Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
net/publication/301590583
CITATIONS READS
2 1,941
6 authors, including:
SEE PROFILE
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Taxonomy, systematics and biogeography of genus Astyanax, integrative project involving morphology and molecular data View project
All content following this page was uploaded by Filipe Augusto Gonçalves de Melo on 23 April 2016.
GUIA DE IDENTIFICAÇÃO
DOS PEIXES DO ESTUÁRIO
DOS RIOS TIMONHA E UBATUBA
Parnaíba, PI
2015
Copyright 2015 by Filipe Augusto Gonçalves de Melo
P964
Projeto Pesca Solidária: guia de identificação dos peixes do estuário dos rios
Timonha e Ubatuba/ Filipe Augusto Gonçalves de Melo [et al.] – Parnaíba:
Sieart, 2015.
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
E
PARCEIRAS
Presidente
Leandro Inakake de Souza
Vice-presidente
Liliana Oliveira Souza
Secretária
Kesley Paiva da Silva
Sub-secretária
Daniele Alves Lopes
Dedicatória:
Tesoureiro
Mario Lucio de Moraes Damasceneo
Á memória
Sub-tesoureito
Alan Elias Silva
de
Conselho Fiscal
Gustavo Wilson Alves Nunan,
Francinalda Maria Rodrigues da Rocha
Flávio Luiz Simões Crespo
grande conhecedor
Adilson Silva de Castro
Luciano Silva Galeno
e
Ana Maria Brandão de Oliveira
Maria Antônia de Oliveira Santos
entusiasta
Endereços
dos
Sede: Rua Benedito dos Santos Lima - São Benedito
Parnaíba - PI - CEP: 64.202-245
peixes marinhos
www.comissãoilhaativa.org.br
Contatos
cia@comissaoilhaativa.org.br
AGRADECIMENTOS
O organizador agradece:
A minha amada esposa, Cristiane, por seu estímulo, apoio e sugestões valiosas.
Aos pescadores de Cajueiro da Praia e Chaval, seus familiares e suas Colônias de Pescadores,
em especial ao Sr. Lucimar e sua família, pela enorme paciência, pela receptividade, atenção e
solicitude em relação aos nossos pedidos. Agradecemos a eles também por suas verdadeiras aulas
de biologia e taxonomia de peixes marinhos
A profa. Rosineide Candeas de Araújo, diretora do Campus da UESPI de Parnaíba, por ter
disponibilizado espaço para armazenamento dos peixes dessa coleção de referência do estuário
dos rios Timonha e Ubatuba e por ter entendido a importância e significado dessa coleção.
Aos autores, alunos da UESPI de Parnaíba, que assumiram o compromisso do retorno à sociedade
dos estudos realizados nessa casa.
Ao colega Prof. Dr. Antônio Hosmylton Carvalho Ferreira pela revisão cuidadosa.
À Universidade Estadual do Piauí, em especial aos colegas do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas por terem permitido este trabalho e pelo incentivo.
A Alfredo Carvalho Filho pela ajuda em relação a identificação de algumas espécies e
informações sobre as mesmas.
Às instituições de apoio financeiro e logístico: CIA e PETROBRAS por terem concedidos bolsas de
estudo para Ana Sara Ferreira de Souza e Joelson Queiroz Viana e recursos que permitiram esse estudo.
A Francisco Brandão Júnior por seu interesse, apoio em relação a elaboração desse manual e
paciência principalmente nos momentos finais.
Ao grupo de estudos em ictiofauna, profs. Dr. César Fernandez, Dra. Edna Carvalho Pereira e
Dra Alitiene Pereira pelo apoio, sugestões e troca de ideias ao longo dessa jornada. Bem como ao
amigo e assistente da Embrapa da Embrapa, senhor Francisco Diassis Coelho da Silva.
Sumário
ORDEM PLEURONECTIFORMES..................................Pág. 89
Família PARALICHTHYIDAE
Citharichthys spilopterus (Gunther, 1862).............Pág. 90
ORDEM TETRAODONTIFORMES.................................Pág. 91
Família DIODONTIDAE
Chilomycterus antillarum (Jordan & Rutter, 1897)
.............................................................................Pág. 92
Família TETRAODONTIDAE
Lagochephalus laevigatus (Linnaeus, 1766)...........Pág. 93
Sphoeroides testudineus (Linnaeus,1758)..............Pág. 94
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................Pág. 97
“A Saúna é veiaca!”
