Você está na página 1de 171

IMAGEM DA BAIXA DE COIMBRA

Imaginabilidade, Identidade e Legibilidade

Márcia Raquel Ferreira Xavier


apresentada ao Departamento
de Arquitectura da FCTUC
Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura

sob a orientação do Professor Doutor José António Bandeirinha


COIMBRA, Dezembro 2011
“When I design buildings, I think of the overall composition, much as the parts of a body would fit together. On
top of that, I think about how people will approach the building and experience that space “
Tadao Ando
Agradecimentos

À minha família, em especial à minha mãe e mano, por tudo.

Aos meus amigos nesta viagem, Ana, Célia, Diogo, Filomena, Sara,
Jorge e aos mosqueteiros, Luciana, Jorge e Will, pelo vosso
apoio, compreensão, paciência e momentos fantásticos.

À Rita pelos momentos de descompressão, pelo seu entusiasmo e motivação.

Ao Roberto, Bernardo, Jaqueline, Melinda,


Vitor e Telma pela vossa presença e amizade.

Ao orientador Professor Doutor José António Bandeirinha,


pela constante aprendizagem proporcionada, lucidez e confiança.

Ao Sr. Dr. Paulo Peixoto, pela simpatia e conhecimento.

O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram


para a concretização deste trabalho, tanto a nível intelectual como emocional,
faltará sempre referir alguém, resta apenas esperar que saibam quem são.
ImAgem dA BAixA de CoimbrA
Imaginabilidade, Identidade e Legibilidade
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
[p. 01]
1. Coimbra contexto urbano

1.1 Coimbra
[p. 11]
1.1.1 Contexto histórico
[p. 11]
1.1.2 Coimbra actual
[p. 21]
1.1.2.1 Enquadramento social
[p. 23]
1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano
[p. 25]
1.1.2.3 Mobilidade e Transportes
[p. 27]
1.1.2.4 Património Edificado Histórico
[p. 29]
1.1.2.5 Património Imaterial
[p. 31]
1.1.2.6 Urbanismo
[p. 33]

2. Baixa de Coimbra

2.1 Baixa, o Centro Histórico


[p. 37]
2.1.1 Contexto Histórico
[p. 39]

3. Kevin Lynch

3.1 A Imagem da Cidade


[p. 67]
3.1.1 Tipos formais de elementos
[p. 71]
3.1.2 Identidade, Estrutura e Significado
[p. 75]
3.1.3 Legibilidade
[p. 77]
3.1.4 Imaginabilidade
[p. 79]
3.1.5 Método
[p. 79]
3.1.6 Análise crítica do autor
[p. 83]
4. Aplicação da Metodologia

4.1 Análise da Baixa


[p. 89]
4.1.1- Vias, limites, bairros, pontos
marcantes e cruzamentos
[p. 89]
4.2 Questionários
[p. 99]
4.2.1 Resultados dos questionários
[p.101]

CONCLUSÃO
[p.115]

CONSIDERAÇÕES FINAIS
[p. 125]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[p. 129]

FONTES DE IMAGENS
[p. 137]
INTRODUÇÃO
FORMAÇÃO DE IMAGENS COLECTIVAS

O objecto de análise, Baixa de Coimbra, sendo um centro histórico torna-se


especialmente interessante como objecto de estudo, por ser uma área com vários estudos
e intenções urbanísticas. A sua história é imponente, tendo várias alterações no tecido
urbano assim como a presença de diversos monumentos. Assim, os centros históricos são
percepcionados como espaços distintivos, que figuram tanto a cultura, como a memória da
cidade.

O centro histórico tem extrema importância, sobretudo devido ao carácter


patrimonial que possui, apesar disso encontra-se depreciado por condições de
precariedade sobretudo a nível de edifícios de habitação e comércio. As novas
centralidades urbanas conduzem ao esvaziamento da Baixa e levam à debilitação do
comércio tradicional. Assim, verifica-se o afastamento dos habitantes, mostrando um dos
principais problemas que caracterizam os centros históricos de hoje, a desertificação.

Introdução
O presente trabalho, tem como principal objectivo estudar a percepção que a
população tem da zona histórica de Coimbra, a Baixa.

É neste contexto que surge a aplicação dos estudos de Kevin Lynch, um conhecido
urbanista, inovador para o seu tempo, cujo contributo pretende mudar a perspectiva de
intervenção na cidade, aproximando o estudo do ser humano à Arquitectura. Sendo o
Arquitecto transformador de espaço, ele deve ter em conta a apropriação do espaço, de
acordo com a cultura do lugar, é necessário uma sensibilidade para que os edifícios se
identifiquem cada vez mais com o local e com o uso destes.

O objectivo principal é subdividido em dois propósitos, um deles consiste na análise


objectiva do terreno por um observador treinado e a análise que a população faz do local a
nível simbólico e espacial. Vão ser exploradas as relações que os habitantes têm com este

1
2
lugar, assim como as características materiais e os elementos que estão no imaginário das
pessoas. Antes de se desenvolver transformações numa área, é relevante conhecer a
relação que o observador estabelece com esse espaço, a legibilidade que detêm do local, a
memória e os seus significados.

A alteração do espaço altera o modo de viver, é portanto essencial compreender o


uso cultural do espaço e para isso é necessário entender a sua história.

Não é possível compreender o significado dos centros históricos, sem os


entendermos no contexto urbano, não pode ser visto como uma zona independente do
conjunto da cidade de Coimbra, mas antes, como parte integrante do conjunto urbano. A
análise deve ser feita, tendo em conta que cada zona da cidade só tem sentido se
percebida no seu todo, para que não se tenha uma cidade sem memória de si. Deste modo,
no Capítulo 1 é determinado um perfil evolutivo de Coimbra, abordando o contexto
histórico do tecido urbano a ser estudado, que engloba a origem da fixação inicial da
população em Coimbra, como se expandiu, abordando a sua zona histórica, sem descurar a
emergência de novas centralidades no contexto urbano.

O Capítulo II concentra-se no objecto de estudo, a Baixa, que é um local onde se

Introdução
mistura comércio e séculos de história. O desenvolvimento da zona situada no eixo Baixa-
Alta é considerado uma das prioridades no desenvolvimento da cidade de Coimbra. Nesta
parte do trabalho, é feito o enquandramento histórico da Baixa desde o Séc. XII, abordando
a ocupação humana na Alta e baixa , como esta se expandiu e que alterações foram feitas
no tecido urbano ao longo dos séculos, mencionando a construção dos monumentos e
elementos marcantes. São referidos os planos urbanísticos para a Baixa, nomeadamente
de Abel Dias Urbano (1919-1928), Luís Benavente (1936), Etienne de Groër (1940), Antão
de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa (1956), Serviços de Obras e Urbanização da
Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992), que originaram diversas alterações na Baixa,
incluindo demolições de quarteirões. Para além dos planos efectuados no passado,
abrange-se os planos previstos para a zona em questão, como é o caso da introdução do
Metro Ligeiro de Superfície, que irá permitir a requalificação da frente ribeirinha de
Coimbra, sendo um factor de dinamização da Baixa. Na sequência do seminário
desenvolvido em 2003, intitulado Inserções, surge uma proposta desenvolvida por
3
4
Emilio Tuñón e Luis Mansilla para essa zona, tendo em conta a passagem do Metro. Após o
concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia, por iniciativa do Centro de Estudos
de Arquitectura da FCTUC, surgem reflexões sobre intervenções globais e estruturadas, que
também serão referidas neste capítulo. Outro factor dinamizador a ser mencionado é a
candidatura da Universidade a Património Mundial pela UNESCO, que surge como tentativa
de refazer a imagem do centro para originar o fenómeno de “turisficação”1.

O Capítulo III começa por abordar a forma como o objecto de estudo é analisado,
sintetizando as linhas de análise e as estratégias metodológicas que foram levadas a cabo
no trabalho de investigação. Refere-se aos conceitos a reter que estão na base do estudo
do urbanista Kevin Lynch no seu livro “ A imagem da Cidade”, cujos inquéritos são
aplicados em três cidade americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles. Lynch considerou
que a imagem que o ser humano faz do meio que o rodeia é formada por sensações
experimentadas, ao observar e viver o ambiente. O sentido que o observador dá ao que
está a experienciar varia conforme as suas características individuais, conhecimentos
sociais e culturais.

Segundo os estudos deste urbanista, há uma imagem pública de qualquer cidade,


que é a sobreposição de muitas imagens individuais, o objectivo deste trabalho é

Introdução
determinar essa imagem na Baixa de Coimbra. Lynch propõe a aplicação de um método
que procura avaliar o significado da cidade como imagem colectiva para os habitantes. Na
definição da imagem, Kevin Lynch considera a classificação em cinco elementos: vias,
limites, bairros, cruzamentos e pontos marcantes.

A identidade, estrutura e significado dão origem à imagem do meio ambiente. É


estudada a orientação, considerando a Legibilidade como uma qualidade, já que, numa
cidade com boa legibilidade, os bairros, pontos de referência e percursos são facilmente
identificáveis e integrados numa estrutura global. Segundo o autor, a aparente clareza ou
legibilidade é uma qualidade fundamental para a compreensão e composição urbanas.

1
DOMINGUES, Álvaro- Os novos mapas da cidade. Workshop Internacional de Arquitectura. Novos mapas
para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ.2000.p.37.
5
6
Ainda no terceiro capítulo, é explicado o método utilizado pelo urbanista, que
determinou os cinco tipos de elementos, por observadores treinados com base nas
primeiras análises no terreno, verificou o modo como se interligam e estudou o que
contribui para lhes dar uma forte identidade. Foram levadas a cabo entrevistas à população
e elaborado um mapa visual, analisando a forma existente e as imagens colectivas
respectivas, cujos resultados seriam traduzidos em relatórios e diagramas realçando as
imagens colectivas importantes, assim como os elementos críticos da imagem e as inter-
relações entre esses elementos. Por último, são mencionadas as críticas feitas a este
processo, onde serão reflectidos vários aspectos que poderiam ser completados e postos
em questão.

O Capítulo IV tem como base os dados obtidos na aplicação dos inquéritos, usando
o descrito no capítulo anterior. Foi efectuanda uma análise objectiva do terreno. Tal como
em Kevin Lynch, a análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção
aos elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram
registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, o destaque, assim
como a presença, a visibilidade e as inter-relações entre pontos de referência,
cruzamentos, percursos e limites.

Introdução
O inquérito por questionário foi o método utilizado, sendo fiel ao original elaborado
por Kevin Lynch. As amostras foram recolhidas num conjunto de ruas da baixa
seleccionadas, salvo por motivos de força maior, em que o inquérito foi deixado para ser
preenchido pelo inquirido. As amostras foram equilibradas relativamente ao género e faixa
etária.

Foi determinado o simbolismo que a baixa detém nos habitantes, os elementos


considerados marcantes, assim como os elementos materiais e sensoriais que ficaram
retidos na mente dos habitantes.

A legibilidade foi verificada e constatou-se os locais cuja localização na memórias


das pessoas não estava bem delineada, e consequentemente mal definida, não
contribuindo para um espaço claro e fortemente presente no imaginário das pessoas.

7
8
COIMBRA

9
10
1. COIMBRA CONTEXTO URBANO
DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE

1.1 Coimbra

A incidência do estudo sobre a percepção do espaço pelo ser humano, exige o estudo
do mesmo abordando a relação com a envolvente. Sendo o objecto de estudo a Baixa de
Coimbra, é necessário compreender a cidade e a sua origem.

Como profere Walter Rossa, é grave considerar o “tecido urbano do passado como
meramente histórico, ou seja, apenas como um testemunho e não como uma realidade,
opção ou variável do presente.” 2

Assim, na aproximação à cidade, vai-se abordar a matriz e a tendência de evolução de


Coimbra para se enquadrar o objecto de estudo, a Baixa de Coimbra.

1.1.1 Contexto Histórico

Coimbra Contexto Urbano


Coimbra teve a sua origem na colina da actual Alta da cidade, onde se estabeleceu o
primeiro núcleo populacional pois oferecia uma posição geográfica estratégica em
questões naturais e de defesa3. Na origem de Coimbra, existe uma forte suspeita de
ocupação pré romana, localizada na colina, devido ao facto das qualidades do local serem
propícias e de existir uma série de evidências arqueológicas que indicam que foi habitada
pelo menos a partir do Neolítico.4

A evolução do povoado em espaço e tempo é caracterizada pela localização num


dos mais importantes percursos terrestres entre o norte e o sul da Península Ibérica,
servindo de comunicação entre o interior e o mundo romanizado. Este crescimento
manteve-se até ao início da Idade Média. 5

2
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações expressas
de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas cidades.ECDJ 3.
DARQ. 2000. p. 20.
3
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.252.
4
ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 44.
5
Ibidem. p. 46.
11
1| Planta Topográfica de Coimbra.
2| Séc. I-IV ocupação romana, tentativa de implementação do traçado hipodâmico à cidade de Aeminium
3|Séc. V-VI Actual Rua de São João, seria a rua principal e parte da Rua Borges Carneiro e Rua do Norte
onde seria o Fórum Romano, situava-se na intersecção destas, no actual Museu Machado de Castro.
4| Séc. VII-XI
5| Séc. XII
6| Séc. XIII
7| Séc. XIV-XV
8| Séc. XVI
9| Séc. XVII
10| Séc. XVIII 12
11| Séc. XIX
AEminium, novamente Emínio, seguido de Colímbria6 a Coimbra romana, possuía
um aqueduto e era envolvida por muralhas (cujas portas tinham o nome de Almedina,
Sol/Castelo/Cidade, Belcouce /Estrela, Traição/Genicoca/Ibenbodron) erguendo-se sobre o
cruzamento de duas grandes vias de comunicação: o rio Mondego e a estrada Olissipo-
Bracara Augusta. Encontrava-se centrado a partir do fórum, construído sobre uma
plataforma que assentava num Criptopórtico que, ainda hoje integra e sustenta
parcialmente o actual Museu Nacional Machado de Castro. A ocupação romana marcou a
organização da cidade subsequente, definindo a orientação de arruamentos e fixando a
localização de edifícios significativos.7

Apesar do modelo teórico ideal da cidade para os Romanos serem ruas ortogonais
que definiam quarteirões, provavelmente o traçado desviava-se dele como outras cidades
romanas, pois a topografias com declives acentuados assim o obrigava.8

Com as invasões bárbaras da Península Ibérica, em 464, os Suevos dominaram

Coimbra Contexto Urbano


Aeminium e trouxeram com eles fortes perturbações devido às constantes lutas guerreiras,
9
tanto entre Bárbaros como contra os Muçulmanos. Uma parte deles dedicou-se à
10
pilhagem, no entanto, há indicações que eles introduziram o centeio e o arado. Mais
tarde, a partir da vitória dos Visigodos meio romanizados, entre 586 e 640, a cidade foi
novamente conduzida ao equilíbrio e à prosperidade. 11

Em 711, os Muçulmanos entram na Península e invadem também Coimbra12, a sua


permanência trouxe inovações importantes, como a introdução de novas sementes e
árvores, assim como novos processos de cultivo e exploração agrária e novas tecnologias.

6
Ibidem.p. 41.
7
Ibidem.p. 53.p.54.
8
ALARCÃO. Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 57.
9
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p. 259. p. 260.
10
ALARCÃO.Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 69.
11
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna. 1996. p. 259. p. 260.
12
Ibidem.
13
12| Porta de Belcouce – Baldi.
13| Vista interior do Criptopórtico.
14| Criptopórtico.
15| Corte do Criptopórtico.
16| Perfil hipotético da cidade romana 1. Muralha; 2. Domus; 3. Forum; 4. Templo do culto imperial; 5. Anfiteatro.
17| Arruamentos da cidade de Aeminium, 1.Forum, 2.Anfiteatro, 3.Teatro, 4.Aqueduto, 5.Templo de culto
imperial, 6.Alcáçova, 7.Igreja de S. Pedro.
14
Permaneceu na posse dos Muçulmanos durante um século até ser conquistada por Afonso
III de Leão (866-884). Em 987, é conquistada novamente pelos Muçulmanos sendo que em
1064, a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão e restituída
aos Cristãos.

Apesar de Coimbra ser uma cidade florescente e a mais importante cidade de


Portugal, não era a capital, sendo Guimarães a cidade eleita pelo conde D. Henrique e pela
rainha D. Teresa. Mais tarde, o filho, D. Afonso Henriques, elege Coimbra a capital do
condado, devido à sua posição central, que manteve durante quatro reinados.13

A partir de 1162, dá-se a construção da Sé Velha, construída por mestres franceses,


sendo a mais importante igreja românica portuguesa, com o mais antigo claustro gótico
português com obras escultóricas dos sécs. XIII, XIV e XVI.

O séc. XVI trouxe a fundação de inúmeros colégios que funcionavam como


alternativa ao ensino oficial. A partir de 1537, surge a instalação definitiva da Universidade

Coimbra Contexto Urbano


de Coimbra. A Universidade foi fundada pelo rei D. Dinis em 1290, sendo a mais antiga de
Portugal e uma das mais antigas do mundo.14

“ Aqui estudou a elite intelectual portuguesa até às primeiras décadas do século XX,
homens como Almeida Garret, Eça de Queirós, Afonso Lopes Vieira, os notáveis académicos
da Geração de 70, Antero e António Feliciano de Castilho, José Régio, Vitorino Nemésio,
Miguel Torga, enfim, tantos e tantos outros.”15

Sob a chefia de Frei Brás de Braga, deu-se a renovação no Mosteiro de Santa Cruz
que foi fundado em 1131 e deu-se a abertura da Rua da Sofia, onde se concentraram
inúmeros colégios, conventos e residências.

13
FIGUEIREDO. A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna.1996. p.260-268.
14
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p15-22.
15
DIAS, Pedro, Coimbra, Guia Para uma visita. p. 7.
15
18|Sé Velha de Coimbra, Mário Novais, 1899-1967, Orientador científico: Mário Tavares Chicó, 1905-1966.
19| Universidade de Coimbra – 1865 Fotografia, A. desconhecido, ca. 1865, IMAGOTECA (U.C.)
20| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas (S. João
Baptista) no século XIX (cerca de 1840). Litografia a partir do desenho de Lopes Júnior.
21| Rua da Sofia na década de 80 do Século XX. 16
“É habitual dizer-se que a forma das cidades reproduz a história e a cultura das diferentes
épocas. Em Coimbra, nenhuma outra área é tão fiel a este princípio do que a Rua da
Sofia.”16

Coimbra possuia 1527 habitantes em 1527, com a vinda de estudantes e devido a


um conjunto novo de pessoas ocupadas em prestação de serviços necessários à
permanência de mestres e alunos, deu-se um crescimento exponencial fazendo com que
atingisse os 10 000 habitantes em 157017. No século XVII iniciam-se as obras da igreja S.
Bento, da igreja dos Jesuítas, a actual Sé Nova, assim como o Mosteiro de Santa Clara-a-
Nova, representante da arte barroca.18

No reinado de D. João V, deram-se obras importantes como a construção da Torre


da Universidade, a Biblioteca Joanina e o início do Seminário19. A história da cidade passa a
girar em torno da história da Universidade de Coimbra, que se instalou definitivamente em
1537.

