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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Exatas e da Natureza


Programa de PósGraduação em Matemática
Mestrado em Matemática

Compacidade de soluções para


equações do tipo Yamabe em
dimensão 3

Lorena Maria Augusto Pequeno Silva

João Pessoa  PB
Julho de 2019
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Programa de PósGraduação em Matemática
Mestrado em Matemática

Compacidade de soluções para


equações do tipo Yamabe em
dimensão 3
por

Lorena Maria Augusto Pequeno Silva

sob a orientação do

Prof. Dr. Manassés Xavier de Souza

João Pessoa  PB
Julho de 2019
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

S586c Silva, Lorena Maria Augusto Pequeno.


Compacidade de soluções para equações do tipo Yamabe em
dimensão 3 / Lorena Maria Augusto Pequeno Silva. - João
Pessoa, 2019.
92 f.

Orientação: Manassés Xavier de Souza.


Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCEN.

1. Análise de blow-up. 2. Compacidade. 3. equação de


Yamabe. I. Souza, Manassés Xavier de. II. Título.

UFPB/BC

Elaborado por - CRB-


A minha família
Agradecimentos

A Deus pela vida e pelas pessoas que colocou em meu caminho.


A minha mãe e meus irmãos pelo apoio durante toda minha vida e pelo incentivo
de continuar estudando mesmo estando longe de casa durante alguns momentos. Obri-
gada pelo apoio de vocês! Agradeço ao meu pai que mesmo em forma espiritual me
acompanhou durante todo o tempo, me dando força e consolo quando preciso. A toda
minha família que torceu pelo meu sucesso.
Agradeço ao meu amado Douglas Queiroz por todo apoio, amor e conança quando
nem eu mesma acreditei que fosse capaz.
Ao professor Manassés Xavier que aceitou o convite de me orientar. Obrigada
por todos os momentos compartilhados, sua paixão e dedicação com a matemática
contagiam. Agradeço pela sua disponibilidade, paciência e simpatia. O senhor é um
exemplo de prossional para mim.
Agradeço aos professores Levi Lopes de Lima e Uberlandio Batista Severo e aos
suplentes José Carlos Albuquerque Melo Júnior e Márcio Silva Santos por terem aceito
o convite de participar da banca e pelas suas contribuições a esse trabalho.
Aos meus sogros por terem me dado suporte principalmente no último ano em João
Pessoa, os considero como parte da minha família. Aos meus amigos Castelo Branco
e Sylvia Ferreira que mesmo já os conhecendo desde a graduação se tornaram grandes
amigos durante o mestrado. Foi um prazer ter dividido desesperos e conquistas com
vocês além dos muitos momentos de alegria. O quarteto é para toda vida.
Aos amigos que z no mestrado em especial a Ângélica, Douglas Magno, Hector,
Lázaro, Lênin, Mariana, Pedro, Railane, Raoni, Ranieri, Renato e Thiago Paiva. Obri-
gada pelos momentos de estudos e conversa.
A CAPES pelo apoio nanceiro.
Por m, agradeço a todos que de forma direta e indireta contribuíram e torceram
para a realização desse trabalho.
Resumo

Nesta dissertação, provaremos resultados sobre a compacidade de soluções para


equações do tipo Yamabe em variedades Riemannianas de dimensão 3. Para isso,
faremos uma análise local sobre sequências de soluções próxima a pontos de blow-up e
usaremos o Teorema da Massa Positiva. Além disso, veremos algumas aplicações sobre
tal resultado: o cálculo do grau de Leray-Schauder e a existência e multiplicidade
de sequências minimizantes. Por m, veremos que os mesmos resultados continuam
válidos para uma classe de equações com peso mais geral do tipo Yamabe também em
dimensão 3.

Palavras-chave: Análise de blow-up; Compacidade; equação de Yamabe.


Abstract

In this dissertation, we will prove results on the compactness of solutions for equa-
tions of the Yamabe type in Riemannian manifolds of dimension 3. For this, we will
do a local analysis of a sequence of solutions near blow-up points and use the Positive
Mass Theorem. In addition, we will see some applications about this result: the calcu-
lation of the Leray-Schauder degree and the existence and multiplicity of minimizing
sequences. Finally, we will see that the same results remain valid for a class of Yamabe
type equations with more general weight also in dimension 3.

Keywords: Blow-up analysis; Compactness; Yamabe's equation.


Sumário

Introdução 2

1 Preliminares 6
1.1 Operadores Diferenciáveis em Variedades Riemannianas . . . . . . . . . 6
1.2 Teorema da Massa Positiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Equações Elípticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.4 Soluções positivas em bolas perfuradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Ya-


mabe 22
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 Denições e notações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 A Identidade de Pohozaev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.4 Propriedades dos pontos de blow-up . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.5 Todo ponto de blow-up isolado é um ponto de blow-up isolado simples . 52
2.6 Descartando as acumulações de bolhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.7 Prova dos resultados principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.8 Algumas aplicações do Teorema 2.24 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

3 Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Ya-


mabe com peso 67
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.2 A Identidade de Pohozaev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.3 Propriedades de blow-up isolado e isolado simples . . . . . . . . . . . . 70
3.4 Teoremas de Compacidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.5 Compacidade e existência de função minimizante quando Q é positiva
em algum lugar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

Referências Bibliográcas 82

1
Introdução

Uma consequência do Teorema da Uniformização de Poincaré para uma variedade


(M, g) compacta bi-dimensional é que existe uma métrica g̃ conforme a g de tal forma
que (M, g̃) possui curvatura Gaussiana constante. Uma pergunta natural seria: é
possível generalizar o Teorema de Uniformização para n ≥ 3? Surge então o problema
proposto por Yamabe.
Problema de Yamabe: Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta suave
de dimensão n ≥ 3. Então, existe métrica g̃ conforme a g com curvatura escalar
constante.
Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta suave de dimensão n ≥ 3 e g̃
4
uma métrica conforme a g. Então, g̃ pode ser escrita por g̃ = u n−1 g , onde u é uma
função real positiva e suave denida em M . Assim, podemos relacionar as curvaturas
na métrica g e g̃ da seguinte forma
 
n+2
− n−2 n−1
Rg̃ = u 4 ∆g u + Rg u ,
n−2

onde Rg e Rg̃ são as curvaturas escalares de M na métrica g e g̃ respectivamente.


Analiticamente, o problema de Yamabe é equivalente a encontrar uma solução positiva
u para a chamada equação de Yamabe

n−2 n+2
∆g u − Rg u + Ku n−2 = 0 em M, (1)
4(n − 1)

onde ∆g é o operador de Laplace-Beltrami associado a métrica g e K é uma constante.


O operador Lg = ∆g − n−2
R
4(n−1) g
é chamado de Laplaciano conforme na métrica g.
Yamabe observou que (1) é a equação de Euler-Lagrange para o funcional

Rg̃ dvg
R
Q(g̃) = R M  n−2
M
dvg̃ n

que é conhecido como funcional de Yamabe. É possível denir ainda o invariante de

2
Yamabe como sendo
λ(M ) = inf Q(g̃),
g̃∈[g]

onde [g] representa a classe de equivalência de métricas conformes a g . O sinal desse


invariante nos dá informações sobre o conjunto solução do problema de Yamabe. Se
λ(M ) < 0, a solução do problema é única. Caso λ(M ) = 0, a solução é única a menos
de um fator constante. Em nosso trabalho, estamos interessados no caso em que o
λ(M ) > 0, pois a estrutura do conjunto de soluções do problema pode ser muito rica.
O próprio Hidehiko Yamabe acreditou ter provado tal problema em 1960 no artigo
[30] utilizando técnicas do cálculo variacional e de equações diferenciais parciais elíp-
ticas. No entanto, em 1968 Neil Trudinger descobriu um erro na prova de Yamabe.
Em [29], Trudinger conseguiu adaptar alguns resultados feitos por Yamabe ao intro-
duzir a hipótese do invariante de Yamabe λ(M ) ≤ 0. Na verdade, ele mostrou que se
o invariante de Yamabe fosse menor que uma constante positiva α(M ) os resultados
valiam. Em 1976, Aubin estendeu o resultado de Trudinger em [2] mostrando que
α(M ) = λ(Sn ) para toda variedade M, onde Sn é a esfera unitária munida da métrica
usual. No mesmo trabalho, Aubin resolveu ainda o problema de Yamabe para o caso
não localmente conformemente at para as dimensões n ≥ 6. Por m, Schoen com-
pletou em 1984 a prova do problema de Yamabe no artigo [24] resolvendo os casos
restantes para as dimensões 3 ≤ n ≤ 5 e o caso em que a variedade é localmente
conformemente at. Destacamos que os resultados obtidos por Schoen foram possíveis
graças ao uso do Teorema da Massa Positiva da Relatividade Geral.
A solução do problema Yamabe foi uma conquista notável pois pela primeira vez,
foi dada uma teoria de existência bastante satisfatória para uma equação diferencial
parcial não linear envolvendo um expoente crítico de Sobolev.
Ainda sobre o problema de Yamabe, John Lee e Thomas Parker [17], alguns anos
depois, deram uma outra demonstração para o problema, apresentando melhorias para
alguns resultados ao introduzir um sistema de coordenadas normais conformes, que
simplicou a análise local.
Após a resolução completa do problema de Yamabe, surgiram tentativas em descre-
ver o conjunto de soluções da equação de Yamabe (1). A Conjectura de Compacidade
tenta investigar a Compacidade das soluções em variedades Riemannianas que não são
equivalentemente conformes a esfera. Exclui-se a esfera pois em Obata [23] é demons-
trado que o conjunto de soluções de (1) para a esfera unitária (Sn , g0 ) é não-compacto.
Tal Conjectura foi proposta em 1988 por Richard Schoen enquanto estudava o caso
localmente conformemente at em [25]. Vejamos:
Conjectura de Compacidade: O conjunto de soluções do Problema de Yamabe, no
caso em que o invariante de Yamabe for positivo, é compacto a não ser que a variedade

3
seja conformemente equivalente a esfera euclidiana.
Em 1991, Schoen obteve resultados de compacidade para o problema de Yamabe
no artigo [26] provando que quando (M, g) é localmente conformemente at mas não
conformemente equivalente à esfera unitária, todas as soluções para o problema Yamabe
permanecem em um conjunto compacto em relação à norma C 3 e o grau total de todas
as soluções de Leray-Schauder é igual a −1.
Em 1999, YanYan Li e Meijun Zhu [20] provaram para variedades Riemannianas de
dimensão 3 o caso não localmente conformemente at. Por ser um trabalho pioneiro
e em dimensão 3, esse artigo tornou-se uma referência na literatura. Os trabalhos
posteriores em dimensões maiores tiveram como referência o trabalho e a metodologia
desenvolvidos por Li e Zhu. Devido a sua importância, nosso objetivo nesta dissertação
é estudar os resultados sobre compacidade obtidos no artigo [20] em variedades Rie-
mannianas de dimensão 3. Para obter tais resultados, precisaremos de uma Identidade
do tipo Pohozaev, analisar as sequências de soluções próximas a pontos de blow-up e
do Teorema da Massa Positiva.
Mais recentemente, sobre variedades não localmente conformemente at, Druet
provou resultados sobre compacidade em dimensão 4 no artigo [8] e dimensão 5 em [9].
Em 2008 Simon Brendle provou no trabalho [4] que a Conjectura de Compacidade é
falsa quando n ≥ 52. No mesmo ano, Fernando Codá Marques e Brendle provaram em
[5] que a Conjectura é falsa para 25 ≤ n ≤ 51. Por m, em 2009 Marcus Khuri, Marques
e Schoen nalmente provaram em [16] que a conjectura é válida para 3 ≤ n ≤ 24. Um
texto acessível sobre o último trabalho é a dissertação [7]. Em resumo, a Conjectura
da Compacidade é válida em qualquer variedade Riemanniana para 3 ≤ n ≤ 24.
Estudaremos a seguir os resultados obtidos em [20] que comprovam a Conjectura
da Compacidade em dimensão 3. Nosso trabalho está dividido em três capítulos. No
primeiro capítulo, veremos os resultados preliminares que serão utilizadas durante a
dissertação, passando por alguns resultados de Geometria e de Análise. No segundo
capítulo, apresentaremos a equação do tipo Yamabe que estudaremos, deniremos os
pontos de blow-up, blow-up isolado e isolado simples para uma sequência de soluções,
além da Identidade de Pohozaev, bem como diversos resultados sobre a análise dos
pontos de blow-up. A segunda parte deste capítulo é dedicada a provar dois teoremas
de compacidade um com respeito a norma H 1 e outro em C 2 . Depois discutiremos as
seguintes aplicações: o cálculo do Grau de Leray-Schauder e a existência e multiplici-
dade em problemas de minimização. O último capítulo é destinado a compacidade de
soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso, que é um caso mais
geral que o visto no Capítulo 2 e que incluí o problema de equações de curvatura esca-
lar prescrita e terá a mesma metodologia do capítulo anterior. Encerramos o capítulo

4
destacando um resultado de compacidade obtido quando o peso é permitido mudar de
sinal e a existência de uma função minimizante também neste caso.

5
Capítulo 1

Preliminares

Este capítulo será dedicado a relembrar ou conhecer, de forma introdutória, alguns


conceitos e resultados que serão utilizados durante toda a dissertação. A primeira
seção é destinada aos operadores diferenciáveis em variedades Riemannianas. Em se-
guida, veremos denições e resultados sobre o Teorema da Massa Positiva que, embora
provenha da teoria da relatividade, será fundamental para o nosso resultado sobre a
compacidade de soluções em C 2 . Dando continuidade, relembraremos alguns resulta-
dos sobre a teoria elíptica e por m veremos alguns resultados para soluções positivas
de equações elípticas lineares em bolas perfuradas.

1.1 Operadores Diferenciáveis em Variedades Rieman-


nianas
Denição 1.1. O gradiente de f ∈ C ∞ é o campo vetorial de classe C ∞ , ∇f : M →
T M , denido por
h∇f, Xi = Xp (f ),

para todo X pertencente ao conjunto dos campos de vetores de classe C ∞ em M , ou


ainda X ∈ X(M ).

1. Se {E1 , ..., En } é um referencial ortonormal em uma vizinhança U de M, ou seja


Ei ∈ X(U ) de modo que para todo q ∈ U, {Ei }i=1,··· ,n forma uma base ortonormal
de Tq M, então
n
X
∇f = Ei (f )Ej em U.
i,j=1

2. Dado p ∈ M e v ∈ Tp M , seja α : (−ε, ε) → M uma curva de classe C ∞ tal que

6
1. Preliminares

α(0) = p e α0 (0) = v . Então

d
h∇f, vip = (f ◦ α)(t) .

dt t=0

Veremos a seguir uma caracterização do gradiente em coordenadas locais.

Proposição 1.1. Seja M uma variedade Riemanniana com métrica g . Se f : M → R


é de classe C ∞ e U ⊂ M é uma vizinhança coordenada com campos coordenados
∂1 , . . . , ∂n , então
n
X ∂f
∇f = g kl ∂k .
k,l=1
∂xl

Em particular,
n
2
X ∂f ∂f
|∇f | = g kl .
k,l=1
∂xk ∂xl

n
Demonstração. Sejam ak ∈ C (U ) com k = 1, . . . , n tais que ∇f =
X

ak ∂k . Então,
k=1
n n n
∂f X X X
= h∇f, ∂l i = h ak ∂k , ∂l i = ak h∂k , ∂l i = ak gkl.
∂xl k=1 k=1 k=1

Assim,

n n n
! n n
! n
X ∂f
kl
X X X X X
g = g kl aj gjl = aj kl
g glj = aj δkj = ak .
l=1
∂xl l=1 j=1 j=1 l=1 j=1

Logo,
n n
X X ∂f
∇f = ak ∂k = g kl ∂k .
k=1 k,l=1
∂xl

Como consequência, temos que

|∇f |2 = h∇f, ∇f i
n n
kl ∂f ∂f
X X
= h g ∂k, g mj ∂mi
k,l=1
∂xl m,j=1
∂xj
n
X ∂f ∂f
= g kl g mj gkm .
j,k,l,m=1
∂xl ∂xj

7
1. Preliminares

Ou ainda,

n n
2
X ∂f ∂f X mj
kl
|∇f | = g ( g gkm )
j,k,l=1
∂x l ∂xj m=1
n
X ∂f ∂f
= g kl δjk
j,k,l=1
∂xl ∂xj
n
X ∂f ∂f
= g kl .
k,l=1
∂xl ∂xk

n
X ∂f ∂f
Portanto, |∇f |2 = g kl .
k,l=1
∂xk ∂xl
Denição 1.2. Seja X ∈ X(M ). A divergência de X é a função de classe C ∞ div X :
M → R dada por
(div X)(p) = tr{v 7→ (∇v X)(p)},

onde tr representa o traço do operador linear v ∈ Tp M → ∇v X ∈ Tp M.

Proposição 1.2. Sejam X ∈ X(M ) e {E1 , . . . , En } um referencial ortonormal em uma


n
X
vizinhança U ⊂ M . Se X = fi Ei em U , então
i=1
n
X
div X = (Ei (fi ) − h∇Ei Ei , Xi) em U.
i=1

Em particular, se o referencial for geodésico em p ∈ U , ou seja ∇Ei Ej (p) = 0, então

n
X
div X = Ei (fi )(p).
i=1

Demonstração. Pela denição de divergência, temos que


n
X
div X = tr{v 7→ (∇v X)(p)} = h∇Ei X, Ei i
i=1

usando a compatibilidade da conexão Riemanniana,

n
X
div X = (Ei hX, Ei i − hX, ∇Ei Ei i)
i=1
n n
!
X X
= Ei h fj Ej , Ei i − hX, ∇Ei Ei i
i=1 j=1
Xn n
X
= Ei (fj )hEj , Ei i − hX, ∇Ei Ei i
i,j=1 i=1

8
1. Preliminares

Ou ainda,

n
X n
X
div X = Ei (fj )δij − hX, ∇Ei Ei i
i,j=1 i=1
X n n
X
= Ei (fi ) − hX, ∇Ei Ei i
i=1 i=1
Xn
= (Ei (fi ) − hX, ∇Ei Ei i).
i=1

Em particular, segue diretamente do que acaba de ser provado já que se o referencial


n
X
for geodésico, ∇Ei Ei (p) = 0. Logo, div X = Ei (fi ).
i=1

Lema 1.3. Sejam X ∈ X(M ) e U ⊂ M uma vizinhança coordenada com campos


n
X
coordenados ∂1 , . . . , ∂n . Se X = fi ∂i em U , então
i=1

n n
X ∂fi X
div X = + fi Γjij ,
i=1
∂xi i,j=1

onde Γkij são os símbolos de Christofell da métrica de M em U .

Demonstração. Observe que usando as propriedades da conexão Riemanniana temos


que

n
! n n  
X X X ∂fk
∇ ∂i X = ∇ ∂i fk ∂k = ∇∂i (fk ∂k ) = ∂k + fk ∇∂i ∂k
k=1 k=1 k=1
∂xi
n n
! n n
X ∂fk X ∂fk X X
= ∂k + fk Γjik ∂j =
∂k + fk Γjik ∂j
k=1
∂xi j=1 k=1
∂x i j=1
n n n n
!
X ∂fk X X ∂fk X
= ∂k + fj Γkij ∂k = + fj Γkij ∂k .
k=1
∂x i
j,k=1 k=1
∂x i j=1

A expressão entre parênteses da linha anterior é um termo genérico da matriz que


representa a aplicação Y → ∇Y X no referencial {∂xi , i = 1, . . . , n}. Portanto,

n n
X ∂fi X
div X = + fi Γjij .
i=1
∂xi i,j=1

Proposição 1.4. Sejam X ∈ X(M ) e U ⊂ M uma vizinhança coordenada com campos

9
1. Preliminares

n
X
coordenados ∂1 , . . . , ∂n . Se X = fi ∂i em U, então
i=1

n
1 X ∂ √
div X = √ (fi det G)
det G i=1 ∂xi

em U, onde G = (gij ) é uma matriz da métrica.

Demonstração. Observe que


n n X
n  
X X 1 ∂gik ∂gjk ∂gij
Γjij = + − g kj
j=1 j=1 k=1
2 ∂xj ∂xi ∂xk
n n n
!
1 X ∂gik kj X ∂gjk kj X ∂gij kj
= g + g − g
2 j,k=1
∂x j
j,k=1
∂x i
j,k=1
∂x k

n n n
!
1 X ∂gij jk X ∂gjk kj X ∂gij kj
= g + g − g
2 k,j=1
∂xk j,k=1
∂xi j,k=1
∂xk
n
1 X ∂gjk kj
= g .
2 j,k=1 ∂xi

Para demonstrar a proposição precisaremos da armação a seguir.


Armação Vale a seguinte identidade:
n
X ∂gjk kj 1 ∂
g = (det G).
j,k=1
∂xi det G ∂xi

Demonstração da Armação: Seja (Gk )i a matriz obtida de G = (gij ) derivando as


entradas da k-ésima coluna na direção de ∂i . Ou seja,
 
g11 · · · ∂i g1k · · · g1n
 
 g21 · · · ∂i g2k · · · g2n 
(Gk )i =  .. .. ..
 
.. ..
. . . . .

 
 
gn1 · · · ∂i gnk · · · gnn

Como det G é linear em cada coluna, temos

n n
1 ∂ X X
(det G) = det(G−1 ) det((Gk )i ) = det(G−1 (Gk )i ).
det G ∂xi k=1 k=1

10
1. Preliminares

Usando o fato que G−1 G = Id, segue que


   
11 1k 1n
g ··· g ··· g g11 · · · ∂i g1k · · · g1n
   
21 2k 2n
−1 k
 g ··· g ··· g   g21 · · · ∂i g2k · · · g2n 
G (G )i =  .. .. ..  . .. .. ..
   
.. .. .. ..
. . . . .  . . . . .

  
   
g n1 · · · g nk · · · g nn gn1 · · · ∂i gnk · · · gnn

 
1 ··· 0 A1k 0 ··· 0
.. . . . .. .. . . . 
. .. . .. 


