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ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM DURANTE O PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL EM

DECORRÊNCIA DA PANDEMIA DA COVID 19


ALUNO(A): Lucas Emanoel ANO: 2º TURMA: __C__
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORA: CORRINHA SOUSA DATA: 10/09/2020
COORDENADORA: Rosineide Alves CONTEÚDO: Realismo

Conto com o empenho de todos na realização da atividade proposta... o momento


pelo qual estamos passando não está sendo fácil para ninguém! - Exposição do
conteúdo às 15:30 h na sala virtual do Google Meet;

- Copiem as alternativas completas e não apenas a letra a qual ela corresponde;

- Prazo para devolutiva da atividade proposta: 10/09 a 17/09/2020

Agora é com você!


E então, vamos revisar o contexto e as características do Realismo no Brasil?
Realismo
O Realismo é um movimento artístico amplo que se apresenta contra os arroubos sentimentais e
idealistas do Romantismo. A busca pela objetividade é a principal bandeira dos realistas. Na literatura,
autores como Gustave Flaubert, Eça de Queiroz, Antero de Quental e Machado de Assis são considerados
grandes representantes do movimento.

Características

O Realismo tem como principais características:


• Objetividade: Opondo-se ao excesso de subjetividade presente nas obras românticas, cheias de
idealizações, os autores realistas buscavam representar a realidade exatamente como ela era, sem
fantasiá-la.
• Correção e clareza de linguagem: Para os realistas, usar uma linguagem direta e objetiva era
fundamental para manter o ideal de representar a realidade verdadeiramente. Por isso, não é comum nas
obras desse movimento, por exemplo, descrições vagas ou imprecisas.
• Contenção emocional: Ainda vislumbrando o ideal da objetividade, não era interessante para os autores
realistas apresentarem obras com forte teor sentimental, com idealizações do amor ou da amada. Tal
contenção afasta o Realismo do movimento antecessor, o Romantismo.
• Lentidão na narrativa: Para além de contar um enredo, as narrativas realistas também buscavam
construir análises – muitas vezes, inclusive, utilizando métodos científicos – da sociedade contada nas
histórias. Por isso, é comum ver longos trechos de digressão (quando a narrativa é interrompida para
que o narrador promova uma reflexão) nas obras de Machado de Assis, por exemplo.
• Impessoalidade do narrador: Principalmente no Realismo europeu, é também uma das estratégias
utilizadas pelos autores o uso do narrador em terceira pessoa. Isso porque esse tipo de narrador sugere
certo grau de impessoalidade, enquanto o narrador em primeira pessoa – também conhecido como
narrador-personagem – impõe uma visão individual sobre a realidade.
Contexto histórico

Os principais fatos históricos e correntes científicas que permearam o movimento realista são:
• Marxismo
• Darwinismo
• Positivismo
• Determinismo

Realismo no Brasil

No Brasil, o maior representante do Realismo foi Machado de Assis. Sua obra Memórias póstumas de Brás
Cubas é considerada fundadora do movimento, e seu modo de escrever, com digressões e ironias, marcaram
o estilo literário brasileiro. Veja um trecho do último capítulo do romance acima citado e perceba o estilo
machadiano:

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto,


não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado
dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu
rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semidemência do
Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que
não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente que saí quite com a vida. E
imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com
um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: --
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Memórias póstumas de Brás Cubas,
Machado de Assis

(Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/realismo.htm)

Na prática!!

Leia o trecho a seguir da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis e responda às
questões 01 e 02.
Óbito do autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em
primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um
autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria
assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo:
diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha
bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca
de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não
houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia - peneirava - uma chuvinha miúda, triste e constante, tão
constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no
discurso que proferiu à beira de minha cova: - "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer
comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que
têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o
azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas
entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado". ASSIS,
Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo, Abril Cultural, 1978. P. 15.

Glossário - campa: sepulcro; galante: garboso, gracioso.

