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CURSO DE ASTRONOMIA

LINHA DO TEMPO DA
ASTRONOMIA

ESCOLA DE ASTRONOMIA PADRE MACHADO


UNICAP

Adaptação : Prof. Fernando Araújo


Padre José Nogueira Machado

* Nasceu numa fazenda próxima ao Crato em 04/08/1914, Ceará


+ Morreu em Recife- PE, próximo a Faculdade de Direito em 31/10/1996
Linha de Tempo da Astronomia

Para orientar e direcionar os estudos sobre a história da


Astronomia, podemos estabelecer de início, um entendimento da
linha de tempo da sua evolução.
Essa linha do tempo pode ser estruturada e subdividida em
5 principais períodos, a seguir:

• A Pré-história da Astronomia: 3.000 a.C. a 500 a.C.

• O Nascimento da Astronomia: 600 a.C. a 400 d.C.

• A Estagnação da Astronomia: 401 a 1500 (Idade Média)

• O Renascimento da Astronomia: 1501 a 1700 (Renascentismo)

• A Astronomia moderna: 1701 até hoje (Contemporâneo)


A Pré - História da Astronomia
Este é o período da observação eventual e da admiração do céu, entre 3.000 a.C. e
700 a.C.

O homem existe na Terra a cerca de 500.000 anos. Admitindo que ele começou a ter a
percepção do céu e dos astros a apenas 10.000 anos, período conhecido por aqui como
“a era Raul Seixas”, portanto, a cerca de 10.000 anos o ser humano começou a
perceber a importância do Sol e da Lua nos seus afazeres diários e com o passar do
tempo, começou a usar essa percepção para ajudar no seu processo de sobrevivência
naquele ambiente hostil.

A história da Astronomia está portanto,


intimamente ligada à história do próprio
Homo Sapiens, enquanto espécie
capaz de estruturar sociedades e de
construir conhecimento a partir da
transmissão de informações de uma
geração para outra.
É óbvio que o Sol tenha sido o primeiro corpo celeste que manifestou interesse do
homem. Afinal, é a ele que se deve a totalidade da existência vegetal e grande parte da
existência animal no planeta que habitamos.

E que a Lua foi em seguida admirada, pois a alternância entre dia e noite caracterizava
as atitudes do ser humano naquelas épocas remotas. À noite ele se abrigava em
cavernas e de dia se aquecia ao Sol. Em noites de Lua cheia, ele eventualmente se
aventurava fora das cavernas enquanto não havia descoberto o fogo para lhe iluminar
os caminhos.

Apenas muitos milênios depois é que o homem


se deu conta da presença das estrelas no céu,
e que elas podiam orientá-lo nas suas caminhadas
noturnas.

Logo depois, inicia-se o período da observação


regular do céu, do registro e utilização dessas
informações e também da reverência e adoração
aos astros.
Essa fase da astronomia, teve início a cerca de 3.000 anos atrás, quando surgiram os
primeiros registros e instrumentos astronômicos que se tem notícia. Mesmo nômades,
os povos daquele período já haviam desenvolvido habilidades agrícolas, criavam
animais para a obtenção de leite e carne e navegavam pelas estrelas. Além disso,
alguns desses povos já manifestavam as suas crenças em divindades, e iniciaram a
associação destas com os astros visíveis no céu.

Existem alguns exemplos em que é clara a associação de corpos celestes aos


artefatos confeccionados por culturas pré-históricas. Por exemplo, foram encontradas
máscaras em que é clara a integração de elementos celestes nas mesmas; esse tipo de
associação continua patente em muitas tribos primitivas atuais.
Essas tradições estão ligadas aos povos chineses, mesopotâmicos, babilônicos e
mais recentemente, os gregos e egípcios. Sendo assim, desde essa época, os
astros eram estudados com objetivos práticos, como:

1) Medir a passagem do tempo (criando calendários),

2) Prever a melhor época para plantar e colher,

3) Também fazer previsões do futuro, pois visto que eles não tinham conhecimento
das leis da natureza, e que os astros representavam seus deuses, a sua disposição
no céu poderia dar indícios do que estava por acontecer.

Muitos dos nomes, significados e lendas sobre as figuras formadas pelas estrelas tem
origem na Babilônia. Assim, a lendária Torre de Babel, seria um misto de templo e
observatório. Na Antiguidade cabia aos sacerdotes acumular conhecimentos
astronômicos e saber se os astros estavam “propícios” à uma atividade e a
interpretação do “destino”. Nascia assim a Astrologia!!!
Em várias partes do Mundo, evidências de conhecimentos astronômicos muito antigos
foram deixadas na forma de monumentos megalíticos: Um dos mais antigos, se não
o mais antigo deles, é o de Newgrange na Irlanda, que na verdade é um conjunto de
postos e instrumentos de observação esculpidos construído por volta de 3200 a.C. e
depois dele o monumento de Stonehenge, na Inglaterra, bem mais simples, que data
de 3000 a 1500 a.C.

Os egípcios por outro lado, não


deixaram muitos registros de
interesse pela astronomia, apesar
das pirâmides construídas entre
2627 e 2530 a.C., possuírem
muitas características que podem
ser associadas a dados
astronômicos.

Um "catálogo do universo", compilado bem mais tarde, por Amenhope por volta de
1100 a.C., lista apenas cinco constelações, das quais duas podem ser identificadas
como Orion e Ursa Major, e nem mesmo menciona Sírius ou cita qualquer planeta.
Desde aproximadamente 2850 a.C., o maior legado dos egípcios foi o seu calendário,
que apesar de impreciso para os dias de hoje, já fazia uso de um ano de 365 dias,
dividido em 12 meses, cada um com trinta dias, o que gerava uma “sobra” de 5
dias que fazia com que o calendário civil dos egípcios não coincidisse com o
calendário solar. Seriam necessários ciclos de 1460 anos pare que o calendário civil
dos egípcios coincidisse com o calendário solar.

No entanto, tão logo os egípcios


estabeleceram um calendário mais preciso
eles, aparentemente, perderam todo o
interesse no desenvolvimento da
astronomia. Sua maior preocupação passou
a ser a de verificar dados já estabelecidos e
observar os nascimentos heliacais de Sírius
(o primeiro nascimento de Sírius).

Nem mesmo os movimentos e fases lunares os interessavam, pois os dados até


então obtidos já os haviam permitido construir relógios solares para observar o
tempo de dia e relógios de água para marcar o tempo durante a noite.
O Nascimento da Astronomia

O próximo período que iremos estudar é o que trata do nascimento da ciência da


Astronomia propriamente dita.

Apesar da maior repercussão histórica da astronomia grega, não podemos


esquecer que em boa parte nesse mesmo período a astronomia também floresceu
nas Américas, principalmente na América Central com a civilização Maia entre
1000 a.C. a 250 d.C., e a construção do mais antigo observatório das Américas, o
observatório de Chankillo entre 300 e 200 a.C. por uma civilização desconhecida
no Peru.
O que se entende hoje como “astronomia moderna” teve o seu auge na Grécia
antiga, no período entre 600 a.C. e 400 d.C. Os esforços dos gregos em conhecer a
natureza do cosmos fizeram com que a astronomia atingisse níveis de
desenvolvimento que só foram ultrapassados no século XVI!!!

Esses esforços associados ao conhecimento herdado dos povos mais antigos, fizeram
surgir os primeiros conceitos de “esfera celeste”, uma esfera de material cristalino na
qual os planetas e estrelas estavam incrustradas, tendo a Terra como centro.

Desconhecedores da rotação da Terra,


os gregos imaginaram que a esfera
celeste girava em torno de um eixo
passando pela Terra.

Observaram que todas as estrelas giram


em torno de um ponto fixo no céu e
consideraram esse ponto como uma das
extremidades do eixo de rotação da
esfera celeste.
Há milênios os astrônomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do
ano, movendo-se aproximadamente um grau para leste por dia. O tempo para o Sol
completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no
céu durante o ano define a “eclíptica” (assim chamada porque os eclipses ocorrem
somente quando a Lua está próxima dessa linha imaginária).