Coimbra Contexto Urbano


Sob orientação de Marquês de Pombal, dá-se o desaparecimento da muralha e do
Castelo Medieval, que ruiu em 1774, e dá-se a criação do Jardim Botânico.

O falecimento do rei D. José diminui a iniciativa construtiva e em 1778, o Arco


Romano de Belcouce é demolido. Ainda no séc. XVIII, é criado o Choupal, assunto de
muitas Canções de Coimbra, que será abordado mais adiante. 20

As ordens religiosas são extintas em 1834 e os seus bens nacionalizados. 21

“Por 1850, Coimbra continuava ainda o velho burgo académico, iluminando-se a


candeeiros de azeite, sem águas canalizadas, nem esgotos, nem vias-férreas, nem estradas,

16
BANDEIRINHA.Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu.Argumentum.2003.p.33.
17
Ibidem.p.16
18
Ibidem.p.15-23
19
PIMENTEL. António Filipe - A Morada da Sabedoria.2005.p.315-326
20
DIAS. Pedro - Coimbra, Guia Para uma visita.p.23
21
Ibidem.
17
22| Vista de Coimbra, Georg Hoefnagel, 1566.
23| Coimbra, J. Jansonius, 1620.
24| Pier Maria Baldi, 1669.
25| Jacques Chiquet, 1704. 18
26| Planta do Castelo de Coimbra, Guilherme Elsden, 1772.
27| Coimbra, Autor desconhecido, 1890.
nem escolas, dormitando letargicamente à sombra da Universidade e restabelecendo-se
penosamente e com lentidão do enorme abalo sofrido com a extinção das congregações
religiosas que mantinham aqui nada menos de 7 mosteiros e 22 colégios.” 22

Com o crescimento da média burguesia e o início da industrialização, o


desenvolvimento da cidade intensifica-se, surgindo em 1856 o telégrafo eléctrico e a
iluminação a gás, mais tarde, em 1864, surge o caminho-de-ferro e em 1875, é inaugurada
a ponte férrea.23

Enquanto a alta de Coimbra era arrasada pelo Estado Novo, as cidades da Europa
eram destruídas pela Grande Guerra. Nos anos 40, iniciam-se as demolições na Alta,
sofrendo destruição quase completa, para se edificarem os novos edifícios universitários.
Nas ruas cheias de história, vida, tradição e poesia, surgiram as novas faculdades.24

“Na sua visão autista, a nova Alta Universitária sonhada pelo Estado Novo, ficará
condenada a uma existência introvertida e esvaziada de uma verdadeira

Coimbra Contexto Urbano


plurifuncionalidade urbana, ainda hoje visível.” 25 Gonçalo Byrne

Herdeira de um passado a que não pode voltar costas sob pena de deixar de ser ela
própria, Coimbra cresceu entre desequilíbrios nem sempre fáceis de resolver, por vezes à
custa do sacrifício do seu património histórico. Nas periferias constroem-se bairros sociais,
como o das Sete Fontes e para acolher os desalojados da Alta, criam-se os bairros Marechal
Carmona, actualmente Bairro Norton de Matos, o Bairro da Cheira e a Fonte da
Castanheira.

Segundo João Paulo Cardielos, os núcleos Alta e Baixa, ao se expandirem, foram


marcados pelas deslocações dos colégios, fazendo com que se desse um alastrar em
“mancha de óleo” sobre as principais vias e encostas melhor localizadas.

22
LOUREIRO. José Pinto - Anais do Município de Coimbra (1870-1889), Coimbra, Edição da Biblioteca
Municipal, 1937. p. 9. p. 10.
23
MARQUES. Rafael - Coimbra Através dos Tempos. p. 7-9.
24
Ibidem. p. 27
25
BYRNE. Gonçalo – Metro ligeiro de superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho
urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 17.
19
28| A Alta antes das demolições em 1945.
29| A Alta nos anos 60, espaço onde seria construída a Faculdade de Ciências.
30| A Alta em meados da década de 70.
20
“O séx. XX acrescentou densidade, modificou técnicas e as tipologias construídas e, por fim,
foi perdendo alguns dos critérios qualificativos que referenciavam os crescimentos
anteriores, ocupando já sem quaisquer princípios os espaços intersticiais.”26

1.1.2 Coimbra actual

No contexto de evolução e de afirmação dos valores de Coimbra, é de salientar a


forma com que a estrutura e o edificado da cidade monumental chegaram aos dias de
hoje. O território é formado pelos fluxos de mercadorias e pessoas, resultando da
configuração da estrutura social e a concretização desta estrutura no território. As
transformações no espaço a ser estudado, a Baixa, são o resultado não só das relações
intra-urbanas, mas de relações regionais e globais, já que a cidade não é um lugar fechado
em si, pois assume relações com a envolvente tanto local como regional, exigindo que se
tenha uma visão da Baixa inserida num contexto político-económico mais abrangente.

Sem ser um centro industrial, Coimbra assume importância devido às suas funções

Coimbra Contexto Urbano


administrativas e devido há existência de uma grande massa populacional estudantil.

O perímetro urbano divide-se em Alta, primitiva zona medieval que ocupa a colina
da Universidade, a Baixa, que corresponde à zona do arrabalde medieval que engloba a
margem do rio Mondego, e a zona residencial, que engloba o Burgo de Celas, S.to António
dos Olivais.

Estima-se que Coimbra possui uma população de aproximadamente 201 000


pessoas, sendo que destas, 148.443 são residentes, 9.067 são não residentes, existindo
43.461 entradas diárias no Município de Coimbra por movimentos pendulares oriundos de
outros municípios por motivos de deslocação casa para trabalho/estudo. O centro urbano
de Coimbra tem evidenciado um crescimento populacional acima da média do pais e do
concelho, que não é sustentado pelo crescimento natural, mas sim pelo saldo migratório.
Esse crescimento tem excepção no seu centro histórico, que regista um decréscimo

26
CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano.
workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. FCTUC. 2000. p. 41.
21
31| Rio Mondego.
32| Delimitação da zona urbana de Coimbra.

22
27
significativo da população. Este crescimento é desordenado e vai-se sobrepondo à
imagem da cidade desordenada. Pare se estudar a estratégia da cidade, o PDM não é
suficiente, sendo que planos de pormenor seriam complementares para “corrigir a
desorientação dos últimos anos”.28

O planeamento projectado por urbanistas e arquitectos, que estiveram ausentes na


experiencia urbanística recentemente, pode ser uma hipótese a ter em conta, já que a
necessidade de desenho é evidente. 29

“A actuação num território indiferenciado, sem esforço de compreensão do seu carácter e,


por vezes, do seu estatuto adquirido, que tem como consequência directa a não
sedimentação das estruturas existentes e alastramento incontrolável das medíocres
implantações suburbanas.”30

1.1.2.1 Enquadramento social

Coimbra Contexto Urbano


Coimbra é uma referência a nível nacional em investigação e inovação, assumindo-
se como a “Cidade do Conhecimento”. As unidades de investigação da Universidade de
Coimbra, os Hospitais da Universidade de Coimbra juntamente com o Instituto Politécnico
de Coimbra, assumem especial importância neste facto.

Coimbra é por tradição uma cidade universitária, onde se concentram um número


elevado de estabelecimentos de ensino superior: a Universidade de Coimbra, o Instituto
Politécnico de Coimbra, o Instituto Bissaya Barreto e a ARCA.

O município apresenta um nível de formação médio da sua população elevado,


tendo um número significativo de indivíduos com formação superior pertencente à área da
Saúde.31

27
CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 10. p. 11.
28
LOBO. Rui- Coimbra:evolução do espaço urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 27.
29
CARDIELOS. João Paulo- Coimbra… ou o inverso! Cidade, planos e etapas do seu planeamento urbano.
workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ3. FCTUC. 2000. p. 48.
30
BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. workshop internacional de arquitectura.
Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 83.
31
CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final. 2007. p. 18. p. 23.
23
24
1.1.2.2 Espaços verdes do centro urbano

O centro urbano de Coimbra tem um conjunto de espaços verdes ao dispor dos


cidadãos, que representam uma mais-valia para a qualidade de vida dos seus habitantes.

Dos espaços verdes é importante mencionar a Lapa dos Esteios e a Quinta das
Lágrimas. Na margem direita, é de ressaltar o Jardim da Sereia, também chamada Quinta
de Santa Cruz, pois fazia parte de um mosteiro com o respectivo nome, tendo sido
bastante alterada no Séc. XVIII. Era um local destinado ao jogo da pela, em moda na altura,
apresentando vários torreões, fontes e tanques decorativos.

O Jardim Botânico nasceu na reforma Pombalina da Universidade, possuindo


inúmeras espécies exóticas, sendo a sua importância consequência desse facto. O Penedo
da Saudade e da meditação, sagrou-se o refúgio de poetas, que deixaram poemas em
lápides espalhados pelo espaço. Para além mos mencionados, Coimbra, tem ainda o Jardim
da Cerca de S. Jerónimo, o Jardim da Manga e o Parque Dr. Manuel Braga.

Coimbra Contexto Urbano


São de referir ainda espaços construídos mais recentemente como, o Parque Vale
das Flores, os Jardins da Casa do Sal e os espaços públicos envolventes ao Estádio
Municipal. Em duas das saídas de Coimbra podem-se encontrar, o Pinhal de Marrocos, na
saída sul em direcção à Estrada da Beira e a Mata Nacional do Choupal, na saída poente 32.

O Choupal encontra-se entre o Monte Formoso e o rio Mondego, não apresenta


relações urbanas com a cidade. A Câmara prevê no Plano elaborado para a Estação Velha, a
consolidação da área arborizada do Choupal e a criação de equipamentos de lazer,
comércio, restauração e estacionamento. 33

32
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região. 1978. p. 15. p. 16.
33
MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
25
33| Lapa dos Esteiros
34| Quinta das Lágrima
35| Jardim da Sereia
36| Jardim Botânico
37| Choupal

26
Destaca-se o Parque Verde do Mondego, situado nas margens do rio entre a ponte
de S.ta Clara e a ponte Europa. Surge como um elemento que articula a cidade com o rio,
sendo o “… principal espaço público de lazer cuja dimensão e centralidade potencia a
diversidade de usos e actividades.”34

1.1.2.3 Mobilidade e Transportes

Coimbra é produzido em função da circulação automóvel, é necessário reflectir-se


sobre a fraca adesão aos transportes púbicos, é imprescindível diminuir o trânsito
automóvel e se articular com a região envolvente.

O Metro Mondego, constitui um dos projectos supramunicipais mais estruturante


para Coimbra, surgindo como a oportunidade de projectar espaço urbano
estrategicamente, agindo de modo extensivo e coerente. O metro traz a possibilidade de
“…intervenção nos espaços públicos e privados, que a necessária adaptação ao meio de
transporte induz. Por outro lado, os efeitos de fortalecimento da coesão dos espaços

Coimbra Contexto Urbano


centrais que um sistema de transportes públicos deste tipo proporciona.”35

A estação de comboios Coimbra-B, é uma espécie de grande apeadeiro, ligando


Lisboa ao Porto sendo um elemento urbano de referência. 36

O Parque e a Circular evidenciam-se, servindo de ligação dos vários fragmentos


urbanos, podendo ser questionado as várias opções tomadas, em questões de acessos,
cruzamentos viários, sistemas de controlo de velocidade e traçados alternativos a nível de
escala e de desenho.37

Coimbra apresenta a extensão da rede rodoviária com muitas intersecções, o que


diminui o nível de serviço e aumenta os congestionamentos.

34
RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 86.
35
BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de
desenho urbano. Inserções. ECDJ. 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13.
36
MONIZ. Gonçado – Uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
37
RABAÇA. Armando - cumprir o culto do urbano. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. DARQ. 2000. p. 87.
27
38| Parque Verde do Mondego.
39| Planta do Parque Verde do Mondego.
40| Planta com as respectivas demolições, com o traçado do Metro do Mondego no Largo Bota a Baixo.
28
A CMC definiu no PDM e seguidamente, no pano de urbanização para a Estação
Velha, a inclusão de um terminal de eléctrico rápido, um terminal de autocarros, uma
praça de táxi, estacionamento, espaço comercial e instalações administrativas. A rotunda
da estação e o túnel seriam redesenhados, para beneficiar a fluidez do trânsito. 38

“… violar o Choupal cruzando o romantismo do passeio no bosque com o futurista eléctrico


rápido; aproximar a habitação da tranquilidade do Choupal retirando-a dos viadutos da IC2
parecem propostas que invertem a lógica actual das coisas e que por isso permitem
diferentes urbanidades.”39

1.1.2.4 Património Edificado Histórico

Existe actualmente, a necessidade de renovar as áreas centrais e requalificar as


periferias, sendo que a presença de um imenso espólio monumental, arquitectónico e
arqueológico constitui uma mais-valia nesse processo.

Coimbra guarda heranças histórico-culturais de diferentes tempos e Civilizações,

Coimbra Contexto Urbano


como atesta o vasto e diversificado património histórico e arquitectónico. No reinado de D.
Afonso Henriques, Coimbra estabeleceu-se como capital do reino, permanecendo assim
durante dois séculos, mas foi a Universidade que proporcionou a formação de edifícios
notáveis. O património permite-lhe posicionar-se como um destino turístico de história e
cultura por excelência.

Coimbra é a terceira localidade de Portugal em número de referências com


Monumentos Nacionais, suportando a ideia de Coimbra “Cidade do Património”.

Dos elementos mais marcantes, encontram-se o Paço da Universidade de Coimbra,


Pólo I, Alta da Cidade, Baixa, Ferreira Borges e a Igreja de Santa Cruz de época manuelina;
Praça da República, Jardim Botânico, Rua da Sofia e Portugal dos Pequenitos. É no entanto,
no período medieval, que pertencem os monumentos mais significativos, destacando-se a
Sé Velha de Coimbra, a mais importante igreja românica portuguesa, a igreja de S. Salvador

38
MONIZ. Gonçado – uma estação intermodal sobre o apeadeiro de Coimbra- B. workshop internacional de
arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 65.
39
Ibidem.
29
30
e a Igreja de S. Tiago, também românica. Da época gótica, é de referir o Convento de Santa
Clara-a-Velha, convento de Celas. Já pertencente ao Manuelino, surge S.ta Cruz e o Paço
Real. No período do Neoclassicismo, é de referenciar o Laboratório Químico e o Museu da
História Natural. 40

Apesar do importante edificado histórico, verificam-se diversos problemas na


gestão, manutenção e iluminação de monumentos, insuficiente sinalização e informação.
Este património e a sua gestão vão definir a concentração de turismo, sendo que os
percursos turísticos mais comuns situam-se no eixo Pólo Universitário/Alta da Cidade e Rua
Ferreira Borges/Visconde da Luz.

A candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial UNESCO, poderá


tornar-se num factor relevante para o sector do Turismo e valorização do património.
Cidades como Évora ou Santiago de Compostela, estão classificadas como Património da
Humanidade e tal como Coimbra, têm Universidades com séculos de história.

Coimbra Contexto Urbano


1.1.2.5 Património Imaterial

No património imaterial, encontra-se o “Fado de Coimbra”, que está fortemente


enraizado na comunidade estudantil, assumindo lugar de destaque nas comemorações
académicas cujas tunas têm papel de relevo.

A tradição académica também é património imaterial, tendo uma variedade de


costumes ao longo dos séculos se foram modificando, que englobam a obrigatoriedade de
cumprir certos comportamentos e rituais, usar um traje, estar sujeito a castigos, cantar
hinos, etc. Actualmente o traje é vestido com orgulho e faz parte da indumentária usada
principalmente em alguns eventos estudantis como na serenata da latada e nos cortejos da
latada e queima. Os actuais eventos culturais mais reconhecidos são a Queima das Fitas e
as Festas da Rainha Santa.

Como locais de excelência, que explicitam o espírito académico, encontram-se as


Repúblicas. São residências colectivas de estudantes universitários, que manifestam o

40
DIAS. Fernando Rebelo e Pedro - Coimbra e Região.1978.p.16-22.
31
41| Demarcação das áreas candidatas a Património Mundial da UNESCO.
42| Extracto da distribuição do património classificado e em vias de classificação na área da Alta e Baixa e
respectivas zonas de protecção.
43| Traje de Coimbra, desenho de George Braun & Franz Hogenborg, 1572.
44| Estudantes trajados a tocar o Fado de Coimbra.
45| A rua da Matemática em Coimbra, é uma rua onde existe concentração de várias Republicas de estudantes,
esta em questão é a República dos Corsários. 32
espírito comunitário e de partilha. Surgiram a fim de colmatar as carências habitacionais
com o aumento da população estudantil. Encontram-se dispersas pelo centro histórico,
mas têm maior concentração na Alta e na zona da Praça da República. Apesar da sua
importância, os edifícios das Repúblicas estão na sua maioria, actualmente, degradados.

1.1.2.6 Urbanismo

A implantação original no topo da colina, o desenvolvimento de uma rivalidade


entre a Alta e a Baixa assim como a falta de construção de pontes, faz com que o rio
funcione como uma espécie de limite ou periferia.

“É preciso identificar rupturas e inventar articulações. É possível desenhar a


continuidade.”41

A área de crescimento não tem sido bem estruturada, ficando dispersa,


imperceptível, ramificando-se sobre caminhos pré-existentes.42

Coimbra Contexto Urbano


Em 2003, surge o Seminário Internacional de desenho urbano, Inserções, a partir do
Centro de Estudos de Arquitectura na FCTUC, em articulação com a CMC e Metro Mondego
S.A., que, convidando diversos arquitectos, desenvolveu-se momentos de reflexão sobre
áreas estrategicamente seleccionadas. Várias equipas de arquitectos fizeram uma proposta
para cada área, reflectindo um esforço conjunto para dinamizar Coimbra. 43

Uma das áreas abrange o tema do Metro e a sua passagem pela Baixa, que será
abordada no capítulo seguinte.

É perceptível a preocupação dos habitantes com esta situação, as suas aspirações


ditam a necessidade de se debruçar sobre o assunto.44

41
CORREIA. Nuno – o resto da periferia. Contexto, conteúdo e limites do tovim. workshop internacional de
arquitectura.Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 102.
42
LOBO. Rui – zona central C3 | a margem esquerda, entre a ponte de Santa Clara e o açude. Workshop
Internacional de Arquitectura. Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3.DARQ. 2000. p. 91.
43
MONIZ. Jorge Figueira, Gonçalo Canto - Seminário Internacional de Desenho Urbano. Inserções. ECDJ. 6.7.
EDARQ. 2003. p. 74. p. 75.
44
BANDEIRINHA. José António - novos mapas para velhas cidades. Workshop Internacional de Arquitectura.
Novos mapas para velhas cidades. ECDJ 3. DARQ. 2000. p. 82.
33
46| Eixo Alta/Baixa com as respectivas cotas.

