ª VARA FEDERAL DE
CURITIBA – SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ
RECURSO DE APELAÇÃO
Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO
EMÉRITOS JULGADORES
1. DA TEMPESTIVIDADE
2. DA SÍNTESE PROCESSUAL
Veja que na DER, o recorrente contava com 24 anos, 07 meses e 24 dias de tempo
de serviço especial, e apenas não completou o tempo necessário para a concessão da
aposentaria especial na DER porque no curso do processo houve alteração do
entendimento jurisprudencial, passando a ser vedada a conversão dos períodos comuns,
anteriores a edição da Lei n.º 9.032 de 28/04/1995, em tempo especial por intermédio da
aplicação do fator 0,71 (REsp. 1.310.034/PR).
Ocorre que em que pese à sentença tenha sido de parcial procedência, o D. Juiz
monocrático NÃO ANALISOU a possibilidade da reafirmação da DER para data na qual o
segurado preencheu os requisitos para concessão do benefício previdenciário que lhe é
mais favorável, no caso a aposentadoria especial.
Destaca-se que o juiz a quo poderia ter feito essa análise de oficio .
Desta forma, em evento n. 120, a parte autora opôs embargos de declaração,
requerendo em síntese que fosse determinada: “a reafirmação da DER e dos efeitos
financeiros da presente demanda para a data de 12/12/2014/data da propositura da
ação, data na qual a embargante implementou todos os requisitos indispensáveis à
concessão do benefício de aposentadoria especial; sem a incidência do fator previdenciário,
mediante o computo do período de 16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no
PPP anexado em evento n.22, PPP1 e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2).”.
Contudo, em sentença de embargos foi negado provimento ao requerimento do
embargante, sob a seguinte alegação:
De início, é importante colocar que, ao contrário do que foi alegado pelo juiz
monocrático, a flexibilização da DER para data do preenchimento dos requisitos
necessários para concessão do benefício previdenciário mais vantajoso ao segurado não
implica em julgamento extra petita, ainda que o pedido de flexibilização da DER não tenha
sido expressamente elaborado pelo segurado na exordial.
Destaca-se que no caso em comento o segurado apenas não completou o tempo
necessário para a concessão da aposentaria especial na DER porque no curso do processo
houve alteração do entendimento jurisprudencial, passando a ser vedada a conversão
dos períodos comuns, anteriores a edição da Lei n.º 9.032 de 28/04/1995, em tempo
especial por intermédio da aplicação do fator 0,71 (REsp. 1.310.034/PR).
Contudo, o segurado continuou exercendo atividade especial após o
requerimento de aposentadoria perante o INSS, e implementou o tempo mínimo
necessário para a concessão do benefício de APOSENTADORIA ESPECIAL.
Veja que na DER (15/07/2014) o segurado contava com 24 anos e 07 meses e 24
dias de tempo de serviço especial (vide contagem apresentada em sentença, evento n.
115).
Ocorre que com a reafirmação da DER e dos efeitos financeiros da presente
demanda para a data de 12/12/2014-data da propositura da ação, o recorrente
implementou todos os requisitos indispensáveis à concessão do benefício de aposentadoria
especial; sem a incidência do fator previdenciário, mediante o computo do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no PPP anexado em evento n.22, PPP1
e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2).”.
Desta feita, mediante o reconhecimento da especialidade do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 (data do ajuizamento da ação) verifica-se que na DATA DO
AJUIZAMENTO DA AÇÃO o segurado preenchia os requisitos para concessão do benefício
de APOSENTADORIA ESPECIAL.
Destaca-se que ainda que a parte recorrente não tenha requerido de forma
expressa na exordial a flexibilização da DER, em atenção aos princípios da primazia do
acertamento, economia processual, e, principalmente, instrumentalidade do processo, a
possiblidade da mesma deve ser analisada pelo judiciário.
Afinal, no caso em comento, a causa de pedir é a concessão da aposentadoria. A
reafirmação da DER vem apenas atender ao pedido da parte, sem qualquer violação à lei
processual que, ao contrário, assegura a efetivação do direito material e a
instrumentalidade do processo, conforme entendimento fixado pelo Supremo Tribunal
Federal, em 21/02/2013, no julgado do RE 630.501, que em suma garantiu a possibilidade
de os segurados verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que corresponda à
maior renda mensal inicial possível.
Observa-se que a inteligência do art. 493 do CPC dispõe que: “Se, depois da
propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no
julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento
da parte, no momento de proferir a decisão. ”.
Desta forma, a parte recorrente requer que seja analisado no caso em comento a
especialidade do período de 16/07/2014 a 12/12/2014 como especial (com base no PPP
anexado em evento n.22, PPP1 e LTCAT anexado em evento n. 35, LAUDO2.
Ora, o segurado não se encontra ocioso, mas trabalhando e contribuindo. E no
caso das ações judiciais de concessão de aposentadoria é obrigado a permanecer
trabalhando até a solução do litígio que o próprio INSS deu causa. Diante da recusa em
conceder a aposentadoria a autarquia afirma ao segurado a necessidade de continuidade
do trabalho para que se possa cumprir os requisitos para a inativação. Nada mais lógico,
portanto, do que considerar esse período trabalhado após o requerimento administrativo
até o momento em que o segurado implemente o tempo necessário para a aposentadoria
almejada, pois assim prevê a Lei 8.213 no art. 122.
E a legislação processual brasileira não se mostra obstáculo para a concessão de
benefício previdenciário no curso do processo, mesmo antes da vigência da Lei
13.105/2015.
O art. 462 do CPC/73, vigente à época do ajuizamento da ação assim
previa:
O art. 493 CPC/2015 vai mais adiante: demanda ao juiz a consideração do fato
superveniente, inclusive, de ofício.
