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Note: this text is distributed now because in the more comprehensive AAN and SE
Bantu borders and visibility papers it was not possible to spell out details and quote
all the sources.
Nota: esse texto é distribuido agora porque nos papers mais abrangentes e mais
recentes AAN e SE Bantu borders e sobre a visibilidade não foi possível citar todas
as fontes relevantes .
Índice
1. Introdução...................................................................................................2
2. Estudo da Zona Sul........................... ............2
2.1 A investigação da tradição oral e a cronologia......................................2
2.2. A identidade dos "Twa" ou "Olantontes" e o limite entre Tsonga, Nguni e
Sotho...................................................................................................2
2.3. A imigração dos Tembe de Kalange ou Kalanga e a expansão de Nwangove e
Maputyu.................................................................................................................3
2.4. Migração dos Mpfumu, Matsolo e Mabayaya, o estabelecimento de Nwamba e dos
Ngomane "angomanes" ............................ .......4
2.5. Conclusões..sobre a zona sul................................................. 4
3. Estudo do vale do Limpopo, do Baixo Incomati e da zona Hlengwe.................4
3.1 As fontes escritas antigas e as migrações..................................5
3.2. Relações entre os Sono, Chauke, Hlabi e Nwanati..........................6
3.3. A problemática da datação da imigração ou expanso Khosa ...........7
3.4. Evidência sobre habitantes do vale do Limpopo antes dos Khosa..9
3.5. A problemática da datação o migração dos Valoyi..................10
3.6. Quem é o Changamire antepassado dos Valoyi?....................11
3.7. História do grupo Nwanati ou Makhambane (Makwakwa e Mondlane) até
1800.........................................13
4.Estudos da zona de Inhambane entre Chidenguele e o Rio Save................14
4.1. Introdução....................................................14
4.2. Fontes contemporâneas...........................................14
4.3. Os Chopi do Grupo Gwambe-Tonge.................................20
4.4.Tradições dos Chopi occidentais e austrais (Langa, Ndengo, Bahule)..........14
4.5. O problema das origens dos grupos tonga de Inhambane...........16
4.6 Os limites entre os territórios Sono, Danda e Tonga no séc. XVI-
XVII.............................................................. ...21
4.7. As migrações atestadas dos Bilakulu e Dzivi....................17
4.8. Elementos Chopi entre os Tswa.................................18
4.9. O complexo português de Inhambane......................18
5.Formação de um estado pre-mfecane: As conquistas de Dzovo Mondlane ............... .....19
6. A Presença nguni e o Impacto dos Mfecane 1822-1840......20
6.1 A imigração dos Nguni..........................................20
6.2.Ataques das tropas de Chaka e Dingane e a ida de Sochangane para
Mussapa......................................... ............21
6.3. O Regresso de Sochangane de Mussapa e a Fuga dos Makwakwa e
Nkuna.......................................................... .....21
6.4. Conclusões sobre o séc. XIX…………………………………..23
7. Discussão.......................................................... ....23
Notas finais…………………………………………………..24
Bibliografia (incompleta, ver AAN Merc)…………………………29.
1
Elaborado a partir de fragmentos dos cap. 4, 5. e 6 do estudo de sul de Moçambique pre-
imperialista redigido em 1997-99 e revisto parcialmente 2013-4, para colocar tils nos vogais e
emendar outros que desapareceram na passagem de word perfect para word.
1. Introdução
2.2. A identidade dos "Twa" ou "Olantontes" e o limite entre Tsonga, Nguni e Sotho.
O limite entre tsonga e nguni no sul de Moçambique tem sido discutido por A.
Smith e A. Rita-Ferreira. Por volta de 1965-70 a opinião dominante, talvez baseado
no estudo de van Warmelo de 1935, era que centro e norte da actual Suazilândia
tinham estado ocupado por Sotho antes das conquistas de Sobhuza I e Mswati (entre
1820-1855)2. Dai parece vir a proposta de A. Smith de traduzir por Sotho e não por
Nguni (como achamos correcto) o termo "Twa". Este tinha sido utilisado pelos
holandeses (como Baatwa) , pelos Sotho (como Rwa) e pelos Rjonga e talvez outros
Tsonga (como Twa). Penso, no entanto, que não há, no séc. 19, grupos sotho
claramente identificados como tal ao sul dos Mbayi ou Pai que viviam na zona de
Nelspruit e na área que seria ocupada pela capital swazi, Hhoho, por volta de 1845-
65. No séc XVIII os Payi e os vizinhos, os Pulana viviam talvez mais no sul (como
Masexo como indica van Warmelo 1937). Isto significa provavelmente que já no
séc. XVIII nos Libombos até a zona do actual Namahacha ao norte e na maior parte
do interior da Swazilândia e em Ermelo ao oeste da actual Swazilândia residiam
Nguni. O limite norte dos Nguni no extremo sul de Moçambique em relação ao
Tsonga parece ter sido relativamente estável. O único movimento claro que
detectamos foi a transferência dos Mahlalela que por volta de 1727 ficaram ao sul da
posição que haviam de ocupar mais tarde, na zona de Lomahasha (Namaaacha). Em
1727 ainda estavam perto de Catuane, aonde o rio Usuto passa pelos Libombos. Um
mapa dos meados do séc. XVIII indica os Dlamini como vizinhos dos Tembe.
2
.Parece ter isso a opinião derivado dos estudos de van Warmelo e H. Kuper. Numa visita de campo
em 1969 a uma ruina de um corral de gado ou amuralhado numa montanha ao noroeste de Mbabane
ouvimos a mesma atribuição .
2
Também as tradições orais dos Swazi referem que eles antigamente eram vizinhos
dos Tembe e que houve durante a fase inicial dos mfecane uma migração do sul ao
norte, mas indicam também, que grupos como os Maziya (da zona de Siteki) e talvez
os Mahlalela (da zona de Namahasha) chegaram nos Libombos antes da
movimentação da capital swazi para o norte a partir de ca. 18161. O centro do estado
swazi teria executado um movimento semicircular nos séculos XVIII e XIX. Os
Swazi Dlamini teriam deixado os seus vizinhos Tembe (e Nyaka) e migrado para o
sul antes de recuar para o norte frente à expansão Zulu. Destes e doutras fontes
conclui-se que já por volta de 1730 os cumes dos montes Libombo e provavelmente
a parte sul da actual Suazilândia estavam ocupados por Nguni. O aparecimento do
nome "Dawmin", curruptela de Dlamini, num mapa inglês de 1761, ao sudoeste da
zona Tembe perto dos Libombos, baseado provavelmente em informações obtidos
em 1747, significa que a tradição referida por H. Kuper e mais recentemente por Ph.
Bonner (2008) tem uma base factual real. Não se confirmam no entanto opiniões de
alguns políticos swati da década dos 1970 e 1990 que os Swazi tenham dominado a
zona até à baía no séc. XVIII. Também não existem fontes que confirmem uma
presença politica dos nguni perto da baía que remonta ao séc. XVI.
A primeira chefatura documentada- o que não quer dizer a mais antiga- é aquela
dos Mhula junto a foz do Limpopo. Mesmo ela é chefiado por uma linhagem que
tem uma tradição de migração semelhante aos grupos vizinhos. Migrações devem ter
acontencido até ao séc. XVIII quando ouvimos pela primeira vez de movimentos
contemporâneos. Esses movimentos foram referidos num relato do capitão Bernardo
de Castro Soares, que fez um levantamento detalhado da situação política e
comercial ao suloeste e oeste de Inhambane em 1729. Menciona no interior ao norte
do rio Limpopo (Bembe) dos grupos, os "Macomates ou Landins", e os
"Mocumbas". Os regulos do primeiro grupo eram, começando perto do mar:"Jagal,
Mocacua [Makwakwa], Mocubadão, Molouela [Novele?], Billa [Bila], Mossica 13, e
Chauca [Txauke], e da outra parte do rio, o Molloy [VaLoyi]". Os chefes
"Mocumbas" eram "Golle, Hambaloane, Mossuana, Chullo, Mocangalla, Sono, Sono
velho14, Jandul e Mendane [Mbenzane?] que quazi confinão com a jurisdição de
Sophalla (Sofala)." Havia entre Macomates e Vacumbas uma diferenca de
armamento e tambem de vestido. Os landins utilizavam "zagaias e rodelas" e os
"Mocumbas" "arcos e flechas"15, esta última a arma típica dos povos dos grupos
xona e chopi. De referir que o termo Gole se refere ao estado de Khami.
É interessante reencontrar aqui os "macomates". como referimos acima, este nome
aparece nos escritos de Diogo do Couto relacionado com um grupo populacional ao
sul do actual território moçambicano, na zona do lago Sibayi ou Santa Luzia e talvez
mais no interior16.