34
O eixo Alta-Baixa é uma área urbana importante estrategicamente, sendo um dos
principais focos de atracção turística de Coimbra, contudo, apresenta saída compulsiva dos
habitantes.

“ Aquele centro não teve a capacidade para potencializar a mais-valia de urbanidade que já
possuía e, em vez de se auto-polalizar ampliando-a para as novas periferias, foi ele próprio
que se suburbanizou.”45

O contexto urbano de Coimbra, surgiu da necessidade de enquadrar o tecido


urbano correspondente à Baixa, a zona estudada. Sendo a Baixa de Coimbra um território
determinante para a afirmação da Cidade, possuindo uma história marcante com o seu
centro histórico, surgiu a necessidade de enquadrar os diferentes processos sofridos na
história da própria cidade. A Baixa surge assim, como o objecto de estudo escolhido para
aplicar os estudos do urbanista Kevin Lynch, as suas características e evolução do espaço
urbano serão abordadas no capítulo seguinte.

Coimbra Contexto Urbano

45
Ibidem.
35
36
2. Baixa de Coimbra
DO CONTEXTO HISTÓRICO À ACTUALIDADE

2.1 Baixa, o Centro Histórico

Os centros históricos detêm importância determinante na evolução de uma cidade,


definem e contam a história de cada cidade em várias camadas, tendo que ser pensadas
para o ser humano.

“O centro constituiu sempre um referencial de primeira importância na caracterização das


aglomerações urbanas. Essa importância é facilmente explicada pela conjugação locativa
de vários atributos formais, funcionais e simbólicos: a densidade: da memória histórica, a
aglomeração e a diversidade de funções de carácter direccional, a acessibilidade, a forte
referenciação iconográfica e perceptiva, o palco central da afirmação do poder e da
cidadania.”46

A tendência dos centros abarca diversos problemas onde se inclui o

Baixa de Coimbra
congestionamento, a desadaptação dos transportes públicos, surgimento de edifícios ícone
fora do centro que retiram a importância simbólica do centro, envelhecimento e abandono
do edificado, dificuldade logísticas e crise ou encerramento de funções e equipamentos. 47

No centro histórico, a Baixa é um local onde se mistura comércio, séculos de


história, habitação, cultura, espaços verdes e lazer. O desenvolvimento da zona situada no
eixo Baixa-Alta, constitui uma das prioridades no desenvolvimento da cidade de Coimbra.
Constitui ainda palco de visita de turistas, quer de visitas de população em idade escolar,
quer de estrangeiros.

A Baixa é ofuscada pelo abandono da população, provocando edifícios degradados,


que retiram a dignidade de outrora. A nível comercial, possui menos visitantes sendo

46
DOMINGUES. Álvaro- os novos mapas da cidade. workshop internacional de arquitectura. Novos mapas
para velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 35. p. 36.
47
Ibidem.
37
38
necessário criar medidas para reavivar a zona, para isso, é importante conhecer como os
habitantes e visitantes compreendem esse espaço. Assim, um dos objectivos deste
trabalho, será estudar a imaginabilidade, ajudando nos esforços para dar vida à baixa da
cidade de Coimbra.

Uma cidade bem planeada, fornece melhor qualidade de vida aos seus habitantes.
Sendo os arquitectos capazes de criar paisagens, é importante perceber como o ser
humano identifica as partes e estrutura o todo, só assim, compreendendo quem habita, é
que se poderá planear correctamente e fazer boa arquitectura. Assim, vai-se estudar a
identidade visual dada pelos símbolos da cidade, o espírito do lugar, a diferenciação e
enriquecimentos visuais, seguindo os estudos de Kevin Lynch.

2.1.1 Contexto Histórico

Como foi referido anteriormente, no séc. XII, dá-se a transferência da capital do


Reino para Lisboa, por D. Afonso Henriques, a cidade alta de Coimbra, perde a sua função
administrativa e o Paço Real deixa de ser a residência do Rei. Devido à topografia e a
ajustada ocupação humana, a Alta e Baixa ou Almedina e o seu Arrabalde, eram distintas,

Baixa de Coimbra
sendo a Almedina a zona da cidade eclesiástica, militar, política e aristocrática, com os
respectivos servidores e algum povo, no Arrabalde a cidade comercial, o povo em geral.

Com a morte de D. Afonso Henriques, termina um dos ciclos com maior relevância
na história urbana de Coimbra. Foi na altura Afonsina que se estruturou a expansão para
além do perímetro defensivo, sendo praticamente na mesma altura em que o mesmo era
construído, esta expansão ficou completamente consolidada, aquando a instalação
definitiva da Universidade na segunda metade de Quinhentos. Assim, com a estabilização
das fronteiras, as muralhas tornaram-se desnecessárias e os comerciantes começam-se a
fixar na zona baixa da cidade, o arrabalde.48

Sob ordens de D. Afonso Henriques, é iniciada a construção do Mosteiro de Santa


Cruz em 1131, junto da estrada romana, actual rua Ferreira Borges e Visconde da Luz,

48
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423- 572.
39
40
entregando-a aos Crúzios. Foi o mosteiro que ergueu as bases para a futura cidade
universitária, pois deu origem aos colégios da cidade, que se situavam na Rua da Sofia. O
mosteiro irá disputar a centralidade com a Sé Velha, iniciando a bipolarização de Coimbra.
Surgem assim no arrabalde, a Praça Velha, actualmente com o nome de Praça do
Comércio, Largo de Sanção, actualmente, Praça 8 de Maio. 49

No fim do séc. XII, os mercadores estrangeiros, maioritariamente Francos, fixam-se


na Rua dos Francos, datada de 1363, que corresponde ao actual eixo da Rua ferreira Borges
e Rua Visconde da Luz. Esta última é alargada em 1857, amputando a Igreja de S. Tiago,
sendo que em 1883, é alterado o pavimento para calçada, demonstrando a importância
desta no tecido urbano50. Um segundo grupo de casas surge mais tarde, junto ao mosteiro
de Santa cruz, sendo que, devido á atracão do arrabalde, facilmente se pressupõe que a
construção entre estes dois espaços se deu rapidamente. Pensa-se que representam ainda,
a transição entre a alta nobre e a baixa do povo, reflectindo-se na qualidade arquitectónica
dos edifícios.51

Para diversos autores, a via Olisipo- Bracara seguia o traçado da actual, rua Ferreira

Baixa de Coimbra
Borges, saindo em direcção a norte pela rua Direita.52

A rua dos Francos formou-se entre a porta da Almedina e a ponte, possuindo uma
largura de cerca de 9 metros, detendo uma pendente superior a 5%, sendo quase de nível
até à Igreja de S. Bartolomeu descendo acentuadamente até à ponte. Nos extremos,
surgiam pequenos alargamentos, correspondendo ao Largo da Portagem e um entre a
Porta de Almedina e a igreja de S. Tiago. Para estabilizar o tabuleiro viário, foi necessária a
construção de edifícios que serviam de muro de suporte a poente, tendo diferença de cota
em cerca de 6 metros, fazendo com que num dos lados fosse cave e noutro rés-do-chão.
Até 1611, localizado em frente à Porta de Almedina, existia uma passagem pública que

49
GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 169 - 171.
50
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
51
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997. p. 11.
52
Jorge Alarcão, Alfredo F. Martins etc.
41
47| Praça Oito de Maio. Frontaria do Mosteiro de Santa Cruz e da Igreja de S. João das Donas, S. João Baptista.
Desenho de Carlos Magne, 1796.
48| Praça Oito de Maio no século XIX, in Loureiro, José Pinto “Toponímia de Coimbra” tomo II 1964, Edição da
Câmara Municipal de Coimbra, pág. 273. (Pormenor de um desenho).
49| Praça Oito de Maio no século XIX. Aspecto da parte poente da praça visto pelas janelas do andar principal do
mosteiro.
50| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
51| Praça Oito de Maio no século XX in imagoteca da Câmara Municipal de Coimbra.
52| Praça Oito de Maio em 1900 in Coimbra através dos Tempos, G.C. Gráfica de Coimbra / Cruz Vermelha
Portuguesa,
53| Praça Oito de Maio no início do século XX (anterior a 1910) quando ainda circulavam na cidade, os carros
americanos, puxados a muares, substituídos mais tarde pelos carros eléctricos, in imagoteca da CMC.

42
ligava ambos os espaços e por onde passou a conduta que abastecia o chafariz erguido na
praça.53

A Praça Velha surge da fusão dos espaços públicos da Igreja de S. Tiago e o adro de
trás da Igreja de S. Bartolomeu e da consolidação contínua do núcleo urbano, formando
uma zona comercial que também constituía o principal centro de comunicação e
transporte da cidade.54

Na zona norte da Igreja de S. Tiago e Rua Adelino Veiga, encontravam-se os oleiros,


sapateiros, saboeiros, torneiros, pintores, caldeireiros, etc. Foi provavelmente na praça
velha, que se instalaram os Peliteiros, cuja ocupação profissional era transformar a partir
da matéria-prima fornecida pelas alcaçarias, tratavam a pele a transformavam-na para
revenda para confeccionar sapatos, selas, correias etc. 55

A Rua de Coruche, hoje Rua Visconde da Luz, continha uma espacialidade menor
que a Rua dos Francos, sendo que o seu alargamento deu-se essencialmente para ligar o
Mosteiro de Santa Cruz e a Porta de Almedina. Nessa rua, instalaram-se os ourives e os
latoeiros. 56

Baixa de Coimbra
Entre 1220 e 1227, dá-se a construção do Convento de S. Domingues, que, devido á
proximidade com o rio, era afectado pelas cheias e por esse mesmo motivo do outro lado
da rua não havia ocupação. Assim, a implantação do convento acabou por interferir no
crescimento urbano do arrabalde para norte.57

Em 1373, o arrabalde é invadido pelo exército castelhano dando-se a destruição de


casas na Rua da Moeda. 58

O Largo da Portafem, apresenta a cota actual, devido a aterros, sendo que o


levantamento da parte baixa da cidade, para além de causas naturais, deve-se a

53
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
54
Ibidem.
55
Ibidem.
56
Ibidem.
57
Ibidem.
58
Ibidem.
43
54| Convento de São Domingos no início do século XX
55| Convento de São Domingos, Novembro 2006 44
demolições que originaram a acumulação de materiais. Como as habitações eram
construídas com materiais pobres, como taipa ou adobes, eram destruídas e reconstruídas
diversas vezes, isso, juntamente com destruição levada a cabo por ataques dos
Muçulmanos e Castelhanos, fazia com que se desse a acumulação de materiais, que
serviram assim, de aterro. Este facto, era útil na defesa contra as inundações que
afectavam a Baixa desde o Séc. XIII, que acelerava a degradação dos edifícios. 59

A primeira feira de Coimbra surge no paço de Alcáçova em 1377, criado por D.


Fernando, dando-se às segundas-feiras, surgindo como compensação pela mudança da
Universidade para Lisboa. Devido à dificuldade de acesso provocada pela topografia, o Rei
autorizou a mudança do local, que, ao que tudo indica, a população escolheu o actual
Quebra-Costas. 60

No séc. XIV, dá-se uma série de acontecimentos, como maus anos agrícolas e
epidemias que, juntamente com a saída da Universidade para Lisboa, provocou o declínio
da cidade. O rei D. Fernando cria assim, a primeira Feira Coimbrã como medida para
revitalizar a zona, que inicialmente de efectuava no terreiro da própria universidade e mais
61
tarde passou para a zona da Praça. Para além disso, D. Fernando em 1334 concede a
isenção de imposto sobre os produtos dentro da muralha, já D. Afonso, oferece a isenção
de serviço militar aos habitantes, assim como outras regalias que não impediram, mesmo
assim, que os habitantes optaressem por passar as muralhas. Assim a Almedina perdeu
muitos dos seus habitantes, permanecendo os bispos, fidalgos, cónegos e alguns
burgueses.62

Na Rua das Azeiteiras, ficava localizado o Pelourinho ou Picota, sinal de centralidade


nas cidades portuguesas, sendo que o seu lugar primitivo era junto à Sé.

59
ALARCÃO.Jorge de- Coimbra: a montagem do cenário urbano. Imprensa da universidade de Coimbra.
Coimbra. 2008. p. 17.
60
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p.423-572.
61
Ibidem.
62
CARVALHO. José Branquinho - Coimbra Quinhentista. In Arquivo Coimbrão. Vol X. Coimbra. Boletim da
biblioteca Municipal de Coimbra, 1947. p.213.
45
46
Na dinastia de Mestre de Avis, aclamado rei em 1385, dá-se a descida definitiva da
zona inferior da Almedina para o Arrabalde, gozando a cidade de especial empatia do
monarca.63

A rua da Moeda, rua da Loiça e rua do Corvo, são regulares, sendo que o quarteirão
compreendido entre a rua da Moeda e a da loiça tem o seu topo nascente rigorosamente
organizado em relação ao eixo da Igreja do Mosteiro de Santa Cruz. Existe uma
estruturação geométrica, cada lote tem cerca de 25 unidades de frente e 50 de
64
profundidade, ou seja, um duplo quadrado. Sobre a rua das Padeiras não existe
informação relativa à idade média, tem cerca de 15 palmos de largura e existe uma
modelação no seu loteamento. Assim, a partir do séc. XIII desenvolveu-se a matriz
medieval com padrão urbanístico que compreendia-se entre o Mosteiro de Santa Cruz,
Igreja de Santiago e Igreja de Santa Justa.65

No séc. XV, deu-se a reconfirmação do espaço que corresponde actualmente à


Praça 8 de Maio, sofrendo novamente alterações conjuntamente com uma ampliação no
século seguinte. D. Afonso mandou alargá-la e colocou dois chafarizes, um a norte,
chamado de Sansão66 cujo nome deu ao espaço Largo ou Praça de Sansão e o a Sul

Baixa de Coimbra
chamado de S. João.67

Pedro Dias, refere que até 1537, “o aglomerado urbano de Coimbra manteve-se
sem grande alterações: pequenas e acanhadas ruelas que serpenteavam nas encostas,
adaptando-se as construções que sempre precediam e definiam os traçados das vias. A
Almedina nunca esteve superlotada, continuando a existir hortas e quintais…” 68

Em 1536, sob orientação do Frei Brás de Braga, iniciam-se as obras para criar a rua
da Sofia, que ainda hoje assume grande importância, permitindo o desenvolvimento

63
ROSSA , Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
64
Sabe-se que na altura usavam-se como medida linear a Vara, que correspondia a cerca de 1,10 m. e o
Côvado que corresponde a 0.66 m, sendo o palmo 1/5 da vara e 1/3 do côvado, assim o padrão médio que se
usava na altura era de cerca de 22 cm.
65
Ibidem.
66
Demolido em 1839.
67
Demolido aquando D. Sebastião retirou nascentes ao mosteiro.
68
DIAS.Pedro - Coimbra: Guia Para uma visita. EPARTUR. Coimbra. 2002. p. 14.
47
48
da baixa. 69 Para a formação da rua da Sofia, demoliu-se várias casas do Largo de Sansão,
bem como se rasgou a encosta do Montarroio, para iniciar o troço da rua. 70

Em 1537, dá-se então a instalação definitiva da Universidade, tendo uma relação


instável com o mosteiro, que reclamava para si o ensino superior.

A Porta da Figueira Velha, localizada a Norte, era uma portagem situada na actual
Rua Direita, mas com a abertura da Rua da Sofia e devido à presença do Convento de S.
Domingues, passou para Nascente surgindo assim a Porta de Santa Margarida. Esta
mudança levou a alteração na topografia, com subidas de pavimentos e aterros de
depressões. 71 Assim, em consequência da antiga muralha e a respectiva divisão diferentes
de regalias, assim como a questão topográfica, a sociedade fica dividida entre o clero e o
povo, os estudantes e os não estudantes, separados pela alta e pela baixa.

No séc. XV, dão-se os Descobrimentos e os portugueses começam a alargar os


horizontes físicos e mentais, cuja influência chega mais tarde a Coimbra. Em 1502, D.
Manuel ao visitar Coimbra, honra as relíquias afonsinas e manda construir novos túmulos,
ordenando ainda o restauro dos Paços Reais. Ainda no seu reinado, dão-se o início de

Baixa de Coimbra
várias obras importantes como: ponte, cais, mercado, torres, hospitais e mosteiros.72

Ainda no mesmo século, o conselho cria o Largo do Poço, situando-se a Poente do


que hoje é a Rua dos Sapateiros, encontrando-se entre a Praça e a Praça de Sansão. Esta
introdução, mostra a preocupação de marcar compasso nos percursos, havendo ainda a
colocação de um poço público, que faria com que o Largo fosse conhecido também como o
“Pocinho”.

69
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572
70
LOBO. Rui- Um campus universitário em linha.Monumentos 25.Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais. Lisboa. 2006. p. 24.
71
ROSSA . Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da
Universidade. 2001. p. 423-572.
72
GRAVETO. Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005. p. 171. p. 172.
49
50
As cheias, juntamente com a muralha, comprimiam o crescimento da cidade e
provocavam grandes danos nas habitações, chegando mesmo à ponte Afonsina e todas as
casas religiosas da zona menos Santa Cruz: S. Francisco, Santa Clara, Santa Ana e S.
Domingos. A situação só estabilizou no séc. XIX, depois da acção de D. Manuel e da
instalação definitiva da Universidade. O rei reuniu vários engenheiros e arquitectos
promovendo várias obras. A presença da universidade e colégios contribuiu com vinda de
arquitectos e engenheiros com outros fins, que também ajudaram a procurar soluções.
Assim, com as obras hidráulicas promovidas pelo rei, a frente ribeirinha do centro da
cidade foi controlada e estabilizada. 73

No séc. XVII os habitantes aumentaram, apesar das fronteiras urbanas não sofrerem
alterações relevantes. 74

No séc. XIX surge a preocupação com a circulação e com a salubridade e dá-se o


gosto pela grandiosidade urbanística. Na altura, não era dada importância à arquitectura
artesanal e havia o problema da zona histórica apresentar ruas tortuosas, estreitas e
íngremes.75

Baixa de Coimbra
A área urbana da cidade entre 1900 e 1930 duplicou, assim como o número de
indústrias na parte baixa da cidade e posteriormente ao longo da via-férrea e da Estrada
Nacional nº1. A zona começa sentir a necessidade de planeamento, surgindo assim os
primeiros planos para a sua reestruturação.76

No início do Estado Novo, deu-se a reconstrução de edifícios velhos e a ocupação


dos espaços livres no interior da cidade, assim como a abertura da Avenida Sá da Bandeira,
o que levou ao aumento de população. Com a inauguração dos transportes urbanos de
tracção eléctrica em 1911, deu-se novamente aumento de população até abrandar em
1920, altura da I Guerra Mundial, da emigração e da gripe pneumónica.77

73
Ibidem.
74
GRAVETO.Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património, Porto, 2005.p.175.
75
ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo.Catálogo da Exposição.Evolução do Espaço Físico de
Coimbra.Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8.
76
FARIA.José Santiago - Evolução do Espaço Físico de Coimbra.Catálogo da Exposição.Edição da Câmara
Municipal de Coimbra.2005.p.6.
77
Ibidem.
51
56| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834.
57| Cartografia de Izidoro Emílio Baptista em 1834.
58| Cartografia dos Irmãos Gollard em 1873-1874.

