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ENEM

Transformações Químicas - Evidências de transformações químicas. Interpretando transformações


químicas. Sistemas Gasosos: Lei dos gases. Equação geral dos gases ideais, Princípio de Avogadro,
conceito de molécula; massa molar, volume molar dos gases. Teoria cinética dos gases. Misturas
gasosas. Modelo corpuscular da matéria. Modelo atômico de Dalton. Natureza elétrica da matéria: Modelo
Atômico de Thomson, Rutherford, Rutherford-Bohr. Átomos e sua estrutura. Número atômico, número de
massa, isótopos, massa atômica. Elementos químicos e Tabela Periódica. Reações químicas ............... 1
Representação das transformações químicas - Fórmulas químicas. Balanceamento de equações
químicas. Aspectos quantitativos das transformações químicas. Leis ponderais das reações químicas.
Determinação de fórmulas químicas. Grandezas Químicas: massa, volume, mol, massa molar, constante
de Avogadro. Cálculos estequiométricos ................................................................................................ 48
Materiais, suas propriedades e usos - Propriedades de materiais. Estados físicos de materiais.
Mudanças de estado. Misturas: tipos e métodos de separação. Substâncias químicas: classificação e
características gerais. Metais e Ligas metálicas. Ferro, cobre e alumínio. Ligações metálicas. Substâncias
iônicas: características e propriedades. Substâncias iônicas do grupo: cloreto, carbonato, nitrato e sulfato.
Ligação iônica. Substâncias moleculares: características e propriedades. Substâncias moleculares: H2,
O2, N2, Cl2, NH3, H2O, HCl, CH4. Ligação Covalente. Polaridade de moléculas. Forças intermoleculares.
Relação entre estruturas, propriedade e aplicação das substâncias ...................................................... 61
Água - Ocorrência e importância na vida animal e vegetal. Ligação, estrutura e propriedades. Sistemas
em Solução Aquosa: Soluções verdadeiras, soluções coloidais e suspensões. Solubilidade. Concentração
das soluções. Aspectos qualitativos das propriedades coligativas das soluções. Ácidos, Bases, Sais e
Óxidos: definição, classificação, propriedades, formulação e nomenclatura. Conceitos de ácidos e base.
Principais propriedades dos ácidos e bases: indicadores, condutibilidade elétrica, reação com metais,
reação de neutralização ......................................................................................................................... 91
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Transformações Químicas e Energia - Transformações químicas e energia calorífica. Calor de reação.
Entalpia. Equações termoquímicas. Lei de Hess. Transformações químicas e energia elétrica. Reação de
oxirredução. Potenciais padrão de redução. Pilha. Eletrólise. Leis de Faraday. Transformações nucleares.
Conceitos fundamentais da radioatividade. Reações de fissão e fusão nuclear. Desintegração radioativa
e radioisótopos ..................................................................................................................................... 131
Dinâmica das Transformações Químicas - Transformações Químicas e velocidade. Velocidade de
reação. Energia de ativação. Fatores que alteram a velocidade de reação: concentração, pressão,
temperatura e catalisador ..................................................................................................................... 157
Transformação Química e Equilíbrio - Caracterização do sistema em equilíbrio. Constante de equilíbrio.
Produto iônico da água, equilíbrio ácido-base e pH. Solubilidade dos sais e hidrólise. Fatores que alteram
o sistema em equilíbrio. Aplicação da velocidade e do equilíbrio químico no cotidiano ........................ 165
Compostos de Carbono - Características gerais dos compostos orgânicos. Principais funções
orgânicas. Estrutura e propriedades de Hidrocarbonetos. Estrutura e propriedades de compostos
orgânicos oxigenados. Fermentação. Estrutura e propriedades de compostos orgânicos nitrogenados.
Macromoléculas naturais e sintéticas. Noções básicas sobre polímeros. Amido, glicogênio e celulose.
Borracha natural e sintética. Polietileno, poliestireno, PVC, Teflon, náilon. Óleos e gorduras, sabões e
detergentes sintéticos. Proteínas e enzimas ........................................................................................ 182
Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente - Química no cotidiano.
Química na agricultura e na saúde. Química nos alimentos. Química e ambiente. Aspectos científico-
tecnológicos, socioeconômicos e ambientais associados à obtenção ou produção de substâncias
químicas. Indústria Química: obtenção e utilização do cloro, hidróxido de sódio, ácido sulfúrico, amônia e
ácido nítrico. Mineração e Metalurgia. Poluição e tratamento de água. Poluição atmosférica.
Contaminação e proteção do ambiente ................................................................................................ 242
Energias Químicas no Cotidiano - Petróleo, gás natural e carvão. Madeira e hulha. Biomassa.
Biocombustíveis. Impactos ambientais de combustíveis fosseis. Energia nuclear. Lixo atômico. Vantagens
e desvantagens do uso de energia nuclear .......................................................................................... 265

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Transformações Químicas

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FENÔMENOS FÍSICOS E QUÍMICOS

Fenômenos são modificações que ocorrem na matéria.


Assim, são exemplos de fenômenos: a transformação da água em estados físicos diferentes, a queima
de um papel, o amadurecimento de um alimento, a demolição de um prédio, dentre outros. Os fenômenos
podem ser de dois tipos:

Fenômenos Físicos

São aqueles que não alteram a estrutura ou a constituição da matéria. Por exemplo, se amassarmos
um papel, ele apenas mudará seu formato, no entanto, continuará sendo papel, isto é, tendo a mesma
composição química. O exemplo mais comum de fenômeno físico, é a mudança do estado físico da água,
ela pode ser gelo (sólido), rios e lagos (líquido) e pode ser vapor (gás)

Fenômeno Químico

É aquele que altera a estrutura da matéria, ou seja, sua composição. No exemplo do papel, se o
queimarmos, ele terá sua estrutura química alterada. Um dos exemplos mais comuns é a combustão do
etanol. O etanol (álcool comum) reage com o oxigênio do ar, entrando em combustão. Essa é uma reação
química, que se for completa, origina gás carbônico e vapor de água. Sua equação é dada por:

C2H5OH(l) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(v)


ETANOL GÁS OXIGÊNIO GÁS CARBÔNICO ÁGUA

Todo fenômeno químico ocorre acompanhado de uma variação de energia, ou melhor, a transformação
na composição da matéria implica necessariamente uma liberação ou absorção de energia.
Fenômenos químicos que ocorrem com liberação de energia são denominados exotérmicos e
fenômenos químicos que ocorrem com absorção de energia são denominados endotérmicos.

Fenômeno Químico Exotérmico


Note que essa definição se refere ao saldo de energia da matéria transformada em relação ao meio
ambiente, após o fenômeno químico ter sido concluído, já que todos os fenômenos químicos necessitam
de um fornecimento externo de energia – que pode variar de muito grande a muito pequeno – para serem
desencadeados. Por exemplo, para desencadear a combustão ou queima do papel, é necessário um
fornecimento externo de energia, no caso o fogo.

Toda combustão só se inicia a partir de um fornecimento externo de energia.

Obs.: O fogo é uma emissão simultânea de calor e luz, que acompanha determinadas transformações
químicas. Quando colocamos fogo em um papel, estamos fornecendo energia térmica e
luminosa(radiante). A energia liberada na combustão é muito maior do que a energia que foi absorvida
para desencadear a queima.
No entanto, o saldo de energia para o meio ambiente depois da combustão(queima) do papel é
positivo, ou seja, a combustão do papel é uma transformação em que a energia liberada no final é maior
que a energia absorvida para desencadear o fenômeno.
Dessa forma as cinzas sólidas e a matéria gasosa liberada na combustão completa do papel são mais
estáveis que o papel em si porque foram formadas por meio de um processo químico exotérmico.

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Toda combustão é um fenômeno químico exotérmico, e a matéria produzida numa combustão é mais
estável do que a matéria que sofreu combustão para formá-la.

Fenômeno Químico Endotérmico


Há casos em que os fenômenos químicos ocorrem com absorção de energia. A matéria que resulta
de uma transformação endotérmica é em geral mais instável que aquela que lhe deu origem. Um exemplo
disso é a obtenção da amônia (NH3), que ocorre a partir da reação química entre o hidrogênio e o
nitrogênio:

3 H2 + N2 → 2 NH3
As demais opções correspondem a transformações físicas, isto é, todos continuam sendo a mesma
substância, com a mesma composição, somente o estado de agregação de suas partículas é diferente.
Veja:
b) Obtenção de gelo a partir da água: mudança de estado físico do líquido para o sólido.
c) Obtenção do oxigênio líquido a partir do ar atmosférico: mudança de estado físico. O oxigênio estava
misturado a outros gases presentes no ar atmosférico e foi condensado, isto é, passou do estado gasoso
para o líquido.
d) Solidificação da parafina: mudança de estado físico do líquido para o sólido.
e) Sublimação da naftalina: mudança de estado físico diretamente do sólido para o gasoso.

Para desencadear um fenômeno químico endotérmico, também é necessário que haja fornecimento
externo de energia. A diferença nesse caso é que o saldo de energia para o meio ambiente é negativo,
isto é, a energia liberada no final é menor que a energia absorvida no início – a transformação da matéria
absorve energia do meio ambiente.
Como todos os fenômenos ocorrem espontaneamente em direção a um aumento de estabilidade e a
absorção de energia implica no aumento da instabilidade, os fenômenos químicos endotérmicos não são
muito comuns. Com base em todos os conceitos que vimos até o momento, podemos definir energia de
um modo mais amplo: Energia é o que faz a matéria existir, se movimentar, modificar sua fase de
agregação e transformar sua composição.
Para uma melhor comparação, veja os exemplos de fenômenos físicos e químicos alistados abaixo:

Transformações Químicas

Uma maneira de comprovar a existência de uma transformação química é através da comparação do


estado inicial e final do sistema. Algumas evidências podem ser observadas, permitindo verificar a
ocorrência dessas transformações, como: desprendimento de gás e luz, mudança de coloração e cheiro,
formação de precipitados entre outras.
Entretanto, a ausência dessas evidências não significa que não ocorreu uma transformação química,
pois algumas ocorrem sem que haja mudança perceptível entre o estado inicial e o final. Para se ter
certeza de que ocorreu a transformação química é necessário isolar os materiais obtidos e verificar suas
propriedades específicas, como densidade, pontos de ebulição e fusão, solubilidade e outras.
Para que as transformações químicas possam acontecer, as ligações entre átomos e moléculas
precisam ser rompidas e devem ser restabelecidas de outro modo. Como essas ligações podem ser muito
fortes, geralmente é necessária energia na forma de calor para iniciar a reação.
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As transformações químicas podem ocorrer de distintas maneiras, sendo estas:
Por ação do calor
Muitas substâncias são transformadas quando submetidas a uma fonte de calor. O cozimento de
alimentos é um exemplo.
Quando há decomposição de um material devido ao calor, chamamos o processo de termólise. Ex.:
Termólise do magnésio
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio

Por ação de uma corrente elétrica


Algumas substâncias necessitam de energia elétrica para que possam se transformar. A esse processo
damos o nome de eletrólise.
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxigênio, por exemplo, utilizamos uma corrente elétrica
para esta transformação.

Por ação da luz


A fotossíntese é um exemplo de reação química que ocorre na presença da luz, onde a água e o
dióxido de carbono do ar são transformados em oxigênio e glicose.

A transformação do oxigênio em ozônio acontece através da luz ultravioleta. Essa reação por ação da
luz também é de extrema importância, pois assim é formada a camada de ozônio que protege a Terra
dos raios ultravioletas.

Por ação mecânica


Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de desencadear transformações em certas
substâncias. Um exemplo é o palito de fósforo, que quando entra em atrito com a caixinha que o contém,
produz uma faísca, que faz as substâncias inflamáveis do palito entrarem em combustão.

Pela junção de substâncias


Através da junção de duas substâncias podem ocorrer reações químicas. Isso frequentemente ocorre
em laboratórios de química. A adição do sódio metálico em água é um exemplo.

Questões

01. (UFAL - Assistente de Laboratório – COPEVE/2016) Na natureza estão acontecendo a todo


momento fenômenos químicos e físicos que podem ser visualmente observados. Tais fenômenos

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envolvem diversas substâncias que constituem diferentes tipos de matéria. Dadas as afirmativas sobre
fenômenos químicos e físicos,
I. Uma transformação física não envolve mudança na constituição das substâncias.
II. Uma lata de alumínio que foi prensada sofreu uma transformação química.
III. Restos de alimentos quando são transformados em adubos sofrem transformação química.
IV. Quando um pedaço úmido de palha de aço passa de acinzentado para avermelhado, sofreu um
fenômeno químico.

verifica-se que estão corretas apenas


(A) I, III e IV.
(B) I, II e III.
(C) II e IV.
(D) II e III.
(E) I e IV.

02. (IF-CE - Assistente de Laboratório) Analise os itens.


I. Produção de combustíveis a partir da destilação do petróleo.
II. Digestão de um alimento.
III. Decomposição da luz solar por um prisma.
IV. Queima de fogos de artifício.
V. Prego enferrujado.

Representam fenômenos químicos:


(A) apenas I, III e IV.
(B) apenas I, II e V.
(C) apenas II, IV e V.
(D) apenas II e III.
(E) I, II, III, IV e V.

Gabarito

01.A / 02.C

ESTUDO DOS GASES

O estudo do comportamento dos gases deve ser feito sempre a partir de suas três variáveis de estado:
pressão, temperatura e volume.

Equação Geral dos Gases

Todo gás é constituído de partículas (moléculas) que estão em contínuo movimento desordenado.
Esse movimento de um grande número de moléculas provoca colisões entre elas e, por isso, sua trajetória
não é retilínea num espaço apreciável, mas sim caminham em ziguezague. Essas colisões podem ser
consideradas perfeitamente elásticas. O estado em que se apresenta um gás, sob o ponto de vista
microscópico, é caracterizado por três variáveis: pressão, volume e temperatura. São denominadas
variáveis de estado.

I. Volume
O volume de qualquer substância é o espaço ocupado por esta substância. No caso dos gases, o
volume de uma dada amostra é igual ao volume do recipiente que a contém. As unidades usuais de
volume são: litro (L), mililitro (ml), metro cúbico (m3), decímetro cúbico (dm3) e centímetro cúbico (cm3).

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II. Temperatura
É a medida do grau de agitação térmica das partículas que constituem uma substância. No estudo dos
gases, é utilizada a escala absoluta ou Kelvin (K) e, no Brasil, a escala usual é a Celsius ou centígrado
(°C). Portanto, para transformar graus Celsius (t) em Kelvin, temos:

T = t (°C) + 273
III. Pressão
A pressão é definida como força por unidade de área. No estado gasoso, a pressão é o resultado do
choque de suas moléculas contra as paredes do recipiente que as contém. A medida da pressão de um
gás é feita através de um aparelho chamado manômetro. O manômetro é utilizado na medida da pressão
dos gases, dentro de recipientes fechados.

Leis Físicas dos Gases

Uma dada massa de gás sofre uma transformação quando ocorrem variações nas suas variáveis de
estado. Começamos o estudo modificando-se apenas duas das grandezas e a outra se mantém
constante.

Lei de Boyle-Mariotte

“À temperatura constante, uma determinada massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional
à pressão exercida sobre ele”.

Esta transformação gasosa, onde a temperatura é mantida constante, é chamada de transformação


isotérmica.

Experiência da Lei de Boyle-Mariotte

A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por um gráfico pressão-volume. Neste gráfico, as
abscissas representam a pressão de um gás, e as ordenadas, o volume ocupado.

A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação representativa é PV = constante. Portanto, podemos
representar:

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Lei de Charles/Gay-Lussac

“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa fixa de gás é diretamente proporcional à
temperatura absoluta."

Esta transformação gasosa, onde a pressão é mantida constante, é chamada de transformação


isobárica. As relações entre volume e temperatura podem ser representadas pelo esquema:

Graficamente, encontramos:

A reta obtida é representada pela equação: V = (constante) x T ou V/T = constante

Com isso, ficamos com:

Lei de Charles/Gay-Lussac

“A volume constante, a pressão exercida por uma determinada massa fixa de gás é diretamente
proporcional à temperatura absoluta.”
Esta transformação gasosa, onde o volume é mantido constante, é denominada de transformação
isocórica, isométrica ou isovolumétrica. As relações entre pressão e temperatura são representadas a
seguir:

Graficamente, encontramos:

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A reta obtida é representada pela equação: P = (constante) · T ou P/T = constante

Com isso, ficamos com:

Gás Perfeito ou Ideal

Obedece rigorosamente às Leis Físicas dos Gases em quaisquer condições de temperatura e pressão.

Gás Real
Não segue o comportamento do gás ideal, principalmente em pressões muito altas e/ou em
temperaturas baixas, porque ocorre alta redução de volume e as partículas, muito próximas, passam a
interferir umas no movimento das outras. Um gás real aproxima-se do comportamento de um gás ideal à
medida que diminui a pressão e aumenta a temperatura.

Equação Geral dos Gases


Esta equação é utilizada quando ocorre transformação gasosa em que as três variáveis de estado (P,
V e T) se modificam simultaneamente. Ela é obtida por meio da relação matemática entre as
transformações gasosas estudadas anteriormente.

Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP, CN ou TPN)

São definidas como condições normais de temperatura e pressão quando o gás é submetido a uma
pressão de 1 atm e à temperatura de 0 °C. Portanto, podemos colocar:
P = 1 atm = 760 mmHg
T = 0 °C = 273 K

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Lei de Avogadro

“Volumes iguais de gases quaisquer, à mesma temperatura e pressão, encerram o mesmo número de
moléculas”

Sendo n a quantidade em mols de cada gás, podemos concluir que:

Determinou-se experimentalmente o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás nas CNTP e foi
encontrado o valor aproximadamente igual a 22,4 L. Portanto, podemos dizer que:

Equação de Clapeyron
As leis de Boyle e Charles/Gay-Lussac podem ser combinadas com a lei de Avogadro para relacionar
volume, pressão, temperatura e quantidade em mols de um gás. Tal relação é chamada de equação de
estado de um gás. Ela pode ser encontrada das seguintes formas:

Lei de Boyle-Mariotte

V é proporcional a quando T e n são constantes.

Lei de Charles/Gay-Lussac
V é proporcional a T onde P e n são constantes.
P é proporcional a T onde V e n são constantes.

Lei de Avogadro
V é proporcional a n quando T e P são constantes. Agrupando as quatro expressões encontramos:
V é proporcional a (1/P)· (T) · (n) ou V = R ·(1/P) · (T) · (n), onde R representa a constante de
proporcionalidade e é chamada de constante universal dos gases. A equação de estado pode então ser
representada por:
𝑷. 𝑽 = 𝒏. 𝑹. 𝑻

Esta equação também é denominada de equação de Clapeyron, em homenagem ao físico francês que
a determinou. A constante R pode assumir dois valores distintos, de acordo com a unidade de pressão
utilizada, dentre os quais temos:

Misturas Gasosas1

As misturas gasosas são muito comuns no cotidiano. É possível descobrir sua pressão e volume total
através das pressões e volumes parciais dos gases componentes da mistura.

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Estamos cercados mais por misturas de gases do que por gases isolados. O ar que respiramos é um
exemplo de mistura de vários gases, sendo que os principais são o nitrogênio (N2), que corresponde a
cerca de 80% do ar; e o oxigênio (O2), que é quase 20%.
Visto que são tão presentes em nosso cotidiano, é necessário analisar duas grandezas importantes
quando se trata de misturas gasosas, que são: pressão parcial e volume parcial. A seguir, ambos serão
explicados:

1. Pressão parcial dos gases:


A pressão parcial de um gás é a pressão que ele exerceria se estivesse sozinho, nas mesmas
condições de temperatura e volume da mistura.
Segundo Dalton, a soma das pressões parciais dos gases que formam a mistura resulta na pressão
total (p) da mistura. Por exemplo, se a pressão do ar for de 1,0 atm, a pressão parcial do N2 será de 0,8
(80% da pressão total) e a pressão parcial de O2 será igual a 0,2 % (20% da pressão total da mistura).

Essa Lei de Dalton é mostrada também pela fração em quantidade de matéria (X). Essa fração no caso
do nitrogênio é dada por 0,8 mol.
1,0 mol
PN2= p . XN2
PN2= 1,0 atm . 0,8 = 0,8 atm.

Pode-se também calcular cada pressão parcial por meio da equação de estado dos gases:
Equação de estado dos gases: PV = nRT

2. Volume parcial dos gases:


Similarmente à pressão parcial, o volume parcial corresponde ao volume que um gás ocupa nas
condições de temperatura e pressão da mistura.
A Lei de Amagat diz que a soma dos volumes parciais é igual ao volume total, assim como o caso da
pressão visto anteriormente. Por isso, usamos a equação de estado dos gases, com a única diferença
que agora se coloca o volume parcial do gás e não a pressão:

P. VN2= nN2 . RT

Também é possível calcular o volume parcial de cada gás componente da mistura por meio da fração
em quantidade de matéria.

Teoria Cinética dos Gases

São considerados primitivos os conceitos de sólido, liquido e gás. Assim, uma rocha é um solido, a
água que escorre da torneira é um liquido e o ar que respiramos é um gás.
Mas o fato dos gases apresentarem propriedades extremamente distintas dos sólidos e líquidos
chamou a atenção de inúmeros cientistas em meados do século XVIII, que passaram, então, a estudar
esse estado físico da matéria. Algumas das propriedades que esses cientistas estudaram são:

“Um gás não tem volume próprio”

O volume de um gás corresponde ao volume do recipiente onde ele está inserido. Se colocarmos 1Kg
de ar em um recipiente de 100L, o volume será de 100L , mas se colocarmos 1Kg de ar em um volume
de 200L , o volume do gás será de 200L.

“Um gás não tem forma própria”

O gás assume a forma do recipiente onde está inserido. Nesse aspecto, os gases são semelhantes
aos líquidos, que também não apresentam forma própria. Entretanto, os sólidos independem da forma do
ambiente onde está inserido, isto é, os sólidos apresentam forma própria.

“Os gases apresentam grande compressibilidade e expansibilidade”

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Assim, ao dobrarmos a pressão exercida sobre um gás, o seu volume diminui pela metade
(compressibilidade); por outro lado, ao reduzirmos a pressão exercida pela metade, seu volume tende a
dobrar (expansibilidade).

“A liquefação e a vaporização são acompanhadas por uma elevada variação no volume”

Entretanto, a fusão de um sólido e a solidificação de um líquido são acompanhadas por pequenas


variações de volume.
Resumindo:

Para explicar essas e outras propriedades dos gases foi criado um modelo gasoso, que constitui a
chamada teoria cinética dos gases. A teoria cinética dos gases se baseia em quatro postulados:
1 – o gás é formado por moléculas que se encontram em movimento desordenado e permanente.
Cada molécula pode ter velocidade diferente das demais.
2 – cada molécula do gás interage com as outras somente por meio de colisões (forças normais de
contato). A única energia das moléculas é a energia cinética.
3 – todas as colisões entre as moléculas e as paredes do recipiente que contém o gás são
perfeitamente elásticas. A energia cinética total se conserva, mas a velocidade de cada molécula pode
mudar.
4 – as moléculas são infinitamente pequenas. A maior parte do volume ocupado por um gás é espaço
vazio.
Partindo desses postulados, Boltzmann e Maxwell mostram que a energia cinética média do total de
moléculas de um gás ideal é proporcional à temperatura conforme a expressão:

Onde k é a constante de Boltzmann e N é o número de moléculas. O valor de k pode ser calculado a


partir da constante dos gases R e do número de Avogadro NA por:

A expressão obtida mostra que a temperatura é proporcional à energia cinética média das moléculas
de um gás ideal. Assim, vemos que a temperatura é uma média do grau de agitação das moléculas de
um gás. Usando o número de mols, temos:

Questões

01. (F.M. Itajubá - MG) O comportamento de um gás real aproxima-se do de um gás ideal quando:
(A) submetido a baixas temperaturas.
(B) submetido a baixas temperaturas e baixas pressões.
(C) submetido a altas temperaturas e altas pressões.
(D) submetido a altas temperaturas e baixas pressões.
(E) submetido a baixas temperaturas e altas pressões.
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02. (UF-AC). Qual deve ser a temperatura de certa quantidade de um gás ideal, inicialmente a 200 K,
para que tanto o volume quanto a pressão dupliquem?
(A) 1200 K
(B) 2400 K
(C) 400 K
(D) 800 K
(E) n.d.a

03. Sabendo que a massa atômica do magnésio é igual a 24 u, determine a massa, em gramas, de
um átomo desse elemento. (Dado: Número de Avogadro = 6,0 . 1023).
(A) 24 g.
(B) 4,0 g.
(C) 24 . 10-23 g.
(D) 4,0 . 1023 g.
(E) 4,0 . 10-23 g.
Gabarito

01. D / 02. D / 03. E

Comentários

01. Resposta: D.
Um gás real aproxima-se do ideal quanto mais alta for sua temperatura e menor sua pressão.

02. Resposta: D.
Dados:
T1= 200 K
V2= 2 V1
P2= 2P1

𝑃1. 𝑉1 𝑉2
= 𝑃2.
𝑇1 𝑇2
𝑃1. 𝑉1 2𝑃1. 2𝑉1
=
200 𝑇2
T2= 800 K

03. Resposta: E
1 mol de átomos de Mg ↔ 24 g/mol ↔ 6,0 . 1023 átomos/mol
x = 1 átomo . 24 g/mol
6,0 . 1023 átomos/mol
x = 4,0 . 10-23 g.

CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA
(Modelo Cospuscular da Matéria)

Para compreender a constituição da matéria ou Atomística, é necessário o estudo de sua partícula


fundamental, o átomo.
A preocupação com a constituição da matéria surgiu em meados do século V a.C., na Grécia, onde
filósofos criavam várias teorias para tentar explicar o universo. Um deles, Empédocles, acreditava que
toda a matéria era formada por quatro elementos: água, terra, fogo e ar, que eram representados pelos
seguintes símbolos:

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Anos mais tarde, por volta de 350 a.C., o muito conhecido e famoso Aristóteles retomou a ideia de
Empédocles e aos quatro elementos foram atribuídas as “qualidades” quente, frio, úmido e seco,
conforme pode ser observado na figura abaixo:

De acordo com esses filósofos tudo no meio em que vivemos seria formado pela combinação desses
quatro elementos em diferentes proporções. Entretanto em 400 a.C., os filósofos Leucipo e Demócrito
elaboraram uma teoria filosófica (não científica) segundo a qual toda matéria era formada devido a junção
de pequenas partículas indivisíveis denominadas átomos (que em grego significa indivisível). Para estes
filósofos, toda a natureza era formada por átomos e vácuo.
No final do século XVIII, Lavoisier e Proust realizaram experiências relacionando as massas dos
participantes das reações químicas, dando origem às Leis das combinações químicas (Leis ponderais).
O primeiro modelo atômico foi elaborado a partir do estudo das seguintes Leis Ponderais:

1. Lei de Lavoisier: A primeira delas, a Lei da Conservação de Massas, ou Lei de Lavoisier é uma lei
da química que muitos conhecem por uma célebre frase dita pelo cientista conhecido como o pai da
química moderna, Antoine Laurent de Lavoisier:

“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”

Em seus vários experimentos, Lavoisier concluiu que:

“Num sistema fechado, a massa total dos reagentes é igual à massa total dos produtos”

Então, em uma reação química não há alteração na quantidade de átomos, eles apenas se
recombinam. Logo como não existe destruição nem criação de matéria, a massa dos reagentes sempre
será igual a massa dos produtos. Ou seja:

2. Lei de Proust: O químico Joseph Louis Proust observou que em uma reação química a relação
entre as massas das substâncias participantes é sempre constante. A Lei de Proust ou a Lei das
proporções definidas diz que dois ou mais elementos ao se combinarem para formar substâncias,
conservam entre si proporções definidas.
Em resumo a lei de Proust pode ser escrita da seguinte maneira:

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"Uma determinada substância composta é formada por substâncias mais simples, unidas sempre na
mesma proporção em massa".

Na tabela abaixo vemos um exemplo prático de como a lei de Proust pode ser entendida:

Experimento Hidrogênio (g) Oxigênio (g) Água (g)


I 10 80 90
II 2 16 18
III 1 8 9
IV 0,4 3,2 3,6

Exemplificando: da análise do experimento II temos que se a massa de uma molécula de água é 18g,
é o resultado da soma das massas atômicas do hidrogênio e do oxigênio.
H – massa atômica = 1 → 2 x 1 = 2g (2 átomos de H)
O – massa atômica = 16 → 1 x 16 = 16g (1 átomo de O)
Então 18g de água tem sempre 16g de oxigênio e 2g de hidrogênio. A molécula água está na proporção
1:8 (para cada quantidade de H2 usa se oito vezes a quantidade de O2). Se 36g de água forem separados,
serão produzidos 4g de H2 e 32g de O2, e assim por diante.

Teoria Atômica de Dalton

Em 1808, John Dalton propôs uma teoria para explicar essas leis ponderais, denominada teoria
atômica, criando o primeiro modelo atômico científico, em que o átomo seria maciço e indivisível. A teoria
proposta por ele pode ser resumida da seguinte maneira:
- Tudo que existe na natureza é formado por pequenas partículas microscópicas denominadas átomos;
- Estas partículas, os átomos, são indivisíveis (não é possível seccionar um átomo) e indestrutíveis
(não se consegue destruir mecanicamente um átomo);
- É pequeno o número de tipos diferentes de átomos (respectivos a cada elemento);
- Átomos de elementos iguais sempre apresentam características iguais, bem como átomos de
elementos diferentes apresentam características diferentes. Sendo que, ao combiná-los, em proporções
definidas, compreenderemos toda a matéria existente no universo;
- Os átomos assemelham-se a esferas maciças que se dispõem através de empilhamento;
- Durante as reações químicas, os átomos permanecem inalterados. Apenas se combinam em outro
arranjo.
Ao mesmo tempo da publicação dos trabalhos de Dalton foi desenvolvido o estudo sobre a natureza
elétrica da matéria, feita no início do século XIX pelo físico italiano Volta, que criou a primeira pilha elétrica.
Isso permitiu a Humphry Davy descobrir dois novos elementos químicos: o potássio (K) e o sódio (Na). A
partir disso, os trabalhos a respeito da eletricidade foram intensificados.
Em meados de 1874, Stoney admitiu que a eletricidade estava intimamente associada aos átomos em
quantidades discretas e, em 1891, deu o nome de elétron para a unidade de carga elétrica negativa.

Descoberta do Elétron

Em meados do ano de 1854, Heinrich Geissler desenvolveu um tubo de descarga que era formado por
um vidro largo, fechado e que possuía eletrodos circulares em suas pontas. Ele notou que quando se
produzia uma descarga elétrica no interior do tubo de vidro, utilizando um gás que estivesse sob baixa
pressão, a descarga deixava de ser barulhenta, e no tubo uma cor aparecia que iria depender do gás, de
sua pressão e da voltagem a ele aplicada. Um exemplo dessa experiência são as lâmpadas de neon que
normalmente se usa em estabelecimentos como placa.
Já em 1875, William Crookes se utilizou de gases bastante rarefeitos, ou seja, que estavam em
pressões muito baixas, e os colocou em ampolas de vidro. Neles aplicou voltagens altíssimas e assim,
emissões denominadas raios catódicos surgiram. Isso porque esses raios sempre se desviam na direção
e sentido da placa positiva, quando são submetidos a um campo elétrico externo e uniforme, o que prova
que os raios catódicos são de natureza negativa.
Esse desvio ocorre sempre da mesma maneira, seja lá qual for o gás que se encontra no interior da
ampola. Isso fez os cientistas imaginarem que os raios catódicos seriam formados por minúsculas
partículas negativas, e que estas existem em toda e qualquer matéria. A tais partículas deu-se o nome de
elétrons. Assim, pela primeira vez na história, constatava-se a existência de uma partícula subatômica, o
elétron.
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Modelo Atômico de Thomson

No final do século XIX, Thomson, utilizando uma aparelhagem semelhante, demonstrou que esses
raios poderiam ser considerados como um feixe de partículas carregados negativamente, uma vez que
que eram atraídos pelo polo positivo de um campo elétrico externo e independiam do gás contido no tubo.
Thomson concluiu que essas partículas negativas deveriam fazer parte dos átomos componentes da
matéria, sendo denominados elétrons. Após isto, propôs um novo modelo científico para o átomo. Para
Thomson, o átomo era uma esfera maciça de carga elétrica positiva “recheada” de elétrons de carga
negativa. Esse modelo ficou conhecido como “pudim de passas”. Este modelo derruba a ideia de que o
átomo é indivisível e introduz a natureza elétrica da matéria.

Descoberta do Próton

Em 1886, Goldstein, físico alemão, provocando descargas elétricas num tubo a pressão reduzida (10
mmHg) e usando um cátodo perfurado, observou a formação de um feixe luminoso (raios canais) no
sentido oposto aos raios catódicos e determinou que esses raios eram constituídos por partículas
positivas

Os raios canais variam em função do gás contido no tubo. Quando o gás era hidrogênio, obtinham-se
os raios com partículas de menor massa, as quais foram consideradas as partículas fundamentais, com
carga positiva, e denominadas próton pelo seu descobridor, Rutherford, em 1904.

Experiência de Rutherford

Wilhelm Conrad Röntgen foi um físico alemão que, em 8 de novembro de 1895, realizando
experimentos em que utilizava gases altamente rarefeitos em uma ampola de Crookes, descobriu
acidentalmente que, a partir da parte externa do tubo, eram emitidos raios que conseguiam sensibilizar
chapas fotográficas. Ele chamou esses raios de raios X.
Isso possibilitou que, em 1886, Becquerel descobrisse a radioatividade e a descoberta do primeiro
elemento capaz de emitir radiações semelhantes ao raio X: o urânio. Logo a seguir o casal Curie descobriu
dois outros elementos radioativos: o polônio e o rádio.
Com a finalidade de estudar as radiações emitidas pelos elementos radioativos, foram realizados
vários tipos de experimentos, dentre os quais o mais conhecido é o representado a seguir, em que as
radiações são submetidas a um campo eletromagnético externo.

Em meados do século de XX, dentre as inúmeras experiências realizadas por Ernest Rutherford e seus
colaboradores, uma ganhou destaque por mostrar que o modelo proposto por Thomson era incorreto.
A experiência consistiu em bombardear uma fina folha de ouro com partículas positivas e pesadas,
chamadas de α (alfa), emitidas por um elemento radioativo chamado polônio.

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Rutherford observou que:
- Grande parte das partículas α passaram pela folha de ouro sem sofrer desvios;
- Algumas partículas α desviaram com determinados ângulos de desvios;
- Poucas partículas não atravessaram a folha de ouro e voltaram.

Modelo de Rutherford
A experiência da “folha de ouro” realizada foi o marco decisivo para o surgimento de um novo modelo
atômico, mais satisfatório, que explicava de forma mais clara uma série de eventos observados.
O átomo deve ser constituído por duas regiões:
I - Um núcleo, pequeno, positivo e possuidor de praticamente toda a massa do átomo;
II - Uma região negativa, praticamente sem massa, que envolveria o núcleo. A essa região se deu o
nome de eletrosfera.

Para que fique mais claro, vamos agora relacionar o modelo de Rutherford com as conclusões
encontrados em sua experiência.

Observações Conclusões
Grande parte das partículas alfa Boa parte do átomo é vazio. No espaço vazio
atravessaram a lâmina sem desviar o (eletrosfera) provavelmente estão localizados os
curso. elétrons.
Poucas partículas alfa (1 em 20.000) não Deve existir no átomo uma pequena região onde está
atravessam a lâmina e voltavam. concentrada sua massa (o núcleo).
Algumas partículas alfa sofriam desvios de O núcleo do átomo deve ser positivo, o que provoca
trajetória ao atravessar a lâmina. uma repulsão nas partículas alfa (positivas).

Em resumo: o modelo de Rutherford representa o átomo consistindo em um pequeno núcleo rodeado


por um grande volume no qual os elétrons estão distribuídos. O núcleo carrega toda a carga positiva e a
maior parte da massa do átomo. Rutherford comparou seu modelo atômico com o sistema planetário,
onde os planetas (elétrons), giram em torno do Sol (núcleo).

Átomo Moderno

Quando Rutherford realizou seu experimento com um feixe de partículas alfa, e propôs um novo
modelo para o átomo, houve algumas controvérsias. Entre elas era que o átomo teria um núcleo composto

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de partículas positivas denominadas prótons. No entanto, Rutherford concluiu que, embora os prótons
contivessem toda a carga do núcleo, eles sozinhos não podem compor sua massa.
O problema da massa extra foi resolvido quando, em 1932, o físico inglês J. Chadwick descobriu uma
partícula que tinha aproximadamente a mesma massa de um próton, mas não era carregada
eletricamente. Por ser a partícula eletricamente neutra, Chadwick a denominou de nêutron.

Hoje, acreditamos que, com uma exceção, o núcleo de muitos átomos contém ambas as partículas:
prótons e nêutrons, chamados núcleons. (A exceção é o núcleo de muitos isótopos comuns de hidrogênio
que contém um próton e nenhum nêutron.) Como mencionamos, é geralmente conveniente designar
cargas e partículas em termos de carga em um elétron. De acordo com esta convenção, um próton tem
uma carga de +1, um elétron de -1, e um nêutron de 0.

Em resumo, podemos então descrever um átomo como um núcleo central, que é pequeníssimo, mas
que contém a maior parte da massa, e é circundado por uma enorme região extra nuclear contendo
elétrons (carga -). O núcleo contém prótons (carga +) e nêutrons (carga 0). O átomo como um todo não
tem carga devido ao número de prótons ser igual ao número de elétrons. A soma das massas dos elétrons
em um átomo é considerada desprezível em comparação com a massa dos prótons e nêutrons.

Modelo de Bohr

Apesar de o modelo proposto por Rutherford esclarecer muitas questões sobre a dispersão das
partículas alfa (prótons), ele tinha certas falhas na explicação de alguns outros fenômenos, como por
exemplo os espectros atômicos. Niels Bohr propôs então outro modelo mais completo, que melhor
representava e explicava o átomo e sua natureza.
Inicialmente para explicar seu modelo, Bohr agrupou uma certa quantidade de postulados e hipóteses
(afirmações aceitas como verdadeira, sem demonstrações), onde podem ser resumidas em cinco:
- Os elétrons circulam o núcleo do átomo fazendo círculos em “camadas” ou “níveis”;
- Cada nível tem um valor específico de energia;
- Um elétron não pode permanecer entre dois níveis, ou ele está em um ou em outro;
- Um elétron pode passar de um nível menos energético para um mais energético desde que absorva
energia externa;
- Quando o elétron retorna para seu nível de energia inicial ele libera a energia absorvida.

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Bohr dividiu a eletrosfera em 7 níveis (K,L,M,N,O,P e Q), onde K é a mais próxima do núcleo e Q a
mais afastada. Umas das novidades mais relevantes que é oferecida pelo átomo de Bohr é quantização
da energia dos elétrons, ou seja, valores de energia determinados.
Com isso concluímos a evolução das teorias atômicas, sendo esse o último modelo utilizado hoje em
dia por conta das contribuições mais relevantes, seu nome é modelo de Rutherford-Bohr.

Número Atômico e Número de Massa

Um átomo individual (ou seu núcleo) é geralmente identificado especificando dois números: o número
atômico Z e o número de massa A.

O número atômico (Z) é o número de prótons no núcleo. Como um átomo é um sistema eletricamente
neutro, se conhecermos o seu número atômico, teremos então duas informações: o número de prótons e
o número de elétrons.

Número de prótons = número de elétrons

O número de massa (A) é o número total de núcleons (prótons mais nêutrons) no núcleo.

Número de massa = número de prótons + número de nêutrons

Pode-se ver destas definições que o número de nêutrons no núcleo é igual a A - Z.


Um átomo específico é identificado pelo símbolo do elemento com número atômico Z como um índice
inferior e o número de massa como um índice superior. Assim,

Indica um átomo do elemento X com o número atômico Z e número de massa A. Por exemplo:

Refere-se a um átomo de oxigênio comum número atômico 8 e um número de massa 16.


Todos os átomos de um dado elemento têm o mesmo número atômico, porque todos têm o mesmo
número de prótons no núcleo. Por esta razão, o índice inferior representando o número atômico é algumas
vezes omitido na identificação de um átomo individual. Por exemplo, em vez de escrever 16O8, é suficiente
escrever 16O, para representar um átomo de oxigênio 16.

Íons

Os átomos podem perder ou ganhar elétrons, originando novos sistemas, carregados eletricamente:
os íons.
Nos íons, o número de prótons é diferente do número de elétrons.

ÍONS: Número de prótons ≠ Número de elétrons

Os átomos, ao ganharem elétrons, originam íons negativos, ou ânions, e, ao perderem elétrons,


originam íons positivos, os cátions.

Cátions (íons positivos)


Em um cátion, o número de prótons é SEMPRE maior do que o número de elétrons. Veja abaixo um
exemplo de cátion:

K (Z=19)
Número de prótons: 19 → carga = +19
Número de elétrons: 19 → carga = -19
Carga elétrica total: +19 – 19 = 0

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K+ (Z=19)
Número de prótons: 19→ carga: +19
Número de elétrons: 18 → carga: -18
Carga elétrica total: +19 -18= +1

Ânions (íons negativos)


Em um ânion, o número de prótons é menor do que o número de elétrons. Vamos agora relacionar o
átomo de enxofre (S) com seu ânion bivalente (S2-).

S (Z=16)
Número de prótons: 16 → carga = +16
Número de elétrons: 16 → carga = -16
Carga elétrica total: +16 -16 =0

S2- (Z=16)
Número de prótons: 16 → carga = +16
Número de elétrons: 18 → carga = -18
Carga elétrica total: +16 -18 = -2

Elemento Químico

Um elemento químico é definido como sendo o conjunto formado por átomos de mesmo número
atômico (Z).
A cada elemento químico atribui-se um nome; a cada nome corresponde um símbolo e,
consequentemente, a cada símbolo corresponde um número atômico.

Elemento químico Símbolo Número atômico


Hidrogênio H 1
Oxigênio O 8
Cálcio Ca 20
Cobre Cu 29
Prata Ag 47
Platina Pt 78
Mercúrio Hg 80

Relações atômicas

Isótopos
Átomos de um dado elemento podem ter diferentes números de massa e, portanto, massas diferentes
porque eles podem ter diferentes números de nêutrons em seu núcleo. Como mencionado, tais átomos
são chamados isótopos.
Exemplo: considere os três isótopos de oxigênio de ocorrência natural: 16O8, 17O8 e 18O8. Cada um
destes tem 8 prótons no seu núcleo. (Isto é o que faz com que seja um átomo de oxigênio.).

Átomos Prótons Nêutrons Elétrons


1
1H 1 0 1
2
1H 1 1 1
3
1 H 1 2 1
16 8 8 8
80
17
8 0 8 9 8
18 8 10 8
80
234
92 U 92 142 92
235 92 143 92
92U
238
92 U 92 146 92

Devido aos isótopos de um elemento apresentar diferentes números de nêutrons, eles têm diferentes
massas.

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Isóbaros
São átomos de diferentes números de próton, mas que possuem o mesmo número de massa (A).
Assim, são átomos de elementos químicos diferentes, mas que têm mesma massa, já que um maior
número de prótons será compensado por um menor número de nêutrons, e assim por diante. Desse
modo, terão propriedades físicas e químicas diferentes. Por exemplo 40K19 e 40Ca20, que tem a mesma
massa, 40.

Isótonos
São átomos de diferentes números de prótons e de massa, mas que possuem mesmo número de
nêutrons. Ou seja, também são elementos diferentes, com propriedades físicas e químicas diferentes.
Por exemplo 37Cl17 e o 40Ca20, que tem o mesmo número de nêutrons, 20.

Isoeletrônicos
São átomos e íons que possuem a mesma quantidade de elétrons. Por exemplo o átomo de neônio,
20
Ne10, e o cátion de sódio 23Na11+1. Ambos possuem 10 elétrons, logo são isoeletrônicos um do outro.

Questões

01. (UNESP/SP) Numa viagem, um carro consome 10 kg de gasolina. Na combustão completa deste
combustível, na condição de temperatura do motor, formam-se apenas compostos gasosos.
Considerando-se o total de compostos formados, pode-se afirmar que os mesmos:
(A) não têm massa.
(B) pesam exatamente 10 kg.
(C) pesam mais que 10 kg.
(D) pesam menos que 10 kg.
(E) são constituídos por massas iguais de água e gás carbônico.

02. (UFMG/MG) Em um experimento, soluções aquosas de nitrato de prata, AgNO3, e de cloreto de


sódio, NaCl, reagem entre si e formam cloreto de prata, AgCl, sólido branco insolúvel, e nitrato de sódio,
NaNO3, sal solúvel em água. A massa desses reagentes e a de seus produtos estão apresentadas neste
quadro:

REAGENTES PRODUTOS
AgNO3 NaCl AgCl NaNO3
1,699g 0,585g X 0,850g

Considere que a reação foi completa e que não há reagentes em excesso. Assim sendo, é
CORRETO afirmar que X, ou seja, a massa de cloreto de prata produzida é:
(A) 0,585 g.
(B) 1,434 g.
(C) 1,699 g.
(D) 2,284 g.
(E) 2,866 g.

03. (FUVEST/SP) Quando 96g de ozônio se transformam completamente, a massa de oxigênio comum
produzida é igual a:
(A) 32g.
(B) 48g.
(C) 64g.
(D) 80g.
(E) 96g.

04. (ETFSP) No fim do século XIX começaram a aparecer evidências de que o átomo não era a menor
partícula constituinte da matéria. Em 1897 tornou-se pública a demonstração da existência de partículas
negativas, por um inglês de nome:
(A) Dalton;
(B) Rutherford;
(C) Bohr;

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(D) Thomson;
(E) Proust.

05. (PUC/RS) O átomo, na visão de Thomson, é constituído de:


(A) níveis e subníveis de energia.
(B) cargas positivas e negativas.
(C) núcleo e eletrosfera.
(D) grandes espaços vazios.
(E) orbitais.

06. (ESPM/SP) O átomo de Rutherford (1911) foi comparado ao sistema planetário (o núcleo atômico
representa o sol e a eletrosfera, os planetas): Eletrosfera é a região do átomo que:
(A) contém as partículas de carga elétrica negativa.
(B) contém as partículas de carga elétrica positiva.
(C) contém nêutrons.
(D) concentra praticamente toda a massa do átomo.
(E) contém prótons e nêutrons

07. (FUCMT/MT) O íon de ²³Na11+ contém:


(A)11 prótons, 11 elétrons e 11 nêutrons.
(B)10 prótons, 11 elétrons e 12 nêutrons.
(C)23 prótons, 10 elétrons e 12 nêutrons.
(D)11 prótons, 10 elétrons e 12 nêutrons.
(E)10 prótons, 10 elétrons e 23 nêutrons.

08. (FUVEST/SP) O número de elétrons do cátion X2+ de um elemento X é igual ao número de elétrons
do átomo neutro de um gás nobre. Este átomo de gás nobre apresenta número atômico 10 e número de
massa 20. O número atômico do elemento X é:
(A) 8
(B) 10
(C) 12
(D) 18
(E) 20

09. (FEI/SP) Um cátion metálico trivalente tem 76 elétrons e 118 nêutrons. O átomo do elemento
químico, do qual se originou, tem número atômico e número de massa, respectivamente:
(A) 76 e 194
(B) 76 e 197
(C) 79 e 200
(D) 79 e 194
(E) 79 e 197

10. (IFSP) O elemento químico Mg (magnésio), de número atômico 12, é um micronutriente


indispensável para a realização de fotossíntese, sob a forma de íons Mg2+. Pode-se afirmar que o número
de prótons e o número de elétrons presentes no íon Mg2+ são, respectivamente,
(A) 2 e 2
(B) 2 e 10.
(C) 10 e 10.
(D) 10 e 12.
(E) 12 e 10.
Gabarito

01. C / 02. B / 03. E / 04. D / 05. B / 06. A / 07. D / 08. C / 09. E / 10. E

Comentários

01. Resposta: C
Interpretação direta da Lei de conservação das massas de Lavoisier: Massa dos reagentes = massa
dos produtos;
20

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02. Resposta: B
Primeiro se soma a massa dos reagentes para podermos determinar a massa total: 1,699g + 0,585g
= 2,284g.
Em seguida basta subtrair o a massa do NaNO3 desse valor: 2,284g – 0,850 = 1,434g.
Logo a massa de AgCl produzida é 1,434g.

03. Resposta: E
Interpretação direta da Lei de conservação das massas de Lavoisier: Massa dos reagentes = massa
dos produtos;

04. Resposta: D
Thomson provou experimentalmente a existência de partículas negativas no átomo.

05. Resposta: B
Thomsom propôs que o átomo era formado por uma esfera maciça de carga positiva e que junta a ela
existiam pequenas partículas de carga negativa, esse modelo ficou famoso pelo nome de “pudim de
passas”.

06. Resposta: A
Segundo Rutherford, o no átomo seu núcleo representava praticamente toda a sua massa e era
composto por partículas de cargas positivas (prótons), e ao seu redor as partículas de cargas negativas
(elétrons) ficavam circundando o núcleo em uma região denominada eletrosfera.

07. Resposta: D
Seu número atômico (11) representa seu número de prótons, seu número de elétrons seria o mesmo
se ele não tivesse carga, mas como foi estudado o íon ²³Na11+ apresenta uma carga positiva, logo
sabemos que ele “perdeu” um elétron, ou seja, possui 10. E seu número de nêutrons é a diferença da
massa atômica menos o número de prótons: 23 – 11 = 12.

08. Resposta: C
Como sabemos que é um gás nobre ele não apresenta carga, logo seu número atômico é igual ao seu
número de prótons e a seu número de elétrons, ou seja, 10. O elemento X está com carga positiva de +2
e se atualmente ele tem o mesmo número de elétrons que o gás nobre basta somarmos os 2 elétrons
faltando com os que ele possui: 10 + 2 =12.

09. Resposta: E
O número atômico é o número de prótons que o átomo possui. No estado fundamental (sem carga),
os prótons são iguais aos elétrons. Visto que é um cátion trivalente, ou seja, possui a carga +3, ele perdeu
3 elétrons, ficando com 76, o que significa que antes ele tinha 79 elétrons e número atômico também igual
a 79.
Já o número de massa é a soma dos prótons com os nêutrons: 79 + 118 = 197.

10. Resposta: E
Seu número atômico (12) representa seu número de prótons, como apresenta carga positiva, para
achar o número de basta diminuir o valor da carga do número atômico:
12 – 2 = 10

TABELA PERIÓDICA

Classificação Periódica dos Elementos

Um dos esforços mais antigos, no sentido de se encontrar uma relação no comportamento dos
elementos com propriedades similares, foi o método de separar os elemento em grupos de três
denominados tríades. Nessas tríades, a massa atômica de um elemento era aproximadamente a média
aritmética dos pesos atômicos dos outros dois. Isto foi proposto pelo químico alemão J.W. Dobereiner,
em 1829.
No ano de 1862, Alexandre-Émile Béguyer de Chancourtois ordenou os valores de massas atômicas
ao longo de linhas espirais traçadas nas paredes de um cilindro, dando origem ao parafuso telúrico, em
que os elementos que apresentavam propriedades similares estavas reunidos numa linha vertical.
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Em 1866, John A. R. Newlands desenvolveu um rearranjo dos elementos químicos denominado Lei
das Oitavas. Essa forma de classificação consistia em colocar os elementos agrupados de sete em sete,
em ordem crescente de massa atômica.
A partir dessa classificação Newlands observou que o primeiro elemento tinha propriedades
semelhantes ao oitavo, e assim por diante. Diante disso, ele chamou esta descoberta de Lei das oitavas
uma vez que as características se repetiam de sete em sete, como as notas musicais.

Em meados de 1869, Lothar Meyer e Dimitri Ivanovich Mendeleev, independentemente, criaram


tabelas periódicas dos elementos (semelhantes às usadas atualmente) onde os elementos eram
colocados em ordem crescente de massas atômicas. Essas tabelas foram criadas quando tinham
conhecimento de apenas 63 elementos químicos.2
Mendeleev ordenou os elementos em linhas horizontais, chamadas de períodos, e em linhas verticais,
de grupos, contendo elementos com propriedades similares. Veja a seguir a tabela de Mendeleev.

Nesta tabela é possível observar que existe espaços vazios e asteriscos. Estes espaços representam
elementos não conhecidos e os asteriscos os elementos que foram previstos por Mendeleev.
Esta classificação proposta por Mendeleev foi utilizada até 1913, quando Mosely verificou que as
propriedades dos elementos eram dadas pela sua carga nuclear (número atômico-Z). Sabendo-se que
em um átomo o número de prótons é igual ao número de elétrons, ao fazermos suas distribuições
eletrônicas, verificamos que a semelhança de suas propriedades químicas está relacionada com o
número de elétrons de sua camada de valência, ou seja, pertencem à mesma família.
Com base nessa constatação, foi proposta a tabela periódica atual, na qual os elementos químicos:
- Estão dispostos em ordem crescente de número atômico (Z);
- Originam os períodos na horizontal (em linhas);
- Originam as famílias ou os grupos na vertical (em colunas).

Tabela periódica atual: Os elementos são agrupados em ordem crescente de seu número atômico
(Z), observando-se a repetição periódica de muitas de suas propriedades.

2
Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

22

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Fonte: www.omundodaquimica.com.br

Distribuição Eletrônica3

Bohr propôs que existiam 7 camadas nomeadas K, L, M, N, O, P e Q, e os subníveis propostos pelos


estudos subsequentes foram nomeados de s, p, d e f, onde cada camada e cada subnível tem um limite
de quantos elétrons eles “abrigam”. A tabela a seguir mostra o número de elétrons que cada camada
pode ter assim como os subníveis presentes nela.

Canada Nível Subnível Número de elétrons


K 1 s 2
L 2 sp 8
M 3 spd 18
N 4 spdf 32
O 5 spdf 32
P 6 spd 18
Q 7 sp 8

Distribuição dos Elétrons


Os estudos seguintes vieram a mostrar como os elétrons deveriam ser distribuídos dentro dos
subníveis de cada camada, onde o químico Linus Carl Pauling criou um método prático que nos dá a
ordem crescente de energia dos subníveis.
O Diagrama de Pauling mostra a sequência de ocupação dos elétrons onde, na eletrosfera, os elétrons
vão ocupando as posições de menor energia. Assim ele conseguiu mostrar de maneira facilitada essa
ordem de posicionamento. Essa sequência que é feita através do diagrama de Pauling é chamada de
Distribuição Eletrônica ou Configuração Eletrônica.

3
Sardella, A.; Química – São Paulo, 2003. Editora Ática.

23

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Seguindo esse diagrama a ordem crescente de energia para a distribuição dos elétrons é:

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d10

Para realizar essa distribuição, algumas regras devem ser seguidas:

- O número de elétrons a ser distribuído deve ser correspondente ao do átomo, estando ele no estado
fundamental ou em forma de íon;
- A última camada não deve ultrapassar 8 elétrons;
- A penúltima camada não deve ultrapassar 18 elétrons;
- A última camada que contém elétrons é chamada de camada de valência.

Na tabela seguinte vemos alguns exemplos de distribuição eletrônica:

Número de
Elemento Distribuição Eletrônica
elétrons
1s2
He (Hélio) 2
K=2
1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
Cl (Cloro) 17
K = 2, L = 8, M = 7
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d2
Zr (Zircônio) 40
K = 2, L = 8, M = 18, N = 10, O =2
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s1 4f14 5d9
Pt (Platina) 78
K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 17, P = 1
1s 2s 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s1 4f14 5d7
2 2
Pt2+ (Cátion) 76
K = 2, L = 8, M = 18, N = 32, O = 17, P = 1

Números Quânticos4

O Princípio da Incerteza de Werner Heisenberg (1901-1976), criado em 1926, estabeleceu que não
é possível calcular a posição e a velocidade de um elétron em um mesmo instante, ou seja, quanto maior
for a precisão da determinação da medida da posição do elétron, menor será a precisão da medida de
sua velocidade e vice-versa.
Por isso, os cientistas passaram a adotar o conceito de “orbital”, que se refere à região no espaço ao
redor do núcleo do átomo onde é maior a probabilidade de se encontrar determinado elétron. No modelo
de orbitais, o elétron tem característica dual, isto é, como onda-partícula que se desloca no espaço, mas
que está dentro de uma região (orbital) ao redor do núcleo, como uma nuvem eletrônica.
Esse movimento do elétron passou a ser descrito por Erwin Schrödinger por meio de uma equação
matemática que associava a natureza corpuscular do elétron, ou seja, sua natureza como partícula, sua
energia, carga e massa.

4
https://manualdaquimica.uol.com.br/quimica-geral/numeros-quanticos.htm

24

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Durante o processo algébrico da solução da equação de Schrödinger, surgiram naturalmente códigos
matemáticos relacionados com a energia do elétron, que são denominados de números quânticos.
Existem quatro números quânticos:
- número quântico principal (n),
- número quântico secundário ou azimutal (l),
- número quântico magnético (m ou ml) e
- número quântico spin (s ou ms).

O conjunto de números quânticos nunca se repete para dois elétrons em um átomo. Portanto, esse
conjunto de números quânticos serve para identificar cada elétron na eletrosfera de um átomo. Então,
vejamos como determinar cada um:

Número quântico principal (n): Refere-se ao nível de energia do elétron. Segundo o modelo atômico
de Rutherford-Bohr, os elétrons movimentam-se ao redor do núcleo em órbitas circulares com
quantidades de energia bem definidas e características, sendo, portanto, chamadas de níveis de energia
ou camadas eletrônicas.
Para os elementos conhecidos até o momento, a quantidade máxima de níveis de energia são sete,
sendo representados pelas letras K, L, M, N, O, P e Q, indo da camada mais próxima ao núcleo para a
mais distante. Essas camadas correspondem respectivamente aos números 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7.
Assim, os valores de n variam de 1 a 7, de acordo com o nível de energia do elétron. Quanto maior o
número quântico principal, maior é a energia do elétron.

Relação entre o nível de energia e o número quântico principal

Número quântico secundário ou azimutal (l): Refere-se ao subnível de energia do elétron. Os


elétrons distribuem-se nas camadas eletrônicas de acordo com subníveis de energia, que são
identificados pelas letras s, p, d, f, que aumentam de energia nessa ordem. Cada nível comporta uma
quantidade máxima de elétrons distribuídos nos subníveis de energia.
Para os elementos até então conhecidos, temos apenas quatro tipos de subníveis:

Tabela da relação entre o subnível de energia e o número quântico secundário

25

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Isso significa que, para um número quântico principal n, o número quântico secundário será l = n - 1.

Número quântico magnético (m ou ml): Refere-se à orientação dos orbitais no espaço. O orbital do
tipo s possui forma esférica e, portanto, só há uma orientação possível para ele. Desse modo, só haverá
um valor possível para o número quântico magnético, que será igual a 0:

Representação do orbital s

Veja que o orbital é representado por um quadrado.


Em relação ao subnível do tipo p, conforme a figura abaixo indica, existem três orientações espaciais
possíveis, porque ele apresenta-se na forma de um duplo ovoide. Então, para o subnível p, há três
números magnéticos possíveis, -1, 0, +1, que são representados por três quadradinhos:

Representação dos orbitais p

Já o subnível d possui cinco orientações espaciais possíveis, sendo que o número magnético pode
apresentar os seguintes valores: -2, -1, 0, +1, +2:

Representação dos orbitais d

Por fim, o subnível f possui sete orientações espaciais possíveis, sendo que o número magnético pode
apresentar os seguintes valores: -3, -2, -1, 0, +1, +2, +3:

26

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Representação dos orbitais f*

Desse modo, temos as seguintes possibilidades:

Tabela da relação entre orbitais e o número quântico magnético

Esses orbitais costumam ser representados de acordo com um diagrama energético, como o mostrado
a seguir, em que cada “escada” corresponde ao nível e cada “degrau” corresponde ao subnível.

Diagrama energético indicando o número quântico magnético

27

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Número quântico spin (s ou ms): Refere-se ao sentido da rotação (no inglês, spin significa rotação)
do elétron. Dois elétrons conseguem ficar em um mesmo orbital e não se repelirem porque eles giram em
sentidos opostos, o que causa uma força magnética de atração.
Assim, o magnetismo em razão do spin de um elétron é anulado pelo magnetismo do spin oposto,
ficando um sistema estável.
É por isso que cada orbital possui no máximo dois elétrons com spins opostos, que são simbolizados
por setas. Isso é dito pelo Princípio da Exclusão de Pauli.
Por convenção, adotamos o seguinte: a seta para cima corresponde a ms= -1/2, e a seta para baixo
corresponde a ms= +1/2.
ms = -1/2 ou +1/2
ms = ↑ ou ↓

Segundo a Regra de Hund ou Regra de máxima multiplicidade, o preenchimento dos orbitais de um


subnível deve ser feito de uma forma que contenha o maior número possível de elétrons
desemparelhados (isolados). Por isso, temos que preencher primeiro os orbitais (quadradinhos),
colocando somente as setas para cima, e depois voltamos preenchendo as setas para baixo.

Como utilizar a tabela periódica?

Cada quadro da tabela fornece os dados referentes ao elemento químico: símbolo, massa atômica,
número atômico, nome do elemento, elétrons nas camadas e se o elemento é radioativo.
As colunas verticais constituem as famílias ou grupos, nas quais os elementos estão reunidos
segundo suas propriedades químicas.
As filas horizontais são denominadas períodos. Neles os elementos químicos estão dispostos na
ordem crescente de seus números atômicos. O número da ordem do período indica o número de níveis
energéticos ou camadas eletrônicas do elemento.

Famílias ou Grupos
As Famílias da Tabela Periódica são distribuídas de forma vertical, em 18 colunas. Os elementos
químicos que estão localizados na mesma coluna da Tabela Periódica são considerados da mesma
família pois possuem propriedades semelhantes. Esses elementos fazem parte de um mesmo grupo
porque apresentam a mesma configuração de elétrons na última camada.
A tabela periódica atual é constituída por 18 famílias, a nomenclatura pode ser feita de duas maneiras.
A primeira é dividir as famílias em A (de IA até VIIIA) e B (que pode ser considerada uma pequena
bagunça, já que segue a ordem: 3B-4B-5B-6B-7B-8B-8B-8B-1B-2B), onde “A” relaciona os metais
alcalinos e alcalinos terrosos, gases nobres, halogênios, semi-metais, e ametais. E “B” é formada pelos
metais de transição. A segunda maneira e mais recente adotada é bem mais simples, pois ela nomeia as
famílias de 1 a 18.

- Famílias A
Os elementos que constituem essas famílias são denominados elementos representativos, e seus
elétrons mais energéticos estão situados em subníveis s ou p. Nas famílias A, o número da família indica
a quantidade de elétrons na camada de valência. Elas recebem ainda nomes característicos.

28

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Informações importantes:
1. A família 0 (8A) recebeu esse número para indicar que sua reatividade nas condições ambientes é
nula.
2. O elemento hidrogênio (H), embora não faça parte da família dos metais alcalinos, está representado
na coluna IA por apresentar 1 elétron no subnível s na camada de valência.
3. O único gás nobre que não apresenta 8 elétrons na camada de valência é o He: 1s2.

- Famílias B
Os elementos dessas famílias são denominados genericamente elementos de transição. Uma parte
deles ocupa o bloco central da tabela periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), e apresenta seu elétron mais
energético em subníveis d.

A outra parte deles está deslocada do corpo central, constituindo as séries dos lantanídeos e dos
actinídeos. Essas séries apresentam 14 colunas. O elétron mais energético está contido em subnível f (f1
a f14).
O esquema a seguir mostra o subnível ocupado pelo elétron mais energético dos elementos da tabela
periódica.

29

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Períodos ou Séries
Cada fila horizontal da tabela periódica constitui o que chamados de período ou série de elementos.
Cada período corresponde ao número de camadas eletrônicas existentes nos elementos que os
constituem. Os períodos são sete conforme pode ser observado no esquema abaixo.

Períodos Camadas eletrônicas


1 1 (K)
2 2 (K, L)
3 3 (K, L, M)
4 4 (K, L, M, N)
5 5 (K, L, M, N, O)
6 6 (K, L, M, N, O, P)
7 7 (K, L, M, N, O, P)

Vejamos agora alguns exemplos de localização na tabela periódica:

1H — 1s1: 1° camada (K)


4Be — 1s 2s : 2° camada (K, L)
2 2
2 2 6 1
11Na— 1s 2s 2p 3s : 3°camada (K, L, M)
13Al — 1s 2s 2p 3s 3p : 3° camada.
2 2 6 2 1

- Lantanídeos e Actinídeos
As séries dos lantanídeos e dos actinídeos correspondem, respectivamente, aos apêndices embaixo
da tabela. Esses elementos todos pertencem a família IIIB ou 3.

Importante:
- Lantânio (La) e Actíneo (Ac) não pertencem às séries;
- Essas séries são chamadas Elementos de Transição Interna;
- Os lantanídeos também são chamados lantanoides ou terras-raras;
- Os actinídeos também são chamados actinoides;
- O uso dos termos “lantanoide” e actinoide” foi reconhecido pela IUPAC.

Classificação dos Elementos Químicos

Uma outra maneira de classificar os elementos pode ser feita relacionando o subnível energético de
cada um. Assim temos:

Subnível mais
Elementos Localização
energético
Representativos s ou p Grupos A e gases nobres
De transição d Grupos B
De transição interna f Lantanídeos e Actinídeos
30

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Outra maneira de classificar os elementos é agrupá-los, segundo suas propriedades físicas e químicas,
em: metais, ametais, semi-metais, gases nobres e hidrogênio.

Importante: a linha vermelha, de acordo com sugestão da Sociedade Brasileira de Química, separa
os metais dos ametais. Os elementos próximos à linha são conhecidos por semi-metais.

Metais
São os mais numerosos elementos conhecidos. Eles estão situados do centro para a esquerda da
Tabela Periódica. Características gerais:
- Apresentam brilho metálico.
- Conduzem corrente elétrica e calor.
- São maleáveis (maleabilidade).
- Podem ser reduzidos a fios (ductilidade).
- Apresentam, via de regra, poucos elétrons (menos de 4) na última camada;
- Tendem a perder elétrons;
- São sólidos a temperatura ambiente (25°C), com exceção do mercúrio (líquido).

Ametais ou Não Metais


São poucos (11 elementos), estão situados à direita da Tabela Periódica, antes dos gases nobres.
Características gerais:
- Não apresentam brilho metálico;
- São maus condutores de corrente elétrica;
- Não podem ser reduzidos a fios (ductilidade) e lâminas (maleabilidade);
- São utilizados na produção de pólvora e na fabricação de pneus;
- Apresentam, geralmente, muitos elétrons (mais do que 4) na camada de valência (última camada);
-Tendem a ganhar elétrons em uma ligação química.

Semi-Metais
São poucos (7) e estão situados na Tabela Periódica entre os metais e os não metais. Características
gerais:
- Apresentam brilho metálico;
- Têm pequena condutibilidade elétrica;
- Fragmentam-se, isto é, apresentam propriedades intermediárias às apontadas anteriormente.

31

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Hidrogênio
É um elemento atípico, pois possui a propriedade de se combinar com metais, ametais e semi-metais.
Nas condições ambientes, é um gás extremamente inflamável.

Gases Nobres
Como o próprio nome sugere, nas condições ambientes apresentam-se no estado gasoso e sua
principal característica química é a grande estabilidade, ou seja, possuem pequena capacidade de se
combinar com outros elementos.

Elementos Cisurânicos
São todos os elementos cujo número atômico é inferior ao 92, ou seja, as que antecedem o urânio.
Sendo todos elementos naturais, encontrados na superfície terrestre, com exceção dos quatros seguintes,
que são artificiais:
- Tecnécio (43)
- Promécio (61)
- Astato (85)
- Frâncio (87)

Elementos Químicos Artificiais


São átomos de elementos químicos não encontrados na superfície terrestre e que foram sintetizados,
isto é, criados em laboratório. Esses elementos possuem número atômico superior a 92, que é o número
atômico do Urânio. Por isso foram denominados de elementos transurânicos.

Elementos Radioativos
Os elementos radioativos são aqueles cujos isótopos mais abundante encontram-se, na tabela, do
polônio em diante.

Propriedades Aperiódicas e Periódicas

A tabela periódica pode ser utilizada para relacionar as propriedades dos elementos com suas
estruturas atômicas. Essas propriedades podem ser de dois tipos: aperiódicas e periódicas.

Propriedades Aperiódicas
São aquelas cujos valores variam (crescem ou decrescem) à medida que o número atômico aumenta
e que não se repetem em períodos determinados ou regulares. Exemplos: a massa atômica de um
elemento sempre aumenta de acordo com o número atômico desse elemento, o calor específico, a
dureza, o índice de refração etc.

- Massa atômica: é a unidade de peso de átomos feita por comparação com uma grandeza padrão
(1/12 da massa de um átomo isótopo do carbono-12). Esta propriedade sempre aumenta de acordo com
o aumento do número atômico, sem fazer referência à localização do elemento na tabela periódica.

- Calor específico: é a quantidade de calor que um grama de uma substância precisa absorver para
aumentar sua temperatura em 1°C, sem que haja alteração no seu estado físico. O calor específico de
um elemento no estado sólido sempre diminui com o aumento do número atômico.

- Dureza: é uma propriedade mecânica característica de materiais sólidos que representa a resistência
destes materiais ao risco ou à penetração quando pressionados. Esta propriedade muito depende do

32

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estado em que se encontra o material, bem como das forças de ligação entre os seus átomos, moléculas
ou íons.

- Índice de refração: é uma propriedade física descrita como sendo a razão entre a velocidade da luz
em dois meios diferentes (no ar e num corpo transparente mais denso). Tal propriedade também aumenta
com o aumento do número atômico.

Propriedades Periódicas
São aquelas que, à medida que o número atômico aumenta, assumem valores crescentes ou
decrescentes em cada período, ou seja, repetem-se periodicamente. Exemplo: o número de elétrons na
camada de valência.
Vamos agora detalhar algumas propriedades periódicas da Tabela:

- Raio atômico: é uma propriedade periódica difícil de ser medida. Pode-se considerar que
corresponde à metade da distância (d) entre dois núcleos vizinhos de átomos do mesmo elemento
químico ligados entre si.
Em uma família (grupo) tende a aumentar de cima para baixo (sentido em que aumenta também o
número de camadas preenchidas pela eletrosfera de um átomo.
Em um período, o raio atômico tende a aumentar da direita para a esquerda. Isso ocorre porque o
número de prótons e elétrons aumenta para a direita. Logo, no lado direito do período, os átomos têm o
mesmo número de camadas, maior números de prótons e elétrons e, portanto, a força de atração entre
eles é maior. Isso provoca uma contração da eletrosfera e a consequente diminuição do raio atômico.

Resumindo: nas famílias o raio atômico tende a aumentar com o aumento do número. Nos períodos,
ele tende a aumentar com a diminuição do número atômico.

- Raio Iônico: Quando um átomo ganha ou perde elétrons, transforma-se em íon. Nessa
transformação, há aumento ou diminuição das dimensões do tamanho do átomo inicial.

- Raio de Cátion: Quando um átomo perde elétron, a repulsão da nuvem eletrônica diminui, diminuindo
o seu tamanho. Inclusive pode ocorrer perda do último nível de energia e quanto menor a quantidade de
níveis, menor o raio.

Exemplo:

Portanto: raio do átomo > raio do cátion

- Raio do Ânion: quando um átomo ganha elétron, aumenta a repulsão da nuvem eletrônica,
aumentando o seu tamanho.

33

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Exemplo:

Portanto: raio do átomo < raio do ânion

- Energia de Ionização (EI): a maior ou menor facilidade com que o átomo de um elemento perde
elétrons é importante para a determinação do seu comportamento. Um átomo (ou íon) em fase gasosa
perde elétron(s) quando recebe energia suficiente. Essa energia é chamada de energia (ou potencial)
de ionização.
Quanto maior o raio atômico, menor será a atração exercida pelo núcleo sobre o elétron mais afastado;
portanto, menor será a energia necessária para remover esse elétron.5

Generalizando: quanto maior o tamanho do átomo, menor será a primeira energia de ionização (E.I.).
- Numa mesma família: a EI aumenta de baixo para cima;
- Num mesmo período: a EI aumenta da esquerda para a direita.

Ao retirarmos o primeiro elétron de um átomo, ocorre uma diminuição do raio. Por esse motivo, a
energia necessária para retirar o segundo elétron é maior. Assim, para um mesmo átomo, temos:
1ª E.I. < 2ª E.I. < 3ª E.I.

Esse fato fica evidenciado pela analogia a seguir, referente ao átomo de magnésio (Z = 12):
1s2 2s2 2p6 3s2.

- Afinidade Eletrônica (AE) ou Eletroafinidade: é a energia liberada quando um átomo isolado, no


estado gasoso, “captura” um elétron.
X 0 (g) + e– → X– (g) + energia

A medida experimental da afinidade eletrônica é muito difícil e, por isso, seus valores foram
determinados para poucos elementos. Veja na tabela abaixo alguns valores conhecidos de
eletroafinidade.

Numa família ou num período, quanto menor o raio, maior a afinidade eletrônica.

A VII
Li F
60 kJ 328 kJ
K Br
48 kJ 325 kJ

5
Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

34

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Resumindo: a variação da afinidade eletrônica na tabela periódica aumenta de baixo para cima e
da esquerda para a direita.

- Eletronegatividade e Eletropositividade

A Eletronegatividade e a Eletropositividade são duas propriedades periódicas que indicam a


tendência de um átomo, numa ligação química, em atrair elétrons compartilhados. Ou ainda, podem
representar a força com que o núcleo atrai a eletrosfera.

Eletropositividade: tendência que um átomo tem de perder elétrons. É muito característico dos
metais. Pode ser também chamado de caráter metálico. É o inverso da eletronegatividade.
A eletropositividade aumenta conforme o raio atômico aumenta. Quanto maior o raio atômico, menor
será a atração do núcleo pelo elétron mais afastado, maior a facilidade do átomo em doar elétrons, então,
maior será a eletropositividade.
Os gases nobres também não são considerados, por conta da sua estabilidade.
A eletropositividade aumenta nas famílias, de cima para baixo, e nos períodos, da direita para a
esquerda. O elemento mais eletropositivo é o frâncio (Fr), que possui eletronegatividade 0,70.

Eletronegatividade: a força de atração exercida sobre os elétrons de uma ligação. A


eletronegatividade dos elementos não é uma grandeza absoluta, mas, sim, relativa. Ao estudá-la, na
verdade estamos comparando a força de atração exercida pelos átomos sobre os elétrons de uma ligação.
Essa força de atração também tem relação com o raio atômico: quanto menor o tamanho do átomo,
maior será a força de atração, pois a distância núcleo-elétron da ligação é menor. Assim como na
eletropositividade, a eletronegatividade não é definida para os gases nobres.

Na tabela periódica, a eletronegatividade cresce de baixo para cima e da esquerda para a direita.

- Densidade: experimentalmente, verifica-se que:


- Entre os elementos das famílias IA e VIIA, a densidade aumenta, de maneira geral, de acordo com o
aumento das massas atômicas, ou seja, de cima para baixo.
- Num mesmo período, de maneira geral, a densidade aumenta das extremidades para o centro da
tabela.

35

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Assim, os elementos de maior densidade estão situados na parte central e inferior da tabela periódica,
sendo o ósmio (Os) o elemento mais denso (22,5 g/cm3).

- Temperatura de Fusão (TF) e Temperatura de Ebulição (TE): também experimentalmente, verifica-


se que:
- Nas famílias IA e IIA, os elementos de maiores TF e TE estão situados na parte superior da tabela.
Na maioria das famílias, os elementos com maiores TF e TE estão situados geralmente na parte inferior.
- Num mesmo período, de maneira geral a TF e a TE crescem das extremidades para o centro da
tabela.

Assim, a variação das TF e TE na tabela periódica é similar com a densidade, tendo como exceção as
famílias IA e IIA.

- Volume atômico: essa expressão é usada para designar (para qualquer elemento) o volume
ocupado por uma quantidade fixa de número de átomos.
O volume atômico sempre se refere ao volume ocupado por 6,02 x 1023 átomos (número de Avogadro),
e pode ser calculado relacionando-se a massa desse número de átomos com a sua densidade.
Assim, temos:

Por meio de medidas experimentais, verifica-se que:


- numa mesma família, o volume atômico aumenta com o aumento do raio atômico;
- num mesmo período, o volume atômico cresce do centro para as extremidades.

De maneira geral, a variação do volume atômico pode ser representada pelo seguinte esquema:

Questões

01. (PUC/MG) Considerando os elementos da coluna VA, na ordem crescente de números atômicos,
é CORRETO afirmar que:
(A) o ponto de fusão aumenta.

36

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(B) o caráter metálico diminui.
(C) a eletronegatividade aumenta.
(D) o raio atômico diminui.
(E) o potencial de ionização aumenta

02. (Cesgranrio/RJ) Na Tabela Periódica, os elementos estão organizados em ordem crescente de:
(A) Número de massa
(B) Massa atômica
(C) Número atômico
(D) Raio atômico
(E) Eletronegatividade
03. (UFPA) Um átomo, cujo número atômico é 18, está classificado na Tabela Periódica como:
(A) metal alcalino
(B) metal alcalino terroso
(C) metal terroso
(D) ametal
(E) gás nobre

04. (Ufac) O número atômico do elemento que se encontra no período III, família 3A é:
(A) 10
(B) 12
(C) 23
(D) 13
(E) 31

05. (UFRJ) Um dos elementos químicos que tem se mostrado muito eficiente no combate ao câncer
de próstata é o Selênio (Se). Com base na Tabela de Classificação Periódica dos Elementos, os símbolos
de elementos com propriedades químicas semelhantes ao Selênio são:
(A) Cl, Br, I
(B) Te, S, Po
(C) P, As, Sb
(D) As, Br, Kr

06. (Cesgranrio/RJ) O elemento manganês não ocorre livre na natureza e, combinado, encontra-se
na forma de uma variedade de minerais, como pirolusita (MnO2), manganita (MnO3.H2O), ausmanita
(Mn3O4) e outros. Extraído dos seus minerais, pode ser empregado em ligas de aço (britadores, agulhas
e cruzamentos ferroviários), ligas de baixo coeficiente térmico (bobinas de resistência), etc. A respeito
desse elemento químico, é correto afirmar que:
Dado: Mn (Z = 25).
(A) é líquido em condições ambientais.
(B) se trata de um ametal.
(B) se trata de um metal alcalino terroso.
(D) os seus átomos possuem dois elétrons no subnível de maior energia.
(E) os seus átomos possuem dois elétrons na camada de valência.

07. (UCDB/MT) Os elementos xA, x+1B e x+2C pertencem a um mesmo período da tabela periódica. Se
B é um halogênio, pode-se afirmar que:
(A) A tem 5 elétrons no último nível e B tem 6 elétrons no último nível.
(B) A tem 6 elétrons no último nível e C tem 2 elétrons no último nível.
(C) A é um calcogênio e C é um gás nobre.
(D) A é um metal alcalino e C é um gás nobre.
(E) A é um metal e C é um não metal.

08. (UFPA) Um átomo, cujo número atômico é 18, está classificado na Tabela Periódica como:
(A) metal alcalino
(B) metal alcalino terroso
(C) metal terroso
(D) ametal
(E) gás nobre
37

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09. (Unaerp) O fenômeno da supercondução de eletricidade, descoberto em 1911, voltou a ser objeto
da atenção do mundo científico com a constatação de Bednorz e Müller de que materiais cerâmicos
podem exibir esse tipo de comportamento, valendo um prêmio Nobel a esses dois físicos em 1987. Um
dos elementos químicos mais importantes na formulação da cerâmica supercondutora é o ítrio:

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d1

O número de camadas e o número de elétrons mais energéticos para o ítrio, serão, respectivamente:
(A) 4 e 1
(B) 5 e 1
(C) 4 e 2
(D) 5 e 3
(E) 4 e 3

Gabarito

01. A/ 02. C/ 03. E/ 04. D/ 05. B/ 06. E/ 07. C/ 08. E/ 09. B

Comentários

01. Alternativa A
Uma vez que o número atômico aumenta, aumenta também o ponto de fusão.

02. Alternativa C
Na tabela periódica atual (moderna) os elementos são classificados de acordo com a ordem crescente
de seu número atômico (Z).

03. Alternativa E
De acordo com a distribuição eletrônica no diagrama de Pauling de 18 elétrons é:

1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6

A distribuição em camadas é: K=2; L= 8; M 8.


Observe que esse elemento possui 8 elétrons na última camada, então ele é da família 8 A ou 18, que
é a dos gases nobres. Ao consultar a Tabela Periódica, vemos que se trata do gás argônio (Ar).

04. Alternativa D
Ao observar a Tabela Periódica encontramos o elemento Alumínio, cujo número atômico é 13. Mas se
não tivermos uma Tabela à disposição, basta realizar a distribuição no diagrama de Pauling, que indica o
período III e a família 3A, ou seja:

1s2 2s2 2p6 3s2 3p1

Agora basta somar todos os elétrons distribuídos: 2 + 2 + 6 + 2 + 1 = 13.

05. Alternativa B
Observando a tabela periódica nota-se que os elementos Te (Telúrios), S (Enxofre) e Po (Polônio)
estão localizados na mesma família (16 ou 6 A) que o Se (Selênio).

06. Alternativa E
Por meio da distribuição eletrônica desse elemento, descobrimos sua localização na Tabela e
conseguimos solucionar a questão. Veja:

Mn (Z = 25) → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d5

a) O manganês é sólido em temperatura ambiente, porque como mostra o próximo item, ele é um
metal.
b) Ele é um metal da família 7 ou VII B, pois a soma dos elétrons mais energéticos com os mais
externos é: 4s2 3d5.).
38

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c) O manganês é um elemento de transição externa, porque ele possui o orbital d incompleto.
d) O átomo de manganês possui 5 elétrons no subnível de maior energia: 3d5.
e) Correta. Os seus átomos possuem dois elétrons na camada de valência, que é a camada mais
externa: 4s2.

07. Alternativa C
Se B é um halogênio (família 17 ou VII-A), então A está uma “casa” atrás e C está uma “casa” à frente
dele na Tabela periódica, sendo assim, A é um calcogênio (família 16 ou VI-A) e C é um gás nobre (família
18 ou VIII-A).

08. Alternativa E
A distribuição eletrônica no diagrama de Pauling de 18 elétrons é dada por:

1s2 2s2 2p6 3s2 3p6

A distribuição em camadas é: 2 – 8 – 8.

Observe que esse elemento possui 8 elétrons na última camada, então ele é da família 8 A ou 18, que
é a dos gases nobres.
Ao olhar na Tabela Periódica, vemos que se trata do gás argônio (Ar).

09. Alternativa B
Pela distribuição eletrônica mostrada no enunciado (1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s23d10 4p6 5s2 4d1), vemos
que os elétrons foram distribuídos até a camada 5 (5s2). Visto que essa distribuição já está na ordem
energética crescente, o subnível mais energético é o 4d que possui 1 elétron.

REAÇÕES QUÍMICAS

São transformações que envolvem alterações, quebra e/ou formação, nas ligações entre partículas
(átomos, moléculas ou íons) da matéria, resultando na formação de uma nova substância com
propriedades diferentes da anterior.
Algumas evidências da ocorrência de uma reação química são mudança de cor, evolução de calor ou
luz, formação de uma substância volátil, formação de um gás, entre outros.
No nosso cotidiano, há muitas reações químicas envolvidas, como por exemplo, no preparo de
alimentos, a própria digestão destes alimentos no nosso organismo, a combustão nos automóveis, o
aparecimento da ferrugem, a fabricação de remédios, etc.

Equações Químicas6

É a maneira de se escrever uma reação química que envolve reagentes e produtos. As substâncias
iniciais de uma reação química, as que reagem, são chamadas de reagentes, já as substâncias finais de
uma reação, as que se formam, são chamadas de produto.

Reagentes → Produto

Nas equações químicas são utilizados símbolos e números para descrever os nomes e as proporções
das diferentes substâncias que entram nessas reações. Os reagentes são mostrados no lado esquerdo
da equação e os produtos no lado direito.
Na reação a matéria não é criada e nem destruída, os átomos somente são reorganizados de forma
diferente, por isso uma equação química deve ser balanceada, ou seja, o número de átomos da esquerda
precisa ser igual o número de átomos da direita. Sendo assim, balancear uma equação é fazer com que
ela entre em equilíbrio.

Exemplo de uma Equação Química não equilibrada:

H2 + Cl2 → HCl

6
Canto, E. L.; Peruzzo, F. M.; Química na abordagem do cotidiano – 4ª Edição, São Paulo. Editora Moderna. 2010.

39

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A equação acima está desbalanceada, pois temos nos reagentes (H2 e Cl2) dois átomos de cada
elemento, e no produto (HCl) somente uma molécula.

