Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MARÍLIA - SP
2019
ISAAC DIZOLELE MAUNGUDI
Trabalho apresentado em
cumprimento às
exigências da disciplina
Exegese do NT do Curso
Livre de Teologia EAD
FECP, ministrada pelo
facilitador Marcelo da
Silva Carneiro.
São Paulo
2020
SUMÁRIO
Primeira aproximação..........................................................................................4
I - Tradução..........................................................................................................5
1. Texto grego......................................................................................................5
2. Tradução
literal.................................................................................................5
3.Comparação de traduções................................................................................5
4.Tradução
pessoal..............................................................................................8
II - Análise
literária..............................................................................................10
1.Análise do Gênero
Literário.............................................................................10
2. Análise das
Estruturas..................................................................................10
3. Análise do Contexto
redacional....................................................................13
4. Análise
Extratextual......................................................................................14
III – Análise de
Conteúdo....................................................................................16
1.O mundo do
texto............................................................................................16
2. Análise narrativa de Atos 9.1-
9.......................................................................17
IV –
Hermenêutica..............................................................................................20
1.Teologia do
Texto............................................................................................20
2. Atualização pastoral.......................................................................................21
Referências
Bibliográficas..................................................................................24
5
PRIMEIRA APROXIMAÇÃO
I – TRADUÇÃO
1. Texto Grego
Atos 9.1-9
2. Tradução literal
1Mas Saulo ainda respirando ameaça e assassinato contra os discípulos
do Senhor, indo ao sumo sacerdote 2pediu de ele cartas a Damasco para as
sinagogas, para que se alguns encontrasse sendo do caminho, tanto homens
quanto mulheres, presos levasse para Jerusalém. 3E em o ir (ele) aconteceu
ele aproximar-se de Damasco, e de repente a ele iluminou em volta (uma) luz
de o céu 4e caindo sobre a terra ouviu (uma) voz dizendo a ele: Saulo, Saulo,
por que me persegues? 5E disse: Quem és Senhor? E ele: Eu sou Jesus a
quem tu persegues; 6mas levante-te e entra em a cidade, e será dito a ti o que
a ti é necessário fazer. 7E os homens os que viajavam com ele ficaram
parados, mudos, de um lado ouvindo a voz mas a ninguém vendo. 8E Saulo foi
levantado de a terra, e estando aberto os olhos dele nada enxergava; e
conduzindo pela mão a ele introduziram em Damasco. 9E estava três dias não
vendo, e não comeu nem bebeu.
7
3. Comparação de Traduções
persegue?”.
5 Ele perguntou: Quem E ele disse: Quem és, “Quem és tu, Senhor?”,
és tu, Senhor? E a Senhor? E disse o perguntou Saulo. E a
resposta foi: Eu sou Senhor: Eu sou Jesus, a voz respondeu: “Sou
Jesus, a quem tu quem tu persegues. Jesus, a quem você
persegues; Duro é para ti recalcitrar persegue!
contra os aguilhões.
9 Esteve três dias sem E esteve três dias sem Lá ele permaneceu,
ver, durante os quais ver, e não comeu nem cego, por três dias, e
nada comeu, nem bebeu. não comeu nem bebeu
bebeu. coisa alguma.
9
guiaram pela mão até Damasco. 9Ele ficou três dias sem enxergar e
não comeu nem bebeu nada.
II – ANÁLISE LITERÁRIA
Gênero:
O texto de Atos 9.1-9 faz parte do gênero Acta apostolorum ou Atos,
podendo ser caracterizado como parte do pequeno gênero da Tradição
histórico-narrativa, sendo que se caracteriza como o tipo narrativas biográficas
e históricas, relacionado a vocação de uma das principais personagens do
Novo Testamento, que o apóstolo Paulo.
Contexto vivencial:
A inclusão da narrativa a respeito da vocação de Paulo parece apontar
para um contexto tipológico-apologético, que serviria como importante
credencial para o ministério de Paulo. E ao mesmo tempo, esta narrativa
parece apontar também para o contexto de fé em Jesus como Messias, que é
justamente a experiência de Paulo, estabelecendo-se como um modelo para os
judeus e ao mesmo tempo preparando o ambiente do início da missão para
com os gentios. É provável que este texto fosse usado como uma credencial do
ministério e ensino do apóstolo Paulo.
c. Diagramação do texto
Mas Saulo pretendendo matar os discípulos do Senhor, procurou o sumo
sacerdote.
