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UNIVERSIDAD NACIONAL DE RIO CUARTO

FACULTAD DE CIENCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO LENGUAS

DIPLOMATURA SUPERIOR EN ENFOQUES Y


RECURSOS DIDÁCTICOS PARA LA ENSEÑANZA DE
PORTUGUÉS COMO LENGUA EXTRANJERA (DIPLE)

Curso: EL TEXTO LITERARIO COMO RECURSO DIDÁCTICO EN LA


CLASE DE PLE

Mgtr. Graciela Esther Ferraris

María del Pilar Dobler


pilardobler@hotmail.com.ar

SUMÁRIO
a. Introdução …….......................................................................... 2
b. Justificação teórica da Proposta ............................................. 2
c. Proposta didática ..................................................................... 4
d. Contexto de ação pedagógica ................................................. 5
d. Objetivos ................................................................................. 6
e. Roteiro de Atividades ……….....………................................. 6
f. Avaliação ….............................................................................. 17
g. Fecho – Reflexão Pessoal .......................................................... 17
h. Referências bibliográficas ......................................................... 18
i. Webgrafia ................................................................................... 18
INTRODUÇÃO

No Curso “El texto literario como recurso didáctico en la clase de PLE”, no marco da
DIPLE da Universidade de Río cuarto, como instância de avaliação, a professora solicita a
Elaboración de un proyecto de prácticas de enseñanza de PLE con textos literarios, que conlleve
una reflexión teórica, de acuerdo a consignas dadas por la docente.
Em virtude disso e, como Trabalho Final do Curso, apresenta-se este trabalho incluindo um
marco teórico onde se insere a proposta didática posterior.
Escolhe-se como texto literário a Carta de Pero Vaz de Caminha ou “Carta do achamento
do Brasil”, e para uma abordagem motivadora do texto, recorre-se também a outros recursos
como material audiovisual com vídeos explicativos, vídeo de releitura da Carta de Caminha,
entre outros, diversificando a amostra de língua e favorecendo diferentes entradas de informação
para promover a reflexão e transferência dos tópicos selecionados.
O texto escolhido é considerado valioso para abordar questões socioculturais, éticas,
estéticas do ponto de vista do estrangeiro que chegou ao Brasil; evidencia o seu assombro e o
intuito de explorar essa terra nova; aliás, fornece inúmeros elementos descritivos do cenário da
época, sensual, amável, dócil e com uma beleza natural que construiu um estereótipo do
brasileiro representado até hoje no resto do mundo.
Trata-se de um texto que tem inúmeros aspectos para ser explorado, é interessante a
escolha das palavras do autor, a sua intenção por trás dessas palavras, a adjetivação utilizada para
evidenciar suas sensações e sentimentos, a construção curiosa de algumas palavras se
comparadas com a tradição ortográfica como o caso da duplicação de consoantes, a separação de
termos, a falta de maiúscula inicial, as condições de produção, dentre outros ricos aspectos da
Carta. Também seria interessante analisar todos os aspectos mencionados a partir dos dois perfis
que se conhecem nos estudos históricos sobre a pessoa de Pero Vaz de Caminha. Mesmo assim,
aqui foi selecionado um recorte para alcançar a exploração semântica e atingir também a sua
transferência posterior, em poucas aulas que devem integrar-se a outras relacionadas a outros
aspectos da conformação do povo brasileiro.

JUSTIFICAÇÃO TEÓRICA DA PROPOSTA

Conforme Adriana Silvestri (2002) “El texto estético funciona como un instrumento
mediacional altamente especializado que proporciona una cultura para promover formas de
pensamiento inventivas e imaginativas” e acrescenta que “...el texto estético proporciona un
incremento de conocimiento conceptual” citando a Eco (1977) em: Silvestri, 2002).

Dentre as valorações que faz a autora (Silvestri, 2002) sobre trabalhar textos literários em
sala de aula, menciona citando a Shklovski (1987) que “…la comunicación estética, a diferencia
de la cotidiana, provoca un efecto de extrañamiento que desautomatiza el lengua y desvía los
procesos de comprensión rutinarios”. Também expressa que o autor espera do leitor um trabalho
interpretativo que o leva a representações originais. Silvestri salienta outra característica, o texto
literário tem a função de conduzir à mensagem, focaliza na forma que está na superfície do texto.
Segundo a autora, todos esses processos constituem um trabalho cognitivo intenso para o leitor.

A partir do expressado, seria ingênuo não dar importância aos textos literários como
recursos didáticos no ensino de língua estrangeira.