Exemplo de uma Equação Química equilibrada:

H2 + Cl2 → 2 HCl

Agora, a equação representada acima está balanceada, uma vez que a adição do coeficiente 2 nos
produtos que indica a existência de duas moléculas de ácido clorídrico (HCl). Esse número que antecede
o elemento, no caso o número 2, é chamado de coeficiente estequiométrico. A função desse coeficiente
é indicar a quantidade de cada substância que participa da reação.
Podemos saber praticamente tudo sobre uma reação química através de sua equação, ela pode
oferecer, por exemplo, as seguintes informações através de símbolos tais como:

Reação reversível ↔
Presença de luz λ
Calor ou aquecimento ∆
Formação de um precipitado ↓
Formação de gás ↑
Reação em meio aquoso (aq.)

A Equação Química pode ainda demonstrar o estado físico do átomo participante da reação, através
das letras respectivas entre parênteses:

Gás (g) Vapor (v) Líquido (l) Sólido (s) Cristal (c)

Tipos de Reações7

Reação de Síntese ou Adição


Na reação de síntese, uma substância composta é formada pela junção de duas ou mais substâncias
(simples ou compostas).
A+B→C

OBS: Essa reação se faz presente em flashes fotográficos descartáveis e foguetes sinalizadores.

Exemplo 1: Ao se queimar uma fita de magnésio, o oxigênio presente no ar reage com o magnésio da
fita, originando o óxido de magnésio.

2Mg(s) + 1 O2(g) → 2MgO(s)

Exemplo 2: Reação do óxido de cálcio com a água, produz o hidróxido de cálcio.

CaO + H2O → Ca(OH)2

Exemplo 3: As soluções aquosas de ácido clorídrico e hidróxido de amônio, liberam dois gases: o HCl
e o NH3. Se colocarmos estes dois gases em contato, eles gerarão uma névoa que é o cloreto de amônio.

HCl + NH3 → NH4Cl

Reação de Análise ou Decomposição


A reação de decomposição ou de análise é um dos tipos de reações químicas na qual determinado
composto se decompõe (“separa”), por ação espontânea se instável e não espontânea se estável, ao se
desfragmentar quimicamente, dá origem à pelo menos dois produtos diferentes.

2AB(s) → 2A(s) + B2(g)

7
THEODORE L. Brown, H. EUGENE LeMay, BRUCE E. Bursten. Química: A ciência central, São Paulo – SP: Editora Prentice-Hall, 2005. 9ª Edição. 992 pág.

40

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Nessa reação, um composto simples AB se decompõe em duas substâncias simples A e B. Os
símbolos subscritos (s, g) significam o estado de agregação das matérias envolvidas: sólido e gasoso,
respectivamente.

Exemplo: Ocorre na decomposição do NaCl em Sódio sólido e Cloro gasoso: como o NaCl é
extremamente estável, é necessário algum processo (geralmente eletroquímico) para que os átomos de
cada molécula-íon sejam separados.

Vários fatores podem causar a decomposição de um composto, entre eles, vamos destacar três:

Pirólise: quando algumas substâncias compostas são submetidas ao aquecimento, elas se


decompõem. Esse tipo de reação é chamada de pirólise, isto é, quebra de um composto por meio do
fogo.
Exemplo: esse tipo de reação ocorre na produção do bio-óleo ou alcatrão pirolítico, que é considerado
uma alternativa energética para os combustíveis derivados do petróleo. A vantagem do bio-óleo é que ele
não possui metais pesados como chumbo e mercúrio, que podem poluir o meio ambiente e contaminar
seres vivos; não possui enxofre, que sofre reações na atmosfera e gera as chuvas ácidas, e também
libera menos cinzas.
Outros exemplos de reações de decomposição pela ação do calor:

CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g)


2KClO3(s) → 2KCl(s) + 3O2(g)

Fotólise8: esse tipo de reação quando a luz causa a decomposição dos compostos.
Exemplo 1: A fotólise ocorre no processo fotossintético realizado pelos vegetais a fim de produzir
energia. A reação mais importante da fotossíntese é a fotólise da água, que ocorre na fase clara.

2H2O → O2 + 4H+ + 4e-

Exemplo 2: A água oxigenada (peróxido de hidrogênio), também está sujeita à fotólise, como
representada na equação química:

H2O2 (aq) →H2O (l) + 1/2O2 (g)

Eletrólise: Nas reações de eletrólise as substâncias se decompõem pela passagem de corrente


elétrica.

Reação de Simples Troca ou Deslocamento


Esse tipo de reação ocorre quando uma substância simples reage com uma composta originando
novas substâncias: uma simples e outra composta.

A + XY → AY + X

Exemplo: Quando uma lâmina de zinco é introduzida em uma solução aquosa de ácido clorídrico, vai
ocorrer a formação de cloreto de zinco e o gás hidrogênio vai ser liberado.

Zn (s) + 2 HCl (aq) → ZnCl2(aq) + H2 (g)

A reação é classificada como de deslocamento uma vez que o zinco “deslocou” o hidrogênio.

Reação de Substituição ou Dupla Troca


A reação de dupla troca ocorre quando dois reagentes reagem formando dois produtos, ou seja, se
duas substâncias compostas reagirem dando origem a novas substâncias compostas recebem essa
denominação.
AB + XY → AY + XB

8
SOUZA, Líria Alves De. "Tipos de Reações Químicas"; Brasil Escola.

41

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Importante: Para a ocorrência da reação de dupla troca, pelo menos uma das três condições abaixo
deve ocorrer:
- Formar-se pelo menos um produto insolúvel;
- Formar-se pelo menos um produto menos ionizado (mais fraco);
- Formar-se pelo menos um produto menos volátil.

Exemplo: a reação entre o ácido sulfúrico com hidróxido de bário produz água e sulfato de bário.

H2SO4 (aq) + Ba(OH)2(aq) → 2 H2O(l) + BaSO4(s)


O produto sulfato de bário: BaSO4(s) é um sal branco insolúvel.

Balanceamento das Reações Químicas

Segundo Dalton os átomos normalmente se conservam nas transformações químicas, mas nem
sempre uma equação é indicada de forma que isso fique aparente. Isso porque é preciso fazer um
"acerto", o balanceamento químico do número de átomos que constituem os reagentes e os produtos.
Falaremos um pouco sobre um tipo bem específico de balanceamento, aquele que é feito logo no
início, quando não se tem muita prática. Para melhor entendimento, recomendamos o uso de "bolinhas"
ou os símbolos criados por Dalton. Além de ilustrarem melhor a operação, elas ajudam a fixar a ideia logo
no início.

Vamos balancear a equação da formação da água. Tendo como reagentes uma molécula de
Hidrogênio com dois átomos e uma molécula de gás oxigênio também com dois átomos, precisamos
chegar à fórmula H2O.
Repare que sobra um átomo de oxigênio e para que ocorra o balanceamento, não pode haver sobra.
Por isso é preciso acrescentar outra molécula de Hidrogênio com dois átomos. Assim ao invés de uma,
serão produzidas duas moléculas de água. A equação balanceada ficaria da seguinte forma:

Repare que a soma dos átomos dos reagentes é igual ao número de átomos do produto. É isso que
confirma que a equação foi balanceada.

Confira outro exemplo: BaO + As2O5 → Ba3(AsO4)2

Neste caso ao invés de sobrar, faltam átomos de Bário e Oxigênio. Para isso é preciso acrescentar
moléculas de BaO até que a necessidade seja suprida, tomando cuidado para que não haja sobra.

Acrescentando mais duas moléculas de BaO, tudo se resolve. Basta transcrever os coeficientes das
fórmulas químicas na equação e pronto. Repare mais uma vez que o número de átomos se conserva.

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Fórmulas das Substâncias

As ciências se comunicam por meio de códigos. A música, por exemplo, utiliza símbolos para representar
os variados sons, e desta forma, uma partitura musical será acessível a qualquer músico do mundo. A
Química também possui os seus códigos e, sem dúvida, os mais importantes são os símbolos dos elementos
químicos e as fórmulas das substâncias.
No caso da substância água, foi verificado experimentalmente que:
- A água era formada pelos elementos químicos hidrogênio e oxigênio.
- Em qualquer quantidade de água, os átomos de hidrogênio e oxigênio estavam combinados na
proporção de 2:1, respectivamente.

Em função destas observações, concluiu-se que a água passou a ser representada pela fórmula H2O.

H2O1 ou H2O

Onde os números 1 e 2, denominados de índice, indicam a quantidade de átomos de cada elemento


químico. Normalmente, o índice 1 não precisa ser escrito.

Balanceamento das Equações Químicas por Oxirredução

Como nas reações de oxirredução ocorre transferência de elétrons, para balanceá-las devemos igualar
o número de elétrons perdidos e recebidos. Para isso, devemos inicialmente determinar o número de
elétrons perdidos ou recebidos para cada espécie química, que corresponde à variação do Nox (ΔNox =
diferença do Nox inicial para o final).
Com base nesse conhecimento, vamos determinar a quantidade necessária de cada espécie para
obter a igualdade do número de elétrons.

Regras para realizar o balanceamento das equações por oxirredução


O balanceamento tem como fundamento que o total de elétrons cedidos pelo redutor seja IGUAL ao
total de elétrons recebidos pelo oxidante.

1º) Determinar, na equação química, os valores de todos os Nox e verificar qual espécie se oxida e
qual se reduz, analisando os valores dos Nox dos elementos nos reagentes e nos produtos.

2º) Escolher entre as espécies que sofrem redução e oxidação uma delas para iniciar o balanceamento.

3º) Calcular os Δoxid e Δred.


Δoxid = número de elétrons perdidos x atomicidade do elemento (número de átomos desse elemento
presente na fórmula).
Δred = número de elétrons recebidos x atomicidade do elemento.

4º) Se possível, os Δoxid e Δred podem ser simplificados. Exemplificando:


Δoxid = 4 Δred = 2, resumindo: Δoxid = 2 Δred = 1

5º) Para igualar os elétrons nos processos de oxidação e redução:


O Δoxid se torna o coeficiente da substância que contém o átomo que se reduz.
O Δred se torna o coeficiente da substância que contém o átomo que se oxida.

6º) Os coeficientes das demais substâncias são determinados por tentativas, baseando-se na
conservação dos átomos.

Exemplo1: Uma lâmina de alumínio (Al) foi mergulhada numa solução aquosa de sulfato de cobre
(CuSO4), ocorrendo a formação de cobre metálico (Cu) e de sulfato de alumínio [Al2(SO4)3].

43

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A reação esquematizada acima pode ser representada, na forma iônica, da seguinte maneira:

Al(s) + Cu2+(aq) →Al3+(aq) + Cu(s)

Primeiramente, devemos determinar o Nox de cada espécie e suas variações da seguinte maneira:

O Al perde 3 e– ΔNox = 3 (de 0 até 3)


O Cu2+ recebe 2 e– ΔNox = 2 (2 até 0)

A seguir devemos igualar o número de elétrons:


1 átomo de Al perde 3 e–→ 2 átomos de Al perdem 6 e–
1 íon de Cu2+ recebe 2 e– →3 íons de Cu2+ recebem 6 e–
Esses números de átomos correspondem aos coeficientes dessas espécies; a partir deles são
determinamos os coeficientes das outras espécies, obtendo a equação balanceada:

2Al(s) + Cu2+ (aq)→ 2 Al3+ (aq) + 3 Cu(s)

Exemplo 2: Quando uma solução aquosa de permanganato de potássio (KMnO 4), de cor violeta, é
tratada com ácido clorídrico (HCl), ela sofre uma descoloração, ou seja, torna-se incolor.
A reação pode ser esquematizada da seguinte maneira:

KMnO4 + HCl→ KCl + MnCl2 + Cl2 + H2O

Primeiramente, determinamos a variação do Nox (ΔNox) de cada elemento:

Todo o manganês (Mn) presente no KMnO4 sofreu redução, originando o MnCl2:

O cloro contido no HCl da origem ao KCl, MnCl2 e Cl2. Entretanto, apenas uma parte dos seus átomos
oxidou-se, originando o Cl2:

Associando o ΔNox com a quantidade de Cl2 formada, observamos que cada elemento cloro que forma
Cl2 perde 1 elétron; como são necessários 2 cloros para formar cada Cl2, nessa formação foram perdidos
2 elétrons. Assim, temos:
KMnO4 (de 7 até 2) = ΔNox = 5;
Cl2 (de -1 até 0) = 2 ΔNox = 2.

Agora iremos determinar os coeficientes para cada espécie em que houve variação do Nox, sabendo
que isso pode ser feito simplesmente atribuindo o ΔNox de uma espécie como coeficiente da outra
espécie. Assim, temos:
KMnO4 = ΔNox = 5 ⇒ 5 será o coeficiente do Cl2;
Cl2 = 2 ΔNox = 2 ⇒ 2 será o coeficiente do KMnO4.

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Conhecendo os coeficientes do KMnO4 e do Cl2, podemos determinar os outros pelo método das
tentativas, e teremos a equação balanceada:

2KMnO4 + 16HCl → 2KCl + 2MnCl2 + 5Cl2 + 8H2O

Velocidade da Equação Química

A velocidade das reações químicas é alterada principalmente por variações na superfície de contato,
na concentração dos reagentes, na temperatura e pelo uso de catalisadores. É uma área estudada pela
Cinética Química. Esse estudo é importante porque é possível encontrar meios de controlar o tempo de
desenvolvimento das reações, tornando-as mais lentas ou mais rápidas, conforme a necessidade.
Alguns dos fatores que interferem na velocidade das reações são:
- Temperatura: um aumento na temperatura provoca um aumento na velocidade das reações
químicas, sejam elas endotérmicas ou exotérmicas, pois isso faz com que se atinja mais rápido o
complexo ativado.
- Concentração: um aumento na concentração dos reagentes acelera a reação, pois haverá um maior
número de partículas dos reagentes por unidade de volume, aumentando a probabilidade de ocorrerem
colisões efetivas entre elas.
- Pressão: esse fator interfere unicamente em sistemas gasosos. O aumento da pressão aumenta
também a rapidez da reação, pois deixa as partículas dos reagentes em maior contato.
- Superfície de contato: quanto maior a superfície de contato, maior a velocidade com que a reação
se processa, pois, conforme explicado nos dois últimos itens, a reação depende do contato entre as
substâncias reagentes.
- Catalisador: o uso de catalisadores específicos para determinadas reações pode acelerá-las. Essas
substâncias não participam da reação em si, pois são totalmente regeneradas ao final dela.

Questões

01. (FURRN-adaptado/2015) No filme fotográfico, quando exposto à luz, ocorre a reação:

2 AgBr →2 Ag + Br2

Essa reação pode ser classificada como:


(A) pirólise.
(B) eletrólise.
(C) fotólise.
(D) síntese.
(E) simples troca

02. Assinale a alternativa que corretamente completa a frase a seguir:


“Reações de análise ou decomposição são aquelas em que um único reagente transforma-se em dois
ou mais produtos, sendo que, algumas recebem nomes especiais: a reação de ____ ocorre mediante
decomposição provocada pelo calor; reação de ______ocorre mediante decomposição provocada pela
luz; e reação de ______ ocorre mediante decomposição provocada pela passagem da corrente elétrica.”
(A) síntese – deslocamento – dupla troca
(B) adição – simples troca – deslocamento
(C) pirólise – eletrólise – fotólise
(D) pirólise – fotólise – eletrólise
(E) fotólise – pirólise – eletrólise

03. (UFRJ) A reação que representa a formação do cromato de chumbo II, que é um pigmento
amarelo usado em tintas, é representada pela equação:

Pb(CH3COO)2 + Na2CrO4 → PbCrO4 + 2 NaCH3COO

Que é uma reação de:


(A) oxirredução
(B) dupla troca
(C) síntese
45

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(D) deslocamento
(E) decomposição

04. (Mackenzie/SP)
I. SO3 + H2O → H2SO4
II. H2 + 1/2 O2 → H2O

Das sínteses expressas pelas equações acima, realizadas em condições adequadas, é INCORRETO
afirmar que:
(A) na reação I tanto os reagentes como o produto são substâncias compostas.
(B) na síntese da água, o balanceamento da equação está incorreto.
(C) na reação I forma-se um ácido.
(D) a soma dos menores coeficientes inteiros do balanceamento na equação I é igual a 3.
(E) na reação II os reagentes são substâncias simples.

05. (Mackenzie/SP) A equação corretamente balanceada é:


(A) 2 Fe + O2 → Fe2O3
(B) 2 Fe + 3O2 → 2 Fe2O3
(C) 4 Fe + O2 → Fe2O3
(D) Fe + 3 O2 → Fe2O3
(E) 4 Fe + 3 O2 → 2 Fe2O3

06. (UEPA) Considerando-se a equação química não balanceada:

Mg + HCl → MgCl2 + H2

E admitindo-se, num balanceamento, o coeficiente 6 (seis) para cada produto, o coeficiente de cada
reagente será, respectivamente:
(A) 3 e 6
(B) 6 e 6
(C) 6 e 12
(D) 12 e 6
(E) 12 e 12

07. (UFMG/MG) Considere as seguintes equações:


I.HCℓ + NaOH → NaCℓ + H2O
II.H2 + ½ O2 → H2O
III.SO3+ H2O → H2SO4

Ocorre oxirredução apenas em:


(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e III.
(E) II e III.

08. (Cesgranrio/RS) Observe a reação:

SnCl2 + 2 HCl + H2O2 → SnCl4 + 2 H2O

A partir dela, podemos afirmar corretamente que:


(A) o Sn e o Cl sofrem oxidação.
(B) o Sn sofre oxidação, e o O, redução.
(C) o Sn sofre oxidação, e HCl, redução.
(D) a H2O2 sofre redução, e o Cl, oxidação.
(E) a H2O2 sofre oxidação, e o Sn, redução.

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Gabarito

01. C / 02. D / 03. B / 04. B / 05. E / 06. C / 07. B / 08. B

Comentários

01. Resposta: C
Como foi explicado, a fotólise é a decomposição dos compostos que é causada pela luz.

02. Resposta: D
A reações de decomposição causadas por calor, luz e corrente elétrica são respectivamente pirólise,
fotólise e eletrólise.

03. Resposta: B
Como dois reagentes formam dois produtos diferentes, essa equação é classificada como de dupla
troca.

04. Resposta: B
O balanceamento está feito de maneira correta, logo a afirmação que diz que o balanceamento está
incorreto, é a incorreta.

05. Resposta: E
(A) 2 Fe + O2 → Fe2O3
Nesse balanceamento, temos 2 átomos de oxigênio no primeiro membro e 3 no segundo membro.
(B) 2 Fe + 3O2 → 2 Fe2O3
Nesse balanceamento, temos 2 átomos de ferro no primeiro membro e 4 no segundo membro.
(C) 4 Fe + O2 → Fe2O3
Nesse balanceamento, temos 4 átomos de ferro no primeiro membro e 2 no segundo membro. Além
disso, temos 2 átomos de oxigênio no primeiro membro e 3 no segundo membro.
(D) Fe + 3 O2 → Fe2O3
Nesse balanceamento, temos 1 átomo de ferro no primeiro membro e 2 no segundo membro. Além
disso, temos 6 átomos de oxigênio no primeiro membro e 3 no segundo membro.
(E) 4 Fe + 3 O2 → 2 Fe2O3
Correto. Há 4 átomos de ferro e 6 átomos de oxigênio nos dois membros.

06. Resposta: C
Colocando o coeficiente 6 nos produtos, ficamos com:
Mg + HCl → 6 MgCl2 + 6 H2

Temos seis átomos de magnésio, então esse será seu coeficiente no reagente:
6 Mg + HCl → 6 MgCl2 + 6 H2

Temos doze átomos de cloro e doze átomos de hidrogênio nos produtos (multiplicamos o índice 2 pelo
coeficiente 6), então, o coeficiente de HCl no reagente será 12:
6 Mg + 12 HCl → 6 MgCl2 + 6 H2

Portanto, o coeficiente de cada reagente é, respectivamente, 6 e 12.

07. Resposta: B
Sabemos que somente na equação II ocorre oxirredução porque somente nela há transferência de
elétrons. Isso é visto pelo Nox:

+1 -1 +1 -2+1 +1 -1 +1 -2
I.HCℓ + NaOH → NaCℓ + H2O (Não houve alteração no Nox dos elementos, portanto, não houve
oxirredução).

0 0 +1 -2
II.H2 + ½ O2 → H2O

47

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Observe que o hidrogênio oxidou (perdeu elétrons, seu Nox diminuiu), pois ele transferiu elétrons para
o oxigênio, que reduziu.

+6-2 +1 -2 +1+6-2
III.SO3+ H2O → H2SO4 (Não houve alteração no Nox dos elementos, portanto, não houve oxirredução).

08. Resposta: B
Observe os Nox:
+2 -1 +1 -1 +1 -1 +4 -1 +1 -2
SnCℓ2 + 2 HCℓ + H2O2 →SnCℓ4 + 2 H2O
O Nox do Sn aumentou de +2 para +4, o que significa que ele sofreu oxidação. Já o Nox do O diminuiu
de -1 para -2, o que significa que ele sofreu redução.

Representação das transformações químicas

ESTEQUIOMETRIA

A estequiometria ou cálculo estequiométrico é de grande importância em nosso cotidiano. Toda a


reação química que ocorre seja na cozinha de nossas casas, em laboratórios ou nas indústrias segue
uma “receita” nas condições preestabelecidas. Assim, esse cálculo, permite determinar a quantidade de
compostos que reagem (em mols, massa, volume, etc.) e as quantidades de novos compostos
produzidos.
Nesse estudo explicaremos como as reações são dependentes dos compostos envolvidos e quanto
de cada composto é necessário e formado. E para facilitar sua compreensão iniciaremos com as fórmulas
químicas, em seguida as reações e pôr fim a aplicação de vários tipos de cálculos estequiométricos.

Determinação de Fórmulas Químicas

Fórmula Percentual (Centesimal)


A fórmula percentual indica a porcentagem, em massa, de cada elemento que constitui a substância.
Uma forma de determinar a fórmula percentual é partir da fórmula molecular da substância, aplicando os
conceitos de massa atômica e massa molecular.
Exemplo: sabendo que a fórmula molecular do metano é CH4 e que as massas atômicas do carbono
e do hidrogênio são, respectivamente, 12 e 1, temos:

Assim, na massa molecular igual a 16, o carbono participa com 12 e o hidrogênio com 4.

Desse modo, temos: C75% H25%

Fórmula Mínima ou Empírica


A fórmula mínima indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos elementos
que constituem uma substância.
Para calcular a fórmula mínima, é necessário:
a) Calcular o número de mol de átomos de cada elemento;
b) Dividir os resultados pelo menor valor encontrado.

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Exemplo: Uma amostra apresenta 2,4g de carbono e 0,6g de hidrogênio (Dados: massas atômicas: C
= 12, H = 1). Para determinar a fórmula mínima do composto, devemos inicialmente calcular o número de
mol (n) de átomos de cada elemento.

Posteriormente devemos determinar as menores proporções possíveis, em números inteiros:

Assim, a fórmula mínima é CH3.

Fórmula Molecular
A fórmula molecular indica o número real de átomos de cada elemento na molécula.
Exemplo: A fórmula molecular da água é H2O, o que significa que em cada molécula de água há dois
átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio. Já no caso do benzeno, a sua fórmula molecular
é C6H6, ou seja, para cada seis átomos de carbono há exatamente seis átomos de hidrogênio ligados.
Citamos esses dois exemplos para mostrar que algumas vezes a fórmula molecular é igual à fórmula
mínima ou empírica, como acontece no caso da água. Mas, isso nem sempre é verdade, como indica o
exemplo do benzeno, que possui fórmula mínima igual a CH, pois a proporção entre esses elementos é
de 1:1.
Em certos casos, a fórmula molecular é igual à fórmula mínima, em outros a fórmula molecular é um
múltiplo inteiro da fórmula mínima, sendo que no caso do benzeno esse múltiplo é igual a 6:

Fórmula molecular = (fórmula mínima) n

Onde n é sempre um número inteiro.

Para determinarmos a fórmula molecular de qualquer composto é necessário sabermos primeiro a sua
massa molecular. Com esse dado podemos calcular a fórmula molecular de várias maneiras. Vejamos
algumas delas:
1. Por meio da fórmula mínima;
2. Por meio da fórmula percentual;
3. Relacionando a porcentagem em massa com a massa molecular.

1º Exemplo: A partir da porcentagem em massa, calculando a fórmula mínima.


Vitamina C (massa molecular = 176)

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Para que os valores encontrados sejam inteiros, deve-se multiplicá-los por um mesmo número que
permita obter a menor proporção de números inteiros. Nesse exemplo, o número adequado é 3. Assim:

Fórmula mínima: C3H4O3

A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

Logo, temos que:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6

2º Exemplo: Relacionando as porcentagens em massa com a massa molecular do composto.


C = 40,9%
H = 4,55%
O = 54,6%

MM = 176 Considerando que sua fórmula molecular seja: CxHyOz,

Agora iremos relacionar as porcentagens em massa com as massas atômicas e a massa molecular:

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Fórmula molecular: C6H8O6

A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6

Unidade de Massa Atômica

Para a prática das atividades laboratoriais e industriais é necessário que seja realizado um cálculo
prévio das quantidades de reagentes que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos.
Entretanto, a previsão das quantidades só é possível através de cálculos das massas e dos volumes
das substâncias envolvidas nas reações químicas. Assim, muitas vezes é necessário determinar também
o número de átomos ou de moléculas das substâncias que reagem ou são produzidas. Para tal é preciso
conhecer a massa dos átomos.
Uma vez que os átomos ou moléculas são muito pequenos para serem “pesados” isoladamente, foi
estabelecido um padrão para comparar suas massas.
A massa atômica é a massa de um átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada
por “u”. 1 u equivale a um doze avos (1/12) da massa de um átomo de carbono-12 (isótopo natural do
carbono mais abundante que possui seis prótons e seis nêutrons, ou seja, um total de número de massa
igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054x10-24 g.

Massa Atômica (MA)

A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em u, ou seja, é a massa comparada com
1/12 da massa do 12C.
As massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas experimentalmente com grande
precisão, usando um aparelho denominado espectrômetro de massa.
Para facilitar os cálculos não é necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um
“arredondamento” para o número inteiro mais próximo:
Exemplos:
Massa atômica do 42He 4,0030u → 4u
19
Massa atômica do 9F 18,9984u → 19u
Massa atômica do 27
13A𝑙 26,9815u → 27u

Massa Atômica de um Elemento


É a média ponderada das massas atômicas dos átomos de seus isótopos constituintes.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37Cl, na proporção:

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35
Cl = 75,4% MA = 34,997u
37
Cl = 24,6% MA = 36,975u

MA do elemento Cl = 35,453

Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente igual ao seu número de massa, a massa
atômica de um elemento é aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa de seus
isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada do cloro será:

MA do elemento Cl:

Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a 35,5u podemos afirmar que:
- Massa média do átomo de Cl = 35,5u
- Massa média do átomo de Cl = 35,5 x massa de 1/12 do átomo de 12C.
- Massa média do átomo de Cl = (35,5/ 12) x massa do átomo de 12C,

Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; esse é o valor médio da massa do
átomo de 12C.
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes isótopos, em proporção constante. Essa
proporção varia de um elemento para outro, mas para um mesmo elemento é constante. Dessa maneira,
a massa atômica dos elementos é também constante.
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômica do seu único isótopo será também a
massa atômica do elemento.
Exemplo: Elemento químico flúor
19
F⇒ MA=19u

Veja no quadro abaixo o resumo das informações importantes adquiridas até o momento:

1) Massa atômica (MA) = massa de um átomo em unidades u.


2) Unidade de massa atômica (u): 1/12 massa do 12C, que possui 12,0 u.
3) mpróton≅ mnêutron≅1u
4) Número de massa (A) e Massa atômica, para um dado isótopo, são valores praticamente iguais.
5) A massa atômica de um elemento químico é a média ponderada das massas atômicas dos seus
isótopos.

Massa Molecular (MM)

A massa molecular de uma substância é a massa da molécula dessa substância expressa em unidades
de massa atômica (u).
Numericamente, a massa molecular é igual à soma das massas atômicas de todos os átomos
constituintes da molécula.
Exemplos:
- H2 ⇒ H = 1u, como são dois hidrogênios = 2u
- O = 16u
- H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u

Mol e Constante de Avogadro

Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:


- Mol é a unidade de quantidade de matéria.
- Mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades elementares quantos são os átomos de
12
C com tidos em 0,012Kg de 12C.
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12 12
- Constante de Avogadro é o número de átomo de C contidos em 0,012Kg de C. Seu valor é
6,02x1023 mol-1.

Exemplos:
- Um mol de átomos são 6,02x1023 átomos.
- Um mol de moléculas são 6,02x1023 moléculas.
- Um mol de elétrons são 6,02x1023 elétrons.
- Um mol de prótons são 6,02x1023 prótons.
- Um mol de íons são 6,02x1023 íons.
- Um mol de fórmulas são 6,02x1023 fórmulas.
- Um mol de oxigênio (O) significa um mol de átomos de O, isto é, 6,02x1023 átomos de C.
- Um mol de cloro (Cl2) significa um mol de moléculas de Cl2, isto é, 6,02x1023 moléculas de Cl2.

Massa Molar (M)

A massa molar de um elemento é a massa de um mol de átomos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse
elemento. A unidade mais usada para a massa molar é g.mol-1.
Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua massa atômica.

Exemplos:
1) Massa atômica do Cl=35,453u.
Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.
Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023
átomos do elemento Cl pesam 35,453 gramas.

2) Massa atômica da água, H2O = 18u.


Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 moléculas de H2O pesam 18,0 gramas.

Importante:
MM = massa molecular (unidades u)
M = Massa molar (g/mol)

Volume Molar
Conforme o próprio nome indica, o volume molar corresponde ao volume ocupado por um mol da
espécie química.

Exemplo:
Água no estado líquido (d=g/ml) a 25°C.
Massa molar=18g/mol.

O cálculo do volume molar poderá ser realizado através da proporção:


d=1,0g/mL

1,0 mL---------1g
V----------------18g

V=18mL

Para Gases Ideais nas CNTP, o volume molar vale 22,4L/mol.


1mol Gás Ideal (CNTP) → V=22,4L

Cálculos Estequiométricos

O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa reação química é chamado de cálculo
estequiométrico - palavra derivada do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = medida. São
cálculos que envolvem proporções de átomos em uma sustância ou que relacionam-se com proporções
de coeficientes de uma equação química.

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As bases para o estudo da estequiometria das reações químicas foram lançadas por cientistas que
conseguiram expressar matematicamente as regularidades que ocorrem nas reações químicas, através
das Leis das Combinações Químicas.
Essas leis foram divididas em dois grupos:
- Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de uma reação.

Lei Volumétrica
O físico e químico Gay-Lussac, teve suas contribuições na química, e uma delas é a lei da combinação
de volumes, que é também conhecida como lei volumétrica, que define o princípio de que nas mesmas
condições de temperatura e pressão, os volumes dos gases participantes de uma reação têm entre si
uma relação de números inteiros e pequenos.

Lei de Gay-Lussac:
Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma
reação química têm entre si uma relação de números inteiros e pequenos.

Conduta de Resolução
Conforme observado nos itens acima, na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função
da lei de Proust e Gay-Lussac, neste caso para reações envolvendo gases e desde que estejam todos
nas mesmas condições de pressão e temperatura.
Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devidamente balanceados, e, a partir deles,
estabelecer a proporção em mols dos elementos ou substâncias da reação.
Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O


Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculos, envolvendo os reagentes e/ou


produtos dessa reação, combinando as relações de várias maneiras:

Tipo de relação 1 C2H6O (l) + 3O2 (g) → 2CO2(g) + 3H2O (l)


Proporção em mols 1 mol 3 mols 2 mols 3 mols
Em massa 1.46 g 3.32g 2.44 g 3.18g
Em moléculas 6,0.1023 3. 6,0.1023 2. 6,0.1023 3. 6,0.1023
Em volume (CNTP) é liquido 3.22,4 L 2.22,4 L é liquido

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que,
após o acerto, ela apresenta significado quantitativo;
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve
obedecer aos coeficientes da equação química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols,
em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros, conforme dados do problema.

Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação quantidade Relação entre quantidade Relação entre Massa Relação entre Massa
em Mols em Mols e Massa e Massa e Volume
Os dados do problema são
Os dados do problema Os dados do problema Os dados do problema
expressos em termos de
e as quantidades e as quantidades são expressos em
quantidade em mols (ou
incógnitas pedidas são incógnitas pedidas são termos de massa e a
massa) e a quantidade
expressos em termos expressos em termos quantidade incógnita é
incógnita é pedida em massa
de quantidade em mols. de massa. pedida em volume
(ou quantidade em mols).

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Em Relação entre a Massa e o Volume: caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se
calcular a quantidade em mols do gás e, a seguir, através da equação de estado, determinar o volume
correspondente.
A resolução de problemas que envolvem a estequiometria será facilitada se obedecer, inicialmente
à seguinte sequência:
1º) Escreva a equação envolvida;
2º) Acerte os coeficientes da equação (ou equações). Lembre-se: equação balanceada: coeficiente
= número de mols;
3º) Destaque, na equação química, a(s) substância(s) envolvida(s) nos dados e a(s) pergunta(s) do
problema;
4º) Abaixo das fórmulas, escreva a relação molar e transforme-a segundo os dados do exercício
(mol, gramas, número de átomos ou moléculas, volume molar).

Relação em Massa
Os dados do problema e as quantidades de incógnitas pedidas são expressos em termos de massa.
Exemplo:
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual a massa de NH3 obtida quando se reagem totalmente 3g de
H2?

Resolução:

a) Proporção de quantidade de matérias


3mols de H2 –––––––– 2mols de NH3

b) Regra de três
3 . 2g de H2 –––––––– 2 . 17g de NH3
3g de H2 –––––––– x
x = 102/6 = 17g de NH3

Relação Massa Volume


Basta lembrar que 1 mol de qualquer gás, a 0ºC e 1 atm., ocupa o volume de 22,4 litros.
Exemplo:
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual o volume de N2, a 0ºC e 1 atm., obtido quando se reagem
totalmente 3g de H2?

Resolução:
a) Proporção em mol
1mol de N2 –––––––– 3mols de H2

b) Regra de três
22,4L de N2 –––––––– 3 . 2g de H2
x –––––––– 3 de H2
x = 22,4/2 = 11,2L

Relação Massa - Nº Moléculas


Na reação gasosa N2 + H2 --------- NH3, qual o número de moléculas de NH3 obtido, quando se reagem
totalmente 18g de H2?
Acerte os coeficientes da equação: 1N2 +3H2 --------2NH3.
Veja os dados informados (18g de H2) e o que está sendo solicitado (número de moléculas de NH3) e
estabeleça uma regra de três.

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Cálculos Envolvendo Excesso de Reagente

Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de dois reagentes, precisamos verificar qual
deles estará em excesso, após terminada a reação. As quantidades de substâncias que participam da
reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da equação. Se a quantidade de reagente
estiver fora da proporção indicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que se
encontra de acordo com a proporção. A parte que estiver a mais não reage e é considerada excesso.
Por outro lado, o reagente que for totalmente consumido (o que não estiver em excesso) pode ser
denominado de reagente limitante porque ele determina o final da reação química no momento em que
for totalmente consumido.

Exemplo: Consideremos o caso da combustão do álcool.


Uma massa de 138g álcool etílico (C2H6O) foi posta para queimar com 320g de oxigênio (O2), em
condições normais de temperatura e pressão. Qual é a massa de gás carbônico liberado e o excesso de
reagente, se houver?

Resolução:
A reação balanceada é dada por:

Só de analisarmos os dados, vemos que a massa de oxigênio é proporcionalmente maior que a do


álcool, assim o oxigênio é o reagente em excesso e o álcool etílico é o reagente limitante.
Calculando a massa de gás carbônico formado a partir da quantidade do reagente limitante:

Obs.: A massa de oxigênio em excesso é determinada de forma análoga:


46g de C2H6O ------------ 96 O2
138g de C2H6O ------------x
x = 288 g de O2

A massa em excesso é a diferença da massa que foi colocada para reagir e a que efetivamente reagiu:

320g - 288g = 32 g

Cálculos Envolvendo Reagente Limitante

O reagente que é totalmente consumido é chamado reagente limitante. Assim que ele é consumido,
não se forma mais produto, ou seja, a reação termina. Os demais reagentes são chamados reagentes
em excesso. Após o término da reação, sobra uma certa quantidade dos reagentes em excesso: é a
quantidade inicial menos a quantidade que reagiu.
Para descobrir qual é o reagente limitante, imagine a reação hipotética a seguir: A + B → produtos,
onde A e B são os reagentes.
Se a questão fornece quantidades de A e B usadas na reação, como descobrir qual deles é totalmente
consumido?
- escolher um dos reagentes (A, por exemplo) e supor que ele é o limitante;
- calcular, usando regra de três, a quantidade de B necessária para consumir completamente o
reagente A;
- se essa quantidade encontrada de B for suficiente (menor do que a quantidade de B dada no
enunciado), então o reagente A é o limitante. Caso contrário, a suposição inicial estava errada e o outro
reagente (B) é o limitante.

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Veja a resolução do exercício de revisão para ficar mais claro. Assim que for encontrado qual é o
reagente limitante, os cálculos estequiométricos devem ser feitos usando apenas a quantidade do
limitante, pois é ele que é totalmente consumido.
Além disso, problemas de reagente limitante são mais fáceis de se resolver com as quantidades em
mol, em vez de massa ou volume gasoso. Na dúvida, passe as quantidades para mol e trabalhe com elas.

Exemplos:

1) Zinco e enxofre reagem para formar sulfeto de zinco de acordo com a seguinte reação:

Reagiu 30g de zinco e 36g de enxofre. Qual é o regente em excesso?

Balancear a reação química:


Dados:
Zn = 30g
S = 36g
Transformar a massa de gramas para mol:

Pela proporção da reação 1mol de Zn reage com 1mol de S.

Então 0,46mol de Zn reage com quantos mols de S?

Pode ser feita uma regra de três para verificar qual regente está em excesso:

Então 1mol de Zn precisa de 1mol de S para reagir. Se temos 0,46mol de Zn, precisamos de 0,46mol
de S, mas temos 1,12mol de S. Concluímos que o S está em excesso e, portanto o Zn é o regente
limitante.

2) Quantos gramas de ZnS será formado a partir dos dados da equação acima?
Para resolver esta pergunta, utiliza-se somente o valor do reagente limitante.

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x = 44,68g de ZnS

Cálculo de Rendimento

É comum, nas reações químicas, a quantidade de produto ser inferior ao valor esperado. Neste caso,
o rendimento não foi total. Isto pode acontecer por várias razões, como por exemplo, má qualidade dos
aparelhos ou dos reagentes, falta de preparo do operador, etc.
O cálculo de rendimento de uma reação química é feito a partir da quantidade obtida de produto e a
quantidade teórica (que deveria ser obtida).
Quando não houver referência ao rendimento de reação envolvida, supõe-se que ele tenha sido de
100%.

Exemplo:
Num processo de obtenção de ferro a partir do minério hematita (Fe2O3), considere a equação química
não balanceada:

Utilizando–se 480g do minério e admitindo-se um rendimento de 80% na reação, a quantidade de ferro


produzida será de:
Equação Balanceada: Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO
Dados: 1Fe2O3 = 480g
2Fe = x (m) com 80% de rendimento
MM Fe2O3 = 160g/mol
MM Fe = 56g/mol

x = 336g de Fe

Cálculo de Rendimento:

x = 268,8g de Fe

Cálculos Envolvendo Pureza

Com frequência as substâncias envolvidas no processo químico não são puras. Assim, podemos
esquematicamente dividir uma amostra em duas partes: a parte útil e as impurezas.

- Parte útil ou parte pura: reage no problema → p%


- Impurezas: não reagem no processo do problema → i%

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Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à parte pura, supondo que as impurezas não
participam da reação. Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura e a massa total
da amostra (substância impura).

Exemplo:
Considerando a reação balanceada

Qual a massa de cloreto ferroso obtida quando 1100g de sulfeto ferroso, com 80% de pureza, reagem
com excesso de ácido clorídrico? (Fe = 56u; S = 32u; H = 1u; Cl = 35,5u).

A informação sobre o ácido clorídrico é desnecessária, pois não vamos utilizá-lo em nossos cálculos,
já que temos apenas a massa de sulfeto ferroso posta para reagir. Por outro lado, sabemos que o sulfeto
ferroso está com impurezas. Vamos então calcular qual a massa deste reagente puro.

1100g de FeS ________ 100%


x _____________ 80%

x = 880g de FeS puro.

Agora sim podemos utilizar as proporções molares para encontrar a massa de cloreto ferroso formada na
reação.
1 mol de FeS _______ 1 mol de FeCl2
88g de FeS ____________ 127g de FeCl2
880g de FeS _______________ y
y = 111760/88

y = 1270g de FeCl2

Sistema em que o Rendimento não é Total


Quando uma reação química não produz as quantidades de produto esperadas, de acordo com a
proporção da reação química, dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma reação é o
quociente entre a quantidade de produto realmente obtida e a quantidade esperada, de acordo com a
proporção da equação química.

Mediante aos exemplos acima, foi possível observar que os procedimentos para resolver exercícios
de Cálculo Estequiométrico, devem seguir os seguintes passos:
A) Escrever a equação da reação química;
B) Acertar os coeficientes (fazer o balanceamento = igualar o número de átomos);
C) Obter a Proporção em Mols através dos coeficientes estequiométricos.

Questões

01. Nos garimpos, utiliza-se o mercúrio para separar o ouro das impurezas. Quando o mercúrio entra
em contato com a água dos rios, causa uma séria contaminação: é absorvido por micro-organismos, que
são ingeridos pelos peixes pequenos, os quais são devorados pelos peixes grandes usados na
alimentação humana. Uma das formas de medir o grau de intoxicação por mercúrio nos seres humanos
é a determinação da sua presença nos cabelos. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estabeleceu
que o nível máximo permissível, sem risco para a saúde, é de 50 x l0–6 g de mercúrio, por grama de
cabelo. Nesse sentido, pode-se afirmar que essa quantidade de mercúrio corresponde a: (Massa atômica:
Hg = 200) (nº de Avogadro = 6,0 x l0–23)
(A) 1,5 x 1017 átomos de Hg
(B) 1,5 x 1023 átomos de Hg
(C) 2,5 x 106 átomos de Hg
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(D) 150 bilhões de átomos de Hg
(E) 200 milhões de átomos de Hg

02. (UF/MG) A nitroglicerina é uma substância explosiva, sendo a reação química que representa sua
explosão dada a seguir.

C3H5(NO3)3(1) →3/2 N2(g) + 3 CO2(g) + 5/2 H2O(g) + 1/4 O2(g)

Dados:
• Volume molar: 22,4 L/mol
• Massa molar: C3H5(NO3)3 = 227 g/mol; N2 = 28 g/mol

A explosão de 2 mols de nitroglicerina produz:


(A) 12 mols de gases.
(B) 42 g de gás nitrogênio.
(C) 67,2 L de dióxido de carbono, nas CNTP (P = 1 atm e t = 0ºC).
(D) 3 × 1023 moléculas de O2(g).

03. (UFF/RJ) Alguns óxidos de nitrogênio, dentre os quais N2O, NO, NO2, N2O3 e N2O5, podem ser
detectados na emissão de gases produzidos por veículos e, também, por alguns processos para
fabricação de fertilizantes. Tais óxidos contribuem para tornar o ar muito mais poluído nos grandes
centros, tornando-o nocivo à saúde. Dentre os óxidos citados, o que apresenta maior percentual de N é:
(A) NO
(B) NO2
(C) N2O
(D) N2O3
(E) N2O5

Gabarito

01. A/ 02. D / 03. C

Comentários

01. Resposta: A
200 g------------------6,0 x1023-átomos de Hg
50.10-6 g----------------x
X=1,5 x 1017 átomos de Hg

02. Resposta: D
C3H5(NO3)3(L) → 3\2 N2(g) + 3CO2(g) + 5\2 H2O(g) + 1\4 O2(g)
1mol ----------------------------------------------------------- 1/4 mol
2mol ------------------------------------------------------------x
x = 0,5 mol de O2
Como:
1 mol ------------- 6.10²³ moléculas
0,5 ------------------x
x = 3.10²³ moléculas de O2

03. Resposta: C
Massas molares NO=30g
NO2=46g
N2O=44g
N2O3=76g
N2O5=108g

Porcentagem de N

NO
60

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30g-------100%
14g--------x
x=46.6%

NO2
46g--------100%
14g----------x
x=30.4%

N2O
44g---------100%
28g-----------x
x=63.6%
N2O3
76g---------100%
28g-----------x
x=36.8%

N2O5
108g-------100%
28g-----------x
x=25.9%
Logo o óxido que possui mais N é o N2O

Materiais, suas propriedades e usos

MATÉRIA E ENERGIA

Matéria: tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço e, desse modo, possui volume. Podemos
citar como exemplos de matéria a madeira, o ferro, a água, o ar e tudo o mais que imaginemos dentro da
definição acima. A ausência total de matéria é chamado de vácuo.

Substância: é uma composição de apenas um tipo de molécula ou átomo. A substância pode ser
simples ou composta.
Substância simples é aquela constituída por um único tipo de constituinte. Ex.: o ferro, contendo
somente átomo de ferro; o gás oxigênio (O2), contendo só átomos de oxigênio.
Substância composta é aquela constituída por mais de um tipo de constituinte. Ex.: a água pura
contendo somente H2O; o sal, contendo somente NaCl.

Mistura: consiste em duas ou mais substâncias misturadas. Ela pode ser identificada visualmente,
como por exemplo o granito onde se observa grãos de quartzo branco, mica preta e feldspato rosa e
outros minérios. Outras misturas como a água salgada, requer outros métodos de verificação para
sabermos se são substâncias ou misturas.

Corpo: é uma porção limitada da matéria. Por exemplo, conforme dito, uma árvore é uma matéria;
assim, quando cortamos toras de madeira, temos que essas toras podem ser designadas como corpos
ou como matéria também.

Objeto: é um corpo produzido para utilização do homem. Se as toras de madeira mencionadas no


item anterior forem transformadas em algum móvel, como uma mesa, teremos um objeto.

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Propriedades da Matéria

Propriedades são uma série de características que, em conjunto, definem a espécie de matéria.
Podemos dividi-las em três grupos: gerais, funcionais e específicas.

Propriedades Gerais
São as propriedades inerentes a toda espécie de matéria.

Massa: é a grandeza que usamos como medida da quantidade de matéria de um corpo ou objeto.
Extensão: espaço que a matéria ocupa, seu volume.
Impenetrabilidade: é o fato de que duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo espaço ao
mesmo tempo.
Divisibilidade: toda matéria pode ser dividida sem alterar a sua constituição (até um certo limite).
Compressibilidade: o volume ocupado por uma porção de matéria pode diminuir sob a ação de forças
externas.
Elasticidade: se a ação de uma força causar deformação na matéria, dentro de um certo limite, ela
poderá retornar à forma original.

Propriedades Funcionais
São propriedades comuns a determinados grupos de matéria, identificadas pela função que
desempenham. A Química se preocupa particularmente com estas propriedades. Podemos citar como
exemplo de propriedades funcionais a acidez, a basicidade, a salinidade de algumas espécies de matéria.

Propriedades Específicas
São propriedades individuais de cada tipo particular de matéria.

Organolépticas: são aquelas capazes de impressionar os nossos sentidos, como a cor, que
impressiona a visão, o sabor e o odor, que impressionam o paladar e o olfato respectivamente, e a fase
de agregação da matéria, que pode ser sólida (pó, pasta), líquida ou gasosa e que impressiona o tato.
Químicas: são propriedades responsáveis pelos tipos de transformação que cada matéria é capaz de
sofrer. Por exemplo, o vinho pode se transformar em vinagre; o ferro pode se transformar em aço, mas o
vinho não pode se transformar em aço nem o ferro em vinagre.
Físicas: são certos valores constantes, encontrados experimentalmente, para o comportamento de
cada tipo de matéria, quando submetida a determinadas condições. Essas condições não alteram a
constituição da matéria, por mais adversas que sejam. Por exemplo: sob uma pressão de 1 atmosfera, a
água passa de líquida para gasosa à temperatura de 100°C, sempre.

As propriedades físicas também podem ser classificadas, de acordo com a quantidade da amostra,
em extensivas e intensivas.

Propriedades Extensivas e Intensivas aa Matéria


As propriedades extensivas variam conforme a quantidade de material contido na amostra. É o caso
da energia liberada em uma combustão: duplicando, por exemplo, a quantidade de combustível, duplica-
se a quantidade de energia liberada.

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As propriedades intensivas são as que não dependem da quantidade de material contido na amostra.
É o caso da temperatura e da densidade, que não se alteram quando a quantidade de material é
modificada.

Propriedades Químicas dos Materiais

Referem-se àquelas que, quando são coletadas e analisadas, alteram a composição química da
matéria, ou seja, referem-se a uma capacidade que uma substância tem de transformar-se em outra por
meio de reações químicas.
Essas transformações resultam na produção permanente e irreversível de um novo material (produto),
com características distintas do inicial (reagente), sendo desse modo classificadas como transformações
químicas ou reações químicas.

Uma maneira de comprovar a existência de uma transformação química é através da comparação do


estado inicial e final do sistema. Algumas evidências podem ser observadas, permitindo verificar a
ocorrência dessas transformações, como: desprendimento de gás e luz, mudança de coloração e cheiro,
formação de precipitados entre outras.
Entretanto, a ausência dessas evidências não significa que não ocorreu uma transformação química,
pois algumas ocorrem sem que haja mudança perceptível entre o estado inicial e o final. Para se ter
certeza de que ocorreu a transformação química é necessário isolar os materiais obtidos e verificar suas
propriedades específicas, como densidade, pontos de ebulição e fusão, solubilidade e outras.
Para que as transformações químicas possam acontecer, as ligações entre átomos e moléculas
precisam ser rompidas e devem ser restabelecidas de outro modo. Como essas ligações podem ser muito
fortes, geralmente é necessária energia na forma de calor para iniciar a reação.
As transformações químicas podem ocorrer de distintas maneiras, sendo estas:

Por ação do calor


Muitas substâncias são transformadas quando submetidas a uma fonte de calor. O cozimento de
alimentos é um exemplo.
Quando há decomposição de um material devido ao calor, chamamos o processo de termólise. Ex.:
Termólise do magnésio
Magnésio + oxigênio → óxido de magnésio

Por ação de uma corrente elétrica


Algumas substâncias necessitam de energia elétrica para que possam se transformar. A esse processo
damos o nome de eletrólise.
Para a decomposição da água, em hidrogênio e oxigênio, por exemplo, utilizamos uma corrente elétrica
para esta transformação.

Por ação da luz


A fotossíntese é um exemplo de reação química que ocorre na presença da luz, onde a água e o
dióxido de carbono do ar são transformados em oxigênio e glicose.

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A transformação do oxigênio em ozônio acontece através da luz ultravioleta. Essa reação por ação da
luz também é de extrema importância, pois assim é formada a camada de ozônio que protege a Terra
dos raios ultravioletas.

Por ação mecânica


Uma ação mecânica (atrito ou choque) é capaz de desencadear transformações em certas
substâncias. Um exemplo é o palito de fósforo, que quando entra em atrito com a caixinha que o contém,
produz uma faísca, que faz as substâncias inflamáveis do palito entrarem em combustão.

Pela junção de substâncias


Através da junção de duas substâncias podem ocorrer reações químicas. Isso frequentemente ocorre
em laboratórios de química. A adição do sódio metálico em água é um exemplo.

Energia

É a medida da capacidade de realizar um trabalho. Existem vários tipos de energia, dependendo do


tipo de trabalho realizado. Por exemplo, a energia que um corpo adquire quando está em movimento é a
energia cinética.
A energia que o corpo armazena é a energia potencial.
A energia mecânica é toda forma de energia relacionada com o movimento de corpos ou com a
capacidade de colocá-los em movimento ou de deformá-los.
A energia química é baseada na força de atração e repulsão nas ligações químicas, presente na
formação da matéria. As trocas de calor são energias térmicas.
A condução de eletricidade é uma energia elétrica, e a energia na forma de luz é a energia luminosa.

Questões

01. (UFRB - TÉCNICO EM QUÍMICA - FUNRIO) O aumento da temperatura provoca, em média,


aumento da energia cinética das partículas. Isso gera um enfraquecimento da interação entre as
partículas. Assim, pode-se afirmar que:
(A) Sólidos apresentam partículas com fortes interações e grande movimentação.
(B) As partículas nos líquidos não apresentam interação entre si, por isso tem grande movimentação.
(C) Sólidos apresentam partículas com pequena movimentação devido a fortes interações.
(D) As partículas nos gases não apresentam interação entre si, por isso tem pequena movimentação.
(E) Nos líquidos as interações entre as partículas são mais fortes que as dos sólidos, sendo uma fase
condensada.

02. Uma amostra de material apresenta as seguintes características:


• temperatura de ebulição constante à pressão atmosférica;
• composição química constante;
• é formada por moléculas idênticas entre si;
• é formada por dois elementos químicos diferentes.

Logo, tal material pode ser classificado como:


(A) mistura homogênea, monofásica;

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(B) substância pura, simples;
(C) mistura heterogênea, bifásica;
(D) substância pura, composta
(E) mistura heterogênea, trifásica.

03. Aço, gás ozônio e gás carbônico são respectivamente exemplos de:
(A) Mistura, substância simples e substância composta.
(B) Mistura, substância composta e substância composta.
(C) Substância simples, substância simples e substância composta.
(D) Substância composta, mistura e substância simples.
(E) Mistura, substância simples e mistura.

04. (Mackenzie/SP) Dentre as substâncias abaixo mencionadas, a única que é uma mistura é:
(A) o nitrato de prata.
(B) o ar atmosférico.
(C) a glicose.
(D) o iodo sólido
(E) o cloreto de sódio.

05. (U. Alfenas/MG) Em relação aos sistemas:


Sistema I – água e etanol
Sistema II – água e óleo
Sistema III – água e açúcar (C12H22O11)
Sistema IV – água e cloreto de sódio faz-se as seguintes afirmações:

I. o sistema I contém duas fases, porque água é um composto inorgânico enquanto que álcool é um
composto orgânico;
II. o sistema II contém apenas uma fase, porque o óleo faz ligação do tipo ponte de hidrogênio com a
água;
III. o sistema IV conterá uma única fase em qualquer proporção soluto/solvente;
IV. nos sistemas III e IV observa-se o fenômeno de ionização e dissociação iônica, pois apresentam
como soluto um composto orgânico e outro inorgânico, respectivamente;
V. o sistema IV contém 3 fases, porque possui três elementos químicos diferentes.

Sobre essas afirmações é correto dizer que:


(A) todas estão corretas;
(B) todas estão erradas;
(C) I e III estão corretas;
(D) apenas a IV está correta;
(E) as únicas erradas são a I e IV.

06. Associe corretamente a coluna da direita, que contém exemplos de sistemas, de acordo com a da
esquerda, que apresenta a classificação dos mesmos.

1. elemento químico
( ) fluoreto de sódio
2. substância simples
( ) gás oxigênio
3. substância composta
( ) água do mar filtrada
4. mistura homogênea
( ) limonada com gelo
5. mistura heterogênea

A alternativa que contém a sequência correta dos números da coluna da direita, de cima para baixo,
é:
(A) 3 – 2 – 4 – 5
(B) 3 – 2 – 5 – 4
(C) 2 – 1 – 4 – 5
(D) 2 – 3 – 5 – 4
(E) 1 – 2 – 3 – 4

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07. (UFMS) Escolher dentre os eventos abaixo qual(ais) representa(m) um fenômeno químico.
01. Quando o petróleo é fracionado, obtém-se óleo diesel, alcatrão, hidrocarbonetos, etc.
02. Quando o açúcar é aquecido, torna-se marrom (carameliza).
04. Um tablete de sal em água, sob agitação, tende a desaparecer.
08. Quando um pedaço de gelo é golpeado com um martelo, ele se quebra.
16. Alvejantes (agentes branqueadores) causam a perda da cor dos tecidos.
32. Quando se aquece o amálgama ouro-mercúrio (Au-Hg) no processo da mineração de ouro, tem-
se a liberação do mercúrio.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.

(A) 18
(B) 24
(C) 48
(D) 03
(E) 63

08. (UESC/BA) Com base nos dados da tabela e nos conhecimentos sobre a matéria e suas
propriedades, pode-se afirmar:

AMOSTRA DENSIDADE (g/cm3) CALOR ESPECÍFICO (J/g.K)


Alumínio 2,69 0,900
Cobre 8,93 0,387
Chumbo 11,30 0,128
Ouro 19,30 0,129

(A) Densidade e calor específico são propriedades funcionais da matéria.


(B) O processo de aquecimento de um lingote de chumbo é uma transformação química.
(C) Um cubo de ouro de 1,0 cm de aresta tem massa maior do que um de alumínio de 8,0 cm de
aresta.
(D) É mais fácil aquecer um utensílio de cobre do que um de alumínio, de mesma massa e nas mesmas
condições.
(E) Chumbo e ouro, ao serem aquecidos, comportam-se como substâncias compostas

09. (U.F. Juiz de Fora/MG) São dadas cinco substâncias químicas, com seus respectivos pontos de
fusão (P.F.) e pontos de ebulição (P.E.), a pressão de 1 atm. À temperatura ambiente (25ºC) e com base
nos dados apresentados podemos afirmar que:

SUBSTÂNCIA PF (ºC) PE (ºC)


Al2 O3 2072 2980
Br2 -7 59
CS2 -111 46
CuSO4. 5H2O 110 150
MnSO4 700 850

(A) somente duas substâncias são líquidas;


(B) somente três substâncias são líquidas;
(C) somente duas substâncias são sólidas;
(D) somente uma substância é sólida

Gabaritos

01. C / 02. D / 03. A / 04. D / 05. B / 06. A / 07. A / 08. D / 09. A

Comentários

01. Resposta: C
O estado sólido: Poucos movimentos vibratórios (quase nulo) e energia, maior organização das
partículas devido força de atração intensa entre elas.

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02. Resposta: D
Como apresenta propriedades constantes, trata-se de uma substância pura, e é composta por ser
formada por dois elementos químicos diferentes.

03. Resposta: A
O aço é uma liga metálica composta por aproximadamente 98,5% de Fe (ferro), 0,5 a 1,7% de C
(carbono) e traços de Si (silício), S (enxofre) e P (fósforo), portanto trata-se de uma mistura, o ozônio (O3)
substancia simples porque é formada por um único elemento, e o gás carbônico (CO2) é composto
constituído pelos elementos C e O.

04. Resposta: D
O ar atmosférico é formado por vários gases, vapor d’água, micro-organismos e impurezas (poeira e
fuligem).

05. Resposta: B
Justificativa das alternativas erradas
I- Agua e álcool constituem apenas uma única fase.
II- Água e óleo, formam sistema bifásico
III- O sistema IV, pode variar de acordo com a quantidade de soluto, podendo formar duas fases
IV- O açúcar é um composto molecular e não sofre ionização
V- Sistema formado por água e cloreto de sódio, é monofásico, ou dependendo da quantidade
adicionada de soluto, pode ser no máximo bifásico.

06. Resposta: A
Não possui exemplos de elemento químico

07. Resposta: A
02 + 16 = 18

08. Resposta: D
O cobre apresenta o menor valor de calor específico.

09. Resposta: A
As substâncias a 25º C se encontram no estado líquido, (CS2, Br2).

SUBSTÂNCIAS E MISTURAS

As substâncias químicas correspondem as moléculas, que podem ser representadas por fórmulas,
como a água, H2O. Estas são formadas pela união dos átomos dos elementos químicos que são
encontrados na tabela periódica.
Essa combinação de átomos pode ocorrer de várias formas e pode chegar a formar inúmeros tipos de
substâncias por conta da grande variedade de elementos na tabela periódica (118), além das
características de união que os átomos possuem.

Substância Pura

Uma substância pura é exatamente o que o termo indica: uma única substância com composição
característica e definida e com um conjunto definido de propriedades, isto é, que possuem composição
fixa. Exemplos de substâncias puras são: a água, o sal, o ferro, o açúcar comestível e o oxigênio. Nas
substâncias puras o ponto de fusão e ebulição ocorrem em temperaturas constantes:

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As substâncias puras podem ser classificadas como simples ou compostas.

Substância Simples
As substâncias formadas por um ou mais átomos de um mesmo elemento químico é classificada como
substância pura simples ou, simplesmente, substância simples.

Substância Composta
Quando as moléculas de determinada substância são formadas por dois ou mais elementos químicos,
ela é classificada como substância pura composta ou, simplesmente, substância composta.

Símbolos e Fórmulas

- Símbolos: representa um elemento químico.


- Fórmula: representa uma substância pura, simples ou composta.

Exemplos:
- O é o símbolo do elemento químico oxigênio;
- O2 é a fórmula da substância simples oxigênio;
- CO2 é a fórmula da substância composta gás carbônico.

Misturas

Uma mistura é um sistema formado por duas ou mais substâncias puras, denominadas componentes.
Em uma mistura a fusão e/ou ebulição não ocorrem em temperaturas constantes. A temperatura varia
durante a fusão ou durante a ebulição, ou durante ambas. Estas não possuem ponto de fusão e ponto de
ebulição, e sim intervalo de fusão e intervalo de ebulição.

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Existem misturas que, como exceção, comportam-se como se fossem substâncias puras durante a
fusão: são as chamadas Misturas Eutéticas.
Exemplo: algumas ligas metálicas, dentre elas a solda usada em eletrônica (37% de chumbo e 63%
de estanho).

Por outro lado, também existem misturas que, como exceção, comportam-se como se fossem
substâncias puras durante o processo de ebulição; são chamadas de Misturas Azeotrópicas.
Exemplo: água e álcool na proporção de 4% de água e 96% de álcool

Uma vez que as misturas apresentam composição variável, têm também propriedades — como ponto
de fusão, ponto de ebulição, densidade — diferentes daquelas apresentadas pelas substâncias quando
estudadas separadamente.

Tipos de Misturas

As misturas podem ser classificadas em homogêneas e heterogêneas. A diferença entre elas é que
a mistura homogênea é uma solução que apresenta uma única fase enquanto a heterogênea pode
apresentar duas ou mais fases. Fase é cada porção que apresenta aspecto visual uniforme.

Misturas Homogêneas
Nesse tipo de mistura não há superfícies de separação visíveis entre seus componentes, mesmo que
a observação seja realizada a nível de um microscópio eletrônico. Exemplo: Solução de água e açúcar.
As misturas homogêneas são normalmente chamada de solução

Misturas Heterogêneas
São formadas por duas ou mais fases onde é visível a distinção de cada uma delas. As substâncias
podem ser diferenciadas a olho nu.
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Exemplos:
- água + óleo
- granito
- água + enxofre
- água + areia + óleo

Sistema Homogêneo e Heterogêneo

Sistema Homogêneo
Apresenta as mesmas propriedades em qualquer parte de sua extensão em que seja examinado. Pode
ser uma mistura (solução) ou uma substância pura.

Sistema Heterogêneo
É aquele que apresenta mais de uma fase, ou seja, não possui um aspecto uniforme, é descontínuo.
Os sistemas heterogêneos também podem ser constituídos de substâncias puras. Por exemplo, água
+ gelo: os componentes são os mesmos, mas, por estarem em estados físicos diferentes, apresentam
aspecto heterogêneo.

Fases
São diferentes porções homogêneas, limitadas por superfícies de separação visíveis (com ou sem
aparelhos de aumento), que constituem um sistema heterogêneo.
Um sistema homogêneo apresenta sempre uma única fase (monofásico). Entretanto, sistema
heterogêneo constitui sempre um sistema polifásico (muitas fases), que pode ser bifásico, trifásico,
tetrafásico etc.

- Uma mistura de vários gases constitui sempre um sistema monofásico.


- Uma mistura de n sólidos constitui um sistema com n fases na maioria das vezes.

Processos de Separação de Misturas

Análise Imediata
Na natureza, raramente encontramos substâncias puras. Assim, para obtermos uma determinada
substância, é necessário usar métodos de separação. O conjunto de processos físicos que não alteram
a natureza das substâncias é denominado análise imediata. Para cada tipo de mistura — heterogênea ou
homogênea — usamos métodos diferentes.

Decantação
Processo utilizado para separar dois tipos de misturas heterogêneas.

a) Líquido e sólido
A fase sólida (barro), por ser mais densa, sedimenta-se, ou seja, deposita-se no fundo do recipiente,
e a fase líquida pode ser transferida para outro frasco. A decantação é usada, por exemplo, nas estações
de tratamento de água.

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b) Líquido e líquido
Separa líquidos imiscíveis (não se misturam, exemplo: água e óleo) com a utilização de um funil de
decantação também conhecido como funil de bromo. Após a decantação, abre-se a torneira, deixando
passar o líquido mais denso.

Centrifugação
É uma maneira de acelerar o processo de decantação envolvendo sólidos e líquidos realizada num
aparelho denominado centrífuga. Na centrífuga, devido ao movimento de rotação, as partículas de maior
densidade, por inércia, são arremessadas para o fundo do tubo.

Filtração
É utilizada para separar substâncias presentes em misturas heterogêneas envolvendo sólidos e
líquidos.
- Filtração simples: a fase sólida é retida no papel de filtro, e a fase líquida é recolhida em outro
frasco.

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- Filtração a vácuo: a água que entra pela trompa d’água arrasta o ar do interior do frasco, diminuindo
a pressão interna do kitassato (vidraria com saída lateral), o que torna a filtração mais rápida.

Destilação
É utilizada para separar cada uma das substâncias presentes em misturas homogêneas envolvendo
sólidos dissolvidos em líquidos e líquidos miscíveis entre si.

- Destilação Simples: na destilação simples de sólidos dissolvidos em líquidos, a mistura é aquecida,


e os vapores produzidos no balão de destilação passam pelo condensador, onde são resfriados pela
passagem de água corrente no tubo externo, se condensam e são recolhidos no erlenmeyer. A parte
sólida da mistura, por não ser volátil, não evapora e permanece no balão de destilação.

- Destilação Fracionada: são separados líquidos miscíveis cujas temperaturas de ebulição (TE) não
sejam muito próximas. Durante o aquecimento da mistura, é separado, inicialmente, o líquido de menor
TE; depois, o líquido com TE intermediária, e assim sucessivamente, até o líquido de maior TE. À
aparelhagem da destilação simples é acoplada uma coluna de fracionamento. Conhecendo-se a TE de
cada líquido, pode-se saber, pela temperatura indicada no termômetro, qual deles está sendo destilado.

Ventilação
Esse método é usado, por exemplo, para separar a palha do grão de arroz. É aplicada uma corrente
de ar, e a palha, que é mais leve, “voa”.

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Tamisação
Feita com uma peneira muito fina chamada tamise, separa sólidos maiores dos menores. Exemplo:
cascalhos e pequenas pedras preciosas.

Sublimação
As substâncias participantes desse processo podem ser separadas das impurezas através da
sublimação (passagem do estado gasoso para o sólido e vice-versa) e posterior cristalização.

Separação Magnética
É um método que utiliza a força de atração do ímã para separar materiais metálicos ferromagnéticos
dos demais. Uma mistura de limalha (pó) de ferro com outra substância, pó de enxofre, por exemplo, pode
ser separada com o emprego de um ímã. Aproximando o ímã da mistura, a limalha de ferro prende-se a
ele, separando-se do enxofre.

Liquefação Fracionada
Separa gases com pontos de fusão diferentes. Nesse processo um dos gases se liquefaz primeiro,
podendo assim ser separado do outro gás.

Questões

01. (UFAC) Com relação às substâncias O2, H2, H2O, Pb, CO2, O3, CaO e S8, podemos afirmar que:
(A) todas são substâncias simples.
(B) somente O2, H2 e O3 são substâncias simples.
(C) todas são substâncias compostas.
(D) somente CO2, CaO e S8 são substâncias compostas.
(E) as substâncias O2, H2, Pb, O3 e S8 são simples

02. (SEE/AC - Professor de Ciências da Natureza – FUNCAB) Como exemplo de substância pura
composta tem-se o(a):
(A) grafite
(B) acetona.
(C) oxigênio.
(D) aço
(E) bromo.

03. (UFTM - Tecnólogo – Licenciaturas) Uma amostra de uma substância pura, X, teve algumas de
suas propriedades determinadas. Todas as alternativas apresentam propriedades que são úteis para
identificar essa substância, EXCETO:
(A) Solubilidade em água
(B) Temperatura de ebulição
(C) Temperatura de fusão
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(D) Massa da amostra

Gabarito

01. E / 02. B / 03. D

LIGAÇÕES QUÍMICAS INTERATÔMICAS

Se átomos de um mesmo elemento ou de elementos diferentes não tivessem a capacidade de se


combinarem uns com os outros, certamente não encontraríamos na natureza uma grande variedade de
substâncias.
Há diferentes maneiras pelas quais os átomos podem se combinar, como, por exemplo, mediante o
ganho ou a perda de elétrons, ou pelo compartilhamento de elétrons dos níveis de valência.
Alguns poucos elementos, como os da família dos gases nobres (família 0 ou VIIIA), aparecem na
forma de átomos isolados. Esses elementos apresentam oito elétrons na camada de valência. O hélio
(He) é a única exceção: ele apresenta apenas uma camada com dois elétrons.
Em 1916, os cientistas Lewis e Kossel associaram esses dois fatos, ou seja, a tendência de elementos
com oito elétrons na camada de valência aparecerem isoladamente, com a tendência que os elementos
manifestam de perder, ganhar ou compartilhar elétrons. A partir dessa associação, propuseram uma
teoria para explicar as ligações químicas entre os elementos:

Teoria do octeto: um grande número de átomos adquire estabilidade eletrônica quando apresenta
oito elétrons na sua camada mais externa.

Essa teoria é aplicada principalmente para os elementos representativos da (família A), sendo que os
elementos de transição da (família B) não seguem obrigatoriamente esse modelo. Embora existam muitas
exceções a essa regra, ela continua sendo utilizada por se prestar muito bem como introdução ao conceito
de ligação química e por explicar a formação da maioria das substâncias encontradas na natureza.

Estabilidade dos Gases Nobres

De todos os elementos químicos conhecidos, apenas 6, os gases nobres ou raros, são encontrados
na natureza na forma de átomos isolados. Os demais se encontram sempre ligados uns aos outros, de
diversas maneiras, nas mais diversas combinações. Eles são encontrados na natureza na forma de
átomos isolados porque têm a última camada da eletrosfera completa, ou seja, 8 elétrons. Mesmo o hélio,
com 2 elétrons, está completo porque o nível K só permite, no máximo, 2 elétrons.

Regra do Octeto – Os elementos químicos devem sempre conter 8 elétrons na última camada
eletrônica ou camada de valência. Na camada K pode haver no máximo 2 elétrons. Desta forma os átomos
ficam estáveis, com a configuração idêntica à dos gases nobres.

Essa estabilidade deve-se ao fato de que possuem a última camada completa, ou seja, com o número
máximo de elétrons que essa camada pode conter. Os átomos dos demais elementos químicos, para
ficarem estáveis, devem adquirir, através das ligações químicas, eletrosferas iguais às dos gases nobres.

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Ligações Interatômicas

As ligações entre átomos são feitas de várias formas, mas sempre envolvendo a camada mais externa
(camada de valência). Isso indica que são os elétrons do último nível que participam das ligações.
Estudaremos os seguintes tipos:
- Ligações iônicas;
- Ligações covalente;
- Ligação covalente dativa (também conhecida por ligação coordenada);
- Ligação metálica.

Ligação Iônica
Em uma ligação iônica (também conhecida como ligação eletrovalente) ocorre transferência definitiva
de elétrons, o que acarreta a formação de íons positivos (cátions) ou negativos (ânions), os quais originam
compostos iônicos. Como todos os íons apresentam excesso de cargas elétricas positivas ou negativas,
eles sempre terão polos.
Podemos visualizar a formação de uma ligação iônica típica entre dois átomos hipotéticos, M (um
metal) e X (um não-metal), da seguinte maneira: como M é um metal, sua energia de ionização é baixa,
isto é, é necessária pouca energia para remover um elétron do átomo. A perda de um elétron por um
átomo isolado (gasoso) M leva à formação de um íon positivo ou cátion.

Metais – 1 a 3 elétrons na última camada; tendência a perder elétrons e formar cátions. Elementos
mais eletropositivos ou menos eletronegativos.
Não-Metais – 5 a 7 elétrons na última camada; tendência a ganhar elétrons e formar ânions.
Elementos mais eletronegativos ou menos eletropositivos.

Por outro lado, como X é um átomo de um não-metal, o valor de sua afinidade eletrônica é negativo,
portanto, possui uma grande tendência em ganhar elétrons e formar um ânion.

Regra para montar a fórmula de um composto iônico


No cloreto de magnésio existem dois íons, o cloreto (Cl) com número de oxidação -1 e o magnésio
(Mg) com número de oxidação +2.
A fórmula será 1 átomo de Mg (nox +2) e 2 átomos de Cl (nox -1).

Determinação da fórmula iônica9


A fórmula correta de um composto iônico nos mostra a mínima proporção entre os íons que se unem
de modo a formar um sistema eletricamente neutro. Para que isso ocorra, é necessário que o número de
elétrons cedidos seja igual ao número de elétrons recebidos.
Uma maneira prática de determinar a quantidade necessária de cada íon para escrever a fórmula
iônica é por exemplo:

Formação do cloreto de sódio (sal de cozinha), a partir do sódio e do cloro.


O Sódio: Na (Z = 11) = 1s2, 2s2, 2p6, 3s1 ou 2 – 8 – 1
O Cloro: Cl (Z = 17) = 1s2, 2s2, 2p6, 3s2,3p5 ou 2 – 8 – 7

9
Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

75

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Características e propriedades dos compostos iônicos:
- Rígidos;
- Duros e quebradiços;
- Solúveis em solventes polares;
- Maus condutores de eletricidade no estado sólido;
- Elevadas temperaturas de fusão e ebulição.

Substâncias Iônicas
São aquelas que apresentam pelo menos uma ligação iônica entre seus componentes. Entre estes
compostos temos, por exemplo os cloretos (Ex.: NaCl - sal de cozinha), nitratos (NaNO3), sulfatos
(Na2SO4), carbonatos (CaCO3), etc.
10
Cloretos: por conta de sua distribuição eletrônica (1s22s22p63s23p5), o Cloro está classificado como
um membro da família 7A da tabela periódica, ou seja, ele possui 7 elétrons na camada de valência, logo
ele é da família dos halogênios. Seguindo a regra do octeto o Cloro precisa de mais um elétron para poder
atingir a estabilidade de um gás nobre, portanto ele tem uma necessidade de se ligar a outro átomo para
poder atingir essa estabilidade.
Para essa necessidade que ele tem de se ligar a outro elemento damos o nome de NOX, que é um
valor que expressa a tendência de um átomo de fazer uma ligação química. O NOX do cloro é -1, que
representa que ele precisa “ganhar” um elétron para se estabilizar. O íon de cloro é representado por Cl-
, e o seu nome é Cloreto, onde ele é um ânion que participa da formação de muitos sais.
De modo que um sal inorgânico se forme, é necessário que o cloreto se ligue a um cátion metálico.
Para isso ocorrer o número de cargas positivas deverá ser exatamente o mesmo do que o de cargas
negativas, ou seja, o NOX desse cátion deve ser igual a quantidade de cloretos da molécula desse sal.
Um exemplo clássico é o Cloreto de Sódio (Sal de Cozinha), sua fórmula molecular é NaCl, repare que
essa molécula não possui carga, logo, ela está estável, pois o NOX do Sódio é +1 e o do Cloreto é -1,
suas cargas se anulam estabelecendo uma ligação iônica.
Outro exemplo é o Cloreto de Cálcio, que possui fórmula molecular CaCl2, onde podemos observar
que o cálcio possui o NOX de +2, logo a necessidade de dois cloretos para estabilizar essa molécula.
Essa relação entre esses cátions e o cloreto também pode ser relacionada com a tabela periódica, onde
os elementos da família do sódio (1A), tem todos NOX +1, e da família do cálcio (2A) tem NOX +2, ou
seja eles se ligariam na mesma proporção.

Nitratos: são compostos inorgânicos que contêm o ânion NO3-. O nitrogênio pertence à família 15 (5A)
e o oxigênio pertence à família 16 (6A), e assim como o resto dos elementos de cada um desses grupos
eles possuem 5 e 6 elétrons na camada de valência, respectivamente. Portanto o Nitrogênio necessita de
três ligações para se estabilizar e cada átomo de oxigênio precisa de duas.
Assim, no ânion nitrato, o nitrogênio é o elemento central, que realiza uma ligação dupla com um dos
oxigênios, que fica estável, e mais duas ligações simples com os outros dois oxigênios. Isso significa que
esses dois oxigênios não ficam estáveis, precisando ainda receberem mais 1 elétron cada, dando um
total de carga igual a -2.
Porém, visto que o nitrogênio faz uma ligação a mais do que poderia fazer, ele doa um de seus elétrons,
ficando com carga igual a +1. Assim, no total, o ânion fica monovalente (- 2 + 1 = -1). Veja abaixo a
estrutura desse ânion:

11
Sulfatos: trata-se de um átomo de enxofre central ligado a quatro átomos de oxigênio por meio de
ligações covalentes (será explicado mais adiante) e tem a fórmula molecular SO42-. A substância iônica
mais famosa que o íon sulfato faz parte é, provavelmente, o H2SO4 (ácido sulfúrico), ele tem importância
laboratorial, industrial e chega a ser importante até para os seres vivos.
Apesar de existirem ligações covalentes no íon sulfato, abaixo pode ser compreendido pelo conceito
da dissociação, como compostos com sulfato podem ser iônicos. No qual é apresentada a molécula de
sulfato de sódio, se dissociando em água e formando íons.

10
http://www.infoescola.com/
11
BARBOSA, Addson; Dicionário de Química, 2° Ed.; AB – Editora, Goiânia, 2000.

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Como podemos ver o íon sulfato não se dissocia, ele permanece na forma de íon. Por isso, mesmo
tendo ligações covalentes em seu interior, compostos com íon sulfato são iônicos.

Carbonatos: são sais inorgânicos formados pelo ânion CO32-. A principal característica desse grupo
de compostos é a insolubilidade em água: todos são insolúveis, com exceção do carbonato de amônio
(NH4)2CO3 e dos metais alcalinos (Li, Na, K, Rb, Cs e Fr). Podem ser formados a partir da reação de ácido
carbônico (H2CO3) com óxidos básicos.
A reação de carbonatos com ácidos tem como produto o dióxido de carbono (CO2). Isso ocorre porque
o contato com o íon H+ torna o carbonato mais instável e sujeito à decomposição, que produz o CO2. Esse
processo consiste numa efervescência, que acontece, por exemplo, no estômago quando um antiácido é
ingerido.

Ligação Covalente12
Diferente da ligação iônica, a ligação covalente é estabelecida pela capacidade dos átomos de
compartilhar elétrons e não uma transferência definitiva dos mesmos. Ao observar a configuração
eletrônica do átomo de cloro por exemplo, ele possui número atômico igual a 17 e sua distribuição
eletrônica por camadas é K=2, L=8, M=7.
Como sabemos ele precisa de mais um elétron para se tornar estável, entretanto existe um composto
formado por dois átomos de Cloro, o Cl2, como é possível que este composto seja estável se os dois
átomos de cloro “querem” receber elétrons? Nesse caso a estabilidade dessa molécula não é atingida
pela transferência de elétrons, mas sim pelo compartilhamento como já foi citado.

As substâncias formadas através das ligações covalentes apresentam-se como unidades de grandeza
limitada, denominadas moléculas; por isso a ligação covalente é também denominada de ligação
molecular. A ligação covalente pode ocorrer através de um ou mais pares de elétrons. Cada par
eletrônico compartilhado entre dois átomos pode ser representado, nas fórmulas estruturais, por um traço
(-). Assim, podemos ter:

A ligação covalente e a tabela periódica


A relação entre a posição na tabela e o número de ligações é indicada a seguir:

12
Sardella, A.; Química – São Paulo, 2003. Editora Ática.

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Família VIIA (família dos Halogênios): apresentam 7e- na sua última camada (camada de valência).
Assim, eles atingem a estabilidade ao compartilharem um único par eletrônico sendo assim denominados
monovalentes. Exemplo: Ligação entre dois átomos de cloro (Cl2).

(Uma ligação simples)

Família VIA (família dos Calcogênios): apresentam 6e- na sua camada de valência. Diante disso, eles
devem adquirir dois pares eletrônicos para alcançar a estabilidade, sendo denominados bivalentes.
Exemplo: Ligação entre dois átomos de oxigênio (O2).

(Duas ligações simples = Dupla Ligação)

Família VA: apresentam 5e- na sua camada de valência, assim devem adquirir a estabilidade ao
compartilharem três partes eletrônicos (trivalentes). Exemplo: Ligação entre dois átomos de Nitrogênio
(N2).

(Três ligações simples = Tripla Ligação)

Família IVA: apresentam 4e- na camada de valência, eles alcançarão a estabilidade quando
compartilharem quatro pares eletrônicos (tetravalentes). Exemplo: gás metano (CH4)

(Quatro ligações simples)


Hidrogênio
O hidrogênio (1s1) para adquirir sua configuração eletrônica estável, deve ganhar um elétron e
compartilhar um par eletrônico (Monovalente). Exemplo: Ligação entre dois átomos de Hidrogênio (H2).

Substâncias moleculares
Moléculas são a menor combinação de átomos que mantém a composição da matéria inalterada. As
substâncias moleculares são substâncias formadas por moléculas, ou seja, elas não apresentam cargas
livres e por isso não conduzem bem calor e corrente elétrica.
Propriedades das substâncias moleculares:
- Podem ser sólidas (pouco duras e muito quebradiças), líquidas ou gasosas à temperatura ambiente;
- Forças de coesão das moléculas fracas e por isso, pontos de fusão e de ebulição baixos;
- Em geral são más condutoras elétricas e térmicas porque as moléculas são partículas neutras.

Exemplos:

Hidrogênio (H2): é um gás inflamável, não tóxico, incolor, inodoro e insípido. Sendo o gás de
densidade mais baixa conhecida, normalmente é transportado em cilindros de aço a pressões entre 150
e 200 bar. O H2 pode ser obtido industrialmente por alguns métodos como:

78

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A partir do carvão

Pelo processo Lane


3Fe + 4H2O Fe3O4 + 4H2

Por eletrólise
2H2O → 2H2 + O2
2NaCI + 2H2O → 2NaOH + H2 + CI2

Oxigênio (O2): é um gás incolor, inodoro e, no estado líquido, é azul pálido. É o elemento mais
abundante na Terra, tanto em porcentagem de átomos, como em massa. Está na atmosfera, combinado
com hidrogênio na hidrosfera e combinado como silício, ferro, alumínio e outros elementos na crosta
terrestre (litosfera). É o comburente das combustões, portanto sem ele não há fogo. É obtido
industrialmente por liquefação e posterior destilação fracionada do ar atmosférico, e igual ao H2 pode ser
obtido pela eletrólise da água: 2H2O → 2H2 + O2

Nitrogênio (N2): é um gás, incolor, inodoro, insípido e inerte. Ocorre na Terra como o principal
constituinte do ar atmosférico onde se encontra livre (N2). É difícil encontrar compostos inorgânicos do
nitrogênio como minerais, pois a maioria é solúvel em água. O nitrogênio é encontrado em compostos
orgânicos em todos os seres vivos, animais e plantas.
Certas bactérias no solo e raízes de algumas plantas, especialmente os legumes, convertem o nitrogênio
atmosférico em nitrogênio orgânico, que é, então, transformado por outras bactérias em nitrato, a forma de
nitrogênio mais usada pelas plantas na síntese de proteínas.
Assim como o O2, o nitrogênio pode ser obtido industrialmente por liquefação e posterior destilação
fracionada do ar atmosférico, e em laboratório é obtido pela decomposição do nitrito de amônio (NH4NO2):

Gás cloro (Cl2): é comumente encontrado em alguns produtos domésticos. O gás de cloro pode ser
pressurizado e/ou aquecido para transformar-se num líquido, de modo que ele possa ser transportado e
armazenado. Quando o cloro líquido é liberado, ele rapidamente se transforma em um gás que fica perto
do chão e se espalha rapidamente.
O gás de cloro pode ser reconhecido pelo seu odor picante, irritante, que é como o odor de alvejante.
O cheiro forte pode fornecer um sinal adequado para as pessoas que foram expostas. O gás de cloro
parece ser amarelo esverdeado na cor. O cloro em si não é inflamável, mas pode reagir explosivamente
ou formar compostos explosivos com outros produtos químicos, tais como terebintina e amoníaco.

Gás Amoníaco ou Amônia (NH3): é um composto formado por um átomo de nitrogênio ligado à três
de hidrogênio. É um gás incolor, com odor característico, sufocante, e sua inalação, em altas
concentrações, causa problemas respiratórios.
Este composto é obtido por um processo famoso chamado Haber-Bosch que consiste em reagir
nitrogênio e hidrogênio em quantidades estequiométricas sob elevada temperatura e pressão. É a
maneira de obtenção de amônia mais utilizada hoje em dia. Esse processo leva o nome de seus
desenvolvedores Fritz Haber e Carl Bosch.