 . . . 
 

 0 ··· 1 Ak−1,k 0 ··· 0  
= 0 ··· 0 Ak,k 0 ··· 0 
 
 
 0 · · · 0 Ak+1,k 1 ··· 0 
.. . . . .. .. . . .. 
 
. .. . . 


 . . . 
0 ··· 0 Ank 0 ··· 1
n
X ∂gjk
onde Alk = g lj . Assim,
j=1
∂xi

n
1 ∂ X
(det G) = det(G−1 ) det((Gk )i )
det G ∂xi k=1
n
X
= Akk
k=1
n
X ∂gjk kj
= g ,
j,k=1
∂x i

o que prova a armação.


Agora, usando o Lema 1.3 e a Armação anterior, obtemos

n n
!
X ∂fi X
div X = + fi Γiij
i=1
∂xi j=1
n  
X ∂fi fi ∂
= + (det G)
i=1
∂xi 2 det G ∂xi
n 
∂ √

X ∂fi fi
= +√ ( det G)
i=1
∂xi det G ∂xi

1
colocando √ em evidência, obtemos
det G

11
1. Preliminares

n
∂fi √ ∂ √
 
1 X
div X = √ det G + fi ( det G)
det G j=1 ∂xi ∂xi
n
1 X ∂  √ 
= √ fi det G .
det G i=1 ∂xi

Portanto, a proposição está provada.

Denição 1.3. Seja M uma variedade Riemanniana. O Laplaciano em M é o operador


∆ : C ∞ (M ) −→ C ∞ (M ), também chamado de operador de Laplace-Beltrami, denido
por
∆u = div ∇u, u ∈ C ∞ (M ).

Observação 1.1. Usando o Lema 1.4 e a Proposição 1.1, obtemos que em uma vizi-
nhança coordenada U ⊂ M , o operador Laplaciano assume a seguinte forma:

n

 
1 X ∂ ij ∂u
∆u = √ g det G
det G i,j=1 ∂xi ∂xj
n
∂ 2u
 
X ∂u
= g ij
− Γkij . (1.1)
i,j,k=1
∂xi ∂xj ∂xk

1.2 Teorema da Massa Positiva


Nesta seção, veremos alguns resultados e denições com o objetivo de chegar ao
Teorema da Massa Positiva, que a priori é um resultado físico da Teoria de Relatividade,
e a sua relação com a constante A da função de Green. O Lema 1.11 será indispensável
para a demonstração do Teorema 2.23. Graças a Schoen, foi possível relacionar o
Teorema da Massa Positiva ao Problema de Yamabe e inferir sobre a positividade da
constante A da função de Green através de variedades assintoticamente planas.
Não demonstraremos os resultados desta seção por exigirem mais aporte teórico
do que aqui será exibido. Além do mais, o nosso interesse é apresentar o Teorema da
Massa Positiva e deixar claro sua relação com o nosso trabalho.

Denição 1.4. Suponha que (M, g) seja uma variedade Riemanniana compacta com
λ(M ) > 0. Dado P ∈ M dena a métrica ĝ = Gp−2 g sobre M̂ = M \ {P }, com

G = (n − 2)ωn−1 aΓP

onde ωn−1 é o volume da bola unitária em Rn e ΓP é a função de Green sobre o ponto

12
1. Preliminares

P . A variedade (M̂ , ĝ) juntamente com a aplicação natural σ : M \ P → M̂ é chamada


de projeção estereográca de M a partir de P .
Na proposição a seguir, Pk denotará um polinômio homogêneo em x de grau k .

Lema 1.5. Em um sistema de coordenadas normais conformes (Φ, Ω) em P a função


de Green G tem uma expansão assintótica da forma

n
!
X
G(x) = |x|n−2 1 + ψk (x) + (c + u1 + u2 ) log |x| + α(x)
k=4

para todo x ∈ Φ(Ω) \ {0}, ψk ∈ Pk , α(x) ∈ C 2,µ , u1 e u2 são funções harmônicas com
u1 ∈ P1 , u2 ∈ P2 e os termos com log aparecem apenas se n é par.
Em particular, se n = 3, 4, 5 ou M é localmente conformemente plana em uma
vizinhança de P então a expressão anterior é simplicada e dada por

G(x) = |x|2−n + A + O00 (r) (1.2)

onde A é uma constante (não necessariamente positiva).

A prova pode ser vista em [17] página 65.

Denição 1.5. Dada (M, g) uma variedade Riemanniana, (M, g) é dita assintotica-
mente plana de ordem τ > 0 se existe uma decomposição M = M0 ∪ M∞ com M0
compacta, M∞ difeomorfa a Rn \ BR para algum R > 0 e o difeomorsmo fornece um
sistema de coordenadas {z i } sobre M∞ tal que

gij = δij + O(ρ−τ ), ∂k gij = O(ρ−τ −1 ), ∂k ∂l gij = O(ρ−τ −2 )

para ρ → ∞. As coordenadas {z i } são chamadas coordenadas assintóticas.


Essa denição aparentemente depende da escolha de coordenadas assintóticas. No
entanto, na Seção 9 de [6], vê-se que a estrutura assintoticamente plana é determinada
apenas pela métrica.

Teorema 1.6. M̂ é assintoticamente plana de ordem τ = 1 se n = 3, de ordem 2 se


n ≥ 4 e ordem n − 2 se M é conformemente plana perto de P.

A projeção estereográca de M recebe esse nome pois a curvatura escalar na métrica


ĝ sobre a variedade M̂ = M \ P é identicamente nula. Mais ainda, M̂ = M \ P é
assintoticamente plana. Isso simplica bastante o problema, similarmente ao que se
faz no caso da esfera no qual usa-se a projeção estereográca de Sn sobre Rn , visto que
sobre Rn a curvatura escalar é identicamente nula.

13
1. Preliminares

Denição 1.6. Dada uma variedade Riemanniana assintoticamente plana (M, g) com
coordenadas assintóticas {z i }, denimos a massa da variedade como sendo o limite
Z
−1
m(g) = lim ω µ y dz
R→∞ SR

se o limite existe, onde µ é o campo vetorial de massa-densidade denido em M∞ por

n
X
µ= (∂i gij − ∂j gii )∂j .
i,j=1

Teorema 1.7. (Teorema da Massa positiva): Seja (M, g) uma variedade Rieman-
niana assintoticamente plana de dimensão n = 3 e ordem τ > 21 com curvatura escalar
não-negativa. Então a massa m(g) é não-negativa e m(g) = 0 se, e somente se, (M, g)
é isométrica ao espaço Euclidiano R3 .

Para a prova e mais detalhes veja o artigo [27]. Schoen e Yau conseguiram ainda
generalizar o resultado acima para 3 ≤ n ≤ 7.

Teorema 1.8. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana assintoticamente plana de


dimensão 3 ≤ n ≤ 7 e ordem τ > n−2 2
com curvatura escalar não-negativa. Então a
massa m(g) é não-negativa e m(g) = 0 se, e somente se, (M, g) é isométrica ao espaço
Euclidiano Rn .

O Teorema da Massa Positiva continuou sendo tema de pesquisa. Devido a sua


ligação com os resultados de compacidade e outros temas. Muitos pesquisadores ten-
taram generalizá-lo para dimensão n qualquer. O trabalho de Schoen e Yau [28] ainda
em análise publicado em 2017 talvez conclua essa pesquisa.
Vejamos mais resultados sobre o assunto.

Teorema 1.9. Se (M, g) é uma variedade Riemanniana compacta (conexa) localmente


conformemente plana de dimensão n ≥ 3, então a massa de M̂ satisfaz m(ĝ) ≥ 0.
Mais ainda m(ĝ) = 0 se, e somente se, (M̂ , ĝ) é conformemente equivalente a esfera
(Sn , g0 ).

Lema 1.10. Seja (M̂ , ĝ) a projeção estereográca de M a partir de P ∈ M . Se n =


3, 4, 5, ou M é localmente conformemente plana próximo a P, então m(ĝ) = 4(n − 1)A.
Onde A é a função que aparece na função de Green.

A demonstração do lema pode ser encontrada em [17] na página 79. O resultado


a seguir é o fato mais importante da seção e será a peça chave para demonstrar o
Teorema 2.24.

14
1. Preliminares

Lema 1.11. Se n = 3, 4, 5 ou (M, g) for localmente conforme plana em uma vizinhança


de P , então a constante A na função de Green de (1.2) é não-negativa. Mais ainda,
A = 0 se, e somente se, M̂ é isométrica ao espaço Euclidiano Rn .

Demonstração. Se M for localmente conformemente plana, o resultado segue do Teo-


rema 1.9 acima e do lema anterior. Nos outros casos, considere a projeção estereográca
(M̂ , ĝ). Temos então que M̂ tem curvatura escalar igual a zero. Pelo Teorema 1.6, sa-
bemos que M̂ é assintoticamente plana de ordem τ = 1, 2 ou 2, se n = 3, 4, ou 5,
(n−2)
respectivamente. Assim, nessas dimensões, temos que τ > 2
e pelo Teorema 1.8
segue que m(ĝ) ≥ 0 e m(ĝ) = 0 se e somente se M̂ é isométrica ao Rn . Pelo Lema 1.10,
segue que A ≥ 0 e A = 0 respectivamente.

O lema anterior não se aplica a variedades arbitrárias de dimensão n ≥ 6, pois


a projeção estereográca de M tem ordem τ igual a 2 para n ≥ 4, mas a condição
(n−2)
τ> 2
não é satisfeita para dimensão maior ou igual a seis.

1.3 Equações Elípticas


Dedicamos esta seção a um breve estudo de equações diferenciais elípticas. Em
diversos momentos do trabalho, faremos uso delas. A referência principal desta seção é
o livro de Gilbarg e Trudinger [11] onde podem ser encontradas as demonstrações dos
resultados aqui presentes.
O primeiro resultado que veremos sobre equações elípticas é o Princípio do Máximo
em suas duas versões, a clássica e a forte. A primeira versão é conhecida também como
o Princípio do Máximo Fraco.

Proposição 1.12. (Princípio do Máximo Fraco) Seja u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω̄) uma função
harmônica onde Ω é limitado. Então,

sup u = sup u.
Ω ∂Ω

O mesmo resultado vale se substituirmos sup por inf . Tal versão é chamada de
Princípio do Mínimo.

Proposição 1.13. (Princípio do Máximo Forte) Se ∆u ≥ 0 (≤ 0) em Ω e suponha


que exista um ponto y ∈ Ω tal que

u(y) = sup (inf u)


Ω Ω

15
1. Preliminares

então u é constante.
Consequentemente, uma função harmônica não pode assumir no interior um valor de
máximo ou mínimo, a menos que seja constante.

O Princípio do Mínimo Forte é uma versão do resultado acima substituindo-se u


por −u e sup por inf .
O próximo resultado que veremos é a Desigualdade de Harnack. Essa desigualdade
arma que os valores de uma função harmônica não-negativa u em Ω são todos com-
paráveis, ou seja, u não pode assumir valores muito pequeno (ou muito grande) em
qualquer ponto de Ω a menos que assuma valores muito pequeno (ou muito grande)
em todos os pontos de Ω.

Proposição 1.14. (Desigualdade de Harnack)


Seja u uma função harmônica não-negativa em Ω. Então, para todo subdomínio
Ω ⊂⊂ Ω limitado, existe uma constante C dependendo de n, Ω0 e Ω tal que
0

sup u ≤ C inf0 u.
Ω0 Ω

A demonstração dos três resultados acima pode ser encontrada em [11] nas páginas
15 e 16.

Teorema 1.15. (Teorema de Böcher)


Seja u uma função harmônica positiva em B1 (0) \ {0}. Então, existe uma função
harmônica b em B1 (0) e uma constante a ≥ 0 tal que
−a log |x| + b(x), se n = 2
(
u(x) = a
|x|n−2
+ b(x), se n ≥ 3.

Vejamos mais alguns resultados.


Em um domínio Ω ⊂ Rn , consideremos o operador elíptico diferenciável de segunda
ordem da forma
∂ 2u ∂u
Lu = −aij + bi + cu (1.3)
∂xj ∂xj ∂xi
com os coecientes limitados aij = aji , bi e c satisfazendo a condição elíptica

aij ξi ξj ≥ λ|ξ|2 ,

para alguma constante λ > 0, para todo ξ ∈ Rn . Por convenção, os índices repetidos
são somados de 1 a n.

Teorema 1.16. Seja L um operador elíptico do tipo (1.3) com coecientes de classe
C ∞ e u ∈ C 2 (Ω). Supondo que Lu = f ∈ C α (Ω̄), então u ∈ C 2,α (Ω) e para todo

16
1. Preliminares

Ω0 ⊂⊂ Ω temos

kukC 2,α (Ω0 ) ≤ C kukL∞ (Ω) + kf kC α (Ω̄) .

Além disso, se Ω é de classe C 2+α e se u ∈ C o (Ω̄) coincide com a função uo ∈ C 2+α (Ω̄)
sobre ∂Ω, então u ∈ C 2,α (Ω̄) e

kukC 2,α (Ω̄) ≤ C kukL∞ (Ω) + kf kC α (Ω̄) + kuo kC α (Ω̄) .

1.4 Soluções positivas em bolas perfuradas


Nesta seção fornecemos algumas descrições bem conhecidas na literatura sobre os
comportamentos singulares de soluções positivas para algumas equações elípticas line-
ares em bolas perfuradas. Para n ≥ 3, Br denotará a bola em Rn de raio r centrada
na origem. Denotaremos por g = gij dxi dxj alguma métrica Riemanniana suave em B1
e k(x) ∈ C 1 (B1 ).

Lema 1.17. Suponha que u ∈ C 2 (B1 \ {0}) seja uma solução de

−∆g u + k(x)u = 0, em B1 \ {0}

e u(x) = o(|x|2−n ) quando |x| → 0. Então u ∈ C 2,α (B 1 ) para todo 0 < α < 1.
2

Demonstração. Primeiro mostraremos que −∆g u + k(x)u = 0 em B1 no sentido das


distribuições. Para todo ε > 0, consideremos a função corte ξε :

 1

 se |x| ≤ ε,
ξε (x) = 0 se|x| ≥ 2ε,

C C
 |∇ ξ | < |∇2g ξε | <

g ε ε
, ε2
.

Então, para todo φ ∈ Cc∞ (B1 ), temos que


Z Z
− ∆g (φ(1 − ξε ))u + kuφ(1 − ξε ) = 0.
B1 B1

De fato, para todo φ ∈ Cc∞ (B1 ), temos que


Z Z
− ∆g u((φ(1 − ξε ))) + kuφ(1 − ξε ) = 0.
B1 B1

Por outro lado, integrando por partes duas vezes consecutivas, obtemos
Z Z Z Z
− ∆g u((φ(1 − ξε ))) + kuφ(1 − ξε ) = − ∆g (φ(1 − ξε ))u + kuφ(1 − ξε )
B1 B1 B1 B1

17
1. Preliminares

Logo, a armação realmente vale.


Usando a regra do produto para o laplaciano para a armação anterior e a denição
de ξε , encontramos que
Z Z Z Z
C
− ∆g φu + kuφ ≤ 2
|u| + C |u|

B1 B1 ε B2ε \Bε Bε

Fazendo ε tender a zero, obtemos pela Desigualdade de Hölder e a Continuidade abso-


luta da integral que Z
C
|u| = o(1)
ε2 B2ε \Bε

e pelo fato que u(x) = o(|x|2−n ) quando |x| → ∞,


Z
C |u| = o(1).

R
Portanto, − B1 ∆g φu + B1 kuφ ≤ o(1).
R

Sabemos que u(x) = o(|x|2−n ) e u ∈ Lsloc (B1 ) para s < n


n−2
. Pelas estimativas de
2,s
W 2,s
, temos que u ∈ Wloc (B1 ). O lema então segue do método padrão de bootstrap e
de estimativas elípticas.

Lema 1.18. Existe alguma constante δ0 > 0 dependendo de n, kgij kC 2 (B1 ) e kk(x)kL∞
tal que o Princípio do Máximo seja válido para −∆g + k(x) na Bδ0 e existe uma única
G ∈ C 2 (Bδ0 \ {0}) satisfazendo


 −∆g G + k(x)G = 0 em Bδ0 \ {0},

G = 0 sobre ∂Bδ0 ,
n−2

 lim |x| G(x) = 1.

|x|→0

Além disso, G(x) = |x|2−n + R(x) onde R(x) satisfaz, para todo 0 < ε < 1, as estima-
tivas

|x|n−4+ε |R(x)| + |x|n−3+ε |∇R(x)| ≤ C(ε), para todo x ∈ Bδ0 , n ≥ 4

e
|x|ε−1 |R(x) − R(0)| + |x|ε |∇R(x)| ≤ C(ε), para todo x ∈ Bδ0 , n = 3,

onde C(ε) é alguma constante dependendo de ε, n, kgij kC 2 (B1 ) e kk(x)kL∞ .

A demonstração deste lema pode ser encontrada por exemplo no Apêndice B de


[20].

18
1. Preliminares

Lema 1.19. Se u(x) ∈ C 2 (B1 \ {0}) satisfaz

− ∆g u + k(x)u = 0, u > 0 em B1 \ {0}, (1.4)

então
a = lim max u(x)|x|n−2 < +∞.
r→0 |x|=r

Demonstração. Suponha que o Lema 1.19 seja falso, isto é, a = +∞. Portanto, para
todo A > 0, existe ri → 0+ tal que

u(x) > A|x|2−n , para todo |x| = ri .

Note ainda que, pela Desigualdade de Harnack, existe C > 0 tal que para 0 < r < 1

max u(x) ≤ C min u(x). (1.5)


|x|=r |x|=r

Considere agora vA (x) = A


2
G(x), onde G(x) foi denido no Lema 1.18. Segue do
Princípio do Máximo que para i sucientemente grande

u(x) ≥ vA (x), para todo ri ≤ |x| ≤ δ0 .

Fazendo i → +∞, temos que

A
u(x) ≥ vA (x) = G(x), para todo 0 < |x| < δ0 .
2

Tendendo agora A para o innito, temos que u(x) → ∞ o que contraria (1.5). O que
conclui a prova.

Proposição 1.20. Se u(x) ∈ C 2 (B1 \ {0}) satisfaz

−∆g u + K(x)u = 0, u > 0 em B1 \ {0},

então existe alguma constante b ≥ 0 tal que

u(x) = bG(x) + E(x), na Bδ0 \ {0},

onde G(x) e δ0 são denidas no Lema 1.18 e E(x) ∈ C 2 (B1 ) satisfaz

−∆g E(x) + K(x)E(x) = 0, em B1 .

19
1. Preliminares

Demonstração. Considere

b = b(u) = sup{λ ≥ 0 | λG ≤ u em Bδ0 \ {0}}. (1.6)

Pelo Lema 1.19 e a denição de b acima, temos que 0 ≤ b ≤ a < +∞. Então temos
dois casos a considerar.

Caso 1: b = 0.
Neste caso, armamos o seguinte:

∀ ε > 0, ∃ rε ∈ (0, δ0 ) : min{u(x) − εG(x)} ≤ 0 ∀ 0 < r < rε


|x|=r

Provaremos que a armação vale argumentando por contradição. Suponha que seja
falsa, então existe ε0 > 0 e uma sequência rj → 0+ tal que

min {u(x) − ε0 G(x)} > 0.


|x|=rj

Note que pelo Lema 1.18 , u(x)−ε0 G(x) > 0 para |x| = δ0 . Pelo Princípio do Máximo,
u(x)−ε0 G(x) > 0 no anel Bδ0 \Brj . Consequentemente, u(x)−ε0 G(x) > 0 em Bδ0 \{0},
o que implica que
b ≥ ε0 > 0,

contradizendo o fato de b = 0. A armação portanto está provada.


Assim, para todo ε > 0 e 0 < r < rε existe xε com |xε | = r tal que u(xε ) ≤ εG(xε ).
Pela Desigualdade de Harnack, temos

max u(x) ≤ Cu(xε ) ≤ CεG(xε ),


|x|=r

de onde obtemos
u(x) = o(|x|2−n ) quando |x| → 0.

Tomando E(x) = u(x), segue do Lema 1.17 o resultado para o caso em que b = 0.
Caso 2: b > 0.
Considere v(x) = u(x)−bG(x). Pela denição de b(u), temos que v(x) ≥ 0. O Princípio
do Máximo nos garante que v(x) = 0 ou v(x) > 0 em Bδ0 \ {0}. Se v(x) = 0, basta
escolher E(x) = 0 e o resultado segue. Se v(x) > 0 na Bδ0 \{0}, temos que v(x) satisfaz
(1.4). Seja
b(v) = sup{µ ≥ 0 | µG ≤ v em Bδ0 \ {0}}.

Se µ ≥ 0 e µG ≤ v em Bδ0 \ {0}, então µG ≤ u(x) − bG(x), o que implica que

20
1. Preliminares

(µ + b)G ≤ u e pela denição de b, temos b ≥ µ + b. Logo, µ ≤ 0. Portanto, µ = 0,


o que nos leva a b(v) = 0. Argumentando da mesma forma como zemos no Caso 1,
temos que v(x) = o(|x|2−n ) quando |x| → 0. Escolhendo E(x) = v(x), o resultado para
este caso segue do Lema 1.17.

Vejamos, por m, um corolário imediato da Proposição 1.20.

Corolário 1.21. Para n ≥ 3, se u é uma solução de (1.4) que é singular perto da


origem, então
Z Z
∂g u ∂g G
lim = b · lim = −(n − 2)|Sn−1 |b
r→0 ∂Br ∂ν r→0 ∂Br ∂ν

onde b > 0 é denido em (1.6) e ν denota o vetor unitário normal externo.

A primeira igualdade do corolário anterior segue da Proposição 1.20 e a segunda


igualdade do Lema 1.18.

