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Diálogos, Português, 7.

º ano

GRUPO II

Cientistas desvendaram o mistério da forma dos ovos

A incógnita borbulhava há séculos na cabeça dos biólogos – porque é que


os ovos de diferentes espécies de aves têm diferentes formas. O mistério foi
agora desvendado e a resposta está na forma das suas asas.
A investigação, publicada esta semana na revista Science, desvenda um
5 velho mistério da biologia e explica o que é que, afinal, determina a forma
dos ovos das aves.
Recorrendo a conceitos da biologia, da matemática, da física e da ciência
computorizada, uma equipa de cientistas de universidades americanas
apurou que quanto mais forte for a ave na capacidade de voo, mais longos
10 ou pontiagudos serão os seus ovos.
Os investigadores começaram por criar um programa de computador para
catalogar a variação natural da forma dos ovos de 1400 espécies.
Conseguiram, assim, abranger quase 50 mil ovos das principais ordens de
aves [...].
15 Depois criaram um modelo matemático para explicar essa variação,
procurando ligações entre a forma dos ovos e as características das aves.
Concluíram assim que a forma do ovo está relacionada com a habilidade
para voar, verificando-se “uma forte correlação a ligar as aves que têm ovos
que são elípticos e assimétricos com uma forte capacidade de voo”, como
20 explica L. Mahadevan, um investigador da Universidade de Harvard. [...]
As grandes voadoras terão desenvolvido formas de corpo aerodinâmicas
que influenciam a configuração dos seus órgãos e, logo, do sistema
reprodutivo e da forma dos seus ovos. [...]
Assim, o que explica que pássaros como o albatroz e o beija-flor, que são
25 muito diferentes, tenham ovos elípticos com formas parecidas é o facto de
serem ambos excelentes voadores. Já as corujas, que têm fraco potencial de
voo, têm ovos quase esféricos, tal como as galinhas.

Susana Valente, in www.zap.aeiou.pt, 01-07-2017


(consult. em 21-01-2018, adaptado e com supressões)

1. Para cada item (1.1. a 1.4.), seleciona a opção que completa a frase, de acordo com
o sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.

1.1. De acordo com o estudo dos cientistas,


a. não há justificação para a forma arredondada ou alongada dos ovos.
b. a forma dos ovos relaciona-se com a capacidade de voo das aves.
c. os ovos das galinhas e dos albatrozes têm formas idênticas.
d. a cor dos ovos deve-se às características físicas dos ovos.

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1.2. A jornalista afirma que o estudo


a. foi liderado por uma equipa de investigadores portugueses.
b. foi publicado na Internet.
c. foi desenvolvido por investigadores de universidades americanas.
d. teve como base a observação de aves no seu habitat.

1.3. Na primeira etapa do estudo, os investigadores


a. criaram um modelo matemático para explicar a variação dos ovos.
b. articularam conceitos de quatro áreas (Biologia, Matemática, Física, Ciências
Computorizadas).
c. catalogaram cinquenta mil ovos.
d. conceberam um programa de computador.

1.4. No contexto em que surge, a palavra “incógnita” (linha 1) significa


a. resposta.
b. insatisfação.
c. esperança.
d. incerteza.

2. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o


sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.
a. “suas” (linha 3) refere-se a “diferentes espécies de aves” (linha 2).
b. “seus” (linha 10) refere-se a “ave” (linha 9).
c. “seus” (linha 22) refere-se a “formas de corpo” (linha 21).
d. “seus” (linha 23) refere-se a “grandes voadoras” (linha 22).