52
No séc. XX, durante o Estado Novo, iniciam-se demolições que vão perdurar durante
cerca de 50 anos, havendo a produção de vários projectos que não foram concretizados
cuja finalidade era a remodelação da Baixa: Abel Urbano (1919-1928), Luís Benavente
(1936), Etienne de Groër (1940), Antão de Almeida Garrett (1955), Alberto José Pessoa
(1956) e Serviços de Obras e Urbanização da Câmara (1971-1973), Fernando Távora (1992).
Estes planos tinham em comum o facto de adoptarem a demolição de vários quarteirões.78
Anexo A

Em 1891, o engenheiro Góis concentra-se na abertura de três vias, a primeira ligaria


a Praça 8 de Maio ao Cais dos Oleiros; a segunda ligaria a Rua da Madalena até à Portagem
e a terceira ia pela Rua das Padeiras até à Rua Visconde da Luz. Apenas se chegou a
abordar a Rua da Madalena, alargando-a.79

Mais tarde, em 1918 e 1919, o engenheiro Abel Augusto Dias Urbano, propõe novo
plano, sendo influenciado pelas ideias de Haussmann cuja característica essencial a realçar,
é o rasgamento de novas vias a partir de praças ou cruzamentos relevantes. Assim, são
criados novos arruamentos mais largos de acordo com as necessidades de circulação. O
autor do projecto tem ainda o cuidado de conservar os monumentos considerados mais

Baixa de Coimbra
importantes, adaptando-os como pontos de fuga paras perspectivas viárias, escolhendo a
igreja de S.ta Cruz, igreja do Carmo e igreja de S. Tiago. Este projecto também não foi
levado a cabo, provavelmente devido ao grande encargo financeiro.

Em 1936, surge outro plano, desta vez de Luís Benavente, que detinha pouca
sensibilidade e cujas mudanças mais significativas seriam a ampliação da Praça 8 de Maio,
para qual confluiriam todas as avenidas, defendendo ainda a demolição da Igreja de S.
Bartolomeu. Pretendia alargar a Rua das Figueirinhas e a Rua Olímpio Nicolau Fernandes,
demolindo assim o antigo Colégio das Artes, que deu origem à forma da Caixa geral de
Depósitos actualmente. 80

78
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997.
p. 20 - 62.
79
ROSMANINHO. Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de
Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra. 2005. p. 1-8.
80
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano. 1997.
p.20-62.
53
54
Como não havia uma plano que abrangesse toda a cidade, a Câmara contratou
Etienne de Groër cuja ideia assenta no:

“… conceito das cidades-jardim: a cidade mãe com as cinco aldeias satélites por um
lado e a urbanização em lotes para moradias isoladas por outro.” 81

Mas não teve em conta que Coimbra, não é indicado para este conceito, pois tem
um declive acentuado e é projecto muito dispendioso, necessitando de muitos meios para
colocar a ideia em prática.

Groër retomou o projecto da Avenida de Santa Cruz, ligando a Praça 8 de Maio e o


rio. Desse plano, resultou o esventramento dos quarteirões da chamada Judiaria Nova,
desse traçado apenas se deram as demolições do quarteirão denominado de Bota-
Abaixo.82

A estação central seria recuada, facilitando a abertura da Avenida, que estaria


assente no espaço deixado vago pelo desaparecimento dos quarteirões demarcados pelas
Ruas da Moeda e Bordalo Pinheiro, consideradas ruas estreitas e insalubres. O cais do

Baixa de Coimbra
Mondego, com o recuo da estação teria maior dimensão, ligando assim o choupal ao
centro da cidade. O plano previu ainda a eliminação do mercado central e a sua
substituição por um jardim público. 83

Apesar de aparecerem como ideias de Groër, muitos elementos gráficos anteriores


a esta proposta, mostraram que as ideias eram originárias da Câmara Municipal.84

A opinião pública era contra o plano, o que levou à sua revisão, sendo escolhido o
Engenheiro Antão de Almeida Garrett em 1953-1955. Almeida Garrett não introduziu
grandes novidades, seguindo várias das ideias anteriores: ligar a avenida ao rio, recuar a
estação e criar uma via entre a Avenida Fernão de Magalhães e a Praça 8 de Maio,

81
SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32
82
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ.6.7. EDARQ.
2003. p.18. p. 19.
83
SANTOS. Lusitano - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra.1983.p.32
84
FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25.
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais . Lisboa. 2006. p. 130-134.
55
56
através da Rua Direita. A inovação surge, ao estabelecer um passeio para peões sobre o
Mondego, determinar que na zona ribeirinha estaria a zona comercial central e transferir o
pólo industrial para Coselhas, Estação Velha e Loreto. 85

Em 1956, surge um projecto de Alberto José Pessoa que abrange todo o território,
incluído pelo plano regulador. Entende que se deve beneficiar a zona sul, considerada com
valor arqueológico e turístico, e a razia de toda a área compreendida entre a Rua da Sofia e
o rio. Apesar de defender a preservação da zona histórica, propõe o alargamento das ruas
Eduardo Coelho e Adelino Veiga e algumas demolições para diminuir a densidade do
aglomerado. A Praça 8 de Maio seria rebaixada para o nível primitivo e consideravelmente
alargada, servindo de articulação entre a Alta e a Baixa. A Avenida Fernão de Magalhães
seria prolongada até à Portagem, definindo-a através de blocos com envasamento a partir
dos quais os edifícios se elevavam sobre pilotis. 86

Nos anos sessenta, são elaborados inúmeros estudos, na sequência de uma das
propostas, é demolido uma parte significativa na baixa, conhecida actualmente como
“bota-abaixo”. Os Serviços de Obras e Urbanização da Câmara, contando provavelmente

Baixa de Coimbra
com o Eng. Costa Lobo, entre 1971 e 1973, elaborou um Plano de Urbanização da Baixa,
que defendia a ideia de uma grande via de circulação, a eliminação do edifício da C.M.C
onde seria colocado um jardim com ligação visual com o claustro de Santa Cruz. Incluía a
demolição da Estação Nova, a linha férrea passaria a ser subterrânea, a Rua Olímpio
Nicolau Fernandes seria prolongada, estabelecendo uma aproximação ao rio. Dava-se a
criação de uma grande praça ao pé do rio, com uma estação de interligação de transportes
viários e ferroviários. 87

Fernando Távora propõe em 1992, novamente ligação entre a rua Nicolau


Fernandes e a Avenida Marginal. O novo plano cria três vias pedonais: ligação da rua

85
ROSMANINHO.Nuno - Coimbra no Estado Novo. Catálogo da Exposição. Evolução do Espaço Físico de
Coimbra. Edição da Câmara Municipal de Coimbra.2005.p.1-8.
86
ALMEIDA. Sandra Maria Fonseca - A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço urbano.1997.
p.50-62.
87
Ibidem.
57
58
Visconde da Luz à rua da Sofia, outra ligando a ponte de S. ta Clara à Fábrica Ideal e uma via
que liga a Praça 8 de Maio à actual Cooperativa Agrícola.88 Dá-se ainda o rebaixamento na
entrada da Igreja de Santa Cruz, diminuindo a cota do pavimento da Praça 8 de Maio,
sendo um eixo pedonal. 89

O Centro Histórico de Coimbra é formado pela Alta e Baixa, que são historicamente
distintos entre si, em termos sociais e urbanos, sofrendo ainda hoje de algum
distanciamento. O centro histórico possui uma densidade de arquitectura monumental e
museológica muito significativa.

Após as obras de contenção do rio, a Baixa pôde-se elevar a uma cota de segurança,
“quase como uma dique que protege a depressão da Baixa”,90encontrando-se delimitada
pelas ruas Fernão Magalhães, da Sofia, Visconde da Luz, Ferreira Borges e Avenida Emídio
Navarro. É actualmente caracterizada pelo comércio tradicional, pela população
envelhecida e pela estrutura imobiliária envelhecida.

Quando anoitece, a comunidade académica abandonara alta, ficando deserta. A


baixa, não tem população suficiente e mantém dependência em relação à Universidade. 91

Baixa de Coimbra
As ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges são espaços por excelência, com comércio
tradicional da Baixa. A actividade comercial da Baixa é fortemente fragmentada, sendo
ameaçada com a concorrência de espaços comerciais de grande dimensão, como são o
caso de Coimbrashopping, Dolce Vita Coimbra e o Fórum Cidade de Coimbra.

O comércio, restauração e serviços, são fortemente direccionados para os


estudantes e turistas, pelo que não existe a sensação de cosmopolitismo. 92

88
Ibidem.
89
FARIA. José Santiago – A Rua da Sofia e os estudos urbanísticos para a Baixa de Coimbra. Monumentos25.
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa. 2006. p. 136.
90
BANDEIRINHA. Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu. Argumentum. 2003. p. 29.
91
GRANDE.Nuno - coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. FCTUC. 2000.p. 50.
92
Grande. Nuno.coimbra como projecto urbano.workshop internacional de arquitectura. Novos mapas para
velhas cidades. FCTUC. 2000. p. 51.
59
59| Edifícios de interesse Patrimonial e conjuntos urbanos de interesse Patrimonial.
60| Principais edifícios Medievais, incluindo os desaparecidos.
60
Novos empreendedores e comerciantes estão condicionados pelos valores elevados
de arrendamentos e aquisição, o que leva a que as populações mais jovens se remetam
para as áreas periféricas do tecido urbano. Outro motivo que condiciona o
desenvolvimento da Baixa, é a dificuldade de circulação devido às ruas estreitas e becos.

“Coimbra é hoje, Ceira, Arregaça, S. Martinho do Bispo, Souselas, Arrentela, Pedrulha e


outros nomes que nunca constarão dos roteiros turísticos.”93

Actualmente, o fenómeno de esvaziamento dos centros históricos é uma realidade


comum a muitas cidades portuguesas, neste sentido surge a necessidade de combater essa
tendência. Já existem várias entidades que visam contribuir para revitalizar a zona, como a
Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), Parcerias Público Privadas (PPP’s) e Comissão
Interdisciplinar da Baixa (CIB).

No processo de intervenção urbana, é necessário referir a introdução do Metro


Ligeiro de Superfície, que irá permitir a requalificação da frente ribeirinha de Coimbra,
trazendo grande impacto na Baixa de Coimbra, por onde irá passar. Possibilitará a
oportunidade, sem precedentes, de articular a Rua da Sofia com a Avenida Sá da Bandeira

Baixa de Coimbra
e a frente ribeirinha, que será factor de dinamização do tecido socioeconómico
estagnado.94

É essencial ter em conta, que surgirão ainda novos níveis de investimento, a nível
comercial, cultural e habitacional. 95

“É necessário preparar a Baixa para o seu regresso ao estatuto de centro, não com carácter
de exclusividade, mas como núcleo axial de uma área central muito mais vasta.”96

93
Ibidem.p.51.
94
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José – Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ6.7. EDARQ.
2003. p. 18. p. 19.
95
BANDEIRINHA. José António – Metro: muito mais que um mero pretexto. Seminário internacional de
desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7. EDARQ. 2003. p. 12. p. 13.
96
Ibidem.
61
62
Existem duas propostas de intervenção sobre os quarteirões em causa, por onde irá passar
o metro na Baixa. Ambas aproveitam para construir novas frentes urbanas e espaço público
de qualidade, que requalifique o tecido urbano degradado, sendo que a paragem do metro
prevista para o local beneficia as propostas. 97

Na sequência do seminário desenvolvido em 2003, como referido no capítulo


anterior, surge uma proposta desenvolvida por Emilio Tuñón e Luis Mansilla que abrange a
área de Santa Cruz. Consideram que o metro proporciona a transformação da cidade e dá a
oportunidade de resgatar aos cidadãos a vida fluvial. A Proposta imagina a ribeira como um
bosque de edifícios. 98

“Cozido por el Metro Ligeiro de Superfície, que coloniza la ribeira, se propone una
superfície abierta, ajardinada, libré, habitada por un conjunto de edifícios, destinados a
vivendas, a aparcamientos, a infraestructuras, al ócio, al trabajo, unidos por una sola
característica, su volumen cilíndrico…”99

Ainda em 2003, surge o concurso de ideias para a reabilitação da Rua da Sofia por
iniciativa do Centro de Estudos de Arquitectura da FCTUC, que pretende debater e reflectir

Baixa de Coimbra
sobre intervenções globais e estruturadas, demonstrando a viabilidade das mesmas. Surge
numa altura em que se propôs desfazer a obra de Távora na praça 8 de Maio, a realização
do metro encontra-se em causa e a nova portagem talvez se realize parcialmente. Sendo
nesse contexto que o concurso dá-se, para alertar a necessidade de valorizar e transformar
um conjunto patrimonial. 100 Pretendeu restituir à rua da Sofia, a unidade morfológica que
já possuiu e rever a relação com a cidade.

Outro factor dinamizador, é a candidatura da Universidade a Património Mundial


pela UNESCO, pretendendo recuperar e valorizar o património Monumental, que terá
efeitos positivos a nível de Turismo.

97
BANDEIRINHA. Gonçalo Byrne, Nuno Grande, Rui Lobo, Armando Rabaça, António José– Metro ligeiro de
superfície na baixa de Coimbra. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ
6.7.EDARQ.2003.p.20-27.
98
MANSILLA. Emilio Tuñón, Luis- Santa Cruz. Seminário internacional de desenho urbano. Inserções. ECDJ 6.7.
EDARQ. 2003. p. 52 - 59.
99
Ibidem. p. 54.
100
COSTA. Alexandre Alves - Sofia: Concurso Público de ideias para reabilitação da Rua da Sofia. ECDJ.8.
E|D|ARQ. 2003. p. 6. p.7.
63
64
Existe uma tentativa de refazer a imagem do centro, originando o fenómeno de
“turisficação”, juntamente com o lazer, a cultura, entre outros, os novos temas que
alimentam a renovação urbana. 101

A cultura de reabilitação urbana está cada vez mais avessa ao processo de tábua
rasa, onde se baseia no processo de demolições, assim, apesar dos edifícios da Baixa
estarem degradados em muitos casos, tender-se-á a apelar à sua manutenção. A
introdução do metro que passará pela Baixa poderá finalmente efectuar a ligação entre a
Alta, a Baixa e a margem do Mondego. 102

Este estudo surge como complemento, onde se analisará os elementos visuais


importantes, o que provoca a imaginabilidade, de forma a definir as prioridades no
processo de reabilitação, tendo em conta o que realmente forma a identidade do da Baixa.
Assim, após o enquadramento histórico do lugar que consiste no objecto de estudo e a sua
situação actual, será explicado a metodologia a ser seguida nesse processo e os conceitos a
reter. Todo o processo de análise concreta baseia-se nos estudos de Kevin Lynch, cujo tema
será abordado em seguida.

Baixa de Coimbra

101 DOMINGUES.Álvaro- os novos mapas da cidade.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas


para velhas cidades.ECDJ 3.DARQ.2000.p.37.
102
FIGUEIRA.Jorge Figueira – No lugar da “Avenida Central”. Monumentos25. Direcção-Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais .Lisboa.2006.p.138.p.139.
65
66
3. Kevin Lynch
A IMAGEM DA CIDADE E OS SEUS ELEMENTOS

3.1 A Imagem da Cidade

Como referido anteriormente, o local escolhido para incidir os estudos é a Baixa de


Coimbra. Vai-se testar a aplicação de algumas técnicas para a interpretação e análise do
espaço urbano tratando da forma visual à escala urbana.

O objectivo é capturar a Imaginabilidade deste espaço urbano, de acordo com os


princípios estabelecidos por Kevin Lynch no seu livro, A imagem da Cidade, que se
concentrou na qualidade experimental do lugar e enfatizou que o desenho não só é a
construção física, mas também o estudo do ser humano.

A problemática da forma urbana tem suscitado inúmeras pesquisas, visando a sua


compreensão, cuja tendência faz com que vários campos de conhecimento assentem em
metodologias diferentes, com o objectivo de compreender a cidade através do seu
mecanismo económico, do seu desenvolvimento histórico, da sua evolução urbanística e

Kevin Lynch
arquitectónica, do seu significado enquanto imagem.

Com o surgimento de diversas abordagens na pesquisa da forma visual da cidade,


surgiu a necessidade limitar o caminho nessa busca, escolhendo-se um método bem
delineado, feito por um urbanista cuja contribuição para a compreensão do espaço que nos
rodeia é reconhecida, não sem ter bem presente que todos os estudos sobre diferentes
prismas se completam. Pretende-se assim, através da aplicação do método usado por
Kevin Lynch, reconhecer as inter-relações dos valores urbanos que, na sua forma visual,
poderão vir a participar na estruturação de uma paisagem urbana a delinear. Tentar
reconhecer os símbolos da Baixa e suas relações espaciais ligadas a impressões
psicológicas, procurando, em termos de composição, a estruturação de imagens claras e
agradáveis da paisagem urbana.

Nos capítulos anteriores, estudou-se o contexto da Baixa na cidade assim como o


contexto histórico e o desenvolvimento do tecido urbano ao longo dos séculos. Essa
67
68
abordagem, é essencial para estudar a imagem de um local, especialmente quando o
mesmo faz parte da zona histórica, onde a herança do passado está presente de uma
forma tão marcante, que surge a necessidade de enquadrá-lo.

Kevin Lynch nasceu em 1918, empreendeu estudos sobre psicologia e antropologia,


tendo formação em arquitectura, onde teve por mestre F. L. Wright.

O livro no qual se é baseado o estudo, surge após a colaboração de duas


instituições, o Centro de Estudos Urbanos do Instituto Tecnológico e a Universidade
Harvard de Massachussetes, sendo financiado pela Fundação Rockfeller. No decurso dessa
análise, são abordadas três cidades Americanas: Boston, Jersey City e Los Angeles. 103

Lynch propõe a aplicação de um método que procura avaliar o significado da cidade


como imagem colectiva para os habitantes. Todas as pessoas possuem relações com
algumas partes da cidade, sendo que a imagem que têm dela está embebida em memórias
e significados. A sua forma de abordar a problemática da cidade é de certo modo inédita,
limitando-se ao domínio do visual, estudando as bases de percepção específica da cidade,
donde tenta destacar as constantes, com vista à sua integração na elaboração do
ordenamento urbano. Contribuiu em grande parte para mudar o paradigma de sua época,

Kevin Lynch
direccionando o urbanismo para uma disciplina mais humana, focando-a na experiência do
lugar.

Kevin Lynch defende que os homens são capazes de desenvolver uma imagem do
que os rodeia, através da actuação sobre a sua forma. A nível da percepção e da
representação da imagem do espaço urbano, Lynch faz pesquisas que valorizam esta
relação do homem com o espaço, da imagem com o real, da arquitectura com o meio
ambiente assim como do desenho com a paisagem urbana.

