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WBA0107_v2.

1
Licitações e Lei de
Responsabilidade Fiscal

Jennifer Bazilio
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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Editorial
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Bazilio, Jennifer
B363l Licitações e lei de responsabilidade fiscal /Jennifer Bazilio.
– Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.
89 p.

ISBN 978-85-522-0604-0

1. Licitações. 2. Planejamento. 3. Responsabilidade


fiscal. I. Bazilio, Jennifer. II. Título.

CDD 330

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
SUMÁRIO

Tema 1: Administração pública............................................5

Tema 2: Lei de responsabilidade fiscal e lei de acesso à


informação......................................................................19

Tema 3: Licitações no direito brasileiro.................................30

Tema 4: Formas de contratação..........................................42

Tema 5: Contratos administrativos......................................56

Tema 6: Publicidade e fiscalização.......................................66

Tema 7: Recursos administrativos nas licitações....................79

Tema 8: Crimes no processo de licitação..............................90


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A disciplina de Licitações e Lei de Responsabilidade Fiscal busca estimular


a reflexão dos alunos acerca dos temas explicitados na ementa deste curso.
Vamos conhecer os componentes existentes dentro da administração pública,
os entes que os compõe, também saber como nos colocarmos frente à Cons-
tituição Federativa Brasileira, e qual a sua relação direta com os processos
envolvidos nos componentes de licitação pública. Ao decorrer desta, veri-
ficaremos como é composta a Lei de responsabilidade fiscal, seus artigos
e incisos atos permitidos e vetados. Aprofundando, assim, o conhecimento
nas modalidades licitatórias e a forma de contratação direta. Ressaltaremos
de que forma isso envolve diretamente o direito à concorrência entre as
empresas. Também abordaremos as formas de contratação mais comuns e
usuais da Administração Pública. As cláusulas dos contratos e a ocorrência
das cláusulas exorbitantes. Para nos embasarmos, iremos discutir as normas
e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LEI Nº 101/2000), o Decreto 5.504 e a
Lei Complementar 123/06, para podermos compreender como ocorrem os
processos de compra e as transferências de verbas destinadas a esta finali-
dade. Passaremos, assim, à compreensão acerca das formas de contratação
da administração pública, mencionando as regras referentes ao Regime Dife-
renciado de Contratação tanto quanto a transparência, que permite a visu-
alização de todo gasto de dinheiro público e as implicações legais em não
cumprir com o estabelecido nas leis referentes a estas ações públicas.
1
Administração
pública
Objetivos Específicos
• Compreender o conceito de administração pública;

• Conhecer as principais configurações estruturais da administração pública;

• Compreender o processo orçamentário;

• Conhecer a necessidade das áreas de conhecimento no processo de auditoria.

Introdução
A administração pública é um conceito que pode nos conduzir aos aspectos práticos de administrar-

-se o bem público, bem como todas as diretrizes, normas e condutas a serem seguidas neste processo.

Para compreendermos sobre estes conceitos e podermos nos tornar administradores de maior ido-

neidade dentro do serviço público, a compreensão da Constituição Federativa e seus artigos se faz

necessária. Por ser um assunto extenso, copilaremos os principais pontos e conceitos a serem discu-

tidos para sua total compreensão.

Dentro da administração pública todos os processos devem ser realizados com total lisura e trans-

parência, pois o serviço defende os interesses da população e qualquer improbidade pode levar a com-

prometer diretamente a vida dos cidadãos.

Todas as ações dentro do serviço público devem seguir um planejamento, muitas vezes realizados

anos antes do início das ações voltadas para aquela meta. Os recursos destinados para tais ações tam-

bém caminham nesta temporalidade, sendo assim, estipular o gasto orçamental, casado ao planeja-

mento das ações e metas, pode favorecer a gestão e evitar questões jurídicas.

1.1 Administração Pública e poderes


A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos previstos dentro da

Constituição Federativa do Brasil (CF).

6
Ou seja, a União representa a pessoa jurí-

dica de direito público, sendo uma entidade

federativa autônoma em relação aos outros 


Link
Estados, Municípios e Distrito Federal. É muito A Constituição da República Federativa do Brasil foi
aprovada apenas em 1988, é a Lei suprema, mais
comum confundir a União com a República importante do nosso país. Ela é o parâmetro de val-
idade de todas as outras Leis. Na gestão pública, o
Federativa do Brasil (Estado Federal), uma seu conhecimento, mesmo que em partes, se torna
essencial. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/
vez que se integram. arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf>.
Acesso em: 14 jan. 2018.
Podemos pensar que: a República

Federativa é o todo, o Estado Federal brasi-

leiro, pessoa jurídica de direito público inter-

nacional, integrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Estes entes são regidos de diferentes formas, os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições

e leis que adotarem, o Município rege-se por leis orgânicas, votadas e aprovada por dois terços dos

membros da Câmara Municipal, que a promulgará, ambos devem respeitar os princípios estabelecidos

na Constituição, e na Constituição do respectivo Estado.

A Constituição Federal de 1988 sofreu uma emenda em 2017, trazendo novos direcionamentos

jurídicos à Administração Pública, assim como as Leis que a regem, em seu artigo 37. O conteúdo

denota padrões e critérios que devem ser seguidos e realizados sem ferir a CF, pois estas são os pila-

res de sustentação a todas às Leis em geral e devem ser respeitados para evitarmos ferir o sistema

Constitucional do país, em que os princípios norteadores são a legalidade, impessoalidade, moralidade,

publicidade e eficiência, que se mantêm também na Redação dada pela EC nº 19/1998.

O conceito de Administração Pública é provindo da área de direito e se caracteriza por um conjunto

de serviços e órgãos estabelecidos pelo Estado com o objetivo de gerir áreas da sociedade e realizar

ações administrativas. Toda administração pública tem as principais primícias voltadas em defender os

interesses públicos, os direitos e interesses dos cidadãos que administra.

Em um conceito mais prático, todas as ações voltadas à forma e como o Estado pratica o direito

administrativo seguindo conceitos estipulados na CF.

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Entre os entes Federativos é comum existir a descentralização administrativa, no caso da adminis-

tração pública indireta, possibilitando que o Estado transfira a execução de suas atividades a outras

pessoas jurídicas ligadas a ele, como autarquias, fundações, empresas públicas e outras entidades de

direito privado, desde que estes tenham interesse neste tipo de administração, como ocorre com o

INSS, Petrobras, Correios, entre outras.

Estas empresas são comumente conhecidas como estatais, ou seja, possuem um CNPJ totalmente

ou parcialmente vinculado ao controle do Estado, e podem ser vistas como empresas públicas e socie-

dades de economia mista.

Estas entidades que possuem CNPJ próprio, e personalidade jurídica constituindo assim, patrimô-

nio, autonomia administrativa e orçamento próprio ou não. Como exemplos, temos as autarquias, as

fundações públicas, empresas públicas, estatais e sociedades de economia mista.

Definiremos algumas de maior importância para este:

• Autarquias: são serviços autônomos, executam atividades típicas da Administração Pública, com

certa descentralização da gestão administrativa e financeira dos órgãos públicos, pois podem

assim otimizar tempo e custos. Ex.: Agência Nacional de Saúde (ANS), Instituto Nacional de

Seguridade Social (INSS), e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

• Fundações públicas: possuem personalidade jurídica, não visam lucro, são criadas para desen-

volver atividades sem a participação de órgãos ou entidades de direito público. Possuem auto-

nomia administrativa, são geridos e financiados pelos respectivos órgãos de direção, com recur-

sos da União e demais fontes. Ex.: Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE).

• Empresas públicas: possuem personalidade jurídica, direito privado, com capital/patrimônio

exclusivo da União, criadas para a exploração de atividades econômicas que o Governo necessite

exercer por força de contingência. Ex.: Caixa Econômica Federal.

• Sociedades de economia mista: possuem personalidade jurídica de direito privado, concedida

por Lei para a exploração de uma determinada atividade econômica, cujas ações são controladas

pelo Poder Público. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras.

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• Agência Reguladora: autarquia criada sob regime especial, tem a função de exercer controle e

regulação de instituições públicas. Ex.: na polícia, fiscalizando e controlando a atuação dos con-

cessionários e permissionários.

Já na Administração Direta, o Estado exerce suas funções por meio dos três poderes, o Executivo

(administrar o bem público), o Legislativo (cria as Leis), e o Judiciário, (julgar as ações) de forma que

os órgãos públicos pertencentes a ela estão ligados diretamente ao poder executivo federal, estadual

ou municipal, sendo integrantes das pessoas federativas, respondendo diretamente pelas atividades

administrativas do Estado.

Assim estes não possuem um CNPJ próprio, patrimônio ou autonomia administrativa, sendo seu

orçamento subordinado às esferas das quais participam. Podemos destacar como exemplos, as secre-

tárias dos estados federativos, dos municípios e até mesmo os ministérios do governo federal.

Além dos três poderes e dos modelos de administração pública, existe o poder público que pode

ser representado pela população de forma geral e representada pelo funcionalismo público. Dentre

o funcionalismo público, aqueles indicados pelos poderes para executar funções administrativas são

conhecidos como gestores públicos.

Os gestores públicos existem em todas as esferas e têm a grande responsabilidade para com a

sociedade e nação, devendo fazer a gestão e administração de matérias públicas, de forma trans-

parente e ética, em concordância com as normas legais estipuladas. No caso de um agente público

cometer uma prática ilegal contra os princípios da Administração Pública, ele poderá ser julgado por

improbidade administrativa conforme a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que foi novamente atu-

alizada em 2017, também citada no artigo 37 da CF, onde respondera civilmente e não administrati-

vamente por este crime.

9
1.2 orçamento público
O surgimento do orçamento público está intimamente ligado à ideia de controle e pela necessidade

de regular a transparência dos governantes no destino dos recursos públicos.

A ideia do orçamento público já era evidente na Magna Carta inglesa, outorgada no ano de 1215,

pelo Rei João Sem Terra, sendo este apenas um esboço do que consideramos como orçamento

público nos dias atuais. Desde então, muitas técnicas orçamentárias foram

desenvolvidas, fazendo frente às exigências e necessidades entre o Estado e

a sociedade.

O orçamento público é o instrumento de



gestão de maior relevância. É um instru- Para saber mais
Preocupada com a necessidade de mais projetos vol-
mento utilizado para as entidades organizar tados à criança e ao adolescente, a UNICEF criou
uma cartilha de manejo simples trazendo os princi-
os seus recursos financeiros e a forma de pais conceitos em gestão pública, vale a pena ler. 

gerir seus custos e receitas.

No Brasil, o orçamento é regido e prote-

gido por diversas formalidades legais. Sua existência está prevista constitucionalmente, planejada anu-

almente mediante Lei específica que prevê uma receita e fixa despesas para um determinado exercí-

cio. Assim, uma instituição só poderá realizar despesas se estas estiverem previstas ou incorporadas

ao orçamento.

A Constituição Federal, em sua Seção II, no Art. 165, Leis de Iniciativa do Poder Executivo, estabe-

lece que para a execução das finanças orçamentais seja respeitado:

i. o plano plurianual (PPA);

ii. as diretrizes orçamentárias (LDO);

iii. os orçamentos anuais (LOA).

Podemos evidenciar também o ditame constitucional. É importante observar o citado no art. 2º

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da Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, transcrito a seguir:

Art. 2º. A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evi-
denciar a política econômica, financeira e programa de trabalho do governo, obedecidos os
princípios de unidade, universalidade e anualidade.

O plano plurianual estabelece de forma regionalizada as diretrizes, obje-

tivos e as metas da administração pública

para as despesas e outras que delas decorrer,

também para aquelas relativas aos progra- 


Para saber mais
mas continuados. O PPA é elaborado no pri- Esta Lei institui normas gerais de direito financeiro
para a elaboração e controle dos orçamentos e bal-
meiro ano do mandato do gestor/governante anços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal. Foi decretada pelo Congresso Nacio-
eleito e tem duração de 4 anos, com vigên- nal em 1964 antes até mesmo da promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil.
cia a partir do segundo ano de mandato. O 
projeto elaborado para a execução no PPA

deverá ser enviado pelo Poder Executivo ao

Congresso até quatro meses antes do final do primeiro exercício financeiro do mandato do novo pre-

sidente, e devolvido para a sanção até o encerramento da sessão legislativa.

A Lei de diretrizes orçamentárias é composta das metas prioritárias da administração pública fede-

ral, incluindo as despesas para o exercício financeiro, orientando a elaboração da Lei orçamentária

anual, estabelecendo também a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

A LDO orienta a elaboração orçamentária, compreendendo as prioridades e metas em consonância

com o PPA, porém, se referindo apenas ao exercício financeiro subsequente. Seu conteúdo deve ser

publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, com o relatório resumido da execu-

ção orçamentária.

Com a instituição da Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO incorporou novas atribuições associa-

das ao equilíbrio entre receitas e despesas que norteia todo ciclo de alocação dos recursos públicos.

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A ela compreende:

i. o orçamento referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração

direta e indireta, inclusive aquelas mantidas pelo Poder Público;

ii. o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha

a maioria do capital social com direito a voto;

iii. o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados,

bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público (BRASIL, 2017).

Ou seja, todas as formas administrativas compostas pelo poder público estão compreendidas nes-

tas Leis.

A Lei orçamentária anual não poderá conter despesas desconhecidas à previsão da receita, apenas

nos casos de abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que

por antecipação de receita, nos termos da Lei.

Na Lei complementar, segundo a Constituição Federal, podemos observar as seguintes disposições

a serem obedecidas nesta e nas demais ordens para a execução das finanças orçamentais:

i. dispõe sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano

plurianual, da Lei de diretrizes orçamentárias e da Lei orçamentária anual;

ii. estabelece as normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta, bem

como condições para a instituição e funcionamento de fundos;

iii. dispõe sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimen-

tos que serão adotados quando houver

impedimentos legais e técnicos, cum-



primento de restos a pagar e limitação Exemplificando
Se um administrador investe em alguma obra um val-
das programações de caráter obriga- or maior que o previsto no orçamento ou emite notas
com valores diferentes dos valores praticados. Como
tório, para a realização do disposto no você entenderia estes atos? Este administrador agiu
contra a Lei de responsabilidade fiscal e cometeu im-
§ 11 do art. 166 (Incluído pela EC nº
probidade administrativa.

86/2015) (BRASIL, 2017).

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1.2.1 Técnicas e práticas orçamentárias
As práticas orçamentarias vêm se modificando e atualizando ao longo dos anos. Neste momento,

iremos apresentar de forma resumida alguns modelos de orçamento tradicional, de desempenho e

por programas, podendo assim compararmos algumas das técnicas ou práticas orçamentárias mais

difundidas.

• Orçamento Tradicional: processo orçamentário em que é explicitado apenas o objeto de gasto.

Apresenta valores para as despesas com pessoal, material, serviços etc., sem relacionar os gas-

tos a nenhuma finalidade (programa ou ação). Também é conhecido como orçamento clássico.

• Orçamento de Desempenho: processo orçamentário que apresenta as dimensões, objeto de

gasto e o programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas. Esta prática enfatiza o desem-

penho organizacional e pode ser também conhecida como orçamento funcional.

• Orçamento-programa: orçamento que expressa os programas de trabalho de governo, possibili-

tando a integração do planejamento com o orçamento, sendo possível a quantificação de obje-

tivos e a fixação de metas. Nesta prática, são apontados os insumos, as alternativas programá-

ticas seguidas do acompanhamento e a avaliação de resultados.

• Orçamento Participativo: aquele que contempla a população no processo decisório, por meio

de lideranças ou audiências públicas. Nesta prática existe uma coparticipação do Executivo e

Legislativo na elaboração dos orçamentos, favorecendo a transparência dos critérios e infor-

mações que nortearão a tomada de decisões. Pelo modo que é praticado, necessidade de uma

maior discricionariedade do governo na alocação dos gastos, a fim de que possa atender os

anseios da sociedade, pois requer alto grau de mobilização social. Assim, muitos gestores evitam

esta modalidade, sendo necessário a disposição do poder público em descentralizar e repartir o

poder.