21
Capítulo 2

Compacidade de soluções para uma


classe de equações do tipo Yamabe

2.1 Introdução
O objetivo deste capítulo é estabelecer resultados de compacidade para uma classe
de equações do tipo Yamabe em dimensão 3. Precisamente, estudaremos a compaci-
dade das soluções em variedades Riemannianas compactas (M, g) de dimensão 3 que
satisfazem a equação
− ∆g u + Ku = up , u > 0 em M, (2.1)

onde K ∈ C 1 (M ) e 1 < p ≤ 5. Note que para p = 5 e K = 81 Rg a equação anterior


coincide com a equação de Yamabe.
Para obter tais resultados sobre compacidade, precisaremos da Identidade de Poho-
zaev além de uma análise sobre os pontos de blow-up. Dentre as propriedades que
veremos, destacamos a Proposição 2.16 que juntamente com o Teorema da Massa Po-
sitiva, visto no capítulo anterior, serão a chave para a demonstração do nosso principal
resultado.
Em todo o capítulo MK,p denotará o conjunto solução de (2.1) em C 2 (M ). Vejamos
agora quais são os principais resultados deste capítulo. Eles se referem a compacidade
para uma classe de equações do tipo Yamabe (2.1). O primeiro teorema dá estimativas
para a solução com respeito a norma H 1 (M ).

Teorema 2.1. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão 3 compacta e


suave. Então, para todo ε0 > 0,

kukH 1 (M ) ≤ C, para todo u ∈


[
MK,p
1+ε0 ≤p≤5

22
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

onde C depende somente de M, g, ε0 e kKkC 1 (M ) .

O próximo Teorema é o principal resultado desse capítulo e também deste trabalho.

Teorema 2.2. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão 3 compacta com
primeiro autovalor λ1 positivo e K ∈ C 1 (M ). Se

min AK,g (y) > 0


y∈M

então, para todo ε0 > 0,


1
≤ u ≤ C em M e kukC 3 (M ) ≤ C, para todo u ∈
[
MK,p , (2.2)
C 1+ε ≤p≤5 0

onde C é uma constante positiva dependendo somente de M, g, ε0 , kKkC 1 (M ) e os limites


inferiores positivos de min AK,g e λ1 .
M

Observação 2.1. Uma condição necessária para que exista solução u ∈ MK,p , esta-
belecida por Bahri e Brezis em [3], é que o primeiro autovalor λ1 de −∆g + K seja
positivo. Como estamos interessado em estudar o conjunto de soluções, neste capítulo
quando nos referirmos a λ1 estaremos supondo que seja positivo.

No nal do capítulo, discutiremos algumas aplicações do nosso teorema principal


sendo elas o grau de Leray-Schauder e resultados de existência e multiplicidade para
problemas de minimização. Salientamos que tais resultados não serão demonstrados
neste trabalho, mas serão apontadas referências, como por exemplo [25].

2.2 Denições e notações


Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta de dimensão 3. Em coordenadas
locais, o operador Laplace-Beltrami pode ser escrito como:
X
∆g u = g αβ (∂αβ u − Γγαβ ∂γ u),
αβ

onde Γγαβ denota o símbolo de Christoel que é dado pela expressão


 
1X ∂ ∂ ∂
Γγαβ = gβδ + gδα − gαβ g δγ .
2 δ ∂xα ∂xβ ∂xδ

Seja Ω ⊂ M um conjunto aberto, {Ki } uma sequência de funções convergindo para


K em C 1 (M ), {pi } uma sequência numérica tal que 2 ≤ pi ≤ 5, pi → 5 e {ui } uma

23
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

sequência de funções satisfazendo

− ∆g ui + Ki ui = upi i , ui > 0, em Ω. (2.3)

Vejamos as denições de ponto de blow-up, blow-up isolado e blow-up isolado sim-


ples para uma sequência de soluções.

Denição 2.1. Um ponto ȳ ∈ Ω é chamado de ponto de blow-up de {ui }, se existe


uma sequência {yi } ⊂ Ω tal que ui (yi ) → ∞ quando yi → ȳ.

Denição 2.2. Seja ui satisfazendo (2.3). O ponto ȳ ∈ Ω é dito ponto de blow-up


isolado de {ui } se existir 0 < r̄ < d(ȳ, ∂Ω), C > 0 e uma sequência yi tendendo a ȳ tal
que:

1. yi é máximo local de ui ;

2. ui (yi ) → +∞ quando i → ∞;

3. Para i sucientemente grande,

−2
ui (y) ≤ Cd(y, yi ) (pi −1) , para todo d(y, yi ) < r̄, (2.4)

onde d(y, yi ) denota a distância geodésica entre y e yi .

Seja yi → ȳ um ponto de blow-up isolado de {ui }. Denimos a média esférica de


ui como Z
1
ūi (r) = ui dSg , 0 < r < ȳ,
|∂Br (yi )| ∂Br (yi )

onde Br (yi ) denota a bola geodésica de raio r e centro em yi , dSg é o elemento de área
e |∂Br (yi )| denota a área de ∂Br (yi ) com relação a métrica g .
Na denição de ponto de blow-up isolado simples a seguir identicaremos

2
w̄i (r) = r (pi −1) ūi (r), 0 < r < ȳ.

Denição 2.3. O ponto ȳ ∈ Ω é chamado de ponto de blow-up isolado simples se ȳ é


um ponto de blow-up de {ui } tal que para algum ρ ∈ (0, r̄) independente de i,

w̄i tem exatamente um ponto crítico em (0, ρ)

para i sucientemente grande.

Quanto a notação, durante várias partes do texto identicaremos yi com a origem,


pois utilizaremos coordenadas normais x = (x1 , x2 , x3 ) centrada em yi . Denotaremos

24
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

ainda ui (expyi (x)) por ui (x), d(yi , y) por |y| e C, C0 , C1 , . . . representaram constantes
possivelmente diferentes.

2.3 A Identidade de Pohozaev


Nesta seção provaremos uma Identidade do tipo Pohozaev que será utilizada em
resultados a posteriori. Como usaremos a Identidade do tipo Pohozaev apenas para vi-
zinhanças pequenas de algum ponto, escreveremos em uma carta de coordenadas locais.
Seja Ω ⊂ M um conjunto aberto em uma carta coordenada local x = (x1 , x2 , x3 ) com
n
X
gij (0) = δij e Γkik (0) = 0. Denotaremos nessa seção ∆ = ∂ii , ∇ = (∂1 , ∂2 , ∂3 ), dv =
i=1
dx1 ∧ dx2 ∧ dx3 , |x|2 = (x1 )2 + (x2 )2 + (x3 )2 , Bσ = {(x1 , x2 , x3 ) : |x| < σ} e dS denota
o elemento da área e com respeito a métrica at.
Considerando para K ∈ C 1 (Ω) e p > 0, a seguinte equação

−∆g u + Ku = up , u > 0 em Ω, (2.5)

temos o seguinte Lema.

Lema 2.3. Se u ∈ C 2 (Ω) é uma solução da Eq. (2.5), então


   Z
x · ∇K(x)
Z
3 1
− K(x) + u dx +
2
− up+1 dx − A(g, u)
Bσ 2 p+1 2 Bσ
(2.6)
Ku2 up+1
Z Z  
= B(x, σ, u, ∇u) dS − σ − dS,
∂Bσ ∂Bσ 2 p+1

onde
Z Z
A(g, u) = (x ∂α u)(g − δ )∂βγ u dx −
α βγ βγ
(xα ∂α u)(g βγ − Γµβγ )∂µ u dx
Z Bσ Z Bσ
1 1
+ u(g βγ − δ βγ )∂βγ u dx − u(g βγ Γµβγ )∂µ u dx;
2 Bσ 2 Bσ
 2
∂u σ 1 ∂u
B(x, σ, u, ∇u) = σ − |∇u|2 + u
∂ν 2 2 ∂ν

e ν denota o vetor unitário normal externo à ∂Bσ com relação a métrica at. Em
alguns momentos, utilizaremos a notação de Einstein ocultando os somatórios para
simplicar a notação, como zemos anteriormente.

Demonstração. Seja f ∈ C 2 (Bσ ), então

2∆u(∇u · ∇f ) = div[2(∇u · ∇f )∇u − |∇u|2 ∇f ] + |∇u|2 ∆f − 2∇u · ∇2 f · ∇u, (2.7)

25
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

∂ 2f
 
onde ∇ f =
2
denota a matriz Hessiana da função f .
∂xα ∂xβ
Para provar (2.7), dena F = 2(∇u · ∇f )∇u − |∇u|2 ∇f , ou seja,

n
! n  2 !
X ∂u ∂f X ∂u
F =2 ∇u − ∇f.
i=1
∂xi ∂xi i=1
∂xi

Por denição, temos que

n
" ( n
! ) ( n  )#
X ∂ X ∂u ∂f ∂u ∂ X ∂u 2 ∂f
div(F ) = 2 − .
j=1
∂xj i=1
∂xi ∂xi ∂xj ∂xj i=1
∂xi ∂xj

Usando as regras de derivação, obtemos

n
"
( n ! ) ( n  )#
X ∂ X ∂u ∂f ∂u ∂ X ∂u 2 ∂f
div(F ) = 2 −
j=1
∂xj i=1
∂xi ∂xi ∂xj ∂xj i=1 ∂xi ∂xj
n
" n  #
X ∂ 2u ∂u X ∂ 2 u ∂f ∂u ∂ 2 f
= 2 2
∇u∇f + +
j=1
∂x j ∂x j i=1
∂x i ∂x j ∂x i ∂xi ∂xi ∂xj
" n n n
#
X ∂ 2f X ∂f X ∂u ∂ 2
u
− 2
|∇u|2 + 2 ,
j=1
∂x j j=1
∂xj i=1 ∂xi ∂xi xj

ou seja,

n n
X ∂u X ∂ 2 u ∂f
div(F ) = 2∆u∇u∇f + 2 + 2∇u∇2 f ∇u
j=1
∂xj i=1 ∂xi ∂xj ∂xi
" n n
#
2
X ∂f X ∂u ∂ u
− ∆f |∇u|2 + 2
j=1
∂xj i=1 ∂xi ∂xi ∂xj
= 2∆u(∇u · ∇f ) + 2∇u · ∇2 f · ∇u − ∆f |∇u|2 .

Assim provamos (2.7).

Agora, considerando f (x) = 12 |x|2 , temos que ∇f = x, ∆f = 3 e ∇u · ∇2 f · ∇u =


|∇u|2 . Utilizando integração por partes em Bσ , obtemos
Z Z Z
2∆u(∇u · x) dx = div[2(∇u · x)∇u − |∇u| x] dx + 2
(3|∇u|2 − 2|∇u|2 ) dx

ZBσ ZBσ
= div[2(∇u · x)∇u − |∇u|2 x] dx + |∇u|2 dx.
Bσ Bσ

26
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Notemos também que


Z Z
x
div[2(∇u · x)∇u − |∇u| x] dx = 2
[2(∇u · x)∇u − |∇u|2 x] · dS
Bσ ∂Bσ σ
2 !
x2
Z
∂u
= 2σ − |∇u|2 dS
∂Bσ ∂ν σ
Z 2 !
∂u
= σ 2 − |∇u|2 dS
∂Bσ ∂ν

e Z Z Z
∂u
|∇u| dx = −
2
∆uu dx + u dS.
Bσ Bσ ∂Bσ ∂ν
Assim, combinando estas estimativa obtemos
( )
∂u 2
Z Z Z
∂u
2∆u(∇u · x) dx + u∆u dx = 2 σ − |∇u|2 σ + u dS. (2.8)
Bσ Bσ ∂Bσ ∂ν ∂ν

Denotando g = gαβ dxα dxβ a métrica e usando a notação de Einstein, temos que

∆u = ∆g u − (g αβ − δ αβ )∂αβ u + g αβ Γγαβ ∂γ u,

Z " 2 # Z Z
∂u 1 1 ∂u 1
− σ − |∇u|2 σ + u dS = − ∆g u(∇u · x) dx − u∆g u dx
∂Bσ ∂ν 2 2 ∂ν Bσ 2 Bσ

e
Z Z Z Z
1
− ∆g u(∇u · x) dx − u∆g u dx = − (xα ∂α u)∆g udx + xγ ∂γ u(g αβ − δ αβ )∂αβ udx
Bσ 2 Bσ Bσ Bσ
Z Z
γ αβ µ 1
− x ∂γ u(g Γαβ )∂µ udx − u∆g udx
Bσ 2 Bσ
Z
1
− u(g αβ Γγαβ )∂γ udx
2 Bσ
Z
1
+ u(g αβ − δ αβ )∂αβ udx. (2.9)
2 Bσ

Como u satisfaz a equação (2.5), usando a integração por partes temos que
Z Z
− (x ∂α u)∆g u dx =
α
(xα ∂α u)(up − Ku) dx
Bσ Bσ
Z Z Z
3 1 3
= − u dx +
p+1
u σ dS +
p+1
Ku2 dx
p + 1 Bσ p + 1 ∂Bσ 2 Bσ
Z Z
1 1
+ (x · ∇K)u dx −
2
Ku2 σ dS
2 Bσ 2 ∂Bσ

e Z Z
1 1
− u∆g u dx = u(up − Ku) dx.
2 Bσ 2 Bσ

27
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Substituindo o resultado anterior em (2.9), obtemos


Z Z Z Z
3 1 3
− B(σ, x, u, ∇u) dS = − u dx +
p+1
u σ dS +
p+1
Ku2 dx
∂Bσ p + 1 Bσ p + 1 2
Z Z ∂Bσ Z Bσ
1 1 1
+ (x · ∇K)u2 dx − Ku2 σ dS + up+1 dx
2 Bσ 2 ∂Bσ 2 Bσ
Z
1
+ Ku2 dx + A(g, u),
2 Bσ

e consequentemente, obtemos
   Z
x · ∇K(x)
Z
3 1
− K(x) + u dx +
2
− up+1 dx − A(g, u)
Bσ 2 p+1 2 Bσ

Ku2 up+1
Z Z  
= B(x, σ, u, ∇u) dS − σ − dS.
∂Bσ ∂Bσ 2 p+1
Assim, concluímos a prova do Lema.

2.4 Propriedades dos pontos de blow-up


Nesta seção veremos algumas propriedades referentes aos pontos de blow-up isolado
e blow-up isolado simples denidos anteriormente.
O primeiro resultado mostra que próximo a um ponto de blow-up isolado, as soluções
da equação (2.3) satisfazem uma Desigualdade do tipo de Harnack.

Lema 2.4. Seja ui (yi ) satisfazendo a equação (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up


isolado. Então para todo 0 < r < 3r̄ , temos

max ui (y) ≤ C1 min ui (y), (2.10)


y∈B2r (yi )\B r (yi ) y∈B2r (yi )\B r (yi )
2 2

onde Bs (yi ) denota a bola geodésica centrada em yi de raio s e C1 é uma constante


positiva que independe de i e r.

Demonstração. Seja x = (x1 , x2 , x3 ) as coordenadas geodésicas normais centrada em


yi dada por expyi (x) e h = hαβ (x)dxα dxβ = gαβ (rx)dxα dxβ a métrica. Denindo
2
vi (x) = r pi −1 ui (expyi (rx)) para |x| = (x1 )2 + (x2 )2 + (x3 )2 < 3, então vi (x) satisfaz
p


2 pi
 −∆g vi (x) + r K̃i (x)vi (x) = vi (x) |x| < 3,

 2
−p
0 < vi (x) ≤ C̃|x| |x| < 3,

i −1

onde K̃i = Ki (expyi (rx)).

28
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

De fato, relacionando os laplacianos de ui na métrica g e de vi na métrica h junta-


mente a equação (2.3), temos
 γ

 Γ̃αβ (x) = rΓγαβ expyi (rx)






 ∂vi
 2
+1 ∂ui
(x) = r pi −1 (expyi (rx))
 ∂x α ∂x α




∂ 2 vi +2 ∂ ui
2


 2

 (x) = r pi −1 (expyi (rx))
∂xα ∂xβ ∂xα ∂xβ
Daí,
 
−∆h vi (x) = −hαβ (x) ∂αβ vi − Γ̃γαβ (x)∂γ vi
2
+2 αβ
g (rx) ∂αβ ui (expyi (rx)) − Γγαβ (expyi (rx))∂α ui (expyi (rx))

= −r pi −1
2
+2
= −r pi −1 ∆g ui (expyi (rx)).

Portanto,
2
+2
−∆h vi (x) + r2 Ki (expyi (rx))vi (x) = −r pi −1 ∆g ui (expyi (rx))
2
+ r2 Ki (expyi (rx))r pi −1 ui (expyi (rx))
2pi 
= r pi −1 −∆g ui (expyi (rx)) + Ki (expyi (rx))ui (expyi (rx))
2pi
= r pi −1 upi i (expyi (rx))
 2  pi
= r pi −1 ui (expyi (rx))
= vipi .

2
−p
A armação 0 < vi (x) ≤ C̃|x| i −1 segue diretamente da desigualdade (2.4) da deni-
ção de ponto de blow-up isolado.
Assim, existe C > 0 tal que para todo 1
4
≤ |x| ≤ 94 , vi (x) ≤ C. Pela Desigualdade
de Harnack Clássica,

1
max vi (x) ≤ C1 1 min vi (x).
2
≤|x|≤2 2
≤|x|≤2

2
Como vi (x) = r pi −1 ui (expyi (rx)), segue que

1
max ui (expyi (rx)) ≤ C1 1 min ui (expyi (rx)),
2
≤|x|≤2 2
≤|x|≤2

ou seja,
max ui (y) ≤ C1 min ui (y).
y∈B2r (yi )\B r (yi ) y∈B2r (yi )\B r (yi )
2 2

29
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Lema 2.5. Seja ui solução de (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado. Então


para todo Ri → +∞, εi → 0+ , temos a menos de subsequência (que continuaremos
denotando por {ui }, {yi }, etc.) que


  − 12
  pi −1 1
ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − 1 + |x|2

3


C 2 (B2Ri )

(2.11)

  − 12
  pi −1 1
+ ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − 1 + |x|2 ≤ εi

3


H 1 (B 2Ri )

Ri
→ 0 quando i → ∞, (2.12)
log ui (yi )

onde x = (x1 , x2 , x3 ) denota as coordenadas geodésicas normais centrada em yi dada


por expyi (x).

Demonstração. Seja h = hαβ (x)dxα dxβ = gαβ (ui (yi )−


pi −1
2 x)dxα dxβ a métrica. Dena-
mos
pi −1 pi −1
  
ξi (x) = ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x , para |x| < r̄ui (yi ) 2 .

Note que
 γ pi −1

 Γ̃αβ = ui (yi )− 2 Γγαβ ;






 ∂ξi
 pi +1 ∂ui
  pi −1

= ui (yi )− 2 expyi ui (yi )− 2 x ;
 ∂xα ∂xα




∂ 2 ξi ∂ 2 ui 
  
pi −1

= ui (yi )−pi expyi ui (yi )− 2 x .



∂xα ∂xβ ∂xα ∂xβ

Dessa forma,
 
−∆h ξi (x) = −hαβ (x) ∂αβ ξi (x) − Γ̃γαβ ∂γ ξi
 ∂ 2 ui

pi −1 pi −1
  
= −g αβ expyi ui (yi )− 2 x ui (yi )−pi expyi ui (yi )− 2 x
∂xα ∂xβ
−pi +1 −pi −1 ∂u pi −1
 
i
+ ui (yi ) 2 Γγαβ ui (yi ) 2 expyi ui (yi )− 2 x
∂xα
2
 
−pi αβ ∂ u i
 p −1
− i2

γ ∂ui
 p −1
− i2
= ui (yi ) −g expyi ui (yi ) x + Γαβ expyi ui (yi ) x .
∂xα ∂xβ ∂xα

30
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Logo,
pi −1
  
− ∆h ξi (x) = ui (yi )−pi −∆g ui expyi ui (yi )− 2 x . (2.13)

Denotando por
pi −1
  
1−pi −
Ji = ui (yi ) Ki expyi ui (yi ) 2 x ξi (x),

obtemos pela denição de ξi que

pi −1 pi −1
      
Ji = ui (yi )1−pi Ki expyi ui (yi )− 2 x ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x
pi −1 pi −1
     
= ui (yi )−pi Ki expyi ui (yi )− 2 x ui expyi ui (yi )− 2 x .

Pela equação (2.13) e usando a estimativa anterior, segue que

pi −1
   
−∆h ξi (x) + Ji = ui (yi )−pi −∆g ui expyi ui (yi )− 2 x
pi −1 pi −1
     
+ Ki expyi ui (yi )− 2 x ui expyi ui (yi )− 2 x
pi −1
  
= ui (yi )−pi upi i expyi ui (yi )− 2 x
= ξi (x)pi .

Logo,
pi −1
  
−∆h ξi (x) + ui (yi )1−pi Ki expyi ui (yi )− 2 x ξi (x) = ξi (x)pi .

Portanto,

pi −1
  
−∆h ξi (x) = ξipi (x) − ui1−pi (yi )Ki expyi ui (yi )− 2 x ξi (x)pi .

Temos ainda que ξi (0) = 1 e ∇ξi (0) = 0 pois a origem é um ponto de máximo. Pelo
fato de ui ser um ponto de blow-up isolado, segue que

pi −1 pi −1
 
− 2
ui expyi ui (yi )− 2 x ≤ C̃|ui (yi )− 2 x| pi −1 ,

e assim,
−2
ξi (x) ≤ C̃|x| pi −1 .

