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EDITORES
Oliveira Nunes, Jorge Luiz Campos Verde,
Guilherme Fernandes dos Santos.
ESCRITOS E LEITURAS
NOS
documentos para a conclusão do projeto. O mapa
poder D. João VI retorna a Portugal, deixando seu foi elaborado em 4 páginas que juntas o formavam,
filho D. Pedro I como Príncipe Regente. Porem indicando um dos destaques do período (figura 6).
Portugal deseja restabelecer o Brasil novamente à
TEMPOS
condição de colônia e com isso exige o retorno de 5
D. Pedro I. Pressionado por políticos brasileiros,
em 9 de janeiro de 1822 D. Pedro I contraria as
ordens das cortes e declara ao povo (figura 3). “Se
DE
é para o bem de todos e felicidade geral da nação,
estou pronto! Digam ao povo que fico”. Dia 7 de
Setembro de 1822, D. Pedro e seus companheiros
espalharam a notícia da independência do Brasil
OUTRORA 4
do domínio português, às margens do rio Ipiranga
e o grito de independência é bradado (página 20).
ANTECEDENTES: A REVOLUÇÃO
1 PERNAMBUCANA SÍMBOLOS NACIONAIS E UM DOS LEGADOS DO
IMPÉRIO
A Revolução Pernambucana foi um movimento 6
liberal e republicano que ocorreu no ano de 1817, Em 18 setembro 1822, Dom Pedro I assinou três
com o intuito de conseguir a independência da decretos que foram os primeiros atos do Brasil
região. Os motivos que influenciaram a população Independente. No terceiro decreto criou aquele
a se rebelar foram as crises econômicas, altos que regulamentava sobre a bandeira (figura 5).
impostos pagos à Coroa e os movimentos O Brasão de Armas do Brasil Reino será, em um
libertários que ocorrem na França e nas Américas. campo verde, uma esfera armilar sobreposta em
Ao saber da organização da revolta, o governador uma cruz da Ordem de Cristo, a esfera de ouro
de Pernambuco ordenou a prisão dos envolvidos, circulada por 19 estrelas de prata em um círculo
porém eles resistiram e planejaram a revolta que azul; e uma coroa real com os diamantes ajustados
3 se iniciou com a ocupação de Recife e a prisão do sobre o protetor, os lados embraçados por duas
governador. Também implantaram um governo plantas do café e do tabaco, como emblemas das
provisório, cujas medidas foram a libertação de riquezas da nação, em suas cores apropriadas, e
presos políticos e a redução de impostos. Receoso serão amarrados no fundo com o fitão nacional.
das iniciativas, D. João VI inicia o combate com os Apelidado de “o libertador” e o “Rei soldado”, D.
rebeldes, com duração de 75 dias e com vitória dos Pedro I foi o primeiro imperador do Brasil, e reinou
portugueses. A revolta é também conhecida como de 1822 até sua abdicação em 1831. Antes disso foi
a Revolta dos Padres (figura 2) devido ao número nomeado príncipe regente do Brasil por seu pai D.
considerável de padres que nela participaram (um João VI, e iniciou sua administração promulgando
dos mais conhecidos foi Frei Caneca). os direitos pessoais e de propriedade, reduzindo
LEITURAS
(que naquele ano estava em pleno declínio). O
quadro de Pedro Américo fez tanto sucesso que no
mesmo ano foi efetuado um relevo em metal com
a forma da referida pintura (figura 4). No mesmo
sentido comemorativo e de perpetuação de uma
memória, em 1922 (centenário da independência),
foi inaugurado próximo ao Museu do Ipiranga
Ao longo da história, a independência do Brasil foi um Monumento que demonstra a interpretação
interpretada de diversas maneiras e por diferentes heroicizada da história nacional, tão em voga
olhares, cada um aumentando ou diminuindo um ainda na primeira metade do século XX (página 14).
ponto. Por mais difícil que seja a imparcialidade,
os historiadores têm se esforçado em dirimir as A partir dos anos 1960, a historiografia, preocupada
muitas dúvidas sobre o período e esclarecer as em fazer uma revisão das versões até então
inúmeras versões de um mesmo fato. consideradas “verdadeiras”, produziu inúmeros
trabalhos que ajudaram a esclarecer o Sete de autora constrói a problematização em torno da Organizado pelo doutor em História Social pela
No século XIX, Francisco de Varnhagen (figura 1) Setembro, como se pode ver a seguir.