Então, considera-se que o texto literário pode cumprir o papel de motivar o aluno
acrescentando seu interesse e agilizando seu processo de aprendizagem, se se liga o recurso aos
interesses particulares dos estudantes e se relaciona com disciplinas que os atraem
especificamente.

Embora A Carta de Pero Vaz de Caminha esteja sendo considerada literatura de


informação, e somado a que não fora o propósito do autor redigir uma obra literária, é possível,
através dela, usá-la como tal e realizar uma análise a partir de aspectos literários pela riqueza do
texto. Constitui uma fonte inesgotável de cultura e fornece aos alunos de diversas opções para
obter informação e desenvolver o pensamento crítico; Iochem Valente e de Sena Pinheiro
também afirmam que,

“A língua dentro do contexto literário pode ser mais rapidamente acessada no cérebro,
da mesma forma que uma palavra ou estrutura gramatical pode ser mais facilmente
lembrada, se for contextualizada numa letra de música. É uma estratégia de associação
mnemônica que não deve ser descartada” (Iochem Valente e de Sena Pinheiro, 2008, p.4).

As autoras acrescentam que “o ensino de vocabulário e itens gramaticais pode ser bastante
facilitado se for contextualizado em textos literários de qualidade e trabalhando de forma
agradável, fugindo da pura e tradicional aula de gramática” (Iochem Valente e de Sena Pinheiro,
2008)
Fernanda Mota (2010) explica que a articulação entre literatura e linguística, na cultura, é
importante devido a que se trata de objetos constituídos por signos verbais e eles são marcas
simbólicas que denotam uma realidade cultural.

Na proposta didática deste Trabalho, tenta-se conciliar também com a função


humanizadora da língua que preconiza Matos (2004) e o “saber ser” de que fala Brun (2004),
ambos citados em Mota (2010), além de contribuir com o ensino da língua não apenas para
aprender conteúdos gramaticais, mas como uma amostra da cultura, da história do Brasil e da sua
identidade conformada a partir dessa história e seus protagonistas. Mota explica que essas
representações que se ensinam auxiliam o conhecimento e a compreensão do mundo, de si e do
outro (Mota, 2004). A presença da ficção no ato de imaginar proposta nas atividades e da
dimensão teatral, a através das simulações também previstas, colaboram com levar à prática as
afirmações e sugestões de Brun (2004).

Dentre os objetivos definidos na Proposta Didática e nas atividades da última etapa,


propõe-se um trabalho de transferência conceitual para contextos próximos e atuais. Isso se
sustenta também nos ditos de Mota:

“Valer-se de textos de outros países e línguas para abordar temas locais é uma forma de
mostrar que o local dissolve-se no global e que as fronteiras entre os países atenuam-se
diante de entrecruzamentos transculturais que caracterizam qualquer civilização. Afinal,
em tempos de globalização, nenhum país se constitui isolado dos trânsitos provenientes de
questões culturais, ideológicas, históricas, econômicas, políticas de outras nações” (Mota,
2004, p.100)

PROPOSTA DIDÁTICA

Esta Proposta didática escolhe como texto literário a Carta de Pero Vaz de Caminha,
considerada por alguns estudiosos como o primeiro documento da literatura brasileira. Aliás,
pode ser utilizada como um documento histórico valioso para se entender, no processo de
colonização do Brasil, as dificuldades em reconhecer o "outro", aquele que é diferente de nós e
transferir esses conteúdos atitudinais aos alunos e à atualidade.

Quanto aos propósitos de utilizar este recurso na aula, o essencial não é a memorização,
mas a compreensão do diário de viagem de Caminha, para que os alunos percebam uma
continuação histórica, onde o presente é uma conseqüência do passado.
A carta de Caminha é considerada o relato mais confiável sobre a chegada dos portugueses
ao Brasil. É um diário de viagem diferente aos do seu gênero porque apresenta elementos de uma
crônica, onde se observa uma descrição objetiva, mas também apresenta momentos de
subjetividade.

Para desenvolver o plano, embora o protagonismo seja da Carta do achamento do Brasil, a


PR irá diversificando as amostras da língua com outros recursos como vídeos e imagens para
amenizar o processo e manter o filtro afetivo alto nos alunos, de maneira a alcançar um clima
prazeroso e uma aprendizagem também prazerosa.

Além disso, definiram-se atividades para desenvolver a compreensão auditiva e leitora e a


produção oral e escrita, em forma individual e grupal em cooperação.

CONTEXTO DE AÇÃO PEDAGÓGICA

A proposta didática é destinada aos estudantes do Curso de Português III, oferecido pelo
Centro Intercultural de Línguas –CILEN- da Facultad de Humanidades, Artes y Ciencias
Sociales da UADER, em Paraná, E.Ríos.