• Orçamento Base Zero: se apoia na necessidade da justificativa de todos os programas a cada

novo ciclo orçamentário. Em seu disposto analisa, revê e avalia todas as despesas propostas e

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não apenas as das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já existente.

• Orçamento Incremental/Inercial: é elaborado por meio de ajustes nos seus itens de receita e

despesa. Repete o orçamento anterior acrescido da variação de preços ocorrida no período de

sua execução.

• Orçamento com Teto Fixo: critério de alocação de recursos mediante o

estabelecimento de um teto fixo, obtido

por meio da aplicação do percentual



único sobre as despesas em determi- Assimile
O conceito de Administração Pública é provindo da
nado período. O percentual único serve área de direito e se caracteriza por um conjunto de
serviços e órgãos estabelecidos pelo Estado com o
de base para que os órgãos elaborem objetivo de gerir áreas da sociedade e realizar ações
administrativas. Toda administração pública tem as
propostas orçamentárias parciais. principais primícias voltadas em defender os interess-
es públicos, os direitos e interesses dos cidadãos que
administra.


Questão para reflexão
Como você avalia a participação da população nas questões orçamentais públicas? São suficiente-

mente eficazes?

Considerações Finais
• Dentro da administração pública todos os processos devem ser realizados com total lisura e

transparência, pois o serviço defende os interesses da população e qualquer improbidade pode

levar a comprometer diretamente a vida dos cidadãos.

• A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos previstos dentro da

Constituição Federativa do Brasil.

• O orçamento público é o instrumento de gestão de maior relevância. É um instrumento utilizado

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para as entidades organizar os seus recursos financeiros e a forma de gerir seus custos e receitas.

• de forma a amparar os gestores na realização das práticas orçamentais existem algumas técnicas

mais utilizadas respeitando os princípios constitucionais.

Glossário
Entes federativos: é a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil que

compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.

Personalidade jurídica: conceito próprio da área do direito que se refere ao elemento essencial

dentro do conjunto das normas jurídicas, reconhecimento do ser humano como indivíduo livre e que

não se submete de forma alguma à escravidão. 

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Qual a lei máxima brasileira?


a) Leis Estaduais.

b) Lei nº 8.429.

c) Constituição Federativa do Brasil.

d) Lei nº 13.303.

e) Leis municipais orçamentares.

QUESTÃO 2-Qual o significado da sigla PPA?


a) Projeto Participativo Administrativo.

b) Participação Pública Administrativa.

c) Plano Plurianual.

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d) Parcela Pública Administrativa.

e) Protocolo Parlamentar Anual.

QUESTÃO 3-A Constituição Federativa do Brasil foi escrita em que ano?


a) 1994

b) 1934

c) 1889

d) 1988

e) 1964

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças
públicas voltadas para a responsabilidade fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da
União, 05 de maio de 2000.

BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de Direito Finan-


ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.

BRASIL. Lei 12.527/2011. Lei n.º 4,320 de 17 de março de 1964: promulgada em 4 de


maio de 1964. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm>.
Acesso em: 14 jan. 2017.

BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado


Federal, 2017.

MATIAS, P. J. Manual de gestão pública contemporânea. São Paulo: Atlas, 2009.

MATOS, J. C. Administração pública gerencial. Anais do ENIC, v. 1, n. 4, 2015.

16
SILVA, A. C. Evolução da administração pública no Brasil e tendências de novos modelos
organizacionais. Mato Grosso: Instituto Cuiabano de Educação, 2013.

Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa C.
A Constituição da República Federativa do Brasil foi aprovada apenas em 1988, é a Lei suprema,

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mais importante do nosso país. Ela é o parâmetro de validade de todas as outras Leis.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
O plano plurianual é parte integrante do processo orçamentar.

QUESTÃO 3-Alternativa D.
A Constituição da República Federativa do Brasil foi aprovada apenas em 1988.

18
2 Lei de
responsabilidade
fiscal e lei de acesso
à informação
Objetivos Específicos
• Conhecer a Lei de responsabilidade fiscal;

• Compreender a Lei de responsabilidade fiscal;

• Conhecer a Lei de acesso à Informação;

• Compreender a Lei de acesso à Informação.

Introdução
O grande desequilíbrio fiscal no país, os gastos metodicamente superiores às receitas, predominou

na administração pública do Brasil por anos. Assim, consequentemente, a economia tornou-se nega-

tiva impactando diretamente na população por mais de uma geração.

A inflação totalmente descontrolada, a dívida externa e interna, convivia com taxas de juros cada

vez mais altas. A população estava cada vez mais endividada de forma expressiva e a carga tributária

relativamente alta, quando comparada com países ao nosso entorno.

Esta realidade acabou levando as finanças públicas a tal situação que limitou o atendimento das

necessidades fundamentais da população, como educação, moradia, saúde, saneamento, causando

efeitos indesejáveis sobre sua parcela mais pobre, e que mais sofre as sequelas da ausência de inves-

timentos por parte do governo.

Visto a necessidade governamental em regular e equiparar as dívidas, um conjunto de medidas

foram criadas, entre elas a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Junto a ela, a transparência nos

gastos públicos tornou-se necessário propiciando que o cidadão acompanhasse os gastos e investi-

mentos voltados à população.

20
2.1 Lei de responsabilidade fiscal
A Lei de responsabilidade fiscal, como é mais conhecida popularmente, na realidade é a Lei

Complementar 101, da Seção I, integrante das normas gerais, entrou em vigor no ano de 2000, no dia

4 de maio. Ela foi criada com o objetivo de regulamentar a Constituição Federal, no que diz respeito

à Tributação e Orçamentar em atendimento ao artigo 163 desta constituição.

Em sua criação, os políticos envolvidos tinham o objetivo de controlar os gastos dos gestores públicos

em todas as esferas governamentais, pois se acreditava que estes eram os principais responsáveis pelos

gastos desnecessários e mal planejados com gastos sistematicamente superiores às receitas. Mesmo

com parte dos presidentes e da câmara dos Deputados contra esta Lei, ela foi aprovada.

Em seu contexto, no Art. 163, a Lei complementar dispõe sobre:

I – Finanças públicas;

II – Dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades
controladas pelo Poder Público;

III – concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV – Emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V – Fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela EC


nº 40/2003);

VI – Operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;

VII – Compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas
as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional
(BRASIL, 2017, on-line).

21
Portanto, a Lei prevê mecanismos de controle para as despesas públicas, tornando assim todo o

processo mais transparente e com maior rigor nos gastos, evitando que o governo adquira grandes

dívidas que possam impedir a gestão como um todo.

O planejamento dos gastos públicos deve ocorrer dentro de padrões orça-

mentais que podem ser utilizados alguns instrumentos de gestão para sua exe-

cução. Seriam estes aqueles previstos pela

Constituição Federal em sua Seção II, no Art.

165. Que dispõe a Lei de Iniciativa do Poder 


Link
Executivo estabelecendo que para a execu- BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
2000. Estabelece normas de finanças públicas vol-
ção das finanças orçamentais seja respeitado tadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá
outras providências. Diário Oficial da União, 2000.
e utilizado: 

1. o plano plurianual (PPA);

2. as diretrizes orçamentárias (LDO);

3. os orçamentos anuais (LOA).

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) procura retomar a prática de planejamento para a execução

dos gastos públicos, incluindo a responsabilidade social em seu disposto. Com tal inclusão, a partici-

pação popular nas discussões e elaboração dos planos e orçamentos até a apresentação pública do

projeto, contando também com a transparência, dispondo todas as contas a qualquer momento para

a consulta de qualquer cidadão e instituição. Prevê a emissão de relatórios periodicamente com fins

fiscais de execução orçamentária. Com o advento da internet, estes tornaram-se de domínio público

assim que publicados, muitas vezes causando grande movimentação popular.

Como toda Lei, a LRF é composta de vários pontos e um conjunto de normas e princípios estabe-

lecidos, dentre eles alguns merecem mais destaque por serem de aplicabilidade comum aos gestores.

Assim os abordaremos a seguir:

22
Limites de gasto com pessoal: a Lei fixa limites para este tipo de despesa, em relação à receita

corrente líquida para os três Poderes e para cada nível de governo.

Limites para o endividamento público: serão estabelecidos pelo Senado Federal por proposta do

Presidente da República abarcando o endividamento interno e externo.

Definição de metas fiscais anuais: previstas para os três exercícios seguintes.

Mecanismos de compensação de despesas de caráter permanente: o

governante não poderá criar uma despesa de ordem continuada pelo prazo

superior a dois anos, sem indicar uma fonte de receita ou uma redução de

outras despesas.

Mecanismo para o controle das finan- 


Para saber mais
ças públicas durante o período eleitoral: a Você sabia que a primeira nação no mundo a desen-
volver um marco legal sobre acesso foi a Suécia,
Lei impede a contratação de operações de em 1766. Já os Estados Unidos aprovaram sua Lei
de Liberdade de Informação, conhecida como FOIA
crédito por antecipação de receita orçamen- (Freedom of Information Act), em 1966. Na América
Latina, a Colômbia foi pioneira ao estabelecer, em
tária, no último ano de mandato e proíbe
1888, um Código que franqueou o acesso a docu-
o aumento das despesas com pessoal nos mentos de Governo. No México, a Lei de 2002 é
considerada uma referência, com sistemas rápidos de
180 dias que antecedem o final do mandato acesso.

(BRASIL, 2011).

O descumprimento à aplicação de dispositi-

vos regidos pela LRF pode implicar em crimes de responsabilidade fiscal. Esse tipo de crime pode levar à

cassação do mandato do gestor.

2.1.1 Lei de acesso à Informação


Todo e qualquer cidadão tem o direito de acesso às informações sob a guarda de órgãos e enti-

dades públicas. É direito fundamental do cidadão, e dever do Estado. Direito inscrito na Constituição

brasileira e regulamentado pela Lei Federal nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011

pela Presidenta da República. No Governo Federal, a Lei de Acesso à Informação foi regulamentada

pelo Decreto nº 7.724/2012.

23
Este marco regulatório foi um importante passo na trajetória de transparência pública no Brasil,

estabelecendo também mecanismos de obtenção de informações e documentos, partindo do princípio

de que o acesso é a regra e o sigilo a exceção.

Toda e qualquer informação sob a guarda do Estado é sempre pública, devendo o acesso a ela ser

restringido apenas em casos específicos. Isto significa que a informação produzida, guardada, organi-

zada pelo Estado é um bem público.

Considera-se que os dados e o acesso a eles, como documentos, arquivos, estatísticas, levanta-

mentos e estudos, fortalecem a capacidade dos indivíduos de participar de modo efetivo da tomada

de decisões que possam os afetar diretamente. O cidadão bem informado tem melhores condições de

conhecer e acessar seus direitos essenciais, como educação, benefícios sociais e saúde, vindo assim

consolidar em um dos fundamentos da democracia.

Por este e por outros motivos, o acesso à informação pública tem sido, cada vez mais, reconhecido

como um direito em várias partes do mundo. Cerca de 90 países possuem Leis que o regulamentam

(BRASIL, 2011).

No Brasil, o acesso à informação pública está inscrito no capítulo I da Constituição, dos Direitos e

Deveres Individuais e Coletivos no inciso 33 do artigo 5, que dispõe:

todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (on-line).


Ele define e consolida o marco regulató- Assimile
A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito con-
rio sobre o acesso à informação pública sob
stitucional de acesso às informações públicas. Essa
a guarda do Estado e estabelece procedi- norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e
criou mecanismos que possibilitam, a qualquer pes-
mentos para que a Administração responda soa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar
motivo, o recebimento de informações públicas dos
a pedidos de informação do cidadão, sendo órgãos e entidades.

esta a regra e não a exceção.

24
A Lei de aceso à informação é válida para

todas as formas administrativas, incluindo

assim os casos de indireta, bem como a 


Exemplificando
todos os Poderes e entes federativos. Como cidadã não concordei com a preferência do
prefeito do município em que moro ter realizado um
Muito se discute sobre a cultura de investimento em um programa social, acho que ele
deveria investir em merenda. Acredito que o valor
segredo que, muitas vezes, prevalece na pago por este serviço foi absurdo e não sei se o pro-
cesso para aquisição deste bem foi correto. Eu posso
gestão pública. Nada mais é do que dificul- ter acesso a este processo de compra ou investimen-
to? Sim pode, a Lei de acesso às informações públi-
dades impostas pelos gestores, com justifi- cas garante este direito a todo e qualquer cidadão,
independentemente de ser munícipe ou não.
cativas pautadas no senso comum para evi-

tar ou muitas vezes burocratizar os proces-

sos para evitar que a população tenha acesso

direto a algumas documentações. A explicação sempre está baseada em discursos, como:

• O cidadão só pode solicitar informações que lhe digam respeito direto.

• Os dados podem ser utilizados de forma indevida por grupos oposicionistas.

• A demanda do cidadão sobrecarrega os servidores e compromete outras atividades na gestão.

• Cabe sempre à chefia decidir pela liberação.

• Os cidadãos não estão preparados para exercer o direito de acesso à informação.

O governo federal coloca que para garantir a efetividade do acesso à informação pública, uma

legislação sobre o direito à informação deve observar um conjunto de ações e padrões estabelecidos,

em concordância com os melhores critérios e práticas internacionais. Dentre esses princípios, pode-

mos destacar:

• Acesso é a regra, o sigilo, a exceção (divulgação máxima).

• Requerente  não precisa dizer  por que e para que  deseja a informação  (não exigência de

motivação).

• Hipóteses de sigilo são limitadas e legalmente estabelecidas (limitação de exceções).

• Fornecimento gratuito de informação, salvo custo de reprodução (gratuidade da informação).

25
• Divulgação proativa de informações de interesse coletivo e geral (transparência ativa).

• Criação de procedimentos e prazos que facilitam o acesso à informação (transparência passiva)

(BRASIL, 2017).

Questão para reflexão


Como você consegue compreender a relação entre as leis de responsabilidade fiscal e a lei de

acesso à informação?

Considerações Finais
• A Lei de responsabilidade fiscal, como é mais conhecida popularmente, na realidade é a Lei

Complementar 101, da Seção 1, foi criada com o objetivo de regulamentar a Constituição Federal,

no que diz respeito à Tributação e Orçamento.

• A Lei prevê mecanismos de controle para as despesas públicas, tornando assim todo o processo

mais transparente e com maior rigor nos gastos, evitando que o governo adquira grandes dívidas

que possam impedir a gestão como um todo.

• Todo e qualquer cidadão tem o direito de acesso às informações sob a guarda de órgãos e enti-

dades públicas. É direito fundamental do cidadão, e dever do Estado.

• É regulamentado pela Lei Federal nº 12.527, sancionada em 18 de novembro de 2011 pela

Presidenta da República.

Glossário
Operações de câmbio: é a prática de troca de moedas entre países diferentes.

26
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Qual Lei foi criada com o objetivo de regulamentar a Constituição Federal no
que diz respeito à Tributação e Orçamento?
a) Lei Complementar 101.

b) Lei Complementar 165.

c) Lei nº 12.527.

d) Art. 12.527.

e) Decreto nº 7.724/2012.

QUESTÃO 2-Em que ano foi criada a Lei Complementar 101?


a) 2001

b) 1966

c) 1998

d) 2000

e) 2013

QUESTÃO 3-Quem eram os acusados de serem os principais responsáveis pelos gastos des-
necessários no país?
a) A população.

b) O presidente.

c) Os gestores.

d) O ministro da economia.

e) Os deputados federais.

27
Referências bibliográficas
BRASIL. Constituição de 1988. Brasília, DF: Senado; 1988. Lei Complementar 101/2000.
Brasília, DF: Senado, 2000.

