Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BR/MUNDO/FINANCIALTIMES/)
CORONAVÍRUS (HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/COTIDIANO/CORONAVIRUS)
7.jul.2020 às 18h11
Martin Wolf
Comentarista-chefe de economia no Financial Times, doutor em economia pela London School
of Economics.
“As mortes provocadas pelo desespero”, eles sugerem, “são prevalentes entre
aqueles que foram deixados para trás, cuja vida não se desenrolou como eles
previam”.
Como foi que chegamos aqui? Como a Covid-19 se encaixa nisso? E de que
modo nossas ideias e políticas públicas precisam mudar?
Intelectualmente falando, essa deveria ser chamada a Era de Keynes. Mas ela
morreu com a alta da inflação, que precipitou a insatisfação trabalhista e o
desaquecimento econômico dos anos 1970.
Não menos importante, também, ela foi a era em que o comunismo soviético
desabou e o ideal de democracia se propagou pelo mundo.
brasileiro.shtml).
O valor econômico da mão de obra relativamente pouco instruída
caiu em relação à de pessoas com formação universitária.
Por mais conveniente que seja colocar a culpa em outros países, não são eles
os culpados. O comércio internacional, especialmente o crescimento
repentino das importações de bens manufaturados da China na primeira
década deste século, provocou choques locais.
Quando fábricas são fechadas ou demitem uma parte grande de sua força de
trabalho, a economia local mais ampla também é adversamente afetada.
Essas regiões “deixadas para trás” viraram um elemento crucial nas coalizões
dos insatisfeitos. Enquanto isso, as cidades, especialmente as grandes
metrópoles, são centros dinâmicos que atraem pessoas altamente instruídas e
novas atividades, como notou o economista Paul Collier, da Universidade
Oxford.
Donald Trump tornou-se presidente dos Estados Unidos e Boris Johnson virou
primeiro-ministro do Reino Unido porque conseguiram incorporar em suas
coalizões conservadoras o ressentimento daqueles que se sentem “deixados
para trás” (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/02/como-parasita-industria-americana-dos-obama-expoe-
fascinio-dos-eua-com-a-asia.shtml).
Isso, por sua vez, foi em parte uma reação de grandes setores das antigas
classes trabalhadoras à transformação das legendas tradicionais da esquerda
(Trabalhista, no Reino Unido, e Democrata, nos EUA) em partidos mais
representativos dos eleitores cosmopolitas com instrução universitária e das
minorias étnicas e culturais.
Era a frase que resumia melhor a filosofia da era que ele ajudou a criar. Hoje
está de volta a demanda não apenas de ajuda do governo
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/05/uniao-europeia-lanca-pacote-de-750-bilhoes-de-euros-para-reconstruir-
Não significa que o Estado não deve se preocupar com o bem-estar dos não
cidadãos. Tampouco significa que o Estado enxerga o sucesso de seus próprios
cidadãos como contrapartida do fracasso de outros.
Pelo contrário –ela busca relações mutuamente benéficas com outros países.
Essa ideia não significa que os países devem evitar cooperar estreitamente
com outros países para alcançar metas compartilhadas. Isso se aplica
sobretudo às ações que visam proteger o meio ambiente global. O que ela
significa é que a primeira preocupação dos Estados democráticos é o bem-
estar de todos seus cidadãos. Para que isso vire realidade, determinadas
condições devem estar presentes.
Cada cidadão deve ter a possibilidade razoável de alcançar uma educação que
lhe permita participar o mais plenamente possível na vida de uma economia
(https://www1.folha.uol.com.br/educacao/2020/06/coronavirus-tera-efeito-colateral-de-ampliar-desigualdade-na-
para não ser sujeito a abusos, tanto físicos quanto mentais. Cada
trabalhador.shtml)
Os cidadãos têm o direito de decidir quem é autorizado a vir para seus países e
trabalhar neles e quem tem o direito de dividir com eles as obrigações e os
direitos dos cidadãos.
A política deve tratar exatamente de como essas metas podem ser alcançadas.
Mas isso não significa um retorno aos anos 1960. O mundo já se transformou
profundamente demais desde então, na maioria dos aspectos para melhor.
(https://play.google.com/store/apps/details?
id=br.com.folha.app&hl=pt_BR&utm_source=materia&utm_medium=textofinal&utm_campaign=androidtextocurto)
para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos
ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
ENDEREÇO DA PÁGINA
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/07/a-democracia-vai-fracassar-
se-nao-pensarmos-como-cidadaos.shtml