GRUPO III

Do campanário de São Miguel via-se toda a cidade. A chuva envolvia a torre da


televisão e, no porto, as gruas pareciam animais em repouso. [...]
Zorbas saltou para o varandim que protegia o campanário. Lá em baixo os
automóveis moviam-se como insetos de olhos brilhantes. O humano colocou a gaivota
5 nas mãos.
– Não! Tenho medo! Zorbas! Zorbas! – grasnou ela dando bicadas nas mãos do
humano.
– Espera! Deixa-a no varandim – miou Zorbas.
– Não estava a pensar atirá-la – disse o humano.
10 – Vais voar, Ditosa. Respira. Sente a chuva. É água. Na tua vida terás muitos
motivos para ser feliz, um deles chama-se água, outro chama-se vento, outro chama-
-se sol e chega sempre como recompensa depois da chuva. Sente a chuva. Abre as
asas – miou Zorbas.
A gaivota estendeu as asas. Os projetores banhavam-na de luz e a chuva
15 salpicava-lhe as penas de pérolas. O humano e o gato viram-na erguer a cabeça de
olhos fechados.
– A chuva, a água. Gosto! – grasnou.

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– Vais voar – miou Zorbas.


– Gosto de ti. És um gato muito bom – grasnou ela aproximando-se da beira do
20 varandim.
– Vais voar. Todo o céu será teu – miou Zorbas. [...]
Ditosa desapareceu da sua vista, e o humano e o gato temeram o pior. Caíra
como uma pedra. Com a respiração em suspenso assomaram as cabeças por cima do
varandim, e viram-na então, batendo as asas, sobrevoando o parque de
25 estacionamento, e depois seguiram-lhe o voo até às alturas, até mais além do cata-
vento de ouro que coroava a singular beleza de São Miguel.
Ditosa voava solitária na noite de Hamburgo. Afastava-se batendo as asas
energicamente até se elevar sobre as gruas do porto, sobre os mastros dos barcos, e
depois regressava planando, rodando uma e outra vez em torno do campanário da
30 igreja.
– Estou a voar! Zorbas! Sei voar! – grasnava ela, eufórica, lá da vastidão do céu
cinzento.
O humano acariciou o lombo do gato.
– Bem, gato, conseguimos – disse suspirando.
35 – Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante – miou Zorbas.
– Ah, sim? E o que é que ela compreendeu? – perguntou o humano.
– Que só voa quem se atreve a fazê-lo – miou Zorbas.
Luís Sepúlveda, História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar,
Porto Editora, 2017 (págs. 136-137, com supressões)

1. Por que razão Ditosa, Zorbas e o humano se dirigiram ao campanário?


1.1. Com que intenção o Gato Zorbas pede à Ditosa que respire e sinta a chuva?

2. Identifica as três fases por que passa o voo de Ditosa.


2.1. Refere os sentimentos de Zorbas e do humano ao observarem o voo,
comprovando a tua resposta com exemplos.

3. De entre as opções abaixo apresentadas, seleciona todas as que permitem afirmar


que os animais são personificados. Escreve o número do item e as letras que
identificam as opções escolhidas.
a. “Lá em baixo os automóveis moviam-se como insetos de olhos brilhantes.” (linhas
3-4).
b. “– A chuva, a água. Gosto! – grasnou.” (linha 17).
c. “– Vais voar – miou Zorbas.” (linha 18).
d. “Ditosa desapareceu da sua vista, e o humano e o gato temeram o pior.” (linha
22).
e. “Caíra como uma pedra.” (linhas 22-23).
f. “O humano acariciou o lombo do gato.” (linha 33).

GRUPO IV
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1. Completa as frases com as formas verbais adequadas.


a. Naquele dia, Zorbas, Ditosa e o humano __________ (dirigir-se) até ao alto do
campanário.
b. ___________ (faltar) poucos minutos para que Ditosa regressasse ao
campanário.
c. Ditosa e as outras gaivotas _________ (fazer) uma viagem no próximo verão.
d. Quem gosta de aves _________________ (conhecer) os seus hábitos.

