Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ao Liç~
oes de Matemática
S É R I E S
E Q U A Ç Õ E S
DIFERENCIAIS
.5
Christian Q. Pinedo
2020
A Catarina pela sua coragem, e;
A Cecı́lia pela sua ternura
iii
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Tı́tulo do original
Séries e Equações Diferenciais
Março de 2020
iv 08/03/2020
PREFÁCIO
v
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
infinitas.
O quarto capı́tulo está reservado para o estudo da transformada de Laplace e suas
aplicações na solução de equações diferenciais lineares de coeficientes constantes, assim
como as propriedades que esta transformada apresenta para a solução de outros problemas.
Os dois últimos capı́tulos são reservados para o estudo das séries e transformada de
Fourier, assim como suas aplicações diversas na solução de equações diferenciais ordinárias.
O objetivo deste trabalho é orientar a metodologia para que o leitor possa identificar
e construir um modelo matemático e logo resolvê-lo.
Cada capı́tulo se inicia com os objetivos que se pretende alcançar; os exercı́cios apre-
sentados em quantidade suficiente, estão classificados de menor a maior dificuldade.
A variedade dos problemas e exercı́cios propostos pretende transmitir minha experi-
ência profissional que assimilei como Consultor em Matemáticas Puras e Aplicadas, assim
como professor de ensino superior, com atuação na graduação e pós-graduação da docência
universitária.
Fico profundamente grato pela acolhida deste trabalho e pelas contribuições e sugestões
dos leitores, em particular a meus alunos do Curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Tocantins.
Leibniz
vi 08/03/2020
SUMÁRIO
PREFÁCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . v
Identidades Diversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1 Série de potências 1
1.1 Séries de números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.1.1 Critérios de convergência das séries numéricas . . . . . . . . . . . . 11
1.1.2 Sumário dos Critérios para Séries de Números. . . . . . . . . . . . . 17
1.2 Séries de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2.1 Raio de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Exercı́cios 1-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3 Desenvolvimento em séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.3.1 A função exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.4 Operações com série de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.4.1 A série binomial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.5 Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.5.1 Série de Taylor associada a uma função . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.5.2 Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.5.3 Convergência da série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Exercı́cios 1-2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
1.6 Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
1.6.1 Resto de um Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
1.6.2 Combinando Séries de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
1.7 Lista de série de Taylor de algumas funções comuns . . . . . . . . . . . . . 68
1.8 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
1.8.1 Cálculo de limites e integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
1.8.2 Estudo de Extremos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
1.8.3 Outra definição para a derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
1.9 Série de Taylor em várias variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
1.9.1 Para duas variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
vii
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 1-3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
viii 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ix 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
x 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
xi 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
APÊNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467
A1. Fórmulas elementares de integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467
A2. Tabela de Transformadas de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 469
A2.1. Transformada de Laplace elementares . . . . . . . . . . . . 469
A2.2. Transformada inversa de Laplace elementares . . . . . . 470
Índice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 473
xii 08/03/2020
Capı́tulo 1
Série de potências
1
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
a1 + a2 + a3 + · · · + an−2 + an−1 + an + . . .
+∞
X X
será representada simbolicamente por an ou an .
n=1 n∈N+
Agora, temos que estabelecer condições sobre a sequência {an }n∈N+ para que a soma
+∞
P
infinita an tenha como resultado um valor numérico. Se isto acontecer dizemos que a
n=1
soma infinita converge.
2 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Neste caso, a soma da série é o limite da sequência {sn }n∈N+ , isto é:
+∞
X n
X
an = lim ak = lim sn = S (1.1)
n→+∞ n→+∞
n=1 k=1
Exemplo 1.1.
Se, para todo n ∈ N+ tem-se:
• an = 0, a série gerada pela sequência {an }n∈N+ é convergente, sua soma é zero; isto
+∞
P
é an = 0.
n=1
• bn = 1, a série gerada pela sequência {bn }n∈N+ é divergente, sua soma é indetermi-
+∞
P
nada; na verdade bn = +∞
n=1
• an = (−1)n+1 , então a série gerada pela sequência {an }n∈N+ é divergente, a soma
+∞
(−1)n+1 = 1 ou 0.
P
de todos seus termos é indeterminada; isto é
n=1
Pela unicidade do limite lim sn = S, concluı́mos que essa soma não existe.
n→∞
+∞
X
Por definição, uma “série geométrica” é da forma S = αrn−1 , onde o número r é
n=1
denominado “razão da série”, e o número constante α é seu coeficiente.
Exemplo 1.2.
+∞
X
Estudar a série geométrica S = αrn−1 , r ∈ R.
n=1
Solução.
3 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X +∞
X
n−1
Pela propriedade do somatório podemos escrever S = αr =α rn−1 , de onde:
n=1 n=1
n
1 − rn
X
i−1
sn = α r =α (1.2)
i=1
1−r
Quando |r| < 1, sabemos que lim rn = 0, tomando o limite em (1.2) quando n →
n→+∞
1 − rn α
+∞ tem-se: lim sn = α lim = = S.
n→+∞ n→+∞ 1 − r 1−r
+∞
P n−1 α
Isto é, S = αr = lim sn = converge quando |r| < 1.
n=1 n→+∞ 1−r
É imediato que, para o caso |r| ≥ 1 a série diverge.
+∞
X 1
Por definição uma “série harmônica” é da forma .
n=1
n
Suponha que sm → L quando m → +∞, então tem-se que s2m → L quando m → +∞,
segue assim (s2m − sm ) → 0 quando m → +∞. Porém,
1 1 1 1 1 1
s2m − sm = + + + ... + + ... + + ≥
m+1 m+2 m+3 m 2m − 1 2m
1 1 1 1 1
≥ + + + ... + =
2m 2m 2m 2m 2
1
de onde lim (s2m − sm ) ≥ 6= 0, caso o limite existisse.
m→+∞ 2
+∞
X 1
Portanto, a série harmônica diverge.
n=1
n
+∞
X 1
Por definição, uma “série p” é da forma p
, onde p ∈ (0, +∞) é uma constante
n=1
n
fixa. Esta série também é conhecida como Série de Dirichelet (ou de Riemann).
4 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X 1 1 1 1
p
= 1 + p + p + ··· + p + ··· (1.3)
n=1
n 2 3 n
Observação 1.1.
+∞
X
A série (bn −bn+1 ) é denominada série de encaixe devido à natureza do seus termos:
n=1
Se a sequência {bn }n∈N+ convergir para um número L, segue que {sn }n∈N+ converge
para b1 − L.
Exemplo 1.4.
+∞
X 1
Verificar que a série converge.
n=1
n2 +n
+∞ +∞
X 1 X 1 1 1
Com efeito, observe que 2
= − =1− , logo;
n=1
n + n n=1 n n + 1 n+1
n
X 1 1
lim = lim 1 − =1−0=1
n→+∞
i=1
i2 + i n→+∞ n+1
+∞
X 1
Portanto, a série converge.
n=1
n2 +n
Exemplo 1.5.
+∞
X n
Determine se a série Ln converge.
n=1
n+1
Solução.
+∞
X n X +∞
Observe que, podemos escrever Ln = [Lnn − Ln(n + 1)].
n=1
n + 1 n=1
5 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
n
X k
Logo, Ln = Ln1 − Ln(n + 1) então
k=1
k+1
n
X k
lim Ln = lim [Ln1 − Ln(n + 1)] = 0 − ∞ = −∞
n→+∞
k=1
k + 1 n→+∞
+∞
X n
Portanto, a série Ln diverge.
n=1
n+1
A propriedade a seguir fornece uma condição necessária, mas não suficiente para que
uma série numérica seja convergente.
ii) lim an = 0.
n→+∞
Demonstração. i)
+∞
P
Se an converge, então existe em L ∈ R tal que limite lim sn = L, logo sendo
n=1 n→+∞
{sn }n∈N+ uma sequência convergente, ela é limitada.
Demonstração. ii)
+∞
P
Denotando por {sn }n∈N+ a sequência de somas parciais da série, ak temos que an =
k=1
sn − sn−1 e admitindo que a série é convergente, resulta que a sequência de somas parciais
{sn }n∈N+ converge para um certo número L, o mesmo ocorrendo com a subsequência
{sn−1 }, então:
Exemplo 1.6.
+∞
X n2
Verificar que a série diverge.
n=1
2n2 + 3n
Solução.
Esta última propriedade nos leva a um primeiro teste para saber a respeito da diver-
6 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.2.
+∞
X
Se lim an 6= 0 ou não existe, então a série an diverge.
n→+∞
n=1
Exemplo 1.7.
+∞ +∞
X n X √
1. As séries e n ambas são divergentes.
n=1
n+1 n=1
n √
Com efeito, lim = 1 6= 0 e lim n 6= 0.
n→∞ n + 1 n→∞
+∞ +∞
X
n+1
X −n
2. As séries (−1) e ambas são divergentes.
n=1 n=1
3n + 4
−n
Observe que, lim (−1)n+1 6= 0 e lim 6= 0.
n→∞ n→∞ 3n + 4
+∞
P
- {an } diverge - an diverge - Fim
n=1
+∞
P
-
L 6= 0 - an diverge - Fim
n=1
+∞
P
an -
n=1
- lim an = L -
n→+∞
-
L=0 -
?
+∞
X
A condição lim an = 0 não dá informação sobre a convergência da série an sendo
n→+∞
n=1
7 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 1.2.
+∞
X n
X
Suponha que a série an seja convergente; isto é lim sn = lim ak = S existe.
n→+∞ n→+∞
n=1 k=1
Então é correto afirmar que:
lim (sn − S) existe se e somente se, lim sn = S existe.
n→+∞ n→+∞
Deduzimos assim, que podemos omitir um número finito de termos (entre os primeiros)
de uma série infinita sem afetar sua convergência.
Como no caso das sequências numéricas, o acréscimo ou a omissão de um número
finito de termos não altera a convergência de uma série, podendo alterar o valor de sua
soma.
Exemplo 1.8.
A seguinte tabela ilustra algumas situações:
+∞
X
an lim an situação
n→+∞
n=1
+∞ n
X e
+∞ divergente
n=1
n2
+∞
X n 1
divergente
n=1
3n + 5 3
+∞
X Lnn
0 indefinida
n=1
n2
Propriedade 1.3.
+∞
X +∞
X
Se as séries an e bn diferem apenas em seus primeiros termos em uma
n=1 n=1
quantidade finita, então ambas são convergentes ou ambas são divergentes.
Ainda mais, uma consequência da Propriedade (1.3), temos que para cada número
+∞
X +∞
X
k ∈ N+ , as séries an e an são ambas convergentes ou ambas divergentes.
n=1 n=k
Exemplo 1.9.
+∞ +∞ ∞
X 1 X 1 X 1
As séries e ambas são divergentes, entanto as séries 2
e
n=9
n n=9
n − 8 n=9
n
∞
X 1
2
ambas são convergentes.
n=9
(n − 8)
8 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.4.
+∞
X +∞
X
Sejam an e bn duas séries numéricas e α ∈ R.
n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
(a) Se as séries an e bn são convergentes, então (an + bn ) e α · an
n=1 n=1 n=1 n=1
também convergem.
+∞
X +∞
X +∞
X
(b) Se an e convergente e bn é divergente, a série (an + bn ) diverge.
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X
(c) Se an é divergente e β 6= 0, então a série β · an é também divergente.
n=1 n=1
Observação 1.3.
+∞
X +∞
X
Quando as séries an e bn são ambas divergentes, a Propriedade (1.4) não dá
n=1 n=1
+∞
X
informação a respeito da convergência da série (an + bn ).
n=1
Exemplo 1.10.
+∞ +∞ +∞
X 1 X −1 X 1 −1
• As séries e são ambas divergentes, entanto que a série +
n=1
n n=1 n n=1
n n
converge.
∞ +∞ +∞
X 1 3 X 1 X 3
• A série 2
+ n−1 é convergente, entanto as séries 2
e n−1
n=1
n +n 4 n=1
n + n n=1 4
são convergentes.
Existem casos onde a série têm seus termos decrescentes, então podemos utilizar a
seguinte propriedade.
9 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.6.
Dada uma série de termo geral an de modo que an ≥ an+1 para todo n ∈ N+ ; logo:
+∞
X +∞
X
A série an converge se e somente se, a série 2n · a2n também converge.
n=1 n=1
Exemplo 1.11.
+∞
X 1
Verificar que a série converge.
n=1
n2
Solução.
1 1 1
Tem-se que an = 2
> = an+1 , então podemos obter a2 n = .
n (n + 1)2 (2n )2
1 n
1 1 − 2
+∞ +∞ ∞ n +∞
X
n
X
n 1 X 2 X 1
Logo, 2 ·a = 2 · n 2 = = = lim · = 1.
2n
(2 ) 22n 2n n→+∞ 2 1
n=1 n=1 n=1 n=1 1−
2
+∞ +∞
X 1 X 1
Como a série n
converge, então a série 2
também converge.
n=1
2 n=1
n
+∞
X
Uma série an onde cada termo an é maior ou igual do que zero é denominada ;“série
n=1
de termos positivos”.
Propriedade 1.7.
+∞
X
+
Seja {an }∈N+ uma sequência com an ≥ 0 para todo n ∈ N . Então a série an
n=1
é convergente se, e somente se, a sequência de somas parciais {sn }∈N+ é limitada.
Exemplo 1.12.
+∞
X 1
A série é convergente.
n=1
n(n + 1)
1 1 1
Observe que = − para todo n ∈ N+ .
n(n + 1) n n+1
1 1 1 1 1
Como sn = + + +···+ , tem-se que sn = 1 − ≤ 1 para
1·2 2·3 3·4 n(n + 1) n+1
todo n ∈ N+ .
Sendo os termos positivos e a sequência de somas parciais {sn }∈N+ limitada, então a
10 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X 1
série é convergente.
n=1
n(n + 1)
Exemplo 1.13.
X 1 X 1
i) A série é “dominante” e a série p
, p > 2 é “dominada”
+
n +
n
n∈N n∈N
X√ X
ii) A série n é “dominante” e a série sen(n2 ) é “dominada”
n∈N+ n∈N+
Observação 1.4.
Para séries de termos positivos, os seguintes fatos são imediatos:
Estes fatos junto com a Propriedade (1.7) estabelecem o seguinte critério de conver-
gência conhecido como critério de comparação.
+∞
X +∞
X
i) Se a série bn converge e an ≤ bn ∀ n ∈ N+ , então a série an também
n=1 n=1
converge.
+∞
X +∞
X
+
ii) Se a série an diverge e an ≤ bn ∀ n ∈ N , então a série bn também
n=1 n=1
diverge.
11 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Como as afirmações i) e ii) são equivalentes, é suficiente demonstrar apenas uma delas.
A demonstração é exercı́cio para o leitor.
+∞
X
Observe, se an ≥ 0, ∀ n ∈ N+ ⇒ |an | = an , assim, a série é an é absoluta-
n=1
mente convergente. Para o caso de alguns termos an positivos e negativos, a convergência
e a convergência absoluta não é a mesma.
Exemplo 1.14.
Toda série convergente, cujos termos não mudam de sinal é absolutamente conver-
+∞
X
gente. Em particular quando −1 < r < 1, a série geométrica rn é absolutamente
n=1
convergente, pois |rn | = |r|n , com 0 ≤ |r| < 1.
Observação 1.5.
Os elementos de uma série absolutamente convergente, podem ser reordenados sem
afetar a convergência ou a soma da série.
1 1 1 1 1 1 1
Por exemplo a série 1− + − + − + − · · · converge absolutamente.
3 9 27 81 243 729 2187
1 1 1 1 1 1 1
O reordenamento 1 + + + + ··· − − − − − · · · também
9 81 729 3 27 243 2187
converge e tem a mesma soma que a original.
Propriedade 1.9.
+∞
X
Se a série an é absolutamente convergente, então ela é convergente e:
n=1
+∞ +∞
X X
an ≤ |an |
n=1 n=1
Exemplo 1.15.
+∞
X (−1)n
A série 2
é absolutamente convergente.
n=1
n
12 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(−1)n
1
Observe que n2 = n2 ,
∀ n ∈ N+ .
+∞ +∞
X 1 X (−1)n
Como 2
converge, segue-se que 2
é absolutamente convergente.
n=1
n n=1
n
Propriedade 1.10.
X+∞ +∞
X
Sejam an e bn séries absolutamente convergentes, então:
n=1 n=1
+∞
X
i) A série an bn é absolutamente convergente.
n=1
+∞ +∞
X +∞
X
P
ii) O produto cn das séries an e bn é absolutamente convergente, e:
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
cn = an an
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X
i) Se a série bn é absolutamente convergente, então a série an também é
n=1 n=1
absolutamente convergente.
+∞
X +∞
X
ii) Se a série an não é absolutamente convergente, então a série bn não é
n=1 n=1
absolutamente convergente.
Exemplo 1.16.
+∞
X sen n
A série n
é absolutamente convergente.
n=1
2
13 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
sen n +∞
1 +
X 1
É imediato que n ≤ n ∀ n ∈ N . Como a série é absolutamente
2 2 n=1
2n
∞
X sen n
convergente, pela Propriedade (1.11), a série é absolutamente convergente.
n=1
2n
Definição 1.4.
X∞ ∞
X
A série an é simplesmente convergente, se a série an for convergente e a
n=1 n=1
∞
X
série |an | for divergente.
n=1
Definição 1.5.
∞
X ∞
X
n+1
Uma série se diz alternada, se for da forma (−1) an ou (−1)n an com
n=1 n=1
an ≥ 0
Exemplo 1.17.
∞
X 1
A série (−1)n+1 é simplesmente convergente.
n=1
n
Propriedade 1.12.
∞
X ∞
X
Uma série alternada (−1)n+1 an é absolutamente convergente, se an for
n=1 n=1
convergente.
14 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∞
X
i) Se r < 1, a série an é absolutamente convergente.
n=1
∞
X
ii) Se r > 1, a série an diverge.
n=1
Exemplo 1.18.
∞
X pn
• A série é absolutamente convergente, para todo p ∈ R.
n=1
n!
Com efeito, se p = 0 é imediato.
pn
n+1
a n+1 p n! = |p| .
Sejam p 6= 0 e an = para n ∈ N+ , então: = · n
n! an (n + 1)! p n + 1
= lim |p| = 0.
an+1
Calculando o limite, r = lim
n→∞ an n→∞ n + 1
∞
X pn
Portanto a série é absolutamente convergente.
n=1
n!
∞
X sen(n!)
• A série é absolutamente convergente.
n=1
n!
∞ ∞
X sen(n!) X 1
Com efeito, n! ≤
n=1 n=1
n!
∞
X sen(n!)
Pelo critério de comparação (Propriedade (1.11), a série converge
n=1
n!
absolutamente.
∞
X
i) Se r < 1, a série an é absolutamente convergente.
n=1
∞
X
ii) Se r > 1, a série an diverge.
n=1
Exemplo 1.19.
15 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∞
n
X
Determine se a série 3−n−(−1) é convergente.
n=1
Solução.
√
n (−1)n 1
Usando o critério de Cauchy: lim 3−n−(−1)n = lim 3−1 · 3− n = < 1 concluı́-
n→∞ n→∞ 3
mos que a série é convergente.
Pelo critério de D’Alembert nada se pode concluir. Com efeito
(n+1)
(
3−(n+1)−(−1) −n−1−(−1)n+1 +n+(−1)n 3, se n par
=3 =
3−n−(−1)n 3−3 , se n ı́mpar
Exemplo 1.20.
∞
X
A série np an converge absolutamente se |a| < 1, e é divergente se |a| > 1.
n=1
p √ p
Com efeito, n
|np an | = ( n n)p |a| para n ∈ N+ , de onde lim n |np an | = |a|.
n→∞
Exemplo 1.21.
1
A função f (x) = atende às condições da propriedade no intervalo [1, +∞).
x3
De fato, nesse intervalo a função f (x) é claramente contı́nua e não negativa e como
−3
sua derivada f 0 (x) = 4 é negativa para todo x ≥ 1, então f (x) é decrescente.
x
Z+∞ ∞
1 X 1
A integral imprópria f (x)dx = é convergente, por conseguinte a série
2 n=1
n3
1
converge.
Observação 1.6.
16 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X se, 0 ≤ an ≤ bn se, 0 ≤ bn ≤ an
de comparação an
+∞ +∞
n=0
X X
(an , bn > 0) e bn < +∞ e bn ≮ ∞
n=0 n=0
+∞
X
+∞ +∞ resto:
da integral (f an Z Z +∞
Z
contı́nua, positiva n=0 f (x)dx < ∞ f (x)dx ≮ ∞ 0 < RN < f (x)dx
e decrescente) an = f (n) ≥ 0
1 1
N
+∞
an an X
lim =L>0 lim =L>0 an < +∞ caso
dos limites da +∞
X n→∞ bn n→∞ bn
n=1
comparação an +∞ +∞ +∞
X X X
(an , bn > 0) n=0 e bn < +∞ e bn ≮ +∞ L=0 e bn < +∞
n=0 n=0 n=0
+∞
X an+1
de Raabe an k>1 k<1 k = lim n 1 −
n=0
n→∞ an
+∞
an+1
lim <1
X an+1 inconclusivo se:
de D’Alembert’s an n→∞ an lim >1
an
n→∞ an+1
ou da razão n=0 absolutamente lim =1
n→+∞ an
+∞ p
X lim n |an | < 1
de Cauchy ou da an inconclusivo se:
p
n→∞ lim n
|an | > 1
n=0 n→∞ p
raiz absolutamente lim n |an | = 1
n→+∞
+∞
X
de Leibniz ou para (−1)n an 0 < an+1 ≤ an
n=0 Resto: |RN | ≤ aN +1
séries alternadas e lim an = 0
n→+∞
17 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.17.
Consideremos a função f : [1, +∞) −→ R contı́nua e suponhamos que f (x) seja
Z+∞
não negativa e monótona decrescente. Se a integral imprópria f (x)dx converge,
1
+∞
X Z+∞ +∞
X Z+∞
então a série f (n) converge, e: f (x)dx ≤ f (n) ≤ f (1) + f (x)dx.
n=1 1 n=1 1
+∞
X +∞
X
i) Se L > 0, então as séries an e bn são ambas convergentes ou ambas
n=1 n=1
divergentes.
+∞
X +∞
X
ii) Se L = 0 e bn converge, então an também converge.
n=1 n=1
+∞
X +∞
X
iii) Se L = ∞ e bn diverge, então an também diverge.
n=1 n=1
Exemplo 1.22.
+∞
X 1
Determine se a série converge ou diverge.
n=1
nn
Solução.
+∞
1 1 X 1
Seja an = n e consideremos bn = n ; sabe-se que a série geométrica n
é
n 2 n=1
2
1
convergente (r = < 1).
2
1 n
an nn 2n 2
Então, lim = lim = lim n = lim = 0.
n→+∞ bn n→+∞ 1 n→+∞ n n→+∞ n
2n
∞
X 1
Pela parte ii) da Propriedade (1.18) segue que a série n
é convergente.
n=1
n
18 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X cos(nx) cos x cos 2x cos 3x
= + + + ···
n=1
n2 1 4 9
x x2 x3
ex = 1 + + + + ···
1! 2! 3!
+∞
X
fn (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + f4 (x) + · · · (1.5)
n=1
Em tal situação {fi }i∈N será uma sequência de funções; para cada valor de x = x0
obteremos uma sequência {fi (x0 )}i∈N de números reais (ou complexos).
Para analisar tais funções tem-se que lembrar que cada soma
f1 (x), f1 (x) + f2 (x), f1 (x) + f2 (x) + f3 (x), f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + f4 (x) + · · ·
sn = f 1 + f 2 + f 3 + f 4 + · · · + f n
19 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
an x n = a0 + a1 x + a2 x 2 + a3 x 3 + a4 x 4 + · · · (1.6)
n=0
Pela sua forma, a igualdade (1.6) podemos imaginar como uma função polinômica de
variável x. As séries de potências de x são uma generalização da noção de polinômio.
Mais geralmente, em matemática, uma série de potências de (x − c), (de uma variável)
é uma série infinita da forma
+∞
X
an (x − c)n = a0 + a1 (x − c) + a2 (x − c)2 + a3 (x − c)3 + · · · (1.7)
n=0
20 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 1.7.
Chama-se domı́nio de convergência D(s) da série de potências (1.7) o conjunto dos
valores reais que, substituı́dos na série, originam uma série numérica convergente.
Exemplo 1.23.
+∞
X
O domı́nio de convergência da série xn = 1 + x + x2 + x3 + · · · é D(s) = (−1, 1)
n=0
O valor 0 (zero) pertence sempre ao domı́nio de convergência D(s) desta série, porém
+∞
X 1
para qualquer x ∈ (−1, 1) tem-se que xn define a função f (x) = . Esta é
n=0
1−x
chamada “série geométrica”, é um dos exemplos mais importantes de séries de potência.
A igualdade (1.7) permite imaginar que qualquer polinômio pode ser facilmente ex-
presso como uma série de potências em torno de um centro x = c, embora um ou mais
coeficientes sejam iguais a zero. Como mostra o exemplo a seguir.
Exemplo 1.24.
O polinômio p(x) = x2 + 2x + 3 pode ser escrito como a série de potência em torno
de c = 0 assim:
p(x) = 3 + 2x + 1 · x2 + 0x3 + 0x4 + · · ·
Exemplo 1.25.
São exemplos de série de potências.
+∞ n
X x x2 x3
• A fórmula da função exponencial: ex = =1+x+ + + ···
n=0
n! 2! 3!
+∞
X (−1)n x2n+1 x3 x5 x7
• A fórmula do seno: senx = =x− + − + ···
n=0
(2n + 1)! 3! 5! 7!
Exemplo 1.26.
+∞
X 2 k 1
Considere-se a série: (x − )k
k=0
3 2
+∞
X 2 k 1 +∞
k
X 1 k
Para x = 1 obtém-se: ( ) = é série convergente.
k=0
3 2 k=0
3
21 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ +∞
X 2 k 5 k X 5 k
Para x = 3 obtém-se: ( ) = é série divergente
k=0
3 2 k=0
3
Observação 1.7.
• Potências negativas não são permitidas em uma série de potências, por exemplo
1 + x−1 + x−2 + · · ·
não é considerada uma série de potência (embora seja uma série de Laurent).
• Similarmente, potências fracionais, tais como x1/2 , não são consideradas séries de
potências (veja série de Puiseux).
+∞
X
ak [ϕ(x)]k = a0 + a1 [ϕ(x)] + a2 [ϕ(x)]2 + a3 [ϕ(x)]3 + · · · + ak [ϕ(x)]k + · · ·
k=0
22 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(c − r, c + r) ou [c − r, c + r) ou (c − r, c + r] ou [c − r, c + r]
Em casos particulares r = +∞, logo a série (1.7) converge em todo R, para o caso
r = 0 a série de potências só converge em x = c.
O raio de convergência r pode ser encontrado utilizando na série dos módulos corres-
pondentes, o critério da razão ou outro critério utilizado na determinação da natureza de
uma série numérica.
Também é costume determinar o intervalo e o raio de convergência r da série de
+∞
X
potências ak (x − c)kn usando um dos seguintes procedimentos:
k=0
s
−1 p
ak+1
r = lim (1.9)
k→+∞ ak
3. Para o caso da série de potências (1.7) tiver coeficientes iguais a zero, e a sequência
dos x − c que ficaram é qualquer3 , então o raio de convergência podemos determinar
pela fórmula
1
r−1 = lim sup.|ak | k (1.10)
k→+∞
3
Isto é não forma uma P.G. como no caso anterior
23 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ou, equivalentemente,
1
r = lim inf.|ak |− k
k→+∞
Propriedade 1.19.
+∞
X
O raio de convergência r de uma série de potências ak (x − c)kn é dado por:
k=0
s
−1 n
ak+1
• r = lim desde que o limite exista ou seja zero.
k→+∞ ak
1
• r−1 = lim sup.|ak | kn desde que o limite exista ou seja zero.
k→+∞
Além disso,
3. Se r ∈ (0, +∞) então a série converge pelo menos para todos os valores de
x ∈ (c − r, c + r).
Exemplo 1.27.
+∞
X
a) A série xn tem raio de convergência r = 1.
n=1
24 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ n
X x
c) A série tem raio de convergência r = 1.
n=1
n2
Quando x = 1 ou x = −1 converge absolutamente.
Exemplo 1.28.
+∞
X
Determine o raio de convergência e o intervalo de convergência da k!xk .
k=0
Solução.
Tem-se:
−1
ak+1 (k + 1)!
r = lim
= lim = lim (k + 1) = +∞
k→+∞ ak k→+∞ k! k→+∞
de onde r = 0.
Como o raio de convergência é 0 (zero), a série dada converge apenas quando x = 0.
Exemplo 1.29.
+∞ k
X x
Calcular o raio de convergência e o intervalo de convergência da série .
k=0
k!
Solução.
Tem-se:
−1
ak+1 k! 1
r = lim = lim = lim =0
k→+∞ ak k→+∞ (k + 1)!
k→+∞ k + 1
de onde r = +∞.
O raio de convergência é r = +∞, logo a série converge quando x ∈ R.
Esta última série converge para todo x ∈ R, logo podemos definir uma função f :
R −→ R de modo que
+∞
x2 x3 xn X xk
f (x) = 1 + x + + + ··· + + ··· =
2! 3! n! k=0
k!
+∞
x2 x xn−1 X xk−1
f (x) = 1 + x + + + ··· + + ··· = = f 0 (x)
2! 3! (n − 1)! k=1
(k − 1)!
f 0 (x)
como f (x) 6= 0, podemos escrever = 1 para logo integrando obter Lnf (x) = x de
f (x)
onde f (x) = ex .
Assim, obtivemos uma série de potências para representar a função exponencial
+∞ k
x
X x
e =
k=0
k!
25 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 1.30.
+∞
X (x − 5)k
Encontre o raio de convergência e o intervalo de convergência da série .
k=0
k2
Solução.
Tem-se:
k2 k2
−1
ak+1
r = lim
= lim = lim =1
k→+∞ ak k→+∞ (k + 1)2 k→+∞ (k + 1)2
de onde r = 1.
Como o raio de convergência é r = 1 a série dada converge pelo menos para x tal que
|x − 5| < 1 isto é x ∈ (4, 6).
∞ +∞
X (4 − 5)k X (−1)k
Quando x = 4, a série = é apenas uma série absolutamente
k=0
k2 k=0
k2
convergente (justificar!) e por isso é convergente.
+∞ +∞
X (6 − 5)k X 1
Quando x = 6, a série 2
= 2
é uma série de Dirichlet5 com p = 2 e
k=0
k k=0
k
por isso é convergente.
Portanto, o intervalo de convergência é [4, 6].
Propriedade 1.20.
+∞
X
Se a série de potências ak xk converge quando x1 6= 0, então converge para todo
k=0
y tal que |y| < |x1 |.
Demonstração.
+∞
X
Tem-se que ak xk1 converge, logo lim ak xk1 = 0.
k→+∞
k=0
Aplicando a definição de limite ao infinito, tem-se que para = 1 > 0 existe M > 0
tal que |ak xk1 | < 1 sempre que k ≥ M
k
k
k k x1 k xk1 x1
Se y é tal que |y| < |x1 | então |ak y | = |ak y · k | = |ak y |·| k | < ∀k ≥ M .
y y y
+∞
P x1 k
+∞
y X
Como a série y converge, pois seu raio r = | x1 | < 1, e temos que
|ak y k | <
k=0 k=0
+∞ k
X x1 +∞
X
, pelo critério de comparação Propriedade (1.11) a série
y |ak y k | converge ab-
k=0 k=0
solutamente quando |y| < |x1 |.
5
Dirichlet 1805 − 1859 nasceu na Alemanha, foi educado na Alemanha e na França, onde foi aluno dos
mais renomados matemáticos da época. Sua primeira publicação foi sobre o “Último teorema de Fermat”
26 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
Portanto, se a série ak xk converge quando x1 6= 0, então converge para todo y tal
k=0
que |y| < |x1 |.
Propriedade 1.21.
+∞
X
Se a série de potências ak xk diverge quando x2 6= 0, então diverge para todo y
k=0
tal que |y| > |x2 |.
Demonstração.
+∞
X
Suponhamos que a série ak xk seja convergente, para algum x1 tal que |x2 | < |x1 |,
k=0
pela Propriedade (1.20) a série converge quando x2 . Isto é contradição !
+∞
X
Portanto, a série ak xk diverge para todo y tal que |y| > |x2 |
k=0
2. Existe um número r > 0 tal que a série converge absolutamente para todo x ∈ R
tal que |x − c| < r e diverge ∀ x ∈ R tal que |x − c| > r.
Logo o intervalo de convergência será um dos intervalos:
27 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 1.22.
+∞
X
Seja a série ak xk , então uma e somente uma das condições cumpre
k=0
Demonstração.
+∞
X
1. Se x = 0, então ak xk = a0 + 0 + 0 + 0 + · · · = a0 , a série converge.
k=0
2. Suponhamos que a série dada seja convergente para x = x1 , onde x1 6= 0, então a série
converge absolutamente para todo x tal que |x| < |x1 |.
Se não existe outro valor de x para o qual a série dada seja divergente, podemos
concluir que a série converge absolutamente para todo x
Esta propriedade nada afirma sobre a convergência da série nos extremos do intervalo
de convergência. O intervalo de convergência é o maior intervalo aberto em que a série é
convergente.
Exemplo 1.31.
Determine o raio de convergência de cada uma das seguintes séries:
+∞
X
1. (−1)k x2k .
k=0
∞
X x2k
2. k+1
.
k=0
5
6
Ver “Cálculo Diferencial em R ” do mesmo autor.
28 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X (x − 2)k
3. .
k=0
2k k 2
Solução.
√
Como |x2 | < 5, a série converge absolutamente se |x| < 5 = r.
√ √ √
Se x = ± 5 a série diverge, logo o intervalo de convergência é (− 5, 5).
Exemplo 1.32.
+∞ h
X n + 1 in
Determine o domı́nio de convergência da série (x − 2)2n .
n=1
2n + 1
Solução.
29 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
√ √
A série converge se |x − 2| < 2 um estudo nos extremos 2 ± 2 nos leva a estudar a
série
+∞ h +∞ +∞
X n + 1 in √ 2n X h n + 1 in n X 1
( 2) = 2 = [1 + ]n
n=1
2n + 1 n=1
2n + 1 n=1
2n + 1
1 √ √
Como lim [1 + ]n = e 6= 0 a série diverge. O mesmo acontece com x = − 2.
n→∞ 2n + 1 √ √
Portanto, o domı́nio de convergência é o intervalo (2 − 2, 2 + 2).
Exemplo 1.33.
+∞
X (x − 1)k(k+1)
Determine o domı́nio de convergência da série .
n=1
kk
Solução.
30 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 1-1
+∞
P 1
1. Mostre que a série p
converge sempre que p > 1 e diverge se 0 ≤ p ≤ 1.
n=1 n
4. Suponhamos temos uma série de termo geral an de modo que an ≥ an+1 para todo
+∞
X +∞
X
+
n ∈ N . Demonstre que a série an converge se, e somente se a série 2n · a2n
n=1 n=1
também converge.
+∞
Y +∞
X
5. Verificar que o produto infinito (1 + an ) com an > 0 converge sempre an
n=0 n=0
converge.
6. Demonstre que se {an }∈N+ é uma sequência com an ≥ 0 para todo n ∈ N+ , então a
+∞
X
série an é convergente se, e somente se a sequência de somas parciais {sn }∈N+ é
n=1
limitada.
+∞
X +∞
X
7. Sejam an e bn duas séries numéricas e α ∈ R. Mostre o seguinte:
n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
1. Se as séries an e bn são convergentes, então (an + bn ) e α · an
n=1 n=1 n=1 n=1
também convergem.
+∞
X +∞
X +∞
X
2. Se an e convergente e bn é divergente, a série (an + bn ) diverge.
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X
3. Se an é divergente e α 6= 0, então a série α · an é também divergente.
n=1 n=1
31 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X +∞
X
8. Critério de comparação: Sejam an e bn duas séries de termos positivos.
n=1 n=1
Demonstre o seguinte:
+∞
X +∞
X
+
1. Se a série bn converge e an ≤ bn ∀ n ∈ N , então a série an também
n=1 n=1
converge.
+∞
X +∞
X
+
2. Se a série an diverge e an ≤ bn ∀ n ∈ N , então a série bn também diverge.
n=1 n=1
+∞
X
9. Demonstre que, se a série an é absolutamente convergente, então ela é conver-
n=1
X+∞ X +∞
gente e: an ≤ |an |.
n=1 n=1
+∞
X +∞
X
10. Sejam an e bn séries absolutamente convergentes, demonstre o seguinte:
n=1 n=1
+∞
X
1. A série an bn é absolutamente convergente.
n=1
+∞ +∞
X +∞
X
P
2. O produto cn das séries an e bn é absolutamente convergente, e:
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
cn = an an
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X
11. Sejam an tais que bn duas séries e |an | ≤ K|bn |, ∀ n ∈ N+ , K > 0:
n=1 n=1
+∞
X +∞
X
1. Se a série bn é absolutamente convergente, então a série an também é
n=1 n=1
absolutamente convergente.
+∞
X +∞
X
2. Se a série an não é absolutamente convergente, então a série bn não é
n=1 n=1
absolutamente convergente.
+∞
X
12. Demonstre que uma série alternada (−1)n+1 an é absolutamente convergente,
n=1
+∞
X
se an for convergente.
n=1
32 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∞
(−1)n+1 an
P
13. Seja {an } uma sucessão decrescente que converge para zero. Então a série
n=1
é convergente.
+∞
X
14. Critério de Leibniz: Seja a série alternada S= (−1)n+1 an uma série de termos
n=1
alternados, com an ≥ 0, ∀n ∈ N. Demonstre que esta série converge se satisfaz as
condições:
1. {an }n∈N+ é decrescente. 2. lim an = 0.
n→+∞
+
an+1
6 0 para todo n ∈ N e suponhamos que lim
15. Critério D’Alembert’s: Seja an = =
n→+∞ an
r ∈ R. Demonstre o seguinte:
+∞
X
1. Se r < 1, a série an é absolutamente convergente.
n=1
+∞
X
2. Se r > 1, a série an diverge.
n=1
p
16. Critério de Cauchy: Suponhamos que lim n
|an | = r ∈ R. Demonstre o seguinte:
n→+∞
+∞
X
1. Se r < 1, a série an é absolutamente convergente.
n=1
+∞
X
2. Se r > 1, a série an diverge.
n=1
17. Consideremos a função f : [1, +∞) −→ R contı́nua e suponhamos que f (x) seja não
Z+∞
negativa e monótona decrescente. Demonstre que, se a integral f (x)dx converge,
1
+∞
X Z+∞ +∞
X Z+∞
então a série f (n) converge, e: f (x)dx ≤ f (n) ≤ f (1) + f (x)dx.
n=1 1 n=1 1
18. Consideremos a função f : [1, +∞) −→ R contı́nua e suponhamos que f seja não
negativa e monótona decrescente; isto é:
33 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X +∞
X
19. Critério de comparação no limite: Sejam an e bn duas séries de termos
n=1 n=1
an
positivos e seja L = lim .
n→+∞ bn
+∞
X +∞
X
1. Se L > 0, então as séries an e bn são ambas convergentes ou ambas
n=1 n=1
divergentes.
+∞
X +∞
X
2. Se L = 0 e bn converge, então an também converge.
n=1 n=1
+∞
X +∞
X
3. Se L = ∞ e bn diverge, então an também diverge.
n=1 n=1
+∞ +∞ +∞
X (x − 3)n X (n + 1)5 X n h x in
1. 2. x2n 3.
n=1
n · 5n n=0
2n + 1 n=1
n+1 2
+∞ 2n−1 +∞ n n +∞
X x X 2 x X (x + 2)n
4. (−1)n+1 5. 6.
n=1
(2n − 1)! n=1
n2 n=1
Ln(n + 1)
+∞ +∞ +∞
X Lnn X X 1
7. (x − 5)n 8. n! · xn 9.
n=1
n + 1 n=1 n=1
1 + x2n
+∞
P (n!)2 n
23. Determine o maior intervalo aberto em que a série x é convergente.
n=1 (2n)!
+∞
n
n+1
(x − 2)n
P
24. Determine a convergência da série
n=1 2n + 1
+∞
P x2
25. Mostre que a série 2 n
é convergente em R.
n=1 (1 + x )
34 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Considere-se uma nova sequência, obtida de uk , a qual designamos por Sn , de tal modo
que para cada n é a soma dos n + 1 primeiros termos de uk , onde k = 0 até n ∈ N, isto é,
n
X
Sn = ak
k=0
também
1 − an
deste modo Sn−1 + an = 1 + aSn−1 ⇒ Sn−1 = se a 6= 1, sabemos que
1−a
(
0 se |a| < 1
lim an =
n→+∞ ∞ se |a| ≥ 1
1
se |a| < 1
Assim, lim Sn−1 = 1−a .
n→+∞ ∞ se |a| ≥ 1
+∞
n−1
P k P k 1
Portanto, S = a = lim a = lim Sn−1 = se |a| < 1
k=0 n→+∞ k=0 n→+∞ 1−a
1
Logo desenvolvemos f (x) = em série de potências de x em torno de x = 0,
1−x
∞
P n
obtendo, para |x| < 1, a soma x .
n=0
+∞
1 X
= yn se |y| < 1 (1.11)
1−y n=0
35 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
1 X
g(x) = = (x − c)n se |x − c| < 1
1 − (x − c) n=0
+∞
1 X
= (−1)n xn se |x| < 1
1 + x n=0
logo
+∞ +∞
(−1)n
Z Z X
1 n n
X
dx = (−1) x dx ⇒ Ln(x + 1) = xn+1 + C se |x| < 1
1+x n=0 n=0
n+1
+∞
1 X
2
= (−1)n x2n se |x2 | < 1
1+x n=0
logo
+∞ +∞
(−1)n 2n+1
Z Z X
1 n 2n
X
dx = (−1) x dx ⇒ arctan x = x +C se |x2 | < 1
1 + x2 n=0 n=0
2n + 1
+∞
x
X 1 n
e = x (1.12)
n=0
n!
que faz sentido para todo número x real, ou melhor, como a série (1.12) em questão
converge para todo número real x então define um função de domı́nio R. A essa função
de x chamamos “função exponencial de x”.
an+1
Lembrar que graças à Propriedade (1.14), se existe o limite lim = |r| < 1
n→+∞ an
36 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ +∞ +∞
ix
X 1 n
X 1 2n
X 1
e = (xi) = (xi) + (xi)2n+1 ⇒
n=0
n! n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
+∞ +∞
ix
X (−1)n 2n
X (−1)n i 2n+1
e = x + x
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
+∞ +∞
X (−1)n 2n
X (−1)n
cos x = ·x e senx = · x2n+1 (1.13)
n=0
(2n)! n=0
(2n + 1)!
+∞ +∞ n
X
n 1 X x
x = , |x| < 1 e = ex
n=0
1−x n=0
n!
Exemplo 1.34.
1 2
Calcular o limite L = lim 2 − cot x .
x→0 x
Solução.
1 (senx − x cos x)(senx + x cos x)
Tem-se 2
− cot2 x = .
x x2 sen2 x
P (−1)n
+∞ P (−1)n 2n
+∞
Por outro lado senx − x cos x = · x2n+1 − x · · x , isto é
n=0 (2n + 1)! n=0 (2n)!
37 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ +∞
−2n · (−1)n
X 1 1 2n+1 n
X
senx − x cos x = − ·x (−1) = · x2n+1
n=0
(2n + 1)! (2n)! n=0
(2n + 1)!
também
+∞ +∞
2(n + 1) · (−1)n
X 1 1 2n+1 n
X
senx + x cos x = + ·x (−1) = · x2n+1
n=0
(2n + 1)! (2n)! n=0
(2n + 1)!
Logo
Exemplo 1.35.
2ex − 2 − 2x − x2
Calcular o limite L = lim .
x→0 x − senx
Solução.
2x3 2x4 2 2x
+ + ··· + + ···
L= lim 3!3 4!
x5
= lim 3! 4!
x2
=2
x→0 x − + ··· x→0 1 − + ···
3! 5! 3! 5!
2ex − 2 − 2x − x2
Portanto, L = lim = 2.
x→0 x − senx
+∞
X
f (x) = an x n (1.14)
n=0
38 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
uma série de potências de x−c, com raio r > 0, é indefinidamente derivável em (c−r, c+r)
e as suas derivadas podem ser calculadas derivando a série termo a termo.
Propriedade 1.23.
Dada uma série de potências como em (1.14) cujo raio de convergência é r 6= 0,
+∞
X
0
então sua função derivada é definida por f (x) = nan xn−1 em cada número x
n=1
do intervalo aberto (−r, r).
Propriedade 1.24.
+∞
X
Dada uma série de potências f (x) = an xn cujo raio de convergência é r 6= 0,
n=0
então para |x| < r tem-se:
Zx +∞ Z x +∞
X X an n+1
f (t)dt = an tn dt = x
n=0 0 n=0
n + 1
0
Demonstração.
+∞ +∞
X
n
X an n+1
Sejam f (x) = an x e g(x) = x então pela Propriedade (1.23) g(t)
n=0 n=0
n + 1
tem o mesmo raio de convergência de f (t) e g 0 (x) = f (x). Como g(0) = 0, pelo teorema
fundamental do cálculo integral segue que
Zx
f (t)dt = g(x)
0
39 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 1.36.
1
Obter uma representação em série de potências para .
(x − 1)2
Solução.
1
= 1 + x + x2 + x3 + · · · + xn + · · · , se |x| < 1 ⇒
1−x
1
= 1 + 2x + 3x2 + 4x3 + · · · + nxn−1 + · · · , se |x| < 1
(1 − x)2
+∞
1 X
Portanto, = nxn−1 .
(x − 1)2 n=1
Exemplo 1.37.
+∞ n
X x
Verificar que ex = .
n=0
n!
Solução.
Teorema 1.2.
+∞
X
Seja a série an (x − c)n com raio de convergência r, isto é, a série converge
n=0
+∞
X
no intervalo aberto (a − r, a + r). Então, definindo f (x) = an (x − c)n tem-se
n=0
que:
+∞ +∞
an (x − c)n+1
Z X X
n
3. Existe h(x) tal que h(x) = an (x − c) dx =
n=0 n=0
n+1
40 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 1.38.
Determine uma representação em séries de potências para o arctan x
Solução.
1
Sabe-se que = 1 + y + y 2 + y 3 + · · · + y n quando |y| < 1. Considerar y = −t2 ,
1−y
logo
Zx Zx
1
dt = (1 − t2 + t4 − t6 + · · · + (−t)n + · · · )dt, | − x2 | < 1
1 + t2
0 0
x3 x5 x7 x9 x11
arctan x = x − + − + − + ··· , |x| < 1
3 5 7 9 11
Propriedade 1.25.
+∞ +∞
an xn e g(x) = bn xn convergentes em |x| < r. Ao se realizar
P P
Sejam f (x) =
n=0 n=0
Exemplo 1.39.
+∞
X
Multiplicar a série geométrica xn com o desenvolvimento em série de g(x) =
n=0
1 1
para obter uma série de potências de
1−x (1 − x)2
Solução.
+∞
X 1
Sabe-se que xn = sempre que |x| < 1, e sejam
n=0
1−x
+∞
X
f (x) = an x n = 1 + x + x 2 + x 3 = · · · + x n + · · · ; |x| < 1, an = 1, ∀ n ∈ N
n=0
+∞
X
g(x) = bn x n = 1 + x + x 2 + x 3 = · · · + x n + · · · ; |x| < 1, bn = 1, ∀ n ∈ N
n=0
41 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
cn xn onde
P
logo f (x) · g(x) =
n=0
+∞ +∞
X
n
X 1
f (x) · g(x) = cn x = (n + 1)xn = , |x| < 1
n=0 n=0
(1 − x)2
Exemplo 1.40.
Determine uma série de potências para earctan x .
Solução.
y2 y3 y4
Sabe-se que ey = 1 + y + + + + · · · . De onde
2! 3! 4!
x3 x5 x3 x5
x 3
x 5 (x − + − · · · )2 (x − + − · · · )3
= 1 + (x − + − ···) + 3 5 + 3 5 + ···
3 5 2! 3!
logo
x2 x3 7x4
earctan x = 1 + x + − − + ···
2 6 24
n
!
X n
(x + y)n = xk y n−k
k=0
k
Portanto, a série (1.15) converge absolutamente quando |x| < 1 diverge nos outros
casos.
∞
X α(α − 1)(α − 2) · · · (α − k + 1) k
Formalmente, suponhamos que g(x) = x .
k=0
k!
Derivando termo a termo obtém-se
assim
g 0 (x) α
g 0 (x) + xg 0 (x) = αg(x) ⇒ = ⇒ Ln g(x) = LnC(1 + x)α
g(x) 1+x
de onde, g(x) = C(1 + x)α como g(0) = 1 segue que C = 1 e assim g(x) = (1 + x)α com
isto obtemos a representação
ii) Se α > 0 , α ∈
/ Z a série converge absolutamente em [−1, 1].
Exemplo 1.41.
√
Determine uma aproximação para 1, 2.
Solução.
√ 1
Consideremos a função f (x) = 1 + x, aplicando a série binomial tem-se que α = ,
2
x = 0, 2 ∈ (−1, 1), logo
Com muita frequência a série de Taylor é utilizada no Cálculo Numérico e tem parti-
cipação importante na solução de equações algébricas e transcendentes, na interpolação
na integração, na diferenciação e na solução de equações diferenciais.
Em muitos problemas de Fı́sica desejamos uma solução exata de uma função, mas,
às vezes, nos deparamos com funções com soluções aproximadas. Com tais aproximações
podemos extrair o significado fı́sico de alguns problemas. A série de Brook Taylor nos dá
uma solução aproximada de uma função, além de nos permitir estimar o erro associado.
Uma função definida por série de potências possui derivada de todas as ordens, que
podem-se obter derivando a série de potências termo a termo de acordo com a Propriedade
(1.4).
+∞
X
Se f (x) = an (x − c)n tem como domı́nio um intervalo aberto que contêm x = c,
n=0
então
+∞ +∞
df X d2 f X
= f 0 (x) = nan (x − c)n−1 , = f 00
(x) = n(n − 1)an (x − c)n−2
dx n=1
dx2 n=2
+∞
dn f (n)
X
Em geral = f (x) = k(k − 1) · · · (k − n + 1)ak (x − c)n−k
dxn k=n
A função f e suas derivadas têm todas o mesmo raio convergência de acordo com a
Propriedade (1.24) ao calcular a função e suas derivadas no ponto x = c obteremos:
Propriedade 1.26.
Se f tiver uma representação (expansão) em séries de potências em x = c
+∞
X
f (x) = an (x − c)n |x − c| < r (1.16)
n=0
f (n) (c)
então seus coeficientes são dados pela fórmula an =
n!
f (n) (c)
Assim, an = , para cada número natural n a série de potências (1.16) associada
n!
44 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
isto é
+∞ (n)
X f (c)
f (x) = (x − c)n
n=0
n!
O emprego desta última série, evidentemente limitada para os casos em que esta é
convergente será de muita utilidade. Pela teoria de das séries de potências, esta série é
convergente para valores de que satisfazem a desigualdade |x − c| < r.
Na última igualdade, pondo x = x0 + h, substituindo c por x0 temos
+∞ (n)
X f (x0 )
f (x0 + h) = hn
n=0
n!
Exemplo 1.42.
Desenvolver cos x em série de potências de h quando x se desloca de x0 para x0 + h.
Solução.
Observe que f (x) = cos x, logo f (x0 + h) = cos(x0 + h), derivando no ponto x0 , tem-se
De onde
h h2
cos(x0 + h) = −senx0 − cos x0 + senx0 + · · ·
1 2!
+∞ (n)
X f (c)
f (x) = (x − c)n (1.17)
n=0
n!
isto é
45 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A série de potências associada à função f dada por (1.17) também é chamada de “Série
de Taylor em torno de x = c”.
Assim, uma função pode ser representada por mais de uma série de potências em x−c.
A questão da existência de uma série de Taylor persiste quando a pergunta é:
Uma função f , pode ser representada por meio de uma série de Taylor ?
A constante c é o centro da série que pode ser encarada como uma função real ou
complexa.
Estas séries devem o seu nome a Brook Taylor que as estudou no trabalho “Methodus
incrementorum directa et inversa” em 1715. Condorcet7 atribuı́a estas séries a Taylor e
d’Alembert e o nome série de Taylor só começou a ser usado em 1786, por l’Huillier.
Na Fı́sica, com frequência é usada a notação
+∞ (n) +∞
X f (c) n
X 1 dk f (n)
f (x) = (x − c) ou f (x) = · n
(x − c)n
n=0
n! n=0
n! dx x=c
Exemplo 1.43.
Desenvolver a função f (x) = Lnx na vizinhança de x = 1 e determinar o raio de
convergência da série obtida.
Solução.
(n) (−1)n+1 (n − 1)!
Se f (x) = Lnx, então f (x) = .
xn
(−1)n+1 n!
Observe que f (1) = 0 e f (n) (1) = (−1)n+1 (n − 1)! = .
n
+∞ (−1)n+1
(x − 1)n .
P
Assim, f (x) = Lnx = 0 +
n=1 n
(−1)n+2 n
−1
O raio de convergência da série é r = lim =1
n→+∞ (−1)n+1 (n + 1)
Exemplo 1.44.
√
Expressar a função f (x) = 3 x como uma série de Taylor em torno de c = 8 .
Solução.
7
Antoine Nicolas de Caritat Condorcet 1743−1794 um dos lı́deres ideológicos da revolução, matemático
e filósofo. Foi um dos últimos iluministas, o grupo de pensadores franceses que acreditava, acima de tudo,
no poder do conhecimento. A origem do termo iluminismo se refere justamente às “luzes” da razão que
tirariam o homem dos domı́nios da superstição e da ignorância
46 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
√ 1 (1)(2) −5/3
Sabe-se que f (x) = 3
x, f 0 (x) = x−2/3 , f 00 (x) = − x ,
3 32
1 1 5
√ − 144
Logo f (x) = 3
x=2+ 12
(x − 8)2 + 3456 (x − 8)3 + · · ·
(x − 8) +
1! 2! 3!
+∞
" n #
√ 1 X
n+1 2 Y
f (x) = 3 x = 2 + (x − 8) + (−1) n
(3k − 4) (x − 8)n
12 n=2
n! · 24 k=2
47 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
isto é
√ 1 2 10 −8/3
f (x) = 3
x, f 0 (x) = x−2/3 , f 00 (x) = − x−5/3 , f 000 (x) = x
3 9 27
1 1 5
Quando x = 8 tem-se f (8) = 2, f 0 (8) = , f 00 (8) = − , f 000 (8) = . Logo
12 144 3456
1 1 5
√ − 144 2
T3 (x) = 3 12
x = 2 + (x − 8) + (x − 8) + 3456
(x − 8)3
1! 2! 3!
1 1 5
T3 (x) = 2 + (x − 8) − (x − 8)2 + (x − 8)3
12 288 20736
Exemplo 1.46.
Determine a série de MacLaurin para a função f (x) = ex .
Solução.
Se f (x) = ex , então f (n) (x) = ex , assim f (n) (0) = 1 e a série de MacLaurin é da forma
+∞
x x2 x3 xn X xn
e =1+x+ + + ··· + + ··· =
2! 3! n! n=0
n!
48 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Figura 1.1: Aproximações para f (x) = ex Figura 1.2: Aproximações para f (x) = senx
Exemplo 1.47.
Determine a série de MacLaurin para a função f (x) = senx.
Solução.
Se f (x) = senx, então f (0) = 0. Por outro lado, para todo j ∈ Z+ tem-se:
cos x se n = 4j + 1
1 se n = 4j + 1
−senx
se n = 4j + 2 0 se n = 4j + 2
f (n) (x) = ⇒ f (n) (0) =
− cos x se n = 4j + 3
−1 se n = 4j + 3
senx
se n = 4j 0 se n = 4j
logo
+∞
x3 x5 x7 (−1)k x2n+1 X (−1)k x2k+1
senx = x − + − + ··· + + ··· =
3! 5! 7! (2n + 1)! k=0
(2k + 1)!
A Figura (4.5) mostra a função f (x) = senx e suas aproximações mediante os polinô-
mios de Taylor até a terceira ordem três, isto é T3 (x).
O fato de uma função possuir derivada de todas as ordens em algum ponto x = c não
garante que tem representação em série de Taylor naquele ponto o exemplo clássico desta
patologia é a função definida por:
1
(
e− x2 se x > 0
f (x) =
0 se x ≤ 0
49 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observe a derivada
2
0 f (x) − f (0) e−1/x
f (0) = lim = lim
x→0 x−0 x→0 x
(−1/x2 ) x
f 0 (0) = lim 2 = lim 1 = 0
x→0 (−2/x3 )e1/x x→0
2e x2
+∞ (n)
X f (0)
(x − 0)n = 0 + 0x + 0x2 + 0x3 + · · · 6= f (x)
n=0
n!
Isto nos indica que se exige de uma condição adicional como por exemplo lim Rn (x) =
x→0
0 para garantir a existência da série de Taylor.
3a pergunta: Qual a relação entre esta a série de Taylor e a função f que usamos para
calcular os coeficientes da série?
Na seção anterior procurou-se mostrar entre outros assuntos que, funções transcenden-
tes (no caso, exponencial, seno, cosseno, logaritmo e arco de tangente) podem ser expressas
como séries de potências (pelo menos em parte do seu domı́nio) e que as séries de potên-
cias são diferenciáveis e integráveis termo a termo evidenciando assim a importância de
poder exprimir uma função à custa de uma série de potências.
Exemplo 1.48.
Determine o intervalo de convergência da função f (x) = Lnx em potências de x − 1.
Solução.
1 1 2! 3!
f 0 (x) = , f 00 (x) = − 2 , f 000 (x) = 3 , f iv (x) = − 4
x x x x
em geral
(n − 1)!
f (n) (x) = (−1)n−1
xn
de onde f (n) (1) = (−1)n−1 (n − 1)!.
A série de Taylor para Lnx é da forma
∞
(x − 1)2 (x − 1)3 X (−1)k−1 (x − 1)k
Lnx = (x − 1) − + + ··· =
2 3 k=1
k
50 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
−1
an+1 1 n
Para determinar o raio de convergência: r = lim = lim · = 1.
n→∞ an n→∞ (n + 1) 1
A série converge se |x − 1| < 1 e diverge se |x − 1| > 1. Quando |x − 1| = 1, para
x = 0 diverge, para x = 2 converge.
Portanto, a série converge no intervalo (0, 2].
Exemplo 1.49.
∞
X (−1)k x2k
Dada a função de Bessel de ordem zero J0 (x) = , determine seu domı́-
k=0
22k (k!)2
nio de convergência.
Solução.
Tem-se que
A Figura (1.3) mostra as aproximações para a função de Bessel, a Figura (1.4) mostra
o gráfico da função de Bessel.
Exemplo 1.50.
Seja q ∈ Q+ algum número, determine o intervalo de convergência da função g(x) =
(1 + x)q em potências de x.
Solução.
51 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
portanto, a série de MacLaurin desta função chamada “série binomial” é dada por
q(q − 1)(q − 2) · · · (q − k − 1)
onde Ck = .
k!
Quando q seja um inteiro não negativo então a série binomial converge.
Para determinar o raio de convergência:
= lim a − n = 1
an+1 Cn+1
lim = lim
n→∞ an n→∞ Cn n→∞ n + 1
Observe que para o caso da função h(x) = (b + x)q podemos fatorar o número b para
√
obter (1 + x)q . Assim por exemplo podemos determinar a série binomial para 9 + x =
√ x
3 1 + y substituindo y por .
3
Retomando o assunto em discussão, serı́a desejável que a série de Taylor convergisse
para a função que lhe deu origem, pelo menos em alguma vizinhança de x = c.
52 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 1-2
∞ an+1
xn+1 ; com a ∈ R+ :
P
1. Considere a série de potências
n=0 n + 1
2. Considere a série numérica que se obtém fazendo x = −3. Justifique que existe
um único valor de a para o qual a série numérica correspondente é simplesmente
convergente e determine-o.
