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Antunes
O QUE É SINDICALISMO
Verso
O ressurgimento da ação sindical foi um fato marcante na história recente do
Brasil. Para entender a importância desse acontecimento ê preciso discutir o
significado da organização dos trabalhadores na história da humanidade. O livro
do sociólogo Ricardo Antunes nos reporta às origens do movimento sindical, analisa
suas várias vertentes e aponta seus limites no interior da sociedade capitalista.
Além disso, o autor faz um balanço do sindicalismo brasileiro, desde o surgimento
das primeiras organizações de auxilio mútuo até a formação das Centrais Sindicais
nos últimos anos.
SUMÁRIO
Apresentação .......................................... 7
PRIMEIRA PARTE
Origens, evolução e importância dos sindicatos
O advento do capitalismo e o papel dos sindicatos. 10 O nascimento do sindicalismo
e das lutas
operárias: os trade-unions ......................14
A evolução do sindicalismo e suas várias concepções: anarquista, reformista,
cristã,
corporativistae comunista ......................19
A importância da atuação dentro dos sindicatos
operários ....................................................26
A luta pelo sindicato único .....................29
Os limites do sindicalismo e o papel do partido político 32
SEGUNDA PARTE O Sindicalismo no Brasil
As origens ................... . . . . . . . . . 38
A superação do anarquismo .......... 42
Getúlio Vargas no comando do Estado . .
O ressurgimento das lutas sindicais no Brasil no período de 1945-64 . . .
. . . . . . . . . . . . . 50
O avanço das lutas sociais durante o Governo
Goulart ......................... . .54
A longa noite do sindicalismo brasileiro . . . . 58
Retomada da luta contra o arrocho salarial ou greves de Osasco e Contagem em
1968 . 60
Maio de 78: as máquinas param; a classe operária volta à cena. Março de 79: os
braços novamente estão cruzados: começa a nascer a democracia . ’
. . . . . . . . . 63
A década de 80: anos de mudança no sindicalismo brasileiro — o nascimento da
CUT e da CGT . . . . . . . . , . • 67
Para onde vão os sindicatos . . . . . . . . . . . . . 76
Indicações de Leitura .................... . . . . . . 80
APRESENTAÇÃO
O ressurgimento da luta sindical no Brasil foi, para muitos, algo inesperado.
Para alguns porque, apesar de interessados, simplesmente desconheciam o que
efetivamente se passava no mundo do trabalho. Para outros porque
premeditadamente faziam questão de ignorar as reais condições de vida dos
trabalhadores. Havia também aqueles que ainda acreditavam, apelando pára afalsa
idéia da “passividade” do povo brasileiro, este encontrar-se resignado com o lugar
que lhe tinha sido destinado na sociedade. A todos eles — e a outros ainda —, o
ressurgimento do movimento sindical foi uma surpresa.
Este pequeno livro pretende destacar que esta “surpresa” era algo previsível no
desenrolar dos acontecimentos que envolviam a classe operária, sua história e seu
sindicalismo. Para tanto, introduz algumas questões preliminares para todos
aqueles que, envolvidos ou não na condição de assalariados, buscam principiar no
entendimento do que é o sindicalismo.
Daí que nos parece desnecessário frisar que ele foge a todas as regras de um
trabalho acadêmico. Se não bastasse o seu caráter meramente introdutório,
destina-se especialmente àquelas pessoas cujo cotidiano se desenvolve fora dos
muros da universidade.
Sob estas condições este texto foi concebido.
Nele se encontram duas partes: a primeira mostra as origens do sindicalismo,
suas várias concepções, sua importância e os seus limites dentro da sociedade
capitalista moderna. A segunda faz um sintético balanço da história do movimento
sindical brasileiro, destacando seus principais momentos, desde a criação das
organizações de auxilio mútuo na segunda metade do século XIX até os embates
mais recentes desencadeados pelo movimento dos trabalhadores.
RICARDO ANTUNESr
1ª Parte ORIGENS,
EVOLUÇÃO E
IMPORTÂNCIA DOS
SINDICATOS"
O advento do capitalismo e o
papel dos sindicatos
"Os sindicatos representaram, nos primeiros tempos do desenvolvimento do capitalismo, um
progresso gigantesco da classe operária, pois propiciaram a passagem da dispersão e da
importância dos operários aos rudimentos da união da classe. ’’
A sociedade capitalista encontrou em meados do século XVIII plenas
condições para a sua expansão. O intenso desenvolvimento das máquinas,
substituindo a produção artesanal e manufatureira, consolidou o capitalismo, que
agora ingressava na fase industrial.
0 maquinismo desenvolveu-se prodigiosamente, tornando-se mesmo uma lei
imperativa para os fabricantes capitalistas na concorrência que faziam entre si,
em busca de maiores lucros. Porém, o emprego da força mecânica e das máquinas
nos novos ramos industriais, assim como a utilização de máquinas mais avançadas
em ramos já mecanizados, deixaram sem trabalho um grande número de operários.
Esse excedente de mão-de-obra substituído pela máquina fortaleceu ainda mais o
capitalista que, a partir de então, passou a pagar um salário ainda mais humilhante
para os operários.
Neste momento a divisão da sociedade atingiu sua plenitude; constituíram-se
as duas classes fundamentais e antagônicas que compõem a sociedade capitalista.
De um lado os capitalistas, que são proprietários dos meios de produção, como as
máquinas, matérias-primas e que vivem da exploração da grande massa da
população, e, de outro, os proletários, que se encontram privados de toda a
propriedade dos meios de produção e que só dispõem de sua força de trabalho,
isto é, da sua capacidade de produzir. Noutras palavras, o produto criado pelo
trabalho do operário passou a ser apropriado pelo capitalista. E subsiste dentro da
sociedade capitalista a Lei do Salário que, como demonstrou Engels em seus
Escritos sobre o Sindicalismo, acarretando cada vez mais a diminuição da
remuneração do trabalhador, reforça as cadeias que tornam cada vez mais o
operário escravo do produto gerado pelas suas próprias mãos. Essa tendência ao
rebaixamento dos salários atinge um nível tal, que só é suficiente para a
reprodução do trabalhador, forçando-o a uma jornada de trabalho extenuante,
cheia de “horas extras”, além de ver sua mulher e filhos, estes na maioria das
vezes ainda em idade precoce, trabalhando sob condições desumanas.
Como decorrência dessa situação, os operários, que inicialmente não dispõem
de outra coisa senão sua força de trabalho, subordinam-se aos interesses e à
força do capital, mantendo com esse uma relação sempre desigual. A grande força
que possuem é, em contrapartida, a sua quantidade.
Essa quantidade, porém, é anulada quando há desunião entre a classe, o que não
acontece com os capitalistas que, facilitados pelo seu reduzido número,
encontram-se sempre organizados e coesos na defesa da propriedade privada e
dos lucros. Os operários encontrarão em suas organizações próprias condições
para dispor de um meio de resistência eficaz contra essa pressão constante pela
baixa de salários.