5
Os holandezes na baía de Maputo confirmaram a existência dos VaLoyi 17 e
Makwakwa, mencionaram ainda um grupo (ou zona de) Kalanga junto ao mar e
alguns grupos ao longo do rio Incomati, incluindo uma zona de "Laute" ("Wolaute"
ou Laudzi) ao norte dos rios Incomati e Massintonto, os Paraotte [Paravotwa ou
Phalaborwa], Machicoche [Rikhotso] e "Machimbile Cosse" numa fonte que fala do
rio Incomati em 1723 18.
Uma fonte de 1783 refere um chefe "Grão Caxa" ao norte da baía de Maputo. C.
Montez, o primeiro autor que comentou este texto, identificou este chefe como o
chefe Khosa19. Rita-Ferreira aceitou esta identificação. No entanto "Caxa" deve
referir-se ao chefe "Nkaxa" que governou na área de Xinavane -Manhiça e pertencia
ao clã Ndloti20. Isso deixa os Khosa sem referência externa explícita neste período
em que devem ter constituido um poder regional de certa importância. A referência
de 1723 aos Machimbile Cosse, que combina os elementos dos Vakuyimbila e Khosa
parece no entanto suficiente para atestar a sua presença no início do séc. XVIII.
3.2. Linhas gerais das relações entre os Sono, Chauke, Hlabi (Nhlave) e Nwanati.
6
A versão de Berthoud é parcialmente diferente do que outros investigadores
conseguiram saber ou reconstituir na década dos 1930 e 1940 e corresponde ao que
intelectuais locais como A. Ngwenya contaram em 1971. Segundo Bannerman e a
tradição oral um dos principais chefes activos na expansão dos Chawuke, Cauke,
Txauke teria sido Mantsena Chawuke, que teria vivido 9 a 10 gerações antes de 1970
e cuja morte é datada de 1765 ±40 por Bannerman. Seria neto de Xinyori, fundador
lendário da linhagem real dos Chawuke. Depois teria-se dividido em dois ramos
principais, o de Xigombe, e Mangule. O primeiro seria antepassado des linhagens de
Chikwalakwala, Chitanga, Pfurumela, etc. que conquistaram vatas áreas do interior.
De facto "Chauca" já aparece como chefe importante com o qual comerciantes de
Inhambane tinham contacto em 1734 e 176033. Nesse caso a genealogia talvez não
tivesse sofrido cortes ou elisões devido esquecimento de nomes (ou telescopação).
Os principais vítimas dos Txauke eram os Sono. Talvez possamos datar a
eliminação dos Sono ao periodo entre 1740 e 1760. É possivel que a consolidação da
linhagem de Danda (em conjunto com o estado de Teve) e as guerras entre
Changamire e Mutapa tinham isolado os Sono entre 1500 e 1520 do complexo
Mutapa (cf. 4.6.). Esses Sono foram registados em 1623 no hinterland de Inhambane
e por volta de 1730 ja estavam divididos em duas chefaturas. Pouco depois de 1700
foram provavelmente acossados pelos Chawuke no interior. Na zona mais perto da
costa eram provavelmente os Bila Nkulu e associados que eliminaram o resto da sua
influência(cf. 4.7.)
Quando se pensa hoje nos Khosa, são geralmente associados ao nome de Magude
(Magudzu). Este nome é derivado do nome do principal chefe do ramo dos Khosa
Matsuvana que governou entre ca. 1855 e 188534 nas margens do rio Incomati. Nos
primeiros dez anos do seu governo (ca. 1855-65) teve de mudar de residência
frequentemente. Parece que em 1858 ou 1859, no início do governo de Mawewe,
vivia já na zona de Magude ou margem norte do rio Incomati. Em 1860
encontraram-se na zona do rio Sabie, onde foram visitados por Diocleciano
Fernandes das Neves 35. Magudzu acompanhou depois Muzila em 1861-2 e ele e o
seu povo devem ter sido afectados pelas guerras que Mawewe levava com o apoio
dos Swati a Gaza. Parece, portanto, que já a residência na margem norte do rio
Incomati entre 1855-58 era o resultado deslocações do centro por volta de 1840-2 ou
mesmo 1825-30, que obrigaram a linhagem reinante dos Khosa Matsuvana de
Magudjulana e seus sucessores Nxalati (Chalati, ca. 1810-30) e Pukwana (ca. 1830-
1855)36 a abandonar completamente o vale do Limpopo e a zona do Lago Chwale.
Mas como foi dito, a zona da actual vila de Magude constituiu o seu centro
definitivo apenas a partir de cerca de 1866.
Além dos Khosa de Matsuvana na área de Magude há outros que se dizem os seus
parentes. No vale dos rios Mazi-mhlope e Limpopo e perto de Macia ficaram os
Khosa Xikhotana, os Chambal e Masiye. Há ainda um grupo de Khosa ligado a um
certo Nyoko, que se teria estabelecido na zona de Masiyene (Maciene) 37. Elementos
deste subclã Khosa-Nyoko infiltraram-se na zona entre Xai-Xai e Inhambane. A eles
podem ser ligados os Xilundu, Nyarime [Inharrime], Nyareluga e outros na zona de
Inharrime. Todos estes têm tradições de origem.
Os Khosa constituem portanto um grupo bastante grande, que aparece apenas uma
vez nas fontes do séc. XVIII, em 1723, sob a designação de "Machimbile Cosse", na
margem norte do rio Incomati 38. Há no entanto evidência circunstancial que
permitiria fazer recuar a sua presença mais dois ou três séculos:
Entre os nomes novos que o naufrago João Vaz pôs no mapa no início do séc. XVII
ao sul de Inhambane encontra-se "Quirundo" que Matos identificou com Xilundu (ou
Guilundu)39. Nos mapas construidos a base do testemunho de Vaz "Quirundo" foi
colocado perto do rio de Zavora e devia ter ocupado parte da zona onde Couto tinha
localizado Monhibene40. A menção desse Quirundo/-/Chilundu em 1622 tem
implicações para a cronologia de toda esta zona porque segundo a tradição oral, eles
descendem de um subgrupo dos Khosa, ou dos Khosa-Xikotana ou dos Khosa-
Nyoko, em conjunto com os Nyarreluga 41. Se estiveram presentes nesta zona em
7
1622, o grupo Khosa devia ter chegado na zona da lagoa Chwale e no vale do
Limpopo ainda no séc. XVI ou mesmo antes.
3.4. Evidências sobre habitantes na bacia do Limpopo antes dos Khosa do séc.
XVIIIrecolhidos ca. 1930-1940
Estas evidências aparecem nos trabalhos de autores europeus, especialmente o
casal E.J. e J.D. Krige e A. Mesquitela Cota. Mas estes autores baseiam-se em
historiadores orais africanos, em geral não mencionados. Inclui certamente Samora
Mukhavele em Xilembene.
Na Africa do Sul E.J. Krige fala de um estrato Laudzi que têm certa relevância
para Moçambique. Os Laudzi ou Laute ocuparam as zonas do "Low veld", a savana
baixa e relativamente seca, a leste da escarpa do actual Mpumalanga e Limpopo.
Alguns fixaram-se perto que que mais tarde seria Magude.
J. Gonçalves Cota e uma outra fonte contemporánea parecem ter sido responsaveis
pelo texto sobre Bilene publicado no "Anuário de Moçambique" em vários anos.
Cota distingue, a base de entrevistas em Magude, três estratos ou invasões na zona
dos Khosa. O primeiro povo teriam sido os "timba" e depois um grupo "nguni (zulu)
de Mabone Khosa47. Depois vieram os nguni de Manikusse.
Cota recolheu ainda, em 1940 ou 1941, a vers o seguinte sobre a história de
Bilene:
"Segundo a tradição, o mais antigo povo de Bilene foi o machongonono, oriundo
de Mussapa48. Alguns régulos e madodas afirmam que os "Vilanculos em tempos
remotos invadiram toda a Kossine e que se fixaram também na margem direita do
Limpopo, incluindo as terras onde nos encontramos, dominando os
machongon(no)os (") que deviam pertencer a família mundau. Possivelmente na
mesma epoca, vieram os bachopes (macuácuas, cherimas [sic?49] e manhiques)
ocupar a margem esquerda daquele rio, denominada, então, como ainda hoje,
Macamo..."50
4
Era também diferente na visão do pastor Felix Khosa, já falecido em 2009 ou 2010(?) .
9
Erskine encontrou por volta de 1870 informações sobre um povo antigo chamado
"Machongonono" na zona de Mabote (actual Província de Inhambane) 51. Podemos
identifica-los talvez com a população nkumba representada pela dinastia Sono.
Depois da invasão dos Makwákwa os Khosa teriam descido de "Magude" e
expulsos (de Bilene e do Vale do Limpopo) os Makwakwa e Manyike.(Penso que
também aqui temos uma referência transformada aos conflitos entre Nkumba e
"Landins" ou Va-Nkomati no início do séc. XVIII).