A característica particular dos Cursos Cilen é seu público alvo, a comunidade em geral, e
cada um dos cursos exige dos aspirantes apenas ter 18 anos e conhecimentos na língua
portuguesa apresentando uma certidão dos níveis anteriores do Cilen ou resolvendo um exame
nivelador caso viessem de outras instituições.

Dessa descrição, observa-se que o grupo é heterogêneo quanto ao social, ao regional, ao


geracional, dentre vários outros aspectos. Porém, é homogêneo no que diz a respeito da procura
de aprender a língua portuguesa, por própria decisão e interesse, ainda mais, acreditando uma
motivação pessoal relevante para o processo.

Salienta-se que os cursos Cilen ocorrem em uma aula semanal de 2 (duas) horas, de abril a
novembro; isto é, habitualmente se chamam “níveis” para uma organização interna, mas não
correspondem aos conteúdos e exigências do resto das instituições tanto privadas como
universitárias no nosso país, devido à carga horária e à extensão e progressão de conteúdos.

O Curso Português III (como o resto dos “níveis”), não se propõe fins específicos, porque
não tem um público específico nem coloca o desenvolvimento de habilidades específicas como
poderia ser exclusivamente a compreensão leitora ou a interação oral. Porém, seu objetivo é
desenvolver tanto as habilidades linguísticas receptivas (ouvir e ler) bem como as produtivas
(falar e escrever). Portanto, procura aprofundar o desenvolvimento da competência comunicativa
acrescentando e afiançando os conhecimentos em PLE dos anos anteriores para atingir um
domínio ótimo em PLE ao finalizar o trajeto de 4 (quatro) anos .

Então, o nível de competência linguístico cultural dos estudantes do Português III,


conforme o MCER, pode-se considerar dentro do Nível B1.

OBJETIVOS

 Conhecer e interpretar o documento: carta de Pero Vaz de Caminha


 Conhecer os interesses econômicos e religiosos dos colonizadores
 Identificar a dificuldade de valorização do "outro" como uma cultura diferente
 Analisar e refletir sobre elementos ideológicos e linguísticos presente na Carta
 Transferir conteúdos histórico-literários à realidade do contexto próximo
 Produzir textos orais e escritos abordando os tópicos desenvolvidos

