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CURITIBA/PR
2015
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ
Orientador:
CURITIBA/PR
FOLHA DE APROVAÇÃO
Orientador:
Examinadores:
A Educação de Jovens e Adultos foi criada pela necessidade de alfabetizar as pessoas que não
tiveram acesso a modalidade regular de ensino, despertando na sociedade a reversibilidade dessa
situação, pois o número de analfabetos era muito grande influenciando negativamente para o
processo de desenvolvimento do país, sendo assim a Educação de Jovens e Adultos é marcada por
um histórico com muitos desafios e dificuldades. Para verificar as bases teóricas deste projeto
desenvolvido, realizou -se uma pesquisa bibliográfica, levantando dados relativos aos desafios e
dificuldades na Educação de Jovens e Adultos dentro desse contexto de diversidades sociais e
culturais. O aluno apresenta diferenças socioculturais em sala de aula e que na escola deve-se
efetuar um trabalho que valorize e respeite as experiências de cada um, havendo a contribuição dos
mesmos tanto na aula como na sociedade, destacando a importância das relações estabelecidas
entre educador e educando no processo de formação individual.
Percebe-se que é desta forma, como “ignorante” que o analfabeto era visto
pela sociedade nessa época. Se inicia assim debates para a gratuidade e
obrigatoriedade do ensino, porém as dificuldades eram grandes mediante a falta de
condições tanto dos alunos como da falta de estrutura na execução desse ensino.
“Com a lei de Saraiva em 1882, que proíbe o voto do analfabeto” (Souza, 2007,
p.26), a sociedade começa a se preocupar mais com a escolarização deste, por estar ligado
com a política, questão de forte interesse no país. Havendo também a marginalização do
analfabeto e ainda o julgando como incapacitado.
Em 1890, cerca de 85,21% da população era iletrada, “o índice de analfabetismo era
motivo de vergonha nacional, e a educação passa a ser considerada necessária para a elevação
cultural da Nação” (SOUZA, 2007, p.27).
A educação popular sendo gratuita, ganha destaque na EJA por influenciar a
mesma. Porém a carga horária era menor, pois foi adaptada às necessidades e
realidade do seu público alvo, os jovens e adultos que geralmente trabalhavam
durante o dia, sendo ofertado assim em período noturno.
‘’A educação popular era entendida como aquela ofertada a toda a
população, devendo ser gratuita e universal’’ (PAIVA, 1987 apud SOUZA, 2007,
p.27).
Sabe-se que a desigualdade, a concentração de renda, pobreza e o
crescimento da urbanização com a vinda dos moradores rurais à cidade sã
contribuições ao grande número de analfabetos em nosso país. E com todos esses
desequilíbrios econômicos e contradições sociais ocorria que as famílias com mais
poder aquisitivo, possuíam professores particulares e o resto da população se
encontrava sem acesso, excluídos de ter uma boa educação e formação.
Paulo Freire foi de grande importância para a EJA por ter um olhar sempre
humano sobre os analfabetos, defendendo sempre a valorização do educando e
suas experiências, não o vendo como um incapaz que só precisa saber ler e
escrever, se faz necessário mais exigências na formação dos alunos.
No ano de 1961, surgiu o Movimento de Educação e Base (MEB) que passou
a atuar na Educação de Jovens e Adultos. Trata-se de um convênio do governo federal e o
Conselho Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) (SOUZA, 2007, p.34).
Em 1960 houve o Movimento de Cultura Popular (MCP) no Recife, seu objetivo
conforme Beisiegel, era ‘’elevar o nível cultural das massas, conscientizando-as
paralelamente’’. (BEISIEGEL, 2004, apud SOUZA, 2007, p.34).
Eram improvisados vários lugares da cidade como a Igreja, entidades esportivas e
salas de associações de bairro, pois não havia lugares para construir escolas.
Em 1967 foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL) a qual
começou em Recife, Paraíba e Sergipe. Era uma instituição independente
financeiramente. Na década de 1970, houve inserção do ensino supletivo no sistema
regular de ensino”, complementando a atuação do MOBRAL. Sendo que “em 1985 o
MOBRAL foi extinto e substituído pela Fundação Educar”, sua função era criar
programas para aqueles que eram excluídos e não tinham acesso escolar (SOUZA, 2007,
p.35).
