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Na vida de um profissional, carreira e finanças andam lado a lado. Para crescer, você
precisa estar com as contas em ordem. Uma folga financeira dá segurança na hora de
tomar decisões sobre sua vida profissional. Só com uma poupança você poderá, por
exemplo, escolher a empresa onde quer trabalhar. Ou investir em sua educação
executiva.
Da mesma forma, para ganhar mais dinheiro, você precisa crescer na carreira. Quanto
mais bem remunerado for seu trabalho, mais você poderá economizar, diversificar seus
investimentos e, no longo prazo, conquistar sua independência financeira. Selecionamos
três talentos reconhecidos pelas próprias companhias em que trabalham. Mostramos
como cada um deles está construindo seu patrimônio, conforme evolui na profissão.
Inspire-se na história deles e confira, nas próximas páginas, como preparar sua
independência financeira ao mesmo tempo que você supera desafios em sua carreira.
Primeiros Passos
LINHA DO TEMPO
Carreira
Veja como Roberta Maia evolui na profissão e planeja comprar seu apartamento. Com
base no exemplo dela, confira as lições para a sua carreira e o seu bolso.
Dinheiro
Roberta quer comprar um apartamento no valor de 180 000 reais em junho do próximo
ano. Veja quatro opções para ela atingir seu sonho.
Rumo ao Estrelato
Nascido em Governador Valadares (MG),
Rodrigo Baia, de 37 anos, é
superintendente de conquista de clientes do
Itaú. Sua função é traçar estratégias para
aumentar a base de correntistas do banco.
Formado em administração de empresas e
Direito, ele vive em São Paulo com a
mulher e o filho desde 2004, quando
assumiu a gerência de uma agência do
banco na Avenida Paulista. Bom de conversa, Rodrigo sabe como cativar a equipe e os
clientes. Essa habilidade acelerou seu crescimento no banco, com troca de cargo a cada
dois anos. De sua cidade natal, Rodrigo foi para Belo Horizonte e de lá para a capital
paulista, sempre assumindo desafios maiores. A partir de agora, subir ficou mais difícil.
Para um executivo em estágio intermediário de carreira, é hora de melhorar suas
habilidades como líder de equipes e assumir responsabilidades novas gradativamente,
fortalecendo seu nome dentro da instituição, para um dia chegar a diretor.
Na vida financeira, Rodrigo é um sujeito comedido, que gosta de boa rentabilidade, mas
não quer correr riscos que possam colocar seu patrimônio em jogo. Ele desenvolveu
desde cedo a disciplina e a constância para poupar e isso o ajuda a planejar sua
independência financeira. “Como morava no interior com meus pais, não tinha como
gastar muito dinheiro quando era jovem, nem que quisesse, então me acostumei a
poupar”, diz ele. Para comprar a primeira casa própria, ele fez um financiamento
imobiliário, mas logo que conseguiu um dinheiro extra liquidou as prestações que
faltavam. “Ele é uma pessoa que provavelmente não vai gostar de investir na bolsa,
porque é um mercado com muita volatilidade”, diz José Roberto Savóia, professor do
laboratório de finanças da FIA, em São Paulo. Rodrigo prefere consolidar seus ganhos
financeiros e busca segurança nos investimentos.
LINHA DO TEMPO
Carreira
Dinheiro
ESTRATÉGIA 1> Para realizar seus sonhos, a primeira coisa que Rodrigo deve fazer é
aumentar sua reserva financeira para o equivalente a 12 salários mensais. “Esse é o
tempo médio que um executivo demora para se recolocar no mercado”, diz Fabiano. Se
ele aplicar 1 000 reais e mais os bônus semestrais que recebe, terá quase 50 000 reais
em um ano, investindo em uma aplicação que renda 6% ao ano. Se ele mantiver essa
disciplina todos os anos, vai acumular 560 000 reais em oito anos. Dinheiro mais que
suficiente para pagar o intercâmbio do filho. Investindo da mesma forma, ele vai
alcançar 2,8 milhões de reais em 17 anos. “Ele não precisa fazer nenhuma aplicação de
risco, basta manter a capacidade de renda e poupança, e aos 62 anos terá uma renda
passiva de 14 000 reais por mês”, diz Fabiano.
Se for bem-sucedido na gestão dessa empresa de compras, sua meta é assumir uma
unidade de componentes do grupo. Com relação a suas finanças, Osias pode ser
considerado um investidor arrojado. Desde os 17 anos, investe no mercado de ações.
Seu irmão mais velho era operador da mesa de renda variável em uma fundação em
Minas Gerais e incentivava Osias a colocar parte de seu salário de office-boy em ações.
“Comecei comprando papéis da Unipar e da antiga Telebrás”, lembra. A especialização
profissional na área de compras fez com que ele desenvolvesse a habilidade de
negociador e começasse a usá-la na hora de escolher suas aplicações.
LINHA DO TEMPO
A partir da trajetória de Osias Galantine, um executivo de alto escalão, reunimos dicas
de carreira e investimento para você que quer crescer na empresa e diversificar suas
aplicações.
Carreira
Dinheiro
Estratégia 1>
Ele pode invistir os bônus anuais em uma aplicação que renda cerca de 6% ao ano. Em
três anos, terá 700 000 reais. Desse valor, ele pode pagar o intercâmbio da filha mais
velha e usar o restante para construir a casa. “Osias precisa de uma poupança
equivalente a um ano de seu salário”, diz o consultor Fabiano Calil. Nos dez anos
seguintes, partindo de uma poupança prévia de 130 000 reais e poupando anualmente
seu bônus, ele pode ter 980 000 reais aos 55 anos. Aos 65 anos, terá 2,6 milhões de reais
e poderá sacar 13 000 reais por mês.
Estratégia 2>
Uma alternativa é colocar todo o dinheiro que tem em um fundo DI. Até o fim do ano,
terá 460 000 reais. E no ano que vem ele terá dinheiro para construir a casa. A partir daí,
ele poupará para pagar o ensino da filha mais velha no exterior. Ele pode aplicar seus
bônus anuais da seguinte forma: 85% em renda fixa e 15% em ações. Para a filha mais
nova — que também vai para o exterior — ele fará uma carteira mais agressiva, com
90% dos investimentos em renda fixa e 10% em ações. Para a aposentadoria, Osias pode
montar uma carteira de investimento em que ele coloque 50% do dinheiro em um fundo
DI, 30% em um fundo multimercado e 20% em ações.
Para você>
Tenha uma poupança de 12 meses do salário guardado.
Diversifique as aplicações.
Tenha sempre um plano de aposentadoria.
Invista no máximo 15% do seu dinheiro em ações.
- " Meu primeiro grande erro", por Eduardo Bom Ângelo, presidente da corretora de
seguros Lazam-MDS
- "A primeira vez que troquei de área", por José Antônio Coimbra, diretor geral e
comercial da British Airways para o Brasil
- "A primeira vez que reduzi o ritmo da minha carreira", por Eneida Bini, consultora da
Herbalife Internacional na Austrália
- "A minha primeira viagem dos sonhos", por Gustavo Cerbasi, administrador de
empresas e escritor
- "Minha primeira gafe como consultora de etiqueta", por Claudia Matarazzo, chefe-do-
cerimonial do governo do Estado de São Paulo
As pessoas têm hoje uma autonomia de carreira que não existia há dez anos. É o que
mostra uma pesquisa com 1 020 profissionais brasileiros de baixo, médio e alto
escalões, em 18 diferentes setores da economia, realizada pela H2R Pesquisas
Avançadas em parceria com a VOCÊ S/A.
CARREIRA FLEXÍVEL
Para ganhar maior liberdade, naturalmente, as pessoas tiveram de abrir mão de antigas
regalias e aprender a lidar com a instabilidade. A globalização trouxe oportunidades,
mas também incertezas. Expostas ao mercado internacional e a uma competição mais
acirrada, as companhias não podem mais dar segurança no emprego e garantir
crescimento por tempo de casa. A gestão individual da carreira, mais do que uma opção,
tornou-se uma necessidade.
“Não é o número de empresas no currículo que importa”, diz Sara Simons, diretora
de gestão de carreira da americana Wharton, uma das principais escolas de negócios do
mundo. “O que conta é o propósito das mudanças e as habilidades que você desenvolve
em cada uma das oportunidades que tem”, diz.
DESENVOLVIMENTO EM ALTA
A preocupação dos profissionais com seu desenvolvimento, aliás, cresceu na última
década, e a tendência é que o tempo dedicado à formação executiva aumente nos
próximos anos. Segundo a pesquisa, os profissionais das novas gerações chegam ao
mercado mais preparados, pressionando os mais velhos a também se desenvolver. Do
grupo entre 20 e 29 anos, 73% disseram que destinam pelo menos um quinto de seu
tempo aos estudos. Cerca de 66% dos profissionais que hoje têm entre 30 e 39 anos
faziam o mesmo dez anos atrás. Além disso, 57% das pessoas na casa dos 20 anos
declaram dominar o inglês, ante menos da metade dos trintões. Por outro lado, a
consciência da importância de se manter atualizado é generalizada. Quase 90%
acreditam que sua formação não será suficiente para daqui a dez anos.
“Um líder moderno tem de mobilizar as pessoas para atingir metas e saber aproveitar a
diversidade de pensamentos da equipe para encontrar novas soluções”, diz Gilberto
Lara, diretor de recursos humanos e desenvolvimento organizacional do grupo
Votorantim, que emprega mais de 50 000 pessoas.
DINHEIRO E SUCESSO
A maior autonomia dada aos gerentes também mudou o formato
de remuneração dos executivos. Nos últimos anos, a cultura de
gestão baseada em desempenho se espalhou pelo mercado e foi
adotada em várias companhias, em diferentes medidas. O fato é
que a parcela do salário atrelada aos resultados do profissional e
da empresa aumentou. Entre os entrevistados, o total dos que
recebem remuneração variável subiu de 19%, há dez anos, para
53%, hoje. “Mudar de emprego não é mais o único caminho para
conseguir um bom aumento.
Sem fronteiras
A rede varejista francesa Carrefour recuperou a rentabilidade de seus hipermercados no
Brasil e voltou a figurar na primeira posição no ranking dos supermercados,
desbancando os rivais Pão de Açúcar e Wal-Mart.
A primeira medida tomada foi acabar com as barreiras físicas entre os gestores. “Não
havia espírito participativo”, diz Renata Moura, diretora de RH. Depois, gerentes e
diretores foram incentivados a acompanhar um dia no trabalho dos repositores, por
exemplo. Conclusão: 13% do mercado e a liderança restabelecida.
A era das emoções
Mimo TAM
Família e Natureza
Por João Luis de Castro, da Puma
O paulistano João Luis de Castro, de 47 anos, presidente da Puma, fabricante de artigos
esportivos, está longe do perfi l típico de presidente. No escritório, dispensa o estilo
social e evita formalidades com a equipe. Nas corridas matinais, age como um
verdadeiro garoto-propaganda, uniformizado com produtos da marca dos pés à cabeça.
Toda semana, ele visita ao menos duas das 14 lojas da empresa para ver de perto as
novas coleções e a decoração das vitrines.
Rotina
Para não perder o controle da agenda, João mantém a disciplina. Leva os dois filhos à
escola todo dia, em um dos poucos momentos que passa com eles durante a semana.
Outra rotina intocável é a corrida matinal no parque, que hoje é um compromisso fixo
na agenda, assim como as reuniões de negócios. Depois do exercício, toma um banho
no clube e ainda chega à empresa 15 minutos antes de todos. Seu dia é dividido entre
reuniões formais e conversas com a equipe. “Para manter todos alinhados, procuro estar
acessível e dar apoio ao trabalho deles.”