É neste momento que surgem os sindicatos; estes nasceram dos esforços da
classe operária na sua luta contra o despotismo e a dominação do capital. Os
sindicatos têm como finalidade primeira impedir que os níveis salariais se
coloquem abaixo do mínimo necessário para a manutenção e sobrevivência do
trabalhador e sua família. Os operários unidos em seu sindicato colocam-se de
alguma maneira em pé de igualdade com o patronato no momento da venda de sua
força de trabalho, evitando que o capitalista trate isoladamente com cada
operário. Esta é a função primeira dos sindicatos: impedir que o operário se veja
obrigado a aceitar um salário inferior ao mínimo indispensável para o seu sustento
e o da sua família.
Os sindicatos são, portanto, associações criadas pelos operários para sua
própria segurança, para a defesa contra a usurpação incessante do capitalista,
para a manutenção de um salário digno e de uma jornada de trabalho menos
extenuante, uma vez que o lucro capitalista aumenta não só em função da baixa de
salários e da introdução das máquinas, mas também em função do tempo excessivo
de trabalho que o capitalista obriga o operário a exercer.
A atuação dos sindicatos baseia-se nas lutas cotidianas da classe operária. Mas
além disso, os sindicatos constituem- se também força organizadora da classe
operária na luta pela supressão do sistema de trabalho assalariado. Devem ser
considerados como centro de organização dos operários visando sua emancipação
econômica, social e política.
O sindicato, ao tornar-se representante dos interesses de toda a classe
operária, conseguiu agrupar em seu seio todos os assalariados que não estavam
organizados, evitando que o operário continuasse sua luta isolada e individual
frente ao capitalista. A partir do momento em que os operários constituíram suas
organizações de classe, ficou mais difícil para o capitalista baixar
desmesuradamente o salário ou aumentar excessivamente a jornada de trabalho.
Presentemente os sindicatos são instituições reconhecidas e sua ação é
admitida como fator de regulamentação e fiscalização dos salários, da jornada de
trabalho e da legislação social. E graças à ação sindical que a Lei dos Salários é
controlada pelos próprios operários. Mais ainda: o papel dos sindicatos ó fornecer
aos operários alguns meios de resistência na sua luta contra os excessos do
capitalismo. Essa luta subsistirá enquanto a redução dos salários continuar a ser o
meio mais seguro e mais fácil para o capitalista aumentar seus lucros, ou seja,
enquanto durar o próprio sistema de salário. A simples existência dos sindicatos é
a prova disso: se não lutassem contra a usurpação do capital, diz Engels, para que
serviriam?
Os sindicatos representaram, conforme acrescentou Le- nin, nos primeiros
tempos do desenvolvimento do capitalismo, um progresso gigantesco da classe
operária, pois propiciaram a passagem da dispersão e da impotência dos operários
aos rudimentos da união de classe.
O nascimento do sindicalismo e
das lutas operárias: os
trade-unions
“Se a história das organizações sindicais inglesas teve momentos de derrotas e vitórias, é inegável
que elas constituíram a primeira tentativa efetiva dos trabalhadores de organizarem-se na luta
contra os capitalistas. Ao conseguirem abater a concorrência existente entre os operários
unindo-os e tornando-os solidários em sua luta, ao se utilizarem das greves como principal arma
contra os capitalistas, os operários conseguiram dar os primeiros passos na luta pela emancipação
de toda a classe operária."
A Inglaterra viveu, na segunda metade do século XVIII, um processo de desenvolvimento
intenso. O advento do vapor e das máquinas transformou as manufaturas em grandes
indústrias modernas, criando as novas bases da sociedade capitalista. Vivia-se a etapa da
produção em larga escala. Cada vez mais se acentuava a divisão da sociedade em grandes
capitalistas, de um lado, e proletários, de outro, mediados por uma massa de pequenos
comerciantes e artesãos, segmento flutuante e oscilante da população. O capitalismo
iniciava um processo que ainda haveria de desenvolver, mas já trazia consigo toda uma
gama de transtornos sociais, como a su- perexploração do trabalho, que atingia até 16
horas por dia, a exploração das mulheres e das crianças, o trabalho sem condições
mínimas de salubridade, além da aglomeração da população operária em locais sem as
mínimas condições de vida e habitação.
O intenso desenvolvimento do processo de produção capitalista teve, como já
referimos, a necessidade de recorrer cada vez mais ao uso das máquinas, o que
coadunava com os interesses dos capitalistas que procuravam auferir lucros cada
vez maiores. Vimos também que dentro destas circunstâncias a introdução das
máquinas trouxe a substituição de grandes contingentes de mão-de-obra, que
foram lançados ao desemprego. Oaí as primeiras manifestações de revolta dos
operários visarem a destruição das máquinas, num movimento denominado Ludismo.
Engels, em seu célebre estudo A Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra, mostrou que a forma mais elementar de luta da classe operária marcou
uma resistência violenta à introdução das máquinas. Os primeiros inventores
foram inicialmente perseguidos e suas máquinas destruídas. Mas essa forma de
revolta era isolada, limitada, e não conseguiu conter o inimigo maior que era o
próprio poder do capitalista. Mais ainda, colocou a sociedade inteira contra os
operários pelo seu gesto considerado brutal. Era pois necessário encontrar uma
forma de oposição mais eficiente e que representasse um avanço nas lutas da
classe operária.
Foi de grande importância para esse avanço a lei votada em 1824 pelo
Parlamento inglês, onde se conquistou o direito que até então era restrito às
classes dominantes: a livre associação. Na verdade as associações sindicais já
existiam na Inglaterra desde o século anterior, mas eram violentamente
reprimidas no desempenho de suas atividades, o que dificultava a organização dos
trabalhadores. Conquistado o direito de livre associação as uniões sindicais —
trade-unions, como as chamam os ingleses — desenvolveram-se por toda a
Inglaterra, tornando-se bastante poderosas. Em todos os ramos industriais, diz
ainda Engels, formaram-se trade-unions com o objetivo de fortalecer o operário
na luta contra a exploração capitalista. As trade-unions passaram então a fixar os
salários para toda a categoria, evitando com isso que o operário atuasse
isoladamente na luta por melhores salários. Passaram também a regulamentar o
salário em função do lucro, obtendo aumentos que acompanhavam a produtividade
industrial e nivelamdo- se a toda categoria.
As trade-unions negociavam com os capitalistas a criação de uma escala de
salários, forçando sua aceitação, e deflagravam greve sempre que esses salários
eram rejeitados. Ante as constantes manobras dos capitalistas, as trade-unions
auxiliavam financeiramente os operários em greve ou desempregados, através das
"Caixas de Resistência”, o que aumentava sobremaneira a capacidade de luta da
classe operária e tornava arriscado para o capitalista diminuir os salários ou
aumentar as horas de trabalho.