O sistema estuarino Timonha / Ubatuba está Poucos trabalhos tem se dedicado a ex-
localizado na divisa dos Estados do Ceará e Piauí. plorar a diversidade da ictiofauna estuarina das
Os rios Timonha e Ubatuba têm suas nascentes regiões norte e nordeste do Brasil (Marceniuk et
na Serra da Ibiapaba, cadeia montanhosa que al., 2013). Esse livro tem por objetivo descrever
acompanha as divisas entre os dois estados, e parte da diversidade do pescado comercia-
ao encontrarem o mar, recebem as águas de lizada na região do estuário dos rios Timonha
diversos rios e lagoas que terminam na Barra e Ubatuba. O presente trabalho apresenta os
do Timonha (figura 1). É uma região estuarina resultados parciais obtidos pelo projeto Pesca
que abriga uma das maiores áreas de mangue Solidária, sub-projeto “Identificação das Espé-
do nordeste brasileiro e oferece um importante cies Comerciais do Estuário dos rios Timonha e
berçário para a reprodução de inúmeros ani- Ubatuba“. Além de descrições das espécies de
mais marinhos. Nesse complexo ecossistema peixes da região, o trabalho apresenta fotos e
habita uma fauna de peixes pouco estudada e dados sobre distribuição geográfica, habitat e
que serve de sustento para muitos pescadores biologia das espécies.
artesanais da região (Mai et al., 2012).
11
METODOLOGIA
12
Figura 3.
Coleta com rede do tipo picaré, arrasto,
em Cajueiro da Praia, Porto do Itam.
Figura 4.
Coleta com rede do tipo picaré, arrasto,
no Porto dos Mosquitos em Chaval.
Figura 5.
Preparação para fotografia
dos peixes.
13
Termos técnicos e medidas
Vista lateral
de um
scianideo
14
ORDEM ELOPIFORMES
15
ELOPIDAE Elops saurus Linnaeus, 1766 Ubarana
16
MEGALOPIDAE Megalops atlânticus
(Valenciennes, 1846)
Camurupim
17
ORDEM ALBULIFORMES
18
Albula vulpes
ALBULIDAE
(Linnaeus, 1758)
Ubarana-focinho-de-rato
19
ORDEM CLUPEIFORMES
20
Opisthonema oglinum
CLUPEIDAE
(Lessueur, 1818)
Sardinha-bandeira
21
CLUPEIDAE Harengula sp Arenga-do-olhão
22
Lycengraulis batesii
ENGRAULIDAE
(Günther, 1868)
Arenga-branca
23
Lycengraulis grossidens
ENGRAULIDAE (Agassiz, 1829)
Arenga-branca
24
ORDEM SILURIFORMES
25
Aspistor luniscutis
ARIIDAE (Valenciennes, 1840) Bagre-amarelo
26
Bagre bagre
ARIIDAE (Linnaeus, 1758) Bagre-fita
27
Cathorops spixii
ARIIDAE (Agassiz, 1829) Bagre-bandeira
28
ARIIDAE Sciades herzbergii (Bloch, 1794) Bagre-camboeiro
29
Sciades proops
ARIIDAE (Valenciennes, 1840) Bagre-cambeba
30
ORDEM BATRACHOIDIFORMES
31
Batrachoides surinamensis
BATRACHOIDIDAE (Bloch & Schneider, 1801) Pacamão
32
ORDEM LOPHIIFORMES
33
Ogcocephalus vespertilio
OGCOCEPHALIDAE (Linnaeus, 1758) Peixe-cachimbo
34
ORDEM MUGILIFOMES
35
Mugil curema Valenciennes,
MUGILIDAE 1836 Tainha
36
ORDEM ATHERINIFORMES
37
Atherinella brasiliensis
ATHERINOPSIDAE (Quoy & Gaimard, 1824) Manjuba
38
ORDEM BELONIFORMES
39
Hemiramphus brasiliensis
HEMIRAMPHIDAE (Linnaeus, 1758) Peixe-agulha
40
ORDEM SCORPAENIFORMES
Apresentam escudo cefálico ósseo bem família Exocoetidae. São peixes de fundo
desenvolvido com espinhos quilhados na que se locomovem com o auxílio das
parte posterior de cada lado e nadadeiras nadadeiras pélvicas no ambiente onde
peitorais muito longas e arredondadas, vivem, geralmente com lama ou areia.
membranas entre os raios inferiores. No estuário dos rios Timonha e Ubatuba
Apesar do grande tamanho da foram identificadas duas espécies: uma
nadadeira peitoral, não são utilizadas para pertencente a família Dactylopteridae e
o planeio fora da água, como acontece outra a família Triglidae.
com o os verdadeiros peixes voadores da
41
Dactylopterus volitans
DACTYLOPTERIDAE (Linnaeus, 1758) Voador
42
ORDEM PERCIFORMES
43
Centropomus undecimalis
CENTROPOMIDAE (Bloch, 1792) Camurim
44
Centropomus parallelus Poey,
CENTROPOMIDAE 1860 Camurim
45
Alphestes afer
SERRANIDAE (Bloch, 1793) Peixe-gato
46
Epinephelus adscensionis
SERRANIDAE (Osbeck, 1771) Garoupa-pintada
47
Epinephelus morio
SERRANIDAE (Valenciennes, 1828) Sirigado
Descrição. Corpo alongado com escamas sachusetts até o Estado de São Paulo.