Um grupo khosa se teria separado do resto sob o nome de Rikotso ("Likotze"), ou
"peixinhos do rio" por se alimentar quase exclusivamente de pequenos peixes do rio
Limpopo e de algumas lagoas. Depois os Matavele teriam vindo do Transvaal à caça
de elefantes, depois os "filhos52 de Chicogomela", "Bombi Chiconela" e "Languene
Bila53", o primeiro em Olombe, o segundo em Lumane e o terceiro primeiro em
Chicumbane e depois em Languene. Os Matavele teriam expulsado da margem
direita do Limpopo o grupo "chopi cherima"54.
Cota ou a sua fonte estavam convencidos que a presença dos Khosa de Mabone
datava de um periodo relativemente recente. Não refere a uma dispersão a partir de
Macia (Messano), como fez Ferrão e ouvimos em 1994 em Macia (cf. Dava) mas
de Magude e por isso torna-se uma pouco supeito, Tem ainda outros problemas
cronológicos.
Retemos do testemunho transmitido por ele que se baseia em entrevistas na zona de
xilembene a imagem de uma presença kalanga o Matchongono até pelo menos o
limpopo e a imagem que Makwakwa era migrantes do sul ou sudoeste.
No caso de Cota a situação política e distribuição das chefaturas que ele presenciou
e que no caso dos Khosa data de ca. 1870 é talvez parcialmente projectada a
periodos anteriores. Nisso ele não é o único e as tradições referente a figura de
Magigwane Khosa (ca. 1850-1897) também sofreram disso. Mas esse facto talvez
não influenciou os seus dados sobre a história regional do vale do Limpopo.
No que toca aos Bila, a sua menção por Castro Soares em 1727, o facto que um
ramo deles, os Bila (nkulu) foram referidos por volta de 1750 como povo guerreiro e
invasor em Inhambane e se fixaram depois em Vilankulo, mostra que eles já no
início do séc. XVIII devem ter tido alguma importância. É mesmo possivel que a
expansão dos Khosa, em conjunto com outros movimentos, teria ditado a emigração
dos Bila nkulu. No que toca aos que ficaram atrás, os Bila de Xikhumbane, de
Languene etc., mantiveram um papel de relevo na zona.
De reter que Castro Soares descreveu os "Landins ou Macomates" com
características como escudo e azagaias, que os aproximam mais dos Nguni do
Planalto da África do Sul. Daí a hipótese que movimentos entre os Nguni mais tarde
designados como "Transvaal Ndebele" ou habitantes de Bokoni (Delius), talvez
também a expansão de um estado Venda tivesse levado a essa migração dos
"Landins" no séc. XVII-XVIII. Os Mhula sobreviveram num cantinho perto da barra
do Limpopo. Só por volta de 1900 parece terem perdido a chefatura. Hoje têm
também uma tradição de migração do sudoeste como os outros grupos visinhos.
Os Valoyi são o grupo que ocupa a zona entre do vale do rio Limpopo e parte do
Rios dos Elefantes (Rimbelule). Na colectânea de tradições publicado por Jaques
encontramos o texto seguinte sobre os Valoyi: " o seu antepassado é Changamirhi...
Changamirhi gerou Golokhulu, Golokhulu gerou Xirimbi e (este) a Hwambi (ou
Gutse). Hwambi casou com a tia paterna, e Xirimbi disse a ele: "Famba, noyi" [ Vai,
feiticeiro]55. A origem do nome clánico (xivongo) Valoyi surgiu assim, mas
antigamente o seu nome clánico (xivongo) era Vanyayi 56.... De Hwambi nasceram
Lowana e Mukansi.... Lowana ficou a governar todo o pais"57.
Golokhulu wa Changamirhi ou "Gulukhulu wa Nchangamerhi58" é um título ou
designação que se refere certamente a zona de "Gole ou Ucalange" mencionado por
Mahumane em 173159 e talvez a zona de "Guruuswa" que aparece em muitas
tradições antigas do planalto de Zimbabwe60 ou ao estado Rozwi que se tornou
famoso pela seu ataque aos portugueses de Sena e Tete no planalto do Zimbabwe por
10
volta de 1694-561. Os Valoyi ja estavam conhecidos na sua área de residência perto
dos rio Limpopo por volta de 1720-30. Nesta altura a etimologia da origem do seu
nome (feiticeiro) já constava, bem como "Golo-Ntsangamene"[Goro-Changamire]
como origem62. Parece que nesta data já eram um grupo tsonga (landim) e não shona
(ou kalanga)63 daí que a sua presença não pode ser muito recente, seria certamente
anterior a 1690 e às guerras conhecidas entre Changamire, os portugueses e Mutapa
de 1680 a 1700 (cf. Beach 1980).
A antiguidade poderia ainda ser deduzida pela presença de um ramo desse grupo
Loyi na zona costeira entre os chopi. Há na parte occidental dos distrito de Zavala e
na zona este do distrito de Mandlakazi chefaturas cujos chefes reclamam origem
entre os Valoyi. Infelizmente nessa sua segunda área de dispersão os inícios da
presença do grupo Valoyi ainda são menos bem datados, porque não são claramente
identificáveis nas fontes do séc. XVI e XVII. Sobre estes regulados uma testemunha,
possivelmente um certo Xakuhandzuka Zandamela, aoresentou a seguinte tradição:
" Nyabindi ([irmão de Zandamela] deixou o pais dos Baloyi, foi procurar Buke 64, o
dono deste pais. Este não tinha facas. Rasgaram a carne dos elefantes, rasgaram com
as mãos; não tinham azagaias.
Mbandze era descendente dos Valoyi. Nyamange, Nyantsumbu, Makunyule, todos
nos saimos de Valoyi depois de termos sido chateados por Nwa-Nkome, quando
morreu o pai de Nyabindi. Saimos e sujeitamo-nos aos Mandlati. Mzinga e Mbanze
ficaram ali, nos ficamos aqui [em Zandamela]. Encontramos aqui Buke, Nyabange,
Banguze de Machwana. Aprendemos a lingua dos Vacopi por gostar as raparigas que
aqui havia, casamos com elas65."
Infelizmente as referências às contradições com Nwa-Nkome (que devia estar
ligado ao grupo Makwakwa-Mondlane) e Mandlati não são confirmadas por outras
fontes e portanto não permetem ligar as tradições dos Nwanati com os dos Loyi.
Talvez se referem só ao periodo da chegada na área de Guijá e Chibuto. Uma
tradição dos Mbandze refere ainda outros pormenores:
"Nos viemos por Jelefuni. Bandze, Nyantsumbu e Zandzamela são irmãos, o mais
velho entres eles é Mbandze. Estes três homens sairam de Jelefuni e foram procurar
um pais. Quando chegaram no rio/lago que agora se chama Marangwe, Mbandze
gostou deste pais bonito .... e ficou...Depois Nyantsumbu e Zandzamela avançaram
mais a frente..".66.
Sobre as tradições dos Nyantumbu (Nyantsumbu) Alberto Njetimane Nhantumbo
informou o seguinte em 1986:
"Nyantumbo é filho de Cizingi e este filho de Valoyi. Eles são originarios de
Hlengwini [zona Hlengwe]. O Cizingi teve conflitos com os seus familiares em
Hlengwini e saiu com os seus cinco filhos. O mais velho deles é Mbande, o segundo
é Zandamela, o terceiro é o Nyantumbo e o quarto é o Mange, o quinto é o Mavila.
.......
O primeiro filho de Nyantumbo é Buke que hoje é chamado Sumbane, o segundo
filho é Zambuku, que se chama Muholovi .. o terceiro é chamdo Nyatingalave".
Estas tradições citadas aqui na forma original de fontes já foram utilisadas por H.P.
Junod (1927) e mais tarde Rita-Ferreira (1982) Para poder enquadrá-las melhor
temos de perguntar:
Changamire é um título documentado pela primeira vez por volta de 1505, por un
visitante de Sofala, Diogo de Alcaçova, de mais de 40 anos que talvez falava o
árabe e viajou depois para o sul da Índia, de onde escreve ao rei português. A sua
familaridade com números, impostos e taxas sugere que tinha tido algum treino na
área financeira. O nome Changamire desaparece da documentação portuguesa por
volta de 1545 e volta a ribalta, mas ja possivelmente numa zona geográfica diferente,
cento e cincoenta anos depois. Golo-Khulu ou Golo-mukhuru parece ser um título
para o chefe de uma região conhecido por "Golo". O seu centro estava talvez mais na
zona do actual Bulawayo (Khami-Danangombe).
H. von Sicard, missionário, etnógrafo e historiador amador sueco que escreveu antes
de que a história africana se tornasse disciplina académica parece ter chegado à
11
conclusão que a capital do Grande Zimbabwe, definhando talvez desde ca. 1450 e
abandonado talvez por volta de 160067, devia ter sido a sede dos primeiros
Changamire. Garlake aceitava a hipotese de V. Sicard. D. Beach que fez as suas
investigações já dentro de um quadro metodológico académico e mais exigente
evitava a questão de atribuição do Grande Zimbabwe à uma dinastia conhecida
através de fontes escritas ou orais, nem especulava muito sobre a presença muito
visível de uma cintura de linhagens dominantes do grupo moyo que se estendia de
Khami até à Costa do mar perto dos rio Save e Buzi.
