Onde aparece:
Se separarmos os trechos rítmicos por blocos, tendo como
referência a semínima, ou a semínima pontuada no caso dos
compassos compostos (exemplo 2A), você verá que ficará mais
fácil assimilar as divisões:
Tocamos:
POLIRRITMIA
Em contrapartida, alguns escrevem o ritmo de acordo com a Grosso modo, polirritmia é quando ocorrem pulsos diferentes
acentuação do compasso. concomitantemente.
Peguemos, por exemplo, um 5 por 8, com uma acentuação de Tais pulsos iniciam na cabeça do primeiro tempo do compasso,
3 + 2: sendo que a polirritmia fecha seu ciclo em um compasso.
Aprendi uma fórmula com Kim Plainfield para decifrar qual-
quer polirritmia com dois pulsos. Vamos pegar como exemplo
a polirritmia de 3 x 2 (3 contra 2).
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A fórmula utiliza os dois números da polirritmia (no caso, 3 e ou:
2):
• O segundo número (2) também indicará a frequência de Alguns chamam os ritmos cruzados de “hemiólia” (na verda-
acentos na subdivisão, ou seja, acentuaremos de duas em de, muitos — inclusive eu — dizem “hemíola”). O Dicionário
duas figuras de uma subdivisão ternária: Grove de Música escreve: “hemiólia: Na teoria da música an-
tiga, a proporção 3:2. No moderno sistema métrico, significa
a articulação de dois compassos em tempo ternário, como se
fossem três compassos em tempo binário. Costuma ser usada
em danças barrocas, como a courante e a sarabanda, em ge-
ral imediatamente antes de uma cadência; também aparece
• A seguir, tocaremos apenas as figuras acentuadas: na valsa vienense”.
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Terry Bozzio, Simon Phillips, Thomas Lang, você e
tantos outros; por isso é complicado fazer uma “notação uni-
versal”. Temos de adaptar).
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Existem outros símbolos, utilizados para representar outras
fontes sonoras, inclusive peças “complementares” e instru-
mentos de percussão acústicos ou eletrônicos (toms adicio-
nais, octobans, blocos sonoros, timbales, pads eletrônicos,
efeitos etc.).
NOTAÇÃO
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A seguir, algumas levadas utilizando as principais subdivisões
(D) Duas vozes distintas (2): uma representando as peças (binária, ternária e quaternária), além da subdivisão “sená-
localizadas da quinta linha para cima (geralmente chimbal, ria” (que, grosso modo, é a duplicação da ternária):
crash, ride etc.), outra representando as demais peças, ou
seja, aquelas localizadas abaixo da quinta linha do pentagra-
ma:
Quando escrever um ritmo em 4 por 4, procure deixar clara a Agora alguns exemplos de levadas de bateria em diferentes
localização do tempo 3 do compasso. É como se houvesse uma compassos e formas de escrita:
barra de compasso imaginária:
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Obs.: Também podemos separar as colcheias de quatro em
quatro figuras num 4 por 4 e, principalmente, num 2 por 2
(que, por sinal, tem a mesma extensão que o 4 por 4).
Lição! Escreva as levadas da coluna direita da página ante- A seguir, um trecho (para ser executado na caixa) com alguns
rior utilizando todas as formas de escrita (exceto com tudo sinais de dinâmica (fonte: Vic Firth):
separado).
SINAS DE DINÂMICA
Temos também:
• crescendo ou (cresc.) ou
símbolo colocado geralmente abaixo de um conjunto de
figuras indicando que a intensidade do som deve aumentar
gradativamente. Por exemplo:
• ponto de diminuição ou staccato: grosso modo, indica que
a figura deve ser tocada com curta duração e, eventualmen-
te, com destaque. Costuma ser representada por meio de um
ponto em cima da figura rítmica.