BRASIL. Controladoria-Geral da União. Acesso à Informação Pública: Controladoria-Geral


da União: Uma introdução à Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Disponível em:
<http://www.acessoainformacao.gov.br/assuntos/conheca-seu-direito/a-lei-de-acesso-a-
-informacao>. Acesso em: 16 jan. 2018.

MAZZA, Alexandre. Lei de Responsabilidade Fiscal. In: Manual de Direito Administrativo.


6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa A.
A Lei criada com o objetivo de regulamentar a Constituição Federal, no que diz respeito à Tributação

28
e Orçamento, é a Lei Complementar 101.

QUESTÃO 2-Alternativa D.
A Lei Complementar 101 foi promulgada em 2000.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
Os políticos envolvidos na criação da Lei tinham o objetivo de controlar os gastos dos gestores

públicos em todas as esferas governamentais.

29
3
Licitações
no direito
brasileiro
Objetivos Específicos
• Conhecer os princípios da legislação dobre a Lei nº 8.666/93;

• Compreender as implicações desta Lei quanto aos processos licitatórios;

• Verificar quais as formas de contratação.

Introdução
Dados históricos relatam que a Licitação surgiu na Europa Medieval, devido à necessidade de se

adquirir bens, executar obras ou realizar serviços que a administração pública não poderia realizar.

Então, o Estado realizava chamadas para que os interessados se inscrevessem para realizar o serviço

do qual a administração precisasse.

Este procedimento também era regido por regras, era necessário um representante do Estado onde

se acendia uma vela iniciando o certame. Neste momento, os participantes ofereciam lances enquanto

a vela se mantivesse acesa ou apagasse por si só, o vencedor seria aquele que ofertasse o último lance

com menor preço, nesta época onde ainda imperava o regime monárquico.

Em meados do século XIX, no tempo da Administração Pública Burocrática, os interesses já se vol-

tavam na defesa do Estado, evitando a corrupção e, consequentemente, a perda do tesouro. Neste

modelo, os processos de licitação se aperfeiçoaram, as regras foram mais bem estabelecidas em con-

formidade às novas exigências deste momento histórico.

Com o passar dos anos verificou-se que a burocracia engessava o processo administrativo, com

vários procedimentos tentando evitar atos corruptos. O sistema era cheio de brechas legais e os entes

públicos eram mal preparados para conduzir estes processos.

Em meio a esta problemática surge a administração gerencial, vinculada a uma melhor gestão dos

gastos e enfim a licitação pública, do qual passa por modificações constantes sempre à procura de

manter um processo legal, na legislação brasileira.

31
3.1 Licitações
No Brasil, o processo licitatório sofreu várias transformações, passando por evolução de várias Leis

e Decretos até se materializar na forma em que a conhecemos hoje. Muito disso se deve à necessi-

dade de um modelo gerencial de gestão administrativa, capaz de processar as necessidades públicas

de forma eficiente acompanhando a evolução econômica e social, sem que seja ferido qualquer prin-

cípio da constituição brasileira.

A crescente demanda por obras e serviços no Brasil, fez com que procedimentos de controle de gastos

de grandes volumes fossem pautados em mecanismos de contenção de recursos, levando os processos

serem mais rápidos, eficientes e transparentes. Uma destas medidas foi a utilização das licitações.

Como na história o processo licitatório trabalha com a apresentação de prestadores de serviço,

interessados em prestar um determinado serviço. Todos interessados apresentam suas propostas o

mais idêntico possível à necessidade do contratante. Em um prazo determinado, todas as propostas

são avaliadas. Os interessados procuram se superar, cada um reduz seu preço, um a um são vencidos

e, enfim, o prestador de serviços com menor preço e com melhor proposta ganha .

A Constituição Federativa Brasileira de 1988, art. 37, inc. XXI, criou as bases,

para quais a regulamentação deste ocorresse em 21 de junho de 1993, onde

apresentou-se a Lei Federal nº 8.666/93/93,

que instituiu o Estatuto das Licitações e



Contratos Administrativos. Link
Busque a Lei na íntegra e tire suas dúvidas sobre os
Sendo de grande amplitude os termos processos de licitações. Busque no site do planalto.
gov
desta Lei, dificilmente conseguiríamos defi-

ni-la com apenas um conceito. Como diria

Sayagues (1978, p. 9):

[...] licitação pode ser definida como um procedimento relativo ao modo de celebrar deter-
minados contratos, cuja finalidade é a determinação da pessoa que ofereça à Administração
condições mais vantajosas, após um convite a eventuais interessados para que formulem
propostas, as quais serão submetidas a uma seleção.

32
A Lei nº 8.666/93 segue alguns princípios básicos que sustentam todo o disposto, que são:

Segundo o Art.3º.

Princípio da legalidade: obriga a Administração Pública, ao comprar algum serviço, contratar obras

ou em casos de alienação, proceder de acordo com o que diz a Constituição Federal. O seu descumpri-

mento causará vícios no processo licitatório, sendo ele passível de nulidade como consequência .

Princípio da impessoalidade: seu objeto é evitar a preferência por alguma empresa específica, cuja

opção implicaria prejuízo para a lisura do processo licitatório e nulidade do processo.

Princípio da igualdade: assegura a igualdade e isonomia no tratamento a todos que venham par-

ticipar do certame licitatório.

Princípio da publicidade: busca atender ao interesse público, julgando a melhor proposta, e tor-

nando todo o processo de conhecimento público, garantindo aos cidadãos acesso a todo e qualquer

documento referente à licitação, bem como sua participação em audiências públicas.

Princípio da moralidade: está pautada em padrões éticos e morais exigindo por parte do admi-

nistrador um comportamento honesto e, consequentemente, dentro da Lei em toda a execução do

processo licitatório.

Probidade administrativa: se baseia em consoante com o princípio da moralidade, mantendo o

processo obediência a pautas de moralidade, lealdade e boa-fé não apenas no processo licitatório,

mas em toda condução administrativa do início ao fim.

Princípio do julgamento: se refere em o julgamento ser objetivo e seguir apenas o que foi estipu-

lado no edital.

Existem também alguns princípios que, ao interpretarmos o artigo, poderíamos nomeá-los como:

Princípio da competitividade: garante a livre participação a todos os prestadores, porém desde

que o produto apresentado seja objeto do certame.

Princípio da economicidade: garante que a proposta mais vantajosa também seja a mais barata,

para que o produto adquirido pela administração pública não venha causar mais custos adicionais que

outro produto onde a princípio seria mais caro.

33
3.1.1 Modalidades de Licitação
O processo de licitação, para que qualquer órgão público realiza compras e obras, necessita abar-

car vários tipos de processos de diferentes modalidades com o mesmo fim. Estas estão dispostas na

própria Lei Federal em vigor nº 8.666/93/1993, artigos 20 a 23, são elas:

• Concorrência Pública;

• Tomada de Preços;

• Carta Convite;

• Concurso;

• Leilão.

Concorrência: os interessados na fase inicial de habilitação preliminar devem comprovar possuir os

requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para a execução de seu objeto.

Tomada de preços: modalidade entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a

todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das

propostas, observada a necessária qualificação.

Convite: modalidade em que os interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou

não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afi-

xará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados

na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte

e quatro) horas da apresentação das propostas.

Concurso: modalidade em que quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, cientí-

fico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme crité-

rios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e

cinco) dias.

Leilão: é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis

inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a

34
alienação de bens imóveis prevista no art.

19, a quem oferecer o maior lance, igual ou

superior ao valor da avaliação. 


Para saber mais
Leia o artigo recomendado, ele nos traz mais conhe-
cimentos sobre a Lei de licitações e nos faz refletir
3.1.2 Formas de dispensa sobre este processo.
PEIXOTO, Marco Aurélio Ventura. Modalidades de lic-
itação: da concorrência ao pregão. A inversão do pro-
Outra forma de se realizar compras man-
cedimento de habilitação e julgamento e a polêmica
Medida Provisória nº 2026/00. Jus Navigandi, Tere-
tendo os princípios de moralidade e da iso-
sina, v. 6, 2002.
nomia, mas quebrando um pouco da rigidez 

envolvida nestes processos, é a contratação

por meio da dispensa. Esta forma deve limitar-se apenas a aquisição de bens e serviços indispensáveis

ao atendimento em situações de franca urgência e não a qualquer tipo bem.

Os casos especiais permitidos por compras de dispensa estão fundamentados no artigo 24 da Lei

nº 8666/93 e podem ser em situações de emergência, por motivo de licitação frustrada por fraude

ou abuso de poder econômico, intervenção no domínio econômico, dispensa para contratar com enti-

dades da administração pública, contratação de pequeno valor, dispensa para complementação de

contratos, ausência de interessados, imóvel destinado a administração, gêneros perecíveis, ensino,

pesquisa e recuperação social do preso, acordo internacional, aquisição de componentes em garantia,

abastecimento em trânsito, compra de materiais de uso pelas forças armadas e associação de porta-

dores de deficiência física.

Podemos vincular a utilização de dispensa aos casos em que, embora viável a competição, sua rea-

lização se mostra contrária ao interesse público, assim podemos conhecê-las como:

Licitação dispensada: ocorre nos casos em que não é realizada a licitação por razões de interesse

público devidamente justificado. Como no caso da alienação de bens da Administração Pública que

será precedida de avaliação e não de licitação (art. 17 da Lei nº 8666/93).

Licitação dispensável: ao haver possibilidade de competição entre os fornecedores, a licitação é

dispensada, pois o fim da Administração Pública é o interesse público. As suas hipóteses estão taxa-

tivamente dispostas na Lei de Licitações e Contratos Administrativos, no art. 24, que esclarece os

35
casos elencados pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos, como já dito, são taxativos, não

podendo ser ampliados.

3.1.3 A inexigibilidade
Em seu disposto, o Art. 25 da Lei nº 8.666/93, se refere aos casos em que a competição é inviá-

vel ou impossível de ocorrer. Ou seja, nos casos em que um produto é o único no mercado, quando o

produto pode não ser único, mas traz um benefício único. Possível também nos casos de contratação

de um determinado palestrante ou profissional especializado, sendo possível claro desde que se prove

documentalmente tal condição.

No cotidiano da administração pública é muito comum encontrarmos as seguintes justificativas:

• especificação do serviço técnico-profissional;

• exposição da singularidade do serviço;

• declaração e comprovação da notória especialização;

• comprovação de que os serviços objeto da contratação não configuram atribuições de cargos do

quadro de pessoal.

3.1.4 Licitações por menor preço ou melhor


técnica
A modalidade de licitação tipo menor

preço são as mais comuns, sendo que por Assimile
A Lei nº 8.666/93 regulamenta o artigo 37, no inciso
meio delas o fator principal para a escolha da XXI, da Constituição Federativa do Brasil, que dispõe
sobre as normas para licitação e contratos adminis-
proposta será o preço, ou menor valor ofer- trativos pertinentes a obras, serviços e locações no
ambiente do serviço público.
tado, desde que atendidas às exigências do 

edital.

A seleção do critério de julgamento pelo

menor preço é comumente adotada em licitações cujo objeto se apresente de forma mais simples,

sem maiores complexidades técnicas, e que permitam um julgamento igualitário entre as propos-

tas. Este fato não significa que o gestor deverá renunciar a critérios técnicos, para assim não adquirir
36
produtos de má qualidade.

Diante disso se faz necessário que o edital estipule de maneira clara, minuciosa e objetiva todas as

condições do objeto licitado, garantindo assim que o produto, obra ou serviço atenda às necessidades

da Administração.

Os itens mais comuns a serem detalhados são baseados na garantia e prazos de entrega e execu-

ção, devem conter no edital, obrigando as partes a cumpri-los durante a execução do contrato, não

sendo critérios de julgamento, mas valores de regra a serem cumpridos. Para melhor julgamento da

proposta, amostras podem ser pedidas para análise, preço por unidade ou preço global. Portanto, a

decisão para a aquisição pelo menor preço global deverá ser motivada e justificada.

Já os tipos de licitação por melhor técnica e preço são utilizados exclusivamente para serviços de

natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de pro-

jetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia con-

sultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preli-

minares e projetos básicos e executivos.

Nesta forma de licitar alguns procedimen- 


Para saber mais
tos se diferenciam para a avaliação da pro- Podemos observar ao ler as Leis que muitas delas
são regulamentadas por outras Leis, tornando assim
posta técnica, onde todos os procedimentos a Constituição Federativa um compêndio do qual di-
ficilmente conheceremos totalmente.
são descritos no Art. 45 da Lei nº 8.666/93.


3.1.5 Lei nº 13.303/2016


e seu diferencial
A Lei nº 13.3003, em todo deu disposto, regulamenta a exploração direta de atividade econômica

pelo Estado pelas empresas públicas e sociedades de economia mista. Passando também a regu-

lar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia

mista, independentemente da natureza da atividade que esta se dispõe a prestar. Sendo assim, a Lei

nº 8.666/93/93 deixou de ser aplicada a esta categoria administrativa, com exceção ao que dispõe a

própria Lei nas normas penais e parte dos critérios de desempate.

37
Passa desde então o pregão a ser preferencialmente adotado nas empresas públicas e sociedades

de economia mista, não mais obrigatório em sua íntegra. As modalidades licitatórias como convite,

concorrência, tomada de preços, concurso e leilão deixam de ser utilizadas.

A mudança na Lei faz com que as administrações de economia mista tenham um regime próprio

para execução dos procedimentos de compra, outro aspecto importante que a Lei de publicidade para

tal regime passa a ser diferenciado, sendo o orçamento com estimativa de preços em regra sigiloso,

somente podendo ser divulgado mediante justificativa ou quando o julgamento for por maior desconto.

Questão para reflexão


Reflita em sua casa: a modalidade licitatória que utiliza o menor preço realmente pode garantir o

melhor produto?

Considerações Finais
• A Lei nº 8.666/93 regulamenta o artigo 37, no inciso XXI, da Constituição Federativa do Brasil,

que dispõe sobre as normas para licitação e contratos.

• A Lei nº 8.666/93 segue alguns princípios básicos que sustentam todo o disposto e auxiliam em

sua execução.

• Os casos especiais permitidos por compras de dispensa estão fundamentados no artigo 24 da

Lei nº 8666/93.

• As modalidades de licitação tipo menor preço são as mais comuns, sendo que por meio delas o

fator principal para a escolha da proposta será o preço.

Glossário
Nulidade: qualidade de tornar nulo, anular, cancelar algo.

38
Alienação: quando um bem é transferido ou fica à disposição da Justiça para uma possível garan-

tia de pagamento.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Pelo que foram necessárias medidas de controle de gastos?


a) Pela crescente demanda por obras.

b) Pela crescente demanda por licitações.

c) Pela crescente demanda de trabalho.

d) Pela crescente demanda de gastos.

e) Pela crescente demanda custos.

QUESTÃO 2-A Lei nº 13.3003 em todo deu disposto regulamenta:


a) a Lei nº 8.666/93 sobre os processos licitatórios em instituições públicas.

b) a exploração direta de atividade econômica pelo Estado, pelas empresas públicas e so-
ciedades de economia mista.

c) a exploração direta de atividade econômica pelo Estado apenas e pelas empresas públi-


cas.

d) a exploração direta de atividade econômica pelo Estado apenas e pelas empresas de eco-


nomia mista.

e) a Lei nº 8.666/93 sobre os processos licitatórios em instituições de economia mista.

QUESTÃO 3-A Lei nº 8.666/93 regulamenta o artigo 37, no inciso XXI, da Constituição Fe-
derativa do Brasil, foi decretada em que ano?
a) 1943

39
b) 2000

c) 1993

d) 1963

e) 1988

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 8.666/93, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 11 fev. 2018.

RIBEIRO, G. L. V. A evolução da licitação. Revista Contábil e Empresarial, 2007.

SAYAGUES L. E. La Licitación pública. 4. ed. atual. por Daniel H. Martins. Montevideo:


Acali Ed., 1978.

Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa A.

40
A crescente demanda por obras e serviços no Brasil fez com que procedimentos de controle de

gastos de grandes volumes fossem pautados em mecanismos de contenção.