∞
X
2. Demonstre que o raio de convergência r de uma série de potências ak (x − c)kn
k=0
é dado por:
s
−1 n
ak+1
• r = lim desde que o limite exista ou seja zero.
k→∞ ak
1
• r−1 = lim sup.|ak | kn desde que o limite exista ou seja zero.
k→∞
Além disso,
3. Se r ∈ (0, +∞) então a série converge pelo menos para todos os valores de
x ∈ (c − r, c + r).
∞
X xk+3
3. Considere a série de potências
k=1
k+3
53 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ +∞ +∞
X xn X 2n xn X
1. √ 2. 3. [2 + (−1)n ]2n (x + 1)n
n=1
2n + n n=1
1 + 2n n=1
+∞ +∞ ∞
X (x − 3)n X (x − 1)n X (−1)n (n + 1)!
4. √ 5. 6. xn+1
n=1
n n=1
1 + n2 n=1
2 × 4 × 6 × · · · × (2n)
+∞ +∞ +∞
X (x + 5)n X (x + 3) 2n X (−1)n
7. 8. 9. (x − 1)n
n=1
5n+1 n=1
(n + 1)4n n=1
(2n + 1)!
+∞ +∞ +∞
X (3x − 1)n X nx X cos nx
10. 11. 12.
n=1
32n n=1
enx n=1
enx
5. Determine uma série de potências de x + 1 para a função f (x) = e2x , e uma série
de potências de x − 1 para a função g(x) = Lnx.
x4
6. Desenvolver em séries de potências de x2 a fração f (x) = .
x4 + x2 − 2
x+2
7. Desenvolver em séries de potências de x a fração f (x) = .
x2 +x+1
8. Desenvolva em série de potências de x as seguintes funções:
1 1
1. f (x) = 2. f (x) = 3. f (x) = arctan x
(1 + x)2 (x − 1)(x − 2)
r
1−x 1 2x
4. f (x) = Ln 5. f (x) = 6. f (x) =
1+x (1 − x)2 (1 − 2x)2
1
9. Seja f (x) = .
1−x
1. Desenvolva em série de potências de x a função x · f 0 (x), indicando o respectivo
intervalo de convergência.
+∞
X k
2. Utilize o desenvolvimento obtido em 1. para mostrar que k
= 2.
k=1
2
54 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X (−1)k
12. Determine o domı́nio de convergência da série de potências k (k + 2)
(x + 2)k
k=1
5
+∞ k k
(1 − x)k
P
13. Considere a série de potências .
k=1 k+1
1. Determine o maior subconjunto de R para o qual a série é convergente e indique
se existem pontos para os quais a série é simplesmente convergente.
+∞
X k
2. Sendo f (x) = (1 − x)k no intervalo de convergência desta série, deter-
k=1
k + 1
mine f 0 (x).
+∞
X (x + 3)k
14. Considere a série de potências .
k=1
2k + 1
1
1. f (x) = , a=0 2. f (x) = senhx, a=0
(x − 2)(x − 3)
3. f (x) = sen2 x, a=0 4. f (x) = senx cos x, a=0
5. f (x) = Lnx, a=1 6. f (x) = cos x, a = π/3
+∞
X (x + 1)k
18. Considere a série de potências √
k=1
k · 3k
1. Determine em que pontos a série converge absolutamente e em que pontos con-
verge simplesmente.
2 Sendo f (x) a função definida por aquela série nos pontos onde é convergente,
calcule f 0 (1); f 00 (1) e escreva a série de Taylor de f no ponto x = 1 da função
x + f 0 (x)
55 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∞
X 1
19. Considere a série de potências (−1)k (1 − )k xk .
k=1
k
+∞ +∞
X
n x X x2 + x
1. nx = 2. n 2 xn =
n=1
(1 − x)2 n=1r
(1 − x)3
+∞ +∞
X x3 + 4x2 + x 1 + x X x2n+1
3. n 3 xn = 4. Ln =
n=1
(1 − x)4 1 − x n=1 2n + 1
23. Encontre uma expansão em série de potências de x para x2 e−x , logo derive este
P (−1)n (n + 2)2n
+∞
resultado para provar que = 8.
n=2 n!
24. Determine as constantes a0 , a1 , a2 , a3 e a4 de modo que:
1
25. Desenvolver em série de MacLaurin a função f (x) = Ln e indique o maior
x+2
intervalo aberto em que esse desenvolvimento é válido.
1 1
1. 2. cosh x 3.
senhx (x + 1)(x − 1)
Zx
4. Ln(1 + x) 5. sen(x2 − 1) 6. sen(t2 − 1) cos(2t2 + 1)dt
0
Determine o conjunto dos números reais tais que a soma das respectivas séries de
Mac-Laurin que encontrou, coincidem com o valor das funções que representam.
56 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Logo, uma função f que pode ser representada por uma série de potências podemos
dizer que é uma função analı́tica. Assim, e sabendo que uma série de potências pode
ser diferenciada termo a termo no interior do seu intervalo de convergência, os ak são as
n-ésimas derivadas de f em x = c multiplicadas por n!, e esta representação em séries de
potências para uma função analı́tica é única.
Portanto, funções analı́ticas num ponto x = c são indefinidamente diferenciáveis em
x = c.
Exemplo 1.51.
1
A função f (x) = é analı́tica no ponto x = 0.
1−x
O questionamento feito acima pode agora reformular-se da seguinte maneira:
A resposta é não!
Nem todas as funções que são indefinidamente diferenciáveis são analı́ticas, como mos-
trado na seção anterior para a função
1
(
e− x2 se x 6= 0
f (x) =
0 se x = 0
+∞
X +∞
X
n
0·x = 0=0
n=0 n=0
57 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
a série converge para todo x ∈ R, porém converge para f (x) somente quando x = 0.
Assim, f (x) não podemos escrever como uma série de potências para todo x no seu
domı́nio. Isto é, f (x) só é nula em x = 0, onde a série de MacLaurin de f não converge
para a função em nenhuma vizinhança de x = 0.
Definição 1.14.
Diz-se que f é desenvolvı́vel em série de Taylor num ponto x = c se f é a soma da
sua série de Taylor em alguma vizinhança de x = c.
∀ k ≥ 0, ∀ x ∈ (c − ρ, c + ρ) |f (k) (c)| ≤ M
Nota: Para aplicar este teorema temos que majorar f e todas as suas derivadas, no
intervalo (c − ρ, c + ρ), pela mesma constante.
A demonstração do teorema é exercı́cio para o leitor.
Exemplo 1.52.
As funções (indefinidamente diferenciáveis) senx e cos x são tais que as suas derivadas
são sempre um das seguintes funções: senx, cos x, −senx ou − cos x.
Os módulos de tais funções, |senx| e | cos x|, são limitados por 1, qualquer que seja
x∈R
Exemplo 1.53.
58 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
q
Determine a série Taylor da função f (x) = Ln 1+x 1−x
, centrada em x0 = 0, calculando
sua região de convergência e explicar onde a série e a função coincidem.
Solução.
r
1+x 1 1+x 1 1
Tem-se f (x) = Ln = Ln = Ln(1 + x) − Ln(1 − x)
1−x 2 1−x 2 2
Derivando:
1 1 1 1 1
f 0 (x) = · + · =
2 1+x 2 1−x 1 − x2
logo,
r Zx Zx
1+x 1
f (x) = Ln = dt = (1 + t2 + t4 + t6 + · · · )dt
1−x 1 − t2
0 0
1
Pelo fato ser a soma de uma série geométrica de razão t2 convergente sempre
1 − x2
que t2 ∈ (−1, 1), podemos integrar nesse intervalo para obter:
r +∞
1+x x3 x5 x7 X x2n−1
f (x) = Ln =x+ + + + ··· =
1−x 3 5 7 n=1
2n − 1
Observe que
x2n+1
2n − 1
lim 2n+1
2n−1 = x2 lim n → −∞ = x2 < 1 ⇒ −1 < x < 1
n→+∞ x 2n + 1
2n−1
+∞
X 1
Se x = 1, obtém-se a série numérica , que é divergente (comparar com a
n=1
2n − 1
+∞
X 1
série harmônica
n=1
n
+∞
X 1
Se x = −1, obtém-se a série numérica − , que também é divergente.
n=1
2n − 1
Em resumo, a série obtida é convergente ∀ x ∈ (−1, 1).
A soma da série e a função coincidem no interior do intervalo de convergência preci-
samente onde podemos integrar termo a termo.
Propriedade 1.27.
+∞ (k)
X f (x)
Se uma função f é a soma de uma série de potências (x − c)k , em uma
k=0
k!
vizinhança de um ponto x = c, esta série coincide com a série de Taylor de f em
f (n) (c)
x = c. Isto é, para qualquer n > 0, tem-se an = .
n!
59 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Assim concluı́mos que uma função f é analı́tica num ponto x = c se e só se, é possı́vel
desenvolver em série de Taylor no ponto x = c.
Esta Propriedade (1.27) permite garantir que se uma série é a série de Taylor de
uma função num ponto então a função é soma dessa série. Mostra=se isto recorrendo a
desenvolvimentos conhecidos e/ou aos resultados sobre derivação e integração de séries de
potências.
Uma pergunta natural é:
Rn (x)
lim =0
x→c (x − c)n
60 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zx x
f (n+1) (t)dt = f (n) (t) = f (n) (x) − f (n) (a)
a
a
Zx Zx Zx
(n+1) 2
f (t)(dt) = [f (n) (x) − f (n) (a)]dt = f (n−1) (x) − f (n−1) (a) − f (n) (a)(x − a)
a a a
Zx Zx Zx
(x − a)2
f (n+1) (t)(dt)3 = f (n−2) (x) − f (n−2) (a) − f (n−1) (a)(x − a) − f (n) (a)
2
a a a
Zx Zx
(x − a)2 (x − a)n
··· f (n+1) (t)(dt)n+1 = f (x)−f (a)−f 0 (a)(x−a)−f 00 (a) −· · ·−f (n) (a)
2 n!
a a
Zx Zx
(x − a)2
0 (x − a)n
00
f (x) = f (a)+f (a)(x−a)+f (a) +· · ·+f (n) (a) + ··· f (n+1) (t)(dt)n+1
2 n!
a a
comparando com a igualdade (1.20) vem que o erro cometido quando se considera apenas
os n + 1 primeiros termos da série é
Zx Zx
Rn (x) = ··· f (n+1) (t)(dt)n+1
a a
isto conduz
(x − a)n+1 (x − a)n+1
m1 · ≤ Rn (x) ≤ m2 ·
(n + 1)! (n + 1)!
61 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
f (n+1) (ξ)
Rn (x) = (x − a)n+1 (1.21)
(n + 1)!
Esta última identidade é conhecida como “Fórmula de Lagrange”. Não sendo ξ co-
nhecido explicitamente, o emprego desta fórmula fica limitado a estimativa do valor mais
desfavorável do erro de truncamento
M
|Rn (x)| ≤ (x − a)n+1 (1.22)
(n + 1)!
Observação 1.9.
i) O erro cometido ao aproximar f (x) pelo polinômio de Taylor Tn (x) é inferior a |Rn (x)|
da desigualdade (1.22)
Sem considerarmos o termo f (n+1) (a+th), que muitas vezes não varia substancialmente
com h e n , a igualdade (1.23) nos mostra que quanto menor |h| e quanto maior n, menor
será o valor de |Rn (h)|.
Logo verifica-se a seguinte propriedade.
Exemplo 1.54.
62 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Para o exemplo (1.48) determine Ln 0, 8 para |θ| < 0, 01, onde θ é o erro absoluto.
Solução.
(n − 1)!
Calculamos no Exemplo (1.48) que f (n) (x) = (−1)n−1 , então f (n+1) (x) =
xn
(n)!
(−1)n , assim na igualdade (1.24)
x
hn+1 (−1)n · n!
Rn (h) = × onde. 0 < t < 1
(n + 1)! (1 + h)n+1
resulta, por tentativas, que n ≥ 2. Portanto, vem da série obtida no exemplo (1.38) que
(−0, 2)2
Ln 0, 8 = 0 + (−0, 2) + com erro |θ| < 0, 01
2!
A condição de que uma função que seja indefinidamente diferenciável num certo inter-
valo seja analı́tica é, evidentemente, que o resto da fórmula de MacLaurin para todo valor
fixo de x no intervalo tenda a zero quando n → +∞, isto é, sendo a série convergente
lim Rn (x) = 0.
n→+∞
Exemplo 1.55.
x2 x3 xn
1. ex = 1 + x + + + · · · + eθx (0 < xθ < 1)
2! 3! n!
x x2 x5 x 7 xn π
2. senx = − + − + · · · + sen(θx + n ) (0 < θ < 1)
1! 3! 5! 7! n! 2
x2 x4 x6 xn π
3. cos x = 1 − + − + ··· + cos(θx + n ) (0 < θ < 1)
2! 4! 6! n! 2
Considerando o resto, nos três casos podemos observar que estes restos tendem para
zero para qualquer valor fixo de x ∈ R. As três funções são por tanto analı́ticas em
R e as séries infinitas que se obtém das fórmulas acima quando n → +∞ são seus
desenvolvimentos em série.
63 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
hk (b − c)n+1−k (n+1)
Rn (c) = f (c); k∈N (1.25)
n!
Demonstração.
Quando x = a tem-se que, φ(a) = Ahk e φ(b) = f (b) − Tn (h) = Ahk e cumpre as
condições do Teorema de Rolle no intervalo (a, b). Logo existe um c ∈ (a, b) tal que
φ0 (c) = 0, isto é
φ0 (c) = ϕ0 (c) − kA(b − c)k−1 = 0
(b − c)n (n+1) (b − c)n+1−k (n+1)
então f (c) − kA(b − c)k−1 = 0 ⇒ A= f (c).
n! n! · k
Logo, das igualdades (1.25) e (1.26) segue que
hk (b − c)n+1−k (n+1)
Rn (c) = f (b) − Tn (h) = Ahk = f (c) .
n! · k
Observe que, para c ∈ (a, b) existe t ∈ (0, 1) tal que c = a+t(b−a) = a+th e podemos
escrever o resto do polinômio de Taylor (1.25) na forma
64 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
f (n+1) (a)
Rn (x) = (x − c)n+1
(n + 1)!
Propriedade 1.29.
Se f (x) admitir derivadas contı́nuas até a ordem n no intervalo I = [a, b] e uma
derivada de ordem n + 1 integrável nesse intervalo, então fazendo b − a = h
Zh
xn (n+1)
Rn (h) = f (b − x)dx (1.29)
n!
0
Demonstração.
Para m < n + 1 integrando por partes
Zh h Zh xm
xm−1 (m) xm (m)
I= f (b − x)dx = f (b − x) + f (m+1) (b − x)dx
(m − 1)! (m)! 0 m!
0 0
isto é
Zh Zh
xm−1 (m) hm (m) xm (m+1)
I= f (b − x)dx = f (a) + f (b − x)dx
(m − 1)! m! m!
0 0
Zh n h
hm (m)
Z n
0
X x (n+1)
f (b − x)dx = f (a) + f (b − x)dx
m=1
m! n!
0 0
n m Zh n
h X h x (n+1)
−f 0 (b − x) = f (m) (a) + f (b − x)dx
0
m=1
m! n!
0
Zh
xn (n+1)
f (b) = Tn (h) + f (b − x)dx
n!
0
65 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zh
xn (n+1)
Portanto, Rn (h) = f (b − x)dx.
n!
0
Exemplo 1.56.
√
3
A função f (x) = x11 tem derivadas contı́nuas até a ordem três em todo R, logo
quando c = 8 a fórmula de Taylor fornece a igualdade
Zx
f 00 (8)
f (x) = f (8) + f 0 (8)(x − 8) + (x − 8)2 + (x − t)f 000 (t)dt
2!
8
x
√
3 2816 2816 440
Z √
3
2
x11 = 2048 + (x − 8) + (x − 8) + (x − t) t2 dt
3 18 27
8
Observe que, se essas condições forem válidas para todo n e todas as outras condições
do Teorema de Taylor forem satisfeitas por f , então a série convergirá para f (x) e o erro
cometido ao aproximar f (x) pelo polinômio de Taylor é menor do que |Rn (x)|.
Exemplo 1.57.
Use o polinômio de Taylor para aproximar cos 750 e estime a precisão da aproxima-
ção.
Solução.
π 15π π 1 π
Observe que 70o = 60o + 15o = + . Seja f (x) = cos x, logo f ( ) = f 0( ) =
√ 3 180 3 2 3
3 π 1
− , f 000 ( ) = − , f 000 (x) = senx. O polinômio de Taylor até a segunda ordem é
2 3 2
√ 1
1 3 π π
T2 (x) = − (x − ) − 2 (x − )2 ⇒
2 2 3 2! 3
√ 1
π 15π 1 3 15π 15π 2
T2 ( + )= − ( )− 2 ( ) = 0, 256134 ⇒ cos 75o = 0, 256134
3 180 2 2 180 2! 180
66 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
π
onde ξ está entre e x. Como |f (x)| ≤ 1, segue
3
π 15π senξ π 1 15π
|R2 ( + )| = (x − )3 ≤ ( )3 ≤ 0, 002990
3 180 3! 3 3! 180
Assim, cos 75o = 0, 256134 tem precisão de três casas decimais. Para o caso de querer
π 15π
maior precisão, devemos determinar um maior valor para n de modo que |Rn ( + )|
3 180
esteja dentro do intervalo desejado.
Observação 1.10.
1. As funções como o resto de ordem n, Rn (x), que quando divididas por outra função e
tomando o limite quando x tende para um certo c se obtém 0, têm uma designação
especial:
f (x)
f (x) = ◦(g(x)), x → c ⇔ lim =0
x→c g(x)
2. Se f for n+1 vezes diferenciável em c tem-se a seguinte fórmula para o resto (conhecida
por fórmula do resto de Peano):
(x − c)n+1 (n+1)
Rn (x) = f (c + αn (x)
(n + 1)!
lim αn (x) = 0
x→c
Exemplo 1.58.
Determine o valor numérico do número de Neper e.
Solução.
dn+1 x
Sabe-se que, dado y = ex , suas derivadas e = ex , então se Rn é o resto de
dxn+1
67 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
et 3t 3
R9 = < < < 10−6
10! 10! 10!
isto é, é menor do que uma unidade de 6a casa decimal, vindo a ser e = 2, 718281 · · · .
68 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
P (−1)n n+1
Função logaritmo natural: Ln(1 + x) = x para |x| < 1.
n=0 n + 1
xm +∞
P n
Série geométrica: = x para |x| < 1.
1 − x n=0
!
+∞ α
Teorema binomial: (1 − x)α = xn para todo |x| < 1 e todo complexo α
P
n=0 n
Funções trigonométricas:
+∞
P (−1)n 2n+1
• senx = x para todo x.
n=0 (2n + 1)!
P (−1)n 2n
+∞
• cos x = x para todo x.
n=0 (2n)!
P B2n (−4)n (1 − 4n ) 2n−1
+∞ x3 2x5 π
• tan x = x = x+ + + · · · para |x| < onde
n=0 (2n)! 3 15 2
Bs são números de Bernoulli.
P (−1)n E2n 2n
+∞ π
• sec x = x para |x| <
n=0 (2n)! 2
+∞ (2n)!
x2n+1 para |x| < 1
P
• arcsenx = n (n!)(2n + 1)
n=0 4
P (−1)n 2n+1
+∞
• arctan x = x para |x| < 1
n=0 2n + 1
Funções hiperbólicas:
+∞ 1
x2n+1 para todo x.
P
• senhx =
n=0 (2n + 1)!
+∞
P 1 2n
• cosh x = x para todo x.
n=0 (2n)!
P B2n 4n (4n − 1) 2n−1
+∞ π
• tanh x = x para todo |x| < .
n=0 (2n)! 2
+∞ n
P (−1) (2n)! 2n+1
• arcsenhx = n
x para |x| < 1
n=0 4 (n!)(2n + 1)
+∞ 1
x2n+1 para |x| < 1
P
• arctanhx =
n=0 2n + 1
+∞
P (−n)n−1 n 1
Função W de Lambert: W0 (x) = x para |x| <
n=0 n! e
1.8 Aplicações
Muitas funções são deriváveis mas não podem ser integradas recorrendo só ao que se
estudo na disciplina de integração, isto é: - integrações imediatas, integração por par-
69 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
tes, integração por substituição entre outros. Por exemplo, para o cálculo da integral
Z
2
e−x dx.
2
A função e−x é uma função elementar.
Pode-se provar que a sua primitiva não é elementar, pelo que não pode ser obtida,
pelos métodos referidos, a partir de funções elementares.
Recorrendo a série de potências, sabe-se que
+∞ k +∞ +∞
X z 2
X (−x2 )k X (−1)k x2k
ez = ⇒ e−x = =
k=0
k! k=0
k! k=0
k!
Z "X
+∞
# +∞
(−1)k x2k (−1)k x2k+1
Z
−x2
X
logo e dx = dx = .
k=0
k! k=0
k!(2k + 1)
Exemplo 1.59.
senx − arctan x
Calcular o limite L = lim .
x→0 x3
Solução.
Exemplo 1.60.
Z1/2
1 − cos x
Calcular a integral I = dx com precisão até 0, 001.
x2
0
Solução.
70 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
P (−1)n 2n
Z1/2 Z1/2 1 − x
1 − cos x n=0 (2n)!
Tem-se I= dx = dx =
x2 x2
0 0
Z1/2
1 x2 x4 1 x3 x5 1/2
I= [ − + − ··· = [ x − + ] ] =
2! 4! 6! 2! 4! · 3 6! · 5 0
0
1 1 1
I=[ − 3
+ ] ≈ 0, 25 − 0, 0017 + · · · = 0, 2483
2! · 2 4! · 3 · 2 6! · 5 · 25
(x − c)2 00 (x − c)2 00
f (x) = f (c) + (x − c)f 0 (c) +
f (c) + α1 (x) = f (c) + f (c) + α1 (x)
2! 2!
(x − c)2 00
f (x) − f (c) = f (c) + α1 (x) (1.30)
2!
Se f tem um extremo local em x = c, então f (x)−f (c) tem sinal constante em alguma
vizinhança de x = c porque ou f (x) ≥ f (c) (mı́nimo local) ou f (x) ≤ f (c) (máximo local),
em alguma vizinhança de c.
Pretendemos, então, conhecer o sinal de f (x) − f (c), numa vizinhança de c. Isso nos
será facilitado pelo conhecimento do sinal de f 00 (c), da igualdade (1.30).
De fato, já que (x − c)2 ≥ 0 então o sinal de f (x) − f (c) depende do sinal de [f 00 (c) +
α1 (x)]. Suponhamos então que f 00 (c) 6= 0. Como lim α1 (x) = 0 então por definição de
x→c
limite, para todo > 0 existe δ > 0 tal que, |α1 (x) − 0| < sempre que 0 < |x − c| < δ,
ou seja |α1 (x)| < .
Considerando = |f 00 (c)| > 0, existirá então δ > 0 tal que para todo |x − c| < δ tem-se
|α1 (x)| < |f 00 (c)| e portanto o sinal de [f 00 (c) + α1 (x)] é o sinal de f 00 (c), nessa vizinhança.
Então se f 00 (c) > 0 o sinal de f (x) − f (c) é positivo e portanto ocorre um mı́nimo em
x = c; se f 00 (c) < 0 o sinal de f (x)..f (c) é negativo e portanto ocorre um máximo em
x = c.
71 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(x − c)3 000
= f (c) + f (c) + α1 (x)
3!
Mais uma vez, queremos saber o sinal de f (x) − f (c). Comecemos por supor que
000
f (c) 6= 0. Tem-se:
(x − c)3 000
f (x) − f (c) = f (c) + α1 (x)
3!
mas como (x − c)3 muda de sinal quando x “passa” por c, então f não tem extremo em
c. Se f 000 (c) = 0, então utilizar-se-ia a fórmula de Taylor de ordem 3 e assim por diante.
Enunciamos então o seguinte:
Teorema 1.7.
Dada uma função f , n vezes diferenciável em x = c (com n ≥ 2) e tal que
então
1. Se n é par, f (c) é máximo local se f (n) (a) < 0 e é mı́nimo local se f (n) (a) > 0
Demonstração.
A fórmula de Taylor de ordem n − 1 para f em x = c com resto de Peano é:
(x − c)n (n)
f (x) − f (c) = f (c) + αn−1 (x)
n!
72 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Teorema 1.8.
Dada uma função f , n vezes diferenciável em x = c (com n ≥ 2) e tal que
então
r1 (x)
f (x) = f (c) + f 0 (c) · (x − c) + r1 (x) onde lim =0
x→c x − c
73 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
r1 (x)
f (x) = f (c) + γ · (x − c) + r1 (x) onde lim =0
x−c
r1 (x)
Reescrevendo esta expressão na forma f (x)−f (c) = γ·(x−c)+r1 (x) onde lim=
x→c x − c
0. Podemos dizer desta função que f (x) − f (c) é aproximadamente linear em x − c.
f (x) − f (c) ≈ γ · (x − c)
e que essa aproximação é tanto melhor quando x estiver mais próximo de x = c, já que
r1 (x) tende para zero mais rapidamente que x tende para c. Dito de outra forma ainda,
a “distância” de f (x) a f (c) é, aproximadamente, uma função linear da “distância” de x
até c.
Exemplo 1.61.
Estude a função f (x) = 2 cos x em torno de x = 0.
Solução.
Sabemos que r1 (x) é muito pequeno (em valor absoluto) quando x → 0, mas não
sabemos qual o seu sinal, logo esta aproximação ( f (x) ≈ 2) não será considerada.
No entanto, a expressão (1.31) sugere que se aproxime a função por um polinômio de
grau 2, o que significa que o gráfico de f é aproximadamente uma parábola na vizinhança
do ponto de abscissa x = 0, então f (x) ≈ 2 − x2 ⇒ f (x) = 2 − x2 + r2 (x), logo
1 1 6
2
r2 (x) = 2 x − x + ... (1.32)
4! 6!
74 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
r2 (x)
lim =0 (1.33)
x→0 x
assim,
r2 (x)
f (x) = 2−x2 +r2 (x) ⇒ f (x)−f (0) = −x2 +r2 (x) ⇒ f (x)−f (0) = x2 −1+
x2
r2 (x) r2 (x)
O valor de 2
não afeta o sinal da soma −1 + 2
, desde que x esteja numa
x r (x) x
2
vizinhança suficientemente pequena para que 2 < 1 (o que é possı́vel devido a
x
(1.32)).
Portanto, para x = 0 (nessa vizinhança) o valor de (1.33) será sempre negativo, o que
significa que f tem um máximo local em x = 0.
∂f ∂f
f (x, y) = f (a, b) + (a, b)(x − a) + (a, b)(y − b) (1.34)
∂x ∂y
Para obter o polinômio de ordem 2 é necessário ter em conta que o produto de duas
variáveis de ordem um, como xy é considerado como elemento de grau 2. Então o que
temos a fazer é adicionar a (1.34) os seguintes termos:
1 ∂ 2f 2 1 ∂ 2f 1 ∂ 2f
(x ,
0 0y )(x − x 0 ) + 2 (x ,
0 0y )(x − x 0 )(y − y 0 ) + (x0 , y0 )(y − y0 )2
2 ∂x2 2 ∂x∂y 2 ∂y 2
∂ 2f ∂ 2f
aqui estamos supondo que satisfaz =
∂x∂y ∂y∂x
2
Seja (x1 , x2 ) ∈ R , então o polinômio de Taylor de ordem 2 em ~a = (a1 , a2 ) é:
2 2 2
X ∂f 1 X X ∂ 2f
f (x1 , x2 ) = f (~a) + (~a)(xi − ai ) + (~a)(xi − ai )(xj − aj ) (1.35)
i=1
∂xi 2 i=1 j=1 ∂xi ∂xj
75 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 1.16.
Seja a função f : R2 −→ R diferenciável até a ordem n + 1 em qualquer ponto
P0 (a, b) de um domı́nio D(f ), então para qualquer o ponto P (x, y) ∈ V(a, b) é
válida a fórmula de Taylor:
1
f (x, y) = f (a, b) + [(x − a)fx (P0 ) + (y − b)fy (P0 )]+
1!
1 2 2
+ [(x − a) fxx (P0 ) + 2(x − a)(y − b)fxy + (y − b) fyy ]
2!
1 3 2
+ [(x − a) fxxx (P0 ) + 3(x − a) (y − b)fxxy (P0 )+
3!
2 3
+3(x − a)(y − b) fxyy (P0 ) + (y − b) fyyy (P0 )] + · · · +
1 ∂ ∂f n
+ [(x − a) + (y − b) ] f (P0 ) + Rn
n! ∂x ∂y
(1.36)
isto é
2
" k #
X 1 X k! ∂kf
f (x, y) = · k−j j (P0 )(x − a)k−j (y − b)j + R2 (x, y) (1.37)
k=0
k! j=0
j!(k − j)! ∂x ∂y
Rn (x, y)
lim
x→a
p =0 (1.38)
y→b ( (x − a)2 + (y − b)2 )n
p
onde ρ = x2 + y 2 .
Esta última fórmula é a “Fórmula de MacLaurin”.
Exemplo 1.62.
Seja f (x, y) = ex cos(x + y), desenvolver em série de Taylor de ordens 1 e 2 na origem
(0, 0).
Solução.
76 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂f ∂f
= ex cos(x + y) − ex sen(x + y) ⇒ (0, 0) = 1
∂x ∂x
∂f ∂f
= −ex sen(x + y) ⇒ (0, 0) = 0
∂y ∂y
∂ 2f x ∂ 2f
= −2e sen(x + y) ⇒ (0, 0) = 0
∂x2 ∂x2
∂ 2f x ∂ 2f
= −e cos(x + y) ⇒ (0, 0) = −1
∂y 2 ∂y 2
∂ 2f ∂ 2f
= = −ex sen(x + y) − ex cos(x + y) ⇒
∂y∂x ∂x∂y
∂ 2f ∂ 2f
(0, 0) = (0, 0) = −1
∂y∂x ∂x∂y
Segundo a igualdade (1.34), como f (0, 0) = 1 o polinômio de Taylor de ordem 1 é:
∂f ∂f
f (x, y) = f (0, 0) + (0, 0)(x − 0) + (0, 0)(y − 0)
∂x ∂y
f (x, y) = 1 + 1 · x + 0 · y = 1 + x
1 1
f (x, y) = 1 + (1 · x + 0 · y) + (0 · x2 − 1 · xy − 1 · yx − 1 · y 2 ) = 1 + x − xy − y 2
2 2
Exemplo 1.63.
Desenvolver em série de Taylor a função f (x, y) = x2 Lny em torno do ponto P (1, 1)
até os termos de segunda ordem inclusive.
Solução.
Tem-se:
x2 x2 2x
fx (x, y) = 2xLny, fy (x, y) = , fxx (x, y) = 2Lny, fyy (x, y) = − , fxy (x, y) =
y y2 y
f (1, 1) = 0, fx (1, 1) = 0, fy (1, 1) = 1, fxx (1, 1) = 0, fyy (1, 1) = −1, fxy (1, 1) = 2
1 1
f (x, y) = 0+ [(x−1)·0+(y−1)·1]+ [(x−1)2 ·0+2(x−1)(y−1)·0+(y−1)2 ·(−1)]+θ(ρ2 )
1! 2!
p
onde ρ = (x − 1)2 + (y − 1)2 .
Exemplo 1.64.
Desenvolver em série de Taylor a função f (x, y) = x2 − xy − 2y 2 − 3x + 4y + 8 em
torno no ponto P (1, −3).
Solução.
77 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2
" k #
X 1 X k! ∂kf k−j j
f (x, y) = · (1, −3)(x − 1) (y + 3) + Rn (x, y)
k=0
k! j=0 j!(k − j)! ∂xk−j ∂y j
1
fxx (1, −3)(x − 1)2 + 2fxy (1, −3)(x − 1)(y + 3) + fyy (1, −3)(y + 3)2 + 0
+
2!
f (x, y) = −21 + (2)(x − 1) + (15)(y + 3)1 +
1
(2)(x − 1)2 + 2(−1)(x − 1)(y + 3) + (−4)(y + 3)2 +
+
2!
A série de Taylor pedida é:
Nesse caso, tem-se que a série de Taylor de f em torno do ponto P (x01 , x02 , x03 , · · · , x0n )
é dada por:
X 1 X n
∂f 0
k
f (x1 , x2 , x3 , · · · , xn ) = (P )(x − xi )
k≥0
k! i=1 ∂xi
∂f k ∂kf
onde (P ) denota (P ), assim tem-se
∂xi ∂xki
n
X ∂f k
(P )(x − x0i ) =
i=1
∂xi
X k! ∂kf 0 α1 0 αn
= · α1 (P )(x 1 − x 1 ) · · · (x n − x n )
n
P
α1 ! · · · αn ! ∂x1 · · · ∂xαnn
αi ∈N, αi =k
i=1
78 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 1-3
1
1. x2 ex , c=0 2. − , c = −1 3. sen2 x, c=0
x
√ 2
4. Lnx, c=1 5. x, c = 1 6. , c=0
(x + 1)(x + 2)
ex − 1 1
7. , c=0 8. , c=2 9. senx, c=0
x x
4. Idem ao exercı́cio 3 para uma função g(x) com as propriedades: g(0) = 0, g 0 (0) = 1
e g 00 (x) = −g(x), ∀ x ∈ R.
1
6. Represente numa série de MacLaurin para |x| < 1.
(1 − x)2
1
7. Sendo g(x) = 2
, desenvolva em série de potências de (x − 0) a função g 0 (x) e
4+x
indique o maior intervalo aberto em que o desenvolvimento é válido.
Zx +∞
−t2
X (−1)n
8. Verificar que e dt = x2n+1 .
n=0
(2n + 1) · n!
0
Zπ X
+∞ +∞
sen(nx) X 2
9. Verificar a representação em séries de potências 2
dx = 3
.
n=1
n n=1
(2n − 1)
0
79 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ Zπ +∞
X sen(nx) X 1
10. Dado f (x) = , verificar que f (x)dx = 2 .
n=1
n3 n=1
(2n − 1)4
0
1 − cos x
se x 6= 0
13. Ache a série de MacLaurin para f (x) = x e indique o raio
0 se x = 0
de convergência.
14. Com propriedades das séries de potências, sem aplicar critério de L’Hospital, calcular
os seguintes limites:
x − arctan x arctan x − x
1. lim 2. lim
x→0 x2 x→0 x3
1 − cos x Ln2 (x + 1) − sen2 x
3. lim x 4. lim
x→0 e − 1 − x
√ x→0 1 − e−x2
Ln 3 1 + x − sen(2x)
5. lim
x→0 x
15. Com as propriedades das séries de potências, encontre os números α, β ∈ R para os
sen(3x) α
quais lim + 2 + β = 0.
x→0 x3 x
Z0,2
senx
16. Calcular dx com precisão até 0, 0001.
x
0
17. Dada a função f (x) = ex , expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
terceira ordem, em torno de x0 = 0.
1
18. Idem ao exercı́cio anterior, para a função g(x) = .
(x + 2)2
19. Determine o grau do polinômio de Taylor Pn (x), expandido em torno de x = 1, de
modo que o resto da aproximação de Ln(1, 2) seja menor do que 0, 001
80 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z0,1
ex − 1
20. Calcular dx com precisão até 0, 001.
x
0
21. Por diferenciação termo a termo da série de potências do exercı́cio ?? , mostre que
P∞ n
=1
n=1 (n + 1)!
Z1/2 Z1 Z1/3
senx dx
1. senx2 dx 2. dx 3.
x 1 + x4
0 1/2 0
Z1 Z2 Z1
√ 2 2
4. cos xdx 5. Lnx dx 6. ex dx
0 1 0
1
23. Use séries de potências para calcular Ln(1, 2) e arctan , com erro inferior a 10−4 .
4
24. Derivando termo a termo duas vezes uma série de potências que representa a função
2 P (−1)k+1
+∞
e−x , mostre que (k + 1) = 1.
n=1 k!
Z1
1
25. Calcular √ dx com quatro casas decimais.
1 + x2
0
Z1
26. Calcular senx2 dx com cinco casas decimais.
0
27. Dada a função f (x) = senx expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
terceira ordem, em torno de x0 = 0 (ou c = 0).
1
28. Dada a função f (x) = √ expanda-a em série de Taylor, com aproximação até
1+x
terceira ordem, em torno de x0 = 0 (ou c = 0).
x3
x− ≤ senx ≤ x, x≥0
6
81 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
1. sen2 (x), C=0 2. , C=0 3. Ln(x + 1), C=1
(1 − x)(1 + x2 )
π 1
4. x cos(2x), C= 5. (x + 1)2 arctan x, C = 0 6. 3x + , C=1
2 x3
Determine o conjunto dos números reais tais que a soma das respectivas séries de
Taylor que encontrou, coincidem com o valor das funções que representam.
2x(x − 2)
31. Considere a função f : R − {−2} −→ R, f (x) = .
(x + 2)(x2 + 4)
1. Determine o desenvolvimento de MacLaurin de f .
2. Determine f (n) (0), n ∈ N.
32. Usando os desenvolvimentos obtidas nos exercı́cios (30) e (31), indique justifica-
damente a existência de extremos das funções consideradas, respectivamente, nos
pontos aos quais são relativos os desenvolvimentos de Taylor.
33. Desenvolver pela fórmula de MacLaurin até os termos de terceira ordem, inclusive,
a função f (x, y) = senhy cos x.
34. Desenvolver pela fórmula de MacLaurin até os termos de quarta ordem, inclusive, a
função g(x, y) = e−y senx.
35. Determine o polinômio de Taylor de ordem m das funções seguintes nos pontos
indicados.
1
1. f (x, y) = , m = 2, (x0 , y0 ) = (2, 1)
2 + x − 2y
2. f (x, y) = cos(x + seny), m = 2, (x0 , y0 ) = (0, 0)
3. f (x, y) = ex+2y , m = 3, (x0 , y0 ) = (0, 0)
4. f (x, y) = y x , m = 2, (x0 , y0 ) = (1, 1)
82 08/03/2020
Capı́tulo 2
83
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2.1 Introdução
Numa primeira disciplina de Cálculo1 estudamos que existem funções polinomiais f :
R −→ R de grau n e são da forma f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · + an xn sempre
que an 6= 0, os ai são constantes que não dependem de x. O grau a que nos referimos é
no sentido “algébrico”. Quando estas funções polinomiais igualamos a zero, isto é quando
f (x) = 0, estas expressões são chamadas de equações de grau n na variável x (ou na
incógnita x).
Resolver uma equação f (x) = 0, significa determinar valores x0 para a variável x de
modo ao substituir-mos estes valores na equação se obtenha uma proposição verdadeira
da forma f (x0 ) = 0. Estes valores determinados da equação são chamados de “solução da
equação”.
Em geral, para o caso da variável x ser matrizes, terı́amos uma “equação matricial”;
para o caso da variável x ser função, terı́amos uma “equação funcional”, e assim por diante.
Isto é, uma equação diferencial é uma relação entre variáveis independentes, funções,
suas derivadas ou diferenciais, até certa ordem.
Grande quantidade das leis da Fı́sica, Quı́mica e Biologia têm sua expressão natural
nas equações diferenciais com derivadas ordinárias ou parciais. Também são muitas as
1
Cálculo Diferencial em R, Editora UFAC 2017, do mesmo autor
84 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
m·a=m·g (2.1)
d2 y
como a aceleração a = 2 é a derivada da velocidade instantânea, onde y(t) é a posição
dt
do corpo no instante t, então da igualdade (2.1) obtemos
d2 y
= g,
dt2
esta igualdade é uma equação diferencial ordinária, sua solução é a função de posição y(t).
Para este nosso exemplo, podemos supor que sobre o corpo atua uma força de fricção no
dy
meio em que esta inserido, cuja magnitude é proporcional à velocidade instantânea
dt
segue então da igualdade (2.1) que:
d2 y dy d2 y k dy
m + k = mg de onde + =g
dt2 dt dt2 m dt
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u 1 ∂u
2
+ 2+ 2 = 2 ·
∂x ∂y ∂z a ∂t
2 2 2
∂ u ∂ u ∂ u 1 ∂ 2u
+ + = · 2
∂x2 ∂y 2 ∂z 2 a2 ∂t
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
+ + =0
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
Exemplo 2.1.
As seguintes são equações diferenciais envolvendo a função incógnita y = f (x) ou
z = g(x, t).
dy d2 y
F (x, y, , ,··· ) = 0 (2.2)
dx dx2
dy dz
F (x, y, z, , ,··· ) = 0 (2.3)
dx dx
∂z ∂z
F (x, y, z, , ,··· ) = 0 (2.4)
∂x ∂y
2.2.1 Classificação
As equações diferenciais classificam-se em:
Assim, podemos entender uma equação diferencial ordinária como uma equação da
forma
dy dn 0 (n)
f x ,y , , ··· , = 0 ou f x , y , y , · · · , y =0
dx dxn
envolvendo uma função incógnita y = y(x) e algumas de suas derivadas em ordem
da variável x.
Equações diferenciais com derivadas parciais: São aquelas equações envolvendo fun-
ções incógnitas de várias variáveis independentes e/ou dependentes de suas deriva-
das, como o caso (2.4) caracterizado por apresentar derivadas ou diferenciais parci-
86 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ais. Denotam-se ao conjunto das equações diferenciais com derivadas parciais como
EDPs.
Exemplo 2.2.
As seguintes são equações diferenciais envolvendo a função incógnita y = f (x) ou
z = g(x, t).
dy
+ 8x − 3 = 0 (2.5)
dx
2
y d y dy
e 2
+ 5 ( )3 − 1 = 0 (2.6)
dx dx
d3 y d2 y
6 3 − (tan x) 2 + 8xy = 4 (2.7)
dx dx
d2 y 4 dy 3 dy
( 2 ) + 9y ( ) + y 2 ( )6 = 9x (2.8)
dx dx dx
∂ 2z ∂ 2z
− 6 =0 (2.9)
∂t2 ∂x2
As equações diferenciais (2.5) até (2.8) são do tipo EDO pois, a função incógnita
depende só da variável x. A equação (2.9) é uma EDP, pois depende das variáveis x e
t e mostra derivadas parciais.
Exemplo 2.3.
A equação (2.5) é uma EDO de primeira ordem; (2.6), (2.8) e (2.9) são equações
diferenciais de segunda ordem. A equação (2.7) é uma EDO de terceira ordem.
Para entender o grau de uma equação diferencial, temos que fazer analogia com o grau
no sentido algébrico de uma função polinomial de números reais, isto é; uma equação de
grau n é da forma an z n + an−1 z n−1 + · · · + a1 z + a0 = 0, an 6= 0 onde aos ai ∈ R são
constantes.
Em analogia com esta definição de grau de uma equação em números reais, se conside-
ramos z como uma função de y = y(x) (ou de alguma de suas derivadas) e consideramos
as constantes ai como funções que não dependam de y = y(x), então faz sentido a seguinte
definição.
87 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Isto é, o grau de uma equação diferencial é a maior potência à que se encontra a
ordem de uma equação diferencial, considerando a derivada ou diferencial como se fosse
uma incógnita numa equação algébrica. É por isto, esta noção de grau pode carecer de
sentido em certos casos (aqueles em que a equação não fosse algébrica) como na equação
(2.6).
Exemplo 2.4.
A equação (2.8) é uma EDO de segunda ordem de grau quatro, pois a derivada mais
alta (a segunda neste caso) se encontra elevada à potência quatro.
A equação (2.5) é de primeira ordem e de primeiro grau, entanto a equação (2.7) é de
terceira ordem e primeiro grau.
Exemplo 2.5.
∂ 2y 4 ∂y
A equação ( 2
) + f rac∂ 2 y∂x2 ( )5 − x8 y 9 = cos x é de segunda ordem de grau
∂x ∂x
∂ 2 y ∂y 5
quatro. Observe que o grau do elemento ( ) é seis, não obstante o grau da
∂x2 ∂x
derivada segunda é um.
Observação 2.1.
1. Nem toda equação diferencial pode ser classificada segundo o grau. Por exemplo, a
equação (2.6) não possui grau, pois não pode ser escrita sob a forma de um polinômio
na função incógnita e de suas derivadas, em razão da presença do termo ey .
2. Para obter o grau de uma equação diferencial, quando necessário temos que racionalizá-
la em relação as derivadas que contenha e eliminar todas estas dos denominadores.
Exemplo 2.6.
Eliminar a constante m da equação (x − m)2 + y 2 = m2 a fim de obter uma equação
diferencial.
Solução.
(yy 0 )2 + y 2 = (x + yy 0 )2 ⇒ y 2 = x2 + 2xyy 0
88 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.7.
Obter a equação diferencial que tem como solução a relação y = B cos(ωx + α), onde
ω é um parâmetro.
Solução.
Exemplo 2.8.
Eliminar as constantes arbitrárias C1 e C2 da relação y = C1 e−2x + C2 e3x a fim de
obter uma equação diferencial.
Solução.
Sabemos, pelas propriedades da álgebra linear elementar que as três equações no sis-
tema (2.10) consideradas como equações das incógnitas C1 e C2 podem ter solução somente
89 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dn y dn−1 y dy
an (x) n
+ an−1 (x) n−1
+ · · · + a1 (x) + a0 (x)y = 0 (2.13)
dx dx dx
Exemplo 2.9.
Suponhamos que um corpo tenha temperatura y0 no instante de tempo t = 0 e se
encontra colocado em um meio cuja temperatura é igual a Tm onde y0 > Tm .
Nosso objetivo é achar a relação pela qual varia a temperatura do corpo em relação ao
tempo.
Solução.
Como a temperatura do corpo está em função do tempo, iremos designar esta tempe-
ratura por y(t).
Sabe-se pelas leis da fı́sica, que a velocidade de esfriamento do corpo é proporcional à
diferença entre a temperatura do corpo e a do meio ambiente. Considerando que a função
é decrescente em virtude da interpretação mecânica da derivada, temos
dy(t)
= −k[y(t) − Tm ] (2.14)
dt
90 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
m
y(m − y) = Ceλmt ⇔ y(t) =
1 + Ce−λmt
onde C1 é uma constante.
m
Na literatura econômica a equação y(t) = é conhecida como a equação
1 + Ce−λmt
da curva da logı́stica, a qual nos proporciona o número de pessoas que conhecem o produto
ao tempo t.
dn y dn−1 y dy
an (x) + a n−1 (x) + · · · + a 1 (x) + a0 (x)y = b(x) (2.15)
dxn dxn−1 dx
91 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. A variável dependente y = y(x) e todas suas derivadas são do primeiro grau; isto é, a
potência de cada termo envolvendo y(x) é um.
Exemplo 2.11.
A equação (2.5) é uma EDO linear de primeira ordem, aqui a1 (x) = 1, a0 (x) =
0, b(x) = −8x + 3. A equação (2.7) é linear de terceira ordem, com a3 (x) = 6, a2 (x) =
− tan x, a1 (x) = 0, a0 (x) = 8x, b(x) = 4. As equações (2.6) e (2.8) não são lineares.
2.2.4 Motivação
Dizemos que as equações diferenciais, são de grande interesse nas ciências exatas e nas
engenharias, uma vez que muitas leis e relações fı́sicas podem ser formuladas matemati-
camente por meio de uma equação diferencial.
É fundamental não apenas saber resolver uma equação diferencial mas, sobretudo,
formular matematicamente o fenômeno que dá origem à equação.
dy
= ky(t) (2.16)
dt
Para resolver a equação (2.16) integramos formalmente ambos os lados da EDO com
respeito à variável t e obtemos y(t) = y0 ekt , onde y0 = y(0) representa a quantidade da
substância no inı́cio do processo, aqui denominado “dado inicial”.
Ao par constituı́do pela EDO (2.16) e pela condição inicial y0 = y(0) damos o nome
de “problema de valor inicial ” e abreviamos pvi.
92 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dT
= −k(T − Tm ), k>0 ou T 0 + kT = kTm (2.17)
dt
O sinal negativo em (2.17) indica um processo de esfriamento. Neste caso T (t) > Tm ,
dT
e portanto < 0.
dt
dA k
= A, A(0) = A0 (2.18)
dt 100
A solução desta equação (2.18) é obtida por integração com respeito à variável t e vem
dado por
k k
A(t) = A0 exp( t) = A0 e 100 t
100
Do estudo das equações no conjunto dos números reais, sabemos que a equação x2 +
9 = 0 não tem solução em R. Situação análoga acontece quando estudamos equações
dy
diferenciais, por exemplo, queremos resolver a equação ( )2 + e2y = 0, y = f (x) onde
dx
f : R −→ R, podemos observar que não existe uma função y = f (x) que satisfaz a
igualdade, logo a equação diferencial não tem solução em R.
93 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
é uma função y = f (x) que possui pelo menos n derivadas e satisfaz a equação; isto é
F (x, y, λ) = 0 (2.19)
94 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dy Fx
=−
dx Fy
que representa a declividade das curvas planas descritas por (2.19) e cuja famı́lia de curvas
(ou trajetórias) ortogonais terá declividade
dy Fy
=
dx Fx
Fx · dy − Fy · dx = 0 (2.21)
cuja solução nos descreve a famı́lia de trajetórias ortogonais às curvas descritas por (2.19).
Assim, dada a equação diferencial y 0 = f (x, y) e sabendo que a primeira derivada
representa a direção no plano-xy, podemos portanto associar a cada ponto (x, y) uma
direção.
A este campo de direções chamamos o campo de direções ou campo de inclinação da
equação diferencial y 0 = f (x, y). Este campo de direções nos permite inferir propriedades
qualitativas das soluções, como por exemplo se são assı́ntotas a uma reta, se são fechadas,
abertas, etc.
Exemplo 2.12.
O campo de direções da equação y 0 = −2x2 + y 2 e quatro curvas solução da equa-
ção diferencial que passam pelos pontos (0, 2), (0, 0), (0, 1) e (0, −1) respectivamente são
mostrados na Figura (2.2).
Exemplo 2.13.
Consideremos a famı́lia de circunferências descritas pela equação:
x2 + y 2 = λ; λ>0
95 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Suponhamos temos a equação diferencial y 0 = 2x, e ela tem como solução explı́cita
y(x) = Ce2x , pois se substituirmos y(x) na equação y 0 = 2x obtém-se uma proposição
verdadeira para a igualdade.
onde as funções a(x) e b(x) são supostamente contı́nuas, esta EDO é classificada como
linear de primeira ordem.
Formalmente, para resolver a equação (2.22) multiplicamos ambos os lados da igual-
96 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
R
dade por g(x) = e a(x)dx , transformando-a em uma derivada total, logo em seguida inte-
gramos este resultado . Assim
0 d h R a(x)dx i R
y g(x) + a(x)yg(x) = b(x)g(x) ⇔ ye = b(x)e a(x)dx
dx
R
Z R
− a(x)dx a(s)ds
y=e C+ b(x)e dx (2.23)
onde C é uma constante arbitrária a ser determinada quando for imposta a condição
adicional.
Exemplo 2.14.
A solução da equação y 00 + y = 0 é dada pela função y = senx + cos x, ∀ x ∈ R.
Com efeito, derivando duas vezes esta função, temos
Exemplo 2.15.
Sejam C1 e C2 constantes arbitrárias, verifique se y(x) = C1 sen2x + C2 cos 2x é
solução da equação diferencial y 00 + 4y = 0.
Solução.
Exemplo 2.16.
Usando a fórmula (2.23), determine a solução da EDO
dy
senx + y cos x = cos2x, 0<x<π
dx
Solução.
97 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
cos 2x
Esta EDO pode ser escrita na forma y 0 + y cot x = , comparando com (2.22)
senx
cos 2x
temos a(x) = cot x e b(x) = .
senx
Z
R
− cot xdx cos 2x R cot xdx
Assim a solução geral da EDO será: y=e C+ e dx , e
senxZ
−Lnsenx cos 2x Lnsenx
usando Ln(senx) como uma primitiva da cot x, obtemos y = e C+ e dx ,
senx
1 1
onde y(x) = C + sen2x é a solução procurada.
senx 2
Exemplo 2.17.
Verifique se, y = x2 − 1 é uma solução de (y 0 )2 + y 2 + 1 = 0
Solução.
Temos y 0 = 2x, logo (y 0 )2 = 4x2 . Por outro lado, y 2 = (x2 − 1)2 = x4 − 2x2 + 1.
Somando estas duas igualdades segue que (y 0 )2 + y 2 + 1 = (4x2 ) + (x4 − 2x2 + 1) + 1 =
(x2 + 1)2 + 1 6= 0 qualquer que seja o valor de x ∈ R.
Portanto, y = x2 − 1 não é uma solução de (y 0 )2 + y 2 = −1.
Podemos observar que algumas equações diferenciais admitem infinitas soluções (Exem-
plo (2.15)) entanto, outras não admitem nenhuma solução (Exemplo (2.17)) neste último
exemplo y = y(x) ∈ R e a soma de quadrados nunca é menor do que zero. É possı́vel
também uma EDO admitir uma única solução ((y 0 )4 + y 2 = 0).
Observação 2.3.
1. Em geral, uma equação diferencial ordinária de ordem n tem, uma solução que contêm
n constantes arbitrárias.
98 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.18.
A taxa de desintegração (perda de massa) de uma substância radioactiva é proporcional
à massa que fica. Isto é, se x(t) representa a massa existente num instante t, tem-se
dx
= −kx, sendo k uma constante positiva, caracterı́stica da substância. Determine a
dt
massa existente num instante t.
1 dx
· = −k ⇒ x = Ce−kt
x dt
Esta solução x(t), vem afectada duma constante arbitrária C, representando assim
uma famı́lia de funções (soluções), ou seja, x(t) = Ce−kt é a solução geral da equação
diferencial.
Se x(0) = Ce−0·k = 2 tem-se C = 2. Logo, x(t) = 2e−kt é uma solução particular, pois
já não envolve nenhuma constante arbitrária.
Exemplo 2.19.
Resolva a equação diferencial: y 00 −2 = 0 e indique a solução da equação que satisfaz
as condições y(1) = 0 e y 0 (0) = 2.
y(1) = 12 + 1 · C1 + C2 = 0 ⇒ C1 + C2 = −1
y 0 (0) = 2 ⇒ C1 = 2
de onde C2 = −3
Logo y(x) = x2 + 2x − 3 é a solução particular.
Observe no exemplo acima que a constante Ci deve-se à primitivação que foi necessário
fazer. É evidente que se a equação envolvesse derivadas até uma certa ordem n, seria
necessário primitivar n vezes, logo a solução geral envolveria n constantes arbitrárias.
Neste caso, para obter uma solução particular seria necessário conhecer n condições.
Dizemos que uma solução geral da equação diferencial y 0 = f (x, y), é uma função
y = ϕ(x, C) que depende de uma constante arbitrária C e satisfaz as seguintes condições:
99 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2. Dada uma condição inicial arbitrária y(x0 ) = y0 , sempre é possı́vel determinar um valor
C = C0 tal que a função y = ϕ(x, C0 ) satisfaz a equação diferencial e a condição
inicial.
A função y = ϕ(x, C0 ) é chamada de solução particular; isto é, uma solução
particular é qualquer solução da mesma.
Exemplo 2.20.
Para a equação diferencial do Exemplo (2.15) temos que y(x) = C1 sen2x + C2 cos 2x
é uma solução geral.
Para a mesma equação diferencial temos que y(x) = 3sen2x + 5 cos 2x é uma solução
particular.
Exemplo 2.21.
Um assado pesando 2, 5kg, inicialmente a 10o C, é posto em um forno a 280o C às
cinco horas da tarde. Depois de 75 min a temperatura T (t) do assado é de 90o C. Quando
será a temperatura do assado igual a 150o C?
Observação 2.4.
100 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A solução geral de uma equação diferencial nem sempre pode ser expressa mediante
uma fórmula única.
Por exemplo, consideremos a equação y 0 + y 2 = 0, que admite soluções particulares
1
y= e y = 0.
x
Neste caso as equações diferenciais lineares constituem casos especiais, suas soluções
gerais serão discutidas posteriormente.
Isto é, se por cada um do seus pontos (x0 , y0 ) ademais desta solução, passa também
outra solução que tem no ponto (x0 , y0 ) a mesma tangente que a solução y = g(x), porém
que não coincide esta última em nenhuma vizinhança do ponto (x0 , y0 ).
A solução singular não é deduzida da solução geral. Estas soluções não são de interesse
para os estudos em engenharia e só são mencionadas para referência como mostra o
exemplo a seguir.
Exemplo 2.22.
A equação diferencial
(y 0 )2 − xy 0 + y = 0 (2.24)
Estudaremos que as condições sob as quais as equações diferenciais têm soluções, são
bastante gerais.
Existem equações diferenciais que não tem solução, por exemplo observe que (y 0 )2 +
1 = 0 não tem solução para y = y(x) ∈ R.
Existem outras equações diferenciais que não tem solução geral, por exemplo observe
que |y 0 | + |y| = 0, pois sua única solução é y = 0.
101 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.23.
Exemplo 2.24.
2
Algumas vezes, notadamente na França, este teorema é chamado de Teorema de Picard-Lindelöf. Os
nomes do teorema são em honra aos matemáticos Charles Émile Picard, Ernst Leonard Lindelöf, Rudolf
Lipschitz e Augustin Louis Cauchy.
102 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dy π
(1 + ey ) = cos t, y( ) = 3
dt 2
Solução.
Integrando diretamente obtemos:
Z Z
y
(1 + e )dy = cos tdt ⇔ y + ey = sent + C
π
Quando t = segue y = 3, logo na solução geral
2
π
3 + e3 = sen +C ⇔ C = 3 + e3 − 1
2
103 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.27.
A velocidade da desintegração do Rádio é diretamente proporcional à sua massa no
instante considerado.
2. Qual o intervalo de tempo necessário para que metade da massa inicial de Rádio se
desintegre? (k = 0, 000436 . . .)
Solução.
1. A massa m do objeto pode ser expressa em relação ao tempo t, isto é m(t), então
temos que
Z Z
dm 1 1
(t) = −km(t) ⇒ dm = −kdt ⇒ dm = − kdt
dt m m
104 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.28.
Segundo a lei de Newton, a velocidade de resfriamento de um corpo no ar é proporcional
à diferença da temperatura T do corpo e a temperatura Ta do ambiente. Se a temperatura
do ambiente é de 20o C e a temperatura do corpo cai em 20 minutos de 100o C a 60o C,
dentro de quanto tempo sua temperatura descerá para 30o C?
Solução.
dT
Pela lei de Newton, temos = −k(T − Ta ), logo
dt
Z Z
dT 1
− = k · dt ⇒ dT = −k dt ⇒ Ln(T − Ta ) = −kt + C ⇒
T − Ta T − Ta
30 = 20 + 80e−0,034658t1 ⇒ 10 = 80e−0,034658t1
1
⇒ = e−0,034658t1 ⇒ t1 = (0, 034658)−1 × Ln8 ≈ 60min
8
Portanto entorno dos 60 min teremos 30o C.
Exemplo 2.29.
Numa colmeia, a razão de crescimento da população p é uma função da população
dp
f (p). Assim = f (p).
dt
1. Calcular p(t) para f (p) = β · p, onde β e uma constante positiva, e determinar a
população limite do sistema.
2. Encontrar p(t) para f (p) = β · p − Ap2 , onde β e A sao constantes positivas. Calcular
novamente a população limite do sistema.
Solução.
Z Z
dp 1 1
1. = β·p ⇒ dp = βdt ⇒ dp = βdt logo Lnp = βt + C. Isto é
dt p p
p(t) = Aeβt onde A = eC . Quando t = 0 temos p(0) = p0 ⇒ p0 = Aeβ·0 = A.
Portanto p(t) = p0 eβ·t , supondo p0 fixo quando t → ∞ segue que p(t) → ∞.
105 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dp 1
2. Temos = βp − Ap2 ⇒ dp = dt
dt βp − Ap2
Z Z " Z # Z
1 1 A 1 1
dp = dt ⇒ ( + β
)dp = dt
βp − Ap2 A β p A
−p
s
1 β pA βDeβt
[Lnp − Ln( − p)] = t + C ⇒ β
= et+C ⇒ p(t) =
β A β − Ap p0 + p0 Deβt
onde D = eβC .
