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A - PREPARAR A LEITURA
¾ A OBRA
Bibliografia
Autor:
* *
Século: * *
Biografia * *
* *
* Contos * 1902
* *
* *
Nascimento: ________________ * *
_________________________
Aspectos relevantes:
_________________________
Capítulos Págs. livro
_________________________
_________________________
_________________________ CONTOS
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * *
_________________________ * A AIA *
Morte: ___________________ * *
_________________________ * *
* *
* *
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1.2. Escolhe o conto que te pareça mais sugestivo (com excepção do conto A AIA) e, sem leres o
texto, preenche o quadro que se segue (sê criativo!):
Personagem Principal
Adjuvantes (quem ajuda a
personagem principal?)
Oponentes (quem a
prejudica?)
Espaço (onde se passa a
acção?)
Tempo (quando?)
Acção Central
Subtítulo
LEITURA RECREATIVA
Em casa, lê o conto de Eça de Queirós que serviu de ponto de partida para o teu próprio “conto”.
¾ O CONTO
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3. Observa as imagens:
A3
B2
1.
A3
B2
1. As imagens que ilustram o conto são originais de Pedro Horta, professor de Educação Visual na Escola E.B. 2º e 3º Ciclos de Agrela.
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4. Completa o esquema que se segue, tendo em consideração a narrativa oral que produziste.
CONTEXTO SITUACIONAL
ENUNCIADO
________________
____________________ __________________
B – LER O TEXTO
* *
Semelhanças * *
* *
* *
Diferenças * *
* *
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CONCLUI
C - CONHECER O TEXTO
Sequências narrativas
Sequências descritivas
Sequências dialogais /
conversacionais
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CONCLUI
APRENDE MAIS
Os textos que actualizam o protótipo textual narrativo caracterizam-se por representar eventos,
temporalmente correlacionados que configuram o desenvolvimento de uma acção global e que se
ligam de forma lógica, orientada para um desenlace. São textos que apresentam as categorias da
narrativa: acção, personagens, narrador, tempo e espaço.
Situação Inicial
Conflito
Resolução do Conflito
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2. De acordo com o levantamento das peripécias que fizeste na resposta anterior, escolhe a opção
correcta:
a) há sequências narrativas que se encaixam dentro de outras.
b) as sequências narrativas estão ordenadas cronologicamente.
c) há várias sequências que vão sendo narradas alternadamente.
3. Sabendo que a cada uma das alíneas anteriores corresponde um dos termos que a seguir se
apresenta, faz a respectiva correspondência:
3.1. Encadeamento alínea______
3.2. Alternância ______________
3.3. Encaixe ________________
4. Repara na frase que termina a acção: «E cravou o punhal no coração.»
4.1. Consideras que a resolução do conflito fica em suspenso ou é definitiva? Justifica.
______________________________________________________________________________
4.2. Será então a acção aberta ou fechada? Justifica, novamente.
______________________________________________________________________________
ESCREVE
CONCLUI
A acção do texto apresenta uma estrutura tripartida designada por ______________ ___________,
conflito e _____________ do _____________. Quanto às sequências narrativas, temos a considerar o
encadeamento, quando as sequências estão ordenadas ________________________; o
_______________, quando uma sequência é encaixada dentro de outra; a ___________________,
quando várias sequências vão sendo narradas ______________________.
Ao nível da delimitação da acção, podemos considerá-la _________________ se o desfecho da história
fica em suspenso, ou __________________ se conhecemos o destino das personagens e o desenlace é
definitivo.
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C2.2. Personagens
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Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas este era um escravozinho, filho da
bela e robusta escrava que amamentava o príncipe. Ambos tinham nascido na mesma
noite de Verão. O mesmo seio os criara. Quando a rainha, antes de adormecer, vinha
beijar o principezinho, que tinha o cabelo louro e fino, beijava também por amor dele o
escravozinho, que tinha o cabelo negro e crespo. Os olhos de ambos reluziam como
pedras preciosas. Somente, o berço de um era magnífico e de marfim entre brocados – e
o berço de outro, pobre e de verga. A leal escrava, porém, a ambos cercava de carinho
igual, porque, se um era o seu filho – o outro seria o seu rei.
