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EDIÇÃO 001 - NOVEMBRO/2020

UM PROJETO INTERDISCIPLINAR DE REFLEXÃO


E PRODUÇÃO DE TEXTOS SOBRE A IDEIA DE “LIBERDADE”
Os Editores

AUTORES DAS SEÇÕES:

NOTA DOS NOS TEMPOS DE OUTRORA

Daniel Antônio Verissimo Rodrigues, Lucas

EDITORES
Oliveira Nunes, Jorge Luiz Campos Verde,
Guilherme Fernandes dos Santos.

ESCRITOS E LEITURAS

Leonardo Augusto de Oliveira, Eli Ereclis de Castro


Leão, Mariana Moura Nogueira, Éder Nilton
O ponto de partida desta publicação foi a proposta Custódio, Bruno Henrique Ermita Barbosa.
para um Projeto Interdisciplinar de reflexão e
produção de textos sobre a ideia de “Liberdade” em RETRATOS
três contextos diferentes. Portanto, o intuito do
projeto foi o de criar uma revista com finalidade Jorge Luis Oliveira Paggi., Marlene Aparecida
paradidática para uso nos últimos anos do ensino Cadorini, William Richard Hilgert, Beatriz Vitta
básico. dos Santos, Ygor Alves de Carvalho.

A partir de pesquisas orientadas pelos professores FRASES [BOX]


(e editores desta Revista) das disciplinas
História do Brasil Império, História Moderna II Matheus Pereira Bandeira
e História da África independente, ministradas
simultaneamente no quarto semestre do Curso de DIA A DIA
Licenciatura em História do Centro Universitário
Nossa Senhora do Patrocínio – Grupo Cruzeiro Bruno de Oliveira dos Santos, Beatriz Bastos
do Sul (Itu-SP), os alunos realizaram pesquisas Felipe do Rosário, Denise Sampaio Soares, Isabela
iconográficas e elaboraram textos sobre o conceito Cristina Peres da Silva, Emily Corazza
de ‘Liberdade”. As seções que formam o conteúdo
da Revista tratam de temas variados, desde dados PARA SABER MAIS [BOX]
cronológicos, crítica historiográfica, biografias,
história do cotidiano, além de informações sobre João Ricardo do Espírito Santo, Matheus Kiffer de
filmes e documentários de interesse. A sala de aula Oliveira
não poderia deixar de ser um dos temas, sendo que
nesta sessão são propostas reflexões a partir do NA SALA DE AULA
uso de imagens sobre os conteúdos desenvolvidos,
ou seja, com base nos episódios da Independência Erika Cirqueira Silva, Daniela Del Vigna, Eduardo
do Brasil, Revolução Francesa e Independências Augusto Souza Martins, Alexander Tarcisio Chaves
africanas.. Martins, Igor Galvão Paolielo

Esperamos que este material possa auxiliar e


tornar mais prazerosa a tarefa dos educadores em
formar pessoas críticas e conscientes não só do
passado, mas também de seu próprio tempo.

Luis Roberto da Rocha de Francisco


Loyane Aline Pessato Ferreira
Milena Fernandes Maranho
28 REVOLUÇÃO FRANCESA

SUMÁRIO 30 Nos tempos de outrora


34 Escritos e Leituras
36 Retratos
06 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 39 Frases [BOX]
40 Dia a dia
08 Nos tempos de outrora 42 Para saber mais [BOX]
10 Escritos e Leituras 44 Na sala de aula
12 Retratos 46 Referências
14 Frases [BOX] 48 Referências das imagens
15 Dia a dia
18 Para saber mais [BOX]
20 Na sala de aula
22 Referências
52 ÁFRICA INDEPENDENTE
24 Referências
das imagens 54 Nos tempos de outrora
58 Escritos e Leituras
60 Retratos
62 Frases [BOX]
63 Dia a dia
66 Para saber mais [BOX]
68 Na sala de aula
70 Referências
72 Referências
das imagens
INDEPENDÊNCIA
DO BRASIL

6 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 7


2 O SETE DE SETEMBRO DE 1822 impostos e gastos (figura 5). Para elaboração de um
mapa que retratasse as conquistas territoriais ao
Após a derrota de Napoleão com a expulsão dos final do Império, foi necessário reunir mais de 300
franceses de Portugal e com medo de perder o

NOS
documentos para a conclusão do projeto. O mapa
poder D. João VI retorna a Portugal, deixando seu foi elaborado em 4 páginas que juntas o formavam,
filho D. Pedro I como Príncipe Regente. Porem indicando um dos destaques do período (figura 6).
Portugal deseja restabelecer o Brasil novamente à

TEMPOS
condição de colônia e com isso exige o retorno de 5
D. Pedro I. Pressionado por políticos brasileiros,
em 9 de janeiro de 1822 D. Pedro I contraria as
ordens das cortes e declara ao povo (figura 3). “Se

DE
é para o bem de todos e felicidade geral da nação,
estou pronto! Digam ao povo que fico”. Dia 7 de
Setembro de 1822, D. Pedro e seus companheiros
espalharam a notícia da independência do Brasil

OUTRORA 4
do domínio português, às margens do rio Ipiranga
e o grito de independência é bradado (página 20).

carta regia de abertura dos portos ao comércio de


A CHEGADA DA CORTE PORTUGUESA NO BRASIL todas as nações amigas. Esse ato foi um verdadeiro
presente para os aliados que auxiliaram na fuga
Com a invasão francesa ao território português a para a colônia. Após a chegada da Corte ao Rio de
família real é obrigada a fugir até o Brasil (figura Janeiro, o Brasil deixou de ser uma colônia e se
1) se instalando no Rio de Janeiro em 1808. Cinco tornou Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
dias após a chegada da corte D. João redigiu a em 1816.

ANTECEDENTES: A REVOLUÇÃO
1 PERNAMBUCANA SÍMBOLOS NACIONAIS E UM DOS LEGADOS DO
IMPÉRIO
A Revolução Pernambucana foi um movimento 6
liberal e republicano que ocorreu no ano de 1817, Em 18 setembro 1822, Dom Pedro I assinou três
com o intuito de conseguir a independência da decretos que foram os primeiros atos do Brasil
região. Os motivos que influenciaram a população Independente. No terceiro decreto criou aquele
a se rebelar foram as crises econômicas, altos que regulamentava sobre a bandeira (figura 5).
impostos pagos à Coroa e os movimentos O Brasão de Armas do Brasil Reino será, em um
libertários que ocorrem na França e nas Américas. campo verde, uma esfera armilar sobreposta em
Ao saber da organização da revolta, o governador uma cruz da Ordem de Cristo, a esfera de ouro
de Pernambuco ordenou a prisão dos envolvidos, circulada por 19 estrelas de prata em um círculo
porém eles resistiram e planejaram a revolta que azul; e uma coroa real com os diamantes ajustados
3 se iniciou com a ocupação de Recife e a prisão do sobre o protetor, os lados embraçados por duas
governador. Também implantaram um governo plantas do café e do tabaco, como emblemas das
provisório, cujas medidas foram a libertação de riquezas da nação, em suas cores apropriadas, e
presos políticos e a redução de impostos. Receoso serão amarrados no fundo com o fitão nacional.
das iniciativas, D. João VI inicia o combate com os Apelidado de “o libertador” e o “Rei soldado”, D.
rebeldes, com duração de 75 dias e com vitória dos Pedro I foi o primeiro imperador do Brasil, e reinou
portugueses. A revolta é também conhecida como de 1822 até sua abdicação em 1831. Antes disso foi
a Revolta dos Padres (figura 2) devido ao número nomeado príncipe regente do Brasil por seu pai D.
considerável de padres que nela participaram (um João VI, e iniciou sua administração promulgando
dos mais conhecidos foi Frei Caneca). os direitos pessoais e de propriedade, reduzindo

8 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 9


Em 1888, o pintor Pedro Américo concluiu sua 3
mais famosa obra, O grito do Ipiranga, quadro que
retrata o momento em que Dom Pedro I (figura
2) brada a independência da então colônia de

ESCRITOS E Portugal. Em exposição permanente no Museu


do Ipiranga (figura 3), em São Paulo, a pintura,
na época, fez sucesso por exaltar a monarquia

LEITURAS
(que naquele ano estava em pleno declínio). O
quadro de Pedro Américo fez tanto sucesso que no
mesmo ano foi efetuado um relevo em metal com
a forma da referida pintura (figura 4). No mesmo
sentido comemorativo e de perpetuação de uma
memória, em 1922 (centenário da independência),
foi inaugurado próximo ao Museu do Ipiranga
Ao longo da história, a independência do Brasil foi um Monumento que demonstra a interpretação
interpretada de diversas maneiras e por diferentes heroicizada da história nacional, tão em voga
olhares, cada um aumentando ou diminuindo um ainda na primeira metade do século XX (página 14).
ponto. Por mais difícil que seja a imparcialidade,
os historiadores têm se esforçado em dirimir as A partir dos anos 1960, a historiografia, preocupada
muitas dúvidas sobre o período e esclarecer as em fazer uma revisão das versões até então
inúmeras versões de um mesmo fato. consideradas “verdadeiras”, produziu inúmeros
trabalhos que ajudaram a esclarecer o Sete de autora constrói a problematização em torno da Organizado pelo doutor em História Social pela
No século XIX, Francisco de Varnhagen (figura 1) Setembro, como se pode ver a seguir.
foi o historiador mais preocupado em registrar figura da soberania de Dom Pedro I no período USP Jurandir Malerba, o livro A Independência
a memória do país, exaltando sentimentos da Independência e as diferentes concepções dos Brasileira: novas dimensões oferece debates sobre
O livro Pátria coroada: o Brasil como corpo político brasileiros sobre o Imperador. a chegada da Corte ao Rio de Janeiro, os tratados,
nacionalistas, realçando o heroísmo nos autônomo, 1780-1831, escrito por Iara Lis Carvalho
acontecimentos considerados mais relevantes. o desenvolvimento do liberalismo no Império, o
Souza, doutora em História Social pela Unicamp, é O livro Independência: História e Historiografia, nascimento da imprensa brasileira e sua influência
destacado por sua expressiva análise iconográfica. organizado pelo historiador István Jancsó na formação da opinião pública. O aspecto mais
1 Analisando como uma de suas principais fontes remonta reflexões feitas por Fernando Novais e tocado no livro é o econômico, responsável por
as obras produzidas por integrantes da missão Caio Prado Júnior, acrescentando novas pesquisas explicar como funcionou o estabelecimento
artística francesa, como Debret e Grandjean e historiográficas. Os artigos dos vinte e sete da elite no país, em contraste com as camadas
o monumento erguido na Praça Tiradentes, a historiadores reunidos no livro apresentam mais empobrecidas da sociedade, os prejuízos
aspectos como a movimentação política do Brasil ocorridos no período e a relação entre economia
desde o fim do período colonial, os processos de e política nos processos de revolta. O acesso às
luta por autonomia das províncias e a participação obras historiográficas e às novas abordagens é
das camadas menos favorecidas da população fundamental para que se possa problematizar
nestes processos. fatos históricos tão consagrados, tais como aqueles
referentes à Independência do Brasil de 1822.

