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Aos meus amigos nesta viagem, Ana, Célia, Diogo, Filomena, Sara,
Jorge e aos mosqueteiros, Luciana, Jorge e Will, pelo vosso
apoio, compreensão, paciência e momentos fantásticos.
INTRODUÇÃO
[p. 01]
1. Coimbra contexto urbano
1.1 Coimbra
[p. 11]
1.1.1 Contexto histórico
[p. 11]
1.1.2 Coimbra actual
[p. 21]
1.1.2.1 Enquadramento social
[p. 23]
1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano
[p. 25]
1.1.2.3 Mobilidade e Transportes
[p. 27]
1.1.2.4 Património Edificado Histórico
[p. 29]
1.1.2.5 Património Imaterial
[p. 31]
1.1.2.6 Urbanismo
[p. 33]
2. Baixa de Coimbra
3. Kevin Lynch
CONCLUSÃO
[p.115]
CONSIDERAÇÕES FINAIS
[p. 125]
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[p. 129]
FONTES DE IMAGENS
[p. 137]
INTRODUÇÃO
FORMAÇÃO DE IMAGENS COLECTIVAS
Introdução
O presente trabalho, tem como principal objectivo estudar a percepção que a
população tem da zona histórica de Coimbra, a Baixa.
É neste contexto que surge a aplicação dos estudos de Kevin Lynch, um conhecido
urbanista, inovador para o seu tempo, cujo contributo pretende mudar a perspectiva de
intervenção na cidade, aproximando o estudo do ser humano à Arquitectura. Sendo o
Arquitecto transformador de espaço, ele deve ter em conta a apropriação do espaço, de
acordo com a cultura do lugar, é necessário uma sensibilidade para que os edifícios se
identifiquem cada vez mais com o local e com o uso destes.
1
2
lugar, assim como as características materiais e os elementos que estão no imaginário das
pessoas. Antes de se desenvolver transformações numa área, é relevante conhecer a
relação que o observador estabelece com esse espaço, a legibilidade que detêm do local, a
memória e os seus significados.
Introdução
mistura comércio e séculos de história. O desenvolvimento da zona situada no eixo Baixa-
Alta é considerado uma das prioridades no desenvolvimento da cidade de Coimbra. Nesta
parte do trabalho, é feito o enquandramento histórico da Baixa desde o Séc. XII, abordando
a ocupação humana na Alta e baixa , como esta se expandiu e que alterações foram feitas
no tecido urbano ao longo dos séculos, mencionando a construção dos monumentos e
elementos marcantes. São referidos os planos urbanísticos para a Baixa, nomeadamente
de Abel Dias Urbano (1919-1928), Luís Benavente (1936), Etienne de Groër (1940), Antão
de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa (1956), Serviços de Obras e Urbanização da
Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992), que originaram diversas alterações na Baixa,
incluindo demolições de quarteirões. Para além dos planos efectuados no passado,
abrange-se os planos previstos para a zona em questão, como é o caso da introdução do
Metro Ligeiro de Superfície, que irá permitir a requalificação da frente ribeirinha de
Coimbra, sendo um factor de dinamização da Baixa. Na sequência do seminário
desenvolvido em 2003, intitulado Inserções, surge uma proposta desenvolvida por
3
4
Emilio Tuñón e Luis Mansilla para essa zona, tendo em conta a passagem do Metro. Após o
concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia, por iniciativa do Centro de Estudos
de Arquitectura da FCTUC, surgem reflexões sobre intervenções globais e estruturadas, que
também serão referidas neste capítulo. Outro factor dinamizador a ser mencionado é a
candidatura da Universidade a Património Mundial pela UNESCO, que surge como tentativa
de refazer a imagem do centro para originar o fenómeno de “turisficação”1.
O Capítulo III começa por abordar a forma como o objecto de estudo é analisado,
sintetizando as linhas de análise e as estratégias metodológicas que foram levadas a cabo
no trabalho de investigação. Refere-se aos conceitos a reter que estão na base do estudo
do urbanista Kevin Lynch no seu livro “ A imagem da Cidade”, cujos inquéritos são
aplicados em três cidade americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles. Lynch considerou
que a imagem que o ser humano faz do meio que o rodeia é formada por sensações
experimentadas, ao observar e viver o ambiente. O sentido que o observador dá ao que
está a experienciar varia conforme as suas características individuais, conhecimentos
sociais e culturais.
Introdução
determinar essa imagem na Baixa de Coimbra. Lynch propõe a aplicação de um método
que procura avaliar o significado da cidade como imagem colectiva para os habitantes. Na
definição da imagem, Kevin Lynch considera a classificação em cinco elementos: vias,
limites, bairros, cruzamentos e pontos marcantes.
1
DOMINGUES, Álvaro- Os novos mapas da cidade. Workshop Internacional de Arquitectura. Novos mapas
para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ.2000.p.37.
5
6
Ainda no terceiro capítulo, é explicado o método utilizado pelo urbanista, que
determinou os cinco tipos de elementos, por observadores treinados com base nas
primeiras análises no terreno, verificou o modo como se interligam e estudou o que
contribui para lhes dar uma forte identidade. Foram levadas a cabo entrevistas à população
e elaborado um mapa visual, analisando a forma existente e as imagens colectivas
respectivas, cujos resultados seriam traduzidos em relatórios e diagramas realçando as
imagens colectivas importantes, assim como os elementos críticos da imagem e as inter-
relações entre esses elementos. Por último, são mencionadas as críticas feitas a este
processo, onde serão reflectidos vários aspectos que poderiam ser completados e postos
em questão.
O Capítulo IV tem como base os dados obtidos na aplicação dos inquéritos, usando
o descrito no capítulo anterior. Foi efectuanda uma análise objectiva do terreno. Tal como
em Kevin Lynch, a análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção
aos elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram
registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, o destaque, assim
como a presença, a visibilidade e as inter-relações entre pontos de referência,
cruzamentos, percursos e limites.
Introdução
O inquérito por questionário foi o método utilizado, sendo fiel ao original elaborado
por Kevin Lynch. As amostras foram recolhidas num conjunto de ruas da baixa
seleccionadas, salvo por motivos de força maior, em que o inquérito foi deixado para ser
preenchido pelo inquirido. As amostras foram equilibradas relativamente ao género e faixa
etária.
7
8
COIMBRA
9
10
1. COIMBRA CONTEXTO URBANO
DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE
1.1 Coimbra
A incidência do estudo sobre a percepção do espaço pelo ser humano, exige o estudo
do mesmo abordando a relação com a envolvente. Sendo o objecto de estudo a Baixa de
Coimbra, é necessário compreender a cidade e a sua origem.
Como profere Walter Rossa, é grave considerar o “tecido urbano do passado como
meramente histórico, ou seja, apenas como um testemunho e não como uma realidade,
opção ou variável do presente.” 2
2
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações expressas
de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.ECDJ 3.
DARQ. 2000. p. 20.
3
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.252.
4
ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 44.
5
Ibidem. p. 46.
11
1| Planta Topográfica de Coimbra.
2| Séc. I-IV ocupação romana, tentativa de implementação do traçado hipodâmico à cidade de Aeminium
3|Séc. V-VI Actual Rua de São João, seria a rua principal e parte da Rua Borges Carneiro e Rua do Norte
onde seria o Fórum Romano, situava-se na intersecção destas, no actual Museu Machado de Castro.
4| Séc. VII-XI
5| Séc. XII
6| Séc. XIII
7| Séc. XIV-XV
8| Séc. XVI
9| Séc. XVII
10| Séc. XVIII 12
11| Séc. XIX
AEminium, novamente Emínio, seguido de Colímbria6 a Coimbra romana, possuía
um aqueduto e era envolvida por muralhas (cujas portas tinham o nome de Almedina,
Sol/Castelo/Cidade, Belcouce /Estrela, Traição/Genicoca/Ibenbodron) erguendo-se sobre o
cruzamento de duas grandes vias de comunicação: o rio Mondego e a estrada Olissipo-
Bracara Augusta. Encontrava-se centrado a partir do fórum, construído sobre uma
plataforma que assentava num Criptopórtico que, ainda hoje integra e sustenta
parcialmente o actual Museu Nacional Machado de Castro. A ocupação romana marcou a
organização da cidade subsequente, definindo a orientação de arruamentos e fixando a
localização de edifícios significativos.7
Apesar do modelo teórico ideal da cidade para os Romanos serem ruas ortogonais
que definiam quarteirões, provavelmente o traçado desviava-se dele como outras cidades
romanas, pois a topografias com declives acentuados assim o obrigava.8
6
Ibidem.p. 41.
7
Ibidem.p. 53.p.54.
8
ALARCÃO. Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 57.
9
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p. 259. p. 260.
10
ALARCÃO.Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 69.
11
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna. 1996. p. 259. p. 260.
12
Ibidem.
13
12| Porta de Belcouce – Baldi.
13| Vista interior do Criptopórtico.
14| Criptopórtico.
15| Corte do Criptopórtico.
16| Perfil hipotético da cidade romana 1. Muralha; 2. Domus; 3. Forum; 4. Templo do culto imperial; 5. Anfiteatro.
17| Arruamentos da cidade de Aeminium, 1.Forum, 2.Anfiteatro, 3.Teatro, 4.Aqueduto, 5.Templo de culto
imperial, 6.Alcáçova, 7.Igreja de S. Pedro.
14
Permaneceu na posse dos Muçulmanos durante um século até ser conquistada por Afonso
III de Leão (866-884). Em 987, é conquistada novamente pelos Muçulmanos sendo que em
1064, a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão e restituída
aos Cristãos.
“ Aqui estudou a elite intelectual portuguesa até às primeiras décadas do século XX,
homens como Almeida Garret, Eça de Queirós, Afonso Lopes Vieira, os notáveis académicos
da Geração de 70, Antero e António Feliciano de Castilho, José Régio, Vitorino Nemésio,
Miguel Torga, enfim, tantos e tantos outros.”15
Sob a chefia de Frei Brás de Braga, deu-se a renovação no Mosteiro de Santa Cruz
que foi fundado em 1131 e deu-se a abertura da Rua da Sofia, onde se concentraram
inúmeros colégios, conventos e residências.
