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V
amos imaginar todas as maze- mílias, diminuiria os gastos públicos nos mitindo-lhes ter acesso à habitação.
las de quem não dispõe de ren- setores de segurança e saúde e daria um Como fruto desta articulação, no fecha-
da suficiente para ter acesso a passo definitivo no rumo do desenvolvi- mento desta edição estava prevista a apre-
uma moradia digna. A família se desagre- mento sustentado. sentação em 18 de junho, à Câmara dos
ga. Há grande dificuldade de educação
para os filhos. A baixa qualidade de vida e
a ausência de saneamento abalam a saú- Orçamento precisa prever recurso perene
de. Esse quadro dificulta a inserção social
e favorece o acesso à criminalidade. para assegurar o direito à habitação social
Agora imaginemos o prejuízo para o
Estado. Recursos direcionados para a
educação são desperdiçados. Doenças Com esta convicção, os movimentos Deputados, de uma PEC (Proposta de
freqüentes e internações em hospitais pú- nacionais pela moradia, as centrais sindi- Emenda Constitucional), visando assegu-
blicos oneram o sistema oficial de saúde. cais, o Fórum de Secretários Estaduais da rar a destinação de no mínimo 2% da arre-
Cidadãos marginalizados não contribuem Habitação, as entidades da cadeia produ- cadação da União e 1% dos Estados e
com a arrecadação. O aparato policial e tiva da construção e um expressivo grupo dos Municípios ao subsídio habitacional.
prisional é obrigado a drenar cada vez de deputados federais acabam de lançar A medida vigoraria por 30 anos ou até
mais recursos que poderiam ser utilizados a Campanha Nacional pela Moradia Dig- a erradicação do déficit habitacional. Para
em outras finalidades. na – Uma Prioridade Social. novembro, planeja-se uma grande mobili-
Se o Estado direcionasse uma peque- Esta ampla mobilização, que conta com zação, com a presença de milhares de
na parte de seu Orçamento para solucio- o apoio do SindusCon-SP, objetiva asse- pessoas, com vistas à aprovação da PEC.
nar o problema, ele faria muito mais do gurar, por meio de instrumento legal, a des- A campanha pretende assegurar que
que erradicar o déficit habitacional. Contri- tinação de recursos do Orçamento para o direito à moradia digna tenha a pereni-
buiria para dar dignidade a milhões de fa- subsidiar as famílias de baixa renda, per- dade de uma política de Estado e não so-
mente a transitoriedade que caracteriza as
políticas de governo. Para tanto, é neces-
sário garantir a vinculação de recursos or-
Ecológico e eficiente çamentários, de modo que as famílias de
baixa renda contem com um fluxo de re-
Realizado em maio pelo CTQ e pelo sões eco-eficientes sejam tomadas na cursos contínuo e livre de oscilações polí-
Comasp, o 5º Seminário de Tecnologia fase de projeto; e tudo isso requer uma ticas. Os subsídios permitirão a essas fa-
de Sistemas Prediais: Qualidade e Ino- gestão atualizada e eficiente. mílias que complementem, com recursos
vação trouxe vários lições: sistemas sus- Vamos avançar mais se os articula- próprios e financiamentos do mercado, o
tentáveis podem custar mais, mas pa- dores das políticas ambientais atenta- volume necessário para ter acesso a uma
garão o investimento feito se forem viá- rem para a necessidade de a inovação moradia digna.
veis; é preciso investir em inovação tec- tecnológica ser eco-eficiente. Isto requer
nológica e no desenvolvimento de fer- mudança de atitude e incentivos, em vez
ramentas de projeto e gestão de infor- de legislações coercitivas sem o devido
mação de edifícios, para que as deci- aprofundamento técnico. * PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP
PRESIDENTE@SINDUSCONSP.COM.BR
20 Imobiliário
Força nas parcerias
6 Capa CONSELHO EDITORIAL: DELFINO TEIXEIRA DE FREITAS, EDUARDO
Xô, emaranhado MAY ZAIDAN, JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, MAURÍCIO LINN BIANCHI,
FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO, SERGIO PORTO
de fios e cabos! 30 Insumos
Os dois lados das importações da China COORDENAÇÃO-GERAL: CARLOS MARTINS
GERÊNCIA DE MERCADO: IGOR ARCHIPOVAS
Melhor prevenir
Paulo Gala *
A
bril voltou a apresentar déficits prevê déficit de US$ 20 bi nas contas há sobra de dólares originada pela vita-
em contas correntes ou, no jar- correntes e saldo de US$ 30 bi na conta lidade do comércio exterior. Esse qua-
gão dos economistas, utiliza- capital e financeira. Portanto, em 2008 o dro está se alterando rapidamente. Nos-
ção de poupança externa. A conta cor- déficit seria facilmente financiável pela sa sobra de dólares depende cada vez
rente é composta pela balança comer- conta financeira. mais de fluxos de capital (dívida, em-
cial, que inclui importações e exporta- Os déficits em conta corrente são préstimos etc.) do que de resultados
ções, e pela balança de serviços, que preocupantes. Significam que o país po- positivos do comércio externo.
engloba as contas de juros da dívida derá voltar a se endividar em dólares. Muitos analistas chamam a atenção
externa, remessas de lucros das multi- Nossas condições de financiamento para a importância de evitar uma apre-
nacionais e salários dos trabalhadores, externo melhoraram muito. O nível de ciação excessiva do Real que, aliada
além dos gastos com turismo, fretes in- reservas em US$ 200 bi é bastante con- ao aumento da atividade econômica,
ternacionais e transferências unilaterais. fortável e a atribuição de grau de inves- tem contribuído para a piora recente nas
O déficit em conta corrente de abril foi timento ao país por duas agências de contas externas. O próprio Banco Cen-
de U$ 3,310 bilhões contra um superá- risco facilitou o acesso ao mercado fi- tral tem feito compras pesadas no mer-
vit de U$ 1,806 bi no mesmo mês do
ano passado. Em 12 meses, o déficit foi
de US$ 14,655 bi, ou 1,08% na relação De olho nas contas externas, governo
com o PIB. De janeiro a abril, o déficit
acumulado foi US$ 14,068 bi (3,09% do quer evitar uma nova crise em 2010
PIB). No mesmo período do ano passa-
do, o resultado foi superavitário em US$
2,047 bi (0,49% do PIB). O resultado de nanceiro internacional. O aumento de cado de câmbio para evitar uma aprecia-
abril decorreu de saldo positivo de US$ importações de máquinas é positivo, ção ainda maior: em 2007,comprou cer-
1,744 bi na balança comercial somado especialmente se comparado ao boom ca de US$ 90 bi. A Fazenda também se
a um déficit de US$ 5,331 bi na conta de de importação de bens de consumo nos esforça em evitar o problema. O aumen-
serviços e rendas. Entraram US$ 276 anos 90. Por todos esses motivos, uma to do IOF, a tentativa de criar um fundo
milhões nas transferências unilaterais. reviravolta cambial não está no horizon- soberano e a política industrial lançada
A conta capital e financeira do balan- te de curto prazo. recentemente vão todos nessa linha. O
ço de pagamentos, que registra as tran- Contudo, uma das grandes explica- governo teme que o cenário de 2001 e
sações financeiras do país com o resto ções para a melhora recente da econo- 2002, com pesados déficits externos e
do mundo, foi positiva em US$ 8,679 bi mia brasileira está na eliminação da vul- dificuldade de financiamento, se repita
contra US$ 9,635 bi no mesmo mês do nerabilidade externa. Ao triplicarmos as no futuro, especialmente em 2010, ano
ano passado. Ou seja, apesar da falta de exportações e quadruplicarmos o nível de eleição. Melhor prevenir do que re-
dólares na conta corrente, sobraram dó- de reservas nos últimos 5 anos, deixa- mediar.
lares na conta capital. A entrada de capi- mos para trás um histórico de crises e
tais para investir em títulos públicos, bol- instabilidade cambial. O grau de inves-
sa, derivativos, fornecer empréstimos e timento e a redução dos juros reais es-
fazer investimento direto (IDE) mais do tão certamente ligados a essa melhora * PROFESSOR DA ESCOLA DE ECONOMIA DE
que compensou a saída de dólares pela externa. Desde 2003 o país apresenta SÃO PAULO DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
conta corrente. Para 2008, o mercado superávits nas contas correntes, ou seja, E-MAIL: PAULO.GALA@FGV.BR
Xô, emaranhado
de fios e cabos!
