em diferentes
expressões genéticas.
Desta incapacidade supracitada em determinar globalmente a variação dos fenótipos
complexos, surgiram numerosas críticas aos estudos com delineamento de genoma total, que
era tido como esperança de solução de grande parte da arquitetura genética e atualmente é
considerado por alguns autores como um estudo falho em seu delineamento experimental,
111

sendo criticado inclusive o pressuposto de variante comum/doença comum que deu origem
aos estudos de genoma total (MCCLELLAN e KING, 2010). Entretanto, Visscher et al.
(VISSCHER et al., 2012) revisaram e pontuaram diversas das críticas feitas aos GWAS e
apresentaram alguns argumentos mostrando a importâncias destes estudos: a identificação de
inúmeros polimorfismos de efeitos desconhecidos há apenas 5 anos atrás (comparando-se as
descobertas pré e pós 2007); apresentação de grande número de associações robustas e
replicáveis para fenótipos complexos; e explicação de 10 a 20% da variação genotípica para
algumas doenças (ex.: diabetes tipo 2 com 10% de determinação genética). Sendo assim,
apesar das críticas, não se podem negar os avanços na genética humana obtidos pelos estudos
de genoma total, que mostraram, acima de tudo, quão complexa é a arquitetura genética.
Em relação à discussão entre o papel de alelos comuns e alelos raros, há argumentos a
favor e contra cada uma destas teorias (GIBSON, 2012), e o provável é que nenhuma seja
totalmente incorreta, com alelos raros, alelos comuns e outros fatores ainda desconhecidos
interagindo para determinação dos fenótipos complexos.

6.4.2 Efeitos epistáticos


Para lidar com o novo contexto tecnológico, que possibilitou o desenvolvimento de
delineamentos de pesquisa cada vez mais complexos, a estatística tem se apoiado nas
ferramentas de bioinformática, e novos métodos de análise têm sido desenvolvidos para
suportar este tipo de investigação. Um exemplo é o método MD-MDR (CALLE et al., 2008a;
CALLE et al., 2008b; CALLE et al., 2010) que foi adotado no presente estudo para verificar a
presença de interação gene-gene associando-se aos fenótipos cardiorrespiratórios, método este
que se baseia em técnicas de redução, as quais são capazes de manter um nível adequado de
complexidade e simultaneamente reduzir a perda de informação a um nível mínimo. Esta
ferramenta foi escolhida por ser compatível com a ideia cerne do presente estudo, que é não
apenas buscar efeitos de polimorfismos isolados, mas abranger vários genes ao longo da via
metabólica do SRAA e testar se estes, em conjunto, influenciam na potência aeróbia
(mensurada pelo VO2pico) e fenótipos cardiorrespiratórios afins.
Portanto, além da análise de efeitos principais, pela qual foi investigado o papel de
cada polimorfismo para com os fenótipos cardiorrespiratórios, foi realizada uma análise de
efeitos epistáticos. Nesta análise, em caso de detecção prévia de efeitos principais,
recomenda-se que estes devem ser incluídos como covariantes no modelo (CALLE et al.,
2008a; CATTAERT et al., 2011), para que a investigação de possíveis interações não seja
112

influenciada por associações individuais. Na presente pesquisa, assim como descrito no tópico
anterior, não foi observada associação entre cada polimorfismo e os fenótipos estudados, não
sendo, portanto, necessária esta correção no modelo estatístico para efeitos principais.
Sabendo-se da característica miscigenada da população investigada (SANTOS et al.,
2009; LINS et al., 2010; LEITE et al., 2011), foi genotipado um painel com 19 marcadores
informativos de ancestralidade, a partir dos quais foi estimada a ancestralidade genômica,
utilizando o programa ADMIXMAP. A proporção de ancestralidade europeia foi então
utilizada como covariável, para controlar possíveis efeitos de estratificação populacional.
Além desta, a idade, a massa magra total e o percentual de gordura foram identificados em
associação com os fenótipos de aptidão cardiovascular estudados, e também foram inseridas
no modelo MB-MDR como covariáveis.
Para reduzir a testagem múltipla, foi utilizada a técnica de componentes principais nos
fenótipos cardiorrespiratórios registrados no teste incremental, pela qual estes dados foram
reduzidos a uma dimensão (1 PC). Sendo assim, o componente principal gerado a partir das
respostas agudas dos fenótipos cardiovasculares ao teste máximo (PC1) foi analisado em
associação com os polimorfismos do SRAA, buscando possíveis efeitos epistáticos que
possam influenciar na aptidão aeróbia, utilizando o pacote estatístico MD-MDR. A análise de
efeitos epistáticos com o MB-MDR também foi desenvolvida utilizando-se o VO2pico como
variável dependente, em vez do componente principal representativo do conjunto de variáveis
obtidas no teste incremental, para explorar os genótipos determinantes da potência aeróbia,
em específico.
De acordo com os resultados apresentados, a análise de interação entre 2 SNPs, dentre
os 11 polimorfismos do SRAA genotipados não revelou associação com o PC1 ou com o
VO2pico (o Anexo J traz o resultado desta análise para as interações mais fortes, apesar de não
significativas estatisticamente). Portanto, o resultado da análise de interação dos
polimorfismos 2 a 2 não identificou efeitos destas combinações genotípicas na aptidão
cardiorrespiratória. Entretanto, é interessante o fato de que os 2 SNPs com maior efeito para
análise do PC1 (rs7539596 e rs12750834) e do VO2pico (rs1800764 e rs699) apresentaram-se
novamente na análise subsequente para interação entre 3 SNPs (Anexo J).
A análise de 3ª ordem para o PC1, apresentou tendência de associação para 3
interações gene-gene, sendo que o rs7539596 manifestou-se nestes 3 casos. Este SNP,
também conhecido como -5434C/T, localiza-se no gene da REN, mais especificamente na
região promotora, e foi relatado por Fuchs et al. (2002), que o identificou como novo
polimorfismo deste gene, embora não tenha observado associação do mesmo com taxa de
113

transcrição da renina. Não foram identificados outros estudos, até a presente data, com
investigação do polimorfismo -5434C/T, mas a presença do mesmo nas 3 associações mais
fortes com o PC1 (representativo dos fenótipos de aptidão aeróbia) é um indício de que este
SNPs pode atuar de alguma forma no funcionamento da via metabólica do SRAA.
Ainda quanto à análise de 3ª ordem para o PC1, os SNPs rs12750834 e rs5182 se
manifestaram em duas destas interações e os rs11091046 e rs699 se manifestaram apenas na
1ª e 2ª combinações, respectivamente (Tabela 28).
O rs12750834 também se localiza no gene da REN, é identificado pelo nome -
5312C/T, e foi previamente associado à taxa de transcrição da renina, sendo que o alelo -
5312C apresenta aproximadamente metade da transcrição em comparação ao alelo -5312T, o
que validou este polimorfismo como sendo funcional (FUCHS et al., 2002). Konoshita et al.
(2009) genotiparam este polimorfismo em 231 pacientes com hipertensão arterial, observando
as respostas de 3 meses de uso do medicamento Valsartana (um anti-hipertensivo bloqueador
dos receptores de Angiotensina II), e verificaram maior redução na PA em portadores do
genótipo CC comparados aos portadores do alelo T (genótipos CT e TT), concluindo ainda
que o genótipo CC está relacionado a uma melhor resposta da pressão arterial sistólica ao
tratamento (Odss ratio = 2,03, p= 0,002). Este resultado corrobora o estudo de Fuchs et al. , já
que o alelo C foi identificado com menor transcrição da REN, o que pode desencadear menor
conversão de AGT em Angiotensina I, e, consequentemente, menor atividade do SRAA.
Comparando estes achados ao presente estudo, existe a possiblidade desse marcador ter
apresentado tendência de associação com o PC1 pela menor atividade do SRAA
desencadeando um maior fluxo sanguíneo, aumentando a oferta de oxigênio aos tecidos em
atividade durante o teste incremental. O SNP rs12750834 se localiza próximo ao rs7539596,
como pode ser observado pela localização física de ambos no cromossomo 1 (Tabela 18).
Entretanto, não foi observado desequilíbrio de ligação entre eles (R2=0,13). A presença de
dois marcadores localizados no gene da REN indica que este gene pode ter influência no
fenótipo cardiorrespiratório.
O rs5182 (T573C), localizado no exon 4 do gene AGTR1, foi investigado por
Martinez-Rodrigues et al. (2011), que ao compararem 329 indivíduos hipertensos com 371
indivíduos não portadores de hipertensão verificaram diferenças na frequência genotípica
entre estes dois grupos, sendo que sob análise do modelo aditivo, o genótipo CC associou-se a
risco aumentado para hipertensão (Odds ratio = 1,83, p=0,009). Fung et al. (2011)
compararam concentrações plasmáticas de colesterol, glicose, insulina, leptina e dos
marcadores inflamatório interleucina-6 em indivíduos de pressão arterial normal (n=213) com
114

hipertensos (n=242) e não identificaram associação do SNP rs5182 com qualquer destes
fenótipos em nenhum dos dois grupos. A frequência do alelo T observada na presente
pesquisa (0,41) foi menor que a observada em estudos anteriores, os quais observaram alelo T
com frequência de 0,46-0,47 (ABDOLLAHI et al., 2007; FUNG et al., 2011).
O rs11091046, também chamado de polimorfismo C3123A, localizado no gene
AGTR2, cromossomo X. Uma investigação deste polimorfismo em indivíduos com
hipertensão arterial revelou que os portadores do alelo C apresentaram menor volume de
lesões cerebrais decorrentes da hipertensão que portadores do alelo A, resultado observado em
homens e não replicado no grupo de mulheres analisadas (TAYLOR et al., 2010). Como este
SNP é ligado ao cromossomo X, esta diferenciação entre os sexos é esperada, se, por
exemplo, estes alelos exercem efeitos aditivos na determinação dos fenótipos. Em mulheres,
foi observada diferença da incidência de hipertensão em portadoras do genótipo CC, com
12,8% de incidência, comparadas às portadoras dos genótipos AC e AA, com incidência de
32,8 e 34%, respectivamente (TAYLOR et al., 2010). Portanto, o alelo A apresentou-se como
fator de risco associado à hipertensão arterial. Miyaki et al. (2006) verificaram que sujeitos
que ingerem grande quantidade de sal têm risco até 10 vezes maior de desenvolver
hipertensão arterial quando portadores do alelo A, comparados aos portadores do alelo C
(Odds ratio = 13,6, p = 0,007). A frequência do alelo C do presente estudo, de 0,43, é
consideravelmente menor que a frequência de 0,68 observada por Bae et al. (2007) em
mulheres coreanas saudáveis, o que pode ser devido a diferenças de frequência alélica entre
populações. Sendo assim, este SNP também apresentou associação com hipertensão arterial
em estudos anteriores, sendo o A o alelo de risco, o que indica um possível caminho para a
tendência observado no presente estudo, com este polimorfismo contribuindo em epistasia
para determinação na aptidão cardiorrespiratória.
O marcador rs699, cujo polimorfismo também é chamado de M235T (o alelo C
codifica uma Treonina e o alelo T codifica uma Metionina), é um dos mais estudados do
SRAA, apesar disso, muitos dos resultados são conflitantes. Este SNP localiza-se no gene
AGT, éxon 2, e já foi associado à hipertensão arterial em diversas pesquisas, com o alelo
235T (alelo C na genotipagem) como fator de risco aumentado para esta doença (PEREIRA et
al., 2003; FANG et al., 2010; MEHRI et al., 2011; YUGAR-TOLEDO et al., 2011;
TOUSOULIS et al., 2012). Por outro lado, alguns estudos apresentam a relação inversa, com
o alelo 235T como fator de proteção para risco de hipertensão arterial (SAAB et al., 2011;
XIANG et al., 2011). Há ainda estudos que não apresentaram de qualquer dos alelos do
M235T com a pressão arterial (ORTLEPP et al., 2003; COTO et al., 2010). Alguns estudos
115

apresentaram associação entre o alelo 235T e as maiores concentrações circulantes de AGT


no plasma (JEUNEMAITRE et al., 1992; WATKINS et al., 2010), que parece indicar a
tendência correta de associação: alelo 235T com maior atividade do AGT, e consequente
maior atividade do SRAA, levando maiores escores de pressão arterial. Seguindo esta lógica,
a maior potência aeróbia é esperada em portadores do alelo 235M.
Em se tratando do polimorfismo rs699, alguns estudos merecem atenção especial nesta
pesquisa, pois investigaram associação com fenótipos relacionados à aptidão física. Gomez-
Gallego et al. (2009) compararam as frequências dos genótipos M235T em 100 atletas de
endurance profissionais de ponta (ciclistas e corredores), 63 atletas de sprint (saltadores,
corredores de curta distância) e 119 controles não atletas, todos homens e ascendência branca.
Estes autores verificaram que o genótipo CC (ou MM, como referido em alguns estudos) teve
prevalência significativamente maior no grupo de atletas de sprint que no grupo controle
(p=0,008) e no grupo endurance (p=0,005), concluindo em uma associação do alelo C (235T)
com os esportes que exigem potência muscular, o que pode ser resultado de uma maior
atividade da angiotensina II, a qual também atua como estimulante de crescimento muscular.
McCole et al. (2002) pesquisaram 61 mulheres idosas pós-menopausa em um teste
incremental máximo em esteira e não verificaram associação do polimorfismo rs699 com o a
potência aeróbia (VO2max). Entretanto, foi observado que mulheres portadoras do genótipo CC
(TT), quando comparadas ao genótipo TT (MM), obtiveram maiores índices de FC durante o
teste. Além disso, o polimorfismo M235T, em interação com o nível de atividade física das
participantes, associou-se com a pressão arterial sistólica (PAS) e com a diferença artério-
venosa de oxigênio (a-vDO2) no ponto máximo do teste. A máxima PAS e a-vDO2 no teste
apresentaram-se de forma crescente nos genótipos MM, MT e TT em mulheres sedentárias.
Nas mulheres atletas, esta associação não foi significativa, mas pôde ser observada tendência
inversa nas médias para a PAS. Segundo estes autores, pode ser que a maior concentração
plasmática de portadores do genótipo TT leve a alterações no tônus da musculatura lisa
periférica (MCCOLE et al., 2002), sendo esta também a aposta do presente estudo para a
tendência de associação do polimorfismo rs699 com o fenótipo cardiorrespiratório PC1.
A análise de 3ª ordem para o VO2pico mostrou tendência de associação em 2 das
combinações testadas, sendo que os SNPs rs11091046 e rs5049 estiveram presentes em
ambas, e os rs1800764 e rs699 apresentarem-se presentes respectivamente na 1ª e na 2ª
combinação gene-gene (Tabela 28). Pôde-se ainda observar que os SNPs rs11091046 e rs699
estiveram presentes em ambas as variáveis dependentes (PC1 e VO2pico).
116

