O feriado de 1 de dezembro celebra o dia da ‘Restauração da independência’ de
Portugal. O desaparecimento do rei D. Sebastião, e a derrota dos portugueses na Batalha de Alcácer Quibir (1578) significou para a história de Portugal um enorme desastre. O desaparecimento de D. Sebastião trouxe duas consequências para Portugal: - Portugal teve de enfrentar o drama da sucessão (porque perdeu um rei jovem, sem sucessores, o que gera a crise da sucessão (1578); - E como o corpo do rei nunca apareceu, cria-se a crença de que, um dia, o rei voltaria gerando-se o ‘Mito do Sebastianismo’. Perante este contexto, e sem sucessão, os Portugueses viveram entre 1580 e 1640 sob o domínio dos espanhóis já a nobreza e a burguesia, entre os restantes descendentes de D. Manuel apoiavam o seu descendente, D. Filipe II, rei de Espanha (neto de D. Manuel) uma vez que viam na União Ibérica uma clara vantagem económica. Todavia, a maioria da população preferindo manter a independência, apoia D. António Prior do Crato. Com o apoio de Espanha, nobres e burgueses sai vencedor D. Filipe II, que após 1580 será considerado D. Filipe I de Portugal. Assim, durante 60 anos (1580- 1640) os portugueses vivem sob o domínio de Espanha (regime Filipino) que, entretanto, prometeram jurar manter alguns princípios, nomeadamente: manter a língua, leis; os cargos da administração entregues a portugueses; bem como a exploração do comércio da Índia, África e Brasil; prometem não lançar novos impostos; e perdoar a quem apoiara D. António Prior do Crato. Contudo, no regime de Filipe II deixaram de cumprir tais promessas. E Portugal perde, neste período, algumas das suas colónias. Neste contexto, burgueses, nobres, a par do povo voltam a lutar pela sua independência. Assim a expressão “Restauração da Independência” refere o processo histórico em busca independência portuguesa após 60 anos de União Ibérica (1580-1640) e que culminou com o golpe de estado de 1 de dezembro de 1640. A importância deste facto é evocado em muitas obras. Uma das mais marcantes, sem dúvida, é Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett que, embora a tenha escrito no século XIX enquanto autor romântico, relata precisamente o feito da restauração, da luta dos portugueses pela sua independência, evocando assim o período conturbado em que o próprio autor viveu.
Referência Bibliográfica
MONTEIRO, Nuno Gonçalo «D. Sebastião e Alcácer Quibir (1568-1578)» e início de «O
cardeal-rei e Filipe II (1578-1580)», in Rui Ramos (coord.), História de Portugal, Lisboa, A Esfera dos Livros, 2009: 257-266 (com adaptações).