O ACESSO ÀS OBRAS 4
2 HISTORIOGRÁFICAS E ÀS
NOVAS ABORDAGENS É
FUNDAMENTAL PARA QUE SE
POSSA PROBLEMATIZAR FATOS
HISTÓRICOS TÃO CONSAGRADOS.

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EM SEU DISCURSO ELE
SE DECLARA CONTRA A

RETRATOS CONSTITUIÇÃO POIS NÃO É


A FAVOR DO POVO E SIM A
O REI, POIS ELE PEDE PARA
Frei Caneca foi um dos maiores representantes de
A POPULAÇÃO NEGAR A
ideias liberais e federalistas no Brasil. Participou CONSTITUIÇÃO.
ativamente da revolução pernambucana, em
1817, em uma das primeiras regiões a lutar por
independência. No dia 8 de abril de 1817 Frei
Caneca e seus seguidores vão se reunir para a
revolução contra a coroa, mas no dia 04 de março
o governador pernambucano Caetano Pinto
Miranda descobre os planos. Então os líderes são
presos e outros até mortos. Frei Caneca anda pelas
ruas acorrentado pelo pescoço com outras três
pessoas. Eles são expostos para a sociedade vê-los
assim, a fim de temer e não se revoltar contra a
Coroa. Os presos estavam a caminho de Salvador e
assim era o fim das revoltas.

Assim Frei Caneca é preso e, em 1821, já é solto e os


líderes da revolução começam a se reunir em lojas
maçônicas e um em galpão secreto, pois começam Em 1824 irrompe outra revolução, a Confederação
a discutir ideias liberais. do Equador é proclamada, e logo assim eles sentem
esperança de que a revolução pernambucana se
renove em outro movimento.

Frei Caneca era um homem muito respeitado


pela população. Quando Dom Pedro I apresenta a
Constituição, ele é chamado a se posicionar. Em
seu discurso ele se declara contra a Constituição
pois não é a favor do povo e sim a o rei, pois ele
pede para a população negar a constituição.

Assim Frei Caneca é condenado à morte, o juiz


declara que ele será condenado à forca. No dia
da execução nenhum carrasco aparece para
enforcá-lo. Então o comandante formou um
batalhão para fuzilá-lo conforme, e seu corpo foi
colocado no caixão e levado para o convento dos
Carmelitas.

Frei Caneca faleceu em Recife, Pernambuco no dia


13 de janeiro de 1825.

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de todos. Tudo era comercializado pelas ruas das
cidades, como na Rua Direita, no Rio de Janeiro
(figura 1). A fusão cultural do Império e o seu
desenvolvimento econômico se deram por meio

FRASES DIA das ruas e o comércio foi o grande responsável por


essa mistura.

A
Neste período, o comércio ambulante no Brasil era
“Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu praticado por negros livres e escravos de ganho,
muitas vezes por mulheres negras, as quitandeiras
Deus, juro fazer a liberdade do Brasil.” que eram de suma importância para esse negócio,

DIA
o que abrangeu um grupo bastante lucrativo. Elas
Esta frase foi dita pelo príncipe Dom Pedro I, depois de receber se misturavam no dia a dia urbano, com seus
notícias desagradáveis de Lisboa ao chegar de uma viagem tabuleiros e gamelas sobre a cabeça e trabalhavam
exaustiva, no lombo de uma mula, na data de 7 de setembro de em barracas (figura 2). Eram oferecidos produtos
1822, conforme o registro do padre Belchior Pinheiro de Oliveira. variados como doces, bolos, cestos, milho,
Segundo a historiadora Mary Del Priore (2016), foi com a publicação Na rua todo mundo se encontra, é onde as histórias frutas, capim, aves, carvão e faziam serviços de
das memórias desse padre, que fez parte da comitiva do herdeiro acontecem. No século XIX o grande comércio se carpinteiro, carroceiro, mensageiro entre outras
de Dom João VI, que o “grito do Ipiranga” começou a ficar famoso, a concentrava em centros e lugares de muito fluxo atividades demonstradas (figura 3). Muitos
ponto de o 7 de setembro entrar para o calendário festivo nacional. de pessoas; e a rua era lugar de escravos de ganho, escravos buscavam sua liberdade através desse
quitandeiras, “sinhôs”, “sinhás”, padres, ciganos trabalho que se espalhava em várias regiões. A
e crianças que circulavam diariamente, fazendo prática se enraizou e atravessou ciclos econômicos
delas os pontos de encontro e de troca de ideias (FREITAS, 2016).

14 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 15


2 5
A PROXIMIDADE NÃO TROUXE
NENHUM BENEFÍCIO À FAMÍLIA
ESCRAVIZADA.
AS SITUAÇÕES QUE VIVIAM
ERAM DE COMPLETO DESPREZO

desta elite, com os escravizados vindos da África; vestida, à mesa, contemplando um banquete farto,
mantinham uma vida social hierárquica dentro da enquanto crianças ao chão, nuas, são alimentadas
casa de seus senhores, com tarefas feitas junto a por uma das senhoras, indiferente, enquanto
suas famílias, mantendo uma proximidade com a isso, os escravos estão a lhes servir (DOMINGUES,
família do seu senhor. 2016). É perceptível a diferença social de cada
família, o que também acontece na pintura de
A proximidade não trouxe nenhum benefício à Chamberlain, famílias de elite junto a família de
família escravizada. As situações que viviam eram escravos, caminhando descalços, acompanhando
de completo desprezo, como se observa na imagem seus senhores pelas ruas.
de Debret: a família de elite está muito bem
O povo cigano também teve importante atividade econômica de maior destaque entre os
participação nesse tipo de atividade econômica. ciganos foi seguramente o comércio de escravos
Apesar de serem vistos com preconceito pela (figura 4). Eles compravam e vendiam escravos
sociedade da época, o comércio ajudou os ciganos a africanos por atacado, atuando como agentes 6
se reerguerem socialmente. A princípio eles eram intermediários entre as partes envolvidas no
conhecidos por negociar tecidos, roupas, joias e negócio.
outras quinquilharias. A pechincha era, talvez,
uma das únicas formas de convívio amigável ente Os clientes desse mercado eram sempre as
os ciganos e o restante da população (TEIXEIRA, senhoras e senhores de escravos, ou seja, a elite
2008). Os ciganos no período colonial concorriam brasileira do século XIX. As pinturas de Jean
com os mascates portugueses e judeus e, após a Baptiste Debret (figura 5), e também de Henry
independência outros concorrentes começaram Chamberlain (figura 6), são boas representações
a surgir, vindos da Itália, Síria e Líbano. Mas a do período, que retratam o cotidiano das famílias

3 4

16 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 17


sejam de intelectuais e livres pensadores,
como dos próprios negros. A historiadora Lilia
Moritz Schwarcz participa como interlocutora,
problematizando o episódio e oferecendo

PARA criticidade às cenas. Poetas e suas obras pela


libertação dos escravos em praça pública e o grito
de liberdade dos próprios cativos são expostos

SABER
em cenas do cotidiano com grande qualidade de
produção.

O roteiro procura tirar o foco das questões

MAIS
centrais tratadas em sala de aula e focar em
novas interpretações, que trazem personagens
desconhecidos e movimentos pouco estudados,
novidades à história de um período denso da
trajetória do país. Personalidades como José
O Documentário Era uma vez uma história, do Patrocínio (figura 2) aparecem ao lado
episódio 4 revela aspectos do segundo reinado no rebeliões escravas, revelando um lado popular
Brasil, época em que o país estava sob o poder de dos movimentos políticos no Brasil. A abolição
D. Pedro II e uma elite ligada à grande produção da escravidão e suas consequências sociais são
cafeeira. Sua política defendia os interesses discutidas em paralelo ao fim da monarquia
pessoais de enriquecimento com exploração da e consequente expulsão da família imperial
mão de obra escrava. Este cenário serve de pano de do país. As questões de liberdade permeiam
fundo para discutir o longo processo de abolição o documentário, jogando luz sobre o passado
da escravatura (figura 1), os grupos abolicionistas, brasileiro do século XIX.

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A segunda imagem (figura 2), ‘’ O grito do Ipiranga’’, 3
pode ser utilizada com o aluno para fazer uma
analogia entre o fato e a narrativa construída na
pintura (SCHLICHTA, 2009). É importante fazer

NA o aluno questionar o motivo de Pedro Américo


retratar esse evento histórico de forma bem
diferente da realidade.

SALA A terceira imagem (figura 3) é a representação da


batalha dos afogados, em 1824, na qual o exército
imperial ataca a força separatista da Confederação

DE
do Equador. Essa imagem pode ser apresentada
ao aluno como ilustração das tensões políticas
nos primeiros anos do Brasil independente e a
ascensão de movimentos separatistas (ANDRADE,

AULA 1998). O aluno pode observar como a independência


do Brasil não foi pacífica.

1 A quarta imagem (figura 4) representa a O aluno pode analisar a ação de Dom Pedro I de
composição do hino da independência realizada elaborar isoladamente o hino como um ato de
pelo Dom Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, liderança e até monopolizador do processo de
A primeira imagem (figura 1) é uma charge após a proclamação da independência do Brasil. independência do Brasil (GONÇALVES, 2013).
sobre a saída de Feijó da regência do Brasil. A
proposta é fazer com o aluno analise e diga o
que ele consegue resgatar dos elementos da
imagem e trazer características do período em 4
questão, contextualizando o episódio e evitando
anacronismos. Atividade importante no processo
de aprendizado (RICCI,1998).