QUESTÃO 2-Alternativa B.
A Lei nº 13.3003, em todo deu disposto, regulamenta a exploração direta de atividade econômica

pelo Estado, pelas empresas públicas e sociedades de economia mista. Passando também a regu-

lar a realização de licitações e contratos no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia

mista, independentemente da natureza da atividade que esta se dispõe a prestar.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
A Lei nº 8.666/93 regulamenta o artigo 37, no inciso XXI, da Constituição Federativa do Brasil, foi

decretada no ano de 1993.

41
4
Formas de
contratação
Objetivos Específicos
• Conhecer as principais modalidades de contratação segundo a Lei nº 8.666/93;

• Verificar de quais formas ocorrem;

• Compreender as implicações legais nas formas de execução destes processos.

Introdução
Nesta aula, procuraremos refletir um pouco mais sobre os principais pontos referentes às modali-

dades pregão e Regime Diferenciado de Contratação Pública - RDC.

Aprofundaremos na sua execução, passando pelas suas formas interna e externa, revendo um

pouco sobre os princípios de licitações. Novamente, nas fases do pregão entenderemos os critérios de

julgamento, habilitação, entre outros.

Terminaremos compreendendo sobre as diferenças entre o Pregão Presencial, Pregão Eletrônico e

um outro regime, mais recente o Regime Diferenciado de Contratação, que vem causando várias inda-

gações no meio jurídico.

Estas modalidades são de grande importância para gestores no serviço de saúde, todas as compras

e aquisições devem se enquadrar nestas modalidades trazendo segurança e transparência necessária

aos processos na Administração Pública.

4.1 Pregão
Das modalidades licitatórias, uma das mais conhecidas, e arrisco dizer ser a mais utilizada, é a

modalidade pregão. Esta traz ao licitante garantias de um processo transparente e onde a concorrência

por preços acontece de forma livre, evitando desvios ou possíveis manipulações do processo.

O pregão é a sexta modalidade de licitação, instituída pela Lei nº 10.520/2002. No Governo Federal

foi regulamentada pelos Decretos nºs 3.555/2000 e 5.450/2005. Tem como maior característica a

economicidade dos processos e pouca burocracia. O pregão foi instituído primeiramente apenas no

43
âmbito da União, podendo hoje ser aplicado na Administração Pública Federal, compreendidos aos três

Poderes e também disciplinada aos entes Federativos.

Tal modalidade é destinada à aquisição de bens e serviços comuns onde a disputa é realizada por

sessão pública, por meio de propostas e lances dos proponentes, para classificação e a habilitação do

licitante objetivando a proposta de menor preço e melhor qualidade.

Diferente das outras modalidades o pregão reduz a burocracia, pois apenas a documentação dos

participantes que apresentarem o menor preço, dependendo do critério utilizado, serão analisadas.

Além do que a definição da proposta mais vantajosa para a Administração é

feita pelo meio da avaliação da proposta de preço escrita em seguida a disputa

mediante lances.

Após os lances serem fechados ainda



poderá ocorrer uma negociação entre o lici- Para saber mais
Bens e serviços comuns são aqueles objetivamente
tante e o pregoeiro, podendo ainda diminuir definidos pelo edital, por meio de especificações co-
muns no mercado. Portanto, serviços geralmente
o valor ofertado.
oferecidos por diversos fornecedores de fácil com-
As formas de disputa de pregão se divi- paração permitem a decisão de compra com base no
menor preço.
dem em eletrônico e presencial. No pre- 

gão presencial, os licitantes se credenciam

e apresentam suas propostas em envelopes

lacrados, com toda documentação necessária e solicitada no edital.

O pregoeiro irá separar as melhores propostas dentro de uma margem de 10% da melhor pro-

posta, caso nenhum licitante se enquadre, pode ser iniciado o processo com três licitantes e abre-se

a fase inicial de lances, ao término é avaliada a melhor proposta com menor preço e classifica-se

assim sequencialmente os mais vantajosos, sendo vencedora a que propor o melhor preço com melhor

qualidade.

Já no pregão eletrônico, os licitantes devem se cadastrar no site, normalmente mediado por algum

banco credenciado, ou portal de compras públicas. Lá serão cadastrados os respectivos valores de

todos os licitantes para o certame.

44
Após este credenciamento inicia-se a fase de lances, sem a necessidade de vincular o lance de um

licitante a outro, apenas não se pode aumentar o lance, assim normalmente os preços cadastrados se

encontram acima do que o prestador pratica, não podendo estar além do praticado no mercado. O

fim dos lances é dado por tempo aleatório, muitas vezes estipulado pelo mediador. Todo o processo

ocorre por meio eletrônico, via Internet.

Para a realização deste processo, alguns passos anteriores são necessários. Veremos, a seguir, deta-

lhadamente cada um deles.

4.1.1 Fases do pregão


4.1.1.1 Preparatória (fase interna):
a. Inicia com a elaboração do termo de referência pelo órgão requisitante. Neste documento irá

constar o serviço ou bem que se faz necessário adquirir, com indicação do objeto de forma pre-

cisa e clara, evitando as especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limi-

tem ou frustrem a competição ou sua realização.

b. Aprovação do termo de referência pelas autoridades competentes.

c. Apresentação de justificativa da necessidade da contratação (todos os atos devem ser devida-

mente fundamentados e motivados).

d. Elaboração do edital, estabelecendo critérios de aceitação das propostas. Elabora-se também

nesta etapa os anexos, levantamento de impedimentos fiscais e recursos financeiros, com a cota-

ção de preços. No edital sempre é bom constar o número de série e ordem do pregão, modali-

dade de licitação e fazer menção que será regido pelas Leis nº 8.666/93/93 e nº10.502/02.

e. Definição das exigências de habilitação, das sanções aplicáveis, inclusive no que se refere aos

prazos e às condições relevantes para a celebração e execução do contrato e o atendimento das

necessidades da administração.

f. Designação do pregoeiro e de sua equipe de apoio.

g. Publicação do extrato do edital.

45
4.1.1.2 Fase Externa
A fase externa do pregão é mais extensa que a interna e se inicia com a convocação dos interes-

sados por meio de publicação no Diário Oficial ou jornal de grande circulação.

O início da fase externa do pregão se dá com a publicação do edital, onde constará a data, horá-

rio, proposta, local e objeto a ser licitado. As regras para a convocação constam no Art. 11, inciso I, do

Decreto nº 3.555/2000, onde de acordo com o valor destinado ao objeto, a publicação segue por meio

de internet, Diário Oficial da União ou jornal de grande circulação de acordo com a abrangência deste.

a. A divulgação do edital corresponde a, no mínimo, 8 dias úteis, entre a data de divulgação do

edital e o prazo em que os interessados poderão entregar suas propostas que serão abertas

apenas na data e horário designados para a abertura da sessão pública, no caso do pregão

presencial.

b. O credenciamento ocorre quando os licitantes comparecem no local, hora e dia agendados, ou

seus representantes legais, para identificação e comprovação dos poderes exigidos para a apre-

sentação de propostas e participação no pregão.

c. No recebimento dos envelopes são verificadas as credenciais de todos os licitantes presentes,

onde se declarada então, aberta a sessão, sem interrupções até o término do tempo.

d. Ao pregoeiro são entregues as propostas e documentação de habilitação, em dois envelopes

separados, um contendo a proposta, e outro contendo a documentação de habilitação do

interessado.

e. Procede-se, então, a abertura dos envelopes imediatamente após a sua entrega, são abertos e

rubricados pelo pregoeiro, equipe de apoio e participantes. Será verificada a conformidade com

o Edital, no caso de não conformidade isso implica na desclassificação do participante. Este

momento requer especial empenho e atenção da equipe, no preenchimento das planilhas de

custo e, em particular, da exatidão dos somatórios, evitando manter nas propostas erros que

possam ser cometidos pelo licitante, que poderá realizar a correção antes de encerrada esta

etapa do pregão, desde que não sejam referentes aos valores da proposta.

46
f. Após todos os documentos dos envelopes revisados inicia-se a fase onde ocorrem os lances, e

as negociações entre o pregoeiro e o licitante.

g. Esgotada a sessão de lances verbais, o pregoeiro passa ao julgamento da proposta de menor

preço. Ocorrendo a classificação do último lance apresentado por cada licitante, conforme ordem

crescente de preço. Neste momento, se verifica a compatibilidade da proposta com o preço esti-

mado pela Administração Pública na elaboração do Edital. O pregoeiro poderá negociar direta-

mente com o licitante, a fim de reduzir preços. O exame de aceitabilidade também considera

os prazos de fornecimento, parâmetros de desempenho, especificações técnicas e de qualidade.

h. A fase de habilitação ocorre somente após a classificação e julgamento das propostas de forma

que o procedimento do pregão prevê a inversão entre as fases de julgamento e de habilitação,

conforme a Lei nº 8.666/93/93. Os procedimentos de habilitação só são realizados para o lici-

tante que apresentar o menor preço na proposta. Os documentos a serem verificados compre-

endem: habilitação jurídica, qualificação técnica, qualificação econômico-financeira e regulari-

dade fiscal e trabalhista.

i. A fase recursal consiste na manifestação por parte dos licitantes em interesse ao recurso.

Concede-se, então, o prazo de três dias corridos para que apresente as razões do seu recurso. Os

demais licitantes ficam intimados a apresentarem contrarrazões ao recurso em igual prazo. Como

recurso e as contrarrazões, o Pregoeiro realiza a análise onde sua decisão poderá ser revista.

j. Terminado o prazo de recursos a aa

k. A adjudicação será realizada pelo pregoeiro, ao término da sessão do

pregão, sempre que não houver qualquer manifestação dos participan-

tes em apresentar recurso. Se houver

interposição de recurso, este será jul- 


Para saber mais
gado pela Autoridade Competente que
A licitação na modalidade de pregão, na forma
eletrônica, não se aplica às contratações de obras
será responsável pela posterior homo-
de engenharia, bem como às locações imobiliárias e
logação da licitação e adjudicação do alienações em geral, conforme previsto no Art. 6º do
Decreto Federal nº 5.450/2005.
objeto ao vencedor. 

47
Basicamente, estas são as etapas do pregão. A fim de melhor diferenciar-

mos o pregão eletrônico do presencial, veja a

Tabela a seguir: 
Link
Acesse as Leis sobre o pregão na íntegra para au-
mentar seu conhecimento. Busque no site do plan-
alto.gov


Pregão Presencial Pregão Eletrônico

Sessão Pública Com a presença de licitantes. Envio de informações via internet.

Os licitantes poderão participar da sessão


Credenciamento dos licitantes interessados
Abertura pública na internet utilizando uma chave
em participar.
de acesso e senha.
O pregoeiro abrirá os envelopes com as O pregoeiro verifica as propostas,
Classificação das
propostas de preço e classifica o autor da desclassificando aquelas em não
propostas
proposta de menor preço. conformidade com o edital.
Os licitantes da menor proposta até
àqueles detentores de propostas 10%
superiores a ela estão classificados para
a fase de lances. Caso não haja pelo
Todos os licitantes, cujas propostas não
Lances menos três licitantes que atendam essas
foram desclassificadas, podem oferecer
condições, deverão ser convocados para
lances.
a fase os demais, obedecida a ordem de
classificação das propostas, até o máximo
de três, quaisquer que sejam os preços
oferecidos.

Autoria dos Os presentes na sessão pública sabem É vedada a indicação dos licitantes
lances quem são os autores das propostas. responsáveis pelos lances.

Os licitantes são classificados, de forma


Os licitantes podem oferecer lances
sequencial e apresentam lances verbais,
Ordem dos lances sucessivos independente da ordem de
a partir da proposta de maior preço e os
classificação.
demais em ordem decrescente de valor.

48
Pregão Presencial Pregão Eletrônico

Ocorre por decisão do pregoeiro e o


sistema eletrônico encaminha aviso de
Término da fase Ocorre quando não houver lances menores
fechamento dos lances, após o período
de lances que o último ofertado.
de até 30 minutos, aleatoriamente
determinado.
Os documentos deverão ser enviados
Habilitação A documentação deverá ser apresentada após a solicitação do pregoeiro, ou de
em envelope lacrado. acordo com o encerramento da fase,
conforme previsto no edital.
A intenção de recorrer pode ser realizada
A intenção do licitante de recorrer deve ser
Recurso pelo licitante, de forma imediata e
feita de forma verbal, no final da sessão
motivada, em campo próprio no sistema
com registro em ata das razões.
eletrônico.
A falta de manifestação autoriza o A falta de manifestação autoriza o
Adjudicação
pregoeiro a adjudicar o item ao vencedor pregoeiro a adjudicar o item ao vencedor
do certame. do certame.

Fonte: SEBRAE (2014).

4.2 Regime 
Assimile

Diferenciado de Pregão é a modalidade de licitação em que a dispu-


ta pelo fornecimento de bens ou serviços comuns
do Governo Federal é realizada em sessões públicas,
Contratações por meio de propostas de preços escritas e lances
verbais. Artigo 2º do Anexo I do Decreto Federal nº

Públicas
3.555/2000.


O Regime Diferenciado de Contratações

Públicas, conhecido pela sigla RDC, foi instituído em nosso ordenamento jurídico por meio da Lei nº

12.462/2011, e consiste em um novo regime de licitações e contratos para a Administração Pública.

Tal norma gerou para os operadores do Direito, desde a sua concepção, uma enorme discussão acerca

de seus dispositivos. Parte daqueles que sobre a Lei se debruçaram defendem a revogação de parte

de seus dispositivos, ou mesmo sua revogação total, em virtude de sua possível inconstitucionalidade.

49
Outros afirmam que não é possível, dada a ausência de viabilidade, aplicar alguns dispositivos da Lei. Há

ainda os que defendem, em todos os aspectos, a nova legislação licitatória.

A RDC cria um regime licitatório e contratual específico para eventos esportivos, inicialmente vol-

tada apenas para eventos esportivos específicos como a Copa das Confederações da FIFA, a Copa do

Mundo FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, aplicável exclusivamente às obras, servi-

ços e compras relacionadas aos eventos supracitados.

Após o início de sua utilização, o Governo Brasileiro concluiu que a forma licitatória tratada na

Lei nº 8.666/93/1993, era demasiadamente burocrática e não atendia a necessidades de rapidez e o

resultado adequado para a realização dos eventos esportivos. Assim, expediu a Medida Provisória nº

527/2011, convertida na Lei nº 12.462/2011, e por meio do Decreto Federal nº 7.581/2011, que regu-

lamentou o Regime Diferenciado de Contratações Públicas na Administração Pública Federal.

A legislação regida pela Lei nº 12.462/2011 foi sofrendo alterações com o passar do tempo. A pri-

meira delas que se deu, a Lei nº 12.688, de 18 de julho de 2012, considerou que o RDC também

seria aplicável às licitações e contratos necessários à realização das ações integrantes do Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), que nada mais é que um conjunto de obras de infraestrutura social,

urbana, energética e logística do país, que são consideradas como fundamentais ao desenvolvimento

do Brasil, segundo o governo.

Em outubro de 2012, por meio da Lei nº 12.722, ampliou-se o âmbito de alcance do RDC, apli-

cando a Lei às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia no

âmbito dos sistemas públicos de ensino. Posteriormente, a Lei nº 12.745, de 19 de dezembro de 2012,

estabeleceu que o RDC também se aplicava a obras e serviços de engenharia no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS). Por último, no dia 24 de dezembro de 2013, foi exarada a Medida Provisória

nº 630 (que, posteriormente, foi convertida em Lei) trouxe em seu conteúdo que as obras e servi-

ços de engenharia para construção, ampliação e reforma de estabelecimentos penais e unidades de

atendimento socioeducativo também poderão ser licitadas e contratadas pelo Regime Diferenciado de

Contratações Públicas. A Lei nº 12.980/2014 incluiu, em definitivo, as áreas anteriormente elencadas

no artigo 1º da Lei nº 12.462/2011.