Em resumo,
 pi −1

 −∆h ξi (x) = ξi (x)pi − ui (yi )1−pi K̃i (x)ξi (x) |x| < r̃ui (yi ) 2 ,


 ξ (0) = 1
i
(2.14)


 ∇ξi (0) = 0
pi −1
− 2

0 < ξi (x) ≤ C̃|x| pi −1 |x| < r̃ui (yi ) ,
 2

31
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

pi −1
onde K̃i = Ki (expyi (ui (yi )− 2 x)).Segue do Lema 2.4 que para todo 0 < r < 1,

max ξi (x) ≤ C min ξi (x), (2.15)


|x|=r |x|=r

onde C independe de i e r. Como ui (yi )1−pi K̃i → 0 uniformemente para |x| < 2, pois
é o produto de uma função que tende a zero e uma limitada, temos por (2.14) que

(−∆h + oi (1)) ξi (x) ≥ 0, para todo |x| ≥ 2,

onde oi → 0 quando i → ∞. Pelo Princípio do Máximo, temos que

ξi (0) ≥ inf ξi (x) = inf ξi (x) para todo 0 < r ≤ 1,


|x|≤r |x|=r

que juntamente com o fato que ξi (0) = 1 e pela desigualdade (2.15), temos

1 1
1 = ξi (0) ≥ inf ξi (x) ≥ inf ξi (x) ≥ max ξi (x), para todo 0 < r ≤ 1.
|x|=r 2 |x|=r 2C |x|=r

Consequentemente, usando a continuidade de ξi , obtemos

max ξi (x) ≤ C̃.


|x|≤1

De forma mais genérica, pelo fato anterior e pelo quarto resultado de (2.14), segue que

pi −1
ξi (x) ≤ C, para todo |x| < r̃ui (yi ) 2 ,

onde C independe de i e r.
Usando estimativas elípticas para {ξi }, obtemos passando a uma subsequência se ne-
cessário {ξj i }, (que continuaremos denotando por {ξi } ), que ξi → ξ tanto em Cloc
2
(R3 )
como em H 1 (R3 ) para algum ξ satisfazendo:
(
−∆ξ(x) = ξ(x)5 , ξ(x) > 0 em R3 ,
ξ(0) = 1, ∇ξ(0) = 0.

Segue do Corolário 8.2 de Caarelli, Gidas e Spruck em [6], que

 − 1
1 2 2
ξ(x) = 1 + |x|
3
  pi −1

pois ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x → ξi em C 2 (B2Ri ). Além disso,

32
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

  p −1

−1 − i2
ui (yi ) ui expyi ui (yi ) x − ξi =

H 1 (B2Ri )
Z
pi −1
    
|∇ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − ∇ξi |2 dx
B2Ri
Z
pi −1
    
+ |ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − ξi |2 dx
B2Ri

−→ 0, quando i → ∞.
Consequentemente, passando a outra subsequência, obtemos (2.11) e (2.12), o Lema
está demonstrado.

Antes de exibirmos uma estimativa importante sobre os pontos de blow-up isolado


simples, introduziremos a função de Green de −∆g + K em bolas pequenas. Sejam
ȳ ∈ Ω e K ∈ C 1 (Ω). Como foi visto no Lema 1.18 para δ0 > 0 sucientemente pequeno,
existe uma única G̃(·, ȳ) ∈ C 2 (Bδ0 (ȳ) \ {ȳ}) satisfazendo


 −∆g G̃ + K G̃ = 0, em Bδ0 (ȳ) \ {ȳ},

G̃ = 0, sobre ∂Bδ0 (ȳ), (2.16)

 lim d(y, ȳ)G̃(y) = 1.

y→ȳ

Proposição 2.6. Seja {ui } satisfazendo a equação (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de


blow-up isolado simples cumprindo (2.4) e (2.3) para qualquer i. Então, para alguma
constante C dependendo somente de ρ, C̃ e kKi kC 1 (Ω) , temos

ui (y) ≤ Cui (yi )−1 d(y, yi )−1 , para todo d(y, yi ) ≤ ρ/2, (2.17)

onde ρ e C̃ são dados pelas Denições 2.2 e 2.3.


Além disso, passando a uma subsequência, para alguma constante positiva a > 0 e
K(x) = lim Ki (x),
i→+∞

ui (yi )ui → aG̃(·, ȳ) + b em Cloc


2
(Bρ̃ (ȳ) \ {ȳ}) ,

onde ρ̃ = min{δ0 , ρ/2}, G̃ é dado por (2.16) e b ∈ C 2 (Bρ̃ (ȳ)) satisfaz −∆g b + K(y)b = 0
em Bρ̃ (ȳ).

Para provar essa proposição, precisaremos de alguns resultados complementares que


serão obtidos por uma série de lemas dada a seguir.

Lema 2.7. Sejam ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências que satisfazem (2.11) e (2.12).

33
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Então para todo 0 < δ < 1/100, existe ρ1 ∈ (0, ρ) que independe de i (mas depende de
δ ), tal que

pi −1
ui (y) ≤ Cui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 ; (2.18)

pi −1
|∇g ui (y)| ≤ Cui (yi )−λi d(y, yi )−2+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 ; (2.19)

pi −1
|∇2g ui (y)| ≤ Cui (yi )−λi d(y, yi )−3+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 , (2.20)

pi −1
onde λi = (1 − δ) 2 − 1 e C é uma constante positiva independente de i.

Demonstração. Seja ri = Ri ui (yi )−


pi −1
2 . Como Ri → ∞, temos que ri → 0. De fato,
note que

pi −1 Ri log ui (yi ) Ri log ui (yi )


lim ri = lim Ri ui (yi )− 2 = lim pi −1 = lim = 0,
i→+∞ i→+∞ i→+∞
ui (yi ) 2 log ui (yi ) i→+∞ log ui (yi ) ui (yi ) pi2−1

visto que pelo Lema 2.5, Ri


log ui (yi )
→ 0 quando i → ∞.
Se d(y, yi ) = ri então |x| = Ri e pelo Lema 2.5

ui (y) ≤ Cui (yi )Ri−1 . (2.21)

Temos ainda pela denição de ponto de blow-up isolado simples e juntamente com o
Lema 2.5, que a função

2
r pi −1 ūi (r) é estritamente decrescente para ri < r < ρ. (2.22)

Para todo ri ≤ d(y, yi ) < ρ, temos pelo Lema 2.4 e as Armações (2.22) e (2.21) que

2 2
d(y, yi ) pi −1 ui (y) ≤ Cd(y, yi ) pi −1 ūi (d(y, yi ))
2
p −1
≤ Cri i ūi (ri )
2

≤ Cri i ui (yi )Ri−1


p −1

2
−1+ p
i −1
= CRi
−1
+oi (1)
= CRi 2 .

Dessa forma, para todo ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ, temos que

−2+◦(1)
ui (y)pi −1 ≤ CRi d(y, yi )−2 .

34
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Consideremos agora o operador:

li ϕ = ∆g ϕ + ui (y)pi −1 ϕ − Ki (y)ϕ.

Notemos que li ui = 0 pela equação (2.3) e que ui > 0. Então, vale o Princípio do
Máximo para li . Para 0 ≤ µ ≤ 1 temos que

3
X
∆g (d(y, yi )−µ ) = −µd(y, yi )−µ−2 + µ(µ + 2)d(y, yi )−µ−2 = −µ(1 − µ)d(y, yi )−µ−2 .
i=1

Assim segue que para todo 0 < δ < 1


100
, podemos escolher ρ1 < ρ tal que para i
sucientemente grande e ri ≤ d(y, yi ) < ρ1 , temos

li (d(y, yi )−δ ) = −δ(1 − δ)d(y, yi )−δ−2 + Oi (1)d(y, yi )−δ + ui (y)pi −1 d(y, yi )−δ
−2+◦(1)
≤ −δ(1 − δ)d(y, yi )−δ−2 + CRi d(y, yi )−δ−2 + Oi (1)d(y, yi )−δ
1
≤ − δ(1 − δ)d(y, yi )−δ−2 . (2.23)
2

De forma análoga, temos

1 1
li (d(y, yi )−1+δ ) ≤ − δ(1 − δ)d(y, yi )−1+δ−2 = − δ(1 − δ)d(y, yi )−3+δ . (2.24)
2 2

pi − 1
Sejam λi = (1 − δ) − 1, Mi = max ui e
2 ∂Bρ1 (yi )

1
ϕi (y) = Mi ρδ1 d(y, yi )−δ − δ(1 − δ)d(y, yi )−δ−2 + Ãui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ ,
2

para ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 , onde à é uma constante positiva grande que veremos em


instantes. Pelas Desigualdades (2.23) e (2.24), li ϕi (y) ≤ 0 para ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 .
Sobre ∂Bρ1 (yi ), temos que ϕi (y) ≥ Mi ≥ ui (y). Já sobre ∂Bri (yi ), obtemos

ϕi (y) ≥ Ãui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ ≥ Ãui (yi )−λi ri−1+δ = Ãui (yi )−λi Ri−1+δ .

Escolhendo à grande o suciente, temos por (2.21) que ϕi (y) ≥ ui (y) sobre ∂Bri (yi ).
Em vista de li ui = 0, pelo Princípio do Máximo,

ϕi (y) ≥ ui (y) em ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 . (2.25)

Por sua vez, para ri < θ < ρ1 e i sucientemente grande, tem-se pelo Lema 2.4 e as

35
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Armações (2.22) e (2.25) que


2 2
p −1 p −1
ρ1 i Mi ≤ Cρ1 i ūi (ρ1 )
2
≤ Cθ pi −1 ūi (θ)
2
≤ Cθ pi −1 ui (θ)
2
≤ Cθ pi −1 {Mi ρδ1 θ−δ + Aui (yi )−λi θ−1+δ }.

Desde que 2
pi −1
−δ ≥ 1
5
para i sucientemente grande, podemos xar θ sucientemente
pequeno (independente de i), tal que pelo que acabamos de ver segue

Mi ≤ Cui (yi )−λi .

Disto e juntamente com (2.25), temos

ui (y) ≤ Cui (yi )−λi (d(y, yi )−δ + d(y, yi )−1+δ ) ≤ C2 ui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ

para ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 , o que demonstra (2.18).


Provaremos agora a estimativa (2.19). Assumamos por simplicidade, que a métrica
g em questão é a métrica at. O caso geral pode ser obtido essencialmente da mesma
pi −1
forma. Para qualquer Ri ui (yi )− 2 ≤ |ỹ| ≤ ρ1
2
, considere

1
vi (z) = |ỹ|1−δ ui (yi )λi ui (|ỹ|z), ≤ |z| ≤ 2.
2

Calculando de forma similar ao que foi feito nos Lemas 2.4 e 2.5 usando (2.3), temos
que vi satisfaz para 1
2
≤ |z| ≤ 2,

− ∆vi (z) + |ỹ|2 Ki (|ỹ|z)vi (z) = |ỹ|3−δ−(1−δ)pi ui (yi )(1−pi )λi vi (z)pi . (2.26)

pi −1
Segue da denição de λi e do fato que |ỹ| ≥ Ri ui (yi )− 2 que

3−δ−(1−δ)pi
|ỹ|3−δ−(1−δ)pi ui (yi )(1−pi )λi ≤ Ri = oi (1). (2.27)

Tendo em vista (2.18), substituindo apenas Ri por Ri


2
, obtemos vi (z) ≤ C, para todo 1
2

|z| ≤ 2. Em virtude de (2.26), (2.27) e de estimativas elípticas, segue que

|∇vi (z)| ≤ C, para todo |z| = 1.

36
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Observemos ainda que

|∇vi (z)| = |ỹ|1−δ ui (yi )λi |ỹ||∇ui (|ỹ|)| = |ỹ|2−δ ui (yi )λi |∇ui (|ỹ|)| ≤ C.

Logo,
|∇ui (ỹ)| ≤ Cui (yi )−λi |ỹ|−2+δ ,
pi −1

que demonstra (2.19) no intervalo 2Ri ui 2
≤ d(y, yi ) ≤ 12 ρ1 . No entanto, podemos
estabelecer (2.18) em uma escala maior e utilizando o argumento acima para obter
(2.19).
Por m, encontraremos a estimativa (2.20) utilizando o mesmo argumento anterior,
pois as estimativas elípticas garantem também que

|∇2 vi (z)| ≤ C, para todo |z| = 1,

acarretando que |∇2 vi (z)| = |ỹ|3−δ ui (yi )λi |∇2 ui (ỹ)| ≤ C . Portanto,

|∇2 ui (ỹ)| ≤ C|ỹ|−3+δ ui (yi )−λi .

De onde concluímos o Lema 2.7.

Observação 2.2. Mais a frente corrigiremos δ para zero, logo ajustaremos ρ1 . Nosso
objetivo é obter (2.18) com δ = 0 para ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 , que junto com o Lema 2.4,
resultará na Proposição 2.6.

Lema 2.8. Seja ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências nas quais (2.11) e (2.12) valem.
Fixado 0 < δ < 1
100
, então para todo 0 < σ < ρ1 xado, temos para i sucientemente
grande que
Z
d(y, yi )2 upi i +1 dvg = Oi (ui (yi )−4+oi (1) ), (2.28)
d(y,yi )≤σ
Z
u2i dvg ≤ C3 σui (yi )−2λi , (2.29)
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )2 |∇ui |2 dvg ≤ Oi (ui (yi )−4+oi (1) ) + Cσui (yi )−2λi , (2.30)
d(y,yi )≤σ

onde C é uma constante que independe de i e σ .

Demonstração. Para provar as três estimativas acima separaremos cada uma em duas
partes. O primeiro é o caso em que d(y, yi ) ≤ ri e usaremos (2.12) para estimar ui .
O segundo caso será analisar no anel ri ≤ d(y, yi ) ≤ σ e usaremos o Lema 2.7 para
estimar ui .

37
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

pi −1
Adotemos a notação y = expyi ui (yi )− 2 x.
Provaremos a seguir a estimativa (2.28). Fazendo uma mudança de variável e usando
(2.11), temos
Z Z
d(y, yi )2 upi i +1 dvg = |z|2 uipi +1 (z)(1 + o(|z|2 )) dz.
d(y,yi )≤ri |z|<ri

Como oi (|z|2 ) denota uma expressão em função de |z|2 que tende a zero quando i → ∞ e
tende a zero mais rápido que o restante da estimativa, podemos omiti-lo nos próximos
passos. Dessa forma, de agora em diante, quando zermos a mudança de variável
omitiremos esse passo. Segue que
Z Z
−5pi +5 pi −1
d(y, yi )2 upi i +1 dvg = ui (yi ) 2 |x|2 uipi +1 (ui (yi )− 2 x) dx
d(y,yi )≤ri |x|<Ri
  pi +1
2 − 2
|x|
Z

−4+ 2i
≤ Cui (yi ) |x|2 1 + dx
|x|<Ri 3
3τi
≤ Cui (yi )−4+ 2 ,

pi −1 pi −1
onde z = ui (yi )− 2 x e τi = 5 − pi e ri = Ri ui (yi )− 2 . Assim ca provado então a
estimativa (2.28) para a primeiro parte. Para a segunda parte, por (2.18) temos
Z Z
pi +1
d(y, yi )2 upi i +1 dvg ≤ C d(y, yi )2 ui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ ri ≤d(y,yi )≤σ
Z σ
≤ Cui (yi )−λi (pi +1)
ρ4−(1−δ)(pi +1) dρ
ri
−λi (pi +1) 5−(1−δ)(pi +1)
≤ Cui (yi ) ri
3τi
5−(1−δ)(pi +1)
= CRi ui (yi )−4+ 2 .

O segundo caso segue do que acabamos de provar. Portanto, (2.28) está demonstrado.
Dando continuidade vericaremos a estimativa (2.29). O procedimento é similar a
estimativa anterior. De fato, por (2.11) obtemos
Z Z
u2i (y) dvg = u2i (z) dz
d(y,yi )≤ri |z|<ri
Z
−3pi +3 pi −1
= ui (yi ) 2 u2i (ui (yi )− 2 x) dx
|x|<Ri
Z
−3pi +3 1
≤ Cui (yi ) 2 ui (yi )2 (1 + |x|2 )−1 dx
|x|<Ri 3
Z  −1
−3pi +7 1
= Cui (yi ) 2 1 + |x|2 dx
|x|<Ri 3
= Oi (ui (yi )−4+oi (1) Ri ).

38
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Como Ri
ui (yi )
→ 0, então Ri
ui (yi )
< σ . Logo,

Oi (ui (yi )−4+oi (1) Ri ) = Oi (ui (yi )−3 ) ≤ C3 σui (yi )−2λi .

Portanto, Z
u2i dvg ≤ C3 σui (yi )−2λi .
d(y,yi )≤ri

Por outro lado, se ri ≤ d(y, yi ) ≤ σ , por (2.18) segue que


Z Z
u2i dvg ≤ C3 ui (yi )−2λi d(y, yi )−2+2δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ ri ≤d(y,yi )≤σ
Z
= C3 ui (yi ) −2λi
d(y, yi )−2+2δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ
−2λi
= C3 ui (yi ) (σ 1+2δ − ri1+2δ )
≤ C3 ui (yi )−2λi σ.

Logo, Z
u2i dvg ≤ C3 ui (yi )−2λi σ
d(y,yi )≤σ

provando (2.29).

Por último estimaremos (2.30). Temos que


Z Z
d(y, yi ) |∇ui | dvg =
2 2
|z|2 |∇ui (z)|2 dz
d(y,yi )≤ri |z|<ri
Z
−5pi +5 pi −1
= ui (yi ) 2 |x|2 |∇ui (ui (yi )− 2 x)|2 dx
|x|<Ri
Z
−3pi +7 1
≤ Cui (yi ) 2 |x|4 (1 + |x|2 )−3 dx
|x|<Ri 3
= Cui (yi )−4+oi (1) )Oi (Ri )
≤ Cui (yi )−2λi σ.

Em contrapartida, por (2.19) encontramos que


Z Z
d(y, yi ) |∇ui | dvg ≤ C3
2 2
d(y, yi )2 ui (yi )−2λi d(y, yi )−4+2δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ ri ≤d(y,yi )≤σ
Z
= C3 ui (yi ) −2λi
d(y, yi )−2+2δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ
−2λi
≤ C3 ui (yi ) σ.

Assim, a estimativa (2.30) está estabelecida. O lema portanto está provado.

39
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Lema 2.9. Seja ui solução da Equação (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up


isolado simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (2.11) e
(2.12). Então para 0 < σ < ρ1 , temos que

|A(g, ui )| ≤ C3 σui (yi )−2λi ,

onde C3 é uma constante que independe de i e σ .

Demonstração. Por denição, temos que


Z Z
A(g, u) = α
(x ∂α u)(g βγ
− δ )∂βγ u dx −
βγ
(xα ∂α u)(g βγ − Γµβγ )∂µ u dx

Z Z Bσ
1 1
+ u(g βγ − δ βγ )∂βγ u dx − u(g βγ Γµβγ )∂µ u dx.
2 Bσ 2 Bσ

Denotemos por
Z
L(g, u) = (xα ∂α u)(g βγ − δ βγ )∂βγ u dx,

Z
M (g, u) = − (xα ∂α u)(g βγ − Γµβγ )∂µ u dx,
Z Bσ
1
N (g, u) = u(g βγ − δ βγ )∂βγ u dx
2 Bσ
Z
1
P (g, u) = u(g βγ Γµβγ )∂µ u dx.
2 Bσ

Separando nos casos em que d(y, yi ) < ri e ri ≤ d(y, yi ) ≤ σ , segue pelos Lemas 2.5 e
2.7, respectivamente, que
Z
|L(g, u)| ≤ C2 |x|3 |∇ui | |∇2 ui | dvg ≤ C2 σui (yi )−2λi ;
ZBσ
|M (g, u)| ≤ C2 |x|2 |∇ui |2 dvg ≤ C2 σui (yi )−2λi ;
ZBσ
|N (g, u)| + |P (g, u)| ≤ C2 |x|ui |∇ui | dvg ≤ C2 σui (yi )−2λi .

Como A(g, ui ) = L(g, u)+M (g, u)+N (g, u)+P (g, u), então |A(g, ui )| ≤ C3 σui (yi )−2λi .

Lema 2.10. Seja ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que cumprem (2.11) e (2.12),
então
τi = O(ui (yi )−2λi ).

Consequentemente, ui (yi )τi → 1 quando i → ∞.

40
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Demonstração. Notemos que


Z Z
upi i +1 dvg = upi i +1 (z) dz
d(y,yi )≤ri |z|≤ri
Z
3(p −1) pi −1
 
− i2
= ui (yi ) uipi +1 ui (yi )− 2 x dx
|x|≤Ri
Z  − pi2+1
−pi +5 1 2
≥ C −1 ui (yi ) 2 1 + |x| dx
|x|≤Ri 3
τi
≥ C −1 ui (yi ) 2 .

τi
Como ln(ui (yi )) ≥ 0, segue que ui (yi ) 2 > 0. Assim,
Z
τi
upi i +1 dvg ≥ C −1 ui (yi ) 2 ≥ C −1 , (2.31)
d(y,yi )≤ri

pi −1
onde ri = Ri ui (yi )− 2 .Temos ainda que
 Z  Z
3 1 3 1
− uipi +1 dx ≥ − upi i +1 dx
pi + 1 2 Bσ pi + 1 2 Bri
Z
τi
= upi +1 dx
2(pi + 1) Bri i
τi
≥ C −1
2(pi + 1)
≥ τi C −1 .

Logo,  Z
3 1
τi ≤ C − uipi +1 dx.
pi + 1 2 Bσ

Pela Identidade de Pohozaev de ui dada pelo Lema 2.3 e usando os Lemas 2.7 e 2.8,
temos que  Z
3 1
τi ≤ C − uipi +1 dx ≤ Cui (yi )−2λi .
pi + 1 2 Bσ

Logo, τi = O(ui (yi )−2λi ). Consequentemente, se denotarmos ti = ui (yi )τi , temos que

ln(ti ) = τi ln (ui (yi ))


= Cui (yi )−2λi ln (ui (yi ))
C ln (ui (yi ))
= → 0 quando i → ∞.
ui (yi )2λi

Logo, ln(ti ) → 0 e portanto ti → 1, ou seja, ui (yi )τi → 1.


Lema 2.11. Seja ui vericando (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado
simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (2.11) e (2.12),

41
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

então para todo 0 < σ < r̄/2, temos que


 
lim sup max ui (y)ui (yi ) ≤ C(σ).
i→+∞ y∈∂Bσ (yi )

Demonstração. Pelo Lema 2.4, precisamos estabelecer este lema apenas para o caso
em que σ > 0 é sucientemente pequeno. Sem perda de generalidade, assumiremos
r̄ = 2. Separaremos a prova em dois casos, de acordo com o sinal de Ki .