ROTEIRO DE ATIVIDADES

1. Criar uma viagem imaginária para os alunos, propor para eles pensarem que chegam por
primeira vez a algum país, cidade, lugar no mundo da sua preferência ou qualquer outro
espaço geográfico. Depois, encaminhar algumas perguntas para situá-los na posição do
estrangeiro ou alheio, de maneira a conseguir que percebam o choque do “diferente”. Por
exemplo:
Como imagina que lá as pessoas vivem seu dia a dia?
Como você imagina que é constituída sua alimentação?
Você não teria dificuldades em se integrar e adotar seus costumes?
Como vai resolver o tema do clima?
Por que você escolheu esse lugar?
O que você vai procurar nele?
Para que seria útil você ficar lá?
(essa atividade aqui, além de despertar expectativa e curiosidade, permite estabelecer as
hipóteses pessoais, que depois podem ajudar à compreensão de fatos históricos)
2. Propor uma chuva de ideias sobre as palavras: descoberta – índios – natureza perfeita –
europeu – pecado – selvagem – bestialismo – catequizar - . Talvez sejam mais termos os
escolhidos, pois não será uma atividade grupal, no início, cada aluno vai tirar um papelzinho
com uma dessas palavras e deverá escrever outras que, segundo sua percepção estejam
relacionadas. Logo cada um lê seu elenco para a turma.
(Esta atividade também ajuda a estabelecer hipóteses, mas já aproxima o tema da unidade)
3. Neste momento a PR faz uma pequena exposição sobre alguns aspectos da passagem do
século XV para o XVI, os objetivos econômicos, o intuito de encontrar novas terras, as
condições econômicas, sociais e religiosas da Europa.
4. Pede que imaginem como foi o momento dos europeus/portugueses ao chegarem ao Brasil,
sobre tudo que pensem nas dificuldades que tiveram de resolver. Os alunos vão escrever isso
num trecho não muito extenso numa folha sem usar. Por exemplo:
Eu acho que os europeus ficaram chocados ao ver que os nativos estavam nus.
(A atividade acima também é para definir alguma hipótese antes de
tomar contato com a informação que reflete o texto a ser trabalhado)
5. Ao terminarem de escrever, todos armam um aviãozinho de papel com a produção dentro,
lançam todos juntos ao teto e todos também pegam um avião de outro colega. Aí cada um
transmite para turma o pensamento do colega (anônimo). Isto é, devem ler em silêncio e
contar para a turma o que acha o colega. Por exemplo:
Ele acha que os europeus, decerto, ficaram chocados quando viram os nativos nus.
(Esta atividade também permite evidenciar desde a perspectiva dos alunos, atualmente, as
dificuldades do encontro com um novo espaço, cultura, pessoas, atitudes, etc. Vai ser útil na
hora de conferir com as dificuldades reais dos portugueses segundo a Carta de Caminha, mas
também é relevante para perceberem as diferenças no pensamento particular)
6. Depois, a PR conta que vão conhecer como foi o momento aquele em 1501 a través da Carta
de Caminha. Dá uma breve referência ao autor. Explica que tal texto foi adaptado para o
português atual. E dispõe os estudantes para assistirem um vídeo com um trecho da carta, em
português arcaico. http://www.youtube.com/watch?v=Dk-ny9fG_gU
7. Refletem juntos aspectos que chamaram a atenção dos alunos, como palavras estranhas,
desconhecidas, estruturas sintáticas, a formalidade do texto, etc. A PR esclarece todas as
dúvidas sobre a história da carta, suas características, a linguagem utilizada, o estilo de
Caminha e sobre alguns aspectos da biografia do autor.
8. A seguir, a PR distribui à classe trechos da carta de Pero Vaz de Caminha e pede que os
alunos identifiquem, no documento, as informações mais importantes sobre as intenções dos
exploradores. Trabalham em pares e apresentam suas conclusões à turma. (Aqui os alunos
elaboram seus aportes com frases curtas e simples, focando no Pretérito Imperfeito do
Indicativo). Por exemplo:
Eles queriam encontrar ouro e prata
O único que lhes interessava era saber si lá tinha minas de ouro
...
“Na noite seguinte, ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus, e especialmente a
capitânia. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o
Capitão levantar âncoras e fazer vela; e fomos ao longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados à
popa na direção do norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nos demorássemos,
para tomar água e lenha. Não que nos minguasse, mas por aqui nos acertarmos.”
“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui
grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau
Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa.
Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a
ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e
depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e
assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.”
“E que aí não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute, bastaria. Quando
mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da
nossa santa fé.”
“Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem
lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre Douro e
Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.”
“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo,
por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta
gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
“Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até à outra ponta que contra o
norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e
cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas
brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é toda praia
parma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a
estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.”
“E, segundo que a mim e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, senão
entender-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer, como nós mesmos, por onde nos pareceu
a todos que nenhuma idolatria, nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem
entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém
vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar, porque já então terão mais conhecimento de nossa fé,
pelos dois degredados, que aqui entre eles ficam, os quais, ambos, hoje também comungaram.”
“E hoje, que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra, com nossa bandeira; e
fomos desembarcar acima do rio contra o sul, onde nos pareceu que seria melhor chantar a Cruz, para
melhor ser vista. Ali assinalou o Capitão o lugar, onde fizessem a cova para a chantar.”
“E portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não
duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa
fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E
imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes
deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.
Portanto Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da sua salvação. E
prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim.”
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf acessado em 01/05/18
9. A partir da atividade anterior, a PR levanta questões diversas para os alunos visualizarem as
dificuldades de compreender uma cultura diferente, valorizar e respeitar. (Pode aqui
esclarecer o que fazia Portugal o país pioneiro na exploração dos mares)
10. Propões logo a audição da releitura da Carta por Leandro Rossi, embora extensa, só faz com
que escutem alguns trechos para perceber a diferença na linguagem adaptada (a PR localiza
especificamente os trechos com os quais os alunos irão trabalhar mais tarde):
https://www.youtube.com/watch?v=F60szJm7yPE