Nathalia Barboza
A
s novas tecnologias desen- gente o suficiente para que não se- da é um problema porque alguns sis-
volvidas para sistemas pre- jam jogados fora sempre que se pre- temas, como o de telefonia, resistem
diais de comunicações e cise aumentar a capacidade das ins- a ter uma interface com a fibra e ain-
instalações especiais estão revolu- talações”, afirma Ricardo Daizem, da exigem os cabos de cobre”, diz.
cionando a maneira como as edifi- gerente de vendas da CommScope “O cabo coaxial nem é mais previsto
cações já estão projetadas e ergui- Systimax Solutions. em novas redes de cabos”, comenta
das. Parte disso pôde ser constata- Daizem conta que os cabos dos Álvaro Yamada, da DMI Network Hou-
da em palestras do 5º Seminário Tec- sistemas de transmissão de dados já se. Ele alerta ainda para o fato de
nologia de Sistemas Prediais – Qua- operam com velocidades de até 10 que “já há uma forte tendência na dis-
lidade e Inovação, promovido pelo Gb por segundo, o que justificaria co- ponibilização do sistema de telefo-
SindusCon-SP em 28 de maio, em meçar a pensar no uso de sistemas nia por IP”.
São Paulo. O evento contou com uma de fibra ótica ou na adoção de cabe- Para ilustrar a dificuldade que se-
platéia de mais de 200 pessoas, for- amento estruturado de última gera- ria optar por sucessivos serviços de
mada por construtores, incorporado- ção (a chamada 6A). Isso porque, se- troca de cabos antigos em sistemas
res, engenheiros, empresários e pro- gundo ele, a tendência é que em cin- inteligentes de cabeamento, Daizem
fissionais de toda a cadeia produtiva co anos todos os sistemas de trans- uso o exemplo do site YouTube, que
da construção civil. missão de dados e voz sejam interli- hospeda hoje mais de 15 milhões de
“A quantidade de dispositivos de gados por fibra ótica. “Hoje, isso ain- vídeos de até 100 megabytes cada.
rede adotados em todos Segundo ele, isso significa mais de
os níveis, desde os mais 125 de terabytes de arquivos arma-
simples até os mais so- zenados à disposição dos internau-
fisticados, tende a cada
dia aumentar. A estrutura
de cabeamento que vai
conectar esse emara-
nhado de equipamentos
tem de atender a tudo
isso hoje e no futuro. Por
isso é cada vez mais ne-
cessária a adoção de um
sistema de alta capaci-
dade de cabos, inteli- Para Daizem (acima),
prédios devem ter
cabos inteligentes;
Data Center requer
cuidados especiais,
diz Yamada (ao lado)
6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
tas. “São mais de 100 milhões de ví- e da quantidade de energia consumi- trada de serviços das concessioná-
deos assistidos diariamente, o que da pela edificação”. rias/operadoras, pelo projeto de
corresponde ao nível de tráfego que Da mesma forma, o especialista shafts para telecomunicações com
toda a internet operava no ano 2000”, recomenda planejar o sistema de ma- intercomunicação, distribuição hori-
compara. “E a capacidade do You Tube neira integrada. “Um edifício pode ter zontal, leitos e esteiras, adequação
deve subir logo: diariamente, são ane- de 10 a 46 sistemas de baixa tensão para sala de equipamentos (Data
xados aos arquivos do site mais de instalados em cabeamento indepen- Center) e armários que abriguem a
65 mil vídeos. Estima- rede de teleco-
se que em breve o site municações.
precisará ter 200 Tb/ “A localiza-
dia de capacidade”, ção disso tudo
aponta. deve ser a mais
Neste sentido, centralizada
“pense no longo pra- possível e ter
zo”, recomenda Dai- prevenção con-
zem. “Escolha uma in- tra vazamentos e
fra-estrutura que irá controle ambien-
durar pelo menos 5 tal”, enumera.
gerações de equipa- Com isso tudo,
mentos e compre a “uma solução in-
melhor infra-estrutura tegrada inteli-
disponível, o que aju- gente pode aju-
da a manter o investi- dar a reduzir a
mento em cabeamen- quantidade de
to menor do que 5% Mais de 200 pessoas participaram do Seminário de Sistemas Prediais do SindusCon-SP computadores
dos custos das opera- para gerencia-
ções de TI a longo prazo”, diz. Não dente que poderiam operar todos em mento da rede, o uso de energia em
bastasse isso, segundo ele, a esco- um só tipo”, diz Ricardo Daizem. 5% e eliminar a troca de cabos para
lha de uma instalação bem estrutura- Para Yamada, o planejamento do suportar a substituição de equipa-
da dos cabos “pode ajudar no impac- sistema passa pelo encaminhamen- mentos”, resume o gerente da
to positivo do gerenciamento térmico to e infra-estrutura seca, pelas en- CommScope.
Concepção do projeto
Foco no usuário
C
orriqueiro em países de primei- parte de uma engrenagem, que vai da dos e definidos na norma que a solução
ro mundo há mais de 40 anos, criação do empreendimento ao dia-a- responda a todos os seus requisitos e a
o conceito de desempenho nas dia de sua manutenção”, diz. padrões mínimos de desempenho tér-
edificações parece ser ainda uma no- Na avaliação de Carlos Alberto de mico, acústico, de iluminação e de se-
vidade no Brasil que poderá passar a Moraes Borges, membro do Conselho gurança estrutural.
fazer parte do dia-a-dia da construção Consultivo do SindusCon-SP e coor-
civil brasileira: a ABNT (Associação Bra- denador da Comissão de Estudos da Oito anos
sileira de Normas Técnicas) publicou Norma de Desempenho, a NBR 15575 A elaboração da NBR é batalha an-
em maio a Norma de Desempenho deixará as regras do jogo mais claras, tiga. Vem desde 2000, quando a Caixa
para Edifícios Habitacionais de até cin- inclusive na contratação de obras pú- Econômica Federal, no âmbito da Finep
co pavimentos (NBR15575-1 a 6), con- (Financiadora de Estudos e Projetos) fi-
siderada a “Norma-mãe” de todas as nanciou um projeto de consolidação do
que envolvem a atividade no país. Introdução do conceito conhecimento acumulado até então.
A nova NBR tem dois anos de ca- “Imagine uma escola de samba que
rência: entrará em vigor oficialmente em de desempenho da recebeu nota dez em todos os quesitos
12 de maio de 2010. Para João Clau- do carnaval. Ela é o ‘destaque’ da nova
dio Robusti, presidente do SindusCon- Norma-mãe é sua maior norma”, afirma César Pinto, do Instituto
SP, a norma eleva o setor a outro pata- Falcão Bauer da Qualidade.
mar, estimulando a qualidade e a ex-
ousadia e desafio Após a participação de uma cente-
celência e cobrando responsabilida- na de profissionais e entidades do se-
des. “As empresas tenderão a se nive- blicas, que ficarão mais técnicas, além tor, entre elas o SindusCon-SP, e a for-
lar e isso vai ajudar a eliminar a con- de trazer menos subjetividade às ques- mulação de 700 contribuições, o con-
corrência predatória”, diz. tões jurídicas e valorizar o projeto e as ceito de desempenho poderá mudar as
“A Norma de Desempenho traz uma boas empresas. regras do jogo. “A carência de 2 anos é
significativa mudança no modo de pen- Para Jorge Batlouni Neto, coorde- absolutamente necessária porque a
sar o projeto”, concorda Maurício Linn nador do Grupo de Trabalho que redi- norma impacta em toda a cadeia pro-
Bianchi, coordenador do Comitê de giu a parte 2 da norma, sobre o desem- dutiva, que precisa se familiarizar com
Tecnologia e Qualidade (CTQ) do Sin- penho de sistemas estruturais, a NBR o seu texto”, afirma Carlos Borges.
dusCon-SP. “Seu grande mérito é fazer também estimulará a inovação tecnoló- O horizonte dos empreendedores
com que não só projetistas e constru- gica. “A norma foi escrita de modo a per- mudará. Mais do que nunca, eles de-
tores mas também os usuários façam mitir isso, pois inclui critérios capazes verão se preocupar com as exigências
de avaliar o desempenho dos usuários em relação a desempe-
Tabela de vida útil de projeto (VUP) de qualquer novo sistema”, nho e eficiência do edifício. O foco será
afirma. Assim, presume-se, no comportamento do edifício em uso
Sistemas mínima (em anos)
o engenheiro ou arquiteto e não na prescrição da forma como os
Estrutura ........................................ igual ou maior 40
vai ficar mais livre para tra- seus sistemas são construídos. No tex-
Pisos internos ................................ igual ou maior 13
balhar até com um insumo to da NBR, fica claro que, à medida que
Vedação vertical externa ............... igual ou maior 40
ou sistema construtivo total- as chamadas “Exigências do usuário”
Vedação vertical interna ................ igual ou maior 20
mente novo. Bastará que forem atendidas, o objetivo da norma
Cobertura ....................................... igual ou maior 20
prove em ensaios adequa- está cumprido. “Para ele, não importa
Hidrossanitário .............................. igual ou maior 20
que tenha plástico, contanto que este mas prescritivas específicas. A interre-
resista ao fogo”, exemplifica Borges. lação com as normas anteriores possi-
Neste sentido, o texto estabelece bilitará o atendimento às exigências do
como exigências do usuário que o imó- usuário, com soluções tecnicamente
vel lhe dê segurança, habitabilidade e adequadas”, pondera Borges.