Caso 1: Ki (x) ≥ 0 para todo x ∈ B1 (ȳ).

Considere a aplicação
ξi (y) = ui (yσ )−1 ui (y),

onde yσ é escolhido de modo que d(yσ , yi ) = σ e ξi (y) satisfaça

−∆g ξi (y) = ui (yσ )pi −1 ξi (y)pi − Ki (y)ξi (y) = ui (yσ )−1 ui (y)pi − Ki (y)ξi (y).

Segue do Lema 2.4 que para qualquer conjunto compacto K ⊂ B1 (ȳ \ {ȳ}), existe uma
constante C(K) tal que
C(K)−1 ≤ ξi ≤ C(K) em K.

Pela Equação (2.18), ui (yσ ) ≤ C2 ui (yi )−λi σ −1+δ . Logo, ui (yσ ) → 0, pois é o produto de
uma sequência que converge para zero e outra limitada quando i → ∞. Então, usando
estimativas elípticas, temos após passar a uma subsequência, que

ξi → ξ em Cloc
2
(B1 (ȳ) \ {ȳ}) ,

onde ξ satisfaz
−∆g ξ + Kξ = 0, ξ > 0, em (B1 (ȳ) \ {ȳ}) ,

em que K(y) = lim Ki (y). Note que xado 0 < r < σ ,


i→+∞

2 1
¯
lim ui (yσ )−1 r pi −1 ūi (r) = r 2 ξ(r),
i→+∞

Z
¯ = 1
onde ξ(r) ξi dSg .
|∂Br (ȳ)| ∂Br (ȳ)

1
¯ é
Desde que yi → ȳ é um ponto de blow-up isolado simples de {ui }, temos que r 2 ξ(r)
não-decrescente para r ∈ (0, ρ), o que implica que ξ é regular perto de ȳ. Pelo Corolário
1.21, para σ sucientemente pequeno, existe uma constante m > 0, que independe de

42
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

i, tal que para i grande,


Z Z
− ∆g ξi dx = − ∇g ξi · ν dS
Bσ (yi ) ∂Bσ (yi )
Z
= − ∇g ξ · ν dS + oi (1) > m > 0. (2.32)
∂Bσ (ȳ)

Por outro lado, como Ki (x) ≥ 0, temos


Z Z
− ∆g ξi (y)dx = ui (yσ )−1 ui (y)pi dy − Ki (y)ξi (y) dy
Bσ (yi ) Bσ (yi )
Z
≤ ui (yσ )−1
ui (y)pi dy. (2.33)
Bσ (yi )

Similarmente a (2.31), podemos obter


Z
τi
upi i dvg ≤ Cui (yi )−1+ 2 .
d(y,yi )≤ri

Usando o Lema 2.7 para 0 < δ < 1/100, segue que


Z Z
 pi
upi i dvg ≤ C2 ui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ dvg
ri ≤d(y,yi )≤σ ri ≤d(y,yi )≤σ
3−pi (1−δ)
≤ Cri ui (yi )−λi pi
τi
3−pi (1−δ)
= CRi ui (yi )−1+ 2
τi
= oi (1)ui (yi )−1+ 2 .

Utilizando o Lema 2.10, temos


Z
upi i dvg ≤ Cui (yi )−1 (2.34)
Bσ (yi )

pelas Equações (2.32) , (2.33) e (2.34),


Z
− ∆g ξi (y)dvg ≤ ui (yσ )−1 Cui (yi )−1 .
Bσ (yi )

Portanto, ui (yσ )ui (yi ) ≤ C.

Caso 2: Ki (x) < 0 para algum x ∈ B1 (ȳ).

Para σ1 > 0, vamos denotar ϕ como sendo a primeira auto-função do operador −∆g
em B2σ1 (ȳ) com respeito a condição de bordo de Dirichlet, isto é

43
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

(
−∆g ϕ = λi ϕ, ϕ > 0, em B2σ1 (ȳ)
ϕ = 0, sobre ∂B2σ1 (ȳ),

onde λ1 denota o primeiro autovalor do operador −∆g .


Podemos escolher σi > 0 sucientemente pequeno e independente de i tal que λ1 >
kKi kL∞ (B2σ1 (ȳ)) + 1 para todo i. Fixado σ1 , temos que

− ∆g ϕ + Ki ϕ > 0 em Bσ1 (ȳ). (2.35)

Seja g̃ = ϕ4 g e considere Lg e Lg̃ os operadores Laplaciano conformes de g e g̃ respec-


tivamente. Sabemos que

Lg̃ ψ = ϕ−5 Lg (ψϕ), para todo ψ ∈ C ∞ (Bσ1 (ȳ)) . (2.36)

Denindo ũi = ϕ−1 ui , deriva da Equação (2.3) e da estimativa acima para ψ = ũi que

Lg̃ (ũi ) = ϕ−5 Lg (ũi ϕ)


= ϕ−5 Lg (ui )
 
−5 1
= ϕ −∆g ui + Rg ui
8
 
−5 pi 1
= ϕ ui − Ki ui + Rg ui .
8

Por outro lado,


1
Lg̃ (ũi ) = −∆g̃ ũi + Rg ũi .
8
Assim,
1
−∆g̃ ũi + Rg ũi + Ki ui ϕ−5 = ϕ−5 upi i ,
8
isto é,

1
−∆g̃ ũi + Rg ũi + Ki ũi ϕ−4 = ϕ−5 (ũi ϕ)pi
8
= ϕ−(5−pi ) ũpi i
= ϕ−τi ũpi i ,

ou ainda,
−∆g̃ ũi + K̃i ũi = ϕ−τi ũpi i ,

com K̃i = 18 Rg̃ − 1


− Ki ϕ−4 .

R
8 g
Fazendo ψ = 1 na Equação (2.36), tem-se Lg̃ (1) = ϕ−5 ũpi i . Note também que
Lg̃ (1) = 81 Rg̃ e que ϕ−5 Lg (ϕ) = ϕ−5 −∆g ϕ + 18 Rg ϕ . Logo,


44
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

 
1 −5 1
Rg̃ = ϕ −∆g ϕ + Rg ϕ .
8 8
Usando (2.35) e a expressão anterior, temos em Bσ1 (ȳ) que

1 1
K̃i = Rg̃ − Rg ϕ−4 + Ki ϕ−4
8  8 
−5 1 1
= ϕ −∆g ϕ + Rg ϕ − Rg ϕ−4 + Ki ϕ−4
8 8
−5
= ϕ (−∆g ϕ + Ki ϕ) > 0.

Escolhendo agora σ ∈ (0, σ1 ) pequeno e denindo ξ˜i = ũi (yσ )−1 ũi (y) = ϕ(yσ )ϕ−1 (y)ξi (y)
temos que as Equações (2.32) e (2.34) continuam válidas ao substituir ξi por ξ˜i e ui
por ũi . Usando o fato de K̃i ser positiva, obtemos de (2.33) que
Z Z
0<− ∆g̃ ξ˜i dx ≤ ũi (yσ )−1 ũpi i dx.
Bσ Bσ

Z
Da mesma forma que provamos no Caso 1, vale ũpi i dx ≤ C ũi (yi )−1 e portanto o

Lema está demonstrado no Caso 2.

De posse dos lemas anteriores, provaremos agora a Proposição 2.6.

Prova da Proposição 2.6:


Inicialmente, provaremos que (2.17) realmente vale, argumentando por contradição.
Para tanto, suponha que (2.17) não seja válido. Então, ao passar a uma subsequência,
existe {ỹi } tal que d(yi , ỹi ) ≤ ρ/2 e

ui (yi )ui (ỹi )d(yi , ỹi ) → ∞ quando i → ∞. (2.37)

Passando a outra subsequência, as estimativas (2.11) e (2.12) valem para algum Ri →


+∞ e 0 < εi < e−Ri . Se d(yi , ỹi ) < ri , teríamos por (2.11) que

pi −1
ui (yi )−1 ui (ỹi ) ≤ C, onde d(yi , ỹi ) ≤ ri = Ri ui (yi )− 2 .

Dessa forma,

ui (yi )ui (ỹi )d(yi , ỹi ) = ui (yi )−1 ui (ỹi )u2i (yi )d(yi , ỹi )
4
−p
≤ Cd(yi , ỹi ) i −1 d(yi , ỹi )
≤ C,

45
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

o que implicaria que ui (yi )ui (ỹi )d(yi , ỹi ) → C, contradizendo (2.37). Portanto, temos
pi −1
que ri = Ri ui (yi )− 2 ≤ d(yi , ỹi ) ≤ ρ/2.
Seja x = (x1 , x2 , x3 ) um sistema de coordenadas geodésicas normais centrado em yi
dado por expyi (x). Considerando r̃i = d(yi , ỹi ) e

2 
ũi (x) = (r̃i ) pi −1 ui expyi (r̃i x) , |x| < 2,

temos que ũi satisfaz

−∆gi ũi (x) + K̃i (x)ũi (x) = ũpi i , |x| < 2,

onde K̃i (x) = r̃i2 Ki expyi (r̃i x) e (gi )αβ (x) = gαβ (r̃i x)dxα dxβ .


A métrica gi depende de i, mas se gi converge uniformemente, então os resultados


anteriores ainda são válidos para a métrica limite.
Como ũi é uma renormalização de ui , temos que a origem é um ponto de blow-up
isolado simples para ũi . Além disso, {ũi } satisfaz as hipóteses do Lema 2.11 e então,

max ũi (0)ũi (x) ≤ C.


|x|=1

4 4
Assim, ui (ỹi )ui (yi )d(yi , ỹi ) pi −1 ≤ C. Como d(yi , ỹi ) pi −1 → d(yi , ỹi ), temos

ui (ỹi )ui (yi )d(yi , ỹi ) ≤ C,

o que contradiz nossa hipótese (2.37). Portanto,

ui (ỹi )ui (yi )d(yi , ỹi ) ≤ C.

Provaremos agora a segunda parte da proposição. Em vista da Equação (2.3),


temos que ui (yi )ui satisfaz

−∆g (ui (yi )ui ) + Ki (ui (yi )ui ) = ui (yi )1−pi (ui (yi )ui )pi .

Por (2.17), temos que ui (yi )ui (x) ≤ Cd(x, yi )−1 . Logo, ui (yi )ui é localmente limitada em
qualquer conjunto compacto que não contenha ȳ. Podemos então aplicar a Desigualdade
de Harnack e, por estimativas elípticas, após passar a uma subsequência, obtemos

ui (yi )ui → v em Cloc


2
(Bρ̃ (ȳ) \ {ȳ}) ,

46
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

onde v > 0 e satisfaz


−∆g v + Kv = 0 em Bρ̃ (ȳ) \ {ȳ}

com K(x) = lim Ki (x). Observe também que para todo 0 < r < ρ,
i→+∞

2 1
lim ui (yi )r pi −1 ūi (r) = r 2 v̄(r).
i→+∞

onde ūi (r) é a média esférica denida em (2.2) e v̄(r) é denida da mesma forma.
1
Como já vimos, pela Denição 2.3 e a estimativa (2.11), r 2 v̄(r) é não-decrescente para
r ∈ (0, ρ), o que implica que v é singular na origem. Pela Proposição 1.20 temos que
v = aG + b onde a ≥ 0 é uma constante e b ∈ C 2 (Bρ̃ (ȳ)) satisfaz −∆g b + Kb = 0
em Bρ̃ (ȳ). Como v é singular na origem, segue que a > 0. Portanto, a Proposição está
demonstrada.
Após a Proposição 2.6, podemos determinar os Corolários a seguir como versões
mais fortes dos Lemas 2.7, 2.8 e 2.9. A demonstração dos seguintes Corolários difere
da prova dos Lemas apenas ao substituir a estimativa de (2.18) por (2.17).

Corolário 2.12. Seja ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências que satisfazem (2.11) e (2.12).
Então existe ρ1 ∈ (0, ρ) independente de i tal que

pi −1
|∇g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−1 d(y, yi )−2 para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1

e
pi −1
|∇2g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−1 d(y, yi )−3 para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 ,

onde C2 é uma constante positiva que independe de i.

Corolário 2.13. Seja ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências que satisfazem (2.11) e (2.12).
Então para todo 0 < σ < ρ1 xado, temos para i sucientemente grande que
Z
d(y, yi )2 upi i +1 dvg = Oi (ui (yi )−4+oi (1) ),
d(y,yi )≤σ
Z
u2i dvg ≤ C3 σui (yi )−2 + oi (ui (yi )−2 ),
d(y,yi )≤σ
Z
e d(y, yi )2 |∇ui |2 dvg ≤ Oi (ui (yi )−4+oi (1) ) + C3 σui (yi )−2 ,
d(y,yi )≤σ

onde C3 é uma constante independente de i e σ positiva.

Corolário 2.14. Seja ui cumprindo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (2.11) e (2.12).

47
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Então
|A(g, ui )| ≤ C3 σui (yi )−2 ,

onde A(g, ui ) é denido no Lema 2.3 e C3 é uma constante que independe de i e σ .

Corolário 2.15. Seja ui satisfazendo (2.3) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Após passar a uma subsequência de {ui }, as estimativas a seguir valem:
Z
lim ui (yi ) 2
d(y, yi )2 uipi +1 dvg = 0;
i→+∞ d(y,yi )≤σ
Z
lim lim sup ui (yi )2 d(y, yi )2 |ui |2 dvg = 0;
σ→0+ i→+∞ d(y,yi )≤σ
Z
lim+ lim sup ui (yi ) 2
u2i dvg = 0;
σ→0 i→+∞ d(y,yi )≤σ

lim lim sup ui (yi ) |A(g, ui )|dvg = 0.


2
σ→0+ i→+∞

A proposição a seguir é uma das principais ferramentas que usaremos para demons-
trar nosso resultado mais importante sobre compacidade. Além disso, será usado em
algumas demonstrações mais a frente.

Proposição 2.16. Sejam ui satisfazendo (2.3), yi → ȳ um ponto de blow-up isolado


simples, e para algum ρ̃ > 0,

ui (yi )ui → h em Cloc


2
(Bρ̃ (ȳ) \ {ȳ}) .

Supondo que, para algum a > 0 em um sistema de coordenadas geodésicas normais


x = (x1 , x2 , x3 ), tem-se

a
h(x) = + A + o(1) quando |x| → 0,
|x|

então A ≤ 0.

Demonstração. Para σ > 0 sucientemente pequeno, a identidade de Pohozaev de ui


dada pelo Lema 2.3 e torna-se
   Z
x · ∇K(x)
Z
3 1
− K(x) + ui dx +
2
− up+1
i dx − A(g, ui )
Bσ 2 p+1 2 Bσ

Ku2i up+1
Z Z  
= B(x, σ, ui , ∇ui ) dS − σ − i dS.
∂Bσ ∂Bσ 2 p+1
Multiplicando a equação acima por ui (0)2 e calculando o limite, lim+ lim sup, obtemos
σ→0 i→+∞

48
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

usando o Corolário 2.15, que


Z Z
2
lim B(x, σ, h, ∇h) = lim+ lim sup ui (0) B(x, σ, ui , ∇ui ) ≥ 0.
σ→0+ ∂Bσ σ→0 i→+∞ ∂Bσ

Por outro lado, pela denição de B(x, σ, h, ∇h) temos


Z Z  2
∂h σ 1 ∂h
lim+ B(x, σ, h, ∇h) = lim+ σ − |∇h|2 + h
σ→0 ∂Bσ σ→0 ∂Bσ ∂ν 2 2 ∂ν
aA
= − |S2 |,
2

onde |S2 | denota a área da esfera unitária. Pelas duas estimativas acima, como a > 0,
segue que A ≤ 0.

Observação 2.3. A Proposição 2.16 continua valendo ao substituirmos a métrica g


por uma sequência de métricas sucientemente suave.

Observação 2.4. Para constatarmos essa armação, notemos que Adimurthi e Yadava
provaram em [1] que para as dimensões 4 ≤ n ≤ 6, existe uma sequência de soluções
radialmente simétricas para o seguinte problema de Neumann:
 n+2

 −∆ui (x) + 1i ui = ui n−2 , ui > 0, em B1 (0),

(2.38)
 ∂ui
sobre ∂B1 (0),

 = 0,
∂ν

com ui (0) = max ui → ∞.


B̄1

O lema a seguir, juntamente a descoberta de Adimurthi e Yadava, validam nossa


armação.

Lema 2.17. Para n ≥ 3, seja ui uma solução radialmente simétrica de (2.38). Então,
após passar a uma subsequência, ou ui → 0 uniformemente na B̄1 ou ui (0) → ∞, para
todo 0 < |x| ≤ 1, ui (0)ui (x) → ∞.

Demonstração. Como apontado na Observação 4.4 de [19] , {ui } pode ter no máximo
um ponto blow-up isolado em x = 0. Mais precisamente, temos
Passo 1 Para alguma constante C independente de i, armamos que
n−2
|x| 2 ui (x) ≤ C, para todo |x| ≤ 1.

Provaremos a armação anterior por contradição. Supondo o contrário, temos que para
algum 0 < |xi | ≤ 1,
fi (xi ) = max fi (x) → ∞,
0≤|x|≤1

49
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

n−2
onde fi (x) := |x| 2 ui (x). Seja σi = 12 |xi | notemos que
n−2 n−2
σi 2
max ui ≥ 2− 2 fi (xi ) → ∞
|x−xi |≤σi

e
n−2 n−2
(2σi )| 2 ui (xi ) ≥ max fi ≥ σi 2 max ui .
|x−xi |≤σi |x−xi |≤σi

n−2
Consequentemente, σi 2
ui (xi ) → ∞ e

n−2
ui (xi ) ≥ 2− 2 max ui . (2.39)
|x−xi |≤σi

Consideremos
 2
 2
wi (z) = ui (xi )−1 ui ui (xi ) n−2 z + xi , |z| < ui (xi ) n−2 σi → ∞.

Observemos em vista de (2.39) que wi satisfaz


 n+2 4 2


 −∆g wi (z) = wi (x) n−2 − i−1 ui (xi )− n−2 wi (z), ui (xi )− n−2 z + xi ∈ B1 (0),





∂wi

= 0, sobre ∂B1 (0),


 ∂ν



2

 2− n−2

2 w (z) ≤ w (0) = 1, ui (xi )− n−2 z + xi ∈ B1 (0).
i i

Após passar a uma subsequência, wi converge fortemente para algum w em qualquer


n+2
subconjunto compacto com w ≥ 0 satisfazendo w(0) = 1 e −∆w = w n−2 em todo o
espaço Rn ou em um semi-espaço que contenha a origem do tipo Rn+ . No segundo caso,
também sabemos que w satisfaz a condição de fronteira nula de Neumann na fronteira
do semi-espaço. Pelo Teorema do tipo Liouville de Caarelli, Gidas e Spruck tem-se
a expressão que representa w. Essa expressão e a convergência forte de wi para w em
qualquer conjunto compacto viola a simetria radial de ui o que é uma contradição. A
armação portanto está demonstrada.
Pelo passo 1, sabemos que {ui } é uniformemente limitada distante da origem. As-
sim, podemos obter a Desigualdade de Hanack (incluindo a condição com bordo, como
pode ser visto por exemplo no Lema A.1 de [14]) a seguir

Passo 2. Para todo 0 < ε < 1, existe C(ε) independente de i tal que

max ui ≤ C(ε) min ui .


ε≤|x|≤1 ε≤|x|≤1

50
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Vejamos agora o seguinte passo:

Passo 3. Depois de passar a uma subsequência, ui converge uniformemente para zero


na B̄1 ou ui (0) → ∞.

De fato, após passar a uma subsequência, podem ocorrer dois casos; {ui (0)} per-
manece limitada ou ui (0) → ∞. Se {ui (0)} permanece limitada, então junto ao passo
1 podemos mostrar, de forma análoga ao que foi feito na prova do Lema 2.5, que {ui }
é uniformemente limitado em B̄1 . Passando a outra subsequência e usando estimativas
elípticas, ui → u em C 2 (B̄1 ) para alguma função radialmente simétrica u satisfazendo
 n+2

 −∆u = u n−2 , u ≥ 0, em B1 (0),

 ∂u
= 0, sobre ∂B1 (0)


∂ν

Como a única solução radialmente simétrica neste caso é u ≡ 0, temos que ui → 0.


Portanto, ui converge uniformemente para zero na B̄1 ou ui (0) → ∞.

Passo 4. Após passar a uma subsequência, ui converge uniformemente para zero em


B̄1 ou
ui (0)ui (1) → ∞. (2.40)

Depois de passar a uma subsequência, mostramos que ui converge para zero unifor-
memente em B̄1 ou ui (0) → ∞. Se ui (0) → ∞, temos a partir da equação de ui que
∆ui ≤ 0 perto da origem o que juntamente a simetria radial de ui implica que 0 é um
ponto de máximo local de ui . Portanto, pelo Passo 1, {0} é um ponto de blow-up iso-
lado de {ui }. Aplicando o Lema 2.5 sabemos, depois de passar para uma subsequência,
que  
2
−1 − n−2
C ui (0) ≤ ui ui (0) ≤ Cui (0).

Notemos também que


 
1
−∆ + (e−|x| |x|2−n ) ≤ 0, para todo |x| ≤ 1.
i

Pelo Princípio do Máximo em B1 \ B 2


− n−2 (0), temos para algum C independente de
ui (0)
i que

2
ui (x) ≥ C −1 ui (0)−1 [e−|x| |x|2−n − e−1 ], para todo ui (0)− n−2 ≤ |x| ≤ 1.

51
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Consequentemente, para todo 0 < |x| < 1,

lim inf ui (0)ui (x) ≥ C −1 [e−|x| |x|2−n − e−2 22−n ]. (2.41)


i→∞

Agora vamos provar (2.40) por contradição. Suponha o contrário, ou seja ui (0)ui (1) ≤
C em uma subsequência. Segue do Passo 2 que {ui (0)ui } é localmente limitado em
B̄1 \ {0}. Passando a uma subsequência,

ui (0)ui (x) → G0 (x) em Cloc


2
(B̄1 \ {0}),

onde G0 satisfaz 

 −∆G0 = 0, G0 ≥ 0, em B1 (0) \ {0},

 ∂G0
sobre ∂B1 (0).