8.3. Substituiu os adjectivos que sublinhaste por outros que sejam sinónimos.
8.4. Agora faz o mesmo exercício, colocando os adjectivos no grau superlativo absoluto
sintético.
8.5. Relê o excerto, suprimindo todos os adjectivos que sublinhaste.
8.6. O que concluis?____________________________________________________________
8.7. Repara, agora, na posição que o adjectivo ocupa em relação ao nome:
a) pré-nominal (exemplo): ____________________________________________________
b) pós-nominal (exemplo):____________________________________________________
c) altera a posição do adjectivo na expressão «... cabelo louro...». ____________________
d) O que concluis? __________________________________________________________
8.8. Agora centra-te na função sintáctica que o adjectivo desempenha na frase.
a) Qual é a função sintáctica desempenhada pelo adjectivo em «A leal escrava,...»?
_______________________________________________________________________
b) E em «... o berço de um era magnífico...»? ____________________________
CONCLUI
Completa a tabela da página seguinte com informação relativa à flexão em grau, que estudaste em anos
anteriores:
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SUPERIORIDADE
COMPARATIVO cabelo tão louro e fino como (quanto)
SINTÉTICO
ABSOLUTO
RELATIVO
INFERIORIDADE
APRENDE MAIS
C2.3. Narrador
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C2.4. Tempo
a) as expressões remetem para o tempo vivido pela personagem, de acordo com o seu estado
de espírito.
b) as expressões remetem para a sucessão cronológica dos acontecimentos.
c) as expressões remetem para a época ou momento em que decorre a acção.
4. As alíneas da questão anterior indicam três aspectos distintos do tempo da acção. Faz a
correspondência entre as alíneas e os termos respectivos:
4.1 Tempo histórico ___alínea__________
4.2 Tempo psicológico_________________
4.3 Tempo cronológico_________________
5. Repara nas expressões sublinhadas no seguinte excerto:
Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho! Quantas vezes, com ele
pendurado do peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos
lentos que correriam, antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada, e
naquele tio cruel, de face mais escura que a noite e coração mais escuro que a face,
faminto do trono, e espreitando de cima do seu rochedo entre os alfanges da sua
borda!
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6. Observa, atentamente, as modificações que foram introduzidas nas frases que se seguem:
6.1. «Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho!»
6.2. Todavia, também ela tremeu pelo seu principezinho!
6.3. Todavia, também ela treme pelo seu principezinho!
7. Em que consistem essas modificações? ___________________________________________
8. Identifica o tempo e o modo verbal utilizado em cada frase.
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
9. Faz corresponder as alíneas que se seguem às frases em 6.
a) o tempo verbal exprime factualidade da acção ocorrida no presente. ______________
b) o tempo verbal exprime uma acção totalmente realizada no passado. ______________
c) o tempo verbal exprime continuidade da acção ocorrida no passado. ______________
CONCLUI
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C2.5. Espaço
1. Preenche o esquema que se segue com elementos do texto relativos ao espaço:
ESPAÇO
Características
FÍSICO SOCIAL
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No que diz respeito ao tempo da acção podemos distinguir __________ aspectos do tempo da acção, a
saber: tempo _____________; tempo ________________ e tempo ___________________. No texto «A
Aia» predomina o tempo__________________, uma vez que os acontecimentos se sucedem numa ordem
____________________.
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C3. Figuras
Definição
Exemplos
Parágrafos
Significado
da
Expressão
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APRENDE MAIS
CONCLUI
No exercício 1., os nomes __________ e ___________ são retomados na frase B por três ___________
pessoais, um __________________ possessivo e um _____________ comum, formando uma
_____________ de _____________, uma vez que estas formas indicam o mesmo ________________, ou
seja, a mesma entidade do mundo.