O problema não tem uma resposta fácil. No periodo 1450-1520 Changamire parece
ter sido um de três chefes de superior importância na zona sul do planalto
zimbabweano: Mutapa dominava o norte do planalto, Changamire o sul (incluindo
talvez os restos de Zimbabwe Grande) e no sudoeste existiu o estado Torwa (ou
Butua), documentado aparentemente sem indicação de um título dinástico. Torwa
era num certo momento, aliado ao estado Mutapa, como Changamire. Mas em 1544-
46 um Changamire apareceu na zona de Sofala 68, onde por volta de 1515-20 um
chefe Nyamunda tinha exercido a hegemonia, embora ja vivendo mais ao sul na área
de Madanda, ao interior da ilha de Chiloane. Changamire desaparece depois de 1546
e surge o estado de Uteve ou Quiteve 69. Também no planalto o título Changamire
deixa de ser referido pelos contemporâneos até ao fim do séc. XVII. O que
aconteceu foi possivelmente o seguinte:
O surgimento do estado de Mutota ca. 1450 tinha reduzido o poder do estado de
Zimbabwe. Changamire que tinha talvez sido um especie de primeiro ministro como
mais tarde a dinastia dos Tumbare em Khami, tentou emancipar-se ou talvez ficar
com o manto do estado. Mutapa não conseguiu destruir todos os fragmentos da
linhagem real do Grande Zimbabwe. O definhar do estado de Zimbabwe ou as
conquistas posteriores de Mutota (ca. 1450) e seus aliados, talvez nem todos de etnia
kalanga [shona], tinham deixado intactas dinastias do mutupo (nome clânicio) moyo
(coração) numa vasta zona até ao rio Save. Entre estes alguns tentam expandir o seu
poder quando o domínio do Mutapa enfraquece temporariamente ca. 1500. Assim
Nyamunda de Madanda70, tal como outros chefes ficam independentes. Os
Changamires recompõem o seu poder, talvez já fraccionados em duas ou três
linhagens diferentes. Uma deles interveio provavelmente a leste do rio Save na área
de Sofala por volta de 154571. O facto é talvez lembrado na história de Uteve, mas
devido à ausência de lista dinástica completa e cronologia certa aconteceu
provavelmente uma telescopação na tradição oral, tal qual como foi recolhida na
primeira metade do séc. XIX na zona de Sofala. As guerras de 1450-1550 foram
localizados num único nivel cronológico, ligando as conquistas de Mutapa com
implantação do estado Teve um século depois.
Interpretando dicas deixados por Beach podemos hipotetizar de que de 1546 até ca.
1650 o poder das dinastias sucedâneas de Changamire teria ficado relativamente
limitado, mas que depois dessa data, o sucessor de Changamire, fixado nessa altura
ao norte do Grande Zimbabwe, teria primeiro conquistado o estado Butwa-Torwa
antes de desferir um golpe decisivo contra o Mutapa (Monomotapa) e os Portugueses
no planalto, em 1694-6. Isso pode implicar que tivessem começado movimentações
de populações que fugiam já por volta de 1650. É mesmo possivel a intervenção de
Sisnando Dias Baião (ca. 1645) no planalto esteja ligado a um conflito nesta zona
que lhe permitia guerrear com uma rectaguarda segura. O Changamire
Dombodombo tinha a fama de ser chefe guerreiro forte e "feiticeiro" ou mágico 72. É
possivelmente um argumento para suspeitar que Rozvi, Royi (feiticeiro) e o
entnónimo tsonga "Loyi" tenham a mesma origem semântica e etimológica. Os
sucessores do Changamire Dombo mantiveram contactos com Tete e Zumbo e
viveram certamente no sudoeste, na área de Kame-Danangombe (Dhlodhlo perto de
Bulawayo). Sucumbiram aos exercitos de Zwangendaba Jere por volta de 1830 e aos
Ndebele de Mzilikazi depois de 1838.
Se este grupo Valoyi teria sido expulsado pelo Changamire de 1694 não teria
governado no Alto Limpopo mais de 35 anos antes de terem sido presenciados pelos
comerciantes africanos da zona da actual baía de Maputo, entre eles o referido
mercador Mahumane73. Este Mahumane menciona de facto que estes Loyi e ainda os
habitantes de Kalanga eram refugiados da zona de Kalanga no actual Zimbabwe,
12
mas não indica que a fuga era um facto recente 74. Isso seria um indício para
argumentar que os Loyi, esse grupo linguisticamente tsonga, que se diz descendente
de Changamire e "Golomukulo" deve ter vindo antes. Nesse caso devia ter havido
uma articulação com o Changamire mencionado por volta de 1500 e o grande
Zimbabwe ou outra dinastia na mesma area.
Postulamos por isso uma continuidade entre o Changamire dos 1500 e 1690-1830,
porque a partir de Mpfumu e da Baía da Lagoa (hoje Maputo) o estado Rozwi de
Changamire foi identificado em 1731 como "Goromukulu". Nesta altura n o
existiram outros estados poderosos. Como vimos um termo como "Goromukuru" ou
"Gole" é a designação, que encontramos como origem dos loyi na tradição oral
registada no fim do séc. XIX por Berthoud e neste século em outras. Pensamos que a
formação política que originou a migração dos "loyi" é ou aquela dos Changamires
de ca. 1500-1550 cujo centro podia ter sido na zona do grande Zimbabwe, ou talvez
o estado sucessor que iniciou a expansão por volta de 1650.
A imigração dos Duma na zona do Grande Zimbabwe no séc. XVIII mudou a
geografia política desta zona e estará talvez ligado a movimentação posterior dos
Chauke e dos Loyi, que levou estes últimos à zona costeira.
No que toca aos descendentes dos Loyi na zona costeira (Mbandze, Nyantumbo e
outros do grupo central chopi), é uma possibilidade que esta invasão teria
acontecido depois da passagem dos naufragos de 1589 e 1622. Mas também podem
ser eles o grupo que se mostrava hostil na praia. Isso é sugerido por uma crónica
familiar compilada nos anos 60 ou 70, que permitiria localizar Mbanze no fim do
séc. XVI75.
13
Isso sugere como uma das hipoteses que a imigração dos Nwanati pode
igualmente remontar ao séc. XVI ou talvez mesmo anterior a isto.
Referências ao Makwakwa no séc. XVIII confirmam também uma antiguidade
relativa.
4.1. Introdução
Para este análise regional alargamos o espaço da actual província de Inhambane um
pouco, incluindo a área chopi de Gaza.
A história dos Chopi foi discutida por H.P. Junod (1927), o antigo missionário C.
Fuller, L. Correia de Matos (1973), A. Rita-Ferreira, entre outros.
Os autores aceitam que as linhagems reinantes agora têem diferentes origens e que
há ainda restos de grupos de pupulação o que governavam antes dos invasores. Pelo
menos um dos grupos de migrantes ja vivia na sua zona em 1560, segundo fontes
escritas, mas tanto eles como outros de origem no alto Limpopo podem ter chegado
no século anterior.
15
Em 1927 o principal chefe Langa ligava a sua linhagem ao estado Ndwandwe,
portanto reclamava a mesma origem como o estado de Gaza. Mas tarde H.Ph. Junod
ficou com dúvidas e até detectou a presença de diferentes tradições de origem. Disse
sobre os Langa:
"Va tiyisa leswaku va fikile etikweni va huma eZululand. Kambe hi fanele ku
tsundzuka leswaku, endzhaku ka tinyimpi ta Vangoni, hinkwavo a va ringeta ku
tifanisa na vona, kutani swi nga va swi tiyile leswaku a va ri Vakalanga, kukota lavo
tala lava nga nghena eVutsonga va huma evupeladyambu" 90 (Eles asseveram que
chegaram no pais vindo da Zululândia. Mas nos temos de considerar que depois das
guerras dos Vangoni [Zwangendaba e Gaza, vindos do sul], toda gente queria ser
semelhante a eles. Mas também asseveram que eles são Vakalanga, assim como os
outros que entraram no leste [VuTsonga] vindo do oeste.)
Uma entrevista colectiva em 1971 em Mangunze, onde também havia um regedor
de origem Langa confirmou a tradição de origem:
Pergunta: ...a vaka Langa va ta hi kwini?
Resposta: "No twa swaku vali hi seni a Xigwitine. Tinyimpi, yi famba yi ta, a ka
Maswazi, ka Zulu"91. [Os Langa vêm donde? Eu ouvi que vêm de Xigwitini, da
Swazilândia, da Zululândia].