 = 0,
∂ν
Temos por (2.41) que G0 é singular perto da origem, portanto para a0 > 0,

a0
G0 (x) = + H0 (x), em B2 (0) \ {0},
|x|n−2

onde H0 é uma função harmônica regular em B1 . Aparentemente H0 é uma função


harmônica em C 1 (B̄1 ) e satisfaz ∂H0
∂ν
= (n − 2)a0 > 0 sobre ∂B1 . Mas isso viola o
Princípio do Máximo e o Lema de Hopf. O Lema segue portanto do Passo 1 ao Passo
4.

O resultado de Adimurthi e Yadava nos garante para 4 ≤ n ≤ 6 a existência de


soluções radialmente simétricas para (2.38) com ui (0) → ∞, pelo Lema 2.17 temos
que para todo 0 < |x| ≤ 1, ui (0)ui (x) → ∞, logo o análogo de (2.17) não se aplica as
dimensões 4 ≤ n ≤ 6.

2.5 Todo ponto de blow-up isolado é um ponto de


blow-up isolado simples
Para nalizar a primeira parte do capítulo, que foi dedicado aos resultados sobre
os pontos de blow-up isolado e isolado simples, veremos que todo ponto de blow-up
isolado é também simples.

Proposição 2.18. Seja {ui } uma sequência de soluções de (2.3) e yi → ȳ um ponto


de blow-up isolado. Então ȳ é um ponto de blow-up isolado simples.

Demonstração. Provaremos por contradição. Suponha que ȳ não seja um ponto de

52
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

blow-up isolado simples. Então após passar a uma subsequência existem ao menos
2
dois pontos críticos de r pi −1 ūi (r) no intervalo (0, µ̄i ) para alguma sequência µ̄i com
lim µ̄i = 0. Passando a outra subsequência, podemos assumir que as estimativas (2.11)
i→∞
e (2.12) valem para as sequências Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri . Segue de (2.11) que
2 pi −1
r pi −1 ūi (r) tem exatamente um ponto crítico no intervalo 0 < r < ri := Ri ui (yi )− 2 .
2
Seja µi o segundo ponto crítico de r pi −1
ūi (r). Portanto, µi ≥ ri e lim µi = 0.
i→∞
Sejam x = (x1 , x2 , x3 ) algum sistema de coordenadas geodésicas normais centrado em
yi dado por expyi (x), h = hαβ dxα dβ = gαβ (µi x)dxα dβ a métrica e

2
pi −1 1
ξi (x) = µi ui (expyi (µi x)), |x| < .
µi

Então ξi satisfaz



 −∆h ξi (x) + K̃i (x)ξi (x) = ξi (x)pi , |x| < µ1i ;





 2
|x| ξi (x) ≤ C, |x| < µ1i ;

 pi −1









lim ξi (0) = ∞; (2.42)
i→+∞





 2
r pi −1 ξ¯i (r) tem precisamente um ponto crítico em 0 < r < 1;









 d {r pi −1 ξ¯i (r)}|r=1 = 0,

2



dr

onde K̃i (x) = µ2i Ki expyi (µi x) e ξ¯i (r) é a média esférica de ξi .


A primeira equação pode ser obtida da mesma forma que zemos durante a demons-
tração do Lema 2.4. A segunda provém da denição de ponto de blow-up isolado. A
terceira armação decorre do seguinte fato
2 2
p −1 p −1
ξi (0) = µi i ui (yi ) ≥ ri i ui (yi ) = Ri → ∞.

2
A quarta armação ocorre pois do fato que r pi −1 ūi (r) tem apenas um ponto crítico
no intervalo (0, ri ). Segue que x = 0 é um ponto de blow-up isolado simples de {ξi }.
Sabemos, pela Proposição 2.6 e a Desigualdade de Harnack, que para todo conjunto
compacto K ⊂ R3 \ {0},

C(K)−1 ≤ ξi (0)ξi ≤ C(K) em K

53
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

e para alguma constante a > 0 que

a
ξi (0)ξi (x) → h(x) := + b(x) em Cloc
2
(R3 \ {0}), (2.43)
|x|

onde b(x) satisfaz ∆b = 0 em R3 .


Desde que h(x) é positiva, temos que lim inf b(x) ≥ 0. Assim, utilizando o Princípio
|x|→∞
do Máximo concluímos que b(x) ≥ 0. Pelo Teorema de Liouville, como b é harmônica
e limitada inferiormente, b(x) é constante, ou seja b(x) ≡ b. Por (2.42) e (2.43)

d  1 
r 2 h(r) |r=1 = 0.
dr

Logo,  
1 −1 −1 1
−2
r 2 (a|r| + b) − r 2 a|r| |r=1 = 0
2
assim,
a+b
= a.
2
Segue que
b = a > 0.

O que contradiz a Proposição 2.16, pois deveríamos ter b ≤ 0. A proposição portanto


está demonstrada.

2.6 Descartando as acumulações de bolhas


Nesta seção analisaremos algumas propriedades relacionadas à compacidade do con-
junto ∪2≤p≤5 MK,p denido na Introdução para K(x) ∈ C 1 (M ).
A proposição a seguir dá uma descrição preliminar para funções u ∈ ∪2≤p≤5 MK,p
que se baseia em dois Teoremas do tipo Liouville. Um é devido a Gidas e Spruck [13] o
qual arma que para n ≥ 3 e 1 < p < n+2
n−2
a única solução seria a função constante igual
a zero, então não há solução para a seguinte equação envolvendo o expoente subcrítico
de Sobolev
(
−∆u = up , em Rn ,
u > 0, em Rn .

O outro Teorema é devido a Caarelli, Gidas e Spruck [6] que arma que para

54
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

n ≥ 3, qualquer solução da equação crítica


n+2
(
−∆u = u n−2 , em Rn ,
u > 0, em Rn ,

é da forma ! n−2
2
λ
u(x) = 1
1 + n(n−2) λ2 |x − x̄|2

para algum λ > 0 e x̄ ∈ Rn .

Observação 2.5. Com algumas hipóteses adicionais sobre o decaimento de u(x) no


innito, os Teoremas do tipo Liouville acima foram obtidos para equações gerais que
envolvem o expoente subcrítico em Gidas, Ni e Nirenberg [12], enquanto que para
equações que envolvem o expoente crítico encontram-se em Obata [23] e Gidas, Ni e
Nirenberg [12].

Em resumo, a próxima proposição mostrará que para u ∈ ∪2≤p≤5 Mk,p onde u não
é limitado, p precisa estar se aproximando de 5 e pode-se encontrar uma coleção nita
de bolas disjuntas Br̄1 (y1 ), . . . , Br¯N (yN ) (N podendo depender de u) dentro do qual u é
bem aproximado com relação a convergência forte por standard bubbles. Além disso,
−2
u satisfaz a condição u(y) ≤ C1 d(y, {y1 , . . . , yN }) p−1 para todo y ∈ M , onde C1 é uma
constante positiva que independe de u.

Proposição 2.19. Dado qualquer ε > 0 sucientemente pequeno e R sucientemente


grande, existem constantes positivas C0 e C1 dependendo apenas de M, g, ||K||C 1 (M ) e
R tal que para todo u ∈ ∪2≤p≤5 Mk,p com

max u > C0 ,
M

então existe algum inteiro N = N (u) ≥ 1 e N pontos de máximos locais de u, denotados


por y1 , . . . , yN , tal que

1. 5 − ε < p ≤ 5;

2. Br̄i (yi ) ∩ Br̄j (yj ) = ∅ , para i 6= j e para cada j ;



  − 12
  p−1 1 2
−1
u(yj ) u expyi u(yj )− 2
x − 1 + |x| < ε, (2.44)

3


C 2 (|x|<2R)

p−1
onde r̄j = Ru(yj )− 2 , Br̄j (yj ) ⊂ M denota a bola geodésica de raio r̄j centrado
em yj , x = (x1 , x2 , x3 ) denota alguma coordenada geodésica normal de centro yj
e |x| = (x1 )2 + (x2 )2 + (x3 )2 ;
p

55
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

2 2
3. d(yi , yj ) p−1 u(yj ) ≥ C0 para j > i, enquanto d(y, {y1 , . . . , yN }) p−1 u(y) ≤ C1 para
todo y ∈ M.

Para demonstrar tal proposição, usaremos o lema a seguir.

Lema 2.20. Dado qualquer ε > 0 sucientemente pequeno e R > 1, então existe al-
guma constante positiva sucientemente grande C0 , dependendo apenas de M, g, , R e ||K||C 1 (M )
tal que para todo S ⊂ M compacto e todo u ∈ ∪2≤p≤5 MK,p com

2
max d(y, S) p−1 u(y) ≥ C0 ,
y∈M \S

temos p > 5 − ε e para algum ponto de máximo local de u ∈ M \S ,que denotaremos


por y0 ,

  − 12
  p−1 1
u(y ) −1
u exp u(y ) − 2
x − 1 + |x|2
< ε, (2.45)

0 y0 0
3


C 2 (|x|<2R)

onde d(y, S) denota a distância de y à S com d(y, S) = 1 se S = ∅.

Demonstração. Suponhamos que para algum ε e R tal C0 não exista. Então existe um
compacto Si ⊂ M, 2 ≤ pi ≤ 5, {||Ki ||C 1 (M ) } uniformemente limitado e ui ∈ MKi ,pi tal
2
que max d(y, Si ) pi −1 ui (y) ≥ i, mas não exista tal ponto de máximo y0 que satisfaça
y∈M \Si
(2.45) . Seja ỹi ∈ M \Si tal que

2 2
d(ỹi , Si ) pi −1 ui (ỹi ) = max d(y, Si ) pi −1 ui (y).
y∈M \Si

Note que esse ponto ỹi de fato existe pois se ỹi ∈ M \int(Si ) então ỹi ∈ ∂Si o que
2
implicaria que d(ỹi , Si ) = 0 logo, d(ỹi , Si ) pi −1 ui (ỹi ) = 0 ≥ i gerando um absurdo.
Agora consideremos a seguinte função

pi −1
 
−1 −
wi (x) = ui (ỹi ) ui expy˜i (ui (ỹi ) 2 x ,

pi −1
para |x| < Ri := 14 ui (ỹi ) 2 d(ỹi , Si ).
Observe que
1 2 pi −1 1 pi −1 1 1
Ri = (ui (ỹi )d(ỹi , Si ) pi −1 ) 2 ≥ i 2 ≥ i 2 .
4 4 4
Logo, Ri → ∞.

56
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

 pi −1
  p −1

Se y = expy˜i ui (ỹi )− 2 x e ŷ = exp−1
y˜i ui (ỹ i )− i2
x , temos que

d(ỹi , Si ) ≤ d(ỹi , ŷ) + d(ŷ, Si )


 
p −1
− i2 1 pi −1
≤ ui (ỹi ) ui (ỹi ) 2 d(ỹi , Si ) + d(ŷ, Si )
4
1
= d(ỹi , Si ) + d(ŷ, Si )
4

logo,
3
d(ỹi , Si ) ≤ d(ŷ, Si ).
4
Portanto, 12 d(ỹi , Si ) ≤ d(ŷ, Si ), para todo |x| ≤ Ri . Segue então que

  p 2−1
1 i 2 2
d(ỹi , Si ) ui (y) ≤ d(y, Si ) pi −1 ui (y) ≤ d(ỹi , Si ) pi −1 ui (ỹi ), para todo |x| ≤ Ri .
2

Assim,
 − p 2−1
1 i 2 2
wi (x) ≤ d(ỹi , Si ) d(yi , Si ) pi −1 = 2 pi −1 ≤ 4, para todo |x| ≤ Ri .
2

Usando as estimativas elípticas, após passar a uma subsequência que continuaremos


denotando por {wi }, temos que pi → p ∈ [2, 5] e

wi → w em Cloc
2
(R3 ),

onde w satisfaz a equação −∆w = wp , w > 0 em R3 .


Pelo Teorema do tipo Liouville de Gidas e Spruck, obtemos p = 5 e em particular
pi > 5 − ε para i sucientemente grande. Por sua vez, segue do Teorema do tipo
  12
λ
Liouville de Cafarelli, Gidas e Spruck que w(x) = para algum
1 + 13 λ2 |x − x̄|2
x̄ ∈ R3 . Observe que
  12
λ
1 = w(0) =
1 + 13 λ2 |x̄|2
  12
λ 1
e como 1 2 2
≤ λ 2 , obtemos λ ≥ 1. Além disso, é fácil ver que λ < ∞.
1 + 3 λ |x̄|
Assim, 1 ≤ λ < ∞. Pela forma explícita de w podemos encontrar xi → x̄ que são
1
pontos de máximo local de wi (x). Note que wi (xi ) → λ = max w. Denindo yi =
2
pi −1
expy˜i ui (ỹi )− 2 xi , então yi ∈ M \ Si é um ponto de máximo local de ui . Repetindo
o argumento que acabamos de fazer substituindo apenas ỹi por yi encontramos um novo

57
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

  21
1
limite w tal que w(x) = . Logo, para i sucientemente grande, temos
1 + 13 |x|2

  − 12
 pi −1 1
ui (yi )−1 ui expyi (u(yi )− 2 x) − 1 + |x|2 < ε.

3


C 2 (|x|<2R)

Isso mostra que para i sucientemente grande, ui satisfaz (2.45) contrariando nossa
hipótese. Portanto, o Lema está demonstrado.

De posse do Lema anterior, provaremos agora a Proposição 2.19.


Demonstração da Proposição 2.19
Primeiramente considere S = ∅, então temos que d(y, S) = 1 e pelo Lema anterior,
p > 5 − ε, y1 = y0 é um ponto de máximo de u e a estimativa (2.45) vale. Em seguida,
p−1
tomemos S = Br̄i (y1 ), onde r¯1 = Ru− 2 (y1 ). Se

2
max d (y, S) p−1 u(y) ≤ C0 , (2.46)
y∈M \S

paramos. Pois não existem outros pontos de máximo de u. Caso contrário, obtemos
y2 = y0 dado pelo Lema 2.20. Segue novamente do Lema que Br¯1 (y1 ) ∩ Br¯2 (y2 ) = ∅
desde que ε > 0 seja pequeno o suciente desde o início. Continuemos com esse
processo.
Z Tal processo tem que parar após uma quantidade nita de vezes, pois cada
|∇u|2 ≥ C0 > 0, para todo i ∈ N . Dessa forma, obtemos {y1 , y2 , . . . , yN } ⊂ M
Br̄i (yi )
2
satisfazendo a condição 2 e além disso, d y, ∪N u(y) ≤ C0 , para todo y ∈
 p−1
i=1 Br̄i (yi )
M \ ∪N
i=1 Br̄i (yi ).
2
Provemos a condição 3. Note que d(yi , yj ) p−1 u(yj ) ≥ C0 . Além disso, dado y ∈ M ,
temos que y ∈ B2r¯i (yi ) para algum i ou d(y, yi ) > 2r¯i , para todo 1 ≤ i ≤ N. No
primeiro caso, d(y, {y1 , y2 , . . . , yN }) ≤ d(y, yi ) ≤ 2r¯i . Para i → ∞, temos por (2.44)
que
2 2
u(y) ≤ 2u(yi ) = 2r¯i − p−1 R p−1 .

Logo,

2 2 2 2 2 2
d(y, {y1 , y2 , . . . , yN }) p−1 u(y) ≤ 2 p−1 r¯i p−1 2r¯i − p−1 R p−1 = 2(2R) p−1 ≤ 8R2 .

No segundo caso,
d(y, {y1 , y2 , . . . , yN }) ≤ 2d(y, ∪N
i=1 Br̄i (yi )).

Logo,
2 2
d(y, {y1 , y2 , . . . , yN }) p−1 u(y) ≤ 2 p−1 C0 ≤ 4C0 .

58
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Se chamarmos C1 = 8R2 + 4C0 , obtemos

2
d(y, {y1 , y2 , . . . , yN }) p−1 u(y) ≤ C1 .

A Proposição 2.19 portanto está demonstrada.


A próxima Proposição exclui possíveis acumulações dessas bolhas e isso implica que
em uma sequência de soluções apenas pontos isolados podem ocorrer.

Proposição 2.21. Seja K ∈ C 1 (M ), ε > 0 sucientemente pequeno e R > 1


sucientemente grande. Então existe alguma constante positiva δ ∗ dependendo de
M, g, ε, R e ||K||C 1 (M ) tal que para todo u ∈ ∪2≤p≤5 MK,p com max u ≥ C0 , temos
M

d(yj , yl ) ≥ δ ∗ , para todo 1 ≤ j 6= l ≤ N,

onde yj = yj (u), yl = yl (u), N = N (u) e C0 foram denidos na Proposição 2.19.

Demonstração. Provaremos por contradição. Suponhamos que para alguns ε > 0, R


sucientemente grande, Ki → K em C 1 (M ), pi ∈ [2, 5] com pi → p ∈ [2, 5] e
ui ∈ MKi ,pi tenhamos max ui ≥ C0 e
M

lim min d(yj (ui ), yl (ui )) = 0.


i→+∞ j6=l

Podemos assumir sem perda de generalidade que

σi := d(y1 (ui ), y2 (ui )) = min d(yj (ui ), yl (ui )) → 0.


j6=l

Como B pi −1 (y1 ) ∩ B p2 −1 (y1 ) = ∅, em vista do item 3 da Proposição 2.19,


Rui (y1 )− 2 Rui (y2 )− 2

tem-se que ui (y1 ), ui (y2 ) → ∞. Seja x = (x1 , x2 , x3 ) um sistema de coordenadas geodé-


sicas normal centrado em y1 (ui ), g = gαβ (x)dxα dxβ denote a métrica em coordenadas
locais. Seja hαβ (x) = gαβ (σi x) e h = hαβ (x)dxα dxβ a métrica escalar. Considere a
renormalização
2
wi (x) = σip−1 ui (expy1 (σi x)).

Segue que wi satisfaz


(
−∆h wi (x) + k̃i (x)wi (x) = wi (x)pi , em Bσi−1 ,
(2.47)
wi (x) > 0, em Bσi−1 ,

onde K̃i = σi2 Ki expy1 (σi x) .




Seja xj = xj (ui ) o ponto tal que expy1 (σi xj ) = yj ∈ B√σi (y1 ), j ∈ {1, 2, . . . , N }.

59
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Note que
x1 = 0, min |xj − xl | ≥ 1 + o(1), |x2 | = 1 + o(1).
j6=l

Após passar a uma subsequência, temos que x2 (ui ) → x̄ onde |x̄| = 1. Observe que
  p −1 
1 p −1
− i2 − i
σi ≥ max Rui (y1 ) , Rui y2 2 .
C

Assim, wi (0), wi (x2 ) ≥ C00 , cada xj é um ponto de máximo local de wi , pois yj são
2
pontos de máximo local de ui e min |x − xj | pi −1 wi (x) ≤ C1 , para todo |x| ≤ σi−1 pelo
1≤j≤N
item 3 da Proposição 2.19.
Mostraremos primeiro que

wi (0) → ∞ e wi (x2 ) → ∞. (2.48)

De fato, se um deles tende ao innito ao longo de uma subsequência, digamos que


wi (0) → ∞ então x = 0 é um ponto de blow-up isolado, logo um ponto de blow-up
isolado simples pela Proposição 2.18. Então wi (x2 ) tem que tender ao innito ao longo
da mesma sequência, pois caso contrário, por um argumento usado na prova do Lema
2.5, wi seria uniformemente limitado próximo de x2 ao longo de outra subsequência.
Por sua vez, usando a Proposição 2.6 e a Desigualdade de Harnack, temos que wi
converge uniformemente para zero próximo de x2 , o que viola o fato de wi (x2 ) ≥ C00 .
Caso {wi (0)} e {wi (x2 )} fossem limitadas, sabemos por um argumento parecido ao
mencionado a cima que {wi } é localmente limitado. E por estimativas elípticas, ao
passar a uma subsequência, wi → w em Cloc
3
(R3 ) donde w cumpre −∆w = w5 , w >
0 ∈ R3 e ∇w(0) = ∇w(x̄) = 0. O que é uma contradição, uma vez que não há solução
positiva para a equação com dois pontos críticos distintos de acordo com o Teorema
do tipo Liouville de Caarelli, Gidas e Spruck, pois teríamos w = 0. Estabelecemos
portanto (2.48).
Assim, x = 0 e x2 → x̄ são pontos de blow-up isolado de {wi } e de acordo com a
Proposição 2.18 esses pontos são de blow-up isolado simples.
Passando a subsequência, denotemos S̃ como o conjunto dos pontos de blow-up de wi .
Teríamos que 0, x̄ ∈ S̃ e d(x̂, x̃) ≥ 1 para quaisquer dois pontos distintos x̂ e x̃ em S̃ .
Em razão da Proposição 2.6, temos que {wi (0)wi } é localmente limitado em R3 \ S̃.
Multiplicando (2.47) por wi (0) e fazendo i tender ao innito, obtemos ao passar a uma
subsequência que
lim wi (0)wi = h∗ em Cloc
2
(R3 \ S̃),
i→∞

donde h∗ é uma função harmônica em R3 \ S̃ . Como todos os pontos de blow-up de


{wi } são pontos de blow-up isolado simples, pela Proposição 2.6 e pelo Teorema de

60
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Böcher, segue que

h∗ = a1 |x|−1 + a2 |x − x̄|−1 + b∗ (x), para todo R3 \ S̃,

onde a1 , a2 são constantes positivas e b∗ é alguma função harmônica em R3 \{S̃ \{0, x̄}}.
Deriva do Princípio do Máximo que b∗ (x) ≥ 0 para todo x ∈ R3 \ {S̃ \ {0, x̄}}. Daí,

h∗ (x) = a1 |x|−1 + A + O(|x|) para |x| próximo a 0.

donde A é alguma constante positiva. O que contraria a condição do sinal na Proposição


2.16. Portanto, d(yj , yl ) ≥ δ ∗ , para todo 1 ≤ j 6= l ≤ N . Logo a Proposição está
demonstrada.

Pela Proposição acima temos que para qualquer sequência dada de funções {ui }, o
inteiro N = N (i) da Proposição 2.19 deve permanecer uniformemente limitado. Caso
contrário, pela compacidade da variedade existiria uma sequência com subsequência
convergente, por outro lado pela Proposição anterior existe uma constante δ ∗ > 0 tal
que d(xj , xl ) ≥ δ ∗ assim δ ∗ < 0 gerando um absurdo. Como consequência imediata
obtemos o resultado a seguir.