No exercício 2., temos uma ____ - ____________ não ___________, uma vez que é através do
conhecimento do ____________ que sabemos da co-referência entre os dois termos.
APLICA OS CONHECIMENTOS
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alíneas
3.1.1. O antecedente é repetido.
3.1.2. O antecedente é substituído por um pronome.
3.1.3. O antecedente é convertido em nome.
3.1.4. O antecedente é substituído por um sinónimo.
3.2. Indica, agora, o termo que refere os fenómenos indicados na questão anterior, de acordo com o
exemplo.
3.2.1. Pronominalização
3.1.1
3.2.2. Repetição
3.2.3. Sinonímia
3.2.4. Nominalização
APRENDE MAIS
APLICA OS CONHECIMENTOS
Atente novamente no 3º parágrafo do texto e no levantamento que fizeste das retomas anafóricas.
a) Classifica o tipo de retomas que aí encontraste.
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Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre lajes, como um fardo.
Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um
clarão de lanternas, brilhos de armas... Num relance tudo compreendeu: o palácio
surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente,
sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o
para o pobre berço de verga, e, tirando o seu filho do berço servil, entre beijos
desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com um brocado.
APRENDE MAIS
Os conectivos ou articuladores servem para exprimir diferentes ideias ou circunstâncias. Porque ajudam
muito, aqui vai uma pequena lista de conectivos e articuladores que poderás utilizar.
1.
ESCREVE
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CONCLUI
As frases que apresentam mais do que uma forma ________________ pertencente à classe dos verbos
________________ designam-se por frases _____________________, pois são constituídas por duas ou
mais frases simples.
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6. Aponta a relação que cada frase subordinada estabelece com a frase subordinante (insere a alínea
correspondente):
alínea
6.1 exprime o propósito, a intenção da realização da situação descrita na frase
subordinante. ______________
6.2. é introduzida por um pronome relativo associado a um antecedente que
ocorre na frase subordinante. ______________
6.3. exprime a consequência de um facto apresentado na frase subordinante. ______________
6.4. exerce a função de completar a estrutura do núcleo verbal. ______________
6.5. exprime a razão, o motivo do evento descrito na frase subordinante. ______________
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APRENDE MAIS
As frases subordinadas são frases encaixadas em outras frases – segundo o tipo de encaixe que se
verifica e o tipo de função sintáctica da subordinada, definem-se três tipos de subordinadas:
substantiva, adjectiva e adverbial.
Tendo por referência o objecto de estudo deste guião (frases subordinadas introduzidas por que),
considera a seguinte informação:
1. As frases subordinadas completivas são substantivas pois desempenham as funções do
nome: sujeito e complemento directo.
2. As frases subordinadas adjectivas desempenham uma função sintáctica própria do
adjectivo, exercem, então, a função sintáctica de modificadores do nome.
3. As frases subordinadas adverbiais exprimem circunstâncias próprias dos advérbios,
desempenhando a função de modificadores frásicos (da frase).
4. As frases subordinadas adverbiais comparativas e consecutivas exercem a função de
complementos frásicos, uma vez que são consideradas construções de graduação.
Frases subordinadas
* *
substantivas
Frases subordinadas
* *
adjectivas
* *
Frases subordinadas
* *
adverbiais
* *
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9. Para concluir a classificação das frases subordinadas, resta acrescentares o nome da palavra que
introduz cada frase à classificação feita na tabela anterior. Segue o exemplo e a ordem das alíneas
no exercício 5.
a) __________________________________________________________________________
b) Frase subordinada adverbial causal
c) ___________________________________________________________________________
d) ___________________________________________________________________________
e) ___________________________________________________________________________
APLICA OS CONHECIMENTOS
b) A Aia, leal, amava o príncipe já que ele seria o seu futuro rei.
e) O tio era um homem de tal maneira cruel que teve coragem de matar a criança.
f) A Aia pertencia a uma raça que acreditava que a vida da terra continuava no céu.
g) A rainha pegou no príncipe que despertara para que fosse visto por todos.
As frases subordinadas adjectivas relativas com antecedente devem ser objecto de análise mais detalhada num outro guião.