βDeβt
Portanto, p(t) = , supondo p0 fixo quando t → +∞ segue que p(t) →
p0 + p0 Deβt
β
.
p0
106 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 2-1
√
1. y 000 − 9xy 0 = senx + 2 2. xy 00 − x2 y 0 + Lnx y = x2
n 32
d2 s ds d y
3. t2 − st =t 4. = y4 − 1
dt2 dt dxn
dt d2 y dy 4
5. ( )5 = 8p 6. x2 · 2 − xy =0
dp dx dx
dn x √
7. = y2 + 1 8. xy − x2 y 0 + Lnx y = x2 = x − 1
dy n
d6 s
9. − 9p = 0 10. y (5) + xy 00 + x2 y 0 + cos y = 0
dp6
11. x4 y (4) + 2xy 000 = ex 12. (y 00 )2 − 8xy 0 + 2xy = 0
x √
1. y 0 = x2 + y 2 2. y 0 = 3. y 0 = y + 3 3 y
y
√ p p
4. y 0 = x−y 5. y 0 = x2 − y − x 6. y 0 = 1 − y 2
y+1
7. y 0 = 8. y 0 = seny − cos y 9. y 0 = 1 − cot y
x−y
p p
10. y 0 = 3 3x − y − 1 11. 2y 0 = 3 3 y 2 12.
107 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
108 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
6. Determine valores de m para que y = xm seja uma solução para cada equação
diferencial.
1. x2 y 00 − y = 0 2. x2 y 00 + 6xy 0 + 4y = 0
7. Determine valores de m para que y = emx seja uma solução para cada equação
diferencial.
1. y 00 − 5y 0 + 6y = 0 2. y 00 + 10y 0 + 25y = 0
8. Determine uma solução do problema de valor inicial (pvi) indicado para a solução
geral dada, onde C1 e C2 são constantes arbitrárias.
11. Para os seguintes exercı́cios, determine C1 e C2 de modo que y(x) = C1 senx+C2 cos x
satisfaça s condições dadas. Determine se tais condições são iniciais ou de contorno.
π π
1. y(0) = 1, y 0 (0) = 2 2. y(0) = 2, y 0 (0) = 1 3. y( ) = 1, y 0 ( ) = 2
2 2
π π
4. y(0) = 1, y( ) = 1 5. y 0 (0) = 1, y( ) = 1 0
6. y(0) = 1, y (π) = 1
2 2
3π π π
7. y(0) = 1, y( ) = 2 8. y(0) = 0, y 0 (0) = 0 9. y( ) = 0, y( ) = 1
2 4 6
π
10. y(0) = 0, y 0 ( ) = 1
2
109 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
12. Demonstrar que a curva cujo coeficiente angular da tangente em cada ponto é pro-
porcional à abscissa do ponto de tangencia é uma parábola.
13. Achar uma curva que passe pelo ponto (1, 1) de tal maneira que o coeficiente angular
da tangente em cada ponto seja diretamente proporcional ao quadrado da ordenada
nesse ponto.
√ 1
14. Verificar que y1 (t) = t e y2 (t) = são soluções da equação diferencial 2t2 y 00 +
t
3ty 0 − y = 0.
r
2 t2
15. Verificar que y(t) = 1 + Ln(1 + t3 ) é solução do pvi y 0 = , y(0) =
3 y(1 + t3 )
1. Para qual intervalo esta solução é válida?
p
16. O problema de valor inicial y 0 = 2 |x|; y(0) = 0 admite duas soluções y = x|x|
e y = 0. Este resultado contradiz o Teorema (2.1)?
110 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂M (x, y) ∂N (x, y)
= (2.27)
∂y ∂x
y 0 = f (x, y) (2.28)
Exemplo 2.30.
111 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Dependendo da forma que assume a função f (x, y), esta forma normal apresenta duas
categorias de equações diferenciais. As chamadas “equações diferenciais homogêneas” e as
“equações diferenciais lineares”.
Exemplo 2.31.
Definição 2.15.
Uma equação diferencial da forma M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 é chamada homo-
gênea se ambos os coeficientes M e N são funções homogêneas do mesmo grau.
Decorre desta definição que uma equação diferencial na forma normal (2.28) é homo-
gênea se
f (tx, ty) = tλ f (x, y) (2.29)
112 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.32.
A equação diferencial não linear (xy 2 + x2 y)dx + (x2 y − xy 2 )dy = 0 é homogênea.
Com efeito, a equação diferencial podemos escrever na forma
dy xy 2 + x2 y
=− 2
dx x y − xy 2
Observação 2.6.
No sentido geral para equações diferenciais, a palavra “homogênea” tem significado
totalmente diferente.
No sentido do contexto das equações diferenciais de primeira ordem é que a palavra
“homogênea” tem o significado descrito acima.
Seja uma equação diferencial na forma normal (2.28), se f (x, y) pode-se escrever como
f (x, y) = −p(x)y + q(x), isto é, como o produto de uma função de x por y, mais outra
função de x, então a equação diferencial é uma equação linear.
As equações diferenciais lineares de primeira ordem podem, sempre expressar-se na
forma
y 0 + p(x)y = q(x) (2.30)
É importante salientar que a maioria das equações diferenciais de primeira ordem não
se enquadram em nenhuma dessas categorias, nem pode ser transformada em nenhuma
delas.
Ou seja, para a maioria das equações diferenciais, não há, em geral, técnicas analı́ticas
para obtenção da solução.
M dx + N dy = 0 (2.31)
113 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 2.16.
Dizemos que uma equação diferencial ordinária é de variáveis separáveis, se pode-
mos escrever-la na forma
dy A(x)
=−
dx B(y)
pode ser obtida na forma usual da igualdade (2.33) para resolver a equação diferencial,
em seguida, aplicando a condição inicial diretamente para determinar C.
Alternativamente a solução de (2.34) pode ser obtida a partir de
Zx Zy
A(α)dα + B(β)dβ = 0, β = (α) (2.35)
x0 y0
114 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.33.
Resolver o problema de valor inicial: x cos xdx + (1 − 6y 5 )dy = 0, y(π) = 0.
Solução.
Zx Zy
α cos αdα + (1 − 6β 5 )dβ = 0
π 0
Exemplo 2.34.
dy x
Resolver a equação: =− , y(5) = 12.
dx y
Solução.
dy x
De = − podemos escrever ydy = −xdx, de onde
dx y
Z Z
ydy = − xdx ⇒ x2 + y 2 = C
Exemplo 2.35.
Resolver a equação 3ex tan ydx + (2 − ex ) sec2 ydy = 0.
Solução.
115 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
tan y
integrando segue: −3Ln(2 − ex ) + Ln(tan y) = C de onde = eC .
(2 − ex )3
Logo tan y = eC (2 − ex )3 , então y = arctan eC (2 − ex )3 .
Ao escrever a constante C = LnC1 terı́amos y = arctan C1 (2 − ex )3 sem precisar do
exponencial.
Observe que ao dividir por (2 − ex ) tan y supusemos que nenhum dos fatores era zero.
Pois caso contrário terı́amos respectivamente
y = kπ (k = 0, 1, 2, . . .), x = Ln2
Observação 2.7.
1. A divisão por (2 − ex ) tan y pode dar lugar à perda de soluções particulares que anulam
este produto.
dy
2. A solução da equação diferencial da forma = f (ax + by + c) onde a, b e c são
dx
constantes, reduz-se a uma equação de variáveis separáveis utilizando a substituição
z = ax + by + c.
Exemplo 2.36.
Resolver y 0 = ax + by + c, onde a, b e c são constantes.
Solução.
dz dy
Seja z = ax + by + c, então = a + b , logo a equação original podemos escrever
dx dx
dz dz
sob a forma − a = bz de onde = dx, integrando
dx a + bz
Z Z
dz 1
− dx = C1 , então Ln(a + bz) − x = C1
a + bz b
116 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
mgR2
Sabemos que a força sob um objeto lançado ao ceu é F = − , e que a força
(R + x)2
dv
F = ma onde a = é a aceleração, então
dt
dv dv dx dv
F = ma = m =m · = mv
dt dx dt dx
assim
mgR2 dv dv gR2
− 2
= mv ⇒ v + =0
(R + x) dx dx (R + x)2
esta equação é de variáveis separáveis. Integrando esta equação obtém-se:
2gR2
v2 = +C
R+x
2 2gR2
v(x) = + v02 − 2gR
R+x
Como assegurar que v sempre seja positivo? Isto é que realmente logre o
objeto escapar da força da gravidade.
√
Bem nesse caso v02 − 2gR > 0, isto acontece quando v0 > 2gR ≈ 11, 18km/s.
dizemos que é exata, se seu primeiro membro é a diferencial total de uma função F (x, y).
dy df
Lembre que, se y = f (x), então sua derivada y 0 = = , e seu diferencial
dx dx
dy = df = f (x + h) − f (x) ≡ f 0 (x)dx
Para o caso de uma função de duas variáveis z = F (x, y) temos que seu diferencial
exata é
dz = dF (x, y) = F (x + h, y + k) − F (x, y) ⇒
117 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂F ∂F
dF ≡ dx + dy
∂x ∂y
Assim, justifica-se a seguinte expressão
∂F ∂F
0 = M (x, y)dx + N (x, y)dy ≡ dx + dy = dF (x, y) (2.37)
∂x ∂y
∂F ∂F
e podemos supor M (x, y) = e N (x, y) = estas equações nos conduzem a
∂x ∂y
∂M ∂ 2F ∂N ∂ 2F
= e =
∂y ∂y∂x ∂x ∂x∂y
∂ 2F ∂ 2F
Pelas propriedades do cálculo diferencial sabemos que = sempre que as
∂y∂x ∂x∂y
derivadas parciais sejam contı́nuas. Assim, temos a seguinte propriedade.
Propriedade 2.1.
∂M ∂N
Se M, N, e são funções contı́nuas de x e y, a condição necessária e
∂y ∂x
suficiente para que a equação (2.36) seja uma equação diferencial exata é que se
cumpra a condição
∂M ∂N
≡
∂y ∂x
(em uma região simplesmente conexa3 R de variação x e y).
Observe, para resolver (2.36) sendo exata, devemos primeiro resolver as equações
∂F (x, y)
= M (x, y) (2.38)
∂x
∂F (x, y)
= N (x, y) (2.39)
∂y
em relação a F (x, y) a fim de obter dF (x, y) = 0, então sua solução é dada explicitamente
por
F (x, y) = C
118 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.38.
Resolver a equação diferencial (x + seny)dx + (x cos y − 2y)dy = 0
Solução.
∂M
Aqui M (x, y) = x + seny e N (x, y) = x cos y − 2y, além disso cumpre que ≡
∂y
∂N
= cos y, logo a equação diferencial é exata.
∂x
Procuremos agora uma função F (x, y) que satisfaça (2.38) e (2.39), para isto conside-
∂F (x, y)
remos = x + seny, de onde
∂x
Z Z
∂F (x, y)
dx = (x + seny)dx
∂x
ou
1
F (x, y) = x2 + xseny + v(y) (2.40)
2
∂F
Para determinar v(y), derivamos esta última função em relação a y, obtendo =
∂y
x cos y + v 0 (y), e levamos o resultado juntamente com N (x, y) = x cos y − 2y em (2.39),
obtendo
x cos y + v 0 (y) = x cos y − 2y ou v 0 (y) = −2y
de onde v(y) = −y 2 + C1 .
Considerando este valor em (2.40), obtemos
1
F (x, y) = x2 + xseny − y 2 = C
2
1
Portanto, a solução da equação diferencial é dada implicitamente por x2 +xseny−y 2 =
2
C.
Exemplo 2.39.
119 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂M
Observe que = x cos(xy) + x cos(xy) − x2 ysen(xy) = 2x cos(xy) − x2 ysen(xy) por
∂y
∂N ∂M ∂N
outro lado, = 2x cos(xy) − x2 ysen(xy) ou seja ≡ .
∂x ∂y ∂x
Observamos que cumpre a condição necessária e suficiente, consequentemente
Z Z Z Z
2
[sen(xy) + xy cos(xy)]dx + [x cos(xy)]dy − [2x cos(xy) − x2 ysen(xy)]dxdy = C
Z
xsen(xy) + xsen(xy) − x2 cos(xy)dy = C ⇒ xsen(xy) = C
Observação 2.8.
1. Existem casos excepcionais onde M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 não representa uma
equação diferencial exata. Neste caso procura-se por uma função µ = µ(x, y) de
modo que ao multiplicar por esta última igualdade resulta uma diferencial da forma
dF = µM dx + µN dy
∂M ∂N
2. Todas as equações diferenciais de variáveis separáveis são exatas, pois = =0
∂y ∂x
Os polinômios nos quais todos os términos são do mesmo grau tais como
x2 + 3xy − 5y 2 ;
x5 − y 5 ; (2.41)
x3 y + 8y 4 .
120 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 2.17.
Dizemos que uma função f (x, y) é homogênea de grau n ∈ N em seus argumentos,
se cumpre a identidade
x2 + y 2
Para n = 0, temos uma função de grau zero. Por exemplo, f (x, y) = é uma
x2 − y 2
função homogênea de grau zero, pois
(tx)2 + (ty)2 t2 x2 + y 2
f (tx, ty) = = = f (x, y)
(tx)2 − (ty)2 t2 x2 − y 2
dy y
= ϕ( ) (2.42)
dx x
y
Introduzindo uma nova função incógnita u = , a equação (2.42) reduz-se à equação
x
de variáveis separáveis do tipo
du
x = ϕ(u) − u
dx
para o caso que u = u0 seja uma raiz da equação ϕ(u) − u = 0, a solução da equação
homogêneas é y = u0 x (reta que passa pela origem de coordenadas)
Propriedade 2.2.
Para o caso de M (x, y) e N (x, y) sejam homogêneas do mesmo grau, então a
M (x, y)
função é homogênea de grau zero.
N (x, y)
Propriedade 2.3.
Se f (x, y) é homogênea de grau zero em x e y, então f (x, y) é uma função de
y
variável .
x
Assim, uma equação diferencial homogênea M (x, y)dx+N (x, y)dy = 0 ou y 0 = f (x, y),
pode ser resolvida por meio da substituição algébrica y = ux ou x = vy, em que u e v
são as novas variáveis independentes onde u = u(x) ( ou v = v(y)), que transformará a
equação original em uma equação diferencial de primeira ordem separável.
121 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.40.
Resolver (x2 + y 2 )dx + (x2 − xy)dy = 0
Solução.
Observe que tanto M (x, y) quanto N (x, y) são homogêneas de grau dois. Podemos
dy du
considerar y = ux, de onde = u + x . Substituindo na equação original segue
dx dx
x2 (1 + u)dx + x3 (1 − u)du = 0
1−u dx 2 dx
du + =0 ⇒ − 1 du + =0
1+u x 1+u x
integrando resulta 2Ln(1 + u) − u + Ln(x) = C1 , substituı́do y = xu
y y
2Ln(1 + ) − + Ln(x) = Ln(C)
x x
(x + y)2
y
então Ln = .
Cx x √
2
Portanto, (x + y) = Cx x ey .
Exemplo 2.41.
p
Resolver xy 0 = x2 − y 2 + y
Solução.
p
x2 − y 2 + y
Observe que f (x, y) = é homogênea, considerando y = ux segue que
x
dy du
=u+x .
dx dx
du √
Substituindo na equação original resulta x(u + x ) = x2 − x2 u2 + ux de onde
dx
du √ 2
x = 1−u .
dx
du dx
Separando as variáveis √ = , integrando arcsenu = Lnx + C ou arcsenu =
1 − u2 x
Lnx + LnC1 onde C = LnC1 . Logo, sen(Ln(x[C1 ]) = u.
Portanto, y = x sen(Ln(x[C1 ]) é a solução geral.
Observação 2.9.
122 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
As equações da forma
dy a x + b y + c
1 1 1
=f (2.43)
dx a2 x + b 2 y + c 2
podem ser reduzidas a homogêneas transladando a origem de coordenadas ao ponto (x0 , y0 )
interseção das retas
a1 x + b 1 y + c 1 = 0 e a2 x + b 2 y + c 2 = 0
x(s) = x = s + x0 e y(t) = y = t + y0 ⇒ dx = ds e dy = dt
dy a1 x + b 1 y + c 1
=f = F (a1 x + b1 y) (2.44)
dx λ(a1 x + b1 y + c1 ) + c2
Exemplo 2.42.
Resolver a equação (x + y − 2)dx + (x − y + 4)dy = 0
Solução.
x+y−2=0 e x−y+4=0
y − 3 (y − 3)2
2
(x + 1) 1+2 − =C
x + 1 (x + 1)2
Observação 2.10.
123 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Algumas vezes a equação M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 pode-se reduzir a homogênea
mediante a substituição y = z α .
Isto ocorre quando todos os elementos da equação são do mesmo grau, atribuindo grau
dy
um á variável x, grau α à variável y, e o grau α − 1 à variável .
dx
Exemplo 2.43.
Resolver 2xy 3 dx + (x2 y 2 − 1)dy = 0
Solução.
o bem
2xz 3α dx + (x2 z 3α−1 − z α−1 )αdz = 0
para ser homogênea supondo de grau α − 1 tem que acontecer que os graus de todos os
términos resultam iguais, isto é se cumpre a condição 3α + 1 = α − 1, de onde α = −1.
Consequentemente temos que y = z −1 e a equação inicial resulta na forma
x 1 x2
2 3 dx + 2 − 4 dz = 0
z z z
de onde
dx u2 − 1
+ du = 0
x u(u2 + 1)
x(u2 + 1)
integrando achamos que Ln(x) + Ln(u2 + 1) − Ln(u) = Ln(C) o bem = C.
u
1
Substituindo u por , obtém-se a solução geral da equação 1 + x2 y 2 = Cy.
xy
Observe que y = 0 também é solução trivial da equação que se obtém quando da
1 + x2 y 2
solução geral 1 + x2 y 2 = Cy escrevemos y = e calculamos o limite C → ∞.
2 2
C
Portanto, 1 + x y = Cy é solução geral, e y = 0 é solução particular.
124 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 2-2
dy 2x − y + 1
1. (2x − y + 4)dy + (4x − 2y + 5)dx = 0 2. =
dx 6x − 3y − 1
3. (x + y + 1)dx + (2x + 2y − 1)dy = 0 4. y 0 = (8x + 2y + 1)2
dy
4. Determine a solução da equação = y ·|Lny|α com α > 0 que satisfaz a condição
dx
inicial y(0) = 0, para que valores de α tem solução única?
125 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
7. Para cada uma das equações, determine o valor da constante k para que a equação
seja exata.
10. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre
que a substituição x = uy transforma a equação em uma com variáveis separáveis.
126 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
12. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre que
a substituição x = r cos θ, y = rsenθ transforma a equação em uma com variáveis
separáveis.
13. Suponha que M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 seja uma equação homogênea. Mostre
dy x
que a equação pode ser escrita na forma = G( ).
dx y
1. y 0 = (senx)y + ex 2. y 0 = xseny + ex 3. y 0 = y 2 + x
4. y 0 = 5 5. y 0 = xy + 1 6. xy 0 + 2y = 0
15. Para cada exercı́cio, encontre uma solução para cada equação diferencial dada que
passe pelos pontos indicados:
dy 1
1. − y 2 = −9 (a) (0, 0) (b) (0, 3) (c) ( , 1)
dx 3
dy 1 1
2. x = y2 − y (a) (0, 1) (b) (0, 0) (c) ( , )
dx 2 2
dy
1. − y · tan x = senx 2. (x + seny − 1)dy − cos y · dx = 0
dx
dy
3. (1 + x2 ) + y = arctan x 4. dx + 2xdy = e−2y · sec2 y · dy
dx
dy dy
5. = y · tan x + cos x 6. x · − y = x2
dx dx
7. y 2 dx − (2xy + 3)dy = 0 8. x · Lnx · dy + (y − 2Lnx)dx = 0
dy y cot x dx 6xy y2
9. + − =0 10. + 2 = 2
dx x x dy y + 1 (y + 1)4
dy 1 dy senx − (1 − y) cos x
11. + 4y = 12. =
dx 3 + 2e4x dx senx
dr
13. + 3r · cot θ = −5sen(2θ) 14. x cos xdy + [y(xsenx + cos x) − 1]dx = 0
dθ
127 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dy x2 dy
15. x(x2 − 1) +y = √ 16. + y sec2 x = tan x · sec2 x
dx x2 − 1 dx
dy dr
17. xLnx + y = Ln(Lnx) 18. + 2r cos(2θ) = sen(4θ)
dx dθ
18. Suponha a, m, n, d constantes. Quais são as condições para que a equação (ax +
by)dx + (mx + ny)dy = 0 seja exata?. Resolver a equação.
19. Quais são as condições para que a equação [f (x) + g(y)]dx + [h(x) + p(y)]dy = 0
seja exata?
20. Quais são as condições para que a equação f (x, y)dx + g(x) · h(x)dy = 0 seja exata?
21. Para os seguintes exercı́cios, determine a solução das equações que satisfazem as
condições dadas.
128 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Dizemos equação diferencial linear de primeira ordem, aquela que é linear com respeito
à função incógnita e sua derivada. Isto é, uma equação diferencial linear é de primeira
ordem, se escrita na forma normal, é uma combinação de funções lineares das derivadas
menores
a2 (x)y 0 + a1 (x)y + a0 (x) = 0, a2 (x) 6= 0, y = y(x)
dy
+ a(x)y = b(x) (2.45)
dx
onde a(x), b(x) são funções contı́nuas que dependem da variável x na região onde teremos
que integrar.
Para o caso b(x) 6= 0, a equação (2.45) é chamada de “equação linear não homogênea”.
.
Também uma equação diferencial linear de primeira ordem pode ser escrita na forma
diferencial
M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 (2.46)
Quando a equação estiver escrita como na equação (2.45) podemos transforma-la como
Na tentativa de resolver esta última equação, podemos multiplicar por uma função
µ(x) > 0 para obter µ(x)dy + a(x)µ(x)ydx = b(x)µ(x)dx de onde
d d d
µ(x)[a(x)y − b(x)] = µ(x) ⇒ µ(x)a(x) = µ(x)
dy dx dx
129 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z
d[µ(x)]
logo, a(x)dx = , de onde Lnµ(x) = a(x)dx. Assim,
µ(x)
R
a(x)dx
µ(x) = e (2.49)
Resta mostrar que (2.49) em verdade é um função apropriada para (2.47), e que esta
não depende da equação diferencial dada.
R
a(x)dx
Multiplicando a equação (2.47) por µ(x) = e resulta
R R
a(x)dx a(x)dx
e [dy + a(x)ydx] = e [b(x)dx] (2.50)
R
a(x)dx
A parte esquerda desta igualdade é um diferencial exato do produto d[e y], e a
parte de direita é uma diferencial exata, pois não depende de y.
Portanto, a equação (2.48) é exata.
Para o caso de uma equação diferencial linear homogênea de primeira ordem, temos
dy
+ a(x)y = 0, ela é de variáveis separáveis e sua solução geral é da forma
dx
R
y = Ce− a(x)dx
, C é uma constante (2.51)
Exemplo 2.44.
1
Determine se a função µ(x) = − é apropriada para a solução da equação dife-
x2
rencial ydx − xdy = 0.
Solução.
1
Multiplicando a equação diferencial dada por µ(x) = − obtemos
x2
1 y 1
− (ydx − xdy) = 0 ⇒ − dx + dy = 0
x2 x 2 x
1
Como esta última equação é exata, então µ(x) = − é a função apropriada.
x2
Exemplo 2.45.
Determine uma função µ(x) que facilite a solução da equação y 0 − 2xy = x.
Solução.
Z Z
Temos a(x) = −2x. Assim, a(x)dx = −2xdx = −x2 .
2
Portanto, µ(x) = e−x é a função apropriada para achar a solução da equação.
130 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
for exata.
Exemplo 2.46.
y + x3
Resolver y0 = .
x
Solução.
1 R 1 1
Temos y 0 − y = x2 , o fator integrante é da forma µ(x) = e− x
dx
= . Logo
x x
Z
−
R 1
1 R 1 d y y 1
e x
dx
y − y = x2 e −
0 x
dx
⇒ =x ⇒ = xdx = x2 + C
x dx x x 2
1
A solução é y = x3 + xC.
2
Existem casos em que a equação diferencial esta escrita na forma diferencial como em
(2.46) e não é exata. Não entanto esta equação podemos transformar algumas vezes em
uma equação diferencial exata, mediante multiplicação por um fator integrante adequado.
for exata.
Se µ(x, y) é um fator integrante de (2.46), então (2.52) é exata e pode ser resolvida seja
pelo processo estudado na Seção 2.5.2 ou pelo processo de integração direta. A solução
de (2.52) também é solução da equação (2.46).
131 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 2.4.
Se M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 tem uma solução singular, esta será da forma
1
.
µ(x, y)
Demonstração.
Com efeito, sendo µ(x, y)[M (x, y)dx + N (x, y)dy] = dF (x, y) = 0, teremos
1
M (x, y)dx + N (x, y)dy = dF (x, y) = 0
µ(x, y)
1
onde as soluções dF (x, y) = 0 isto é F (x, y) = C é solução geral, e = 0 é solução
µ(x, y)
singular.
Exemplo 2.47.
Sabendo que 0 < x < π, 0 < y < π, e usando fator integrante, achar a solução geral
da equação diferencial
2 cos x x senx cos y
+ e dx − dy = 0
seny sen2 y
Solução.
2 cos x senx cos y
Sejam M (x, y) = + ex e N (x, y) = − , então
seny sen2 y
sen2 x cos y
2 cos xsenx x
+ e senx dx − dy = 0
seny sen2 y
132 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
Com efeito, sendo µ(x, y)M (x, y)dx + µ(x, y)N (x, y)dy = 0 uma diferencial exata,
temos
∂[µ(x, y)M (x, y)] ∂[µ(x, y)N (x, y)]
=
∂y ∂x
logo
∂M ∂N ∂µ ∂µ ∂µ M ∂µ
µ(x, y) − = N (x, y) − M (x, y) =N −
∂y ∂x ∂x ∂y ∂x N ∂y
M dy
Como M (x, y)dx + N (x, y)dy = 0 ⇒ = − substituindo na última
N dx
igualdade
∂M ∂N ∂µ M ∂µ ∂µ dy ∂µ
µ(x, y) − =N − =N + (2.55)
∂y ∂x ∂x N ∂y ∂x dx ∂y
Como µ = µ(x, y) é função de duas variáveis e y = y(x), seu diferencial total é dado
∂µ ∂µ
por dµ = dx + dy de onde
∂x ∂y
dµ ∂µ dy ∂µ
= +
dx ∂x dx ∂y
∂M ∂N dµ
Assim, em (2.55) temos µ(x, y) − = N (x, y)
∂y ∂x dx
De modo análogo mostra-se a outra igualdade e é exercı́cio para o leitor.
133 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.48.
1 1
• xdx + ydy é o diferencial total de x2 + y 2 , pois o diferencial d( x2 + y 2 ) =
2 2
xdx + ydy.
• A expressão pydx + qxdy não é exata, a função µ(x, y) = xp−1 y q−1 é um fator
integrante.
1 1 1 1 1
µ= , µ= , µ= , µ= , µ=
y2 x2 xy x2 + y2 ax2 + bxy + cy 2
se esta equação não é exata, podemos transformá-la em exata multiplicando-la por uma
função µ(x, y) para obter
∂ ∂
[µ(x, y)M (x, y)] = [µ(x, y)N (x, y)]
∂y ∂x
de onde
∂µ ∂µ ∂M ∂N
M (x, y) (x, y) − N (x, y) (x, y) = − (x, y) − (x, y) µ(x, y) (2.56)
∂y ∂x ∂y ∂x
Determinar uma solução não trivial µ(x, y)para esta equação diferencial parcial (2.56)
é, em princı́pio muito mais difı́cil resolver que a equação original. Na prática procura-se
134 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂µ
∂x
(x,y) 1 ∂M ∂N
= (x, y) − (x, y)
µ(x, y) N (x, y) ∂y ∂x
Supondo que
1 ∂M ∂N
(x, y) − (x, y) = g(x)
N (x, y) ∂y ∂x
Logo, integrando
Z Z Z
∂µ(x, y) 1 ∂M ∂N
= (x, y) − (x, y) dx = g(x)dx
µ(x, y) N (x, y) ∂y ∂x
Z Z Z
∂µ(x, y)
Como temos = g(x)dx então segue Lnµ(x, y) = g(x)dx.
µ(x, y)R
Portanto, µ(x, y) = e g(x)dx é o fator integrante procurado.
∂µ
(x, y)
∂y 1 ∂M ∂N
=− (x, y) − (x, y)
µ(x, y) M (x, y) ∂y ∂x
Supondo que
1 ∂M ∂N
h(y) = (x, y) − (x, y)
M (x, y) ∂y ∂x
Logo integrando
Z Z Z
∂µ(x, y) 1 ∂M ∂N
=− (x, y) − (x, y) dy = − h(y)dy
µ(x, y) M (x, y) ∂y ∂x
Z Z Z
∂µ(x, y)
Como temos = − h(y)dy então segue Ln[µ(x, y)] = − h(y)dy.
µ(x, y)R
Portanto, µ(x, y) = e −h(y)dy é o fator integrante procurado.
135 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
de onde
∂M ∂N f 0 (x) g 0 (y)
(x, y) − (x, y) = N (x, y) − M (x, y)
∂y ∂x f (x) g(y)
Como M e N são funções conhecidas, desta última igualdade podemos obter f (x) e
g(x).
Exemplo 2.49.
Determine um fator integrante para a equação (1 − x2 y)dx + x2 (y − x)dy = 0.
Solução.
∂M ∂N
De M (x, y) = 1 − x2 y e N (x, y) = x2 (y − x) então = −x2 6= = 2xy − 3x2
∂y ∂x
temos
∂M ∂N
− = −x2 − (2xy − 3x2 ) = −2x(y − x) ⇒
∂y ∂x
−x2 − (2xy − 3x2 )
1 ∂M ∂N −2x(y − x) 2
f (x) = − = 2
= 2 =−
N ∂y ∂x x (y − x) x (y − x) x
R
− x2 dx 1
O fator integrante é µ(x, y) = e =
x2
Exemplo 2.50.
Determine o fator integrante da forma f (x)g(y) para resolver a equação diferencial
(xy + x2 y + y 3 )dx + (x2 + 2y 2 )dy = 0.
Solução.
∂M ∂N ∂M ∂N
Observamos que = x + x2 + 3y 2 e = 2x, como 6= a equação não
∂y ∂x ∂y ∂x
é exata.
Supondo o fator integrante da forma f (x)g(y), é o Caso 3 acima descrito, segue
f 0 (x) g 0 (y)
x + x2 + 3y 2 − 2x = N −M
f (x) g(y)
f 0 (x) g 0 (y)
x + x2 + 3y 2 − 2x = (x2 + 2y 2 ) − (xy + x2 y + y 3 )
f (x) g(y)
136 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
de onde
f 0 (x) g 0 (y) 1
= 2, = ⇒ f (x) = e2x , g(y) = y
f (x) g(y) y
Portanto, f (x)g(y) = e2x y é um fator integrante para resolver a equação.
Exemplo 2.51.
Determine um fator integrante para a equação 2ydx − x(1 + y 3 )dy = 0.
Solução.
∂M ∂N ∂M ∂N
Temos que =2 e = −1 − y 3 , como 6= a equação não é exata.
∂y ∂x ∂y ∂x
Seja µ(x, y) = xm y n um fator integrante, então a equação original resulta na forma
2xm y n+1 dx − xm+1 y n (1 + y 3 )dy = 0, para ser exata deve satisfazer:
∂M
f ∂N
e
= 2(n + 1)xm y n = −(m + 1)(xm y n + xm y n+3 ) =
∂y ∂x
1 ∂M ∂N R
g(x)dx
1. Se − ≡ g(x) é função somente de x, então µ(x, y) = e .
N ∂y ∂x
1 ∂M ∂N R
2. Se − ≡ h(y) é função somente de y, então µ(x, y) = e− h(y)dy
.
M ∂y ∂x
3. Se µ(x, y) = f (x)g(y) é um fator integrante, então
∂M ∂N f 0 (x) g 0 (y)
− = N (x, y) − M (x, y)
∂y ∂x f (x) g(y)
137 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Foi estudado em seções precedentes que, para resolver a equação (2.47) temos a multi-
plicar esta equação pelo fator integrante µ(x), o membro esquerdo da equação resultante
d[y µ(x)]
será da forma .
dx
Integrando esta nova equação, obteremos a solução.
Exemplo 2.52.
Resolver o pvi y 0 + y = senx, y(π) = 1.
Solução.
138 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Consideremos
y = u(x)w(x) (2.57)
2
y = C(x)e−x (2.59)
Exemplo 2.54.
Resolver a equação ydx + (x + x3 y 2 )dy = 0.
Solução.
d(xy) dy
Logo, + = 0, de onde integrando obtemos
(xy)3 y
1
− + Lny = −LnC
2x2 y 2
139 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.55.
dy y R 1
dx
Dada a equação diferencial + = 3x. O fator integrante é a função e x .
dx x
Logo
R 1
dx dy y R 1
e x + = 3xe x dx ⇒ d(xy) = 3x2
dx x
integrando respeito à variável x
Z
d
(xy) = 3x2 ⇒ xy = 3 x2 dx + C ⇒ xy = x3 + C
dx
Observação 2.12.
Pode acontecer que a equação diferencial seja linear respeito de x, considerada esta
dx
variável como função de y. A forma normal desta equação é + s(y)x = t(y).
dy
O êxito do método depende da habilidade do estudante em reconhecer quais determi-
nados termos constitui uma diferencial exata du(x, y). Para tanto, a Tabela (2.1) poderá
constituir boa ajuda.
1 xdy − ydx y
ydx − xdy − = d( )
x2 x 2 x
1 ydx − xdy x
ydx − xdy = d( )
y2 y 2 y
1 xdy − ydx hyi
ydx − xdy − = d(Ln )
xy xy x
1 xdy − ydx hyi
ydx − xdy − 2 = d(arctan )
x + y2 x2 + y 2 x
1 ydx + xdy
ydx + xdy = d(Ln(xy))
xy xy
1 ydx + xdy −1
ydx + xdy , n>1 =d
(xy)n (xy)n (n − 1)(xy)n−1
1 ydy + xdx 1
ydy + xdx = d[ Ln(x2 + y 2 )]
x + y2
2 2
x +y 2 2
1 ydy + xdx −1
ydy + xdx , n>1 =d
(x + y 2 )n
2 (x2 + y 2 )n 2(n − 1)(x2 + y 2 )n−1
Tabela 2.1:
Exemplo 2.56.
140 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Determine se − é fator integrante de ydx − xdy = 0.
xy
Solução.
1
Multiplicando a equação diferencial dada por − obtemos
xy
1 1 1
− (ydx − xdy) = 0 ⇒ − dx + dy = 0
xy x y
1
Como esta última equação é exata, então − é fator integrante.
xy
Observação 2.13.
Existem casos em que uma equação diferencial pode admitir mais de um fator inte-
grante.
Exemplo 2.57.
4y
Determine um fator integrante para y 0 + = x4 .
x
Solução.
Z Z
4 4
Aqui, a(x) = , logo a(x)dx = dx = 4Lnx = Lnx4 .
x x
4
De onde µ(x) = eLnx = x4 é o fator integrante.
Exemplo 2.58.
dy 1
Resolver a equação = .
dx x cos y + sen2y
Solução.
dx
− x cos y = sen2y (2.60)
dy
141 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.59.
Resolver a equação 2ydx − (x + xy 3 )dy = 0.
Solução.
logo
∂Mf ∂N
e
= 2(m + 1)xn y m e = −(n + 1)(xn y m + xn y m+3 ) como deve ser exata então
∂y ∂x
∂M
f ∂N e
= ⇒ 2(m + 1)xn y m = −(n + 1)(xn y m + xn y m+3 )
∂y ∂x
∂F 1 1
= g 0 (y) = − (x + xy 3 ) ⇒ g(y) = −[Lny + y 3 ]
∂y xy 3
1
assim temos F (x, y) = 2Lnx − [Lny + y 3 ] = C.
3
1
Portanto, a solução geral na forma implı́cita da equação é 2Lnx − Lny − y 3 = C.
3
142 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 2-3
seja exata.
seja exata.
My − Nx Rt
3. Mostre, se = R(xy) então e R(s)ds é um fator integrante , onde t = xy.
yN − xM
4. Quais são as condições para que M dx + N dy = 0 tenha um fator integrante da
forma µ(x + y)?
1
5. Verificar que, se M dx + N dy = 0 é homogênea então µ(x, y) = é um
xM + yN
fator integrante.
143 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2y 3 3y 2
5. (3x2 tan y − )dx + (x 3
sec 2
y + 4y 3
+ )dy = 0
x3 x2
x2 + y 2 x2 + y 2
6. 2x + dx = dy
x2 y xy 2
sen2 x
sen2x
7. + x dx + (y − )dy = 0
y y2
dy 3x2 y + y 2
8. Achar a solução particular da equação = − 3 que passa pelo ponto
dx 2x + 3xy
y(1) = −2.
é da forma (
xn y n = nLn(Cx−a y −b ), se n 6= 0
xy = C1 x−a y −b , se n = 0
é da forma
(
(n − 1)(xy)n−1 (x2 + y 2 − C) = 2a, se n 6= 1
x2 + y 2 − C = −2aLn(xy), se n = 1
144 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dy 1 + y2
1. (x − 1)dy − ydx = 0 2. =
dx (1 + x2 )xy
3. (x2 − y 2 )dx − 2xydy = 0 4. (x + y 2 )dx − xydy = 0
2
√
y 1
9. y cos(xy) + √ dx + x cos(xy) + 2 x + dy = 0
x y
12. Mostre que as equações abaixo não são exatas mas tornam-se exatas quando multi-
plicadas pelo fator integrante dado ao lado. Portanto resolva as equações.
1
1. x2 y 3 dx + x(1 + y 2 )dy = 0, µ(x, y) =
xy 3
cos y + 2e−x cos x
seny
−x
2. − 2e senx dx + dy = 0, µ(x, y) = yex
y y
13. Sabe-se que a lei de variação de temperatura de Newton afirma que: “A taxa de
variação de temperatura T (t) de um corpo é proporcional diferença de temperatura
dT
T (t) entre o corpo e o meio ambiente Tm (t)”. Isto é = −K(T − Tm ), onde a
dt
constante de proporcionalidade K > 0.
14. Seja N (t) a quantidade de uma substância. Sabe-se que a lei de crescimento ou
decrescimento de uma substância afirma que: “A taxa de variação da substância
dN (t)
N (t) é proporcional à quantidade de substância presente”. Isto é = KN (t),
dt
onde a constante de proporcionalidade K ∈ R.
145 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
15. Um tubo em forma de U está cheio (Figura (2.4)) com um lı́quido homogêneo, que
é levemente comprimido em um dos lados do pistão. O pistão é removido e o nı́vel
do lı́quido em cada ramo oscila. Determine a altura do nı́vel do lı́quido em um dos
ramos em função do tempo.
Figura 2.4:
16. Um corpo de 1, 2 quilogramas cai à terra com velocidade inicial v0 desde uma de-
terminada altura. Na medida em que o corpo cai, a resistência do ar atua sobre o
corpo. Suponha que esta resistência em quilogramas equivale numericamente ao do-
bro da velocidade em metros por segundo. 1.) Determine a velocidade e a distância
da queda com respeito ao tempo. 2.) Qual deve ser o valor de v0 ao término de
1
Ln2 segundos para que a velocidade se duplique? Considere g = 4.8m/s2 .Rpta.2.
8
v0 = 0, 6 m/s
146 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Portanto, a equação (2.61) reduz-se a uma equação linear ao substituir z = .
y n−1
Porém é mais conveniente substituir (sem reduzir à linear) y = u(x)v(x).
Exemplo 2.60.
Resolver a equação de Bernoulli xy 0 + y = y 2 Lnx.
Solução.
Consideremos y = u(x)v(x), então y 0 = u0 v + uv 0 de onde substituindo na equação
original
x(u0 v + uv 0 ) + y = y 2 Lnx ⇒ xvu0 + u(xv 0 + v) = u2 v 2 Lnx
147 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 2.14.
1 dz dy
A substituição z = , tem como derivada = (1−n)y −n consequentemente
y n−1 dx dx
a equação (2.62) transforma-se em uma linear da forma
dz
+ (1 − n)za(x) = (1 − n)b(x)
dx
Exemplo 2.61.
1
Resolver y 0 + y = xy 2 .
x
Solução.
1
Temos a(x) = , b(x) = x e n = 2. Logo, a mudança de variável nos dá
x
dz 1
− z = −x.
dx x
O fator integrante para esta equação linear em (0, +∞) é
dx −1
R
e− x = e−Lnx = eLnx = x−1
x−1 z
assim = −1.
dx
Integrando esta última forma, obtemos x−1 z = −x + C ou z = −x2 + Cx. como
1
z = y −1 segue que a solução é y = 2
.
−x + Cx
Para n > 0 observe que a solução trivial é y = 0.
y = xϕ(y 0 ) + ψ(y 0 )
Exemplo 2.62.
Resolver y = 2xy 0 + Lny 0 .
Solução.
148 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dt
tdx = 2tdx + 2xdt +
t
dx 1 dx 2 1
de onde t = −2x − ,isto é = − x − 2.
dt t dt t t
Observe que obtivemos uma equação linear de primeira ordem respeito de x. Resolvendo-
C 1
la achamos que x = 2 − .
t t
y = xy 0 + ψ(y 0 ) (2.63)
Onde ψ é uma função arbitrária. O método da solução desta equação é o mesmo que
para a equação de Lagrange. A solução geral da equação tem a forma das retas
y = Cx + ψ(C) (2.64)
onde C ∈ R é constante
A equação de Clairaut pode também tem a solução singular, que se obtém eliminando
t entre as equações
y = ψ(t) + ψ 0 (t), x = −ψ 0 (t) (2.65)
149 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dx
= −ψ 00 (t)
dt
dy
= ψ 0 (t) − ψ 0 (t) − tψ 00 (t) = −tψ 00 (t)
dt
dy dy dt 1
= · = − − tψ 00 (t) = −t
dx dt dx −ψ 00 (t)
dy
Substituindo y e na equação de Clairaut (2.63) chegamos à identidade
dx
De modo que (2.65) define outra solução para (2.63). A solução paramétrica é conhe-
cida como solução singular e requer que ψ 00 (t) = 0, observe que a solução paramétrica não
podemos obter da famı́lia de retas (2.65)
Exemplo 2.63.
a
Resolver y = xy 0 + (a constante).
2y 0
Solução.
a
Supondo y 0 = t, obtém-se y = xt + .
2t
Diferenciando esta última equação e substituindo dy por tdx, achamos tdx = tdx +
a a
xdt − 2 dt, de onde dt · (x − 2 ) = 0
2t 2t
Examinemos os dois fatores do primeiro membro da última igualdade.
Quando o primeiro fator dt = 0 então t = C, e a solução da equação inicial é y =
a
Cx + .
2C
Este é um feixe de retas.
a a
Quando o segundo fator (x − 2 ) = 0, temos x = 2 .
2t 2t
a
Eliminando t nesta equação e na equação y = xt + , resulta y 2 = 2ax, esta também
2t
é uma solução da equação considerada (solução singular).
a
Portanto, y = Cx + e y 2 = 2ax são soluções da equação diferencial.
2C
Exemplo 2.64.
Lnx
Resolver xe2y y 0 + e2y = .
x
Solução.
150 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
du dy
Seja u = e2y ⇒ e2y= e2y .
dx dx
x du Lnx
Substituindo na equação original resulta +u = , logo temos a equação
2 dx x
diferencial linear
du 2x 2Lnx 2 C
+ = ⇒ u= (xLnx − x) + 2
dx u x2 x 2 x
2 C
e2y =
(Lnx − 1) + 2
x x
1 2 C
Portanto, y = Ln (Lnx − 1) + 2 é a solução geral da equação diferencial.
2 x x
Exemplo 2.65.
Resolver y 0 + yLny = yex .
Solução.
du 1 dy du dy
Seja u = Lny ⇒ = · de onde eu · = .
dx y dx dx dx
du
Substituindo na equação original resulta eu · + eu · u = eu · ex , logo temos a equação
dx
diferencial linear com solução
du 1
+ u = ex ⇒ u = ex + Ce−x
dx 2
1
Assim, Lny = ex + Ce−x
21 x −x
Portanto, y = e 2 e +Ce é a solução geral da equação diferencial.
Exemplo 2.66.
√
Resolver y0 = 2 + y − 2x + 3.
Solução.
du dy du dy
Seja u = y − 2x + 3 ⇒ = − 2 de onde +2= .
dx dx dx dx
du √
Substituindo na equação original resulta + 2 = 2 + u, logo temos a equação
dx
diferencial linear com solução
du √ x 2
= u ⇒ u= +C
dx 2
x
2
Assim, y − 2x + 3 = +C2
x 2
Portanto, y = 2x − 3 + + C é a solução geral da equação diferencial.
2
151 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
onde pi (x, y) para cada i = 0, 1, 2, . . . , (n − 1) são funções reais é contı́nuas numa região
R do plano-xy.
Sejam
y 0 = f1 (x, y), y 0 = f2 (x, y), · · · , : y 0 = fk (x, y), (k ≤ n) (2.67)
Exemplo 2.67.
Resolver y(y 0 )2 + (x − y)y 0 − x = 0.
Solução.
Isolando y 0 temos p
y−x± (x − y)2 + 4xy
y0 =
2y
x
de onde y 0 = 1 ou y 0 = − .
y
Assim, y = x + C ou x2 + y 2 = c2 são soluções.
152 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
tdx = ϕ0 (t)dt
de onde
ϕ0 (t) ϕ0 (t)
Z
dx = dt e x= dt + C
t t
e obtém-se a solução geral da equação na forma paramétrica
ϕ0 (t)
Z
x= dt + C, t∈R
t t é o parâmetro (2.69)
y = ϕ(t)
Exemplo 2.68.
Resolver y = a · (y 0 )2 + b · (y 0 )3 onde a e b são constantes.
Solução.
dy
Consideremos y 0 = = t, logo y = at2 + bt3 .
dx
Calculando o diferencial de y em relação a t temos dy = 2atdt + 3bt2 dt, o bem
3
logo x = 2at + bt2 + C.
2
A solução geral é
3
x = 2at + bt2 + C, t∈R
2 (2.70)
y = at2 + bt3
Caso 2. Se na equação F (y, y 0 ) = 0 não podemos isolar y nem y 0 (ou temos dificuldade
para isolar), porém esta últimos podemos expressar na forma paramétrica mediante
algum parâmetro t:
dy
y = ϕ(t), ρ = ψ(t), ρ =
dx
Então, dy = ρdx = ψ(t)dx.
ϕ0 (t)
Por outro lado, dy = ϕ0 (t)dt, de modo que ψ(t)dx = ϕ0 (t)dt e dx = dt.
ψ(t)
Z 0
ϕ (t)
De onde x = dt.
ψ(t)
Consequentemente, obteremos a solução geral da equação dada na forma paramé-
trica Z 0
ϕ (t)
x= dt, t ∈ R
ψ(t) t é o parâmetro (2.71)
y = ϕ(t)
153 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 2.69.
p p
Resolver 3
y 2 + 3 (y 0 )2 = 1.
Solução.
Observação 2.15.
Nas equações (2.72) e (2.71) não podemos considerar t como a derivada, deve-se con-
siderar como um parâmetro.
Exemplo 2.70.
dy dy 2
Resolver a +b = x.
dx dx
Solução.
dy
Tem-se = t, x = at + bt2 , dx = adt + 2btdt, como dy = tdx = atdt + 2bt2 dt,
dx
a 2
assim y = t2 + bt3 + C.
2 3
Portanto, a solução geral é
2
x = at + bt
a 2
y = t2 + bt3 + C, t∈R
2 3
154 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 2-4
155 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
√ y
15. y 0 − 2xy = 4x y 16. xy 0 − = y2
2Lnx
4y √
17. y 0 = +x y
x
4. Resolva as seguintes equações diferenciais de Lagrange.
1. y = xy 0 − (y 0 )3 2. y = xy 0 − tan y 0
dy 2
3. y − xy 0 = Lny 0 + (x + α)y 0 − y = 0,
4. dx
α constante
5. y = 2xy 0 − 2y 0 + 1 6. y(y 0 )2 + (2x − 1)y 0 = y
7. y = −x(y 0 )2 + (y 0 )2 + 1 8. y = (y 0 − 1)x + ay 0 + b
9. y = mxy 0 + ay 0 + b 10. y + xy 0 = (y 0 )2
11. (y 0 )3 − xy 0 + 2y = 0 12. 2(y 0 )2 + xy 0 − 2y = 0
13. 2(y 0 )3 + xy 0 − 2y = 0 14. y = xy 0 + (y 0 )2
1
15. y = xy 0 − 3(y 0 )3 16. y = xy 0 + 0
y
ay 0 p
17. y = xy 0 + p 18. y = xy 0 + a 1 + (y 0 )2
1 + (y 0 )2
a
19. y = xy 0 + 0 2 20. y = xy 0 + seny 0
(y )
p
21. y 0 = Ln(xy 0 − y) 22. y = xy 0 + 1 − (y 0 )2
156 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dy 2 dy
2. 6x2 ( ) − 13xy − 5y 2 = 0
dx dx
3. (y 0 )3 − y(y 0 )2 − x2 y 0 + x2 y = 0
dy
4. n2 ρ2 − x2n = 0, onde n 6= 0, e = ρ = y0
dx
5. x2 (y 0 )2 + 2xyy 0 + y 2 = xy
5. 4ρx − 2y = ρ3 y 2 4. 4ρ2 = 25
0
√
y
1. y = (y 0 )2 ey 2. x = (y 0 )2 − 2y 0 + 2 3. y 0 = ey0
4. y = y 0 Lny 0 5. y = y 0 (1 + y 0 cos y 0 ) 6. x = Lny 0 + seny 0
√0
7. (y 0 )2 x = y e 8. y 4 − (y 0 )4 − y(y 0 )2 = 0 9. x(1 + (y 0 )2 ) = 1
0
p p √5
10. y = (y 0 − 1)ey 11. 5 y 2 + 5 (y 0 )2 = a2
p
12. x [1 + (y 0 )2 ]3 = a 13. y = arcseny 0 + Ln[1 + (y 0 )2 ]
157 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
158 08/03/2020
Capı́tulo 3
159
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Em 1.747 foi abandonado pela famı́lia e morreu completamente louco com 81 anos.
i) As do tipo especial.
dn y
= f (x) (3.1)
dxn
n-vezes
2o caso: As equações diferenciais da forma
dn y
= g(y) (3.2)
dxn
Z Z Z s Z
1 0 2
y 0 dy 0 = g(y)dy ⇒ (y ) = g(y)dy + C1 ⇒ y 0 = 2[ g(y)dy + C1 ]
2
160 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
separando as variáveis
s Z Z Z
dy
dy = 2[ g(y)dy + C1 ]dx ⇒ r Z = dx + C2
2[ g(y)dy + C1 ]
onde a equação (3.3) não contêm y, podemos reduzir a ordem da equação mediante a
substituição z = y (k) para obter
F (x, z, z 0 , z 00 , · · · , z (n−k) ) = 0
Exemplo 3.1.
Resolver as seguintes equações diferenciais:
d3 y d2 y
1. = xex 2. = 8y 3. xy 00 = y 0 (Lny 0 − Lnx)
dx3 dx2
Solução.
d3 y d2 y
Z
1. = xex ⇒ = xex dx + C1 = xex − ex + C1 , logo
dx3 dx2
Z
dy
= [= xex − ex + C1 ]dx + C2 = xex − 2ex + C1 x + C2
dx
x2
Z
y= [xex − 2ex + C1 x + C2 ]dx + C3 = xex − 3ex + C1 + C2 x + C3
2
d2 y d2 y
2. = 8y ⇒ − 8y = 0.
dx2 dx2
0 0
d2 y 0 dy 0 dy
Como = y ⇒ y − 8y = 0 ⇒ y 0 dy 0 − 8ydy = 0, então temos
dx2 dy dy
1 0 2 1 p dy
(y ) − 8 y 2 = C1 ⇒ y0 = 2C1 + 8y 2 ⇒ p = dx
2 2 2C1 + 8y 2
p p
Portanto, Ln[2y + 4y 2 + C1 ] = x + C2 ou 2y + 4y 2 + C1 = Cex .
161 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
du dx
udx + xdu = uLnudx ⇒ − =0 ⇒ Ln(Lnu − 1) = LnC1 x
u(Lnu − 1) x
z
Lnu − 1 = C1 x ⇒ u = e1+C1 x ⇒ = e1+C1 x ⇒ y 0 = xe1+C1 x C2 xeC1 x
x
x 1
y = C2 [eC1 x ( − 2 )] + C3 = C4 eC1 x (C1 x − 1) + C3
C1 C1
Observação 3.1.
Quando uma equação diferencial for homogênea para a função y = y(x) e suas deri-
R
vadas, a substituição y 0 = yz(x) ou y = e z(x)dx reduz a ordem da equação diferencial
em uma unidade.
Exemplo 3.2.
Resolver a equação xy 0 (yy 00 − (y 0 )2 ) − y(y 0 )2 = x4 y 3 .
Solução.
R R R
Seja y = e z(x)dx
então y 0 = z(x)e z(x)dx
e y 00 = e z(x)dx
[z 0 (x) + (z(x))2 ], na equa-
ção original
R h R R R i R R
z(x)dx z(x)dx z(x)dx 0 2 z(x)dx 2
xze e ·e [z + (z) ] − (ze ) − y(ze z(x)dx )2 = x4 e3 z(x)dx
R R
e3 z(x)dx
{ xzz 0 + x(z)3 ] − x(z)3 − y(z)2 } = x4 e3 z(x)dx
1
z 0 − z = x3 z −1
x
Esta equação diferencial é do Bernoulli com n = −1, então
Z
−x−1 dx 2 −x−1 dx
R R
2 −2 2
z =e 2 e · x dx + C1
p
z 2 = x2 (x2 + C1 ) ⇒ z = x x2 + C 1
R √ 1
√ 3
2 2
Portanto, y = e x x +C1 dx = e 3 ( x +C1 ) .
162 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
n escreve-se na forma
an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + · · · + a2 (x)y 00 + a1 (x)y 0 + a0 (x)y = b(x) (3.4)
F (x, y, y 0 , y 00 , · · · , y (n) ) = 0
Propriedade 3.1.
Sejam C1 e C2 constantes arbitrárias, se y1 e y2 são soluções da equação diferencial
homogênea
Demonstração.
Pelo fato y1 e y2 serem soluções de (3.5) temos que
(n) (n−1)
an (x)y1 + an−1 (x)y1 + · · · + a2 (x)y100 + a1 (x)y10 + a0 (x)y1 = 0 (3.6)
(n) (n−1)
an (x)y2 + an−1 (x)y2 + · · · + a2 (x)y200 + a1 (x)y20 + a0 (x)y2 = 0 (3.7)
Multiplicando cada membro de (3.6) por C1 , e cada membro de (3.6) por C2 , e somando
estes resultados. Obtemos
(n) (n) (n−1) (n−1)
)
an (x)[C1 y1 + C2 y2 ] + an−1 (x)[C1 y1 + C2 y2 ] + ···
(3.8)
· · · + a1 (x)[C1 y10 + C2 y20 ] + a0 (x)[C1 y1 + C2 y2 ] = 0
(n) (n)
Para todo n ∈ N, a igualdade [C1 y1 + C2 y2 ] = [C1 y1 + C2 y2 ](n) é válida para funções
deriváveis então, de (3.8) resulta que y = C1 y1 + C2 y2 é solução da equação (3.5).
163 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(n−1) (n)
onde y0 , y00 , y000 , . . . , y0 , y0 são constantes arbitrárias, é chamado de “problema de
valor inicial ” ou simplesmente denota-se pvi.
Os valores especı́ficos
(n−1)
y(x0 ) = y0 , y 0 (x0 ) = y00 , y 00 (x0 ) = y000 , . . . , y (n−1) (x0 ) = y0
Exemplo 3.3.
164 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Solução.
d2 y
dy
a2 (x) 2
+ a1 (x) + a0 (x)y = b(x)
dx dx
y(x0 ) = y0 , y(x1 ) = y1 x0 6= x1
Exemplo 3.4.
Verificar que no intervalo (0, +∞) a função, y = 3x2 − 6x + 3 satisfaz a equação
diferencial e as condições do problema de valor de contorno
Solução.
165 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
para todo x ∈ I.
Exemplo 3.5.
Mostre que os seguintes pares de funções são linearmente dependentes:
1
1. f (x) = x, g(x) = −2x 2. f (x) = ex , g(x) = ex
√ 3
3. f (x) = x2 , g(x) = − 3x2
Solução.
Podemos observar de imediato que todas são linearmente dependentes, já que uma das
funções é múltiplo escalar da outra.
1 1
1. f (x) = ex , g(x) = ex ⇒ f (x) + (−1)g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
3 3
2. f (x) = x, g(x) = −2x ⇒ 2f (x) + g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
√ √
3. f (x) = x2 , g(x) = − 3x2 ⇒ 3f (x) + g(x) = 0, ∀ x ∈ R.
Exemplo 3.6.
Verificar que o conjunto de funções { x, x2 } é linearmente independente em R.
Solução.
αx + βx2 = 0; ∀x∈R
166 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Como o sistema tem uma solução não nula α 6= 0 (ou β 6= 0), pela álgebra linear isto
só é possı́vel se o determinante for nulo, isto é, se
x x2
= 2x2 − x2 = 0; ∀x∈R
1 2x
Assim temos um absurdo, pois supor que sejam linearmente dependentes nos levou a
concluir que x2 = 0, ∀ x ∈ R.
Portanto o conjunto { x, x2 } é linearmente independente.
Exemplo 3.7.
O conjunto de funções { 1, x, x2 , x3 } é linearmente independente ∀ x ∈ R.
Observe que na equação (3.12) temos que α3 = 0, logo em (3.11) segue que α2 = 0.
Estes dois resultados em (3.10) implicam que α1 = 0 de onde finalmente α0 = 0.
Exemplo 3.8.
π π
Mostre que o conjunto de funções { senx, sen(x + ), sen(x − ) } é linearmente
8 8
dependente no intervalo (−∞, +∞).
Solução.
Mostraremos que existem três números α1 , α2 , α3 não todos iguais a zero de modo
que, no intervalo (−∞, +∞) tem lugar a igualdade
π π
α1 senx + α2 sen(x + ) + α3 sen(x − ) = 0 (3.13)
8 8
167 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
é igual a zero.
Consequentemente, as soluções do sistema homogêneo (3.14) são não nulas, isto é,
existem tais números α1 , α2 , α3 pelo menos um deles diferente de zero.
Para determinar estes ternos de números α1 , α2 , α3 consideramos as duas primeiras
equações do sistema (3.14), isto é
π π
α2 sen− α3 sen = 0
8 8
1 3π π
√ α1 + α2 sen + α3 sen = 0
2 8 8
π
de onde, da primeira equação obtemos α2 = α3 ; da segunda α1 = −2α3 · cos .
8
Considerando α3 = 1 obtemos a solução não nula do sistema (3.14):
π
α1 = −2 cos , α2 = 1, α3 = 1
8
π π
α1 senx + α2 sen(x + ) + α3 sen(x − ) =
8 8
π π
= −2 cos senx + 2senx cos = 0
8 8
Portanto, o sistema dado de funções é linearmente dependente no intervalo (−∞, +∞).
168 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
3.4.3 O Wronskiano
Na matemática, o Wronskiano é uma função aplicada especialmente no estudo de
equações diferenciais. O nome dessa função é uma homenagem ao matemático polonês
Josef Wronski1 .
Seja { y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn−1 (x), yn (x) } um conjunto de funções deriváveis num
intervalo I = (a, b) ⊆ R até a ordem (n − 1), da equação por derivações sucessivas se
obtém:
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn (x) = 0
0 0 0 0
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn (x) = 0
.. .. .. .. .. ..
. . . ... . . . (3.15)
(n−2) (n−2) (n−2) (n−2)
(x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) = 0
(n−1) (n−1) (n−1) (n−1)
(x) + · · · + Cn yn−1 (x) + Cn yn
C1 y 1 (x) + C2 y2 (x) = 0
169 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.9.
Determine o Wronskiano para o conjunto de funções { ek1 x , ek2 x , ek3 x }.
Solução.
Temos que:
ek1 x
ek2 x ek3 x
W (y1 , y2 , y3 ) = k1 ek1 x k2 ek2 x k3 ek3 x = (k2 − k1 )(k3 − k1 )(k3 − k2 )e(k1 +k2 +k3 )x .