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ESCRITOS E LEITURAS DIA A DIA NA SALA DE AULA

“Independência, historiografia e o tema da DOMINGUES, Joelza Ester. “Debret e os hábitos RICCI, Magda Maria de Oliveira. Assombrações de
“revolução” no Brasil do século XIX”. III Seminário alimentares na corte brasileira”, 2016. um Padre Regente: Diogo Antônio Feijó (1784-1843).

REFERÊNCIAS de História Política – UFBA. (conferência/autor


não mencionado).

Disponível em: < https://core.ac.uk/download/


Disponível em: https://ensinarhistoriajoelza.com.
br/debret-e-os-habitos-alimentares-na-corte-
brasileira/?fbclid=IwAR0pUrmfBd5p04wSUu6Vt
Universidade Estadual de Campinas, 1998.

SCHLICHTA, Consuelo Alcioni B. D. “Independência


ou Morte (1888), de Pedro Américo: a pintura
pdf/37519906.pdf > Acesso em 26 set. 2019. Av-NHQgrFfv6TAGfYkXTDorM3z4sYSc0B5CcVE histórica e a elaboração de uma certidão visual
(Acesso em 30/09/2019) para a nação’. ANPUH – XXV SIMPÓSIO NACIONAL
NOS TEMPOS DE OUTRORA DOMINGUES, Joelza Ester. “O grito do Ipiranga: DE HISTÓRIA – Fortaleza, 2009
uma fraude ou a idealização de um fato histórico?”.
MEIRELLES, J.G. A elevação do Brasil a Reino Unido Disponível em https://ensinarhistoriajoelza.com. FREITAS, Fernando Vieira de “As negras ANDRADE, Manoel Correa de. As Raízes do
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simposio/VERGARA_MOEMA_R_E_CAPILE_
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22 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 23


SEÇÃO 1 – NOS TEMPOS DE OUTRORA SEÇÃO 2 – ESCRITOS E LEITURAS SEÇÃO 3 – RETRATOS

Figura 1- Autor desconhecido, “Embarque da Figura 1 – “O historiador brasileiro Francisco Figura 1- Autor desconhecido, “Frei Caneca”, séc.
Família Real Portuguesa”, 1808. Museu Histórico e Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro XIX.

REFERÊNCIAS Diplomático do Itamaraty.

Disponível em: https://upload.wikimedia.org/


(1816-1878)”. Autor desconhecido, circa 1870.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/
Disponível em : https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Frei_Caneca.jpg (acesso em 17/09/2019)

DAS IMAGENS
wikipedia/commons/2/28/Autor_n%C3%A3o_ wiki/File:Francisco_Adolfo_de_Varnhagen.jpg
identificado_-_Embarque_da_Fam%C3%ADlia_ Figura 2- Murillo de la Greca, “A Execução de Frei
Real_Portuguesa.jpg (acesso em 03/09/2019) (Acesso em: 17 set. 2019) Caneca”, 1924

Figura 2 - Jean Baptiste Debret, “Bandeira Figura 2 – Simplício Rodrigues de Sá, “D. Pedro I Disponível em: https://upload.wikimedia.org/
Brasileira”, 1822 aos 23 anos”, setembro de 1822. wikipedia/pt/1/19/Freicaneca.jpg (acesso em
17/09/2019)
Disponível em: https://commons.m.wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
org/wiki/File:Brasil_Bandeira_Imperio.jpg wiki/File:Emperor_Dom_Pedro_I_1822.png Figura 3- Antônio Parreiras, “Estudo para Frei
(acesso em 03/09/2019) (Acesso em: 6 set. 2019) caneca”, c. 1918. Museu Antônio Parreiras

Figura 3 - Antônio Parreiras, “Bênção das Figura 3 – “Museu do Ipiranga em 2009”. Fotografia Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
bandeiras da Revolução de 1817”, sd. Arquivo de Jowcs. wiki/File:Ant%C3%B4nio_Parreiras_-_Estudo_
Público do Recife. para_Frei_Caneca.jpg (acesso em 17/09/2019)
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
Disponível em: https://upload.wikimedia. wiki/File:Museo_do_Iparanga_S%C3%A3o_ Figura 4-Sebastién Auguste Sisson, “Diogo Antônio
o r g / w i k i p e d i a / c o m m o n s / a / a d / B % C 3 % A- Paulo,_Brazil.jpg (Acesso em: 7 set. 2019) Feijó”, séc. XIX. Livraria do Congresso.
An%C3%A7%C3%A3o_das_bandeiras_da_
Revolu%C3%A7%C3%A3o_de_1817.jpg (acesso em Figura 4 – “O grito do Ipiranga (metal relevo)”. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
03/09/2019) Autor desconhecido, 1888. Almanaque Lusofonista. wiki/File:Diogo_Ant%C3%B4nio_Feij%C3%B3.jpg
(acesso em 17/09/2019)
Figura 4 - Jean-Baptiste Debret, “Aclamação de Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Campo de wiki/File:O_Grito_do_Ipiranga_(metal_relevo)1. Figura 5- “Diogo Antônio Feijó, Monumento à
Sant’Ana”, 1822. New York Public Library. JPG (Acesso em: 7 set. 2019) Independência”. Foto de Dornicke, 2009.

Disponível em: https://upload.wikimedia.org/ Figura 5 – “Monumento à Independência do Disponível em:


wikipedia/commons/1/15/Dia_do_Fico.jpg Brasil e Bandeira do Brasil”, São Paulo- SP, 2015.
(acesso em 03/09/2019) Fotografia de Letícia Lima. h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i /
File:Diogo_Ant%C3%B4nio_Feij%C3%B3,_
Figura 5 - Simplício de Sá, “Retrato de D. Pedro I”, Disponível em: https://commons.wikimedia. Monumento_%C3%A0_Independ%C3%AAncia.
1826. Enciclopédia Itaú Cultural. org/wiki/File:Monumento_%C3%A0_ JPG (acesso em 17/09/2019)
Independ%C3%AAncia_do_Brasil_e_Bandeira_
Disponível em: do_Brasil.jpg (Acesso em: 7 set. 2019)

https://commons.m.wikimedia.org/wiki/
File:Portrait_of_D._Pedro_I_(1826)_- _Google_
Art_Project.jpg (acesso em 03/09/2019)

Figura 6 - Honório Bicalio, “Mapa do Império do


Brasil, 1883”. Arquivo Nacional

Disponível em https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Mapa_do_Imp%C3%A9rio_do_Brasil.
tif (Acesso em 17/09/2019)

24 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 25


SEÇÃO 5- DIA A DIA SEÇÃO 6 - BOX PARA SABER MAIS SEÇÃO 7 – NA SALA DE AULA

Figura 1- Félix Émile Taunay, “Rua Direita”, Rio de Figura 1 – Victor Meirelles, “Abolição da Figura 1 - Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Feijó
Janeiro, 1823. Pinacoteca do Estado de São Paulo. escravatura”, 1888. Coleção Itaú Brasiliana deixa a Regência”, 1837

Disponível em: https://commons.wikimedia. Disponível em https://commons.wikimedia. Disponível em https://commons.wikimedia.org/


org/wiki/File:F%C3%A9lix_Taunay_-_1823_-_ org/wiki/File:Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_ wiki/File:Caricatura_Feij%C3%B3_deixa_a_
Rua_Direita,_Rio_de_Janeiro.jpg (Acesso em: Escravatura,_da_Cole%C3%A7%C3%A3o_ Reg%C3%AAncia.png (Acesso em 17/09/2019)
07/08/2019) Brasiliana_Iconogr%C3%A1fica.jpg (Acesso em
15/11/2019) Figura 2 - Leandro Martins, “Combate entre
Figura 2- Henry Chamberlain, “Barraca de negra rebeldes e legalistas na luta dos Afogados”, 1820.
livre no Rio de Janeiro”, 1821. Pinacoteca do Estado Figura 2 – “José do Patrocínio”, c. 1900. Fotografia
de São Paulo de autor desconhecido. Disponívem em https://commons.wikimedia.
org/wiki/File:Confederacao_equador_1824_
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ Disponível em: exercito_imperial.jpg (Acesso em 17/09/2019)
wiki/File:Henry_Chamberlain_-_Barraca_de_
negra_livre_no_Rio_de_Janeiro.JPG (Acesso em: https://commons.wikimedia.org/wiki/Fi- Figura 3 - Pedro Américo, “Independência ou
17/09/2019) le:Aboli%C3%A7%C3%A3o_da_Escravatura,_ morte”, 1888. Coleção Museu Paulista.
da_Cole%C3%A7%C3%A3o_Brasiliana_
Figura 3- Henry Chamberlain, “Uma barraca de Iconogr%C3%A1fica.jpg (Acesso em 15/11/2019) Disponível em https://commons.wikimedia.org/
mercado”, 1821. Pinacoteca do Estado de São Paulo wiki/File:Independ%C3%AAncia_ou_Morte_
h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i / (1888).jpg (Acesso em: 17/09/2019)
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ File:Jos%C3%A9_do_Patroc%C3%ADnio.jpg
wiki/File:Henry_Chamberlain_-_Uma_barraca_ Figura 4_Augusto Bracet, “Primeiros sons do Hino
de_mercado,_1821.JPG (Acesso em: 07/08/2019) da Independência”, 1922. Coleção Museu Histórico
Nacional
Figura 4 - Jean Baptiste Debret, “Interior de uma
casa cigana”, 1820 Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Dom_Pedro_compondo_hino_da_
Disponível em: independencia.jpg (Acesso em 17/09/2019)

h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i /
File:Debret_casa_ciganos.jpg

(Acesso em: 07/08/2019)

Figura 5 - Jean Baptiste Debret, “Uma família


brasileira no Rio de Janeiro”, 1827

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/


wiki/File:Debret15a.jpg (Acesso em: 07/08/2019)

Figura 6 - Henry Chamberlain, “Família no Rio de


Janeiro seguida por seus escravos” 1822

Disponível em:

h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i /
File:Familia_e_escravos_Brasil_1822.jpg (Acesso
em: 07/08/2019)

26 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL 27


REVOLUÇÃO
FRANCESA

28 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 29


ASSEMBLEIA GERAL 2

A reunião da Assembleia Geral dos Estados,


convocada pelo rei em 5 de maio de 1789, estimulada

NOS pelo ministro Necker. Nela, vários representantes


de regiões e dos diferentes níveis sociais se
encontraram para debater e encontrar soluções

TEMPOS
para os problemas financeiros em que a França se
encontrava. Eram representantes dos três estados
(Clero, nobreza e burguesia), a assembleia só foi
convocada pelo fato de que muitas crises estavam

DE
acontecendo ao mesmo tempo no país, então o rei
achou necessário convoca-lá (figura 1).

