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Escola Plena Carlos Hugueney

Atividades Escolares/Setembro 2020


Ensino Médio
SOCIOLOGIA

CURSO: ENSINO MÉDIO TURMA: 1º ANO PERÍODO : INTEGRAL

PROFESSOR (A): NOEL A. DOS SANTOS ALUNO:

1. INTRODUÇÃO

Todos nós vivemos em sociedade. MESMO o isolamento individual não é isolamento da


sociedade. O mero ato de pensar é um ato social; aprender uma linguagem é um ato social. Embora
qualquer um de nós venha ao mundo com a capacidade de aprender línguas, só as aprendemos em contato
com o mundo social. Essa constatação simples, “vivemos em sociedade”, deu origem a muitas reflexões
sobre o lugar do indivíduo no mundo. Desde o fim do século XIX, essas reflexões têm sido
sistematizadas em ciências, denominadas Ciências Sociais.

2. A VIDA EM SOCIEDADE

As pessoas vivem juntas, ou seja, em sociedade. E os cientistas sociais estão interessados


em entender como acontece essa vida em sociedade.
Essa vida em sociedade precisa nos fazer pensar também. Não podemos ignorar que estamos
inseridos nela. Portanto, vamos compartilhar algumas indagações que estudiosos têm feito para
estudarem mais profundamente as estruturas das muitas sociedades existentes.
 Quais são as formas de convivência entre as pessoas?
 Que relações são fundamentais em uma sociedade?
 Como funciona uma sociedade?
 Por que as pessoas, em geral, fazem coisas muito parecidas?
 Como as sociedades mudam?
 Por que a vida em sociedade produz diferenças tão grandes entre seus membros?
 Quais fatores diferenciam grupos ou sociedades?
 Por que algumas pessoas são exploradas, subjugadas e até mesmo escravizadas?
Estas são apenas algumas questões entre milhares de outras que podem ser levantadas sobre a vida
em sociedade.
Portanto, se você também conseguir formular alguma pergunta sobre a vida em sociedade, você
começará a pensar sociologicamente. Então, a partir de hoje, questione. Mesmo que seja algo trivial,
valerá a pena descobrir os motivos pelos quais está inserida em nossa sociedade.

3. DESCOBRINDO A SOCIEDADE

Você vai descobrir que as Ciências Sociais se dedicam a fazer boas perguntas sobre a vida social,
sobre o conjunto de relações que as pessoas estabelecem quando vivem juntas. Vai ver também que as
respostas são muito variadas, porque as pessoas têm diferentes opiniões, olhares e perspectivas, e
portanto, respostas diferentes para as mesmas perguntas. A primeira coisa que importa saber sobre a

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Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política é que essas ciências, elaboradas por diferentes estudiosos
a partir de critérios diversos, nem sempre apresentam concordância de ideias e opiniões. Este é um
indício da complexidade do mundo social.
Mas como as Ciências Sociais avançam sem consenso entre seus cientistas? O fato é que elas
progridem em diversas “linhagens”: quando um conjunto de estudiosos desenvolve uma perspectiva,
nasce uma escola de pensamento, que ganha seguidores e se constitui em uma nova teoria. As novas
teorias são testadas por seus seguidores e críticos, e novas perspectivas geram outros conjuntos de
seguidores, que compartilham das mesmas tendências no modo de observar o mundo social. Entretanto,
as teorias e suas linhagens não são estáticas: elas mudam com o tempo, de acordo com novas críticas e
novas perspectivas.
Como você vê, as Ciências Sociais se estruturam de modo tão complexo quanto seu objeto de
estudo, a sociedade. Mas esse emaranhado de perspectivas e teorias diferentes pode ser sistematizado.
Podemos identificar algumas formas preponderantes de pensar o social, identificar essas linhagens e,
assim, chegar a uma ideia geral do que são as Ciências Sociais. Portanto, o propósito deste ensino é
justamente levar você para esse mundo, oferecendo um mapa das principais questões e formas de lidar
com elas.

3.1 O que é sociedade

Mas então, o que é mesmo a sociedade? A sociedade é um conjunto de pessoas, de tamanho