O rs5049, cujo polimorfismo também chamado de G217A, é um marcador localizado


no gene AGT. De acordo com Fang et al. (2010), esta variação de SNP não apresenta
associação com hipertensão arterial, não observado diferença de frequências alélicas entre
sujeitos hipertensos (A=0,22) e normais (A=0,18). Entretanto, Watkins et al. (2010)
identificaram associação com as concentrações plasmáticas de AGT, com níveis crescentes
para o alelo -217A (em modelo ajustado para sexo, idade e IMC), o qual também mostrou
maior risco para hipertensão arterial.
O SNP rs1800764 (T3892C), localizado na região promotora não traduzida do gene
ACE, é investigado predominantemente em associação com o risco para doença de
Alzheimer. Alguns estudos apontam o alelo T como fator de risco para desenvolvimento desta
doença (MINERS et al., 2010; WEBSTER et al., 2010), embora alguns estudos falhem em
demostrar essa relação (MINERS et al., 2009). Este marcador foi previamente associado à
pressão arterial (comparando-se os genótipos TT, CT e CC) e risco de hipertensão, para a qual
o alelo C é o alelo de risco (WANG et al., 2008a).
Dois estudos revisados chamaram atenção em específico pela forma de abordagem
estatística para tratar as testagens múltiplas, consideradas um problema atual para análise de
dados com delineamentos complexos e muitas hipóteses a serem testadas (WOROBEY et al.,
2002; PENROD et al., 2011). Ao investigar efeitos epistáticos dos polimorfismos da REN e
do AGT, Penrod et al. (2011) não aplicaram correção para múltipla testagem mesmo com 243
testes para cada fenótipo do estudo, e, além disso, sugeriram que um nível de significância
menor que 0,1 é sugestivo de evidência de interação, enquanto menor que 0,05 é indicativo de
evidência de interação entre as combinações genotípicas e os fenótipos. Worobey et al. (2002)
não realizaram a correção para múltipla testagem e justificaram pela escolha dos
polimorfismos para o estudo, que não ocorreu ao acaso, mas baseada em hipótese específica
formula a priori, e sugeriram necessidade de replicação como controle para falso positivos.
Um grande defensor da não correção em testagem múltipla é Rothman (1990), que
postula que os pesquisadores devem tentar entender e explicar os achados ao invés de ignorá-
los, pois ao tentar evitar totalmente os erros de rejeição de hipótese nula que deveria ser
aceita, acaba-se por não aprender nada. Ainda que existam estas linhas de pensamento, as
quais apontam algumas premissas verdadeiras, o presente estudo optou pela metodologia
corrente e conservativa de correção do nível de significância para comparações múltiplas,
adotando a correção recomendada para análise com o pacote MB-MDR, a correção FDR.
Entretanto, as associações observadas antes da correção não foram ignoradas, sendo tomadas
neste documento como tendências de associação, para exercer o papel investigativo com as
117

mesmas, discutindo as possíveis causas e mecanismos que expliquem o fenômeno, e, assim


como recomendado por Rothman (1990), buscar entender o observado.
O padrão sugerido de interação observado no presente estudo ressalta a importância de
se utilizar uma abordagem global para estudos de associação, investigando genes candidatos
combinados para explorar fenótipos complexos. A análise multilocus foi realizada em pares e
trios de SNPs devido ao tamanho amostral, que limita a exploração de interações de maior
ordem. Sendo assim, o tamanho amostral foi uma limitação, entretanto justificada em parte
pela grande dificuldade em coletar este fenótipo complexo pelo teste ergoespirométrico com
análise de gases respiração-a-respiração.
É importante ressaltar que para abranger de forma global a relação do genótipo com
fenótipos comuns, existe a necessidade de investigar interações entre polimorfismos, mesmo
que haja ausência de efeitos principais para os mesmos. Algumas vezes, a simples análise de
interação multilocus de dois SNPs é capaz de explicar cerca de 2% da variabilidade em
concentrações proteicas (PENROD et al., 2011).
118

7 CONCLUSÃO

O fenótipo de aptidão cardiorrespiratória (VO2pico) analisado no presente estudo


apresentou tendências de associação com polimorfismos do SRAA. Algumas tendências de
associação foram verificadas para a análise de efeitos principais, ou seja, decorrentes da
análise de cada marcador individualmente. Foram também registradas tendências de
associação decorrentes de interação entre os genes do SRAA, observadas pela análise de
efeitos epistáticos via MB-MDR. O presente estudo verificou também que o VO2pico não
apresentou associação com a ancestralidade genômica, seja ela avaliada pela proporção
europeia, africana ou ameríndia, e, a princípio, não está relacionado à ascendência ancestral
na população brasileira.
Por mais que estes resultados não tenham obtido a significância estatística após
correção FDR para testagem múltipla, as associações limítrofes para significância observadas
merecem consideração e subsequentes investigações, preferencialmente com abordagem de
estudos de genoma total em larga escala, para replicação e validação dos achados aqui
apresentados.
É importante ressaltar que, como discutido neste documento, fenótipos que
teoricamente compartilham vias metabólicas, e teoricamente seriam determinados pelos
mesmos marcadores genéticos, podem ter origem em diferentes expressões genéticas.
Atualmente, sabe-se que em estudos com o delineamento alelo comum e fenótipo comum é
difícil identificar as variações em genes de vias metabólicas tidas como importantes para os
fenótipos em questão na maioria dos fenótipos testados. Apesar dos avanços obtidos com os
GWAS, ainda não se conhece um modelo ideal para explicar os fenótipos complexos.
119

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Abdollahi, M. R., S. Huang, et al. (2008). "Homogeneous assay of rs4343, an ACE I/D proxy, and an analysis in
the British Women's Heart and Health Study (BWHHS)." Dis Markers 24(1): 11-17.
Abdollahi, M. R., R. M. Lewis, et al. (2007). "Quantitated transcript haplotypes (QTH) of AGTR1, reduced
abundance of mRNA haplotypes containing 1166C (rs5186:A>C), and relevance to metabolic syndrome
traits." Hum Mutat 28(4): 365-373.
Abecasis, G. R., S. S. Cherny, et al. (2002). "Merlin--rapid analysis of dense genetic maps using sparse gene flow
trees." Nat Genet 30(1): 97-101.
ABEP. (2008). "Critério de Classificação Econômica Brasil." from
http://www.abep.org/novo/Content.aspx?ContentID=302.
Allocco, D. J., Q. Song, et al. (2007). "Geography and genography: prediction of continental origin using
randomly selected single nucleotide polymorphisms." BMC Genomics 8: 68.
Alves-Silva, J., M. da Silva Santos, et al. (2000). "The ancestry of Brazilian mtDNA lineages." Am J Hum Genet
67(2): 444-461.
Aragao, F. R., C. G. Abrantes, et al. (2011). "Effects of body composition and menopause characteristics on
maximal oxygen uptake of postmenopausal women." Menopause 18(11): 1191-1197.
Armour, J. A., T. Anttinen, et al. (1996). "Minisatellite diversity supports a recent African origin for modern
humans." Nat Genet 13(2): 154-160.
Astrand, I., P. O. Astrand, et al. (1973). "Reduction in maximal oxygen uptake with age." J Appl Physiol 35(5):
649-654.
Bae, J. S., B. Y. Kang, et al. (2007). "Genetic variation in the renin-angiotensin system and response to
endurance training." Med Princ Pract 16(2): 142-146.
Balaresque, P. L., S. J. Ballereau, et al. (2007). "Challenges in human genetic diversity: demographic history and
adaptation." Hum Mol Genet 16 Spec No. 2: R134-139.
Balmer, J., C. R. Potter, et al. (2005). "Age-related changes in maximal power and maximal heart rate recorded
during a ramped test in 114 cyclists age 15-73 years." J Aging Phys Act 13(1): 75-86.
Barnholtz-Sloan, J. S., R. Chakraborty, et al. (2005). "Examining population stratification via individual ancestry
estimates versus self-reported race." Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 14(6): 1545-1551.
Bassett, D. R., Jr. and E. T. Howley (2000). "Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of
endurance performance." Med Sci Sports Exerc 32(1): 70-84.
Baumgartner, R. N. (2000). "Body composition in healthy aging." Ann N Y Acad Sci 904: 437-448.
Baumgartner, R. N., K. M. Koehler, et al. (1998). "Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New
Mexico." Am J Epidemiol 147(8): 755-763.
Benedetti, T. B., G. Z. Mazo, et al. (2004). "Aplicação do Questionário Internacional de Atividades Físicas para
avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas: validade concorrente e reprodutibilidade
teste-reteste." Revista Brasileira de Ciência e Movimento. 12(1): 25-34.
Benjamini, Y. and Y. Hochberg (1995). "Controlling the False Discovery Rate: A Practical and Powerful Approach
to Multiple Testing. Series B (Methodological)." Journal of the Royal Statistical Society 57(1): 12.
Benjamini, Y. and D. Yekutieli (2001). "The control of the false discovery rate in multiple testing under
dependency." Annals of Statistics 29(4): 24.
Bland, J. M. and D. G. Altman (1986). "Statistical methods for assessing agreement between two methods of
clinical measurement." Lancet 1(8476): 307-310.
Bogl, L. H., A. Latvala, et al. (2010). "An investigation into the relationship between soft tissue body
composition and bone mineral density in a young adult twin sample." J Bone Miner Res 23.
Bonatto, S. L. and F. M. Salzano (1997). "A single and early migration for the peopling of the Americas
supported by mitochondrial DNA sequence data." Proc Natl Acad Sci U S A 94(5): 1866-1871.
Bonilla, C., M. D. Shriver, et al. (2004). "Ancestral proportions and their association with skin pigmentation and
bone mineral density in Puerto Rican women from New York city." Hum Genet 115(1): 57-68.
Booth, F. W. and K. A. Zwetsloot (2010). "Basic concepts about genes, inactivity and aging." Scand J Med Sci
Sports 20(1): 1-4.
Borg, G. A. (1982). "Psychophysical bases of perceived exertion." Med Sci Sports Exerc 14(5): 377-381.
Boright, A. P., A. D. Paterson, et al. (2005). "Genetic variation at the ACE gene is associated with persistent
microalbuminuria and severe nephropathy in type 1 diabetes: the DCCT/EDIC Genetics Study."
Diabetes 54(4): 1238-1244.
120