13
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.260-268.
14
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p15-22.
15
DIAS, Pedro, Coimbra, Guia Para uma visita. p. 7.
15
18|Sé Velha de Coimbra, Mário Novais, 1899-1967, Orientador científico: Mário Tavares Chicó, 1905-1966.
19| Universidade de Coimbra – 1865 Fotografia, A. desconhecido, ca. 1865, IMAGOTECA (U.C.)
20| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas (S. João
Baptista) no século XIX (cerca de 1840). Litografia a partir do desenho de Lopes Júnior.
21| Rua da Sofia na década de 80 do Século XX. 16
“É habitual dizer-se que a forma das cidades reproduz a história e a cultura das diferentes
épocas. Em Coimbra, nenhuma outra área é tão fiel a este princípio do que a Rua da
Sofia.”16
16
BANDEIRINHA.Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu.Argumentum.2003.p.33.
17
Ibidem.p.16
18
Ibidem.p.15-23
19
PIMENTEL. António Filipe - A Morada da Sabedoria.2005.p.315-326
20
DIAS. Pedro - Coimbra, Guia Para uma visita.p.23
21
Ibidem.
17
22| Vista de Coimbra, Georg Hoefnagel, 1566.
23| Coimbra, J. Jansonius, 1620.
24| Pier Maria Baldi, 1669.
25| Jacques Chiquet, 1704. 18
26| Planta do Castelo de Coimbra, Guilherme Elsden, 1772.
27| Coimbra, Autor desconhecido, 1890.
nem escolas, dormitando letargicamente à sombra da Universidade e restabelecendo-se
penosamente e com lentidão do enorme abalo sofrido com a extinção das congregações
religiosas que mantinham aqui nada menos de 7 mosteiros e 22 colégios.” 22
Enquanto a alta de Coimbra era arrasada pelo Estado Novo, as cidades da Europa
eram destruídas pela Grande Guerra. Nos anos 40, iniciam-se as demolições na Alta,
sofrendo destruição quase completa, para se edificarem os novos edifícios universitários.
Nas ruas cheias de história, vida, tradição e poesia, surgiram as novas faculdades.24
“Na sua visão autista, a nova Alta Universitária sonhada pelo Estado Novo, ficará
condenada a uma existência introvertida e esvaziada de uma verdadeira
Herdeira de um passado a que não pode voltar costas sob pena de deixar de ser ela
própria, Coimbra cresceu entre desequilíbrios nem sempre fáceis de resolver, por vezes à
custa do sacrifício do seu património histórico. Nas periferias constroem-se bairros sociais,
como o das Sete Fontes e para acolher os desalojados da Alta, criam-se os bairros Marechal
Carmona, actualmente Bairro Norton de Matos, o Bairro da Cheira e a Fonte da
Castanheira.
22
LOUREIRO. José Pinto - Anais do Município de Coimbra (1870-1889), Coimbra, Edição da Biblioteca
Municipal, 1937. p. 9. p. 10.
23
MARQUES. Rafael - Coimbra Através dos Tempos. p. 7-9.
24
Ibidem. p. 27
25
BYRNE. Gonçalo – Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho
urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 17.
19
28| A Alta antes das demolições em 1945.
29| A Alta nos anos 60, espaço onde seria construída a Faculdade de Ciências.
30| A Alta em meados da década de 70.
20
“O séx. XX acrescentou densidade, modificou técnicas e as tipologias construídas e, por fim,
foi perdendo alguns dos critérios qualificativos que referenciavam os crescimentos
anteriores, ocupando já sem quaisquer princípios os espaços intersticiais.”26
Sem ser um centro industrial, Coimbra assume importância devido às suas funções
O perímetro urbano divide-se em Alta, primitiva zona medieval que ocupa a colina
da Universidade, a Baixa, que corresponde à zona do arrabalde medieval que engloba a
margem do rio Mondego, e a zona residencial, que engloba o Burgo de Celas, S.to António
dos Olivais.
26
CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano.
workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. FCTUC. 2000. p. 41.
21
31| Rio Mondego.
32| Delimitação da zona urbana de Coimbra.
22
27
significativo da população. Este crescimento é desordenado e vai-se sobrepondo à
imagem da cidade desordenada. Pare se estudar a estratégia da cidade, o PDM não é
suficiente, sendo que planos de pormenor seriam complementares para “corrigir a
desorientação dos últimos anos”.28
27
CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 10. p. 11.
28
LOBO. Rui- Coimbra:evolução do espaço urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 27.
29
CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano.
workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ3. FCTUC. 2000. p. 48.
30
BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. workshop internacional de arquitectura.
Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 83.
31
CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 18. p. 23.
23
24
1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano
Dos espaços verdes é importante mencionar a Lapa dos Esteios e a Quinta das
Lágrimas. Na margem direita, é de ressaltar o Jardim da Sereia, também chamada Quinta
de Santa Cruz, pois fazia parte de um mosteiro com o respectivo nome, tendo sido
bastante alterada no Séc. XVIII. Era um local destinado ao jogo da pela, em moda na altura,
apresentando vários torreões, fontes e tanques decorativos.
32
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região. 1978. p. 15. p. 16.
33
MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
25
33| Lapa dos Esteiros
34| Quinta das Lágrima
35| Jardim da Sereia
36| Jardim Botânico
37| Choupal
26
Destaca-se o Parque Verde do Mondego, situado nas margens do rio entre a ponte
de S.ta Clara e a ponte Europa. Surge como um elemento que articula a cidade com o rio,
sendo o “… principal espaço público de lazer cuja dimensão e centralidade potencia a
diversidade de usos e actividades.”34
34
RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 86.
35
BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de
desenho urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13.
36
MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
37
RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. DARQ. 2000. p. 87.
27
38| Parque Verde do Mondego.
39| Planta do Parque Verde do Mondego.
40| Planta com as respectivas demolições, com o traçado do Metro do Mondego no Largo Bota a Baixo.
28
A CMC definiu no PDM e seguidamente, no pano de urbanização para a Estação
Velha, a inclusão de um terminal de eléctrico rápido, um terminal de autocarros, uma
praça de táxi, estacionamento, espaço comercial e instalações administrativas. A rotunda
da estação e o túnel seriam redesenhados, para beneficiar a fluidez do trânsito. 38
38
MONIZ. Gonçado – uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
39
Ibidem.
29
30
e a Igreja de S. Tiago, também românica. Da época gótica, é de referir o Convento de Santa
Clara-a-Velha, convento de Celas. Já pertencente ao Manuelino, surge S.ta Cruz e o Paço
Real. No período do Neoclassicismo, é de referenciar o Laboratório Químico e o Museu da
História Natural. 40
40
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p.16-22.
31
41| Demarcação das áreas candidatas a Património Mundial da UNESCO.
42| Extracto da distribuição do património classificado e em vias de classificação na área da Alta e Baixa e
respectivas zonas de protecção.
43| Traje de Coimbra, desenho de George Braun & Franz Hogenborg, 1572.
44| Estudantes trajados a tocar o Fado de Coimbra.
45| A rua da Matemática em Coimbra, é uma rua onde existe concentração de várias Republicas de estudantes,
esta em questão é a República dos Corsários. 32
espírito comunitário e de partilha. Surgiram a fim de colmatar as carências habitacionais
com o aumento da população estudantil. Encontram-se dispersas pelo centro histórico,
mas têm maior concentração na Alta e na zona da Praça da República. Apesar da sua
importância, os edifícios das Repúblicas estão na sua maioria, actualmente, degradados.
1.1.2.6 Urbanismo
Uma das áreas abrange o tema do Metro e a sua passagem pela Baixa, que será
abordada no capítulo seguinte.
41
CORREIA. Nuno – o resto da periferia. Contexto, conteúdo e limites do tovim. workshop internacional de
arquitectura.Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 102.
42
LOBO. Rui – zona central C3 | a margem esquerda, entre a ponte de Santa Clara e o açude. Workshop
Internacional de Arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ. 2000. p. 91.
43
MONIZ. Jorge Figueira, Gonçalo Canto - Seminário Internacional de Desenho Urbano. Inserções. ECDJ. 6.7.
EDARQ. 2003. p. 74. p. 75.
44
BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. Workshop Internacional de Arquitectura.
Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 82.
33
46| Eixo Alta/Baixa com as respectivas cotas.
34
O eixo Alta-Baixa é uma área urbana importante estrategicamente, sendo um dos
principais focos de atracção turística de Coimbra, contudo, apresenta saída compulsiva dos
habitantes.
“ Aquele centro não teve a capacidade para potencializar a mais-valia de urbanidade que já
possuía e, em vez de se auto-polalizar ampliando-a para as novas periferias, foi ele próprio
que se suburbanizou.”45
45
Ibidem.
35
36
2. Baixa de Coimbra
DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE
Baixa de Coimbra
congestionamento, a desadaptação dos transportes públicos, surgimento de edifícios ícone
fora do centro que retiram a importância simbólica do centro, envelhecimento e abandono
do edificado, dificuldade logísticas e crise ou encerramento de funções e equipamentos. 47
46
DOMINGUES. Álvaro- os novos mapas da cidade. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas
para velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 35. p. 36.
47
Ibidem.
37
38
necessário criar medidas para reavivar a zona, para isso, é importante conhecer como os
habitantes e visitantes compreendem esse espaço. Assim, um dos objectivos deste
trabalho, será estudar a imaginabilidade, ajudando nos esforços para dar vida à baixa da
cidade de Coimbra.
Uma cidade bem planeada, fornece melhor qualidade de vida aos seus habitantes.