sustentabilidade. “Já a definição das “A demanda para avaliações segun-
incumbências dos envolvidos resulta- do a nova norma é enorme. Já estamos
rá na qualidade geral das edificações”, com quatro processos de certificação
diz Borges. Essas incumbências, se- em andamento”, conta César Pinto.
gundo ele, abrangem incorporadores, A nova NBR 15575 se preocupa
projetistas, construtores e os respon- com a edificação como um todo e leva
sáveis pela manutenção do pós-obra. em conta também seu entorno, preven-
A idéia é garantir a rastreabilidade dos do as interações entre construções pró-
responsáveis. ximas. Ela estabelece critérios e méto-
dos de avaliação do desempenho de
Complementar sistemas construtivos, independente-
Mais do que isso, o que a nova nor- mente dos materiais usados. Em outras
ma deseja é saber como determinado palavras, o construtor terá de garantir,
material vai se comportar ao longo dos já no memorial descritivo, qualidade,
próximos 10, 20, 40 anos. Ela não subs- prazo de vida útil e de garantia e, so-
tituirá as normas prescritivas; será com- bretudo, o desempenho operacional
plementar a estas. “A abordagem da dos sistemas da obra comercializada,
norma explora conceitos que muitas além da integração de todos eles na
vezes não são considerados nas nor- construção do empreendimento.
Parte 5 Coberturas
Objetiva estabelecer os requisitos e critérios de desempenho exigidos dos
sistemas de coberturas principais e secundárias, que devem suportar cargas con-
centradas sem falhas. O telhado não pode sofrer ruptura sob a ação de impactos
de granizo, mas toleram-se lascamentos, fissuras e outros pequenos danos, des-
de que não impliquem perda de es-
tanqueidade. Os componentes da
cobertura devem ter índice de pro-
pagação de chamas menor ou igual
a 25 e promover o isolamento acús-
tico a ruídos de impacto. Um siste-
ma que permita atender facilmente
a vistorias, manutenções e instala-
ções também deve estar previsto
em projeto.
Parte 6 Sistemas
Hidrossanitários
Não podem propagar vibrações
nos demais elementos da edificação
nem provocar ruídos desagradáveis.
São vetados o refluxo de água e de
gases do esgoto. As tubulações em-
butidas não devem sofrer ações ex-
ternas que comprometam estanquei-
dade ou fluxo. Exige-se ter reservató-
rio para combater incêndios. Apare-
lhos de acumulação, elétricos ou a gás, devem ter dispositivo de alívio contra sobre-
pressão e cortar a alimentação no superaquecimento. (Nathalia Barboza)
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL
A
informalidade é obstáculo que ciado a esta prática em todo o mundo. A O desmatamento da floresta amazô-
precisamos ultrapassar para o corrupção, pequena ou grande, destrói nica é nossa informalidade classe mun-
Brasil ser um país mais susten- o aparato estatal. Uma vez corrompido, dial: o mundo nos observa e condena. A
tável, do qual todos nos orgulhemos. É um agente público perde sua função. O sociedade brasileira está dividida e im-
mais difícil fazê-lo porque, mais do que o Estado perde a sua função. As leis se potente. Vamos reconhecer: polícia não
resultado da fraqueza do Estado, ela está tornam inúteis ou outra fonte de ganhos vai resolver o problema. É muito mais
nos nossos corações. privados. A corrupção também drena re- complicado, há 20 milhões de pessoas
O vínculo da informalidade com a cursos do Estado. É necessário reconhe- que querem viver melhor e um mundo
sustentabilidade não é óbvio: enfrenta- cer que o estado brasileiro está organi- disposto a comprar carne, soja, madeira.
mos verdadeiras ameaças ambientais,
como mudanças climáticas, poluição das
águas, escassez de matérias-primas pró- Qualquer informalidade destrói o Estado e
ximas às grandes cidades, crescimento
exponencial no consumo energético etc.. nos afasta do desenvolvimento sustentável
Mas sem superar a informalidade, não
vamos longe na direção que desejamos.
Informalidade significa qualquer desres- zado, e muitas leis e regulamentações Talvez nossa floresta seja hoje a síntese
peito ao contrato social, ao código legal são “engenheiradas” para tornar a cor- do desafio do desenvolvimento social,
e à ética que guiam nossa sociedade. rupção mais necessária e “lucrativa”. ambiental e economicamente sustentá-
"Com ou sem nota? Nota fria?" Quan- Corromper é insustentável. E é possível vel. Não será facilmente resolvido. Preci-
do a informalidade aparece na forma de parar. samos: a) diminuir a atratividade da ca-
sonegação fiscal, ela reduz a capacida- Leis que “não pegam”? Cada dia tem deia de negócios que põe a floresta abai-
de do Estado em investir na ampliação mais uma! Muitas leis, especialmente as xo; b) descobrir como gerar riqueza para
da infra-estrutura, na manutenção da bem intencionadas, são aprovadas por- os locais e para o país com a floresta de
existente, em enfrentar nossos proble- que a informalidade torna esta aprova- pé. Pelo menos, temos o poder de dizer
mas sociais. Também impede o Estado ção possível. Nossa sociedade produz não à madeira de origem desconhecida.
de reduzir a alíquota de impostos. Em leis sem qualquer discussão real, sem É pouco, mas ajuda.
outras palavras, precisamos reduzir a analisar o custo embutido ou buscar al- Tudo começa com a consciência de
sonegação. Não é fácil. Muitas vezes, isso ternativas de maior custo-benefício. Pa- que a informalidade –qualquer uma–
não pode ser feito individualmente, mas recem boas e adequadas para o país que destrói o tecido social, destrói o Estado.
cada um de nós precisa dar os primeiros imaginamos, mas na verdade apenas E cada um de nós precisa mudar. Na vida
passos. Cidadania e sustentabilidade: só aumentam a informalidade, aumentam pessoal e na profissional. Em conseqü-
com nota quente. as oportunidades de corrupção. É preci- ência, construção sustentável não com-
"Dá para dar um... jeitinho?" A cor- so qualificar o processo de elaboração bina com informalidade.
rupção é o outro aspecto da informalida- de leis e políticas públicas, ajustar nos-
de. Somos uma sociedade que aceita o sas leis à dura realidade do país.
corruptor (ou finge que ele não existe) e Como identificar os limites e possibi- * ENGENHEIRO E PROFESSOR POLI-USP, É MEMBRO DA
culpa somente os corruptos –como se lidades de transformação? Que tal parti- CÂMARA AMBIENTAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
houvesse diferença entre a ética de um cipar como cidadão da discussão de leis CIVIL E CONSELHEIRO DO CONSELHO BRASILEIRO DE
e outro. E o setor da construção é asso- e normas técnicas? CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL.
N
a última edição, abordamos a todos os custos incorridos. elevar o valor total da obra, se via des-
importância da compensação Ou seja, a lei deixava de lado a efeti- prestigiada por uma lei que, em vez de
ambiental na aprovação de um va mensuração do dano ambiental a ser premiar tal preocupação, acabava por
empreendimento. Em abril, o STF reali- compensado e criava, em seu lugar, um penalizá-la.
zou julgamento de importância funda- “tributo ambiental” disfarçado. Esta dis- Outra relevante repercussão desta
mental para o encaminhamento das pro- torção provocou a reação da Confede- decisão vai ligada a casos em que a rea-
postas de compensação ambiental. É que, ração Nacional da Indústria, que propôs lização de obras esteja sendo questiona-
por meio da Lei 9.985/00, as primeiras a ação declaratória de inconstitucionali- da judicialmente e onde se postule que o
regras relativas ao tema foram alçadas dade (ADI 3378) ora julgada, para dei- Judiciário ordene condenações pecuniá-
ao nível legal, criando-se arbitrariamente
A primeira onda
Celso Petrucci *
A
credito que chegou o momento representavam 33,19% do saldo da Ca- desenvolva mecanismos equilibrados
de pensar sobre o futuro das derneta e, em março passado, apenas para essa transição e, mais ainda, traba-
aplicações dos recursos do Sis- 3,60% do saldo de Poupança no mês. lhe incansavelmente na remoção dos
tema Brasileiro de Poupança e Emprés- A redução do cômputo do FCVS vir- obstáculos existentes para que ela ocor-
timo (SBPE). Mas para que isso possa tual terminará em menos de um ano e até ra sem grandes traumas no mercado imo-
ser feito, é preciso entender melhor o que lá não acreditamos em mudanças nas po- biliário. Afinal, no início de junho, o Banco
aconteceu com a exigibilidade das apli- líticas de aplicações dos agentes finan- Central continuou aumentando substan-
cações de 65% dos saldos de Caderne- ceiros, que vão bem. cialmente a taxa básica de juros como
ta de Poupança em financiamentos imo- Segundo os últimos dados da Abecip forma de controlar a alta inflacionária. Na
biliários. (Associação Brasileira das Entidades de outra ponta, até abril, a Poupança havia
Para tanto, vamos avaliar o que acon- Crédito Imobiliário e Poupança), em abril registrado captação líquida de R$ 113 mi-
teceu desde 2002, quando se iniciou o o SBPE acumulava aplicações dos últi- lhões –volume irrisório se comparado aos
retorno do FCVS (Fundo de Compensa- mos 12 meses de R$ 21,708 bilhões, com R$ 3,094 bilhões do mesmo período de
ção das Variações Salariais) ao mercado a contratação para produção e aquisição 2007.
imobiliário, até março de 2008, último mês de mais de 222 mil unidades. É bastante provável que a primeira
com registros oficiais do Banco Central.
