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Relatório de

Inspecção e
Diagnóstico
Casa Rua Eça de
Queiroz, 102

Carlos Fabrício A. Galvão


(39775)

Dezembro 2009
Índice

1 Introdução ……………………………… ….. ………………..3

2 Descrição……………………………………………...……….5

3 Peças de Arquitectura………………………………………….8

4 Mapas………………………………………………………….13

5 Estrutura do Edifício……………………………...…..……….17
6. Materiais de revestimento……………………………..………30

7. Patologias………………………………………………….….33

8. Proposta de Intervenção………………………………....……54

9 Conclusão……………………………………………………..56

10. Anexos…………………………………………………..…..58

2
1 Introdução

O presente relatório é parte do processo avaliativo da disciplina Patologia


das Construções do curso de Mestrado em Engenharia Civil, (licenciatura 2º
ciclo), da Universidade de Aveiro.

É objecto de estudo neste relatório um imóvel localizado na Rua Eça de


Queiroz, localidade de Verdemilho na cidade de Aveiro, Portugal. A construção
desta edificação remota ao século XIX , porém não é possível, devido a escassez
de informações, precisar o ano exacto de sua construção.

Este estudo tem como finalidade averiguar o estado geral de conservação


do imóvel, bem como a necessidade de intervenções reabilitativas. Para tanto foi
feita uma análise da constituição do edifício, caracterizando suas divisões e
elementos construtivos, e posteriormente as patologias que acometem a edificação
e suas causas. Para concluir são feitas algumas propostas de intervenção de
reabilitação.

Ressalta-se que devido a escassez de tempo do proprietário do imóvel e


pela falta de outros equipamentos específicos, não foi possível fazer sondagens e
ensaios técnicos mais apurados. Desta forma o presente estudo baseou-se na
observação visual, medição de grandezas métricas relevantes e registo fotográfico.

O relatório esta dividido em 10 capítulos como sintetizados a seguir.

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No capítulo 2 descreve-se a edificação, caracterizando detalhes relevantes,
mostrando seu historial conhecido, bem como as intervenções sabidas pelos
actuais proprietários.

Os capítulos 3, 4, 5 e 6, são primordialmente capítulos onde se busca


caracterizar a edificação e organizar todos seus elementos em códigos. Para tanto
são apresentadas as peças de arquitectura; são mapeados e codificados os vãos e
compartimentos, bem como paredes, portas e janelas; são descritos os materiais de
revestimento e por fim a estrutura da construção.

No capítulo 7 é feito o diagnóstico patológico, valendo-se de fotografias e


peças de desenho. Nesta parte todos os vãos são dissecados e há uma discussão
das causas patológicas prováveis.

No capítulo 8 são sugeridas intervenções que venham a sanar as patologias


diagnosticadas.

No capítulo 9 faz-se a conclusão do presente trabalho, e no capítulo


seguinte apresentam-se os anexos com as fichas utilizadas como apoio na visita de
estudo do imóvel em causa.

4
2 Descrição

A construção alvo do presente estudo data do século XIX. Devido a


escassez de informações e a falta de documentação técnica da edificação não é
possível precisar o ano exacto de seu “nascimento”.

Tal construção vem passando de geração a geração do proprietário, e pelo


que se tem conhecimento já é a 4ª geração a herdar o imóvel.

O imóvel esta inserido numa antiga zona rural dos arredores de Aveiro,
onde ainda se verifica propriedades com grandes quintais e zonas de cultivo. Esta
constatação aliada ao fato da antiga vila onde esta inserida, ser uma localidade de
pessoas simples à época, complementando-se pelas diminutas dimensões da
propriedade, leva a inequívoca conclusão que tal edificação foi concebida por
família de baixo poder aquisitivo utilizando-se de métodos construtivos simples e
baratos à época. Para tanto foi usado o método de paredes em adobe.

A fachada frontal da casa destaque-se por apresentar o mesmo aspecto


desde que se tem informações da edificação. Tal fachada tem aspecto simplório
que condiz com a época e também com o nível social provável de seus originais
proprietários

A constituição arquitectónica da casa baseava-se primordialmente no piso


térreo, onde se encontravam 6 compartimentos compostos por uma sala, dois
quartos, um pequeno corredor, uma cozinha e uma adega ao fundo.
5
Todos os quartos tem o mesmo aspecto com dimensões reduzidas e sem
detalhes construtivos peculariares à edificações mais sultuosas. A sala também
segue mesma regra e da acesso para os dois quartos e ao corredor que liga a
cozinha.