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* *Frase subordinada
b) * *
adverbial causal
*
c) * * *Modificador frásico
*
d) *O bastardo julgou * * *
*
e) * * *
*
* * * Modificador do nome
f) *
* * * Complemento directo
* Pronome relativo
* * *
g) * Locução conjuncional
* * *
subordinativa final
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D – ESCREVER O TEXTO
E – SIMULAR O REAL
Pelos motivos que já conheces, a Aia decide suicidar-se no final da acção. O suicídio é um dos muitos
problemas que afectam os adolescentes dos nossos dias. Poderá, então, o suicídio ser entendido como
um acto de cobardia ou um acto de valentia? E a personagem principal do texto, terá ela sido
corajosa ou cobarde ao optar por esta solução?
O que pensas sobre o assunto e sobre a atitude final da personagem?
Organiza um debate na turma onde manifestes a tua opinião sobre estes aspectos, levantados nas
questões anteriores.
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TEMPOS VERBAIS
PREDOMINANTES
CONECTIVOS /
ARTICULADORES
RETOMAS ANAFÓRICAS
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(continuação)
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A AIA
Eça de Queirós, Contos
Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e
searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha
e um filhinho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas.
A lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama,
começava a minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas,
negro do sangue seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha
perdida e da morte do rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à
beira de um grande rio.
Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem
depravado e bravio, consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa
dos seus tesoiros, e que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda
de rebeldes, à maneira de um lobo que, de atalaia no seu fojo, espera a presa. Ai! a
presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que
dormia no seu berço com seu guizo de oiro fechado na mão!
Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas este era um escravozinho,
filho da bela e robusta escrava que amamentava o príncipe. Ambos tinham nascido na
mesma noite de Verão. O mesmo seio os criara. Quando a rainha, antes de adormecer,
vinha beijar o principezinho, que tinha o cabelo louro e fino, beijava também por amor
dele o escravozinho, que tinha o cabelo negro e crespo. Os olhos de ambos reluziam
como pedras preciosas. Somente, o berço de um era magnífico e de marfim entre
brocados – e o berço de outro, pobre e de verga. A leal escrava, porém, a ambos cercava
de carinho igual, porque, se um era o seu filho – o outro seria o seu rei.
Nascida naquela casa real, ela tinha a paixão, a religião dos seus senhores.
Nenhum pranto correra mais sentidamente do que o seu pelo rei morto à beira do grande
rio. Pertencia, porém, a uma raça que acredita que a vida da Terra se continua no Céu. O
rei seu amo, decerto, já estaria agora reinando num outro reino, para além das nuvens,
abundante também em searas e cidades. O seu cavalo de batalha, as suas armas, os
seus pajens tinham subido com ele às alturas. Os seus vassalos, que fossem morrendo,
prontamente iriam, nesse reino celeste, retomar em torno dele a sua vassalagem. E ela,
um dia, por seu turno, remontaria num raio de lua a habitar o palácio do seu senhor, e a
fiar de novo o linho das suas túnicas, e a acender de novo a caçoleta dos seus perfumes;
seria no céu como fora na terra, e feliz na sua servidão.
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Todavia, também ela tremia pelo seu principezinho! Quantas vezes, com ele
pendurado do peito, pensava na sua fragilidade, na sua longa infância, nos anos lentos
que correriam, antes que ele fosse ao menos do tamanho de uma espada, e naquele tio
cruel, de face mais escura que a noite e coração mais escuro que a face, faminto do
trono, e espreitando de cima do seu rochedo entre os alfanges da sua borda! Pobre
principezinho da sua alma! Com uma ternura maior o apertava nos braços. Mas se o seu
filho chalrava ao lado, era para ele que os seus braços corriam com um ardor mais feliz.