11. Logo a PR propõe um jogo de simulação imaginando os pensamentos de D.Manuel ao ler


a Carta. Pendura na lousa alguns cartões com textos, os alunos lêem as diferentes situações
propostas e aqueles que tiverem vontade podem participar tomando o papel do Rei. Eles
podem fazer gestos, dizer o pensamento interno do Rei ou apresentar possibilidades (para o
que recorrem aos paralelismos verbais com o Subjuntivo).
Seria bom saber se o rei de Portugal Pero Vaz de Caminha previne o
apreciou devidamente a narrativa Rei de que não irá falar “da
enviada, ou se teria preferido um texto marinhagem e das singraduras
mais enxuto. Será que ele se interessou do caminho” porque não o
pelas características dos habitantes das saberia fazer. Deixa esses
novas paragens, ou gostaria mais de ser pormenores para os pilotos.
simplesmente informado se ali havia ou Que terá pesado D.Manuel?
não ouro e outros metais preciosos
como na Índia?
Pedia Caminha a Como se tratava de “gente que
D. Manuel I que fizesse sair ninguém entende”, de nada
seu genro da ilha de São Tomé, serviria embarcar à força nas
onde este certamente se naus um ou dois homens para
encontrava a contragosto. A enviá-los ao rei. Eles
carta-relatório era, portanto, dificilmente aprenderiam a se
encarada pelo emissor como um comunicar em Portugal. Será
serviço que possibilitaria a que D.Manuel pensava igual?
concessão de uma mercê. Será Tivesse gostado de conhecer os
que o Rei acolheu seu pedido? índios?
Terá ficado feliz ou zangado com
isso?

PAUSA ENTRE A PRIMEIRA E A SEGUNDA AULA: Dar a carta para que


leiam na casa durante a semana. Pedir que apontem palavras, passagens não
compreendidos ou de interesse particular.

12. No primeiro momento da aula, a PR entrega um elenco de perguntas que os alunos vão
responder reunidos em pares ou trios, com base na leitura feita na casa. As perguntas seriam:
a. Quais são os acontecimentos relatados na Carta (o encontro, a primeira missa, etc)?
b. Qual a função exercida pelo autor da Carta?
c. Quem é o destinatário da Carta?
d. Quais particularidades do nativo brasileiro são relatadas na Carta?
e. Quais particularidades da vegetação brasileira são relatadas na Carta?
f. O vocabulário empregado na Carta é simples ou rebuscado?
g. A linguagem utilizada pelo autor tem características poéticas ou unicamente
descritivas?
h. Qual a importância desse documento para a História e para a Literatura brasileira?
13. Uma vez finalizada a tarefa, pede que cada dupla ou trio, escreva uma resposta diferente
numa cartolina e, na ordem das perguntas, vão pendurando na lousa. Exemplo do primeiro
passo:
A Carta de Caminha relata a chegada dos portugueses ao Brasil, a reação dos indos, a primeira
missa.

O autor da carta tinha que contar ao rei de Portugal como era a nova terra.

O destinatário da Carta era o Rei de Portugal.

Na carta conta algumas particularidades dos nativos, que estavam nus, que eram dóceis, que
ajudaram a carregar a Cruz para a Missa. Diz que as mulheres tinham cabelos pretos e longos e
não tinham vergonha.
....

....
14. No último passo, o texto elaborado ficariam mais ou menos assim (utilizando articuladores
de coesão e respeitando os enunciados dos alunos, aqui apenas é um suposto):

A Carta de pero Vaz de Caminha relata a chegada dos portugueses ao Brasil. Ali descreve a reação dos
indos, a docilidade deles para acompanhar os fatos propostos pelos europeus como a primeira missa e as
caraterísticas físicas deles. O escrivão-mor tinha que contar ao rei de Portugal como era a nova terra, por
tanto o Rei Don Manoel era o destinatário dela.
O autor fornece detalhes de algumas particularidades dos nativos, que estavam nus, que eram dóceis,
que ajudaram a carregar a Cruz para a Missa, que objetos usavam, como respondiam às ações dos
estrangeiros. Também diz que as mulheres tinham cabelos pretos e longos e não tinham vergonha....(e
assim por diante)

15. Com todas as frases na lousa, se encerra a elaboração do texto a maneira de construção
grupal, escolhendo articuladores, verbos apropriados, substantivos que impossibilitem a
confusão dos sentidos; para conseguir um texto coeso e coerente, sem repetições, valorizando
os mecanismos de coesão textual.
Neste momento também pode acontecer o debate sobre aspectos que tenham sido percebidos
de diferente forma para as diferentes duplas. A PR sempre age como mediadora na interação,
esclarecendo os aspectos necessários e acrescentando informação às frases expostas.
16. Depois, a PR organiza a turma em grupos de 3 ou 4 pessoas e fornece a cada um deles uma
sequência discursiva específica. Cada grupo vai analisar seu recorte a partir de um elenco de
aspectos dado pela PR, a seguir: (Esta atividade permite interpretar o embate entre os
portugueses e os índios no fragmento recebido)
• palavras desconhecidas (buscar suas definições no dicionário);
• descrição da fisionomia e estrutura física dos indígenas;
• descrição de costumes dos índios;
• descrição de objetos desconhecidos por eles;
• descrição de possíveis riquezas que interessaram os portugueses;
• presença de ironia quanto ao costume da nudez por parte dos índios.
Fragmentos escolhidos do MINISTÉRIO DA CULTURA, Fundação Biblioteca Nacional,
acessado em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf

01: "Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Trazia marcos nas mãos, e
suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que
pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que
aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma
carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um
sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de
papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de
aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por
ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar."