Interpretação diversa implicaria em falta de razoabilidade e a garantia da
efetividade da prestação jurisdicional, pois obriga a parte autora a ajuizar nova ação ou a
provocar novamente a autarquia previdenciária no âmbito administrativo para discutir
novamente o que já foi discutido, ou seja, definir o que já poderia ter sido definido na ação
em curso.
Ora, é justamente o que ocorre na prática previdenciária; não basta reconhecer o
direito à implementação de tempo de serviço em ação com a qual se pretende a concessão
de benefício previdenciário; o escopo da parte é ter concedido o benefício almejado e não
mero reconhecimento de tempo de serviço para futura concessão da aposentadoria.
Somente o reconhecimento do tempo de serviço não implica da satisfação da tutela
jurisdicional.
Deve-se evitar a frustração do jurisdicionado que, após anos de espera, depara-se
com decisão que apenas reconhece o tempo de serviço e não o direito à aposentadoria.
Não há como se desconsiderar a demora na resolução definitiva das demandas
judiciais de natureza previdenciária, em razão da necessidade de produção probatória
(muitas vezes complexas, com perícias médicas ou técnicas), além do reexame necessário e
dos frequentes recursos interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social.
Este tempo para a obtenção da decisão definitiva não pode prejudicar o segurado;
devendo ser resguardado o seu direito de obtenção da prestação previdenciária, com
efeitos financeiros a partir da implementação dos requisitos necessários (ainda que
posterior à data do requerimento), sendo prescindível o protocolo de novo pedido
administrativo.
Cabe ainda colocar que os direitos reivindicados perante a Previdência Social são
direitos sociais (CF/88, art. 6 .º), e demandam uma prestação positiva do Estado com a
finalidade de garantir o mínimo existencial possível a partir dos postulados da justiça social,
razão pela qual o acesso aos mesmos não deve ser prejudicado por dogmas teóricos.
Ademais, na jurisprudência é pacifico o entendimento de que o cômputo das
contribuições ou/e aplicação das alterações legislativas supervenientes ao requerimento
administrativo, para que sejam preenchidos os requisitos necessários para concessão do
benefício previdenciário em favor do segurado, são possíveis através de uma análise do
princípio da primazia do acertamento. Segundo este, o que realmente importa na tutela
judicial é a definição da relação jurídica de proteção social.
Afinal, sob esta perspectiva não é possível admitir o sacrifício da proteção social
mediante um controle estrito de legalidade do ato administrativo. Colhe-se trecho da obra
do Juiz Federal, José Antonio Savaris:
O STJ inclusive já pacificou o entendimento que “...o fato superveniente deve ser
considerado no momento do julgamento, conforme reiterados precedentes do STJ, a teor
do disposto no art.° 462 do Código de Processo Civil.”2
1
SAVARIS, José Antonio. Direito Processual Previdenciário. 5 ed. rev. atual. Curitiba: Alteridade, 2014. p. 123.
2
STJ RECURSO ESPECIAL Nº 1.426.034, Relator: Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento:
05/06/2014, T2 - SEGUNDA TURMA).
Insta observar que o teor do art.° 462 do “Antigo Código de Processo Civil” (Lei n.
º 5.869/1973), foi inserido no art.° 493 do “Novo Código de Processo Civil”, (Lei n. º
13.105/2015).
Veja que em caso similar ao do recorrente, o TRF4 reconheceu como especial o
período laborado pelo segurado após a DER concedendo em favor do mesmo o benefício de
aposentadoria especial, vide trecho do acórdão que segue transcrito:
Ante o exposto, verifica-se que caso seja mantida a r. sentença a quo será
evidente a violação aos artigos 4.º e 493 do CPC/15, uma vez que o que se procura é a
satisfação em ter o melhor benefício concedido e em tempo razoável, o que não seria
possível no caso de ter que realizar novo requerimento administrativo. E, logicamente, há
flagrante violação ao art. 462, CPC/1973 e, sem dúvida alguma, ao art. 122 da Lei de
Benefícios, bem como, a jurisprudência pátria.
Diante disso, deve ser analisada a singularidade do caso concreto. Sendo
reconhecida, portanto, a especialidade, com aplicação do fator 1,4, do período de
16/07/2014 a 12/12/2014 e flexibilização da DER para data do ajuizamento da ação,
sendo reconhecido o direito do segurado a concessão do benefício de aposentadoria
especial, com o pagamento das parcelas vencidas desde a DER relativizada (data da
propositura da ação).
4. DO PEDIDO
Ante o exposto, a parte recorrente requer que o presente recurso seja conhecido
e provido, a fim de reformar a r. sentença a quo para que seja determinado o
reconhecimento da especialidade período de 16/07/2014 a 12/12/2014 e flexibilização da
DER para data do ajuizamento da ação, reconhecendo o direito do segurado a concessão
do benefício de aposentadoria especial, com o pagamento das parcelas vencidas desde a
DER relativizada (data da propositura da ação).
Grifa-se que a parte recorrente requer que lhe seja garantida a implantação do
benefício previdenciário em sua forma mais vantajosa, devendo o INSS proceder o
pagamento das parcelas vencidas desde a DER (originária ou relativizada caso mostre-se
mais vantajosa ao segurado), com a incidência dos consectários legais: correção monetária
pelo INPC e juros de mora de 1% ao mês.
Ademais, a parte recorrente requer que o INSS seja condenado a pagar honorários
sucumbenciais fixado em 20% do valor da condenação ou sobre valor atualizado da causa.
Todavia, se o presente recurso restar improvido a parte recorrente requer que
sejam prequestionados todos os dispositivos legais utilizados na fundamentação, com o fito
de oportunizar ao recorrente o acesso as instâncias superiores.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.