pequenas. Boca ampla e terminal, com Vive em fundos rochosos, desde a costa
muitos dentes pequenos. Segundo espinho até mais de 100 m de profundidade. Lote
da nadadeira dorsal mais longo que os testemunho: UESPIPHB 444.
demais; margem posterior da nadadeira
caudal reta ou côncava; algumas pontu- Tamanho máximo na literatura consultada.
ações negras minúsculas ao redor e abaixo pelo menos 70 cm e 12 kg .
dos olhos. Coloração geral marrom-aver-
melhada, com manchas claras espalhadas Tamanho máximo encontrado. 23,2 cm.
no corpo.
Importância comercial. Alta.
Literatura recomendada: Figueiredo &
Menezes (1980). OBS: Incluída na categoria de quase
ameaçada pela IUCN (Intenational Union
Distribuição e hábitos. Distribui-se de Mas- Conservation of Nature).
48
Priacanthus arenatus
PRIACANTHIDAE (Cuvier, 1829) Olho-de-boi
49
Carangoides crysos
CARANGIDAE (Mitchill, 1815) Guarajuba
50
Caranx hippos
CARANGIDAE (Linnaeus, 1766) Xaréu
51
Chloroscrombus chrysurus
CARANGIDAE (Linnaeus, 1766) Palometa
52
Oligoplites palometa
CARANGIDAE (Cuvier, 1832) Timbiro
53
Oligoplites saurus
CARANGIDAE (Bloch & Schneider, 1801) Timbiro
Descrição. Boca terminal, maxilar não pro- chusets (EUA) até o Rio Grande do Sul.
tráctil, mandíbula inferior não notoriamente Pelágico, costeiro, também em enseadas
expandido; pré-maxila com duas fileiras de e baías e mesmo em águas de pouca
dentes; formato geral do corpo losangular, salinidade, em todas as profundidades.
achatado lateralmente, perfil ventral mo- Alimenta-se basicamente de peixes e
deradamente convexo; primeira nadadei- crustáceos, jovens comem escamas que
ra dorsal com quatro a seis espinhos ante- arrancam de outros peixes. Lote testemu-
riormente; primeiro arco branquial com 17 nho: UESPIPHB 371.
a 21 raios, excluindo rudimentos; nadadeira
peitoral menor do que o comprimento da Tamanho máximo encontrado. 29,5 cm.
cabeça; linha lateral sem escudetes; 11 a
15 raios na nadadeira anal; corpo pratea- Tal comamanho máximo na literatura con-
do; região dorsal azul-esverdeada. sultada. 30 cm.
54
CARANGIDAE Selene browni (Cuvier, 1816) Galo
55
CARANGIDAE Selene vomer (Linnaeus, 1766) Galo-de-Penacho
56
Trachinotus carolinus
CARANGIDAE
(Linnaeus, 1758)
Piraroba
Descrição. Boca terminal; perfil do corpo Distribuição e habitat. Ocorre desde Massa-
ovalado, achatado lateralmente, perfil ven- chusetts (EUA) até o Estado do Rio Grande
tral convexo; primeiro rastro branquial com do Sul. Pelágico costeiro, encontrado até
14-16 rastros branquiais; nadadeira dorsal 50 m de profundidade. Indivíduos pequenos
com 22 a 27 raios, anal com 20 a 24 raios; são comumente capturados na praia areno-
caudal muito grande, quase tão grande sa de Cajueiro da Praia com rede arrasto do
quanto a metade do comprimento padrão; ripo picaré. Alimenta-se de invertebrados,
corpo prateado; região ventral esbranqui- principalmente moluscos e crustáceos e
çada ou amarelada. também peixes pequenos.
57
Trachinotus falcatus
CARANGIDAE
(Linnaeus, 1758)
Pampo
58
Lutjanus alexandrei
LUTJANIDAE
Moura & Lindeman, 2007
Baúna-de-fogo
Descrição. Boca terminal, grande e protractil, Literatura recomendada: Moura & Lindeman
com uma fileira de dentes cônicos em (2007).