Como a Lua e os planetas percorrem o céu


em uma região de 18 graus centrada na
eclíptica, essa faixa imaginária do firmamento
celeste que inclui as órbitas aparentes da Lua
e dos planetas Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, é
designada como “Zodíaco” , do grego:
zōdiakós kýklos ou "círculo de animais".

Para a Astronomia, o Zodíaco está dividido


em treze constelações: Áries, Touro,
Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra,
Escorpião, Ofiúco, Sagitário, Capricórnio,
Aquário e Peixes.
Já para a Astrologia, o Zodíaco está dividido em doze signos: Áries, Touro, Gêmeos,
Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, cada
um deles regido por um astro: Marte, Vênus, Mercúrio, Lua, Sol, Mercúrio, Vênus,
Plutão, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, respectivamente.

As constelações são grupos aparentes de estrelas. Não somente os antigos gregos,


mas também os chineses e egípcios muito antes deles, já haviam dividido o céu em
constelações. Cada um desses povos evidentemente associava as constelações a
entidades ligadas à sua própria cultura.

O Zodíaco chinês por exemplo: deriva de uma antiga lenda, onde Buda convidou
todos os animais da criação para uma festa de Ano Novo, prometendo uma surpresa
a cada um deles. Apenas doze animais compareceram e ganharam um ano de
acordo com a ordem de chegada: o Rato; o Boi; o Tigre; o Coelho; o Dragão; a
Cobra; o Cavalo; a Cabra; o Galo; o Macaco; o Cão; e o Porco.
Já o Zodíaco egípcio, associa as
constelações aos seus deuses: Rá - Deus do
Sol; Neit - Deusa da caça; Maat - Deusa da
verdade; Osíris - Deus da renovação; Hathor -
Deus do amor e da adivinhação; Anúbis – o
guardião dos mortos; Bastet - Deusa Gata;
Tuéris - Deusa da fertilidade; Sekhmet - Deusa
leoa; Ptah – o criador universal; Toth – o
inventor da escrita e Ísis – a mãe cósmica.

A grande contribuição dos filósofos gregos


pré-socráticos no afã de explicar o mundo em
todos os seus aspectos, foi o de criar
imaginativas explicações teóricas sobre os
corpos celestes. O exame de fragmentos
documentais sobreviventes, indica que eles
tinham grande interesse pela Astronomia e
podem ter sido os primeiros astrônomos da
Grécia, ao menos em relação a teorias sobre a
mecânica celeste.
As maiores contribuições dos gregos, no entanto, foram as descrições de sistemas
racionais para justificar o movimento aparente dos corpos celestes e a elaboração
de modelos da estrutura do Universo, usando a geometria para descrever o
movimento dos astros e especulando sobre a estrutura dos cometas.

O modelo de Universo mais aceito desde esse período até a Idade Média, o sistema
geocêntrico, foi imaginado e desenvolvido pelos pensadores gregos. Nessa
concepção, a Terra era considerada o centro do Universo conhecido. Foram também
os gregos os primeiros a imaginar o sistema heliocêntrico, que posteriormente se
comprovou ser o sistema correto.
Convém esclarecer, finalmente, que todos os astrônomos antigos, inclusive os
gregos, limitavam-se a tirar suas conclusões a partir da observação de fenômenos
celestes visíveis a olho nu, ou seja: a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter,
Saturno e as estrelas mais brilhantes.

A lista dos astrônomos gregos desse período é muito extensa. Vamos apresentar
portanto aqueles considerados como os principais e suas realizações.
Os Astrônomos da Grécia Antiga
A cultura grega clássica, especialmente a Filosofia, do período entre 1100 a.C. e 146
a.C., teve grande influência, tornando-se a base da cultura ocidental moderna.
Especificamente sobre a astronomia, os gregos trataram esta ciência usando sua
extensa base filosófica aplicando a ela seus conhecimentos da geometria.

Uma ideia básica dessa filosofia era


a de que “todas as coisas do céu
devem ser perfeitas” e por conta
disso, quando as órbitas dos
planetas começaram a ser propostas
elas deveriam ser círculos perfeitos.
O desenvolvimento da Astronomia alcançado pelos gregos é considerado pelos
historiadores como sendo a mais importante na história da Astronomia. A
astronomia grega se caracterizou desde o início pela busca por uma explicação física
racional para os fenômenos celestes. A maior parte das constelações do hemisfério
Norte foram identificadas e documentadas pela astronomia grega, assim como foram
estabelecidos os nomes de muitas estrelas, asteróides e planetas.

A astronomia grega foi influenciada pela astronomia desenvolvida no Egito e


principalmente na Babilônia. Por sua vez, a astronomia grega influenciou a
astronomia indiana, a árabe-Islâmica e também a astronomia de toda a Europa
ocidental.

Segue uma relação cronológica dos principais personagens da Astronomia Grega e


suas realizações:

Anaximandro (~610 — 547 a.C)

Atribui-se a ele a confecção de um mapa


do mundo habitado, a introdução na
Grécia do uso do Gnômon (relógio solar),
a medição das distâncias entre as
estrelas e o cálculo da sua magnitude. Na
prática foi o pioneiro da astronomia grega.
Tales de Mileto (~624 — 546 a.C.)
Tales é apontado como um dos sete sábios
da Grécia Antiga. Fundador da Escola
Jônica, considerava a água como sendo a
origem de todas as coisas.

É tido como iniciador da filosofia, por seu


esforço em buscar o princípio único da
explicação do mundo, o que não só
constituiu o ideal da filosofia como também
forneceu impulso para o próprio
desenvolvimento dela.

Introduziu na Grécia os fundamentos da Geometria e da Astronomia, trazidos do Egito.


Pensava a Terra como um disco plano em uma vasta extensão de água. As
demonstrações de vários fatos geométricos são atribuídas a ele. Tales foi o primeiro a
explicar o eclipse solar, ao verificar que a Lua é iluminada por esse astro. Ele teria
previsto um eclipse solar em 28 de maio de 585 a.C.
Pitágoras acreditava na esfericidade da
Terra, da Lua e de outros corpos
celestes. Achava que os planetas, o Sol
e a Lua eram transportados por esferas
separadas da que carregava as estrelas.
Foi o primeiro a chamar o céu de
“Cosmos”.

Heráclito (~535 — 475 a.C.)

Segundo Heráclito, o fogo é o elemento


primordial de todas as coisas. Tudo se
origina por rarefação e tudo flui como
um rio. O cosmos é um só e nasce do
fogo e, de novo, é pelo fogo consumido,
em períodos determinados, em ciclos
que se repetem pela eternidade.
Filolau de Crotona (~480 — 385 a.C)

Filolau foi o primeiro pensador a atribuir movimento à Terra. Ele propôs um sistema
no qual a Terra girava em torno de um fogo central, que não era o Sol e que não
podia ser visto porque ficava sempre do lado oposto ao lado habitado da Terra. O
fogo era considerado pelos pitagóricos o elemento mais puro. Entre o fogo central e
a Terra existia um outro planeta, invisível, que Filolau chamou de Antiterra.

Os nove corpos celestes Sol, Mercúrio, Vênus, Terra, Lua, Marte, Júpiter,
Saturno e Urano eram os conhecidos na época e a Antiterra como décimo corpo,
celeste se movia em órbitas circulares em torno do fogo central. A visão comum de
que os pitagóricos afirmavam a importância da Matemática no conhecimento está
presente no fragmento de Filolau: “E todas as coisas que podemos conhecer contêm
número, pois sem ele nada pode ser concebido nem conhecido”.
Platão (~428 — 348 a.C.)

Platão, apesar de não ter exercido


atividades na astronomia diretamente,
foi autor de vários diálogos filosóficos e
fundador da “Academia” em Atenas, a
primeira instituição de educação
superior do mundo ocidental.

Juntamente com seu mentor, Sócrates e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a
construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. O seu
conceito “Anima Mundi”, de uma força imaterial regente do Universo seria a base
das várias alternativas de pensamento que se sucederam.

Eudoxo de Cnido (~408 — 355 a.C.)