Trabalho solitário
Perto das 19h, quando o escritório esvazia, João se dedica a responder os e-mails mais
complexos ou estratégicos. É um dos poucos momentos em que fica só. Nessa hora, ele
aciona sua pasta de prioridades, na qual guarda documentos como o planejamento
global da companhia. “Com base nas orientações da matriz, estabeleço meu plano de
trabalho para os próximos 18 meses”, diz. O f im do expediente também serve para
fazer contatos e marcar encontros importantes com DJs, arquitetos e headhunters.
“Procuro me manter por dentro do que acontece com nosso público e com o mercado.”
Ao ar livre
Além da corrida, João pratica outras atividades esportivas, de preferência as que
envolvam convívio com a natureza e uma dose de adrenalina. Vale skate, veleiro ou
excursões. Escalar montanhas é outra paixão. Em quase todas as férias ir para alguma
região montanhosa é passeio obrigatório — a última foi à base do Monte Everest.
Admirável mercado novo
Abertura de capital, nova lei contábil, novos padrões
de governança. O ambiente de negócios mudou. Veja o
que você deve saber para se sair bem nesse cenário
Por Roseli Loturco
Uma mudança em curso nas empresas de médio e grande porte no país está mexendo de
vez com a carreira de profissionais em todas as áreas. A explicação está nos números e é
bom ficar atento a eles, mesmo que sua formação não seja no setor financeiro. A
participação acionária de fundos de investimentos no capital de empresas nacionais hoje
é de cerca de 17 bilhões de dólares, ante 4 bilhões de dólares em 1998.
E quem trabalha nessas organizações teve de se adequar à nova realidade não só das
finanças, em que as mudanças foram mais sentidas, mas também ganhar uma
compreensão mais global da empresa. “Da média chefia para cima, ninguém mais pode
ficar apático em relação às novas regras contábeis internacionais, aos mandamentos de
sustentabilidade e de novos negócios”, diz Patrícia Molina, sócia da consultoria KPMG
na área de gestão e recursos humanos. Os profissionais ficam mais expostos e todo
mundo acompanha os movimentos que influenciam o negócio. “Costumo comparar a
empresa que abriu capital com a cozinha aberta de um restaurante. Todos acompanham
os movimentos e habilidades do cozinheiro e os executivos têm que
prestar contas ao mercado com freqüência, a cada três meses”, explica
Patrícia. Somente no ano passado, foram 64 IPOs (oferta inicial de ações,
na sigla em inglês) ante apenas sete em 2004. Um outro catalisador de
mudanças é a consolidação de alguns setores da economia. Fusões e
aquisições têm se tornado mais comuns. O ano de 2007 foi o recorde de
transações de compra e venda de empresas. Foram 699 operações.
JOGO RÁPIDO
O grupo Totvs, com sede em São Paulo, que comprou seis empresas nos
últimos dois anos, mudou as exigências em relação a seus profissionais.
Teve aporte de 12 milhões de dólares de um fundo de private equity, abriu
capital em 2006 (quando levantou 460 milhões de reais em recursos) e
comprou seis empresas desde então. A mais recente e estratégica foi a Datasul, de Santa
Catarina. É um exemplo claro de como tem de mudar quem está em uma dessas
empresas dinâmicas hoje. Em 1998, a Totvs, que ainda era Microsiga, tinha receita de
35 milhões de reais.
Em 2007, pulou para 490 milhões de reais e caso concretize a operação com a Datasul,
ainda sub judice dos órgãos reguladores, saltará para 734 milhões. Nesse cenário, o
advogado Flávio Balestrin, de 36 anos, saiu da diretoria de recursos humanos e passou
para a direção de operações internacionais, área vital para uma empresa que quer se
expandir — ela está hoje em 17 países.
O rodízio de funções foi um jeito que a Totvs encontrou para ampliar a visão de seus
funcionários. “O que vai contar daqui para a frente para um executivo é sua capacidade
de se reinventar de acordo com as mudanças rápidas do mercado”, diz Flávio.
O executivo brasileiro que acompanha essas mudanças passou a ser muito valorizado
fora do país, porque as empresas nacionais se transformaram em multinacionais. “Nesse
cenário, conhecer as finanças é necessidade básica para decidir estrategicamente”, diz
Alfredo Assumpção, sócio da Fesa, empresa de recrutamento de executivos de São
Paulo. “É comum ver gente que conhece leis contábeis e regras internacionais de
governança”, diz Luis Motta, sócio da consultoria KPMG. Essa mexida no mercado
colocou indústrias diferentes no mesmo grupo e juntou negócios distintos sob o mesmo
logotipo. Assim, as companhias uniram pessoas e culturas também diferentes. Por isso,
quem souber lidar com esses grupos diversos e trabalhar bem nessas equipes sai
ganhando. “A profissionalização das empresas impõe também uma profissionalização
de quem está à frente das equipes”, diz Magui Lins de Castro, sócia-diretora da
Southmark, empresa de contratação de executivos em São Paulo.
O que mais contou para o novo posto são os conhecimentos na área financeira, seu grau
de persuasão, a compreensão de culturas adversas (ele morou fora do país) e o fato de
ser generalista. “Também quando vou contratar dou preferência para quem já teve
vivência internacional, pois esse executivo além de ter maior fluência em inglês terá
mais facilidade em absorver outras culturas”, diz Fernando, que fez cinco contratações
neste ano. Todos os departamentos das empresas estão envolvidos nas mudanças. Aliás,
elas valem até para áreas que não existiam antes das aberturas de capital e afins. A
evolução acelerada da importância das finanças no mundo trouxe novas áreas de
atuação, e uma das mais fortes é a figura do profissional de relações com investidores
(RI), vaga que não existia em muitas empresas, que hoje transita entre o financeiro e o
marketing. Ele faz o meio-de-campo entre o presidente da empresa e os acionistas, tem
de acompanhar todos os processos e apresentar o resultado financeiro, decisões e metas
assumidas de modo atraente e convincente para quem está colocando dinheiro na
empresa.
E, tanto esses conselheiros como qualquer outro profissional, é bom lembrar, tem de
conhecer a fundo as regras de governança corporativa exigidas pela Comissão de
Valores Mobiliários e as leis contábeis internacionais, como a Sarbanes- Oxley, que foi
usada para punir fraudes em empresas como a Cisco, recentemente, no país. “A maioria
das empresas que abre capital hoje o faz no Novo Mercado (que adota critérios mais
rigorosos de transparência), o que impõe a seus líderes que adquiram mais
conhecimentos financeiros”, diz Luis, da KPMG.
Hoje, a média nas grandes organizações gira em torno de 100 mensagens diárias. Foi
nesse mesmo clima que as companhias resolveram presentear seus executivos com
smartphones, um computador de mão que carrega um celular. “Quando acontece isso,
de certa forma a empresa espera que o profissional esteja disponível para ler os e-mails
instantaneamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados”, diz Ricardo Basaglia,
gerente da divisão de TI da Michael Page, empresa de busca de executivos de São
Paulo. Essa dependência ganhou até um nome: crackberry, a maneira como os
americanos começaram a chamar a síndrome que atinge aqueles que estão obcecados
por seus aparelhinhos.
TECNOLOGIA A FAVOR
O avanço da tecnologia tem dois lados e o mais sombrio é justamente aquele que tem a
ver com esse mar de informações. As ferramentas tomaram conta da agenda dos
trabalhadores nos últimos dez anos. Tanto que empresas como Microsoft, Google, IBM
e Intel se uniram nos Estados Unidos para melhorar a situação em que seus funcionários
se colocaram por causa do excesso de e-mails, mensagens instantâneas e afins. As
gigantes estão criando maneiras de desafogar as pessoas e aumentar a produtividade. A
Basex, companhia americana de pesquisa, mostrou que o país gasta mais de 650 bilhões
de dólares por ano em perdas de produtividade, muitas vezes geradas pelas interrupções
desnecessárias da comunicação online, como messenger ou e-mail. Mas há uma luz no
final do túnel digital: as empresas estão aproveitando as mesmas facilidades que
prendem os trabalhadores à frente do computador para dar mais qualidade à vida dos
profissionais.
As melhores empresas do país para fazer carreira têm uma prioridade em comum: o
desenvolvimento de seus funcionários. Esse é um dos destaques da edição 2008 do
Guia VOCÊ S/A-EXAME — As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar.
Uma gestão que valoriza a educação continuada e a melhoria de desempenho caracteriza
as 150 empresas finalistas da maior pesquisa de clima organizacional do país. Houve
550 companhias inscritas, um recorde em 12 anos.
A Volvo, montadora sueca de caminhões, cuja sede no Brasil fica em Curitiba (PR), é a
grande campeã de 2008 e uma das que mais investem na formação de seus profissionais.
Além dela, a fabricante de bebidas AmBev aparece como revelação em duas categorias:
liderança e desenvolvimento. Na primeira edição do Guia, em 1997, a Brahma (a
AmBev é resultado da fusão da Companhia Antarctica Paulista e da Companhia
Cervejaria Brahma, em 1999) apareceu na lista das 30 empresas premiadas. Seu título
de apresentação: “Cercar-se de talentos. Eis o segredo da número 1”. A reportagem
ressaltava a criação da universidade corporativa, em 1995, e dava destaque aos
programas educacionais. Em 1996, a empresa havia investido 6 milhões de reais em
treinamento.
APRENDIZADO É MOBILIDADE
Há pouco mais de dez anos, a valorização do aprendizado aparecia como tendência
entre as melhores empresas para se trabalhar. Os funcionários das 130 companhias
avaliadas na primeira pesquisa de VOCÊ S/AEXAME afirmavam que o
desenvolvimento era condição fundamental para sua permanência na organização. Na
mesma época, as empresas começavam a se preocupar em melhorar o nível educacional
de quem trabalhava nelas. “As pessoas passaram a perceber que, num ambiente
competitivo, a mobilidade delas, dentro da companhia ou mesmo no mercado, depende
do contínuo aprendizado”, diz o professor Joel Dutra.
Conheça o site do Guia das 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar
Talentos na vitrine
Quais são as empresas que formam os profissionais
mais assediados pelo mercado? Ouvimos 16 caça-
talentos e chegamos a quatro nomes entre as
companhias mais visadas
Por Renata Avediani
Algumas empresas são mais que bons lugares para se trabalhar. Elas ficam conhecidas
por formar os profissionais mais disputados do mercado em suas áreas de atuação.
Investem pesado no recrutamento, na formação e em colocar as pessoas no lugar certo
— ou seja, onde elas podem ter o melhor desempenho. “Para que a relação dê certo,
também é importante haver um alinhamento entre os valores do profissional e os da
companhia”, diz o professor Joel Dutra, da Fundação Instituto de Administração (FIA),
de São Paulo. Estar em uma organização dessas não é apenas uma oportunidade de
formação e de carreira, mas uma maneira de ser visto pelo mercado.
Estão nessa lista apenas as mais citadas e, ainda assim, escolhemos apenas uma por
mercado de atuação. Dentro das opções possíveis, selecionamos as que se
“especializaram” em um determinado tipo de formação. Há quem forme
empreendedores ou os melhores líderes, por exemplo. “Elas têm em comum uma cultura
forte e criam uma relação de identidade intensa com seus funcionários“, diz o professor
Joel, da FIA.
