Você está na página 1de 12

OPINIÃO (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.

BR/MUNDO/FINANCIALTIMES/)

CORONAVÍRUS (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/COTIDIANO/CORONAVIRUS)

A democracia vai fracassar se não pensarmos


como cidadãos
Pandemia da Covid-19 pode ser choque transformador para sociedades ocidentais

7.jul.2020 às 18h11

Martin Wolf
Comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School
of Economics.

LONDRES | FINANCIAL TIMES“Está claro, então, que a melhor parceria em um Estado é


aquela que opera através da classe média, e esses Estados em que a classe média é
maior e mais forte, se possível, que as outras duas classes somadas, ou pelo menos,
em que ela é mais forte que qualquer das outras duas isoladamente, terão todas as
chances de ter uma Constituição bem gerida.”
“Política”, de Aristóteles.

A Covid-19 está sendo um choque global (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/coronavirus/).


Mas será um choque transformador? A resposta é que ela pode ser um evento
transformador para várias sociedades ocidentais, especialmente os Estados
Unidos e o Reino Unido.
Ativista ambiental segura máscaras encontradas em praia de Hong Kong - Anthony Wallace -
13.mai.20/AFP

Para as democracias liberais ocidentais, a era do pós-Segunda Guerra Mundial


pode ser dividida em dois sub-períodos. O primeiro, mais ou menos entre 1945
e 1970, foi a era de um consenso “social democrata”, ou, como os americanos
talvez dissessem, um consenso “New Deal”. A segunda, que começou por volta
de 1980, foi a do “mercado livre global”, ou “o consenso Thatcher-Reagan”.

Entre esses dois períodos houve um interregno –a década de 1970, marcada


pela inflação alta. Parece que agora estamos vivendo outro interregno, que
começou com a crise financeira global.

Essa crise prejudicou a ideologia do livre mercado. Mas esforços valorosos


foram feitos em todo o mundo ocidental para restaurar o “ancien régime”,
com o resgate do sistema financeiro, a adoção de regulamentação financeira
mais rigorosa e a austeridade fiscal.
O coronavírus expôs fragilidades de nosso modelo econômico e social.

Na verdade, a ascensão do nacionalismo populista veio depois desta tentativa


de restauração. Com seu protecionismo e bilateralismo, sua promessa de
preservar a previdência social e a sua ênfase inicial (desde então esquecida)
sobre a reconstrução da infraestrutura, Donald Trump tornou-se líder de seu
partido (https://www1.folha.uol.com.br/especial/2017/governo-trump/) justamente por não ser um
republicano tradicional, defensor do livre mercado.

Com sua promessa de ajudar as regiões mais pobres e suas referências


favoráveis ao "New Deal" de Franklin Delano Roosevelt, também Boris Johnson
vem indicando um novo rumo a seguir (https://www1.folha.uol.com.br/especial/2019/brexit/).
Esses líderes enterraram Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

O coronavírus, agora, causou um retorno ainda mais dramático ao papel


central do governo do que o que se viu com a crise financeira. Isso pode
assinalar o fim do segundo período de transição do pós-guerra.

Em torno de qual ideia a política, a sociedade e a economia podem girar


agora? A resposta deveria ser a cidadania, um conceito que remete às cidades-
Estado dos gregos e de Roma. Isso é mais do que uma mera ideia política.

Como Aristóteles também disse, “o homem é um animal político”. Para ele, só


somos plenamente humanos quando somos participantes ativos em uma
comunidade política.

Em uma democracia, as pessoas não são apenas consumidores, trabalhadores,


empresários, poupadores ou investidores. Somos cidadãos. Esse é o elo que
vincula as pessoas em uma empreitada comum.

No mundo de hoje, a cidadania precisa ter três aspectos: lealdade às


instituições políticas e legais democráticas e aos valores de diálogo aberto e
tolerância mútua que as sustentam; preocupação com a capacidade de todos
os concidadãos levarem uma vida realizada; e o desejo de criar uma economia
que permita o florescimento dos cidadãos e de suas instituições.
A razão mais importante para se enfatizar a cidadania hoje é a que foi
delineada por Aristóteles quase dois milênios e meio atrás.

Uma condição necessária à estabilidade de qualquer democracia


constitucional é uma classe média robusta (é isso o que se quer dizer quando
se fala das pessoas na parte do meio da distribuição de renda).

Na ausência dela, o Estado corre o risco de se converter em plutocracia,


demagogia ou tirania.