2 kx 2 kx 2 kx
k1 e 1 k2 e 2 k3 e 3
Exemplo 3.10.
π π
Determine o Wronskiano para o conjunto de funções {senx, sen(x+ ), sen(x− )}.
8 8
Solução.
Temos que: π π
senx sen(x + ) sen(x − )
8 8
π π
W (y1 , y2 , y3 ) = cos x cos(x + ) cos(x − ) =0
8 8
π π
−senx −sen(x + ) −sen(x − )
8 8
pois a última fila é proporcional à primeira.
Propriedade 3.2.
Se, um conjunto de funções {y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn−1 (x), yn (x)} é linearmente
dependente num intervalo [a, b] ⊆ R, então seu Wronskiano é identicamente nulo
em [a, b].
170 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
nulo mesmo que as funções consideradas num intervalo sejam linearmente independentes,
como mostra o seguinte exemplo.
Exemplo 3.11.
Sejam as funções y1 (x) e y2 (x), onde:
1 1 1
0,
se 0 ≤ x ≤ (x − )2 , se 0 ≤ x ≤
y1 (x) = 2 y2 (x) = 2 2
1
(x − )2 , se 1 1
<x≤1 <x≤1
0, se
2 2 2
Propriedade 3.3.
Para que o conjunto de funções y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn (x) definidas em [a, b]
seja linearmente dependente é necessário e suficiente que seu determinante de Gram
seja zero.
171 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.12.
Verifique que as funções y1 = x e y2 = 2x são linearmente dependentes no segmento
[0, 1].
Solução.
Z1 Z1
2 1 4
Temos que < y1 , y1 >= x dx = , < y2 , y2 >= 4x2 dx = por último
3 3
0 0
1 2
Z1
2
< y1 , y2 >=< y2 , y1 >= 2x2 dx = , logo Γ(y1 , y2 ) = 3 3 = 0, consequente-
3 2 4
0
3 3
mente, as funções y1 (x) e y2 (x) são linearmente dependentes.
Propriedade 3.4.
Sejam an 6= 0, an−1 , an−2 , · · · a2 , a1 , a0 constantes e y1 , y2 , · · · , yn soluções da
equação
an y (n) + an−1 y (n−1) + · · · + a2 y 00 + a1 y 0 + a0 y = 0
172 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 3-1
d2 x d2 y
1. 2
= t2 2. = xe−x , y(0) = 1, y 0 (0) = 0
dt dx2 0
3. y 00 = 2senx cos2 x − sen3 x 4. y = y tan x − (y 0 )2 sec2 x
5. xyy 00 − x(y 0 )2 − yy 00 = 0 6. x2 yy 00 = (y − xy 0 )2
d3 y
7. xyy 00 + x(y 0 )2 = 2yy 0 8. = x + senx
dx3
d2 y a + bx d2 y
9. 2
= 10. x 2 = 1 + x2
dx x dx
(y 0 )2
11. 2y 2 y 00 + 2y(y 0 )2 = 1 12. x−1 y 0 + = y 00
p x
13. y 0 y 2 + yy 00 − (y 0 )2 = 0 14. 3x (1 + x) − y + y 00 = x2 y 0
3 0
y y3
15. y 2 y 000 − 3yy 0 y 00 + 2(y 0 )3 + (yy 00 − (y 0 )2 ) = 2
x x
1 1
16. y (iv)
= cos x, y(0) = , y (0) = y (0) = , y 000 (0) = 0
2 0 00
32 8
2 0 2 6 4 2
17. 4x yy = 9xy + 6x + 54y + 108y + 72y + 16
4. Verificar que o sistema de funções {eαx senβx, eαx cos βx} onde β 6= 0 é linearmente
independente em R. Determine os valores de C1 e C2 de modo que se cumpra a
identidade C1 eαx senβx + C2 eαx cos βx = 0
173 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
11. cos x, cos(x + 1), cos(x − 2) 12. 1, sen(2x), (senx − cos x)2
1 π
1. 1, x 2. x, 3. senx, sen(x + )
x 4
4. e−x , xe−x 5. e , 2ex , e−x
x
6. 2, cos x, cos(2x)
x x
7. 1, 2, x2 8. arccos , arcsen 9. π, arcsenx, arccos x
π π
10. 4, sen2 x, cos(2x) 11. x, Lnx 12. e−3x sen(2x), e−3x cos(2x)
1 1 π π
13. ex senx, ex cos x 14. , ex 15. sen( − x), cos( − x)
x 4 4
14. Verificar que as os seguintes pares de funções são linearmente independentes e seu
Wronskiano é zero, construir o gráfico das funções em um mesmo sistema de coor-
denadas.
174 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
( (
0 se 0 < x < 2 (x − 2)2 se 0 < x < 2
1. y1 (x) = ; y2 (x) =
(x − 2)2 se 2 < x < 4 0 se 2 < x < 4
( (
x3 se − 2 < x < 0 0 se − 2 < x < 0
2. y1 (x) = ; y2 (x) =
0 se 0 < x < 2 x2 se 0 < x < 2
3. y1 (x) = x2 , y2 (x) = x|x|, −1 < x < 1.
16. Demonstre que, se um conjunto de funções {y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn−1 (x), yn (x)}
é linearmente dependente num intervalo [a, b] ⊆ R, então seu Wronskiano é identi-
camente nulo em [a, b].
17. Demonstre que, para que o conjunto de funções y1 (x), y2 (x), y3 (x), . . . , yn (x)
definidas em [a, b] seja linearmente dependente é necessário e suficiente que seu
determinante de Gram seja zero.
175 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
24. Determine a solução geral de y 000 −y 00 −y+1 = 5, sabendo que uma solução particular
é y = −4, e que três soluções da equação homogênea associada são ex , e−x e xex .
25. Seja {2x2 +3x+1, −x2 +ax+2, 2x2 +3x+a−5} um conjunto de funções. Mediante
o determinante de Gram-Schmidt, determine valores a ∈ R para que o conjunto seja
linearmente independente.
176 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
a2 y 00 + a1 y 0 + a0 y = 0 (3.16)
Teorema 3.2.
Se y1 e y2 são soluções da equação diferencial (3.16) então a combinação linear
C1 y1 (x) + C2 y2 (x) também é solução de (3.16) onde C1 e C2 são números reais ou
complexos quaisquer.
Este teorema diz que se y1 e y2 são soluções da equação diferencial (3.16) então então
é possı́vel elaborar uma infinidade de soluções de (3.16).
Uma pergunta natural é: Esta infinidade de soluções inclue todas as soluções de
(3.16)?
A resposta é sim, desde que y1 e y2 sejam linearmente independentes.
177 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Teorema 3.3.
Suponhamos que y1 e y2 são soluções da equação (3.16) em I ⊆ R, então y1 e y2
formam um conjunto fundamental de soluções em I se, e somente se W (y1 , y2 ) 6= 0,
para algum x0 ∈ I.
Teorema 3.4.
Se a equação diferencial homogênea (3.16) tem duas soluções y1 e y2 linearmente
independentes em I ⊆ R, então para qualquer outra solução y = ϕ(x) de (3.16) em
I podemos encontrar constantes C1 e C2 tais que
Uma outra pergunta natural é: Como determinar essas soluções y1 e y2 linear-
mente independentes para a equação (3.16)?
Para resolver (3.16), procuramos soluções particulares da forma y = Ceλx de onde
y 0 = λCeλx logo y 00 = λ2 Ceλx assim, substituindo em (3.16)
(a2 λ2 + a1 λ + a0 )Ceλx = 0
Para não obter uma solução trivial de (3.16) consideremos y = Ceλx 6= 0 logo,
a2 λ2 + a1 λ + a0 = 0
178 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.13.
Resolver a equação y 00 + 4y 0 + 5y = 0.
Solução.
Exemplo 3.14.
Determine a solução geral da equação y 000 − 2y 00 − 3y 0 = 0.
Solução.
1
Portanto, y = C0 −C1 e−x + C2 e3x é solução da equação diferencial y 000 −2y 00 −3y 0 = 0.
3
179 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
b) Se as raı́zes da equação caracterı́stica são reais, porém algumas delas são múltiplas.
Seja por exemplo λn = λn−1 , · · · , λk−1 = λk = λ onde λ é a raiz de multiplicidade
n − k da equação (3.19), entanto que as outras k raı́zes são distintas.
Então neste caso, o sistema fundamental de soluções da equação (3.18) tem a forma
eλ1 x , eλ2 x , · · · , eλk−1 x , eλx , xeλx , x2 eλx , . . . , xn−k−2 eλx , xn−k−1 eλx
y = C1 eλ1 x +C2 eλ2 x +· · ·+Cn−k−1 eλx +Cn−k−2 xeλx +Cn−k−3 x2 eλx , . . . , +Cn xn−k−1 eλx
= C1 eαx cos(βx) + (iC1 )eαx sen(βx) = C1 eαx cos(βx) + D1 eαx sen(βx), D1 = iC1
d) Se todas as raı́zes da equação caracterı́stica são complexas, porém algumas de elas são
180 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
múltiplas.
Então neste caso, o sistema fundamental de soluções da equação (3.18) tem a forma
eλ1 x , eλ2 x , · · · , eλk−1 x , eλx , xeλx , x2 eλx , · · · , xn−k−2 eλx , xn−k−1 eλx
yh = C1 eλ1 x + C2 eλ2 x + . . . + Ck eλx + Ck+1 xeλx + Ck+2 x2 eλx , . . . , +Cn xn−k−1 eλx
Lembre, por se tratar de raı́zes complexas, o estudo deve ser analisado como no item
(c).
Exemplo 3.15.
Determine a solução geral yg da equação y 000 − 2y 00 − 3y 0 = 0
Solução.
Exemplo 3.16.
Resolver y 00 − 6y 0 + 9y = 0.
Solução.
Exemplo 3.17.
Resolver y 000 − 6y 00 + 2y 0 + 36y = 0.
Solução.
181 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.18.
d6 y d4 y d2 y
Resolver + 6 + 9 + 4y = 0.
dx6 dx4 dx2
Solução.
a2 y 00 + a1 y 0 + a0 y = b(x) (3.20)
Propriedade 3.5.
1. Se a função b(x) for da forma b(x) = b1 (x) + b2 (x), então procura-se uma
solução particular yp para cada uma das funções b1 (x) e b2 (x), logo somam-se
as soluções achadas.
182 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2. Para o caso ser b(x) da forma b(x) = eαx b1 (x), a mudança de variável y =
eαx z, facilita os cálculos.
Examinemos três métodos para achar uma solução particular yp da equação linear não
homogênea (3.20).
183 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Caso 2. Se b(x) = emx Pn (x) onde Pn (x) é um polinômio de grau n, podemos fazer a
substituição y = emx z e substituir na equação original para obter
Para o caso que m não seja raiz da equação caracterı́stica, da igualdade (3.20) a
solução particular zp de (3.21) é um polinômio Pen (x) do mesmo grau que Pn (x).
Isto é zp = Pen (x).
Se m é raiz simples, o grau do polinômio Pen+1 (x) é do grau maior em uma unidade
que o grau de Pn (x). Isto é zp = x · Pen (x).
Se m é raiz dupla, o grau do polinômio Pen+2 (x) é do grau maior em duas unidades
que o grau de Pn (x). Isto é zp = x2 · Pen (x).
Caso 3. Se b(x) = Pm (x)sen(βx) + Qn (x) cos(βx) onde Pm (x) e Qn (x) são dois po-
linômios de graus m e n respectivamente, então
yp = Pek (x)sen(βx) + Q
ek (x) cos(βx)
onde k = max{ m, n }.
yp = x[Pek (x)sen(βx) + Q
ek (x) cos(βx)] onde k = max{ m, n }
184 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.19.
Determine a solução da equação y 00 + y = cos2 x se satisfaz as condições y( π2 ) =
y 0 ( π2 ) = 0.
Solução.
yh = C1 senx + C2 cos x
1 1 1
Podemos escrever b(x) = cos2 x = + cos(2x) = b1 (x) + b2 (x) onde b1 (x) = e
2 2 2
b2 (x) = P0 (x)sen2x + Q0 (x) cos 2x, então a solução particular é da forma
yp = C3 + Pe0 (x)sen(2x) + Q
e0 (x) cos(2x)
π 1 1
Como temos condições iniciais, então quando x = temos y( π2 ) = C1 + + = 0,
2 2 6
2 0 π
logo C1 = − e y ( 2 ) = −C2 = 0, de onde C2 = 0.
3
2 1 1
Portanto, a solução pedida é y(x) = − senx + − cos(2x).
3 2 6
Exemplo 3.20.
Resolver o pvi y 00 + 6y 0 + 9y = e−x cos(2x), y(0) = y 0 (0) = 0.
Solução.
temos yp0 (x) = −C3 e−x cos(2x) − 2C3 e−x sen(2x) + 2C4 e−x cos(2x) − C4 e−x sen(2x) isto é
Por outro lado, yp00 (x) = e−x [(−4C4 − 3C3 ) cos(2x) + (4C3 − 3C4 )sen(2x)]. Logo
isto é
e−x [8C4 cos 2x − 8C3 sen2x] = e−x cos 2x
186 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
yp0 (x) = u01 (x)y1 (x) + u1 (x)y10 + u02 (x)y2 (x) + u2 (x)y20 (x) ⇒
yp00 (x) = u1 (x)0 y10 u1 (x)y100 (x)u02 (x)y20 (x) + u2 (x)y200 (x)
Substituindo yp (x), yp0 (x) e yp00 (x) na equação (3.22) e simplificando obtemos a
igualdade
u1 [a2 y100 + a1 y10 + a0 y1 ] + u2 [a2 y200 + a1 y20 + a0 y2 ] + a2 u01 y10 + a2 u02 y20 = b(x) (3.24)
Resolvendo este último sistema obtemos a solução para u1 (x) e u2 (x) na forma
187 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zx Zx
b(s)y2 (s) b(s)y1 (s)
u1 (x) = − ds e u2 (x) = ds
a2 ω(s) a2 ω(s)
x0 x0
Exemplo 3.21.
Resolver y 00 − 3y 0 + 2y = e3x .
Solução.
A equação caracterı́stica é λ2 − 3λ + 2 = 0 de onde as raı́zes são λ1 = 1 e λ2 = 2. A
solução geral da homogênea é yh = C1 ex + C2 e2x . Supondo y1 (x) = ex e y2 (x) = e2x , e
a solução particular yp = u1 (x)ex + u2 (x)e2x
(
u01 (x)ex + u02 (x)e2x = 0
⇒ ω(x) = W (y1 , y2 ) = e3x 6= 0
u01 (x)ex + 2u02 (x)e2x = e3x
Zx Zx
e3s · e2s 1 e3s · es
u1 (x) = − 3s
ds = − e2x e u2 (x) = ds = ex
e 2 e3s
x0 x0
1 1
Logo, yp = − e2x · ex + ex · e2x = e3x .
2 2
1
Portanto a solução da equação diferencial é y = C1 ex + C2 e2x + e3x .
2
Exemplo 3.22.
Achar a solução de y 00 + y = tan x que satisfaz as condições de contorno y(0) =
y(π/6) = 0.
Solução.
A equação caracterı́stica λ2 + 1 = 0 tem como raı́zes λ = ±i. A solução da equação
homogênea correspondente é yh = C1 cos x + C2 senx.
Pelo método da variação dos parâmetros segue
(
u01 (x) cos x + u02 (x)senx = 0
⇒ ω(x) = W (y1 , y2 ) = 1 6= 0
−u01 (x)senx + u02 (x) cos x = tan x
sen2 x
Z Z
x π
u1 (x) = − dx = senx−Ln( + )+C3 e u2 (x) = senxdx = − cos x+C4
cos x 2 4
h x π i h i
Logo, yp = cos x senx − Ln( + ) + C3 + senx − cos x + C4 .
2 4
188 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
x π
A solução da equação diferencial é y = C3 cos x + C4 senx − cos xLn( + ).
√ 2 4
3
Pelas condições de contorno obtém-se C3 = 0 e C4 = Ln3.
√ 2
3 x π
Portanto a solução da equação diferencial é y = Ln3 · senx − cos xLn tan( + ).
2 2 4
a2 y 00 + a1 y 0 + a0 y = b(x)
onde a parte não homogênea b(x) consta de senos e cossenos. Embora estas equações
possam ser tratadas por um dos métodos já estudados, vamos considerar uma forma
prática para se encontrar uma solução particular usando funções complexas. Faremos isto
por meio de exemplos.
Exemplo 3.23.
Resolver a equação y 00 + y 0 + 3y = 5senx.
Solução.
√
2 1 11
O polinômio caracterı́stico é λ + λ + 3 = 0 de onde λ = − ± i. A solução geral
√ √ 2 2
é da forma yg = e−x/2 [C2 sen 11x 2
+ C2 cos 11x
2
].
Como 5senx = Im(5eix ), para obter a solução da equação inicial, é suficiente considerar
189 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.24.
A equação diferencial ordinária
d2 Q(t) dQ(t) 1
L 2
+R + Q(t) = V (t)
dt dt C
é uma equação de segunda ordem que descreve a quantidade de carga elétrica Q(t) num
capacitor de capacitância C, ligado a um resistor de resistência R, um indutor de indu-
tância L e uma fonte que gera uma diferença de potencial V (t), como mostra a Figura
(3.1).
190 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 3-2
1. λ1 = 1, λ2 = 2 2. λ1 = 1, λ1 = 1 3. λ1 = 3 − 2i, λ2 = 3 + 2i
1. λ1 = 1, λ2 = 2; b(x) = Ax2 + Bx + C
2. λ1 = 0, λ2 = 1; b(x) = Ax2 + Bx + C
3. λ1 = 0, λ2 = 0; b(x) = Ax2 + Bx + C
4. λ1 = 1, λ2 = 2; b(x) = e−x (Ax + B)
5. λ1 = −1, λ2 = 1; b(x) = e−x (Ax + B)
6. λ1 = −1, λ2 = −1; b(x) = e−x (Ax + B)
7. λ1 = 0, λ2 = 1; b(x) = senx + cos x
8. λ1 = −i, λ2 = i; b(x) = senx + cos x
9. λ1 = −2i, λ2 = 2i; b(x) = Asen(2x) + B cos(2x)
10. λ1 = −ki, λ2 = ki; b(x) = Asen(kx) + B cos(kx)
11. λ1 = 1, λ2 = 1; b(x) = ex (Asenx + B cos x)
191 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. y 00 − y = 0 2. 3y 00 − 2y 0 − 8y = 0
3. y 000 − 3y 00 + 3y 0 − y = 0 4. y 00 − 2y 0 − 2y = 0
5. y (vi) + 2y (v) + y (iv) = 0 6. y 000 + 6y 00 + 11y 0 + 6y = 0
7. 2y 000 − 3y 00 + y 0 = 0 8. y 000 − 3y 0 − 2y = 0
9. y (v) = 0 10. y 000 − 2y 00 + 2y 0 = 0
11. y 000 + 2y 00 − y 0 − 2y = 0 12. y 00 − 2y 0 + 3y = 0
1. y 00 + 3y 0 = 3 2. y 00 − 7y 0 = (x − i)2
3. y 00 + 3y 0 = e3 4. y 00 + 7y 0 = e−7x
5. y 00 − 8y 0 + 16y = (x − 1)e4x 6. y 00 − 10y 0 + 25y = e5x
√
4y 00 − 3y 0 = x e3x y 00 − y 0 − 2y = ex + e−2x
4
7. 8.
9. y 00 − 4y 0 = xe4x 10. y 00 + 25y = cos(5x)
11. y 00 + y = senx − cos x 12. y 00 + 4y 0 + 8y = e2x (sen(2x) + cos(2x))
13. y 00 + 16y = sen(4x + α) 14. y 00 − 4y 0 + 8y = e2x (sen(2x) − cos(2x))
15. y 00 + 6y 0 + 13y = e−3x cos(2x) 16. y 00 + k 2 y = ksen(kx + α)
17. y 00 + k 2 y = k 18. y 00 + 4y = senxsen(2x)
1. y 00 − 4y 0 + 4y = x2 2. y 00 + 8y 0 = 8x
3. y 00 + 4y 0 + 4y = 8e−2x 4. y 00 − 2ky 0 + k 2 y = ex , (k 6= 1)
5. y 00 + 4y 0 + 3y = 9e−3x 6. 7y 00 − y 0 = 14x
7. y 00 + 3y 0 = 3xe−3x 8. y 00 + 5y 0 + 6y = 10(1 − x)e−2x
9. y 00 + 2y 0 + 2y = 1 + x 10. y 00 + y 0 + y = (x + x2 )ex
11. y 00 + 4y 0 − 2y = 8sen(2x) 12. y 00 + y = 4x cos x
13. y 00 − 2my 0 + m2 y = sen(mx) 14. y 00 + 2y 0 + 5y = e−x sen(2x)
15. y 00 − y 0 = ex senx 16. y 00 + a2 y = 2 cos(mx) + 3sen(mx) m 6= a
192 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
yh = C1 y1 + C2 y2 + C2 y3 + . . . + Cn yn (3.29)
193 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
onde Pn (x) e Qm (x) são polinômios de grau n e m respectivamente. Neste caso se busca
uma solução particular yp da equação (3.27) da forma
onde k = max{m, n}, Pek (x) e Qek (x) são polinômios em x de grau k, de coeficientes inde-
terminados, e s é a ordem de multiplicidade da raiz λ = α ± iβ da equação caracterı́stica
(s = 0 para o caso de α ± iβ não ser raiz da equação caracterı́stica).
Para o caso do segundo membro b(x) ser apresentado como uma soma
l
X
b(x) = αk bk (x) (3.32)
k=1
onde bk (x) são da forma (3.30), em virtude do princı́pio de superposição procura-se uma
solução particular yp da equação (3.27) da forma
l
X
yp = αk ykp
k=1
Teorema 3.5.
Se yp é uma solução particular da equação (3.27) e y1 , y2 , y3 , . . . , yn é um sistema
fundamental de soluções da equação homogênea associado a (3.27), então a solução
geral y de (3.27) tem a forma
y = yp + C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
Logo, a solução geral da equação diferencial (3.27) é igual à soma da solução particular
yp qualquer de esta, e a solução geral yh da homogênea correspondente. Logo, para achar a
solução geral da equação (3.27) é necessário encontrar uma solução particular yp (supondo
conhecida a solução geral da homogênea correspondente).
194 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Podemos admitir que a função procurada yp possa ser escrita como a soma dos termos
que compõem b(x) e todas as derivadas de b(x) (a menos constantes multiplicativas).
Caso 3. Se b(x) = eαx · Pn (x)senβx ou b(x) = eαx · Pn (x) cos βx onde α e β são constantes
conhecidas, e Pn (x) é um polinômio de grau n em x como nos casos anteriores. Neste
caso se procura uma solução particular yp da forma
Exemplo 3.25.
Determine a solução da equação diferencial y 000 − y 00 + y 0 − y = x2 + x.
Solução.
yh = C1 ex + C2 cos x + C3 senx
195 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.26.
Resolver o problema de valor inicial
Solução.
196 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
y 000 −2y 00 −y 0 +2y = 2x2 −6x+4 ⇔ 0−2(2C6 )−(C5 +2xC6 )+2(C4 +C5 x+C6 x2 ) = 2x2 −6x+4
y = C1 ex + C2 e−x + C3 e2x + 3 − 2x + x2 ⇒ C1 + C2 + C3 + 3 = 5
Resolvendo o sistema temos que a solução do pvi esta dada por y = ex + 2e−x −
e2x + 3 − 2x + x2 .
Exemplo 3.27.
Determine a solução da equação y 000 − y 00 + y 0 − y = x2 + x.
Solução.
yg = C1 ex + C2 cos x + C3 senx
Como o número 0 (zero) não é raiz da equação caracterı́stica, deve-se procurar uma
solução particular yp da equação dada na forma
yp = A1 x2 + A2 x + A3
197 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.28.
Resolver a equação diferencial y iv − y = 18e−2x .
Solução.
de onde C = 1, 2.
Portanto, y = C1 ex + C2 e−x + C5 senx + C6 cos x + 1, 2e−2x é solução procurada.
Observação 3.2.
Se qualquer termo da suposta solução, a menos constantes multiplicativas é também
um termo da solução da homogênea yh associada, então a forma da solução procurada deve
ser modificada multiplicando por xk , onde k é o menor inteiro positivo tal que o produto
de xk com a solução procurada não tenha nenhum termo em comum com a solução yh da
homogênea associada ao problema. Isto afasta a possibilidade de chegar a igualdades do
tipo 0 = 0, ou a um sistema algébrico sem soluções.
Naturalmente este método não se aplica às equações diferenciais que não possuem
coeficientes constantes ou aquelas em que a função b(x) não seja de algum dos tipos
considerados, por exemplo este método não se aplica quando b(x) = tan x.
O seguinte exemplo mostra esta situação.
Exemplo 3.29.
Achar a solução geral da equação diferencial y 000 − 3y 00 + 3y 0 − y = 36ex .
Solução.
198 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Cex (6 + 18x + 9x2 + x3 ) − Cex (6x + 6x2 + x3 ) + Cex (3x2 + x3 ) − Cx3 ex = 36ex
de onde C = 6
Portanto, y = (C1 + C2 x + C3 x2 )ex + 6x3 ex é solução procurada.
Exemplo 3.30.
Dada a equação diferencial y 00 + xy = 2, pela igualdade (3.27) admitimos como solu-
ção particular uma função do tipo yp = Ck xk , sendo Ck e k constantes, com k ∈ Z+ .
Levando esta suposta solução na equação diferencial, obtemos a identidade polinomial
a qual não tem solução algébrica, pois um dos coeficientes não é constante.
yh = C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
199 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
onde as funções u1 (x), u2 (x), u3 (x), . . . un (x) são incógnitas que satisfazem as seguintes
condições:
0 0 0 0
u1 (x)y1 + u2 (x)y2 + u3 (x)y3 + . . . + un (x)yn = 0
0 0 0 0 0 0 0 0
u1 (x)y1 + u2 (x)y2 + u3 (x)y3 + . . . + un (x)yn = 0
..
. = 0 (3.36)
(n−2) (n−2) (n−2) (n−2)
u01 (x)y1 + u02 (x)y2 + u03 (x)y3 + . . . + u0n (x)yn
= 0
0 (n−1) 0 (n−1) 0 (n−1) 0 (n−1)
u1 (x)y1 + u2 (x)y2 + u3 (x)y3 + . . . + un (x)yn = b(x)
Estas equações diferenciais lineares com coeficientes variáveis serão tratadas pelo “mé-
todo de variação dos parâmetros”, que podemos entender como uma generalização do
“método dos coeficientes indeterminados”.
O método consiste em:
yh = C1 y1 + C2 y2 + C3 y3 + . . . + Cn yn
Exemplo 3.31.
d2 y
Resolver + y = csc x.
dx2
Solução.
200 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
de onde
0 senx
csc x cos x
u01 = = −1 ⇒ u1 (x) = −x
cos x senx
−senx cos x
De modo análogo
cos x 0
−senx csc x
u02 = = cot x ⇒ u2 (x) = Ln(senx)
cos x senx
−senx cos x
logo
yp = −x cos x + senx · Ln(senx)
d2 y
A solução geral da equação diferencial + y = csc x é
dx2
Exemplo 3.32.
Achar a solução geral da equação diferencial y 000 − y 00 − y 0 + y = 4xex .
Solução.
201 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
0
xex e−x
0 ex (x + 1) −e−x
4xex ex (x + 2) e−x 4ex (2x2 + x) 2x3 x2
u01 = =− ⇒ u1 (x) = − +
ex xex e−x 4ex 3 2
ex (x + 1) −e−x
x
e
ex ex (x + 2) e−x
ex −x
0 e
−e−x
x
e 0
ex 4xex e−x 8xex
u02 = = x
⇒ u2 (x) = x2
ex xe x
e−x 4e
e e (x + 1) −e−x
x x
ex ex (x + 2) e−x
ex xe x
0
x x
e e (x + 1) 0
ex ex (x + 2) 4xex 8xe3x 1 x 1 2x
u03 = = ⇒ u3 (x) = xe − e
ex xe x
e−x 4ex 2 4
x x −x
e e (x + 1) −e
ex ex (x + 2) e−x
2x3 x2 x 1 1 x3 x2 x 1 x
yp = − + e + x2 · xex + x − e2x e−x = − + − e
3 2 2 4 x 2 2 4
x3 x2 x 1 x
C1 e−x + (C2 + C3 x)ex + − + − e
x 2 2 4
202 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 3-3
1. λ1 = λ2 = λ3 = 1; b(x) = Ax2 + Bx + C
2. λ1 = 0, λ2 = 1, λ3 = 2; b(x) = Ax2 + Bx + C
203 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. y 00 + 2y 0 = −2 2. y 00 + 2y 0 + y = −2 3. 5y 000 − 7y 00 − 3 = 0
4. y 000 + y 00 = 1 5. y 00 + 9y − 9 = 0 6. y (iv) − 6y 000 + 6 = 0
7. 3y (iv) + y 000 = 2 8. y 00 = y 0 [(y 0 )2 + 1] 9. y (iv) − 2y 000 + 2y 00 − 2y 0 + y = 1
5. Para cada uma das seguintes equações determine as soluções particulares para os
dados iniciais.
1. y 00 + y = cot x 2. y 00 + y = x cos x
3. y 00 + y = sec x 4. y 000 − y 0 = x
5. y 00 + 4y = 4 cot(2x) 6. y 000 − 2y 00 − 3y 0 = 9(x + 1)
7. y 000 + y 00 − y 0 − y = senhx 8. y 000 + 3y 00 − y 0 − 3y = cosh x
9. y 000 + 3y 00 − y 0 − 3y = ex + e−3x 10. y 000 − 2y 00 − y 0 + 2y = (x + 1)2
11. y 000 + y 00 − 4y 0 − 4y = 3ex − 4x − 6 12. y 000 + 3y 00 − y 0 − 3y = ex + 1
13. y 000 − 2y 00 = 4(x + 1) 14. y 00 − y = e−2x sen(e−x )
204 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. y 00 + y 0 − 2y = t2 + 3, y(0) = 0, y 0 (0) = 0
2. y 00 + 2y 0 + y = 3sen(2t), y(0) = 0, y 0 (0) = 0
3. y 00 − 4y 0 + 4y = 3e−t , y(0) = 0, y 0 (0) = 0
4. 2y 00 + 2y 0 + y = t2 , y(0) = 0, y 0 (0) = 0
1. y 000 + 3y 00 + 2y 0 = x2 + 4x + 8
2. y 000 − y 00 − 4y 0 + 4y = 2x3 − 4x − 1 + 2x2 e2x + 5xe2x + e2x
3. y 000 + y 0 = csc x
4. 2y 000 = xLnx
10. Para os seguintes problemas, achar a solução particular das equações que cumpram
no infinito as condições dadas.
205 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
206 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
an (x)y (n) + an−1 (x)y (n−1) + . . . + a2 (x)y 00 + a1 (x)y 0 + a0 (x)y = b(x) (3.37)
onde an (x) 6= 0 e os ai (x), b(x) i = 0, 1, 2, 3, . . . são funções definidas num certo intervalo
da reta R.
na variável t.
Observação 3.3.
Também se b(x) = 0 em (3.39) as equações lineares homogêneas se reduzem a uma de
coeficientes constantes na variável t mediante a substituição αx + β = et .
Exemplo 3.33.
Determine a solução geral da equação x2 y 00 + 2xy 0 − 6y = 0
Solução.
dy dy
Consideremos x = et , então y 0 = = e−t e a derivada segunda é
dx dt
2 2
00 d dy d −t dy −t dt dy −t d y dt −2t d y dy
y = ( )= (e ) = −e +e =e −
dx dx dx dt dx dt dt2 dx dt2 dt
207 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
d2 y dy
+ − 6y = 0
dt2 dt
Observação 3.4.
As equações de Euler-Cauchy da forma
m
X
ak xk y (k) = xα Pm (Lnx)
k=0
onde Pm (u) é um polinômio de grau m, podem ser resolvidas pelo método dos coeficientes
indeterminados do mesmo modo que se resolvem equações lineares não homogêneas de
coeficientes constantes cujos segundos membros são os da forma
eαx Pm (x)
a2 x2 y 00 + a1 xy 0 + a0 y = b(x); a2 6= 0 (3.41)
dy dy dt dy
Com a mudança de variáveis x = et , temos y0 = = · então y 0 = e−t .
dx dt dx dt
Usando a regra da cadeia mais uma vez obtemos:
d2 y −t dy 0 dt −t dy
2
−t d y dy d2 y
y 00 = = e · · = [−e · + e · ] · e−t
= e−2t
[− + 2]
dx2 dt dx dt dt2 dt dt
assim resulta
dy dy
y0 = = e−t (3.42)
dx dt
2
dy dy d2 y
y 00 = 2 = e−2t [− + 2 ] (3.43)
dx dt dt
208 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
−2t dy d2 y dy
t 2
a2 (e ) [e (− + 2 )] + a1 (et )[ e−t ] + a0 y = b(et )
dt dt dt
isto leva a uma equação diferencial linear de variável t com coeficientes constantes da
forma:
d2 y dy
a2 2 + (a1 − a2 ) + a0 y = b(et )
dt dt
Exemplo 3.34.
Determine a solução geral da equação x2 y 00 + 5xy 0 + 3y = 4Lnx; x > 0.
Solução.
d2 y dy
x2 y 00 + 5xy 0 + 3y = xLnx ⇔ 2
+ 4 + 3y = 4t
dt dt
4 16
0 + 4(C3 ) + 3(C3 t + C4 ) = 4t ⇒ C3 = e C4 = −
3 9
4 16
logo a solução geral da equação modificada é y = C1 e−3t + C − 2e−t + t − .
3 9
4 16
Portanto, a solução geral da equação dada é y = C1 x−3 + C2 x−t + Lnx − .
3 9
Exemplo 3.35.
Determine a solução geral da equação x2 y 00 + 2xy 0 − 6y = 0
Solução.
209 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.36.
Determine a solução geral da equação x2 y 00 − xy 0 + 2y = xLnx
Solução.
Seja y = xλ , então y 0 = λxλ−1 , y 00 = λ(λ − 1)xλ−2 substituindo na equação homogênea
associada ao problema.
210 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Pela primeira parte da Observação (3.5) procuremos por uma solução particular da
C3
forma yp = (C3 xLnx + xC4 ), temos yp0 = C3 Lnx + C3 + C4 , yp00 = .
x
Substituindo na equação original dada, resulta
podemos determinar uma segunda solução y2 que seja linearmente independente com y1 ,
da forma v(x)y1 , para certa função v(x) distinta de uma constante
Seja y(x) = y1 (x)v(x), então
y 0 = y1 v 0 + y10 v
y 00 = y1 v 00 + 2y10 v 0 + y100 v
Logo, para que a função y1 (x)v(x) seja uma solução da equação diferencial (3.43), a
função v(x) deve satisfazer a equação de segunda ordem (3.45).
Para determinar v(x) podemos supor u(x) = v 0 (x), assim só temos que resolver a
211 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
de onde
u0 y0
= −a1 (x) − 2 1
u y1
integrando e simplificando obtém-se
Z
Lnu = − a1 (x)dx − 2Lny1 + LnC; C é constante
u · y12
Z
Ln = − a1 (x)dx
C
aplicando exponencial a ambos lados
C − R a1 (x)dx
u(x) = e
y12
Z
1 − R a1 (x)dx
Portanto, v(x) = C e dy + C1 .
y12
Podemos supor por exemplo C = 1 e C1 = 0, e temos o seguinte resultado
Teorema 3.6.
Se y1 (x) é solução da equação diferencial
Exemplo 3.37.
Dado que y1 = x−2 é solução da equação diferencial
212 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Verifiquemos que y1 é a solução de (3.49). Com efeito, y10 = −2x−3 ; y100 = 6x−4 ,
substituindo em (3.49)resulta
Pelo Teorema (3.6) para determinar uma segunda solução devemos escrever na forma
7 20
y 00 − y 0 − 2 y = 0
x x
7
logo a1 (x) = − , então sabendo que y1 é solução, pela igualdade (3.47) segue que
x
"Z #
− − x7 dx
R Z 7Lnx
x10
Z
−2 e −2 e −2 11
y2 = x dx = x dx = x x dx =
(x−2 )2 x−4 12
Note que uma segunda solução linearmente independente com y1 é ỹ2 = x10 .
Portanto, a solução geral da equação em (0, +∞) é y = C1 x−2 + C2 x10
Exemplo 3.38.
Resolver a equação 2(x + 1)2 y 00 − 4(x + 1)y 0 + 4y = 0, sabendo que y1 = (x + 1)2 é
uma solução.
Solução.
Exemplo 3.39.
2 /4
Para x > 0 considere a equação diferencial xy 00 + (x2 − 1)y 0 + x3 y = x3 e−x .
1.) Achar a solução equação da equação homogênea sabendo que uma de suas soluções é
√
2
y1 (x) = e−x /4 cos( 43 x2 )
213 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Solução. 1.)
Para achar uma segunda solução usando a fórmula de Abel devemos calcular a integral
2 /2
ex x2 − 1
Z R
√ e− p(x)dx
, onde p(x) =
cos2 ( 3 2
x) x
4
x2 − 1
Z Z
1
temos p(x)dx = dx = x2 − Lnx, logo
x 2
2 /2 √ √
ex
Z Z
− 12 x2 +Lnx x 2 3 3 2
√ e dx = √ dx = tan( x)
cos2 ( 3 2
x) 3
cos2 ( 4 x2 ) 3 4
4
√
2 3 −x2 /4 √
Nossa segunda solução é y2 (x) = e sen( 43 x2 ). A solução da homogênea é
3
" √ √ #
2 3 3
yh = e−x /4 C1 cos( x2 ) + C2 sen( x2 ) , C1 , C2 ∈ R, x > 0
4 4
Solução. 2.)
(x2 − 1) 0 2
A equação dada dividida por x é y 00 + y + x2 y = x2 e−x /4 .
x √ √
Para achar uma solução particular yp = u1 (x) cos( 43 x2 ) + u2 (x)sen( 43 x2 ) desta
equação usando o método da variação dos parâmetros, devemos resolver o sistema
(
u01 (x)y1 (x) + u02 (x)y2 (x) = 0
2
u01 (x)y10 (x) + u02 (x)y20 (x) = x2 e−x /4
Isto se reduz a:
√ √
0 3 2 0 3 2
u1 (x) cos(
x ) + u2 (x)sen( x )=0
4√ 4√
3 2 3 2 2
−u01 (x)sen( x ) + u02 (x) cos( x )= √ x
4 4 3
e √ √
2 3 2 4 3 2
u02 (x) = √ x cos( x) ⇒ u2 (x) = sen( x)
3 4 3 4
214 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
3.9 Aplicações
Suponhamos que temos uma mola flexı́vel presa em um de seus extremos como mostra
a Figura (3.2), suponhamos que, em seu outro extremo se encontre um objeto de massa
m e que seja puxado horizontalmente x unidades (de medida) para fora com uma força
F , esta força é diretamente proporcional ao comprimento x puxado.
Suponhamos que para esta força existe uma outra única força em sentido contrário
fr que depende da constantes k da lei de Hooke4 e da distância x puxada. Como pela
segunda lei de Newton a somatória de forças é a massa vezes a aceleração então, temos
fr = −kx = F = ma, onde a é a aceleração em que é puxado o objeto, assim
d2 x d2 x
ma = −kx ⇒ m = −kx ⇒ + ω2x = 0
dt2 dt2
k
onde ω 2 = . Esta última equação é chamada de “equação do oscilador harmônico
m
simples”.
Para a solução desta última equação diferencial, temos que as raı́zes do polinômio
caracterı́stico é r = ±iω de onde
215 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Suponha uma mola flexı́vel de comprimento l (de peso depreciável) como mostra a
Figura (3.3) se encontra presa num suporte rı́gido em um de seus extremos, e no outro
extremo livre se encontra pendurado um objeto com determinado peso m.
• O peso do corpo dado por W = mg, onde g = 9, 8m/s2 (ou 32pl/s2 ) é a aceleração
da gravidade.
216 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
d2 x d2 x
m = mg − α(d + x) ⇒ m = mg − αd − αx
dt2 dt2
d2 x
m = mg − α(d + x) (3.50)
dt2
d2 x α
de onde 2
+ x = 0 ou bem
dt m
d2 x α
+ ω 2 x = 0, onde ω2 = (3.51)
dt2 m
x(0) = x0 , x0 (0) = x1
• Se x0 < 0 e x1 > 0 então o movimento inicia-se em um ponto que está a |x0 | unidades
acima da posição de equilı́brio e com uma velocidade inicial direcionada para baixo.
Para resolver (3.51) temos que sua equação caracterı́stica é λ2 + ω 2 = 0 cujas raı́zes
são λ1 = iω e λ2 = −iω, consequentemente a solução da equação (3.50) é
então
x(t) = A(senφ cos ω + cos φsenω) = Asen(ωt + φ) (3.53)
Exemplo 3.40.
Num experimento se encontrou que um objeto de 2kg estica uma mola de 16cm. Se
o peso é solto desde a posição de equilı́brio com uma velocidade direcionada para baixo a
uma velocidade de 4cm/s, determine:
2. A equação do movimento.
Solução.
1
1. Pela Lei de Hooke temos 2kg = k·16cm ⇒ k = kg/cm. O peso do corpo é dado
8
2kg 2 d2 x 1/8
por W = mg ⇒ m= 9,8m/s2
= . Logo de (3.52) temos + x = 0,
9, 8 dt2 2/9, 8
d2 x 9, 8
então + x = 0 sujeita as condições x0 = 0, x0 (0) = 4.
dt2 16
9, 8
2. A equação caracterı́stica da equação diferencial é λ2 + = 0, e suas raı́zes são
√ √ 16
9, 8 9, 8
λ1 = i e λ2 = −i .
4 4
√ √
9, 8 9, 8
Sua equação geral vem dado por x(t) = C1 cos + C2 sen . Das condições
4 4
16
iniciais C1 = 0 e C2 = √
9, 8
√
16 t 9, 8
A solução requerida é: x(t) = √ sen .
9, 8 4
218 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Na subseção anterior, supusemos que não atuam forças retardadoras sobre a massa
em movimento, o qual não é certo a menos que o objeto se encontre suspenso num vazio
perfeito.
Quando um objeto preso a uma mola se movimenta num
meio que produz fricção sobre o objeto isto é quando existe
resistência do meio sobre a massa, então dizemos que o mo-
vimento se efetua com amortecimento (ver Figura (3.4)),
suponhamos que o amortecimento é diretamente à veloci-
dx
dade .
dt
Pela segunda Lei de Newton na ausência de forças ex-
ternas temos
d2 x dx
Figura 3.4: Movimento vi- m 2
= −k(x + s) + mg − β
dx dt
bratório amortecido livre
onde β é a constante de fricção, é a constante do amor-
tecimento (positivo), este sinal deve-se a que a força de amortecimento atua na direção
oposta ao movimento.
Obtém-se assim, a equação do movimento vibratório amortecido livre,
d2 x dx d2 x dx
m 2
+β + kx = 0 ⇒ 2
+ 2λ + ωx = 0 (3.54)
dx dt dx dt
β k
onde 2λ = e ω2 =
m m
219 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ela representa um movimento suave e não oscilatório, observe que lim x(t) = 0
t→∞
pois r1 = r2 = −λ.
Nesta situação, uma pequena diminuição da força de amortecimento produziria um
movimento oscilatório. Alguns possı́veis gráficos da solução mostram-se na Figura (3.6)
220 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Um exame das derivadas da solução, permite observar que estas funções podem quando
mas um máximo ou um mı́nimo relativo para t > 0, isto indica que o corpo pode passar
somente uma vez pela posição de equilı́brio.
Caso iii Quando λ2 −ω 2 < 0, então a este movimento é chamado “movimento amortecido
oscilatório” ou “subamortecimento” (ver figura (3.7).
ela representa um movimento oscilatório que tende para zero quanto t tende para o infinito.
p C1 C2
Podemos chamar C12 + C22 = A, se consideramos senφ = e cos φ = . Logo
A A
√
x(t) = Ae−λt sen( ω 2 − λ2 t + φ) (3.55)
221 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
nπ − φ
tn = √ , n∈N
ω 2 − λ2
Por outro lado, o gráfico de x(t) é tangente as curvas exponenciais y = Ae−λt e
√
y = −Ae−λt para os valores de t tais que sen( ω 2 − λ2 t + φ) = ±1, de onde resolvendo
esta equação as soluções t∗k são dadas por
(2k + 1)π − 2φ
t∗k = √ , k∈N
2 ω 2 − λ2
Exemplo 3.41.
2. Encontre os instantes nos quais o corpo passa pela posição de equilı́brio em direção
para baixo.
Solução.
Um corpo de 10lb estica de 5f t para 7f t, logo esticou 2f t, e pela Lei de Hooke,
10lb
k= = 5lb/f t.
2f t
8lb 1
Substituindo por um corpo de 8lb, então m = 2
= slug. A resistência numé-
32f t/s 4
rica β = 1. Na igualdade (3.54) temos
1 d2 dx d2 dx
· 2+ + 5x = 0 ⇒ + 4 + 20x = 0
4 dt dt dt2 dt
Solução. 1.
222 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Das condições desta parte do problema, temos x(0) = f t e x0 (0) = 1f t/s. Destas
2
1 −2t
condições iniciais na equação (3.56) segue que x(t) = e [cos(4t) + sen(4t)].
2
Solução. 2.
Escrevemos a solução da parte i na forma alternativa. Temos
r √
1 2 1 2 2 π
A= + = , φ = arctan 1 =
2 2 2 4
√
2 −2t π
de modo que x(t) = e sen 4t + .
2 4
4n − 1
Quando x(t) = 0 segue que t = π , com n inteiro positivo par, são os instantes
16
em que o corpo passa pela posição de equilı́brio descendo.
Exemplo 3.42.
Uma massa de 0, 2kg que esta presa a uma mola de constante de rigidez k = 2N/m se
movimenta num meio com coeficiente de amortecimento c = 1, 2kg/s. Suponha ademais
que está submetida a uma força externa dada por f (t) = 5 cos(4t) Newton. Se a massa é
solta a partir do repouso localizada a 50cm por embaixo da posição de equilı́brio, encontre
a posição da massa em qualquer instante t.
Solução.
A equação do movimento é 0, 2x00 (t) + 1, 2x0 (t) + 2x(t) = 5 cos(4t) ou bem x00 (t) +
6x”(t) + 10x(t) = 25 cos(4t) as condições iniciais são x(0) = 0, 5, x0 (0) = 0.
As soluções da equação caracterı́stica r2 + 6r + 10 = 0 são r = −3 ± i, assim a solução
geral da equação homogênea associada ao problema é xh (t) = e−3t C1 cos(4t)+C2 e−3t sent
Para achar a solução particular da equação não homogênea usamos o método dos
coeficientes indeterminados.
Como ±4i 6= −3 ± i, então nossa solução particular tem a forma
Temos: x0p (t) = −4Asen(4t) + 4Bsen(4t), x00p (t) = 16A cos(4t) − 16Bsen(4t).
Substituindo na equação original e comparando coeficientes obtemos o sistema
(
−6A + 24B = 25
−24A − 6B = 0
25 50
cujas soluções são A = − e B = − . Logo a solução particular é
102 51
25 50
xp (t) = − cos 4t − sen4t
102 51
223 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A solução geral é
25 50
x(t) = − cos 4t − sen4t + e−3t C1 cos(4t) + C2 e−3t sent
102 51
38 86
das condições iniciais C1 = e C2 = − .
51 51
25 50 38 86
Portanto, x(t) = − cos 4t − sen4t + e−3t cos(4t) − e−3t sent.
102 51 51 51
d2 x dx
m 2
= −kx − β + f (t)
dt dt
ou
d2 x dx
+ 2λ + ω 2 x = F (t) (3.57)
dt2 dt
β k f (t)
onde 2λ = , ω2 = e F (t) = .
m m m
A solução da equação (3.56) podemos obter mediante a variação dos parâmetros ou
dos coeficientes indeterminados
Exemplo 3.43.
Uma mola vertical com constante de 6 lb/f t tem suspenso uma massa de 1/2slug. Se
aplica uma força externa dada por f (t) = 40sen2t, t ≥ 0 . Suponha que atua uma força
de amortecimento igual a duas vezes velocidade instantânea, e que inicialmente o corpo
está em repouso na posição de equilı́brio. Determine a posição do corpo em qualquer
instante t > 0.
Solução.
d2 x dx
2
+ 4 + 12x = 80sen2t (3.58)
dt dt
224 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Pelo Método dos coeficientes indeterminados, podemos supor uma solução particular
de (3.57) da forma
xp (t) = A cos 2t + Bsen2t
logo
x0p (t) = −2Asen2t + 2B cos 2t e x00p (t) = 4A cos 2t − 4Bsen2t
lim xh (t) = 0
t→∞
é devido a isto, que dizemos que xh (t) é um termo transitório ou uma solução de trânsito.
Assim, para valores grandes de t, a solução x(t) se aproxima à solução particular xp (t).
A função xp (t) é chamada solução estacionária ou de estado permanente.
De fato, se na equação diferencial (3.57) escrevemos
F (t) = F0 senαt ou F (t) = F0 cos αt, onde F0 e α são cons-
tantes, então sua solução geral consiste na soma de dois
termos, um termo transitório e um termo estacionário.
225 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
comprimento l e massa depreciável, e o outro extremo fixo. Supondo que a corda está
sempre tensa, quando afastado de sua posição de equilı́brio e solta, as oscilações acontecem
num plano vertical sob a ação da gravidade e as únicas forças que atuam são o peso da
massa e a tensão na corda, o movimento é periódico e oscilatório. Desejamos achar a
equação do perı́odo de movimento.
d2 sθ
Pela segunda Lei de Newton m · a = m · l 2 = −m · g · senθ = 0 onde s é o
dt
deslocamento medido ao longo do arco que descreve a oscilação, o sinal negativo indica
que a força age na direção da posição de equilı́brio. Considerando a componente do peso
na direção tangencial, o arco s = l · θ temos a equação diferencial
d2 θ g
2
= − · senθ
dt l
ou equivalente
d2 θ g
+ senθ = 0 (3.59)
dt2 l
Esta equação não é linear e não pode ser resolvida em termos de funções elementares,
não obstante, para ângulos pequenos senθ ≈ θ, onde ao substituir em (3.59) obtemos a
equação diferencial linear
d2 θ g
+ θ=0
dt2 l
este último processo é chamado de linearização.
d2 θ c dθ g
2
+ + senθ = 0
dt m dt l
226 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
d2 θ c dθ g
+ · + ·θ =0 (3.60)
dt2 m dt l
d2 θ dθ
I· 2
+c· + kθ = T (t) (3.61)
dt dt
• I é o momento de inércia do corpo suspenso
• c é a constante de amortecimento
Figura 3.9: Torção de barra
• k é a constante elástica do eixo
Exemplo 3.44.
W r2
Um cilindro homogêneo de raio rf t e peso W libras e movimento de inércia Ig = ·
g 2
(em relação ao seu eixo g) tem uma corda flexı́vel enrolada em torno de seu eixo central.
W
Quando o corpo cai a resistência do ar é vezes a sua velocidade instantânea. Se você
170
desenrolar a partir do repouso, encontrar distância y da queda em função do tempo t, o
limite de velocidade e a percentagem de velocidade adquirida em 20s.
Solução.
dy dθ d2 y d2 θ
v= =r· e a= = r ·
dt dt dt2 dt2
X d2 y
de forças na direção do eixo y = m ·
dt2
Figura 3.10: io-io logo
W dy d2 y
−T + W − · =m· 2 (3.62)
170 dt dt
227 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
X d2 θ
de torques em torno do eixo g = Ig ·
dt2
de onde
W r 2 1 d2 y W r d2 y
Tr = · · · 2 = ·
g 2 r dt 2g dt2
isolando T e substituindo em (3.62) segue
W d2 y W dy d2 y W d2 y
− · 2 +W − · =m· 2 = ·
2g dt 170 dt dt g dt2
3W d2 y W dy d2 y g dy 2g
· 2 + · =W ⇒ 2
+ · =
2g dt 170 dt dt 255 dt 3
as condições iniciais são y(0) = 0 e y 0 (0) = 0.
g 255
A solução geral é y = C1 + C2 e− 255 t + 170(t − ) e a solução particular é
g
a velocidade é
g
y 0 = −170e− 255 t + 170
como
dq di d2 q
i= ⇒ = 2 (3.63)
dt dt dt
228 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
d2 i di 1 dq dE
L 2
+R + · =
d dt C dt dt
logo substituindo as igualdades de (3.64), isto nos conduz à equação diferencial da corrente
elétrica
d2 i di 1 E
L 2 +R + i=
dt dt C dt
Exemplo 3.45.
Um circuito em série consta de um indutor de 0, 25H, uma resistência de 40 Ω, um
capacitor de 4×10−4 F e uma força eletromotriz dada por E(t) = 5sen100tV. Se a corrente
inicial e a carga inicial do capacitor são ambas zero, determine a carga no capacitor e a
corrente elétrica do circuito em qualquer tempo t > 0.
Solução.
d2 q dq 1
(0, 25) + (40) + q = 5sen100t
dt 2 dt 4 × 10−4
isto é
d2 q dq
2
+ 160 + 10.000q = 20sen100t (3.65)
dt dt
229 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Pelo método dos coeficientes indeterminados achamos uma solução particular de (3.65)
1
qp = − cos 100t
800
1
q(t) = e−80t (C1 cos 60t + C2 sen60t) − cos 100t
800
1
Das condições iniciais C1 − =0 e −80C1 +60C2 = 0 resolvendo esse sistema
800
C1 = 1/800 e C2 = 1/600.
1 1 1
Portanto a carga no capacitor é q(t) = e−80t ( cos 60t+ sen60t)− cos 100t.
600 600 800
5 1
A corrente elétrica vem dada por i(t) = − e−80t sen60t + sen100t.
24 8
230 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 3-4
5. Resolver as seguintes equações pelo método de redução de ordem dado que y1 é uma
solução da equação.
231 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(x − 1)2
(x4 − x3 )y 00 + (2x3 − 2x2 − x)y 0 − y =
x
10. Um peso de 24 libras preso à extremidade de uma mola que se estende 4 polegadas.
Encontre a equação do movimento se o peso em repouso, é liberado a partir de um
ponto que é de 3 polegadas. na posição de equilı́brio.
11. Encontrou-se num experimento que um corpo de 4 lb estica uma mola 6 polegadas.
O meio oferece uma resistência ao movimento do corpo numericamente igual a 2, 5
vezes a velocidade instantânea. Determine a equação do movimento sabendo que o
peso está se desplazando 4 polegadas por baixo da posição de equilı́brio e é solta.
12. Um peso de 32 lb estica uma mola 6 polegadas. O peso se move em um ambiente que
se opõe a uma força de amortecimento numericamente igual a β vezes a velocidade
232 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
13. Uma massa de uma libra, está sujeita a uma mola cuja constante é 9 lb/pie. O
meio oferece resistência ao movimento numericamente igual a 6 vezes a velocidade
instantânea. A massa é liberada desde um ponto que está a 8 polegadas sobre a
posição de equilı́brio. Determinar os valores de v0 a fim de que posteriormente a
massa passe a posição de equilı́brio.
8
14. Um peso 16 lb estica uma mola em f t. Inicialmente peso a partir do repouso de
3
um ponto que é de 2 f t abaixo da posição de equilı́brio e o movimento posterior
é feito em um ambiente que se opõe uma força de amortecimento numericamente
1
igual a da velocidade instantânea. Encontre a equação do movimento se o peso é
2
impulsionado por uma força externa igual a f (t) = 10 cos 3t.
15. Uma massa pesa de 4 lb está pendurada no extremo de numa mola. Se a mola
se estica 2 polegadas por causa do peso da massa para em seguida, se mover 6
polegadas da posição de equilı́brio e ser lançada com uma velocidade inicial de zero,
encontrar a equações diferencial do sistema, considerar que o meio ambiente oferece
uma resistência ao movimento de 6lb quando a massa tem uma velocidade de 3f t/s.
16. Um bloco de 4, 0 Kg está suspenso de uma certa mola, estendendo-a a 16, 0 cm além
de sua posição de repouso. 1. Qual a constante da mola? 2. O bloco é removido e
um corpo de 0, 5 Kg é suspenso da mesma mola. Se esta mola for então puxada e
solta, qual o perı́odo de oscilação?
17. Uma massa de 100 gramas estica uma mola 10 centı́metros. A massa está presa a um
amortecedor viscoso. Suponha que a aceleração da gravidade seja de 103 centı́metros
por segundo ao quadrado. 1. Para quais valores da constante de amortecimento γ o
sistema é super-amortecido, tem um amortecimento crı́tico e é sub-amortecido. 2.
Suponha que o amortecedor exerce uma força de 104 dinas (=gramas × centı́metros
por segundos2 ) quando a velocidade é de 10 centı́metros por segundo. Se a massa
é puxada para baixo 2 centı́metros e depois é solta, determine a posição x(t) em
função do tempo t e faça um esboço do seu gráfico. Qual o valor do quase perı́odo?
18. Encontre a corrente I em função do tempo t (em segundos), dado que I satisfaz a
equação diferencial:
dI
L· + RI = sen2t ,
dt
onde R e L são constantes não nulas.
233 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
234 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X xn
f (x) =
n=1
2n2 + 3n + 2
Pelo teste da razão, é fácil verificar que essa série converge quando |x| < 1, logo ela
define uma função, f com domı́nio nesse intervalo (de convergência).
Uma função dada dessa maneira raramente poderá ser identificada como alguma das
funções já conhecidas. Em geral, a série define uma função totalmente nova. E essa possi-
bilidade de criar novas funções através das séries de potências é extremamente importante
nas aplicações.
O objetivo desta seção é apresentar a solução de equações diferenciais ordinárias me-
diante a utilização das séries de potências, este método de solução é um primeiro passo
para resolver as equações diferenciais através de métodos numéricos.
Uma aplicação importante das séries de potências está orientada para a solução de
equações diferenciais lineares com coeficientes variáveis. Para isto, é necessário calcular
+∞
X
as derivadas da solução em forma da série y = an (x − x0 )n
n=0
+∞
X +∞
X
0 n−1
y = nan (x − x0 ) = (n + 1)an+1 (x − x0 )n
n=1 n=0
+∞
X +∞
X
00 n−2
y = n(n − 1)an (x − x0 ) = (n + 2)(n + 1)an+2 (x − x0 )n
n=2 n=0
estas operações não são mais mudanças de nome do ı́ndice. Este sobe-desce dos ı́ndices
têm interesse porque podemos escrever todas as séries em função de (x − x0 )n e assim
anular os coeficientes. O método consiste em que se reduz em k o ı́ndice inferior do
somatório, devo aumentar em k os ı́ndices dentro do somatório.
235 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.46.
Resolver a equação diferencial y 0 − y = 0.
Solução.
+∞
X +∞
an (x − x0 )n , temos y0 = (n + 1)an+1 (x − x0 )n
P
Supondo que a solução é y =
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
de onde (n + 1)an+1 (x − x0 )n − an (x − x0 )n = 0, a série proposta como solução
n=0 n=0
cumpre com a equação se exigimos aos coeficientes que
an a0
an+1 = ⇒ an =
n+1 n!
+∞ +∞
X X a0
y= an (x − x0 ) = n
(x − x0 )n = a0 e−x0 · ex = C1 ex
n=0 n=0
n!
Existem casos que nem sempre substituindo uma série obteremos a solução como
mostra o seguinte exemplo.
Exemplo 3.47.
Dada a equação diferencial x2 y 0 − y = −x − 1.
Solução.
+∞
X
Em torno de x0 = 0, supondo y = an xn é uma solução, temos
n=0
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
2 n−1 n n+1
x nan x − an x = −x − 1 ⇒ nan x − a0 − a1 x − an xn = −x − 1
n=1 n=0 n=1 n=2
+∞
X +∞
X
n−1
⇒ nan x − an−1 xn−1 − a0 − a1 x = −x − 1
n=1 n=1
+∞
X
⇒ (nan − an−1 )xn−1 − a0 − a1 x = −x − 1
n=1
+∞
X
y =1+x+ (n − 1)! · xn
n=2
236 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Esta série não converge para x 6= 0, seu raio de convergência é zero, logo converge
quando x = 0. Então poderı́amos dizer que a solução é y = 1 (uma constante) porém
isto não é uma solução no sentido real.
x2 y 00 + xy 0 + (x2 − n2 )y = 0
e a equação de Legendre6 .