AmBev
Escola de processos
Executar, colocar em prática, fazer. Essas são as maiores qualidades de quem se forma
na cervejaria. O modelo de gestão baseado em meritocracia valoriza quem mostra
serviço rapidamente e de forma agressiva. “São profissionais que estão sempre
superando o próprio desempenho”, diz Joel Dutra, da FIA. Uma das principais
ferramentas para formar a turma é a Universidade AmBev, com treinamento baseado
em cinco eixos: prática de liderar, excelência operacional, sistema de gestão, orientação
para o mercado e cultura AmBev.
Mão na massa
Foi a capacidade de tirar projetos do papel e agir que fez o carioca Rodrigo Frazão (na
foto), de 31 anos, receber mais de 20 propostas nos oito anos em que trabalhou na
AmBev. “Lá, as pessoas são estimuladas a ter foco nos resultados e senso de urgência”,
diz Rodrigo. Ele entrou na empresa como estagiário, em seis meses virou supervisor de
vendas e foram mais seis meses até assumir o cargo de gerente. Em sete anos, passou
por seis posições. Em março deste ano, deixou a cervejaria e assumiu a diretoria
comercial da Casa Show, companhia de material de construção, no Rio de Janeiro, que
está em fase de expansão e procurava por executivos para colocar seu planejamento em
prática. A experiência de Rodrigo pesou e hoje ele responde pelas operações de
marketing, logística e compras. “Nunca saí porque apostei no meu crescimento na
AmBev. Achei que agora era a hora de aplicar tudo o que aprendi.”
Odebrecht
Cabeça de empreendedor
A construtora investe em empreendedorismo. “Os profissionais se imbuem do papel de
dono do negócio e tomam as responsabilidades para si”, diz o professor Joel Dutra, da
FIA. “Cada projeto é visto como uma empresa”, diz Dárcio Crespi, diretor da Heidrick
Struggles, consultoria com sede em São Paulo, especializada no recrutamento de
executivos. A sala de aula tem sido uma boa aliada da Odebrecht.
Portas abertas
Em 2005, o engenheiro Gustavo Magno, de 29 anos, foi contratado pela Odebrecht para,
com o diretor regional, iniciar as operações de uma incorporadora da empresa no Rio de
Janeiro. Foi seu primeiro contato com a delegação planejada, termo usado na companhia
para falar sobre a autonomia dos funcionários. “Aprendi a reconhecer o perfil das
pessoas, a delegar, a estruturar equipes e negócios.” Em 2007, surgiu a chance de
colocar isso em prática, como diretor regional no Rio de Janeiro da Cytec,
incorporadora do grupo Cyrela. A empresa chegara ao Rio e precisava de um executivo
para liderar o processo. “Minha passagem pela Odebrecht abriu portas. Aprendi a
começar um negócio do zero e a trazer resultados em pouco tempo”.
Unilever
Autonomia desde cedo
Visão sistêmica e estratégica. Essas são vantagens competitivas dos profissionais da
multinacional de bens de consumo. “Eles transformam jovens em gerentes de primeira
linha em pouco tempo”, diz Ricardo Bevilácqua, headhunter e diretor-geral da Robert
Half no Brasil. A principal ferramenta para isso é o programa de trainees, um dos mais
respeitados do mercado, que já formou altos executivos, como o atual CEO das
operações da Unilever no México, o paulistano Guilhermo Loureiro, de 40 anos, e o ex-
presidente da companhia no Brasil, Vinicius Prianti. Anualmente, 30 jovens passam de
dois a três anos em diversos departamentos.
Eles recebem funções que os capacitam para assumir posições de liderança, gerenciar
recursos e tomar decisões importantes logo no início da carreira. “Os trainees são muito
expostos e têm acesso às pessoas-chave da companhia”, diz Vera Durante, diretora de
recursos humanos da Unilever. De forma geral, projetos interdepartamentais são praxe.
Assim, mais do que atuação em equipe, quem trabalha lá assimila processos das outras
áreas. “Boa parte de quem sai da Unilever assume cargos mais altos do que o atual.
Quero formar profissionais cobiçados pelo mercado”, diz Vera. Autonomia desde cedo,
visão sistêmica e estratégica. Essas são vantagens competitivas dos profissionais da
multinacional de bens de consumo. “Eles transformam jovens em gerentes de primeira
linha em pouco tempo”, diz Ricardo Bevilácqua, headhunter e diretor-geral da Robert
Half no Brasil.
A principal ferramenta para isso é o programa de trainees, um dos mais respeitados do
mercado, que já formou altos executivos, como o atual CEO das operações da Unilever
no México, o paulistano Guilhermo Loureiro, de 40 anos, e o ex-presidente da
companhia no Brasil, Vinicius Prianti. Anualmente, 30 jovens passam de dois a três
anos em diversos departamentos. Eles recebem funções que os capacitam para assumir
posições de liderança, gerenciar recursos e tomar decisões importantes logo no início da
carreira. “Os trainees são muito expostos e têm acesso às pessoas-chave da companhia”,
diz Vera Durante, diretora de recursos humanos da Unilever. De forma geral, projetos
interdepartamentais são praxe. Assim, mais do que atuação em equipe, quem trabalha lá
assimila processos das outras áreas. “Boa parte de quem sai da Unilever assume cargos
mais altos do que o atual. Quero formar profissionais cobiçados pelo mercado”, diz
Vera.
Visão do todo
Em 2003, o administrador Eduardo Kenzo Maeda, de 31 anos, entrou na Unilever como
coordenador de gerenciamento de riscos. Pouco tempo depois, a empresa teve de se
adequar a uma nova regulamentação e sua equipe foi responsável pelas mudanças. “O
projeto me deu exposição pelo contato com o alto escalão.” Em 2006, recebeu um
convite do grupo Votorantim para o departamento de auditoria interna, recém-criado,
que precisava de um auditor sênior. Depois disso, foi para a Diageo, fabricante de
bebidas, onde está há três meses. “Ganhei visão ampla de uma empresa estruturada. É
um diferencial e o mercado reconhece isso.” Em três anos de Unilever, foi sondado sete
vezes por headhunters.
GE
Fábrica de líderes
Todos os presidentes da GE são formados dentro de casa. Esse é um indicador de sua
qualidade na capacitação de pessoas. “A GE forma executivos aptos a gerenciar
negócios complexos”, diz Ricardo Bevilácqua, da Robert Half. Assim como na
Unilever, o profissional da GE adquire habilidade gerencial e estratégica, especialmente
pela diversidade de negócios. Para conseguir isso, foram mais de 10.000 horas de
treinamento e mais de 2,3 milhões de reais investidos em capacitação. A Universidade
GE, pioneira mundial no modelo de universidade corporativa, fica nos Estados Unidos e
recebe pelo menos 100 gestores brasileiros, que, junto com executivos do mundo todo,
ganham treinamento sobre técnicas de liderança, cultura, processos e gestão, 70%
comandados por altos executivos da companhia. “Além de contato com o alto escalão e
pares mundiais, é uma oportunidade de conhecer todos os negócios da GE”, diz Carlos
Griner, diretor de recursos humanos da GE no Brasil.
Além disso, trocar de funções é comum no grupo. Foi o que aconteceu com o paulista
Paulo Roberto Vallim, de 39 anos. Com três anos de casa, foi convidado a trocar o
cargo de gerente financeiro para a divisão de plásticos por uma gerência na área
comercial. Ficou dois anos na nova função e depois voltou ao antigo cargo com uma
nova visão. “Além de uma bagagem profissional maior, o programa melhorou meu
trabalho, que passou a ser integrado ao resto da companhia”, diz. Um ano depois, o
executivo foi procurado por uma empresa de recrutamento para deixar a GE e assumir a
diretoria financeira do grupo Tivolite. “Ter uma experiência matricial e essa visão
sistêmica me tornou um profissional mais atrativo”, diz.
Trabalho integrado
Durante os nove anos que esteve na GE, Adriano Zaccari Fortuna,
de 33 anos, se orgulha de ter passado por mais de sete cargos em
áreas e negócios diferentes. Ele começou em 1997, quando a GE
comprou a empresa de informática em que estagiava. Um ano
depois, foi para a área administrativa da companhia e, depois, mudou para a divisão de
plásticos, onde chegou a analista de desenvolvimento.
EQUILÍBRIO EMOCIONAL
A preocupação das empresas com o nível de ansiedade dos executivos
aumentou bastante. Segundo a DBM, as companhias valorizam cada vez
mais o profissional que consegue trabalhar sob pressão e demonstra
equilíbrio emocional em momentos decisivos. Se esse funcionário
combinar tudo isso com autonomia e iniciativa no trabalho, será ainda
mais visado. Ao longo de 20 anos, a independência, característica do
executivo que tem atitude e iniciativa, sempre se manteve como um dos
traços pessoais mais cobiçados pelas organizações. Esse é o profissional
que toma a responsabilidade para si e entrega resultados, diz Cláudio. A
capacidade de liderar é a quarta habilidade comportamental mais valorizada, de acordo
com a DBM.
Ao longo do tempo, ela sempre esteve entre as competências mais exigidas, embora
nunca tenha sido apontada como a mais importante de todas. Hoje, o grande desafio da
liderança é como motivar equipes diante de um quadro com tecnologia e processos
altamente padronizados. Um líder tem de saber conciliar as diferenças na sua equipe
para que todos dêem a sua melhor contribuição, diz Gilberto Lara, diretor de recursos
humanos e desenvolvimento organizacional do grupo Votorantim.
Nem todas as habilidades estão em alta. Existem também aquelas que, embora sejam
importantes, já não são tão valorizadas pelas organizações na hora de escolher um
executivo. A criatividade é uma competência que está nessa lista. Ser criativo não é uma
prioridade para o gerente médio, diz o psicólogo Howard Gardner, professor da
Universidade Harvard, nos Estados Unidos. O papel dos gerentes é possibilitar que
outras pessoas sejam criativas, dar a elas espaço e ajudá-las a tornar suas idéias viáveis.
A mensagem é: mais do que lançar muitas idéias, é importante desenvolver a
capacidade de colocá-las em prática e trazer resultados.
Há pouco mais de dez anos, o matemático e contador Harry Kraemer, então com 43
anos de idade, chegava ao topo de sua carreira na Baxter, multinacional americana do
setor farmacêutico, que na época faturava 9 bilhões de dólares e tinha 48 000
funcionários. Harry entrou na Baxter em 1982 e percorreu diversos departamentos até
chegar à presidência. Foi, no entanto, como presidente que ele encarou seu maior
desafio.
Em agosto de 2001, três anos após assumir a gestão da Baxter, recebeu a notícia de que
pacientes de hospitais na Espanha estavam morrendo. Todos esses pacientes estavam
fazendo tratamento com hemodiálise. Os hospitais, seguindo o protocolo, notificaram a
fabricante dos filtros, a companhia Althin Medical, que havia sido comprada pela
Baxter no ano anterior. A partir daí, a farmacêutica iniciou testes com amostras de lotes
vendidos para detectar se havia problemas com os filtros. Lotes foram recolhidos. Antes
mesmo de ficar provada a culpa da Baxter, Harry assumiu publicamente a
responsabilidade pelas mortes. Pediu desculpas às famílias da vítimas. A Baxter teve
uma baixa contábil de 189 milhões de dólares devido às indenizações pagas. Ao todo,
mais de 50 pacientes morreram em sete países. A atitude de Harry diante dessa
fatalidade se tornou um exemplo de gerencimento de crise. Seu comportamento
aumentou o prestígio da Baxter entre os funcionários, pacientes, médicos e acionistas.