Ácido Clorídrico (HCl): é formado pelo gás cloreto de hidrogênio (HCl) dissolvido em água, numa
proporção de cerca de 37% do gás. É um ácido inorgânico forte, levemente amarelado, em que seus
cátions H+ são facilmente ionizáveis. A 18ºC o grau de ionização do ácido clorídrico, isto é, a porcentagem
de hidrogênios que efetivamente sofrem ionização é de 92,5%.
Este ácido é muito usado na limpeza e galvanização de metais, no curtimento de couros, na obtenção
de vários produtos, como na produção de tintas, de corantes, na formação de haletos orgânicos, é usado
também na hidrólise de amidos e proteínas pelas indústrias alimentícias e na extração do petróleo,
dissolvendo as rochas e facilitando o seu fluxo até a superfície. Ele pode ser encontrado também no suco
gástrico do estômago, cuja ação é ajudar na digestão dos alimentos.

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Gás Metano (CH4): é um gás que não possui cor (incolor) nem cheiro (inodoro). Considerado um dos
mais simples hidrocarbonetos, possui pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar, torna-se
altamente explosivo.
O gás metano é produzido pela decomposição da matéria orgânica. É abundante em aterros sanitários,
lixões e reservatórios de hidrelétricas, e também pela criação de gado (a pecuária representa 16% das
emissões mundiais de gases de efeito estufa) e cultivo de arroz. Também é resultado da produção e
distribuição de combustíveis fósseis (gás, petróleo e carvão).
Se comparado ao CO2, também é mais perigoso: o metano é mais eficiente na captura de radiação do
que o CO2. O impacto comparativo de CH4 sobre a mudança climática é mais de 20 vezes maior do que
o CO2, isto é, 1 unidade de metano equivale a 20 unidades de CO2.

Fórmulas Químicas
A representação do número e dos tipos de átomos que formam uma molécula é feita por uma fórmula
química. Existem diferentes tipos de fórmulas: a molecular, a eletrônica e a estrutural plana.

Molecular: é a representação mais simples e indica apenas quantos átomos de cada elemento
químico formam a molécula.

Eletrônica: também conhecida como fórmula de Lewis, esse tipo de fórmula mostra, além dos
elementos e do número de átomos envolvidos, os elétrons da camada de valência de cada átomo e a
formação dos pares eletrônicos.

Estrutural Plana: também conhecida como fórmula estrutural, ela mostra as ligações entre os
elementos, sendo cada par de elétrons entre dois átomos representado por um traço.

Perceba que mais de um par de elétrons pode ser compartilhado, formando-se, então, ligações
simples, duplas e triplas. Veja as fórmulas de algumas moléculas simples:

Casos particulares que contrariam a regra do octeto

Vários compostos estáveis não apresentam oito elétrons em torno de um átomo da molécula. Veja
alguns elementos que não seguem a regra do octeto:

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Berílio (Be): embora classificado como metal alcalino-terroso, pelo fato de seus dois elétrons da
camada de valência apresentarem elevadas energias de ionização, forma compostos moleculares com
duas ligações simples. Assim, estabiliza-se com quatro elétrons na camada de valência.
Boro (B): forma compostos estáveis através de três ligações simples, estabilizando-se com seis
elétrons na camada de valência.

Alumínio (Al): como seus elétrons de valência apresentam elevadas energias de ionização, o alumínio
forma, em alguns casos, três ligações simples. Assim, estabiliza-se com seis elétrons na camada de
valência.

As explicações anteriores baseiam-se em fatos experimentais. Compostos como BF3, BeF2 e AlCl3
apresentam TF e TE baixas, quando comparados com compostos iônicos, o que evidencia que eles são
moleculares.

Ligação Covalente Dativa


Também chamada de coordenada, ocorre quando um dos átomos envolvidos já atingiu a estabilidade
e um outro átomo ainda precisa de dois elétrons para completar sua camada de valência. Essa ligação é
semelhante à covalente comum, na medida em que existe um compartilhamento de um par eletrônico.

(Ligação covalente dativa)

Resumindo:
A ligação covalente ocorre entre:
Hidrogênio – Hidrogênio
Hidrogênio – Não metal
Não metal – Não metal
Obs.: Os semi-metais também podem ser incluídos.

A Ligação covalente e suas variações alotrópicas


A alotropia é a propriedade pela qual os átomos de um mesmo elemento químico pode originar uma
ou mais substâncias simples e diferentes, através do compartilhamento de elétrons. As variedades
alotrópicas dos átomos podem variar devido ao:

- Número de átomos que forma cada molécula, isto é, sua atomicidade.

Exemplo: Oxigênio (O) - forma duas variedades alotrópicas, uma delas, mais abundante na atmosfera,
é o gás oxigênio (O2) e a outra, o ozônio (O3).
O2: Cada molécula é formada por 2 átomos dando origem ao gás oxigênio.
O3: Cada molécula é formada por 3 átomos dando origem ao gás ozônio.

Obs.: A transformação de O2(g) em O3(g) pode ser feita utilizando descargas elétricas.

- Arranjo dos átomos no retículo cristalino.

Exemplo: Carbono (C) - O diamante, o fulereno e a grafita, são as formas alotrópicas do elemento
químico carbono. Estas substâncias diferem entre si pela estrutura cristalina, isto é, pela forma de seus
cristais.

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A maneira dos átomos de carbono se unirem é diferente em todos estes três compostos, ou seja, se
diferem no retículo cristalino. Essas variedades alotrópicas apresentam propriedades físicas diferentes e
suas propriedades químicas, na maioria das vezes, são semelhantes.

Vejamos com mais detalhes os principais casos de alotropia do carbono:

Diamante: cada átomo de carbono está ligado a quatro outros átomos também de carbono não
contidos num mesmo plano.

Grafita: é formada por uma estrutura composta de anéis hexagonais contidos num mesmo plano.
Como os anéis estão em um mesmo plano, esse conjunto forma lâminas. Assim, a grafita é constituída
por um grande número dessas lâminas sobrepostas, permitindo o deslizamento de um sobre a outra.

Fulereno: são uma forma alotrópica do Carbono, a terceira mais estável após o diamante e o grafite.
Tornaram-se populares entre os químicos, tanto pela sua beleza estrutural quanto pela sua versatilidade
para a síntese de novos compostos químicos.

Ligação Metálica
É o tipo de ligação que ocorre entre os átomos de metais. Quando muitos destes átomos estão juntos
num cristal metálico, estes perdem seus elétrons da última camada. Forma-se, então, uma rede ordenada
de íons positivos mergulhada num mar de elétrons em movimento aleatório. Se aplicarmos um campo
elétrico a um metal, orientamos o movimento dos elétrons numa direção preferencial, ou seja, geramos
uma corrente elétrica.

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Teoria do “mar de elétrons” ou teoria da “nuvem eletrônica”

A principal característica dos metais é a eletropositividade (tendência de doar elétrons), assim os


elétrons da camada de valência saem facilmente do átomo e ficam “passeando” pelo metal, o átomo que
perde elétrons se transforma num cátion, que, em seguida, pode recapturar esses elétrons, voltando a
ser átomo neutro. O metal seria um aglomerado de átomos neutros e cátions, imersos num “mar de
elétrons livres” que estaria funcionando como ligação metálica, mantendo unidos os átomos e cátions de
metais.

Característica e propriedades dos metais


Brilho metálico: o brilho será tanto mais intenso quanto mais polida for a superfície metálica, assim
os metais refletem muito bem a luz.
Condutividades térmica e elétrica elevadas: os metais são bons condutores de calor e eletricidade
pelo fato de possuírem elétrons livres.
Densidade elevada: os metais são geralmente muito densos, isto resulta das estruturas compactas
devido à grande intensidade da força de união entre átomos e cátions (ligação metálica), o que faz com
que, em igualdade de massa com qualquer outro material, os metais ocupem menor volume.
Resistência à tração: os metais resistem às forças de alongamentos de suas superfícies, o que ocorre
também como consequência da “força” da ligação metálica.
Pontos de fusão e ebulição elevados: os metais apresentam elevadas temperaturas de fusão e
ebulição, isto acontece porque a ligação metálica é muito forte.
Maleabilidade: a propriedade que permite a obtenção de lâminas de metais.
Ductilidade: a propriedade que permite a obtenção de fios de metal.

As ligas metálicas
São uniões de dois ou mais metais, podendo ainda incluir semimetais ou não metais, mas sempre com
predominância dos elementos metálicos. Apesar da grande variedade de metais existentes, a maioria não
é empregada em estado puro, mas em ligas com propriedades alteradas em relação ao material inicial, o
que visa, entre outras coisas, a reduzir os custos de produção.
Podemos dizer que as ligas metálicas têm maiores aplicações práticas que os próprios metais puros:
Aço: Formado pela mistura de aproximadamente 98,5% de ferro, 0,5 a 1,7% de carbono e traços de
silício, enxofre e oxigênio. É usado em peças metálicas que sofrem elevada tração, pois é mais resistente
à tração do que o ferro puro. O aço é uma liga usada para produzir outras ligas metálicas.
Aço Inox: Formado por 74% de aço, 18% de cromo e 8% de níquel. Por ser praticamente inoxidável,
é usado em talheres, peças de carro, brocas, utensílios de cozinha e decoração.
Ouro 18 quilates: Liga formada por 75% de ouro, 13% de prata e 12% de cobre. Sua vantagem em
relação ao ouro puro é que esse metal é macio e pode ser facilmente riscado. Além disso, a liga mantém
as propriedades desejadas do ouro, como brilho, dureza adequada para a joia e durabilidade.
Bronze: Formado por 67% de cobre e 33% de estanho. Sua principal propriedade é resistência ao
desgaste, sendo muito usado para produzir sinos, medalhas, moedas e estátuas.
Latão: Mistura de 95 a 55% de cobre e de 5 a 45% de zinco. Devido a sua alta flexibilidade, ele é
usado para produzir instrumentos musicais de sopro, como trompete, flauta, saxofone etc., além de
também ser aplicado em peças de máquinas, produção de tubos, armas e torneiras.
Amálgama: Muito usada em obturações nos dentes, a amalgama é formada pela mistura de 70% de
prata, 18% de estanho, 10% de cobre e 2% de mercúrio. Ela é bastante resistente à oxidação (corrosão)
e é bem maleável, podendo ser moldada no dente do paciente.
Solda: Formada por 67% de chumbo e 33% de estanho, ela é usada em solda de contatos elétricos
porque possui baixo ponto de fusão.

Propriedades características e propriedades das ligas metálicas:


-Condução da energia elétrica – elétrons são promovidos a níveis energéticos mais elevados que estão
disponíveis (vazios).
-Condução de energia térmica: Elétrons “deslocalizados” interagem fracamente com os núcleos.
-No aquecimento os elétrons adquirem grande quantidade de energia cinética e deslocam-se para as
regiões mais frias.
-Dissipação desta energia através de choque com outras partículas levando a aquecimento do retículo.
-Vibração dos cátions em suas posições no retículo cristalino também contribui – razão pela qual a
condutividade elétrica dos metais cai com o aumento da temperatura.

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Questões

01. O elemento “A” possui número atômico igual a 6, enquanto o elemento “B” possui número atômico
igual a 8. A molécula que representa corretamente o composto formado por esses dois elementos é:
(A) AB
(B) BA
(C) A2B
(D) AB2
(E) B2A

02. Sabe-se que a interação entre átomos que se ligam, na formação de novas substâncias, é feita
através de seus elétrons mais externos. Uma combinação possível entre o elemento A com a configuração
eletrônica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 e outro B (Z = 17) terá fórmula e ligação, respectivamente:
(A) AB e ligação iônica.
(B) A2B e ligação iônica.
(C) A2B3 e ligação covalente.
(D) AB2 e ligação iônica.
(E) A2B e ligação covalente.

03. (UFU-MG) O fosgênio (COCl2), um gás, é preparado industrialmente por meio da reação entre o
monóxido de carbono e o cloro. A fórmula estrutural da molécula do fosgênio apresenta:
(A) uma ligação dupla e duas ligações simples.
(B) uma ligação dupla e três ligações simples.
(C) duas ligações duplas e duas ligações simples.
(D) uma ligação tripla e duas ligações simples.
(E) duas ligações duplas e uma ligação simples.

04. Os átomos pertencentes à família dos metais alcalinos terrosos e dos halogênios adquirem
configuração eletrônica de gases nobres quando, respectivamente, formam íons com números de carga:
(A) + 1 e – 1.
(B) – 1 e + 2.
(C) + 2 e – 1.
(D) – 2 e – 2.
(D) + 1 e – 2

Gabarito

01. C / 02. D / 03. A / 04. C

Comentários

01. Resposta: D
Pela da distribuição eletrônica de cada elemento, descobrimos a que família pertencem, quantos
elétrons eles possuem na sua última camada (camada de valência) e, também, quantas ligações
covalentes cada um realiza:
6A: 2 – 4
8B: 2 – 6
Assim, o elemento A é da família 14, possuindo 4 elétrons na camada de valência e precisando receber
mais 4 elétrons para ficar estável. O elemento B da família 16 possui 6 elétrons na camada de valência e
precisa realizar duas ligações para ficar estável. Diante disso, temos:

Portanto, a fórmula molecular nesse caso é: AB2. Visto que o A é o átomo central ele vem primeiro.
Se olharmos na Tabela Periódica, veremos que o elemento A é o carbono e o elemento B é o oxigênio.
Então, a fórmula é: CO2.

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02. Resposta: D
A ⇒ 2 elétrons na camada de valência
Tendência a doar 2 e– ⇒ A2+
B ⇒ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
7 elétrons na camada de valência
Tendência a receber 1 e– ⇒ B1–
A ligação é iônica, pois, ocorre entre átomos de um metal (A) e de um ametal (B). Teremos a
transferência dos 2 elétrons do A. Porém, cada B só recebe um elétron. Precisaremos, portanto, de 2
átomos de B para receberem os 2 elétrons do A. Então, para 1A preciso de 2B, Logo: AB2.

03. Resposta: A
Como se pode ver na sua fórmula abaixo, o fosfagênio apresenta uma ligação dupla e duas ligações
simples:

04. Resposta: C
Para adquirir a mesma configuração eletrônica de um gás nobre um elemento deve apresentar oito
elétrons na última camada. Para tal, um elemento classificado como metal alcalino terroso deve doar
dois elétrons e um halogênio receber um.

INTERAÇÕES INTERMOLECULARES - POLARIDADE DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS

O acúmulo de cargas elétricas em determinada região de uma molécula é denominado polo, que pode
ser classificado como dois tipos:

Ligações Iônicas13

Nesse tipo de ligação ocorre transferência definitiva de elétrons, o que acarreta a formação de íons
positivos (cátions) ou negativos (ânions), os quais originam compostos iônicos. Como todos os íons
apresentam excesso de cargas elétricas positivas ou negativas, eles sempre terão polos.
Portanto toda ligação iônica é uma ligação polar, pois haverá polos positivos e negativos. As ligações
iônicas apresentam máxima polarização.

Ligações Covalentes

Ligação Covalente Apolar


Ocorre entre átomos com mesma eletronegatividade, como em H2. Nesse tipo de ligação, o par
eletrônico não se desloca no sentido de nenhum dos átomos, logo, não teremos polos. Representando o
par de elétrons de uma ligação covalente por meio de uma nuvem eletrônica (parte cinza) temos:

13
Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

85

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Ligação Covalente Polar
Ocorre entre átomos com eletronegatividades diferentes, como no HCl. O par eletrônico estará mais
deslocado no sentido do átomo mais eletronegativo. Uma maneira simples para representar o par de
elétrons da ligação covalente por nuvem eletrônica é:

A ligação HCl é polar, pois o Cl é mais eletronegativo que o hidrogênio. O polo negativo é uma carga
negativa residual menor que a carga do elétron, e situa-se sempre no átomo mais eletronegativo.
Para comparar a intensidade de polarização das ligações, utilizamos a escala de eletronegatividade
de Pauling:

Quanto maior for a diferença de eletronegatividade,


maior será a polarização da ligação.

A partir dos itens já discutidos, podemos estabelecer a seguinte relação:

A polaridade de uma ligação é caracterizada por uma grandeza denominada momento dipolar (μ), ou
dipolo elétrico, que normalmente é representada por um vetor orientado no sentido do elemento menos
eletronegativo para o elemento mais eletronegativo. Assim, o vetor é orientado do polo positivo para o
polo negativo.

Exemplo:

Polaridade de Moléculas

Como vimos então, as moléculas podem ser classificadas quanto à sua polaridade em dois grupos:
polares ou apolares. Experimentalmente, uma molécula é considerada polar quando se orienta na
presença de um campo elétrico externo, e apolar quando não se orienta. O polo negativo da molécula é
atraído pela placa positiva do campo elétrico externo e vice-versa.
Teoricamente, pode-se determinar a polaridade de uma molécula pelo vetor momento dipolar
resultante (μr), isto é, pela soma dos vetores de cada ligação polar da molécula.

86

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Para determinar o vetor μr devem-se considerar dois fatores:
a) a escala de eletronegatividade, que nos permite determinar a orientação dos vetores de cada ligação
polar;
b) a geometria da molécula, que nos permite determinar a disposição espacial desses vetores.

Veja a seguir alguns exemplos:

Uma outra forma de determinar a polaridade da maioria das moléculas é estabelecendo uma relação
entre o número de nuvens eletrônicas ao redor do átomo central A e o número de átomos iguais ligados
a ele.

Geometria Molecular

As moléculas são formadas por átomos unidos por ligações covalentes e podem apresentar, na sua
constituição, de dois a milhares de átomos. A disposição espacial dos núcleos desses átomos irá
determinar diferentes formas geométricas para as moléculas. Portanto, toda molécula formada por dois
átomos (diatômicas) será sempre linear, pois seus núcleos estarão obrigatoriamente alinhados, como em:

H2: H---H

HCl: H---Cl

Para prever a geometria das moléculas que apresentam mais de dois átomos utiliza-se a teoria da
repulsão dos pares eletrônicos da camada de valência. Essa teoria está apoiada na ideia de que os
pares eletrônicos ao redor de um átomo central, quer estejam ou não participando das ligações,
comportam-se como nuvens eletrônicas que se repelem, de forma a ficarem orientadas no espaço com a
maior distância angular possível.
Para você visualizar melhor essa teoria, representaremos cada par eletrônico (2 elétrons de valência)
ao redor de um átomo central como uma nuvem eletrônica de formato ovalado.

Nessa teoria, é importante destacar que uma nuvem eletrônica pode corresponder a:
- Uma ligação covalente simples: — ou →
- Uma ligação covalente dupla: =
- Uma ligação covalente tripla: ≡
- Um par de elétrons não ligantes: xx

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Assim, a orientação espacial dessas nuvens dependerá do número total de pares eletrônicos ao redor
de um átomo central A.
Em contrapartida, a geometria das moléculas será determinada pela posição dos núcleos dos átomos
ligados ao átomo central A. Considerando a orientação das nuvens e o número de átomos ligados ao
átomo central, temos as possíveis geometrias moleculares, de acordo com a posição dos núcleos dos
átomos.
Com base no quadro abaixo, podemos observar a relação da geometria das moléculas com o número
de nuvens eletrônicas localizadas ao redor do átomo central:

Interações Intermoleculares14

Quando a matéria se aproxima, os átomos ou íons nela presentes podem interagir ou reagir. Para a
reação ocorrer é necessário que ligações entre os átomos sejam desfeitas e refeitas em diferentes
combinações ou proporções.
Já uma interação é identificada quando uma molécula é atraída ou repelida por outra, sem que haja o
rompimento ou surgimento de novas ligações interatômicas.

Dipolo-Dipolo
Também conhecidas como dipolo permanente-dipolo permanente, são formadas pela diferença de
eletronegatividade dentro das moléculas, o que torna as moléculas polares (possuem carga).
Como por exemplo a molécula de HCl é polar devido a diferença de eletronegatividade entre o H e o
Cl, sua extremidade negativa (Cloro) atrai a extremidade positiva (Hidrogênio) de outra molécula e vice e
versa. Essa interação é chamada de dipolo-dipolo e ocorre em todas as substâncias polares.

14
Rocha, R. W.; Interações Intermoleculares – Química Nova Escola, 2001.

88

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Forças de London
Em uma molécula apolar, a sua nuvem eletrônica está distribuída uniformemente e está em constante
movimento, se por uma pequena fração de segundo essa nuvem eletrônica se deslocar mais para uma
das extremidades da molécula pode-se dizer que foi criado um dipolo-instantâneo, que significa que por
um instante aparecem dois polos na molécula mesmo ela sendo apolar.
Assim a extremidade positiva desse dipolo atrai os elétrons presentes em uma molécula vizinha,
criando assim um dipolo-induzido nela. Essa atração ocorre como no caso do dipolo permanente-dipolo
permanente, a diferença é que essa atração dura apenas uma fração de segundo.
As interações dipolo instantâneo-dipolo induzido são conhecidas também como forças de dispersão
de London, que é uma homenagem ao físico Fritz Wolfgang London. Essas interações ocorrem na
verdade em todas as substâncias polares ou apolares, que apesar de serem interações fracas, são o
único tipo de interações intermoleculares que ocorre em moléculas apolares. Um nome comum que é
usado para representar essa interação é força de Van der Walls.

Ligações de Hidrogênio
Os elementos F (Flúor), O (Oxigênio) e N (Nitrogênio) são muito eletronegativos e possuem um raio
atômico pequeno. Quando esses elementos estão ligados a um átomo de hidrogênio eles provocam uma
grande polarização dessa ligação, ou seja, o polo positivo que é formado no átomo de hidrogênio possui
grande intensidade.
Por conta dessa intensidade o hidrogênio interage com o par de elétrons de moléculas vizinhas.
Atualmente esse tipo de interação entre moléculas recebe o nome de ligação de hidrogênio porém é muito
conhecida como Ponte de Hidrogênio. É a interação intermolecular mais forte conhecida.

Ponto de Fusão e de Ebulição dos Compostos Orgânicos15


Em geral, os pontos de fusão e de ebulição dos compostos orgânicos são menores do que os dos
compostos inorgânicos, como substâncias iônicas e metálicas.
Isso acontece porque quanto mais forte é a força intermolecular que mantém as moléculas de
determinada substância unidas, mais energia será necessário fornecer ao meio para que essas interações
sejam rompidas e elas mudem de estado físico, o que resulta em maiores pontos de fusão e ebulição.
15
http://alunosonline.uol.com.br/quimica/ponto-fusao-ebulicao-dos-compostos-organicos.html

89

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Assim, as forças intermoleculares existentes nos compostos orgânicos são fracas em comparação às
forças dos compostos inorgânicos.
Por exemplo, dois compostos comuns em nossas cozinhas são o sal e o açúcar. Fisicamente, eles se
parecem muito, pois são sólidos brancos em forma de pequenos cristais. Porém, suas propriedades
físicas e químicas são muito diferentes, incluindo os pontos de fusão e de ebulição. Isso se deve à
constituição de cada um. O sal é um composto inorgânico iônico, o cloreto de sódio (NaCl), e o açúcar é
a sacarose, um composto orgânico cuja fórmula molecular é: C12H22O11.
Ao colocar esses dois produtos no fogo, vemos que o açúcar – o composto orgânico - funde-se a uma
temperatura bem menor que o sal - o composto inorgânico. O ponto de fusão do açúcar é 185ºC enquanto
que o do sal é de 801ºC.
Devido a essa baixa intensidade das interações intermoleculares, existem compostos orgânicos nos
três estados físicos em temperatura ambiente.
Exemplo: o álcool (etanol – C2H6O), usado como combustível, como bebida e como desinfetante, é
líquido; o butano (C4H10), usado no gás de cozinha e de isqueiro, é gasoso; e o fenol (C6H6O), usado
como bactericida, é sólido.

A seguir, temos uma tabela comparando os pontos de fusão e ebulição destas substâncias:

Quando comparamos os pontos de fusão e de ebulição entre compostos orgânicos, vemos que três
coisas afetam estas propriedades: as interações intermoleculares, a polaridade e a massa molecular.
Questões

01. (UFPR) Assinale a alternativa que associa corretamente a coluna de compostos químicos com a
coluna de estruturas geométricas.
I. NH3 A. Linear
II. HF B. Angular
III. SO2 C. Piramidal
IV. CH4 D. Tetraédrica

(A) I-A, II-B, III-C, IV-D


(B) I-A, III-B, IV-C, II-D
(C) II-A, III-B, I-C, IV-D
(D) II-A, IV-B, III-C, I-D
(E) III-A, II-B, IV-C, I-D

02. (Mack/SP) O aumento da diferença de eletronegatividade entre os elementos ocasiona a seguinte


ordem no caráter das ligações:
(A) Covalente polar, covalente apolar, iônica;
(B) Iônica, covalente polar, covalente apolar;
(C) Covalente apolar, iônica, covalente polar;
(D) Covalente apolar, covalente polar, iônica;
(E) Iônica covalente apolar, covalente polar;

03. (UPF/RS) Sejam os seguintes compostos: fluoreto de potássio (KF), dióxido de enxofre (SO2), iodo
(I2) e iodeto de hidrogênio (HI). As ligações químicas existentes nestes compostos são, respectivamente:
(A) Iônica, covalente polar, iônica, covalente polar.
(B) Iônica, covalente polar, covalente apolar, covalente polar.
(C) Covalente apolar, iônica, covalente polar, covalente polar.

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(D) Iônica, covalente apolar, covalente polar, iônica.
(E) Covalente polar, covalente polar, covalente apolar, covalente polar.

Gabarito

01. C / 02. D / 03. B

Comentários

01. Resposta C
A amônia é piramidal, o fluoreto de hidrogênio é linear, o dióxido de enxofre é angular, e o metano é
tetraédrico.

02. Alternativa D
Se supormos que a eletronegatividade inicial entre os dois átomos ligantes é igual. Logo seria uma
ligação covalente apolar, conforme essa eletronegatividade vai se distanciando a ligação passa a ser
covalente polar e quando a diferença for grande será uma ligação iônica já que elas são as que
apresentam máxima polarização.

03. Alternativa B
KF = metal + não metal = ligação iônica;
SO2 = ligação covalente entre átomos de diferentes espécies = covalente polar;
I2 = ligação covalente formada por átomos iguais = covalente apolar;
HI = ligação covalente entre átomos de diferentes espécies = covalente polar.

Água

ÁGUA

Água no planeta Terra16

A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam a Terra.
No organismo humano a água atua, entre outras funções, como veículo para a troca de substâncias e
para a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% de sua massa corporal. Além disso, é
considerada solvente universal e é uma das poucas substâncias que encontramos nos três estados
físicos: gasoso, líquido e sólido. É impossível imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem ela
Uma vez que a água é fundamental para a manutenção da vida, é importante saber como ela se
distribui no nosso planeta e como ela circula de um meio para outro. O volume total de água na Terra não
aumenta nem diminui, é sempre o mesmo. O volume de água disponível distribui-se da seguinte forma:

- Água do Mar: 97%


- Geleiras: 2,2%
- Água doce: 0,8%, onde 97% desse valor é agua subterrânea e 3% água superficial.

Pode-se ver claramente que, da água disponível, muito pouco pode ser utilizada mais facilmente para
abastecimento público. Desta pequena fração de 0,8%, apenas 3% apresentam-se na forma de água
superficial, da extração, mais fácil. Esses valores ressaltam a grande importância de preservarem os
recursos hídricos na Terra, e de se evitar a contaminação da pequena fração mais facilmente disponível.
No nosso planeta, a água se apresenta em diferentes compartimentos. A quantidade de água presente
em cada um destes compartimentos, assim como o seu tempo de residência, varia bastante. Os oceanos
se constituem no maior destes compartimentos, onde a água tem um tempo de residência de
aproximadamente 3 mil anos. Eles são ainda a fonte da maior parte do vapor d’água que aporta no ciclo
hidrológico. Sendo grandes acumuladores do calor oriundo do sol, os oceanos desempenham um papel
fundamental no clima da Terra.

16
http://qnesc.sbq.org.br/

91

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O segundo maior reservatório de água do planeta são as geleiras e calotas polares. O continente
Antártico contém cerca de 85% de todo o gelo existente no mundo. O restante pode ser encontrado no
Oceano Ártico e ainda na Groenlândia.
As águas subterrâneas encontram-se abaixo da superfície em formações rochosas porosas
denominadas aquíferos. Estas águas têm influência e também são influenciadas pela composição
química e pelos minerais com os quais estão em contato. Os aquíferos são reabastecidos pela água que
se infiltra no solo e eventualmente flui para reservatórios que se localizam abaixo de seu próprio nível.
Corpos de água doce em contato direto com a atmosfera compreendem lagos, reservatórios, rios e
riachos. Coletivamente, estas águas são chamadas de superficiais.
A concentração de sais na água faz com que as águas superficiais sejam divididas em duas grandes
categorias. Águas doces se distinguem de águas salinas pelo seu baixo conteúdo de sais, sendo
normalmente encontradas em rios e lagos.
O exemplo mais significativo de águas salinas é o das águas oceânicas. Via de regra, águas salinas
apresentam níveis de cerca de 35 g.L-1 de espécies dissolvidas, entre as quais as predominantes são
formadas por íons de sódio e cloreto. O encontro das águas doces e salinas resulta em regiões
denominadas estuários. Nestas regiões, observa-se geralmente um gradiente de salinidade, cujos níveis
aumentam à medida que se aproxima da foz do rio.
Um exemplo típico de comportamento não conservativo é a precipitação do ferro coloidal, que ocorre
à medida em que se aumenta a salinidade da água de um estuário. Como resultado, o ferro acaba sendo
depositado nos sedimentos.
Do ponto de vista ambiental, um importante reservatório são os mangues, nos quais os níveis do lençol
freático se encontram praticamente na superfície. Estes ecossistemas suportam uma vasta população de
plantas e animais, constituindo-se em berçários bastante importantes para a vida selvagem
Finalmente, a atmosfera é o compartimento que contém a menor quantidade de água, além de ser
aquele onde a água tem o menor tempo de residência, cerca de 10 dias. A atmosfera contribui para a
precipitação, que em última instância é o meio através do qual a água que se evapora predominantemente
dos oceanos é devolvida à terra.

Estrutura da Água

A água é uma substância formada por dois elementos: Hidrogênio e Oxigênio, onde cada molécula de
água é composta por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Esses átomos se unem por
ligação covalente, ou seja, os elétrons dos elementos são compartilhados. Por conta que o oxigênio
possui uma maior eletronegatividade (propriedade de atrair elétrons que cada elemento possui), ele atrai
os elétrons dessa molécula de forma muito mais efetiva que os hidrogênios, criando assim polos com
cargas positiva, os hidrogênios, e negativa o oxigênio.

Essa polaridade gerada por esses elementos garante a molécula de água propriedades muito
importantes, como seu ponto de fusão e ebulição e também sua imensa capacidade de dissolução de
substâncias. Dentre suas propriedades é importante citar que a água é inodora, insipida e incolor, ou seja,
ela não possui cheiro, gosto e cor, respectivamente.

Estados Físicos da Água

Na natureza a água pode ser encontrada nos 3 estados físicos da matéria: sólido, liquido e gasoso.
Na temperatura ambiente (aproximadamente 22ºC) a água é liquida, quando sua temperatura atinge 0ºC
ela se torna gelo, e quando chega a 100ºC ela se torna vapor.

No estado sólido, a água se apresenta na forma de gelo. Neste estado físico, ela é mais comum em
regiões frias do continente como na Antártida e no Polo Norte. A água também pode passar do estado
físico líquido para o sólido de forma artificial, ou seja, quando colocamos água no congelador de nossas
geladeiras.
92

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O estado líquido é o mais comum, por conta da temperatura média do planeta, logo seu uso é mais
comum no dia a dia. É a água que bebemos, tomamos banho, lavamos roupa e louças e etc. Neste estado
está presente nos mares, rios, lagos, riachos e etc.
O estado gasoso, embora menos visível, também está muito presente em nossas vidas. Num dia de
muito calor, por exemplo, a água dos rios, mares e até da roupa que estendemos no varal é transformada
em vapor de água. Para a quantidade de vapor de água que temos no ar dá-se o nome umidade, e seu
excesso ou escassez causa grandes diferença na forma que vivemos.

Ciclo da água

Uma vez visto como a água se distribui em nosso planeta, é importante também o conhecimento de
como a água se movimenta de um meio para outro na Terra. A essa circulação de água se dá o nome de
ciclo hidrológico. Neste ciclo distinguem-se os seguintes mecanismos de transferência da água.

- Precipitação;
- Escoamento superficial;
- Infiltração;
- Evapotranspiração.

Precipitação
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na superfície da Terra. As principais
formas são: chuva, neve, granizo e orvalho. A precipitação é formada a partir dos seguintes estágios:
- Resfriamento do ar à proximidade de saturação (quantidade máxima de vapor da água que o ar pode
conter);
- Condensação do vapor d`água na forma de gotículas;
- Aumento do tamanho das gotículas por coalizão e aderência até que estejam grandes o suficiente
para formar a precipitação.

Escoamento superficial
A precipitação que atinge a superfície da Terra tem dois caminhos por onde seguir: escoar na superfície
ou infiltrar no solo. O escoamento superficial é responsável pelo deslocamento da água sobre o terreno,
formando córregos, lagos e rios eventualmente atingindo o mar. A quantidade de água que escoa
depende dos seguintes fatores principais:
- Intensidade da chuva;
- Capacidade de infiltração do solo.

Infiltração
A infiltração corresponde à água que atinge e adentra o solo, formando os lençóis d`água. A água
subterrânea é grandemente responsável pela alimentação dos corpos d´água superficiais, principalmente
nos períodos secos. Um solo coberto com vegetação (ou seja, que absorve água de maneira eficiente) é
capaz de desempenhar melhor as seguintes funções:
- Menos escoamento superficial (menos enchentes nos períodos chuvosos);
- Mais infiltração (maior alimentação dos rios nos períodos secos);
- Menos transporte de partículas do solo para os cursos d´água.

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Evapotranspiração
A transferência da água para o meio atmosférico se dá através dos seguintes principais mecanismos,
conjuntamente denominados de evapotranspiração:
- Evaporação: transferência da água superficial do estado líquido para o gasoso. A evaporação
depende da temperatura e da umidade relativa do ar;
- Transpiração: as plantas retiram a água do solo pelas raízes. A água é transferida para as folhas e
então evapora. Este mecanismo é importante, considerando-se que em uma área coberta com vegetação
a superfície das folhas para a evaporação é bastante elevada.

A água como solvente

A água possui uma elevada capacidade de dissolver substâncias, por isso ela é denominada solvente
universal, por isso no ambiente é muito difícil encontrar água pura, em razão da facilidade com que as outras
substâncias se misturam a ela. Mesmo a água da chuva, por exemplo, ao cair, traz impurezas do ar nela
dissolvidas ou gases ali presentes. Se a água apresentar cor, cheiro ou sabor, isso se deve a substâncias
(líquidos, sólidos ou gases) nela presentes.
A substância que se dissolve em outra recebe a denominação de soluto (por exemplo: o sal). A substância
que é capaz de dissolver outras, como a água, é chamada de solvente. A associação do soluto com o
solvente é uma solução.

Importância para a Vida

A propriedade que a água tem de atuar como solvente é fundamental para a vida. Como por exemplo no
sangue várias substâncias (como sais minerais, vitaminas, açucares, entre outras) são transportadas
dissolvidas na água.

Porcentagem de água em alguns órgãos do corpo humano

Nas plantas, os sais minerais dissolvidos na água são levados das raízes às folhas, assim como o
alimento da planta (açúcar) também é transportado dissolvido em água para todas as partes desse
organismo. No interior dos organismos vivos, ocorrem inúmeras reações químicas indispensáveis à vida,
como as que acontecem na digestão. A maioria dessas reações químicas no organismo só acontece se as
substâncias químicas estiverem dissolvidas em água.

Principais tipos de água

Na natureza, encontramos diversos tipos de água, que variam de acordo com os elementos e
substâncias que a compõe. Algumas são ideais para o consumo, enquanto outras são prejudiciais à
saúde. Vejamos a baixo os principais tipos:

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Potável: É a água que o segura para o consumo. Ela não possui substâncias tóxicas e também é livre
de doenças por contaminação. É o tipo de água que é coletada, tratada e distribuída para a população
de quase todas as cidades. Também pode ser obtida de poços artesianos e em alguns riachos e
mananciais;
Doce: É a água que encontramos em rios, lagos e ribeiras. Geralmente tem coloração marrom, devido
ao fato de se encontrar uma grande quantidade de terra dissolvida. Para poder ser consumida ela
necessita passar por processo de tratamento. O Brasil é um país rico em água doce por conta da grande
quantidade de rios como o Rio São Francisco, Rio Grande, a bacia do Rio Amazonas, entre outros;
Salgada: A água do mar. Possui uma grande quantidade de sais, principalmente o cloreto de sódio,
popularmente conhecido como sal de cozinha. Esta água não pode ser consumida. Em alguns países
ocorre um processo chamado de dessalinização da água do mar onde o sal é retirado da água tornando-
a apta ao consumo. Este processo ocorre especialmente em países onde há falta de água doce.
Mineral: Esta possui uma grande quantidade de minerais. Algumas possuem propriedades
terapêuticas. E também existem as águas minerais que são próprias para o consumo, como podemos ver
algumas empresas envasam e as vendem. A cidade de Água de Lindóia no interior de São Paulo é
reconhecida como uma das mais importantes na produção de água mineral. Situada no chamado circuito
das águas, onde há diversas cidades com fontes de águas minerais.
Salobra: A água que se caracteriza por uma aparência turva, ela possui grande quantidades de
substâncias dissolvidas. É encontrada facilmente em regiões de mangue, e não pode ser consumida pelo
ser humano.
Contaminada: É a água onde geralmente são depósitos os resíduos de industrias e também esgotos.
Nela possui grande quantidade de produtos químicos e microrganismos que são nocivos à saúde,
portanto não pode ser consumida.

Poluição da Água17

Cada ecossistema natural possui um limite de quanta matéria orgânica gerada pelas atividades
humanas ele é capaz de decompor, ou seja, quando o ser humano despeja uma quantidade que
ultrapassa essa capacidade de decomposição, nos ecossistemas aquáticos, o resultado é uma drástica
transformação desses ambientes. A maior parte dessa prática irresponsável é causada pelo esgoto não
tratado e lixo que é jogado diariamente em seus leitos, e tais atitudes podem deixar a água em um nível
de contaminação tão extremo que ela fica impossível de ser recuperada.

Tipos de Poluição das Águas18


As formas de poluição de nossas reservas hídricas são classificadas em biológica, térmica, sedimentar
e química.

Biológica: Consiste na presença de agentes patogênicos (bactérias, vírus, protozoários e vermes)


presentes na água, com uma atenção maior para os microrganismos nocivos presentes na água potável.
Essa contaminação é causada pelo despejo de esgotos domésticos e industriais. As principais
consequências do uso desse tipo de água são os diferentes tipos de doenças que podem ser transmitidas,
tais como tais como febre tifoide, cólera, salmonela, leptospirose, hepatites, esquistossomose, amebíase
e giardíase.
Térmica: Essa forma de poluição é causada pelo constante descarte de água, nos corpos receptores,
geralmente usada no resfriamento de alguns processos industriais, aumentando a temperatura da água
ali presente. Com esse aumento de temperatura, diminui a quantidade de gases solubilizados na água,
prejudicando assim a respiração dos animais aquáticos. Também ocorre a diminuição do tempo de vida
de certas espécies aquáticas, além poder potencializar a ação de outros poluentes pelo aumento na
velocidade das reações.
Sedimentar: A poluição sedimentar da água é o acumulo de partículas em suspensão, como partículas
de solo e produtos químicos insolúveis, tanto orgânicos quanto inorgânicos. Esse é o maior tipo de
poluição encontrado e corresponde a maior massa de poluentes, como consequência os sedimentos
impedem a entrada de raios solares na água, o que interfere na fotossíntese de plantas aquáticas
diminuindo sua quantidade e dificultando que animais aquáticos encontrem esse alimento.
Química: Provavelmente a mais problemática de todas as formas seja a poluição química, causada
pela presença de produtos químicos nocivos ou indesejáveis. A poluição química é um pouco diferente e
um pouco mais sutil que as outras formas de poluição. A poluição térmica tem pouco efeito sobre a
17
https://capacitacao.ead.unesp.br
18
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, Poluição e Tratamento de Água N° 10, NOVEMBRO 1999

95

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potabilidade da água. A poluição sedimentar é normalmente muito visível e facilmente removível. Mesmo
a poluição biológica parece em alguns casos menos perigosa do que a poluição química, uma vez que a
maioria dos microrganismos podem ser destruídos pela fervura da água que eles estejam infectando, ou
pelo tratamento com substâncias químicas, como o hipoclorito de sódio e a cal viva. Já a poluição química
não é assim tão simples. Os efeitos nocivos podem ser sutis e levar muito tempo para serem sentidos.
Os agentes poluidores mais comuns dessas águas são os fertilizantes agrícolas, petróleo, compostos
orgânicos sintéticos, compostos inorgânicos e minerais.

Tratamento de Água19

Tratamento convencional: é aplicado às aguas com partículas divididas em suspensão e partículas


coloidais, que ensejam um tratamento químico mais avançado, que consiga fazer sua deposição, com
baixo período de detenção.
Para que este tratamento ocorra é necessário subdividi-lo em algumas etapas:

Coagulação: ocorre através de uma mistura rápida adicionando-se sulfato de alumínio ou sulfato
ferroso, ocasionando a coagulação, em virtude dos compostos químicos. A união desses compostos por
meio de choques com as partículas de impurezas, são absorvidas por elas, causando desequilíbrio das
cargas elétricas superficiais.
Floculação: os compostos químicos, misturados anteriormente, irão de encontro com a alcalinidade
da água e serão formados compostos que levam a adsorção, que nada mais é do que a capacidade de
atrair partículas com cargas elétricas contrárias. Este tipo de partícula tem cargas elétricas positivas, já
as impurezas possuem carga elétrica negativa. Na fase da floculação é que será dado início a formação
dos flocos, que crescem em tamanho, indo em caminho ao decantador.
Decantação: nesta etapa não é adicionado nenhum produto químico, os flocos que já agregaram as
impurezas dão início ao processo de sedimentação e clarificação da água. Isto se dá porque os flocos
que são mais pesados do que a própria água, juntamente com a baixa velocidade da mesma, na área do
decantador irão afundar em decorrência da ação gravitacional. Desta maneira, ficarão depositados no
fundo do tanque uma espécie de lodo, de forma que deixe a água da superfície mais clara, permitindo
que dirija-se a próxima etapa.
Filtração: grande parte das partículas fica retida no decantador, porém algumas ficam em suspensão,
na qual a filtração irá remover essa parte. Hidraulicamente, a água irá transpassar uma camada filtrante,
formada por leito arenoso, com granulometria previamente dimensionada, sustentada por uma camada
de cascalho, de forma que as impurezas, as partículas e a maior parte das bactérias fiquem retidas e a
água filtrada ficará límpida.
Desinfeção: uma água que tenha sido filtrada corretamente elimina as partículas e grande parte das
bactérias, contudo todas as bactérias devem ser removidas. A desinfecção irá cuidar desse procedimento,
com a adição de produtos químicos, em especial o cloro. Este processo de aplicação do cloro na água é
conhecido como Cloração, que será feito com dosagens de compostos de água e cloro, desinfetando a
água.
Fluoretação: será acrescido flúor à água em tratamento, com a finalidade de diminuir o elevado
número de cáries dentárias. Para esta finalidade será utilizado o fluorsilicato de sódio e o ácido
fluorsilícico.

O tratamento convencional para que se dê de forma adequada deve obedecer aos controles de
processo, quais sejam:

Controle Analítico

A realização de análises físico-químicas, durante as várias etapas do tratamento, possibilita o


acompanhamento da eficiência do mesmo e determina a necessidade, ou não, da implementação de
medidas preventivas e/ou corretivas. Além disto, serve para monitorar os principais parâmetros relativos
à potabilidade da água. Para cada etapa, distintas análises são feitas, a saber:

- Água Bruta: normalmente, são realizadas as seguintes análises: temperatura, cor, turbidez, pH, odor,
alcalinidade, matéria orgânica, oxigênio dissolvido, dióxido de carbono, ferro, manganês e dureza. Esta

19
https://www.caesb.df.gov.br/

96

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bateria de análises é realizada a cada turno de trabalho e tem como objetivo monitorar a qualidade da
água bruta que chega à ETA e detectar alterações na mesma.
- Água Coagulada: analisa-se pH, alcalinidade, cor, turbidez e alumínio.
- Água Decantada: cor, turbidez, pH, alcalinidade.
- Água Tratada: na água tratada são analisados os mesmos parâmetros avaliados na água bruta. Além
disto, a cada duas horas, são efetuadas análises de pH, turbidez, cor, flúor, cloro residual livre e alumínio
residual. Diariamente, análise bacteriológica.

Controle Operacional

O controle operacional compreende todas as ações necessárias ao bom andamento do processo de


tratamento da água. A seguir estão elencadas as principais atividades relativas à operação de estações
de tratamento de água:

- Medição da vazão de água bruta;


- Ajustes e conferências nas dosagens dos produtos químicos utilizados no tratamento;
- Preparo de soluções dos produtos químicos utilizados no tratamento;
- Lavagem de filtros;
- Medição dos níveis dos reservatórios de água tratada;
- Registro de consumo de produtos químicos, e
- Verificação periódica do funcionamento de bombas, válvulas, dosadores e demais equipamentos
existentes nas estações de tratamento de água.

As águas brutas e tratadas passam pela análise do parâmetro físico, que indica a turbidez da água,
sua cor, sabor e odor, além da temperatura.
Por sua vez os parâmetros químicos indicam o PH, alcalinidade, dureza, cloretos, ferro e manganês,
alumínio, fluoretos, oxigênio e cloro residual.
Já os parâmetros bacteriológicos levam a transmissão de algumas doenças, como é o caso da cólera,
febre tifoide, disenterias. As principais doenças transmitidas pela água são causadas por bactérias e vírus.

Quanto à distribuição da água:


A água tratada será conduzida por meio de tubulações, aos mais diversos pontos de consumo da
população. Sua formação ocorre por malhas hidráulicas que são compostas por tubulações de adução,
sub adução, redes distribuidoras e prédios. Essas malhas comportam grandes reservatórios de
distribuição, com estações de bombeamento para as regiões mais elevadas e o emprego de outros
equipamentos que permitam que a distribuição tenha continuidade.

Distribuição de água no Brasil

O Brasil é o país mais rico em água doce, com 12% das reservas mundiais. Do potencial de água de
superfície do planeta, concentram-se 18%, escoando pelos rios aproximadamente 257.790 m3.s-1. Apesar
de apresentar uma situação aparentemente favorável, observa-se no Brasil uma enorme desigualdade
regional na distribuição dos recursos hídricos. Quando comparamos estas situações com a abundância
de água na Bacia Amazônica, que corresponde às regiões Norte e Centro-Oeste, contrapondo-se a
problemas de escassez no Nordeste e conflitos de uso nas regiões Sul e Sudeste, a situação agrava-se
(Tabela 01).
Ao se considerar em lugar de disponibilidade absoluta de recursos hídricos renováveis, àquela relativa
à população deles dependentes, o Brasil deixa de ser o primeiro e passa ao vigésimo terceiro no mundo.
Mesmo considerando-se a disponibilidade relativa, existe ainda em nosso país o problema do acesso da
população à água tratada, por exemplo, podemos citar a cidade de Manaus, que está localizada na Bacia
Amazônica e grande parte das moradias não recebe água potável. No Brasil, cerca de 36% das moradias,
ou seja, aproximadamente 20 milhões de residências, não têm acesso a água de boa qualidade, segundo
dados do IBGE.

Tabela 01. Distribuição de água de acordo com as regiões brasileiras


Densidade Concentração dos
Região
demográfica (hab/Km²) recursos hídricos no país
Norte 4,12 68,5
97

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Nordeste 34,15 3,3%
Centro-Oeste 8,75 15,7%
Sudeste 86,92 6%
Sul 48,58 6,5%
Fonte: IBGE/ANA (2010)

Com base nos dados acima é possível observar que a região Norte, que possui uma densidade de
apenas 4,12 habitantes para cada quilômetro quadrado, concentrando aproximadamente 70% de todos
os recursos hídricos disponíveis no Brasil. A maior parte desses recursos encontra-se nos rios da Bacia
do Amazonas e, principalmente, no Aquífero Alter do Chão, exclusivo dessa região e com um volume de
água superior ao Aquífero Guarani, que se distribui entre as demais áreas (exceto o Nordeste).
O Nordeste apresenta uma densidade de 34,15 pessoas para cada quilômetro quadrado, ao passo em
que detém apenas 3,3% de todos os recursos hídricos do país, o que seria mais do que suficiente se
houvesse políticas públicas de combate à seca nessa área. Entretanto, apenas a região do Polígono das
Secas é que eventualmente sofre com a falta d'água, e não a região nordestina como um todo.
A região Centro-Oeste apresenta um melhor equilíbrio. Sua densidade demográfica apresenta uma
média de 8,75 habitantes para cada quilômetro quadrado, e sua população total representa pouco mais
que 6% do total da população brasileira. A região possui cerca de 15,7% dos recursos hídricos do país,
relativamente bem distribuídos em seu interior, embora o Pantanal mato-grossense detenha a maior
parte.
Já o Sudeste conta com apenas 6% dos recursos hídricos do país e uma densidade demográfica
superior aos 86 habitantes para cada quilômetro quadrado, média que se acentua muito nas áreas das
grandes cidades, principalmente Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A capital paulista é a que
mais vem sofrendo com a seca que se iniciou no ano de 2014, embora as raízes do problema de baixa
nos reservatórios sejam anteriores. Há, inclusive, uma disputa política muito forte entre Rio e São Paulo
envolvendo a transposição do Rio Paraíba do Sul.
Na região Sul, por sua vez, apresenta um desequilíbrio menor, porém não menos preocupante. Com
uma densidade demográfica de 48,58 habitantes por quilômetro quadrado e cerca de 15% da população
brasileira, os sulistas detêm cerca de 6,5% da água potável do país.
As águas subterrâneas no Brasil oferecem um potencial em boa parte ainda não explorado. Ao
contrário de outros países que possuem informações e bancos de dados do potencial subterrâneo de
água, no Brasil a matéria é tratada com meros palpites e avaliações grosseiras. Segundo a ABAS
(Associação Brasileira de Águas Subterrâneas), o Brasil tem o impressionante volume de 111 trilhões e
661 milhões de metros cúbicos de água em suas reservas subterrâneas, inclusive detendo o maior
aquífero do mundo, o aquífero Guarany. Muitas cidades já são abastecidas em grande parte por águas
de poços profundos, por exemplo, a cidade de Ribeirão Preto.20
A questão crucial do uso da água subterrânea reside no elevado custo de exploração além de exigir
tecnologia avançada para investigação hidro geológica. No caso específico da região Nordeste,
caracterizada por reduzidas precipitações, elevada evaporação e escassez de águas superficiais, as
reservas hídricas subterrâneas constituem uma alternativa para abastecimento e produção agrícola
irrigada. As disponibilidades hídricas subterrâneas da região indicam que os recursos subterrâneos,
dentro da margem de segurança adotada para a sua exploração, contribuem apenas como complemento
dos recursos hídricos superficiais para atendimento da demanda hídrica. Exceções podem ser dadas aos
estados de Maranhão e Piauí, cujas reservas atenderiam a demanda total e à Bahia com atendimento
quase total, caso a distribuição dos aquíferos fosse homogênea, pois estes não ocorrem em mais do que
40% da área do estado.
O setor agrícola é o maior consumidor de água. Ao nível mundial a agricultura consome cerca de 70%
de toda a água derivada das fontes (rios, lagos e aquíferos subterrâneos), e os outros 30% pelas
indústrias e uso doméstico. Sendo este o elemento essencial ao desenvolvimento agrícola, sem o controle
e a administração adequados e confiáveis não será possível uma agricultura sustentável. No Brasil 70%
da água consumida ocorre na agricultura irrigada, 20% é utilizada para uso doméstico e 10% pelo setor
industrial.
Apesar do grande consumo de água, a irrigação representa a maneira mais eficiente de aumento da
produção de alimentos. Estima-se que ao nível mundial, no ano de 2020, os índices de consumo de água
para a produção agrícola sejam mais elevados na América do Sul, África e Austrália. Pode-se prever um
maior incremento da produção agrícola no hemisfério sul, especialmente pela possibilidade de elevação
da intensidade de uso do solo, que sob irrigação, produz até três cultivos por ano.

20
http://www.ufrrj.br/

98

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A expansão da agricultura irrigada se tornará uma questão preocupante devido ao elevado consumo
e as restrições de disponibilidade de água. Avaliando a necessidade de água dos cultivos, em termos
médios, é possível verificar que para produzir uma tonelada de grão são utilizadas mil toneladas de água,
sem considerar a ineficiência dos métodos e sistemas de irrigação e o manejo inadequado desta.
Avaliações de projetos de irrigação no mundo inteiro indicam que mais da metade da água derivada para
irrigação perde-se antes de alcançar a zona radicular dos cultivos.
Um outro fato preocupante é a velocidade de degradação dos recursos hídricos, com o despejo de
resíduos domésticos e industriais nos rios e lagos. O país lança sem nenhum tratamento aos rios e lagoas
cerca de 85% dos esgotos que produz, segundo dados do IBGE. Somente a Ásia despeja 850 bilhões de
litros de esgoto nos rios por ano.
As consequências da baixa qualidade dos recursos hídricos remetem à humanidade perdas
irreparáveis de vidas e também grandes prejuízos financeiros.

Doenças21

As principais doenças transmitidas pela água são:

Cólera: causada pela bactéria Vibrio Cholerae, caracteriza-se por um caso grave de diarreia aquosa,
levando rapidamente à desidratação. Pode ser adquirida também por via fecal-oral, por meio de água ou
alimentos contaminados.
Diarreia Infecciosa: vários vírus, germes, parasitas e bactérias podem contaminar a água, na maioria
das vezes pela via fecal-oral, e causar quadros bem graves de diarreia.
Hepatite A: é uma infecção viral cuja transmissão se dá pela via fecal-oral, contaminando alimentos
através da falta de higiene ou do contato das fezes infectadas com a água, onde não há saneamento
básico. Alguns dos sintomas são: diarreia, náusea, perda de apetite, febre, dores pelo corpo e vômitos.
Uma semana após o contágio e o aparecimento dos sintomas, o paciente apresenta a icterícia, cujos
sintomas são pele e olhos amarelados.
Esquistossomose: conhecida também como doença do caramujo ou barriga d’água, a
esquistossomose é uma infecção transmitida pelo parasita Schistosoma, que vive em águas povoadas
pelo caramujo e contaminada por fezes.
Leptospirose: transmitida principalmente pelos ratos de esgoto, a leptospirose se dá por diversas
formas, sendo a principal, pelo contato direto da pele humana com a água contaminada pela urina dos
roedores. Febre alta, calafrios, dores pelo corpo, diarreia, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas da
doença, além da vermelhidão acentuada dos olhos.

Questões

01- (CASAN - Técnico de Laboratório - INSTITUTO AOCP) Durante o tratamento de esgoto realizado
pela CASAN, ocorre um processo denominado decantação. Nessa etapa, o lodo é recolhido do fundo dos
tanques. O lodo se separa do meio líquido e se acumula no fundo do tanque porque possui:
(A) mais matéria orgânica do que a água.
(B) mais oxigênio dissolvido do que a água.
(C) menos gases dissolvidos do que a água.
(D) maior densidade do que a água.
(E) maior quantidade de sólidos dissolvidos.

02- (CASAN - Técnico de Laboratório - INSTITUTO AOCP) A CASAN, durante o tratamento da água,
adiciona cloro e flúor imediatamente após a etapa de:
(A) captação.
(B) floculação.
(C) decantação.
(D) filtração.
(E) bombeamento.

03- (CASAN - Técnico de Laboratório - INSTITUTO AOCP) Considerando as etapas de tratamento


da água e os procedimentos utilizados pela CASAN, assinale a alternativa correta.
(A) A cal hidratada é o primeiro composto químico a ser adicionado à água durante o seu tratamento.

21
http://www.sampexdesentupidora.com.br/blog/doencas-causadas-por-agua-contaminada/

99

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(B) Na etapa de decantação, não é adicionado produto químico na água.
(C) Durante o processo de filtração, são adicionados compostos de correção de pH à água.
(D) O ácido fluossilícico é o composto utilizado para a correção de pH da água tratada.
(E) Durante a fluoretação, a água passa por tanques compostos por camadas de seixos, areia e carvão
antracito.

04- (Prefeitura de Rio de Janeiro/RJ - Professor de Ensino Fundamental)


A maior parte das substâncias existentes na natureza pode se apresentar em três estados físicos:
sólido, líquido e gasoso. Dependendo de fatores como temperatura e pressão, uma substância como a
água, por exemplo, pode mudar de um estado físico para o outro. Estas mudanças recebem
denominações específicas, assim é correto afirmar que:
(A) condensação: passagem do estado líquido para o estado gasoso
(B) solidificação: passagem do estado gasoso para o estado sólido
(C) sublimação: passagem do estado gasoso para o estado líquido
(D) fusão: passagem do estado sólido para o estado líquido

05- (IF/BA - Assistente de Laboratório – FUNRIO) Assinale a opção onde observamos o método
mais simples de esterilização da água para assim evitar a maior parte das contaminações com
microrganismos.
(A) Autoclavação.
(B) Fervura
(C) Tratamento com cloro a 2%.
(D) Tratamento da água com solução de formol a 10%.
(E) Irradiação da água com ultravioleta.

Gabarito

01. D / 02. D / 03. B / 04. D / 05. B

Comentário

01. Resposta D
A decantação é um processo de separação que permite separar misturas heterogêneas. Baseado no
princípio da diferença de densidade entre as substâncias, logo a de maior densidade terá a tendência de
ficar no fundo do recipiente.

02. Resposta D
Após a filtração acontecem as etapas de cloração (desinfecção) e fluoretação, onde respectivamente
são adicionados cloro e flúor.

03. Resposta B
Como descrito no processo de tratamento da água, na decantação não há adição de nenhum composto
químico.

04. Resposta D
A fusão é a passagem do estado sólido para o liquido, ex.: gelo derretendo.

05. Resposta B
A “fervura” da água é um método fácil de se livrar da maioria dos microrganismos ali presentes, pois
grande parte deles não sobrevive a temperatura de aproximadamente 100°C.

SOLUÇÕES

É uma mistura homogênea constituída por duas ou mais substâncias numa só fase. As soluções são
formadas por um solvente (geralmente o componente em maior quantidade) e um ou mais solutos
(geralmente componente em menor quantidade).
Suas propriedades físicas e químicas podem não estar relacionadas com aquelas das substâncias
originais, diferentemente das propriedades de misturas heterogêneas que são combinações das

100

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propriedades das substâncias individuais. As soluções incluem diversas combinações em que um sólido,
um líquido ou um gás atua como dissolvente (solvente) ou soluto.

Componentes de uma Solução

Uma solução verdadeira é constituída, no mínimo, por dois componentes:

Solvente: substância presente em maior quantidade em uma solução, por meio da qual as partículas
do(s) soluto(s) são preferencialmente dispersas. É muito comum a utilização da água como solvente,
originando soluções aquosas.

Soluto: substância(s) presente(s) em menor quantidade em uma solução. Por exemplo, ao se preparar
uma xícara de café solúvel, temos como soluto o café e o açúcar e como solvente a água quente.

Exemplos:
- Ao misturarmos 1g de cloreto de sódio (NaCl) em 1 litro de H2O, teremos uma solução, na qual o
NaCl é o soluto e a água é o solvente.
- O álcool comercial comprado em supermercados trata-se de uma mistura homogênea entre álcool e
água, geralmente constituída de 92% de álcool e 8% de água. Nesse caso, o álcool é o solvente e a água
é o soluto.

Solução – sempre formada pelo soluto e pelo solvente.


Soluto – substância que será dissolvida.
Solvente – substância que dissolve.

As soluções podem ser formadas por qualquer combinação envolvendo os três estados físicos da
matéria: sólido, líquido e gasoso.
Exemplos de soluções no nosso dia a dia:
- álcool hidratado
- acetona
- água minera
- soro fisiológico

Coeficiente de Solubilidade

Ao adicionar sal a um copo com água, dependendo da quantidade colocada neste copo, o sal se
dissolverá ou não. O mesmo acontece quando colocamos muito açúcar no café preto. Nem todo o açúcar
se dissolverá no café. A quantidade que não se dissolver ficará depositada no fundo.
O Coeficiente de Solubilidade é a quantidade necessária de uma substância para saturar uma
quantidade padrão de solvente, em determinada temperatura e pressão. Assim, a solubilidade é definida
como a concentração de uma substância em solução, que está em equilíbrio com o soluto puro a uma
dada temperatura.

Exemplos:
AgNO3 – 330g/100mL de H2O a 25°C
NaCl – 357g/L de H2O a 0°C
AgCl – 0,00035g/100mL de H2O a 25°C

Veja que o AgCl é muito insolúvel. Quando o coeficiente de solubilidade é quase nulo, a substância é
insolúvel naquele solvente.
Quando dois líquidos não se misturam chamamos de líquidos imiscíveis (água e óleo, por exemplo).
Quando dois líquidos se misturam em qualquer proporção, ou seja, o coeficiente de solubilidade é infinito,
os líquidos são miscíveis (água e álcool, por exemplo).

101

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Classificação das Soluções

Uma solução pode ser classificada a partir de várias de suas propriedades, sendo estas:

Quanto ao Estado Físico22


Poderemos ter uma solução em qualquer estado físico da matéria sendo assim:
- Soluções Sólidas: recebem o nome de ligas, e geralmente tratam-se de uma mistura homogênea
entre metais. Por exemplo, o ouro 18 quilates é uma mistura constituída por ouro, cobre e prata. Já o
bronze é uma mistura dos metais zinco e estanho.

- Soluções Líquidas: podem ser de três naturezas distintas:


Sólidos dissolvidos em líquidos: por exemplo, água do mar é uma solução que apresenta vários
solutos, entre eles, cloreto de sódio, cloreto de magnésio (MgCl2) e bicarbonatos (HCO3-).
Líquidos dissolvidos em líquidos: por exemplo, temos o combustível denominado gasolina, que é
uma mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo, e álcool, em uma proporção aproximada de 80%
para 20%.
Gases dissolvidos em líquidos: por exemplo, em um aquário deve-se diluir gás oxigênio (O2) na
água, sendo este gás o responsável pela respiração dos peixes. Sendo assim, caso o aquário não
permaneça aberto, é necessário injetar-se regularmente este gás por meio de um cilindro.

- Soluções Gasosas: são aquelas constituídas apenas por gases, sendo que toda mistura entre gases
apresenta uma única fase, sendo, portanto, uma solução. Por exemplo, o ar atmosférico é uma mistura
constituída por 78% de gás nitrogênio (N2), 21% gás oxigênio e 1% de outros gases.

Quanto à natureza das Partículas Dispersas


De acordo com a natureza do soluto, podemos ter dois tipos de soluções:
- Soluções Iônicas: são aquelas que apresentam íons dissolvidos. São chamadas também de
soluções eletrolíticas, pois conduzem corrente elétricas. Por exemplo, ao diluirmos 1g de sal de cozinha
(NaCl) em água, teremos uma solução que apresenta os íons Na+ e Cl- dissolvidos.

- Soluções Moleculares: são aquelas formadas por moléculas dissolvidas. São também chamadas
de não eletrolíticas, pois não conduzem corrente elétrica. Por exemplo, ao repetirmos o procedimento
anterior, mas desta vez utilizando o açúcar (C12H22O11) ao invés do sal, perceberemos (de acordo com a
equação abaixo) que não há separação do soluto, portanto, trata-se de uma solução constituída por
moléculas dissolvidas, molecular.

Quanto à proporção entre Soluto e Solvente


Em relação as quantidades em massa de soluto e solvente presente na solução, poderemos ter
algumas possibilidades de classificação. Para compreendê-las, precisamos conhecer o conceito de
Coeficiente de Solubilidade (CS).
O CS representa a quantidade máxima de determinado soluto que poderemos dissolver em 100g de
água, em temperatura ambiente. Assim, afirmar que CS NaCl = 37g/100g de H2O, significa que a cada
100g de água poderemos dissolver em temperatura ambiente, o máximo de 37g de NaCl. Agora,
poderemos compreender as classificações mais simples possíveis para uma solução quanto à proporção
entre soluto e solvente.

- Solução Diluída: Pouco soluto dissolvido em relação ao solvente. Exemplo: Suco de uva

- Solução Insaturada: é aquela que tem uma concentração de soluto menor do que a de uma solução
saturada, podendo ainda dissolver soluto adicional até se tornar uma solução saturada. Exemplo: uma
solução formada por 1g de NaCl para 100g de água.

22
PERUZZO, Francisco Miragaia (Tito); CANTO, Eduardo Leite; Química na Abordagem do Cotidiano, Ed. Moderna, vol.1, São Paulo/SP- 1998.
MAHAN, Bruce M.; MYERS, Rollie J.; Química: um curso universitário, Ed. Edgard Blucher LTDA, São Paulo/SP – 2002.

102

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- Solução Saturada: é aquela que, ao se ir adicionando um soluto sólido a um solvente, atinge o ponto
de equilíbrio quando não há mais condições de dissolução desse soluto. Exemplo: uma solução
constituída por 37g de NaCl em 100g H2O.

- Solução Supersaturada: é aquela que tem uma concentração de soluto maior do que a de uma
solução saturada. É uma solução instável, não havendo equilíbrio de solubilidade e seu soluto tende a
cristalizar-se. Esta situação é possível quando uma solução saturada sob certas condições é colocada
em condições diferentes de temperatura nas quais o soluto é menos solúvel, retendo assim mais soluto
do que reteria na temperatura original. Exemplo: uma solução constituída por mais de 37g de NaCl em
100g H2O.

Esquematicamente essas regras se resumem no esquema abaixo:

Solubilidade de Gases em Líquidos

Normalmente, os gases são pouco solúveis nos líquidos. Dois fatores alteram consideravelmente a
solubilidade:

- Temperatura: todo aumento de temperatura diminui a solubilidade do gás no líquido. Por exemplo,
para eliminar gases dissolvidos na água, é feito o aquecimento por um certo período de tempo. Sendo
assim, a diminuição da temperatura facilita a solubilidade de um gás num líquido.

- Pressão: quando não ocorre reação do gás com o líquido, a influência da pressão é estabelecida
pela lei de Henry: "Em temperatura constante, a solubilidade de um gás num líquido é diretamente
proporcional à pressão". Exemplo: os refrigerantes apresentam grande quantidade de CO2 dissolvido sob
pressão. Quando o refrigerante é aberto, a pressão diminui, fazendo com que o excesso de CO2 dissolvido
no refrigerante escape.

103

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Curvas de Solubilidade

São diagramas que mostram a variação dos coeficientes de solubilidade das substâncias em função
da temperatura. Analisando o gráfico, observamos que regiões abaixo da curva representam solução não
saturada, sobre a curva, região saturada e acima da curva, desde que as quantidades permaneçam
em solução, região supersaturada. O gráfico abaixo representa a solubilidade de várias substâncias em
função da temperatura.

A maioria das substâncias aumenta a solubilidade com o aumento da temperatura. Podemos dizer,
então, que se trata de uma dissolução endotérmica. Para uma substância como Ce2(SO4)3, a solubilidade
diminui com o aumento da temperatura; portanto, trata-se de uma dissolução exotérmica.
O gráfico do coeficiente de solubilidade em função da temperatura é utilizado principalmente para
informar a solubilidade de uma ou várias substâncias em função da temperatura.

Exemplo:

Interpretando o gráfico:
- na temperatura de 50°C, a quantidade máxima de KNO3 que se dissolve em 100g de água são 80g.
A solução em questão é saturada;
- para obtermos uma solução saturada KNO3 a 40°C, basta dissolver 60g de KNO3 em 100g de água;
- se resfriarmos uma solução saturada de 50°C para 40°C, teremos um corpo de fundo igual a 20g de
KNO3;
- 200g de água a 40°C dissolvem no máximo 120g de KNO3.

Dispersões

São sistemas em que o soluto sólido está espalhado uniformemente em toda a mistura. Uma dispersão
é formada por pelo menos um disperso (soluto) e um dispergente (solvente).
A classificação das dispersões é feita de acordo com o tamanho das partículas (dimensões) das
partículas dispersas (soluto). Observe o resumo abaixo:

104

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Tipos de Dispersão Tamanho do disperso
Soluções verdadeiras Até 1nm
Dispersão coloidal ou coloide Entre 1nm até 100nm
Suspensões Acima de 100nm

Dispersões Coloidais
As dispersões são misturas em que as partículas dispersas têm um diâmetro compreendido entre 1
nanômetro e 1 micrometro, partículas estas que podem ser átomos, íons ou moléculas. Nesse sistema,
as partículas dispersas são significativamente menores do que aquelas que podem ser percebidas a olho
nu, porém, bem maiores do que as moléculas individuais. Tais partículas recebem o nome de partículas
coloidais.
Devido ao seu tamanho, as partículas coloidais são capazes de perpassar por um filtro, mas não por
uma membrana semipermeável. Elas são grandes o bastante para refletir e dispersar a luz, dispersão
esta conhecida como Efeito Tyndall.

Tipos de Dispersões
- Sol: é uma dispersão coloidal na qual o dispersante é o líquido e o disperso é o sólido (um pouco de
amido de milho com água).
- Gel: é uma dispersão coloidal na qual o dispersante é o sólido e o disperso é o líquido (gelatina pronta
e geleia).
- Emulsão: é uma dispersão coloidal no qual o dispersante é o líquido e o disperso é o líquido (cremes
hidratantes a base de óleo e água – onde para facilitar a interação, são usados emulsificantes (que
funcionam como um "sabão" unindo água e óleo).
- Espuma líquida: é a dispersão coloidal na qual o dispersante é o líquido e o disperso é gasoso,
como por exemplo espuma de sabão e creme chantilly.
- Espuma sólida: é a dispersão coloidal na qual o dispersante é o sólido e o disperso é gasoso, como
a pedra-pomes (usadas nos salões de beleza).
- Aerossol sólido: é a dispersão coloidal na qual o dispersante é gasoso e o disperso é sólido
(fumaça).
- Aerossol líquido: é a dispersão coloidal na qual o dispersante é o gasoso e o disperso é o líquido
(neblina).
- Sol sólido: é a dispersão coloidal na qual o dispersante é sólido e o disperso é sólido (o rubi e a
safira).

Suspensões ou Agregados
É um caso de disperso onde as partículas apresentam diâmetro superior a 10nm. Neste caso as
partículas já podem ser vistas a olho nu ou em microscópio óptico. Exemplos:
- H2O mais areia é uma suspensão.
- Terra suspensa em água.
- Alguns antibióticos são exemplos de suspensões.
- O granito é um material heterogêneo, sendo visível a existência de partículas disseminadas na rocha.

Concentração de Soluções

É o termo que utilizamos para fazer a relação entre a quantidade de soluto e a quantidade de solvente
em uma solução. As concentrações podem ser:
- Concentração Comum
- Molaridade
- Título
- Fração Molar
- Normalidade

Concentração Comum (C): é a relação entre a massa do soluto em gramas e o volume da solução
em litros.

Onde:
C = concentração comum (g/L)

105

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m1= massa do soluto(g)
V = volume da solução (L)

Exemplo: Qual a concentração comum em g/L de uma solução de 3L com 60g de NaCl?

ATENÇÃO:

Concentração comum é diferente de densidade, apesar da fórmula ser parecida. Veja a diferença:
A densidade é sempre da solução, então:

Na concentração comum, calcula-se apenas a massa do soluto, ou seja, m1.

Densidade (d): representa a relação entre a massa da solução e o volume da solução.

Onde,
- msolução = msoluto + msolvente
- V = volume da solução
Exemplo: Se uma solução apresenta d = 1,2g/mL, isso significa que em cada mililitro da solução existe
uma massa total de 1,2 g.

Importante: A relação massa da solução/volume da solução poderá ser expressa em: g/L; g/mL; g/cm³
e etc.

Molaridade (M): é a concentração em número de mols de soluto e o volume de 1L de solução.

Onde:
M = molaridade (mol/L)
n1= número de mols do soluto (mol)
V = volume da solução (L)

O cálculo da molaridade é feito através da fórmula acima ou por regra de três. Outra fórmula que
utilizamos é para achar o número de mols de um soluto:

Onde:
n = número de mols (mol)
m1 = massa do soluto (g)
MM = massa molar (g/mol)

Exemplo: Qual a molaridade de uma solução de 3L com 87,75g de NaCl?

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M=1,5/3
M=0,5 mol/L
n=1,5mol

Portanto M=0,5 mol/L

Podemos utilizar uma única fórmula unindo a molaridade e o número de mols:

Onde:
M = molaridade (mol/L)
m1 = massa do soluto (g)
MM1= massa molar do soluto (g/mol)
V = volume da solução (L)

Título (𝝉) e Percentual (%)

Título em massa de uma solução é a relação entre as massas de soluto e da solução:

 → Título em massa, também chamada de fração de massa, é um número puro adimensional.


m1 → massa do soluto.
m → massa total da solução ou seja massa do soluto mais massa do solvente m= m1+m2.

Título em porcentagem de uma solução é a relação entre as massas de soluto e da solução dada em
porcentagem:

 → Título em porcentagem, também chamada de porcentagem em massa de soluto, e é dado em %.


m1 → massa do soluto.
m → massa total da solução ou seja massa do soluto mais massa do solvente m= m1+m2.

Título em volume de uma solução é a relação entre o volume de soluto e da solução, pode ser dada
em porcentagem:

 → Título em volume.
V1 → volume do soluto.

107

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V → volume total da solução ou seja volume do soluto mais volume do solvente V= V1+V2.

Fração Molar

É a relação entre o número de mols do soluto (ou do solvente) pelo número de mols da solução:

X1 → fração molar do soluto


X2→ fração molar do solvente
n1 → número de mols do soluto
n2 → número de mols do solvente
n → número de mols da solução

Exemplo: Adicionando-se 52,0g de sacarose, C12H22O11 a 48,0g de água para formar uma solução,
calcule para a fração molar da sacarose nesta solução:

Para o cálculo do n1(soluto)

Para o cálculo do n2(solvente)

Para achar a fração molar do soluto (sacarose):

Relações entre a concentração, o título, a densidade e a molaridade:

C = d. = M. M1
M1 → massa molar do soluto.

Exemplo:
No rótulo de um frasco de HCl há a seguinte informação:
Título: percentual em massa = 36,5%
Densidade = 1,18g/mL

Qual a molaridade desse ácido?


Transformar o percentual em título:
36,5/100=0,365

Depois aplicar a fórmula:


C = 1000 d.

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C = 1000.1,18.0,365
C = 430,7 g/L

Para achar a molaridade:


C = M.MM
430,7 = M.36,5
M = 11,8 mol/L

Normalidade

É a relação entre o número de equivalentes-gramas do soluto e o volume da solução em litros. A


normalidade é simbolizada por N.

Exemplo: Determinar a normalidade da solução que contém 98g de H2SO4 dissolvidos em 1 litro da
solução.
Massa Molar do H2SO4 = 98g/mol
Equivalente-grama do H2SO4 = 49g/eq. g

Diluição

Consiste em adicionar mais solvente puro a uma determinada solução. A massa de uma solução após
ser diluída permanece a mesma, não é alterada, porém a sua concentração e o volume se alteram.
Enquanto o volume aumenta, a concentração diminui. Quando adiciona-se água numa solução. Usamos
a seguinte fórmula:
M1.V1 = M2.V2

A molaridade (M) pode ser substituída por concentração comum (C).

Dica: no lado esquerdo da fórmula, colocamos os dados da solução inicial, mais concentrada e no lado
direito colocamos a solução que foi adicionada água, a mais diluída.

Mistura de solução de mesmo soluto

C1V1 + C2.V2 = Cf.Vf ou M1V1 + M2.V2 = Mf.Vf

Exemplo: A concentração inicial possui concentração maior (196g/L) do que a solução de que o
químico precisa (98g/L). Dessa forma, ele precisa pegar um determinado volume da solução inicial e diluir
até atingir a concentração desejada. Mas que volume seria esse?
Para descobrir basta usar a expressão:

Ci . Vi = Cf . Vf.

196 g/L . Vi = 98 g/L . 2 L

Vi = 196 g
196 g/L

Vi = 1 L

Portanto, é preciso pegar 1L da solução inicial e diluí-lo até completar dois litros, obtendo-se, dessa
forma, uma solução a 98g/L.
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Mistura de solução de soluto diferente
Neste caso, a solução são de ácido e base, portanto reações de neutralização. O ácido e a base
reagem e formam um novo produto. Deve-se levar em conta a reação química e o coeficiente
estequiométrico.
Ma.Va.Xa = Mb.Vb.Xb

Exemplo: Juntando-se 300mL de HCl 0,4mol/L com 200mL de NaOH 0,6mol/L, pergunta-se quais
serão as molaridades da solução final com respeito:
a) ao ácido:
b) à base:
c) ao sal formado:

Montar a reação química: 1 HCl + 1NaOH → 1 NaCl + 1 H2O


300 mL 200mL

0,4 mol/L 0,6 mol/L

Calcular n (número de mol) do ácido e da base:

Se forma 0,12mol de ácido e também de base e a proporção estequiométrica é 1:1, então a molaridade
final de ácido e de base é zero porque reagiu todo o soluto.

Calcular a molaridade do sal, antes achar o volume final:


Vf = 300+200
Vf = 500mL = 0,5L

Questões

01. Uma solução foi preparada dissolvendo-se 4,0g de cloreto de sódio (NaCl) em 2,0 litros de água.
Considerando que o volume da solução permaneceu 2,0L, qual é a concentração da solução final?
(A) 2g/L
(B) 4g/L
(C) 6 g/L
(D) 8 g/L
(E) 10 g/L

02. (UFMS) Um único cristal de um sólido é adicionado a um béquer contendo uma solução daquele
mesmo sólido. Considerando as situações abaixo, é correto afirmar que:

01. A situação B aconteceria caso a solução inicial fosse insaturada;


02. A situação B aconteceria caso a solução inicial fosse saturada;
04. A situação A ocorreria caso a solução inicial fosse saturada;
08. Ocorreria o demonstrado em C caso a solução inicial estivesse supersaturada;

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16. caso a solução inicial estivesse insaturada, poderíamos observar a situação A após a adição do
cristal.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas.

03. (U. Alfenas/MG) Adicionou-se 1,360 g de sulfato de cálcio a 200 mL de água, obtendo-se uma
solução X. O sólido não dissolvido foi separado por filtração e, depois de seco, pesado. Quantos gramas
de sulfato de cálcio são recuperados depois da filtração?
(A) 1,224 g
(B) 1,360 g
(C) 5,10 g
(D) 0,136 g
(E) 1,088 g

Massa molar (g/mol): CaSO4 = 136; solubilidade do CaSO4 = 5.10–3 mol/L de água

Gabarito

01. A / 02. 13 / 03. A

Comentários

01. Resposta A.
C = m1 →C = 4,0 g →C = 2,0 g/L
V 2,0 L
02. Resposta
01 + 04 + 08 = 13

03. Resposta A.
Inicialmente calcula-se a massa de CaSO4 dissolvida em 1 L = 1000 mL de água:
136 g ------------- 1 mol
m ------------------ 5.10-3 mol
m = 0,68 g de CaSO4 em 1000 mL de água

Em segundo lugar, calcula-se a massa de CaSO4 em 200 mL de água:


1000 mL de água --------------- 0,68 g de CaSO4
200 mL de água ----------------- Y
Y = 200 x 0,68 / 1000
Y = 0,136 g de CaSO4 em 200 mL de água

Como foram adicionados 1,360 g de CaSO4 e só dissolveram-se 0,136 g desse sal, então o sólido não
dissolvido é:
M = 1,360 - 0,136
M = 1,224 g de CaSO4

FUNÇÕES DA QUÍMICA INORGÂNICA

As propriedades funcionais são propriedades comuns a determinados grupos de substâncias,


identificados pela função que desempenham, e esses grupos são denominados de funções químicas, que
podem ser divididas em orgânicas e inorgânicas.
Os compostos orgânicos são diferenciados dos inorgânicos pela presença de átomos de carbono
ligados em “cadeias”, bem como ligados diretamente a átomos de hidrogênio. Algumas de suas funções
são: álcoois, fenóis, cetonas, aldeídos, aminas, ésteres, entre outras que são estudadas pela Química
Orgânica. Já as funções inorgânicas são aquelas que são constituídas por todos os demais elementos
químicos que formam ácidos, bases, sais e óxidos, que são estudados pela Química Inorgânica.

111

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Ácidos

Antes da teoria de Arrhenius, os ácidos eram conceituados por uma série de propriedades comuns,
como: apresentar sabor azedo, tornar róseo o papel de tornassol azul, produzir efervescência liberando
gás carbônico, quando adicionados a mármores e a outros carbonatos.
Entretanto, depois de Arrhenius, pôde-se entender que essas propriedades comuns são consequência
do fato de todos os ácidos apresentarem o mesmo íon positivo, H+. Porém, antes de se dissolverem em
água os ácidos são compostos moleculares, porque para que ocorra a liberação de íons H+, eles precisam
estar em meio aquoso.
Exemplo: HCl, HNO3 e H2SO4 puros (na ausência de água) não formam íons. A ionização ocorre
quando são dissolvidos em água. Assim, verifica-se que todos os ácidos conduzem corrente elétrica.

Resumindo: Ácido é toda substância que, em solução aquosa, libera como íons positivos somente
H+.

Nomenclatura dos ácidos


Para efeito de nomenclatura, os ácidos são divididos em dois grupos: Hidrácidos; Oxiácidos.

1) Hidrácidos (HxE): Ácidos sem oxigênio.


Seus nomes são dados da seguinte maneira:

Exemplos:
HF = ácido fluorídrico
HBr = ácido bromídrico
H2S = ácido sulfídrico
HCl = ácido clorídrico
HI = ácido iodídrico
HCN = ácido cianídrico

2) Oxiácidos: ácidos com oxigênio.


Uma das maneiras mais simples de dar nome a esses ácidos é a partir do nome e da fórmula dos
ácidos-padrão de cada família.
Com base nessas fórmulas e com a variação do número de átomos de oxigênio, determinam-se as
fórmulas e os nomes de outros ácidos, com o uso de prefixos e sufixos.
Observe:

112

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Assim, teremos:

Família 14/IVA (C)


-H2CO3 — ácido carbônico

Família 15/VA (N, P, As)


-HNO3 — ácido nítrico
-H3PO4 — ácido fosfórico
-HNO2 — ácido nitroso

Família 16/VIA (S, Se)


-H2SO4 — ácido sulfúrico
-H2SO3 — ácido sulfuroso

Família 17/VIIA (Cl, Br, I)


-HClO4 — ácido perclórico
-HClO3 — ácido clórico
-HClO2 — ácido cloroso
-HClO — ácido hipocloroso
Obs.: não existem ácidos oxigenados do flúor.

Alguns ácidos de um mesmo elemento têm os prefixos de seus nomes atribuídos em função de seu
grau de hidratação (quantidade de H2O):

Grau de hidratação: Orto > Piro > Meta

O prefixo orto é dispensável. Exemplo: (H3PO4).


- 2H3PO4 – 1 H2O = H4P2O7 (ácido pirofosfórico)
- 1H3PO4 – 1 H2O = HPO3 (ácido metafosfórico)

Classificação dos ácidos


Além da classificação baseada na presença de oxigênio na molécula, os ácidos podem ser
classificados segundo outros critérios, como:

- Quanto ao número de hidrogênios ionizáveis: é aquele que está ligado a um átomo da molécula
com eletronegatividade significativamente maior que a sua, formando, assim, um polo positivo e um
negativo dentro da molécula.
Ao serem adicionados na água, sofrerão força eletrostática pelos respectivos polos negativos e
positivos da água, sendo, então, separados por ela. Com isso, há a formação de cátions H+, ou seja,
houve a ionização de hidrogênios.

Exemplos:
- Monoácido: apresenta apenas um hidrogênio ionizável;
- Diácido: apresenta dois hidrogênios ionizáveis;
- Triácido: apresenta três hidrogênios ionizáveis;
- Tetrácido: apresenta quatro hidrogênios ionizáveis.

Importante: Nos hidrácidos todos os hidrogênios são ionizáveis, já nos oxiácidos, apenas aqueles que
estão ligados a átomos de oxigênio é que serão ionizáveis, por exemplo:

-Hidrácidos:

113

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-Oxiácidos:

Assim, em soluções aquosas, os ácidos podem liberar um ou mais íons H+ para cada molécula de
ácido ionizado, e cada íon H+ liberado corresponde a uma etapa de ionização.