5
Friedrich Wilhelm Bessel (1784¯1846) foi um matemático, fı́sico e astrônomo alemão. Sistematizou
as funções de Bessel (que foram descobertas por Daniel Bernoulli). Foi contemporâneo de Carl Friedrich
6
Adrien Marie Legendre (1752 − 1833), matemático nascido na França, realizou importante contri-
buição nas funções especiais, integrais elı́pticas, a teoria de números e no cálculo variacional. Seu livro
“Élements de géométrie” foi famoso e teve 12 edições publicadas em menos de 30 anos.’
237 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
seja nulo.
Exemplo 3.48.
Sejam as seguintes equações diferenciais escritas na forma da igualdade (3.67) então:
y0
• Da equação y 00 +
+ y = 0, segue que p(x) e q(x) são analı́ticas exceto em x0 = 0.
x
√
• Da equação y 00 + x2 y 0 − xy = 0, segue que p(x) é analı́tica em R e q(x) não é
analı́tica em x0 = 0.
senx 0
• Da equação y 00 + y +xy = 0, primeiro devemos calcular o raio de convergência
x
de p(x); se a série tiver raio de convergência não nulo em x = x0 então p(x) é
analı́tica no ponto x = x0 considerado.
Observação 3.6.
Se um ponto não for ordinário, dizemos que x = x0 é ponto singular.
Exemplo 3.49.
Determine os pontos ordinários e singulares de y 00 + senx · y 0 + ex y = 0.
Solução.
Como p(x) = senx tem expansão em série de Taylor para qualquer x0 ∈ R; e q(x) = ex
também tem expansão em série de Taylor para qualquer x0 ∈ R, então todo ponto x ∈ R
é ponto ordinário.
Portanto, não tem pontos singulares.
Exemplo 3.50.
Determine os pontos ordinários e singulares de xy 00 + senx y = 0.
Solução.
senx senx
Temos y 00 + · y = 0, assim, podemos supor q(x) = , na forma de séries de
x x
potências
+∞ 2n+1
x
(−1)n (2n+1)!
P
+∞
n=0
X (−1)n x2n
q(x) = =
x n=0
(2n + 1)!
238 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.51.
Determine os pontos ordinários e singulares de y 00 + Lnx y = 0.
Solução.
Temos x = 0 é ponto singular, pois q(x) = Lnx não tem expansão em série de Taylor
em x = 0, todos os demais pontos diferentes de x = 0 são pontos ordinários.
Quando em (3.66) temos a2 (x), a1 (x) e a0 (x) são polinômios sem fatores comuns,
isto é, sem raı́zes comuns, então x = x0 é
Isto é, se têm pontos singulares nas raı́zes de a2 (x), quaisquer outros valores são
pontos ordinários.
Exemplo 3.52.
Determine os pontos ordinários e singulares da equação (x2 − 4)y 00 + 2xy 0 + 3y = 0.
Solução.
y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0
239 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 3.53.
São exemplos de pontos singulares regulares:
3. Os pontos x = ±1 são únicos pontos singulares regulares no plano finito para a equação
de Chevyshev
(1 − x2 )y 00 − xy 0 + λ2 y = 0
Todas estas equações acima mencionadas aparecem em problemas das equações dife-
renciais parciais da Fı́sica Matemática, e apresentam interessantes propriedades do ponto
de vista matemático.
240 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 3.7.
Exemplo 3.54.
Determine os pontos singulares regulares e irregulares de
Solução.
x−2 1 1
p(x) = 2 2
= e q(x) =
(x − 4) (x − 2)(x + 2)2 (x − 2)2 (x + 2)2
241 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 3.8.
Com frequência se trabalha com o ponto ordinário x = 0, para o caso do ponto ordinário
x 6= 0, se faz a substituição t = x − a, esta substituição transforma a EDO original em
outra EDO com ponto ordinário t = 0.
onde y0 = y(x0 ), y00 = F (x0 , y), em diante as derivadas y (n) (x0 ) são determinadas por
derivação sucessiva da série de Taylor, logo ir substituindo na equação diferencial original.
Como ilustração deste método, acharemos a solução do pvi
Exemplo 3.55.
Resolver mediante séries de potências o pvi:
dy
= x + y, y(0) = 1 (3.69)
dx
h2 h3
y(x0 + h) = y(x0 ) + y 0 (x0 ).h + y 00 (x0 ). + y 000 (x0 ). + · · · (3.70)
2! 3!
dy d2 y dy
y0 = =x+y ⇒ y 00 = = 1 + =1+x+y
dx dx2 dx
dy d3 y dy
y 000 = [1 + x + y] ⇒ y 000 = 3
=1+ = 1 + x + y = y 00
dx dx dx
242 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
0 h2 00 h3
00 00 h4
y(0 + 0, 1) = y(0, 1) = y(0) + y (0).h + y (0). + y (0). + y (0). + . . .
2! 3! 4!
Método de solução
O método é simples, mesmo que aqui se descreva o caso da equação de segunda ordem,
este método pode-se aplicar a equações lineares de ordem n.
Para encontrar uma solução para a EDO lineal de segunda ordem segue-se o seguinte
roteiro:
3. A solução geral estará dada pela combinação linear das funções y1 (x) e y2 (x).
Nem sempre ocorre que a série está centrada em x = x0 como mostra o seguinte
exemplo.
Exemplo 3.56.
Resolver por séries de potências a EDO y 00 − (t + 3)y 0 − (t2 + 6t + 9) = 0.
Solução.
243 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
y 00 − xy 0 − x2 y = 0; x0 = 0
Logo a solução y(x) podemos escrever como y(t + 3), com isto é suficiente resolver com
séries centradas em x = 0 como mostram os exemplos a seguir.
Exemplo 3.57.
Utilizando o método das séries de potências, resolver: (1 − x2 )y 0 − 2xy = 0.
Solução.
+∞
X ∞
X
(1 − x2 ) an nxn−1 − 2x an x n = 0
n=1 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
an nxn−1 − an nxn+1 − 2 an xn+1 = 0
n=1 n=1 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
n−1 n+1
a1 + (2a2 − 2a0 )x + an nx − an nx −2 an xn+1 = 0
n=3 n=1 n=1
+∞
X ∞
X +∞
X
a1 + (2a2 − 2a0 )x + am+3 (m + 3)xm+2 − ak+1 (k + 1)xk+2 − 2 ai+1 xi+1 = 0
m=0 k=0 i=0
∞
X
a1 + (2a2 − 2a0 )x + [an+3 (n + 3) − an+1 (n + 1) − 2an+1 ]xn+2 = 0
n=0
(n + 3)an+1
desta última igualdade temos a relação an+3 = = an+1 chamada
(n + 3)
244 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
“relação de recorrência”.
Quando n = 0 segue: a1 = a3 = a5 = . . . = a2k+1 = 0 e a2k = a0 para k ∈ N
+∞
an xn , substituindo os valores correspondentes
P
3. Como a solução proposta foi y(x) =
n=0
+∞
x2n é solução da equação diferencial.
P
an segue que y(x) = a0
n=0
Exemplo 3.58.
Resolver por séries de potências a EDO (x2 − 1)y 00 + 4xy 0 + 2y = 0.
Solução.
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
2 n−2 n−2 n−1
x an n(n − 1)x − an n(n − 1)x + 4x an nx +2 an x n = 0 ⇔
n=2 n=2 n=1 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
an n(n − 1)xn − an n(n − 1)xn−2 + 4 an nxn + 2 an x n = 0 ⇔
n=2 n=2 n=1 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X +∞
X
n n n
an n(n − 1)x − an+2 (n + 2)(n + 1)x + 4 an nx + 2 an x n = 0 ⇔
n=2 n=0 n=1 n=0
+∞
X
2a0 − 2a2 + 6(a1 − a3 )x + [an n(n − 1) − an+2 (n + 2)(n + 1) + 4an n + 2an ]xn = 0
n=2
(n + 2)(n + 1)
an (n + 2)(n + 1) = an+2 (n + 2)(n + 1) = 0 ⇒ an+2 = an
(n + 2)(n + 1)
Assim, an+2 = an para n ≥ 2, logo
a4 = a2 = a0 ; a5 = a3 = a1 ; a6 = a4 = a2 = a0
245 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
y(x) = an xn = a0 (1 + x2 + x4 + . . .) + a1 (x + x3 + x5 + . . .)
n=0
1 x
y(x) = a0 2
+ a1 = a0 y1 (x) + a1 y(x); |x2 | < 1
1−x 1 − x2
Sendo y1 (x) e y2 (x) duas soluções linearmente independentes.
Observação 3.9.
O exemplo a seguir somente é válido para equações diferenciais com condições iniciais.
Para o caso da condição inicial estar em x = 0 usa-se as séries de MacLaurin; se a
condição inicial estiver em x 6= 0 utiliza-se a série de Taylor.
Exemplo 3.59.
Resolver a equação diferencial com condições iniciais: y 00 − 6e−x y = 0; y(0) =
y 0 (0) = 1.
Solução.
+∞
P y (n) (0) n
Consideremos a série de MacLaurin y(x) = x , isto é
n=0 n!
da equação segue que y 00 (x) = e−x y(x) de onde y 00 (0) = e−0 y(0) = 1.
Como y 00 (x) = e−x y(x) ⇒ y 000 (x) = e−x y 0 (x) − e−x y(x), assim y 000 (0) = e−0 y 0 (0) −
e−0 y(0) = 0.
Verifica-se que y (iv) (x) = e−x (y 000 (x) − 2y 00 (x)) − e−x (y 0 (x) − y(x)), logo y (iv) (0) = 0.
Também verifica-se que y (v) (0) = −1.
Substituindo na fórmula de MacLaurin obtemos a solução da EDO
x2 x5
y(x) = 1 + x + − + ...
2! 5!
246 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
solução y(x) = an xn achamos em séries de potência na forma
n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
n n
(n + 2)(n + 1)an+2 x − 2 nan x + 2p an x n = 0
n=0 n=0 n=0
Estas funções y1 e y2 são chamadas funções de Hermite. Se p é par (ou zero), então
a solução y1 é um polinômio e tem um número finito de termos; se p é ı́mpar então a
solução y2 tem um número finito de termos.
Justifica-se a escolha dos a0 e a1 neste contexto pelo fato que o Wronskiano em x = 0
é
y (0) y (0) 1 0
1 2
W (y1 , y2 ) = 0 = 6= 0
y1 (0) y20 (0) 0 1
247 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2 dn −x2
Hn (x) = (−1)n ex (e ) para n = 0, 1, 2, 3, . . .
dxn
Z+∞
2 √
e−x H(x)dx = 2n n! πδmn
−∞
Usando a ortogonalidade das funções de Hermite, uma função f (x) pode ser expressa
em função dos polinômios de Hermite.
Z+∞
X 1 2
f (x) = Cn Hn (x) onde Cn = n √ e−x f (x)Hn (x)dx
n=0
2 n! π
−∞
3. Um polinômio de Hermite é uma função par quando n é par, e ı́mpar quando n seja
ı́mpar.
Hn (−x) = (−1)n H(x)
248 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2x α(α + 1)
y 00 − 2
y0 + y = 0; α∈R
(1 − x ) (1 − x2 )
2x α(α + 1)
Como p(x) = − 2
e q(x) = , estas duas funções não estão definidas
(1 − x ) (1 − y 2 )
para x = ±1. portanto são pontos singulares. Por outro lado,
2x 2x 2(1)
lim − 2
· (x − 1) = lim − = =1
x→1 (1 − x ) x→1 1+x 1+1
2x 2x −2(−1)
lim − 2
· (x + 1) = lim − = =1
x→−1 (1 − x ) x→1 1−x 1 − (−1)
α(α + 1) 2 α(α + 1)
lim · (x − 1) = lim 2(x − 1) = 0
x→1 (1 − x2 ) x→1 (1 − 2x)
α(α + 1) 2 α(α + 1)
lim · (x + 1) = lim 2(x + 1) = 0
x→−1 (1 − x2 ) x→−1 (1 − 2x)
Como todos estes limites existem, podemos dizer que os pontos x = ±1 são pontos
singulares regulares, e podemos afirmar que as soluções convergem ao menos com raio
r = 1.
Ao substituir as expressões do desenvolvimento em séries chegamos à fórmula de re-
corrência
n(n + 1) − α(α + 1) −(α − n)(α + n + 1)
an+2 = an = an
(n + 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2)
Cálculo da solução y1 : Quando a0 = 1, e a1 = 0,
249 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
de Laplace.
A fórmula de Rodrigues para polinômios de Legendre é:
1 dn 2 n
Pn (x) = · (x − 1)
2n n! dxn
e permite obter o n-ésimo polinômio como função de x. Alguns destes polinômios são
1 1 1
P0 = 1, P1 = x, P2 = (3x2 − 1), P4 = (x4 − x2 ), P5 = (x5 − x3 )
2 8 8
Esta última integral expressa que a famı́lia Pn (x) é uma sequência de funções ortogo-
nais sobre o intervalo [−1, 1]. Além disso, existe uma questão vital para as aplicações, a
possibilidade de desenvolver uma função f (x) arbitrária em série de Legendre, entendendo
que tal desenvolvimento é do tipo
∞
X
f (x) = an Pn (x)
n=0
O resultado seria muito melhor que uma aproximação em série de Taylor. Para calcular
os coeficientes an poderia-se usar a relação de ortogonalidade, isto é multiplicando por
Pm (x) e integrando entre −1 e 1.
+∞ Z1
X 2n + 1
f (x) = Cn Pn (x) onde Cn = f (x)Pn (x)dx
n=0
2
−1
250 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
1 X
p = η k Pk (x)
2
1 + η − 2ηx k=1
5. Os polinômios de espécie um e dois só estão definidos quando |x| < 1, só os polinô-
mios Pn (x) são analı́ticos em x = ±1.
e a série de MacLaurin de f sim existe, Para saber em que casos isso acontece é preciso
identificar a que tipo de singularidade corresponde x = 0.
251 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
r
y(x) = x an (x − x0 )n (3.73)
n=0
O método de Frobenius garante pelo menos uma solução da equação diferencial a ser
resolvida. Neste método, estamos supondo uma solução da equação (3.72) na forma (3.73),
procede-se então como o método das séries de potências para determinar sucessivamente
as constantes r e an , ∀ n ∈ N.
A constante r será determinada por meio da solução de uma equação quadrática, cha-
mada equação indicial. As duas raı́zes da equação indicial podem ser reais ou complexas.
Para o caso das raı́zes serem complexas (logo serão conjugadas), e as soluções que elas
determinam podem ser combinadas com a identidade de Euler xα±iβ = xα eiβLnx para
formar soluções reais.
p0
p(x) = + p1 + p2 + p3 + · · · + pn + · · ·
x
q0 q1
q(x) = 2
+ + q2 + q3 + · · · + qn + · · ·
x x
252 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Mostra-se de maneira formal que a equação (3.72) tem uma solução da forma y =
∞
X
an xn+r elegindo apropriadamente as an e r. Substituindo esta somatória na equação
n=0
(3.72) e do fato que o coeficiente de xr−2 tem que se anular, obtém-se
a0 [r(r − 1) + p0 r + q0 ] = 0
r2 + r(p0 − 1) + q0 = 0
é a equação indicial.
Para o caso de p(x) e q(x) ser quocientes de polinômios, em geral devemos multipli-
car pelo menor denominador comum, e logo aplicar o método de Frobenius à equação
resultante.
y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = O
ou da forma ∞ ∞
X X
n+r1
y = (A + B ln x) an x +B an xn+r2
n=0 n=0
Além disso, mostra-se que as séries infinitas encontradas no formas acima descritas
de solução convergem, pelo menos na região anular limitado por duas circunferências
centrados em x = 0, uma de raio arbitrariamente pequeno, o outro estendendo ao ponto
singular (da equação) mais próximo de x = 0.
Teorema 3.10.
Seja x = 0 ponto singular regular de (3.72), e sejam r1 e r2 com r1 ≤ r2 as
raı́zes da equação indicial associada, então a solução geral da equação (3.72) é
y = C1 y1 (x) + C2 y2 (x) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, y1 (x) é dado por
(3.73) e se apresentam três casos:
253 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Caso 2: Se r1 = r2 , então
+∞
X
r1
y2 (x) = y1 (x)Lnx + x bn x n onde bn depende de r1 (3.75)
n=0
+∞
X
r2
y2 (x) = d−1 y1 (x)Lnx + x dn xn onde dn depende de r2 (3.76)
n=0
Observação 3.10.
• Quando a equação indicial têm raı́zes iguais, as duas soluções linearmente indepen-
dentes aparece sempre na forma
∞
X ∞
X
n+r1 r1
y2 = y1 Lnx + bn x onde y1 = x + an xn+r1
n=1 n=1
• Quando a diferença seja um inteiro positivo, por exemplo nas raı́zes r2 = 0 e r1 > 0,
∞
bn xn+r1 é evidente que podemos
P
se usarmos a raiz maior r1 e tratamos com a série
n=0
obter uma solução, o termo x0 nunca estará nela
Por outra lado, se usarmos a raiz menor r2 = 0, então uma solução será da forma
∞
bn xn+0 e aqui inclue o termo xr1
P
n=0
∞
X ∞
X
n+r1
y = C1 an x + C2 bn xn+r2
n=0 n=0
• Quando a diferença seja um inteiro positivo, por exemplo nas raı́zes r2 6= 0 e r1 > 0,
∞
bn xn+r1 é evidente que podemos
P
se usarmos a raiz maior r1 e tratamos com a série
n=0
obter uma solução, o termo xr2 nunca estará nela
Como no caso anterior, se usarmos a raiz menor r2 , então uma solução será da
254 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∞
bn xn+r1 e aqui inclue o termo xr2 . Neste caso a solução é da forma
P
forma
n=0
+∞
X
r2
y2 (x) = d−1 y1 (x)Lnx + x d n xn onde dn depende de r2
n=0
1
p0 = lim x · p(x) = , q0 = lim x2 · q(x) = 0
x→0 3 x→0
1 2
assim, as raı́zes da equação indicial I(r) = r(r − 1) + r = 0 são r1 = , r2 = 0 e
3 3
r1 − r2 ∈
/ Z então a solução é na forma da igualdade em (3.74).
+∞ +∞
an xn+r então y 0 = an (n + r)xn+r−1 e
P P
Suponhamos uma solução da forma y =
n=0 n=0
+∞
y 00 = an (n + r)(n + r − 1)xn+r−2 . Substituindo na equação diferencial
P
n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
n+r−2 n+r−1
3x an (n + r)(n + r − 1)x + an (n + r)x − an xn+r = 0 ⇔
n=0 n=0 n=0
+∞
X +∞
X
n+r−1
an (n + r)(3n + 3r − 2)x − an xn+r = 0 ⇔
n=0 n=0
" +∞ +∞
#
X X
xr an (n + r)(3n + 3r − 2)xn−1 − an x n = 0 ⇔
n=0 n=0
" +∞
#
X
xr r(3r − 2)a0 + [ak+1 (k + 1 + r)(3k + 1 + 3r) − ak ]xk = 0 ⇔
k=0
255 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
em potências de:
an
an+1 = ; onde n = 0, 1, 2, · · · (3.77)
(n + 1)(3n + 1)
a0 a1 a0
Iterando (3.77) n = 0, a1 = ; n = 1, a2 = =
1·1 (2 · 4) (1 · 1) · (2 · 4)
a2 a0 a0
n = 2, a3 = = =
(3 · 7) (1 · 1) · (2 · 4) · (3 · 7) 3!(4 · 7)
a3 a0
n = 3, a4 = =
(4 · 10) 4!(4 · 7 · 10)
a0
em geral an = , n = 1, 2, 3,
n!(1 · 4 · 7 · 10 . . . (3n − 2))
+∞
X +∞
X
n+0
Como r1 = 0 segue y1 = an x = an x n ⇒
n=0 n=0
" +∞ #
X xn
y1 = a0
n=1
n!(1 · 4 · 7 · 10 . . . (3n − 2))
2
Para a raiz r1 = segue
3
bn bn
bn+1 = 5 = ; onde n = 0, 1, 2, · · · (3.78)
(n + 3
)(3n + 3) (3n + 5)(n + 1)
b0 b1 b0
Iterando (3.78) n = 0, b1 = ; n = 1, b2 = =
5·1 (5 · 1) · (8 · 2) 2!(5 · 8)
b2 b0 b0
n = 2, b3 = = =
(11 · 3) (5 · 1) · (8 · 2) · (11 · 3) 3!(5 · 8 · 11)
b3 b0
n = 3, b4 = =
(14 · 4) 4!(5 · 8 · 11 · 14)
256 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
b0
em geral bn = , n = 1, 2, 3,
n!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3n + 2))
+∞ ∞
2 X
n+2/3 2/3
X
Como r2 = segue y2 = bn x =x b n xn ⇒
3 n=0 n=0
" +∞
#
X b0
y2 = x2/3 a0 + xn
n=1
n!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3n + 2))
" +∞
#
X xn
y2 = b0 x2/3 1 +
n=1
n!(5 · 8 · 11 · 14 . . . (3n + 2))
x(x − 1) 0 (1 − x)
A equação na forma normalizada é y 00 + y + y = 0 então p(x) =
x2 x2
(x − 1) (1 − x)
e q(x) = . As funções p(x) e q(x) não estão definidas em x = 0, porém
x x2
sim estão e são analı́ticas nesse ponto x · p(x) = (x − 1), x2 · q(x) = (1 − x).
Logo, o ponto x = 0 é ponto singular regular.
A equação indicial é r(r − 1) + p0 r + q0 = 0, onde:
r(r − 1) − r + 1 = 0, r1 = r2 = 1
Como as duas raı́zes são iguais, usando o método de Frobenius procuramos soluções
+∞
X X+∞
r n
da forma y(x) = x an x como r = 1 então y(x) = an xn+1
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
0 n 00
y (x) = (n + 1)an x e y (x) = n(n + 1)an xn−1
n=0 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
2 n−1 n
x n(n + 1)an x + x(x − 1) (n + r)an x + (1 − x) an xn+1 = 0
n=1 n=0 n=0
257 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X +∞
X +∞
X
n+1 2 n
n(n + 1)an x +x (n + 1)an x − x (n + 1)an xn +
n=1 n=0 n=0
+∞
X +∞
X
n+1
+ an x − an xn+2 = 0
n=0 n=0
+∞
X
n(n + 1)an xn+1 + kak−1 xk+1 − (n + 1)an xn+1 + an xn+1 − ak−1 xk+1 = 0
n=1
+∞
X n−1
[(n2 an + (n − 1)an−1 ]xn+1 = 0 ⇒ an = − an−1
n=1
n
Logo a1 = a2 = a3 = · · · = an = 0
Por tanto, para a raiz r1 = 1 segue an = 0 para todo n ≥ 1 e assim nossa primeira
solução geral é y1 (x) = x.
Para achar a segunda solução calculamos bn para r = r2 = 1, obtém-se de:
+∞
X +∞
X
y2 (x) = y1 (x)Lnx + xr2 bn x n ⇒ y2 (x) = xLnx + x bn x n ⇒
n=0 n=0
+∞ +∞
X 1 X
y20 (x) = Lnx + 1 + (n + 1)bn xn ⇒ y200 (x) = + bn n(n + 1)xn−1
n=0
x n=1
+∞
X
x2 y200 (x) = x + bn n(n + 1)xn+1
n=1
+∞
X +∞
X
x(x − 1)y20 (x) = x(x − 1)Lnx + x(x − 1) + (n + 1)bn x n+2
− (n + 1)bn xn+1
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
n+1
(1 − x)y2 (x) = x(1 − x)Lnx + bn x − bn xn+2
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
2 2 n+1
somando estas três últimas igualdades 0=x + n bn x + nbn xn+2 ⇒
n=1 n=1
+∞
X
2
0 = x (1 + b1 ) + [n2 bn + (n − 1)bn−1 ]xn+1
n=2
n−1
b1 = −1, bn = bn−1 , n≥2
n2
1 1
bn = (−1)n 2
= (−1)n
1 · 2 · 3 . . . (n − 1)n n! · n
258 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X xn
logo nossa segunda solução é y2 (x) = x · Ln(x) + x (−1)n
n=1
n! · n
Portanto, a solução geral da equação é
+∞
X xn
y(x) = C1 x + C2 x Ln(x) + (−1)n
n=1
n! · n
2(x − 1) 0 2
A equação na forma normalizada é y 00 +
2
y − y = 0.
(2x − x ) (2x − x2 )
2(x − 1) 2
Assim, p(x) = 2
e q(x) = − . As funções p(x) e q(x) não estão
(2x − x ) (2x − x2 )
definidas em x = 0, porém sim estão e são analı́ticas nesse ponto
2(x − 1) 2x
x · p(x) = , x2 · q(x) = −
(2 − x) (2 − x)
r(r − 1) − r = 0, r1 = 2, r2 = 0
+∞
X +∞
X
0 00
y (x) = (n + r)an xn+r−1 e y (x) = (n + r)(n + r − 1)an xn+r−2
n=0 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
(2x − x2 ) (n + r)(n + r − 1)an xn+r−2 + 2(x − 1) (n + r)an xn+r−1 − 2 an xn+r = 0
n=0 n=0 n=0
Por etapas:
259 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
2
(2x − x ) (n + r)(n + r − 1)an xn+r−2 =
n=0
+∞
X +∞
X
n+r−1
= 2(n + r)(n + r − 1)an x − (n + r)(n + r − 1)an xn+r
n=0 n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
2(x − 1) (n + r)an xn+r−1 = 2(n + r)an xn+r − 2(n + r)an xn+r−1
n=0 n=0 n=0
+∞
X
somando −2 an xn+r e estas duas últimas desigualdades segue:
n=0
+∞
X +∞
X
0= [2(n+r)(n+r −1)−2(n+r)]an xn+r−1 − [(n+r)(n+r −1)−2(n+r)+2]an xn+r
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
[2(n + r)(n + r − 2)]an xn+r−1 − [(n + r)(n + r − 3) + 2]an xn+r = 0
n=0 n=0
Quando n = k − 1, se n = 0 ⇒ k=1
+∞
X +∞
X
n+r−1
[2(n + r)(n + r − 2)]an x − [(k − 1 + r)(k − 1 + r − 3) + 2]ak−1 xk−1+r = 0
n=0 k=1
X+∞
r−1
[2r(r−2)a0 x + ([2(n + r)(n + r − 2)]an − [(n − 1 + r)(n + r − 4) + 2]an−1 ) xn−1+r = 0 ⇒
n=1
(n − 1 + r)(n + r − 4) + 2
an = an−1
2(n + r)(n + r − 2)
(n − 1)(n − 4) + 2 n−3
Se r1 = 0 então an = an−1 = an−1 .
2n(n − 2) 2n
1
n=1 ⇒ a1 = −a0 , n = 2 ⇒ a2 = − a1 , n ≥ 3 ⇒ a3 = 0 = a4 =
4
· · · = an = 0
Por tanto, para a raiz r1 = 0 segue an = 0 para todo n ≥ 3 e assim nossa primeira
1
solução geral é y1 (x) = (1 − x − x2 ) fazendo a0 = 1.
4
Para achar a segunda solução calculamos dn para r2 = 2, obtém-se de:
+∞ +∞
r2
X
n 1 2 X
y2 (x) = d−1 y1 (x)Lnx+x dn x ⇒ y2 (x) = d−1 (1−x− x )Lnx+ dn xn+2 ⇒
n=0
4 n=0
+∞
1 1 1 X
y20 (x) = d−1 (−1 − x)Lnx + d−1 ( − 1 − x) + dn (n + 2)xn+1 ⇒
2 x 4 n=0
260 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
1 1 1 3 X
y200 (x) = d−1 (− Lnx) + d−1 (− − 2 − ) + dn (n + 2)(n + 1)xn ⇒
2 x x 4 n=0
1 2 1 3
(2x − x2 )y200 (x) = d−1 ( x2 − x)Lnx + d−1 (−1 − − x + x2 )
2 x 2 4
X+∞
+4d0 x + [2dn (n + 2)(n + 1) − dn−1 n(n + 1)]xn+1
n=1
3 1 2
2(x − 1)y20 (x) = d−1 (2 − x − x2 )Lnx + d−1 (4 − x − x2 − )
2 2 x
+∞
[2dn−1 (n + 1) − 2dn (n + 2)]xn+1
P
−4d0 x +
n=1
+∞
1 2 X
−2y2 (x) = d−1 (−2 + 2x + x )Lnx − 2dn−1 xn+1
2 n=1
+∞
1 2 4 X
d−1 (−2x + x + 3 − ) + (2n(n + 2)dn − n(n − 1)dn−1 ) xn+1 = 0
4 x n=1
n−1
então dn = dn−1 ⇒ d1 = d2 = d3 = · · · = dn , d0 6= 0, d−1 = −4d0
2(n + 2)
1 4 16
y2 (x) = −4d0 (−2x + x2 + 3 − ) + d0 x2 ⇒ y2 (x) = d0 (8x − 12 − )
4 x x
16 1
Supondo d0 = 1 tem-se y2 (x) = (8x − 12 − ), e como y1 (x) = (1 − x − x2 )
x 4
1 2 16
A solução da equação diferencial é y(x) = C1 (1 − x − x ) + C2 (8x − 12 − ).
4 x
Z+∞
Γ(s) = e−x xs−1 dx, s>1 (3.79)
0
261 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Sem dificuldade verifica-se que Γ(s + 1) = sΓ(s), e para todos os números inteiros
positivos s verifica
Γ(s + 1) = s!
Para números negativos s a função Γ(s) é determinado de outro modo, porém a pro-
priedade Γ(s + 1) = sΓ(s) segue sendo válida. Deste modo, a função gamma pode ser
encarada como uma generalização da função fatorial f (x) = n! que apenas é definida para
inteiros não negativos.
Para os valores não inteiros negativos de s da definição podemos escrever assim
Γ(s + 1)
Γ(s) = ; s < 0, e não inteiro (3.80)
s
Γ(s + 1) Γ(s + 1)
lim+ Γ(s) = = +∞ e lim− Γ(s) = = −∞
s→0 s s→0 s
disto decorre que Γ(0) não desta definida, e desigualdade (3.80) também Γ(s) também
não esta definida para os valores inteiros negativos de s.
+∞
X (−1)k x2k+s
Js (x) = (3.81)
k=0
22k+s · k! · Γ(s + k + 1)
• d ≡ dimensão;
• m ≡ autovalor;
262 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
• µ = r2 ≡ ı́ndice angular;
Exemplo 3.63.
Solução.
1 r2 1 r2
Observe que y 00 + y 0 + (1 − 2 )y = 0, assim p(x) = e q(x) = 1 − 2 então as
x x x x
funções não são analı́ticas em x = 0 e portanto é um ponto singular. Por outro lado,
+∞
X
an [(n + s)2 + x2 − r2 ] = 0
n=0
263 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X (−1)k x2k+s
y 1 = a0 (3.85)
k=0
22k (s + 1)(s + 2) . . . (s + k) · k!
+∞
X (−1)k x2k−s
y2 = a0
k=0
22k (−s + 1)(−s + 2) . . . (−s + k) · k!
As séries y1 (x) e y2 (x) convergem para todos os valores de x e pode ser verificada
mediante o critério de d’Alembert, estas soluções são linearmente independentes, já que
a relação entre elas não é constante.
1
Se na solução de (3.85) escolhemos a0 = , podemos escrever
2s Γ(s + 1)
+∞
X (−1)k (x/2)2k+s
Js (x) = (3.86)
k=0
Γ(k + 1)Γ(k + s + 1)
264 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Quando s = −r, escolhendo a0 = , de modo análogo podemos escrever
2s Γ(−s + 1)
+∞
X (−1)k (x/2)2k+s
J−s (x) = (3.87)
k=0
Γ(k + 1)Γ(k − s + 1)
Pela Definição (3.9), as funções (3.86) e (3.87) são chamadas “funções de Bessel de
primeiro gênero de ordem s” (ou −s segundo o caso) respectivamente. Ambas as séries
convergem, a série (3.86) converge para todos os valores de x, entanto que a de (3.87)
converge para todo x 6= 0. Ambas também permitem a derivação dupla termo a termo.
Consequentemente, Js (x) e J−s (x) são soluções da equação (6.35).
Para o caso de s não ser número inteiro, então as funções Js (x) e J−s (x) são li-
nearmente independentes, pois suas séries começam com diferentes potências de x e a
combinação linear
α1 Js (x) + α2 J−s (x) = 0
é válida somente quando α1 = α2 = 0, é por isso que neste caso a solução de (3.77)
podemos escrever também na forma
Para o caso s = n ∈ Z, mostra-se que J−n (x) = (−1)n Jn (x), logo estas funções
tornam-se linearmente dependentes. A função Γ(s) para números negativos s e para s = 0
é infinito. Por isto, como segunda solução linearmente independente deve se considerar
qualquer outra função. Geralmente é considerada a função de Bessel de segunda espécie
Yn (x), esta função é combinação das funções Jm (x) e J−m (x)
Observação 3.11.
A solução geral para da equação diferencial (3.78) para s = n ∈ N tem a forma
y = C1 Jn (x) + C2 Yn (x) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias.
A função Yn (x) não está limitada em torno de x = 0, é por isso que toda solução da
equação (3.78) limitada em torno de x = 0, tem a forma y = C1 Jn (x), isto é aqui C2 = 0.
Um exemplo de uma equação linear muito simples que não pode ser resolvida pelos
métodos dos capı́tulos anteriores e que pode ser resolvida pelo método das séries, é a
265 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
y 00 = xy (3.88)
+∞
X +∞
X
n−2
n(n − 1)an x = an xn+1 (3.89)
n=2 n=0
para agrupar as duas séries numa única série de potências, escrevemos a primeira série
numa forma equivalente: podemos incrementar em 3 unidades o ı́ndice n, dentro da série,
se subtrairmos 3 aos limites do somatório; a série resultante será idêntica à série inicial
+∞
X +∞
X
m+1
(m + 3)(m + 2)am+3 x − an xn+1 = 0 (3.90)
m=−1 n=0
+∞
X
2a2 + [(n + 3)(n + 2)an+3 xn+1 − an ]xn+1 = 0
n=0
no lado esquerdo da equação temos uma série de potências em que o coeficiente de ordem
zero é 2a2 e os coeficientes de ordem superior a zero sao o termo dentro dos parênteses
quadrados, com n = 0, 1, 2, . . .
Para que a série de potências seja nula em qualquer ponto x, é necessário que todos
os coeficientes sejam nulos:
266 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2
9(m + 1)(m + )um+1 − um = 0 (3.92)
3
2 (m + 1)!Γ(m + 35 )
(m + 1)(m + ) =
3 m!Γ(m + 23 )
2
usando a substituição xm = m!Γ(m + )um em (6.36) transforma-se numa equação de
3
coeficientes constantes 9xm+1 − xm = 0.
x0 (−1)m Γ(2/3)
A solução obtida é xm = e a 3m = u m = a0 .
(−9)m m!Γ(m + 23 )9m
Para calcular a sequência correspondente a n = 3m + 1, procedemos de modo seme-
lhante. Em função de vm = a3m+1 a fórmula (Equação (6.36)) é uma equação de primeira
ordem
4
9(m + 1)(m + )vm+1 − vm = 0
3
4
e com a substituição zm = m!Γ(m + )vm a equação transforma-se numa equação de
3
coeficientes constantes 9zm+1 − zm = 0 com solução
z0 (−1)m Γ(4/3)a1
zm = , e a3m+1 = vm =
(−9)m m!Γ(m + 4/3)9m
Exemplo 3.64.
Resolver y 00 + xy = 0.
Solução.
267 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
an xn . Então,
n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
0 n−1 00 n−2
y (x) = nan x , y (t) = n(n − 1)an x = an+2 (n + 1)(n + 2)xn
n=1 n=2 n=0
+∞
X +∞
X
an+2 (n + 1)(n + 2)xn + x an x n = 0
n=0 n=0
+∞
X +∞
X
2a2 + an+2 (n + 1)(n + 2)xn + an−1 xn = 0
n=1 n=1
a0 a1 a2
a3 = − , a4 = − , a5 = − =0
(2)(3) (3)(4) (4)(5)
a3 a0 a4 a1 a5
a6 = − = , a7 = − = , a8 = − =0
(5)(6) (2)(3)(5)(6) (6)(7) (3)(4)(6)(7) (7)(8)
a6 a0 a7 a1
a9 = − =− , a10 = − =−
(8)(9) (2)(3)(5)(6)(8)(9) (9)(10) (3)(4)(6)(7)(9)(10)
Substituindo esses valores na série de potências obtém-se:
a0 a1 a0 a1 a0
y(x) = a0 + a1 x − − + + − ···
(2)(3) (3)(4) (2)(3)(5)(6) (3)(4)(6)(7) (2)(3)(5)(6)(8)(9)
Portanto,
" +∞
# " +∞
#
X (−1)n x3n X (−1)n x3n+1
y(x) = a0 1 + + a1 x +
n=1
(2)(3) · · · (3n − 1)(3n) n=1
(3)(4) · · · (3n)(3n + 1)
268 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 3-5
+∞
X +∞
X
1. Na seguinte expressão de somatória nan xn−1 + 2 an xn = 0 encontre uma lei
n=1 n=0
de recorrência que relacione o coeficiente an com o primeiro elemento a0 diferente
de zero.
a) (x − 1)y 00 − 2y 0 + x2 y = 0
b) xy 00 + (senx)y = 0
c) xy 00 + x(x − 1)−1 y 0 + (senx)y = 0
1. (x + 1)y 00 − 6y = 0 2. y 00 − xy = 0
3. (x2 + 1)y 00 + 6xy 0 + 6y = 0 4. y 00 − xy 0 − y = 0
5. (x − 1)y 00 + y 0 = 0 6. (1 + x2 )y 00 + 2xy 0 − 2y = 0
7. y 00 + e−x y = 0. Sugestão: A série de e−x multiplicar-a pela série de y.
269 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
onde a2n e a2n+1 são as frações determinadas na parte primeira sem (−1)n .
3. Se α é um inteiro não negativo e par então a2n = 0 para 2n > k; mostrar que
y1 é um polinômio de grau k e y2 é uma série infinita. Se alpha é um inteiro
não negativo e ı́mpar então a2n+1 = 0 para 2n + 1 > k; mostrar que y2 é um
polinômio de grau k e y1 é uma série infinita.
4. É costume considerar a constante arbitrária (a0 ou a1 segundo seja o caso) de tal
modo que o coeficiente de xn no polinômioy1 ou y2 (segundo seja o caso) seja
270 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(2n)!
e é chamado de polinômios de Legendre Pn (x).Mostrar que
2(n!)2
N
X (−1)k (2n − 2k)! n
Pn (x) = xn−2k onde N = [| |]
k=0
2n k!(n − k)!(n − 2k)! 2
∞
X 2n (α − 1)(α − 3) . . . (α − 2n + 1)
y2 = x + (−1)n x2n+1
n=1
271 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Miscelânea 3-1
a) x2 y 00 + x(x + 1)y 0 − 4y = 0
b) x2 y 00 + x(senx)y 0 − y = 0
c) (x + 2)x2 y 00 − xy 0 + (1 + x)y = 0
272 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
9. Seja y1 (t) uma solução não trivial da equação linear homogênea y 00 +p(t)y 0 +q(t)y =
0
273 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
274 08/03/2020
Capı́tulo 4
Transformada de Laplace
275
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
4.1 Introdução
No capı́tulo anterior anunciamos que estudariamos dois métodos para resolver equações
diferenciais lineares com coeficientes constantes, um deles estudado é o método clássico e
o outro método é o da transformada de Laplace, que abordaremos neste capı́tulo.
No modelo matemático linear de um sistema fı́sico, como o de uma massa e mola ou
de um circuito elétrico em série, é dado pela equação diferencial onde uma função pode
representar a uma força externa f (t) ou a voltagem aplicado E(t) como indicada nas
equações
d2 y dy d2 y dy 1
m 2 + β + ky = f (t) e L 2 + R + q = E(t)
dt dt dt dt C
Resolvemos problemas onde as funções f (t) ou E(t) eram contı́nuas, não obstante com
frequência podemos achar funções “contı́nuas por partes”, por exemplo a voltagem apli-
cada a um circuito, problemas deste tipo são melhor estudados aplicando a transformada
de Laplace. Para melhor entender a esta transformada, devemos lembrar propriedades
importantes da integral imprópria e o conceito da função de ordem exponencial, logo de-
monstraremos o teorema que nos garanta a existência da transformada de Laplace para
funções com algumas restrições.
Z+∞ ZR
g(t)dt = lim g(t)dt (4.1)
R→+∞
a a
Quando o limite existe diz-se que a integral imprópria converge, caso contrário, diz-se
que a integral imprópria diverge.
Exemplo 4.1.
Z+∞ Z+∞
1 1
Determine se as integrais impróprias convergem: a) dt; b) dt.
t2 t
4 2
Solução. a)
ZR
1 1 R 1 1
Como lim dt = lim (− ) = lim − + , a integral imprópria con-
R→+∞ t2 R→+∞ t 4 R→+∞ R 4
4
276 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
verge para o valor .
4
Solução. b)
ZR
1 R
Como lim dt = lim Ln|t| = lim [LnR − Ln2] = +∞, a integral imprópria
R→+∞ t R→+∞ 2 R→+∞
2
diverge, isto quer dizer que não existe.
Existem soluções técnicas que nos permitem encontrar soluções dos vários tipos de
equações. P. S. Laplace criou um método muito curioso e de uma beleza inigual que o
conduziu às soluções de várias equações diferenciais ordinárias. Este método simples e
elegante foi desenvolvido do seguinte modo:
y 0 − y = e2t ; y(0) = −1
Resposta: A função procurada, ou seja, a função que a satisfaz é y(t) = e2t − 2et .
Esta solução foi encontrada pelo criativo método de Laplace do seguinte modo:
Z+∞ Z+∞
−st 0
e y (t)dt = 0 − y(0) + s e−st y(t)dt (4.3)
0 0
277 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Z+∞
−st 1
[0 − y(0) + s e y(t)dt] − e−st y(t)dt =
s−2
0 0
Z+∞
1 1
então e−st y(t)dt = + y(0) . No entanto, y(0) = −1, logo
s−1 s−2
0
Z+∞
1 2
e−st y(t)dt = − (4.5)
s−2 s−1
0
A transformada de Laplace pode ser usada para resolver problemas de valor inicial.
Para isso, a equação diferencial é inicialmente modificada pela transformada de Laplace
numa equação algébrica. Depois resolve-se a equação algébrica e finalmente transforma-
se de volta a solução da equação algébrica na solução da equação diferencial inicial ou
problemas de valores de fronteira. Isto é, basicamente o processo de solução segue três
etápas:
Primeira etapa : Dado o problema “difı́cil” transforma-se numa equação simples (equa-
ção subsidiária)
278 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Integração 1
y(t) = e2t - F (s) =
L s−2
Figura 4.1:
Z+∞
L[y(t)] = e−st y(t)dt (4.6)
0
Z+∞
1
y(t) = e2t - e−st e2t dt - F (s) =
s−2
0
Figura 4.2:
Definição 4.2.
Seja f : [0, +∞) −→ R (ou C), uma função definida para todo t ≥ 0, define-se a
transformada de Laplace de f (t) como
Z+∞ Zb
L[f (t)] = e−st f (t)dt = lim e−st f (t)dt = F (s)
b→+∞
0 0
279 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
Caso 1: Suponhamos que y(t) = 1, então L[y(t)] = e−st y(t)dt.
0
Z+∞ Z+∞
−st e−st ∞ 1
L[y(t)] = e y(t)dt = e−st dt = − =
s 0 s
0 0
1
Portanto, se y(t) = 1, então L[y(t)] = .
s
Z+∞
Caso 2: Suponhamos que y(t) = t, então L[y(t)] = e−st tdt.
0
1
Portanto, se y(t) = t, então L[y(t)] = .
s2
Z+∞
Caso 3: Suponhamos que y(t) = t2 , então L[y(t)] = e−st t2 dt.
0
Z+∞ Z+∞
−st 2 t2 e−st +∞ 2 (2)(1)
L[y(t)] = e t dt = − + te−st dt =
s 0 s s3
0 0
(2)(1)
Portanto, se y(t) = t2 , então L[y(t)] = .
s3
Z+∞
3
Caso 4: Suponhamos que y(t) = t , então L[y(t)] = e−st t3 dt.
0
Z+∞ Z+∞
−st 3 t3 e−st +∞ 3 (3)(2)(1)
L[y(t)] = e t dt = − + t2 e−st dt =
s 0 s s4
0 0
(3)(2)(1)
Portanto, se y(t) = t3 , então L[y(t)] = .
s4
Z+∞
4
Caso 5: Suponhamos que y(t) = t , então L[y(t)] = e−st t4 dt.
0
280 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
4!
Portanto, se y(t) = t4 , então L[y(t)] = .
s5
Z+∞
Caso 6: Suponhamos que y(t) = tn onde n ∈ N, então L[y(t)] = e−st tn dt.
0
n!
Portanto, se y(t) = tn para n ∈ N, então L[y(t)] = .
sn+1
Exemplo 4.2.
Determine a transformada de Laplace para a função y(t) = eat
Solução.
Tem-se
Z+∞
−st at e−(s−a)t +∞ 1
L[y(t)] = e e dt = − =
s−a 0 s−a
0
Observação 4.1.
Definição 4.3.
Seja f (t) definida em 0 ≤ t < +∞ e seja s ∈ R uma variável arbitrária. A
transformada de Laplace de uma função f (t) é uma outra função F (s) denotada
L[f (t)] num domı́nio de valores reais s, definida pela integral:
Z+∞ Zb
F (s) = L[f (t)] = f (t)e−st dt = lim f (t)e−st dt (4.7)
b→+∞
0 0
Observe que os valores da integral dependem dos valores de s, logo é correto também
denotar L[f (t)](s) = F (s).
Observação 4.2.
Ao calcular a integral em (4.7), a variável s é considerada como constante, pois a
integração é em relação à variável t.
281 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.3.
Z+∞
Para quais valores de s ∈ R, a integral I= e−st dt converge?
0
Solução.
Z+∞ ZR
−st −st 1 −st R 1 −sR 1
I= e dt = lim e dt = lim [− e ] = lim − e +
R→+∞ R→+∞ s 0 R→+∞ s s
0 0
Nota-se que quando s < 0, −sR > 0; logo, o limite é +∞ assim, a integral I diverge.
1
Quando s > 0, −sR < 0; logo, o limite é e a integral I converge. Constata-se
s
ainda que quando s = 0 o limite e +∞.
Portanto, a integral I converge para todo s > 0.
Exemplo 4.4.
Determine a transformada de Laplace para a função f (t) = sen(at)
Solução.
Zb
Aplicando a definição tem-se que: L[f (t)] = lim sen(at)e−st dt, integrando por
b→+∞
0
a
partes segue que L[f (t)] = 2 .
a + s2
Observe que esta expressão somente é válida para o conjunto dos números reais s > 0,
de modo que podemos afirmar que o domı́nio da função F é (0, +∞)
Se considerarmos que a função f (t) seja contı́nua por partes em cada intervalo da
Zb
forma [0, b] sendo b > 0, pois então f (t)e−st dt existiria, porém não seria suficiente para
0
Zb
garantir a existência da transformada de Laplace L[f (t)] = lim f (t)e−st dt.
b→+∞
0
Para garantir a convergência deste limite, é que f (t) seja de “ordem exponencial ”.
Igual que no caso da derivação, uma forma rápida de calcular a transformada de uma
função é por meio de algumas regras simples.
282 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Isto é, uma função f (t) é seccionalmente contı́nua (contı́nua por partes) em um in-
tervalo [a, b] se f (t) é contı́nua em [a, b] exceto possı́velmente em um número finito de
pontos, nos quais os limites laterais existam.
Observação 4.3.
Uma função f (t) é seccionalmente contı́nua em um intervalo [a, +∞) se f (t) é secci-
onalmente contı́nua para todo intervalo da forma [a, A], com A > a.
Exemplo 4.5.
(
1, se 2na ≤ t < 3na
1. A função onda quadrada f (t) = , a ∈ R, n ∈ N é
−1, se, na ≤ t < 2na
seccionalmente contı́nua em todo R.
1 π
2. As funções g(t) = tan t e h(t) = sen não são seccionalmente contı́nuas em [0, ],
t 2
π
pois a função g(t) tem descontinuidade de segunda espécie em , e a função h(t)
2
oscila quando t → 0
Exemplo 4.6.
t3 se t ≤ −1
et
se − 1 < t < 0
Determine se f (t) = é seccionalmente contı́nua em
0 se 0 ≤ t ≤ 1
sen(πt) se t > 1
[−2, 5]
Solução.
283 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A função dada é contı́nua em [−2, 5] exceto nos pontos t1 = 0 e t2 = −1. (Note que
f (t) é contı́nua em t = 1). Nos dois pontos de descontinuidade encontramos
Como todos os limites necessários existem f (t) é contı́nua por partes em [−2, 5].
Em geral tem-se que se uma função f (t) é contı́nua em [a, b], então ela é seccionalmente
contı́nua em [a, b].
Exemplo 4.7.
(
1/t se t < 0
Determine se f (t) = 3
é seccionalmente contı́nua em [−1, 1].
t + 2 se t ≥ 0
Solução.
Exemplo 4.8.
284 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
t2 2t 2
lim e−at |t2 | = lim = lim = lim =0
t→+∞ t→+∞ eat t→+∞ aeat t→+∞ a2 eat
Então, como lim e−at |t2 | = 0, segue-se que existe um t0 tal que e−at |t2 | ≤ 1 = M
t→+∞
para t ≥ t0 .
2
4. A função et não é de ordem exponencial, pois se existem M > 0, a ∈ R tal que
2
t2 et
|e | ≤ M e então at = et(t−a) ≤ M para todo t ∈ R o qual é falso. Não existe sua
at
e
transformada de Laplace.
2
5. A função 2tet cos(t2 ) não é de ordem exponencial, porém existe sua transformada de
Laplace.
2. Suponhamos que f seja contı́nua em [0, +∞) e suponhamos existam constantes C > 0 e
a ∈ R tais que |f (t)| ≤ Ceat sempre que t > t0 > 0 então, f é de ordem exponencial.
Propriedade 4.1.
Se f e g são integráveis no intervalo [c, d] ⊂ R para c fixo e d > c arbitrário, e se
Z+∞ Z+∞
|f (t)| ≤ |g(t)| ∀ t ≥ 0 então, f (t)dt existe sempre que g(t)dt exista
0 0
285 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
Z+∞ Z+∞
Sabe-se que f (t) ≤ |f (t)|, então vem que f (t)dt ≤ |f (t)|dt.
0 0
Zn Zn
Por outro lado como |f (t)| ≤ |g(t)| ∀ t ≥ 0, temos que |f (t)|dt ≤ |g(t)|dt, no
0 0
Zn Zn Z+∞
limite quando n tende para +∞ segue lim |f (t)|dt ≤ lim |g(t)|dt = |g(t)|dt,
n→+∞ n→+∞
0 0 0
Z+∞ Z+∞
do fato de |g(t)|dt existir segue que g(t)dt existe.
0 0
Z+∞ Z n
Assim sendo |f (t)|dt = lim |f (t)|dt então também existe.
n→+∞ 0
0
Z+∞ Z+∞ Z+∞
Portanto, como f (t)dt ≤ |f (t)|dt, segue que f (t)dt existe.
0 0 0
Teorema 4.1.
Se f é uma função seccionalmente contı́nua e de ordem exponencial em [0, +∞),
Z+∞
então existe a ∈ R tal que f (t)e−st dt < +∞ ∀ s > a.
0
Demonstração.
Sendo f de ordem exponencial, existe C > 0 e a ∈ R tal que |f (t)| ≤ Ceat , ∀t ∈
[0, +∞)
Por outro lado, para todo t0 ∈ [0, +∞) tem-se
Zt0 Zt0
e−(s−a)t0
−st −(s−a)t 1
f (t)de dt ≤ Ce dt = −C −
s−a s−a
0 0
Z+∞ Zt0
C
Suponhamos que s > a, então f (t)e−st dt = lim f (t)e−st dt ≤ .
t0 →+∞ s−a
0 0
Z+∞
Portanto, existe a ∈ R tal que, f (t)e−st dt < +∞ ∀ s > a.
0
286 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Pelo exposto, tem-se que se uma função f (t) for de ordem exponencial, a transformada
Z+∞
de Laplace L[f (t)] = f (t)e−st dt será convergente sempre que s > a, onde a é o número
0
encontrado para a função exponencial f .
Assim, intuitivamente fica garantida a existência da transformada de Laplace para
f (t) sempre que verifique as seguintes duas propriedades:
Demonstração.
Se f é de ordem exponencial então existem constantes a, M e t0 tais que e−at |f (t)| ≤
M para todo t ≥ t0 , e e−at |f (t)| ≤ M ⇒ |f (t)| ≤ M eat .
Zb Zb
Aplicando a Propriedade (4.1) temos que e f (t)dt ≤ e−st |f (t)|dt, ainda como,
−st
0 0
Zb Zb Zb
|f (t)| ≤ M eat temos que e−st f (t)dt ≤ e−st |f (t)|dt ≤ M e−st eat dt de onde segue
0 0 0
que
Zb Zb
−st
e f (t)dt ≤ M e−(s−a)t dt
0 0
Zb
e−(s−a)b
−(s−a)t 1
temos que a integral M e dt = −M − daı́ segue que
s−a s−a
0
Zb
e−(s−a)b
−st 1
e f (t)dt ≤ −M −
s−a s−a
0
Observe que para anular o primeiro termo é necessário que s > a de modo que e−(s−a)
tenha expoente negativo, e quando b → ∞ teremos que e−(s−a) → 0, onde resulta;
287 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Zb
M
e−st f (t)dt = lim e−st f (t)dt ≤ , s>a
b→+∞ s−a
0 0
Zb
ou seja e−st f (t)dt é convergente ∀ s > a.
0
Observação 4.4.
Uma outra forma de apresentar o Teorema (4.2) é:
Teorema 4.3.
Se f é função seccionalmente contı́nua para t ≥ 0 e de ordem exponencial para
t ≥ T então
lim L[f (t)](s) = lim F (s) = 0
s→+∞ s→+∞
Demonstração.
Como a função é seccionalmente contı́nua para t ≥ 0, logo é seccionalmente contı́nua
em [0, T ], então ela é limitada neste intervalo, assim, existe M1 > 0 tal que |f (t)| ≤
M1 e0t , ∀ t ∈ [0, T ].
Sendo de ordem exponencial para t ≥ T , então |f (t)| ≤ M2 eαt onde M2 ≥ 0 e α são
constantes.
288 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
M −(s−β)t +∞ M
=M e−(s−β)t dt = − e =
s−β s−β
0
0
M M
Assim, − ≤ F (s) ≤ no limite
s−β s−β
M M
0 = − lim ≤ lim F (s) ≤ lim =0
s→+∞ s − β s→+∞ s→+∞ s − β
Exemplo 4.9.
Em virtude deste último teorema podemos dizer que F (s) = 1 e G(s) = s/(s + 1) não
são transformadas de Laplace de funções seccionalmente contı́nuas de ordem exponencial,
pois F (s) 9 0 e G(s) 9 0 quando s → +∞.
4.3.1 Linearidade
Demonstração.
Pelas propriedades da linearidade para integração segue:
Z+∞
L[af (t) + bg(t)] = e−st [af (t)dt + bg(t)]dt =
0
Z+∞ Z+∞
a e−st f (t)dt + b e−st f (t)dt = aL[f (t)] + bL[g(t)]
0 0
289 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
L−1 [aF (s) + bG(s)] = af (t) + bg(t) = aL−1 [F (s)] + bL−1 [G(s)] (4.9)
Exemplo 4.10.
Podemos demonstrar sem dificuldade que L[a + bt + ct2 ] = a · L[1] + b · L[t] + c · L[t2 ]
Solução.
1 1 2!
a· + b · 2 + c · 3 = a · L[1] + b · L[t] + c · L[t2 ]
s s s
Exemplo 4.11.
Determine F (s) se f (t) = 2sent + 3 cos 2t
Solução.
Sabemos que F (s) = L[2sent + 3 cos 2t] = 2L[sent] + 3L[cos 2t]. Logo
1 s 2 3s
F (s) = 2 + 3 = +
s2 + 1 s2 + 4 s2 + 1 s2 + 4
Exemplo 4.12.
Determine F (s) se f (t) = cosh at
Solução.
eat + e−at
Sabe-se que cosh at = , pela Propriedade (4.2) e do Exemplo (4.2)
2
1 1 1 1 s
F (s) = · + · = 2 ; s > |a|
2 s−a 2 s+a s − a2
4.3.2 Deslocamento em s
290 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
Z+∞
Por hipótese F (s) = e−st f (t)dt s > a, em particular
0
Z+∞
F (s − β) = e−(s−β)t f (t)dt s−β >a
0
Z+∞ Z+∞
Para s − β > a tem-se e−(s−β)t f (t)dt = e−st (eβt f (t))dt = L[eβt f (t)]
0 0
Logo, L[eαt f (t)] = F (s − α).
Esta propriedade diz, se f : [0, +∞) → R tem como transformada F (s) para s > a,
então a transformada de Laplace da função g(s) = eαt f (t) é dada por
Exemplo 4.13.
Determine L[te4t ]
Solução.
1 1
F (s) = L[f (t)] = L[t] = ⇒ L[e4t t] = F (s − 4) =
s2 (s − 4)2
Exemplo 4.14.
Sejam a, b ∈ R, se f (t) = cos at então sabemos que
s
L[f (t)] = F (s) =
s2 + a2
L[ebt f (t)] = F (s − b)
(s − b)
L[g(t)] = onde s > a + b
(s − b)2 + a2
Exemplo 4.15.
Ao aplicar a propriedade do deslocamento em s obtém-se os seguintes resultados:
291 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
dn
L[f (t)] = (−1)n L[tn f (t)]
dsn
Propriedade 4.4.
Em geral, para uma função f (t) que admite transformada de Laplace tem-se:
dn
L[tn f (t)](s) = (−1)n F (s), n = 1, 2, 3, 4, · · · (4.12)
dsn
292 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.16.
Determine a transformada de Laplace da função g(t) = t3 e2t
Solução.
d3
Seja f (t) = e2t , pela fórmula (4.12) temos que L[e2t ] = (−1)3 L[t3 e2t ] de onde
ds3
3
3 2t 3 d 1 6
L[t e ] = (−1) 3 =
ds s − 2 (s − 2)4
Exemplo 4.17.
Determine a transformada de Laplace da função: g(t) = t2 sent.
Solução.
d2
Seja f (t) = sent, pela fórmula (4.12) temos que L[sent] = (−1)2 L[t2 sent] de onde
ds2
2
2 − 6s2
2 2 d 1 d 2s
L[t sent] = (−1) 2 = − = −
ds 1 + s2 ds (1 + s2 )2 (1 + s2 )3
2 2(3s2 − 1)
Portanto, L[t sent] = .
(1 + s2 )3
Z+∞
L[f (t)] = f (t)e−st dt
0
ZP ZP ZP ZP
L[f (t)] = f (x)e−sx dx+ f (x)e−s(x+P ) dx+ f (x)e−s(x+2P ) dx+ f (x)e−s(x+3P ) dx+· · ·
0 0 0 0
293 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ZP
−sP −2sP −3sP
L[f (t)] = [1 + e +e +e + ···] f (x)e−sx dx
0
e como a expressão dentro dos parênteses é a soma dos termos de uma PG, segue que:
ZP
1
L[f (t)] = · f (t)e−st dt pois |e−st | < 1
1 − e−sP
0
Propriedade 4.5.
Se f é uma função contı́nua por partes, de ordem exponencial e periódica de perı́odo
P , então a transformada de Laplace de f existe para s > 0 e é dada por
ZP
1
F (s) = L[f (t)] = · f (t)e−st dt
1 − e−sP
0
Exemplo 4.18.