Solicitou-lhe cartas para as sinagogas em Damasco, com intuito de que, se
viesse a encontrar os seguidores do caminho, homens ou mulher, os levasse
presos para Jerusalém.
Ao aproximar-se de Damasco, de repente uma luz do céu brilhou ao seu
redor. E caindo no chão, ouviu uma voz que lhe disse: “Saulo, Saulo, porque
você me persegue?”,
e Saulo perguntou: “Quem és tu, Senhor?”,
e o Senhor respondeu: Eu sou Jesus a quem você está perseguindo!
Levante-se e entra na cidade, lá te dirão o que fazer”.
Os companheiros de viagem de Saulo, ficaram parados emudecidos,
pois ouviam a voz, mas não viam ninguém.
Saulo levantou-se do chão, mas quando abriu os olhos não enxergava nada.
Então o guiaram pela mão até Damasco.
Ele ficou três dias sem enxergar e não comeu nem bebeu nada.
3. Análise Redacional
14
4. Análise Extratextual
que estavam comigo não viram coisa alguma. De repente, porém, eles se
encheram de terror e correram para se esconder.
1. O mundo do texto
17
2.3. Enredo
Exposição:
O narrador inicia sua narrativa, fazendo um contraponto com a
perícope anterior. Na perícope anterior, ele mostra o avanço do Evangelho em
diversas regiões, incluindo a conversão do eunuco etíope e no capítulo 9, ele
inicia a perícope destacando um opositor a esse movimento de expansão do
Evangelho, que é o Saulo. Enquanto, por um lado, os discípulos, representados
na pessoa de Filipe, estão viajando para muitos cantos para espalhar as boas
novas, temos, outro personagem também viajando, mas com o propósito
oposto. O propósito de Saulo é exterminar a propagação desta mensagem.
20
que fosse adepto deste movimento que ele estava perseguindo. E depois de
receber essas cartas do sumo sacerdote, ele e seus companheiros partiram em
direção a Damasco.
Tensão:
Saulo no papel do antagonista é surpreendido no meio do caminho
pelo próprio Jesus, no papel de protagonista. A manifestação de Jesus a Saulo,
o leva ao chão e Jesus o questiona, por que ele o persegue. Saulo sem saber
quem, falava com ele, pergunta quem é que fala com ele, então Jesus se
revela a Saulo, dizendo que Ele é Jesus a quem Saulo está perseguindo. E
nesse ponto temos o clímax da narrativa, quando Saulo é derrubado e
confrontado por Jesus.
Resolução:
Nesse confronto, entre Jesus e Saulo, Saulo é vencido. E o Saulo perseguidor
agora é ordenado a se tornar um seguidor da causa que ele perseguia. E sem
qualquer demonstração de resistência, Saulo se rende e obedece ao
comissionamento de Jesus.
Desfecho:
Esse encontro gerou marcas em Saulo, ele ficou cego, de modo que precisou
ser conduzido até Damasco pelos seus companheiros e lá permaneceu cego
durante três dias, sem comer e sem beber. A intenção maligna de Saulo foi
frustrada e ele foi transformado num seguidor de Jesus.
22
IV – HERMENÊUTICA
1. Teologia do Texto
A graça soberana
O texto de At 9.1-9 expõe de maneira clara, pelo menos dois temas que
são bastante enfatizados tanto no próprio livro de Atos, como nos escritos
paulinos. O primeiro desses temas é a graça soberana na salvação. Ainda que
essa expressão não esteja mencionada ipsis litteris no texto, a presença e a
força deste tema no texto é inevitável.
Saulo está resolutamente decidido a prender os cristãos e ele está
empenhado nessa missão. Mas, contra toda a sua firme resolução, Deus
interfere nos seus planos e os frustra completamente. Deus revela que sua
vontade não pode ser frustrada. Na epístola aos efésios, o apóstolo trata deste
assunto, “Mesmo antes de criar o mundo, Deus nos amou e nos escolheu em
Cristo para sermos santos e sem culpa diante dele. Ele nos predestinou para
si, para nos adotar como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom
propósito de sua vontade” (1.4-5). É a soberania de Deus que governa os
planos humanos e não o contrário.