Hoje, Harry dá aulas na Kellogg, a escola de negócios da Universidade Northwestern,
nos Estados Unidos. Lá, ele é responsável pela cadeira de estratégia e gestão. Em junho,
ele foi eleito o professor do ano pelos alunos. Harry, que hoje tem 53 anos, dedica o
restante de suas horas de trabalho ao escritório Madison Dearborn Partners, companhia
de investimento em títulos privados, da qual é sócio, com sede em Chicago, nos Estados
Unidos. De lá, ele falou a VOCÊ S/A.
Essa é uma idéia que vem se popularizando nas duas últimas décadas, certo?
Ainda assim, parece que as pessoas não atentam para a importância disso. Por
quê?
Há 25 anos, quem estava entrando no mercado de trabalho ainda acreditava que se
aposentaria pela mesma empresa em que havia começado. As gerações mais novas, e
me refiro às pessoas que nasceram no final da década de 70 e início dos anos 80, são
bem mais “móveis”. Ou seja, elas não querem permanecer em um único lugar. Elas se
vêem trabalhando em cinco, seis lugares diferentes ao longo de sua vida. E isso só
funciona se o indivíduo for o gestor da própria carreira. As empresas entenderam que,
em vez de prometer o emprego pela vida útil do funcionário, seria mais honesto
estabelecer uma relação de parceria, na qual ela ajuda o profissional a desenvolver seu
potencial.
Qual é o seu conselho para quem quer chegar ao topo de uma companhia?
Desenhe cinco linhas paralelas numa folha de papel. Essas linhas podem representar as
diferentes funções, departamentos, unidades de negócio, ramo de atividade e geografia
de atuação que fazem parte de uma grande empresa. A maioria de nós começa na parte
mais baixa de uma dessas linhas paralelas. Freqüentemente, tentamos imaginar a melhor
forma de percorrer uma única linha. No entanto, as pessoas não pensam em como
colocar os braços em torno de toda a organização. Recomendo olhar as outras linhas. É
importante não estar interessado apenas na sua linha de negócio. Vale muito mais ter
uma visão global da organização. O quanto antes você percebe as oportunidades reais de
se mover entre as linhas paralelas de sua companhia, maiores as chances de crescer e
chegar ao topo.
1| REFLEXÃO
O líder precisa de um momento no dia para se desligar de todas as suas funções e
refletir. Nesse instante, é sempre importante voltar às perguntas-chave: quais são os
meus valores, quais são os princípios que defendo, quais são as coisas mais importantes
para mim, será que os valores que defendo são claros para todos que trabalham comigo?
Será que minhas ações são consistentes com o que prego? É essa habilidade de achar
um tempo para pensar e colocar as coisas em perspectiva que acredito que os líderes
estão perdendo. Poucos executivos refletem sobre seu papel nas organizações e nos
valores que defendem e pregam. Se você não exercita a reflexão, dificilmente se
conhece de verdade. E se você não se conhece, como pode liderar a si mesmo e a outras
pessoas? Por isso, ter um tempo para refletir é muito importante.
2| AUTO-ESTIMA
É a habilidade de acreditar que as coisas podem ser feitas. Ter autoestima significa estar
de bem consigo mesmo e entender que existem pessoas mais espertas do que você, mais
atléticas do que você, mais influentes do que você. O fundamental é reconhecer aquilo
em que você é bom e aquilo em que não é bom e conviver com isso. A partir daí, o líder
se cerca de pessoas que são melhores que ele nos pontos em que ele é mais fraco. Parece
simples, mas o que se vê nas organizações são líderes ruins cercados de gente mais
incompetente por total insegurança do gestor com relação a seus pontos fracos. Na
Baxter, eu sempre dizia: “Não estou tentando provar que estou certo e, sim, fazer a coisa
certa”. Ao fazer isso, eu colocava o problema para todos.
3| EQUILÍBRIO
Esta é a habilidade de compreender todos os lados de uma mesma questão. O guru
Stephen Covey [autor americano de Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes] diz:
“Procure entender antes de se fazer entender”. Ao compreender todos os lados de uma
mesma questão, fica mais fácil encontrar a resposta mais lógica para um determinado
problema. Um exemplo simples: como líder, você tem de saber se sua empresa está
produzindo para ter retorno ou porque quer crescer. Ter clareza sobre a estratégia do
negócio garante uma melhor gestão de pessoas. Eu realmente acho que o bom gestor
precisa ter equilíbrio.
4| HUMILDADE
Essa competência significa reconhecer que, independentemente do nível em que esteja,
você não é melhor nem mais importante do que ninguém. Cada pessoa da equipe é
muito importante. Profissionais que interiorizam isso não se esquecem de onde vieram e
mantêm as coisas em perspectiva.
Sergio Chaia,
presidente da Nextel
Quando era mais jovem, achava que tudo tinha de ser feito ao mesmo tempo. Gastava
toda a minha energia tentando resolver quatro ou cinco coisas ao mesmo tempo. Claro,
acabava esgotado e não dava conta de organizar tudo. Foi com o executivo italiano
Antonino Cirrincione que aprendi a ter paciência e a investir num crescimento
sustentável da minha carreira. Nós nos conhecemos na Sodexho Pass. Ele era presidente
e eu, diretor de marketing.
Percebi com ele que a vida não pode ser só entregar as metas do mês. É preciso pensar
também no médio e longo prazos. Ele sempre dizia que se deixarmos para pensar em
2010 apenas em 2010, por exemplo, dificilmente alcançaríamos os propósitos para
aquele ano. Essa lição me ajudou a amadurecer. Hoje, 40% da minha energia é dedicada
a plantar idéias que só darão frutos daqui a dois anos. Posso dizer, verdadeiramente, que
foi um dos maiores aprendizados da minha vida.
Mário Grieco,
presidente da farmacêutica Moksha8 para a América Latina
O doutor Emílio Francischetti foi meu maior coach. Com ele, aprendi a construir
relacionamentos e a negociar. Nos anos 70, durante o regime militar, viajávamos a
Brasília para discutir problemas da Universidade de Medicina de Taubaté. Ele era o
diretor da instituição, à época, federal. Eu representava os alunos. Nas visitas ao
Ministério da Educação, ele me treinava para conversar com ministros e militares e a
controlar minha impaciência de estudante.
Aprender a me controlar e buscar a melhor maneira de dizer o que precisava ser dito era
uma habilidade fundamental naquele período político. O doutor Francischetti também
me abriu a possibilidade de estudar nos Estados Unidos. Fui para lá aos 24 anos, a fim
de terminar a graduação em medicina. Essa experiência deu rumo à minha carreira.
Morei no exterior 17 anos. Até hoje busco o feedback do doutor Francischetti.
Carlos Alberto Júlio,
presidente da Tecnisa
Ozires Silva é uma das figuras que mais inspiraram a minha carreira. Nós nos
conhecemos em 1994, quando lecionávamos num curso do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA). Eu presidia a Polaroid e ele, a Embraer. Com seu exemplo, aprendi
que a realização profissional independe de você ficar rico. Mais importante do que
ganhar dinheiro é ver que seu trabalho produziu resultados extraordinários. O exemplo
de Ozires, que idealizou e fundou a Embraer e nem sequer se tornou acionista da
empresa quando ela foi privatizada, ensina a trabalhar sempre em busca de grandes
realizações, mesmo que elas nos tragam mais orgulho do que dígitos na conta bancária.
É uma história que foge à regra de grande parte dos ídolos nacionais.
Thais Marca,
presidente da Convergys
Conheci Carlos Salles quando ele era presidente da Xerox do Brasil, empresa em que
passei 17 anos. Sua figura sempre foi inspiradora para mim. Ele tinha a capacidade
impresssionante de liderar e motivar as pessoas. Era inigualável sua habilidade de falar
em público e conquistar quem quer que o estivesse ouvindo. Com ele, aprendi que a
melhor forma de conduzir um negócio é cativar as pessoas, para que elas dêem o melhor
de si. Quando deixei a Xerox e fui para a DHL, em 2003, apliquei essa lição. Acabei
ganhando uma equipe tremendamente motivada, que gerou um salto nos resultados.
Meu contato com ele não é tão freqüente, mas não me esqueço da lição e tento tocar os
negócios com o apoio do grupo. Ainda hoje, em momentos de dúvida, sei que posso
contar com um bom conselho de um grande ser humano.
Cesar Keller,
gerente-geral da HTC para a América Latina
Otto von Sothen me contratou em 1997, como gerente de trade marketing da Elma
Chips, quando ele era diretor de desenvolvimento de vendas da empresa. Onde ele
estava, os resultados apareciam rapidamente. Com o tempo, percebi que sua fórmula de
sucesso era o engajamento do time, que ele obtinha deixando as regras do jogo muito
claras. Aquilo era espantoso. Todos sabiam quais eram as metas e de que forma elas
deveriam ser atingidas.
Aprendi com ele que ética profissional não é negociável. Para ter uma equipe motivada
é preciso respeitar os valores e o momento de vida de cada um. Hoje, tento ser para meu
time o que o Otto significou para mim. Para motivar alguém que quer crescer, ofereço
desafios cada vez maiores. Por outro lado, para obter o comprometimento de quem está
num período pessoal difícil, ofereço flexibilidade. Dessa forma, engajamento e
resultados aparecem naturalmente.
20 idéias inspiradoras
Reunimos dicas de especialistas, headhunters e
consultores para você fazer a diferença
Por Fernanda Bottoni
1 COMPETIÇÃO 360°
O livro Globality: Competing with Everyone from
Everywhere for Everything, dos consultores financeiros
Hal Sirkin, Jim Hemerling e Arindam Bhattacharya,
mostra a nova fase da globalização. Acabou o modelo em
que multinacionais americanas, européias e japonesas
aportavam nos países em desenvolvimento em busca de
custos baixos de matéria-prima e mão-de-obra barata. Na nova era, chamada de
globality, empresas de países como Brasil, China, Índia, e Rússia ditam o ritmo,
transformando os negócios no mundo todo. A brasileira Embraer, citada no livro como
modelo de “empresa desafiadora”, garante seu futuro investindo na qualificação da
equipe. Professores do Insead e do MIT são contratados para dar aulas aos gestores. Há
um programa especial para engenheiros. “Preparamos pessoas para atender nossa
demanda no futuro”, diz Eunice Rios, diretora de RH da Embraer.
3 FORÇA LOCAL
Hoje, apenas 12% dos altos executivos de países emergentes, como Brasil, China e
Índia, são expatriados. Há dez anos, essa fatia era de 56%, segundo a Association of
Executive Search Consultants (AESC), com sede em Nova York. A tendência é oferecer
oportunidades locais para os talentos. Primeiramente, porque impor a cultura do país de
origem nas operações locais parece não funcionar. Além disso, custa caro expatriar um
executivo que, após dois anos, quer voltar para a terra natal.
5 A VOLTA DO JAPÃO
Na Authent Executive Search, empresa
especializada no recrutamento para a média
gerência, em São Paulo, a busca por
pessoas para trabalhar em corporações japonesas aumentou 40% nos últimos 12 meses,
movimento superior ao dos cinco anos anteriores somados. Segundo Aurea Imai,
headhunter sócia da empresa, esse salto indica duas tendências. A primeira é o aumento
de oportunidades em empresas como Honda e Toyota e suas fornecedoras, que vêm
aumentando a presença no país. A segunda é a complexidade da busca por profissionais
que tenham capacidade de se adequar à cultura dessas organizações. O perfil do
profissional ideal é flexível, comprometido com a equipe e com os resultados.