Com o esvaziamento da classe média, até mesmo as democracias liberais


arraigadas agora correm perigo. Como argumentam Eric Lonergan e Mark
Blyth em “Angrynomics”, a combinação de novas realidades econômicas
adversas e injustiças manifestas deixou muitas pessoas enfurecidas.

Em "Deaths of Despair and the Future of Capitalism" (mortes de desespero e o


futuro do capitalismo), Anne Case e Angus Deaton argumentam que essas
novas realidades também estão levando muitas pessoas a sofrer problemas
graves de saúde (https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/04/coronavirus-mata-negros-e-pobres-de-forma-
desproporcional-nos-eua.shtml).

Eles destacam que os índices de letalidade dos brancos americanos de classe


média vêm subindo desde 2000. Algo semelhante parece estar ocorrendo mais
recentemente no Reino Unido.

“As mortes provocadas pelo desespero”, eles sugerem, “são prevalentes entre
aqueles que foram deixados para trás, cuja vida não se desenrolou como eles
previam”.

Como foi que chegamos aqui? Como a Covid-19 se encaixa nisso? E de que
modo nossas ideias e políticas públicas precisam mudar?

O acordo do pós-guerra funcionou bem por algum tempo. Era igualitário e


economicamente dinâmico, especialmente em países que haviam sido
devastados pela guerra.
Os governos ocidentais assumiram um papel ativo na gestão de suas
economias domésticas e, ao mesmo tempo, ampliaram e liberalizaram o
comércio externo.

Intelectualmente falando, essa deveria ser chamada a Era de Keynes. Mas ela
morreu com a alta da inflação, que precipitou a insatisfação trabalhista e o
desaquecimento econômico dos anos 1970.

A era keynesiana foi seguida pela de Milton Friedman, caracterizada pela


globalização, os mercados liberalizados, impostos marginais baixos e foco
sobre o controle da inflação.

Essa nova era levou a grandes conquistas, notadamente reduções na


desigualdade global e na pobreza de massa. Foi também uma era de inovações
importantes, especialmente na tecnologia da informação.

Não menos importante, também, ela foi a era em que o comunismo soviético
desabou e o ideal de democracia se propagou pelo mundo.

No entanto, vários grandes pontos fracos vieram à tona. O crescimento


econômico nos países de alta renda tendia a ser baixo em relação ao que foi
conquistado na era do pós-guerra.

A distribuição de renda e riqueza foi ficando mais desigual


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/05/crise-trazida-pela-pandemia-acelera-o-empobrecimento-do-

brasileiro.shtml).
O valor econômico da mão de obra relativamente pouco instruída
caiu em relação à de pessoas com formação universitária.

Os mercados trabalhistas ficaram mais “flexíveis”, mas os ganhos se


precarizaram. Quanto mais desigual a sociedade, menor é a mobilidade social.

Nas culturas que enfatizam a obrigação de cada um cuidar de si, a


desigualdade, enquanto tal, pode não ser tão social e politicamente
desestabilizadora.
Mas a percepção de que as perspectivas que as pessoas têm para si mesmas e
para seus filhos estão deteriorando tem muita importância. E um senso forte
de injustiça, também.

É aqui que ganha relevância a ideia de “capitalismo manipulado” ou


“fraudulento”. Um aspecto disso é o crescimento excessivo do setor financeiro.

Outro é a transição para a maximização do lucro dos acionistas como meta


única das empresas e a tendência associada de recompensar os diretores de
empresas em proporção com os preços das ações.

Outro aspecto é o declínio da concorrência, documentado, no que diz respeito


aos EUA, por Thomas Philippon em seu livro. Também é relevante a sonegação
de impostos, notadamente por corporações.

Permitiu-se que multinacionais americanas declarassem uma parte enorme de


seus lucros no exterior em pequenas jurisdições onde os impostos são baixos.

Essas oportunidades e muitas outras em diferentes áreas não estão apenas


sendo aproveitadas. Estão sendo criadas ativamente, por meio do trabalho de
lobby.

Por mais conveniente que seja colocar a culpa em outros países, não são eles
os culpados. O comércio internacional, especialmente o crescimento
repentino das importações de bens manufaturados da China na primeira
década deste século, provocou choques locais.

Mas o economista de Harvard Elhanan Helpman conclui uma revisão da


literatura especializada dizendo que “a globalização, sob a forma de comércio
externo e da transferência de operações de empresas para outros países, não
contribuiu muito para a desigualdade crescente”.

Muito mais importante que isso vêm sendo as transformações tecnológicas.


Tem sido especialmente significativo o aumento rápido da produtividade no
setor manufatureiro, como argumenta Martin Sandbu em "The Economics of
Belonging" (a economia do pertencimento). Outro fator importante tem sido a
demanda crescente por mão de obra qualificada em relação à não qualificada.