Na cozinha destaca-se o grande fogão a lenha que remota da construção do


imóvel, mas que recebeu um nova estrutura em tijolos cozidos na década de 80.
Destaca-se também sua grande dimensão , o que se justifica face ao costume da
época de grande concentração de pessoas “ao pé” da cozinha.

Tanto a cozinha quanto os quartos e sala apresentam o mesmo tipo de


revestimento, o que exceptua é a adega que tem os tijolos em adobe ainda
aparentes.

Na década de 50 foi feita uma intervenção onde construiu-se por cima da


adega um piso em madeira dando origem a mais um quarto com paredes em adobe
aparente. Nesta mesma época também foi realizada a construção da varanda
lateral.

Toda a casa era provida de piso em madeira com caixa de ar, porém numa
nova intervenção na década de 80 foi retirado o piso em madeira e aplicado um
revestimento em cerâmica no seu lugar. Nesta mesma época foi também
construída uma casa de banho agarrada a edificação e com entrada pela cozinha.
Justificou-se visto que a propriedade só dispunha de um pequeno compartimento
externo, desgarrado da edificação para tal efeito. Na casa de banho utilizou-se já
paredes em tijolos cozidos e argamassa de cimento portland.

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Durante esta intervenção um tablado em madeira flutuante foi instalado na
cozinha nas proximidades do fogão a lenha.

Destaque-se que nesta requalificação todo o madeiramento do telhado foi


substituído mantendo-se as telhas cerâmicas francesas originais, porém instalando-
se um forro em pinho tipo macho-fêmea em toda casa com excepção da adega.

Já em 2003 a casa passou por uma nova intervenção substituindo-se a


argamassa de revestimento interno de praticamente todo o imóvel e recebendo na
totalidade uma pintura de tinta a base de latex. Neste mesmo período também foi
aplicado na parte interna um revestimento em azulejos 15x15 até 1,30m em todo o
pavimento térreo exceptuando a adega. A porta, janelas frontais e a janela da
cozinha também foram substituídas nesta intervenção.

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3 Peças de Arquitectura

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12
4 Mapas

4.1 Mapa de compartimentos

Para sistematizar a análise da edificação todos os compartimentos


receberam códigos alfanuméricos. Assim usa-se a notação de Ci-j, onde o índice i
refere-se ao número do compartimento e j ao piso onde se encontra. Tem-se o total
de 8 compartimentos em todo imóvel, sendo 7 no piso o e 1 no piso1. Foi
adoptado o sentido de NE para SW, (da esquerda para direita em planta), e de SE
para NW (baixo para cima), na numeração dos compartimentos, porém devido ao
reduzido número de vãos presentes na edificação, a localização dos
compartimentos em planta é bastante facilitada. A convenção adoptada na
designação dos vãos é representada a seguir.

O nível da rua encontra-se a cota -0,15m em média, e o piso 1, que fica


por cima da adega encontra-se a cota + 2,20m. Adoptou-se como cota 0,00m a
cota do piso da sala.

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4.2 Mapa de Vãos

Apresenta-se a seguir a codificação usada nas janelas e portas da


construção. No total estão representadas 8 portas e 7 janelas, não sendo necessário
distingui-las em exteriores e interiores, devido ao pequeno número das mesmas.
Adoptou-o se a mesma convenção usada no mapa de compartimentos na
atribuição das suas numerações. Distingui-se as portas com a notação Pi-j e as
janelas Ji-j, sendo da mesma forma i o numero que lhe designa e j o piso onde está
instalada.

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5 Estrutura do Edifício

5.1 Identificação de Paredes

O edifício é constituído por um piso térreo (P0) com formato em “L” com
uma área total de 92,60 m2 , e um segundo piso P1 que é constituído por um
único compartimento de 13,40 m2, sendo que o piso é feito em madeira em tiras
sobre estrutura de madeira.

