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TRATAMENTO

DE RESÍDUOS
Reatores Anaeróbios
Fonte: ANA, 2020 (Atlas Esgotos)
FUNDAMENTOS DA DIGESTÃO
ANAERÓBIA
• Ambientes anaeróbios:
• Respiração: Aceptores de elétrons inorgânicos
• NO3-: Redução de nitrato
• SO4-2: Redução de sulfato
• CO2: Formação de metano
• Fermentação: Ausência de um aceptor final de elétrons

Estima-se que a digestão anaeróbia, com formação de


metano, seja responsável pela completa mineralização de
5 a 10% de toda a matéria orgânica disponível na terra.
Rotas metabólicas e
grupos microbianos
envolvidos na digestão
anaeróbia
HIDRÓLISE
• Vários fatores podem afetar o grau e a taxa em que o substrato é
hidrolisado:
• Temperatura operacional do reator;
• Tempo de residência;
• Composição do substrato;
• Tamanho das partículas;
• pH do meio;
• Concentração de N-NH4+;
• Concentração de produtos de hidrólise.
HIDRÓLISE
• Dentre os gêneros de bactérias com capacidade hidrolítica no processo de
digestão anaeróbia, destacam-se:
• Clostridium, Micrococus e Staphylococcus, que são gêneros produtores de
lipases para degradação de lipídeos a ácidos graxos;
• Bacteroides, Butyvibrio, Clostridium, Fusobacterium Selenomonas,
Streptococcus, Proteus, Peptococcus e Bacillus, que são gêneros produtores de
proteases para degradação de proteínas a aminoácidos.
• Clostridium, Staphyloccoccus, Acetivibrio, Eubacterium, que são gêneros
produtores de amilases, para degradação de polissacarídeos a açúcares
menores.
ACIDOGÊNESE
• A acidogênese é efetuada por um grande número de bactérias fermentativas. Dentre
os gêneros mais comuns em reatores anaeróbios estão:
• Clostridium
• Bacteroides,
• Ruminococcus,
A maioria dos microrganismos
• Butybacterium,
• Propinobacterium, acidogênicos fermenta açúcares,
• Eubacterium, aminoácidos e ácidos graxos
• Lactobacillus, resultantes da hidrólise da matéria
• Streptococcus, orgânica complexa, e produzem
• Pseudomonas, diversos compostos mais simples,
• Desulfobacter, como ácidos orgânicos, álcoois e
• Micrococcus, cetonas, além de novas células
• Bacillus, bacterianas.
• Escherichia.
ACETOGÊNESE
• As bactérias sintróficas acetogênicas são responsáveis pela oxidação de
compostos intermediários em substrato apropriado para os microrganismos
metanogênicos.
• Os gêneros conhecidos dessas bactérias encontrados em reatores
anaeróbios são:
• Syntrophobacter,
• Syntrophomonas.
METANOGÊNESE
• Microrganismos metanogênicos: Archaea

Características Domínio Bactéria Domínio Archea


Não contém peptideoglicano; possui
Parede celular Contém peptideoglicano um polissacarídeo similar,
denominado pseudopeptideoglicano
Composta por éster de Composta por éster de ácidos graxos
Membrana de lipídeos ácidos graxos, formando formando cadeias longas e
cadeias retas. ramificadas
Existem vários tipos, que são
Existe um único tipo, com estruturalmente mais complexos.
RNA polimerase uma estrutura quaternária Como consequência alguns aspectos
simples (tridimensional) da síntese de proteínas são diferentes
da realizada por bactérias.
SULFETOGÊNESE
• As bactérias redutoras de sulfeto tem como produto final da digestão
anaeróbia o sulfeto de hidrogênio.
• Competem pelo substrato com as bactérias metanogênicas.
RETENÇÃO DE BIOMASSA NOS
SISTEMAS ANAERÓBIOS
• Retenção por adesão
• Superfícies fixas;
• Superfícies móveis