O declínio do setor manufatureiro como fonte de emprego vem tendo efeitos


adversos em cidades e regiões em que esse setor se concentrava.

Quando fábricas são fechadas ou demitem uma parte grande de sua força de
trabalho, a economia local mais ampla também é adversamente afetada.

Essas regiões “deixadas para trás” viraram um elemento crucial nas coalizões
dos insatisfeitos. Enquanto isso, as cidades, especialmente as grandes
metrópoles, são centros dinâmicos que atraem pessoas altamente instruídas e
novas atividades, como notou o economista Paul Collier, da Universidade
Oxford.

A crise financeira global foi fruto da liberalização financeira no contexto dos


desequilíbrios macroeconômicos crescentes, como argumentam Matthew
Klein e Michael Pettis em "Trade Wars are Class Wars" (guerras comerciais são
guerras de classe).

As consequências mais importantes foram o colapso econômico repentino, os


resgates ao setor financeiro, a ênfase subsequente em frear os gastos
governamentais e o desaquecimento do crescimento econômico pós-crise. Na
zona do euro, isso tudo foi exacerbado pelo modo como os países credores
pregaram sermões aos países em dificuldades, criticando-os por sua alegada
irresponsabilidade.

Donald Trump tornou-se presidente dos Estados Unidos e Boris Johnson virou
primeiro-ministro do Reino Unido porque conseguiram incorporar em suas
coalizões conservadoras o ressentimento daqueles que se sentem “deixados
para trás” (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/02/como-parasita-industria-americana-dos-obama-expoe-
fascinio-dos-eua-com-a-asia.shtml).

Isso, por sua vez, foi em parte uma reação de grandes setores das antigas
classes trabalhadoras à transformação das legendas tradicionais da esquerda
(Trabalhista, no Reino Unido, e Democrata, nos EUA) em partidos mais
representativos dos eleitores cosmopolitas com instrução universitária e das
minorias étnicas e culturais.

Alguns argumentam que enxergar essas mudanças políticas em termos


econômicos é um erro.

Eles propõem que essas mudanças são reações a transformações culturais,


como a imigração, o novo papel exercido pelas mulheres e os novos usos e
costumes sexuais.

Isso não é muito convincente, por duas razões: primeiro, porque


transformações culturais e econômicas não podem ser vistas em separado, e,
segundo, porque a cultura não muda em tão pouco tempo.

O que precisa ser explicado são as mudanças no comportamento de eleitores.


A resposta está nas lealdades mutantes de pessoas que passaram a sofrer de
ansiedade em relação à sua própria situação –o medo de estarem vivendo à
beira de um abismo econômico ou já estarem caindo nesse abismo.

No meio desta situação já tensa e difícil chegou a tempestade da Covid-19.


Esta, por sua vez, vem tendo pelo menos cinco efeitos importantes.

Em primeiro lugar, ela causou um fechamento econômico


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/05/coronavirus-altera-consumo-e-economia-desaba-em-marco.shtml) para

frear a propagação da doença. Isso se deu às expensas dos jovens,


relativamente imunes aos efeitos do vírus, e em favor dos idosos, mais
vulneráveis.

Em segundo lugar, a crise do coronavírus tende a atingir as mulheres mais


fortemente que os homens, e os trabalhadores não qualificados
(https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/em-casas-de-um-comodo-so-em-sp-isolamento-e-

impraticavel.shtml) mais que os qualificados.


Isso se explica pela relativamente alta participação de mulheres em alguns
setores de serviços fortemente atingidos pela crise (e de alto risco) e pela
capacidade de uma parcela maior de profissionais qualificados poderem
trabalhar de suas casas, em segurança.

Em terceiro lugar, o coronavírus parece exacerbar muitas desigualdades


anteriores. Parte do maior apoio foi dado ao setor financeiro
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/bc-europeu-lanca-pacote-de-estimulo-para-combater-impacto-do-

coronavirus.shtml), como aconteceu na crise financeira.

Em quarto lugar, a pandemia impôs gastos fiscais muitíssimo maiores, mesmo


em comparação com a crise financeira. Isso agora levanta a pergunta de como
essa dívida será administrada e quem vai pagá-la.

Em quinto lugar, o vírus mostrou o poder e os recursos disponíveis do Estado.


Reagan costumava dizer que “as 9 palavras mais assustadoras da língua inglesa
são: ‘eu sou do governo e estou aqui para ajudar’”.