A BASTILHA

OUTRORA A Tomada da Bastilha, também conhecida como


Queda da Bastilha, foi um evento central da
Revolução Francesa, ocorrido em 14 de julho
de 1789. Embora a Bastilha (figura 2), fortaleza
medieval utilizada como prisão, contivesse apenas
sete prisioneiros na época, sua queda é tida como
um dos símbolos daquela revolução, e tornou-se
um ícone da República Francesa. A invasão da
Bastilha e a consequente Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão formaram o terceiro
evento desta fase inicial da revolução.

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS 3


DO HOMEM

Em 26 de agosto de 1789 os franceses


1 lançam um manifesto chamado de
Declaração dos direitos do homem e do
cidadão (figura 3), um documento feito
sob a influência do Iluminismo, que traz a
abolição das distinções de classes e ressalta
a soberania da nação francesa. Separado
em 17 artigos, em nenhum momento o Rei
é citado na declaração. Os principais pontos
do documento ficam pela definição de
igualde entre os homens e seus deveres, a
ideia de soberania nacional, a ideia de leis
e liberdade de expressão, além do direto a
propriedade privada.

30 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 31


A FUGA DE VARENNES 5 ROBESPIERRE

Um dos principais acontecimentos que marcou a Maximilien François Marie Isidore de Robespierre
revolução francesa foi a tentativa de fuga da família
real de Paris até Montmédy (cidade fronteiriça
mais próxima cerca de 287 quilômetros a leste de
O INCORRUPTÍVEL (1758-1794) foi um advogado e político francês, e
uma das personalidades mais importantes da
Revolução Francesa. Os seus amigos chamavam-lhe

CANDEIA DE
Paris, na atual fronteira com a Bélgica (então posse “O Incorruptível”. Ele encarnou a tendência mais
austríaca). A ideia de fuga dos monarcas vem de radical da Revolução, transformando-se numa
influência aos acontecimentos de outubro de 1789 das figuras mais controversas deste período.
na chamada Marcha sobre Versalhes (ou Marcha
das Mulheres a Versalhes), em que a população
exige que a família real, até então estabelecida
ARRAS Os seus inimigos chamavam-lhe o “Candeia de
Arras”, “Tirano” e “Ditador sanguinário” durante
o Terror (figura 5). Maximilien de Robespierre foi

TIRANO
no Palácio de Versalhes, fosse levada para Paris e guilhotinado em Paris, no 10 thermidor do ano II,
ficasse próxima do povo no Palácio das Tulherias. conforme calendário da Revolução (28 de julho
A fuga ocorre na noite de 20 de junho de 1791, e é de 1794, no calendário gregoriano), sem ter sido
abortada 36 horas depois no vilarejo de Varennes julgado, juntamente com o seu irmão Augustin
onde, disfarçados como criados, são abordados
por policiais que logo reconhecem a assinatura do DITADOR de Robespierre e dezessete de seus colaboradores
durante o golpe de 9 do Termidor. Dentre eles,
rei. Com isso, os viajantes são obrigados a descer
das carruagens e pernoitar em uma residência
próxima (figura 4), para que na manhã do outro
SANGUINÁRIO estavam seus dois grandes amigos, companheiros
desde o início de sua jornada, Saint-Justt e
Couthon (figura abaixo).
dia, tomassem o caminho de volta rumo à capital.

32 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 33


France (Reflexões sobre a Revolução na França),
VOLTAIRE DEFENDIA O publicado em 1790, no qual deferiu duras críticas à
Revolução iniciada na França no ano anterior à sua
PROGRESSO, A CIÊNCIA, respectiva publicação. Com tal posicionamento,

ESCRITOS E A RACIONALIDADE
Burke se tornou alvo de detrações e elogios. É
considerado, atualmente, um dos pioneiros do
conservadorismo moderno. Considerando todas

LEITURAS
as circunstâncias, descreve a Revolução Francesa
E ACIMA DE TUDO como a mais espantosa das revoluções das quais
já haviam ocorridas mundialmente dentro de seu

2 A LIBERDADE DE período histórico.

É preciso, por fim, mas não menos importante,


EXPRESSÃO destacar os papeis de Charles-Louis de Secondat,
barão de  La Brède  e de  Montesquieu 1689-1755
Para entender a Revolução Francesa e seu (figura 3), além de Jean-Jacques Rousseau 1712-1778
norteamento teórico, é necessário conhecer comentador do evento que foi escolhido como (página 39). Montesquieu e Rousseau, basicamente
a Filosofia que a inspirou. Alguns autores marco de início da Era Contemporânea. Desta foram os autores que serviram como gatilhos das
foram pertinentes para conduzir os franceses maneira, ele forneceu elementos para reflexão ideias revolucionárias Enquanto Montesquieu
a um movimento de alteração das bases de sua sobre a origem e papel da instituição tomada ensinou aos revolucionários o conceito de
sociedade, não raro também testemunhando e pela crise com a Revolução, isto é, o Estado, mas separação de poderes, Rousseau lhes legou a noção
dialogando com ela. Dessa forma, são normalmente também sobre a legitimidade da própria Revolução de que as leis poderiam apenas emanar de um
associados à Revolução, pela historiografia e pelos e sobre os direitos dos quais ela se fazia portadora único poder, o soberano que incorpora a vontade
estudos sobre a Revolução Francesa em salas e porta-voz universal. geral, o povo.
de aula. Esse movimento filosófico é chamado
Iluminismo e possui pensadores-chave, os Célebre escritor contemporâneo ao rei Luís XV, Já o filósofo irlandês Edmund Burke (página 39)
quais concederam à Revolução e até mesmo ao François-Marie Arouet, mais conhecido por seu nascido em Dublin no ano de 1729 notabilizou-se
pensamento ocidental como um todo referenciais pseudônimo Voltaire (figura 1), nascido em 21 de por seu ensaio Reflections On the Revolution In
importantes para a política, economia, para os novembro de 1694, foi um dos mais importantes
campos epistemológicos e para uma nova visão de e conhecidos filósofos iluministas. Suas obras
mundo. e ideias foram inspirações para pensadores e 3
políticos importantes da Revolução Francesa.
Voltaire colocava as tradições religiosas
1 juntamente com as artes e as ciências, assim
como outras áreas afins, dentro da esfera de
costumes variáveis de cada povo (GRESPAN, 2018,
p. 59). Voltaire defendia o progresso, a ciência,
a racionalidade e acima de tudo a liberdade de
expressão, além de expor suas opiniões e críticas
às instituições e aos dogmas religiosos. Os temas
da laicização e da liberdade, bem como a crítica
ao clero e uma educação norteada pela religião
estiveram presentes na Revolução.

Immanuel Kant (figura 2) é um dos filósofos


mais estudados da modernidade. Nascido em
Königsberg, na Prússia Oriental, em 22 de abril
de 1724, viveu uma vida modesta e devotada ao
luteranismo. Porém, não ficou indiferente à
Revolução Francesa, sendo observador e também

34 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 35


1

RETRATOS
No final do século XVIII, a França era um país
agrário, com a produção estruturada no modelo
monárquico, o povo e a ascendente burguesia
sofriam com uma crise econômica e altos impostos
por parte da coroa. A Revolução Francesa veio
como uma resposta a essa realidade e se tornou
marco de fim de uma Era e início de outra. Para que
isso fosse possível, alguns personagens históricos
tiveram participação, e alguns momentos se
tornaram célebres narrativas, atreladas às
biografias destas pessoas.
corte esse era um modo político: impor-se por
Com a morte repentina de Luís XV, pai de Luís meio de uma aparência, de sua roupa, que contava
XVI que assume o trono aos 19 anos despreparado com cintas para modelar o corpo que até hoje são
politicamente e distante da realidade francesa, e usadas por grandes marcas e o pouf, uma espécie
logo torna-se impopular. Um dos principais erros de estrutura feita com um metal e crina de cavalo,
de seu governo foi o apoio financeiro efetivo aos que dá corpo a uma peruca, muitas vezes grande,
colonos norte-americanos, que buscavam sua e com um chapéu em cima, que também poderia
independência da Grã-Bretanha, que gerou altas estar preso aquela estrutura (figura 1).
dívidas decorrentes da guerra que contribuíram
ainda mais para a miséria e o descontentamento Em meio a crescente insatisfação do povo e da
do povo, e da elite burguesa fortemente marcada burguesia generalizada em meio a essa diferença
pelos ideias iluministas que resultam em forte social entre a coroa e o resto da Franca, enquanto
oposição ao atual rei. A vida de Luís XVI e de a fome ainda era um problema, nesse mesmo
sua esposa Maria Antonieta era cercado de luxo, momento as ideias iluministas estão correndo pela
extravagancia, festas e uma nobreza que também Europa inclusive na Franca mais especificamente
os cercava e que era sustentada pela massa. Paris, que aos poucos transforma o modo como
se pensava a estrutura hierárquica de Poder. A
Maria Antonia Josepha Johanna, ou Maria principal ponte entre os ideais revolucionários da
Antonieta, a última e a mais famosa da rainha aristocracia e o povo ocorria por meio do Jornal
da França, era uma celebridade da época. Era do Povo onde o radical revolucionário Marat
austríaca e teve seu casamento planejado pela sua trabalhava.
família para amenizar questões políticas entre a
Franca e Áustria. Na época de Maria Antonieta, Personalidade lembrada por autores da
reinava o estilo conhecido como Rococó, pelo Revolução, Jean-Paul Marat foi um médico,
qual as mulheres usavam vestidos exuberantes, filósofo, teorista político e cientista conhecido
com armações que os mantinha volumosos, como jornalista. Defendia, através de seu jornal
ricos em rendas e babados e sempre enfeitado. (O Amigo do Povo), reformas para as camadas
A rainha é associada a esse estilo e à moda da até então tidas como inferiores pela sociedade
época, utilizando-a a como arma para se firmar da época. Marat costumava disparar ofensas e
numa corte estranha e hostil. Nas sociedades de críticas diretas contra os monarcas e aqueles