Ressalvo que o cumprimento de exi-
gibilidade apontada deveria ser compa- A proposta: Poupança deveria financiar
a produção e o SFI, a comercialização
rado, conforme resolução do Banco Cen-
tral, com os menores saldos devedores
diários da Poupança dos últimos 12 me-
ses da base. Como não há registros des-
tes números, comparamos dados de de- Projetamos para 2008 a aplicação to- onda do crédito imobiliário deste Século
zembro de 2002 e de março de 2008 com tal de R$ 23 bilhões, com o financiamento 21 esteja no final. O país tem colhido óti-
o saldo da Poupança dos próprios me- de aproximadamente 230 mil unidades. mos resultados de crescimento do mer-
ses. Essa defasagem não é significativa Isso representa um incremento, em rela- cado imobiliário nos últimos anos e é pre-
para o raciocínio a ser desenvolvido. ção ao ano passado, de 25% nos valores ciso, com equilíbrio, bom senso e parci-
Os financiamentos imobiliários repre- e 17% nas unidades. mônia, imaginar o que será melhor para
sentavam, em dezembro de 2002, tão É chegada a hora de pensar como o Brasil continuar usufruindo os benefí-
somente 25,24% do saldo da Poupança viabilizar a transição deste modelo do cios deste crescimento, principalmente a
e em março de 2008 chegaram a 47,12%. SBPE para um novo, para permitir que os fim de a população alcançar o tão alme-
Notamos que houve incremento de qua- recursos da Caderneta de Poupança fi- jado sonho da casa própria. Que venha a
se 90% nas operações de crédito imobi- nanciem prioritariamente a produção de segunda onda!
liário, se comparadas com o saldo da novas unidades e que o Sistema de Fi-
Poupança. nanciamento Imobiliário (SFI) entre no
Esse crescimento demonstra o acerto jogo financiando a comercialização por
do Conselho Monetário Nacional em obri- 15, 20, 25 e até 30 anos. * CELSO PETRUCCI É ECONOMISTA-CHEFE DO SECOVI-
gar os agentes financeiros a retornar para Para tanto, será necessário que o go- SP, DIRETOR -EXECUTIVO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE
o mercado imobiliário os recursos do verno federal, com a participação do se- INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA DO SINDICATO E MEMBRO
FCVS "virtual", que em dezembro de 2002 tor produtivo e dos agentes financeiros, TITULAR DO CONSELHO CURADOR DO FGTS
E
m junho, a indústria da construção, Participam da campanha: Confede- No mesmo dia, uma audiência públi-
liderada pela CBIC, em conjunto ração Nacional das Associações de Mo- ca na Comissão de Desenvolvimento Ur-
com vários movimentos sociais, as radores (Conam); Central de Movimentos bano (CDU) da Câmara marcaria o lança-
centrais sindicais e o Fórum Nacional de Populares (CMP); Movimento Nacional de mento oficial da campanha. A idéia era
Secretários de Habitação de todo o país Luta pela Moradia (MNLM); União Nacio- conquistar a adesão dos deputados à PEC.
está lançando a Campanha Nacional pela nal pela Moradia Popular (UNMP); Fórum
Moradia Digna - Uma Prioridade Social. Nacional de Secretários de Habitação e Voz das ruas
A mobilização pretende assegurar, por Desenvolvimento Urbano dos Estados; A força de mobilização dos movimen-
meio de uma PEC (Proposta de Emenda Secovi-SP; ABCP; Abramat; Anamaco; tos sociais, dos trabalhadores, de lideran-
Constitucional), a destinação de 2% da ar- Força Sindical; Central dos Trabalhadores ças políticas e empresariais e de autorida-
recadação da União e de 1% dos des ligadas à questão é vista co-
Estados e dos Municípios para mo fundamental. Por isso a cam-
subsidiar o acesso de famílias à panha não vai dialogar só com os
habitação de interesse social. parlamentares. “A idéia é recolher
O SindusCon-SP sediou as mais de um milhão de assinaturas
reuniões preparatórias da campa- e conquistar toda a sociedade. A
nha, em São Paulo, sob a lideran- campanha nacional tem um cará-
ça de Miguel Sastre, membro do ter pedagógico e mobilizador, em
Núcleo de Habitação Popular do nome da melhoria da qualidade
sindicato e representante da CBIC de vida de toda a população. Es-
no Conselho Nacional das Cida- tamos falando de 8 a 10 milhões
des. O presidente Paulo Simão e o de reais por ano para a habitação
vice-presidente da CBIC José Car- social. Diante do que se gasta com
los Martins, além do presidente do saúde é até pouco”, afirma Bene-
SindusCon-SP, João Claudio Ro- dito Barbosa, presidente da CMP.
busti, participaram dos encontros. “Não há bandeiras mais importan-
“Queremos assegurar que o tes do que a casa do cidadão e
direito à moradia digna tenha a perenida- e Trabalhadoras do Brasil; e ABC (Associa- sua carteira assinada. E é um engano di-
de de uma política de Estado e não so- ção Brasileira de Cohabs), além de várias zer que haverá moradia para todos sem
mente a transitoriedade que caracteriza as Frentes Parlamentares. ‘verba carimbada’”, diz Antonio Ramalho,
políticas de governo. Por este motivo, de- No dia 18, estava previsto um café- presidente do Sintracon-SP e represen-
fendemos a vinculação de recursos orça- da-manhã no anexo 4 da Câmara, em Bra- tante da Força Sindical. As articulações
mentários, para que as famílias de baixa sília, para apresentar aos deputados os entre o setor produtivo e os movimentos
renda contem com um fluxo de recursos argumentos da proposta que postula via- sociais que levaram à campanha inicia-
contínuo e livre de oscilações políticas”, bilizar a erradicação do déficit habitacio- ram-se há mais de um ano. Ganharam
argumenta Miguel Sastre. "Tais subsídios nal. Também se pretendia discutir com o força em novembro, na Conferência Naci-
permitirão que essas famílias complemen- deputado Sandro Mabel (PR-GO), relator onal das Cidades, quando foi assinado um
tem, com recursos próprios e financiamen- da PEC da reforma tributária, a incorpora- termo de cooperação entre a CBIC e os
tos do mercado, o volume necessário para ção da vinculação da verba para a habita- movimentos sociais, para trabalharem em
ter acesso a uma moradia digna." ção à proposta final que iria a plenário. favor dos pontos convergentes. (NB)
Profissionais e custos
estratégias de talvez os pré-moldados industrializados
tenham que se apresentar como uma ne-
O encontro também expôs a preo- integração da cessidade”, ponderou Estefan.
cupação do setor de construção civil Talanskas, da Otis, confirmou as pres-
com a qualificação da mão-de-obra, que cadeia produtiva sões de custos, segundo ele, em respos-
já enfrenta carência de trabalhadores ta às elevações do aço, principal maté-
capacitados. Talanskas, da Otis, confir- ria-prima dos elevadores. Mas o executi-
mou que o maior desafio da empresa insumo”. Segundo ele, a cimenteira está vo afastou qualquer possibilidade de
tem sido formar novos profissionais para realizando os maiores investimentos de desabastecimento. “Trabalhamos com um
as áreas técnicas. sua história (cerca de R$ 1,7 bilhão), ciclo longo, uma média de um ano entre
“Precisamos profissionalizar os pro- que contemplam a abertura de oito no- o pedido e a entrega”, lembrou. “Temos a
cessos de qualificação de mão-de-obra vas unidades de produção. “A pressão válvula de escape do fornecimento glo-
por meio de parcerias sólidas em toda a de aumento de volume é enorme, mas bal, com unidades de produção em di-
cadeia”, disse Yorki Estefan. não vamos forçar prazos e manteremos versos países”, concluiu o executivo.