Outro avanço que se procurou obterfoi a aglutinação das várias categorias de
uma região numa federação. Em 1830 constituiu-se uma associação geral de
operários ingleses — a “Associação Nacional para a Proteção do Trabalho" — cujo
objetivo era atuar como central de todos os sindicatos. Reuniu operários têxteis,
mecânicos, fundidores, ferreiros, mineiros etc. Na vanguarda deste movimento
encontrava-se o operariado fabril de Lancashire, ocupados nas fábricas de
tecidos. A Associação era liderada por John Doherty (um operário que já nos anos
20 era secretário do Sindicato dos Fiadores de Algodão em Manchester) e reunia
milhares de associados, além de uma publicação periódica, A Voz do Povo. A função
principal da Associação Geral era resistir à diminuição dos salários e dar apoio aos
operáriqé em greve. Uma vez desrespeitado o salário fixado pelas trade-unions,
estas enviavam uma delegação junto ao patronato exigindo a aceitação dos salários
previamente estabelecidos pela escala. Se isso não fosse suficiente a Associação
recorreria à paralisação de todos os operários daquele ramo ou setor. Estas
greves eram parciais, em uma determinada fábrica ou setor de produção, ou
generalizadas, quando atingiam todo um ramo de produção, como os têxteis,
mineradores etc. Estes eram os meios legais utilizados pela Associação Geral e
somente se consolidavam em vitórias quando correspondiam a uma maciça
organização e atuação dos operários.
À medida que surgiam estas associações sindicais, os patrões, através das
demissões, começaram a pressionar e obrigar os operários a renunciar
formalmente a participar da vida sindical. Isso fez com que várias associações
sindicais fossem posteriormente extintas, o que demonstrou quão árdua foi a luta
dos operários pela sua organização nos sindicatos.
Destaque nesta luta das trade-unions inglesas deve ser dado a Robert Owen,
industrial que se tornou posteriormente um dos precursores do socialismo utópico
inglês. Diz Engels em seu ensaio Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico
que, enquanto se limitou ao papel filantrópico e assistencialista, Owen só recolheu
riqueza, aplausos, honra e fama, não só entre os homens de sua classe burguesa,
mas também entre os governantes e o Estado. Contudo, a partir do momento em
que formulou suas teorias socialistas, foi banido e perseguido pelos capitalistas e
peio Estado, além de ser ignorado completamente pela imprensa. Owen
aproximou-se cada vez mais dos interesses da classe operária, onde ainda atuou
durante algumas décadas. “Todos os movimentos sociais, todos os progressos reais
registrados na Inglaterra no interesse da classe trabalhadora estão ligados ao
nome de Owen. Assim, em 1819, após cinco anos de grandes esforços conseguiu
que fosse votada a primeira lei limitando o trabalho da mulher e das crianças nas
fábricas. Foi ele quem presidiu o Primeiro Congresso em que as trade-unions de
toda a Inglaterra se fundiram numa única e grande organização sindical”: Grande
União Consolidada dos Trabalhadores, criada em 1834 e que se dedicou a
sustentar as greves que eclodiram por toda parte na Inglaterra.
Foi Owen quem organizou as cooperativas de consumo e de produção que
serviram para demonstrar, na prática, que o comerciante ou intermediário e o
proprietário capitalista não são indispensáveis e, por outro lado, organizou ainda
os mercados operários, estabelecimentos de trocas dos produtos por meio de
bônus do trabalho, cuja unidade era a hora produzida. O que Owen não conseguiu
perceber — e por isso foi um socialista utópico — é que a transformação da
sociedade capitalista não seria pacífica e através de reformas, mas sim a partir da
luta violenta entre as classes, conforme mostraram Marx e Engels no célebre
Manifesto Comunista de 1848.
Se a história destas Associações é caracterizada por momentos de vitórias e de derrotas,
é inegável que elas constituíram a primeira tentativa efetiva de organização dos
trabalhadores na luta contra os capitalistas. Ao conseguirem abater a concorrência
existente entre os operários, unindo-os e tor- nando-os solidários em sua luta, ao
utilizarem-se das greves como a principal arma contra os capitalistas, os operários
conseguiram dar os primeiros passos na luta pela emancipação de toda a classe operária.
A evolução do sindicalismo e
suas várias concepções:
anarquista, reformista, cristã,
corporativista e comunista
Desde seu nascimento, os sindicatos mostraram-se fundamentais para o avanço
das lutas operárias. E sua evolução não se limitou à nação inglesa. O crescente
desenvolvimento das atividades industriais em França, Alemanha, E.U.A. e outros
países, já na segunda metade do século passado, fez emergir um proletariado cada
vez mais forte, tanto quantitativa quanto qualitativamente. O movimento sindical
expandiu-se. Floresceram as greves em todo o mundo capitalista, desde os países
mais avançados até aqueles de industrialização mais atrasada. A classe operária
ganhava novas dimensões e avançava na batalha pela sua emancipação; em 1866
realizou-se o Congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores, reunido
representantes operários de todo o mundo. Lá estavam presentes as idéias
anarquistas de Bakunin, de Proudhon e as idéias comunistas de Marx e de Engels.
Neste Congresso reafirmou-se a importância da criação dos Sindicatos, definida
como uma das taréfas primordiais do proletariado.
“Estas associações devém não só lutar contra os ataques do capital, como
também devem trabalhar conscientemente como locais de organização da classe
operária em busca do grande objetivo que é a sua emancipação radical. Devem
ajudar qualquer movimento social ou político que tenha esta direção.”
O proletariado iniciou um processo de luta, desencadeando desde
reivindicações puramente econômicas até movimentos propriamente políticos,
como o Cartismo na Inglaterra, as Revoluções de 1848 em França e Alemanha e a
célebre Comuna de Paris de 1871. Em todos estes eventos a participação da classe
operária foi decisiva.
No movimento sindical o trade-unionismo, que aspirava a reivindicações
predominantemente econômicas, já não era a única tendência.
Uma segunda tendência emergiu em países como França e Itália, onde a classe
operária ainda não atingira o grau altamente concentrado da indústria inglesa e
onde a exploração capitalista atingia níveis ainda mais violentos. Precursora do
anarquismo, esta segunda corrente se auto-intitulou "revolucionária”. Enfatizando
que a sociedade capitalista não se transformaria através de reformas, os
“sindicalistas revolucionários” acreditavam que somente a greve geral poderia
levar à transformação radical da sociedade. Os principais teóricos desta corrente
foram o francês Georges Sorel e o italiano Arturo Labriola. Eles acreditavam que
a prática da luta exclusivamente econômica, através da ação direta nas fábricas e
da deflagração da greve geral, constituía-se na única forma de ação efetivamente
revolucionária da classe operária. Dizia Sorel que a ação direta violenta e a greve
geral, levando ao conflito as distintas classes sociais, acarretariam uma possível
vitória dos operários, devido à justiça de sua causa, a sua maioria numérica e a sua
superioridade física, esquecendo-se que a isto os patrões contrapõem toda a
violência da força militar e repres- • siva do Estado capitalista. Sorel ainda
rechaçava de antemão a necessidade da luta política, inclusive aquela efetuada no
parlamento, e negava qualquer forma de organização partidária, entendida sempre
como sendo utópica e reacionária. O “mito sorelíano” da greve geral espontânea
caracteriza, segundo o filósofo marxista Georg Lukács, a rebeldia de sua ideologia
pequeno-burguesa e irracionalista, e que cada vez mais se distancia da verdadeira
ideologia do proletariado. Dado o caráter emocional e a ausência do verdadeiro
conteúdo proletário — o que fez com que Lenin o definisse como um “conhecido
confusionista” —, as idéias de Sorel foram demagogicamente exploradas pelo
fascismo de Mussolini.