Exemplo: a ionização do H2SO4:

- Grau de ionização: O Grau de ionização de um ácido (α) consiste na relação entre o número de
moléculas ionizadas e o número total de moléculas dissolvidas. Para realizar o cálculo dessa relação,
usamos a seguinte equação:

Assim comparando os graus de ionização temos:


a) Ácidos fortes: aqueles que possuem um grau de ionização igual ou maior que 50%. Exemplos a
18°C: HCl (α = 92,5%), H2SO4 (α = 61%);
b) Ácidos moderados ou semifortes: seu grau de ionização é maior que 5% e menor que 50%.
Exemplos a 18°C: HF (α = 8,5%), H3PO4(α = 27%);
c) Ácidos fracos: possui grau de ionização igual ou menor que 5%. Exemplos a 18°C: HCN (α =
0,008%), H2CO3 (α = 0,18%).

Exemplo:
De cada 100 moléculas de HCl dissolvidas, 92 moléculas sofrem ionização:

92
α=
100

𝛂 =0,92% →Ácido forte

- Volatilidade: é a capacidade das substâncias passarem do estado líquido para o gasoso em


temperatura ambiente. Desse modo, para classificar os ácidos quanto à volatilidade é preciso considerar
os pontos de ebulição dos ácidos:
a) Ácidos voláteis: a grande maioria dos ácidos: HF, HCl, HCN, H2S, HNO3 etc.
O ácido acético, componente do vinagre, é o ácido volátil mais comum no nosso dia-a-dia. Ao abrirmos
um frasco com vinagre, logo percebemos seu cheiro característico.
b) Ácidos fixos: Os dois ácidos pouco voláteis mais comuns são o H2SO4 e o H3PO4.

Propriedades dos Ácidos

O sabor azedo é uma das características mais comuns nos ácidos e assim juntos as substâncias
azedas, estimulam a salivação.
Vamos abordar agora outras propriedades apresentadas por eles e o que nos permitem identificá-los:
114

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a) Causam mudanças de cor nos corantes vegetais (por exemplo: alteram a cor da tintura do azul de
tornassol, para vermelho).
b) Reagem com certos metais (como o zinco, o magnésio e o ferro) produzindo hidrogénio gasoso.
c) Reagem com carbonatos e bicarbonatos, para produzir dióxido de carbono gasoso.
d) As suas soluções aquosas conduzem a eletricidade.

Principais Ácidos e Suas Aplicações no Cotidiano

Ácido fluorídrico (HF)


Nas condições ambientes, é um gás incolor que tem a característica de corroer o vidro, quando em
solução aquosa. Por esse motivo, em laboratórios, deve ser guardado em frascos plásticos. E é muito
utilizado para fazer gravações em cristais e vidros.

Ácido sulfídrico (H2S)


O ácido sulfídrico é um gás venenoso, incolor, formado na putrefação de substâncias orgânicas
naturais que contenham enxofre, sendo responsável em grande parte pelo cheiro de ovo podre.
Alguns animais como o gambá e a maritaca, liberam uma mistura de substâncias de odor
desagradável, entre as quais o H2S.

Ácido Sulfúrico (H2SO4)


É o ácido mais importante em indústrias e laboratórios. Utilizado nas baterias de automóveis, e
consumido em enormes quantidades em inúmeros processos industriais, como na área da petroquímica,
na fabricação de corantes, tintas, explosivos e papel.
É também usado na indústria de fertilizantes agrícolas, permitindo a fabricação de produtos como os
fosfatos e o sulfato de amónio.
O ácido sulfúrico concentrado é um dos desidratantes mais enérgicos. Assim, ele carboniza os hidratos
de carbono como os açúcares, amido e celulose; a carbonização é devido à desidratação desses
materiais; O ácido sulfúrico "destrói" o papel, o tecido de algodão, a madeira, o açúcar e outros materiais
devido à sua enérgica ação desidratante. O ácido sulfúrico concentrado tem ação corrosiva sobre os
tecidos dos organismos vivos, devido à sua ação desidratante e produz sérias queimaduras na pele. Por
isso, é necessário extremo cuidado ao manusear esse ácido.
As chuvas ácidas em ambiente poluídos com dióxido de enxofre contêm H2SO4 e causam grande
impacto ambiental.

Ácido clorídrico (HCl)


O ácido clorídrico consiste no gás cloreto de hidrogênio dissolvido em água. Quando impuro, é vendido
com o nome de ácido muriático, sendo usado principalmente na limpeza de pisos e de superfícies
metálicas antes do processo de soldagem.
O ácido clorídrico também pode ser encontrado em nosso próprio organismo, estando presente no
suco gástrico do estômago, produzido pelas células parietais, cuja ação é ajudar na digestão dos
alimentos.

Ácido cianídrico (HCN)


É um ácido extremamente tóxico. Este gás foi utilizando contra os judeus durante a segunda guerra
mundial para a execução da pena de morte.

Ácido acético (CH3-COOH)


É o ácido do vinagre, produto indispensável na cozinha no preparo de alimentos e saladas.

Ácido Nítrico (HNO3)


Depois do ácido sulfúrico, é o ácido mais fabricado e mais consumido pelas indústrias. É usado na
fabricação de explosivos como o trinitrotolueno (TNT) e a nitroglicerina (dinamite); é muito útil para as
indústrias de fertilizantes agrícolas, permitindo a obtenção do salitre.
O ácido nítrico concentrado é um líquido muito volátil; seus vapores são muito tóxicos. É um ácido
muito corrosivo e, assim como o ácido sulfúrico, é necessário muito cuidado para manuseá-lo.

Ácido fosfórico (H3PO4)


Os seus sais (fosfatos) têm grande aplicação como fertilizantes na agricultura. É usado como aditivo
em alguns refrigerantes.
115

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Bases

Antes da teoria de Arrhenius, as bases eram determinadas por uma série de propriedades comuns,
como:
-Sabor adstringente, isto é, “se amarras na boca”23;
-Tornar a pele lisa e escorregadia;
-Tornar azul o papel de tornassol róseo;
-Conduzir corrente elétrica.
Após as contribuições de Arrhenius, foi possível entender que essas propriedades comuns se devem
ao íon negativo OH- (hidroxila ou hidróxido), presente em todas as bases.
Os hidróxidos metálicos são compostos iônicos, e por isso, quando se dissolvem em água, há
dissociação iônica. Na época de Arrhenius acreditava-se que esses hidróxidos eram formados por
moléculas e que a água separava-se em íons. Por ser iônica, essa dissociação pode ser esquematizada
como:

Resumindo: Segundo Arrhenius, base é toda substância que, em solução aquosa, sofre dissociação,
liberando como único tipo de ânion o OH–.

Nomenclatura das Bases


O nome das bases é obtido a partir da seguinte regra:

Hidróxido de + nome do cátion

Exemplos:
-NaOH
Cátion: Na+ (sódio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de sódio

-Ca (OH)2
Cátion: Ca2+ (cálcio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de cálcio

-Al (OH)3
Cátion: Al3+ (alumínio)
Ânion: OH- (hidróxido)
Nomenclatura: Hidróxido de alumínio

Importante: Quando um mesmo elemento forma cátions com diferentes eletrovalências (cargas),
acrescenta-se ao final do nome, em algarismos romanos, o número da carga do íon. Outra maneira de
dar nome é acrescentar o sufixo -OSO ao íon de menor carga, e -ICO ao íon de maior carga.

Hidróxido de + nome do cátion + carga do cátion

Ou

Hidróxido de + nome do cátion + ICO (carga maior)


Hidróxido de + nome do cátion + OSO (carga menor)

23
Como por exemplo a sensação de comer uma banana verde.

116

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Exemplos:

-Ferro:
Fe2+ Fe(OH)2 = Hidróxido de ferro (II) ou hidróxido ferroso.
Fe3+: Fe(OH)3 = Hidróxido de ferro (III) ou hidróxido férrico.

-Cobre:
Cu (OH): Hidróxido de cobre (I)
Cu (OH)2: Hidróxido de cobre (II)

Classificação das Bases


Quanto ao número de hidroxilas (OH-)

Classificação Número de hidroxilas (OH-) Exemplos


Monobase 1 OH- NaOH, LiOH, NH4OH
Dibase 2 OH- Ca(OH)2, Fe(OH)2
-
Tribase 3 OH Al(OH)3, Fe(OH)3
Tetrabase 4 OH- Sn(OH)4, Pb(OH)4

Classificação quanto à força


Fracas: possui grau de dissociação iônica inferior a 5%, é o caso do NH4 e dos metais em geral (desde
que estes não sejam alcalinos ou alcalinos terrosos).
Fortes: possui grau de dissociação iônica de praticamente 100%, é o caso das bases de metais
alcalinos e metais alcalinos terrosos, exceto os hidróxidos de berílio e magnésio.

Tipo de base Força básica


De metais alcalinos Fortes e solúveis
Fortes e parcialmente solúveis,
De metais alcalinos terrosos
Exceto a de magnésio, que é fraca
Demais bases Fracas e praticamente insolúveis

Quanto à Solubilidade em água


O esquema a seguir mostra a variação genérica da solubilidade das bases em água.

Solúveis: NH4OH e as bases de metais alcalinos (da família 1ª)


Pouco solúveis: as bases de metais alcalinos terrosos (da família 2ª)
Praticamente insolúveis: as demais

Propriedades das Bases


Reações com ácidos
Como já sabemos:

Assim, se misturarmos um ácido e uma base, os íons H+ e OH– interagem, produzindo água (H2O).
Essa reação é denominada neutralização. O cátion da base e o ânion do ácido darão origem a um sal,
num processo chamado salificação.
117

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Ação sobre indicadores
Tanto os ácidos como as bases alteram a cor de um indicador. A maioria dos indicadores usados em
laboratório porém, alguns são encontrados na natureza, como o repolho roxo, na beterraba, nas pétalas
de rosas vermelhas, no chá-mate, nas amoras etc., sendo sua extração bastante fácil

Principais Bases e Suas Aplicações no Cotidiano


Hidróxido de sódio - NaOH
O hidróxido de sódio é popularmente conhecido como soda cáustica, cujo termo cáustica, significa que
pode corroer ou destruir os tecidos vivos. É um sólido branco, cristalino e higroscópico, ou seja, tem a
propriedade de absorver água. Por isso, quando exposto ao meio ambiente, ele se transforma, após certo
tempo, em um líquido incolor. As substâncias que têm essa propriedade são denominadas
deliquescentes.
Quando preparamos soluções concentradas dessa base, elas devem ser conservadas em frascos
plásticos, pois lentamente reagem com o vidro. Tais soluções também reagem com óleos e gorduras e,
por isso, são muito utilizadas na fabricação de sabão e de produtos para desentupir pias e ralos.

Hidróxido de cálcio - Ca(OH)2


É popularmente conhecido como cal hidratada ou cal extinta ou cal apagada. É utilizado na construção
civil no preparo da argamassa, usada na alvenaria, e na caiação (pintura a cal) o que fazem os pedreiros
ao preparar a argamassa.

Hidróxido de magnésio - Mg(OH)2


O hidróxido de magnésio é um sólido branco, pouco solúvel em água. Quando dissolvido em água, a
uma concentração de aproximadamente 7% em massa, o hidróxido de magnésio origina um líquido
branco e espesso que contém partículas sólidas misturadas à água. A esse líquido damos o nome de
suspensão, sendo conhecido também por leite de magnésia, cuja principal aplicação consiste no uso
como antiácido e laxante.

Hidróxido de amônio - NH4OH


É obtido ao se borbulhar amônia (NH3) em água, conforme a reação abaixo:

NH3 + H2O ↔ NH4+ (aq) + OH- (aq)

Assim, não existe uma substância hidróxido de amônio, mas sim soluções aquosas de amônia
interagindo com a água, originando os íons amônio (NH4+) e hidróxido (OH-).
O hidróxido de amônio é conhecido comercialmente por amoníaco, sendo muito utilizado na produção
de ácido nítrico para a produção de fertilizantes e explosivos.
Ele também é usado em limpeza doméstica, na produção de compostos orgânicos e como gás de
refrigeração.

Teoria Moderna de Ácido e Base (Brønsted -Lowry)

Foi proposta de forma independente por G. Lewis, por T. Lowry e por J. Brønsted. Mas foi Brønsted
um dos que mais contribuiu para o seu desenvolvimento.
Essa teoria é chamada de teoria protônica porque se baseia na transferência de prótons, iguais ao íon
H+, o núcleo do hidrogênio, mas que ao ser chamado de próton, ajuda a diferenciar da teoria de Arrhenius.
Além disso, nessa teoria não há necessidade da presença de água.
Segundo esses cientistas:

“Ácido é toda espécie química, íon ou molécula capaz de doar um próton, enquanto a base é capaz de
receber um próton”

Exemplos de ácidos e bases segundo a teoria de Brønsted e Lowry:

NH3 + HCℓ → NH4+ + Cℓ-


base ácido ácido base
forte forte fraco fraca

Observe que a amônia (NH3) é base porque ela recebe um próton (H+) do ácido clorídrico (HCℓ).
118

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Nessa teoria, a reação de neutralização seria uma transferência de prótons entre um ácido e uma
base, como a reação explica acima.
Apesar de ser uma teoria que também permitiu o estudo e desenvolvimento de várias áreas e de ser
uma definição bastante utilizada e atual, ela também tinha uma limitação: não permitia prever o caráter
ácido ou o caráter básico de espécies químicas sem a presença de hidrogênio.

Indicadores Ácido-Base

Existe uma escala da medida da acidez e basicidade das substâncias, denominada escala de pH, que
é numerada do 0 ao 14. Quanto menor o valor do pH, mais ácida é a substância. Quando maior for o pH,
mais básica é a substância. O valor 7, exatamente na metade da escala, indica as substâncias neutras
ou seja, nem ácidas nem básicas.

Algumas substâncias naturais ou sintéticas que adquirem coloração diferente em solução ácida e em
solução básica. São os indicadores ácido-base, utilizados para reconhecer o caráter de uma solução.
Como exemplo de indicadores sintéticos, temos:

Fenolftaleína: é um indicador líquido que fica incolor em meio ácido e rosa escuro em meio básico:

Papel de tornassol: Fica com cor azul na presença de bases e adquire cor vermelha na presença de
ácidos.

Alaranjado de metila: O alaranjado de metila fica vermelho em contato com ácido, amarelo-laranja
em base e quando neutro.

119

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Azul de bromotimol: O azul de bromotimol fica amarelo em ácido (1), e azul em base (2) e quando
neutro verde (3).

Alguns indicadores naturais também podem ser utilizados, como o repolho roxo e a flor hortência e o
hibisco.

Repolho roxo: O repolho roxo, meio aquoso, fica vermelho em contato com ácido, verde em contato
com base e vermelho quando neutro.

Flor Hortência: Uma hortênsia azul com o tempo pode se tornar rosa e vice-versa. Isso ocorre em
razão do pH do solo. Em solo ácido a hortênsia produz flores azuis, já em solos básicos, suas flores são
cor-de-rosa. A intensidade dessas cores depende do teor de acidez ou alcalinidade do solo; quanto mais
ácido, mais azul-escuro ficará; e quanto mais básico, mais claro será.

Funcionamento Indicador Ácido-Base


O sistema de funcionamento dos indicadores é o seguinte: geralmente eles são um ácido fraco ou uma
base fraca que entra em equilíbrio com a sua base ou ácido conjugado, respectivamente, que apresenta
coloração diferente. Veja um exemplo:

Indicador ácido + H2O ↔ H3O+ + Base conjugada


(cor A) (cor B)

Quando esse indicador genérico entra em contato com um meio ácido, segundo o Princípio de Le
Chatelier, o equilíbrio é deslocado no sentido de formação do ácido fraco, ficando com a cor A. Por outro
lado, se o indicador entrar em contato com um meio básico, os íons OH- da solução básica irão reagir
com os íons H3O+ do indicador. Desse modo, o equilíbrio será deslocado no sentido de repor os íons

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H3O+, ou seja, para a direita, que é também o sentido de formação da base conjugada, e o sistema adquire
a cor B.

Sais

Sal é um composto resultante da reação de neutralização mutua entre um ácido e uma base. Assim,
o cátion da base e o ânion do ácido formam o sal.

Ácido + Base → Sal + H2O

Conceito teórico segundo Arrhenius: É todo o composto iônico que possui, pelo menos, um cátion
diferente do H+ e um ânion diferente do OH-.

Exemplo: NaCl ou Na+Cl-

HCl + NaOH → NaCl + H2O


Ácido Base Sal Água

Formulação de um Sal
Os sais são substâncias neutras formadas a partir da ligação entre o ânion de um ácido e o cátion de
uma base. Assim, para que ocorra a igualdade de cargas positivas e negativas, basta inverter as cargas
dos íons pelos seus índices no sal. O índice é, na fórmula unitária, o número que vem subscrito (no canto
inferior direito) do elemento ou do grupo de elementos, conforme mostrado na fórmula a seguir:

Observe que o valor da carga do cátion torna-se o índice do ânion, enquanto a carga do ânion torna-
se o índice do cátion. Observe também que é somente o valor da carga que é invertido, os sinais negativos
e positivos não vão para o índice.

Exemplos:
-Nitrato de potássio: K+ + NO3-: KNO3 (Observe que tanto o índice quanto a carga são iguais a “1”, logo,
não precisam ser escritos);
-Perclorato de potássio:K1+ + ClO41-: KClO4;
-Sulfato de cálcio: Ca2+ + SO42-: CaSO4 (veja que, quando as cargas são iguais, podemos simplificar
os índices. É por isso que a fórmula não é escrita assim: Ca2(SO4)2.
-Dicromato de alumínio: Al3+ + Cr2O72-: Al2(Cr2O7)3;
-Fosfato de bário: Ba2+ + PO43-: Ba3(PO4)2;
-Nitrito de ferro III: Fe3+ + NO2-: Fe(NO2)3.

Também é possível obter a fórmula de um sal sabendo seu nome. Para se determinar a fórmula do sal
desse modo, segue-se os seguintes passos:

Exemplos: Sulfato de ferro III


1º Passo: determinar a fórmula do ácido e da base que originaram o sal.
Ânion sulfato: ácido sulfúrico = H2SO4
Cátion ferro-III: hidróxido de ferro-III = Fe(OH)3
2º Passo: a partir das fórmulas do ácido e da base, determina-se a carga do cátion base e do ânion do
ácido.
H2SO4 = SO42- Ânion sulfato
Fe(OH)3 = Fe3+ Cátion ferro-III

3º Passo: juntar o cátion da base com o ânion do ácido.

Fe3+ SO42-
4º Passo: inverter as cargas dos íons para que a soma das cargas se anule.

121

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Fe2(SO4)3
Reações de Neutralização

Quando misturamos um ácido e uma base, ocorrem as reações de neutralização. Elas ocorrem de
modo que o pH do meio é neutralizado e se produz água e um sal. Nessa reação o ácido libera cátions
H+ que se juntam aos ânions OH- liberados pela base e, assim, formam-se as moléculas de água. O sal
é então formado pela união do ânion do ácido com o cátion da base.
Assim, temos:
HA + BOH → H2O + BA
Ácido Base Água Sal

Neutralização Total
Ocorre quando a quantidade de cátions H+ provenientes do ácido é igual à quantidade de ânions OH-
provenientes da base. Nesse tipo de reação são sempre formados sais neutros. Dessa forma, a reação
ocorre entre ácidos e bases em que ambos são fracos ou, então, ambos são fortes.

Exemplos:

Reações entre ácidos e bases fortes:

HCl + NaOH → NaCl + H2O

Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon H+ e cada molécula da base produziu também
apenas 1 íon OH-.

3 HCl + Al(OH)3 → Al(Cl)3 + 3H2O


Cada molécula do ácido produziu 3 íons H+ e cada molécula da base produziu também apenas 3 íons
OH-.

Reações entre ácido e base fracos:

2 HNO3 + Mg(OH) 2 → Mg(NO3)2 + 2 H2O

Cada molécula do ácido produziu 2 íons H+ e cada molécula da base produziu também apenas 2 íons
OH-.

HCN + NH4OH → NH4CN + H2O

Observe que cada molécula do ácido produziu 1 íon H+ e cada molécula da base produziu também
apenas 1 íon OH-.24

Neutralização Parcial
Ocorre quando a quantidade de cátions H+ do ácido não é a mesma quantidade de ânions OH- da
base. Assim, a neutralização não ocorre por completo e, dependendo de quais íons estão em maior
quantidade no meio, o sal formado pode ser básico ou ácido.

Exemplos:

HCl + Mg(OH)2 → Mg(OH)Cl + H2O

No exemplo acima, o ácido libera apenas um cátion H+ e a base libera dois ânions OH-. Assim, os
ânions OH- não são neutralizados totalmente e é formado um sal básico, que também é chamado de
hidróxissal.

H3PO4 + NaOH → NaH2PO4 + H2O

24
http://manualdaquimica.uol.com.br/

122

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Nesse exemplo, o ácido liberou mais íons (3) que a base (1). Portanto, os cátions H+ não foram
totalmente neutralizados e um sal ácido foi originado, que também é denominado de hidrogenossal.
Os sais ácidos também podem ser formados através de reações de neutralização entre um ácido forte
(HCl, HNO3, HClO4 etc.) e uma base fraca (NH3, C6H5NH2, anilina etc.). Por outro lado, os sais básicos
podem ser formados em reações de neutralização entre um ácido fraco (CH3COOH, HF, HCN etc.) e uma
base forte (NaOH, LiOH, KOH etc.).

Reação entre ácido forte e base fraca→ Sal de caráter ácido:

HNO3 + AgOH → AgNO3 + H2O

Reação entre ácido fraco e base forte→ Sal de caráter básico:

2H3BO3 + 3 Ca(OH)2 → Ca3(BO3)2 + 6 H2O

Nomenclatura dos Sais


A nomenclatura dos sais é obtida a partir da nomenclatura do ácido que originou o ânion participante
do sal, pela mudança de sufixos. Assim, temos:

Sufixo do ácido -ídrico -ico -oso


Sufixo do ânion -eto -ato -ito

Para determinar os nomes dos sais, pode-se utilizar o seguinte esquema:

Nome do sal ⇒ nome do ânion + nome do


cátion

Exemplos:

Uma outra forma de dar nomes aos sais é consultando as tabelas de cátions e ânions. Nas tabelas a
seguir, apresentamos alguns deles:

Ânions
Acetato: H3CCOO- Bicarbonato: HCO3- Bissulfato: HSO4-
- 2-
Brometo: Br Carbonato: CO3 Cianeto: CN-
Cloreto: Cl- Floreto: F- Fosfato: PO43-
- -
Hipocloreto: ClO Iodeto: I Nitratp: NO3-
Nitrito: NO2- Permanganato: MnO4 Pirofosfato: P2O74-
-
-4
Sulfato: SO2 Sulfeto: S2- Sulfito: S2-

Cátions
+1 Li+, Na+, K+, Ag+, NH4+, Cu+
+2 Mg2+, Ca2+, Ba2+, Zn2+, Cu2+, Fe2+
+3 Al3+, Fe3+

Exemplo de como utilizar as tabelas:

Determinação da fórmula a partir do nome do sal.

Exemplo: carbonato de cálcio


Ânion: carbonato — CO2–3
Cátion: sódio — Na+

123

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Determinação do nome a partir da fórmula do sal.
Exemplo: Fe2(SO4)3
Cátion: Fe3+
Ânion: SO2–

Assim, o nome do sal é sulfato de ferro III ou sulfato férrico.

Classificação dos Sais


A classificação dos sais é realizada de acordo com a natureza ou tipo de íons que os constituem.
Dessa forma, os sais inorgânicos são classificados em neutros (normais), ácidos (hidrogenossal) e
básicos (hidroxissal).

1) A natureza dos íons

- Sal neutro (normais)


É o sal resultante de uma reação entre uma base e um ácido fortes ou entre uma base e um ácido
fracos. Este é o sal cujo ânion não possui H ionizável e não é o ânion OH-. Resulta de uma reação de
neutralização total.

Exemplos:
NaCl: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma base forte); ânion → Cl- (vem do ácido
clorídrico, HCl, um ácido forte).
Na2SO4: cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma base forte); ânion → SO 42- (vem do
ácido sulfúrico, H2SO4, um ácido forte).
NH4CN: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH, uma base fraca); ânion → CO3-2 (vem
do ácido cianídrico, HCN, um ácido fraco).
Esses sais são considerados neutros porque, quando eles são adicionados à água, o pH do meio não
sofre nenhuma alteração. Além disso, eles não liberam em solução aquosa cátion H+, que indica acidez,
e nem ânion OH-, que indica basicidade.

- Hidrogenossal (Sal ácido)


É o sal cujo ânion tem um ou mais H+ ionizáveis e não apresenta o ânion OH-. Resulta de uma
neutralização parcial do ácido.

Exemplos:
NH4Cl(s): cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH, uma base fraca); ânion → Cl- (vem do
ácido clorídrico, HCl, um ácido forte).
Al2(SO4)3: cátion → Al3+ (vem do hidróxido de alumínio, Al(OH)3, uma base fraca); ânion → SO42- (vem
do ácido sulfúrico, H2SO4, um ácido forte).
NH4NO3: cátion → NH42+ (vem do hidróxido de amônio, NH4OH, uma base fraca); ânion → NO3- (vem
do ácido nítrico, HNO3, um ácido forte).

- Hidróxissal (Sal básico)


É o sal cujo ânion não apresenta H ionizável e no qual, além desse ânion há o OH-. Resulta da
neutralização parcial da base.

Exemplo:
NaOOCCH3:
Cátion → Na+ (vem do hidróxido de sódio, NaOH, uma base forte);
Ânion → CH3COO– (vem do ácido etanoico, CH3COOH, H2CO3, um ácido fraco).
No exemplo acima, o ânion acetato (CH3COO–) hidrolisa-se em meio aquoso e forma o ácido acético
e íons hidroxila (OH–), o que torna a solução básica.

124

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2) Solubilidade dos sais
O estudo da solubilidade dos sais determina se um sal se dissolverá ou não em água. Assim, um sal
pode ser classificado em solúvel ou praticamente insolúvel.
Sal solúvel (sal que apresenta boa solubilidade em água):
Sal praticamente insolúvel (sal que se dissolve em quantidade extremamente desprezível em água,
mas ocorre algum tipo de dissolução, por menor que seja):

Para determinar a solubilidade dos sais em água, basta conhecer o ânion presente no sal. Veja as
regras que se dirigem aos tipos de ânions:

-Nitrato (NO3-) e Nitrito (NO2-): todo sal que apresenta esses ânions são solúveis;
-Carbonato (CO3-2), Fosfato (PO4-3) e Sulfeto (S-2): solúvel apenas com elementos da família IA e
com o NH4+;
-Halogenetos (F-, Cl-, Br-, I-): com os cátions Ag+ Cu+, Hg2+2 e Pb+2 são insolúveis;
-Acetato (H3C2O2-): com os cátions Ag+ e Hg2+2 são insolúveis;
-Sulfato (SO4-2): com os cátions Ag+, metais alcalino terrosos (IIA, com exceção do magnésio), Hg2+2
e Pb+2 são insolúveis;
-Qualquer outro ânion: solúvel apenas com elementos da família IA e com o NH4-.

Aplicações dos Sais no Cotidiano

Cloreto de sódio — NaCl


Sal obtido pela evaporação da água do mar. É o principal componente do sal de cozinha, usado na
nossa alimentação. No sal de cozinha, além do NaCl, existem outros sais, como os iodetos ou iodatos de
sódio e potássio (NaI, NaIO3; KI, KIO3), cuja presença é obrigatória por lei. Sua falta pode acarretar a
doença denominada bócio, vulgarmente conhecida como papo.
O sal de cozinha pode ser utilizado na conservação de carnes, pescados e peles. Na Medicina, é
utilizado na fabricação do soro fisiológico, que consiste numa solução aquosa com 0,92% de NaCl.
Bicarbonato de sódio – NaHCO3 (hidrogenocarbonato de sódio)
É um sal branco é usado principalmente em antiácidos estomacais, pois ele reage com o ácido
clorídrico (HCl) presente no suco gástrico e neutraliza o meio:

NaHCO3 + HCl → NaCl + H2O + CO2

Ele também é muito usado como fermento de bolos, pães e biscoitos, pois sua decomposição libera o
CO2 que faz a massa crescer. Além disso, é usado em extintores de incêndios, em cremes dentais para
clareamento dos dentes, em balas e gomas de mascar que “explodem” na boca e em talcos e
desodorantes.

Fluoreto de sódio – NaF


Anticárie que entra na composição do creme dental e também na fluoretação da água potável, pois
inibe o processo de desmineralização dos dentes, conferindo proteção contra a ação das cáries.

Sulfato de cálcio — CaSO4


Este sal pode ser encontrado na forma de sal anidro, ou seja, sem água (CaSO4), ou de sal hidratado,
isto é, com água (CaSO4.2 H2O), sendo essa forma conhecida por gipsita.

Sulfato de magnésio – MgSO4


É conhecido como Sal amargo ou Sal de Epsom. Utilizado em Medicina como purgativo ou laxante.

Sulfato de bário – BaSO4


É conhecido como contraste, pois atua como meio opaco na radiografia gastrointestinal.

Carbonato de sódio – Na2CO3


Este sal é popularmente conhecido como soda ou barrilha. Sua a principal aplicação é na produção de
vidro, segundo a seguinte reação:

barrilha + calcário + areia → vidro comum + gás carbônico


Na2CO3 + CaCO3 + SiO2 → silicatos de sódio e cálcio + gás carbônico
125

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x Na2CO3 + y CaCO3 + z SiO2 → (Na2O)x . (CaCO)y . (SiO2)z + (x + y) CO2

Outras aplicações desse sal são: na produção de corantes, no tratamento de piscinas, na produção de
sabão e detergentes, de papel e celulose, nas indústrias têxteis e siderúrgicas.

Nitrato de sódio – NaNO3


Também conhecido como salitre do Chile é encontrado em abundância em grandes depósitos naturais
nos desertos chilenos. É muito empregado para produzir fertilizantes e na fabricação de pólvora negra. É
também usado como conservante de carnes enlatadas e defumadas.

Sulfato de cálcio – CaSO4


Na forma anidra (sem água) é usado como matéria-prima do giz; já na forma hidratada é conhecido
como gesso, usado na construção civil e em imobilização ortopédica.

Óxidos

Os óxidos são substâncias presentes no nosso dia-a-dia. Um bom exemplo de óxido é o gás carbônico,
expelido na respiração, e é também o principal responsável pelo efeito estufa.

Definição: Óxido é todo composto binário que contém oxigênio e no qual ele é o elemento mais
eletronegativo.
Exemplos:
Cl2O, SO2, CO2, NO, P2O, K2O, CaO, Fe2O3

O único elemento mais eletronegativo que o oxigênio é o flúor; por isso o OF2, não é um óxido, mas
sim, um fluoreto de oxigênio

Nomenclatura
Regra geral:

1) Para um óxido ExOy:

Os prefixos mono, di, tri, etc. Indicam os valores de x e y na fórmula do óxido. O prefixo mono diante
do nome E é comumente omitido.

Fórmula molecular Nome do óxido


CO Monóxido de monocarbono ou monóxido de carbono
CO2 Dióxido de monocarbono ou dióxido de carbono
N2O3 Trióxido de dinotrogênio
Fe3O4 Tetróxido de triferro

2) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal com a carga fixa.
Metais com carga fixa:
- Metais alcalinos (1A) e Ag = +1
- Metais alcalinos terrosos (2A) e Zn = +2
- Alumínio = +3

Exemplo:
Na2O → óxido de sódio
Al2O3 → óxido de alumínio
126

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Para montar a fórmula do óxido a partir do nome, é só lembrar a carga do metal, a carga do oxigênio
-2 e fazer com que a soma das cargas se anule. Exemplos:
Óxido de lítio → Li1+O2- invertendo as cargas: Li2O
Óxido de prata → Ag1+O2-, invertendo as cargas: Ag2O

3) Para óxidos do tipo: EXOY, onde o elemento E é um metal com a carga variável.

Óxido de + nome do metal + carga do metal

Ou

Óxido de+ nome do metal + ICO (carga maior)


Óxido de + nome do metal + OSO (carga menor)

Metais com carga variável:


- Ouro (Au1+ e Au3+)
- Cobre (Cu1+ e Cu2+)
- Ferro (Fe2+ e Fe3+)
- Chumbo (Pb2+ e Pb4+)

Exemplos:
Au2O3 → óxido de ouro-III ou áurico
Cu2O → óxido de cobre-I ou cuproso
PbO2 → óxido de chumbo-IV ou plúmbico

Classificação dos Óxidos


Os óxidos são classificados em função do seu comportamento na presença de água, bases e ácidos.

Óxidos Básicos
São óxidos com caráter básico. São iônicos e o ânion é O2-. As reações dos óxidos básicos com água
e ácidos podem ser esquematizados da seguinte maneira:

Exemplo 1:

Óxido Sal Base


1 Na2O(g) + 1 H2O(l) → 2 NaOH
Óxido de Sódio Água Hidróxido de Sódio

Exemplo 2:

Óxido Sal Base Água


1 Na2O(g) + 1 H2SO4 (l) → 2 NaOH (aq) + 1 H2O
Óxido de Sódio Ácido Sulfúrico Hidróxido de Sódio Água

Óxidos Ácidos
Apresentam caráter covalente e geralmente são formados por ametais. Estes óxidos também
chamados de anidridos e reagem com a água formando um ácido ou reagem com uma base e dando
origem a água e sal.

127

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Exemplo1:

Exemplo 2:

Óxidos Neutros
São óxidos que não reagem com água, base ou ácido.
São basicamente três óxidos: CO, NO, N2O.

Óxidos Anfóteros
São óxidos que podem se comportar tanto como óxido básico quanto como óxido ácido.
Exemplos:
ZnO, Al2O3, SnO, SnO2, PbO e PbO2.
ZnO + 2 HCl → ZnCl2 + H2O
ZnO + 2 NaOH → Na2ZnO2 + H2O

Óxidos Duplos ou Mistos


Óxidos que se comportam como se fossem formados por dois outros óxidos, do mesmo elemento
químico. Exemplos:
Fe3O4 → FeO + Fe2O3
Pb3O4 → 2PbO + PbO2

Peróxidos
Os peróxidos apresentam em sua estrutura o grupo (O2)2–.
Os peróxidos mais comuns são formados por hidrogênio, metais alcalinos e metais alcalino-terrosos.

Exemplo:
-Peróxido de hidrogênio: H2O2
É líquido e molecular. Quando dissolvido em água, origina uma solução conhecida como água
oxigenada, muito comum em nosso cotidiano.

Aplicações dos Óxidos no Cotidiano

Dióxido de carbono (CO2)


Também conhecido como gás carbônico, é um gás incolor, inodoro, mais denso que o ar. Não é
combustível e nem comburente, por isso, é usado como extintor de incêndio. O CO2 é o gás usado nos
refrigerantes e nas águas minerais gaseificadas. O gás carbônico é um óxido de característica ácida, pois
ao reagir com a água produz ácido carbônico.
CO2 + H2O H2CO3 H+ + HCO3-

Óxido de alumínio (Al2O3)


O óxido de alumínio constitui o minério conhecido como bauxita (Al2O3.2H2O) ou alumina (Al2O3). É
também empregado na obtenção do alumínio e como pedras preciosas em joalherias (rubi, safira,
esmeralda, topázio, turquesa, etc.).

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Óxido de silício – (SiO2)
Este óxido é conhecido comercialmente como sílica. É o constituinte químico da areia, considerado o
óxido mais abundante da crosta terrestre. Apresenta-se nas variedades de quartzo, ametista, ágata, ônix,
opala, etc; Utilizado na fabricação do vidro, porcelana, tijolos refratários para fornos, argamassa, lixas,
fósforos, saponáceos.

Óxido de cálcio (CaO)


Na preparação da argamassa, a cal viva ou virgem (CaO) é misturada à água, ocorrendo uma reação
que libera grande quantidade de calor:

A cal virgem é obtida pelo aquecimento do CaCO3, que é encontrado na natureza como constituinte
do mármore, do calcário e da calcita:

Onde o solo é ácido, a cal viva é empregada para diminuir sua acidez.

Hidretos25

Os hidretos consistem no grupo de compostos orgânicos em que, na molécula, o elemento mais


eletronegativo é o hidrogênio (H). Os hidretos podem ser classificados de acordo com o tipo de ligação
química que estabelecem em iônicos, covalentes e metálicos.

Hidretos Iônicos
Os hidretos iônicos são formados pelo hidrogênio ligado a metais alcalinos e alcalinos terrosos
(famílias 1A e 2A da tabela periódica, respectivamente). São compostos sólidos, cristalinos, de altos
pontos de fusão, elevadas entalpias de formação, reagem com água produzindo bases, insolúveis em
solventes orgânicos, são agentes redutores fortes, principalmente em altas temperaturas.

Exemplos:
-Hidreto de sódio (NaH): muito utilizado como agente redutor em sínteses orgânicas e inorgânicas.
-Hidreto de cálcio (CaH2): reage fortemente com água liberando o gás hidrogênio. Amplamente usado
como dessecante para alguns tipos de solventes.

Hidretos Covalentes
Os hidretos covalentes (ou moleculares) são constituídos pela junção do hidrogênio aos elementos
dos grupos 3A (13), 4A (14), 5A (15), 6A (16) e 7A (17) e o berílio (Be). Suas moléculas são covalentes,
unidas entre si por ligações do tipo Van Der Waals, voláteis e de baixos pontos de fusão e ebulição.

Exemplos:
-Hidreto de berílio (BeH2): substância muito empregada com combustível de foguetes, pode ser obtido
a partir da pirólise (reação de decomposição que ocorre a altíssimas temperaturas).
-Hidreto de fósforo (PH3): também conhecidos como fosfina, fosfano ou fosfamina. Gás inflamável que,
geralmente, apresenta odor desagradável de peixe podre. Frequentemente aplicado à produção de
pastas, pastilhas, placas, comprimidos e produtos agrícolas.
-Hidreto de enxofre (H2S): gás corrosivo, de odor característico (semelhante ao de ovos podres),
utilizado, principalmente pela indústria petroquímica.

Hidretos Metálicos
O hidrogênio combinado com elementos do bloco d e f da tabela periódica, lantanídeos e actinídeos
forma hidretos. As propriedades físicas e químicas desses compostos são, comumente, próximas às dos

25
http://www.infoescola.com/

129

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metais que os constituem: podem apresentar brilho metálico, alta dureza e boa condutividade elétrica.
Reagem violentamente com água, produzido hidrogênio e uma base metal.

Exemplo:
-Hidreto de antimônio (SbH3): gás altamente instável e tóxico, usado para endurecer ligas metálicas.

Nomenclatura
A nomenclatura oficial dos hidretos é dada acrescendo o nome do cátion da fórmula ao termo hidreto.

Exemplo:
NaH – hidreto de sódio
Existem alguns hidretos constituídos por não-metais que, em água, formam soluções bastante ácidas
e, devido a isso, recebem outros nomes, como é o caso do ácido clorídrico (HCl). Outros, ainda, são
conhecidos por nomes não metódicos, como, por exemplo, a água (hidreto de oxigênio), boranos (hidretos
de boro) e silanos (hidretos de silício).

Questões

01. (UFPB) Os ácidos são substâncias químicas sempre presentes no cotidiano do homem. Por
exemplo, durante a amamentação, era comum usar-se água boricada (solução aquosa que contém ácido
bórico) para fazer a assepsia do seio da mãe; para limpezas mais fortes da casa, emprega-se ácido
muriático (solução aquosa de ácido clorídrico); nos refrigerantes, encontra-se o ácido carbônico; e, no
ovo podre, o mau cheiro é devido à presença do ácido sulfídrico.

Esses ácidos podem ser representados, respectivamente, pelas seguintes fórmulas moleculares:
(A) H3BO3, HCl, H2CO2 e H2SO4
(B) H2BO3, HCl, H2CO3 e H2S
(C) H3BO3, HClO3, H2SO3 e H2CO2
(D) H2BO3, HClO4, H2S e H2CO3
(E) H3BO3, HCl, H2CO3 e H2S

02. (Mack/SP) Certo informe publicitário alerta para o fato de que, se o indivíduo tem azia ou pirose
com grande frequência, deve procurar um médico, pois pode estar ocorrendo refluxo gastroesofágico, isto
é, o retorno do conteúdo ácido do estômago. A fórmula e o nome do ácido que, nesse caso, provoca
queimação no estômago, a rouquidão e mesmo dor toráxica são:
(A) HCl e ácido clórico.
(B) HClO2 e ácido cloroso.
(C) HClO3 e ácido clórico.
(D) HClO3 e ácido clorídrico.
(E) HCl e ácido clorídrico

03. Dentre os óxidos abaixo, qual deles reage com ácido formando sal e água, ou seja, que pode ser
classificado como óxido básico?
(A) N2O
(B) CaO
(C) CO2
(D) SO2
(E) N2O5

04. (UFLA) Assinale a alternativa que represente a fórmula do hidreto de um metal alcalinoterroso (M):
(A) M2H
(B) MH3
(C) MH
(D) M2H2
(E) MH2

05. (PUC/PR) Identifique as alternativas incorretas:


I- Os hidretos iônicos são compostos de metais alcalinos e metais alcalinoterrosos.
II- Os hidretos iônicos são pouco reativos.
130

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III- Os hidretos são compostos binários de Hidrogênio nos quais o Hidrogênio é o elementos mais
eletropositivo.
IV- Os hidretos iônicos são, em regra, sólidos cristalinos brancos.
V- Os hidretos moleculares são, em regra, gases ou líquidos com baixo ponto de Ebulição.

(A) I e IV.
(B) I, III e V.
(C) I, II e V.
(D) II e III
(E) IV e V

Gabarito

01.E / 02.E / 03.B / 04.E / 05.D

Comentários

01. Resposta: E
H3BO3: ácido bórico;
HCl: ácido clorídrico;
H2CO3: ácido carbônico;
H2S: ácido sulfídrico.

02. Resposta: E

03. Resposta: B
Veja como esse óxido reage com ácido formando sal e água: CaO + 2HCl → CaCl2 + H2O (devem ser
óxidos de metais alcalinos e alcalinos terrosos).

04. Resposta: E
Nos hidretos, o hidrogênio, que caracteriza o grupo, que apresenta apenas um eletron, é o elemento
mais eletronegativo e, por isso, apresenta um nox igual a -1. Um metal alcalinoterroso sempre forma o
cátion +2 (M+2) pelo fato de ser um metal e ter dois elétrons na camada de valência. Para montar a
fórmula, o metal sempre é escrito antes do outro elemento e as cargas devem ser cruzadas, ou seja, a
carga do H será a quantidade do metal e a carga do metal será a quantidade do H. Assim: MH2.

05. Resposta: D
Os itens incorretos são o II e III. O II está incorreto porque os hidretos iônicos apresentam uma elevada
reatividade. O item III está incorreto porque nos hidretos o Hidrogênio é o elemento mais eletronegativo,
e não o mais eletropositivo.

Transformações Químicas e Energia

TERMOQUÍMICA

A termoquímica é uma parte da termodinâmica que estuda as trocas de calor desenvolvidas durante
uma reação química entre o sistema e o meio ambiente, além do possível aproveitamento desse calor na
realização de trabalho.
Vamos agora definir alguns conceitos importantes na termoquímica:

Caloria: Uma caloria é a quantidade de calor necessária para aquecer um grama de água de 14,5°C
a 15,5°C. Seu múltiplo é a quilocaloria, (kcal)

Calor: é a energia que se transfere entre dois corpos com diferentes temperaturas.
131

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Temperatura: é uma grandeza do calor. você não tira a temperatura corporal, você verifica. Se tirar a
temperatura do seu corpo, morre.

Calor de reação: representa à variação de entalpia (calor absorvido) observada em uma reação, e
sua classificação depende do tipo de reação decorrente. Esse calor de reação recebe, conforme a reação,
as seguintes denominações: calor de formação, calor de combustão, calor de neutralização etc.

Calor de Formação: É a quantidade de calor liberada ou absorvida durante a formação de 1 mol de


um composto, a partir de substâncias simples, no estado padrão. Por exemplo: a 25 °C e 1 atm, temos:

H2(g) + 1/2 O2(g) → 1 H2O(l) ΔH = –68,4 kcal / mol,

Interpretação: para formar um mol de água líquida, a partir de substâncias simples, H2(g) e O2(g), no
estado padrão (25 °C, e 1 atm, estado físico e alotrópico mais estável) há a liberação de 68,4 kcal. Os
valores das entalpias de formação são muito importantes, pois representam a própria entalpia de 1 mol
da substância que está sendo formada, já que, nas reações de formação, Hi é sempre zero.

Calor de Combustão: A reação entre uma substância e o oxigênio chama-se reação de combustão.
A energia liberada na combustão completa de 1 mol de uma substância no estado padrão é chamada de
entalpia de combustão. É a variação de entalpia (ΔH) na combustão de 1 mol de uma substância a 25°C
e 1 atm.
Exemplo:

C6H12O6(s) + 6O2(g) → 6CO2(g) + 6H2O(l) ΔHc = – 673 kcal/mol

Assim, a combustão de 1 mol de glicose libera 673 kcal.


O ΔH nesse caso é sempre negativo, pois as combustões são sempre exotérmicas.

Entalpia (ΔH)

Entalpia é o conteúdo de calor de um sistema, à pressão constante. Não é possível fazer a medida
absoluta da entalpia de um sistema, mas podemos medir (com calorímetros), a variação de entalpia, ΔH,
que ocorre numa reação. Esta variação é entendida como a diferença entre a entalpia final (dos produtos
da reação) e a entalpia inicial (dos reagentes da reação), conforme observado abaixo:

Estado inicial → Estado final

H1 → H2

∆H = H2 – H1

Ou

∆H = HP – HR
Tipos de Entalpia

a) Entalpia de Formação
É a quantidade de energia absorvida ou liberada quando um mol de substâncias simples reage e o
produto final é uma única substância composta.
Exemplo:

H2 + 1/2 O2 → H2O

b) Entalpia de combustão
É quantidade de energia envolvida na queima de 1 mol de uma determinada substância na presença
de gás oxigênio. Nesse caso, todas as substâncias envolvidas estão no estado padrão.
Exemplo:

CH4 + O2 → CO2 + H2O

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c) Entalpia de neutralização
É a quantidade de energia liberada ou absorvida quando um mol de hidrônio (H+) reage com um mol
de hidróxido (OH-), estando ambos presentes em soluções diluídas. De uma forma geral, teremos uma
entalpia de neutralização sempre que uma solução ácida for misturada com uma solução básica.
Exemplo:

HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H2O

d) Entalpia de decomposição
É a quantidade de energia absorvida ou liberada quando um mol de uma substância composta
decompõe-se e o produto final são várias substâncias simples.

Tipos de Reações

Vamos estudar as trocas de energia, na forma de calor, envolvidas nas reações químicas e nas
mudanças de estado físico das substâncias. Esse estudo é denominado termoquímica. São dois os
processos em que há troca de energia na forma de calor: o reações exotérmicas e o endotérmicas.

Reações Exotérmicas
É aquele que ocorre com liberação de calor ambiente e sua entalpia diminui. Essas reações possuem
um balanço negativo de energia quando se compara a entalpia total dos reagentes com a dos produtos.
Assim, a variação na entalpia final é negativa (produtos menos energéticos do que os reagentes) e indica
que houve mais liberação de energia, na forma de calor, para o meio externo que absorção – também
sob forma de calor.

Exemplos de Reações Exotérmicas


-½ O2(g) + H2(g) -> H2O(l) (ΔH = -68,3 kcal/mol ou -285,49 kJ/mol)
-½ H2(g) + ½ Cl2(g) -> HCl(g) (ΔH = -22,0 kcal/mol ou -91,96 kJ/mol)
-½ H2(g) + ½ Br2(g) -> HBr(g) (ΔH = -8,6 kcal/mol ou -35,95 kJ/mol)
-C(s) + ½ O2(g) -> CO(g) (ΔH = -26,4 kcal/mol ou -110,35 kJ/mol)

Diagrama de Entalpia
No diagrama de entalpia, relacionamos num eixo vertical os valores de Hp e Hr e podemos, portanto,
calcular o valor de ΔH.

Reações Endotérmicas
É aquela que ocorre com absorção de calor e sua entalpia aumenta. Assim, a variação dessa energia
(variação de entalpia) possui sinal positivo (+ΔH) e indica que houve mais absorção de energia do meio
externo que liberação. Ambas em forma de calor.

Exemplos de Reações Endotérmicas

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-½ H2(g) + ½ I2 (g) -> HI(g) (ΔH = +6,2 kcal/mol ou +25,92 kJ/mol)
-2C(s) + H2(g) -> C2H2(g) (ΔH = +53,5 kcal/mol ou +223,63 kJ/mol)

Diagrama de Entalpia

Equações Termoquímicas

As equações termoquímicas servem para representar as reações ou processos que envolvem trocas
de calor, cujo valor é mostrado na variação da entalpia simbolizada pelo ΔH. Nessas equações aparecem
os mesmos símbolos (como as fórmulas e os estados físicos das substâncias) e números (como índices
e coeficientes) que aparecem em uma equação química normal.

S(R) + 1 O2(g) → 1SO2(g) ΔH = –70,92 kcal (a 25ºC e 1atm)


Interpretação: 1 mol de enxofre rômbico (R) reage com 1 mol de oxigênio gasoso, liberando 70,92 kcal
para formar 1 mol de dióxido de enxofre gasoso.

1C(gr) + 2S(R) → 1CS2(l) ΔH = 18 kcal (a 25ºC e 1atm)


Interpretação: 1 mol de carbono grafite (gr) reage com 2 mols de enxofre rômbico ocorrendo a absorção
de 18 kcal para formar 1 mol de dissulfeto de carbono líquido.

Lei de Hess

Germain Herman Hess, ao estudar os calores de reação, constatou que: "A variação de entalpia (ΔH)
de uma reação química depende apenas dos estados final e inicial, não importando o caminho da reação".
Esta importante lei experimental foi chamada de lei dos estados final ou inicial, lei de adição de calores
ou Lei de Hess.
Seja uma reação genérica A → B da qual se quer determinar o ΔH. Esta reação pode ser realizada
por diversos caminhos, onde, para cada um deles, os estados inicial e final são os mesmos.

Para que A se transforme em B temos 3 caminhos:


A→B
A→C→D→B
A→E→B

Sendo que: ΔHx = ΔH1 + ΔH2 + ΔH3 ou ΔHx = ΔH4 + ΔH5

Diante disso, não importa o número de etapas que o processo apresenta, o ΔH da reação total será a
soma dos ΔH das diversas etapas, e em consequência a equação termoquímica pode ser tratada como
uma equação matemática. Assim, quando usamos a Lei de Hess no cálculo do ΔH de uma reação,
devemos arrumar as equações fornecidas de modo que a soma delas seja a equação cujo ΔH estamos
procurando. Para isso, usamos os seguintes procedimentos:
134

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- Somando várias equações, somamos também os respectivos ΔH;
- Invertendo a equação, invertemos também o sinal do ΔH;
- Multiplicando uma equação por um número qualquer (diferente de zero), multiplicamos também o ΔH,
pelo mesmo número.

Cálculo do ∆H de uma reação, usando a lei de Hess


Podemos calcular o ∆H de uma reação trabalhando algebricamente as equações termoquímicas.
Considere as reações abaixo, a 25°C e 1 atm
1) C(grafita) + O2(g) → CO2(g) ∆H = - 94,1 kcal
2) H2(g) + 1/2 O2(g) → H2O (l) ∆H = - 68,3 kcal
3) CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2H2O (ι) ∆H = - 212,8 kcal

Vamos determinar o ∆H da reação: C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g) ∆H = ?


Siga os passos abaixo:
a) escreva a equação 1.
b) escreva a equação 2 multiplicada por 2.
c) escreva a equação inversa de 3.

Assim, basta soma-las


C(grafita) + O2(g) → CO2(g); ∆H = - 94,1 kcal
2H2(g) + O2(g) → 2H2O(l); ∆H = - 136,6 kcal
CO2(g) + 2H2O(l) → CH4(g) + 2O2(g); ∆H = + 212,8 kcal
C(grafita) + 2H2(g) → CH4(g); ∆H = - 17,9 kcal

Através da lei de Hess, as equações termoquímicas podem ser somadas como se fossem equações
matemáticas ou algébricas.

A reação espontânea e não-espontânea


A reação espontânea é aquela que percorre por si mesma. Toda reação espontânea libera energia
livre, enquanto a energia não-espontânea absorve energia livre.

Entropia

Entropia é uma grandeza termodinâmica relacionada com o grau de desordem dos sistemas (aumenta
com a temperatura).

SA (g) > SA (l ) > SA (s)

Uma reação espontânea é a que tende a ser a mais exotérmica (entalpia mínima ou menor valor de
∆H) e, ao mesmo tempo, a que tende a uma maior distribuição de matéria e energia (entropia máxima ou
maior valor de ∆S). Energia Livre de Gibbs: A energia livre liberada numa reação é a energia máxima que
é livre para produzir trabalho útil. Mede a relação entre a entalpia e a entropia através da equação de
Gibbs e prevê a espontaneidade de uma reação química.

Equação de Gibbs

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Uma vez que ∆H e ∆S variam muito pouco com a temperatura, temos que:

Questões

01. (PUC/MG) Sejam dadas as equações termoquímicas, todas a 25 ºC e 1 atm:


I- H2(g)+ ½ O2(g) →H2O(l) ∆H = -68,3 kcal/mol
II- 2Fe(s)+ 3/2 O2(g)→Fe2O3(s) ∆H = -196,5 kcal/mol
III- 2Al(s)+ 3/2 O2(g)→Al2O3(s) ∆H = -399,1 kcal/mol
IV - C(grafite)+ O2(g)→ CO2(g) ∆H = -94,0 kcal/mol
V- CH4(g) + O2(g) → CO2(g)+ H2O(l) ∆H = -17,9 kcal/mol

Exclusivamente sob o ponto de vista energético, das reações acima, a que você escolheria como fonte
de energia é:
(A)I
(B)II
(C) III
(D) IV
(E) V

02. (U. Católica/DF) Numa sauna a vapor, o calor envolvido na condensação do vapor d’água é, em
parte, responsável pelo aquecimento da superfície da pele das pessoas que estão em seu interior, de
acordo com o diagrama abaixo:

De acordo com as informações fornecidas, o que ocorrerá na transformação de 1 mol de água


vaporizada em 1 mol de água líquida?
(A) liberação de 44 kJ;
(B) absorção de 44 kJ;
(C) liberação de 527,6 kJ;
(D) absorção de 527,6 kJ;
(E) nenhuma das respostas anteriores.

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Gabaritos

01. C / 02. A

Comentários

01. Resposta: C
Todas as reações são exotérmicas, liberando calor, pois os valores de ∆H são todos negativos. Mas o
que libera mais energia é a reação III.

02. Resposta: A
Como podemos ver pelas informações no gráfico, a diferença de -241,8 kJ para -285,8 kJ é de 44 kJ.
Pelo sinal negativo sabemos que é uma liberação de calor.

ELETROQUÍMICA

A eletroquímica é a parte da Química que estuda não só os fenômenos envolvidos na produção de


corrente elétrica a partir da transferência de elétrons em reações de óxido-redução, mas também a
utilização de corrente elétrica na produção dessas reações. O seu estudo pode ser dividido em duas
partes: pilhas e eletrólise.
Em eletroquímica ocorrem reações de conversão de energia química em energia elétrica e vice-versa.

Pilhas são dispositivos nos quais uma reação espontânea de óxido-redução produz corrente
elétrica.
Eletrólise é o processo no qual uma corrente elétrica produz uma reação de óxido-redução.

Número de Oxidação

Número de oxidação é uma carga formal que pode ser tanto real quanto imaginária. Devemos entendê-
la como a carga que um átomo teria se tivesse participando de uma ligação iônica.

Exemplos:

1) NaCl:
[Na+] [Cl-]
Assim, encontramos:
Nox de Na+= +1
Nox de Cl-= -1

2) H2SO4
Assim encontramos:
Nox de H= +1 (cada átomo de hidrogênio)
Nox de S= +6
Nox de O= -2 (cada átomo de oxigênio).

Regras Práticas
Para saber qual é o NOX de um átomo dentro de uma molécula, devemos seguir 4 regras:

1ª regra: Todo elemento em uma substância simples tem Nox igual a zero. Exemplos:
- O2: Nox de cada átomo de oxigênio é zero.
- N2: Nox de cada átomo de nitrogênio é zero.
- Ag: Nox do átomo de prata é zero.

2ª regra: O Nox de alguns elementos em substâncias compostas é constante.

137

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- O hidrogênio tem Nox igual à +1.
- Os metais alcalinos têm Nox igual à +1.
- Os metais alcalinos terrosos têm Nox igual à +2.
- O oxigênio tem Nox igual à -2.
- Os halogênios em halogenetos têm Nox igual -1.
- A prata (Ag) tem Nox igual à +1.
- O zinco (Zn) tem Nox igual à +2.
- O alumínio (Al) tem Nox igual a +3.
- O enxofre (S) em sulfetos tem Nox igual à -2.

Exemplos:
1) NaCl:
O sódio tem Nox = +1
O cloro tem Nox = -1

2) Ca(OH)2
O cálcio tem Nox = +2.
O hidrogênio tem Nox = +1.
O oxigênio tem Nox = -2.

3) H2S
O hidrogênio tem Nox = +1.
O enxofre tem Nox = -2.

Exceções importantes
- Nos hidretos metálicos o “hidrogênio” possui Nox igual a -1.
- Nos peróxidos o “oxigênio” possui Nox igual a -1.

3ª regra: A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em uma espécie química neutra é igual a
zero.

Exemplo:
1) NaOH
O Nox do sódio é +1.
O Nox do oxigênio é -2.
O Nox do hidrogênio é +1.
Calculando a soma algébrica, teremos:
(+1) + (-2) + (+1) = 0
Esta regra permite realizar o cálculo do Nox de um elemento químico que não possui Nox constante.

Exemplo:
CO2
O Nox do carbono é desconhecido (x).
O Nox de cada átomo de oxigênio é -2.
Assim,
x + 2 . (-2) = 0
x–4=0
x=+4
Portanto o Nox do átomo de carbono neste composto é igual a +4.

4ª regra: A soma algébrica dos Nox de todos os átomos em um íon é igual à carga do íon. Exemplo:
NH4+1
O átomo de nitrogênio não tem Nox constante (x).
Cada átomo de hidrogênio possui Nox igual a +1.
O íon tem carga +1.
Calculando a soma algébrica, teremos:
x + 4 . (+1) = + 1
x+4=1
x=1–4
138

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x=–3
Então o Nox do átomo de nitrogênio é igual a -3.

Resumo geral das quatro regras e suas particularidades:

Oxirredução26

Uma reação de oxirredução é aquela em que há transferência de elétrons (oxidação e redução); com
isso uma espécie química ganha elétrons e simultaneamente outra espécie química perde elétrons.

Oxidação: ocorre quando o número de oxidação de um átomo aumenta. E para que ocorra um
aumento no número de oxidação, o átomo precisa perder elétrons.

Redução: ocorre quando o número de oxidação diminui. Para que ocorra essa diminuição, o átomo
precisa receber elétrons.

Exemplo:

Reação de oxirredução entre o Magnésio e o oxgênio


(PIRES; LANFREDI; PALMIERI, 2011)

As reações de oxidação e redução se complementam, ou seja, na reação o magnésio é oxidado,


enquanto o oxigênio é reduzido. Logo, o magnésio age como agente redutor enquanto O2 atua como
agente oxidante. Estas etapas podem ser separadas e escritas na forma de duas reações diferentes,

26
Química Nova Escola, Nº11 – Pilhas e Baterias. Maio, 2000.

139

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contudo é importante lembrar que elas não ocorrem isoladas uma da outra e sim juntas e
simultaneamente.

Semi-reações de oxidação e redução para a reação do magnésio com o oxigênio


(PIRES; LANFREDI; PALMIERI, 2011).

Pilhas27

Muitas reações de oxirredução ocorrem espontaneamente. Uma situação ilustrativa é a reação do


metal zinco com uma solução aquosa contendo cátions de Cu2+(aq). Uma grande vantagem dessas
reações de oxirredução espontâneas é que podem ser utilizadas para gerar eletricidade. Para isso, basta
montar um aparato denominado pilha.
Na pilha, os agentes oxidantes e redutores são mantidos em compartimentos separados. Cada
compartimento é chamado de semicélula eletroquímica. Para que o dispositivo gere corrente elétrica,
devem existir dois contatos elétricos entre as células. Um contato é feito por um fio metálico e possibilita
a circulação de elétrons entre as semicélulas. O outro contato, é denominado ponte salina, que permite a
circulação de íons entre as semicélulas.

Pilha de Daniel
Pilhas ou célula voltaicas são dispositivos que transformam energia química em energia elétrica por
meio de um sistema apropriado e montado para aproveitar o fluxo de elétrons provenientes de uma reação
química de oxirredução. A pilha de Daniel é um exemplo deste sistema.
É formado por uma placa de zinco mergulhada em uma solução de sulfato de zinco, e uma placa de
cobre imersa em uma solução de sulfato de cobre. As duas placas (eletrodos) são conectadas por um fio
metálico, que permite a passagem de elétrons de um eletrodo ao outro. As duas soluções são interligadas
por uma ponte salina, um tubo de vidro recurvado que contém uma solução de um sal (sulfato de sódio,
neste caso) e possui pedaços umedecidos de algodão nas extremidades.

Assim, podemos prever a ocorrência das seguintes semi-reações:


- Oxidação: Zn0(s)→ Zn2+(aq) + 2e-
- Redução: Cu2+ + 2e- → Cu0(s)

Somando as semi-reações acima, obtemos a reação de oxirredução ocorrida entre a barra de zinco e
a solução de Cu2+.

Zn0 (s)+ Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu0(s)

A função da ponte salina


Conforme aumenta a concentração de Zn2+, a solução passa a adquirir um excesso de cargas positivas.
Por outro lado, uma diminuição da quantidade de íons Cu2+ faz com que a solução adquira excesso de
carga negativa.

27
Sardella, A. Química – 5ª edição, Editora Ática. São Paulo, 2003.

140

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Diante disso, a ponte salina atua como “veículo iônico”, permitindo a passagem de íons de uma
sequência para outra. Assim, a cada instante, as duas soluções permanecem eletricamente neutras.

Sentido dos elétrons


Os elétrons circulam do eletrodo de maior potencial de oxidação para o de menor potencial de
oxidação. No caso da pilha de Daniel os elétrons vão do zinco para o cobre.

Polos da pilha
- Polo positivo – o de menor potencial de oxidação – Cu.
- Polo negativo – o de maior potencial de oxidação – Zn.

Cátodo e Ânodo
- Cátodo – placa de menor potencial de oxidação – Cu. Onde ocorre redução.
- Ânodo – placa de maior potencial de oxidação – Zn. Onde ocorre oxidação.

Variação de massa nas placas


- Placa de maior potencial de oxidação – diminui – Zn.
- Placa de menor potencial de oxidação – aumenta – Cu.

Potencial dos eletrodos

Para realizar qualquer medida deve-se estabelecer um padrão. Para a medida do potencial dos
eletrodos foi determinado que o eletrodo padrão é o de hidrogênio, e a unidade de medida é o volt (V).
Ao eletrodo de hidrogênio foi atribuído o valor nulo, assim as medições são feitas com referência a este
eletrodo.
Ao instalar um voltímetro em uma pilha, pode-se medir apenas a diferença de potencial que existe
entre seus eletrodos. Entretanto, é impossível medir o potencial de cada eletrodo. Por outro lado, é
importante que cada eletrodo apresente um valor numérico correspondente ao seu potencial. Por isso,
escolhe-se um eletrodo de referência, em função do qual são medidos os potenciais dos demais eletrodos.

O eletrodo de referência
Um eletrodo de referência, ou eletrodo-padrão, apresenta as seguintes condições:
- 25°C
- 1 atm
- soluções com concentração um molar
Adotou-se, o eletrodo de gás hidrogênio com o eletrodo de referência. Nele, encontramos um fio de
platina que serve como suporte para o H2. A platina, nesse caso, é um eletrodo inerte, já que não participa
da reação.

Como medir os potenciais dos eletrodos?


O potencial de cada eletrodo-padrão é determinado acoplando-se a ele outro eletrodo-padrão de
hidrogênio e medindo-se a diferença de potencial. Para tal, chamaremos de E0 o potencial do eletrodo
padrão e ΔE0 à diferença de potencial entre dois eletrodos-padrão.
Por convenção, temos que:
O eletrodo padrão de hidrogênio apresentam potencial igual a zero.
E0(H2)= zero
Vamos medir, por exemplo, o potencial do eletrodo-padrão de zinco.

141

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De acordo com o sentido dos elétrons, fica claro que teremos as seguintes semi-reações:
- Eletrodo de hidrogênio: 2H+ + 2e- -→ H2 (redução)
- Eletrodo de zinco: Zn0 → Zn2+ + 2e- (oxidação)

Assim, concluídos que o eletrodo de hidrogênio possui maior capacidade de sofrer redução que o
eletrodo de zinco. Em outros termos, o eletrodo de hidrogênio apresenta maior potencial de redução do
que o de zinco.

E0red Hidrogênio > E0red Zinco

A diferença de potencial da pilha (ΔE0) sempre será dada pela diferença entre o potencial maior e
menor.
ΔE= E0red (maior) - E0red (menor)

Assim, teremos:

0,76= E0red - E0red → 0,76= zero- E0red zinco


E0red zinco= -0,76V

Pilhas e Baterias Primárias e Secundárias28


Agora que já sabemos um pouco sobre pilhas e baterias, podemos finalmente chegar ao ponto principal
deste artigo, que é tratar sobre as características das pilhas e baterias do tipo primárias e secundárias.
As pilhas e baterias do tipo primárias são as pilhas mais comuns que a gente vê por aí todo o tempo.
Elas são as pilhas chamadas de secas de Leclanché, ou somente de pilhas comuns ou pilhas ácidas, as
pilhas alcalinas e também as de lítio ou dióxido de manganês.
A principal característica das pilhas e baterias primárias é que elas não podem ser recarregadas. Ou
seja, uma vez que a reação química de oxirredução ocorre dentro delas, precisam ser descartadas em
local apropriado. Cada tipo de pilha primária também se difere entre si, de acordo com o elemento
químico utilizado.
As pilhas comuns são formadas por um invólucro feito de zinco, separado por um papel bastante
poroso e uma barra central de grafite envolta em carvão em pó, dióxido de manganês e uma pasta mais
úmida que contém cloreto de zinco, de amônio e água. As pilhas do tipo alcalinas são muito parecidas, a
única diferença entre elas é que ao invés do cloreto de amônio, usa-se hidróxido de sódio ou hidróxido
de potássio. As pilhas do tipo alcalinas possuem uma durabilidade maior se comparadas com as pilhas
comuns e ainda oferecem riscos bem menores de vazamentos. Temos, ainda, as pilhas de lítio, que são
encontradas no formato de uma moeda. Por serem bastante compactas são muito usadas em
calculadoras e relógios de pulso. Elas são compostas por lítio e dióxido de manganês.
Já as pilhas e baterias secundárias, são todas aquelas que podem ser recarregadas novamente, como,
por exemplo, as baterias dos automóveis, que são feitas de chumbo e/ou ácido e as baterias de íon de
lítio, usadas largamente nos nossos aparelhos celulares. As baterias de chumbo são feitas com diversas
placas de chumbo intercaladas com ácido sulfúrico. Já as baterias de íon de lítio usadas nos celulares
são atualmente as mais modernas e são compostas por lítio e grafite.
28
https://bit.ly/2vNlXbt

142

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Este tipo de bateria pode ser recarregado porque a ação química que ocorre dentro delas é reversível
e pode ser feita novamente quando ligada. Elas representam um avanço tecnológico e poluem menos,
por serem reutilizáveis.
De qualquer forma, tanto pilhas e baterias primárias e secundárias devem ser descartadas de forma
correta, somente em locais preparados para recebê-las. Se descartadas de forma inconsciente, podem
poluir o meio ambiente e causar danos irreversíveis para o solo e para a água.

Informações importantes sobre potenciais dos eletrodos


- O potencial de redução mede a capacidade que o eletrodo apresenta de sofrer redução
- Eletrodos com potenciais de redução positivos sofrem redução mais fácil que o eletrodo de hidrogênio
- Eletrodos com potenciais de redução negativos sofrem redução mais difícil que o eletrodo de
hidrogênio.
Com base na tabela a seguir, que mostra a tendência que cada eletrodo tem de sofrer oxidação e
redução, podemos dizer que:
- eletrodo com E0red maior → sofre redução
- eletrodo com E0red menor  sofre oxidação

Tabela de potenciais de oxidação e redução

Previsão de reações de oxirredução


É possível prever a espontaneidade de uma reação de oxirredução através dos potenciais de oxidação
ou de redução E0 das semi-reações.

Exemplo:

Zn0 + Cu2+ → Zn2+ + Cu0

Para confirmar se uma reação de oxi-red ocorre ou não espontaneamente, é necessário observar os
potenciais de redução de cada semi-reação.
Zn2+ +2e- ↔ Zn0 E0red=-0,76V
Cu2+ 2e ↔Cu
- 2+ 0
E red=+0,34V

Esses valores de E0red mostram que o Cu2+ reduz mais facilmente que o Zn2+, pois tem maior E0red. Já
o Zn2+ oxida melhor que o Cu2+, uma vez que possui menor E0red, e assim apresenta maior E0oxi.
143

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Sentido das semi-reações

As semi-reações de maior E0 ocorrerá da esquerda para a direita, e a de menor E0 da direita para a


esquerda. Isso ocorre tanto para as reações de redução quanto para as de oxidação.
→ Maior E0
→ Menor E0

Exemplo:

Ni2+ + 2Ag0 → Ni0 + 2Ag+


Ni0 ↔ Ni2+ +2e-(oxidação) Eoxid= +0,23V
Ag0 ↔ Ag+ +e- (redução) Eoxid= -0,80V

Os processos espontâneos serão:


Ni0 → Ni2+ + 2e- (oxidação); Maior E0
Ag0 → Ag+ +e- (redução); Menor E0

Para que a reação se torne espontânea é necessário inverter a semi-reação da prata e multiplicá-la
por dois:
Ni0 → Ni2+ + 2e- (mantida)
2Ag+ + 2e- → 2Ag0 (reação invertida)
----------------------------------------------------------
Ni0 + 2Ag+ → Ni2+ + 2Ag0 (processo espontâneo)

Calculo do ΔE:
ΔE= E0maior - E0menor
ΔE= (+0,23) – (-0,80)= 1,03V
OBS.: Embora a semi-reação da prata tenha sido multiplicada por dois, o valor não se alterou.

Eletrólise

É um processo não-espontâneo, em que a passagem de uma corrente elétrica através de um sistema


líquido, no qual existam íons, produz reações químicas.
As eletrólises são realizadas em cubas eletrolíticas, nas quais a corrente elétrica é produzida por um
gerador (pilha).
Nesse sistema, os eletrodos são geralmente inertes, formados por platina ou grafita (carvão).
As substâncias que serão submetidas à eletrólise podem estar liquefeitas (fundidas) ou em solução
aquosa. A seguir, vamos estudar essas duas possibilidades.

Importante: No processo de eletrólise, os elétrons emergem da pilha (gerador) pelo ânodo (–) e entram
na célula eletrolítica pelo cátodo (–) no qual produzem redução. Na célula eletrolítica, os elétrons
emergem pelo ânodo (+), no qual ocorre oxidação, e chegam à pilha pelo seu cátodo (+).

144

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Esquema da Eletrólise

Os íons negativos são atraídos pelo polo positivo (+, ânodo), onde irão perder elétrons (oxidação). Os
elétrons cedidos ao polo (+) migram através do circuito externo até o polo (-, cátodo). Lá, estes serão
"ganhos" pelos íons positivos (redução).

Para que ocorra a eletrólise é necessária a presença de íons livres.

IMPORTANTE: A eletrólise é basicamente o inverso da reação de uma pilha. Assim, para que ocorra
uma hidrólise, é necessário que o gerador forneça uma ddp superior à reação da pilha. Se isso não
ocorrer, não temos a ocorrência da eletrólise.

Eletrólise Ígnea29:
Esse tipo de eletrólise ocorre quando a passagem de corrente elétrica se dá em uma substância iônica
liquefeita, isto é, fundida. Daí a origem do nome “ígnea”, uma palavra que vem do latim, ígneus, que
significa inflamado, ardente.
Esse tipo de reação é muito utilizado na indústria, principalmente para a produção de metais. Veja o
exemplo de eletrólise do NaCl (cloreto de sódio – sal de cozinha), com produção do sódio metálico e do
gás cloro:
Semi-reação no cátodo: Na+ + e- → Na (2)
Semi-reação no ânodo: 2 Cl- → Cl2 + 2e-
Reação global: 2 Na+ + 2 Cl- → 2 Na + Cl2
Eletrólise Aquosa:
Na eletrólise aquosa faz parte os íons da substância dissolvida (soluto) e da água. Na eletrólise do
cloreto de sódio em meio aquoso são produzidos a soda cáustica (NaOH), o gás hidrogênio (H2) e o gás
cloro (Cl2). Note como se dá:
Dissociação do NaCl: 2NaCl- → 2Na+ + 2Cl-
Auto ionização da água: 2H2O → 2 H+ + 2OH-
Semi-reação no cátodo: 2H+ + 2e- → H2
Semi-reação no ânodo: 2Cl- → Cl2 + 2e-
Reação global: 2 NaCl- + 2H2O → 2 Na+ + 2OH- + H2 + Cl2

Observe que foram formados dois cátions (Na+ e H+) e dois ânions (Cl- e OH-). Porém, apenas um
cátion (H+) e um ânion (Cl-) sofreram as descargas do eletrodo, os outros íons foram apenas espectadores
nessa eletrólise.
Isso ocorre em todas as eletrólises em meio aquoso: apenas um dos cátions e um dos ânions são
participantes. Para determinarmos quais serão os participantes e quais serão os espectadores, existe
uma ordem de facilidade de descarga, conforme mostrado na lista abaixo:

29
Sardella, A. Química – 5ª edição, Editora Ática. São Paulo, 2003.

145

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Estequiometria da Eletrólise

Quando realizamos a eletrólise da água, o volume que obtemos de H2 (g) no cátodo é o dobro do volume
que obtemos de O2 (g) no ânodo. Agora vamos aprender a calcular a quantidade de substância liberada
num eletrodo. Sendo:
i – intensidade de corrente.
Q – quantidade de carga elétrica.
t –tempo de passagem da corrente pelo eletrólito.
Temos: Q = i.t

Conceito de Faraday (F)


A quantidade de eletricidade de 1 mol de elétrons (6,02 x 1023 elétrons) é chamada de Faraday (F). A
carga elétrica que um elétron transporta é 1,6 x 10-19C. Um mol de elétrons terá carga:
6,02 x 1023 x 1,6 x 10-19 C 965000 C
965000 C = 1 Faraday
Leis de Faraday

1ª Lei de Faraday - A massa da substância eletrolisada é diretamente proporcional à carga elétrica


que atravessa a solução.
m = k1.Q

2ª Lei de Faraday - A massa de substância eletrolisada é diretamente proporcional à massa molar e


inversamente proporcional à valência (carga) do íon.

m = k2.(M/k)
Cálculo das quantidades envolvidas em uma eletrolise
Vamos analisar o problema abaixo:
Calcule a intensidade de corrente que o gerador deve fornecer para que, após 16 minutos e 5 segundos
de passagem da corrente por uma solução de CuSO4, sejam depositados 12,7 g de cobre no cátodo.
Dados:
Massa molar do cobre: 63,5 g/mol
Carga elétrica de 1 mol de elétrons (Faraday) 96.500 C.

146

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Resolução por estequiometria

Equivalente eletroquímico (ε) - A quantidade de substância eletrolisada ou depositada, quando


ocorre a passagem de uma carga de 1 coulomb (C) pela solução, é denominada equivalente
eletroquímico.

Cubas em série
Lembrando que 1F eletrolisa 1E, se o circuito ocorrer em série, concluímos que, como a carga que
circulará em cada eletrodo será a mesma, o número de equivalente formado também será o mesmo para
todos os eletrodos. Sabendo que a carga que passa nos eletrodos é a mesma:

Esta aplicação pode ser feita para as pilhas. O número de equivalentes que aparece no cátodo é igual
ao que desaparece no ânodo.

Equação de Nernst
A Equação de Nernst é a relação quantitativa que permite calcular a força eletromotriz de uma pilha,
para concentrações de íons diferentes de uma unidade. Também usado para cálculos em titulação de
oxidação-redução. A variação de energia livre, ΔG, de qualquer reação e variação de energia livre padrão,
ΔG°, estão relacionadas por meio da seguinte reação:

147

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Onde Q é a expressão da lei de ação das massas da reação. Para uma reação de oxido-redução,
temos que:
e

Assim, para uma reação redox, temos:

ou

Sendo:
R = 8,315 J K-1 mol-1;
T = 298,2 K (25°C);
F = 96485 C mol-1

Substituindo na equação acima os valores de R, T e P, tem-se:

De forma alternativa, esta equação pode ser escrita em termos de logaritmo decimal:

Nessa equação, o significado de seus componentes é o seguinte: Eº é a força eletromotriz ou potencial


normal da pilha correspondente (que se obtém a partir dos potenciais normais dos eletrodos); R é a
constante universal dos gases; T é a temperatura em escala absoluta; F é a carga elétrica de um mol de
elétrons; n é o número de elétrons transferidos; Q é o quociente de reação. Esse quociente é o produto
das concentrações das espécies ativas do segundo membro da reação de oxirredução, elevadas a seus
respectivos coeficientes estequiométricos (coeficientes que precedem as fórmulas na equação química
equilibrada), e seu denominador é o produto análogo das concentrações dos reagentes.

Potenciais-padrão e constantes de equilíbrio


Quando um sistema atinge o equilíbrio, a energia livre dos produtos é igual à energia livre dos
reagentes, ou seja, ΔG = 0. Quando este sistema pertence a uma célula galvânica, a célula não produz
tensão, ou seja, "E" da célula é zero, pois não existe reação ocorrendo em nenhum dos sentidos. No
equilíbrio, a expressão Q da lei de ação das massas passa a ser igual a K. Sendo assim, nestas
condições, a equação de Nernst passa a ser escrita como:

Ou

Que a 25°C, fica:

148

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Ou

Em qualquer uma destas formas, torna-se possível calcular E0 a partir de K.

Metal de sacrifício30

O Metal de Sacrifício (Ânodos de sacrifício) pode ser definido como qualquer metal utilizado em
estruturas submetidas a ambientes oxidantes (um agente ou substância responsável por causar
oxidação), com o objetivo de ser oxidado em seu lugar, isto é, sacrificado em seu lugar. Esse metal
deve obrigatoriamente possuir menor poder de redução do que o material utilizado na estrutura, para
que possa ser "sacrificado" e de desse modo protegê-la. Existem distintos metais que podem ser
utilizado com essa finalidade, e dois bons exemplos desses são o zinco e magnésio.
O ferro, metal utilizado em cascos de navio, quando colocado em contato com a água do mar, se
oxidaria com maior facilidade caso não houvesse um metal de sacrifício. Cascos de navio são protegidos
da corrosão mediante a colocação de placas de zinco, que se oxida mais facilmente que o ferro. A técnica
é denominada “proteção catódica”, pois o ferro é protegido justamente por se tornar o cátodo c zinco e
ferro. E o zinco é denominado “metal de sacrifício” ou “ânodo de sacrifício”, pois, atuando como o ânodo
da cela, oxida-se, preservando, assim, o ferro. A proteção é eficiente desde que o metal de sacrifício seja
reposto à medida que vai sendo consumido.
O metal utilizado em grande escala como ânodo de sacrifício é o zinco. Este além de ser relativamente
barato, apresenta potencial de redução menor que a maioria dos metais.

Questões

01. Determinar o equivalente-grama de uma substância formada em um eletrodo, sabendo que, ao


passar uma corrente de 9,65A de intensidade durante 8 minutos e 20 segundos, formam-se 1,4g de
substância.
(A) 27g
(B) 28g
(C) 29g
(D) 30g
(E) 31g

02. Qual é a quantidade de eletricidade obtida em uma pilha de Daniel pela oxidação de 0,2612g de
zinco? Qual a intensidade da corrente produzida, sabendo-se que a pilha funcionou durante 25 minutos
e 44 segundos? Dado= Zn=65,3u
(A) 2,4A
(B) 3A
(C) 0A
(D) 0,5A
(E) 1Ag

03. Numa pilha de flash antiga, o eletrólito está contido numa lata de zinco que funciona como um dos
eletrodos. Que massa de zinco é oxidada a Zn+2 durante a descarga desse tipo de pilha, por um período
de 30 minutos, envolvendo uma corrente de 5,36x10-1 A?
(A) 0,528g
(B) 0,82g
(C) 0,325g

30
PERUZZO, Francisco Miragaia (Tito); Canto, Eduardo leite do. Química na abordagem do cotidiano. São Paulo: Moderna, 2006

149

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(D) 0,9g
(E) 0,286g

04. Numa pilha eletroquímica sempre ocorre:


(A) Redução no ânodo.
(B) Movimentação de elétrons no interior da solução eletrolítica.
(C) Passagem de elétrons, no circuito externo, do cátodo para o ânodo.
(D) Reação de neutralização.
(E) Uma reação de oxirredução.

05. (UNESP - adaptado) A equação seguinte indica as reações que ocorrem em uma pilha:

Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)

Podemos afirmar que:


(A) O zinco metálico é o cátodo.
(B) O íon cobre sofre oxidação.
(C) O zinco metálico sofre aumento de massa.
(D) O cobre é o agente redutor.
(E) Os elétrons passam dos átomos de zinco metálico aos íons de cobre.

Gabarito

01. B / 02. D / 03. C / 04. E / 05. E

Comentários

01. Alternativa: B

02. Alternativa: D

03. Alternativa: C

04. Alternativa: E.
(A) No ânodo ocorre uma oxidação.
(B) A movimentação de elétrons ocorre nos eletrodos.

150

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(C) A passagem de elétrons é do ânodo para o cátodo.
(D) A reação que ocorre é de oxirredução e não de neutralização (esta é um tipo de reação que ocorre
entre ácidos e bases).
(E) Correta.

05. Alternativa: E.
(A) O zinco metálico é o ânodo, ele perde elétrons: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e-.
(B) O íon cobre sofre redução, ele ganha elétrons: Cu2+(aq) + 2 e-→ Cu(s).
(C) O zinco metálico é o ânodo que é corroído, porque ele sofre oxidação e, com isso, a massa da
barra diminui.
(D) O cobre é o agente oxidante, pois ele causou a oxidação do zinco.
(E) Correta.

Radioatividade

Radioatividade (ou radiatividade) é a propriedade de determinados tipos de elementos químicos


radioativos emitirem radiações, um fenômeno que acontece de forma natural ou artificial. A radioatividade
natural ou espontânea ocorre através dos elementos radioativos encontrados na natureza (na crosta
terrestre, atmosfera, etc.). Já a radioatividade artificial ocorre quando há uma transformação nuclear,
através da união de átomos ou da fissão nuclear. A fissão nuclear é um processo observado em usinas
nucleares ou em bombas atômicas.
Em 1896, o francês Henri Becquerel percebeu que um sal de urânio era capaz de sensibilizar um filme
fotográfico, mesmo quando este era recoberto com papel preto ou até mesmo por lâminas metálicas finas.
Becquerel, o descobridor do urânio, percebeu que esse material emitia radiações semelhantes aos raios
X, e essa propriedade ele chamou radioatividade.
Em 1897, Marie Sklodowska Curie (1867-1934) demonstrou que a intensidade da radiação é
proporcional à quantidade de urânio na amostra e concluiu que a radioatividade é um fenômeno atômico.
Nesse mesmo ano, Ernest Rutherford criou uma aparelhagem para estudar a ação de um campo
eletromagnético sobre as radiações:

O esquema mostra o comportamento das radiações α, β e γ em um campo eletromagnético.

Rutherford concluiu que, como os raios alfa (α) e beta (β) sofrem desvio no campo magnético, logo
devem apresentar carga elétrica, ao passo que os raios gama (γ) não devem apresentar carga. Os raios
β são atraídos pela placa positiva; devem, portanto, ter carga negativa. Com o mesmo raciocínio pode-se
deduzir que os raios α têm carga positiva.
Os tipos de radiação que um elemento pode emanar são divididos, primeiramente, em duas formas:
partículas ou ondas. Partículas possuem massa e ondas são apenas energia. Isso é devido aos elementos
que compõem esses tipos de radiação. Na categoria das partículas, duas são as mais comuns: alfa e
beta.