• Retenção por floculação


• Essencial para garantir um efluente com
baixas concentrações de sólidos
suspensos.
RETENÇÃO DE BIOMASSA NOS
SISTEMAS ANAERÓBIOS
• Retenção por granulação
• Reatores anaeróbios de fluxo ascedente;
• Mecanismos que controlam a formação de grânulos:
• Características do substrato;
• Compressão gravitacional das partículas de lodo e taxa de liberação de biogás;
• As condições ideais para o crescimento das arqueas metanogênicas;
• A velocidade ascensional do líquido através do leito de lodo;
• A temperatura e o pH
RETENÇÃO DE BIOMASSA NOS
SISTEMAS ANAERÓBIOS
• Retenção Intersticial
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
MICROBIANA
• Atividade metanogênica específica (AME):
• Capacidade máxima de produção de metano por um consórcio de
microrganismos anaeróbios, realizada em condições controladas de
laboratório.
• Importância:
• Avaliar o comportamento de biomassas sob o
efeito de compostos potencialmente
inibidores;
• Determinar a toxicidade relativa de compostos
químicos presentes em efluentes líquidos e
resíduos sólidos;
• Estabeler o grau de degradabilidade de
diversos substratos;
• Monitorar as mudanças de atividade do lodo.
SISTEMAS ANAERÓBIOS DE
TRATAMENTO
Digestores de lodo

Sistemas convencionais Tanques sépticos


Lagoas anaeróbias

Reatores de leito fixo

Com crescimento aderido Reatores de leito rotatório

Reatores de leito expandido/fluidizado


Sistemas de alta taxa
Reatores de dois estágios
Reatores de chicanas
Com crescimento Reatores de manta de lodo
disperso Reatores com leito granular expandido
Reatores com recirculação interna
DIGESTORES ANAERÓBIOS DE
LODO
• Tratamento de efluentes industriais com alta concentração de sólidos
suspensos.
• Usualmente são constituídos por tanques circulares cobertos, em concreto
armado.
• Para que ocorra a
hidrólise do material
particulado, os digestores
convencionais são
normalmente aquecidos
na faixa de 25 a 35 °C.
DIGESTOR ANAERÓBIO DE BAIXA
CARGA
• Não dispõe de dispositivos de mistura;
• Há quatro zonas dentro do reator:
• Zona de escuma;
• Zona de sobrenadante;
• Zona de digestão ativa;
• Zona de lodo estabilizado.

Parâmetro Faixa de valores


Carga de sólidos
0,6 – 1,6
(kgSSV/m³.d)
Tempo de retenção
30 - 60
celular (d)
DIGESTOR ANAERÓBIO DE UM
ESTÁGIO E ALTA CARGA
• Mecanismos suplementares de
aquecimento e mistura;
• Taxas de alimentação uniforme;

Parâmetro Faixa de valores


Carga de sólidos
1,6 – 3,2
(kgSSV/m³.d)
Tempo de retenção
15 – 20
celular (d)
DIGESTOR ANAERÓBIO DE UM
ESTÁGIO E ALTA CARGA
• Mecanismos suplementares de
aquecimento e mistura;
• Taxas de alimentação uniforme;

Parâmetro Faixa de valores


Carga de sólidos
1,6 – 3,2
(kgSSV/m³.d)
Tempo de retenção
15 – 20
celular (d)
DIGESTOR ANAERÓBIO DE DOIS
ESTÁGIOS E ALTA CARGA
• Incorporação de um segundo
tanque de digestão operando em
série;
• Primeiro tanque: digestão do lodo
• Segundo tanque: estocagem e
concentração do lodo
Tem SISTEMAS DE ALTA TAXA
mecanismos
de retenção
de biomassa
Leito fixo

Crescimento
Leito rotário
aderido
Sistemas
anaeróbios
Crescimento Leito
disperso expandido
REATORES ANAERÓBIOS DE LEITO
FIXO
• Reator mais comum:
Filtros anaeróbios;

• Tempo médio de
residência dos sólidos:
20 dias;

• Geralmente operados
com fluxo vertical.