As paredes são todas feitas em adobe, com excepção das paredes da casa
de banho, que sendo um compartimento posterior à construção, foi feita em
alvenaria de tijolo (o actual proprietário, que é herdeiro da 4ªgeração da casa, diz
que a actual casa de banho foi anexada à aproximadamente 30 anos atrás). Do
actual proprietário da casa, não foi possível obter nenhuma planta da moradia.
Portanto primeiramente, houve necessidade de se fazer o levantamento no local
para o desenho das plantas, alçados e cortes. Também não foi possível apurar as
técnicas construtiva do edifício, portanto recorreu-se a literatura sobre a
construção de casas de adobe na época.

De referir que para as paredes interior só foi possível fazer o levantamento


em altura, até ao tecto falso (pé-direito útil), não tendo sido possível averiguar se

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elas continuavam até a cobertura. Portanto todas as paredes divisórias têm altura
do pé direito útil, 3 m.

Todas as paredes funcionam em conjunto, conferindo umas as outras


capacidade de contraventamento, aumentando a estabilidade do conjunto. As
asnas do telhado transferem também importantes cargas verticais às paredes,
contribuindo também para maior estabilidade.

Nas paredes também foi também utilizada uma codificação, que dividiu-as
em três tipos:
- PAEi-j :paredes de adobe externas;
- PADi-j : paredes de adobe divisórias;
- Pti-j : paredes de tijolos cozidos;

Onde i e j representam respectivamente numero da parede e j piso onde se


encontra.

Salienta-se que apesar de ter-se no piso 1 prolongamento das paredes do


piso 0, optou-se por classifica-las separadamente, como se fossem independentes,
pois as mesmas estão sujeitas ao outros tipos de condições ambientais, já que em
cima se comportam unicamente como paredes externas.

Vale ressaltar também que nas paredes de tijolos não houve necessidade de
classifica-las em externas e divisórias, já que todas estas paredes são unicamente
externas.
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Na codificação das paredes adoptou-se a mesmas convenção vista
anteriormente, sentido de NE para SW, (da esquerda para direita em planta), e de
SE para NW (baixo para cima).

A seguir esquematiza-se esta codificação.

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5.2 Pavimentos e Tectos

A edificação em estudo apresenta actualmente pavimento em piso


cerâmico tradicional e teto plano em madeira de pinho macho-fêmea em todos
compartimentos com excepção dos compartimentos C6-0, C1-1 e C7-0. Ressalva-
se o compartimento C5-0, que compreende a cozinha. Neste compartimento
instalou-se um piso elevado flutuante a cota + 10cm em madeira na área próxima
ao forno a lenha.

No compartimento C7-0 que compreende a nova casa de banho, tem-se o


piso em cerâmica diferenciada que condiz com os azulejos das suas paredes.

A adega que compreende o compartimento C6-0 tem como teto uma


estrutura em madeira vigada que serve como piso ao compartimento C1-1 logo
acima.

Piso flutuante na cozinha(compartimento Neste compartimento C1-1 tem-se forro em madeira onde sua pendente
C5-0)
acompanha a pendente do telhado.

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Pode-se ver ao lado a armação do tecto por cima de asnas do telhado logo
acima.

Foto Tecto do compartimento C1-1 (piso 1)

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5.3 Cobertura

A cobertura do edificio, com excepção da varanda e a casa de banho, é de


duas águas, suportada por asnas de madeira apoiadas directamente nas paredes. As
escoras, pernas e pendural apresentam secção rectangular e a linha é constituido
por um barrote de secção circular. No piso 1, alguns elementos das asnas, tais
como as pernas e as madres, se encontrarem à vista, sendo que o tecto falso, apoia-
se sobre as pernas. Toda cobertura é em telha francesa. Mas o proprietário afirma
que a cobertura original era de telha cerâmica canal.

Imagen da cobertura tiradas a partir da abertura de


inspecção

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Na casa de banho, a cobertura é materializada por varas assentes sobre as
paredes PAE4-0 e PT4 e o ripado sobre as varas, que por sua vez assenta a telha
francesa. O mesmo sucede na varanda, a cobertura de telha fancesa é assente sobre
o ripado suportado por varas assentes em na parede PAE4-0 e PAE3-0 e uma viga
de madeira de secção rectangular paralela as paredes.

Figura: Imagens da cobertura da varanda tiradas por fora e por dentro.