Partículas α (alfa): são partículas formadas por 2 prótons e 2 nêutrons − a mesma composição do
Hélio – que são liberadas por elementos radioativos para fora de seu núcleo. Quando um átomo libera 2
prótons, muda seu número atômico e transforma-se em um novo elemento, além de diminuir sua massa
atômica em 4. Esse processo irá se repetir até que o núcleo do átomo esteja suficientemente estável,
transformando-se em um elemento que não é radioativo
Partículas β (beta): são elétrons disparados para fora do átomo, em forma de radiação, quando um
próton se transforma em nêutron ou vice-versa. Com a conversão de um próton em nêutron há a mudança

151

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do seu número atômico e, consequentemente, a transformação em outro elemento menos radiativo.
Quando o núcleo possui menos nêutrons do que deveria para ser estável, pode transformá-lo em um
próton ou mudar a relação n/p e diminuir a instabilidade nuclear até alcançar um elemento não radioativo.
Um átomo instável irá liberar partículas alfa ou beta como radiação, mas isso não é a única coisa emitida
por um elemento radioativo. Em qualquer um dos casos será emitido um terceiro tipo de radiação.
Raios γ (gama): este tipo de radiação não possui massa, é uma onda eletromagnética, como muitos
outros tipos de radiação, e é resultante do decaimento radioativo (liberação de partículas alfa ou beta).
Em outras palavras, quando um átomo dispara uma partícula alfa ou beta, ainda continua instável, pois a
emissão da partícula não foi suficiente para estabilizar o átomo. Esta instabilidade é reduzida pela
emissão de raios gama, ou seja, energia pura.

As partículas alfa, como são formadas por um agrupamento de partículas, têm uma dimensão maior
impedindo que ela atravesse mesmo materiais finos. As partículas beta conseguem atravessar materiais
como o papel, mas são detidas pelo alumínio. E apenas as partículas gama conseguem atravessar boa
parte dos materiais, mas não aqueles muito densos como o chumbo, por exemplo.

Para uma melhor compreensão segueo quadro abaixo:

RADIAÇÃO ALFA BETA GAMA


Alto, A partícula alfa Médio. Por possuírem
Poder de captura 2 elétrons do meio, carga elétrica menor
Pequeno. Não possuem carga
ionização se transformando em possuem menos pode
átomo de Hélio. (He) de ionização
Pequenos. São detidos Alto. Pode atravessar
Médio. Podem penetrar
pela camada de células completamente o corpo
Dano ao ser até 2cm e ionizar
mortas da pele, podendo humano, causando danos
humano moléculas gerando
no máximo causar irreparáveis como alteração
radicais livres
queimaduras na estrutura do DNA
95% da velocidade da Igual a velocidade da luz
Velocidade 5% da velocidade da luz
luz 3000000 Km/s
Médio. É 50 a 100
Alto. Os raios gama são mais
vezes mais penetrante
Poder de Pequeno. Uma folha de penetrantes que os raios. São
que a alfa. São detidos
penetração papel pode deter detidos por uma chapa de
por uma chapa de
chumbo de 5cm
chumbo de 2mm

Benefícios da radioatividade
A radioatividade tem vários benefícios para o ser humano. Entre eles é importante realçar a sua
utilização na produção de energia, na esterilização de materiais médicos, no diagnóstico de doenças e
no controle do câncer, através da radioterapia.
Em alguns alimentos, mais concretamente nas frutas, a radiação iônica emitida sobre elas, permite
que a sua durabilidade aumente. Essa radiação não altera o sabor e as qualidades nutritivas dos
alimentos.

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Leis da Radioatividade

1ª Lei: Lei de Soddy


A primeira lei da radioatividade, também conhecida como primeira lei de Soddy, tem relação com o
decaimento alfa. Veja o que essa lei diz:
“Quando um átomo sofre um decaimento alfa (α), o seu número atômico (Z) diminui duas unidades e
o seu número de massa (A) diminui quatro unidades”.

Genericamente, podemos representar essa lei pela seguinte equação:

Exemplo:
90Th
232
→+2α4+88Ra228

228 + 4 = 232
88 + 2 = 90

2ª Lei: Soddy, Fajans, Russel


Quando um átomo emite uma partícula β, o seu número atômico aumenta de 1 unidade e o seu número
de massa permanece inalterado.

90Th
234
→ -1β0 + 91Pa234

Exemplo:
Dada a equação: 90X
204
→ xα + yβ + 92Y192
Determinar x e y

Resolução:
90X
204
→ x+2α4 + y-1β0 + 92Y192

Montamos duas equações:


a) uma para os índices superiores:
204 = 4x + 0y + 192
x=3

b) uma para os índices inferiores:


90 = 2x + (-1y) + 92
90 = 2(3) -1y +92
y=8

90X
204
→ 3+2α4 + 8-1β0 + 92Y192

Isso acontece com todo elemento radioativo que emite uma partícula alfa, pois, conforme mostrado no
texto emissão alfa (α), essa partícula é constituída por dois prótons e dois nêutrons — de forma
semelhante ao que ocorre com o núcleo de um átomo de hélio — e é representada por 2α4.

Decaimento e Meia-Vida
Radioatividade – É a propriedade que os núcleos atômicos instáveis possuem de emitir partículas e
radiações eletromagnéticas para se transformarem em núcleos mais estáveis. Para este fenômeno,
damos o nome de reação de desintegração radioativa, reação de transmutação ou reação de decaimento.
A reação só acaba com a formação de átomos estáveis.

Exemplos:
U238 sofre decaimento até se transformar em Pb206.
O tempo que os elementos radioativos levam para ficarem estáveis, varia muito.
Meia-Vida – É o tempo necessário para a metade dos isótopos de uma amostra se desintegrar.

153

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Um conjunto de átomos radioativos pode estar se desintegrando neste instante. Outro átomo pode se
desintegrar daqui há uma hora. Outro, pode desintegrar daqui há três meses.
O U235 é o elemento com meia-vida mais longa. Tem cerca de 7, 04.108anos.
Exemplo de um gráfico de Meia-vida: Atividade x Tempo

Exemplo de decaimento do bismuto- 210

Meia vida é a estimativa de tempo em que metade da massa de um isótopo haverá decaído. Um
exemplo é a própria técnica de datação por Carbono 14. Reforce que a meia vida do isótopo radioativo
do Carbono, cuja massa é 14, é de cerca de 5700 anos. Isso quer dizer que a concentração de Carbono
14, após 5700 anos, cai pela metade. Se esperarmos mais 5700 anos, haverá apenas 1/4 de Carbono
14, e assim sucessivamente. O tempo de meia vida depende diretamente do quão instável é o elemento
e as variações são muito acentuadas, tendo elemento cuja meia vida pode ser de alguns minutos (isótopo
iodo-131) e elemento cuja meia vida pode ser de até milhões de anos (Urânio 238). É importante enfatizar
que meia vida não é a metade do tempo que o elemento radioativo leva para decair e desintegrar-se. O
nome deste fenômeno é vida-média, este sim determina o tempo necessário para a transmutação do
elemento radioativo.

Efeitos da Radioatividade Nos Organismos


Os efeitos da radioatividade no ser humano dependem da quantidade acumulada no organismo e do
tipo de radiação. A radioatividade é inofensiva para a vida humana em pequenas doses, mas, se a dose
for excessiva, pode provocar lesões no sistema nervoso, no aparelho gastrintestinal, na medula óssea,
etc., Muitas vezes pode levar a morte (em poucos dias ou num espaço de dez a quarenta anos, através
de leucemia ou outro tipo de câncer).
Estar em contato com a radiação é algo sutil e impossível de ser percebido imediatamente, já que no
momento do impacto não ocorre dor ou lesão visível.
A radiação ataca as células do corpo, fazendo com que os átomos que compõem as células sofram
alterações em sua estrutura. As ligações químicas podem ser alteradas, afetando o funcionamento das
células. Isso provoca, com o tempo, consequências biológicas no funcionamento do organismo como um
todo; algumas consequências podem ser percebidas a curto prazo, outras a longo prazo. Às vezes vão
apresentar problemas somente os descendentes (filhos, netos) da pessoa que sofreu alguma alteração
genética induzida pela radioatividade.
Séries radioativas
A tabela a seguir indica a meia-vida de alguns isótopos radioativos

Isótopo radioativo Meia-vida (P)


13
O 8,7 . 10-3 segundos
80
Br 17,6 minutos
99
Tc 6,0 horas
140
Ba 12,8 dias
14
C 5.730 anos
238
U 4,5 bilhões de ano

O período de semidesintegração é aproximadamente 70% do valor da vida média (Vm):

154

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P ≅ 0,7 Vm

Fissão Nucelar

A descoberta da reação de fissão nuclear ocorreu devido aos trabalhos de Enrico Ferni, Otto Hahn e
Lise Meitner.
A fissão nuclear é uma reação que ocorre no núcleo de um átomo. Geralmente o núcleo pesado é
atingido por um nêutron, que, após a colisão, libera uma imensa quantidade de energia. No processo de
fissão de um átomo, a cada colisão são liberados novos nêutrons. Os novos nêutrons irão colidir com
novos núcleos, provocando a fissão sucessiva de outros núcleos e estabelecendo, então, uma reação
que denominamos reação em cadeia.
Um parâmetro importante para analisar a estabilidade de um núcleo é a razão entre o número de
prótons e o número de nêutrons. Por um lado, a falta de nêutrons pode tornar a distância entre prótons
tão pequena que a repulsão se torna inevitável, resultando na fissão do núcleo. Por outro lado, como a
força nuclear é de curto alcance, o excesso de nêutrons pode acarretar uma superfície de repulsão
eletromagnética insustentável, que também resultaria na fissão do núcleo. Assim, um dos principais
fatores para a estabilidade do núcleo é que tenhamos N = Z.
Quando o isótopo urânio-235 (235U) recebe um nêutron, ele passa para um estado excitado que
corresponde ao urânio-236 (236U). Pouco tempo depois esse novo núcleo excitado se rompe em dois
novos elementos. Esse rompimento, além de liberar novos nêutrons, libera uma grande quantidade de
energia.
Os nêutrons provenientes do rompimento do núcleo excitado vão encontrar novos núcleos, gerando,
portanto, uma reação em cadeia. A fim de que os novos nêutrons liberados encontrem novos núcleos,
para assim manter a reação em cadeia, após a fissão do núcleo de urânio, deve-se ter uma grande
quantidade de urânio-235. Como a concentração de urânio-235 no mineral urânio é pouca, obtém-se o
urânio 235 em grande escala através do processo de enriquecimento do urânio.

A fissão nuclear de um átomo de urânio libera grande quantidade de energia, cerca de 200 Mev. Se
for descontrolada, a reação será explosiva – é o que acontece com as bombas atômicas.

Fusão Nuclear

Praticamente toda energia que a Terra recebe diariamente é proveniente do Sol, que libera energia
por reações termonucleares.
As temperaturas elevadas no centro do Sol fornecem a energia necessária para que átomos de
hidrogênio (H) se unam, num processo chamado fusão nuclear.

155

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Cinética Radioativa31

Esta parte da Química nuclear nos mostra a diferença do tempo de desintegração entre os elementos,
enquanto alguns se desintegram lentamente, outros se desintegram de maneira rápida. As seguintes
fórmulas são as bases para determinar as grandezas desse estudo.

- Velocidade de desintegração; é o número de átomos de um material radioativo que se desintegram


em determinado tempo:
v = -∆n/∆t
Sua unidade de medida é chamada de desintegrações por segundo (dps), ou becquerel (Bq)

- Constante radioativa; comprova-se experimentalmente que a velocidade de desintegração é


proporcional ao número de átomos radioativos de um material radioativo:
v=C.n
Onde C é a constante de proporcionalidade chamada de constante radioativa. E para ∆t = 1, temos:
C = -∆n/n
- Intensidade radioativa; é o número de radiações alfa ou beta emitidas por um material radioativo na
unidade de tempo:
i=C.n
- Vida média; é a média aritmética dos tempos de vida de todos os átomos radioativos de um material
radioativo. A vida média é o inverso da constante radioativa:
Vm = 1/C
Não é possível prever a duração de vida de determinado átomo, mas pode-se conhecer o tempo
estatístico de sua duração.

Questões

01. (UFRB – QUÍMICO - FUNRIO) Becquerel, o descobridor do urânio, observou em seus


experimentos que diversos materiais emitiam raios com propriedades semelhantes às dos raios x, e essa
propriedade ele denominou radioatividade. O estudo das partículas e radiações foi feito por Rutherford,
que observou que elas apresentavam diferentes penetrações. Dessa forma, dentre as partículas e
radiações, qual apresenta maior capacidade de penetração?
(A) é – elétron.
(B)p – próton.
(C)α – alfa.
(D)β – beta.
(E)γ – gama.

02. (PETROBRAS-TÉCNICO QUÍMICO DE PETRÓLEO JÚNIOR) O espectro eletromagnético é


dividido em regiões onde se agrupam ondas eletromagnéticas em faixas de energia específicas. Não faz
parte do espectro eletromagnético a(s)
(A)radiação alfa
31
Sardella, A.; Química – São Paulo, 2003. Editora Ática.

156

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(B) radiação gama
(C)luz visível
(D)ondas de rádio
(E)micro-ondas

03. O radioisótopo 222 Rn 86, por uma série de desintegrações, transforma-se no isótopo do 82Pb206.
Determine o número de partículas alfa e o número de partículas beta envolvidas nessas transformações.
(A) 2 partículas alfa e 2 partículas beta
(B) 2 partículas alfa e 4 partículas beta
(C)4 partículas alfa e 3 partículas beta
(D) 4 partículas alfa e 4 partículas beta
(E)3 partículas alfa e 3 partículas beta

Gabarito

01. E / 02. A / 03. 5 / 04. D

Comentários

01. Resposta: E
Fazendo-se um comparativo entre as velocidades das partículas: A partícula Alfa é a mais lenta, apesar
de ser mais energética, e atinge uma velocidade de 20.000 km/s
A partícula Beta pode atingir uma velocidade de até 95% da velocidade da luz.
A partícula Gama atinge a velocidade das ondas eletromagnéticas (300.000 km/s), portanto tem maio
capacidade de penetração e ainda conseguem atravessar boa parte dos materiais,

02. Resposta: A
Por definição, radiação alfa também chamada de partículas alfa ou raios alfa, são partículas
carregadas por dois prótons e dois nêutrons, sendo, portanto, núcleos de hélio. Apresentam carga positiva
+2 e número de massa 4. Portanto ela pode ser considerada somente onda elétrica sem possuir
características magnéticas. O espectro eletromagnético é composto de ondas elétricas e magnéticas se
denominando radiação eletromagnética.

03. Resposta: D
86
222
Rn → 82206Pb
O número de massa diminui 16 unidades. Como cada radiação alfa significa uma diminuição no
número de massa em 4 unidades, temos que foram emitidas 4 partículas alfa, pois 4 . 4 = 16. Nesse
momento, significou que ele perdeu também 2 unidades no número atômico para cada partícula alfa,
dando um total de 8 e ficando com o número atômico igual a 78 (86 – 8).
Para cada partícula beta emitida, o elemento ganha 1 unidade no número atômico. Como ele está com
78 e precisa atingir o número atômico igual a 82, ele emitiu 4 partículas beta.

Dinâmica das Transformações Químicas

CINÉTICA QUÍMICA32

O conhecimento e o estudo da velocidade das reações, além de ser muito importante em termos
industriais, também está relacionado ao nosso dia-a-dia, por exemplo, quando guardamos alimentos na
geladeira para retardar sua decomposição ou usamos panela de pressão para aumentar a velocidade de
cozimento dos alimentos.
O estudo da velocidade das reações químicas e dos fatores que podem acelerá-la ou retardá-la
constitui a chamada cinética química. Este estudo é sem dúvida de grande importância na nossa vida
cotidiana, já que muitas reações químicas de interesse industrial podem ser aceleradas, gastando menos
tempo para ocorrerem e, portanto, tornando o processo mais econômico.

32
Usberco, J.; Salvador, E. 2002. Química. Editora Saraiva.

157

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Velocidade das Reações
A velocidade média de uma reação, isto é, a velocidade de consumo de um reagente ou de formação
de um produto é calculada em função da variação da quantidade de reagentes e produtos pela variação
do tempo.
A expressão da velocidade média será dada por:

∆𝑆 [𝑆 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙]−[𝑆 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙]
𝑉𝑚=∆𝑆 = =
∆𝑡
∆𝑡 𝑡 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙−𝑡 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

Para calcular o Δ [reagentes], é necessário observar que ele apresenta um valor menor do que zero,
ou seja, um valor negativo, pois a concentração final é menor do que a inicial. Para não trabalhar com
valores negativos, usamos –Δ [reagentes] na expressão da velocidade média dos reagentes. Assim, a
velocidade média é expressa por:

𝑉 −∆[𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 ] 𝑜𝑢 = 𝑉 ∆[𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 ]
𝑚= 𝑚=
∆𝑡 ∆𝑡

Exemplo de aplicação dessa expressão: O gráfico a seguir mostra a variação da concentração em


mol/L da água oxigenada em função do tempo. A decomposição da água oxigenada é dada pela equação:

2 H2O2(aq)→ 2 H2O(l) + O2(g)

Quando analisarmos os valores das velocidades médias de consumo do H2O2, notamos que eles não
são constantes e que o valor máximo é encontrado no início da reação. Diante disso, concluímos que a
velocidade média diminui de acordo com a diminuição da concentração.
Com base nos dados do gráfico e conhecendo a estequiometria da reação, em que a decomposição
de 2 mol de H2O2 produz 2 mol de H2O e 1 mol de O2, podemos construir um novo gráfico, que indique a
concentração em mol/L dos produtos.

158

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Analisando a velocidade média das três substâncias envolvidas na reação num mesmo intervalo de
tempo, por exemplo, de 0 a 10 min (Δt = 10 min), temos:

Consumo de H2O2 Formação de H2O2 Formação de H2O2

−(0,5−0,8) (0,3−0) (0,15−0)


𝑉𝑚 = 𝑉𝑚 = 𝑉𝑚 =
10 10 10
𝑽𝒎 = 0,03 mol.L-1 min -1 𝑽𝒎 = 0,03 mol.L-1 min -1 𝑽𝒎 = 0,015 mol.L-1 min -1

Assim, concluímos que os valores das velocidades médias obedecem à proporção estequiométrica da
reação: 2: 2: 1.
Se dividirmos os valores das velocidades médias pelos respectivos coeficientes estequiométricos,
encontraremos um mesmo valor, que será considerado o valor da velocidade média da reação.
𝑉𝑚 𝐻2𝑂2 𝑉𝑚 𝐻2𝑂 𝑉𝑚 𝑂2
𝑉𝑚 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = = = = 0,015 mol.L-1 min -1
2 2 2

Assim, para a reação dada:


aA + bB →cC
Temos:

𝑉𝑚𝐴 𝑉𝑚 𝐵 𝑉𝑚 𝐶
𝑉𝑚 𝑟𝑒𝑎çã𝑜 = = =
𝑎 𝑏 𝑐

Condições Para ocorrência de Reações

Para que uma reação química ocorra, devem ser satisfeitas determinadas condições. São elas:

Afinidade Química - É a tendência intrínseca de cada substância de entrar em reação com uma outra
substância. Por exemplo: ácidos têm afinidades por bases, não-metais têm afinidades por metais,
reagentes nucleófilos têm afinidade por reagentes eletrófilos.

Contato entre as Moléculas dos Reagentes: As reações químicas ocorrem como resultado de
choques entre as moléculas dos reagentes que se encontram em movimento desordenado e contínuo.
Exemplo: A2 + B2 → 2AB

Teoria das Colisões


A Teoria das Colisões diz que para que uma reação ocorra, a colisão entre as partículas das
substâncias reagentes deve acontecer através de uma orientação adequada e com uma energia maior
que a energia mínima necessária para a ocorrência da reação.
Essa energia mínima que deve ser fornecida aos reagentes é denominada Energia de Ativação (Ea).
Sem atingi-la, a reação não ocorre.
Quando colocamos duas substâncias em contato, suas partículas começam a colidir umas com as
outras. Nem todas as colisões são eficazes, isto é, nem todas dão origem a novos produtos. No entanto,
as colisões que rompem as ligações formadas e formam novas ligações, são denominadas colisões
eficazes ou efetivas.
Essas colisões ocorrem de forma adequada: seu choque é frontal geometricamente e bem orientado.
Observe abaixo como isso ocorre:
Reação: I2 + H2 → 2 HI

159

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No choque eficaz as moléculas absorvem a quantidade de energia mínima necessária (energia de
ativação) para a formação do complexo ativado, ou seja, um estado intermediário (estado de transição)
entre os reagentes e os produtos. Nessa estrutura, as ligações dos reagentes estão enfraquecidas e as
dos produtos estão sendo formadas.
Observe uma reação genérica que mostra essa formação do complexo ativado abaixo:

AB + XY → AX + YB

Note que quando ocorre o choque eficaz, forma-se momentaneamente o complexo ativado, no qual as
ligações entre os átomos AB e XY estão se rompendo e as ligações que unirão os átomos nas moléculas
AX e YB estão se formando.
Observe no diagrama que se não for atingida a energia de ativação, não é possível formar o complexo
ativado, pois ela serve como uma barreira energética a ser ultrapassada para que a reação química
ocorra.

Para reações exotérmicas (reações que liberam energia = ΔH < 0) e endotérmicas (reações que
absorvem energia = ΔH > 0), temos os diagramas:

160

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Fatores que Influenciam a Velocidade de Uma Reação

Superfície de contato
Quando um reagente está no estado sólido, a reação ocorrerá na sua superfície. Assim, quanto mais
fragmentado (disperso) for esse reagente, maior será o número de choques, e maior será a velocidade
da reação.

Concentração dos Reagentes


A velocidade de uma reação depende também da concentração dos reagentes, pois ela está
relacionada com o número de choques entre as moléculas. Vamos aplicar esse conceito a uma reação
genérica:
1 A + 1 B1 →AB

O número de choques e, consequentemente, a velocidade irão depender das concentrações de A e B.


Vamos considerar quatro situações em que varia o número de moléculas de A e B, num mesmo volume
e numa mesma temperatura:

Essa relação demonstra que o número de colisões e, consequentemente, a velocidade da reação são
proporcionais ao produto das concentrações.

Temperatura
Todo aumento de temperatura provoca o aumento da energia cinética média das moléculas, fazendo
com que aumente o número de moléculas em condições de atingir o estado correspondente ao complexo
ativado, aumentando o número de colisões eficazes ou efetivas e, portanto, provocando aumento na
velocidade da reação. Podemos representar graficamente a relação entre o número de moléculas de um
sistema em função da cinética destas moléculas (curva de Maxwell-Boltzmann).

Note que, em uma temperatura T1, a quantidade de moléculas em condições de reagir (com energia
igual ou superior a Eat) é menor que em uma temperatura maior T2. O aumento na temperatura faz com
que ocorra um aumento da energia cinética média das moléculas, deslocando a curva para a direita,
fazendo com que o número de moléculas em condições de reagir aumente. Uma regra experimental, que
relaciona o aumento de temperatura com a velocidade de uma reação é a regra de Van’t Hoff: “Um
aumento de 10 °C na temperatura duplica a velocidade de uma reação química”.

161

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Pressão
A pressão só apresenta influência apreciável na velocidade de reações em que pelo menos um dos
reagentes é gasoso. O aumento da pressão causa diminuição de volume acarretando aumento no número
de choques, o que favorece a reação e, portanto, aumenta a sua velocidade.

Com a diminuição da pressão, aumenta o volume do recipiente, diminuindo o número de choques


moleculares entre os reagentes e, portanto, diminuindo a velocidade da reação.

Superfície do Reagente Sólido


Quanto maior a superfície do reagente sólido, maior o número de colisões entre as partículas dos
reagentes e maior a velocidade da reação. Em uma reação que ocorre com presença de pelo menos um
reagente sólido, quanto mais finamente dividido for este sólido, maior será a superfície de contato entre
os reagentes.

Exemplo:
Zn(s) + 2 HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g)

Na equação acima, que representa a reação, se utilizarmos, em um primeiro experimento, zinco em


barra e, em um segundo, zinco em pó, a velocidade da reação no segundo será muito maior que no
primeiro experimento.

Catalisador
Catalisador é a substância que aumenta a velocidade de uma reação, sem sofrer qualquer
transformação em sua estrutura. O aumento da velocidade é conhecido como catálise. O catalisador
acelera a velocidade, alterando o mecanismo da reação, o que provoca a formação de um complexo
ativado de energia mais baixa. São características dos catalisadores:
A) o catalisador não fornece energia à reação;
B) o catalisador participa da reação formando um complexo ativado de menor energia:
C) o catalisador não altera o ∆h da reação;
D) o catalisador pode participar das etapas da reação, mas não é consumido pela mesma.

As reações envolvendo catalisadores podem ser de 2 tipos:


- catálise homogênea: catalisador e reagentes no mesmo estado físico;
- catálise heterogênea: catalisador e reagentes em estados físicos diferentes.

Exemplos:

Catálise homogênea

162

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Catálise heterogênea

Observação:
Existem casos de autocatálise, no qual o catalisador é um dos produtos da própria reação. Estas
reações iniciam lentamente e à medida que o catalisador vai se formando, a velocidade da reação vai
aumentando. Encontramos substâncias que atuam no catalisador, aumentando sua atividade catalítica:
são chamadas de ativadores de catalisador ou promotores. Outras diminuem ou mesmo destroem a ação
do catalisador: são chamadas venenos de catalisador.

Inibidor
O inibidor busca atuar de uma forma oposta às de atuação dos catalisadores. Portanto, entenda
catalisador e entenderá, por oposição, inibidor.

Cinética Enzimática33

A velocidade de uma reação enzimática é, em geral, obtida pela medida da quantidade de produto
formado por unidade de tempo.

Onde:

S = Substrato;
E= Enzima;
P = Produto.

A velocidade de reação num tempo (t) é:

A velocidade pode ser medida, também, a partir do decréscimo da concentração de substrato:

Concentração dos Reagentes


Lembrando que uma reação se processa por meio de choques moleculares, conclui-se facilmente que
uma maior concentração dos reagentes determina um aumento da velocidade da reação pois,
aumentando-se a concentração, aumenta-se o número de moléculas reagentes e, consequentemente,
aumenta, também, o número de choques moleculares.

Questões

01. (PUC/RS) Relacione os fenômenos descritos na coluna I com os fatores que influenciam sua
velocidade mencionados na coluna II.

Coluna I
1 - Queimadas alastrando-se rapidamente quando está ventando;
2 - Conservação dos alimentos no refrigerador;
3 - Efervescência da água oxigenada na higiene de ferimentos;
4 - Lascas de madeiras queimando mais rapidamente que uma tora de madeira.

Coluna II
A - superfície de contato
33
https://bit.ly/2KAibaI

163

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B - catalisador
C - concentração
D - temperatura

A alternativa que contém a associação correta entre as duas colunas é


(A) 1 - C; 2 - D; 3 - B; 4 – A.
(B) 1 - D; 2 - C; 3 - B; 4 – A.
(C) 1 - A; 2 - B; 3 - C; 4 – D.
(D) 1 - B; 2 - C; 3 - D; 4 – A.
(E) 1 - C; 2 - D; 3 - A; 4 – B.

02. Indique a alternativa que apresenta condições que tendem a aumentar a velocidade de uma
reação:
(A) Frio, maior superfície de contato, inibidor
(B) Alta concentração dos reagentes, ausência de catalisador, obscuridade
(C) Obscuridade e frio
(D) Calor, maior superfície de contato, catalisador
(E) Inibidor e menor superfície de contato

03. Num balão de vidro (1,00 L) a 25ºC hermeticamente fechado e pressão de 1 atm, foram adicionadas
quantidades equimolares de hidrogênio gasoso e de vapor de iodo. Para esse sistema, a equação da
velocidade (v) da reação elementar de formação do iodeto de hidrogênio deve ser escrita da seguinte
forma:
(A) (k1/k2) x [H2] x ([I2]/[HI]2) mol/L.s
(B) k1 [H2] x [I2] mol/L.s
(C) k [HI]2 / ([H2] [I2]) mol/L.s
(D) k1 [H2]2 x [I2]0 mol/L.s
(E) [HI]2 / ([H2] [I2]) mol/L.s

Gabarito

01.A / 02.D / 03.B

Comentários

01. Resposta: A
1 – O vento aumenta a concentração de oxigênio, que atua como comburente da queimada;
2 – A diminuição da temperatura diminui a velocidade das reações, pois diminui o movimento das
partículas reagentes e a probabilidade de choques efetivos que resultem em reação.
3 – A decomposição da água oxigenada é acelerada por uma enzima presente no sangue que atua
como catalisadora dessa reação.
4 – A superfície de contato das lascas de madeira com o oxigênio do ar que causa a queima é maior
que a de uma tora de madeira.

02. Resposta: D
As reações podem ter suas velocidades aumentadas amentando-se a superfície de contato,
aumentando a temperatura, luz, reagentes mais concentrados e catalisador.
OBS: O termo “obscuridade” é desconhecido em cinética química.

03. Resolução: B
A equação citada é: H2 (g) + I2 (g) 2HI (g)
Assim, a velocidade de formação do HI é a reação direta. Só levamos em consideração quem são os
reagentes. No caso: H2 e I2.
V = k1 [H2]x[I2]

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Transformação Química e Equilíbrio

EQUILÍBRIO QUÍMICO34

Algumas reações ocorrem somente enquanto existe reagente reagentes. Digamos que você acenda
um palito de fósforo, ele começa a reagir com o ar proporcionando a queima total do mesmo. Sabemos
também que essa reação irá cessar depois que todo o regente for consumido (o palito). Outro ponto é
que não conseguimos regenerar o fósforo queimado. Portanto, esse tipo de reação é chamada de
irreversível. Consideremos uma reação representada pela equação geral:

Sejam v1 e v2 as velocidades das reações direta e inversa, respectivamente.

Supondo que essas reações sejam elementares, temos:

v1= K1[A] [B] e v2=K2[C] [D]


No momento em que misturamos a mols de A e b mols de B, v 1 assume o seu valor máximo, porque
[A] e [B] têm seus valores máximos. Com o decorrer do tempo, [A] e [B] vão diminuindo, pois A e B vão
sendo consumidos na reação direta e, consequentemente, v1(direta) vai diminuindo.
Conforme C e D vão-se formando na reação, suas concentrações vão aumentando e,
consequentemente, v2 (inversa) aumenta com o passar do tempo.
Uma vez que v1 diminui e v2 aumenta, após algum tempo v1=v2. A partir desse instante, [A], [B], [C] e
[D] permanecem constantes, porque, em um mesmo intervalo de tempo, o número de mols de cada
substância consumidos numa reação é igual ao número de mols formados na reação de sentido contrário.
Quando v1=v2, dizemos que o sistema alcançou o equilíbrio. A partir desse instante, o sistema constitui
um equilíbrio químico.

O Equilíbrio Químico é uma reação reversível que atingiu o ponto em que as reações direta e inversa
ocorrem com a mesma velocidade.

v1=v2 → [A], [B], [C] ,[D] → Equilíbrio químico

Um exemplo de processo reversível é o que ocorre com a água líquida contida num frasco fechado.
Nesse sistema, temos moléculas de água passando continuamente do estado líquido para o de vapor e
do de vapor para o líquido.

34
Usberco, J.; Salvador, E. Química. Editora Saraiva. 2002.

165

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O fato de as duas velocidades serem iguais na situação de equilíbrio gera uma consequência que é a
constância nas quantidades dos participantes, embora não sejam obrigatoriamente iguais.
Nas reações reversíveis, a velocidade inicial (t = 0) da reação direta é máxima, pois a concentração
em mol/L do reagente também é máxima. Com o decorrer do tempo, a velocidade da reação direta diminui
ao passo que a velocidade da inversa aumenta. Ao atingir o equilíbrio, essas velocidades se igualam.

Condições para que ocorra o equilíbrio químico:


-Sistema fechado.
-Reação reversível.
-Velocidade da reação direta igual a velocidade da reação inversa.
-Concentrações ou pressões parciais (no caso gases) constantes com o tempo.

Tipos de Equilíbrio

Os equilíbrios químicos são atingidos, no caso de reações reversíveis, quando a taxa de


desenvolvimento da reação direta é igual à taxa de desenvolvimento da reação inversa, em temperatura
constante. Mas existem equilíbrios químicos homogêneos e equilíbrios químicos heterogêneos.

Equilíbrio Homogêneo
É aqueles em que todos os participantes da reação (reagentes e produtos) encontram-se em um
mesmo estado físico e, dessa forma, o sistema fica com uma única fase.
Exemplo:

Ou

Equilíbrio Heterogéneo
Ocorre quando os constituem do sistema (reagentes e produtos) se encontram em fases diferentes,
Exemplo:

Ou

Constante de Equilíbrio - Concentrações Molares (Kc)

Considerando o equilíbrio dado por uma equação geral qualquer:

Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage, temos:

-Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b


-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d

166

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No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d

A relação K1/K2 é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de concentração molar


(Kc):

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concentrações dos produtos da reação e das
concentrações dos reagentes da reação, todas elevadas a expoentes que correspondem aos coeficientes
da reação.

Importante:
a) A constante de equilíbrio Kc varia com a temperatura
b) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento da reação, uma vez que no numerador temos os
produtos e no denominador os reagentes. Portanto, comparando valores de Kc em duas temperaturas
diferentes, podemos saber em qual destas a reação direta apresenta maior rendimento;
c) O valor numérico de Kc depende de como é escrita a equação química. Diante disso, devemos
escrever sempre a equação química junto com o valor de Kc.

Quociente de Equilíbrio (Qc)

O quociente de equilíbrio (Qc) é a relação entre as concentrações em mol/L dos participantes em


qualquer situação, mesmo que o equilíbrio ainda não esteja estabelecido. É expresso da mesma maneira
que a constante de equilíbrio (Kc) Se estabelecermos uma relação entre Qc e Kc, podemos ter:
Qc
= 1 : Sistema em equilíbrio
Kc
Qc
K
≠ 1: O sistema não está em equilíbrio

Deslocamento do Equilíbrio
Em um sistema está em equilíbrio, a velocidade da reação direta é igual à velocidade da inversa, e as
concentrações em mol/L de todos os participantes permanecem constantes. Se, sobre esse equilíbrio,
não ocorrer a ação de nenhum agente externo, ele tende a permanecer nessa situação indefinidamente.
Porém, se for exercida uma ação externa sobre esse equilíbrio, ele tende a reagir de maneira a minimizar
os efeitos dessa ação.

Resumindo:
Princípio de Le Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se
reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força”.

Os fatores que podem modificar a condição de equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão,
temperatura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido quando se considera que a constante de equilíbrio
depende somente da temperatura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que podem afetar o equilíbrio.

Concentração
Considere o seguinte equilíbrio:

167

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1) Ao adicionar CO2(g) ao equilíbrio, imediatamente ocorre um aumento na concentração do composto,
que irá acarretar aumento do número de choques entre o C(s) e o CO2(g). Isso favorece a formação de
CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca para o lado direito.
2) Ao adicionar CO(g) ao equilíbrio, ocorre um aumento na concentração do composto, transformando-
o parcialmente em CO2(g) e em C(s). Nesse caso, o equilíbrio se desloca para a esquerda. Princípio de Le
Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar no sentido
de diminuir os efeitos dessa força”.
3) Ao retirar parte do CO(g) presente no equilíbrio, imediatamente ocorre uma diminuição na
concentração do composto e, como consequência, a velocidade da reação inversa diminui. Logo, a
velocidade da reação direta será maior, favorecendo a formação de CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca
para a direita.

Pressão
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso, à temperatura constante, ele se desloca no sentido
da reação capaz de diminuir esse aumento da pressão e vice-versa. Para averiguar os efeitos da variação
de pressão em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio seguinte, a uma temperatura constante:

Quando aumentamos a pressão, o equilíbrio se desloca para a direita, favorecendo a formação do


SO3(g), já que nesse sentido há uma diminuição do número de mol de gás e, consequentemente, uma
redução da pressão.
Pode-se analisar o efeito produzido pela variação de pressão em pela associação do número de mol
ao volume. Assim, nas mesmas condições, temos:

Exemplo:
Aumento de Pressão: desloca o equilíbrio para a direita (menor volume).
Diminuição de Pressão: desloca o equilíbrio para a esquerda (maior volume).

Temperatura
A temperatura, além de provocar deslocamento do equilíbrio, é o único fator responsável por alterações
na constante de equilíbrio (Kc). Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas reações: a endotérmica,
que absorve calor, e a exotérmica, que libera calor. Quando aumentamos a temperatura, favorecemos a
reação que absorve calor. Por outro lado, quando há diminuição da temperatura, favorecemos a reação
que libera calor.
Exemplo:

- Aumento da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação endotérmica (para a esquerda);


- Diminuição da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação exotérmica (para a direita).

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Se também desejamos relacionar a variação da temperatura com a constante de equilíbrio (Kc),
devemos considerar que uma elevação da temperatura favorece a reação endotérmica. Então, [N2] e [H2]
aumentam e [NH3] diminui:

Kc diminui

Lei de Van’t Hoof: “A cada aumento de 10°C na temperatura de uma reação química, a velocidade
da reação duplica ou até mesmo triplica.”

Observação: Van’t Hoof não considerou que cada reação tem um ótimo de temperatura para ocorrer
(temperatura ideal) e após atingido esse ótimo, o aumento da temperatura pode não mais influenciar a
velocidade da reação ou até mesmo prejudicá-la. Exemplo: Reações Enzimáticas.

Concentração do Equilíbrio

Um aumento na concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no


sentido de consumir a substância adicionada. O aumento na concentração provoca aumento na
velocidade, fazendo com que a reação ocorra em maior escala no sentido direto ou inverso.
Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no
sentido de refazer a substância retirada. A diminuição na concentração provoca uma queda na velocidade
da reação direta ou inversa, fazendo com que a reação ocorra em menor escala nesse sentido.
Exemplos:

O aumento na concentração de CO ou O2 provoca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto,
o equilíbrio desloca-se para a direita. A diminuição na concentração de CO ou O2 provoca queda em v1,
fazendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.

Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição de sólido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois
a concentração do sólido é constante e não depende da quantidade.

Observações:
- Aumento na pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a direita.
- Diminuindo a pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.
Importante:
1. Substância sólida não desloca um equilíbrio químico, pois a concentração de um sólido em termos
de velocidade é considerada constante, porque a reação se dá na superfície do sólido.
2. Alterando-se a concentração de uma substância presente no equilíbrio, o equilíbrio se desloca,
porém, sua constante de equilíbrio permanece inalterada (a constante permanece sem ter seu valor
modificado porque a temperatura não variou).

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Grau de Equilíbrio

Grau de equilíbrio (α) representa a relação entre o número de mols consumidos de um reagente e o
número de mols inicial desse reagente.
n° de mols consumidos de um reagente
𝐠𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐞𝐪𝐮𝐢𝐥í𝐛𝐫𝐢𝐨 =
n° de mols inicial desse reagente

No caso de um equilíbrio de dissociação, temos o grau de dissociação:

n° de mols dissociados de um reagente


𝐠𝐫𝐚𝐮 𝐝𝐞 𝐝𝐢𝐬𝐬𝐨𝐜𝐢𝐚çã𝐨 =
n° de mols inicial desse reagente

O grau de dissociação é um número puro, sem unidade, e sempre menor que 1 (α<1). É comumente
expresso em %.
É importante que não haja confusão entre grau de equilíbrio e constante de equilíbrio. O grau de
equilíbrio varia com a temperatura e com as concentrações das substâncias participantes. No caso de
um equilíbrio do qual participam gases, o grau de equilíbrio varia também com a pressão.

Constante de equilíbrio Grau de equilíbrio (α)


Varia com a temperatura Varia com a temperatura
Não varia com as concentrações das substâncias Varia com as concentrações das substâncias
Não varia com a pressão, mesmo que no Varia com a pressão, quando pelo menos uma
equilíbrio haja substancias gasosas das substâncias for gasosa.

Produto Iônico da água e pH

Equilíbrio iônico da água


Medidas experimentais de condutibilidade elétrica e outras evidências mostram que a água, quando
pura ou quando usada como solvente, se ioniza numa extensão muito pequena, originando a condição
de equilíbrio:
H2O(l) + H2O(l) H3O+ (aq) + OH–(aq)

As concentrações de íons H+ e OH– presentes no equilíbrio variam com a temperatura, mas serão
sempre iguais entre si:
Água pura ⇒ [H+] = [OH–]

A 25 ºC, as concentrações em mol/L de H+ e OH– na água pura são iguais entre si e apresentam o
valor 10–7 mol L–1.
Água pura a 25 ºC ⇒ [H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1

Produto iônico da água (Kw)


Considerando o equilíbrio da água:

H2O(l) H+(aq) + OH–(aq)

A constante de ionização corresponde ao Kw e é expressa por:


Kw = [H+]. [OH–] a 25 ºC; Kw = (10–7). (10–7) ⇒ Kw = 10–14
Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por
esse motivo, a água é neutra. Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.
Em soluções ácidas ou básicas notamos que:
-Quanto maior a [H+] ⇒ mais ácida é a solução.
-Quanto maior a [OH–] ⇒ mais básica (alcalina) é a solução.

Escala de pH

O termo pH (potencial hidrogeniônico) foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Soren
Peter Lauritz Sorensen (1868-1939), com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade
de cervejas. O cálculo do pH pode ser feito por meio das expressões:

170

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1
pH = colog [H+] ou pH = – log [H+] ou pH = log
H+

De maneira semelhante, podemos determinar o pOH (potencial hidroxiliônico) de uma solução:


1
pOH = colog [OH–] ou pOH = – log [OH–] ou pOH = log log H+

Exemplos:

Na água e nas soluções neutras, a 25 ºC, temos:

[H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1


pH = pOH = 7 e pH + pOH = 14

A escala de pH normalmente apresenta valores que variam de zero a 14. O esquema a seguir mostra
uma relação ente os valores de pH e as concentrações de H+ e OH–em água, a 25 ºC.

pH e o grau de ionização
Considere um ácido fraco genérico HkA. Ao dissolver M mols desse ácido em água, de maneira que
forme 1 litro de solução, a concentração em mol/L e a normalidade serão:

nsoluto M mol
Concentração em mol/L = = = M mol/L
Vssolução 1L
nesoluto
Normalidade: N = = K. M
Vsolução

O grau de ionização do ácido é:

quantidade de mols de ioniza


𝛂=
quantidade de mols dissolvida (M)

Logo, a quantidade em mols que ioniza = α . M.


Considere o equilíbrio da ionização:
171

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A concentração hidrogeniônica no equilíbrio final é:

Assim: [H+] = α . N ou [H+] = α . k . M


Sendo que k é o número de hidrogênios ionizáveis.

pH e constante de ionização (ki)


Tendo conhecimento da concentração da solução e a constante de ionização, podemos calcular o pH.
Com os valores da concentração e do pH, calcula-se o valor de Ki.

Exemplo: Vamos calcular a constante de ionização do ácido cianídrico, tendo conhecimento de que o
pH de uma solução 0,04M de HCN é 5. Nesse caso, temos: pH = 5 ⇒ [H+] = 1 . 10-5 mol/L
Analisemos atentamente o equilíbrio:

Efeito do íon comum


-Quando adicionado a um ácido (HA), um sal com o mesmo ânion (A-) produz:
Diminuição do grau de ionização de HA ou enfraquecimento de HA;
Diminuição da [H+], portanto aumento do pH da solução. O íon comum não altera a constante de
ionização do ácido.

-Quando adicionado a uma base (BOH), um sal com o mesmo cátion (B+) produz:
Diminuição do grau de ionização de BOH ou enfraquecimento de BOH;
Diminuição da [OH-], portanto diminuição do pH da solução. O íon comum não altera a constante de
ionização da base.

Acidez e basicidade das soluções aquosas dos sais


Chamamos hidrólise salina a reação entre um sal e a água, produzindo o ácido e a base
correspondentes. A hidrólise do sal é, portanto, a reação inversa da neutralização.

Para simplificar a análise dos fenômenos da hidrólise salina, os sais são divididos em 4 tipos, a saber:
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1) Sal de ácido forte e base fraca;
2) Sal de ácido fraco e base forte;
3) Sal de ácido fraco e base fraca;
4) Sal de ácido forte e base forte.

1) Sal de Ácido Forte e Base Fraca

Assim ficamos com:

Podemos então observar que quem sofre a hidrólise não é o sal, mas sim o íon NH 4+ (da base fraca),
liberando íons H+, que conferem à solução caráter ácido com pH menor que 7.

2) Sal de Ácido Fraco e Base Forte

então ficamos com:

Observamos, então, que quem sofre a hidrólise, neste caso, é o íon CN– (do ácido fraco), liberando
íons OH– que conferem à solução caráter básico com pH maior que 7.

3) Sal de Ácido Fraco e Base Fraca

então ficamos com:

Como tanto o ácido quanto a base são fracos, ocorre realmente a hidrólise do sal e não apenas de um
dos íons (como nos dois casos anteriores). Podemos concluir que quem sofre hidrólise são os íons
correspondentes ao ácido e/ou base fracos. Neste caso, o meio pode ficar ácido, básico ou neutro.
- O meio será ligeiramente ácido se a ionização do ácido for maior que a da base (Ka > Kb);
- O meio será ligeiramente básico se a ionização do ácido for menor que a da base (Ka < Kb).
- O meio será neutro se a ionização do ácido apresentar mesma intensidade que a da base (Ka Kb).

4) Sal de Ácido Forte e Base Forte

173

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então ficamos com:

Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+ não captam os íons OH– da água. Do mesmo modo, sendo
o HBr um ácido forte, os íons Br– não captam os íons H+ da água. Portanto, neste caso, não há hidrólise.
A solução terá caráter neutro, com pH igual a 7. Concluímos que, na solução salina, predomina sempre
o caráter do mais forte. Quando o sal é formado por ácido/base de mesma força (2 fortes), a solução final
é neutra.

Grau de Hidrólise (αh) - Define-se o grau de hidrólise ( ) de um sal como:

número de mols hidrolisados


𝛂𝐡 =
número de mols dissolvidos

A variação de αh é:
0 < αh < 1 ou 0% < αh < 100%

Constante de Hidrólise (Kh) - Para os equilíbrios químicos das reações de hidrólise, define-se uma
constante de equilíbrio chamada constante de hidrólise (Kh). Dado o equilíbrio de hidrólise:

A constante de hidrólise será:

Observação: A água não entra na expressão porque é o solvente e sua concentração molar é
praticamente constante.
Assim:

onde p e r são os coeficientes da equação.

Lembre-se: a água não entra na expressão e a Kh é obtida sempre a partir da equação iônica de
hidrólise.

174

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Relação entre Kh e Ka e/ou Kb

Considerando a expressão da constante de hidrólise dada anteriormente como exemplo:

Se multiplicarmos simultaneamente o numerador e o denominador da fração por [H3O+] · [OH–],


teremos:

Como:

Com isso ficamos com:

De modo análogo, obteremos:

a) para sal de ácido fraco e base forte:

b) para sal de ácido forte e base fraca:

Equilíbrios Heterogêneos

Produto de Solubilidade (PS ou KPS)


O equilíbrio químico pode ocorrer em sistemas contendo mais de uma fase, ou seja, em sistemas
heterogêneos. Esta situação pode ser encontrada em sistemas onde ocorre a dissolução ou precipitação
de sólidos. Um exemplo é a solução contendo água e sal Cloreto de prata AgCl(s) mencionado
anteriormente, onde a fase sólida é formada por AgCl e a fase aquosa pelos íons Ag+ e Cl-.
Quando adicionamos sal à uma solução contendo água como solvente, as moléculas de água
inevitavelmente interagem com as moléculas do sal. Estas interações envolvem determinada quantia de
energia. Quando temos bastante água e pouco sal, a energia envolvida nas interações entre a água e o
sal é maior que as interações que mantém os íons Ag+ e Cl- juntos. Por causa disso, o sal é quebrado em
íons e dilui-se na solução.

175

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Se adicionarmos o sal AgCl em um copo de água, veremos que o sal é solubilizado (o sal dilui-se). No
entanto, se adicionarmos lentamente mais sal, veremos que a partir de uma certa quantia adicionada não
ocorre mais a solubilização e o sal fica no fundo do copo. O fato do sal ficar no fundo do copo mostra que
a solução está supersaturada e portanto houve a precipitação do sal AgCl.
A precipitação ocorreu porque a concentração de íons Ag+ e Cl- tornou-se alta com a adição de mais
sal. Todo sal que era adicionado ionizava-se formando Ag+ e Cl-. Como consequência a concentração
desses íons aumentou. Quando a concentração desses íons aumenta até certo ponto, as colisões entre
eles tornam-se mais frequentes na solução e isso gera a formação do precipitado AgCl.
Atualmente há maneiras de saber quanto sal irá diluir e quanto permanecerá no estado sólido em
soluções aquosas. O produto solubilidade de um sal é um valor constante específico para cada sal e
permite o cálculo desses dados. Existem substâncias pouco solúveis em água como, por exemplo,
BaSO4. Adicionando certa quantidade de sulfato de bário à água, notamos que grande parte vai ao fundo,
formando um precipitado constituído de BaSO4 que não se dissolve.
Entretanto, sabemos que a dissolução do sal não terminou. Na verdade, o sal continua a se dissolver,
bem como a precipitar, estabelecendo um equilíbrio dinâmico. Este equilíbrio é chamado heterogêneo
ou polifásico porque é o equilíbrio que se estabelece em um sistema heterogêneo.

Resumindo: Equilíbrios heterogêneos são aqueles nos quais os reagente e os produtos formam um
sistema heterogêneo.

Constante do Produto de Solubilidade (PS ou KPS ou KS)


Suponha uma solução do eletrólito A2B3, pouco solúvel, em presença de seu corpo de chão (parte
insolúvel). A parte que se dissolveu está sob a forma de íons A+++ e B=, enquanto a parte não-solúvel está
na forma não-ionizada A2B3. Existe, assim, um equilíbrio dinâmico entre A2B3 e seus íons na solução, que
pode ser representada pela equação:

Como todo equilíbrio, este também deve obedecer à lei:

Como a concentração de um sólido tem valor constante, o produto Ki . [A2B3] da fórmula acima também
é constante e é chamado de produto de solubilidade.

KPS = [A3+]2 . [B2-]3

Portanto, o produto de solubilidade (Kps ou PS) é o produto das concentrações molares dos íons
existentes em uma solução saturada, onde cada concentração é elevada a um expoente igual ao
respectivo coeficiente do íon na correspondente equação de dissociação.

Exemplos:

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A expressão do Kps é utilizada somente para soluções saturadas de eletrólitos considerados insolúveis,
porque a concentração de íons em solução é pequena, resultando soluções diluídas. O Kps é uma
grandeza que só depende da temperatura. Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de íons
em solução, maior o valor de Kps; quanto menos solúvel o eletrólito, menor a concentração de íons em
solução, menor o valor de Kps, desde que as substâncias comparadas apresentem a mesma proporção
entre os íons.
Exemplo:

Como apresentam a mesma proporção em íons (1 : 1), o CaCO3 é mais solúvel que o BaCO3, porque
possui maior valor de Kps. Quando as substâncias comparadas possuem proporção em íons diferentes,
a mais solúvel é aquela que apresenta maior solubilidade.
Exemplo:

Kps = [Ag+]2 · [CrO42-]


4·10 –12 = (2x)2 · x
4·10 –12 = 4x3
X = 1,0.10-4 mol/L

Avaliando a solubilidade do Ag2CrO4, portanto, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–4 mol de
Ag2CrO4.

BaSO4(s) Ba2+(aq) + SO42-(aq) KPS=1,0 . 10-10


Y mol/L Y mol/L Y mol/L

KPS=[Ba2+].[SO42-]
10-10=(Y).(Y)
Y=1,0.10-5 mol/L

A solubilidade do BaSO4 portanto, em 1 L de solução: é possível dissolver até 10–5 mol de BaSO4. Com
isso concluímos que Ag2CrO4 é mais solúvel que o BaSO4.

Observação:
- Os valores do Kps permanecem constantes somente em soluções saturadas de eletrólitos pouco
solúveis.
- Se a dissociação iônica for endotérmica, e se aumentarmos a temperatura, este aumento acarretará
em um aumento de solubilidade, portanto, o valor do Kps aumentará. Se a dissolução for exotérmica
acontecerá o contrário do citado anteriormente. Podemos então concluir que a temperatura altera o valor
do Kps.

Solução Tampão

Considere as seguintes situações:

177

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Perceba que a adição de uma pequena quantidade de um ácido forte ou de uma base forte à água
pura provoca uma alteração brusca no pH do meio Verifique, também, que a adição da mesma quantidade
do ácido ou da base à solução formada pelo ácido acético e acetato de sódio provoca uma alteração
muito pequena no pH desta solução (variação de 0,1 unidade). A solução formada por ácido acético e
acetato de sódio recebe o nome de solução tampão. Portanto temos:

Solução tampão ou solução tamponada é aquela que, ao adicionarmos uma pequena quantidade
de ácido ou base, mesmo que fortes, mantém o seu pH praticamente invariável.

É provável que a observação destes fatos levem ao seguinte questionamento:

Como as soluções tampão conseguem manter o seu pH praticamente constante?


Vamos imaginar uma solução tampão constituída por uma base fraca (BOH) e um sal (BA) derivado
desta base. Nesta solução, ocorrem os seguintes fenômenos:

- Pequena dissociação da base:

(Na solução predominam fórmulas da base BOH)

- Dissociação total do sal: BA → B+ + A-


(Na solução predominam íons B+ e A-)

Observação: Note que o íon B+ é comum à base e ao sal. Ao juntarmos a esta solução uma base
forte, esta irá liberar íons OH-, que serão consumidos pelo equilíbrio:

Como consequência, este equilíbrio desloca-se para a esquerda, e com isso a basicidade da solução
não aumenta e o pH não sofre variação significativa. Perceba que não irá faltar o íon B+ para que o
equilíbrio acima se desloque para a esquerda, uma vez que a dissociação do sal BA → B+ + A- fornece
uma boa reserva deste íon.
178

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Se juntarmos à solução tampão um ácido qualquer, este irá se ionizar colocando íons H+ em solução.
Estes íons H+ serão consumidos pelos íons OH- resultantes da dissociação da base e, desta forma, a
acidez não aumenta e o pH praticamente não varia.

H+ + OH- → H2O
Perceba que não irão faltar íons OH- para reagir com o H+ do ácido, pois a base BOH é fraca, e o
estoque de fórmulas BOH que continuará se dissociando e fornecendo OH- é muito grande. Desta forma,
conseguimos compreender que a solução tampão só resistirá às variações de pH até que toda base BOH
ou todo sal BA sejam consumidos. A resistência que uma solução tampão oferece às variações de pH
recebe o nome de efeito tampão.
Caso a solução tampão fosse constituída por um ácido fraco e um sal derivado deste ácido, a
explicação para o comportamento desta solução seria semelhante à anterior. Concluímos, então, que
uma solução tampão é usada sempre que se necessita de um meio com pH praticamente constante e,
preparada, dissolvendo-se em água:
- um ácido fraco e um sal derivado deste ácido OU
- uma base fraca e um sal derivado desta base.

Cálculo do pH de uma solução tampão


Vamos supor uma solução tampão constituída por um ácido fraco (HA) e um sal (BA) derivado deste
ácido. Neste caso, teremos:

Deduzindo a expressão da constante do equilíbrio para o ácido fraco, temos:

Como o ácido é fraco, a sua concentração praticamente não varia durante a ionização, e a quantidade
de íon A- produzida é muito pequena. Por outro lado, o sal se dissocia totalmente, produzindo quase todo
íon A-, presente na solução. Portanto, a expressão da constante de equilíbrio ficará:

Aplicando logaritmo aos dois membros da equação, teremos:

Como pH + pOH = 14 (temperatura de 25ºC), neste caso ficamos com: pH = 14 - pOH


Com isso teremos:

179

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Hidrólise salina

Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela dissolução de sais em água. Nesses sistemas, os
sais estão dissociados em cátions e ânions, que podem interagir com a água por meio de um processo
denominado hidrólise salina, produzindo soluções com diferentes valores de pH.

Hidrólise salina é o processo em que o(s) íon(s) proveniente(s) de um sal reage(m) com a água.

A reação de hidrólise de um cátion genérico (C+) com a água pode ser representada pela equação a
seguir:

Note que ocorreu a formação de íons H+, o que caracteriza as soluções ácidas.

Hidrólise de cátions: produz íons H+.

A reação de hidrólise de um ânion genérico (A–) com a água pode ser representada pela equação a
seguir:

Note que ocorreu a formação de OH–, o que caracteriza as soluções básicas.

Hidrólise de ânions: produz íons OH–.

Questões

01. (Innova - Técnico Químico Júnior – CESGRANRIO) O ferro presente em 0,200 g de uma amostra
de hematita foi totalmente reduzido a Fe 2+ e, a seguir, titulado com exatamente 25,00 mL de uma solução
0,014 mol/L de dicromato, em meio ácido, segundo a equação abaixo:

Considerando a estequiometria dessa reação, a porcentagem em massa de Fe na amostra analisada


é, aproximadamente, igual a:
Dados: M(Fe)=56g/mol
(A) 18%
(B) 36%
(C) 48%
(D) 59%
(E) 70%

02. (Petrobras - Técnico de Operação Júnior – CESGRANRIO) Um copo Becher contém 0,34 g de
nitrato de prata dissolvido em água, e um outro copo Becher contém 0,34 g de iodeto de potássio
dissolvido em água. Ao se misturarem os conteúdos dos dois copos, ocorre a seguinte reação:

AgNO3 (aq) + KI (aq) ? AgI (s) + KNO3 (aq)

Levando-se em conta a estequiometria da reação e o conceito de reagente limitante, e sendo as


massas molares do AgNO3 = 170 g/mol e do KI = 166 g/mol, após a reação
(A) não haverá sobra de nenhum dos reagentes.
(B) nitrato de prata é o reagente limitante, reage por completo.
(C) serão formados 0,34 mol de iodeto de prata no estado sólido.
(D) haverá iodeto de potássio em quantidade inferior ao necessário para reagir por completo.
(E) haverá sobra de 0,04 g de nitrato de prata.

180

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03. (POLÍCIA CIENTÍFICA – PE - Auxiliar de Perito – CESPE) A padronização de uma solução de
NaOH com concentração aproximada de 0,10 mol/L foi realizada empregando-se uma solução de biftalato
de potássio a 0,100 mol/L. Na titulação, foi empregado um volume de 20,0 mL da solução de NaOH e, no
ponto final da titulação, o volume da solução de biftalato gasta foi de 18,0 mL.
Nessa situação, considerando que a estequiometria da reação de neutralização entre o biftalato e o
NaOH seja de 1:1, é correto afirmar que a concentração da referida solução de NaOH é igual a:
(A) 0,110 mol/L.
(B) 0,120 mol/L.
(C) 0,080 mol/L.
(D) 0,090 mol/L.
(E) 0,100 mol/L.
Gabarito

01. D / 02. B / 03. D

Comentários

01. Alternativa: D
Faz-se o cálculo por partes:

Número De Mols De Cr2o7


n=MxV
n = 0,014 x 0,025
n = 3,5 x 10^-4 mols

Número De Mols De Ferro Consumidos Na Reação


6 mols de Fe^2+ --------------- 1 mol de Cr2O7
x ---------------------------------------- 3,5 x 10^-4 mols de Cr2O7
x = 0,0021 mol

Cálculo Da Massa De Ferro 3+


1 mol de Fe ----------- 56 g
0,0021 ------------- m
m = 0,1176 g de Fe

Porcentagem De Ferro Na Amostra De Hematita


0,2 g ------- 100 %
0,1176 ---------- X

X = 58,8 %

02. Alternativa: B
Obtém-se o número de mols de cada reagente pelos cálculos:

nº de mols de AgNO3
n1 = m1 / MM1
n1 = 0,34 / 170
n1 = 0,002 mols

nº de mols de KI
n2 = m2 / MM2
n2 = 0,34 / 166
n2 = 0,00204 mols
Veja que a proporção estequiométrica da reação é de 1:1. No entanto, tem-se disponível 0,002 mols
de AgNO3 e 0,00204 mols de KI, logo o KI está em excesso, e o reagente em menor quantidade, que
reage completamente é o AgNO3 (nitrato de prata).

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03. Alternativa: D
No ponto de equivalência, temos a seguinte relação: m'v'=m''v'' em que m= concentração molar e v=
volume em litros dessa forma:

0,02m'=0,018 x 0,1 então m'=0,09 mol/l concentração molar do NaOH

Compostos de Carbono

QUÍMICA ORGÂNICA

É a parte da Química que estuda os compostos que contém carbono. Porém nem toda substância que
contém carbono é parte da Química Orgânica. Há algumas exceções, porque apesar de conter carbono,
tem comportamento de uma substância inorgânica. São eles: C(grafite), C(diamante), CO, CO 2, HCN,
H2CO3, Na2CO3.
Os compostos orgânicos são, na sua maioria, formados por C, H, O e N. Entretanto em 1828, Wohler
obteve o primeiro composto orgânico em laboratório. Este composto recebeu o nome de ureia, e a partir
deste, surgiram outras sínteses de compostos orgânicos realizados em laboratório.
Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram a teoria estrutural da Química orgânica através de três
postulados:
1) O Carbono é tetravalente
2) As quatro valências são equivalentes
3) O carbono forma cadeias carbônicas
Os átomos de carbono agrupam-se entre si, formando estruturas de carbono, ou cadeias carbônicas.

Átomo de Carbono
O átomo de carbono possui massa atômica (A) igual a 12,01u e número atômico (Z) igual a 6.
Veja a sua configuração eletrônica:

A propriedade mais importante do elemento carbono é a capacidade de unir seus átomos, formando
cadeias carbônicas. Veja a seguir um exemplo de cadeia carbônica:

Tipos de carbono

Os átomo de carbono que fazem parte de uma cadeia carbônica podem ser classificados devido ao
número de átomos de carbono ligados diretamente ao átomo de carbono que se deseja classificar.
Diante disso, podemos ter em uma cadeia os seguintes tipos de átomos de carbono:
-Carbono primário: Liga-se diretamente, no máximo, a outro átomo de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a dois átomos de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a três átomos de carbono.
-Carbono quaternário: Liga-se diretamente, diretamente a quatro átomos de carbono.
Exemplo:

182

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Classificação das cadeias carbônicas

As cadeias carbônicas podem ser classificadas de três tipos de acordo com a disposição dos átomos
de carbono:

1) Cadeia aberta, Acíclica ou Alifática


A cadeia aberta é aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas, não há nenhum
encadeamento, fechamento, ciclo ou anel nela.
Exemplos:

2) Cadeia fechada ou cíclica:


Esse tipo de cadeia não possui nenhuma extremidade ou ponta, seus átomos são unidos, fechando a
cadeia e formando um encadeamento, ciclo, núcleo ou anel.

Exemplos:

3) Cadeia Mista
Possui pelo menos um ciclo (anel) e uma extremidade.

Exemplos:

Cadeias Abertas, Acíclicas ou Alifáticas

Quanto à disposição dos átomos de carbono, as cabeias abertas podem ser classificadas como retas
ou normais e ramificadas.

A) Retas ou Normais
Esse tipo de cadeia ocorre quando só existem carbonos primários e secundários na cadeia. Estando
em uma única sequência, geram apenas duas extremidades ou pontas.
Exemplos:

183

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B) Ramificadas
São aquelas cadeias que possuem três ou mais extremidades, com carbonos terciários ou
quaternários.
Exemplo:

-Tipo de ligação entre os átomos de carbono

Quanto ao tipo de ligação entre os átomos de carbono, as cadeias são classificadas em saturadas e
insaturadas.

A) Cadeia Saturada
Essa classificação é utilizada para as cadeias que possuem somente ligações simples entre os
carbonos.
Exemplos:

B) Cadeia Insaturada
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos uma instauração (dupla ou tripla ligação) entre os átomos de
carbono.
Exemplos:

-Natureza dos átomos das cadeias carbônicas

Quanto à natureza dos átomos que as constituem, as cadeias carbônicas dividem-se em


homogêneas e heterogêneas.

A) Cadeia Homogênea
Esse tipo de cadeia não possui nenhum heteroátomo entre os carbonos, ou seja, essas cadeias são
constituídas somente por carbonos.
Exemplos:

184

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B) Cadeia Heterogênea
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos um heteroátomo entre os átomos de carbono, sendo que os
heteroátomos mais comuns são O, N, S e P.
Exemplos:

Cadeias Fechadas ou Cíclicas

As cadeias cíclicas subdividem-se em aromáticas e alicíclicas ou não aromáticas.

A) Aromáticas
São consideradas cadeias aromáticas aquelas que possuem em sua estrutura pelo menos um núcleo
benzênico, também denominado anel aromático (C6H6).

Exemplos:

B) Alicíclica, Não-Aromáticas ou Ciclo-Alifáticas


Esse tipo de cadeia são fechadas porem não apresentam o núcleo aromático (anel benzênico).
Exemplo:

Quantidade de ciclos
Um outro critério que pode ser utilizado para classificar as cadeias cíclicas está relacionado com a
quantidade de ciclos (anéis ou núcleo).
Assim temos:
-Cadeia Monocíclica ou Mononuclear
Apresenta um único ciclo em toda sua estrutura
Exemplos:

185

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-Cadeia Policíclica ou Polinuclear
Apresenta no mínimo dois ciclos em sua estrutura

Resumo

Hibridização ou Hibridação de orbitais é uma interpenetração (mistura) que dá origem a novos


orbitais, em igual número, denominados orbitais híbridos.
Veja o tipo de hibridização para diferentes tipos de ligações entre carbonos:

- sp3

Nesta molécula, o metano, todas as ligações são sp3.

Toda molécula que possuir ligações simples, a sua hibridização será sp3.

- sp2

186

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Nesta molécula, eteno, temos uma ligação dupla, então a hibridização nesta ligação será sp2
(ligação sigma) e p (ligação pi). As demais ligações são todas sp2.

- sp

H–C ≡ C–H

Neste caso, o etino possui uma ligação tripla, sendo uma hibridização sp (ligação sigma) e duas p
(ligação pi). A ligação entre carbonos e hidrogênios é sp.
Todas as ligações π são p puro.
Veja esta molécula:
=C=
Nesta molécula, há um ângulo de 180° entre as ligações duplas. A hibridização será sp e p para
cada ligação dupla.
Uma ligação entre H – C será s – sp.
Exemplo:
Seja a seguinte molécula de etano, analise as suas ligações σ e π e o tipo de hibridização de cada
ligação:

Carbono 1:
H – C [σ: s – sp3]
C – C [σ: sp3 – sp3]

Carbono 2:
C – C [σ: sp3 – sp3]
H – C [σ: s – sp3]

Química Orgânica no Cotidiano

A química orgânica exerce grande participação no nosso cotidiano. Grande parte dos compostos
produzidos em nosso corpo são orgânicos por exemplo a ureia e a glicose. Não apenas em nós, como
também em todos os seres vivos, sejam eles vegetais ou animais.
Também a encontramos como combustível, na produção de tinta e sabões, até mesmo na criação de
um novo composto que pode ser usado para salvar vidas.
Produtos essenciais para a vida são orgânicos, por isso existem tantos diferentes compostos além do
ar que respiramos (O2) e da água que constitui 80% do nosso corpo, há um átomo que é fundamental: o
Carbono.
Questões

01. O náilon é um polímero de condensação, mais especificamente da classe das poliamidas, que são
polímeros formados pela condensação de um diácido carboxílico com uma diamida. Uma das variedades
desse polímero pode ser obtida por meio de uma matéria-prima denominada de caprolactana, cuja
fórmula estrutural é:

Fórmula da caprolactana

Analisando essa cadeia, podemos classificá-la em:


(A) Fechada, insaturada, heterogênea, mononuclear.
(B) Alicíclica, insaturada, heterogênea, mononuclear.
(C) Fechada alicíclica, saturada, heterogênea, mononuclear.

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(D) Fechada alicíclica, insaturada, homogênea, mononuclear.
(E) Fechada, insaturada, homogênea, mononuclear.

02. (Vestibular-Inglês – SENAC/SP) O composto representado abaixo é um poderoso antisséptico


usado em odontologia.

Massa molar = 128,5 g/mol

Esse composto
I. possui anel aromático.
II. apresenta a função fenol.
III. forma ligações de hidrogênio com a água.

Está correto o que se afirma em


(A) I, apenas.
(B)II, apenas.
(C)I e II, apenas.
(D)II e III, apenas.
(E)I, II e III.

03. (UFAM-PSC) O pau-rosa, típico da região amazônica, é uma rica fonte natural do óleo essencial
conhecido por linalol, o qual também pode ser isolado do óleo de alfazema. Esse óleo apresenta a
seguinte fórmula estrutural:

Sua cadeia carbônica deve ser classificada como:


(A) acíclica, ramificada, saturada e heterogênea.
(B) acíclica, normal, insaturada e homogênea.
(C) alicíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
(D) acíclica, ramificada, insaturada e homogênea.
(E) alicíclica, normal, saturada e heterogênea.

04. (Puccamp) Preocupações com a melhoria da qualidade de vida levaram a propor a substituição
do uso do PVC pelo tereftalato de polietileno ou PET, menos poluente na combustão. Esse polímero está
relacionado com os compostos:

É correto afirmar que I e II têm, respectivamente, cadeia carbônica


(A) alicíclica e acíclica.
(B) saturada e insaturada.
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(C) heterocíclica e aberta.
(D) aromática e insaturada.
(E) acíclica e homogênea.

05. (PUC/RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conhecido como EDTA, utilizado como antioxidante
em margarinas, de fórmula

Apresenta cadeia carbônica:


(A) acíclica, insaturada e homogênea.
(B) acíclica, saturada e homogênea.
(C) cíclica, insaturada e homogênea.
(D) acíclica, saturada e heterogênea.
(E) cíclica, saturada e heterogênea.

06. (PUC/RS) A “fluoxetina”, presente na composição química do Prozac®, apresenta fórmula


estrutural:

Com relação a esse composto, é correto afirmar que ele apresenta:


(A) cadeia carbônica cíclica e saturada
(B) cadeia carbônica aromática e homogênea
(C) cadeia carbônica mista e heterogênea
(D) somente átomos de carbonos primários e secundários
(E) fórmula molecular C17H16ONF

07. (Unitau/SP) Observe a fórmula

As quantidades totais de átomos de carbono primário, secundário e terciário são, respectivamente:


(A) 5, 2 e 2.
(B) 3, 2 e 2.
(C) 3, 3 e 2.
(D) 2, 3 e 4.
(E) 5, 1 e 3.

08. A substância demonstrada abaixo tem cadeia carbônica:

(A) acíclica e saturada


(B) ramificada e homogênea

189

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(C) insaturada e heterogênea
(D) insaturada e homogênea
(E) ramificada e saturada
Gabarito

01. C/ 02. E/ 03. D/ 04. D/ 05. D/ 06. C/ 07. E/ 08.A

Comentários

01.Resposta: C
Considera-se uma fechada porque seus átomos de carbono formam um ciclo;
É alicíclica porque não possui um anel aromático;
Denominada saturada, pois, só há ligações simples entre os carbonos. Considerada heterogênea
porque possui o nitrogênio entre carbonos; É mononuclear porque possui somente um ciclo (núcleo).

02.Resposta: E
De acordo com as afirmações segue as explicações abaixo:
I- trata-se de um anel aromático, porque existem 3 duplas alternadas, o que caracteriza a
aromaticidade.
II- a função fenol é caracterizada por apresentar um OH ligado ao anel aromático.
III-devido a presença de OH, ocorre as ligações de hidrogênio na presença de água.

03.Resposta: D
A cadeia apresentada pode ser classificada como:
Acíclica, ou seja, possui cadeia aberta, com extremidades livres, sem nenhum ciclo;
Ramificada, pois, possui duas ramificações, os grupos metil;
É insaturada, pois, possui duas ligações duplas entre carbonos;
É homogênea porque não possui nenhum heteroátomo entre os átomos de carbono.

04.Resposta: D
A cadeia I, é classificada como aromática, por apresentar uma anel aromático em sua estrutura, já a
cadeia II, é denominada instaura por apresentar ligações duplas entre carbonos

05.Resposta: D
A cadeia representada é classificada como aberta, pois não há obtenção de um ciclo, saturada, pois,
as duplas ligações não são entre os carbonos, e heterogênea porque há a presença de um
heteroátomo(N), entre os carbonos.

06.Resposta: C
É denominada uma cadeia mista, já que existem elementos que formam um ciclo (cadeia fechada)
como também ocorre a formação de cadeias abertas. Chamada de heterogênea, devido a presença de
O entre os carbonos.

07.Resposta: E
De acordo com a estrutura apresentada, existem 5 carbonos primários (que são aqueles que se ligam
a apenas 1 carbono), 1 secundário, (ligam-se a 2 carbonos) e 3 terciários ligados a 3 carbonos.

08.Resposta: A
A denominação acíclica significa aberta, tendo em vista que não temos um ciclo a estrutura, é
classificada como saturada pois, a dupla que há na molécula, não se encontra entre carbonos.

Funções Orgânicas

As funções orgânicas são grupos em que os compostos orgânicos são divididos de acordo com o seu
comportamento químico e presença de certos agrupamentos de átomos em suas estruturas.

190

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Nomenclatura dos compostos orgânicos

Os compostos orgânicos recebem nomes oficiais que levam em consideração o número de carbonos,
os tipos de ligações entre eles e a função que as substâncias pertencem.
O esquema apresentado no quadro abaixo mostra, as partes básicas da nomenclatura de um
composto orgânico.

A seguir serão estudadas as principais funções orgânicas:

Hidrocarbonetos

São compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Os hidrocarbonetos podem ser
subdivididos em várias classes em função do tipo de ligação que apresenta entre os carbonos. Sua
fórmula geral é dada por CXHY.
Os hidrocarbonetos se dividem de acordo com a sua estrutura e tipo de ligações entre carbonos. São
tipos de hidrocarbonetos:
-alcanos
-alcenos
-alcinos
-alcadienos
-cicloalcanos
-cicloalcenos
-aromáticos

Alcanos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta saturados, ou seja, possuem somente ligações
simples entre os carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n + 2(em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:
CH4:metano
H3C — CH3: etano

Alcenos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem somente uma ligação dupla entre
carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n
Exemplos:

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Alcinos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem tripla ligação entre carbonos.
O infixo “in” identifica a ligação tripla dos alcinos.
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:

Alcadienos ou dienos:
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem duas duplas ligações entre carbonos.
O infixo “dien" identifica as duas duplas ligações dos alcadienos.
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:

Hidrocarbonetos cíclicos:

Definição: são hidrocarbonetos de cadeia fechada. Podem ser cicloalcanos (só possuem ligações
simples), cicloalcenos (possuem dupla ligação entre carbonos) e cicloalcinos (com tripla ligação entre
carbonos).

Fórmula Geral:
- Cicloalcanos: CnH2n

- Cicloalcenos: CnH2n-2

Hidrocarbonetos aromáticos:
Definição: são hidrocarbonetos que possuem um ou mais anéis benzênicos (núcleos aromáticos), que
são representados conforme a figura abaixo:

Nomenclatura para hidrocarbonetos ramificados


Para realizar a nomenclatura de um hidrocarboneto ramificado, é necessário identificar a cadeia
principal, que, geralmente, apresenta o maior número de carbonos. Para isso, temos que levar em
consideração a classe dos hidrocarbonetos com a qual estamos trabalhando, como relatado em cada
caso:

a) Nomenclatura de alcanos ramificados


Passo 1: Determinar a cadeia principal e seu nome
(A cadeia principal de um alcano é sempre aquela que apresentar o maior número de carbonos e o
maior número de ramificações)
Passo 2: Reconhecer os radicais e dar nome aos mesmos.
Passo 3: Numerar a cadeia principal de moto a obter os menores números possíveis para indicar as
posições dos radicais.
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Passo 4: Quando houver mais de um radical do mesmo tipo, seus nomes devem ser precedidos de
prefixos que indiquem a quantidade: di, tri, treta, penta e etc.
Passa 5: Quando houver dois ou mais radicais de tipos diferentes, seus nomes podem ser escritos de
duas maneiras:
a) Pela ordem de complexidade crescente dos radicais
b) Pela ordem alfabética (Notação recomentada pela IUPAC).

Exemplo:

Álcoois
Álcool é toda substância orgânica que contém um ou mais grupos oxidrila ou hidroxila (OH) ligado
diretamente à átomos de carbono saturados.

Grupo funcional:

Classificação
Os álcoois podem ser classificados de duas maneiras:
- de acordo com a posição da hidroxila
- de acordo com o número de hidroxila

Posição da Hidroxila
Álcool Primário – tem a hidroxila ligada a carbono primário.

Álcool Secundário – tem a hidroxila ligada a carbono secundário.

Álcool Terciário – tem a hidroxila ligada a carbono terciário.

Número de Hidroxila
- Monoálcool – álcool que contém uma hidroxila.

- Diálcool ou Diol – álcool que contém duas hidroxilas.

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- Triálcool ou Trióis – álcool que contém três hidroxilas.

Fenol
Fenol é todo composto orgânico que contém uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas diretamente a um
anel aromático.
Exemplos:

Nomenclatura oficial dos álcoois


A nomenclatura oficial dos álcoois segue as mesmas regras estabelecidas pela IUPAC para os
hidrocarbonetos, com apenas uma diferença: como o grupo funcional é diferente, o sufixo é “OH” no lugar
de “o”, que é o usado para os hidrocarbonetos.

Prefixo Intermediário Sufixo


N° de Carbono Tipo de Ligação OL

Exemplos:
-H3C — OH: met + an + ol = metanol
-H3C — CH2 — OH: et + an + ol = etanol

Quando um álcool alifático apresentar mais de dois átomos de carbono, devemos indicar a posição do
OH numerando a cadeia a partir da extremidade mais próxima do carbono que contém a hidroxila.
Exemplos:

1-butanol

2-butanol
Aldeídos
Os aldeídos contêm o grupo carbonila em carbono primário (extremidade da cadeia).

Grupo funcional:

Exemplos:

194

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Nomenclatura IUPAC
- A terminação do nome oficial é AL.
- A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresentar o grupo funcional.
- Para cadeias ramificadas ou insaturadas, devemos numerar pela extremidade que contenha o grupo
funcional. Este será sempre posição 1. E não precisa ser mencionado no nome.

Exemplos:

Nomenclatura usual
Os quatro primeiros aldeídos têm nomes usuais, tais como:

Cetonas
As cetonas também apresentam o grupo carbonila, sendo que o carbono do grupo deve ser
secundário.
Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
De acordo com a nomenclatura da IUPAC a terminação das cetonas é ONA.
A cadeia principal é a mais longa que possui a carbonila e a numeração é feita a partir da extremidade
mais próxima da carbonila.
Exemplos:

Quando a numeração for necessária, ela deve ser iniciada da extremidade mais próxima da carbonila.

Ácido Carboxílico
Os ácidos carboxílicos apresentam pelo menos uma função carboxila.
-Grupo funcional:

195

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Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
Inicia-se com a palavra ácido e a terminação utilizada é óico. A cadeia principal é a mais longa e que
possua a carboxila. Para cadeias ramificadas, devemos numerar a partir do carbono da carboxila (e não
precisa mencionar a posição 1).
Exemplos:

O nome usual para os ácidos é associado à sua origem ou a suas propriedades. Os nomes comuns
de muitos ácidos carboxílicos são baseados em suas origens históricas ou ao seu odor exalado por quem
os produz.

Veja o motivo dos nomes usuais não seguirem regras:

Nome oficial Nome comercial Origem do nome


Ácido metanóico Ácido fórmico Existe nas formigas
Ácido etanóico Ácido acético Formado no azedamento do vinho
Ácido propanóico Ácido própiônico gordura
Ácido butanóico Ácido butírico Encontrado na manteiga
Ácido pentanóico Ácido valérico Encontrado na planta valeriana
Ácido hexanóico Ácido capróico Produzidos por cabras e bodes
Ácido octanóico Ácido caprílico Produzidos por cabras e bodes
Ácido decanóico Ácido cáprico Produzidos por cabras e bodes

Ésteres
Ésteres são compostos orgânicos produzidos através da reação química denominada de esterificação:
ácido carboxílico e álcool reagem entre si e os produtos da reação são éster e água. Os ésteres são
encontrados em muitos alimentos, perfumes, objetos e fármacos que temos em casa.

Grupo funcional:

Os ésteres possuem aroma bastante agradável. São usados como essência de frutas e aromatizantes
nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética. Constituem também óleos vegetais e animais, ceras
e gordura.

Nomenclatura IUPAC
Colocando-se o grupo funcional como referencial, podemos dividir o nome em duas partes:

Prefixo + Saturação + oato de + Nome do radical

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Exemplos:

Éteres
Éter é todo composto orgânico onde a cadeia carbônica apresenta – O – entre dois carbonos. O
oxigênio deve estar ligado diretamente a dois radicais orgânicos (alquila ou arila). A fórmula genérica do
éter é R – O – R, onde “R” é o radical e “O” é o oxigênio.
Grupo funcional:

Nomenclatura oficial
A nomenclatura oficial pode ser obtida da seguinte maneira:

Prefixo R (menor n° de carbonos) + Infixo (tipo de ligações) + oato de + nome do radical R’ + a

Ou

Radical R + Radical R’ + éter

Exemplos:

Aminas
As aminas são consideradas as bases orgânicas e são obtidas a partir da substituição de um ou mais
hidrogênios da amônia (NH3) por radicais.

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Nomenclatura da IUPAC

Na sua nomenclatura, basta indicar (o)s radical (is) ligados ao nitrogênio acrescido da palavra amina.

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–NH2 são,
geralmente, nomeadas como se fossem derivadas da amina aromática mais simples: a fenilamina
(Anilina)

Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma ramificação, chamada de
amino.

Amidas
As amidas são caracterizadas pelo grupo funcional:

Nomenclatura da IUPAC

O nome das amidas, de acordo com a IUPAC é dado da seguinte maneira:

Prefixo + Saturação + Amida

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Exemplo:

Haletos Orgânicos

Os haletos orgânicos são compostos resultantes da substituição de um ou mais hidrogênios em


moléculas de hidrocarbonetos, por átomos de halogênios, que podem ser o flúor, o cloro, o bromo ou o
iodo.
Os Haletos orgânicos são representados por R – X onde X = Cl, Br, F, I.

Repare que o Cl está ligado a uma cadeia de hidrocarbonetos.

Questões

01. (Anp- Técnico Em Regulação De Petróleo E Derivados - Especialidade Técnico Em Química-


Cesgranrio) A Figura abaixo representa a estrutura de um composto que possui fórmula molecular
C8H16O.

De acordo com as regras da IUPAC, o nome do composto é:


(A)2,3-dimetil-hexan-1-ol.
(B)2,3-dimetil-ciclo-hexanol.
(C)3,4-dimetil-ciclo-hexanol.
(D)1,2-dimetil-ciclo-hexan-4-ol.
(E)1,6-dimetil-ciclo-hexan-4-ol.

02. (SEDUC/RJ- Professor Docente I - Química CEPERJ) A Daptomicina é um lipopeptídeo cíclico


isolado do fungo Streptomyces roseosporus, que apresenta elevada atividade sobre bactérias resistentes.
Este antibiótico foi recentemente aprovado pelo US-FDA para tratamento de infecções cutâneas graves,
sendo comercializado pelo nome de Cubicin. Sua estrutura é mostrada a seguir:

199

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Algumas das funções orgânicas presentes na estrutura da Daptomicina são:
(A)cetona, álcool, aldeído, amina e amida
(B)ácido carboxílico, éter, aldeído, amina e amida
(C)álcool, amina, amida, ácido carboxílico e éster
(D)ácido carboxílico, amina, amida, éter e álcool
(E)amina, amida, anidrido, álcool e éster

03. Considere os compostos: ciclo-hexanotiol, 2-mercapto-etanol e 1,2-etanoditiol. A característica


comum aos três compostos relacionados anteriormente é:
(A) Os três são álcoois cíclicos.
(B) Os três são álcoois alicíclicos.
(C) Os três são altamente cancerígenos.
(D) Os três têm átomos de enxofre substituindo o oxigênio em ligações como carbono e hidrogênio nos
álcoois correspondentes.
(E) Os três têm átomos de enxofre substituindo o carbono em ligações como oxigênio e hidrogênio nos
compostos correspondentes.

04. “A cafeína é um dos alcaloides mais utilizados pelas pessoas. Está presente nas sementes do café,
nas folhas de alguns tipos de ervas usadas na preparação de chás, no cacau e na fruta do guaraná.”
(Cafeína, texto 8, Química, Ensino Médio). Assinale as funções presentes na cafeína:

(A) Cetona e amina.


(B) Cetona e fenol.
(C) Amina e amida.
(D) Cetona e amida.
(E) Amida e fenol.

05. Alcano é um tipo de hidrocarboneto que apresenta cadeia aberta e saturada, além de possuir
apenas ligações simples. Qual a fórmula molecular de um alcano com 12 átomos de carbono?
(A) C12H8
(B) C12H36
(C) C12H26
(D) C12H24
(E) C12H12

06. (MACK/SP) Sobre o etanol, cuja fórmula estrutural é H3C ─ CH2 ─ OH, identifique a alternativa
incorreta:
(A) Apresenta cadeia carbônica saturada.
(B) É uma base inorgânica.
(C) É solúvel em água.
(D) É um monoálcool.
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(E) Apresenta cadeia carbônica homogênea.