50
As alterações continuaram, com o Art. 1º, VI, da Lei nº 12.462/2011, alterada pela Lei nº 13.190/2015,

tornou possível sua utilização em ações no âmbito da segurança pública, obras e serviços de engenha-

ria, relacionadas a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infraestrutura logística. Também

houveram alterações para os casos de contratos de locação de bens móveis e imóveis pela Lei nº

13.190/2015, assim como tornou possível a contratação de construção ou reforma substancial, com

ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por terceiros, do bem especificado pela administra-

ção, ações, obras e serviços de engenharia em órgãos e entidades dedicados à ciência, à tecnologia

e à inovação.

As principais diferenças do RDC e da Licitação disposta na Lei nº 8.666/93/1993, se diferem em

vários sentidos, como:

• Possuem regras próprias na aquisição de bens.

• Possibilitam a contratação integrada de obras permitindo agilidade no período de obras.

Repartição dos riscos entre a administração e a contratada.

• Permitem que a remuneração seja variável vinculada ao desempenho da contratada baseada em

metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazo de entrega definidos.

• As fases do processo de licitação podem ser invertidas no momento da

habilitação e julgamento.

Podemos também observar uma modifi-

cação no orçamento que vem a ser sigiloso,



não será divulgado aos licitantes, mas dis- Exemplificando
Que forma de pregão realizar-se-á quando a dispu-
ponibilizado aos órgãos de controle, a licita- ta pelo fornecimento de bens ou serviços comuns
for feita à distância em sessão pública, por meio de
ção pode adotar os modos de disputa aberto sistema que promova a comunicação pela internet
fundamentado no Decreto nº 5.455/2005? Segun-
e fechado, que poderão ser combinados na do nosso conteúdo, seria a modalidade na forma
eletrônica, como modalidade de licitação do tipo
forma do regulamento, sendo possível, inclu- menor preço, ou seja, pregão eletrônico.

sive, a apresentação de lances intermediá-

rios, entre outras.

51
Questão para reflexão
A RDC é uma forma de contratação que gera muitas discussões sobre a transparência deste pro-

cesso no meio jurídico. Leia a Lei na íntegra, e elabore um Quadro comparativo entre as Leis nº

8.666/93/1993 e nº 12462/2011.

Considerações Finais
• O pregão é a sexta modalidade de licitação, instituída pela Lei nº 10.520/2002 e regulamentada

pelos Decretos nº 3.555/2000 e nº 5.450/2005.

• O pregão é a modalidade destinada à aquisição de bens e serviços comuns onde a disputa é

realizada por sessão pública, mediante propostas e lances dos proponentes, para a classificação

e habilitação do licitante com a proposta de menor preço.

• As formas de pregão se dividem em eletrônico e presencial.

• O Regime Diferenciado de Contratações Públicas, conhecido pela sigla RDC, foi instituído em

nosso ordenamento jurídico por meio da Lei nº 12.462/2011, e consiste em um novo regime de

licitações e contratos para a Administração Pública.

Glossário
Pregoeiro: servidor formalmente designado pela autoridade competente nas pequenas unidades

administrativas e em face de exiguidade de pessoal disponível para a condução do processo licitatório,

com capacitação específica para as atividades de pregoeiro.

52
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-O Pregão se encaixa em qual das modalidades licitatórias?


a) Primeira.

b) Nenhuma.

c) Sexta.

d) Quarta.

e) Quinta.

QUESTÃO 2-Quando foi a primeira ampliação no âmbito de alcance do RDC?


a) outubro de 2012.

b) janeiro de 2011.

c) agosto de 2012.

d) novembro de 2013.

e) março de 2012.

QUESTÃO 3-Na fase externa, o pregão tende a ser:


a) curto.

b) ineficaz.

c) útil.

d) extenso.

e) comum.

53
Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 10.462, de 04 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de Contra-
tações Públicas – RDC e dá outras providências. Presidência da República. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 5 ago. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/2002/L10462.htm>. Acesso em: 29 jan. 2018.

MEIRELLES, H. L. Direito Administrativo Brasileiro. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

MENEZES, N. J. Pregão presencial e eletrônico. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2011.

SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Pregão


Presencial e Eletrônico. Brasília: Sebrae, 2014.

54
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa C.
O pregão é a sexta modalidade de licitação, instituída pela Lei nº 10.520/2002.

QUESTÃO 2-Alternativa A.

Em outubro de 2012, por meio da Lei nº 12.722, ampliou-se o âmbito de alcance do RDC, apli-

cando a Lei às licitações e contratos necessários à realização de obras e serviços de engenharia.

QUESTÃO 3-Alternativa D.

A fase externa do pregão, é uma fase mais extensa que a interna, se inicia com a convocação dos

interessados por meio de publicação no Diário Oficial.

55
5
Contratos
administrativos
Objetivos Específicos
• Conhecer os principais contratos administrativos;

• Verificar quais os principais componentes dos contratos;

• Compreender as implicações legais nas formas de execução de contratos.

Introdução
O objetivo desta aula é demonstrar os conceitos, elementos e as principais características do con-

trato administrativo. Veremos também os atributos próprios de um contrato que pretende buscar o

interesse público.

A teoria geral dos contratos descreve, entre seus princípios, uma preocupação com o resguardo do

equilíbrio contratual . Assim não são admitidas cláusulas protestativas, ou seja, aquelas que benefi-

ciam uma das partes de forma desproporcional, em detrimento de outra. Entretanto, esta premissa

se aplica apenas aos contratos de natureza privada. Ao se tratar de um contrato administrativo, este

não admite que as partes sejam tratadas de forma igual, visto que permitem a inclusão de cláusu-

las exorbitantes, entendidas inicialmente, como aquelas que beneficiam única e exclusivamente a

Administração Pública. Agora, iremos nos aprofundar um pouco nestes assuntos.

5.1 contratos administrativos


O contrato é um instrumento da Administração Pública para consolidar e atuar frente a acordos

necessários ao adquirir algum bem, obras ou serviço s. Na Lei nº 8.666/1993 da Constituição Federal,

encontramos no Capítulo III, seção I, no Art. 55, o disposto que trata de contratos públicos. A Lei regu-

lamenta em suas cláusulas o princípio geral dos contratos e as disposições do direito privado.

Os contratos administrativos são uma espécie de contrato que, por algumas peculiaridades, assu-

mem um caráter próprio, contando com um acordo de vontade, firmado livremente entre as par-

tes, visando a criação de direitos e deveres recíprocos. Normalmente é um negócio jurídico bilateral,

57
envolvendo ao menos duas pessoas, e comutativo, originando prestação mútua e equivalente entre

os envolvidos (LUZ, 2012).

Um contrato constitui verdadeira Lei entre as partes, estipulada consensualmente, como manifes-

tação de liberdade contratual, e dependente de certos requisitos, como objeto lícito, determinado e

possível, forma prescrita ou não vedada e capacidade das partes, não sendo

contratado verbalmente (LUZ, 2012).

Podemos considerar como características predominantes nos contratos

administrativos, o fato de serem consen-

suais porque prezam um acordo de vonta- 


Para saber mais
des, e não um ato unilateral e impositivo Não se engane! Os contratos administrativos são
parte dao processo licitatório, normalmente realiza-
da Administração; formais, por se expressa- dos após o período de no mínimo 03 dias de todos
os recursos externos, sendo firmado então após a
rem por escrito e com requisitos especiais;
homologação do pregão.

onerosos, por serem remunerados na forma

acordada; comutativos, por estabelecerem

compensações recíprocas e equivalentes as partes; e intuitu personae porque devem ser executados

pelo próprio contratado (SOUZA, 2018).

Assim, todo contrato deve estabelecer de forma clara e precisa as condições para sua execução,

expressas em forma de cláusulas que definam os direitos, deveres, obrigações e responsabilidades

das partes envolvidas, de forma a respeitar os termos da licitação ou proposta a que está vinculado.

Aqueles contratos que exprimam situação dúbia, em sua interpretação da realidade, devem privile-

giar e obedecer aos princípios constitucionais da dignidade, da função social e do contrato de boa

féboa-fé.

Além das cláusulas, os contratos devem estabelecer o objeto e seus elementos característicos, o

regime de execução ou a forma de fornecimento. As formas de pagamento, prazos, datas e reajustes,

se forem necessários.

Devemos lembrar que os contratos públicos são redigidos baseados no orçamento público. Como

os orçamentos são traçados dentro de um planejamento rigoroso, com prazos pré-determinados,

58
observamos que em sua grande maioria não ultrapassa o período de um ano. Nos casos onde o orça-

mento possa ainda se estender e a validade do contrato está próximo ao seu término, a gestão pode

preferir fazer um aditamento de contrato e manter a mesma proposta, sem necessidade de uma nova

licitação pelo período de mais um ano, desde que previsto no plano plurianual e no ato convocatório

da vencedora.

Em alguns casos, temos contratos para serviços que são contínuos na administração pública,

alguns destes podem se estender por até cinco anos, obedecendo aos critérios já citados e pautado

no Art. 57, inciso II, da Lei de Licitações.

De forma a ser bem compreendido, todos os contratos devem constar as datas de início e término

de obras ou da prestação do serviço. éA forma de crédito, penalidades e responsabilidades das partes

no caso de descumprimento também devem ser transparentes.

Os contratos administrativos admitem alterações, no caso de necessidade

por uma das partes, nos casos de modificações do projeto original ou de suas

especificações. O que pode ocorrer também com valores a serem acresci-

dos ou diminuídos, quanto a forma de paga-

mento ou devido aos encargos contratuais. 


Link
Em nome do interesse público, a O artigo proposto faz uma breve análise sobre os
Contratos Administrativos em geral, nos fazendo re-
Administração pode alterar o contrato uni-
fletir sobre algumas questões.
lateralmente quando houver necessidade, as TAVARES, J. C. S.; ALVES, N. F. Cláusulas exorbi-
tantes no contrato administrativo. Revista Científica
cláusulas passíveis a este fim são conheci- e-Locução, v. 1, n. 2, 2015.

das como exorbitantes. Explicaremos melhor

estes pontos a seguir.

5.1.1 Espécies de cláusulas exorbitantes


Uma das cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos é a possibilidade de a Administração

Pública exigir do contratado uma garantia que possa utilizar para ressarcir-se de um eventual preju-

ízo causado por ele . A exigência de Garantia, prevista no art. 56 da Lei nº 8.666/1993, que pode ser

59
oferecida nas seguintes modalidades: caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, seguro-garantia

e fiança bancária, todos sendo restituídos após a execução do contrato .

Esta garantia será utilizada para ressarcir a Administração dos possíveis prejuízos sofridos ou para

pagamento de multa, independente de intervenção do Poder Judiciário (art. 80, inciso III, da Lei nº

8.666/93).

Outra cláusula exorbitante é a possibilidade de alteração unilateral por parte da Administração, que

autoriza a modificação do contrato administrativo celebrado para melhor adequação às finalidades

de interesse público, porém apenas as situações previstas no item “b”, II do art. 65 da Lei Federal nº

8.666/1993: “quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como

do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais

originários” (on-line).

Ou seja:

• alteração qualitativa: modificação do projeto ou das especificações para melhor adequação téc-

nica aos seus objetivos;

• alteração quantitativa: necessidade de mudança do valor contratual por força de acréscimo ou

diminuição quantitativa de seu objeto, observados os limites legais.

Este tipo de alteração por parte da Administração somente poderá ocorrer

quando na presença de interesse público a justificar a medida; em respeito

à natureza do contrato, no que diz respeito

ao seu objeto (um contrato com finalidade



determinada não poderá servir para um fim Exemplificando
As cláusulas exorbitantes são cláusulas existentes
totalmente diferente do certame); deve ser nos contratos administrativos, e apenas nestes con-
tratos, nos contratos particulares são consideradas
observado o equilíbrio econômico-financeiro ilícitas. Exemplificando: são elas que permitem à
Administração Pública o benefício sobre o particular,
entre os contratantes; quando se tratar de justificadas apenas pelo fato de defenderem o in-
teresse público na mudança de alguns componentes
alteração quantitativa, deve respeitar o dis-
destas cláusulas.

posto no art. 65, da Lei nº 8.666/1993.

60
5.1.2 Nulidade, formalização e garantia de publicidade
A nulidade de contrato ocorre quando é apurado ilegalidade no contrato. A declaração de nulidade

do contrato o torna inexistente e invalida seus efeitos passados ou futuros.

Entretanto, a nulidade não isenta a Administração de indenizar o contratado pelo que este foi exe-

cutado até a data em que ela for declarada, bem como por outros prejuízos quando forem comprova-

dos, pelo que dispõe o art. 59 da Lei Federal de Licitações, devendo esta, também operar retroativa-

mente, sendo consideradas sem efeito todas as repercussões decorrentes do ato. 

No que tange a formalização dos contratos conforme determina o art. 60 da Lei nº 8.666/1993,

os contratos e seus aditamentos devem ser lavrados nas repartições interessadas, as quais mante-

rão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a

direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo

juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.

A publicidade do contrato se dá pelo acesso de todas as partes envolvidas ao conteúdo e cláusulas

e termos do contrato que se acharem necessárias, a obtenção de cópia autenticada, desde que pro-

mova o pagamento dos emolumentos devidos.

A Administração deverá providenciar o encaminhamento do resumo de contrato e seus aditamentos

à imprensa oficial, como estipulado na Lei, até o quinto dia útil seguinte ao da

assinatura do respectivo instrumento, devendo resguardar que sua publicação

seja efetivada até 20 dias contados do término daquele prazo. Com ressalvas

aos contratos praticados pelas sociedades de

economia mista, conforme previsto no art. 


Para saber mais
173 da Lei nº 13.303. As alterações contratuais podem ser feitas com as
devidas justificativas, nos casos unilateralmente pela
O artigo 78 da Lei nº 8.666/1993 con-
Administração, ou por acordo das partes, como pre-
tém vários dos motivos que podem levar a visto no Art. 65, da Lei nº 8.666/93.

Administração a rescindir unilateralmente os

Contratos Administrativos.  A Lei prevê que

61
em razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determina-

das pela máxima autoridade da esfera administrativa a possibilidade de rescindir o contrato. Porém,

quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII a XVII do Art. 78, sem que haja culpa do contra-

tado, este será ressarcido dos prejuízos comprovados que vier a sofrer, sendo determinado o montante

de gastos e despesas praticados. Caso este for culposo, áo contratado não terá direito à indenização,

mas poderá pleitear o recebimento dos valores devidos até o fim do contrato.

A rescisão ou descumprimento contratual pode aplicar as sanções previstas no art. 86 da Lei

de Licitações, que não se restringe às hipóteses de inexecução total ou parcial do contrato, abar-

cando também todo e qualquer ilícito que poderá ser cometido durante o

procedimento licitatório e a execução da avença. De acordo com o artigo

86 da mesma Lei, podem ser aplicadas as penalidades de multa, advertên-

cia e até a suspensão temporária do direito

de participar em licitação e impedimento de



contratar com a Administração, por prazo Assimile
Após um processo licitatório ser homologado , a ad-
não superior a 02 anos. A empresa poderá ministração percebe que deixou de solicitar no edital
um determinado serviço no quantitativo real de sua
também ter declarada sua inidoneidade necessidade. Como seria possível resolver esta situ-
ação? Após a leitura, percebemos que poderíamos
para licitar e contratar com a Administração fazer uma mudança contratual baseados no Art. 65
da Lei Federal nº 8.666/1993.
Pública, sendo estes dois últimos de maior 

gravidade.

Questão para reflexão


Podemos conhecer um pouco dos contratos. Quanto as cláusulas exorbitantes reflitaàs cláusulas

exorbitantes, reflita se há um limite até onde a Lei pode se estender.

62
Considerações Finais
• O contrato é um instrumento da administração para consolidar e atuar frente a acordos neces-

sários ao adquirir algum um bem ou serviço.

• Os contratos administrativos são uma espécie de contrato, que por algumas peculiaridades assu-

mem um caráter próprio.