Eudoxo idealizou um sistema celeste que ficou
conhecido como “esferas homocêntricas”,
onde o Sol e Lua estariam presos cada um a três
esferas concêntricas interligadas. O movimento
combinado dessas estruturas ao redor de eixos
com diferentes inclinações teria como resultado o
movimento observado no céu.
Os cinco planetas estariam ligados a quatro esferas cada um, a fim de explicar seus
trajetos errantes, como a Retrogradação. A esfera onde as estrelas estavam dispostas
seria uma só, ela se moveria de Oeste para Leste. Esse sistema compreendeu
portanto, um total de 27 esferas, uma dentro da outra. Mais tarde, Aristóteles estendeu
esse sistema para 36 esferas.

Heráclides do Ponto (~388 — 315 a.C.)

Heráclides propôs que a Terra gira diariamente


sobre seu próprio eixo, que Vênus e Mercúrio
orbitam o Sol, e a existência de epiciclos.

Aristóteles de Estagira (~384 — 322 a.C.)

Aristóteles explicou que as fases da Lua


dependem de quanto da parte da face da Lua
iluminada pelo Sol está voltada para a Terra.
Explicou, também, os eclipses: um eclipse
do Sol ocorre quando a Lua passa entre a
Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre
quando a Lua entra na sombra da Terra.
Aristóteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, já que a sombra da Terra
na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava que o Universo é
esférico e finito. Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas de Eudoxo de Cnido,
propondo em seu livro De Cælo, que "o Universo é finito e esférico, ou não terá
centro e não pode se mover".

Aristarco de Samos (310 — 230 a.C.)

Aristarco foi o primeiro a propor que a


Terra se move em torno do Sol,
antecipando Copérnico em quase
2.000 anos. Entre outras coisas,
desenvolveu um método geométrico
para determinar as distâncias da
Terra, ao Sol e à Lua.

Arquimedes de Siracusa (287 — 212 a.C.)

Mesmo sendo atribuído a Arquimedes o título de astrônomo, não há registros de


contribuições dele nessa área específica. Por outro lado, como um dos maiores
cientistas e matemáticos da história, sua obra influenciou decisivamente vários
astrônomos.
Eratóstenes de Cirênia (276 — 194 a.C.)

Eratóstenes escreveu obras filosóficas,


poemas, histórias, muitos diálogos e trabalhos
sobre gramática. Escreveu uma obra chamada
Platonicus, que tratava da matemática que
fundamenta a filosofia de Platão, foi também
diretor da biblioteca alexandrina.

Ele é tido também como fundador da disciplina Geografia, tendo publicado uma
obra chamada Geográfica, na qual estabelece um vocabulário próprio para a
disciplina. Sua maior realização na astronomia, foi o fato de ter sido o primeiro a
medir o diâmetro da Terra.
Sobre esse processo de medição, Eratóstenes notou que, na cidade egípcia de Siena
(atualmente chamada de Assuã), no primeiro dia do verão, ao meio-dia, a luz solar
atingia o fundo de um grande poço, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente
à Terra em Siena.

Já em Alexandria, situada ao norte de Siena, isso não ocorria; medindo o tamanho da


sombra de um bastão na vertical, ele constatou também que em Alexandria, no mesmo
dia e hora, o Sol estava aproximadamente sete graus mais ao sul. A distância entre
Alexandria e Siena era de cerca de “5.000 estádios” (hoje sabemos que a distância é de
842,65 km).

Como 7 graus corresponde a 1/50 de um círculo (360°), Alexandria deveria estar a 1/50
da circunferência da Terra ao norte de Siena e a circunferência da Terra deveria ser 50 x
5.000 estádios. Infelizmente, não é possível se ter certeza do valor do estádio utilizado,
já que os gregos usavam diferentes tipos de estádios. Se ele utilizou um estádio
equivalente a 1/6 km, o valor está a 1% do valor correto de 40.000 km. O diâmetro da
Terra é obtido dividindo-se o perímetro da circunferência por π.

Hiparco de Nicéia (160 — 125 a.C.)

Hiparco é considerado o maior astrônomo da era pré-cristã, e fundador da


astronomia científica. Construiu um observatório na ilha de Rodes, de onde fez
observações durante toda a sua vida adulta
Como resultado, ele compilou um catálogo com a posição no céu e a magnitude de 850
estrelas. A magnitude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis
categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante e 6 a mais fraca visível a olho nu.

Hiparco deduziu corretamente a direção dos polos celestes, e até mesmo a Precessão,
que é a variação da direção do eixo de rotação da Terra devido à influência
gravitacional da Lua e do Sol, levando cerca de 26.000 anos para completar um ciclo.
Para deduzir a precessão, ele comparou as posições de várias estrelas com aquelas
catalogadas por Timócares e Aristilo, ambos da escola alexandrina, 150 anos antes
(cerca de 283 a 260 a.C.). Esses dois foram os primeiros a medir as distâncias das
estrelas de pontos fixos no céu (coordenadas eclípticas).

Hiparco também deduziu o valor de 8/3 para a razão entre o tamanho da sombra da
Terra e o tamanho da Lua e também que a Lua estava a 59 vezes o raio da Terra de
distância. Ele determinou a duração do ano com uma margem de erro de apenas 6
minutos.
Ptolomeu (90 — 168 d.C.)

Cláudio Ptolomeu foi o último astrônomo importante da antiguidade. Ele compilou uma
série de 13 livros sobre astronomia, conhecida como o Almagesto (que significa "O
grande tratado"), que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia.
Apesar da destruição da biblioteca de Alexandria, uma cópia do Almagesto foi
encontrada no Irã em 765 d.C. e traduzida para o árabe. O espanhol Gerardo de
Cremona (1114 – 1187 d.C.) traduziu para o latim uma cópia do Almagesto deixada
pelos árabes em Toledo, na Espanha.

A contribuição mais importante de Ptolomeu foi uma representação geométrica do


sistema solar, com círculos, epiciclos e equantes, que permitia predizer o movimento
dos planetas com considerável precisão e que foi usado até o Renascimento no
século XVI.
O período que se seguiu, conhecido como "final da antiguidade", no qual já estava em
curso a expansão do Império romano, assistiu também a sua queda. A partir de 313
d.C., o imperador romano Constantino I emitiu o "Édito de Milão", reconhecendo o
direito dos cristãos de praticar sua religião dentro dos limites do império.
Gradualmente o cristianismo tornou-se a religião oficial do império.

A partir daí o Império Romano entrou em declínio e desapareceu. Por volta de 500
d.C. a Igreja era a única autoridade na Europa Ocidental. Com isso, boa parte
dos conhecimentos da era Clássica se perdeu. Levando inclusive à rejeição da ideia
de uma Terra esférica, voltando a imperar o conceito de uma terra plana repousando
sobre um altar cheio de águas celestiais.

Em seguida, vamos estudar um período no qual a ciência da astronomia ficou


praticamente estagnada.
A Estagnação da Astronomia
O período conhecido como Idade Média, foi um período da história da Europa entre os
séculos V e XV (401 d.C. – 1500 d.C.), que inicia com a queda do Império Romano
do Ocidente e se estende até a transição para a Idade Moderna. A Idade Média é
frequentemente dividida em Alta e Baixa Idade Média.

O período da Alta Idade Média que compreendeu os séculos V a X (401 d.C. – 1000
d.C.) caracterizou-se pela continuidade dos processos de despovoamento, regressão
urbana, e invasões bárbaras. O Império Bizantino torna-se uma grande potência. A
maior parte dos novos reinos incorporaram o maior número possível de instituições
romanas pré-existentes.
O cristianismo dissemina-se
pela Europa ocidental. Os
Francos estabeleceram um
império que dominou grande
parte da Europa ocidental
entre os séculos VII e VIII
chegando até ao século IX,
quando sucumbiu às
investidas de Vikings do
norte, Magiares de leste e
Sarracenos do sul.

Já o período da Baixa Idade Média, que compreendeu os séculos XI a XV (1001


d.C. – 1500 d.C.) caracterizou-se por um crescimento demográfico muito acentuado
e um renascimento do comércio, incentivado pelas inovações técnicas e agrícolas.
Consolidaram-se as estruturas sociais do senhorialismo e do feudalismo. Com as
Cruzadas, a partir de 1095, os cristãos tentaram recuperar dos muçulmanos o
domínio sobre a Terra Santa. A vida cultural foi dominada pela Escolástica - uma
filosofia que procurou unir fé e razão - e pela fundação das primeiras
universidades.
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias guerras,
adversidades e catástrofes. A peste negra devastou 1/3 da população européia
entre 1347 e 1350.

