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DA VIDA CRISTÃ
Índice
Módulo V
Fundamentos da Frutificação
04 Introdução
04 I. O Plano de Deus é a Frutificação
05 II. A Frutificação pela Palavra de Deus
07 III. A Frutificação Mediante o Discipulado
09 IV. O Espírito Santo e a Frutificação
13 Conclusão
14 Questões para estudo
3 | Fundamentos da Frutificação
INTRODUÇÃO
Eis um tema sobremodo importante na vida cristã. Não é suficiente crer é
preciso dar frutos (Cf. Lc 13.1-8). Tal é a magnitude deste assunto que Jesus
referindo-se aos falsos profetas admoestou solenemente: “Acautelai-vos dos
falsos profetas...” (Mt 7.15). Ai prossegue: “Pelos frutos conhecereis...” (Mt
7.16); “Toda arvore boa produz bons frutos...” (Mt 7.18); “Toda arvore que
não produz bons frutos é cortada e lançada no fogo” (Mt 7.19); “E assim pelos
seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).
Este é o critério de avaliação da espiritualidade, o verdadeiro teste que tem
que enfrentar os discípulos do Senhor, não as obras e manifestações
sobrenaturais em si (Cf. Mt 7.21-23). Noutro momento, João Batista repreende
fortemente as autoridades religiosas judaicas que manifestaram intenção de se
submeterem ao seu batismo, chamando-as de raças de víboras, porque tinham
envenenado a vida espiritual da nação e queriam agora fugir do julgamento
vindouro. “Produzi, pois fruto digno de arrependimento” (Mt 3.8), foi à
exortação final de João dirigida a eles. Levando em conta, pois, a seriedade do
tema proposto, pretendemos dar os fundamentos da frutificação, isto é, como
ela se realiza na experiência cristã quer na área de caráter, quer na gloriosa
missão de sendo discípulo, “Fazer discípulos”.
Que Deus possa nos abençoar ricamente através de estudar este assunto. “A
Deus toda a Glória.” Somos chamados para dar frutos e devemos corresponder
a este chamado, pois o Senhor mesmo nos fortalece e nos dá graça para isto. A
vida cristã, não um crença intelectual, ritual ou mística, embora estes aspectos
existam em todas as expressões de espiritualidade. Ela é um chamado para dar
frutos e frutos permanentes. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo
contrário eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis
frutos, e o vosso fruto permaneça;...” (Jo 15.16).
Daí podemos entender o que é frutificar e quais são os frutos que Deus requer
de nós na sua palavra. Senão vejamos:
Imagem e semelhança de Deus “Imago Dei”. Dentre as demais
significações uma delas é sem duvidas caráter (conjunto de características
e virtudes que juntamente com temperamento e personalidade
determinam nossa índole), que seriam transmitidas e transferidas ao ser
humano através do relacionamento, comunhão e obediência deste a
Deus;
A evangelização, o discipulado, a comunhão cristã e outros meios de
graça visam comunicar a imagem e semelhança de Jesus em nós. Isto é
fruto que permanece (Jo 15.7); e,
Fecundidade e multiplicação: Gerar filhos, educar filhos tem relação com
pessoas que são evangelizadas, convertidas, edificadas e integradas à
comunhão cristã.
frutificação: “Mas o que foi semeado em boa terra este frutifica, e produz, a
cem, a sessenta e a trinta por um” (Mt 13.23). Alguns ensinamentos da
parábola que nos são relevantes:
1. A mensagem
Não é qualquer tipo de palavra que produz frutos na vida dos discípulos, mas a
palavra do reino (Mt 13.19) ou palavra de Deus (Lc 8.11), isto é, a palavra que
traz o governo de Deus, o evangelho do Reino (Cf. Mt 3.1-2).
2. Os tipos de solo
Jesus fala de 4 (quatro) tipos de solo:
a. À beira do caminho: Se refere àqueles que recebem a palavra
superficialmente. Falta-lhes compreensão das implicações, da
necessidade de arrependimento e conseqüente mudança de atitude em
relação à palavra do reino. Ai vem Satanás e tira o que foi semeado no
coração e impedem sua salvação (Mt 13.19 e Lc 8.12);
b. Solo Rochoso: É uma referência àqueles que ouvem a palavra com
alegria, mas não permitem que ela se enraíze e chegando a angústia, a
perseguição e provação se escandalizam isto é, negam a fé e se desviam
(Mt 13.21 e Lc 8.13);
c. Solo espinhoso: Se refere àqueles que ouvem a palavra do reino mas não
o priorizam. Os cuidados do mundo, a fascinação das riquezas (Mt 13.22).
Lucas 8.14 inclui “deleites da vida”, sufocam a palavra tornando-a
infrutífera (Mt 13.22), isto é, os frutos não chegam à amadurecer (Lc
8.14); e,
d. Solo bom ou boa terra: Aqui os discípulos produzem frutos e se
multiplicam (Mt 13.23). Lc 8.14 inclui a expressão “Com perseverança”.