cada mandíbula; um proeminente par de
dentes caniniformes na mandíbula superior. Distribuição e habitat. Porção tropical do
Corpo moderadamente alto. Nadadeira Atlântico ocidental, do Maranhão ao sul
dorsal com 11 espinhos e 13 a 14 raios. da costa da Bahia. Exemplares pequenos
Nadadeira anal com três espinhos e sete habitam zonas rasas dos estuários e baías,
a oito raios, peitoral com 16 a 17 raios. Oito fundos rochos e coralinos da zona entre-
rastros branquiais no primeiro ramo do arco marés. Maiores ocorrem em águas de maior
branquial inferior, excluindo os rudimentos. profundidae, pelo menos 54 m. Após lote
Cinco séries de escamas entre a linha testemunho: UESPIPHB 374.
lateral e a nadadeira dorsal. 47 escamas
perfuradas da linha lateral, seis linhas claras Tamanho máximo na literatura. 24,3 cm.
verticais finas que se alternam entre faixas
escuras grossas na lateral do corpos. Tamanho máximo encontrado. 22 cm.
59
Lutjanus analis
LUTJANIDAE
(Cuvier, 1828)
Cioba
60
Lutjanus jocu
LUTJANIDAE
(Bloch & Schneider, 1801)
Carapitanga
61
Lutjanus synagris
LUTJANIDAE
(Linnaeus, 1758)
Ariacó
62
Ocyurus chrysurus
LUTJANIDAE
(Bloch, 1791)
Guaiuba
63
Lobotes surinamensis
LOBOTIDAE
(Bloch, 1790)
Chacarona
Descrição. Boca terminal. Cabeça pequena. Argentina. Habitam as águas rasas, perto
Maxila inferior nitidamente mais longa e da praia ou em alto-mar, sobre fundos de
robusta que a superior. Corpo muito alto, pedra e também água salobra, junto à
comprimido lateralmente. Perfil superior desembocadura de rios. Lote testemunho:
com uma concavidade acentuada na UESPIPHB 473.
região situada atrás dos olhos. Nadadeiras
dorsal posterior e anal alongadas, em Comportamento. Juvenis imitam
direção à caudal, dando à parte posterior folhas de mangue tomando posição
do corpo um aspecto de cauda tripla. aproximadamente paralela à superfície da
Variação de cor nos juvenis. Adultos com água.
coloração marrom, um pouco mais escura
superiormente, com exceção das peitorais Tamanho máximo na literatura. 75 cm e 15
que são claras. Literatura recomendada: kg.
Menezes & Figueiredo (1980).
Tamanho máximo encontrado. 41,0 cm.
Distribuição e habitat. No Atlântico
ocidental; ocorre da Nova Inglaterra à Importância comercial. Alta
64
Anisotremus virginicus
HAEMULIDAE
(Linnaeus, 1758)
Coró-dourado
Descrição. Corpo relativamente curvo claras alternadas, uma faixa negra vertical
e alto, maior altura cerca de 2 vezes no da origem da nadadeira dorsal até a base
comprimento padrão. Perfil dorsal muito da nadadeira peitoral e outra inclinada,
mais curvo que o ventral. Focinho truncado, mais anterior, originando-se na parte superior
pouco maior que o diâmetro orbital. Boca do corpo e estendendo-se através do olho
pequena, extremidade posterior do maxilar até a parte inferior da mandíbula. Literatura
apenas ultrapassando ligeiramente a vertical recomendada: Menezes & Figueiredo (1980).
que passa pela margem anterior da órbita.
10 a 11 séries de escamas entre a linha lateral Distribuição. Da Flórida ao sudeste do Brasil.
e a origem da nadadeira dorsal. Corpo do Lote testemunho: UESPIPHB 478.
adulto com faixas longitudinais escuras e
65
Eucinostomus argenteus
GERREIDAE
Baird & Girard, 1855
Carapitu
66
GERREIDAE Diapterus auratus Ranzani, 1840 Carapeba
Descrição. Corpo alto, rombóide, sem es- Distribuição. Da Carolina do Norte (EUA) até
trias longitudinais escuras. Boca terminal e Santa Catarina.
protrátil. Margem do pré-opérculo serrilha.
Comprimento padrão medindo o dobro Hábitat. Epécie de águas estuarinas rasas
da altura da cabeça. Nadadeiras dorsal de substrato lodoso. Também tolera águas
e anal com a base revestida de escamas. hipersalinas em área de mangue. UESPIPHB
Nadadeira dorsal com 9 espinhos e 10 raios. 418.
Nadadeira anal com 3 espinhos (o segundo
muito longo e forte) e oito raios. Nadadeira Tamanho máximo na literatura consultada.
caudal bifurcada. Cor uniformemente pra- 35 cm.
teada. Tamanho máximo encontrado. 16,5 cm.
Literatura recomendada: Menezes & Figuei-
redo (1980) e Espirito Santo et al. (2005). Importância comercial. Baixa devido ao seu
reduzido tamanho médio.