O “Grande Cisma do Ocidente” no seio da Igreja teve consequências profundas na


sociedade e foi um dos fatores que esteve na origem de inúmeras guerras entre
estados. Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos
próprios reinos.

Em relação à Astronomia especificamente, esse período foi relativamente pobre em


descobertas. A astronomia nesse período, caracterizou-se por pequenas evoluções
sobre as teorias existentes e aquisição de dados para suportá-las. As ideias do
geocentrismo e órbitas circulares perfeitas, remanescentes dos gregos foram
solidificadas com o apoio da igreja (tanto muçulmana quanto cristã), fato esse que
iria ter consequências nos períodos que se seguiram.
Um dos fatos mais relevantes para a astronomia nesse período, foi a “Expansão
Islâmica”, entre 632 e 732 d.C. Os astrônomos do império islâmico, não só
preservaram o conhecimento dos gregos nessa área, como o expandiram e integraram
com as culturas Persa e Indiana.

Produziram cálculos sobre a


duração do ano, o tamanho da
Terra e o formato da órbita da
Lua, aumentando a precisão dos
dados deixados pelos gregos e
plantando as sementes para o
desenvolvimento da teoria
heliocêntrica na Renascença. Eles
também aperfeiçoaram um
astrolábio para fins astronômicos a
partir do modelo de Ptolomeu.

Sobre a astronomia na Europa nesse período, é verdade que a Igreja controlava a


forma de pensar das pessoas interferindo diretamente na educação das mesmas, a
nível universitário, (visto que todos os professores universitários eram clérigos e a
maioria dos estudantes eram monges, frades ou noviços de padres) e mesmo assim
era possível uma certa liberdade de pensamento entre os eruditos.
A Igreja controlava os leigos quando estes
propunham novas concepções de cunho
político ou que pudessem afetar
interpretações teológicas, mas era
relativamente tolerante quando as ideias
surgiam da classe erudita do próprio clero.

No entanto, a Igreja tinha conseguido


acomodar a teoria Aristotélica com a criação
do “Primum Mobile” (sopro original), que
teria posto toda a engrenagem do Universo
em movimento, permanecendo a partir de
então o Universo imutável, fazendo dessa a
concepção oficial por ela admitida.

Vale lembrar que segundo Aristóteles, o universo era finito e esférico e os planetas
orbitavam ao redor de uma Terra esférica em órbitas também esféricas e concêntricas.

A Astronomia medieval européia, assim como a islâmica do mesmo período, não foi
agraciada com grandes descobertas, tendo sido muito mais uma época de
aperfeiçoamento do modelo existente e aceito. A ideia corrente entre os astrônomos
era de que a Terra estava imóvel no centro do Universo como propuseram Aristóteles
e Ptolomeu.
A grande tarefa dos astrônomos era portanto, acumular dados e passar a informação
de toda a complexidade e elegância matemática e filosófica de geração para geração.
O astrônomo medieval, mais do que investigador, era um erudito.

O acúmulo de dados relativos ao movimento das estrelas, deixou clara a deficiência


do modelo de Ptolomeu, fazendo surgir pequenas adaptações que foram
complicando o formalismo matemático do mesmo. No entanto, nenhuma das
adaptações resolvia completamente os problemas que iam surgindo à medida que os
séculos se passavam.

Datas consideradas constantes como, por


exemplo os equinócios e os solstícios
foram-se desviando das datas previstas ao
longo do tempo. Isto levou a que datas
como a Páscoa fossem se desfasando
quando se comparava a data de calendário
e a data celeste (a Páscoa é determinada a
partir da Lua Cheia mais próxima do
equinócio da Primavera).

O Calendário Moderno que ainda hoje usamos foi autorizado pelo Papa Gregório
em 1582 e sincronizou a Páscoa com os fenômenos celestes, mas a fórmula que ele
utiliza demorou séculos de observação para ser desenvolvida.
Também neste período, sob a influência do desenvolvimento da astronomia árabe,
começaram a ser aperfeiçoados instrumentos específicos para a navegação que
seriam utilizados em todo o período da expansão, especificamente: o quadrante
marítimo em madeira, o astrolábio náutico para a determinação da latitude e a
balhestilha.

Durante a Idade Média foram discutidas algumas ideias revolucionárias que apenas
foram retomadas séculos mais tarde como, por exemplo, a existência do tempo. Uma
discussão comum era se o Universo divino teria tempo. O Universo divino, estando fora
do Universo físico das esferas cristalinas, sendo perfeito e imutável, não admitiria a
existência de tempo, pois o tempo implicava mutação.

No período conhecido como “Baixa Idade Média”, ocorreram algumas iniciativas


interessantes para a astronomia que geraram algumas consequências durante o
período renascentista que viria a seguir.
Gerardo de Cremona (1114-1187) traduziu para o
latim a versão árabe do Almagesto de Ptolomeu (c.
1175), que ficou conhecida como “Theoricae
Planetarum Communis” e passou a ser um dos
livros base do ensino de astronomia na Europa desde
então.
Johannes de Strabosco (1195-1256), conhecido e
citado como John of Holywood publicou várias obras,
sendo a primeira o livro “Sphera Mundi”, por volta
de 1230, onde apresentava num formato mais
agradável e ilustrado, o universo de Ptolomeu.

A Esfera de Strabosco referia-se à esfera onde


ficavam incrustadas as estrelas que delimitavam o
Mundo (o universo conhecido na época, não a
Terra). Tratando principalmente dos céus, ele
continha uma clara descrição da Terra como uma
esfera no primeiro capítulo. Essa obra passou a
fazer parte do currículo padrão dos estudantes de
toda a Europa ocidental nos próximos quatro
séculos.
Thomas Bradwardine (1290-1349) discutiu as características de um possível
Universo infinito.

Nicole de Oresme (1323-1382) argumentou ser mais razoável que a Terra tivesse
uma rotação em torno de si mesma, do que a ideia de todo o Universo a rodar em
torno da Terra, além de propor um conceito incipiente de centro de gravidade e usar a
Matemática para se opor à Astrologia.

Nicolau de Cusa (1401-1464) defendeu um Universo infinito geocêntrico em que


para além das esferas cristalinas haveria um Universo infinito que conteria infinitos
sóis iguais ao Sol.

Apesar destas ideias controversas, nenhum desses escolásticos teve problemas com
a Igreja. De fato, Thomas Bradwardine veio a ser Arcebispo da Cantuária, enquanto
Nicolas de Cusa e Nicole de Oresme se tornaram Bispos.
Georg Puerbach (1423 - 1461) refinou o Almagesto de Ptolomeu e escreveu uma
versão sintetizada sobre ele, a “Novae theoricae planetarum” (1454), daí resultando
uma nova teoria dos planetas. Isso levou à renovação do interesse na necessidade de
observações mais precisas para a astronomia e mais tarde serviria de partida para a
obra reformadora de Nicolau Copérnico na Renascença.

Regiomontanus (1436 - 1476), aluno de Georg Puerbach, ressaltou os problemas


com o trabalho de Ptolomeu baseado em observações feitas de um observatório
que ele construiu para essa finalidade específica. Em 1472 ele e Bernhard Walther
observaram um cometa brilhante, fato que mais tarde foi identificado como uma das
visitas do cometa Halley e tentou estimar sua distância da Terra usando o ângulo de
paralaxe quando estava trabalhando num modelo de universo heliocêntrico
influenciado por Aristarco na época de sua morte.
Regiomontanus estabeleceu Nuremberg como um centro para estudos astronômicos
e matemáticos e durante os séculos XV e XVI, a cidade ficou famosa por produzir
globos celestes e terrestres. Por conta disso, uma imagem de Regiomontanus
consta da “Crônica de Nuremberg” de Hartmann Schedel de 1493.

A Astronomia gozava de um lugar destacado no currículo universitário da Idade


Média, que era essencialmente constituído por quatro ciências que tomavam o nome
de Quadrivium: a Astronomia, a Geometria, a Aritmética e a Música. Na verdade,
nenhum graduado universitário podia concluir o seu grau sem ser avaliado em
Astronomia.
Sobre o currículo astronômico nas universidades da idade média, vale ressaltar alguns
manuais traduzidos. O mais básico deles, foi o “Rudimenta astronomica”, traduzido
(entre 1135-53) a partir de um tratado original do astrônomo persa Al-Farghani (ou
Alfraganus).