Em 1991, o MEC com a extinção da Fundação Educar, configura-se um processo de
transferência das obrigações com a educação supletiva – que eram do governo federal- para os
estados e municípios (SOUZA, 2007, p.36).
Em 1996, é aprovada a Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9.394/96:
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não:
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade
regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do aluno, seus interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o
acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações
integradas e complementares entre si. § 3o A educação de jovens e adultos
deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na
forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008) Art. 38. Os
sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao
prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se
refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino
fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do
ensino médio, para os maiores de dezoito anos. § 2º Os conhecimentos e
habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos
e reconhecidos mediante exames. (BRASIL, 1996, não paginado, grifo do
autor)
Se trabalho com jovens ou adultos, não menos atento devo estar com
relação a que o meu trabalho possa significar como estímulo ou não à
ruptura necessária com algo defeituosamente assentado e à espera de
superação (FREIRE, 1996, p.70).
O homem é influenciado por sua cultura e meio em que vive, por isso o uso
de suas experiências socioculturais em sala de aula, de modo a ligar conteúdos ao
contexto que se encontra esse aluno, é conectar a aprendizagem com a realidade.
Não há como desvincular a aprendizagem intelectual da social uma
complementa a outra, toda concepção, ideia ou opinião do educando é relativa aos
seus aspectos socioculturais pois estes contribuem para a formação do eu de cada
pessoa, ou seja, da personalidade. Assim é importante um trabalho voltado para a
colaboração do aluno em sala, não havendo a separação da formação já construída.
Por que não aproveitar a experiência que tem os alunos de viver em áreas
da cidade descuidadas pelo poder público para discutir por exemplo, a
poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das
populações (FREIRE, 1996, p.30).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se pelos estudos e auxílios bibliográficos que a história da EJA
exerce grande influência nessa modalidade de ensino até hoje, através de
preconceito e discriminação, falta de acesso, desvalorização acarretando em
precariedade, o desconhecimento dos próprios educandos dos seus direitos, a falta
de qualificação dos professores e, fazer desta uma exigência da lei, são questões a
serem abordadas na aula por estar relacionado com a realidade desse ensino.
Sendo assim, o contexto histórico é vinculado com problemas sociais e
econômicos do país.
Entende-se que não há valorização do ensino na Educação de Jovens e Adultos
(EJA), pois o mesmo não é visto com importância pelo poder público.
Devido a isso, existe falta de recursos e profissionais qualificados, produzindo ainda
um certo preconceito na sociedade quanto ao ensino de EJA. Demonstrando também aos
profissionais de EJA como eles podem favorecer em sala de aula os alunos com o uso das
experiências de vida e cultura de cada um, mediante a participação dos mesmos, contribuindo
para o enriquecimento da aula, pois os educandos apresentam diversidades socioculturais.
A formação informal contribuirá com a autoestima do aluno, fazendo-o se
sentir capaz e percebendo que ele também possui conhecimentos, estimulando-o
através destes a dar continuidade aos estudos, formando uma nova pessoa mais
crítica, consciente de seus direitos, exercendo seu papel de cidadão
adequadamente, que em um todo, fará diferença para que haja menos
desigualdade, pois a melhoria do nosso país está ligado claramente na educação,
colaborando assim com a formação fora da escola, ou seja, socialmente.
As Políticas Públicas simulam estar combatendo a exclusão e a
desigualdade nessa modalidade de ensino, pois não investem na EJA, se contrário
mudariam a realidade de muitos analfabetos que se sentem desmotivados,
discriminados pela própria comunidade, que ignoram esse ensino o deixando cada
vez mais precário.
Parece ser favorável ao Poder Público o descaso com a EJA, apresentado
mediante o não investimento na formação de cidadãos críticos, autônomos e
pensantes, capazes de lutar por seus direitos, diminuindo o número de analfabetos e
pessoas sem formação escolar na realidade brasileira.
Na EJA, a carência em vários aspectos deixa a desejar proporcionando uma
educação precária não sendo de boa qualidade, exatamente pelo preconceito com
essa modalidade partindo das próprias instituições de ensino.
Há falta de material adequado, estrutura física e também profissionais
qualificados, pode-se ver o descaso com a educação de jovens e adultos que se
encontra totalmente sem estrutura.
E ainda como se não bastasse a política não prioriza a modalidade de EJA,
refletindo isso na sociedade havendo discriminação em relação a pessoas
estudantes ou formadas por meio desta.