67
Genyatremus luteus
HAEMULIDAE
(Bloch, 1790)
Coró-zumbi
Descrição. Boca terminal e pequena; a ex- na parte dorsal; apresenta faixa escura na
tremidade posterior do maxilar ultrapassan- região pré-dorsal que se destaca; nadadeira
do apenas ligeiramente a vertical que passa peitoral quase hialina com tonalidade leve-
pela margem anterior da órbita; focinho mente escura; pélvicas, anal e caudal ama-
rombudo, curto, menor ou no máximo igual reladas com pigmentação ou faixa escura.
ao diâmetro orbital; parte anterior da região Literatura recomentada: Menezes & Figuei-
interorbital com uma saliência pronunciada; redo (1980).
preo-pérculo serrilhado; corpo ovalado e
alto, a maior altura pouco mais que duas Distribuição. Atlântico ocidental do Caribe
vezes no comprimento padrão; nadadeira até São Paulo. Lote testemunho: UESPIPHB
dorsal com 13 espinhos e 12 raios, nadadeira 376.
anal com 3 espinhos e 11 raios e nadadeira
peitoral com 17 a 18 raios; nadadeira caudal Capturado em rede de emalhar.
emarginada; coloração prateada a escura
68
Haemulon plumieri
HAEMULIDAE
(Lacepède, 1802)
Coró-roxo
Descrição. Boca grande, ampla. Focinho As estrias da cabeça são muito mais nítidas e
cônico. Perfil dorsal quase regularmente contrastam com as estrias do resto do corpo.
convexo da ponta do focinho à origem da Atrás da margem livre do préopérculo existe
nadadeira dorsal. Seis séries de escamas uma pequena mancha negra alongada.
entre a linha lateral e a parte com espinhos Juvenis apresentam mancha arredondada
da nadadeira dorsal. Nadadeira dorsal escura na base da cauda.
com 12 espinhos e 15 a 17 raios. 21 a 27 Literatura recomendada: Menezes &
rastros, inclusive rudimentos, no primeiro Figueiredo (1980).
arco branquial. Estrias escuras, azuladas em
vida, obliquas e irregulares que se estendem Distribuição e habitat. Do Sudeste dos
da ponta do focinho a parte posterior Estados Unidos (Baía de Chespeake) até
da cabeça. Estas estrias praticamente o sudeste do Brasil. Fundos rochosos e
se continuam pelo corpo, mas de forma coralinos, mas também ocorrem em fundos
interrompida, pois resultam da existência de areia, águas rasas com menos de 10
de pequenas manchas escuras restritas ao metros de profundidade. Lote testemunho:
centro de cada escama. UESPIPHB 488.
69
Haemulon parra
HAEMULIDAE
(Dermarest, 1823)
Cambuba
70
Orthopristis ruber
HAEMULIDAE
(Cuvier, 1830)
Coró
71
Pomadasis corvinaeformis
HAEMULIDAE
(Steindachner, 1802)
Canaro
72
Archosargus probatocephalus
SPARIDAE
(Walbaum, 1792)
Sargo-de-dente
73
Archosargus rhomboidalis
SPARIDAE
(Linnaeus, 1758)
Salema
74
Calamus penna
SPARIDAE
(Valenciennes, 1830)
Peixe-pena
75
Polydactylus virginicus
POLYNEMIDE
(Linnaeus, 1758)
Barbudo
76
Bairdiella ronchus
SCIAENIDAE
(Cuvier, 1830)
Curucaia-de-esporão
77
Cynoscion acoupa
SCIAENIDAE
(Lacepède, 1801)
Pescada-amarela
78
Cynoscion leiarchus
SCIAENIDAE
(Cuvier, 1823)
Pescada-branca
79
Cynoscion microlepidotus
SCIAENIDAE
(Cuvier, 1823)
Pescada-dentuça
80
Isopisthus parvipinnis
SCIAENIDAE
(Cuvier, 1830)
Pescada-gó
81
Larimus breviceps
SCIAENIDAE
Cuvier,1830
Bocarra
Descrição. Porte robusto; perfil alto até na base das nadadeiras peitorais.
pouco atrás da cabeça, depois afilando
rapidamente até a cauda; boca muito Literatura recomendada: Figueiredo &
grande e quase vertical, sem dentes caninos; Menezes (1980).
mandíbula sem barbilhões. Nadadeira
dorsal anterior com 10 espinhos, posterior Distribuição e habitat: Das Antilhas e Costa
com um espinho e 26 a 29 raios; anal com Rica até o Litoral de Santa Catarina.
dois espinhos e seis a sete raios; nadadeira Encontrada em águas litorâneas, geralmente
caudal romboidal; rastros branquiais longos em profundiades inferiores a 50 m, sobre
e numerosos, 28 a 33 no primeiro arco fundos de lama e areia. Ocorre em estuários.