Esse, na sua indigência, nada tinha a recear da vida. Desgraças, assaltos da sorte má
nunca o poderiam deixar mais despido das glórias e bens do mundo do que já estava ali
no seu berço, sob o pedaço de linho branco que resguardava a sua nudez. A existência,
na verdade, era para ele mais preciosa e digna de ser conservada que a do seu príncipe,
porque nenhum dos duros cuidados com que ela enegrece a alma dos senhores roçaria
sequer a sua alma livre e simples de escravo. E, como se o amasse mais por aquela
humildade ditosa, cobria o seu corpinho gordo de beijos pesados e devoradores – dos
beijos que ela fazia ligeiros sobre as mãos do seu príncipe.
No entanto, um grande temor enchia o palácio, onde agora reinava uma mulher
entre mulheres. O bastardo, o homem de rapina, que errava no cimo das serras, descera
à planície com a sua horda, e já através de casais e aldeias felizes ia deixando um sulco
de matança e ruínas. As portas da cidade tinham sido seguras com cadeias mais fortes.
Nas atalaias ardiam lumes mais altos. Mas à defesa faltava disciplina viril. Uma roca não
governa como uma espada. Toda a nobreza fiel perecera na grande batalha. E a rainha
desventurosa apenas sabia correr a cada instante ao berço do seu filhinho e chorar sobre
ele a sua fraqueza de viúva. Só a ama leal parecia segura – como se os braços em que
estreitava o seu príncipe fossem muralhas de uma cidadela que nenhuma audácia pode
transpor.
Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida,
no seu catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de
ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano,
atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os
jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo
tombando molemente, sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E
além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas...
Num relance tudo compreendeu: o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar,
matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o
príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga, e, tirando o seu
filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com
um brocado.
O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva.
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E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão das
guardas, a sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O
bastardo morrera! Colhido, ao fugir, entre o palácio e a cidadela, esmagado pela forte
legião de archeiros, sucumbira, ele e vinte da sua horda. O seu corpo lá ficara, com
flechas no flanco, numa poça de sangue. Mas, ai! dor sem nome! O corpozinho tenro do
príncipe lá ficara também, envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que
o tinham esganado!... Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de
armas, quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para
lho mostrar, o príncipe que despertara.
Mas como? Que bolas de oiro podem pagar um filho? Então, um velho de casta
nobre lembrou que ela fosse levada ao Tesoiro real, e escolhesse de entre essas
riquezas, que eram as maiores da Índia, todas as que o seu desejo apetecesse...
A rainha tomou a mão da serva. E sem que a sua face de mármore perdesse a
rigidez, com um andar de morta, como um sonho, ela foi assim conduzida para a Câmara
dos Tesoiros. Senhores, aias, homens de armas, seguiam, num respeito tão comovido,
que apenas se ouvia o roçar das sandálias nas lajes. As espessas portas do Tesoiro
rodaram lentamente. E, quando um servo destrancou as janelas, a luz da madrugada, já
clara e rósea, entrando pelos gradeamentos de ferro, acendeu um maravilhoso e
faiscante incêndio de oiro e pedrarias! Do chão de rocha até às sombrias abóbadas, por
toda a câmara, reluziam, cintilavam, refulgiam os escudos de oiro, as armas
marchetadas, os montões de diamantes, as pilhas de moedas, os longos fios de pérolas,
todas as riquezas daquele reino, acumuladas por cem réis durante vinte séculos. Um
longo «Ah!», lento e maravilhado, passou por sobre a turba que emudecera. Depois
houve um silêncio, ansioso. E no meio da câmara, envolta na refulgência preciosa, a ama
não se movia... Apenas os seus olhos, brilhantes e secos, se tinham erguido para aquele
céu que, além das grades, se tingia de rosa e de oiro. Era lá, nesse céu fresco de
madrugada, que estava agora o seu menino. Estava lá, e já o Sol se erguia, e era tarde,
e o seu menino chorava decerto, e procurava o seu peito!... Então a ama sorriu e
estendeu a mão. Todos seguiam, sem respirar aquele lento mover da sua mão aberta.
Que jóia maravilhosa, que fio de diamantes, que punhado de rubis ia ela escolher?
Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando para o céu,
onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou:
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