Sendo os arquitectos capazes de criar paisagens, é importante perceber como o ser
humano identifica as partes e estrutura o todo, só assim, compreendendo quem habita, é
que se poderá planear correctamente e fazer boa arquitectura. Assim, vai-se estudar a
identidade visual dada pelos símbolos da cidade, o espírito do lugar, a diferenciação e
enriquecimentos visuais, seguindo os estudos de Kevin Lynch.
Baixa de Coimbra
sendo a Almedina a zona da cidade eclesiástica, militar, política e aristocrática, com os
respectivos servidores e algum povo, no Arrabalde a cidade comercial, o povo em geral.
Com a morte de D. Afonso Henriques, termina um dos ciclos com maior relevância
na história urbana de Coimbra. Foi na altura Afonsina que se estruturou a expansão para
além do perímetro defensivo, sendo praticamente na mesma altura em que o mesmo era
construído, esta expansão ficou completamente consolidada, aquando a instalação
definitiva da Universidade na segunda metade de Quinhentos. Assim, com a estabilização
das fronteiras, as muralhas tornaram-se desnecessárias e os comerciantes começam-se a
fixar na zona baixa da cidade, o arrabalde.48
48
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423- 572.
39
40
entregando-a aos Crúzios. Foi o mosteiro que ergueu as bases para a futura cidade
universitária, pois deu origem aos colégios da cidade, que se situavam na Rua da Sofia. O
mosteiro irá disputar a centralidade com a Sé Velha, iniciando a bipolarização de Coimbra.
Surgem assim no arrabalde, a Praça Velha, actualmente com o nome de Praça do
Comércio, Largo de Sanção, actualmente, Praça 8 de Maio. 49
Para diversos autores, a via Olisipo- Bracara seguia o traçado da actual, rua Ferreira
Baixa de Coimbra
Borges, saindo em direcção a norte pela rua Direita.52
A rua dos Francos formou-se entre a porta da Almedina e a ponte, possuindo uma
largura de cerca de 9 metros, detendo uma pendente superior a 5%, sendo quase de nível
até à Igreja de S. Bartolomeu descendo acentuadamente até à ponte. Nos extremos,
surgiam pequenos alargamentos, correspondendo ao Largo da Portagem e um entre a
Porta de Almedina e a igreja de S. Tiago. Para estabilizar o tabuleiro viário, foi necessária a
construção de edifícios que serviam de muro de suporte a poente, tendo diferença de cota
em cerca de 6 metros, fazendo com que num dos lados fosse cave e noutro rés-do-chão.
Até 1611, localizado em frente à Porta de Almedina, existia uma passagem pública que
49
GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 169 - 171.
50
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
51
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997. p. 11.
52
Jorge Alarcão, Alfredo F. Martins etc.
41
47| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas, S. João Baptista.
Desenho de Carlos Magne, 1796.
48| Praça Oito de Maio no século XIX, in Loureiro, José Pinto “Toponímia de Coimbra” tomo II 1964, Edição da
Câmara Municipal de Coimbra, pág. 273. (Pormenor de um desenho).
49| Praça Oito de Maio no século XIX. Aspecto da parte poente da praça visto pelas janelas do andar principal do
mosteiro.
50| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
51| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
52| Praça Oito de Maio em 1900 in Coimbra através dos Tempos, G.C. Gráfica de Coimbra / Cruz Vermelha
Portuguesa,
53| Praça Oito de Maio no início do século XX (anterior a 1910) quando ainda circulavam na cidade, os carros
americanos, puxados a muares, substituídos mais tarde pelos carros eléctricos, in imagoteca da CMC.
42
ligava ambos os espaços e por onde passou a conduta que abastecia o chafariz erguido na
praça.53
A Praça Velha surge da fusão dos espaços públicos da Igreja de S. Tiago e o adro de
trás da Igreja de S. Bartolomeu e da consolidação contínua do núcleo urbano, formando
uma zona comercial que também constituía o principal centro de comunicação e
transporte da cidade.54
A Rua de Coruche, hoje Rua Visconde da Luz, continha uma espacialidade menor
que a Rua dos Francos, sendo que o seu alargamento deu-se essencialmente para ligar o
Mosteiro de Santa Cruz e a Porta de Almedina. Nessa rua, instalaram-se os ourives e os
latoeiros. 56
Baixa de Coimbra
Entre 1220 e 1227, dá-se a construção do Convento de S. Domingues, que, devido á
proximidade com o rio, era afectado pelas cheias e por esse mesmo motivo do outro lado
da rua não havia ocupação. Assim, a implantação do convento acabou por interferir no
crescimento urbano do arrabalde para norte.57
53
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
54
Ibidem.
55
Ibidem.
56
Ibidem.
57
Ibidem.
58
Ibidem.
43
54| Convento de São Domingos no início do século XX
55| Convento de São Domingos, Novembro 2006 44
demolições que originaram a acumulação de materiais. Como as habitações eram
construídas com materiais pobres, como taipa ou adobes, eram destruídas e reconstruídas
diversas vezes, isso, juntamente com destruição levada a cabo por ataques dos
Muçulmanos e Castelhanos, fazia com que se desse a acumulação de materiais, que
serviram assim, de aterro. Este facto, era útil na defesa contra as inundações que
afectavam a Baixa desde o Séc. XIII, que acelerava a degradação dos edifícios. 59
No séc. XIV, dá-se uma série de acontecimentos, como maus anos agrícolas e
epidemias que, juntamente com a saída da Universidade para Lisboa, provocou o declínio
da cidade. O rei D. Fernando cria assim, a primeira Feira Coimbrã como medida para
revitalizar a zona, que inicialmente de efectuava no terreiro da própria universidade e mais
61
tarde passou para a zona da Praça. Para além disso, D. Fernando em 1334 concede a
isenção de imposto sobre os produtos dentro da muralha, já D. Afonso, oferece a isenção
de serviço militar aos habitantes, assim como outras regalias que não impediram, mesmo
assim, que os habitantes optaressem por passar as muralhas. Assim a Almedina perdeu
muitos dos seus habitantes, permanecendo os bispos, fidalgos, cónegos e alguns
burgueses.62
59
ALARCÃO.Jorge de- Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 17.
60
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p.423-572.
61
Ibidem.
62
CARVALHO. José Branquinho - Coimbra Quinhentista. In Arquivo Coimbrão. Vol X. Coimbra. Boletim da
biblioteca Municipal de Coimbra, 1947. p.213.
45
46
Na dinastia de Mestre de Avis, aclamado rei em 1385, dá-se a descida definitiva da
zona inferior da Almedina para o Arrabalde, gozando a cidade de especial empatia do
monarca.63
A rua da Moeda, rua da Loiça e rua do Corvo, são regulares, sendo que o quarteirão
compreendido entre a rua da Moeda e a da loiça tem o seu topo nascente rigorosamente
organizado em relação ao eixo da Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. Existe uma
estruturação geométrica, cada lote tem cerca de 25 unidades de frente e 50 de
64
profundidade, ou seja, um duplo quadrado. Sobre a rua das Padeiras não existe
informação relativa à idade média, tem cerca de 15 palmos de largura e existe uma
modelação no seu loteamento. Assim, a partir do séc. XIII desenvolveu-se a matriz
medieval com padrão urbanístico que compreendia-se entre o Mosteiro de Santa Cruz,
Igreja de Santiago e Igreja de Santa Justa.65
Baixa de Coimbra
chamado de S. João.67
Pedro Dias, refere que até 1537, “o aglomerado urbano de Coimbra manteve-se
sem grande alterações: pequenas e acanhadas ruelas que serpenteavam nas encostas,
adaptando-se as construções que sempre precediam e definiam os traçados das vias. A
Almedina nunca esteve superlotada, continuando a existir hortas e quintais…” 68
Em 1536, sob orientação do Frei Brás de Braga, iniciam-se as obras para criar a rua
da Sofia, que ainda hoje assume grande importância, permitindo o desenvolvimento
63
ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
64
Sabe-se que na altura usavam-se como medida linear a Vara, que correspondia a cerca de 1,10 m. e o
Côvado que corresponde a 0.66 m, sendo o palmo 1/5 da vara e 1/3 do côvado, assim o padrão médio que se
usava na altura era de cerca de 22 cm.
65
Ibidem.
66
Demolido em 1839.
67
Demolido aquando D. Sebastião retirou nascentes ao mosteiro.
68
DIAS.Pedro - Coimbra: Guia Para uma visita. EPARTUR. Coimbra. 2002. p. 14.
47
48
da baixa. 69 Para a formação da rua da Sofia, demoliu-se várias casas do Largo de Sansão,
bem como se rasgou a encosta do Montarroio, para iniciar o troço da rua. 70
A Porta da Figueira Velha, localizada a Norte, era uma portagem situada na actual
Rua Direita, mas com a abertura da Rua da Sofia e devido à presença do Convento de S.
Domingues, passou para Nascente surgindo assim a Porta de Santa Margarida. Esta
mudança levou a alteração na topografia, com subidas de pavimentos e aterros de
depressões. 71 Assim, em consequência da antiga muralha e a respectiva divisão diferentes
de regalias, assim como a questão topográfica, a sociedade fica dividida entre o clero e o
povo, os estudantes e os não estudantes, separados pela alta e pela baixa.
Baixa de Coimbra
várias obras importantes como: ponte, cais, mercado, torres, hospitais e mosteiros.72
69
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572
70
LOBO. Rui- Um campus universitário em linha.Monumentos 25.Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais. Lisboa. 2006. p. 24.
71
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
72
GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 171. p. 172.
49
50
As cheias, juntamente com a muralha, comprimiam o crescimento da cidade e
provocavam grandes danos nas habitações, chegando mesmo à ponte Afonsina e todas as
casas religiosas da zona menos Santa Cruz: S. Francisco, Santa Clara, Santa Ana e S.
Domingos. A situação só estabilizou no séc. XIX, depois da acção de D. Manuel e da
instalação definitiva da Universidade. O rei reuniu vários engenheiros e arquitectos
promovendo várias obras. A presença da universidade e colégios contribuiu com vinda de
arquitectos e engenheiros com outros fins, que também ajudaram a procurar soluções.