foi o historiador mais preocupado em registrar figura da soberania de Dom Pedro I no período USP Jurandir Malerba, o livro A Independência
a memória do país, exaltando sentimentos da Independência e as diferentes concepções dos Brasileira: novas dimensões oferece debates sobre
O livro Pátria coroada: o Brasil como corpo político brasileiros sobre o Imperador. a chegada da Corte ao Rio de Janeiro, os tratados,
nacionalistas, realçando o heroísmo nos autônomo, 1780-1831, escrito por Iara Lis Carvalho
acontecimentos considerados mais relevantes. o desenvolvimento do liberalismo no Império, o
Souza, doutora em História Social pela Unicamp, é O livro Independência: História e Historiografia, nascimento da imprensa brasileira e sua influência
destacado por sua expressiva análise iconográfica. organizado pelo historiador István Jancsó na formação da opinião pública. O aspecto mais
1 Analisando como uma de suas principais fontes remonta reflexões feitas por Fernando Novais e tocado no livro é o econômico, responsável por
as obras produzidas por integrantes da missão Caio Prado Júnior, acrescentando novas pesquisas explicar como funcionou o estabelecimento
artística francesa, como Debret e Grandjean e historiográficas. Os artigos dos vinte e sete da elite no país, em contraste com as camadas
o monumento erguido na Praça Tiradentes, a historiadores reunidos no livro apresentam mais empobrecidas da sociedade, os prejuízos
aspectos como a movimentação política do Brasil ocorridos no período e a relação entre economia
desde o fim do período colonial, os processos de e política nos processos de revolta. O acesso às
luta por autonomia das províncias e a participação obras historiográficas e às novas abordagens é
das camadas menos favorecidas da população fundamental para que se possa problematizar
nestes processos. fatos históricos tão consagrados, tais como aqueles
referentes à Independência do Brasil de 1822.
O ACESSO ÀS OBRAS 4
2 HISTORIOGRÁFICAS E ÀS
NOVAS ABORDAGENS É
FUNDAMENTAL PARA QUE SE
POSSA PROBLEMATIZAR FATOS
HISTÓRICOS TÃO CONSAGRADOS.
A
Neste período, o comércio ambulante no Brasil era
“Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu praticado por negros livres e escravos de ganho,
muitas vezes por mulheres negras, as quitandeiras
Deus, juro fazer a liberdade do Brasil.” que eram de suma importância para esse negócio,
DIA
o que abrangeu um grupo bastante lucrativo. Elas
Esta frase foi dita pelo príncipe Dom Pedro I, depois de receber se misturavam no dia a dia urbano, com seus
notícias desagradáveis de Lisboa ao chegar de uma viagem tabuleiros e gamelas sobre a cabeça e trabalhavam
exaustiva, no lombo de uma mula, na data de 7 de setembro de em barracas (figura 2). Eram oferecidos produtos
1822, conforme o registro do padre Belchior Pinheiro de Oliveira. variados como doces, bolos, cestos, milho,
Segundo a historiadora Mary Del Priore (2016), foi com a publicação Na rua todo mundo se encontra, é onde as histórias frutas, capim, aves, carvão e faziam serviços de
das memórias desse padre, que fez parte da comitiva do herdeiro acontecem. No século XIX o grande comércio se carpinteiro, carroceiro, mensageiro entre outras
de Dom João VI, que o “grito do Ipiranga” começou a ficar famoso, a concentrava em centros e lugares de muito fluxo atividades demonstradas (figura 3). Muitos
ponto de o 7 de setembro entrar para o calendário festivo nacional. de pessoas; e a rua era lugar de escravos de ganho, escravos buscavam sua liberdade através desse
quitandeiras, “sinhôs”, “sinhás”, padres, ciganos trabalho que se espalhava em várias regiões. A
e crianças que circulavam diariamente, fazendo prática se enraizou e atravessou ciclos econômicos
delas os pontos de encontro e de troca de ideias (FREITAS, 2016).
desta elite, com os escravizados vindos da África; vestida, à mesa, contemplando um banquete farto,
mantinham uma vida social hierárquica dentro da enquanto crianças ao chão, nuas, são alimentadas
casa de seus senhores, com tarefas feitas junto a por uma das senhoras, indiferente, enquanto
suas famílias, mantendo uma proximidade com a isso, os escravos estão a lhes servir (DOMINGUES,
família do seu senhor. 2016). É perceptível a diferença social de cada
família, o que também acontece na pintura de
A proximidade não trouxe nenhum benefício à Chamberlain, famílias de elite junto a família de
família escravizada. As situações que viviam eram escravos, caminhando descalços, acompanhando
de completo desprezo, como se observa na imagem seus senhores pelas ruas.
de Debret: a família de elite está muito bem
O povo cigano também teve importante atividade econômica de maior destaque entre os
participação nesse tipo de atividade econômica. ciganos foi seguramente o comércio de escravos
Apesar de serem vistos com preconceito pela (figura 4). Eles compravam e vendiam escravos
sociedade da época, o comércio ajudou os ciganos a africanos por atacado, atuando como agentes 6
se reerguerem socialmente. A princípio eles eram intermediários entre as partes envolvidas no
conhecidos por negociar tecidos, roupas, joias e negócio.
outras quinquilharias. A pechincha era, talvez,
uma das únicas formas de convívio amigável ente Os clientes desse mercado eram sempre as
os ciganos e o restante da população (TEIXEIRA, senhoras e senhores de escravos, ou seja, a elite
2008). Os ciganos no período colonial concorriam brasileira do século XIX. As pinturas de Jean
com os mascates portugueses e judeus e, após a Baptiste Debret (figura 5), e também de Henry
independência outros concorrentes começaram Chamberlain (figura 6), são boas representações
a surgir, vindos da Itália, Síria e Líbano. Mas a do período, que retratam o cotidiano das famílias
3 4
SABER
em cenas do cotidiano com grande qualidade de
produção.
