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Casamento

O casamento pode ser conceituado como a união de duas pessoas, reconhecida e


regulamentada pelo Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família
e baseado em um vínculo de afeto.

Na VII Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da Justiça Federal em 2015, houve mudança de redação da
proposta original apenas para objetivar o reconhecimento jurídico do casamento entre pessoas do mesmo sexo e
aprovou-se enunciado segundo o qual é existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo (Enunciado
n. 601).

"Enunciado n. 601: É existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo.".

natureza jurídica do casamento:


Substancialmente três são as correntes que procuram apontar a natureza jurídica do
casamento:

 Teoria institucionalista: o casamento é uma instituição, tese sustentada, entre


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outros, por Maria Helena Diniz. Há nessa corrente uma forte carga moral e - 2021
religiosa.
 Teoria contratualista: o casamento é um contrato de natureza especial, e com
regras próprias de formação, corrente encabeçada por Silvio Rodrigues.
 Teoria mista ou eclética: o casamento é uma instituição quanto ao conteúdo e um
contrato especial quanto à formação.

Princípios do casamento:
Sendo o casamento um negócio jurídico especial, ele detém de regras próprias de
constituição e princípios específicos que, a priori, não existem no campo contratual.

 Princípio da monogamia: pode ser retirado do art. 1.521, inc. VI, do CC, uma vez
que não podem casar as pessoas casadas; o que constitui um impedimento
matrimonial a gerar a nulidade absoluta do casamento (art. 1.548, inc. II, do CC).
 Princípio da liberdade de escolha, como exercício da autonomia privada: salvo os
impedimentos matrimoniais, há livre escolha da pessoa do outro cônjuge como
manifestação da liberdade individual, princípio esse retirado do art. 1.513 do CC.
 Princípio da comunhão plena de vida, regido pela igualdade entre os cônjuges:
retirado do art. 1.511 do CC/2002, segundo o qual “o casamento estabelece
comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos
cônjuges”.
Características do casamento:
 É ato eminentemente solene: é repleto de formalidades, que visam dar maior
segurança a tal ato (ex: processo de habilitação e publicação dos editais,
cerimônia e registro em livro próprio).
 As normas que o regulamentam são de ordem pública: por isso, não podem ser
derrogadas por convenções particulares e é constituído de um conjunto de normas
imperativas, cujo objetivo consiste em dar à família uma organização social moral
compatível com as aspirações do Estado.
 Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges: assim o proclama o art. 1.511 do Código Civil. Implica
necessariamente união exclusiva, uma vez que o primeiro dever imposto a ambos
os cônjuges no art. 1.566 do mencionado diploma é o de fidelidade recíproca.
 Representa união permanente: malgrado na atualidade predomine a
dissolubilidade, o CC proclama o divórcio como causa de término da sociedade
conjugal.
 Exige diversidade de sexos: a Constituição Federal só admite casamento entre
homem e mulher, todavia, a partir do reconhecimento, pelo Supremo Tribunal
Federal, da união homoafetiva como entidade familiar, a jurisprudência,
especialmente a do Superior Tribunal de Justiça tem afastado o requisito da
diversidade de sexos, admitindo expressamente o casamento homoafetivo.
O casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido no Brasil desde 2013, por meio da Resolução nº 175, do
Direito de
Conselho Nacional de Justiça, que determinou que é vedada às autoridades competentes Família
a recusa de habilitação,
celebração de casamento civil ou de conversão de união estável em casamento5º período
entre - 2021
pessoas de mesmo sexo.
 Não comporta termo ou condição: constitui, assim, negócio jurídico puro e
simples.
 Permite liberdade de escolha do nubente: trata-se de uma consequência natural
do seu caráter pessoal. Cabe exclusivamente aos consortes manifestar a sua
vontade, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais (CC, art. 1.542).