Pelo menos, Votorantim Cimentos, a qualidade”, afirmou. Schalka ressal- (Nathalia Barboza)
Acessibilidade em
edificações parte 2 Luiz Henrique Ceotto *
N
a parte 1, discutimos os fun- zados, mas requerem muita atenção a figura que ilustra este artigo, o mó-
damentos jurídicos da obri- no detalhamento do projeto. O impac- dulo de referência necessita de um
gatoriedade da utilização to no custo também não é grande, acréscimo de aproximadamente 1 a
da NBR 9050 nos projetos de edifi- embora o custo unitário das peças 1,7 m² de área na caixa de escada
cações. Nesta edição, vamos discu- da sinalização seja muito alto por não em cada andar, em função da neces-
tir os impactos da aplicação dessa haver ainda muitos fornecedores sidade de área de manobra. Assim,
norma nos projetos arquitetônicos e para esses itens. Entretanto, o impac- essa mesma área tem que ser redu-
nas especificações de materiais. to diz respeito a dois importantes zida da área privativa e isso vai im-
Parte 2 - Impacto nos projetos e aspectos: perda de área de venda e pactar diretamente na receita bruta
nas especificações estética dos pisos externos das áre- de vendas, tornando-se mais impor-
A NBR 9050 destina-se a viabili- as comuns. tante para apartamentos menores.
zar a acessibilidade de pessoas por-
tadoras de deficiência visual e/ou de-
ficiência de mobilidade. Exigências devem ser observadas desde a
fase do projeto e reduzem a área privativa
Para portadores de deficiência vi-
sual, a norma define sinalização tátil
e sonora a ser colocada em ambien-
tes, pisos e corrimãos que indicam
caminho a ser seguido, mudança de Perda de área de venda: isso Uma forma de se minimizar o impac-
direção, presença de obstáculo ou acontece principalmente devido à to é o aprimoramento do código mu-
desnível. Também determina sinali- necessidade de se prever um módu- nicipal de obras, determinando que
zação tátil a ser colocada em portas, lo de referência para refúgio de uma as áreas reservadas à segurança
paredes e comandos, de forma a pessoa usando cadeira de rodas num (módulo de segurança, antecâmara
identificar o objetivo de cada um des- hall ou escada de segurança, a cada etc.) não sejam consideradas como
ses itens. 500 pessoas por andar. Essa é uma computáveis. A norma também fixa a
Para portadores de deficiência de interpretação minha, pois a norma dimensão mínima dos pisos dos de-
mobilidade, a norma define em de- não é clara quanto à aplicação des- graus da escada em 28 cm, 1 cm a
talhe, entre outros itens, especifica- se critério, ao não deixar explícito se mais do que os pisos usados normal-
ções físicas de acessos tais como di- isso se refere ao total da população mente nos projetos, redundando tam-
mensões mínimas de cômodos, vias do edifício ou especificamente de bém num pequeno aumento da cai-
de circulação, elevadores, escadas cada andar. Como implica aumento xa de escada e na conseqüente re-
e portas; inclinação máxima dos pi- de área construída computável, e dução na área privativa.
sos; dimensões de degraus, além da como o total de área computável pre-
altura máxima de ressaltos e de irre- cisa ser constante, é necessária a re- Estética dos pisos: A NBR 9050
gularidades nos pisos. Define tam- dução da área privativa para essa tem como um dos seus objetivos
bém alturas máximas e mínimas para compensação. (Item 1.2 e 1.3):
instalação de comandos, maçanetas, Para edifícios comerciais, isso 1.2 - No estabelecimento desses
louças e metais. pode ser facilmente resolvido, mas critérios e parâmetros técnicos fo-
Todos os itens definidos acima para edifícios residenciais pode ter ram consideradas diversas condi-
não são complicados de serem utili- um impacto considerável. Conforme ções de mobilidade e de percepção
Inteligência emocional
Pedro Luiz Alves *
N
esta edição abordo os estudos preender suas reações frente às condi- ca habilidade. Ao adquirir nova habilida-
de T. Bradberry e J. Greaves, so- ções diversas do dia-a-dia, preservando de, o melhor caminho é buscar algo novo
bre as habilidades necessárias o equilíbrio nas suas decisões. ou diferente. Ou seja:
ao desenvolvimento de Inteligência Emo- As duas seguintes estão mais relaci- Procure pessoas que possam ser ado-
cional –IE. Afinal, o crescimento individu- onadas em você com os outros, o que tadas como padrão na referida habilida-
al está relacionado à auto-motivação e denomino de “extraser”: de e que sejam modelo naquele compor-
ao impacto de nosso comportamento na 3) Conscientização Social - Analisar tamento; observe-as utilizando esta habi-
motivação dos outros. as emoções alheias e descobrir o que está lidade; peça que expliquem como o fa-
Desenvolver IE exige uma reflexão so- acontecendo. Entender o que os outros zem; relacione os comportamentos neces-
bre suas habilidades e depende de sua pensem e sentem mesmo que você não sários ao uso dessas habilidades; prati-
vontade de assumir muitas vezes um pa- sinta o mesmo. que acompanhado das pessoas que ser-
pel inconveniente. Isso requer pensar so- 4) Administração da Relacionamen- viram como modelo; peça-lhes feedback
bre como você age inclusive nas situa- to Interpessoal - Interagir utilizando suas sempre que necessário, ou até que se
ções desconfortáveis. próprias emoções e as dos outros com sinta confiante; continue praticando, mes-
Responda: você conhece e confia nas sucesso. mo que se sinta estimulado a agir como
suas habilidades? Reconhece os senti-
mentos dos outros? Compreende suas
emoções? Sabe do impacto de seu com- Obtenção de feedback e forte motivação
para aprender e mudar são fundamentais
portamento sobre a motivação dos de-
mais? Identifica quando outros influenci-
am seu estado emocional e sua motiva-
ção? É reservado em situações sociais?
Tolera a frustração sem ficar irritado? As quatro habilidades baseiam-se na antes; estabeleça um plano de ação: des-
Essa reflexão pode nos situar sobre conexão entre o que você vê e o que você creva seus pontos fortes (suas forças na-
nosso grau de evolução, bem como de- faz consigo e como age em relação aos turais) e os pontos de melhoria (suas vul-
terminar nossa capacidade de motivar a demais, conforme ilustração abaixo. nerabilidades); estabeleça três objetivos
nós e aos outros. Siga as dicas apresentadas a seguir relacionados à cada uma das habilida-
O coeficiente de IE pode ser obtido para ampliar sua força e melhorar suas des a serem desenvolvidas.
através da análise de quatro habilidades. habilidades “intraser e extraser”. Elas são Mudar pode também ser uma experi-
As duas primeiras concentram-se em flexíveis e podem ser rapidamente apren- ência maravilhosa e formidável. Espero
você, o que denomino de “intraser”: didas, mas não da mesma maneira que que essas dicas melhorem suas habili-
1) Auto-Consciência - Perceber com fatos ou informações. As pessoas cons- dades e sua IE. Sempre haverá algo para
precisão suas emoções à medida que troem melhor sua IE quando há forte mo- fazer em prol da motivação, afinal tudo
elas se manifestam. tivação para aprender e mudar, e obten- muda o tempo todo.
2) Auto-Administração - Controlar ção de feedback do seu comportamento.
suas emoções mantendo-o atento, e com- Na mudança de comportamento, as
pessoas conseguem focar-se
O QUE EU VEJO O QUE FAÇO em até três ações simultanea- ADMINISTRADOR E SÓCIO DA ACT –AÇÃO
Auto- Auto-
mente. Será melhor se você se CONSULTORIA E TREINAMENTO, MEMBRO DO BOARD
COMIGO
Consciência Administração focar apenas em algumas DA ASTD-BRASIL
ações pertinentes a uma úni- PEDRO @ACAOCONSULTORIA .COM .BR
Administração do
Conscientização
COM OUTROS Relacionamento
Social
Interpessoal
GESTÃO EMPRESARIAL
O que sobra
Maria Angelica Lencione Pedreti *
N
a edição passada, discutimos a tante; portanto, você não pode perder a digamos, $100. O modelo mais sofisti-
abordagem de Custeio Variável, negociação, então, se os gastos do pe- cado possui uma Margem de Contribui-
como uma boa alternativa a aná- ríodo estão cobertos, a contra-proposta ção de $150. No entanto, ambos os
lises gerenciais, sobre os custos da dele poderá ser aceita se for, pelo me- modelos utilizam o mesmo tipo de pro-
companhia. Nesta edição, abordaremos nos, suficiente para pagar os gastos va- fissional, mas o modelo simples utiliza-
o conceito de Margem de Contribuição riáveis que esta venda ocasionará. rá 1 hora deste profissional, enquanto o
em maior profundidade. A Margem de Contribuição também mais sofisticado consumirá 2 horas do
Lembre-se: Margem de Contribuição pode ser aplicada na priorização de ven- mesmo.