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5.4 Fundações

Pela inspecão efectuada, que consistiu em observação visual e entrevista


ao proprietáro, não foi possivel determinar as características das fundações usadas
na construção. No entanto, refere-se em alguma bibliografias a utilização de
cascallho [1].

[1]http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/817/6/Parte%20II.pdf

5.5 Planta estrutural

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Como sabido as construções em adobe tinham como característica peculiar
funcionar de forma autoportante. Sendo assim tais paredes funcionam também
como estrutura de suporte para todo o edifício.

Pode-se perceber que as disposição das paredes na construção favorecem o


contraventamento entre elas, contribuindo para estabilidade geral da estrutura.

As paredes da casa de banho ,construídas na década de 80 em tijolos


cerâmicos cozidos também desempenham papel estrutural neste compartimento

A seguir disposição estrutural das paredes.

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6. Materias de revestimento

O revestimento interno sobre as paredes da sala, quartos e a parede PAE4-


0 da cozinha, é composto por lambrim em azulejo cerâmico de cor branca (15X15
cm2) que vai até 1,3 m de atura, aplicada aquando da reabilitação da casa na
décade de 80, e o revestimento é em argamassa de cimento portland aplicada na
mesma altura da reabilitação. Existe um perfil em madeira que separa o lambrim
e o reboco em argamassa de cimento portland. Esta solução substituiu o
revestimento original que era toda ela em argamasse de cal e saibro.

Sobre o reboco foi aplicada uma tinta a base latex, não se sabendo qual éra
Revestimento em azulejo no compartimento C1-0
o tipo de tinta original, sendo que pela idade da construção supõe-se que a pintura
original tenha sido caiação.

Nas restantes paredes do piso 0, mantém aplicadas o revestimento original


em argamassa de cal e saibro e uma camada delgada de tinta a base latex. Supondo
que também a tinta original tenha sido caiação.

No piso 1 as paredes estão com os tijolos de adoba vista sem revestimento,


com excepção do proolongamento da parede adjacente a cozinha em que está
revestido com argamassa de cal e saibro e pintada com tinta latex.

As paredes do forno a lenha estão revestidas por revestimento de tilojo a

Parede do compartimento C1-1 em vista, aplicada na década de 80.


tijolos de adobe aparentes.
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No exterior do edificio, o revestimento ainda é composto de argamassa a
base de cal e saibro. Sobre os revestimentos exterior foram aplicadas tintas latex
de cor amarela do piso até aproximadamente meio metro e sobre as molduras da
fachada frontal. E nas outras partes foram aplicadas tintas de côr branca.

Na casa de banho a parede toda é revestida em azulejo até ao tecto.

A seguir tabela de revestimento de toda edificação.

Revestimento da fachada em cal e saibro

Casa de Banho(compartimento C7-0)


revestida em azulejos.

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6.1 Materias de revestimento

PISO 0 PAVIMENTO LAMBRIM PAREDE TECTO


C1_0 cerâmico Em azulejo (15×15) Reboco em argamassa de cimento portland Plano de madeira corrida
(30×30)cm2 cm2até 1,3 m de altura com pintura em tinta latex cor branca macho e fêmea
C2_0 cerâmico Em azulejo (15×15) Reboco em argamassa de cimento portland Plano de madeira corrida
(30×30) cm2 cm2até 1,3 m de altura com pintura em tinta latex cor branca macho e fêmea
C3_0 cerâmico Em azulejo (15×15) Reboco em argamassa de cimento portland Plano de madeira corrida
(30×30) cm2 cm2até 1,3 m de altura com pintura em tinta latex cor branca macho e fêmea
C4_0 cerâmico Em azulejo (15×15) Reboco em argamassa de cimento portland Plano de madeira corrida
(30×30) cm2 cm2até 1,3 m de altura com pintura em tinta latex cor branca macho e fêmea
C5_0 cerâmico Em azulejo (15×15) Reboco em argamassa de cal e saibro com Plano de madeira corrida
(30×30) cm2e cm2até 1,3 m de altura, pintura de PVA côr branca macho e fêmea
madeira apenas na parede
corrida simples NNN
C6_0 cerâmico - Reboco em argamassa de cal e saibro com madeira corrida que
(30×30) cm2 pintura em tinta latex cor branca compõe o pavimento do
piso 1 e os barrotes que
suportam pavimento.
C7_0 Azulejo (15×15) Azulejo (15×15) cm2 até Azulejo (15×15) cm2 Plano de madeira corrida
cm2 ao tecto macho e fêmea
C8_0 madeira - - Plano de madeira corrida
corrida simples macho e fêmea
Varanda cerâmico - Reboco em argamassa de cal e saibro com -
(30×30) cm2 pintura em tinta latex cor branca
C1_1 Madeira - Blocos de adobe a vista Inclinado, de madeira
corrida simples corrida macho e fêmea
Alçado - - Reboco em argamassa de cimento portland -
Frontal com pintura em tinta latex cor branca
Alçado - - Reboco em argamassa de cal e saibro com -
Posterior pintura de PVA côr branca