Z+∞ Zπ
1 1 (1 + e−sπ )
L[f (t)] = e−st sen(t)dt = · −st
e sen(t)dt = ·
1 − e−sπ (1 − e−sπ ) s2 + 1
0 0
• Para a função definida por f (t) = t se 0 < t < 6 e f (t + 6) = f (t) para todo t real,
então
Z+∞ Z6
−st 1
L[f (t)] = te dt = −6s
te−st dt
1−e
0 0
1 1 −6s 1 −6s
Logo, L[f (t)] = (1 − e ) − 6e
1 − e−6s s2 s
294 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 4-1
+∞
Z
dx
2. Mostre que a integral imprópria J = converge se p > 1, e diverge se p ≤ 1.
xp
1
Z+∞ r Z+∞
cos x · dx π senx · dx
3. Se √ = , determine se existe o valor de J = √ .
x 2 x3
0 0
Z+∞ Z+∞
senx · dx π sen2 x · dx
4. Sabendo que = , calcular o valor de J = .
x 2 x2
0 0
Z+∞
dx
5. Se H(a) = , determine H(0), H(1) e H(2).
(1 + xa )(1 + x2 )
0
( Z+∞
mx2 , se | x |≤ 3
6. Seja f (x) = , determine m de modo que f (x) · dx = 1.
0, se | x |> 3
−∞
7. Determine valores de a e s para que cada uma das integrais seja convergente:
Z+∞ Z +∞ Z+∞
4x · dx ax · dx
1. J(a) = 4
2. K = e−sx dx 3. H =
x −1 0 x2 + 1
a −∞
8. Mostre que se f (t) e g(t) são de ordem exponencial quando t → +∞, então f (t)·g(t)
e f (t) + g(t) também são de ordem exponencial quando t → +∞.
9. Mostre que se f (t) e g(t) são de classe A, então f (t) · g(t) e f (t) + g(t) também
são de classe A.
10. Mostre que se f (t) é de classe A em [0, +∞], então L[f (t)] existe.
11. Determine uma função, F (t), que seja de ordem exponencial, e que f (t) = F 0 (t)
não seja de ordem exponencial. Construa uma função f que não seja de ordem
exponencial, porém cuja transformada de Laplace exista.
295 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
s − a + ib
16. Da definição da transformada de Laplace verificar que: L[e(a+bi)t ](s) =
√ (s − a)2 + b2
onde a, b ∈ R e i = −1.
b−a
17. Mostre que, L[e−at − e−bt ] = onde s > max{ −a, −b }
(s + a)(s + b)
296 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
s+9 2 3 5
1. L[2e3t − e−3t ] = , s>3 2. L[t2 − 3t + 5] = 3 − 2 + , s > 0
s2 − 9 s s s
s 1 3 2 3 2 1
3. L[cosh(kt)] = 2 , s > |k| 4. L[ t + t − 1] = 4 + 3 − , s > 0
s − k2 2 s s s
k 2(2s + 7)
5. L[senh(kt)] = 2 , s > |k| 6. L[e−4t + 3e−2t ] = , s > −4
s − k2 (s + 2)(s + 4)
Zt
senτ
22. Determine a transformada de Laplace para a função“seno integral ” f (t) = dτ
τ
0
Z+∞ Z+∞
f (t)
23. Mostre que, se L[f (t)]ds converge, então L = L[f (t)]ds.
t
p p
Z+∞
sent π
24. Utilizar a exercı́cio (23) para mostrar que dt =
t 2
0
25. Mostre que a função f (t) = 1/t2 não tem transformada de Laplace. Sugestão:
Z1
Aplique a definição da integral imprópria para mostrar que e−st f (t)dt não existe.
0
27. Usando a propriedade do deslocamento, determine uma função f (t) sabendo que
297 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
s−2
F (s) =
2s2 + 2s + 2
6y
6y 1
π
@ @ @
t
@
@
@
@
@
@ t
- -
T 2T 3T 4T
π 2π 3π 4π 5π 6π
-1
6y
6y
1 .. .. .. 1 .. .. ..
.. .. .. ..@ ..@ ..@
.. .. .. -
t @
.. @ .. @ .. @-t
@ .. .. .
1 2 3 4 5 6 1@ 2.. @3 .. 4 @5 ... 6 @ @
@ .. @ .. @ ..
298 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
Integrando por partes com du = f 0 (t)dt e v = e−st
Z+∞ M Z+∞
0 0 −st −st
L[f (t)] = f (t)e dt = f (t)e + s f (t)e−st dt, M → +∞ (4.14)
0
0 0
Demonstração.
Primeiramente definamos g(t) = f 0 (t), e apliquemos a propriedade anterior. Então
299 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.19.
Seja a constante, e f (t) = t · sen(at), calcular L[f (t)].
Solução.
s
s2 L[f (t)] − sf (0) − f 0 (0) = 2a · − a2 L[f (t)]
s2 + a2
2as
Portanto L[f (t)] =
(s2 + a2 )2
Propriedade 4.8.
Se f (t), f 0 (t), f 00 (t), · · · , f (n−1) (t) são contı́nuas de ordem exponencial, e f (n) (t)
seccionalmente contı́nua em [0, +∞), então
L[f (n) (t)] = sn L[f (t)]−sn−1 f (0)−sn−2 f 0 (0)−· · ·−sf (n−2) (0)−f (n−1) (0), s>0
Demonstração.
Zt
Seja a função g(t) = f (x)dx ela é contı́nua e derivável, pelo teorema fundamental
0
do cálculo g 0 (t) = f (t). Assim aplicando a Propriedade (4.8), à função g(t), podemos
concluir que L[g 0 (t)] esta definida para s > a onde
t
Z
1
Portanto, L f (x)dx = L[f (t)].
s
0
Exemplo 4.20.
t
Z
Calcular L e−x cos xdx.
0
Solução.
t
Z
1
L e−x cos xdx = L e−t cos t = L[cos t](s + 1).
Observe que
s
0
t
Z
1 1 s+1
Portanto, L f (x)dx = L[f (t)] = · .
s s (s + 1)2 + 1
0
Z+∞
Γ(β + 1) = e−t tβ dt, β∈R
0
Z+∞ Z+∞
u du Γ(p + 1)
L[tp ] = ( )p e−u = s−(p+1) up e−u du = (4.15)
s s sp+1
0 0
301 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
n!
em particular, quando p for um número inteiro positivo n, L[tn ] = n+1 e para n = 0
s
1
tem-se L[1] = .
s
Aplicando a propriedade de deslocamento em s, podemos calcular a transformada da
função exponencial
1
L[1 · eat ] = F (s − a) = (4.16)
s−a
e usando a propriedade da derivada da transformada
d 1 1
L[teat ] = − = (4.17)
ds s − a (s − a)2
1 s + ib
L[eibt ] = L[cos(bt) + isen(bt)] = = 2 (4.18)
s − ib s + b2
s b
L[cos(bt)] = e L[sen(bt)] = (4.19)
s2 + b2 s2 + b2
s
Assim obtém-se a relação, L[cos(bt)] = L[sen(bt)].
b
302 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 4.8.
A função delta de Dirac ou função de impulso unitário é definido pelo limite
δ(t − a) = lim δε (t − a)
ε→0
esa − e−sε
−sε
3. L[δε (t − a)](s) = e
2εs
5. Se a = 0 então L[δ(t)](s) = 1
Z+∞ Z+∞
6. f (t)δ(t − a)dt = f (a), em particular f (t)δ(t − a)dt = f (a)
−∞ 0
Observe, em (5.) desta propriedade lim L[δε (t − a)](s) = 1, entanto pelo Teorema
ε→0
(4.3) vimos que quando a função é de ordem exponencial lim L[δε (t − a)](s) = 0, o que
ε→0
303 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
está em contradição, isto indica que a função delta de Dirac não é de ordem exponencial
e admite transformada de Laplace, é por isso que esta função é uma “função estranha”.
Esta função em detalhes é tratada nos textos da “Teoria das Distribuições”.
Propriedade 4.10.
k k
Se 0 ≤ x < b ≤ ≤ 1 ou 0 ≤ ≤ b < x ≤ 1, então
n n
k k 2 k k
x n (1 − x)1− n ≤ e−2(x−b) b n (1 − b)1− n
304 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Teorema 4.5.
Dadas duas funções de ordem exponencial, se
Demonstração.
Suponhamos h(t) = f (t) − g(t), para t > 0.
Pelo fato ser a transformação linear, é suficiente mostrar que, se L[h(t)](s) = 0 para
s > a, então h(t) = 0 para todos os valores t > 0 para os quais h(t) seja contı́nua.
Z+∞
Seja n = 0, 1, 2, · · · e 0 = L[h(t)](a + n) = e−nt e−at h(t)dt.
0
Com a mudança de variáveis t = −Lnx e definindo v(x) = eaLnx h(−Lnx) segue
Z1
0= xn−1 v(x)dx (4.20)
0
Pelo teorema (4.4) para > 0 existe um polinômio p(x) tal que
Z1
|p(x) − v(x)|2 dx <
0
Z1 Z1 Z1
logo de (4.20) segue que p(x)·v(x)dx = 0 de onde |p(x)−v(x)|2 dx = |p(x)|2 dx+
0 0 0
Z1 Z1
|v(x)|2 dx < assim, |v(x)|2 dx < .
0 0
Como > 0 é um número positivo arbitrário, então v(x) = 0 para x ∈ (0, 1].
Portanto h(t) = 0, para t > 0.
305 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Teorema 4.6.
Se f e g são pertencentes a ϑ, e supondo que existe s0 tal que L[f (t)] = L[g(t)]
para todo s > s0 exceto um número finito de pontos de descontinuidade, então
f (t) = g(t) para todo t > 0.
Logo, se L[f (t)] = F (s), então podemos achar um único valor para f (t).
Esta solução denotamos com L−1 [F (s)], e será chamada de inversa da transformada
de Laplace da função F (s).
A transformada inversa L−1 de uma função F (s) é a função f (t) cuja transformada
de Laplace seja igual a F (s). Isto é L−1 [F (s)] = f (t) ⇔ L[f (t)] = F (s).
Teorema 4.7.
Se f ∈ ϑ, então lim L[f (t)] = 0.
s→+∞
Demonstração.
Como f ∈ ϑ, então f é seccionalmente contı́nua em [0, ∞) e de ordem exponencial,
logo existe uma constante a ∈ R tal que lim f (t)e−at = 0.
t→+∞
Z+∞
C
De onde, para esse a ∈ R tem-se f (t)eat dt ≤ .
s−a
0
C
Isto é |L[f (t)] − F (s)| ≤ para s > a, de onde lim L[f (t)] = 0.
s−a s→+∞
Este teorema mostra que L não é uma aplicação sobrejetora, pois dado 1, s, sens, e
s
não têm inversa em ϑ já que nenhum delas tende a zero, ou cumpre com o teorema.
s+1
Exemplo 4.21.
1 1
Se F (s) = , então L−1 [F (s)] = 1, pois L[1] = .
s s
1 1
Se F (s) = 2 , então L−1 [F (s)] = sent, pois L[sent] = 2 .
s +1 s +1
Observação 4.5.
306 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
funções
1,
se t ≥ 0, t 6= 1, t 6= 2
f (t) = 3, se t = 1 e g(t) = 1
−3 se t = 2
dn dn
L[f (t)] = (−1)n L[tn f (t)] ⇒ F (s) = (−1)n L[tn f (t)]
dsn dsn
logo quando n = 1 obtemos a igualdade
d 1 hd i
F (s) = −L[t1 f (t)] ⇒ f (t) = − L−1 F (s)
ds t ds
Exemplo 4.22.
h s − 3i
Determine a função f (t), sabendo que L−1 Ln = f (t).
s−1
Solução.
1 hd i 1 hd s − 3i
Tem-se f (t) = − L−1 F (s) ⇒ f (t) = − L−1 Ln ⇒
t ds t ds s − 1
1 hd i 1 h 1 1 i
f (t) = − L−1 [Ln(s − 3) − Ln(s + 1)] = − L−1 −
t ds t s−3 s+1
e−t − e3t
Portanto, f (t) = .
t
307 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
integral pode ser de resolução complicada. Existem métodos expeditos de obter a trans-
formada inversa. Vamos aqui apresentar um baseado na expansão em frações simples.
Assume-se que a transformada de Laplace está representada por uma função racional,
o que ocorre sempre para as funções que nos interessam no âmbito da engenharia. A
transformada de Laplace da forma
onde o grau do polinômio P (s) é menor do que o grau de Q(s) pode ser escrita na forma
am sm + am−1 sm−1 + · · · + a1 s + a0
F (s) = (4.21)
(s − αn )(s − αn−1 ) · · · (s − α1 )
1o Caso: Quando as raı́zes do denominador sejam todas reais simples, podemos escrever
(4.21) na forma
am sm + am−1 sm−1 + · · · + a1 s + a0 A1 A2 An
F (s) = = + + ··· +
(s − αn )(s − αn−1 ) · · · (s − α1 ) s − α1 s − α2 s − αn
2o Caso: Quando as raı́zes do denominador sejam todas reais simples, sendo que uma
delas é de multiplicidade k (por exemplo (s−α2 )k ) podemos escrever (4.21) na forma
A1 h A
21 A22 A2k i A3 An
F (s) = + + 2
+ · · · + k
+ +···+
s − α1 (s − α2 ) (s − α2 ) (s − α2 ) s − α3 s − αn
Para o caso de ter mais outras raı́zes com multiplicidade, procede-se de modo análogo
ao descrito.
3o Caso: Quando as raı́zes do denominador sejam reais simples e outras (por exemplo
duas) complexas, podemos escrever (4.21) na forma
4o Caso: Quando todas raı́zes do denominador sejam complexas, podemos escrever (4.21)
308 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
na forma
Nos quatro casos o objetivo é achar as constantes do numerador das frações parciais.
A B
F (s) = +
s−2 s−1
1 1
F (s) = 5 · −4·
s−2 s−1
Solução.
309 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2 3 1
G(s) = + 2
+ (4.23)
s + 2 (s + 2) (s − 1)2 + 9
para calcular a transformada inversa de cada termo, começamos por calcular as transfor-
1 1 3
madas inversas das três funções: , 2
, 2
que são 1, t e sen(3t), respecti-
s s s +9
vamente.
A seguir usamos a propriedade de deslocamento em s para calcular a transformada
inversa da função G.
1
Portanto, g(t) = 2e−2t + 3te−2t + et sen(3t).
3
Exemplo 4.26. 4o Caso.
Calcular a transformada inversa de:
s+1
G(s) =
s(s2 + s + 1)
Solução.
s+1 1 s+1
G(s) = = − 2 ⇒
s(s2+ s + 1) s s +s+1
1 (s + 12 ) ( 21 )
G(s) = − √ − √
s (s + 1 )2 + ( 3 )2 (s + 1 )2 + ( 3 )2
2 2 2 2
" √ √ √ #
1 3 3 3
Logo, g(t) = 1 − e− 2 t cos t− sen( t) .
2 4 2
310 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 4-2
3. Mostre que se f (t), f 0 (t), f 00 (t), · · · , f (n−1) (t) são contı́nuas de ordem exponencial,
e f (n) (t) seccionalmente contı́nua em [0, +∞), então
L[f n (t)] = sn L[f (t)] − sn−1 f (0) − sn−2 f 0 (0) − · · · − sf (n−2) (0) − f (n−1) (0), s>0
311 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
11. No Capı́tulo 3 usamos a função gama solução da equação de Bessel. Uma definição
Z+∞
dessa função é dada pela integral imprópria Γ(α) = tα−1 e−t dt, α > 0.
0
2s + 3 s2 + 1 1
1. 2
2. 3.
s + 3s − 10 s3 − 4s s2 − 3s + 2
s 2s − 1 s
4. 2
5. 6.
s +s−6 s2 − 4 2
(s + 1)(s + 5s + 6)
3s + 5 1 s3 + 2s2 − 3s + 1
7. 8. 9.
2s + 12s2 + 10s
3 4
s +1 s2 + 2s − 8
s2 + 1 s+1 s2 + 1
10. 11. 12.
(s − 3)(s2 + 4s + 3) 2
s (s + 1) (s + 1)2 (s − 1)
s−3 2s + 5 s+7
13. 2
14. 15.
s − 4s + 4 s + 3s2 − 4
3 (s + 1)(s2 − 4s + 3)
s−1 1 s2
16. 2
17. 18.
s(s + 2s + 4) (s + 1)(s2 + 1) (s2 − 3s + 2)2
−1 s−1
13. Determine L Ln .
s+1
−1
h s2 + 2 i
14. Determine L = f (t).
s(s2 + 2s + 2)
1
15. Determine a transformada Inversa de Laplace de F (s) = .
s4 − 9
16. Determine a transformada inversa de Laplace para as funções:
2s − 5 s s e−s e−2s
1. 2
2. 4 3. 4 − 2 − 2
s(s + s + 12) s +4 s +4 s s −1
5s + 3 1 1
4. 5. 3 6
(s + 1)(s + 2)(s + 3) s (1 − e−2s ) s(s2 + 4)
312 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
h 3 1 2 i h 1 i h1i
1. L−1 − 3
2. L−1 2
3. L−1 4
h 1s s 1 1i h s s+−s 2− 6 i h s1
64 i
−1
4. L − + 5. L−1 2 2 6. L−1
− 5
s2 s − 2 s s (s + 4) s2 s
h s i h 3 i h 12s i
7. L−1 8. L−1 9. L−1 2
(s − 1)(s − 2)(s − 3) (s − 1)(s2 + 4) s +9
−1
h s−5 i
−1
h 6s + 3 i h 1 i
10. L √ √ 11. L 12. L−1 4
(s + 5)(s − 5) (s2 + 1)(s2 + 4) s − 16
s2 + 6s + 9 h 1 i
13. L−1 [ ] 14. L−1 2
(s − 2)(s − 1)(s + 4) (s + 9)(s2 + 4)
18. Determine:
a
19. Seja a constante, sabe-se que a transformada de Laplace de f (t) = senat é , s>
s2 + a2
2 2
s −a
0 e a de g(t) = t cos at é , s > 0. Determine a transformada de Laplace
(s2 + a2 )2
de h(t) = senat − at cos at.
s+1
20. Determine a função cuja transformada de Laplace é .
s2 (s
+ 2)3
s2 + 2
21. Determine a função cuja transformada de Laplace é .
s(s2 + 2s + 2)
−1
h 1 i
22. Determine a função f (t), sabendo que L Ln[1 + 2 ] = f (t).
s
k k
23. Mostre que se 0 ≤ x < b ≤ ≤ 1 ou 0 ≤ ≤ b < x ≤ 1, então
n n
k k 2 k k
x n (1 − x)1− n ≤ e−2(x−b) b n (1 − b)1− n
24. Demonstrar que se f : [a, b] −→ R é uma função contı́nua, então para todo > 0,
existe um polinômio p(t) tal que |f (t) − p(t)| < , para todo t ∈ [a, b].
25. A função de Bessel de primeira espécie de ordem zero J0 tem como série de Taylor
+∞
X (−1)n t2n
J0 (t) = . Supondo que as transformadas de Laplace a seguir possam
n=0
22n (n!)2
ser calculadas termo a termo, verifique que:
1
1. L[J0 (t)] = √ , s>1
2
s +1
√ 1
2. L[J0 ( t)] = e−1/4s , s>0
s
Z+∞
26. Mostre que, se f é de classe A, e supondo exista s0 ∈ R e e−st f (t)dt = 0 para
0
313 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
27. Mostre que, se f e g são funções de classe A, e supondo que existe s0 tal que L[f (t)] =
L[g(t)] para todo s > s0 exceto um número finito de pontos de descontinuidade,
então f (t) = g(t) para todo t > 0.
314 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Esta função f (t) pode ser encontrada se aplicarmos ambos os lados da equação a
transformada de Laplace.
L[f 0 (t) − f (t)] = L[0] (4.25)
1 1
de onde L[f (t)] = . Lembre que L[eat ] = .
s−1 s−a
Portanto, f (t) = et é solução da equação diferencial (4.24).
Roteiro
Para resolver uma equação diferencial linear ordinária segue-se o seguinte roteiro
1. Aplicar a transformada de Laplace a ambos os lados da equação diferencial.
315 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Suponhamos que temos que resolver uma equação diferencial linear de ordem n com
(n−1) (n)
coeficientes constantes e valores iniciais y0 , y00 , y000 , · · · y0 , y0 ,
an y (n) (x) + an−1 y (n−1) (x) + · · · + a2 y 00 (x) + a1 y 0 (x) + a0 y(x) = f (x)
(4.26)
y(x0 ) = y0 , y 0 (x0 ) = y00 , y 00 (x0 ) = y000 , · · · y n−1 (x0 ) = y0n−1
Precisamos achar uma solução da equação (4.26) quando t ≥ 0 para essas condições
iniciais.
Suponhamos que y = y(x) seja solução de (4.26) que satisfaz as condições iniciais.
Então ao substituir esta função y = y(x) em (4.26), obteremos uma identidade. Portanto,
a função da parte esquerda de (4.26) e a função f (x) têm a mesma transformada de
Laplace; isto é
n
X
L[ ak y k ] = L[f (x)] onde y (0) = y
k=0
an L[y (n) ] + an−1 L[y (n−1) ] + · · · + a2 L[y 00 ] + a1 L[y 0 ] + a0 L[y] = L[f (x)]
316 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
isto é
onde
Exemplo 4.27.
Temos que resolver o problema de valor inicial:
317 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Solução.
cada um dos termos pode ser calculado usando as propriedades da transformada de La-
place:
Esta equação é uma equação algébrica que pode ser facilmente simplificada, condu-
zindo à função Y , depois de substituir os valores iniciais y(0) = 3, y 0 (0) = 4 segue
(s2 − 3s + 2)L[y] − 3s − 4 + 9 = 0
3s − 5
Y (s) = (4.37)
s2 − 3s + 2
A solução da EDO é a transformada inversa desta função. Usando a expansão em
frações parciais:
1 2
Y (s) = + (4.38)
s−2 s−1
Devido ao fato de ser L−1 linear, então
−1 −1 1 −1 2
L [Y (s)] = L +L (4.39)
s−2 s−1
Exemplo 4.28.
318 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Solução.
lembre que
L[f 00 (t)] = s2 L[f (t)] − sf (0) − f 0 (0)
L[f 0 (t)] = sL[f (t)] − f (0)
1
L[e2t ] =
s−2
substituindo em (4.41) sege que
2 0 1
(s L[f (t)] − sf (0) − f (0)) − 2(sL[f (t)] − f (0)) = 2
s−2
2 1 1
(s − 2s)L[f (t)] − 1 = 2 ⇒ L[f (t)] =
s−2 (s − 2)2
consultando a tabela de transformadas encontramos que f (t) = te2t é solução da equação
(4.40).
onde f (t) é uma função descontı́nua num número finito de pontos, deve-se escrever f (t)
em função da função de Heaviside.
319 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.29.
Ao aplicar uπ (t) à função sent, trunca a função sent entre 0 e π ficando a função
g(t) = uπ (t)sent como mostra a Figura (4.9)
Exemplo 4.30.
Escrever a função descontı́nua
f1 (t)
se 0 ≤ t < a
f (t) = f2 (t) se a ≤ t < b
f3 (t) se t ≥ b
f (t) = f1 (t) − ua (t)f1 (t) + ua (t)f2 (t) − ub (t)f2 (t) + ub (t)f3 (t)
Observe que para “zerar” f1 (t) a partir de t = a, subtraı́mos ua (t)f1 (t) e para “acres-
centar” f2 (t) a partir de t = a somamos ua (t)f2 (t). Para “zerar” f2 (t) a partir de t = b,
subtraı́mos ub (t)f2 (t) e para “acrescentar” f3 (t) a partir de t = b somamos ub (t)f3 (t). Esta
ideia pode ser repetida para o caso em que existam mais pontos de descontinuidade.
Exemplo 4.31.
Calcular a transformada de Laplace da função de Heaviside.
Solução.
320 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
e−as
Assim, L[ua (t)](s) = ; s > 0.
s
Exemplo 4.32. (
1 se 0 ≤ t < 2
Calcular a transformada de Laplace da função f (t) = .
0 se t ≥ 2
Solução.
Podemos escrever na forma f (t) = 1 − u2 (t)
Pela linearidade da transformada temos
1 e−2s
L[f (t)](s) = L[1](s) + L[u2 (t)](s) = −
s s
Propriedade 4.11.
Seja a uma constante positiva, se a transformada de Laplace da função f (t) é F (s)
para s > c, então a transformada de Laplace da função g(t) = ua (t)f (t − a) é
321 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.33.
(
sent se 0 ≤ t < π
Calcular a transformada de Laplace da função f (t)
0 se t ≥ π
Solução.
Esta função pode ser escrita em termos da função de Heaviside como f (t) = sent −
uπ sent.
Para usarmos a propriedade do deslocamento em t escrevemos assim
Propriedade 4.12.
Se L[f (t)] = F (s), então L[f (t − a)u(t − a)] = e−as F (s).
Z+∞ Z+∞
−as −as −sx
Demonstração. Da definição sabe-se que e F (s) = e e f (x)dx = e−s(x+a) f (x)dx.
0 0
Substituindo x + a por t na integral segue
322 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Za Z+∞ Z+∞
−as −st −st
e F (s) = e 0(t)dx + e f (t − a)dt = e−st f (t − a)u(t − a)dt
0 a 0
Exemplo 4.34. (
t, se t < 1
Resolver o problema de valores iniciais: y 00 + 3y 0 + 2y = ,
−t, se 1 ≤ t
y(0) = y 0 (0) = 0.
Solução.
1 −s 1 e−s e−s
L[t − 2tu(t − 1)] = − 2e L[t + 1] = − 2 − 2
s2 s2 s s2
Igualando as transformadas dos dois lados da equação diferencial, podemos obter sem
dificuldade Y :
1 − 2e−s e−s
Y = 2 −2
s (s + 1)(s + 2) s(s + 1)(s + 2)
Usando decomposição em frações parciais:
1 1 1 1
= − +
s(s + 1)(s + 2) 2s s + 1 2(s + 2)
1 1 3 1 1
= 2− + −
s2 (s + 1)(s + 2) 2s 4s s + 1 4(s + 2)
obtemos:
1 3 1 1 −s 1
1 1
Y = − + − + e − −
2s2 4s s + 1 4(s + 2) 2s s2 2(s + 2)
323 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
t 3 −t 1 −2t 1 1 −2(t−1)
y(t) = − + e − e + u(t − 1) − (t − 1) − e
2 4 4 2 2
4.9 Convolução
Zt
f (t) ∗ g(t) = f (r)g(t − r)dr (4.47)
0
Exemplo 4.35.
A convolução de f (t) = et e g(t) = sent é
Zt
et ∗ sent = er sen(t − r)dr (4.48)
0
1
= (et − sent − cos t) (4.49)
2
324 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Demonstração.
A partir das definições da transformada de Laplace e do produto de convolução, obte-
mos
Z+∞Z t
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)g(t − r)e−st drdt (4.50)
0 0
A integral em r pode ser estendido até infinito, se multiplicarmos por uma função
degrau unitário que anule a parte desde t até infinito
Z+∞ Z+∞
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)g(t − r)u(t − r)e−st drdt (4.51)
0 0
Z+∞ Z+∞
L[f (t) ∗ g(t)] = f (r)[ g(t − r)u(t − r)e−st dt]dr (4.52)
0 0
que é igual ao produto das transformadas de Laplace das duas funções, como pretendı́amos
demonstrar:
L[f (t) ∗ g(t)] = G(s)F (s) (4.55)
325 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.36.
1
Usando a convolução achar a inversa f (t) de F (s) = .
(s2 + 1)2
Solução.
1 1 1
Podemos escrever na forma F (s) = = 2 · 2
+ 1) 2 (s2
s +1 s +1
Sabemos que os fatores de F (s) têm por transformada inversa a função sent, assim
pelo teorema da convolução obtém-se
Zt
f (t) = L−1 [F (s)] = sent ∗ sent = senxsen(t − x)dx =
0
Zt Zt
1 1 1 1
= − cos tdx + cos(2x − t)dx = − t cos t + sent
2 2 2 2
0 0
1 1
Portanto, f (t) = − t cos t + sent.
2 2
Exemplo 4.37.
Calcule L[e−t ∗ et cos t](s).
Solução.
1 s−1
= ·
s + 1 (s − 1)2 + 1
Exemplo 4.38.
Zt
Calcule L[ er sen(t − r)dr]
0
Solução.
326 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zt
L[ er sen(t − r)dr] = L[et ] × L[sent]
0
1 1 1 1 1 s 1
= × 2 = 2
= [ − 2 − 2 ]
s−1 s +1 (s − 1)(s + 1) 2 s−1 s +1 s +1
Zt
1 1 s 1
Portanto, L[ er sen(t − r)dr] = [ − 2 − 2 ].
2 s−1 s +1 s +1
0
Observe, para a solução do seguinte exemplo usaremos resultados dos teoremas da
transformada de Laplace, e não precisamos usar outros métodos complicados como o das
frações parciais.
Exemplo 4.39.
s
Calcule L−1 [ 2 ](t).
(s + 9)2
Solução.
s 1 −1 3 s
Tem-se L−1 [ 2 ](t) = L [ · ](t) =
(s + 9)2 3 s2 + 9 s2 + 9
Zt
1 1 1
= (f ∗ g)(t) = (sen3t ∗ cos 3t) = sen3x · cos 3(t − x)dx
3 3 3
0
Zt
1
= sen3x(cos 3t cos 3x + sen3tsen3x)dx
3
0
Zt Zt
1 1
= cos 3t sen3x cos 3xdx + sen3t sen2 3xdx
3 3
0 0
1 1 1
= cos 3tsen2 3t + tsen3t − sen3tsen6t
12 4 24
s 1 1 1
Portanto, L−1 [ 2 ](t) = cos 3tsen 2
3t + tsen3t − sen3tsen6t.
(s + 9)2 12 4 24
Exemplo 4.40.
a
Calcule a transformada inversa da função F (s) =
s(s + a2 )
2
Solução.
1
Podemos escrever a função F como o produto entre duas funções G(s) = e
s
a
H(s) = 2 . as transformadas inversas de G e H obtém-se a partir de uma tabela de
s + a2
transformadas de Laplace g(t) = 1 e h(t) = sen(at).
327 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zt
1 − cos(at)
f (t) = 1 ∗ sen(at) = sen(ar)dr = (4.56)
a
0
Exemplo 4.41.
Z+∞
1 − cos(tx)
Calcule a integral I(t) = dx
x2
0
Solução.
Z∞ Z+∞
1 s dx dx 1 1 +∞ π
= − 2 2 2
= 2 2
= 2
arctan = 2
s s +x x s(s + x ) s s x=0 2s
0 0
π π πt
Isto é, L[I(t)] = 2
, de onde I(t) = L−1 [ 2 ] = .
2s 2s 2
πt
Portanto, I(t) = .
2
Em cursos mais avançados, podemos estudar outras propriedades da convolução de fun-
ções. Por exemplo, quando temos uma função f com uma propriedade fraca relacionada
com a suavidade e outra função g com propriedade forte relacionada com a suavidade, en-
tão a convolução f ∗ g é uma outra função com propriedades melhores que as propriedades
de f e g.
Para a convolução de funções valem as seguintes propriedades:
1. Comutatividade: f ∗ g = g ∗ f .
2. Associatividade: f ∗ (g ∗ h) = (f ∗ g) ∗ h.
3. Distributividade: f ∗ (g + h) = f ∗ g + f ∗ h
328 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
4. Nulidade: f ∗ 0 = 0.
4.10 Aplicações
A convolução podemos aplicar para a solução de certos tipos de equações integrais, isto
é, equações onde a função incognita f (t) se apresenta mediante o operador de integração
(ou fora dele)
Exemplo 4.42.
Zt
Resolver a equação integral f (t) = t + f (x)sen(t − x)dx
o
Solução.
Podemos observar que mediante a convolução podemos escrever essa equação na forma
f (t) = t + (f ∗ sen)(t)
1 1 s2 + 1 1 1
F (s) = 2
+ F (s) · 2 ⇒ F (s) = 4
= 2+ 4
s s +1 s s s
1
f (t) = L−1 [F (s)] = t + t3
6
1
Portanto, f (t) = t + t3 .
6
Exemplo 4.43.
Zt
dy
Resolver a equação integro-diferenciável = 1− y(t − v)e−2v dv com condições
dt
0
iniciais y(0) = 1.
Solução.
dy
= 1 − y ∗ e−2t (4.57)
dt
1 Y (s) s+2 2 1
sY (s) − 1 = − ⇒ Y (s) = = −
s s+2 s(s + 1) s s+1
329 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 4.44.
Resolver o problema de valor inicial:
Solução.
6
[s2 Y (s) − s − 3] − 2[sY (s) − 1] − 3Y (s) =
s−1
de onde
6 1 3 1 3 7
Y (s) = + ⇒ Y (s) = − · + +
(s − 1)(s + 1)(s − 3) (s + 1)(s − 3) 2 s − 1 4(s + 1) 4(s − 3)
Solução.
330 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
E0
(R1 + R2 )i1 (s) − R2 i2 (s) =
s
−R2 R2
i2 (s) + + s i2 (s) = 0
L L
onde i1 (s) = L(I1 (t))(s) , i2 (s) = L(I2 (t))(s).
E0
Um pouco de álgebra elementar nos permite afirmar que i2 (s) = a onde
R1
s +s
a
L
a= (R1 + R2 ).
R2
1 A B a −a
Por frações parciais temos: = + . Logo, A = ,B= .
R1 s R1 R1 R1
s(s + ) s+
a a
E0 a a − R1 t E0 R1
Daı́ temos que I2 (t) = − e a = (1 − e− a t ).
a R1 R1 R1
Exemplo 4.46.
Achar a solução da equação diferencial ty 00 − (t + 2)y 0 + 3y = t − 1.
Solução.
d 2
• L[ty 00 ] = − [s F (s) − sy(0) − y 0 (0)] = −s2 F 0 (s) − 2sF (s) + k1
ds
d
• L[(t + 2)y 0 ] = L[ty 0 ] + 2L[y 0 ] = − [sF (s) − y(0)] − 2 sF (s) − y(0) =
ds
= 2 sF (s) − k1 − F (s) + sF 0 (s) = −sF 0 (s) + (2s − 1)F (s) − 2k1
• L[y] = F (s)
1 1
• L[t] − L[1] = 2
−
s s
Substituindo em (4.59)
1 1
−s2 F 0 (s) − 2sF (s) + k1 − − sF 0 (s) + (2s − 1)F (s) − 2k1 + 3F (s) = 2 −
s s
1 − s − 3k1 s2
(−s2 + s)F 0 (s) − 4(s − 1)F (s) =
s2
331 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
3k1 s2 + s − 1
F 0 (s) + 2sF (s) =
s3 (s − 1)
1
R
O fator integrante desta equação é u(s) = e2 s
ds
= s2 , logo
3k1 s2 + s − 1
Z
u(s)F (s) = u(s) · ds ⇒
s3 (s − 1)
3k1 et + 1
−1 (3k1 + 1)s − 1 −1 3k1 1
= −L = −L + ⇒ g(t) = −
s(s − 1) s−1 s t
−1 1
• L =t
s2
" # Zt
Ln s(s − 1)3k1 3k1 et + 1 3k1 ex + 1
Deste modo L−1 = − ? t = − (t − x)dx.
s2 t x
0
Zt x
3k1 e + 1
Portanto, y(t) = k2 t − (t − x)dx.
x
0
332 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 4-3
2
1. Mostrar que não existe transformada de Laplace para a função f (t) = et , para
nenhum valor de s.
π
tan t se 0 ≤ t <
2. Mostre que a função f (t) = π 2 não admite transformada
0 se t ≥
2
de laplace.
1. y 0 + y = e−t , y(0) = 5
2. y 0 + 3y = 13sen(2t); y(0) = 6.
Zt
4. Achar f (t) da seguinte igualdade f (t) + f (r)dr = 1.
0
5. Escreva cada uma das funções em termos de funções de grau unitário. Ache a trans-
formada de Laplace da função dada:
(
1
se 0 ≤ t < 4
2 se 0 ≤ t < 3
1. f (t) = 2. f (t) = 0 se 4 ≤ t < 5
−2 se 3 ≤ t
( 1 se 5 ≤ t
(
3π
0 se 0 ≤ t < 1 0 se 0 ≤ t < 2
3. f (t) = 4. f (t) =
(t
2
se 1 ≤ t ( sent se 3π
2
≤t
t se 0 ≤ t < 2 sent se 0 ≤ t < 2π
5. f (t) = 6. f (t) =
0 se 2 ≤ t 0 se 2π ≤ t
334 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. y 00 + 2y 0 + y = 0; y(1) = 2 y 0 (0) = 2.
2. y 00 + 8y 0 + 20y = 0; y(0) = 0 y 0 (π) = 2.
3. y 00 + λy = 0; y(0) = y 0 (1) + y(1) = 0 λ ≥ 0.
Zt Zt
1. f (t) + f (x)dx = 1 2. f (t) + (t − x)f (x)dx = t
0 0
Zt Zt
3. f (t) + 4 senxf (t − x)dx = 2t 4. f (t) = tet + xf (t − x)dx
0 0
Z t Zt
5. f (t) + f (x)dx = et 6. f (t) + f (x)dx = t
0 0
1. f ? g = g ? f 2. f ? (g ? h) = (f ? g) ? h
3. f ? 0 = 0 4. f ? (g + h) = f ? g + f ? h
336 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zt
00 0
1. y + y − 4y − 4 y(x)dx = 6et − 4t − 6; y(0) = y 0 (0) = 0
0
Zt
2. y 0 = 1 − sent − y(x)dx; y(0) = 0.
0
Zt
3. y 0 + 6y + 9 y(x)dx = 1; y(0) = 0
0
Zt
0
4. y − 6y + 9 y(x)dx = t; y(0) = 0
0
Zt
0
5. y + 6y + 9 y(x)dx = t; y(0) = 0
0
Zt
0
6. y = cos t + y(x) cos(t − x)dx; y(0) = 1.
0
25. Seja y(t) a solução da equação de Bessel de ordem zero ty 00 + y 0 + ty = 0, tal que
y(0) = 1 e y 0 (0) = 0. Mostre que
1
1. L[y(t)](s) = L[J0 (t)](s) = √
s2+1
Z+∞
2. J0 (t)dt = 1
0
Zπ
1
3. J0 (y) = cos(y cos t)dt.
π
0
337 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
(
t se 0 ≤ t < π
27. Resolver o pvi y 00 +y = f (t) = , y(0) = 0, y 0 (0) =
cos(2t) se t ≥ π
01.
c b−a
eat ∗ ebt sen(ct) = [eat − ebt cos(ct)] + 2 ebt sen(ct)
c2 + (b − a)2 c + (b − a)2
1 1
1. H(s) = 2. F (s) =
s2 (s2
+ a2 ) (s2
+ s + 1)2
s + a22
1
3. F (s) = 2 4. F (s) =
(s − a2 )2 2
s(s + 1)
338 08/03/2020
Capı́tulo 5
Séries de Fourier
339
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
∂ 2u ∂ 2u
= , t > 0, 0<x<1
∂t2 ∂x2
∂u
sujeito a condições iniciais u(t, 0) = u(t, 1) = 0 para t ≥ 0, (0, x) = 0 para 0 < x < 1.
∂t
A solução deste problema é a superposição de duas ondas viajando em direções opostas
1
Otto Eduard Neugebauer (1899 − 1990) foi um matemático austrı́aco-americano e historiador da
ciência, é conhecido por sua pesquisa sobre a história da astronomia e outras ciências exatas. Ao estu-
dar tabuletas de argila, ele descobriu que os antigos babilônios sabiam muito mais sobre matemática e
astronomia do que se pensava anteriormente.
340 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1 1
u(t, x) = f (x + t) + f (x − t)
2 2
na qual f é uma função ı́mpar de perı́odo 2 que se anula nos pontos x = 0, ±1, ±2, . . ..
Euler em 1748 propôs que tal solução pode ser escrita na forma da série
+∞
X
f (x) = fˆ(n)sen(nx)
n=1
+∞
X
e como consequência: u(t, x) = fˆ(n) cos(nπt)sen(nπx).
n=1
As mesmas ideias foram expressas por D. Bernuolli (1775)2 e Lagrange (1759). A
fórmula
Z1
fˆ(n) = 2 f (x)sen(nπx)dx
0
para calcular os coeficientes apareceu pela primeira vez em um artigo escrito por Euler
em (1777).
A contribuição de Fourier começa em 1807 com seus estudos para o problema do calor
∂u 1 ∂ 2u
= · 2
∂t 2 ∂x
5.1.1 Motivação
Temos a equação diferencial que descreve um fenômeno fı́sico (problema do calor),
esta equação satisfaz as condições iniciais indicadas sendo a função de duas variáveis reais
u(t, x) que resolve o seguinte problema de valor de fronteira.
∂u ∂ 2u
= 2 · 2, se 0 < x < 3, t>0
∂t ∂x
u(t, 0) = u(t, 3) = 0, (5.1)
u(0, x) = f (x), |u(t, x)| < M, para algum M ∈ R
Um dos métodos de solução para o pvi (5.1) é o de separação de variáveis, para aplicar
este método, considera-se u(x, t) como o produto de duas funções, u(t, x) = f (x)g(t) sendo
2
Daniel Bernoulli (1700 − 1782) foi um matemático holandês, membro de uma famı́lia de talentosos
matemáticos, fı́sicos e filósofos. É particularmente lembrado por sua aplicações da matemática à mecânica,
especialmente a mecânica de fluidos, e pelo seu trabalho pioneiro em probabilidade e estatı́stica, foi o
primeiro a entender a pressão atmosférica em termos moleculares.
341 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2
têm como soluções respectivamente: f (x) = A1 cos(λx)+B1 sen(λx), g(t) = C1 e−2λ t ,
onde A1 , B1 , C1 ∈ R.
2
u(t, x) = e−2λ t [A1 C1 cos(λx) + B1 C1 sen(λx)]
2
Considerando A = A1 C1 e B = B1 C1 , como u(0, t) = 0 ⇒ e−2λ t · A = 0 assim
2
A = 0, logo u(x, t) = Be−2λ t sen(λt).
2
Por outro lado, do dado u(3, t) = 0 ⇒ Be−2λ t sen(3λ) = 0. Se B = 0 a solução é
u(t, x) ≡ 0 não satisfaz u(0, x) = f (x), de modo que devemos ter sen(3λ) = 0, de onde
mπ 2 2 mπx
λ= se, m = 0, ±1, ±2, · · · . Assim, u(t, x) = Be−(2m π t)/9 sen( ).
3 3
Ao buscar satisfazer a condição u(x, 0) = f (x) terı́amos que trabalhar com um número
finito de termos.
mπx
Por exemplo, se f (x) = 5 então terı́amos 5 = Bsen( ), e para um B apropriado
3
temos uma quantidade finita de valores de m que satisfaz esta última igualdade.
Para f (x) arbitrária isso será insuficiente, isto nos conduz a assumir que devemos
considerar um número infinito de termos adicionais, isto é
+∞
X 2 π 2 t)/9 mπx
u(t, x) = Bm e−(2m sen( )
m=1
3
Dado que cada termo da série trigonométrica é periódica, é claro que iremos a desen-
volver as funções em tais séries, as funções também têm que ser periódicas.
342 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A série (5.2) pode ser finita ou infinita e está definida para todo t ∈ R. Esta definição
justifica-se pelo fato que, conhecendo a fórmula:
t
e considerando A = kt, B = , ∀ k ∈ N então
2
t t t
sen(kt + ) − sen(kt − ) = 2sen( ) cos(kt)
2 2 2
3t t t
Se k = 1 ⇒ sen() − sen(t − ) = 2sen( ) cos(t).
2 2 2
5t 3t t
Se k = 2 ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos(2t).
2 2 2
7t 5t t
Se k = 3 ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos(3t).
2 2 2
.. ..
. .
(2n − 1)t (2n − 3)t t
Se k = (n − 1) ⇒ sen( ) − sen( ) = 2sen( ) cos((n − 1)t).
2 2 2
1 1 t
Se k = n ⇒ sen[(n + )t] − sen[(n − )t] = 2sen( ) cos(nt).
2 2 2
Somando ambos os membros dessas igualdades
n
1 t t X
sen[(n + )t] − sen( ) = 2sen( ) cos(kt)
2 2 2 k=1
t
Suponhamos sen( ) 6= 0, logo t 6= 2kπ, ∀ k ∈ Z.
2
n
1 X sen[(n + 12 )t]
+ cos(kt) = (5.3)
2 k=1 2sen( 2t )
343 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Estudemos o caso sen( t) = 0. Quando t se aproximar indefinidamente a 2kπ, apli-
2
cando a regra de L’Hospital tem-se o limite:
1 P n
Portanto, + cos(kt) está bem definido em todo t ∈ R sendo que, quando t = 2kπ
2 k=1
1 P n 1
podemos considerar + cos(kt) = n + .
2 k=1 2
n
P
De modo análogo podemos determinar uma série da forma α + sen(kt), conside-
k=1
1
rando cos(A + B) − cos(A − B) = −2senA · senB para o caso A = kt e B = t. Sendo
2
o operador de somatório um operador fechado, vale a expressão (5.2) para todo t ∈ R.
A igualdade (5.3) é conhecida como o “Núcleo de Dirichlet” é definido para todo t ∈ R.
Definição 5.2.
Uma função f : D(f ) ⊆ R −→ R é periódica quando existe um número real P 6= 0,
tal que para todo x, x + P ∈ D(f ), temos:
i) x + P ∈ D(f ) ii) f (x + P ) = f (x)
344 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2π
das Séries de Fourier, é a “frequência angular ”, denotada por ω, e definida como ω =
.
P
A função constante f (x) = c tem como perı́odo qualquer número real P > 0 e não
possui perı́odo fundamental.
Exemplo 5.1.
x x
Calcular o perı́odo da função f (x) = cos + cos .
3 4
Solução.
Sabemos que a função cosseno tem domı́nio em todos os números reais e é de perı́odo
2π, isto é cos(θ + 2πk) = cos θ para todo k ∈ Z. Logo, podemos supor que
x+P x+P x x
cos + cos = cos + cos
3 4 3 4
1 1
de onde P = 2πm e P = 2πn, para algum m, n ∈ Z.
3 4
1
P 2πm 4 m
De onde 31 = ⇒ = , logo os menores números inteiros positivos que
4
P 2πn 3 n
satisfazem esta igualdade acontece quando m = 4 e n = 3; assim, P = 24π.
Portanto, o perı́odo da função f (x) é 24π.
Exemplo 5.2.
Determinar se, a função f (t) = cos(10t) + cos[(10 + π)t] é função periódica.
Solução.
Observação 5.1.
Em geral, se a função f (t) = cos(α1 t) + cos(α2 t) é periódica, com perı́odo P , então é
possı́vel achar dois inteiros m e n tais que
α1 m
= ∈Q
α2 n
Propriedade 5.1.
Sejam f1 e f2 funções periódicas de mesmo perı́odo P , β1 e β2 duas constantes
reais quaisquer. A função h definida por h(x) = β1 f1 (x) + β2 f2 (x) também é
periódica de perı́odo P .
345 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.3.
Como as funções senx e cos x possuem o mesmo perı́odo 2π, pela Propriedade (5.1)
temos :
2π
1. sen(2x) e cos(2x) possuem perı́odo = π.
2
x x 2π
2. sen e cos possuem perı́odo = 4π.
2 2 1/2
2π
3. sen(2πx) e cos(2πx) possuem perı́odo = 1.
2π
2πx 2πx 2π
4. sen e cos possuem perı́odo = P.
P P 2π/P
2nπx 2nπx 2π P
5. sen e cos possuem perı́odo = . Como qualquer múlti-
P P 2nπ/P n
plo inteiro do perı́odo também é perı́odo, concluı́mos que ambas também possuem
perı́odo P . Logo pela Propriedade (5.1) observamos que a função
2nπx 2nπx
h(x) = β1 sen + β2 cos
P P
Propriedade 5.2.
Se f : R −→ R é função periódica de perı́odo P e a ∈ R, então:
a+P/2
Z ZP/2
1. f (t)dt = f (t)dt .
a−P/2 −P/2
P
Z+a Za
2. f (t)dt = f (t)dt.
P 0
346 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.4.
3. h(t) = cos t + sent não é função par nem função ı́mpar. Esta função não tem
paridade.
Observação 5.2.
ii) Se f é uma função ı́mpar que contenha 0 (zero) no domı́nio, então f (0) = 0;
iii) A soma (ou diferença) de duas funções pares é par. A soma (ou diferença) de duas
funções ı́mpares é ı́mpar;
iv) A soma (ou diferença) de uma função par e uma função ı́mpar não tem paridade;
v) O produto (ou quociente) de duas funções pares é par. O produto (ou quociente) de
duas funções ı́mpares é par;
vi) O produto (ou quociente) de uma função par e uma função ı́mpar é ı́mpar;
vii) A grande maioria das funções que ocorrem não são nem pares nem ı́mpares. Parti-
cularmente nosso interesse são as funções pares e ı́mpares pois suas representações
em séries de Fourier aparecem na resolução de equações diferenciais parciais impor-
tantes da Fı́sica-Matemática e Engenharia.
Propriedade 5.3.
Za Za
1. Se f é função par, temos f (x)dx = 2 f (x)dx, ∀ a ∈ R.
−a 0
Za
2. Se f é função ı́mpar, temos f (x)dx = 0, ∀ a ∈ R.
−a
347 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Segundo Fourier, ele descobriu, no inı́cio do século IXX, que qualquer função perió-
dica, por mais complicada que seja como por exemplo as funções seccionalmente contı́nuas,
pode ser representada como a soma de várias funções seno e cosseno com amplitudes, fases
e perı́odos escolhidos convenientemente.
Assim, duas funções f e g são chamadas de ortogonais se o seu produto interno hf, gi
é zero para f 6= g.
2π
Para o caso φn (t) = sen(nω0 t) ou φn (t) = cos(nω0 t) onde ω0 = = 2πτn .
P
A forma como o produto interno de duas funções é definido pode variar dependendo
do contexto. No entanto, uma definição tı́pica de um produto interno para funções é como
expresso na Definição (5.4) com um intervalo de integração apropriado.
As soluções de equações diferenciais com condições de contorno frequentemente podem
ser escritas como uma soma com pesos de soluções (funções) ortogonais (conhecidas como
autofunções), levando à série generalizada de Fourier .
Exemplo 5.5.
O conjunto das funções f (t) = t e g(t) = t2 são ortogonais no intervalo [−1, 1].
Z1
1 1
Pois t · t2 dt = t4 = 0.
4 −1
−1
Exemplo 5.6.
O conjunto das funções 1, cos(ω0 t), cos(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), · · · , sen(ω0 t), sen(2ω0 t),
sen(3ω0 t), · · · , sen(nω0 t), · · · formam um conjunto de funções ortogonais no intervalo
aberto − P2 < t < P2 .
348 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1
Com efeito, sabe-se que: sen(mω0 t) cos(nω0 t) = [sen((m+n)ω0 t)+sen((m−n)ω0 t)]
2
então:
P P
Z2 Z2
1
sen(mω0 t) cos(nω0 t)dt = [sen((m + n)ω0 t) + sen((m − n)ω0 t)]dt =
2
− P2 − P2
P
Z2
1
[sen((m + n)ω0 t) + sen((m − n)ω0 t)]dt, se m 6= n
2
−P
2
= P
Z 2
1
sen(2mω0 t)dt, se m = n
2
− P2
P
1 −1 −1 2
2 (m + n)ω cos((m + n)ω0 t) + (m − n)ω cos((m − n)ω0 t) − P = 0 se m 6= n
0 0 2
= P
1 1 2
cos(2mω0 t) P = 0 se m = n
2 2mω0
−2
P
Z2
2π
Isto é, sen(mω0 t) cos(nω0 t)dt = 0 para qualquer valor de m e n onde ω0 = .
P
− P2
De modo análogo mostra-se aplicando conceito de função par ou função ı́mpar que
P
Z2 0
se m 6= n
cos(mω0 t) cos(nω0 t)dt = P
se m = n 6= 0
− P2 2
P
Z2 0
se m 6= n
sen(mω0 t)sen(nω0 t)dt = P
se m = n 6= 0
− P2 2
2π
onde ω0 = .
P
Assim, as funções 1, cos(ω0 t), cos(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), · · · , sen(ω0 t), sen(2ω0 t), sen(3ω0 t),
· · · , sen(nω0 t), · · · formam um conjunto ortogonal de funções no intervalo − P2 < t < P2 .
349 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
v
u b
p uZ
k φ(x) k= < φ(x), φ(x) > = t φ2 (x)dx
u
Se {φn (x)}n∈N é um conjunto ortogonal de funções no intervalo [a, b] tal que k φn (x) k=
1 para n = 1, 2, 3, . . ., então dizemos que {φn (x)}n∈N é um conjunto ortonormal de funções
no intervalo [a, b].
Exemplo 5.7.
Verificar que o conjunto {1, cos x, cos 2x, . . .} é ortogonal no intervalo [−π, π]. Mostre
que não é ortonormal.
Zπ Zπ
1 π
< φ0 (x), φn (x) >= φ0 (x) · φn (x)dx = cos(nx)dx = sen(nx) = 0
n −π
−π −π
Zπ Zπ
Para m 6= n temos:hφm (x), φn (x)i = φm (x) · φn (x)dx = cos(mx) cos(nx)dx =
−π −π
Zπ
1 1 sen(m + n)x sen(m − n)x π
= [cos(m + n)x + cos(m − n)x]dx = − =0
2 2 m+n m−n −π
−π
Zπ Zπ √
2 2
Cálculo das normas k φ0 (x) k = [φ0 (x)] dx = dx = 2π ⇒ k φ0 (x) k= 2π
−π −π
Zπ
√
k φn (x) k2 = cos2 (nx)dx = π ⇒ k φn (x) k= π
−π
√
assim, para todo n ≥ 1, k φn (x) k= π
Portanto não é um conjunto ortonormal em [−π, π] (é só um conjunto ortogonal).
350 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Seja {φk (t)}k∈N um conjunto ortogonal de funções em um intervalo (a, b), e suponha-
+∞
P
mos que f (t) = Ck φk (t). Queremos determinar uma representação para os Ck em
k=1
termos de f (t) e das funções ortogonais {φk (t)}k∈N .
Para isto considere um membro do conjunto, digamos φn (t), logo:
Zb Z b "X
+∞
# +∞
X Zb
f (t)φn (t)dt = Ck φk (t) φn (t) = Ck φk (t)φn (t)dt = Cn < φn (x), φn (x) >
a a k=1 k=1 a
Zb
f (t)φn (t)dt
Zb
1 a
Cn = f (t)φn (t)dt ⇒ Cn =
< φn (x), φn (x) > Zb
a
φn (t)φn (t)dt
a
Uma prova rigorosa deste resultado requer técnicas de convergência de série de funções.
Exemplo 5.8.
Sabe-se que {sen(nx)}n∈N é um conjunto ortogonal de funções em [0, π]. Expressar
f (t) = 1 como uma série de senos.
Solução.
Zπ
1 · sen(kt)dt
Zπ
0 2
Tem-se que Ck = Zπ = 1 · sen(kt)dt ⇒
π
0
sen(kt)sen(kt)dt
0
π 0, se k par
2 cos(kt)
Ck = − =
π k
0
4 , se k ı́mpar
kπ
+∞ +∞
. X 4 X 4
Portanto, f (t) = 1 = · sen(kt) = · sen[(2k − 1)t].
kπ (2k − 1)π
k=impar k=1
351 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Na teoria geral das séries existem critérios de convergência das séries semelhantes. Tais
critérios são de Dirichlet e, o de Abel, bom para o estudo das séries trigonométricas. Para
garantir a convergência de uma série de Fourier para a função da qual seus coeficientes
são calculados, é essencial colocar hipóteses adicionais sobre a função.
Dado um conjunto de funções fn : A ⊆ R −→ R sendo n ∈ N , nosso objetivo agora
é estabelecer condições sobre a sequência de funções {fn (t)}n∈N para que a soma infinita
+∞
P
fn (t) tenha como resultado um valor de número real para todo t ∈ A, isto é para que
n=1
convirja.
Em analogia com as séries numéricas, dada a sequência {fn (t)}n∈N de funções reais, a
soma infinita f1 (t) + f2 (t) + f3 (t) + . . . + fn−2 (t) + fn−1 (t) + fn (t) + · · · , será representada
+∞
P
em sı́mbolos por fn (t), estas somas infinitas são denominadas “séries infinitas de
n=1
funções” ou simplesmente séries de funções. Para o caso de ter um número finito de
Pn
somas denotamos Sn (t) = fk (t).
k=1
+∞
P
A série S(t) = fn (t) é limitada em A ⊆ R, se existe uma constante C ∈ R tal que
n=1
+∞
fn (t)| ≤ C, ∀ n ∈ N+ ,
P
| ∀ t ∈ A.
n=1
Definição 5.6.
+∞
P
A série fk (t) é convergente em A ⊆ R, quando a sequência {Sn }n∈N de suas
k=1
somas parciais for convergente em A ⊆ R. Neste caso, a soma da série é o limite
da sequência {Sn }n∈N , isto é:
+∞
X
fn (t) = lim Sn = S S ∈ R, ∀t∈A (5.4)
n→+∞
n=1
A propriedade a seguir fornece uma condição necessária, mas não suficiente para que
uma série de funções seja convergente.
352 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
fn (t) sendo necessária uma análise adicional para determinar se a série converge ou
n=1
diverge.
k k
Por exemplo, se fn (t) = , k ∈ R então lim = 0 porém sabemos que a série
n n→+∞ n
+∞
X k
é divergente.
n=1
n
+∞
P
A Propriedade (5.4) é equivalente a dizer que, se lim fn (t) 6= 0, então a série fn (t)
n→+∞ n=1
diverge.
Propriedade 5.5.
+∞
P +∞
P
Sejam fn (t) e gn (t) duas séries de funções definidas ∀ t ∈ R.
n=1 n=1
+∞
P +∞
P +∞
P
(a) Se as séries fn (t) e gn (t) são convergentes, então [fn (t) + gn (t)]
n=1 n=1 n=1
+∞
P +∞
P +∞
P
também converge, e vale a relação [fn (t) + gn (t)] = fn (t) + gn (t)
n=1 n=1 n=1
+∞
P +∞
P +∞
P
(b) Se fn (t) e convergente e gn (t) é divergente, a série [fn (t) + gn (t)]
n=1 n=1 n=1
diverge.
Observação 5.3.
+∞
P +∞
P
Quando as séries fn (t) e gn (t) são ambas divergentes, a Propriedade (5.5) não
n=1 n=1
+∞
P
dá informação sobre a convergência da série [fn (t) + gn (t)].
n=1
Propriedade 5.6.
Toda série absolutamente convergente, é convergente.
353 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
i) Se r < 1, a série fn (t) é absolutamente convergente.
n=1
+∞
X
ii) Se r > 1, a série fn (t) diverge.
n=1
Observação 5.4.
fn+1 (t)
1. Se o limite lim = 1 ou não existe, o critério D’Alembert’s não pode ser
n→+∞ fn (t)
usado, e terı́amos que recorrer a outros métodos.
Definição 5.8.
Uma série cujos termos são alternadamente positivos e negativos, é denominada
“série alternada”
354 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.8.
+∞
X +∞
X
Se a série |fk (t)| converge ∀ t ∈ A, então a série alternada fk (t) também
k=1 k=1
converge ∀ t ∈ A.
n
X
Sn (t) = fk (t) (5.6)
k=1
Por definição dizemos que a série infinita converge a f (t) em um intervalo, se dado
qualquer número > 0, existe para qualquer t ∈ A um número positivo N ∈ N para o
intervalo, tal que:
|Sn (t) − f (t)| < sempre que n > N (5.7)
Exemplo 5.9.
2 −
→
A função f (t) = e−t cujo gráfico é simétrico ao eixo 0y tende a zero quando t → ±∞.
2
Seja a sequência {fn }n∈N onde fn (t) = f (t − n) = e−(t−n) observe que fn (t) → 0
quando n → ±∞ pontualmente. Mas, essa convergência não é uniforme, pois a condição
|fn (t) − f (t)| < não se satisfaz quando t = n com < 1 (aqui fn (n) = 1).
Entretanto, se restringirmos ao intervalo para o qual t ≤ c < N então fn (t) ≤ fn (c) =
2
e−(t−c) e considerando esta última expressão menor que qualquer > 0, terı́amos que
{fn }n∈N converge uniformemente.