Uma terceira tendência foi aquela constituída pelos sindicalistas anarquistas
que, coincidindo com os sindicalistas “re- volucipnários”, também negavam
violentamente a luta política e enfatizavam a importância e a exclusividade dos
sindicatos no processo de emancipação da sociedade. Para Bakunin, por exemplo,
os sindicatos, além de “organização natural das massas”, seriam o “único
instrumento de guerra verdadeiramente eficaz” na construção da sociedade
anarquista baseada na autogestão e na negação de qualquer forma de
administração estatal. Proudhon, Kropotkin e Malatesta foram outros teóricos
desta concepção libertária. Embora comportando algumas tendências distintas, o
anarquismo enfatizava o papel do sindicato não só como órgão de luta, mas também
como núcleo básico da sociedade anarquista. A concepção anarquista propagou-se
nos países europeus de menor desenvolvimento capitalista e, consequentemente,
de menor concentração industrial, onde predominavam as pequenas indústrias
como na Espanha, França, Itália, Portugal, e penetrou também na maioria dos
países latino-americanos.
Lenin faz agudas críticas aos anarquistas, mostrando alguns fundamentos de
sua ideologia individualista e pequeno- burguesa: a defesa da pequena propriedade,
a negação da força unificadora e organizadora do poder (os anarquistas
propugnavam a abolição do Estado antes mesmo da supressão das classes
antagônicas) e a incompreensão da verdadeira dimensão política da luta de classe
do proletariado. Tudo isto acarretou a subordinação da classe operária a ideologia
burguesa, sob a falsa aparência de negação da política, apregoada pelos
anarquistas.
j
luta de classes, com o nítido objetivo de garantir a acumulação capitalista em
larga escala e com um alto grau de exploração da classe operária. As corporações
italianas aglutinavam representantes dos capitalistas e dos operários, de todas as
categorias que contribuíam para a produção de determinado produto. Por exemplo,
na corporação dos cereais, na Itália, participavam os representantes dos patrões
e dos trabalhadores dos moinhos, padarias, confeitarias, comércio de cereais,
técnicos agrícolas etc. Com isso se evitava a criação de corporações por categoria,
que mais facilmente refletiriam os conflitos de classe, pois que dela participariam
os patrões e os trabalhadores de uma única categoria — por exemplo, os
capitalistas proprietários de indústrias metalúrgicas e os operários empregados
naquelas indústrias —, refletindo diretamente as disparidades existentes entre
eles.
Nos sindicatos fascistas, diz Togliatti em Lições sobre o Fascismo,
participavam conjuntamente patrões e operários, capitalistas e proletários,
fundamento para a implementação da ideologia corporativista. É importante
ressaltar que o corporativismo somente se organizou depois que os trabalhadores
foram privados de qualquer representação, quando foram destruídos todos os
partidos políticos da classe operária, liquidada a liberdade sindical, liberdade de
reunião e demais liberdades democráticas.
Por fim, devemos fazer referência à concepção comunista de sindicalismo.
Lenin, em Que Fazert, demonstrou que o movimento sindical, quando
totalmente isolado das demais lutas de toda a sociedade, acaba incorrendo numa
atuação demasiadamente “economicista", trade-unionista. Daí a importância da
atuação dos comunistas dentro dos sindicatos para transformar a luta
trade-unionista numa luta mais ampla pelo fim do sistema capitalista, aproveitando
os vislumbres de consciência política que a atuação econômica introduz no operário
e elevando esta consciência ao nível de uma consciência revolucionária.
Na Rússia czarista, fase imperial anterior à Revolução Socialista de 1917, os
sindicatos que surgiram nos fins do século XIX foram locais de organização
fundamentais para o avanço da classe operária. Em São Petesburgo, por exemplo, o
movimento sindical foi muito ativo, sendo justamente daí que nasceu a Revolução
de Fevereiro, que antecipou a Revolução Socialista de Outubro.
A partir do momento em que a classe operária tomou o poder através da
revolução, tornou-se necessário alterar o significado e a função dos sindicatos. Os
sindicatos, conforme disse Lenin em Sobre os Sindicatos, tornaram-se uma
organização educadora da massa operária, uma organização que dá instrução, uma
escola de governo, uma escola de administração, enfim, uma escola de comunismo.
É uma escola de tipo completamente desconhecido no capitalismo, pois nos
sindicatos não há mestres e alunos, mas sim uma escola que cada vez mais forma os
setores mais avançados do proletariado.
Durante a ditadura do proletariado, os sindicatos situam- se entre o Partido e
o poder do Estado. Houve inclusive um debate entre Lenin e Trotsky, em 1921,
sobre os vínculos entre os sindicatos e o Estado socialista. Enquanto Trotsky,
naquele momento histórico, defendia a necessidade de estatizar os sindicatos,
isto é, torná-los órgãos estatais (posição que Trotsky abandonou posteriormente),
Lenin demonstrou que os sindicatos, mesmo sob o socialismo, deveriam manter-se
como órgão de defesa dos interesses materiais dos trabalhadores na luta pela
democracia proletária. Ressaltava a dupla tarefa dos sindicatos durante a
ditadura do proletariado: é, de um lado, através das lutas diárias dos sindicatos
que as massas aprendem a caminhar em direção ao socialismo. De outro, os
sindicatos são uma “reserva de força” do Estado. Na verdade, na fase de transição
do capitalismo para o socialismo os sindicatos assumem algumas tarefas
fundamentais, tais como: organização e direção da produção, evitando inclusive as
sabotagens contra-revolucionárias dos inimigos da revolução; a melhoria da
situação econômica dos operários; a melhoria da condição operária dentro e fora
da fábrica, através de garantia do direito ao trabalho, da proteção a acidentes,
além de fornecer condições para a manutenção de atividades culturais, de saúde,
de turismo, visando o bem-estar e a elevação do nível de vida do operário. Os
sindicatos devem também | preocupar-se com a formação ideológica dos
trabalhadores, ^ através do trabalho cultural de massas, fornecendo a educação
política necessária para que os operários entendam e trabalhem pela construção
da sociedade socialista, onde eles são os verdadeiros beneficiados.
A importância da atuação
dentro dos sindicatos operários
“Não atuar dentro dos sindicatos reacionários significa abandonar asmas- sos operárias
insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas à influência dos líderes reacionários, dos agentes da
burguesia, dos operários aristocratas ou aburguesados. ”
Já analisamos a importância dos sindicatos para o avanço das lutas operárias
contra a exploração capitalista. Na verdade os sindicatos tornaram-se
indispensáveis para o desenvolvimento da classe operária nos primórdios do
capitalismo e mesmo na sua fase atual, dominada pelo imperialismo. Foi, porém,
com o surgimento do sindicalismo reacionário que se iniciou uma grande discussão
entre as vanguardas operárias sobre a importância da atuação dentro daqueles
sindicatos.
Foi Lenin, em Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo, quem mostrou a
incorreção e inconsequência da luta daqueles que julgavam desnecessária a
atuação dentro dos sindicatos reacionários. Referindo-se aos revolucionários
alemães Lenin disse: “Mas, por muito convencidos que estejam os esquerdistas
alemães do caráter revolucionário de semelhante tática, ela é, na realidade,
profundamente errônea e nada contém, a não ser frases vazias."
