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FUNDAMENTOS

DA VIDA CRISTÃ

Módulo V - Fundamentos da Frutificação


2 | Fundamentos Da Vida Cristã

Índice

Módulo V
Fundamentos da Frutificação

04 Introdução
04 I. O Plano de Deus é a Frutificação
05 II. A Frutificação pela Palavra de Deus
07 III. A Frutificação Mediante o Discipulado
09 IV. O Espírito Santo e a Frutificação
13 Conclusão
14 Questões para estudo
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INTRODUÇÃO
Eis um tema sobremodo importante na vida cristã. Não é suficiente crer é
preciso dar frutos (Cf. Lc 13.1-8). Tal é a magnitude deste assunto que Jesus
referindo-se aos falsos profetas admoestou solenemente: “Acautelai-vos dos
falsos profetas...” (Mt 7.15). Ai prossegue: “Pelos frutos conhecereis...” (Mt
7.16); “Toda arvore boa produz bons frutos...” (Mt 7.18); “Toda arvore que
não produz bons frutos é cortada e lançada no fogo” (Mt 7.19); “E assim pelos
seus frutos os conhecereis” (Mt 7.20).
Este é o critério de avaliação da espiritualidade, o verdadeiro teste que tem
que enfrentar os discípulos do Senhor, não as obras e manifestações
sobrenaturais em si (Cf. Mt 7.21-23). Noutro momento, João Batista repreende
fortemente as autoridades religiosas judaicas que manifestaram intenção de se
submeterem ao seu batismo, chamando-as de raças de víboras, porque tinham
envenenado a vida espiritual da nação e queriam agora fugir do julgamento
vindouro. “Produzi, pois fruto digno de arrependimento” (Mt 3.8), foi à
exortação final de João dirigida a eles. Levando em conta, pois, a seriedade do
tema proposto, pretendemos dar os fundamentos da frutificação, isto é, como
ela se realiza na experiência cristã quer na área de caráter, quer na gloriosa
missão de sendo discípulo, “Fazer discípulos”.
Que Deus possa nos abençoar ricamente através de estudar este assunto. “A
Deus toda a Glória.” Somos chamados para dar frutos e devemos corresponder
a este chamado, pois o Senhor mesmo nos fortalece e nos dá graça para isto. A
vida cristã, não um crença intelectual, ritual ou mística, embora estes aspectos
existam em todas as expressões de espiritualidade. Ela é um chamado para dar
frutos e frutos permanentes. “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo
contrário eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis
frutos, e o vosso fruto permaneça;...” (Jo 15.16).

I. O PLANO DE DEUS É A FRUTIFICAÇÃO


O plano de Deus na criação serve de pano de fundo natural para a finalidade
espiritual. Temos o primeiro casal, Adão e Eva prefigurando aquilo que Paulo
chama de grande mistério: Cristo e a Igreja e consequentemente, muitos filhos
semelhantes a Jesus (Ef 5.31-32 e Rm 8.29).
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Eles, Adão e Eva, receberam a ordem de à imagem e semelhança de Deus,


serem fecundos, gerarem filhos e exercerem domínio sobre toda a criação (Gn
1.26-28), Temos assim:

ORDEM NATURAL ORDEM ESPIRITUAL


 União entre homem e mulher  União entre Cristo e a igreja
 Imagem e semelhança de Deus  Imagem e semelhança de
 Geração de filhos Jesus
 Domínio sobre a criação  Evangelização e discipulado

Daí podemos entender o que é frutificar e quais são os frutos que Deus requer
de nós na sua palavra. Senão vejamos:
 Imagem e semelhança de Deus “Imago Dei”. Dentre as demais
significações uma delas é sem duvidas caráter (conjunto de características
e virtudes que juntamente com temperamento e personalidade
determinam nossa índole), que seriam transmitidas e transferidas ao ser
humano através do relacionamento, comunhão e obediência deste a
Deus;
 A evangelização, o discipulado, a comunhão cristã e outros meios de
graça visam comunicar a imagem e semelhança de Jesus em nós. Isto é
fruto que permanece (Jo 15.7); e,
 Fecundidade e multiplicação: Gerar filhos, educar filhos tem relação com
pessoas que são evangelizadas, convertidas, edificadas e integradas à
comunhão cristã.