é o dinheiro que sobra, depois de pa- da entre os produtos de seu mix. Por Assim, o produto mais simples pro-
gos os gastos variáveis do produto, para exemplo, se uma empresa tem dois pro- porcionará $100 de Margem de Contri-
se cobrirem os gastos fixos e o Lucro. dutos, um com alto preço e outro com buição por hora de trabalho dessa pes-
Como esse conceito pode ser usado, alta Margem de Contribuição, ela deve- soa, enquanto o produto sofisticado
em termos práticos? rá incentivar seus vendedores a fatura- oferecerá $75 de margem por hora.
Em primeiro lugar, a Margem de Con- rem o de maior Margem de Contribui- Fica evidente que, neste caso, o pro-
tribuição pode ajudar numa negociação. ção, mesmo não garantindo o maior fa- duto de maior produtividade por hora
O menor preço pelo qual a companhia turamento, mas assegurando o melhor de trabalho foi o mais simples. Portan-
poderá aceitar vender será aquele que resultado para a companhia. to, dada a situação crítica do insumo,
cubra exatamente os gastos variáveis
(custos mais despesas variáveis), fazen-
do a Margem de Contribuição ser zero. Saiba como tomar decisões raciocinando
No entanto, uma negociação destas só
deve ser aprovada se houver algum ou- com o conceito da Margem de Contribuição
tro cliente ou produto que se responsa-
bilize pelos gastos fixos da companhia.
Um exemplo: sua companhia traba- Finalmente, se a companhia prevê que seria considerado um gargalo de
lha com capacidade ociosa, mas os que irá enfrentar escassez de algum produção, o produto de Margem de
produtos vendidos atualmente já são insumo, por exemplo, alguma matéria Contribuição, em termos absolutos,
suficientes para cobrirem gastos fixos; prima, ou até falta de mão-de-obra para menor, é priorizado pois a produtivida-
se ela deseja mesmo ganhar uma con- entregar determinado trabalho em um de de sua Margem de Contribuição por
corrência, o menor preço que poderá período reduzido, ela poderá usar o hora de trabalho é maior.
fazer para aproveitar aquela ociosida- conceito de Margem de Contribuição Em prosseguimento ao nosso tema,
de será o preço que cubra gastos variá- para priorizar o produto que deverá na próxima edição abordaremos o Cus-
veis dessa nova negociação, fazendo produzir primeiro. Neste caso, ela fará teio ABC como alternativa de análise
a Margem de Contribuição ser zero, a conta de qual a Margem de Contri- de custos.
mas sem prejudicar o pagamento das buição por unidade de insumo que cada
contas do período. produto proporcionará.
Outra situação seria a de um cliente Por exemplo: uma empresa possui
em potencial, que não aceita seu preço, dois modelos de casas, num mesmo em- (*) PROFESSORA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DA
mas se oferece para fazer uma contra- preendimento. O modelo mais simples FGV, MESTRA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS,
proposta. Trata-se de um cliente impor- possui uma Margem de Contribuição de, TRABALHA EM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Realidade e mercado
H
oje em dia, tudo passa pela Chi- bom negócio porque o importador tem Na construção civil, a comprovação
na. Inclusive os insumos da cons- como garantir o fornecimento”, completa de atendimento às normas técnicas é vá-
trução civil, que já chegam aos Basílio Jafet, da área de Construção Civil lida para cabos e conexões, fios elétricos
montes a portos e aeroportos brasilei- da trading Comexport. e vergalhões de aço. Para certificações
ros. Somente o Instituto Falcão Bauer da Segundo Bernardo Roesler de Cas- voluntárias, a exigência dependerá do
Qualidade (IFBQ) recebe diariamente tro e Silva, diretor da trading Full Comex, mercado comprador. Fornecedor e impor-
caixas e mais caixas de produtos para a viagem de navio dura 40 dias. Um pedi- tador são responsáveis pelo atendimen-
certificação, sendo 90% deles com o ca- do leva de 120 a até mais de 150 dias to às normas. Já a assistência técnica e a
rimbo “Made in China” ou “Made in para chegar ao canteiro de obra. “Bem reposição de peças têm de ser equa-
Taiwan”, segundo César Augusto de planejado, o processo de importação é cionadas com os fornecedores, comenta
Paula Pinto, coordenador do Pólo de tranqüilo”, diz. “Para que dê certo, é preci- Basílio Jafet.
Construção Civil do instituto. so investir em volume, fechar pelo menos “A construtora tem de lembrar-se de
“A importação de produtos de quali- um contêiner (33 m³)”, alerta Jafet. que muitas vezes precisará de uma es-
dade da China é uma porteira que vai É o caso dos trutura de apoio,
escancarar de vez ou vai fechar”, garante equipamentos pe- que envolve tam-
Maurício Bianchi, diretor da BKO Enge- sados (gruas, guin- bém uma equipe
nharia. Ele conta estudar a importação de dastes e elevado-
Importação da China de manutenção”,
alguns insumos “por pura infelicidade de
não haver mais clareza do mercado for-
res), que levam até
um ano para serem
tem lados yin e yang, diz Benevides.
Segundo César
necedor nacional em relação à manu- entregues pelo for- mas é solução cada Pinto, o cuidado
tenção dos preços praticados”. necedor brasileiro, com a qualidade
Para Salvador Benevides, diretor da segundo Walter An- vez mais usada precisa ser redobra-
Projeto Engenharia, a operação é cara, tonio Scigliano, dire- do. “Um porcelana-
pois exige acompanhar desde a produ- tor da Grumont. “A to exibia certificado
ção até o desembaraço do material, que diferença de preços das gruas é, infeliz- e norma menos exigentes que as nossas.
muitas vezes passa por problemas de gre- mente, muito grande, algo em torno de Após 60 dias da nossa avaliação, nos trou-
ves, aumentos de frete e “atravancamen- 30% diz. “Se der para comprar em 3 ou 4 xeram ensaios de produtos recém-desen-
tos”. “Os caminhos têm de ser seguidos meses, mesmo que seja um pouco mais volvidos que já atendiam nossas especi-
com muito cuidado. A construtora deve se cara, vale a pena, pois a grua vai entrar ficações. É a velha história: produto de pri-
cercar de gente acostumada a lidar com muito mais rápido em operação”, aponta meira qualidade tipo A ou B. Depende do
‘as nuances da burocracia’”, recomenda. Jafet. “Mas recentemente os chineses ma- freguês...”
“O objetivo é ter vantagem econômica, joraram os preços em 13%. É a lei da ofer- Para ele, dentro do novo conceito da
embora hoje em dia, se o custo final for ta e da procura”, ressalta Benevides. Norma de Desempenho, a preocupação
muito próximo do praticado no país, já é Expedito Arena, presidente da Alec com as adaptações, variações geométri-
(associação das locadoras de equipa- cas ou da natureza do material não é im-
mentos), conta que o mercado também portante. “O que nos interessa é avaliar,
oferece máquinas de pequeno porte de com rigor, se atendem ao tripé de exigên-
qualidade a preços convidativos. “As gran- cias Segurança, Habitabilidade e Susten-
des empresas do setor agora têm suas tabilidade. Se atendem, os detalhes são
linhas de produção na China”, comenta. detalhes”, diz. (Nathalia Barboza)
crescimento em 2008
res da construção civil".
O diretor de Economia do SindusCon-
SP, Eduardo Zaidan, falou da importância
"Apesar dos altos juros, há bons sinais nacional chegou aqui pelo mercado de de a construção civil aliar-se aos meios
de que vamos continuar a crescer", afir- capitais, via Bolsa, fundos ou aplicações acadêmicos para "dar um up grade no
mou o diretor da Escola de Economia de diretas de investidores. Este capital chega conhecimento do pessoal de nível geren-
São Paulo da FGV, Yoshiaki Nakano, ao a um custo muito baixo, sustentando o cres- cial, diante dos novos desafios colocados
falar na solenidade de formatura da 3ª Tur- cimento. Assim, o juro alto está recebendo pelo crescimento econômico." Já o coor-
ma do MBA Executivo para a Construção um by pass", disse. denador do MBA da Construção, Rogério
Civil, do SindusCon-SP e da FGV, em 5 de Ressalvou, contudo, que "agora preci- Mori. agradeceu a confiança depositada
junho, no sindicato. samos completar esse processo comba- pelos alunos no programa.
Segundo ele, mesmo com o juro mais tendo o câncer que corrói o país, o sistema Ao final, o orador da turma e vice- pre-
alto do mundo, os investimentos continu- de formação de juros. O câmbio também sidente do SindusCon-SP José Romeu
am crescendo no Brasil. "A liquidez inter- trava, mas tem seu efeito neutralizado pelo Ferraz Neto elogiou o curso.