Era a frase que resumia melhor a filosofia da era que ele ajudou a criar. Hoje
está de volta a demanda não apenas de ajuda do governo
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/05/uniao-europeia-lanca-pacote-de-750-bilhoes-de-euros-para-reconstruir-

bloco-apos-coronavirus.shtml), mas de ajuda de um governo competente.

Então o que pode significar um retorno à ideia da cidadania, neste novo


contexto?

Não significa que o Estado não deve se preocupar com o bem-estar dos não
cidadãos. Tampouco significa que o Estado enxerga o sucesso de seus próprios
cidadãos como contrapartida do fracasso de outros.

Pelo contrário –ela busca relações mutuamente benéficas com outros países.

A ideia de cidadania não quer dizer que os países devem se isolar de


intercâmbios livres e frutíferos com outras sociedades. Corretamente
regulamentados, o comércio internacional, a circulação de ideias, a circulação
de pessoas e a circulação de capital podem todos ser altamente benéficos.

Essa ideia não significa que os países devem evitar cooperar estreitamente
com outros países para alcançar metas compartilhadas. Isso se aplica
sobretudo às ações que visam proteger o meio ambiente global. O que ela
significa é que a primeira preocupação dos Estados democráticos é o bem-
estar de todos seus cidadãos. Para que isso vire realidade, determinadas
condições devem estar presentes.

Cada cidadão deve ter a possibilidade razoável de alcançar uma educação que
lhe permita participar o mais plenamente possível na vida de uma economia
(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/06/coronavirus-tera-efeito-colateral-de-ampliar-desigualdade-na-

educacao.shtml)moderna altamente qualificada.

Cada cidadão também precisa desfrutar a segurança necessária para


prosperar, mesmo que sofra o infortúnio da doença, deficiência física ou
outros.

Cada cidadão precisa desfrutar a proteção no trabalho necessária


(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/entenda-como-a-mp-da-liberdade-economica-muda-vida-de-empresa-e-

para não ser sujeito a abusos, tanto físicos quanto mentais. Cada
trabalhador.shtml)

cidadão também deve poder cooperar com outros trabalhadores para a


proteção de seus direitos coletivos.

Os cidadãos bem-sucedidos devem prever pagar impostos que sejam


suficientes para sustentar essa sociedade. As corporações precisam entender
que têm obrigações para com as sociedades que possibilitam sua existência.

As instituições políticas precisam estar abertas à influência de todos os


cidadãos, não apenas dos mais ricos. As políticas públicas devem ter o objetivo
de criar e conservar uma classe média vigorosa
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/05/em-portugal-profissionais-liberais-e-classe-media-recorrem-a-bancos-

alimentares.shtml) e ao mesmo tempo assegurar uma rede de segurança para todos.


Todos os cidadãos têm direito a tratamento igual, independentemente de raça,
etnia, religião ou gênero.

Os cidadãos têm o direito de decidir quem é autorizado a vir para seus países e
trabalhar neles e quem tem o direito de dividir com eles as obrigações e os
direitos dos cidadãos.

A política deve tratar exatamente de como essas metas podem ser alcançadas.
Mas isso não significa um retorno aos anos 1960. O mundo já se transformou
profundamente demais desde então, na maioria dos aspectos para melhor.

Não vamos voltar para um mundo de industrialização em massa, onde a


maioria das mulheres com instrução superior não trabalhava, onde havia
hierarquias étnicas e raciais claras e onde os países ocidentais dominavam.

Ademais, além da mudança climática, enfrentamos a ascensão da China


ea
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatiana-prazeres/2020/05/a-pandemia-favorece-a-ascensao-da-china.shtml)

transformação do trabalho pela tecnologia de informação, desafios muito


diferentes.

Mas algumas coisas continuam iguais. Os humanos precisamos agir


coletivamente, além de individualmente. Em uma democracia, agir juntos
significa agir e pensar como cidadãos. Se não o fizermos, a democracia vai
fracassar. É dever de nossa geração assegurar que isso não aconteça.

sua assinatura pode valer ainda mais


Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter
acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas
(conheça aqui (https://login.folha.com.br/newsletter)). Também pode baixar nosso
aplicativo gratuito na Apple Store (https://apps.apple.com/br/app/folha-de-s-paulo/id943058711?
utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=appletextocurto) ou na Google Play

(https://play.google.com/store/apps/details?

id=br.com.folha.app&hl=pt_BR&utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=androidtextocurto)
para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos
ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!

ENDEREÇO DA PÁGINA

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/a-democracia-vai-fracassar-
se-nao-pensarmos-como-cidadaos.shtml

Você também pode gostar