A conquista foi descrito da maneira seguinte:
..."segundo a tradição, os Langa quando chegaram.. aqui, pelas bandas de uma terra
que deve estar junto de Bahanine ... foram encontrar esse homem que era um grande
chefe de família, esse Nyambongo5 [que] tinha morto um elefante, mas não tinha
faca para esfolar e tirar aquela pele. E depois, quando o Langa chegou deu
emprestado a faca para ento esfolar, e depois de esfolado, cortou uma perna e
ofereceu ao Langa, e depois disseram eles que o Langa era régulo, era régulo porque
tinha todo o material para trabalhar...." 92
O que aconteceu possivelmente no caso da tradição de origem dos Langa é uma
mistura de tradução errada de um termo (Va-Kalanga como Va-ka-Langa) a ficção
de uma nova origem no sul. Isso foi talvez facilitado pelo facto de entre os Chopi
viverem grupos que tal qual como certos grupos tsonga partilharem um mito de
origem ou conquista que diz que os seus antepassados chegaram no pais como
caçadores munidos de azagaias ou facas de ferro. Esse instrumento permitia-lhes
cortar mais facilmente a carne dos elefantes que abateram. Dessa maneira
escolheram a parte que cabia ao chefe. A maior parte deste grupo parece ter vindo do
sul.
4.5.O problema das origens dos grupos tonga de Inhambane e seus vizinhos tsonga
de Homoine
Tem sido notado que os tonga de Inhambane tem uma cultura homogénea mas que
muitas linhagens de "cabos" e outros chefes derivam as suas origens de zonas fora da
área onde se fala o Gyitonga. P.e. o antigo cabo Nyambiu ao norte de Maxixe teria
tido a sua origem entre os Makwakwa94. Nyamposa ao sul da cidade de Inhambane
seria o mesmo como Tivane e de origem "Nyai"95.
5
Talvez é o mesmo designado acima como Bongo
16
No que toca os Khumbana (Cumbana), há uma certa concordância das fontes de
atribui-lhes uma origem no sul. Alguns identificam mesmo com os "Khumayo" 96. Há
também uma tradição que diz que se revoltaram contra os domínio da dinastia
Nkumbe (Mocumbe, a distinguir de Mucumbi) dos Tama, que se vinham depois
fixar em Homoine. Eles são bastante activos no início do séc. XIX. Cabral (1910)
atribue ao chefe Cumbana o domínio sobre Nhanombe, Nhareluga e Nhacoongo
antes da expansão dos Nguni de Manikusse [ca. 1833-5 ou talvez 1840-45] 97. Fontes
do início do séc. XIX confirmam o carácter guerreiro e expansivo do Cumbana que
se tinham entrincheirado ou fortificado em povoações no mato.
O padre João dos Santos nunca viajou até ao sul de Sofala, quando estava em
Moçambique. Mas a influência desta povoação comercial estendia-se até cerca 1800
até à zona ao sul da foz do rio Save, atingindo muitas vezes o rio Govuro, as ilhas
Bazaruto [Hucicas ou Bocicas]98 e em certas fases mesmo Inhambane. Por isso é de
supor que algumas das informações dadas por João dos Santos em 1609 sobre a zona
ao sul do rio Save possam ter algum fundamento. Ele menciona Mambone, as
"Bocicas" 99 e o reino de Sedanda. Diz sobre este:
"De Sofala para o sul fica o reino de Sabia, de que é rei o Sedanda; o qual também é
rei de muita parte das terras, a que chama Botonga, que vão correndo para o rio de
Inhabana"100.
Nessa citação baseia-se a hipótese que por volta de 1590 a influência de Sedanda
extendia-se até ao sul do rio Save, empurrando o domínio de Sono mais para o sul.
A sede do governo de Sedanda estava em 1515 situado talvez na zona norte da
Machanga ou mesmo mais no interior, visto que o acesso a partir de Sofala fazia-se
pelo rio Inhabimbi101.
Há três grupos, cujas migrações no séc. XVIII são atestados tanto pela tradição oral
como fontes escritas. O primeiro s o os Bila, "billa" ou Vilankulu e o segundo os
Dzivi ("modives"), que chegaram por volta de 1760 e que acabam por fundar
importantes chefaturas (Yingwane documentados a partir de ca. 1770, Hlavangwane,
Massinge). O terceiro é um grupo que chegou possivelmente ao mesmo tempo como
os Dzivi e se mantem ao sul dos Dzivi, entre Cumbana e Homoine.
Em 1729-30 Bernardo Castro Soares menciona os "Billa" provavelmente algures no
vale do Limpopo. Em 1758 Inácio Caetano Xavier refere os "Billa ou Landins"
perto de Inhambane102. Um fragmento nao datado de uma carta do governador
Barreto que deve ser do mesmo ano e uma petição de moradores de Inhambane de
1760 falam também de contactos com "Bilas" em 1758 e 1759103.
A sua chegada na actual zona de residência perto de Vilanculos e do rio Govuro
deve datar de ca. 1770. João Julião da Silva afirmou em 1844: "No ano de 1770 os
Landins dos sertoens de Inhambane invadirão Dombôe, e ultimamente Madanda" 104.
Esta zona no interland das Ilhas Bazaruto tinha pertencido a zona comercial de
Sofala e depois de 1770 o marfim era desviado para Inhambane, resultando em
perdas para o comércio de Sofala105.
É possivel que n o apenas os Vilankulu mas também outros grupos como os
Muhazwa no interior se tivessem fixado no mesmo tempo no hinterland de Bazaruto.
A tradição oral atribui o último movimento dos Vilankulu de Morrumbene a
Vilanculos a ataque dos Dzivi que tiveram origem em questões de gado e mulheres.
Os documentos contemporâneos não mencionam esta causa mas confirmam
conflitos militares. Já antes do 14 de Fevreiro de 1760 a zona perto de Morrumbene
onde tinham estado os Bila é invadido por outro grupo, os "modives"106. Estes
fizeram avançar os Bila para o norte, assenhoreando-se do território que estes tinham
17
ocupado. Obrigavam também alguns chefes tonga principalmente da zona de
Morrumbene de reconhecê-los como chefes.
Do movimento do terceiro grupo os contornos gerais são menos bem definidos do
que alguns detalhes, que são bem documentados. Ao sudoeste de Inhambane se
tinham fixado, em 1759 ou alguns anos antes, seis chefes "landins": "Injarra,
Chiqueriua, Beo, Gembe, Mucouana, e Baquene, ocupando o de assento á tantos
anos, com 6 povoações, cada hu sobre sy as terras de toda esta Marranja".
Em Outubro de 1760 o Capitão-mor português A. Correia Monteiro de Mattos
conseguiu, apoiado por alguns chefes bitonga, queimar primeiro as aldeias de Beo e
Gembe. Alguns dias mais tarde, aliado ao chefe Dzivi "Ticane", que vivia perto de
Morrumbene e que tinha cerca de "600 cafres" conseguiu ainda queimar as aldeias
dos chefes Baquene e Mucouana. A aldeia do chefe Injarra, a um dia e meio de
viagem não foi alcançada. Mattos planeava de não restituir a zona ao seu anterior
dono, Inhamussua (Nyamuxwe), mas a outros chefes dos Bitonga107.
Não o conseguiu provavelmente. Em Cumbana ficou um grupo de Macomates, e
outro em Homoine.
Quando em 1816 o poder do governador de Inhambane era relativamente limitado, o
governador Luis Correia Monteiro de Mattos oficiou ao Governador Geral de
Moçambique que o chefe Cumbana hostilizava chefes do governo, entre outros o
fumo Inhamulala108. Refere que Cumbana " sem que da nossa parte houvesse ter lhe
dado motivo algum, fez embaraçar a comunicação dos regulos vadongues, que
trazem a esta villa a vender gado, galinhas, ceira, mel manteiga , e muitas obras de
madeira como sej o gamellas, piloens, baldes e outros generos"109.
Cumbana recusou-se a fornecer ajuda contra os Mondlane, quando os portugueses
de Inhambane apoiavam os Makwakwa em 1815110 .
18
Até ca. 1727 a presença comercial portuguesa não tinha tido continuidade na baía
de Inhambane. Havia um viagem anual a Inhambane e um acampamento temporário
ali (Teixeira 19) Como intermediários tinham-se fixado alguns musulmanos, não
sabemos se tinham sido trazidos todos da Ilha de Moçambique e continente
fronteiriço, e em que período vieram.
1847-9
Avanços 1834 tentados, e depois de 1858 na crise de sucessão de Gaza.
Este período teve o seu início quando em 1821 Zwide, chefe dos Langa constituiu
uma espécie de império no exílio no sul de Moçambique e nas actuais províncias de
Phumalanga da Africa do Sul (Transvaal Oriental). Moçambique experimentou até
fins de 1823 ataques de Nqaba Msane no interior, na zona de Sabié e Magude e de
Zwangendaba em Tembe e Matola e posteriormente na Manhiça e de Sochangane
em Tembe.