O
s contratos celebrados pela Ad- a invalidação), mas deve ser indenizado adiante, em decisão recente (RE n.º
ministração Pública em descon- pelos encargos que suportou (efeito atri- 408.785-RN). Entendeu que, em caso de
formidade com o ordenamento buído à situação fática consistente no invalidação de contrato por fraude prati-
jurídico devem ser invalidados, com des- cumprimento de contrato que deixou de cada pelo contratado na fase de licitação
constituição de seus efeitos. Até aí, ne- produzir efeitos jurídicos). (falsificação de documentos), ele tinha
nhuma novidade. A solução é óbvia. Se há ilegalidade direito ao recebimento do preço pela exe-
Questão mais polêmica é como tratar para a qual o particular não concorreu nem cução da obra objeto da avença.
os efeitos fáticos produzidos por contrato contribuiu, ele não deve suportar os ônus A decisão está fundamentada no prin-
invalidado. Que fazer quando o contrato decorrentes do vício. cípio que veda o enriquecimento sem
invalidado foi parcial ou integralmente Mas em muitos casos o Ministério Pú- causa. Se o Poder Público recebe o obje-
cumprido? blico tem sustentado que o particular dá to do contrato e dele se beneficia, não
A idéia de que a invalidação do con- causa à ilegalidade por aderir ao contra- pode se locupletar à custa do particular.
trato desconstitui os efeitos por ele produ- to. Segundo esse raciocínio, sem essa Se o particular é responsável por ile-
zidos tem sentido no plano estritamente adesão, o contrato não teria sido cele- galidade de contrato, com ou sem o con-
jurídico, mas não no fático. No mundo real, brado e a ilegalidade não teria se consu- curso da Administração, deve responder
dos fatos, não é possível desfazer o que mado. pelos danos decorrentes de seu compor-
já aconteceu. Qual é a solução para os
efeitos práticos produzidos por contratos
inválidos (a construção da estrada, o for- Poder público precisou pagar obra depois
necimento de equipamento, a alienação
de bens, o pagamento do preço)? de contrato ter sido invalidado por fraude
A lei só pode disciplinar as conseqüên-
cias produzidas por contratos inválidos.
Note-se a diferença: os efeitos jurídi- A tese tem inconsistência lógica. Se o tamento e arcar com eventuais multas ou
cos do contrato invalidado são desfeitos fato de o particular celebrar contrato ile- outras sanções, mas não pode perder to-
(ele não produz os efeitos que lhe eram gal lhe atribui responsabilidade pelo ví- dos os investimentos feitos em benefício
próprios); o ordenamento jurídico então cio, não haveria hipótese de indenização do Poder Público ou da coletividade.
define solução para as conseqüências em caso de sua invalidação, porque to- A decisão é muito recente para refletir
práticas que ele gerou. dos os contratos aperfeiçoam-se dessa a posição que o STJ assumirá em casos
A Lei Geral de Regência dos Contra- maneira. Por esse raciocínio, a Lei 8.666 semelhantes, mas ela definitivamente
tos Administrativos (Lei 8.666) prescreve estaria prevendo caso de indenização enfraquece a já debilitada tese do Minis-
que, em caso de invalidação do contrato, impossível de ocorrer. tério Público para os casos em que o úni-
o particular seja indenizado pelos encar- O encaminhamento do problema é co pecado do particular seja firmar con-
gos suportados (execução de obra, pres- muito diferente. A Administração somen- trato em que a própria Administração te-
tação de serviço ou fornecimento de te deve obediência às normas voltadas nha descumprido a lei.
bens), desde que não tenha dado causa para seu controle. Não é papel do particu-
ao vício. Se o contrato foi invalidado sem lar fiscalizar o cumprimento das leis pelo
culpa do particular, este não tem mais di- Poder Público. Há tempos, o STJ vem de- * Coordenador do Conselho Jurídico do
reito ao recebimento do preço (efeito jurí- cidindo nesse sentido. SindusCon-SP e sócio da Porto Advogados
dico que decorria do contrato, desfeito com Mas o mesmo Tribunal deu um passo e-mail: portoneto@porto.adv.br
Ergonomia - conclusão
José Carlos de Arruda Sampaio *
A
aplicação de uma lista de Dicas Práticas em caso de ferramentas de bater);
verificação de ergonomia na Movimentação e armazenamen- escolher as que possam ser manu-
construção é uma ferramen- to de materiais seadas com um mínimo de esforço;
ta eficaz e ágil para avaliar as condi- Usar prateleiras em várias altu- fornecer as ferramentas manuais
ções do trabalho nos canteiros de ras ou estantes, próximo à área de que tenham formato de cabo, com-
obras. Pode ser aplicada em várias trabalho, para diminuir o transporte primento e forma apropriados para o
etapas, porém as mais importantes manual de materiais; usar mecanis- manejo confortável; providenciar fer-
são ao receber um equipamento ou mos para levantar, baixar e mover ramentas manuais com pega em pre-
instalação e nos trabalhos sentados materiais pesados; em vez de trans- ensão que tenham a fricção adequa-
(ver lista abaixo) . portar cargas pesadas, repartir o da ou com dispositivos de seguran-
peso em pacotes menores e mais ça ou retenção para evitar que desli-
Ginástica Laboral leves, em recipientes ou bandejas; zem ou escapem; minimizar sua vi-
Também é importante fazer Gi- manter objetos junto ao corpo, en- bração e ruído; inspecioná-las e man-
nástica Laboral, uma atividade física quanto são transportados; combinar tê-las regularmente; dar treinamento
leve no ambiente de trabalho, no iní- o erguimento de cargas pesadas com antes da utilização de ferramentas
cio, durante ou final da jornada, me- tarefas mais leves, para evitar lesões mecânicas, pneumáticas ou elétricas;
diante avaliação criteriosa do indiví- e fadiga, aumentando a eficiência. providenciar espaço suficiente e
duo e de sua atividade laboral. Obje- apoio estável dos pés para o seu
tivo: preparar o corpo e a mente para Ferramentas manuais manuseio.
a atividade, buscando prevenir pro- Em tarefas repetitivas, empregar
blemas e manter a saúde. Alonga- ferramentas específicas para o seu * ENGENHEIRO, É DIRETOR DA JDL - QUALIDADE -
mento é o exercício mais indicado. uso; minimizar o peso delas (exceto SEGURANÇA DO TRABALHO - MEIO AMBIENTE
Megasipat sugere
nova atitude
O
tema central da edição 2008 tiva dos participantes. As idéias serão
da Megasipat (Mega Semana expostas em forma de dicas, aconse-
Interna de Prevenção a Aci- Tema central é Você, lhamentos, receitas e manual de instru-
dentes do Trabalho), evento promovido ção para que cada trabalhador partici-
pelo SindusCon-SP, em parceria com
em busca de um pante analise como está conduzindo
Senai-SP, Sesi-SP e Seconci-SP, é a novo posicionamento sua própria vida pessoal (saúde e cida-
busca por uma nova atitude perante a dania) e profissional, encontrando pon-
família, o trabalho e a sociedade, volta- do trabalhador tos que podem ser melhorados. As dis-
da à qualidade de vida, segurança, saú- cussões deverão ajudar a esclarecer os
de e cidadania do trabalhador da cons- procedimentos para evitar acidentes de
trução civil. espaço frentes de trabalho de vários trabalho, como prevenir a Aids/DST, o
Sob o título “Você”, a Megasipat 2008 canteiros de obra diferentes, ajudando alcoolismo e doenças contagiosas e
já está percorrendo a Capital e as 9 cida- a reciclar o conhecimento do maior nú- como preservar o meio ambiente e cul-
des-sede de Regionais do sindicato em mero possível de trabalhadores da tivar a cidadania.
todo o Estado de São Paulo – em San- construção civil. Nela, a campanha con- À tarde, o evento será dedicado a
tos, aconteceu em 11 de junho (confira a tra acidentes não se limita a incentivar educar os trabalhadores da construção
cobertura do evento santista na próxima o uso de capacetes e luvas. Há a preo- civil sobre o que é a NR 18 (Norma Re-
edição da revista). cupação de aprimorar as relações in- gulamentadora que rege as Condições
Na Megasipat, trabalhadores de vá- terpessoais, a nutrição dos trabalhado- e Meio Ambiente do Trabalho na Indús-
rias empresas construtoras unem-se em res e o conceito de cidadania. Desde tria da Construção). Em vigor desde
um dia dedicado essencialmente à saú- seu lançamento, o Projeto Megasipat 1995, a norma determina todos os pro-
de e segurança do trabalho. A propos- já atendeu mais de 10.000 trabalhado- cedimentos e as providências que de-
ta do evento é agrupar em um mesmo res, de 1.400 empresas em todo o Es- vem ser adotados em relação à Saúde
tado. O público beneficiado e Segurança do Trabalho no canteiro de
ultrapassa esse número, já obra, mas ainda é pouco conhecida pe-
que os participantes se tor- los operários.