36 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 37


3 Maximilien François Marie Isidore de Robespierre “É impossível estimar a perda que resulta
foi um dos principais líderes do movimento da supressão dos antigos costumes e regras
tido como “incorruptível”, sob o comando de de vida. A partir desse momento não há

FRASES
Robespierre como um déspota, a Constituição foi bússola que nos guie, nem temos meios de
suspensa e foi criado o Tribunal Revolucionário
saber a qual porto nos dirigimos. A Europa,
que julgavam inimigos da revolução. A “caças às
bruxas” inaugurada juntamente com o Tribunal considerada em seu conjunto, estava sem
voltou-se de maneira decisiva contra Robespierre, dúvida em uma situação florescente quando
cada vez mais malquisto e temido por sua tirania, “Um homem poderá muito bem apossar-se dos a Revolução Francesa foi consumada.
quando ele acusou seus membros de tramar frutos colhidos por um outro, da caça morta por Quanto daquela prosperidade não se deveu
uma conspiração para derrubá-lo. Robespierre ele, do antro que lhe servia de abrigo, mas como ao espírito de nossos costumes e opiniões
chegaria ao ponto de fazer-se obedecer? E quais
foi acusado de traição assim foi destituído e antigas não é fácil dizer; mas, como tais
poderão ser as cadeias da dependência entre
guilhotinado. (figura 4) causas não podem ter sido indiferentes a
homens que nada possuem? Se me expulsam de
5 uma árvore, sou livre de ir a uma outra; se me seus efeitos, deve-se presumir que, no todo,
considerados inimigos da revolução, citando os tiveram uma ação benfazeja” (BURKE,
nomes dos “inimigos do povo”, convocando-os perseguem num certo lugar, que me impedirá de
ir a outro? Se encontrar um homem com força 1982, p.102).
para a execução. Por meses liderou um movimento
voltado a propagação de notícias e sátiras visando a bem superior à minha e, além disso, o bastante
derrubada da facção Girondina (figura 2, página 37). depravado, preguiçoso e feroz para obrigar-me O filósofo irlandês Edmund Burke (1729-1797)
a prover sua subsistência enquanto nada fizer, notabilizou-se pelo seu ensaio Reflections On
Enquanto os girondinos exigiam que Luís XVI será preciso que ele se resolva a não me perder the Revolution In France (Reflexões sobre a
fosse exilado, os jacobinos divagavam sobre sua de vista um só instante e ter-me amarrado com Revolução na França), publicado em 1790, no qual
execução. O destino do rei foi decidido quando muito cuidado enquanto dormir, temendo que desferiu duras críticas à revolução que havia se
foram descobertas evidências que o associavam eu escape ou que o mate, isto é, será obrigado a desencadeado na França em 1789 e, até então,
aos esforços contrarrevolucionários e a tentativa expor-se voluntariamente a um trabalho muito prosseguia. Desde a época da publicação do
de fuga (figura 3). maior do que desejava evitar e do que dá a mim referido ensaio, Burke foi alvo tanto de detrações
Marie-Anne Charlotte Corday d’Armont (figura 5), mesmo”. (Rousseau,1973a,, p. 264). quanto de elogios. É considerado, hoje, um dos
assassinou Marat com uma punhalada no peito em pais do conservadorismo político moderno.
Assim, o rei foi guilhotinado, o regicídio inaugurou
o período de Terror, no qual Jacobinos liderados uma banheira. Dizendo ser uma mensageira pediu No momento histórico em que o autor estava
por Maximilien Robespierre e inflamados pelo para ser admitida em suas dependências. Quando inserido, em um clima pré-revolucionário e com
Jornal do Povo de Marat radicalizaram a revolução ela entrou, ele pediu o nome daqueles considerados absolutismo em cordas bambas, essa citação
na tentativa de impor uma reforma no país, no traidores da causa revolucionária. Em seguida, foi um grande ‘’tapa na cara’’ do rei e com isso
mesmo período foi elaborado a Lei dos Suspeitos, Corday pegou uma faca e esfaqueou-o. O homicídio despertando o tom de liberdade e de revolução em
os jacobinos começaram a perseguir todos aqueles provocou represálias: milhares dos adversários vários franceses que já estavam
que eram considerados inimigos da revolução. dos jacobinos tanto monárquicos como Girondinos cansados de tanta pobreza
Os suspeitos eram julgados e, se condenados, foram executados, sob acusações de traição. Corday que por muitas vezes não
guilhotinados. Marat costumava citar os nomes dos foi guilhotinada pela morte de Marat. Durante seus tinham um pedaço de pão
“inimigos do povo” em seu jornal, convocando-os quatro dias de julgamento, testemunhou que havia para comer, enquanto uma
para a execução. realizado tudo sozinha, dizendo “Eu matei um pequena parte da sociedade
homem para salvar 100 mil”. (figura 6) mais precisamente 3% ou
seja a nobreza , viviam
4 6
na mais alta riqueza
e por muitas vezes
debochando de sua
população, realizando
banquetes por sem
necessidade e entre várias
outras extravagância que
soavam como deboche ao
seu povo.

38 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 39


1 3 5

DIA
A DIA que não contassem com uma modificação na
forma como as mulheres eram vistas e tratadas.

Muitas mulheres tiveram que lutar para ter acesso


às informações políticas, exclusivas naquele tempo
Graças à Revolução Francesa em 1789 a imagem aos homens. Algumas usaram seus conhecimentos
e o papel das mulheres, na sociedade francesa, se em trabalhos artesanais para poder ouvir o
modificaram. Vistas anteriormente como donas do que os homens debatiam em suas reuniões.
lar ou educadoras, as mulheres tiveram importante Presentes como público em reuniões políticas, as
papel dentro da Revolução em dimensões “tricoteiras” mostravam-se distraídas com suas
políticas. Algumas delas desde o início faziam agulhas e tricô, quando só estavam usando um
parte do grupo que era chamado de sans-culottes disfarce para poder saber o que se acontecia na
e que se destacou na luta pelo fim da monarquia. política e de forma não participativa obtinham
O nome, em francês, é pela forma como se informações. Suas participações, muitas vezes
vestiam: as calças curtas eram usadas por pessoas 1 de Paris, preocupadas com a escassez e com pagas, também envolveram atos como aplaudir na
o alto preço do pão, lideram em outubro de tribuna dos jacobinos, nos clubes femininos ou nas
da nobreza e as mais ricas, já dos sans-culottes
1789 a marcha sobre Versalhes comandada por assembleias. Algumas dessas mulheres, porém,
usavam calças largas representando e marcando
elas. Contando com aproximadamente 7.000
a diferença social existente no período da
pessoas, se direcionaram a Versalhes (figura 3) e 4
Revolução. Esse grupo estava relacionado a classes
pressionaram a realeza a se mudar para a capital
mais pobres como os artesãos, trabalhadores,
Paris, marchando de volta, vitoriosas, com toda a
desempregados, mendigos, camponeses e também
família real que se instalou na capital.
pelas mulheres destes estratos sociais. De caráter
democrático, os sans-culottes formaram em 1790,
Outra participação importante das mulheres
a Sociedade Fraternal dos Patriotas de Ambos os
na Revolução foi na composição de textos. Em tricotavam como forma de ajudar os combatentes
Sexos, incluindo as mulheres para participar do
contraposição a Declaração dos Direitos do Homem franceses, fazendo uniformes e costurando gazes
movimento (figura 1).
e do Cidadão foi escrito por Olympe de Gouges, para os soldados feridos. Jean Baptiste Lesueur
em 1791, a Declaração dos Direitos da Mulher e da retratou essas mulheres (figura 5). Observa-se em
Muitas mulheres, já cansadas da fome e da
Cidadã (figura 4), que visava direitos iguais para as seu desenho uma mulher da direita para esquerda,
desigualdade, começaram a unir-se e a fundar
mulheres e questionava os rumos da Revolução e com as mãos a cintura e uma cara de reprovação
clubes patrióticos femininos (figura 2). Tinham
sua real adesão aos ideais de igualdade e liberdade pelo que estava provavelmente acontecendo
como objetivo propagar ideias de liberdade e
na tribuna, outra mulher sentada ao seu lado,
igualdade, mas também abordar o papel das 2 tricotando e mantendo seu olhar para também
mulheres, desenvolvendo as bases para sua
o que provavelmente estava acontecendo no
participação na política e nas decisões sobre
momento.
a economia do país. Privadas de liberdade
de expressão, algumas mulheres chegaram a
Usando de sua inteligência e força, as mulheres
organizar revoltas e com isso começaram a serem
francesas da Revolução revolucionaram inclusive
vistas como “desnaturadas e perigosas”.
suas próprias vidas e as vidas das próximas
gerações de mulheres que viriam depois delas,
O ativismo feminino foi de fato muito forte e de
com o ideal de igualdade, fraternidade e liberdade
grande importância durante toda a Revolução,
para todos e todas, assim como era o objetivo da
mesmo fora dos clubes. As mulheres do mercado
Revolução Francesa.