02: "A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem
feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir
suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o
beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da
grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro
do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E
trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e
beber."

03: "Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente,
de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de
fonte a fonte, na parte de trás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do
comprimento de um coto, muibasta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava
pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira
era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar."

04: "E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nósoutros que
aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram.
Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou
o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar,
como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e
assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!"

05: "Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e
acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôra mão. Depois lhe
pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis,
mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a
lançavam fora.Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada,
nem quiseram mais.Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho,mas
não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.Viu um deles umas contas de rosário,
brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-
as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do
Capitão, como se dariam ouro por aquilo."

06: "Ali acudiram logo perto de duzentos homens, todos nus, com arcos e setas nas mãos. Aqueles
que nós levamos acenaram-lhes que se afastassem e depusessem os arcos. E eles os depuseram. Mas
não se afastaram muito. E mal tinham pousado seus arcos quando saíram os que nós levávamos, e o
mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes
corriam a quem mais correria. E passaram um rio que aí corre, de água doce, de muita água que
lhesdava pela braga. E muitos outros com eles. E foram assim correndo para além do rio entre umas
moitas de palmeiras onde estavam outros. E ali pararam. E naquilo tinha ido o degredado com um
homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e levou até lá. Mas logo o tornaram a nós. E com ele
vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças."

07: "Dos que ali andavam, muitos — quase a maior parte — traziam aqueles bicos de osso nos
beiços. E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns
espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a
saber um no meio, e os dois nos cabos. E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade
deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados
d'escaques. Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito
pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das
cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam."

08: "Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por galanteria, cheio de penas, pegadas pelo
corpo, que parecia seteado como São Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; e
outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima,
daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas
mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela.
Nenhum deles era fanado, mas todos assim como nós."

17. Uma vez terminada a atividade, cada grupo prepara uma apresentação oral simples com
participação de todos os integrantes, contando à turma maior os dados tirados do seu
fragmento conforme as dicas da PR e expõe. (O intuito é usar frases descritivas e afiançar os
Pretéritos Perfeito e Imperfeito do Modo Indicativo, alem de apurar o uso de contrações e
combinações e os advérbios que precisarem para a tarefa. Isso tudo para a escrita. Já para
expor aos colegas, deverão solicitar à PR as ferramentas que cada turma necessitar)

PAUSA ENTRE A SEGUNDA E A TERCEIRA AULA

18. No terceiro encontro a PR apresenta uma imagem a través do projetor, que mantém fixa por
uns minutos para os alunos observarem.
Na imagem o cartunista Laerte apresenta a cena em que os portugueses encontram os índios
quando o descobrimento do Brasil. A PR alimenta a reflexão e comparação da imagem com o
material abordado até o momento de, em termos de forma e conteúdo. Também sugere pensar
si a visão de Laerte é coerente com a maneira como a sociedade atual percebe esse fato
histórico e justificar.
(Nesta atividade oral, promove-se o uso de estruturas de comparação, uso de diminutivos e
superlativos. Favorece a reflexão imaginando o mesmo fato do ponto de vista do nativo e
entrar em conflito com as próprias idéias e preconceitos)
19. Depois, a PR apresenta o vídeo de Pedro Gonzaga estabelecendo algumas questões
particulares que surgem da Carta de Caminha:
https://www.youtube.com/watch?v=TtGMWDcaXFw

20. Uma vez assistido o vídeo, pede para os alunos elencarem os dados mais importantes que
salienta o autor e vai guiando com perguntas, como por exemplo:
a. O que ele fala que aconteceu com o abacaxi?
b. O que ele expõe sobre o destinatário da carta e seus interesses?
c. Tem algum ponto duvidoso ou suspeito de credibilidade?
d. Segundo ele, qual é a importância da nudez das índias?
e. Que sentido tem o termo “Éden”?
f. Faça outro comentário que tenha sido relevante
g. Que sugere pensar no final do vídeo?
h. Poderiam dizer que ele sintetiza o que estiveram vendo nestas aulas?
21. A PR sugere assistir o vídeo da Carta de Caminha por Mary Del Priori
https://www.youtube.com/watch?v=0hn6kOjMnzM. Nele, a autora aponta mais outros
aspectos para acrescentar ao debate e à reflexão anteriores.