Assim, com as obras hidráulicas promovidas pelo rei, a frente ribeirinha do centro da
cidade foi controlada e estabilizada. 73
No séc. XVII os habitantes aumentaram, apesar das fronteiras urbanas não sofrerem
alterações relevantes. 74
Baixa de Coimbra
A área urbana da cidade entre 1900 e 1930 duplicou, assim como o número de
indústrias na parte baixa da cidade e posteriormente ao longo da via-férrea e da Estrada
Nacional nº1. A zona começa sentir a necessidade de planeamento, surgindo assim os
primeiros planos para a sua reestruturação.76
73
Ibidem.
74
GRAVETO.Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005.p.175.
75
ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo.Catálogo da Exposição.Evolução do Espaço Físico de
Coimbra.Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8.
76
FARIA.José Santiago - Evolução do Espaço Físico de Coimbra.Catálogo da Exposição.Edição da Câmara
Municipal de Coimbra.2005.p.6.
77
Ibidem.
51
56| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834.
57| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834.
58| Cartografia dos Irmãos Gollard em 1873-1874.
52
No séc. XX, durante o Estado Novo, iniciam-se demolições que vão perdurar durante
cerca de 50 anos, havendo a produção de vários projectos que não foram concretizados
cuja finalidade era a remodelação da Baixa: Abel Urbano (1919-1928), Luís Benavente
(1936), Etienne de Groër (1940), Antão de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa
(1956) e Serviços de Obras e Urbanização da Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992).
Estes planos tinham em comum o facto de adoptarem a demolição de vários quarteirões.78
Anexo A
Mais tarde, em 1918 e 1919, o engenheiro Abel Augusto Dias Urbano, propõe novo
plano, sendo influenciado pelas ideias de Haussmann cuja característica essencial a realçar,
é o rasgamento de novas vias a partir de praças ou cruzamentos relevantes. Assim, são
criados novos arruamentos mais largos de acordo com as necessidades de circulação. O
autor do projecto tem ainda o cuidado de conservar os monumentos considerados mais
Baixa de Coimbra
importantes, adaptando-os como pontos de fuga paras perspectivas viárias, escolhendo a
igreja de S.ta Cruz, igreja do Carmo e igreja de S. Tiago. Este projecto também não foi
levado a cabo, provavelmente devido ao grande encargo financeiro.
Em 1936, surge outro plano, desta vez de Luís Benavente, que detinha pouca
sensibilidade e cujas mudanças mais significativas seriam a ampliação da Praça 8 de Maio,
para qual confluiriam todas as avenidas, defendendo ainda a demolição da Igreja de S.
Bartolomeu. Pretendia alargar a Rua das Figueirinhas e a Rua Olímpio Nicolau Fernandes,
demolindo assim o antigo Colégio das Artes, que deu origem à forma da Caixa geral de
Depósitos actualmente. 80
78
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997.
p. 20 - 62.
79
ROSMANINHO. Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de
Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra. 2005. p. 1-8.
80
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997.
p.20-62.
53
54
Como não havia uma plano que abrangesse toda a cidade, a Câmara contratou
Etienne de Groër cuja ideia assenta no:
“… conceito das cidades-jardim: a cidade mãe com as cinco aldeias satélites por um
lado e a urbanização em lotes para moradias isoladas por outro.” 81
Mas não teve em conta que Coimbra, não é indicado para este conceito, pois tem
um declive acentuado e é projecto muito dispendioso, necessitando de muitos meios para
colocar a ideia em prática.
Baixa de Coimbra
Mondego, com o recuo da estação teria maior dimensão, ligando assim o choupal ao
centro da cidade. O plano previu ainda a eliminação do mercado central e a sua
substituição por um jardim público. 83
A opinião pública era contra o plano, o que levou à sua revisão, sendo escolhido o
Engenheiro Antão de Almeida Garrett em 1953-1955. Almeida Garrett não introduziu
grandes novidades, seguindo várias das ideias anteriores: ligar a avenida ao rio, recuar a
estação e criar uma via entre a Avenida Fernão de Magalhães e a Praça 8 de Maio,
81
SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32
82
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ.6.7. EDARQ.
2003. p.18. p. 19.
83
SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32
84
FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25.
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais . Lisboa. 2006. p. 130-134.
55
56
através da Rua Direita. A inovação surge, ao estabelecer um passeio para peões sobre o
Mondego, determinar que na zona ribeirinha estaria a zona comercial central e transferir o
pólo industrial para Coselhas, Estação Velha e Loreto. 85
Em 1956, surge um projecto de Alberto José Pessoa que abrange todo o território,
incluído pelo plano regulador. Entende que se deve beneficiar a zona sul, considerada com
valor arqueológico e turístico, e a razia de toda a área compreendida entre a Rua da Sofia e
o rio. Apesar de defender a preservação da zona histórica, propõe o alargamento das ruas
Eduardo Coelho e Adelino Veiga e algumas demolições para diminuir a densidade do
aglomerado. A Praça 8 de Maio seria rebaixada para o nível primitivo e consideravelmente
alargada, servindo de articulação entre a Alta e a Baixa. A Avenida Fernão de Magalhães
seria prolongada até à Portagem, definindo-a através de blocos com envasamento a partir
dos quais os edifícios se elevavam sobre pilotis. 86
Nos anos sessenta, são elaborados inúmeros estudos, na sequência de uma das
propostas, é demolido uma parte significativa na baixa, conhecida actualmente como
“bota-abaixo”. Os Serviços de Obras e Urbanização da Câmara, contando provavelmente
Baixa de Coimbra
com o Eng. Costa Lobo, entre 1971 e 1973, elaborou um Plano de Urbanização da Baixa,
que defendia a ideia de uma grande via de circulação, a eliminação do edifício da C.M.C
onde seria colocado um jardim com ligação visual com o claustro de Santa Cruz. Incluía a
demolição da Estação Nova, a linha férrea passaria a ser subterrânea, a Rua Olímpio
Nicolau Fernandes seria prolongada, estabelecendo uma aproximação ao rio. Dava-se a
criação de uma grande praça ao pé do rio, com uma estação de interligação de transportes
viários e ferroviários. 87
85
ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de
Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8.
86
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997.
p.50-62.
87
Ibidem.
57
58
Visconde da Luz à rua da Sofia, outra ligando a ponte de S. ta Clara à Fábrica Ideal e uma via
que liga a Praça 8 de Maio à actual Cooperativa Agrícola.88 Dá-se ainda o rebaixamento na
entrada da Igreja de Santa Cruz, diminuindo a cota do pavimento da Praça 8 de Maio,
sendo um eixo pedonal. 89
O Centro Histórico de Coimbra é formado pela Alta e Baixa, que são historicamente
distintos entre si, em termos sociais e urbanos, sofrendo ainda hoje de algum
distanciamento. O centro histórico possui uma densidade de arquitectura monumental e
museológica muito significativa.
Após as obras de contenção do rio, a Baixa pôde-se elevar a uma cota de segurança,
“quase como uma dique que protege a depressão da Baixa”,90encontrando-se delimitada
pelas ruas Fernão Magalhães, da Sofia, Visconde da Luz, Ferreira Borges e Avenida Emídio
Navarro. É actualmente caracterizada pelo comércio tradicional, pela população
envelhecida e pela estrutura imobiliária envelhecida.
Baixa de Coimbra
As ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges são espaços por excelência, com comércio
tradicional da Baixa. A actividade comercial da Baixa é fortemente fragmentada, sendo
ameaçada com a concorrência de espaços comerciais de grande dimensão, como são o
caso de Coimbrashopping, Dolce Vita Coimbra e o Fórum Cidade de Coimbra.
88
Ibidem.
89
FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25.
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa. 2006. p. 136.
90
BANDEIRINHA. Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu. Argumentum. 2003. p. 29.
91
GRANDE.Nuno - coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. FCTUC. 2000.p. 50.
92
Grande. Nuno.coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 51.
59
59| Edifícios de interesse Patrimonial e conjuntos urbanos de interesse Patrimonial.
60| Principais edifícios Medievais, incluindo os desaparecidos.
60
Novos empreendedores e comerciantes estão condicionados pelos valores elevados
de arrendamentos e aquisição, o que leva a que as populações mais jovens se remetam
para as áreas periféricas do tecido urbano. Outro motivo que condiciona o
desenvolvimento da Baixa, é a dificuldade de circulação devido às ruas estreitas e becos.
Baixa de Coimbra
e a frente ribeirinha, que será factor de dinamização do tecido socioeconómico
estagnado.94
É essencial ter em conta, que surgirão ainda novos níveis de investimento, a nível
comercial, cultural e habitacional. 95
“É necessário preparar a Baixa para o seu regresso ao estatuto de centro, não com carácter
de exclusividade, mas como núcleo axial de uma área central muito mais vasta.”96
93
Ibidem.p.51.
94
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ6.7. EDARQ.
2003. p. 18. p. 19.
95
BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de
desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13.
96
Ibidem.
61
62
Existem duas propostas de intervenção sobre os quarteirões em causa, por onde irá passar
o metro na Baixa. Ambas aproveitam para construir novas frentes urbanas e espaço público
de qualidade, que requalifique o tecido urbano degradado, sendo que a paragem do metro
prevista para o local beneficia as propostas. 97
“Cozido por el Metro Ligeiro de Superfície, que coloniza la ribeira, se propone una
superfície abierta, ajardinada, libré, habitada por un conjunto de edifícios, destinados a
vivendas, a aparcamientos, a infraestructuras, al ócio, al trabajo, unidos por una sola
característica, su volumen cilíndrico…”99
Ainda em 2003, surge o concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia por
iniciativa do Centro de Estudos de Arquitectura da FCTUC, que pretende debater e reflectir
Baixa de Coimbra
sobre intervenções globais e estruturadas, demonstrando a viabilidade das mesmas. Surge
numa altura em que se propôs desfazer a obra de Távora na praça 8 de Maio, a realização
do metro encontra-se em causa e a nova portagem talvez se realize parcialmente. Sendo
nesse contexto que o concurso dá-se, para alertar a necessidade de valorizar e transformar
um conjunto patrimonial. 100 Pretendeu restituir à rua da Sofia, a unidade morfológica que
já possuiu e rever a relação com a cidade.