MAIS
centrais tratadas em sala de aula e focar em
novas interpretações, que trazem personagens
desconhecidos e movimentos pouco estudados,
novidades à história de um período denso da
trajetória do país. Personalidades como José
O Documentário Era uma vez uma história, do Patrocínio (figura 2) aparecem ao lado
episódio 4 revela aspectos do segundo reinado no rebeliões escravas, revelando um lado popular
Brasil, época em que o país estava sob o poder de dos movimentos políticos no Brasil. A abolição
D. Pedro II e uma elite ligada à grande produção da escravidão e suas consequências sociais são
cafeeira. Sua política defendia os interesses discutidas em paralelo ao fim da monarquia
pessoais de enriquecimento com exploração da e consequente expulsão da família imperial
mão de obra escrava. Este cenário serve de pano de do país. As questões de liberdade permeiam
fundo para discutir o longo processo de abolição o documentário, jogando luz sobre o passado
da escravatura (figura 1), os grupos abolicionistas, brasileiro do século XIX.
DE
do Equador. Essa imagem pode ser apresentada
ao aluno como ilustração das tensões políticas
nos primeiros anos do Brasil independente e a
ascensão de movimentos separatistas (ANDRADE,
1 A quarta imagem (figura 4) representa a O aluno pode analisar a ação de Dom Pedro I de
composição do hino da independência realizada elaborar isoladamente o hino como um ato de
pelo Dom Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, liderança e até monopolizador do processo de
A primeira imagem (figura 1) é uma charge após a proclamação da independência do Brasil. independência do Brasil (GONÇALVES, 2013).
sobre a saída de Feijó da regência do Brasil. A
proposta é fazer com o aluno analise e diga o
que ele consegue resgatar dos elementos da
imagem e trazer características do período em 4
questão, contextualizando o episódio e evitando
anacronismos. Atividade importante no processo
de aprendizado (RICCI,1998).
“Independência, historiografia e o tema da DOMINGUES, Joelza Ester. “Debret e os hábitos RICCI, Magda Maria de Oliveira. Assombrações de
“revolução” no Brasil do século XIX”. III Seminário alimentares na corte brasileira”, 2016. um Padre Regente: Diogo Antônio Feijó (1784-1843).
Figura 1- Autor desconhecido, “Embarque da Figura 1 – “O historiador brasileiro Francisco Figura 1- Autor desconhecido, “Frei Caneca”, séc.
Família Real Portuguesa”, 1808. Museu Histórico e Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro XIX.
Disponível em https://commons.wikimedia.org/
Disponível em : https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Frei_Caneca.jpg (acesso em 17/09/2019)
DAS IMAGENS
wikipedia/commons/2/28/Autor_n%C3%A3o_ wiki/File:Francisco_Adolfo_de_Varnhagen.jpg
identificado_-_Embarque_da_Fam%C3%ADlia_ Figura 2- Murillo de la Greca, “A Execução de Frei
Real_Portuguesa.jpg (acesso em 03/09/2019) (Acesso em: 17 set. 2019) Caneca”, 1924
Figura 2 - Jean Baptiste Debret, “Bandeira Figura 2 – Simplício Rodrigues de Sá, “D. Pedro I Disponível em: https://upload.wikimedia.org/
Brasileira”, 1822 aos 23 anos”, setembro de 1822. wikipedia/pt/1/19/Freicaneca.jpg (acesso em
17/09/2019)
Disponível em: https://commons.m.wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
org/wiki/File:Brasil_Bandeira_Imperio.jpg wiki/File:Emperor_Dom_Pedro_I_1822.png Figura 3- Antônio Parreiras, “Estudo para Frei
(acesso em 03/09/2019) (Acesso em: 6 set. 2019) caneca”, c. 1918. Museu Antônio Parreiras
Figura 3 - Antônio Parreiras, “Bênção das Figura 3 – “Museu do Ipiranga em 2009”. Fotografia Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
bandeiras da Revolução de 1817”, sd. Arquivo de Jowcs. wiki/File:Ant%C3%B4nio_Parreiras_-_Estudo_
Público do Recife. para_Frei_Caneca.jpg (acesso em 17/09/2019)
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
Disponível em: https://upload.wikimedia. wiki/File:Museo_do_Iparanga_S%C3%A3o_ Figura 4-Sebastién Auguste Sisson, “Diogo Antônio
o r g / w i k i p e d i a / c o m m o n s / a / a d / B % C 3 % A- Paulo,_Brazil.jpg (Acesso em: 7 set. 2019) Feijó”, séc. XIX. Livraria do Congresso.