Ele dava uma ideia geral dos princípios da teoria do movimento dos planetas de
Ptolomeu para os estudantes que ainda não dominavam suficientemente a matemática
para estudar o Almagesto. Outros manuais eram trabalhos inéditos, como o
“Theorica Planetarum”, atribuído a Roger de Hereford, e o mais conhecido “De
Sphaera” de Robert Grosseteste.

A partir da metade do século XIII, o astrônomo inglês Johannes de Sacrobosco


ganhou força com uma série de manuais que resumiam seu trabalho de ensino na
Universidade de Paris. Foram eles: “Algorismus”, “Compotus”, e o “Tractatus de
Sphaera”, que dava uma introdução à astronomia esférica e à geografia astronômica,
e nas últimas páginas, uma noção do movimento dos planetas, em especial do Sol e
da Lua e da causa dos eclipses.

As obras que melhor representam o legado da idade média na astronomia são as que
tiveram como base o Almagesto de Ptolomeu: inicialmente a “Theoricae
Planetarum Communis” e mais tarde a “Novae Theoricae Planetarum”, em várias
versões variando de oito até onze capítulos.
Existe uma certa controvérsia em relação à época em que se encerra a Idade Média
e tem início o período conhecido como Renascença. Alguns defendem que as ideias
que caracterizaram o renascentismo começaram a se estabelecer com as
publicações de Dante Alighieri (1265–1321) e Francesco Petrarca (1304–1374),
assim como as pinturas de Giotto di Bondone (1267–1337).

Outros defendem a ideia de uma data posterior, tendo se iniciado em 1401, época na
qual os gênios rivais: Lorenzo Ghiberti e Filippo Brunelleschi competiram por um
contrato para construir as portas de bronze do batistério da Catedral de Florença
(Ghiberti venceu). Época também de outros artistas e polimatas como Donatello e
Masaccio.
Na sequência, vamos estudar o período no qual a ciência da astronomia, praticamente
renasceu.

O Renascimento da Astronomia

Coincidentemente, o período conhecido como "Renascença" ("rinascita"), entre fins


do século XIV (1360) e início do século XVII (1640), que teve como seu ícone o gênio
Leonardo da Vinci (1452 — 1519), marca também o renascimento da Astronomia.
Depois de um período sem muita criatividade
marcado pela Idade Média, entre os séculos
V e XV, ou entre a queda do Império Romano
no Ocidente e a transição para a Idade
Moderna, a Astronomia, juntamente com
várias outras ciências ganharam novo alento
no período do Renascimento, que
testemunhou evoluções consideráveis em
todas as áreas.

Todo esse desenvolvimento no entanto,


ocorreu num período de pouquíssima
liberdade. A Igreja Católica dominava
fortemente o pensamento da época. As artes
e a ciência passavam pelo crivo de seus
censores. Cientistas como Copérnico e
Galileu apresentaram suas ideias e sofreram
por causa delas, nesta época. Alguns como
Giordano Bruno foram executados na
fogueira por apresentarem interpretações
científicas diferentes daquelas apoiadas pela
Igreja Católica.
Entre tantos outros, no século XIV (1301-1400), os principais personagens, que mais
influenciaram na evolução da Astronomia nesse período, foram:

● Abū al‐ʿUqūl – um importante astrônomo em Ta'izz, onde foi o primeiro professor de


Astronomia em meados do século XIV. Ele ficou conhecido por compilar a maior tabela
de dados astronômicos a respeito dos corpos celestes sobre uma latitude específica,
com mais de 100.000 entradas. Também conseguiu determinar a latitude de Ta'izz como
13°37' (hoje sabemos que é 13°35').

● Immanuel Bonfils (1301 — 1377) – que em 1365, publicou as tabelas astronômicas


"Seis Asas", que incluía dados para o cálculo do calendário judeu, sendo usados até
o século XVII.

● Ibn Muḥammad al-Khalīlī (1320 — 1380) – um astrônomo sírio que compilou várias
tabelas para uso astronômico em Damasco.

● Ibn al-Shatir (1304 — 1375) – um astrônomo muçulmano que trabalhou em


Damasco e conduziu observações extensas que levaram a contribuições teóricas
importantes. projetou e construiu novos instrumentos e fez contribuições avançadas
para a astronomia islâmica.

● Mahendra Sūri – um astrônomo indiano de meados do século XIV que ficou famoso
por publicar o primeiro tratado em sânscrito sobre o astrolábio.
Os Fundadores da Astronomia Moderna
Nos séculos XV e XVI (1401-1600) vieram as grandes realizações na astronomia e
seus principais personagens:

Nicolau Copérnico (1473 — 1543)


A quem devemos a primeira formulação
rigorosa do sistema heliocêntrico.

Tycho Brahe (1546 — 1601)

Que foi o responsável pela maior


quantidade e as mais precisas observações
astronômicas jamais realizadas até o século
XVI (1501-1600).
Já a partir do século XVII (1601-1700), destacaram-se:.

Johannes Kepler (1571 — 1630)


Cujo grande legado foram as três leis que governam o
movimento planetário. Em 1604, Kepler descobre uma
supernova na constelação Ophiuchus.

Kepler pode ser considerado entre os cinco maiores


gênios da Ciência, segundo Stephen Hawking.

Galileu Galilei (1564 — 1642)

Que afirmou definitivamente a matemática


como a linguagem da Natureza, e em 1609,
usou pela primeira vez uma luneta, que ele
mesmo construiu e aperfeiçoou para
propósitos astronômicos, descobrindo os
quatro maiores satélites de Júpiter, as
crateras da Lua e constata o número
impressionante de estrelas da Via Láctea.
E já no início do século XVIII (1701-1800), no período chamado pós renascentista, veio
o trabalho de Newton.

Isaac Newton (1642 — 1727)

Newton trabalhou intensamente em problemas


relacionados com a Óptica e a natureza da luz entre
1670 e 1672, demonstrando sua decomposição por
meio de um prisma. Como resultado de todo esse
estudo, construiu o primeiro telescópio refletor
(em 1668) para evitar a denominada "aberração
cromática", a que qualquer telescópio "refrator"
está sujeito.

Newton formulou a Lei da gravitação universal e


as conhecidas “As três leis de Newton" que
fundamentaram a Mecânica clássica em 1687.

Esses cinco personagens revolucionaram a Astronomia, a Física e por extensão toda a


ciência, mudando a face do Mundo em níveis que continuam se alastrando até os dias
atuais.
Outros destaques

Vale destacar alguns outros importantes personagens


desse período ligados à astronomia:

Em 1595, David Fabricius descobre uma estrela variável


de longo período na constelação Cetus. Esta estrela hoje
é conhecida como Mira Ceti.

Em 1603, Johann Bayer publica o seu


catálogo estelar "Uranometria". Ele
introduz a chamada "designação
Bayer", sistema que associa letras
gregas às estrelas e que é
amplamente usado até hoje.

Em 1608, Hans Lippershey (1570 — 1619), um fabricante de óculos holandês,


solicitou a patente de um "instrumento para ver coisas distantes como se elas
estivessem perto", ou seja: uma luneta. Devido ao fato de outro fabricante holandês
(Jacob Metius) ter solicitado a mesma patente poucas semanas depois, a patente não
foi concedida a nenhum deles.
Mas relatórios e especificações desse artefato foram distribuídos por toda a Europa,
permitindo que vários outros cientistas fizessem seus experimentos com esse
dispositivo, como os italianos Paolo Sarpi e Galileo Galilei, e o inglês Thomas
Harriot.

Em 1611, por intermédio do grego Giovanni Demisiani,


surge o termo "telescópio" (dos termos gregos: "tele" –
longe + "skopein" – ver), para designar uma versão do
aparelho apresentada por Galileu durante um banquete
em comemoração à sua admissão na "Accademia
Nazionale dei Lincei” em 1611.