branquial. Escamas relativamente grandes, Lote testemunho: UESPIPHB 477.
ctenoides no corpo e no topo da cabeça
e cicloides nos lados da cabeça. Prateado, Tamanho máximo na literatura consultada.
um pouco mais escuro superiormente; 30 cm.
nadadeiras pélvicas e anal. amareladas,
dorsal e peitorais claras com alguma Tamanho máximo encontrado. 23,5 cm
pigmentação escura; uma mancha escura
82
Micropogonias furnieri
SCIAENIDAE
(Desmares, 1823)
Curuca
83
Menticirrhus americanus
SCIAENIDAE
(Linnaeus, 1758)
Judeu
84
Stellifer brasiliensis
SCIAENIDAE
(Schultz, 1945)
Curucaia-de-esporão
85
Chaetopdipterus faber
EPHIPPIDAE
(Broussonet, 1782)
Parum
86
Sphyraena barracuda
SPHYRAENIDAE
(Walbaum, 1792)
Barracuda
87
Trichiurus lepturus
TRICHIURIDAE
(Linnaeus, 1758)
Espada
88
Scomberomorus brasiliensis
SCOMBRIDAE
Collete, Russo & Zavala, 1978
Serra
89
STROMATEIDAE Peprilus paru Linnaeus, 1758 Gostoso
90
ORDEM PLEURONECTIFORMES
Peixes como os linguados e as soias dorsal e anal e a capacidade de controlar
estão inclusos nessa ordem. Adultos não a pigmentação do lado ocular para se
possuem simetria bilateral em função de clamuflar com o fundo. Outra característica
que um olho migra de um lado do crânio relacionada ao hábito bentônico é a perda
para o outro logo no início da vida do peixe. da bexiga natatória.
Portanto há um lado ocular e outro cego que Muitas espécies são comercialmente
varia conforme a família. Essa migração do importantes e servem como fonte de
olho está acompanhada por modificações alimento.
complexas no esqueleto da cabeça e No estuário foram identificadas
comportamentais. O corpo é achatado duas espécies, Citharichthys spilopterus
e os adultos nadam com o lado ocular (Gunther, 1862) e Syacium micrurum
para cima, e repousam sobre o lado cego, Ranzani, 1840, pertencentes a mesma
muitas vezes se enterrando no substrato família, Paralichthyidae, caracterizada
arenoso. São carnívoros. Apresentam por apresentar olhos do lado esquerdo do
extremo alongamento das nadadeiras corpo.
91
Citharichthys spilopterus
PARALICHTHYDAE
(Gunther, 1862)
Linguado
Descrição. Corpo alongado. Perfil superior Distribuição. Distribui-se de New Jersey (EUA)
da cabeça levemente côncavo, sem até a Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul.
entalhe pronunciado em frente ao olho
superior. nadadeira dorsal com 75 a 84 raios, Hábitos. De fundo, em águas marinhas e
começando pouco à frente do nível dos estuarinas de salinidade variada, sobre
olhos; anal com 56 a 63 raios; nadadeiras substrato lodoso e arenoso-lodoso, da orla
peitorais nos dois lados; nadadeiras pélvicas até uns 75m de profundidade. Predador
raiada e muitas estreitas na base do que de peixes e pequenos invertebrados. Lote
na ponta. Primeiro arco branquial com 13 testemunho: UESPIPHB 472.
a 20 rastros. Cor marrom-clara. Nadadeiras
dorsal, caudal e anal com pequenas Tamanho máximo na literatura consultada.
manchas escuras, as maiores regularmente 20 cm.
espaçadas.
Tamanho máximo encontrado. 23,5 cm.
92
ORDEM TETRAODONTIFORMES
Este grupo engloba 10 famílias de divertículo nele situado.
peixes marinhos, estuarinos e de água Ao inflar o estômago o corpo aparentará
doce. Alguns são habitantes de recifes de ser muito maior do que de fato é, o que
coral. Tetraodontiformes apresentam uma permitirá afugentar possíveis predadores.
série de mofificações evolutivas: perda de Esse comportamento é realizando quando
vários ossos cranianos, dentição peculiar o baiacu é irritado ou assustado.
modificada para durofagia, redução das Diodontídeos possuem o corpo coberto
aberturas branquiais, linha lateral variando de por espinhos e uma só placa de dentes na
múltipla a inexistente, redução ou perda das maxila e na mandíbula. Tetraodontídeos não
nadadeiras pélvicas, escamas modificadas possuem espinhos, mas tem duas placas de
em espinhos, placas ou escudos. dentes na maxila e na madíbula.