Corolário 2.22. Seja {ui } uma sequência de soluções positivas de (2.3), com max ui →
M
∞. Então pi → 5 e o conjunto dos pontos de blow-up é um conjunto nito formado
apenas de pontos de blow-up isolados simples.

2.7 Prova dos resultados principais


A seção a seguir é destinada a dois resultados sobre a compacidade das soluções. Um
com respeito a norma H 1 e outro em C 3 , este segundo resultado é o mais importante
de todos e veremos algumas de suas aplicações na próxima seção.
O nosso primeiro resultado dá estimativas a priori para a solução de

− ∆g u + Ku = up , u > 0, em M (2.49)

na norma H 1 (M.)

Teorema 2.23. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão 3 compacta e


suave, então para todo ε0 > 0,

kukH 1 (M ) ≤ C, para todo u ∈


[
MK,p
1+ε0 ≤p≤5

61
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

onde C depende somente de M, g, ε0 e kKkC 1 (M ) .

Demonstração. Provaremos por contradição. Suponha que existe pi → p ∈ (1, 5],


Ki → K em C 1 (M ) e ui ∈ MKi ,pi tal que kui kH 1 (M ) → ∞, o que por estimativas
elípticas implica que max ui → ∞.
M
Pelo Teorema do tipo de Liouville de Gidas e Spruck e usando argumentos de blow-
up, como na prova do Lema 2.20, temos que pi → 5. Aplicando a Proposição 2.21,
obtemos para algum ε > 0 sucientemente pequeno, R > 0 sucientemente grande e al-
(1) (N )
gum inteiro positivo N , independente de i que yi = y (1) (ui ), . . . , yi = y (N ) (ui ) ∈ M
são tais que as condições 1, 2 e 3 da Proposição 2.19 valem. Argumentando como
(1) (N )
na prova da Proposição 2.21, sabemos que {yi }, . . . , {yi } são pontos de blow-up
isolados de {ui } logo eles são pontos de blow-up isolado simples de {ui } em vista da
Z  21
Proposição 2.18. Como kukH 1 (M ) = |∇u| + |u| dvg
2 2
, temos pelos Lemas
u∈M
2.7, 2.8 e a estimativa (2.12) que kukH 1 (M ) é limitado o que é uma contradição. Por-
tanto, o Teorema está demonstrado.

Embora o Teorema acima dê estimativas a priori na norma H 1 para as soluções


de (2.49), as estimativas na norma L∞ não valem em tal generalidade como veremos.
Para estimar a priori em normas de convergência uniforme sob hipóteses adequadas,
introduziremos uma função em M que será denotada por A(y) ≡ AK,g (y) e denida a
seguir. Suponha que o primeiro autovalor λ1 de −∆g + K seja positivo. Para y ∈ M ,
considere a função de Green de −∆g + K denotada por Gy com centro em y , ou seja

(−∆g + K)Gy = δy em M.

Seja x = (x1 , x2 , x3 ) um sistema de coordenadas geodésicas normais centrado em y ,


então a métrica g é localmente dada por gij (x)dxi dxj com gij (0) = δij e ∂xl gij (0) = 0
para todo i, j e l. Segue do Lema 1.18 que para algum número real AK,g (y),

1
Gy (x) = + AK,g (y) + O(|x|α ), para |x| perto de 0,
3ω3 |x|

para todo 0 < α < 1, onde ω3 é o volume da bola unitária em R3 . O valor de AK,g (y)
independe da escolha do sistema de coordenadas geodésicas normais e AK,g (y) é uma
função contínua em M .

Teorema 2.24. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão 3 compacta,


suave com primeiro autovalor λ1 positivo e K ∈ C 1 (M ) . Se

min AK,g (y) > 0


y∈M

62
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

então para todo ε0 > 0,


1
≤ u ≤ C em M e kukC 3 (M ) ≤ C, para todo u ∈
[
MK,p (2.50)
C 1+ε ≤p≤5 0

onde C é uma constante positiva dependendo de M, g, ε0 , kKkC 1 (M ) , e dos limites in-


feriores positivos de min AK,g e λ1 .
M

Demonstração. Por estimativas elípticas e a Desigualdade de Hanack, a demonstração


se resume a provar que a norma L∞ é limitada, isto é u ≤ C. Suponhamos que u não
seja limitado na norma L∞ , então existe pi → p ∈ (1, 5], Ki → K ∈ C 1 (M ) tal que

max ui → ∞.
M

Como zemos na demonstração do Teorema 2.23, após passar a uma subsequência


temos que pi → 5 e {ui } tem N pontos de blow-up isolado simples

(1) (N )
yi → y (1) , . . . , yi → y (N ) ,

onde N é um inteiro positivo que independe de i. Podemos assumir sem perda de


generalidade que
(1) (1) (N )
ui (yi ) = min{ui (yi ), . . . , ui (yi )}

para todo i. Pela proposição 2.6, existem ρ, C > 0 tais que

(1) (j)
ui (yi )ui (y) ≤ Cd(y, yi )−1

(j)
quando d(y, yi ) ≤ ρ, para todo j = {1, . . . , N }.
Por outro lado, sabemos que a sequência ui é uniformemente limitada em M \∪N
j=1 B 4 (y ),
ρ (j)

desde que não haja pontos de blow-up na região. Aplicando a Desigualdade de Harnack
(1)
concluímos ainda que ui (yi )ui (y) é uniformemente limitada em M \ ∪N
j=1 B 2 (y ). Os
ρ (j)

fatos acima implicam que, após passarmos a uma subsequência,

N
X
(1)
ui (yi )ui (y) → h(y) := aj Gy(j) (y) + b(y) em Cloc
2
(M \ y (1) , . . . , y (N ) ),
j=1

onde a1 , . . . , aN são constantes positivas e b ∈ C 2 (M ) satisfaz (−∆g + K)b = 0 em M .


Como λ1 > 0, segue que b ≡ 0.
(1)
Seja x = (x1 , x2 , x3 ) sistema de coordenadas normais geodésicas centrada em yi .

63
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

Pelo Teorema da Massa Positiva, segue que A > 0 independente de i, assim


  a1
h(x) := h expy(1) (x) = |x|−1 + Ai + O(|x|α ) para |x| perto de 0,
i 3ω3

onde Ai ≥ A > 0 para todo i por hipótese, ω3 é o volume da bola unitária em R3 e


0 < α < 1. Logo, Ai > 0 o que contradiz a condição do sinal de Ai pela Proposição
2.16. O Teorema portanto está demonstrado.

Corolário 2.25. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana positiva compacta suave de
dimensão três que não é equivalentemente conforme a esfera unitária tri-dimensional.
Então para todo ε0 > 0 e para qualquer K ∈ C 1 (M ) satisfazendo K ≤ 81 Rg em M,
tem-se

1 [
≤ u ≤ C em M e kukC 3 (M ) ≤ C, para todo u ∈ MK,p
C 1+ε ≤p≤5
0

onde C é uma constante positiva que depende apenas de M, g, ε0 e kKkC 1 (M ) .

Para provar o Corolário podemos assumir que o primeiro autovalor λ1 de −∆g + K


é positivo pois caso contrário, MK,g = ∅. Fazendo uma mudança de métrica conforme
usando uma auto-função positiva associada a λ1 , podemos assumir sem perda de gene-
ralidade que K > 0 em M . Pelo Princípio do Máximo, vemos que a função de Green
de −∆g + K é maior ou igual à função de Green de −∆g + 81 Rg . Segue então que
AK,g ≥ A 1 Rg ,g > 0, a última desigualdade provém do Teorema da Massa Positiva. O
8

Corolário então segue do Teorema 2.24.

2.8 Algumas aplicações do Teorema 2.24


Uma vez que temos os resultados de compacidade no Teorema 2.24, podemos derivar
a existência de resultados e resultados de multiplicidade (multiplicidade de contagem).
Consideremos o seguinte problema de minimização
 Z 
1
min E(v) : v ∈ H (M ), 6
v =1 , (2.51)
M

Z
onde E(v) = (|∇g v|2 + Kv 2 ).
M

Teorema 2.26. Supondo as mesmas hipóteses do Teorema 2.24 , então (2.51) é atin-
gido para alguma função positiva v ∈ C 2 (M ).
O Teorema 2.26 deriva do Teorema 2.24 da seguinte forma. Sendo λ1 > 0,
p
E(v)
é uma norma equivalente a H 1 (M.) Para 2 < q < 6, o mergulho de H 1 (M ) em

64
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

) é compacto, entãoZ podemos encontrar um minimizador vq não negativo para


Lq (M
min E(v) : v ∈ H 1 (M ), v 6 = 1 . A equação de Euler-Lagrange de vq é
M

−∆g vq + Kvq = E(vq )vqq−1 , em M.

Note que E(vq ) é limitado longe de zero e do innito. Pelo Princípio do Máximo
forte temos que vq é positivo em M . Aplicando o Teorema 2.24 e algumas estimativas
1
elípticas para E(vq ) q−2 temos, ao longo de uma subsequência, que vq → v ∈ C 2 (M )
quando q → 6. Portanto, v é um minimizador positivo de (2.51).
1
Seja v o minimizador positivo obtido pelo Teorema 2.26 , então u = E(v) 4 ∈ MK,5 .
A existência de u em MK,5 , sob a hipótese necessária de λ1 > 0, foi bem estabelecida
em Bahri e Brezis [3]. É interessante notar que (2.51) não admite minimizador se
K é sucientemente grande, embora MK,5 6= ∅ de acordo com o resultado em [3].
A inexistência de minimizadores para K grande pode ser vista da seguinte forma.
Observemos inicialmente que
 Z 
1 6 1
min E(v) : v ∈ H (M ), v =1 ≤
M S1

onde ( R )
1 R3
|∇u|2 6 3 2 3
= inf  : u ∈ L (R ) \ {0}, ∇u ∈ L (R ) .
S1 6 1/3
R
R3 u
Segue dos resultados de Hebey e Vaugon [15] que para alguma constante C = C(M, g),
Z Z Z
1
2
|∇g v| + C v ≥ , para todo v ∈ H 1 (M ),
2
v 6 = 1.
M M S1 M

Portanto, se K > C em M, teríamos que min E(v) > 1


S1
logo (2.51) não tem minimi-
zador.
Em vista que do que vimos acima e do fato que o Teorema 2.26 deriva do Teorema
2.24, temos que o resultado de compacidade (2.50) não se mantém se K > C em M . O
motivo é que vq construído anteriormente não tem nenhuma subsequência convergindo
em H 1 (M ) devido à inexistência de minimizadores de (2.51).
Para exibir um resultado sobre a multiplicidade, introduziremos o operador F :
C 2,α
(M )+ → C 2,α (M ) dado por

F (v) = v − (−∆g + K)−1 (E(v)v 5 )


Z
onde 0 < α < 1 e E(v) = (|∇g v|2 + Kv 2 ).
M
Consideremos também o subconjunto DΛ limitado e aberto de C 2,α (M )+ para Λ su-

65
2. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe

cientemente grande denido por


n o
DΛ = v ∈ C 2,α (M ) : kvkC 2,α (M ) < Λ, min v > 1/Λ .
M

Então pela teoria elíptica sabemos que a aplicação v 7→ (∆g − K)−1 (E(v)v 5 ) é uma
aplicação compacta. Assim, o operador F é da forma I +compacto e podemos portanto
denir o grau de Leray-Schauder de F na região DΛ com respeito a 0 ∈ C 2,α , denotado
por deg(F, DΛ , 0) desde que 0 não pertença a F (∂DΛ ). Para mais propriedades sobre
o grau de Leray-Schauder veja Nirenberg [22].

Teorema 2.27. Sob as mesmas hipóteses do Teorema 2.24, temos que para Λ suci-
entemente grande, 0 não pertence a F (∂DΛ ) e

deg(F, DΛ , 0) = −1.

Consequentemente, Mk,5 6= ∅.

Usando o Teorema 2.24, o Teorema anterior pode ser provado da mesma forma
como em Schoen [26].

66
Capítulo 3

Compacidade de soluções para uma


classe de equações do tipo Yamabe
com peso

3.1 Introdução
Neste capítulo veremos generalizações dos resultados obtidos no Capítulo 2 para
uma classe de equações do tipo Yamabe com peso. Nosso objetivo é estudar a compa-
cidade das soluções em variedades Riemannianas suaves compactas (M, g) de dimensão
três que satisfazem a equação

−∆g u + Ku = Qup , u > 0, em M (3.1)

onde 1 < p ≤ 5 e Q ∈ C 2 (M ).
Assumiremos durante o capítulo, a menos de indicação, que K ∈ C 1 (M ) e Q ∈
C 2 (M ). Para 1 < p ≤ 5 denotaremos MQ,K,p o conjunto solução de (3.1) em C 2 (M ).
Os principais resultados deste capítulo são os teoremas de compacidade para as
soluções da equação (3.1) a seguir. O primeiro resultado é uma versão do Teorema
2.24 para o caso com peso.

Teorema 3.1. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão três compacta
com λ1 positivo, K ∈ C 1 (M ) e Q(y) ∈ C 2 (M ) uma função positiva. Se

min AK,g (y) > 0,


y∈M

67
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

então para todo ε0 > 0,


1
≤ u ≤ C em M e kukC 2 (M ) ≤ C, para todo u ∈
[
MQ,K,p
C 1+ε ≤p≤5 0

onde C é uma constante positiva dependendo somente de M, g, ε0 , kKkC 1 (M ) , kQkC 2 (M )


e os limites inferiores positivos de AK,g , λ1 e Q.
Veremos também um resultado de compacidade com respeito a norma H 1 como
foi visto no capítulo anterior. Além desses resultado, no nal do capítulo veremos
que é possível obter um resultado sobre a compacidade de soluções de energia nita
em variedades tri-dimensionais quando Q é permitido mudar de sinal. Tal resultado é
dado pelo teorema a seguir

Teorema 3.2. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta com λ1 positivo,
K ∈ C 1 (M ) e Q ∈ C 2 (M ) uma função positiva em algum lugar. Assumindo que

min AK,g (y) > 0.


y∈M

Então para todo pi ≤ 5 com pi → 5, Ki → K em C 1 (M ), Qi → Q em n C (M ) oe


2

toda solução ui de −∆g ui + Ki ui = Qi upi i , ui > 0, em M com energia kui kH 1 (M )


uniformemente limitado, temos
1
≤ ui ≤ C e kui kC 3 (M ) ≤ C, para todo i
C

onde C é uma constante que independe de i.


Em geral, os resultados expostos neste capítulo serão semelhantes ao exibidos no
Capítulo 2 bem como suas demonstrações, por esse motivo omitiremos algumas provas.
Quando houver diferenças signicativas deixaremos claro. O roteiro deste capítulo
será estudar a Identidade de Pohozaev, fazer a análise dos pontos de blow-up, exibir
resultados de compacidade e discutir sobre algumas aplicações.

3.2 A Identidade de Pohozaev


Seja Ω ⊂ M um conjunto aberto, {Ki } uma sequência de funções convergindo para
K em C 1 (M ), {Qi } uma sequência de funções convergindo para alguma função positiva
Q em C 2 (M ), {pi } uma sequência numérica satisfazendo 2 ≤ pi ≤ 5, pi → 5 e {ui }
uma sequência de funções de C 2 satisfazendo

−∆g ui + Ki ui = Qi upi i , ui > 0, em Ω ⊂ M. (3.2)

68
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

As denições de ponto de blow-up isolado e blow-up isolado simples são as mesmas


vistas nas Denições 2.2 e 2.3.
A identidade do tipo Pohozaev para uma solução de

−∆g u + Ku = Qupi , u > 0, em Ω

é da forma
   Z
x · ∇K(x)
Z
3 1
− K(x) + u dx +
2
− Qup+1 dx
Bσ 2 p+1 2 Bσ

Z
1
−A(g, u) + (x.∇Q(x)) up+1 dx
p+1 Bσ

Ku2 Qup+1
Z Z  
= B(x, σ, u, ∇u) dS − σ − dS, (3.3)
∂Bσ ∂Bσ 2 p+1
a notação usada é a mesma do Lema 2.3.
A demonstração é similar a que detalhamos no Lema 2.3. A maior diferença é que
por (3.1),
Z Z Z Z
1 1 1 1
− u ∆g u dvg = u(Qu − Ku) dvg =
p
Qu p+1
dvg − Ku2 dvg
2 Bσ 2 Bσ 2 Bσ 2 Bσ

e
Z Z
− α
(x ∂α u) ∆g u dv = (xα ∂α u) (Qup − Ku) dvg

ZBσ Z
= x ∂α u Qu dvg −
α p
xα ∂α u Ku dvg .
Bσ Bσ

Integrando por partes, obtemos

−3
Z Z Z
1
− (x ∂α u) ∆g u dvg
α
= Qu p+1
dv − (x∇Q)up+1 dvg
Bσ p + 1 Bσ p + 1 Bσ
Z Z Z
σ 3 1
+ Qu p+1
+ Ku dvg +
2
(∇Kx)u2 dvg
p + 1 ∂Bσ 2 Bσ 2 Bσ
Z
σ
− Ku2
2 ∂Bσ

substituindo as duas estimativas acima na igualdade (2.9), obtemos (3.3).

69
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

3.3 Propriedades de blow-up isolado e isolado simples


Nos dedicaremos agora as propriedades dos pontos de blow-up e pontos de blow-up
isolado simples. Basicamente todos os resultados vistos nas seções 2.4 e 2.5 estarão
presentes aqui para o caso em que as soluções satisfazem (3.2). Veremos também mais
alguns resultados adicionais.

Lema 3.3. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado, então


para todo 0 < r < 3r̄ , temos

max ui (y) ≤ C1 min ui (y),


y∈B2r (yi )\B r (yi ) y∈B2r (yi )\B r (yi )
2 2

onde Bs (yi ) denota a bola geodésica centrada em yi de raio s e C1 é uma constante


positiva que independe de i e r.

Lema 3.4. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado.


Então para quaisquer sequências Ri → +∞ e i → 0+ temos após passarmos a uma
subsequência {uji } (continuaremos denotando por {ui }, {yi }, etc. ), que

  − 21
  pi −1 1
ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − 1 + Q(yi )|x|2

3


C 2 (B2Ri )

(3.4)

  − 21
  pi −1 1
+ ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x − 1 + Q(yi )|x|2 ≤ εi

3


H 1 (B2Ri )

Ri
→ 0 quando i → ∞, (3.5)
log ui (yi )

onde x = (x1 , x2 , x3 ) denota as coordenadas geodésicas normais centrada em yi dada


por expyi (x).

Proposição 3.5. Seja {ui } satisfazendo a equação 3.2 e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de


blow-up isolado simples cumprindo (2.2) e (2.3) para qualquer i. Então para alguma
constante C dependendo somente de ρ, C̃, kKi kC 1 (Ω) , kQi kC 2 (Ω) e o limite inferior po-
sitivo de inf inf Qi (y) temos
i y∈Ω

ui (y) ≤ Cui (yi )−1 d(y, yi )−1 , para todo d(y, yi ) ≤ ρ/2,

onde ρ e C̃ são dados pelas Denições 2.2 e 2.3.

70
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Além disso, passando a uma subsequência, para alguma constante positiva a > 0 e
K(x) = lim Ki (x),
i→+∞

ui (yi )ui → aG̃(·, ȳ) + b em Cloc


2
(Bρ̃ (ȳ) \ {ȳ})

onde ρ̃ = min{δ0 , ρ/2}, G̃ é dado por (2.16) e b ∈ C 2 (Bρ̃ (ȳ)) satisfaz −∆g b + k(y)b = 0
em Bρ̃ (ȳ).

Para estabelecer esta proposição é necessário alguns resultados auxiliares que serão
dados pela série de Lemas abaixo.

Lema 3.6. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Assuma que Ri → ∞ e 0 < i < e−Ri são sequências que satisfazem (3.4) e
(3.5). Então dado 0 < δ < 1/100, existe ρ1 ∈ (0, ρ) que independe de i (mas depende
de δ ), tal que

pi −1
ui (y) ≤ C2 ui (yi )−λi d(y, yi )−1+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1 ,

pi −1
|∇g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−λi d(y, yi )−2+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1

pi −1
|∇2g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−λi d(y, yi )−3+δ , para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1

pi −1
onde λi = (1 − δ) 2 − 1 e C2 é uma constante positiva independente de i.

A demonstração do Lema anterior é similar a prova do Lema 2.7 uma das diferenças
é denir o operador li como li ϕ = ∆g ϕ + Qi (y)ui (y)pi −1 ϕ − Ki (y)ϕ.

Lema 3.7. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências nas quais (3.4) e (3.5) valem.
Fixado 0 < δ < 1
100
. Então para todo 0 < σ < ρ1 xado temos para i sucientemente
grande que
Z
d(y, yi )2 upi i +1 = O(ui (yi )−4+o(1) ),
d(y,yi )≤σ
Z
u2i ≤ C3 σui (yi )−2λi
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )2 |∇ui |2 ≤ O(ui (yi )−4+o(1) ) + C3 σui (yi )−2λi
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )uipi +1 = O(ui (yi )−2λi )
d(y,yi )≤σ

71
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

onde C3 é uma constante que independe de i e σ .