Importante Observação!!! Nos dias de hoje, em português, o termo "luneta", é mais


usado para designar os instrumentos óticos de aproximação de imagens terrestres
(ou marítimas) baseados em refração, enquanto o termo "telescópio", é mais usado
para instrumentos de aproximação de imagens de qualquer tipo (óticos refratores,
óticos refletores, óticos catadióptricos, de radiação, de ondas de radiofrequência, etc.)
dedicados especificamente à observação dos corpos celestes.
O Mártir da Astronomia
Giordano Bruno (1548 — 1600)

Personagem que merece destaque


especial. Apesar de não ser astrônomo, foi
Giordano Bruno quem revolucionou o
sistema proposto por Copérnico,
apresentado a concepção de um sistema
heliocêntrico aberto e ilimitado, sendo o Sol
apenas uma entre milhares de estrelas. Por
essa “ousadia” e a divulgação obstinada de
suas ideias, Giordano Bruno pagou com a
vida, sendo executado numa fogueira em
1600.

A Astronomia Moderna

A assim chamada “Astronomia Moderna", teve início no século XVIII (a partir de 1701),
no período conhecido como pós renascentismo, porém não podemos esquecer dos
antecedentes:
O século XVI (1501-1600)
O grande pioneiro desse período, foi Nicolau
Copérnico (1473-1543), na proposição de um
sistema heliocêntrico moderno, que no entanto,
devido às restrições impostas pela igreja na
época, só permitiu que publicassem sua obra
quando já estava muito doente, e no ano da sua
morte, em 1543.

Foi um período de transição e muita discussão


sobre as teorias existentes fundamentadas pelas
observações de Tycho Brahe (1546-1601).

As principais contribuições para a astronomia


nesse século se deveram também aos seguintes
personagens:

Luigi Giglio (1510–1576) - publicou estudos


sobre uma possível reforma no calendário em
1577, que depois de examinada e corrigida pelo
padre jesuíta Cristóvão Clávio, tornou-se o
calendário gregoriano atualmente em uso.
Erasmus Reinhold (1511-1553) - catalogou um grande número de estrelas. Suas
publicações incluíram uma cópia comentada da obra Theoricae novae planetarum de
Georg Purbach.

Valentin Naboth (1523-1593) - publicou várias obras entre 1556 e 1580, tratando
sobre os modelos geocêntrico e heliocêntrico e também sobre astrologia.

Taqi ad-Din Muhammad ibn Ma'ruf (1526–1585) - polímata muçulmano, publicou


várias obras sobre astronomia e ótica (reflexão e refração). Em 1574, ele propôs a
construção de um novo observatório ao Sultão Murad III. O observatório foi construído
em Istambul e segundo se sabe, era bem semelhante ao de Tycho Brahe. Esse
observatório ficou ativo até 1580, quando foi demolido.
● Guilherme IV de Hesse-Cassel (1532-1592) -
contemporâneo de Tycho Brahe, a sua principal obra, foi
um catalogo de cerca de mil estrelas.

● Cornelius Gemma (1535-1578) - autor de uma obra


bastante extensa sobre o Grande Cometa de 1577.

● Paul Wittich (1546–1586) - mais um adepto do modelo


híbrido, com os planetas internos: Mercúrio e Vênus
orbitando o Sol e os planetas externos: Marte Júpiter e
Saturno orbitando a Terra.

● Thomas Digges (1546-1595) - em sua obra de 1576, "A Prognostication


everlasting", ele se declarava contrário ao modelo de Ptolomeu e apresentou pela
primeira vez na língua inglesa, uma discussão detalhada do modelo heliocêntrico de
Copérnico. Um marco para a popularização da ciência.

● Nicolaus Reimers (1551-1600) - propôs uma alternativa de movimento da Terra


num sistema de órbitas hibridas semelhante ao proposto por Tycho Brahe.

● Christoph Rothmann (1555-1600) - publicou várias obras a partir de 1585.


O século XVII (1601-1700)
Foi marcado principalmente pela influência de
Galileu Galilei (1564-1642) e suas teorias
antagônicas ao modelo aristotélico apoiadas em suas
observações ao telescópio, que no período entre
1609 e 1619 constataram entre outras coisas, os
satélites de Júpiter e as fases de Vênus.

Mas além de Galileu, nesse período houveram


outros astrônomos que fizeram contribuições
importantes, como:
David Gans (1541-1613) - com seu tratado
astronômico, o "Gebulat ha-Eretz“

Achyuta Pisharati (1550-1621) - descobriu as


técnicas de redução da eclíptica e publicou vários
trabalhos por volta de 1593.

Petrus Plancius (1552-1622) - autor de vários


globos celestes entre 1589 e 1613, conseguindo
obter razoável sucesso e fidedignidade em suas
últimas versões.
Giovanni Antonio Magini (1555-1617) - partidário do sistema geocêntrico, ele publicou
duas obras com a sua própria teoria com onze esferas rotativas: em 1589, a "Novae
coelestium orbium theoricae congruentes cum observationibus", e em 1592, a "De
Planis Triangulis", descrevendo o uso de quadrantes na astronomia.

Sethus Calvisius (1556-1615) - com sua obra


sobre eclipses em 1605, a "Opus Chronologicu"
e a sua proposta par reforma do calendário em
1612, a "Elenchus Calendarii Gregoriani“

Manuel Dias (1574-1659) - missionário


português na China, que publicou em 1615,
a "Tian Wen Lüe" (Explicatio Sphaerae
Coelestis), uma obra na forma de perguntas
e respostas que seria reeditada várias
vezes na China até o século XIX.

Mario Guiducci (1585-1646) - que trabalhou com


Galileu principalmente entre 1618 e 1623.

John Wilkins (1614-1672) - foi um dos fundadores


do Colégio Invisível e da Royal Society. Publicou
várias obras entre 1638 e 1668.
Valentin Stansel (1621-1705) - foi um astrônomo jesuíta tcheco que trabalhou no
Brasil. Em 5 de março de 1668, Valentin Stanzel descobriu um cometa que ficou
conhecido como "Estancel-Gottignies".

Johann Jacob Zimmermann (1644-1693) - publicou várias obras entre 1684 e


1691.

O século XVIII (1701-1800) e a Nova Astronomia


Foi um período de apresentação,
detalhamento, solidificação e disseminação do
sistema newtoniano.

A obra de Isaac Newton (1642-1727), foi


monumental, e fixou as bases da mecânica
teórica. Da combinação de suas teorias com
sua lei de gravitação, surge a confirmação das
leis de Kepler e, e simultaneamente
estabelece as bases científicas, da mecânica
terrestre e celeste.

No domínio da ótica, Newton inventou o telescópio refletor, discutiu o fenômeno da


interferência.
Desenvolveu as ideias básicas dos principais ramos da física teórica, nos dois
primeiros volumes da obra “Principia”, com suas leis gerais, mas também com
aplicações a colisões, o pêndulo, projéteis, fricção do ar, hidrostática e propagação
de ondas.

Somente depois, no terceiro volume, Newton aplicou suas leis ao movimento dos
corpos celestes. O “Principia” é reconhecido como o livro científico mais
importante já escrito.

Os trabalhos astronômicos de Newton são


apenas comparáveis aos de Carl Friedrich
Gauss (1777-1855), que contribuiu para a
astronomia com a Teoria da Determinação de
órbitas, com trabalhos importantes de
Mecânica celeste, de Geodésica avançada e
a criação do Método dos Mínimos Quadrados.

Nunca um outro matemático abriu novos


campos de investigação com tanta perícia, na
resolução de certos problemas fundamentais,
como Gauss.
São também dessa época, os notáveis trabalhos de mecânica celeste desenvolvidos
por Euler, Lagrange e Laplace, e os dos grandes observadores como Frederick
William Herschel, sua irmã: Caroline Lucretia Herschel (que descobriu muitos
objetos celestes entre 1783 e 1787), e seu filho John Frederick William Herschel,
além de: Bessel, F.G.W. Struve e O.W. Struve.