Shaka expandiu em 1822-25 o seu poder para o norte atravês de contactos
diplomáticos com Makhasane de Tembe, Mayetha, o chefe de Tembe, Matsolo, o
estado Swati, etc.
Zwide, rei dos Ndwandwe, morreu por volta de 1823-5 no exílio. Mas tinha
deixado pelo menos dois filhos, Sikhunyana e Somapunga, bem como o funcionário
da corte, Zwangendaba, e chefes de linhagens e vassalos como Soshangane
Nqumayo, Ngwana Maseko, Nqaba Msane e Sobhuza Dlamini, muitos deles ja a
lutar independentemente pela sobrevivência mais ainda todos relativamente pertos.
Sikhunyana havia de tentar sem sucesso, por volta de 1826-7, reconquistar o seu
estado. Com a morte de Zwide os outros fragmentos do estado Ndwandwe
dispersaram-se definitivamente. Um deles ficou no sul de Moçambique, formando o
estado dos "manhambozes", como eram conhecidos os guerreiros em Inhambane em
1840-60, ou de Gaza, a versão preferida pelos Zulu, ou de Manukuse, (Manicusse),
vátuas do Norte etc. como aparece na documentação portuguesa. Soshangane
Nqumayo, o fundador desse estado, e Zwangendaba Jere, antigo induna principal do
estado Ndwandwe, cooperaram ainda por algum tempo mas separaram-se cerca de
1829-31. Em conjunto defenderam-se contra uma incursão militar de guerreiros de
Shaka no vale do rio Incomati em 1828, mas depois começaram fricções (1829-30).
Zwangendaba migrou com os seus subditos para o norte, subindo possivelmente o
vale do rio Limpopo até à terra dos Venda, seguindo a Ngwana Maseko que deve tê-
lo precedido cerca de três ou quatro anos.
No período da primeira presença dos Nguni no vale do Limpopo provavelmente ja
alguns tsonga se refugiaram a oeste dos Libombos.
20
Segundo uma fonte, Sochangane passou por Moamba, Sabié (Kurumane), fixou-se
perto da margem direita do rio Mazimhlope (nome nguni) numa área conquistado
aos khosa e deslocou-se dali para Nanwankwinike (Maniquenique na margem direita
do rio Limpopo)122.
Na zona ao noreste do rio Limpopo guerreiros nguni "Madzitis" ja tinham
aparecido em 1823, mas não sabemos se faziam porventura parte do grupo de Nxaba
Msane,( que Bryant diz que veio só por volta de 1824) que também pode ter vivido
nessa altura mais perto de Zwide na zona actual de Phumalanga e era conhecido nas
áreas de Sabié e Magude e atravessou o Rio Save ca. 1826-27123.
Mas é possivel que os Madzwiti eram destacamentos avançados de Zwangendaba
ou Sochangane e que Nqaba Msane passou pelo Zimbabwe para o actual Mussurize.
6.2. Ataques das tropas de Shaka e Dingane e a ida de Sochangane para Mussapa
O facto de constituirem um estado rival ligado aos Ndwandwe fizeram com que
tanto Shaka ( rei como sucessor não linhageiro de Dingiswayo ca. 1819-Setembro de
1828) como Dingana (1829-1840) tivessem tentado ataques contra Gaza na zona do
Incomati.
As tropas de Shaka sofreram uma derrota, mas a expansão do seu sucessor Dingane
para o norte, expansão essa na qual se insere a sua intervenção em Lourenço
Marques em 1833, ameaçou Sochangane. Isso e o facto que um outro chefe nguni,
Nxaba Msane, igualmente um chefe de origem ndwandwe se tivesse estabelecido ao
norte do rio Save, de onde mandava talvez recados desafiadores, fez com que
Sochangane se decidisse em 1835 marchar para o norte. Passou provavelmente perto
da costa. Os Inhambanenses, que tinham sofrido uma terrivel derrota nas terras de
Zavala em 1834, deixando muitas mulheres viuvas, estavam contentes deixá-los
passar longe. Ainda antes da marcha para o norte um chefe dos Maluleke, Hlekane
("Sakana"), aniquilou em 1834 um pequeno grupo de boers sob a direcção de van
Rensburg que se dirigia para a costa124.
21
Em 1839 fugiram para a zona de Homoine. Tinham inicialmente dois chefes,
Xindavane e Mahuntse. Mas em 1851 Mahuntse prendeu Chindavane e este morreu
pouco tempo depois129. Mahuntse ficou chefe único. Constroi uma imponente
fortificação com valas a noreste de Inharrime na zona de Nyareluga, onde havia de
resistir em 1860 a um exercito de Nguni de Mawewe e portugueses de Inhambane 130.
Nesse ano, depois de alguns meses de sítio foge, deixando familiares que foram
presos ou mortos. Morreu cerca de 1872 em Pande, onde foi enterrado, já como
súbdito de Muzila, filho de Sochangane. Parentes e súbditos dos Makwakwa tinham
ficado na zona de Chibuto, sujeitando-se já em 1838/39 aos Nguni.
Os Nkuna eram o segundo grupo importante de fugitivos. Eram habitantes do vale
do Limpopo e fizeram provavelmente parte do grupo Hlabi131. No mesmo período
os Makwakwa, um forte núcleo Nkuna emigrou cerca de 1839-40 para a Africa do
Sul132, tendo ficado uma fracção na zona de Nwamba (Moamba) 133 e outra na terra
de origem. Shilubana e Ntsanwisi descrevem esta fuga da maneira seguinte:
"No ano de 1833 [na realidade 1835] quando Manukosi foi para Nkangala (Rodésia) ele
mandou Nkhavelana, Mavundza e Nkuna seguirem-no. Gulatino, o rei dos Mavundza, e
Nyongana rei dos Nkhavelana, e Xiluvana rei dos Nkuna foram juntos até ao rio Mithi
(Limpopo). Não podiam passar. Manukosi passou e marchou para frente até chegar na
Rodésia. Os outros voltaram para Bilene. Quando Manukosi chegou na Rodésia, mandou
um recado para Xilubana a dizer que devia proteger e guardar o seu pais para ele. Quando os
Nkuna ouviram esta história, não tardaram em sentir desgraça. Como eles voltaram atrás, no
futuro iriam ser mortos um por um e acabariam. Ficaram entretanto....Bem, quando ele
voltou da Rodésia, no ano de 1836 [1838] no inverno [vuxika], ele ficou a lutar com os
Nkuna, Mavundza e Nkhavelana, e eles foram dispersados. Quando todos tinham sido
conquistados, Xiluvana andou e entrou no pais dos Khosa, passou e atravessou o rio
Incomati. Atravessou ainda o rio Save [Sabié]...onde ficou Hoxana wa Mashele...Quando
passaram pelo rio Sabié chegaram em Vulolwane134....e [depois] estabeleceram-se e
construiram em VuKhaha [Bokhaha], junto ao chefe feminino Maale [Maake] 135. Isso foi no
ano de 1839 [1841-2]136....No ano de 1842 [1844-5] Manukosi mandou um exercito para
seguir Xiluvana para Vukhaha. Este exercito foi comandado por Matshengwana 137...
mudaram depois para Mbegeleni (no mesmo distrito de Letaba..).. onde podiam
descansar ...e ficaram doze anos"138.
Na Africa do Sul os vizinhos sotho designavam Xiluvana (Shilubane) como
"Serobane" e com este nome aparece em alguns mapas. Havia de ser um dos pontos
onde nos anos 70 a Missão Suiça havia de fixar-se. Não obstante a sua curta
incorporação no estado de Gaza também os Nkuna adotaram o armamento nguni e
poemas laudatórios para os chefes na língua nguni. Nisso também seguiram alguns
chopi139.
Nesse caso a emigração tinha atingido uma parte consideravel da chefatura. No fim
do tempo colonial esse grupo estava representado por uma única regedoria no vale
do Limpopo, a saber Machele representada por Eduardo Cuna (Nkuna)140.
O número de Makwakwa que tinham ficado entre Chibuto e Mandlakazi era maior.
Outros refugiados no Transvaal [Phumalanga e província do Norte] eram os Loyi.
Os Maluleke também escolheram possivelmente um habitat mais seguro mais
afastado dos nguni141.
22
estado m e, como no estado Lunda, na Africa Central 142. A cultura política específica
é portanto um factor que influencia a estrutura do processo.
O estabelecimento do estado de Gaza travou processos de concentraçao de poder
locais, como o de Dzovo Mondlane e talvez por parte de uma das linhagens Khosa e
dos Bila. Não há dúvidas que o processo de conquista foi violento. Foram eliminadas
algumas chefaturas dos Khosa, Bila, mas a maior parte da população sobreviveu
provavelmente e elementos da população obtiveram novas oportunidades, ficando
incorporados nas unidadades doméstica dos nos chefes. Os contactos criaram um
novo sentido de unidade cultural, que transformou os "landins" em "mabulundlela",
aqueles que abrem o caminho. Estabeleceu-se um novo pacto social, uma carta
mítica, que n o dava muita émfase a violência da formação.