97
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José– Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ
6.7.EDARQ.2003.p.20-27.
98
MANSILLA. Emilio Tuñón, Luis- Santa Cruz. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7.
EDARQ. 2003. p. 52 - 59.
99
Ibidem. p. 54.
100
COSTA. Alexandre Alves - Sofia: Concurso Público de ideias para reabilitação da Rua da Sofia. ECDJ.8.
E|D|ARQ. 2003. p. 6. p.7.
63
64
Existe uma tentativa de refazer a imagem do centro, originando o fenómeno de
“turisficação”, juntamente com o lazer, a cultura, entre outros, os novos temas que
alimentam a renovação urbana. 101
A cultura de reabilitação urbana está cada vez mais avessa ao processo de tábua
rasa, onde se baseia no processo de demolições, assim, apesar dos edifícios da Baixa
estarem degradados em muitos casos, tender-se-á a apelar à sua manutenção. A
introdução do metro que passará pela Baixa poderá finalmente efectuar a ligação entre a
Alta, a Baixa e a margem do Mondego. 102
Baixa de Coimbra
Kevin Lynch
arquitectónica, do seu significado enquanto imagem.
Kevin Lynch
direccionando o urbanismo para uma disciplina mais humana, focando-a na experiência do
lugar.
Kevin Lynch defende que os homens são capazes de desenvolver uma imagem do
que os rodeia, através da actuação sobre a sua forma. A nível da percepção e da
representação da imagem do espaço urbano, Lynch faz pesquisas que valorizam esta
relação do homem com o espaço, da imagem com o real, da arquitectura com o meio
ambiente assim como do desenho com a paisagem urbana.
103
LYNCH. Kevin- A imagem da cidade. Edições 70. Lisboa. 2009. p.7.
69
70
O estudo da percepção das pessoas e suas actividades é tão importante como as
partes físicas, já que elas fazem parte da cidade, sendo para elas que a cidade existe. Esta
percepção não pode ser íntegra, mas é antes, parcial, fragmentada, resultante do limite
dos sentidos humanos. Cada pessoa, apesar de ter uma imagem única do meio que a
envolve, aproxima-se de uma imagem pública no geral. Nessa imagem, a função, a sua
história e até o seu nome contribui para a definir, sendo que o design da forma tem que ter
o objectivo de reforçar o significado. 104
Para se estudar o método aplicado, é necessário reter alguns conceitos básicos que
estão no âmago dos estudos.
A imagem de uma dada realidade pode ter significados diferentes para cada pessoa,
apesar de poder existir uma grande concordância nestas imagens, mentalmente pode ter
grande familiaridade originado organização e identidade. Um objecto visto pela primeira
Kevin Lynch
vez, pode ser identificado pela existência de um estereótipo já sabido pelo observador.106
Cada observador desenvolve a sua imagem, mas o que se pretende neste trabalho é
consenso substancial, as imagens de grupo projectadas sobre a Baixa de Coimbra, que são
consequentes da interacção dos habitantes com realidade física.
104
Ibidem.p.9.
105
Ibidem.p.14.
106
Ibidem.
107
Ibidem.p.51.p.52.
71
72
As vias são canais onde as pessoas se movem, incluem-se neste elemento as ruas,
passeios, faixas de trânsito e caminhos-de-ferro. As vias têm uma importância
determinante, pois é a partir delas que o observador se relaciona e apreende o que o
rodeia, sendo para muitos observadores o elemento predominante na elaboração da
imagem. 108
Os limites são fronteiras entre duas partes, são uma espécie de barreira que,
dependendo da situação, pode ser penetrada, mas que mantém uma região isolada da
outra. Dentro deste elemento incluem-se as costas marítimas ou fluviais, paredes ou
muros, cortes do caminho-de-ferro e locais de desenvolvimento. Não é tão importante no
desenvolvimento da imagem como as vias, mas tem característica organizadora
relevante.109
Os cruzamentos por sua vez, são pontos focais de uma cidade, podendo ser
Kevin Lynch
dominante na construção de uma imagem. Podem ser junções de vias, locais de
interrupção num transporte, uma convergência de vias, momentos de mudança de uma
estrutura para a outra, ou simples concentrações de carácter físico, como uma esquina ou
de hábitos. Muitas vezes um, cruzamento é o símbolo de um bairro pois normalmente é o
seu centro polarizador. 111
108
Ibidem.p.51.p.52.
109
Ibidem.p.66.
110
Ibidem.p.70.
111
Ibidem.p.75.
73
61| Vias
62| Limites
63| Bairros
64| Cruzamentos
65| Elementos Marcantes
74
detalhes urbanos, como um puxador de porta, que são usados como indicadores de
identidade ou estrutura. 112
Kevin Lynch
A estrutura revela a conexão espacial ou paradigmática do objecto com o
observador, sendo que este, atribui uma significação prática e afectiva aos objectos com
que se relaciona.115
112
Ibidem.p.81.
113
Ibidem.p.15-17.
114
Ibidem.
115
Ibidem.
116
Ibidem.
75
76
3.1.3 Legibilidade
Kevin Lynch
Lynch acredita que um ambiente intenso e integrado, é capaz de produzir uma
imagem definida, proporcionando material que facilita a elaboração de símbolos e
representações colectivas da comunicação do grupo.
Uma boa imagem é essencial, tanto para o sentimento de segurança prática, como
para o de segurança emocional. Um quadro físico vivo e integrado, capaz de produzir uma
imagem clara, intensa e bem estruturada, desempenha um papel social. É importante
referir que o observador é activo na percepção do mundo e tem uma participação criadora
no desenvolvimento da sua imagem.
117
Ibidem.p.10-14.
118
Ibidem.p.15-17.
119
Ibidem.p.12.
77
78
3.1.4 Imaginabilidade
Uma cidade com uma forte imaginabilidade, seria apreendida pelos sentidos de um
modo mais simples e mais aprofundadamente e extensivamente. Uma cidade com forte
imaginabilidade apresentar-se-ia, como uma estrutura fortemente contínua, com partes
distintas mas claramente interligadas. Seria uma cidade que convidaria os olhos e ouvidos a
uma maior atenção e participação. 121
O conceito de imaginabilidade levanta a questão de como deve ser uma cidade para
que seja fácil a um observador identificar as suas partes e atribuir-lhe uma estrutura clara.
3.1.5 Método
Kevin Lynch
local e a realidade visual, considerando que o design de uma cidade deve reforçar o
significado e não o negar.122
120
Ibidem.p.17.
121
Ibidem.p.17-20.
122
Ibidem.p.21.
123
Ibidem.p.146.
79
80
Estas hipóteses foram depois testadas através de entrevistas. O objectivo foi
determinar uma técnica, que se propõe efectuar a análise visual de uma cidade,
prenunciando a imagem colectiva provável para essa cidade. 124
A zona de estudo debruçou-se sobre o centro de três cidades: Boston, Jersey City e
Los Angeles utilizando dois métodos: uma entrevista a uma pequena amostra de citadinos,
e um estudo sobre a imagem que o meio envolvente evoca no terreno em observadores
treinados.125
Kevin Lynch
estudada; descrever um trajecto da cidade e fazer uma lista, com uma pequena descrição,
de partes da zona estudada que evocavam alguma emoção.128
124
Ibidem.p.143.
125
Ibidem.p.21.
126
Cerca de hora e meia.
127
Ibidem.p.143
128
Ibidem.
81
82
Para comparar as descrições da cidade, utilizaram alguns observadores treinados no
terreno, que se deslocavam a pé, para analisarem com cuidado, dando prioridade aos
elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados eram
organizados num mapa, onde se indicavam, de acordo com a importância, destaque,
presença, visibilidade, inter-relações entre pontos de referência, percursos, margens e
bairros.129
Chegou-se ainda à conclusão, que os esquiços eram maus indicadores, sendo que a
lista das particularidades mais características era mais útil, demonstrando uma maior
Kevin Lynch
percepção dos elementos que foram mais intensamente referidos na análise do terreno e
nas entrevistas.131
Outra crítica assenta no facto das amostras serem reduzidas, fazendo com que não
seja possível generalizar e afirmar que se descobriu a efectiva imagem colectiva destas
cidades. Contudo, foi o tipo de pesquisa extensiva cuja duração era alongada, que
impossibilitou que a amostra fosse maior. Assim, sugeriu métodos mais rápidos e precisos
futuramente.132
129
Ibidem.p.146.
130
Ibidem p.158-162.
131
Ibidem.
132
Ibidem.p.156.
83
84
era equilibrada e a pretendida. Apesar de tudo, o material recolhido foi considerado rico e
com coerência suficiente para indicar que existem imagens sólidas de grupo.133
Kevin Lynch
Posteriormente seriam estudados a identidade e estrutura, tendo em conta factores como
a iluminação, distância, actividade e movimento.135
133
Ibidem p.158-162.
134
Ibidem.
135
Ibidem.
136
Ibidem p.158-162.
85
86
K. Lynch defende ser possível fundamentar o plano da futura forma da cidade,
sendo que a análise e estudos teriam que ser modificados constantemente para se
actualizarem. Também sustenta que os estudos se deveriam aplicar noutras cidades que
não as americanas, deixando o desafio.
Será pertinente que a percepção dos habitantes em relação à cidade, possa fundamentar a
estrutura de um futuro meio?
Será importante que o que considera significativo na cidade, coincida com o que os
habitantes consideram de significativo na cidade?