Na verdade, toda a discussão de Lenin com os “esquerdistas" alemães mostrou
os equívocos e os desastres para a classe operária quando certos setores
procuraram criar organizações paralelas: não podemos deixar de achar um
absurdo ridículo e pueril, diz ainda Lenin, as argumentações ultra-sábias e
pretensamente revolucionárias daqueles que defendem idéias de que não se deve
atuar nos sindicatos reacionários, e, mais ainda, de que é preciso abandonar os
sindicatos e organizar obrigatoriamente uniões operárias “paralelas e livres."
Mesmo quando comportando certas características reacionárias, como a
estreiteza grupai, o apoliticismo, o reformismo, nem por isso deixou de ser o
sindicato uma “escola de guerra", uma escola preparatória para os operários na
luta contra o capitalismo. Daí a necessidade premente de os operários mais
avançados instruírem, ilustrarem, educarem as camadas mais atrasadas da classe
operária.
Não atuar dentro dos sindicatos reacionários, diz ainda Lenin, significa
abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas à
influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários
aristocratas ou “operários aburguesados". É uma obrigação da vanguarda mais
avançada dos operários trabalhar obrigatoriamente onde estiverem as massas. É
necessário saber superar todos os obstáculos e barreiras que se colocam entre a
vanguarda e as massas; | necessário realizar uma propaganda sistemática,
pertinaz, perseverante e paciente, exatamente nas instituições, associações e
sindicatos onde estejam presentes as massas, por mais reacionárias que sejam. E
os sindicatos, diz ainda Lenin, são precisamente as organizações onde estão as
massas. Isolar-se deles implica o isolamento das massas operárias,
inevitavelmente uma palavra de ordem “infantil e esquerdista" e que atende aos
interesses exclusivos da burguesia.
Sendo a organização mais massiva e que abarca todos os operários dos
distintos ramos industriais, os sindicatos, mostram-se como um terreno fértil
para o avanço de todos os setores do proletariado, mesmo aqueles mais atrasados
e com : menor experiência de luta, uma vez que é no seu sindicato, junto com os
operários mais avançados, que eles começam a entender toda a complexidade da
luta contra os capitalistas..
Mesmo durante a época do fascismo, quando a ditadura da classe burguesa
assumiu a sua forma mais violenta, o terreno dos sindicatos mostrava-se o mais
vulnerável e onde as contradições de classe penetravam deforma mais imediata.
Foi exatamente a partir de uma atuação lenta e vigorosa dentro dos sindicatos
fascistas e ditatoriais que se conseguiu forjar as grandes.organizações sindicais
necessárias para a derrota da ditadura capitalista.
Não atuar dentro dos sindicatos, a pretexto do seu caráter reacionário,
apolítico, trade-unionista, é o melhor serviço que se pode prestar aos interesses
dos capitalistas.
Os limites do sindicalismo e o
papel do partido político
Marx, Engels e Lenin sempre enfatizaram a importância da luta econômica
como ponto de partida para o despertar da consciência da classe operária e a
necessidade de transformá- la em uma luta política, onde, além de se reivindicar
maiores vantagens no terreno econômico, pretende-se a conquista do poder
político e o fim do sistema capitalista de produção.
Lenin, em seu artigo Sobre as Greves, tece considerações fundamentais sobre
a importância das greves: estas, “por surgirem da natureza do sistema capitalista,
significam o início da luta da classe operária contra toda a estrutura da
sociedade... Toda greve infunde com enorme força aos trabalhadores a idéia do
socialismo: a idéia da luta de toda classe trabalhadora por sua emancipação do jugo
do capital...
Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que
o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para a luta
contra ele pelos direitos do povo.
Assim, pois, as greves ensinam os operários a unirem-se, as greves lhes fazem
ver que só unidos podem sustentar a luta contra os capitalistas, as greves ensinam
aos operários a pensar na luta de toda a classe operária contra toda classe
patronal e contra o governo autocrático e policial. Por isso mesmo os socialistas
chamam as greves escola de guerra, escola onde os operários aprendem a
desencadear a guerra contra seus inimigos pela emancipação de todo o povo e de
todos os trabalhadores do jugo do governo e do capital.
Porém, a escola de guerra não é ainda a própria guerra.. As greves são um dos
meios da classe operária para sua emancipaçãp, porém não o único, e se os
operários não prestam atenção aos outros meios de luta, com isso demoram o
desenvolvimento e os êxitos da classe operária*.
No mesmo sentido vão as considerações sobre os sindicatos: estes constituem
um momento fundamental de organização da classe operária contra as usurpações
do capital. Mas a luta sindical é limitada na medida em que é uma luta constante
pela melhoria salarial e não diretamente contra o sistema capitalista que gera o
sistema de salários. A luta sindical é uma luta contra os efeitos do capitalismo e
não contra as suas causas.
Marx apontou com lucidez a relação entre a luta econômica e a luta política. A
primeira restringe-se ao terreno econômico, não rompendo com as raízes do modo
de produção capitalista. A classe é ainda uma classe em si, pois que não se constitui
ainda como uma força política eficaz contra o capitalismo. O segundo momento,
mais avançado, é quando a classe formula um projeto político que visa extinguir o
capitalismo, o que implica destruir os antagonismos existentes através da
supressão de todas as classes. Esse momento, o da classe para si, é um momento
nitidamente político e que carece da atuação dos partidos revolucionários, cuja
tarefa é dar direção ao processo revolucionário; é conduzir as explosões imediatas
da massa visando à tomada do Estado e sua transformação, onde a classe
trabalhadora assume a luta pela emancipação humana.
Lenin travou todo um debate com aqueles que acreditavam que a luta econômica
em si já era revolucionária, mostrando que esta interpretação era espontaneísta,
pois acreditava na sublevação instantânea e espontânea dàs massas. Mostrou que
espontaneamente o proletariado não conseguiria afastar- se do trade-unionismo,
do economicismo.
Se a luta econômica é fundamental como ponto de partida para a consciência
operária, a verdadeira consciência de classe revolucionária, de tomada do poder
pelos trabalhadores, é dada pela mediação dds Partidos. Lenin enfatizou que o
movimento de massas, em sua espontaneidade, não conseguiu ir além do
reformismo, o que, por sua vez, limita suas reivindicações ao universo burguês; a
participação propriamente política implica numa concepção de revolução que se
fundamente na luta concreta das massas operárias e que as direcione para a
conquista do socialismo e da emancipação humana. O que significa que, para o
operariado tornar-se revolucionário, é preciso ir além da luta imediata; é preciso
compreender o poder político e o papel do Estado que garante a dominação
capitalista. O que Lenin mostrou em seu escrito Que Fazem é que não se atinge
essa visão ampla através de um processo espontâneo, de luta exclusivamente
dentro da fábrica, mas que é necessária a fusão desta luta imediata, concreta,
com a teoria revolucionária.
Do que se depreende que a luta política é mais complexa e mais ampla que a luta
econômica. Esta distinção, por sua vez, é mais nítida nos países onde existem
liberdades democráticas plenas. Nestes países a luta propriamente política é ainda
mais intensa. Essa distinção tende a diminuir consideravelmente em países onde,
em função da inexistência de liberdades mínimas, tanto a luta sindical quanto a
luta política são consideradas ilegais. Aí, qualquer manifestação, a princípio
econômica, ganha um claro caráter político de confronto com o poder.