Tal qual como outras fontes as fontes orais necessitam da construção de uma
cronologia, confirmação dos factos por fontes independentes para ganhar
credibilidade143.
Temos de reflectir sobre a frequência da ligação entre estabelecimento do estado e
migração e conquista. Esta imagem traduz uma realidade? Julgando a partir dos
23
exemplos do séc. XVIII e XIX pensamos que sim. Estados são estabelecidos atravês
de actos violentos, em benefício de um grupo mas muitas vezes com elementos de
um contrato social. Esse limita o direito do mais forte.
Notas Finais
24
1
Elementos referidos por A.M. Dlamini 1972
2
KA 12205, fol. 545 v-546 r, 550 v. Relatório de H. Goutsberg e outros, 10/3/1730. Há uma dúvida se Machavane é uma
designação regional ou de linhagem, porque aparece como vizinho do Macherube um Cap. n Chicombe que está designado
como "filho de Magobe" (provavelmente Nwangobe Tembe, pai de Maputyu".)
3
Feyo 1650 em Theal, RSEA VIII: 289-90.
4
Há uma breve menção dos Machavana (ou Nkalana) na história dos Tembe (com cronologia errada) em Jaques 1982:
122. A fase inicial da guerra mencionada em Theal, RSEA I: 492, 501.
5
Nkonwane em Martins 1995: anexo 66
6
Devido provavelmente a mudanças linguísticas, tendo sido eliminado o Nya- inicial. A maior dos nomes clánicos dos
Bitonga e muitos dos Chopi começam com Nya- (Inha-), mas hoje fala-se o tsonga na zona, que não utiliza o Nya;
-mpura e -mhula é uma correspondência regular. V. Tamele (comm. pessoal Out.1997) sugeriu que o nome Inhampura
podia corresponder a "Nyapule", proposto também por.... .
7
Cf. Matos 1973:18-19 (Tambem em Theal, A.H.U. Bernardo de Castro Soares 1729, Earthy 1933 etc.)
8
Conclusão baseada unicamente no aparecimento do termo Kalange nas tradições dos Maviye e Bahule em Mukhombo,
Nkutsulani, pp. 25,26,28.
9
Talvez corresponde ao grupe Buke mencionado por H.Ph. Junod, D. Earthy, etc.
10
Nas tradições orais Zavala (Zavale) figura como irmão mais novo de Gwambe (A.H.M. T.O. 234, 235 Coguno 3-09-
1981). Isso é mais um argumento para identificar Gamba e Gwambe, porque a fixação do irmão mais novo deve ser
posterior ao do mais velho, tirando o fundamento da hipotese que a fixação dos Gwambe é posterior a 1560.
11
cf. entrevista em Inharrime, 198.. AHM
12
Não concordamos com L. Correia de Matos que depois de desfazer o relato de Diogo do Couto com argumentos em
parte inadmissíveis porque exige um rigor de descrição geográfica, com rigor de medição e indicação de distâncias,
transcrição de nomes etc. que no séc. XVI-XVII ainda não se praticaram, insiste que Gwamba (Guambe) e "Gamba" são
grupos diferentes. Propôs encontrar o "Gamba" ou "Otongue" do séc. XVI ao noroeste de Inhambane, embora que ali
ancontre nenhum rio grande sem maré, nenhum "Otongue" (que sobreviveu no termo mindongues ou ndonge, etc (cf.
Matos 1973: 33-37). Também acusou Couto de confundir o Rei D. Sebastião com o Governador de Moçambique. Mas
que provavelmente aconteceu foi que em 1589 estava a governar em Gwambe o homem que tinha sido baptisado, ca. de
1558, na ilha de Moçambique com o nome do governador Bastião de Sá, e que este chefe tinha dois filhos, que eram
tambem “fulanos de Sá”.(cf. Wicki ed. IV:437). As relações ecclesiaticas entre a Ilha de Moçambique e Inhambane ainda
continuaram no séc. XVII. Gomes (1648: 239) menciona que o padre J. Cézar foi para Inhambane, possivelmente por
volta de 1615-20, antes de passar para o Zambeze por volta de 1621 (também pode ter sido depois).
13
E possivel que se trate do chefe "Musika" dos Vilankulu mencionado por Mucambe 1948: 28 e que em 1729 vivia ainda
perto do Limpopo, mas há outros Vasika ou Vaxika (povo que desceu nas tradições referidos por Jaques 1982: 93
(Ngomana).
14
Dos "Mocumbas" apenas os Sono são de fácil identificação, porque ja tinham sido identificados por Vaz de Almada
(1625) e aparecem nas tradições dos Chauke como foram fixadas por H.A. Junod (Junod 1927, I:24).Foram tambem
mencionados como uma zona de destino dos mercadores de marfim baseados em Inhambane em 1760 (A.H.U. Moç. Cx
9, Inh. 29-12-1760, nº48, Monteiro de Mattos ao GCG).
15
Copia da informação que faz o capitam e feitor da viagem de Inhambane Bernardo de Castro Soares... inclusa na carta
do Vicerey João de Saldanha e Gama ao rei, Goa, 2-1-1730. A.H.U. Documentos anexos a plantas. Trata-se
provavelmente de uma cópia de uma cópia, o que explicará alguns erros. Não se sabe se na India ainda existe o original
ou outra cópia.
16
Montez 1939: 28
17
Liesegang 1977: 171.
18
Liesegang 1977: 169 (referente a 1727-28); Capelle 1723 (Montez 1942): 16.
19
Montez 1948: 123, baseado no relato do padre e grande comerciante Francisco de Santa Teresa que tinha passado
alguns meses na baía.
20
Jaques e ...
21
Couto em Theal, II: 188 (o nome aparece ali transformado em "Sane"); cf.tambem Vaz 1625 em Theal, vol VIII: 60-66,
Silveira 1957,II:260
22
cf. Beach 1980: 106,174; Liesegang 1989: 25
23
A.H.U. Moç. Cx. 9, Inh. 29-12-1760, Matos ao GCG
24
cf. Jaques 1982: 51 (sub Maluleke).
25
Assunto discutido por Rita-Ferreira 1983: 68-69 e passim
26
Como colaboradores na primeira edição foram ainda mencionados Jorge Honwana, R. Cuénod e Phineas Mathe.
27
Jaques 1982: 51. De notar que os Makwakwa aparecem como "Macuaco" am 1760 nas corresponências de Inhambane
(Liesegang 1968: p. 181, n. 45), a já naquela dos holandezes em 1731.
28
Shilubana e Ntsanwisi 1958: 16-21 apontam que os Nkuna se teriam juntado a esse grupo tardiamente. Teriam vindo da
Zululandia, passado pela zona de Lydenburg, entrado depois em conflito com os Rikhotso, casado com os Khosa, e lutado
com os Nhlave.
29
Jaques 1982: 95 lista mais completa.
30
Jaques 1982: 51
31
cf. Jaques 1982: 96-97, etc. (1958: 90-1), entrevista de G. Liesegang com Abner Ngwenya, encarregado da regedoria
Chomane, 11/3/1971.
32
Jaques 1982: 17-18 (Chawuke), 63 (Maswanganyi); Mucambe 19… Bannermann…..
33
AHU, Moç. cx 3 Moç. 14.11-1734, Cx 8, Inh. 29-12-1760, nº 48..
34
data em Butselaar 1987: 55
35
Neves , ver também Pimentel em Ferrão 1909: 109-11. H.A.Junod 1927, I: 26, Liesegang s.d.
36
mencionado por L. Trigardt (L. Trichard).
37
cf. Earthy 1933
38
Capelle 1723 ed. Montez 1942: 16-18, cit. por Rita-Ferreira 1982: 80
39
Matos 1973:22
40
Silveira 1957, vol.II:260, estampa 414. Silveira data o mapa erróneamente a 1582, mas esse erro é corrigido na obra de
Cortesaão e Mota 1960, vol. IV, V.
41
A.H.M. cassete .. transcrição, Segundo Felix Khosa, .Gonçalo Chilundu teria confirmado essa versão.
42
Entrevistas de P. Dava e do autor em Macia 1995.
43
Pimentel em Ferrão 1909:110 quer associá-lo apenas com o retorno dos vátuas do norte (regresso de Sochangane em
1839), mas nesta altura já governou oseu filho Pukwana mencionado por Louis Trichardt.
44
Pimentel em Ferrão 1909: 108-120
45
Pimentel em Ferrão 1909: 108
46
Xavier 1758: 188
47
Cota, s.d: 11
48
Cota utiliza o termo "Mussapa" com o significado de "área shona". (cf. Cota s.d.: 19 sobre os "Balois oriundos de
Mussapa").