A representação social sobre a extensão da cidade surge como um conhecimento


que permite aos ambientes urbanos, visibilidades como sendo cidades únicas, que são.

103
LYNCH. Kevin- A imagem da cidade. Edições 70. Lisboa. 2009. p.7.

69
70
O estudo da percepção das pessoas e suas actividades é tão importante como as
partes físicas, já que elas fazem parte da cidade, sendo para elas que a cidade existe. Esta
percepção não pode ser íntegra, mas é antes, parcial, fragmentada, resultante do limite
dos sentidos humanos. Cada pessoa, apesar de ter uma imagem única do meio que a
envolve, aproxima-se de uma imagem pública no geral. Nessa imagem, a função, a sua
história e até o seu nome contribui para a definir, sendo que o design da forma tem que ter
o objectivo de reforçar o significado. 104

Para se estudar o método aplicado, é necessário reter alguns conceitos básicos que
estão no âmago dos estudos.

As imagens do meio ambiente resultam da interacção bilateral entre o observador e


o seu meio. O meio ambiente proporciona estímulos que o observador escolhe e organiza e
aos quais dá sentido, assim, dá-se constantemente interacção entre o sujeito e a realidade
que o cerca. 105

A imagem de uma dada realidade pode ter significados diferentes para cada pessoa,
apesar de poder existir uma grande concordância nestas imagens, mentalmente pode ter
grande familiaridade originado organização e identidade. Um objecto visto pela primeira

Kevin Lynch
vez, pode ser identificado pela existência de um estereótipo já sabido pelo observador.106

Cada observador desenvolve a sua imagem, mas o que se pretende neste trabalho é
consenso substancial, as imagens de grupo projectadas sobre a Baixa de Coimbra, que são
consequentes da interacção dos habitantes com realidade física.

3.1.1 Tipos formais de elementos

Na definição da imagem, Kevin Lynch considera a classificação em cinco elementos:


vias, limites, bairros, cruzamentos e elementos marcantes. 107

104
Ibidem.p.9.
105
Ibidem.p.14.
106
Ibidem.
107
Ibidem.p.51.p.52.
71
72
As vias são canais onde as pessoas se movem, incluem-se neste elemento as ruas,
passeios, faixas de trânsito e caminhos-de-ferro. As vias têm uma importância
determinante, pois é a partir delas que o observador se relaciona e apreende o que o
rodeia, sendo para muitos observadores o elemento predominante na elaboração da
imagem. 108

Os limites são fronteiras entre duas partes, são uma espécie de barreira que,
dependendo da situação, pode ser penetrada, mas que mantém uma região isolada da
outra. Dentro deste elemento incluem-se as costas marítimas ou fluviais, paredes ou
muros, cortes do caminho-de-ferro e locais de desenvolvimento. Não é tão importante no
desenvolvimento da imagem como as vias, mas tem característica organizadora
relevante.109

Os bairros são regiões de tamanho médio ou grande, em que a pessoa entra e


reconhece algo em comum, fazendo com que o cidadão estruture a cidade. Os bairros
podem ser identificados do exterior ou do interior.110

Os cruzamentos por sua vez, são pontos focais de uma cidade, podendo ser

Kevin Lynch
dominante na construção de uma imagem. Podem ser junções de vias, locais de
interrupção num transporte, uma convergência de vias, momentos de mudança de uma
estrutura para a outra, ou simples concentrações de carácter físico, como uma esquina ou
de hábitos. Muitas vezes um, cruzamento é o símbolo de um bairro pois normalmente é o
seu centro polarizador. 111

Os elementos marcantes são também pontos de referência, mas em que o


observador não se encontra dentro deles, sendo uma espécie de objecto físico. É algo que
implica a sua distinção e que se evidencia, pode estar longe, como por exemplo, uma
colina, uma cúpula, uma torre, ou perto, como um sinal, uma árvore, um edifício, ou

108
Ibidem.p.51.p.52.
109
Ibidem.p.66.
110
Ibidem.p.70.
111
Ibidem.p.75.
73
61| Vias
62| Limites
63| Bairros
64| Cruzamentos
65| Elementos Marcantes
74
detalhes urbanos, como um puxador de porta, que são usados como indicadores de
identidade ou estrutura. 112

Como é evidente, nenhum destes elementos existe na realidade em estado isolado.


Os bairros estruturam-se segundo cruzamentos, circunscritos por limites, atravessados por
vias e pontuados de pontos marcantes.

3.1.2 Identidade, Estrutura e Significado

A identidade, estrutura e significado dão origem à imagem do meio ambiente,


sendo esses três componentes estudados por Lynch.

Uma imagem, necessita da identificação de um objecto, para isso é essencial que se


distinga das outras coisas, que seja reconhecido como uma entidade separada. É nesse
sentido de individualidade ou particularidade, que se aplica o termo identidade. 113

A estrutura surge na inclusão da imagem na relação do objecto com o observador,


com outros objectos. O significado surge, pois o objecto tem um sentido prático e
emocional.114

Kevin Lynch
A estrutura revela a conexão espacial ou paradigmática do objecto com o
observador, sendo que este, atribui uma significação prática e afectiva aos objectos com
que se relaciona.115

Nas imagens colectivas, a identidade e afinidade têm maior solidez que a de


significado, a atenção do observador incide na clareza física da imagem, deixando a
significação esboçar-se naturalmente.116

112
Ibidem.p.81.
113
Ibidem.p.15-17.
114
Ibidem.
115
Ibidem.
116
Ibidem.
75
76
3.1.3 Legibilidade

A legibilidade define-se como a facilidade com que se podem reconhecer os


elementos da forma urbana e organizá-los numa estrutura coerente. Numa cidade com boa
legibilidade, os bairros, pontos de referência e percursos são facilmente identificáveis e
integrados numa estrutura global.117

Segundo o autor, a aparente clareza ou legibilidade é uma qualidade fundamental


para a compreensão e composição urbanas, sobretudo quando nos colocamos à escala da
cidade, apesar de não ser a única característica importante. Esta qualidade é importante
para a orientação, quando a pessoa não se consegue orientar surge uma sensação de
ansiedade e medo, é uma necessidade vital de todo o animal. Numa cidade, o facto de uma
pessoa se perder completamente é pouco provável, por existirem sempre apoios, como a
presença de outras pessoas, mapas, sinais, cartazes de autocarros etc. Vários aspectos
estão envoltos na orientação, como a cor, forma, movimento, odor, som, tacto, sensações
cinestésicas, sensibilidade ao peso e talvez os campos magnéticos e eléctricos. Segundo
Lynch, uma cidade poderia ser imaginável quando os seus bairros, marcos e vias, pudessem
ser facilmente separados num modelo mental.118

Kevin Lynch
Lynch acredita que um ambiente intenso e integrado, é capaz de produzir uma
imagem definida, proporcionando material que facilita a elaboração de símbolos e
representações colectivas da comunicação do grupo.

“… um ambiente característico e legível não proporciona apenas segurança mas


também intensifica a profundidade e a intensidade da experiencia humana.”119

Uma boa imagem é essencial, tanto para o sentimento de segurança prática, como
para o de segurança emocional. Um quadro físico vivo e integrado, capaz de produzir uma
imagem clara, intensa e bem estruturada, desempenha um papel social. É importante
referir que o observador é activo na percepção do mundo e tem uma participação criadora
no desenvolvimento da sua imagem.

117
Ibidem.p.10-14.
118
Ibidem.p.15-17.
119
Ibidem.p.12.
77
78
3.1.4 Imaginabilidade

A imaginabilidade está relacionada com a aptidão que certos objectos possuem de


se apresentarem aos sentidos, de uma forma aguda e intensa, estando relacionado com a
identidade e a estrutura. Um objecto com boa imaginabilidade, produz uma imagem forte,
sendo que a forma, cor e disposição influenciam a produção dessa imagem.120

Uma cidade com uma forte imaginabilidade, seria apreendida pelos sentidos de um
modo mais simples e mais aprofundadamente e extensivamente. Uma cidade com forte
imaginabilidade apresentar-se-ia, como uma estrutura fortemente contínua, com partes
distintas mas claramente interligadas. Seria uma cidade que convidaria os olhos e ouvidos a
uma maior atenção e participação. 121

O conceito de imaginabilidade levanta a questão de como deve ser uma cidade para
que seja fácil a um observador identificar as suas partes e atribuir-lhe uma estrutura clara.

3.1.5 Método

O autor procurou testar a ideia de imaginabilidade e tentou descobrir como


produzir imagens fortes com base na comparação entre a imagem que as pessoas têm do

Kevin Lynch
local e a realidade visual, considerando que o design de uma cidade deve reforçar o
significado e não o negar.122

Primeiramente, determinou-se os cinco tipos de elementos, por observadores


treinados com base nas primeiras análises no terreno, que iam anotando a presença de
vários elementos, assim como a sua força como imagem, as relações e o impacto positivo
ou negativo na estrutura do meio envolvente. Verificou-se o modo como se interligam e
estudou-se o que contribui para lhes dar uma forte identidade. 123

120
Ibidem.p.17.
121
Ibidem.p.17-20.
122
Ibidem.p.21.
123
Ibidem.p.146.
79
80
Estas hipóteses foram depois testadas através de entrevistas. O objectivo foi
determinar uma técnica, que se propõe efectuar a análise visual de uma cidade,
prenunciando a imagem colectiva provável para essa cidade. 124

Foi elaborado um mapa visual, analisando a forma existente e as imagens colectivas


respectivas, cujos resultados seriam traduzidos em relatórios e diagramas, realçando as
imagens colectivas importantes, assim como os elementos críticos da imagem e as inter-
relações entre esses elementos.

A zona de estudo debruçou-se sobre o centro de três cidades: Boston, Jersey City e
Los Angeles utilizando dois métodos: uma entrevista a uma pequena amostra de citadinos,
e um estudo sobre a imagem que o meio envolvente evoca no terreno em observadores
treinados.125

Foram entrevistadas 15 pessoas em Jersey City e Los Angeles e 30 pessoas em


Boston. As entrevistas eram longas126, gravadas em fita magnética e em seguida
transcritas. Este processo permitiu registar os mínimos detalhes, tais como silêncios.127

Nestas entrevistas era pedido que fizessem um esquiço do mapa da cidade

Kevin Lynch
estudada; descrever um trajecto da cidade e fazer uma lista, com uma pequena descrição,
de partes da zona estudada que evocavam alguma emoção.128

Deste modo, punha-se à prova a hipótese de imagibilidade, conheciam-se, ainda


que toscamente, as imagens colectivas de cada cidade analisada.

Outro objectivo destas entrevistas, era definir um método eficiente para a


determinação de imagens colectivas, não só para estas cidades em estudo mas também
para qualquer outra cidade.

124
Ibidem.p.143.
125
Ibidem.p.21.
126
Cerca de hora e meia.
127
Ibidem.p.143
128
Ibidem.
81
82
Para comparar as descrições da cidade, utilizaram alguns observadores treinados no
terreno, que se deslocavam a pé, para analisarem com cuidado, dando prioridade aos
elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados eram
organizados num mapa, onde se indicavam, de acordo com a importância, destaque,
presença, visibilidade, inter-relações entre pontos de referência, percursos, margens e
bairros.129

O estudo é apenas uma investigação preliminar, para atrair as atenções e sugerir


reflexões, deixando o desafio de aplicar essas ideias noutras cidades, sendo que é nisso que
se concentra este trabalho, a aplicação numa cidade não americana, antes numa parte
histórica de Coimbra.

3.1.6 Análise crítica do autor

Segundo o autor, o método de pesquisa no terreno deveria ser completado com


percursos, utilizando o automóvel já que existe uma inclinação para desprezar alguns
elementos que têm importância para a circulação automóvel.130

Chegou-se ainda à conclusão, que os esquiços eram maus indicadores, sendo que a
lista das particularidades mais características era mais útil, demonstrando uma maior

Kevin Lynch
percepção dos elementos que foram mais intensamente referidos na análise do terreno e
nas entrevistas.131

Outra crítica assenta no facto das amostras serem reduzidas, fazendo com que não
seja possível generalizar e afirmar que se descobriu a efectiva imagem colectiva destas
cidades. Contudo, foi o tipo de pesquisa extensiva cuja duração era alongada, que
impossibilitou que a amostra fosse maior. Assim, sugeriu métodos mais rápidos e precisos
futuramente.132

Outro factor a ter em conta, foi a composição desequilibrada da amostra, mas


somente na classe e profissão. No entanto, em relação à idade e sexo, a sua composição

129
Ibidem.p.146.
130
Ibidem p.158-162.
131
Ibidem.
132
Ibidem.p.156.
83
84
era equilibrada e a pretendida. Apesar de tudo, o material recolhido foi considerado rico e
com coerência suficiente para indicar que existem imagens sólidas de grupo.133

Pode-se afirmar que o método oferece uma ideia, razoavelmente merecedora de


confiança, da imagem da cidade, sendo a primeira aproximação ainda que grosseira, da
verdadeira imagem colectiva. Podendo esses métodos aplicar-se a diferentes cidades, é
objectivo do trabalho de campo, a sua aplicação na Baixa de Coimbra.

Como referido anteriormente, o método está envolto de algumas críticas, sendo


que Lynch propõe um novo método. Executar-se-iam dois tipos de estudos, num haveria
reconhecimento geral do local, feito por observadores treinados, percorrendo a cidade a
pé assim como de automóvel, de dia e de noite. No outro estudo, seria feita uma entrevista
em massa. A análise recairia sobre a frequência com que seriam referidos os elementos e
as suas interacções; a ordem com que seriam efectuados os desenhos e sobre os
elementos em evidência. O reconhecimento dos observadores do terreno, seria mais tarde
comparado às entrevistas feitas à população, para estudar a relação entre a imagem
colectiva e a forma efectivamente visível.134

Mais tarde seriam verificados os problemas, pegando numa amostra reduzida.

Kevin Lynch
Posteriormente seriam estudados a identidade e estrutura, tendo em conta factores como
a iluminação, distância, actividade e movimento.135

Finalmente, seriam efectuados planos e relatórios, que reflectiriam a imagem da


zona estudada assim como os problemas desta, as forças visuais e elementos significativos
com as respectivas relações. 136

133
Ibidem p.158-162.
134
Ibidem.
135
Ibidem.
136
Ibidem p.158-162.
85
86
K. Lynch defende ser possível fundamentar o plano da futura forma da cidade,
sendo que a análise e estudos teriam que ser modificados constantemente para se
actualizarem. Também sustenta que os estudos se deveriam aplicar noutras cidades que
não as americanas, deixando o desafio.

O estudo levanta algumas dúvidas, como:

Serão os valores urbanos os mais relevantes na concepção da envolvente?

Será pertinente que a percepção dos habitantes em relação à cidade, possa fundamentar a
estrutura de um futuro meio?

Será importante que o que considera significativo na cidade, coincida com o que os
habitantes consideram de significativo na cidade?

O importante é perceber que a cidade ultrapassa a simples interacção entre os


homens que a habitam e o espaço construído, implicando uma relação essencialmente
social na formação da civilização e no surgimento do indivíduo moderno. O Urbanismo
deve envolver um esforço para pensar nas necessidades futuras, baseando-se nas lições do

Kevin Lynch
passado, a fim de procurar propostas e acções, dentro de uma realidade social, económica
e política, para que possa oferecer melhores condições de vida e não se reproduzirem
padrões que não são positivos. Com os estudos de Kevin Lynch, vê-se a zona estudada por
outro prisma, em que as pessoas e as suas acções, são tão importantes como as suas partes
físicas.

87
88
4. AplicaCAo da Metodologia
ANÁLISE DO TERRENO E QUESTIONÁRIOS

A Baixa, tendo forte componente económica, é também um lugar que possui uma
carga simbólica e afectiva, que permite identificar a cidade, tendo um papel revelador na
forma como os habitantes se identificam com o meio que os rodeia.

Para Lynch, uma cidade poderia ser imaginável quando os seus bairros, marcos e
vias pudessem ser facilmente abstraídos num modelo mental, ou seja, em certa medida a
legibilidade é um factor importante para o meio urbano, assim, o objectivo principal
consiste na identificação da imagem pública e da memória colectiva como um instrumento
capaz de auxiliar o Desenho Urbano na prática do planeamento.

4.1 – Análise da Baixa

A análise do local foi feita com a deslocação a pé, desdobrando a atenção aos

Aplicação da Metodologia
elementos urbanos que se mostraram significativos nas entrevistas. Os dados foram
registados num mapa onde se indicou, de acordo com a importância, destaque, assim
como a presença, visibilidade e inter-relações entre pontos de referência, cruzamentos,
percursos e limites.

A Baixa de Coimbra encontra-se delimitada a Oeste pela Avenida Fernão de


Magalhães, a Sul pela Rua da Sofia, a Este pelas ruas Visconde da Luz, Ferreira Borges e a
Norte pela Avenida Emídio Navarro.

4.1.1- Vias, limites, bairros, pontos marcantes e cruzamentos

Os elementos relativos que determinam a imagem da cidade, segundo Lynch, são as


vias, limites, bairros, pontos marcantes e cruzamentos. As vias mais utilizadas na Baixa são
a Avenida Fernão Magalhães, rua da Sofia, rua Visconde da Luz, rua Ferreira Borges e
Avenida Emídio Navarro. A rua da Sofia, e a Avenida Emídio Navarro são eixos onde a
intensidade do tráfego se assume como um constrangimento à circulação pedonal. O
principal eixo comercial da Baixa de Coimbra é constituído pela rua Ferreira Borges e pela
rua Visconde da Luz, são ruas pedonais onde se concentram lojas, cafés e algumas
89
66| Av. Fernão de Magalhães
67| Rua da Sofia
68|Rua Visconde da Luz
69| Rua Ferreira Borges
70| Av. Emídio Navarro
71| Trânsito na Baixa

90
esplanadas. A poluição visual de placas e anúncios prejudica a leitura das fachadas dos
edifícios, sendo principalmente alusiva a serviços oferecidos.

Os edifícios na zona compreendida entre o eixo comercial principal e a avenida


Fernão de Magalhães, são na sua maior parte em banda.

A relação entre a altura das edificações e a largura dos arruamentos, é


desequilibrada, a maior parte das vias tem largura inferior a quatro metros e a altura,
normalmente varia entre três a cinco pisos, pelo que são bastante estreitas, originando
ruas escuras e sensação de desconforto.

São ainda de referir as seguintes ruas: Direita, da Moeda, da Louça e do Corvo que
convergem na Praça 8 de Maio, fazendo a ligação desta com a Avenida Fernão de
Magalhães. Estas ruas têm predominância comercial e a edificação é envelhecida, o mesmo
se verifica na rua do Corvo, rua Adelino Veiga, rua das Padeiras, rua da Louça e Rua
Eduardo Coelho, bem como a Praça de Comércio.

Aplicação da Metodologia
Ainda como elementos de circulação, temos os percursos laterais que servem de
ligação entre as ruas anteriormente referidas, com vários becos sem saída, trocas de
direcção, ruas muito estreitas e escuras, sendo menos frequentadas que as anteriormente
referidas. Estes factores, juntamente com o facto dos edifícios circundantes estarem
degradados, dão a sensação de abandono.