• Os contratos administrativos admitem alterações, no caso de necessidade por uma das partes,

nos casos de modificações do projeto original ou de suas especificações.

• Os artigos que tratam de contratos estão dispostos na Lei nº 8.666/93 .

Glossário
Partes: são as pessoas ou instituições envolvidas no contrato. Para este conteúdo, podemos con-

cluir que uma das partes será a Administração Pública e a outra parte será o legitimado, ou prestador

de serviço.

Objeto: aquilo que se contrata, objeto ou motivo da contratação, podendo ser obras, serviços,

compras, alienações, concessões, locações ou permissões.

Intuitu personae: são firmados considerando a pessoa da parte contratada, em suas característi-

cas, decorre da obrigação de prestação pessoal do serviço ao contratante.

Verificação de leitura
QUESTÃO 1-A Teoria Geral dos Contratos, dentro da perspectiva da gestão pública, de-
monstra:”.

a) a preocupação com a resguarda do equilíbrio contratual.

b) a preocupação com as partes.

c) a preocupação com o objeto.

63
d) a preocupação com a administração.

e) a preocupação com o interesse público.

QUESTÃO 2-Os contratos administrativos são precedidos de:


a) execução.

b) contratos públicos.

c) homologação do pregão.

d) licitação.

e) pregão.

QUESTÃO 3-Que artigo da Lei trata das cláusulas necessárias em todos os contratos?
a) Art. 55.

b) Art. 56.

c) Art. 80.

d) Art. 65.

e) Art. 173.

Referências bibliográficas
LUZ, C. C. S. As garantias nos contratos administrativos conforme a Lei nº 8.666/93.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Faculdade de Direito. Curso de Ciências Jurídicas e Sociais. Rio Grande do Sul, 2012.

SOUZA, V. I. D. S.; SOUZA, F. D. S. Cláusulas Exorbitantes nos Contratos Administra-


tivos e a sua Mitigação. Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul Virtual, 2008.

64
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa E.
A preocupação em todo o processo licitatório, bem como nos contratos sempre é o bem público.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
O contrato somente é formalizado após a homologação do pregão.

QUESTÃO 3-Alternativa A .
O artigo da Lei que trata das cláusulas necessárias em todos os contratos é o Art. 55, da seção I,

da Lei nº 8.666.

65
6
Publicidade e
fiscalização
Objetivos Específicos
• Demonstrar as características próprias de um contrato que pretende buscar o interesse público;

• Verificar qual a necessidade de fiscalização dos contratos;

• Conhecer as exigências de publicidade de um contrato, bem como os mecanismos legais para

sua fiscalização.

Introdução
Toda contratação administrativa, decorrente de um procedimento licitatório ou aqueles realizados

de forma direta, devem proporcionar à Administração Pública a possibilidade de realizar negócios

mais vantajosos, buscando a relação custo-benefício, assegurando a democratização do acesso dos

interessados evitando restringir o caráter competitivo, sem esquecer do primordial, a defesa do bem

público.

O procedimento contratual exige dos agentes públicos envolvidos a observância das normas e prin-

cípios legais, da regularidade da despesa e da execução do contrato. Por outro lado, lembramos que

todo contrato realizado visando o bem público deve seguir algumas regras que levem ao controle e à

publicidade dos contratos, visando que todo investimento público possa ser monitorado por qualquer

cidadão interessado na forma como seus impostos são aplicados.

Assim apresentaremos algumas colocações, bem como as leis referentes à fiscalização dos contra-

tos administrativos e aos procedimentos para realizar a publicidade dos mesmos.

6.1 A fiscalização de contratos


A fiscalização e gestão de contratos é uma ação importante para que se cumpra com eficácia e

eficiência a utilização dos recursos públicos, mesmo sendo institutos distintos ambos são complemen-

tares e essenciais para que a administração obtenha resultados esperados em suas ações.

67
Quando a Administração Pública realiza

contratações em geral, a regra é realizar

um processo licitatório e formalizar contrato 


Para saber mais
administrativo para sua execução, possibili- Consulte o Manual de Licitações e Contratações Ad-
ministrativas. O Manual traz uma coletânea de juris-
tando a ocorrência de obras, serviços, publi- prudência dos tribunais judiciais (STF e STJ), con-
tendo vários elementos úteis às ações relativas a
cidade, compras, alienações, concessões, Contratos Administrativos.

permissões e locações.  

Para auxiliar esta prática, a Lei nº

8.666/1993 de Licitações , prevê que os

contratos administrativos devem ser fiscalizados e geridos, com o objetivo de garantir o interesse

público, evitando a ocorrência de fraudes, inexecuções contratuais e desperdício de recursos públicos.

A fundamentação legal a respeito das fiscalizações se encontra nos arts. 58, III, 67, §§ 1º e 2º e 70

da Lei nº 8.666/1993, que dispõem:

Art. 58. [...] III - fiscalizar-lhes a execução.

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante
da Administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-
-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição.

§ 1º O representante da Administração anotará em registro próprio todas as ocorrências rela-


cionadas com a execução do contrato, determinando o que for necessário à regularização das
faltas ou defeitos observados.

§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a competência do representante deverão


ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.

Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou


a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluindo ou
reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão interessado.

68
Podemos então compreender a fiscalização como a atividade exercida de modo sistemático pelo

contratante e seus representantes, para verificação do cumprimento das disposições contratuais, téc-

nicas e administrativas, em todos os seus aspectos. Tal atividade é de grande responsabilidade nos

procedimentos de gestão dos contratos, devendo ser realizado um rígido acompanhamento sobre as

etapas da execução contratual, tendo por finalidade verificar se ela tem respeitado a legislação e o

cumprindo de suas obrigações contratuais.

Ambas as partes envolvidas na contratação podem realizar atos fiscalizatórios, porém de formas

diferentes, de acordo com os dispositivos legais citados. A respeito da participação do autor do projeto

básico /executivo nesta fiscalização, a Lei nº 8.666/1993 coloca :

Art. 9 Não poderá participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução de obra ou


serviço e do fornecimento de bens a eles necessários: […]

II - Empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável pela elaboração do projeto básico


ou executivo ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou detentor de
mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a voto ou controlador, responsável téc-
nico ou subcontratado; […]

§ 1º É permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso


II deste artigo, na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou téc-
nico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço da
Administração interessada.

O artigo coloca ênfase nas questões relativas a obras, porém também se destina nos casos de con-

tratos para materiais, bens e serviços mesmo aqueles que não estão ligados a serviços de engenharia,

como exemplo os contratos de consultoria.

Mas diante do exposto, como ocorre a fiscalização dos contratos na prática cotidiana do trabalho?

Em sua maioria, os serviços necessitam ter uma pessoa responsável pela fiscalização dos contratos,

esta pessoa é conhecida como o fiscal do contrato. Tem-se como boa prática o fiscal do contrato ser

um representante da Administração, designado para exercer essa atribuição.

69
De forma a qualificar esta função, este representante deve ser de preferência do setor que solicitou

o bem ou serviço, que seja um profissional ou equipe de fiscalização habilitado, com a experiência

técnica necessária, sendo capacitado a acompanhar e controlar o serviço que está sendo executado. O

fiscal do contrato deve estar envolvido desde o início até o final do contrato. Em alguns casos, podem

também ser profissionais contratados especialmente para esse fim.

A sua função remete principalmente à finalidade básica dos contratos, exigir que os contratos admi-

nistrativos possam ser fielmente executados pelas partes, buscando a finalidade pública e a boa apli-

cação do dinheiro público .

O fiscal poderá executar o acompanhamento do contrato realizando registros formais periodica-

mente das ocorrências durante a vigência do contrato, sendo estas favoráveis ou não à Administração

Pública.

É muito importante não confundir gestão com gestor (FISCAL) de contrato. A gestão é o serviço geral

de gerenciamento de todos os contratos, já a fiscalização é pontual quanto aos atos relativos a um con-

trato em específico.

No caso de ocorrências julgadas como negativas, estas devem ser passadas ao gestor e sugerir as

medidas necessárias para a regularização das faltas observadas e, se necessário, indicar a notifica-

ção da empresa contratada, encaminhando assim para a aplicação da multa correspondente quando

necessário à autoridade competente.

A periodicidade para a execução da fiscalização do contrato depende diretamente do objeto do

contrato, podendo ser diária ou semanal, sendo o instrumento de fiscalização baseado no termo de

referência do contrato.

O Termo de referência estabelece a conexão entre a Contratação e o Planejamento realizado, ali-

nhando a contratação à estratégia do negócio, sendo constituído no princípio da eficiência, retomando

a necessidade de planejamento também nesta etapa.

Podemos estabelecer como principais funções do fiscal do contrato:

a. Acompanhamento do prazo de vigência do contrato verificando o momento em que se finda,

recomendando ao gestor que prorrogue, licite ou realize aditamento do contrato.

b. Comparar os preços pagos pela Administração Pública com os praticados efetivamente no

70
mercado, propondo alterações e reajuste dos preços.

c. Exigir somente o que for previsto no contrato.

d. Esclarecer dúvidas da Contratada que estiverem sobre seus conhecimentos.

e. Verificar cronograma físico-financeiro de obras, serviços ou aquisição de materiais e equipamentos.

f. Atestar a conclusão das etapas.

g. Recusar serviços que se apresentem em desacordo com o especificado no objeto.

h. Prestar contas ao ordenador de despesa, informações para os cálculos de reajuste de preços,

quando necessários.

i. Solicitar e elaborar justificativas técnicas cabíveis quando couber.

j. Comunicar ao setor jurídico quando ocorrerem irregularidades.

6.1.1 Publicidade dos contratos administrativos


O princípio básico da publicidade nos contratos administrativos é informar a sociedade sobre os atos

da Administração Pública. Está fundamentada no art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988,

juntamente com os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, e os direitos fun-

damentais à privacidade e à intimidade, estes não se aplicam à Administração Pública quando rela-

cionado às suas atribuições perante a sociedade, onde ela deve expor todas as suas decisões. Com as

alterações realizadas pela Lei Federal nº 8.883/1994, vários dispostos foram acrescentados instituindo

normas para as licitações e os contratos da administração .

A publicidade não é apenas um dos requisitos da Administração Pública, mas também a maneira do

Poder Público agir de forma transparente não ocultando seus feitos à população, tornando-os cons-

cientes de suas ações. Os gestores são os principais responsáveis para que se dê andamento de obras

e serviços e sobre a informação dos valores e tipos de contratos estabelecidos, para que assim a

Administração Pública cumpra seu papel de forma transparente.

Para os contratos administrativos produzirem efeitos jurídicos e regulares, devem ser tornados

públicos. Sua omissão poderá acarretar a invalidação e a não eficácia dos prazos estipulados, não pro-

duzindo efeitos.

71
A publicação deverá ser obrigatoriamente realizada por meio dos órgãos oficiais da Administração,

Diário Oficial da União, podendo ser o Diário Oficial do ente público respectivo ou o jornal de grande

circulação na região, devidamente autorizado por ato legal. No caso dos Estados, Distritos Federais

e Municípios, estes deverão definir em Leis próprias para qual veículo de divulgação irão utilizar . Os

atos e Leis municipais poderão também ser afixados na sede da Prefeitura ou da Câmara Municipal,

se não houver órgão oficial, de conformidade com a Lei Orgânica.

A Lei nº 8.666/1993 coloca como ato indispensável a publicação resumida dos atos contratuais,

seus instrumentos ou de seus aditamentos, na imprensa oficial. Alguns autores questionam a real

publicidade na divulgação apenas do resumo, pois não deixa transparente todos os termos do con-

trato. Com as modificações trazidas pela Lei nº 13.303/2016, que trata dos regimes de economia

mista, a publicidade dos contratos estabelecidos por esta Lei tornou o processo de publicidade e o

acesso à informação menos transparente quando comparado aos da Lei nº 8.666/93.

Outro ponto muito discutido é se o orçamento estimado pela Administração deve ser divulgado ou

não no Termo de Referência e no edital. A Lei de pregão estipula em seu artigo 3º, inciso III, que o orça-

mento detalhado deve integrar o procedimento, porém não sendo obrigatória a sua divulgação com o

instrumento convocatório como nas demais modalidades de licitação estipuladas pela Lei nº 8.666/1993

(art.40, §2º, II ). Para o Tribunal de Contas da União, a publicidade ou não dos

orçamentos por estes é uma decisão do gestor, sendo então facultativo.

De acordo com o Decreto nº 93.872, de

1896, o resumo do contrato deve conter no

mínimo o seguinte: 
Link
• Espécie Consulte o Manual de Licitações e Contratos: Orien-
tações e Jurisprudência do TCU / Tribunal de Contas
• Resumo do objeto do contrato da União, material complementar muito interessante
para ampliar seus conhecimentos.
• Modalidade de licitação

• Crédito pelo qual ocorrera a dispensa

• Número do empenho

• Valor do contrato

72
• Valor a ser pago no exercício corrente

• Prazo de vigência

• Data de assinatura

• Nome dos envolvidos/assinantes no contrato

• Nome das testemunhas.

O Tribunal de Contas da União (TCU) acrescenta a respeito dos contratos que se p roceda a atua-

lização das informações e dados contidos na sua página na Internet, e dê publicidade mensal às suas

compras, contratos e aditivos, na forma da Lei nº 9.755, de 16/12/1998, e da Instrução Normativa TCU

28/99. Acórdão 1182/2004 Plenário.

Faça constar dos processos licitatórios comprovante da publicação, em imprensa oficial, do extrato

do contrato e de seus termos aditivos, na forma do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993.

Acórdão 1105/2004 Segunda Câmara.

Faça a publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial,

conforme o disposto no art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993, condição indispensável para

sua eficácia. Acórdão 861/2004 Segunda Câmara.

Providencie a publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa

oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, até o 5º (quinto) dia útil do mês seguinte ao

de sua assinatura, para ocorrer no prazo de 20 (vinte) dias daquela data, evitando o ocorrido quanto

a instrumentos de contrato de que tratam [...] (Lei nº 8.666/1993, art. 61, parágrafo único). Acórdão

100/2004 Segunda Câmara.

Promova a publicação resumida do instrumento de contrato, bem como de seus aditamentos

na imprensa oficial, de acordo com a previsão constante no art. 61 da Lei nº 8.666/1993. Acórdão

2602/2003 Primeira Câmara.

Determina atenção quanto à correta publicação de seus atos/contratos, sobretudo, no Diário Oficial

da União. Acórdão 195/2003 Plenário.

Atenda ao disposto no parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666/1993, no que tange à obediência

73
do prazo legal fixado para a publicação resumida de seus instrumentos de contrato e aditamentos na

imprensa oficial. Acórdão 595/2001 Segunda Câmara.

Deve ser observado, quando da publicação dos extratos de contratos e dos seus aditivos, todos

os elementos que tal publicação deve conter (art. 33, § 2º, do Decreto nº 93.872, de 1986). Decisão

518/1997 Plenário.

Deve ser observado o prazo estabelecido para a publicação resumida de

contrato (parágrafo único do art. 61). Decisão 214/1997 Plenário (BORGES,

2014).


Assimile
O fiscal de contratos no serviço público é um profis-
sional designado pela administração e nomeado em
Diário Oficial ou veículo de grande circulação, com
competências e conhecimentos a respeito desta
função.



Exemplificando
Após um contrato de obra ser executado, verificou-se
que uma das salas de consultório médico faltava na
construção, mesmo constando na planta do projeto.
Baseado no conteúdo aprendido, como você acha
que este fato poderia ser evitado? Claramente este
problema poderia ser evitado se o fiscal do contra-
to estivesse acompanhando a obra, garantindo que o
disposto no contrato fosse obedecido.

74
Questão para reflexão
Reflita se a publicidade é o ato de publicar ou tornar público as ações referentes à Administração.

Como você percebe, em alguns dos casos como discutimos, este ato ser facultativo ao gestor?

Considerações Finais
• A Fiscalização e gestão de contratos é uma ação importante para que se cumpra com eficácia e

eficiência a utilização dos recursos públicos.