Filtro anaeróbio de Filtro anaeróbio de


fluxo ascendente fluxo descendente
REATOR ANAERÓBIO DE LEITO
ROTATÓRIO
• Meio suporte: configuração sequencial de discos parcialmente ou
totalmente submergido.
• O tanque é coberto para evitar contato com o ar.
REATOR ANAERÓBIO DE LEITO
EXPANDIDO E FLUIDIZADO
• Eliminou os problemas de
difusão do substrato;
• Biomassa cresce em espessura
reduzida;
• A fluidização e expansão
elimina os problemas de
entupimento;
• Leito expandido: grau de
expansão entre 10 e 20%;
• Leito fluidizado: expansão varia
entre 30 e 100%.
REATOR ANAERÓBIO DE DOIS
ESTÁGIOS
• Tanque de mistura complete (reator anaeróbio) seguido de um dispositivo para
separação e retorno de sólidos.
REATOR ANAERÓBIO DE
CHICANAS
• Equipado com chicanas verticais: impõem ao líquido um movimento
sequencial descendente e ascendente, de forma a garantir um maior
contato com a biomassa.
REATOR ANAERÓBIO DE FLUXO
ASCENDENTE E MANTA DE LODO
• Também chamado de UASB (Upflow
Anaerobic Sludge Blanket)
• A estabilização da matéria orgânica
ocorre em todas as zonas de reação
(leito e manta de lodo).
• São utilizados para vários tipos de
despejos industriais, notadamente os
oriundos das indústrias alimentícias
como açúcar e álcool, conservas e
bebidas, que se caracterizem por
apresentar cargas orgânicas com
elevados níveis de
biodegradabilidade.
https://youtu.be/AEbUPfonSpI
REATOR ANAERÓBIO DE LEITO
GRANULAR EXPANDIDO (EGSB
• Destina-se principalmente ao
tratamento de efluentes solúveis, uma
vez que as elevadas velocidades
superficiais do líquido no interior do
reator não possibilitam uma remoção
eficiente de materiais orgânicos
particulados.
REATOR ANAERÓBIO COM
RECIRCULAÇÃO INTERNA

• O fato do despejo bruto entrar misturado como


lodo de retorno e com a fase líquida recirculada
confere um grau de diluição minimizando riscos de
toxicidade e choques de carga orgânica e pH.
• Admitem taxas de aplicação (kg DBO/m³.dia)
cerca de três vezes maior que o UASB.
• Uso consagrado por cervejarias de grande porte.

https://youtu.be/Kx9sQYgMLbQ
REATORES DE MANTA DE LODO
• O sistema possui as seguintes características:
• Sistema compacto, com baixa demanda de área;
• Baixo custo de implantação e de operação;
• Baixa produção de lodo;
• Baixo consumo de energia;
• Satisfatória eficiência de remoção de DQO e DBO (65 a 75%);
• Possibilidade de rápido reinicio;
• Elevada concentração e boa desidratabilidade do lodo excedente.
REATORES DE MANTA DE LODO
• Desvantagens dos reatores UASB:
• Possibilidade de emanação de maus odores;
• Baixa capacidade do Sistema em tolerar cargas tóxicas;
• Elevado intervalo de tempo necessário para a partida do sistema;
• Necessidade de uma etapa de pós-tratamento.
REATORES DE MANTA DE LODO

Após alguns meses de


operação, desenvolve-
Aumento progressivo da
Start up do sistema se um leito de lodo
taxa de alimentação
concentrado no fundo
do reator