6 O DESEMBARQUE DO MONSTRO
A Monster, empresa global de recrutamento e seleção online, pretende inaugurar
escritório no Brasil no início de 2009. A empresa já tem um site experimental no país e
em menos de um ano de operação somou mais de 27 000 currículos e vagas em
empresas americanas como Google, HP, Dell, Microsoft, GE e Mastercard. Nos Estados
Unidos, o serviço é forte. Mas não se sabe se vai pegar por aqui. A companhia já tentou
entrar no Brasil outras vezes e não conseguiu. De qualquer forma, a vinda da Monster é
mais um indicador de que o mercado de contratação de executivos deve permanecer
aquecido.
11 CHECK-UP DO GERENTE
“Antes de assumir um cargo gerencial, é preciso ser bom tecnicamente. Depois, é
essencial ser um bom gestor de pessoas, saber delegar e deixar a operação para os
subordinados”, diz Cássia Lourenci, consultora da Career Center.
15 A COMBINAÇÃO CERTA
A carreira cada vez mais será permeada pelo binômio
empregabilidade — empresabilidade. “Empresabilidade”
quer dizer as melhores empresas trabalhando com os
melhores profissionais. E “empregabilidade” é conseguir
ser um deles. Antigamente, uma excelente formação técnica
atendia a 90% dos pré-requisitos para ter sucesso. Hoje ela
apenas coloca o profissional no jogo. O que determina a vitória são: relacionamentos,
idéias, ambição e capacidade de convencimento. O importante não é ser o melhor aluno,
é ser aluno amigo do professor.
16 SUSTENTABILIDADE EM CONSTRUÇÃO
Em 2004, apenas um projeto de construção civil buscava a certificação Leadership in
Energy & Environmental Design (Leed), um selo de qualidade para projetos
ambientalmente responsáveis. Em 2008, já foram 64. “A previsão é que fechemos o ano
com 100 projetos em processo de certificação. Isso representa apenas 1% do mercado.
Há muito espaço para crescer”, afirma Nelson Kawakami, diretor executivo do GBC
Brasil, empresa que promove a certificação Leed no país. Ganham espaço os
engenheiros e arquitetos especializados em construção sustentável e simulação
energética. Outra dica: fique de olho nos cursos de extensão que a Universidade de São
Paulo (USP) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) estão organizando para o
primeiro semestre do ano que vem.
17 DESEMPENHO É CONSISTÊNCIA
Paciência e maturidade ainda não caíram em desuso. Segundo um estudo do Hay Group,
a grande oportunidade da carreira da maioria dos executivos (57%) que hoje comandam
as 500 maiores empresas do Brasil surgiu depois dos 40 anos, quando já estavam
casados (79%). Na época, 55% deles eram gerentes. “As empresas entendem
desempenho como uma soma de resultados positivos e consistentes, e não apenas a
realização de um grande feito isolado”, diz a pesquisa.
18 TRABALHO REMOTO
“Em 2011, um em cada sete habitantes do planeta deve
trabalhar em esquema de home office”, diz Cleber Morais,
diretor-geral da Avaya Brasil, que fornece produtos para
redes de comunicação. Além de qualidade de vida e da
flexibilização do horário de trabalho, a tendência ganhou incentivo extra: a consciência
ambiental. Ao cumprir o expediente em casa, as pessoas usam menos o carro.
Desenvolvedor de sementes
O trabalho do agrônomo Rogério Andrade, de 40 anos, de Uberlândia (MG), é
introduzir novas características genéticas em grãos de soja, milho e algodão, de acordo
com os programas de melhoramento de DNA da Monsanto, produtora de sementes e
defensivos agrícolas. Desde 2005, ele é o líder do programa de pesquisas da companhia
americana no Brasil. As experiências com sementes geneticamente modificadas já
existiam há dez anos, mas não criavam empregos na iniciativa privada. Ainda hoje, há
oportunidades para agrônomos e biólogos nesse mercado, pois o número de pessoas
qualificadas permanece pequeno. “Na Monsanto, os profissionais de biotecnologia têm
espaço para crescer e até atingir posições na diretoria e postos internacionais”, garante
Rogério Andrade.
Arquiteto da informação
A área de tecnologia da informação é, sem dúvida, a que mais gerou novas profissões
nos últimos anos. O cargo de arquiteto da informação é uma dessas funções. Hoje, esse
profissional aplica conceitos como usabilidade e navegabilidade para desenvolver o site
das empresas. “Meu trabalho é desenhar toda a estrutura do site e entregar o projeto
pronto para a equipe de programadores e designers”, explica Willie Taminato, de 28
anos, consultor de arquitetura da informação da Mídia Digital, que faz ferramentas de
internet para o HSBC e o Magazine Luiza, entre outros. Willie também faz trabalhos de
Search Engine Optimization (SEO), técnica que permite dar maior destaque a resultados
positivos durante pesquisas em ferramentas de busca, como Google e Yahoo!.
FARMACOECONOMISTA
A demanda por profissionais que saibam avaliar a
viabilidade econômica de novos medicamentos deve
aumentar mundialmente. Segundo Mario Saggia, gerente
de farmacoeconomia da Roche, não há, no Brasil, mais do
que dez especialistas na área. “Quem quiser ingressar no setor precisa ser capaz de
avaliar um novo medicamento em todos os aspectos — epidemiológico, clínico,
econômico, de sistema de saúde”, diz. Ainda não há um curso de formação nessa área,
mas é possível aprender sozinho. “Há muita literatura, principalmente internacional,
sobre o tema”, afirma Mario. Profissionais formados em administração, economia,
farmácia e medicina, com senso crítico apurado, têm o perfil mais adequado para essa
função, que deve ganhar importância nos próximos anos.
MARKETING OLFATIVO
Na área de marketing, uma especialização recente é o
marketing olfativo. Ele surgiu nos últimos anos porque as
empresas perceberam que a linguagem visual está saturada
e não desperta mais a atenção do consumidor. A idéia,
então, é investir em outros sentidos, como a audição e o
olfato. Elaine Oliveira, de 29 anos, é supervisora
comercial da Biomist, empresa de São Paulo que atua na área desde 2000. Ela
desenvolve, por exemplo, cheiro de dinheiro para bancos ou essências para lojas de
roupa. “O objetivo é traduzir a marca em uma fragrância”, diz Elaine. Quem trabalha
com marketing olfativo se formou em comunicação e tem especialização na área. Os
salários são compatíveis com os de profissionais do marketing tradicional. “O aroma é
uma poderosa ferramenta de comunicação”, garante Elaine Oliveira.
Cientista do exercício
Em 2005, a Universidade de São Paulo passou a oferecer o curso de graduação de
ciências da atividade física. A diferença de formação em relação à educação física é a
ênfase na prevenção e no acompanhamento de doenças, principalmente para pessoas
acima de 60 anos. “O profissional sai preparado para criar programas de treinamento
para quem tem problemas crônicos e para idosos que querem se prevenir”, diz Luis
Mochizuki, de 38 anos, coordenador do curso na USP e responsável pelo programa de
prevenção contra queda, oferecido pela instituição à população idosa. Quem se forma
encontra trabalho em clínicas, hospitais e seguradoras.
Webmarketing
Mapear a reputação de empresas em ferramentas de internet, como Orkut, Twitter e
mais blogs e fotologs, é o trabalho de Tereza Cândida, de 27 anos, formada em
jornalismo. Ela trabalha na Dialeto, uma agência de publicidade que auxilia clientes
como Natura, Schincariol e Volkswagen a reconhecer negócios nas chamadas mídias do
consumidor. Tereza vasculha a web em busca de oportunidades de marketing e também
com o objetivo de detectar possíveis danos à imagem corporativa. Também faz parte de
sua função realizar estudos sobre o comportamento do consumidor na internet.
Articuladora de parcerias
O investimento das empresas em ações de cidadania empresarial se consolidou como
um novo mercado de trabalho na última década. A jornalista Cinthia Sento Sé, de 31
anos, há dois anos e meio passou a trabalhar no Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas (Gife), como articuladora de parcerias entre companhias e ONGs. Cinthia
também faz contatos com políticos, envolvendo o setor público nos projetos.
Gerente de diversidade
Economista com pós-graduação em comércio internacional e marketing, Fabiana
Galetol, de 39 anos, tinha 15 anos de carreira na IBM quando foi convidada, em 2005,
para assumir a então recém-criada gerência de diversidade. O objetivo da área é
aumentar a integração entre funcionários de diferentes sexos, idades, culturas, raças e
sexualidade. “Se houver alguma barreira, há o risco de perdermos um talento”, diz
Fabiana. Para muitas empresas, a diversidade é um componente fundamental da
inovação: se todos pensarem igual, a criatividade é inibida. “Ao dar valor à diversidade,
construímos um ambiente de respeito”, diz Fabiana. Em sua área, há outras seis pessoas.
“Os especialistas no tema devem ser capazes de ouvir, respeitar e gostar de lidar com
desafios.”
CORRETORA ONLINE
Formada em marketing, Marcella Rinaldi Areal, de 25
anos, ocupa o cargo de corretora de imóveis online da
construtora Tecnisa há quatro anos. Quando começou, sua
área tinha quatro pessoas. Hoje, são mais de 30. Seu
trabalho consiste em se comunicar com clientes, fazer
propostas e até fechar vendas pela internet. “Fui
contratada por ter perfil de vendas e conhecimento de tecnologia.” A fluência em inglês
também contou pontos, já que ela atende muitos estrangeiros. A maioria dos clientes
quer ver o imóvel antes de assinar o contrato, mas, segundo Marcella, há quem faça
tudo pela web. “Este ano, já vendi 20 imóveis”, diz. Alguns são de alto luxo, o que
rende a Marcella boas comissões.
Múltipla escolha
Profissionais contam como fizeram carreira em áreas
diferentes da formação que tiveram na faculdade
Por Luciane Crippa
Até bem pouco tempo, a escolha da profissão se fazia aos 17 anos, no momento em que
se prestava o exame vestibular. Uma vez formada, a pessoa seguia na mesma carreira
até se aposentar. Segundo especialistas, esse cenário mudou: hoje é incomparavelmente
mais fácil seguir carreira numa área completamente diferente da formação acadêmica.
Uma pesquisa do Observatório Universitário, instituição de pesquisa ligada à
Universidade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro, concluiu que 54% das pessoas não
trabalham na área que estudaram.
Dos que fazem engenharia, por exemplo, 67% trabalham em ramos diversos. Em
comunicação, esse número é de 72% e em administração, 50%. Em parte, isso se
explica pelo lento crescimento de alguns setores da economia. Como não avançam,
essas áreas não absorvem mão-de-obra na mesma velocidade em que ela é formada
pelas universidades. Mas há ainda outro fator que explica os números acima. “Antes, as
empresas olhavam a formação e experiência anterior do candidato”, diz Sandra Cruz, de
44 anos, consultora de carreira da BSP Career, empresa paulistana de consultoria em
recursos humanos. “Hoje, o que interessa são as qualidades que esse profissional pode
oferecer.”
O recifense Rui Belfort, de 26 anos, por exemplo, trocou a formação em jornalismo por
uma profissão que mistura desenvolvimento de software e publicidade. Assim que saiu
da faculdade começou a carreira como assessor de imprensa da Jynx, empresa de
entretenimento e jogos e letrônicos instalada no centro da capital pernambucana.
Após dois anos, migrou para a área de desenvolvimento de jogos de computador.