• decrescendo ou (decresc.) ou
símbolo colocado geralmente abaixo de um conjunto de
figuras indicando que a intensidade do som deve diminuir
gradativamente. Por exemplo:
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• ligadura: linha curva ( ou ) que une duas figu- • ou Da Capo (vulgo “da caspa”): significa “do início” (da
ras, somando-lhes a duração. música ou trecho musical). Da Capo, em italiano, significa “da
Obs.: Um exemplo que ilustra muito bem como funciona a cabeça”.
ligadura é este:
• D.C. al fine: significa que devemos repetir a música desde o
início até onde estiver escrito “fine”.
Obs.: É muito comum o uso da fermata em cima de um rulo • : indica retornar ao sinal “ ” e prosseguir
em um tambor ou pratos. até o final da música ou trecho musical.
Exemplo:
Sequência: 1 - 2 - 3 - 4 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7 - 8 - 7 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 14 - 15 -
16 - 10 - 11 - 12 - 13
Exemplo:
Sequência: 1 - 2 - 3 - 4 - 3 - 5 - 3 - 6 - 7 - 8 - 9 - 10 - 11 - 12 - 13 - 14 - 8 - 9 - 10 - 15 - 16
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ORNAMENTOS
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OUTROS SINAIS E TERMOS esquerda”.
• A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K etc.: partes da música (parte • on cue: significa “ao sinal”, ou seja, algo acontece (ir para
A, parte B, parte C etc.). outra seção da música, por exemplo) quando alguém der um
sinal précombinado que pode ser alguma nota, acorde, frase
• AABA: forma comum de algumas músicas, geralmente ou mesmo uma olhada ou movimento corpóreo.
composta por 32 compassos (oito compassos por parte).
Obs.: Chamamos um ciclo de uma música de chorus. • ostinato: padrão musical que se repete. Por exemplo, os
pedais (bumbo e chimbal) na peça de bateria “The Drum Also
• ad. libitum (Ad libitum ou ad lib.): termo que indica que Waltzes”, de Max Roach.
devemos executar o(s) compasso(s) à vontade, sem um pulso
definido. • rallentando ou rit. (de rittardando): termo que indica que
se deve desacelerar o andamento.
• anacruse (ou prótese): figura ou grupo de figuras que
precedem o primeiro compasso de uma música ou trecho • riff: termo em inglês que significa um ostinato melódico
musical. curto (geralmente com duração de dois ou quatro compassos).
Por exemplo, a música “Every Breath You Take (The Police), Exemplo: “Smoke On The Water”, do Deep Purple.
em que a caixa (com o bumbo) entra um tempo antes dos
demais instrumentos, como se fosse na cabeça do tempo 4. • ritmo acéfalo (ou decapitado): não, não é o funk carioca! É
Obs.: O anacruse representa o “compasso zero”, caso quando o início do primeiro compasso é ocupado com uma
enumeremos os compassos, ou seja, ele não é enumerado. pausa.
• a tempo: instrução para se retornar ao andamento anterior, • ritmo anacrústico (ou protético): quando uma ou mais figu-
após um desvio deliberado. ras precedem o início do compasso (ver anacruse). Um exem-
plo disso é o início do Hino Nacional (“OU-vi-ram...”), em que
• backbeat: caixa nos tempos 2 e 4. a sílaba “ou” começa um tempo antes do compasso inicial.
• buzz: toques múltiplos executados com a mesma mão ou • ritmo tético: ritmo que começa no primeiro tempo do
alternando as mãos. É também conhecido como rulo de compasso (ou seja, a maioria). (Cá entre nós, esses termos
pressão ou multiple bounce roll. Faz parte dos 40 rudimentos viraram cultura inútil...)
oficiais e costuma ser representado com um “z” cortando a
haste da figura rítmica na qual será executado o rudimento: • rulo aberto (open roll): rulo baseado no papa mama
(double stroke roll).