An%C3%A7%C3%A3o_das_bandeiras_da_
Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1817.jpg (acesso em Figura 4 – “O grito do Ipiranga (metal relevo)”. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
03/09/2019) Autor desconhecido, 1888. Almanaque Lusofonista. wiki/File:Diogo_Ant%C3%B4nio_Feij%C3%B3.jpg
(acesso em 17/09/2019)
Figura 4 - Jean-Baptiste Debret, “Aclamação de Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Campo de wiki/File:O_Grito_do_Ipiranga_(metal_relevo)1. Figura 5- “Diogo Antônio Feijó, Monumento à
Sant’Ana”, 1822. New York Public Library. JPG (Acesso em: 7 set. 2019) Independência”. Foto de Dornicke, 2009.
https://commons.m.wikimedia.org/wiki/
File:Portrait_of_D._Pedro_I_(1826)_- _Google_
Art_Project.jpg (acesso em 03/09/2019)
Disponível em https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Mapa_do_Imp%C3%A9rio_do_Brasil.
tif (Acesso em 17/09/2019)
Figura 1- Félix Émile Taunay, “Rua Direita”, Rio de Figura 1 – Victor Meirelles, “Abolição da Figura 1 - Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Feijó
Janeiro, 1823. Pinacoteca do Estado de São Paulo. escravatura”, 1888. Coleção Itaú Brasiliana deixa a Regência”, 1837
h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i /
File:Debret_casa_ciganos.jpg
Disponível em:
h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i /
File:Familia_e_escravos_Brasil_1822.jpg (Acesso
em: 07/08/2019)
TEMPOS
para os problemas financeiros em que a França se
encontrava. Eram representantes dos três estados
(Clero, nobreza e burguesia), a assembleia só foi
convocada pelo fato de que muitas crises estavam
DE
acontecendo ao mesmo tempo no país, então o rei
achou necessário convoca-lá (figura 1).
A BASTILHA
Um dos principais acontecimentos que marcou a Maximilien François Marie Isidore de Robespierre
revolução francesa foi a tentativa de fuga da família
real de Paris até Montmédy (cidade fronteiriça
mais próxima cerca de 287 quilômetros a leste de
O INCORRUPTÍVEL (1758-1794) foi um advogado e político francês, e
uma das personalidades mais importantes da
Revolução Francesa. Os seus amigos chamavam-lhe
CANDEIA DE
Paris, na atual fronteira com a Bélgica (então posse “O Incorruptível”. Ele encarnou a tendência mais
austríaca). A ideia de fuga dos monarcas vem de radical da Revolução, transformando-se numa
influência aos acontecimentos de outubro de 1789 das figuras mais controversas deste período.
na chamada Marcha sobre Versalhes (ou Marcha
das Mulheres a Versalhes), em que a população
exige que a família real, até então estabelecida
ARRAS Os seus inimigos chamavam-lhe o “Candeia de
Arras”, “Tirano” e “Ditador sanguinário” durante
o Terror (figura 5). Maximilien de Robespierre foi
TIRANO
no Palácio de Versalhes, fosse levada para Paris e guilhotinado em Paris, no 10 thermidor do ano II,
ficasse próxima do povo no Palácio das Tulherias. conforme calendário da Revolução (28 de julho
A fuga ocorre na noite de 20 de junho de 1791, e é de 1794, no calendário gregoriano), sem ter sido
abortada 36 horas depois no vilarejo de Varennes julgado, juntamente com o seu irmão Augustin
onde, disfarçados como criados, são abordados
por policiais que logo reconhecem a assinatura do DITADOR de Robespierre e dezessete de seus colaboradores
durante o golpe de 9 do Termidor. Dentre eles,
rei. Com isso, os viajantes são obrigados a descer
das carruagens e pernoitar em uma residência
próxima (figura 4), para que na manhã do outro
SANGUINÁRIO estavam seus dois grandes amigos, companheiros
desde o início de sua jornada, Saint-Justt e
Couthon (figura abaixo).
dia, tomassem o caminho de volta rumo à capital.
ESCRITOS E A RACIONALIDADE
Burke se tornou alvo de detrações e elogios. É
considerado, atualmente, um dos pioneiros do
conservadorismo moderno. Considerando todas
LEITURAS
as circunstâncias, descreve a Revolução Francesa
E ACIMA DE TUDO como a mais espantosa das revoluções das quais
já haviam ocorridas mundialmente dentro de seu
RETRATOS
No final do século XVIII, a França era um país
agrário, com a produção estruturada no modelo
monárquico, o povo e a ascendente burguesia
sofriam com uma crise econômica e altos impostos
por parte da coroa. A Revolução Francesa veio
como uma resposta a essa realidade e se tornou
marco de fim de uma Era e início de outra. Para que
isso fosse possível, alguns personagens históricos
tiveram participação, e alguns momentos se
tornaram célebres narrativas, atreladas às
biografias destas pessoas.