A base de engenharia, no entanto, o ajuda até hoje. “Faz toda a diferença meu
conhecimento técnico na hora de negociar com os vendedores. Entendo as demandas
deles”, diz Paulo. Por trás dessa tendência, existe a crença de que profissionais de outras
áreas também trazem uma visão diferenciada para o negócio. O problema de crescer na
mesma área é perder a capacidade de olhar os problemas por diferentes ângulos. Muitas
empresas aplicam o rodízio de postos como forma de dar essa visão mais abrangente aos
funcionários. É o caso do Grupo TBA, empresa de serviços de TI de Brasília, que adota
a chamada formação horizontal do executivo. “O profissional que passou por várias
áreas está mais preparado para tomar decisões. Se ele cresce só na vertical, olha o
problema só por um ângulo”, comenta Joaquim Rocha, de 45 anos, diretor de gestão e
recursos humanos do Grupo TBA.
Alguém que estudou filosofia, dificilmente vai ingressar na área financeira”, diz
Gutemberg. O problema, segundo o consultor, se deve à má-formação dos profissionais,
que não são preparados para atuar num mundo de mudanças. Gutemberg acredita que as
empresas ganhariam muito mais se fossem mais abertas à diversidade, trazendo
filósofos, sociólogos, antropólogos e pedagogos para seus quadros. “Um mix de
conhecimento humanístico é o que seria capaz de arejar as organizações”, diz o
consultor.
Além do MBA
A pós-graduação em negócios deixou de ser o principal
item na formação do líder. Hoje, desenvolvimento
significa alinhar valores, estratégia e compor tamento.
Veja por que essa evolução deu visibilidade ao
profissional
Por Renata Avediani
“Trata-se de uma evolução na história da educação executiva”, diz Luca Borroni, diretor
dessa cadeira no Ibmec São Paulo. As companhias também querem acelerar a absorção
da cultura organizacional entre os funcionários. A idéia é fazer com que as pessoas
peguem rapidamente o modus operandi, o jeito de fazer, da companhia. Para isso, o
executivo tem voltado mais vezes à sala de aula. Quem entra na Odebrecht, por
exemplo, passa sete meses num programa de introdução à cultura da corporação. “O que
antes era informal, está sendo estruturado. Não dá mais tempo de o profissional
aprender a cultura no dia-a-dia”, diz Marisa Eboli, professora da Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
MUDOU O CENÁRIO
“Como todo mundo faz MBA, o nível técnico dos profissionais está muito parecido. O
que faz diferença são as habilidades comportamentais e os resultados que ele traz”, diz
Goret Pereira Paulo, diretora adjunta de cursos corporativos da FGV-SP. Houve uma
mudança no papel do gestor. Antes, um bom técnico, comprometido com resultados, se
tornaria cedo ou tarde um líder. Hoje, o mesmo técnico, para se tornar um gerente, tem
de apresentar resultados e ainda ser um bom gestor de pessoas. A tendência é que as
empresas dêem mais autonomia aos subordinados. O gerente tem de inspirar pela
atitude, pelo comportamento, mais do que usar o poder. O problema é que o executivo
não aprende isso durante a formação
profissional. Daí, a mudança de estratégia
das empresas com relação à sua formação.
[im
A maioria das pessoas que hoje têm mais de 40 anos cresceu acreditando nisso. Seus
planos previam estudar em uma escola conceituada, entrar em um bom programa de
trainee para, depois, escalar verticalmente sua carreira numa mesma organização.
Infelizmente, ainda há muita gente e empresas que acreditam nesse modelo.
Com base na minha experiência de quatro anos à frente da DBM, digo que essas são as
pessoas que mais sofrem quando são demitidas, pois a companhia se torna uma extensão
delas à medida que transferem para ela parte de sua identidade, o futuro de sua carreira
e o significado de emprego. Mas os fundamentos desse tipo de contrato psicológico
foram revogados, pois, na realidade do capitalismo atual, as organizações não têm mais
condições de garantir emprego em troca simplesmente de fidelidade e estabilidade. Por
isso, no decorrer dos últimos 20 anos as pessoas transformaram a relação com as
corporações em algo absolutamente instrumental e interesseiro.
Por um lado, as empresas oferecem bônus, status e poder aos indivíduos, que em troca
colocam sua energia e conhecimentos a serviço de metas anuais, que são mais e mais
desafiadoras a cada ano. A minha experiência como profissional, observador e estudioso
do mercado de trabalho aqui e no exterior me permite afirmar que está emergindo uma
nova base para essa relação, mais madura e simétrica entre os indivíduos e as
organizações.
2 - Invista em ações
Os americanos encontraram um jeito fácil para saber o percentual de suas reservas
financeiras que pode ser colocado em ações: subtraia sua idade de 120. O que sobrar é
quanto você pode aplicar em renda variável. Essa regra é apenas um indicativo, você
pode colocar mais ou menos dinheiro em ações dependendo de seu apetite pelo risco.
Apesar do sobe-e-desce da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nos últimos
pregões, elas continuam sendo a aplicação mais rentável do país. Nos sete primeiros
meses deste ano, o Ibovespa (índice das ações mais negociadas na bolsa) havia caído
9,7%, mas, no ano passado, o índice subiu mais de 40%. Já as aplicações indexadas em
taxas de juro não ultrapassam o ganho médio de 12% ao ano. A principal regra que você
deve seguir é: quanto menor sua idade, mais tempo para se recuperar de uma possível
quebra da bolsa. Quanto maior a sua idade, o dinheiro das ações deve começar a migrar
para títulos públicos ou renda fixa.
Dinheiro de plástico
Para os disciplinados, os cartões de créditos e débito ão
uma alternativa eficaz de monitorar os gastos
Benefícios como o acúmulo de milhas para viagens e novidades, entre elas o uso do
cartão para entrada em estádios de futebol, tornam o plástico ainda mais atraente. Como
toda fonte de financiamento, no entanto, o cartão de crédito requer um controle mais
apurado. Caso contrário, o portador terá de arcar com juros altos — 9,6% ao mês, em
média, sobre o crédito rotativo e 7,2% ao mês, em média, no parcelado, nos cartões
internacionais, segundo dados da Abecs. “O cartão é um cheque com infinitas folhas”,
diz Rafael Paschoarelli, especialista em finanças pessoais e autor do livro Como
Comprar Mais Gastando Menos, da Editora Saraiva. O especialista lembra que o cartão
é apenas um instrumento: a diferença estará no uso que se faz dele.
[i
Ações promissoras
Saiba quais são os papéis que terão maior possibilidade
de retorno nos próximos 12 meses
Por Aline Lima
A disposição para investir na bolsa é grande, o dinheiro está reservado, mas suas
dúvidas sobre em quais papéis aplicar ainda persistem? A VOCÊ S/A consultou as
principais corretoras do mercado financeiro e preparou uma lista com as 11 ações mais
promissoras para os próximos 12 meses. Mereceram destaque as empresas do setor de
infra-estrutura, como as de transporte logístico e de energia. O setor de commodities
continua em alta e entre os papéis indicados estão dois carros-chefe da Bolsa de Valores
de São Paulo (Bovespa), as ações da Vale e da Petrobras. Confira as sugestões:
1 ALL
A maior companhia logística privada do país, a América
Latina Logística, anunciou recentemente que elevaria de
500 milhões de reais para 750 milhões de reais os
investimentos a ser feitos na malha Brasil Ferrovias, adquirida em 2006, e o resultado
foi a desvalorização no preço das suas ações. “A expectativa frustrada de novos ganhos
fez com que o investidor descontasse no preço do papel”, diz Celso Boin Junior, chefe
da área de análise da Link Investimentos, de São Paulo. Ele acredita que bons resultados
financeiros da empresa devem começar a aparecer em breve. A estimativa é de um
crescimento de 12% ao ano no volume de carga transportada até 2012. Com isso, a
companhia deve ter um lucro maior e suas ações passam a ser uma boa alternativa de
investimento.
2 Vale
A empresa está se preparando para expandir suas
operações e comprar uma mineradora, o que fará com que
a companhia fique mais competitiva globalmente. Se a
aquisição sair, a Vale pode se tornar líder mundial no seu
setor. O problema é que ela teria um alto nível de
endividamento, o que faria com que perdesse o título de
boa pagadora. Essa designação é concedida pelas agências de classificação de risco do
mundo e indica que a mineradora é segura para investimentos. Mas a chance de isso
ocorrer é pequena. Analistas afirmam que a Vale já estaria pensando em alternativas de
financiamento para reduzir sua possível dívida. “A ação da Vale é um ativo excelente,
pois está barata e tem liquidez gigante”, diz Tomás Awad, analista sênior da Itaú
Corretora, de São Paulo.
3 Itaúsa
Apesar da crise de crédito internacional não ter passado
nem perto das instituições financeiras brasileiras, os
investidores — principalmente os estrangeiros — não
quiseram pagar para ver e saíram da Bovespa em
debandada. Resultado: muitas ações do setor estão uma
pechincha. Os analistas da Link Investimentos, corretora
de São Paulo, recomendam a compra dos papéis da Itaúsa, holding do banco Itaú. Pelos
cálculos deles, o papel está com um desconto de 25% — ou seja, o valor de mercado da
holding está menor do que a soma de suas empresas. Há ainda a perspectiva de que a
financeira Taií comece a ter os primeiros resultados financeiros positivos ainda neste
ano, o que vai aumentar o lucro da holding.
4 CSN
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é uma empresa
considerada estratégica para a consolidação do setor
siderúrgico, podendo tanto comprar empresas como ser
alvo de uma aquisição. Marco Antonio Melo, chefe de
análise da corretora Ágora, de São Paulo, diz que a
demanda doméstica por aço estará aquecida tanto para a
indústria automotiva como para a construção civil, o que deve valorizar as ações da
empresa. A CSN tem uma situação confortável em relação ao minério de ferro, sua
matéria-prima, por causa da produção da Casa de Pedra. E, para alegria de todo
investidor, a siderúrgica é, tradicionalmente, uma boa distribuidora de dividendos.
5 Confab
A companhia fabricante de tubos pega carona no
crescimento da Petrobras, já que é a principal fornecedora do material utilizado para a
construção de gasodutos. Ela é responsável por todo o gasoduto Brasil–Bolívia. A
Confab será muito beneficiada pela exploração das bacias de Campos, no Rio de
Janeiro, e de Santos, em São Paulo, que deve ser feita pela Petrobras. Segundo Marco
Antonio Melo, chefe de análise da corretora Ágora, de São Paulo, a empresa tem
capacidade ociosa e pode aumentar a produção em até 40%. O lucro pode crescer 23%
neste ano. Uma boa alternativa de investimento.
6 Eletrobrás
A aposta na empresa cresce à medida que aumenta a
insegurança quanto ao fornecimento de energia no país.
Segundo a equipe de análise da corretora Interfloat, de São
Paulo, a idéia do governo é transformar a Eletrobrás na
Petrobras do setor de energia. Para tanto, o Ministério das
Minas e Energia pode ter planos agressivos para a
empresa. Colocar na sua carteira ações de companhias de energia elétrica é também uma
forma interessante de se proteger da inflação, uma vez que os cálculos para os reajustes
tarifários das companhias levam em consideração o comportamento dos índices de
preços.
7 GP Investimentos
Líder em private equity na América Latina, o grupo GP
vai lançar um novo fundo de participações, o GP Capital
Partners V, que pode ter até 40% dos recursos alocados
em companhias da América Latina. “A GP tem um
histórico excelente de compra de participações em
empresas e com mais liquidez aumentará a capacidade
para fazer mais aquisições”, diz Tomás Awad, da Itaú Corretora, de São Paulo. No final
do ano passado, a GP comprou o laboratório Farmasa (foto) e tem mais 734 milhões de
dólares para novos investimentos. As ações da empresa
devem continuar em alta.