variável, imensamente complexo, mesmo quando é um conjunto pequeno, caracterizado por múltiplas
normas, regras e conflitos. As regras e normas nem sempre são explícitas. Muitas vezes as pessoas nem
se dão conta de que estão seguindo certas regras. Por exemplo, em nossa sociedade é difícil que os
homens usem saias. Entretanto, não há nenhuma regra escrita que os impeça de usar; essa é uma regra
implícita.
Os cientistas sociais sabem que as regras e normas de uma sociedade não são neutras; elas tendem
a favorecer determinados grupos. Um dos principais efeitos das regras e normas é a concentração de
poder, que gera recursos e benefícios para determinados grupos de pessoas. A Sociologia, a Antropologia
e a Ciência Política têm se dedicado a entender esses processos. Entretanto, a sociedade vai muito além
de normas, regras e concentração de poder. A convivência social dá sentido ao cotidiano das pessoas,
criando desejos que muitas vezes tomamos como individuais, mas que na verdade são sociais.
O desejo de consumir, por exemplo, é incentivado por uma sociedade organizada para a produção
de bens em larga escala, como o capitalismo, que depende de consumidores para seus bens. Ou seja: os
membros de uma sociedade capitalista precisam aprender a consumir! Se você levar a sério as
Ciências Sociais, passará a ver de outra forma as propagandas comerciais. Um dos objetivos das
Ciências Sociais é justamente desenvolver o pensamento crítico. Quando olhamos para a sociedade e
fazemos determinados questionamentos, encontramos respostas que revelam aspectos que a princípio não
eram evidentes.
Podemos chamar essas descobertas de pensamento crítico, ou seja, a capacidade de desvendar
mecanismos que, embora operem como se fossem naturais, nada têm de naturais. Você pode achar que
seu desejo de comprar aquele par de tênis especial é natural; que esse desejo não precisa de explicação.
Mas as perguntas que faz um cientista social desestabilizam essa sensação. Por que uma pessoa deseja
alguma coisa? Por que tantas pessoas desejam certas coisas? Por que todo mundo ao seu redor deseja
algum bem? Por que isso é tão fundamental? Perguntas tão simples como essas exigem respostas que
podem explicar os fundamentos de uma sociedade.
Muito mais do que um conjunto de normas e regras, a sociedade é também espaço de conflitos,

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tensões e desavenças. Grupos em busca de privilégios, grupos que lutam contra a opressão, disputas
religiosas, tudo isso faz parte da vida em sociedade. De um lado, massacres, discriminações sistemáticas,
falta de liberdade, pobreza extrema, escravidão. De outro, o talento de um músico, a destreza de um
esportista, a genialidade de um pintor, a sensibilidade de um poeta, a imaginação de um cientista, entre
tantas outras manifestações do espírito humano.

3.2 Desnaturalização

O processo de reflexão, característico das Ciências Sociais, resulta no que chamamos de


“desnaturalização” do mundo. Nada é simplesmente natural no mundo social, tudo é construído em
sociedade e passível de ser explicado e en- tendido, desde que as perguntas adequadas sejam feitas. As
Ciências Sociais, portanto, se dedicam a desnaturalizar o mundo social e encontrar explicações do porquê
de as coisas existirem como tal.
Tomemos o exemplo do trabalho feminino para entendermos melhor o que significa
“desnaturalizar”. Para muitas pessoas, o fato de o trabalho doméstico ser feio principalmente pelas
mulheres parecia natural. Essas pessoas acreditavam que era da ordem das coisas que as mulheres
trabalhassem enquanto os homens assistiam ao futebol na televisão. Ou que as mulheres cuidassem da
casa e das crianças enquanto os homens trabalhavam fora para sustentar a família. Muitas
mulheres, entretanto, insatisfeitas com essas diferenças, começaram a se perguntar por que as coisas eram
assim.
Esse questionamento levou à constatação de que a sociedade tem se organizado em termos que
favorecem os homens (maio- res salários, mais tempo livre, menos compromisso com a educação dos
filhos, etc.). Assim, a pergunta levou à desnaturalização do trabalho feminino: é uma desigualdade de
poder que estabelece essas diferenças, não uma realidade “natural”. As perguntas certas provocaram um
olhar crítico sobre aquilo que parecia natural. Desde fins do século XIX, o movimento feminista tem
levantado essas e outras questões, buscando mudar relações desiguais. Todavia, existem pensamentos
divergentes que apontam outra realidade.
É importante pararmos um pouco e refletimos sobre os processos de nossa sociedade, bem como
nossos próprios processos e condutas. Essa acurada avaliação poderá nos levar à um entendimento que
nos proverá um caminho para grandes transformações, pois quando vemos na luz e na realidade das
coisas podemos ousar na realização de novos caminhos, ultrapassando fronteiras.

4. O QUE É A CIÊNCIA SOCIAL?

A ciência social é uma ferramenta para entender melhor o mundo, mas exige de quem quer
conhecê-la disposição para escutar o que as pessoas dizem. Um cientista social deve estar preparado para
enfrentar questões polêmicas, sobre as quais pode ter opiniões muito diversas daquelas das pessoas com
quem lida ou mesmo das de outros intelectuais.

4.1 Quem é o cientista social?

Com suas perguntas e métodos, o cientista social busca dar sentido a experiências distintas e
dialogar com ideias e fatos dos quais muitas vezes discorda. Um exemplo: muitos intelectuais tentam
entender como funcionam facções criminosas sem que isso signifique apoiar as ações desses grupos.
O meio para alcançar essa suspensão temporária de julgamento é recorrer ao método e também à
teoria. Com esses instrumentos, o cientista social pode “olhar por cima” de seus valores pessoais e fazer

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uma análise o mais imparcial possível dos fenômenos sociais.
Embora subjetiva, uma boa análise social precisa superar as dificuldades que os próprios valores
do cientista impõem. Esse processo é fundamental para o desenvolvimento de um pensamento crítico.