Bouchard, C., E. W. Daw, et al. (1998). "Familial resemblance for VO2max in the sedentary state: the HERITAGE
family study." Med Sci Sports Exerc 30(2): 252-258.
Boussuge, P. Y., M. Rance, et al. (2006). "Peak leg muscle power, peak VO2 and its correlates with physical
activity in 57 to 70-year-old women." Eur J Appl Physiol 96(1): 10-16.
Brand, E., N. Chatelain, et al. (1998). "Structural analysis and evaluation of the aldosterone synthase gene in
hypertension." Hypertension 32(2): 198-204.
Brand, E., N. Chatelain, et al. (2002). "Detection of putative functional angiotensinogen (AGT) gene variants
controlling plasma AGT levels by combined segregation-linkage analysis." Eur J Hum Genet 10(11):
715-723.
Brugts, J. J., A. Isaacs, et al. (2011). "A pharmacogenetic analysis of determinants of hypertension and blood
pressure response to angiotensin-converting enzyme inhibitor therapy in patients with vascular
disease and healthy individuals." J Hypertens 29(3): 509-519.
Brutsaert, T. D., E. J. Parra, et al. (2003). "Spanish genetic admixture is associated with larger V(O2) max
decrement from sea level to 4338 m in Peruvian Quechua." J Appl Physiol 95(2): 519-528.
Brutsaert, T. D., E. J. Parra, et al. (2005). "Ancestry explains the blunted ventilatory response to sustained
hypoxia and lower exercise ventilation of Quechua altitude natives." Am J Physiol Regul Integr Comp
Physiol 289(1): R225-234.
Burger, J., M. Kirchner, et al. (2007). "Absence of the lactase-persistence-associated allele in early Neolithic
Europeans." Proc Natl Acad Sci U S A 104(10): 3736-3741.
Calle, M. L., V. Urrea, et al. (2008a). "MB-MDR: Model-Based Multifactor Dimensionality Reduction for
detecting interactions in high-dimensional genomic data." Documents de Recerca @ 2008 Universitat
de Vic.
Calle, M. L., V. Urrea, et al. (2010). "mbmdr: an R package for exploring gene-gene interactions associated with
binary or quantitative traits." Bioinformatics 26(17): 2198-2199.
Calle, M. L., V. Urrea, et al. (2008b). "Improving strategies for detecting genetic patterns of disease
susceptibility in association studies." Statistics in Medicine 27(30): 6532-6546.
Callegari-Jacques, S. M., D. Grattapaglia, et al. (2003). "Historical genetics: spatiotemporal analysis of the
formation of the Brazilian population." Am J Hum Biol 15(6): 824-834.
Campbell, C. D., E. L. Ogburn, et al. (2005). "Demonstrating stratification in a European American population."
Nat Genet 37(8): 868-872.
Carstens, N., L. van der Merwe, et al. (2010). "Genetic variation in angiotensin II type 2 receptor gene
influences extent of left ventricular hypertrophy in hypertrophic cardiomyopathy independent of
blood pressure." J Renin Angiotensin Aldosterone Syst.
Carvalho-Silva, D. R., F. R. Santos, et al. (2001). "The phylogeography of Brazilian Y-chromosome lineages." Am J
Hum Genet 68(1): 281-286.
Cattaert, T., M. L. Calle, et al. (2011). "Model-based multifactor dimensionality reduction for detecting epistasis
in case-control data in the presence of noise." Ann Hum Genet 75(1): 78-89.
Cattaert, T., V. Urrea, et al. (2010). "FAM-MDR: a flexible family-based multifactor dimensionality reduction
technique to detect epistasis using related individuals." PLoS One 5(4): e10304.
Cavalcante, L. N., K. Abe-Sandes, et al. (2011). "IL28B polymorphisms are markers of therapy response and are
influenced by genetic ancestry in chronic hepatitis C patients from an admixed population." Liver Int.
Cavalli-Sforza, L. L. and M. W. Feldman (2003). "The application of molecular genetic approaches to the study
of human evolution." Nat Genet 33 Suppl: 266-275.
Chakraborty, R. and K. M. Weiss (1988). "Admixture as a tool for finding linked genes and detecting that
difference from allelic association between loci." Proc. Natl Acad. Sci. USA 85: 9119.
Chandler, J. M., S. I. Zimmerman, et al. (2000). "Low Bone Mineral Density and Risk of Fracture in White Female
Nursing Home Residents." JAMA: The Journal of the American Medical Association 284(8): 972-977.
Chang, S. N., J. W. Lin, et al. (2010). "Association between genetic polymorphisms in the renin-angiotensin
system and systolic heart failure revised by a propensity score-based analysis." Cardiology 116(4): 279-
285.
Chaves, L. M., L. Gomes, et al. (2005). "Relação entre variáveis da composição corporal e densidade mineral
óssea em mulheres idosas." Revista Brasileira de Medicina do Esporte 11(6): 5.
Cheng, X. and G. Xu (2009). "Association between aldosterone synthase CYP11B2 polymorphism and essential
hypertension in Chinese: a meta-analysis." Kidney Blood Press Res 32(2): 128-140.
Chobanian, A. V., G. L. Bakris, et al. (2003). "Seventh report of the Joint National Committee on Prevention,
Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure." Hypertension 42(6): 1206-1252.
121

Chodzko-Zajko, W. J., D. N. Proctor, et al. (2009). "American College of Sports Medicine position stand. Exercise
and physical activity for older adults." Med Sci Sports Exerc 41(7): 1510-1530.
Chung, C. M., R. Y. Wang, et al. (2010). "A genome-wide association study identifies new loci for ACE activity:
potential implications for response to ACE inhibitor." Pharmacogenomics J 10(6): 537-544.
Clark, P. J. (1956). "The heritability of certain anthropometric characters as ascertained from measurements of
twins." Am J Hum Genet 8(1): 49-54.
Cohen, J. (1960). "A coefficient of agreement for nominal scales." Educational and Psychological Measurement
20(1): 37-46.
Colilla, S., C. Rotimi, et al. (2000). "Genetic inheritance of body mass index in African-American and African
families." Genet Epidemiol 18(4): 360-376.
Collins, M., S. L. Xenophontos, et al. (2004). "The ACE gene and endurance performance during the South
African Ironman Triathlons." Med Sci Sports Exerc 36(8): 1314-1320.
Cooper, R. S., X. Guo, et al. (2000). "Heritability of angiotensin-converting enzyme and angiotensinogen: A
comparison of US blacks and Nigerians." Hypertension 35(5): 1141-1147.
Cooper Worobey, C., N. D. Fisher, et al. (2009). "Genetic polymorphisms and the risk of accelerated renal
function decline in women." PLoS One 4(3): e4787.
Coto, E., M. Palacin, et al. (2010). "Functional polymorphisms in genes of the Angiotensin and Serotonin
systems and risk of hypertrophic cardiomyopathy: AT1R as a potential modifier." J Transl Med 8: 64.
Craig, C. L., A. L. Marshall, et al. (2003). "International physical activity questionnaire: 12-country reliability and
validity." Med Sci Sports Exerc 35(8): 1381-1395.
Crisan, D. and J. Carr (2000). "Angiotensin I-converting enzyme: genotype and disease associations." J Mol
Diagn 2(3): 105-115.
Cruz-Jentoft, A. J., J. P. Baeyens, et al. (2010). "Sarcopenia: European consensus on definition and diagnosis:
Report of the European Working Group on Sarcopenia in Older People." Age Ageing 39(4): 412-423.
Day, S. H., P. Gohlke, et al. (2007). "No correlation between circulating ACE activity and VO2max or mechanical
efficiency in women." Eur J Appl Physiol 99(1): 11-18.
de Oliveira, C. M., A. C. Pereira, et al. (2008). "Heritability of cardiovascular risk factors in a Brazilian population:
Baependi Heart Study." BMC Med Genet 9: 32.
Delmonico, M. J., R. E. Ferrell, et al. (2005). "Blood pressure response to strength training may be influenced by
angiotensinogen A-20C and angiotensin II type I receptor A1166C genotypes in older men and
women." J Am Geriatr Soc 53(2): 204-210.
Devlin, B., S. A. Bacanu, et al. (2004). "Genomic Control to the extreme." Nat Genet 36(11): 1129-1130; author
reply 1131.
Devlin, B. and K. Roeder (1999). "Genomic control for association studies." Biometrics 55(4): 997-1004.
Dickson, S. P., K. Wang, et al. (2010). "Rare variants create synthetic genome-wide associations." PLoS Biol 8(1):
e1000294.
Dikmen, M., H. V. Gunes, et al. (2006). "Are the angiotensin-converting enzyme gene and activity risk factors
for stroke?" Arq Neuropsiquiatr 64(2A): 211-216.
Dimisianos, G., I. Stefanaki, et al. (2009). "A study of a single variant allele (rs1426654) of the pigmentation-
related gene SLC24A5 in Greek subjects." Exp Dermatol 18(2): 175-177.
Ding, W., F. Wang, et al. (2011). "Association between two genetic polymorphisms of the renin-angiotensin-
aldosterone system and diabetic nephropathy: a meta-analysis." Mol Biol Rep.
Douchi, T., S. Yamamoto, et al. (2002). "Relative contribution of aging and menopause to changes in lean and
fat mass in segmental regions." Maturitas 42(4): 301-306.
Ehret, G. B., P. B. Munroe, et al. (2011). "Genetic variants in novel pathways influence blood pressure and
cardiovascular disease risk." Nature 478(7367): 103-109.
Everitt, B. S. and G. Dunn (2001). Applied Multivariate Data Analysis. New York.
Excoffier, L. (2002). "Human demographic history: refining the recent African origin model." Curr Opin Genet
Dev 12(6): 675-682.
Ezzidi, I., N. Mtiraoui, et al. (2009). "Identification of specific angiotensin-converting enzyme variants and
haplotypes that confer risk and protection against type 2 diabetic nephropathy." Diabetes Metab Res
Rev 25(8): 717-724.
Fang, Y. J., H. B. Deng, et al. (2010). "Linkage of angiotensinogen gene polymorphisms with hypertension in a
sibling study of Hong Kong Chinese." J Hypertens 28(6): 1203-1209.
Fleg, J. L., C. H. Morrell, et al. (2005). "Accelerated longitudinal decline of aerobic capacity in healthy older
adults." Circulation 112(5): 674-682.
122

Florez, J. C., A. L. Price, et al. (2009). "Strong association of socioeconomic status with genetic ancestry in
Latinos: implications for admixture studies of type 2 diabetes." Diabetologia 52(8): 1528-1536.
Fonseca, R. M. C., França, N.M., Pereira, R.W. (2011). "Suggestive linkage to chromosome 1q for bone mineral
apparent density in Brazilian sister adolescents." Joint Bone Spine (In Press)
Doi:10.1016/j.jbspin.2011.05.007.
Freitas, S. R., P. H. Cabello, et al. (2007). "Analysis of renin-angiotensin-aldosterone system gene
polymorphisms in resistant hypertension." Braz J Med Biol Res 40(3): 309-316.
Fuchs, S., J. Philippe, et al. (2002). "Functionality of two new polymorphisms in the human renin gene enhancer
region." J Hypertens 20(12): 2391-2398.
Fung, M. M., F. Rao, et al. (2011). "Early inflammatory and metabolic changes in association with AGTR1
polymorphisms in prehypertensive subjects." Am J Hypertens 24(2): 225-233.
Gaskill, S. E., T. Rice, et al. (2001). "Familial resemblance in ventilatory threshold: the HERITAGE Family Study."
Med Sci Sports Exerc 33(11): 1832-1840.
Gibson, G. (2012). "Rare and common variants: twenty arguments." Nat Rev Genet 13(2): 135-145.
Ginger, R. S., S. E. Askew, et al. (2008). "SLC24A5 encodes a trans-Golgi network protein with potassium-
dependent sodium-calcium exchange activity that regulates human epidermal melanogenesis." J Biol
Chem 283(9): 5486-5495.
Giolo, S. R., J. M. Soler, et al. (2012). "Brazilian urban population genetic structure reveals a high degree of
admixture." Eur J Hum Genet 20(1): 111-116.
Gomez-Gallego, F., C. Santiago, et al. (2009). "The C allele of the AGT Met235Thr polymorphism is associated
with power sports performance." Appl Physiol Nutr Metab 34(6): 1108-1111.
Gravlee, C. C., W. W. Dressler, et al. (2005). "Skin color, social classification, and blood pressure in southeastern
Puerto Rico." Am J Public Health 95(12): 2191-2197.
Gravlee, C. C., A. L. Non, et al. (2009). "Genetic ancestry, social classification, and racial inequalities in blood
pressure in Southeastern Puerto Rico." PLoS One 4(9): e6821.
Greenberg, J. H., C. G. Turner, et al. (1986). "The Settlement of the Americas: A Comparison of the Linguistic,
Dental, and Genetic Evidence." Current Anthropology 27(5): 477-497.
Groslambert, A. and A. D. Mahon (2006). "Perceived exertion : influence of age and cognitive development."
Sports Med 36(11): 911-928.
Gudbjartsson, D. F., G. B. Walters, et al. (2008). "Many sequence variants affecting diversity of adult human
height." Nat Genet 40(5): 609-615.
Hagberg, J. M., R. E. Ferrell, et al. (1998). "VO2 max is associated with ACE genotype in postmenopausal
women." J Appl Physiol 85(5): 1842-1846.
Hagberg, J. M., S. D. McCole, et al. (2002). "ACE insertion/deletion polymorphism and submaximal exercise
hemodynamics in postmenopausal women." J Appl Physiol 92(3): 1083-1088.
Halder, I. and M. D. Shriver (2003). "Measuring and using admixture to study the genetics of complex diseases."
Hum Genomics 1(1): 52-62.
Harman, D. (1981). "The aging process." Proceedings of the National Academy of Sciences 78(11): 7124-7128.
Heath, G. W., J. M. Hagberg, et al. (1981). "A physiological comparison of young and older endurance athletes."
J Appl Physiol 51(3): 634-640.
Helgason, A., B. Hrafnkelsson, et al. (2003). "A populationwide coalescent analysis of Icelandic matrilineal and
patrilineal genealogies: evidence for a faster evolutionary rate of mtDNA lineages than Y
chromosomes." Am J Hum Genet 72(6): 1370-1388.
Higginbotham, M. B., K. G. Morris, et al. (1986). "Physiologic basis for the age-related decline in aerobic work
capacity." Am J Cardiol 57(15): 1374-1379.
Hill, W. G., M. E. Goddard, et al. (2008). "Data and theory point to mainly additive genetic variance for complex
traits." PLoS Genet 4(2): e1000008.
Hindorff, L. A., E. M. Gillanders, et al. (2011). "Genetic architecture of cancer and other complex diseases:
lessons learned and future directions." Carcinogenesis 32(7): 945-954.
Hoggart, C. J., E. J. Parra, et al. (2003). "Control of confounding of genetic associations in stratified
populations." Am J Hum Genet 72(6): 1492-1504.
Hollenberg, M., J. Yang, et al. (2006). "Longitudinal changes in aerobic capacity: implications for concepts of
aging." J Gerontol A Biol Sci Med Sci 61(8): 851-858.
Hong, S., H. J. Oh, et al. (2011). "Characteristics of Body Fat, Body Fat Percentage and Other Body Composition
for Koreans from KNHANES IV." J Korean Med Sci 26(12): 1599-1605.
Hopkins, N., G. Stratton, et al. (2010). "Heritability of Arterial Function, Fitness, and Physical Activity in Youth: A
Study of Monozygotic and Dizygotic Twins." J Pediatr Corrected Proof.
123