Capacidade para o casamento:


Nos termos do art. 1.517, caput, do Código Civil o homem e a mulher em idade núbil, com 16
anos completos, podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil (18 anos).

Conforme o enunciado n. 512 da V Jornada de Direito Civil, em 2011, “o artigo 1.517 do Código Civil, que exige
autorização dos pais ou responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade, não se aplica ao
emancipado.”.

Em havendo divergência entre os pais, a questão será levada ao juiz, que decidirá de acordo
com o caso concreto, sempre buscando a proteção integral do menor e da família (art. 1.517,
parágrafo único, do CC).
Havendo necessidade desse suprimento pelo juiz, o casamento será celebrado pelo regime da separação
obrigatória de bens (art. 1.641, III, CC).
Impedimentos matrimoniais:
O art. 1.521 do CC traz um rol taxativo de pessoas que não podem casar, em situações que
envolvem a ordem pública. Assim, não podem casar:

 Os ascendentes com os descendentes (impedimento decorrente de parentesco


consanguíneo): duas são as razões do impedimento: razão moral – evitar o incesto
(relações sexuais entre pessoas da mesma família); razão biológica – evitar problemas
congênitos à prole, comuns em casos tais.
 Os colaterais até terceiro grau, inclusive (impedimento decorrente de parentesco
consanguíneo): pelas mesmas razões acima.

O informativo n. 840 do STF equiparou a parentalidade socioafetiva à biológica, assim, sustenta-se a


impossibilidade de casamento entre irmãos socioafetivos, que foram criados juntos como tal desde a infância.
Segundo o entendimento majoritário, continua em vigor o Decreto-Lei 3.200/1941, que autoriza o casamento entre
tios e sobrinhos se uma junta médica apontar que não há risco biológico.
 Os afins em linha reta (impedimento decorrente de parentesco por afinidade): nos
termos do art. 1.595 do CC, há parentesco por afinidade entre um cônjuge (ou
companheiro) e os parentes do outro consorte (ou convivente) (ex: sogra e genro, sogro e
nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado, e assim sucessivamente).
 O adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
os ascendentes e descendentes em casos envolvendo a adoção; o adotado com o filho
do adotante (impedimentos em decorrência do parentesco civil formado pela adoção):
vale a máxima pela qual a adoção imita a família consanguínea. Direito de Família
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As pessoas casadas (impedimento decorrente de vínculo matrimonial): o atual- Código
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continua consagrando o princípio da monogamia para o casamento.
 O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte (impedimento decorrente de crime): tal impedimento somente nos
casos de crime doloso e havendo trânsito em julgado da sentença penal condenatória.

Impedimentos matrimoniais

Tipo de impedimento: Não podem se casar:

Impedimento decorrente de parentesco Os ascendentes com os descendentes; os colaterais até


consanguíneo terceiro grau.

Impedimento decorrente de parentesco por Os afins em linha reta


afinidade

Impedimento decorrente de vínculo As pessoas casadas


matrimonial

Impedimento decorrente de crime O cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou


tentativa de homicídio contra o seu consorte

Em relação aos efeitos, os impedimentos matrimoniais impossibilitam a celebração


do casamento mediante procedimento administrativo que corre perante o Cartório
de Registro das Pessoas Naturais (arts. 1.529 e 1.530 do CC). A sua oposição poderá
ocorrer até o momento da celebração, por qualquer pessoa capaz (art. 1.522 do CC).

Incapacidade para o casamento X Impedimentos matrimoniais:

 Incapacidade para o casamento: é geral, impede que a pessoa se case com qualquer um que seja.
 Impedimentos matrimoniais: atinge determinadas pessoas, em situações especificas.
Caso o oficial do registro ou qualquer juiz tenha conhecimento do impedimento,
deverá reconhecê-lo de ofício (ex officio). Caso o casamento seja celebrado, será ele
nulo de pleno direito, havendo nulidade absoluta (art. 1.548, inc. II, do CC).

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