4.2 As ciências socias

Embora estejamos estudando a matéria de Sociologia, falaremos constantemente de Ciências


Sociais. Por quê? Essa explicação exige um pouco de História, mais especificamente no contexto
brasileiro. Definir ciência não é tarefa fácil, há até um campo do conhecimento, a Epistemologia,
cujo objeto é o próprio conhecimento científico. Para nosso objetivo, basta entender o conceito
moderno de ciência como o conhecimento do mundo marcado por regras e métodos compartilhados
e que resulta em um “desvenda- mento” de realidades desconhecidas.
O conhecimento científico é separado do senso comum e de outros saberes, como o religioso, por
exemplo. A ciência exige objetividade e universalidade. Talvez seja difícil imaginar como as Ciências
Sociais possam ser objetivas e universais, mas foi esse espírito, no final do século XIX, que conduziu a
sua formação. As Ciências Sociais se manifestaram inicialmente como o lado científico da análise social:
os primeiros cientistas sociais imaginavam poder entender a sociedade do mesmo modo que um físico
entendia os fenômenos da gravidade.
Hoje já não se imagina que a ciência social seja tão semelhante às ciências exatas ou biológicas.
Mas a ideia de que as Ciências Sociais são científicas porque elaboram métodos sistemáticos e testam
detalhadamente suas hipóteses ainda é muito importante. Nesse sentido, as Ciências Sociais são distintas
da opinião do senso comum.
Nossas opiniões individuais não constituem ciência social, pois não são fruto de um pensamento
sistemático, organizado em torno da análise de dados produzidos com métodos reconhecidos. Por mais
perspicazes que sejam, nossas opiniões não são testáveis. Já o cientista social lida com hipóteses bem
delimitadas, busca ou produz dados sobre essas hipóteses, organiza os resultados e os apresenta de forma
sistemática, buscando avançar no conhecimento de algo.
Para tratar qualquer tema à luz da ciência social, é preciso definir exatamente o que você pretende
saber. Para definir sua questão, é preciso conhecer o que outros estudiosos escreveram sobre o tema, que
perguntas fizeram e como as responderam. Depois de tudo isso, você pode querer averiguar, por
exemplo, de que maneira o sistema prisional estimula a criação de grupos de crime organizado.
De posse de uma série de informações (dados), o cientista social tenta responder à pergunta,
sistematizando e apresentando os resultados da pesquisa, que podem confirmar a hipótese inicial, negá-la
ou, ainda, demonstrar que a pergunta (hipótese) estava equivocada, que seria melhor fazer outras
perguntas.
Como vimos, esse processo de produção científica do conhecimento sobre a sociedade começou
a tomar forma no final do século XIX, com a sistematização das Ciências Sociais. Esse momento inicial
pode ser chamado de “surgimento da Sociologia”, que seria o conjunto de perguntas relativas aos
fenômenos do mundo social, da vida em sociedade.
As Ciências Sociais tenderam a constituir “linhagens”, que resultaram em campos de
especialização; as principais deram origem à Antropologia, à Ciência Política e à própria Sociologia. Esse
conjunto de saberes desenvolveu- se de forma diferente, dependendo do contexto social onde emergiu.
Em alguns casos, uma dessas ciências teve mais destaque, ofuscando as outras. Não há, portanto, um
modelo universal de desenvolvimento das Ciências So- ciais, muito menos um equilíbrio entre seus
diversos campos de especialização.

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Portanto, fica explicado que o ensino das ciências sociais toma o nome de Sociologia no ensino
médio. Contudo, o conteúdo especificado pelos Parâmetros curriculares nacionais, ou seja, as diretrizes
elaboradas pelo governo para a educação no Brasil, é um conteúdo de Ciências Sociais, isto é, abrange o
conjunto das três disciplinas: Antropologia, Ciência Política e Sociologia. Por isso, todo ensino desta
matéria tange esse grupo das Ciências Sociais.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA1

BOMENY, Helena [et.al]. Tempos Modernos, tempos de sociologia. Volume Único. São Paulo:
Editora Brasil, 2013.
MACHADO, Igor José [et.al] Sociologia hoje. Volume Único. São Paulo: Editora Ática, 2013.

QUESTÕES

1. Por qual motivo estudamos Sociologia?

2. O que podemos refletir olhando para essa figura?

3. Um cientista social pode ser cheio de pré-conceitos? Justifique sua resposta.

4. Você conseguiria ser um cientista social?

5. Você o que é ser imparcial?

6. Você está preparado para entender o sentido das ações de sua sociedade?

7. Você sabia que nossas opiniões não constituem ciência social? Comente.

8. O que você gostaria de saber sobre sua sociedade?

9. O que é Sociologia? De onde veio?

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Todo material teórico que se encontra nessa apostila, foi produzido pela “Smart Editora”. http://www.smarteditora.com.br

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