Horai, S., K. Hayasaka, et al. (1995). "Recent African origin of modern humans revealed by complete sequences
of hominoid mitochondrial DNAs." Proc Natl Acad Sci U S A 92(2): 532-536.
Hua, X., H. Zhang, et al. (2010). "Testing multiple gene interactions by the ordered combinatorial partitioning
method in case-control studies." Bioinformatics 26(15): 1871-1878.
Huber, M., H. Voller, et al. (2010). "Role of the angiotensin II type 2 receptor gene (+1675G/A) polymorphism
on left ventricular hypertrophy and geometry in treated hypertensive patients." J Hypertens 28(6):
1221-1229.
Hughes, V. A., R. Roubenoff, et al. (2004). "Anthropometric assessment of 10-y changes in body composition in
the elderly." Am J Clin Nutr 80(2): 475-482.
Hunter, G. R., P. C. Chandler-Laney, et al. (2010). "Fat distribution, aerobic fitness, blood lipids, and insulin
sensitivity in African-American and European-American women." Obesity (Silver Spring) 18(2): 274-
281.
IBGE (2000). Censo Demográfico 2000, Características gerais da população. Rio de Janeiro, Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística.
Israni, A. K., N. Li, et al. (2007). "Association of hypertension genotypes and decline in renal function after
kidney transplantation." Transplantation 84(10): 1240-1247.
Itan, Y., A. Powell, et al. (2009). "The origins of lactase persistence in Europe." PLoS Comput Biol 5(8):
e1000491.
Izagirre, N., I. Garcia, et al. (2006). "A scan for signatures of positive selection in candidate loci for skin
pigmentation in humans." Mol Biol Evol 23(9): 1697-1706.
Jackson, A. S., E. F. Beard, et al. (1995). "Changes in aerobic power of men, ages 25-70 yr." Med Sci Sports Exerc
27(1): 113-120.
Janssen, I., S. B. Heymsfield, et al. (2002). "Low relative skeletal muscle mass (sarcopenia) in older persons is
associated with functional impairment and physical disability." J Am Geriatr Soc 50(5): 889-896.
Janssen, I. and A. E. Mark (2007). "Elevated body mass index and mortality risk in the elderly." Obes Rev 8(1):
41-59.
Jeunemaitre, X., F. Soubrier, et al. (1992). "Molecular basis of human hypertension: role of angiotensinogen."
Cell 71(1): 169-180.
Jiang, X., H. Sheng, et al. (2009). "Association between renin-angiotensin system gene polymorphism and
essential hypertension: a community-based study." J Hum Hypertens 23(3): 176-181.
Johnson, R. A. and D. W. Wichern (2002). Applied multivariate statistical analysis. New Jersey, Upper Saddle
River.
Kim, J. J., H. I. Lee, et al. (2010). "Identification of 15 loci influencing height in a Korean population." J Hum
Genet 55(1): 27-31.
Klimentidis, Y. C., G. F. Miller, et al. (2009). "Genetic admixture, self-reported ethnicity, self-estimated
admixture, and skin pigmentation among Hispanics and Native Americans." Am J Phys Anthropol
138(4): 375-383.
Knowler, W. C., R. C. Williams, et al. (1988). "Gm3;5,13,14 and type 2 diabetes mellitus: an association in
American Indians with genetic admixture." Am J Hum Genet 43(4): 520-526.
Konoshita, T. (2011). "Do genetic variants of the Renin-Angiotensin system predict blood pressure response to
Renin-Angiotensin system-blocking drugs?: a systematic review of pharmacogenomics in the Renin-
Angiotensin system." Curr Hypertens Rep 13(5): 356-361.
Konoshita, T., N. Kato, et al. (2009). "Genetic variant of the Renin-Angiotensin system and diabetes influences
blood pressure response to Angiotensin receptor blockers." Diabetes Care 32(8): 1485-1490.
Krall, E. A. and B. Dawson-Hughes (1993). "Heritable and life-style determinants of bone mineral density." J
Bone Miner Res 8(1): 1-9.
Laland, K. N., J. Odling-Smee, et al. (2010). "How culture shaped the human genome: bringing genetics and the
human sciences together." Nat Rev Genet 11(2): 137-148.
Lamason, R. L., M. A. Mohideen, et al. (2005). "SLC24A5, a putative cation exchanger, affects pigmentation in
zebrafish and humans." Science 310(5755): 1782-1786.
Lango Allen, H., K. Estrada, et al. (2010). "Hundreds of variants clustered in genomic loci and biological
pathways affect human height." Nature 467(7317): 832-838.
Lanktree, M. B., Y. Guo, et al. (2011). "Meta-analysis of Dense Genecentric Association Studies Reveals
Common and Uncommon Variants Associated with Height." Am J Hum Genet 88(1): 6-18.
Lao, O., J. M. de Gruijter, et al. (2007). "Signatures of positive selection in genes associated with human skin
pigmentation as revealed from analyses of single nucleotide polymorphisms." Ann Hum Genet 71(3):
354-369.
124

Lauretani, F., C. R. Russo, et al. (2003). "Age-associated changes in skeletal muscles and their effect on mobility:
an operational diagnosis of sarcopenia." J Appl Physiol 95(5): 1851-1860.
Leite, T. K., R. M. Fonseca, et al. (2011). "Genomic ancestry, self-reported "color" and quantitative measures of
skin pigmentation in Brazilian admixed siblings." PLoS One 6(11): e27162.
Li, C. C. (1969). "Population subdivision with respect to multiple alleles." Ann Hum Genet 33(1): 23-29.
Li, J. Z., D. M. Absher, et al. (2008). "Worldwide human relationships inferred from genome-wide patterns of
variation." Science 319(5866): 1100-1104.
Li, X., M. J. Quinones, et al. (2006). "Genetic effects on obesity assessed by bivariate genome scan: the
Mexican-American coronary artery disease study." Obesity (Silver Spring) 14(7): 1192-1200.
Lima, R. M., L. M. Bezerra, et al. (2009). "Fat-free mass, strength, and sarcopenia are related to bone mineral
density in older women." J Clin Densitom 12(1): 35-41.
Lins, T. C., R. G. Vieira, et al. (2011). "Genetic Heterogeneity of Self-Reported Ancestry Groups in an Admixed
Brazilian Population." J Epidemiol, doi:10.2188/jea.JE20100164.
Lins, T. C., R. G. Vieira, et al. (2010). "Genetic composition of Brazilian population samples based on a set of
twenty-eight ancestry informative SNPs." Am J Hum Biol 22(2): 187-192.
Liu, J. Z., S. E. Medland, et al. (2010). "Genome-wide association study of height and body mass index in
Australian twin families." Twin Res Hum Genet 13(2): 179-193.
Lopes, A. (2000). Os desafios da gerontologia no Brasil. Campinas, SP.
Lynch, N. A., A. S. Ryan, et al. (2002). "Comparison of VO2max and disease risk factors between
perimenopausal and postmenopausal women." Menopause 9(6): 456-462.
Macgregor, S., B. K. Cornes, et al. (2006). "Bias, precision and heritability of self-reported and clinically
measured height in Australian twins." Hum Genet 120(4): 571-580.
Machado, J. F. V., P. R. Fernandes, et al. (2008). "Influência genotípica e do ambiente sobre as qualidades físicas
observadas pelo método de gêmeos em indivíduos do sexo masculino." Fit Perf J 7(6): 393-399.
Malatesta, D., D. Simar, et al. (2004). "Aerobic determinants of the decline in preferred walking speed in
healthy, active 65- and 80-year-olds." Pflügers Archiv European Journal of Physiology 447(6): 915-921.
Marchi Netto, F. L. (2004). "Aspectos biológicos e fisiológicos do envelhecimento humano e suas implicações na
saúde do idoso." Pensar a Prática 7: 10.
Martinez-Rodriguez, N., C. Posadas-Romero, et al. (2011). "Association of angiotensin II type 1-receptor gene
polymorphisms with the risk of developing hypertension in Mexican individuals." J Renin Angiotensin
Aldosterone Syst.
Matyas, G., C. Giunta, et al. (2002). "Quantification of single nucleotide polymorphisms: A novel method that
combines primer extension assay and capillary electrophoresis." Human Mutation 19(1): 58-68.
McClellan, J. and M. C. King (2010). "Genetic heterogeneity in human disease." Cell 141(2): 210-217.
McCole, S. D., M. D. Brown, et al. (2002). "Angiotensinogen M235T polymorphism associates with exercise
hemodynamics in postmenopausal women." Physiol Genomics 10(2): 63-69.
McEvoy, B., S. Beleza, et al. (2006). "The genetic architecture of normal variation in human pigmentation: an
evolutionary perspective and model." Hum Mol Genet 15 Spec No 2: R176-181.
McKeigue, P. M. (1998). "Mapping genes that underlie ethnic differences in disease risk: methods for detecting
linkage in admixed populations, by conditioning on parental admixture." Am J Hum Genet 63(1): 241-
251.
Mehri, S., S. Mahjoub, et al. (2011). "Renin-angiotensin system polymorphisms in relation to hypertension
status and obesity in a Tunisian population." Mol Biol Rep.
Mei, H., M. L. Cuccaro, et al. (2007). "Multifactor dimensionality reduction-phenomics: a novel method to
capture genetic heterogeneity with use of phenotypic variables." Am J Hum Genet 81(6): 1251-1261.
Meng, Y., Q. Ma, et al. (2005). "Multifactor-dimensionality reduction versus family-based association tests in
detecting susceptibility loci in discordant sib-pair studies." BMC Genet 6 Suppl 1: S146.
Miller, S. A., D. D. Dykes, et al. (1988). "A simple salting out procedure for extracting DNA from human
nucleated cells." Nucleic Acids Res 16(3): 1215.
Miners, J. S., Z. van Helmond, et al. (2010). "ACE variants and association with brain Abeta levels in Alzheimer's
disease." Am J Transl Res 3(1): 73-80.
Miners, S., E. Ashby, et al. (2009). "Angiotensin-converting enzyme levels and activity in Alzheimer's disease:
differences in brain and CSF ACE and association with ACE1 genotypes." Am J Transl Res 1(2): 163-177.
Miyaki, K., A. Hara, et al. (2006). "C3123A polymorphism of the angiotensin II type 2 receptor gene and salt
sensitivity in healthy Japanese men." J Hum Hypertens 20(6): 467-469.
Moore, J. H. and S. M. Williams (2009). "Epistasis and its implications for personal genetics." Am J Hum Genet
85(3): 309-320.
125

Moore, N., P. Dicker, et al. (2007). "Renin gene polymorphisms and haplotypes, blood pressure, and responses
to renin-angiotensin system inhibition." Hypertension 50(2): 340-347.
Morita, Y., I. Iwamoto, et al. (2006). "Precedence of the shift of body-fat distribution over the change in body
composition after menopause." J Obstet Gynaecol Res 32(5): 513-516.
Morton, N. E. and A. Collins (1998). "Tests and estimates of allelic association in complex inheritance." Proc
Natl Acad Sci U S A 95(19): 11389-11393.
Mtiraoui, N., I. Ezzidi, et al. (2011). "Renin-angiotensin-aldosterone system genotypes and haplotypes affect the
susceptibility to nephropathy in type 2 diabetes patients." J Renin Angiotensin Aldosterone Syst.
Nahas, M. V. (1989). Fundamentos da aptidão física relacionada à saúde. Florianópolis, SC, UFSC.
Narici, M. V. and N. Maffulli (2010). "Sarcopenia: characteristics, mechanisms and functional significance." Br
Med Bull 95: 139-159.
Neder, J. A., E. Bagatin, et al. (2006). "Evaluation of respiratory dysfunction and disability." J Bras Pneumol 32
Suppl 2: S93-98.
Neel, J. V. (1999). "Diabetes mellitus: a "thrifty" genotype rendered detrimental by "progress"? 1962." Bull
World Health Organ 77(8): 694-703; discussion 692-693.
Netz, Y., T. Dwolatzky, et al. (2011). "Aerobic fitness and multidomain cognitive function in advanced age." Int
Psychogeriatr 23(1): 114-124.
Norton, H. L., R. A. Kittles, et al. (2007). "Genetic evidence for the convergent evolution of light skin in
Europeans and East Asians." Mol Biol Evol 24(3): 710-722.
Obisesan, T. O., M. H. Aliyu, et al. (2005). "Ethnic and age-related fat free mass loss in older Americans: the
Third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III)." BMC Public Health 5(1): 41.
Ogawa, T., R. J. Spina, et al. (1992). "Effects of aging, sex, and physical training on cardiovascular responses to
exercise." Circulation 86(2): 494-503.
Oliveira, R. J., M. Bottaro, et al. (2009). "Association between sarcopenia-related phenotypes and aerobic
capacity indexes of older women." Journal of Sports Science and Medicine 8: 10.
Olsen, R. H., R. Krogh-Madsen, et al. (2008). "Metabolic responses to reduced daily steps in healthy
nonexercising men." JAMA 299(11): 1261-1263.
Ortlepp, J. R., J. Metrikat, et al. (2003). "Relation between the angiotensinogen (AGT) M235T gene
polymorphism and blood pressure in a large, homogeneous study population." J Hum Hypertens 17(8):
555-559.
Padmanabhan, N., S. Padmanabhan, et al. (2000). "Genetic basis of cardiovascular disease--the renin-
angiotensin-aldosterone system as a paradigm." J Renin Angiotensin Aldosterone Syst 1(4): 316-324.
Palatini, P. (1999). "Need for a revision of the normal limits of resting heart rate." Hypertension 33(2): 622-625.
Parra, E. J., J. E. Below, et al. (2011). "Genome-wide association study of type 2 diabetes in a sample from
Mexico City and a meta-analysis of a Mexican-American sample from Starr County, Texas."
Diabetologia 54(8): 2038-2046.
Parra, E. J., E. Cameron, et al. (2007). "Association of TCF7L2 polymorphisms with type 2 diabetes in Mexico
City." Clin Genet 71(4): 359-366.
Parra, E. J., C. J. Hoggart, et al. (2004a). "Relation of type 2 diabetes to individual admixture and candidate gene
polymorphisms in the Hispanic American population of San Luis Valley, Colorado." J Med Genet
41(11): e116.
Parra, E. J., R. A. Kittles, et al. (2004b). "Implications of correlations between skin color and genetic ancestry for
biomedical research." Nat Genet 36(11 Suppl): S54-60.
Parra, F. C., R. C. Amado, et al. (2003). "Color and genomic ancestry in Brazilians." Proc Natl Acad Sci U S A
100(1): 177-182.
Paterson, D. H., D. A. Cunningham, et al. (1999). "Aerobic fitness in a population of independently living men
and women aged 55-86 years." Med Sci Sports Exerc 31(12): 1813-1820.
Paterson, D. H., D. Govindasamy, et al. (2004). "Longitudinal study of determinants of dependence in an elderly
population." J Am Geriatr Soc 52(10): 1632-1638.
Pena, S. (2000). Retrato molecular do Brasil. SEMINÁRIO DE TROPICOLOGIA: O Brasil no limiar do século XXI.
Pena, S. and M. C. Bortolini (2004). "Pode a genética definir quem deve se beneficiar das cotas universitárias e
demais ações afirmativas?" Revista Estudos Avançados 18(50): 20.
Pena, S. D., G. Di Pietro, et al. (2011). "The genomic ancestry of individuals from different geographical regions
of Brazil is more uniform than expected." PLoS One 6(2): e17063.
Penrod, N. M., K. A. Poku, et al. (2011). "Epistatic interactions in genetic regulation of t-PA and PAI-1 levels in a
Ghanaian population." PLoS One 6(1): e16639.
126