corte esse era um modo político: impor-se por
Com a morte repentina de Luís XV, pai de Luís meio de uma aparência, de sua roupa, que contava
XVI que assume o trono aos 19 anos despreparado com cintas para modelar o corpo que até hoje são
politicamente e distante da realidade francesa, e usadas por grandes marcas e o pouf, uma espécie
logo torna-se impopular. Um dos principais erros de estrutura feita com um metal e crina de cavalo,
de seu governo foi o apoio financeiro efetivo aos que dá corpo a uma peruca, muitas vezes grande,
colonos norte-americanos, que buscavam sua e com um chapéu em cima, que também poderia
independência da Grã-Bretanha, que gerou altas estar preso aquela estrutura (figura 1).
dívidas decorrentes da guerra que contribuíram
ainda mais para a miséria e o descontentamento Em meio a crescente insatisfação do povo e da
do povo, e da elite burguesa fortemente marcada burguesia generalizada em meio a essa diferença
pelos ideias iluministas que resultam em forte social entre a coroa e o resto da Franca, enquanto
oposição ao atual rei. A vida de Luís XVI e de a fome ainda era um problema, nesse mesmo
sua esposa Maria Antonieta era cercado de luxo, momento as ideias iluministas estão correndo pela
extravagancia, festas e uma nobreza que também Europa inclusive na Franca mais especificamente
os cercava e que era sustentada pela massa. Paris, que aos poucos transforma o modo como
se pensava a estrutura hierárquica de Poder. A
Maria Antonia Josepha Johanna, ou Maria principal ponte entre os ideais revolucionários da
Antonieta, a última e a mais famosa da rainha aristocracia e o povo ocorria por meio do Jornal
da França, era uma celebridade da época. Era do Povo onde o radical revolucionário Marat
austríaca e teve seu casamento planejado pela sua trabalhava.
família para amenizar questões políticas entre a
Franca e Áustria. Na época de Maria Antonieta, Personalidade lembrada por autores da
reinava o estilo conhecido como Rococó, pelo Revolução, Jean-Paul Marat foi um médico,
qual as mulheres usavam vestidos exuberantes, filósofo, teorista político e cientista conhecido
com armações que os mantinha volumosos, como jornalista. Defendia, através de seu jornal
ricos em rendas e babados e sempre enfeitado. (O Amigo do Povo), reformas para as camadas
A rainha é associada a esse estilo e à moda da até então tidas como inferiores pela sociedade
época, utilizando-a a como arma para se firmar da época. Marat costumava disparar ofensas e
numa corte estranha e hostil. Nas sociedades de críticas diretas contra os monarcas e aqueles
FRASES
Robespierre como um déspota, a Constituição foi bússola que nos guie, nem temos meios de
suspensa e foi criado o Tribunal Revolucionário
saber a qual porto nos dirigimos. A Europa,
que julgavam inimigos da revolução. A “caças às
bruxas” inaugurada juntamente com o Tribunal considerada em seu conjunto, estava sem
voltou-se de maneira decisiva contra Robespierre, dúvida em uma situação florescente quando
cada vez mais malquisto e temido por sua tirania, “Um homem poderá muito bem apossar-se dos a Revolução Francesa foi consumada.
quando ele acusou seus membros de tramar frutos colhidos por um outro, da caça morta por Quanto daquela prosperidade não se deveu
uma conspiração para derrubá-lo. Robespierre ele, do antro que lhe servia de abrigo, mas como ao espírito de nossos costumes e opiniões
chegaria ao ponto de fazer-se obedecer? E quais
foi acusado de traição assim foi destituído e antigas não é fácil dizer; mas, como tais
poderão ser as cadeias da dependência entre
guilhotinado. (figura 4) causas não podem ter sido indiferentes a
homens que nada possuem? Se me expulsam de
5 uma árvore, sou livre de ir a uma outra; se me seus efeitos, deve-se presumir que, no todo,
considerados inimigos da revolução, citando os tiveram uma ação benfazeja” (BURKE,
nomes dos “inimigos do povo”, convocando-os perseguem num certo lugar, que me impedirá de
ir a outro? Se encontrar um homem com força 1982, p.102).
para a execução. Por meses liderou um movimento
voltado a propagação de notícias e sátiras visando a bem superior à minha e, além disso, o bastante
derrubada da facção Girondina (figura 2, página 37). depravado, preguiçoso e feroz para obrigar-me O filósofo irlandês Edmund Burke (1729-1797)
a prover sua subsistência enquanto nada fizer, notabilizou-se pelo seu ensaio Reflections On
Enquanto os girondinos exigiam que Luís XVI será preciso que ele se resolva a não me perder the Revolution In France (Reflexões sobre a
fosse exilado, os jacobinos divagavam sobre sua de vista um só instante e ter-me amarrado com Revolução na França), publicado em 1790, no qual
execução. O destino do rei foi decidido quando muito cuidado enquanto dormir, temendo que desferiu duras críticas à revolução que havia se
foram descobertas evidências que o associavam eu escape ou que o mate, isto é, será obrigado a desencadeado na França em 1789 e, até então,
aos esforços contrarrevolucionários e a tentativa expor-se voluntariamente a um trabalho muito prosseguia. Desde a época da publicação do
de fuga (figura 3). maior do que desejava evitar e do que dá a mim referido ensaio, Burke foi alvo tanto de detrações
Marie-Anne Charlotte Corday d’Armont (figura 5), mesmo”. (Rousseau,1973a,, p. 264). quanto de elogios. É considerado, hoje, um dos
assassinou Marat com uma punhalada no peito em pais do conservadorismo político moderno.