Vale a pena lembrar uma data histórica para a astronomia - a da primeira medida
de paralaxe trigonométrica de uma estrela e, consequentemente, da determinação
de sua distância, por Bessel (61 Cygni) e F.G.W. Struve (Vega), em 1838. Este
notável feito da técnica de medida astronômica é basicamente o ponto de partida
para o progresso das pesquisas do espaço cósmico.
Os Cinco Gigantes

Nesse período, que podemos chamar de primeira fase da astronomia moderna, foram
inúmeros os gênios e heróis que contribuíram de maneira significativa para a
evolução da astronomia como ciência. No entanto, dentre tantas mentes brilhantes,
cinco se destacaram entre os grandes: Copérnico, Tycho Brahe, Kepler, Galileu e
Newton.

"Esquadrão Classe A da Astronomia"


A quem se pode atribuir o título de fundadores da astronomia moderna? Um
verdadeiro esquadrão de gênios que desafiando as leis e entendimentos vigentes,
mudaram a compreensão das leis que regem o universo, numa época em que
apenas sete corpos celestes se revelavam dissidentes do movimento constante das
estrelas trilhando seus próprios caminhos: O Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte,
Júpiter e Saturno.
A Copérnico, devemos a primeira formulação rigorosa do sistema heliocêntrico; a
Brahe, as melhores e mais precisas observações astronômicas jamais realizadas até
então; a Kepler as três leis do movimento planetário; a Galileu, a afirmação definitiva
de que a Matemática é a linguagem da natureza; e a Newton, a formulação da Lei da
Gravitação Universal.

Depois deles, a Astronomia, a Física e por extensão toda a ciência, não foram mais
as mesmas, mudando a face do mundo com consequências que se projetam até os
dias de hoje.
Segundo Stephen Hawking,
retrirando Tycho Brahe da lista e
● Nicolau Copérnico (1473 — 1543) incluindo Albert Einstein, esses foram
os cinco maiores gênios da ciência.
● Tycho Brahe (1546 — 1601) Evidentemente, ele não se incluiu por
pura modéstia!!
● Johannes Kepler (1571 — 1630)

● Galileu Galilei (1564 — 1642)

● Isaac Newton (1642 — 1727)


O Século XIX (1801-1900) e a Modernização da Astronomia

Naquele período, o foco da Astronomia mudou.


Ao invés de catalogar e tentar entender o
movimento das estrelas, os astrônomos
começaram a tentar descobrir o que as estrelas
eram de fato (estudo da astrofísica). Em 1860,
um astrônomo inglês, William Huggins (1824-
1910), analisou a luz das estrelas. Outros
levaram seu trabalho adiante e logo foi possível
classificar as estrelas por seu espectro.

Já no final daquele século, foi descoberto que,


quando a luz do Sol era decomposta, uma
miríade de linhas espectrais era observada
(regiões onde havia pouca ou nenhuma luz).

Experimentos com gases aquecidos mostraram


que as mesmas linhas podiam ser observadas no
espectro de gases, linhas especificas
correspondendo a elementos específicos
Foi evidenciado que, elementos químicos
encontrados no Sol (majoritariamente hidrogênio
e hélio) também eram encontrados na Terra.

Essas linhas espectrais, são formas de luz


invisíveis (radiações) a olho nu, como: raios-X,
raios gama, ondas de rádio, micro-ondas,
radiação ultravioleta e radiação infravermelha.
Isso deu início à Espectroscopia estelar, a
construção dos grandes telescópios e a
substituição do olho humano pelas fotografias e
outras formas de captação de dados
astronômicos.

Se nos séculos anteriores os astrônomos notáveis eram exclusivamente homens, na


virada do século XIX para o século XX, as mulheres passaram a desempenhar um
papel importante nas grandes descobertas astronômicas, apesar de estarem numa
situação que seria encarada nos dias de hoje, no mínimo como “politicamente
incorreta”.
Nesse período anterior aos computadores
modernos, mulheres no United States
Naval Observatory (Observatório Naval
dos Estados Unidos), na Universidade de
Harvard sob a liderança de Edward
Charles Pickering (1846-1919), e em
outras instituições de pesquisa
astronômicas, frequentemente serviam de
"computadores humanos", numa divisão de
tarefas em que os homens manipulavam os
telescópios e faziam as observações e as
mulheres realizavam a tarefa tediosa de
registrar os dados e efetuar cálculos.

Muitas das descobertas desse período eram notadas inicialmente por essas mulheres
que "computavam" e então reportadas a seus supervisores. Por exemplo: Maria
Mitchell (1818-1889) que foi a primeira pessoa a descobrir um cometa usando um
telescópio em 1847; Annie Jump Cannon (1863-1941) que organizou os tipos
espectrais estelares de acordo com a temperatura estelar em 1901 e Henrietta Swan
Leavitt (1868-1921) que descobriu a relação entre o período de luminosidade e a
variabilidade de uma estrela, tendo catalogado 1.777 estrelas variáveis, publicando
seu catálogo em 1908.
Algumas dessas mulheres receberam
pouco ou nenhum reconhecimento durante
suas vidas, devido à baixa reputação
profissional no campo da astronomia e
mesmo da sociedade da época em relação
às mulheres que trabalhavam.

Embora suas descobertas sejam ensinadas


em salas de aula de astronomia ao redor
do mundo, poucos estudantes de
astronomia conseguem atribuir o trabalho a
suas respectivas autoras.

O Século XX (1901-2000) e a Astronomia Atual

No início daquele século, a publicação da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein


(1879-1955), produziu profundas modificações na Física. Por outro lado, foi um
período de muitos avanços técnicos para a astronomia onde cada avanço
instrumental levava a uma nova descoberta que reformulava o entendimento do
Universo
Esses avanços tiveram um grande impacto na Astronomia, criando os campos da
astronomia infravermelha, rádioastronomia, astronomia do raio-X e finalmente
astronomia dos raios gama.

Com o advento da Espectroscopia (estudo das linhas espectrais invisíveis a olho nu)
e da física quântica, foi evidenciado que outras estrelas eram similares ao Sol, mas
com temperaturas, massas e tamanhos diferentes.

A existência de nossa galáxia, a Via Láctea, como um grupo separado de estrelas só


foi evidenciado no século XX, junto com a descoberta de galáxias "externas", e logo
após, foi constatada a expansão do Universo tendo em vista a recessão da maioria
das galáxias em relação à nossa, isto é, a rapidez com que elas aparentemente se
afastam de nós.
Foi em 1910 que Max Wolf (1863-1932), um dos pioneiros
da Astrofotografia, propôs a criação de um novo instrumento
à firma Carl Zeiss que deu origem aos planetários atuais. A
primeira apresentação pública de um planetário ocorreu em
21 de Outubro de 1923.

O advento de novos objetivos de sistematização e


classificação, fizeram a Astronomia evoluir mais nestes
últimos cinquenta anos do que nos cinco milênios de toda sua
história.

A partir deste momento, a história da Astronomia, em consequência do


desenvolvimento tecnológico da segunda metade do século XX, sofre uma tal mudança
nos seus métodos, que a astronomia deixa o seu aspecto de ciência de observação
para se tornar, também, uma nova ciência experimental, onde aparecem vários ramos.

As principais disciplinas da astronomia nos dias atuais são: a Astrometria, que


trata da determinação da posição e do movimento dos corpos celestes; a Mecânica
Celeste, que estuda o movimento dos corpos celestes e a determinação de suas
órbitas; a Astrofísica, que estuda as propriedades físicas dos corpos celestes; a
Astronomia Estelar, que se ocupa da composição e dimensões dos sistemas
estelares; a Cosmogonia, que trata da origem do universo, e a Cosmologia, que
estuda a estrutura do universo como um todo.
Sobre esta última, a de Cosmologia Física, a
disciplina realizou grandes avanços, com o
modelo do Big Bang quente, fortemente apoiado
pelas evidências fornecidas pela Astronomia e
pela Física, como o “redshift” (desvio para o
vermelho) de galáxias bem distantes e de fontes
de rádio, a radiação cósmica de fundo em micro-
ondas, a lei de Hubble e a abundância
cosmológica de elementos químicos.