Pereira, A. C., G. F. Mota, et al. (2003). "Angiotensinogen 235T allele "dosage" is associated with blood pressure
phenotypes." Hypertension 41(1): 25-30.
Pereira, T. V., A. C. Nunes, et al. (2008). "Meta-analysis of the association of 4 angiotensinogen polymorphisms
with essential hypertension: a role beyond M235T?" Hypertension 51(3): 778-783.
Petruccelli, J. L. (2001). " Seletividade por cor e escolhas conjugais no Brasil dos 90." Estud. afro-asiát. 23(1): 23.
Pickering, T. G., J. E. Hall, et al. (2005). "Recommendations for blood pressure measurement in humans and
experimental animals: Part 1: blood pressure measurement in humans: a statement for professionals
from the Subcommittee of Professional and Public Education of the American Heart Association
Council on High Blood Pressure Research." Hypertension 45(1): 142-161.
Pimenta, J. R., L. W. Zuccherato, et al. (2006). "Color and genomic ancestry in Brazilians: a study with forensic
microsatellites." Hum Hered 62(4): 190-195.
Pollock, M. L., L. J. Mengelkoch, et al. (1997). "Twenty-year follow-up of aerobic power and body composition
of older track athletes." J Appl Physiol 82(5): 1508-1516.
Portas, L., F. Murgia, et al. (2010). "History, geography and population structure influence the distribution and
heritability of blood and anthropometric quantitative traits in nine Sardinian genetic isolates." Genet
Res 92(3): 199-208.
Pritchard, J. K. and N. A. Rosenberg (1999). "Use of unlinked genetic markers to detect population stratification
in association studies." Am J Hum Genet 65(1): 220-228.
Pritchard, J. K., M. Stephens, et al. (2000). "Inference of population structure using multilocus genotype data."
Genetics 155(2): 945-959.
Purcell, S., B. Neale, et al. (2007). "PLINK: a tool set for whole-genome association and population-based
linkage analyses." Am J Hum Genet 81(3): 559-575.
Puthucheary, Z., J. R. Skipworth, et al. (2011). "The ACE gene and human performance: 12 years on." Sports
Med 41(6): 433-448.
Rabacow, F. M., G. M. A., et al. (2006). "Questionários de medidas de atividade física em idosos." Revista
Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano 8(4): 7.
Reiner, A. P., C. S. Carlson, et al. (2007). "Genetic ancestry, population sub-structure, and cardiovascular
disease-related traits among African-American participants in the CARDIA Study." Hum Genet 121(5):
565-575.
Rogers, M. A., J. M. Hagberg, et al. (1990). "Decline in VO2max with aging in master athletes and sedentary
men." Journal of Applied Physiology 68(5): 2195-2199.
Rosenberg, N. A., L. M. Li, et al. (2003). "Informativeness of genetic markers for inference of ancestry." Am J
Hum Genet 73(6): 1402-1422.
Rosenberg, N. A. and M. Nordborg (2006). "A general population-genetic model for the production by
population structure of spurious genotype-phenotype associations in discrete, admixed or spatially
distributed populations." Genetics 173(3): 1665-1678.
Rothman, K. J. (1990). "No adjustments are needed for multiple comparisons." Epidemiology 1(1): 43-46.
Roy, J. L., G. R. Hunter, et al. (2006). "Cardiovascular factors explain genetic background differences in
VO2max." Am J Hum Biol 18(4): 454-460.
Ruiz-Narvaez, E. A., L. Rosenberg, et al. (2010). "Genetic variants on chromosome 5p12 are associated with risk
of breast cancer in African American women: the Black Women's Health Study." Breast Cancer Res
Treat 123(2): 525-530.
Saab, Y., P. Gard, et al. (2011). "The association of hypertension with renin-angiotensin system gene
polymorphisms in the Lebanese population." J Renin Angiotensin Aldosterone Syst.
Santos-Lopes, S. S., R. W. Pereira, et al. (2007). "A worldwide phylogeography for the human X chromosome."
PLoS One 2(6): e557.
Santos, R. V., P. H. Fry, et al. (2009). "Color, race, and genomic ancestry in Brazil: dialogues between
anthropology and genetics." Curr Anthropol 50(6): 787-819.
Sarzani, R., M. Bordicchia, et al. (2010). "Angiotensinogen promoter variants influence gene expression in
human kidney and visceral adipose tissue." J Hum Hypertens 24(3): 213-219.
Schlesinger, D., L. T. Grinberg, et al. (2011). "African ancestry protects against Alzheimer's disease-related
neuropathology." Mol Psychiatry.
Schork, N. J., S. S. Murray, et al. (2009). "Common vs. rare allele hypotheses for complex diseases." Curr Opin
Genet Dev 19(3): 212-219.
Seene, T., P. Kaasik, et al. (2011). "Review on aging, unloading and reloading: Changes in skeletal muscle
quantity and quality." Arch Gerontol Geriatr.
127

Sergi, G., A. Coin, et al. (2010). "Resting VO2, maximal VO2 and metabolic equivalents in free-living healthy
elderly women." Clin Nutr 29(1): 84-88.
Serre, D. and T. J. Hudson (2006). "Resources for genetic variation studies." Annu Rev Genomics Hum Genet 7:
443-457.
Shaffer, J. R., C. M. Kammerer, et al. (2007). "Genetic markers for ancestry are correlated with body
composition traits in older African Americans." Osteoporos Int 18(6): 733-741.
Shriver, M. D. and E. J. Parra (2000). "Comparison of narrow-band reflectance spectroscopy and tristimulus
colorimetry for measurements of skin and hair color in persons of different biological ancestry." Am J
Phys Anthropol 112(1): 17-27.
Shriver, M. D., E. J. Parra, et al. (2003). "Skin pigmentation, biogeographical ancestry and admixture mapping."
Hum Genet 112(4): 387-399.
Shriver, M. D., M. W. Smith, et al. (1997). "Ethnic-affiliation estimation by use of population-specific DNA
markers." Am J Hum Genet 60(4): 957-964.
Silventoinen, K., P. K. Magnusson, et al. (2008). "Heritability of body size and muscle strength in young
adulthood: a study of one million Swedish men." Genet Epidemiol 32(4): 341-349.
Smith, M. W. (2004). "A high-density admixture map for disease gene discovery in African Americans." Am. J.
Hum. Genet. 74: 1001.
Sobrino, B., M. Brion, et al. (2005). "SNPs in forensic genetics: a review on SNP typing methodologies." Forensic
Science International 154(2-3): 181.
Soejima, M. and Y. Koda (2007). "Population differences of two coding SNPs in pigmentation-related genes
SLC24A5 and SLC45A2." Int J Legal Med 121(1): 36-39.
Sortica, V. A., E. B. Ojopi, et al. (2011). "Influence of Genomic Ancestry on the Distribution of SLCO1B1,
SLCO1B3 and ABCB1 Gene Polymorphisms among Brazilians." Basic Clin Pharmacol Toxicol.
Souren, N. Y., A. D. Paulussen, et al. (2007). "Anthropometry, carbohydrate and lipid metabolism in the East
Flanders Prospective Twin Survey: heritabilities." Diabetologia 50(10): 2107-2116.
Stathokostas, L., S. Jacob-Johnson, et al. (2004). "Longitudinal changes in aerobic power in older men and
women." J Appl Physiol 97(2): 781-789.
Stephens, J. C., D. Briscoe, et al. (1994). "Mapping by admixture linkage disequilibrium in human populations:
limits and guidelines." Am J Hum Genet 55(4): 809-824.
Stokowski, R. P., P. V. Pant, et al. (2007). "A genomewide association study of skin pigmentation in a South
Asian population." Am J Hum Genet 81(6): 1119-1132.
Stoneking, M. and J. Krause (2011). "Learning about human population history from ancient and modern
genomes." Nat Rev Genet 12(9): 603-614.
Stringer, C. B. and P. Andrews (1988). "Genetic and fossil evidence for the origin of modern humans." Science
239(4845): 1263-1268.
Stunkard, A. J., T. T. Foch, et al. (1986). "A twin study of human obesity." JAMA 256(1): 51-54.
Suarez-Kurtz, G., D. D. Vargens, et al. (2007). "Self-reported skin color, genomic ancestry and the distribution of
GST polymorphisms." Pharmacogenet Genomics 17(9): 765-771.
Syvanen, A. C., K. Aalto-Setala, et al. (1990). "A primer-guided nucleotide incorporation assay in the genotyping
of apolipoprotein E." Genomics 8(4): 684-692.
Tanaka, H., A. Kiyonaga, et al. (1997). "Double product response is accelerated above the blood lactate
threshold." Med Sci Sports Exerc 29(4): 503-508.
Tanaka, H. and D. R. Seals (2008). "Endurance exercise performance in Masters athletes: age-associated
changes and underlying physiological mechanisms." J Physiol 586(1): 55-63.
Tarazona-Santos, E., D. R. Carvalho-Silva, et al. (2001). "Genetic differentiation in South Amerindians is related
to environmental and cultural diversity: evidence from the Y chromosome." Am J Hum Genet 68(6):
1485-1496.
Taylor, W. D., D. C. Steffens, et al. (2010). "Angiotensin receptor gene polymorphisms and 2-year change in
hyperintense lesion volume in men." Mol Psychiatry 15(8): 816-822.
Temfemo, A., C. Laparadis, et al. (2007). "Are There Differences in Performance, Metabolism, and Quadriceps
Muscle Activity in Black African and Caucasian Athletes during Brief Intermittent and Intense
Exercise?" The Journal of Physiological Sciences 57(4): 203-210.
Thorne, A. G. and M. H. Wolpoff (1992). "The multiregional evolution of humans." Sci Am 266(4): 76-79, 82-73.
Tian, C., D. A. Hinds, et al. (2007). "A genomewide single-nucleotide-polymorphism panel for Mexican American
admixture mapping." Am J Hum Genet 80(6): 1014-1023.
Tishkoff, S. A., R. Varkonyi, et al. (2001). "Haplotype diversity and linkage disequilibrium at human G6PD: recent
origin of alleles that confer malarial resistance." Science 293(5529): 455-462.
128