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7. Patologias

7.1 Introdução

Neste tópico do estudo explicitam-se as patologias diagnosticadas na


edificação através dos recursos de observação visual in loco e análise fotográfica .
Para facilitar a identificação das patologias na construção dividiu-se o objecto de
cada análise em compartimentos, alçados e vãos. Os resultados então são expostos
esquematicamente valendo-se de simbologias gráficas distintas para cada tipo de
patologia verificada.

Posteriormente neste capítulo, analisam-se as patologias e são discutidas


prováveis causas.

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7.2 Patologias dos Compartimentos

Para facilitar a identificação e localização de cada evento patológico do


edifício, apresenta-se o diagnóstico de forma esquemática rebatendo-se cada
parede no plano do pavimento. Nestes desenhos descrevem-se através de legenda
o que cada simbologia gráfica representa a nível patológico. Completando os
desenhos aparecem lateralmente fotografias relevantes.

Para o edifício em estudo considera-se que o mesmo apresenta sempre


paredes estruturais. Isto pode ser justificado visto que todas as paredes são em
blocos de adobe e recebem carga do telhado ou funcionam para contraventamento
das outras.

Nos desenhos privilegiou-se representar os pavimentos em detrimento dos


tectos, visto que os tectos em madeira macho fêmea tem instalação recente e estão
em excelente estado. Ao contrario dos pavimentos que sofrem de humidade e
eflorescências graves.

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Refere-se que graças a intervenções recentes, (embora parcialmente
equivocadas como veremos no capítulo seguinte) , realizadas em 2003 e nos
meados dos anos 80, o edifício não é acometido de problemas estruturais graves.

A intervenção dos anos 80 compreendeu na troca do madeiramento do


telhado, troca do piso em madeira por cerâmico e construção da casa de banho
atual . Já em 2003 foram revestidos totalmente com argamassa de cimento
portland todas as paredes dos compartimentos C1-0 , C2-0, C3-0 e C4-0.
Juntamente foram aplicados os lambrins em azulejos nestes mesmos
compartimentos e na parede PAE-4-0 do compartimento C5-0 (cozinha). Também
foi feita uma pintura interna geral da casa e a casa de banho recebeu novo
revestimento e piso cerâmico que se mantém actualmente.

As patologia verificadas são listadas resumidamente a seguir:

- Humidade e Eflorescência : praticamente toda edificação, exceptuando a


casa de banho sofrem desta patologia. Esta situação é ainda mais clara nos
compartimentos que sofreram intervenção em 2003, como C1-0 , C2-0,
C3-0 e C4-0;

- Destacamento de tinta : aparece em vários compartimentos e


principalmente no alçado frontal.

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- Sujidade: apesar de algumas patologias não estruturais diagnosticadas, nã
percebe-se muita sujidade na parte interna da casa, sendo mais comum em
pontos isolados externos;

- Empolamento : acomete o revestimento de vários pontos dos


compartimentos C1-0 , C2-0, C3-0 , C4-0, C5-0 e fachada.

- Degradação da madeira: acomete as vigas de sustentação do piso do


compartimento C1-1, (piso1). Destaca-se que esta degradação é superficial
e não suficiente para causar preocupação quanto a capacidade de suporte
de tais vigas, embora mereça atenção da mesma forma;

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PATOLOGIAS DO

C1_0
Patologia
TECTO:

Encontra-se em bom
estado de conservação

PAREDES:

Destacamento do
revestimento em todas as
paredes.
Humidade/eflorescência na
parede PAI1_0.