Outro texto interessante é o Salmo 1, que contrasta o justo com o ímpio. O
Texto (Sl 1.1) mostra uma escada decrescente de degradação moral e espiritual
relacionando-a com o homem bem aventurado que não anda:
No conselho dos ímpios (ensino, orientação, mentorização etc.). Este é o
primeiro estágio da degeneração;
Não se detém no caminho dos pecadores (desobediência, incredulidade,
imoralidade e toda perversão da verdade) e finalmente,
Não se assenta na roda dos escarnecedores (estilo de vida comprometido
com a impiedade). Estes não prevalecerão no juízo nem permanecerão na
congregação dos justos porque são como palha que o vento dispersa (Sl
1.4-5).
6 | Fundamentos Da Vida Cristã
O Senhor conhece o caminho dos justos (Sl 1.6). Estes são aqueles cujo prazer
está na lei (palavra) do Senhor e nela medita dia e noite (Sl 1.2). O Justo que é
instruído na palavra de Deus é comparado à árvore plantada junto às correntes
das águas que, no seu tempo dá seu fruto (Sl 1.3). Não tenhamos dúvidas, a
palavra de Deus como nossa marca característica de fé e prática, nos torna
discípulos saudáveis e frutíferos. Atentemos para a oração de Jesus: “Santifica-
os (seus discípulos) na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
É certo que a santificação é uma ação do Espírito Santo e da palavra que nos
conduz ao estado de santidade e nos habilita às boas obras e à frutificação
bem como ao nosso estado final na presença de Deus (Cf. Ef 1.4; 1ª Ts 5.23).
Desta forma, este estudo estaria incompleto sem menção do Espírito Santo.
Assim sendo, vamos compreender o fruto do espírito como registrado em Gl.
5.22-23. Devemos diferenciar frutos de dons, enquanto que o primeiro é uma
impressão interna em nosso coração, o segundo são operações ou expressões
do Espírito Santo em nós e através de nós. Assim temos:
a. O Amor
άγάπη / agápe (no grego). Ele surge em primeiro lugar na lista porque Deus é
amor (1ª Jo 4.8). Os demais requisitos são decorrentes. O amor é maior em 1ª
Co 13.13, é o vinculo da perfeição em Cl 3.14 e em si mesmo é o cumprimento
da lei em Rm 13.10. Na língua grega temos 4 (quatro) palavras para definir o
amor:
Eros: é o lado predominantemente físico do amor e sempre envolve o
amor sexual. Esta palavra não aprece no Novo Testamento, não porque
este rejeite ou despreze o amor físico, mas porque é uma palavra que
passara a ser ligada com a concupiscência mais do que com amor;
9 | Fundamentos da Frutificação
Philia / φιλία: Esta é a palavra mais nobre no grego secular para expressar
o amor. Ele inclui também o lado físico do amor, mas expressa mais a
amizade, o calor e solidariedade humanas;
Storgē / στοργέ: No grego secular é a palavra para o amor no lar, entre
pais, filhos, irmãos e parentes; e,
Agápe / άγάπη: Diferente de outras palavras para amor agápe surge no
contexto da revelação divina. Descreve uma qualidade à ser vivida dentro
da comunidade cristã na relação uns para com os outros. Agápe descreve
o amor de Deus, sacrificial, altruísta em relação a Deus e ao próximo, sem
nenhum interesse ou recompensa que não seja o bem ou o interesse do
outro. 1ª Co 13.4-7, descreve as qualidades desta categoria de amor:
paciente, benigno, não arde em ciúmes,não se ufana, não se
ensoberbece, não se alegra coma injustiça, mas regozija-se com a
verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.
b. Alegria
χαρά / chará (no grego). No Novo Testamento, o verbo χαίρεν / chaíren, que
significa alegrar-se ocorre setenta e duas vezes, e a palavra chara, que significa
alegria, aparece sessenta vezes. Era um tipo da saudação da igreja primitiva
(Cf. At 23.26; Mt 28.9; Lc 1.28; Tg 1.1 e At 15.23). Alegria era a atmosfera
distintiva da vida cristã: “Alegrai-vos no Senhor escreve Paulo aos Filipenses (Fp
3.1 e 4.4). Outro termo para significar alegria é regozijo: “Regozijai-vos
sempre”, escreve Paulo aos tessalonicenses (1ª Ts 5.16). A frutificação deve ter
como ingrediente a alegria (Cf. 2ª Co 1.19-24). “O Reino de Deus se consuma
na alegria” “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria” (Rm 14.17). Descobrimos a alegria de modo especial em algumas
situações no Novo Testamento:
Há alegria na comunhão cristã (Fm 7; Fp 4.10; 2ª Co 7.7,13 e 2ª Jo 12);
Há alegria no evangelho (Mt 2.10; Mt 28.8; Lc 24.41; Jo 20.20 e Lc 24.52);
Há alegria de receber o evangelho (Lc 19.6; 1ª Ts 1.6; At 8.8; At 8.39 e At
13.48);
Há alegria de crer (Rm 15.13 e Fp 1.25). Há alegria até mesmo na
disciplina e na provação (Tg 1.2; Jo 16.21-22; At 13.52; 2ª Co 6.10; At 5.41
e Cl 1.24); e,
Há alegria no testemunho cristão (Lc 10.17; 13.17; 19.37; At 11.23; 15.3;
Rm 16.19; Fp 2.2; Cl 2.5; 1ª Ts 3.9; 2ª Jo 2.4 e 3ª Jo 4).