II. A FRUTIFICAÇÃO PELA PALAVRA DE DEUS


Os textos chave para nossa compreensão da ação da palavra na frutificação é a
parábola do semeador anunciada por Jesus às multidões (Mt 13.1-8 e Lc 8.4-8)
e explicada aos discípulos (Mt 13.10-13; 18-23 e Lc 8.9-15). O Tema é a
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frutificação: “Mas o que foi semeado em boa terra este frutifica, e produz, a
cem, a sessenta e a trinta por um” (Mt 13.23). Alguns ensinamentos da
parábola que nos são relevantes:
1. A mensagem
Não é qualquer tipo de palavra que produz frutos na vida dos discípulos, mas a
palavra do reino (Mt 13.19) ou palavra de Deus (Lc 8.11), isto é, a palavra que
traz o governo de Deus, o evangelho do Reino (Cf. Mt 3.1-2).
2. Os tipos de solo
Jesus fala de 4 (quatro) tipos de solo:
a. À beira do caminho: Se refere àqueles que recebem a palavra
superficialmente. Falta-lhes compreensão das implicações, da
necessidade de arrependimento e conseqüente mudança de atitude em
relação à palavra do reino. Ai vem Satanás e tira o que foi semeado no
coração e impedem sua salvação (Mt 13.19 e Lc 8.12);
b. Solo Rochoso: É uma referência àqueles que ouvem a palavra com
alegria, mas não permitem que ela se enraíze e chegando a angústia, a
perseguição e provação se escandalizam isto é, negam a fé e se desviam
(Mt 13.21 e Lc 8.13);
c. Solo espinhoso: Se refere àqueles que ouvem a palavra do reino mas não
o priorizam. Os cuidados do mundo, a fascinação das riquezas (Mt 13.22).
Lucas 8.14 inclui “deleites da vida”, sufocam a palavra tornando-a
infrutífera (Mt 13.22), isto é, os frutos não chegam à amadurecer (Lc
8.14); e,
d. Solo bom ou boa terra: Aqui os discípulos produzem frutos e se
multiplicam (Mt 13.23). Lc 8.14 inclui a expressão “Com perseverança”.
Outro texto interessante é o Salmo 1, que contrasta o justo com o ímpio. O
Texto (Sl 1.1) mostra uma escada decrescente de degradação moral e espiritual
relacionando-a com o homem bem aventurado que não anda:
 No conselho dos ímpios (ensino, orientação, mentorização etc.). Este é o
primeiro estágio da degeneração;
 Não se detém no caminho dos pecadores (desobediência, incredulidade,
imoralidade e toda perversão da verdade) e finalmente,
 Não se assenta na roda dos escarnecedores (estilo de vida comprometido
com a impiedade). Estes não prevalecerão no juízo nem permanecerão na
congregação dos justos porque são como palha que o vento dispersa (Sl
1.4-5).
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O Senhor conhece o caminho dos justos (Sl 1.6). Estes são aqueles cujo prazer
está na lei (palavra) do Senhor e nela medita dia e noite (Sl 1.2). O Justo que é
instruído na palavra de Deus é comparado à árvore plantada junto às correntes
das águas que, no seu tempo dá seu fruto (Sl 1.3). Não tenhamos dúvidas, a
palavra de Deus como nossa marca característica de fé e prática, nos torna
discípulos saudáveis e frutíferos. Atentemos para a oração de Jesus: “Santifica-
os (seus discípulos) na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

III. A FRUTIFICAÇÃO MEDIANTE O DISCIPULADO

É claro que o discipulado ocorre mediante a transmissão da palavra (Jo 17.8).


Não obstante a ação de discipular não dispensa o relacionamento, o
companheirismo e a comunhão (Jo 13.34 = Jesus amava seus discípulos); (Jo
15.4 = Havia unidade, portanto comunhão e relacionamento entre Jesus e seus
discípulos). Na ação de discipular temos uma seqüência de três fases, cada
uma com seus frutos:
 Os discípulos são aprendizes (grego: Μαθητής / mathetes) que aceitam
e reconhecem a autoridade de quem lhes ensina (grego: διδάσκαλος /
didaskalos). Nesta fase assimilam as lições de seus mestres. Está é uma
condição indispensável para produzirem frutos (Cf. Mt 11.28-29);
 Os discípulos são servos, isto é, põem em prática o que aprenderam (Jo
15.15). Aqui se faz necessária não só a assimilação, a compreensão e o
entendimento, mas também um espírito obediente (Cf. Lc 6.49); e,
 Os discípulos são amigos (Jo 15.14-15). Aqui os discípulos atingem um
nível de maturidade que deixam de ser meros aprendizes ou servos, mas
são agora companheiros de jugo. É Nesta condição que são enviados por
Jesus para darem frutos permanentes (Jo 15.16).
O Pai planejou ter uma família de muitos filhos iguais a Jesus (Rm 8.29).
Portanto Ele é glorificado quando os discípulos produzem frutos: “Nisto é
glorificado meu Pai, em que deis muitos frutos, e assim vos tornareis meu
discípulos (Isto é, semelhantes a Jesus) Jo 15.8. Ser discípulo, portanto,
partindo da condição de aprendiz, aprendendo a ser servo pela obediência,
alcançaremos a maturidade através da qual somos designados a dar frutos que
permanecem.
Doutra sorte, ainda, a espiritualidade não é somente individual e interior, mas
ativa em comunidade. Ef 3.17-19, deixa isto muito claro: “e assim habite Cristo
nos vossos corações pela fé,estando vós arraigados e alicerçados em amor, a
fim de poderdes compreender com todos os santos, qual é a largura, e o
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comprimento, e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que


excede à todo entendimento, para que sejais revestidos de toda a plenitude de
Deus.” Sendo assim, pelo que a comunidade (Igreja) representa por sua
importância, significado e missão, ela é o palco onde a disciplina oriunda do
discipulado é praticada para que ela seja individual e coletivamente a
manifestação dos frutos e das obras de Deus (Cf. Tt 2.11-14 e 1ª Pe 2.9).
Existem vários aspectos da disciplina necessários à frutificação:
 Aquela que é resultado das provações (Hb 10.32-39 e 12.3-11);
 Quando somos julgados por Deus por causa de pecados e suas
conseqüências (Hb 13.4 e Ec 12.14); e,
 Quando somos disciplinados objetivamente através do discipulado.
Antes de tudo, se faz necessário entender o que é disciplina. Como já
dissemos ela esta relacionada com o discipulado. Inclui a ideia de formar uma
pessoa em conformidade com o caráter e mente do mestre (Cf. Ef 4.20-21; Cl
2.6-7 e Mt 11.28-30). Pureza e perfeição são os alvos (Ef 1.4 e 5.26-27). O povo
de Deus é chamado à ser “nação santa” e apresentar seus corpos a Deus como
“sacrifício santo” (1ª Pe 2.8 e Rm 12.1). O Propósito eterno de Deus é ter uma
família de muitos filhos iguais a Jesus (Rm 8.28-30; Hb 2.9-10; 2ª Co 3.18 e Cl
1.28-29). Portanto, o alvo principal da pregação, ensino e estudo da palavra e
conduzir discípulos à maturidade para produzirem frutos (Ef 2.10; Tt 2.14). O
discipulado, portanto, para ser efetivo deve conter a instrução e a disciplina.
São formas de disciplina:
a. Ensino: Constitui o ministério básico da igreja e essencial na formação de
discípulos, como extensão do ministério terreno de Jesus Cristo (Cf. Mt
28.18-30). Ensinar foi à obra mais transcendente do Senhor Jesus Cristo,
sem levar em conta aqui sua obra redentora (Cf. Mt 24.35 e Jo 17.4-8);

b. Exortação: Despertar, animar, estimular, encorajar, os discípulos a viverem


de acordo com a vontade de Deus, quer por ação direta do Espírito Santo,
quer através da liderança e dos discipuladores e ou ainda, membros da
comunidade em amor (Cf. Rm 12.1-2; 1ª Tm 4.13; 2ª Co 4.2; Tt 1.9; Hb
2.15; 3.13 e 10.14-25);

c. Educação e correção: Se relaciona com a instrução e exemplo como


restabelecer a validade da instrução (Cf. Hb 12.4-11). O propósito é
restaurar e salvar o transgressor, bem como manter a pureza da
comunidade (Cf. Mt 18.15-22; 1ª Co 5.5; 1ª Tm 2.19-20; Tg 5.19-20; 1ª Ts
3.3-15; 1ª Tm 5.20 e 1ª Co 5.6). A correção se faz necessária quando:
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 A Conduta do cristão desonra ao Senhor (Cf. 2ª Tm 2.19-20; 2ª Tm


5.8; Tt 1.10-16 e 2ª Jo 9.8);
 A Conduta é irresponsável e escandaliza aos irmãos (Cf. Mt 18.15;
Rm 14.15,20,23 e 2ª Ts 3.12-25);
 Há transgressões de mandamentos claros e explícitos do Senhor (Cf.
1ª Tm 5.19-20 e 1ª Co 5.1-13); e,
 No caso de divisões (Tt 3.10-11).
d. Admoestação e advertência: Tem um sentido mais urgente que a exortação.
Não se trata de encorajamento, mas de anúncio de um perigo que deve
ser evitado (Cf. Hb 10.25-26; Mt 18.15-20; Tt 2.8,15 e Cl 2.11); e,

e. Repreensão e convicção: Ação de expor à luz, convencer e punir acerca do


erro, ação ou atitude pecaminosa com vista a produzir arrependimento
(1ª Tm 4.2; Tt 1.12-13; Mt 18.15-20 e Cl 2.11). Assim, concluímos ser a
disciplina fundamental a vida frutífera, quer no caráter, quer no
testemunho aos de fora em função da integridade cristã.

IV. O ESPÍRITO SANTO E A FRUTIFICAÇÃO

É certo que a santificação é uma ação do Espírito Santo e da palavra que nos
conduz ao estado de santidade e nos habilita às boas obras e à frutificação
bem como ao nosso estado final na presença de Deus (Cf. Ef 1.4; 1ª Ts 5.23).
Desta forma, este estudo estaria incompleto sem menção do Espírito Santo.
Assim sendo, vamos compreender o fruto do espírito como registrado em Gl.
5.22-23. Devemos diferenciar frutos de dons, enquanto que o primeiro é uma
impressão interna em nosso coração, o segundo são operações ou expressões
do Espírito Santo em nós e através de nós. Assim temos:
a. O Amor

άγάπη / agápe (no grego). Ele surge em primeiro lugar na lista porque Deus é
amor (1ª Jo 4.8). Os demais requisitos são decorrentes. O amor é maior em 1ª
Co 13.13, é o vinculo da perfeição em Cl 3.14 e em si mesmo é o cumprimento
da lei em Rm 13.10. Na língua grega temos 4 (quatro) palavras para definir o
amor:
 Eros: é o lado predominantemente físico do amor e sempre envolve o
amor sexual. Esta palavra não aprece no Novo Testamento, não porque
este rejeite ou despreze o amor físico, mas porque é uma palavra que
passara a ser ligada com a concupiscência mais do que com amor;
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 Philia / φιλία: Esta é a palavra mais nobre no grego secular para expressar
o amor. Ele inclui também o lado físico do amor, mas expressa mais a
amizade, o calor e solidariedade humanas;
 Storgē / στοργέ: No grego secular é a palavra para o amor no lar, entre
pais, filhos, irmãos e parentes; e,
 Agápe / άγάπη: Diferente de outras palavras para amor agápe surge no
contexto da revelação divina. Descreve uma qualidade à ser vivida dentro
da comunidade cristã na relação uns para com os outros. Agápe descreve
o amor de Deus, sacrificial, altruísta em relação a Deus e ao próximo, sem
nenhum interesse ou recompensa que não seja o bem ou o interesse do
outro. 1ª Co 13.4-7, descreve as qualidades desta categoria de amor:
paciente, benigno, não arde em ciúmes,não se ufana, não se
ensoberbece, não se alegra coma injustiça, mas regozija-se com a
verdade, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.
b. Alegria

χαρά / chará (no grego). No Novo Testamento, o verbo χαίρεν / chaíren, que
significa alegrar-se ocorre setenta e duas vezes, e a palavra chara, que significa
alegria, aparece sessenta vezes. Era um tipo da saudação da igreja primitiva
(Cf. At 23.26; Mt 28.9; Lc 1.28; Tg 1.1 e At 15.23). Alegria era a atmosfera
distintiva da vida cristã: “Alegrai-vos no Senhor escreve Paulo aos Filipenses (Fp
3.1 e 4.4). Outro termo para significar alegria é regozijo: “Regozijai-vos
sempre”, escreve Paulo aos tessalonicenses (1ª Ts 5.16). A frutificação deve ter
como ingrediente a alegria (Cf. 2ª Co 1.19-24). “O Reino de Deus se consuma
na alegria” “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e
alegria” (Rm 14.17). Descobrimos a alegria de modo especial em algumas
situações no Novo Testamento:
 Há alegria na comunhão cristã (Fm 7; Fp 4.10; 2ª Co 7.7,13 e 2ª Jo 12);
 Há alegria no evangelho (Mt 2.10; Mt 28.8; Lc 24.41; Jo 20.20 e Lc 24.52);
 Há alegria de receber o evangelho (Lc 19.6; 1ª Ts 1.6; At 8.8; At 8.39 e At
13.48);
 Há alegria de crer (Rm 15.13 e Fp 1.25). Há alegria até mesmo na
disciplina e na provação (Tg 1.2; Jo 16.21-22; At 13.52; 2ª Co 6.10; At 5.41
e Cl 1.24); e,
 Há alegria no testemunho cristão (Lc 10.17; 13.17; 19.37; At 11.23; 15.3;
Rm 16.19; Fp 2.2; Cl 2.5; 1ª Ts 3.9; 2ª Jo 2.4 e 3ª Jo 4).
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Alegria, traduzida por gozo é o desejo de Jesus para seus discípulos (Jo 15.11 e
17.13). O alvo de João era a alegria de seus leitores (1ª Jo 1.4) Paulo visava
cooperar com os coríntios para que eles tivessem alegria (2ª Co 1.24). Paulo
gostaria de ser poupado por um pouco mais, para promover o progresso e o
gozo na fé dos Filipenses (Fp 1.25).
c. Paz
είρήνη / eíréne (no grego). A palavra paz é a tradução da palavra hebraica
shalōm, que entre outras coisas significa bem estar. Não se trata de ausência
de guerra ou de problemas, mas de um bem estar, de uma prosperidade
advinda do relacionamento correto com Deus e com o semelhante. Paz é um
estado de espírito que não é afetado pelas circunstâncias. Para melhor
entendimento focalizemos o significado da palavra ειρήνη / eíréne (paz) no
Novo Testamento: Serenidade, tranqüilidade, contentamento e segurança,
conforme diz Is 32.17: “O caminho da retidão será a paz, e o efeito da retida
será quietude e segurança para sempre.” Eιρήνη / eíréne é a palavra para
descrever a perfeição nos relacionamentos, com as pessoas, entre nações e
entre o homem e Deus. No Novo Testamento a palavra paz (eíréne) ocorre
oitenta e oito vezes. A Ocorrência mais comum acha-se nas saudações (Rm
1.7; 1ª Co 1.3; 2ª Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Fp 1.2; 1ª Ts 1.1; 2ª Ts 1.2; Fm 3; 1ª Tm
1.2; 2ª Tm 1.2; Tt 1.4; 1ª Pe 1.2; 2ª Pe 1.2; 2ª Jo 3 e Ap 1.4). Paz é um dom de
Deus, que o Espírito Santo imprime em nós para que possamos frutificar para
Deus: “Bem aventurado os pacificadores, porque serão chamados de filhos de
Deus.” (Mt 5.9). Em outro lugar lemos: “Quão formosos são sobre os montes os
pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O
teu Deus reina” (Is 52.7).
d. Longanimidade
μακροθυμία / Makrothymia no grego. A forma adjetiva é μακροθυμος /
makrothymos: Makro = grande, longo + thumos = ânimo disposição. A Idéia
então é de uma paciência longa. Esta paciência é exercida em relação às
pessoas ou eventos, isto é, nunca perder a esperança ou admitir a derrota.
Longaminidade é uma característica do andar cristão (Ef 4.2; Cl 3.12 e 2ª Co
6.6). Finalmente, a Bíblia nos exorta: “Tende por salvação a longaminidade de
nosso Senhor” (2ª Pe 3.15). Ser longânimo é importante à frutificação, tanto
na área de tratar e lidar com as pessoas (evangelismo e discipulado), como na
relação com Deus (oração, fé, santificação e maturidade).
e. Benignidade
χρηστότης / chrestótes (no grego. É toda atitude e ação que expressam o bem
que procede de Deus. Ela é a dinâmica da bondade cristã.
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f. Bondade

άγαθωσύνη / Agathóusune (no grego). Bondade e benignidade são virtudes


muito relacionadas. Bondade é uma qualidade de conduta e ação, enquanto
benignidade é bondade potencial. Assim poderíamos dizer que bondade é
uma ação da benignidade. Άγαθωσύνη / Agathóusune é um termo geral para
bondade em contraste coma maldade. Ela traduz também a idéia de
generosidade. Em At 13.24, a qualidade de homem bom, cheio do Espírito
Santo e de fé, foram causas de muita gente se unir ao Senhor. Portanto,
bondade é um fruto do Espírito necessário à frutificação.

g. Fidelidade
πίστις / Pistis (no grego). A mesma palavra traduz fé. Fidelidade é aquele que
se mantém fiel e confiante no exercício de sua fé em Deus em suas palavras e
em suas promessas. Pode ser compreendida como perseverança, lealdade e
honestidade nos compromissos assumidos.

h. Mansidão

πραΰτης / Praútes (no grego). Não se trata de falta de dinamismo, ânimo e ou


virilidade. Ao contrário, o manso revela força em suas convicções e suavidade
no trato. Mas na verdade, não há nenhuma palavra em português que traduza
perfeitamente o termo mansidão. Temos que aprender com Jesus (Mt 11.28-
30). Algumas expressões como, por exemplo, brandura, calma, clemência,
gentileza, cortesia são algumas palavras que mostram um estado de espírito. A
palavra ou atitude inversa de mansidão é rudeza que se revela na asperidade
em tratar as pessoas. Uma pessoa mansa é ensinável e reage com delicadeza
quando é confrontada e enfrenta a oposição. Finalmente, são os mansos que
conquistaram a terra, por isso mansidão é qualidade essencial à vida cristã (Cf.
Mt 5.5).

i. Domínio próprio
έγκράτεια / Egkrateia (no grego). Traz a idéia de temperança. É uma das
características exigidas para os bispos (Tt 1.8). Domínio próprio é não ceder
aos desejos da paixão. Έγκράτεια / Egkrateia inclui, portanto, autodomínio e
autodisciplina em questões de prazer físico e corporal. A palavra tem também
sentido ético-moral em questões como castidade e abster-se das relações
sexuais ilícitas, sem macular a santidade que é requerida por Deus.
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CONCLUSÃO

Vimos, portanto, a importância de produzir frutos na vida cristã. Que, estes


frutos são discípulos que ganhamos e conduzimos à imagem e semelhança de
Jesus através da palavra, do discipulado e do Espírito Santo no contexto da
comunhão cristã através da igreja. Sendo assim, na podemos ser cristãos
nominais, apenas inseridos dentro de uma organização religiosa. Este é o
engano produzido pelo clericalismo, denominacionalismo, e outros desvios
históricos da igreja que tornou os cristãos e meros expectadores e cultos e
atividades e eventos eclesiásticos promovidos pelas lideranças eclesiásticas.
Cremos que alguns eventos com o culto, reuniões especiais etc. são
necessários. Mas estes não podem de maneira alguma tirar o foco de todos os
cristãos serem e fazerem discípulos para o Senhor.

“Ide, portanto e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do


Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as
coisas que vos tenho ordenado.” Mt 28.19
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Questões para estudo:

1. Qual foi a ordem recebida por Adão e Eva na criação?

2. Quais as diferenças entre a ordem natural da ordem espiritual.

3. Podemos entender o que é frutificar? E quais são os frutos que Deus requer de nós.

4. Quais os textos chave para nossa compreensão da ação da palavra na frutificação?

5. Descreva as três fases com seus frutos na ação de discipular.


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6. Quais são os aspectos da disciplina necessários à frutificação?

7. Descreva o que é disciplina?

8. Quais são as formas da disciplina?


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9. Qual é a diferença entre frutos de dons?

10. Você pode descrever a expressão do Espírito Santo em nós?

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