De qualquer forma as relações entre os Sindicatos e os Partidos são
fundamentais e indispensáveis para o avanço da classe operária. É dever de todo
operário comunista, diz Lenin, atuar e trabalhar efetivamente nos sindicatos que,
dada a sua abrangência, aglutinam todas as categorias de operários e colocam-se
como locais fundamentais para que os Partidos possam exercer sua influência
junto às massas. Cada partido deve sistematicamente, e com perseverança,
conduzir uma ação no seio dos sindicatos, das comissões de fábricas e demais
organismos dos trabalhadores. No interior destas organizações é necessário criar
núcleos comunistas que, através de um trabalho contínuo, devem conquistar as
direções dos sindicatos e demais organismos para a luta mais ampla visando a
transformação da sociedade.
Essa influência será tão mais significativa quanto mais amplos forem os
sindicatos e maior for a presença de operários avançados politicamente.
Lembre-se, porém, que essa influência não significa um vínculo obrigatório entre
os Sindicatos e os Partidos. O que é necessário, isto sim, é que, sendo um local
fundamental para a organização operária, os sindicatos devem procurar levar sua
luta em consonância com aquela luta política mais ampla de emancipação da
sociedade, cuja direção é dada pelos Partidos Políticos fundados na perspectiva do
trabalho.
2ª Parte O SINDICALISMO NO
BRASIL
As origens
A origem da ciasse operária brasileira remonta aos últimos anos do século XIX
e está vinculada ao processo de transformação na nossa economia, cujo centro
agrário-exportador cafeeiro ainda era predominante. Porém, ao criar o trabalho
assalariado em substituição ao escravo, ao transferir parte dos seus lucros para
atividades industriais e ao propiciar a constituição de um amplo mercado interno, a
economia exportadora criou, num primeiro momento, as bases necessárias para a
constituição do capital industrial no Brasil. 1 com isso criou também os primeiros
núcleos operários, instalados, fundamentalmente, na região de São Paulo e Rio de
Janeiro. Foi no bojo deste processo que surgiram as primeiras lutas operárias no
Brasil.
Suas primeiras formas de organização foram as Sociedades de Socorro e
Auxílio Mútuo, que visavam auxiliar materialmente os operários nos momentos
mais difíceis, como nas greves ou em épocas de dificuldades econômicas. A estas
associações mutualistas sucederam as Uniões Operárias, que por sua vez, com o
advento da indústria, passaram a se organizar por ramos de atividades, dando
origem aos sindicatos.
A greve, forma elementar e indispensável de luta da classe trabalhadora,
eclodiu pela primeira vez no Brasil em 1858, quando os tipógrafos do Rio de
Janeiro rebelaram-se contra as injustiças patronais e reivindicaram aumentos
salariais. A vitória dos tipógrafos foi apenas o início; as greves começaram a
expandir-se para as demais categorias. E junto com as greves surgiram também
outras formas de organização da nascente classe operária: em 1892 realizou-se o
I Congresso Socialista Brasileiro, cujo objetivo, que acabou não sendo atingido,
era a criação de um Partido Socialista. Já nesta época as idéias de Marx e Engels
penetravam no Brasil. Em seu II Congresso, em 1902, a influência do socialismo
era mais marcante; em seu Manifesto aos Proletários diziam, no primeiro
parágrafo:
“A história das sociedades humanas, desde que se constituíram e onde quer que
evolvessem, é a história mesma da luta de classes; e desse pugnar incessante
resultou, com o decorrer dos tempos, a eliminação de algumas dessas classes,
podendo-se atualmente considerar que somente duas permaneceram, extremadas
em campos adversos, inconciliáveis em seus interesses: tais são a classe da
burguesia e a classe dos assalariados.”
E foi dentro deste quadro que nasceram os sindicatos no Brasil, cujo principal
objetivo era conquistar os direitos fundamentais do trabalho. Nos vários
Congressos Sindicais e Operários e nas inúmeras manifestações grevistas
tornaram-se constantes as reivindicações visando a melhoria salarial, a redução da
jornada de trabalho etc. Data de 1906 o Primeiro Congresso Operário Brasileiro
que, contando com 43 delegados representando os centros mais dinâmicos, como
São Paulo e Bio de Janeiro, lançou as bases para uma organização operária sindical
de âmbito nacional, a Confederação Operária Brasileira (C.O.B.), cuja luta era
direcionada para as reivindicações básicas, além de uma intensa campanha de
solidariedade aos operários de outros países. Deste Congresso participaram as
duas tendências até então existentes no movimento operário: a
anarco-sindicalista, que negava a importância da luta política, privilegiando
exclusivamente a luta dentro da fábrica através da ação direta. Repudiava ainda a
constituição de um partido para a classe operária e via nos sindicatos o modelo de
organização para a sociedade anarquista. A outra tendência era composta pelo
socialismo reformista, que buscava a transformação gradativa da sociedade
capitalista, lutava pela criação de uma organização partidária dos trabalhadores e,
a nível do Estado, utilizava-sè da luta parlamentar. Eram, pois, tendências em si
bastante distintas, sendo mais forte a presença dos anarco-sindicalistas.
Em 1913 e 1920 realizaram-se, respectivamente, o II e o III Congresso
Operário tentando reavivar a Confederação Operária Brasileira.
É necessário lembrar que já desde aquela época o Governo procurava controlar
o movimento sindical brasileiro: exemplo disto foi o “Congresso Operário”, de
1912, que teve como presidente honorário Mario Hermes, filho de Hermes da
Fonseca, então Presidente da República, e que criou uma liderança governista
dentro de alguns poucos sindicatos. Estas “lideranças” sindicais governistas,
embora dirigissem categorias combativas como os ferroviários e marítimos,
conciliavam com o Estado e nisto se diferenciavam dos anarco-sindicalistas.
Enquanto estes, ao deflagrarem greves, viam-na como um momento da “greve
geral” que destruiria o capitalismo, aqueles eram imediatistas e em suas greves
não questionavam o sistema. Daí a sua"denominação de sindicatos “amarelos”,
sendo verdadeiros precursores do sindicalismo pelego, dada a sua obediência e
subordinação ao governo.
Mas a combatividade operária era demonstrada através das greves decretadas
seguidamente; o período de 1917/20,^^ em decorrência da crise de produção após
a I Guerra e da vertiginosa queda dos salários dos operários, caracterizou-se por
uma onda irresistível de greves de massas que em muitos lugares assumiram
proporções grandiosas. Foi o caso da greve geral de 1917 em São Paulo, iniciada
numa fábrica de tecidos, e que recebeu a solidariedade e adesão inicial de todo
setor têxtil, seguindo-se as demais categorias. A paralisação foi total, atingindo
inclusive o interior. Em poucos dias o número de grevistas cresceu de 2 000 para
45 000 pessoas. A repressão desencadeada aos grevistas foi violenta levando, não
raro, alguns operários à morte, como foi o caso do sapateiro Antonio Martinez,
atingido por um tiro no estômago durante manifestação operária. Apesar disto as
greves se alastravam; entre 1918 e 1920 elas eclodiram no Rio de Janeiro, em São
Paulo, Santos, Porto Alegre, Pernambuco, Bahia etc., sempre reivindicando
aumento de salários e melhores condições de trabalho.