Tetraodontiformes apresentam a Foram identificadas cinco espécies
habilidade de produzir som ao triturar com de Tetraodontiformes: Colomesus psittacus
a mandíbula, ou com os dentes faringeanos (Bloch & Schneider, 1801), Lagocephalus
ou por vibrar a bexiga natatória. laevigatus (Linnaeus, 1766). Sphoeroides
Duas das três famílias que ocorrem na testudineus (Linnaeus, 1758), Chilomycterus
região estudada possuem a propriedade antillarum Jordan & Rutter, 1897 e
de inflar o estômago altamente modificado Cantherhines macrocerus (Hollard, 1855) sp.
ao engolir água ou ar para uma câmara ou
93
Chilomycterus antilarum
DIODONTIDAE (Jordan & Rutter, 1897) Baiacu-graviola
94
Lagocephalus laevigatus
TETRAODONTIDAE (Linnaeus, 1766) Baiacu-xaréu
Descrição. Corpo alongado, olhos grandes. Hábitos. Demersal: habita ambientes mais
Nadadeira dorsal com 13 a 14 raios, na costeiros e um pouco mais profundas que
metade posterior do corpo nadadeira anal as outras espécies, até cerca de 60m de
com 12 a 13 raios; com a margem posterior profundidade. Adultos pelágicos, ocorrendo
côncava. Corpo superiormente escuro, perto da costa; juvenis na costa ou em mar
prateado-esverdeada; cinco a seis faixas aberto. Solitário ou formando pequenos
escuras dorsais irregulares nadadeiras com cardumes. São predadores vorazes que
pigmentação escura esparsa, a caudal mais atacam peixes e invertebrados com muito
intensamente pigmentada, com exceção vigor. Lote testemunho: UESPIPHB 497.
de sua parte distal. Literatura recomendada:
Menezes & Figueiredo (2000). Tamanho máximo na literatura consultada.
60 cm.
Distribuição. Ocorre tanto no Atlântico
oriental como no ocidental; neste, estende- Tamanho máximo encontrado. 16 cm.
se da Nova Inglaterra à Argentina.
95
Sphoeroides testudineus
TETRAODONTIDAE (Linnaeus, 1758) Baiacu
96
Outras Espécies Encontradas no Estuário
Astroscopus ygraecum
URANOSCOPIDAE (Cuvier, 1829) Anequim
Gobionellus oceanicus
GOBIIDAE (Pallas, 1770) Boca-de-ouro
97
Prionotus punctatus
TRIGLIDAE (Bloch, 1797) Voador
Cantherhines macrocerus
BALISTIDAE (Hollard, 1855) Cangolo
98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Adams, A., Guindon, K., Horodysky, A. calacademy.org/research/ichthyology/
MacDonald, T., McBride, R. Shenker, J. & catalog/SpeciesByFamily.asp). Versão
Ward. 2012. Megalops atlanticus. The IUCN Eletrônica acessada em 06 de novembro
Red List of Threatened Species 2012: e. de 2015.
T191823A2006676. http://dx.doi.org/10.2305/
IUCN.UK.2012.RLTS.T191823A2006676.en Espírito-Santo, R.V., Isaac, V.J., Silva,
L.M.A., Martinelli, J.M., Higuchi, H. & Paul,
Bemvenuti, M. de A. & Fischer, L.G. 2010. U.S. 2005. Peixes e camarões do litoral
Peixes: Morfologia e Adaptações. Cadernos bragantino, Pará, Brasil. Belém: Programa
de Ecologia Aquática. 5 (2) :31-54. Madam, Manejo e Dinâmica de Áreas de
Manguezais. 1, p.1-268
Betancur-R.,R., Broughton, R.E., Wiley, E.O., Figueiredo, J.L. & Menezes, N.A. 1978. Manual
Carpenter, K., López, J.A., Li, C., Holcroft, de peixes marinhos do sudeste do Brasil. II.
N.I., Arcila, D., Sanciangco, M., Cureton II, Teleostei (1). São Paulo, Museu de Zoologia
J.C., Zhang, F., Buser, T., Campbell, M.A., da Universidade de São Paulo. 110p.
Ballesteros, J.A., Roa-Varon, A., Willis, S.,
Borden, W.C., Rowley, T., Reneau, P.C., Figueiredo, J.L. & Menezes, N.A. 1980. Manual
Hough, D.J., Lu,G. Grande, T., Arratia, G.; de peixes marinhos do sudeste do Brasil. III.
Ortí, G. 2013. The Tree of Life and a New Teleostei (2). São Paulo, Museu de Zoologia
Classification of Bony Fishes. Plos clurrents da Universidade de São Paulo. 90p.
Carpenter, K.E. 2002. The living marine Figueiredo, J.L. & Menezes, N.A. 2000. Manual
resources of the Western Central Atlantic. de peixes marinhos do sudeste do Brasil. VI.