(As duas atividades acima -18 e 19- permitem conferir hipóteses iniciais que puderam ter
emergido na chuva de ideias no início ou nas primeiras atividades de assistir vídeos e escutar
leituras da carta)
22. Promove-se um debate oral com a PR como guia na interação. (O intuito na aprendizagem
da língua nesta atividade é fomentar o uso de estruturas simples para opinar, manifestar
acordo, expressar desacordo e argumentar. Inicia-se nesta etapa a reflexão mesmo sobre
alguns valores e a transferência dos conteúdos ao contexto próximo na atualidade).
23. Seguidamente, a PR forma cinco grupos onde cada um deverá abordar uma questão da carta
sobre o ponto de vista do estrangeiro, os grupos serão constituídos pela preferência dos alunos
sobre o tópico selecionado:
Grupo 1: A questão do preconceito racial
Grupo 2: A questão de gênero
Grupo 3: A questão da religiosidade
Grupo 3: O interesse dos europeus pelas amplas possibilidades da terra
Grupo 4: A importância desse documento para a Literatura Brasileira

(Esta atividade será solicitada para iniciar em sala de aula e contar com o auxílio da PR, no
entanto, podem elaborar e terminar em casa recorrendo às ferramentas e recursos que
desejarem ou tiverem. Também, neste terceiro encontro, será demarcado o dia do quarto
encontro para a apresentação dos palestrantes, prévia correção da escrita por parte da PR via
endereço eletrônico ou através da plataforma virtual da instituição educativa)

PAUSA ENTRE TERCEIRA E QUARTA AULA

24. Para começar a última aula da unidade, os grupos palestrantes se organizam e expõem
revezados o tema preparado como encerramento dos tópicos a nível histórico. Para passar
logo à transferência concreta a nossa realidade quotidiana. (cada turma será parabenizada)
25. Depois, a PR comenta que possui uma série de perguntas que vai ler e não antecipa a
atividade nem solicita resposta. A ideia é problematizar alguns aspectos que emergem do
documento trabalhado. Mas, desta vez apenas lê todos os supostos problemas:
- Se atualmente, os índios seriam descritos da mesma forma. Por quê? O que pode ter alterado a
visão que temos sobre os índios ao longo da história?
- Se hoje em dia, os povos indígenas remanescentes do Brasil e os descendentes dos portugueses
se comunicam melhor do que se comunicavam na época do descobrimento. Por quê?
- Se os valores daquela época ainda são aplicáveis nos dias atuais?
- Se ainda estamos/estão submissos à cultura, a valores impostos de outros países?
- A PR e cada aluno pode problematizar a partir de suas vivências e do conteúdo proposto com
o intuído da carta e como se deu o processo de colonização do Brasil

26. De seguida, a PR apresenta uma caixa com estes mesmos problemas escritos em tirinhas de
cartolina e repetidos 3 vezes. Cada aluno pode tirar 1, 2 ou 3 tirinhas se quiser. Os problemas
estão repetidos para que surjam varias posições a respeito do mesmo problemas.
27. Cada aluno vai escrever sua ideia sobre o tema no dorso e volta a colocar na caixa em forma
anônima. Desse jeito ninguém fica evidenciado em seu pensamento, mas todos podem logo
perceber as diferenças apenas entre colegas da turma e dimensionar quanto seriam aquelas entre
países, colonizadores e nativos. É relevante fomentar aqui
expressamente o tema do respeito das diferenças culturais começando
por reconhecer a existência do outro e valorar suas riquezas, mesmo
estranhas para si mesmo.
Algum colaborador pode ir tirando os papéis da caixa e organizando por
problema, outro pode ler todos os pensamentos sobre um determinado
problema, outro ajudante aluno pode ler sobre o seguinte problema e assim por diante.
(Podem apenas ouvir, mas também pode ser promovido um debate. Afiançam o uso de estruturas
para opinar, expressar ideias, afirmar, concordar, discordar, argumentar).
28. Por último, a maneira de encerramento, a PR pede que elaborem uma carta, considerando os
elementos necessários ao gênero, destinada a alguma pessoa de confiança, com linguagem
simples, não coloquial, mas também não com a formalidade de uma carta destinada à autoridade
máxima de um país (conforme a competência comunicativa dos alunos). Nela vão contar o que
aprenderam dessa unidade, o que chamou sua atenção, mas também, vão estabelecer uma relação
com a atualidade de nosso país (Argentina), tomando como tópico algum/ns dos apontados para
o trabalho em grupo.
(Esta atividade também, como no caso anterior, será iniciada em sala de aula para poupar a ajuda
da PR, mas finalizada na casa, é individual. Deve ser enviada à PR para correção e logo
postada/publicada no Facebook da turma para proveito de todos. É importante nesta etapa, que o
aluno expresse também aquelas hipóteses que comprovou e aquelas que, uma vez confrontadas,
teve a necessidade de modificar conforme o aprendido).