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Alegria, traduzida por gozo é o desejo de Jesus para seus discípulos (Jo 15.11 e
17.13). O alvo de João era a alegria de seus leitores (1ª Jo 1.4) Paulo visava
cooperar com os coríntios para que eles tivessem alegria (2ª Co 1.24). Paulo
gostaria de ser poupado por um pouco mais, para promover o progresso e o
gozo na fé dos Filipenses (Fp 1.25).
c. Paz
είρήνη / eíréne (no grego). A palavra paz é a tradução da palavra hebraica
shalōm, que entre outras coisas significa bem estar. Não se trata de ausência
de guerra ou de problemas, mas de um bem estar, de uma prosperidade
advinda do relacionamento correto com Deus e com o semelhante. Paz é um
estado de espírito que não é afetado pelas circunstâncias. Para melhor
entendimento focalizemos o significado da palavra ειρήνη / eíréne (paz) no
Novo Testamento: Serenidade, tranqüilidade, contentamento e segurança,
conforme diz Is 32.17: “O caminho da retidão será a paz, e o efeito da retida
será quietude e segurança para sempre.” Eιρήνη / eíréne é a palavra para
descrever a perfeição nos relacionamentos, com as pessoas, entre nações e
entre o homem e Deus. No Novo Testamento a palavra paz (eíréne) ocorre
oitenta e oito vezes. A Ocorrência mais comum acha-se nas saudações (Rm
1.7; 1ª Co 1.3; 2ª Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Fp 1.2; 1ª Ts 1.1; 2ª Ts 1.2; Fm 3; 1ª Tm
1.2; 2ª Tm 1.2; Tt 1.4; 1ª Pe 1.2; 2ª Pe 1.2; 2ª Jo 3 e Ap 1.4). Paz é um dom de
Deus, que o Espírito Santo imprime em nós para que possamos frutificar para
Deus: “Bem aventurado os pacificadores, porque serão chamados de filhos de
Deus.” (Mt 5.9). Em outro lugar lemos: “Quão formosos são sobre os montes os
pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O
teu Deus reina” (Is 52.7).
d. Longanimidade
μακροθυμία / Makrothymia no grego. A forma adjetiva é μακροθυμος /
makrothymos: Makro = grande, longo + thumos = ânimo disposição. A Idéia
então é de uma paciência longa. Esta paciência é exercida em relação às
pessoas ou eventos, isto é, nunca perder a esperança ou admitir a derrota.
Longaminidade é uma característica do andar cristão (Ef 4.2; Cl 3.12 e 2ª Co
6.6). Finalmente, a Bíblia nos exorta: “Tende por salvação a longaminidade de
nosso Senhor” (2ª Pe 3.15). Ser longânimo é importante à frutificação, tanto
na área de tratar e lidar com as pessoas (evangelismo e discipulado), como na
relação com Deus (oração, fé, santificação e maturidade).
e. Benignidade
χρηστότης / chrestótes (no grego. É toda atitude e ação que expressam o bem
que procede de Deus. Ela é a dinâmica da bondade cristã.
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f. Bondade
g. Fidelidade
πίστις / Pistis (no grego). A mesma palavra traduz fé. Fidelidade é aquele que
se mantém fiel e confiante no exercício de sua fé em Deus em suas palavras e
em suas promessas. Pode ser compreendida como perseverança, lealdade e
honestidade nos compromissos assumidos.
h. Mansidão
i. Domínio próprio
έγκράτεια / Egkrateia (no grego). Traz a idéia de temperança. É uma das
características exigidas para os bispos (Tt 1.8). Domínio próprio é não ceder
aos desejos da paixão. Έγκράτεια / Egkrateia inclui, portanto, autodomínio e
autodisciplina em questões de prazer físico e corporal. A palavra tem também
sentido ético-moral em questões como castidade e abster-se das relações
sexuais ilícitas, sem macular a santidade que é requerida por Deus.
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CONCLUSÃO
3. Podemos entender o que é frutificar? E quais são os frutos que Deus requer de nós.
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