Assim, o rei foi guilhotinado, o regicídio inaugurou
o período de Terror, no qual Jacobinos liderados uma banheira. Dizendo ser uma mensageira pediu No momento histórico em que o autor estava
por Maximilien Robespierre e inflamados pelo para ser admitida em suas dependências. Quando inserido, em um clima pré-revolucionário e com
Jornal do Povo de Marat radicalizaram a revolução ela entrou, ele pediu o nome daqueles considerados absolutismo em cordas bambas, essa citação
na tentativa de impor uma reforma no país, no traidores da causa revolucionária. Em seguida, foi um grande ‘’tapa na cara’’ do rei e com isso
mesmo período foi elaborado a Lei dos Suspeitos, Corday pegou uma faca e esfaqueou-o. O homicídio despertando o tom de liberdade e de revolução em
os jacobinos começaram a perseguir todos aqueles provocou represálias: milhares dos adversários vários franceses que já estavam
que eram considerados inimigos da revolução. dos jacobinos tanto monárquicos como Girondinos cansados de tanta pobreza
Os suspeitos eram julgados e, se condenados, foram executados, sob acusações de traição. Corday que por muitas vezes não
guilhotinados. Marat costumava citar os nomes dos foi guilhotinada pela morte de Marat. Durante seus tinham um pedaço de pão
“inimigos do povo” em seu jornal, convocando-os quatro dias de julgamento, testemunhou que havia para comer, enquanto uma
para a execução. realizado tudo sozinha, dizendo “Eu matei um pequena parte da sociedade
homem para salvar 100 mil”. (figura 6) mais precisamente 3% ou
seja a nobreza , viviam
4 6
na mais alta riqueza
e por muitas vezes
debochando de sua
população, realizando
banquetes por sem
necessidade e entre várias
outras extravagância que
soavam como deboche ao
seu povo.
DIA
A DIA que não contassem com uma modificação na
forma como as mulheres eram vistas e tratadas.
PARA
movimento defendia o pensamento a população da cidade aproveitasse
racional diante a visão teocêntrica que a queda do antigo sistema de
dominava a Europa. Para os filósofos, governo para recorrer à ação direta,
o pensamento era a única luz capaz apressou-se a estabelecer um
SABER
de iluminar as trevas (período em governo provisório local, a Comuna.
que a sociedade se encontrava), daí Este governo popular, em 13 de julho,
o nome de Iluminismo (NOGUEIRA, organizou a Guarda Nacional, milícia
2019). No filme A Revolução em burguesa para resistir tanto a um
NA
ministro das finanças de Luís XVI, responsável
pelas reformas que tentaram abrandar as crises
econômica e política instauradas na França
pré-Revolução. Suas atitudes o tornaram popular
SALA
entre os três Estados. Foi o principal responsável
pela realização da Assembleia dos Estados Gerais e
a tentativa de abertura política.
DE
A quarta imagem (figura 4) representa a figura do
jornalista Jean-Paul Marat comemorando a sua
absolvição do tribunal revolucionário, em 1793,
ao lado de seguidores. A imagem ilustra para os
HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. 9.ed. São WEBER, Caroline. Rainha da moda: como Maria A Revolução em Paris (Un peuple et son roi)
Paulo: Paz e Terra, 1996. Antonieta se vestiu para a revolução. Rio de
http://variluxcinefrances.com/2019/filmes/a-re-
40141989000200003 volucao-em-paris/ (Acesso em 15/11/2019)
Disponível em : https://upload.wikimedia.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
wiki/Voltaire#/media/File:Atelier_de_Nicolas_
DAS IMAGENS
org/wikipedia/commons/5/5a/Couder_Stati_ de_Largilli%C3%A8re,_portrait_de_Voltaire,_
generali.jpg (acesso em 06/09/2019) d%C3%A9tail_(mus%C3%A9e_Carnavalet)_-002.
jpg (Acesso em: 17/09/2019 às 19:30
Figura 2 - Jean-Pierre Houël, “Tomada da Bastilha”,
1789. Biblioteca Nacional da França. Figura 2 - Rosmäler, “Immanuel Kant”, 1822
(gravação em pedra de uma pintura de Schorr).
