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Ministério da DRAEDM

A g r i c u l t u r a, Direcção Regional
do Desenvolvimento de Agricultura de
Entre-Douro e Minho
Rural e das Pescas

f i c h a
técnica 53 CULTURA
Autores
de
Violeta Lopes, Abel Nogueira
e António Fernandes

Propriedade: D.R.A.E.D.M.

Edição e distribuição:
Div. Doc. Inf. e Relações Públicas
AZEVÉM ANUAL
Edição on-line (2006)

O azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) é a


gramínea forrageira com maior expressão no Entre AZEVÉM DIPLÓIDE (2n) TETRAPLÓIDE (4n)

Douro e Minho, beneficiando das condições FOLHAS mais estreitas mais largas
naturais aqui existentes.
COR verde claro verde escuro
Tem grande aptidão forrageira, excelente
mais pequenas maiores
qualidade e é muito apetecível para os animais. É SEMENTES (cerca de 400 grãos (250-300 grãos
por grama) por grama)
uma cultura de fácil implantação e flexibilidade de
exploração, com elevado potencial produtivo. Tem
Na Região a prática tradicional é a sementeira
preferência por solos profundos, húmidos e férteis, e
do azevém no Outono.
por climas temperados.
No Entre Douro e Minho, o azevém anual é AZEVÉM ALTERNATIVO NÃO ALTERNATIVO

tradicionalmente explorado como cultura SEMENTEIRA Outono Primavera Outono Primavera


intercalar do milho, estreme ou em misturas anuais
PODRUÇÃO Ano Mesmo Ano Ano
(ferrãs). Destina-se à produção de forragem verde, DE SEMENTE seguinte ano . seguinte seguinte
em múltiplos cortes, em que o último é reservado
DURAÇÃO 6 - 18 meses 18 - 30 meses
normalmente para fenar e, mais recentemente,
para ensilar.
A presente ficha técnica incide sobretudo no
modo de exploração do azevém como cultura
intercalar do milho.

Tipos de azevém
O azevém anual pode ser de vários tipos,
conforme a sua plóidia (2n ou 4n), o grau de
alternatividade e a duração do ciclo vegetativo
Distinção entre variedades de azevém diplóides e
(perenidade). tetraplóides pela cor.
Técnicas culturais
Escolha de variedades

· Preparação do solo Depende das condições


A escolha de variedades faz-se conforme a
do terreno, do grau de infestação e da cultura
utilização e condução da cultura, dando-se
anterior. Quando a cultura do azevém sucede
preferência às variedades menos sensíveis às
à do milho, para obter uma boa cama é
doenças e à acama, e com maior tolerância à
suficiente a mobilização superficial com
secura.
gradagens. Se a parcela não foi cultivada
Tratando-se de uma cultura intercalar do milho,
anteriormente e existem plantas infestantes, é
instalada no Outono e explorada em cortes
necessário fazer a lavoura e gradagens antes
múltiplos com fenação ou ensilagem do último, a
da sementeira.
escolha da variedade deverá ter em conta os
· Sementeira Faz-se o mais cedo possível no
seguintes aspectos:
Outono, sobretudo quando se pretendem fazer

· Bom desenvolvimento após a sementeira: As vários cortes. Recomenda-se a densidade de

variedades com estabelecimento mais rápido sementeira de 25 a 30 kg/ha para as variedades

permitem antecipar o primeiro corte. certificadas diplóides e 35 a 40 kg/ha para as


tetraplóides.
· Rebentação após os cortes: Para um ritmo de A distribuição da semente pode ser manual ou
cortes intenso devem-se escolher variedades de mecânica. A sementeira é mais rápida com um
forte afilhamento e grande capacidade de distribuidor de adubos centrífugo, mas é preciso
rebentação após o corte. No caso de o azevém ter alguma experiência na sua regulação e na
não ser cultivado como cultura intercalar do distribuição da semente.
milho então deve-se decidir por variedades de · Fertilização Como nas outras culturas, devem-
maior perenidade. se respeitar os resultados das análises de terra,
sobretudo na altura da instalação. Em geral faz-
· Precocidade: É um critério importante porque se uma fertilização orgânica à instalação,
determina a altura em que os terrenos estarão normalmente com chorume e, devido à forma
livres para a instalação do milho. de exploração do azevém, uma adubação
química após cada corte.
· Produções de matéria seca: Quando a
exploração for de alguma forma menos intensa, Para produzir uma tonelada de matéria seca, o
por exemplo em corte único, as variedades azevém precisa de dispor das seguintes
deverão ser escolhidas em função da quantidades de macronutrientes:
precocidade e níveis de produção.

Azoto (N) Fósforo ( P2O5) Potássio (K2O)

20 a 30 kg 6 a 10 kg 25 a 35 kg .