40 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 41


O lema “Liberdade, Igualdade, popular em Paris, iniciado também
Fraternidade” (figura 1) foi adotado em outras cidades e no campo.  A
como marcha inicial da revolução. O burguesia parisiense, temendo que

PARA
movimento defendia o pensamento a população da cidade aproveitasse
racional diante a visão teocêntrica que a queda do antigo sistema de
dominava a Europa. Para os filósofos, governo para recorrer à ação direta,
o pensamento era a única luz capaz apressou-se a estabelecer um

SABER
de iluminar as trevas (período em governo provisório local, a Comuna.
que a sociedade se encontrava), daí Este governo popular, em 13 de julho,
o nome de Iluminismo (NOGUEIRA, organizou a Guarda Nacional, milícia
2019). No filme A Revolução em burguesa para resistir tanto a um

MAIS Paris, produção cinematográfica


francesa do ano de 2018 é possível
acompanhar toda a movimentação
e os bastidores do mais importante
possível retorno do rei, quanto a
uma eventual reação mais violenta
da população (COGGIOLA, 2013).

evento do final da Era Moderna, Segundo a crítica francesa, o filme


início da contemporaneidade. desperta a reflexão sobre a ideia de
revolução e sua atualidade, além
O cenário histórico do filme se de apresentar fidelidade às fontes
desdobra a partir da Assembleia históricas. Por isso, a partir de um
Nacional na qual a população de Paris debate sobre o mesmo, é possível
se mobiliza e toma as ruas da cidade, apresentar contrapontos às versões
sendo que os mais alterados queriam historiográficas e releituras dos
que se fizesse o uso de armas (figura documentos que contam essa mesma
2). O rei então fechou a assembleia, história.
mas foi impedido por um levante

42 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 43


1 Na terceira imagem (figura 3) o aluno pode ser 3
apresentado à figura de Jacques Necker, um dos
principais nomes da Revolução Francesa. Foi

NA
ministro das finanças de Luís XVI, responsável
pelas reformas que tentaram abrandar as crises
econômica e política instauradas na França
pré-Revolução. Suas atitudes o tornaram popular

SALA
entre os três Estados. Foi o principal responsável
pela realização da Assembleia dos Estados Gerais e
a tentativa de abertura política.

DE
A quarta imagem (figura 4) representa a figura do
jornalista Jean-Paul Marat comemorando a sua
absolvição do tribunal revolucionário, em 1793,
ao lado de seguidores. A imagem ilustra para os

AULA alunos a empatia que Marat conseguia despertar


em muitos revolucionários, se revelando um dos
líderes da revolução. É possível analisar a disputa
política entre girondinos e jacobinos, demonstrado
pelo julgamento de Marat, que saiu fortalecido ao
ser absolvido.
A primeira imagem (figura 1) é uma sátira sobre A segunda imagem (figura 2) ilustra para os alunos
a divisão política da França pré-Revolução. Os um dos momentos-chave da Revolução Francesa:
alunos podem extrair dessa pintura o sentimento a Assembleia dos Estados Gerais. Os alunos devem
que os pertencentes do Terceiro Estado possuíam observar a composição do salão, o posicionamento 4
em relação à divisão política, na qual, cansados dos representantes de cada Estado na casa e a
e com fome, sustentavam o peso dos dois outros quantidade de participantes que cada Estado
Estados sozinhos. possuía.

44 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 45


NOS TEMPOS DE OUTRORA RETRATOS PARA SABER MAIS

HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções. 9.ed. São WEBER, Caroline. Rainha da moda: como Maria A Revolução em Paris (Un peuple et son roi)
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46 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 47


SEÇÃO 1 - TEMPOS DE OUTRORA SEÇÃO 2 - ESCRITOS E LEITURAS ch-current=%7B%7D&ns0=1&ns6=1&ns12=1&ns14-
=1&ns100=1&ns106=1#/media/
Figura 1 - Auguste Couder, “Assembleia dos Estados Figura 1 - Nicolas de Largilliére, “Voltaire”, c. File:Nantes_-_Jules_Michelet_02.jpg (Acesso
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DAS IMAGENS
org/wikipedia/commons/5/5a/Couder_Stati_ de_Largilli%C3%A8re,_portrait_de_Voltaire,_
generali.jpg (acesso em 06/09/2019) d%C3%A9tail_(mus%C3%A9e_Carnavalet)_-002.
jpg (Acesso em: 17/09/2019 às 19:30
Figura 2 - Jean-Pierre Houël, “Tomada da Bastilha”,
1789. Biblioteca Nacional da França. Figura 2 - Rosmäler, “Immanuel Kant”, 1822
(gravação em pedra de uma pintura de Schorr).
Disponível em : https://upload.wikimedia.org/ University of Texas Library.
wikipedia/commons/4/4e/Prise_de_la_Bastille.
jpg Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
wiki/Immanuel_Kant#/media/File:Immanuel_
(acesso em 06/09/2019) Kant.jpg

Figura 3 – Jean Jacques François le Barbier (artista) (Acesso em: 17/09/2019)


,“Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”,
1789. Museu Carnavalet de Paris. Figura 3 - Joshua Reynolds, “Edmund Burke”, c.
1769. National Portrait Gallery Londres.
Disponível em : https://upload.wikimedia.org/
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des_droits_de_l%27Homme_-_Mus%C3%A9e_ org/wiki/Edmund_Burke#/media/
de_la_R%C3%A9volution_fran%C3%A7aise.jpg File:EdmundBurke1771.jpg (Acesso em: 17/09/2019)
(acesso em 06/09/2019)
Figura 4 - Jacques-Antoine Dassier, “Charles
Figura 4 - , Thomas Falcon Marshall, “Prisão de Montesquieu”, séc. XVIII. Palácio de Versalhes
Luís XVI e sua família, Varennes”, 1791.
Disponível em: https://commons.wikimedia.
Disponível em : https://upload.wikimedia.org/ org/wiki/Category:Montesquieu#/media/
wikipedia/commons/8/81/Arrest_of_Louis_ File:Charles_Montesquieu.jpg (Acesso em:
XVI_and_his_Family%2C_Varennes%2C_1791. 17/09/2019)
jpg (acesso em 06/09/2019)
Figura 5 - Auguste Ray, “Jean-Jacques Rousseau”,
Figura 5 - Autor Desconhecido, “Robespierre”, 1909
1793. Museu Carnavalet de Paris.
Disponível em: https://commons.wikimedia.
Disponível em : https://upload.wikimedia.org/ org/wiki/Jean-Jacques_Rousseau#/media/
wikipedia/commons/1/12/Robespierre.jpg (acesso File:Rey_-_Jean-Jacques_Rousseau_dans_
em 06/09/2019) la_vall%C3%A9e_de_Montmorency,_1909_
(page_4_crop).jpg (Acesso em: 17/09/2019)
Figura 6 - Autor Desconhecido, “Robespierre
instaura a ditadura do terror”, 1793. Figura 6 - Georges Bareau,“Jules Michelet”, 1906

Disponível em : https://upload.wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.


org/wikipedia/commons/2/21/Execution_ org/w/index.php?sort=relevance&search=Ju-
robespierre%2C_saint_just....jpg (acesso em les+Michelet&title=Special%3ASearch&pro-
06/09/2019) file=advanced&fulltext=1&advancedSear-

48 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 49


SEÇÃO 3 – RETRATOS SEÇÃO 5 – DIA A DIA SEÇÃO 6 - BOX PARA SABER MAIS SEÇÃO 7 - NA SALA DE AULA

Figura 1 – Louise Élisabeth Vigée Le Brun, “Maria Figura 1- Jean-Baptiste Lesueur e Pierre-Etienne Figura 1 – Autor desconhecido, “Alegoria da Figura 1 - M.P., “Três Ordens”, 1789; Biblioteca
Antonieta”, 1783. Coleção Schloss Wolfsgarten, Lesueur, “A mulher do sans-culotte”, por volta de Igualdade, Liberdade e Fraternidade” (mármore) Nacional da França
Alemanha. 1792. 1793. Museu da Revolução Francesa
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Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ Disponível em: https://commons.wikimedia. Disponível em wiki/file:troisordres.jpg
wiki/File:MA-Lebrun.jpg (Acesso em 17/09/2019) org/wiki/File:La_femme_du_sans-culotte.jpg
(Acesso em 07/09/2019) h t t p s : / / c o m m o n s .w i k i m e d i a . o r g / w i k i / (Acesso em 17/09/2019)
Figura 2 - Isaac Cruikshank, “O Assassinato de File:All%C3%A9gorie_Libert%C3%A9_
Marat por Charlotte Cordéy no Domingo”, 1793. Figura 2- Jean-Baptiste Lesueur e Pierre-Etienne Egalit%C3%A9_Fraternit%C3%A9.jpg (Acesso em Figura 2 - Isidore-Stanislaus Helman, Charles
Lewis Walpole Library, Universidade de Yale Lesueur, “Clube Patriótico Feminino”, 1791. Museu 04/10/2019) Monnet, “Estados Gerais”, 1789. Biblioteca Nacional
Carnavalet de Paris da França
Disponível em: https://commons.wikimedia. Figura 2 - Pierre-Gabriel Berthaul, “Saque das
org/wiki/File:A_second_Jean_d%27Arc,_or,_ Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ armas em auto armazenamento em 13 de julho de Disponível em https://commons.wikimedia.org/
The_assassination_of_Marat_by_Charlotte_ wiki/File:Lesueur_-_Club_Patriotique_de_ 1789”, 1802. Biblioteca Nacional da França. wiki/File:Estatesgeneral.jpg
C o r d % C 3 % A 9 _ o f _ C a e n _ i n _ No r m a n d y _ Femmes.jpg (Acesso em 07/09/2019)
on_Sunday,_July_14,_1793.png (Acesso em Disponível em (Acesso em 17/09/2019)
17/09/2019) Figura 3- Autor Desconhecido, “Marcha das
mulheres em Versalhes”, 1789. Biblioteca Nacional https://commons.wikimedia.org/wiki/File:13_ Figura 3 - Henderson, Ernest F., “Símbolo e
Figura 3 - Georg Heinrich Sieveking ,“Execução de da França. july_1789.png (Acesso em 04/10/2019) sátira na Revolução Francesa”, 1912. Livraria do
Luis XVI, de uma gravura alemã de 1793”. Congresso EUA.
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Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ wiki/File:Women%27s_March_on_Versailles01. Disponível em https://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Hinrichtung_Ludwig_des_XVI.png jpg (Acesso em 07/09/2019) wiki/File:Symbol_and_satire_in_the_French_
(Acesso em 17/09/2019) Revolution_(1912)_(14782742092).jpg (Acesso em
Figura 4 - Autor Desconhecido, “Declaração dos 17/09/2019)
Figura 4 – Giácomo Aliprandi, “Morte de Direitos da Mulher e da Cidadã”, 1791.
Robspierre”, 1799. Biblioteca Nacional da França Figura 4 - Autor desconhecido, “Triunfo de Marat”,
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/ 1793. Livraria do Congresso EUA.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ Declara%C3%A7%C3%A3o_dos_Direitos_
wiki/File:L%27execution_de_Maximilien_de_ da_Mulher_e_da_Cidad%C3%A3#/media/ Disponível em https://commons.wikimedia.org/
Robespierre_a_la_guillotine.jpg (Acesso em Ficheiro:DDFC.jpg (Acesso em 07/09/2019) wiki/File:Triomphe_de_Marat4.jpg
17/09/2019)
Figura 5 - Jean-Baptiste Lesueur, “As Tricoteiras (Acesso em 17/09/2019)
Figura 5 – Jacques Louis David,” A Morte de Marat, Jacobinas, ou de Robespierre”, 1793. Museu
Jacques-Louis David”, 1793. Museu do Louvre, Paris. Carnavalet de Paris.