Os limites são outros elementos referidos por Lynch, que consistem numa espécie
de barreira que, dependendo da situação pode ser penetrada. Na Baixa destaca-se a
quebra topográfica que existe por trás dos edifícios da Rua Ferreira Borges e Visconde da
Luz no sentido Este, donde, de um terreno plano, subitamente surge forte inclinação.
Outro elemento a destacar situa-se na Avenida na zona da Portagem até a Estação
Ferroviária, tendo o rio Mondego como fundo. A nível pedonal, a ligação do passeio para o
passeio oposto da rua é ténue, havendo grande distância, cerca de 20 m. Para além disso,
tem uma linha de caminhos-de-ferro, forte presença automóvel, sendo que no meio de 4
faixas de trânsito, surge ainda um parque de estacionamento. Devido a este limite, a
relação com o rio é frágil.

91
72| Rua da direita
73| Praça Oito de Maio
74| Praça 8 de Maio vista da Rua da Sofia
75| Avenida Emídio Navarro
92
Pela escala abordada, não se pôde identificar diferenciação de bairros na Baixa de
Coimbra, pois a própria baixa constitui um bairro.

Os pontos marcantes são geralmente indicativos da estrutura e da identidade,


podendo representar grande valor histórico. Fazendo a análise da cidade, identificou-se
como pontos marcantes: Arco de Almedina, Estação Rodoviária, Edifício da Segurança
Social, Hotel Dona Inês, Hotel Tivoli, Palácio da Justiça, Torre do Arnado, Igreja da Graça,
Colégio da Graça, Igreja de Santa Justa, Convento de S. Domingues, Igreja do Carmo,
Câmara Municipal de Coimbra, Salão Brasil, Igreja de Santa Cruz, Igreja de S. Bartolomeu,
Café Santa Cruz, Igreja de S. Tiago, Hotel Astória, Estação Ferroviária Central de Coimbra -
"Coimbra A", Teatro do Inatel, Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, Edifício Central dos
Correios e Tecidos de Coimbra.

A Torre da Universidade, apesar de não se encontrar na Baixa, é um marco Histórico


que se encontra extremamente visível pela sua cota e altura, constituindo um elemento de
referência.

Aplicação da Metodologia
Os cruzamentos presentes na Baixa são inúmeros, os que no terreno se mostraram
mais relevantes foram: Terreiro da Erva, Praça 8 de Maio, Praça do Comércio, Largo da
Portagem, Largo do Bota Abaixo, o cruzamento formado pela Avenida Fernão Magalhães e
a rua João Machado e o cruzamento formando pelas avenidas Fernão de Magalhães,
Avenida Emídio Navarro e Cidade Aeminium.

O Terreiro da Erva encontra-se num estado de elevada degradação e com uma


grande indefinição formal, tem espaços abertos, mas irregulares, sendo o resultado da
demolição de vários edifícios, como a antiga Igreja de Santa Justa, pelo que se denota a
necessidade de preenchimento de vazios. O Terreiro da Erva é ainda marcado pela
transição do tecido medieval da Baixa para a zona de intervenções mais recentes. Esta área
é um complemento ou extensão da área de comércio da Rua da Sofia, tendo vários
estabelecimentos relacionados com a restauração. O espaço acabou por ser preenchido
como sendo um parque de estacionamento, não apresentando qualidade visual.

93
3

76| Arco de Almedina 86| Convento de S. Domingues 96|Teatro do Inatel


77| Estação Rodoviária 87| Igreja do Carmo 97| Junta de Freguesia de S. Bartolomeu
78| Loja do Cidadão 88| Câmara Municipal de Coimbra 98|Edifício Central dos Correios
79| Hotel Dona Inês 89| Salão Brasil 99| Tecidos de Coimbra
80| Hotel Tivoli 90| Igreja de Santa Cruz
81| Palácio da Justiça 91| Igreja de S. Bartolomeu
82| Torre do Arnado 92| Café Santa Cruz
83| Igreja da Graça 93| Igreja de S. Tiago
84| Colégio da Graça 94| Hotel Astória
85| Igreja de Santa Justa 95| Estação Ferroviária

100| Panorâmica do Terreiro da Erva


101| Planta do Terreiro da Erva

94
A Praça 8 de Maio surge como ponto essencial na vida da Baixa, onde existe grande
concentração de pessoas. Situa-se posicionada num dos extremos do eixo comercial
principal da Baixa. Esta importância é reforçada pela convergência de quatro ruas, como
anteriormente referido, e pelo cruzamento com a Rua da Sofia. Outra característica que
reforça a importância deste ponto é a existência de elementos marcantes, como a Igreja de
Santa Cruz,a Câmara Municipal de Coimbra e o edifício da Caixa Geral de Depósitos. De
salientar, que esta área se encontra numa cota inferior em relação à rua da Sofia e
Visconde da Luz, sendo que duas rampas pronunciadas estabelecem essa relação,
provocando um maior impacto visual, com uma fonte no seu centro. Esta zona apresenta
bastante vida e é frequente ver idosos a conversar, sentados em redor da fonte.

A Praça do Comércio surge como complemento comercial das ruas Visconde da Luz
e Ferreira Borges. Em ambos os extremos possui duas igrejas, num a Igreja de São Tiago,
associado a uma escadaria pronunciada e no outro a Igreja de São Bartolomeu. A malha
que rodeia a praça é bem definida, formando um espaço amplo, e é para este espaço que
convergem as ruas que fazem a ligação da Avenida Fernão de Magalhães ao eixo comercial

Aplicação da Metodologia
principal, formado pelas ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. A nível do terreno, o facto
de se encontrar a uma cota inferior ao eixo comercial, apresentar um pavimento diferente,
juntamente com a presença de tendas que vendem diversos artigos, dão uma qualidade
singular ao espaço em relação à sua envolvente. O facto de ser um espaço amplo e
luminoso, em que as ruas convergentes são o contrário, estreitas e escuras, acentua a sua
importância.

O Largo da Portagem tem, assim como a Praça 8 de Maio, um papel muito


importante no tecido urbano, devido ao facto de se encontrar no cruzamento do eixo
comercial principal com a Avenida Emídio Navarro. É um espaço bem delimitado e amplo,
que tem a forma triangular, convergindo para o eixo comercial e abrindo-se para o rio. É
neste cruzamento de que se encontra o Hotel Astória, um edifício imponente. Este largo
possui bastante actividade humana, pela presença de dependências bancárias, de
restaurantes e cafés, com as respectivas esplanadas, o centro é ajardinado que,
juntamente com a sua estátua ao centro e os bancos de jardim confere uma identidade
diferente ao espaço. Este largo encontra-se próximo da ligação com a outra

95
102| Praça 8 de Maio
103| Praça do Comércio
104| Largo da Portagem

96
margem do Rio, a Ponte de Santa Clara. Encontra-se limitado pela Avenida Emídio Navarro
que constitui um limite pedonal fisicamente, a nível visual restringe o contacto com o rio e
confere ao espaço um som desagradável, com o trânsito intenso.

O Largo do Bota Abaixo encontra-se delimitado pelas ruas Direita, João Cabreira,
Pedro Olaio e da Moeda, fazendo ligação entre o eixo comercial principal na zona da Praça
8 de Maio e a Avenida Fernão Magalhães. É um local descaracterizado, sem vida, o largo
surge como uma espécie de buraco no tecido urbano, sendo notória a diferença de escala
num dos lados, pela presença do edifício da Loja do Cidadão. O interior do largo envolve as
traseiras dos edifícios da Rua da Moeda, tendo assim um aspecto degradado. Existe a
realização de uma feira, que, com as suas tendas espalhadas no canto do largo dá mais vida
ao local. Encontra-se no percurso previsto para o Metro, pelo que se espera que este
tecido urbano seja consolidado futuramente.

Considerou-se, após análise do terreno, que o Largo do Bota Abaixo juntamente


com o Terreiro da Erva são os cruzamentos que acarretam mais problemas para o tecido

Aplicação da Metodologia
urbano e para a qualidade visual da Baixa de Coimbra.

O cruzamento do Largo do Arnado, formado pela Avenida Fernão Magalhães e a rua


João Machado, é local de congestionamento de trânsito, sendo necessário passar por
várias passadeiras e sinais luminosos para passar para a outra margem, é um local cujos
quarteirões adjacentes estão bem definidos e possui elevada oferta de serviços nessa zona.

O cruzamento do Largo das Ameias, formando pelas avenidas Fernão de Magalhães,


Avenida Emídio Navarro e da Cidade Aeminium é também um local a referenciar, sendo a
sua importância reforçada pela presença da Estação Coimbra A. É um local de forte
congestionamento automóvel.

Relativamente à homogeneidade física, as ruas são geralmente estreitas e os


edifícios têm geralmente 4 a 5 pisos. Existe predominância de telhas cerâmicas, são
recorrentes anomalias como a presença de humidade e fissuração, apresenta ainda
musgos, bolores e graffiti. No caso de paredes revestidas com material cerâmico
apresentam igualmente anomalias como o envelhecimento do material e desgaste dos
azulejos.

97
105| Edifício da Loja do Cidadão no Largo do Bota Abaixo.
106| Largo do Bota a Baixo.
107| Vista aérea do largo do Bota a Baixo.
108| Planta do Bota a Baixo com as demolições em execução, juntamente com a nova proposta de construção
e o traçado do Metro.
109| Altura dos edifícios da Baixa.

98
Verifica-se ainda elevado número de casos de paredes com a tinta descascada, assim como
paredes com materiais envelhecidos.

A forte componente monumental e o elevado número de estabelecimentos


comerciais tradicionais, contribui para dar uma forte identidade à Baixa. A Baixa é uma
zona de pequenos comerciantes, sendo o tipo de actividade comercial heterogéneo, ou
seja a distribuição pelo território é desequilibrada.

Como influência negativa, verifica-se que o estacionamento é desordenado tendo


elevada utilização do transporte individual, sendo o estacionamento quase todo de
exploração privada. A falta de alternativa viável está na origem do problema, os
transportes públicos não são suficientemente aliciantes para a população.

Existe forte diminuição de pessoas a circular durante a noite e existe falta de


animação nocturna, excepto em altura de festas académicas, nomeadamente na Queima
das Fitas e na Latada e nas festas da Rainha Santa.

Aplicação da Metodologia
Quanto à tipologia de ocupação, genericamente o rés-do-chão é utilizado para
comércio e os restantes pisos são usados para habitação.

Num estudo da Universidade de Coimbra, do Instituto de Investigação


Interdisciplinar, inspeccionaram 679 edifícios na baixa, chegando à conclusão que o estado
de degradação é muito elevado. A Baixa possui 22 edifícios em ruína, o que demonstra a
degradação. Estes edifícios, sem condições de segurança, promovem uma imagem negativa
de abandono da área histórica da malha urbana. 137

4.2 Questionários

O inquérito por questionário foi o método escolhido para a recolha da informação,


sendo fiel ao original elaborado por Kevin Lynch. A amostra utilizada para a aplicação dos
inquéritos foi recolhida num conjunto de ruas da Baixa, seleccionadas devido ao facto de aí
se registar movimento humano mais intenso, salvo por motivos de força maior, em que o
inquérito foi deixado para ser preenchido pelo inquirido.

137
VICENTE. Humberto Varum, J. Mendes da Silva, Romeu - UNIVER(SC)IDADE : desafios e propostas de uma
candidatura a património da humanidade.Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra.
Câmara Municipal de Coimbra e ICOMOS-Portugal. Coimbra. 2007.p.57-71.
99
110| Estado de degradação dos edifícios

100
Devido à impossibilidade de inquirir toda a Baixa, foram seleccionados alguns locais
como a Praça do Comércio, a Rua da Louça, a Rua das Padeiras, a Rua Ferreira Borges, a
Rua Visconde da Luz e a Praça 8 de Maio.

Foi utilizado um gravador para registar as respostas. Foram entrevistados


transeuntes e comerciantes, a amostra não incluiu habitantes da Baixa, pela dificuldade de
mobilização destes para participar nos inquéritos. A amostra foi equilibrada relativamente
ao género e a faixa etária.
A recolha de informação efectuou-se, como já foi referido, através de inquéritos por
questionário e os dados daí resultantes foram analisados de forma a estabelecer um
padrão de resposta para cada questão. Foram efectuados um total de 24 inquéritos, tendo
em conta que Kevin Lynch e a sua equipa fizeram nos seus estudos 15 inquéritos em Jersey
City e Los Angeles, respectivamente, e 30 em Boston, pensou-se ser o suficiente para
elaborar uma imagem fiável. Contudo, tendo a perfeita noção de que quanto maior a
quantidade de material a analisar, maior a fiabilidade do estudo.

Aplicação da Metodologia
Os inquiridos foram compelidos a desenhar um esquisso do mapa da Baixa,
indicando o Norte se possível. Descreveram, com um certo detalhe, um trajecto da cidade
assim como a descrição física da Baixa. Fizeram uma pequena lista dos elementos que
consideravam relevantes na Baixa de Coimbra e falaram sobre orientação.

Os dados recolhidos empiricamente através da aplicação dos inquéritos,


pretendiam perceber qual a percepção que as pessoas reconhecem na Baixa de Coimbra e
formar, ainda que em grosso modo, uma imagem da zona em estudo.

4.2.1 Resultados dos questionários

No que diz respeito aos valores simbólicos na Baixa, a resposta comum era que se
tratava de uma zona comercial (alguns especificaram como sendo comércio tradicional) e
uma zona antiga, referindo os edifícios como estando degradados, as ruas como sendo
estreitas e escuras. Alguns referiram ainda como sendo uma zona turística.

101
111| Inquéritos
112| Inquéritos
113| Inquéritos
114| Inquéritos

102
"Conjunto de edificações antigas, algumas em grande estado de degradação,
dispostas ao longo de ruas estreitas que seguem a lógica de um traçado medieval. "

" Ruas e ruelas estreitas e à sombra, muitas tascas, lojas e comércio."

Todos os comerciantes inquiridos expuseram a Baixa como sendo o centro da


cidade, mas acrescentavam que estava a perder importância, pela presença dos Centros
Comerciais e que as lojas estavam a fechar.

Do total dos inquiridos, 1/3 referiu o sentimento de insegurança presente na Baixa


ao longo do inquérito, um dos inquiridos referiu ainda a presença de toxicodependentes,
sendo por isso um problema bastante marcante.

Mais de metade dos inquiridos referiu que sente nostalgia em relação à Baixa e
recorda o passado com saudades. Parece existir uma nostalgia entre os frequentadores e
um certo ressentimento em relação às mudanças sentidas na Baixa, especialmente na
população idosa, que parece não encontrar um modo para coexistir com o novo meio.

Aplicação da Metodologia
Consideram que a Baixa antes tinha mais vida e segurança, havendo quem se refira à altura
em que passava o eléctrico e das inundações com saudades.

“… acho que antes era melhor. Lembro-me do eléctrico, das inundações, do passado.
Os edifícios mudaram um pouco, muitas lojas fecharam."

"Sensação de perda, pois este local está-se a tornar cada vez mais vazio de
degradante"

Dois estudantes referiram que lhes recorda o trajecto para a Latada e Queima.

"Saindo de um jantar no Terreiro da Erva, dirijo-me à Praça 8 de Maio, onde


encontro muitos estudantes, preparados para mais uma noite de festa.”

Os inquiridos descrevem a Baixa fisicamente, enunciando a praça 8 de Maio até ao


Largo da Portagem, considerando o eixo constituído pelas ruas Ferreira Borges e Visconde
da Luz como sendo o eixo principal da Baixa, estas possuem largura considerável e
bastante movimento humano e com forte conotação comercial. Referiram as ruas

103
115| Inquéritos
116| Inquéritos
117| Inquéritos

104
convergentes na Praça 8 de Maio, sendo estas as ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo. No
entanto, dois dos inquiridos, que eram estrangeiros, consideravam que a Baixa situa-se
entre a Rua da Moeda e o Pingo Doce, para eles os monumentos não eram relevantes nem
as praças.

"Encruzilhada de ruas estreitas que se prendem com a história do lugar, convergindo


num ponto estratégico, a Igreja de Santa Cruz. Está associada à proximidade com o Rio
Mondego, daí ser uma zona praticamente plana. É atravessada por duas ruas comerciais
pedestres bastante movimentadas.”

Descreveram a Baixa como sendo constituída por edifícios antigos e degradados,


como tendo ruas estreitas e sinuosas. Sendo que uma pequena percentagem acrescentou
o facto da actividade comercial se localizar no rés-do-chão, sendo os restantes pisos
referentes a habitação.

Vários inquiridos referiram a falta de estacionamento e a dificuldade de acesso

Aplicação da Metodologia
automóvel como um problema inerente a esta zona.

"Já não costumo ir lá, falta estacionamento, devia haver estacionamento


subterrâneo. E quando lá vou com um objectivo, vou ao sítio mais perto que possa em
relação ao carro."

"Costumava ir lá as compras, hoje não gosto de lá ir, é uma confusão para


estacionar o carro, prefiro ir de transportes públicos."

O elemento de maior importância dado nos desenhos, foi a Praça 8 de Maio, que
tinha maior destaque e era normalmente o primeiro elemento a ser desenhado, em que
curiosamente alguns faziam questão de desenhar a fonte.

Em todos os casos desenharam a Igreja de Santa Cruz e as ruas Visconde da Luz e


Ferreira Borges. Foram também desenhados na maior parte dos mapas, a Câmara
Municipal, o edifício da Caixa Geral de Depósitos e o Arco da Almedina. A Loja do Cidadão
foi desenhada em 29 % dos casos e a Praça do Comércio em 38 % dos casos.

105
118| Igreja de St. Cruz
119| Câmara Municipal de Coimbra e Igreja de St. Cruz
120| Inquéritos
121| Inquéritos 106
A Igreja de Santa Cruz a Câmara Municipal têm importância por se encontrarem no
cruzamento com características tão fortes, como é o caso da Praça 8 de Maio, para além
disso, a igreja pela sua imponência física e conotação histórica, faz ampliar o seu impacto.

O edifício da Caixa Geral de Depósitos, para além da sua forma diferente, encontra-
se também num ponto importante, já que está situado numa rua com forte tráfego e onde
existe uma flexão acentuada da via, que actua positivamente na percepção dos
observadores. A proximidade à Praça 8 de Maio torna este elemento mais marcante.

O Arco da Almedina tem um papel muito importante na história da cidade, como foi
visto no primeiro capítulo cujo valor histórico é recordado pelos inquiridos, para além disso
encontra-se no trajecto turístico e faz ligação com a Alta. O facto de ter um som diferente,
o Fado, vindo da Casa de Discos, oferece uma experiência diferente aos sentidos em
relação ao resto da Baixa.