Acima do leito de lodo,


desenvolve-se uma zona
Separador trifásico:
de crescimento
retenção e retorno do
bacteriano mais
lodo
disperse, denominada
manta de lodo

https://youtu.be/cz-ARVQ6Ac8
REATORES DE MANTA DE LODO
• Problemas usuais associados ao processo:
• Obstrução dos dispositivos de entrada e saída do reator;
• Corrosão;
Classe do composto Composto Característica dos odores
Ácido sulfídrico Ovo podre
REATORES DE MANTA DE LODO
Metilmercaptana Repolho, alho
Enxofre Etilmercaptana Repolho deteriorado
• Problemas Dimetilsulfeto Legumes deteriorados
usuais Dimetildissulfeto Pútrico
associados ao Amônia Picante e irritante
processo: Metilamina Peixe em decomposição
• Geração Nitrogênio
Etilamina Picante, amoniacal
de odores;
Dimetilamina Peixe deteriorado
Acético Vinagre
Ácidos Butírico Manteiga
Valérico Suor
Formaldeído Sufocante
Aldeídos e cetonas Butiraldeído Ranço
Acetona Fruta doce
REATORES DE MANTA DE LODO
• Problemas usuais associados ao processo:
• Formação e acumulação de escuma
• Em reatores anaeróbios a escuma pode ocorrer no interior do separador trifásico e
na superfície do decantador.
QUESTÃO 01
• (Polícia Científica – 2016) Considerando-se os reatores anaeróbios de alta
taxa, também conhecidos como reatores UASB, empregados no
tratamento de esgoto, é correto afirmar que
a) metano, gás carbônico e mercaptanas são produzidos durante o
tratamento de esgoto.
b) A alimentação do reator é feita pela parte superior do reator, por meio de
tubulações devidamente dimensionadas.
c) a formação de caminhos preferenciais dentro do reator auxilia nos
processos de tratamento de esgoto.
d) a eficiência do tratamento de esgoto independe da utilização de
desarenadores antes dos reatores.
e) a zona de sedimentação dos sólidos e flocos é opcional nos reatores.
QUESTÃO 02
• (FCC – 2016) Com relação ao reator tipo UASB − reator anaeróbio de fluxo ascendente em manto de lodo,
considere as afirmações abaixo. I. O reator UASB é uma tecnologia de tratamento biológico de esgotos
baseada na decomposição aeróbia da matéria orgânica. Consiste em uma coluna de escoamento
ascendente, composta de uma zona de digestão, uma zona de sedimentação, e o dispositivo separador de
fases gás-sólido-líquido. II. O esgoto aflui ao reator e após ser distribuído pelo seu fundo, segue uma trajetória
ascendente, desde a sua parte mais baixa, até encontrar a manta de lodo, onde ocorre a mistura, a
biodegradação e a digestão anaeróbia do conteúdo orgânico, tendo como subproduto a geração de gases
metano, carbônico e sulfídrico. III. Ainda em escoamento ascendente, e através de passagens definidas pela
estrutura dos dispositivos de coleta de gases e de sedimentação, o esgoto alcança a zona de sedimentação.
IV. A manutenção de um leito de sólidos em suspensão constitui a manta de lodo, e em função do fluxo
contínuo e ascendente de esgotos, nesta é que ocorre a decomposição do substrato orgânico pela ação de
organismos anaeróbios. Está correto o que se afirma em
a) I, II, III e IV.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, III e IV, apenas.
d) I, II e III, apenas.
e) I, II e IV, apenas.
CONTROLE OPERACIONAL DE
REATORES ANAERÓBIOS
• Verificação de parâmetros operacionais
• Vazões afluentes ao Sistema;
• Caracterização físico-química e microbiológica do esgoto afluente;
• Eficiência e problemas operacionais das unidades de tratamento preliminar;
• Quantidade e características do biogás produzido no reator anaeróbio;
• Quantidade e características do lodo produzido no reator anaeróbio.
CONTROLE OPERACIONAL DE
REATORES ANAERÓBIOS
• Melhoria das condições operacionais
• Determinação da melhor rotina de descarte e desidratação do lodo
excedente.
• Definição das melhores práticas e rotinas de operação e limpeza das unidades
de gradeamento e desarenação.
• Identificação dos pontos com ocorrência de maus odores.

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