LAMBRIM:

Bom estado de conversação

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada.

REVESTIMENTOS:

Lambrim em azulejo,
argamassa de cimento
portland nas paredes,
pavimento cerâmico tecto
em madeira

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PATOLOGIAS DO
C2_0

TECTO:
Patologia
Encontra-se em bom
estado de conversação

PAREDES:

Destacamento e
empolamento da pinutra
nas paredes PAE1_0,
PAE3_0, PAI2_0.

Parede PAE2_0
apresentada bom estado de
conservação

LAMBRIM:

Bom estado de conversação

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada.

REVESTIMENTOS:

Lambrim em azulejo,
argamassa de cimento
portland nas paredes,
pavimento cerâmico tecto
em madeira

36
PATOLOGIAS DO
C3_0

Patologia TECTO:

Encontra-se em bom
estado de conversação

PAREDES:

Empolamento do
revestimento na parede
PAE4_0, Fissuras nos
cantos superiores de todas
as paredes.

LAMBRIM:

Bom estado de conservação

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada.

REVESTIMENTOS:

Lambrim em azulejo,
argamassa de cimento
portland nas paredes,
pavimento cerâmico tecto
em madeira

37
PATOLOGIAS DO
C4_0
Patologia
TECTO:

Encontra-se em bom
estado de conservação

PAREDES:

empolamento do
revestimento na parede
PAE6_0.

Fissuras nas paredes.

LAMBRIM:

Bom estado de conversação

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada.

REVESTIMENTOS:

Lambrim em azulejo,
argamassa de cimento
portland nas paredes,
pavimento cerâmico tecto
em madeira

38
PATOLOGIAS DO
C5_0

TECTO:
Patologia
Encontra-se em bom
estado de conservação

PAREDES:

Destacamento da pinutra
na parede PAE4_0,
Fisssura e empolamento na
parede PAI6_0 e
empolamento na base da
parede PAI5_0.

LAMBRIM:

Bom estado de conservação

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada no piso
cerâmico. Piso em
madeira em bom estado de
conservação.

REVESTIMENTOS:

Na parede PAE4_0
Lambrim em azulejo,
argamassa de cimento
portland. Nas restantes
paredes argamassa de cal e
saibro. Pavimento uma
parte em madeira e outra
cerâmico e tecto em
madeira.

39
PATOLOGIAS DO
Patologia C6_0

TECTO:

Degradação das vigas de


madeira que sustentam o
pavimento do piso 1

PAREDES:

Empolamento do
revestimento nas paredes

LAMBRIM:

PAVIMENTO:

Manchas de
Humidade/eflorescência
generalizada.

REVESTIMENTOS:

Argamassa de cal e saibro


nas paredes, pavimento
cerâmico tecto em
madeira (pavimento do
piso 1)

40
PATOLOGIAS DO
C7_0
Patologia
TECTO:

Encontra-se em bom
estado de conservaação

PAREDES:

Em bom estado de
conservação.

LAMBRIM:

PAVIMENTO:

Bom estado de
conservação

REVESTIMENTOS:

As paredes e o pavimento
estão inteiramente
revestidos com azulejo. O
tecto é em madeira.

41
PATOLOGIAS DO
C1_1

Patologia TECTO:

Encontra-se em bom
estado de conservação

PAREDES:

Todas paredes em bom


estado de conservação

PAVIMENTO:

Pavimento em bom estado


de conservação. Mas as
vigas de suporte
aparentam sinais de
degradação.

REVESTIMENTOS:

Paredes sem revestimento.


Pavimento em madeira e
tecto em madeira.

42
PATOLOGIAS DA
Patologia COBERUTRA

COBERTURA

Manchas de
humidade/eflorescência
nas telhas no interior da
coberetura,

Presença de colonias
biológicas na parte
exterior da cobertura.

A madeira da asna da
cobertura aparenta um
bom estado de
conservação.

43
7.3 Patologias dos Alçados

Assim como na representação das patologias dos compartimentos vale-se


aqui de representação gráfica para expor os eventos patológicos das fachadas,
porém representa-se “em vista”.