07. (U. Católica de Salvador/BA) A cetona é um composto carbonílico com 3 átomos de carbono e
cadeia saturada. Sua fórmula molecular é:
(A) C3H6O
(B) C3H7O
(C) C3H8O
(D) C3H8O2
(E) C3H8

Gabarito

01. C / 02. C / 03. D / 04. C / 05. C / 06. B / 07. A

Comentários
01. Resposta C.
De acordo com a regra da nomenclatura, inicia-se a numeração mais próxima a função, nesse caso
OH (álcool) portanto: (3,4-dimetil-ciclo-hexanol.)

02. Resposta: C
Tem-se a função álcool (OH ligado no anel não aromático) amina (presença de NH), amida (C=O e
NH), ácido carboxílico(COOH) e éster (R-COO-R’)

03. Resposta D.
Os compostos que possuem o elemento oxigênio em sua estrutura podem apresentar uma substituição
deste por átomos de enxofre. Caso isto ocorra, o nome do composto apresentará sufixo tiol.

04. Resposta C.
Basta identificar as funções. Uma dica para diferenciar amida e amina que dou é que amiDa (tem D
de dupla, no caso dupla com oxigênio no carbono imediatamente vizinho do Nitrogênio). A amida aparece
duas vezes

05. Resposta C.
A fórmula geral de alcanos é CnH2n + 2; Substituindo n=12, teremos 2.12 + 2 = 26. Logo, a fórmula
será C12H26

06. Resposta: B.
O etanol não é uma base inorgânica, mas pertence à função orgânica dos álcoois.

07. Resposta A.
A cetona, também conhecida como propanona possui fórmula molecular C3H6O.

Reações Orgânicas

O conhecimento das reações orgânicas e das características das diferentes funções orgânicas é de
fundamental importância para entendermos não só os processos orgânicos, mas também a bioquímica,
ou seja, os processos metabólicos que ocorrem nos seres vivos. Em todo o mundo, muitos químicos estão
envolvidos na obtenção de compostos orgânicos em laboratórios de escolas, institutos de pesquisa e
indústrias.
As reações orgânicas podem ser classificadas de várias maneiras. Alguns dos tipos mais comuns são:
substituição, adição e eliminação.

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Substituição

Nesse tipo de reação, ocorre a substituição de pelo menos um átomo de hidrogênio da molécula de
um hidrocarboneto por outro átomo ou grupo de átomos. Essas reações podem ser representadas
genericamente da seguinte maneira:

A notação R-H representa um hidrocarboneto que pode pertencer a uma das seguintes classes:
alcanos, aromáticos e ciclanos com 5 ou mais carbonos. As principais reações de substituição são:
halogenação, nitração, sulfonação, alquilação e acilação.

Halogenação: Nessas reações ocorre a substituição de átomo(s) de hidrogênio por átomo(s) de


halogênio. Essa reação ocorre com as substâncias simples dos halogênios: F2, Cl2, Br2 e I2; as mais
comuns são a cloração (Cl2) e a bromação (Br2), pois as reações com F2, devido à sua grande reatividade,
são explosivas, enquanto as reações com I2 são extremamente lentas.

a) Monocloração do metano

A substituição de um átomo de hidrogênio pode ocorrer em diferentes carbonos; assim, nessas


reações obtém-se uma mistura de diferentes produtos orgânicos. Veja um exemplo dessa situação na
monobromação do metilbutano:

b) Monobromação do metilbutano

Vários fatores influam na porcentagem dos produtos obtidos nesse tipo de reação, mas pode-se fazer
uma previsão de qual produto será formado em maior quantidade, por meio de uma regra de uso comum,
que indica a ordem de facilidade com que um hidrogênio "sai" do hidrocarboneto:

202

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No equacionamento de reações semelhantes a essa, é costume representar somente o produto obtido
em maior quantidade. Assim, a reação de monobromação do metilbutano é normalmente representada
da seguinte maneira:

Nitração: Essa reação ocorre com o ácido nítrico .

Sulfonação: Essa reação ocorre com o ácido sulfúrico (H2SO4 ou HO–SO3H) .

Reações características de aromáticos

Alquilação: É a substituição de um ou mais hidrogênios do anel aromático por um ou mais radicais


derivados de alcanos.

Acilação :É a substituição de um ou mais hidrogênios de um anel aromático por um ou mais radicais

derivados de ácidos carboxílicos .

203

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Essas duas reações são denominadas reações de Friedel-Crafts.

Dirigência em aromáticos
O primeiro substituinte (átomo ou grupo de átomos) de um hidrogênio do anel benzênico orientará a
posição na qual irá ocorrer a segunda substituição. Esse primeiro substituinte será denominado grupo
dirigente e poderá ser de dois tipos:

Os principais orto-para-dirigentes são:

Os orto-para-dirigentes geralmente apresentam um átomo ou grupo de átomos unidos somente por


ligações simples.

Monobromação do fenol

Os principais meta-dirigentes são:

Os meta-dirigentes são grupos de átomos em cuja estrutura existe pelo menos uma ligação dupla,
tripla ou dativa.

204

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Monocloração do ácido benzóico

Os grupos orto-para dirigentes permitem no máximo três substituições no núcleo benzênico: duas em
orto e uma em para.
O trinitritolueno (TNT) é uma substância que pode ser obtida pela nitração total do tolueno.
O TNT é um dos mais importantes explosivos de uso militar, sendo ativado pela explosão de uma
espoleta.

Reações de adição

Essas reações são características de hidrocarbonetos insaturados: alquenos, alquinos e dienos, e


ocorrem com a quebra da ligação pi (π).

Observação: Os ciclanos de três ou quatro carbonos, como apresentam anéis instáveis, também
sofrem esse tipo de reação devido à quebra de uma ligação sigma (σ) entre carbonos do anel, originando
compostos de cadeia aberta.

Hidrogenação catalítica
Essas reações ocorrem com o gás hidrogênio (H2) e são catalisadas por metais, como: Ni, Pt, Pd.

205

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Observação: As reações de hidrogenação são denominadas reações de redução, pois o Nox do
carbono envolvido na reação diminui:

Halogenação
Essa reação envolve os halogênios, sendo o cloro (Cl2) e o bromo (Br2) os mais utilizados.

Observação: O teste mais comum para verificar se uma cadeia alifática é insaturada, à temperatura
ambiente, consiste na reação com água de bromo [Br2(aq)] ou uma solução de bromo em tetracloreto de
carbono (Br2/CCl4). Esses sistemas apresentam uma coloração castanha. Se a cadeia for insaturada, a
coloração castanha desaparecerá.

Essa reação, nessas condições, não irá ocorrer com cadeias saturadas.

Adição de HX
Nesse tipo de reação, os reagentes mais comuns são o cloreto e o brometo de hidrogênio (HCl e HBr).
A adição do hidrogênio (H) e do halogênio (X) aos carbonos da insaturação obedece a uma regra
experimental descoberta em 1868 pelo químico russo Markovnikov.

Regra de Markovnikov: o hidrogênio do HX adiciona-se ao carbono de dupla ou tripla ligação mais


hidrogenado

206

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Reações de hidratação de alquenos e alquinos
Essas reações consistem na adição de água (H2O ou HOH), na presença de catalisadores e em meio
ácido, aos hidrocarbonetos alquenos e alquinos, e também obedecem à regra de Markovnikov, ou seja,
o H se liga ao carbono mais hidrogenado da insaturação.

Se o grupo OH presente no enol estiver situado em carbono secundário, haverá a formação de uma
cetona; entretanto, se o grupo OH estiver situado em carbono primário, irá formar-se um aldeído.

Adição em aromáticos
Os aromáticos, devido à ressonância, normalmente sofrem reações de substituição; porém, em
condições enérgicas ou em condições especiais, podem sofrer reações de adição. Veja os exemplos:

a) Hidrogenação total do benzeno

b) Cloração total do benzeno

Reações de oxidação de alquenos oxidação branda


A oxidação branda ocorre com hidrocarbonetos insaturados; o elemento oxigênio geralmente é obtido
a partir do permanganato de potássio (KMnO4) em meio neutro ou ligeiramente básico, diluído e a frio.
Nessas condições, o KMnO4 é o agente oxidante, denominado reativo de Baeyer, o qual apresenta
coloração violeta.
A principal aplicação dessa reação consiste na diferenciação de alquenos e cicloalcanos, que são
isômeros de cadeia, pois apenas os alquenos sofrerão esse tipo de reação, por apresentarem ligação π
em sua estrutura.

A reação entre o alqueno e o reativo de Baeyer pode ser representada por:

207

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Ou, simplesmente:

Ozonólise
A ozonólise utiliza ozônio (O3) na presença de água (H2O) e zinco (Zn). Os átomos de oxigênio do
ozônio ligam-se aos carbonos da dupla ligação do alqueno, originando um composto intermediário
instável, denominado ozoneto ou ozonida, o qual, por sua vez, se hidrolisa, originando aldeídos e/ou
cetonas. Como exemplo, tome-se um alqueno genérico:

Essa equação poderia ser escrita de maneira simplificada, omitindo-se o ozoneto.

Observação: A finalidade da utilização do zinco é evitar que o oxigênio, que pode ser produzido pela
decomposição da água oxigenada, oxide o aldeído a ácido carboxílico.

Oxidação enérgica
Os dois agentes oxidantes mais utilizados na reação de oxidação enérgica de alquenos são o
permanganato de potássio (KMnO4) e o dicromato de potássio (K2Cr2O7) concentrados, em meio ácido, a
quente. Neste tipo de oxidação, ocorre a quebra da dupla ligação e a formação de ácidos carboxílicos
e/ou cetonas. Os átomos de hidrogênio (H) ligados ao carbono da dupla ligação se transformam em
hidroxila (OH). Genericamente, essa reação pode ser representada por:

Se, no carbono da dupla ligação, existirem dois átomos de hidrogênio (=CH2), ambos serão
transformados em hidroxilas (=C(OH)2), originando o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe,
produzindo CO2(g) e H2O(l). Veja um exemplo:

208

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Observação: As reações de combustão também são reações de óxido-redução.

Reações com álcoois


Combustão
A mais completa das oxidações é a combustão. A equação que representa a combustão completa de
um álcool alifático saturado pode ser dada por:

Os dois álcoois comumente utilizados como combustíveis são o metanol e o etanol. O metanol é
considerado um bom substituto da gasolina, particularmente em áreas urbanas em que os níveis de
poluição produzidos por veículos automotivos são muito altos. Isso se deve ao fato de sua queima ser
mais completa do que a da gasolina, o que diminui a poluição atmosférica, além de não produzir óxidos
de enxofre. É utilizado diretamente ou misturado à gasolina nos Estados Unidos desde 1980.
No Brasil, o álcool utilizado como combustível é o etanol hidratado, nos carros movidos a álcool, ou o
anidro, misturado à gasolina, nos carros movidos a gasolina. Sua combustão completa pode ser assim
representada:

Outras oxidações
Em laboratório, os agentes oxidantes mais utilizados são o KMnO4 ou o K2Cr2O7 (concentrados, em
meio ácido, a quente), que produzem oxigênio nascente [O]. Esses oxigênios atacam os hidrogênios (H)
pertencentes ao carbono do grupo OH.

• Oxidação de álcool primário

Oxidação do etanol: um bafômetro muito simples

O teste do bafômetro, usado para identificar motoristas que dirigem depois de ingerir bebidas
alcoólicas, é baseado na mudança de cor que ocorre na reação de oxidação do etanol com o dicromato
de potássio em meio ácido. Se o ar expirado pela pessoa mudar a cor alaranjada inicial do dicromato de
potássio para verde, isso indica que a quantidade de álcool no seu sangue está acima do limite legal.
A reação eu ocorre pode ser representada por:

209

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Oxidação de álcool secundário:

Oxidação de álcool terciário:

Desidratação
a) Desidratação intramolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água do
interior de cada molécula de álcool:

b) Desidratação intermolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir
de duas moléculas de álcool, pela interação dos grupos OH, através das pontes de hidrogênio:

Observação: Como, nessas reações, o produto orgânico obtido é proveniente de uma simples retirada
de átomos do reagente, elas podem ser classificadas como reações de eliminação.

Esterificação
Essa reação ocorre quando um ácido reage com um álcool, produzindo éster e água; a reação inversa
é denominada reação de hidrólise.

210

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Experimentalmente, verifica-se que, quando essas reações ocorrem entre um ácido carboxílico e um
álcool primário, a água é formada pelo grupo OH do ácido e pelo hidrogênio do grupo OH do álcool.

Observação: Caso se utilizem ácidos inorgânicos ou álcoois secundários ou terciários, a água será
formada pelo OH do álcool e pelo hidrogênio do grupo OH do ácido. Um exemplo desse fato pode ser
verificado na reação a seguir:

A nitroglicerina é um poderoso explosivo e muito sensível a choques. Em 1866, Alfred Nobel descobriu
que ela poderia se tornar mais estável e de mais fácil manuseio quando absorvida por um material inerte
e poroso, como a serragem ou a terra infusória (esqueletos calcários de diatomáceas). Esse produto é
comercializado com o nome de dinamite.

Alguns métodos de obtenção de álcoois

Hidratação de alquenos

Esse método é utilizado nos Estados Unidos para produzir etanol.

Redução
A redução é a reação inversa à oxidação e é realizada com o gás hidrogênio (H2). Dessa maneira, os
produtos obtidos na oxidação dos álcoois podem ser usados, numa reação de redução, para regenerar o
álcool.

-Redução de ácidos carboxílicos e aldeídos

-Redução de uma cetona

Genericamente, a partir de todas essas informações, temos:

211

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Haletos orgânicos
Outra maneira de obter álcoois em laboratório consiste em fazer a reação entre um haleto orgânico (R
— X) e o hidróxido de potássio em solução aquosa [KOH(aq)].

Aldeídos e cetonas
Os aldeídos e as cetonas são os principais compostos carbonílicos (grupo carbonila C O), e as
principais reações que ocorrem nesse grupo envolvem a quebra da ligação π.

Reações de aldeídos e cetonas


-Reações com compostos de Grignard

Os aldeídos e as cetonas reagem com os compostos de Grignard (R—MgX), originando um composto


intermediário que se hidrolisa e dá origem a diferentes álcoois, segundo o esquema:

Genericamente, temos:

-Reação de redução
Nesse tipo de reação, utiliza-se gás hidrogênio (H2) ou hidrogênio nascente [H], que pode ser obtido a
partir da reação entre zinco e ácido clorídrico.
Genericamente, temos:

212

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-Reação de oxidação
As reações de oxidação podem ser feitas utilizando-se agentes oxidantes, tais como KMnO4, K2Cr2O7
etc.
Genericamente, temos:

Em laboratório, para diferenciar aldeídos de cetonas através de reações de oxidação, são usadas
algumas misturas oxidantes:
-reativo de Tollens — solução aquosa amoniacal de nitrato de prata.
-reativo de Fehling — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e tartarato duplo de sódio e
potássio.
-reativo de Benedict — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e citrato de sódio.

Métodos de obtenção de aldeídos e cetonas


Os principais métodos de obtenção de aldeídos e cetonas, já vistos anteriormente, são os seguintes:
-hidratação de alquinos
-ozonólise de alquenos
-oxidação de álcoois
Além desses, podemos citar o método específico de obtenção de cetonas Piria- Limpricht, o qual
consiste no aquecimento de um sal de cálcio de ácido carboxílico, que se decompõe, originando uma
cetona e carbonato de cálcio.

Ácidos carboxílicos

Apesar de os ácidos carboxílicos mais conhecidos serem o ácido fórmico e o ácido acético, outros
ácidos carboxílicos também fazem parte do nosso cotidiano.

-Ácido butanoico

Também conhecido por ácido butírico (do latim butyrum = manteiga), é o responsável pelo odor
característico de manteiga rançosa.

-Ácido hexanóico

Seu nome usual é ácido capróico (do latim caper = cabra), e é um dos responsáveis pelo cheiro
desagradável exalado pelas cabras.

-Ácido etanodióico

213

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Seu nome usual é ácido oxálico, sendo encontrado no tomate, nas folhas de ruibarbo e de espinafre.
É um dos ácidos presentes em maior quantidade na natureza. Um sal desse ácido, o oxalato de cálcio, é
um dos principais componentes dos cálculos renais.
Existe, também, uma categoria especial de ácidos, denominados ácidos graxos, que são constituintes
de óleos e gorduras.

Ácidos graxos: são ácidos carboxílicos com 12 ou mais átomos de carbono, geralmente em número
par, e de cadeia alifática normal; podem ser saturados ou insaturados

Vejamos alguns exemplos de ácidos graxos:

Propriedades químicas dos ácidos carboxílicos

Caráter ácido
Os ácidos carboxílicos, quando em solução aquosa, se ionizam, originando íons H+ ou H3O+; portanto,
são considerados ácidos de acordo com a definição de Arrhenius. Genericamente e de maneira
simplificada, temos:

Embora todos os ácidos carboxílicos sofram ionização, ela não ocorre na mesma intensidade em todos
os compostos. Essa ionização está relacionada aos grupos ligados à carboxila.
Esses grupos podem ser de dois tipos:

a) aqueles que aumentam a acidez. Exemplos: halogênios (F, Cl, Br, I); NO2; OH etc.
b) aqueles que diminuem a acidez. Exemplos: H3C-; C2H5- etc.
Isso pode ser verificado a partir da análise de quatro ácidos e suas respectivas constantes de
ionização, os quais são dados a seguir:

Como já sabemos, quanto maior a constante de ionização (Ki), mais ionizado estará o ácido. Assim,
entre os ácidos apresentados, temos:

214

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Acidez na química orgânica
Além dos ácidos carboxílicos, na Química Orgânica existem outros compostos que se ionizam,
liberando H+:

A análise das constantes de ionização permite estabelecer uma comparação entre o caráter ácido das
funções e a água:

Com base nos valores das constantes de ionização, consegue-se entender melhor por que somente
os fenóis e os ácidos carboxílicos reagem com uma base inorgânica:

Reações dos ácidos carboxílicos

-Esterificação
Os ácidos carboxílicos reagem com os álcoois, produzindo éster e água. Veja:

-Desidratação intermolecular
Nesse tipo de reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir de duas moléculas de
ácido carboxílico, originando um anidrido:

215

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Métodos de obtenção de ácidos carboxílicos
Durante o nosso estudo, já foram abordados alguns métodos de obtenção dos ácidos carboxílicos:
-oxidação enérgica de alquenos • oxidação de aldeído
-oxidação de álcool primário • hidrólise de éster

Os ácidos carboxílicos também podem ser obtidos pela hidrólise de haleto ácido.
Observe:

Acidez e Basicidade de Compostos Orgânicos

Ácidos Carboxílicos são os ácidos orgânicos mais conhecidos; e esta classe de compostos possui o
grupo funcional –COOH.

As estruturas de ressonância acima explicam a maior acidez de um carboxilato comparado com uma
hidroxila: Apesar de que é possível escrever duas estruturas de ressonância para o ácido não dissociado,
a segunda estrutura tem menos importância ("contribui muito menos" para a estrutura "verdadeira") do
que a primeira, devido à separação de cargas nesta estrutura. Com isso, a estabilização por ressonância
no caso do ácido é muito baixa. Já no carboxilato (base conjugada), as duas estruturas de ressonância
são idênticas; com isso, a estabilização por ressonância é máxima. O exposto acima significa que, por
causa da estabilização por ressonância do carboxilato, a energia da base conjugada (carboxilato) é mais
baixa do que a do ácido. Isto resulta no aumento da constante de equilíbrio.

Álcoois (pKa ~ 16) são muito menos ácidos do que ácidos carboxílicos (pKa ~ 4), um fato que pode
ser explicado facilmente pela ausência de uma estabilização por ressonância da base conjugada de
álcoois (íon alcoxi). Tente escrever estruturas de ressonância de um íon alcoxi.

Fenóis (pKa ~ 10) são mais ácidos de que álcoois devido às estruturas de ressonância mostradas a
seguir:

216

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Bases Orgânicas
As bases são compostos que possuem o radical OH- em suas composições e são classificadas
levando em consideração suas estruturas.

O pKb e pKa das Bases é análogo ao pKa de ácidos pode-se definir a constante de associação de
uma base com um próton, o pKb. Porém a maioria dos livros apresenta os valores de dissociação dos
ácidos correspondentes das bases, pKa (pKa de uma base significa pKa do ácido correspondente da
base, ou seja, pKBH+), ao invés dos valores de pKb.

A basicidade das aminas, heterocíclicas, aromáticas com anéis de 6 e 5 membros, piridina e o pirrol,
é indicada abaixo em comparação com a trietilamina, a pirrolidina e a dietilamina:

Ambos os compostos heterocíclicos são menos básicos do que as aminas alifáticas; sendo que o pirrol
pode ser considerado não básico. Explicação:

(i) pirrol: A baixa basicidade não pode ser causada pelo anel de 5, porque o composto análogo não
aromático, a pirrolidina, possui um pKa parecido com o da dietilamina. Porém, o par de elétrons do
nitrogênio no pirrol é deslocalizado no anel aromático fazendo parte do sistema aromático (aromático: 6
elétrons; 4 elétrons das duas C=C + 2 elétrons do par de elétrons do nitrogênio). Com isso, o par de
elétrons não é disponível.
(ii) piridina: O par de elétrons não participa do sistema aromático (6 elétrons das três C=C). A
basicidade reduzida da piridina é devido à hibridização sp2 do nitrogênio:
Hibridização do nitrogênio:

Exemplos: alquilamina (pKa = 10); piridina (pKa = 5.21); acetonitrila; (pKa = - 4.3) A basicidade diminui
com o aumento do caráter, já que o par de elétrons em sp está mais atraído pelo núcleo e, portanto, está
menos disponível.

Ácidos e bases de Brönsted-Lowry


Ácido⇒ substância que pode doar um próton (H+ ).

217

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Base ⇒ substância que pode receber um próton (H+)
Quanto mais forte o ácido, mais fraca é a base conjugada.
Quanto mais forte a base, mais fraco é o ácido conjugado.
Um fator que aumenta a força ácida de um composto é a deslocalização da carga negativa da base
conjugada.

Ka 10-18 10-16 10-10 10-5


composto álcool água fenol Ácido carboxílico

Quanto maior o Ka mais forte é o ácido e menor é o pKa.

Deslocalização da carga negativa no ânion carboxilato:

No ânion alcóxido de um álcool não existe deslocalização da carga negativa da base conjugada:

Obs: Ácidos carboxílicos podem ser neutralizados por bases fortes, moderadas, fracas e sais de
caráter básico como o NaHCO3.
Fenóis são neutralizados somente por bases fortes.

Relação entre efeitos eletrônicos e acidez e basicidade

1) Fenóis
A presença de grupos no anel aromático do fenol pode aumentar ou diminuir a acidez do fenol.

X⇒ Efeito eletrônico positivo ⇒diminui a acidez⇒principalmente em orto e para.


X⇒ Efeito eletrônico negativo ⇒aumenta a acidez⇒principalmente em orto e para

218

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2) Ácidos carboxílicos

Quanto maior a cadeia de carbonos (R), menor é a acidez.

3) Aminas Ordem decrescente de basicidade:


Aminas secundárias >Aminas primárias >Aminas terciárias >NH3>Aminas aromáticas.
Quanto maior o Kb mais forte é a base e menor é o pKb. Dimetilamina Kb = 5,2.10 - 4 Metilamina Kb =
4,4.10- 4 Trimetilamina Kb = 0,62.10- 4 Amônia Kb = 1,8.10- 5 Fenilamina Kb = 3,8.10- 10
As aminas secundárias possuem dois grupos alquilas doadores de elétrons (efeito indutivo positivo),
sendo, portanto, mais básicas que as aminas primárias. Considerando-se apenas o efeito indutivo dos
grupos alquilas, era de se esperar que as aminas terciárias fossem mais básicas.
Entretanto a presença de três grupos alquilas em torno do nitrogênio dificulta a aproximação do cátion
H + (impedimento espacial ou estérico).
Já as aminas aromáticas são menos básicas que amônia por que o par de elétrons não ligante do
nitrogênio pode deslocalizar-se sobre o anel aromático, tornando-se dessa forma menos disponível para
se ligar ao H +.

Questões

01. (U. F. Santa Maria/RS) Observe, a seguir, a reação realizada para produzir um sal de amônio
quaternário, sabendo que esse sal é um detergente catiônico com ação germicida.

A dodecilamina pode ser convertida no cloreto de dodecil-trimetil-amônio, constituindo-se numa reação


de __________, quando for usado um _________ com o nome de
219

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_________.

Escolha a alternativa que completa, corretamente, as lacunas.


(A) substituição – haleto de alquila – clorometano
(B) oxidação – álcool – metanol
(C) eliminação – aldeído – metanal
(D) adição – alceno – eteno
(E) redução – ácido – hidrogênio

02. (SEDUC/CE – Professor-Química – CESPE)

Considerando as reações orgânicas mais comuns, os princípios de acidez e basicidade de compostos


orgânicos e mecanismos de reação, assinale a opção correta:
(A) Um produto que pode ser obtido a partir do tratamento do composto I com ácido clorídrico (HCl) é
o 2 - cloro - 2,3 - dimetilbutano
(B) Uma mistura dos compostos II e III poderá ser separada com uma simples lavagem da mistura com
uma solução aquosa ácida diluída, removendo o composto II na sua forma de carboxilato
(C) A reação de bromação do composto IV levará à formação do produto para substituído, ou seja, o
1 - bromo - 4 - nitrobenzeno
(D) A reação do composto V com metanol levará à transformação da função amida em função éster

03. (FGV - Técnico em Saúde Pública – Química – FIOCRUZ) Considere a sequência de reações
descrita no esquema a seguir:
1) HNO3/H2SO4
2)Fe/HCl

3) NaNO2/HCl
4) CuBr
5) CH3COCl/AlCl3
6) LiAlH4/H+

O composto de partida A será o:


(A) benzeno.
(B) tolueno.
(C) fenol.
(D) bromo benzeno.
(E) etil benzeno.
Gabarito

01. A / 02. A / 03. A

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BIOMOLÉCULAS

As macromoléculas naturais são biomoléculas fundamentais para todos os seres vivos, que são os
glicídios, os lipídios e as proteínas. As macromoléculas também podem ser chamadas de polímeros. Elas
dividem-se em macromoléculas naturais e sintéticas.
Alguns tipos de moléculas pequenas, chamadas de monômeros, podem ligar-se entre si, dando
origem a macromoléculas, denominadas polímeros, por meio de uma reação denominada polimerização.

Carboidratos

São compostos de função mista poliálcool-aldeído ou poliálcool-cetona, assim como todos os


compostos que, por hidrólise, produzem os referidos compostos de função mista. Os carboidratos são
assim chamados porque frequentemente apresentam fórmula mínima CH2O, que sugere um hidrato de
carbono.
Os carboidratos também podem ser chamados de glicídios, glucídios, hidratos de carbono ou
açúcares. São formados fundamentalmente por moléculas de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O),
por isso recém a denominação de hidratos de carbono. Há três classes gerais dos açucares:
monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.

Classificação

Oses - Açúcares que não se hidrolisam. Ex.: glicose, frutose, galactose.


- Aldoses: apresentam o grupo aldeído. De acordo com o número de átomos de carbono, classificam-
se em aldotriose (3C); aldotetrose (4C); aldohexose (6C), etc.
- Cetoses: apresentam o grupo cetônico, classificam-se também em cetotriose (3C); cetohexose (6C),
etc.

Costuma-se representar as fórmulas das aldoses e cetoses na vertical. Nestas fórmulas, um círculo
representa o grupo aldeído, o sinal representa o grupo cetona e um traço, o grupo hidroxila.

Osídeos - Açúcares que hidrolisam produzindo oses.


- Holosídeos: osídeos que, por hidrólise, fornecem somente oses. Subdividem-se em:
-Dissacarídeos: Açúcares que se hidrolisam, fornecendo duas moléculas de monossacarídeos.
-Polissacarídeos: Açúcares que se hidrolisam, formando mais de duas moléculas de
monossacarídeos.
- Heterosídeos: Osídeos que, por hidrólise, fornecem outros compostos além das oses.

Monossacarídeos
Por convenção, o estudo das estruturas das oses é feito a partir da aldose mais simples, que é o
aldeído glicérico (aldotriose).
O aldeído glicérico apresenta 1 átomo de C quiral e, como tal, pode ser representado por dois
antípodas ópticos: o dextrogiro (ald. dglicérico) e o levogiro (ald. lglicérico).
As oses têm suas estruturas convencionadas a partir dos aldeídos glicéricos. A cadeia carbônica
poderá ser aumentada a partir do grupo aldeídico. Assim, obteremos, a partir do aldeído d glicérico, uma
aldotetrose em que a base (os últimos carbonos) da cadeia será idêntica à da aldotriose inicial.
As duas aldotetroses levarão a letra d em sua nomenclatura, pois são provenientes do aldeído d
glicérico. Da mesma forma, as aldotetroses, provenientes do ald. l glicérico, levarão a letra l em sua
nomenclatura oficial.
Seguindo o mesmo raciocínio, poderemos obter aldopentose a partir do aldotetrose, ou ainda,
aldohexose a partir de aldopentose, e assim sucessivamente.
Portanto, uma ose levará a letra d ou l em seu nome, de acordo com a origem, isto é, se pertencer à
série do aldeído d ou l glicérico, respectivamente. Reconhecemos pela estrutura a série a que pertence
uma ose pela posição da penúltima oxidrila: se estiver à direita da cadeia, convencionamos pertencer à
série d e levará tal letra em sua nomenclatura e, se estiver à esquerda da cadeia, a ose levará a letra l e
pertencerá, portanto, à série l.
Os glicídios apresentam propriedades físicas comuns. As oses são compostos cristalinos, incolores,
solúveis na água e pouco solúveis em solventes orgânicos e apresentam sabor adocicado. Os
dissacarídeos apresentam propriedades semelhantes. Os polissacarídeos são amorfos insolúveis em
água sem sabor.
221

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Estudo Geral dos Oses e Osídeos

-Glicose - C6H12O6 → glucose dextrogira, açúcar da uva. Ocorre no mel e frutos doces; é obtida pela
hidrólise do amido em meio ácido. Sua aplicação é na fabricação de álcool etílico, alimentação de
crianças, de atletas (após as competições).

-Frutose - C6H12O6 → levulose (ocorre no mel, nos frutos doces, sempre na forma d -).

-Sacarose - C12H22O11→ açúcar de cana, açúcar comum: ocorre em plantas, principalmente, a cana-
de-açúcar e a beterraba. Sua aplicação é na alimentação e na fabricação de álcool etílico. Sua obtenção
obedece à sequência:
a) Obtenção da garapa;
b) Precipitação das proteínas e ácidos livres, por tratamento com hidróxido de cálcio;
c) Eliminação do excesso de Ca(OH)2 borbulhando CO2 (precipita CaCO3);
d) Filtração e cristalização por centrifugação, separando-se o melaço do açúcar.

-Celulose - (C6H10O5)n → ocorre em todos os vegetais. O algodão é praticamente celulose (95%).


a) A celulose praticamente não é digerível pelo organismo humano.
b) Sua aplicação é na fabricação do papel e no tecido de algodão.
c) Usado na preparação da pólvora (explosivo potente), na fabricação de celuloides, filmes, sedas
artificiais e na fabricação de vidros de segurança para carros (dois vidros colados com acetato de
celulose).

-Amido - (C6H10O5)n → ocorre nas reservas dos vegetais, sua aplicação é na alimentação e na
fabricação de cola.

Os monossacarídeos recebem o sufixo –ose, precedida pelo número de carbonos que contém em sua
fórmula, então:

Nº carbonos Fórmula Nome


3 C3H6O3 Triose
4 C4H8O4 Tetrose
5 C5H10O5 Pentose
6 C6H12O6 Hexose
7 C7H14O7 Heptose

Os monossacarídeos que apresentam extrema importância biológica são:

Pentose Função
Ribose Participa da produção do ácido ribonucleico (RNA) atuando como matéria-prima.
Desoxirribose Participa da produção do ácido desoxirribonucleico (DNA) atuando como matéria-prima.

Hexose Função
É a principal fonte de energia para os seres vivos, mais usada na obtenção de energia. É
Glicose fabricada pelos vegetais na fotossíntese e utilizada por todos os outros seres vivos na
alimentação.
Frutose Possui função energética
Possui função energética. Participa da composição de dissacarídeos da lactose, junto com a
Galactose
glicose.

Dissacarídeos
Os dissacarídeos são o resultado da ligação entre dois monossacarídeos. Na reação de formação de
um dissacarídeo há formação de uma molécula de água, portanto se trata de uma síntese por
desidratação para cada ligação. Um dos monossacarídeos perde um hidrogênio (H) e o outro perde a

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hidroxila (OH). Essas duas moléculas se unem, formando uma molécula de água (H2O). A ligação que
ocorre entre as extremidades dos monossacarídeos é chamada de ligação glicosídica.
Esse mesmo tipo de ligação ocorre na formação das moléculas de DNA e RNA, através da ligação
entre uma pentose e uma base nitrogenada.

Os principais dissacarídeos de importância biológica são:

Monossacarídeos
Dissacarídeo Função
constituintes
Apresenta função energética. Está presente nos vegetais,
Sacarose Glicose +frutose
principalmente na cana-de-açúcar.
Lactose Glicose + galactose Apresenta função energética e é o açúcar presente no leite.
Maltose Glicose + glicose Apresenta função energética e é encontrado em vegetais.

Polissacarídeos
Os polissacarídeos são moléculas (polímeros) formadas através da união de vários monossacarídeos.
São constituídos por cadeias longas, geralmente insolúveis. Constituem uma forma de armazenamento
e quando hidrolisados produzem monossacarídeos. Os principais polissacarídeos são:

Principais Polissacarídeos estruturais:


Polissacarídeo Função
Participa da composição da parede celular dos vegetais. É o carboidrato mais
Celulose
abundante na natureza.
Está presente na parede celular de fungos e no exoesqueleto dos atrópodes.
Quitina
Possuem grupos amina(NH2) em sua cadeia.

Principais Polissacarídeos energéticos:


Polissacarídeo Função
Amido Apresenta função de reserva. É encontrado em raízes, caules e folhas.
É o carboidrato de reserva dos animais e dos fungos. É armazenado nos músculos e
Glicogênio
no fígado dos animais.

Função dos Carboidratos


1) Principal fonte de energia do corpo. Deve ser suprido regularmente e em intervalos frequentes, para
satisfazer as necessidades energéticas do organismo. Num homem adulto, 300g de carboidrato são
armazenados no fígado e músculos na forma de glicogênio e 10g estão em forma de açúcar circulante.
Está quantidade total de glicose é suficiente apenas para meio dia de atividade moderada, por isso os
carboidratos devem ser ingeridos a intervalos regulares e de maneira moderada. Cada 1 grama de
carboidratos fornece 4 Kcal, independente da fonte (monossacarídeos, dissacarídeos, ou
polissacarídeos).

2) Regulam o metabolismo proteico, poupando proteínas. Uma quantidade suficiente de carboidratos


impede que as proteínas sejam utilizadas para a produção de energia, mantendo-se em sua função de
construção de tecidos.

3) A quantidade de carboidratos da dieta determina como as gorduras serão utilizadas para suprir uma
fonte de energia imediata. Se não houver glicose disponível para a utilização das células (jejum ou dietas
restritivas), os lipídios serão oxidados, formando uma quantidade excessiva de cetonas que poderão
causar uma acidose metabólica, podendo levar ao coma e a morte.

4) Necessários para o funcionamento normal do sistema nervoso central. O cérebro não armazena
glicose e dessa maneira necessita de um suprimento de glicose sanguínea. A ausência pode causar
danos irreversíveis para o cérebro.

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5) A celulose e outros carboidratos indigeríveis auxiliam na eliminação do bolo fecal. Estimulam os
movimentos peristálticos do trato gastrointestinal e absorvem água para dar massa ao conteúdo intestinal.

6) Apresentam função estrutural nas membranas plasmáticas das células.

Lipídios

São ésteres elaborados pelos organismos vivos que, por hidrólise, fornecem ácidos graxos ao lado de
outros compostos. As características dos lípides são: brancos ou levemente amarelados, untuosos ao
tato, pouco consistentes, sendo alguns líquidos, e deixam sobre o papel uma mancha translúcida que não
desaparece com aquecimento, são insolúveis na água.

Classificação
Céridos - são ésteres formados a partir de um ácido graxo e um álcool superior. São conhecidos como
ceras e podem ser de origem animal ou vegetal. São usados na fabricação de ceras de assoalhos, graxa
de sapato, cosméticos, velas, etc.

Glicéridos - São ésteres de glicerol com ácidos graxos. Os óleos e gorduras animais e vegetais são
misturas de glicérides.
O glicérido formado pode ser um óleo ou uma gordura, será um óleo se for derivado
predominantemente de ácidos graxos insaturados. Será uma gordura se for derivado predominantemente
de ácidos graxos saturados. Já que a única diferença química entre um óleo e uma gordura está na
presença ou ausência de insaturações, podemos compreender facilmente como a indústria transforma
óleos em gordura pela simples adição de H2.
A hidrogenação modifica não só as propriedades físicas como também as propriedades químicas. As
gorduras hidrogenadas tornam-se rançosas com menos facilidade do que as não hidrogenadas. A
rancidez deve-se à presença de ácidos e aldeídos voláteis, de mau odor, obtidos através da reação do
oxigênio do ar com carbonos próximos das duplas ligações, na cadeia carbônica. A hidrogenação reduz
o número de insaturações na cadeia carbônica, o que retarda o desenvolvimento do ranço. Fisicamente,
os óleos se apresentam no estado líquido à temperatura e pressão ambientes (25°C e 1 atm) enquanto
as gorduras se apresentam no estado sólido. Gorduras e óleos podem derivar tanto de animais como de
vegetais.

Os esteroides são lipídios de cadeia complexa. Como exemplo pode-se citar o colesterol e alguns
hormônios: estrógenos, testosterona.

Funções dos Lipídios

a) São constituintes da membrana plasmática e de todas as membranas internas da célula


(fosfolipídios).
b) Fornecem energia quando oxidados pelas células. São normalmente usados como reserva
energética.
c) Fazem parte da estrutura de algumas vitaminas (A, D, E e K).
d) Originam alguns hormônios (andrógenos, progesterona, etc.).
e) Ajudam na proteção, pois as ceras são encontradas na pele, nos pelos, nas penas, nas folhas,
impedindo a desidratação dessas estruturas, através de um efeito impermeabilizante.

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Proteínas

As proteínas são polímeros formados a partir da condensação de α-aminoácidos e estão presentes


em todas as células vivas. Algumas proteínas fazem parte da estrutura dos organismos, como fibras
musculares, cabelo e pele, outras funcionam como catalisadores nas reações que ocorrem nos
organismos e, nesse caso, são denominadas enzimas.
Há, ainda, as proteínas que atuam como reguladores do metabolismo — os hormônios — e as que
fazem parte dos sistema imunológico.
São polímeros de até 20 aminoácidos naturais que se diferenciam pelas cadeias laterais. Uma única
molécula de proteína pode conter milhares de unidades de aminoácidos. Os aminoácidos são ácidos 2 –
amino carboxílicos.

Esta característica comum confere aos aminoácidos a capacidade de formar longas cadeias de
poliamida que constituem as proteínas. Uma molécula formada a partir de dois ou mais aminoácidos é
chamada de peptídio e a ligação entre eles é denominada de ligação peptídica. Cada aminoácido presente
em um peptídio é chamado de resíduo. Conforme o número de resíduos, as peptidas recebem o nome
de dipeptidas, tripeptidas, etc. Para as proteínas (cadeia polipeptídica), encontramos mais de cem
resíduos unidos por ligações peptídicas. As ligações peptídicas podem ser representadas da seguinte
forma:

Os α-aminoácidos podem ser representados genericamente por:

Em que R são agrupamentos que irão originar diferentes aminoácidos.


A união de (n) α-aminoácidos origina uma proteína ou um polipeptídeo. Sua representação pode ser
dada por:

Principais Funções das Proteínas


1) Reparam proteínas corpóreas gastas (anabolismo), resultantes do contínuo desgaste natural
(catabolismo) que ocorre no organismo;
2) Constroem novos tecidos;
3) Fonte de calor e energia (fornecem 4 Kcal por grama);
4) Contribuem para diversos fluídos e secreções corpóreas essenciais, como leite, esperma e muco;
5) Transportam substâncias;
6) Defendem o organismo contra corpos estranhos (anticorpos contra antígenos);
7) Exercem funções específicas sobre órgãos ou estruturas do organismo (hormônios);
8) Catalisam reações químicas (enzimas).

As proteínas são compostos orgânicos relacionados ao metabolismo de construção. Durante as fases


de crescimento e desenvolvimento do indivíduo, há um aumento extraordinário do número de suas células
passam a exercer funções especializadas, gerando tecidos e órgãos. As proteínas possuem um papel
fundamental no crescimento, já que muitas delas desempenham papel estrutural nas células, isto é, são
componentes da membrana plasmática, das organelas dotadas de membrana, do citoesqueleto dos
cromossomos etc. E para produzir mais células é preciso mais proteína. Sem elas não há crescimento
normal.

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A diferenciação e a realização de diversas reações químicas componentes do metabolismo celular,
dependem da paralisação de diversas reações químicas e da participação de enzimas, uma categoria de
proteínas de defesa, chamadas anticorpos. Sem eles, nosso organismo fica extremamente vulnerável.
As proteínas são macromoléculas formadas por uma sucessão de moléculas menores conhecidas
como aminoácidos. A maioria dos seres vivos, incluindo o homem, utiliza somente cerca de vinte tipos
diferentes de aminoácidos, para a construção de suas proteínas. Com eles, cada ser vivo é capaz de
produzir centenas de proteínas diferentes e de tamanho variável.

Aminoácidos
Cada aminoácido é diferente de outro. No entanto, todos possuem alguns componentes comuns. Todo
aminoácido possui um átomo de carbono, ao qual estão ligados uma carboxila, uma amina e um
hidrogênio. A quarta ligação é a porção variável, representada por R, e pode ser ocupada por um
hidrogênio, ou por um metil ou por outro radical.

Estrutura dos aminoácidos

Existem milhares de aminoácidos, no quadro abaixo temos os aminoácidos mais conhecidos:

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Ligação Peptídica
Cada aminoácido está ligado a outro por uma ligação peptídica. Por meio dessa ligação, o grupo amina
de um aminoácido une-se ao grupo carboxila do outro, havendo a liberação de uma molécula de água.
Os dois aminoácidos unidos formam um dipeptídio. A ligação de um terceiro aminoácido ao dipeptídeo
origina um tripeptídeo que então, contém duas ligações peptídicas. Se um quarto aminoácido se ligar aos
três anteriores, teremos um tetrapeptídeo, com três ligações peptídicas. Com o aumento do número de
aminoácidos na cadeia, forma-se um polipetídio, denominação utilizada até o número de 70 aminoácidos.
A partir desse número considera-se que o composto formado é uma proteína.

Aminoácidos Essenciais e Naturais


Todos os seres vivos produzem proteínas. No entanto, nem todos produzem os vinte tipos de
aminoácidos necessários para a construção das proteínas. O homem, por exemplo, é capaz de sintetizar
no fígado apenas onze dos vinte tipos de aminoácidos. Esses onze aminoácidos são considerados
naturais para a nossa espécie. São eles: alanina, asparagina, cisteína, glicina, glutamina, histidina,
prolina, tiroxina, ácido aspártico, ácido glutâmico. Os outros nove tipos, os que não sintetizamos, são os
essenciais e devem ser obtidos de quem os produz (plantas ou animais). São eles: arginina, fenilalanina,
isoleucina, leucina, lisina, metionina, serina, treonina, triptofano e valina. É preciso lembrar que um
determinado aminoácido pode ser essencial para uma espécie e ser natural para outra.

Estrutura da Proteína
Uma molécula de proteína tem, a grosso modo, formato de um colar de contas. O fio fundamental da
proteína, formado como uma sequência de aminoácidos (cuja sequência é determinada geneticamente),
constitui a chamada estrutura primária da proteína.

Proteínas em forma de colar

Ocorre, porém, que o papel biológico da maioria das proteínas depende de uma forma espacial muito
mais elaborada. Assim, o fio fundamental é capaz de se enrolar sobre si mesmo, resultando um filamento
espiralado que conduz à estrutura secundária, mantida estável por ligações que surgem entre os
aminoácidos. Novos dobramentos da espiral conduzem a uma nova forma, globosa, mantida estável
graças a novas ligações que ocorrem entre os aminoácidos. Essa forma globosa representa a estrutura
terciária. Em certas proteínas, cadeias polipeptídicas em estruturas terciárias globosa unem-se,
originando uma forma espacial muito complexa, determinante do papel bioquímico da proteína. Essa nova
forma constitui a estrutura quaternária dessas proteínas.
A figura abaixo mostra as quatro estruturas da hemoglobina juntas. A hemoglobina está presente
dentro os glóbulos vermelhos do sangue e seu papel biológico é ligar-se a moléculas de oxigênio,
transportando-as a nossos tecidos.

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Estrutura de uma hemoglobina

Forma e Função das Proteínas


A estrutura espacial de uma proteína está relacionado à função biológica que ela exerce. Por enquanto,
lembre-se que, a manutenção das estruturas secundárias e terciárias deve-se a ligações que ocorrem
entre os aminoácidos no interior da molécula proteica, determinando os diferentes aspectos espaciais
observados.

Estrutura Proteica

O aquecimento de uma proteína a determinadas temperaturas promove a ruptura das ligações internas
entre os aminoácidos, responsáveis pela manutenção das estruturas secundária e terciária. Os
aminoácidos não se separam, não se rompem as ligações peptídicas, porém a proteína fica
“desmantelada”, perde a sua estrutura original. Dizemos que ocorreu uma desnaturação proteica, com
perda da sua forma original. Dessa maneira a função biológica da proteína é prejudicada.

Nota: Nem sempre, porém, é a temperatura ou a alteração da acidez do meio que provoca a mudança
da forma da proteína. Muitas vezes, a substituição de um simples aminoácido pode provocar alteração
da forma da proteína.

Enzimas

A vida depende da realização de inúmeras reações químicas que ocorrem no interior das células e
também fora delas (em cavidades de órgãos, por exemplo). Por outro lado, todas essas reações
dependem, para a sua realização, da existência de uma determinada enzima. As enzimas são
substâncias do grupo das proteínas e atuam como catalisadores de reações químicas. Muitas enzimas
possuem, além da porção proteica propriamente dita, constituída por uma sequência de aminoácidos,
uma porção não proteica.
Nota: Catalisador é uma substância que acelera a velocidade de ocorrência de certa reação química.

A parte proteica é a apoenzima e a não proteica é o cofator. Quando o cofator é uma molécula orgânica,
é chamado de coenzima. O mecanismo de atuação da enzima se inicia quando ela se liga ao reagente,
mais propriamente conhecido como substrato. É formado um complexo enzima-substrato, instável, que
logo se desfaz, liberando os produtos da reação a enzima, que permanece intacta embora tenha
participado da reação. Mas para que ocorra uma reação química entre duas substâncias orgânicas que
estão na mesma solução é preciso fornecer certa quantidade de energia, geralmente, na forma de calor,
que favoreça o encontro e a colisão entre elas. A energia também é necessária para romper ligações

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químicas existentes entre os átomos de cada substância, favorecendo, assim a ocorrência de outras
ligações químicas e a síntese de uma nova substância a partir das duas iniciais.

Mecanismo de Ação Enzimática


Na catálise de uma reação química, as enzimas interagem com os substratos, formando com eles,
temporariamente, o chamado complexo enzima-substrato. Na formação das estruturas secundária e
terciária de uma enzima (não esqueça que as enzimas são proteínas), acabam surgindo certos locais na
molécula que servirão de encaixe para o alojamento de um ou mais substratos, do mesmo modo que uma
chave se encaixa na fechadura.

Reação de catalise de uma reação enzimáticas


Esses locais de encaixe são chamados de sítio ativos e ficam na superfície da enzima. Ao se
encaixarem nos sítios ativos, os substratos ficam próximos um do outro e podem reagir mais facilmente.
Assim que ocorre a reação química com os substratos, desfaz-se o complexo enzima-substrato. Liberam-
se os produtos e a enzima volta a atrair novos substratos para a formação de outros complexos.

Fatores que Afetam a Atividade das Enzimas

Temperatura
A temperatura é um fator importante na atividade das enzimas. Dentro de certos limites, a velocidade
de uma reação enzimática aumenta com o aumento da temperatura. Entretanto, a partir de uma
determinada temperatura, a velocidade da reação diminui bruscamente. O aumento de temperatura
provoca maior agitação das moléculas e, portanto, maiores possibilidades de elas se chocarem para
reagir. Porém, se for ultrapassada certa temperatura, a agitação das moléculas se torna tão intensa que
as ligações que estabilizam a estrutura espacial da enzima se rompem e ela se desnatura.
Para cada tipo de enzima existe uma temperatura ótima, na qual a velocidade da reação é máxima,
permitindo o maior número possível de colisões moleculares sem desnaturar a enzima. A maioria das
enzimas humanas, têm sua temperatura ótima entre 35 e 40ºC, a faixa de temperatura normal do nosso
corpo. Já bactérias que vivem em fontes de água quente têm enzimas cuja temperatura ótima fica ao
redor de 70ºC.

Temperatura ótima para a ação enzimática

Grau de acidez (pH)


Outro fator que afeta a forma das proteínas é o grau de acidez do meio, também conhecido como pH
(potencial hidrogeniônico). A escala de pH vai de 0 a 14 e mede a concentração relativa de íons hidrogênio
(H+) em um determinado meio. O valor 7 apresenta um meio neutro, nem ácido nem básico. Valores
próximos de 0 são os mais ácidos e os próximos de 14 são os mais básicos (alcalinos). Cada enzima tem
um pH ótimo de atuação, no qual a sua atividade é máxima. O pH ótimo para a maioria das enzimas fica
entre 6 e 8, mas há exceções. A pepsina, por exemplo, uma enzima digestiva estomacal, atua
eficientemente no pH fortemente ácido de nosso estômago (em torno de 2), onde a maioria das enzimas
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seria desnaturada. A tripsina, por sua vez, é uma enzima digestiva que atua no ambiente alcalino do
intestino, tendo um pH ótimo situado em torno de 8.

pH ótimo para a ação enzimática

Os ácidos nucleicos
Os ácidos nucleicos são macromoléculas encontradas em todas as células vivas, que constituem os
genes, responsáveis pelo armazenamento, transmissão e tradução das informações genéticas. Tais
moléculas recebem esse nome devido ao seu caráter ácido e também por terem sido descobertos no
núcleo celular, em meados do século XIX.
Existem dois tipos de ácidos nucleicos: o ácido desoxirribonucleico, mais conhecido pela sigla DNA e
o ácido ribonucleico, conhecido como RNA.

Proteínas na Alimentação
As proteínas são nutrientes orgânicos nitrogenados presentes em todas as células vivas, portanto são
essenciais à vida de todo animal. Todos os animais necessitam receber uma quantidade de proteína e,
além disso, para o homem, suínos, aves, cães entre outros, a quantidade e tão importante quanto a
qualidade. O mesmo não acontece com os bovinos, ovinos e equinos. A proteína forma o principal
constituinte do organismo do animal, sendo, pois, indispensável para o crescimento, a reprodução e a
produção.
As melhores fontes de proteínas são os alimentos de origem animal, estando também presentes em
quantidades significativas em alimentos de origem vegetal, salientando-se as leguminosas verdes e secas
(feijão, grão-de-bico, soja, favas, ervilhas, lentilhas).
-Alimentos de origem animal: lacticínios, carnes, pescado e ovos.
-Alimentos de origem vegetal: leguminosas verdes e secas, cereais e derivados, tubérculos, hortaliças
e legumes.

Tabela de alimentos ricos em proteína animal


Alimentos Proteína animal por 100 g Energia por 100 g
Carne de frango 32,8 g 148 calorias
Carne de vaca 26,4 g 163 calorias
Queijo 26 g 316 calorias
Salmão grelhado 23,8 g 308 calorias
Pescada 19,2 g 109 calorias
Ovo 13 g 149 calorias
Iogurte 4,1 g 54 calorias
Leite 3,3 g 47 calorias

Tabela de alimentos ricos em proteína vegetal


Alimentos Proteína vegetal por 100 g Energia por 100 g
Soja 12,5 g 140 calorias
Quinoa 12,0 g 335 calorias
Trigo sarraceno 11,0 g 366 calorias
Milhete 11,8 g 360 calorias
Lentilhas 9,1 g 108 calorias
Tofu 8,5 g 76 calorias
Feijão 6,6 g 91 calorias
Ervilhas 6,2 g 63 calorias
Arroz cozido 2,5 g 127 calorias

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Para adultos saudáveis, a ingestão recomendada de proteína é de 0.8g/kg de peso. Relativamente a
valores de referência, a ingestão diária de proteína situa-se nos 50g (tendo como base um valor
energético de 2000kcal/dia para adultos e crianças acima dos 4 anos).

Questões

01. Quanto aos carboidratos, assinale a alternativa incorreta.


(A) Os glicídios são classificados de acordo com o tamanho e a organização de sua molécula em três
grupos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.
(B) Os polissacarídeos compõem um grupo de glicídios cujas moléculas não apresentam sabor
adocicado, embora sejam formadas pela união de centenas ou mesmo milhares de monossacarídeos.
(C) Os dissacarídeos são constituídos pela união de dois monossacarídeos, e seus representantes
mais conhecidos são a celulose, a quitina e o glicogênio.
(D) Os glicídios, além de terem função energética, ainda participam da estrutura dos ácidos nucleicos,
tanto RNA quanto DNA.
(E) A função do glicogênio para os animais é equivalente à do amido para as plantas

02. Considere as seguintes afirmativas:


I- As proteínas são substâncias de grande importância para os seres vivos: muitas participam da
construção da matéria viva.
II- As proteínas chamada enzimas facilitam reações químicas celulares.
III- Os anticorpos, que também são proteínas, funcionam como substâncias de defesa.

Assinale:
(A) se somente I estiver correta.
(B) se somente II estiver correta.
(C) se somente III estiver correta.
(D) se I e II estiverem corretas.
(E) se todas estiverem corretas

03. (Mackenzie/SP) - São substâncias químicas constituídas por aminoácidos, unidas por sucessivas
ligações peptídicas, e importante como nutrientes e com outras funções no nosso organismo. Referimo-
nos aos(às):
(A) carboidratos.
(B) proteínas.
(C) lipídios.
(D) vitaminas.
(E) sais minerais.

04. (PUC/Minas) - Os lipídeos compreendem um grupo quimicamente variado de moléculas orgânicas


tipicamente hidrofóbicas. Diferentes lipídeos podem cumprir funções específicas em animais e em
vegetais. Assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Os carotenoides são pigmentos acessórios capazes de captar energia solar.
(B) Os esteroides podem desempenhar papéis regulatórios, como os hormônios sexuais.
(C) Os triglicerídeos podem atuar como isolantes térmicos ou reserva energética em animais.
(D) O colesterol é uma das principais fontes de energia para o fígado.

Gabarito

01.C / 02.E. / 03.B / 04.D

Comentários

01. Resposta: C
Os dissacarídeos são constituídos pela união de dois monossacarídeos, e seus representantes mais
conhecidos são a sacarose (glicose + frutose), lactose (glicose + galactose) e maltose (glicose + glicose).

02. Resposta: E
03. Resposta: B
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04. Resposta: D
Afirmativa a: está correta, os carotenoides são pigmentos com cores entre amarelo, laranja e vermelho,
podendo captar a energia solar.
Afirmativa b: está correta, os esteroides atuam como reguladores de atividades biológicas.
Afirmativa c: está correta, os triglicerídeos ficam armazenados nos adipócitos, formando uma reserva
energética e também servindo como isolantes térmicos.
Afirmativa d: está errada, o nosso organismo não utiliza o colesterol como fonte de energia.

Polímeros Sintéticos

Os polímeros sintéticos podem ser classificados basicamente em dois grupos: de adição e


condensação.

Polímeros por Adição


São os polímeros formados a partir de um monômero que deve ser um composto insaturado. A
polimerização se dá por meio de reação de adição. Os polímeros de massa molecular relativamente baixa
são ótimos óleos lubrificantes. Os de massa molecular média assemelham-se às ceras. Os de cadeia
maior são duros e resistentes à temperatura. Empregando-se catalisadores especiais, consegue-se a
polimerização em uma pressão próxima da atmosfera.

Polietileno - O polietileno (ou polieteno) tem fórmula geral (CH2-CH2)n, é um polímero de alta produção
mundial e economicamente viável, daí o porquê de seu uso em larga escala. É formado pela união
sucessiva de milhares de monômeros, que nesse caso são moléculas do etileno(eteno).

O polietileno é insolúvel, isolante elétrico e inatacável por ácido ou base. É usado no recobrimento de
cabos para velas de ignição, em fios telefônicos, na fabricação de tubos plásticos, recipientes domésticos
etc.

Poliestireno (PS)35
O poliestireno é um termoplástico duro, amorfo e transparente polimerizado a partir do monômero de
estireno e possuíndo arranjo isotático (iPS), sindiotático (sPS) ou atático (o mais comum e que está sendo
apresentado aqui). Possui cadeia semelhante à do polietileno, exceto por um dos hidrogênios do mero,
que é substituído por um grupo fenila. Durante a polimerização, a forma espacial em que o monômero se
apresenta, e é adicionado à frente de crescimento da cadeia radical, definirá sua configuração. Iniciando-
se pelo tipo de encadeamento, podemos verificar que o naturalmente favorecido é o cabeça-cauda devido
ao efeito estérico apresentado pelo grupo lateral volumoso estireno. A disposição espacial deste mesmo
grupo, ou sua taticidade, dependerá do uso ou não de catalizadores estereoespecíficos.

Características:
- Baixo custo
- Fácil processamento
- Fácil coloração
- Elevada transparência
- Baixa resistência ao impacto
- Baixa resistência às intempéries
- Propenso a problemas relacionados a migração de plastificantes
Aplicações:

35
https://bit.ly/2FwjOWt

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Utensílios domésticos rígidos, transparentes ou não de uso generalizado; brinquedos, escovas,
embalagens rígidas para cosméticos, embalagem rígida de disco compacto, corpo de canetas
esferográficas, réguas.

Teflon (Politetrafluor etileno) - A polimerização do tetrafluoretileno a 50 atmosferas de pressão, em


presença de catalisadores à base de peróxido, resulta em um produto conhecido como teflon (massa
molecular de 500.000 a 2.000.000).

O teflon é um polímero de adição conhecido especialmente por ser usado como revestimento de
utensílios domésticos, tais como panelas e, principalmente, frigideiras antiaderentes. Ele é usado com
essa finalidade, pois possui alta resistência ao calor e baixa aderência, assim há menos riscos de o
alimento ficar grudado na panela.

PVC - O cloreto de vinila é um gás que polimeriza rapidamente em presença de peróxido, resultando
em uma resina chamada cloreto de polivinila (PVC).

É usado em toalhas de mesa, garrafas d’água, cortina para banheiros, tubos, couro artificial para
estofamento etc.

Benzeno - Uma polimerização importante é a trimerização do acetileno na obtenção do benzeno.

Essa reação constitui o método histórico de Berthelot para a preparação do benzeno.

Copolímeros
É o polímero formado por mais de um tipo de monômero, possuindo estrutura variada.

Buna-s - É obtido pela copolimerização do butadieno 1,3 com o vinil benzeno, sendo o sódio metálico
usado como catalisador.

Buna-n - É obtido pela copolimerização do 1,3 butadieno com o propeno-nitrilo, sendo o sódio metálico
usado como catalisador.

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Polímeros por Condensação
Condensação é a reação entre moléculas de um ou mais compostos que origina um único composto
polimérico. Na polimerização por condensação tem-se a liberação de uma substância, geralmente água,
que não se torna parte do polímero final. Observe a condensação da glicose com produção de amido.

Náilon (Poliamida) - Polímero obtido por condensação do ácido adípico HOOC–(CH2)4–COOH e


hexametilenodiamina H2N–(CH2)6–NH2. Por estiramento, os fios de náilon adquirem grande resistência à
tração. Queima com dificuldade, tem boa resistência aos agentes químicos, à água quente e aos óleos.

Poliéster- Polímero que contém o grupo funcional éster na sua cadeia principal. Apesar de existirem
muitos poliésteres, o substantivo masculino "poliéster" como material específico refere-se ao polietileno
tereftalato (PET). Os poliésteres incluem produtos químicos que ocorrem naturalmente, tais como a cutina
presente na cutícula das plantas, e produtos químicos sintéticos obtidos por policondensação tais como
o policarbonato e polibutirato. Os poliésteres naturais e alguns sintéticos são biodegradáveis, mas a
maioria dos últimos não.
Dependendo da sua estrutura química, o poliéster pode ser termoplástico ou termoendurecido, no
entanto a maioria dos poliésteres comuns são termoplásticos.
Tecidos e malhas feitos com fios de fibras de poliéster são usados extensivamente em confecções e
têxteis-lar36, de camisas e calças a casacos, chapéus, lençóis, cortinados e móveis estofados. Fibras fios
e cordas de poliéster são usados em reforços para pneus, tecidos para correias transportadoras, cintos
de segurança. Fibras de poliéster são usadas como material isolante e enchimento de almofadas,
edredons e estofos.

Cauchu - É obtido na Amazônia, a partir da Hevea brasiliensis, conhecida como seringueira. São feitas
incisões oblíquas no caule da seringueira de onde escorre o látex que é coloidal (emulsão de borracha
em água). Na extração do látex procede-se à coagulação do coloide. Para isso, seca-se o látex, isto é,
evapora-se a água, deixando finas camadas de látex em tanques abertos. Para facilitar a coagulação,
adiciona-se ácido acético. No Brasil usa-se a defumação para coagular o látex e, exposto à fumaça, vai
perdendo água e ao mesmo tempo coagula pela ação do ácido acético proveniente da madeira verde
queimada. A borracha obtida é impura e chamada de borracha bruta.

Vulcanização - A borracha bruta, mesmo depois de purificada, apresenta certos inconvenientes. Sob
temperaturas um pouco mais altas (verão) torna-se pegajosa e, em temperaturas mais baixas, (inverno),
quebradiça e pouco resistente à tração e ao desgaste (abrasão). Em 1838, Hanconck e Goodyear
descobriram um processo para melhorar as propriedades físicas da borracha natural. Esse processo
recebeu o nome de vulcanização e consiste no tratamento do cauchu com enxofre. Ao que parece, com
a vulcanização, as extensas moléculas lineares se unem através de pontes de enxofre, tornando a
borracha mais dura e menos elástica. Dependendo da porcentagem de enxofre, o produto poderá ter
diferentes propriedades. A ebonite (cautchu com mais de 32% de enxofre) é um sólido inelástico, usado
como isolante elétrico.

Química nos Alimentos

A Química presente nos alimentos que nós consumimos e ingerimos todos os dias, é composta por
átomos, moléculas e íons. Sejam eles naturais ou artificiais, estão compreendidos no conceito “química
alimentar”.
É um campo do conhecimento no qual é estudada química do processamento de alimentos e as
interações de todos os componentes químicos e não químicos destes. Ela se baseia nos princípios da
físico-química, química orgânica, química analítica e bioquímica, enfatizando os conceitos químicos

36
Cama, mesa e banho.

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necessários para estabelecer as relações entre composição química e as propriedades funcionais,
nutricionais e organolépticas de um alimento.
Os alimentos que ingerimos habitualmente contêm componentes que os seres vivos utilizam para
realizarem as funções vitais, como os nutrientes. O nutriente é, portanto, uma substância ou constituinte
alimentar que é absorvido e utilizado pelo organismo para manutenção da vida. A química está presente
em nossa alimentação e por essa razão se torna importante o estudo das substâncias que ingerimos
diariamente.
Além disso, os alimentos que fazem bem à saúde, como frutas, legumes e verduras, possuem
compostos químicos naturais que auxiliam no funcionamento do organismo em diversos aspectos.
Assim, conhecer a Química dos alimentos pode nos ajudar a adquirir uma dieta mais saudável, a ser
mais seletivos com os alimentos que ingerimos e evitar riscos à nossa saúde e à de nossa família.
Carboidratos, proteínas, óleos, gorduras, são os nossos macronutrientes, o nosso e são necessários
para mantermos a energia que necessitamos no nosso dia-a-dia. Mas nossas necessidades diárias
dependem de outras coisas também, as vitaminas e os minerais, um conjunto que podemos chamar de
micronutrientes: necessitamos só de um pouquinho – 1 g de vitamina C por dia, por exemplo – para
mantermos o corpo saudável.
Hoje a população consome mais alimentos industrializados e poucos legumes e verduras. Muitos
destes produtos industrializados contêm baixíssimo valor nutritivo e podem até, a longo prazo, trazer
sérios prejuízos à saúde.
Por esses e por outros motivos é importante conhecer o processo de industrialização por trás da
produção desses alimentos. Isso envolve conhecer seus componentes químicos sintetizados em
laboratório e o efeito destes para o organismo.
Há necessidade comercial de se adicionar corantes que devolvam a cor ou confiram ao produto o
colorido esperado. Para o consumidor, a ausência de cor está associado a deterioração ou má qualidade,
embora isso nem sempre seja verdade. Entre os naturais inclui-se o açafrão, a beterraba e a páprica,
utilizados em balas, gelatinas e etc. Entre os artificiais estão os sintéticos à base de anilinas,
provavelmente os mais usados na indústria de alimentos.
Existem ainda, os aditivos, que são substâncias adicionadas aos alimentos para torna-los mais
aprazíveis, palatáveis, ou mais nutritivos, ou ainda, pela facilidade de fabricação e longevidade da
estocagem. Segue abaixo, alguns tipos de aditivos e suas aplicações:

1. Corante: a substância que confere ou intensifica a cor dos alimentos.


2. Flavorizante: a substância que confere ou intensifica o sabor e o aroma dos alimentos
3. Aromatizante: a substância que confere ou intensifica o aroma dos alimentos.
4. Conservador ou Conservantes: a substância que impede ou retarda a alteração dos alimentos
provocado por micro-organismos ou enzimas.
5. Antioxidante: a substância que retarda o aparecimento de alteração oxidativa nos alimentos.
6. Estabilizante ou Emulsificantes: a substância que favorece e mantém as características físicas
das emulsões e suspensões.
7. Espumífero e antiespumífero: a substância que modifica a tensão superficial dos alimentos
líquidos.
8. Espessante: a substância capaz de aumentar nos alimentos a viscosidade de soluções emulsões
e suspensões.
9. Edulcorante: a substância orgânica artificial, não glicídio, capaz de conferir sabor doce aos
alimentos.
10. Umectante: a substância capaz de evitar a perda da umidade dos alimentos, manter alimento
úmido.
11. Antiumectante: a substância capaz de reduzir as características higroscópicas dos alimentos,
reduzir a umidade.
12. Acidulante: a substância capaz de conceder ou intensificar o gosto acídulo dos alimentos.

Com o desenvolvimento da tecnologia e a necessidade cada vez maior das pessoas trabalharem fora
de casa, a rotina doméstica precisou ser adequada as necessidades. E com isso, os alimentos
industrializados começaram a ser consumidos cada vez mais, tornando-se necessário uma modificação
na sua composição, porém quando consumidos em grandes quantidades podem ocasionar doenças.

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A Química das Drogas e Medicamentos

A farmacologia, ramo da ciência que estuda medicamentos e drogas, assim como seus efeitos sobre
o organismo, define:
Drogas: são substâncias capazes de modificar o funcionamento dos organismos vivos resultando em
mudanças fisiológicas ou de comportamento.
Medicamentos: são drogas utilizadas com finalidade terapêutica.
Drogas Psicotrópicas: são substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central (SNC),
modificando o comportamento do usuário.

Para classificar as drogas deve-se considerar os grupos químicos presentes na estrutura molecular
das substâncias. Nesse sentido, as drogas, em sua maioria, são alcaloides – bases orgânicas
nitrogenadas também conhecidas como aminas.
Já o álcool etílico e a maconha são álcoois, substâncias que tem um grupo hidroxila (-OH) ligada a
cadeias carbônicas. Todas as drogas são, portanto, substâncias orgânicas, ou seja, possuem cadeias
carbônicas
O efeito biológico de alguns medicamentos sobre o organismo humano depende unicamente das
propriedades físicas e químicas das substâncias neles presentes. Esses tipos de drogas e medicamentos
são classificados como fármacos estruturalmente inespecíficos (depende das interações que essas
substâncias estabelecem com substâncias presentes no organismo humano).
Já para outras drogas e medicamentos, o efeito biológico depende do arranjo espacial dos grupos
funcionais e das propriedades de superfície da molécula do fármaco que devem ser complementares ao
sítio receptor localizado na biomacromolécula que interage com a droga ou medicamento.
Essas biomacromoléculas são chamadas de fármacos estruturalmente específicos (depende, além
das interações intermoleculares e ligações químicas entre o fármaco e o biorreceptor, de uma
complementaridade entre as estruturas da molécula do princípio ativo presente no medicamento e a
biomolécula receptora presente no organismo).
O consumo de qualquer medicamento em uma dosagem acima da que o metabolismo humano suporta
é prejudicial à saúde. Além do cigarro e do álcool, alguns medicamentos são frequentemente utilizados
de maneira abusiva, causando problemas de saúde e até mesmo dependência. São eles:
Anabolizantes (bombas): medicamentos com alta dose de hormônios concentrados, utilizados com
o objetivo de aumentar a massa muscular. Pode causar alterações no metabolismo do corpo e até
impotência sexual.
Descongestionantes Nasais: remédios utilizados apenas com o fim de desobstruir o nariz,
aparentemente não oferecem nenhum risco, mas podem causar dependência e crises de abstinência
caso não sejam utilizados.
Benzodiazepínicos: são medicamentos tranquilizantes, utilizados para induzir ao sono ou para reduzir
a ansiedade, nervosismo, etc.
Xaropes: medicamentos utilizados para controlar a tosse ou dificuldade de respiração, mas que podem
conter substâncias semelhantes às do ópio, causando dependência.
Anorexígenos: medicamentos utilizados para reduzir o apetite, controlando, assim, o peso.

Como os medicamentos causam reações químicas, podemos perceber uma variação das mesmas
devido às substâncias que o medicamento pode encontrar no corpo. Ao ingerirmos determinada
substância o nosso metabolismo interrompe a produção da mesma, já que a quantidade existente no
corpo é suficiente.
Com o tempo, caso a substância continue sendo ingerida, o corpo para de produzi-la, e caso ela deixe
de ser introduzida no sistema metabólico, o corpo não voltará imediatamente a produzi-la. E nesse
intervalo de tempo que acontecem as crises de abstinência, tão comuns para quem está deixando de
consumir determinada droga.

Biotecnologia

Atualmente, os meios de comunicação têm divulgado inúmeras descobertas atribuídas ao uso de


tecnologias avançadas associadas à biotecnologia. Alimentos transgênicos, modificados geneticamente,
clonagem e tantas outras descobertas associadas ao tema predispõe a cada dia a necessidade de se
saber pelo menos do que se trata essa tal biotecnologia.
A Biotecnologia apresenta várias definições de acordo com o olhar a ela lançado, mas de uma forma
bem simples, é um conjunto multidisciplinar de conhecimentos que visa o desenvolvimento de métodos,
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técnicas e meios associados a seres vivos, macro e microscópicos, que originem produtos úteis e
contribuam para a resolução de problemas.
Não devemos pensar, entretanto, que a biotecnologia é uma prática que exija o uso de computadores
e sequenciadores de DNA, muito pelo contrário, a humanidade utiliza seres vivos para vários processos
desde a Antiguidade. Podemos com isso traçar uma breve linha do tempo:
Antiguidade - Utilização de micro-organismos para a preparação de alimentos e bebidas.
Século XII - A destilação do álcool.
Século XVII - Cultivo de fungos na França.
Século XVIII - Jenner cria as premissas para as vacinas através da inoculação de um vírus em uma
criança.
1981 - Obtenção da primeira planta geneticamente modificada.
1997 - Nasce Dolly, a primeira ovelha clonada.
2003 - Iniciado o processo de clonagem de espécies de animais ameaçados de extinção.

Desta forma, temos que a inovação e o desenvolvimento de novos produtos é uma constante e está
presente em nosso dia a dia sem que percebamos. Assim, a biotecnologia busca, através de sua ação,
formas que possam contribuir para amenizar ou até mesmo resolver problemas causados pela ação
destruidora humana. Assim, há o desenvolvimento em relação à questão ambiental de micro-organismos
modificados para tratamento de águas contaminadas por esgoto, outros poluentes e, até mesmo,
petróleo. Em relação à agricultura, temos o desenvolvimento de plantas transgênicas que podem ser mais
nutritivas, que necessitem de menos agrotóxicos e que sejam mais resistentes às pragas, reduzindo o
uso de inseticidas.
Quanto à pecuária, temos a formação de embriões, o desenvolvimento de animais transgênicos e o
aprimoramento de vacinas e medicamentos de uso veterinário. Em relação à saúde humana, a aplicação
da biotecnologia é utilizada no desenvolvimento de novas vacinas, hormônios, medicamentos e
antibióticos. A biotecnologia é um assunto que atrai a atenção de simpatizantes e opositores em todo o
mundo, sendo que muitas vezes o enfrentamento entre grupos divergentes é inevitável. Devemos sempre
ter a consciência de que não é o instrumento em si que é negativo ou prejudicial e sim o uso ou destino
que damos a ele. A Biotecnologia está presente em várias áreas como agricultura, agroenergia, saúde,
indústria e em outras áreas.

Agricultura
A agricultura e a biotecnologia se aliaram para tornar o cultivo de plantas mais eficiente. Pragas,
doenças e problemas climáticos, por exemplo, sempre foram obstáculos à produção de alimentos. Porém,
a engenharia genética permitiu a criação de tecnologias que reduzem as perdas e aumentam a
produtividade das lavouras. Esta associação já permitiu o desenvolvimento de espécies vegetais
resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas. As variedades geneticamente modificadas (GM) ou
transgênicas proporcionam melhoria das práticas de cultivo e incremento na quantidade e na qualidade
dos produtos agrícolas, reforçando a renda dos produtores e favorecendo o crescimento econômico.
No caso das plantas transgênicas tolerantes a herbicidas ou resistentes a insetos, a vantagem é a
facilitação do manejo de plantas e insetos invasores, o que resulta na redução da quantidade de
aplicações de defensivos químicos. Já existem vegetais que apresentam estas duas características
reunidas e que representam uma alternativa eficiente para os agricultores. Além das vantagens
agronômicas, essas variedades favorecem a preservação da biodiversidade e diminuem a necessidade
de ampliação da área plantada, com diminuição nas perdas no campo.
Cientistas de todo o mundo trabalham também no desenvolvimento de plantas com características
complexas modificadas, cuja expressão envolve vários genes, a exemplo da tolerância ao estresse hídrico
(seca). O futuro também aponta para a criação de vegetais transgênicos, que contenham propriedades
nutricionais melhoradas ou que produzam medicamentos.

Alimentação
Estima-se que quase 100% de todos os alimentos processados contenham pelo menos um ingrediente
derivado de soja ou milho, duas das culturas para quais foram desenvolvidas mais variedades
transgênicas. Segundo o relatório do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em
Agrobiotecnologia (ISAAA), em 2013 foram plantados 175,3 milhões de hectares com GMs
(transgênicos). No Brasil, que ocupa o segundo lugar em área plantada com sementes provenientes da
biotecnologia, com 40,3 milhões de hectares, a taxa de adoção da soja e milho GM é de 92% e 90%
respectivamente. Há mais de 25 anos, bactérias, leveduras e fungos GM atuam diretamente nos
processos de fermentação, preservação e formação de sabor e aromas de muitas bebidas e alimentos
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do dia-a-dia, a exemplo de queijos, carnes embutidas, picles, pães, massas, cerveja, vinho, sucos e
adoçantes.
À medida que os cientistas fazem novas descobertas, outras características e variedades estão sendo
incluídas na lista de alimentos transgênicos. O Brasil, por exemplo, se destaca no cenário internacional
por ter aprovado a primeira variedade GM de feijão do mundo, desenvolvida inteiramente em uma
instituição pública de pesquisa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Esse feijão
é resistente ao vírus do mosaico dourado, causador de uma doença que prejudica seriamente a
produtividade das plantações dessa leguminosa.
Ao redor do mundo, há pesquisas com arroz, banana, beterraba, cana-de-açúcar, laranja, mamão,
mandioca e muitas outras plantas. O objetivo é expressar nessas espécies as mais diferentes
características a exemplo de outras resistências a insetos, fungos e vírus, tolerância a outros princípios
ativos e à seca, além de melhorias em suas composições nutricionais.

Transgênicos
Todo alimento geneticamente modificado só é liberado para consumo depois de passar por uma série
de testes que avaliam sua segurança para o meio ambiente e para a saúde humana e animal
Diversas organizações internacionais de renome apoiam a biotecnologia e os produtos derivados do
uso dessa técnica. Entre elas estão a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO/ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Academia de Ciências do Vaticano, a Agência
de Biotecnologia da Austrália e a Agência de Controle de Alimentos do Canadá. Cientistas de instituições
de pesquisa nacionais e internacionais já divulgaram relatórios técnicos apoiando a adoção de plantas
transgênicas na agricultura como uma forma de contribuir para o aumento sustentável da produção de
alimentos. Esses pareceres científicos separam o que é mito ideológico do que é verdade científica.

Agroenergia
A capacidade das reservas mundiais de petróleo em atender ao atual ritmo de crescimento e consumo
dos países desenvolvidos e em desenvolvimento é reduzida. Estima-se que em até 50 anos essas
reservas terão sido completamente exploradas. Esta é uma das razões que justificam a pesquisa na área
da produção de combustíveis originários de fontes renováveis de energia. Outra, não menos significativa,
é a preocupação mundial com a produção e o consumo sustentável de energia, em consonância com a
preservação da biodiversidade do planeta cientistas de todo o mundo estão buscando na biotecnologia
as alternativas para produzir óleos vegetais que substituam os combustíveis fósseis nos usos industriais,
na farmacologia e etc.
Nessa busca, o primeiro desafio com o qual os pesquisadores se deparam é entender por que
determinadas plantas produzem óleos que não são encontrados em outras espécies vegetais. Decifrar
este mistério, escondido no código genético, permitirá que os genes que expressam essa capacidade
sejam inseridos, por meio da engenharia genética, em outras plantas. Uma vez entendidos os pormenores
do mecanismo, estará aberto o caminho não apenas para a produção de óleos em plantas de fácil cultivo
– como a soja – mas também para o uso da mesma técnica focada no aumento da produção, por meio
de micro-organismos transgênicos, por exemplo. Logo, há um grande potencial para os óleos vegetais,
que são quimicamente semelhantes ao petróleo cru, tornarem-se matéria-prima para tintas,
revestimentos, plásticos, fármacos ou combustíveis.

Biocombustíveis
Os biocombustíveis representam cerca de 1% da matriz mundial de transportes. Os maiores
produtores são Estados Unidos, China e Alemanha. Os biocombustíveis que fazem parte da matriz
energética brasileira são originários da transformação do açúcar por micro-organismos.

Etanol
O etanol pode ser obtido a partir de diversas matérias-primas, sendo a cana-de-açúcar a mais eficiente.
Do total de energia contida nos açúcares na planta, aproximadamente um terço está no caldo e o restante
encontra-se dividido em partes quase iguais entre o bagaço e a palha. Este combustível também pode
ser conseguido por meio de plantas como o milho, o trigo, o sorgo e a mandioca, mas, para tanto, é
preciso que o amido resultante do processamento de tais matérias-primas seja “cozido” para que se
transforme em açúcares aproveitáveis por leveduras. Isso faz com que o processo seja mais longo, caro
e menos produtivo que o da cana.
Embora a soja, o girassol e a canola também sejam usados para essa finalidade, o rendimento é
menor. Vale destacar que apenas 2 por cento da área agrícola do Brasil são destinados à cultura da cana-

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de-açúcar para a produção de etanol, ou seja, não há conflito com a área agricultável para a produção de
alimentos.
A biotecnologia pode contribuir com o desenvolvimento de plantas de maior teor de biomassa em
detrimento do açúcar, o que aumenta a produtividade de etanol por área colhida. Desta maneira, a
modificação genética pode aumentar a eficiência da produção de etanol por meio da criação de
variedades de cana-de-açúcar transgênicas e também de leveduras geneticamente modificadas.

Outros Combustíveis
Plantas como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar podem ser usadas para a produção de etanol e
outros combustíveis. O butanol, por exemplo, é um álcool produzido com base na fermentação
desencadeada pela bactéria Clostridium acetobutylicum. O butanol apresenta vantagens e desvantagens
em relação ao etanol. Embora contenha mais energia por unidade de volume, sua octanagem
(capacidade do combustível em resistir a altas temperaturas sem sofrer detonação) é menor do que a do
etanol, o que reduz seu desempenho em motores à gasolina. O etanol, apesar de ser um bom substituto
para a gasolina, tem limitações no que se refere ao uso em veículos pesados. A alternativa entre os
biocombustíveis, para este caso, é o biodiesel, produzido com base em óleo e gorduras, em um processo
denominado transesterificação. O biodiesel não tem as mesmas características do combustível derivado
de petróleo. Contudo, já existe um método que produz um diesel renovável com características muito
similares ao de origem fóssil feito por meio da fermentação de açúcares, a exemplo do etanol.
Saúde
Os avanços científicos na área da biotecnologia estão ocorrendo não apenas na agropecuária, mas
também na medicina. Alguns desses progressos já estão incorporados ao cotidiano da maioria dos
brasileiros sem que ninguém se dê conta. Uma das primeiras aplicações comerciais da biotecnologia na
saúde é também uma das mais úteis: a produção da insulina humana por micro-organismos transgênicos
para o uso de diabéticos. Até a década de 80, esse hormônio era extraído de bois e porcos, e,
frequentemente, causava alergias. De lá pra cá, pessoas do mundo inteiro se beneficiam dessa
tecnologia, que tornou a insulina mais segura e aumentou a eficiência dos tratamentos. O hormônio do
crescimento e a vitamina C também são outros bons exemplos das inúmeras aplicações da transgenia
na saúde.

Indústria
Os micro-organismos têm sido melhorados geneticamente não apenas para a produção de alimentos
e remédios, como também para favorecer as indústrias de papel, têxtil, química, petrolífera, ambiental e
de mineração. No nosso dia-a-dia, convivemos com inúmeros produtos industriais fabricados por meio da
aplicação de micro-organismos transgênicos, como roupas e produtos de limpeza. No sabão em pó, por
exemplo, enzimas – produzidas por bactérias geneticamente modificadas – são usadas para degradar a
gordura dos tecidos e resistir às condições do processo de lavagem. Há alguns anos, era comum colocar
a calça jeans nova com pedras e ácido em máquinas para obter um efeito “desbotado” e aumentar a
maciez do tecido, num processo conhecido como stonewashing. Graças à biotecnologia, foram
desenvolvidos micro-organismos transgênicos capazes de dar ao jeans as mesmas características,
eliminando-se, assim, um processo altamente poluidor do meio ambiente.

Outras Áreas
A biotecnologia, além de aplicações na agricultura, nos processos industriais e na medicina, pode ser
aplicada também em animais, com diferentes finalidades. No Brasil, com o objetivo de erradicar a dengue
do País, mosquitos Aedes Aegypti transgênicos estão sendo usados no combate à doença. O inseto foi
geneticamente modificado para gerar uma prole que não sobrevive à fase de larva, morrendo antes de
atingir a vida adulta (momento em que pode transmitir doenças).
Os machos transgênicos se desenvolvem até a fase adulta e são levados até um local com alta
incidência da dengue, onde são liberados. Ali, competem com os machos não-GM pelas fêmeas e cruzam
com elas. Como sua prole não se desenvolverá, a próxima geração de mosquitos fica comprometida.
Uma parceria entre pesquisadores e instituições de pesquisa nacionais e internacionais estuda a genética
da aranha com o objetivo de isolar os genes responsáveis pela produção da teia do animal. A primeira
etapa do estudo consiste no isolamento dos genes de interesse desses aracnídeos e a segunda a
transferência desses genes para outros organismos que possam produzir os fios em quantidade
comercialmente viável. As proteínas que compõem os fios de aranha podem ser a chave para incrementar
diversos setores da indústria, como a têxtil, engenharia, segurança e médica.
Para o setor pesqueiro e de alimentos, uma novidade está sendo pesquisada na América do Norte. O
salmão, um dos peixes mais apreciados na gastronomia internacional, produz hormônio do crescimento
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apenas durante parte do ano. O peixe transgênico desenvolvido por cientistas foi geneticamente
modificado para produzir a substância durante todo o ano.
Por meio da introdução de um gene de outro animal, os pesquisadores conseguiram manter o gene
que produz o hormônio no salmão ativo, levando o peixe GM a atingir a fase adulta na metade do tempo
do não-GM. Estes são apenas alguns dos exemplos de como a biotecnologia pode ser multidisciplinar e
ter aplicações em diversas áreas. Com os avanços da ciência e da tecnologia, novas possibilidades serão
abertas e as pesquisas com organismos geneticamente modificados vão resultar em outros produtos para
a melhora da qualidade de vida das pessoas.