Nas condições habituais de solo, clima e de


produção do Entre Douro e Minho o azoto é o único
macronutriente para o qual é necessária a
aplicação regular, podendo perfazer 150 a 200
unidades/ha, sobretudo num ritmo de cortes
intenso. Parte destas doses pode ser fornecida pela
aplicação de chorume e/ou estrume (ver página
Diferenças de perenidade entre variedades de azevém
anual. seguinte).
Fertilizações recomendadas (unidades/ha) · Em verde e conservação: após vários cortes
para consumo em verde, faz-se um último
MODOS DE EXPLORAÇÃO
destinado à fenação ou ensilagem.
Cortes múltiplos
sementeira 1º corte cortes corte Neste caso, a exploração em verde não deve
seguintes único ultrapassar a fase de emborrachamento, isto é,
Azoto 40 40 40 60 - 80* quando o esboço da espiga está a 10-15 cm de

Fósforo 80 - 100 - - - altura do solo (geralmente na primeira semana


de Março).
Potássio 80 - 100 - - -
O período do corte para conservação situa-se
* Ao afilhamento médio
entre o início do espigamento e o pleno
espigamento (fase reprodutiva Abril a Maio),
Exploração da cultura não devendo ultrapassar o início da floração.
Para a produção de silagem, o corte deverá ser
A exploração do azevém tem o objectivo de feito no início do espigamento, não devendo
satisfazer as necessidades alimentares dos animais, ultrapassar o espigamento médio; recomenda-
podendo seguir uma das seguintes modalidades: se uma pré-fenação. Para a produção de feno,
o corte deve ocorrer entre o início e o fim do
· Em verde (exclusivamente): faz-se durante o espigamento, de preferência utilizando uma
período vegetativo (estado folhoso), entre o gadanheira acondicionadora, para que o
afilhamento e o encanamento, com cortes tempo de secagem seja mais rápido.
sucessivos.
Se a sementeira for cedo, pode-se fazer o · Conservação (silagem e/ou feno): utiliza-se

primeiro corte cerca de mês e meio depois (ao sobretudo com a consociação de azevém com

afilhamento médio plantas com 20 cm de aveia, em que é vulgar um corte quando as

altura). O intervalo entre os cortes seguintes plantas atingem cerca de 20 a 30 cm de altura e

deverá ser de 3 a 4 semanas, para permitir uma o último corte será para conservar.

rebentação adequada da cultura depois de Para obter uma forragem de azevém com as
cada corte. O emborrachamento e início do melhores características de produção e
encanamento verifica-se de fins de Fevereiro qualidade aconselha-se que não seja feita para
até Março. além do espigamento.

Aspecto das variedades de azevém anual ao início do Aspecto da cultura de azevém anual ao início do
encanamento (espiga a 10 cm do solo). espigamento.
Rendimento Valor nutritivo

Nas regiões favoráveis à cultura do azevém A forragem obtida no período vegetativo é rica
anual, como o Entre Douro e Minho, é possível em água e proteína, enquanto que no início do
atingir níveis de produção na ordem de 60 espigamento é mais equilibrada em matéria seca e
toneladas de matéria verde (MV) por hectare e elementos nutritivos. Este é o momento de melhor
cerca de 12 toneladas de matéria seca (MS) por equilíbrio entre o teor em água (percentagem de
hectare. MS), açúcares solúveis (valor energético) e matéria
A produção de MV e de MS, conforme o estado azotada total digestível (valor proteico). A
vegetativo e nos vários modos de exploração da forragem, desde o período vegetativo até ao
cultura, tem os valores médios abaixo indicados. espigamento, é muito apetecível para o animal. O
Naturalmente, estes valores dependem da espigamento marca o início da diminuição de
capacidade de rebentação e recrescimento da elementos nutritivos, conforme os valores que se
cultura, do nível de adubação azotada, da mostram no quadro seguinte:
sensibilidade ao ritmo de cortes e da precocidade
da variedade.

Cortes no estado folhoso: Valor nutritivo durante o ciclo vegetativo

10 toneladas MV/ha com 10 a 12% de MS Estado Esboço de Espigamento


(cerca de 1 tonelada MS/ha); folhoso espiga (10 cm) médio

Nov/Dez a Março Maio


Janeiro
Corte ao emborrachamento /
/ início do encanamento: Proteína
14,3% 12,8% 7,2%
Bruta
15-25 toneladas MV/ha com 14 a 16% de MS
(2 a 4 t MS/ha); Matéria
Orgânica 66% 67% 66%
Digestível
Corte ao espigamento: Unidades
30-40 toneladas MV/ha com 16 a 18% de MS Forrageiras 0,96 0,87 0,84
Leite
(5 a 7 t MS/ha);
Unidades
Forrageiras 0,93 0,81 0,77
Corte único para conservação (azevém e aveia): Carne

40-60 toneladas MV/ha com 18 a 20% de MS MS 10 - 12% 14 - 16% 16 - 18%


(7 a 12 t MS/ha).

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