8 Log-in
Subsidiária da Vale no setor de navegação costeira e
administração de terminais portuários, a Log-in guarda o
maior potencial de valorização entre seus pares, de 78%.
A empresa se beneficia da diversificação de seus negócios com perspectivas de
crescimento em todos os segmentos. O setor de navegação costeira, por exemplo, tem
potencial de expansão de 300% nos próximos anos. Mas Celso Boin Junior, chefe da
área de análise da Link Investimentos, de São Paulo, diz que o papel é uma small cap —
companhia de pequeno porte — e, portanto, faz ressalvas quanto a sua liquidez. Se o
investidor precisar vender as ações às pressas corre o risco
de não encontrar comprador a um determinado preço e ter
de se desfazer da ação por um preço menor do que aquele
pago na compra.
9 Petrobras
As perspectivas positivas para o setor de petróleo não
devem continuar tão expressivas como neste ano. No longo prazo, porém, a aposta na
ação da Petrobras é praticamente certeira. Com as recentes descobertas de campos de
petróleo como o de Tupi, na Bacia de Santos, em São Paulo, que deve produzir de 5 a 8
bilhões de barris, a expectativa é que a produção de óleo dobre até 2015. Outras
petrolíferas apresentam tendência de queda na produção e não têm previsão de novas
descobertas de poços de óleo. Além disso, o preço do petróleo deve se manter num
patamar elevado, acima de 100 dólares o barril, já que os problemas de oferta devem
continuar pelos próximos cinco anos, pelo menos, segundo analistas.
10 MMX
A nova estrutura da mineradora, que depois de uma cisão
de ativos resultou na criação de outras duas empresas — a
Iron X, que abriga a Minas-Rio e Amapá, e a LLX, de
logística —, dará mais foco à produção da MMX em
Corumbá, em Mato Grosso, e no Sudeste do país. A
perspectiva é que essas operações cresçam de 9 milhões
de toneladas anuais para 25 milhões e que o Ebitda (geração de caixa antes de impostos
e amortizações) atinja alta superior a 35% nos próximos cinco anos. Na avaliação dos
especialistas do banco Credit Suisse, de São Paulo, mesmo totalmente reconfigurada, a
empresa mantém seu DNA como uma das grandes companhias em gestão empresarial.
Vale a pena investir.
11 Tenda
A Itaú Corretora continua enxergando boas perspectivas
de crescimento para o setor imobiliário, especialmente no
ramo habitacional voltado para a baixa renda. Dentre as
opções, Tomás Awad, analista sênior da corretora, em São
Paulo, destaca a ação da construtora Tenda. “O papel tem
um bom poder de alta nos próximos meses”, diz. Os
números do setor imobiliário comprovam o potencial de crescimento: o total de
empréstimos para imóveis no Brasil representa somente 2% do PIB, enquanto no
México, por exemplo, chega a 10% e no Chile, 17%.
O Brasil recebeu o grau de investimento, mas a bolsa vem andando de lado. Existe
aí uma boa oportunidade para comprar ações agora?
Sim, existe uma oportunidade maravilhosa. O índice Dow Jones [da Bolsa de Nova
York] está hoje no mesmo patamar de 2000. A bolsa brasileira, naquela ocasião, estava
na faixa de 8 000 pontos. Hoje, o Ibovespa gira em torno dos 60 000 pontos. Não há
dúvida de que fizemos um progresso extraordinário. Em 1993, era possível comprar
todas as empresas do Ibovespa com um cheque de cerca de 85 bilhões de dólares. Hoje,
esse mesmo conjunto de empresas vale 1,6 trilhão de dólares.
Os fundos multimercado viraram uma febre, mas nos últimos meses amargam
baixa rentabilidade e resgates. O que está acontecendo?
Os multimercado eram, no início, muito focados em operar juros e câmbio. Tiveram
uma vida relativamente fácil porque essas variáveis permitiam estratégias direcionais
sem muito mistério. Nos últimos anos, houve uma mudança importante, que foi a subida
da bolsa. A expertise em ações nunca esteve presente nesses multimercado. A maior
parte deles era extensão das tesourarias dos bancos com profissionais que vieram de lá e
que não sabiam nem operar na bolsa. O que estamos vendo hoje é uma certa
modificação dessa indústria, em que os multimercado estão mais focados em bolsa. E
esses, sim, são os mais bem-sucedidos.
Até algum tempo atrás, a bolsa era vista por muitos como um cassino. Por que esse
entendimento mudou?
Uma coisa que não muda é a instabilidade desse tipo de mercado. Não existe
investimento bom sem risco, e isso o investidor brasileiro já compreende perfeitamente.
O que talvez seja diferente hoje é que o mercado de ações inspira uma confiança que
não existia antigamente. O mercado tem uma dimensão diferente daquela lá de trás,
quando, por exemplo, a Bolsa do Rio quebrou. Não existem mais conspirações nem
manipuladores. Agora, temos uma das maiores bolsas do mundo, que também adota as
melhores práticas mundiais. O olhar que a sociedade tem sobre essas instituições é de
merecida confiança.
O investidor deve ter uma postura mais cautelosa daqui para a frente, ou a
tendência de maior tomada de risco permanece?
A bolsa oferece boas oportunidades de compra para o investidor e o mesmo vale para os
fundos de ações e multimercado com ênfase em ações. Aqui, na Rio Bravo, estamos
vendo muitos papéis baratos e comprando. Essas coisas daqui a pouco vão para cima
porque não têm como cair muito mais. É uma questão de acreditar nos fundamentos
econômicos das empresas e do país.
Para um investidor que tem disponível entre 10 000 e 20 000 reais, qual aplicação o
senhor recomendaria?
A melhor aplicação hoje é a bolsa. Para o pequeno investidor, há duas alternativas. Uma
é lidar diretamente com a compra de ações de uma companhia. É interessante como
experiência acompanhar seu desempenho, participar de assembléias. Isso tudo faz parte
da educação financeira e é muito positivo. Para quem não quer ter esse trabalho, a
melhor alternativa é aplicar em um fundo. O aplicador estará contratando um
profissional que vai fazer as escolhas e acompanhamentos por ele. A dificuldade é que a
aplicação mínima exigida é maior, na faixa de 50 000 reais. Escolher um fundo, porém,
é uma decisão tão importante quanto escolher uma ação. O investidor terá que gastar um
pouco do seu tempo para olhar diferentes gestores, ouvir conselhos e formar os próprios
critérios. É preciso ter convicção na escolha, pois esse gestor vai acompanhá- lo durante
algum tempo. Fundo de ação não é para entrar e sair dois meses depois. É namoro
longo, tem que ter certeza de que conhece bem.
“Eu guardo dinheiro e não gasto com bobagem e depois de um tempo posso resgatar o
valor depositado”, diz ele, que é casado e tem uma filha. De fato, o seguro de vida é um
jeito fácil de poupar porque o valor mensal das contribuições pode ser debitado direto
da conta corrente. Marcos já resgatou o dinheiro do seguro oito vezes e usou a grana
para sair do cheque especial e fazer compras de utensílios domésticos para casa. Neste
ano, ele quis trocar seu carro por um modelo zero-quilômetro. Marcos participa de um
consórcio de veículos e resgatou 5 000 reais do seu seguro de vida. “Com o dinheiro dei
um lance e assumi prestações baixíssimas”, diz. Se assim como Marcos você também
quer tirar proveito do seguro de vida, saiba que o período ideal para contratar uma
apólice é quando sua vida profissional está em ascensão e sua família ainda está
crescendo. “O conceito de seguro de vida é de um investimento que vai servir para
complementar as reservas financeiras da família caso ocorra algum imprevisto”, diz
Marcelo Assunção, diretor comercial corporate da Icatu Hartford, do Rio de Janeiro.
O seguro de vida vai permitir que sua família tenha uma renda extra por um tempo em
caso de desemprego, invalidez ou morte de quem cuida da receita familiar. Para
escolher um seguro de vida, a primeira coisa a fazer é procurar uma corretora de
seguros que pode ajudá-lo a definir quais são as suas principais despesas, como
educação dos filhos e financiamentos de imóveis e veículos. “O corretor é um
especialista que deve conhecer as necessidades da pessoa e projetar o que pode
acontecer ao longo da vida dela”, diz Luis Cláudio Friedheim, diretor de marketing da
Mongeral Seguros e Previdência, do Rio de Janeiro. Depois de escolher o tipo de
seguro, você vai definir quem são os dependentes com direito a indenização, qual o
valor da apólice e quanto você vai pagar mensalmente.
OPÇÕES DE MERCADO
No mercado financeiro, há basicamente dois tipos de seguro de vida, o tradicional e o
resgatável. O seguro tradicional garante o pagamento de uma indenização para o
dependente em caso de invalidez ou morte do segurado. O valor pode variar conforme
o perfil de quem contratou a apólice e também da corretora que vendeu o produto.
Mas há um consenso. Em qualquer seguradora, quanto mais velho você for, maior
será o valor do prêmio ou prestação, já que o risco de morte é maior e a possibilidade
de a seguradora ter de arcar com a indenização aumenta. Na Porto Seguro Vida e
Previdência, de São Paulo, o seguro de vida com cobertura básica para um homem de
28 anos, não fumante, é de 35,04 reais ao ano, o Vida Individual Tradicional, com um
capital assegurado de 20 000 reais.
Com tantas novidades no mercado, os dados do setor começam a mostrar que o seguro
de vida caiu no gosto dos brasileiros. Segundo a Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (Fenaprevi), o crescimento das apólices dos seguros pessoais foi de 10%
em maio, em relação ao mesmo mês do ano passado. A federação considerou neste
cálculo os seguros prestamistas — seguro feito pelas financeiras para garantir que as
prestações sejam quitadas em caso de desemprego, morte ou invalidez de clientes —, os
seguros educacionais, o seguro de vida individual e em grupo. O seguro que mais
cresceu foi o de acidentes pessoais coletivo, que aumentou 32% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Vá enquanto é novidade
Selecionamos três destinos para você ir agora, ou nas
próximas férias, e contar que foi primeiro quando os
lugares virarem moda
Por Erin Mizuta
CROÁCIA
Os europeus já elegeram seu destino para se esticar na praia e apreciar as águas azuis e
mornas do Mediterrâneo: a costa croata. Hit do verão europeu deste ano, o país tem 5
000 quilômetros de litoral pouco explorados pelo turismo mundial. Mas os vizinhos
italianos já escolheram seu destino favorito: Istria e as ilhas em torno dela, como Hvar
(foto). A península, ao norte no país, possui praias de cascalho, pouco confortáveis para
os padrões brasileiros, mas isso vira detalhe diante do mar cristalino, a paisagem local e
a gastronomia atrativa, influenciada por povos invasores do território, como romanos e
turcos. A cidade de Pula, de origem romana, apresenta ruínas com arquitetura típica,
como anfiteatro, fórum e outros monumentos. A costa do país também oferece praias de
nudismo, como Koversada e Kanegra. Mas vá no verão deles, quando as temperaturas
no litoral variam de 25ºC a 33ºC.
QUEM LEVA
Agência Século XXI
Tel. (11) 3066-2722
US$ 2813 (8 dias em apartamento duplo)
Queensberry Viagens
Tel. (11) 3217-7100
1 762 euros (8 dias em apartamento duplo)
DOHA, CATAR
A capital do reino do Catar é o destino para
quem quer conhecer o mundo árabe em sua
essência. Mesmo com a modernização
local trazida pela riqueza do petróleo, o
povo mantém as tradições, vestimentas e
costumes de antes. Por isso, ainda é
possível visitar mercados árabes, os souks,
em seu formato original, comprar jóias e
temperos. A cidade, localizada no Golfo
Pérsico, tem 1 milhão de habitantes e foi
incluída no roteiro dos viajantes antenados por sua proximidade com Dubai, um dos
lugares da moda no momento. A vantagem para os leigos em árabe é que o inglês é
falado amplamente na região.