Questões

01. (UFSCAR). A borracha natural é um elastômero (polímero elástico), que é obtida do látex
coagulado da Hevea brasiliensis. Suas propriedades elásticas melhoram quando aquecida com enxofre,
processo inventado por Charles Goodyear, que recebe o nome de:
(A) ustulação
(B) vulcanização
(C) destilação
(D) sintetização
(E) galvanização
02. (UFU/MG). Polímeros são macromoléculas orgânicas construídas a partir de muitas unidades
pequenas que se repetem, chamadas monômeros. Indique a alternativa que apresenta somente
polímeros naturais.
(A) Celulose, plástico, poliestireno.
(B) Amido, proteína, celulose.
(C) Amido, náilon, polietileno.
(D) Plástico, PVC, teflon

03. As proteínas são essenciais para todos os seres vivos, uma vez que desempenham funções
extremamente importantes. Marque a alternativa que não indica uma função das proteínas:
(A) Armazenam as informações genéticas.
(B) Atuam como única substância de reserva energética.
(C) Participam na composição do exoesqueleto de artrópodes.
(D) Fazem parte da estrutura de todas as membranas celulares.

04. As proteínas são substâncias formadas pela união de uma grande quantidade de moléculas
denominadas:
(A) nucleotídeos.
(B) base nitrogenada.
(C) aminoácidos.
(D) glicídios.

05. (FUVEST/SP) Leia o texto a seguir, escrito por Jacob Berzelius, em 1828:
“Existem razões para supor que, nos animais e nas plantas, ocorrem milhares de processos catalíticos
nos líquidos do corpo e nos tecidos. Tudo indica que, no futuro, descobriremos que a capacidade de os
organismos vivos produzirem os mais variados tipos de compostos químicos reside no poder catalítico de
seus tecidos.”
A previsão de Berzelius estava correta, e hoje sabemos que o “poder catalítico” mencionado no texto
deve-se:
(A) aos ácidos nucleicos.
(B) aos carboidratos.
(C) aos lipídios.
(D) às proteínas.
(E) às vitaminas.

06. Plantas terrestres que ainda estão em fase de crescimento fixam grandes quantidades de CO2,
utilizando-o para formar novas moléculas orgânicas, e liberam grande quantidade de O2. No entanto, em
florestas maduras, cujas árvores já atingiram o equilíbrio, o consumo de O2 pela respiração tende a igualar
sua produção pela fotossíntese. A morte natural de árvores nessas florestas afeta temporariamente a

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concentração de O2 e de CO2 próximo à superfície do solo onde elas caíram. A concentração de O2
próximo ao solo, no local da queda, será:
(A) menor, pois haverá consumo de O2 durante a decomposição dessas árvores.
(B) maior, pois haverá economia de O2 pela ausência das árvores mortas.
(C) maior, pois haverá liberação de O2 durante a fotossíntese das árvores jovens.
(D) igual, pois haverá consumo e produção de O2 pelas árvores maduras restantes.
(E) menor, pois haverá redução de O2 pela falta da fotossíntese realizada pelas árvores mortas.

07. A formação frequente de grandes volumes de pirita (FeS2) em uma variedade de depósitos
minerais favorece a formação de soluções ácidas ferruginosas, conhecidas como “drenagem ácida de
minas”. Esse fenômeno tem sido bastante pesquisado pelos cientistas e representa uma grande
preocupação entre os impactos da mineração no ambiente. Em contato com oxigênio, a 25°C, a pirita
sofre reação, de acordo com a equação química:

Para corrigir os problemas ambientais causados por essa drenagem, a substância mais recomendada
a ser adicionada ao meio é o sulfeto de sódio
(A) Cloreto de amônio.
(B) Dióxido de enxofre.
(C) Dióxido de carbono.
(D) Carbonato de cálcio.

Gabarito

01.B / 02.B / 03.A / 04.C / 05.D / 06.A / 07.E

Comentários

01. Resposta: B
Na vulcanização a borracha é aquecida na presença de enxofre e agentes aceleradores e ativadores

02. Resposta: B
Todos estes podem ser encontrados em nossa alimentação.

03. Resposta: A
As proteínas não podem ser consideradas boas reservas energéticas. Essa atividade é atribuída
principalmente aos glicídios e lipídios.

04. Resposta: C
As proteínas são formadas por uma sequência de aminoácidos unidos por ligações peptídicas.

05. Resposta: D
O poder catalítico é consequência das proteínas, uma vez que as enzimas atuam como catalisadores
e são um tipo de proteína.

06. Resposta: A
Com a queda da árvore, na região próxima ao vegetal ocorrerá decomposição aeróbica, explicando o
fato da diminuição de O2 próximo ao solo.

07. Resposta: E
Os problemas ambientais são causados pelo H2SO4. Para corrigir este problema é recomendada a
utilização de um produto com características básicas. Reação de neutralização.
A substância mais indicada para este tratamento é o carbonato de cálcio, este composto não é uma
base e sim um sal, mas possui a propriedade de neutralização de acidez, como acontece nos solos ácidos
já que o produto também é utilizado para esta finalidade, o famoso calcário.

Reação:

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Relações da Química com as Tecnologias, a Sociedade e o Meio Ambiente

O MUNDO E SUAS TRANSFORMAÇÕES: HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA QUÍMICA

O princípio da química começa, segundo antropólogos, com o princípio do homem na Terra. A


descoberta do fogo teve uma grande importância. Desta maneira, o homem já conseguia cozinhar seus
alimentos e obtinha uma fonte de luz para aquecer e se proteger dos animais selvagens. A cozinha foi
então o primeiro laboratório de química, já que nela eram conservados os alimentos através do cozimento.
A história da química está diretamente ligada ao desenvolvimento do homem, a qual abrange todas as
transformações de matérias e as teorias correspondentes.
A ciência química surge no século XVII a partir dos estudos de muitos dos cientistas da época.
Considera-se que os princípios básicos da química se recolhem pela primeira vez na obra do cientista
britânico Robert Boyle: A química, como tal, começa a ser explorada um século mais tarde com os
trabalhos do francês Antoine Lavoisier e as suas descobertas em relação ao oxigênio, à lei da
conservação da massa e à refutação da teoria do flogisto como teoria da combustão.
Nesta época, se começou a estudar o comportamento e as propriedades dos gases, se estabelecendo
técnicas de medição. Pouco a pouco o conceito de elemento como uma substância elementar que não
podia ser descomposta em outra foi ganhando forma.
Por volta do século XVIII a química adquiriu definitivamente as características de uma ciência
experimental. Foram criados métodos de medição cuidadosos, os quais permitiram um melhor
conhecimento de alguns fenômenos, como o da combustão da matéria, descobrindo Antoine Lavoisier o
oxigênio e assentando finalmente os pilares fundamentais da química moderna.
Robert Boyle é considerado por muitos o iniciador da Química Moderna, em meados do século XVII.
No período da química moderna, Boyle conseguiu obter o fósforo branco a partir da urina (o fósforo já
tinha sido obtido por um alquimista que descrevera seu brilho e sua capacidade de inflamar). Foi a partir
de uma série de experimentos que Boyle conseguiu repetir o feito do alquimista e reconhecer o fósforo
como elemento.
Em decorrência da postura e dos procedimentos utilizados nas ciências, busca-se um aperfeiçoamento
constante. A química, como qualquer ciência moderna, procura explicações através da construção de
modelos para justificar fatos experimentais. Hoje, muitos cientistas consideram Lavoisier, que viveu no
século XVIII, o grande iniciador da química experimental.

A Importância da Química

A Ciência Química não é somente descoberta. É, também, e especialmente, criação e transformação.


Sem a atividade dos químicos de todas as épocas, algumas conquistas espetaculares jamais teriam
acontecido, como os avanços no tratamento de doenças, a exploração espacial e as maravilhas atuais
da tecnologia.
A Química presta uma contribuição essencial à humanidade com alimentos e medicamentos, com
roupas e moradia, com energia e matérias-primas, com transportes e comunicações. Fornece, ainda,
materiais para a Física e para a indústria, modelos e substratos à Biologia e Farmacologia, propriedades
e procedimentos para outras ciências e tecnologias.
Um mundo sem a ciência Química seria um mundo sem materiais sintéticos, e isso significa sem
telefones, sem computadores e sem cinema. Seria também um mundo sem aspirina ou detergentes,
shampoo ou pasta de dente, sem cosméticos, contraceptivos, ou papel - e, assim, sem jornal ou livros,
colas ou tintas. Enfim, sem o desenvolvimento proporcionado pela ciência Química, a vida, hoje, seria
chata, curta e dolorida!
Destaque-se, ainda, que a Química ajuda os historiadores da arte a investigar os segredos por detrás
de pinturas e esculturas em museus, ajuda os peritos forenses a analisar as amostras colhidas em uma
cena de crime e rapidamente rastrear os autores, bem como revelar a base molecular de pratos que
encantam as nossas papilas gustativas.
Muitas pessoas conhecem a Química como ciência e sabem que ela é extremamente importante para
a vida no nosso planeta, se os reagentes e produtos químicos não existissem seria muito difícil existir
vida na Terra ou em qualquer outro lugar do universo, para ser mais preciso, nem mesmo o nosso sistema
solar existiria, o sol também não existiria, visto que nele ocorre a cada segundo, milhões de reações de
fusão nuclear que na verdade também é reação química.
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Reação química é toda reação entre dois produtos dando origem a um produto diferente dos iniciais,
se isso ocorrer então ocorreu reação química, sendo assim pode-se perceber que a química está no dia-
a-dia das pessoas mais do que elas imaginam, pois quando ela acorda, pela manhã, o seu organismo irá
realizar inúmeras reações químicas, sem mesmo a pessoa saber ou querer, só para ilustrar o sulco nasal
ou o que fica nos olhos é um produto de reações químicas que ocorreram durante a noite ou durante o
dia no organismo da pessoa. Essa pessoa então levanta e se dirige em direção ao banheiro, para essa
pessoa chegar até o banheiro ela necessitou de energia para realizar um trabalho e de onde veio essa
energia? Chegando no banheiro a pessoa abre a torneira que geralmente é de algum metal ou até mesmo
de plástico que são também química.
Deu para notar que a química está no dia a dia de qualquer pessoa, quer ela queira ou não, se a
pessoa morre, ela geralmente será enterrada ou cremada, se ela for cremada seu corpo entrara em
combustão, que nada mais é que uma reação química muito comum, na química, por um outro lado se a
pessoa preferir ser enterrada, ela sofrerá mais reações químicas do que se fosso queimada, pois o corpo
humano é matéria orgânica, ou seja, serve também de alimento para outros seres vivos, sendo assim
nem mesmo morto uma pessoa estará livre da química, porém uma pessoa fala que se ela então fosse
para a Lua, ela não estaria tão dependente da química como está aqui. Erro crucial dessa pessoa, pois
se ela for para a Lua aí sim que ela dependerá mais da química, isso de forma muito mais racional, pois
lá não existe atmosfera, que é uma concentração de gases que de certa forma protege o nosso planeta,
então essa pessoa necessitaria de tubos de oxigênio, sem falar nas roupas que ela estaria sujeita e
obrigada a usar.
Sendo assim dá para perceber que a química está em quase tudo que se vê e até em muitas coisas
que não dá para ser vistas, ou seja, a Química está não só em nosso planeta, mas sim em todo o universo.
O grande desenvolvimento do nosso planeta em diversas áreas, é devido principalmente ao
desenvolvimento e utilização da química que é hoje uma ciência nova, mas de importância fundamental
para o desenvolvimento, proteção e até mesmo destruição de nosso planeta.
Alguns países já utiliza as reações químicas para provocar morte e destruição, um exemplo da
utilização errada desta ciência, foi a utilização da bomba atômica que caiu sobre duas cidades japonesas,
durante a Segunda guerra mundial. Algumas pessoas falam que a bomba atômica é uma coisa que a
Física estuda, sim isso é verdadeiro, mas a química também estuda e estuda pelo lado químico da coisa,
que seria as reações que ocorrem dentro e também as possíveis reações que pode provocar um impacto
deste tamanho em uma cidade, em uma pessoa.
O meio ambiente também está nas "mãos" da Química, visto que é os inúmeros produtos químicos
que poluem os rios, lagos, florestas, e cidades do nosso planeta, mas também é desta ciência que vem
a ajuda, ou seja, a solução para muitos desses problemas com poluição e degradação do meio ambiente.
A Química é uma ciência nova, entretanto tem grande responsabilidade sobre o nosso mundo, pois
será dela que poderá sair a solução para muitos dos problemas enfrentados por todos. O profissional
nessa área também terá grande responsabilidade e será necessário a maior valorização dele, pois em
muitos países ele é tratado como um doido que detém de conhecimentos estranhos que podem prejudicar
as pessoas, por isso é tratado com 'cuidado' e receio pelas pessoas do povo.
Na verdade o profissional da Química é uma pessoa normal, que faz as mesmas coisas das outras
pessoas e vive normalmente em sociedade, e passa despercebido em um grande conjunto de pessoas.
A química, na verdade, é tudo que existe e se vê e o que não se vê também, logo a química é sua
vida, você vive pela química e da química.

Primeiros Avanços da Química

O princípio do domínio da química (que para alguns antropólogos coincide com o princípio do homem
moderno) é o domínio do fogo. Há indícios de que faz mais de 500.000 anos, em tempos do Homo erectus,
algumas tribos conseguiram este sucesso que ainda hoje é uma das tecnologias mais importantes. Não
só dava luz e calor na noite, como ajudava a proteger-se contra os animais selvagens. Também permitia
a preparação de comida cozida. Esta continha menos micro-organismos patogênicos e era mais
facilmente digerida. Assim, baixava-se a mortalidade e melhoravam as condições gerais de vida. O fogo
também permitia conservar melhor a comida e especialmente a carne e os peixes secando-os e
defumando-os.
Desde este momento teve uma relação intensa entre as cozinhas e os primeiros laboratórios químicos
até o ponto que a pólvora negra foi descoberta por uns cozinheiros chineses. Finalmente, foram
imprescindíveis para o futuro desenvolvimento da metalurgia materiais como a cerâmica e o vidro, além
da maioria dos processos químicos.

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A metalurgia
A metalurgia como um dos principais processos de transformação utilizados até hoje começou com o
descobrimento do cobre. Ainda que exista na natureza como Elemento químico, a maior parte acha-se
em forma de minerais como a calcopirita, a azurita ou a malaquita.
Especialmente as últimas são facilmente reduzidas ao metal. Supõe-se que algumas joias fabricadas
de algum destes minerais e caídas acidentalmente ao fogo levaram ao desenvolvimento dos processos
correspondentes para obter o metal.
Depois, por experimentação ou como resultado de misturas acidentais se descobriu que as
propriedades mecânicas do cobre podiam-se melhorar em suas ligas de metais. Especial sucesso teve a
liga de metais do cobre com o estanho e traças de outros elementos como o arsênico — liga conhecida
como bronze — que se conseguiu de forma aparentemente independente no Oriente Próximo e na China,
desde onde se estendeu por quase todo o mundo e que deu o nome à Idade do Bronze. Umas das minas
de estanho mais importantes da Antiguidade se achavam nas Ilhas Britânicas. Originalmente o comércio
foi dominado pelos Fenícios.
Depois, o controle deste importante recurso provavelmente fora a razão da invasão romana na Britânia.
Os Hititas foram um dos primeiros povos a obter o ferro a partir dos seus minerais. Este processo é muito
mais complicado já que requer temperaturas mais elevadas e, portanto, a construção de fornos especiais.
No entanto, o metal obtido assim era de baixa qualidade com um elevado conteúdo em carbono, tendo
que ser melhorado em diversos processos de purificação e, posteriormente, ser forjado.
A humanidade demorou séculos para desenvolver os processos atuais de obtenção de aço
(geralmente por oxidação das impurezas insuflando oxigênio ou ar no metal fundido, processo conhecido
com o nome de “processo de Bessemer“).
O seu domínio foi um dos pilares da Revolução Industrial. Outra meta metalúrgica foi a obtenção do
alumínio. Descoberto a princípios do século XIX e, no princípio, obtido por redução dos seus sais com
metais alcalinos, destacou-se pela sua rapidez. O seu preço superou o do ouro e era tão apreciado que
uns talheres presenteados à corte francesa foram fabricados neste metal. Com o descobrimento da
síntese por eletrólise e posteriormente o desenvolvimento dos geradores eléctricos, o seu preço caiu,
abrindo-se novo.

A cerâmica
Outro campo de desenvolvimento que acompanhou o homem desde a Antiguidade até o laboratório
moderno é a cerâmica. Suas origens datam da pré-história, quando o homem descobriu que os recipientes
feitos de argila mudavam as suas características mecânicas e incrementavam sua resistência frente à
água se eram esquentados no fogo.
Para controlar melhor o processo desenvolveram-se diferentes tipos de fornos. No Egito descobriu-se
que, recobrindo a superfície com misturas de determinados minerais (sobretudo misturas baseadas no
feldspato e a galena, esta se cobria com uma capa muito dura e brilhante, o esmalte, cuja cor podia variar
livremente adicionando pequenas quantidades de outros minerais e/ou condições de aeração no forno).
Estas tecnologias difundiram-se rapidamente.
Na China aperfeiçoaram-se as tecnologias de fabricação das cerâmicas até descobrir a porcelana no
século VII. Somente no século XVIII foi que Johann Friedrich Böttger reinventou o processo na Europa.
Relacionado com o desenvolvimento da cerâmica está o desenvolvimento do vidro a partir do quartzo e
do carbonato de sódio ou de potássio. O seu desenvolvimento igualmente começou no Antigo Egito e foi
aperfeiçoado pelos romanos.
A sua produção em massa no final do século XVIII obrigou ao governo francês a promover um concurso
para a obtenção do carbonato sódico, já que com a fonte habitual – as cinzas da madeira – não se
obtinham em quantidades suficientes como para cobrir a crescente demanda.
O ganhador foi Nicolas Leblanc, ainda que seu processo caiu em desuso devido ao processo de
Solvay, desenvolvido meio século mais tarde, que deu um forte impulso ao desenvolvimento da indústria
química. Sobretudo as necessidades da indústria óptica de vidro de alta qualidade levaram ao
desenvolvimento de vidros especiais com adicionados de boratos, aluminosilicatos, fosfatos etc.
Assim conseguiram-se vidros com constantes de expansão térmica especialmente baixas, índices de
refracção muito elevados ou muito pequenos, etc. Este desenvolvimento impulsionou, por exemplo, a
química dos elementos das terras-raras. Ainda hoje a cerâmica e o vidro são campos abertos à
investigação.

A química como ciência


O filósofo grego Aristóteles acreditava que as substâncias eram formadas por quatro elementos: terra,
vento, água e fogo. Paralelamente, discorria outra teoria, o atomismo, que postulava que a matéria era
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formada por átomos, partículas indivisíveis que se podiam considerar a unidade mínima da matéria. Esta
teoria, proposta pelo filósofo grego Demócrito de Abdera não foi popular na cultura ocidental dado o peso
das obras de Aristóteles na Europa.
No entanto, tinha seguidores (entre eles Lucrécio) e a idéia ficou presente até o princípio da Idade
Moderna. Entre os séculos III a.C. e o século XVI d.C a química estava dominada pela alquimia. O objetivo
de investigação mais conhecido da alquimia era a procura da pedra filosofal, um método hipotético capaz
de transformar os metais em ouro. Na investigação alquímica desenvolveram-se novos produtos químicos
e métodos para a separação de elementos químicos.
Deste modo foram-se assentando os pilares básicos para o desenvolvimento de uma futura química
experimental. A química, como é concebida atualmente, começa a desenvolver-se entre os séculos XVI
e XVII. Nesta época estudou-se o comportamento e propriedades dos gases estabelecendo-se técnicas
de medição. Pouco a pouco foi-se desenvolvendo e refinando o conceito de elemento como uma
substância elementar que não podia ser descomposto em outras. Também esta época desenvolveu-se a
teoria do flogisto para explicar os processos de combustão. Por volta do século XVIII a química adquire
definitivamente as características de uma ciência experimental.
Desenvolvem-se métodos de medição cuidadosos que permitem um melhor conhecimento de alguns
fenômenos, como o da combustão da matéria, Antoine Lavoisier, o responsável por perceber a presença
do carbono nos seres vivos e a complexidade de suas ligações em relação aos compostos inorgânicos;
e assentando finalmente os pilares fundamentais da química moderna.

O vitalismo e o começo da química orgânica


Tão cedo se compreendessem os princípios da combustão, outro debate de grande importância
apoderou-se da química: o vitalismo e a distinção essencial entre a matéria orgânica e inorgânica. Esta
teoria assumia que a matéria orgânica só podia ser produzida pelos seres vivos atribuindo este facto a
uma vis vitalis (força ou energia vital) inerente na própria vida. A base desta teoria era a dificuldade de
obter matéria orgânica a partir de precursores inorgânicos.
Este debate foi revolucionado quando Friedrich Wöhler descobriu acidentalmente como se podia
sintetizar a ureia a partir do cianato de amônio, em 1828, mostrando que a matéria orgânica podia criar-
se de maneira química. No entanto, ainda hoje se mantém a classificação em química orgânica e
inorgânica, ocupando-se a primeira essencialmente dos compostos do carbono e a segunda dos
compostos dos demais elementos. Os motores para o desenvolvimento da química orgânica eram, no
princípio, a curiosidade sobre os produtos presentes nos seres vivos (provavelmente com a esperança
de encontrar novos fármacos) e a síntese dos corantes ou tinturas.
A última surgiu depois da descoberta da anilina por Runge e a primeira síntese de um corante artificial
por Perkin. Depois adicionaram-se os novos materiais como os plásticos, os adesivos, os cristais líquidos,
os fitossanitários, etc. Até à Segunda Guerra Mundial a principal matéria-prima da indústria química
orgânica era o carvão, dada a grande importância da Europa no desenvolvimento desta parte da ciência
e o facto de que em Europa não há grandes jazigos de alternativas como o petróleo. Com o final da
segunda guerra mundial e o crescente peso dos Estados Unidos no sector químico, a química orgânica
clássica se converte cada vez mais na petroquímica que conhecemos hoje. Uma das principais razões
era a maior facilidade de transformação e a grande variedade de produtos derivados do petróleo.
A tabela periódica e a descoberta dos elementos químicos
Em 1860, os cientistas já tinham descoberto mais de 60 elementos químicos diferentes e tinham
determinado sua massa atômica. Notaram que alguns elementos tinham propriedades químicas similares
pelo que deram um nome a cada grupo de elementos parecidos. Em 1829, o químico J. W. Döbenreiner
organizou um sistema de classificação de elementos no qual estes agrupavam-se em grupos de três
denominados tríades. As propriedades químicas dos elementos de uma tríade eram similares e suas
propriedades físicas variavam de maneira ordenada com sua massa atômica.
Alguns anos mais tarde, o químico russo Dmitri Ivanovich Mendeleyev desenvolveu uma tabela
periódica dos elementos segundo a ordem crescente das suas massas atômicas. Dispôs os elementos
em colunas verticais começando pelos mais levianos e, quando chegava a um elemento que tinha
propriedades semelhantes às de outro elemento, começava outra coluna. Em pouco tempo Mendeleiev
aperfeiçoou a sua tabela acomodando os elementos em filas horizontais. O seu sistema permitiu-lhe
predizer com bastante exatidão as propriedades de elementos não descobertos até o momento. A grande
semelhança do germânio com o elemento previsto por Mendeleyev conseguiu finalmente a aceitação
geral deste sistema de ordenação que ainda hoje segue-se aplicando.

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Química e Ambiente

Sabe-se que durante toda a existência da Terra ocorrem diversas reações químicas naturais e
antrópicas, ou seja, causadas por meio de intervenção humana. Estes fenômenos podem acarretar em
diversos resultados, muitos deles prejudiciais, como: poluição do ar, água e solo, o aquecimento global,
a modificação da camada de ozônio e outros processos que modificam o ciclo natural do meio ambiente.
Contudo, erroneamente pensamos que a química é uma vilã e que seus processos trazem apenas
malefícios para o meio ambiente e para população, mas algumas interferências químicas são
responsáveis por grandes avanços que auxiliam no equilíbrio e melhoria da vida do planeta e de todas as
espécies que aqui vivem. Por isso, investir na boa relação entre a química e o meio ambiente é importante.
Na verdade alguns produtos sintéticos contribuem e muito com os problemas ambientais, como a
poluição, seja do ar, da água ou do solo. O que passa despercebido é que para resolver a maioria dos
problemas ambientais das décadas e séculos passados, como por exemplo, a contaminação da água
potável, foram aplicados métodos da ciência em geral e da química em particular. O aumento fenomenal
na expectativa de vida humana e na qualidade material da mesma, acontecido nas últimas décadas, é
devido, e muito, aos produtos químicos e à química. É verdade que os subprodutos das substâncias
usadas para melhorar nossa saúde e padrão de vida, em alguns casos, retornam a nós desagradando a
nossa saúde, dos animais e das plantas.
A indústria química investe em diversas pesquisas e ensaios que visam transformar os recursos
naturais para o consumo humano sem que este processo altere a qualidade e o meio ambiente.
O grande desafio da química é aumentar a utilidade dos recursos não renováveis e produzir recursos
biodegradáveis que possam minimizar a exploração e impactos ao meio ambiente. Hoje a expectativa de
vida, o saneamento ambiental, a bioquímica, a desinfecção de água e o aumento da produtividade em
campos, são bons exemplos de como a química pode interferir de maneira benéfica e precisa para o meio
ambiente e os seres vivos.
Fortalecer e criar incentivos para o desenvolvimento da ciência química é fundamental para a
perpetuação de diversas espécies do planeta, bem como de seus recursos, sejam eles renováveis ou
não. Somente com métodos químicos mais sustentáveis que conseguiremos estabelecer harmonia entre
os aspectos econômicos, sociais e naturais do planeta
É fundamental o fortalecimento da ciência química através da pesquisa e desenvolvimento para nos
permitir manter uma vida confortável em harmonia com o ambiente e a natureza. Isto representa o maior
desafio de todas as disciplinas da ciência moderna, e muito em especial as que têm efeito no ambiente –
a integração da tecnologia, da natureza e dos seres humanos. E deve ser utilizada para propagar a ação
humana na natureza, fornecendo subsídios para uma educação ambiental, de preservação do meio
ambiente, através da construção de um modo de vida sustentável.

Química na Agricultura e na Saúde

Na agricultura, a química é importante pois permite produzir adubos (fertilizante) que enriquece o solo
(geralmente com azoto, fósforo, potássio, enxofre, cálcio e magnésio) e pesticidas (antigamente
produzidos com chumbo, mercúrio e arsénico, materiais altamente tóxicos) que permitem, por um lado o
crescimento da planta/cereal rápido devido ao adubo, e, por outro lado, o crescimento saudável, sem as
pestes de insetos que destroem as plantações e culturas. Com o desenvolvimento do conhecimento
técnico-científico nossa sociedade foi optando por consumir produtos cada vez mais dependentes das
novas tecnologias. A produção orgânica não é uma atividade simples e fácil de ser desenvolvida como a
princípio se pressupõe, também exige conhecimento e tecnologia, além da mão de obra mais intensiva,
em busca de uma economia verde, talvez seja uma das atividades que tem maior potencial de geração
de renda.
A agricultura orgânica pode ser um caminho a ser percorrido para a busca da sobrevivência harmônica
do ser humano com o seu planeta. Hoje, o termo agricultura orgânica possui uma conotação nova e mais
abrangente. Nesta condição, a expressão agricultura orgânica abrange todas as demais definições que
atentem para o problema de desenvolver a agricultura de forma economicamente viável, social justa e
ambiental correta.
É através de produtos químicos que se fertiliza a terra, conservando e aumentando o seu potencial
produtivo. A reposição de elementos como o nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, entre outros, retirados
pela ação de chuvas, ventos, queimadas e constantes colheitas, é fundamental para manter a
produtividade da terra. Sem os fertilizantes químicos, áreas esgotadas ou impróprias à agricultura teriam
sido abandonadas, com consequente queda na produção de alimentos. Mais: novas áreas agrícolas
teriam de ser abertas, reduzindo as reservas de matas e florestas. Também os defensivos químicos têm
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um importante papel nessa tarefa. Com eles, o agricultor garante a qualidade dos alimentos, a
produtividade das plantações e evita a disseminação de doenças.
Na saúde, a Química está profundamente relacionada com a área da saúde e Medicina, pois a química
permite estudar os tecidos (órgãos e pele), estruturas (ossos) e líquidos internos (Sangue, bílis, suco
pancreático, morfinas…) e do ponto de vista da sua composição e funcionamento, interligando‐se assim
com a Biologia (formando assim a bioquímica), para achar curas para doenças atualmente incuráveis,
como por exemplo, a mortífera doença sexualmente transmissível da SIDA (Síndrome de
Imunodeficiência Adquirida), tendo em conta os conhecimentos em termos da química do nosso corpo
assim como a biologia humana.
A Química é também utilizada na concessão de medicamentos e vacinas, que nos permite combater
as doenças e epidemias, como é o caso da lepra, da malária, etc. Tem tido uma participação essencial
na melhoria da Saúde Humana ao longo dos tempos, mesmo quando a sua presença não é perceptível.
Ela participa nas diversas fases da Saúde, desde a prevenção (desde a simples desinfecção e limpeza),
ao diagnóstico, à manutenção e ao tratamento das diversas patologias, com o uso de fármacos. Hoje a
Química está presente na área da Saúde, em cada comprimido tomado, em cada colher de xarope
engolida, em cada injeção administrada. Está presente na prevenção, na identificação e no tratamento
das mais diversas patologias. A Química (juntamente com diversas ciências) continua a ser a esperança
e o caminho para os diversos desafios que as atuais ou as novas patologias apresentam. A obtenção de
novos medicamentos ou de novos meios de diagnóstico passou da simples “tentativa e erro” para uma
ciência que, com a participação da Química, os desenha, os desenvolve e os produz. Hoje, a Química
continua a ser a grande fonte dos medicamentos e a dar um contributo único para a Saúde e a qualidade
de vida do Homem; mesmo que seja numa simples Aspirina, preparada pela primeira vez, por Felix
Hoffmann, há mais de 100 anos.
A química está presente em praticamente todos os medicamentos modernos, sem ela, os cientistas
não poderiam sintetizar novas moléculas, que curam doenças e fortalecem a saúde humana. Mas a
aplicação da química vai além dos medicamentos, pois, ela cerca o homem de outros cuidados que
prolongam e protegem a vida.
Fornecedor de uma quantidade fantástica de produtos básicos para outras indústrias, o setor químico
também desenvolveu matérias-primas específicas para a medicina. Válvulas cardíacas, próteses
anatômicas, seringas descartáveis, luvas cirúrgicas, recipientes para soro, tubos flexíveis e atóxicos e
embalagens para coleta e armazenamento de sangue são apenas alguns dos exemplos dos produtos de
origem química que revolucionaram a medicina. Hospitais, clínicas, laboratórios, enfermarias e unidades
de terapia intensiva têm na química uma parceira indispensável. Os modernos equipamentos utilizados
em cirurgias ou diagnósticos foram fabricados com matérias-primas químicas. Avançados desinfetantes
combatem o risco de infecções. Reagentes aceleram o resultado de exames laboratoriais.

Química no Cotidiano

A Química está presente em inúmeras situações de nossas vidas. No entanto, muitas pessoas têm
dificuldade em relacionar a teoria estudada com as aplicações práticas do conteúdo em nosso cotidiano.
A água que é um elemento essencial à vida só torna-se potável através de muitos processos químicos, que
tratam a água imprópria para o consumo garantindo o abastecimento à população.
O nosso corpo, por exemplo, é formado por diversas substâncias em constante transformação que
possibilitam o ser humano continuar vivo. Sem essas reações não haveria vida. Ao consumirmos alimentos,
água, entre outros, o nosso sistema digestivo produz substâncias químicas capazes de transformar esses
materiais ingeridos em nutrientes necessários para diversas funções do organismo, como produção de energia,
manutenção dos órgãos, tecidos, ossos, etc. Em todas as ações comandadas pelo nosso cérebro, como por
exemplo, nossas emoções, o que ocorre é química.
Uma árvore, quando é exposta à luz do sol, começa o processo da fotossíntese, que é a absorção da energia
luminosa e sua transformação em energia, indispensável para a vida das plantas. A fotossíntese é de extrema
importância para a manutenção do equilíbrio biológico nos diversos ecossistemas de nosso planeta. Tudo que
ocorre durante este processo é química. A equação da fotossíntese pode ser representada da seguinte
maneira:
6 CO2 + 6 H2O → C6H12O6 + 6 O6

Outros exemplos que provam como a química está presente em nosso cotidiano são:
Nos alimentos: os alimentos naturais precisam dos produtos químicos que fertilizam a terra para sua
produção. Os pesticidas também são de grande importância na tarefa de garantir a qualidade dos alimentos,
pois sua ação combate as pragas impedindo a disseminação de doenças e destruição das plantações.
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No vestuário: a maioria das roupas que usamos apresenta fios artificiais (náilon, poliéster) misturados a
fibras naturais (algodão, lã). Na saúde: o desenvolvimento da indústria farmacêutica e da medicina fortalece a
saúde humana, aumentando a expectativa de vida do homem.
No desenvolvimento econômico e tecnológico: a indústria química transforma elementos presentes na
natureza em produtos úteis ao homem. Desde a fabricação de bens como computadores e automóveis até
itens como plásticos, vidros, papel e tintas são resultados de transformações químicas. Muitas substâncias
químicas são comuns no nosso dia a dia, por exemplo:
• Acetona (propanona)
• Sal de cozinha (cloreto de sódio)
• Água oxigenada (peróxido de hidrogênio)
• Álcool (etanol)
• Formol (metanal)
• Soda cáustica (hidróxido de sódio)
• Ácido acético (componente do vinagre)
Dessa maneira, percebe-se que as atividades simples que exercemos como, tomar banho, lavar os
cabelos, escovar os dentes, e até passar desodorante, andar de carro, entre muitas outras coisas
envolvem a química.

Química nos Alimentos

A Química presente nos alimentos que nós consumimos e ingerimos todos os dias, é composta por
átomos, moléculas e íons. Sejam eles naturais ou artificiais, estão compreendidos no conceito “química
alimentar”.
É um campo do conhecimento no qual é estudada química do processamento de alimentos e as
interações de todos os componentes químicos não químicos destes. Ela se baseia nos princípios da
físico-química, química orgânica, química analítica e bioquímica, enfatizando os conceitos químicos
necessários para estabelecer as relações entre composição química e as propriedades funcionais,
nutricionais e organolépticas de um alimento.
Os alimentos que ingerimos habitualmente contêm componentes que os seres vivos utilizam para
realizarem as funções vitais, nutrientes. O nutriente é, portanto, uma substância ou constituinte alimentar
que é absorvido e utilizado pelo organismo para manutenção da vida. A química está presente em nossa
alimentação e por essa razão se torna importante o estudo das substâncias que ingerimos diariamente.
Além disso, os alimentos que fazem bem à saúde, como frutas, legumes e verduras, possuem
compostos químicos naturais que auxiliam no funcionamento do organismo em diversos aspectos.
Assim, conhecer a Química dos alimentos pode nos ajudar a adquirir uma dieta mais saudável, a ser
mais seletivos com os alimentos que ingerimos e evitar riscos à nossa saúde e à de nossa família.
Carboidratos, proteínas, óleos, gorduras, são os nossos macronutrientes, o nosso e são necessários
para mantermos a energia que necessitamos no nosso dia-a-dia. Mas nossas necessidades diárias
dependem de outras coisas também, as vitaminas e os minerais, um conjunto que podemos chamar de
micronutrientes: necessitamos só de um pouquinho – 1 g de vitamina C por dia, por exemplo – para
mantermos o corpo saudável.
Hoje a população consome mais alimentos industrializados e poucos legumes e verduras. Muitos
destes produtos industrializados contêm baixíssimo valor nutritivo e podem até, a longo prazo, trazer
sérios prejuízos à saúde.
Por esses e por outros motivos é importante conhecer o processo de industrialização por trás da
produção desses alimentos. Isso envolve conhecer seus componentes químicos sintetizados em
laboratório e o efeito destes para o organismo.
Há necessidade comercial de se adicionar corantes que devolvam a cor ou confiram ao produto o
colorido esperado. Para o consumidor, a ausência de cor está associado a deterioração ou má qualidade,
embora isso nem sempre seja verdade. Entre os naturais inclui-se o alçarão, a beterraba e a páprica,
utilizados em balas, gelatinas e etc. Entre os artificiais estão os sintéticos á base de anilinas,
provavelmente os mais usados na indústria de alimentos.
Existem ainda, os aditivos, que são substâncias adicionadas aos alimentos para torna-los mais
aprazíveis, palatáveis, ou mais nutritivos, ou ainda, pela facilidade de fabricação e longevidade da
estocagem. "
Segue abaixo, alguns tipos de aditivos e suas aplicações:

1. Corante: a substância que confere ou intensifica a cor dos alimentos.

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2. Flavorizante: a substância que confere ou intensifica o sabor e o aroma dos alimentos e
aromatizante a substância que confere ou intensifica o aroma dos alimentos.
3. Conservador ou Conservantes: a substância que impede ou retarda a alteração dos alimentos
provocado por micro-organismos ou enzimas.
4. Antioxidante: a substância que retarda o aparecimento de alteração oxidativa nos alimentos.
5. Estabilizante ou Emulsificantes: a substância que favorece e mantém as características físicas
das emulsões e suspensões.
6. Espumífero e antiespumífero: a substância que modifica a tensão superficial dos alimentos
líquidos.
7. Espessante: a substância capaz de aumentar nos alimentos a viscosidade de soluções emulsões
e suspensões.
8. Edulcorante: a substância orgânica artificial, não glicídio, capaz de conferir sabor doce aos
alimentos.
9. Umectante: a substância capaz de evitar a perda da umidade dos alimentos, manter alimento
úmido.
10. Antiumectante: a substância capaz de reduzir as características higroscópicas dos alimentos,
reduzir a umidade.
11. Acidulante: a substância capaz de comunicar ou intensificar o gosto acídulo dos alimentos.
Com o desenvolvimento da tecnologia e a necessidade cada vez maior das pessoas trabalharem fora
de casa, a rotina doméstica precisou ser adequada as necessidades. E com isso, os alimentos
industrializados começaram a ser consumidos cada vez mais, tornando-se necessário uma modificação
na sua composição, porém quando consumidos em grandes quantidades podem ocasionar doenças.

Para aprimorar conhecimentos, existem as subdivisões da química:

Físico-química: A físico-química é a disciplina que estuda as propriedades físicas e químicas da


matéria, através da combinação de duas ciências: a física (onde se destacam áreas como a
termodinâmica e a mecânica quântica) e a química. Suas funções variam desde interpretações das
escalas moleculares até observações de fenômenos macroscópicos.
Normalmente mudanças de temperatura, pressão, volume, calor, e trabalho de sistemas nos estados
sólidos, líquidos e gasosos estão relacionados até com microscópios atômicos e interações moleculares.
A Físico-química moderna é firmemente presa sobre a Física. Importantes áreas de estudo incluem
termoquímica, cinética química, química quântica, mecânica estatística e química elétrica. A Físico-
química também é fundamental para a ciência dos materiais
Química inorgânica: É o ramo da química que trata das propriedades e das reações dos compostos
inorgânicos. Neste é incluída a geoquímica
Química orgânica: É a ciência da estrutura, das propriedades, da composição e das reações químicas
dos compostos orgânicos que, em princípio, são os compostos cujo elemento principal é o carbono. O
limite entre a química orgânica e a química inorgânica, que segue, não é sempre nítido; por exemplo, o
óxido de carbono (CO) e o anidrido carbônico (CO2) não fazem parte da química orgânica.
Bioquímica: É o estudo dos compostos químicos, das reações químicas e das interações químicas
que acontecem com os organismos vivos.
Química analítica: É o estudo de amostras de material para conhecer a sua composição química e
sua estrutura.
Química nuclear: É o estudo dos fenômenos materiais e energéticos que aparecem no nível do núcleo
dos átomos.
Química dos polímeros: Alguns elementos como o carbono e o silício têm a propriedade de poder
formar cadeias repetindo numerosas vezes a mesma estrutura. Estas macromoléculas têm propriedades
químicas e físicas exploradas pela indústria.

A indústria química inclui as indústrias que têm a ver com a produção de petroquímicos, agroquímicos,
produtos farmacêuticos, polímeros, tintas, etc. São utilizados processos químicos, incluindo reações
químicas, para formar novas substâncias, separações baseadas em propriedades tais como a
solubilidade ou a carga iônica, e destilações, além de transformações por aquecimento ou por outros
métodos.
As indústrias químicas envolvem o processamento ou alteração de matérias-primas obtidas por
mineração e agricultura, entre outras fontes de abastecimento, formando matérias e substâncias com
utilidade imediata ou que são necessários para outras indústrias. As indústrias de processamento de
alimentos não são, em geral, incluídas no termo "indústria química".
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Benefícios e malefícios
É impossível imaginarmos um mundo privado de combustíveis, medicamentos, fertilizantes,
pigmentos, alimentos, plásticos etc., produtos fabricados em indústria química.
Os problemas que podem surgir dependem da forma de produção e aplicação desses produtos, e o
homem, como usuário, deve estar consciente de seus atos.
Como exemplo, é bom observar a energia Nuclear. Passados 43 anos desde a construção do primeiro
reator nuclear na Inglaterra, em certos países, as usinas nucleares são o principal provedor de
eletricidade. Na França, 80% da energia vêm delas. Ainda que o risco de acidentes seja pequeno, basta
que um ocorra para gerar efeitos que se espalham rapidamente.

Questões

01. O processo de industrialização tem gerado sérios problemas de ordem ambiental, econômica e
social, entre os quais se pode citar a chuva ácida. Os ácidos usualmente presentes em maiores
proporções na água da chuva são o H2CO3, formado pela reação do CO2 atmosférico com a água, o
HNO3, o HNO2, o H2SO4 e o H2SO3. Esses quatro últimos são formados principalmente a partir da reação
da água com os óxidos de nitrogênio e de enxofre gerados pela queima de combustíveis fósseis. A
formação de chuva mais ou menos ácida depende não só da concentração do ácido formado, como
também do tipo de ácido. Essa pode ser uma informação útil na elaboração de estratégias para minimizar
esse problema ambiental. Se consideradas concentrações idênticas, quais dos ácidos citados no texto
conferem maior acidez às águas das chuvas?
(A) HNO3 e HNO2.
(B) - H2SO4 e H2SO3.
(C) - H2SO3 e HNO2.
(D) - H2SO4 e HNO3.
(E) - H2CO3 e H2SO3.

02. (VUNESP) O efeito estufa resulta principalmente da absorção da radiação infravermelha,


proveniente da radiação solar, por moléculas presentes na atmosfera terrestre. A energia absorvida é
armazenada na forma de energia de vibração das moléculas. Uma das condições para que uma molécula
seja capaz de absorver radiação infravermelha é que ela seja polar. Com base apenas neste critério,
dentre as moléculas O2, N2 e H2O, geralmente presentes na atmosfera terrestre, contribuem para o efeito
estufa:
(A)O2, apenas.
(B) H2O, apenas.
(C) O2 e N2, apenas.
(D)H2O e N2, apenas.
(E) N2, apenas.

03. Para diminuir o acúmulo de lixo e o desperdício de materiais de valor econômico e, assim, reduzir
a exploração de recursos naturais, adotou-se, em escala internacional, a política dos três erres: Redução,
Reutilização e Reciclagem.
Um exemplo de reciclagem é a utilização de
(A) garrafas de vidro retornáveis para cerveja ou refrigerante.
(B) latas de alumínio como material para fabricação de lingotes.
(C) sacos plásticos de supermercado como acondicionantes de lixo caseiro.
(D) embalagens plásticas vazias e limpas para acondicionar outros alimentos.
(E) garrafas PET recortadas em tiras para a fabricação de cerdas de vassoura

04. (UFU-MG) Polímeros são macromoléculas orgânicas construídas a partir de muitas unidades
pequenas que se repetem, chamadas monômeros. Indique a alternativa que apresenta somente
polímeros naturais.
(A) Celulose, plástico, poliestireno.
(B) Amido, proteína, celulose.
(C) Amido, náilon, polietileno.
(D) Plástico, PVC, teflon

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05. (FUVEST/SP) Na tabela abaixo é dada a composição aproximada de alguns constituintes de três
alimentos:
Composição (% em massa)
Alimento Proteína Gorduras Carboidratos
I 12,5 8,2 1,0
II 3,1 2,5 4,5
III 10,3 1,0 76,3

Os alimentos I, II e III podem ser, respectivamente,


(A) ovo de galinha, farinha de trigo e leite de vaca.
(B) ovo de galinha, leite de vaca e farinha de trigo.
(C) leite de vaca, ovo de galinha e farinha de trigo.
(D) leite de vaca, farinha de trigo e ovo de galinha.
(E) farinha de trigo, ovo de galinha e leite de vaca.

Gabarito

01. D / 02. B / 03. B / 04. B / 05. B


Comentários
01. Alternativa: D
Para uma mesma concentração de todos os ácidos citados no enunciado, irão conferir maior acidez à
água das chuvas os ácidos mais fortes, ou seja, o ácido sulfúrico e o ácido nítrico.

02. Alternativa: B

03. Alternativa: B
A utilização de latas de alumínio como material para fabricação de lingotes desse elemento caracteriza
um processo de reciclagem, no qual esse material pode ser usado, por exemplo, na produção de novos
objetos de alumínio.

04. Alternativa: B
Além de naturais, todos estes podem ser encontrados em nossa alimentação.

05. Alternativa: B
Ovo de galinha é um alimento rico em proteína. Leite de vaca apresenta composição equilibrada.
Farinha de trigo é muito rica em carboidratos.

Indústria Química37

A indústria química está relacionada a todas inovações tecnológicas da sociedade de consumo. Ela
fabrica uma ampla lista de produtos e matérias-primas para diversos setores industriais, convertendo
produtos primários em milhares de produtos químicos secundários e terciários de grande importância no
dia a dia das pessoas.
Esses produtos são essenciais a atividades que vão desde o tratamento da água e esgoto, até a
produção de alimentos, a preservação e recuperação da saúde com a produção de medicamentos e
vacinas, a construção civil, a produção metal-mecânica e as tecnologias de informação.
Para a otimização dos processos industriais, é fundamental saber se uma reação atinge ou não o
estado de equilíbrio, e até que ponto o rendimento dessa reação depende das condições experimentais
em que é realizada. Por isso uma indústria deve possuir equipamentos e aparelhos de medição acoplados
a mecanismos automáticos que acompanham e controlam a temperatura, pressão, concentração e outras
variáveis das reações, a fim de manter valores adequados para eficiência na obtenção de um produto.
A matéria-prima utilizada na fabricação de um produto é de grande importância. A indústria química
utiliza matérias orgânicas e inorgânicas. Algumas substâncias utilizadas como matérias-primas são
obtidas da natureza por meio de processos físicos (entre eles liquefação fracionada e a destilação), como
por exemplo, o gás oxigênio e nitrogênio.
Algumas matérias primas e substâncias importantes para indústria química são:

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educacao.globo.com

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Hidrogênio (H2): A fonte mais comum de hidrogênio na Terra é a água, composta por dois átomos de
hidrogênio e um de oxigênio (H2O). Outra fonte importante são as substâncias formadas principalmente
de carbono e hidrogênio que são os compostos orgânicos, incluindo todas as formas de vida conhecidas,
os combustíveis fósseis e o gás natural. O metano, produto da decomposição orgânica, está adquirindo
uma crescente importância como fonte de hidrogênio.

O hidrogênio pode ser obtido de várias formas:


-Eletrólise da água; atualmente se investiga a fotólise da água.
-Reação de hidrocarbonetos com vapor de água.
-Ataque a metais com hidróxido de sódio, potássio.
-Ataque a metais (Zn e Al) com ácidos sulfúrico ou clorídrico.
Pesquisadores investigam outros métodos para a obtenção do hidrogênio, como a intervenção de
algas verdes.

Industrialmente são necessárias grandes quantidades de hidrogênio, principalmente no processo de


Haber, para a obtenção de amônia, na hidrogenação de graxas e azeites, e na obtenção de metanol.
Outros usos que podem-se citar são:
- Produção de ácido clorídrico.
- Combustível para foguetes.
- Redução de minerais metálicos.
- O hidrogênio líquido apresenta aplicações em criogenia e supercondutividade.
- Devido a sua leveza era usado como gás de enchimento de balões e dirigíveis; após o desastre do
dirigível Hindenburg abandonou-se seu uso devido sua grande inflamabilidade.
- O trítio é produzido nas reações nucleares e é empregado na construção de bombas de hidrogênio.
Também se utiliza como fonte de radiação em pinturas luminosas e como marcador nas ciências
biológicas.
- O deutério possui aplicações nucleares como moderador, como constituinte da água pesada.

O hidrogênio pode ser usado em motores de combustão interna. Células de combustível em


desenvolvimento parecem que serão capazes de oferecer uma alternativa limpa e econômica aos motores
de combustão interna.

Oxigênio(O2): O oxigênio é o elemento mais abundante da crosta terrestre (estimado em 46,7%) e,


dos oceanos (em torno de 87%, como componente da água). É o segundo em abundância na atmosfera
(cerca de 20%).
Os óxidos de metais, silicatos (SiO44-) e carbonatos (CO32-) são encontrados com frequência em rochas
e no solo. Na atmosfera existe como oxigênio molecular, O2, dióxido de carbono (CO2) e, em menor
proporção, como monóxido de carbono (CO), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2), monóxido de
nitrogênio (NO), dióxido de enxofre (SO2) e outros.
Nos planetas exteriores mais afastados do Sol e em cometas se encontra água congelada e outros
compostos de oxigênio. Por exemplo, no planeta Marte há dióxido de carbono congelado.
A principal utilização do oxigênio é como oxidante devido a sua elevada eletronegatividade, superada
somente pela a do flúor.
A reação instantânea do oxigênio com uma substância é combustão; o fogo é uma reação de oxidação.
O oxigênio não é um combustível e sim um comburente; outro comburente importante é o cloro. O
oxigênio líquido é usado como comburente nos motores de propulsão dos foguetes.
Outras aplicações industriais são na soldadura, na fabricação de aço e metanol.
A medicina usa o oxigênio administrando-o como suplemento em pacientes com dificuldades
respiratórias. Também é engarrafado para ser respirado em diversas práticas desportivas como, por
exemplo, o mergulho, ou em atividades profissionais para acessar a locais de pouca ou nenhuma
ventilação, ou em atmosferas contaminadas.
Quando inalado em alta concentração, o oxigênio provoca uma resposta de euforia; assim, no século
XIX era utilizado, em mistura com o óxido nitroso, como analgésico. Esta mistura ressurgiu recentemente
para evitar a dor em tratamentos dentários.

Nitrogênio (N2): Gás incolor, inodoro, insípido. Liquefaz-se a -195°C e adquire aspecto semelhante
ao da água. É o principal componente do ar atmosférico e assim como oxigênio é obtido por fracionamento
do ar atmosférico à alta pressão. A separação do oxigênio e nitrogênio ocorre graças à diferença de

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temperatura de ebulição que esses dois elementos apresentam. Na forma gasosa, é utilizado no interior
de lâmpadas incandescentes e, na forma líquida, é utilizado na conservação de alimentos.
A mais importante aplicação comercial do nitrogênio é na obtenção da amônia pelo processo Haber.
A amônia é usada, posteriormente, para a fabricação de fertilizantes e ácido nítrico. O nitrogênio também
é usado, devido a sua baixa reatividade, como atmosfera inerte em tanques de armazenamento de
líquidos explosivos, durante a fabricação de componentes eletrônicos (transistores, diodos, circuitos
integrados, etc.) e na fabricação do aço inoxidável. O nitrogênio líquido, obtido pela destilação do ar
líquido, é usado em criogenia, para o congelamento e transporte de alimentos, conservação de corpos,
células reprodutivas (sêmen e óvulos) e outros tipos de amostras biológicas.
Entre os sais do ácido nítrico estão incluídos importantes compostos como o nitrato de potássio (nitro
ou salitre empregado na fabricação de pólvora) e o nitrato de amônio como fertilizante.
Os compostos orgânicos de nitrogênio como a nitroglicerina e o Trinitrotolueno (TNT) são muito
explosivos. A hidrazina e seus derivados são usados como combustível em foguetes.

Cloro(Cl): O cloro é encontrado na natureza combinado com outros elementos, principalmente na


forma de cloreto de sódio, NaCl, e também em outros minerais como a silvina, KCl, ou na carnallita,
KMgCl3·6H2O. É o halogênio mais abundante na água do mar com uma concentração de
aproximadamente 18000 ppm. Na crosta terrestre está presente em menor quantidade, por volta de 130
ppm. É praticamente impossível encontra-lo sem estar combinado com outros elementos, devido a sua
alta reatividade.
O cloro é obtido principalmente (mais de 95% da produção) a partir da eletrólise do cloreto de sódio,
NaCl, em solução aquosa, denominado processo de cloro-álcali. São usados três métodos:
-Eletrólise com célula de amálgama de mercúrio.
-Eletrólise com célula de diafragma.
-Eletrólise com célula de membrana.

O Cloro, em temperatura ambiente, se encontra em sua forma biatômica (Cl2): é um gás extremamente
tóxico e de odor irritante, possui coloração esverdeada, aliás, a denominação “Cloro” vem do
grego chlorós, e quer dizer esverdeado.
O cloro é aplicado principalmente no tratamento de água, no branqueamento durante a produção
de papel e na preparação de diversos compostos clorados, como por exemplo o hipoclorito de
sódio e hipoclorito de cálcio.
-Um processo de tratamento de águas amplamente utilizado é a cloração. O agente é o ácido
hipocloroso, HClO que se produz dissolvendo cloro na água e regulando o pH.
-Outra aplicação que vem ampliando sobremaneira os níveis de qualidade de vida das populações que
usufruem deste processo, é a aplicação de cloro em estações de tratamento de esgoto.
-Na produção de papel se emprega cloro no branqueamento da polpa, apesar de estar sendo
substituído pelo dióxido de cloro, ClO2.
-Uma grande parte de cloro é empregada na produção de cloreto de vinila, composto orgânico usado
como matéria-prima para a obtenção de policloreto de vinila, conhecido como PVC.
-Também é utilizado na síntese de numerosos compostos orgânicos e inorgânicos como, por exemplo,
o tetracloreto de carbono (CCl4), o clorofórmio (CHCl3) e diferentes halogenetos metálicos. Também é
empregado como agente oxidante.
-Preparação de cloreto de hidrogênio puro, que pode ser obtido por síntese direta: H2 + Cl2 → 2HCl.

Hidróxido de sódio (NaOH): Essa base é comercializada e muito conhecida cotidianamente como
soda cáustica, pois ela é altamente corrosiva, causando queimaduras graves em todos os tecidos
animais. Além de corrosivo, o hidróxido de sódio também é bastante tóxico e muito solúvel em água, o
que inclusive é uma dissolução que libera grande quantidade de calor, sendo um processo exotérmico. É
um sólido branco, cristalino, com ponto de fusão igual a 318°C e que tem a propriedade de absorver água
do ar (higroscópico), tornando-se um líquido incolor quando exposto ao ambiente por um tempo.
A soda cáustica é comercializada para uso doméstico, porém seu manejo deve feito ser com luvas,
pois ela é altamente corrosiva.
O hidróxido de sódio não existe na natureza, ele é produzido industrialmente por meio de reações de
eletrólise de soluções aquosas de cloreto de sódio (NaCl – salmoura), conforme pode ser visto abaixo:

2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2↑ + Cl2↑

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Ele é largamente aplicado na indústria, na purificação de derivados de petróleo e de óleos vegetais,
na fabricação de produtos de uso doméstico (como desentupidores de pias e ralos e na remoção de
sujeiras pesadas) e na preparação de produtos orgânicos (como papel, celofane, seda artificial, celulose,
corantes e, principalmente, sabão).

Amônia (NH3): Gás incolor, de odor característico, podendo ser sufocante. É extremamente solúvel
em água, produzindo o hidróxido de amônio. A amônia é um composto volátil formado pela reação entre
nitrogênio e hidrogênio. Para a produção da amônia, o nitrogênio é obtido do ar atmosférico e o hidrogênio
a partir do gás natural. Na natureza, é formada pela decomposição de substâncias nitrogenadas de
origem animal ou vegetal. Industrialmente, o processo Haber-Bosch sintetiza diretamente a amônia a
partir de hidrogênio e nitrogênio, como mostra a seguinte reação:

N2 + 3H2 ⟺ 2NH3

A amônia é utilizada em refrigeração, na produção de fertilizantes, na preparação de ácido nítrico,


assim como milhões de toneladas de amônia são fabricadas para serem utilizadas como matéria-prima
na obtenção de todos os outros compostos de nitrogênio.
Muito usado em ciclos de compressão (refrigeração) devido ao seu elevado calor de vaporização e
temperatura crítica. Também é utilizado em processos de absorção em combinação com a água.
O amoníaco e seus derivados ureia, nitrato de amônio e outros são usados na agricultura como
fertilizantes. Também é componente de vários produtos de limpeza.

Oxido de Cálcio (CaO): Normalmente conhecido como cal virgem ou cal queimado, é um composto
químico largamente utilizado. É branco, cáustico e alcalino, à temperatura ambiente é um sólido cristalino.
Usos: Utilizados em grande número de indústrias, na agricultura, nas construções civis e nas indústrias
químicas.
A calagem (aumento de pH) do solo, estimula a produção, diminui a acidez, e fornece nutrientes às
plantas.
As aplicações químicas principais são:
Fundente em processo metalúrgicos; Carga de produtos; Fabricação de polpa para papel;
Neutralização de ácidos; Fabricação do cimento; Fabricação de aço e arames; Tratamento de minérios
de ouro e da prata; Refino do cobre; chumbo e outros metais; Purificação da água; Tratamento de águas
residuais; Refinação do açúcar; Refinação do petróleo; Fabricação do papel; NaOH; vidro; inseticidas;
carbonato de cálcio; cosméticos; vernizes; magnésio; indústria de alimentos, etc.

Ácido clorídrico (HCl): O ácido clorídrico é muito usado na limpeza e galvanização de metais, no
curtimento de couros, na obtenção de vários produtos, como na produção de tintas, de corantes, na
formação de haletos orgânicos, é usado também na hidrólise de amidos e proteínas pelas indústrias
alimentícias e na extração do petróleo, dissolvendo as rochas e facilitando o seu fluxo até a superfície.
Ele pode ser encontrado também em nosso próprio organismo, estando presente no suco gástrico do
estômago, cuja ação é ajudar na digestão dos alimentos. Ele é secretado pelo estômago num volume
aproximado de 100 mL. Algumas pessoas sofrem de refluxo gastresofágico, que é o retorno do conteúdo
do ácido clorídrico do estômago, como mostrado abaixo. Ele provoca queimação, rouquidão e dor
torácica.
Na sua forma impura, o ácido clorídrico é chamado de ácido muriático e é usado para a limpeza de
pisos, azulejos, paredes de pedras e superfícies metálicas antes do processo de soldagem. Visto que o
ácido muriático apresenta vapores tóxicos e irritantes quando aquecidos, é preciso que a pessoa que for
manuseá-lo o faça com bastante cuidado, usando máscara de respiração, luvas e óculos de proteção.
Não deve ser utilizado perto de rios e lagos, pois é prejudicial à vida aquática. Concentrações elevadas
diminuem o pH do meio, sendo prejudicial também às bactérias oxidantes por inibir a demanda de
oxigênio.

Ácido sulfúrico (H2SO4): É um líquido incolor, viscoso e oxidante, pouco volátil, seu ponto de ebulição
é 338°C e densidade 1,84g/cm3. É extremamente solúvel em água, porém, isto deve ser feito com muita
cautela, sempre despejando o ácido na água e não o contrário, pois se isto não for seguido, seus vapores
são liberados agressivamente, podendo causar queimaduras graves no corpo do operador ou de alguém
próximo.
É um ácido corrosivo e tóxico, pode causar bastante irritação e queimaduras, além de ser nocivo caso
haja inalação, contato com a pele ou ingestão.
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Pode-se dizer que o consumo per capita do ácido sulfúrico mede o desenvolvimento industrial de um
país, pois este produto químico tem uma enorme importância na indústria de base, sendo o composto
mais utilizado; ficando atrás apenas da água. Alguns dos seus principais usos são:
- As baterias de chumbo-ácido presente em automóveis contêm ácido sulfúrico como eletrólito;
- Na fabricação de explosivos;
- No refino do petróleo, removendo impurezas da gasolina e de outros óleos;
- Na produção de outros ácidos, como o ácido fosfórico (H3PO4) e o ácido Nítrico (HNO3);
- Na indústria de fertilizantes.

Sua produção se dá por meio de um processo denominado catalítico ou de contato, onde o primeiro
passo é a queima do enxofre, onde há a liberação de dióxido de enxofre (SO2). Posteriormente, este gás
é oxidado, formando o trióxido de enxofre (SO3), que, por fim, sofre uma reação com a água, formando
então uma solução aquosa de ácido sulfúrico, conforme mostrado pelas etapas de tratamento abaixo:

1ª etapa:
S(S) + O2 → SO2 (g)

2ª etapa:
2 SO2 (g) + O2 → 2 SO3
3ª etapa:
SO3(g) + H2O (l)→ H2SO4(l)

Ácido nítrico(HNO3): É um ácido nítrico é um ácido forte, pois seu grau de ionização (α) é de 92%. É
uma solução aquosa incolor com 70% em massa de nitrato de hidrogênio. É fumegante em contato com
o ar, seus vapores são extremamente tóxicos e é também corrosivo, podendo causar queimaduras e
manchas amareladas na pele. Ele entra em ebulição a 83ºC a 1 atm, isto é, ao nível do mar.
Também tem ação oxidante, é solúvel em água e com o tempo ele se decompõe pela ação da luz e
adquire uma coloração avermelhada.
Depois do ácido sulfúrico, o ácido nítrico é o mais produzido e usado pela indústria. A sua formação
pode se dar naturalmente ou industrialmente. Ele pode ser formado em ambientes não poluídos, durante
chuvas acompanhadas de relâmpagos; e pode ser liberado por veículos com motor à explosão e que
ocasionam um tipo de chuva ácida. Ele é muito utilizado na fabricação de explosivos (nitroglicerina ou
dinamite, trinitrotolueno ou TNT e trinitrocelulose ou algodão-pólvora). Também é usado na fabricação de
salitre (NaNO3 e KNO3), para produzir fertilizantes agrícolas, como o NH4NO3, e pólvora negra. O ácido
nítrico também pode ser usado na fabricação de corantes, de fibras sintéticas (náilon e ceda artificial),
de nitratos, etc.

Metais

Os metais possuem características únicas que os diferem das demais substâncias: eles são sólidos à
temperatura ambiente. Possuem algumas propriedades, tais como:
Brilho: os objetos metálicos, quando polidos, apresentam um brilho característico dos metais, por
causa dos elétrons livres localizados na superfície dos metais que absorvem e irradiam a luz.
Maleabilidade: essa é a capacidade que os metais têm de produzir lâminas e chapas muito finas.
Ductibilidade: Se aplicarmos uma pressão adequada em regiões específicas na superfície de um
metal, esse pode se transformar em fios e lâminas, devido o deslizamento provocado nas camadas de
átomos.
Condutibilidade: os metais são ótimos condutores de corrente elétrica e de calor. Os fios de
transmissão elétrica são feitos de alumínio ou cobre, assim como as panelas que usamos para cozinhar
alimentos. Os metais possuem a capacidade de conduzir calor de 10 a 100 vezes mais rápido do que
outras substâncias.
Ponto de fusão e ebulição elevado: o metal Tungstênio se funde (derrete) à temperatura de 3.410°C
e entra em ebulição em 4.700°C.

Segue abaixo os metais mais utilizados nas indústrias:

Alumínio (Al)
Obtenção:

255

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É produzido, basicamente, a partir da bauxita. Trata-se de um processo de produção difícil, pois exige
muita energia elétrica.

Propriedades:
Apresenta características (propriedades) peculiares, é bem maleável, leve (densidade abaixo de
5g/cm3) e muito resistente à corrosão.

Utilização:
É um dos metais mais versáteis, pois, a partir dele, pode-se confeccionar, além de panelas, o papel-
alumínio (que, por ser atóxico, é utilizado para proteger alimentos), painéis coletores de energia solar e
muitas outras coisas. O alumínio é leve, bom condutor de calor e de eletricidade e resiste bem à corrosão.
Por isso, usa-se o alumínio, puro ou em ligas, na fabricação de inúmeros produtos, entre eles aviões,
bicicletas, esquadrias, tintas, panelas e cabos elétricos. Depois do ferro, o alumínio é o metal de maior
aplicação, entre as quais merecem destaque:
- construção civil (portões, esquadrias, etc.);
- fabricação de aviões, em que são usadas as ligas leves, cujo principal componente é o alumínio;

Cobre (Cu)
Obtenção:
Encontrado na natureza, principalmente nos minerais calcocita, calcopirita e malaquita, além de
também estar presente no mineral turquesa.

Propriedades:
É um metal dúctil (aquecendo o metal a altas temperaturas é possível transformá-lo em fio), maleável
(pode ser transformado em lâminas) e tem grande condutividade elétrica. Além disso, o cobre também
conduz bem o calor e seu ponto de fusão é alto (1358 K).
O cobre está também presente em nosso corpo em pequena quantidade, porém o perigo consiste em
ingerirmos muito cobre, porque ele atua contra o ferro e o zinco em nosso organismo, substituindo-os em
seus sítios ativos. O cobre pode ser tóxico e 30 g de sulfato de cobre matam uma pessoa.

Utilização:
O cobre, junto com o ouro e a prata, era a base das moedas de circulação no mundo antigo.
Obviamente, ele era o menos valioso destes três. Atualmente, ele ainda é usado na fabricação de
moedas, mas geralmente na forma de liga monetária (liga metálica formada por 75% de cobre e 25% de
níquel).
- Em fios condutores de eletricidade
- Em utensílios diversos: panelas, lustres, etc.
- Em encanamentos.
- Sob forma de latão (liga: Cu + Zn) é utilizado na fabricação de pregos, parafusos, estatuetas,
monumentos, etc.
Assim, o cobre na forma dessas ligas é muito usado em objetos de decoração, em joias, amálgamas
dentários, peças para automóveis, aviões etc. Isoladamente, a sua principal aplicação é em equipamentos
e sistemas elétricos, como os fios que conduzem eletricidade.

Ferro (Fe)
Obtenção:
É um metal obtido em siderúrgicas por meio da hematita, um de seus minérios. Comumente
encontrado na forma de pirita FeS, hematita Fe2O3 e Fe3O4.

Propriedades:
Bom condutor de calor e eletricidade, duro e resistente, mas ao mesmo tempo é maleável e dúctil.

Utilização:
É utilizado extensivamente para a produção de aço, liga metálica para a produção de ferramentas,
máquinas, veículos de transporte (automóveis, navios, etc.), como elemento estrutural de pontes,
edifícios, e uma infinidade de outras aplicações.
Através da hematita, o ferro é utilizado para a produção do aço. Além disso, vários produtos que
utilizamos no dia a dia, são produtos do ferro, do aço ou de suas ligas metálicas como cadeiras, portões,

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mesas, panela, palhas de aço, peças de carro, pregos, parafusos, etc. Essa variedade de aplicações se
deve ao baixo custo de obtenção do ferro e também pela resistência do metal.

Ligas Metálicas

As ligas metálicas são materiais com propriedades metálicas que contêm dois ou mais elementos,
sendo que pelo menos um deles é metal Essas ligas são materiais que possuem propriedades
interessantes para as indústrias, propriedades essas que os metais individualmente não possuem.

Bronze: Formado por 67% de cobre e 33% de estanho. Sua principal propriedade é resistência ao
desgaste, sendo muito usado para produzir sinos, medalhas, moedas e estátuas.
Latão: Mistura de 95 a 55% de cobre e de 5 a 45% de zinco. Devido a sua alta flexibilidade, ele é
usado para produzir instrumentos musicais de sopro, como trompete, flauta, saxofone etc., além de
também ser aplicado em peças de máquinas, produção de tubos, armas e torneiras.
Aço: Formado pela mistura de aproximadamente 98,5% de ferro, 0,5 a 1,7% de carbono e traços de
silício, enxofre e oxigênio. É usado em peças metálicas que sofrem elevada tração, pois é mais resistente
à tração do que o ferro puro. O aço é uma liga usada para produzir outras ligas metálicas.
Assim, ao misturar esses metais com outros metais ou com outros elementos é possível conseguir
materiais com as propriedades desejadas, como maior dureza, menos reatividade e assim por diante.
Vejamos alguns exemplos abaixo:

257

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Ciclos do Dióxido de Carbono, Nitrogênio e Enxofre na Natureza38

Ciclo do Dióxido Carbono


O carbono é absorvido pelas plantas. Uma vez incorporado às moléculas orgânicas dos produtores,
poderá seguir dois caminhos: ou será liberado novamente para a atmosfera na forma de CO2, como
resultado da degradação das moléculas orgânicas no processo respiratório, ou será transferido na forma
de moléculas orgânicas aos animais herbívoros quando estes comerem os produtores (uma parte será
transferida para os decompositores que liberarão o carbono novamente para a atmosfera, degradando as
moléculas orgânicas presentes na parte que lhes coube). Os animais, através da respiração, liberam à
atmosfera parte do carbono assimilado, na forma de CO2.
Parte do carbono contido nos herbívoros será transferida para os níveis tróficos seguintes e outra parte
caberá aos decompositores e, assim, sucessivamente, até que todo o carbono fixado pela fotossíntese
retorne novamente à atmosfera na forma de CO2.
A grande preocupação da vida moderna é que o Carbono é devolvido à atmosfera mais rápido do que
levou para ser armazenado. Assim, a natureza não compensa essa alteração e tem alterado o clima e
interferido no efeito-estufa.

Ciclo do Nitrogênio
O nitrogênio participa das moléculas de proteínas, ácidos nucleicos e vitaminas. Embora seja
abundante na atmosfera (78% dos gases), a forma gasosa (N2) é muito estável, sendo inaproveitável para
a maioria dos seres vivos. O processo que remove N2 do ar e torna o nitrogênio acessível aos seres vivos
é denominado fixação do nitrogênio. A fixação de N2 em íons nitrato (NO3-) é a mais importante, pois é
principalmente sob a forma desse íon que as plantas absorvem nitrogênio do solo. A fixação pode ocorrer
por processos físicos, como sob ação de relâmpagos durante tempestades, e também por processos
industriais, quando se criam situações de altíssima pressão e temperatura para a produção de fertilizantes
comerciais. A fixação biológica, porém, é a mais importante, representando 90% da que se realiza no
planeta.
A fixação biológica do nitrogênio é realizada por bactérias de vida livre no solo, por bactérias
fotossintéticas, por cianofíceas (algas azuis), e principalmente por bactérias do gênero Rhizobium, que
somente o fazem quando associadas às raízes de plantas leguminosas - soja, alfafa, ervilha, etc. Nessas
raízes formam-se nódulos densamente povoados pelas bactérias, onde ocorre a fixação de N2 até a
formação de nitrato. Essas plantas podem assim desenvolver-se mesmo em solos pobres desse íon.
Além da atmosfera, outro reservatório de nitrogênio é a própria matéria orgânica. Os decompositores que
promovem a putrefação transformam compostos nitrogenados em amônia (NH3), processo denominado
amonificação. As bactérias Nitrosomonas transformam a amônia em nitrito (NO2-) (nitrosação) e as
Nitrobacter o transformam em nitrato (nitratação). Esse processo todo é denominado nitrificação, e estas
bactérias são conhecidas genericamente como nitrificantes.
38
MARTINS, C. R. et al. Ciclos Globais de Carbono, Nitrogênio e Enxofre: A Importância da Química da Atmosfera. Química Nova Escola – Nº 5, Novembro
2003.

258

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O retorno do nitrogênio a atmosfera é promovido no processo de desnitrificação, realizado por
bactérias desnitrificantes, que transformam o nitrato em nitrogênio gasoso (N2). O solo, fonte de nitrato
para as plantas terrestres, é também importante exportador de sais para os ecossistemas aquáticos,
geralmente veiculados pela água de chuvas.

Ciclo do Enxofre
O enxofre apresenta um ciclo que se passa entre o ar e os sedimentos. Existe um grande depósito na
crosta terrestre e nos sedimentos e um depósito menor na atmosfera.
Em resumo pode-se afirmar que o ciclo do enxofre ocorre na seguinte sequência: como o enxofre na
sua forma elementar não pode ser utilizado por organismos superiores, para que sua assimilação se torne
possível é necessário que microrganismos oxidem a sulfa elementar a sulfatos. Neste processo podem
participar bactérias fotopigmetadas dos gêneros Chlorobium e Pelodityon. Porém, as mais ativas neste
processo são as não fotopigmetadas em especial as do gênero Thiobacillus, que podem gerar ácido
sulfúrico durante o processo. O sulfato gerado pode ser assimilado diretamente por vegetais, algas e
diversos organismos heterotróficos sendo incorporados à aminoácidos enxofrados. O mesmo sulfato
também pode ser dissimilado formando H2S.
Os ciclos gasosos geralmente ocorrem de maneira mais rápida que os ciclos sedimentares. Isso
acontece em face da dificuldade de acesso dos organismos aos reservatórios da crosta terrestre. Além
desses fatores, a velocidade dos ciclos também pode ser influenciada pela natureza do elemento químico,
taxa de crescimento de seres vivos, movimento na teia alimentar, taxa de decomposição e a ação do
homem.
A intervenção humana no meio ambiente altera significativamente a ciclagem dos elementos. A
poluição, a extração de minerais, a agricultura e a produção de energia são exemplos clássicos de nossa
interferência nos ciclos biogeoquímicos.

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Implicações ambientais

O hidrogênio é um gás extremamente inflamável. Reage violentamente com o flúor e o cloro,


especialmente com o primeiro, com o qual a reação é tão rápida e imprevisível que não se pode controlar.
Também é perigosa sua despressurização rápida, já que diferentemente dos outros gases, a sua
expansão acima de -40ºC ocorre com aquecimento, podendo inflamar-se. A água pesada é tóxica.
O oxigênio respirado pelos organismos aeróbicos, liberado pelas plantas no processo de fotossíntese,
participa na conversão de nutrientes em energia intracelular. A redução do nível de oxigênio provoca
a hipoxemia e, a falta total ocasiona a anoxia, podendo provocar a morte do organismo. A hemoglobina
é o pigmento que dá a cor aos glóbulos vermelhos (eritrócitos) e tem a função vital de distribuir o oxigênio
pelo organismo.
Os fertilizantes nitrogenados são uma importante fonte de contaminação do solo e das águas. Os
composto que contém íon cianeto formam sais extremadamente tóxicos e são mortais para numerosos
animais, entre eles, os mamíferos. O amoníaco é facilmente biodegradável. As plantas o absorvem com
muita facilidade, sendo um nutriente muito importante como fornecedor de nitrogênio. Em concentrações
muito altas na água de consumo pode causar danos graves, já que o amoníaco interfere no transporte do
oxigênio pela hemoglobina.
A sustentabilidade ainda é um desafio para as indústrias químicas e é crescente a demanda para que
o setor utilize matérias-primas obtidas de fontes renováveis, já que uma grande parte dos produtos
químicos ainda é fabricada a partir de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural.
Nesse cenário a indústria química encontra-se em contínuo desenvolvimento, e matérias-primas como
açúcar, etanol e óleos vegetais vêm sendo cada vez mais usadas como fonte de carbono, que é o principal
agente da mudança econômica e social das sociedades industrializadas.

Poluição39
A degradação ambiental vem tomando vultos cada vez mais grandiosos em nosso planeta, e tem como
um de seus principais elementos causadores a poluição.
Para que possamos nos aprofundar na questão da poluição, faz-se mister que, a priori, conceituemos
a expressão, o que fazemos a seguir. Poluição é definida pela Lei n. 6.938/81, art. 3°, III, como “a
degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente: prejudiquem a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e
econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”.

As principais formas de poluição


Dependendo do elemento atingido, a poluição poderá ser denominada de: hídrica, atmosférica, do
solo, sonora, visual, radioativa, dentre outras. A seguir analisamos cada uma das formas de poluição:

-Poluição hídrica: Poluição hídrica conforme consta no Decreto n. 73.030/73, art. 13, § 1°, poluição
da água é qualquer alteração de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, que possa importar

39
Santos, A. S.R. Poluição: consumidores ambientais e jurídicas.
260

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em prejuízo à saúde, à segurança e ao bem-estar das populações, causar dano à flora e à fauna, ou
comprometer o seu uso para fins sociais e econômicos.
Quando se fala em poluição das águas, devem ser abrangidas não só as águas superficiais como
também as subterrâneas. Uma das principais fontes de poluição das águas são os resíduos urbanos,
tanto os industriais quanto os rurais, que são despejados voluntária ou involuntariamente. Como exemplos
de materiais tóxicos que normalmente são despejados nas águas, destacam-se metais pesados como o
cádmio e o mercúrio, o chumbo, nitratos e pesticidas. Estes poluentes representam grande ameaça à
qualidade da água, à saúde e ao meio ambiente, pois são capazes de provocar enormes danos aos
organismos vivos, e, consequentemente à cadeia alimentar e à nossa saúde.

Portanto, medidas devem ser tomadas no sentido de recuperação dos rios e mananciais atingidos pela
poluição, para que se garanta à população o abastecimento de água não infectada. Dentre essas
medidas, ressalta-se o tratamento dos esgotos urbanos.

- Poluição atmosférica: A Poluição atmosférica do ar pode ser definida como a modificação da sua
composição química, seja pelo desequilíbrio dos seus elementos constitutivos, seja pela presença de
elemento químico estranho, que venha causar prejuízo ao equilíbrio do meio ambiente e,
consequentemente, à saúde dos seres vivos.

Este tipo de poluição pode ser classificado como: poluição pelos detritos industriais, poluição pelos
pesticidas e poluição radioativa e possui como fontes: as fixas (indústrias, hotéis, lavanderias etc.) e as
móveis (veículos automotores, aviões, navios, trens etc.). Já os fatores que a causam podem ser: naturais
e artificiais. Os fatores naturais são aqueles que têm causas nas forças da natureza, como tempestades
de areia, queimadas provocadas por raios e as atividades vulcânicas. Já os fatores artificiais são os
causados pela atividade do homem, como a emissão de combustíveis de automóveis, queima de
combustíveis fósseis em geral, materiais radioativos, queimadas, etc.
Entre as mais graves consequências da poluição atmosférica, podemos citar a chuva ácida, o efeito
estufa e a diminuição da camada de ozônio.
A chuva será considerada ácida quando tiver um pH inferior a 5,0, ocorrendo não apenas sob a forma
de chuva, mas também como neve, geada ou neblina. Decorre da queimada de combustíveis fósseis,
produzindo gás carbônico, formas oxidadas de carbono, nitrogênio e enxofre. Esses gases, quando
liberados para a atmosfera, podem ser tóxicos para os organismos. O dióxido de enxofre provoca a chuva
ácida quando se combina com a água presente na atmosfera, sob a forma de vapor. As gotículas de ácido
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sulfúrico resultantes dessa combinação geram sérios danos às áreas atingidas. Além dos sérios danos
ao meio ambiente natural, as chuvas ácidas também constituem séria ameaça ao patrimônio cultural da
humanidade, corroendo as obras talhadas em mármore, que por ser uma rocha calcária, dissolve-se sob
a ação de substâncias ácidas.

Conforme descrito anteriormente, outro causador da poluição é o chamado efeito estufa, fenômeno
de elevação da temperatura média da Terra, que ocorre pelo aumento considerável na concentração de
gás carbônico na atmosfera, provocado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e
desmatamentos, formando assim uma espécie de “coberta” sobre a Terra impedindo a expansão do calor.

Ainda temos a diminuição da camada de ozônio como fator de aumento da poluição. O ozônio está
presente na troposfera, que é a camada da atmosfera em que vivemos, e também em zonas mais altas
da estratosfera, entre 12 e 50 km de altitude, tendo como função proteger o planeta da incidência direta
de grande parte dos raios ultravioleta, que é um dos componentes da radiação solar. Com a diminuição
dessa camada de ozônio, os raios ultravioleta atingem a Terra de forma mais brusca, provocando graves
doenças no ser humano, como câncer de pele, distúrbios cardíacos e pulmonares, queimaduras,
problemas de visão, etc. O ambiente também é diretamente atingido pelas modificações na cadeia
alimentar, visto que certas espécies de animais e plantas são extremamente sensíveis a essa radiação,
como os anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas). Além disso, a destruição desta camada de ozônio pode
contribuir com o derretimento de parte do gelo da calota polar, causando o superaquecimento do planeta.

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Uma das grandes causas da diminuição da camada de ozônio tem sido a liberação de compostos
químicos industriais na atmosfera, denominados de CFC (clorofluorcarbono), que é um gás não tóxico,
inodoro, e quimicamente inerte. É usado em grande escala como agente refrigerador de geladeiras e
aparelhos de ar condicionado, na manufatura de espumas de plástico e, principalmente, como propelente
de sprays enlatados, e sua inércia química torna-o capaz de atingir grandes altitudes sem se modificar,
até alcançar a estratosfera, onde a radiação ultravioleta provinda do Sol provoca a sua quebra.
Podemos classificar os agentes poluidores do ar em dois grupos principais: os primários e os
secundários. Enquanto os primários saem diretamente da fonte emissora, aqueles poluentes que são
formados pela interação entre componentes naturais e poluentes primários recebem a denominação de
secundários. Veja o quadro a seguir:

POLUENTES ATMOSFÉRICOS

Poluentes primários Efeitos Emissão

Material Podem causar nos seres humanos dificuldades Queima de combustíveis,


particulado – Poeira, respiratórias, irritação, asma e bronquite. tempestades de areia e chaminés de
fumaça. indústrias.

Monóxido de Apresenta grande toxicidade para os seres Queima de combustíveis fósseis e


carbono (CO) humanos, causando a redução da oxigenação do incêndios.
sangue e afetando o sistema nervoso.

Dióxido de Acentua o efeito estufa. Queima de combustíveis fósseis e


carbono (CO2) respiração de seres vivos.

Dióxido de enxofre Provoca doenças cardiovasculares e respiratórias. Queima de combustível que possui
(SO2) enxofre, como o óleo diesel e a gasolina.

Óxidos de Provocam danos ao sistema respiratório. Queima de combustíveis fósseis e


nitrogênio (NOx) liberação por vulcões e queimadas

Poluentes Efeitos Emissão


secundários

Ozônio (O3) Quando encontrado na faixa baixa da atmosfera, é Reação entre óxidos de nitrogênio e
tóxico, provocando irritação nos olhos e problemas compostos orgânicos voláteis na
respiratórios. presença de luz solar.

Ácido sulfúrico Responsável pela formação da chuva ácida. Reação entre o SO3 e o vapor de
(H2SO4) água
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/agentes-poluidores-ar.htm/

Os problemas gerados pela poluição atmosférica causam o aumento da incidência de doenças


respiratórias e cardiovasculares na população, acidificação de rios e florestas, diminuição da visibilidade,
aumento da formação de neblina, chuvas ácidas, intensificação do efeito estufa e destruição da camada
de ozônio.
É de fundamental importância que os níveis de poluentes sejam constantemente monitorados a fim de
evitar o agravamento de quadros de poluição.

-Poluição do solo: Poluição do solo conforme estabelece o Decreto n. 28.687/82, art. 72, poluição do
solo e do subsolo consiste na deposição, disposição, descarga, infiltração, acumulação, injeção ou
enterramento no solo ou no subsolo de substâncias ou produtos poluentes, em estado sólido, líquido ou
gasoso. A degradação do solo pode dar-se por: desertificação, utilização de tecnologias inadequadas,
falta de práticas de conservação de água no solo, destruição da cobertura vegetal. Já a contaminação
dos solos dá-se principalmente por resíduos sólidos e líquidos, águas contaminadas, efluentes sólidos e
líquidos, efluentes provenientes de atividades agrícolas, etc.

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Questões

01. (UFCE) O aço comum é uma liga de:


(A) C + Zn
(B) Cu + Zn
(C) Fe + Aℓ
(D) Fe + C
(E) Fe + Cu

02. (UFRS) O metal presente nas ligas de latão e bronze é:


(A) Ferro
(B) Zinco
(E) Estanho
(D) Cobre
(E) Alumínio

03. (Unicentro- PR) O nitrogênio é um elemento importante na constituição de moléculas orgânicas,


como proteínas e ácidos nucleicos, e apresenta um dinâmico ciclo na natureza. Sobre a participação de
bactérias em etapas desse ciclo, considere as afirmativas a seguir.
I. Há bactérias que fixam o nitrogênio do ar no solo.
II. Há bactérias que devolvem o nitrogênio para o ar por meio de processos de desnitrificação.
III. Há bactérias que transformam compostos orgânicos nitrogenados em amônia.
IV. Há bactérias que transformam nitritos e nitratos em amônia.