49
Esperava-se neste ponto antes uma referência aos Mondlane ou Nwanati em geral. O nome de Cherima aparece apenas
nesta obra (designa geralmente um subgrupo Makhuwa) .
50
Cota s.d.: 33-34. Macamo (Makhamu) faz parte do grupo Hlabi.
51
Erskine
52
talvez devia ser "antepassados".
53
Seguindo o raciocínio dos grupos clãnicos territoriais, os Bila de Languene deve ter sido um subgrupo dos Bila que
ficou depois da expulsão dos Bila nkulu.
54
Cota s.d.: 34-35
55
A tia paterna pertence ao mesmo grupo linhageiro. A ligação à tia é portanto uma relação incestuosa, só admitido p.e. a
chefes shona como parte de um ritual de ascensão ao poder.
56
Também Krige 1937: 356 vê a origem dos Loyi no país dos Nyai. Nyai era nesse context um nome etnico ou nacional,
correspondendo parcialmente ao Shona de hoje. Junto ao Zambeze podia ainda significar subdito ou servidor de Mutapa.
57
Jaques 1982: 126
58
Jaques 1982:63
59
Liesegang 1977: 171, 179 (nota 36).
60
Beach 1980: 60-65
61
cf. Randles 1975: 32; Liesegang 1977: 179, nota 36.
62
Liesegang 1977:172. fica por verificar, se é realmente "Ntsangamene" ou "Ntsangamere", porque "r" e "n" foram às
vezes escritos de maneira muito semelhante.
63
cf. Bernardo de Castro Soares acima.
64
No nome da povoação de Chissibuca (a oeste de Quissico) o nome Buke é preservado.
65
Jaques 1982: 137 (tradução).
66
Jaques 1982: 73
67
cf. Collett Chipunza (1995)
68
Fragmento (cópia, extracto) de uma carta de João Velho, antigo feitor de Sofala, s.d. mas aparentemente de 1546 ou 47,
em D.P.M.A.C. VII: 170.
69
A facto foi referido por Mudenge 1988: 56, e enquadrado pp. 51-57; Newitt Beach (in litt. and
70
Apontamos em Liesegang 1988: para o facto de Nyamunda já residir em 1515 provavelmente na zona da actual
Madanda e não em Uteve junto ao Buzi-Revue. assim a formulação "Changamire Sachiteve Nyamunda" (Mudenge 1988:
57) é provavelmente uma síntese errada.
71
Newitt 1997: (referência a parti de Sofala), Beach
72
Newitt 1997: 99 citando António da Conceição 16 e Mudenge Feira
73
Beach 1994: 96.
74
Liesegang 1977: 172.
75
Família Munhequete, crónica familiar de Titosse Munhequete.
76
A.H.M. T.O, Cassete 238, entrevista com Salomoni Khokholo Makwakwa, 4-9-1981.
77
Mucambe 1948: 34
78
AHM, cassete 238, entrevista Pande 4-9-1981 com Salomoni Kh. Makwakwa (transcrição e tradução Vicente Mainga,
pp. 6-7)
79
Mucambe 1948: 35-36.
80
Nkonwane em Martins 1995: anexo 66
81
Castro Soares, Copia da informação 1729.
82
A.H.U. Cxa 3, cópia de informações de Pedro da Costa Soares, Moç. 14-11-1760; Cx 8, Inha. 29-12-1760, nº 48, G.
Correia Monteiro de Matos ao GCG
83
Jaques 1985..p
84
Pinto 1917: 274
85
Entrevista do AHM, Inharrime 4-9-1981.
86
Entrevista com Abner Jonas, 4-2-1999 organizada por M. Chitaute.
87
Cabral 1910: 55, teriam sido dependentes dos Mondlane.
88
Entrevista do AHM, Inharrime 4-9-1981.
89
AHM, Nhanombe 2-9-1981.
90
Junod 1977: 84
91
Mangunze tr. p. 9
92
Entrevista Mangunze 1971, tr. B. Silvestre p. 19 tradução local da informação do regedor; cf. indicações vagas em
Earthy 1933: 243 sobre "Muyanga", indicando também uma origem no sul.
93
AHM Cassete 222/223. Entrevista Dengwini (Dengoene) 30-8-81, veha também entrevista com A.Jonas em Mavila,
94
Inf. pessoal A. Khan 1996.(A. Kane)
95
Cantor e tradicionalista Boaventura dos Santos Paruque 31-8-1981.
96
Cantor e tradicionalista Boaventura dos Santos Paruque 31-8-1981.
97
Cabral 1910: 51-2
98
Os naufragos de 1622 que passaram por esta zona, informaram que havia habitantes de Sofala que negociaram nesta
área.
99
Santos 1892, 1: 136, 153
100
Santos 1892: 1: 200
101
cf. Liesegang 1989: 24-25.
102
Xavier 1758: 188
103
Santana, vol, AHM, Moç. Inh. 7-5-1760, Cópias de petições de Moradores de Inhambane.
104
Silva, Memória sobre Soffála, fol. 78
105
ibid. fol, 7, 10.
106
Inh, 7-5-1760, Petição n o datada, entre 7 e 14 de Fevr.
107
AHU, Moç. Inh. 29-12-1760, nº 48 A. C. Monteiro de Mattos a GCG em Moç.
108
AHU, Inh, 4-7-1816, nº 29.
109
AHU, Moç. Inhambane 5-4-1816, no 25, G. L. C. Monteiro de Matos ao GCG Marcos Caetano de Abreu e Menezes.
110
ibid. ver também em baixo.
111
ibid.
112
AHU, Moça, Inh. 22-6-1761, nº 68, G. Monteiro de Mattos ao GCG.
113
Entrevista do autor 1969.
114
AHU, Inh, 4-7-1816, nº 29.
115
AHU, Moç. Inhambane 5-4-1816, no 25, G. L. C. Monteiro de Matos ao GCG Marcos Caetano de Abreu e Menezes.
116
ibid. ver também em baixo.
117
Transcrição Muzamnane p. 17 Guduanhane era christão e filho de um irm o mais novo de Xipenenyane. Sem dúvida
devia ter reformulado a tradição.
118
ibid. p. 20
119
Santana 19.. III: 873. No sumário escreveu-se "Daro" em vez de Dovo.
120
cf. citação acima da tradição Zandamela e Loyi.
121
Earthy, Matos 19
122
Costa 1899: 62, Silva e Ferrão 1909: 84-5
123
Onde teve talvez um contacto com Mzilikazi que fugia de Shaka.
124
Harries 1987: 96 não tém em conta a estrutura política de Gaza; Liesegang 1972 considerou a estrutura política de
Gaza, más não teve acesso à tradição generalógica utilisada por Harries.
125
Liesegang 1990:99
126
Grandjean 1899:77
127
Grandjean 1899:78
128
Grandjean 1899: 78 refere uma linhagem de nyangas de chuva do clã Ndimande que recebeu terras na zona de Antioka.
129
AHM co.1381:38v sobre embaixada recebida 12-11-1850; Cod. 1535, nº 29, 11-10-1852 sobre guerra com Mahuntse
(Maunja).
130
Mucambe 1948: 41-46
131
Segundo Krige 1937: 356 e Shilubana e Ntsanwisi, 1957: 16 os Nkuna tiveram uma origem remota em "Zululand".
132
Grandjean 1899: 79
133
Shilubana e Ntsanwisi 1962.
134
Significa talvez só "lugar da ponte".
135
Também Krige 1937: 347 refere a chegada dos Nkuna na zona de Maake.
136
Shilubana e Ntsanwisi 1958: 24-5
137
deve ser o chefe chamado Matshekwane por Junod 1913, II: 535
138
Shilubana & Ntsanwisi 1958: 27-28
139
Na localidade de Coguno/ Guamba Grande gravamos um verso laudatório "Kayidhli muntu, yidlha mabeye" (não como
gente, come milho). AHM. entrevista 3/9/81
140
B.O. II. Série 1968, p. 1881, lista de regedores, do concelho do Baixo Limpopo (Trigo de Morais, hoje Chokwe).
141
Grandjean 1899: 82
142
cf. Vansina 1962.
143
Em outro lugar formulei que a credibilidade de um dado não confirmado seria de ser estabelecido por volta de 30%,
logo uma hipotese baseado em dois dados não confirmados só teria cerca de 10% de probabilidade. Daí a necessidade de
estabelecer conjuntos de dados que se confirmam antes de proceder a hipoteses mais abrangentes, mas também a
necessidade de trabalhar com interpretações alternativas.
T.O. Cassetes (Transcrições):230B- 231 (Nhanombe-Inharrime) 2-9-1981; 232, (Nhareluga) 234, 235
(Gwambe, Nhapadja, 3-9-1981), 236A Mocumbi, Pande: Salomoni Makwakwa etc.
London, Royal Geographical Society
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