In FAO Species Identification Guide for Teleostei (5). São Paulo, Museu de Zoologia
Fishery Purposes and American Society da Universidade de São Paulo. 116p.
of Ichthyologists and Herpetologists. FAO,
Rome, v.2, part 1, Special publication, 5. Haedrich, R.L., 2003. Stromateidae. Butterfishes
p.601-1374. (harvestfishes). p. 1879-1884. In K.E. Carpenter
(ed.) FAO species identification guide for
Eschmeyer, W. N. & J. D. Fong. Species fishery purposes. The living marine resources
by Family / Subfamily. (http://research. of the Western Central Atlantic. Vol. 3: Bony
99
fishes part 2 (Opistognathidae to Molidae), Menezes, N.A. & Figueiredo, J.L. 1985. Manual
sea turtles and marine mammals. de peixes marinhos do sudeste do Brasil. V.
Lessa, R & Nóbrega, M.F. 2000. Guia de Teleostei (4). São Paulo, Museu de Zoologia
Identificação de Peixes Marinhos da Região da Universidade de São Paulo. 105p.
Nordeste. Programa REVIZEE/SCORE-NE, p.1-
138. Menezes, N. Nirchio, M. & Oliveira, C. 2015.
Siccharamirez. 2015. Taxonomic review of
Mai, A.C.G., Silva, T.F.A., Legal, J. F. A. the species of Mugil (Teleostei: Perciformes:
Assessment of the fish-weir fishery off the coast Mugilidae) from the Atlantic South Caribbean
of Piauí State, Brazil. Arquivos Ciências do Mar, and South America, with integration of
Fortaleza, 2012, 45(2): 40 - 48. morphological, cytogenetic and molecular
data. Zootaxa 3918 (1): 001–038.
Marceniuk, A.P. 2005. Chave para identificação
das espécies de bagres marinhos (Siluriformes, Moura, R. L. & Lindeman, K. C. 2007. A new
Ariidae) da Costa Brasileira. B o l e t i m d o species of snapper (Perciformes: Lutjanidae)
Instituto de Pesca, São Paulo, 31(2): 89 - 101 from Brazil, with comments on the distribution
of Lutjanus griseus and L. apodus. Zootaxa1422:
Marceniuk, A.P. & Menezes, N.A. 2007. 31–43.
Systematics of the family Ariidae (Ostariophysi,
Siluriformes), with a redefinition of the genera. Nelson, J.S. 2006. Fishes of The World. John
Zootaxa1416: 1–126. Wiley & Sons, Inc., Hoboken, New Jersey. 4th
ed. 601 p.
Marceniuk, A.P., Caires, R. A., Wosiacki, W.
B. & DI DARIO, F. 2013. Conhecimento e Nóbrega, M.F., A.C.G. Mai e D. Loebmann.
conservação dos peixes marinhos e estuarinos 2010. Peixes Marinhos Comerciais; pp. 136–
(Chondrichthyes e Teleostei) da costa norte 181, in: A.C.G. Mai e D. Loebmann (eds.).
do Brasil. Biota Neotropica, vol. 13, no. 4. Biodiversidade do Litoral do Piauí. Sorocaba:
Paratodos Sorocaba.
Menezes, N.A. & Figueiredo, J.L. 1980. Manual
de peixes marinhos do sudeste do Brasil. IV. Szpilman, M. 2000. Peixes Marinhos do Brasil
Teleostei (3). São Paulo, Museu de Zoologia - Guia Prático de Identificação. Marcelo
da Universidade de São Paulo. 96p. Spzpilman. Rio de Janeiro. 288p.
100
Projeto Pesca solidária Monitoramento de Aves:
Alberto Campos e Jason Alan Mobley
Coordenadores CIA (Aquasis)
Geral
Leandro Inakake de Souza Peixe-boi
Liliana Oliveira Souza (CIA)
Comunicação
Francisco Brandão Diagnóstico e Monitoramento da Pesca
Rodrigo de Salles (IFCE) e Kesley Paiva da
Financeiro Silva (CIA)
Mario Lucio de Moraes Damasceno
Abundância de caranguejo-uçá:
Socioambiental João Marcos de Góes (UFPI)
Marcelo Apel
Apoio Técnico
Pesquisa Ordenamento Pesqueiro
Francinalda Maria Rodrigues da Rocha Heleno Francisco dos Santos,
Patrícia Passos Claro,
Educação Ambiental Neuza Maria Gonçalves e Silmara Erthal
Ana Maria Brandão (ICMBio)
Ictiofauna
Cezar A. F. Fernandes, Francisca E. A. Cunha
(UFPI), Filipe A. G. de Melo (UESPI), e Alitiene
M. L Pereira (EMBRAPA);
101
View publication stats