Adota-se a mesam simbologia utilizada na patologia dos compartimentos,


sendo que as patologias encontradas são descritas resumidamente a seguir:

- Fungos e Organismos vivos: acomete principalmente o alçado frontal.


Pode ser chamado também de colonização biológica;

- Humidade e Eflorescência : acomete os alçados frontais e posteriores;

- Destacamento de tinta : acomete os alçados frontais e posteriores;

- Sujidade: acomete os alçados frontais e posteriores e chaminé do fogão


de lenha

- Empolamento :. acomete os alçados frontais e posteriores

44
Como referido anteriormente o telhado sofreu uma importante intervenção
na década de 80, trocando todo seu madeiramento. Também foi feita uma
inspecção na intervenção de 2003, e pela inspecção feita no presente
estudo esta em bom estado de conservação.

45
PATOLOGIAS DO
ALÇADO FRONTAL

Patologia TECTO:

PAREDE

Sujidade, fissuras,
destacamento e
empolamento do
revestimento

PAVIMENTO:

REVESTIMENTOS:

Revestimento em
argamassa de cal e saibro,
perfil na fachada em
cimento portland.

46
PATOLOGIAS DO
ALÇADO POSTERIOR
Patologia
TECTO:

PAREDES:

Surgimento de
Humidade/eflorescência,
destacamento da tinta.

Desgaste generalzado da
pintura.

PAVIMENTO:

REVESTIMENTOS:

Parede revestido por


argamassa de cal e saibro,
acabamento em tinta PVA.

47
7.4 Patologias dos Vãos

Nas intervenções dos anos 80 e de 2003 foram feitas trocas em janelas e


portas. Pode-se verificar que atualmente estas esquadrias estão basicamente em
bom estado, sem degradação da madeira. Porém algumas porta e janelas tais como
J2-1 e P8-1 apresentam destacamento de tinta e precisam ser repintadas.

48
7.5 Causas Patológicas

As causas patológicas do edifício em estudo são analisadas neste capítulo.


Para tanto valeu-se de pesquisa bibliográfica para compreender o método
construtivo e materiais utilizados, das patologias verificadas, e principalmente do
histórico de intervenções da casa, sabido por meio de entrevista ao actual herdeiro
do imóvel. Com base na análise destes múltiplos factores, pôde-se correlaciona-los
com os fenómenos observados in loco e chegar às causas prováveis das anomalias.

- Intervenções mau concebidas

Na intervenção da década de 80 a construção passou por uma intervenção


onde se trocou o pavimento de madeira por um piso cerâmico. Nesta altura existia
uma caixa de ar com saídas de ventilação nas paredes por todo o piso da casa.
Erroneamente aterrou-se a caixa de ar para aplicar o piso cerâmico. A caixa de ar
Manifestação da capilaridade a cotas mais altas
nestas construções tem exatamente a função de permitir que a parede respire e
elimine a humidade em cotas mais baixas que a cota em que ela fica aparente.
Com a eliminação da caixa de ar e aterramento da mesma, a agua foi levada por
capilaridade percolou até a cotas mais altas e a se manifestar nos “pés” das
paredes já acima do piso.

Depois do proprietário ter observado as patologias durante anos, (tais


como eflorescência no piso, humidade, empolamento e destacamento nas paredes),
resolveu intervir em 2003 buscando o que para ele seria a solução: revestir as
49
paredes com argamassa de cimento portland aplicar um lambrim em azulejo para
esconder as anomalias. Com esta intervenção só se conseguiu elevar a humidade a
cotas mais altas, pois houve aumento no gradiente hidráulico e a humidade agora
se manifesta acima do azulejo, o que se observa de fato actualmente pelas
eflorescências, destacamentos, etc. O facto de se usar argamassa de cimento
portland agravou ainda mais tal situação, pois tal argamassa não permite que a
parede em adobe respire como acontece de forma mais eficiente na argamassa
original de saibro e cal. A aplicação destas argamassa pode explicar também o
aparecimento de fissuras em vários pontos da edificação. Como tais argamassa
possuem maior módulo de elasticidade, possuem menor capacidade de absorver as
tensões e com isso apresentam-se fissuradas com facilidade .