Kevin Lynch
passado, a fim de procurar propostas e acções, dentro de uma realidade social, económica
e política, para que possa oferecer melhores condições de vida e não se reproduzirem
padrões que não são positivos. Com os estudos de Kevin Lynch, vê-se a zona estudada por
outro prisma, em que as pessoas e as suas acções, são tão importantes como as suas partes
físicas.
87
88
4. AplicaCAo da Metodologia
ANÁLISE DO TERRENO E QUESTIONÁRIOS
A Baixa, tendo forte componente económica, é também um lugar que possui uma
carga simbólica e afectiva, que permite identificar a cidade, tendo um papel revelador na
forma como os habitantes se identificam com o meio que os rodeia.
Para Lynch, uma cidade poderia ser imaginável quando os seus bairros, marcos e
vias pudessem ser facilmente abstraídos num modelo mental, ou seja, em certa medida a
legibilidade é um factor importante para o meio urbano, assim, o objectivo principal
consiste na identificação da imagem pública e da memória colectiva como um instrumento
capaz de auxiliar o Desenho Urbano na prática do planeamento.
A análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção aos
Aplicação da Metodologia
elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram
registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, destaque, assim
como a presença, visibilidade e inter-relações entre pontos de referência, cruzamentos,
percursos e limites.
90
esplanadas. A poluição visual de placas e anúncios prejudica a leitura das fachadas dos
edifícios, sendo principalmente alusiva a serviços oferecidos.
São ainda de referir as seguintes ruas: Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo que
convergem na Praça 8 de Maio, fazendo a ligação desta com a Avenida Fernão de
Magalhães. Estas ruas têm predominância comercial e a edificação é envelhecida, o mesmo
se verifica na rua do Corvo, rua Adelino Veiga, rua das Padeiras, rua da Louça e Rua
Eduardo Coelho, bem como a Praça de Comércio.
Aplicação da Metodologia
Ainda como elementos de circulação, temos os percursos laterais que servem de
ligação entre as ruas anteriormente referidas, com vários becos sem saída, trocas de
direcção, ruas muito estreitas e escuras, sendo menos frequentadas que as anteriormente
referidas. Estes factores, juntamente com o facto dos edifícios circundantes estarem
degradados, dão a sensação de abandono.
Os limites são outros elementos referidos por Lynch, que consistem numa espécie
de barreira que, dependendo da situação pode ser penetrada. Na Baixa destaca-se a
quebra topográfica que existe por trás dos edifícios da Rua Ferreira Borges e Visconde da
Luz no sentido Este, donde, de um terreno plano, subitamente surge forte inclinação.
Outro elemento a destacar situa-se na Avenida na zona da Portagem até a Estação
Ferroviária, tendo o rio Mondego como fundo. A nível pedonal, a ligação do passeio para o
passeio oposto da rua é ténue, havendo grande distância, cerca de 20 m. Para além disso,
tem uma linha de caminhos-de-ferro, forte presença automóvel, sendo que no meio de 4
faixas de trânsito, surge ainda um parque de estacionamento. Devido a este limite, a
relação com o rio é frágil.
91
72| Rua da direita
73| Praça Oito de Maio
74| Praça 8 de Maio vista da Rua da Sofia
75| Avenida Emídio Navarro
92
Pela escala abordada, não se pôde identificar diferenciação de bairros na Baixa de
Coimbra, pois a própria baixa constitui um bairro.
Aplicação da Metodologia
Os cruzamentos presentes na Baixa são inúmeros, os que no terreno se mostraram
mais relevantes foram: Terreiro da Erva, Praça 8 de Maio, Praça do Comércio, Largo da
Portagem, Largo do Bota Abaixo, o cruzamento formado pela Avenida Fernão Magalhães e
a rua João Machado e o cruzamento formando pelas avenidas Fernão de Magalhães,
Avenida Emídio Navarro e Cidade Aeminium.
93
3
94
A Praça 8 de Maio surge como ponto essencial na vida da Baixa, onde existe grande
concentração de pessoas. Situa-se posicionada num dos extremos do eixo comercial
principal da Baixa. Esta importância é reforçada pela convergência de quatro ruas, como
anteriormente referido, e pelo cruzamento com a Rua da Sofia. Outra característica que
reforça a importância deste ponto é a existência de elementos marcantes, como a Igreja de
Santa Cruz,a Câmara Municipal de Coimbra e o edifício da Caixa Geral de Depósitos. De
salientar, que esta área se encontra numa cota inferior em relação à rua da Sofia e
Visconde da Luz, sendo que duas rampas pronunciadas estabelecem essa relação,
provocando um maior impacto visual, com uma fonte no seu centro. Esta zona apresenta
bastante vida e é frequente ver idosos a conversar, sentados em redor da fonte.
A Praça do Comércio surge como complemento comercial das ruas Visconde da Luz
e Ferreira Borges. Em ambos os extremos possui duas igrejas, num a Igreja de São Tiago,
associado a uma escadaria pronunciada e no outro a Igreja de São Bartolomeu. A malha
que rodeia a praça é bem definida, formando um espaço amplo, e é para este espaço que
convergem as ruas que fazem a ligação da Avenida Fernão de Magalhães ao eixo comercial
Aplicação da Metodologia
principal, formado pelas ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. A nível do terreno, o facto
de se encontrar a uma cota inferior ao eixo comercial, apresentar um pavimento diferente,
juntamente com a presença de tendas que vendem diversos artigos, dão uma qualidade
singular ao espaço em relação à sua envolvente. O facto de ser um espaço amplo e
luminoso, em que as ruas convergentes são o contrário, estreitas e escuras, acentua a sua
importância.
95
102| Praça 8 de Maio
103| Praça do Comércio
104| Largo da Portagem
96
margem do Rio, a Ponte de Santa Clara. Encontra-se limitado pela Avenida Emídio Navarro
que constitui um limite pedonal fisicamente, a nível visual restringe o contacto com o rio e
confere ao espaço um som desagradável, com o trânsito intenso.
O Largo do Bota Abaixo encontra-se delimitado pelas ruas Direita, João Cabreira,
Pedro Olaio e da Moeda, fazendo ligação entre o eixo comercial principal na zona da Praça
8 de Maio e a Avenida Fernão Magalhães. É um local descaracterizado, sem vida, o largo
surge como uma espécie de buraco no tecido urbano, sendo notória a diferença de escala
num dos lados, pela presença do edifício da Loja do Cidadão. O interior do largo envolve as
traseiras dos edifícios da Rua da Moeda, tendo assim um aspecto degradado. Existe a
realização de uma feira, que, com as suas tendas espalhadas no canto do largo dá mais vida
ao local. Encontra-se no percurso previsto para o Metro, pelo que se espera que este
tecido urbano seja consolidado futuramente.
Aplicação da Metodologia
urbano e para a qualidade visual da Baixa de Coimbra.
97
105| Edifício da Loja do Cidadão no Largo do Bota Abaixo.
106| Largo do Bota a Baixo.
107| Vista aérea do largo do Bota a Baixo.
108| Planta do Bota a Baixo com as demolições em execução, juntamente com a nova proposta de construção
e o traçado do Metro.
109| Altura dos edifícios da Baixa.
98
Verifica-se ainda elevado número de casos de paredes com a tinta descascada, assim como
paredes com materiais envelhecidos.
Aplicação da Metodologia
Quanto à tipologia de ocupação, genericamente o rés-do-chão é utilizado para
comércio e os restantes pisos são usados para habitação.
4.2 Questionários
137
VICENTE. Humberto Varum, J. Mendes da Silva, Romeu - UNIVER(SC)IDADE : desafios e propostas de uma
candidatura a património da humanidade.Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra.
Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal. Coimbra. 2007.p.57-71.
99
110| Estado de degradação dos edifícios
100
Devido à impossibilidade de inquirir toda a Baixa, foram seleccionados alguns locais
como a Praça do Comércio, a Rua da Louça, a Rua das Padeiras, a Rua Ferreira Borges, a
Rua Visconde da Luz e a Praça 8 de Maio.
Aplicação da Metodologia
Os inquiridos foram compelidos a desenhar um esquisso do mapa da Baixa,
indicando o Norte se possível. Descreveram, com um certo detalhe, um trajecto da cidade
assim como a descrição física da Baixa. Fizeram uma pequena lista dos elementos que
consideravam relevantes na Baixa de Coimbra e falaram sobre orientação.
No que diz respeito aos valores simbólicos na Baixa, a resposta comum era que se
tratava de uma zona comercial (alguns especificaram como sendo comércio tradicional) e
uma zona antiga, referindo os edifícios como estando degradados, as ruas como sendo
estreitas e escuras. Alguns referiram ainda como sendo uma zona turística.
101
111| Inquéritos
112| Inquéritos
113| Inquéritos
114| Inquéritos
102
"Conjunto de edificações antigas, algumas em grande estado de degradação,
dispostas ao longo de ruas estreitas que seguem a lógica de um traçado medieval. "
Mais de metade dos inquiridos referiu que sente nostalgia em relação à Baixa e
recorda o passado com saudades. Parece existir uma nostalgia entre os frequentadores e
um certo ressentimento em relação às mudanças sentidas na Baixa, especialmente na
população idosa, que parece não encontrar um modo para coexistir com o novo meio.
Aplicação da Metodologia
Consideram que a Baixa antes tinha mais vida e segurança, havendo quem se refira à altura
em que passava o eléctrico e das inundações com saudades.
“… acho que antes era melhor. Lembro-me do eléctrico, das inundações, do passado.
Os edifícios mudaram um pouco, muitas lojas fecharam."
"Sensação de perda, pois este local está-se a tornar cada vez mais vazio de
degradante"
Dois estudantes referiram que lhes recorda o trajecto para a Latada e Queima.
103
115| Inquéritos
116| Inquéritos
117| Inquéritos
104
convergentes na Praça 8 de Maio, sendo estas as ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo. No
entanto, dois dos inquiridos, que eram estrangeiros, consideravam que a Baixa situa-se
entre a Rua da Moeda e o Pingo Doce, para eles os monumentos não eram relevantes nem
as praças.