QUEM LEVA
Teresa Perez Tours
Tel. (11) 3799-4000
US$ 3 902 (12 dias nos países árabes)
QUEM LEVA
Ambiental
Tel. (11) 3818-4600
R$ 2 590 (6 noites em apartamento duplo)
¡ Preto, cinza, caramelo, creme, verde-oliva, escuro ou musgo são as melhores cores
para pessoas básicas. Para quem não é, misture peças de cores ou de conjuntos
diferentes.
¡ O terninho feminino de hoje não é uma cópia da roupa do homem, como antes. Ele
tem detalhes, lacinhos, manguinhas bufantes ou volumes que diferenciam e conferem
criatividade ao visual.
¡ Os acessórios podem modernizar e dar estilo ao seu terninho básico. Escolha bolsas de
cores que contrastem, mas não briguem com o tecido da roupa.
¡ Com três botões e abotoamento alto, o estilo tende ao tradicional e o corte, geralmente,
não é tão ajustado. Fica bem nos mais altos e em quem não é tão magro. Não é o que
está nas passarelas mais modernas (veja quadro), mas é o mais democrático.
¡ O terno de hoje é ajustado. “Os homens passaram a valorizar mais o corpo e os ternos
seguem essa tendência”, diz João Carlos Camargo, dono da Camargo Alfaiataria, de São
Paulo.
¡ As fendas traseiras mais atuais são as gêmeas ou duplas. São elegantes e dão
mobilidade.
¡ O cinza com riscas coloridas é um dos mais pedidos nas lojas. “O preto também
está entre os mais procurados pelos nossos clientes”, diz João Camargo, da Camargo
Alfaiataria.
Os ternos mais moderninhos têm dois botões, são bem ajustados ao corpo e
costumam vir sem as lapelas dos bolsos do casaco.
Esses são para os mais magros e também para os baixinhos, desde que gostem
de moda e de se vestir de acordo com as tendências.“O terno de dois botões faz
um V no corpo, o que aumenta os ombros”, diz Camargo. O de um botão é para
quem é muito fashion.
O NOVO TERNO Ele já foi jaquetão, já teve ombreiras enormes, barra italiana, já
foi daqueles que o defunto era maior e, pior que isso, há alguns anos era comum vê-
lo por aí em cores fortes, como mostarda, vinho, verde-oliva. Mas hoje, graças à
atual discrição da moda masculina, o terno é novamente low profi le.
CASUAL MODERNO
O estilo casual tomou força no fi m da década de 1990, nos Estados Unidos, quando
empresas dispensaram o terno às sextasfeiras. Os engravatados adoraram e as mulheres
puderam dispensar o salto e a meia fi na abominável. Mas a euforia inicial não era para
tanto. Hoje, as companhias aprenderam com o uso e colocaram regras para a sexta
casual. Em algumas, é apenas o dia sem a gravata. No extremo oposto, aceitase camisa
pólo e até camiseta. Geralmente, o dia casual tem um grau a mais de descontração do
que o resto da semana. Se o cotidiano é terno e tailleur, na sexta os homens podem usar
camisa e calça de sarja, e as mulheres, calça de alfaitaria e blusa de algodão, por
exemplo. Mas nada que seja sexy ou decotado. Se a empresa já é mais informal, na
sexta o jeans é permitido. Veja como se vestir para o casual sem parecer um daqueles
personagens dos quadrinhos do Dilbert.
¡ Um blazer mais esportivo não deixaninguém escorregar nesse dia. Mesmo que você
esteja usando jeans como o rapaz ao lado, fi ca alinhado e moderno. Fica bacana
também com calças de sarja ou de alfaiataria.
¡ A pasta executiva aquela do James em desuso entre os mais jovens. Quando a roupa é
casual, então, esqueça-a de vez. A bolsa
carteiro tem mais a ver com a necessidade de mobilidade urbana de nosso tempo.
¡Não confunda casual day com meia maratona. O sapato desse dia é mais macio e pode
ter sola de borracha, em vez de couro, mas ainda é um sapato. Em empresas muito
casuais, vale o tênis urbano (veja quadro Incremente o Básico).
MOÇOS MODERNINHOS...
... usam o terno sem gravata. Mas só se for dos modelos mais ajustados e coordenados
com uma camisa de cor como lilás ou rosa. Diga que é por causa do ar-condicionado,
que você não quer contribuir para o efeito estufa. Na verdade, é um jeito estiloso de se
vestir para a sexta casual. ... substituem, definitivamente, o gel nos cabelos, que era
moda nos anos 90, por uma pomada odeladora.
O JEANS VAI AO TRABALHO
O jeans, nos últimos dez anos, ganhou outro status. Tem brilho e um jeito de calça
de alfaiataria. Logo, aquele jeans molinho, amaciado e desbotado que você adora é
melhor deixar no guarda-roupa durante a semana. Para a sexta casual ou para o dia-
a-dia, se sua empresa é informal, use assim:
> Escuro. Pode ser denim ou black.
> Sem partes desbotadas ou furos.
> Os bolsos, melhor se forem discretos e sem enfeites. > Para as mulheres, modelos
com pernas retas ou pantalonas, que não marcam o corpo, são os mais indicados.
> Para os homens, a cintura não deve ser muito baixa.
> Ainda para eles, camisas esportivas não têm erro. Se você está no peso, modelos
mais ajustados e curtos, logo abaixo da cintura, fazem um jeitão mais fashion.
> As mulheres podem usar com paletó ou com uma blusa mais sofi sticada, e
escarpim ou sandálias de tiras grossas.
¡ Nada de alcinhas ou que-caia. máximo, top sem como esse ao lado. Uma gola ou
um detalhe diferente, como babados, deixa a roupa mais sticada. Decotes devem fi
car para o fi m de semana.
¡ Roupas estampadas são mais casuais do que lisas. Nesse dia, misture listras e outras
estampas, se você for antenada com
Senão, estampa para peças, de preferência a blusa.
¡ As bolsas do dia podem ser maiores, a não ser que você seja muito Elas são formais do
que as médias, indicadas para terninhos, e um visual descolado.
¡ A calça pode ser de alfaiataria, de sarja ou empresas que permitem (veja quadro ao
lado).
MOÇAS ANTENADAS
... usam lenços amarrados no pescoço de maneiras diferentes (mas, por favor, não
aquele no estilo árabe, que já virou arroz-de-festa). Você fi ca mais chique e também
atualiza o look. ... deixam os cabelos soltos com ondas ou cachos, desde que estejam
arrumados com leave in, com um bom corte e sem muito volume. A chapinha está em
baixa.
NUNCA JAMAIS
Ter um perfi l global não se restringe a quem vai atuar em outros países. O conceito
também está ligado à capacidade de buscar as melhores práticas em sua área, isto é,
enxergar bons exemplos do mercado e aplicálos no seu universo de atuação. Na Gerdau,
diversos programas são realizados para desenvolver nossos profi ssionais, de forma a
aliar habilidade técnica e humana, essencial para formar líderes capazes de agregar
valor ao negócio e de construir carreiras de sucesso.
Na lista das novas exigências do líder, também se reforça a necessidade de ter valores
éticos, ou seja, pautar seu comportamento pela integridade e seriedade, com todos os
públicos — clientes, acionistas, comunidade, fornecedores, entre outros —,
independentemente de onde esteja atuando.
Atualmente, um dos nossos maiores desafi os é crescer sem perder os valores, que são a
base de nossa organização. O líder do futuro agrega à competência técnica uma forte
capacidade de mobilizar pessoas pelas atitudes. Além disso, a simplicidade e a paixão
pelo que faz são fundamentais, pois garantirá assertividade, foco e capacidade de
escutar o time.
Esses requisitos, entretanto, não serão sufi cientes ao líder que não basear seu
comportamento em valores sólidos, característica vital em qualquer tempo. Só serão
verdadeiros líderes do futuro aqueles com integridade ética, sob qualquer circunstância
e em qualquer lugar.
Na hora de comemorar,
comemore!
Por Gustavo Cerbasi
Celebrar é parte fundamental de uma vida feliz, portanto, enriqueça sua vida com boas
escolhas!
Toda boa narrativa tem cinco elementos fundamentais. O primeiro é o protagonista (no
caso, você), que atrai o interesse do ouvinte. O segundo é o contexto: uma mudança ou
transição que obriga o protagonista a tomar uma decisão. Em terceiro, vêm os desafi os,
as tentações, os confl itos e as frustrações que o pressionam.
O quarto elemento é o momento crítico da história, que deve ser bem detalhado.
Finalmente, o quinto elemento é a solução, o desfecho da história. Experimente contar
para alguém o primeiro elogio que você recebeu no seu primeiro emprego. Depois conte
o seu primeiro erro. É um exercício fantástico. Quer um conselho do mentor? Crie uma
pasta com o nome “biografi a” no seu computador. Sem se preocupar com a cronologia,
comece a escrever sobre momentos importantes de sua vida. Leve esse artigo com você.
Siga os cinco elementos de uma boa história. Você vai se surpreender. Sua biografi a é
muito interessante. Agora só falta saber contá-la
Você já reparou como é chato aquele tipo de gente que conhece um determinado
assunto e, basta uma mínima chance, lá está ele, tecendo uma verdadeira tese
acadêmica, sem que ninguém tenha perguntado? É duro. E, depois de um tempo, a
pessoa acaba ficando com fama de espalha-roda, que chega às rodinhas e cada um vai
para um lado. Nesse mesmo time, temos os viajantes exibidos, é só pintar uma
brechinha e lá está a pessoa falando sobre o trânsito das cidades
italianas, a cor do mar da Grécia, os belos parques londrinos ou o
fascinante estilo nova-iorquino de viver e de se vestir.
Se ele pensa que isso contará pontos em sua carreira ou fará com
que as pessoas o enxerguem como uma enciclopédia ambulante,
está enganado. Cultura e erudição são, sem dúvida, instrumentos
que podem fazer você crescer aos olhos do grupo do qual faz
parte. Mas só se todo esse conhecimento mostrar seus resultados
práticos em seu comportamento.
Mas, para qualquer que seja o cargo, é sempre mais adequado alguém que prime pela
discrição, por uma postura sensível e um estilo simples e descomplicado de ser e de
interagir. Assim, siga investindo em cultura, viaje mesmo todas as vezes em que as
chances baterem à sua porta. E fique na sua, porque estrelas são bonitas, mas ficam
melhor quando estão no céu.
Vejo os acontecimentos dos últimos tempos como uma espécie de salto triplo da
evolução humana. O primeiro salto foi dado pela liberalização dos costumes no período
pós-guerra; o segundo pelos avanços da tecnologia; e o terceiro, que ainda precisa ser
dado, terá de ser o da aprendizagem real, aquela que não se limita ao acúmulo do
conhecimento, mas estimula o pensamento.
Começou a surgir uma nova dimensão nas relações do ser humano, especialmente no
trabalho, que está longe de acabar. Há poucos anos, os anúncios de emprego traziam
“domínio de informática” como um diferencial. Até hoje, vejo currículos em que o
candidato coloca sua profi - ciência nos aplicativos do Offi ce, como se ainda fosse uma
vantagem competitiva. Não é mais. Falar inglês e ter um diploma Superior virou
commodity profi ssional.