01. Qual a diferença que se pode estabelecer entre “autor defunto” e “defunto autor”?
Autor defunto seria aquele que foi autor em vida, sendo ele ilustre ou não, e morreu, que devido sua antiga
posicão: autor; e sua posição atual: morto; logo, um autor defunto.
Já o defunto autor seria o que passou a escrever após a morte, e é justamente o que fundamenta o
romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis.
02. Transcreva e explique um trecho em que se encontre a famosa “ironia machadiana”.
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa ironia é percebida porque o amor e o
interesse material estão ligados.

Considere os textos para responder às questões 03 e 04.

Cap. XI O menino é pai do homem

Sim, meu pai adorava-me. Tinha-me esse amor sem mérito, que é um simples e forte impulso da carne; amor
que a razão não contrasta nem rege. Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração,
assaz crédula, sinceramente piedosa,
– caseira, apesar de bonita, e modesta, apesar de abastada; temente às trovoadas e ao marido. O marido era
na Terra o seu deus. Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação, que, se tinha alguma
coisa boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa.

Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Quarta-feira, 10 de julho.

Meu pai é muito querido na família. Todos gostam dele e dizem que é muito bom marido e um homem muito
bom. Eu gosto muito disso, mas fico admirada de todo mundo só falar que meu pai é bom marido e nunca
ninguém dizer que mamãe é boa mulher. No entanto, no fundo do meu coração, eu acho que só Nossa Senhora
pode ser melhor que mamãe.

Helena Morley, Minha vida de menina.

03. Os trechos acima se assemelham por serem retratos dos pais realizados por seus filhos: no primeiro
deles, o menino Brás Cubas; no segundo, a pequena Helena. Você concorda com essa afirmação?
Justifique sua resposta com base nos tempos verbais e na linguagem empregada em cada um deles.
Não, pois o narrador consiste em um defunto autor, que no túmulo relembra a sua trajetória de vida. Em
relação a pequena Helena a afirmação está correta.

04. Nos trechos acima, as expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Senhora pode ser
melhor que mamãe” dão, respectivamente, exemplos de duas formas contrastantes de organização
familiar, o patriarcado e o matriarcado. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com
base em ambas as passagens.
Sim, a aproximação realizada entre temer a Deus e o marido corresponde em uma forma de patriarcalismo, que
consiste em um modo de vida que coloca o homem, como o centro de poder da família e da sociedade.

5) A escola realista, que contou com nomes como Machado de Assis, Raul Pompéia e Aluísio
Azevedo, teve como principais características:

(a) retorno aos ideais românticos defendidos pela literatura indianista de José de Alencar;
(b) preocupação com a métrica e com a metalinguagem na arte literária;
(c) retratar a sociedade e suas mazelas, em uma linguagem irônica e impiedosa sobre o homem e suas
máscaras sociais.
(d) confronto direto com o ideário religioso, (estabelecendo um paradoxo com a literatura barroca. (e) defesa
da cultura popular brasileira, resgatando símbolos e arquétipos do folclore nacional.

6) (ENEM) Ó bito do autor


(…) expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de
Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui
acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios.
Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou
um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha
cova:
– ”Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda
irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu,
aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isto é a dor crua e má que lhe rói à
natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.” (….)
(Adaptado. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Ilustrado por Cândido Portinari. Rio de
Janeiro: Cem Bibliófilos do Brasil, 1943. p.1.)

- Compare o texto de Machado de Assis com a ilustração de Portinari. É correto afirmar que a
ilustração do pintor:
(a) apresenta detalhes ausentes na cena descrita no texto verbal.
(b) retrata fielmente a cena descrita por Machado de Assis.
(c) distorce a cena descrita no romance.
(d) expressa um sentimento inadequado à situação. (e) contraria o que descreve Machado de Assis.

7) (UFPR) Eça de Queirós afirmava


“O Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos –
para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houver de mau
na nossa sociedade.”

- Para realizar essa proposta literária, quais os recursos utilizados no discurso realista? Selecione-os na
relação abaixo e depois assinale a alternativa que os contém:
1- Preocupação revolucionária, atitude de crítica e de combate;
2- Imaginação criadora;
3- Personagens fruto da observação; tipos concretos e vivos;
4- Linguagem natural, sem rebuscamentos;
5- Preocupação com mensagem que revela concepção materialista do homem; 6- Senso de mistério; 7- Retorno
ao passado;
8- Determinismo biológico ou social.

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