- Falta de ventilação, uso e manutenção

A falta de ventilação devido ao pouco uso levou a diminuição das


correntes de ar que ajudam a diminuir a concentração de humidade em diversos
pontos da casa. Esta concentração de humidade por sua vez favoreceu a
condensação da mesma levando a manchas nas cotas mais altas, sujidades,
eflorescências, empolamentos e destacamentos, além de acelerar a deterioração
dos elementos em madeira.

- Ataque de carunchos e térmitas

O ataque de carunchos e(ou) térmitas aliado a falta de renovação no


elementos de proteção à madeira contruibiu para deteriorização das mesmas.
Pode-se verificar claramente esta causa nos elementos do compartimento C6-0.

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8. Proposta de Intervenção

Importante ressaltar que qualquer plano de intervenção, para que seja


eficiente, deve ter em conta a manutenção regular do edifício e uso depois da
intervenção.

Para resolver as patologias ligadas a humidade por capilaridade nas


paredes propõe-se duas intervenções simultâneas: 1- a reinstalação do piso
ventilado em todo pavimento 0.; 2- substituição do revestimento em argamassa de
cimento portland por revestimento em cal e saibro. Esta intervenção possibilita a
maior respiração da parede. Ressalta-se novamente que a resolução desta anomalia
reflecte-se na consequente minimização das patologias das paredes tais como
empolamento, eflorescência, destacamento, etc. Se estas soluções não forem
suficientes pode-se propor a drenagem com geossintéticos intercalados na base das
paredes.

A troca do revestimento por revestimento de cal e saibro também tem


como objectivo minimizar os problemas de fendilhação. Aconselha-se igualmente
a instalação por precaução de telas de galinheiro nos encontros das paredes e
vértices dos vãos durante a aplicação da argamassa de cal e saibro. Esta atitude

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tem igualmente interesse no que tange a retração da argamassa e dissipação de
tensões na argamassa.

A mesmas troca de revestimento é proposto na fachada pois percebe


também fissuras devido a incompatibilidade da argamassa de portland com o
adobe. Toda fachada então deve ser pintada posteriormente com tinta que permita
a respiração da parede mas ao mesmo tempo impeça a entrada de água

Numa análise mais conservativa, para os elementos de madeira da


estrutura do piso 1, poderia propõe-se alguns ensaios para verificação da
resistência e densidade das vigas, e posteriormente tratando as recuperáveis e
subistituindo as outras. Contudo de forma mais simplória, e baseado apenas na
inspecção visual, poderia-se fazer um tratamento anti pragas e depois aplicar cera
protectora em todas as peças.

Seguidamente se propõe uma nova pintura em todos os vãos como ação


proativa para evitar posterior degradação à madeira, pois apesar da maioria
apresentar bom estado de conservação, as tintas protectoras já apresentam sinais
de pouca vida útil. Da mesma forma deve-se a seguir ao novo revestimento das
paredes ,fazer uma pintura geral.

Por fim como se havia referido, a manutenção deve fazer parte da rotina da
edificação permitindo agir proactivamente na resolução das causas de algumas
patologias perfeitamente evitáveis como algumas mostradas anteriormente.
Ressalta-se a limpeza imediata que deve ser feita no telhado para retirada de
sujidade e remoção de colónias biológicas.

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9 Conclusão

O presente estudo, baseado em inspecção visual, conclui que apesar do


edifício analisado apresentar um razoável estado de conservação, (o que ainda lhe
permite oferecer um nível de serviço satisfatório), são necessárias algumas
intervenções não estruturais de reabilitação .

As principais patologias diagnosticadas na casa são devido às intervenções


mal concebidas, onde pode se citar com destaque a eliminação da caixa de ar do
piso do pavimento 0 e a substituição da argamassa de revestimento de cal e saibro
por cimento portland, o que ocasionou respectivamente problemas ligados a
humidade por capilaridade,(como destacamento e empolamento), e fissuração nos
revestimentos . Cita-se também, a falta de manutenção e uso, como factor
agravante ao estado geral de conservação do edifício, ocasionando problemas
como condensações e deterioração de elementos em madeira.

Finaliza-se ressaltando que não ouve a constatação de patologias


estruturais.

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10. Anexos

A seguir são expostas as fichas criadas, para serem utilizadas no momento


da inspecção.

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