355 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.9.
Seja {fn (t)}n∈N o conjunto dos termos de uma série infinita, se cada termo fn (t)
tem derivada e a série de derivadas é uniformemente convergente, então a série
pode ser diferenciada termo a termo. Logo:
+∞ +∞
d X X d
fn (t) = fn (t) (5.8)
dt n=1 n=1
dt
Propriedade 5.10.
Seja {fn (t)}n∈N o conjunto dos termos de uma série infinita, se cada termo fn (t) é
contı́nua no intervalo A = (a, b) e a série é uniformemente convergente para f (t)
nesse intervalo, então:
Zb n X
+∞ o +∞ Zb
X
fn (t) dt = fn (t)dt (5.9)
a n=1 n=1 a
356 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
sen(nt) 1 X 1
De fato,
2
≤ 2 e sabe-se que converge.
n n n=1
n2
+∞
X sen(nt)
Portanto a série é uniformemente convergente.
n=1
n2
Em verdade, o Teorema de Weierstrass diz que, se f e uma função contı́nua real
periódica de perı́odo 2π, então f pode ser aproximada uniformemente por uma sequência
de polinômios trigonométricos da forma
n
a0 X
Sn (f (t)) = + [ak cos(kt) + bk sen(kt)] (5.10)
2 k=1
+∞
a0 X
+ [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.11)
2 n=1
+∞
|a0 | X
+ (|an | + |bn |) (5.12)
2 n=1
que a maiora, como se diz à série (5.11). Seus valores superam respectivamente, os valores
absolutos dos termos na série (5.11) |an cos(nω0 t)| ≤ |an |, |bn sen(nω0 t)|| ≤ |bn |.
Disto se deduz que se a série (5.12) converge, então a série (5.11) também converge
para todos os valores de t, esta convergência absoluta é uniformemente. Não obstante a
série (5.11) pode convergir sem que a série (5.12) seja convergente. Isto pelo fato que na
série (5.11) para cada valor de t, ao variar n mudam o sinal (oscilam) um número infinito
de vezes e ela pode resultar convergente devido à compensação do seus termos positivos
e negativos.
De modo que, se se estabelece a convergência de (5.11) então o fato de que seus termos
sejam funções contı́nuas de perı́odo P , se deduz que também soma:
+∞
a0 X
S(t) = + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.13)
2 n=1
357 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
é uma função contı́nua de perı́odo P e a série (5.13) pode ser derivada ou integrada termo
a termo.
A série (5.13) podemos derivar formalmente respeito de t.
+∞
dS X
(t) = nω0 [−an sen(nω0 t) + bn cos(nω0 t)] (5.14)
dt n=1
Assim, se a série (5.15) converge, então a série (5.14) também converge ainda mais
converge uniformemente. Como a série (5.14) é a derivada da série (5.13) podemos escre-
ver:
+∞
dS X
(t) = nω0 [−an sen(nω0 t) + bn cos(nω0 t)]
dt n=
+∞
X
Em geral, se a série (nω0 )m [|an | + |bn |] < +∞ para certo m ∈ N, é legı́timo derivar
n=1
a série (5.13) m vezes; na verdade não se exclui a legitimidade de derivar m + 1 vezes.
Exemplo 5.11.
Determine o número de vezes que pode ser derivado termo a termo a série:
+∞
X
q n cos(nω0 t) para 0<q<1
n=1
Solução.
+∞
( )
X cos(nω0 t)
± (nω0 )m q n
n=1
sen(nω0 t)
+∞
(nω0 )m q n ,
P
A série majorante 0 < q < 1 converge para todo m ∈ N isto pode ser
n=1
obtido aplicando o critério de D’Alembert
358 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 5-1
n
P
1. Determinar uma série da forma α+ sen(kt), considerando a diferença dos
k=1
cossenos.
2. Determine se cada uma das funções a seguir é ou não periódica. Caso seja determine
seu perı́odo fundamental e sua frequência fundamental.
1. y = cos(πx) 2. y = cos(nx)
3. y = tan(πx) 4. y = sen(nπx)
5. y = x2 6. y = sen( πx
P
)
7. y = sen(5x) 8. y = cos(3x) + cos(4x) + cos(5x)
9. y = cos(3πx) 10. y = sen( x3 ) + sen( x5 ) + sen( x7 ) + sen( x9 )
ZP +l Zl
2. f (t)dt = f (t)dt.
P 0
2πt
1. f (t) = 2sen(4t) 2. f (t) = sen(2t) + cos(3t − 2) 3. f (t) = sen( )
b−a
t
4. f (t) = −3 cos + 3 5. f (t) = tan(2t + 5) + cot(3t) 6. f (t) = 102 cos2 t
3
t t
7. Determine o perı́odo da função g(t) = sent + sen + sen .
3 5
1 1
8. Determine o perı́odo da função g(t) = sent + sen3t + sen5t.
3 5
359 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
9. Para cada função a seguir esboce seu gráfico para alguns valores de n. Observando
este gráfico determine se a função é ou não periódica. Caso seja determine seu
perı́odo fundamental e sua frequência fundamental.
(
0 se 2n − 1 ≤ t < 2n
1. f (t) = , n = 0, ±1, ±2, · · ·
1 se 2n ≤ t < 2n + 1
(
(−1)n se 2n − 1 ≤ t < 2n
2. f (t) = , n = 0, ±1, ±2, · · ·
1 se 2n ≤ t < 2n + 1
10. Mostre o seguinte:
Za Za
1. Se f é função par, temos f (x)dx = 2 f (x)dx, a ∈ R.
−a 0
Za
2. Se f é função ı́mpar, temos f (x)dx = 0, a ∈ R.
−a
1 1 1 1
12. Mostre que o conjunto { √ , √ cos x, √ cos 2x, √ cos 3x, . . . } é ortonormal
2π π π π
em [−π, π].
13. Mostre que cada conjunto é ortogonal no intervalo dado. Calcular a norma de cada
função no intervalo dado.
π
1. { senx. sen3x, sen5x, . . . } intervalo [0, ]
2
π
2. { cos x. cos 3x, cos 5x, . . . } intervalo [0, ]
2
3. { sen(nx), n = 1, 2, 3, . . . } intervalo [0, π]
nπ
4. { sen x, n = 1, 2, 3, . . . } intervalo [0, p]
p
nπ
5. { 1, cos x, 1, 2, 3, . . . } intervalo [0, p]
p
Zt ZP/2
1 2
14. Seja f (t + P ) = f (t) e F (t) = f (x)dx − a0 t onde a0 = f (t)dt. Mostre
2 P
0 −P/2
que F (t + P ) = F (t).
360 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
. 1 X 2π
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 = (5.16)
2 n=1
P
Toda forma periódica, isto é, para a qual f (t) = f (t + P ), pode ser expressa por uma
série de Fourier, desde que cumpra as condições de Dirichlet. Estas condições dizem que
a função f tem que cumprir o seguinte:
P P P
Z2 Z2 +∞ Z2
1 X
f (t)dt = a0 dt + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)]dt ⇒
2 n=1 P
− P2 − P2 −2
361 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
P P P
Z2 +∞ Z2 Z2
P X
f (t)dt = a0 + [an cos(nω0 t)dt + bn sen(nω0 t)dt] (5.18)
2 n=1
− P2 − P2 − P2
ZP/2
Como a função sen(nω0 t) é ı́mpar, da Propriedade (5.3) segue que sen(nω0 t)dt = 0
−P/2
Por outro lado, como a função cos(nω0 t) é par, segue da Propriedade (5.3) que
ZP/2 ZP/2
2 P/2 2π
cos(nω0 t)dt = 2 cos(nω0 t)dt = sen(nω0 t) = 0, ω0 =
nω 0 P
−P/2 0
P
Z2
2
Portanto, da equação (5.18) temos a0 = f (t)dt.
P
− P2
Com efeito, multiplicando ambos os lados da igualdade (5.16) por cos(mω0 t) e inte-
grando no intervalo [− P2 , P2 ], obtemos:
P P
Z2 Z2 " +∞
#
1 X
f (t) cos(mω0 t)dt = a0 cos(mω0 t) + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] cos(mω0 t) dt
2 n=1
− P2 − P2
P P P
Z2 +∞ Z2 +∞ Z2
1 X X
= a0 cos(mω0 t)dt+ an cos(nω0 t) cos(mω0 t)dt+ bn sen(nω0 t) cos(mω0 t)dt =
2 n=1 P n=1 P
− P2 −2 −2
P
Z2
P
Aplicando as relações do Exemplo (5.6) segue que f (t) cos(nω0 t)dt = an .
2
− P2
362 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
P
Z2
2
Portanto, an = f (t) cos(nω0 t)dt.
P
− P2
Com efeito, multiplicando ambos os lados da igualdade (5.16) por sen(mω0 t) e inte-
grando no intervalo [− P2 , P2 ], obtém-se
P P
Z2 Z2 " +∞
#
1 X
f (t)sen(mω0 t)dt = a0 sen(mω0 t) + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] sen(mω0 t) dt
2 n=1
− P2 − P2
P P P
Z2 ∞ Z 2 +∞ Z 2
1 X X
= a0 sen(mω0 t)dt+ an cos(nω0 t)sen(mω0 t)dt+ bn sen(nω0 t)sen(mω0 t)dt =
2 n=1 P n=1 P
− P2 −2 −2
P
Z2
P
Aplicando as relações do Exemplo (5.6) segue que f (t)sen(nω0 t)dt = bn .
2
− P2
P
Z2
2
Portanto, bn = f (t)sen(nω0 t)dt.
P
− P2
Observação 5.5.
É importante assinalar que a série assim definida pode não convergir em todo ponto do
domı́nio da função. Mais adiante serão apresentadas propriedades que permitam afirmar
a convergência das séries de Fourier, portanto, é correto estabelecer:
+∞
1 X 2π
f (t) ≈ S(t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 =
2 n=1
P
Exemplo 5.12.
Determine a série de Fourier para a função periódica f (t) definida por: f (t) = −1
se (− P2 , 0) e f (t) = 1 se (0, P2 ), f (t + P ) = f (t).
Solução.
363 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2π
O perı́odo é P , de onde ω0 = . Para o caso n = 0 temos da igualdade (5.17) que
P
P P
Z2 Z0 Z2
2 2 2
a0 = f (t)dt = (−1)dt + (1)dt = 0
P P P
− P2 − P2 0
P P
Z2 Z0 Z2
2 2h i
an = f (t) cos(nω0 t)dt = (−1) · cos(nω0 t)dt + 1 · cos(nω0 t)dt ⇒
P P
− P2 − P2 0
2πn P2
2 −1 2πn 0 −1
an = sen( t) −P + sen( t) =0
P nω0 P 2
nω0 P 0
P P
Z2 Z0 Z2
2 2h i
bn = f (t)sen(nω0 t)dt = (−1) · sen(nω0 t)dt + 1 · sen(nω0 t)dt
P P
− P2 − P2 0
2πn P2
2 1 2πn 0 −1
bn = cos( t) P + cos( t) ⇒
P nω0 P −2 nω0 P 0
2 2
bn = [cos 0 − cos(−nπ)] − [cos(nπ) − cos 0] = (1 − cos nπ)
nω0 P nπ
Sabe-se que cos(nπ) = (−1)n , logo
0, se n par
bn =
4 , se n impar
nπ
364 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
10 ··· ···
-
0 2π 4π 6π
Figura 5.2:
Os coeficientes de Fourier são calculados segundo (5.17), (5.19) e (5.20) o valor médio
1 2π 2π
da função por inspeção é 5 e portanto a0 = 5, observe que ω0 = = = 1. Pela
2 P 2π
igualdade (5.19), temos
Z2π
1 10 10 t 1 2π
an = t cos(nω0 t)d(t) = 2 sen(nω0 t) + 2 2 cos(nω0 t)
π 2π 2π nω0 n ω0 0
0
10
= [cos(2πn) − cos 0] = 0
2π 2 n2 ω02
A série não contêm termos dos cossenos. Da equação (5.20) temos
Z2π
1 10 10 t 1 2π 10
bn = t sen(nω0 t)d(t) = 2 − cos(nω0 t) + 2 2 sen(nω0 t) = −
π 2π 2π nω0 n ω0 0 πn
0
Empregando esses coeficientes dos termos senoidais e o termo médio, a podemos es-
+∞
10 10 X sen(kt)
crever a série de Fourier da função f (t) = ω0 t na forma S(t) = 5 − .
2π π k=1 k
Exemplo 5.14.
A função f (t) = |t|, é 2π-periódica, definida sobre [−π, π], possui desenvolvimento de
π 4 1 1
Fourier dado por: S(t) = + cos t + cos(3t) + cos(5t) + · · ·
2 π 9 25
Esta função satisfaz às hipóteses dos Teoremas de Weierstrass e de Fourier, assim
podemos garantir a igualdade de f com a sua série e garantir a convergência uniforme da
série. Temos então que: lim Sn (t) = f (t).
n→+∞
As somas parciais (reduzidas) desta série de Fourier, serão denotadas por S1 (t), S2 (t),
S3 (t), S4 (t), · · · e neste caso:
π π 4
S1 (t) = (Figura (5.3)); S2 (f ) = − cos(t) (Figura (5.4))
2 2 π
π 4 cos(3t)
S3 (t) = − cos(t) + (Figura (5.5))
2 π 9
365 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Figura 5.3: Função modular com a 1a Figura 5.4: Função modular com a 2a
aproximação aproximação
Figura 5.5: Função modular com a 3a Figura 5.6: Função modular com a 4a
aproximação aproximação
π 4 cos(3t) cos(5t)
S4 (t) = − cos(t) + + (Figura (5.6))
2 π 9 25
O exposto anteriormente é válido para certo tipo de funções, nos referimos as funções
f (t) que são seccionalmente contı́nuas.
366 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. Existe um número finito de pontos em [a, b] tal que a = t0 < t1 < t2 < · · · <
tn−1 < tn = b onde f (t) é descontı́nua de primeira espécie em ti , isto é
−
∃ lim f (ti + h) = f (t+
i ) e ∃ lim f (ti − h) = f (ti )
h→0 h→0
Exemplo 5.15.
(
1, se, 2na ≤ t < 3na
1. A função onda quadrada f (t) = é seccionalmente con-
−1, se, na ≤ t < 2na
tı́nua em todo R, n = 1, 2, 3, · · · ; a ∈ R, onde a-fixo.
1 π
2. As funções g(t) = tan t e h(t) = sen não são seccionalmente contı́nuas em [0, ]
t 2
Para o caso da função g, não existe limπ g(t), pois limπ g(t) = ∞.
t→ 2 t→ 2
1
Para o caso da função h, não existe lim sen .
t→0 t
Em geral tem-se que se uma função f (t) é contı́nua em [a, b], então ela é seccionalmente
contı́nua em [a, b].
Definição 5.10.
Uma função f (t) é seccionalmente suave em [a, b] se f e sua derivada f 0 são
seccionalmente contı́nuas em [a, b].
Exemplo 5.16.
367 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Suponhamos que f (t) esteja definida no intervalo (− P2 , P2 ) e definida fora deste inter-
valo por f (t+P ) = f (t), isto é assumamos que f (t) seja periódica, de perı́odo P . Dizemos
que a série da forma
+∞
1 X 2π
S(t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 = (5.21)
2 n=1
P
onde {an }n∈N e {bn }n∈N são sequências de números reais, denomina-se série trigonométrica.
Suas somas parciais são combinações lineares de funções que compôem o sistema
cos ω0 t, senω0 t, cos(2ω0 t), sen(2ω0 t), · · · , cos(nω0 t), sen(nω0 t), · · · (5.22)
ZP/2 ZP/2
(i) cos(nω0 t) cos(mω0 t)dt = 0; sen(nω0 t)sen(mω0 t)dt = 0, se m 6= n
−P/2 −P/2
ZP/2
(ii) cos(nω0 t)sen(mω0 t)dt = 0, m, n = 0, 1, 2, · · ·
−P/2
ZP/2 ZP/2
P
(iii) cos2 (nω0 t) = sen2 (nω0 t) = , n = 0, 1, 2, · · ·
2
−P/2 −P/2
P P P
Z2 Z2 Z2
2 2 2
a0 = f (t)dt, an = f (t) cos(nω0 t)dt, bn = f (t)sen(nω0 t)dt
P P P
− P2 − P2 − P2
isto quer dizer que toda série trigonométrica uniformemente convergente é a série de
Fourier de sua soma.
Na equação (5.21) para o caso de f ser função par temos bn = 0, n = 1, 2, 3, · · · e
para o caso de f ser função ı́mpar temos an = 0, n = 0, 1, 2, 3, · · ·
Para definirmos os coeficientes de Fourier de uma função f em (5.21), as hipóteses
mı́nimas a fazer sobre ela são, periodicidade, integrabilidade e integrabilidade absoluta
no intervalo (− P2 , P2 ). Devemos lembrar que a série (5.21) é únicamente a série que
368 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
corresponde a f (t), ainda não sabemos se esta série converge ou não, somente supusemos
que a função dada podı́amos representar mediante uma série de Fourier.
Logo vemos que, para a Série de Fourier da função f de perı́odo P tenha significado,
em todo caso devem ter significado as integrais que definem a0 , an e bn .
Em nosso raciocı́nio as integrais que definem a0 , an e bn sempre terão significado,
porque falaremos de funções limitadas contı́nuas ou seccionalmente contı́nuas sobre um
perı́odo. Podemos perguntar-nos
Quais são as condições que deve satisfazer a função f para que a série de
Fourier seja convergente para f (t)?
Propriedade 5.11.
Se uma função f de perı́odo P é contı́nua em todo o eixo real, e tem a derivada
seccionalmente contı́nua sobre o perı́odo, então sua série de Fourier converge uni-
formemente para f (t).
Exemplo 5.17.
A função f (t) de perı́odo 2π, se define sobre o segmento [0, π] pela igualdade f (t) = t
e no segmento [π, 2π] pela igualdade f (t) = 2π − t. Esta função satisfaz a Propriedade
(5.11), é função suave . Seu gráfico mostra-se na Figura (5.7)
y
6
π
@
@ @
@
@ @ x
@ @ -
−2π −π 0 π 2π
Figura 5.7:
2π
O perı́odo é 2π, logo ω0 = = 1; seus coeficientes de Fourier são:
2π
π
Z Z2π
2
a0 = tdt + (2π − t)dt = π
2π
0 π
π
Z Z2π
2
an = t cos(nt)dt + (2π − t) cos(nt)dt ⇒
2π
0 π
369 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2 0, se n − par
an = 2 [cos(nπ) − 1] = −4
nπ , se n − ı́mpar
πn2
π
Z Z2π
2
bn = tsen(nt)dt + (2π − t)sen(nt)dt = 0
2π
0 π
−4
Agora bem, a0 = π, bn = 0, a2n = 0, a2n−1 = , n = 1, 2, 3, · · ·
π(2n − 1)2
Portanto, conforme a Propriedade (5.11) segue que
+∞
π 4 X cos[(2n − 1)t]
f (t) = − , t∈R
2 π n=1 (2n − 1)2
Exemplo 5.18.
Seja a função f (t) = sgn(t), definida no intervalo −π < t < π f (t + 2π) = f (t),
+∞
X (−1)k
determine sua série de Fourier e calcular a soma da série de Leibniz .
k=0
2k + 1
Solução.
4
2 cos(ω0 nt) π 2 se n = 2k − 1
bn = − = [1 − cos(nπ)] = π(2k − 1)
π ω0 n 0 π
0 se n = 2k
para k ∈ Z. Observe que ω0 = 1.
+∞
4 X sen(2k − 1)t
Consequentemente, para −π < t < π, temos f (t) = sgn(t) = .
π k=1 2k − 1
+∞
π 4 X (−1)2k−1
De onde para t = obtém-se 1= .
2 π k=1 2k − 1
+∞
X (−1)2k−1 π
Portanto, =
k=1
2k − 1 4
370 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
i) f é seccionalmente contı́nua; e
Exemplo 5.19.
+∞
1 X
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] (5.23)
2 n=1
que satisfaz:
1. A função f (t) seja definida e tem um único valor, exceto possivelmente em um número
finito de pontos em (− P2 , P2 )
Isto quer dizer que uma função f de perı́odo P satisfaz a condição de Dirichlet sobre
o segmento [− P2 , P2 ] se podemos indicar um número finito de pontos − P2 = t0 < t1 < t2 <
371 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
· · · < tk−1 < tk = P2 tais que sobre os intervalos (tj , tj+1 ) a função seja limitada e seja
monótona4 em cada ponto tj da descontinuidade de f .
+∞
1 X 2π
f (t) = a0 + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] onde ω0 =
2 n=1
P
De acordo com este resultado, podemos escrever (5.23) em qualquer ponto de conti-
nuidade de t. Não obstante, se ti é ponto de descontinuidade, então o lado esquerdo da
1
equação substituı́mos por f (ti ) = [f (t− +
i ) + f (ti )].
2
As condições (1.), (2.) e (3.) da Observação (5.5) são suficientes porém não necessá-
rias, isto é se as condições estão garantidas, então a convergência também está garantida.
Exemplo 5.20.
A função f (t) de perı́odo 2π, é definida pela igualdade
(
π − t se 0 < t < 2π
f (t) = , f (t + 2π) = f (t)
0 se x = 0
y
6
π ·.. ·..
@ @ ..@ ..
.. @ .. x
@ @ @
@ @ -
−2π −π
@ 0 @π 2π .. @ 4π ..
@ . @ .
@.. @..
@
@
Figura 5.8:
372 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zπ
2 2
bn = (π − t)sen(nt)dt = n = 1, 2, 3, · · ·
π n
0
+∞
X sen(nt)
Portanto, f (t) = 2 (−∞ < t < ∞).
n=1
n
Exemplo 5.21.
Analisar a convergência da série de Fourier da função f (t) no intervalo [−3, 3]
1, se, − 3 ≤ t < −1
|t|, se, −1≤t≤0
f (t) = (5.24)
t2 , se, 0<t≤2
6 + t, se, 2<t≤3
Propriedade 5.13.
+∞
1 X sen[(n + 12 )t]
Para todo t ∈ R, t 6= 0 temos + cos(kt) =
2 k=1 2sen( 12 t)
373 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.14.
Seja Sn (t) a soma dos 2n + 1 primeiros termos da série (5.23) então,
ZP/2
2 sen[(n + 12 )s]
Sn (t) = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx onde Dn (s) =
P 2sen( 12 s)
−P/2
Demonstração.
1 Pn 2π
Tem-se que Sn (t) = a0 + [ak cos(kω0 t) + bk sen(kω0 t)] onde ω0 = , logo
2 k=1 P
substituindo os respectivos coeficientes ak e bk temos
P
Z2
2
ak cos(nω0 t) + bk sen(kω0 t) = f (x)[cos(kω0 x) cos(kω0 t) + sen(kω0 x)sen(kω0 t)]dx
P
− P2
P
Z2
2
= f (x) cos[kω0 (x − t)]dx
P
− P2
P
n Z2
1 X 2
Logo, Sn (t) = a0 + f (x) cos[kω0 (x − t)]dx, da definição do coeficiente a0 ,
2 k=1
P
− P2
segue da Propriedade (5.14).
P
Z2 n ZP/2
2 1 X 2
Sn (t) = f (x)[ + cos[kω0 (x − t)]dx = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx
P 2 k=1 P
− P2 −P/2
Propriedade 5.15.
Seja f (t) uma função periódica com perı́odo P , absolutamente integrável em um
ZP/2
2
perı́odo. Então f (t) = f (t)Dn (ω0 s)ds.
P
−P/2
Demonstração.
Pela Propriedade (5.14) temos :
374 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ZP/2
1 P/2 2π
Pois cos(kω0 s) = sen(kω0 s) = 0 isto pela definição de ω0 = .
s −P/2 P
−P/2
ZP/2 ∞ ZP/2
2 1 X 2
Como [ + cos(kω0 s)]ds = 1 ⇒ f (t) = f (t)Dn (ω0 s)ds
P 2 k=1 P
−P/2 −P/2
Propriedade 5.16.
Seja f (t) uma função periódica com perı́odo P , integrável absolutamente em um
perı́odo. Então, em todo ponto de continuidade de f temos lim Sn (t) = f (t)
n→∞
Demonstração.
Pelas Propriedades (5.14) e (5.15) temos
ZP/2 ZP/2
2 2
Sn (t) − f (t) = f (x)Dn [ω0 (x − t)]dx − f (t)Dn (ω0 s)ds
P P
−P/2 −P/2
fazendo x − t = s,
−t+P/2
Z ZP/2
2 2
Sn (t) − f (t) = f (t + s)Dn (ω0 s)ds − f (t)Dn (ω0 s)ds
P P
−t−P/2 −P/2
375 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.17.
i) A série de Fourier de uma função par inclui somente a função cosseno (e pos-
sı́velmente uma constante); isto é não contêm termos da forma sen(nω0 t).
ii) A série de Fourier de uma função ı́mpar inclui somente a função seno; isto é
não contêm termos da forma cos(nω0 t).
Exemplo 5.22.
Expressar a série de Fourier da função f (t) = 1 como uma série de potências somente
de senos, no intervalo [0, π].
Solução.
+∞
X
A função é par, pela Propriedade (5.17) descrita, f (t) = bn sen(nt), onde:
n=1
Zπ 0 se n par
2 2
bn = sen(nt)dt = [1 − cos(nπ)] = 4
π m se n ı́mpar
0 nπ
4 sent sen3t sen5t
Portanto, S(t) = + + + ... , 0 < t < π.
π 1 3 5
Exemplo 5.23.
(
0 se, −2<t<0
Desenvolver em série de Fourier, a função periódica f (t) = ,
1 se, 0<t<2
f (t + 4) = f (t). estudando a convergência da mesma.
376 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2π π
O perı́odo desta função é P = 4, ω0 = = . Sua série de Fourier é
4 2
+∞ h
1 X nπt nπt i
f (t) ≈ a0 + an cos( ) + bn sen( )
2 n=1
2 2
Z+∞ Z2 Z2
2 1 1
onde a0 = f (t)dt = f (t)dt = f (t)dt = 1
P 2 2
−∞ −2 0
Z+∞ Z2
2 nπt 1 nπt
an = f (t) cos( )dt = cos( )dt = 0
P 2 2 2
−∞ 0
Z+∞ Z2
2 nπt 1 nπt
bn = f (t)sen( )dt = sen( )dt =
P 2 2 2
−∞ 0
1 nπt
2 0 se, n − par
bn = − cos( ) = 2
nπ 2 0 se, n − ı́mpar
nπ
+∞
1 2X 1 (2n − 1)π
deste modo a série pedida é + sen( ). Quanto à convergência,
2 π n=1 (2n − 1) 2
sabemos que nos pontos de descontinuidade t = 0, ±2, ±4, ±6, · · · a série converge ao
valor médio da função
f (t+ ) + f (t− ) 1+0 1
= =
2 2 2
Como nestes pontos f (t) não está definida, redefinindo a função na forma:
0 se, − 2 < t < 0
f (t) = 1 se, 0 < t < 2
1
se, t = −2, 0, 2, · · ·
2
teremos convergência em todo ponto t ∈ R. Assim
+∞
1 2X 1 (2n − 1)πt
f (t) = + sen
2 π n=1 (2n − 1) 2
Observação 5.7.
É bom observar que neste caso o desenvolvimento em séries de Fourier ficou em termos
de senos não obstante a função não seja ı́mpar. A Propriedade (5.17) enunciada no
tratamento de funções ı́mpares somente é aplicado no sentido enunciado, e qualquer outro
caso não podemos afirmar nada, isto e existem funções de desenvolvimento em termos so
377 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.18.
Se f é seccionalmente suave no intervalo 0 ≤ t ≤ P . Então nesse intervalo pode-se
desenvolver f (t) em uma série de:
+∞
a0 X
i) Cossenos somente: + an cos(nω0 t). Ou bem numa série de senos única-
2 n=1
+∞
X
mente: bn sen(nω0 t).
n=1
ZP
2 nπt
an = f (t) cos dt, n = 0, 1, 2, 3 · · · (5.25)
P P
0
ZP
2 nπt
bn = f (t)sen dt, n = 0, 1, 2, 3 · · · (5.26)
P P
0
Exemplo 5.24.
Desenvolver em série de Fourier a função 2π-periódica f (t) = t2 , −π < t < π.
+∞
X 1
Utilizar o resultado para calcular a soma .
n=1
n2
Solução.
378 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
. 2 P (−1)n
+∞
Assim temos que f (t) = t2 = π 2 + 4 cos(nt).
3 n=1 n2
A série pedida podemos obtê-la fazendo t = π
+∞
2 X (−1)n 2 1 1 1
π2 = π2 + 4 2
cos(nπ) ⇒ π2 = π2 + 4 2 + 2 + 2 + · · ·
3 n=1
n 3 1 2 3
+∞
X 1 1 2 π2 π2
Portanto, = (π − ) = .
n=1
n2 4 3 6
Seja F uma extensão de f a todo o R tal que F é periódica de perı́odo P , isto é, a
função F coincide com a função f no intervalo (− P2 , P2 ) e o seu gráfico é repetido cada
−→
P unidades ao longo do eixo 0X. A função F é dita uma extensão periódica de f , com
perı́odo P . Assim, dizer que a série de Fourier converge para f (t) no intervalo − P2 < t < P2
significa também que a série de Fourier converge para uma extensão periódica de f , com
perı́odo P . Do Propriedade (5.19) obtemos de imediato que a série de Fourier de f (t) no
intervalo [− P2 , P
2
] converge, nos pontos − P2 e P
2
, para o mesmo valor.
Com efeito, fazendo t = − P2
ou t = P
2
, em (5.23), obtém-se o mesmo resultado
1 +∞
f (− P2 ) = f ( P2 ) = a0 +
P
[an cos(nπ)].
2 n=1
Quando começarmos nosso estudo sobre série de Fourier, observamos que a série é em-
pregada apenas para funções periódicas. Caso a função não seja periódica o que devemos
fazer? Por exemplo queremos calcular a série de fourier da função f (t) = t definida no
intervalo 0 < t < 1 Figura (5.9). Observe que esta função não é periódica, agora veja o
gráfico da função
t
se 0 < t < 1
F (t) = 0 se t = ±1 , F (t + 2) = F (t)
t se − 1 < t < 0
379 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.19.
Se f é definida num intervalo I do tipo [a, b) ou (a, b], então podemos estender f
para todo R de forma periódica de perı́odo P = b − a, fazendo f (t + kP ) = f (t)
para todo t ∈ I e k ∈ Z.
Observação 5.8.
Quando f (t) presenta um intervalo de continuidade (a, b), podemos transformar tal
x−a t
intervalo em (0, 2π) mediante a mudança de variável = .
b−a 2π
2x − b − a t
Da mesma forma a mudança de variável: = faz corresponder o inter-
b−a π
valo (a, b) ao intervalo (−π, π)
Exemplo 5.25.
π π
A função f (t) = sen(t), − ≤ t ≤ pode ser extendida de forma periódica de
2 2
perı́odo P = π para todo t ∈ R e seu gráfico é:
Exemplo 5.26.
π
Determine a série de Fourier da função f (t) = t + π no intervalo − ≤ t ≤ 0.
2
Solução.
π π π
Fazemos a mudança do intervalo − ≤ t ≤ 0 para o intervalo − ≤ x ≤ mediante
2 2 2
π π π
a transformação linear t = mx + n. Quando t = − ⇒ − = m(− ) + n, quando
2 2 2
π 1 π 1 π
t = 0 ⇒ 0 = m( )+n, de onde resolvendo m = , n = − . Logo t = x− ⇒ .
2 2 4 2 4
380 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
h1 πi 2 3π π π
Assim tem-se que f (t) = x− +π = x+ está definida no intervalo [− , ].
2 4 4 4 2 2
2π
Aqui P = π e ω0 = = 2.
π
π π
Z2 h Z2 h
2 2 3π i π 2 2 3π i
a0 = x+ dx = , an = x+ cos(nx)dx = 0
π 4 4 2 π 4 4
− π2 − π2
π
Z2 h
2 2 3π i
bn = x+ sen(2nx)dx =
π 4 4
− π2
π
2
Z2 h
2 3π i −1
se n − par
bn = x+ sen(2nx)dx = 2n
π 4 4 1
− π2
se n − ı́mpar
2n
+∞
2 3π π 1 X (−1)n+1 sen(2nx)
assim tem-se x+ = + , x ∈ [−π, π].
4 4 4 2 n=1 n
π
Retornando à variável t segue que x = 2t + ,
2
n+1 π
π 1 X (−1) sen(2n(2t + ))
+∞
2 π 3π 2 , π
(2t + ) + = + x ∈ [− , 0]
4 2 4 4 2 n=1 n 2
+∞
π 1 X (−1)n sen(4nt)
Portanto, na variável original t + π = + .
4 2 n=1 n
As extensões pela sua importância e utilidade podem ser estudadas de duas maneiras:
381 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observe que a função fi é função ı́mpar e periódica, como se mostra Figura (6.4).
Se f (t) é seccionalmente suave em 0 ≤ t ≤ P , então fi (t) também é seccionalmente
suave e podemos aplicar o teorema de convergência de séries de Fourier. A série de Fourier
+∞
X
de fi (t) é: f (t) = bn sen(nω0 t), −P ≤ t ≤ P .
n=1
Figura 5.12: Função f (t) Figura 5.13: fi (t) extensão ı́mpar de f (t)
Como estamos interessados somente o que ocorre entre 0 ≤ t ≤ P , nessa região f (t) é
idêntica a fi (t) e a série de Fourier é:
+∞
X
f (t) = bn sen(nω0 t), −P ≤ t ≤ P
n=1
ZP
2
com coeficiente bn = f (t)sen(nω0 t)dt.
P
0
Observe que esta função fp é função par e periódica, como se mostra Figura (6.6).
Se f (t) é seccionalmente contı́nua em 0 ≤ t ≤ P , então sua extensão par fp (t) também é
seccionalmente contı́nua e podemos aplicar o teorema de convergência de séries de Fourier.
A série de Fourier de fp (t) é:
+∞
X
f (t) = a0 + an sen(nω0 t), −P ≤ t ≤ P
n=1
382 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Figura 5.14: Função f (t) Figura 5.15: fp (t) extensão par de f (t)
+∞
X
f (t) = a0 + an cos(nω0 t), −P ≤ t ≤ P
n=1
ZP ZP
1 2
com coeficiente a0 = f (t)dt e an = f (t) cos(nω0 t)dt.
P P
0 0
Exemplo 5.27.
Determine a extensão par e ı́mpar da função f (t) = 1 − t, 0 < t ≤ 1.
Solução.
Figura 5.16: Extensão ı́mpar de f (t) Figura 5.17: Extensão par de f (t)
383 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.28.
Determine a expansão senoidal de meio alcance da função f (t) = 1, 0 < t < π.
Solução.
2π
Observe que P = 2π, logo ω0 = = 1, a0 = 0 e an = 0.
2π
Zπ
2 2 π 2
bn = 1 · sen(nt)dt = − cos(nt) = − [(−1)n − 1]
2π nπ 0 nπ
−π
+∞
2 X [1 − (−1)n ]
A série de Fourier em termos do seno é: f (t) = sen(nπ).
π n=1 n
+∞
4 X sen[(2k − 1)π]
Portanto, f (t) = .
π k=1 2k − 1
Zπ Zπ
2 2
a0 = 1 · dt = 2, an = cos(nt)dt = 0
2π 2π
−π −π
384 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 5-2
0 se −π <t<0
π
π
1. Determinar os coeficientes de Fourier, da função f (t) = se 0 < t ≤
2 π 2
0 se <t<π
. 2
5. Determine
( a série trigonométrica de Fourier para a função periódica definida por:
t2 se 0 < x < 2
f (t) = .
f (t + 2)
+∞
P (−1)n
3. Calcular a soma da série .
n=1 (2n − 1)
π t
11. Desenvolver a função f (t) = − em série de senos no intervalo (0, π).
4 2
π t
12. Desenvolver a função f (t) = − em série de cossenos no intervalo (0, π).
4 2
13. Seja a função f (t) = t.
386 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Isto é, se em seu gráfico as partes negativas são um reflexo das partes positivas deslo-
cads meio perı́odo como indica a Figura (5.18).
As série de Fourier de comprimento médio são aquelas nas quais se apresentam termos
de seno e cosseno, respectivamente. Quando se deseja ter uma série de senos ou cossenos, a
função a que corresponde está pelo geral definida no intervalo (0, P2 ) (metade do intervalo
(− P2 , P2 ) pelo qual recebe o nome de série de médio intervalo) e, sendo além disso par ou
ı́mpar, fica claramente definida na outra metade do intervalo (− P2 , 0). Neste caso temos:
ZP/2
1
an = 0, bn = f (t)sen(nω0 t)dx para uma série só de senos (5.27)
P
0
ZP/2
1
bn = 0, an = f (t) cos(nω0 t)dx para uma série só de cossenos (5.28)
P
0
387 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.29.
Desenvolver a função f (t) = t, 0 < t < 2 em série do seno.
Solução.
Podemos prolongar a função dada à função ı́mpar de perı́odo 4 como se indica na Figura
P 2π
(5.19), esta é a chamada extensão ı́mpar de f (t), então P = 4 de onde = 2, ω0 = .
2 4
Assim, como an = 0 e:
ZP/2 Z2
4 1 −4
bn = f (t)sen(nω0 t)dt = tsen(nω0 t)dt = cos(nπ)
P 2 nπ
0 0
-
−6 −4 −2 0 2 4 6 8
388 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 5.30.
Seja a função f (t) = t no interior de 0 ≤ t ≤ P , obter a série de Fourier de meia
onda considerando uma extensão ı́mpar.
sol
(
t se 0 ≤ t ≤ P
A descontinuidade da função fi (t) = extensão ı́mpar
−(−t) se − P ≤ t ≤ 0
periódica mostra que a série de Fourier de senos de f (t) = t converge a zero em t = P
embora f (P ) 6= 0 e converge a f (t) em 0 ≤ t < P , Além
ZP ZP
2 2 2P
bn = f (t)sen(nω0 t)dt = tsen(nω0 t)dt = (−1)n+1
P P nπ
0 0
+∞
2P X (−1)n+1
Por tanto, a série resultante é: f (t) = t = sen(nω0 t), t ∈ [−P, P ].
π n=1 n
Exemplo 5.31.
Seja a função f (t) = t no interior de 0 ≤ t ≤ P , obter o desenvolvimento de meia
onda considerando uma extensão par.
Pelas caracterı́sticas da extensão, no que corresponde à continuidade da função tem-se:
ZP ZP
1 1 1 2 P P
a0 = f (t)dt = tdt = t =
P P 2P 0 2
0 0
ZP ZP 0 se n − par
2 2
an = f (t) cos(nω0 t)dt = t cos(nω0 t)dt =
P P − 4P se n − ı́mpar
0 0 n2 π 2
Por tanto, a série Fourier cosseno de f (t) = t no interior de 0 ≤ t ≤ P é:
+∞
P 4P X 1
f (t) = t = − 2 cos((2n − 1)ω0 t), −P ≤ t ≤ P
2 π n=1 (2n − 1)2
389 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zb Zb
lim f (t) cos(nt)dt = lim f (t)sen(nt)dt = 0
n→+∞ n→+∞
a a
Consequência deste teorema é que os coeficientes (5.19) e (5.20) de uma função abso-
lutamente integrável no intervalo [ P2 , P2 ] tendem a zero quando n → +∞.
Exemplo 5.32.
(
1 se − π ≤ t ≤ 0
Verifique o Teorema (5.2) para a função f (t) =
−1 se 0 ≤ t ≤ π
Solução.
Zπ Z0 Zπ
a) lim f (t) cos(nt)dt = lim cos(nt)dt − lim cos(nt)dt = ⇒
n→+∞ n→+∞ n→+∞
−π −π 0
Zb π
1 0
lim f (t) cos(nt)dt = lim sen(nt) − sen(nt) = 0
n→+∞ n→+∞ n −π 0
a
390 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Zπ Z0 Zπ
b) lim f (t)sen(nt)dt = lim sen(nt)dt − lim sen(nt)dt = ⇒
n→+∞ n→+∞ n→+∞
−π −π 0
Zπ π
1 0 4
lim f (t)sen(nt)dt = lim − cos(nt) + cos(nt) = − lim =0
n→+∞ n→+∞ n −π 0 n→+∞ n
−π
Zπ Zb
Portanto, lim f (t) cos(nt)dt = lim f (t)sen(nt)dt = 0.
n→+∞ n→+∞
−π a
Há uma conexão entre os coeficientes complexos da série de Fourier de uma função f
e os correspondentes coeficientes da série de Fourier da derivada de f .
As séries infinitas, ainda as convergentes nem sempre podem ser derivadas termo a
termo. Um caso ilustrativo, é o da função f (t) = t definida para t ∈ [−π, π] cuja
+∞
X 2(−1)n+1
série de Fourier é sen(nt) que converge em −π < t < π, isto é t =
n=1
n
+∞ n+1
X 2(−1)
sen(nt), −π < t < π.
n=1
n
+∞
X
Calculando a derivada desta série termo a termo obtém-se: 2(−1)n+1 cos(nt), a
n=1
qual é uma série divergente em −π < t < π, já que se an = 2(−1)n+1 cos(nx) para
cada x ∈ [−π, π]; lim an não existe, como não ocorre que an → 0, concluı́mos que
n→+∞
+∞
X
2(−1)n+1 cos(nt) no converge para cada t ∈ [−π, π].
n=1
Por outro lado, f (x) = 1 para todo x ∈ [−π, π]. Isto mostra neste caso que a derivada
termo a termo da série, não converge à derivada da função que a representa. A dificuldade
se apresenta cada vez que a série de Fourier de f (x) tenha uma descontinuidade de salto,
a derivação termo a termo não está justificada nestes casos. Não obstante, podemos
considerar a seguinte proposição que adiciona condições para permitir a derivação termo
a termo.
Propriedade 5.20.
Seja f uma função contı́nua em [− P2 , P2 ] com f (− P2 ) = f ( P2 ), se f 0 é seccionalmente
suave em [− P2 , P2 ] onde f 00 (t) existe, então:
391 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞ 2nπt
0
X 2nπ 2nπt
f (t) = −an sen + bn cos
n=1
P P P
Exemplo 5.33.
Considere a função f (t) = t2 em −π < t < π, verificar que sua derivada existe.
É imediato que f satisfaz as hipóteses da Propriedade (5.20), a série de Fourier da
função f em [−π, π] é
+∞
π2 X (−1)n
f (t) = +4 2
cos(nt)
3 n=1
n
+∞
0
X (−1)n+1
f (t) = 2t = 4 sen(nt)
n=1
n
Propriedade 5.21.
+∞
X
Sejam {un (t)}n∈N funções contı́nuas em [a, b], se un (t) convergir uniformemente
n=1
para a soma S(t) em [a, b] então
Zb +∞ h Z
X
b
i Zb h X
+∞ i +∞ h Zb
X i
S(t)dt = un (t)dt ou un (t) dt = un (t)dt
a n=1 a a n=1 n=1 a
Propriedade 5.22.
Sejam {un (t)}n∈N funções contı́nuas com derivadas contı́nuas em em [a, b], se
+∞
X +∞
X
un (t) convergir para a S(t) enquanto un (t) é uniformemente convergente
n=1 n=1
em [a, b] então
+∞ +∞ +∞
0
X d hX i X d
S (t) = u0n (t) ou un (t) = un (t)
n=1
dt n=1 n=1
dt
392 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 5.9.
As Propriedades (5.21) e (5.22) oferecem condições suficientes, porém não necessárias.
Propriedade 5.23.
+∞
X
Se f é uma função diferenciável de perı́odo 2P e f (t) = Cn e(inπt)/P .
n=−∞
+∞
X inπ (inπt)/P
Então f 0 (t) = Cn e .
n=−∞
P
Propriedade 5.24.
Seja f uma função seccionalmente suave em [−P, P ] com série de Fourier
+∞
X nπt nπt
f (t) = a0 + an cos + bn sen
n=1
P P
Zt +∞ nπt
P X1 nπt
f (x)dx = a0 (t + P ) + an sen + bn cos
π n=1 n P P
−P
Propriedade 5.25.
Sejam a, t ∈ R, pode-se integrar a série de Fourier que corresponde a f (t) termo a
Zt
termo desde a até t, e a série resultante convergirá uniformemente para f (s)ds,
a
desde que f (t) seja contı́nua por intervalos em (− P2 , P2 ) e tanto a quanto t perten-
çam a este intervalo.
Exemplo 5.34.
393 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Seja f (t) = t no intervalo −2 < t < 2, obtenha uma série de Fourier para f (t) = t2
P (−1)n+1
4 +∞ nπt
no intervalo 0 < t < 2 integrando a série de Fourier f (t) = t = sen[ ].
π n=1 n 2
P (−1)n+1
4 +∞ nπt
Tem-se f (t) = t = sen[ ] ⇒
π n=1 n 2
4 πt 1 2πt 1 3πt 1 4πt
f (t) = t = sen[ ] − sen[ ] + sen[ ] − sen[ ] + ···
π 2 2 2 3 2 4 2
Z0 Z0 Z0
4 πt 1 2πt 1 3πt 1 4πt
f (t)dt = tdt = sen[ ] − sen[ ] + sen[ ] − sen[ ] + · · · dt + C
π 2 2 2 3 2 4 2
t t t
1 2 4 2 πt 2 2πt 2 3πt 2 4πt
t = − cos[ ] + 2 cos[ ] − 2 cos[ ] + 2 cos[ ] + ··· + C
2 π π 2 2π 2 3π 2 4π 2
2 16 1 πt 1 2πt 1 3πt 1 4πt
t = 2 − cos[ ] + 2 cos[ ] − 2 cos[ ] + 2 cos[ ] + ··· + C
π 1 2 2 2 3 2 4 2
logo
2 16 1 πt 1 2πt 1 3πt 1 4πt
t = C − 2 2 cos[ ] − 2 cos[ ] + 2 cos[ ] − 2 cos[ ] + ··· + C
π 1 2 2 2 3 2 4 2
Z2 Z2
1 1 1 1 8 4
C = a0 = f (t)dt = t2 dt = · =
2 P 2 2 3 3
0 0
+∞
4 16 X (−1)n+1 nπt
Portanto, f (t) = t2 = − 2 cos[ ].
3 π n=1 n 2
394 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 5-3
395 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
9. Determine a série de Fourier para cada uma das funções periódicas nos intervalos
indicadas;.
10. Achar a série de Fourier da função f (t) = cos2 t no intervalo [−π, π].
11. Achar a série de Fourier da função f (t) = | cos t| no intervalo (0, 2π).
396 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 5.26.
Sejam an e bn os coeficientes respectivos de uma série de Fourier correspondentes
à função f (t), se f (t) satisfaz as condições de Dirichlet, então:
ZP +∞
1 2 a20 X 2
[f (t)] dt = + (an + b2n ) (5.29)
P 2 n=1
−P
Demonstração.
ZP ZP
1
a0 = f (t)dt ⇒ f (t)dt = a0 P
P
−P −P
ZP ZP
1
an = f (t) cos(nω0 t)dt ⇒ f (t) cos(nω0 t)dt = an P
P
−P −P
ZP ZP
1
bn = f (t)sen(nω0 t)dt ⇒ f (t)sen(nω0 t)dt = bn P
P
−P −P
+∞
a0 X
Desta forma, multiplicando a série f (t) = + [an cos(nω0 t) + bn sen(nω0 t)] por
2 n=1
f (t) obtemos
+∞
2 a0 X
[f (t)] = + [an f (t) cos(nω0 t) + bn f (t)sen(nω0 t)]
2 n=1
5
Marc-Antoine Parseval des Chênes (Rosières-aux-Salines, (1755¯1836) foi um matemático francês,
mais conhecido pelo teorema de Parseval, que previu a unicidade da transformada de Fourier. Foi nomeado
para a Academia Francesa de ciências cinco vezes,mas nunca foi eleito.
6
É um espaço vetorial dotado de produto interno, ou seja, com noções de distância e ângulos.
397 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ZP ZP +∞ ZP ZP
a0 X
[f (t)]2 dt = f (t)dt + an f (t) cos(nω0 t)dt + bn f (t)sen(nω0 t)dt
2 n=1
−P −P −P −P
ZP +∞
2 a0 X
isto é [f (t)] dt = · a0 P + [an · ·an P + bn · bn P ].
2 n=1
−P
ZP +∞
1 a2 X 2
Portanto, [f (t)] dt = 0 +
2
(an + b2n ).
P 2 n=1
−P
Exemplo 5.35.
1. Encontrar a série de Fourier da função f (t) = t2 no intervalo −π ≤ t ≤ π.
2. Utilizar a identidade de Parseval7 para mostrar que
1 1 1 π4
+ + + . . . =
14 24 34 90
Solução.
2π
1. Observe que o perı́odo P = 2π a frequência ω0 = = 1.
2π
Zπ Zπ
2 1 2 2
a0 = f (t)dt = t2 dt = [π]3 = π 2
2π 2 3π 3
−π −π
Zπ Zπ Zπ
2 1 2 2
an = f (t) cos(nω0 t)dt = t cos(nt)dt = t2 cos(nt)dt ⇒
2π π π
−π −π 0
4 4
Calculando a integral por partes an = 2
cos(nπ) = 2 (−1)n .
n n
Cálculo dos bn . Sabemos que
Zπ Zπ
2 1
bn = f (t)sen(nt)dt = t2 sen(nt)dt = 0
2π π
−π −π
logo bn = 0.
+∞
1 2 X
2 (−1)2 cos(nt)
Portanto, f (t) = t = π + 4 .
3 n=1
n2
7
Marc-Antoine Parseval des Chênes (1755 − 1836): matemático francês.
398 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ZP +∞
1 a2 X 2
2. A identidade de Parseval diz: [f (t)] dt = 0 +
2
(an + b2n ).
P 2 n=1
−P
Zπ +∞ +∞
1 4 2π 4 X 16 π4 π4 X 1
Logo t dt = + ⇒ = +8 .
π 9 n=1
n4 5 9 n=1
n4
−π
π4 1 1 1
Portanto, = 4 + 4 + 4 + . . ..
90 1 2 3
A forma complexa da série de Fourier de uma função periódica real f pode ser obtida
como uma combinação linear de funções exponenciais complexas.
Usando as identidades de Euler
1 1
cos(nω0 t) = (einω0 t + e−inω0 t ) sen(nω0 t) = − i(einω0 t − e−inω0 t )
2 2
+∞
1 X 1 1
f (t) = a0 + [ an (einω0 t + e−inω0 t ) − ibn (einω0 t − e−inω0 t )]
2 n=1
2 2
+∞
1 X 1 1
f (t) = a0 + [ (an − ibn )einω0 t + (an + ibn )e−inω0 t ] (5.30)
2 n=1
2 2
1 1 1
Considerando C0 = a0 , Cn = (an − ibn ), C−n = (an + ibn ) tem-se que
2 2 2
an = Cn + C−n e bn = i(Cn − C−n ) além disso, a equação (5.30) resulta
+∞
X +∞
X
inω0 t
f (t) = C0 + Cn e + C−n ei(−n)ω0 t
n=1 n=1
+∞ −∞
C−n ei(−n)ω0 t = Cm eimω0 t
P P
No último somatório considere-se −n = m, então
n=1 m=−1
399 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X −1
X +∞
X
f (t) = C0 + Cn einω0 t + Cn einω0 t = Cn einω0 t
n=1 n=−∞ n=−∞
+∞
X
f (t) = Cn einω0 t (5.31)
n=−∞
Temos que
P P
Z2 Z2
1 1 2 1
Cn = (an − ibn ) = f (t)[cos(nω0 t) − isen(nω0 t)]dt = f (t)e−inω0 t dt
2 2 P P
− P2 − P2
de onde
P
Z2
1
Cn = f (t)e−inω0 t dt, ∀n∈Z (5.32)
P
− P2
1
[f (t− +
i ) + f (ti )]
2
Esta forma complexa da série de Fourier coincide com a sua forma real. Cada uma das
formas pode ser usada para tirar vantagem das propriedades matemáticas envolvidas com
o contexto fı́sico. No estudo de Sinais Digitais, Comunicação de Dados ou Computação
Gráfica, é útil trabalhar com a série complexa.
Exemplo 5.36.
Determinar a série exponencial de Fourier para a forma da onda do Exemplo (5.13).
Solução.
10
t onde t ∈ [0, 2π].
A função periódica é f (t) =
2π
2π
Tem-se que o perı́odo P = 2π, ω0 = = 1 e:
P
400 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z2π −int
1 10 −inω0 t 10 e 2π 10i
Cn = ω0 te d(t) = 2 2
[−(in)t − 1] =
2π 2π (2π) (in) 0 2πn
0
10
Logo a série exponencial de Fourier da função f (t) = t fica na forma
2π
+∞
X 10i inω0 t 10 10 10 10
S(t) = e = · · · − i e−2iωt − i e−iωt + 5 + i eiωt + i e2iωt + · · ·
n=−∞
2πn 4π 2π 2π 4π
10i 10i
an = Cn + C−n = + =0
2nπ −2nπ
10i 10i 10
e o coeficiente do termo em seno é bn = i(Cn + C−n ) = i − =− .
2πn −2nπ πn
Exemplo 5.37.
Seja f (t) = t, para t ∈ (−1, 1) e f (t + 2) = f (t). Os coeficientes complexos {Cn }n∈Z
Z1
1
da série de Fourier de f (t) são dados por C0 = 0 e Cn = te−inπt dt.
2
−1
Com alguns cálculos integrando por partes obtemos:
(−1)n+1
Como einπ = e−inπ = (−1)n , simplificamos Cn para Cn = logo, a forma
inπ
complexa da série de Fourier de f = f(t) será:
+∞
X (−1)n+1
S(t) = [einπt − e−inπt ]
n=1
inπ
+∞
X (−1)n+1
que pode ser escrita na forma S(t) = 2 sen(nπt).
n=1
nπ
401 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
1 X
f (t) = a0 + Cn cos(nω0 t − θn ) (5.33)
2 n=1
e
+∞
1 X
f (t) = a0 + Cn sen(nω0 t + φn ) (5.34)
2 n=1
p bn an
onde Cn = a2n + b2n é a amplitude do harmônico θn = arctan e φn = arctan são
an bn
ângulos da fase do harmônico.
Com efeito, seja o triângulo retângulo ABD, reto em D onde an e bn são os catetos
opostos aos ângulos A e B respectivamente, e denotamos A b = φn , então
bn an
cos φn = p e senφn = p
a2n
+ b2n an + b2n
2
p
Considerando a hipotenusa Cn = a2n + b2n logo, podemos escrever:
= Cn sen(φn + nω0 t)
1 an
Considerando C0 = a0 e φn = arctan , obtivemos (5.33).
2 bn
1 bn
De modo análogo considerando C0 = a0 e θn = arctan se obtém (5.34) .
2 an
2π
A primeira harmônica ω0 = 2πτ0 = geralmente se conhece com o nome de frequên-
P
cia angular fundamental isto pelo fato que tem o mesmo perı́odo da função.
402 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
A ideia do desenvolvimento de uma série de Fourier para uma variável t pode ser
estendida ao caso de funções de duas variáveis t e s, isto é f (t, s). Por exemplo podemos
desenvolver f (t, s) em uma série dupla de seno de Fourier
+∞ X
X +∞
f (t, s) = Bmn sen(mω0 t)sen(nω0 s) (5.35)
m=1 n=1
P
Z1 /2 PZ2 /2
4
de onde Bmn = f (t, s)sen(mω0 t)sen(nω0 s)dtds.
P1 P2
0 0
Podem se obter resultados semelhantes para séries de cosseno ou para séries formadas
por senos e cossenos.
Podemos generalizar estas ideias para séries triplas de Fourier, etc.
5.9 Aplicações
Exemplo 5.38.
Seja f uma função periódica de perı́odo 2π. Estudar as soluções periódicas da EDO
linear de segunda ordem:
y 00 + ay 0 + by = f (t) (5.36)
Solução.
+∞
X
Consideraremos a série de Fourier de f , dada por f (t) = fn eint e a série de Fourier
−∞
+∞
X
da função incógnita y = y(t), dada por y(t) = yn eint onde yn são os coeficientes
−∞
complexos de Fourier de y = y(t).
Ao substituir estas representações na EDO dada (5.36), obteremos dois somatórios
cujos coeficientes de Fourier coincidem para todo n ∈ Z
inπ 2 inπ
( ) +a + b y n = fn
L L
fn
de onde segue que para todo n ∈ Z yn = .
inπ 2 inπ
( ) +a +b
L L
Assim, se conhecermos os coeficientes fn , nos teremos a solução da equação diferencial
dada por:
403 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X fn int
y(t) = e
inπ inπ
−∞ ( )2 + a +b
L L
Exemplo 5.39.
Determine a solução da equação y 00 + 9y = f (t) onde f (t) = |t|, −π ≤ t ≤
π, f (t + 2π) = f (t).
Solução.
+∞
π 4 X cos[(2n − 1)t]
f (t) = −
2 π n=1 (2n − 1)2
+∞
π 4 X cos[(2n − 1)t]
yp00 + 9yp = −
2 π n=1 (2n − 1)2
isto é
π 4 4 4
yp00 + 9yp = − cos(t) − cos(3t) − cos(5t) (5.37)
2 π 9π 25π
Pelo método dos coeficientes indeterminados temos que achar a solução para yp onde
a0
yp = + a1 cos(t) + b1 sen(t) + a2 cos(3t) + b2 sen(3t) + · · ·
2
ou
+∞
a0 X
yp (t) = + [an cos[(2n − 1)t] + bn sen[(2n − 1)t]]
2 n=1
de onde
+∞
X
yp00 (t) =− (2n − 1)2 [an cos[(2n − 1)t] + bn sen[(2n − 1)t]]
n=1
em (5.37)
+∞
X 9a0
− (2n − 1)2 [an cos[(2n − 1)t] + bn sen[(2n − 1)t]] +
n=1
2
+∞ +∞
X π 4 X cos[(2n − 1)t]
+9 [an cos[(2n − 1)t] + bn sen[(2n − 1)t]] = −
n=1
2 π n=1 (2n − 1)2
logo
+∞
9a0 π X 2 4
− + [9 − (2n − 1) ]an + cos[(2n − 1)t]
2 2 n=1 π(2n − 1)2
404 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
+9 [9 − (2n − 1)2 ]bn sen[(2n − 1)t] = 0
n=1
π 4
Assim, a0 = , an = − , bn = 0, ∀n ∈ N, n 6= 2
9 π(2n − 1) [9 − (2n − 1)2 ]
2
2
Se n = 2 mostre que a2 cos(3t) = − t · sen(3t).
27
+∞
2 4X cos[(2n − 1)t]
Portanto, y(t) = C1 cos(3t)+C2 sen(3t)− t·sen(3t)−
27 π n=1 (2n − 1)2 [9 − (2n − 1)2 ]
n6=2
é solução da equação diferencial.
Exemplo 5.40.
Uma placa quadrada de lados de comprimento a unidade tem suas faces isoladas e três
do seus lados se mantém a uma temperatura de 0o C, entanto o quarto lado está a uma
temperatura constante de f1 .
Determinar a temperatura em condições estáveis para qualquer ponto da placa.
Solução.
Para resolver este problema de valor limite consideremos a solução geral de (5.39) na
forma u = g(x)h(y) de onde obtemos
405 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
X
u(x, y) = Bn sen(nπx)senh(nπy) (5.39)
n=1
+∞
X
Então de u(x, 1) = u1 devemos obter u1 = (Bn senh(nπ)sen(nπx). Então usando
n=1
a teoria de séries de Fourier
Z1
2u1 (1 − cos(nπ))
Bn senh(nπ) = 2 u1 sen(nπx)dx =
nπ
0
do qual
2u1 [1 − cos(mπ)]
Bn = (5.40)
mπsenh(mπ)
De (5.39) e (5.40) segue u(x, y).
+∞
2u1 X 2u1 [1 − cos(nπ)]
Portanto, u(x, y) = sen(nπx)senh(nπy).
π n=1 nπsenh(nπ)
Através da série de Fourier podemos obter somas de séries numéricas reais onde é
difı́cil (ou até impossı́vel) estabelecer a regra para definir a n-ésima soma parcial.