Tishkoff, S. A. and B. C. Verrelli (2003). "Patterns of human genetic diversity: implications for human
evolutionary history and disease." Annu Rev Genomics Hum Genet 4: 293-340.
Tishkoff, S. A. and S. M. Williams (2002). "Genetic analysis of African populations: human evolution and
complex disease." Nat Rev Genet 3(8): 611-621.
Tousoulis, D., E. Androulakis, et al. (2012). "Genetic polymorphism M235T of angiotensinogen: Effects on
endothelial function and arterial stiffness in hypertensives." Int J Cardiol.
Tsai, C. T., J. J. Hwang, et al. (2009). "Interaction of gender, hypertension, and the angiotensinogen gene
haplotypes on the risk of coronary artery disease in a large angiographic cohort." Atherosclerosis
203(1): 249-256.
Tsai, C. T., J. J. Hwang, et al. (2011). "Polygenetic regression model of renin-angiotensin system genes and the
risk of coronary artery disease in a large angiographic population." Clin Chim Acta 412(7-8): 619-624.
Tsai, H. J., S. Choudhry, et al. (2005). "Comparison of three methods to estimate genetic ancestry and control
for stratification in genetic association studies among admixed populations." Hum Genet 118(3-4):
424-433.
Tu, Y., G. Cui, et al. (2011). "Genetic polymorphism of CYP11B2 gene and stroke in the Han Chinese population
and a meta-analysis." Pharmacogenet Genomics 21(3): 115-120.
Ueno, L. M., T. Hamada, et al. (2002). "Cardiac autonomic nervous activities and cardiorespiratory fitness in
older men." J Gerontol A Biol Sci Med Sci 57(9): M605-610.
Untergasser, A., H. Nijveen, et al. (2007). "Primer3Plus, an enhanced web interface to Primer3." Nucleic Acids
Res 35(Web Server issue): W71-74.
Valenzuela, R. K., M. S. Henderson, et al. (2010). "Predicting phenotype from genotype: normal pigmentation."
J Forensic Sci 55(2): 315-322.
Vallone, P. M. and J. M. Butler (2004). "AutoDimer: a screening tool for primer-dimer and hairpin structures."
Biotechniques 37(2): 226-231.
Vangjeli, C., N. Clarke, et al. (2010). "Confirmation that the renin gene distal enhancer polymorphism REN-
5312C/T is associated with increased blood pressure." Circ Cardiovasc Genet 3(1): 53-59.
VanLiere, J. M. and N. A. Rosenberg (2008). "Mathematical properties of the r2 measure of linkage
disequilibrium." Theor Popul Biol 74(1): 130-137.
Viera, A. J. and J. M. Garrett (2005). "Understanding interobserver agreement: the kappa statistic." Fam Med
37(5): 360-363.
Visscher, P. M., M. A. Brown, et al. (2012). "Five Years of GWAS Discovery." Am J Hum Genet 90(1): 7-24.
Visscher, P. M., W. G. Hill, et al. (2008). "Heritability in the genomics era--concepts and misconceptions." Nat
Rev Genet 9(4): 255-266.
Visscher, P. M., S. E. Medland, et al. (2006). "Assumption-free estimation of heritability from genome-wide
identity-by-descent sharing between full siblings." PLoS Genet 2(3): e41.
Wain, L. V., G. C. Verwoert, et al. (2011). "Genome-wide association study identifies six new loci influencing
pulse pressure and mean arterial pressure." Nat Genet 43(10): 1005-1011.
Wang, R. W., K. Y. Tung, et al. (2008a). The association between genetic polymorphism of ACE and
hypertension in adults in central Taiwan, The American Society of Human Genetics.
Wang, S., N. Ray, et al. (2008b). "Geographic patterns of genome admixture in Latin American Mestizos." PLoS
Genet 4(3): e1000037.
Watkins, W. S., S. C. Hunt, et al. (2010). "Genotype-phenotype analysis of angiotensinogen polymorphisms and
essential hypertension: the importance of haplotypes." J Hypertens 28(1): 65-75.
Webster, J., E. M. Reiman, et al. (2010). "Whole genome association analysis shows that ACE is a risk factor for
Alzheimer's disease and fails to replicate most candidates from Meta-analysis." Int J Mol Epidemiol
Genet 1(1): 19-30.
Weedon, M. N., H. Lango, et al. (2008). "Genome-wide association analysis identifies 20 loci that influence
adult height." Nat Genet 40(5): 575-583.
Weiss, E. P., R. J. Spina, et al. (2006). "Gender differences in the decline in aerobic capacity and its physiological
determinants during the later decades of life." J Appl Physiol 101(3): 938-944.
WHO (2000). "Obesity: preventing and managing the global epidemic." Report of a WHO Consultation on
Obesity.
Wigginton, J. E., D. J. Cutler, et al. (2005). "A note on exact tests of Hardy-Weinberg equilibrium." Am J Hum
Genet 76(5): 887-893.
Worobey, M., A. Rambaut, et al. (2002). "Questioning the evidence for genetic recombination in the 1918
"Spanish flu" virus." Science 296(5566): 211 discussion 211.
Wright, S. (1931). "Evolution in Mendelian Populations." Genetics 16(2): 97-159.
129

Xiang, P., Z. Li, et al. (2011). "The Associations Between Maternal and Fetal Angiotensinogen M235T
Polymorphism and Pregnancy-Induced Hypertension in Chinese Women." Reprod Sci 18(7): 640-644.
Yotova, V., J. F. Lefebvre, et al. (2011). "An X-linked haplotype of Neandertal origin is present among all non-
African populations." Mol Biol Evol 28(7): 1957-1962.
Yugar-Toledo, J. C., J. F. Martin, et al. (2011). "Gene Variation in Resistant Hypertension: Multilocus Analysis of
the Angiotensin 1-Converting Enzyme, Angiotensinogen, and Endothelial Nitric Oxide Synthase
Genes." DNA Cell Biol.
Zakrzewski-Jakubiak, M., S. de Denus, et al. (2008). "Ten renin-angiotensin system-related gene polymorphisms
in maximally treated Canadian Caucasian patients with heart failure." Br J Clin Pharmacol 65(5): 742-
751.
Zhao, B., S. M. Moochhala, et al. (2003). "Relationship between angiotensin-converting enzyme ID
polymorphism and VO(2max) of Chinese males." Life Sci 73(20): 2625-2630.
Zheng, G., B. Freidlin, et al. (2006). "Robust genomic control for association studies." Am J Hum Genet 78(2):
350-356.
130

ANEXOS

ANEXO A. QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA (ADOLESCENTES)

ANAMNESE GERAL
I – Identificação
NOME..........................................................................................SÉRIE....................
IDADE..................... DATA NASCIMENTO / /
DATA DA AVALIAÇÃO / /
II – Anamnese de Saúde
Você tem alguma doença crônica como: Doenças cardíacas, Doenças pulmonares, asma
crônica, Artrite Reumatóide, Paraplegia, Mal de Parkinson, Aids, Diabetes, Fibromialgia
(forma de reumatismo), Câncer?
( ) sim ( ) não Se sim, qual é a doença?_______________

Você tem alguma doença gastrointestinal com histórico médico de má-absorção?


( ) sim ( ) não Se sim, qual é a doença?_______________

Você tem alguma doença que impeça a prática regular de exercícios físicos?
( ) sim ( ) não Se sim, qual é a doença?_______________

Você tem alguma doença que afete o desenvolvimento ósseo?


( ) sim ( ) não Se sim, qual é a doença?_______________

Você imobilizou alguma parte do corpo nos últimos 6 meses?


( ) sim ( ) não Se sim, qual parte?____________________

Você tem algum problema ortopédico que limita a sua capacidade de correr?
( ) sim ( ) não Se sim, qual é o problema?______________

Você fuma regularmente?


( ) sim ( ) não
Se sim, qual é a média de cigarros fumados por dia?
( ) <1 ( ) 2-5 ( ) 6-10 ( ) 11-20 ( ) ≥ 20
Você ingere bebidas alcoólicas regularmente?
( ) sim ( ) não
Se sim, qual é a freqüência semanal?
( ) <1 ( ) 2-5 ( ) 6-10 ( ) 11-20 ( ) ≥ 20
Já ocorreu a menarca?
( ) sim ( ) não Se sim, com que idade? ________________

Possui distúrbios menstruais?


( ) sim ( ) não Se sim, qual?_________________________

Usa algum contraceptivo?


( ) sim ( ) não Se sim, qual? ____________________
131

ANEXO B. QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA (IDOSAS)

Muito obrigado por participar de nosso estudo. Por favor, preencha a ficha abaixo para
podermos conhecê-la melhor.

Nome:______________________________________________________________________
Data de nascimento:_____/_____/_____
Cidade/Estado de nascimento:_______________________

Em que pais você nasceu?


___________________________________________________________________________

Em que país seus pais nasceram?


___________________________________________________________________________

Em que país seus avós nasceram?


___________________________________________________________________________

Você fuma?
( ) Não ( ) Sim. Há quanto tempo? _________________________________________

Qual a cor de sua pele?


( ) Branca ( ) Negra ( ) Amarelo (asiático)
( ) Parda ( ) Vermelho (indígena)

Você faz terapia de reposição hormonal


( ) Não ( ) Sim. Há quanto
tempo?________________________________________________

Marque um “X” caso você tenha alguma das patologias abaixo


( ) Hipertensão ( ) Diabetes ( ) Osteoporose
( ) Outros:_____________________________________________________________

Você está tomando algum medicamento?


( ) Não ( ) Sim. Qual (is)?_________________________________________________

Muito Obrigado!
132

ANEXO C. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


133

ANEXO D. PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA


134

ANEXO E. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (ADOLESCENTES)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB

Nome:______________________________________________________________

1. ESCLARECIMENTO DAS AVALIAÇÕES


Sr. (a) Responsável, suas filhas estarão participando de um estudo com o objetivo de
identificar uma região cromossômica relacionada a densidade mineral óssea em irmãs
consangüíneas, com idade entre 10 e 20 anos. A identificação de um gene responsável pela
massa óssea poderá ser um fator importante para a prevenção e cura da osteoporose, doença
que tem maior incidência em mulheres. Essa pesquisa está sendo realizada nas escolas da
Rede Pública de Ensino e na Universidade Católica de Brasília e conta com o apoio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – Processo nº
475438/2006-0. Por isso, estamos convidando suas filhas e a mãe consanguínea, quando
possível, para participar desse estudo. Tanto você quanto elas poderão a qualquer momento
desligar-se da presente pesquisa sem nenhum constrangimento. Para que você possa decidir
sobre a participação delas, descrevemos a seguir os testes:
1.1. Avaliação da composição corporal:
Serão avaliadas a densidade mineral óssea e massa muscular através do DXA. Neste exame
sua filha permanecerá deitada em uma mesa, por volta de 30 minutos, enquanto seu corpo será
percorrido por um scanner a uma distância de aproximadamente 60 centímetros. Ainda que
seja um aparelho similar ao de raio X, a quantidade de radiação a que a pessoa é exposta
equivale a 1/20 de uma radiografia dental. Este método é seguro para crianças, adolescentes e
adultos. Além da composição corporal medida pelo DXA, os dados antropométricos avaliados
serão a estatura (altura) e peso corporal. O pesquisador principal, assim que possível entrará
em contato para entregar-lhes o resultado destes exames, na escola em que elas estudam.
1.2. Avaliação genética
A avaliação será feita através de uma amostra sanguínea retirada da veia situada em seu
antebraço. Todos os equipamentos utilizados serão esterilizados e/ou descartáveis e a coleta
será realizada por um profissional capacitado para isso. Este procedimento é comumente
adotado em pesquisas deste gênero e, de uma forma geral, é bem tolerado pelos voluntários.
1.3 Outras avaliações
Outras medidas incluem a força muscular e questionários sobre saúde, atividades físicas
habituais, hábitos alimentares e nível sócio-econômico, além da avaliação da idade biológica
através da maturação sexual. O procedimento da avaliação da maturação sexual será
explicado por uma professora. Nesta avaliação, cada adolescente, individualmente, irá
classificar os seus pêlos genitais e seios em índices de 1 a 5 por comparação a um modelo
fotográfico fornecido pelo Ministério da Saúde. Esta é uma avaliação comumente utilizada em
estudos porque pode classificar adolescentes com diferentes idades em um mesmo estágio de
maturação, visto que existem grandes diferenças no amadurecimento biológico de
adolescentes com a mesma idade.
Todas as avaliações serão supervisionadas pelo próprio pesquisador.
1.4 Duração
135

O tempo aproximado para realização de todos os testes é de 01h00, podendo ter uma segunda
visita caso não sejam realizados no mesmo dia.
2. AMOSTRAS BIOLÓGICAS
As amostras sanguíneas serão utilizadas para a extração do DNA e suas associações com a
densidade mineral óssea. Todas as amostras biológicas coletadas neste trabalho serão
armazenadas no Laboratório do Programa de Ciências Genômicas e Biotecnologia da
Universidade Católica de Brasília, localizado no Campus II (SGAN 916 Módulo B).
Dadas as características funcionais e fisiológicas do gene estudado, avalia-se que os dados
obtidos não terão impacto negativo sobre o participante, a família, ou meio em que ele vive.
Entretanto, os dados coletados têm caráter confidencial, com acesso restrito aos pesquisadores
responsáveis e ao próprio indivíduo, podendo este retirar seus dados dos bancos de
armazenamento a qualquer momento. As amostras biológicas serão utilizadas somente nesse
estudo e caso elas forem necessárias para o desenvolvimento de um novo estudo, você será
chamado para dar nova autorização para o novo(s) projeto(s). Caso isso seja impossível, seu
material biológico somente será utilizado mediante aprovação do novo(s) projeto(s) pelo CEP
e ou pela CONEP.
3. RISCOS E DESCONFORTOS POSSÍVEIS
Durante a realização dos testes, poderão surgir alguns desconfortos. No caso específico da
coleta de sangue, semelhante a uma coleta laboratorial rotineira, será necessário realizar a
inserção de uma agulha no antebraço, o que pode trazer algum tipo de desconforto, porém
todo esforço será feito para minimizar estes desconfortos. Além disso,
O teste de força muscular pode gerar fadiga muscular excessiva ou dores musculares pós-
exercício. Para diminuir esse risco o teste será realizado após uma sessão de aquecimento, e
será supervisionado pelo próprio pesquisador e pelo médico responsável pelo laboratório da
Universidade. Suas filhas serão orientadas a parar o teste se sentir algum tipo de mal-estar.
4. BENEFÍCIOS ESPERADOS
Os participantes deste projeto serão informados sobre seu status atual de força e massa
muscular e densidade mineral óssea, avaliados em equipamentos internacionalmente
reconhecidos como instrumentos válidos e precisos. Em adição, serão fornecidas informações
sobre as características genéticas atuais e aconselhamento de condutas adequadas a perfil
obtido nos resultados.
O benefício possível dessa pesquisa diz respeito à busca de um gene que seja fator de risco
para o desenvolvimento de osteoporose. Caso seja identificado esse gene, futuramente, será
possível identificar indivíduos propensos a desenvolver a patologia citada, o que possibilitará
a intervenção apropriada de forma precoce, consequentemente, minimizando os efeitos
deletérios desses quadros indesejáveis. Pesquisas dessa natureza certamente beneficiarão as
futuras gerações.
5. RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR E DA INSTITUIÇÃO
O pesquisador responsável suspenderá a pesquisa imediatamente ao perceber algum risco ou
dano à saúde da participante, mesmo riscos não previstos neste termo de consentimento. O
pesquisador assumirá a responsabilidade de dar assistência integral e indenização às
complicações e danos decorrentes dos riscos. Caso constatada a superioridade de um método
em estudo sobre outro, o pesquisador será responsável por oferecer a todos os sujeitos os
benefícios do melhor regime.
6. RESPONSABILIDADE DAS PARTICIPANTES
Estar presente no local dos testes nos dias e horários marcados. Informar ao professor
pesquisador qualquer desconforto que por acaso venha a perceber.
7. RESULTADOS OBTIDOS
136