nam multiplicadores de in- O evento também oferece a oportu-
formação nos seus locais de nidade de os trabalhadores realizarem
trabalho. exames médicos (glicemia, acuidade vi-
sual e pressão arterial) e atividades físi-
Talk show cas. Além disso, são disponibilizadas re-
Tradicionalmente segui- feições gratuitas aos participantes. De-
das de esquetes teatrais, as pois de Santos, a Megasipat seguirá até
Foto: Divulgação
P
ara o Seconci-SP, apoiar a reali- apenas das Unidades ambulatoriais, cedimentos, dos quais 33,3% medi-
zação do ConstruSer é o cami- como também dos três hospitais públi- ções de pressão arterial, 32,2% testes
nho natural para uma entidade cos que gerenciamos. de glicemia, 23,2% de acuidade visual
que há mais de 40 anos se dedica a E também porque foi o primeiro e 11,4% de colesterol, representando
prestar atendimento médico-ambulato- evento dessa amplitude que contou em média 2,5 procedimentos por pes-
rial e odontológico aos trabalhadores com a participação do Instituto de En- soa (ver gráfico abaixo).
da construção e seus dependentes. sino e Pesquisa Armênio Crestana (Ie- O ConstruSer cumpriu com méritos
Mais do que isso, participar de iniciati- pac), no seu planejamento e organiza- o objetivo de valorizar os trabalhado-
vas como essa está no cerne da nossa ção. Dessa feita, mobilizamos mais de res da construção e seus familiares e
missão, “promover ações de saúde, 250 pessoas, entre profissionais do Se- também foi uma ótima oportunidade
educação e assistência social”. conci-SP e alunos de Escolas Técni- para podermos estudar e conhecer
Por essa razão, embora não tenha- cas de Enfermagem. melhor esse trabalhador. A construção
mos Unidades em todos os dez muni-
cípios onde foram promovidos os even-
tos, decidimos estar presentes de for- No ConstruSer, o Seconci-SP proporcionou
ma global, consolidando nossa parce-
ria com o SindusCon-SP, o Sesi, o Se- vários exames médicos para 4.700 pessoas
nai e as demais entidades que colabo-
raram para concretizar esse projeto.
Se o ConstruSer foi um marco para Introduzimos a prática de avaliar a é reconhecida como o setor que em-
o setor da construção, também foi para organização nos seus mais diversos prega muita mão-de-obra, mas o nú-
o Seconci-SP. Primeiro porque exem- aspectos, desde o treinamento recebi- mero de estudos sobre o perfil dessa
plificou bem nosso crescimento institu- do e as condições locais para a reali- categoria é inversamente proporcional
cional, pois pudemos contar com vo- zação do trabalho, até a participação a esse contingente. Está na hora de mu-
luntários do corpo de Enfermagem, não dos alunos e das Escolas, englobando darmos esse placar.
a infra-estrutura e as aco- Sob a coordenação do Iepac, a
modações oferecidas aos análise dos dados apurados no Cons-
voluntários. truSer está em fase de processamen-
Em um evento caracte- to e, na próxima edição, apresentare-
rizado por múltiplas ativida- mos o diagnóstico por procedimento
des, o Seconci-SP ficou res- e por faixa etária, trazendo subsídios
ponsável pelas orientações para uma discussão que deve estar
de saúde, oferecendo tes- sempre em pauta.
tes de glicemia, colesterol
e acuidade visual, e aferi-
ção de pressão arterial. De
um universo de 17 mil pes- * MÉDICA PEDIATRA, MESTRE EM SAÚDE PÚBLICA, DOU-
soas, segundo levantamen- TORA EM CIÊNCIAS PELA USP, É SUPERINTENDENTE DO
to do SindusCon-SP, reali- INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA ARMÊNIO CRESTANA
zamos cerca de 4.700 pro- (IEPAC) DO SECONCI-SP
Um grande engodo
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
D
e acordo com a American Marke- pação no processo eleitoral, única ferra- as correções necessárias para atingi-los.
ting Association, a nova definição menta à disposição para influenciar os No Brasil, não há utilização do ma-
de marketing estabelece que ele rumos do país. rketing político, mas de ações que maqui-
tem responsabilidade pela sociedade: As instituições e os processos para am a realidade e transformam o candida-
"Marketing é a atividade, o conjunto de criação, comunicação e entrega desses to em um “pop star”. É um desfile de moda
instituições e processos para criação, serviços de valor, traduzidos em obras de mau gosto, más intenções e resultado
comunicação, entrega e troca de ofer- de infra-estrutura, saúde, educação, la- deplorável.
tas que tenham valor para os clientes, zer etc., são integrados por profissionais Profissional de marketing não é “mar-
consumidores/usuários, sócios e para de marketing, estrategistas que estabe- keteiro/marqueteiro”. Isso é sinônimo de
a sociedade em geral." Em outras pala- leceram por objetivo servir à sociedade e “marreteiro” ou maquiador e mesmo, ma-
vras, todos se beneficiam do marketing. por meta melhorar a qualidade de vida quinador. Em nosso país, os maquinado-
Se fizermos a transposição desses de seus concidadãos. res pesquisam a popularidade e o conhe-
conceitos para o marketing político, ele
V
ivencio uma experiência profis- inovações que influem em toda cadeia ço, chega-se aos sistemas prediais e di-
sional bastante interessante. produtiva. Para esse público não é dife- visórias. Segundo a Anamaco, os resul-
Após quase 30 anos atuando na rente: o setor tem-se adaptado de forma tados são bastante entusiasmantes e o
Cidade Universitária, um oásis na flores- exemplar para atendê-lo e tornar suas setor vem obtendo bom retorno.
ta de edifícios da cidade de São Paulo, atividades mais fáceis e prazerosas. O A participação das construtoras para
trabalho desde fevereiro perto da av. Pau- parceiro importante da indústria de ma- esse segmento de consumidor é quase
lista. A mudança foi radical, mas não dra- teriais tem sido o setor de comércio vare- nula. No entanto, algumas micro e pe-
mática: troquei o conforto de convívio com jista, principalmente as grandes redes de quenas empresas estão começando a
a natureza pela facilidade de acesso a lojas de materiais de construção, que descobrir o mercado e atuando junto
todo tipo de serviço. Pude também, cons- assimilaram as técnicas internacionais e com o comércio varejista, oferecendo o
tatar, olhando os edifícios vizinhos, o gran- conseguem incentivar os clientes a rea- produto instalado. No caso de divisórias
de número de reformas em andamento. lizar melhorias nas suas residências e leves, a experiência é mais antiga e bem
Praticamente todos que compram ou alu-
gam um apartamento ou escritório o
adaptam a suas necessidades, e assim Bricolage abre oportunidade para construção
trabalhar junto com o comércio de materiais
realizam reformas e serviços de manu-
tenção de monta.
Muitas vezes esses serviços são exe-
cutados pelos próprios usuários que não
têm experiência nessas atividades e locais de trabalho. Confesso: eu também sucedida. Mesmo no exterior, o mercado
muito menos conhecimento dos materiais já comprei ferramentas que utilizei uma é restrito para as construtoras de porte
e componentes empregados. A tendên- única vez (ou nenhuma, continuam den- maior.
cia de "faça você mesmo" já está incor- tro dos invólucros) e novo produto de O ponto importante para esse seg-
porada no Brasil, seguindo a prática in- acabamento, sem que o anterior estives- mento, em que o consumidor é de fato
ternacional de DIY ("do it yourself") ou se deteriorado. leigo e necessita de orientação para sua
bricolage –fazer por conta própria de Colegas mais experientes podem compra, é a certificação do produto, que
maneira esporádica, não habitual. Não comprovar que nas duas últimas déca- se torna imprescindível. Alguns setores
estou incluindo nessa análise a auto- das os materiais e componentes ganha- da indústria estão atentos ao fato e já
construção, um tema complexo que me- ram variedade, versatilidade e facilida- apresentam essa abordagem, apoiando
rece discussão específica. de de aplicação, de maneira significati- as iniciativas do PBQP-H. O comércio
O que a indústria da construção civil va. Mais: o comércio, além de apresentar varejista também está amadurecido e
tem feito para colaborar com os adeptos mostruários estimulantes, incorporou a incorporou a necessidade de realizar
do DIY? Os construtores têm como atuar prestação de pequenos serviços, como uma venda mais técnica para esse tipo
nesse setor? Essas reformas/manuten- o corte de madeira, vidro etc., incentivan- de cliente.
ção são principalmente dos revestimen- do ainda mais o cliente a realizar as re-
tos, e um pouco dos sistemas prediais, formas. Hoje, além de renovar a pintura
notadamente de água e esgoto. ou trocar um carpete, é possível um não * PROFESSOR DA POLI-USP E COORDENADOR DE
Em um artigo anterior, frisei que o profissional mudar revestimentos, inclu- CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA SECRETARIA DO DESEN-
setor de materiais e componentes da sive cerâmicos, metais sanitários e es- VOLVIMENTO DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
construção é o mais ativo para introduzir quadrias. Com um pouco mais de esfor- E-MAIL: VAHAN.AGOPYAN@POLI.USP.BR