Esse período correspondeu ao auge do movimento anarquista, que era até então
a liderança mais significativa do movimento operário brasileiro. Mas, ao mesmo
tempo, o anarquismo mostrava os sérios limites que jamais conseguiu superar.
Astrojildo Pereira, então militante anarquista e que posteriormente se tornou um
dos mais importantes líderes comunistas, assim se refere, em seu ensaio A
Formação do PCB, às greves daquela época: “não há dúvida que muitas das
reivindicações pelas quais lutavam as massas trabalhadoras foram alcançadas,
total ou parcialmente. Mas é um fato que a natureza e o volume das vitórias
alcançadas não estavam em proporção com o vulto e a extensão do movimento
geral. Mais ainda, as reivindicações, formuladas por aumento de salários, por
melhores condições de trabalho etc., constituíam como que um fim em si mesmo, e
não um ponto de partida para reivindicações crescentes de nível propriamente
político. E que na realidade se tratava de lutas mais ou menos espontâneas,
isoladas umas das outras, sucedendo-se por forças de um estado de espírito
extremamente combativo que se generalizou entre as massas".
A superação do anarquismo
As limitações do movimento anarco-sindicalista se refletiam nas suas
reivindicações exclusivamente econômicas, negando sempre a luta propriamente
política e sequer exigindo . do Es tado uma legislação trabalhista, dado que os
anarquistas eram contrários às leis do Estado. Também não admitiam a existência
de um partido da classe operária, assim como não aceitavam a política de aliança de
classes com os demais setores subalternos da sociedade, o que acarretou um
isolamento da luta operária, tornando-a presa fácil do Estado e de sua força
policial repressiva. Pode-se inclusive dizer que os anarquistas não conseguiram, na
atuação concreta, ir além dos “reformistas amarelos” pois, repudiando a
participação da luta pelo controle do Estado, limitavam-se ao terreno econômico,
enquanto "os amarelos", embora conciliassem com o Estador também não o
questionavam, limitando sua participação ao nfvel das reivindicações econômicas.
A incapacidade teórica, ideológica e política da concepção anarquista na
condução das grandes greves desse período, acrescida da grande influência
causada pelo vitória da Revolução Socialista na Rússia junto ao operariado
brasileiro, fez com que um grupo de militantes anarco-sindicalistas rompesse com
essa concepção e, em 1922, fundasse o Partido Comunista. Isso sè deu em março
do referido ano, e marcou o início de uma nova fase do nosso movimento operário,
agora organizado politicamente em um Partido, cujo objetivo era dirigifa
Revolução no Brasil.
No Congresso de fundação do PC, com exceção do alfaiate Manuel Cendón,
todos os demais membros eram oriundos do anarco-sindicalismo: Astrojildo
Pereira e Cristiano Cordeiro (intelectuais), Joaquim Barbosa (alfaiate), João da
Costa Pimenta (tipógrafo), Luís Peres (varredor), Hermógenes da Silva
(eletricista), Abílio de Nequete (barbeiro) e José Elias (construção civil). Nos
primeiros anos a tarefa fundamental dos comunistas foi formar quadros para
compor o Partido, estudar e divulgar o marxismo e tentar formular uma linha
política que compreendesse e orientasse a revolução brasileira. Apesar da
condição de ilegalidade que lhe foi imposta alguns meses após sua fundação, o PC
passou a editar, como órgão do Partido, a revista Movimento Comunista, ainda em
1922. Publicou logo em seguida o Manifesto Comunista, de Mane e Engels e em
1925 iniciou a publicação do jornal A Classe Operária, com uma tiragem inicial de 5
000 exemplares, que logo foi aumentada.
Um dos pontos mais importantes da atuação dos comunistas deu-se no
movimento sindical onde, como se viu, predominavam os anarco-sindicalistas. Os
comunistas criaram então a Federação Regional do Rio de Janeiro e, em 1929,
realizaram o Congresso Sindical Nacional, com representantes dos sindicatos de
vários estados, de onde se originou a Confederação Geral dos Trabalhadores do
Brasil, organização que procurava congregar os sindicatos influenciados pelos
comunistas.
É necessário lembrar que paralelamente à atuação dos comunistas e dos
anarquistas, ainda nos anos 20, o Estado esboçou nova tentativa de cooptação
junto a alguns setores da massa operária, e conseguiu ampliar a tendência
“reformista amarela” dentro do sindicalismo. Em 1921 o Estado fundou o Conselho
Nacional do Trabalho, visando controlar os sindicatos e torná-los órgãos de
conciliação entre as classes. Foi criada também a Confederação Sindicalista
Cooperativista Brasileira, de tendência reformista. Os sindicatos “amarelos” '
passaram a ser ainda mais favorecidos pelas vantagens concedidas pelo Estado
republicano. Este, por ser o representante fiel das oligarquias ligadas à produção
de café, tratou de forma distinta a classe trabalhadora; aqueles setores cujas
atividades eram indispensáveis para a exportação do café, como ferroviários e
portuários, eram atendidos em suas reivindicações, uma vez que sua paralisação
estrangularia a economia. Já as categorias vinculadas à indústria, dado o seu
caráter secundário na economia agrário-exportadora, eram tratadas de forma
exclusivamente repressiva. Lembre-se aqui da afirmativa do Presidente
Washington Luís de que “a questão social era simples
caso de polícia.”
Porém, já por esta época, o Estado republicano apresentava seus primeiros
sinais de crise. A criação do PC, se de um lado não se apresentava como uma
alternativa imediata de poder, causou apreensão ao Estado oligárquico. Mas o que
de fato o abalou foi a eclosão do movimento tenentista que, desde 1922, atuou
francamente em oposição ao regime dos burgueses do café. Exemplo mais
marcante do tenentismo foi a chamada Coluna Prestes que, liderada por Luís
Carlos Prestes, percorreu todo o interior do Brasil buscando a adesão dos
trabalhadores, rurais para as transformações necessárias na sociedade brasileira.
Quando a essa oposição militar se somou aquela empreendida pelos fazendeiros
descontentes que não produziam café, aí então o. domínio dos cafeicultores entrou
em sua fase final.
INDICAÇÕES DE LEITURA
Há um conjunto enorme de livros e artigos que tratam da temática sindical.
Aqui faremos algumas indicações que possibilitem outros passos para o leitor.
Sobre as origens do sindicalismo (na Inglaterra) consultamos bastante o
clássico de Engels, A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra (Ed. Global),
bem como os ricos artigos de Marx e Engels, sobre o sindicalismo, que o leitor
pode encontrar em El Sindicalismo — Teoria, Organizacion e Actividad (Ed. Laia,
Espanha). Um estudo minucioso o leitor encontrará em E. Hobsbawm, nos livros Os
Trabalhadores e Mundos do Trabalho (Ed. Paz e Terra), bem como nos três
volumes de E. Thompson, A Formação da Classe Operária Inglesa (Paz e Terra).
Pode consultar também A. L. Morton e G. Tate, O Movimento Operário Britânico
(Ed. Seara Nova, Portugal) e o livro de E. Dolléans, História deiMovimiento Obrero
(3 vol., Ed. Zero, Espanha).