Disponível em : https://upload.wikimedia.org/ University of Texas Library.
wikipedia/commons/4/4e/Prise_de_la_Bastille.
jpg Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
wiki/Immanuel_Kant#/media/File:Immanuel_
(acesso em 06/09/2019) Kant.jpg
Figura 1 – Louise Élisabeth Vigée Le Brun, “Maria Figura 1- Jean-Baptiste Lesueur e Pierre-Etienne Figura 1 – Autor desconhecido, “Alegoria da Figura 1 - M.P., “Três Ordens”, 1789; Biblioteca
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Figura 2 - Isaac Cruikshank, “O Assassinato de File:All%C3%A9gorie_Libert%C3%A9_
Marat por Charlotte Cordéy no Domingo”, 1793. Figura 2- Jean-Baptiste Lesueur e Pierre-Etienne Egalit%C3%A9_Fraternit%C3%A9.jpg (Acesso em Figura 2 - Isidore-Stanislaus Helman, Charles
Lewis Walpole Library, Universidade de Yale Lesueur, “Clube Patriótico Feminino”, 1791. Museu 04/10/2019) Monnet, “Estados Gerais”, 1789. Biblioteca Nacional
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Disponível em: https://commons.wikimedia. Figura 2 - Pierre-Gabriel Berthaul, “Saque das
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The_assassination_of_Marat_by_Charlotte_ wiki/File:Lesueur_-_Club_Patriotique_de_ 1789”, 1802. Biblioteca Nacional da França. wiki/File:Estatesgeneral.jpg
C o r d % C 3 % A 9 _ o f _ C a e n _ i n _ No r m a n d y _ Femmes.jpg (Acesso em 07/09/2019)
on_Sunday,_July_14,_1793.png (Acesso em Disponível em (Acesso em 17/09/2019)
17/09/2019) Figura 3- Autor Desconhecido, “Marcha das
mulheres em Versalhes”, 1789. Biblioteca Nacional https://commons.wikimedia.org/wiki/File:13_ Figura 3 - Henderson, Ernest F., “Símbolo e
Figura 3 - Georg Heinrich Sieveking ,“Execução de da França. july_1789.png (Acesso em 04/10/2019) sátira na Revolução Francesa”, 1912. Livraria do
Luis XVI, de uma gravura alemã de 1793”. Congresso EUA.
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Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Women%27s_March_on_Versailles01. Disponível em https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Hinrichtung_Ludwig_des_XVI.png jpg (Acesso em 07/09/2019) wiki/File:Symbol_and_satire_in_the_French_
(Acesso em 17/09/2019) Revolution_(1912)_(14782742092).jpg (Acesso em
Figura 4 - Autor Desconhecido, “Declaração dos 17/09/2019)
Figura 4 – Giácomo Aliprandi, “Morte de Direitos da Mulher e da Cidadã”, 1791.
Robspierre”, 1799. Biblioteca Nacional da França Figura 4 - Autor desconhecido, “Triunfo de Marat”,
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/ 1793. Livraria do Congresso EUA.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_
wiki/File:L%27execution_de_Maximilien_de_ da_Mulher_e_da_Cidad%C3%A3#/media/ Disponível em https://commons.wikimedia.org/
Robespierre_a_la_guillotine.jpg (Acesso em Ficheiro:DDFC.jpg (Acesso em 07/09/2019) wiki/File:Triomphe_de_Marat4.jpg
17/09/2019)
Figura 5 - Jean-Baptiste Lesueur, “As Tricoteiras (Acesso em 17/09/2019)
Figura 5 – Jacques Louis David,” A Morte de Marat, Jacobinas, ou de Robespierre”, 1793. Museu
Jacques-Louis David”, 1793. Museu do Louvre, Paris. Carnavalet de Paris.
TEMPOS 1
DE
OUTRORA
INDEPENDÊNCIA DO CONGO
1955-1960
6 8
E LEITURAS
impulsionariam uma reforma política e igualitária
na África do Sul. Assim, suas cartas se tornariam
livros, e seus discursos seriam reproduzidos para
todos, tornando-o um exemplo para o mundo.
Hoje de forma muito acessível, está disposta ser declarada a independência de Gana (página 3
a coleção da UNESCO, que segue uma linha 63). O valor histórico das informações políticas
cronológica extremamente bem elaborada com que puderam ser extraídas pelos historiadores de
a junção das visões de diversos historiadores tais documentos, ajudou a consolidar a identidade
africanos sobre a história da África (figura 1) social e política desses países. Não obstante, os
movimentos sociais que precedem o período das
Documentos importantíssimos passam a ser independências também são alvos de estudos,
estudados como a convocação da assembleia pelo entre os melhores exemplos estão as conferências
primeiro presidente da Gana Kwame Nkrumah sobre o pan-africanismo e suas ideias baseadas
(figura 2), para discutir o tema da independência na formação de uma unidade política africana e
do Congo que fora realizada poucos dias antes de a defesa da soberania africana contra os moldes
impostos pelos colonizadores (figura 3).
RETRATOS
A construção de uma África que prosperasse com
a liberdade, e a existência de níveis de igualdade
entre negros e brancos, era um desejo de muitas
pessoas, não apenas dentro do continente, mas
também fora dele (PINTO, 2008). Atualmente, sua memória é preservada em
representações, como: impressão de sua imagem
Nesse sentido, duas personagens se destacaram em selos, notas de dinheiro e também com estátuas
nessa luta, Kwame Nkruma e William Du Bois. construídas em parques nacionais (figura 3).