• A prática da fiscalização de contratos é disposta na Lei nº 8.666/1993 de Licitações.

• O fiscal do contrato deve estar envolvido desde o início até o final do contrato.

• A publicidade dos contratos administrativos não é apenas um dos requisitos da Administração

Pública, mas também a forma do Poder Público agir com transparência não ocultando seus fei-

tos à população.

Glossário
Ordenador de despesa: toda e qualquer autoridade cujos atos resultem na emissão de empenho,

autorização de pagamento, suprimento ou dispêndio de recursos.

Lei orgânica: é aquela Lei criada no âmbito de um Município, aprovada em dois turnos pela Câmara

Municipal, e pela maioria de dois terços dos votos de seus membros.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Qual a Lei que prevê que os contratos administrativos devem ser fiscalizados
e geridos?
a) Lei nº 8.666/1993.

b) Lei nº 8.883/1994.

75
c) Lei Orgânica 4.144/1999.

d) Lei nº 13.303.

e) Lei Orgânica 1666/1996.

QUESTÃO 2-Quem fiscaliza os Contratos Administrativos?


a) O Fiscal da empresa contratada.

b) O Secretário da pasta solicitante.

c) O Representante da Administração.

d) O pregoeiro.

e) O Representante da Receita Federal.

QUESTÃO 3-Qual a finalidade básica na publicidade dos contratos?


a) Preservar a administração.

b) Obedecer às normas da administração.

c) Informar a sociedade.

d) Prestação de contas.

e) Preservar o contratado.

76
Referências Bibliográficas
BORGES, C.; SANDRO, B. Licitações e Contratos. 3. ed. Rio Janeiro: Eliser, 2014.

BRASIL. Advocacia-Geral da União (AGU). Consultoria-Geral da União. Manual de licita-


ções e contratações. Brasília: AGU, 2014.

COSTA, A. F. Aspectos gerais sobre o fiscal de contratos públicos. Revista do TCU, n. 127,


p. 58-71, 2013.

JUSTEN, F. M. Comentários a Lei de Licitações e contratos administrativos. 12. ed. São


Paulo: Dialética, 2008. 

77
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa A.
A fundamentação legal a respeito das fiscalizações se encontra nos Art. 58, III, 67, §§ 1º e 2º e 70

da Lei nº 8.666/1993.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração

especialmente designado.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
O princípio básico da publicidade nos contratos administrativos é informar a sociedade sobre os atos

da Administração Pública.

78
7
Recursos
administrativos
nas licitações
Objetivos Específicos
• Conhecer o que são os recursos administrativos;

• Verificar quando eles são cabíveis;

• Conhecer a função dos envolvidos nos processos licitatórios frente aos recursos .

Introdução
Como podemos evidenciar pela literatura, o Processo Licitatório é um procedimento que tem como

objetivo identificar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública, atendendo assim às

necessidades de contratação, de serviços ou fornecimento de produtos.

Por não tratar de uma livre escolha pautada em critérios subjetivos, muito da Lei nº 8.666/93 se

aplica na íintegra, assim é necessário o envolvimento de muitos membros da Administração Pública

para que este processo siga corretamente e atenda a seus fins .

Tendo em vista todas as formalidades que a Administração Pública está obrigada a observar na ins-

tauração, condução e julgamento do certame, é dado ao licitante a oportunidade de interposição de

Recurso Administrativo com o objetivo de questionar o ato administrativo adotado e levar a matéria

a uma segunda instância administrativa que, ao analisar as razões contidas na peça recursal, poderá

reformar o ato impugnado, alterando ou modificadomodificando-o.

Assim, nesta aula, procuraremos entender melhor todo este processo e onde estas medidas são

cabíveis, os prazos e etapas.

7.1 Recursos administrativos


O direito de recorrer das decisões é garantido constitucionalmente, abrange os processos adminis-

trativos e, mais especificamente, as licitações e contratos na Lei nº 8.666/93 em seu artigo 109.

O Recurso nada mais é que uma defesa administrativa, na qual se impugna uma decisão, com o

objetivo de provocar o reexame da matéria decidida, buscando obter uma reforma ou modificação

80
da decisão. As decisões administrativas em um procedimento licitatório podem ser reexaminadas por

meio dos pedidos de reconsideração, das representações ou dos recursos, podendo todos os licitantes

participantes de uma licitação contestar e oferecer oposição ao julgamento da Comissão de Licitação

ou do Pregoeiro. 

O art. 109 da Lei nº 8.666/1993 elenca as hipóteses em que são cabíveis a interposição de recurso.

O artigo coloca:

I - Recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da


ata, nos casos de:

a) habilitação ou inabilitação do licitante;

b) julgamento das propostas;

c) anulação ou revogação da licitação;

d) indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;

e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta Lei; (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)

f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa;

II - Representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da intimação da decisão relacionada com


o objeto da licitação ou do contrato, de que não caiba recurso hierárquico;

III - Pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de Estado, ou Secretário Estadual


ou Municipal, conforme o caso, na hipótese do § 4º do art. 87 desta Lei, no prazo de 10
(dez) dias úteis da intimação do ato.

81
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas “a”, “b”, “c” e “e”, deste artigo, exclu-
ídos os relativos a advertência e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante publica-
ção na imprensa oficial, salvo para os casos previstos nas alíneas “a” e “b”, se presentes os
prepostos dos licitantes no ato em que foi adotada a decisão, quando poderá ser feita por
comunicação direta aos interessados e lavrada em ata.

§ 2o O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo,
podendo a autoridade competente, motivadamente e presentes razões de interesse público,
atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva aos demais recursos.

§ 3o Interposto, o recurso será comunicado aos demais licitantes, que poderão impugná-lo
no prazo de 5 (cinco) dias úteis.

§  4o  O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato
recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, nesse
mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informados, devendo, neste caso, a decisão ser
proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob
pena de responsabilidade.

§ 5o Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido de reconsideração se inicia ou corre


sem que os autos do processo estejam com vista franqueada ao interessado.

§ 6o Em se tratando de licitações efetuadas na modalidade de “carta convite” os prazos esta-


belecidos nos incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis. (Incluído
pela Lei nº 8.883, de 1994)

O fato de existirem hipóteses impugnáveis por meio de um recurso, não significa a impossibilidade

de outras situações também serem atacadas da mesma maneira. Para se exercer o direito de recorrer

das decisões administrativas devem ser considerados o prazo, interesse e legitimidade.

82
Agora, no caso de uma decisão que inabilite um licitante, este não poderá ser o motivo do recurso

de alguém que não participou do certame porque esse não teria legitimidade nem interesse. Também

não se pode interpor o recurso de forma intempestiva, pois já teria decaído o direito de obter um novo

julgamento.

Assim, veremos alguns pontos que são exigidos para que o direito de recurso seja legítimo e reconhe-

cido pela autoridade administrativa.

7.1.1 Quando é cabível a Representação


Para que tenhamos um recurso, é preciso um ato administrativo de caráter decisório, lembrando

que como descreve no art. 109 da Lei nº 8.666/1993, caberá ainda a interposição de representação,

no prazo de 5 dias úteis da intimação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou do con-

trato, de que não caiba recurso hierárquico. Este prazo legal para a interposição é conhecido no meio

jurídico como tempestividade.

Também é indispensável que a pessoa do recorrente tenha interesse e legitimidade para se colo-

car contra o ato decisório por meio do recurso administrativo, sendo que o licitante é uma das partes

legítimas para interpor o recurso contra atos cometidos durante a licitação.

No pregão, não há distinção entre cidadão ou licitante. Até dois dias úteis antes da data estabele-

cida para recebimento das propostas, qualquer pessoa poderá impugnar o edital conforme descrito no

art. 12, Decreto nº 3.555/2000, e no art. 18, Decreto nº 5450/2005.

Os licitantes que forem desclassificados ou inabilitados não poderão recorrer de fatos ocorridos

posteriores à sua desclassificação, portanto é necessário que caso haja interesse, estes entrem com o

recurso antes do vencimento do prazo legal.

Para que um julgamento do recurso seja possível, é preciso que a decisão tenha gerado algum tipo

de prejuízo ou que o recorrente se sinta lesado, caso contrário, este não poderá recorrer.

Outra maneira possível de recurso é realizando um pedido de reconsideração, de decisão ao Ministro

de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, no prazo de 10 dias úteis da inti-

mação do ato.

83
Devemos saber que para um recurso alcançar seu objetivo de permitir uma nova avaliação do pro-

cesso, este deve estar devidamente fundamentado nas razões que levaram o recorrente à solicitá-la ,

defendendo seu ponto de vista e os prejuízos causados pela ação que o levou ao recurso.

Após um recurso ser protocolado, será analisado pela autoridade responsá-

vel. Neste processo, será visto se o recorrente atende os requisitos de admis-

sibilidade, segundo exposto anteriormente,

podendo então ser aceito ou não.



Para saber mais
7.1.2 Contagem dos Quando lidamos com questões na linguagem jurídica,
podemos nos confundir com os termos. Fique aten-
prazos to(a): Intenção de recurso é a manifestação do lici-
tante registrada na própria sessão pública do pregão
Em regra, o prazo para recorrer das deci- contendo a motivação, de forma sucinta e objetiva,
do conteúdo de sua irresignação. E a Razão de recur-
sões em um procedimento licitatório é de 5 so é a peça processual pela qual o licitante recorrente
detalha seus argumentos recursais.
dias úteis, na modalidade convite para 2 dias 

úteis. A contagem ocorre do dia de início e

inclusão do dia do vencimento, assim, deve

iniciar no primeiro dia útil seguinte à lavratura da sessão pública ou intimação, sendo este em dia útil.

Ao ser acatado um recurso, a Administração deve providenciar para que seja dada ciência a todos

os outros participantes da licitação, possibilitando a estes o prazo de 5 dias úteis para que possam

impugnar o referido recurso , podendo ser diferente na modalidade de pragão.

Depois da manifestação de todos os interessados, sendo necessário poderá ocorrer o juízo de retra-

tação dentro do prazo de 5 dias úteis, pelo qual poderá ser revista a decisão, sempre de forma moti-

vada, caso em que a nova decisão também poderá ser atacada por recurso. Já se o entendimento for

de que a decisão foi acertada, os autos deverão ser encaminhados à autoridade superior no mesmo

prazo descrito .

7.1.3 Efeitos dos recursos


Todo o recurso deverá ser reavaliado após seu recebimento pela autoridade superior podendo ter:

84
a. efeito devolutivo: o objeto das razões recursais deverá ser reanalisado.

b. efeito suspensivo: onde se suspende os efeitos da decisão recorrida até que o recurso seja julgado.

Em ambas as situações, a Administração deverá avaliar as possíveis complicações decorrentes do

recurso interposto e verificar se realmente é admissível o efeito suspensivo ao mesmo. Em alguns

casos, a própria Lei determina o recebimento do recurso no efeito suspensivo, principalmente nos

casos de habilitação e inabilitação dos licitantes e de julgamento das propostas.

Outra decisão que possa vir a ocorrer é o pedido de reconsideração, onde

por solicitação da própria autoridade, autor da decisão anterior, refaça a análise

do caso e pronuncie outra decisão.

Na Lei nº 8.666/1993, o pedido de

reconsideração se restringe à decisão de 


Para saber mais
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual Leia o artigo que trata dos efeitos dos recursos e
aumente seus conhecimentos.
ou Municipal, conforme o caso, que deci- SAMPAIO, Ricardo Ramos. Recurso administrativo -
efeitos devolutivo e suspensivo. Conteúdo Jurídico,
dir pela inidoneidade do sujeito para licitar Brasília - DF: 17 jun. 2014.
ou contratar com a Administração. Tendo

o interessado 10 dias úteis para fazer seu

pedido de reconsideração.

Existe uma outra prática conhecida como representação, porém em muitos casos ela é confundida

com um recurso. Porém, a representação tratada no art. 109, II, da Lei de Licitações, está relacionada

com o objeto da licitação ou do contrato, em situações nas quais não caberia um recurso. Para as

representações, o prazo legal é de 5 dias úteis.

7.2 A posição do pregoeiro frente aos


recursos
O pregoeiro tem um papel de extrema importância dentro dos processos licitatórios, bem como sua

posição frente aos recursos, sendo ele o representante legal da Administração. A classificação final do

85
certame decorre da declaração do vencedor definitivo do pregão.

Todo licitante pode entrar com um recurso decorrente do ato de declaração do vencedor. Deverá o

interessado manifestar-se tão logo o Pregoeiro faça a declaração, sob pena de preclusão.

Veja-se que tal manifestação deverá ser motivada, mesmo que em linhas gerais, podendo o recor-

rente apresentar razões recursais escritas no prazo de três dias úteis ou corrido, a depender do pregão

ser presencial ou eletrônico. Os demais licitantes, no mesmo número de dias,

podem apresentar contrarrazões, logo após o final do prazo do recorrente.

Segundo a Lei nº 10.520/2002 e dos Decretos nº 3.555/2000 e nº

5.450/2005, o pregoeiro deve analisar os

motivos colocados pelo licitante na inten- 


Assimile
ção de recurso, deverá pronunciar se acolhe Recurso é um ato ou efeito de recorrer, auxílio, aju-
da. Uma defesa administrativa, na qual se impugna
ou não tal intenção, ou seja, deve se res- uma decisão, com o objetivo de provocar o reexame
da matéria decidida, buscando obter uma reforma ou
tringir ao exame da existência requisitos de
modificação da decisão.
admissibilidade. 

Questão para reflexão


Reflita como você, baseado no conte-

údo discutido, entende a responsabilidade do 


Exemplificando
pregoeiro frente a fase de recursos. durante um processo licitatório, uma das licitantes
entrou com recurso, alegando que foi prejudicada
na concorrência de um determinado item. Durante a
apreciação do recurso, foi entendido pelo pregoeiro
Considerações Finais que o recurso da empresa não seria acatado. Diante
do conteúdo aprendido, você julga que estaá decisão
cabe ou não ao pregoeiro? Sim, cabe ao pregoeiro
• O direito de recorrer das decisões é acatar ou não o recurso.

uma garantia constitucional.

• O Recurso é a defesa administrativa,

na qual se impugna uma decisão, com o objetivo de provocar uma possível mudança da matéria

86
decidida.

• O art. 109 da Lei nº 8.666/1993 regula as hipóteses cabíveis de interposição de recurso.

• O pregoeiro tem um papel de extrema importância dentro dos processos licitatórios.

Glossário
Interposição: esta palavra é geralmente usada no meio jurídico e se refere a colocar em um deter-

minado arranjo . Entre uma determinada clocaçãocolocação.

Admissibilidade: qualidade de tornar admissível, aceitável, aceitar como verdadeiro.

Reconsideração: o ato de rever, de reavaliar algo.

Verificação de leitura
QUESTÃO 1-As decisões administrativas em um procedimento licitatório podem ser reexa-
minadas por meio de:
a) um pedido formal.

b) um procedimento licitatório.

c) um pedido de reconsideração.

d) um pedido informal.

e) um julgamento da Comissão.

QUESTÃO 2-O Recurso nada mais é que:


a) um julgamento.

b) uma defesa administrativa.

c) uma argumentação.

d) uma conciliação.

e) uma sentença.

87
QUESTÃO 3-Todo recurso deverá ser reavaliado após seu recebimento pela autoridade su-
perior podendo ser:
a) efeito devolutivo e suspensivo.

b) efeito nulo.

c) efeito devolutivo.

d) efeito nulo e suspensivo.

e) efeito suspensivo.

Referências bibliográficas
ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito Administrativo Descomplicado. 20. ed. São Paulo:
Editora Método, 2012.

ARAÚJO, N. E. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Cons-
tituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm>. Acesso em: 11 fev. 2018.

Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa C.
As decisões administrativas em um procedimento licitatório podem ser reexaminadas por meio dos

pedidos de reconsideração.