406 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 5-4
(
−π se − π < x < 0
1. Seja a função f (t) = .
t se 0 < x < π
2. Suponha que f é periódica de perı́odo 2P , derivável e tal que sua derivada f 0 seja
integrável e absolutamente integrável. Use integração por partes para mostrar que
nπ nπ
a0n = bn e b0n = − an onde a0n e b0n são os coeficientes de Fourier da derivada
P P
de f .
3. Utilize a série de Fourier de f (t) = et , t ∈ [−π, π] tal que f (t) = f (t + 2π) para
+∞
X (−1)n
achar o valor da série: 2+1
.
n=1
n
4. Utilize a série de Fourier de f (t) = t2 , t ∈ [−π, π] tal que f (t) = f (t + 2π) para
achar o valor da série:
+∞ +∞ +∞
X 1 π2 X (−1)n+1 π2 X 1 π2
1. = 2. = 3. =
n=1
n2 6 n=1
n2 12 n=1
(2n − 1)2 48
5. Seja f (t) = cos(αt), −π < t < π, onde α é uma constante não inteira. Verificar
que, a partir de sua série de Fourier podemos obter
π 1 1 1 1
= 2α 2
− 2 + 2 2
− 2 + ···
senαπ 2α α −1 α −2 α − 32
π
6. Seja f (t) = cos at, onde a não é número inteiro.
2asen(aπ)
1 1 1
+ + + ...
12 − a2 22 − a2 32 − a2
407 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
ZP +∞
1 a2 X 2
f (t)dt = 0 +
2
(an + b2n )
P 2 n=1
−P
8. (
Determine a identidade de Parseval correspondente à série de Fourier de f (x) =
−x se − 2 < x < 0
, onde f (x + 4) = f (x).
x se 0 < x < 2
11. Usando o desenvolvimento em série de Fourier para a função de perı́odo 2 dada por
f (t) = |t| onde −1 ≤ t ≤ 1 e f (t + 2) = f (t) para todo t ∈ R, justificar a igualdade
+∞
X 1 π2
2
= .
n=1
(2n − 1) 8
+∞
X nπt
f (t) = bn sen( ), 0≤t≤P
P
n=1
ZP +∞
2 2
X
1. Mostre que [f (t)] dt = b2n .
P
0 n=1
408 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
π2 1 1 1 X 1
= 1 + 2 + 2 + 2 + ··· =
6 2 3 4 n=1
n2
3. Provar que, para a0 (x) verifica a equação diferencial xa000 + a00 + xa0 = 0
16. Mostre que, se an e bn são os coeficientes de Fourier para f (t), então lim an = 0
n→+∞
e lim bn = 0.
n→+∞
3 1
sen3 t = senx − sen(3t)
4 4
+∞
π2 X 1
Mostre que = .
8 n=1
(2n − 1)2
19. Seja f uma função seccionalmente suave em [−P, P ] com série de Fourier
+∞ nπt
1 X nπt
f (t) = a0 + an cos + bn sen
2 n=1
P P
Zt +∞ i
1 P X1 nπt h nπt
f (x)dx = a0 (t + P ) + an sen − bn cos − cos(nπ)
2 π n=1 n P P
−P
409 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
+∞
1 X
suave em [0, 2π] com série de Fourier a0 + an cos(nt) + bn sen(nt) então,
2 n=1
Zb +∞
1 X an [sen(nb) − sen(na)] − bn [cos(nb) − cos(na)
f (t)dt = a0 (b − a) +
2 n=1
n
a
21. Para cada função periódica a seguir esboce seu gráfico em um intervalo de três
perı́odos e encontre sua representação em Série de Fourier Complexa.
(
0 se − 1 ≤ t < 0
1. f (t) = , f (t + 2) = f (t)
1 se 0 ≤ t < 1
(
0 se − π ≤ t < 0
2. f (t) = , f (t + 2π) = f (t)
t se 0 ≤ t < π
(
−3 − t se − 3 ≤ t < 0
3. f (t) = , f (t + 6) = f (t)
3−t se 0 ≤ t < 3
22. Desenvolver em série complexa de Fourier f (t) = e−αt , −π < t < π, logo calcule
+∞
X (−1)n
com este resultado a soma 2 + n2
.
−∞
α
23. Utilizar a forma exponencial complexa do seno e cosseno, para escrever a função
f (x) = e−x , −π < x < π como uma série na forma complexa.
1 00
y (t) + 4y(t) = f (t)
16
410 08/03/2020
Capı́tulo 6
Transformada de Fourier
411
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Qualquer função f (t) pode, segundo Fourier, ser escrita na forma da soma de uma
série de funções seno e cosseno. Quando estudamos séries de Fourier, aplicamos estas ao
desenvolvimento de uma função f (t) de perı́odo P . Naturalmente se apresenta a seguinte
pergunta. Que acontece quando P → +∞?
Neste caso achamos que a série de Fourier se transforma em uma integral de Fourier.
Discutiremos as integrais de Fourier e suas aplicações.
412 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
1
f (t) = [A(β) cos(βt) + B(β)sen(βt)]dβ (6.1)
π
0
sendo
Z+∞ Z+∞
A(β) = f (t) cos(βt)dt, B(β) = f (t)sen(βt)dt (6.2)
−∞ −∞
onde a integral de Fourier (6.1) converge para f (t) em um ponto de continuidade e converge
f (t+ ) + f (t− )
para (média dos limites laterais) em um ponto de descontinuidade.
2
Assim, o resultado (6.1) é válido se t é ponto de continuidade de f (t).
Se t é ponto de descontinuidade de “primeira espécie” devemos substituir f (t) por
f (t+ ) + f (t− )
como o caso das séries de Fourier. Observe que as condições acima são
2
suficientes porém não necessárias.
As semelhanças de (6.2) com resultados correspondentes para as séries de Fourier é
óbvia. A parte direita de (6.1) é chamado algumas vezes de “desenvolvimento da integral
de Fourier de f (t)”.
413 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
sen(πt)
definida por: sinc(t) = . Ela é dita normalizada porque a sua integral sobre
πt
todos os t é 1.
A transformada de Fourier da função sinc normalizada é a função retangular sem
escala. Esta função é fundamental no conceito de reconstrução de sinais originais contı́nuos
limitados em banda, a partir de amostras uniformemente espaçadas desse sinal.
sin(t)
A função sinc não-normalizada historicamente é definida por: sinc(t) =
t
A única diferença entre as duas definições está na escala da variável independente
(o eixo-t) por um fator de π. Em ambos os casos, o valor da função na singularidade
removı́vel em zero é entendido como o valor limite 1. A função sinc é analı́tica em toda
parte.
Exemplo 6.1.
sent se t 6= 0
A função (sinc) f : R −→ R definida por: f (t) = t é integrável
1 se t = 0
Z+∞
sent
sobre a reta real, pois dt = π. Seu gráfico mostra-se na Figura (6.1).
t
−∞
414 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 6.2.
Z+∞
cos t
1. A integral dt é absolutamente convergente e, portanto, convergente, isto por-
t2 + 1
0
Z+∞ Z+∞
cos t 1 π
que dt ≤ dt = converge.
t2 + 1 t2 +1 2
0 0
Exemplo 6.3.
A função sinc(x) do Exemplo (6.1) não é absolutamente integrável sobre R, pois
Z+∞
sent
t dt = +∞
−∞
Exemplo 6.4.
(
1 se |t| ≤ 1
A função f (t) = é absolutamente integrável sobre R, pois
0 se |t| > 1
Z+∞ Z1
|f (t)|dt = dt = 2 < +∞
−∞ −1
415 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 6.1.
Z+∞ Z+∞
Se |f (t)|dt convergir, então f (t)dt converge.
−∞ −∞
ZP +∞ ZP
2 h1 X i
f (t) = f (u)du + f (u)[cos(nω0 u) cos(nω0 t) + sen(nω0 u)sen(nω0 t)]du
P 2 n=1−P
−P
π
Supondo βn = nω0 , ∆β = βn+1 − βn = ω0 = reescrevemos este última somatório
P
como
ZP +∞ ZP
1h X i
f (t) = f (u)du + f (u)[cos(βn u) cos(βn t) + sen(βn u)sen(βn t)]du ∆β
P n=1−P
−P
416 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
h 1 ZP i
Quando P → +∞ temos que ∆β → 0 então lim f (u)du ∆β = 0. Logo, o
∆β→0 P
−P
restante do somatório toma a forma:
+∞
+∞ Z
1 hX i
f (t) = lim f (u)[cos(βn u) cos(βn t) + sen(βn u)sen(βn t)]du ∆β
∆β→0 P
n=1 −∞
Z+∞h Z+∞
1 i
f (t) = f (u)[cos(βu) cos(βt) + sen(βu)sen(βt)]du dβ
π
0 −∞
Assim a integral de Fourier definida em (−∞, +∞) fica na forma escrita como:
Z+∞
1
f (t) = [A(β) cos(βt) + B(β)sen(βt)]dβ
π
0
onde
Z+∞ Z+∞
A(β) = f (u) cos(βu)du, B(β) = f (u)sen(βu)du
−∞ −∞
Exemplo 6.5.
(
0 se |t| > 1
Encontrar a integral de Fourier para a função f (t) = .
π se |t| ≤ 1
Solução.
Z+∞
1
f (t) = [A(β) cos(βt) + B(β)sen(βt)]dβ, t ∈ (−∞, +∞)
π
0
onde
Z+∞ Z1
2πsen(β)
A(β) = f (u) cos(βu)du = π cos(βu)du =
β
−∞ −1
417 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
B(β) = f (u)sen(βu)du = 0, f é função par
−∞
Z+∞
sen(β)
Assim, f (t) = 2 cos(βt)dβ, t ∈ (−∞, +∞).
β
0
π
Redefinindo a função em t = −1 e t = 1 como , tem-se geometricamente que o
2
gráfico da função está dada por:
0π
se |t| > 1
f (t) = se t = ±1
2
π se |t| < 1
Z+∞ Z+∞
sen(β) π sen(β)
f (0) = π = 2 dβ ⇒ = dβ
β 2 β
0 0
π
Em particular para t = 1, a função é quase contı́nua e a imagem é . Então tem-se
2
que o valor da integral imprópria:
Z+∞ Z+∞
π sen(β) cos(β) π sen(2β)
f (1) = = 2 dβ ⇒ = dβ
2 β 2 β
0 0
418 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
esta função reflexa o gráfico de f para t ≥ 0 no eixo vertical. Debido a que fc (t) é uma
função par, sua integral de Fourier somente tem termos de cossenos. Como fc (t) = f (t)
para t ≥ 0, podemos definir a integral de Fourier em cossenos como a integral de Fourier
em cossenos de f em (0, +∞) .
O coeficiente de fc em seu desenvolvimento integral de Fourier é
Z+∞ Z+∞
1 2
A(β) = fc (t) cos(βt)dt ⇒ A(β) = fc (t) cos(βt)dt
π π
−∞ 0
Z+∞ Z+∞
2
A(β) cos(βt)dβ onde A(β) = fc (t) cos(βt)dt
π
0 0
Z+∞ Z+∞
2
Assim, podemos escrever, f (t) = f (u) cos(βu)du cos(βt)dβ
π
0 0
De modo analogo feito para a integral dos cossenos, debido a que fs (t) é uma função
ı́mpar, sua integral de Fourier somente tem termos de senos. Como fs (t) = f (t) para
t ≥ 0, podemos definir a integral de Fourier em senos como a integral de Fourier em senos
de f em (0, +∞) .
O coeficiente de fs em seu desenvolvimento integral de Fourier é
Z+∞ Z+∞
1 2
B(β) = fs (t)sen(βt)dt ⇒ B(β) = fs (t)sen(βt)dt
π π
−∞ 0
419 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Definição 6.5.
Se f é uma função contı́nua e absolutamente integrável no intervalo (0, +∞), sua
integral de Fourier em senos é dada por
Z+∞ Z+∞
2
B(β)sen(βt)dβ onde B(β) = fs (t)sen(βt)dt
π
0 0
Z+∞ Z+∞
2
Assim, podemos escrever, f (t) = f (u)sen(βu)du sen(βt)dβ
π
0 0
Exemplo 6.6.
Seja f (t) = e−kt para t ≥ 0 com k constante positiva. Então f é contı́nuamente
diferenciável em qualquer intervalo [0, P ]. Determine a integral em senos e cossenos de
Fourier .
Solução.
Z+∞
1
É imediato que e−kt dt =
k
−∞
Z+∞ Z+∞
1 2 2k
A(β) = f (t) cos(βt)dt = e−kt cos(βt)dt =
π π π(β + k 2 )
2
−∞ 0
Z+∞ Z+∞
1 2 2β
B(β) = f (t)sen(βt)dt = e−kt sen(βt)dt =
π π π(β + k 2 )
2
−∞ 0
420 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
f (t) = [A(β) cos(βt) + B(β)sen(βt)]dβ
0
Z+∞ Z+∞
1 1
onde A(β) = f (u) cos(βu)du, B(β) = f (u)sen(βu)du. Assim:
π π
−∞ −∞
Z+∞h Z+∞
1 i
f (t) = f (u)[cos(βu) cos(βt) + sen(βusen(βt)]du dβ
π
0 −∞
Z+∞h Z+∞
1 i
f (t) = f (u)[cos[β(u − t)]du dβ
π
0 −∞
Como a função f (u) cos[β(t − u)] é par em β (não necessariamente em u), podemos
escrever:
Z+∞ Z+∞
1
f (t) = f (u) cos[β(t − u)]dudβ
π
β=0 u=−∞
Z+∞ Z+∞
1
f (t) = f (u) cos[β(t − u)]dudβ (6.3)
2π
β=−∞ u=−∞
considerando que, se f (t) não é contı́nua em t na parte esquerda devemos substituir f (t)
f (t+ ) + f (t− )
por .
2
Z+∞ Z+∞
f (t+ ) + f (t− ) 1
Assim, = f (u) cos[β(t − u)]dudβ.
2 2π
β=−∞ u=−∞
421 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Uma vez que f (u)sen[β(t − u)] é ı́mpar em β (não necessariamente em u), o que
Z+∞ Z+∞
1
implica que f (u)sen[β(t − u)]dudβ = 0 podemos escrever a igualdade (6.3)
2π
β=−∞ u=−∞
como
Z+∞ Z+∞
1
f (t) = f (u) cos[β(t − u)] + isen[β(t − u)] dudβ ⇒
2π
−∞ −∞
Z+∞
1
f (t) = F (β)eiβt dβ (6.4)
2π
−∞
Z+∞
onde F (β) = f (u)e−iβu du.
−∞
Exemplo 6.7.
Seja f (t) = e−|k|t para t ≥ 0 com k constante positiva. Calcular a representação da
integral complexa de Fourier para f .
Solução.
(
e−kt se t ≥ 0
Tem-se f (t) = ainda mais
ekt se t < 0
Z+∞ Z0 Z+∞
2
f (t)dt = ekt dt + e−kt dt =
k
−∞ −∞ 0
Z+∞ Z0 Z+∞
−|k|t −iβt −iβt
F (β) = e ·e dt = kt
e ·e dt + e−kt · e−iβt dt ⇒
−∞ −∞ 0
1 0 1 +∞ 2k
F (β) = e−(iβ−k)t + e−(iβ+k)t = 2
k − iβ −∞ k + iβ 0 k + β2
422 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
−|k|t k 1
A representação integral complexa de Fourier (6.4) é e = eiβt dβ
π k2 +β 2
−∞
Exemplo 6.8.
0 se t < 0
1
A função definida por: f (t) = se t = 0 satisfaz propriedades da integral de
2
e−t se t > 0
Fourier.
Z+∞ Z+∞
1 1 − iβ
Com efeito, iβt
f (t)e dt = e−t(1−iβ) dt = = .
1 − iβ 1 + β2
−∞ 0
Quando t = 0 a fórmula integral complexa da integral de Fourier (6.4) se transforma
em:
Za
1 1 − iβ 1 i 2 a 1
f (0) = 2
dβ = f (t) = arctan β + Ln(1 + β ) = arctan a
2π 1+β 2π 2 −a π
−a
1
esta última igualdade tem limite quando a → +∞.
2
Z+∞
|f (t)|dt < ∞ (6.5)
−∞
As funções tais como senβt, cos βt ou escalão unitário u(t), etc. não satisfazem a
condição anterior. Nosso objetivo é encontrar as transformadas de Fourier destas funções
e assim mesmo, definir as transformadas de Fourier das funções “generalizadas”, tais como
a função impulso δ(t) e suas derivadas.
Embora a imagem seja real a transformada de Fourier é uma função complexa, com
coeficientes reais e imaginários: F (β) = Re[F (β)] + iIm[F (β)].
423 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
O espectro de potências é definido como: P (β) = Re[F (β)]2 + iIm[F (β)]2 e o ângulo
de fase é dado por:
Im[F (β)]
φ(β) = arctan (6.6)
Re[F (β)]
Da motivação da forma complexa da integral de Fourier, obtivemos a fórmula
Z+∞h Z+∞
1 i
f (t) = f (t)e−iβt dt eiβt dβ (6.7)
2π
−∞ −∞
Definição 6.6.
A função F (β) que está em correspondência com a função f (t) pela fórmula:
Z+∞
F[f (t)](β) = F (β) = f (t)e−iβt dt (6.8)
−∞
Exemplo 6.9.
Calcular a transformada de Fourier de um pulso retangular, definido por:
(
1, se |t| < P
f (t) =
0, se |t| ≥ P
424 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Solução.
Z+∞ ZP
F[f (t)](β) = f (t)e−iβt dt = e−iβt dt = F (β)
−∞ −P
e−iβt P 1
= = − (e−iβP − eiβP ) se β 6= 0
−iβ −P iβ
2 sen(βP ) sen(βP )
= · ⇒ F[f (t)] = 2 · = F (β)
β 2i β
Para o caso β = 0 tem-se F[f (t)](β) = F (β) = 2P .
Exemplo 6.10.
A transformada de Fourier de uma função absolutamente integrável, apesar de ser uma
função contı́nua, não é em geral uma função absolutamente integrável. O contra-exemplo
clássico é a função pulso unitário.
(
1, se |t| ≤ 1
f (t) =
0, se |t| > 1
Solução.
Z+∞ Z1
−iβt sen(β)
F[f (t)](β) = f (t)e dt = e−iβt dt = 2 · = F (β)
β
−∞ −1
2 · sen(β)
Segue que a transformada de Fourier de f é a função F[f (t)](β) = = F (β),
β
que não é uma função absolutamente integrável, como pode ser verificado. Observe porém
que a descontinuidade da função pulso foi suavizada pela sua transformada de Fourier, já
que F[f (t)](β) é uma função contı́nua. Com efeito,
Z+∞ Z1
−i0·t
F[f (t)](0) = f (t)e dt = dt = 2
−∞ −1
Exemplo 6.11.
Por cálculo direto obter F[e−a|t| ](β).
Solução.
425 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Figura 6.2:
Z+∞ Z0 Z+∞
F[e−a|t| ](β) = e−a|t| e−iβt dt = e−a|t| e−iβt dt + e−a|t| e−iβt dt
−∞ −∞ 0
Z0 Z+∞
t(a−iβ) −t(a+iβ) et(a−iβ) 0 e−t(a+iβ) +∞
= e dt + e dt = − =
a − iβ −∞ a + iβ 0
−∞ 0
Observe que et(a−iβ) = eat (cos(βt) − isen(βt)), então o sentido no limite ket(a−iβ) k =
eat → 0 sempre que t → −∞, pois a > 0.
De modo análogo ke−t(a+iβ) k = e−at → 0.
1 1 2a
Portanto, F[e−a|t| ](β) = − = 2 , a > 0.
a − iβ a + iβ a + β2
Demonstração.
426 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
F[a1 f1 (t) + a2 f2 (t)] = [a1 f1 (t) + a2 f2 (t)]e−iβt dt
−∞
Z+∞ Z+∞
−iβt
= a1 f1 (t)e dt + a2 f2 (t)e−iβt dt = a1 F[f1 (t)] + a2 F[f2 (t)]
−∞ −∞
1 β
F[f (at)](β) = F
|a| a
Demonstração.
Z+∞
Para a > 0, F[f (at)] = f (at)e−iβt dt.
−∞
Z∞
1
Seja at = x, então F[f (x)] = f (x)e−iβx/a dx.
a
−∞
Como a integral é independente da variável de integração, temos
Z+∞
1 1 β
F[f (x)] = f (at)e−iβt dt = F
a |a| a
−∞
Z−∞
Por outro lado, para a < 0 sabe-se que F[f (at)] = f (at)e−iβt dt.
+∞
Z−∞
1
Considerando at = x então F[f (x)] = f (x)e−iβx/a dx
a
+∞
Z+∞
1 1 β
F[f (x)] = − f (x)e−iβx/a dx = F
a |a| a
−∞
1 β
Portanto, F[f (at)] = F
|a| a
427 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 6.4.
Se F (β) = F[f (t)](β) , então F[f (−t)](β) = F (−β).
Demonstração.
1 β
Pela propriedade anterior temos que F[f (at)](β) = F
|a| a
Considerado a = −1 temos F[f (−t)] = F (−β)
Demonstração.
A transformada de Fourier requerida é
Z+∞ Z+∞
F[f (t)eiβ0 t ] = [f (t)eiβ0 t ]e−iβt dt = f (t)e−i(β−β0 )t dt = F (β − β0 )
−∞ −∞
Exemplo 6.12.
Suponha conhecido a transformada F[f (at)](β), então da identidade de Euler
1h i
F[f (at) · cos(at)](β) = F[f (at) · eiat ](β) + F[f (at) · e−iat ](β) ⇒
2
1h i
F[f (at) · cos(at)](β) = F[f (at)](β − a) + F[f (at)](β + a)
2
De modo análogo é exercı́cio para o leitor mostrar que:
ih i
F[f (at) · sen(at)](β) = − F[f (at)](β − a) − F[f (at)](β + a)
2
Demonstração.
Z+∞
A transformada de Fourier requerida é F[f (t − t0 )] = f (t − t0 )e−iβt dt
−∞
428 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
Considerando t − to = x seque que F[f (t − t0 )] = f (x)e−iβ(x+t0 ) dx.
−∞
Z+∞
−iβt0
F[f (t − t0 )] = e f (x)e−iβx dx
−∞
Sabe-se que:
Z+∞
1
f (t) = F (β)eiβt dβ (6.11)
2π
−∞
Z+∞
2πf (−t) = F (β)e−iβt dβ
−∞
Z+∞
1
2πf (−β) = F (t)e−iβt dt
2π
−∞
Z+∞
f (t)e−iβt dt (6.12)
−∞
429 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
1
f (t) = F[f (t)]eiβt dβ
2π
−∞
Definição 6.7.
A função que relaciona função f mediante a fórmula
Z∞
1
F[f (t)]eiβt dβ (6.13)
2π
−∞
Z+∞
1
Assim, F−1 [F (β)] = F (β)eiβt dβ = f (t) e denomina-se “transformada in-
2π
−∞
versa de Fourier de F (β)”. A função f (t) transformada inversa de Fourier de F (β) se
escreve f (t) = F−1 [F (β)].
A transformada de Fourier e a transformada inversa de Fourier estão definidas no
conjunto de funções, para as quais as integrais (6.8) e (6.13) existam (no sentido do seu
valor principal.)
Exemplo 6.14.
(
1, se |t| < P
Pelo Exemplo (6.9) sabemos que se f (t) = e
0, se |t| ≥ P
sen(βP )
F[f (t)] = 2 · = F (β)
β
Z+∞ Z+∞
1 1 sen(βP ) −iβt
f (t) = F−1 [F (β)] = F (β)e−iβt dβ = 2· e dβ
π π β
−∞ −∞
430 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Observação 6.1.
1
• O fator assinado a F−1 [F (β)] podiamos ter assinado a F[F (β)], a literatura
2π
não é unânime quanto à forma para as transformadas (6.12) e (??). Também se
encontrará os pares de transformadas de Fourier:
Z+∞ Z+∞
1
1. F[f (t)] = f (t)e−iβt dt = F (β), F−1 [F (β)] = F (β)eiβt dβ = f (t)
2π
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
1
2. F[f (t)] = f (t)e−iβt dt = F (β), −1
F [F (β)] = F (β)eiβt dβ = f (t)
2π
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
3. F[f (t)] = f (t)e−2πiβt dt = F (β), −1
F [F (β)] = F (β)e2πiβt dβ = f (t)
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
1 1
4. F[f (t)] = √ f (t)e−iβt dt = F (β), F−1 [F (β)] = √ F (β)eiβt dβ = f (t)
2π 2π
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
1 1
5. F[f (t)] = √ f (t)eiβt dt = F (β), F−1 [F (β)] = √ F (β)e−iβt dβ = f (t)
2π 2π
−∞ −∞
Propriedade 6.7.
−
→
Se uma função f , contı́nua e absolutamente integrável em todo o eixo 0x tem em
cada ponto derivadas unilaterais finitas, então
Demonstração.
A primeira fórmula de imersão, isto é a fórmula F−1 [F[f (t)]] = f (t) é simplesmente
outra notação da fórmula já demonstrada (??). Por outro lado, por quanto o cosseno é
431 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
função par, podemos na outra forma da integral de Fourier (??) que diz
Z+∞ Z+∞
1
f (t) = iβt
e dβ f (u)e−iβu du
2π
−∞ −∞
onde a integral exterior se considera no sentido do valor principal. Esta fórmula pode ser
escrita na forma F[F−1 [f (t)]] = f (t).
F−1 [a1 C1 (β) + a2 C2 (β)] = a1 F−1 [C1 (β)] + a2 F−1 [C2 (β)] (6.14)
Propriedade 6.8.
Se n ∈ N, supondo f (n) contı́nua, se lim f (n) (t) = lim f (n) (t) = 0, então
t→+∞ t→−∞
Propriedade 6.9.
Se f é uma função contı́nua e absolutamente integrável em todo o eixo real e tem
em cada ponto derivadas unilaterais finitas, então
432 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
considerando (
f (t) se t ≥ 0
fc (t) =
f (−t) se t < 0
Z+∞
Fc [f (t)] = Fc (β) = f (t) cos(βt)dt
0
Z+∞
2
F−1
c [Fc (β)] = f (t) = Fc (β) cos(βt)dβ
π
0
Z+∞
Fs [f (t)] = Fs (β) = f (t)sen(βt)dt
0
433 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
2
F−1
s [Fs (β)] = f (t) = Fs (β)sen(βt)dβ
π
0
Exemplo 6.15.
Determine Fc [f (t)] e Fs [f (t)] para a função f (t) = e−at , t > 0, a > 0.
Solução.
Z+∞
2 2 a
A(β) = e−at cos(βt)dt = · 2
π π a + β2
0
Z+∞
−at 2a 1
e = cos(βt)dβ
π a2 + β2
0
Z+∞
Fc [f (t)] = e−at cos(βt)dt ⇒
0
Z+∞
e−at cos(βt) +∞ β a
Fc [f (t)] = − − e−at sen(βt)dt = 2
a a a + β2
0
0
Z+∞
Fs [f (t)] = e−at sen(βt)dt ⇒
0
434 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
e−at sen(βt) +∞ β a
Fs [f (t)] = − − e−at sen(βt)dt = 2
a a a + β2
0
0
Plano de Argand-Gauss
• o módulo, representado pelo raio da circunferência de centro no ponto (0, 0), é dado
√ p
por |z| = a2 + b2 = [Re(z)]2 + [Im(z)]2 ;
1
Duas estruturas matemáticas são ditas isomorfas se há um mapeamento um-para-um entre os ele-
mentos das estruturas matemáticas. Estudo em detalhe do isomorfismo encontra-se em Fundamentos da
Matemática I, p.p. 236 de 2016, do mesmo autor EDUFT.
435 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Figura 6.3:
436 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 6-1
1
+∞
se 0 ≤ t < 1
2
Z
1 sen(β)
1
4. Verificar que cos(βt)dβ = f (t) = se t = 1 .
π β
4
0
0 se t > 1
1 senx
Z+∞
1 sen(πβ) se t < π
5. Verificar que sen(βt)dβ = f (t) = 2 .
π 1−β 2
0 se t > π
0
Z+∞
1 d2 A(β)
1. t2 f (t) = A∗ (β) cos(βt)dβ onde A∗ (β) = − .
π dβ 2
0
437 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
1 dA
2. tf (t) = − (β) · sen(βt)dβ.
π dβ
0
(
t2 se 0 ≤ t ≤ 10
8. Achar a integral de Fourier de f (t) = ,
0 se t > 10
Z+∞
π π
πβ
cos( 2 ) cos(βt) cos t se |t| <
2. dβ = 2 2
1 − β2 π
0 se |t| >
0 2
14. Calcular a transformada de Fourier para as seguintes funções:
A
(t + b) se − b ≤ t ≤ −a
b−a
1. f (t) = A se − a ≤ t ≤ a
A
(t − b) se a ≤ t ≤ b
a−b
(
A(t + 1) se − 1 ≤ t ≤ 0
2. f (t) =
A(t − 4) se 0 ≤ t ≤ 4
438 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
− A (t + 1)
se − 3 ≤ t ≤ −1
3. f (t) = 2
A
− (t − 3)
se 1 ≤ t ≤ 3
2
(
cos(20t) se |t| ≤ π/5
4. f (t) =
0 se |t| > π/5
15. Seja α > 0, determine a transformada de Fourier para a função f (t) definida por:
e−αt se, t>0
f (t) =
0 se, t < 0.
cos(πt)
16. Calcular a transformada de Fourier de f (t) = .
t3 − t2 + 4t − 4
17. Em cada caso, verificar que a transformada de Fourier é a função indicada:
r
−at2 π −β 2 /4
1. f (t) = be , a > 0, então F[f (t)] = b e
a
(
e−t se 0 ≤ t 1
2. f (t) = , então F[f (t)] =
0 se t < 0 1 + iβ
2iβ
3. f (t) = e−a|t| , a > 0, então F[f (t)] =
a2 + β2
(
k se |t| ≤ a sen(aβ)
4. f (t) = , então F[f (t)] = 2k · , β 6= 0
0 se |t| > a β
r
1 2 −β
5. f (t) = , então F[f (t)] = ·e
1 + t2 π
(
1 se |t| < a 2sen(aβ)
6. f (t) = , então F[f (t)] = , β 6= 0
0 se |t| > a β
Z+∞
sen(aβ)sen(βt)
18. Calcule dβ.
β
−∞
Z+∞
19. Resolva a equação integral f (t) cos(βt)dt = e−|β| .
0
439 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Z+∞
1−β 2β
cos(βt)dβ = sen(βt)dβ
(1 + β 2 )2 (1 + β 2 )2
0 0
Z+∞ Z+∞
1 β2
dβ = dβ
(1 + β 2 )2 (1 + β 2 )2
0 0
22. Ache a representação da integral de Fourier da função f (t) = te−|t| se t ∈ (−∞, +∞)
e estude sua convergência em R.
440 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Propriedade 6.10.
Suponhamos que uma função f , seja absolutamente integrável em todo o eixo real,
e tem n ∈ N derivadas absolutamente integráveis e contı́nuas em todo R. Então
M
e existe uma constante M > 0 tal que |F[f (t)]| ≤
|β n |
Observação 6.2.
As transformadas seno e cosseno de Fourier não são adequadas para transformar a
derivada primeira (ou qualquer derivada de ordem ı́mpar), isto porque a transformada
seno (ou cosseno) da derivada de f não é expressa em termos da transformada seno (ou
cosseno) da função f.
441 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Z+∞
d d
a) F[f (t)] = (f (t) · e−iβt )dt = −i f (t) · t · e−iβt dt = −iF[t · f (t)]
dβ dβ
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
d2 d2
b) F[f (t)] = (f (t) · e−iβt )dt = − f (t) · t2 · e−iβt dt = −F[t2 · f (t)]
dβ 2 dβ 2
−∞ −∞
Propriedade 6.11.
Suponhamos que a função f seja contı́nua e absolutamente integrável e sejam as
funções f (t), tf (t), t2 f (t), · · · , tn f (t) absolutamente integráveis. Então a trans-
formada de Fourier da função f é uma função n vezes derivável em toda a reta R,
e
dk
F[f (t)] = F(k) [f (t)] = (−i)k F[tk f (t)], k = 1, 2, 3, · · · , n (6.20)
dβ k
Exemplo 6.16.
Tem-se F[(5t − t2 + 4t3 )f (t)] = 5F[tf (t)] − F[t2 f (t)] + 4F[t3 f (t)] ⇒
ou seja, f (t) e suas derivadas vão mais rapidamente para zero do que as potências tm vão
para infinito quando |t| → +∞.
2
A função f (t) = e−t é de decrescimento rápido.
O conjunto das funções f (t) de classe C ∞ tais que, tanto f como todas as suas deri-
vadas tendem a zero quando |t| → +∞, constituem o espaço de Schwarz, denotado por
S(R) .
2
1. A função Gaussiana f (t) = e−at , com a > 0, pertence a S(R) .
2. O produto de uma função polinomial p = p(t) pela função Gaussiana é uma função
2
h(t) = p(t)e−at pertencente a S(R) .
442 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
4. Se uma função f (t) pertence a S(R), então sua derivada também pertence a S(R) .
lim F (β) = 0
β→±∞
0 se t < 0
1
Observe,a função pulso unitário u(t) = se t = 0 cuja transformada de Fou-
2
1 se t > 0
2senβ
rier é F[u(t)] = F (β) = se β 6= 0, e F (0) = 2.
β
Propriedade 6.12.
Se f : R −→ C é uma função absolutamente integrável, então sua transformada de
Fourier F : R −→ C é uma função contı́nua e limitada. Se, além disso, F (β) for
absolutamente integrável, então f é contı́nua.
6.7.3 Linearidade
Se f, g : R −→ C são funções absolutamente integráveis e a, b ∈ R, então
Z+∞ Z+∞
iβt
F[a · f (t) + b · g(t)] = a · f (t)e dβt + b · g(t)eiβt dβ = a · F[f (t)] + b · F[g(t)]
−∞ −∞
443 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Com efeito
Z+∞ Z+∞
−1 1
F [F (β)] = f (t) = F (β)e−iβt dβ ⇒ F (β)e−iβt dβ = 2πf (t) (6.21)
2π
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
F (β)e−iβt dβ = 2πf (t) ⇒ F (β)eiβ(−t) dβ = 2πf (−t)
−∞ −∞
Z+∞
F (t)eiβt dt = 2πf (−β)
−∞
Exemplo 6.17.
8(3 − β 2 )
Dada a função f (t) = e−2|t| t2 tem-se F[e−2|t| t2 ] = logo
(β 2 + 4)3
8(3 − t2 )
1 π
F 2 3
= (2πe−2β β 2 = β 2 e−2|β|
(t + 4) 8 4
6.7.5 Conjugado
Se f : R −→ C é uma função absolutamente integrável, então F[f (t)] = F (−β), onde
F (β) = F[f (t)].
Z+∞ Z+∞
iβt
Observe que F[f (t)] = f (t)e dt = f (t)[cos(βt) + isen(βt)]eiβt dt ⇒
−∞ −∞
Z+∞
F[f (t)] = f (t)e−iβt dt = F (−β)
−∞
444 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Z+∞
F[f (t − a)] = f (u)eiβa eiβu du = eiβa f (u)eiβu du = eiβa F (β)
−∞ −∞
Z+∞
F[f (t)] = f (t)e−iβt dt ⇒ F[f (t − a)] = e−iaβ
−∞
Z+∞
Observe, se F[f (t)] = f (t)e−iβt dt ⇒ F[eiat f (t)] = F (β − a).
−∞
1 β
F[f (at)] = F ( ) onde F (β) = F[f (t)]. (6.22)
|a| a
u 1
• Seja a > 0, at = u então t = , dt = du, x → +∞, u → +∞ e x →
a a
−∞, u → −∞.
Z+∞ Z+∞
1
F[f (at)] = f (at)eiβt dt = f (u)eiβu/a du
a
−∞ −∞
Z+∞
1 β 1 β
F[f (at)] = f (u)ei a u du = F
|a| |a| a
−∞
u 1
• Seja a < 0, at = u então t = , dt = du, x → +∞, u → −∞ e x →
a a
445 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
−∞, u → +∞.
Z+∞
1 β 1 β
F[f (at)] = f (u)ei a u du = F
|a| |a| a
−∞
Considerando em (??) a = −1, obtemos F[f (−t)] = F (−β). Esta última igualdade é
conhecida como propriedade da inversão de tempo.
6.8 Convolução
Z+∞ Z+∞
f (t) = f1 (x)f2 (t − x)dx = f1 (t − x)f2 (x)dx = (6.23)
−∞ −∞
Z+∞ Z+∞
|f1 (t)|2 dt < +∞, |f2 (t)|2 dt < +∞
−∞ −∞
a2 b 2
|ab| ≤ + , válida para todo a, b ∈ R
2 2
446 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
observe
+∞
Z Z+∞ Z+∞ Z+∞
1 2 1
f1 (x)f2 (t − x)dx ≤ |f1 (x)f2 (t−x)|dx ≤ |f1 (x)| dx+ |f2 (t−x)|2 dx < +∞
2 2
−∞ −∞ −∞ −∞
Propriedade 6.13.
A convolução cumpre a propriedade comutativa; isto é;
Demonstração.
Z+∞
f1 (t) ? f2 (t) = f1 (y)f2 (t − y)dy
−∞
Z+∞
Trocando a variável por t − x = y, temos f1 (t) ? f2 (t) = f1 (t − y)f2 (y)dy
−∞
Z+∞
= f2 (y)f1 (t − y)dy = f2 (t) ? f1 (t)
−∞
Propriedade 6.14.
A convolução cumpre a propriedade associativa; isto é:
Demonstração.
então (6.24) se pode expressar como g(t) ? f3 (t) = f1 (t) ? h(t) posto que
447 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞
g(t) = f1 (y)f2 (t − y)dy
−∞
Z+∞ Z+∞
g(t) ∗ f3 (t) = f1 (y)[ f2 (z)f3 (t − y − z)dz]dy. (6.25)
−∞ −∞
E dado que
Z+∞
h(t) = f2 (z)f3 (t − z)dz
−∞
Z+∞
obtém-se h(t − y) = f2 (z)f3 (t − y − z)dz.
−∞
Consequentemente, a integral se identifica dentro do parênteses angular no segundo
membro de (6.25) como h(t − y).
Z+∞
Onde, g(t) ? f3 (t) = f1 (y)h(t − y)dy = f1 (t) ? h(t); isto é
−∞
Lembre que a convolução das funções f (t) e g(t) foi definida como
Z+∞
f ∗g = f (t)g(x − t)dt
−∞
a partir das Propriedades da convolução ((6.13) e (6.14)) mostra-se que se temos as funções
448 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
f, g e h então
1. F[f (t) ? g(t)] = F[f (t)] · F[g(t)] = F[g(t)] · F[f (t)] = F[g(t) ? f (t)]
2. F[f (t) ? [g(t) + h(t)]] = F[f (t)] · F[g(t) + h(t)] = F[f (t)] · F[g(t)] + F[f (t)] · F[h(t)]
3. F[f (t) ? {g(t) ? h(t)}] = F[f (t)] · F[g(t) ? h(t)] = F[f (t)] · {F[f (t)] · F[h(t)]} = F[{f (t) ?
g(t)} ? h(t)]
Exemplo 6.18.
Z+∞
Resolver a equação y(t) = f (t) + y(u)g(t − u)du, onde f (t) e g(t) são funções
−∞
conhecidas.
Solução.
Z+∞
Tem-se y(t) = f (t) + y(u)g(t − u)du ⇒ y(t) = f (t) + (y(t) ? g(t), aplicando
−∞
a transformada de Fourier
F (β)
Y (β) = F (β) + Y (β)G(β) ⇒ [1 − G(β)]Y (β) = F (β) ⇒ Y (β) =
1 − G(β)
−1 F (β)
−1
assim temos F [Y (β)] = F .
1 − G(β)
Z+∞
1 F (β)
Portanto, y(t) = e−iβt dβ.
2π 1 − G(β)
−∞
6.9 Aplicações
6.9.1 Transformada de Fourier da função delta de Dirac
Examinemos a modo de exemplo, a ação de força “instantânea”. Suponhamos que
no instante t = 0 um corpo de massa m 6= 0 experimentou a ação de uma força com
449 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
velocidade v 6= 0, depois do qual a ação da força se deu por terminada. Ao designar por
F (t) a força que atua contra o corpo no instante t, obtemos F (t) = 0 quando t 6= 0.
Trataremos de determinar qual é a força F (t) quando t = 0, segundo a segunda Lei
de Newton, a força é igual à velocidade de variação da quantidade do movimento respeito
do tempo
d(mv)
F (t) =
dt
e, consequentemente, para qualquer momento de tempo γ, com 0 < γ < +∞, temos
Zγ
F (t)dt = mv (6.26)
−∞
o limite inferior também poderı́amos ter escolhido como a < 0, por quanto até o momento
de tempo t = 0 o corpo se encontrava em repouso.
Fixemos nossa atenção desde o ponto de vista da matemática clássica, a igualdade
(6.26) esta privada de sentido, a função F (t) é igual a zero em todos os pontos exceto em
t = 0, é por isso que a integral do primeiro membro de (6.26) considerada imprópria é
igual a zero entanto que o segundo membro da igualdade (6.26) não é nula.
Por outro lado, raciocinando fisicamente, é natural esperar que a igualdade escrita em
(6.26)tem um sentido determinado.
Esta contradição significa que nós encontramos fora das possibilidades de utilizar o
aparelho matemático clássico e recorrêssemos a modernas teorias matemáticas.
Suponhamos, para simplificar, que a quantidade de movimento adquirido pelo corpo
é igual à unidade, isto é mv = 1. Neste caso a força F (t) que atua contra o corpo
designaremos mediante δ(t), pelo qual a fórmula (6.26) terá por expressão
Zγ
δ(t)dt = 1 (6.27)
−∞
Z∞ Z
δ(t)dt = δ(t)dt = 1, >0
−∞ −
450 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
1. δ(t) = 0 se t 6= 0;
3. δ(0) = ∞;
Z+∞
6. δ(t)dt = 0;
−∞
Z+∞
8. f (t)δ(t)dt = f (0) se f (t) for contı́nua em t = 0;
−∞
d
10. δ(t) = u(t) = u(t), onde u(t) é a função degrau unitário;
dt
1
11. δ(at) = δ(t);
|a|
A função delta também pode-se definir em função das propriedades de suas integrais,
é esta a definição que usarei, para isto acontecer suponha que tenhamos uma função teste
então a função δ define-se como a função
Z+∞
δ(t)φ(t)dt = φ(0) (6.28)
−∞
451 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
δ(t) F (β)
6 6
1
6
t
β
-
0 -
0
Figura 6.4: Função impulso unitário xxbb Figura 6.5: A transformada de Fourier
hh bb xx da função impulso unitário
Segundo a análise para a função delta e considerando φ(t)dt = e−iβt , de (6.31) chega-
mos à definição:
Z+∞
−iβt −iβt
F[δ(t)] = δ(t)e dt = e =1 (6.29)
t=0
−∞
452 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 6.19.
Seja a > 0, determine F[e−at u(t)] onde u(t) é a função unitária de Heaviside.
Solução.
Z+∞ Z+∞
−at −at iβt
Tem-se: F[e u(t)] = e u(t)e dt = e(−a+iβ)t dt
−∞ 0
−am
−at 1 +∞
(−a+iβ)t e [cos(βm) + isen(βm)] 1
F[e u(t)] = e = lim −
−a + iβ −a + iβ −a + iβ
0 m→+∞
1 1
F[e−at u(t)] = = 2 (a + iβ)
a − iβ a + β2
F (β)
f (t) 6
6
A2πδ(β)
6
A β
-
0
t
-
0
Exemplo 6.20.
Resolver a transformada de Fourier de uma função constante f (t) = A, tal como se
mostra na Figura (6.7)
Solução.
453 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z∞
A transformada de Fourier de f (t) = A é F[f (t)] = F[A] = Ae−iβ dt, de onde
∞
Z∞
1
F[f (t)] = F[A] = 2πA ei(−β)t dt (6.31)
2π
∞
Z∞
1
Logo em virtude dessa igualdade temos δ(y) = eixy dx.
2π
−∞
Fazendo x = t e y = −β, temos
Z+∞
1
δ(−β) = eit(−β) dt (6.32)
2π
−∞
Sabemos que pode-se desenvolver a integral de Fourier como um caso de limites de série
de Fourier, fazendo que o perı́odo da função periódica fosse infinito. Oportunamente será
demonstrado que a série de Fourier pode-se deduzir formalmente como um caso especial
da integral de Fourier.
Deve-se lembrar que, para qualquer função periódica f (t) .
Z∞
|f (t)|dt = ∞
−∞
Z∞
; não cumpre a condição |f (t)|dt < ∞ de que a integral do valor absoluto da função
−∞
seja finita; porém a transformada de Fourier existe no sentido de uma função generalizada,
454 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exemplo 6.21.
Encontrar a transformada de Fourier de uma função periódica f (t) com perı́odo P .
Solução.
+∞
X 2π
f (t) = cn einβ0 t , β0 =
n=−∞
P
+∞
X +∞
X
inβ0 t
F[f (t)] = F (β) = F[ cn e ]= cn F[einβ0 t ]
n=−∞ n=−∞
+∞
X
F (β) = 2π cn δ(β − nβ0 ) (6.34)
n=−∞
Solução.
455 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Então, como F[f (−t)] = F (−β) temos F[f (−t)] = F (−β). Desde que
(
0, se t > 0
f (−t) =
1, se t < 0
onde B(β) é uma função ordinária e k é uma constante. Então, como δ(−β) = δ(β) temos
F (β) + F (−β) = kδ(β) + B(β) + kδ(−β) + B(−β) = 2kδ(β) + B(β) + B(−β) = 2πδ(β)
Para encontrar B(β) , se procede assim: sabe-se que a função δ é a derivada da função
escada unitária f (t), isto é
df (t)
f 0 (t) = = δ(t)
dt
então obtém-se
0
F[f (t)] = iβF (β) = iβ[πδ(β) + B(β)] = F[δ(t)] = 1
Onde
1
B(β) = .
iβ
1
Finalmente, obtém-se F[u(t)] = πδ(β) + .
iβ
456 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
2
un (y) = hu(x, y), φn (x)i (6.35)
P
e λn são certos valores próprios escolhidos em forma adequada (já veremos a seguir qual
será a escolha apropriada em cada caso).
Sabe-se que a equação de uma corda em vibração tem a forma
∂ 2 u(x, t) 2
2 ∂ u(x, t)
= a , (−∞ < x < ∞, t > 0) (6.37)
∂t2 ∂x2
Exemplo 6.23.
Resolver a equação diferencial (6.37) para os dados iniciais
u(0, x) = f (x),
∂u (−∞ < x < ∞) (6.38)
(0, x) = 0,
∂t
Solução.
Suponhamos que a função f (x) é tal que todos os cálculos que realizemos a seguir
sejam válidos.
Z+∞
1
Seja F−1 [u(x, t)] = u(x, t)eixω dx a transformada complexa (inversa) de Fourier
2π
−∞
da função u(x, y).
∂u
Integrando por partes (supondo u e se anulam quando x = ±∞), obtém-se
∂x
Z+∞ 2
1 ixω ∂ u(x, t)
e 2
dx = ω 2 F−1 [u(x, t)] (6.39)
2π ∂x
−∞
Multiplicando a equação (6.37) por eixω , ao utilizar as condições iniciais (6.38), e inte-
grando respeito de x entre os limites de −∞ a +∞ e usando a equação (6.39), obteremos
457 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
a equação auxiliar
∂F[u(x, t)]
= −a2 ω 2 F[u(x, t)] t > 0 (6.40)
∂t
As condições iniciais se escreveriam
Z+∞
1
f (z)eiωz dz,
F = f (ω)] =
2π quando t = 0 (6.41)
−∞
dF
= 0,
dt
F = F (ω) = cos(aωt)
Z+∞
1 1
u(x, t) = e−ixω F (ω) cos(aωt)dω = [f (x − at) + f (x + at)]
2π 2
−∞
∂ 2v ZL
2 ∂ 2v
= φn (x) dx (6.43)
∂x2 n L ∂x2
0
ZL
2 ∂v L ∂v
= φn (x) − φ0n (x) dx (6.44)
L ∂x 0 ∂x
0
ZL
2 ∂v
= φn (x) − vφ0n (x) + 2 φ0n (x)vdx (6.45)
L ∂x
0
458 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
a segunda derivada das funções próprias é sempre (tanto no caso do seno como no caso
do cosseno) proporcional a si própria
∂ 2v 2 ∂v ∂v
= (L)φn (L) − v(L)φ0n (L) − (0)φn (0) + v(0)φ0n (0) − λ2n v n (6.47)
∂x2 n L ∂x ∂x
Como temos a resolver uma equação de segunda ordem, são dadas apenas duas con-
dições fronteira que permitem calcular dois dos termos dentro dos parênteses. Podemos
usar a liberdade que temos na escolha das funções e valores próprios, para eliminar os
outros dois termos dentro dos parênteses. Estudaremos as quatro possibilidades:
1. Os valores de v(0, y) e v(L, y) são dados. Neste caso será necessário arbitrar
φn (0) = φn (L) = 0
nπ
φn (x) = sen(λn x) λn =
L
2. Os valores de ∂v(0, y)/∂x e ∂v(L, y)/∂x são dados. Neste caso será necessário arbitrar
nπ
φn (x) = cos(λn x) λn =
L
3. Os valores de v(0, y) e ∂v(L, y)/∂x são dados. Neste caso será necessário arbitrar
1 π
φn (x) = sen(λn x) λn = (n + )
2 L
459 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
4. Os valores de ∂v(0, y)/∂x e v(L, y) são dados. Neste caso será necessário arbitrar
1 π
φn (x) = cos(λn x) λn = (n + )
2 L
Exemplo 6.24.
∂ 2T ∂ 2T
Resolva a equação de Laplace + = 0 para as seguintes condições fronteira:
∂x2 ∂y 2
∂T ∂T
(0, y) = u(1 − y), (x, 0) = 0, T (2, y) = 0, T (x, 2) = 0
∂x ∂y
Solução.
A equação pode ser resolvida usando a transformada de Fourier de T (x, y). em ordem
ay
Z2
tn = hT (x, y), φn (y)i = T (x, y), φn (y)dy (6.48)
0
π
φn (y) = cos(ny) λn = (2n + 1) (6.50)
4
∂ 2T Z2 Z2
∂ 2T ∂T 2 ∂T
= cos(λn y)dy = cos(λn y)) . + λn 2 sen(λn y)dy
∂x2 n ∂y 2 ∂y 0 ∂y
0 0
2 Z2
= λn T sen(λn y) . − λ2n T cos(λn y)dy = −λ2n tn
0
0
460 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
d2 tn
− λ2n tn = 0 (6.52)
dx2
esta é uma equação diferencial ordinária, linear, de coeficientes constantes. As duas raı́zes
do polinômio caracterı́stico são n e −n, e a solução geral é
Z1
dtn (0) senλn
= h(1 − y), φn (y)i = cos(λn y)dy = (6.55)
dx λn
0
senλn
An − Bn =
λ2n
An e2λn + Bn e−2λn = 0
461 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z∞ Z∞
F (u, v) = f (x, y)e−i(ux+vy) dxdy (6.58)
−∞ −∞
Z∞ Z∞
1
f (x, y) = F (u, v)ei(ux+vy) dudv (6.59)
(2π)2
−∞ −∞
462 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Exercı́cios 6-2
x2
1. Mostre que f (t) = e− 2 é sua própria transformada de Fourier.
2. Mostre que, se F[f (t)] = F (β) e F[g(t)] = G(β); então é válida a equação de
Parseval:
Z∞ Z∞
f (x)G(x)dx = F (x)g(x)dx
−∞ −∞
4. Suponhamos que uma função f , seja absolutamente integrável em todo o eixo real, e
tem n ∈ N derivadas absolutamente integráveis e contı́nuas em todo R. Demonstre
que
F[f (k) (t)] = (iβ)k F[f (t)], k = 1, 2, 3, · · · , n
M
e existe uma constante M > 0 tal que |F[f (t)]| ≤
|β n |
5. Suponhamos que a função f seja contı́nua e absolutamente integrável e sejam as
funções f (t), tf (t), t2 f (t), · · · , tn f (t) absolutamente integráveis.Demonstre que, a
transformada de Fourier da função f é uma função n vezes derivável em toda a reta
R, e
dk
F[f (t)] = F(k) [f (t)] = (−i)k F[tk f (t)], k = 1, 2, 3, · · · , n
dβ k
6. Seja u(t) a função pulso unitário. Determine a transformada de Fourier para cada
uma das seguintes funções:
7. Seja f (t) = te−at u(t), onde u(t) é a função unitária de Heaviside e a > 0. Determine:
463 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
464 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
at2 1 β2
17. Seja a > 0, mostre que F[e− 2 ](β) = √ e− 2a .
a
18. Resolver 3y 00 (t) + 5y 0 (t) + 2y(t) = f (t)
d2
19. Resolver −D y(t) + k 2 Dy(t) = Qδ(t) onde D, k 2 , k > 0 e Q são constantes.
dt2
Z+∞
20. Resolver a equação integral: y(t) = g(t) + y(u)r(t − u)du onde g(t) e r(t) são
−∞
funções dadas.
d2 y(t)
21. Resolver a equação diferencial − y(t) = e−|t| .
dt2
∂ 2T ∂ 2T
22. Resolva a equação de Laplace + = 0 para as seguintes condições fronteira:
∂x2 ∂y 2
∂T ∂T
(0, y) = u(1 − y), (x, 0) = 0, T (2, y) = 0, T (x, 2) = 0
∂x ∂y
23. A voltagem de entrada ao circuito RC, de duas fontes, que se mostra na Figura
(6.8), é a série infinita de Fourier:
465 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Z+∞
1
f (x, y) = F (u, v)ei(ux+vy) dudv (6.60)
(2π)2
−∞ −∞
466 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Apêndice
A1. Fórmulas elementares de integração
467 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z Z
n 1 n−1
39. tan u.du = tan u − tann−2 udu
n−1
un+1
Z
n
40. u Lnu.du = [(n + 1)Lnu − 1] + C
(n + 1)2" √ #
Z 2 2
du 1 u +a +a 1 u
41. √ = − Ln + C = Ln √ +C
u u2 + a2 a u a u2 + a2 − a
Z √ 1 √ u
42. a2 − u2 · du = [u a2 − u2 + a2 arcsen( )] + C
2 a
Z √ 1 √ √
43. u2 + a2 · du = [u u2 + a2 + a2 Ln(u + u2 + a2 )] + C
2
Z √ 1 √ √
44. u2 − a2 · du = [u u2 − a2 − a2 Ln(u + u2 − a2 )] + C
2
Z √ 1 √ √
45. u u + a · du = [u(a2 + 2u2 ) u2 + a2 − a2 Ln(u + u2 + a2 )] + C
2 2 2
8
Z √ 2 p
46. u a + bu · du = [(3bu − 2a) (a + bu)3 ] + C
15b2
Z
u 2 √
47. √ · du = 2 (bu − 2a) a + bu + C
√a + bu 3b
Z
a + bu √ Z
du
48. · du = 2 a + bu + a √ +C
u u aZ+ bu
n−1
Z
1
49. senn u · du = − senn−1 cos u + senn−2 u.du
n n Z
n−1
Z
1
50. cosn u · du = cosn−1 usenu + cosn−2 u.du
n n
n−2
Z Z
n 1 n−2
51. sec u.du = tan u sec u+ secn−2 u.du
n−1 n − 1Z
−1 n−2
Z
52. cscn u.du = cot u cscn−2 u + cscn−2 u.du
n−1 n−1
sen(a − b)u sen(a + b)u
Z
53. sen(au)sen(bu) · du = − +C
2(a − b) 2(a + b)
sen(a + b)u sen(a − b)u
Z
54. cos(au) cos(bu) · du = − +C
2(a + b) 2(a − b)
cos(a − b)u cos(a + b)u
Z
55. sen(au) cos(bu) · du = − − +C
Z 2(a − b) 2(a + b)
u 1
56. u · cos(au)du = sen(au) + 2 cos(au) + C
Z a a
u 1
57. u · sen(au)du = − cos(au) + 2 sen(au) + C
a a
Z 2
u 2u 2
58. u2 · cos(au)du = sen(au) + 2 cos(au) − 3 sen(au) + C
a a a
Z 2
u 2u 2
59. u2 · sen(au)du = − cos(au) + 2 sen(au) + 3 cos(au) + C
Z a Z a a
60. un senu.du = −un cos u + n un−1 cos u.du
eau
Z
61. eau senbu.du = (asenbu − b. cos bu) + C
a2 + b 2
eau
Z
62. eau cos bu.du = 2 (b.senbu + a. cos bu) + C
a + b2
468 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
Z+∞ Zt
f (t)
23. L[ ](s) = F (r)dr 24. L[ f (t − x)g(x)dx](s) = F (s)G(s)
t
s 0
t
25. L[f ( )](s) = aF (as), s>a 26. L[ua (t)f (t − a)](s) = e−as F (s), s>a
a
27. L[δ(t − a)](s) = e−as , s>a
469 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
470 08/03/2020
Referências
[1] Becerril Espinosa J.V. & Elizarraras M. D.- Equaciones Diferenciales Técnicas
de Solucion y Aplicaciones. Universidad Autónoma Metropolitana. Mexico. 2004
[4] Bugrov Ya S. & Nikolski S. M.- Matematicas Superiores. Vol III. Editorial Mir
Moscou. 1985.
[6] Dennis G.Zill. A First Course in Differential Equations with Modeling Ap-
plications. 7a Edição. International Thomson Editores.
471
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
[13] Felipe Alvarez, et all . Cálculo Avanzado y Aplicaciones. Apuntes para el curso
MA2A2. Departamento de Ingenierı́a Matemática. Facultad de Ciencias Fı́sicas y
Matemáticas UNIVERSIDAD DE CHILE. 2009
[16] Kreider D.& Kuller R. & Ostberg. Ecuaciones Diferenciales. Fondo Educativo
Interamericano S.A. Mexico. 1773.
[17] Marivaldo P. Matos.- Séries e Equações Diferenciais.- Prentince Hall. São Paolo
2002.
[18] Makarenko G & Krasnov M. & Kiselion A.- Problemas de Ecuaciones Diferen-
ciales Ordinárias. Editorial Mir Moscou. 1979.
472 08/03/2020
Índice Remissivo
473
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
analı́tica, 57 Ponto
contı́nua por partes, 283 sigular irregular, 241
de Bessel, 262 singular, 238, 239
de classe A, 288 singular regular, 239, 241
de Heaviside, 319 Princı́pio
de impulso unitário, 303 de superposição, 406
de ordem exponencial, 284 problema
delta de Dirac, 303 de valor inicial, 102
dente de serra, 340 de valores de contorno, 102
diferenciável por partes, 371 de valores de fronteira, 102
gamma, 261 Produto de Cauchy, 13
homogênea, 112 Propriedade de Cauchy, 10
integrável, 413
Raio de convergência, 23
onda quadrada, 283
Região simplesmente conexa, 118
par, 346
seccionalmente contı́nua, 283, 366 Resto de
seccionalmente suave, 367 Peano, 67
suave, 369 Resto de Taylor, 60
função Série
de Heaviside, 320 p, 4
Função de Laurent, 22
de grau unitário, 320 absolutamente convergente, 12, 353
Função elementar, 70 alternada, 14
Independência linear, 166 convergente, 3
integração da equação diferencial, 98 de encaixe, 5
Integrais impróprias, 276 de Puiseux, 22
Integral de termos positivos, 10
absolutamente convergente, 389, 414 divergente, 3
Intervalo de convergência, 22 dominada, 11
dominante, 11
Lagrange, 1 geométrica, 3, 21
Laguerre, 240 harmônica, 4
Laplace, Pierre S. , 275 simplesmente convergente, 14
Legendre, 237 Série de Dirichlet, 26
Séries
Norma de uma função, 349
infinitas, 3, 352
Polinômios Sequência, 2
de Hermite, 247 Solução
474 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
475 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
476 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
DO MESMO AUTOR
Livros Páginas
• Teoria da Demonstração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Notas de Aula
477 08/03/2020
Christian Q. Pinedo Séries e Equações Diferenciais
14 Manual do Estudante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Sugestões: christianjqp@yahoo.com.br
478 08/03/2020