Aplicação da Metodologia
automóvel como um problema inerente a esta zona.
O elemento de maior importância dado nos desenhos, foi a Praça 8 de Maio, que
tinha maior destaque e era normalmente o primeiro elemento a ser desenhado, em que
curiosamente alguns faziam questão de desenhar a fonte.
105
118| Igreja de St. Cruz
119| Câmara Municipal de Coimbra e Igreja de St. Cruz
120| Inquéritos
121| Inquéritos 106
A Igreja de Santa Cruz a Câmara Municipal têm importância por se encontrarem no
cruzamento com características tão fortes, como é o caso da Praça 8 de Maio, para além
disso, a igreja pela sua imponência física e conotação histórica, faz ampliar o seu impacto.
O edifício da Caixa Geral de Depósitos, para além da sua forma diferente, encontra-
se também num ponto importante, já que está situado numa rua com forte tráfego e onde
existe uma flexão acentuada da via, que actua positivamente na percepção dos
observadores. A proximidade à Praça 8 de Maio torna este elemento mais marcante.
O Arco da Almedina tem um papel muito importante na história da cidade, como foi
visto no primeiro capítulo cujo valor histórico é recordado pelos inquiridos, para além disso
encontra-se no trajecto turístico e faz ligação com a Alta. O facto de ter um som diferente,
o Fado, vindo da Casa de Discos, oferece uma experiência diferente aos sentidos em
relação ao resto da Baixa.
Aplicação da Metodologia
pelo facto de se encontrar numa Avenida que tem forte tráfego. A ligação ao Largo Bota
Abaixo também contribui, pois é um espaço bastante amplo e degradado. Este largo tem
forte potencialização de espaço, pela presença deste elemento marcante e pela
proximidade da avenida, apesar de ter que lidar com o tecido envelhecido, traseiras
degradadas de várias habitações e de ser mediador entre o tecido medieval e as novas
construções.
107
122| Edifício da Caixa Geral de Depósitos
123| Arco da Almedina
124| Loja do Cidadão
125| Igreja de Santiago e escadarias adjacentes
108
Relativamente à orientação, todos os inquiridos com uma excepção, responderam
que é importante saber-se onde se está e reconhecer elementos da cidade e se sente
satisfeito quando isso acontece.
Todos os inquiridos disseram não ter problemas de orientação na Baixa, metade dos
inquiridos acham que a Baixa é de fácil orientação, por ter pequena dimensão, enquanto os
restantes acham que a área da zona das ruas da Moeda, Corvo, Louça e Direita é confusa.
O desenho dos mapas pelos inquiridos demonstrou grande confusão nessa zona,
mesmo os que diziam ser de fácil orientação, não conseguindo desenhar o traçado para
além do eixo comercial principal. O facto deve-se às trocas de direcções destas e à falta de
elementos marcantes, sendo os edifícios em banda, com as ruas estreitas. Alguns
mencionaram a falta de placas de sinalização como sendo um dos motivos da dificuldade
de orientação. Os inquiridos deixavam no mapa esta zona em branco, apesar de alguns
desenharem a Loja do Cidadão enquadrada na Avenida Fernão de Magalhães. As vias
adjacentes não foram mencionadas na maior parte dos casos, ou quando o eram surgiam
Aplicação da Metodologia
no desenho como um labirinto.
Coimbra foi eleita, pela maior parte dos que responderam à questão, se conheciam
uma cidade com boa orientação, frequentemente o motivo mencionado era o facto de ter
pequena dimensão. No entanto outras cidades foram mencionadas como:
“Braga tem boa orientaçã,o pois as ruas são menos complexas e menos estreitas.”
“As cidades que têm rio ou mar, têm maior facilidade de orientação, como a
Figueira da Foz.”
“Frankfurt, pois para além de ser plana, possui zonas de circulação pedonal
espaçosas, o que associado ao facto da maioria dos edifícios não terem mais de 5, 6 pisos
vão permitir uma leitura mais ampla do espaço. Vai permitir utilizar os arranha-céus como
pontos de referência para a orientação"
109
126| Inquéritos
127| Inquéritos
128| Inquéritos
129| Inquéritos
110
“O Porto pois consegue perceber-se os lugares emblemáticos e tem o rio.”
"…grande descida, passa-se por uma zona automóvel com rotundas e um pequeno
parque. Segue-se por uma rua sem passeio, degradada e soalheira, começam a aparecer
pequenas lojas, laboratórios, depois as igrejas e serviços públicos. Vê-se a Igreja de Santa
Aplicação da Metodologia
Justa e a Torre da Universidade ao fundo, as lojas começam a ser mais frequentes até que
chega à zona pedonal, onde o comércio e o peão são privilegiados"
"Surge uma praça, onde a imponente fachada da igreja lá implantada salta à vista,
aqui combinam-se sensações, o barulho da água da fonte aqui existente, o cheiro a
castanhas assadas nos meses frios, a claridade de todo o espaço. Após transpor a estrada
na primeira passareira que se encontra, inicia-se um nova caminhada, sempre ascendente,
onde a inclinação faz o nosso corpo inclinar-se intuitivamente para a frente de modo a
ganhar balanço. A rua que agora é tomada segue pelas traseiras dos edifícios da rua
principal, sendo que o facto que a mais marca é o aspecto degradado e abandonado de
alguns edifícios, bem como o mau cheiro que em certas alturas se sente. No fim desta rua
surge um pequeno cruzamento, o percurso continua virando à esquerda, e depois à
111
130| Inquéritos
131| Venda de castanhas assadas na Praça 8 de Maio
112
direita, sempre a subir, e onde são as vozes das crianças, do infantário nesta zona
existente, que marca esta etapa do percurso. Seguindo sempre em frente, por uma rua
onde a sua inclinação não permite uma fácil subida, chega-se a uma rua principal, onde o
som dos carros volta a dominar. "
"Prédios antigos e mal conservados, com duas únicas ruas largas e uma série delas
muito estreitas e confusas."
Quando o percurso passava pela rua Ferreira Borges até ao Largo da Portagem,
referiam a presença de muitas lojas e o Arco da Almedina, sendo que um inquirido
acrescentou, com o som encantador do Fado de Coimbra com a origem na Loja dos Discos.
Aplicação da Metodologia
" Ao passar pelo Arco da Almedina, posso ouvir aí o Fado."
"Na portagem, vê-se o jardim no meio, verde, ou, se for primavera ou inicio de
verão, algumas flores coloridas. Os cafés da portagem têm a esplanada montada, e há um
quiosque verde. "
Um dos inquiridos relatou que nas ruas Visconde da Luz Ferreira Borges costumam
estar muitos pedintes a tocar, fazer malabarismos, ou simplesmente sentados, sendo ainda
comum a presença de ciganos.
113
132| Fado na Praça 8 de Maio, Agosto de 2006
133| Largo da Portagem, com a presença de jardins e
esplanadas
114
Conclusão
A Imagem da Baixa de Coimbra
Conclusão
considerados mais marcantes são: a Igreja de Santa Cruz, a Câmara Municipal, a Caixa Geral
de Depósitos o Arco da Almedina e a Loja do Cidadão, decerto que os elementos
enunciados, aquando o reconhecimento do terreno, também estarão presentes na
memórias das pessoas, mas estes são os que têm maior impacto. Os elementos marcantes
que estão situados num cruzamento ficaram mais fortemente imprimidos na memória das
pessoas. Os elementos atrás referidos, têm ainda outro motivo para estarem tão
fortemente percepcionados, aquando a passagem no sítio onde estes se encontram, o
tempo que estão expostos ao olhar é elevado, pela grande abertura de espaços
circundantes, como se podem ver ao longe, tornam-se um ponto de apoio para os
observadores. A Igreja de Santa Cruz, juntamente com o arco da Almedina, têm ainda outro
factor que acentua a sua percepção, são associados a acontecimentos históricos.
115
116
Abordando a Legibilidade da Baixa, a hierarquização surge a vários níveis:
constituída por eixos pedonais principais, que por sua vez ligam as principais praças, eixos
viários principais e eixos secundários, pedonais e viários.
Os eixos viários constituídos pela Rua da Sofia, Av. Fernão de Magalhães, Av. Emídio
Navarro também se encontram bem definidos na memória dos inquiridos, são de largura
considerável e apresentam tráfego intenso, possuem boa legibilidade, o mesmo não se
passando com as ruas situadas entre o eixo pedonal principal e a Avenida Fernão de
Magalhães, que são secundárias.
Conclusão
As ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo são reconhecidas pela sua importância na
Baixa, com o seu carácter comercial, mas em questão de legibilidade não estão bem
definidas. As ruas viárias secundárias não se encontram bem estruturadas na mente das
pessoas, pois não têm um traçado bem definido e direccionado, são ruas estreitas, escuras,
é uma zona com a presença de vários becos, sem elementos marcantes, onde os edifícios
são em banda. Mesmo as pessoas que trabalham na Baixa não conseguiam desenhar estas
ruas, por vezes desenhando-as como sendo um labirinto.
O facto de haver ruas largas e principais, que contrastam com ruas de menor
dimensão e portanto secundárias, actua positivamente para estruturar um espaço, outro
factor que ajuda na Legibilidade é concentração de serviços, ou algo que possa distinguir os
diversos espaços, mas quando as ruas secundárias têm um desenho confuso e não são
confortáveis visualmente, essa legibilidade é reduzida. Assim chegou-se à conclusão
117
118
que a Baixa tem boa orientação e consequente boa legibilidade, excepto na zona das ruas
da Moeda, Corvo, Louça e Direita.
Conclusão
As esplanadas, quiosques e bancos de jardim criam espaços agradáveis de acordo
com vários entrevistados, isso imprime boas sensações na memória das pessoas.