Muito do conhecimento atual em Astronomia foi descoberto durante o século XX. Com
a ajuda do uso da fotografia, objetos menos brilhantes foram finalmente observados.
Ficou claro que o Sol fazia parte de uma galáxia formada por bilhões de estrelas. A
existência de outras galáxias, um dos tópicos do "Grande Debate", foi estabelecida
de forma definitiva por Edwin Hubble (1889-1953), que identificou a nebulosa de
Andrômeda como uma galáxia diferente em 1923, além de muitas outras a grandes
distâncias, afastando-se de nossa galáxia.
O século XXI (2001-2100) e o desenvolvimento continua
Na Astronomia moderna, à medida que
os astrônomos respondem suas
questões, novos problemas tomam seu
lugar. Por exemplo, atualmente aceita-
se que o Universo começou com o Big
Bang. Mas como o material do Big
Bang se juntou para formar as
galáxias?

Os cientistas de hoje podem trabalhar


mais rápido em tais problemas com a
ajuda de computadores cada vez mais
sofisticados. Estes podem resolver
problemas matemáticos extremamente
complexos em horas, em vez de meses,
como era normal centenas de anos
atrás. Os computadores também
permitem que astrônomos em todo
mundo se comuniquem de forma a
poder trabalhar em conjunto na busca
do entendimento do Universo.
Calcula-se que um estudo completo do mundo sideral vai exigir a impressão de
aproximadamente 7 milhões de placas fotográficas. Na atualidade, tem se reduzido
o erro provável na medida de distâncias a 0,03 de segundo de arco.

Para dar-se conta do infinitamente pequeno desta abertura, tenhamos em conta que
um segundo é o arco necessário para que um ângulo alcance os dois extremos de
uma letra “O” impressa, se o vértice se encontra a uns 400 m da letra. Pois bem, 0,03
de segundo é uma abertura 30 vezes menor.

Grande parte dos dados obtidos no estudo do espaço tem somente interesse
científico, por exemplo, examinar a Recessão- velocidade de fuga das galáxias.
Porém, grande parte também busca um resultado prático aplicado à Astronáutica.

A colocação em órbita dos satélites artificiais, os intentos de utilizar foguetes para


observações sobre astronáutica, a conquista da Lua e outro dia a de Marte, são
exemplos desta utilização concreta da Astronomia.

O estudo do céu estrelado converte-se na atualidade em um trabalho complexo, no


qual é preciso investir somas consideráveis e o qual tem se descartado quase por
completo o trabalho individual.
A época em que um Galileu ou um
Herschel trabalhavam sozinhos tem cedido
lugar a tempos em que o trabalho em
equipe conta no anonimato a uma
verdadeira legião de homens da ciência.

O "astrônomo" puro é uma exceção,


porque os modernos observatórios
necessitam matemáticos, químicos, físicos,
geólogos, etc., cuja íntima colaboração
depende, quase sempre, da ciência
astronômica, ou seja, poder avançar uns
passos a mais neste complicado caminho
do progresso humano.

É necessário, cada vez mais, não só uma colaboração dos observatórios de uma
nação determinada, mas também o intercâmbio de informações e de ideias entre
todos os observatórios mundiais e o trabalho conjunto de várias nações em busca de
mais conhecimento.
Astronomia – uma síntese cronológica
Síntese Cronológica da História da Astronomia (até Sec.XX)

Séc. VI a. C. – Previsão de um eclipse, por Tales de Mileto

Séc. III a. C. – Aristarco estuda tamanhos e medidas do Sol, da Lua e da Terra

Séc. II a. C. – Hiparco de Niceia estabeleceu a primeira classificação das estrelas,


com base no seu brilho

Ano 230 a. C. – Eratóstenes mede a circunferência terrestre

Ano 150 a. C. – Ptolomeu sintetizou todos os conhecimentos anteriores e os seus


próprios numa teoria geral, segundo a qual os planetas, o Sol e a Lua giravam à volta
da Terra (sistema geocêntrico), que permanecia imóvel no centro do sistema, todo ele
envolto pelas esferas das estrelas fixas.

Idade Média – Os astrónomos árabes fizeram progredir os conhecimentos do


firmamento, aumentando a classificação de Hiparco, graças aos trabalhos de Al-Battani.
Algumas estrelas conservaram nomes que lhes foram dados por este sábio: Aldebarã,
Rigel, Deneb, Algol, e,etc
Síntese Cronológica da História da Astronomia (até Sec.XX)

Ano 1543 – Nicolau Copérnico negou o geocentrismo de Ptolomeu; afirmou que o Sol é
o centro do universo, enquanto a Terra e os demais planetas giram ao seu redor
(sistema heliocêntrico).

Final do séc. XVI – Tycho Brahe, sem telescópio, estudou minuciosamente o planeta
Marte.

Ano 1609 – Galileu Galilei inventa o telescópio, com o qual descobrirá quatro satélites
de Júpiter, em 1610. Galileu defendeu o heliocentrismo de Copérnico. Mas este grande
cientista chocou com a enorme hostilidade da Igreja Católica, e as suas teorias foram
condenadas pela inquisição.

Anos 1609 -1619 – Johannes Kepler, discípulo de Tycho Brahe, prossegiu os seus
trabalhos e estabeleceu uma série de leis sobre o movimento dos planetas.

Ano 1705 – Edmond Halley calcula a órbita dos cometas que tem o seu nome, e o
momento do seu regresso.

Ano 1718 – Halley descobre que as estrelas têm movimento próprio.

Ano 1781 – William Herschel descobre Úrano.


Síntese Cronológica da História da Astronomia (até Sec.XX)

Ano 1802 – William Hyde Wollaston descobre as linhas escuras do espectro solar.

Anos 1834-1838 – John Herschel cataloga 68.948 estrelas, 2.306 nebulosas e 3347
estrelas duplas.

Ano 1845 – Primeiras fotografias da Lua e do Sol.

Ano 1846 – Localização de Neptuno por Johann Gottfried Galle. O cálculo das órbitas
dos planetas aperfeiçoou-se tanto que em 1846 Urbain Le Verrier e John Couch Adams
deduziram a existência de um novo planeta, Neptuno, que foi localizado por Galle.

Anos 1905-1914 – Diagrama de Hertzsprung-Russell, relativo à relação entre a


luminosidade e temperatura na superfície das estrelas.

Ano 1916 – Albert Einstein enuncia a Teoria da Relatividade Geral.

Ano 1929 – Edwin Powell Hubble formula a lei do afastamento das galáxias: «expansão
do universo».

Ano 1930 – Clyde Tombaugh descobre Plutão.


Síntese Cronológica da História da Astronomia (até Sec.XX)
Ano 1939 – Hans Albrecht Bethe descobre que a energia das estrelas procede da fusão
nuclear. Bethe e Weizsäcker explicam que o mecanismo que proporciona a energia de
radiação das estrelas é a fusão nuclear, que lhes dá a possibilidade de brilharem
durante vários milhares de anos.

Ano 1951 – Construção do primeiro radiotelescópio nos Estados Unidos da América.

Ano 1952 – Jan Hendrik Oort demonstra que a nossa galáxia tem uma estrutura em
espiral.

Ano 1960 – Descobre-se o quasar. Um quasar (abreviação de quasi-stellar radio


source (“fonte de rádio quase estelar”) ou quasi-stellar object (“objeto quase estelar”)
é um objeto astronómico distante e poderosamente energético com um núcleo galáctico
ativo, de tamanho maior do que o de uma estrela, porém menor do que o mínimo para
ser considerado uma galáxia.»

Ano 1967 – Descobre-se o primeiro pulsar. «Pulsares são estrelas de nêutrons muito
pequenas e muito densas. Os pulsares podem apresentar um campo gravitacional até 1
bilhão de vezes maior que o campo gravitacional terrestre. Eles, provavelmente, são os
restos de estrelas que entraram em colapso, fenômeno também conhecido como
supernova. Foram observados, pela primeira, vez pela astrônoma Jocelyn Bell
Burnell.»
Bibliografia

1. http://astronomiapravoce.blogspot.com

2. https://www.blogger.com/profile

3. https://www.portalsaofrancisco.com.br/astronomia/astronomia

4. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_astronomia

5. https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-historia-astronomia.htm

6. https://brasilescola.uol.com.br/fisica/historia-astronomia.htm

7. https://www.fis.unb.br/observatorio/notasdeaula/aula2.pdf

8. http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/Astronomia/Historia_da_Astronomia.pdf

9. http://www.calendarios.info/astronomia-uma-sintese-cronologica/#.XXrD2C5KjIU

10. http://www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/felipe/historia.html
Obrigado!!!

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