88
QUESTÃO 2-Alternativa B.
O Recurso nada mais é que uma defesa administrativa.

QUESTÃO 3-Alternativa A.
Efeito devolutivo ou efeito suspensivo.

89
8
Crimes no
processo de
licitação
Objetivos Específicos
• Aprender as regras referentes aos crimes no processo de licitação;

• Conhecer os principais crimes no processo de licitação;

• Conhecer as penalidades cabíveis diante dos crimes de licitação.

Introdução
Nesta aula pretendemos, sem a intenção de esgotar o assunto, demonstrar quais são os principais

crimes cometidos, dentre os previstos na Lei de Licitações.

Como já estudamos, a Lei de Licitações veio regulamentar o art. 37, XXI, da Constituição, determi-

nando que as obras, serviços, compras e alienações serão contratadas mediante processo de licitação

pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam

obrigações de pagamento, cumprimento e suspensão dos contratos. Sabemos hoje que nem sempre a

licitação é a única forma de se realizar estas contratações. Nessas situações, podem-se encontrar os

institutos da licitação dispensada, da licitação dispensável e da inexigibilidade de licitação.

Para regulamentar o que as empresas devem cumprir de boa-fé, a Lei nº 8.666/1993 descreve

entre os arts. 89 a 99 os tipos de penalidades que podem ser executadas . Todos os artigos consti-

tuem infrações penais contra a licitação e, possuem como sujeitos ativos os licitantes, servidores públi-

cos e pessoas a eles vinculadas. Para melhor , entendimento, iremos agora apresentar os arts. 89 a

99 da Lei nº 8.666/93 de forma comentada.

91
8.1 crimes e das Penas segundo a Lei
Nº 8.666/93
8.1.1 Art. 89 – Dispensar ou inexigir licitação

Segundo o art. 89 da Lei nº 8.666/93: Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte-
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à
inexigibilidade:

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido
para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para
celebrar contrato com o Poder Público.

Como sabemos, a licitação é um procedimento administrativo realizado com previsão. É obrigatório

na Administração Pública quando se deseja contratar obras, serviços, compras, alienações e locações

com terceiros. E como já vimos também existem os casos em que a licitação não é realizada, por se

tratar de situações de dispensa ou de inexigibilidade.

O artigo coloca que aquele que dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei,

ou não observar as formalidades pertinentes à dispensa, nestes casos incorre em crime.

Este é um dos crimes mais comuns de licitação. Possui como sujeito praticante vários envolvidos

desde servidores públicos enredados nas licitações, administradores públicos, empresas licitantes ou

empresas até mesmo fora do processo licitatório que tenham se beneficiado com esta. Observa-se

também que o crime quando praticado, poderá até não gerar nenhuma consequência prejudicial ao

patrimônio público, estando em concordância com os preços de mercado. Ocorre que em várias vezes

92
a contratação indevida possa acarretar posteriormente superfaturamentos, desvios de verba pública,

e crimes de corrupção sejam emaranhados em meio a estas .

Para tais crimes, a pena é de detenção de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

8.1.2 Art. 90 – Frustrar ou fraudar


A infração do art. 90 trata da violação primária do processo licitatório que é possibilitar a igualdade

de oportunidades em competição entre os licitantes e a Administração Pública, causando favoritismos,

direcionamento e perseguições de um ou mais participantes.

Assim, aquele que direciona descritivo, frustra ou frauda, realiza algum tipo de combinação ou

recebe alguma gratificação, fere o caráter competitivo do procedimento licitatório, possivelmente com

o intuito de obter, qualquer tipo de vantagem pessoal ou coletiva, pratica crime e está sujeito à pena

de detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

8.1.3 Art. 91 – Patrocínio de interesse privado


Conforme determina o art. 91 da Lei de Licitações: “Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse

privado perante a Administração, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de contrato,

cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário” (on-line).

Neste artigo, tratamos de casos onde algum contrato ou licitação tenha sido criada por meio ou

troca, ou em favorecimento a um ente ou instituição, sendo ela a administração pública ou não . Se

enquadram neste artigo também os casos onde são invalidadas a licitação ou o contrato administra-

tivo pelo Poder Judiciário.

Pena de detenção, de 06 (seis) meses a 02 (dois) anos, e multa.

8.1.4 Artigo 92 - Vantagem contratual


O artigo 92 determina infração penal:

93
Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o
Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos
instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua
exigibilidade, observado o disposto no art. 121 desta Lei (on-line).

Em síntese, trata da vantagem indevida em que o servidor se beneficia injustamente de qualquer

tipo de modificação ou prorrogações contratuais exorbitantes. Como estudamos, após a adjudicação

onde se atribui o vencedor da licitação, e durante a execução dos contratos, não pode haver nenhuma

modificação. O que pode vir a ocorrer são modificações do serviço a ser prestado aumentando a folha

de arrecadação do licitante em benefício próprio, tratando-se de crime, mas para que assim seja jul-

gado deverá ser comprovado o dolo.

Ainda, neste artigo, temos o parágrafo único que coloca:

Parágrafo único, art. 92. “Incide na mesma pena o contratado que, tendo comprovadamente con-

corrido para a consumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se beneficia, injustamente,

das modificações ou prorrogações contratuais” (on-line).

Para tal crime, a pena é de detenção de 02 (dois) a 04 (quatro) anos, e multa.

8.1.5 Art. 93 – Impedimento, perturbação ou fraude do


procedimento licitatório
Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório também con-

figura crime, com pena de detenção. Muitas vezes, este artigo se configura na conduta onde o servi-

dor público dificulta os atos licitatórios ao longo de todo o procedimento, com a falta de documentos

anexos, perdendo prazos das devolutivas, mesmo sem importar qual será o resultado final. Está ligado

a sua desenvoltura, onde possa em alguma razão impedir, perturbar e/ou fraudar o ato procedimental.

Porém, temos de lembrá-lo(a) que todo e qualquer cidadão ou interessado tem o direito público

subjetivo à observância deste procedimento segundo o art. 4º da Lei nº 8.666/1993.

Pena de 06 (seis) meses a 02 (dois) anos, e multa.

94
8.1.6 Artigo 94 - Devassar o sigilo de proposta
O Art. 94 da lei em estudo diz: “Devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licita-

tório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos,

e multa” (on-line).

Ao apresentar a proposta, os participantes do processo licitatório colocam suas intenções, razões e

preços sugeridos para tal certame. Este é o princípio da competição. O sigilo das propostas apresen-

tadas pelos licitantes é ponto indispensável para que haja igualdade entre os participantes. Quando

se torna público ou parcialmente público a apresentação da proposta, este licitante está sendo dire-

tamente prejudicado podendo perder esta licitação, sendo ferido diretamente o princípio da isonomia,

gerando favoritismos, consequentemente, ferindo os outros artigos anteriores.

8.1.7 Artigo 95 - Afastar ou tentar afastar licitante


A infração penal prevista no disposto do art. 95 da Lei nº 8.666/1993 fere os princípios licitatórios

deixando prevalecer as perseguições e a corrupção. Determina:

“Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento

de vantagem de qualquer tipo [...]” (on-line).

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

Vemos que o artigo é bem claro quanto à configuração de crime, ou seja, afastar ou procurar afas-

tar licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer

tipo. Ainda em seu Parágrafo único dispõe que o mesmo incorre aos casos onde alguém se abstém ou

desiste de licitar, em razão de alguma vantagem oferecida.

Outra situação, são os casos onde profissionais são perseguidos, ameaçados ou até mesmo nos

casos da ocorrência de algum homicídio ou qualquer outra forma de violência.

Pena de detenção que varia de 02 (dois) a 04 (quatro) anos, além de multa e da pena correspon-

dente à violência.

95
8.1.8 Artigo 96 - Fraude à

licitação Para saber mais
O termo Fazenda Pública representa as pessoas de
direito público. Usualmente, em termos jurídicos,
A conduta típica deste artigo está relacio-
tem sido nominada como Fazenda Federal, Fazenda
nada em fraudar, usar de artifícios, ilusão, Estadual e Fazenda Municipal alguns entes. É utiliza-
do como referência às entidades da administração
trapaça, dentro da licitação para se benefi- direta e indireta dotadas de personalidade de direito
público, excetuando aqueles que tenham personali-
ciar de bens ou mercadorias em prejuízo da dade privada.

Fazenda Pública. Ou seja, quando o licitante

ou a empresa contratada que eleva os pre-

ços, vende mercadoria falsificada, sonega ou adultera nota fiscal.

O artigo dispõe:

Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para aquisição ou venda
de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:

I - elevando arbitrariamente os preços;

II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou


deteriorada;

III - entregando uma merca-


doria por outra;

Para saber mais
Ao elaborar os instrumentos convocatórios, recomen-
IV - alterando substância, da-se que a Administração verifique se o produto
qualidade ou quantidade da licitado deve atender normas e certificações técnicas
dos órgãos competentes. Em caso positivo, incluir
mercadoria fornecida; nos editais a exigência de apresentação de compro-
vação de atendimento quanto às normas e certifi-
cações técnicas relativas ao objeto, assim podemos
evitar o crime previsto no Art. 96.
V - tornando, por qualquer
modo, injustamente, mais 
onerosa a proposta ou a

96
execução do contrato: Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

A prática de qualquer um destes atos é considerada fraude à licitação e atenta contra o interesse

público.

8.1.9 Artigo 97 - Licitação com quem não possui


idoneidade
“Admitir à licitação ou celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo [...]”

(on-line).

Ao falarmos de idoneidade, tratamos de todo aquele profissional que se coloca como alguém

honesto, transparente e capacitado para exercer cargo e função a ele imposta, mas que pratica atos

contra a Lei de forma escusa. Contudo, o profissional honesto que celebrar contrato com empresa

desonesta, perante a Lei pactua com ela, praticando assim o dolo.

O crime apenas irá se configurar após a declaração de inidoneidade, ou seja, a Administração

Públicaública contrata pessoa ou empresa já declarada inidônea. Claro que aquele profissional que

não está ciente da inidoneidade da empresa não será julgado de igual forma.

Outro fato interessante a este artigo é que mesmo o ato da tentativa, sem consequência, confira-

-se crime.

Pena de detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.

8.1.10 Artigo 98 - Dificultar inscrição de licitantes


“Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos regis-

tros cadastrais ou promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancelamento de registro do

inscrito” (on-line).

O crime se configura no ato de impedir ou dificultar, alterar, suspender ou cancelar, a inscrição para

a participação em licitações, onde o servidor público no exercício de sua função, se utiliza de maneira

escusa para promover a interferência do registro cadastral do licitante.

97
Por isso, quem prática este crime deve ser

punido com detenção, de 06 (seis) meses a

02 (dois) anos, e multa. 


Assimile
Crimes licitatórios são todos aqueles atos praticados
contra os princípios básicos da Lei de Licitações, ou
8.1.11 Artigo 99 - A multa ao deixar de observar as formalidades na contratação
por dispensa ou inexigibilidade .
O artigo 99 não trata de um dos crimes 

em processos licitatórios, mas sim das multas

referidas entre os artigos 89 e 98.

A pena de multa consiste no pagamento de uma determinada quantia

fixada na sentença e calculada em porcenta-

gens, deve corresponder ao valor da vanta-

gem efetivamente obtida ou potencialmente 


Exemplificando
auferível pelo agente. Um determinado profissional envolvido no processo
de licitação, no momento da abertura dos envelopes
Os índices percentuais aplicados não realiza uma selfie de maneira a mostrar os envelopes
abertos com as propostas. Dentro do que foi visto
podem ser inferiores a 2%, nem superiores em nosso conteúdo, você acha que ele cometeu al-
gum crime? Sim, cometeu. Publicar integralmente
a 5% do valor do contrato licitado ou cele- ou parcialmente o conteúdo das propostas fere o art.
94, claro que ele será julgado conforme seu compro-
brado, com dispensa ou inexigibilidade de metimento com o caso.

licitação. O produto de depósito da multa

deve sempre ser revertido à Fazenda Federal,

Distrital, Estadual ou Municipal e pago após ser decretada a sentença.

98
Situação-problema
A disciplina de Licitações trata de todo o processo licitatório de forma clara e prática para a atua-

ção de profissionais que estejam envolvidos nesta forma de adquirir bens e serviços dentro do serviço

público. Muitas vezes, como gestores, necessitamos nos colocar à frente do processo de compra de

materiais e equipamentos ou na aquisição de serviços, seja como pregoeiro, seja como equipe técnica

ou equipe de apoio.

A necessidade de nos embasarmos é muito mais que necessária, é imprescindível, pois como pode-

mos observar cada ato em um processo licitatório pode acarretar consequências pessoais e profissio-

nais de cunho doloso, quando não, culposo.

Assim observe a situação a seguir:

A Prefeitura Municipal de Viana da Serra, de um Município com menos de 40 mil habitantes,

encontra-se em processo de informatização de seu sistema de saúde. Para esta implantação, seria

necessário adquirir computadores novos e contratar um serviço para suporte na instalação dos pro-

gramas e dos computadores. Januário, responsável pelo setor de licitações, contrata diretamente a

empresa “Novo Mundo”, do qual o proprietário é seu amigo de infância. Para este processo, realizou

dispensa do processo licitatório, que pelo valor da operação, seria necessário.

Baseado no conteúdo estudado, reflita e responda:

1. Quais as modalidades de licitação poderiam ser usadas para esta compra?

2. Qual seria a melhor modalidade para manter a transparência deste processo? E por quê?

3. Quem você acha que seria o maior beneficiado com esta compra?

4. Como você caracterizaria a competitividade neste caso?

5. Para concluir, se houve crime, qual seria?

99
Questão para reflexão
Entre os crimes licitatórios, fazendo um comparativo com a nossa sociedade atual, qual crime você

julga ser o que mais prejudica a sociedade?

Considerações Finais
• Sabemos hoje que nem sempre a licitação é a única forma de se realizar contratações no setor

público. Nessas situações se encontram os institutos da licitação dispensada, da licitação dispen-

sável e da inexigibilidade de licitação.

• Para regulamentar o cumprimento do que as empresas e o Poder Público devem cumprir de

boa-fé, a Lei nº 8.666/1993 descreve entre os arts. 89 a 99 os tipos de crimes que podem

ser executados.

• Os artigos tratam, além dos crimes, as possíveis sanções a serem atribuídas nos casos de crimes

licitatórios.

• O art. 99 não trata de um dos crimes em processos licitatórios, mas sim das multas referidas

entre os arts. 89 e 98.

Glossário
Inexigir: o contrário de exigir, dispensar ou inexigir a licitação.

Dolo: realizar algo de vontade própria; consciência; capacidade de decidir e se conduzir em decor-

rência da própria decisão.

100
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-Qual dos artigos estudados dispõe sobre as multas?


a) Art. 92.

b) Art. 91.

c) Art. 99.

d) Art. 94.

e) Art. 90.

QUESTÃO 2-Podemos entender o dolo como:


a) realizar algo de vontade própria.

b) um crime.

c) uma Lei.

d) uma multa.

e) realizar algo contra a própria vontade.

QUESTÃO 3-Aquele que recebe algo em bem próprio para sua vantagem fere o artigo:
a) art. 91.

b) art. 95.

c) art. 89.

d) art. 90.

e) art. 92.

101
Referências Bibliográficas
GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2012.

JUSTEN, F. Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 11. ed.


São Paulo: Dialética, 2005.

RITT, C. F. Os Crimes Na Lei de Licitações: Principais Aspectos Legais e Jurispruden-


ciais. Barbarói, n. 42, 2014.

TREVISAN, A. M. O combate à corrupção nas prefeituras do Brasil. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2003.

Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa C.
O artigo 99 não trata de um dos crimes em processos licitatórios, mas sim das multas referidas

entre os artigos 89 e 98.

QUESTÃO 2-Alternativa A.
Dolo significa quando alguém realiza algo de vontade própria; consciência; capacidade de decidir e

se conduzir em decorrência da própria decisão.

QUESTÃO 3-Alternativa E.
O artigo 92 determina infração penal de admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação

ou vantagem.

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