Estão corretas apenas as afirmativas:


(A) I e II.
(B) I e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV.

04. (UEPB) A figura apresentada abaixo representa um dos ciclos biogeoquímicos, conhecido como:

(A) Ciclo do oxigênio


(B) Ciclo do gás carbônico
(C) Ciclo do carbono
(D) Respiração de plantas, apenas
(E) Respiração dos animais, apenas

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Gabarito

01. D / 02. D / 03. D / 04. C

Respostas

01. Alternativa: D
Como citado na tabela de ligas metálicas, o aço é formado principalmente por Fe (Ferro) e C (Carbono).

02. Alternativa: D
A liga de latão é formada por 67% de cobre e 33 % de zinco, e o bronze é uma liga metálica em que
se misturaram os metais cobre (Cu – 90%) e estanho (Sn – 10%). Portanto, o metal que está presente
nessas duas ligas é o cobre.

03. Alternativa: D
Pelo esquema que representa o ciclo do nitrogênio é possível averiguar que única afirmação errada é
a IV, pois as bactérias não transformam os nitritos em Amônia (NH3) e sim em N2.

04. Alternativa: C

Energias Químicas no Cotidiano

ENERGIAS QUÍMICAS NO COTIDIANO

A Origem do Petróleo

Ao longo de milhares de anos, restos de animais e vegetais mortos depositaram-se no fundo de lagos
e mares e, lentamente, foram cobertos por sedimentos (pó de calcário, areia etc). Mais tarde, esses
sedimentos se transformaram em rochas sedimentares (calcário e arenito). As altas pressão e
temperatura exercidas sobre essa matéria orgânica causaram reações químicas complexas, formando o
petróleo. A idade de uma jazida pode variar de 10 a 400 milhões de anos. Dessa forma, o petróleo está
localizado apenas nas bacias sedimentares. Junto desse recurso mineral, encontram-se associados a
água e o gás natural (metano e etano). Os egípcios utilizavam o petróleo como um dos elementos para o
embalsamamento de seus mortos, além de empregarem o betume na união dos gigantescos blocos de
rochas das pirâmides.
No continente americano, os incas e os astecas conheciam o petróleo e , a exemplo da Mesopotâmia,
o empregavam na pavimentação de estradas. Geralmente, o petróleo aproveitado pelas civilizações
antigas era aquele que aflorava à superfície do solo. Uma das peculiaridades do petróleo é a migração,
ou seja, se ele não encontrar formações rochosas que, por serem impermeáveis, o prendam, sua
movimentação no subsolo será constante, com a consequente possibilidade de aparecer à superfície.
A partir de 1920 os transportes terrestres, marítimos e aéreos passaram a consumir quantidades cada
vez maiores do novo combustível. Em 1930 surgiu a indústria petroquímica tendo como base o petróleo,
para produzir numerosos equipamentos, objetos, produtos, etc. Nessa época, o subproduto indesejável
passou a ser a querosene, então pouco utilizado. Apenas com o advento dos aviões a jato, em 1939,
esse combustível voltou a ser amplamente consumido.
Dessa forma, a indústria de refino teve um impulso fenomenal, garantindo o abastecimento de milhares
de veículos e o funcionamento dos parques industriais. A gasolina passou a ser o principal derivado do
petróleo, enquanto ocorria uma ampliação do sistema de estradas, exigindo mais asfalto. Em 1938, 30%
da energia consumida no mundo provinha do petróleo. Mas as duas crises sucessivas do petróleo, em
1973 e 1978, levaram a uma reconsideração da política internacional em relação a esse produto, e os
países dependentes do petróleo intensificaram a busca de fontes de energia alternativas. Microrganismos
marinhos (chamados plânctons), na ausência de oxigênio, se transformaram, ao longo de milhões de
anos, nos constituintes do petróleo.
Comercialmente, existem dois tipos de petróleo: o leve (com maior proporção de gasolina) e o pesado
(com maior proporção de querosene e óleos combustíveis). O petróleo leve tem maior cotação no
mercado mundial, por causa do elevado consumo de gasolina. O petróleo é uma mistura de compostos
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orgânicos, na qual predominam os alcanos. É a mais importante fonte de energia (através da queima dos
alcanos) e constitui a matéria-prima da indústria petroquímica, responsável pela manufatura de milhares
de produtos de consumo diário, tais como: plásticos, adubos, corantes, detergentes, álcool comum,
acetona, gás hidrogênio, etc.
Na etapa de perfuração, obtém-se a certeza da presença ou não do petróleo. A perfuração pode ser
feita em terra ou no mar. Em terra, é feita por meio de uma sonda de perfuração (Figura 01 abaixo).

Figura 01. Esquema de uma torre de perfuração: 1- bloco de coroamento, 2- bomba de lama, 3- motores, 4-peneira, 5- tanque
de lama, 6- mesa rotativa, 7- válvula de segurança, 8- tubo de perfuração, 9- tubo de revestimento e 10- broca de perfuração.

No mar, as etapas de perfuração são idênticas. A diferença é que são feitas por meio de plataformas
marítimas. A profundidade de um poço pode variar de 800 a 6.000 metros. Atualmente, a bacia de
Campos é responsável por 80% da produção nacional (730 mil barris de óleo/dia), sendo a mais
importante do país. No ranking mundial dos países produtores, o Brasil está em 18º (produção de 1 milhão
de barris de óleo/dia). Devido aos êxitos alcançados, a maior parte da produção é feita na bacia
continental. O Brasil é recordista mundial em produção em águas profundas, tendo atingido em 1998 a
marca de 1.853 metros de lâmina d’água.
Terminada a etapa de produção, o petróleo e o gás natural são transportados por meio de dutos ou
navios para os terminais, onde são armazenados. Em seguida, o petróleo é transferido para as refinarias,
onde será separado em frações, pois o óleo bruto praticamente não tem aplicação. As reservas já
conhecidas e as que poderão ser ainda descobertas dão ao petróleo uma extraordinária importância que
se estenderá por todo século XXI. Os lençóis petrolíferos ocorrem em cavidades que podem atingir até
7000m de profundidade, no continente ou em plataformas submarinas, juntamente com o petróleo
encontra-se água salgada e gás natural (sob pressão).
São controvertidas as teorias sobre a origem do petróleo. Entre as principais figuram a da origem
estritamente inorgânica, defendida por Dmitri I. Mendeleiev, Marcellin Berthelot e Henri Moissan, e a teoria
orgânica, que postula a participação animal e vegetal. De acordo com a primeira, o petróleo ter-se-ia
formado a partir de carburetos (de alumínio, cálcio e outros elementos) que decompostos por ação da
água (hidrólise), deram origem a hidrocarbonetos com metano, alcenos, etc., os quais, sob pressão,
teriam sofrido polimerização (união de moléculas idênticas para formar uma nova molécula mais pesada)
e condensação a fim de dar origem ao petróleo.
Contra essa concepção mais antiga, levanta-se teoria orgânica, segundo a qual a presença no petróleo
de compostos nitrogenados, clorofilados, de hormônios, etc. pressupõe a participação de matéria
orgânica de origem animal e vegetal. Em sua grande maioria os pesquisadores modernos tendem a
reconhecer como válida apenas a teoria orgânica, na qual destacam o papel representado pelos
microrganismos animais e vegetais que sob a ação de bactérias, formariam uma pasta orgânica no fundo
dos mares. Misturada à argila e à areia, essa pasta constituiria os sedimentos marinhos que, cobertos por
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novas e sucessivas camadas de lama e areia, se transformariam em rochas consolidadas, nas quais o
gás e o petróleo seriam gerados e acumulados.

Refino do Petróleo
O processo utilizado para separar as frações do petróleo é a destilação. Essa separação envolve a
vaporização de um líquido por aquecimento, seguida da condensação de seu vapor. Existem diferentes
tipos de destilação: simples, fracionada etc. No caso do petróleo, é empregada a destilação fracionada,
que é executada com a utilização de uma coluna de fracionamento. Nas refinarias, essas colunas são
substituídas por enormes torres, chamadas de torres de fracionamento. Abaixo segue uma tabela com as
principais frações e características destas:

DESTILAÇÃO FRACIONADA DO PETRÓLEO


Fração Intervalo de temperatura em Principais componentes
que destilam (°C)
Gás de petróleo - CH4 C2H6 C3H8 C4H10
Gasolina ou benzina ou nafta até 200 C5H12 a C10H22
Querosene 150 a 250 C10H22 a C15H32
Gás óleo ou óleo diesel 250 a 350 hidrocarbonetos superiores
Óleos combustíveis 300 a 400 hidrocarbonetos superiores
Óleos lubrificantes - hidrocarbonetos superiores
Resíduo - hidrocarbonetos superiores

https://www.engquimicasantossp.com.br/2017/06/destilacao-fracionada-laboratorio-industria.html

Principais frações: características e aplicações

Gás liquefeito de petróleo (GLP) - consiste de uma fração composta por propano e butano, sendo
armazenado em botijões e utilizado como gás de cozinha.

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Gasolina - é um dos produtos de maior importância do petróleo, sendo um líquido inflamável e volátil.
Consiste de uma mistura de isômeros de hidrocarbonetos de C5 a C9, obtida primeiramente por destilação
e por outros processos nas refinarias. Hoje em dia, com a finalidade de baratear e aumentar a octanagem
da gasolina, são adicionados outros produtos não derivados de petróleo à gasolina, como, por exemplo,
o metanol e o etanol. Uma curiosidade que foi enfocada em sala de aula foi a introdução da gasolina na
aviação, tendo início junto com o 14 Bis, avião inventado por Santos Dumont, no qual se utilizava um
motor de carro.
Querosene - o querosene é uma fração intermediária entre a gasolina e o óleo diesel. Esse derivado
é obtido da destilação fracionada do petróleo in natura, com ponto de ebulição variando de 150 °C a 300
°C. O querosene não é mais o principal produto de utilização industrial, mas é largamente utilizado como
combustível de turbinas de avião a jato, tendo ainda aplicações como solvente. Tem como característica
produzir queima isenta de odor e fumaça.

Óleo diesel - é um combustível empregado em motores diesel. É um líquido mais viscoso que a
gasolina, possuindo fluorescência azul. Sua característica primordial é a viscosidade, considerando que,
através dessa propriedade, é garantida a lubrificação. É comum a presença de compostos de enxofre no
óleo diesel, cuja combustão dá origem a óxido e ácidos corrosivos e nocivos aos seres vivos, que geram
a chuva ácida. O despertar da consciência de preservação do meio ambiente está induzindo os
refinadores a instalar processos de hidrodessulfuração para reduzir o teor de enxofre.

Parafinas - são um produto comercial versátil, de aplicação industrial bastante ampla, como, por
exemplo: impermeabilizante de papéis, gomas de mascar, explosivos, lápis, revestimentos internos de
barris, revestimentos de pneus e mangueiras, entre outras. Uma curiosidade, é que as pessoas “comem
petróleo”. Por exemplo, no chocolate brasileiro. A parafina é misturada ao chocolate para dar mais
consistência, impedindo que este derreta.

Asfalto -sólido de cor escura, que apresenta massa molecular média elevada, é obtido do resíduo das
destilações do petróleo. Grande parte do asfalto é produzida para a pavimentação e o asfalto oxidado é
utilizado como revestimento impermeabilizante.

Cracking ou craqueamento catalítico do petróleo


Consiste em aquecer o petróleo a alta temperatura (500°C), na presença de catalisadores, provocando
ruptura da cadeia carbônica dos hidrocarbonetos, dando outros com menor cadeia carbônica,
constituintes da gasolina.

Gasolina de polimerização
No cracking formam-se grandes quantidades de hidrocarbonetos gasosos, a partir dos quais, por um
processo inverso, consegue-se obter os hidrocarbonetos médios (C5 a C8) constituintes da gasolina.

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Índice de octanos (octanagem) de uma gasolina
Uma gasolina de octanagem n é aquela que se comporta como se fosse uma mistura contendo n% de
isooctano e (100 - n)% de n.heptano. Por convenção, o isooctano puro tem octanagem 100 e o n.heptano
puro tem octanagem zero.

Gás Natural

Gás natural é um combustível fóssil, na forma gasosa, contendo principalmente carbono e hidrogênio,
ocorrendo em jazidas ou depósitos subterrâneos. Entre os hidrocarbonetos gasosos, o metano (CH4) é o
composto mais abundante. A exploração do gás natural pode estar associada à de petróleo ou pode partir
de jazidas produtoras exclusivas. Em todo o mundo, assim como no Brasil, as primeiras descobertas de
gás vieram associadas às descobertas de petróleo.
Esse combustível é responsável por quase 30% da energia consumida na Terra, sendo superado
apenas pelo petróleo e pelo carvão. Em alguns países, como a Holanda, ele chega a representar 50% do
suprimento energético. No Brasil, a utilização do gás natural ocorreu a partir de 1942, com descoberta do
campus de Aratu e Itaparica (BA). Em 1962 iniciou-se a instalação da planta de gás natural em Catu, para
obtenção do líquido de gás natural, e uma outra unidade na refinaria de Mataripe, com a mesma
finalidade.
Em 1975, caracterizou-se pela consolidação do polo petroquímico de Camaçari (BA) e pela descoberta
de jazidas na plataforma continental de Sergipe. As reservas brasileiras de gás natural triplicaram nos
últimos dez anos, devido às descobertas decorrentes do primeiro "choque do petróleo", 1973. Atualmente
tem-se descoberto gás associado ao petróleo nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará
e Espírito Santo, além de minas de gás natural na região do rio Juruá, no Amazonas.
Os principais campos produtores de gás do país estão localizados nos Estados do Rio Grande do
Norte, Ceará, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. A utilização do gás natural
obedece a uma escala de prioridades fixadas pelo Conselho Nacional do Petróleo, em função das
necessidades do abastecimento nacional de derivados de petróleo. O gás natural vem sendo empregado,
de forma prioritária, para estimular a produção de petróleo, através da reinjeção nos poços e posterior
recuperação secundária.

Os valores mencionados na figura acima são referentes às reservas de gás natural em (milhões m 3), perfazendo um
total de 81.605 milhões m3

Carvão

O carvão mineral é formado por troncos, raízes, galhos e folhas de árvores gigantes que cresceram
há 250 milhões de anos em pântanos rasos. Essas partes vegetais, após morrerem, depositaram-se no
fundo lodoso e ficaram encobertas. O tempo e a pressão da terra que foi se acumulando sobre o material
transformaram-no em uma massa negra homogênea – as jazidas de carvão. Paulatinamente, a partir da
época dos grandes descobrimentos, o carvão mineral foi substituindo a lenha, até então considerada
como a principal fonte de energia utilizada pelo homem.

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A combustão direta do carvão, para produção de vapor, foi a principal alavanca para o progresso da
humanidade em direção à industrialização. As máquinas a vapor, alimentadas pelo carvão, surgiram em
meados de 1700 e foram aperfeiçoadas por Watt, que passou a construí-las, comercialmente, em
Birmingham, na Inglaterra, de 1774 a 1800. Apesar do fato de as máquinas a vapor terem sofrido grandes
melhorias no decorrer do tempo, os princípios básicos, estabelecidos por Watt, permaneceram
inalterados.
Atualmente, o principal uso da combustão direta do carvão é na geração de eletricidade, por meio de
usinas termoelétricas. Essa tecnologia está bem desenvolvida e é economicamente competitiva. Os
impactos ambientais das usinas a carvão são grandes, não só pelas emissões atmosféricas, mas também
pelo descarte de resíduos sólidos e poluição térmica, além dos riscos inerentes à mineração. Este tipo de
usina ocupa grandes superfícies, ao redor de 4 km2 por usina, excluindo-se instalações de
armazenamento e vias de acesso. A própria infraestrutura dessas usinas, como os corredores para os
fios de alta tensão, chaminés, torres de resfriamento, trechos de acesso e de eliminação de resíduos,
apresenta altos riscos potenciais ao meio ambiente e aos operários da usina.
A melhoria do processo de combustão poderia reduzir as emissões de monóxido de carbono e
nitrogênio, a partir da dessulfurização dos gases de combustão ou da utilização de carvão com baixo teor
de enxofre. E também o calor residual da usina poderia ser aproveitado nas suas proximidades, para
evitar perdas energéticas, como por exemplo: aquecimento de caldeiras, movimentação de motores, etc.

Gaseificação do carvão
A gaseificação do carvão é praticada desde a primeira metade do século XIX e tem a finalidade de
converter o carvão mineral em combustível sintético de aplicação direta na produção de energia. Existem
diversos processos industriais de gaseificação do carvão, e o Brasil já domina essa tecnologia. Os
impactos ambientais e riscos aos operários nas usinas são aqueles relacionados à mineração e transporte
do minério e, também, aos problemas do processamento, como riscos de incêndio e exposição humana
a agentes cancerígenos, e exposição a altas temperaturas.

Liquefação do carvão
O carvão, até 1961, era a principal fonte primária mundial de energia, quando foi suplantado pelo
petróleo. No entanto, mantém-se até hoje como fonte energética nobre, pois sua conversão produz o
combustível sintético líquido que mais se assemelha ao petróleo de ocorrência natural. O processo de
liquefação do carvão é bastante recente e visa transformar o carvão, que é encontrado em estado sólido
na natureza, em combustível líquido. Nos EUA já existem usinas de liquefação de carvão. No entanto, o
processo é bastante sofisticado e caro. O Brasil ainda não domina essa tecnologia, embora pesquisas já
estejam sendo desenvolvidas nesse sentido.
Até a Segunda guerra mundial, o carvão era o combustível mais utilizado no mundo. A descoberta dos
combustíveis derivados do petróleo, que permitiu o desenvolvimento dos motores a explosão e abriu
maiores perspectivas de velocidade e potência, e o surgimento da energia nuclear, relegaram o carvão à
condição de fonte subsidiária de energia. No entanto, a disponibilidade de grandes jazidas de carvão
mineral e o baixo custo do carvão vegetal ainda conferem a esse combustível um papel relevante.

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Carvão Mineral
O carvão é um material sólido, poroso, de fácil combustão e capaz de gerar grandes quantidades de
calor. Pode ser produzido por processo artificial, pela queima de madeira, como o carvão vegetal; ou
originar-se de um longo processo natural, denominado encarbonização, pelo qual substâncias orgânicas,
sobretudo vegetais, são submetidas à ação da temperatura terrestre durante cerca de 300 milhões de
anos e transformam-se em carvão mineral. Em função da natureza desses processos, o carvão vegetal
é também chamado de artificial, e o carvão mineral, de natural.
De acordo com a maior ou menor intensidade da encarbonização, o carvão mineral – também chamado
carvão fóssil ou de pedra – pode ser classificado como linhito, carvão betuminoso e sub-betuminoso
(ambos designados como hulha) e antracito. A formação de um depósito de carvão mineral exige
inicialmente a ocorrência simultânea de diversas condições geográficas, geológicas e biológicas.
Primeiro, deve existir uma vegetação densa, em ambiente pantanoso, capaz de conservar a matéria
orgânica. A água estagnada impede a atividade das bactérias e fungos que, em condições normais,
decomporiam a celulose. A massa vegetal assim acumulada, no prazo de algumas dezenas de milhares
de anos – tempo curto do ponto de vista geológico – transforma-se em turfa, material cuja percentagem
de carbono já é bem mais elevada que a da celulose.
Na etapa seguinte, que leva algumas dezenas de milhões de anos, a turfa multiplica seu teor de
carbono e se transforma na primeira variedade de carvão, o linhito, cujo nome provém de sua aparência
de madeira. Na etapa seguinte, surge a hulha, primeiro como carvão betuminoso, depois como sub-
betuminoso. Na fase final, a hulha se transforma em antracito, com teores de até noventa por cento de
carbono fixo. Quanto maior o teor de carbono, maior também é o poder energético.
Por isso, a turfa, que em teores muito baixos e altas percentagens de umidade, nem sempre pode ser
aproveitada como combustível e, nesse caso, serve para aumentar a composição de matéria orgânica
dos solos. Encontrada nos baixos e várzeas, ou em antigas lagoas atulhadas, a turfa caracteriza-se pela
presença abundante de restos ainda conservados de talos e raízes.
Já o linhito, muito mais compacto que a turfa, é empregado na siderurgia, como redutor, graças a sua
capacidade de ceder oxigênio para a combustão como matéria-prima na carboquímica. Quando o linhito
se apresenta brilhante e negro, recebe o nome de azeviche.
A hulha é composta de carbono, restos vegetais parcialmente conservados, elementos voláteis,
detritos minerais e água. É empregada tanto como combustível quanto como redutor de óxidos de ferro
e, graças às suas impurezas, na síntese de milhares de substâncias de uso industrial.
O antracito, última variedade de carvão surgida no processo de encarbonização, caracteriza-se pelo
alto teor de carbono fixo, baixo teor de compostos voláteis, cor negra brilhante, rigidez e dificuldade com
que se queima, dada sua pobreza de elementos inflamáveis. É usado como redutor em metalurgia, na
fabricação de eletrodos e de grafita artificial. Uma de suas principais vantagens consiste em proporcionar
chama pura, sem nenhuma fuligem.
O carvão mineral, em qualquer de suas fases, compõe-se de uma parte orgânica, formada de
macromoléculas de carbono e hidrogênio e pequenas proporções de oxigênio, enxofre e nitrogênio. Essa
é a parte útil, por ser fortemente combustível. A outra parte mineral, contém os silicatos que constituem a
cinza. As proporções desses elementos variam de acordo com o grau de evolução do processo de
encarbonização: quanto mais avançado, mais alto o teor de carbono na parte orgânica e menor o teor de
oxigênio.
Em virtude dessa estrutura complexa e variável, o carvão mineral apresenta diversos tipos. Seu
emprego para fins industriais obedece a uma classificação que toma como base a produção de matéria
volátil e a natureza do resíduo. Assim, há carvões que se destinam à produção de gás, de vapor ou de
coque, que é um carvão amorfo, resultante da calcinação do carvão mineral, e de largo emprego na
siderurgia. Para combustão em caldeira, é preferível o carvão com pequenos teores de cinza e
quantidades moderadas de matéria volátil, condições que proporcionam bom rendimento térmico. É
preferível que apresente também o mínimo de enxofre e poder calorífico elevado, já que o calor por ele
gerado vai ser utilizado diretamente ou transformado em outras formas de energia.
Para a produção do coque metalúrgico com propriedades mecânicas para uso em altos fornos, o
carvão mineral precisa apresentar propriedades aglomerantes ainda maiores e teores mais baixos de
enxofre e cinza. Na destilação do carvão para produção de gás combustível ou coque metalúrgico, obtêm-
se também águas amoniacais, das quais extraem-se a amônia e o alcatrão.
Muito embora os derivados de petróleo – como a gasolina, o querosene, o óleo combustível e o diesel
– e a energia termonuclear tenham deslocado o carvão mineral como fonte de energia, sobretudo para
as máquinas móveis, ainda é significativa sua participação no total do consumo energético dos países
desenvolvidos – cerca de vinte por cento no final do século XX. A entrada em operação de centenas de
usinas hidrelétricas e termonucleares não conseguiu diminuir drasticamente, como se esperava, a
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participação do carvão, não somente porque essas fontes de energia representam grandes investimentos
iniciais e provocam sérios impactos no meio ambiente, mas também porque a disponibilidade de grandes
jazidas de carvão mineral é ainda grande.

Tipos de carvão mineral


O carvão mineral, dependendo do tempo decorrido do processo de fossilização, pode ser:
- do tipo turfa ........................... com aprox. 60% de carbono.
- do tipo linhito ......................... com aprox. 70% de carbono.
- do tipo hulha ......................... com aprox. 80 a 85% de carbono.
- do tipo antracito .................... com aprox. 90% de carbono.

Composição média de cada tipo de carvão:

Turfa:
- carbono .......... 60,0%
- hidrogênio ....... 5,5 %
- oxigênio ......... 32,0 %

Linhito:
- carbono ......... 65,0 a 75,0 %
- hidrogênio ..... 5,0 %
- oxigênio ........ 16,0 a 25,0 %

Hulha:
- carbono ......... 80,0 a 85,0 %
- hidrogênio .....4,5 a 5,5 %
- oxigênio .......12,0 a 21,0 % (no carvão sub-betuminoso) e 5,0 a 20,0 % (no carvão betuminoso).

Antracito:
- carbono .......... 90,0 %
- hidrogênio ......3,0 a 4,0 %
- oxigênio ......... 4,0 a 5,0 %

A hulha foi a mola propulsora da indústria do século passado, durante a chamada Revolução Industrial,
sendo substituída pelo petróleo no século XX. Abaixo, temos uma tabela com os principais países
produtores de carvão.

Países produtores Quantidade


(Milhões de toneladas/ano)
Rússia 600
Alemanha 570
Estados Unidos 450
China 420
Inglaterra 150
Polônia 150
Tcheca e Eslováquia 100
Índia 70
Japão 65

No Brasil, a hulha ocorre nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e sua produção
é de cerca de 10 milhões de toneladas por ano (a produção não é maior devido ao alto teor de cinzas e
de enxofre que possui). É usada como combustível de usinas termelétricas e nos altos-fornos
siderúrgicos, após aquecimento prévio para eliminar material orgânico (gases e alcatrão).

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Tabela comparativa de combustíveis (Calor Liberado)

Valores Caloríferos dos Combustíveis


COMBUSTÍVEIS CALORIAS POR COMBUSTÍVEIS CALORIAS POR
SÓLIDOS QUILOGRAMA QUÍMICOS QUILOGRAMA

Carbono, Grafita 7.839,80 Alumínio 7.404,20


Carvão Antracito 7.064,90 Berílio 16.221,40
Carvão Betuminoso 5.229,10 – 8.2888,70 Boro 13.974
Carvão Vegetal 7.231,78 Diborano 17.461,90
Coque 7.009,20 Hidrogênio 28.707,40
Linhita 3.894,00 Lítio 10.269,10
Madeira (Seca ao Ar) 3.838,40 Hidreto de Lítio 9.885,20
Turfa (Seca ao Ar) 3.894,00 Magnésio 5.918,90
Pentaborano 16.215,80
Silano 9.545,90
Silício 7.320,70
Titânio 4.556

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O Valor Calorífero dos Combustíveis é medido, pelo sistema métrico, em caloria. Os combustíveis
químicos, líquidos e sólidos são medidos por peso. Os combustíveis gasosos são medidos pelo volume.
O valor calorífero dos combustíveis depende de sua composição, de seu peso e de seu conteúdo de
cinzas.

Madeira

Carvão vegetal é uma substância de cor negra obtida pela carbonização da madeira ou lenha. É muito
utilizado como combustível para aquecedores, lareiras, churrasqueiras e fogões a lenha. O carvão
também se destaca na condução de oxigênio e um eficiente disseminador de toxinas. Diante de várias
indicações positivas do carvão, pode-se destacar o seu uso no tratamento de dores estomacais, mau
hálito, aftas, gases intestinais, diarreias infecciosas, disenteria hepática e intoxicações.
O Brasil ainda faz uso do carvão vegetal na produção industrial, prática que deixou de ser desenvolvida
nos países centrais, o país ocupa o primeiro lugar na produção dessa substância. Diante disso, cerca de
85% do carvão produzido é utilizado nas indústrias, as residências respondem por 9% do consumo e o
setor comercial como pizzarias, padarias e churrascarias 1,5%.
Apesar dos benefícios apresentados com a utilização do carvão vegetal é preciso analisar as
consequências que sua produção provoca. Em primeiro lugar é importante analisar o fator social, quando
pessoas adultas e até crianças trabalham nas carvoarias em condições, na maioria das vezes, precárias
de trabalho e baixíssimos salários.
Outro fator não menos importante que o primeiro é o ambiental, pois para o desenvolvimento dessa
atividade diversas vezes é preciso retirar a cobertura vegetal de importantes composições vegetativas
contidas no território brasileiro, que geralmente não são oriundos de madeiras de reflorestamento ou
madeira cultivada para esse fim, pois algumas pesquisas revelam que aproximadamente 78% do carvão
produzido no Brasil é de origem de vegetação nativa, o que causa um enorme prejuízo ambiental.

Destilação seca da madeira

gás de madeira (CH4, C2H6, CO, ...),


FRAÇÃO GASOSA :
usado como combustível
ácido pirolenhoso (vinagre de madeira) e
FRAÇÕES LÍQUIDAS :
alcatrão da madeira
FRAÇÃO SÓLIDA (resíduo) : carvão de madeira

O vinagre de madeira (ácido pirolenhoso) é uma solução aquosa cujos principais componentes são:
ácido acético (7 a 10%), metanol (1 a 3%), acetona (1%) e água (85 a 90%).

Xisto Betuminoso40

O Xisto Betuminoso é uma rocha sedimentar de grão fino, rica em material orgânico, contendo
querogênio (uma sólida mistura de compostos químicos orgânicos), a partir do qual hidrocarbonetos
líquidos chamados de óleo de xisto podem ser produzidos.
O óleo de xisto é um substituto para o petróleo convencional; contudo, a extração do óleo de xisto do
xisto betuminoso é mais caro (tanto se referindo a termos econômicos quanto aos impactos ambientais).
O xisto é uma rocha capaz de produzir exatamente os mesmos subprodutos do petróleo, como óleo diesel,
enxofre, alcatrão, gás, nafta, gasolina e querosene.

40
https://bit.ly/2ME3sxH

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O Xisto Betuminoso é uma rocha sedimentar de grão fino, rica em material orgânico, contendo
querogênio (uma sólida mistura de compostos químicos orgânicos), a partir do qual hidrocarbonetos
líquidos chamados de óleo de xisto podem ser produzidos. O xisto é uma rocha resultante da
decomposição de matérias minerais e orgânicas no fundo de grande lagos ou mares interiores. Agentes
químicos e micro-organismos transformam, ao longo de milhões de anos, a matéria orgânica em um
complexo orgânico de composição indefinida, denominado querogênio (gerador de cera), que, quando
convenientemente aquecido, produz um óleo semelhante ao petróleo. Depósitos de xisto betuminoso são
frequentes em todo o mundo. As estimativas de depósitos globais vão de 2,8 a 3,3 trilhões de barris de
óleo recuperável.
Aquecendo-se o xisto betuminoso a uma temperatura suficientemente alta ocorre o processo químico
da pirólise para seobter um vapor. Com oresfriamento do vapor, o óleo de xisto—um óleo não
convencional—é separado do gás de xisto (o termo gás de xisto pode se referir também ao gás que
podem ocorrer naturalmente em folhelhos). O xisto betuminoso pode ser também queimado diretamente
em fornalhas para se tornar um combustível de baixo poder de geração de energia, servindo também
para a calefação urbana ou como matéria-prima na indústria química e na construção de materiais de
processamento.
O xisto betuminoso ganho uma atenção especial como uma potencial fonte abundante de óleo sempre
que o preço do petróleo sobe. Entretanto, a extração e o processamento do xisto betuminoso aumentam
uma série de preocupações ambientais, tais como o uso da terra, o manejo do lixo, o uso da água,
o tratamento da água, a emissão dos gases estufae a poluição do ar. A Estônia e a China têm grandes
indústrias no ramo, sendo que Brasil, Alemanha e Rússiatambém fazem uso do xisto betuminoso.
Uma estimativa de 2005 estabelece o total de recursos mundial de xisto betuminoso em
411 gigatons — equivalente à produção de 2,8 a 3,3 trilhões de barris (450×109 a 520×109 m3) de óleo
de xisto (embora nem todo o óleo seja recuperável). De acordo com o 2010 World Energy Outlook, feito
pela Agência Internacional de Energia, os recursos mundiais de xisto betuminoso podem se equivaler a
mais de 5 trilhões de barris (790×109 m3) de STOOIP, sendo que mais de 1 trilhão de barris
(160×109 m3) podem ser recuperados. Para efeitos de comparação, a quantidade de reservas de
petróleo comprovadas no mundo são estimadas em 1,317trilhões de barris (209,4×109 m3), em 1º de
Janeiro de 2007.
Para que ocorra a exploração de xisto são necessários grandes investimentos econômicos, além de
ser extremamente poluente e de pouco retorno.
Os principais impactos ambientais ocasionados pela exploração de xisto são: poluição hídrica, emissão
de gases poluentes na atmosfera durante o processamento, risco de combustão espontânea dos
resíduos.
Atualmente, os Estados Unidos possui a maior reserva mundial de xisto, seguido pelo Brasil, Estônia,
China e Rússia.
O Brasil possui um dos maiores volumes mundial de xisto, contém em seu território reservas de 1,9
bilhão de barris de óleo. A Superintendência Industrial de Xisto (SIX) da Petrobrás atua como um centro
de desenvolvimento de tecnologia, e processa diariamente cerca de 7.800 toneladas de xisto betuminoso,
que geram 3.870 barris de óleo de xisto, 120 toneladas de gás combustível, 45 toneladas de gás liquefeito
de xisto e 75 toneladas de enxofre.
Podemos observar que apesar das grandes jazidas de minério de xisto em território nacional, exige-
se um amplo estudo geológico para com a viabilidade de extração do mesmo. Ainda se faz necessário
um amplo estudo tecnológico e o desenvolvimento de tecnologia para um melhor aproveitamento do
xisto, que é uma importante fonte de energia.
O xisto produz vários produtos como a gasolina óleo combustíveis, nafta e GLP, mesmos derivados
do petróleo e com a mesma qualidade. Além destes produtos, do xisto ainda se extraem uma grande
quantidade de subprodutos que podem vir a suprir outras matéria primasem escassez ou no
desenvolvimento de novos produtos.

Processo Brasileiro Especial Para Extrair Óleo de Xisto


O Brasil detém a patente internacional do único processo moderno, em operação comercial, para
extração do óleo de xisto – o Processo PETROSIX. Outros processos existentes são muito antigos ou
não conseguiram atingir o estágio industrial, permanecendo na fase de plantas-piloto. O processo
PETROSIX já está demonstrado em escala industrial. Este resultado foi alcançado devido aos trabalhos
iniciados em meados de 1972 quando a PETROBRÁS colocou em operação, em São Mateus do Sul,
Paraná, a USINA PROTÓTIPO DO IRATI – UPI, com o objetivo de comprovar a operabilidade do
Processo PRETOSIX em escala comercial, testar e desenvolver novos equipamentos, levantar dados
básicos para o projeto da Usina Industrial e desenvolver tecnologia de proteção ambiental.
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Concluído o desenvolvimento do Processo PETROSIX na UPI, seus objetivos foram direcionados para
o máximo de produção. Desde 1980, a UPI vem produzindo uma média de 700 barris de óleo por dia,
além de 12 toneladas por dia de enxofre, principal subproduto da UPI. Em 1988 o desempenho da Usina
foi bastante melhorado, obtendo-se uma produção média de 835 barris de óleo por dia de operação,
juntamente com 18 toneladas de enxofre.

PETROBRÁS e a Área De Tecnologia de Processamento De Xisto?


A PETROBRÁS possui o domínio completo da tecnologia de processamento de xisto pelo Processo
PETROSIX, porém continua realizando estudos e pesquisas visando o aumento da eficiênciatérmica do
processo e melhoramentos que serão introduzidos no Módulo Industrial.
Durante a preparação da carga de alimentação da retorta, onde se processa a pirólise do xisto, ocorre
uma produção de cerca de 20% de finos que não podem ser utilizados no Processo PETROSIX, e que
são desenvolvidos à área de mineração. Esta percentagem corresponde a 1.608 toneladas de xisto por
dia, com um teor médio de óleo de 8%, ou 860 barris por dia de óleo, que não estão sendo recuperados.
A PETROBRÁS está empenhada na solução do problema, concentrando a pesquisa e o
desenvolvimento do Processo PLASOL (Pirólise em Leito de Arraste de Sólidos), pirólise de finos em leito
de jorro e Processo PETROFLUID (Reator de Leito fluidizado multi-estágios) para a recuperação do óleo,
gás e enxofre. Encontra-se também, em desenvolvimento, um processo para o aproveitamento dos finos
na produção de vapor: queima em caldeira de leito fluidizado circulante.

Impactos Ambientais Causados Pela Produção


A principal queixa com relação a produção do gás e óleo de xisto vem da forma como este é retirado
da rocha. Como já foi dito anteriormente, a retirada do material ocorre através do processo de faturamento
hidráulico (fracking). E, sem duvidas, uma técnica bastante controversa, chegando ser proibida em alguns
países (França, por exemplo). O maior problema apontado é a possível contaminação dos lençóis
freáticos por substancias químicas utilizadas no fraturamento. Além disso, também é citada a grande
produção de lixo industrial e o incomodo causado aos moradores próximos doscampos de perfuração. A
polêmica que envolve essa forma de extração tem sido objeto de crescente debate, sobretudo nos EUA,
país que possui grandes reservas de folhelho. Com o refinamento da tecnologia, os custos de extração
dessa fonte de energia diminuíram sobremaneira, o que significa uma pressão econômica enorme para
a extração, mesmo com os eventuais riscos.
A combinação do alto volume de reservas disponíveis, do baixo custo de extração e da crise americana
faz com que as perspectivas econômicas tendam a conduzir os níveis de exploração dessa matéria-prima
e uso da tecnologia a níveis extremos, em substituição a outras fontes, sobretudo as renováveis,
notadamente mais custosas.
Conclusão
A exploração do xisto betuminoso é uma solução viável, se caso precisássemos substituir o petróleo.
No entanto precisa a ver um amplo estudo para melhorar a tecnologia, já existente, da Petrosix para que
ela tenha uma competividade com outros alternativos energéticos ou mesmo com o petróleo. Vimos
também, que apesar de existir reservas aproveitáveis no mundo todo, ainda a graves restrições ao seu
uso. Já que sua produção gera poluição tanto nos lençóis freáticos, no ar e ainda a chamada ‘’chuva
acida’’, que causa danos à agricultura.
E uma das utilidades do xisto, é a fabricação do asfalto que pode durar 10 anos ou mais, e ainda gera
menos custo tanto de armazenamento quanto de produção.

Biomassa

A questão energética interfere em todos os conjuntos das atividades econômicas e sociais do país.
Nas diversas atividades de produção ou na distribuição de consumo de bens e serviços é necessário a
utilização cada vez maior de energia como resultado de um crescente desenvolvimento material. Na
atualidade a energia é indispensável à sobrevivência diária, pois proporciona “serviços essenciais” à vida
humana – calor para aquecimento, para cozinhar e para atividade manufatureira, ou força para o
transporte e para o trabalho mecânico.
Os gestores do desenvolvimento de uma nação é quem deveria avaliar a disponibilidade de energia,
o seu acesso à população e, principalmente, o nível de sustentabilidade da geração de energia. As
matrizes energéticas que são representadas por combustíveis e pelo fornecimento de insumos
energéticos são diversas e são, de um modo geral, mal distribuídas pelo território nacional. O governo
deveria promover parcerias na realização de pesquisas visando o desenvolvimento e a difusão de
tecnologias ambientalmente eficazes e menos poluentes.
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Os gestores deveriam estimular o uso de fontes de energias limpas e renováveis com racionalização
dos seus usos. O preço de mercado de insumo energético convencional não reflete efeitos sobre o meio
ambiente e nem sobre a qualidade da atmosfera (efeito estufa, chuva ácida, etc.). Ao país é fundamental
que haja correção nas distorções, proporcionando instrumentos para inibir forma de consumo indesejável,
como por exemplo, a taxação seletiva e progressiva. A tecnologia e os níveis de preços dos combustíveis
fósseis aumentam à medida em que o produto fica escasso e a tendência é subir mais ainda até que
possam existir outras formas de energia de fluxo contínuo, tornando essa substituição totalmente
vantajosa.
Atualmente a energia necessária a esses serviços provém de combustíveis – gás natural, petróleo,
carvão, turfa e energia nuclear convencional, que são as fontes de energia não-renováveis. Existem
outras fontes de energia primárias, tais como: energia solar, eólica, das marés e das ondas ou hidráulica,
madeiras, vegetais, esterco, quedas d’água, fontes geotermais, além da força muscular humana e animal.
Essas são as fontes de energia renováveis.
Os sistemas de energia alternativa ainda se encontram num estágio de desenvolvimento relativamente
primitivo. Mas já oferecem ao mundo fontes de energia primária potencialmente enormes, sempre
sustentáveis e, de alguma forma, sempre à disposição. A energia solar é comum em muitas partes do
planeta, em especial em países como Austrália, Grécia e Oriente médio. A energia eólica é bastante
utilizada na Califórnia e na Escandinávia. Desperdiça-se grande quantidade de energia devido a
ineficiência de planejamento e ao funcionamento dos equipamentos usados para converter a energia aos
serviços necessários.

Os Vegetais
Existe um número crescente de pessoas que tem se interessado no setor monetário da economia
pressionando o uso da base de biomassa para fazerem aumentar a demanda de combustíveis comercias,
desde lenha e carvão vegetal até querosene, propano líquido, gás e eletricidade. A coleta de lenha vem
sendo cada vez mais desenvolvida em muitos países que ainda dependem predominantemente da
biomassa para cozinhar, aquecer suas casas e até para a iluminação, e, quando a lenha é escassa, as
pessoas a economizam queimando outros combustíveis como: esterco de vaca, talos e cascas de
vegetais e ervas daninhas.
O carvão vegetal é um combustível mais adequado e mais limpo que a lenha, pois, sua fumaça causa
menos irritação aos olhos e distúrbios respiratórios do que a fumaça da lenha. Porém, obter o carvão
vegetal desperdiça uma grande quantidade de madeira. Quando falamos em madeira como fonte de
energia alternativa, costumamos pensar em árvores que crescem naturalmente e são aproveitadas para
o consumo doméstico. Porém este material, a madeira, está se tornando uma importante matéria-prima,
plantada especialmente para executar processos avançados de conversão em energia. Está sendo usado
em países industrializados e aqueles em desenvolvimento, visando a produção de calor, eletricidade e a
produção de outros combustíveis gasosos e líquidos.

Biomassa41
A biomassa renovável terrestre é constituída de diversos produtos de baixas e altas massas
moleculares como, por exemplo, carboidratos, aminoácidos, lipídios, e biopolímeros, como celulose,
hemicelulose, quitina, amido, lignina e proteínas. Estas biomassas são utilizadas na alimentação e para
a produção de uma variedade de combustíveis, produtos químicos e produtos energéticos. O
processamento da biomassa renovável abrange métodos biológicos, térmicos e/ou transformações
químicas, além de tratamento mecânico para obter combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos ou ainda
produtos químicos de maior valor agregado.
As biomassas não-renováveis, como carvão, petróleo e gás natural não são apenas materiais
energéticos naturais, mas também são importantes insumos para a produção de uma grande variedade
de produtos químicos que variam desde gasolina e óleo diesel a insumos químicos e intermediários de
produtos da química fina.Em termos energéticos, estas três biomassas são responsáveis por
aproximadamente 75% da energia consumida correspondendo a 33, 24 e 19%, respectivamente. No
entanto, como são recursos naturais fósseis finitos, fica evidente a grande necessidade de se desenvolver
tecnologia para o aproveitamento das biomassas renováveis.

41
Trecho sobre BIOMASSA extraído da revista Química Nova, vol.32, nº.3.
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Correlação entre as biomassas fósseis e renováveis

As biomassas oriundas de fontes renováveis e o carvão foram as matérias-primas utilizadas, na


mesma proporção, pela humanidade até cerca de 100 anos atrás. A partir do início do século 20 o gás
natural e o petróleo tornaram-se os principais componentes da matriz energética mundial, alcançando
seu ápice no século 21, o que reduziu drasticamente o uso das biomassas renováveis e paralelamente
foram crescendo os níveis de CO2 na atmosfera, devido à queima de gás e petróleo, associado às
devastações nas florestas.
O petróleo tornou-se a biomassa de origem fóssil mais importante e as previsões de que sua produção
não seria reduzida antes de 2050, fizeram com que as indústrias químicas continuassem baseando seus
processos nesta matéria-prima. Como consequência, uma parte substancial das necessidades
energéticas do primeiro mundo mudou para esta nova indústria química orgânica, agregando valor a uma
percentagem do petróleo e tornando-o a base da indústria petroquímica. Assim, muitos dos seus
derivados foram incluídos na saúde, alimentação, lar e outros produtos que temos hoje, principalmente
plásticos e borrachas. Entretanto, ainda não existe uma previsão acurada da longevidade dos estoques
do petróleo, mas seu preço no mercado internacional oscila bastante dependendo da conjuntura
econômica mundial e dos países produtores. Atualmente as estimativas da longevidade das reservas
estão entre 80-100 anos, porém, com as recentes descobertas de petróleo em águas profundas, nas
camadas do pré-sal, essas previsões ficaram imprecisas.
Já existem processos químicos e biotecnológicos disponíveis para transformar certas biomassas em
moléculas úteis, da mesma forma que a química orgânica fez com o petróleo no século passado. Ainda
não são tão numerosos, contudo, é possível antecipar que neste século observaremos o crescimento das
indústrias químicas baseadas em biomassas, paralelamente ao declínio da indústria petroquímica, o que
ocorrerá com significativas vantagens ambientais. Diante desse cenário, o Brasil deveria desenvolver
suas próprias tecnologias capazes de transformar suas biomassas renováveis e abundantes em
intermediários de química fina ou insumos básicos para a indústria química, pois é fato que as matérias-
primas fósseis se esgotarão.
Independente do preço e da disponibilidade do petróleo e do gás natural, a queima de combustíveis
fósseis é um fator que não pode (não deve) ser negligenciado por nenhum país, pois seu efeito no
aquecimento global não é restrito. Neste cenário, é que as biomassas de fontes renováveis aparecem
como alternativas economicamente atrativas para fixação de CO2, produção de biocombustíveis e
insumos básicos para suprir as indústrias químicas.
Além da questão econômica, a transição dos processos de preparação de insumos químicos a partir
do petróleo para um sistema baseado em biomassas terá que transpor outros obstáculos, sendo o mais
importante as diferenças químicas dos dois tipos de matérias-primas. As biomassas são compostas de
substâncias mais complexas (carboidratos, aminoácidos, proteínas, lipídios e biopolímeros
(polissacarídeos)9 como celulose, hemiceluloses, quitina, amido e lignina) que variam consideravelmente
de massas moleculares.

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As principais biomassas de renováveis baseadas em carboidratos

Carboidratos
Os carboidratos compõem 75% da biomassa da Terra representando a maior fonte renovável do
planeta. Anualmente são convertidos mais de 100 bilhões de m3 de CO2 e H2O em 200 mil toneladas de
carboidratos pelas plantas superiores e algas. Nesta classe, destacam-se a celulose, a hemicelulose, o
amido e a sacarose, dentre outros carboidratos de massas moleculares menores. Estes carboidratos já
são utilizados industrialmente em larga escala para diversos fins, mas alguns são utilizados
principalmente para fins alimentares, tendo poucas aplicações nas indústrias químicas. Por serem
materiais renováveis e de baixo custo, esses carboidratos deverão ser no futuro as fontes
economicamente mais viáveis para substituir os atuais derivados petroquímicos.
Nestes últimos anos, muitas novas reações e materiais foram criados visando a produção de novos
intermediários passíveis de uso pelos setores químicos da indústria, com a perspectiva que estes
deveriam ser economicamente viáveis, para substituir aqueles derivados das fontes petroquímicas. Esta
mudança baseia-se no fato das matérias-primas fósseis serem irrevogavelmente finitas, além da pressão
gerada sobre o nosso meio ambiente com o aumento do CO2 oriundo da queima crescente de
combustíveis fósseis. Com esta linha de atuação, as indústrias químicas veem despertando seus
interesses para fontes de matérias-primas limpas e renováveis, que possam manter o equilíbrio de CO2
no planeta.
Os carboidratos existem difundidos em todos os seres vivos e são essenciais para a vida. Alguns
existem praticamente puros, tais como a sacarose, o amido e a celulose, e este último no algodão, na
madeira e no papel. Eles são os constituintes estruturais de tecidos de plantas (celulose), de alguns
animais (quitina em crustáceos e insetos) e paredes de celulares de bactérias. Como novos açúcares
biotransformados fazem parte das membranas celulares e do DNA e RNA, que carregam importantes
informações genéticas nas células, glicoconjugados com uma variedade de produtos naturais, tais como
antibióticos, glicolipídios, e glicoproteínas sendo este dois últimos responsáveis por reterem informações
de reconhecimento supramolecular que formam a base da glicobiologia.
Apesar do papel principal dos carboidratos relacionado com suas diversas funções na bioquímica dos
seres vivos, esta classe de substância tem sido largamente estudada pelos químicos orgânicos nos seus
diversos aspectos estereoquímicos, mecanísticos, sintéticos e analíticos. A biomassa renovável de
carboidratos é constituída principalmente de polissacarídeos como a celulose, o amido, a inulina e a
hemicelulose que, por sua vez, são constituídos de unidades de menores massas moleculares. Para estes
carboidratos utiliza-se o termo genérico monossacarídeo, indicando uma única unidade de açúcar sem
conexões glicosídicas com outras unidades.
Os polissacarídeos podem ser utilizados in natura na alimentação, produtos têxteis, papel, madeira
para construção, revestimentos industriais, cosméticos etc. Também podem sofrer modificações nas

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cadeias poliméricas de modo a adaptá-los para usos específicos, por exemplo, o rayon e a quitosana,
obtidos respectivamente da celulose e a quitina, que mantêm as estruturas gerais dos polissacarídeos
correspondentes. Em outro extremo têm-se as substâncias orgânicas classificadas como comodities e
intermediários da química fina que têm baixas massas moleculares. É bem recente o interesse da
indústria química nas fontes de matérias-primas renováveis, cujo desafio é transformar essa biomassa
em carboidratos menores como dissacarídeos (celobiose) ou monossacarídeos (glicose, frutose, xilose)
e este por sua vez nestas substâncias com maior valor agregado. Os carboidratos de massas moleculares
mais baixas apresentam maiores vantagens que os polissacarídeos para a preparação de insumos e
intermediários da química fina, pois são de baixo custo e abundantes para usos em escala industrial.

Resumo esquemático das abordagens para os usos de polissacarídeos

Celulose, amido, quitina e quitosana


Os carboidratos podem possuir outras funcionalidades além dos grupos hidroxilas. Por exemplo, os
amino-açúcares são carboidratos que possuem um grupo hidroxila substituído por uma amina. Os mais
conhecidos destes carboidratos são os polissacarídeos quitina e quitosana e o monossacarídeo D-
glicosamina (2-amino-2-desoxi-D-glicose).

Celulose
A madeira é a principal fonte industrial de celulose. Ela é constituída principalmente pelos seguintes
materiais lignocelulósicos: hemicelulose (20 a 25%), celulose (40-50%) e lignina (25 a 30%), além de
componentes inorgânicos. Este conjunto de substâncias é responsável pelas propriedades mecânicas da
madeira. As hemiceluloses são polissacarídeos ramificados com baixo grau de polimerização contendo
uma mistura de polímeros de pentoses, como a D-xilose e a L-arabinose e, em menor quantidade as
hexoses D-glicose, D-galactose, D-manose e ácidos glucurônicos. As hemiceluloses não são cristalinas
e encontram-se intercaladas às microfibrilas da celulose dando elasticidade e impedindo que elas se
toquem. As hemiceluloses variam nas estruturas e nas composições dependendo da fonte natural.

Estruturas parciais dos componentes lignocelulósicos e derivados.

A celulose é encontrada em plantas sob a forma de microfibrilas de 2 a 20 nm de diâmetro e entre 100


a 40.000 nm de comprimento, tendo entre 2.000-25.000 de resíduos de glicose.

280

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Estas microfibras estão em ligações lineares do tipo β-(1→4) entre unidades de D-glucopiranose e na
conformações 4C1, onde formam agregados supramoleculares estruturalmente bastante resistentes e
utilizados nas paredes celulares das plantas. Cada resíduo de glicose está orientado em 180º em relação
ao próximo resíduo. As ligações de hidrogênio intramoleculares entre O3-H→O5', O6H→O2' e O6→HO3'
mantêm a rede mais fixa e com características hidrofóbicas. As interações de Van der Waals entre as
cadeias poliméricas formam zonas com estruturas cristalinas, em sua maioria, bastante ordenadas que
não permitem a água penetrar no seu interior. Porém, outras zonas amorfas e secas podem absorver
água e tornar a celulose macia e flexível. Estas ligações, juntamente com as zonas cristalinas, que
alternam com zonas amorfas, correspondem a cerca de dois terços da celulose presente na madeira.
Apesar da natureza higroscópica das moléculas individuais de celulose, a absorção de moléculas de água
só é possível nas zonas amorfas devido à falta de espaços vazios na estrutura cristalina. A organização
cristalina da celulose influencia a sua reatividade ao controlar o acesso de substâncias químicas ou
enzimas aos grupos funcionais e às ligações químicas nas regiões cristalinas. As hidroxilas são os grupos
mais abundantes na celulose, seguidos pelas ligações acetal que formam o anel das piranoses.
Cada espécie de árvore possui fibras de celulose de diferentes morfologias. Devido a isso, esse
polissacarídeo tem muitas utilizações na fabricação de diversos tipos de papel, e também como agente
antiaglutinante (anticaking agent), emulsificante, estabilizante, dispersante, espessante, indutor de
gelatinização, entre outros, pois em contato com a água pode aumentar o volume e a textura,
especialmente em cosméticos.
A celulose pode ser modificada nas suas hidroxilas e produzir matéria com propriedades importantes
(ex. triacetato de celulose, nitrocelulose, carboximetil celulose e rayon). O rayon ou viscose é uma fibra
celulósica semissintética modificada na hidroxila primária. Esta pequena modificação confere um aspecto
sedoso e brilhante na fibra celulósica. No Brasil, a celulose é produzida em grande escala, a partir do
eucalipto, por diversas empresas (ex. Aracruz, Jari, Suzano e Votorantin) e em 2004 contava com 220
empresas localizadas em 16 estados e 450 municípios, gerando 100.000 empregos, o que torna o país o
maior produtor mundial de celulose de eucalipto. Esta espécie utilizada tem o dobro da produtividade de
outras coníferas plantadas no Brasil e da maioria das árvores nativas.

Hemiceluloses
As hemiceluloses são polissacarídeos que representam um dos componentes da parede celular
vegetal e estão intimamente associadas à celulose, definindo as propriedades estruturais na parede
celular além de desempenhar funções na regulação do crescimento e desenvolvimento das plantas. Os
xiloglucanos (Xg) e os galactomananos são hemiceluloses presentes tanto em parede primária (função
estrutural) como em parede de reserva em sementes de algumas espécies (função de reserva). Os
resultados mostraram que o grau de ramificação e o tamanho da cadeia afetam a interação entre Xg e a
celulose. Enquanto os graus de galactosilação e fucosilação estão relacionados com a força de ligação
entre os polissacarídeos, o tamanho da molécula do Xg afeta a sua capacidade (quantidade) de interação
à celulose, consequentemente a autointeração.

Amido
É o segundo polissacarídeo mais abundante. Pode ser encontrado em sementes, raízes e fibras de
plantas. É a fonte de energia, em termos de glicose, mais abundante para os humanos. Ele é composto
basicamente de dois polissacarídeos de D-glicose: amilose e amilopectina. A diferença entre estes dois
polímeros está no encadeamento das unidades glicosídicas. Na amilose a cadeia é linear e as ligações
são α-(1→4'). Na amilopectina há uma ramificação na hidroxila de C6 com uma ligação α-(1→6'). Porém,
as ligações α-(1→4') continuam no polímero. A sua composição varia de acordo com a planta. Por
exemplo, o amido da batata difere basicamente do amido do aipim (macaxeira) na relação entre amilose
e amilopectina.
A maioria dos seres vivos pode utilizar estes polissacarídeos como fonte energética, pois possuem
enzimas α-amilases na saliva e no intestino que quebram a ligação α-(1→4') entre as unidades de glicose.
O mesmo não acontece com a celulose. A maioria dos animais não consegue utilizá-la como alimento. A
razão está na ligação β-(1→4') que não está presente nos animais superiores. Entretanto, cupins
conseguem digerir a celulose facilmente, pois têm no seu intestino bactérias simbióticas que secretam a
enzima celulase que faz a hidrólise da ligação β-(1→4'). Alguns vertebrados herbívoros também
conseguem fazer a digestão, pois têm bactérias no estômago que secretam celulase.
Na conformação α-(1→4'), mais estável nos polissacarídeos amilose, amilopectina e glicogênio, as
cadeiras ficam rígidas tornando a cadeia curva ao invés de linear, como na celulose. Este arranjo produz
estruturas compactas e helicoidais produzindo grânulos densos que podem ser visualizados em muitas
células. O glicogênio é o principal polissacarídeo de estocagem de energia das células. Como na
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amilopectina, o glicogênio é um homopolímero da D-glicose com ligações α-(1→4') com ramificações α-
(1→6'), mas com um número maior de ramificações (uma ramificação por 8 a 12 resíduos de glicose).
Estas ramificações tornam o glicogênio mais compacto que o amido. Ele é disseminado nos músculos,
mas é especialmente abundante no fígado, onde chega a ter 7% do peso deste órgão.

Biodiesel

Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por
diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Pode ser
produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, existindo dezenas de espécies vegetais no
Brasil que podem ser utilizadas, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão
manso e soja, dentre outras.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos
(de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc.) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor,
etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel
ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
Segundo a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, biodiesel é um “biocombustível derivado de
biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme
regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente
combustíveis de origem fóssil”. A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a
produção de biodiesel. Consiste numa reação química dos óleos vegetais ou gorduras animais com o
álcool comum (etanol) ou o metanol, estimulada por um catalisador, da qual também se extrai a glicerina,
produto com aplicações diversas na indústria química.
Além da glicerina, a cadeia produtiva do biodiesel gera uma série de outros co-produtos (torta, farelo,
etc.) que podem agregar valor e se constituir em outras fontes de renda importantes para os produtores.
O biodiesel é um éster de ácido graxo, renovável e biodegradável, obtido comumente a partir da reação
química de óleos ou gorduras, de origem animal ou vegetal, com um álcool na presença de um catalisador
(reação conhecida como transesterificação). Pode ser obtido também pelos processos de craqueamento
e esterificação.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos
(de caminhões, tratores, camionetas, automóveis, etc) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor,
etc). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. O nome biodiesel muitas vezes
é confundido com a mistura diesel+biodiesel, disponível em alguns postos de combustível. A designação
correta para a mistura vendida nestes postos deve ser precedida pela letra B (do inglês Blend). Neste
caso, a mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até
o biodiesel puro, denominado B100.

Processo de fabricação
O biodesel é produzido a partir de óleos vegetais puros ou usados e de gorduras animais. Tais óleos
e gorduras sofrem uma reação com um álcool (etanol ou metano), chamada de reação de
transesterificação, da qual resultam compostos conhecidos como ésteres de ácidos graxos (etílicos ou
metílicos). (Referência 001)

A reação de transesterificação
O biodiesel é comumente produzido por meio de uma reação química denominada transesterificação.
No caso específico para a reação abaixo, os triacilgliceróis de origem animal/vegetal, reagem com o
metanol, na presença de um catalisador, produzindo glicerol (subproduto) e o éster metílico de ácido
graxo (biodiesel). A reação de transesterificação pode ser catalisada por ácido ou base.

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Metanol versus etanol
No Brasil, atualmente, a vantagem na utilização do etanol para a produção do biodiesel está na grande
oferta deste álcool em seu território. Desta forma, os custos diferenciais de fretes, para o abastecimento
de etanol e metanol, em certas situações, poderão ser determinantes na escolha do álcool utilizado. Sob
o ponto de vista ambiental, o uso do etanol (obtido a partir de fontes renováveis) leva vantagem sobre o
metanol (geralmente obtido a partir do petróleo), no entanto é importante considerar que o metanol
também pode ser obtido a partir da biomassa.

O uso de etanol
Um mito foi criado quanto à utilização de etanol no processo de transesterificação, dizendo que este
não pode ser reagente do processo. Essa é uma conclusão incorreta, uma vez que tudo (quantidade de
reagente, catalisadores etc.) depende do tipo de tecnologia utilizada. O emprego de etanol anidro (grau
de pureza maior que 99%) é necessário, pois a presença de água na reação de transesterificação leva
ao surgimento de emulsões.

Fontes alternativas de óleos e gorduras


O biodiesel pode ser produzido a partir de qualquer fonte de ácidos graxos, porém nem todas as fontes
de ácidos graxos viabilizam o processo a nível industrial. Os resíduos graxos também aparecem como
matéria-prima para a produção do biodiesel. Nesse sentido, podem ser citados os óleos de frituras, as
borras de refinação, a matéria graxa dos esgotos, óleos ou gorduras vegetais ou animais fora de
especificação, ácidos graxos, etc. Algas também são uma possível fonte alternativa de óleos.

Separação dos ésteres da glicerina


Após a reação de transesterificação, os ésteres resultantes devem ser separados da glicerina, dos
reagentes em excesso e do catalisador da reação. Isto pode ser feito em 2 passos. Primeiro, separa-se
a glicerina via decantação ou centrifugação. Seguidamente eliminam-se os sabões, restos de catalisador
e de metanol/etanol por um processo de lavagem com água e borbulhação ou utilização de silicato de
magnésio, requerendo este último uma filtragem, ou por destilação, que dispensa o uso de produtos
químicos para promover a purificação.

Influência da química dos ácidos graxos nas características do combustível


Os ácidos graxos diferem entre si a partir de três características:
1. o tamanho de sua cadeia hidrocarbônica;
2. o número de insaturações;
3. presença de grupamentos químicos.

Quanto maior a cadeia hidrocarbônica da molécula, maior o número de cetano e a lubricidade do


combustível. Porém, maior o ponto de névoa e o ponto de entupimento. Assim, moléculas
exageradamente grandes (ésteres alquílicos do ácido erúcico, araquidônico ou eicosanóico) devido ao
processo de pre-aquecimento tornam o combustível de uso difícil em regiões com temperaturas baixas.
Quanto às insaturações, quanto menor o número de insaturações (duplas ligações) nas moléculas,
maior o número de cetano do combustível, ocasionando uma melhor "qualidade à combustão". Por outro
lado, um aumento no número de cetano ocasiona também um aumento no ponto de névoa e de
entupimento (maior sensibilidade aos climas frios). Por outro lado, um elevado número de insaturações
torna as moléculas menos estáveis quimicamente. Isso pode provocar inconvenientes devido a
oxidações, degradações e polimerizações do combustível (ocasionando um menor número de cetano ou
formação de resíduos sólidos), se inadequadamente armazenado ou transportado.
Desta forma, tanto os ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados (láurico, palmítico, esteárico) como
os de poli-insaturados (linoléico, linolênico) possuem alguns inconvenientes. De uma forma geral, um
biodiesel com predominância de ácidos graxos combinados mono-insaturados (oléico, ricinoléico) são os
que apresentam os melhores resultados.

Mistura biodiesel/diesel
O biodiesel pode ser usado misturado ao óleo diesel proveniente do petróleo em qualquer proporção,
sem necessidade de qualquer alteração mecânica nos atuais motores a Diesel. Em alguns motores
antigos, há a necessidade de alguns ajustes. A concentração de biodiesel é informada por meio de uma
nomenclatura específica, definida por "BX", onde X refere-se à percentagem em volume do biodiesel ao
qual é misturado ao diesel do petróleo. Assim, B5, B20 e B100 referem-se, respectivamente às misturas
de biodiesel/diesel contendo 5, 20 e 100% de biodiesel.
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Importância estratégica
A produção do biodiesel pode cooperar com o desenvolvimento econômico de diversas regiões do
Brasil, uma vez que é possível explorar a melhor alternativa de matéria-prima, no caso fontes de óleos
vegetais tais como óleo de mamona, soja, dendê, girassol, algodão etc, dependendo da região. O
consumo do biodiesel e de suas misturas BX pode ajudar um país a diminuir sua dependência do petróleo
(a chamada "petrodependência"), contribuir para a redução da poluição atmosférica, uma vez que o
biodiesel não contém enxofre em sua composição, além de gerar alternativas de empregos em áreas
geográficas menos propícias para outras atividades econômicas, promovendo assim, a inclusão social.

Projeto piloto
Cidades como Curitiba, capital do Estado do Paraná, Brasil, possuem frota de ônibus para transporte
coletivo movida a biodiesel. Esta ação reduziu substancialmente a poluição ambiental, aumentando,
portanto, a qualidade do ar e, por consequência, a qualidade de vida num universo populacional de três
milhões de habitantes. Acredita-se que até 2010 mais de quinhentas cidades estarão com o biodiesel em
suas bombas.

Vantagens x desvantagens
Prós e contras na produção e no uso do biodiesel: As vantagens do biodiesel.
- É energia renovável. As terras cultiváveis podem produzir uma enorme variedade de oleaginosas
como fonte de matéria-prima para o biodiesel.
- É constituído por carbono neutro, ou seja, o combustível tem origem renovável ao invés da fóssil.
Desta forma, sua obtenção e queima não contribuem para o aumento das emissões de CO2 na atmosfera,
zerando assim o balanço de massa entre emissão de gases dos veículos e absorção dos mesmos pelas
plantas.
- Contribui para a geração de empregos no setor primário. Com isso, evita o êxodo do trabalhador no
campo, reduzindo o inchaço das grandes cidades e favorecendo o ciclo da economia auto-sustentável
essencial para a autonomia do país.
- Com a incidência de petróleo em poços cada vez mais profundos, muito dinheiro esta sendo gasto
na sua prospecção, o que torna cada vez mais onerosa a exploração e refino das riquezas naturais do
subsolo, havendo então a necessidade de se explorar os recursos da superfície, abrindo assim um novo
nicho de mercado, e uma nova oportunidade de uma aposta estratégica no sector primário.
- Nenhuma modificação nos atuais motores do tipo ciclo diesel faz-se necessária para misturas de
biodiesel com diesel de até 20%, sendo que percentuais acima de 20% requerem avaliações mais
elaboradas do desempenho do motor.

Desvantagens na utilização do biodiesel


- Não se sabe ao certo como o mercado irá assimilar a grande quantidade de glicerina obtida como
subproduto da produção do biodiesel (entre 5 e 10% do produto bruto). A queima parcial da glicerina gera
acroleína, produto suspeito de ser cancerígeno.
- No Brasil e na Ásia, lavouras de soja e dendê, cujos óleos são fontes potencialmente importantes de
biodiesel, estão invadindo florestas tropicais que são importantes bolsões de biodiversidade. Muitas
espécies poderão deixar de existir em consequência do avanço das áreas agrícolas, entre as espécies,
podemos citar o orangotango ou o rinoceronte de Sumatra. Embora no Brasil, muitas lavouras não sejam
ainda utilizadas para a produção de biodiesel, essa preocupação deve ser considerada.
- A produção intensiva da matéria-prima de origem vegetal leva a um esgotamento das capacidades
do solo, o que pode ocasionar a destruição da fauna e flora, aumentando, portanto, o risco de erradicação
de espécies e o possível aparecimento de novos parasitas, como o parasita causador da Malária.
- O balanço de CO2 do biodiesel não é neutro se for levado em conta a energia necessária à sua
produção, mesmo que as plantas busquem o carbono à atmosfera: é preciso ter em conta a energia
necessária para a produção de adubos, para a locomoção das máquinas agrícolas, para a irrigação, para
o armazenamento e transporte dos produtos.
- Cogita-se a que poderá haver uma subida nos preços dos alimentos, ocasionada pelo aumento da
demanda de matéria-prima para a produção de biodiesel. Como exemplo, pode-se citar alguns fatos
ocorridos em Portugal, no início de Julho de 2007, quando o milho era vendido a 200 euros por tonelada
(152 em Julho de 2006), a cevada a 187 (contra 127), o trigo a 202 (137 em Julho de 2006) e o bagaço
de soja a 234 (contra 178). O uso de algas como fonte de matéria-prima para a produção do biodiesel
poderia poupar as terras férteis e a água doce destinadas à produção de alimentos.

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Programa biodiesel no Brasil
O Programa Biodiesel é um projeto do governo brasileiro que tem como missão, promover a curto
prazo, a fusão dos recursos renováveis (combustível vegetal) com os esgotáveis (petróleo),
subentendendo-se que somente as refinarias autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) do
Brasil poderão proceder a mistura dos esgotáveis com os renováveis e a consequente comercialização
através de conveniados. Os aspectos relacionados à energia nuclear eu deixei comentado e estudado
junto ao assunto, por entender que seria mais didático o fechamento do assunto em seu tópico. Porém,
segue uma visão geral:

Energia Nuclear42

Há diversos materiais, naturais ou sintetizados pelo ser humano, que são radiativos, isto é emitem
radiações. As radiações conhecidas como alfa, beta e gama têm várias características, como por
exemplo, o poder de penetração em diferentes tecidos vivos e objetos. Fala-se em poluição radiativa
quando atividades humanas ou acidentes, delas decorrentes, introduzem materiais radiativos no
ambiente, e provocam um aumento nos índices de radiação.
Estas atividades estão relacionadas à extração e processamento de materiais radiativos; produção,
armazenamento e transporte de combustível nuclear, produção, uso e testes de armas nucleares,
operação de reatores nucleares; e uso de materiais radiativos na medicina, na indústria e na pesquisa.
Os efeitos da radiação nos organismos vivos são, entre outros, mutações genéticas, câncer, necroses e
alterações de metabolismo. Conforme a intensidade e a natureza da radiação, ela pode ser fatal.
O decaimento radioativo ocorre segundo as leis da probabilidade. O processo é complexo e explicá-
lo aqui fugiria ao escopo deste artigo. Assim, basta saber que nele o núcleo se transforma em outro
elemento ao ter sua carga elétrica mudada pela emissão de radiação, mudando o número de prótons e/ou
nêutrons
Esse decaimento pode ocorrer sucessivamente, causando uma cadeia de desintegrações, até que
resulte um elemento estável. O tempo que certo número de núcleos de um radioisótopo leva para que
metade de sua população decaia para outro elemento por desintegração é denominado meia-vida do
radioisótopo.
A desintegração pelo decaimento pode ocorrer espontaneamente ou ser provocada pela instabilidade
criada em núcleos estáveis, pelo bombardeio com partículas ou com radiação eletromagnética. Na
natureza, os elementos apresentam-se geralmente como uma mistura de diferentes isótopos, estáveis ou
radioativos. Por exemplo, o urânio, que tem 92 prótons (Z = 92), é encontrado como uma mistura de
99,3% de urânio-238 (238U, com 146 nêutrons) e 0,7% de urânio-235 (235U, 143 nêutrons), além de
frações muito pequenas de outros isótopos – o número que segue o nome do elemento químico ou
antecede sua sigla é o chamado número de massa (A), ou seja, a soma de seus prótons e nêutrons.
Para colocar uma usina nuclear em funcionamento é necessário, antes de mais nada, urânio
enriquecido. Para se ter uma ideia, 0,5kg de U-235 enriquecido - quantidade usada para fornecer energia
a submarinos e porta-aviões nucleares - é equivalente a 3,8 milhões de litros de gasolina.
Em geral, o urânio é formado em péletes (formato de pílula) com diâmetro próximo ao de uma moeda
de R$0,10 e espessura de 2,5cm. Estes péletes são dispostos em hastes longas agrupadas em feixes,
os quais ficam submersos em água dentro de um recipiente de pressão. A água, por sua vez, tem a
função de refrigerar o sistema.
Para que o reator funcione, o feixe precisa ser levemente supercrítico. Isso significa que, caso fosse
deixado sozinho, o urânio derreteria. Portanto, para que isso não ocorra, são inseridas no feixe hastes de
controle (também chamadas de hastes de comando ou, ainda, barras de controle), as quais são feitas de
material capaz de absorver os nêutrons, utilizando um dispositivo que pode abaixar e/ou elevar as hastes.
Assim, elevar e baixar as hastes controla o nível das reações nucleares. Portanto, quando se deseja
maior produção de calor a partir do núcleo de urânio, as hastes são elevadas para fora do feixe, enquanto
para produzir menor quantidade de calor, as hastes são abaixadas dentro do feixe. Além disso, as hastes
possuem outras funções: baixá-las totalmente dentro do feixe podem desligar o reator, no caso de um
acidente, ou tornar possível a troca de combustível.
O calor liberado durante a reação nuclear é responsável pelo aquecimento da água, a qual é
transformada em vapor. Esse vapor aciona uma turbina, a qual faz girar um gerador, responsável por
produzir a energia.

42
https://bit.ly/2PFrDNX

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Depois de deixar a turbina, o vapor passa por um trocador de calor, que funciona como um
condensador, onde o vapor é resfriado por uma fonte externa natural localizada próxima à usina
(normalmente trata-se da água de um rio, lago ou mar) e volta na forma líquida ao circuito principal,
iniciando novamente todo o processo. É por isso que as usinas nucleares costumam se encontrar em
regiões próximas ao mar.
Em algumas usinas, o vapor do reator passa através de um trocador de calor intermediário a fim de
transformar a água de um outro circuito em vapor, o qual será o responsável pelo acionamento da turbina
a vapor. Além disso, em alguns reatores, o fluido de resfriamento é um gás (CO 2) ou metal líquido,
permitindo que o núcleo seja operado em temperaturas mais elevadas.
Uma das grandes vantagens da utilização de energia nuclear para gerar eletricidade é a não
contribuição para o efeito estufa, comparada à queima de combustíveis fósseis (carvão, gás ou petróleo)
que produz elevada emissão de gases poluentes. Outras vantagens são: maior independência para os
países importadores de combustíveis fósseis, utilização de pequenas áreas de terreno para instalação da
usinas etc.
As desvantagens da utilização de energia nuclear englobam os riscos de acidente nas usinas
nucleares (que podem provocar graves danos à população e ao meio ambiente); possibilidade de
utilização na fabricação de bombas atômicas; os resíduos radioativos (lixo atômico), apesar da pouca
quantidade gerada, não têm utilização posterior; envolve elevados custos de construção e operação das
usinas

Uso da energia nuclear e suas implicações ambientais


A Energia nuclear é aquela gerada a partir da quebra dos átomos de determinados elementos
químicos, sendo o urânio o mais utilizado na atualidade. O processo de produção de energia ocorre nas
Usinas Nucleares. De acordo com dados atuais, cerca de 15% da energia gerada no mundo é proveniente
destas usinas nucleares.
Uma das vantagens da usina nuclear é a produção de uma energia mais limpa, já que 10 g de urânio
é o suficiente para produzir a mesma quantidade de energia de 700 kg de petróleo e 1.200 kg de carvão.
Outra vantagem das usinas nucleares é que não emitem gases, e não contribuem para o aquecimento
global.
As desvantagens apresentadas são a respeito do lixo radioativo, uma vez que a energia elétrica
produzida é por intermédio do processo de fissão nuclear, e não pode ser deixado exposto devido à
radiação, o que causaria problemas na fauna e flora da região. O lixo radioativo deve ser muito bem
acondicionado, pois pode demorar centenas de anos para perder suas propriedades radioativas.
Um outro fator de risco a ser considerado é a possibilidade de explosão da usina nuclear. O processo
de fissão resulta em um alto aquecimento do urânio, e caso não seja controlado pode causar fusão do
reator causando acidente nuclear de grandes proporções como as que acontecerem em Chernobyl na
Ucrânia, e Fukushima no Japão.

Poluição Radioativa
Há diversos materiais, naturais ou sintetizados pelo ser humano, que são radiativos, isto é emitem
radiações. As radiações conhecidas como alfa, beta e gama têm várias características, como por
exemplo, o poder de penetração em diferentes tecidos vivos e objetos. Fala-se em poluição radiativa

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quando atividades humanas ou acidentes, delas decorrentes, introduzem materiais radiativos no
ambiente, e provocam um aumento nos índices de radiação.
Estas atividades estão relacionadas à extração e processamento de materiais radiativos; produção,
armazenamento e transporte de combustível nuclear, produção, uso e testes de armas nucleares,
operação de reatores nucleares; e uso de materiais radiativos na medicina, na indústria e na pesquisa.
Os efeitos da radiação nos organismos vivos são, entre outros, mutações genéticas, câncer, necroses e
alterações de metabolismo. Conforme a intensidade e a natureza da radiação, ela pode ser fatal.

Questões

01. O gás liquefeito de petróleo, conhecido como GLP, é constituído basicamente de C3 H8 e C4 H10,
respectivamente com as seguintes fórmulas estruturais planas:

Esses dois compostos


(A) são exemplos de alcenos.
(B) são exemplos de alcinos.
(C) apresentam as ligações entre os átomos de natureza iônica.
(D) apresentam ligações covalentes entre os seus átomos.
(E) apresentam carbonos quaternários.

02. Os danos ambientais decorrentes de derramamento de petróleo são causados, principalmente, pela
formação de uma película superficial que dificulta as trocas gasosas entre ar e água, vedação dos
órgãos respiratórios dos animais, impermeabilização das raízes de plantas e toxicidade das
substâncias componentes do petróleo.

03. O uso de combustíveis derivados do petróleo, de carvão mineral e de gás natural causam impactos
ambientais porque emitem
(A) gás carbônico, intensificando o efeito estufa.
(B) gás carbônico, aumentando o buraco na camada de ozônio.
(C) óxidos de nitrogênio, intensificando o efeito estufa.
(D) óxidos de enxofre, intensificando o efeito estufa.
(E) óxidos de enxofre, aumentando o buraco da camada de ozônio.

04. Catástrofes naturais, como furacões, associadas a fatores políticos, guerra entre outros, podem,
de certa forma, impulsionar o aumento do preço do barril de petróleo, afetando a economia de diversas
nações do mundo. No Brasil, o álcool é um importante substituto da gasolina, que depende de políticas
nacionais para o aumento da sua produção e consumo. Considere as seguintes afirmações:
I. As frações mais leves (moléculas menores) do petróleo podem ser transformadas em compostos
mais pesados (moléculas maiores) a partir do craqueamento, que se dá por aquecimento e com ação de
catalisadores.
II. A queima do álcool, produzido a partir da cana-de-açúcar, não está diretamente relacionada com o
aumento de gás carbônico na atmosfera, como ocorre com a queima de combustíveis fósseis.
III. O somatório dos coeficientes estequiométricos da equação balanceada da reação de fermentação
da glicose (C6H12O6), produzindo etanol e gás carbônico, é igual a 5.
IV. A refinação do petróleo é o nome dado ao processo de separação de seus componentes.

São corretas as afirmações contidas apenas em


(A) I, II e III.
(B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
(D) II, III e IV.
(E) II e IV.

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05. (UNIRIO-RJ) O incêndio na Refinaria de Manguinhos foi causado por vazamento do resíduo da
destilação do óleo bruto. O resíduo do petróleo estava a 280ºC e, em contato com o ar, entrou em
combustão, com formação de:
(A) hidrogênio, oxigênio e gasolina.
(B) querosene e água.
(C) dióxido de carbono e água.
(D) metano e butano.
(E) gasolina e querosene.

06. (INTEGRADO/RJ) Após a Primeira Guerra Mundial, vários países desenvolveram suas próprias
indústrias químicas. Inicialmente, a área que mais se desenvolveu foi a dos compostos aromáticos. A
seguir, veio a química dos compostos alifáticos devido ao uso do petróleo como combustível. Leia as
alternativas a seguir e escolha a correta:
(A) compostos alifáticos são aqueles que possuem apenas átomos de Carbono terciários;
(B) os compostos aromáticos são constituídos de aldeídos e cetonas de fórmula geral cnh2no;
(C) o petróleo é uma mistura constituída de hidrocarbonetos de complexidade variável;
(D) os hidrocarbonetos formam uma mistura de compostos constituídos de Carbono, Hidrogênio e
Oxigênio;
(E) os compostos aromáticos possuem todos os átomos de Carbono hibridizados do tipo sp3.

07. (UESPI) A qualidade da gasolina, que determina quão suavemente ela queima, é medida pelo
índice de octanagem. Por exemplo, a molécula linear de octano queima tão mal que tem octanagem -19,
mas seu isômero comumente chamado de isoctano tem octanagem 100. Sabendo que a fórmula
estrutural do isoctano é:
CH3

H3C C CH2 CH CH3

CH3 CH3

De acordo com as regras adotadas pela IUPAC, o isoctano é denominado:


(A) 1,1,3-dimetilhexano
(B) 2,2,4- trimetiloctano
(C) 1,1,3-metiloctano
(D) 2,2,4-trimetilpentano
(E) 2,2,4-metilpentano

08. (UERJ) Uma mistura de hidrocarbonetos e aditivos compõe o combustível denominado gasolina.
Estudos revelaram que quanto maior o número de hidrocarbonetos ramificados, melhor é a performance
da gasolina e o rendimento do motor. Observe as estruturas dos hidrocarbonetos abaixo:

I II
CH3 CH3
_
_ _

_ _ _ _ _
H3C C CH2 H3C CH CH CH2
_ _

_
_ _

_ CH2 CH3
H3C CH CH3
CH3 CH3
III IV
_ _
H3C CH2 CH3 CH 2 CH2
_

_
_

CH2 CH _ CH3 CH2 CH CH3


_

_
_

H3C CH2 CH3


CH2
O hidrocarboneto mais ramificado é o de número:
(A) IV
(B) III
(C) II
(D) I

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09. (UDESC/SC) A respeito do metano, são feitas as seguintes afirmações:
I) O metano é o primeiro membro da série dos alcanos e apresenta-se como um gás incolor e inodoro.
II) O metano pode formar-se pela fermentação de material orgânico em depósitos de lixo e em esgotos
sanitários, podendo também ser encontrado no gás natural (de 70 a 90%).
III) Uma das aplicações do metano, e que se tem difundido em nosso país, é como combustível para
veículos automotivos, devido ao seu baixo custo.
IV) O metano é um composto orgânico de fórmula molecular C2H2.

Assinale a alternativa CORRETA.


(A) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
(C) Somente a afirmativa I é verdadeira.
(D) Somente a afirmativa a II é verdadeira.
(E) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

10. (UFPR) “Não é o petróleo que está acabando, mas a era do petróleo como a conhecemos. As
mudanças têm mais a ver com a tecnologia e instabilidade política do que com o aumento da demanda.”
(Veja, 9 jun. 2004, p. 116.). A respeito do assunto, considere as seguintes afirmativas:
I. O setor energético é estratégico para qualquer país, interferindo tanto na economia como na
geopolítica.
II. No Brasil, as graves crises do petróleo ocorridas na segunda metade do século XX impulsionaram
o estabelecimento de estratégias preventivas, como o aumento da produção interna e a substituição do
petróleo por outras fontes de energia.
III. O petróleo, apesar de poluidor, continua sendo a fonte energética mais importante na atualidade.
Isso determina sua exploração e explica, em parte, guerras e conflitos existentes no mundo.

Assinale a alternativa correta.


(A) Todas as afirmativas são verdadeiras.
(B) Somente a afirmativa I é verdadeira.
(C) Somente a afirmativa II é verdadeira.
(D) Somente a afirmativa III é verdadeira.
(E) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.

11. (UFRN) O petróleo, uma das riquezas naturais do Rio Grande do Norte, é fonte de vários produtos
cuja importância e aplicação tecnológica justificam um valor comercial. Para que sejam utilizados no
cotidiano, os componentes do petróleo devem ser separados numa refinaria. Esses componentes
(gasolina, querosene, óleo diesel, óleo lubrificante, parafina, etc.) são misturas que apresentam ebulição
dentro de determinadas faixas de temperatura. Considerando que essas faixas são diferenciadas, o
método usado para separar os diversos componentes do petróleo é:
(A) destilação fracionada
(B) destilação simples
(C) reaquecimento
(D) craqueamento

12. (PUC/RS) O processo ____ é utilizado na separação de substâncias obtidas no craqueamento do


petróleo, de acordo com seus pontos de ebulição. A ordem crescente dos pontos de ebulição dos produtos
obtidos é ____ .
(A) destilação fracionada ; gasolina < parafina < gás de cozinha
(B) destilação fracionada ; gás de cozinha < querosene < asfalto
(C) cristalização fracionada ; gás de cozinha < querosene < piche
(D) destilação simples ; piche < querosene < asfalto
(E) filtração simples; piche < parafina < óleo diesel

13. (UFTM/MG) Considere que o posto em questão comercializa álcool, gasolina e óleo diesel. Esses
três combustíveis são
I. misturas homogêneas;
II. derivados do petróleo;
III. obtidos por processos que envolvem destilação.

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É correto o que se afirma somente em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e III.
(E) II e III.

14. (UFPA) A obtenção de energia através de combustão é um tema de grande interesse para a
sociedade. A figura abaixo mostra as estruturas de quatro substâncias químicas utilizadas em reações de
combustão para gerar energia.
H

H C H

H OH
A B C D

Sobre essas substâncias, julgue as afirmações:


I. As substâncias B e C podem ser obtidas de fontes renováveis.
II. As substâncias A e D são obtidas da destilação fracionada do petróleo.
III. O nome oficial (IUPAC) da substância 4-trimetil-2-metil butano
IV. Todas as substâncias são hidrocarbonetos saturados.
V. A substância C é conhecida como álcool metílico.

Estão corretas apenas


(A) I e III
(B) II e III
(C) I e II
(D) IV e V
(E) II, III e V

Gabarito

01.D / 02.Certo / 03.A / 04.D / 05.C / 06.C / 07.D / 08.D / 09.C / 10.A / 11.A / 12.B / 13.D / 14.C

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