Um amplo quadro das tendências do sindicalismo europeu pode-se encontrar em
Jesus Salvador e Fernando Almendros, Panorama dei Sindicalismo Europeo (2 vol.,
Ed. Fontanella, Espanha) e também em W. Abendroth, A História Social do
Movimento Trabalhista Europeu (Paz e Terra). Pode consultar o volume Economia Y
Política en La Accion Sindical (Pasado y Presente 44, México), com os artigos de P.
Anderson, Serge Mallet etc. Sobre o sindicalismo norte-americano ver Florence
Peterson, El Movimiento Obrero Norteamericano (Ed. Mary- mar, Argentina),
entre outros.
Utilizamos bastante vários artigos e textos de Lenin, que podem ser
encontrados na coletânea Sobre os Sindicatos (Ed. Ciências Humanas). De Trotsky
veja-se Escritos sobre Sindicatos (Ed. Kairós) e de Gramsci vejam-se os vários
escritos sobre sindicalismo e movimento operário na Antologia de Gramsci,
organizada por M. Sacristan (Siglo XXI, Espanha).
Em relação, ao Brasil, a bibliografia é também bastante ampla e aqui faremos
algumas indicações. No que tange às origens do nosso movimento sindical e
operário pode-se consultar o livro de Boris Fausto, Trabalho Urbano e Conflito no
Brasil (Difel), de F. Foot e V. Leonardi, História da Indústria e do Trabalho no
Brasil (Ed. Global), o ensaio de Paulo Sérgio Pinheiro “O Proletariado Industrial na
Primeira República”, em História Geral da Civilização Brasileira, Vol. X (Difel,) e
Ligia Osório Silva, O Movimento Sindical Operário na Primeira República
(Dissertação de mestrado, UN1CAMP).
Os livros de Azis Simão, Sindicato e Estado (Ed. Ática), Evaristo de Moraes
Filho, O Problema do Sindicato Único no Brasil (Alfa-Ome- ga), Leôncio Martins
Rodrigues, Conflito Industrial e Sindicalismo no Brasil (Difel) e José Albertino
Rodrigues, Sindicato e Desenvolvimento no Brasil (Difel), são pioneiros no estudo
da temática sindical.
Em relação à Crise de 30, à emergência do Getulismo e ao advento do
sindicalismo de estado consulte-se Ricardo Antunes, Classe Operária, Sindicatos e
Partidos no Brasil da Revolução de 30 até a Aliança Nacional Libertadora (Ed.
Cortez) e o de Ângela Castro Gomes, Burguesia e Trabalho — Política e Legislação
Social no Brasil: 1917137, (Ed. Campus).
Da crise do Varguismo até o Golpe Militar de 64 podem-se consultar os estudos
de Luiz W. Vianna, Liberalismo e Sindicato no Brasil (Paz e Terra), de Ricardo
Maranhão, Sindicalismo e Democratização (Brasiliense), de Kenneth Erickson,
Sindicalismo no Processo Político no Brasil, de Sérgio Amad Costa, Estado e
Controle Sindical no Brasil (TAQ. Editor), e de Lucília de A. Neves, O Comando
Geral dos Trabalhadores (1961-64), (Ed. Vega).
Sobre as transformações do sindicalismo no pós-64 e sua evolução deve-se
consultar Heloisa Martins, O Estado e a Burocratização do Sindicato no Brasil e
Armando Boito, O Sindicato de Estado no Brasil (Tese d© Doutorado, USP).
Sobre a emergência do novo sindicalismo e do movimento grevista veja-se o
artigo de Maria Hermínia Tavares de Almeida, “O Sindicalismo Brasileiro entre a
Conservação e a Mudança" em Socie- dade e Política no Brasil Pós-64 (Ed.
Brasiliense), o de J. Chasin, “As Máquinas Param: Germina a Democracia", na
Revista Ensaio 1 (Ed. Escrita), o livro de John Humphrey, Controle Capitalista e
Luta Operária da indústria Automobilística (Vozes), o de Celso Frederico, A
Vanguarda Operária (Símbolo) e o de Leôncio M. Rodrigues, Partidos e Sindicatos
(Ed. Ática).
Uma polêmica sobre o significado das greves do pós-78 e das lutas sindicais e
sociais pode-se encontrar em Ricardo Antunes, A Rebeldia do Trabalho: o
Confronto Operário no ABC Paulista — As Greves de 1978180 (Ed. da UNICAMP),
Amnéris Maroni, A Estratégia da Recusa (Ed. Brasiliense) e Eder Sader, Quando
Novos Personagens Entram em Cena (Paz e Terra).
O leitor ainda encontra um conjunto de depoimentos e entrevistas sobre o
movimento sindical e operário, dos quais mencionamos o volume Por um Novo
Sindicalismo, organizado por Ricardo Antunes (Ed. Brasiliense), “Movimento
Operário: Novas e Velhas Lutas",“0 Arrocho Treme nas Bases do ABC", ambos na
Revista Ensaio. "A Greve na Voz dos Trabalhadores", em História Imediata 2 e
“Greves Operárias: 1968/78", em Cadernos do Presente. Deve consultar também
os diversos volumes da coleção Os Trabalhadores (co-editada pela Associação
Cultural do Arquivo Edgard Seuenroth), que estão voltados para o resgate da
história do trabalho no Brasil.
Sobre as transformações em curso no mundo do trabalho no sindicalismo dos
países avançados, o leitor poderá ler A Revolução dos Robôs, de B. Coriat (Ed.
Busca Vida); A Classe Operária em Mutações, de J. Lojkine (Oficina de Livros); A
Sociedade Informática, de A. Schaff (Ed. Brasiliense/UNESP) e Produção
Destrutiva e Estado Capitalista, de I. Mészáros (Ed. Ensaio), dentre os já
traduzidos em língua portuguesa.
Sobre o autor
Ricardo Antunes nasceu em São Paulo, em 1953. É professor de Sociologia do
Trabalho junto ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, onde
foi Diretor do Arquivo Edgard Leuenroth (Centro de Pesquisa e Documentação
Social). Foi professor da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e da UNESP,
Campus de Araraquara.
Doutourou-se em Sociologia pela USP (1986) e, anteriormente, fez
Mestrado.em Ciência Política pela UNICAMP (1980).
Publicou os seguintes livros: A Rebeldia do Trabalho (O Confronto Operário no
ABC Paulista: as greves de 1978180 (Ed. da UNICAMP; Classe Operária,
Sindicatos e Partido no Brasil (Da Revolução de 30 até a Aliança Nacional
Libertadora) (Ed. Cortez); Crise e Poder (Ed. Cortez); O que São Comissões de
Fábrica (Ed. Brasiliense, em co-autoria). Organizou o livro Por um Novo
Sindicalismo (Ed. Brasiliense) e co-organizou A Inteligência Brasileira (Ed.
Brasiliense).
Participou da organização dos volumes Movimento Operário: Novas e Velhas
Lutas e O Arrocho Treme nas Bases do ABC da Revista Ensaio. Colabora
regularmente em revistas e jornais escrevendo sobre política, a temática sindical
e do trabalho. Foi, também, membro do movimento de oposição sindical dos
professores de S. Paulo, Diretor da Associação de Docentes da Fundação Getúlio
Vargas e Diretor da Associação de Docentes da UNESP de Araraquara.