Relativamente aos limites, o limite situado entre a Avenida Emídio Navarro, na zona da
Portagem até a Estação, está bem presente nas entrevistas, raramente o rio era
mencionado apesar de estar apenas a uns metros de um dos cruzamentos mais referidos, o
Largo da Portagem. Esta frágil ligação com o Rio, assenta numa baixa clareza visual nessa
zona, quando nos aproximamos da Baixa por esse lado.
119
120
Os inquiridos referiram constantemente o abandono da população, pois existe forte
diminuição de pessoas a circular durante a noite, pelo que se nota a falta de vida e
animação nocturna. O sentimento de insegurança foi por diversas vezes mencionado, outro
facto a considerar é a degradação dos edifícios. Como influência negativa verifica-se ainda
que o estacionamento é desordenado tendo elevada utilização do transporte individual, já
que não existe alternativa viável.
Coimbra foi considerada como tendo boa orientação, por ser uma cidade pequena,
mas consideraram que existe falta de placas de sinalização. A Torre da Universidade, os
Monumentos, os estabelecimentos comerciais, a intensidade do tráfego, presença de locais
estritamente pedonais e a dimensão das ruas, com a respectiva hierarquização, contribuem
Conclusão
para ajudar as pessoas a orientarem-se na Baixa de Coimbra.
Ao longo do tempo têm sido realizadas diversas operações para a recuperação dos
imóveis de modo isolado, esquecendo que apenas com estratégias bem definidas
121
122
se consegue abranger a área urbana como um todo. Como se comprova pelo resultado dos
inquéritos, a Baixa de Coimbra tem uma malha com elevado valor patrimonial que é
determinante na imagem que os habitantes têm desta. É imperativo assumir que este
património deve ser conservado e integrado nos novos tempos, para que deles se tire
proveito e se renove a esperança de voltar a ter uma Baixa com vida.
Conclusão
um prisma diferente, as percepção das pessoas que utilizam a Baixa de Coimbra. A herança
conservada do passado dá um feixe de condições à interpretação humana, cabe tentar
identificar essa interpretação, reforçar os elementos determinantes na Imagem da Baixa e
atenuar os negativos. A perda de comunicação estreita origina meios cada vez mais
artificiais, produzindo efeitos negativos nos indivíduos. É necessária preocupação com as
necessidades emocionais que o ambiente evoca nas pessoas, apesar de cada indivíduo
sentir à sua maneira, foi concluído neste trabalho que efectivamente há imagens
colectivas.
138
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações
expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas
cidades.FCTUC.2000.p.21.
139
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações
expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas
cidades.FCTUC.2000.p.25.
123
124
Considerações finais
Considerações Finais
o centro definitivo da cidade, em que muitas pessoas circulavam e faziam compras naquele
local.
Outro obstáculo foi a última questão do inquérito, em que se tinha que desenhar o
mapa do que eles consideravam como a Baixa, ficando bastante desconfortáveis e receosos
ao fazê-lo.
125
126
Alguns dos inquiridos aproveitavam para reclamar, com esperança que este
trabalho seja lido pelas autoridades referentes à Baixa. Uma queixa frequente, era terem
menos clientes, que vários estabelecimentos estavam a fechar e que um dos causadores
disso era a presença dos novos Shoppings. Quando esse assunto surgia, era difícil trazer os
inquiridos de volta para ao inquérito, sendo que facilmente dispersavam em divagações,
que apesar de não estarem directamente relacionadas com as questões feitas no inquérito,
contribuíram para completar as suas opiniões sobre a Baixa.
A sensação que tive foi que os comerciantes consideram que não se tem feito um
esforço relevante para reavivar a zona, olham para o passado com nostalgia e saudade e
não têm muita esperança que a baixa volta a ser o que era.
Considerações Finais
O desenvolvimento deste tipo de trabalho deixa sempre assuntos para aprofundar
no entanto a limitação do tempo, a quantidade de inqueridos e extensão destes assim
obrigou.
127
128
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26. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da
universidade de Coimbra, 2008.p.196
27. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=4
28. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
29. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
30. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
31. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização,
Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.33
32. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório,
Lisboa, 2006. 111p.
33. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=376030
34. http://viciosdeaaz.blogspot.com/2011/03/quinta-das-lagrimas.html
35. http://www.pbase.com/image/111410843
36. http://omundoporbrasileiros.blogspot.com/2010/12/jardim-botanico-de-coimbra.html
37. http://alma-e-pele.blogspot.com/2009/03/sentido-de-orientacao.html
38. http://www.euroacessibilidade.com/pag_fotos/f35.htm
39. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório,
Lisboa, 2006. p.111
43. http://portoacademico.blogspot.com/2010/06/o-traje-academico-em-coimbra-i-o-
antigo.html
139
140
44. http://aopedaraia.blogspot.com/2010/12/sobre-o-fado-mariza-cantar.html
45. http://passeiosturisticosemcoimbra.wordpress.com/2011/02/24/as-republicas-de-
estudantes/
141
142
71. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 21
72. Própria Autora
73. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
74. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
75. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 14
76. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
77. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
78. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
79. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
80. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
81. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
82. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
83. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
84. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
85. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
86. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
87. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
88. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
89. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
90. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
91. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
92. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
93. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
94. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
95. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
96. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
97. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
98. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
99. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
100. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p.25
101. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p. 28
143
144
102. Própria Autora
103. Própria Autora
104. Própria Autora
105. Própria Autora
106. Própria Autora
107. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.35
108. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.32
109. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.17
110. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. p. 16
111. Inquérito respondido à própria autora
112. Inquérito respondido à própria autora
113. Inquérito respondido à própria autora
114. Inquérito respondido à própria autora
115. Inquérito respondido à própria autora
116. Inquérito respondido à própria autora
117. Inquérito respondido à própria autora
118. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
119. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
120. Inquérito respondido à própria autora
121. Inquérito respondido à própria autora
122. Própria Autora
123. Própria Autora
124. Própria Autora
125. Própria Autora
126. Inquérito respondido à própria autora
127. Inquérito respondido à própria autora
128. Inquérito respondido à própria autora
129. Inquérito respondido à própria autora
130. Inquérito respondido à própria autora
131. Própria Autora
132. Própria autora
133. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
145
146
ANEXO A
1| Projecto dos novos arruamentos na zona da Cidade limitada por Rua Ferreira Borges, Cais, Largo das
Ameias e Praça 8 de Maio, de Abel Dias Urbano
2| Plano Dias Urbano 1928
147
3| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, De Groeer ,1940
4| Plano com estradas e caminhos de Ferro, De Groeer, 1940
5| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, DeGroer, 1940
6| Plano De Groeer, 1940
148
7| Plano de urbanização da parte baixa da cidade, de Luís Benavente.
8| Plano de urbanização, de Luís Benavente.
149
9| Plano Almeida Garret (1955)
10| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
11| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
12| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
13| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
150
14| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
15| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
16| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
17| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
18| Arranjo Urbanístico dos Terrenos confinantes com a Rua de Aveiro –LadoNorte, Leonardo Dias, 1963, CMC
151
19| Estudo de Alteração ao Plano de Urbanização - Remodelação da Baixa de Coimbra - Av. Fernão de
Magalhães, Alves Martins 1967.
20| Plano de Síntese, Costa Lobo,1971 .
21| Plano de Urbanização da Baixa, Planta Geral, Costa Lobo, 1971/73.
22| Proposta da CMC para a Baixa nos anos70.
152
23| Plano Távora, Távora, 1992
153
154
FONTES DAS IMAGENS
4- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
5- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
6- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
9- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
10- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço
urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.47
11- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
12- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
13- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
14- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
15- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
16- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço
urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.53
17- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
18- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
19- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
20- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
21- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
22- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
23- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
155
156
ANEXO B
INQUÉRITO
1 — Quando ouve a palavra Baixa, o que lhe vem imediatamente à ideia, o que simboliza a palavra
para si?
- Como faria a descrição física da Baixa?
2 — Gostaríamos que fizesse rapidamente um mapa da Baixa. Faça-o como se tivesse a fazer uma
descrição rápida da cidade a um visitante, não esquecendo as suas características principais. Não se
espera um desenho apurado, mas apenas um esboço tosco. (O entrevistador deve apontar dados
sobre a sequência usada ao desenhar o mapa).
3 a )Dê, por favor, uma descrição completa e explicita das direcções que utiliza quando vem do
trabalho para casa. Imagine-se a fazer este percurso e descreva a sequência das coisas que pode
ver, cheirar e ouvir ao longo do caminho, incluindo o que é para si importante e as indicações de
que um estranho necessitaria para tomar as mesmas decisões na escolha de caminho que por si são
tomadas. Estamos interessados na descrição física das coisas. Não é importante lembrar-se do
nome das ruas ou locais. (Durante esta fase da entrevista, o entrevistador tem de levar o
entrevistado, no caso de ser necessário, a fazer descrições mais detalhadas.)
b ) - Tem algumas sensações emocionais em particular acerca das diversas partes do seu
caminho?
Quanto tempo leva a percorrê-lo?
Há locais no percurso onde não saiba ao certo onde está?
4 — Agora gostávamos de saber quais os elementos da Baixa que considera mais distintos. Podem
ser grandes ou pequenos; mas diga-nos quais, para si, são mais fáceis de reter na memória. (Para
cada grupo de dois ou três elementos citados na resposta à pergunta 4, o entrevistador faz a
pergunta seguinte.)
5
c) Mostre-me no seu mapa, onde fica o centro da baixa? onde estão os seus limites?
7 — O inquérito terminou, mas seria útil se conversássemos 2 ou 3 minutos à vontade (o resto das
perguntas são inseridas informalmente):
b) Que importância tem a orientação e o reconhecimento dos elementos da cidade para as
pessoas?
c) Sente alguma satisfação em saber onde está e para onde vai? Ou alguma contrariedade, no caso
contrário?
d) Acha que a Baixa tem fácil orientação e identificação das partes?
e) Quais das cidades que conhece, têm boa orientação? Porquê?
157
158
Ficha Técnica
Entrevistado n.º
Idade:
159