Nkrumah, é considerado um dos maiores
revolucionários do continente africano. Ganhou tal O Pan Africanismo une duas figuras centrais
de expressão, cultos religiosos e união dos povos.
referência devido a seus discursos, que prosperam no pensamento de uma nova África. Além de
O Pan Africanismo foi um movimento criado
o espírito de libertação em seu país, Gana, e fora Kwame, William Du Bois (figura 4) se destaca pelo
para que os povos africanos pudessem trabalhar
dele. Desta forma, serviu de inspiração para empenho de defender direitos essenciais ao povo
juntos no desenvolvimento político do continente
muitas pessoas se sentirem pertencentes a ideia africano, mesmo não sendo originário deste lugar
(SARAIVA, 2015) (figura 5).
de uma nação, ao sentimento de pertencimento (BARBOSA, 2012). Du Bois, combateu abertamente
na busca de um ideal de igualdade (figura 1) e de questões de sua época; como linchamentos,
entre irmãos africanos (PINTO, 2008). direitos adquiridos perante a lei. Sendo assim, William Du Bois, historiador e sociólogo, conhecido
discriminação e exploração colonial.
até hoje Nkrumah é considerado e homenageado como “a alma da gente negra”, publicou mais de
É visível a representação e o significado de como um ferrenho ativista da justiça social e racial vinte livros e deixou para a história a sua luta e
William Du Bois como símbolo de perseverança Dentre os ideais desse projeto, se destacam a
(BARBOSA, 2012). o ideal de que os indivíduos podem ter diferentes
valorização dos costumes dos povos, suas formas
funções sociais. Já Kwame Nkrumah, quando
1 Kwame Nkrumah ganhou grande destaque realizou a independência de Gana relatou para a
internacional ao obter êxito em sua luta pela 4 história o conceito de que as sociedades africanas,
liberdade em Gana, ao se tornar presidente do país poderiam buscar a igualdade e as oportunidades
em 1960. Neste momento buscou aproximar países que a liberdade propiciava às outras sociedades do
que poderiam auxiliar em uma nova África. Como mundo.
o caso dos Estados Unidos (PINTO, 2008) (figura 2).
Com a maior organização desses grupos, o Na África de maneira geral, a força da expressão
exército ditador perdeu força e a Angola torna-se está cravada na história como um marco para
independente, porém afunda-se em uma guerra a libertação de alguns países. Em Angola o
ideológica entre os partidos. Vale ressaltar MPLA, criado para lutar pela independência,
que os movimentos de Independência estavam logo se tornou um partido político como foi
ligados à uma “guerra” de pensamentos, com isso citado anteriormente, assim colocando o país
partidos foram criados para representar estas em um patamar importante, fator crucial para o
ideias acerca de diferentes posicionamentos e desenvolvimento do partido. A imprensa estava
ideologias políticas. De acordo com Agualusa então conectada com os cidadãos, colocando
(2004). O movimento de independência Angolano em discussão os problemas sociais e políticos e
contou com alguns partidos como o já citado o desenvolvimento do país, mostrando para o
MPLA e também o FNLA este último formado pela mundo o quão era difícil a luta que eles tinham
junção da antiga UPA - representado no emblema que travar. Agostinho Neto, que viria a se tornar
da economia e segregação racial. No primeiro com a bandeira da Frente Nacional de Libertação o primeiro presidente da Angola Independente,
momento os angolanos estavam despreparados Angolana (figura 4) e com a junção também do está representando seu povo em uma coletiva de
para uma guerra contra esse regime autoritarista, partido PDA. Entre eles também a UNITA (União imprensa na Holanda (figura 6, abaixo). Apesar
sem armas de fogo, apenas armas brancas lutaram Nacional para a Independência Total de Angola) de tantos esforços a realidade do recém país
para conseguir se libertar. Já no ano seguinte até então um movimento guerrilheiro fundado independente foi mergulhar em uma década de
em 1962, grupos como o UNITA se prepararam em março de 1967 para combater o colonialismo guerra civil.
para combates com armamentos, com melhor português, passou a defender a ideia de
SABER
história deste líder, cujo destino pode ser estudado
à luz das comemorações do 55° aniversário da
independência do Congo (figura 1).
MAIS 2
NA
SALA
DE e das Guerras Civis posteriores (MACEDO, p.
164-167). Com base nisto, a proposta na sala de aula
é montar um jogo de tabuleiro de guerra (RPG) com
CARLOS, A. Angola: história, luta de libertação, PINTO, Simone Martins Rodrigues. “A Construção AGUALUSA, José Eduardo. “Guerra e paz em
da África: uma reflexão sobre origem e identidade
REFERÊNCIAS
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DAS IMAGENS
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wiki/File:Semaine_des_barricades_Alger_1960_ fala à Assembléia Nacional”. Dr. Kwame Nkrumah, recepção à Kwame Nkumah”. Fotografia de Robert
Haute_Qualit%C3%A9.jpg (acesso em 03/09/2019) 1960. L. Knudsen, 1961
(Acesso em 07/09/2019)
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