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/ Disponível em: https://commons.wikimedia.org/


wiki/File:Jacques-Louis_David_-_La_Mort_de_ wiki/File:Lesueur_-_Tricoteuses.jpg (Acesso em
Marat.jpg (Acesso em 17/09/2019) 07/09/2019)

Figura 6 - James Gillray, “A Heroica Charlotte


la Cordé, em seu Julgamento, no Tribunal
Revolucionário de Paris”, 1791

Disponível em: https://commons.wikimedia.


org/wiki/File:The_heroic_Charlotte_la_
Cord%C3%A9,_upon_her_trial,_at_the_bar_
of_the_revolutionary_tribunal_of_Paris,_
July_17,_1793.jpg (Acesso em 17/09/2019)

50 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 REVOLUÇÃO FRANCESA 51


INDEPENDÊNCIA
DA ÁFRICA

52 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 53


1959 foi marcado por diversos conflitos entre 3
belgas e congoleses, que resultou em combates
com inúmeros mortos e feridos. Em 30 de junho
de 1960 é realizada a cerimônia de independência

NOS do Congo (figura 2, rodapé), a partir da qual se inicia


uma república parlamentar com um governo central.

TEMPOS 1

DE
OUTRORA
INDEPENDÊNCIA DO CONGO
1955-1960

O Congo, antes da década de 1960, já havia passado


por um longo processo de colonização belga,
marcado pela exploração territorial e pelos abusos INDEPENDÊNCIA DE ARGÉLIA 4
que caracterizam uma extrema violência (figura 1). 1954-1962
A população do Congo, tendo consciência da As batalhas na Argélia eram sangrentas
necessidade de sua libertação, precisou lutar e duraram vários anos, em meio a crises
muito para obter sua independência. O ano de políticas no país e o governo francês tentando
acordos com os movimentos argelinos. A
Argélia buscava a independência política e
econômica de forma que seu novo governo
fosse totalmente autônomo (figura 3) Com
o Armistício, houve o cessar fogo na Argélia
e então sua independência foi finalmente
reconhecida pela França em 1962 (figura 4).

54 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 55


INDEPENDÊNCIA DE MOÇAMBIQUE 5 7 INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA
1964-1975 1961-1975

A guerra da independência de Moçambique ocorreu Os conflitos pela independência angolana se


entre o grupo FRELIMO (Frente de libertação de iniciaram em 1961, com a atuação de grupos
Moçambique) e as Forças Armadas de Portugal, as quais independentistas. Só em 1966 houve a junção
utilizaram propaganda contra a FRELIMO (figura 5). desses grupos formando a UNITA (União Nacional
para Independência Total de Angola), principiando
Em 1964, algumas tentativas da FRELIMO em negociação a luta armada com o exército português (figura 7).
de paz foram abandonadas em 25 de setembro do A independência angolana é assinada em janeiro
mesmo ano. Os soldados da FRELIMO, com o apoio de 1975 com o Acordo de Alvor, realizado entre
logístico da população, realizaram ataques em pontos os três movimentos envolvidos no conflito e o
administrativos de Cabo Delgado (figura 6). Cerca de Governo português. No mesmo ano a bandeira de
60.000 pessoas morreram e a partir de um cessar-fogo, angola é elaborada e oficializada (figura 8).
a independência foi conquistada pela negociação.

6 8

56 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 57


2 sociopolítico, sobre o qual a figura mais notável 4
nos dias de hoje é a de Nelson Mandela (página
63) e sua luta contra o Regime do Apartheid. De
forma discriminatória este regime postergou por

ESCRITOS muitos anos uma divisão racista tanto no âmbito


político como no civil. Os feitos de Mandela,
mesmo que preso por muitos anos, gerariam e

E LEITURAS
impulsionariam uma reforma política e igualitária
na África do Sul. Assim, suas cartas se tornariam
livros, e seus discursos seriam reproduzidos para
todos, tornando-o um exemplo para o mundo.

A grande quantidade de grupos étnicos


presentes na África faz enriquecer ainda mais as
O período de independência dos países africanos informações sobre o processo histórico relativo
aconteceu em momentos quase que simultâneos ao entendimento de períodos específicos. Vários
entre as décadas de 50 e 60. Após as independências pontos de vista se diferenciam sobre diversos
o que era sabido e propagado sobre a história temas devido às diferenças sociais e culturais já
da África dizia respeito a visões deturpadas e que a composição social dos países Africanos ainda
eurocêntricas. Dessa forma, a necessidade de se sofre muito com as fragmentações de diversos
recontar a história da África passa a ser um dos povos e etnias, as quais geram instabilidades
grandes focos para a preservação da identidade e a política em muitos países do continente.
propagação cultural dos vários povos e estruturas
sociais com a ajuda de narrativas desenvolvidas
pelos próprios historiadores e sociólogos africanos,
a partir de seus métodos historiográficos.

Hoje de forma muito acessível, está disposta ser declarada a independência de Gana (página 3
a coleção da UNESCO, que segue uma linha 63). O valor histórico das informações políticas
cronológica extremamente bem elaborada com que puderam ser extraídas pelos historiadores de
a junção das visões de diversos historiadores tais documentos, ajudou a consolidar a identidade
africanos sobre a história da África (figura 1) social e política desses países. Não obstante, os
movimentos sociais que precedem o período das
Documentos importantíssimos passam a ser independências também são alvos de estudos,
estudados como a convocação da assembleia pelo entre os melhores exemplos estão as conferências
primeiro presidente da Gana Kwame Nkrumah sobre o pan-africanismo e suas ideias baseadas
(figura 2), para discutir o tema da independência na formação de uma unidade política africana e
do Congo que fora realizada poucos dias antes de a defesa da soberania africana contra os moldes
impostos pelos colonizadores (figura 3).

1 Personalidades políticas e líderes de movimentos


sociais marcaram o período das independências
e de luta contra o pensamento colonialista nos
países africanos, além da defesa em prol de seus
descendentes que vivem em outros países e que
passam a sofrer discriminações e preconceitos
raciais. Entre várias figuras políticas os sociólogos
e historiadores do período, fazem grande
contribuição em obras literárias e acadêmicas,
historiadores como William Du Bois (figura
4). Já outros contribuem no campo do ativismo

58 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 59


2 3 5

RETRATOS
A construção de uma África que prosperasse com
a liberdade, e a existência de níveis de igualdade
entre negros e brancos, era um desejo de muitas
pessoas, não apenas dentro do continente, mas
também fora dele (PINTO, 2008). Atualmente, sua memória é preservada em
representações, como: impressão de sua imagem
Nesse sentido, duas personagens se destacaram em selos, notas de dinheiro e também com estátuas
nessa luta, Kwame Nkruma e William Du Bois. construídas em parques nacionais (figura 3).
Nkrumah, é considerado um dos maiores
revolucionários do continente africano. Ganhou tal O Pan Africanismo une duas figuras centrais
de expressão, cultos religiosos e união dos povos.
referência devido a seus discursos, que prosperam no pensamento de uma nova África. Além de
O Pan Africanismo foi um movimento criado
o espírito de libertação em seu país, Gana, e fora Kwame, William Du Bois (figura 4) se destaca pelo
para que os povos africanos pudessem trabalhar
dele. Desta forma, serviu de inspiração para empenho de defender direitos essenciais ao povo
juntos no desenvolvimento político do continente
muitas pessoas se sentirem pertencentes a ideia africano, mesmo não sendo originário deste lugar
(SARAIVA, 2015) (figura 5).
de uma nação, ao sentimento de pertencimento (BARBOSA, 2012). Du Bois, combateu abertamente
na busca de um ideal de igualdade (figura 1) e de questões de sua época; como linchamentos,
entre irmãos africanos (PINTO, 2008). direitos adquiridos perante a lei. Sendo assim, William Du Bois, historiador e sociólogo, conhecido
discriminação e exploração colonial.
até hoje Nkrumah é considerado e homenageado como “a alma da gente negra”, publicou mais de
É visível a representação e o significado de como um ferrenho ativista da justiça social e racial vinte livros e deixou para a história a sua luta e
William Du Bois como símbolo de perseverança Dentre os ideais desse projeto, se destacam a
(BARBOSA, 2012). o ideal de que os indivíduos podem ter diferentes
valorização dos costumes dos povos, suas formas
funções sociais. Já Kwame Nkrumah, quando
1 Kwame Nkrumah ganhou grande destaque realizou a independência de Gana relatou para a
internacional ao obter êxito em sua luta pela 4 história o conceito de que as sociedades africanas,
liberdade em Gana, ao se tornar presidente do país poderiam buscar a igualdade e as oportunidades
em 1960. Neste momento buscou aproximar países que a liberdade propiciava às outras sociedades do
que poderiam auxiliar em uma nova África. Como mundo.
o caso dos Estados Unidos (PINTO, 2008) (figura 2).

Ao assumir o poder liderou ações políticas de 6


valorização educacional e cultural, aumentando
o número de alunos em escolas e realizando a
criação de museus e bibliotecas para retratar a
história da África sem o eurocentrismo. Além de
políticas pelo direito das mulheres, abriu espaços
de participação na sociedade e no mercado de
trabalho para elas.

No entanto, ao adotar políticas que foram


consideradas autoritárias, por exemplo, proibindo
a realização de protestos, deixou setores da
sociedade revoltados com a situação. Acabou
sofrendo então, um golpe militar em 1966, sendo
exilado, vivendo o resto de sua vida na Inglaterra.