AVALIAÇÃO

Em geral, os critérios de avaliação serão os seguintes:

 Interpretação da Carta a El Rei D. Manuel, de Pero Vaz de Caminha


 Análise crítica do embate ideológico entre portugueses e indígenas;
 Produção de um texto do gênero carta incluindo informação, argumentação e descrição.
 Produção de um texto para exposição oral, em cooperação.
 Capacidade de refletir sobre valores e ideias em contraste e desenvolver empatia com a
diferença em geral
 Capacidade de transferir os tópicos desenvolvidos à realidade atual e do contexto
próximo

No entanto, salienta-se que a avaliação será constante permitindo uma gama de recursos para a
captação do conteúdo e a reflexão em torno dele, com o objetivo primordial de despertar nos
alunos o pensamento crítico sobre questões atuais vinculadas à uma carta escrita há mais de
quinhentos anos.

FECHO – REFLEXÃO PESSOAL

Minha experiência pessoal com este Trabalho Final foi muito enriquecedora e
provocadora.

Como professora de PLE, lido com situações de desigualdade dentro mesmo dos diversos
públicos de alunos com os que trabalho. Além do mais, o objeto de ensino é uma língua
estrangeira o que carrega com mais outras diferenças culturais.

Achei interessante experimentar e conseguir essa tal articulação entre literatura e


linguística mencionada no Marco Teórico. Considero, por fim, que um outro jeito, diferente,
dinâmico e atraente de “fazer as coisas” pode não só mostrar o que os alunos vêm aprender da
cultura da língua alvo, mas também pode transformá-los, desenvolver neles novos pensamentos,
maior respeito e valorização do outro, ora o brasileiro, ora o colega ao lado na sala de aula;
sempre que a proposta for interessante e motivadora.

A respeito das estratégias de ensino, a proposta aqui apresentada também ajudou a


desenvolver ferramentas para lidar com a resolução de conflitos em sala de aula, conseqüentes
dos debates que se promovem. Colaborou com aumentar minha imaginação e criatividade para
elaborar atividades interessantes. E finalmente, conseguiu me enamorar de um texto que achava
chato apresentar. Agora, convencida de que quando o professor se apaixona pelo material e as
atividades pode ocorrer a motivação nos alunos, fico emocionada porque também consegui.

BIBLIOGRAFÍA

Silvestri, A. (2002) La creación verbal: el procesamiento del discurso estético. Estudos de


Psicologia. Instituto de Lingüística. UBA.
Iochem Valente, M. e de Sena Pinheiro, R. (2008) Língua e literatura: uma parceria de sucesso
no mundo das letras. Revista FACEVV. 2º semestre. Nº1
Mota, F. (2010) “Literatura e(m) ensino de língua estrangeira” Em: Vertentes & Interfaces II:
Estudos Linguísticos e Aplicados. Fólio-Revista de Letras. Vitória da Conquista.
V.2,N.1. UFBA.

WEBGRAFIA
Carta de Pero Vaz de Caminha, versão em português arcaico:
http://pt.wikisource.org/wiki/Carta_a_El_Rei_D._Manuel_(ortografia_original)
Acessado em: 28/04/18
Carta de Pero Vaz de Caminha por Leonardo Rossi, versão em português adaptado:
https://www.youtube.com/watch?v=F60szJm7yPE Acessado em 1/05/18
Carta de Pero Vaz de Caminha por Pedro Gonzaza:
https://www.youtube.com/watch?v=TtGMWDcaXFw Acessado em 29/04/18
Carta de Pero Vaz de Caminha por Mary del priori:
https://www.youtube.com/watch?v=0hn6kOjMnzM acessado em 30/04/18
Fotografia do cartunista Laerte em: Ferreira Botelho, P.; Lopes Magela Gerhardt, A. e Mendes
Amantes, A. (2015) Metacognição, objetivos de leitura e atividades didáticas de
língua portuguesa. UFRJ. Rio de Janeiro. Brasil.
http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n1/1984-6398-rbla-15-01-00180.pdf Acessado em
01/05/18
Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional. Departamento Nacional do Livro. A carta
de Pero Vaz de Caminha.
http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf Acessado em
01/05/18

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