O edifício da Loja do Cidadão encontra-se tão embutido na memória das pessoas


por motivos diferentes, em primeiro lugar tem elevada altura que contrasta fortemente
com o tecido envolvente, depois é um edifício novo comparado com os que o rodeiam. As
aberturas para a passagem do metro conferem-lhe uma forma diferente. Outro motivo tem
a ver com a forte afluência de pessoas que recorrem ao serviço prestado neste edifício e

Aplicação da Metodologia
pelo facto de se encontrar numa Avenida que tem forte tráfego. A ligação ao Largo Bota
Abaixo também contribui, pois é um espaço bastante amplo e degradado. Este largo tem
forte potencialização de espaço, pela presença deste elemento marcante e pela
proximidade da avenida, apesar de ter que lidar com o tecido envelhecido, traseiras
degradadas de várias habitações e de ser mediador entre o tecido medieval e as novas
construções.

Na Praça do Comércio, vários inquiridos referiam as escadarias, a Igreja de Santiago


e a presença de barracas que vendem artigos.

Curiosamente, apesar da proximidade do Rio Mondego, este raramente era


referido, constituindo um limite, inclusivamente uma das pessoas abordadas chegou
mesmo a dizer que não poderia responder ao inquérito, pois não sabia o suficiente da
Baixa, pois tinha vivido em Santa Clara, do outro lado do rio, portanto.

107
122| Edifício da Caixa Geral de Depósitos
123| Arco da Almedina
124| Loja do Cidadão
125| Igreja de Santiago e escadarias adjacentes

108
Relativamente à orientação, todos os inquiridos com uma excepção, responderam
que é importante saber-se onde se está e reconhecer elementos da cidade e se sente
satisfeito quando isso acontece.

Todos os inquiridos disseram não ter problemas de orientação na Baixa, metade dos
inquiridos acham que a Baixa é de fácil orientação, por ter pequena dimensão, enquanto os
restantes acham que a área da zona das ruas da Moeda, Corvo, Louça e Direita é confusa.

O desenho dos mapas pelos inquiridos demonstrou grande confusão nessa zona,
mesmo os que diziam ser de fácil orientação, não conseguindo desenhar o traçado para
além do eixo comercial principal. O facto deve-se às trocas de direcções destas e à falta de
elementos marcantes, sendo os edifícios em banda, com as ruas estreitas. Alguns
mencionaram a falta de placas de sinalização como sendo um dos motivos da dificuldade
de orientação. Os inquiridos deixavam no mapa esta zona em branco, apesar de alguns
desenharem a Loja do Cidadão enquadrada na Avenida Fernão de Magalhães. As vias
adjacentes não foram mencionadas na maior parte dos casos, ou quando o eram surgiam

Aplicação da Metodologia
no desenho como um labirinto.

Coimbra foi eleita, pela maior parte dos que responderam à questão, se conheciam
uma cidade com boa orientação, frequentemente o motivo mencionado era o facto de ter
pequena dimensão. No entanto outras cidades foram mencionadas como:

“Torres Vedras, Castelo Branco e Guimarães porque tem placas apropriadas.”

“Braga tem boa orientaçã,o pois as ruas são menos complexas e menos estreitas.”

“As cidades que têm rio ou mar, têm maior facilidade de orientação, como a
Figueira da Foz.”

“Frankfurt, pois para além de ser plana, possui zonas de circulação pedonal
espaçosas, o que associado ao facto da maioria dos edifícios não terem mais de 5, 6 pisos
vão permitir uma leitura mais ampla do espaço. Vai permitir utilizar os arranha-céus como
pontos de referência para a orientação"

109
126| Inquéritos
127| Inquéritos
128| Inquéritos
129| Inquéritos
110
“O Porto pois consegue perceber-se os lugares emblemáticos e tem o rio.”

“Aveiro pois conheço os elementos de referência.”

Em Coimbra, a dimensão das ruas, a intensidade do tráfego ou ausência deste,


servem como indicador auxiliar de orientação, assim como o comércio e os Monumentos.

"Caso me encontrasse em ruas estreitas com casas, provavelmente estaria entre o


Largo da Portagem e a estação Nova, se tivesse muito tráfego automóvel, estaria na Rua
da Sofia, se estivessem só peões então encontrar-me-ia entre a Praça 8 de Maio e o Largo
da Portagem".

A Torre da Universidade surge como outro elemento de referência, apesar de ser


exterior à Baixa, sendo um marco visual.

"…grande descida, passa-se por uma zona automóvel com rotundas e um pequeno
parque. Segue-se por uma rua sem passeio, degradada e soalheira, começam a aparecer
pequenas lojas, laboratórios, depois as igrejas e serviços públicos. Vê-se a Igreja de Santa

Aplicação da Metodologia
Justa e a Torre da Universidade ao fundo, as lojas começam a ser mais frequentes até que
chega à zona pedonal, onde o comércio e o peão são privilegiados"

Na descrição de um percurso pela Baixa de Coimbra, referiram as ruas Ferreira


Borges e Visconde da Luz em maior parte dos casos e o Arco da Almedina, mencionando a
Praça 8 de Maio como um espaço amplo, a cota inferior com as respectivas rampas, com a
venda de castanhas assadas nas estações frias e o som da água a jorrar da fonte.

"Surge uma praça, onde a imponente fachada da igreja lá implantada salta à vista,
aqui combinam-se sensações, o barulho da água da fonte aqui existente, o cheiro a
castanhas assadas nos meses frios, a claridade de todo o espaço. Após transpor a estrada
na primeira passareira que se encontra, inicia-se um nova caminhada, sempre ascendente,
onde a inclinação faz o nosso corpo inclinar-se intuitivamente para a frente de modo a
ganhar balanço. A rua que agora é tomada segue pelas traseiras dos edifícios da rua
principal, sendo que o facto que a mais marca é o aspecto degradado e abandonado de
alguns edifícios, bem como o mau cheiro que em certas alturas se sente. No fim desta rua
surge um pequeno cruzamento, o percurso continua virando à esquerda, e depois à

111
130| Inquéritos
131| Venda de castanhas assadas na Praça 8 de Maio
112
direita, sempre a subir, e onde são as vozes das crianças, do infantário nesta zona
existente, que marca esta etapa do percurso. Seguindo sempre em frente, por uma rua
onde a sua inclinação não permite uma fácil subida, chega-se a uma rua principal, onde o
som dos carros volta a dominar. "

Quando a percurso incluía a passagem para uma rua convergente à Praça 8 de


Maio, referiam o estado de degradação dos edifícios e abandono dos mesmos, as ruas
dessa zona como sendo estreitas, um inquirido acrescentou o facto de sentir um odor
desagradável em algumas alturas. A aproximação da Avenida Fernão de Magalhães é
anunciada pelo barulho dos automóveis.

"Prédios antigos e mal conservados, com duas únicas ruas largas e uma série delas
muito estreitas e confusas."

Quando o percurso passava pela rua Ferreira Borges até ao Largo da Portagem,
referiam a presença de muitas lojas e o Arco da Almedina, sendo que um inquirido
acrescentou, com o som encantador do Fado de Coimbra com a origem na Loja dos Discos.

Aplicação da Metodologia
" Ao passar pelo Arco da Almedina, posso ouvir aí o Fado."

As esplanadas, quiosques e bancos de jardim criam espaços agradáveis de acordo


com vários entrevistados, sendo que vários ressaltam o espaço ajardinado no largo da
Portagem, como algo positivo:

"Na portagem, vê-se o jardim no meio, verde, ou, se for primavera ou inicio de
verão, algumas flores coloridas. Os cafés da portagem têm a esplanada montada, e há um
quiosque verde. "

Um dos inquiridos relatou que nas ruas Visconde da Luz Ferreira Borges costumam
estar muitos pedintes a tocar, fazer malabarismos, ou simplesmente sentados, sendo ainda
comum a presença de ciganos.

113
132| Fado na Praça 8 de Maio, Agosto de 2006
133| Largo da Portagem, com a presença de jardins e
esplanadas

114
Conclusão
A Imagem da Baixa de Coimbra

A Baixa de Coimbra tem incontestavelmente uma história notável, com um vasto


património e forte concentração de serviços e actividades comerciais e isso está bem
definido na memória dos habitantes. A concentração do comércio no eixo principal torna a
zona com maior impacto. Simbolicamente a percepção da Baixa na memória dos inquiridos
é que esta consiste numa zona comercial e numa zona antiga, sendo portanto o centro da
cidade, como há muitas permanências edificadas, permite que as pessoas construam um
processo histórico. Como um inquirido dizia: “… A Baixa são as casas típicas, antigas…”

Como as habitações são relativamente homogéneas em termos de altura, materiais


e aspectos gerais, os quarteirões bem definidos, e ruas estreitas, os elementos marcantes
da Baixa são acentuados quando têm uma altura, forma ou materiais diferentes ou ainda
quando são espaços mais amplos, que contrastam com as ruas sinuosas. Os elementos

Conclusão
considerados mais marcantes são: a Igreja de Santa Cruz, a Câmara Municipal, a Caixa Geral
de Depósitos o Arco da Almedina e a Loja do Cidadão, decerto que os elementos
enunciados, aquando o reconhecimento do terreno, também estarão presentes na
memórias das pessoas, mas estes são os que têm maior impacto. Os elementos marcantes
que estão situados num cruzamento ficaram mais fortemente imprimidos na memória das
pessoas. Os elementos atrás referidos, têm ainda outro motivo para estarem tão
fortemente percepcionados, aquando a passagem no sítio onde estes se encontram, o
tempo que estão expostos ao olhar é elevado, pela grande abertura de espaços
circundantes, como se podem ver ao longe, tornam-se um ponto de apoio para os
observadores. A Igreja de Santa Cruz, juntamente com o arco da Almedina, têm ainda outro
factor que acentua a sua percepção, são associados a acontecimentos históricos.

115
116
Abordando a Legibilidade da Baixa, a hierarquização surge a vários níveis:
constituída por eixos pedonais principais, que por sua vez ligam as principais praças, eixos
viários principais e eixos secundários, pedonais e viários.

A via principal da Baixa, segundo os inquiridos, é a via pedonal constituída pelas


ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz. Tem forte conotação comercial, assim como a
presença de vários serviços, sendo de destacar as dependências bancárias. O traçado é
relativamente direito, fácil de reter na memória e de largura considerável, tendo boa
Legibilidade. Outro motivo pela boa Legibilidade do espaço é o facto de apresentar uma
Praça e um Largo nos seus extremos, respectivamente, a Praça 8 de Maio e Largo da
Portagem, dois cruzamentos com várias características que imprimem forte percepção nos
indivíduos. Para além disso, tem ligação com outra praça, a Praça do Comércio com os
respectivos elementos de referência.

Os eixos viários constituídos pela Rua da Sofia, Av. Fernão de Magalhães, Av. Emídio
Navarro também se encontram bem definidos na memória dos inquiridos, são de largura
considerável e apresentam tráfego intenso, possuem boa legibilidade, o mesmo não se
passando com as ruas situadas entre o eixo pedonal principal e a Avenida Fernão de
Magalhães, que são secundárias.

Conclusão
As ruas da Moeda, Direita, Louça e Corvo são reconhecidas pela sua importância na
Baixa, com o seu carácter comercial, mas em questão de legibilidade não estão bem
definidas. As ruas viárias secundárias não se encontram bem estruturadas na mente das
pessoas, pois não têm um traçado bem definido e direccionado, são ruas estreitas, escuras,
é uma zona com a presença de vários becos, sem elementos marcantes, onde os edifícios
são em banda. Mesmo as pessoas que trabalham na Baixa não conseguiam desenhar estas
ruas, por vezes desenhando-as como sendo um labirinto.

O facto de haver ruas largas e principais, que contrastam com ruas de menor
dimensão e portanto secundárias, actua positivamente para estruturar um espaço, outro
factor que ajuda na Legibilidade é concentração de serviços, ou algo que possa distinguir os
diversos espaços, mas quando as ruas secundárias têm um desenho confuso e não são
confortáveis visualmente, essa legibilidade é reduzida. Assim chegou-se à conclusão

117
118
que a Baixa tem boa orientação e consequente boa legibilidade, excepto na zona das ruas
da Moeda, Corvo, Louça e Direita.

O Largo da Portagem é importante no imaginário das pessoas, com as suas


esplanadas e dependências bancárias, a vegetação, apesar de escassa, é notada
positivamente com satisfação. A Praça 8 de Maio é o cruzamento mais importante, onde
existe forte concentração de pessoas, sendo nesta zona que muitos idosos que se
encontram e convivem. A presença da fonte contribui para que este cruzamento seja tão
importante assim como a diferença de cotas com as respectivas rampas e a presença de
elementos marcantes como a Igreja de Santa Cruz, a Câmara e o edifício da Caixa Geral de
Depósitos. Verificava-se nas entrevistas um prazer emocional resultante da panorâmica.

Outro cruzamento a referenciar é a Praça do Comércio, com dois elementos


marcantes que reforçam a sua importância: Igreja de Santiago com as suas escadarias. A
nível do terreno, o facto de se encontrar a uma cota inferior ao eixo comercial, assim como
um pavimento diferente, juntamente com as Tendas dos Comerciantes dão uma qualidade
singular ao espaço, em relação à sua envolvente. O facto de ser um espaço amplo e
luminoso, em que as ruas convergentes são o contrário, estreitas e escuras, acentua a sua
importância.

Conclusão
As esplanadas, quiosques e bancos de jardim criam espaços agradáveis de acordo
com vários entrevistados, isso imprime boas sensações na memória das pessoas.

Os cruzamentos Terreiro da Erva e Largo do Bota Abaixo raramente foram


mencionados pelos inquiridos, após análise do terreno são os cruzamentos que acarretam
mais problemas para o tecido urbano e para a qualidade visual da Baixa de Coimbra.

Relativamente aos limites, o limite situado entre a Avenida Emídio Navarro, na zona da
Portagem até a Estação, está bem presente nas entrevistas, raramente o rio era
mencionado apesar de estar apenas a uns metros de um dos cruzamentos mais referidos, o
Largo da Portagem. Esta frágil ligação com o Rio, assenta numa baixa clareza visual nessa
zona, quando nos aproximamos da Baixa por esse lado.

119
120
Os inquiridos referiram constantemente o abandono da população, pois existe forte
diminuição de pessoas a circular durante a noite, pelo que se nota a falta de vida e
animação nocturna. O sentimento de insegurança foi por diversas vezes mencionado, outro
facto a considerar é a degradação dos edifícios. Como influência negativa verifica-se ainda
que o estacionamento é desordenado tendo elevada utilização do transporte individual, já
que não existe alternativa viável.

Há alguns aspectos que embora não sendo físicos, actuam positivamente no


imaginário das pessoas em relação à Baixa de Coimbra, como é o caso de paisagens
sonoras: o som do Fado de Coimbra presente no Arco da Almedina, e paisagens olfactivas:
as Castanhas assadas que se vendem na Praça 8 de Maio. A presença dos malabaristas no
eixo principal da Baixa são também elementos retidos. Já no campo físico, as ruas estreitas
e sinuosas com as suas construções antigas, as flores e esplanadas no Largo da Portagem
foram mencionadas.

Coimbra foi considerada como tendo boa orientação, por ser uma cidade pequena,
mas consideraram que existe falta de placas de sinalização. A Torre da Universidade, os
Monumentos, os estabelecimentos comerciais, a intensidade do tráfego, presença de locais
estritamente pedonais e a dimensão das ruas, com a respectiva hierarquização, contribuem

Conclusão
para ajudar as pessoas a orientarem-se na Baixa de Coimbra.

Ao mencionarem outras cidades com boa orientação, a justificação que usaram


permitiu definir elementos que ajudam neste processo: distribuição de ruas clara,
hierarquizadas com dimensão razoável e traçado regular, a presença de elementos fortes
como o rio ou mar, a presença de áreas espaçosas e elementos de referência visual dentro
do tecido homogéneo, para que possa haver distinção.

Ao longo do tempo têm sido realizadas diversas operações para a recuperação dos
imóveis de modo isolado, esquecendo que apenas com estratégias bem definidas

121
122
se consegue abranger a área urbana como um todo. Como se comprova pelo resultado dos
inquéritos, a Baixa de Coimbra tem uma malha com elevado valor patrimonial que é
determinante na imagem que os habitantes têm desta. É imperativo assumir que este
património deve ser conservado e integrado nos novos tempos, para que deles se tire
proveito e se renove a esperança de voltar a ter uma Baixa com vida.

“ A globalização dos costumes e das condutas leva as comunidades a óbvios


problemas de evolução da identidade e esta a ainda mais evidentes desalinhos na
identificação com os espaços de referência.”138

Depois de identificados os espaços de referência, estão determinados os espaços


que devem ter especial atenção estrategicamente, pois disto depende a preservação da
Identidade da Baixa.

“Foi sempre com arquitectura que se construiu a materialidade visual da cidade.”139

O ambiente urbano é um espaço produzido, resultante da acção humana que


participou na sua criação e desenvolvimento, sendo susceptível de ser mudado, essa
mudança deve ser consciente da longa sequência de pontos a ter em conta. Este trabalho
surge como um processo de investigação que complementa outros tantos, mas visto por

Conclusão
um prisma diferente, as percepção das pessoas que utilizam a Baixa de Coimbra. A herança
conservada do passado dá um feixe de condições à interpretação humana, cabe tentar
identificar essa interpretação, reforçar os elementos determinantes na Imagem da Baixa e
atenuar os negativos. A perda de comunicação estreita origina meios cada vez mais
artificiais, produzindo efeitos negativos nos indivíduos. É necessária preocupação com as
necessidades emocionais que o ambiente evoca nas pessoas, apesar de cada indivíduo
sentir à sua maneira, foi concluído neste trabalho que efectivamente há imagens
colectivas.

138
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações
expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas
cidades.FCTUC.2000.p.21.
139
ROSSA.Walter- cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras provocações
expressas de forma desordenada.workshop internacional de arquitectura.Novos mapas para velhas
cidades.FCTUC.2000.p.25.

123
124
Considerações finais

A aplicação dos inquéritos na Baixa de Coimbra, permitiu-me conhecer melhor esta


zona da cidade, sendo que algumas das ruas eram para mim desconhecidas.

Os inquéritos mostraram-se um bom método para se obter informações sobre as


características da Baixa, no entanto, o facto de ser resposta aberta fez com que divagassem
ou dessem respostas demasiado curtas, ou nos sítios errados, pelo que dificultou o
tratamento dos inquéritos. No entanto, tratando-se do estudo da percepção sobre o
espaço, a única opção seria realmente não induzir a respostas pré-feitas de forma a ter
uma resposta verdadeiramente fiável.

A realização dos inquéritos revelou-se de extrema importância, permitindo


perceber alguns receios da população, sobretudo dos comerciantes, que normalmente
referiam como a Baixa era antigamente, recordando com tristeza a altura em que esta era

Considerações Finais
o centro definitivo da cidade, em que muitas pessoas circulavam e faziam compras naquele
local.

Parte considerável das pessoas recusaram-se a responder ao inquérito, mesmo


explicando o propósito deste. Alguns recusavam quando se apercebiam da extensão deste,
pelo que a longa duração do mesmo foi definitivamente um grande obstáculo, o que
limitou o número de amostras conseguidas para o estudo.