As três primeiras desigualdades seguem analogamente ao que zemos no Lema 2.8


e a última segue os mesmos passos, basta analisar os dois casos sobre a distância, no
primeiro onde ri ≤ d(y, yi ) ≤ ρ usamos o Lema 3.6 para estimar e utilizamos (3.4) no
segundo caso onde d(y, yi ) ≤ ri .
No restante desta seção (x1 , x2 , x3 ) denotará um sistema de coordenadas geodésicas
normais centrado em yi . Usaremos a mesma notação do Capítulo 2.

Lema 3.8. Seja ui cumprindo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado simples.


Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (3.4) e (3.5). Então para
0 < σ < ρ1 , temos que
|A(g, ui )| ≤ C3 σui (yi )−2λi

onde C3 é uma constante que independe de i e σ .

Lema 3.9. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que cumprem (3.4) e (3.5), então

τi = O(ui (yi )−2λi ).

Consequentemente, ui (yi )τi → 1 quando i → ∞.

A prova é uma modicação do Lema 2.10 substituindo por exemplo (2.11) por (3.4)
e permutando a Pohozaev 2.3 por (3.3).

Lema 3.10. Seja ui atendendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (3.4) e (3.5). Então
para todo 0 < σ < r̄/2, temos que

lim sup max ui (y)ui (yi ) ≤ C(σ).


i→+∞ y∈∂Bσ (yi )

A Proposição 3.5 então pode ser demonstrada da mesma forma que a Proposição
2.6 usando o resultado dos Lemas vistos anteriormente.
Os Corolários a seguir são versões mais fortes dos Lemas 3.6, 3.7, 3.8 obtidos através
da Proposição 3.5. A demonstração dos seguintes Corolários difere da prova dos Lemas
apenas ao substituir a estimativa do Lema 3.6 pela estimativa da Proposição 3.5.

Corolário 3.11. Seja ui satisfazendo (3.2) yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (3.4) e (3.5).
Então existem ρ1 ∈ (0, ρ) independente de i tal que

pi −1
|∇g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−1 d(y, yi )−2 para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1

72
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

e
pi −1
|∇2g ui (y)| ≤ C2 ui (yi )−1 d(y, yi )−3 para todo Ri ui (yi )− 2 ≤ d(y, yi ) ≤ ρ1

onde C2 é uma constante positiva que independe de i.


Corolário 3.12. Seja ui satisfazendo (3.2) yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado
simples. Sejam Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri sequências que satisfazem (3.4) e (3.5). Então
para todo 0 < σ < ρ1 xado, temos para i sucientemente grande que
Z
d(y, yi )2 uipi +1 = O(ui (yi )−4+o(1) ),
d(y,yi )≤σ
Z
u2i ≤ C3 σui (yi )−2 ,
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )2 |∇ui |2 ≤ O(ui (yi )−4+o(1) ) + C3 σui (yi )−2 ,
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )uipi +1 = O(ui (yi )−2 ,
d(y,yi )≤σ
Z
d(y, yi )|∇ui |2 = O((ui (yi )−2 log ui (yi ),
d(y,yi )≤σ
Z
e d(y, yi )3 |∇2 ui |2 = O((ui (yi )−2 log ui (yi )
d(y,yi )≤σ

onde C3 é uma constante independente de i e σ positiva.


As duas últimas estimativas são obtidas analisando os casos em que d(y, yi ) ≤ σ e
ri ≤ d(y, yi ) ≤ σ . No primeiro caso, basta usar o Corolário anterior e no segundo fazer
uma mudança de variável e usar (3.4).
Corolário 3.13. Seja ui cumprindo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado
simples. Se Ri → ∞ e 0 < εi < e−Ri são sequências que satisfazem (3.4) e (3.5). Então

|A(g, ui )| ≤ C3 σui (yi )−2

onde C3 é uma constante que independe de i e σ .


Corolário 3.14. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado
simples. Após passar a uma subsequência de {ui }, as estimativas a seguir valem:
Z
lim ui (yi ) 2
d(y, yi )2 upi i +1 = 0,
i→+∞ d(y,yi )≤σ
Z
lim+ lim sup ui (yi )2 d(y, yi )2 |ui |2 = 0,
σ→0 i→+∞ d(y,yi )≤σ
Z
2
lim+ lim sup ui (yi ) u2i = 0
σ→0 i→+∞ d(y,yi )≤σ
2
e lim lim sup ui (yi ) |A(g, ui )| = 0.
σ→0+ i→+∞

73
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

O Lema a seguir trás uma estimativa sobre o gradiente da função Q, que é uma
novidade quando comparado ao Capítulo 2 pois a equação (2.3) não envolvia tal função.

Os próximos dois resultados usam a mesma ideia das provas dos Lemas 2.5 e 2.6 de
Li em [18]. Em nosso caso teremos β = 2.

Lema 3.15. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up isolado


simples. Então

τi ≡ 5 − pi = O(ui (yi )−2 ), |∇Ki (yi )| = O(ui (yi )−2 log ui (yi ).

Demonstração. A estimativa sobre τi segue da identidade de Pohozaev 3.3 e das esti-


mativas obtidas de ui perto dos pontos de blow-up isolado simples.
Sejam x = (x1 , x2 , x3 ) as coordenadas normais geodésicas centradas em yi e η uma
função corte suave onde η(x) = 1 se |x| ≤ σ2 e η(x) = 0 se |x| ≥ σ. Multiplicando a
∂ui
Equação (3.2) por η e integrando por partes em |x| ≤ σ , temos
∂xj
Z Z Z
∂ui ∂ui 1 ∂Qi pi +1
− ∆g ui η + Ki ui η = ηu
|x|≤σ ∂xj |x|≤σ ∂xj pi + 1 |x|≤σ ∂xi i

Usando as estimativas para ui perto dos pontos de blow-up isolado simples, segue que
Z
∂Qi
= O(ui (0)−2 log ui (0)).

pi +1
(x)ui (x)

|x|≤σ ∂xi

Pela condição (∗)β e argumentos usados na prova do Lema 2.5 de [18], temos que
Z Z  
∂Qi p +1
−2
∂Q i ∂Q i p +1

(0) u i (x) i − O(ui (0) log ui (0)) ≤ (0) − u i
∂xi i
|x|≤σ

|x|≤σ ∂xj ∂xj
Z
≤ C |x|uipi +1 .
|x|≤σ

Logo, Z Z
∂Qi
|x|uipi + + O(ui (0)−2 log ui (0))
p +1

∂xi (0)
ui (x) i ≤ C
|x|≤σ |x|≤σ
Z
Com argumento análogo ao que zemos em (2.31), temos que upi i +1 ≤ C. Assim,
|x|≤σ

Z
−2
|∇Qi (0)| ≤ O(ui (0) log ui (0)) + C |x|ui (x)pi +1 dx = O(ui (0)−2 log ui (0))
|x|≤σ

pelo Corolário 3.12. Logo, o Lema está demonstrado.

74
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Proposição 3.16. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up


isolado simples com algum ρ̃ > 0, tal que

ui (yi )ui → h em Cloc


2
(Bρ̃ (ỹ) \ {ỹ}) .

Assumindo que para a > 0 em um sistema de coordenadas normais geodésicas x =


(x1 , x2 , x3 ), tenha-se

a
h(x) = + A + o(1) quando |x| → 0,
|x|

então A ≤ 0.

A demonstração é similar a Proposição 2.16. A grande diferença é que ao estabelecer


a Identidade de Pohozaev neste caso obtemos mais uma estimativa, então para provar
a Proposição precisamos calcular a estimativa extra
Z
dv = 0. (3.6)

lim u2i (0) (x.∇Qi (x))ui (x) pi +1
i→∞ Bσ

Pelos argumentos usados na demonstração do Lema 2.5 de [18], podemos escrever


Z Z Z 
(x.∇Qi (x))ui (x) pi +1
dv = ∇Qi (0) pi +1
xui (x) dv + O 2 pi +1
|x| ui (x) dv
Bσ Bσ Bσ

A estimativa (3.6) então pode ser deduzida pelo Lema 3.15 e o Corolário 3.14.
A próxima Proposição arma que todo ponto de blow-up isolado é simples.

Proposição 3.17. Seja ui satisfazendo (3.2) e yi → ȳ ∈ Ω um ponto de blow-up


isolado. Então ỹ é um ponto de blow-up isolado simples.

Com a Proposição 3.16, o resultado acima pode ser estabelecida com pequenas
modicações nos argumentos da Proposição 2.18.

3.4 Teoremas de Compacidade


Nesta seção veremos as generalizações dos Teoremas de compacidade 2.23 e 2.24
vistos no capítulo anterior, além de alguns resultados adicionais obtidos a partir do
Teorema 3.19.
O Teorema a seguir é uma generalização do Teorema 2.23 e que fornece estimativas
a priori na norma H 1 (M ) para soluções da Equação (3.1).

75
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Teorema 3.18. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão 3 compacta,


então para todo ε0 > 0,

kukH 1 (M ) ≤ C, para todo u ∈


[
MQ,K,p
1+ε0 ≤p≤5

onde C depende somente de M, g, ε0 e kkkC 1 (M ) , kQkC 2 (M ) e o limite inferior positivo


de Q em M .

Continuaremos denotando λ1 como o primeiro autovalor de −∆g + K. O próximo


resultado é uma extensão do Teorema 2.24.

Teorema 3.19. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana de dimensão três compacta
suave e K ∈ C 1 (M ), λ1 positivo e Q(y) ∈ C 2 (M ) uma função positiva. Se

min AK,g (y) > 0,


y∈M

então para todo ε0 > 0,


1
≤ u ≤ C em M e kukC 2 (M ) ≤ C, para todo u ∈
[
MQ,K,p
C 1+ε ≤p≤5 0

onde C é uma constante positiva dependendo somente de M, g, ε0 , kKkC 1 (M ) , kQkC 2 (M )


e os limites inferiores positivos de AK,g , λ1 e Q.

De posse da Proposição 3.16, os Teoremas 3.18 e 3.19 podem ser estabelecidos


com pequenas modicações nos argumentos usados no capítulo anterior utilizando o
Teorema da Massa Positiva. Veremos as denições de variedade positiva e de um
operador compacto para estabelecer o próximo Teorema.

Denição 3.1. A variedade Riemanniana (M, g) é dita positiva se o primeiro autovalor


de −Lg ≡ −∆g + n−2
R
4(n−1) g
é positivo.

Denimos em variedades positivas o operador compacto T : C 2,α (M )+ → C 2,α (M )


por  −1
1
Tu = −∆g + Rg (Qu5 ),
8
onde 0 < α < 1 e C 2,α (M )+ denota o conjunto das funções positivas em C 2,α (M ). O
conjunto DΛ referido a baixo será o mesmo denido no Capítulo 2.

Teorema 3.20. Seja (M, g) uma variedade Riemanianna de dimensão 3 positiva com-
pacta suave que não é equivalentemente conforme a esfera unitária tri-dimensional.

76
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Então, para todo 1 < p ≤ 5 e toda função positiva Q ∈ C 2 (M ), existe alguma cons-
tante C dependendo de M, g, kQkC 2 (M ) e os limites inferiores positivos de Q e p − 1 tal
que
1
≤ u ≤ C e kukC 3 (M ) ≤ C,
C
para toda solução u de −∆g u + 18 Rg u = Qup onde u > 0 em M. Além disso, deg((I −
T ), DΛ , 0) = −1 para Λ sucientemente grande. Consequentemente a equação −∆g u +
1
R u = Qu5 tem pelo menos uma solução.
8 g

A estimativa a priori do Teorema anterior segue do Teorema 3.19 e do Teorema da


Massa Positiva de Schoen e Yau. O grau de contagem de todas as soluções segue das
estimativas a priori e argumentos de [26].
Podemos derivar do Teorema 3.19 resultados de existência e de multiplicidade (mul-
tiplicidade de contagem) como zemos no capítulo anterior com o Teorema 2.24. Con-
sidere o seguinte problema de minimização:
 Z 
1
min E(v) : v ∈ H (M ), 6
Qv = 1 , (3.7)
M

Z
onde E(v) = (|∇g v|2 + Kv 2 ).
M
O Teorema a seguir é uma extensão do Teorema 2.26.

Teorema 3.21. Supondo as mesmas hipóteses do Teorema 3.19 então (3.7) é atingido
em alguma função positiva v ∈ C 2 (M ).

Podemos derivar o Teoremas 3.21 do Teorema 3.19 do mesmo jeito que deriva o
Teorema 2.26 do Teorema 2.24.
Considere o operador F̃ : C 2,α (M )+ → C 2,α (M ) dado por

F̃ (v) = v − (−∆g + K(y))−1 (E(v)Qv 5 ).

onde 0 < α < 1.


O próximo resultado é uma extensão do Teorema 2.27.

Teorema 3.22. Supondo as mesmas hipóteses do Teorema 3.19, então para Λ suci-
entemente grande temos que 0 não pertence a F̃ (∂ΩΛ ) e

deg(F̃ , ΩΛ , 0) = −1.

Em particular, MQ,K,5 6= ∅.

Usando o Teorema 3.19 podemos provar o Teorema anterior como em Schoen [26].

77
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Observação 3.1. Se (M, g) = (S3 , g0 ) é a esfera unitária tri-dimensional, K ∈ C 1 (S3 )


satisfaz K(y) < 3
4
≡ 18 Rg0 e Q ∈ C 2 (S3 ) é uma função positiva, então as hipóteses do
Teorema 3.19 são satisfeitas. Consequentemente, os resultados dos Teoremas 3.19, 3.21
e 3.22 são todos válidas.

Observação 3.2. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta suave de dimen-
são 3 positiva não equivalentemente conforme a esfera unitária tri-dimensional. Então,
pelo Teorema da Massa Positiva, existe ε = ε(M, g) > 0 tal que para todo K ∈ C 1 (M )
satisfazendo K ≤ 18 Rg + ε em M e toda função positiva Q ∈ C 2 (M ); as hipóteses do
Teorema 3.19 valem. Logo, os resultados dos Teoremas 3.19, 3.21 e 3.22 são válidos.

3.5 Compacidade e existência de função minimizante


quando Q é positiva em algum lugar
Veremos nesta última seção um resultado de compacidade no caso em que a função
Q ∈ C 2 da equação 3.1 é permitida mudar de sinal desde que seja positiva em algum
lugar. Veremos como consequência desse Teorema de compacidade que o problema de
minimização neste caso tem solução. O Lema a seguir nos ajudará a demonstrar tal
resultado.

Lema 3.23. Seja Ki → K em C 0 (M ), Qi → Q em C 0 (M ), pi ≤ n+2


n−2
, pi → n+2
n−2
e ui
satisfazendo

−∆g ui + Ki ui = Qi upi i , ui > 0, em M. (3.8)

e n o
kui kH 1 (M ) seja uniformemente limitado.

Então para algum número positivo ε0 e C independente de i,

ui ≤ C em {y ∈ M ; Q(y) ≤ ε0 } .

Demonstração. Provaremos por contradição. Suponha então que após passar a uma
subsequência exista uma sequência ȳi → ȳ ∈ M tal que ui (ȳi ) → ∞ e Q(ȳ) ≤ 0.
Escolhendo εi → 0+ de modo que o conjunto

Oi := {y ∈ M |Qi (y) < εi }

78
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

tenha a seguinte propriedade

2
d(ȳi , ∂Oi ) pi −1 ui (ȳi ) → ∞. (3.9)

Considere a seguinte função em Oi :

2
fi (y) = d(y, ∂Oi ) pi −1 ui (y),

e seja yi ∈ Oi o ponto de máximo da função fi em Oi , isto é

fi (yi ) = max fi .
Oi

Note que por (3.9) temos que fi (yi ) → ∞. Considere agora σi = 12 d(yi , ∂Oi ) > 0, temos
então que
2 2
p −1 −p
σi i max ≥ 2 i −1 fi (yi ) → ∞,
Bσi (yi )
2 2
p −1
(2σi ) pi −1 ui (yi ) ≥ max fi ≥ σi i max ui .
Bσi (yi ) Bσi (yi )

Consequentemente,
2
pi −1
σi ui (yi ) → ∞

e
2
−p
ui (yi ) ≥ 2 i −1 max ui . (3.10)
Bσi (yi )

Sejam x = (x1 , · · · , xn ) a coordenada geodésica normal de centro em yi e wi o conjunto


denido por

pi −1 pi −1
  
wi (x) = ui (yi )−1 ui expyi ui (yi )− 2 x , |x| < σi ui (yi ) 2 → ∞.

Note que wi satisfaz em vista de (3.10)


 pi −1
pi 1−pi
 −∆h wi (x) = Q̃i (x)wi (x) − ui (yi ) K̃i (x)wi (x), |x| < σi ui (yi ) 2 ,


(3.11)
 2− pi2−1 w (x) ≤ w (0) = 1, pi −1

|x| < σi ui (yi )

2
i i

  pi −1
   pi −1

onde Q̃i (x) = Qi expyi ui (yi )− 2 x , K̃i (x) = Ki expyi ui (yi )− 2 x e h =
hαβ (x)dxα dxβ = gαβ (rx)dxα dxβ denota a métrica escalar.

79
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

Por outro lado, temos pelos Teoremas de Mergulho de Sobolev que


Z
pi +1
upi i +1 ≤ C kui kH 1 (M ) ≤ C
M

pois kui kH 1 (M ) é uniformemente limitado por hipótese. Logo,


Z Z
(pi −1)n

pi −1
wipi +1 ≤ Cui (yi ) 2
−(pi +1)
uipi +1 ≤ C. (3.12)
|x|≤σui (yi ) 2 M

Calculando o limite com i → ∞, temos por (3.11), (3.12) e a teoria elíptica que ao
passar a uma subsequência
2
wi → w ∈ Cloc (Rn ),
2n
onde w ∈ L n−2 (Rn ), satisfaz para alguma constante Q̃ ≤ 0,

n+2
−∆w = Q̃w n−2 , w > 0, em Rn .

Note que para Q̃ < 0 a equação acima não tem solução. Quando Q̃ = 0, todas as
2n
soluções são constantes positivas logo não podem pertencer a L n−2 . O que é uma
contradição. Portanto, o Lema está provado.

A seguir veremos o principal resultado desta seção sobre a compacidade de soluções


de energia nita em variedades tri-dimensionais quando Q é permitida mudar de sinal.

Teorema 3.24. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta suave, K em


C 1 (M ) com λ1 positivo, Q ∈ C 2 (M ) uma função positiva em alguma parte. Assu-
mindo que
min AK,g (y) > 0.
y∈M

Então para todo pi ≤ 5 com pi →n 5, Ki → K o em C (M ), Qi → Q em C (M ) e toda


1 2

solução ui de (3.8) com energia kui kH 1 (M ) uniformemente limitado, temos

1
≤ ui ≤ C e kui kC 3 (M ) ≤ C, para todo i
C

onde C é uma constante que independe de i.


Demonstração. Pelo Lema 3.23 temos que para algum ε0 > 0, {ui } é uniformemente
limitado na região em que Q ≤ ε0 . Para este caso portanto, está provado. Vejamos
agora caso Q ≥ ε0 . Devido ao que vimos no Capítulo 2, {ui } é uniformemente limitado
em M ou após passar a uma subsequência, existem muitos porém nitos pontos de
Blow-up isolado simples na região em que Q ≥ ε0 . Se {ui } é uniformemente limitado,
então as estimativas das derivadas superiores seguem da teoria elíptica. Caso contrário,

80
3. Compacidade de soluções para uma classe de equações do tipo Yamabe com peso

(1) (m)
sejam yi → ȳ (1) , . . . , yi → ȳ (m) todos os pontos de blow-up isolado simples. Sabemos
(1)
pela Proposição 3.5 que {ui (yi ui )} é uniformemente limitado em qualquer subconjunto
compacto de {y ∈ M | Q(y) ≥ ε0 /2} \ {ȳ (1) , . . . , ȳ (m) }. Além disso, usando o fato
que {ui } é uniformemente limitado em {y ∈ M | Q(y) ≤ ε0 } e a Desigualdade de
(1)
Harnack, obtemos que {ui (yi ui )} é uniformemente limitado em qualquer subconjunto
compacto de M \ {ȳ (1) , . . . , ȳ (m) }. Dessa forma, podemos escrever a Identidade do tipo
(1)
Pohozaev de ui em Bσ (yi ), usando a hipótese que min AK,g (y) > 0 e chegarmos a
y∈M
uma contradição. Portanto, a sequência minimizante {ui } é de fato uniformemente
limitado. Logo, o Teorema está provado.

Vejamos por m uma aplicação do Teorema anterior.


Seja (M, g) uma variedade Riemanniana compacta suave de dimensão n ≥ 3, K ∈
C 1 (M ) com primeiro autovalor λ1 positivo e Q ∈ C 2 (M ) uma função positiva em
alguma parte. Considere para 1 < p ≤ n+2
n−2
, o seguinte problema de minimização:
Z Z 
2 2 1 p+1
Sp = inf (|∇g u| + Ku ); u ∈ H (M ), Q|u| =1 .
M M

Note que para 1 < p ≤ n+2


n−2
, Sp é atingido para alguma função positiva, denotemos
ela por up e Sp → S n+2 ∈ (0, ∞) para p → n+2
n−2
pela esquerda. A equação de Euler-
n−2

Lagrange de up é
−∆g up + Kup = Sp Qupp , up > 0, em M.

Vejamos então o seguinte resultado.

Corolário 3.25. Seja (M, g) uma variedade Riemanniana tri-dimensional compacta


suave com λ1 positivo e K ∈ C 1 (M ). Assumindo que

min AK,g (y) > 0.


y∈M

Então para todo Q ∈ C 2 (M ) positivo em alguma parte, S5 é atingido em alguma


função positiva. Em particular, MQ,K,5 6= ∅.

Observação 3.3. Quando (M, g) é uma variedade Riemanniana positiva tri-dimensional


compacta suave não equivalentemente conforme a esfera unitária de dimensão 3 e
K = 81 Rg temos pelo Teorema da Massa Positiva que min A 1 Rg ,g > 0 e assim existe
M 8

solução pelo Corolário 3.25. Mas neste caso especíco Escobar e Schoen em 1986 já
haviam provado tal resultado em [10].

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