As informações obtidas neste experimento, por meio dos resultados de todos os testes,
poderão ser utilizadas como dados de pesquisa científica, podendo ser publicados e
divulgados, sendo resguardada a identidade das participantes.
LIBERDADE DE CONSENTIMENTO
O estudo não envolve nenhum gasto para a participante ou sua família. Todos os materiais
necessários para os testes serão providenciados. O transporte das alunas entre escola a
Universidade Católica de Brasília ficará por conta do responsável, quando a mãe puder
participar do estudo, ou será por responsabilidade do próprio pesquisador. Se você tiver
qualquer pergunta sobre o estudo, você pode entrar em contato com o próprio pesquisador:
Prof. Ms. Rômulo Maia C. Fonseca (fone: 9908-5253, email: fonsecarmc@terra.com.br) ou
com sua orientadora de pesquisa: Profª Dr.ª Nanci M. França (Universidade Católica de
Brasília - QS 07 Lote 1 EPCT, Sala G-119, 71966-700 Águas Claras – Taguatinga – DF.
Fone: 3356-9349; email (nfranca@ucb.br). A sua permissão para que suas filhas possam
participar desta pesquisa é voluntária. Tanto você quanto elas estão livres para negá-la ou para
em qualquer momento desistir da mesma se assim desejar.

Declaro ter lido este termo de consentimento e compreendido os procedimentos nele


descritos. Informo também que todas as minhas dúvidas foram respondidas de forma clara e
de fácil compreensão. Estou de acordo em permitir a participação das minhas filhas da
referida pesquisa.

__________________________________ _________________
RG e Assinatura do responsável Data

_______________________________________ _______________________

_______________________________________ _______________________
Assinatura das participantes Data

__________________________________ _________________
Assinatura do pesquisador Data
137

ANEXO F. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (IDOSAS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB

Nome:______________________________________________________________

1. ESCLARECIMENTO DAS AVALIAÇÕES

Você estará participando de um grupo experimental de estudo com o objetivo de


verificar a associação de variações genéticas, com potência aeróbia. Para tanto, você será
submetida a algumas avaliações. Você poderá a qualquer momento desligar-se da presente
pesquisa sem nenhum constrangimento. Para que você possa decidir sobre sua participação,
descrevemos a seguir os testes:

1.1. Avaliação da composição corporal:


Será avaliada a composição corporal, com medidas de estatura (altura) e peso corporal
em uma balança digital. O pesquisador principal, assim que possível entrará em contato para
entregar o resultado destes exames, que estarão junto à secretária do projeto “Poderosa
Idade”.

1.2. Avaliação genética


A avaliação será feita através de uma amostra sanguínea retirada da veia situada em
seu antebraço. Todos os equipamentos utilizados serão esterilizados e/ou descartáveis e a
coleta será realizada por um técnico devidamente treinado. Este procedimento é comumente
adotado em pesquisas deste gênero e, de uma forma geral, é bem tolerado pelos voluntários.

2. RISCOS E DESCONFORTOS POSSÍVEIS


Durante a realização dos testes, poderão surgir alguns desconfortos. No caso
específico da coleta de sangue, semelhante a uma coleta laboratorial rotineira, será necessário
realizar a inserção de uma agulha no antebraço, o que pode trazer algum tipo de desconforto.
O procedimento é relativamente simples e bem aceito por indivíduos de todas as idades, e, em
adição, todo esforço será feito para minimizar estes desconfortos.
138

3. BENEFÍCIOS ESPERADOS
Você será informado sobre seu status atual de capacidade aeróbia, avaliado em
equipamentos internacionalmente reconhecidos como instrumentos válidos e precisos. Em
adição, serão fornecidas informações sobre suas características genéticas atuais e
aconselhamento de condutas adequadas ao perfil obtido nos resultados.
O benefício possível dessa pesquisa diz respeito à busca pela identificação de uma
variável genética que seja fator de risco para o desenvolvimento de baixa potência aeróbia.
Caso seja observada essa variação, futuramente, será possível identificar indivíduos propensos
a desenvolver esta patologia, o que possibilitará a intervenção apropriada de forma precoce,
conseqüentemente, minimizando os efeitos deletérios desses quadros indesejáveis. Pesquisas
dessa natureza certamente beneficiarão as futuras gerações de idosos.

4. RESPONSABILIDADE DO PESQUISADOR E DA INSTITUIÇÃO


O pesquisador responsável suspenderá a pesquisa imediatamente ao perceber algum
risco ou dano à sua saúde, incluindo riscos não previstos neste termo de consentimento. O
pesquisador assumirá a responsabilidade de dar assistência integral e indenização às
complicações e danos decorrentes dos riscos. Caso constatada a superioridade de um método
em estudo sobre outro, o pesquisador será responsável por oferecer os benefícios do melhor
regime. Qualquer dúvida entre em contato pelo número 3356-9066.

5. RESPONSABILIDADE DAS PARTICIPANTES


Estar presente no local dos testes nos dias e horários marcados. Informar ao professor
pesquisador qualquer desconforto que por acaso venha a perceber.

6. RESULTADOS OBTIDOS
As informações obtidas neste experimento, por meio dos resultados de todos os testes,
poderão ser utilizadas como dados de pesquisa científica, podendo ser publicados e
divulgados, sendo resguardada a identidade e privacidade das participantes.
139

LIBERDADE DE CONSENTIMENTO

A sua permissão para participar desta pesquisa é voluntária. Você estará livre para
negá-la ou para em qualquer momento desistir da mesma se assim desejar.

Declaro ter lido este termo de consentimento e compreendido os procedimentos nele


descritos. Informo também que todas as minhas dúvidas foram respondidas de forma clara e
de fácil compreensão. Estou de acordo em participar da referida pesquisa.

_______________________________
Assinatura – RG Participante

________________________________
Assinatura – RG Testemunha

________________________________
Assinatura – RG Pesquisador

Dúvidas: (61) 3456 - 2342


140

ANEXO G. IPAQ (VERSÃO LONGA)

QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA.

Nome:__________________________________________________ Data: ___/ ___ / ___


Idade : ____ Sexo: F ( ) M ( ) Você trabalha de forma remunerada: ( ) Sim ( ) Não.
Quantas horas você trabalha por dia: ___ Quantos anos completos você estudou: ___
De forma geral sua saúde está: ( ) Excelente ( ) Muito boa ( ) Boa ( ) Regular ( )Ruim

Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu
dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao redor
do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de
outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física em
uma semana ultima semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de
um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no
jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor, responda cada questão mesmo que
considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!

Para responder as questões lembre que:


 Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que
fazem respirar MUITO mais forte que o normal
 Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem
respirar UM POUCO mais forte que o normal

SEÇÃO 1- ATIVIDADE FÍSICA NO TRABALHO

Esta seção inclui as atividades que você faz no seu serviço, que incluem trabalho remunerado ou
voluntário, as atividades na escola ou faculdade e outro tipo de trabalho não remunerado fora
da sua casa. NÃO incluir trabalho não remunerado que você faz na sua casa como tarefas
domésticas, cuidar do jardim e da casa ou tomar conta da sua família. Estas serão incluídas na
seção 3.

1a. Atualmente você trabalha ou faz trabalho voluntário fora de sua casa?
( ) Sim ( ) Não – Caso você responda não Vá para seção 2: Transporte

As próximas questões são em relação a toda a atividade física que você fez na ultima semana como
parte do seu trabalho remunerado ou não remunerado. NÃO inclua o transporte para o trabalho. Pense
unicamente nas atividades que você faz por pelo menos 10 minutos contínuos:

1b. Em quantos dias de uma semana normal você anda, durante pelo menos 10 minutos
contínuos, como parte do seu trabalho?Por favor, NÃO inclua o andar como forma de
transporte para ir ou voltar do trabalho.

_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a seção 2 - Transporte.

1c. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA caminhando como parte do seu
trabalho ?

____ horas ______ minutos


141

1d. Em quantos dias de uma semana normal você faz atividades moderadas, por pelo menos 10
minutos contínuos, como carregar pesos leves como parte do seu trabalho?

_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a questão 1f

1e. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA fazendo atividades moderadas como
parte do seu trabalho?

_____ horas ______ minutos

1f. Em quantos dias de uma semana normal você gasta fazendo atividades vigorosas, por pelo
menos 10 minutos contínuos, como trabalho de construção pesada, carregar grandes pesos,
trabalhar com enxada, escavar ou subir escadas como parte do seu trabalho:

_______dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para a questão 2a.

1g. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA fazendo atividades físicas vigorosas
como parte do seu trabalho?

_____ horas ______ minutos

SEÇÃO 2 - ATIVIDADE FÍSICA COMO MEIO DE TRANSPORTE

Estas questões se referem à forma típica como você se desloca de um lugar para outro, incluindo seu
trabalho, escola, cinema, lojas e outros.

2a. O quanto você andou na ultima semana de carro, ônibus, metrô ou trem?

________dias por SEMANA ( ) nenhum - Vá para questão 2c

2b. Quanto tempo no total você usualmente gasta POR DIA andando de carro, ônibus, metrô
ou trem?

_____horas _____minutos

Agora pense somente em relação a caminhar ou pedalar para ir de um lugar a outro na ultima
semana.

2c. Em quantos dias da ultima semana você andou de bicicleta por pelo menos 10 minutos
contínuos para ir de um lugar para outro? (NÃO inclua o pedalar por lazer ou exercício)

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a questão 2e.

2d. Nos dias que você pedala quanto tempo no total você pedala POR DIA para ir de um lugar
para outro?

_______ horas _____ minutos

2e. Em quantos dias da ultima semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos
para ir de um lugar para outro? (NÃO inclua as caminhadas por lazer ou exercício)

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a Seção 3.


142

2f. Quando você caminha para ir de um lugar para outro quanto tempo POR DIA você gasta?
(NÃO inclua as caminhadas por lazer ou exercício)

_______ horas _____ minutos

SEÇÃO 3 – ATIVIDADE FÍSICA EM CASA: TRABALHO, TAREFAS DOMÉSTICAS E


CUIDAR DA FAMÍLIA.

Esta parte inclui as atividades físicas que você fez na ultima semana na sua casa e ao redor da sua casa,
por exemplo, trabalho em casa, cuidar do jardim, cuidar do quintal, trabalho de manutenção da casa ou
para cuidar da sua família. Novamente pense somente naquelas atividades físicas que você faz por
pelo menos 10 minutos contínuos.

3a. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas por pelo menos 10 minutos
como carregar pesos leves, limpar vidros, varrer, rastelar no jardim ou quintal.

________dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 3b.

3b. Nos dias que você faz este tipo de atividades quanto tempo no total você gasta POR DIA
fazendo essas atividades moderadas no jardim ou no quintal?

_______ horas _____ minutos

3c. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas por pelo menos 10 minutos
como carregar pesos leves, limpar vidros, varrer ou limpar o chão dentro da sua casa.

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 3d.

3d. Nos dias que você faz este tipo de atividades moderadas dentro da sua casa quanto tempo no
total você gasta POR DIA?

_______ horas _____ minutos

3e. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades físicas vigorosas no jardim ou quintal
por pelo menos 10 minutos como carpir, lavar o quintal, esfregar o chão:

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para a seção 4.

3f. Nos dias que você faz este tipo de atividades vigorosas no quintal ou jardim quanto tempo
no total você gasta POR DIA?

_______ horas _____ minutos

SEÇÃO 4- ATIVIDADES FÍSICAS DE RECREAÇÃO, ESPORTE, EXERCÍCIO E DE


LAZER.

Esta seção se refere às atividades físicas que você fez na ultima semana unicamente por recreação,
esporte, exercício ou lazer. Novamente pense somente nas atividades físicas que faz por pelo menos
10 minutos contínuos. Por favor, NÃO inclua atividades que você já tenha citado.