2. Associa cada expressão sublinhada (coluna A) à função sintática por ela desem-
penhada (coluna B).

Coluna A Coluna B
Sujeito
a. Ditosa voou por toda a cidade. Predicado
b. Durante o voo, os amigos permaneceram Vocativo
preocupados. Complemento direto
c. Por fim, a gaivota regressou ao campanário. Complemento indireto
Complemento oblíquo
d. Zorbas e o humano ficaram felizes ao vê-la. Complemento agente
e. Ditosa foi motivada a voar por Zorbas. da passiva
Predicativo do sujeito

3. Escolhe a alínea que completa corretamente a seguinte afirmação:


Quanto ao processo de formação, a palavra “energicamente” é
a. é derivada por prefixação.
b. é derivada por sufixação.
c. é composta por dois radicais.
d. é composta por duas palavras.

4. Ditosa regressou ao campanário. Cansou-se de voar.


Transforma as duas frases simples numa frase complexa, utilizando:
a. uma conjunção subordinativa temporal.
b. uma locução conjuncional subordinativa causal.

5. Reescreve as frases, substituindo as expressões sublinhadas por pronomes


pessoais.
a. Ao regressar ao campanário, Ditosa viu os amigos e sorriu aos amigos.
b. Zorbas e o humano procuraram a gaivota, mas não encontraram a gaivota.

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GRUPO V

Imagina o momento em que Ditosa, depois do seu voo, conversa com Zorbas
sobre a sua experiência.
Escreve um diálogo, com um mínimo de 150 e um máximo de 200 palavras, em
que os dois amigos falem sobre o que Ditosa viu e como se sentiu ao voar pela
primeira vez.
O teu texto deve integrar:
– uma breve introdução, em que identifiques o local e o momento do dia em que
as personagens se encontram;
– falas de ambas as personagens, introduzidas por verbos de discurso variados
(evita a repetição da forma verbal “disse”).

SOLUÇÕES

GRUPO II

1.1. b.; 1.2. c.; 1.3. d.; 1.4. d.

2. c.

GRUPO III

1. O campanário era o local mais alto da cidade. As personagens dirigiram-se aí para


que a gaivota Ditosa se lançasse desse local e aprendesse a voar.

1.1. Zorbas percebe que Ditosa está com medo de voar. Por isso, pede-lhe que respire
para se acalmar e que sinta, na chuva, os elementos da natureza e, assim, ganhe
coragem para voar e aproveitar a liberdade do voo.

2. Primeiro, Ditosa estendeu as asas, ergueu a cabeça e fechou os olhos. De seguida,


fez uma primeira tentativa de voo, lançando-se do varandim e sobrevoando o parque.
Por fim, começou a voar energicamente, elevando-se às alturas, regressando e dando
voltas ao campanário, segura e feliz.

2.1. Ao verem Ditosa levantar voo pela primeira vez, Zorbas e o humano ficaram
preocupados (“temeram o pior”, linha 22; “Com a respiração em suspenso”, linha 23).
Ao constarem que Ditosa estava a voar, ficaram felizes, sentindo que tinham
conseguido concretizar o seu objetivo (“– Bem, gato, conseguimos – disse
suspirando.”, linha 34).

3. b., c., d.

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GRUPO IV

1. a. dirigiram-se; b. Faltavam; c. farão; d. conhece.

2. a. Predicado; b. Predicativo do sujeito; c. Complemento oblíquo; d. Sujeito; e.


Complemento agente da passiva.

3. b.
4. a. Ditosa regressou ao campanário quando se cansou de voar. | Quando se cansou
de voar, Ditosa regressou ao campanário.
b. Ditosa regressou ao campanário uma vez que / dado que / já que / visto que se
cansou de voar. | Como / Uma vez que / Dado que / Já que / Visto que se cansou de
voar, Ditosa regressou ao campanário.

5. a. Ao regressar ao campanário, Ditosa viu os amigos e sorriu-lhes.


b. Zorbas e o humano procuraram a gaivota, mas não a encontraram.

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