• : forma antiga de escrever um compasso ternário (caiu • section figure: são frases escritas de forma diminuta e
em desuso). acima do pentagrama (ou sobre a quinta linha). Indicam as
células rítmicas que estão sendo tocadas por outros instru-
• : forma antiga de escrever um compasso quaternário, mentos. Pode ser tocada de forma discreta e em meio ao
mas ainda é usada. No caso, para representar uma fórmula groove, mas sem interrompê-lo. Geralmente evita-se tocá-las
de compasso 4 por 4. de forma integral.
• fade in: recurso em que a intensidade de uma música ou • simile: termo que significa “toque como antes” (pode ser
trecho musical aumenta gradativamente, partindo do silêncio. empregado para que a repetição de figuras ou um trecho com
Geralmente é utilizado na mixagem de uma música, mas pode muitas figuras não sobrecarregue a partitura). Por exemplo:
ser feito “na mão”.
• fill: virada (frase). • síncope (ou sincopa, como costumamos falar): som articu-
lado sobre um tempo fraco ou uma parte fraca do tempo e
• manulação: indicação da mão que deverá executar prolonga-se até o tempo forte ou parte forte do tempo.
determinada figura, em que D (ou R, de “right”) represen-
ta “mão direita”, e E (ou L, de “left”) representa a “mão
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• / (talho ou time slash): sinal que costuma representar o Bibliografia:
tempo do compasso. É muito comum representar a semínima, • Apostila de Percepção Musical (Fernando Cochrane)
pois esta é utilizada como unidade de tempo em boa parte • Arranging 1 Workbook (Bob Doezema – apostila da Berklee
College of Music)
das músicas. Indica uma interpretação livre do compasso —
• Artigo sobre Terminologia, escrito por Daniel Oliveira na revista
em uma das peças da bateria (caixa, por exemplo) ou em sua Batera & Percussão
totalidade. • Advanced Concepts (Kim Plainfield – Manhattan Music)
• Bateria Brasileira (Christiano Rocha – edição do autor)
• Compêndio de Teoria Elementar da Música (Osvaldo Lacerda –
Ricordi)
• Dicionário de Termos e Expressões da Música (Autran Dourado –
• tacet: símbolo que assinala os compassos de “espera”, ou Editora 34)
• Dicionário Grove de Música (editado por Stanley Sadie – Zahar)
seja, que não devem ser tocados (mas devem ser contados).
• Estudo dos Movimentos Full, Down, Tap e Up (Cesar Audi - edição
Por exemplo, se no início de uma música houver um período do autor)
de silêncio de quatro compassos, será mais prático escrever • Inside the Big Band Drum Chart (Steve Fidyk - Mel Bay)
do que completar quatro compassos com • La Batteria Interpretata da Gil Cuppini (Gil Cuppini – Radio
pausa. Record)
• Manual de Rítmica (Abelardo Mato Alonso – Novas Metas)
• tutti: todos os executantes devem executar determinado • Método Completo de Divisão Musical (P. Bona – Ricordi)
trecho (geralmente uma “convenção” [também conhecida • Método Prince (Adamo Prince – Lumiar)
• Noções Básicas de Teoria Musical (Francesco Pezzella – Ricordi)
como kick ou ensemble figure]).
• Polyrhythms (Peter Magadini – Hal Leonard)
• Regras de Grafia Musical (Osvaldo Lacerda – Irmãos Vitale)
• vamp: seção da música que se repete (às vezes de forma • Ritmo – 4ª edição (Bohumil Med – Musimed)
livre, “aberta”), inclusive é bastante comum a execução de • Snare Drum Method – Book 1 (Vic Firth – Carl Fischer)
solos de bateria em vamps (funk, salsa, fusion etc.). • Teoria da música – 4ª edição (Bohumil Med – Musimed)
• Teoria de La Musica (Danhauser – Ricordi)
• Treinamento Elementar para Músicos (Paul Hindemith – Ricordi)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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