Alguns inquiridos, depois de compreender os objectivos do estudo, acabavam por


aceder, embora muitos referindo que não tinham nada a dizer ou que não sabiam o
suficiente para responder e não poderiam ensinar ou dizer algo de importante. Tive que
lhes explicar que não existia respostas certas, e que apenas estava interessada na
percepção que as pessoas têm daquele local.

Outro obstáculo foi a última questão do inquérito, em que se tinha que desenhar o
mapa do que eles consideravam como a Baixa, ficando bastante desconfortáveis e receosos
ao fazê-lo.

125
126
Alguns dos inquiridos aproveitavam para reclamar, com esperança que este
trabalho seja lido pelas autoridades referentes à Baixa. Uma queixa frequente, era terem
menos clientes, que vários estabelecimentos estavam a fechar e que um dos causadores
disso era a presença dos novos Shoppings. Quando esse assunto surgia, era difícil trazer os
inquiridos de volta para ao inquérito, sendo que facilmente dispersavam em divagações,
que apesar de não estarem directamente relacionadas com as questões feitas no inquérito,
contribuíram para completar as suas opiniões sobre a Baixa.

A sensação que tive foi que os comerciantes consideram que não se tem feito um
esforço relevante para reavivar a zona, olham para o passado com nostalgia e saudade e
não têm muita esperança que a baixa volta a ser o que era.

Com os inquéritos, ficou claro o sentimento de pertença dos comerciantes, sendo


um lugar carregado de vivências e de memórias. As relações de vizinhança que se
pressentiram, em que os comerciantes referiam os nomes dos comerciantes vizinhos e
revelavam o carácter e particularidades destes, são reveladoras de momentos de partilha
de emoções, assim como de recordações e de histórias.

Considerações Finais
O desenvolvimento deste tipo de trabalho deixa sempre assuntos para aprofundar
no entanto a limitação do tempo, a quantidade de inqueridos e extensão destes assim
obrigou.

127
128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AA. VV. - Evolução do espaço físico de Coimbra, CMC, Coimbra: Gráfica de Coimbra,
2006. ISBN: 9892001036. 154p.

ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço


urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. Prova Final de Licenciatura em Arquitectura na UC. 82p.

ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da


universidade de Coimbra, 2008. ISBN: 978-989-8074-30-0. 307p.

BAFNA, Sonit; DALTON, Ruth Conroy - The syntactical image of the city: A reciprocal
definition of spatial elements and spatial syntaxes. Proceedings: 4th International
Space Syntax Symposium London, Georgia Institute of Technology, 2003. 22p.

BANDEIRINHA, José António; JORGE, Filipe - Coimbra vista do céu. Lisboa:


Argumentum, 2003. 96p. ISBN. 972-8479-30-1

CARREIRA, Fabio - Campo Santa Maria Formosa, Venice, Italy, Massachusetts:


Massachusetts Institute of Technology, 1997. Tese de Mestrado em MIT. 38p.

COMISSÃO INTERDISCIPLINAR DA BAIXA - O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da


CMC. 44p.

CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização,


Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. 61p.

CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 1/2, Relatório,


Lisboa, 2006. 136p.

CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório,


Lisboa, 2006. 122p.

129
130
CMC - Plano Estratégico de Coimbra - Diagnóstico preliminar, Enquadramento Geo-
Estratégico, Relatório, Lisboa, 2007. 58p.

CMC - Plano Estratégico de Coimbra – Diagnóstico Final, Relatório, Lisboa, 2007. 82p.

CMC - Plano Estratégico de Coimbra - Documento Base, Relatório, Lisboa, 2009. 72p.

CMC - Plano Estratégico de Coimbra - Documento Complementar, Relatório, Lisboa,


2009. 116p.

CMC - Urbanismo Coimbra Anos 90, Relatório, Coimbra, 1993.

DALTON, Ruth Conroy; BAFNA, Sonit - The syntactical image of the city: A reciprocal
definition of spatial elements and spatial syntaxes. Proceedings: 4th International
Space Syntax Symposium London, Georgia Institute of Technology, 2003. 22p.

DIAS, Pedro; REBELO, Fernando - Coimbra e Região. Coimbra: EPARTUR, 1978. 112p.

DIAS, Pedro - Coimbra: Arte e História. Porto: Paisagem Editora, 1983. 216p.

DIAS, Pedro - Coimbra: Guia Para uma visita. Coimbra: EPARTUR, 2002. ISBN:
9726032687. 165p.

FERREIRA, Carolina Conceição - Coimbra aos Pedaços. Coimbra: FCTUC, 2007. Prova
Final de Licenciatura em Arquitectura UC. 148p.

FIGUEIREDO, A. C. Borges - Coimbra Antiga e Moderna. Coimbra: Almedina, 1996.


ISBN: 972400970X. 387p.

GABINETE PARA O CENTRO HISTÓRICO - Coimbra com mais encanto. Coimbra:


Relatório da CMC, 2009. 25p.

GARNIER, Jacqueline Beaujeu - Geografia Urbana. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, 1983. 443p.

GOMES, Carina - Modos de Vida nas Cidades e Processos de Reabilitação Urbana- O


caso da Baixa de Coimbra. Coimbra: Faculdade de Economia da UC, 2005. Tese de
Licenciatura. 177p.

131
132
GOMES, Carina - A (re)criação dos lugares- Coimbra: cidade e imaginário turístico,
Lisboa: Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 2008.
Dissertação de mestrado em Sociologia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa. 110p.

GRAVETO, Pedro - A Zona Histórica de Coimbra enquanto património. Porto:


Dissertação FAUP, 2005. 604p.

JORGE, Filipe; BANDEIRINHA, José António - Coimbra vista do céu. Lisboa:


Argumentum, 2003. 96p. ISBN. 972-8479-30-1

LOBO, Manuel L. Costa - A Recriação da Imagem de Coimbra e os seus Valores


Culturais. Coimbra: Museu Nacional Machado de Castro, 1983. 22p.

LYNCH, Kevin - A imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70, 2008. ISBN: 9789724414119.
198p.

MARQUES, Rafael - Coimbra Através dos Tempos. Coimbra: Cruz vermelha e Gráfica de
Coimbra, 2004. ISBN: 972603308X. 214p.

PENHA, Maria Raquel Veloso de Brito e - Coimbra: Caminhos de uma cidade, evolução
morfológica da cidade do Mondego. Coimbra: FCTUC, 2005. Prova Final de Licenciatura
apresentada ao Departamento de Arquitectura da FCTUC. 263p.

PIMENTEL, António Filipe - A Morada da Sabedoria. Coimbra: Almedina, 2005. ISBN:


9724027473. 535p.

REBELO, Fernando; DIAS, Pedro - Coimbra e Região. Coimbra: EPARTUR, 1978. 112p.

ROSSA, Walter - Diversidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao


estabelecimento definitivo da Universidade. Coimbra: FCTUC, 2001. Dissertação de
Doutoramento apresentada à FCTUC. 897p.

ROSSA, Walter - Cidade: o sonho de Nero, o desenho, o comércio tradicional e outras


provocações expressas de forma desordenada, workshop internacional de
arquitectura, Novos mapas para velhas cidades. Coimbra: FCTUC, 2000. ISSN 0874-
6168. Nº 3. 26p.

133
134
SANTOS, Lusitano dos - Planos de Urbanização para a cidade de Coimbra. Coimbra:
Museu Nacional Machado de Castro, 1983. 95p.

SILVA, J. Mendes da; VARUM, Humberto; VICENTE, Romeu - UNIVER(SC)IDADE :


desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade. Coimbra:
Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de
Coimbra e ICOMOS-Portugal, 2007. 54p.

SILVA, Susana Margarida Valente da - Deambulando pela Baixa de Coimbra: O


Comércio Tradicional em Contexto Urbano. Coimbra: FEUC, 2009. Dissertação de
mestrado em Sociologia da FEUC. 68p.

TAVEIRA, Tomás - Discurso da Cidade. Lisboa: Novotipo, 1973. Dissertação


expressamente elaborada para o concurso de provas públicas para o provimento de um
lugar de professor do 1º grupo da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. 255p.

VARUM, Humberto; VICENTE, Romeu; SILVA, J. Mendes da, - UNIVER(SC)IDADE :


desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade. Coimbra:
Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de
Coimbra e ICOMOS-Portugal, 2007. 54p.

VICENTE, Romeu; VARUM, Humberto; SILVA, J. Mendes da, - UNIVER(SC)IDADE :


desafios e propostas de uma candidatura a património da humanidade. Coimbra:
Gabinete de Candidatura à UNESCO - Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de
Coimbra e ICOMOS-Portugal, 2007. 54p.

Artigos de Revistas:

‘ECDJ’: Workshop internacional de arquitectura , Novos Mapas para Velhas Cidades.


Coimbra: Novembro 2000, vol. 3. 115 p.

‘ECDJ’: Workshop internacional de arquitectura: Coimbra um novo mapa. Coimbra:


2001, vol. 4. 91 p.

‘ECDJ’: Sofia: Concurso Público de ideias para reabilitação da Rua da Sofia. Coimbra:
2004, vol. 8. 63 p.

‘ECDJ’: Seminário internacional de desenho urbano. Coimbra: 2004, vol. 6/7. p. 93

Monumentos: Dossiê: Coimbra. Da Rua da Sofia à Baixa. Lisboa: 2006, vol. 25.

135
136
Fontes de imagens

[Imagem subcapa]
BANDEIRINHA, Filipe Jorge e José António - Coimbra vista do céu. Lisboa: Argumentum, 2003. 31p.

1. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
2. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
3. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
4. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
5. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
6. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
7. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
8. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
9. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
10. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
11. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8
12. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade
de Coimbra, 2008.p.39

13. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade


de Coimbra, 2008 p.44

14. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade


de Coimbra, 2008.p.42

15. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade


de Coimbra, 2008.p.42

16. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade


de Coimbra, 2008.p.62

17. ALARCÃO, Jorge de – Coimbra: A Montagem do Cenário Urbano. Coimbra: Universidade


de Coimbra, 2008.p.65

18. http://www.flickr.com/photos/biblarte/3211719929/sizes/m/in/set-
72157612783263804/
19. http://purl.pt/93/1/iconografia/imagens/imagoteca/univ_imagoteca.html
20. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

137
138
21. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA
INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.13

22. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da


universidade de Coimbra, 2008.p.14.

23. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154
24. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da
universidade de Coimbra, 2008.p.2

25. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154
26. ALARCÃO, Jorge de - Coimbra: a montagem do cenário urbano. Coimbra: Imprensa da
universidade de Coimbra, 2008.p.196

27. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=4
28. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
29. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
30. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=241858
31. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização,
Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.33

32. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório,
Lisboa, 2006. 111p.

33. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=376030
34. http://viciosdeaaz.blogspot.com/2011/03/quinta-das-lagrimas.html
35. http://www.pbase.com/image/111410843
36. http://omundoporbrasileiros.blogspot.com/2010/12/jardim-botanico-de-coimbra.html
37. http://alma-e-pele.blogspot.com/2009/03/sentido-de-orientacao.html
38. http://www.euroacessibilidade.com/pag_fotos/f35.htm
39. CMC - Plano Estratégico de Coimbra - diagnóstico preliminar - volume 2/2, Relatório,
Lisboa, 2006. p.111

40. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. p.3


41. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização,
Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.31

42. CMC - Plano de Urbanização da Cidade de Coimbra-1a Fase: Caracterização,


Diagnostico e Cenários Prospectivos, Relatório sectorial 05, Lisboa, 2010. p.31

43. http://portoacademico.blogspot.com/2010/06/o-traje-academico-em-coimbra-i-o-
antigo.html

139
140
44. http://aopedaraia.blogspot.com/2010/12/sobre-o-fado-mariza-cantar.html
45. http://passeiosturisticosemcoimbra.wordpress.com/2011/02/24/as-republicas-de-
estudantes/

46. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.10


47. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
48. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
49. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
50. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
51. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
52. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
53. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
54. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO
55. BASES PARA INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.12
56. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA
INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

57. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA


INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

58. SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO: BASES PARA


INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.5

59. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.11


60. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.13
61. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0008.jpeg
62. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0010.jpeg
63. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0009.jpeg
64. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0012.jpeg
65. http://krypton.mnsu.edu/~tony/Pictures/Misc/Sketches0011.jpeg
66. Própria Autora
67. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
68. Própria Autora
69. Própria Autora
70. Própria Autora

141
142
71. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 21
72. Própria Autora
73. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
74. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
75. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p. 14
76. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
77. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
78. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
79. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
80. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
81. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
82. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
83. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
84. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
85. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
86. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
87. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
88. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
89. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
90. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
91. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
92. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
93. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
94. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
95. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
96. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
97. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
98. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
99. http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=382676
100. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p.25
101. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005..p. 28

143
144
102. Própria Autora
103. Própria Autora
104. Própria Autora
105. Própria Autora
106. Própria Autora
107. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.35
108. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.32
109. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005.p.17
110. Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. p. 16
111. Inquérito respondido à própria autora
112. Inquérito respondido à própria autora
113. Inquérito respondido à própria autora
114. Inquérito respondido à própria autora
115. Inquérito respondido à própria autora
116. Inquérito respondido à própria autora
117. Inquérito respondido à própria autora
118. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
119. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf
120. Inquérito respondido à própria autora
121. Inquérito respondido à própria autora
122. Própria Autora
123. Própria Autora
124. Própria Autora
125. Própria Autora
126. Inquérito respondido à própria autora
127. Inquérito respondido à própria autora
128. Inquérito respondido à própria autora
129. Inquérito respondido à própria autora
130. Inquérito respondido à própria autora
131. Própria Autora
132. Própria autora
133. http://www.coimbravivasru.pt/pdf/praca_oito_de_maio.pdf

145
146
ANEXO A

PLANOS PARA A BAIXA DE COIMBRA

1| Projecto dos novos arruamentos na zona da Cidade limitada por Rua Ferreira Borges, Cais, Largo das
Ameias e Praça 8 de Maio, de Abel Dias Urbano
2| Plano Dias Urbano 1928

147
3| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, De Groeer ,1940
4| Plano com estradas e caminhos de Ferro, De Groeer, 1940
5| Plano de Ordenamento de Extensão e embelezamento da cidade de Coimbra, DeGroer, 1940
6| Plano De Groeer, 1940
148
7| Plano de urbanização da parte baixa da cidade, de Luís Benavente.
8| Plano de urbanização, de Luís Benavente.

149
9| Plano Almeida Garret (1955)
10| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
11| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
12| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)
13| Plano Regulador de Coimbra , Plano Almeida Garret ( 1955)

150
14| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
15| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
16| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
17| Plano de Remodelação da Baixa de Coimbra, Alberto Pessoa, 1956
18| Arranjo Urbanístico dos Terrenos confinantes com a Rua de Aveiro –LadoNorte, Leonardo Dias, 1963, CMC
151
19| Estudo de Alteração ao Plano de Urbanização - Remodelação da Baixa de Coimbra - Av. Fernão de
Magalhães, Alves Martins 1967.
20| Plano de Síntese, Costa Lobo,1971 .
21| Plano de Urbanização da Baixa, Planta Geral, Costa Lobo, 1971/73.
22| Proposta da CMC para a Baixa nos anos70.
152
23| Plano Távora, Távora, 1992

153
154
FONTES DAS IMAGENS

1- SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA


INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC,2006, p.18

2- Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p.39

3- Comissão Interdisciplinar da Baixa- O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p. 40

4- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

5- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

6- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

7- SRU, Sociedade de Reabilitação Urbana - 2ª UNIDADE DE INTERVENÇÃO BASES PARA


INTERVENÇÃO / DOCUMENTO ESTRATÉGICO, Coimbra: CMC, 2006, p.18

8- Comissão Interdisciplinar da Baixa - O Relatório, Coimbra, 2005. Relatório da CMC.p.39

9- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=8

10- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço
urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.47

11- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

12- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

13- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

14- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

15- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

16- ALMEIDA, Sandra Maria Fonseca, A cidade baixa: evolução e caracterização do espaço
urbano. Coimbra: FCTUC, 1997. p.53

17- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

18- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

19- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

20- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

21- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

22- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7

23- http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=764154&page=7
155
156
ANEXO B
INQUÉRITO

1 — Quando ouve a palavra Baixa, o que lhe vem imediatamente à ideia, o que simboliza a palavra
para si?
- Como faria a descrição física da Baixa?

2 — Gostaríamos que fizesse rapidamente um mapa da Baixa. Faça-o como se tivesse a fazer uma
descrição rápida da cidade a um visitante, não esquecendo as suas características principais. Não se
espera um desenho apurado, mas apenas um esboço tosco. (O entrevistador deve apontar dados
sobre a sequência usada ao desenhar o mapa).

3 a )Dê, por favor, uma descrição completa e explicita das direcções que utiliza quando vem do
trabalho para casa. Imagine-se a fazer este percurso e descreva a sequência das coisas que pode
ver, cheirar e ouvir ao longo do caminho, incluindo o que é para si importante e as indicações de
que um estranho necessitaria para tomar as mesmas decisões na escolha de caminho que por si são
tomadas. Estamos interessados na descrição física das coisas. Não é importante lembrar-se do
nome das ruas ou locais. (Durante esta fase da entrevista, o entrevistador tem de levar o
entrevistado, no caso de ser necessário, a fazer descrições mais detalhadas.)

b ) - Tem algumas sensações emocionais em particular acerca das diversas partes do seu
caminho?
Quanto tempo leva a percorrê-lo?
Há locais no percurso onde não saiba ao certo onde está?

4 — Agora gostávamos de saber quais os elementos da Baixa que considera mais distintos. Podem
ser grandes ou pequenos; mas diga-nos quais, para si, são mais fáceis de reter na memória. (Para
cada grupo de dois ou três elementos citados na resposta à pergunta 4, o entrevistador faz a
pergunta seguinte.)
5

a) Seria capaz de me descrever a baixa?


Se fosse para lá levado de olhos vendados e no local lhe tirassem a venda, que elementos
usaria para identificar o local onde se encontrasse?

b) Tem alguns sentimentos emotivos para com a baixa?

c) Mostre-me no seu mapa, onde fica o centro da baixa? onde estão os seus limites?

6— É capaz de me mostrar a direcção Norte no seu mapa?

7 — O inquérito terminou, mas seria útil se conversássemos 2 ou 3 minutos à vontade (o resto das
perguntas são inseridas informalmente):
b) Que importância tem a orientação e o reconhecimento dos elementos da cidade para as
pessoas?
c) Sente alguma satisfação em saber onde está e para onde vai? Ou alguma contrariedade, no caso
contrário?
d) Acha que a Baixa tem fácil orientação e identificação das partes?
e) Quais das cidades que conhece, têm boa orientação? Porquê?

157
158
Ficha Técnica
Entrevistado n.º

Idade:

Residente, Transeunte, Trabalhador não residente

Género: Feminino, Masculino

Esboço do mapa da Baixa de Coimbra:

159

Você também pode gostar