60 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 61


“Lutei contra a dominação branca 1
e contra a dominação negra.
Defendi o ideal de uma sociedade

FRASES democrática e livre, na qual todas as


pessoas vivem juntas em harmonia
e oportunidades iguais. É um ideal
DIA
“A independência de Gana não
para o qual espero viver e conseguir
realizar. Mas, se for preciso, é um
A
tem sentido até que esteja ligada à
libertação total da África.”
ideal para o qual estou disposto a
morrer”. DIA que foi um movimento político criado em 1956
com o objetivo de unir pessoas de diferentes
etnias, culturas, religiões, sexos e partidos com o
objetivo de conquistar a tão espera independência
Kwame Nkrumah foi um dos grandes (Depoimento no Julgamento de Rivonia, 20 de abril
influenciadores no movimento pan-africanismo, da Angola e propagar ideias contra o colonialismo
de 1964).
dentro de sua luta buscava além de uma libertação (figura 2, abaixo).
ao colonialismo europeu, uma tentativa de Após a ser preso em 1962, Mandela já era uma figura Por volta dos anos 1950, logo após a Segunda Guerra
Mundial, em Angola começou a se estruturar um Segundo Gonçalves (2003) os primeiros conflitos
fortalecer o continente africano para sua observada por autoridades sul-africanas e pela CIA,
movimento contra a dominação Portuguesa de armados contra a ditadura empregada por Portugal
autonomia política e econômica. com conspirações de que seu grupo tivera planos de
seus territórios e recursos. A resistência tinha se iniciaram em 1961, como o da conquista da Roça
ser uma oposição aos movimentos raciais do período.
Em seu discurso de posse a presidência de Gana, como objetivo final transformar Angola em um Beira Baixo (figura 3, rodapé página 64). Esses
mesmo após ser considerado desafeto 3 anos Em 1964 e após autoridades capturarem outros país independente. O cenário angolano era de conflitos tiveram como protagonistas os partidos
antes quando a independência fora declarada, membros do grupo, Mandela aproveitou seu racismo, trabalho escravo e ditadura, e o exército juvenis e uma forte participação da imprensa
Nkrumah ressaltou em seu discurso a importância julgamento para demonstrar sua oposição e buscar saia as ruas para ressaltar a “soberania” Portuguesa para as denuncias ocorridas através das forças
e espirito de luta para a liberdade as ‘’garras’’ dos uma união, tornando-se um preso com influência e manter a ordem (figura 1) Nesse contexto surge de Portugal em dominação de territórios, agindo
colonizadores ingleses. nos movimentos de oposição ao governo. o partido Popular de libertação de Angola - MPLA, com controle de entradas de alimentos, controle

62 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 63


4 desempenho para as futuras guerras que iriam democracia, conforme mensagem do adesivo do 5
trazer a independência de Angola. partido (figura 5)

Com a maior organização desses grupos, o Na África de maneira geral, a força da expressão
exército ditador perdeu força e a Angola torna-se está cravada na história como um marco para
independente, porém afunda-se em uma guerra a libertação de alguns países. Em Angola o
ideológica entre os partidos. Vale ressaltar MPLA, criado para lutar pela independência,
que os movimentos de Independência estavam logo se tornou um partido político como foi
ligados à uma “guerra” de pensamentos, com isso citado anteriormente, assim colocando o país
partidos foram criados para representar estas em um patamar importante, fator crucial para o
ideias acerca de diferentes posicionamentos e desenvolvimento do partido. A imprensa estava
ideologias políticas. De acordo com Agualusa então conectada com os cidadãos, colocando
(2004). O movimento de independência Angolano em discussão os problemas sociais e políticos e
contou com alguns partidos como o já citado o desenvolvimento do país, mostrando para o
MPLA e também o FNLA este último formado pela mundo o quão era difícil a luta que eles tinham
junção da antiga UPA - representado no emblema que travar. Agostinho Neto, que viria a se tornar
da economia e segregação racial. No primeiro com a bandeira da Frente Nacional de Libertação o primeiro presidente da Angola Independente,
momento os angolanos estavam despreparados Angolana (figura 4) e com a junção também do está representando seu povo em uma coletiva de
para uma guerra contra esse regime autoritarista, partido PDA. Entre eles também a UNITA (União imprensa na Holanda (figura 6, abaixo). Apesar
sem armas de fogo, apenas armas brancas lutaram Nacional para a Independência Total de Angola) de tantos esforços a realidade do recém país
para conseguir se libertar. Já no ano seguinte até então um movimento guerrilheiro fundado independente foi mergulhar em uma década de
em 1962, grupos como o UNITA se prepararam em março de 1967 para combater o colonialismo guerra civil.
para combates com armamentos, com melhor português, passou a defender a ideia de

64 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 65


Quando vemos o documentário é possível saber a independência, por causa de seu conhecimento A situação da guerra de independência do Congo,
que a milícia aplicou um golpe militar, quando e por ter criado o partido PCP (Partido da ao contrário de Gana, foi bastante violenta, e o
Kwame Nkrumah viaja para o exterior. Ocorrendo Convenção do Povo), no qual durante seu governo, seu principal líder Lumumba não fugiu ao destino
o golpe, ele acaba não voltando para Gana e fica ele mostrava como era melhor negociar do que violento da luta pela liberdade em seu país,

PARA vivendo como foragido até seus últimos dias de


vida, falecendo na Romênia com 62 anos de idade.
O Povo Africano acredita, e o vê como símbolo para
entrar em guerra. Devido a importância que ele
teve em Gana, foi construído um estatua ao líder e
primeiro presidente (figura 2).
sendo assassinado pouco tempo depois do Congo
se tornar um país livre. Nesse sentido, o filme
Lumumba, produção belga do ano 2000, retrata a

SABER
história deste líder, cujo destino pode ser estudado
à luz das comemorações do 55° aniversário da
independência do Congo (figura 1).

MAIS 2

O Documentário Heróis da independência africana


retrata histórias sobre o primeiro presidente e o
símbolo em que se torna Kwame Nkrumah. Ele foi
o primeiro Africano a cursar um curso superior e
acreditava na civilização universal, uma sociedade
unida e sem preconceito.

66 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 67


2 3 cubano no processo de Independência da Angola 4

NA
SALA
DE e das Guerras Civis posteriores (MACEDO, p.
164-167). Com base nisto, a proposta na sala de aula
é montar um jogo de tabuleiro de guerra (RPG) com

AULA socialistas neste evento histórico deixou marcas


na sociedade angolana, entre eles, a propaganda
socialista usada em pinturas e grafites, que
temática a Independência de Angola. Os jogadores
se baseiam nos partidos pró-independência, com o
objetivo da conquista da independência, com base
nas jogadas de dados, movimentos do oponente,
buscam rememorar a história através da arte. limitações do jogo e dos acontecimentos históricos.
Como proposta de utilização de imagens para a Tal tema pode ser proposto para a sala de aula, A história também pode ser divertida!
sala de aula, dentro do tema das independências pois a arte e o simbolismo são fundamentais para Após a conferencia de Berlim, potências europeias
africanas (figura 1, abaixo), o aluno pode observar mostrar que a história é mais do que um processo A bandeira do Movimento Popular de Libertação reuniram-se para dividir o território africano
a influência da propaganda soviética e de Cuba no de memória documental. de Angola (figura 3) seria utilizada em conjunto entre si sem a participação de nenhum grupo
processo de independência da Angola concretizado com a bandeira atual da Angola, devido a político originário do continente. A imagem do
pelo partido angolano do MPLA em 1975 A fotografia do tanque de guerra cubano PT-76 algumas semelhanças visuais que existem entre mapa de Angola neste contexto (figura 4), seria
(PINHEIRO, p 103-104). A participação dos países (figura 2), utilizado pelos exércitos angolano e as duas bandeiras, seria proposto aos alunos um usada para debater a questão cultural do país,
comparativo entre os símbolos das duas. O MPLA aspectos como idioma e costumes foram ignorados
foi criado em um período em que Angola pertencia nesta divisão territorial imposta. Um debate com
a Portugal, o movimento tinha como objetivo a o objetivo de apresentar aos alunos a riqueza e
independência do país e após várias divergências história da região e desmistificar os estereótipos.
causadas pela ambição dos integrantes dos Como pode um continente de 30 milhões de km²
movimentos, o MPLA que era a organização com e inúmeros povos diferentes ter sido considerado
maior apoio militar e popular consolidou-se como homogêneo?
o partido dominante no país.

68 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 69


NOS TEMPOS DE OUTRORA RETRATOS DIA A DIA

CARLOS, A. Angola: história, luta de libertação, PINTO, Simone Martins Rodrigues. “A Construção AGUALUSA, José Eduardo. “Guerra e paz em
da África: uma reflexão sobre origem e identidade

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(Acesso em 09/09/2019)

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72 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 73


Figura 5 – “W.E.B. Du Bois Mary White Ovington”. SEÇÃO 5 – DIA A DIA SEÇÃO 5 – BOX PARA SABER MAIS SEÇÃO 7 – PARA A SALA DE AULA
Baixo relevo em calçada de Washington. Fotografia
de Dbking, 2006 Figura 1—“Desfile militar em Luanda”. Autor Figura 1 – “Estátua de Kwame Nkrumah”. Foto de Figura 1 – “Cidade Alta em Luanda”. Fotografia de
desconhecido, s.d David Stanley 2015 David Stanley, 2015
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angolanas durante a Guerra de Independência de
(Acesso em 07/09/2019) Angola”. Autor desconhecido c. 1961-1974

Figura 6- “Agostinho Neto e representantes do Disponível em :https://commons.wikimedia.org/


MPLA em uma coletiva de imprensa holandesa”. wiki/File:Sempreatentos...aoperigo!.jpg
Fotografia de Rob Mieremet, 1975
(Acesso em 17/09/2019)
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/
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(Acesso em 07/09/2019)

74 JORNADA HISTÓRICA CEUNSP - EDIÇÃO 001 INDEPENDÊNCIA DA ÁFRICA 75


CESAR FREITAS
Diagramação

BENYLSON PEREIRA
Diretor de Criação

GABRIELA TANAKA
Diretora de Arte

ALEXANDRE DE SOUZA
Revisor e Infografista

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