Mas a soberania de Deus não aparece sozinha, ela aparece vinculada a
graça de Deus. A graça de Deus nesse texto é evidenciada de maneira
formidável, levando-se em conta os antecedentes de Saulo. Saulo desejava
nada menos que a morte dos cristãos. Ele queria destruí-los. Ele era um
perseguidor implacável dos cristãos. Estamos falando de alguém
declaradamente inimigo de Cristo. Mas é justamente alguém como Saulo que
Cristo resolve escolher e salvar.
Não existe outra explicação, a não ser a preciosa graça. Por isso na
mesma carta aos efésios no capítulo 2.1-5 o apóstolo diz que estávamos
espiritualmente mortos, por natureza erámos filhos da ira, “Mas Deus é tão rico
em misericórdia e nos amou tanto que embora estivéssemos mortos por causa
de nossos pecados, ele nos deu vida juntamente com Cristo. É pela graça que
vocês são salvos!” (v4-5).
23
A união mística
O segundo tema teológico muito importante no texto é o tema da união
mística. Por duas vezes Jesus se identifica intimamente com os seus
discípulos. Isso pode ser observado na impressionante declaração que ele fez
à Saulo, “E caindo no chão, ouviu uma voz que lhe disse: ‘Saulo, Saulo, porque
você me persegue?’, e Saulo perguntou: ‘Quem és tu, Senhor?’, e o Senhor
respondeu: Eu sou Jesus a quem você está perseguindo!” (At 9.4-5).
De acordo com as essas palavras de Jesus, aqueles que são seus
discípulos estão espiritualmente unidos a ele de tal maneira que persegui-los
equivale a perseguir ao próprio Jesus, como se ele e os seus discípulos fossem
uma coisa só.
Não é a primeira vez que Jesus se identifica dessa forma com os seus
discípulos. Em Mateus 25.31-46 (Morton, 2010, p.3332), Jesus disse que todo
bem feito a seus irmãos e todo bem recusado a ser feito a seus irmãos, no final
é bem feito a ele e/ou bem recusado a ser feito a ele. Nas epístolas a metáfora
usada frequente por Paulo, referindo-se aos cristãos, é a do corpo de Cristo (cf.
Romanos 12.5; 1Co 10.16; 12.27; Ef 1.22; 5.22; Cl 2.17-19).
Isto quer dizer que aqueles que creem em Jesus estão profundamente
unidos a ele, a ponto de ele os identificar como seu próprio corpo. Como disse
Desmond Alexander, “Embora ele use a figura de duas maneiras ligeiramente
diferentes... em que Cristo é o corpo todo e os cristãos estão nele...em que
Cristo é a kephalê do corpo, que pode ter sentido tanto de ‘cabeça’ quanto... de
fonte ‘fonte de vida’” (2009, p.1046).
2. Atualização Pastoral
E como igreja em 2020, a pergunta que temos que nos fazer é, temos
sido promotores salvação, estamos aliados aos que são perseguidos ou somos
nós que nos tornamos os perseguidores e os assassinos daqueles que
discordam de nós? Será que em nome de Deus não nos tornamos
perseguidores daqueles que tem opção sexual diferente da nossa, daqueles
que tem crenças religiosas diferentes das nossas? Será que não nos tornamos
perseguidores quando invadimos centros de umbanda e destruímos tudo em
nome de Deus?
Uma parte significativa daquela que se declara igreja evangélica precisa
ser salva desse projeto religioso perseguidor, que busca se impor pela força,
pela violência, por meio da opressão. Esse é o modelo completamente oposto
ao modelo de Jesus. Esse sistema religioso que respira ameaça, que produz
perseguição religiosa não é o caminho de Jesus. Os que são do caminho de
Jesus estão entre os perseguidos e não entre os perseguidores. Que Deus nos
ajude como igreja a ser instrumentos de salvação em nossa sociedade e não
de perseguição e morte.
26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS