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DIREITO PENAL

PARTE GERAL

APLICAÇÃO DA LEI PENAL (ART 1/12)

1. Princípio da Legalidade (art. 1)


Não está só no Penal, mas na CF como cláusula pétrea (art. 5º): Não há crime sem
Lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal.
Propósito de garantir segurança jurídica.
Apenas se adquire a segurança jurídica quando 3 vetores são observados:
(Diretrizes Formais)
1.1. Reserva Legal: Lei e Legal
Exigência de Lei no sentido formal, Lei Federal.
Reserva legal também proíbe o emprego de analogias. (“in malam parten”
(a analogia “in bonam partem” é autorizada)

1.2.Anterioridade: Anterior e Prévia


Proibição de Leis penais “ex post facto”

1.3.Taxatividade: Defina e Cominação


Exigência de Lei Penai com conteúdo determinado, clara e que não dê margem à
dúvida. Proíbe tipos penais vagos. Também proíbe penas indeterminadas.
Crime Vago <> Tipo Vago – Crime Vago é aquele cujo sujeito passivo é um ente
sem personalidade jurídica. Tipo vago é o de conteúdo indeterminado o que é
inconstitucional.

1.4. Conteúdo Material (Aspectos Materiais da Lei Penal) – O que o legislador pode
criminalizar:
Ainda que um comportamento seja adequada ao tipo, mas se enquadra em um
dos princípios abaixo, geram a atipicidade material.

1.4.1. Insignificância: STF para aplicar o princípio segue quatro elementos:


PROL
1.4.1.1. Periculosidade Social - Ausência
1.4.1.2. Reprovabilidade do Fato – Baixa ou reduzida
1.4.1.3. Ofensividade – Mínima ofensividade
1.4.1.4. Lesão jurídica – ínfima lesão jurídica

Súmulas STJ – Não se admite


589 – Violência Doméstica
599 – Crimes com a ADM Pública
606 - Transmissão clandestina de sinal de internet via rádio

1.4.2. Adequação Social


Condutas socialmente adequadas não podem ser consideradas crimes.
Ex. Jogo de Azar, Casa de Prostituição, Venda de DVD Pirata;

1.4.3. Alteridade (alterus – Outro) - Violação de bem jurídico alheio


1.4.3.1. Autolesão
Não há lei que puna autolesão – Ex. Seguro fraudado pela autolesão
1.4.3.2. Tentativa de Suicídio
Não se pune, apenas a participação em suicídio de 3º
1.4.3.3. Consumo de drogas

Está em judice no Supremo RE 635659– Por enquanto o tipo penal


está em vigência (Presunção de Constitucionalidade das Leis Penais)

2. Aplicação da Lei Penal no Tempo (art. 2/4)


2.1.Conflito de Leis Penais no Tempo
2.1.1. “abolicio criminis” – Lei benéfica – Eficácia retroativa (Art. 5, 40 CF e 2º CP)
– Descriminaliza a conduta;
2.1.2. “novatio legis in mellius” – Mantém caráter criminoso do fato, mas lhe
confere tratamento mais brando – Eficácia retroativa;
2.1.3. “novatio legis incriminadora” – Criminaliza conduta – Não retroage;
2.1.4. “novatio legis in pejus” – Mantém o caráter criminoso mas confere um
tratamento mais severo – Não retroage

Súmulas – Leis Penais no Tempo STF 611 e 711 e STJ 501

LEIS PENAIS EXCEPCIONAIS – CRIADAS PARA RESOLVER QUESTÕES


EXCEPCIONAIS – ART. 3ª DO CP
2.2.Tempo do Crime
2.2.1. Teoria da atividade – Ação ou Omissão – Momento da Conduta;

3. Aplicação da Lei Penal no Espaço (art. 5/8)


3.1.Lugar do Crime: Ubiquidade – Lugar da Conduta quanto no Lugar que ocorreu o
resultado;
3.2.Territorialidade e Extraterritorialidade:
Territorialidade: Aplicação da Lei Brasileira para fatos que ocorreram dentro do
território brasileiro = Sujetio a Lei Penal Brasileira como regra: Ex. Imunidades
diplomáticas, imunidade consular;
Extraterritorialidade: Fatos que ocorreram fora do território brasileiro: Como regra
não se aplica a Lei Brasileira; excetuando-se crime contra a vida do Presidente;
exceções (

4. Eficácia de sentença estrangeira (art. 9)


5. Disposições finais (art. 10/12)

TEORIA DO CRIME:

1. CONCEITO DE CRIME: Analítico – Teoria Tripartíti

É o fato típico, antijurídico e culpável –

Fato Tipico: Conduta dolosa ou culposa, com tipicidade, resultado e nexo causal (se o tipo
penal pedir resultado)
Antijuridicidade é uma consequencia da atipicidade mas será excluída se o fato for praticado
em excludente de ilicitude

Culpabilidade: Imputável, potencial consciência da ilicitude do fato, e exigibilidade de conduta


diversa.

2. FATO TÍPICO:
a. Conduta:
i. Ação:
1. Comissivo
ii. Omissão: Omissão é penalmente relevante se o agente que se omitiu
tinha o poder e dever de agir para evitar o resultado;
1. Omissivo Próprio/Puro; (não admite tentativa)
2. Impróprio/Impuro/Comissivo por Omissão – Crime Comissivo
praticado pelo omitente (admite tentativa)

b. Tipicidade
i. Formal: É o enquadramento do fato e o tipo penal
ii. Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico (Insignificância é
atipicidade material)

c. Resultado
i. Naturalístico: É a modificação no mundo exterior provocada pela
conduta. (Crime de mera conduta, ex. Porte de arma de fogo, não
apresenta o resultado naturalístico)
ii. Material

d. Nexo Causal: É o liame entre conduta e resultado


Teoria da Equivalência dos antecedentes ou “conditio sine qua non”
O nexo de causalidade se apura quando o antecedente influenciar no
resultado. Tudo o que influencia no resultado considera-se sua causa.

O regressus ad infinitum se resolve pela análise do dolo e culpa.


Ex. Fabricante da arma de fogo usada no crime de homicídio, embora com
nexo de causalidade, sem relação com o crime haja vista inexistência de dolo e
culpa atribuida ao agente
Afasta-se o regressus ad infinitum com a teoria da imputação objetiva:
Com a imputação objetiva, toda vez que o agente realizar um comportamento
socialmente padronizado, normal, socialmente adequado e esperado,
desempenhando normalmente seu papel social, estará gerando um risco
permitido, não podendo ser considerado causador de nenhum resultado
proibido.
Note-se que o Superior Tribunal de Justiça, em um julgado, admitiu a sua
incidência no direito penal pátrio, de modo a afastar a tipicidade do fato, pois
ainda que fosse reconhecido o nexo causal entre a conduta dos acusados e a
morte da vítima, à luz da teoria da imputação objetiva, necessária é a
demonstração da criação pelos agentes de uma situação de risco não
permitido, não ocorrente na hipótese (STJ, 5ª Turma, HC 46525/MT, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, j. 21/03/2006, DJ 10/04/2006, p. 245).
3. ANTIJURIDICIDADE – Ilicitude (23 a 25 do CP)

Não há crime quando o fato é praticado: Estado de Necessidade; Legítima Defesa e


Exercício regular do Direito ou estrito cumprimento do dever legal.

Entretanto o excesso será punido, ainda que culposo.

Escolha de tema: Legítima defesa especial

A geral depende de: Agressão que lesa ou expoe a perigo a bens juridicamente
relevantes. Agressão é Conduta Humana.

Agressão tem que ser injusta/ilícita.

Atual ou iminente

Contra direito próprio ou alheio

Animus deffendendi – Requisito subjetivo, propósito de defender

Reação deve ser dentro dos meios necessários e de maneira moderada e proporcional

Legítima defesa especial:

Fatores especializantes:

Agente de segurança pública (CF 144);

Pode ser protegido o direito do refém (vítima);

Tempo: Agressão Atual ou risco de agressão (não é sequer iminente)

4. CULPABILIDADE
IMPOEX
a. Imputabilidade; (art. 26/28) (Medidas de segurança não podem durar mais
que a pena máxima cominada ao tipo penal - STJ 527)
i. Art. 26 – Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado com supressão de entendimento ou autodeteminação –
Inimputável, Se reduz o entendimento aí temos o semimputável;
ii. Art. 27 – Menoridade;
iii. Art. 28 – Embriaguez completa e involuntária (absolvição própria) com
supressão inimputável, se reduz, semimputável;
b. Potencial Consciência da ilicitude; (art. 21)
i. Erro de Proibição inevitável, isento de pena;
ii. Erro de Proibição evitável, redução de 1/6 a 1/3;

c. Exigibilidade de conduta diversa; (art. 22)


i. Coação moral irresistível
A coação física
ii. Obediência hierárquica

ERRO DE TIPO X ERRO DE PROIBIÇÃO


Erro de tipo; Agente não entende o que ocorre diante de seus olhos, não captura a realidade
fática; Exclui o dolo

Erro de Proibição; Agente entende o que está ocorrendo, porém supõe permitida uma conduta
proibida. Exclui a pena

CONCURSO DE PESSOAS X CONCURSO DE CRIMES

1. CONCURSO DE PESSOAS Art. 29/31 CP

Requisitos:

i. Pluralidade de sujeitos;
ii. Relevância causal das condutas; (nexo de causalidade e concorrer para
o crime Art. 13 e art. 29)
iii. Vínculo subjetivo (unidade de designios ou cumunhão de propósitos)
Adesão voluntária ao plano criminoso. Não se exige acordo prévio
(pacta sceleris).
iv. Unidade de infração (todos respondem pelo mesmo crime) Teoria
unitária ou Monista – Exceção (aborto, corrupção)

2. CONCURSO DE CRIMES Art. 69/71 CP


a. Modalidades:
i. Concurso Material ou Real (69)
Dois ou mais crimes são praticados mediante duas ou mais
ações/omissões, iguais ou não, homogênios ou heterogênios.
Somam-se as penas, limitando-se a 40 anos.

ii. Concurso Formal ou Ideal (70)


Dois ou mais crimes decorrem de uma única conduta.
Uma só pena, aumentada de 1/6 até ½, se os dois ou mais crimes
forem dolosos e de designios autônomos, somam-se as penas,
tratando-se de concurso formal impróprio.

iii. Crime Continuado (71)


Crimes da mesma espécie (tipo penal)
Condições semelhantes (tempo, lugar e modo de execução)
Unidade de designios, intenção ou programação inicial (teoria mista/
objetivo-subjetiva.
Aplica-se uma pena aumentada de 1/6 a 2/3. Se os crimes forem
dolosos e com vítimas diferentes, e com emprego de violência ou
grave ameaça à pessoa, a pena pode ser aumentada 1/6 até o triplo.

SOBRE A PENA DE MULTA – art. 51 CP.


Alteração pelo pacote anticrime. A multa deve ser executada pelo
juízo da execução penal.
STJ 521 – A legitimidade executar a multa seria a procuradoria da
fazenda pública.
Entretanto o entendimento é que O MP é o titular e detentor da
necessidade de executar a multa, se inerte a Procuradoria podia
executar em 90 dias.
A lei anticrime definiu legitimidade exclusiva ao MP para executar a
pena de multa.

APLICAÇÃO DA PENA

Predosimetria – Dosimetria – Pós-Dosimetria

1. Predosimetria: Fixação dos limites abstratos


a. Elementares
b. Qualificadoras
c. Privilégios
2. Dosimetria
a. 1 – Pena Base
i. Circunstância Judiciais art. 59 (STJ diz que IP e ação em andamento
não gera antecedentes – destaque para maus antecedentes);
Súmula STJ diz que FA basta para reincidência ou maus antecedetnes
STJ 636

ii. Pena Intermediária – Agravantes e Atenuantes, art. 61 a 66 (destaque


para reincidência e confissão espontânea); - STJ diz que nessa fase
nem abaixo do mínimo e nem acima do máximo; STJ 231 – Sobre a
confissão STJ tem duas súmulas sobre a confissão como atenuante:
STJ 545 (Pra confissão ser configurada como atenuante, o Juiz tem que
usar a confissão para seu convencimento) e STJ 630 (A confissão
parcial, tráfico por exemplo, não basta confessar a posse da droga, e
sim a mercancia)

iii. Cominação definitiva – Causas de aumento e diminuição – art. 68


p.único;
3. Pós dosimetria:
a. Regime inicial de cumprimento da pena (art. 33 e 59) Súmulas 269 e 440 do
STJ e 718 e 719 do STF RE 1052700 – Repercursão geral
i. Não pode fixar regime mais severo que o previsto em lei apenas com
base em sua opinão sobre a gravidade abstrata do crime;
b. Verificar cabimento de pena alternativa (art. 44)
c. Verificar o cabimento do SURSI (art. 77)
d. Aplicação da multa cominativa (art. 49)

PUNIBILIDADE – E CAUSAS EXTINTIVAS

Possibilidade jurídica de imposição da sanção penal, a partir do fato praticado.

Quando se pratica o fato: nasce o “ius puniendi” em concreto (em abstrato é com a criação da
Lei)
Extinção da punibilidade (107/120 – CP)

Consequencias da extinção da punibilidade sobre os efeitos da condenação:

Dependendo do momento da causa extintiva:

1. Antes do Trânsito em Julgado (PPP) – Ficam prejudicados todos os efeitos da


condenação.
2. Após o Trânsito em Julgado (PPE)
Só extingue o efeito penal principal: Pena – Indulto também se aplica (STJ 631)
Exceção – Anistia e “Abolitio Criminis” – Extingue-se os efeitos penais. (não
atinge eventuais efeitos civis)

Causas extintivas da Punibilidade: Art. 107 – Cujo rol não é taxativo.

a. Morte do agente – art. 5º, 45 – CF – A morte não passará da pessoa do


acusado.
b. Anistia, Graça e Indulto (menos aos Hediondos e a eles equiparados).
i. Anistia – Congresso nacional mediante Lei (antes ou depois do
Trânsito);
ii. Graça (caráter individual) e Indulto (caráter coletivo)– Presidente
mediante Decreto (somente após o trânsito);
c. “abolitio criminis”
d. Decadência e Renúncia:
Crimes de ação privada e pública condicionada a representação
i. Decadência – não oferecer à queixa ou representação em 6 meses;
ii. Renúncia – Se em 6 meses a vítima renunciar;
e. Perempção e perdão aceito- Apenas em ação penal privada;
f. Retratação – (CP 143 – Calúnia e Difamação, 342 – Falso Testemunho)
g. Perdão Judicial, nos casos previstos em Lei (Súmula STJ 18, Sentença
concessiva é declaratória e não condenatória

PRESCRIÇÃO – LEI ANTICRIME 13.964/2019

Alteração do art. 116 – Causas suspesivas da prescrição.

PPP – Suspensão do processo por questão Prejudicial - Cumprimento de pena no


exterior

NOVIDADE: Pendencia de Embargos de Declaração ou Recurso aos tribunais


superiores, quando inadimitidos;

Acordo de não persecução penal.

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