4a. Sem contar qualquer caminhada que você tenha citado anteriormente, em quantos dias da
última semana você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos no seu tempo livre?
143

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 4b

4b. Nos dias em que você caminha no seu tempo livre, quanto tempo no total você gasta POR
DIA?

_______ horas _____ minutos

4c. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades moderadas no seu tempo livre
por pelo menos 10 minutos, como pedalar ou nadar a velocidade regular, jogar bola, vôlei ,
basquete, tênis :

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para questão 4d.

4d. Nos dias em que você faz estas atividades moderadas no seu tempo livre quanto tempo no
total você gasta POR DIA?

_______ horas _____ minutos

4e. Em quantos dias da ultima semana você fez atividades vigorosas no seu tempo livre
por pelo menos 10 minutos, como correr, fazer aeróbicos, nadar rápido, pedalar rápido ou fazer
Jogging:

_____ dias por SEMANA ( ) Nenhum - Vá para seção 5.

4f. Nos dias em que você faz estas atividades vigorosas no seu tempo livre quanto tempo no total
você gasta POR DIA?

_______ horas _____ minutos

SEÇÃO 5 - TEMPO GASTO SENTADO

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no
trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo
sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um
amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando
durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.

5a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?
______horas ____minutos
5b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?
______horas ____minutos
144

ANEXO H. C LASSIFICAÇÃO DO IPAQ

CLASSIFICAÇÃO DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA IPAQ

1. MUITO ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:


a) VIGOROSA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão
b) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + MODERADA e/ou
CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão.

2. ATIVO: aquele que cumpriu as recomendações de:


a) VIGOROSA: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou
b) MODERADA ou CAMINHADA: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão; ou
c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150 minutos/sem (caminhada +
moderada + vigorosa).

3. IRREGULARMENTE ATIVO: aquele que realiza atividade física, porém insuficiente


para ser classificado como ativo pois não cumpre as recomendações quanto à frequência ou
duração. Para realizar essa classificação soma-se a frequência e a duração dos diferentes tipos
de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi dividido em dois subgrupos
de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação:

IRREGULARMENTE ATIVO A: aquele que atinge pelo menos um dos critérios da


recomendação quanto à frequência ou quanto à duração da atividade:
a) Frequência: 5 dias /semana ou
b) Duração: 150 min / semana

IRREGULARMENTE ATIVO B: aquele que não atingiu nenhum dos critérios da


recomendação quanto à frequência nem quanto à duração.

4. SEDENTÁRIO: aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo menos 10
minutos contínuos durante a semana.

CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL– CELAFISCS -


INFORMAÇÕES ANÁLISE, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS NO BRASIL
011-42298980 ou 42299643. celafiscs@celafiscs.com.br
www.celafiscs.org.br IPAQ Internacional: www.ipaq.ki.se
145

ANEXO I. QUESTIONÁRIO DE CLASSIFICAÇÃO SOCIOECONÔMICA


146
147
148

ANEXO J. RESULTADOS ANÁLISE DE DADOS MB-MDR (VO2 PICO E PC1)

As tabelas abaixo apresentam os resultados da análise MB-MDR para o VO2pico


(ordem 2 a 5) e PC1 (ordem 2 a 7), sendo apresentados apenas as combinações com nível de
significância menor que 0,10. O nome de cada SNP está representado apenas pelos quatro
números do número de referencia (rs).

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com VO2pico (2 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 Wmax Perm.p IC.Inf. IC.Sup.
(FDR-BH)
15 rs1800 rs699 8,212786 0,0842 0,078757 0,089643 0,004545

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com VO2pico (3 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
105 rs1800 rs5049 rs1109 17,85164 0,0276 0,024389 0,030811 0,000543
133 rs5049 rs1109 rs699 16,69787 0,045 0,040937 0,049063 0,001087
74 rs5182 rs1800 rs699 17,03982 0,0541 0,049666 0,058534 0,00163
106 rs1800 rs5049 rs699 15,12165 0,0745 0,069353 0,079647 0,002174
96 rs1800 rs5050 rs5049 11,96429 0,0936 0,087891 0,099309 0,002717

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com VO2pico (4 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
284 rs1800 rs5049 rs1403 rs1109 23,32168 0,0604 0,055731 0,065069 0,00017
280 rs1800 rs1275 rs5049 rs699 22,30056 0,0653 0,060458 0,070142 0,00034
305 rs1799 rs5049 rs1109 rs699 25,78541 0,0689 0,063936 0,073864 0,00051
62 rs7539 rs5182 rs1403 rs699 31,39789 0,0715 0,06645 0,07655 0,00068
165 rs4762 rs1800 rs5049 rs699 21,26244 0,0754 0,070225 0,080575 0,00085
3 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 15,07614 0,0978 0,091978 0,103622 0,00102

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com VO2pico (5 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 SNP5 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
17 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1109 27,10686 0,0539 0,049474 0,058326 0,00011
423 rs1800 rs1799 rs5049 rs1403 rs1109 34,85653 0,0772 0,071969 0,082431 0,00022
450 rs1799 rs5050 rs5049 rs1109 rs699 30,40428 0,0852 0,079728 0,090672 0,00033
149

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (2 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
2 rs7539 rs1275 5,411747 0,118 0.1116770 0.1243230 0,004166667
*Nenhuma interação com p <0,10.

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (3 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
13 rs7539 rs5182 rs1109 19,55709 0,0172 0,014652 0,019748 0,00046296
33 rs7539 rs1275 rs699 14,17063 0,0307 0,027319 0,034081 0,00093
10 rs7539 rs5182 rs1275 12,91932 0,0443 0,040267 0,048333 0,00139
91 rs5182 rs1275 rs1109 11,89306 0,0612 0,056502 0,065898 0,00185
144 rs5049 rs1109 rs699 13,68055 0,094 0,08828 0,09972 0,00231

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (4 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
52 rs7539 rs5182 rs5050 rs1109 23,69295 0,0189 0,016231 0,021569 0,00016447
304 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 25,52089 0,0204 0,017629 0,023171 0,00032895
56 rs7539 rs5182 rs1275 rs1109 23,74454 0,0209 0,018096 0,023704 0,00049342
93 rs7539 rs1799 rs1275 rs699 23,50461 0,0233 0,020343 0,026257 0,00065789
7 rs7539 rs4762 rs5182 rs1109 23,75212 0,0267 0,02354 0,02986 0,00082237
114 rs7539 rs1275 rs1403 rs699 25,2932 0,0277 0,024483 0,030917 0,00098684
48 rs7539 rs5182 rs1799 rs699 29,45623 0,0425 0,038546 0,046454 0,00115132
140 rs4762 rs5182 rs1275 rs1109 17,27177 0,0515 0,047168 0,055832 0,00131579
30 rs7539 rs4762 rs1275 rs699 16,24699 0,0615 0,056791 0,066209 0,00148026
240 rs5182 rs5050 rs1275 rs1109 14,92276 0,0764 0,071194 0,081606 0,00164474
49 rs7539 rs5182 rs5050 rs1275 13,81369 0,0948 0,089059 0,100541 0,00180921
150

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (5 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 SNP5 Wmax Perm.p IC.inf. IC.sup.
(FDR-BH)
188 rs7539 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 40,56524 0,007 0,005366 0,008634 0,000109
21 rs7539 rs4762 rs5182 rs1275 rs1109 32,47903 0,0116 0,009501 0,013699 0,000219
147 rs7539 rs1800 rs1799 rs1275 rs1403 37,86973 0,0136 0,01133 0,01587 0,000328
30 rs7539 rs4762 rs1800 rs1799 rs1275 29,23377 0,0264 0,023258 0,029542 0,000438
419 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 35,98843 0,0274 0,0242 0,0306 0,000547
314 rs4762 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 30,86922 0,0282 0,024955 0,031445 0,000656
17 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1109 26,19862 0,0358 0,032159 0,039441 0,000766
123 rs7539 rs5182 rs5050 rs1275 rs1109 26,35673 0,0374 0,033681 0,041119 0,000875
364 rs5182 rs1800 rs1275 rs5049 rs699 35,66163 0,0402 0,03635 0,04405 0,000985
149 rs7539 rs1800 rs1799 rs1275 rs699 34,31649 0,0443 0,040267 0,048333 0,001094
26 rs7539 rs4762 rs5182 rs1403 rs1109 30,7802 0,0453 0,041224 0,049376 0,001204
299 rs4762 rs1800 rs5049 rs1403 rs699 34,41973 0,046 0,041894 0,050106 0,001313
13 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs699 35,04388 0,048 0,04381 0,05219 0,001422
12 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs1109 33,36503 0,0488 0,044577 0,053023 0,001532
117 rs7539 rs5182 rs1799 rs5049 rs699 40,09888 0,0516 0,047264 0,055936 0,001641
114 rs7539 rs5182 rs1799 rs1275 rs699 33,25417 0,0647 0,059879 0,069521 0,001751
417 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 31,28937 0,0649 0,060072 0,069728 0,00186
444 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 25,52089 0,0682 0,063259 0,073141 0,001969
200 rs7539 rs5050 rs1275 rs1403 rs699 25,2932 0,0706 0,065579 0,075621 0,002079
179 rs7539 rs1799 rs5050 rs1275 rs699 23,50461 0,0737 0,068579 0,078821 0,002188
14 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1275 18,43845 0,0812 0,075847 0,086553 0,002298
139 rs7539 rs5182 rs5049 rs1109 rs699 35,74177 0,0843 0,078854 0,089746 0,002407
92 rs7539 rs5182 rs1800 rs5050 rs5049 28,92157 0,0906 0,084974 0,096226 0,002516
110 rs7539 rs5182 rs1799 rs5050 rs699 29,45623 0,0963 0,090518 0,102082 0,002626
151

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (6 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 SNP5 SNP6 Wmax Perm.p IC.Inf. IC.Sup.
(FDR-BH)
63 rs7539 rs4762 rs1800 rs1799 rs1275 rs1403 50,18667 0,0026 0,001602 0,003598 0,000108
437 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 42,43214 0,0136 0,01133 0,01587 0,000216
234 rs7539 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 40,56524 0,0232 0,02025 0,02615 0,000325
447 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs1109 rs699 45,38725 0,027 0,023823 0,030177 0,000433
39 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1275 rs1109 32,47903 0,0294 0,026089 0,032711 0,000541
127 rs7539 rs5182 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 39,45763 0,0295 0,026184 0,032816 0,000649
207 rs7539 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 42,37229 0,0414 0,037495 0,045305 0,000758
335 rs4762 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 38,97267 0,0527 0,048321 0,057079 0,000866
369 rs4762 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 rs699 40,48328 0,0603 0,055634 0,064966 0,000974
360 rs4762 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 30,86922 0,0624 0,057659 0,067141 0,001082
142 rs7539 rs5182 rs1800 rs5050 rs1275 rs5049 36,03334 0,0647 0,059879 0,069521 0,00119
104 rs7539 rs4762 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 37,39152 0,0662 0,061327 0,071073 0,001299
47 rs7539 rs4762 rs5182 rs1275 rs5049 rs1403 38,49796 0,0681 0,063163 0,073037 0,001407
174 rs7539 rs5182 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 42,69488 0,0719 0,066837 0,076963 0,001515
44 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1403 rs1109 30,7802 0,0796 0,074295 0,084905 0,001623
25 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs5050 rs1109 33,36503 0,0808 0,075459 0,086141 0,001732
209 rs7539 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs699 40,56524 0,0809 0,075556 0,086244 0,00184
26 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs5050 rs699 35,04388 0,0874 0,081865 0,092935 0,001948
33 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs5049 rs699 41,64733 0,0878 0,082253 0,093347 0,002056
401 rs5182 rs1800 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 35,66163 0,0938 0,088086 0,099514 0,002165
200 rs7539 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs699 34,31649 0,0979 0,092075 0,103725 0,002273

Teste MB-MDR para associação dos polimorfismos do SRAA com PC1 (7 SNPs)
p crítico
ID SNP1 SNP2 SNP3 SNP4 SNP5 SNP6 SNP7 Wmax Perm.p IC.Inf. IC.Sup.
(FDR-BH)
325 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs1109 rs699 45,387253 0,0401 0,036255 0,043945 0,000152
185 rs7539 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 46,059477 0,0415 0,037591 0,045409 0,000303
72 rs7539 rs4762 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs1403 40,863449 0,0559 0,051397 0,060403 0,000455
84 rs7539 rs4762 rs1800 rs1799 rs1275 rs1403 rs1109 42,834594 0,0618 0,057081 0,066519 0,000606
81 rs7539 rs4762 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 43,944977 0,0741 0,068966 0,079234 0,000758
193 rs7539 rs1800 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 rs1109 44,068176 0,0742 0,069063 0,079337 0,000909
1 rs7539 rs4762 rs5182 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 39,457628 0,0775 0,072259 0,082741 0,001061
46 rs7539 rs4762 rs5182 rs1799 rs1275 rs5049 rs1403 45,536136 0,0785 0,073229 0,083771 0,001212
289 rs4762 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs1403 rs699 40,483278 0,0844 0,078952 0,089848 0,001364
269 rs4762 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 rs699 38,972669 0,0879 0,08235 0,09345 0,001515
127 rs7539 rs5182 rs1800 rs1799 rs5050 rs1275 rs5049 42,980108 0,0933 0,087599 0,099001 0,001667
56 rs7539 rs4762 rs5182 rs5050 rs1275 rs5049 rs1403 38,497964 0,0989 0,093049 0,104751 0,001818

Você também pode gostar